1
“Sem os homens certamente não haveria cultura,
mas, de forma semelhante e muito significativamente,
1
sem cultura não haveria homens .” (GEERTZ, 1978)
O presente trabalho consiste na implantação de um Centro Cultural de caráter
educacional em Anápolis, integrado à um espaço para eventos e convenções, a ser
localizado na região norte da cidade, a qual se privilegia estrategicamente pelo
acesso fácil e fluido às demais regiões de Anápolis. Com quatro instituições de
ensino específicos inter-relacionados, o Centro Cultural buscará amparar atividades
artísticas diversificadas dos setores das Artes Plásticas, Música, Dança e Teatro,
além de expor e valorizar o produto artístico e cultural da cidade.
O edifício como equipamento público visa atender todas as parcelas da
população anapolina, de maneira a aplacar os elementos de segregação social acometidos geralmente sobre as divergências étnicas, de crenças e condições
econômicas – proporcionando conhecimento e desenvolvimento cultural, artístico e
proveniente disso, o lazer e o entretenimento de forma direta e didaticamente
atraente. O Espaço de eventos surge para propiciar à cidade de Anápolis a
oportunidade de se desenvolver um calendário cultural de eventos, e expor à
comunidade, atividades culturais de maneira universalista, abrangendo expressões
de diversos níveis, à todas as pessoas, buscando não se enquadrar no estigma da
espetacularização cultural atual – promovida às classes economicamente elevadas,
nos quais seus eventos se resumem simplesmente a “grandiosos espetáculos” (de
maneira materialista) para fins puramente comerciais, se limitando à apenas vender
o produto cultural a quem se pode comprar.
A implantação de centros de cultura e pólos que propiciem atividades
genuinamente culturais, pode ser definida como um dos principais mecanismos de
1
GEERTZ, C. “A interpretação das culturas”. Rio de Janeiro, Zahar, 1978.
2
inclusão social da política urbana atual, meios de manifestação da arte munidos da
infraestrutura necessária para que esta seja fomentada, tendem a diminuir as
distâncias sócio-econômicas.
Partindo do pressuposto que todo homem é um ser transformador de seu
meio, sendo portanto, criador da cultura, a simples interação entre artistas e
cidadãos pode representar uma rica troca cultural, onde, por meio disto, se promove
o desenvolvimento moral e intelectual da sociedade.
A cultura e suas expressões permeiam o nosso cotidiano, representada de
diversas formas e meios. Mas qual é o seu valor para a sociedade? O que ela vem a
significar perante à figura do homem? Segundo o antropólogo Edward Tylor, a
cultura em linhas gerais pode ser definida como:
“[...] todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral,
leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos
pelo homem enquanto membro de uma sociedade” (TYLOR, 1871)
A partir deste conceito, contextualizando os significados da palavra cultura,
em linhas gerais, podemos exemplificá-la como o fundamento de toda civilização
ou sociedade. Segundo Geertz (1978) cultura “[...] não é apenas um ornamento da
existência humana, mas uma condição essencial para ela – a principal base de sua
especificidade.” Apenas somos capazes de identificar a origem de determinado
indivíduo, avaliando os traços de sua cultura, pois ela atua como elemento de
diferenciação entre hábitos e costumes humanos, onde pessoas são integradas a
atividades e princípios filosóficos.
A cultura em tempos atuais, pode ser compreendida sob alguns termos
(CANEDO, 2008);
1). Traduz o conjunto de padrões coletivos humanos – símbolos, valores
morais, linhas de pensamento e tradições históricas.
3
2).
Representa
as
expressões
populares
artísticas
e
atividades
intelectuais – todo fruto do trabalho intelectual do homem e significado deste para a
sociedade o qual está inserido.
3). Fator de desenvolvimento humano, na qual é reconhecida como um
dos principais propulsores da política social urbana, em que esta age de forma
“terapêutica” para a sociedade, transformando e regenerando a condição intelectual
das pessoas, e por conseguinte, vem a ocasionar mudanças significativas nos
índices locais de violência. Proporcionando a construção da identidade individual e
coletiva de um meio, expandindo a visão de sociedade de um indivíduo como
cidadão.
