Jornal do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp Outubro de 2012 nº 5/2012 GESTÃO Vamos à Luta! Universidade Gervásio Baptista/SCO/STF Saúde pública Auditoria do TCE aponta irregularidades na Unicamp Prestação de contas da Universidade ainda não foi julgada pelos conselheiros do Tribunal de Contas, mas relatório da fiscalização financeira aponta 13 diferentes problemas no balanço financeiro e patrimonial apresentado pela Unicamp. STF determina fim da terceirização nas unidades de saúde do Rio de Janeiro Página 5 Rodrigo Cruz João Camilo Greve nas federais Balanço positivo da luta nas IFES reforça importância da mobilização. Página 7 Eleições 2012 STU cobrará de candidatos à reitoria compromissos com trabalhadores DCE Unicamp População rejeitou novo mandato a Pedro Serafim. Página 8 Candidatos já fazem campanha pela Universidade mesmo sem abertura oficial do calendário de consulta à comunidade universitária sobre quem será escolhido pelo governador para comandar a Unicamp entre 2013 e 2017. Sindicato quer saber posicionamento das candidaturas sobre o Plano de Metas e isonomia . Nesta edição, encarte especial sobre a reorganização do departamento Jurídico do STU e o andamento das ações coletivas. Fernanda de Freitas Plenária do seminário sobre o Plano de Metas realizado pelo STU e o CR. “Meu pai sempre me dizia, meu filho tome cuidado Quando eu penso no futuro, não esqueço o meu passado” (Dança da Solidão, Paulinho da Viola) Campinas e a Unicamp na berlinda Fernanda de Freitas Imagem “Marmitaço” realizado em frente à reitoria pelos trabalhadores contratados pela Funcamp e pela Unicamp para denunciar as condições precárias das instalações destinadas à alimentação dos servidores nas unidades conquistou a redução do valor do bandejão para os Funcamp. Agora é seguir a luta para garantir gratuidade no bandejão para todos os trabalhadores técnico-administrativos e copas decentes nos locais de trabalho. 2 - Jornal do STU “Unicamp Debate” resgata luta contra ditadura militar Fernando Piva/Adunicamp Depois de quase dois anos inin- de relações entre público e privado terruptos nos quais a administração que se tornou prática no país desde municipal ocupou a editoria policial a implantação do modelo neoliberal dos principais veículos de comuni- abre as portas da administração púcação do país, a população de Cam- blica para a corrupção. Coisa que o pinas mostrou sua indignação nas julgamento do ‘mensalão’ também urnas e o prefeito Pedro Serafim não evidencia. chegou ao segundo turmo. Por isso, o STU reitera a imporEste processo eleitoral também tância da luta contra a precarização afetou diretamente a Unicamp. Ao e a privatização da Universidade, que figurar entre os candidatos das cha- nesse momento concretiza na mobipas majoritárias um professor da lização contra o Plano de Metas da Universidade que foi julgado como reitoria Fernando Costa e por iso“ficha suja” pela Justiça Eleitoral e nomia para todos os trabalhadores teve a candidatura impugnada. A dentro da Unicamp e nas três univerUnicamp foi pauta da mídia ao lon- sidades estaduais paulistas. go de toda a campanha por causa de Os últimos quatro anos demonspolíticas de gestão na Funcamp que traram um reaquecimento das lutas teriam incorrido em “irregularidade sociais. Em Campinas, derrubainsanável”, de acordo com o Ministé- mos dois prefeitos, derrotamos o rio Público Eleitoral. PL29/2011 (que tenO STU contitou entregar a gestão A vitória da luta nua acompanhanda saúde, educação, dos trabalhadores do o caso e ressalta esporte, cultura e da Funcamp após aos trabalhadores lazer nas mãos das a mobilização e o que os escândalos entidades privadas) “marmitaço” reafirmou que a luta persistente e malefícios causae frustramos o verarranca conquistas. dos à cidade e ao gonhoso aumento de nome da Unicamp 126% no salário dos têm relação direta com a política de vereadores. Estivemos juntos com a desvalorização dos trabalhadores população nessas lutas por compretécnico-administrativos. A precari- ender que são a defesa dos nossos zação, terceirização e privatização direitos que estavam em jogo. E sedos serviços públicos são a principal guiremos juntos na defesa da univercausa do achatamento salarial e de sidade pública, contra a política de benefícios. Além disso, costumam metas e em defesa da isonomia. trazer consigo práticas ilegais, como A vitória da luta dos trabalhadodeterminou recentemente o STF em res da Funcamp após a mobilização relação à contratação de pessoal ter- e o “marmitaço” reafirmou que a ceirizado na saúde. luta persistente arranca conquistas. Sem falar que a promiscuidade Vamos à luta! Reflexão Carlos Eugênio Paz, Takao Amano, Toninho e Guiomar Lopes discutem a resistência à Ditadura Militar. Conforme anunciado na edição passada do Jornal do STU, o sindicato, a Adunicamp e o DCE decidiram impulsionar um ciclo de debates e atividades culturais intitulado “Unicamp Debate”. Nos meses de agosto e setembro ocorreram as primeiras atividades, que lançaram luz ao tema “Memória, Verdade e Justiça” em relação às graves violações de direitos humanos ocorridas durante o período da Ditadura Militar. Os debates, com a presença de militantes contrários ao regime militar, e a exibição de filme sobre a época, serviram para identificar e tornar públicas circunstâncias daquele período que, de alguma forma, perduram até hoje. Para o diretor do STU Antonio Alves Neto (o Toninho), “essa iniciativa conjunta é importante para fomentar a discussão com a comunidade acadêmica sobre a conjuntura brasileira, apontando inclusive caminhos para os nossos problemas”. Fique atento à programação dos próximos eventos, que será divulgada no site e no Boletim do STU. Aposentados Servidores comemoraram Primavera com festa Elisa Tonin Fraguas Editorial A Festa da Primavera dos Aposentados marcou a chegada da estação mais bela do ano. A confraternização, organizada pelo Departamento de Aposentados e Assuntos de Aposentadoria do STU, aconteceu no dia 21/09 e contou com cerca de 100 pessoas entre aposentados e acompanhantes. Na próxima edição do Jornal do STU, próximas atividades do Deptº de Aposentados, desaposentadoria e orientações para prevenir o diabetes estarão na pauta. “Apesar de toda a opressão / Soube conservar os seus valores / Dando em todos os setores / Da nossa cultura / Sua contribuição” (Uma história diferente, Paulinho da Viola) Universidade Mesmo sem formalização, campanha pela reitoria da Unicamp está a todo vapor Há cinco meses do processo que indicará novo dirigente da