UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA ANIMAL (NÍVEL MESTRADO) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) TADEU MORAIS CRUZ Diversidade e sucessão ecológica de insetos associados à decomposição animal em um fragmento de Mata Atlântica de Pernambuco Recife Fevereiro 2008 Tadeu Morais Cruz Diversidade e sucessão ecológica de insetos associados à decomposição animal em um fragmento de Mata Atlântica de Pernambuco Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal do Centro de Ciências Biológicas como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre. Orientador: Simão Dias Vasconcelos Co-orientadora: Patrícia J. Thyssen Recife Fevereiro 2008 2 Tadeu Morais Cruz “Diversidade e sucessão ecológica de insetos associados à decomposição animal em um fragmento de Mata Atlântica de Pernambuco” Dissertação defendida em 26/02/2008 e aprovada pela seguinte Banca examinadora: Titulares: Suplentes: Recife Fevereiro 2008 3 Agradecimentos Ao professor Dr. Simão Dias Vasconcelos pela orientação; À professora Patrícia Thyssen pelos muitos auxílios dados na área, desde a graduação até hoje, e pela a minha co-orientação; Aos docentes do Departamento de Zoologia, em especial, as professoras Cleide Ribeiro e Luciana Iannuzzi, que vêm me apoiando e repassando os conhecimentos em entomologia desde a graduação; À CAPES pela concessão da bolsa de mestrado, permitindo a realização deste trabalho; Aos companheiros de laboratório Weliton, Tati, Gilson e a agregada Carol pela boa convivência; Aos estagiários Cecília, Roberta e Thiago que possibilitaram a realização desse trabalho e com certeza darão continuidade ao projeto; Ao Instituto de Criminalística pelo apoio dado durante o trabalho de campo por meio dos peritos Sandra Santos, Vânia Lima, Fred Maranhão e seus diretores; À Administração do Parque Estadual Dois Irmãos pela autorização de trabalho na Reserva; Ao pessoal da sala, apesar da pouca convivência com alguns, vários acabei por me tornar amigo; Aos meus pais pelo carinho, paciência e dedicação; À Carla por estar ao meu lado; Ao Gabriel por existir e alegrar a minha vida. 4 SUMÁRIO Resumo geral 6 Capítulo 1 7 Apresentação Capítulo 2 14 Revisão Bibliográfica Capítulo 3 21 On the initial colonization of a pig carcass by dipterans in a rainforest fragment in Brazil Capítulo 4 Diversity and ecological succession of dipterans rainforest fragment in Northeastern Brazil on a 39 pig carcass in a Diversidade e sucessão ecológica de dípteros em carcaça de porco em um fragmento de mata atlântica do nordeste brasileiro Capítulo 5 66 Levantamento Preliminar da Entomofauna de Solo Associada a Carcaça de Suíno em um Fragmento de Mata Atlântica de Recife Considerações Finais 86 Anexos e apêndices 88 5 Diversidade e sucessão ecológica de insetos associados à decomposição animal em um fragmento de Mata Atlântica de Pernambuco Resumo Geral A compreensão dos aspectos da diversidade e sucessão ecológica dos insetos envolvidos na decomposição cadavérica é importante, particularmente, na estimava do intervalo pós-morte (IPM) nas ciências forenses, apesar de estudos de decomposição em carcaças em ambientes abertos serem freqüentemente negligenciados em algumas regiões, mesmo fornecendo informações relevantes. Este estudo objetivou obter a riqueza e a diversidade dos insetos associados em carcaças suínas, Sus scrofa L, expostas em um fragmento de mata atlântica no nordeste brasileiro em duas estações, indicando as espécies importantes forensicamente, examinando comportamento da comunidade de inseto e testando o padrão de colonização da entomofauna durante todo os estágios de decomposição. Os invertebrados visitantes e colonizadores foram coletados diariamente e identificados. Foram coletados 10.039 dipteras que pertencem a 18 famílias (Sarcophagidae, Calliphoridae, Mesembrineliidae, Muscidae, Anthomyiidae, Fanniidae, Piophilidae, Phoridae, Stratiomyidae, Neriidae, Micropezidae, Tabanidae, Asilidae, Ropalomeridae, Drosophilidae, Chloropidae, Milichidae, Dixidae). As espécies Megaselia scalaris, Ophyra chalcogaster, Patonella intermutans e Hemilucilia segmentaria merecem atenção especial porque o adulto e formas imaturas foram encontrados em todas as experimentações. Este estudo preliminar da diversidade e da sucessão ecológica dos dípteros em uma carcaça de porco contribui para estimar o IPM em nossa região. Palavras chaves: decomposição, entomologia forense. sarcosaprofago, IPM, entomologia forense 6 Diversidade e sucessão ecológica de insetos associados à decomposição animal em um fragmento de Mata Atlântica de Pernambuco ABSTRACT The comprehension of aspects on diversity and ecological succession of insects involved in corpse decomposition is of particular importance in estimating the postmortem interval (PMI) in forensic science, nevertheless studies on carcasses decomposition in open environments is frequently neglected in some regions, though they provide considerable information. This study has to investigated the richness and diversity of insects associated to the decomposition of pigs carcasses´s, Sus scrofa L., which were exposed in a rainforest fragment in Northeastern Brazil for two seasons to indicate the forensically important species, to examine whether the insect community presents a seasonal behaviour and the pattern of insect colonization throughout the decomposition stages. The visiting and colonizing invertebrates were collected daily and identified. It were collected 10,039 dipterans belonging to 18 families: Sarcophagidae, Calliphoridae, Mesembrineliidae, Muscidae, Anthomyiidae, Fanniidae, Piophilidae, Phoridae, Stratiomyidae, Neriidae, Micropezidae, Tabanidae, Asilidae, Ropalomeridae, Drosophilidae, Chloropidae, Milichidae and Dixidae. Megaselia scalaris, Ophyra chalcogaster, Pantonella intermutans e Hemilucilia segmentaria deserve special attention because both adult and immature forms were found in all the trials. This preliminary study on diversity and ecological succession of dipterans associated pig carcass could contribute for estimating the PMI in our region. Key words: decomposition, sarcosaprophagous fauna, Diptera, PMI, forensic entomology. 7 Capítulo 1 APRESENTAÇÃO 1.1 APRESENTAÇÃO 8 A entomologia forense é a aplicação do estudo de insetos e outros artrópodes para uso legal, especialmente em processos envolvendo crimes, suicídios ou mortes acidentais (Smith, 1986). A aplicação mais comum da entomologia forense relaciona-se com a investigação de homicídios, podendo auxiliar na elucidação servindo de elementos-chave como movimentação do cadáver, possível modo e causa da morte, associação do suspeito à cena do crime e, principalmente, como ferramenta auxiliando na estimativa de intervalo entre a morte e a descoberta do corpo (Byrd & Castner, 2001). Este período é conhecido como Intervalo Pós-Morte (IPM). Para intervalos maiores de 72 horas, o uso da entomologia forense pode ter uma maior precisão do que técnicas convencionais de tanatoscopia. O estudo da fauna cadavérica constitui a aplicação mais importante da entomologia forense, baseado em sucessão entomológica na carcaça. A diferença na exploração do cadáver ao longo de cada etapa de decomposição e o conhecimento do tempo ocupado por cada estágio de desenvolvimento do inseto, associados aos parâmetros abióticos, como temperatura, permitem a utilização desses artrópodes para auxiliar na estimativa do intervalo pós-morte (Catts & Goff, 1992). Há essencialmente dois métodos principais para estimar o IPM usando a informação sobre os artrópodes que visitam um corpo. O primeiro é baseado no estudo da sucessão faunística dos artrópodes associados à carcaça. Este método consiste na comparação da composição dos taxa encontrados no cadáver na época da descoberta com a dos insetos obtidos sob condições controladas em intervalos diferentes do tempo. A composição dos taxa que são atraídos a uma carcaça geralmente tem um padrão previsível enquanto a decomposição progride em estágios diferentes. O padrão da sucessão dos insetos é específico à posição e às circunstâncias ambientais em que uma carcaça ocorre. É imprescindível, para estimar precisamente o IPM, a identificação dos insetos específicos para uma determinada área, pois podem variar extremamente de acordo com o local. Um segundo método é baseado no estágio do desenvolvimento das moscas necrófagas encontradas no corpo, as quais são usadas para ajudar a indicar o intervalo do tempo entre a morte e a descoberta do cadáver. Sabe-se, porém, que alguns fatores podem influir nesse tempo, como horário da morte, o acesso ao cadáver, fatores ambientais, entre outros. Uma vez que as primeiras espécies colonizadoras forem identificadas, o IPM pode ser estimado comparando o estágio de desenvolvimento das larvas, ou pupas com os dados do laboratório. Carcaças animais representam um micro habitat limitado e um recurso alimentar temporário explorado por uma grande variedade de organismos, desde bactérias até grandes predadores (Catts & Goff, 1992). A comunidade decompositora de carcaças animais passa 9 por um processo de sucessão ecológica, associado aos vários estágios de decomposição (Bornemissza, 1957; Smith, 1986). Tal sucessão consiste no acréscimo ou substituição seqüencial de espécies em uma comunidade, acompanhada de alterações na abundância relativa das espécies presentes e nas condições físico-químicas locais. A sucessão de fauna em carcaça está relacionada com a mudança natural que ocorre num corpo após a morte (Smith, 1986). Catts & Goff (1992) observaram que a fauna de artrópodes numa carcaça em decomposição muda de forma relativamente previsível. A diferença na ocupação do cadáver ao longo do tempo faz com que os insetos atuem como um “relógio biológico”, permitindo a estimativa do intervalo pós-morte (IPM), de modo que os insetos atingem elevada importância do ponto de vista médico-legal (Catts & Goff, 1992). 1.2 Estrutura do trabalho A ausência de estudos sobre entomologia forense e a escassez de conhecimentos na área na região Nordeste estimularam o presente trabalho. A pesquisa representa umas das primeiras contribuições sistematizadas do conhecimento da fauna de importância forense no nordeste brasileiro, realizado em duas estações, seca e chuvosa. Pretende-se, com os resultados obtidos, ampliar o conhecimento da entomofauna necrófaga, e detectar possíveis espécies com aplicações forenses na região. O trabalho é apresentado em 5 capítulos, seguidos de anexos. Seguindo esta apresentação, no Capítulo 2 é apresentada uma breve revisão bibliográfica. Nos capítulos seguintes são apresentados os principais resultados na forma de artigos independentes para facilitar a compreensão de cada contribuição, já que as diferentes informações dão ênfase a diversos aspectos da fauna necrófaga e a associada ao processo de decomposição animal. Ao serem redigidos na forma de artigos, espera-se agilizar a submissão dos resultados para publicação em periódicos científicos indexados. Um dos artigos (Capítulo 3) já foi submetido para publicação em língua inglesa, e os demais se encontram em fase final de revisão e confirmação de identificação por especialistas. Embora todos os resultados tenham se originado do mesmo projeto, optou-se em manter as formas originais dos manuscritos já submetidos, para que os capítulos possam ser lidos de maneira independente. O Capítulo 3 investiga a decomposição inicial com ênfase nas espécies pioneiras, e o Capítulo 4 analisa o processo de decomposição e a ocorrência de dípteros em estações 10 diferentes levando em conta as fases de decomposição. Por fim, o Capítulo 5 descreve um levantamento preliminar da fauna de solo associada à carcaça. 1.3 OBJETIVOS Geral Analisar a diversidade e sucessão e a ecologia de populações de insetos associados à decomposição de carcaças animais expostas em ambiente de Mata Atlântica de Recife, PE. Específicos 1. Estudar a diversidade de espécies associadas à decomposição de carcaça de suínos; 2. Investigar o padrão de “chegada” de insetos necrófagos a uma carcaça, registrando quais famílias são as primeiras a ocupar o recurso; 3. Analisar a ocorrência de cada espécie nos diferentes estágios de decomposição animal, estabelecendo um padrão de sucessão ecológica; 4. Investigar quais espécies presentes na carcaça efetivamente usam o recurso para seu desenvolvimento larval; 5. Verificar diferenças na composição da entomofauna (diversidade de insetos) em diferentes estações (seca e chuvosa); 6. Verificar diferenças na sucessão ecológica (tempos de ocupação do cadáver) em diferentes estações (seca e chuvosa); 7. Identificar espécies com potencial para utilização em estudos de determinação de intervalo post-mortem; 8. Observar se há diferenças na entomofauna de solo em ambientes com e sem a presença de carcaça animal. 11 1.4 HIPÓTESES Pretende-se, ao atingir estes objetivos, responder às seguintes hipóteses: A. Existe uma grande diversidade de insetos associados a carcaças, que participam do processo de decomposição; B. As famílias Calliphoridae e Sarcophagidae são as primeiras a atingir uma carcaça logo após a morte do animal; C. As famílias Calliphoridae e Sarcophagidae são as mais abundantes entre os insetos necrófagos na região; D. Existe um padrão de exploração da carcaça, de acordo com o estágio de decomposição, caracterizando uma sucessão ecológica previsível; E. Existe uma variação na composição da fauna necrófaga de acordo com os fatores abióticos, especialmente temperatura e precipitação pluviométrica; F. A presença de um corpo em decomposição afeta a entomofauna de solo nas proximidades do recurso. 12 Capítulo 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 13 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A decomposição de animais terrestres, incluindo humanos, envolve não somente a ação de organismos como bactérias e fungos, mas também um enorme número de espécies de artrópodes, particularmente insetos sarcossaprófagos (Nuorteva et al., 1974). Insetos geralmente são os primeiros animais a explorar o cadáver, utilizando-o para oviposição, alimentação e reprodução (Anderson, 2001). A sucessão entomológica em carcaças, como em toda comunidade efêmera, tem sido descrita como um processo discreto por muitos autores (Payne, 1965; Lane, 1975), que se basearam na utilidade forense de tal processo. Contudo, Schoenly & Reid (1987) foram os primeiros a apresentar, como foco, a dinâmica da sucessão entomológica, propondo que este padrão seria contínuo, e não discreto. A hipótese de um processo discreto implica que deve haver mais similaridade na composição de espécies dentro de uma fase de decomposição em particular do que entre estágios de decomposição. Isto ocorre devido à separação temporal de espécies que são atraídas especialmente por uma fase de decomposição. Por outro lado, se não há estes compartimentos isolados, o processo ecológico em questão não pode ser considerado como discreto, abrindo espaço a interpretações continuístas. Uma variedade de parâmetros abióticos, incluindo temperatura, precipitação e intensidade solar, além de outros fatores, como a composição da faunística associada à carcaça e a circunstância de morte, acabam por influenciar na velocidade de decomposição (Smith, 1986; Monteiro-Filho & Penereiro, 1987). Relacionados aos processos de decomposição da carcaça, ocorrem processos ecológicos de sucessão que variam de acordo com o estágio de decomposição. Essa sucessão consiste numa seqüência de espécies em uma comunidade específica, que acompanham e correspondem às modificações, mudando a abundância das espécies presentes de acordo com as condições físico-químicos. Essas modificações podem ser abruptas ou graduais nas comunidades (Carvalho & Linhares, 2001). A região geográfica ou zona biogeoclimática na qual o cadáver é encontrado afeta o tempo de chegada das espécies de insetos, razão pela qual os dados gerados em uma região nem sempre podem ser usados para estimar o intervalo pós-morte numa região diferente. As estações do ano também têm um impacto semelhante, alterando o clima, flora e fauna de uma região e, por sua vez, a colonização faunal da carcaça (Anderson, 2001). Souza & Linhares 14 (1997) também enfatizaram a influência das variações sazonais sobre a estrutura da fauna decompositora, tanto sob o aspecto quantitativo como qualitativo. Bornemissza (1957) apontou a possibilidade de dividir o processo de decomposição em estágios, apesar de tratar-se de processo contínuo, unicamente com objetivos didáticos. Pelo fato da decomposição ser dependente de condições climáticas e sazonais, além de circunstâncias locais, o número e duração de estágios de decomposição reconhecidos por diversos autores é extremamente variável. Por exemplo, Howden (1950) nomeou apenas dois estágios, enquanto Payne (1965) reconheceu seis e Mégnin (1894), oito. O tempo requerido para decomposição total de um corpo também é variável, podendo ser de dez dias (Cornaby, 1974) até três anos (Mégnin, 1894). A sucessão faunística que ocorre durante decomposição é relacionada a mudanças que ocorrem após a morte do corpo. Na fauna cadavérica se destacam os dípteros das famílias Calliphoridae (especialmente os gêneros Lucilia, Chrysomya, Hemilucilia, Calliphora) e Sarcophagidae. Existe um complexo de espécies associadas que podem ser agrupadas em quatro categorias ecológicas segundo Smith (1986). As espécies reconhecidamente necrófagas são aquelas que se alimentam diretamente dos tecidos da carcaça; os predadores e/ou parasitóides das espécies necrófagas, como o nome indica, alimentam-se dos necrófagos e também são bons indicadores do estágio de decomposição de um cadáver. As espécies onívoras alimentam-se de mais de um tipo de matéria orgânica, incluindo ocasionalmente a carcaça, e, por último, as espécies “acidentais” visitam a carcaça em busca de refúgio, microambiente favorável, e local de pouso ou postura (Smith, 1986). Embora apenas o primeiro grupo seja tradicionalmente utilizado como evidência médico-legal, tanto a diversidade quanto a abundância da entomofauna associada podem interferir na velocidade de decomposição de um cadáver (Goff, 2000). Embora em termos forenses as ordens Diptera e Coleoptera sejam as mais importantes, as ordens Lepidoptera, Hymenoptera, Blattodea, Hemiptera, Isoptera e Dermaptera podem ser consideradas grupos de potencial interesse forense, na medida em que não são rotineiramente utilizadas em investigações sobre fauna cadavérica. Freqüentemente as espécies destas ordens encontradas associadas a cadáveres não dispõem de dados biológicos e comportamentais suficientemente estudados que lhes pudessem garantir exclusão ou inclusão definitiva como evidência forense. Entretanto, o que se observa freqüentemente na literatura disponível são apenas descrições de ocorrência de exemplares destas ordens, sem qualquer tipo de discussão do possível papel destes insetos na carcaça. 