Rádio Enlace II: Estudo de Caso de Dimensionamento Empregando Geociências
Diferentes organizações tendem a passar por ramificações de suas estruturas de rede, seja por ampliação ou
por melhores localizações. E nestes processos um dos pontos que geram problemas é a comunicação de
dados. Muitas destas organizações estão empregando conexões próprias, mas cada caso se difere por vários
motivos, tais como: localização, tipos de serviços a serem utilizados, sistemas, custo de implantação,
flexibilidade e agilidade na interconexão, ou seja, adaptável às condições específicas. Desse modo, quando
se trata de flexibilidade e agilidade, o que se adapta muito bem a estas características é o rádio enlace ponto
a ponto, mas para tal é necessário um correto dimensionamento dentro dos padrões e normas existentes.
Esta série de tutoriais utiliza a geociência como ferramenta para o correto dimensionamento de um rádio
enlace ponto a ponto teórico na faixa dos 5.8 GHz, que não necessita de licenciamento junto a órgãos
públicos para sua utilização. Descreve características importantes de rádio enlace, utilizando o caso da
Universidade do Contestado Campus Canoinhas, em que se deseja interligar o Campus Centro com o
Campus de Marcilio Dias como estudo de caso. A modelagem do perfil teórico do enlace, é feita juntamente
com o laboratório de geoprocessamento da UnC e com o apoio de profissionais da área, que disponibilizaram
bases cartográficas e equipamentos de recepção de sinais GPS, além dos cálculos de altura das antenas,
liberação da elipsóide de Fresnel e atenuações utilizando tabelas e expressões de livros da área e padrões
internacionais recomendados pela União Internacional de Telecomunicações (ITU).
Os resultados obtidos foram analisados e foi traçado o melhor cenário para a interconexão, avaliando a
viabilidade técnica de estrutura e menor perdas por atenuações. Os dados foram repassados ao laboratório
de geoprocessamento que disponibiliza através de softwares e técnicas de fotogrametria a virtualização
planialtimétricas e morfológicas da região no comprimento total do enlace visualizando assim, se os cálculos
e altitudes da região estão corretos para a não interferência da elipsóide de Fresnel.
Os tutoriais foram preparados a partir do trabalho de conclusão de curso “Dimensionamento de Rádio
Enlace Ponto a Ponto Empregando Geociências - Estudo e Caso: Conexão entre os Campi Centro e
Marcilio Dias da Universidade do Contestado - Canoinhas”, elaborado pelo autor. Foi orientador do
trabalho o Prof. Eng. Gianfranco Muncinelli, M. Sc, e co-orientador o Prof. Eng. Marcos B. Schimalski, M.
Sc.
Este tutorial parte II apresenta a metodologia de trabalho utilizada e o dimensionamento do radio enlace para
conectar os campi da Universidade de Contestado, fazendo uso da geociências para levantamento teórico do
percurso a ser coberto. Além disso, apresenta os resultados alcançados e as conclusões do estudo de caso.
Marco Antonio Laska
1
Engenheiro de Telecomunicações pela Universidade do Contestado, em convênio com a Fundación
Universitária San Martin, Colômbia.
Atuou como Auxiliar de Informática na Universidade do Contestado (UnC – Canoinhas, SC), sendo
responsável pela manutenção física e lógica, suporte e treinamento, e como Professor de Eletrônica Básica
no Núcleo de Ensino Profissional – NEP da Secretaria de Educação de Santa Catarina, e como Estágio em
Engenharia de Telecomunicações na Lore Management.
Email: [email protected]
Categoria: Infraestrutura para Telecomunicações
Nível: Introdutório
Enfoque: Técnico
Duração: 15 minutos
Publicado em: 12/07/2010
2
Rádio Enlace II: Introdução
Diferentes organizações tendem a passar por ramificações de suas estruturas de rede, seja por ampliação ou
por melhores localizações, e nestes processos um dos pontos que geram mais problemas é a comunicação de
dados que dependam da conexão constante o que gera perdas de produtividade e até prejuízos dependendo
da linha de trabalho, pois equipamentos desconectados, que não possam acessar os dados dos sistemas
utilizados nas organizações, têm muito pouca ou nenhuma utilidade (BAUKAT, 2005, pg. 07).
Para obter uma solução nestes casos, muitas destas organizações estão empregando as conexões próprias,
mas cada caso se difere um do outro por vários motivos, como localização, tipos de serviços a serem
utilizados, sistemas, custo de implementação, flexibilidade e agilidade na interconexão, ou seja, poder se
adaptar a condições específicas (FELICE, 2005, pg. 58).
Quando se trata de flexibilidade e agilidade, o que se adapta muito bem a estas características é o radio
enlace ponto a ponto, por possuir faixas de freqüências não licenciadas, se adaptarem a condições
topográficas, regiões não desenvolvidas e obter um custo relativamente mais baixo que conexões a longa
distância feitas com fibras óticas (MIYOSHI e SANCHES, 2002, pg. 27), obviamente levando o fator
capacidade de transmissão, que por sua vez a fibra ótica possui maior capacidade de transmissão (FELICE,
2005, pg. 11).
Analisando este contexto pode-se identificar que não é diferente o que ocorre na Universidade do
Contestado – Canoinhas/Porto União, na qual sua estrutura está ramificada em três pontos, sendo eles:
Campus Canoinhas centro como é conhecido, onde é o setor administrativo e o qual se deseja centralizar
suas atividades, reduzindo assim custos de transportes, manutenção, Campus Porto União, situado na cidade
de Porto União, o qual é uma extensão acadêmica e o Campus de Ciências Agrárias de Marcílio Dias que
também é uma extensão acadêmica, onde há o interesse inicial de se realizar a conexão privada.
Este trabalho apresenta o projeto da conexão entre os dois pontos utilizando a tecnologia sem fio ou
wireless, por possuir faixas de freqüências não licenciadas, no caso 5.8GHz e se adaptar facilmente a regiões
não desenvolvidas (MIYOSHI e SANCHES, 2002, pg. 25), como ocorre na região em que está situada a
universidade, sendo que as técnicas executadas podem ser um referencial a ser seguido em sistemas
semelhantes, em que para tais técnicas foi utilizada a estrutura do laboratório de geoprocessamento da UnC
com o apoio dos profissionais da área e empregando-se receptores de sinais GPS geodésicos, programas de
pós processamento de observáveis GPS, além de programas de fotogrametria para a modelagem do cenário
em questão, entre eles erdas, stereo analyst, lps, arcgis e AutoCAD, visando maior precisão no
dimensionamento da infra-estrutura de um rádio enlace ponto a ponto.