Universidade, candidatos disputam apoios nas unidades * STU critica modelo anacrônico de consulta e cobra de candidatos compromisso de derrubar Plano de Metas STU cobrará compromisso dos candidatos com plataforma dos trabalhadores Rodrigo Cruz Embora o processo de consulta para escolha do novo reitor esteja marcado para fevereiro de 2013, a campanha já acontece de maneira informal. O professor da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) José Tadeu Jorge, reitor entre 2005 e 2009, já teve sua candidatura anunciada extraoficialmente, assim como o Professor da Faculdade de Medicina (FCM) Mário Saad, representante do grupo político liderado por Fernando Costa. Nos corredores, ambos já disputam o apoio de docentes e funcionários. Para o diretor do STU Iuriatan Muniz, a campanha antecipada prejudica a participação dos trabalhadores técnico-administrativos no processo. “Sem a formalidade fica difícil para a entidade sindical divulgar a posição das candidaturas sobre os temas que interessam à comunidade universitária. Nas reuniões de unidade, os candidatos se comprometem com tudo, mas até então nenhum deles divulgou um material escrito com sua plataforma política”. O diretor lembra que este ano, como não há, entre os docentes, vantagem clara para nenhum candidato, a disputa pelos votos de funcionários tende a ser mais acirrada. Processo é antidemocrático Para Iuri, a categoria docente não está respeitando o processo de sucessão que eles mesmos definiram. Formalizar o período de campanha ajuda a evitar o descompromisso com o debate político. “Isso só torna o proces- Para a gestão “Vamos à Luta”, a sucessão que se aproxima será um momento importante para os trabalhadores técnico-administrativos cobrarem dos candidatos o compromisso com as principais bandeiras de luta da categoria: isonomia de salários e benefícios com a USP e a Unesp; a derrubada do Plano de Metas; o fim das terceirizações e das punições. Diante da insatisfação geral dos com os atuais parâmetros de progressão da carreira PAEPE, o debate sobre reestruturação da carreira também deve ganhar peso. Em breve, o STU deverá convocar uma assembleia geral para a discussão da plataforma de reivindicações que os trabalhadores irão apresentar aos reitoráveis no início de 2013. Confira o Caléndário do processo de consulta para escolha do reitor: Inscrições: 04 a 08/02/2013 Fechamento do Colégio Eleitoral: 08/02/2013 Divulgação das listas de eleitores: 21/02/2013 Primeiro turno: 06 e 07/03/2013 Segundo turno: 20 e 21/03/2013 so de consulta ainda mais antidemocrático. É bom lembrar que não há paridade de votos entre as três categorias (os trabalhadores representam somente 20% do pleito), que apenas os docentes no último nível de carreira podem se candidatar e que independente do resultado da consulta, é o governador quem escolhe o novo reitor por meio da lista tríplice”, argumenta. Tadeu e Saad não mostram diferenças programáticas Responsável pela reestruturação da carreira PCVS para a atual (PAEPE) e pelo fim da jornada de 30 horas na Área da Saúde, o ex-reitor José Tadeu Jorge enfrentará um duro balanço de sua administração durante o debate entre os reitoráveis no ano que vem. A atual carreira, implementada por ele durante a gestão 2005-2009, dificultou ainda mais a progressão dos funcionários, criou um processo avaliatório baseado em critérios subjetivistas e consolidou a lógica do favoritismo e do apadrinhamento. E o fim das 30 horas na saúde trouxe enormes prejuízos para os trabalhadores. No plano político, a gestão Tadeu foi de continuidade ao projeto conservador do antecessor Carlos Henrique Brito. O mandato de Tadeu também foi marcado pela repressão aos estudantes durante a ocupação da reitoria, em junho de 2007, pelo avanço de parcerias entre a Universi- dade e empresas privadas e pela falta de comprometimento com as demandas dos trabalhadores. Embora tenha recebido a categoria diversas vezes, Tadeu ficou conhecido por marcar reuniões meramente formais e não atender às reivindicações dos funcionários. Ao sair da reitoria, Tadeu assumiu a Secretaria de Educação do governo Hélio, na Prefeitura. Fernando Costa, principal apoiador de Mário Saad, foi vice-reitor na gestão Tadeu Do outro lado, Mário Saad representa a continuidade da gestão Fernando Costa, que jamais recebeu o STU para discutir as reivindicações da categoria, aprovou a reestruturação da carreira PAEPE e a autarquização do Hospital de Clíni- cas sem ouvir os trabalhadores e cortou o ponto dos funcionários que participaram da greve por isonomia em 2011. Isso sem contar que Fernando nunca recebeu a nova diretoria do STU para qualquer discussão e as diversas tentativas de inviabilizar o sindicato com processos jurídicos, postura que a gestão “Vamos à Luta” considera abertamente antissindical. Nos corredores, Tadeu e Saad já se apresentam como candidaturas opostas. No entanto, não estão claras as diferenças políticas entre os dois candidatos. Basta lembrar que Fernando Costa, principal apoiador de Mário Saad, foi vice-reitor na gestão Tadeu. Além disso, ambos os candidatos contam com o apoio do atual governador Geraldo Alckmin (PSDB), que pelas regras do jogo, é quem realmente escolherá o futuro reitor da Unicamp. Jornal do STU - 3 “Quando chego no trabalho / O patrão vem com aquela história / Que o serviço não está rendendo / Eu peço minhas contas e vou-m’embora / Quando falo no aumento / Ele sempre diz que não é hora” (Que trabalho é esse, Paulinho da Viola) Universidade Auditoria do TCE aponta irregularidades na Unicamp em 2011 Contas de 2008 a 2011 ainda não foram julgadas pelo TCE, mas auditoria técnica realizada para verificação da prestação de contas apresentada pela Unicamp no ano passado aponta burlas legais, em particular nos processos de terceirização * Relação Funcamp/Unicamp é campeã de questionamentos Luciana Araújo O Jornal do STU teve acesso ao processo que analisa o balanço geral do exercício da Unicamp relativo ao ano de 2011, em tramitação no Tribunal de Contas do Estado. O relatório da fiscalização realizada pelos técnicos do TCE traz uma série de questionamentos à administração da Universidade, encabeçada pelo reitor Fernando Costa. Os auditores relatam desde “ausência de planejamento” na elaboração da programação de pesquisas, passando pela impossibilidade de análise da legalidade das despesas contraídas pela Universidade com passagens aéreas e afastamentos para o exterior, falhas na instrução de processos licitatórios, cessão de funcionários a outros órgãos - como