1 “Sem os homens certamente não haveria cultura, mas, de forma semelhante e muito significativamente, 1 sem cultura não haveria homens .” (GEERTZ, 1978) O presente trabalho consiste na implantação de um Centro Cultural de caráter educacional em Anápolis, integrado à um espaço para eventos e convenções, a ser localizado na região norte da cidade, a qual se privilegia estrategicamente pelo acesso fácil e fluido às demais regiões de Anápolis. Com quatro instituições de ensino específicos inter-relacionados, o Centro Cultural buscará amparar atividades artísticas diversificadas dos setores das Artes Plásticas, Música, Dança e Teatro, além de expor e valorizar o produto artístico e cultural da cidade. O edifício como equipamento público visa atender todas as parcelas da população anapolina, de maneira a aplacar os elementos de segregação social acometidos geralmente sobre as divergências étnicas, de crenças e condições econômicas – proporcionando conhecimento e desenvolvimento cultural, artístico e proveniente disso, o lazer e o entretenimento de forma direta e didaticamente atraente. O Espaço de eventos surge para propiciar à cidade de Anápolis a oportunidade de se desenvolver um calendário cultural de eventos, e expor à comunidade, atividades culturais de maneira universalista, abrangendo expressões de diversos níveis, à todas as pessoas, buscando não se enquadrar no estigma da espetacularização cultural atual – promovida às classes economicamente elevadas, nos quais seus eventos se resumem simplesmente a “grandiosos espetáculos” (de maneira materialista) para fins puramente comerciais, se limitando à apenas vender o produto cultural a quem se pode comprar. A implantação de centros de cultura e pólos que propiciem atividades genuinamente culturais, pode ser definida como um dos principais mecanismos de 1 GEERTZ, C. “A interpretação das culturas”. Rio de Janeiro, Zahar, 1978. 2 inclusão social da política urbana atual, meios de manifestação da arte munidos da infraestrutura necessária para que esta seja fomentada, tendem a diminuir as distâncias sócio-econômicas. Partindo do pressuposto que todo homem é um ser transformador de seu meio, sendo portanto, criador da cultura, a simples interação entre artistas e cidadãos pode representar uma rica troca cultural, onde, por meio disto, se promove o desenvolvimento moral e intelectual da sociedade. A cultura e suas expressões permeiam o nosso cotidiano, representada de diversas formas e meios. Mas qual é o seu valor para a sociedade? O que ela vem a significar perante à figura do homem? Segundo o antropólogo Edward Tylor, a cultura em linhas gerais pode ser definida como: “[...] todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro de uma sociedade” (TYLOR, 1871) A partir deste conceito, contextualizando os significados da palavra cultura, em linhas gerais, podemos exemplificá-la como o fundamento de toda civilização ou sociedade. Segundo Geertz (1978) cultura “[...] não é apenas um ornamento da existência humana, mas uma condição essencial para ela – a principal base de sua especificidade.” Apenas somos capazes de identificar a origem de determinado indivíduo, avaliando os traços de sua cultura, pois ela atua como elemento de diferenciação entre hábitos e costumes humanos, onde pessoas são integradas a atividades e princípios filosóficos. A cultura em tempos atuais, pode ser compreendida sob alguns termos (CANEDO, 2008); 1). Traduz o conjunto de padrões coletivos humanos – símbolos, valores morais, linhas de pensamento e tradições históricas. 3 2). Representa as expressões populares artísticas e atividades intelectuais – todo fruto do trabalho intelectual do homem e significado deste para a sociedade o qual está inserido. 