UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL FLUXOGRAMA PARA SELEÇÃO DE SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO PARA EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS Felipe Leite de Barros Stahlberg Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos como parte dos requisitos para a conclusão da graduação em Engenharia Civil Orientador: Prof. Dr. José Carlos Paliari São Carlos 2010 DEDICATÓRIA À minha família por trazer o significado da palavra amor: Ao José, meu pai, à Silmara, minha mãe e à Mayara, minha irmã, que me ensinaram “... a medida do amor é amar sem medida”. Aos meus amigos, por justificar a busca do crescimento pessoal e profissional. Sem vocês, não haveria motivos para este crescimento. AGRADECIMENTOS Primeiramente, para iniciar a lista, gostaria de agradecer a Deus, pela existência, pela saúde, pela disposição, pela capacidade e pela inspiração que um trabalho desta magnitude necessita, que sem as quais não teria sido possível. Agradeço especialmente aos professores José Carlos Paliari e Alex Sander Clemente de Souza por me conduzirem ao longo do desenvolvimento deste Trabalho de Conclusão de Curso, sem os quais não poderia ter sido realizado. Agradeço a todos os professores do Departamento de Engenharia Civil, que diretamente ou indiretamente contribuíram para minha formação como engenheiro e conhecimentos adquiridos até o momento, que sem estes, minha evolução pessoal e profissional não seria possível. Aos demais funcionários do departamento de Engenharia Civil da UFSCar. A amiga Aline Cristina Dias Galvão Neves, pela revisão e normalização do trabalho e paralelamente pelo companheirismo e amizade. Aos funcionários e proprietário da Empresa Athena Engenharia e Comércio Ltda, pela oportunidade a mim fornecida para trabalhar no segmento de impermeabilização, adquirindo experiência e inspiração para o desenvolvimento deste trabalho. Um agradecimento especial à minha família, por objetivar a busca de minha evolução pessoal e profissional, principalmente a meu pai, José Henrique Soares Stahlberg e minha mãe, Silmara Leite de Barros Stahlberg, por terem me fornecido um crescimento sólido e rico. A todos os meus amigos adquiridos ao longo de minha graduação e anteriormente a ela, pela convivência, pelo companheirismo, pelos momentos felizes e admiráveis e acima de tudo, por justificar o significo dessa palavra: amizade. Por fim, peço sinceras desculpas, se por descuido, para aqueles que eu tenha me esquecido de agradecer. RESUMO O trabalho tem como objetivo apresentar um método de seleção de impermeabilização para edifícios de múltiplos pavimentos na forma de um fluxograma, fornecendo grande agilidade na escolha. Para isso foram discutidas as principais definições e conceitos utilizados como referência na elaboração do método. Posteriormente, foram caracterizados e classificados os principais sistemas de impermeabilização utilizados nesses edifícios. Foram apresentados suas camadas e materiais constituintes e o método de execução, o que serviu também como fonte de informação para a seleção dos sistemas. Como parte da proposta da seleção, foram apresentados; os critérios para utilização ou não da impermeabilização; os principais parâmetros utilizados para a seleção; o fluxograma e, finalmente, as diretrizes finais da seleção. Por fim, o trabalho pôde concluir a importância do emprego da impermeabilização e sua correta escolha na obtenção de soluções otimizadas e racionalizadas. Palavras-chave: impermeabilização, método, edifícios. ABSTRACT ABSTRACT The work aims to provide a screening method for waterproofing multiple floors buildings in the form of a flowchart, providing great agility in the choice. For that it was discussed the main definition and concepts used as reference in the method elaboration. Later, the main waterproofing systems used in those buildings were characterized and classified. Theirs layers and material composition and method of implementation were presented, which also served as a source of information for the systems selection. As part of the selection proposal it were presented, the criteria to either use or not the sealing, the main parameters used in the selection, the flow chart and, at last, the final guidelines of the selection. Finally, the paper concludes about the importance in the use of sealing and its correct choice in obtaining optimal solutions and streamlined. Key-words: waterproofing, method, building SUMÁRIO 1. 2. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1 1.1 Justificativa ................................................................................................. 2 1.2 Objetivos ...................................................................................................... 5 1.3 Método de Pesquisa ................................................................................... 6 1.4 Estruturação do Trabalho .......................................................................... 6 SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO ............................................................. 8 2.1 O sistema de Impermeabilização ............................................................... 8 2.1.1 Definição ................................................................................................... 8 2.1.2 Componentes Constituintes ...................................................................... 9 2.1.3 Definições ................................................................................................ 13 2.2 Classificação ............................................................................................. 15 2.2.1 Classificação quanto à Aderência ........................................................... 17 2.2.2 Classificação quanto à Flexibilidade........................................................ 18 2.2.3 Classificação quanto ao Método de Execução ........................................ 18 2.2.4 Classificação quanto ao Material ............................................................. 18 2.2.5 Considerações gerais sobre A Execução de Impermeabilização ............ 19 2.3 Caracterização dos Sistemas de Impermeabilização ............................ 26 2.4 Sistemas de Impermeabilização com Argamassas Impermeáveis ....... 27 2.4.1 Camadas Constituintes ........................................................................... 28 2.4.2 Materiais Empregados............................................................................. 29 2.4.3 Método de Execução ............................................................................... 30 2.4.4 Vantagens, Desvantagens, Aplicações e Limitações .............................. 31 2.5 Sistemas de Impermeabilização com Cristalizantes.............................. 32 2.5.1 Camadas Constituintes ........................................................................... 34 2.5.2 Materiais Empregados............................................................................. 34 2.5.3 Método de Execução ............................................................................... 35 2.5.4 Vantagens, Desvantagens, Aplicações e Limitações .............................. 36 2.6 Sistemas de Impermeabilização Cimentícios ......................................... 37 2.6.1 Camadas Constituintes ........................................................................... 37 2.6.2 Materiais Empregados............................................................................. 38 2.6.3 Método de Execução ............................................................................... 38 2.6.4 Vantagens, Desvantagens, Aplicações e Limitações .............................. 40 2.7 Sistemas de Impermeabilização Asfálticos ............................................ 41 2.7.1 Sistemas de Impermeabilização com Membrana Asfáltica a frio ............ 