secretarias municipais e zonas eleitorais – “sem a formalização de convênios, nem a demonstração do interesse da Universidade, em desacordo com o Estatuto da Unicamp”, entre outras ocorrências. A análise da relação jurídica entre a Universidade e a Funcamp ocupa a maior parte das 170 páginas do documento. Resumidamente, os técnicos apontam a violação dos artigos 57 e 116 da Lei 8666/93 (lei de licitações), que proíbem a celebração de convênios por prazo indeterminado. A Unicamp tem um convênio firmado cowm a Funcamp desde agosto de 1987, que vem sendo aditado pelas sucessivas administrações. Além disso, só em 2011 a Unicamp transferiu à Fundação R$ 9.421.467,84 a título de pagamento de taxas de administração de convênios “sem que fosse apresentada legislação amparando a despesa”. No mesmo período, o montante total de recursos repassados diretamente pela Universidade á Fundação foi de R$ 13.004.157,67. Os técnicos do TCE questionam a “terceirização desmedida à Funcamp, incluindo: serviços, administração de recursos, aquisição de bens, contratação de pessoal, administração de almoxarifados, ambulatórios e hospitais”. Também é criticada a “terceirização de convênios firmados com outros órgãos públicos” (como a Eletrobrás, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e a Secretaria de Estado de Saúde). O relatório da auditoria afirma existir até mesmo contratação da Funcamp, com dispensa de licitação, para realizar reformas e manutenção no prédio do Hospital de Clínicas, “objeto estranho aos Estatutos da Funcamp”. Entre os diversos itens dos termos aditivos firmados entre a Unicamp e a Funcamp, os técnicos do Tribunal de Contas questionam com destaque a terceirização integral da gestão do Hospital Estadual Sumaré. Os técnicos apontam, entre outros problemas, o fato de que está previsto neste contrato que a Funcamp está totalmente isenta de responsabilidade por quaisquer ações judiciais que venham a ser movidas contra a Fundação. Pelo contrato, cabe exclusivamente à Unicamp responder por todas as despesas decorrentes de eventuais condenações judiciais da Funcamp, embora a Universidade repasse à Fundação recursos mensais para composição de um fundo de reserva para encargos trabalhistas e pague à entidade uma taxa mensal de administração por serviços prestados. Para os técnicos do Tribunal de Contas, tratase de ajuste “totalmente contrário ao interesse público”. Os técnicos do TCE questionam a “terceirização desmedida à Funcamp Também são questionados os convênios firmados entre a Unicamp e a Funcamp para gestão dos ambulatórios de especialidades médicas de Rio Claro, Piracicaba, Limeira, Mogi-Guaçu e São João da Boa Vista. Em todos esses casos, para os técnicos do TCE, ocorreu “terceirização integral” do objeto do convênio celebrado entre a Unicamp e a Secretaria de Estado de Saúde – o que é ilegal porque atividades fins não podem ser terceirizadas pela legislação do país. Entenda o caso Os balanços gerais da Unicamp relativos aos exercícios de 2008 até 2011 ainda não foram julgados pelos conselheiros do TCE. A relatora do processo referente ao ano passado é a conselheira Cristina de Castro Moraes. A reportagem procurou os relatores dos processos em andamento, mas a assessoria de imprensa do Tribunal informou que os conselheiros não são autorizados a se pronunciarem sobre os relatórios antes do julgamento dos autos. Ainda de acordo com a assessoria, mesmo depois da apreciação dos órgãos responsáveis, a posição oficial do Tribunal é o voto dos conselheiros formalizado nos processos. Até a conclusão desta edição a Unicamp ainda não havia apresentado suas justificativas às ocorrências relatadas pelos agentes de fiscalização do TCE. Em 7 de agosto deste ano havia sido autorizada pela relatora a terceira prorrogação de prazo solicitada pela Procuradoria da Universidade, por um período de 30 dias. Unicamp perdeu R$ 4,8 milhões por repassar convênio à Funcamp A auditoria técnica do TCE também verificou que a Unicamp devolveu integralmente R$ 4,8 milhões recebidos do Governo Federal para aplicação em programas de saúde porque não atendeu a formalidades legais. Na opinião dos agentes de fiscalização “os princípios constitucionais da eficiência e efetividade” foram feridos nesse processo. 4 - Jornal do STU Pelo convênio, firmado em 2008, a Faculdade de Ciências Médicas deveria desenvolver um projeto piloto de especialização em Saúde da Família à distância. Em agosto de 2010 o projeto ainda não havia sido executado e, então, a Universidade consultou o Fundo Nacional de Saúde sobre a possibilidade de contratar a Fun- camp por dispensa de licitação para realizá-lo. O pedido foi negado e o contrato, rescindido. De acordo com a auditoria, “houve descuido da Universidade no que toca às providências que lhe cabia para a efetiva execução do objeto, violando preceitos constitucionais da eficiência e da efetividade”. “A toda hora rola uma história Que é preciso estar atento A todo instante rola um movimento Que muda o rumo dos ventos” (Rumo dos ventos, Paulinho da Viola) Luta contra a privatização Gervásio Baptista/SCO-STF STF: ‘é ilegal terceirizar pessoal na saúde’ Sessão da 2ª Turma do STF que julgou inconstitucional a terceirização na saúde do Rio de Janeiro Luciana Araújo Em julgamento realizado no dia 28 de agosto deste ano, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal determinou o fim da terceirização na área da saúde pública do município do Rio de Janeiro. Os ministros do STF negaram por unanimidade provimento a um recurso extraordinário proposto pela Prefeitura da capital fluminense contra ação movida pelo Sindicato dos Médicos. No processo, que teve início no ano 2000, o sindicato questiona a legalidade das contratações de profissionais de saúde por meio de terceirizações. A entidade sindical já tinha obtido vitória em primeira, segunda e terceira instâncias, mas as sucessivas administrações municipais buscavam evitar a reversão do modelo privatista. “O tiro privatizante acabou saindo pela culatra e agora temos uma decisão da máxima Corte judicial do país que evidencia que contratações terceirizadas na saúde são ilegais e que os órgãos têm que fazer concurso. Vamos à luta para fazer valer essa posição do STF na Unicamp”, afirma o diretor do STU e servidor da CECOM Iuri Muniz. No acórdão da decisão do STF, publicado no último dia 19 de setembro, o relator do caso, o ex-ministro Cezar Peluso, afirma que “os cargos inerentes aos serviços de saúde, prestados dentro de órgãos públicos, por terem a característica de