3). Fator de desenvolvimento humano, na qual é reconhecida como um dos principais propulsores da política social urbana, em que esta age de forma “terapêutica” para a sociedade, transformando e regenerando a condição intelectual das pessoas, e por conseguinte, vem a ocasionar mudanças significativas nos índices locais de violência. Proporcionando a construção da identidade individual e coletiva de um meio, expandindo a visão de sociedade de um indivíduo como cidadão. O município de Anápolis, após o seu período de consolidação urbana, comercial e intenso crescimento populacional, vem sofrendo com a visível desorganização da região central da cidade. O centro de Anápolis, hoje densamente massificado, é caracterizado por apresentar todos os principais equipamentos culturais da cidade, especificamente instituições de ensino no setor da cultura: As escolas municipais de Artes, Música, Dança e Teatro de Anápolis, além da galeria central, localizada na praça Bom Jesus. Estes equipamentos tem seu funcionamento comprometido por diversos fatores de sua localização próxima aos adensamentos comerciais instituídos pelo crescimento urbano desordenado em que a cidade apresenta. Ao passo que estas instituições culturais, à muito tem desempenhado precariamente seu papel em Anápolis, – criadas entre as décadas de 70 e 80 e amparam aproximadamente 10002 alunos – suas instalações físicas e estrutura organizacional não atendem de forma satisfatória às exigências básicas para o pleno desenvolvimento cultural local. 2 Informações cedidas pelas diretorias das escolas. 4 No contexto atual, ocorre pouca, ou nenhuma interação entre os órgãos culturais municipais, devido à localização, “espalhada” a qual apresentam. (FIG. 1 e 2) Além dos problemas decorrentes da falta de um espaço amplo e planejado, que relacione com as expressões de cada atividade proporcione artística, trocas de de maneira que experiências culturais. Figura 01: Localização em relação à cidade Fonte: Editado pelo autor Figura 02: Mapa de localização das Instituições culturais de ensino em Anápolis Fonte: Editado pelo autor 5 Rua 14 de Julho, n° 1030, Centro. Inaugurada em 1968, pelo artista Oswaldo Verano. No edifício histórico da antiga cadeia municipal, em funcionamento com a Escola Municipal de Música. Possui a mesma sede da Escola de Artes Oswaldo Verano. Rua Barão do Rio Branco, Centro. Atualmente se localiza nos fundos do Teatro Municipal, na Avenida Brasil. Ensino destinado ao setor das belas artes. Desenho, Pintura, Escultura, etc. Duração de 3 anos + especialização. Inaugurada em 1982, vinculada à Secretaria Municipal de Cultura (SEMUC). Promover a formação musical erudita, folclórica, popular e universal. Inaugurada em 1986, no Teatro Municipal e foi reestruturada em 2004, nos moldes Ingleses. Ensino de diversas especialidades no campo da dança. Inaugurada em 1988, logo após a companhia de dança pelos mesmos idealizadores. Ensino das artes cênicas. Curso de formação dividida em 11 tipos de Instrumentos; Duração de 3 a 9 anos. Cursos de Jazz, Sapateado e do Ballet clássico Royal; Duração de 10 anos, 2 de preparatórios e 8 períodos regulares. O curso regular de Teatro se divide em: - Iniciação; - Básico; - Técnico e Profissionalizante. - Avançado; A duração do curso básico de formação é de 3 anos. - 200 alunos; - 7 professores; - 1 Diretor; -1 Coordenador; - 2 Secretárias. - 350 alunos; - 18 professores; - 1 Diretor; -1 Coordenador; - 2 Secretárias; - 2 Funcionários Administrativos. - 680 alunos (onde 40% são crianças); - 7 Professores; - 1 Diretor; -1 Coordenador; - 1 Secretária. - 75 alunos; - 5 professores; - 1 Diretor; -1 Coordenador; - 1 Secretário. 