O município de Anápolis, após o seu período de consolidação urbana,
comercial e intenso crescimento populacional, vem sofrendo com a visível
desorganização da região central da cidade. O centro de Anápolis, hoje densamente
massificado, é caracterizado por apresentar todos os principais equipamentos
culturais da cidade, especificamente instituições de ensino no setor da cultura: As
escolas municipais de Artes, Música, Dança e Teatro de Anápolis, além da galeria
central, localizada na praça Bom Jesus. Estes equipamentos tem seu funcionamento
comprometido por diversos fatores de sua localização próxima aos adensamentos
comerciais instituídos pelo crescimento urbano desordenado em que a cidade
apresenta.
Ao passo que estas instituições culturais, à muito tem desempenhado
precariamente seu papel em Anápolis, – criadas entre as décadas de 70 e 80 e
amparam aproximadamente 10002 alunos – suas instalações físicas e estrutura
organizacional não atendem de forma satisfatória às exigências básicas para o pleno
desenvolvimento cultural local.
2
Informações cedidas pelas diretorias das escolas.
4
No contexto atual, ocorre pouca, ou
nenhuma
interação
entre
os
órgãos
culturais municipais, devido à localização,
“espalhada” a qual apresentam. (FIG. 1 e
2) Além dos problemas decorrentes da falta
de um espaço amplo e planejado, que
relacione com as expressões de cada
atividade
proporcione
artística,
trocas
de
de
maneira
que
experiências
culturais.
Figura 01: Localização em relação à cidade
Fonte: Editado pelo autor
Figura 02: Mapa de localização das Instituições culturais de ensino em Anápolis
Fonte: Editado pelo autor
5
Rua 14 de
Julho, n° 1030,
Centro.
Inaugurada em
1968, pelo
artista Oswaldo
Verano.
No edifício
histórico da
antiga cadeia
municipal, em
funcionamento
com a Escola
Municipal de
Música.
Possui a mesma
sede da Escola
de Artes
Oswaldo Verano.
Rua Barão do
Rio Branco,
Centro.
Atualmente se
localiza nos
fundos do Teatro
Municipal, na
Avenida Brasil.
Ensino destinado ao
setor das belas
artes.
Desenho, Pintura,
Escultura, etc.
Duração de 3 anos +
especialização.
Inaugurada em
1982, vinculada
à Secretaria
Municipal de
Cultura
(SEMUC).
Promover a
formação musical
erudita, folclórica,
popular e universal.
Inaugurada em
1986, no Teatro
Municipal e foi
reestruturada
em 2004, nos
moldes
Ingleses.
Ensino de diversas
especialidades no
campo da dança.
Inaugurada em
1988, logo após
a companhia de
dança pelos
mesmos
idealizadores.
Ensino das artes
cênicas.
Curso de formação
dividida em 11 tipos
de Instrumentos;
Duração de 3 a 9
anos.
Cursos de Jazz,
Sapateado e do Ballet
clássico Royal;
Duração de 10 anos,
2 de preparatórios e 8
períodos regulares.
O curso regular de
Teatro se divide em:
- Iniciação;
- Básico;
- Técnico e
Profissionalizante.
- Avançado;
A duração do curso
básico de formação é
de 3 anos.
- 200 alunos;
- 7 professores;
- 1 Diretor;
-1
Coordenador;
- 2 Secretárias.
- 350 alunos;
- 18
professores;
- 1 Diretor;
-1
Coordenador;
- 2 Secretárias;
- 2 Funcionários
Administrativos.
- 680 alunos
(onde 40% são
crianças);
- 7 Professores;
- 1 Diretor;
-1
Coordenador;
- 1 Secretária.
- 75 alunos;
- 5 professores;
- 1 Diretor;
-1
Coordenador;
- 1 Secretário.
6
Figura 03: Escola de
Artes Oswaldo Verano
Fonte: Arquivo Pessoal
Figura 04: Escola de
Música de Anápolis
Fonte: Arquivo Pessoal
Figura 05: Escola de
Dança de Anápolis
Fonte: Arquivo Pessoal
Figura 06: Escola de
Teatro de Anápolis
Fonte: Arquivo Pessoal
Apesar das instituições culturais manterem seu funcionamento em alguns dos
caos, por mais de 25 anos, suas atividades, refletidas em suas estruturas físicas,
não atendem o crescimento populacional da cidade. Os suportes físicos no setor da
cultural, não evoluíram juntamente com o aumento populacional da cidade e acabam
por comprometer a difusão e as renovações necessária para a continuidade destas
manifestações.