permanência e de caráter previsível, devem ser atribuídos a servidores admitidos por concurso público, sob pena de desvirtuamento dos comandos constitucionais referidos “. A decisão do STF, embora não impeça que as Organizações Sociais continuem administrando unidades de saúde, obriga que a contratação de pessoal para trabalhar nas unidades seja feita por concurso público. O Subprocurador-Geral da República, Wagner de Castro Mathias Netto, já havia opinado no mesmo sentido quando a Procuradoria foi chamada a se manifestar no processo. Para Wagner, “é certo que o texto constitucional faculta, ao Estado, a possibilidade de recorrer aos serviços privados para dar cobertura assistencial à população, observando-se, as normas de Direito Público e o caráter complementar a eles inerentes. Todavia, não é essa a discussão aqui travada, mas sim, a forma como a Municipalidade concretizou o ato administrativo, emprestando-lhe característica de contratação temporária, desvirtuada do fim pretendido pelo artigo 197 da CF/88. Na hipótese, os serviços contratados não podem ser prestados em órgãos públicos, onde necessariamente, deveriam trabalhar profissionais da área de saúde, aprovados em concurso público, a teor do artigo 37, II, da CF/88.” Com essa manifestação da Procuradoria Geral da República, fica evidente que o Decisão do STF, embora não impeça que as Organizações Sociais continuem administrando unidades de saúde, obriga que a contratação de pessoal para trabalhar nas unidades seja feita por concurso público. mesmo tratamento deve ser dado a todas as unidades de saúde do país. Em 18 de dezembro de 2009, o também ministro do STF e hoje presidente do órgão, Carlos Ayres Brito, já havia se manifestado contra recurso do município fluminense afirmando que “a Administração Pública direta e indireta, ao prover seus cargos e empregos públicos, deve obediência à regra do concurso público. Admitemse somente duas exceções, previstas constitucionalmente, quais sejam, as nomeações para cargo em comissão e a contratação destinada ao atendimento de necessidade temporária e excepcional”. Em SP, contratos da SES com OSSs são considerados nulos A Justiça do Trabalho em São Paulo também julgou nulos todos os contratos entre a Secretaria de Estado da Saúde e OSSs (Organizações Sociais da Saúde), em razão de irregularidades trabalhistas. A sentença, em ação movida pelo Ministério Público do Trabalho, determina a troca imediata de funcionários terceirizados por servidores concursados nos 37 hospitais e outras 44 unidades de saúde administradas por OSSs no Estado. Cabe recurso e o governo Alckmin afirma que tentará reverter a decisão. Mas, diante do posicionamento do STF, parece estar se formando jurisprudência sobre o tema. Com informações do STF e MPT-SP. Jornal do STU - 5 “Eu canto a esperança que nunca morreu / Sei qual a minha sentença / O vento é quem tira a poeira de tudo” (Pra jogar no oceano, Paulinho da Viola) Eleições 2012 Campinas mostrou indignação nas urnas Depois de um período de intensa mobilização contra a corrupção e as privatizações, campineiros derrotam a candidatura de continuidade do governo Hélio e elegeram mandato de oposição na Câmara Municipal Arquivo DCE-Unicamp Ellen Machado Arquivo DCE-Unicamp O STU esteve presente nas lutas contra a corrupção em Campinas, em defesa dos direitos dos trabalhadores da saúde e por mais segurança para as mulheres na cidade. Rodrigo Cruz O primeiro turno das eleições municipais de 2012 encerrou um importante ciclo de lutas sociais na cidade de Campinas. Desde o primeiro semestre de 2011, quando a população barrou a aprovação do projeto de lei do executivo 29/2011, que entregaria à entidades privadas “sem fins lucrativos” a responsabilidade pela gestão dos serviços públicos nas áreas da saúde, educação, cultura, esporte e lazer, a cidade se tornou palco de grandes mobilizações contra a corrupção e a privatização dos serviços públicos. O próprio Dr. Hélio (PDT), prefeito reeleito com quase 70% dos votos válidos em 2008 , foi cassado sob forte pressão popular depois que investigações do Ministério Público Estadual (MPE) comprovaram o seu envolvimento com fraudes em contratos da Sanasa. O mesmo destino teve seu vice Demétrio Vilagra (PT), acusado de participar do mesmo esquema de corrupção. E não parou por aí. A população indignada também impediu que os vereadores aprovassem um projeto de lei, assinado pelo então presidente da Câmara Pedro Se- 6 - Jornal do STU rafim (PDT), que aumentava os próprios salários em 126%. Com muita disposição, militantes de sindicatos, centros acadêmicos, associações de bairro e partidos políticos recolheram 10 mil assinaturas contrárias ao aumento. O abaixo-assinado fez com que os parlamentares recuassem da decisão e aprovassem uma emenda que fixou um reajuste de 0% para a próxima legislatura. Essa vitória só foi possível graças à enorme capacidade de mobilização popular, que colocou novamente o povo campineiro como protagonista da cena política da cidade. Povo disse não à continuidade do ‘projeto Hélio’ Eleito de forma indireta pelos vereadores no início deste ano após o impeachment de Demétrio Vilagra, Pedro Serafim (PDT) tentou se eleger, desta vez com o voto popular, mas acabou em terceiro lugar na disputa pela prefeitura com 18,73% dos votos. Para tentar obter o apoio da população e se apresentar como uma alternativa política, Pedro escondeu o próprio sobrenome dos materiais de campanha, evitou usar o termo “reeleição” e se manteve longe de qualquer referência à sua participação no governo do Dr. Hélio. Como se sabe, além de pertencerem ao mesmo partido (o PDT), Pedro foi presidente da Câmara durante a gestão do ex-prefeito. Nada disso, no entanto, foi suficiente para garantir a continuidade do projeto privatizante e corrupto que governou Campinas nos últimos oito anos e o povo rejeitou o prefeito biônico. Esquerda cresceu e elegeu mandato de oposição Apesar da derrota de Pedro Serafim no primeiro turno, as duas candidaturas que permanecem na disputa pela prefeitura são ligadas direta ou indiretamente à administração do Dr. Hélio. Basta lembrar que o PT de Márcio Pochman era o partido do vice também cassado Demétrio Vilagra e que o PSB de Jonas Donizette foi base fiel do governo na Câmara durante as duas últimas legislaturas. A boa notícia é que o cenário de acirramento das lutas sociais na cidade favoreceu os candidatos de oposição de esquerda. Juntos, Arlei Medeiros (PSOL) e Silvia Ferraro (PSTU) ganharam espaço no debate político e somaram quase 5% dos votos. O