6 Figura 03: Escola de Artes Oswaldo Verano Fonte: Arquivo Pessoal Figura 04: Escola de Música de Anápolis Fonte: Arquivo Pessoal Figura 05: Escola de Dança de Anápolis Fonte: Arquivo Pessoal Figura 06: Escola de Teatro de Anápolis Fonte: Arquivo Pessoal Apesar das instituições culturais manterem seu funcionamento em alguns dos caos, por mais de 25 anos, suas atividades, refletidas em suas estruturas físicas, não atendem o crescimento populacional da cidade. Os suportes físicos no setor da cultural, não evoluíram juntamente com o aumento populacional da cidade e acabam por comprometer a difusão e as renovações necessária para a continuidade destas manifestações. As instalações físicas (fig. 03 a 06) e o número de professores existentes, exigem destes órgãos como resposta à este déficit, a criação de turmas em muitos horários muito diversificados, tornando dificultado e deficiente o ensino. Salas de aula pouco aparelhadas e falta de infraestrutura são problemas comuns destas instituições. -As edificações em questão, apresentam acessos dificultados pela grande concentração de pessoas na região central da cidade. e o trânsito geralmente congestionado horários de uma área fora do centro adensado; -Unificar as entidades culturais; -Implantar a nova edificação em uma -A falta de vagas para estacionamento nos -Remanejamento das atividades para funcionamento, localização munida de Infraestrutura Viária e Transporte urbano. obstruem a chegada dos usuários. -Estrutura Física deficiente, o -Estimar o crescimento da demanda e programa não atende às exigências propor um programa flexível que se da demanda deste setor; adéqüe às tais atividades; - O equipamento público não atende -Selecionar de forma satisfatória, as classes intervenção, um local periférico que necessitadas; necessite de equipamentos urbano sociais. como área de 7 Está localizada na região centro-oeste do Brasil (FIG. 7), onde se inicia o Planalto Central, no sul do Estado de Goiás, entre as importantes Brasília (o metrópoles terceiro maior Goiânia e aglomerado urbano do País), e no eixo comercial do país, compreendido pela BR–153 e a ferrovia Norte-Sul, o qual a caracteriza como um dos mais importantes pólos comerciais e industriais do país. Figura 07: Mapa de Localização e Inserção Regional Fonte: <http://www.unucseh.ueg.br> 1887 (categoria de Vila) 1907 (categoria de Cidade) Centro-Oeste Centro Goiano 334.613 habitante (2009) Figura 08: Bandeira da cidade de Anápolis Fonte: <http://www.anapolis.go.gov.br> 97,25% 324,65 hab/Km² Abadiânia, Pirenópolis, Ouro Verde, Nerópolis, Leopoldo de Bulhões, Silvânia. Fonte:IBGE 8 Figura 09: Localização da Área de Intervenção na cidade Fonte: Editado pelo autor 9 Figura 10: Bairros do entorno Fonte: Editado pelo autor A área de intervenção está localizada na região norte da cidade (FIG. 9 e 10), setor inicialmente habitado por volta dos anos 70 e 90 (FIG. 11) nas faixas lindeiras às avenidas Brasil e Universitária,, com os bairros Jardim das Américas Etapas I, II e III a partir da pavimentação da rodovia Br-153. Posteriormente, neste setor foi aprovado o Figura 11: Data de aprovação dos loteamentos Fonte: Plano Diretor de Anápolis Loteamento Cidade Universitária após a implantação do centro universitário Associação Unievangélica em 2000. da 10 Figura 12: Marcos da região do entorno Fonte: Editado pelo autor 11 Figura 13: Malha viária Fonte: Editado pelo autor A região da área de intervenção utiliza de eixos importantes para a cidade (FIG. 13) como a Avenida Brasil – principal eixo estruturador, possui características de rodovia quanto ao seu fluxo, por ligar a parte Norte e Sul de Anápolis – e a Avenida Universitária – que desenvolveu ao longo do tempo, características especiais de elemento estruturador da cidade, ao longo de suas margens se implantaram instituições de ensino superior (os centros universitários Anhanguera e Unievangélica), que lhe atribuíram o nome “universitária” – além da Br – 153 – via de importância nacional, devido ao eixo formado do norte ao sul do país, proporciona o escoamento da produção do Centro-Oeste, intensificado com a implantação do Porto Seco e a plataforma multimodal no DAIA. 12 Figura 14: Mapa de usos Fonte: Editado pelo autor Avaliando a forma em que os bairros foram habitados é notável a eleição pela tipologia de serviços aos terrenos que margeiam os eixos da cidade, a segunda camada demonstrada no mapa de usos (FIG. 14) locam loteamentos residenciais de níveis econômicos variados em proporção com a proximidade em relação ao setor central. Vários Edifícios Institucionais permeiam os loteamentos onde foram instituídos os eixos de serviços a partir das avenidas Universitária e Brasil. 