As instalações físicas (fig. 03 a 06) e o número de professores existentes, exigem
destes órgãos como resposta à este déficit, a criação de turmas em muitos horários
muito diversificados, tornando dificultado e deficiente o ensino. Salas de aula pouco
aparelhadas e falta de infraestrutura são problemas comuns destas instituições.
-As
edificações
em
questão,
apresentam acessos dificultados pela
grande concentração de pessoas na
região central da cidade.
e o trânsito geralmente congestionado
horários
de
uma área fora do centro adensado;
-Unificar as entidades culturais;
-Implantar a nova edificação em uma
-A falta de vagas para estacionamento
nos
-Remanejamento das atividades para
funcionamento,
localização munida de Infraestrutura
Viária e Transporte urbano.
obstruem a chegada dos usuários.
-Estrutura
Física
deficiente,
o
-Estimar o crescimento da demanda e
programa não atende às exigências
propor um programa flexível que se
da demanda deste setor;
adéqüe às tais atividades;
- O equipamento público não atende
-Selecionar
de forma satisfatória, as classes
intervenção, um local periférico que
necessitadas;
necessite de equipamentos urbano
sociais.
como
área
de
7
Está localizada na região centro-oeste do
Brasil (FIG. 7), onde se inicia o Planalto
Central, no sul do Estado de Goiás, entre
as
importantes
Brasília
(o
metrópoles
terceiro
maior
Goiânia
e
aglomerado
urbano do País), e no eixo comercial do
país, compreendido pela BR–153 e a
ferrovia Norte-Sul, o qual a caracteriza
como um dos mais importantes pólos
comerciais e industriais do país.
Figura 07: Mapa de Localização e Inserção
Regional
Fonte: <http://www.unucseh.ueg.br>
1887 (categoria de Vila)
1907 (categoria de Cidade)
Centro-Oeste
Centro Goiano
334.613 habitante (2009)
Figura 08: Bandeira da cidade de Anápolis
Fonte: <http://www.anapolis.go.gov.br>
97,25%
324,65 hab/Km²
Abadiânia, Pirenópolis,
Ouro Verde, Nerópolis, Leopoldo de Bulhões,
Silvânia.
Fonte:IBGE
8
Figura 09: Localização da Área de Intervenção na cidade
Fonte: Editado pelo autor
9
Figura 10: Bairros do entorno
Fonte: Editado pelo autor
A área de intervenção está localizada
na região norte da cidade (FIG. 9 e 10), setor
inicialmente habitado por volta dos anos 70 e
90 (FIG. 11) nas faixas lindeiras às avenidas
Brasil e Universitária,, com os bairros Jardim
das Américas Etapas I, II e III a partir da
pavimentação
da
rodovia
Br-153.
Posteriormente, neste setor foi aprovado o
Figura 11: Data de aprovação dos loteamentos
Fonte: Plano Diretor de Anápolis
Loteamento Cidade Universitária após a
implantação
do
centro
universitário
Associação Unievangélica em 2000.
da
10
Figura 12: Marcos da região do entorno
Fonte: Editado pelo autor
11
Figura 13: Malha viária
Fonte: Editado pelo autor
A região da área de intervenção utiliza de eixos importantes para a cidade
(FIG. 13) como a Avenida Brasil – principal eixo estruturador, possui características
de rodovia quanto ao seu fluxo, por ligar a parte Norte e Sul de Anápolis – e a
Avenida Universitária –
que desenvolveu ao longo do tempo, características
especiais de elemento estruturador da cidade, ao longo de suas margens se
implantaram instituições de ensino superior (os centros universitários Anhanguera e
Unievangélica), que lhe atribuíram o nome “universitária” – além da Br – 153 – via
de importância nacional, devido ao eixo formado do norte ao sul do país,
proporciona o escoamento da produção do Centro-Oeste, intensificado com a
implantação do Porto Seco e a plataforma multimodal no DAIA.