41 2.7.2 Sistemas de Impermeabilização com Membrana Asfáltica a quente....... 45 2.7.3 Sistemas de Impermeabilização com Manta asfáltica ............................. 50 2.8 Sistemas de Impermeabilização com Membranas ................................. 54 2.8.1 Camadas Constituintes ........................................................................... 55 2.8.2 Materiais Empregados............................................................................. 56 2.8.3 Método de Execução ............................................................................... 57 2.8.4 Vantagens, Desvantagens, Aplicações e Limitações .............................. 58 2.9 Considerações Gerais sobre os Sistemas.............................................. 59 2.9.1 Equipamentos e Ferramentas ................................................................. 59 2.9.2 Comparação geral entre os Sistemas ..................................................... 60 3. MÉTODO DE SELEÇÃO DO SISTEMA DE IMPERMEABILIZAÇÃO .............. 63 3.1 Parâmetros Complementares .................................................................. 63 3.1.1 Considerações sobre a Necessidade de Impermeabilização .................. 63 3.1.2 Parâmetros para a Seleção da Impermeabilização ................................. 65 3.2 Proposta de Fluxograma de decisão do tipo de Impermeabilização a adotar .................................................................................................................... 65 3.3 Análise Final .............................................................................................. 70 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 72 5. REFERÊNCIAS ................................................................................................. 73 6. ANEXO – NORMAS DA ABNT SOBRE IMPERMEABILIZAÇÃO .................... 76 1 1. INTRODUÇÃO O desenvolvimento de novos materiais e processos na construção civil no âmbito da impermeabilização ampliou as possibilidades, mas dificultou a seleção do correto sistema a ser empregado em edificações. Aliado a este fator, o aumento de competitividade no setor, a criação de novas normas técnicas de desempenho e a ampliação do código de defesa do consumidor, fizeram com que as empresas buscassem maiores níveis de qualidades em seus produtos. Tornando isso como meta, as empresas levam em consideração todas as etapas do processo construtivo, desde métodos mais racionalizados a modificações na concepção dos projetos, sempre tendo em vista também os custos e prazos. Portanto, as empresas entenderam que a melhor forma de se obter índices de qualidade mais elevados, consiste na modificação da forma de elaboração dos projetos, principalmente na fase de concepção. Pois as principais causas de erros e deficiências na fase de execução são advindas da falta de especificações, detalhamentos e definições da fase de projetos. Estes exercem papel fundamental na qualidade final do produto, gerando principalmente logo após a conclusão da edificação, o que chamamos de problemas patológicos. Os problemas patológicos podem ser classificados por diversas maneiras: como pela etapa da construção que foram geradas, pelos tipos de materiais envolvidos, pela falta de especificações e detalhamentos, entre outras classificações. Porém a umidade e suas consequências representam mais de 50% do valor absoluto de problemas patológicos em edificações de acordo com ROCHA (1995), se tornando um item fundamental na busca de índices de qualidade mais elevados. O principal meio de evitar este tipo de patologia é a correta definição de quais ambientes estão expostos a umidade e suas reais necessidades de proteção contra este agente. Esse processo de proteção do ambiente é chamado de Impermeabilização. Como já supracitado, existem hoje diversos métodos e sistemas de aplicação da impermeabilização em edifícios, porém, apesar deste desenvolvimento na área, existem ainda poucos registros e estudos aprofundados da ação da umidade em edificações e suas respectivas proteções, tornando evidente a necessidade de maiores trabalhos nesta área do conhecimento. 2 Visando essa necessidade e a dificuldade apresentada pelo grande número de sistemas existentes aliado com a falta de informações sobre os métodos, é imprescindível o desenvolvimento de trabalhos que proporcionem as empresas da construção civil, meios de obtenção de informações de maneira a facilitar a correta escolha do sistema que será utilizado em seu canteiro e os locais que devam receber tal proteção. Portanto, este trabalho visa preencher esta lacuna na área de edificações fornecendo um método de seleção de sistemas a serem empregados e quais as áreas que necessitam de impermeabilização. 1.1 JUSTIFICATIVA A preocupação com o prolongamento e a qualidade da vida útil dos imóveis não é recente, como foi exposto em um documento do Instituto Brasileiro de Impermeabilização (2010): “no Brasil, as primeiras impermeabilizações utilizavam óleo de baleia na mistura das argamassas para o assentamento de tijolos e revestimentos das paredes das obras que necessitavam desta proteção”. Isso demonstra que o conhecimento da necessidade de proteção contra a ação da umidade nos edifícios é antiga e imprescindível para sua conservação e qualidade. Neste documento ressalta-se que a impermeabilização ganhou especial atenção e normalização no Brasil, com a obra do Metrô da cidade de São Paulo. Sua construção foi iniciada no ano de 1968. Por meio do aumento da necessidade desta normalização, a ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas iniciou uma série de reuniões para a formulação de normas referentes a esse tema, sendo em 1975 publicada a primeira norma a respeito. Paralela a publicação, neste mesmo ano foi fundado o IBI - Instituto Brasileiro de Impermeabilização, que tem como principal objetivo “prosseguir com os trabalhos de normalização e iniciar um processo de divulgação da importância da impermeabilização que prossegue até os dias de hoje”. Hoje mesmo, após a continuidade de trabalhos desenvolvidos, não só por institutos e normalizações, a impermeabilização permanece recebendo pouca importância na concepção dos edifícios, sendo quase que tratada integralmente na fase de execução da obra. Esta falta de comprometimento com a impermeabilização se deve para PICCHI (1984) principalmente ao fato de os serviços desse fim, serem especializados e pouco estudados. Fatores estes descritos pelo autor em sua introdução do porque este ramo é especializado, pois “é um setor que exige razoável experiência, no qual os detalhes assumem papel importante e onde a mínima falha, mesmo que localizada, pode comprometer todo o serviço”, grande evolução de produtos neste mercado e métodos executivos diferentes 3 “propiciam o surgimento de projetistas especializados”. Outro motivo apresentado pelo autor é que os cursos de Engenharia Civil e Arquitetura no Brasil, não fornecem os conhecimentos fundamentais dos materiais e técnicas de impermeabilização para que o profissional comum possa escolher corretamente o sistema a ser adotado, fiscalizar os serviços, analisar causas e consequências, ou seja, ser responsável ou co-responsável pela impermeabilização. Observado isso, estudiosos e algumas empresas vem investindo neste ramo da engenharia civil em busca de maiores informações, processos e sistemas mais eficientes, materiais mais sustentáveis e menos prejudiciais ao meio ambiente e aos aplicadores (principalmente produtos a base de solvente) e métodos de seleção entre tantos apresentados no mercado. Aliado a essa busca de novos saberes, o aumento de competitividade e a criação do código de defesa do consumidor, que eleva os critérios mínimos de desempenho, as construtoras procuram maiores níveis de qualidade em seus produtos, como evidenciado por Souza e Melhado (1997), as