Ano XV | no 2 | #46
abril, maio e junho de 2012
Publicação trimestral da Sociedade Brasileira
de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista
Da esquerda para a direita, Pedro Lemos (SP),
diretor administrativo da SBHCI;
André Spadaro (SP), coordenador da CENIC;
Alexandre Padilha (DF), ministro da Saúde;
Marcelo Queiroga (PB), presidente da SBHCI;
Hugo Motta (PB), deputado federal.
Alexandre Padilha,
ministro da Saúde,
recebe diretoria da SBHCI
E mais:
A visão do estagiário
|
EuroPCR 2012
|
CFM e a nova resolução
Palavra do Presidente
Caros colegas,
J
Mais do que
relevante,
foi uma audiência
de importância
histórica e política,
colocando nossa
Sociedade em
destaque junto às
mais altas instâncias
da saúde pública
nacional.
2
á percorremos ¼ de nossa gestão. Foram
seis meses de atuação quase que exclusiva nos bastidores de nossa Sociedade,
traçando projetos, desenvolvendo ações e
cumprindo agenda de contatos nacionais e
internacionais. Permanecemos trabalhando insistente e persistentemente focados
em todos os propósitos que nos levaram à
presidência da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista
(SBHCI). O Planejamento Estratégico continua em pleno desenvolvimento, apresentando os caminhos que iremos percorrer
nos próximos meses e anos em busca da
internacionalização, profissionalização de
gestão e qualificação dos conteúdos inerentes à nossa área de atuação, desde a
formação profissional dos futuros hemodinamicistas até a gestão administrativa dos
serviços que dirigimos e onde atuamos,
instituições privadas ou públicas.
E é do âmbito público e governamental
que vem a notícia mais importante deste
primeiro semestre. A diretoria da SBHCI,
representada por mim, pelo diretor administrativo Pedro Lemos (SP) e André
Spadaro (SP), coordenador do Registro
Central Nacional de Intervenções Cardiovasculares (CENIC), esteve em audiência com o ministro da Saúde Alexandre Padilha. Entre diversas demandas, a
missão deste grupo foi apresentar ao ministro o novo formulário eletrônico para
remessa de dados referentes às intervenções coronárias percutâneas realizadas
no âmbito do Sistema Único de Saúde
(SUS) ao Ministério da Saúde. Esta nova
ferramenta propiciará agilidade na remessa e rastreabilidade dos dados das intervenções coronárias percutâneas. Imagine que todos poderão acessar o sistema
não só de computadores, mas também de
tablets e smartphones. Mais do que relevante, foi uma audiência de importância
histórica e política, colocando nossa Sociedade em destaque junto às mais altas
instâncias da saúde pública nacional.
Os detalhes dos projetos apresentados e
desta reunião estão descritos na página 8
desta edição.
Fora do âmbito político, mantivemos
nossas ações focadas no relacionamento
com profissionais de outras especialidades
e áreas de atuação e na defesa da prática
médica e do desenvolvimento de novas
tecnologias. É um trabalho que vem sendo
desenvolvido por nossa Sociedade há pelo
menos quatro anos e tem apresentado frutos interessantes de médio e longo prazos.
É o caso de nossa presença na cobertura
do American College of Cardiology (ACC)
e do EuroPCR, e a parceria com o The Society for Cardiac Angiography and Interventions (SCAI) durante o GI² – Global
Summit on Innovations in Interventions.
Estas ações foram realizadas enquanto
preparávamos, junto à equipe administrativa e à diretoria científica, o XXXIV
Congresso da SBHCI. Dedicamos um
auditório do nosso congresso para aulas
voltadas ao cardiologista clínico, oferecendo conteúdo de atualização científica
que promoverá a aproximação destes colegas do universo da hemodinâmica, sem
perder de vista que os maiores beneficiários destas ações são, única e exclusivamente, os pacientes.
Marcelo Queiroga
Presidente
ÍNDICE
5
8
12
INTERNAS
Notas e notícias da SBHCI
Planejamento estratégico | SCAI 2012
Scientific Sessions | SCAI Fall Fellows Course
| Eleição no CFM | Ponte aérea
Audiência com o ministro
20
Alexandre Padilha, ministro da Saúde,
recebeu a diretoria da SBHCI em Brasilía
CFM
22
O futuro da cardiologia
intervencionista
24
ENTREVISTA | GUILHERME SILVA
Células-tronco na cardiologia
ENTREVISTA | RAUL MORENO
Plataforma bioabsorvível
Conversa exclusiva com diretor do serviço
de cardiologia intervencionista do Hospital
Universitário La Paz, em Madri, na Espanha.
#46
02/2012
REPÓRTER INTERNACIONAL | EUROPCR 2012
Um olhar para o
futuro da cardiologia
ATUALIZAÇÃO CIENTÍFICA
EXCELLA BD Trial:
novolimus vs. zotarolimus
Alexandre Abizaid (SP) responde perguntas
sobre o estado atual dos stents bioabsorvíveis
GI2
Guilherme Silva é um dos brasileiros do Centro
de Células-Tronco do Instituto do Coração do
Texas, nos Estados Unidos
17
Inovação em busca
do tratamento ideal
Conheça os principais destaques do conteúdo
científico apresentado no congresso europeu
Novas regras
para novos procedimentos
Em parceria com SCAI, SBHCI promoveu
sessão concorrida durante o GI2 2012
16
REPÓRTER INTERNACIONAL | ACC 2012
Equipe da SBHCI promoveu a cobertura
ao vivo do Annual Scientific Sessions do
American College of Cardiology
CAPA
Conselheira do Conselho Federal de Medicina
afirma que as sociedades científicas são
essenciais no fornecimento de subsídios técnicos
que permitam a análise dos procedimentos
14
18
26
capacitação profissional
A visão do estagiário de HCI
A pesquisa científica sob o foco de quem
passou meses estagiando em instituições
estrangeiras mundialmente reconhecidas
JOGO RÁPIDO | LESLIE DE ALBUQUERQUE ALOAN
Escrevendo a sua história
Sócio-fundador da SBHCI responde
14 perguntas durante um bate-papo
descontraído
27
AGENDA
Nacional e internacional
Programe-se e participe dos congressos, cursos
e eventos científicos
Conselho editorial | SBHCI | www.sbhci.org.br
Marcelo Queiroga (PB) | presidente
Pedro Alves Lemos Neto (SP) | diretor administrativo
José Ary Boechat (RJ) | diretor de comunicação
Luciana Constant Daher (GO) | editora
Cesar Medeiros (RJ) e Breno Oliveira (SP) | coeditores
Equipe técnica | take-a-coffee Comunicação
Jornalista responsável | André Ciasca, mtb 31.963, [email protected]
Editora | Carla Ciasca, [email protected]
Revisão | Christina G. Domene
Tradução | Ruth Gialucca
Projeto gráfico e direção de arte | Vagner Simonetti
Fotografia e tratamento de imagens | Gis Ciasca | www.gisciasca.com.br
Impressão | Gráfica Santa Bárbara | www.grasb.com.br
Tiragem | 2.000 exemplares Circulação | em todo o território nacional
Jornal da SBHCI é uma publicação trimestral da Sociedade
Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista
– SBHCI. Os textos assina­dos são de responsabilidade
exclusiva de seus autores ou fontes consultadas e não
refletem neces­sariamente a opinião da SBHCI.
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A SBHCI MUDA DE LOGO
desde 1975
Abrindo caminho para a vida
O novo logo da SBHCI passa a representar a instituição a partir do congresso da SBHCI de 2012.
A evolução da marca representa, com traços mais leves que o antigo, diversos elementos que envolvem o comprometimento da instituição com
a cardiologia, sua especificidade e o público ao qual é direcionado. As cores que remetem à bandeira brasileira, o coração ao qual se pode
associar um “stent” implantado e a possibilidade de modificação do logo sem a perda de identidade da logomarca, garantem ao novo modelo
uma memorização fácil, duradoura e marcante pelo seu significado.
Um coração
Um cateter
Um procedimento
Um stent
implantado
implan
O PROCESSO
O processo de criação da nova logomarca da SBHCI envolveu
um amplo estudo sobre as logomarcas da mesma área de
atuação e de outras que relacionam algum elemento que remete
ao coração. Outro levantamento feito foi o de rastrear o público e
suas características para o qual a logomarca se direciona e
algumas particularidades comuns que pudessem ser representadas
MISSÃO
Desenvolver a cardiologia intervencionista,
certificar a atuação profissional e representar
os associados com qualidade, eficiência e alto
valor agregado em prol da comunidade.