Objetivos
O objetivo geral desta série de tutoriais é apresentar as principais características a serem estudadas para um
correto dimensionamento de enlace ponto a ponto na freqüência de 5,8GHz utilizando geociência como
ferramenta de medição, tomando como exemplo a ligação entre os campi Centro e Marcilio Dias da
Universidade do Contestado.
Os seguintes objetivos específicos foram definidos:
Gerar o perfil do enlace utilizando cartas da região de canoinhas adquiridas através do laboratório de
geoprocessamento da Universidade do Contestado;
3
Corrigir as altitudes do perfil traçado utilizando equipamentos de recepção de sinal GPS, para o
correto cálculo da alturas das antenas e atenuação;
Verificar a disponibilidade de enlace direto ou com repetidora para o perfil traçado;
Apresentar cálculos de altura das antenas, elipsóide de Fresnel, Atenuação (Ae), Atenuação total
liquida (At) e Potência de recepção nominal (Prn) de acordo com as normas ITU-T;
Traçar o perfil teórico do enlace selecionado utilizando a folha SG-22-Z-A-II do IBGE que engloba a
região de Canoinhas-SC;
Comparar o perfil gerado por carta do IBGE e levantamento de campo com equipamento GPS em
modo estático.
Exibir o perfil topográfico do enlace adquirido através do laboratório de geoprocessamento mesclado
com os resultados obtidos para a visualização digital do enlace.
Tutoriais
O tutorial parte I apresentou os conceitos básicos de Antenas e Propagação de ondas eletromagnéticas, e a
seguir apresentou os conceitos das Geociências, aplicados ao dimensionamento de rádio enlaces ponto a
ponto.
Este tutorial parte II apresenta a metodologia de trabalho utilizada e o dimensionamento do radio enlace para
conectar os campi da Universidade de Contestado, fazendo uso da geociências para levantamento teórico do
percurso a ser coberto. Além disso, apresenta os resultados alcançados e as conclusões do estudo de caso.
4
Rádio Enlace II: Metodologia e Estudo de Caso
Metodologia de Trabalho
Para iniciar o estudo de uma conexão ponto a ponto sem fio, deve-se definir a metodologia a ser seguida.
Sendo assim, é importante munir-se de referências confiáveis e que de alguma forma demonstrem
experiência no desenvolvimento destes projetos, ou seja, livros, artigos, revistas da área.
O trabalho vai seguir os seguintes passos para a o calculo do rádio enlace:
Figura 1: Fluxograma da metodologia de trabalho
Estudo de Caso: Radio Enlace Universidade do Contestado
As seções a seguir apresentam os levantamentos realizados para o rádio enlace da Universidade do
Contestado.
Levantamento do Perfil Teórico
A primeira etapa a ser seguida em um dimensionamento de radio enlace ponto a ponto é conhecer as
localizações das duas estações que serão interligadas, para isso o levantamento geodésico é uma ferramenta
muito versátil neste tipo de ligação (SANCHES, 2007, p. 126).
5
Adquirindo bases cartográficas disponíveis é traçado o perfil teórico do enlace, neste caso utilizam-se fotos
aéreas adquiridas através do laboratório de ciências de geoprocessamento da Universidade do Contestado.
O estudo pode também pode ser feito através de cartas disponibilizadas no IBGE, porém não possuem um
detalhamento que possa ser identificado em um primeiro momento as posições para a interligação, o que
acarreta em um trabalho em campo para identificação dos mesmos, e após estas identificações é fato que
haverá um novo trabalho de campo para as correções dos pontos com equipamentos GPS, pois as curvas de
nível em cartas do IBGE contêm valores aproximados e não precisos e em um dimensionamento de radio
enlace ponto a ponto deve-se considerar a liberação da elipsóide de Fresnel entre outros, o que um erro pode
prejudicar a eficiência do mesmo.
Com este perfil teórico utilizando imagens de maior resolução definem-se não só as interligações bem como
os pontos críticos ou obstruções e os que podem se tornar críticos após sua medição em campo da correta
altitude, assim minimizando o trabalho em campo coletando informações geográficas que não seriam de
importância para o caso analisado, ou também de deixar de coletar algum ponto importante para o enlace,
além de definir possíveis repetidoras no caso de haver muitos obstáculos naturais (morros e tipos de
vegetações) e urbanos (SANCHES, 2007, p. 153).
O perfil teórico das interligações, possíveis obstruções e locais para instalação de repetidoras podem ser
vistos na base cartográfica a seguir, onde as conexões devem ser feitas da seguinte maneira:
Prédio administrativo da Universidade do Contestado, onde se encontra o centro de Tecnologia de
Informação, denominado como ADM até o Campus Universitário de Marcílio Dias denominado MD,
ou partindo do Centro Acadêmico, onde há uma conexão via fibra óptica ao prédio administrativo da
Universidade do Contestado, denominado ACAD até o Campus Universitário de Marcílio Dias, sendo
que a escolha entre o ADM e ACAD como ponto inicial depende da viabilidade técnica, que é
avaliada de acordo com a geração da base cartográfica.
Feito essa predefinição dos pontos foi possível observar que há obstáculos naturais que impossibilitam uma
ligação de visada direta ou do inglês line of sight (LOS),neste caso é fácil de observar a olho nu que há um
grande obstáculo natural entre os pontos que se quer interligar sendo assim, se deve demarcá-lo na base
cartográfica para posteriormente retirar um ponto preciso com o equipamento GPS, onde estas localizações
são denominadas OBS e RAD.
Com a identificação de barreiras de line of sight, é necessário já preparar uma solução para o caso, ou seja,
identificar locais que podem se tornar repetidoras para o caso da ligação direta ser inviável (SANCHES,
2007, p. 153), cujas informações coletadas na própria Universidade, indicam possíveis locais que serviriam
para tal fim por possuírem parcerias, sendo a torre de comunicação da Prefeitura Municipal de
Canoinhas-SC (2TX) e a Cooperativa Coopercanoinhas (COOP).
6
Figura 2: Foto da região
Coleta dos Pontos com Equipamento GPS
Com a geração do perfil teórico do enlace e para posteriormente a geração do perfil topográfico é necessária
a coleta dos pontos com o equipamento GPS, para uma maior precisão, em que todos os equipamentos foram
disponibilizados pelo laboratório de geoprocessamento da Universidade que é gerenciada pelo Engenheiro
Cartógrafo Professor Marcos B. Schimalski, sendo estes equipamentos de alta precisão.