empresas construtoras estão hoje modificando seu ato de pensar e executar. Como se pode verificar na afirmação: Entre as etapas de desenvolvimento de um empreendimento, a fase de concepção, na qual se incluem os estudos preliminares, anteprojeto e projeto, exerce papel determinante na qualidade, tanto no produto como do processo construtivo (FRANCO, 1992). Esta idéia é observada por vários autores, conforme descrito por Melhado (1994), “hoje, uma parte das empresas construtoras entende que a forma de pensar e elaborar o projeto tem uma participação fundamental na obtenção da qualidade de um edifício”. Outra evidência é observada por Silva (1995), onde “as soluções adotadas na etapa de projeto tem amplas repercussões em todo o processo da construção e na qualidade do produto final a ser entregue ao cliente”. Sabe-se atualmente que grande parte das patologias de edifícios, são devida a falta ou má execução de sistemas de impermeabilização, como discorre Rocha (1995), estimando em mais de 50% as patologias são relacionadas a este serviço. As patologias trazem consigo inúmeros aspectos negativos a edificação e ao próprio construtor da obra (ou empresa responsável), pois a degradação do ambiente se torna evidente, diminuindo a vida útil da edificação, desgastes físicos e psicológicos dos ocupantes do empreendimento, possíveis causas de colapsos de elementos estruturais devido ao desgaste sofrido pela armadura e do concreto e, por fim, a insalubridade dos ambientes que apresentam tais patologias (umidade, fungos e mofo). Portanto, aumentando os custos de manutenção, conservação e em muitos casos, a necessidade de retrabalhos. 4 Essas patologias apresentadas não são só devidas às más execuções e ou falta delas, mas também, como lembra Gouveia (1998): a falta de projeto de impermeabilização coordenado com os demais projetos do edifício implica em improvisações, acarretando custos desnecessários e levando a soluções não otimizadas. Portanto, o estudo dos sistemas de impermeabilização se faz necessário devido à falta de registros para este fim, ser um importante subsistema de vedação horizontal, já que este componente está diretamente ligado ao desempenho do edifício quanto à estanqueidade, higiene, durabilidade e economia da edificação e identificar os melhores métodos para cada ambiente, ressaltando sempre que este subsistema está diretamente ou indiretamente relacionado a inúmeras patologias, como evidenciado por Souza e Melhado (1998) e Souza (1997). Para a aplicação dos conhecimentos gerados e do grande número atual de sistemas de impermeabilização, a escolha e a seleção do sistema a ser empregado no edifício é dificultado, o que a necessidade de criações de critérios, comparações e planilhas para facilitar essa escolha, como frisa Picchi (1984): “a etapa de escolha dos sistemas de impermeabilização é hoje em dia bastante deturpada; são poucos os profissionais com experiência suficiente, que lhe dê parâmetros para esta seleção; muitas firmas, especializadas em projeto e/ou execução de impermeabilização são representantes ou possuem outro tipo de vínculo com algum fabricante de material de impermeabilização, especificando por vezes sistemas que não são os mais adequados à situação, por razoes políticas”. Também é descrito por Building Research Establishment – BRE (1992) que “a escolha entre inúmeras opções é raramente possível baseando-se em simples comparações, devido aos muitos fatores que devem ser considerados”. A seleção consiste inicialmente em um sistema eliminatório, que conforme não atende um requisito o sistema é retirado da lista de possíveis aplicações. Primeiramente devem ser observados as características fundamentais, como o projeto arquitetônico, o desempenho do sistema de impermeabilização e o custo para a seleção dos métodos a serem empregados em obra, como destacado por BRE (1992). Em seguida são consideradas características do empreendimento, como local da obra (disponibilidade de materiais), disposição do construtor a correr riscos, nível de qualidade da edificação e outros (SOUZA e MELHADO, 1997). Também devem ser consideradas características do substrato a receber a impermeabilização (deformabilidade, aderência, porosidade, entre outras características). 5 Logo após, são considerados as características do ambiente ou a exposição que receberá a camada de impermeabilização e as relações com os subsistemas do ambiente (vedações, tubulações, exposição). Em seguida, leva-se em consideração as características dos sistemas de impermeabilização, como espessuras, especificações, custos indiretos e diretos, necessidade de proteções mecânicas, durabilidade, etc. Portanto, a localidade do mercado, se há ou não os sistemas escolhidos e suas respectivas mãos-de-obra. O desenvolvimento do trabalho de conclusão de curso trará ao aluno uma maior desenvoltura para sua produção e exposição de idéias, evolução de uma visão com análises mais críticas e objetivas. O estudo também permitirá ao aluno, um crescimento de seus conhecimentos e a possibilidade aperfeiçoamento do curso de graduação. Para a universidade e a sociedade, o trabalho poderá trazer novas idéias, áreas de pesquisas e informações que poderão contribuir com estudos específicos, referência, desenvolvimento de trabalhos científicos, teses, entre outros. Portanto, trará a sociedade um indivíduo mais apto a produzir conhecimento e desenvolvimento. O tema desenvolvido neste trabalho de conclusão de curso é bem específico e pouco estudado hoje em estudos semelhantes; portanto sente-se certa necessidade de uma maior desenvoltura nesse ramo da construção civil. A má execução ou a falta de impermeabilização em edifícios provoca uma série de patologias, que poderão, em casos mais extremos, causar o colapso de algum elemento estrutural. Também podem apresentar ameaças à fisiologia dos usuários do edifício, um aumento nas freqüências e no custo de manutenções preventivas e conservativas, entre outros problemas. Sendo assim, a ausência de impermeabilização pode ser considerada uma das maiores causas de problemas patológicos em edifícios. Observado isso, a impermeabilização deve receber, muita atenção ao longo de sua vida útil e execução, e a escolha do método a ser empregado deve ser efetuada de maneira a alcançar à conservação e não só o custo. Por fim este trabalho irá fornecer informações imprescindíveis para a decisão de qual método poderá ser empregado em um empreendimento. 1.2 OBJETIVOS O presente trabalho tem como objetivo apresentar alguns dos principais métodos de impermeabilização para edifícios de múltiplos pavimentos, paralelamente, determinando as áreas passíveis de recebimento de tais aplicações. 6 Como objetivos específicos serão realizados: comparações entre os processos, tais como material empregado, prazo de execução, disponibilidade, limites do emprego do método, especificidades da mão-de-obra e para início do serviço, tendo como produto final destas avaliações e comparações, fluxograma que auxiliará a escolha do método de impermeabilização mais viável para o empreendimento. 1.3 MÉTODO DE PESQUISA Para início do trabalho foi estudado, com o auxílio de bibliografia, normas técnicas, experiências e conhecimentos, quais as principais áreas em um edifício de múltiplos pavimentos que necessitam de impermeabilização. Em seguida da determinação das áreas passíveis, também com o auxílio da bibliografia, catálogos de fabricantes e normas técnicas específicas, foi estudado os principais métodos empregados hoje nesse ramo da construção civil e as principais formas existentes para a seleção do método a ser empregado. Após a análise das principais características e necessidades dos sistemas de impermeabilização, tais como a trabalhabilidade, consumo, tempo de execução, limitações especificidades da mão-de-obra, disponibilidade no mercado, características especificas e produtividade para cada método empregado, foi realizada a elaboração de uma tabela comparativa, que forneca as comparações gerais entre cada processo, para posterior elaboração do método de seleção do sistema a adotar, ou seja, fluxograma. O fluxograma em si, teve como objetivo final, fornecer as principais características que delimitam os sistemas de impermeabilização a serem utilizados, aliado a parâmetros complementares e análise final. O usuário terá capacidade de determinar e aperfeiçoar a seleção do melhor método a ser empregado em seu edifício. 