4
nela, criando assim uma identidade expressiva. De posse dessas
informações, foi possível criar uma imagem que reune não
somente o nome da sociedade e sua sigla com traços leves que
simbolizam o propósito de uma sociedade, como também, vários
elementos de fácil associação à sua área de atuação, país e
público.
VISÃO
Ser reconhecida internacionalmente como
referência no âmbito de sociedades de
intervenções cardiovasculares.
VALORES
Ética
Competência técnica e científica
Capacidade resolutiva
Valorização profissional
Responsabilidade socioambiental
Comprometimento
Sustentabilidade
Inovação tecnológica
INTERNAS | NOTAS E NOTÍCIAS DA SBHCI
sxc
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
Caminhos a serem seguidos
No último semestre de 2011, as duas diretorias
presididas, respectivamente, por Maurício Rezende de
Barbosa (MG) e Marcelo Queiroga (PB) trabalharam em
união na formatação do Planejamento Estratégico da SBHCI.
Esta foi uma ação que mostrou maturidade e
profissionalismo de nossa Sociedade na busca pela
continuidade e aperfeiçoamento dos bons projetos e
criação de novas frentes de trabalho, tendo como objetivo
principal o nosso fortalecimento como área de atuação na
medicina cardiovascular.
Partimos de um questionário encaminhado a 50 membros
da SBHCI que foram muito atuantes nas últimas gestões,
com questões sobre mercado da saúde e as influências que
poderiam exercer em nossa Sociedade, além de refletirmos
sobre nossos pontos fortes e nossas fraquezas.
A experiência de uma diretoria em final de gestão,
aliada à vontade renovada de outra, prestes a iniciar
sua jornada, orientadas pela experiência já adquirida,
fez com que as ideias fluíssem e criássemos nossa
base estratégica, com nossa Missão (motivo pelo qual
existimos), nossos principais Valores (características que
determinam nossa forma de ser) e nossa Visão (onde
queremos chegar).
Missão: “Desenvolver a cardiologia intervencionista,
certificar a atuação profissional e representar os
associados com qualidade, eficiência e alto valor
agregado em prol da comunidade.” Ela traduz o
coração de nossa Sociedade que deve estar voltada
para a certificação e representação dos profissionais
que trabalharão para melhorar a qualidade de vida
da Comunidade.
Valores: “Competência Técnica e Científica,
Capacidade Resolutiva, Valorização Profissional,
Responsabilidade Socioambiental, Comprometimento,
Sustentabilidade e Inovação Tecnológica.” Embora sejam
valores que pareçam básicos e normais, continuam
refletindo a preocupação constante de nossa Sociedade
em atendermos a comunidade dentro dos princípios
éticos, com ampla capacidade técnica e resolutiva,
inovando a terapêutica, mas nunca esquecendo do meio
ambiente em que estamos inseridos e todas suas formas
de preservação, para atuar em prol da qualidade de
vida dos pacientes e dos profissionais de saúde.
Visão: “Ser reconhecida internacionalmente como
referência no âmbito de Sociedade de Intervenções
Cardiovasculares.” Esta é uma meta ambiciosa,
mas amplamente atingível, pois, hoje, nossos
membros são atuantes no cenário internacional das
intervenções cardiovasculares, restando-nos, apenas, o
reconhecimento da SBHCI como referência societária
fora de nossas fronteiras.
Com estes pontos definidos, mais algumas reuniões foram
realizadas e criados objetivos que orientarão os caminhos que
serão seguidos nos próximos dois anos. Objetivos estes definidos
nos âmbitos do Desenvolvimento Humano e Tecnológico
(ações de capacitação e certificação), dos Processos Internos
(melhorando a forma de trabalhar da Sociedade), do Mercado
(agindo na atuação do profissional da área, reconhecimento
da tecnologia e buscando uma remuneração justa) e da
Sustentabilidade Financeira de nossa Sociedade, para que seu
trabalho seja perene para nós e o futuro que nos espera.
5
INTERNAS | NOTAS E NOTÍCIAS DA SBHCI
ISSN 0104-1843
arquivo pessoal
SCAI 2012 SCIENTIFIC SESSIONS
REVISTA BRASILEIRA DE
Publicação Oficial da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista • ANO 19 - Nº 4 - VOL. 19 - DEZEMBRO 2011
Registro BRAVO: desempenho do
stent Xience em lesões complexas
Implante valvar aórtico percutâneo
sem pré-dilatação
Registro Madre Teresa:
ICP eletiva pós-fibrinólise
Estudo PAX-A: comparação do stent eluidor
de paclitaxel com e sem polímero
À esquerda, persistência do canal arterial do tipo E. À direita, angiografia após
liberação da prótese Amplatzer Duct Occluder II (ADO II) por via anterógrada,
demonstrando artéria pulmonar livre de obstruções.
Registro Incor: balão intra-aórtico
na ICP de alto risco
Resultados da ICP em octagenários
Registro do Hospital Bandeirantes:
Impacto da obesidade na ICP
Desempenho do Stent FirebirdTM
em diabéticos com doença de multiarterial
Resultados da ICP no Hospital Vera Cruz
Retirada de introdutor arterial
guiada pelo TCA
Tratamento da estenose e da
atresia pulmonar em neonatos
À esquerda, comunicação interventricular muscular médio-trabecular. À direita,
implante por via anterógrada, com mínimo fluxo residual, imediatamente após
a liberação da ADO II.
Representando o Brasil
O SCAI 2012 Scientific Sessions comemorou 35 anos
de dedicação ao “Melhor do Melhor em Educação da
Cardiologia Intervencionista e Invasiva”. Realizado entre
os dias 9 e 12 de maio, em Las Vegas (Estados Unidos),
o congresso deu ênfase à interatividade baseada em
casos, divididos nas categorias: multidisciplinares,
coronária, periférica, estruturais e congênitas.
Nas sessões de pôsteres apresentados, o único trabalho
brasileiro presente no evento americano era de autoria de
Marcelo Cantarelli (SP) e Hélio Castello (SP), entre outros
colegas, sobre os resultados de um estudo realizado no
Instituto de Ensino e Pesquisa do Grupo Saúde Bandeirantes.
divulgação
SCAI FALL FELLOWS COURSE
Uso da prótese ADO II em
cardiopatias congênitas e estruturais
Editora
À esquerda, aneurisma roto do seio de Valsalva direito comunicando a raiz da
aorta ao ventrículo direito. À direita, ADO II bem posicionada após implante por
via retrógada, sem fluxo residual.
Áurea Jacob Chaves
Editores Associados
Alexandre Abizaid
Carlos Augusto Cardoso Pedra
Rogério Sarmento-Leite
Coeditores
Carlos A. H. de Magalhães Campos
Cristiano de Oliveira Cardoso
Daniel Chamié
J. Ribamar Costa Jr.
www.rbci.org.br
Sob o título “Impacto da Obesidade nos Resultados Hospitalares
da Intervenção Coronária Percutânea”, o estudou avaliou se
pacientes obesos poderiam apresentar melhor evolução pósintervenção coronária percutânea (ICP) quando comparados
àqueles com índice de massa corporal (IMC) normal.
De acordo com as evidências, em pacientes portadores de
doença arterial coronária e submetidos a ICP, o IMC> 30 kg/
m² não influenciou o risco de eventos clínicos hospitalares
relacionados ao procedimento.
Os detalhes dos métodos e resultados do estudo foram
publicados na edição de dezembro (vol. 19, nº 4) da Revista
Brasileira de Cardiologia Invasiva (RBCI).
Você em Las Vegas
A SBHCI enviou, em parceria com a SCAI, dois
residentes dos Centros de Treinamento credenciados para
participar do curso 2011 SCAI Fall Fellows, em Las Vegas
(Estados Unidos). Fique atento ao Portal da SBHCI para
saber como concorrer. Você pode ser o próximo:
“O curso da SCAI Fall Fellows foi excelente, uma
organização impecável, com aulas ministradas por grandes
nomes da Cardiologia Intervencionista americana e temas
em diversas áreas. Ficou claro que nós brasileiros estamos
caminhando na vanguarda das inovações tecnológicas,
pelo menos quanto à produção científica e à boa prática
médica.” Ederlon Nogueira
“O curso da SCAI foi excelente, a programação foi bem
ampla, com muitos palestrantes renomados da cardiologia
intervencionista, temas importantes e atuais, muita discussão
de casos clínicos e ainda tivemos a oportunidade de
conversar com pessoas de diversos Serviços”. Luciano Santos
6
PONTE AÉREA
divulgação /cfm
sxc
ELEIÇÃO NO CFM
Planalto Central
Diretoria reeleita
O plenário do Conselho Federal de Medicina (CFM)
aprovou por unanimidade, em março, a recondução da
atual diretoria da entidade, que tomou posse em abril. Na
oportunidade, os conselheiros também concordaram com a
permanência dos atuais membros da Comissão de Tomada de
Contas em suas funções.