12
Figura 14: Mapa de usos
Fonte: Editado pelo autor
Avaliando a forma em que os bairros foram habitados é notável a eleição pela
tipologia de serviços aos terrenos que margeiam os eixos da cidade, a segunda
camada demonstrada no mapa de usos (FIG. 14) locam loteamentos residenciais de
níveis econômicos variados em proporção com a proximidade em relação ao setor
central. Vários Edifícios Institucionais permeiam os loteamentos onde foram
instituídos os eixos de serviços a partir das avenidas Universitária e Brasil.
13
Figura 15: Gabarito das Edificações
Fonte: Editado pelo autor
Em decorrer das análises anteriores, a região é compreendida pelo setor de
zoneamento de adensamento básico, o que evidencia o caráter residencial da região
à medida que se distancia das vias de maior importância (FIG. 15 a 18), o gabarito
mais elevado é figurado geralmente por galpões de serviço, e alguns edifícios
institucionais, nas áreas do entorno se encontra em implantação, edifícios
residenciais multifamiliares nos bairros Jardim das Américas e Cidade Universitária
no sentido rumo ao centro da cidade.
14
Figura 16: Perspectiva do Gabarito, Vista aérea sobre a Br-153
Fonte: Elaborado pelo autor
Figura 17: Perspectiva do Gabarito, Vista aérea sobre a Avenida Universitária
Fonte: Elaborado pelo autor
Figura 18: Edificações da região do entorno
Fonte: Arquivo Pessoal
15
Figura 19: Infraestrutura Urbana, Água, Esgoto e Energia
Fonte: Editado pelo autor
Como ocorre em praticamente todos os bairros afastados do centro da
cidade, a região é parcialmente atendida pela rede de esgotamento público (FIG.
19), algo não justificado no plano diretor em vista do desenvolvimento de regiões
próximas. O loteamento Cidade Universitária, pouco habitado, apresenta falhas de
infraestrutura básicas, vias descontinuadas, não pavimentadas, ausência de
retornos e galerias de captação pluvial.
16
Figura 20: Topografia e Recursos hídricos
Fonte: Editado pelo autor
Pertencente à microbacia e macrozona do Rio das Antas, a região apresenta
dois afluentes, os córregos das Antas e Reboleiros (FIG. 20), que correspondem a
hidrografia da parte norte da cidade. A Topografia em sua maioria se apresenta
suavemente ondulada, com cota média de 1.080 m acima do nível do mar, na qual
mantém as características do planalto goiano, a diferenciação de níveis exposta na
área do entorno é demarcada pela formação interfluvial e fluxo dos corpos d’água.
17
Figura 21: Informações Gerais da Área de Intervenção
Fonte: Editado pelo autor
Vista 1
Vista 2
Vista 3
Vista 4
Figura 22: Vistas da Área de Intervenção
Fonte: Editado pelo autor
Ás margens da Br-153 (FIG. 21 e 22), localizado no Km 436, o terreno possui
43.986,27 km² e está inserido na zona de adensamento básico, segundo o plano
diretor. O caráter especial do terreno está em sua localização, próxima aos eixos
estruturadores da cidade de forma que tanto para quem chega da cidade e de fora
dela, podem acessá-lo sem dificuldades. A infra-estrutura de transporte público é
vigorosamente amparada nas avenidas principais, e a proximidade com bairros
periféricos de Anápolis pode ser um fator social importante a ser considerado para a
implantação de um edifício de escala regional de abrangência.
18
Próximo ao terreno, encontra se
uma área de vegetação densa, proteção
do córrego das Antas (FIG. 23). A mata
de proteção, permeia a total extensão do
terreno vizinho até a divisa da área de
intervenção,
sua
propriedade
está
licenciada para o Centro Universitário da
Associação Unievangélica.
Nesta região, as principais árvores
Figura 23: Vegetação
Fonte: Editado pelo autor
nativas são: o angico, o amarelão ou
garapa, algumas espécies de palmeiras
e a taboca.
A cidade de Anápolis está situada no globo terrestre a 16°15’S, 48°50’O em
graus de latitude e longitude, em relação aos meridianos. A testada do terreno,
voltada para a direção nor-nordeste, demonstra condições favoráveis para alcançar
níveis eficientes de conforto térmico e diminuição de gastos com iluminação artificial
e ar-condicionado.