O método de posicionamento do GPS utilizado foi o Estático, para uma maior precisão, e levando em
consideração a minimização de erros por interferência como extração dos pontos em áreas muito cobertas e
em ambientes com maior número de satélites visíveis, sendo que o equipamento exibe o número de satélites.
7
Figura 3: Método de posicionamento estático – Administrativo UnC
Após a coleta dos dados de cada ponto é necessário o processamento do mesmo para a exclusão dos erros
através do próprio sistema cedido juntamente com o equipamento de medição e utilizado pelo laboratório de
geoprocessamento, que por sua vez deve conter uma base fixa como referência conforme descrito no tutorial
parte I, o qual a Universidade possui (BUNC), bem como pode ser qualquer base disponibilizada pelo IBGE
o que diferencia é tempo de permanência para a coleta do mesmo, para a minimização de erros.
O software utilizado para o processamento e coleta dos dados e o GPS é o Ashtech Solutions 2.6 e
ProMark2 respectivamente.
Com o processamento dos dados no software Aschetch Solutions 2.6 há o levantamento dos pontos com um
desvio padrão de aproximadamente 50 cm, o qual deve ser adicionado na margem de segurança para os
cálculos, como pode ser observado na figura 4:
8
Figura 4: Pontos coletados com equipamento GPS – Aschtec Solutions 2.6
Além de todos os pontos com suas respectivas localizações e altitudes o software gera relatórios detalhados
dos pontos coletados como pode ser visto no na próxima página.
A precisão do levantamento em uma ligação de rede sem fio ponto a ponto é extrema importância para o
calculo da Elipsóide de Fresnel, no caso da altitude dos pontos a serem interligados e possíveis obstáculos
como descrito no tutorial parte I, assim definindo a altura das antenas, além dos cálculos de atenuação no
espaço livre, entre outros.
Tabela 1: Relatório do levantamento com o GPS
Site Positions
Pontos GPS
Horizontal
Coordinate
System:
Height System:
Desired
Horizontal
Accuracy:
Desired
Vertical
Accuracy:
Confidence Level:
Linear Units of Measure:
World Geodetic Sys. 1984
Ellips. Ht.
1,000m + 1ppm
1,000m + 2ppm
95% Err.
Meters
Site
ID
Site Descriptor
95% Position
CESC
Lat.
26°10’03,98400”S 0,016
Lon.
0,014
50°23’40,87275”W 0,027
Elv. 792,912
1
CESC
2
ACAD UNC
ACAD
3
ADM UNC
ADM-
Date: 08/22/09
Project file: Pontos GPS.spr
Fix
Position
Error Status
Lat.
26°10’19,02664”S
0,447
Lon.
0,443
50°23’40,69576”W
0,367
Elv. 778,767
Lat.
26°10’16,50565”S
0,016
Lon.
0,012
50°23’44,23789”W
0,031
Elv. 780,584
Status
Processed
Processed
Processed
9
4 2Tx- 2 TORRES
Lat.
26°09’54,03101”S
0,014
Lon.
0,014
50°23’54,08930”W
0,029
Elv. 831,632
Processed
Lat.
26°10’22,28255”S
0,337
5
Lon.
COOPERATIVA
0,441
COOP
50°24’16,23559”W
0,325
Elv. 828,592
Processed
6
BUNC
Lat.
26°05’32,68507”S 0,117
Lon.
0,118
50°23’14,90856”W 0,189
Elv. 833,514
7
MD--
TORRE NET
Lat.
26°05’34,50760”S 0,004
0,004
Lon.
50°23’14,93217”W 0,006
Elv. 830,424
Processed
RADIO UNC
Lat.
26°08’23,16980”S 0,286
0,288
Lon.
50°23’25,15485”W 0,298
Elv. 845,051
Processed
OBSTACULO
Lat.
26°09’00,82616”S 0,01
0,01
Lon.
50°23’29,98687”W 0,02
Elv. 849,071
Processed
8
RAD-
9
OBS-
Fixed
Fixed
Processed
Com os pontos processados podemos obter uma prévia do posicionamento dos mesmos com o próprio
Aschetec Solutions 2.6 como é mostrado a seguir:
10
Figura 5: Relatório Aschtec Solutions – Posicionamento GPS
O software para utilizar os pontos coletados na identificação das suas distância é o AutoDesk AutoCAD
2006, por exemplo para encontrar a real distância entre 2 pontos, depois de corretamente inseridos no
software AutoDesk Autocad 2006, com o comando “dist” seleciona-se o primeiro e posteriormente o
segundo, aparecerá a distância real entre os mesmo, como mostra a imagem da figura 5:
11
Figura 6: Calculo da distância entre 2 pontos no software AutoDesk Autocad 2006
Sendo assim é notável que a distância entre o prédio administrativo da Universidade do Contestado e o
Campus de Marcilio Dias é de 8,713 quilômetros, o que será utilizado nos cálculos de atenuação e liberação
da Elipsóide de Fresnel entre outros.
Correção da Ondulação Geoidal
Como foi descrito no tutorial parte I para obter uma melhor precisão nas medições deve-se corrigir a
ondulação geométrica adquiridas pelo equipamento GPS para altitudes ortométricas, sendo assim utiliza-se o
software mapgeo2004, que é gratuito e disponibilizado no site do IBGE (ftp://geoftp.ibge.gov.br
/programa/Sistema_Interpolacao_Ondulacao_Geoidal/), onde os dados são inseridos e o próprio
software faz o calculo da correção para cada ponto como será visto a seguir:
Configura-se o sistema de acordo com o utilizado com o sistema GPS, no caso SAD69.
O formato dos dados, neste caso GMS (grau, minuto, segundo), mas poderia ser em formato decimal.
Insere-se os dados e processa-os.
O resultado obtido deve ser adicionado ou subtraído dos valores coletados com o equipamento GPS.
Exemplo: Ponto ADM:
Latitude: -26” 10” 16.50565” S
Longitude: -50” 23” 44.23789” W
Então:
12
Figura 7: Software MAPGEO2004
A altitude elipsoidal (h) do ponto ADM é 780,584m, e a ondulação geoidal (H) é 4,95m.
Como o valor obtido é positivo, somasse a altitude total encontrada com o equipamento GPS, assim é
encontrada a altitude ortométrica ou geoidal (N):
N = 780,584 + 4,95 = 785,534m
Sendo assim é necessário efetuar a correção de todos os pontos para uma boa precisão no calculo da altura
das antenas e desobstrução da elipsóide de Fresnel que será visto a seguir.