A votação nominal confirmou os bons resultados alcançados
pelo CFM – a partir da condução da atual diretoria – ao longo
dos primeiros 30 meses da gestão, que se iniciou em outubro
de 2009 e se encerrará em setembro de 2014. “Estamos no
caminho certo. Contudo, queremos avançar mais e deixar
como legado para os médicos brasileiros as bases para a real
valorização da medicina”, ressaltou o presidente do CFM,
Roberto Luiz d’Avila. Neste período, o Conselho Federal de
Medicina atuou nos campos da defesa da ética e do exercício
profissional de qualidade.
Composição da diretoria do CFM (2012 – 2014)
Presidente: Roberto Luiz d’Avila (SC)
1º vice-presidente: Carlos Vital Tavares Correia Lima (PE)
2º vice-presidente: Aloísio Tibiriça Miranda (RJ)
3º vice-presidente: Emmanuel Fortes Silveira Cavalcanti (AL)
Secretário-geral: Henrique Baptista e Silva (SE)
1º secretário: Desiré Carlos Callegari (SP)
2º secretário: Gerson Zafalon Martins (PR)
Tesoureiro: José Hiran da Silva Gallo (RO)
2º tesoureiro: Frederico Henrique de Melo (TO)
Corregedor: José Fernando Maia Vinagre (MT)
Corregedor-adjunto: José Albertino Souza (CE)
Comissão de Tomada de Contas
Júlio Rufino Torres (AM)
Luiz Nódgi Nogueira Filho (PI)
Renato Moreira Fonsea (AC)
Na audiência da diretoria da SBHCI
com o ministro da Saúde Alexandre
Padilha, em abril, foi discutida a
incorporação de tecnologias no Sistema
Único de Saúde (SUS). Segundo o
presidente Marcelo Queiroga (PB), a
SBHCI já havia submetido à Comissão
de Incorporação de Tecnologias
propostas para incorporação dos stents
farmacológicos, dispositivos oclusores
de defeitos septais (CIA e CIV), cujos
pleitos foram devolvidos. O ministro
sugeriu que fosse efetivada uma nova
submissão com base nos novos critérios
da Comissão Nacional de Incorporação
de Tecnologia (Conitec).
Intercâmbio
A SBHCI foi representada pelo seu
presidente, Marcelo Queiroga (PB),
durante a realização do 39º Congresso
Brasileiro de Cirurgia Cardiovascular,
entre os dias 12 e 14 de abril, em Maceió
(AL). Sua participação reforça a política
de interatividade entre as sociedades de
cardiologia do País no desenvolvimento de
um programa de atenção aos portadores
de cardiopatias congênitas.
Câmara Técnica
O diretor de Qualidade Profissional
da SBHCI, Hélio Castello (SP),
participou da reunião da Câmara
Técnica de Implantes da Associação
Médica Brasileira (AMB), em março, em
São Paulo (SP), quando foram discutidas
ética e qualidade das próteses.
7
fotos: divulgação/sbhci
CAPA
Audiência
com o ministro
Por Marcelo Queiroga (PB), presidente, e
André Spadaro (SP), coordenador
da Central Nacional de Intervenções
Cardiovasculares (CENIC)
8
Em abril deste ano, o ministro da Saúde,
Alexandre Padilha, recebeu a diretoria da
SBHCI, representada por Marcelo Queiroga
(PB), presidente, Pedro Lemos (SP), diretor
administrativo, e André Spadaro (SP),
coordenador da Central Nacional de
Intervenções Cardiovasculares (CENIC),
em uma audiência oficial. O encontro é
resultado dos constantes esforços para
viabilizar os projetos propostos pela SBHCI
em prol da expansão e consolidação de
nossa área de atuação. Na ocasião da
visita, foi apresentado o novo formulário
eletrônico, desenvolvido pela SBHCI, para
“
“
Este projeto marcará um novo momento na
cardiologia intervencionista nacional.
Hélio Castello,
diretor de qualidade profissional
“
Acreditamos que a nova portaria possa
ser assinada pelo ministro da Saúde
no segundo semestre deste ano.
remessa ao Ministério da Saúde dos dados
referentes às Intervenções Coronárias
Percutâneas com Stent realizadas no âmbito
do Sistema Único de Saúde (SUS).
O novo formulário eletrônico vai propiciar
agilidade na remessa dos dados das
angioplastias coronárias, constituindo
importante ferramenta de auditoria e
rastreabilidade, além de um banco
de dados consistente e validado.
O ministro Alexandre Padilha
se comprometeu a reformular
a portaria vigente e adotar o
novo formulário eletrônico.
“
André Spadaro
coordenador da CENIC
E
ste ano, o Registro CENIC (Central Nacional de Intervenções
Cardiovasculares) da SBHCI completa 21 anos de existência,
desde sua idealização em 1991. No ano seguinte, iniciaram-se
as coletas de dados e, em 1994, foi publicado o primeiro de inúmeros
e relevantes relatos a partir dos dados fornecidos espontaneamente
com o esforço dos associados de nossa Sociedade.
Ao atingir a maioridade, no entanto, o registro atravessa um de
seus períodos mais delicados, com queda expressiva do número
de notificações (veja gráfico na página 10) e da qualidade das informações prestadas, além de outras deficiências já reconhecidas
e amplamente debatidas: relato facultativo; ausência de adjudicação independente; período curto de seguimento (fase hospitalar).
A atual diretoria da SBHCI, ao reconhecer este quadro, assumiu como uma de suas maiores prioridades o resgate da CENIC,
tarefa árdua e complexa. A estrutura está sendo reformulada, e
uma série de medidas será implementada em etapas distintas.
Recentemente, fomos cordialmente recebidos pelo ministro
da Saúde Alexandre Padilha para tratar, entre outros assuntos de
interesse de nossa Sociedade, da renovação da portaria SAS/MS
n° 726 de 6 de dezembro de 1999, que delega à SBHCI a prerrogativa de gerir banco de dados de todos os implantes de stents
no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), com caráter com-
9
CAPA
COMPARATIVO DA CAPTAÇÃO DE DADOS: CENIC vs. DATASUS
Os números informados
pelo DataSUS representam
em torno de 60% do
total de angioplastias
realizadas a cada ano no
Brasil. Em 2011, estima-se
que em torno de 100 mil
intervenções coronárias
percutâneas tenham sido
realizadas no País.
pulsório. Na ocasião, apresentamos a ferramenta de coleta eletrônica de dados testada no Registro ICP-Br (sistema integrado de Dados de Intervenção Coronária Percutânea no Brasil),
conduzido em centros de excelência nacionais, com apoio do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que foi recebida com entusiasmo pela equipe ministerial. Foi discutida a substituição do formulário impresso
original em cinco vias, defasado e incompatível com as práticas
atuais da ICP, mas ainda amplamente utilizado no País, por esta
moderna versão eletrônica. Acreditamos que esta nova portaria
possa ser assinada no segundo semestre deste ano.
Adicionalmente, assim que implantada, a nova ferramenta, atualmente apenas compatível com Windows e Internet
Explorer, será disponibilizada em linguagem JAVA, acessível
em diferentes sistemas operacionais (Mac, Linux) e navegadores (Google Chrome, Firefox, Safari, Opera). Esta evolução permitirá também a alimentação dos dados por meio de
tablets e smartphones (iOS, Android) ainda na sala de hemodinâmica ou à beira do leito, acrescentando agilidade e mobilidade ao processo. Inicialmente, o acesso a esses dispositivos será feito por meio do navegador de Internet e, em 2013,
está previsto o lançamento de aplicativos (apps) dedicados,
que poderão ser adquiridos na Apple Store e Google Market,
o que alinhará o nosso registro com o que há de mais atual
em termos de tecnologia.
A seguir, os esforços serão concentrados na viabilização de
um formato que possibilite a adjudicação de dados por amostragem, com o auxílio de colaboradores, envolvendo os centros
formadores e, eventualmente, por meio da contratação de empresas independentes. Finalmente, é imperativo obter informações de seguimento tardio dos pacientes, o que demandará enorme esforço de centros comprometidos por todo o País.
10
“
A estrutura da CENIC
está sendo reformulada
e uma série de medidas
será implementada em
etapas distintas.