Fonte: Editado pelo Autor
19,5° (nor-nordeste)
6:30 – 17:30
6:00 – 14:30
7:00 – 10:00
109,5° (és-sudeste)
6:30 – 11:00
6:00 – 11:35
5:30 – 12:10
-
14:30 – 18:00
5:30 – 7:00 e 10:00 18:30
200,5° (su-sudoeste)
19
Possui um clima ameno, caracterizado como tropical de altitude, com
estações bastante definidas, a estação de seca compreende os meses de maio a
agosto e a estação de chuvas, de setembro a abril. A temperatura média da cidade
é de aproximadamente 23°C, podendo variar entre 18° e 30°C durante o ano.
Ocorrem poucas chuvas fora de estação, as decorrentes tendem a serem chuvas
fortes e concentradas. O vento predominante da cidade de Anápolis, segue o
sentido Leste-Norte, e geralmente acompanha o direcionamento dos rios.
Localização: Cidade do Porto, Portugal.
Datas do Projeto: Início do projeto, 1991; Construção, 1996; Inauguração, 1999.
Situado na Quinta de Serralves, às proximidades do casarão histórico, o
Centro Cultural Serralves (FIG. 24), é o principal espaço de eventos da Fundação
Serralves. Consiste em um centro cultural voltado à eventos de caráter expositivo,
com oficinas e instalações artísticas, no qual dispõe de 14 salas de exposições e
locais para reserva de obras de arte, além de exposições permanentes.
Figura 24: Vista Leste do Centro Cultural Serralves
Fonte: FUNDAÇÃO SERRALVES, 2010
20
Figura 25: Vista em perspectiva, Sudeste;
Fonte: Editado pelo autor
Figura 26: Vistas em perspectiva, Noroeste
Fonte: Editado pelo autor
Figura 27: Vistas do centro cultural;
Fonte: FUNDAÇÃO SERRALVES, 2010
Em composição com o vasto parque do centro histórico, e dialogando com o
declive acentuado do terreno, o edifício setoriza em 3 níveis (e um mezanino), uma
biblioteca especializada, uma livraria, um restaurante ∕ café, salas multiuso,
espaços educativos e de exposições (FIG 28).
Figura 28: Estratificação em Perspectiva
Fonte: Editado pelo autor
22
O ponto em destaque do centro cultural Serralves está na setorização e
organização, simples e acessível de todas as suas funções, e na flexibilidade de
espaços, nos quais podem amparar desde manifestações culturais à eventos de
negócios.
O
Espaço de exposições:
Espaço público
Biblioteca
Escritórios
Loja do Museu
Restaurante
Sala Multiusos
Sala de Programas Educativos
Área de Serviços
Auditório
Estacionamento
TOTAL
484,90 m²
64,80
m²
52,80
m²
537,40 m²
146,90 m²
222,90 m²
103,20 m²
233,60 m²
770,50 m²
600,00 m²
3.309,00 m²
8020,40 m²
edifício
apresenta
um
programa simples, áreas divididas de
maneira funcional. Os espaços de
circulação e o foyer do auditório,
fazem a ligação e guiam o fluxo
dentro do edifício, a partir do átrio
principal
e
ao
longo
de
seus
corredores.
Localização: Cidade do Porto, Portugal.
Datas do Projeto: Início do projeto, 1998; Construção, 1999; Inauguração, 2000.
Estrategicamente implantado na região
da Boavista, entre a zona baixa, o centro
histórico, o pólo de negócios e a Foz de
Boavista. A casa da música se caracterísa
por ser um centro cultural destinado à
música
(FIG.
29),
que
pode
ampara
apresentações e eventos de diversos níveis,
além de proporcionar a formação musical.
Figura 29: Casa da Música
http://www.flickr.com/photos/alfonstr/3470283
935/
24
O edifício se apresenta de forma assimétrica em 7 níveis acima do solo e 3
subterrâneos, espaços direcionados à eventos musicais e a apoio dos mesmos. Dos
quais podemos destacar: salas de auditório e seus bares e lanchonetes
complementares, salas de ensaio e solistas, salas de escritório, salas
educativas, espaço de gravações, áreas VIP exclusivas para artistas, além dos
mirante dispostos ao longo da edificação. (FIG. 30).