13
Rádio Enlace II: Altura das Antenas
Calculo da Altura das Antenas
O primeiro fator a ser avaliado é o quanto pode ser liberado da Elipsóide de Fresnel, o qual varia de acordo
com a freqüência do radio enlace, e este critério também se baseia no fator K como mostra a tabela abaixo
(SANCHES, 2007, p. 77):
Tabela 2: Porcentagem da liberação da elipsóide de Fresnel em relação à freqüência e fator K
Frequência de Operação entre 1 e 3 GHz
Frequência de Operação acima de 3
GHz
60% do Raio de Fresnel para k=4/3
100% do Raio de Fresnel para k=4/3
30% do Raio de Fresnel para k=mínimo
60% do Raio de Fresnel para k=mínimo
Fonte: (SANCHES, 2007, pg. 77)
No caso utiliza-se a freqüência de 5.8GHz tomando como referencia a antena no administrativo da
Universidade, o objetivo é liberar 100% da elipsóide de Fresnel.
Tabela 3: Calculo da altura das antenas link direto
Cálculo da Altura das antenas link direto
Frequência do enlace
F
5800
MHz
Comprimento
D
8,713
km
k=4/3
K
1,33
k=mínimo
K
0,3
Distância da estação ADM até a obstrução
d1
3
km
Distância da Estação MD até a obstrução
d2
5,713
km
Altitude da estação ADM
hA
785,5
m
Altitude da estação MD
hB
834,9
m
Altitude do obstáculo
hpc
854,6
m
100 % raio de Fresnel no ponto crítico
Rf
10,13
m
60 % raio de Fresnel no ponto crítico
Rf'
6,08
m
Correção da curvatura da Terra para K=4/3
Hm
1,01
m
Correção da curvatura da Terra para K=mínimo
Hm'
4,48
m
11,14
m
100% do raio de Fresnel + correção da curvatura da Terra para
Hc
K=4/3
14
60% do raio de Fresnel + correção da curvatura da Terra para
K=4/3
HC'
10,56
m
Altura da antena ADM tomada como referência
h1
10
m
Margem de crescimento de árvores no ponto de obstrução
Mc
2
m
Margem de segurança devido à precisão das medidas
Ms
2
m
Altura da antena MD para k=4/3
h2
176,22 m
Altura da antena MD para k=mínimo
h2'
174,53 m
Fonte: (SANCHES, 2007, Adaptado)
Onde:
F – freqüência do enlace em MHz;
D – Distância total do enlace em quilômetros;
d1 – Distancia do obstáculo até a estação ADM em quilômetros;
d2 – Distância do obstáculo até a estação MD em quilômetros;
hA – Altitude da estação ADM em metros;
hB - Altitude da estação MD em metros;
hpc – Altitude do obstáculo em metros;
RF – 100% do Raio de Fresnel no ponto crítico apropriado a freqüência utilizada para o enlace
conforme a tabela 2 usando a seguinte formula (Sanches, 2007, p. 79):
Equação 1
onde:
f – Freqüência do enlace em MHz;
d1 – distância do ponto a ser calculado em relação a estação ADM em quilômetros;
d2 – distância do ponto a ser calculado em relação a estação MD em quilômetros.
RF’ – 60% do Raio de Fresnel no ponto crítico apropriado a freqüência utilizada para o enlace
conforme a tabela 1 usando a seguinte formula (Sanches, 2007, p. 79):
Equação 2
15
Hm – Correção equivalente da curvatura da Terra para K = 4/3 para atmosfera padrão e corrigindo
apenas no ponto crítico o qual importa no momento com a seguinte formula (Sanches, 2007, p. 79):
Equação 3
onde:
d1 – distância do ponto a ser calculado em relação a estação ADM em quilômetros;
d2 – distância do ponto a ser calculado em relação a estação MD em quilômetros;
K – Fator a ser utilizado no caso 4/3 ou 1,3333;
12,740 – multiplicado por 1000 é o diâmetro médio da Terra em quilômetros.
Hm’ – O mesmo que o item anterior, mas aplicando o fator K adequado, ou seja, utilizando a figura 7
da recomendação ITU-R P.530-10, baseando-se na distância do enlace, em que neste caso será de 0,3,
por ser um enlace abaixo de 10 quilômetros de distância.
HC – Correção da curvatura da Terra para K = 4/3 + 100% do raio de Fresnel no ponto crítico:
Equação 4
HC’ – Correção da curvatura da Terra para K = mínimo + 60% do raio de Fresnel no ponto crítico:
Equação 5
h1 – Altura da antena A tomada como referência: como este trabalho é teórico temos que tomar um
ponto de referência da antena A, para assim calcular a altura da antena B em função da A.
MC – Margem de crescimento de árvores e vegetações no ponto crítico.
MS – Margem de segurança devido à precisão das medidas é necessário uma boa avaliação de quantos
metros seria essa margem, como no caso os pontos coletados não foram em matas fechadas pode-se
deixar estes valores em 2 metros.
O que pode ser avaliado nestes cálculos é a inviabilidade de se construir uma torre de aproximadamente 170
metros, sendo assim é importante a analise para a instalação de repetidoras ao longo do caminho para se
obter a conexão desejada, o que será avaliado no a seguir.
16
Rádio Enlace II: Enlace com Repetidora
Enlace com Repetidora
Como é visto não há a possibilidade de se efetivar um enlace ponto a ponto direto entre as duas unidades da
Universidade, sendo assim há a necessidade de implementar uma repetidora entre estas unidades, como já foi
definido possíveis pontos de repetição no levantamento do perfil teórico deve-se efetuar o cálculo da altura
das antenas para estes novos pontos e que tipo de repetidoras serão utilizados para o respectivo calculo de
atenuação, sendo elas:
Repetidoras passivas: é o método mais barato para se vencer obstruções, pois sua construção é muito
simples, feita de duas antenas ligadas diretamente por um cabo coaxial ou guia de onda, mas onde a
correção pela perda no espaço livre só poderá ser feita através do aumento do ganho das antenas
utilizadas, ou seja, aumentar o tamanho das mesmas, sendo assim aplicar este método em enlaces
muito longo torna-se inapropriado (SANCHES, 2007, pg. 101).