15 Os insetos mais freqüentemente utilizados nesses estudos são dípteros pertencentes às famílias Calliphoridae e Sarcophagidae (Nuorteva, 1974) e coleópteros das famílias Dermestidae, Silphilidae e Cleridae (Smith, 1986, Cruz & Vasconcelos, 2006). Os Calliphoridae são encontrados freqüentemente em cadáveres logo após a morte. As espécies desta família diferem em seus estágios de desenvolvimento, assim para a estimativa correta do IPM é necessária uma identificação exata de cada espécie. Aos califorídeos certamente foi dado maior enfoque neste estudo, seja pelo que foi explicitado acima, seja por serem considerados a maior comunidade formada pelas diferentes populações de moscas decompositoras de carcaças (Hanski, 1977). O aumento nas taxas de homicídio em diversos países ao redor mundo demanda em inovações e multidisciplinaridade nas investigações em casos de morte violenta. Campobasso & Introna (2001) defenderam uma integração dos esforços entre peritos criminais, patologistas forenses, antropólogos, entomólogos e outros profissionais, que possuem um papel crucial em cada etapa da investigação. Entre estes especialistas, os entomólogos forenses vêm contribuindo cada vez mais nas investigações de homicídios, baseada nos princípios ecológicos temporais e na colonização ecológica de insetos em cadáveres. A alta taxa de homicídios registrada em Pernambuco enfatiza a importância desse trabalho conjunto entre a policia e a universidade. Somente em 2007 foram 1.375 homicídios na cidade do Recife, ficando atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro no ranking das cidades brasileiras em números de homicídios, segundo a Rede de Informação de Tecnologia Latino Americana (RITLA, 2008), tendo taxa superior a Rio de Janeiro e São Paulo se comparada a taxa de homicídio por 100 mil habitantes, que chegou a 90,9 no ano de 2006. 16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Anderson, G. S. 2001. Insect sucession on carrion and its relationship to determining time of death. Forensic entomology: the utility of arthropods in legal investigations. J. H. C. Byrd, James L., CRC Press: 143-175. Bornemissza, G. F. 1957. An analysis of arthropod sucession in carrion and the effect of its decomposition on the soil fauna. Australian Journal Zoology, 5: 1-12 Byrd, J.H. and J. L. Castner. (eds.) 2001.Forensic Entomology: The Utility of Arthropods in Legal Investigations. CRC Press, Inc. Boca Raton, FL Campobasso, C. P., & Introna, F. Jr. 2001 The forensic entomologist in the context of the forensic pathologist’s role. Forensic Science International 120: 132-139. Carvalho, L.M.L. de, & Linhares. A. X. 2001 Seasonality of insect succession and pig carcass decomposition in a natural forest area in Southeastern Brazil. Journal of Forensic Sciences. 46: 604608. Catts, E.P. & Goff, M.L. 1992. Forensic Entomology in criminal investigations. Annual Review Entomology, 37: 253-272. Cornaby, B.W. 1974. Carrion reduction by animals in contrasting tropical habitats. Biotropica, 6: 5163. Cruz, T. M, ; Vasconcelos, S. D. 2006. Entomofauna de Solo Associada à Decomposição de Carcaça de Suíno em um Fragmento de Mata Atlântica de Pernambuco, Brasil. Biociências, v. 14, p. 193-201 Goff, M. L. 2000 A Fly for the Prosecution. Harvard University Press, Cambridge, MA. 224 p. Hanski, I. 1977. Biogeography and ecology of carrion flies in the Canary island. Annual Entomology Fenn, 42: 113-121 Howden, A. T. 1950. The succession of beetles on carrion. M.S. Thesis, North Carolina State College, Raleigh. 83 p Lane, R. P. 1975. An investigation into blowfly (Diptera: Calliphoridae) succession on corpses. Journal of Natural History. 9:581-588 Mégnin, P. 1894. La faune des cadavres. Application de l'entomologie a la médicine légale. Encyclopédie Scientifique des Aide-Mémoire. Paris. Ed. Gauthier-Villars. 214 p. Monteiro-Filho, E. L. A. & Penereiro, J. L. 1987. Estudo de decomposição e sucessão sobre uma carcaça animal numa área do estado de São Paulo, Brasil. Revista Brasileira Biologia.47(3): 289-295 17 Nuorteva, P. 1974. Age determination of blood stain in a decaying shirt by entomologiacal means. Rorensic Science, 3: 89-94 Payne, J. A. 1965. A summer carrion study of the baby pig Sus scrofa Linnaeus. Ecology, 46: 853866 Ritla 2008 - Rede de Informação Tecnológica Latino Americana. <<www.ritla.net>> acessado 30 de Janeiro 2008 Schoenly, K. and Reid, W. 1987, Dynamics of heterotrophic succession in carrion arthropod assemblages: discrete series or a continuum of change? Oecologia , 73, 192-202 Smith, K.G.V. 1986. A manual of forensic entomology. Cornell Univ. Press, Ithaca, NY, 205p. Souza, A. M. & Linhares, A. X. 1997. Diptera and Coleoptera of potential forensic importance in Southeastern Brazil: relative abundance and seasonality. Medical Veterinary. Entomology, 11: 8-12. 18 Capítulo 3 On the and initial colonization of a pig carcass by dipterans in a rainforest fragment in Brazil 19 On the initial colonization of an animal carcass by dipterans in a rainforest fragment in Brazil Cruz, T.M. 1; Thyssen, P.J. 2 & Vasconcelos, S.D. 1 1 Department of Zoology, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, Pernambuco State, 50.670-420, Brazil. Phone: 55 (81) 21268353. E-mail: [email protected], [email protected]; 2 Departament of Parasitology, Institute of Bioscience, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Botucatu, São Paulo State, 18.618-000, Brazil. Phone number 55 (14) 3811-6239.. 20 ABSTRACT. Besides its ecological importance, knowledge on the necrophagous fauna may be used as a forensic tool, to assist in establishing the conditions of death and to estimate the post-mortem interval. Inventories on necrophagous dipterans are scarce in Brazil, especially in Northeastern states. This study aimed to investigate the occurrence of dipterans that were attracted to a pig carcass in a rainforest fragment in the municipality of Recife, Pernambuco State. Adult dipterans were collected at seven timepoints for three hours after the animal’s death. A total of 34 species were captured, belonging to the families: Phoridae, Sarcophagidae, Anthomyiidae, Muscidae, Piophilidae, Calliphoridae, Fannidae, Chloropidae, Micropezidae, Drosophilidae, Ropalomeridae and Dixidae. Sarcophagidae presented the highest diversity, with 10 species belonging to the genera Oxysarcodexia, Peckia, Oxyvinia, Hystricocnema and Sarcophagula. Most of the families were also present during the period of decomposition of the carcass, during which time they engaged in oviposition and feeding. This is the first study on forensically-important insects in Northeastern Brazil, and the database that we have produced on necrophagous dipterans is the first step towards practical use of these insects in criminal investigations. Keywords: blowflies, fleshflies, rain forest, succession, PMI, forensic entomology. 21 INTRODUCTION The introduction of a cadaver into an environment creates a unique opportunity that represents a temporary and rapidly changing resource to be explored by insects for shelter, food or oviposition. Insects are among the first and most frequent macro-organisms to colonize a corpse and knowledge on the diversity and biology of necrophagous species has enabled their use as evidence in criminal investigations, mainly involving homicides (Catts & Goff, 1992). Necrophagous insects can have distinct preferences for a given stage of the decomposition process, typifying a pattern of temporal occupation of a cadaver called entomological succession. This pattern is a key feature in the estimation of the post-mortem interval (PMI) because, for certain species, information on abiotic factors combined with the time interval taken by the larvae to reach each developmental stage can provide reliable estimates of the time that has elapsed between death and the discovery of the cadaver (Byrd & Castner, 2001). This is probably the main application of forensic entomology, an applied science that has grown rapidly in the last several years in a number of countries. In forensic studies, the process of corporal decomposition is commonly divided into stages, to better understand the physical, chemical and biological phenomena involved. However, the number of stages varies according to the region, modulated by the season, climate and other local environmental parameters. Most classifications have been devised in temperate countries with cool climates, whereas in tropical countries, like Brazil, the high temperatures and periods of intense rainfall result in very rapid decomposition of the cadaver. Therefore, in order to validate entomological evidence related to estimation of the PMI, shorter time scales for field surveys of necrophagous entomofauna need to be employed. 22 Recife, the capital of Pernambuco State, in Northeastern Brazil, has one of the highest rates of homicide per inhabitants in South America. In 2007, 4,585 homicides took place in Pernambuco State, which makes up a rate of 58.5/100.000 inhabitants (PERNAMBUCO, 2008). This situation calls for applied biological studies that may help criminal experts, which is the case of forensic entomology. The use of forensic entomology in Northeastern Brazil is limited by the absence of data on necrophagous species in the region. Additionally, because local body decomposition occurs very rapidly, it is crucial to understand the dynamics of cadaver detection, location and occupation by insects in the period immediately following death. Although information regarding the diversity of necrophagous insects in several ecosystems is abundant (Gomes & Von Zuben, 2006), field studies on entomofauna associated with recently deceased bodies are scarce. Most references to the early arrival of necrophagous dipterans at a cadaver or carcass are purely anecdotal and lack empirical support. As part of a study intended at characterizing the diversity of forensically important dipterans in the region, this study aimed at surveying the species associated with early corpse colonization in a rainforest fragment in Recife, Pernambuco State. Specifically, we addressed the following questions: (i) Are calliphorids and sarcophagids the first groups of insects to locate a corpse? and (ii) Do all species that visit the corpse use it as resource for oviposition or feeding during the period of decomposition? METHODS Description of the area Field studies were carried out in the Dois Irmãos State Park, a preserved rainforest fragment, located in one of Brazil’s largest cities, Recife (8º7’30”S; 34º52’30”W, estimated 23 population 3.7 million inhabitants), on the Northeastern coast of Brazil (BRAZIL, 2008). The park has a total area of 388 ha, with mostly flat topography and an altitude ranging from 30 to 80 m (Coutinho et al. 1998). The local climate is hot and humid, with mean rainfall ca. 2,500mm/year, average annual temperature 25.6 oC and two well defined seasons: dry (October-February) and rainy (March-September). Vegetation is classified as dense ombrophylous forest (Veloso et al., 1991). Shrub vegetation is relatively scarce; herbaceous vegetation is present in semi-open areas with higher light penetration; trees are typically tall and occur at different stages of development, to form distinct mosaic patterns (Guedes, 1998). The most abundant families are: Fabaceae, Lauraceae, Moracea, Sapotaceae and Euphorbiaceae (Guedes, 1998). The area was chosen because it is a common repository for the clandestine dumping of cadavers in the Recife metropolitan zone. Experimental procedure We used a pig (Sus scrofa L., ca. 15 kg), which is the model for experiments on ecological succession on cadavers because its rate of decomposition is similar to that of human bodies. The animal was killed with a gunshot to the occipital region as quickly and painless as possible, according to the recommendations of the Ethics Committee of the Federal University of Pernambuco. The carcass was placed in a metal cage (60 cm x 40 cm x 40 cm) to prevent disturbance by large scavengers. Around the cage a metal frame (2 m high x 1 m long x 1 m wide) covered with a fine mesh fabric was placed in order to trap insects that visited the carcass. A 30 cm gap between the bottom of the net and the soil was left, through which insects could gain access to the carcass. The field experiment took place in July 2007, in the rainy season, from 13:00 to 16:00 hrs, as preliminary studies indicated that at this time of day 24 dipterans were active and abundant at the study site. The meteorological conditions during the experiment were bright cloudless skies, a temperature of 25.2oC, and relative humidity of 84%. As only early visitors were targeted in this study, the carcass was observed for three hours immediately after death. At intervals of 30 min, a 5-min collection of adult insects was performed using an entomological net (20 cm diameter). In total, samples were taken at seven timepoints: 0 (immediately following death), 30, 60, 90, 120, 150 and 180 min postmortem. In order to determine whether the species found immediately after death would colonize the carcass at later stages of decomposition, we collected dipteran adults present on the carcass at 24, 48 and 72 h post mortem, using entomological nets. Insects were killed using ethyl acetate and transferred to the laboratory, were they were immediately mounted and identified using taxonomic keys (Lopes, 1946; Mc Alpine et al., 1981a,b; Dear, 1985; Carvalho et al., 2002; Mello, 2003). RESULTS A total of 153 adults from the Order Diptera were collected, distributed among 12 families: Phoridae, Sarcophagidae, Piophilidae, Calliphoridae, Fanniidae, Chloropidae, Muscidae, Drosophilidae, Anthomyiidae, Micropezidae, Ropalomeridae and Dixidae. The families Phoridae (24.4% of all specimens collected), Sarcophagidae (18.8%), Piophilidae (10.7%) and Calliphoridae (10.7%) were the most abundant in the first few hours postmortem, together comprising almost two thirds of the dipterans collected, whereas adults of other families were captured in significantly lower abundance (Fig. 1). Sarcophagidae was the most diverse family, with ten species identified, most of which belonging to the genus Oxysarcodexia (Table 1). Other families were represented by fewer 25 species: Piophilidae (4 species), Anthomyiidae, Fanniidae and Muscidae by three species each, Calliphoridae, Phoridae and Chloropidae by two species each, and Micropezidae, Drosophilidae, Ropalomeridae and Dixidae by only one species each. From the 21 species identified, 17 (81,0%) have been described as being associated with the decomposition of animal or human bodies: Oxysarcodexia modesta Lopes, 1946; O. fluminensis Lopes, 1946; O. intona Curran & Walley, 1934; O. riograndensis Lopes, 1946; O. avuncula Lopes, 1933; Peckia (Squamatodes) ingens Walker, 1849; Oxyvinia excisa Lopes, 1950; Hystricocnema plinthopyga (= Blaesoxipla plinthopyga) Wiedemann, 1830; Hemilucilia segmentaria Fabricius, 1805; H. semidiaphana Rondani, 1850; Parapyrellia maculipennis Macquart, 1843; Morellia humeralis Stein, 1898; Craspedochaeta punctipennis Wiedemann, 1830; Hylemyioide plurinervis Albuquerque, 1958; H. aurifacies Albuquerque, 1952; Dasyphlebomyia stylata Becker, 1914 and Megaselia scalaris (Loew, 1866) (Carvalho et al., 2000; Oliveira-Costa, 2007). The phorid Megaselia scalaris was the most abundant species under the conditions tested and was present throughout the three-hour post-mortem period of sampling. Despite being considerably less abundant, the sarcophagid species O. modesta and Oxyvinia excisa and the calliphorid H. semidiaphana occurred at different time intervals post-death (Table 1). Of the 12 families identified, 75% were collected during the first minutes after death, which refutes the hypothesis that Sarcophagidae and Calliphoridae are are the only families that visit corpses immediately post-mortem. From that moment on, a different temporal pattern of carcass occupation was observed. Phoridae, Sarcophagidae, Piophilidae, Calliphoridae and Muscidae, besides being attracted in the early post-mortem period, continued to exploit the carcass as source of food and oviposition sites for several days after the animal’s death (Table 2). Meanwhile, families like Chloropidae and Drosophilidae were initially registered on the carcass but were not found at later stages of decomposition. 26 From the nine most abundant families present during the early stages post-mortem, six are recognized as mainly necrophagous, whereas necrophagous species are considered rare in the other three dipteran families (Oliveira-Costa, 2007). DISCUSSION Along with the decomposition process, the arrival sequence of arthropods at a corpse is one of the main factors used to estimate the post-mortem interval. However, a series of factors can impede forensic studies in tropical countries. Firstly, decomposition-related processes occur at a much faster rate, increasing the difficulty in establishing definite chronological stages and, consequently, the insect community associated with them. For example, in temperate countries in the northern hemisphere the fresh stage of decomposition can last a few days (Bornemissza, 1957), while in Brazil, it can have half that duration (Carvalho et al., 2004). Recent studies in Brazil have revealed that the high richness of species can hamper the task of identifying and rearing forensically important species (Carvalho & Linhares, 2001). Furthermore, the overlap of insect generations in tropical regions, the multiplicity of habitats and the complexity of multi-trophic interactions on corpses, that involve not only necrophagous species, but also predators, parasitoids, omnivores and accidental species, require that the techniques used elsewhere be adapted to the particular conditions of tropical countries. Consequently, in a case that involves a recent fatality, information about insect species attracted to a body in the period immediately following death are crucial since, this limited occupation may provide a more accurate estimate of the PMI. The detection and location of a corpse by a necrophagous insect involves a series of factors related to the species in particular, such as olfactory sensitivity and flight capacity 27 (Greenberg, 1991), environmental characteristics, such as biotic and abiotic factors (temperature and sunlight among them), and the nature of the corpse itself (Byrd & Castner, 2001). In this study, six forensically important families were recorded: Calliphoridae, Sarcophagidae, Phoridae, Piophilidae, Anthomyiidae and Fanniidae. The greater part of those families has been previously related to decomposing bodies, in other regions of Brazil (Oliveira-Costa, 2007). Empirical evidence has demonstrated that species of Sarcophagidae and Calliphoridae are able to reach cadavers within a few minutes of death (Greenberg, 1991), and these families are generally considered to represent the first colonizers of a corpse. When conducting field surveys on necrophagous species, it must be considered that the first hours are of critical importance for the establishment of dipteran populations – and that some species will continue to explore the cadaver throughout its entire decomposition. In this study, the early presence of the caliphorids and sarcophagids was confirmed, but groups such as Phoridae, Muscidae and Piophilidae were observed to arrive as fast as the others, within the first thirty minutes of the death. Specifically, at our study site, we observed that the bodies decompose much more rapidly than in southern Brazil - where most of the Brazilian forensic entomology studies have been performed. Nonetheless, species of Phoridae, Sarcophagidae, Calliphoridae and Muscidae, besides being initial colonizers, were also observed during the later stages of