1.4 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO O presente trabalho está constituído em quatro capítulos, sendo este o primeiro, em que é realizada a introdução ao assunto. No segundo capítulo, são feitos: a definição de impermeabilização, a caracterização e classificação dos principais tipos de impermeabilização empregados em edifícios de múltiplos pavimentos e os principais métodos executivos dos sistemas. No terceiro capítulo, são apresentados: os parâmetros complementares e o objetivo deste trabalho: o método de seleção de sistema de impermeabilização, que se dá por meio 7 de um fluxograma. O fluxograma auxiliará a seleção para a escolha do sistema de impermeabilização a ser empregado no empreendimento em estudo. O quarto capítulo apresenta as considerações finais. Além destes capítulos, o trabalho é composto também por um anexo no qual são apresentadas a relação das normas sobre impermeabilização da Associação Brasileira de Normas Técnicas. 8 2. SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO Este capítulo tem como objetivo caracterizar e classificar os principais sistemas de impermeabilização utilizados em edifícios de múltiplos pavimentos. Para prover tais informações ao trabalho, foram coletadas, pesquisadas e analisadas bibliografias, catálogos de fabricantes e manuais técnicos, empresas aplicadoras do material também foram consultadas e acompanhadas. Inicialmente, é apresentada a definição de impermeabilização e seus principais pontos envolvidos, pois o trabalho se baseia integralmente a esta definição. Em seguida, é exposta a classificação e os antecedentes necessários para a caracterização dos sistemas de impermeabilização com as devidas considerações gerais sobre os sistemas, métodos executivos e características complementares. Também, são realizadas considerações gerais quanto à preparação das superfícies que receberão os sistemas e alguns detalhes gerais executivos. Por fim, a caracterização propriamente dita dos sistemas. 2.1 2.1.1 O SISTEMA DE IMPERMEABILIZAÇÃO DEFINIÇÃO Impermeabilização, segundo a ABNT (2003), é um: Produto resultante de um conjunto de componentes e elementos construtivos (serviços) que objetivam proteger as construções contra a ação deletéria de fluidos, de vapores e da umidade; produto (conjunto de componentes ou o elemento) resultante destes serviços. Geralmente a impermeabilização é composta de um conjunto de camadas, com funções específicas (NBR-9575, 2003, p 4). 9 Ou seja, é uma técnica ou uma tecnologia construtiva que consiste na aplicação de produtos específicos que tem como objetivo tornar uma área de um imóvel estanque a ação de água (principalmente). O que gera a definição de Sistema de impermeabilização como sendo o “conjunto de produtos e serviços destinados a conferir estanqueidade a partes de uma construção” (NBR9575, 2003). Lembrando que, para obter um sistema totalmente integrado e apto a resistir às solicitações impostas ao sistema, deve existir uma compatibilização entre todos os materiais, componentes e elementos que interferem na impermeabilização. O sistema de impermeabilização é considerado um dos sistemas de proteção do edifício, uma vez que fornece proteção contra ação de fluidos, principalmente água. 2.1.2 COMPONENTES CONSTITUINTES Os sistemas de impermeabilização utilizados em edifícios de múltiplos pavimentos são formados por diversos componentes, que para facilitar o entendimento, serão tratados como camadas. De forma genérica, na Figura 2.1 são ilustradas esquematicamente as camadas de um sistema de impermeabilização. Figura 2.1: Camadas genéricas de um sistema de impermeabilização Fonte: Autor (2010) 10 Nessa figura também estão indicados alguns elementos não constituintes do sistema de impermeabilização, mas que interferem no mesmo como o substrato (laje) e subsistema de vedação vertical (alvenaria). 2.1.2.1 SUPORTE DA IMPERMEABILIZAÇÃO O suporte da impermeabilização é a camada situada imediatamente abaixo do sistema de impermeabilização, ou seja, o substrato. Esta camada pode ser visualizada na Figura 2.1 como sendo a Laje. Esta camada pode ser constituída de diversos materiais, como exemplos têm o concreto (lajes) e argamassas de regularização. Lembrando que a camada “suporte é uma camada de grande interação com a impermeabilização” como lembra PICCHI (1984), que ainda complementa afirmando que “um suporte de textura superficial muito áspera ou pontiaguda pode perfurar a impermeabilização...”. Portanto, necessitando-se de uma camada impermeável de espessura mínima. Devido às características da camada suporte exercerem grande influência no comportamento da impermeabilização, estas devem ser levadas em consideração durante a escolha do método a ser empregado, pois podem exigir certas características dos sistemas que nem todos possuem. As principais são: • Resistência mecânica; • Deformabilidade quanto às solicitações advindas da variação de temperatura e umidade; • Comportamento e resistência ao fogo; • Resistência a cargas estáticas e dinâmicas • Compatibilidade química entre o suporte e o sistema de impermeabilização Geralmente, o suporte de impermeabilização é constituído de uma camada de regularização, pois nesta camada, já é executado os devidos caimentos, fixações de tubulações e outros elementos transpassantes, homogeneização das superfícies e maior facilidade de limpeza. 11 2.1.2.2 CAMADA DE REGULARIZAÇÃO A camada de regularização é a camada ou estrato, normalmente de argamassa (cimento e areia da proporção 1:3), cujas funções são: preencher as cavidades ou nichos existentes nas superfícies, prover o devido caimento necessário ao ambiente em direção aos ralos, arredondamento dos cantos que possuírem arestas vivas com raio compatível ao sistema de impermeabilização empregado (NBR 9574, 2008). Portanto, criar um substrato firme, coeso e homogêneo. Outro aspecto importante quando a camada de regularização é que essa camada é a responsável para efetuar a concordância entre os planos verticais e horizontais, lembrando que em alguns ambientes, esta concordância se dá pela execução do arredondamento das arestas vivas. Porém, muitas vezes, essa concordância possui grande dificuldade de execução, exigindo então, a utilização de outro sistema de impermeabilização mais robusto ou um raio de arredondamento de menor diâmetro, menos recomendável. 2.1.2.3 PINTURA PRIMÁRIA Pintura primária ou imprimação é definida pela NBR 9575 (ABNT, 2003) como uma “película, base solução ou emulsão, aplicada ao substrato a ser impermeabilizado, com a função de favorecer a aderência da camada impermeável”. Para melhor entendimento do trabalho, a pintura primária será entendida como sendo a aplicação de um primer. O primer pode ser qualquer líquido, mesmo não sendo a base de asfalto, aplicado com o objetivo de prover melhor aderência entre o substrato e a camada impermeável. Geralmente, o primer é constituído do mesmo material da camada impermeável, porém mais diluído em água, solvente ou na própria base liquida do sistema e fluido, de forma a obter melhor penetração na porosidade do substrato, garantido melhor aderência. 2.1.2.4 CAMADA IMPERMEÁVEL A camada impermeável dos sistemas de impermeabilização é a camada que, exclusivamente, prove a barreira contra a passagem de fluidos, ou seja, a estanqueidade do sistema. Segundo SOUZA (1997), a camada impermeável é uma camada constituída de materiais impermeáveis que pode ser obtido pela aplicação de uma única ou varias camadas. 