13 Figura 15: Gabarito das Edificações Fonte: Editado pelo autor Em decorrer das análises anteriores, a região é compreendida pelo setor de zoneamento de adensamento básico, o que evidencia o caráter residencial da região à medida que se distancia das vias de maior importância (FIG. 15 a 18), o gabarito mais elevado é figurado geralmente por galpões de serviço, e alguns edifícios institucionais, nas áreas do entorno se encontra em implantação, edifícios residenciais multifamiliares nos bairros Jardim das Américas e Cidade Universitária no sentido rumo ao centro da cidade. 14 Figura 16: Perspectiva do Gabarito, Vista aérea sobre a Br-153 Fonte: Elaborado pelo autor Figura 17: Perspectiva do Gabarito, Vista aérea sobre a Avenida Universitária Fonte: Elaborado pelo autor Figura 18: Edificações da região do entorno Fonte: Arquivo Pessoal 15 Figura 19: Infraestrutura Urbana, Água, Esgoto e Energia Fonte: Editado pelo autor Como ocorre em praticamente todos os bairros afastados do centro da cidade, a região é parcialmente atendida pela rede de esgotamento público (FIG. 19), algo não justificado no plano diretor em vista do desenvolvimento de regiões próximas. O loteamento Cidade Universitária, pouco habitado, apresenta falhas de infraestrutura básicas, vias descontinuadas, não pavimentadas, ausência de retornos e galerias de captação pluvial. 16 Figura 20: Topografia e Recursos hídricos Fonte: Editado pelo autor Pertencente à microbacia e macrozona do Rio das Antas, a região apresenta dois afluentes, os córregos das Antas e Reboleiros (FIG. 20), que correspondem a hidrografia da parte norte da cidade. A Topografia em sua maioria se apresenta suavemente ondulada, com cota média de 1.080 m acima do nível do mar, na qual mantém as características do planalto goiano, a diferenciação de níveis exposta na área do entorno é demarcada pela formação interfluvial e fluxo dos corpos d’água. 17 Figura 21: Informações Gerais da Área de Intervenção Fonte: Editado pelo autor Vista 1 Vista 2 Vista 3 Vista 4 Figura 22: Vistas da Área de Intervenção Fonte: Editado pelo autor Ás margens da Br-153 (FIG. 21 e 22), localizado no Km 436, o terreno possui 43.986,27 km² e está inserido na zona de adensamento básico, segundo o plano diretor. O caráter especial do terreno está em sua localização, próxima aos eixos estruturadores da cidade de forma que tanto para quem chega da cidade e de fora dela, podem acessá-lo sem dificuldades. A infra-estrutura de transporte público é vigorosamente amparada nas avenidas principais, e a proximidade com bairros periféricos de Anápolis pode ser um fator social importante a ser considerado para a implantação de um edifício de escala regional de abrangência. 18 Próximo ao terreno, encontra se uma área de vegetação densa, proteção do córrego das Antas (FIG. 23). A mata de proteção, permeia a total extensão do terreno vizinho até a divisa da área de intervenção, sua propriedade está licenciada para o Centro Universitário da Associação Unievangélica. Nesta região, as principais árvores Figura 23: Vegetação Fonte: Editado pelo autor nativas são: o angico, o amarelão ou garapa, algumas espécies de palmeiras e a taboca. A cidade de Anápolis está situada no globo terrestre a 16°15’S, 48°50’O em graus de latitude e longitude, em relação aos meridianos. A testada do terreno, voltada para a direção nor-nordeste, demonstra condições favoráveis para alcançar níveis eficientes de conforto térmico e diminuição de gastos com iluminação artificial e ar-condicionado. Fonte: Editado pelo Autor 19,5° (nor-nordeste) 6:30 – 17:30 6:00 – 14:30 7:00 – 10:00 109,5° (és-sudeste) 6:30 – 11:00 6:00 – 11:35 5:30 – 12:10 - 14:30 – 18:00 5:30 – 7:00 e 10:00 18:30 200,5° (su-sudoeste) 19 Possui um clima ameno, caracterizado como tropical de altitude, com estações bastante definidas, a estação de seca compreende os meses de maio a agosto e a estação de chuvas, de setembro a abril. A temperatura média da cidade é de aproximadamente 23°C, podendo variar entre 18° e 30°C durante o ano. Ocorrem poucas chuvas fora de estação, as decorrentes tendem a serem chuvas fortes e concentradas. O vento predominante da cidade de Anápolis, segue o sentido Leste-Norte, e geralmente acompanha o direcionamento dos rios. Localização: Cidade do Porto, Portugal. Datas do Projeto: Início do projeto, 1991; Construção, 1996; Inauguração, 1999. Situado na Quinta de Serralves, às proximidades do casarão histórico, o Centro Cultural Serralves (FIG. 24), é o principal espaço de eventos da Fundação Serralves. Consiste em um centro cultural voltado à eventos de caráter expositivo, com oficinas e instalações artísticas, no qual dispõe de 14 salas de exposições e locais para reserva de obras de arte, além de exposições permanentes. Figura 24: Vista Leste do Centro Cultural Serralves Fonte: FUNDAÇÃO SERRALVES, 2010 20 Figura 25: Vista em perspectiva, Sudeste; Fonte: Editado pelo autor Figura 26: Vistas em perspectiva, Noroeste Fonte: Editado pelo autor Figura 27: Vistas do centro cultural; Fonte: FUNDAÇÃO SERRALVES, 2010 Em composição com o vasto parque do centro histórico, e dialogando com o declive acentuado do terreno, o edifício setoriza em 3 níveis (e um mezanino), uma biblioteca especializada, uma livraria, um restaurante ∕ café, salas multiuso, espaços educativos e de exposições (FIG 28). Figura 28: Estratificação em Perspectiva Fonte: Editado pelo autor 22 O ponto em destaque do centro cultural Serralves está na setorização e organização, simples e acessível de todas as suas funções, e na flexibilidade de espaços, nos quais podem amparar desde manifestações culturais à eventos de negócios. O Espaço de exposições: Espaço público Biblioteca Escritórios Loja do Museu Restaurante Sala Multiusos Sala de Programas Educativos Área de Serviços Auditório Estacionamento TOTAL 484,90 m² 64,80 m² 52,80 m² 537,40 m² 146,90 m² 222,90 m² 103,20 m² 233,60 m² 770,50 m² 600,00 m² 3.309,00 m² 8020,40 m² edifício apresenta um programa simples, áreas divididas de maneira funcional. Os espaços de circulação e o foyer do auditório, fazem a ligação e guiam o fluxo dentro do edifício, a partir do átrio principal e ao longo de seus corredores. Localização: Cidade do Porto, Portugal. Datas do Projeto: Início do projeto, 1998; Construção, 1999; Inauguração, 2000. Estrategicamente implantado na região da Boavista, entre a zona baixa, o centro histórico, o pólo de negócios e a Foz de Boavista. A casa da música se caracterísa por ser um centro cultural destinado à música (FIG. 29), que pode ampara apresentações e eventos de diversos níveis, além de proporcionar a formação musical. Figura 29: Casa da Música http://www.flickr.com/photos/alfonstr/3470283 935/ 24 O edifício se apresenta de forma assimétrica em 7 níveis acima do solo e 3 subterrâneos, espaços direcionados à eventos musicais e a apoio dos mesmos. Dos quais podemos destacar: salas de auditório e seus bares e lanchonetes complementares, salas de ensaio e solistas, salas de escritório, salas educativas, espaço de gravações, áreas VIP exclusivas para artistas, além dos mirante dispostos ao longo da edificação. (FIG. 30). Figura 30: Estudo dos níveis e forma da Casa da Música Fonte: Elaborado pelo autor A relação dos espaços de eventos com os ambientes de circulação e salas de apoio cria um ambiente único, em que as apresentações são vistas por todos os lados do edifício. Os espaços de transição amplos, juntamente com as visadas da paisagem da cidade do porto buscam integrar o homem à cidade sem que isto interfira em suas ações. A edificação é “posta” no terreno como uma pedra recém lapidada de faces geometrizadas e diversos planos de vista. O apreço formal não foi diminuído pelas exigências técnicas impostas pela tipologia de casa de eventos, os ambientes receberam um preciso tratamento acústico, com paredes duplas e colchões de ar internos como barreira sonora sem prejudicar o conceito de integração edifício cidade. 