Os domínios morfoclimáticos brasileiros Porto Alegre Os domínios morfoclimáticos brasileiros ■ A interação entre elementos naturais como o clima, o relevo e a hidrografia formam unidades paisagísticas, definidas pelo geógrafo Aziz Ab‘Sáber como domínios morfoclimáticos. No Brasil há seis domínios morfoclimáticos. e entre eles existem faixas de transição que fazem a passagem gradual entre as paisagens. O domínio Amazônico O domínio amazônico, também conhecido como domínio das terras baixas equatoriais florestadas da Amazônia, é o maior dos domínios brasileiros em extensão territorial. Localiza-se no Norte do pais em latitudes próximas da linha do Equador. De maneira geral, caracteriza-se sua paisagem natural pela tem predominância da floresta latifoliada (de folhas grandes e largas) e equatorial amazônica. O clima equatorial úmido tem temperaturas elevadas ao longo do ano e chuvas abundantes. Quanto ao relevo, na maior parte predominam os baixos planaltos e as planícies, drenados pela bacia hidrográfica do rio Amazonas. Segundo dados do IBGE. cerca de 20% desse domínio foi devastado até 2010. o que corresponde a uma área superior ã da região Sul. O domínio Amazônico Nas últimas décadas observa-se intensificação no processo de degradação da paisagem natural decorrente de atividades econômicas que causam impactos negativos sobre o domínio amazônico como a construção de rodovias, de hidrelétricas e dos poios industriais e da intensificação da mineração e dos projetos agropecuários. Entre os principais impactos podemos citar o assoreamento e a poluição dos rios a inundação e o desmatamento de áreas florestais e as queimadas e a erosão do solo. O domínio do Cerrado O Cerrado é o segundo domínio mais extenso do pais. Localizado na área central do Brasil, abrange parte significativa do Centro-Oeste, estendendo-se por áreas do Sudeste, Nordeste e Norte. O clima predominante é o tropical, que apresenta verões chuvosos e invernos secos, ambos com temperaturas elevadas. Isso se deve à localização tropical do domínio e à alternância da influência das massas de ar ao longo do ano. Durante o inverno ocorre o fenómeno da friagem, quando as temperaturas apresentam redução devido ao avanço da massa polar atlântica. Nas áreas de Cerrado, o relevo é constituído predominantemente por planaltos, com a presença de chapadas, e por depressões. A vegetação reúne espécies de diferentes tamanhos, de estratos arbóreos e herbáceos a estratos arbustivos. Essa variação depende das condições do solo e da umidade presente na área onde estão localizadas. O domínio do Cerrado Nas últimas décadas, a paisagem natural do Cerrado tem sofrido alterações pela ação da sociedade, devido ao desenvolvimento em atividades econômicas ligadas à agricultura, à pecuária e à mineração. Com o uso de tecnologia no campo, foi promovida a correção do solo com a inserção de elementos químicos, como o calcário. Essa prática transformou a região Centro-Oeste em uma das principais áreas produtoras agrícolas do pais, com destaque para as produções de soja, milho e algodão, além de pastagens plantadas. Em contrapartida, até 2010 cerca de 50% da área original de Cerrado foram devastados, segundo dados do IBGE. A retirada da cobertura vegetal original ocasiona problemas ambientais, como erosão e compactação do solo, assoreamento e contaminação dos rios e destruição de cavernas calcárias. Além disso, existe a invasão de terras indígenas, que resulta em impactos sociais e culturais. O domínio do Cerrado O domínio do Caatinga O domínio da Caatinga caracteriza-se pela presença do clima tropical semiárido, que apresenta baixo índice pluviométrico anual. Por esse motivo, a vegetação local é formada por uma associação de cactáceas e gramíneas. adaptadas a ambientes com escassez de água, denominada vegetação xerófila. Constituem exemplos dessa vegetação o mandacaru e o xiquexique. A Caatinga é um domínio rico em biodiversidade, muito diferente da imagem construída de um local pobre e seco. Essa riqueza é explicada pelos diferentes estratos de vegetação nela presentes, como a caatinga arbustiva, encontrada em locais com maior umidade e com vegetação mais densa, e a caatinga seca não arbórea, com