ANÁLISE DO ENCARTE 3 DO MINISTÉRIO DE
MORDOMIA DA ASSOCIAÇÃO CATARINENSE DA IASD
No dia 31 de janeiro de 2015, recebemos na Igreja Adventista Central de Florianópolis, um
encarte com o título: “PERGUNTAS E RESPOSTAS”, o qual traz 13 perguntas e suas
respectivas respostas sobre a validade do recolhimento de dízimos nos dias atuais.
Para facilitar a compreensão de nossa análise, apresentaremos primeiramente os textos
extraídos do referido encarte e na sequência nosso comentário.
Vejamos o que dizem os textos referidos acima:
Gênesis 14:18:
“Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; era sacerdote do Deus
Altíssimo;”
Levítico 27:30 e 32:
“Também todas as dízimas da terra, tanto dos cereais do campo como dos frutos
das árvores, são do SENHOR; santas são ao SENHOR. No tocante às dízimas do
gado e do rebanho, de tudo o que passar debaixo do bordão do pastor, o dízimo
será santo ao SENHOR.”
Malaquias 3:7-10:
“Desde os dias de vossos pais, vos desviastes dos meus estatutos e não os
guardastes; tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós outros, diz o SENHOR
dos Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de tornar? Roubará o homem a
Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e
nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, vós, a
nação toda. Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja
mantimento na minha casa; e provai-me nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se
eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênção sem
medida.”
O texto de Gênesis apenas diz que Melquisedeque, rei de Salém, era Sacerdote do Deus
altíssimo. O texto de Levitico apresenta uma descrição detalhada das atividades que
estariam sujeitas ao pagamento do dizimo, as quais eram as atividades relacionadas à
agricultura e a pecuária. Já o texto de Malaquias (3:8-12) traz algumas informações bsstante
interessantes, haja vista que esse texto tem sido rotineiramente retirado do seu contexto e
usado como maldição, numa espécie de "bruxaria cristã", pelos pastores ambiciosos e
manipuladores.
Malaquias foi escrito para um Israel que existia sob a lei cerimonial. O dízimo era agrário e
não baseado na renda. Israel havia se tornado relapso, os sacerdotes não faziam o seu
trabalho, os sacrifícios eram corrompidos e rejeitados por Deus, com o povo negligenciando
totalmente as leis matrimoniais e a manutenção e restauração da Casa de Deus. Já não se
faziam sacrifícios aceitáveis. Portanto, o capitulo 3 de Malaquias trata de uma advertência
ao Israel antigo, não tendo nada a ver com o povo de Deus da atualidade.
O dizimo realmente está relacionado a um mandamento de Deus, porém, resta-nos saber a
que lei esse mandamento está relacionado, ou seja, à Lei Moral, os Dez Mandamento ou à
Lei Cerimonial.
Vale salientar que a devolução dos dízimos sempre esteve relacionada ao sistema
cerimonial do Antigo Testamento.
Quando Deus retirou o povo de Israel do Egito para estabelece-lo como nação independente
nas terras de Canaã, cuja finalidade era que fosse uma luz para as demais nações,
transmitiu-lhe varias ordenanças, entre as quais deu também as diretrizes financeiras, as
quais tinham como função principal promover a subsistência das pessoas responsáveis
pelos serviços religiosos, tão necessários a fixação na mente do pecador arrependido, da
figura do cordeiro de Deus morrendo, prefiguradamente, em cada animal sacrificado,
representando o infinito preço que seria pago por Cristo em resgate da raça perdida.
Para que o dizimo seja exigido hoje, deve-se trazer de volta também todo o sistema
cerimonial existente nos dias da antiga aliança, como a circuncisão, ofertas pelo pecado,
holocaustos, festas da Páscoa, tabernáculos, etc.
Os crentes sob a nova aliança obedecem a Lei Moral em gratidão pelo sacrifício de Cristo
(João 14:21) e dadivam voluntariamente conforme proposto no seu coração, pois Deus ama
ao que dá com alegria (II Cor 9.7), jamais por obrigação.
Se o dízimo fosse uma obrigação permanente estaria relacionado na Lei dos 10
Mandamentos dados no Monte Sinai. (não numa alusão indireta ao 8° e 10° Mandamentos).