Figura 30: Estudo dos níveis e forma da Casa da Música
Fonte: Elaborado pelo autor
A relação dos espaços de eventos com os ambientes de circulação e salas de
apoio cria um ambiente único, em que as apresentações são vistas por todos os
lados do edifício. Os espaços de transição amplos, juntamente com as visadas da
paisagem da cidade do porto buscam integrar o homem à cidade sem que isto
interfira em suas ações.
A edificação é “posta” no terreno como uma pedra recém lapidada de faces
geometrizadas e diversos planos de vista. O apreço formal não foi diminuído pelas
exigências técnicas impostas pela tipologia de casa de eventos, os ambientes
receberam um preciso tratamento acústico, com paredes duplas e colchões de ar
internos como barreira sonora sem prejudicar o conceito de integração edifício cidade.
25
Localização: Singapura, Singapura.
Datas do Projeto: Início do projeto, 2002; Construção, 2005; Inauguração, 2007.
Figura 31: Lasalle, centro de artes
Fonte: Cortesia da RSP
Implantado no setor planejado Rochor, às proximidades do Distrito cívico,
caracterizado como pólo educacional, institucional e cultural, dentre os edifícios
importantes edifícios situados nesta área, estão a Universidade de Singapura, a
Biblioteca Nacional e a Academia Nanyang de finas artes, etc.
A Escola de artes Lasalle se localiza no centro de Singapura, abraçando a
sua diversidade. A implantação do campus programaticamente define zonas de
meditação entre espaços públicos da cidade e espaços privados do campus.
O projeto visa criar um nível de porosidade e interação entre a cidade e a
instituição, para permitir a participação pública das atividades culturais, enquanto ao
mesmo tempo, aproveita a riqueza de recursos do contexto urbano, e sua
localização central. A relação criada entre a instituição e a cidade refletida nos
espaços limites destes, são incluídas como parte do processo criativo das escolas.
26
O conceito principal do projeto é
unir o fluxo de pedestres de vias
importantes para a cidade (FIG. 32), as
vias Albert – via de pedestres que
direciona o usuário através de galerias
comerciais e halls de alimentação, várias
praças compõe sua extensão - a via
Prinsep, de escoamento básico, oriunda
do pólo cultural e de negócios da cidade.
Figura 32: Eixos conceituais
Fonte: Cortesia da RSP
O plano da base se descola do
nível de referência, revelando espaços
inclinados com o propósito de sobrepor
planos de atividades variadas (FIG. 33).
Assim
são
formados
dois
setores
principas, o Plano da cidade e Plano do
Campus - extensão da via de pedestres
Albert Street Mall, no qual invade a parte
Figura 33: Identificação dos planos
Fonte: Cortesia da RSP
inferior do campus integrando-o com a
cidade.
Os setores programáticos (FIG. 34),
são
setores
públicos
de
atividades
acessíveis no nível térreo, formam os
componentes do núcleo do Campus e
sua funcionalidade estão ligadas entre si
através de caminhos que criam o contato
entre os estudantes do campus e os
demais usuários.
Figura 34: Setores programáticos do Campus
Fonte: Cortesia da RSP
27
Em uma escala reduzida e acesso
indireto ao nível do solo estão as partes
funcionais de integração do centro (FIG.
35),
estas
interfaces
ou
galerias,
permitem a interação entre arte e cidade
através
de
atividades
diárias,
e
performances espontâneas das várias
escolas do Campus.
Figura 35: Zonas de Integração
Fonte: Cortesia da RSP
Os núcleos de circulação e serviço
de cada bloco da escola situam-se nas
extremidades do edifício, expressos em
zonas verticais (FIG. 36).
Figura 36: Principais Eixos de Circulação
Fonte: Cortesia da RSP
Os volumes são divididos por
especialidade, e o espaço central de
acesso
exibição
é
utilizado
de
como
atividades
área
de
artísticas
(FIG.37).
O aspecto principal deste complexo,
está na inversão da maneira de se
circular pelo edifício, a rua interna com
espaços de convivência e descanso
instaura uma nova maneira de habitar
um ambiente de ensino.
Figura 37: Divisão dos Setores Funcionais
Fonte: Cortesia da RSP
28
Tendo em vista as questões apresentadas anteriormente, somando à
necessidade do desenvolvimento cultural da cidade, e visando amparar áreas
segregadas da cidade, a proposta de um complexo cultural para a cidade de
Anápolis se faz pertinente. A integração de atividades culturais na área de
intervenção tende a reunir as comunidades locais, instituindo um crescente processo
de reestruturação social do entorno.