“
André Spadaro
coordenador da CENIC
Nesse sentido, ainda, estamos estudando a viabilidade de parcerias com institutos de pesquisa reconhecidos, com aplicação
de metodologia baseada nas utilizadas em pesquisas eleitorais,
para que possamos coletar dados de longo prazo em amostras
de pacientes que representem a prática da cardiologia intervencionista atual realizada por hospitais públicos, privados e mistos espalhados por todas as regiões do território nacional.
Gostaria de parabenizar a todos os colegas que se dedicaram
ao Registro CENIC ao longo de seus 21 anos de história. Contamos com o apoio e sugestões de todos os sócios da SBHCI
para que possamos fortalecer ainda mais nosso registro e nossa
posição de destaque na cardiologia brasileira. ■
fotos: divulgação /cfm
CFM
Em nome do Conselho Federal
de Medicina (CFM), Cacilda
Pedrosa de Oliveira responde
questões envolvendo as sociedades
científicas, a indústria de produtos
médicos e novos procedimentos.
Novas regras para
novos procedimentos
Conselheira do CFM
afirma que as sociedades
científicas são essenciais no
fornecimento de subsídios
técnicos que permitam
uma análise científica dos
procedimentos
Por Marcelo Queiroga (PB), presidente
12
E
m fevereiro deste ano, o Conselho Federal de Medicina
(CFM) elaborou uma legislação a respeito dos critérios
de protocolo e avaliação para o reconhecimento de novos
procedimentos e terapias médicas no Brasil. Trata-se da Resolução 1.982/2012, que determina que todos os procedimentos
médicos inéditos, experimentais ou considerados novos devem ser reconhecidos pelo CFM. De acordo com o documento,
o Conselho passará a avaliar e aprovar a capacitação técnica
necessária do médico que realiza novos procedimentos, bem
como as condições hospitalares adequadas para sua ocorrência.
De acordo com o CFM, os novos procedimentos e terapias na
medicina necessitam ser submetidos a uma avaliação quanto à
segurança, conveniência e benefício aos pacientes, antes da sua
utilização de forma usual, por isso a necessidade de uniformizar
e estabelecer os critérios de análise e aprovação destes novos
procedimentos médicos no Brasil.
A conselheira Cacilda Pedrosa de Oliveira, membro da Comissão do Conselho Federal de Medicina, que elaborou a Resolução 1.982/2012, concedeu uma entrevista ao Jornal da SBHCI
sobre o assunto e o papel das sociedades científicas e da indústria de produtos médicos neste contexto.
“
A indústria deve
garantir, quando de
sua participação em um
protocolo de pesquisa,
uma atuação ética e
isenta de parcialidade.
“
Cacilda Pedrosa de Oliveira
Quais os motivos que levaram o CFM a editar uma
Resolução normatizando a realização dos novos
procedimentos médicos no Brasil?
O Conselho Federal de Medicina é responsável, por força de
lei, pela autorização de novas terapias e procedimentos no Brasil. Portanto, é sua função garantir à sociedade brasileira que
um novo procedimento médico proposto tenha sido analisado
quanto à sua segurança, riscos e potenciais benefícios, mediante
pesquisas bem conduzidas do ponto de vista técnico e ético.
Como e quem deve solicitar o reconhecimento de um novo
procedimento médico no Brasil?
À luz do que é exigido para a aprovação de novos fármacos
no Brasil, em que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) segue critérios rigorosos. As regras para solicitação de
aprovação de novos procedimentos estão claras na Resolução
do CFM, porém vale lembrar que alguns documentos são essenciais para dar entrada neste pedido como: justificativa de
necessidade e aplicabilidade do procedimento; protocolo de
Pesquisa Clínica com todas suas etapas concluídas; aprovação
no sistema CEP/Conep; notificação de efeitos adversos; um relatório de acompanhamento da Comissão de Ética Médica e os
resultados que validam o estudo. A solicitação poderá partir
dos médicos pesquisadores responsáveis, pois estamos falando
de procedimento médico.
Quais os critérios para definir a capacidade técnica de
médicos e centros hospitalares na realização de novos
procedimentos médicos?
A capacitação técnica dos médicos poderá ser comprovada
pela proficiência adquirida por residência médica e/ou Título
de Especialista, devidamente registrado no Conselho na área
específica da pesquisa do “novo procedimento”. Os centros hospitalares liberados para a realização de novos procedimentos
deverão atender às normas vigentes de funcionamento da Anvisa e CRM, além de estarem adequados à complexidade que o
procedimento exige, conforme análise do CFM/CRM.
Sabemos que muitas técnicas cirúrgicas podem ter
nuances técnicas que não foram devidamente investigadas
em protocolos próprios de pesquisa, como fiscalizar
a realização destes novos procedimentos em um país
continental como o nosso?
A fiscalização é tarefa dos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) e estes devem atuar no sentido de coibir quaisquer
ações que possam ser danosas para a sociedade. Acredito que
quando estabelecido o protocolo de pesquisa, as informações
provenientes do Sistema CEP/Conep ajudarão na fiscalização.
Qual o papel das sociedades científicas e da indústria de
produtos médicos neste contexto?
As sociedades científicas são essenciais no fornecimento de
subsídios técnicos que permitam uma análise científica dos
procedimentos e devem participar compondo câmaras técnicas
provisórias junto ao CFM para este fim. Esta interação entre as
sociedades científicas e o CFM já ocorre atualmente com ótimos resultados. A indústria deve garantir, quando de sua participação em um protocolo de pesquisa, uma atuação ética e
isenta de parcialidade. ■
13
gis ciasca
GI2
Auditório permaneceu lotado
durante a sessão conjunta
promovida pela SBHCI & SCAI,
especialmente quando os temas
tratavam das novas tecnologias
desenvolvidas e produzidas em
território nacional.
O futuro da cardiologia
intervencionista
Grandes parcerias internacionais enriqueceram
o programa científico da segunda edição do
GI² – Global Summit on Innovations in Interventions
N
Por André Ciasca, jornalista
os dias 11, 12 e 13 de abril, grandes nomes da cardiologia e hemodinâmica mundial estiveram na cidade
de São Paulo (SP), participando da segunda edição do
GI² – Global Summit on Innovations in Interventions. O evento, presidido por Alexandre Abizaid (SP), Carlos Pedra (SP) e
Fausto Feres (SP), foi realizado em colaboração com cinco das
mais importantes entidades da cardiologia: SBHCI, Transcatheter
Cardiovascular Therapeutics (TCT), Sociedade Latino-Americana
de Cardiologia Intervencionista (SOLACI), The Society for Cardiovascular Angiograph and Interventions (SCAI) e Pediatric and
Adult Interventional Cardiac Symposium (PICS-AICS).
A SBHCI teve participação essencial ao promover, no primeiro dia do evento, o “Curso de Revisão em inovações em intervenções coronárias e estruturais”, em parceria com a SCAI.
Pedro Lemos (SP), diretor administrativo da SBHCI, presidiu as
primeiras mesas de discussão, que contaram com participação e
aula de Antonio Colombo (Itália), Steven Bailey (Estados Unidos) e Martin Leon (Estados Unidos). O auditório registrava
a presença de centenas de cardiologistas de todo o Brasil e representantes de alguns países latino-americanos durante as ses-
14
sões que trataram do registro brasileiro de implante percutâneo
(TAVI), apresentado por Fábio Sândoli de Brito Jr. (SP), e sobre
o primeiro stent farmacológico produzido no Brasil. Este tema
contou com as aulas de Pedro Lemos (SP), Alexandre Abizaid
(SP) e Expedito Ribeiro (SP), acompanhados por uma plateia
extremamente atenta e interessada nos resultados apresentados,
desta que é uma das maiores novidades do setor, valorizando a
capacidade nacional de desenvolver produtos de alta complexidade com evidências comparadas aos produtos importados já
tradicionais no mercado.
Os segundo e terceiro dias do GI² foram marcados especialmente pelas transmissões de casos ao vivo, realizados do Hospital
Albert Einstein, Hospital do Coração, Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo e InCor. Com o claro propósito de reunir
expoentes da cardiologia nacional para a atualização em temáticas
envolvendo o que há de mais recente em tratamentos e tecnologias
em desenvolvimento, a programação científica ofereceu aos congressistas momentos de discussão e informação a respeito de stents
bioabsorvíveis, polímeros biodegradáveis, novos dispositivos e os
caminhos que guiarão ao futuro da cardiologia intervencionista. ■
divulgação
ENTREVISTA | GUILHERME SILVA
Células-tronco
na cardiologia
Guilherme Silva é um dos cardiologistas
intervencionistas brasileiros que ocupam
o cargo de assistente de direção médica
no Centro de Células-Tronco do
Instituto do Coração do Texas,
nos Estados Unidos
Por Carlos Augusto Magalhães Campos (SP),
editor executivo do Portal da SBHCI
16
O uso de células-tronco na cardiologia tem sido
amplamente estudado com resultados controversos,
sobretudo quando se considera seguimento de longo
prazo. Gostaria que você colocasse em perspectiva a
pesquisa que vocês desenvolvem no Texas Heart Institute.
