BRICS Monitor Especial RIO+20 Rio+20: o Brasil e a Estrutura Institucional Internacional para o Desenvolvimento Sustentável Abril de 2012 Núcleo de Política Internacional e Agenda Multilateral BRICS Policy Center / Centro de Estudos e Pesquisas BRICS BRICS Monitor Especial RIO+20 Rio+20: o Brasil e a Estrutura Institucional Internacional para o Desenvolvimento Sustentável Abril de 2012 Núcleo de Política Internacional e Agenda Multilateral BRICS Policy Center / Centro de Estudos e Pesquisas BRICS BRICS POLICY CENTER – POLICY BRIEF Rio+20: o Brasil e a Estrutura Institucional Internacional para o Desenvolvimento Sustentável Autores: Aryadne Bittencourt Waldely & Lucas Perez Florentino Coordenação: Monica Herz Rio+20: o Brasil e a Estrutura Institucional Internacional para o Desenvolvimento Sustentável O papel de anfitrião do Brasil se insere num contexto de busca por uma posição de liderança no cenário mundial em direção ao desenvolvimento sustentável, mostrando que esse tema representa um fator significativo na atual política externa brasileira.1 Internamente, o debate acerca da temática vem crescendo nos últimos anos, seguindo a tendência mundial. O Brasil enfrenta o desafio de conciliar seus projetos de crescimento econômico com a preservação ambiental e a inclusão social. Nesse ínterim, o movimento ambientalista brasileiro saiu de uma esfera mais local e está mais globalizado. Além disso, o movimento passa por um processo de profissionalização, por meio do qual realiza parcerias com as instituições governamentais e se aproxima da agenda política, ao mesmo tempo em que diminui a atenção às questões sociais. Dessa forma, o movimento que era conhecido como “socioambientalíssimo” vem perdendo força no Brasil.2 No âmbito doméstico, há uma ampla rede institucional voltada para o meio ambiente e, no momento, para a Rio+20. Oficialmente, a Divisão de Política Ambiental e Desenvolvimento Sustentável (DPAD) do Ministério das Relações Exteriores (MRE) é o organismo responsável pela Rio+20 junto à ONU.3 Além deste, existem outros organismos relevantes para o debate nacional, como a Subcomissão Permanente de Acompanhamento da Rio+20 e do Regime Especial de Mudanças Climáticas4 e o Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Fboms).5 Na proposta brasileira para o desenho institucional internacional para o desenvolvimento sustentável,6 é possível identificar uma busca por integração entre três níveis de atuação: multilateral, nacional e local. O multilateralismo é um ponto substantivo da proposta do governo brasileiro, pois, nesta visão, os problemas ambientais requerem soluções mais integradas internacionalmente, sobretudo voltadas para maior cooperação e coordenação entre os agentes internacionais que lidam com o tema. 1 BRICS POLICY CENTER – POLICY BRIEF Rio+20: o Brasil e a Estrutura Institucional Internacional para o Desenvolvimento Sustentável Além disso, a posição brasileira entende que o cenário internacional contemporâneo demanda a participação de atores mais diversos para contemplar os três pilares do desenvolvimento sustentável, econômico, social e ambiental. Nesse sentido, defende-se um arcabouço institucional que seja inclusivo tanto acerca dos países tomadores de decisão, defendendo maior participação dos países em desenvolvimento nos órgãos internacionais e mais atenção às suas especificidades; quanto em relação aos atores, chamando atenção para a interlocução com a sociedade civil no âmbito internacional. Ademais, o país afirma que o financiamento internacional do desenvolvimento sustentável deve ser reestruturado, auxiliando no fortalecimento da governança ambiental. Em termos do desenho institucional,7 ao Brasil defende a coordenação entre as instituições internacionais para o meio ambiente já existentes, mediante redefinição e especificação de seus mandatos. Ademais, defendemse a centralidade e o fortalecimento das estruturas da ONU, porém não se delimita um formato específico para a arquitetura global. O Conselho Econômico e Social (ECOSOC) é visto pelo governo brasileiro como “lugar natural para se pensar em reformas na área de governança para o desenvolvimento sustentável”8 e deve, então, ser fortalecido. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), por sua vez, deve auxiliar os governos na implementação dos acordos firmados, mas o Brasil não apoia sua transformação em agência ambiental da ONU. Em contramedida, a posição brasileira não endossa a Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS) e propõe, finalmente, a criação de um processo negociado, que inclua a sociedade civil. Com relação à coordenação, observam-se a articulação e a aproximação de posicionamentos entre Brasil e G77,9 grupo de países em desenvolvimento na ONU. Igualmente, o Brasil coordena sua agenda ambiental com Índia, África do Sul e China no contexto do BASIC e, em certa medida, há uma aproximação recente entre os BRICS na temática do desenvolvimento sustentável, principalmente após a Cúpula de Nova Délhi de 2012.10 2 BRICS POLICY CENTER – POLICY BRIEF Rio+20: o Brasil e a Estrutura Institucional Internacional para o Desenvolvimento Sustentável 1 RIO+20. Brasil na Rio+20. Rio+20. Disponível em: <http://www.rio20.gov.br/brasil>. Acesso em: 28 mar 2012. 2 ALONSO, Angela & FAVARETO, Arilson.From One Summit to Another: The Changing Landscape of Brazilian Environmental Movement. The Journal of Environment & Development. vol. 21 n. 1. p. 28-32. 2012. 3 Para informações sobre a representação oficial do Brasil para a Rio+20, acessar os endereços: <http://www.uncsd2012.org/rio20/index.php?page=view&type=6&nr=10&menu=32> <http://www.un.org/esa/dsd/dsd_aofw_ni/ni_natiinfo_brazil.shtml> <http://www.un.org/esa/agenda21/natlinfo/countr/brazil/Brazil.pdf> 4 SENADO. Portal de Notícias. Senado Federal. Disponível em: <http://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2012/03/15/subcomissao-da-rio-20-debateconscientizacao-sobre-o-aquecimento-global>. Acesso em: 23 mar 2012. 5 RADAR RIO+20. Por dentro da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. Radar Rio+20. Disponível em: <http://www.radarrio20.org.br/arquivos/files/radarRio20-baixares.pdf>. Acesso em: 28 mar 2012. 6 BRAZIL. Initial Discussions on the Zero Draft of the Outcome Document.United Nations Conference on Sustainable Development, 2012.Disponívelem: <http://www.uncsd2012.org/rio20/content/documents/714brazil.pdf>. Acessoem: 26 mar 2012. 7 BRAZIL. Statement – Brazil. United Nations Conference on Sustainable Development. Disponível em: <http://www.uncsd2012.org/rio20/content/documents/brazil-inst-frame.pdf>. Acesso em: 23 mar 2012. BRASIL. Contribuição brasileira à Conferência Rio+20. Rio20. 1ºnov 2011. Disponível em: <http://www.rio20.gov.br/documentos/contribuicao-brasileira-a-conferencia-rio-20>. Acessoem: 29 mar 2012. BRAZIL. Statement – Brazil. United Nations Conference on Sustainable Development. Disponível em: <http://www.uncsd2012.org/rio20/content/documents/brazil-inst-frame.pdf>. Acesso em: 23 mar 2012. 8 BRAZIL. Statement – Brazil.United Nations Conference on Sustainable Development. Disponível em: <http://www.uncsd2012.org/rio20/content/documents/brazil-inst-frame.pdf>. Acesso em: 23 mar 2012. 9 G77-CHINA. Statement on Behalf of the Group of 77 and China by Mr. Khaled Hussein Alyemany, minister plenipotentiary, Permanent Mission of the Republic of Yemen to the United Nations, at the First Preparatory Committee Meeting of the UN Conference on Sustainable Development on Institutional Framework for Sustainable Development. United Nations Conference on Sustainable Development Website, 2010. Disponível em: <http://www.uncsd2012.org/rio20/content/documents/G77_China.pdf>. Acesso em: 10 mar 2012. 10 DECLARAÇÃO DE NOVA DÉLHI (2012). Declaração emitida por ocasião da IV Cúpula dos Países BRICS. Ministério de Relações Exteriores do Brasil (site), 2012. Disponível em: <http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imprensa/notas-a-imprensa/quarta-cupula-dos-brics-novadelhi-29-de-marco-de-2012-parceria-dos-brics-para-a-estabilidade-seguranca-e-prosperidadedeclaracao-de-nova-delhi>. Acesso em: 29 mar 2012. 3