A unificação das entidades culturais da cidade em um edifício, além de
incentivar a troca de informações, prioriza a necessária intercomunicação das
mesmas, de forma que as atividades de uma escola possa auxiliar as outras
(FIG.38).
O caráter de desenvolvimento econômico e crescente populacional da cidade,
representa uma ampliação da proposta cultural de Anápolis, a inserção de um
espaço que ampare eventos na implantação do complexo cultural proporciona ao
edifício, a definição de pólo cultural regional. O espaço de eventos, irá amparar,
reuniões e eventos empresariais, festividades folclóricas e shows na cidade, unindo
a entidade de ensino ao novo ponto de convenções de Anápolis.
Figura 38: Proposta Conceitual,
Intercomunicação
Fonte: Editado pelo autor
29
30
31
32
Para a proposta de implantação, primeiramente (FIG. 39), foram avaliados os
fluxos pertinentes e desejados para o edifício. Para viabilizar a implantação foram
analisados, aspectos físicos do terreno, sistema viário e insolação.
Figura 39: Análise de
Condicionantes
Fonte: Elaborado pelo autor
33
Em resposta à mata de proteção que se instala próximo ao edifício, uma faixa
de recuo é proposta, afastando 20m para dentro do terreno, de forma a criar uma
barreira verde entre a área de proteção e o local de intervenção (FIG. 40).
Figura 40: Recuo de Proteção Proposto
Fonte: Elaborado pelo autor
Segundo a legislação Federal do DNIT (Departamento Nacional de
Infraestrutura e Transportes), IPR – 172, a cerca do uso do solo para áreas lindeiras
à rodovias federais:
A figura da faixa “non aedificandi” tem por finalidade
proibir a construção dequalquer natureza em zonas urbanas,
suburbanas, de expansão urbana ou rural, emfaixa de reserva de 15
metros, adjacente a cada lado da faixa de domínio da
rodovia,conforme preconizado na Lei 6766, de 19-12-79. (IPR –
172).
A faixa non aedificandi, foi respeitada, nela foi locada a via de acesso3 à Br –
153, para otimizar o fluxo sem interferir diretamente no trafego de veículos na
rodovia (FIG.41 e 42 ).
3
Segundo o Manual de Acesso às Rodovias Federais, DNIT (2006).
34
Figura 41 e 42: Via de Acesso à rodovia
Fonte: Elaborado pelo autor
Tendo em vista a necessidade de se acessar o edifício para amparar o fluxo
de suas atividades, levando em consideração o fluxo de veículos neste momento.
Intervenções viárias foram realizadas, dentro da área do terreno: criação da via que
dá acesso ao edifício pela Avenida Brasil e a instituição do retorno para a mesma.
Figura 43: Fluxo de Veículos
Fonte: Elaborado pelo autor
35
Os espaços foram setorizados de maneira que o espaço de eventos seja
flexível à todas as funções que compõem o centro cultural. O acessos de veículos e
carga/descarga foram delimitado em composição com a rotatória, para que o fluxo
de veículos seja dinamizado sem impedimentos. A praça de eventos compreende
toda a extensão externa ao plano onde se loca o edifício em questão (FIG. 44).
Figura 44: Estudo de Implantação
Fonte: Elaborado pelo autor
A implantação geral é dividida em 2 setores: O volume do edifício, que
compreende o setor de eventos interno e as escolas, a praça de eventos para feiras
culturais, manifestações artísticas e concertos à ceu aberto.
36
A proposta volumétrica, consiste em expor o centro cultural em um único
volume, como uma caixa que protege e ampara as suas atividades culturais.
Figura 45: Estudo do Volume
Fonte: Editado pelo autor
Figura 46: Proposta formal
Fonte: Editado pelo autor
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Figura 47: Estudo Volumétrico
Fonte: Editado pelo autor
No térreo está implantado o setor de eventos internos do Cultural (FIG.48 ),
este, atende ao uso direcionado das entidades culturais que fazem parte do edifício.
Circulações especiais e de carga fazem a ligação das funções das escolas e a parte
de bastidores do auditório, de forma a não haver circulação cruzada entre os usos.