25 Localização: Singapura, Singapura. Datas do Projeto: Início do projeto, 2002; Construção, 2005; Inauguração, 2007. Figura 31: Lasalle, centro de artes Fonte: Cortesia da RSP Implantado no setor planejado Rochor, às proximidades do Distrito cívico, caracterizado como pólo educacional, institucional e cultural, dentre os edifícios importantes edifícios situados nesta área, estão a Universidade de Singapura, a Biblioteca Nacional e a Academia Nanyang de finas artes, etc. A Escola de artes Lasalle se localiza no centro de Singapura, abraçando a sua diversidade. A implantação do campus programaticamente define zonas de meditação entre espaços públicos da cidade e espaços privados do campus. O projeto visa criar um nível de porosidade e interação entre a cidade e a instituição, para permitir a participação pública das atividades culturais, enquanto ao mesmo tempo, aproveita a riqueza de recursos do contexto urbano, e sua localização central. A relação criada entre a instituição e a cidade refletida nos espaços limites destes, são incluídas como parte do processo criativo das escolas. 26 O conceito principal do projeto é unir o fluxo de pedestres de vias importantes para a cidade (FIG. 32), as vias Albert – via de pedestres que direciona o usuário através de galerias comerciais e halls de alimentação, várias praças compõe sua extensão - a via Prinsep, de escoamento básico, oriunda do pólo cultural e de negócios da cidade. Figura 32: Eixos conceituais Fonte: Cortesia da RSP O plano da base se descola do nível de referência, revelando espaços inclinados com o propósito de sobrepor planos de atividades variadas (FIG. 33). Assim são formados dois setores principas, o Plano da cidade e Plano do Campus - extensão da via de pedestres Albert Street Mall, no qual invade a parte Figura 33: Identificação dos planos Fonte: Cortesia da RSP inferior do campus integrando-o com a cidade. Os setores programáticos (FIG. 34), são setores públicos de atividades acessíveis no nível térreo, formam os componentes do núcleo do Campus e sua funcionalidade estão ligadas entre si através de caminhos que criam o contato entre os estudantes do campus e os demais usuários. Figura 34: Setores programáticos do Campus Fonte: Cortesia da RSP 27 Em uma escala reduzida e acesso indireto ao nível do solo estão as partes funcionais de integração do centro (FIG. 35), estas interfaces ou galerias, permitem a interação entre arte e cidade através de atividades diárias, e performances espontâneas das várias escolas do Campus. Figura 35: Zonas de Integração Fonte: Cortesia da RSP Os núcleos de circulação e serviço de cada bloco da escola situam-se nas extremidades do edifício, expressos em zonas verticais (FIG. 36). Figura 36: Principais Eixos de Circulação Fonte: Cortesia da RSP Os volumes são divididos por especialidade, e o espaço central de acesso exibição é utilizado de como atividades área de artísticas (FIG.37). O aspecto principal deste complexo, está na inversão da maneira de se circular pelo edifício, a rua interna com espaços de convivência e descanso instaura uma nova maneira de habitar um ambiente de ensino. Figura 37: Divisão dos Setores Funcionais Fonte: Cortesia da RSP 28 Tendo em vista as questões apresentadas anteriormente, somando à necessidade do desenvolvimento cultural da cidade, e visando amparar áreas segregadas da cidade, a proposta de um complexo cultural