arbustos isolados. O nome Caatinga vem do tupi, e significa “mato branco”. De maneira geral, o domínio da Caatinga está presente em um relevo marcado por depressões, planaltos e chapadas. A ocorrência de chuvas escassas e irregulares permite que alguns rios sequem durante certos períodos do ano- os rios temporários. . O domínio do Caatinga A Caatinga é um dos ecossistemas mais degradados do Brasil. Segundo estimativas, aproximadamente 70% de sua área original já foi devastada. Isso ocorre tanto pelo corte da vegetação para uso como lenha e carvão vegetal quanto pela substituição da vegetação original por pastagens ou áreas de roças, que degradam o solo provocando, em algumas situações, sua desertificação e salinização. O domínio do Mares de Morros O domínio dos Mares de Morros está localizado na faixa litorânea, estendendo-se do litoral do Nordeste até o do Rio Grande do Sul. A paisagem é formada por morros cujas altitudes costumam variar de 100 a 800 metros. Porém, nos locais chamados de terras altas, essas altitudes são superiores a 1 200 metros, como na serra do Mar, na serra da Mantiqueira, na serra do Espinhaço e na serra Geral. O clima que prevalece neste domínio é o tropical úmido e o tropical litorâneo e devido à umidade proveniente da proximidade do oceano Atlântico, predomina o intemperismo químico. Por isso, o relevo apresenta formações onduladas, com muitos morros de cumes arredondados em forma de meia laranja. A paisagem, de fato, assemelha-se a um “mar de morros". Observe a fotografia a seguir. O domínio do Mares de Morros Segundo dados do IBGE. em 2010 a Mata Atlântica — ecossistema predominante nos Mares de Morros — encontrava-se reduzida a menos de 10% de sua área original. Entre as causas do desmatamento da Mata Atlântica, destacam-se a presença de grandes concentrações urbanas e industriais; o antigo processo de colonização litoral; a elevada densidade demográfica; a atividade portuária; a agricultura e a mineração. O domínio das Araucárias Originalmente, o domínio da mata de araucária cobria grandes extensões do planalto e serras da Região Sul, desde o norte do Rio Grande do Sul até o Paraná, bem como as terras mais altas de São Paulo. A mata de araucária sofreu forte processo de devastação por meio da exploração da madeira e do desenvolvimento da agricultura. Atualmente, possui apenas 5% da sua área original, e é protegida em sua maior parte por reservas e parques florestais. Encontra-se nas áreas de planaltos e serras, com altitudes que variam de 800 a 1200 metros. A associação entre a distância da linha do Equador e as elevadas altitudes resulta nas temperaturas mais baixas registradas no Brasil, com chuvas regulares durante o ano. O domínio das Araucárias O clima subtropical úmido predomina, com temperaturas médias que variam entre 15 °C e 20 °C. A vegetação predominante é do tipo aciculifoliada, denominada mata de araucária ou mata dos pinhais em virtude da predominância de pinheiros. O domínio das Pradarias O domínio das Pradarias é formado por gramíneas e ervas, isto é, vegetação herbácea. Está localizado no sudoeste do Rio Grande do Sul em relevo de planalto com suaves ondulações (coxilhas). A presença desse tipo de vegetação deve-se à existência de solos de pouca espessura e à influência do clima subtropical, com temperaturas baixas no inverno, por causa das massas de ar polar. No entanto, junto aos cursos de água observa-se a formação da mata de galeria, vegetação de grande porte decorrente da maior umidade e fertilidade do solo nessas áreas. Uma das principais atividades econômicas é a criação extensiva de gado bovino e ovino, desenvolvida desde o século XVIII. Nos últimos anos tem se expandido a silvicultura — “reflorestamento” voltado para a produção. O domínio das Pradarias O eucalipto é a espécie mais utilizada nos projetos de silvicultura por ser uma árvore que se desenvolve muito depressa. No entanto, não é uma espécie nativa do domínio das Pradarias, e seu cultivo pode trazer sérios problemas ao alterar o ambiente ecológico. Além disso, o domínio das Pradarias já apresenta problemas ambientais considerados graves, como a arenização e o desmatamento de extensas áreas para uso agropecuário.