decomposition at least four days post-mortem. In fact, sarcophagids have an important ecological role in the decomposition of organic matter. Six species of Oxysarcodexia were registered, in higher abundances than the other flesh fly species. This genus is characteristic of the Neotropical region and the greatest number of species is found in Brazil, where these flies develop preferentially in faeces (Lopes, 1946). Salviano (1996) reported rearing Oxysarcodexia larvae in pig faeces, though no specimens were found in the decomposing tissues of the animal. The most abundant 28 species registered here, Oxyvinia excisa, deserves further study before it is used as an indicator species in forensic investigations, due to its association with undisturbed environments and its mainly coprophagous habits (D'Almeida & Lopes, 1983). Calliphorids are reported as early colonizers of carcasses in field studies performed in Brazil (Carvalho & Linhares, 2001), Argentina (Centeno et al., 2002) and Britain (Cragg, 1955). The calliphorids found in this survey belong to the genus Hemilucilia, which comprises six species, four of which are found in Brazil (Thyssen et al., 2005). In this study, H. segmentaria and H. semidiaphana were collected, which are asynantropic species distributed in several countries in Central and South America. Although these species can thrive in forests, adults are rare in urban areas (Thyssen et al., 2005). Surveys performed using pig carcasses in forested areas in Southern Brazil demonstrated that these species are among the most abundant calliphorids (Carvalho et al., 2000; Carvalho & Linhares, 2001), and that their intimate association with human cadavers may encorage forensic entomologists to consider them as candidates for use in medico-legal investigations. The most abundant species registered here, Megaselia scalaris is a small (5 mm) phorid distributed across several continents that can exploit a wide variety of substrates (Disney, 1994). Larvae of this species are frequently found in exposed human cadavers and even those firmly sealed in caskets (Greenberg & Wells, 1998). A cosmopolitan, primarily detritivorous species, M. scalaris can also act as a facultative predator of immature stages of other insects (Disney, 1994). Besides their medical importance in causing facultative myiasis in humans, they can be used in forensic investigations for determining if a death might have been caused by neglect (Singh & Rana 1989). The dipteran families registered here appear to be useful indicators of the presence of cadavers, but caution must be taken when considering their use in criminal investigations. Because of the overlap in the temporal occupation of some species, only detailed bionomical 29 studies, especially those that determine the duration of each developmental stage, can lend support to their use as reliable indicators of PMI. In Pernambuco, this study represents a first step towards the integration of entomologists and criminal experts and it is hoped that, in the near future, this type of entomological information can be verified and correctly interpreted by criminal investigators to assist in the solving of homicides in the region. ACKNOWLEDGMENTS We thank the administration of the Dois Irmãos State Park for permission to perform the field experiments, to Frederico Maranhão and Sandra Santos (Institute of Criminal Sciences, Government of Pernambuco State) for logistical support and to Trevor Williams (INECOL, Xalapa, Mexico) for critical reading of the manuscript. The first author has a scholarship from the Brazilian Government/Ministry of Education (CAPES). REFERENCES Bornemissza, G.F. (1957). Analysis of arthropods succession in carrion and the effect of its decomposition on the soil fauna. Australian Journal of Zoology, 5: 1-12 BRAZIL (2008) Official site of the Government of Brazil. Available at <<www.brazil.gov.br>> Accessed in Jan 08. Byrd, J.H. & Castner, J.L. (2001). Insects of forensic importance. In: Byrd, J.H.; Castner, J.L. (eds). Forensic Entomology: The Utility of Arthropods in Legal Investigations. Florida: CRC Press. pp 43-79. Carvalho, L.M.L., P.J. Thyssen, A.X. Linhares, and F.A.B. Palhares. (2000). A checklist of arthropods associated with pig carrion and human corpses in southeastern Brazil. Memorias do Instituto Oswaldo Cruz, 95: 135-138. Carvalho, L.M.L. & Linhares, A.X. (2001). Seasonality of insect succession and pig carcass decomposition in a natural Forest area in Southeastern Brazil. Journal of Forensic Science, 46 (3): 604-608. 30 Carvalho, C.J.B.; Moura, M.O. & Ribeiro, P.B. (2002). Chave para adultos de dípteros (Muscidae, Fanniidae, Anthomyiidae) associados ao ambiente humano no Brasil. Revista Brasileira de Entomologia, 46 (2): 107-114. Carvalho, L.M.L.; Thyssen, P.J.; Goof, M.L. & Linhares, A.X. (2004). Observations on the succession patterns of necrophagous insects on a pig carcass in a urban area of Southeastern Brazil. Anil Aggarwal's Internet Journal of Forensic Medicine and Toxicology, 5 (1): 33-39. Catts, E.P. & Goff, M.L. (1992). Forensic entomology in criminal investigations. Annual Review of Entomology, 37: 253-272. Centeno, N.; Maldonado, M. & Oliva, A. (2002). Seasonal patterns of arthropods occurring on sheltered and unsheltered pig carcasses in Buenos Aires Province (Argentina). Forensic Science International, 126: 63-70. Coutinho, R.Q.; Lima-Filho, M.F.; Souza-Neto, J.S. & Silva, E.P. (1998). Características climáticas, geológicas, geomorfológicas e geotécnicas da Reserva Ecológica de Dois Irmãos. In: Machado, I.C.; Lopes, A.V. & Porto, K.C. (eds.). Reserva Ecológica de Dois Irmãos: Estudos em um remanescente de Mata Atlântica em uma área urbana (Recife, Pernambuco, Brasil). Recife: Sectma Ed. Universitária – UFPE. pp. 21-49. Cragg, J.B. (1955). The natural history of sheep blowflies in Britain. Annals of Applied Biology, 42: 197-207. Cruz, T.M. & Vasconcelos, S.D. (2006). Entomofauna de solo associada à decomposição de carcaça de suíno em fragmento de mata Atlântica de Pernambuco, Brasil. Biociências, 14 (2): 193-201. D’Almeida, J.M. & Lopes, H.S. (1983). Sinantropia de dípteros caliptratos (Calliphoridae) no Estado do Rio de Janeiro. Arquivos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 6: 3118. Dear, J.P. (1985). A revision of the New World Chrysomyini (Diptera: Calliphoridae). Revista Brasileira de Zoologia, 3: 109-169. Disney, R.H.L. (1994). Scuttle flies: the Phoridae. London: Chapman & Hall. 467p. Gomes, L.; Zuben, C.J.V. (2006). Forensic entomology and main challenges in Brazil. Neotropical Entomology, 35 (1): 1-11. 31 Greenberg, B. (1991). Flies as forensic indicators. Journal of Medical Entomology 28 (5): 565-77. Greenberg B, Wells JD 1998. Forensic use of Megaselia abdita and M. scalaris (Phoridae: Diptera): case studies, development rates, and egg structure. Journal Medicine Entomology 35: 205-209. Guedes, M.L.S. (1998). A vegetação fanerogâmica da Reserva Ecológica de Dois Irmãos. In: Machado, I.C.; Lopes, A.V. & Porto, K.C. (eds.). Reserva Ecológica de Dois Irmãos: Estudos em um remanescente de Mata Atlântica em uma área urbana (Recife, Pernambuco, Brasil). Recife: Sectma Ed. Universitária – UFPE. pp. 157-172. Lopes, H.S. (1946). Contribuição ao conhecimento do gênero Oxysarcodexia Towsend, 1917 (Diptera, Sarcophagidae). Boletim da Escola Nacional de Veterinária, 1: 62-134. Mc Alpine, J.F.; Peterson, B.V.; Shewell, G.E.; Teskey, H.J.; Vockeroth, J.R. & Wood, D.M. (1981a). Manual of Neartic Diptera. Vol. 1. Ottawa: Research Branch Agriculture Canada. 674p. Mc Alpine, J.F.; Peterson, B.V.; Shewell, G.E.; Teskey, H.J.; Vockeroth, J.R. & Wood, D.M. (1981b). Manual of Neartic Diptera. Vol. 2. Ottawa: Research Branch Agriculture Canada. pp. 675-1332. Mello, R.P. (2003). Chave para a identificação das formas adultas das espécies da família Calliphoridae (Diptera, Brachycera, Cyclorrhapha) encontradas no Brasil. Entomologia y Vectores, 10 (2): 255-268. Meunier, I. (1998). Conservação da Reserva Ecológica de Dois Irmãos – Potencial e carências para a condução de um plano de manejo de área silvestre In: Machado, I.C.; Lopes, A.V. & Porto, K.C. (eds.). Reserva Ecológica de Dois Irmãos: Estudos em um remanescente de Mata Atlântica em uma área urbana (Recife, Pernambuco, Brasil). Recife: Sectma Ed. Universitária – UFPE. pp. 291-307. Oliveira-Costa, J. (2007). Entomologia Forense - Quando os insetos são Vestígios. 2ª ed. Campinas: Millennium. 448p. Payne, J.A. (1965). A summer carrion study of the baby pig Sus scrofa Linnaeus. Ecology, 46 (5): 592-602. PERNAMBUCO (2008) Official site of the Government of Pernambuco State. Available at <<www.pe.gov.br>> Accessed in Jan 08. 32 Salvino, R. J. B. ; Beck, L. C. N. H. ; Mello, R. P. ; D'almeida, J. M. . Aspectos bionômicos de Squamatoides trivitattus (Diptera, Sarcophagidae) em laboratório.. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v. 91, n. 2, p. 249-253, 1996. Singh, T.S. & Rana, D. (1989). Urogenital myiasis caused by Megaselia scalaris (Diptera: Phoridae): a case report. Journal of Medical Entomology, 26: 228-229. Thyssen, P.J.; Lessinger, A.C.; Azeredo-Espin, A.M.L. & Linhares, A.X. (2005). The value of PCR-RFLP molecular markers for the differentiation of immature stages of two necrophagous flies (Diptera: Calliphoridae) of Potential Forensic Importance. Neotropical Entomology, 34 (5): 777-783. Veloso, P.H.; Rangel-Filho, A.L.R. & Lima, J.C.A. (1991). Classificação da Vegetação Brasileira, adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: IBGE – Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais. 124p. 33 24.4 25 18.8 20 15 12.4 10.7 10 8.7 6.6 6 4.5 5 4.3 er s O th id ae D ix ae ci d M us Ch lo r op i da e ae Fa nn iid id ae ph or ae Ca lli ili d op h Pi ag i op h Sa rc Ph or id ae da e 0 Figure 1. Percentage of dipteran specimens collected by family at a pig carcass during the first hours after death, in a rainforest fragment in Northeastern Brazil. 34 Table 1. Abundance of dipteran species collected at a pig carcass in a rainforest fragment in Pernambuco, Northeastern Brazil, at different times after death. Time post-mortem (minutes) Family Species 0 Sarcophagidae Piophilidae Anthomyiidae Muscidae Fanniidae Calliphoridae Phoridae Chloropidae Micropezidae Drosophilidae Ropalomeridae Dixidae Oxysarcodexia modesta Oxysarcodexia fluminensis Oxysarcodexia riograndensis Oxysarcodexia intona Oxysarcodexia avuncula Oxysarcodexia sp. Peckia (Squamatodes) ingens Oxyvinia excisa Hystricocnema plinthopyga Sarcophagula sp. Unidentified sp.1 Dasyphlebomyia stylata Piophila bipunctata Piophila casei Unidentified sp. Craspedochaeta punctipennis Hylemyioide plurinervis Hylemyioide aurifacies Parapyrellia maculipennis Morellia humeralis Unidentified sp. Fannia sp.1 Fannia sp.2 Fannia sp.3 Hemilucilia segmentaria Hemilucilia semidiaphana Megaselia scalaris Unidentified sp. Lasiosina vittata Unidentified sp. Taeniaptera lasciva Drosophila melanogaster Unidentified sp. Unidentified sp 1 1 1 1 1 1 1 2 1 6 30 60 90 120 150 180 1 2 1 1 1 2 1 2 2 1 1 1 1 1 2 1 1 2 1 6 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 2 2 3 1 1 1 2 2 2 5 8 9 2 1 1 2 1 3 1 5 4 1 1 1 3 3 3 1 1 3 1 1 5 1 1 6 1 2 2 35 Table 2. Pattern of temporal occupation and frequency of necrophagous habits in dipteran families throughout each stage of decomposition of a pig carcass in Northeastern Brazil. Frequency of Dipteran Post-Mortem Interval 3h 24h 48h 72h Necrophagy Family Recently Fresh Bloated Fermentative killed Phoridae high Sarcophagidae high Piophilidae high Calliphoridae high/moderate Muscidae high Fanniidae high Anthomyidae rare Chloropidae rare Drosophilidae rare Others 36 Capítulo 4 Diversity and ecological succession of dipterans on a pig carcass in rainforest fragment in Northeastern Brazil Diversidade e sucessão ecológica de dipteros em carcaça de porco em um fragmento de mata atlântica do nordeste brasileiro 37 Diversity and ecological succession of dipterans on a pig carcass in a rainforest fragment in Northeastern Brazil Diversidade e sucessão ecológica de dípteros em carcaça de porco em um fragmento de mata atlântica do nordeste brasileiro TADEU M. CRUZ 1; PATRICIA J. THYSSEN 2 & SIMÃO D. VASCONCELOS 1 1 Departamento de Zoologia, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), 50670-420,Recife, PE, Brazil. E-mail: [email protected], [email protected] 2 Departamento de Parasitologia, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista (UNESP), 18618-000, Botucatu, SP, Brazil. 38 ABSTRACT The comprehension of aspects on diversity and ecological succession of insects involved in corpse decomposition is of particular importance in estimating the postmortem interval (PMI) in forensic science, nevertheless studies on carcasses decomposition in open environments is frequently neglected in some regions, though they provide considerable information. This study has to investigated the richness and diversity of insects associated to the decomposition of pigs carcasses´s, Sus scrofa L., which were exposed in a rainforest fragment in Northeastern Brazil for two seasons to indicate the forensically important species, to examine whether the insect community presents a seasonal behaviour and the pattern of insect colonization throughout the decomposition stages. The visiting and colonizing invertebrates were collected daily and identified. It were collected 10,039 dipterans belonging to 18 families: Sarcophagidae, Calliphoridae, Mesembrineliidae, Muscidae, Anthomyiidae, Fanniidae, Piophilidae, Phoridae, Stratiomyidae, Neriidae, Micropezidae, Tabanidae, Asilidae, Ropalomeridae, Drosophilidae, Chloropidae, Milichidae and Dixidae. Megaselia scalaris, Ophyra chalcogaster, Pantonella intermutans e Hemilucilia segmentaria deserve special attention because both adult and immature forms were found in all the trials. This preliminary study on diversity and ecological succession of dipterans associated pig carcass could contribute for estimating the PMI in our region. Key words: decomposition, sarcosaprophagous fauna, Diptera, PMI, forensic entomology. 39 RESUMO A compreensão dos aspectos da diversidade e sucessão ecológica dos insetos envolvidos na decomposição cadavérica é importante, particularmente, na estimava do intervalo pós-morte (IPM) nas ciências forenses, apesar de estudos de decomposição em carcaças em ambientes abertos serem freqüentemente negligenciados em algumas regiões, mesmo fornecendo informações relevantes. Este estudo objetivou obter a riqueza e a diversidade dos insetos associados em carcaças suínas, Sus scrofa L, expostas em um fragmento de mata atlântica no nordeste brasileiro em duas estações, indicando as espécies importantes forensicamente, examinando comportamento da comunidade de inseto e testando o padrão de colonização da entomofauna durante todo os estágios de decomposição. Os invertebrados visitantes e colonizadores foram coletados diariamente e identificados. Foram coletados 10.039 dipteras que pertencem a 18 famílias (Sarcophagidae, Calliphoridae, Mesembrineliidae, Muscidae, Anthomyiidae, Fanniidae, Piophilidae, Phoridae, Stratiomyidae, Neriidae, Micropezidae, Tabanidae, Asilidae, Ropalomeridae, Drosophilidae, Chloropidae, Milichidae, Dixidae). As espécies Megaselia scalaris, Ophyra chalcogaster, Patonella intermutans e Hemilucilia segmentaria merecem atenção especial porque o adulto e formas imaturas foram encontrados em todas as experimentações. Este estudo preliminar da diversidade e da sucessão ecológica dos dípteros em uma carcaça de porco contribui para estimar o IPM em nossa região. Palavras chaves: decomposição, entomologia forense. sarcosaprofago, IPM, entomologia forense 40 INTRODUÇÃO As taxas de homicídio em diversos países ao redor mundo demandam inovações e multidisciplinaridade nas investigações de casos de morte violenta. Campobasso & Introna (2001) defenderam uma integração dos esforços entre peritos criminais, patologistas forenses, antropólogos, entomólogos e profissionais não-médicos, que possuem um papel crucial em cada etapa da investigação. Entre estes especialistas, os entomólogos forenses vêm contribuindo cada vez mais nas investigações de homicídios, baseados nos princípios ecológicos temporais e na colonização ecológica de insetos em cadáveres. Na natureza, pode-se verificar com freqüência a substituição temporal de alguns organismos por outros, chegando a um estágio de equilíbrio (Monteiro-Filho & Penereiro, 1987). Este fenômeno foi observado por botânicos e ecologistas, que acompanham na vegetação estes processos por longos períodos de tempo, principalmente em locais previamente desmatados, onde vem ocorrendo à formação de mata secundária (Horn, 1974; Kellman, 1980). Em países tropicais, o processo de decomposição geralmente é dividido em quatro estágios: fresco, inchado, coliquativo e seco (Jíron & Cartín, 1981). De acordo com o modo como a decomposição progride, mudanças radicais na comunidade de insetos podem ocorrer, muitas espécies são atraídas a estágios específicos e este fenômeno é conhecido como sucessão entomológica (Catts & Goff, 1992). Entre os insetos necrófagos, os dípteros das famílias Calliphoridae e Sarcophagidae são mais freqüentemente usados como evidências legais por serem os primeiros a chegar após a morte e por terem íntima associação a cadáveres humanos (Nuorteva, 1974). Muitos fatores bióticos e abióticos influenciam o crescimento, atividade e sucessão dos insetos. A determinação desses fatores e seus efeitos tem sido a área de pesquisa mais 41 ativa na entomologia forense (Wells & Lamotte, 2001). Para que as informações possam ser usada de maneira eficaz, é necessário primeiramente realizar estudos de campo para inventariar a biodiversidade dos insetos forensicamente importantes, e criar um banco de dados da diversidade e bionomia dessas espécies sob circunstâncias ambientais. A região geográfica ou zona biogeoclimática na qual o cadáver é encontrado afeta o tempo de chegada das espécies de insetos, razão pela qual os dados gerados em uma região não devem ser usados para estimar o intervalo pós-morte numa região diferente. As estações do ano também têm impacto marcante, alterando o clima, flora e fauna de uma região e, por sua vez, a colonização da fauna na carcaça (Anderson, 2001). Souza & Linhares (1997) também enfatizaram a influência das variações sazonais sobre a estrutura da fauna decompositora, tanto sob o aspecto quantitativo quanto qualitativo. Estudos de campo fornecem dados que podem servir como base em investigações, pois se conhece desde os primeiros organismos exploradores da carcaça aos remanescentes que finalizam o processo de decomposição. O reconhecimento das espécies presentes durante vários estágios de decomposição, o conhecimento da duração de cada estágio de desenvolvimento, combinado com a influência da temperatura e de outros fatores ambientais, podem contribuir para estimativa do tempo de morte ou o intervalo pós-morte, em casos de mortes violentas. Muitas observações foram realizadas em regiões de clima temperado (Reed, 1958; Payne, 1965; Johnson, 1975) e poucas de tropical ( Jirón & Cartin, 1981; Carvalho & Linhares, 2001). O presente trabalho investiga a fauna de dipteras adultos associada à decomposição de uma carcaça animal exposta em um fragmento de Mata Atlântica em ambiente urbano no Brasil. A ênfase foi dada na abundância dos adultos; ocorrência de determinadas espécies em processos de decomposição; relacionamento entre as espécies na carcaça; reconhecimento de diferenças na fauna em duas condições abióticas diferentes num mesmo ambiente e processos 42 decompositores; além da identificação de espécies de possível potencial forense. Buscou-se investigar a hipótese de que existe uma grande diversidade de insetos associados a carcaças e que participam do processo de decomposição, no qual existe um padrão previsível de exploração da carcaça, caracterizando uma sucessão ecológica de acordo com cada estágio de decomposição. Sendo essa composição da fauna necrófaga variando de acordo com os fatores abióticos, especialmente temperatura, umidade relativa e precipitação pluviométrica. MATERIAIS E MÉTODOS Descrição da área estudada – O estudo foi realizado no Parque Estadual Dois Irmãos, um remanescente de Floresta Atlântica com 388ha localizado próximo a áreas urbanas no Município de Recife, Pernambuco, Nordeste do Brasil (8º7’30” S e 34º52’30” W). Esta unidade de conservação possui relevo levemente ondulado e altitude de 30 a 80m, com predominância de dois tipos de solos: Podzol Hidromórfico Álico e Podzólico Vermelho Amarelo Álico (Coutinho et al,. 