Não há no Novo Testamento, após a morte de Cristo na cruz, um único verso reafirmando a
validade do dízimo, mas apenas as ofertas voluntárias para o sustento dos pastores,
caridade aos pobres e necessitados e aos órfãos e viúvas. Veja:
“A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os
órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se
incontaminado do mundo.” (Tiago 1;27).
“Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou
por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria.” (II Cor 9.7).
Note que segundo II Corintius 9:7, cada um deve contribuir segundo tiver proposto no
coração. ou seja, cada um tem a liberdade de definir o quanto vai dar, o que não acontecia
no sistema de dízimos, uma vez todos eram obrigados a dar 10 % de todas as suas rendas.
Segundo Ellen White, não dar o dizimo é o maior crime de que o homem pode ser culpado.
Será?
Usar esse tipo de argumento contra pessoas eu confiam no perfeito sacrifício de Cristo, é
usar a Palavra de Deus visando lucro financeiro.
Deus não é comerciante para trocar mercadoria, nem quitandeiro para pesar as frutas e
legumes e cobrar o equivalente em valor.
Ele é o Soberano do universo e disse a Moisés:
"Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu
tiver misericórdia. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre,
mas de Deus, que se compadece". (Romanos 9:15).
Será que o sacrifício de Cristo não foi suficiente? Será que Cristo removeu todas as
maldições, menos a maldição financeira? Isso é um tipo de indução pelo medo, a qual é
opressora, negativa e totalmente antibíblica. Esta declaração mistura a Lei Cerimonial com a
graça, constituindo-se em pedra de tropeço.
“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de
Deus;” (Efésios 2:8).
Sendo que segundo a Bíblia a salvação é gratuita, mediante a fé no sacrifício de Cristo
Jesus, a mesma jamais estaria vinculada ao pagamento (ou devolução) de qualquer valor
em dinheiro.
Veja também que segundo Jesus, Deus não faz distinção de pessoas:
...para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol
sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos. Mateus 5:45.
Na comparação feita por Cristo entre um dizimista e um não-dizimista, quem foi aceito e
justificado por Deus? Vejamos:
“Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um, fariseu, e o outro,
publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó
Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores,
injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por
semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. O publicano, estando em pé,
longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito,
dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! Digo-vos que este desceu
justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será
humilhado; mas o que se humilha será exaltado.” (Lucas 18:10-14).
Veja também que segundo o texto apresentada na pergunta 03, no mesmo lugar em que
foram dados os 10 mandamentos, Deus deu a ordenança dos dízimos.
Ora, mas segundo a Bíblia as leis em forma de ordenanças não foram abolidas com a morte
de Cristo na cruz?
Veja o que diz Paulo a este respeito em sua carta aos efésios:
“Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e, tendo derribado a parede
da separação que estava no meio, a inimizade, aboliu, na sua carne, a lei dos
mandamentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse, em si
mesmo, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliasse ambos em um só corpo
com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade.” (Efésios 2:1416).
Se todas as leis em forma de ordenanças que faziam parte das leis cerimônias foram
abolidas, porque somente o dizimo que fazia parte desta mesma lei não foi?
O livro de Hebreus, no capitulo 7 traz um histórico do dízimo desde os dias de Abraão.
Mostra o Novo Concerto em que Cristo não tinha que oferecer por seus próprios pecados,
como os sacerdotes. Cristo era da tribo de Judá e não de Leví, e, portanto não vivia do
dízimo. Já o verso 12 faz referência ao cancelamento do dizimo, uma vez que o dizimo fazia
parte da antiga ordenança.
“Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há também mudança
de lei. Porque aquele de quem são ditas estas coisas pertence a outra tribo, da
qual ninguém prestou serviço ao altar; pois é evidente que nosso Senhor
procedeu de Judá, tribo à qual Moisés nunca atribuiu sacerdotes. E isto é ainda
muito mais evidente, quando, à semelhança de Melquisedeque, se levanta outro
sacerdote, constituído não conforme a lei de mandamento carnal, mas segundo o
poder de vida indissolúvel. Porquanto se testifica: Tu és sacerdote para sempre,
segundo a ordem de Melquisedeque. Portanto, por um lado, se revoga a
anterior ordenança, por causa de sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nunca
aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se introduz esperança superior, pela
qual nos chegamos a Deus.” (Hebreus 7:12-19).