Os estudos clínicos com células-tronco em Cardiologia estão na
sua fase inicial. A grande maioria é classificada como estudo fase
I e poucos fase 2 ou 2b. Os resultados são heterogêneos, como é
esperado em estudos fase 1. Vale ressaltar que em meta-análises
publicadas agrupando os estudos randomizados utilizando células
apos IAM houve uma melhora significativa de FE do VE. Nosso grupo do Texas Heart Institute tem posição de liderança no
tratamento de cardiomiopatia isquêmica crônica com disfunção
sistólica do VE. Os resultados iniciais continuam a ser publicados
e mostram uma melhora de isquemia e capacidade funcional pelo
MVO2, dependendo do tipo celular utilizado. O caminho para
que células-tronco se estabeleçam como terapia ainda é longo,
mas os estudos fase 3 serão iniciados em breve.
Qual a importância dos estudos pré-clínicos no
desenvolvimento de novos dispositivos?
Estudos pré-clinicos são essenciais para o desenvolvimento de novos dispositivos. Modelos pré-clinicos confirmam a
segurança de novos dispositivos, mas também ajudam a desenvolver “insights” mecanísticos. Infelizmente, a maioria
dos modelos animais não predizem com 100 % de acurácia
o que ira ocorrer em seres humanos. Novos dispositivos desenvolvidos num passado recente mostraram segurança em
modelos pré-clínicos, mas quando utilizados na arena clínica,
apresentaram efeitos adversos inesperados. Um bom exemplo
são os stents farmacológicos que apresentam o fenômeno de
trombose tardia, que não foi possível prever com base nos
resultados de estudos pré-clínicos. ■
gis ciasca
ENTREVISTA | RAUL MORENO
Plataforma
bioabsorvível
Raul Moreno, diretor do serviço
de cardiologia intervencionista
do hospital Universitário La Paz,
em Madri, na Espanha, fala com
exclusividade para a SBHCI acerca
dos stents absorvíveis
Por Carlos Augusto Magalhães Campos (SP),
editor executivo do Portal da SBHCI
As plataformas bioabsorvíveis demonstraram
bons resultados recentemente, especialmente
com as últimas gerações. O senhor acha que estes
dispositivos representam o futuro das intervenções
coronárias percutâneas?
Atualmente, temos excelentes dispositivos para a intervenção coronária percutânea, incluindo a segunda geração de stents farmacológicos com índices muito baixos de
reestenose, e ainda menor de trombose tardia do stent em
comparação com a primeira. No entanto, o conceito de implantação de um dispositivo coronário que desapareça depois de ter cumprido a sua função é muito atraente e pode
oferecer algumas vantagens em alguns pacientes. Durante os
últimos anos, vários devices plenamente bioabsorvíveis têm
demonstrado não serem eficazes, principalmente por terem
uma taxa inaceitável de reestenose devido à hiperplasia neo-intimal e/ou encolhimento do vaso. No entanto, a última
geração desta plataforma bioabsorvível parece ter resolvido
o problema do encolhimento dos vasos e foi associada a baixos valores de perda tardia.
Ainda existem limitações destas plataformas
absorvíveis?
Ainda estamos no início do desenvolvimento desses dispositivos e, de fato, entre os stents coronarianos totalmente bioabsorvíveis apenas a segunda geração do Absorb têm
demonstrado bons resultados clínicos e angiográficos. Com
este dispositivo pode ainda haver algumas preocupações sobre a sua mecânica de força radial, e sua avaliação em lesões
complexas ainda se faz necessária. ■
17
arquivo pessoal
REPÓRTER INTERNACIONAL | ACC 2012
Evento realizado em Chicago, nos Estados Unidos, manteve o foco no desenvolvimento de novas tecnologias.
Inovação em busca
do tratamento ideal
Aulas apresentadas por renomados profissionais
americanos mostram que a cardiologia intervencionista
vive seu melhor momento
Por Guilherme Ferragut Attizzani (Estados Unidos), editor do Portal da SBHCI, e
Rafael Cavalcante (SP), coeditor do Portal da SBHCI
A
pós duas semanas de calor intenso na região norte-nordeste dos Estados Unidos, incomum para a época
do ano, a então chuvosa cidade de Chicago recebeu a
61ª edição do Annual Scientific Session do American College
of Cardiology (ACC 2012) na Tenda Principal do McCormick Place, entre os dias 24 e 27 de março. Logo na abertura do
evento, o presidente do congresso David Holmes Jr. (Estados
Unidos) fez um discurso entusiasmado focado principalmente
na educação clínica em cardiologia, uma das grandes frentes
de trabalho da atual administração. Antecedendo o discurso de
Holmes Jr., Eugene Braunwald (Estados Unidos) – a lenda viva
da cardiologia mundial – fez uma revisão ampla da abordagem
de pacientes com infarto agudo do miocárdio (IAM): passado,
presente e futuro.
Entre os destaques do evento, a sessão Innovators of CV
Medicine apresentou uma aula verdadeiramente estimulante sobre a pesquisa de células-tronco e genética médica. Ponto importante abordado foi o grande avanço desta terapia observado
em laboratório, que, embora ainda não tenha sido traduzido consistentemente à prática clínica, pesquisas de grande importância
acerca de sua manipulação e aplicação têm sido desenvolvidas.
Martin Leon (Estados Unidos), da Universidade de Columbia, realizou uma apresentação sobre a evolução do tratamento
do IAM com redução de 80% da mortalidade desde a década de
18
1950. A evolução da angioplastia, iniciando-se pelo uso do balão e suas limitações inerentes, passando pelos stents não farmacológicos e sua aprovação pelo Food and Drug Administration
(FDA) em 1994. Entretanto, a reestenose se mostrou problemática com esta tecnologia. Os stents farmacológicos de primeira
geração surgiram com euforia, mas problemas relacionados à sua
segurança foram descritos. Portanto teríamos de seguir inovando
para buscar o tratamento ideal, novas plataformas, drogas, polímeros (ou a ausência deles), stents bioabsorvíveis etc.
Leon comentou outro ponto importante: a crise na inovação,
salientando problemas relacionados à crise econômica mundial
e seu impacto no desenvolvimento contínuo de determinadas
tecnologias, aumento progressivo do tempo para liberação de
produtos por parte do FDA, ressaltando a dificuldade para criação de novas ideias devido ao progressivo aumento no custo
para aprovação de novas drogas e dispositivos. Assim, salientou
que as novas tecnologias devem demonstrar um claro benefício clínico, baseado em pesquisa de qualidade para que possam
tentar entrar em um mercado tão complexo e competitivo. Leon
finalizou comentando a importância destacada das intervenções em cardiopatias estruturais, como implante transcateter de
válvula aórtica (TAVI), oclusão do apêndice atrial esquerdo e
denervação da artéria renal. Segundo ele, jamais houve melhor
época na história para ser um cardiologista intervencionista! ■
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REPÓRTER INTERNACIONAL | EUROPCR 2012
Mais de 11 mil pessoas reuniram-se no Palais dès Congres, em Paris (França), para prestigiar o congresso anual da Europa na área de cardiologia.
Um olhar para o futuro
da cardiologia
Novo presidente, novos
estudos, novas discussões e
velhos dilemas compõem a
cobertura do congresso anual
da Associação Europeia para
Intervenções Cardiovasculares
Percutâneas, em Paris
Por Daniel Chamié (RS) e José Ary Boechat (RJ),
diretor de Comunicação
20
U
m novo recorde no número de participantes marcou
um dos principais encontros internacionais da cardiologia intervencionista: 11.387 pessoas estiveram
presentes ao EuroPCR 2012, realizado no Palais dès Congres
em Paris, na França, entre os dias 15 e 18 de maio, para discutir os últimos avanços da medicina em uma vasta programação científica dividida em aulas, sessões e transmissões ao
vivo de 17 diferentes centros europeus.