12 Portanto, a camada impermeável é a principal camada do sistema de impermeabilização, seja ela executada em várias demãos ou não e por ser ela a responsável pela estanqueidade, caracterizando o nome do sistema. 2.1.2.5 CAMADA DE SEPARAÇÃO Entende-se como camada de separação a camada aplicada entre duas outras camadas, cuja função é impedir a aderência entre ambas permitindo movimentos diferenciais (PICCHI, 1984), ou seja, é uma camada destinada a isolar a impermeabilização de certas ações e solicitações da proteção mecânica. Essa camada pode não existir em alguns sistemas de impermeabilização utilizados hoje, que possuam acabamento final preparado para receber solicitações advindas do ambiente, ou seja, transitáveis. Essa camada pode ser chamada de camadas acessórias, uma vez que não interferem diretamente na estanqueidade do sistema. Pode existir também, entra a camada suporte e a impermeável, uma camada de separação, esta com função de evitar a aderência entre ambas, possibilitando o deslizamento da impermeabilização sobre o suporte, reduzindo assim as especificações necessárias para a impermeabilização. Devido a possibilidade de existência de duas camadas de separação em um mesmo sistema, SOUZA (1997) estabeleceu uma terminologia, que são: • Camada de separação inferior – camada de separação aplicada entre o suporte e a camada impermeável, objetivando a não aderência desta ultima com o suporte; • Camada de separação superior – camada de separação colocada entre a camada impermeável e a camada de proteção mecânica, objetivando impedir o contato entre ambas. A camada de separação, para o caso de coberturas, estacionamentos ou grandes áreas expostas a intempéries, tem a função de evitar que a camada impermeável sofra danos ou recebe solicitações devidos as deformações e movimentações diferencias da camada de proteção mecânica. Essas solicitações são advindas de atrito da camada de proteção e a impermeável, devido às movimentações e dilatações provocadas por diferenças de temperatura, umidade e esforços horizontais devido a trânsito de veículos e outros equipamentos. Portanto, essas deformações não podem causar danos na camada impermeável. 13 Um aspecto importante desta camada é que ela possibilita a remoção da proteção mecânica, tanto para eventuais reparos na mesma ou na camada impermeável, uma vez que não existe aderência entre elas. 2.1.2.6 CAMADA DE PROTEÇÃO MECÂNICA Segunda a norma da NBR 9575 (ABNT, 2003), entende-se por camada de proteção mecânica, para os sistemas de impermeabilização, a camada ou “estrato com a função de absorver e dissipar os esforços estáticos ou dinâmicos atuantes por sobre a camada impermeável, de modo a protegê-lo contra a ação deletéria destes esforços” e recomendase a sua execução imediata após o término da camada impermeável. Essa camada se faz imprescindível na vida útil do sistema de utilização, pois fica a cargo dela, a função de proteção da impermeabilização. Uma vez que, qualquer dano, pode prejudicar todo o sistema e sua eficiência. A proteção mecânica pode servir como base para a aplicação do revestimento final, confundindo-se como contrapiso. Outro aspecto importante é que em alguns sistemas de impermeabilização, esta camada não se faz necessária, uma vez que, a própria camada impermeável é apta a receber tais solicitações ou apta a receber a aplicação do revestimento final com algumas modificações em sua execução, como a inserção de quartzo de baixa granulometria na ultima demão (ou camada) impermeável, melhorando sua aderência com o revestimento. 2.1.3 DEFINIÇÕES Antecedendo a classificação e a caracterização dos sistemas de impermeabilização, é necessário estabelecer uma terminologia de forma a facilitar o entendimento e evitar delongas na apresentação dos sistemas. Assim, segue abaixo as definições dos termos mais utilizados ao longo do trabalho. • Água de condensação: água com origem na condensação de vapor d’água presente no ambiente sobre a superfície de um elemento construtivo deste ambiente – NBR 9575 (ABNT, 2003); • Água de percolação: água que atua sobre superfícies, não exercendo pressão hidrostática inferior a 1kPa – NBR 9575 (ABNT, 2003); 14 • Água de pressão negativa: água confinada ou não, exercendo pressão hidrostática superior a 1kPa de forma inversa a impermeabilização – NBR 9575 (ABNT, 2003); • Água de pressão positiva: água confinada ou não, exercendo pressão hidrostática superior a 1kPa de forma direta na impermeabilização – NBR 9575 (ABNT, 2003); • Armadura: elemento flexível de forma plana, destinado a absorver esforços, conferindo resistência mecânica aos diferentes tipos de impermeabilização – NBR 9575 (ABNT, 2003); • Emulsão: dispersão de um líquido obtida através de um agente emulsificante, possuindo dois principais tipos – NBR 9575 (ABNT, 2003); • Emulsão acrílica: produto resultante da dispersão de polímeros acrílicos em água – NBR 9575 (ABNT, 2003); • Emulsão asfáltica: produto resultante da dispersão de asfalto em água, através de agentes emulsificantes – NBR 9575 (ABNT, 2003); • Membrana: produto impermeabilizante, moldado no local, com ou sem estruturante – NBR 9575 (ABNT, 2003); • Membrana asfáltica: membrana em que o produto impermeável básico é o asfalto – NBR 9575 (ABNT, 2003); • Membrana de polímeros: membrana cujo produto impermeável básico é um polímero – NBR 9575 (ABNT, 2003); • Umidade do solo: também conhecida como água capilar; água existente no solo, absorvida e ou absorvida pelas partículas do solo – NBR 9575 (ABNT, 2003); A umidade do solo ou a umidade proveniente do contato de elementos construtivos com o solo pode produzir um efeito indesejável nas construções, esse efeito é devido à umidade ascender nos elementos por capilaridade e deteriorá-los de forma a prejudicar e criar patologias. Devido a isso a impermeabilização de elementos em contato com o solo é imprescindível. 15 2.2 CLASSIFICAÇÃO Nas bibliografias estudadas, verifica-se que há uma série de classificações para os sistemas de impermeabilização, no entanto essas classificações não se referem, diretamente, aos sistemas passíveis de utilização em edifícios de múltiplos pavimentos. Algumas bibliografias classificam os sistemas segundo a aderência da camada impermeável com o suporte em: independentes, aderentes ou semi-independentes. Outras apenas com o método de aplicação, em: sistemas aplicados a frio ou a quente. Já a NBR 9575 (ABNT, 2003) classifica em: sistema flexível ou rígido: Os principais tipos de impermeabilização rígidos são: • Argamassa impermeável com aditivo hidrófugo • Argamassa modificada com polímero • Argamassa polimérica • Cimento cristalizante para pressão negativa • Cimento modificado com polímero • Membrana epoxídica Os tipos flexíveis devem ser de: • Membrana de asfalto modificado sem adição e com adição de polímeros elastoméricos • Membrana de emulsão asfáltica • Membrana de asfalto elastomérico em solução • Membrana elastomérica de policloropreno e polietileno clorossulfonado; • Membrana elastomérica de poliisobutileno isopreno (i.i.r), em solução; • Membrana elastomérica de estireno-butadieno-estireno (s.b.s.); • Membrana de poliuretano; • Membrana de poliuréia; • Membrana de poliuretano modificado com asfalto; • Membrana de polimero modificado com cimento; • Membrana acrílica; • Manta asfáltica; 16 • Manta de acetato de etilvinila (e.v.a.); • Manta de policloreto de vinila (p.v.c.); • Manta de polietileno de alta densidade (p.e.a.d.); • Manta elastomérica de etilenopropilenodieno-monômero (e.p.d.m.); • Manta elastomérica de poliisobutileno isopreno (i.i.r). Verifica-se que as classificações apresentadas não englobam ou percebe-se a necessidade de maiores critérios de