resultado é cerca de três vezes maior do que a votação obtida pela Frente de Esquerda em 2008, quando o governo Hélio era considerado uma unanimidade por grande parte da população campineira. O voto de confiança nos partidos que estiveram presentes nas principais lutas da cidade também foi respensável pela eleição de um mandato de oposição na Câmara Municipal. O professor Paulo Búfalo (PSOL) foi eleito vereador com 6.138 votos, que garantiram a ele o quinto lugar entre os candidatos proporcionais mais votados da cidade. Outro destaque do pleito foi a trabalhadora da Unicamp e militante de base da categoria Mariana Conti (PSOL), que recebeu 5.953 votos, mas não se elegeu devido ao coeficiente eleitoral. Mariana teve a sexta candidatura com maior número de votos da cidade e foi a mulher mais votada de Campinas nessas eleições. O STU parabeniza todos os lutadores que expressaram nas urnas a sua indignação com a velha política e desde já convoca a categoria para continuar firme nas lutas da cidade. “Tenho pena daqueles que se agacham até o chão / Enganando a si mesmo por dinheiro ou posição / Nunca tomei parte desse enorme batalhão,” (Meu mundo é hoje, Paulinho da Viola) Greve no funcionalismo federal derrotou intransigência do governo Dilma Primeiro enfrentamento direto dos trabalhadores brasileiros contra a presidenta foi marcado por medidas do Executivo para neutralizar o movimento Rodrigo Cruz O caminho até as primeiras negociações, no entanto, não se deu sem a adoção de medidas repressivas por parte do Executivo. Logo nas primeiras semanas de greve o governo editou a medida provisória 568/2012, que congelava os adicionais de insalubridade/periculosidade e reduzia o salário dos médicos e médicos veterinários. Com o avanço do movimento, o governo recuou com a MP 568, mas determinou o corte de ponto dos servidores parados e editou o decreto 7777/2012, que permitiu a substituição dos grevistas por trabalhadores temporários ou funcionários públicos estaduais e municipais. Para completar, adotou medidas coercitivas contra reitores que não obedeceram à política do corte de ponto. Para Jorge Martins, advogado do STU e militante do movimento sindical, “do ponto de vista jurídico, esse decreto representa uma alteração profunda do comportamento governamental em relação à liberdade de greve prevista no artigo 37 da Constituição Federal. Trata-se de uma maneira objetiva de neutralizar o movimento, uma vez que sem a inter- rupção do trabalho as reivindicações perdem força”, afirma. Grande mobilização, articulada com estudantes, docentes e outras em greve, fez com que Dilma tivesse que negociar. Jorge também lembra de que o governo se utilizou de chantagem para desarticular o movimento, como mostra o recente depósito de 50% do salário descontado pelos dias parados entre 15 de julho e 15 de agosto na conta de 8.932 servidores do Executivo que estiveram em greve. “Nos bastidores, Dilma possivelmente prometeu devolver os descontos caso os grevistas voltassem ao trabalho”. Ele acredita que a postura do governo durante a recente onda de greves no funcionalismo federal abre um precedente perigoso para que outras esferas governamentais também endureçam a relação com o movimento sindical nas próximas campanhas salariais. “Isso só poderá ser superado com muita mobilização”, conclui. Fotos: João Camilo Expressão legítima da resistência dos trabalhadores da educação e do funcionalismo público brasileiro por melhores salários e condições de trabalho, a greve dos trabalhadores das Instituições Federais de Ensino Superior obteve importantes vitórias para a categoria, apesar da intransigência do Governo Dilma Rousseff. Foram mais de 70 dias de paralisação nos quais os trabalhadores fecharam rodovias, realizaram passeatas que pararam as principais cidades do país, ocuparam reitorias e até acamparam na Esplanada dos Mministérios, em Brasília. Essa grande mobilização, articulada com estudantes, docentes e outras categorias em greve, fez com que Dilma tivesse que negociar. Apesar das limitações do acordo, o índice concedido pelo governo (15,8% parcelado em três anos), a ampliação do valor do intervalo entre os níveis das carreiras dos servidores (3,7 e 3,8 até 2015) e a extensão do incentivo à qualificação para todas as classes derrotaram a política de congelamento de salários de Dilma. Ataques ao direito de greve Jornal do STU - 7 “O samba é alegria / Falando coisas da gente / Se você anda tristonho / No samba fica contente” (Eu canto samba, Paulinho da Viola) Opressões STU atua na reorganização do Núcleo de Negros e Negras na Unicamp Coletivo busca incentivar a discussão étnico-racial dentro e fora da universidade políticas e culturais na Semana da Consciência Negra, entre outras iniciativas. Para dar conta de todas essas demandas, a formação terá um papel central e constante, com a perspectiva da promoção do povo negro como sujeito e conhecedor de sua própria história, principalmente no espaço universitário. O grupo acredita que a formação é fundamental para construir uma força política e ideológica a partir do resgate de bandeiras e lutas históricas do movimento negro brasileiro, que há muito tempo estão fora da pauta da Universidade. “Resgatamos o Núcleo de Negros e Negras da Unicamp não só para atender uma demanda do congresso da categoria, mas porque desejamos que ele se torne um organismo vivo na articulação das questões raciais dentro da Universidade e um instrumento de luta dos trabalhadores, docentes e estudantes”, explica Toninho. Uma das deliberações da gestão “Vamos à Luta” é reforçar a luta dos grupos mais explorados e oprimidos (negros, mulheres e homossexuais). Reforçando essa iniciativa e referendando a orientação do XXI Congresso da Fasubra, o XI Congresso dos Trabalhadores da Unicamp aprovou impulsionar a retomada do funcionamento do Núcleo de Negros e Negras da Unicamp. Fundado na década de 1990, o Núcleo tem por objetivo avançar nas propostas de inclusão étnicosocial dentro da universidade. E, embora seja composto por trabalhadores, a intenção é que seja um espaço de articulação e debate com os demais setores da comunidade universitária, de forma a compreender e agir na realidade que afeta a todos. Essa integração se dará buscando o enfrentamento conjunto das demandas da comunidade como um todo e lançando luz à reflexão sobre o papel da universi- Combate ao racismo no serviço público é prioridade dade pública na construção de um pensamento antirracista. “PrecisaO primeiro passo do Núcleo na mos levar em consideração