O sistema dos dízimos foi dado por Deus para manutenção dos levitas, que eram os
responsáveis pelo tempo e não receberam nenhuma terra por herança. Além disso o dizimo
era usado para atender os necessitados de Israel.
“Mas os levitas farão o serviço da tenda da congregação e responderão por suas
faltas; estatuto perpétuo é este para todas as vossas gerações. E não terão eles
nenhuma herança no meio dos filhos de Israel. Porque os dízimos dos filhos de
Israel, que apresentam ao SENHOR em oferta, dei-os por herança aos levitas;
porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel, nenhuma herança tereis.”
(Numeros 18: 23-24).
Ainda, que o dinheiro já existisse antes da instituição do dízimo, a forma original do "dízimo"
dada por Deus nunca foi em dinheiro. Era o "dízimo de alimento." Isto é muito importante: O
verdadeiro dízimo bíblico sempre foi somente em forma de alimento da atividade agrícola
e/ou pecuária, e somente dos israelitas, que viviam dentro da fronteira nacional de Israel.
Recolhia-se o dizimo do que Deus tinha dado e não pela habilidade ou perícia humana.
Há 15 versículos tomados de 11 capítulos e 8 livros, desde Levítico 27 até Lucas 11, que
descrevem o conteúdo do dízimo. E o conteúdo jamais (saliento), jamais incluiu dinheiro,
prata, ouro ou qualquer outra coisa que não fosse alimentos tomados dentro de Israel. (Vejase: Lev. 27:30, 32; Núm. 18:27, 28; Deut. 12:17; 14:22, 23; 26:12; 2ª Crô. 31:5, 6; Nee.
10:37; 13:5; Mal. 3:10; Mat. 23:23; Luc. 11: 42).
Segundo a resposta 5 da pergunta acima, dar dizimo é uma forma de nos habilitarmos a
receber as bênçãos de Deus.
Ora, as bênçãos de Deus estão ao alcance de todos, independentemente se a pessoa é
dizimista ou não. Vincular as bênçãos de Deus à doação do dizimo, não deixa de ser um tipo
de indulgência, onde o crente é forçado a dar algo, nesse caso dinheiro, em troca de
bênçãos celestiais, o que vai contra o evangelho da justificação pela fé em Cristo Jesus.
Se verificarmos na Bíblia qual era o destino dado aos dízimos, perceberemos que a resposta
acima não passa de uma descarada mentira. Se não vejamos:
O dízimo era dos levitas (Num 18.21-23), mas também para se fazer um Festival ao Senhor
(Deut.14.22-27) e, a cada terceiro ano, para levitas, órfãos, viúvas e estrangeiros, os
quais comiam o dízimo ajuntado dentro das suas portas (Deut 14. 28 e 29). Ora, se ofertas e
dízimos eram sagrados ao Senhor e não podiam ser comidos por pessoas comuns, neste
caso Deus abre uma exceção, visto que pare Ele, misericórdia é melhor que sacrifício ou
formalidade. A vida dos carentes é preciosa ao Senhor.
No livro de Deuteronômio, capitulo 14 encontramos o relato onde os próprios dizimistas
deveria comer do dizimo. Veja:
“Certamente, darás os dízimos de todo o fruto das tuas sementes, que ano após
ano se recolher do campo. E, perante o SENHOR, teu Deus, no lugar que
escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu cereal,
do teu vinho, do teu azeite e os primogênitos das tuas vacas e das tuas
ovelhas; para que aprendas a temer o SENHOR, teu Deus, todos os dias.
Quando o caminho te for comprido demais, que os não possas levar, por estar
longe de ti o lugar que o SENHOR, teu Deus, escolher para ali pôr o seu nome,
quando o SENHOR, teu Deus, te tiver abençoado, então, vende-os, e leva o
dinheiro na tua mão, e vai ao lugar que o SENHOR, teu Deus, escolher. Esse
dinheiro, dá-lo-ás por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, ou ovelhas, ou
vinho, ou bebida forte, ou qualquer coisa que te pedir a tua alma; come-o ali
perante o SENHOR, teu Deus, e te alegrarás, tu e a tua casa; porém não
desampararás o levita que está dentro da tua cidade, pois não tem parte nem
herança contigo.” (Deut. 14:22-27).