O grande destaque da abertura do evento foi o
lançamento de uma série de livros-texto sobre intervenção
cardiovascular do EuroPCR/EAPCI – uma edição com
quatro livros abrangendo desde a análise diagnóstica,
passando pelo tratamento, até as inovações, com um olhar
para o futuro da cardiologia intervencionista. Destaque
também para os primeiros dez anos da intervenção
percutânea no tratamento da estenose aórtica, os primeiros
20 anos das intervenções por via radial e os primeiros
30 anos do curso inicialmente realizado em Toulouse, o
embrião do EuroPCR.
“
Foram quatro dias
imersos em um dos
melhores congressos
já realizados no
continente europeu.
Logo no primeiro dia do encontro, as atividades começaram a
todo vapor, iniciando com estudos sobre balões farmacológicos
nas mais diversas indicações, seguidos de discussão sobre
resultados tardios de consagrados estudos acerca das novas
gerações de stents eluidores de fármacos.
A sessão plenária na arena principal adotou um formato
inovador para a apresentação dos tão esperados late breaking
clinical trials. Indo além do “valor de p”, a organização visou
uma abordagem mais prática das apresentações com claras
recomendações de como e por quê os estudos poderiam ter
algum impacto na nossa prática clínica. Casos clínicos que
didaticamente propusessem o problema a ser abordado pelo
ensaio clínico foram apresentados antes dos resultados do
estudo, pavimentando uma base sólida para sua interpretação.
Sessões de First-In-Man Trials e Novel Clinical Applications
abordaram temas atuais de grande relevância, como os estudos
DESOLVE FIM e BIOSOLVE-I, que demonstraram resultados
promissores de dois novos stents bioabsorvíveis para terapia
de restauração vascular.
A apresentação de dois estudos analisando o novo método de
avaliação fisiológica invasiva (iFR) apresentaram evidências
antagônicas, promovendo um acalorado debate entre os
apresentadores.
A seção Late Breaking Science: Novel OCT Imaging apresentou
diferentes estudos por meio de imagens de alta resolução
da tomografia por coerência óptica (OCT), em diferentes
cenários. Como não poderia faltar, a OCT foi utilizada para
avaliar a resposta vascular de diferentes stents farmacológicos
nos estudos STACCATO e ISAR-TEST 6 OCT. Os estudos
SMART Primary PCI e TROFI utilizaram as imagens de OCT
como desfechos substitutos para avaliação da efetividade de
diferentes estratégias de remoção de material trombótico
em pacientes com infarto agudo do miocárdio submetidos à
implante coronário percutâneo primário. Por fim, o estudo
CLI-OPCI avaliou os resultados da angioplastia guiada por
OCT em pacientes consecutivos da prática diária.
Tópicos de grande interesse durante o congresso europeu
foram as comparações de efetividade e segurança de stents
farmacológicos de nova geração, com polímeros mais
biocompatíveis e bioabsorvíveis, denotando o grande esforço
em busca da melhora do perfil de segurança destes dispositivos.
O estudos SORT OUT V comparou os stents Nobori™ eluidores
de Biolimus-A9 com polímero bioabsorvível e os stents Cypher
Select+™, protótipo de primeira geração liberando sirolimus
através de um polímero durável. Já no estudo EVOLUTION, foram
comparados dois stents eluidores de sirolimus (Excel™ – com
polímero bioabsorvível, e Cypher Select™ com polímero durável).
Uma atualização do ensaio clínico COMPARE forneceu
“
José Ary Boechat
diretor de Comunicação da SBHCI
os resultados do seguimento de três anos da comparação
randomizada entre stents eluidores de everolimus e paclitaxel.
Ainda no contexto da segurança de stents farmacológicos,
um subestudo do ensaio RESET representou a primeira
avaliação prospectiva e randomizada da resposta vasomotora
coronariana, através de testes de função endotelial, na
comparação entre stents eluidores de everolimus e sirolimus.
O ensaio clínico CIBELES avaliou, pela primeira vez de
forma randomizada, os resultados angiográficos dos stents
eluidores de everolimus e sirolimus no tratamento das oclusões
crônicas.
O tópico infarto periprocedimento após intervenção
coronária percutânea voltou à pauta com a apresentação dos
resultados do estudo ROMA II Reload. Este estudo é uma
“continuação” do estudo ROMA, no qual, agora, pacientes
portadores de angina estável e já em uso crônico de estatinas,
foram randomizados para a administração de dois regimes de
ataque com altas doses de rosuvastatina ou atorvastatina antes
de intervenções eletivas.
Após quatro dias imersos em um dos melhores congressos
já realizados no continente europeu, os participantes
foram brindados com mais uma sessão de altíssimo nível e
diversas novidades. Uma das apresentações do último dia
de encontro abordou os estudos pré-clínicos e de fase I da
injeção intracoronária de material sintético biocompatível
no território infartado, buscando melhorar o processo de
cicatrização e o remodelamento ventricular.
Marco Costa (Estados Unidos), um dos mais importantes
cardiologistas intervencionistas no cenário internacional,
apresentou um estudo First-in-Human de implante de
dispositivo de partição ventricular esquerda em pacientes
com insuficiência cardíaca, com resultados promissores.
Ron Waksman (Estados Unidos), diretor da Divisão de
Cardiologia do Washington Hospital Center, apresentou
um estudo de caso-controle, com 491 casos de trombose de
stents eluidores de fármacos, o maior registro mundial até o
momento. Ao final do evento, foram apresentados um estudo
de stent autoexpansível no cenário do IAM, com elevação do
segmento ST (APPOSITION III), e outro acerca da evolução
dos pacientes elegíveis para ensaios clínicos randomizados. ■
21
ATUALIZAÇÃO CIENTÍFICA
EXCELLA BD trial:
novolimus vs. zotarolimus
Estudo multicêntrico prospectivo randomizado avalia o stent
eluidor de novolimus com polímero bioabsorvível comparado
ao stent eluidor de zotarolimus
Por Daniel Chamié (RS) e José Ary Boechat (RJ), diretor de Comunicação
D
urante o EuroPCR 2012, realizado em maio, em Paris
(França), o cardiologista intervencionista brasileiro Alexandre Abizaid (SP), diretor do Serviço de Cardiologia Invasiva do Instituto Dante Pazzanese, apresentou resultados de um
estudo feito com 141 pacientes randomizados em uma proporção de
3:1 para implante de stent eluidor de novolimus vs. stent eluidor de
zotarolimus–Endeavor.
O estudo levou em conta o stent DESyne BD®, constituído de uma
plataforma de cromo-cobalto de hastes finas (81 micra), eluidor
de um análogo do sirolimus (novolimus) em dosagem inferior à
contida no stent Cypher®. O polímero possui fina espessura (<3
micra) e controla a liberação total da droga no período de quatro
semanas, sendo totalmente degradado em 6-9 meses. Na ocasião,
foi apresentado previamente o resultado angiográfico de seis meses
e o seguimento clínico dos primeiros 12 meses.
Os achados do estudo angiográfico realizado aos seis meses
indicam pronunciada inibição da proliferação neointimal,
traduzida pela ausência de reestenose binária nos pacientes
tratados com stent eluidor de novolimus. Os resultados clínicos
aos 12 meses de seguimento não evidenciaram diferença entre
os stents estudados, com ausência de eventos no período entre
seis meses e um ano. Nenhum caso de trombose de stent foi
observado nos dois braços do estudo.
Portanto, o estudo EXCELLA BD demonstrou nãoinferioridade e superioridade do stent eluidor de novolimus
Elixir DESyne® BD quando comparado ao stent eluidor de
zotarolimus – Endeavor acerca do desfecho primário de perda
22
tardia na angiografia aos seis meses. A reestenose angiográfica
binária foi significativamente menor comparada ao grupo
controle (0 vs 7,9%; p=0,003). O desfecho secundário de morte
cardíaca, infarto relacionado ao vaso tratado e revascularização
da lesão alvo permaneceram reduzidos e inalterados dos seis
aos 12 meses para ambos os grupos, demonstrando a segurança
clínica do stent Elixir DESyne® BD. Importante ressaltar
a ausência de trombose de stent nos 12 meses iniciais de
acompanhamento.
Novos dispositivos com polímero biodegradável como o
Elixir DESyne® BD são promissores, devendo os seus resultados
serem validados em séries maiores de pacientes, com maior
complexidade clínica e angiográfica e confrontados com stents
eluidores de fármacos com maior capacidade de inibição da
proliferação neointimal.
Em entrevista à SBHCI, Alexandre Abizaid (SP) compartilha
suas opiniões sobre o estado atual dos stents bioabsorvíveis,
após as apresentações destes novos dispositivos.