que há poucos estudantes e docentes construção de uma inteligência negros na Unicamp e, principal- coletiva negra dentro da Univermente, que trabalhamos numa sidade é a discussão das questões Universidade contrária as políti- do mundo do trabalho, que afecas afirmativas de cotas raciais, tam diretamente o servidor pútão necessárias blico negro da para o acesso da Unicamp. Para “Precisamos levar em conpopulação negra isso, será realisideração que há poucos e de baixa renda zada uma pesestudantes e docentes negros ao ensino supequisa para idenna Unicamp e, principalmen- tificar quem são rior e à estrute, que trabalhamos numa tura funcional os funcionários Universidade contrária as da universitécnico-admipolíticas afirmativas de cotas dade”, ressalta nistrativos neo diretor do raciais, tão necessárias para o gros, onde eles acesso da população negra e estão lotados, STU Antônio de baixa renda ao ensino su- o que pensam, Alves Neto (o perior e à estrutura funcional” qual a formaToninho). Nas primeiras ção e origem escolar, situação reuniões realizadas neste ano, o Núcleo aprovou profissional e socioeconômica um plano de atividades com exibi- desses trabalhadores. A intenção é reunir o máximo ção de filmes sobre a questão racial; curso de formação sociopolítica de informação possível e usá-las sobre temas como História da Áfri- para ações de combate à segregaca, Estatuto da Igualdade Racial, ção racial e social no serviço púcotas e outros; debates sobre a si- blico (diferenciação de salários e/ tuação do negro na sociedade, com ou direitos entre brancos e negros) enfoque no mundo do trabalho; e também para reivindicar melhoorganização do tradicional Torneio rias específicas na saúde e da forZumbi dos Palmares; atividades mação universitária. 8 - Jornal do STU Blog Cotas na Unicamp Fernanda de Freitas Agenda da Consciência Negra A Coordenação de Cultura do STU está preparando, junto com o Núcleo de Negros e Negras da Unicamp, um calendário em homenagem à semana do dia 20 de novembro (a Semana da Consciência Negra). A programação será divulgada em breve no site do sindicato na internet (www.stu.org.br) e nos boletins. Além disso, nos dias 10 e 11 de novembro, será realizado o Torneio de Futebol Society Zumbi dos Palmares. As incrições estão abertas até o dia 30 de outubro, na secretaria do sindicato. Para inscrever a equipe, será cobrada uma cesta básica grande. Núcleo de Consciência Negra da USP: um modelo de resistência Para os integrantes do Núcleo de Negr@s da Unicamp, o Núcleo de Consciência Negra (NCN) da USP é um exemplo a seguir. Entidade sem fins lucrativos presente há 25 anos no Cidade Universitária do Butantã (na capital do Estado), o NCN luta pela implementação de cotas sócio-raciais como meio de reparação histórica ao povo negro brasileiro e na defesa dos direitos e fortalecimento da organização dos negros e negras dentro e fora daquela Universidade. A entidade mantém a Biblioteca Carolina Maria de Jesus, um Cursinho Pré-Vestibular Popular, um Centro de Estudo de Idiomas e organiza oficinas de teatro e comunicação, além de atividades culturais, seminários e palestras sobre a história, as demandas sociais e a cultura afro-brasileira Apesar dos sucessivos ataques promovidos pelas reitorias da USP, o Núcleo de Consciência Negra resiste devido ao respeito e apoio que acumulou junto à comunidade daquela Universidade e já é parte da história dos movimentos negro e social brasileiros. Com informações do Blog “Em defesa do Núcleo de Consciência Negra” (http://emdefesadoncnusp.blogspot.com.br/) Novo Jurídico articula reclamações trabalhistas com a luta da categoria Advogados e gestão ‘Vamos à luta!’ compreendem que todo o esforço judicial possível é necessário para buscar defender os direitos da categoria, mas o que garante o respeito e a dignidade dos trabalhadores é a luta organizada. Desde setembro do ano passado o Departamento Jurídico do STU está sob a responsabilidade de uma nova equipe de advogados e advogadas. Nesse primeiro ano, dezenas de novas ações coletivas e processos individuais. Além disso, uma vez por mês os advogados passaram a atender aos associados que trabalham nos campi de Limeira e Piracicaba em plantões locais. O departamento também ampliou sua área de atuação em defesa dos associados ao STU e da categoria. Agora, além dos processos cíveis e trabalhistas, o Jurídico do STU também conta com profissionais especializados em Direito Previdenciário e Direito Criminal. Ainda no mês de outubro terá início a ação coletiva pedindo o não desconto do imposto sindical dos salários dos associados ao STU a partir de 2013, conforme decisão do XI Congresso dos Trabalhadores da Unicamp. Tal medida é necessária uma vez que parte deste dinheiro é retido pelo Ministério do Trabalho e Emprego (para compor o Fundo de Amparo ao Trabalhador), federações e confederações de trabalhadores (apenas 60% fica com os sindicatos). Também estão sendo preparados dois seminários para esclarecimentos da categoria sobre organização sindical e mudanças nas regras da aposentadoria. Consulta processual online A partir de agora, os associados ao STU que tiverem interesse em saber informações sobre os procesos nos quais estão incluídos podem entrar em contato pelo e-mail <juridico@ stu.org.br> ou pessoalmente, na sede da entidade, de segunda a sexta-feira das 13 às 17 horas. Apresentando o número da ação, o servidor será orientado sobre o andamento processual e sobre como acessar os dados pela internet. Neste encarte especial sobre o departamento, divulgamos os andamentos atualizados dos processos Coletivos, buscando facilitar o acesso da categoria à movimentação das ações que aguardam decisão. É importante esclarecer que parte das ações coletivas distribuídas até setembro de 2011 permaneceram com o escritório que prestava assessoria para o STU anteriormente (dr. Cremasco). Nestes casos, as consultas serão remetidas ao referido escritório, que é o responsável pelos andamentos. E a resposta ao servidor será fornecida após retorno dos advogados. Conheça os seus advogados A assessoria jurídica do STU é coordenada pelos advogados Jorge Luís Martins e Marcel Roberto Barbosa, e conta ainda com os advogados Eliane Maria dos Santos, Renata Pereira Santos Leite e o estagiário Leonel Ormezi Neto. JORGE LUÍS M A RT I N S , 54 anos, graduado pela Universidade Paulista de São Paulo (Unip). Especialista em Direito do Trabalho (pela Escola de Desenvolvimento de Turim, na Itália) e em Economia do Trabalho pelo Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (CESIT) da