Repetidoras ativas: é o método mais simples de se equacionar estes problemas de obstrução e
distância, mas também é o mais caro, por utilizar equipamentos autônomos, ou seja, que possuem
alimentação própria e potencia de transmissão independente e são interligados via LAN (SANCHES,
2007, pg. 103).
Cálculo da Altura das Antenas com Repetidora
Como para o caso de ligação direta, há a necessidade do calculo da altura das antenas para a liberação da
elipsóide de Fresnel nos pontos com repetidoras, a seguir o cálculo da altura das antenas para a ligação entre
o Administrativo da Universidade e a Torre da Prefeitura de Canoinhas, um dos pontos descritos como
utilizáveis para tal fim.
Tabela 4: Calculo da altura das antenas link repetidora 1.1
Cálculo da Altura das antenas do Administrativo até Tx Prefeitura
Frequência do enlace
F
5800
MHz
Comprimento
D
0,745
km
k=4/3
K
1,33
k=mínimo
K
0,3
Distância da estação ADM até a obstrução
d1
0,372
km
Distância da Estação Tx Prefeitura até obstrução
d2
0,373
km
Altitude da estação ADM
hA
784,9
m
Altitude da estação Tx Prefeitura
hB
835,9
m
Altitude do obstáculo
hpc
814,9
m
100 % raio de Fresnel no ponto crítico *
Rf
3,12
m
60 % raio de Fresnel no ponto crítico *
Rf'
1,87
m
17
Correção da curvatura da Terra para K=4/3
Hm 0,01
m
Correção da curvatura da Terra para K=mínimo
Hm' 0,04
m
100% do raio de Fresnel + correção da curvatura da Terra para
K=4/3
HC
3,13
m
60% do raio de Fresnel + correção da curvatura da Terra para
K=4/3
HC' 1,91
m
Altura da antena ADM tomada como referência
h1
10
m
Margem de crescimento de árvores no ponto de obstrução
Mc
2
m
Margem de segurança devido à precisão das medidas
Ms
2
m
Altura da antena Tx Prefeitura para k=4/3
h2
13,33
m
Altura da antena Tx Prefeitura para k=mínimo
h2'
10,89
m
Fonte: (SANCHES, 2007, Adaptado)
Como pode ser visto a altura da antena da prefeitura deve ter no mínimo 13,33 metros, mas como o ponto
coletado foi no solo e a instalação seria na sua altura, ou seja, dentro de seus 54 metros, pode-se dizer que é
suficiente para a liberação da elipsóide de Fresnel.s
Agora o calculo da altura das antenas entre a Torre da prefeitura até Marcilio Dias:
Tabela 5: Calculo da altura das antenas link repetidora 1.2
Cálculo da Altura das antenas da Tx Prefeitura até Marcílio Dias
Frequência do enlace
F
5800
MHz
Comprimento
D
8,03
km
k=4/3
K
1,33
k=mínimo
K
0,3
Distância da estação Tx Prefeitura até a obstrução
d1
2,6
km
Distância da Estação MD até obstrução
d2
5,43
km
Altitude da estação Tx Prefeitura
hA
835,9
m
Altitude da estação MD
hB
834,9
m
Altitude do obstáculo
hpc
854,6
m
100 % raio de Fresnel no ponto crítico *
Rf
9,58
m
60 % raio de Fresnel no ponto crítico *
Rf'
5,75
m
Correção da curvatura da Terra para K=4/3
Hm 0,83
m
18
Correção da curvatura da Terra para K=mínimo
Hm' 3,69
m
100% do raio de Fresnel + correção da curvatura da Terra para
K=4/3
HC
m
60% do raio de Fresnel + correção da curvatura da Terra para
K=4/3
HC' 9,44
m
Altura da antena A tomada como referência
h1
50
m
Margem de crescimento de árvores no ponto de obstrução
Mc
2
m
Margem de segurança devido à precisão das medidas
Ms
2
m
Altura da antena MD para k=4/3
h2
-1,16
m
Altura da antena Tx para k=mínimo
h2'
-4,16
m
10,41
Fonte: (SANCHES, 2007, Adaptado)
Novamente encontra-se a viabilidade técnica da instalação, onde a altura mínima da antena em Marcilio
Dias é negativa, então qualquer altura adicionado viabiliza o rádio enlace.
Neste cenário tem-se o melhor posicionamento dos equipamentos, onde estariam centralizados no prédio
administrativo da Universidade, já para o caso da ligação através da Torre da Coopercanoinhas a ligação
deverá partir do setor acadêmico, em que já existe uma ligação, sendo assim segue os cálculos da altura das
antenas para este cenário:
Tabela 6: Calculo da altura das antenas link repetidora 2.1
Cálculo da Altura das antenas do Acadêmico até Coopercanoinhas
Frequência do enlace
F
5800
MHz
Comprimento
D
0,971
km
k=4/3
K
1,33
k=mínimo
K
0,3
Distância da estação ACAD até a obstrução
d1
0,485
km
Distância da estação COOP até a obstrução
d2
0,486
km
Altitude da estação ACAD
hA
782,9
m
Altitude da estação COOP
hB
832,9
m
Altitude do obstáculo
hpc
804,9
m
100 % raio de Fresnel no ponto crítico *
Rf
3,56
m
60 % raio de Fresnel no ponto crítico *
Rf'
2,13
m
Correção da curvatura da Terra para K=4/3
Hm 0,01
m
19
Correção da curvatura da Terra para K=mínimo
Hm' 0,06
m
100% do raio de Fresnel + correção da curvatura da Terra para
K=4/3
HC
3,57
m
60% do raio de Fresnel + correção da curvatura da Terra para
K=4/3
HC' 2,19
m
Altura da antena ACAD tomada como referência
h1
8
m
Margem de crescimento de árvores no ponto de obstrução
Mc
2
m
Margem de segurança devido à precisão das medidas
Ms
2
m
Altura da antena COOP para k=4/3
h2
1,18
m
Altura da antena COOP para k=mínimo
h2'
-1,58
m
Fonte: (SANCHES, 2007, Adaptado)
Novamente é visto que há viabilidade, por se tratar de valores baixos para a antena da Coopercanoinhas, que
no caso possui 54 metros de altura.