No Novo Testamento o dizimo realmente é para o sustendo do ministério evangélico, como
apresentado na resposta acima, ou isso não passa de uma invenção sem nenhum amparo
bíblico?
Vamos analisar os textos apresentados na resposta da pergunta 05 e ver se eles citam o
dizimo e se afirmam que o mesmo deve ser usado para o sustendo do ministério evangélico
nos dias atuais.
Vejamos:
I Corintios 9:14:
“Assim ordenou também o Senhor aos que pregam o evangelho que vivam do
evangelho;”
I Timóteo 5:18:
“Pois a Escritura declara: Não amordaces o boi, quando pisa o trigo. E ainda: O
trabalhador é digno do seu salário”.
Como podemos ver, os textos citados não fazem nenhuma referência ao dizimo e muito
menos em que ele deva ser empregado. Os textos falam apenas que os que pregam o
evangelho devem viver do evangelho, ou seja, devem ser sustentados por ele. Mas esse
sustento deve ser através das ofertas voluntárias, não de dízimos, haja vista que no Novo
Testamento o sistema de dízimos já não existe mais, por ter sido abolido por Cristo na cruz.
Vale salientar que no Novo Testamento não há sequer um relato de qualquer pagamento de
dízimo na igreja apostólica. Só havia o recolhimento de "ofertas voluntárias" e tudo ficava na
igreja local. (existe um único relato de ajuda aos cristãos da Judéia, os quais foram
assolados pela fome devido a uma grande seca).
.
O dízimo foi dado aos levitas, mas para eles fazerem todo o trabalho da tenda da
congregação (Num 18.21-23). Mesmo que o dizimo ainda estivesse em vigor nos dias
atuais, ainda assim teríamos um grande problema, haja vista que hoje são os membros
leigos que fazem mais de 90% do trabalho da igreja, mas são os pastores que recebem todo
o dízimo.
Dizer que o dizimo é para cobrir todos os gastos da denominação derivados da atenção às
igrejas é no mínimo tentar esconder a verdade dos membros.
Qualquer membro que conheça um pouco das finanças das igrejas locais sabe muito bem
que nenhum centavo do que é arrecadado na forma de dízimos fica na igreja local. Todos as
despesas das igrejas (água, energia elétrica, impostos, reformas, ajuda aos pobres, etc.),
são bancadas pelos membros da igreja através de suas ofertas.
A “Casa do Tesouro” do novo pacto não é a tesouraria de uma igreja, nem um armazém,
muito menos os cofres da Conferência Geral.
O falso ensino é que no cristianismo os edifícios chamados "igrejas" ou "templos" substituem
o templo do Antigo Testamento como a morada de Deus.
A palavra de Deus jamais designa às igrejas do Novo Pacto como "tabernáculos", "templos"
ou "edifícios" nos quais Deus mora. A morada de Deus está dentro dos crentes.
Paulo, em sua primeira carta aos coríntios é muito claro a este respeito:
“Será que vocês não sabem que o corpo de vocês é o templo do Espírito
Santo, que vive em vocês e lhes foi dado por Deus? Vocês não pertencem a
vocês mesmos, mas a Deus” (1 Coríntios 6:19).
Portanto, é um erro chamar a um edifício a tesouraria de uma igreja ou os cofres da
Conferência Geral de a "Casa do Tesouro" onde devam ser depositados os dízimos.
Durante vários séculos, após o calvário, os cristãos nem tinham seus próprios edifícios (para
chamá-los de “Casa do Tesouro”, já que o cristianismo era uma religião proibida.
Dados estatísticos da Conferência Geral de 2014, apresentam um fato interessante. A
organização adventista possuía no mundo 272.756 obreiros ativos para um total de 74.299
igrejas, o que dá uma média de 3,67 obreiros por igreja. Apesar disso, é comum em algumas
regiões do Brasil um pastor cuidar de mais de 20 igrejas. Em certos países da áfrica esse
número é bem superior, chegando ao ponto do pastor ao voltar constatar que a Igreja
Adventista nem existe mais na cidade.