1998). O clima está classificado como quente e úmido, apresentando estação úmida entre março e setembro e estação seca no período de outubro a fevereiro; a precipitação média é cerca de 2.460mm/ano, com temperatura média anual de 25,6º C (Coutinho et al., 1998). A vegetação é classificada como floresta ombrófila densa, sendo uma das formações que compõem a floresta atlântica brasileira (Veloso et al., 1991). O estrato arbustivo é escasso e o herbáceo está presente em áreas semi-abertas com maior penetração de luz (Guedes, 1998). A mata apresenta o estrato superior com porte alto e diferentes estágios de maturidade e sucessão, formando um mosaico. As famílias vegetais mais freqüentes em 43 número de espécies são: Fabaceae, Lauraceae, Moraceae, Sapotaceae e Euphorbiaceae (Guedes, 1998). Procedimento do experimento – A fim de testar efeitos de diferentes condições abióticas na comunidade de dípteros, o estudo foi realizado em duas estações: seca, no período de janeiro e fevereiro de 2007 e úmida, nos meses de julho e agosto de 2007. Foram utilizados dois porcos domésticos (Sus scrofa Linnaeus, 1758) pesando aproximadamente 15kg cada. Este animal é utilizado como modelo nas investigações de sucessão cadavérica devido a semelhanças na constituição dérmica e decomposição quando comparadas a humanos. Os porcos foram mortos por disparos de arma de fogo na região occipital. O experimento foi autorizado e acompanhado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Pernambuco. A carcaça foi colocada em gaiola de metal (60cm x 40cm x 40cm), que permitia a entrada de insetos, mas impedia o acesso de predadores de grande porte. Sob a gaiola foi colocada uma bandeja contendo serragem, para coletar larvas, que se dispersavam quando se encontravam prestes a empupar. Sobre as gaiolas foi montada uma armadilha em forma de cone (funil invertido) feita com armação de PVC (2,0m de altura 1,0m x 1,0m) recobertas com organza, resguardando uma abertura inferior a 30cm do solo para permitir a entrada de insetos adultos. A duração do experimento foi determinada pelo tempo de decomposição, sendo feitas coletas diárias durante os primeiros dias, e em dias alternados após este período. As coletas foram realizadas sempre entre 13h e 14h, devido à maior atividade de dípteros nesse horário, observada em teste piloto. Os insetos adultos aprisionados nas armadilhas foram coletados com a ajuda de um puçá, durante 20 minutos, mortos em frascos mortíferos com acetato de etila e levados ao laboratório. Os imaturos coletados na bandeja foram acondicionados em 44 potes plásticos contendo carne bovina moída e mantidas em laboratório em temperatura ambiente até a emergência dos adultos. A identificação dos adultos foi realizada com o auxílio de chaves taxonômicas (Lopes, 1946; Mc Alpine et al., 1981; Mc Alpine et al. 1987; Dear, 1985; Carvalho et al., 2002). Diariamente foram observados os estágios de decomposição, características gerais das presenças de insetos e outros animais, assim como observações de fatores abióticos como temperatura do ar e do solo, umidade relativa, pluviosidade e luz solar. Durante todo o experimento, as normas de biossegurança e bioética foram respeitadas. Análise de dados – Para analisar se existe e por quantos estágios de decomposição há a preferência de insetos, foi usado o índice de especialização de nicho de Levins (b). A fim de comparar a similaridade das fases de decomposição e das estações chuvosa e seca foram utilizados o índice de similaridade de Bray-Curtis. Com o objetivo de avaliar a diversidade total encontrada no local de estudo e em cada estação, foram calculados os índices faunísticos (IF) das principais famílias coletadas. Para verificar a diversidade das espécies coletadas, foram utilizandos os índices de Simpson-Yule (λ) e Shannon-Weaver (função H), foi utilizado o programa Ecological Methodology (Kenny & Krebs, 2000) versão 5.2 com o nível de significância de 0,05. RESULTADOS Decomposição da carcaça e diferenças abióticas – A temperatura pouco variou durante as estações (28,1ºC a 30,9ºC no período seco e 22,9ºC a 26,9ºC no chuvoso) (Tabela 1). A umidade relativa sempre esteve acima de 60% variando entre 61% a 73% no período seco e 45 de 71% a 93% no chuvoso. A chuva acumulada durante o período seco foi de 25mm, quase dez vezes inferior à observada no período chuvoso (230mm). Houve diferença na velocidade de decomposição de acordo com a estação. No período seco, o estágio fresco durou as primeiras 24 horas, enquanto no chuvoso durou um dia a mais (Tabela 1). A fase coliquativa e seca foram atingidas nos 3o e 4o dia respectivamente, na estação seca, enquanto na chuvosa essas fases aconteceram a partir do 5o e do 6o dia, respectivamente. Após 25 dias (estação seca) e 30 dias (chuvosa), não havia mais tecidos na carcaça, além dos ossos em decomposição. Padrões gerais de riqueza, diversidade e abundância – Um total de 10.039 insetos adultos pertencentes a 18 famílias de Diptera foi coletado durante o experimento (Tabela 2). Insetos de outras ordens também foram coletados, mas em pequenas proporções (< 1.7%) e por isso foram excluídos das análises. As famílias com maior riqueza de espécies foram Sarcophagidae, Calliphoridae e Muscidae. Devido à dificuldade na identificação, os sarcofagídeos foram listados em nível de família. Quando possível sua identificação em nível específico, registraram-se as seguintes espécies: Oxysarcodexia modesta Lopes, 1946; Oxysarcodexia fluminensis Lopes, 1946; Oxysarcodexia riograndensis Lopes, 1946; Oxysarcodexia intona Curran & Walley, 1934; Oxysarcodexia avuncula Lopes, 1933; Oxysarcodexia sp.; Peckia (Squamatodes) ingens Walker, 1849; Oxyvinia excisa Lopes, 1950; Hystricocnema plinthopyga = Blaesoxipla plinthopyga Wiedemann, 1830 e Sarcophagula sp. Essas três famílias também se destacaram quanto à abundância, compreendendo cerca de 80% do total de espécimes coletados (Fig. 1): Calliphoridae, com 3.106 indivíduos (30,2% dos espécimes), Muscidae com 3.956 (40,8%) e Sarcophagidae com 1.707 adultos (18%). A espécie Ophyra chalcogaster (Muscidae) foi a mais abundante durante o estudo, com 3.569 46 adultos coletados na sua grande maioria na estação chuvosa, seguida por Chrysomya albiceps (Calliphoridae) com 1.803 e Hemilucilia semidiaphana (Calliphoridae) com 655 espécimes. Hábitos alimentares e sucessão ecológica – Uma grande riqueza de dípteros explorou o recurso em todos os estágios de decomposição (Tabela 2). O estágio seco atraiu maior número de espécies (34), seguido do fresco (32), inchado (30) e coliquativo (23). Em relação à abundância, uma maior quantidade de adultos foi coletada no estágio inchado (5.804 espécimes) seguido do coliquativo (2.013), seco (1.017) e por último o fresco (611 insetos). A análise de similaridade entre os estágios de decomposição através do índice de Bray-Curtis revelou uma baixa similaridades entre as estações chuvosas e seca (Tabela 4), e entre as fases de decomposição independente da estação constando que apenas se a semelham apenas os primeiros dias da estação chuvosa. Os índices de diversidades foram maiores no estágio seco (índice de Simpson-Yule λ = 0,907; índice de Shannon-Weiner H = 3,912 S), seguidos pelas fase fresco, inchado e coliquativo (Tabela 5). Através do índice de Levin’s (> 0,05) verificou-se que as espécies de Calliphoridae e Muscidae possuem preferências significativas pelos estágios inchado e coliquativo. Há uma maior abundância de espécies reconhecidamente necrófagas na carcaça. Por exemplo, Ophyra chalcogaster que possui hábitos necrófago e predador, juntamente com representantes da família Sarcophagidae e Calliphoridae, especialmente dos gêneros Chrysomya e Hemilucilia, representaram 89% da fauna associada. Esse número subestima espécimes de tamanho reduzido como os representantes das famílias Phoridae e Piophillidae que podem ter sido subestimados. Dos insetos coletados e identificados nas fases de larva e/ou pupa durante o experimento, houve emergência de adultos de sete espécies: Megaselia scalaris, Ophyra 47 chalcogaster, Patonella intermutans e Hemilucilia segmentaria, e mais três que estão em processo de identificação. DISCUSSÃO Decomposição da carcaça e fatores abióticos - A influência dos fatores abióticos sobre o processo de decomposição da carcaça, observado em outros estudos (Carvalho & Linhares, 2001; Souza & Linhares, 1997) foi confirmada neste experimento. Segundo Payne (1965), a umidade relativa e a temperatura afetam a fauna cadavérica, alterando a atividade e a taxa do desenvolvimento dos estágios imaturos. O aumento do tempo de decomposição em 5 dias no período chuvoso pode ser parcialmente explicado pela diminuição na temperatura local. A temperatura é considerada o fator mais importante, acelerando o processo de decomposição em períodos mais quentes e diminuindo a taxa de decomposição em períodos mais frios, mesmo em regiões tropicais, em que há menor variação entre estações (Carvalho & Linhares, 2001). Em lugares com extremas amplitudes de temperaturas, diferenças no tempo de decomposição podem chegar a meses (Arnaldo et al., 2001). Embora outros fatores climáticos, como umidade relativa, interfiram menos fortemente na decomposição, observa-se neste estudo que chuvas intensas, ao intensificar a lixiviação, aceleraram os processos de desprendimento de tecidos do corpo. Isto, por sua vez, poderia aumentar a velocidade de decomposição, já que a umidade contribui para a ação bacteriana - um dos principais fatores responsáveis pelo estágio de inchamento dos cadáveres (Reed, 1958; Jirón & Cartin, 1981). Padrões de atividade de dípteros também podem ser afetados por condições climáticas, como radiação solar e nebulosidade, além do próprio horário de coleta. 48 Padrões gerais de riqueza, diversidade e abundância - O fato de Calliphoridae, Sarcophagidae e Muscidae serem os grupos mais bem representados neste trabalho confirma a relevância destas famílias na decomposição animal. Essas famílias apresentam considerável importância médica, principalmente como vetores mecânicos de patógenos e como causadores de miíases obrigatórias ou facultativas (Greenberg, 1971; Guimarães & Papavero, 1999). Além de compartilhar uma certa plasticidade alimentar (predadores, saprófagos ou necrófagos), as larvas dessas três famílias ocupam habitats extremamente variados, como esterco de mamíferos, carne putrefata, e matéria orgânica vegetal e animal em decomposição. Normalmente essas famílias utilizam-se de substratos discretos e efêmeros para posturas dos ovos e para alimentação das larvas (Hanski, 1987; Peschke et al., 1987). Todos os membros da família Sarcophagidae são ovovivíparos, depositando larvas de primeiro ínstar que imediatamente escavam túneis na fonte alimentar e começam a se alimentar (Denno & Cothran, 1975). Os Calliphoridae, por outro lado, são ovíparos, depositando seus ovos em locais específicos da carcaça. Enquanto varejeiras fêmeas adultas precisam manter contato direto com a carcaça, os sarcofagídeos são capazes tanto de depositar suas larvas diretamente na carcaça como “abandoná-las” enquanto permanecem agregadas em algum objeto sobre a carcaça (Denno & Cothran, 1975). A presença de poucas espécies dominantes como Ophyra chalcogaster, Chrysomya albiceps e Hemilucilia semidiaphana não surpreende, pois estas estão freqüentemente associadas a carcaças e cadáveres para onde são atraídas por substâncias em fermentação, sangue e feridas (Pamplana & Couri, 1989). As duas primeiras são moscas fortemente sinantrópicas (Linhares, 1981) tendo sido disseminadas principalmente através do comércio (Skidmore, 1985) e apresentam como característica uma rápida dispersão. Causam ainda 49 impacto negativo sobre populações autóctones, deslocando espécies nativas do Brasil, como Cochliomyia macellaria (Faria et al.,1999). Isso se deve ao fato de predarem outras larvas, como de sarcofagídeos e califorídeos, diminuindo as populações de outras moscas (Anderson & Poorbaugho, 1964; Peck, 1969; Skidmore, 1985; Geden et al.,1988), o que diminui a sobrevivência de espécies nativas e inibe sua oviposição. Com isso é cada vez menor a taxa de endemismo das moscas necrófagas. Apesar de não ter uma estratégia competitiva tão agressiva, a alta abundância de H. semidiaphana resulta do fato de ser uma espécie assinantrópica, não competindo diretamente com as demais espécies dominantes. Indivíduos do gênero Hemilucilia são abundantes em ambientes florestais, porém ocorrem em número reduzido ou são completamente ausentes em áreas urbanas (Thyssen et al., 2005). Trabalhos semelhantes revelam que essas espécies são as mais abundantes em carcaças de porco em áreas arborizadas do sudeste do Brasil (Carvalho et al., 2000; Carvalho & Linhares, 2001). Por serem exclusivamente necrófagas, possuem enorme potencial forense, pois podem colonizar cadáveres humanos, além de auxiliar a determinar se o local da morte foi em área de mata ou urbanizada. Fases de decomposição, sucessão ecológica e hábitos alimentares – No presente trabalho confirma-se uma diferença nos índices de diversidade de acordo com o estágio de decomposição, observada em outros estudos de campo conduzidos na região neotropical (Carvalho & Linhares, 2001; Jirón & Cartin, 1981), sendo o estágio fresco o menos atrativo para a fauna necrófaga. Segundo Hobson (1932) no período inicial da decomposição, os tecidos são ácidos e imprestáveis para alimentação das larvas, que se alimentam dos líquidos presentes entre as fibras musculares; assim, quando os tecidos se tornam alcalinos, as larvas passam a utilizá-los como alimento. Já no estágio seco ocorre uma diminuição de até 90% na 50 biomassa, especialmente de músculos e tecidos disponíveis para alimentação de dípteros necrófagos, constituindo-se basicamente de pele seca, na cartilagem e ossos (Payne, 1965). A partir do estágio de inchaço há uma alta atratividade das espécies associadas a carcaça (principalmente as necrófagas). O fato de algumas espécies explorarem simultaneamente a carcaça para o desenvolvimento de estágios imaturos, não implica necessariamente competição por substrato. Por exemplo, apesar de Calliphoridae e Sarcophagidae apresentarem estratégias de vida semelhantes se alimentando de materiais em decomposição, a utilização das carcaças é diferente, já que podem se especializar em diferentes aspectos dos recursos alimentares fornecidos por um cadáver (Hanski, 1987). A fim de comparar a similaridade das fases de decomposição, foram utilizados o índice de similaridade de Bray-Curtis. Segundo Schoenly & Reid (1987), a hipótese de um processo discreto, implica que deve haver mais similaridade na composição de espécies, dentro de uma fase de decomposição, em particular, do que entre estágios de decomposição. Isto ocorre devido à separação temporal de espécies, que são atraídas, especialmente, por uma fase de decomposição que foram os primeiros a apresentar, como foco, a dinâmica da sucessão entomológica, propondo que este padrão seria contínuo, e não discreto, o que não ocorreu. Refutando a hipótese de que existe um padrão previsível de exploração da carcaça, caracterizando uma sucessão ecológica de acordo com cada estágio de decomposição. O que ocorreu foi que a sucessão é um processo discreto, como em toda comunidade efêmera. Assim com esse estudo, outros autores chegaram essa mesma conclusão (Payne, 1965; Lane, 1975), baseando-se na utilidade forense de tal processo, concluíram que a decomposição pode ser descrita como um processo discreto. Ao estudar a estrutura de uma guilda de moscas necrófagas, Moura (2004) concluiu que todas as espécies pertencentes ao sistema se distribuíam de maneira agregada e esta agregação facilitaria a coexistência. No entanto, não considerou outros mecanismos que 51 também poderiam levar ao padrão espacial encontrado, como uma possível especialização de certas espécies em recursos com tamanhos diferentes. A competição interespecífica é um fenômeno documentado em comunidades necrófagas, onde as espécies são envolvidas em competição por exploração (Nicholson, 1957). Uma intensa competição pelo recurso comum é acompanhada por uma alta diminuição da dominância na comunidade. A comunidade necrófaga é um sistema complexo que inclui processos simultâneos tais como a competição intra e interespecifica, predação larval facultativa e canibalismo (Gagné, 1981; Erzinçlioglu, 1983; Wells & Greenberg, 1992; Wells & Greenberg, 1994). Todas estas interações têm forte impacto na comunidade de dípteros, principalmente quando a competição severa ocorre (Hanski, 1987; Wells & Greenberg, 1992), o que pode gerar altas taxas de dominância na comunidade, especialmente de espécies invasoras. Considerando-se a efemeridade da carcaça, é possível examinar a comunidade necrófaga a partir da teoria da partilha de recursos, segundo a qual as espécies presentes no sistema devem expressar algum tipo de diferença devido à especialização em determinados tipos de recurso, produzindo uma medida de sobreposição significativamente inferior do que o esperado por acaso (Roughgarden, 1983, Schoener, 1990, Pianka, 1996). Segundo Ullyet (1950), antes da completa exaustão dos recursos cada larva procura ingerir o máximo possível de alimento. Durante o estágio larval ocorre competição por esses recursos, geralmente, do tipo exploratório devido à limitação de recursos alimentares (Reis et al., 1994). As espécies C. macellaria, C. putoria, C. albiceps, C. megacephala, L. eximia, H. segmentaria, H. semidiaphana e P. intermutans podem ser consideradas boas indicadoras forenses, pois além de serem necrófagas possuem uma alta incidência em cadáveres humanos (Moura et al., 1997; Carvalho et al., 2000). Essas espécies foram observadas por Carvalho e Linhares (2001) no sudeste brasileiro ovipositando em carcaça; o mesmo foi observado neste 52 experimento, embora apenas Pantonella intermutan e Hemilucilia segmentaria desenvolveram em laboratório. A não emergência das demais pode ser explicada pela falta das condições ideais para o seu desenvolvimento. Além dessas, larvas de Megaselia scalaris e Ophyra chalcogaster foram criadas em laboratório com sucesso até emergência de adultos. Outros famílias de dipteras associadas a carcaça como Mesembrinellidae, Anthomyidae, Fannidae, Stratomyidae e Micropezidae, apesar de não terem um papel bem definido, ocorreram em pequena escala. Em todo caso, é interessante descrever a fauna associada porque há registros de que grandes quantidades de predadores podem retardar a decomposição de um cadáver, ao reduzir as populações de insetos necrófagos devido à predação (Goff, 2000). Conclusões – A fauna de dípteros associados à decomposição de carcaça de suíno no fragmento de Mata Atlântica estudado é rica e apresenta representantes de diversos nichos tróficos e hábitos alimentares. A fauna necrófaga de Pernambuco é composta por C. macellaria, C. putoria, C. albiceps, C. megacephala, L. eximia, H. segmentaria, H. semidiaphana, P. intermutans, M. scalaris e O. chalcogaster, porém naturalmente esse é apenas um levantamento preliminar. O padrão de ocupação é de certa forma semelhante ao registrado em outras regiões de mata do Brasil, ampliando as informações sobre a distribuição geográfica das espécies de interesse forense no território nacional. Merece destaque a observação dos efeitos sazonais sobre velocidade da decomposição. O fato de haver um padrão de ocupação temporal da carcaça pode ser usado na investigação de intervalos pós-morte, e o registro de espécies tipicamente silvestres auxilia a determinar o local de morte. Partindo desse levantamento, o primeiro da Região Nordeste, o próximo passo é estudar a bionomia das espécies verdadeiramente necrófagas, para que os bancos de dados 53 gerados por entomologistas possam ser efetivamente utilizados por peritos criminais na resolução de homicídios. AGRADECIMENTOS Agradecemos à administração do Parque Estadual Dois Irmãos, por permitir a realização deste experimento; a Fred Maranhão e Sandra Santos (Instituto de Criminalística Professor Armando Samico), pelo suporte logístico e à CAPES, pela bolsa fornecida ao primeiro autor, permitindo a realização deste trabalho. Aos estagiários Ana Mayer, Roberta Oliveira e Thiago Oliveira pelo auxílio na triagem e montagem de insetos. BIBLIOGRAFIA Anderson, J. R. &. Poorbaugh J. H. (1964) Biological control possibility for house flies. California Agriculture 18 (9): 2-4. Anderson, G.S. (2001) Forensic entomology in British Columbia: a brief history. Journal of the Entomological Society of British Columbia 98: 127-135. Arnaldos, I., E. Romera, M.D. Garcia, & A. Luna. (2001) An initial study on the succession of sarcosaprophagous Diptera (Insecta) on carrion in the southeastern Iberian peninsula. International Journal of Legal Medicin. 