Agora o cálculo da altura das antenas entre Coopercanoinhas até Marcilio Dias:
Tabela 7: Calculo da altura das antenas link repetidora 2.2
Cálculo da Altura das antenas da Coopercanoinhas até Marcilio Dias
Frequência do enlace
F
5800
MHz
Comprimento
D
9,222
km
k=4/3
K
1,33
k=mínimo
K
0,3
Distância da estação Coop até a obstrução
d1
3,284
km
Distância da estação MD até a obstrução
d2
5,938
km
Altitude da estação Coop
hA
832,9
m
Altitude da estação MD
hB
834,9
m
Altitude do obstáculo
hpc
850,2
m
100 % raio de Fresnel no ponto crítico *
Rf
10,5
m
60 % raio de Fresnel no ponto crítico *
Rf'
6,30
m
Correção da curvatura da Terra para K=4/3
Hm 1,15
m
Correção da curvatura da Terra para K=mínimo
Hm' 5,1
m
20
100% do raio de Fresnel + correção da curvatura da Terra para
K=4/3
HC
11,65
m
60% do raio de Fresnel + correção da curvatura da Terra para
K=4/3
HC' 11,40
m
Altura da antena Coop tomada como referência
h1
50
m
Margem de crescimento de árvores no ponto de obstrução
Mc
2
m
Margem de segurança devido à precisão das medidas
Ms
2
m
Altura da antena MD para k=4/3
h2
0,12
m
Altura da antena MD para k=mínimo
h2'
-0,58
m
Fonte: (SANCHES, 2007, Adaptado)
A ligação através da torre da Coopercanoinhas é viável, mas o comprimento total do enlace seria maior, o
que acarretaria uma perda por propagação ainda maior como será analisado a seguir nos cálculos de
atenuação dos cenários.
21
Rádio Enlace II: Atenuações e Altura das Antenas
Cálculo da Atenuação (Ae), Atenuação Total Líquida (At) e Nível de Recepção Nominal (Prn)
Como foi visto na seção anterior, não há a possibilidade de se efetuar a ligação sem a utilização de
repetidoras, no caso adotam-se repetidoras ativas para que não haja uma perda muito grande no
comprimento total do enlace, sendo assim cada “perna” do enlace é avaliado separadamente.
Para o enlace entre o administrativo da UnC e a torre da Prefeitura, temos a seguinte atenuação Lbf1
conforme a equação 9 do tutorial parte I:
Para o enlace entre a torre da Prefeitura até Marcilio Dias, temos a seguinte atenuação no espaço livre Lbf2
utilizando a mesma equação 9:
Para a Atenuação por guia de onda e cabos das estações Acab, como são duas estações é inserido um valor
de 3dB para cada, sendo assumido um valor de pior caso de 6dB.
Para a Atenuação variável insere-se o valor default DV de 3dB.
A atenuação total liquida entre o administrativo da UnC e a torre da Prefeitura, será dada pela expressão
(SANCHES, 2007, pg. 87):
Equação 6
Onde GT e GR é o ganho das antenas utilizadas na transmissão e recepção, no caso 2 antenas de 24dBi,
então:
A atenuação total liquida (At2) para o enlace entre a torre da Prefeitura até Marcilio Dias será:
A taxa de transmissão varia de acordo com o nível de recepção nominal do equipamento que é dado através
seu fabricante.
A seguir há uma tabela que mostra limiares genéricos de recepção para equipamentos que operam no padrão
802.11a para uma TEB (taxa de erro de bit) de 10-5:
A taxa de erro de bit (TEB) é a razão entre o número de bits errados e o número total de bits transmitidos
em dado intervalo de tempo, por exemplo, se temos 5 x 10-5 quer dizer que temos 5 bits errados em 100.000
22
bits transmitidos (SANCHES, 2007, pg. 89).
Tabela 8: Exemplo de taxa de transmissão x limiar de recepção
Padrão
Taxa de transmissão
(Mbits)
Limiar de recepção para TEB 10-5
(dBm)
802.11a
54
-69
802.11a
48
-70
802.11a
36
-75
802.11a
24
-80
802.11a
18
-83
802.11a
12
-86
802.11a
9
-88
802.11a
6
-89
Fonte: (SANCHES, 2007, Adaptado)
Sendo assim a potencia de recepção nominal (Prn) em cada uma das “pernas” do enlace é dada pela
expressão (SANCHES, 2007, pg. 88):
Equação 7
Onde:
P tx é a potência do transmissor;
At é a atenuação total liquida.
Suponha-se que a taxa de transmissão desejada para esse enlace seja de no mínimo 24Mbps, baseado na
tabela 8 como se fosse as características do equipamento em si, o nível de recepção nominal deveria ser de
no mínimo -80dBm.
Para a primeira perna é fácil perceber que com um equipamento com estas características já haveria uma
recepção mais elevada do que o necessário utilizando a equação 7:
Como pode ser visto o resultado é um valor negativo, mas isso se deve a proximidade da primeira perna do
enlace e antenas de alto ganho, assim o equipamento utilizado poderia teoricamente funcionar com uma
potência de transmissão significativamente baixa para alcançar a taxa de transmissão desejada.
Isso em miliwatts é dado pela expressão (SANCHES, 2007, pg. 286):
23
Equação 8
Então:
Já para o caso da segunda “perna” do enlace entre a Torre da Prefeitura e Marcilio Dias, será:
Isto em miliwatts:
Observação:
É importante ressaltar que neste estudo de caso não está sendo consideradas interferências emitidas por
outros equipamentos e si próprio, pois o estudo é teórico e não há equipamentos disponíveis para analise do
espectro da região na faixa dos 5,8GHz, o que acarretaria em um nível maior de potência de transmissão
para suprir a necessidade de uma taxa de transmissão em torno de 24Mbps, em que estes sinais seriam
identificados como ruído e inseridos da atenuação total liquida (At).
Para o enlace entre o setor acadêmico da UnC e a torre da cooperativa, temos a seguinte atenuação no
espaço livre Lbf1 conforme equação 9 do tutorial parte I:
Para o enlace entre a torre da Coopercanoinhas até Marcilio Dias, temos a seguinte atenuação no espaço
livre Lbf2 utilizando a mesma equação 9:
Para Atenuação por guia de onda e cabos das estações Acab, como são duas estações é inserido um valor de
3dB para cada, sendo assumido um valor de pior caso 6dB.
Para a Atenuação variável insere-se o valor default DV é 3dB.
A atenuação total liquida entre o setor acadêmico e a cooperativa, será dada pela equação 26 juntamente
com o ganho das antenas de 24dBi:
A atenuação total liquida (At2) para o enlace entre a torre Coopercanoinhas até Marcilio Dias será:
24
Conforme descrito anteriormente a taxa de transmissão varia de acordo com o nível de recepção nominal do
equipamento que é dado através de seu fabricante.