O desenvolvimento dos stents bioabsorvíveis trouxe alento
quanto às preocupações relacionadas à segurança tardia dos
stents farmacológicos. Recuperação de diversos aspectos
referentes a biologia e fisiologia vascular normais já foi
demonstrada. No entanto, a eficácia antiproliferativa inicial
destes dispositivos ainda era subótima. Como o senhor
compara a eficácia destes novos dispositivos com a dos stents
farmacológicos de estrutura metálica atualmente disponíveis?
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O Scaffold Vascular Bioabsorvível (BVS) é um dispositivo
polimérico farmacológico, programado para ser completamente
absorvido em até 24 meses. Teria assim um efeito mecânico,
mantendo o vaso patente, evitando a retração elástica e o
remodelamento negativo nos primeiros meses após o seu
implante, além de um efeito anti-reestenótico com liberação
programada de uma droga que reduz o crescimento de tecido
neointimal no local do implante.
A primeira serie de BVS testada foi denominada Coorte A,
sendo composta de 30 pacientes, com excelente resultado clínico
em até cinco anos, com baixa incidência de eventos cardíacos
adversos (3,4%). No entanto, essa primeira geração demonstrou
maior retração aguda do que o stent metálico convencional, com
redução da área luminal mínima tardia. Modificação no processo
de manufatura do polímero e alterações geométricas na plataforma
do dispositivo melhoraram substancialmente sua performance,
com a nova Coorte B apresentando resultados comparáveis aos
observados com os stents farmacológicos metálicos.
As reações e transformações vasculares que ocorrem durante o
processo de degradação das estruturas poliméricas ainda não
são totalmente conhecidas. O senhor acha que isto pode trazer
alguma preocupação quanto à segurança tardia dos stents
bioabsorvíveis?
O mecanismo de absorção desses dispositivos ocorre através
da hidratação do polímero com perda gradual de seu peso
molecular e, por meio do ciclo de Krebs, transformando o
28/02/12 08:39
polímero em CO2 e água. O tempo para completa absorção do
esqueleto polimérico gira em torno dos dois a três anos, apesar
de haver absorção muito mais rápida de sua cobertura. O ácido
polilático tem sido utilizado em inúmeras áreas da medicina,
com histórico de comprovada biocompatibilidade.
Em comparação com as estruturas metálicas, as
estruturas poliméricas (encontradas na maioria dos stents
bioabsorvíveis) são menos resistentes às altas pressões de
dilatação e mais suscetíveis a alterações estruturais e fraturas
durante o procedimento de implante. Que cuidados técnicos
devem ser tomados durante o procedimento de implante
para prevenção destas complicações? A utilização destes
dispositivos em cenários de alta complexidade (por exemplo:
calcificações severas, lesões em bifurcação, overlapping etc.)
deve ser evitada? O senhor acha que os métodos de imagem
intravascular podem exercer um papel importante na seleção
dos dispositivos e guia do procedimento?
O perfil de cruzamento dos dispositivos, sua força radial e o risco
de fraturas das hastes são alguns dos desafios destes dispositivos
temporários, que podem até limitar sua eficácia. Além disso,
a placa aterosclerótica possui tecidos com diferentes graus de
resistência, o que pode prejudicar uma expansão uniforme de
dispositivos não metálicos. Desta maneira, a avaliação detalhada
do tamanho do vaso, pré-dilatação mandatória, evitando a pósdilatação vigorosa são algumas recomendações técnicas que
podem evitar essas complicações. ■
23
divulgação
CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL
Julio Flávio Marchini (RS) e André Manica (RS) tiveram a oportunidade de atuar no Brigham and Women’s Hospital,
que pertence à Harvard Medical School, nos Estados Unidos.
arquivo pessoal
A visão do
estagiário de HCI
A realização da atividade
de pesquisa feita
durante a formação do
cardiologista intervencionista
proporciona benefícios,
independentemente da
Por Julio Flávio Marchini (RS) e André Manica (RS),
do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul da
Fundação Universitária de Cardiologia (IC-FUC)
24
inclinação acadêmica
do estagiário
2 anos de Seguimento
Clínico em 2.242 pacientes.
2.242 pacientes
2,80%
2,80%
2,40%
2,00%
1,60%
1,20%
0,80%
0,80%
0,40%
Resultados comprovam a
eficácia e segurança.
0,0%
Falha na Lesão Alvo
Trombose Definida
De acordo com definições do ARC
Fonte: EuroIntervention 2012; 7 online published, January 2012-05-09
A
prática médica é uma atividade em constante aperfeiçoamento por meio da expansão do conhecimento.
Caberia ao médico em treinamento participar deste
processo? À primeira vista, exigir pesquisa do estagiário parece significar apenas um aumento de sua carga de trabalho sem
benefício correspondente. No entanto, outras especialidades e
serviços em diversos países fazem esta exigência sem prejuízo
de atividades, mas ainda com vantagens.
Mesmo para o estagiário sem intenção acadêmica, o treinamento
em pesquisa serve para dotar o especialista de espírito crítico e de
discernimento frente a novas publicações e evidências científicas. A
inserção de pesquisa no treinamento cria um ambiente mais acadêmico, com uma formação mais exigente. No entanto, para realização
de pesquisa relevante, é fundamental a presença de apoio e recursos
no centro formador, que, neste contexto, ganha transparência, pois
divulga dados e desfechos de seus procedimentos.
Em centros dos Estados Unidos, como Brigham and Women’s Hospital e Duke University Medical Center, dentre outros, a pesquisa é
fortemente encorajada durante o estágio. O sucesso desta exigência
é demonstrado pelas múltiplas publicações obtidas por seus residentes como primeiro ou segundo autores.
Existem requisitos fundamentais para que o estagiário possa realizar pesquisa de maneira satisfatória durante seu treinamento. O estagiário precisa ter orientador com reconhecida produção científica;
precisa ainda de uma carga horária de trabalho semanal, incluindo
a necessidade de trabalho externo, que permita a realização de pesquisa. É necessário dispor de equipe de apoio, como assistentes e
enfermagem dedicados à pesquisa. A necessidade de estudos atuais
de corroborar observações clínicas com a fisiopatologia básica torna
indispensável a colaboração com laboratório de pesquisa básico ou
“translacional”.
A SBHCI promove o interesse acadêmico com a criação da bolsa em pesquisa em medicina cardiovascular em convênio com o
Brigham and Women’s Hospital e a Harvard Medical School (Ariê
Fellowship). Ainda neste ano, um novo edital será publicado por
estes mesmos centros, disponibilizando bolsas para cardiologistas
brasileiros em geral (Lemann Fellowship).
Em resumo, a realização de pesquisa durante a formação intervencionista proporciona benefícios incontestes, independentemente
da inclinação acadêmica do estagiário. Estrutura e recursos de apoio
à pesquisa são fundamentais para realização de uma produção científica relevante e de qualidade. Exemplos de outros países demonstram que ela não apenas é possível, mas que apresenta resultados
expressivos com publicações de ótima qualidade. ■
André Manica passou 15 meses no Brigham & Women’s Hospital da Harvard
Medical School como parte de seu doutorado. Julio Flávio Marchini passou
dois anos nesta mesma instituição, onde concluiu seu pós-doutorado.
25
arquivo pessoal
JOGO RÁPIDO | LESLIE DE ALBUQUERQUE ALOAN
Sócio-fundador da SBHCI, Leslie de
Albuquerque Aloan (RJ) coleciona tantos
títulos e honrarias que uma página do Jornal
não daria conta de listá-los como merecem.
É a família que faz seus olhos brilharem.
Casado com Cristina, enche o peito para
falar sobre seus filhos: Marcio, aeronauta,
e Rafael, músico. “Meus melhores amigos e
companheiros de todas as horas.”
Por Carla Ciasca, jornalista
Escrevendo a sua história
Qual foi sua maior conquista?
Ter atingido os 42 anos de exercício pleno da medicina com
seriedade e humildade e pronto para continuar.
Não fosse médico, que outra carreira teria escolhido?
Escritor de ficção.
Qual é a área mais promissora na medicina de hoje?
Acredito que são as pesquisas com células-tronco e/ou confluindo com a nanotecnologia, com dispositivos extremamente
pouco invasivos e resultados reproduzíveis. A duplicação do saber em 2004 ocorria a cada quatro anos. Hoje a IBM divulgou
em documento não oficial que esta marca ocorre a cada 72 horas, apesar de pouca aplicação prática imediata deste saber, mas
potencialmente aplicável a qualquer hora, por muitos segmentos, em situações inimagináveis. É o admirável Mundo Novo
que, com beleza, se aproxima.