separação dos sistemas de impermeabilização. Assim os autores PICCHI (1984) e SOUZA (1997) elaboraram uma classificação mais rica e com mais critérios de separação, auxiliando assim, a caracterização dos sistemas. Portanto, tomou-se como referência a classificação desenvolvida pelos autores, composta por quatro critérios: quanto à flexibilidade; quanto à aderência; quanto ao método de execução e quanto aos materiais empregados. Como essa classificação foi desenvolvida há treze anos e era focada a sistemas utilizados apenas em pavimentos-tipo, encontrava-se desatualizada e não completa, sendo assim, foram realizadas as modificações e os acréscimos necessários para atualizar e adaptar a classificação para todo o edifício de múltiplos pavimentos, resultando assim no Quadro 2.1, apresentado logo abaixo. Quadro 2.1: Classificação dos sistemas de impermeabilização CLASSIFICAÇÃO SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO Quanto à aderência Aderentes Semi-independentes Independentes Quanto à flexibilidade Rígidos Semi-flexíveis Flexíveis Quanto ao método de Moldados no local A frio execução Pintura Aplicação de camadas A quente Pré-fabricados Quanto ao material Argamassas Com hidrofugantes Poliméricas Cristalizantes Cimentícios 17 Asfálticos Membranas asfálticas a frio Membranas asfálticas a quente Mantas asfálticas / elastoméricas Poliméricos Acrílicos / Membranas acrílicas Membranas poliméricas Membranas de poliuretano EPDM PVC Fonte: Adaptado de SOUZA (1997) Observando que a classificação fora desenvolvida considerando-se o sistema de impermeabilização sob o ponto de vista da camada impermeável. Nos próximos itens, são demonstradas as considerações gerais sobre os critérios de classificação apresentados na Quadro 2.1. 2.2.1 CLASSIFICAÇÃO QUANTO À ADERÊNCIA A classificação dos sistemas de impermeabilização quanto à aderência, ou capacidade de criar uma ligação entre as camadas, podem ser classificados como aderentes, semi-independentes ou independentes. Os sistemas aderentes são aqueles em que a camada impermeável é totalmente aderida à camada suporte, ou seja, não existe camada de separação inferior. A característica mais importante dessa classificação é o fato de que todas as deformações ocorridas na camada suporte serão perpetuadas na camada impermeável, solicitando maiores exigências desta camada. Já os sistemas semi-independentes são aqueles que possuem aderências em quase toda a superfície, porém em determinados pontos com acúmulos de tensões, como juntas de dilatação e zonas de fissuração, não são aderidos, necessitando-se de uma camada separadora nestes pontos. Por fim, os sistemas independentes são aqueles que possuem em toda a sua extensão uma camada separadora, e apenas nas extremidades são fixados. Portanto, qualquer deformação sofrida na camada suporte, não irá ou será distribuída ao longo de toda a camada impermeável, baixando o nível de exigências. 18 2.2.2 CLASSIFICAÇÃO QUANTO À FLEXIBILIDADE A classificação dos sistemas de impermeabilização quanto à flexibilidade, ou capacidade de absorver deformações, podem ser classificados como flexíveis, semi-flexíveis ou rígidos. SOUZA (1997) define que “os sistemas de impermeabilização flexíveis são aqueles cuja camada impermeável é capaz de absorver deformações impostas pelo suporte, dentro de limites definidos pela sua capacidade de resistência a tração”. Lembrando que existem materiais de maior flexibilidade em comparação a outros. Já os rígidos, são aqueles que pequena ou nenhuma capacidade de absorver essas solicitações impostas pela camada suporte. Os semi-flexíveis são aqueles que não são considerados rígidos, pois suportam certas deformações, porém não tão flexíveis. 2.2.3 CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO MÉTODO DE EXECUÇÃO A classificação dos sistemas de impermeabilização quanto ao método de execução podem ser classificados como pré-fabricados ou moldados “in loco”. Os pré-fabricados são aqueles em que a camada impermeável já vem pronta, em quantidades modulares. O principal exemplo é os materiais constituídos de mantas (ver definição 2.1.3). Para os sistemas moldados “in loco” são aqueles segunda SOUZA (1997) onde “a camada impermeável é constituída de materiais que podem ser aplicados tanto a frio como a quente, sendo que essa aplicação pode ser feita na forma de uma pintura ou pela aplicação de camadas na superfície”. 2.2.4 CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO MATERIAL Como definido na classificação por SOUZA (1997) e PICCHI (1984) e realizado as modificações necessárias para sua atualização e uso neste trabalho, os sistemas de impermeabilização podem ser classificados como: argamassas, cristalizantes, cimentícios, asfálticos e poliméricos. 2.2.4.1 ARGAMASSAS Nesse grupo, se enquadra os sistemas de impermeabilização onde a camada impermeável é constituída de argamassas de cimento e agregados inertes preparadas com 19 aditivos hidrofungantes ou polímeros adequados, formando um revestimento com propriedades impermeabilizantes. 2.2.4.2 CRISTALIZANTES São os sistemas cuja camada impermeável é constituída de materiais a base de cimento com adição de resinas e aplicados na forma de pasta (grande trabalhabilidade), o que gera maior aderência com a camada suporte e tamponação da superfície. Lembrando que o cristalizante é um silicato que, quando misturado com a água em um ambiente alcalino, se transforma em hidrosilicato, um cristal insolúvel em água que preenche a porosidade da argamassa, tornando-a impermeável. 2.2.4.3 CIMENTÍCIOS Esses sistemas se assemelham ao anterior, ou seja, passam pelo processo de cristalização e penetração na camada suporte e são constituídos de materiais a base de cimento com resinas. Porém, se diferenciam dos cristalizantes devido a formação de uma película impermeável na ordem de 5 mm de acordo com SOUZA (1997). 2.2.4.4 ASFÁLTICOS Os sistemas de impermeabilização que possuem em sua constituição, como o principal material a base do asfalto, entre neste grupo. Podendo esse sistema ser moldado “in loco” a quente ou a frio, ou pré-fabricado como as mantas. 2.2.4.5 POLIMÉRICOS Nesse grupo, se enquadra os sistemas de impermeabilização onde a camada impermeável é obtida por meio de aplicação de polímeros na forma de mantas ou membranas, sejam elas acrílicas, elastoméricas, de poliuretano, etc. 2.2.5 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A EXECUÇÃO DE IMPERMEABILIZAÇÃO Neste item, procuram-se realizar algumas considerações quanto a execução dos sistemas de impermeabilização e exposto alguns detalhes que podem ser generalizados. Este item auxiliará a caracterização dos sistemas. 20 Para seu desenvolvimento, foram estudadas as bibliografias e completadas com informações recebidas durante experiências em campo. 2.2.5.1 CONDIÇÕES PARA INÍCIO DOS SERVIÇOS Para o início da execução da impermeabilização, devem ser verificados quais serviços devem estar concluídos e se realmente estão, para que não prejudique ou interfira na execução do mesmo. Neste sentido, alguns autores citam e enumeram algumas condições, a mais citada é de MELHADO et al. (1996): • Conclusão da alvenaria; • Conclusão das instalações elétricas e hidráulicas, no piso e nas paredes; • Conclusão dos revestimentos de argamassas de paredes; • Chumbamento dos tubos passantes pela laje. Podemos ainda incluir nessa lista, outros serviços necessários: • Conclusão e devida cura da camada de regularização ou suporte; • Execução de devidos arredondamentos e detalhes específicos para cada sistema de impermeabilização. Uma vez verificadas estas situações, o início dos serviços está liberada. 