114: 156-162. Campobasso, C. P., & Introna, F. Jr. (2001) The forensic entomologist in the context of the forensic pathologist’s role. Forensic Science International 120: 132-139. Carvalho, L.M.L., P.J. Thyssen, A.X. Linhares, and F.A.B. Palhares. (2000) A checklist of arthropods associated with pig carrion and human corpses in southeastern Brazil. Memorias do Instituto Oswaldo Cruz. 95: 135-138. Carvalho, L.M.L. de, & Linhares. A. X. (2001) Seasonality of insect succession and pig carcass decomposition in a natural forest area in Southeastern Brazil. Journal of Forensic Sciences. 46: 604-608. Carvalho, C.J.B.; Moura, M.O. & Ribeiro, P.B. (2002). Chave para adultos de dípteros (Muscidae, Fanniidae, Anthomyiidae) associados ao ambiente humano no Brasil. Revista Brasileira de Entomologia, 46 (2): 107-114. 54 Catts, E. P. & Goff. M. L. (1992) Forensic entomology in criminal investigations. Annual Review of Entomology. 37: 253-272 Coutinho, R.Q.; Lima-Filho, M.F.; Souza-Neto, J.S. & Silva, E.P. (1998). Características climáticas, geológicas, geomorfológicas e geotécnicas da Reserva Ecológica de Dois Irmãos. In: Machado, I.C.; Lopes, A.V. & Porto, K.C. (eds.). Reserva Ecológica de Dois Irmãos: Estudos em um remanescente de Mata Atlântica em uma área urbana (Recife, Pernambuco, Brasil). Recife: Sectma Ed. Universitária – UFPE. pp. 21-49. Dear, J.P. (1985). A revision of the New World Chrysomyini (Diptera: Calliphoridae). Revista Brasileira de Zoologia, 3: 109-169. Denno, R. F. and Cothran W. R.. (1975) Niche relationships of a guild of necrophagous flies. Annals of the Entomological Society of America. 68:741-745. Erzinclioglu, Y. Z. (1983). The application of entomology to forensic medicine Medicine, Science and the Law. 10:208-215 Faria, L. D. B. ; Orsi, L. ; Trinca, L. A.; Godoy, W. A. C. .(1999) Larval predation by Chrysomya albiceps on Cochliomyia macellaria, Chrysomya megacephala and Chrysomya putoria. Entomologia Experimentalis et Applicata,. 90: 149-155 Gagne, R. J. (1981) Chrysomya sp. Old World Blowflies (Diptera: Calliphoridae), Recently Established in the Americas. Bulletin of the Entomological Society of America. 27:21-22 Geden, C. J.; R. E. Stinner & R. C. Axtell. (1988) Predation by predators of the house fly in poultry manure: effects of predator density, feeding history, interspecific interference, and field conditions. Environmental Entomology 17(2): 320-329. Goff, M. L. (2000) A Fly for the Prosecution. Harvard University Press, Cambridge, MA. 224 p. Greenberg, B. (1971) Flies and Disease ( 2 Vols). 856, and 447p. Princeton University Press. Guedes, M.L.S. (1998). A vegetação fanerogâmica da Reserva Ecológica de Dois Irmãos. In: Machado, I.C.; Lopes, A.V. & Porto, K.C. (eds.). Reserva Ecológica de Dois Irmãos: Estudos em um remanescente de Mata Atlântica em uma área urbana (Recife, Pernambuco, Brasil). Recife: Sectma Ed. Universitária – UFPE. pp. 157-172. Guimarães, J.H. & Papavero, N., (1999) Myiasis in man and animals in the Neotropical Region. Bibliographic database. Editora Plêiade/Fapesp. 308 p. Hanski, I. (1987) Carrion fly community dynamics: patchiness, seasonality and coexistence. Ecology Entomology., 12:257-266. Hobson RP. (1932) Studies on the nutrition on the blow-fly larvae. III. The liquefaction of muscle. Journal of Experimental Biology, 9:359-365 55 Horn, H.S. (1974) The ecology of secondary succession. Annual Review of Ecology. and Systemic. 5:25-37 Jiron, L. F. and V. M. Cartin. (1981) Insect succession in the decomposition of a mammal in Costa Rica. New York Entomological Society. 89:158-165. Johnson, M. D. (1975) Seasonal and microseral variations in the insect populations on carrion. America Midland Naturalist. 93:79-90. Kellman, M., (1980), Geographic patterning in tropical weed communities and early secondary successions. Biotropica, 12 (supplement 1): 34-39. Kenney, A. J. & Kerbs, C.J. (2000) Programs for Ecological Methodology, 2nd ed University of British Columbia Lane, R. P. (1975) An investigation into blowfly (Diptera: Calliphoridae) succession on corpses. Journal of Natural History. 9:581-588 Linhares, A. X. (1981)Synanthropy of Muscidae, Fanniidae and Anthomyiidae (Diptera) in the city of Campinas, São Paulo, Brazil. Revista Brasileira de Entomologia 25: 231–243. Lopes, H.S. (1946). Contribuição ao conhecimento do gênero Oxysarcodexia Towsend, 1917 (Diptera, Sarcophagidae). Boletim da Escola Nacional de Veterinária, 1: 62-134. Mc Alpine, J.F.; Peterson, B.V.; Shewell, G.E.; Teskey, H.J.; Vockeroth, J.R. & Wood, D.M. (1981). Manual of Neartic Diptera. Vol. 1. Ottawa: Research Branch Agriculture Canada. 674p. Mc Alpine, J.F.; Peterson, B.V.; Shewell, G.E.; Teskey, H.J.; Vockeroth, J.R. & Wood, D.M. (1987). Manual of Neartic Diptera. Vol. 2. Ottawa: Research Branch Agriculture Canada. pp. 675-1332. Monteiro-Filho, E. L. A.; Penereiro, (1987) J. L. Estudo de decomposição e sucessão sobre uma carcaça animal numa área do estado de São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Biologia, 47, n. 3, p. 289-295, 1987. Moura, M. O.; C. J. B. de Carvalho & E. L. A. Monteiro-Filho(1997) A preliminary analysis of insects of medico-legal importance in Curitiba, state of Paraná. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz 92: 269–274 Moura, M.O. (2004). Variação espacial como mecanismo promotor da coexistência em comunidades de insetos necrófagos. Revista Brasileira de Zoologia, 21 (3): 409-669 Nuorteva, P. (1974). Studies on the possibilities of using blowflies (Diptera: Calliphoridae) as medicolegal indicators in Finland. Annales Entomologici Fennici. 40:70-74. Nicholson, A.J. (1957) The self-adjustment of populations to change. Cold Spring Harbor Symposium in Quantitative Biology, Cold Spring Harbor, 22 (3): 153-173 56 Pamplona, D. & M. S. Couri. (1989) Revisão das espécies neotropicais de Ophyra RobineauDesvoidy, 1830 (Diptera, Muscidae, Azeliinae). Memórias do Instituto Oswaldo Cruz 84(supl. IV): 419-429. Payne, J. A. (1965) A Summer Carrion Study of the Baby Pig Sus scrofa Linnaeus. Ecology 46:592-602. Peck, J. H. (1969) Arthropod predators of immature Diptera developing in poultry droppings in northern California. Journal of Medical Entomology 6(2): 168-171. Peschke, K.; Krapf, D. & Fuldner, D. (1987). Ecological separation, functional relationships, and limiting resources in a carrion insect community. Zoologische Jahrbücher 114:241-265 Pianka, E. R. (1996). Evolutionary ecology. New York, Harper & Collins, 5th ed., 486p. Reed, H. B. (1958). A Study of Dog Carcass Communities in Tennessee, with Special References to the Insects. The American Midland Naturalist. 59:213-245. Reis, S. F., Stangenhaus, G., Godoy, W. A. C., Von Zuben, C. J. & Ribeiro, O. B., (1994), Variação em caracteres bionômicos em função de densidade larval em Chrysomya megacephala e Chrysomya putoria (Diptera, Calliphoridae). Revista. Brasileira de Entomologia, 38: 33-46. Roughgarden, J. (1983). Competition and theory in community ecology. American Naturalist, 122 (5): 583-601. Schoener, T. W. (1990). The ecological Niche, p. 79-113. In: J.M. Cherret (Ed). Ecological Concepts. London, Blackwell Scientific Publications, 385p Schoenly, K. and Reid, W. (1987) Dynamics of heterotrophic succession in carrion arthropod assemblages: discrete series or a continuum of change? Oecologia , 73, 192-202 Skindmore, P. (1985). The biology of the Muscidae of the world. Dordrecht, Dordrecht Kunk Publishers, 550 p. Smith, K. G. V. (1986). A Manual of Forensic Entomology. London, Ithaca, British Museum of Natural History, Cornell Univ. Press. 1-205. Souza, A. M. & Linhares, A. X., (1997). Diptera and Coleoptera of potential forensic importance in southeastern Brazil: relative abundance and seasonality. Medical and Veterinary Entomology, 11(1): 8-12. Thyssen, P., A. C. Lessinger, A. M. L. Azeredo-Espin, and A.X. Linhares. (2005). The Value of PCR-RFLP Molecular Markers for the Differentiation of Immature Stages of Two Necrophagous Flies (Diptera: Calliphoridae) of Potential Forensic Importance. Neotropical Entomology. 34(5):777-783. 57 Ullyet GC (1950). Competition for food and allied phenomena in sheep blowfly populations. Philosophical Transactions,.234:77–175. Veloso, P.H.; Rangel-Filho, A.L.R. & Lima, J.C.A. (1991). Classificação da Vegetação Brasileira, adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: IBGE – Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais. 124p Wells, J. D. & B. Greenberg. (1992). Laboratory interaction between introduced Chrysomya ruffiacies and native Cochliomyia macellaria (Diptera: Calliphoridae). Environmental Entomology. 21(3): 640-645. Wells, J. D. & B. Greenberg. (1994). Resource use by an introduced and native carrion flies. Oecologia. 3: 601-608. Wells, J. D., and L. R. LaMotte. (2001). Estimating the postmortem interval. Pp. 263-285 in Byrd, J. and Castner, J.L. (eds.) Forensic Entomology: Utility of Arthropods in Legal Investigations. CRC Press. 58 Tabela 1. Condições ambientais e estágio de decomposição de carcaça de suíno durante o experimento no Parque Estadual Dois Irmãos, Recife, Brasil. Seco Chuvoso Estágio Dia Estágio Temp UR Pluv Tempo Temp UR pluv Tempo (ºC) (%) (mm) (ºC) (%) (mm) 0 Fresco 28.1 64 0 Fresco 26.6 82 7 Nublado 1 Inchado 30.3 63 0 Fresco 26.7 90 4 Sol Nublado 2 Inchado 30.5 64 0 Fresco 26.9 70 7 Sol Sol Coliquativo 29.7 61 0 Inchado 25.8 71 1 3 Sol Sol 4 Seco 30.1 70 0 Inchado 26.3 82 5 Sol Sol 5 Seco 29.7 65 0 Coliquativo 26.5 91 4 Sol Nublado 6 Seco 29.5 72 0 Seco 26.9 93 62 Sol Chuva 7 Seco 29.8 64 0 Seco 26.0 71 2 Sol Nublado 8 Seco 29.5 73 2 Seco 26.1 71 1 Sol Chuva 9 Seco 29.1 65 0 Seco 23.5 71 4 Sol Nublado 10 Seco 28.6 65 0 Seco 23.8 78 1 Sol Sol Seco 23.9 81 51 15 Seco 29.6 69 1 Nublado Chuva 20 Seco 29.5 68 1 Seco 22.9 93 43 Sol Nublado 25 Seco 30.9 71 21 Seco 23.5 83 26 Nublado Sol Seco 23.5 90 12 Nublado 1% 2%2%2% 4% 20% 37% 32% Sarcophagidae Calliphridae Muscidae Mesembrinellidae Piophilidae Phoridae Micropezidae Outros Figura 1 Abundância das famílias 59 Tabela 2. Sucessão de dípteras associadas a carcaça de suíno durante janeiro, fevereiro, julho e agosto de 2007, Parque Estadual Dois Irmãos, nordeste brasileiro. Família Espécie Sarcophagidae Não identificada (ver texto) Calliphoridae Chrysomya megacephala Fabricius, 1794 Chrysomya albiceps Wiedemann, 1819 Total Fresh Bloat Decay Dry 1.984 213 827 679 265 551 3 484 50 14 1.803 9 1.643 17 134 Chrysomya putoria Wiedemann, 1819 34 0 31 2 1 Hemilucilia semidiaphana Rondani, 1850 655 142 356 79 78 Hemilucilia segmentaria Fabricius, 1805 59 9 33 9 8 Cochliomyia macellaria Fabricius, 1775 3 0 2 0 1 Lucilia eximia Wiedemann, 1819 1 0 1 0 0 Mesembrinellidae Mesembrinella bellardiana Séguy, 1925 346 15 77 132 122 Muscidae Parapyrellia maculipennis Macquart, 1843 116 3 49 8 56 Morelia humeralis Stein, 1898 110 5 48 4 53 4 1 2 0 1 3.569 10 2.043 1.465 51 Craspedochoeta punctipennis Wiedemann, 1830 22 8 2 0 12 Hylemyiode plurinervis, Albuquerque, 1958 8 2 0 0 6 Hylemyiode aureficies, Albuquerque, 1952 7 1 0 0 6 Fannia obscurinervis Stein, 1900 11 7 1 0 3 Fannia sp.1 5 3 1 0 1 Fannia sp.2 5 2 0 1 2 Musca domestica Linnaeus, 1758 Ophyra chalcogaster Wiedemann, 1824 Anthomyidae Fannidae Fannia sp.3 2 1 0 0 1 Dasyphlebomyia stylata Becker, 1914 35 18 11 0 6 Piophila bipunctata, Fallen, 1810 11 5 3 2 1 Piophila casei Linnaeus, 1758 140 17 48 35 40 Megaselia scalaris Loew, 1866 164 20 68 51 25 Phoridae Spp. 33 12 6 7 8 Stratomyidae Hermetia illucens Linnaeus, 1758 38 0 0 1 37 Neriidae Odontoloxozus longicornis Coquillett, 1904 6 1 3 2 1 Micropezidae Taeniaptera lasciva, Fabricius, 1798 98 32 20 28 18 Cardiophepala sp1 116 52 28 26 10 Cardiocephala sp2 15 0 3 0 12 Tabaniidae ssp. 12 2 2 3 5 Tabanus sp. 1 0 1 0 0 Asiliidae Erox sp. 6 0 2 2 2 Ropalomeridae Ropalomeridae ssp. 4 2 0 0 2 Drosophilidae Drosophila melanogaster Meigen, 1830 4 4 0 0 0 Chloropidae Lasiosina vittata, Malloch, 1913 8 0 0 2 6 Chloropidae ssp. 4 3 1 0 0 Milichiidae Milichiidae ssp. 45 6 8 2 29 Dixidae Dixidae ssp. 3 3 0 0 0 10 038 611 5804 2607 1017 Piophilidae Phoridae Tabaniidae Total 60 Tabela 3- Famílias de insetos coletados em carcaça de porcos durante janeiro, fevereiro, julho agosto de 2007, Parque Estadual Dois Irmãos, nordeste brasileiro. Predadora/ Família Necrófago Onívoro Parasita Freqüência de associação Acidental a cadáver Alta Calliphoridae X X Sarcophagidae X X Muscidae X X X X Alta Phoridae X X X X Alta Piophilidae X X X X Média X Baixa Micropezidae X Alta Mesebrinelidae X X X Média Anthomyiidae X X X Média Fannidae X X Stratiomydae X X X Média Neriidae X X Baixa Tabaniidae X X Baixa Drosophilidae X Rara Asiliidae X Baixa Ropalomeridae X Baixa Chloropidae X Baixa Millichidae X Rara Dixidae X Rara Média 61 Tabela 4. Sucessão de dípteras por dia de coleta, associadas a carcaça de suíno durante a estação chuvosa (julho e agosto de 2007), Parque Estadual Dois Irmãos, nordeste brasileiro.. Chrysomya megacephala Chrysomya albiceps Chrysomya putoria Hemilucilia semidiaphana Hemilucilia segmentaria Cochliomyia macellaria Lucilia eximia Mesembrinella bellardiana Parapyrellia maculipennis Morelia humeralis Musca domestica Ophyra chalcogaster Craspedochoeta punctipennis Hylemyiode plurinervis Hylemyiode aureficies Fannia obscurinervis Fannia sp.1 Fannia sp.2 Fannia sp.3 Dasyphlebomyia stylata Piophila bipunctata Piophila casei Megaselia scalaris Phoridae Spp. Hermetia illucens Odontoloxozus longicornis Taeniaptera lasciva Cardiophepala sp1 Cardiocephala sp2 Tabaniidae ssp. Tabanus sp. Erox sp. Ropalomeridae ssp. Drosophila melanogaster Lasiosina vittata Chloropidae ssp. Milichiidae ssp. Dixidae ssp. 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 2 6 87 52 37 1 1 0 7 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 51 50 0 7 0 16 0 0 0 3 0 1 0 0 0 0 0 4 17 143 0 3 5 2 2 0 0 0 2 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 8 141 144 69 76 32 4 7 9 1 3 40 4 7 1 1 0 1 0 0 6 9 6 9 7 0 0 0 0 0 0 2 0 0 1 0 0 0 0 8 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 22 124 6 3 10 24 8 3 6 14 0 3 0 0 0 0 0 0 14 40 4 0 0 7 5 15 5 2 0 3 5 0 0 0 3 2 0 0 5 0 0 0 3 1 3 5 0 12 0 3 0 3 5 3 2 0 0 2 0 2 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 7 532 1512 1465 31 12 3 5 2 0 1 5 2 0 2 3 0 2 2 7 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 6 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5 9 7 7 9 0 0 3 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 1 2 0 2 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 20 35 1 1 0 4 0 1 3 0 6 3 2 1 1 0 0 6 10 25 21 1 33 18 45 3 2 2 7 1 2 2 0 0 0 0 0 0 0 2 14 2 4 1 7 0 0 2 0 0 0 0 2 0 0 1 0 0 1 0 0 0 1 3 0 1 2 2 1 0 3 3 0 2 2 3 0 0 0 0 0 1 0 4 2 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 6 2 28 0 0 0 5 0 0 0 1 21 7 7 0 0 0 0 2 18 0 20 21 1 26 0 0 0 4 0 0 0 20 23 6 13 3 0 0 0 0 0 5 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 2 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 3 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 13 0 2 2 4 3 3 15 0 3 0 2 0 0 1 0 1 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Tabela 5. Sucessão de dípteras por dia de coleta, associadas a carcaça de suíno durante a estação seca (janeiro e fevereiro de 2007), Parque Estadual Dois Irmãos, nordeste brasileiro. Chrysomya megacephala Chrysomya albiceps Chrysomya putoria Hemilucilia semidiaphana Hemilucilia segmentaria Cochliomyia macellaria Lucilia eximia Mesembrinella bellardiana Parapyrellia maculipennis Morelia humeralis Musca domestica Biopyrellia bipuncta Ophyra chalcogaster Fannia obscurinervis Fannia sp.1 Dasyphlebomyia stylata Piophila bipunctata Piophila casei Megaselia scalaris Phoridae Spp. Hermetia illucens Odontoloxozus longicornis Tabaniidae ssp. Tabanus sp. Erox sp. Milichiidae ssp. 01 02 03 04 05 06 07 08 10 12 14 16 18 20 22 24 81 264 4 12 0 1 0 0 0 0 21 0 1 0 0 0 42 4 1 2 1 14 84 55 2 0 1 0 0 415 1032 13 10 14 2 0 0 1 0 0 0 3 5 0 0 0 0 0 23 10 3 7 2 1 1 0 3 0 34 3 2 0 0 0 4 0 4 0 0 0 0 0 2 26 2 0 0 0 0 14 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 3 7 2 1 3 3 0 0 8 5 0 5 0 0 6 11 36 4 14 3 6 2 3 0 0 0 1 0 1 0 0 52 0 12 6 4 1 2 4 2 0 0 0 1 0 0 6 1 0 2 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 1 5 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 17 12 11 0 1 1 0 1 0 5 3 0 8 0 0 6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 2 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 7 0 3 0 3 5 0 0 0 1 2 0 2 0 7 5 2 0 2 0 0 2 0 2 0 0 2 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 2 0 2 0 0 0 0 0 0 0 1 3 0 6 1 3 2 4 2 2 0 1 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 2 1 1 1 0 0 1 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 2 0 0 0 0 3 0 4 0 0 0 0 0 0 63 Tabela 5. Índices de diversidade de dípteras associadas a carcaça de suíno durante janeiro de 2007 a setembro de 2007, Parque Estadual Dois Irmãos, nordeste brasileiro. Fresco Inchado Coliquativo Seco Simpson-Yule 0,839 0,707 0,414 0,907 Shannon-Weiner 3.569 2.295 1.572 3.912 Figura 2. Cluster do coeficiente Bray-Curtis de similaridade de dípteras associadas a carcaça de suíno durante os meses chuvosos (julho e setembro de 2007), Parque Estadual Dois Irmãos, nordeste brasileiro. Figura 3. Cluster do coeficiente Bray-Curtis de similaridade de dípteras associadas a carcaça de suíno durante os meses secos (janeiro e fevereiro de 2007), Parque Estadual Dois Irmãos, nordeste brasileiro. Figura 4. Cluster do coeficiente Bray-Curtis de similaridade de dípteras associadas a carcaça de suíno durante os meses secos (janeiro e fevereiro de 2007) e chuvoso (julho e agosto de 2007), Parque Estadual Dois Irmãos, nordeste brasileiro. 