para a cidade de Anápolis se faz pertinente. A integração de atividades culturais na área de intervenção tende a reunir as comunidades locais, instituindo um crescente processo de reestruturação social do entorno. A unificação das entidades culturais da cidade em um edifício, além de incentivar a troca de informações, prioriza a necessária intercomunicação das mesmas, de forma que as atividades de uma escola possa auxiliar as outras (FIG.38). O caráter de desenvolvimento econômico e crescente populacional da cidade, representa uma ampliação da proposta cultural de Anápolis, a inserção de um espaço que ampare eventos na implantação do complexo cultural proporciona ao edifício, a definição de pólo cultural regional. O espaço de eventos, irá amparar, reuniões e eventos empresariais, festividades folclóricas e shows na cidade, unindo a entidade de ensino ao novo ponto de convenções de Anápolis. Figura 38: Proposta Conceitual, Intercomunicação Fonte: Editado pelo autor 29 30 31 32 Para a proposta de implantação, primeiramente (FIG. 39), foram avaliados os fluxos pertinentes e desejados para o edifício. Para viabilizar a implantação foram analisados, aspectos físicos do terreno, sistema viário e insolação. Figura 39: Análise de Condicionantes Fonte: Elaborado pelo autor 33 Em resposta à mata de proteção que se instala próximo ao edifício, uma faixa de recuo é proposta, afastando 20m para dentro do terreno, de forma a criar uma barreira verde entre a área de proteção e o local de intervenção (FIG. 40). Figura 40: Recuo de Proteção Proposto Fonte: Elaborado pelo autor Segundo a legislação Federal do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes), IPR – 172, a cerca do uso do solo para áreas lindeiras à rodovias federais: A figura da faixa “non aedificandi” tem por finalidade proibir a construção dequalquer natureza em zonas urbanas, suburbanas, de expansão urbana ou rural, emfaixa de reserva de 15 metros, adjacente a cada lado da faixa de domínio da rodovia,conforme preconizado na Lei 6766, de 19-12-79. (IPR – 172). A faixa non aedificandi, foi respeitada, nela foi locada a via de acesso3 à Br – 153, para otimizar o fluxo sem interferir diretamente no trafego de veículos na rodovia (FIG.41 e 42 ). 3 Segundo o Manual de Acesso às Rodovias Federais, DNIT (2006). 34 Figura 41 e 42: Via de Acesso à rodovia Fonte: Elaborado pelo autor Tendo em vista a necessidade de se acessar o edifício para amparar o fluxo de suas atividades, levando em consideração o fluxo de veículos neste momento. Intervenções viárias foram realizadas, dentro da área do terreno: criação da via que dá acesso ao edifício pela Avenida Brasil e a instituição do retorno para a mesma. Figura 43: Fluxo de Veículos Fonte: Elaborado pelo autor 35 Os espaços foram setorizados de maneira que o espaço de eventos seja flexível à todas as funções que compõem o centro cultural. O acessos de veículos e carga/descarga foram delimitado em composição com a rotatória, para que o fluxo de veículos seja dinamizado sem impedimentos. A praça de eventos compreende toda a extensão externa ao plano onde se loca o edifício em questão (FIG. 44). Figura 44: Estudo de Implantação Fonte: Elaborado pelo autor A implantação geral é dividida em 2 setores: O volume do edifício, que compreende o setor de eventos interno e as escolas, a praça de eventos para feiras culturais, manifestações artísticas e concertos à ceu aberto. 36 A proposta volumétrica, consiste em expor o centro cultural em um único volume, como uma caixa que protege e ampara as suas atividades culturais. Figura 45: Estudo do Volume Fonte: Editado pelo autor Figura 46: Proposta formal Fonte: Editado pelo autor 37 Figura 47: Estudo Volumétrico Fonte: Editado pelo autor No térreo está implantado o setor de eventos internos do Cultural (FIG.48 ), este, atende ao uso direcionado das entidades culturais que fazem parte do edifício. Circulações especiais e de carga fazem a ligação das funções das escolas e a parte de bastidores do auditório, de forma a não haver circulação cruzada entre os usos. O setor de eventos é composto por um auditório para 495 pessoas, com acesso por meio de rampas para cadeirantes, e acesso específico para os camarins no fundo do palco. Salas de reunião flexíveis, destinadas à recitais e outras funções, com a possibilidade de modulação de seu ambiente, também integra a parte de eventos. 