2.2.5.2 PREPARAÇÃO DAS SUPERFÍCIES A bibliografia apresenta, quanto a preparação das superfícies, como sendo o início da execução da impermeabilização. Ou seja, é de primordial importância a boa execução da preparação, pois, estamos executando a interface entre o suporte e a camada impermeável. A NBR 9575 (2003) e NBR 9574 (2007) lembram que as superfícies destinadas a receber a camada impermeável deve ser isenta de protuberâncias e possuir resistência e texturas compatíveis, acrescentando que, no caso essa condição não seja satisfeita, ou a superfície não possua os caimentos necessários, deve ser utilizada a camada de regularização. A NBR 9574 (2007) ainda trás em seu contexto que as superfícies suporte da impermeabilização, devem estar firmes, coesas, homogêneas, isentas de corpos estranhos (restos de fôrmas, pontas de ferragem, restos de produtos desmoldantes, nichos, falhas, 21 etc.), elementos transpassantes aos substratos previamente fixados e as camadas suporte curadas. Outro aspecto tratado pela bibliografia é o tratamento de juntas de acordo com as exigências dos sistemas de impermeabilização, tamponamento dos nichos de concretagem com argamassa de cimento e areia, lavagem da camada suporte com o intuito de eliminar óleos, desmoldantes, poeira, nata (cimento fino trazido pela exsudação da água durante a concretagem) e restos de materiais, pois estes atrapalham a aderência da camada impermeável, podendo causar bolhas, rasgos, não aderência do sistema, falhas, entre outros. Devido a maioria das recomendações destacadas pela bibliografia se assemelharem, SOUZA (1997) resumiu as recomendações em uma tabela, na qual é apresentada a seguir no Quadro 2.2. Quadro 2.2: Resumo das recomendações para preparação das superfícies Homogeneização da superfície para remoção de protuberâncias, restos de argamassa, restos de madeira e outros materiais estranhos Limpeza para remoção de pregos, arames e pontas de aço Reparo de eventuais falhas de concretagem (IBI, 1995a) Aplicação de mástique ou selantes flexíveis ao redor das tubulações (IBI, 1995e) Limpeza final com a escovação ou lavagem das superfícies (IBI, 1995a) Fonte: Adaptado de SOUZA (1997) Por fim, o tratamento das interfaces com as instalações devem ser especificados de acordo com o sistema empregado, cabendo aos aplicadores e projetistas a execução e a especificação dos tratamentos. Como tratado no Quadro 2.1 “aplicação de mástique...”, é uma regra geral, porém indispensável, pois as interfaces representam regiões de grandes vibrações (durante a passagem de fluidos, por exemplo) e de tensões, sendo apenas dispensáveis em sistemas argamassas impermeáveis, cristalizantes e cimentícios. Na Figura 2.2 e no Quadro 2.3 são apresentados os principais equipamentos necessários para a preparação das superfícies e na Figura 2.3 e no Quadro 2.4 são apresentados os principais EPI’s utilizados na execução de sistemas de impermeabilização, que são obrigatórios. 22 Tabela 2.3: Equipamentos e ferramentas utilizados para a preparação de superfícies enxada equipamentos de lavagem com pressão (hidrocompressores) vanga escova de aço ponteiro, martelete, pontalete e marreta vassoura, pá talhadeiras, lixadeiras Fonte: Autor (2010) Figura 2.2: Alguns equipamentos e ferramentas utilizadas para a preparação de superfícies Fonte: Autor (2010) Tabela 2.4: Principais EPI’s utilizados na execução dos sistemas de impermeabilização luva, luva térmica (mantas e membranas a quente) bota, capacete, calça grossas óculo protetore claro e escuro (manta e membranas a quente) cinto de segurança (para alturas maiores de 2 metros) protetor auricular macacão Fonte: Autor (2010) 23 Figura 2.3: Principais EPI’s utilizados na execução dos sistemas de impermeabilização Fonte: Autor (2010) 2.2.5.3 EXECUÇÃO DA CAMADA DE REGULARIZAÇÃO Lembrando em que há situações da não necessidade desta camada, quando utilizada deve receber a mesma importância, o mesmo tratamento e preparações da camada suporte, pois esta a substitui, recebendo a responsabilidade pela aderência da camada impermeável ao substrato. Apesar de ser tratada, de modo geral, semelhante à camada suporte, existem algumas considerações extras tratadas na bibliografia: • O traço da camada de regularização deve ser 1:3 em volume (NBR 9574 – 2007); • Execução do caimento necessário ao ambiente, no mínimo1% para áreas externas e 0,5% para áreas internas (NBR 9574 – 2007); • Coletores devem possuir seção nominal mínima de 75mm (NBR 9574 – 2007); • Execução de taliscas para servir de referência a execução das mestras; executar as mestras preenchendo-se o espaço entre elas (IBI, 1995a); • Acabamento desempenado com desempenadeira de madeira ou feltrado, para que a argamassa possua em sua superfície poros para a melhor aderência da imprimação. 24 O IBI (1995a) recomenda para superfícies verticais, a aplicação de chapisco com traço 1:3 e posterior aplicação da mesma argamassa para o acabamento desempenado. Foi verificado também que, apesar de não recomendado, em campo existia a utilização de aditivos na argamassa de regularização. Um assunto considerado discutível por SOUZA (1997), pois o emprego “... de aditivos poderia contribuir para a estanqueidade do sistema e para a melhoria de sua aderência podendo-se, com isso, adotar camadas de regularização de menores espessuras”. Os equipamentos necessários a camada de regularização são apresentados juntamente com os necessários para a camada de proteção mecânica na Quadro 2.5. 2.2.5.4 PRINCIPAIS DETALHES E ESPECIFICAÇÕES Neste item, preocupa-se em apresentar os principais detalhes ou pontos singulares dos sistemas de impermeabilização, que requerem maior atenção durante sua execução. O objetivo deste item não é limitar ou solucionar o detalhamento, mas sim auxiliar a caracterização dos sistemas de impermeabilização e sua pré-seleção, pois, estes pontos podem requerer exigências que nem todos os sistemas são capazes de satisfazer. Os principais pontos são: rodapés, ralos, grelhas, tubos passantes, soleiras, floreiras, reservatórios de água potável, marquises, desníveis, juntas de dilatação e de movimentação. Podemos citar como exemplo, os reservatórios de água potável, que pode-se apenas utilizar sistemas que não alterem a potabilidade da água, ou seja, que estejam de acordo com NBR 12170 (ABNT, 2009), o que gera uma pré-seleção dos sistemas possíveis de utilização. Outro exemplo são as áreas internas de floreiras, onde existe uma exigência específica devido à presença de raízes. Nestes locais, apesar da existência de uma camada de proteção mecânica, é recomendável a utilização de sistemas de impermeabilização com herbicidas em sua composição (Mantas Anti-raiz, por exemplo). Em ralos, grelhas e tubos passantes o tratamento é semelhante, porém cada método de execução de um sistema de impermeabilização, geralmente, leva a soluções diferentes. As mantas podem ser aplicadas no entorno destes materiais e “entrar” ou envolver as tubulações, para as argamassas, utiliza-se as armaduras (ver item 2.1.3) na região. Como pode ser verificado na Figura 2.4, o uso de armação para um sistema de impermeabilização cimentício. 25 Figura 2.4: Detalhe da execução de um ralo com armação Fonte: Cortesia da Athena Engenharia e Comércio Ltda. (2009) Existem também limitações quanto à espessura máxima que um piso acabado deva ter, sendo assim, deve-se levar em considerações, pois, alguns sistemas, como mantas, quando acabadas, possuem espessuras consideráveis e membranas moldadas “in loco”, quando acabadas, possuem pequenas espessuras (muitas vezes, devido a não execução da camada de proteção mecânica). Portanto, esses pontos devem possuir detalhes nos projetos de impermeabilização e tratados com grande importância na fase de execução. 