O setor de eventos é composto por um auditório para 495 pessoas, com
acesso por meio de rampas para cadeirantes, e acesso específico para os camarins
no fundo do palco. Salas de reunião flexíveis, destinadas à recitais e outras funções,
com a possibilidade de modulação de seu ambiente, também integra a parte de
eventos.
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As
atividades
de
bastidores
se
conectam diretamente à área de carga
e descarga, pelo depósito cênico, de
maneira que seja facilitada a montagem
e
desmontagem
de
cenários
para
apresentações no interior do auditório.
Um café foi implantado para suprir as
necessidades de eventos específicos
de convenções, coffe-breaks, jantares e
coquetéis no foyer do pavimento de
eventos.
Figura 48: Pavimento Térreo: Eventos
Fonte: Editado pelo autor
O 1° Pavimento compreende as
funções administrativas e a biblioteca
do
centro,
disposto
próximo
ao
pavimento térreo para o livre acesso de
alunos e funcionários. A área de
alimentação disposta neste nível, é de
uso
das
escolas,
a
cozinha
se
comunica diretamente com as áreas de
alimentação do térreo (eventos) e do 2°
pavimento (multiuso) para atender a
demanda destes setores (FIG .49 ).
Fonte: Editado pelo autor
Figura 49: 1° Pavimento: Administração
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Os Espaços Multiuso, no 2°
Pavimento, são ambientes flexíveis,
com a possibilidade de se integrarem
entre si, formando um único espaço.
Destinado a exposições, stands e
palestras. A galeria do centro, também
pode ser utilizada para outras funções,
reuniões, eventos de negócios, etc.
Uma área de alimentação visa atender
a estas atividades, tendo sua função
destinada a eventos esporádicos
Fonte: Editado pelo autor
Figura 50: 2° Pavimento: Espaços Multiuso
A Escola de Teatro, possui salas
de aulas práticas, também flexíveis, com
fechamento em painéis acústicos móveis,
destinadas para o ensino das artes
cênicas. Os recursos de mídia incluem
Sala de audiovisual, Acervo/Midiateca,
com funções multimídia, para uso da
escola.
A circulação vertical, neste nível,
serve como ligação às funções de
bastidores
depósitos
no
nível
do
palco.
particionáveis,
Os
possuem
comunicação com o depósito Cênico e
Oficina de Cenografia (FIG.51).
Figura 51: 3° Pavimento: Escola de Teatro
Fonte: Editado pelo autor
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Os ambientes da Escola de Dança
possuem uma modulação semelhante
à escola de teatro, com salas flexíveis,
vestiários com acesso privativo e
ligação com o auditório.
Figura 52: 4° Pavimento: Escola de Dança
Fonte: Editado pelo autor
O pavimento da Escola da
Música de se divide em salas de
Teoria (FIG.53, à esquerda ), – com
salas com baixa emissão de ruídos, e
conseqüentemente com necessidade
de poucos recursos de tratamento
acústico – e salas práticas (à direita)
para a prática de instrumentos e
gravações musicais, salas com maior
emissão de ruídos.
Figura 53: 5° Pavimento: Escola de Dança
Fonte: Editado pelo autor
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A Escola de Artes, é locada
estrategicamente no último pavimento
do edifício para aproveitar as visadas
do
entorno
em
suas
atividades.
Possui salas de desenho, ateliês de
pintura flexíveis e de escultura com
acesso ao depósito e monta-carga
para a retirada de peças (FIG.54).
Figura 54: 6° Pavimento: Escola de Dança
Fonte: Editado pelo autor
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GEERTZ, C. “A interpretação das culturas”. Rio de Janeiro, Zahar, 1978.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Zahar. Rio de Janeiro, 1986,
pg. 25
CANEDO, Daniele. Democratização da cultura. São Paulo, 2008.
DOSSIN, F. R. Espaço para possibilidades: Arte Pública e Estética Relacional. Revista
Travessias, v. Nº II, p. 9º, 2008.
BOTELHO, Isaura. Dimensões da cultura e políticas públicas. São Paulo. Perspectiva. V. 15,
no. 2, p.73-83, 2001.
IBEG – Documentos disponíveis em: www.ibge.gov.br
http://www.flickr.com/photos/alfonstr/3470283935/
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O presente trabalho consiste na implantação de um Centro Cultural