38 As atividades de bastidores se conectam diretamente à área de carga e descarga, pelo depósito cênico, de maneira que seja facilitada a montagem e desmontagem de cenários para apresentações no interior do auditório. Um café foi implantado para suprir as necessidades de eventos específicos de convenções, coffe-breaks, jantares e coquetéis no foyer do pavimento de eventos. Figura 48: Pavimento Térreo: Eventos Fonte: Editado pelo autor O 1° Pavimento compreende as funções administrativas e a biblioteca do centro, disposto próximo ao pavimento térreo para o livre acesso de alunos e funcionários. A área de alimentação disposta neste nível, é de uso das escolas, a cozinha se comunica diretamente com as áreas de alimentação do térreo (eventos) e do 2° pavimento (multiuso) para atender a demanda destes setores (FIG .49 ). Fonte: Editado pelo autor Figura 49: 1° Pavimento: Administração 39 Os Espaços Multiuso, no 2° Pavimento, são ambientes flexíveis, com a possibilidade de se integrarem entre si, formando um único espaço. Destinado a exposições, stands e palestras. A galeria do centro, também pode ser utilizada para outras funções, reuniões, eventos de negócios, etc. Uma área de alimentação visa atender a estas atividades, tendo sua função destinada a eventos esporádicos Fonte: Editado pelo autor Figura 50: 2° Pavimento: Espaços Multiuso A Escola de Teatro, possui salas de aulas práticas, também flexíveis, com fechamento em painéis acústicos móveis, destinadas para o ensino das artes cênicas. Os recursos de mídia incluem Sala de audiovisual, Acervo/Midiateca, com funções multimídia, para uso da escola. A circulação vertical, neste nível, serve como ligação às funções de bastidores depósitos no nível do palco. particionáveis, Os possuem comunicação com o depósito Cênico e Oficina de Cenografia (FIG.51). Figura 51: 3° Pavimento: Escola de Teatro Fonte: Editado pelo autor 40 Os ambientes da Escola de Dança possuem uma modulação semelhante à escola de teatro, com salas flexíveis, vestiários com acesso privativo e ligação com o auditório. Figura 52: 4° Pavimento: Escola de Dança Fonte: Editado pelo autor O pavimento da Escola da Música de se divide em salas de Teoria (FIG.53, à esquerda ), – com salas com baixa emissão de ruídos, e conseqüentemente com necessidade de poucos recursos de tratamento acústico – e salas práticas (à direita) para a prática de instrumentos e gravações musicais, salas com maior emissão de ruídos. Figura 53: 5° Pavimento: Escola de Dança Fonte: Editado pelo autor 41 A Escola de Artes, é locada estrategicamente no último pavimento do edifício para aproveitar as visadas do entorno em suas atividades. Possui salas de desenho, ateliês de pintura flexíveis e de escultura com acesso ao depósito e monta-carga para a retirada de peças (FIG.54). Figura 54: 6° Pavimento: Escola de Dança Fonte: Editado pelo autor 42 GEERTZ, C. “A interpretação das culturas”. Rio de Janeiro, Zahar, 1978. LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Zahar. Rio de Janeiro, 1986, pg. 25 CANEDO, Daniele. Democratização da cultura. São Paulo, 2008. DOSSIN, F. R. Espaço para possibilidades: Arte Pública e Estética Relacional. Revista Travessias, v. Nº II, p. 9º, 2008. BOTELHO, Isaura. Dimensões da cultura e políticas públicas. São Paulo. Perspectiva. V. 15, no. 2, p.73-83, 2001. IBEG – Documentos disponíveis em: www.ibge.gov.br http://www.flickr.com/photos/alfonstr/3470283935/