Em vez dos obreiros pagos com os dízimos dos membros estarem à disposição das igrejas
locais, estão envolvidos em trabalhos burocráticos nas mais diversas esferas de poder da
corporação, as quais não tem nada a ver com a pregação do evangelho.
Como já afirmamos anteriormente, os dízimos faziam parte da lei cerimonial, a qual foi
abolida por Cristo na cruz do calvário. Usar a situação política e religiosa da nação israelita
dos dias de Malaquias para justificar a validade dos dízimos nos dias atuais é inaceitável.
O profeta Malaquias foi contemporâneo de Esdras e Neemias, no período após o exílio do
povo judeu na Babilônia em que os muros de Jerusalém tinham sido já reconstruídos em
445 a.C., sendo necessário conduzir os israelitas da apatia religiosa aos princípios da lei.
Um dos temas tratados no livro de Malaquias refere-se às ofertas e aos dízimos.
Embora o dízimo tenha sido reconhecido desde a época de Moisés, nos dias de Malaquias
os sacerdotes do templo recolhiam as ofertas e não repassavam para os levitas, para que
eles pudessem utilizá-las para cuidar dos próprios levitas, dos órfãos, das viúvas e viajantes.
Isso fez com que o profeta (Malaquias) iniciasse uma advertência a todos sobre o roubo do
dízimo: "Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, vós, a nação toda."
(Malaquias 3:9).
Não questionamos a forma de como eram recolhidos e administrados os dízimos nos
tempos do antigo Israel. O que não podemos aceitar é o fato da liderança adventista utilizar
procedimentos que faziam parte de um sistema vinculado à “Antiga Aliança”, que constava
de ordenanças e que foi abolido, para justificar a cobrança de dizimo e o envio deste à
Conferência Geral.
É importante lembrar que na época do antigo Israel existia apenas um tempo e esse ficava
em Jerusalém, portanto, nada mais adequado do que os dízimos serem enviados para
Jerusalém a fim de que fossem administrados pelos levitas que ali oficiavam no templo. Bem
diferente dos dias atuais em que existem igrejas espalhadas por todo o mundo.
,
Mais uma vez gostaríamos de salientar que os dízimos nos tempos do antigo Israel nunca
incluíram dinheiro, mas sempre produtos da atividade agrícola ou pecuária.
Os pobres não tinham obrigação alguma de dizimar. Também não se dizimava dos
resultados da mão de obra do trabalhador, artesão ou por habilidade alguma. Somente os
agricultores e pecuaristas recolhiam o dízimo do que Deus produzia em aumento. Jesus era
um carpinteiro; Paulo era um fabricante de tendas e Pedro era um pescador. Nenhum destes
labores os qualificava para dizimar porque não cultivavam a terra nem cuidavam do gado
para subsistir.
Portanto, é incorreto ensinar que todos pagavam rigorosamente ao menos o dízimo e que no
“Novo Pacto” todos os cristãos têm a obrigação de, ao menos, começar com o mínimo do
que davam os israelitas no Pacto Antigo. Esta falsa premissa se repete com muita
frequência pelo desconhecimento por completo da definição do dízimo como alimento
recolhido dos produtos do aumento da colheita ou do aumento do gado.
Em que pese que nos dias do antigo Israel já existisse dinheiro, e não somente o escambo
(troca de produtos), como muitos afirmam, o dizimo sempre foi em produtos da agrícolas e
da pecuária.
Veja a clareza do texto abaixo:
“Também todas as dízimas da terra, tanto dos cereais do campo como dos frutos das
árvores, são do SENHOR; santas são ao SENHOR.” (Levítico 27:30).
Também é um erro ensinar que os pobres de Israel tinham a obrigação de pagar o dízimo.
Muito pelo contrário, eles mesmos recebiam o dízimo Uma grande parte do dízimo da
segunda festa e todo o dízimo especial do terceiro ano era para os pobres. Existiam muitas
leis que protegiam aos pobres de abuso e de sacrifícios custosos que não podiam custear
(veja-se também Lev. 14:21; 25:6, 25-28, 35, 36; 27:8; Deu. 12:1-19; 14:23, 28, 29; 15:7, 8,
11; 24:12, 14, 15, 19, 20; 26:11-13; Mal. 3:5; Mat. 12:1, 2; Marcos 2:23, 24; Lucas 2:22-24;
6:1, 2; 2ª Cor. 8:12-14; 1 Tim. 5:8; Tiago 1:27).