65 Capítulo 5 LEVANTAMENTO PRELIMINAR DA ENTOMOFAUNA DE SOLO ASSOCIADA A CARCAÇAS DE SUINOS EM UM FRAGMENTO DE MATA ATLÂNTICA DE RECIFE 66 LEVANTAMENTO PRELIMINAR DA ENTOMOFAUNA DE SOLO ASSOCIADA A CARCAÇAS DE SUINOS EM UM FRAGMENTO DE MATA ATLÂNTICA DE RECIFE Tadeu Morais Cruz 1 , Patrícia J. Thyssen 2, Ana Cecília Mayer 1, Simão Dias Vasconcelos 1 1 2 Laboratório de Invertebrados Terrestres, Departamento de Zoologia, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco. Av. Prof. Moraes Rego, s/n, Recife – PE, 50.670-420. e-mail : [email protected], [email protected] Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Instituto de Biociências, Departamento de Parasitologia. Distrito de Rubião Junior 18618-000 - Botucatu, SP l 67 RESUMO Um corpo em decomposição representa um micro habitat limitado e um recurso temporário explorado por uma grande variedade de organismos, envolvendo desde bactérias e fungos a inúmeras espécies de artrópodes, particularmente insetos. O presente trabalho teve como objetivo analisar a comunidade de insetos encontrados no solo associados a uma carcaça animal em uma região de Mata Atlântica do nordeste brasileiro. Foi coletado um total de 5.019 espécimes de artrópodes adultos, sendo que a Classe Insecta representou 96,4% do total. As ordens Coleoptera (38,7%), Hymenoptera (23,5%) e Diptera (21,8%) foram as mais abundantes A influência exercida pela carcaça é mais evidente em alguns grupos, como Diptera, Coleoptera e até mesmo Dermaptera. Predadores e parasitas de insetos necrófagos utilizam as reservas dos colonizadores normais do cadáver para o seu próprio desenvolvimento, sendo os dípteros na fase larval hospedeiros bastante disponíveis. O estudo oferece uma lista preliminar de insetos associados à carcaça, de importância necrófaga ou ocasional. Os resultados contribuem para aprofundar o conhecimento sobre a importância dos dípteros, coleópteros e himenópteros associado à decomposição de carcaças, por ocupar mais de uma guilda trófica. Palavras-chaves: Entomologia forense, Coleoptera, Hymenoptera, Diptera, necrófagos 68 INTRODUÇÃO Um corpo em decomposição representa um micro habitat limitado e um recurso temporário explorado por uma grande variedade de organismos, envolvendo desde bactérias e fungos a inúmeras espécies de artrópodes, particularmente insetos (Payne, 1965). Parâmetros abióticos, incluindo temperatura, precipitação e intensidade solar, além de fatores como a composição da fauna associada e a circunstância de morte influenciam a velocidade de decomposição. Neste caso, existe uma seqüência de espécies em uma comunidade específica, que acompanha as modificações das condições físico-químicas. Essas modificações formam a sucessão ecológica e podem ser abruptas ou graduais nas comunidades (Carvalho & Linhares, 2001). As espécies associadas podem ser agrupadas em quatro categorias ecológicas (Smith, 1986): espécies necrófagas se alimentam diretamente dos tecidos da carcaça; os predadores e/ou parasitóides alimentam-se dos necrófagos e também são indicadores do estágio de decomposição; espécies onívoras alimentam-se de mais de um tipo de matéria orgânica, incluindo ocasionalmente a carcaça, e, por último, espécies acidentais ocupam a carcaça como refúgio, local de pouso ou postura. Embora apenas o primeiro grupo seja tradicionalmente utilizado como evidência médico-legal, tanto a diversidade quanto a abundância da entomofauna associada podem interferir na velocidade de decomposição de um cadáver (Goff, 2000). Apesar de ter sua importância reconhecida desde o século XIX na Europa, no Brasil, a entomologia forense ainda é relativamente pouco estudada, com trabalhos publicados principalmente na região Sudeste (Souza & Linhares, 1997; Carvalho & Linhares, 2001), havendo carência de pesquisas em outras regiões do país. Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo analisar a comunidade de insetos de solo associados a uma carcaça animal em uma região de Mata Atlântica. Especificamente, visou: a) Investigar o impacto da adição 69 de uma carcaça sobre a composição faunística de insetos de solo; b) Analisar o efeito da sazonalidade (estação seca e chuvosa); c) Estudar o efeito da decomposição sobre a fauna de insetos associados; e finalmente d) Listar as espécies de importância forense. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado no Parque Estadual Dois Irmãos, um remanescente de Floresta Atlântica com 388,67 ha localizado próximo a áreas urbanas no município de Recife, Pernambuco, Nordeste do Brasil (8º7’30” S; 34º52’30” W). Nesta unidade de conservação, com altitude de 30 a 80 m e relevo levemente ondulado, predomina o solo podzólico vermelho-amarelo (Coutinho et al., 1998). O clima tropical costeiro tem estação úmida entre março e setembro e estação seca de outubro a fevereiro; a precipitação média é cerca de 2.460 mm ao ano, com temperatura média anual de 25,6 ºC (ibid.). A vegetação é classificada como floresta ombrófila densa; o estrato arbustivo é escasso e o herbáceo está presente em áreas semi-abertas com maior penetração de luz (Guedes, 1998). A mata apresenta o estrato superior com porte alto e diferentes estágios de maturidade; as famílias melhores representadas ao numero de espécies são: Fabaceae, Lauraceae, Moraceae, Sapotaceae e Euphorbiaceae (ibid.). O estudo foi realizado em duas estações: seca (janeiro e fevereiro de 2007) e chuvosa (julho e agosto de 2007). As coletas se realizaram em duas áreas distantes 1 km entre si, uma com a isca (porco) e outra sem isca para servir de controle. Os locais dos experimentos foram mudados entre as estações para evitar interferências sobre os experimentos posteriores. Foram utilizadas oito armadilhas de solo (pitfall) em cada estação, que consistiam de copos plásticos de 500 ml com abertura de 13 cm de diâmetro, enterradas 0,5 cm abaixo do nível do solo, e contendo álcool a 70% com algumas gotas de detergente. As armadilhas foram 70 colocadas eqüidistantes 1 metro entre si, em formato circular, tanto nas áreas com porco (1,5 m ao redor da carcaça) como na controle. A carcaça foi colocado em gaiola de tela de metal com 1 × 1 × 1m, que permitia a entrada de insetos, mas impedia o acesso de predadores de grande porte. A gaiola era suspensa sobre suportes de metal a 10 cm do solo. Foram utilizados dois porcos domésticos (Sus scrofa Linnaeus 1758) pesando cerca de 15 kg cada, mortos por disparos de arma de fogo na região occipital, etapa realizada por perito da Polícia Científica de Pernambuco. Este animal é utilizado por ter as proporções torso/membros semelhantes a dos humanos. O projeto, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos e Animais da UFPE, seguiu as normas de biossegurança. As coletas foram realizadas diariamente durante 11 dias, e após esse período em intervalos de 48 horas, sempre das 12 h às 14 h. Os insetos coletados nas armadilhas foram mantidos em recipientes contendo álcool a 70% e identificados em laboratório até o menor nível taxonômico possível. No local do experimento, foram coletados diariamente dados sobre radiação solar, umidade relativa e temperatura do solo e do ar. O estudo durou 25 dias, tempo suficiente para que porcos nas duas estações atingissem o estágio final (restos). A decomposição ocorreu em quatro estágios, segundo Smith (1986). No estágio fresco, a carcaça apresenta-se fresca externamente e em decomposição interna, sendo propícia para a atividade de microrganismos. Na fase inchada, a carcaça acumula gases produzidos internamente, havendo inchaço acentuado. Na fase coliquativa, o tecido se rompe com escape de gases, havendo forte odor de putrefação. Na fase seca a velocidade de decomposição diminui, e a carcaça seca até se esqueletizar por completo finalizando o processo de decomposição. Devido à identificação dos exemplares exigir um tempo considerável, especialmente por causa da escassez de taxonomistas na região, este trabalho priorizou uma análise descritiva em nível de família, especialmente, as de maior importância forense, como Diptera, 71 Coleoptera e Hymenoptera, havendo, quando possível, descrição de níveis taxonômicos mais refinados. RESULTADOS E DISCUSSÃO A decomposição ocorreu rapidamente nas duas estações. O estágio fresco durou somente um dia no período seco e dois no período chuvoso (Tabela 1). As temperaturas variaram pouco entre as estações; a umidade relativa variou entre 61% e 73% no período seco e de 71% a 93% no período chuvoso. A chuva acumulada durante o experimento foi de 25 mm no período seco e 230 mm no período chuvoso. A duração da decomposição variou relativamente pouco entre as estações de 25 dias para a seca e 30 dias para a chuvosa, sendo o processo acelerado na estação seca. Isto porque a temperatura é o fator mais importante no tempo de decomposição, acelerando-a em períodos mais quentes e diminuindo sua velocidade em épocas frias. Em países de clima temperado, a decomposição pode durar meses (Arnaldo et al., 2006), enquanto no Brasil Carvalho & Linhares (2001) observaram no sudeste que o processo pode variar de 25 a 49 dias dependendo da época do ano. A pequena variação de 25 a 30 dias para a estação seca e chuvosa justifica-se pelo fato do clima local ter pequena variação na região amostrada ao longo do ano, variando-se basicamente o período e a intensidade de precipitação pluviométrica. Foi coletado um total de 5.019 espécimes de artrópodes adultos, sendo que a Classe Insecta representou 96,4% do total. As ordens Coleoptera (38,7%), Hymenoptera (23,5%) e Diptera (21,8%) foram as mais abundantes, somando 84,0% de toda a fauna coletada (Tabela 1). Foram encontrados também representantes das ordens Hemiptera, Dermaptera, 72 Lepidoptera e Blattodea (Insecta), Opiliones, Scorpiones e Araneae (Arachnida), além de representantes de Chilopoda e Diplopoda. Coleoptera, Hymenoptera e Diptera correspondem justamente às famílias de maior importância forense. Os coleópteros são a segunda ordem em interesse forense e sua abundância neste estudo reflete o tipo de armadilha utilizada. Estudos recentes conduzidos em áreas de mata em Pernambuco revelam elevada riqueza e abundância de coleópteros; por exemplo, Silva et al. (2007) registraram 28 espécies (Tabela 2) corpo-necrófagas pertencentes a apenas uma única família, Scarabaeidae, em um fragmento de brejo de altitude . Apesar de a maioria possuir hábito fitófago ou predador, muitas espécies de coleópteros são verdadeiramente necrófagas (Marinoni et al., 2001). Os himenópteros, embora formem um grupo abundante e constante nas imediações da carcaça, têm sido objeto de poucos trabalhos sobre sua importância em investigações criminais. Formigas podem influenciar o processo de decomposição de carcaças ou na alteração das condições associadas a este processo (Cruz & Vasconcelos, 2006). Ocupam diversas guildas ecológicas, e podem atuar como decompositores, predadores, onívoros; neste caso, também podem se alimentar de tecidos animais mortos, acelerando o processo de decomposição (Moretti et al., 2006). A ordem Diptera é o principal grupo de interesse médico-legal, e as famílias Sarcophagidae (flesh flies) e Calliphoridae (blow flies) incluem os primeiros colonizadores de um cadáver (Catts & Goff, 1992; VER CAPÍTULO 2). As observações realizadas no presente estudo permitem afirmar que algumas espécies que compõem a comunidade necrófaga variam sazonalmente, e esta variação temporal afeta tanto abundância quanto a riqueza em comunidades necrófagas. Alguns grupos têm variação sazonal (Figuras 4 e 5), como os Scarabaeidae. Reflete um padrão comum entre as espécies de coletadas em diversos tipos de vegetação, onde o aumento da precipitação pluvial faz emergir os adultos (Stumpf, 1986; Louzada & Lopes 73 1997). Segundo Silva et al (2007) houve uma captura muito menor de adultos de escarabeídeo, o que sugere que o grande porte dos indivíduos represente uma característica limitante em relação aos fatores climáticos, reduzindo a atividade de adultos durante o período seco o mesmo ocorrendo em nosso trabalho (tabela 2). A manutenção do equilíbrio hídrico pelo inseto deve ser possível quando a pluviosidade atinge um nível que permita a manutenção da água do corpo em situações de alta temperatura – e conseqüentemente perda por evaporação. Isso faz com que a utilização dessa espécie ganhe importância por ser necrófaga e apresentar sazonalidade marcante, indicando se o período em que ocorreu a morte foi seco ou chuvoso Endres et al.(2003). A influência exercida pela carcaça é mais evidente em alguns grupos, como Diptera, Coleoptera e até mesmo Dermaptera (Figs. 2 e 3). Os dermápteros, por serem predadores generalistas, alimentando-se inclusive de larvas de dípteros, possuem estreita ligação com a carcaça, aumentando sua abundância na presença daquele recurso. Nos dípteros, a ligação se deve pelo fato da carcaça fazer parte do seu ciclo de desenvolvimento. Nas primeiras horas de vida, adultos recém-emergidos não possuem a capacidade de voar, por isso acabam sendo capturados nas armadilhas de solos (observação pessoal). Neste estudo, os dípteros recémemergidos ocorreram apenas nos estágios inchado e coliquativo devido ao seu papel exercido na decomposição da carcaça (Tabela 3). Entre os coleópteros, apenas as famílias Staphylinidae, Trogidae e Histeridae podem ser consideradas como fauna realmente associada à carcaça animal (Oliveira-Costa, 2007). Entretanto, outras famílias, como Scarabaeidae, podem ser atraídas pela carcaça, exercendo papel tanto de predador como necrófago. A família Staphylinidae foi mais abundante que todas as outras reunidas (Tabela I). Em estudo da abundância sazonal de besouros em reserva de Floresta Atlântica em São Paulo, Gnaspini et al. (2000) citaram que Staphylinidae compôs a maior parte dos exemplares 74 capturados. Estafilinídeos também foram coletados em grande número em carcaças de porco no Sudeste brasileiro (Souza & Linhares, 1997). O grupo é tipicamente predador, alimentando-se de larvas de insetos ou outros invertebrados pequenos (Marinoni et al., 2001). Assim, sua ocorrência nas imediações da carcaça pode estar associada à grande quantidade de larvas de dípteros, que lhes servem de alimento. A família Histeridae, apesar de não ser uma das mais abundantes, praticamente só foi observada nas circunvizinhanças da carcaça, provavelmente atraída pelas larvas de dípteros que lhes servem de alimento. Esta predação, por sua vez, pode reduzir a velocidade da decomposição animal. Wolff et al. (2001), na Colômbia, encontrou Hister sp. nos estágios de decomposição ativa, avançada e seca. Saprinus patagonicus Blanchard, 1842 e Hister sp. foram encontrados por Centeno et al., (2002), na Argentina, associadas a carcaças cobertas e descobertas. Adultos de Saprinus aeneus (Fabricius, 1775) foram encontrados por Iannacone (2003), em Callao, Peru, durante o estágio ativo e de putrefação avançada em carcaças de porco. O gênero Hister também foi encontrado nesse estudo, estando mais associado ao estágio de fermentação butírica. Em Campinas, Monteiro-Filho & Penereiro (1987) e Carvalho & Linhares (2001) encontraram espécies não identificadas da família em carcaças de porco. Souza & Linhares (1997) encontraram as espécies Saprinus azureus (Sahlberg, 1823), Euspilotus sp. e Omalodes sp. nos estágios de putrefação, putrefação escura e fermentação butírica, no mesmo município. Carvalho et al. (2000) encontraram Euspilotus sp. e Omalodes sp. em área de floresta na mesma cidade. Ainda em relação à guilda de insetos necrófagos, merecem destaque representantes da família Trogidae, mesmo em pequeno número e de Scarabaeidae do gênero Coprophanaeus d’Olsoufieff, 1924 que inclui em sua maioria espécies necrófagas, encontradas geralmente em cadáveres frescos nos períodos crepusculares a noturnos, voando sobre o alimento por curtos períodos de tempo até pousar no recurso (Otronen, 1988; Gill, 1991). 