Unicamp. Advogou para o Sindicato dos Trabalhadores Químicos Unificados de Campinas, Osasco e Vinhedo, entre 2006 e 2011. Fundador e ex-dirigente da Central Única os Trabalhadores (CUT), foi nomeado para o Conselho Nacional do Trabalho como representante dos trabalhadores no debate sobre Reforma Sindical e representante dos trabalhadores junto ao Grupo de Trabalho de Formação do Mercosul, no debate de Direitos Trabalhistas, durante o processo de integração do Brasil ao Bloco. MARCEL ROBERTO BARBOSA, 40 anos, graduado pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Especialista em Direito do Trabalho com ênfase na Área Sindical. Entre 2003 e 2007 assessorou o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Campinas e Região e, desde 2007, é advogado do Sindicato dos Químicos Unificados - Regional Campinas. Fotos: Fernanda de Freitas Publicação extraordinária do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp – Outubro/2012 Caderno Jurídico Luta por direitos Caderno Jurídico - 1 Luta por direitos Funcamp é condenada por danos morais em ações movidas pelo STU No mês agosto, os trabalhadores da Unicamp tiveram duas importantes vitórias na luta contra o assédio moral na Universidade. A Funcamp foi condenada a pagar indenizações por danos morais a trabalhadores em dois processos movidos pelo departamento Jurídico do STU. Uma das ações denunciava que a Funcamp alterou unilateralmente o local e o horário de trabalho de uma funcionária do Hospital de Clínicas que esteve em licença médica por depressão, após o retorno da tra- balhadora às atividades profissionais. A servidora, que mora fora de Campinas e trabalhou por mais de 10 anos no turno da noite, perdeu o direito ao adicional noturno e teve toda a sua vida bagunçada. O juiz da causa considerou a mudança imposta pela Funcamp “arbitrária, autoritária e um descaso”. Por isso, determinou que a trabalhadora seja relotada no seu local de trabalho de origem, no horário em que costumeiramente trabalhava e ainda condenou a Funcamp a pagar uma indenização de R$ 40 mil. Em outra ações, referente a contratações feitas também pela Funcamp, que costumeiramente são consideradas irregulares pelo Tribunal de Contas do Estado, os juízes têm reconhecido também a imposição de dano moral por parte da Fundação contra seus funcionários. E, em alguns casos, o STU tem obtido decisões favoráveis ao reconhecimento de que a Funcamp deve pagar verbas rescisórias aos trabalhadores demitidos com multa de 40%. Em um processo julgado também no mês passado, em primeira instância, a Funcamp foi condenada a indenizar um trabalhador em R$ 20 mil. Embora caiba recurso a essas decisões, pelo fato de serem de primeira instância, as condenações judiciais ao modelo de gestão da Funcamp vão estabelecendo jurisprudência e seu acúmulo evidencia perante o Judiciário que a Fundação extrapola os limites legais na relação com seus trabalhadores. Com isso, consolida-se um arcabouço jurídico que constrangerá novos ataques no futuro. Novo Jurídico também combate práticas antissindicais da reitoria Fernando Costa Entre as várias demandas acompanhadas pelo novo departamento Jurídico do STU, as respostas às ações antissindicais da reitoria Fernando Costa têm sido das tarefas mais árduas. Numa clara postura de tentativa de desmonte da representação sindical dos trabalhadores, a atual reitoria vem adotando diversas medidas que implicam em tentativas de impor pesadas multas ao sindicato. Além de perseguir e reprimir servidores, desrespeitando o direito constitucional de greve e a liberdade de organização sindical. Até agora, o ataque mais grave da reitoria foi retomar uma ação judicial de 1997, em relação à qual a própria administração tinha feito acordo com o sindicato, e cobrar uma multa de R$ 453 mil ao sindicato. Esse golpe levou à retenção do imposto sindical descontado pelos servidores, já que a administração exigiu do STU o pagamento em parcela única e chegou a bloquear as contas da entidade. A reitoria Fernando Costa também está processando o STU por causa do fechamento do bandejão durante a greve de 2011 (em flagrante desrespeito ao direito de greve exercido pelos trabalhadores R.U). Além disso, recusa-se a devolver o dinheiro indevidamente descontado de quem participou da greve em defesa da isonomia salarial. E, agora, ameaça impor nova ação judicial contra o sindicato em função do Jornal do STU ter repercutido matérias publicadas pela grande imprensa que tratam de decisões do Tribunal de Contas da União, do Tribunal de Contas do Estado e do Judiciário Estadual apontando irregularidades na condução da Universidade. Os advogados do sindicato acompanham ainda o processo administrativo e cível contra 10 trabalhadores em represália à greve de 2010 e dezenas de comissões processantes, a luta pela implantação de uma subsede do STU na Área da Saúde. Até mesmo no que diz respeito à liberdade de organização sin- dical a reitoria tem buscado ingerir. No processo que pede o reconhecimento do STU como representante legal dos trabalhadores da Funcamp, a Fundação e a própria Unicamp entraram com recurso contra a decisão de primeira instância atendendo ao pleito dos trabalhadores. Por último, foi necessário também entrar com medida judicial para garantir o direito dos servidores em estágio probatório participarem do processo de eleição de representantes das unidades na CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes da Unicamp). A reitoria, descumprindo decisão judicial anterior tentou de todas as formas excluir esses trabalhadores do processo, da mesma forma que tentou excluí -los da disputa pela representação dos servidores no Conselho Universitário. O STU também obteve liminar judicial garantindo a participação de servidores em estágio probatório na eleição para o CONSU. Atendimento jurídico Dúvidas sobre movimentação processual - De 2ª a 6ª, das 13 às 17 horas, pelo e-mail [email protected] ou na sede do STU, falar com o estagiário Leonel Ormenezi Neto. Outras dúvidas e agendamento com os advogados (inclusive nos plantões em Limeira e Piracicaba) – De 2ª a 6ª, das 9 às 17 horas, pelo telefone (19) 3289-4242 ou na sede do sindicato, falar com Zé Prettu. 