Sendo assim a potencia de recepção nominal (P rn) em cada uma das “pernas” deste enlace é dada pela
equação 27. Então se suponha que a taxa de transmissão desejada para esse enlace seja também de no
mínimo 24Mbps, baseado na tabela 8 como se fosse as características do equipamento em si, o nível de
recepção nominal deveria ser de no mínimo -80dBm.
Então para a primeira perna deste enlace temos utilizando a equação 22:
Novamente á um número negativo, mas isto se deve a proximidade do enlace e também da não inserção dos
valores de atenuação devido a ruídos de outros equipamentos, como já foi descrito.
Isso em miliwatts é dado pela equação 28 então:
Já para o caso da segunda “perna” do enlace entre a Torre da cooperativa e Marcilio Dias, será:
Isto em miliwatts:
Calculo da Altura das Antenas com a Folha IBGE
Utilizando a folha SG-22-Z-A-II do IBGE que engloba a região de Canoinhas-SC, é traçado o perfil teórico
do enlace, para verificar se há condições técnicas na utilização da mesma para tal finalidade.
25
Figura 8: Curvas de nível da região de canoinhas
Fonte:(IBGE, 2009)
Nota-se que as curvas de nível transpassadas através do perfil estão nos valores de 800m em todo
comprimento do enlace entre o prédio Administrativo da UnC e o Campus de Marcilio Dias, e como não
apresenta pontos críticos para o enlace, a elipsóide de Fresnel é calculada na metade do comprimento total é
calculada a altura das antenas.
Tabela 9: Calculo da altura das antenas com carta do IBGE
Cálculo da Altura das antenas do Administrativo até ADM até Tx Prefeitura IBGE
Frequência do enlace
F
5800
MHz
Comprimento
D
8,03
km
k=4/3
K
1,33
k=mínimo
K
0,3
Distância da estação ADM até a obstrução
d1
4,015
km
Distância da estação Tx Prefeitura até a obstrução
d2
4,015
km
Altitude da estação ADM
hA
800
m
Altitude da estação Tx Prefeitura
hB
800
m
Altitude do obstáculo
hpc
800
m
100 % raio de Fresnel no ponto crítico *
Rf
10,23
m
60 % raio de Fresnel no ponto crítico *
Rf'
6,14
m
Correção da curvatura da Terra para K=4/3
Hm 0,95
m
Correção da curvatura da Terra para K=mínimo
Hm' 4,22
m
26
100% do raio de Fresnel + correção da curvatura da Terra para
K=4/3
HC
11,18
m
60% do raio de Fresnel + correção da curvatura da Terra para
K=4/3
HC' 10,36
m
Altura da antena ADM tomada como referência
h1
50
m
Margem de crescimento de árvores no ponto de obstrução
Mc
2
m
Margem de segurança devido à precisão das medidas
Ms
2
m
Altura da antena Tx Prefeitura para k=4/3
h2
-19,64 m
Altura da antena Tx Prefeitura para k=mínimo
h2'
-21,28 m
Fonte: (SANCHES, 2007, adaptado)
É visto que este perfil nos viabiliza a instalação da antena de qualquer tamanho no Campus de Marcilio Dias,
em que não é percebido nenhum tipo de obstrução no comprimento do enlace, o que não é real, o que pode
acarretar em um dimensionamento errôneo do enlace, por estas e outra se faz necessário a correção
topográfica e morfológica da região estudada em casos de enlaces ponto a ponto, inviabilizando o uso de
cartas deste tipo que pode também ser visto no anexo 3.
27
Rádio Enlace II: Resultados
Resultado do Estudo de Caso
Como é visto o melhor local para a instalação do enlace é utilizando a torre da prefeitura de Canoinhas, por
obter uma menor perda por propagação, além de estar em um ponto que propicia a conexão com o setor
administrativo da Universidade do Contestado, o qual é um dos principais interesses da Universidade, já que
a interligação direta entre os dois pontos seria inviável devido ao tamanho da torre necessária para a
instalação das antenas.
A potência para a transmissão necessária é consideravelmente baixa, o que acarretaria na compra de
equipamentos com custos mais baixos, já que um dos fatores que influenciam os preços dos equipamentos é
a potencia de transmissão, sem esquecer que não foi considerado interferências por outros equipamentos.
As ferramentas de Geociência proporcionou grande auxilio no cálculo correto da altura das antenas, na qual
chegou a valores de precisão de aproximadamente 50cm. Atualmente estão disponíveis no mercado
programas computacionais que possibilitam a inserção das posições geo-referênciadas, e obtenção de perfis
longitudinais baseados em mapas do IBGE, que não possuem um detalhamento necessário para um enlace
ponto a ponto confiável. A aerofotogrametria possibilita um melhor detalhamento da região estudada, além
da visualização do relevo em 3 dimensões através da estereoscopia, o que apenas com a percepção do olho
humano é possível definir possíveis obstáculos em um enlace ponto a ponto e áreas de sombra em sistemas
ponto área. As vantagens da utilização deste tipo de trabalho é a economia de tempo, devido a menos
deslocamento de pessoal em campo e correções de bases com pouco detalhamento, em que pouco
levantamento de campo é necessário para configurar e abranger uma grande área territorial, assim definindo
pontos específicos em laboratório de maneira precisa.
Perfil Topográfico do Enlace
Como foi definido o melhor cenário para o enlace entre os dois pontos, foi solicitado junto ao laboratório de
geoprocessamento da Universidade o perfil topográfico do enlace, que se utilizando das bases cartográficas
existentes, e técnicas de fotogrametria, disponibilizou o perfil digitalizado e de maior detalhamento, ou seja,
o número de pontos utilizados na amostragem é muito maior que os coletados em campo com equipamento
GPS que pode ser visto a seguir, em que é possível traçar as elipsóides de Fresnel para as conexões em
questão, sugerindo assim uma visualização do enlace teórico, verificando se há condições do enlace liberar
100% da elipsóide de Fresnel no(s) ponto(s) crítico(s) e que pode ser disponibilizado para analises em
mudanças futuras nas estruturas existentes, como altura das antenas, mudanças de freqüências e pontos de
acesso no comprimento do enlace.
28
Figura 9: Perfil topográfico do enlace
29
Rádio Enlace II: Considerações finais
No trabalho como um todo, foram apresentadas as ferramentas disponíveis e fatores a serem considerados
para um correto dimensionamento e principais características de um rádio enlace ponto a ponto na
frequência não licenciada na faixa dos 5.8GHz, como fator K, altitude das antenas, liberação da elipsóide de
Fresnel e atenuação das ondas eletromagnéticas dentro dos padrões e normas disponibilizados em livros e
órgãos competentes.