75 Assim como Scarabaeidae e Bostrichidae, foram abundantes na carcaça assim como em ambientes livres de carcaça, não podendo ser caracterizados como essencialmente necrófagos. Scarabaeidae são amplamente relatadas como ocupadoras de carcaças (Cruz & Vasconcelos, 2006), principalmente porque atuam como predadores e onívoros, consumindo material em decomposição, como carniça e fezes (Marinoni et al., 2001). A família Curculionidae, ao contrário, pareceu ser “repelida” pela presença da carcaça, provavelmente para evitar predadores ou competidores que normalmente ocorrem nesse tipo de ambiente. A família Formicidae apresentou uma maior riqueza, com 20 espécies e uma maior abundância com 1.171 indivíduos. Ainda na ordem Hymenoptera, os outros representantes registrados pertencem às famílias Vespidae e Apidae. A posição ecológica dos Formicidae em carcaças varia de predador, ao alimentar-se de ovos, larvas e pupas de alguns insetos, a necrófago, quando se alimentam de exsudatos ou dos tecidos em decomposição (Gomes et al., 2007). Quando atuam como necrófagas, as formigas não só afetam a decomposição e a colonização por insetos, mas também podem produzir artefatos post-mortem que podem ser tomados por mutilações ou ferimentos (Moretti & Ribeiro, 2006), induzindo a erros em investigações forenses. Quando predadoras, elas podem remover substancial quantidade de colonizadores, principalmente larvas de dípteros das famílias Calliphoridae e Sarcophagidae e, dependendo da voracidade e quantidade de espécimes, podem retardar o processo de decomposição (Early & Goff 1986, Wells & Greenberg 1991). Segundo Martínez et al. (1997), formigas representam importante parte do componente necrófago-predador da comunidade sarcossaprófaga, e evoluem de maneira diferente e independente do conjunto desta comunidade. As formigas estão presentes em cadáveres humanos sujeitos a análises forenses (Anderson 1995). Goff & Win (1997) estimaram o IPM (intervalo post-mortem) de restos humanos encontrados em uma caixa de metal baseado no tempo de estabelecimento requerido 76 por uma colônia de Anoplolepsis longipes Jerdon. Clark & Blom (1991) discutem a importância de carcaça de vertebrados como fonte de alimento adicional para formigas que se alimentam de sementes, mesmo considerando a periodicidade de disponibilidade da carcaça. Wells & Greenberg (1994) discutem as possíveis interferências de Solenopsis invicta Buren na ocorrência de larvas de dípteros das famílias Sarcophagidae e Calliphoridae em carcaças animais. Foram coletados 1.094 indivíduos de Diptera, o que representa 21,86% do total da artropodofauna. Na presença da carcaça, a grande maioria foi composta de calliphoridae e indivíduos recém-emergidos, provavelmente das famílias Calliphoridae e Sarcophagidae que devido ao seu desenvolvimento não estar completo não foi possível a sua identificação. Foram encontradas 26 espécies, a maioria pertencente à família Calliphoridae (oito espécies), seguida da família Sarcophagidae (três espécies). A Ordem Diptera é o principal grupo de interesse forense, devido a sua importância no processo de decomposição, e as famílias Sarcophagidae e Calliphoridae incluem os primeiros colonizadores de um cadáver (Catts & Goff, 1992). Por terem o ciclo biológico limitado a condições específicas do cadáver, são também os insetos mais utilizados na determinação do intervalo post-mortem. Uma vez que o objetivo deste estudo era inventariar a entomofauna de solo, não era esperada a presença de dípteros adultos. Além dessas famílias outros indivíduos adultos foram capturados, como das famílias Milichiidae, Micropezidae e Phoridae. Tais famílias já foram amplamente relatadas associadas a carcaças (Carvalho et al., 2004). Outros grupos de insetos, como Hemiptera, Dermaptera e Lepidoptera e Blattodea da ordem Insecta, Opiliones, Scorpionida e Araneaea dos Archinida, além de Chilopoda e Diplopoda, ocorreram em pequena escala. Considerando seu hábito alimentar – por exemplo, os aracnídeos, predadores generalistas - pode-se concluir que seu impacto na ocupação e decomposição da carcaça é pequeno. Em todo caso, é interessante descrever a fauna 77 associada aos insetos verdadeiramente necrófagos, porque há referências de que grandes quantidades de predadores em uma área podem diminuir o ritmo de decomposição de um cadáver (Goff, 2000). Os padrões de sucessão ecológica durante a condução do estudo foram menos diferenciados do que os registrados na literatura (Bornemissza, 1957; Monteiro-Filho & Penereiro, 1987). Segundo esses autores, a sucessão ecológica ocorre em etapas bem nítidas, caracterizada por grupos e espécies-chave bem definidas de acordo com a fase de decomposição, atuando como indicadores forenses. A maioria desses estudos, entretanto, foi conduzida em regiões de clima temperado, com estações bem definidas, onde as populações de insetos têm, em geral, um único ciclo ao ano. No caso de Pernambuco, com temperaturas elevadas e relativamente constantes, há sobreposição de gerações da maioria das espécies encontradas. Isto dificulta a associação de uma espécie com determinada fase de decomposição. Além disso, fases descritas como “seca” em outros estudos não são idênticas em Pernambuco, uma vez que a elevada umidade relativa do ar na estação chuvosa favorece a manutenção de um microambiente mais úmido por mais tempo, mesmo na fase de esqueletização. Rodriguez & Bass (1983) encontraram Histeridae na fase inchada e no começo da fase coliquativa em cadáveres humanos, coincidindo com o pico populacional destes insetos no presente estudo. Cleridae, Dermestidae e Scarabaeidae foram encontradas na maior parte na fase seca, também coincidindo com o encontrado por aqueles autores. Archer (2003), em experimento com porcos na Austrália, verificou que os insetos colonizam o cadáver conforme ano e estação. Os dípteros recém emergidos são necrófagos que utilizaram a carcaça enquanto fase larval e que tendem a se afastar do cadáver. Porém, nas primeiras horas pós-emergência são 78 incapazes de voar e não têm características morfológicas suficientemente desenvolvidas que permitam sua identificação, de acordo com descrições na literatura. Predadores e parasitas de insetos necrófagos utilizam as reservas dos colonizadores normais do cadáver para o seu próprio desenvolvimento, sendo os dípteros na fase larval hospedeiros bastante disponíveis. Este grupo inclui formigas, vespas e coleópteros das famílias Staphylinidae e Carabidae (Marinoni et al., 2001). Entre as espécies onívoras incluem-se os Scarabaeidae (Coleoptera) que podem também se alimentar de carcaças em busca de restos de substâncias gordurosas (Oliveira-Costa, 2007). A maioria dos coleópteros presentes se alimenta do cadáver em estágios mais tardios de decomposição, o que pode ser parcialmente devido a grande quantidade de amônia - bastante tóxica para os coleópteros – produzida por larvas de Calliphoridae. Outro grupo onívoro que possui papel importante no processo de decomposição são as formigas, presentes em todo processo e que também podem se alimentar de carcaça. Entre a artropodofauna classificada como acidental - que utiliza o cadáver praticamente como uma extensão do habitat normal estão Arachnida (Araneae, Acari e Scorpionida), e Chilopoda. Quanto à ordem Coleoptera, devido a diferentes papéis desempenhados pelos coleópteros nas carcaças, não há um padrão em sua presença no processo de decomposição. Muitas famílias de besouros já foram registradas em carcaças de vertebrados. Payne & Crossley (1966) listaram exemplares de 40 famílias de coleópteros presentes em carcaças expostas durante estudo na região Sudeste dos Estados Unidos. Staphylinidae apresenta larvas e adultos de hábitos predadores; larvas de dípteros são seu alimento preferencial, mas podem alimentar-se de outras formas imaturas e adultas que ocorrem nos cadáveres. Chegam em poucas horas após a morte e permanecem ativos até os estágios finais da decomposição (Early & Goff, 1986), apesar de serem mais abundantes nos estágios de putrefação, quando é mais intensa a atividade de larvas de dípteros. Carabidae também apresenta espécies 79 predadoras, tanto larvas quanto adultos, que podem ser encontradas em carcaças durante todo o processo de decomposição. Outro grupo predador é a família Histeridae, cujos representantes chegam no início da decomposição e alimentam-se principalmente de larvas (Payne & Crossley, 1966). Com exceção de alguns ácaros, todos os outros aracnídeos rejeitam cadáveres, e a maioria dos registros de necrofagia nestes grupos é restrita a exemplares mantidos em laboratório, enquanto opiliões, sob certas condições, podem alimentar-se de carcaças animais. (McCormick & Polis, 1990). Determinar a importância relativa da necrofagia versus predação na dieta de uma determinada espécie pode ter importante significado ecológico, na medida em que estas duas modalidades de aquisição de energia possuem impactos diferentes na dinâmica dos ecossistemas (Halaj & Cady, 2000). Os resultados deste trabalho representam um dos primeiros levantamentos faunísticos da artropodofauna da região Nordeste. Apesar da identificação preliminar das espécies, é possível detectar um padrão temporal de ocupação do espaço circunvizinho à carcaça. Por se tratar de um estudo pioneiro, abre precedentes para estudos na região no qual necessita-se um aprofundamento maior nos conhecimentos dessa área. AGRADECIMENTOS Agradecemos à administração do Parque Estadual Dois Irmãos, por permitir a realização deste experimento; a Fred Maranhão e Sandra Santos (Instituto de Criminalistica Professor Armando Samico), pelo suporte logístico e à CAPES, pela bolsa fornecida ao primeiro autor, permitindo a realização deste trabalho. Aos estagiários Roberta Oliveira e Thiago Oliveira pelo auxílio na triagem e montagem de insetos. 80 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Anderson, G. S. 1995. The use of insects in death investigations: an analysis of forensic entomology cases in British Columbia over a five year period. Canadian Society of Forensic Sciences Journal. 28(4):277-292. Archer, M. S. 2003. Annual variation in arrival and departure times of carrion insects at carcasses: implications for succession studies in forensic entomology. Journal of Forensic Sciences 51: 569–576 Bornemissza, G.F. 1957. Analysis of arthropods succession in carrion and the effect of its decomposition on the soil fauna. Australian Journal of Zoology, 5: 1-12 Carvalho, L.M.L., P.J. Thyssen, A.X. Linhares, and F.A.B. Palhares. 2000. A checklist of arthropods associated with pig carrion and human corpses in southeastern Brazil. Memorias do Instituto Oswaldo Cruz. 95: 135-138. Carvalho, L.M.L. de, & Linhares. A. X. (2001) Seasonality of insect succession and pig carcass decomposition in a natural forest area in Southeastern Brazil. Journal of Forensic Sciences. 46: 604-608. Catts, E. P. & M. L. Goff. 1992. Forensic entomology in criminal investigations. Annual Review of Entomology 27: 253–272. Centeno, N.; M. Maldonado & A. Oliva. 2002. Seasonal patterns of arthropods occurring on sheltered and unsheltered pig carcasses in Buenos Aires province (Argentina). Forensic Science International 126: 63–70. Clark, W.H.& P.E. Blom. 1991. Observations of ants (Hymenoptera: Formicidae: Myrmicinae, Formicinae, Dolichoderinae) utilizing carrion. Southwestern Naturalist 36: 140-142. Coutinho, R.Q.; Lima-Filho, M.F.; Souza-Neto, J.S. & Silva, E.P. 1998. Características climáticas, geológicas, geomorfológicas e geotécnicas da Reserva Ecológica de Dois Irmãos. In: Machado, I.C.; Lopes, A.V. & Porto, K.C. (eds.). Reserva Ecológica de Dois Irmãos: Estudos em um remanescente de Mata Atlântica em uma área urbana (Recife, Pernambuco, Brasil). Recife: Sectma Ed. Universitária – UFPE. pp. 21-49. Cruz, T. M, ; Vasconcelos, S. D. 2006. Entomofauna de Solo Associada à Decomposição de Carcaça de Suíno em um Fragmento de Mata Atlântica de Pernambuco, Brasil. Biociências, v. 14, p. 193-201 Early, M. & M.L. Goff. 1986. Arthropod succession patterns in exposed carrion on the island of Oahu, Hawaiian Islands, USA. Journal Medical Entomology 23: 520-531 Endres, A. A. 2003. Diversidade e Análise Faunística de Scarabaeidae (Coleoptera) em áreas de Mata e de Tabuleiro na Reserva Biológica Guaribas, Mamanguape-Pb. Dissertação de Mestrado, UFPB. 46 p. Gill, B. D. 1991. Dung Beetles in American Tropical Forest, p. 211– 229. In: I. Hanski & Y. Cambefort (eds.). Dung Beetle Ecology. Princeton University Press, Princeton. 481 p. Gnaspini, P.; R. B. Francini-Filho & M. R. Burgierman. 2000. Abundance and seasonal activity of beetles (Coleoptera) in an Atlantic Forest Reservation in São Paulo City (Brazil). Revista Brasileira de Entomologia 44: 115–127. 81 Goff, M.L. & B.H. Win. 1997. Estimation of postmortem interval based on colony development time for Anoplolepsis longipes (Hymenoptera: Formicidae). Journal. Forensic Science. 42: 1176-1179. Goff, M. L. 2000.A Fly for the Prosecution. Harvard University Press, Cambridge, MA. 224 p. Gomes, L.; Gomes, G.; Oliveira, H. G. ; Morlin Junior, J. J. ; Desuó, I C ; Queiroz, M. M. C. ; Giannotti, E. ; Von Zuben, C. J.. 2007. Occurrence of Hymenoptera on a Sus scrofa carcasses during summer and winter seasons in Southeastern Brazil. Revista Brasileira de Entomologia, v. 51, p. 394-396 Guedes, M.L.S. (1998). A vegetação fanerogâmica da Reserva Ecológica de Dois Irmãos. In: Machado, I.C.; Lopes, A.V. & Porto, K.C. (eds.). Reserva Ecológica de Dois Irmãos: Estudos em um remanescente de Mata Atlântica em uma área urbana (Recife, Pernambuco, Brasil). Recife: Sectma Ed. Universitária – UFPE. pp. 157-172. Halaj, J. and A. Cady. 2000. Diet Composition and Significance Of Eathrworms as Food of Harvestmen (Arachnida: Opiliones). American Midland Naturalist 143:487-491. Iannacone, J. 2003. Artropofauna de importancia forense en un cadáver de cerdo en el Callao, Perú. Revista Brasileira de Zoologia 20: 85–90. Louzada, J. N. C. & F. S. Lopes. 1997. A comunidade de Scarabaeidae copro-necrófagos (Coleoptera) de fragmento de Mata Atlântica. Revista Brasileira de Entomologia 41: 117– 121. Marinoni, R. C.; Ganho, N. G.; Monné, M. L.; Mermudes, J. R. 2001 Hábitos alimentares em Coleoptera (Insecta). São Paulo: Holos Editora, 63p. McCormick, S.J. & Polis, G.A. 1990. Prey, predators, parasites. In: Polis, G.A. (Ed.) The Biology of Scorpions. Stanford University Press, Stanford, CA, 294–320. Monteiro-Filho, E. L. A.; Penereiro, J. L 1987. Estudo de decomposição e sucessão sobre uma carcaça animal numa área do estado de São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Biologia, 47, n. 3, p. 289-295, 1987 Moretti, T. C. ; Ribeiro, O. B. . Cephalotes clypeatus Fabricius (Hymenoptera: Formicidae): Hábitos de Nidificação e Ocorrência em Carcaça Animal. Neotropical Entomology, Vacaria, RS, v. 35, n. 3, p. 412-415, 2006 Oliveira-Costa. J. 2007, Entomologia Forense Quando os insetos são vestígios. 2 ed. Campinas: Millennium, v 2. , p. 293. Otronen, M. 1988. Intra- and intersexual interactions at breeding burrows in the horned beetle, Coprophanaeus ensifer. Animal Behaviour 36: 741–748. Payne, J. A. 1965. A summer carrion study of the baby pig Sus scrofa Linnaeus. Ecology, 46: 853-866 Payne, J. A. & Crossley, D. A. 1966. Animal species associated with pig carrion. ORNL/TM-1432. 70 pp. Rodriguez, W. C. & W. M. Bass. 1983. Insect activity and its relationship to decay rates of human cadavers in east Tenessee. Journal of Forensic Sciences 28: 423–432. 82 Silva, F. A. B. ; Hernández, M. I. M. ; Ide, S. ; Moura, R. C. , 2007. Comunidade de escarabeíneos (Coleoptera: Scarabaeidae) copro-necrófagos da região de Caruaru, Pernambuco, Brasil. Revista Brasileira de Entomologia, v. 51, p. 228-233 Smith, K. G. V. 1986. A Manual of Forensic Entomology. London, Ithaca, British Museum of Natural History, Cornell University Press. 1-205. Souza, A. M. & Linhares, A. X., 1997. Diptera and Coleoptera of potential forensic importance in southeastern Brazil: relative abundance and seasonality. Medical and Veterinary Entomology, 11(1): 8-12 Stumpf, I. V. K., 1986. Study of the scarab fauna in Mandirituba, Parana, Brazil. Acta Biológica Paranaense 15: 125–153. Wells & Greenberg, B. 1991. Flies as forensic indicators. Journal of Medical Entomology. 28(5): 565-77 Wells, J.D. & B. Greenberg.1994. Effect of the red imported fire ant (Hymenoptera: Formicidae) and carcass type on the daily occurrence of postfeeding carrion-fly larvae (Diptera: Calliphoridae, Sarcophagidae). Journal Medical Entomology 31: 171-174. Wolff, M.; A. Uribe; A. Ortiz & P. Duque. 2001. A preliminary study of forensic entomology in Medellín, Colombia. Forensic Science International 120: 53–59. 83 Tabela 1. Estágio de decomposição e características Parque Estadual Dois Irmãos, Recife, Brasil. Seco Dia Estágio Temp UR Pluv Tempo (ºC) (%) (mm) 0 Fresco 28.1 64 0 1 Inchado 30.3 63 0 Sol 2 Inchado 30.5 64 0 Sol 3 Coliquativo 29.7 61 0 Sol 4 Seco 30.1 70 0 Sol 5 Seco 29.7 65 0 Sol 6 Seco 29.5 72 0 Sol 7 Seco 29.8 64 0 Sol 8 Seco 29.5 73 2 Sol 9 Seco 29.1 65 0 Sol 10 Seco 28.6 65 0 Sol 15 Seco 29.6 69 1 Nublado 20 Seco 29.5 68 1 Sol 25 Seco 30.9 71 21 Nublado 9% ambientais durante o experimento no Chuvoso Temp UR Estágio (ºC) (%) Fresco 26.6 82 Fresco 26.7 90 Fresco 26.9 70 Inchado 25.8 71 Inchado 26.3 82 Coliquativo 26.5 91 Seco 26.9 93 Seco 26.0 71 Seco 26.1 71 Seco 23.5 71 Seco 23.8 78 Seco 23.9 81 Seco 22.9 93 Seco 23.5 83 pluv (mm) 7 4 7 1 5 4 62 2 1 4 1 51 43 26 Tempo Nublado Nublado Sol Sol Sol Nublado Chuva Nublado Chuva Nublado Sol Chuva Nublado Sol Coleoptera 1%2% 0%3% 1% Diptera 39% Hymenoptera Hemiptera Lepidoptera Dermaptera 23% Opiliones Aranaea 22% Scorpiones Figura 1 Abundância geral dos artrópodes coletados em armadilha de solo com e sem a presença de carcaça de porcos durante os meses de janeiro, fevereiro, julho e agosto de 2007, Parque Estadual Dois Irmãos, Pernambuco. 84 Scarabaeidae Staphylinidae Nitidulidae 1% 6% Bostrichidae 22% 32% Curculionidae Trogidae Histeridae 2% 1% 10% Sarcophagidae 8% 12% 3% Calliphoridae Phoridae 2% Formicidae 1% Outros Figura 2 Porcentagem das Famílias das famílias de Dípteras, Hymenoptera e Coleópteros coletados em locais com carcaças de suínos nos meses de janeiro, fevereiro, julho e agosto de 2007, Parque Estadual Dois Irmãos, Pernambuco. Scarabaeidae Staphylinidae 5% 3% 4% Nitidulidae 10% 29% 12% Bostrichidae Curculionidae Drosophilidae Phoridae 1% 3% 14% 19% Otitidae Formicidae Outros Figura 3. Porcentagem das famílias das famílias de Diptera, Hymenoptera e Coleoptera coletados em armadilhas de solo em locais sem carcaças de suínos (controle) nos meses de janeiro, fevereiro, julho e agosto de 2007, Parque Estadual Dois Irmãos, Pernambuco. 85 800 700 600 500 400 300 200 100 s O ut ro Sc ar ab ae id ae St ap hy lin id ae Ni t id ul id ae Bo st ric hi da Ca e llip ho rid Dr ae os op hi lid ae Ph or id ae Fo rm ic id ae 0 Figura 4. Abundância das famílias das famílias de Diptera, Hymenoptera e Coleoptera coletados em armadilhas de solo durante a estação seca (jan-fev/2007), no Parque Estadual Dois Irmãos, Recife. 450 400 350 300 250 200 150 100 50 Sc ar ab St a ei da ap e hy lin id a Ni tid e ul B os ida e t ri ch Cu id ae rc ul io ni da H e is te rid Ca llip ae ho D rid ro ae so ph ili da e Ph or id ae O t it i Fo da e rm ic id ae O ut ro s 0 Figura 5 Abundância das famílias das famílias de Diptera, Hymenoptera e Coleoptera coletados em armadilhas de solo durante a estação chuvosa (jul-ago/2007), Parque Estadual Dois Irmãos, Pernambuco. 86 Tabela 2- Artrópodes coletados em armadilha de solo com e sem a presença de carcaça de porcos durante os meses de janeiro, fevereiro, julho e agosto de 2007, Parque Estadual Dois Irmãos, Pernambuco. Período Seco ORDEM Riqueza Período chuvoso FAMÍLIA de Porco Controle Porco Controle espécies Scarabaeidae 12 46 7 47 53 Staphylinidae 3 129 71 251 25 Nitidulidae 3 109 167 53 52 Carabidae 1 2 1 0 8 Bostrichidae 3 48 42 79 216 Curculionidae 1 3 2 27 307 Cerambicidae 1 1 0 0 1 Trogidae 1 2 0 10 0 Tenebrionidae 1 1 1 1 3 Histeridae 1 7 0 42 1 Outros 1 0 0 1 3 Coleoptera Total 28 442 325 511 668 Calliphoridae 8 20 0 187 1 Sarcophagidae 3 8 0 8 0 Drosophilidae 1 0 196 2 207 Phoridae 2 0 17 34 39 Milichiidae 2 0 0 1 0 Micropezidae 1 0 1 2 0 Otitidae 1 0 0 6 18 Recém-emergido 196 0 6 0 Outros 8 29 0 80 36 Diptera 26 253 214 326 301 Formicidae 18 236 524 320 91 Apidae 2 0 1 5 0 Vespidae 1 1 0 1 0 Hymenoptera Total 20 237 525 325 91 2 217 59 9 174 Hemiptera 1 0 1 13 25 Lepidoptera 2 46 1 56 18 Dermaptera 2 5 14 3 2 Opiliones 7 29 46 24 30 Araneae 1 14 15 0 1 Scorpiones 1243 1200 1267 1310 TOTAL 87 Tabela 3-Padrão geral de ocorrência das três ordens mais abundantes de insetos, de acordo com a fase de decomposição de uma carcaça de suíno na Reserva de Dois Irmãos, Recife – PE. ORDEM FASE DE DECOMPOSIÇÃO Fresco Inchado Coliquativo Seco Coleoptera X X X X Díptera - X X - Hymenoptera X X X X 88 CONSIDERAÇÕES FINAIS 89 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo da fauna necrófaga serve de subsídios para aplicações mais importantes da entomologia forense, na região. Ao analisar as diferença na exploração da carcaça, ao longo de cada etapa de decomposição, e o do tempo ocupado por cada estágio de desenvolvimento do inseto, associado os parâmetros abióticos como temperatura, nos permite a dar uma pequena contribuição no conhecimento desta ciência. A entomofauna associada à decomposição de carcaça de suíno no fragmento de mata atlântica estudado é rica e apresenta representantes de diversos nichos tróficos e hábitos alimentares. O padrão de ocupação é de certa forma semelhante ao registrado em outras regiões de mata do Brasil, ampliando as informações sobre a distribuição geográfica das espécies de interesse forense no território nacional. Os efeitos sazonais afetam sobre velocidade da decomposição, informações sobre esse efeito em relação a velocidade são importantes para uma expectativa para aplicação prática a nível local. Os dados ainda são muito limitados, esperamos que com o tempo os nossos conhecimentos sejam mais significativos. O fato de haver um padrão de ocupação temporal da carcaça, pode ser usado na investigação de intervalos pós-morte, e o registro de espécies tipicamente silvestres, auxiliar para determinar o local de morte. Partindo desse levantamento, o primeiro da Região Nordeste, o próximo passo é estudar a bionomia das espécies verdadeiramente necrófagas, para que os bancos de dados gerados por entomologistas possam ser efetivamente utilizados por peritos criminais na resolução de homicídios. 