2 - Caderno Jurídico Próximo plantão em Limeira e Piracicaba 27/11 (terça-feira) Piracicaba: das 9h às 11h Limeira: das 13h às 15h Luta por direitos Novas ações coletivas em tramitação Ação questionava reajuste de 112% estabelecido unilateralmente pela prestadora de serviço em 2011. Após acordo judicial, o reajuste foi limitado a 30% e ficou estabelecida necessidade discussão dos próximos reajustes por uma Comissão com representação do sindicato. A reitoria buscou no Judiciário proibir o exercício do direito de greve e, posteriormente, impor multa financeira ao sindicato em razão da greve realizada pelos trabalhadores em 2010. O juiz do processo extinguiu a ação considerando desnecessário o julgamento de mérito. De acordo com o juízo: “Não houve, portanto, qualquer ato que possa ensejar a aplicação da multa cominatória, mostrando-se inócuo, portanto, também por tal motivo, sentenciar no mérito a lide. Isto posto, JULGO EXTINTO o feito sem apreciação de mérito, com fundamento no artigo 267, VI, do CPC. Transitada, arquivem-se.” A reitoria Fernando Costa recorreu e o recurso ainda não foi julgado. Eleições para a CIPA e o CONSU Requer o reconhecimento do direito dos servidores em estágio probatório participarem da eleição para a CIPA Em 2011, o STU obteve o reconhecimento do direito dos servidores em estágio probatório participarem do pleito e a eleição realizada pela Unicamp foi declarada nula pelo Judiciário. Em 2012, mais uma vez por força de decisão judicial obtida pelo STU, os servidores em estágio probatório puderam participar das eleições para a CIPA e para o CONSU Salários profissionais (São diversos processos, consultar numeração junto ao deptº.) Pleiteia o pagamento de salário base de acordo com a regulaAlgumas audiências já foram realizadas e outras aguardam mentação profissional para engenheiros, químicos, biólogos, designação. Ainda não há sentença. geólogos e outras profissões. PIP (Prêmio de Incentivo à Produtividade)/estatutários 1079.2012.131 /12ª Vara da Fazenda Pública de Campinas Requer o pagamento retroativo da GRI, com juros e correção monetária, aos trabalhadores que deixaram de receber o benefício a partir da nova tabela salarial. Pleiteia também o descongelamento do valor da gratificação, a partir de 1º de abril de 2011, para os funcionários que continuam recebendo a gratificação sem direito a reajuste dos valores. Requer ainda a extensão de todos os pedidos aos aposentados e a extensão a todos os que recebem a GRI dos reajustes aplicados à nova tabela apenas para alguns servidores e docentes. Judiciário ainda não marcou audiência. PIP (Prêmio de Incentivo à Produtividade)/celetistas 964.2012.092/5ª Vara do Trabalho de Campinas Pleiteia a retomada do pagamento do PIP a servidores que tiveram o benefício suspenso em outubro de 2006. Judiciário abriu prazo para o Jurídico do STU apresentar réplica às argumentações da Unicamp. GRI (Gratificação de Representação Incorporada)/estatutários 852/2012 - 1ª Vara da Fazenda Pública de Campinas Requer o pagamento retroativo da GRI, com juros e correção monetária, aos trabalhadores que deixaram de receber o benefício a partir da nova tabela salarial. Pleiteia também o descongelamento do valor da gratificação, a partir de 1º de abril de 2011, para os funcionários que continuam recebendo a gratificação sem direito a reajuste dos valores. Requer ainda a extensão de todos os pedidos aos aposentados e a extensão a todos os que recebem a GRI dos reajustes aplicados à nova tabela apenas para alguns servidores e docentes. Judiciário ainda não marcou audiência. GRI (Gratificação de Representação Incorporada)/celetistas 1079/2012 - 12ª Vara do Trabalho de Campinas Requer as mesmas decisões do item anterior. Após audiência realizada em agosto sem acordo entre as partes, Jurídico do STU prepara réplica às argumentações da Unicamp. Previsão de julgamento em 1ª instância ainda este ano. Descontos salariais e sobre as férias em decorrência da greve de 2011 29206/2012 - 4ª Vara do Trabalho de Campinas Ação distribuída à 2ª Vara da Fazenda Pública de Campinas cobra reversão dos descontos por parte da Unicamp e do IPESP. Aguardando agendamento de audiência. Unicamp já foi notificada a se manifestar. Representação sindical dos trabalhadores contratados pela Funcamp 1253/2012 - 5ª Vara do Trabalho de Campinas STU obteve vitória em 1ª instância, mas Funcamp/Unicamp e SEAAC recorreram. Agora, STU entrou com recurso junto ao Tribunal Superior do Trabalho. Aguardando julgamento. Adicional de insalubridade 00210-2007-092-15-00-9/5ª Vara do Trabalho de Campinas Cobra que o adicional seja calculado sobre o conjunto da remuneração dos servidores, e não sobre o salário mínimo. Juízo negou recurso do STU, que tornará a recorrer em 2ª instância. Reajuste do plano de saúde Assimédica/2011 Cobrança de multa ao STU pela reitoria (greve 2010) Caderno Jurídico - 3 Denúncias ao Ministério Público do Trabalho acompanhadas pelo novo Jurídico do STU Casos de LER/Dort em função das condições de trabalho 15954/2003-905 Condições do PS 919.2007.15.000/3 Condições sanitárias 881.2011.15.000/4 Denúncia de trabalho repetitivo realizado em condição não ergonômica. Falta de condições de trabalho para um bom atendimento ao paciente, falta de leito e péssimo atendimento ao Público etc. Em análise pelo MPT. Em análise pelo MPT. Condições de trabalho dos vigilantes contratados Em análise pelo MPT. pela Funcamp. Assédio moral 1872.2011.15.000/8-07 Com a quebra da máquina de lavar louças/bandejas os funcionários da limpeza foram obrigados Aguardando audiência. a lavá-las Desrespeito a normas regulamentadoras de condições de trabalho 1517.2010.15.000/3 Existem muitos trabalhadores com LER/DORT por causa de equipamentos obsoletos, falta de Perícia solicitada. treinamento, trabalhos sem pausa e falta de rodizio de funções. Desrespeito à legislação no pagamento de horas trabalhadas no período noturno 610.2010 Intervalo entre jornadas 1537.2008.15.000/5 Precariedade das condições de trabalho no R.U 47998.00.763/2011-81 Irregularidades no pagamento do adicional. Em análise pelo MPT. Desrespeito à legislação quanto ao intervalo mínimo de 11 horas entre jornadas de trabalho. Em análise pelo MPT. Operação inadequada e falta de equipamentos de Em análise pelo MPT. anti-explosão da Caldeira. Eliane Maria dos Santos Queiroz, advogada especialista em Direito Previdenciário e Direito do Trabalho. Leonel Ormezi Neto, estagiário. 4 - Caderno Jurídico Renata Pereira Santos Leite, dvogada especialista em Direito Cível e Trabalhista. Os servidores que quiserem informações sobre os processos iniciados antes de setembro de 2011, de responsabilidade do antigo escritório (dr. Cremasco), devem entrar em contato com o sindicato nos plantões de atendimento (de segunda a sexta-feira, das 13 às 17 horas, na sede do STU) ou pelo e-mail <[email protected]>.