O exemplo apresentado na pergunta 11acima, de concreto não tem nada, pois qualquer
exemplo para ter valor deveria ser extraído da Bíblia e não baseado no que algum adventista
faz ou deixa de fazer.
As perguntas de numero 12 e 13 são bastante semelhantes, porém procuraremos
apresentar uma análise distinta para ambas.
Veja que a pergunta acima faz menção ao recebimento de dízimos de produtos de
atividades que estão em ABERTA TRANSGRESSÃO AOS MANDAMENTOS DE DEUS.
Para justificar o recebimento de dízimos dessas atividades, usam a artimanha de que o
dinheiro é neutro.
Ora, se os meios utilizados para gerar o dinheiro são ilícitos, ou seja, são uma aberta
violação dos mandamentos de Deus, automaticamente o dinheiro, que é o resultado fim
dessa atividade, também o é, sendo assim, não deveria ser aceito e muito menos dedicado
a Deus.
Estamos falando aqui do recebimento de dízimos, onde tanto o dizimista como a fonte dos
recursos pode ser identificado, diferentemente das ofertas que são dadas de forma anônima.
Veja que segundo o texto apresentado acima, de autoria de Ellen White, existe algumas
exceções, em que o dizimo não deva ser recebido pela igreja. É quando “o dinheiro obtido é
o resultado de fraudes, assaltos, roubos etc.”
Veja a que absurdo chegamos: O dízimo de dinheiro obtido através de fraudes, assaltos,
roubos, etc, não pode ser recebido pela igreja, contudo, o dizimo de atividades que estão em
aberta transgressão aos mandamentos de Deus, esses podem ser aceitos pela igreja.
Muito estranho isso não acha?
Como já mencionamos anteriormente, as perguntas de número 12 e 13 são bastante
semelhantes, portanto a análise da pergunta anterior serve também para esta, mas vamos
nos ater a parte final do texto apresentado acima, onde fala sobre as responsabilidades dos
membros e da igreja.
Segundo Ellen White, “se a pessoa persiste em sua conduta depois de a igreja fazer tudo o
que estiver ao seu alcance para orientá-lo, então a responsabilidade fica com o membro
e não com a igreja.”
Ora, o fato é que se a direção da igreja tem conhecimento da origem ilícita, ou em aberta
transgressão a lei de Deus dos dízimos e continua aceitando-os, ela torna-se cúmplice de
tais atividades, sendo culpada de igual maneira.
Conclusão:
Temos observado, nestes últimos dias, que a doutrina mais ecumênica, tem sido a prática
de se impor aos membros das comunidades religiosas a exigência de forma errônea e
indiscriminada, isto é, tanto para os pobres, quanto para os ricos, o pagamento em dinheiro
de 10% dos salários ou rendimentos, com o nítido objetivo de privilegiar a classe dominante,
alegando-se ser um preceito bíblico, quando tal procedimento contraria até mesmo as
práticas do Velho Testamento, e muito mais ainda as normas de mordomias
Neotestamentária.
Veja que essa prática não condiz com o pensamento de um dos mais destacados pioneiros
da Igreja adventista do sétimo Dia - Tiago White, publicado na edição de 9 de Abril de 1861
da Review and Herald, página 164:
“Nós não desejamos que o sistema israelita de dízimos seja adotado como uma
obrigação para os crentes da terceira mensagem angélica. Este sistema foi
necessário ao plano de Deus para os sacerdotes levitas; mas a mensagem final
clama por alguma coisa longe deste padrão”.
Infelizmente aqueles que continuam seguindo as normas atuais da IASD, quanto à sua
participação financeira, estão seguindo orientações humanas, em vez de obedecerem a
Deus.
É como Jesus disse em Sua Palavra: “Jeitosamente rejeitais o preceito de Deus para
guardardes a vossa própria tradição”. (Marcos 7:9).
Adilson de Souza
Florianópolis – SC
Parte de nossa análise foi baseada em artigos de:




Heráclito Fernandes da Mota,
Misael Malagoli,
Paulo Augusto da Costa Pinto e
Mary Schultze
Download

análise do encarte 3 do ministério de mordomia da