90 91 ANEXOS E APÊNDICES 92 Applied Entomology and Zoology 1. Submission of Manuscripts Hardcopy submission: Manuscripts that are to be submitted should be prepared using a standard word processing application. One printed copy including all figures and tables should be submitted. A 3.5-inch floppy disk containing an identical copy of the manuscript, including figure legends, tables and original figures, is to be submitted after the manuscript has been accepted for publication. E-mail submission: A complete manuscript is to be submitted to the e-mail address of the editorial office in PDF or Microsoft Word file format, with all text, tables, figures, figure legends and other works embedded in one file. 2. Preparation of Manuscripts 2-1. Style and Format It is recommended that articles are subdivided into Abstract, Introduction, Materials and Methods, Results, Discussion, Acknowledgements, and References. A useful writing guide is the latest edition of the "Scientific Style and Format" published by Cambridge University Press. 2-2. General Instructions Prepare the manuscript typed on one side of high quality paper of approximately 20 x 30 cm, double spacing throughout, including quoted matter, references, acknowledgements, and tables. All pages of the manuscript, except for the figures and tables, must have consecutive line numbers. Number pages consecutively. Wide margins (approximately 3 cm at the top and sides) are requested to allow room for editing. 2-3. Title Titles should give the type of study, organisms involved, and geographical areas if pertinent. Scientific names in the title should be accompanied by the order and family names of the animals as follows: scientific name (name of the order: name of the family). 2-4. Running Title The manuscript should carry a shortened version of the paper's title, not exceeding 40 letters in length, on the upper right-hand corner of the title page. 2-5. Author's Name and Affiliation Write the authors' names and their institutions where the investigation was carried out. Items 2-3, 4, 5 and necessary footnotes should be written on the first page. 93 Chun Xiao,1,2 Peter C. Gregg3 and Zhongning Zhang1,* 1 State Key Laboratory; 100080, P.R. China 2 China-Japan Cooperative Center of Technology and Research; 434103, P.R. China 3 School of Rural Science & Natural Resources Chemistry; NSW2351, Australia * E-mail address of corresponding author should be written as a footnote. †, ‡, § and ¶ should be used in turn if authors have to show present address as a footnote. 2-6. Abstract An English abstract should be written in less than 200 English words. In addition, a Japanese abstract in less than 400 Japanese characters including the title and the author's name should be written in a separate sheet. Foreign contributors can disregard the Japanese synopsis. 2-7. Key words A list of not exceeding 5 key words is to be provided directly below the abstract. 2-8. Footnotes Number text footnotes consecutively with superscript Arabic numerals and type them in separate paragraphs at the bottom of each page. Indicate table footnotes with superscript lower-case letters. Type table footnotes alphabetically in separate paragraphs at the bottom of each table. 2-9. Use of Insect Names It is preferable to use scientific names throughout. When common names are used, they should conform to the standard usage. The first time a common name is used it should be accompanied by the scientific name. 2-10. Use of Pesticide Names Use common names of pesticides as recommended in the "List of Terminology in Applied Zoology and Entomology" (1982 edition) published by the Japanese Society of Applied Entomology and Zoology. Proprietary substances and trade names must be accompanied (at the first mention) by the chemical names. 2-11. Use of Units and Abbreviations SI units should be used principally. Tentative exceptions are: min, h (hour), d (day), y (year), °C, a, ha, t, Da, l(dm3), m (mol/dm3), Ci, R, °, ', ". 2-12. Tables Tables should be typed on separate pages, numbered consecutively with Arabic numbers, and collected at the end of the manuscript. All tables must have descriptive headings and should be understandable without reference to the text. The place where they are to be inserted in the text should be indicated on the margin of the manuscript. 94 2-13. Illustrations At least one set of the figures must be glossy photographs, high-quality computer output created using a laser printer, or originals not requiring any additional artwork or typesetting. One illustration should be no larger than 20 x 30cm. Illustrations that must be reproduced should be approximately twice the size of the final printed illustration size. Number all illustrations consecutively using Arabic numerals. Legends should be typed together using double-spaced formatting on a separate sheet. Do not incorporate the legend into the figure itself. The place where an illustration is to be inserted in the text should be indicated on the margin of the manuscript. Write the illustration number (Fig. 1, etc.) near the bottom edge of the illustration, together with the author's name and abbreviated title. 2-14. References References in the text should be indicated by the author(s) and year: dual authorship by the use of the name of both authors, and multiple authorship by the name of the first author followed by "et al." List only papers actually cited under the heading "References", which have been arranged alphabetically by the author's last name, double spaced. Do not list articles as "in press" unless accepted for publication by the journal concerned. Examples of references for journal articles, books, and book chapters are as follows. • • • Inoue, M. (1990) Prevention of spider mite disperal with creased vinyl. Jpn. J. Appl. Entomol. Zool. 34: 49-53 (in Japanese with English summary). Gotoh, T. and K. Noguchi (1990) Developmental success and reproductive incompatibility among populations of the European red mite, Panonychus ulmi (Acari: Tetranychidae). Exp. Appl. Acarol. 10: 157-165. Ôtake, A. (1981) Proposal for terminology of plants associated with the life history of fruit-piercing stink bugs. Plant Prot. 35: 39-41 (in Japanese). When journal name is regulated in English and another language, the English name only should be used. • • • Strong, D. R., J. H. Lawton and T. R. E.Southwood (1992) Insects on Plants, Community Patterns and Mechanisms. Blackwell, London. 313 pp. Helle, W. and M. W. Sabelis (eds.) (1985) Spider Mites: Their Biology, Natural Enemies and Control. Vol. A. Elsevier, Amsterdam. 405 pp. Takafuji, A. (1994) Variation in diapausecharacteristics and its consequences on population phenomena in the two-spotted spider mite, Tetranychus urticae Koch. In Insect Life-Cycle Polymorphism (H. V. Danks ed.). Kluwer Academic Publishers, Dordrecht, pp. 113-132. References in the text should conform to the following, either Suzuki (1967), Saito and Mori (1980) and Shibata et al. (1995), or (Kuno, 1968; Yasuda and Naito, 1991) and (Sabelis et al., 1994). 2-15. Indication of Type Face 95 Scientific names of genera, species, subspecies, and varieties must be single underlining for Italics. Authors should indicate type face for mathematical formulas and equations. 3. Galley Proof Authors will receive proofs for correction when their contributions are first set; further proofs will be sent at the discretion of the Editor. Alterations from the original manuscript are never allowed. In case of multiple authorship, the proof will be sent to the first author unless otherwise indicated. 4. Reprints Fifty reprints of each paper will be supplied free of charge. Additional copies can be obtained at cost if ordered with the submission of manuscript. Write the number of reprints required (including 50 free copies) in red ink on the upper left-hand corner of the title page of the manuscript. Reprint orders from abroad must be paid in advance at proof reading. WHERE TO SUBMIT: Hardcopy submission: One copy of the manuscript is to be submitted to; Applied Entomology and Zoology c/o Center for Academic Publications Japan 2-4-16, Yayoi, Bunkyo-ku, Tokyo 113-0032, Japan E-mail submission: PDF or Microsoft Word manuscripts are to be submitted to: Applied Entomology and Zoology c/o Center for Academic Publications Japan [[email protected]] COPYRIGHT: All articles published in this journal are protected by copyright, which covers the exclusive rights to reproduce and distribute the article. No material published in this journal may be reproduced without written permission from the editor. » Home • • • • • Home Message from President About this Society Annual Meeting Journals • o o About Journals Jpn. J. Appl. Entomol. Zool. 96 Applied Entomology and Zoology Online Journals Publication Policy Guide to Authors Editor and Editorial Board Links to Related Websites Members Only o o o o o • • Search "odokon.org" AND Search (C)Japanese Society of Applied Entomology and Zoology. Copyright Notice 97 JOURNAL OF LEGAL MEDICINE Official publication of the American College of Legal Medicine (ACLM) ISSN: 1521-057X (electronic) 0194-7648 (paper) Publication Frequency: 4 issues per year Subject: Medical & Healthcare Law; Publisher: Taylor & Francis • • Sign In Online Sample Instructions for Authors ***Note to Authors: please make sure your contact address information is clearly visible on the outside of all packages you are sending to Editors.*** The Editor encourages the submission of articles, book review essays, and comments on topics of interest in legal medicine, health law and policy, professional liability, hospital law, food and drug law, medical- legal research and education, the history of legal medicine, and a broad range of other related topics. Manuscripts should be double-spaced throughout, with generous margins, and type-written on one side of 8 1/2 " x 11" opaque paper. Manuscripts should be submitted in triplicate (original and two copies), including copies of all illustrations and tables. The cover page should include the title, author's name and address, and a short biographical statement about the author. Footnotes to sources should be numbered in one consecutive series of Arabic numerals and placed at the end of the manuscript. Footnotes must be double-spaced both within and between each footnote. Footnote style must conform to the standards set forth in A Uniform System of Citation, published by the Harvard Law Review Association. Receipt of manuscripts will be acknowledged promptly, and authors will be notified of acceptance or rejection in a timely fashion. The Editor receives manuscripts with the understanding that they have not been published previously and that they have not been submitted for publication consideration elsewhere. It is requested that the author confirm this fact in writing when transmitting the manuscript for publication consideration. A statement transferring copyright to the publisher will be required for manuscripts which are accepted for publication. The Editor will supply the necessary forms for this transfer. All manuscripts submitted for publication consideration become the property of the publisher and cannot be returned to authors unless special arrangements are made with the Editor. The corresponding author of each article will receive 50 free reprints of the article and one free copy of the entire issue in which the article appears. Additional reprints may be ordered from Taylor & Francis. Use the reprint order form included with page proofs. All manuscripts should be addressed to Marshall B. Kapp, J.D., M.P.H., Editor, The Journal of Legal Medicine, Southern Illinois University School of Law, Carbondale, IL 62901-6804, Tel: 618-453-8741, Fax: 618-453-3317, E-mail: [email protected] 98 Revista Brasileira de Entomologia Publicação de Sociedade Brasileira De Entomologia Forma e preparação de manuscritos Os manuscritos devem ser enviados preferencialmente via correio eletrônico, como arquivo(s) anexo(s). Poderão também ser submetidos impressos em papel (três vias), acompanhados dos arquivos em CD. O texto deve ser editado, de preferência, em Microsoft Word®, em página formato A4, usando fonte Times New Roman tamanho 12, espaço duplo entre as linhas, com margem direita não justificada e com páginas numeradas. Usar a fonte Times New Roman também para rotulagem das figuras e dos gráficos. Apenas tabelas e gráficos podem ser incorporados no arquivo contendo o texto do manuscrito. Figuras em formato digital devem ser enviados em arquivos separados, com, no mínimo, 300 dpi de resolução para fotos coloridas e 600 dpi para desenhos a traço e fotos branco e preto, em formato tiff ou jpeg de baixa compactação. Não enviar desenhos e fotos originais quando da submissão do manuscrito. O manuscrito deve começar com uma página de rosto, contendo: título do trabalho e nome(s) do(s) autor(es) seguido(s) de número(s) (sobrescrito) com endereço(s) completo(s), inclusive endereço eletrônico, e com respectivos algarismos arábicos para remissão. Em seguida, apresentar ABSTRACT, com no máximo 250 palavras, com o título do trabalho em inglês e em parágrafo único; KEYWORDS, em inglês, em ordem alfabética e no máximo cinco. Na seqüência virá o RESUMO em português, incluindo o título e PALAVRAS-CHAVE, em ordem alfabética e equivalentes às KEYWORDS. Devem ser evitadas palavras-chave que constem do título e do resumo do artigo. No corpo do texto, os nomes do grupo-gênero e do grupo-espécie devem ser escritos em itálico. Os nomes científicos devem ser seguidos de autor e data, pelo menos na primeira vez. Não usar sinais de marcação, de ênfase, ou quaisquer outros. Conforme o caso, a Comissão Editorial decidirá como proceder. As referências devem ser citadas da seguinte forma: Canhedo (2004); (Canhedo 2003, 2004); Canhedo (2004:451); (Canhedo 2004; Martins & Galileo 2004); Parra et al. (2004). As figuras (fotografias, desenhos, gráficos e mapas) devem ser sempre numeradas com algarismos arábicos e, na medida do possível, na ordem de chamada no texto. As escalas devem ser colocadas na posição vertical ou horizontal. As tabelas devem ser numeradas com algarismos romanos e incluídas, no final do texto em páginas separadas. Se necessário, gráficos podem ser incluídos no arquivo do texto e, como as tabelas, deverão vir no final do texto. As figuras em formato digital deverão ser enviadas em arquivos separados. O tamanho da prancha deve ser proporcional ao espelho da página (23 x 17,5 cm), de 99 preferência não superior a duas vezes. Para a numeração das figuras utilizar Times New Roman 11, com o número colocado à direita e abaixo. Isto só deve ser aplicado para as pranchas quando em seu tamanho final de publicação. A fonte Times New Roman deve ser usada também para rotulagem inserida em fotos, desenhos e mapas (letras ou números utilizados para indicar nomes das estruturas, abreviaturas etc.) e em tamanho apropriado de modo que em seu tamanho final não fiquem mais destacados que as figuras propriamente ditas. As figuras originais não devem conter nenhuma marcação. A Comissão Editorial poderá fazer alterações ou solicitar aos autores uma nova montagem. Fotos (preto e branco ou coloridas) e desenhos a traço devem ser montados em pranchas distintas. As legendas das figuras devem ser apresentadas em página à parte. O custo da publicação de pranchas coloridas deverá ser arcado pelos autores. Os AGRADECIMENTOS devem ser relacionados no final do trabalho, imediatamente antes das Referências. Sugere-se aos autores que sejam sucintos e objetivos. Para as REFERÊNCIAS, adota-se o seguinte: 1. Periódicos (os títulos dos periódicos devem ser escritos por extenso e em negrito, assim como o volume do periódico): Zanol, K. M. R. 1999. Revisão do gênero Bahita Oman, 1936 (Homoptera, Cicadellidae, Deltocephalinae). Biociências 7: 73–145. Martins, U. R. & M. H. M. Galileo. 2004. Contribuição ao conhecimento dos Hemilophini (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae), principalmente da Costa Rica. Revista Brasileira de Entomologia 48: 467–472. Alves-dos-Santos, I. 2004. Biologia da nidificação de Anthodioctes megachiloides Holmberg (Anthidiini, Megachilidae, Apoidea). Revista Brasileira de Zoologia 21: 739–744. 2. Livros: Michener, C. D. 2000. The Bees of the World. Baltimore, Johns Hopkins University Press, xiv+913 p. 3. Capítulo de livro: Ball, G. E. 1985. Reconstructed phylogeny and geographical history of genera of the tribe Galeritini (Coleoptera: Carabidae), p. 276–321. In: G. E. Ball (ed.). Taxonomy, Phylogeny and Zoogeography of Beetles and Ants. Dordrecht, W. Junk Publishers, xiii+514 p. Referências a resumos de eventos não são permitidas e deve-se evitar a citação de dissertações e teses. As cópias do manuscrito, juntamente com os pareceres dos consultores, serão enviadas ao autor (ao primeiro, se em co-autoria ou ao autor indicado) para que sejam feitas as correções/alterações sugeridas. Estas cópias deverão ser devolvidas à Editoria da RBE juntamente com uma cópia impressa da versão corrigida e do respectivo CD (devidamente identificado) ou por via eletrônica. Alterações ou acréscimos ao manuscrito enviados após o seu registro poderão ser recusados. Nas Comunicações Científicas o texto deve ser corrido sem divisão em 100 itens (Material e Métodos, Resultados e Discussão). Inclua o Abstract e o Resumo seguidos das Keywords e Palavras-Chave. Provas serão enviadas eletronicamente ao autor responsável e deverão ser devolvidas, com as devidas correções, no tempo solicitado. O teor científico do trabalho assim como a observância às normas gramaticais são de inteira responsabilidade do(s) autor(es). Para cada trabalho publicado serão fornecidas 10 (dez) separatas, independente do número de autores. Sugere-se aos autores que consultem a última edição da revista para verificar o estilo e lay-out. Ao submeter o manuscrito o autor poderá sugerir até três nomes de revisores para analisar o trabalho, enviando: nome completo, endereço e e-mail. Entretanto, a escolha final dos consultores permanecerá com os Editores. 101 Cruz, Tadeu Morais. Diversidade e sucessão ecológica de insetos associados à decomposição animal em fragmento de Mata Atlântica de Pernambuco / Tadeu Morais Cruz. – Recife: O Autor, 2008. 102 folhas : il., fig., tab. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCB. Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal, 2008. nclui bibliografia, apêndices e anexos. 1. Entomologia forense. 2. Sarcosaprofago. 3. Entomofauna. 4. Sus sacrofa L. I Título. 595.7 595.7 CDU (2.ed.) CDD (22.ed.) UFPE CCB – 2008- 097 102