Qual a área mais negligenciada na medicina?
Saúde da Família.
Quem foi o professor que mais o influenciou? Por quê?
Hadi Dzaji, chefe do Serviço de Medicina Interna do Hospital
Mercy, de Chicago (Estados Unidos). Influenciou-me pelo seu
conhecimento, atitude e trato com o paciente. Ainda exerce a
medicina aos 90 anos de idade.
Qual o fato que teve maior efeito sobre sua carreira?
Acredito que foi a oportunidade de fazer a minha formação
pós-graduada em Chicago no início dos anos 1970, então recém-formado, e continuado minha carreira pública em um único hospital, o Hospital dos Servidores do Estado, onde ingressei
como médico da hemodinâmica, percorrendo o caminho de
chefe do Serviço de Cardiologia até diretor-geral da instituição
por um longo período.
26
Qual sua recomendação para médicos que estão prestes a se
formar?
Acho a juventude o motor da inovação, mas como diria Nelson Rodrigues no seu conselho aos jovens: “Envelheçam!”. Mas,
principalmente, diria para humanizarem profundamente cada
ação médica que exerçam. O conhecimento se aprende. A humanidade se cultiva.
Como o senhor gosta de relaxar e passar seu tempo livre?
Gosto muito de jardinagem, ver uma rosa que plantei florescer, colher uma fruta que era uma semente. Escrever uma boa
história também é gratificante, dando vida aos personagens, e
conseguir que eles o entendam.
Qual é seu maior arrependimento?
Ter deixado de fazer algumas coisas que julgava impossíveis.
Mas são poucos.
Se escrevesse uma autobiografia, que título daria ao livro?
A autobiografia já está pronta. Só falta o título.
O que o senhor está lendo neste momento?
“Diários de Consultório”, de Júlio Studart de Moraes.
Qual é seu pior hábito?
Eu acho que não os tenho. Dizem que são tantos que eu não
saberia enumerá-los. No entanto, são todos inocentes!
O que o deixa inspirado e de bom humor?
A compreensão entre as pessoas acima das eventuais divergências.
Como é um dia perfeito para o senhor?
Aquele que terminou e me proporcionou aprender um pouco
mais sobre as coisas da vida. ■
AGENDA
JUNHO
dias 20 a 22
XXXIV Congresso da SBHCI
Salvador, BA
www.sbhci.org.br
dias 25 a 29
ESC Congress 2012
Sociedade Europeia de Cardiologia
Munique, Alemanha
www.escardio.org
NOVEMBRO
dias 4 a 7
AHA 2012 - American Heart Association
Los Angeles, Estados Unidos
scientificsessions.org
dias 22 e 23
I Fórum de Cardiologia Intervencionista
da SBC-MT
Cuiabá, MT
sociedades.cardiol.br/mt
SETEMBRO
dias 7 e 8
TAVI Summit 2012
Seul, Coréia do Sul
www.taviconference.com
dias 30 a 1o de dezembro
XII CardioInterv - Simpósio Internacional de
Cardiologia Intervencionista
Curitiba, PR
www.cardiointerv.com
dias 28 a 30
CSI 2012
Congenital & Structural Interventions
Frankfurt, Alemanha
www.csi-congress.org
dias 14 a 17
67º Congresso Brasileiro de Cardiologia
Recife, PE
educacao.cardiol.br/eventos
DEZEMBRO
dias 5 a 8
SCAI 2012 Fall Fellows Course
Las Vegas, Estados Unidos
www.scai.org
dias 28 a 30
XXXII Congresso Norte Nordeste de
Cardiologia e VII Congresso Amazonense de
Cardiologia
Manaus, AM
www.cardionortenordeste2012.com.br
JULHO
dias 5 a 7
XXII Congresso Mineiro de Cardiologia
Belo Horizonte, MG
sociedades.cardiol.br/sbc-mg
AGOSTO
dias 2 a 4
SOCERGS 2012 – Congresso de Cardiologia
do Rio Grande do Sul
Gramado, RS
www.socergs.org.br
dias 8 a 10
XVIII Congresso Cearense de Cardiologia
Fortaleza, CE
sociedades.cardiol.br/ce/congresso.asp
dias 8 a 10
XVIII Congresso SOLACI – Sociedade LatinoAmericana de Cardiologia Intervencionista
Cidade do México, México
www.solaci.org
dias 9 a 11
XV Congresso de Cardiologia do
Estado do Mato Grosso (SBC-MT)
Cuiabá, MT
sociedades.cardiol.br/mt
dias 16 a 18
17o Congresso Paraibano de Cardiologia
João Pessoa, PB
sociedades.cardiol.br/pb
www.sbhci.org.br
Rua Beira Rio, 45 – cjs. 71 e 74 – Vila Olímpia
CEP 04548-050 – São Paulo – SP
Fone: (11) 3849-5034
Equipe Administrativa
Norma Cabral | gerência administrativa
Aline Ribeiro | científico
Eleni Peixinho | financeiro
Kelly Peruzi | sócios
Roberta Fonseca | eventos
Vânia Fernandes | secretaria
dias 15 a 19
CIRSE 2012
Cardiovascular and Interventional Radiological
Society of Europe
Lisboa, Portugal
www.cirse.org
OUTUBRO
dias 5 e 6
Curso Avançado em Aterotrombose
Porto Alegre, RS
www.caat2012.com.br
dias 18 a 20
XXII Congresso Goiano de Cardiologia e II
Simpósio de Insuficiência Cardíaca
Goiânia, GO
sociedades.cardiol.br/go
dias 19 a 20
XVII Congresso de Cardiologia de MS
Campo Grande, MS
educacao.cardiol.br/eventos
dias 22 a 26
TCT 2012
Transcatheter Cardiovascular Therapeutics
Miami, Estados Unidos
www.tctconference.com
dias 25 e 26
Curso Anual de Revisão em™ Hemodinâmica e
Cardiologia Intervencionista 2012
São Paulo, SP
www.sbhci.org.br
dia 27
Prova de Avaliação para Obtenção
do Certificado de Atuação na Área de
Hemodinâmica e Cardiologia Internvencionista
São Paulo, SP
www.sbhci.org.br
2013
JANEIRO
dias 19 a 22
PICS & AICS 2013 - Pediatric & Adult
Interventional Symposium
Miami, Estados Unidos
www.picsymposium.com
FEVEREIRO
dias 17 a 22
6th World Congress Paediatric Cardiology &
Cardiac Surgery
Cidade do Cabo, África do Sul
wcpccs2013.co.za
JULHO
dias 24 a 26
XXXV Congresso da SBHCI
São Paulo, SP
www.sbhci.org.br
SETEMBRO
dias 14 a 18
CIRSE 2013
Cardiovascular and Interventional Radiological
Society of Europe
Baarcelona, Espanha
www.cirse.org
OUTUBRO
dias 6 a 9
Venice Arrhythmias 2012
Veneza, Itália
www.venicearrhythmias.org
Gestão 2012-2013
Presidente: Marcelo Queiroga (PB)
Diretor Administrativo: Pedro Alves Lemos Neto (SP)
Diretor Financeiro: Antônio Luiz Secches (SP)
Diretor Científico: Rogério Sarmento-Leite (RS)
Diretor de Comunicação: José Ary Boechat (RJ)
Diretor de Qualidade Profissional: Hélio Castello (SP)
Diretor de Edu­cação Médica Continuada: Samuel Silva da Silva (PR)
Diretor de Intervenções Extracardíacas: Antônio Carlos Neves Ferreira (MG)
Diretor de Intervenções em Cardiopatias Congênitas: Carlos AC Pedra (SP)
Departamento de Enfermagem
Presidente: Ivanise M. G. Amorim (SP)
Vice-Presidente: Jacqueline Wachleski (RS)
Primeira Secretária: Maria Aparecida de Carvalho Campos (SP)
Segunda Secretária: Tatiane Bellia (PR)
Primeira Tesoureira: Adriana Correia de Lima (MS)
Segunda Tesoureira: Rosa Maria Quinzani Almeida Mendes (MG)
Coordenadora Científica: Érika Gondim Gurgel Ramalho Lima (CE)
Coordenadora de Educação Continuada: Luciana Cristina Lima Correia Lima (RJ)
Coordenadora de Titulação: Simone Fantin (RS)
27
take-a-coffee.com
24, 25 e 26 de julho
São Paulo - SP - Brasil
Transamérica Expo Center
Informações: (11) 3849-5034
-
[email protected]
w w w . s b h c i . o r g . b r
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CAPA - SBHCI