Ao adquirir bases cartográficas com uma maior resolução, nota-se que é mais fácil a identificação dos pontos
para traçar o perfil teórico do enlace, já com os obstáculos definidos e possíveis repetidoras futuras
utilizações, o que acarreta em uma economia de tempo e de pessoal em campo para efetuar as coletas dos
pontos GPS e correções, conforme visto no capitulo 4 em perfil teórico.
As correções altimétricas efetuadas agregam confiabilidade no projeto de um sistema como este, conforme
apresentado no capitulo 4, em cálculo das alturas das antenas, o que consequentemente indica a viabilidade
técnica de conexão direta ou se não for possível a utilização de repetidoras, com isso visando a liberação da
elipsóide de Fresnel, o qual é um dos fatores mais importantes deste tipo de conexão.
Os cálculos de Atenuação (Ae), Atenuação total liquida (At) e Potência de recepção nominal (Prn) de
acordo com as normas ITU-T, prevê as perdas associadas as distâncias entre os pontos do enlace, em que os
mesmos podem identificar possíveis tipos de equipamentos a serem utilizados, mas lembrando que não foram
associados problemas de interferências por outros equipamentos por não possuir analisadores de espectro
para determinar fatores de redução dos mesmos.
Traçar o perfil teórico do enlace utilizando a folha do IBGE indica um cuidado a ser seguido nestes tipos de
dimensionamento, em que a utilização de cartas com baixas resoluções das altitudes podem ocasionar erros
graves na preparação da infra-estrutura em um caso como este, como foi visto no item 4.6.
Ao exibir o perfil topográfico do enlace cedido adquirido no laboratório de geoprocessamento (Anexo 3)
mesclado com os resultados obtidos para a visualização digital do enlace indica que o aperfeiçoamento de
técnicas de Geociências, como fotogrametria e estéreoscopia, direcionando para a área de telecomunicações,
fornecerá agilidade e precisão nas infra-estruturas, sejam elas ponto área ou ponto a ponto, trará as
inovações tecnológicas da área, cada vez mais rápido a lugares que antes se perdia muito tempo para com
dimensionamentos e estudos topográficos.
A técnica de fotogrametria cria o relevo da região selecionada em formato 3D, que no caso não pode ser
visto neste arquivo e nem inserido, pois o mesmo gera um arquivo de muitos megabytes, mas abaixo é
inserida uma figura que mostra as vantagens da visualização do terreno.
30
Figura 10: Exemplo de relevo em formato 3D
Referências
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Porto Alegre, 2008.
SANCHES, Carlos Alberto. Projetando Redes WLAN. São Paulo: São Paulo, 2007.
MIYOSHI, Edson Mitsugo, SANCHES, Carlos Alberto. Projetos de Sistemas Rádio, São Paulo: São Paulo,
2002.
RIBEIRO, José Antonio Justino. Comunicações Ópticas, São Paulo: São Paulo, 2006.
BAUKAT, Henry. Implantação de Rede Virtual Privada na Universidade do Contestado – Campus
Canoinhas, Canoinhas: Santa Catarina , 2005.
FELICE, Fernando. Análise do Desempenho de Enlaces Ponto-a-Ponto Utilizando a Faixa de Freqüência
não Licenciada de 2,4GHz em Tecnologia Spread Spectrum. Disponível em:
http://dspace.c3sl.ufpr.br/dspace/bitstream/1884/3133/1/Disserta%C3%A7
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CABIANCA, Luís Antonio. Redes LAN/MAN Wireless III: Aplicação do Padrão 802.11 Disponível em:
http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialrwlanman3/Default.asp
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DE PAOLI, Orlando Augusto Moreira. Localização em Redes GSM I: Uso da Técnica de Trilateração de
Potência Disponível em:
http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutoriallocgsm1/default.asp
Acesso em: 28 de maio de 2009.
31
ASPIAZÚ, Celestino; ALVES, Laci Mota; VALENTE, Osvaldo Ferreira. Modelos digitais de terrenos
conceituação e importância Disponível em:
http://www.cnpf.embrapa.br/publica/boletim/boletarqv/boletim21/aspiazu.pdf
Acesso em: 28 de julho de 2009.
OLIVEIRA, Marcos de. Relevos do Brasil: Imagens captadas pelo Endeavour e produzidas pela Embrapa
mostram topografia brasileira, Revista Pesquisa FAPESP, São Paulo, 07 abr. 2005. Disponível em:
http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br/conteudo/reportagens/pesquisafapesp26042005.html
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JUNIOR, Ary Osiris Johansson. Notas de aula: Disciplina de aerofoto e fotointerpretação. Disponível em:
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Acesso em: 28 de julho de 2009.
CORDINI, Jucilei. O terreno e sua representação. Disponível em:
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Instituto Brasileiro de Geografia e estatística. Geociencias. Disponivel em:
http://www.ibge.gov.br
Acesso em: 20 de abril de 2009.
SILVA, Isabel de Fátima Teixeira, Noções básicas de cartografia. Rio de Janeiro – RJ: IBGE, 1998.
32
Rádio Enlace II: Teste seu entendimento
1. Qual das alternativas abaixo não representa um dos levantamentos realizados para o rádio enlace
da Universidade do Contestado?
Levantamento do Perfil Teórico.
Correção da Ondulação Geoidal.
Dimensionamento da fonte de energia elétrica.
Coleta dos Pontos com Equipamento GPS.
2. Qual é a diferença entre as repetidoras passivas e as repetidoras ativas?
As repetidoras passivas são o método mais barato para vencer obstruções, e as repetidoras ativas são o
método mais simples.
As repetidoras passivas são mais complexas, e as repetidoras ativas são mais baratas.
Não há diferença pois ambas são usadas para repetir sinais elétricos.
As repetidoras ativas são mais dinâmicas e as repetidoras passivas são mais planas.
3. Como se pode definir a taxa de erro de bit (TEB)?
É a razão entre o número de bits corretos e o números de bits errados transmitidos em um intervalo de
tempo.
É a razão entre o número de bits errados e o números de bits corretos transmitidos em um intervalo de
tempo.
Representa o número de bits errados (milhares) por unidade de tempo (millisegundo).
É a razão entre o número de bits errados e o número total de bits transmitidos em dado intervalo de
tempo.
33
Download

Rádio Enlace II: Estudo de Caso de Dimensionamento