2.2.5.5 EXECUÇÃO DA CAMADA DE PROTEÇÃO MECÂNICA Existem diversos tipos de camada de proteção mecânica e com diversos traços, porém para melhor contextualização, o IBI (1995g) cita três principais tipos: proteção mecânica simples, proteção mecânica acabada e proteção mecânica armada. São utilizadas de acordo com as solicitações requeridas desta camada. Como exemplo, em um local de circulação de veículos, a proteção mecânica deve ser armada devido as grandes solicitações produzidas pelos veículos em movimentação. Para cada uma delas, o IBI recomenda os traços, espessuras mínimas e métodos executivos, porém, deve-se salientar que seu método executivo se aproxima do da camada de regularização descrita no item 2.2.5.3. 26 Foi observado em campo que o uso de armação e as diferentes espessuras são diretamente proporcionais a solicitações para esta camada e que os traços (embora não tenham controle rigoroso) se aproximam de 1:3. Para as proteções mecânicas verticais, o IBI recomenda a estruturação de todas com tela metálica, “com fixação no topo, através de parafusos ou pinos cravados no substrato”. Os equipamentos necessários para a execução da camada de proteção mecânica são listados no Quadro 2.5. Quadro 2.5: Equipamentos e ferramentas utilizados para a execução da camada de proteção mecânica betoneira trena broxa nível carrinho de mão ou jerica pá colher de pedreiro vassoura desempenadeiras soquete enxada réguas helicópteros linhas Fonte: Autor (2010) 2.3 CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO Os principais sistemas de impermeabilização dos pisos de edifícios de múltiplos pavimentos foram listados no Quadro 2.6, na qual se utilizou como base a classificação apresentada no Quadro 2.1. Essa classificação foi retirada da bibliografia e a adequação necessária para sua utilização neste trabalho. Quadro 2.6: Classificação dos principais sistemas de impermeabilização CLASSIFICAÇÃO QUANTO SISTEMAS DE à aderência à flexibilidade IMPERMEABILIZAÇÃO com argamassas impermeáveis cristalizantes ao método de ao material execução aderente rígido moldado no local argamassa aderente rígido moldado no local cristalizante 27 cimentícios aderente com membrana asfáltica a frio rígido ou flexível moldado no local cimentício aderente flexível moldado no local asfáltico aderente flexível moldado no local asfáltico flexível pré-fabricado asfáltico aderente flexível moldado no local polimérico aderente flexível moldado no local polimérico aderente flexível moldado no local polimérico com membrana asfáltica a quente com manta asfáltica aderente ou independente com membrana acrílica com membrana de poliuretano com membrana polimérica Fonte: Adaptado de SOUZA (1997) Para a caracterização propriamente dita dos sistemas de impermeabilização SOUZA (1997) adotou uma apresentação padronizada segundo os seguintes critérios: 2.4 • Camadas constituintes; • Materiais empregados (para cada camada do sistema); • Método de execução; equipamentos e ferramentas e as etapas; • Vantagens, desvantagens, aplicações e limitações do sistema. SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO COM ARGAMASSAS IMPERMEÁVEIS SOUZA (1997) define argamassa impermeável como sendo: Sistemas de impermeabilização cuja camada impermeável é constituída por argamassa obtida pela mistura de cimento, areia, aditivo impermeabilizante e água que, quando endurecida, é capaz de dar estanqueidade ao elemento sobre o qual é aplicada (SOUZA, 1997, p. 127). 28 Por meio da classificação apresentada anteriormente, as características dos sistemas de impermeabilização com argamassas impermeáveis podem ser vista no Quadro 2.7. Quadro 2.7: Sistemas de impermeabilização com argamassas impermeáveis CLASSIFICAÇÃO QUANTO SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO COM ARGAMASSAS IMPERMEÁVEIS À ADERÊNCIA aderentes À FLEXIBILIDADE rígidos AO MÉTODO EXECUTIVO moldado no local pela aplicação de camadas AO MATERIAL argamassas à base de hidrofugantes ou polímeros Fonte: Adaptado de SOUZA (1997) 2.4.1 CAMADAS CONSTITUINTES Os sistemas de impermeabilização com argamassas impermeáveis são os que necessitam de menos camadas intermediárias, pois praticamente precisam de suporte, que geralmente se constitui da laje e a camada impermeável, podendo ser aplicado diretamente nela, o revestimento final. Portanto, não necessitando de camada de separação superior e proteção mecânica, pois seu acabamento pode ser regularizado (camada de regularização). O IBI (1995,f) trás em seu contexto que “a espessura total é em função da pressão d’água atuante; em princípio, para as pressões d’água até 10 m, é suficiente espessuras de 3 cm.” Portanto, para ambientes internos do edifício e até alguns externos, pode-se utilizar as camadas de 3 cm, apenas ambientes como reservatórios e piscinas, a espessura deve ser observada com maior atenção. Na Figura 2.5 pode-se visualizar as camadas genéricas desses sistemas. 29 Figura 2.5: Camadas genéricas dos sistemas de impermeabilização com argamassas impermeáveis Fonte: Autor (2010) 2.4.2 MATERIAIS EMPREGADOS Como já supracitado, as argamassas impermeáveis são constituídas de areia, cimento portland e aditivos misturados em proporções adequadas. Como vimos também o traço desta argamassa é 1:3 em volume, como pode ser verificado na NB5 9675 (ABNT, 2003). a) Cimento Portland As recomendações do cimento Portland são análogas a qualquer preparo de argamassas, dando preferência a cimentos de fabricação recente e granulometria fina. b) Areia Na bibliografia existe várias granulometrias máximas da areia a ser utilizada nestas argamassas. Com uma análise mais crítica, toma-se como base a afirmação da NBR 9575 (ABNT, 2003) que a areia deve possuir uma “... granulometria 0,075 mm a 3 mm, classificada como média, isenta de substâncias ou materiais argilosos”. De fato, a granulometria imposta pela NBR permite uma boa graduação granulométrica, auxilia a trabalhabilidade com o fator água/cimento, reduzindo a permeabilidade das argamassas. c) Água A água deve ser limpa, isenta de matéria orgânica, sendo que a água potável é considerada satisfatória para tal utilização (IBI, 1995d). 30 d) Aditivos impermeabilizantes Aditivo é uma substancia adiciona a uma mistura para melhorar uma propriedade, que para a situação imposta, a redução da permeabilidade do sistema. Os aditivos mais empregados nessas argamassas são os hidrofugantes, que tem como principal característica a hidrofugação do sistema capilar, ou seja, eles têm a função de penetrar na porosidade capilar natural da argamassa e impedir a entrada da água nos poros, tornando-a impermeável. IBI (1995f) recomenda o consumo de 2 litros de aditivo para cada saco de cimento (50 kg), porém o consumo deve ser observado de acordo com o fabricante. Neste trabalho, assim como SOUZA (1997), se consideram aditivos, tanto os hidrofugantes como os polímeros na forma de resinas. 2.4.3 MÉTODO DE EXECUÇÃO O método de execução dos sistemas de impermeabilização consiste, geralmente, em três etapas: a) Preparação das superfícies A preparação é de acordo com as recomendações do item 2.2.5.2. A NBR 9574 (ABNT, 2008) recomenda que a superfície seja umedecida, mas sem acúmulo de água ou empoçamento. b) Aplicação da ponte de aderência ou pintura primária A NBR 9574 (ABNT, 2008) recomenda a execução de chapisco de cimento e areia, traço 1:2 para servir de ponte de aderência entre o substrato e a camada impermeável, porém pode também ser constituída de nata de cimento ou de uma mistura de água com aditivo. Para argamassas modificadas com polímeros, se utiliza um primer composto pela resina diluída em água com pouca adição do cimento e areia, aplicada em toda a superfície. c) Aplicação da camada impermeável SOUZA (1997) considera que no momento da aplicação das argamassas, a consistência delas podem ser semi-seca, plástica ou fluida, diferenciando o método de execução em cada caso. Para argamassas semi-secas o método executivo é análogo aquele empregado para os contrapisos, onde inicia a execução com o taliscamento, que servem de referência. Em seguida, preenche toda a superfície com o auxílio de enxada, colher de pedreiro e a 31 compacta com um soquete. Por fim, faz o sarrafeamento de toda a superfície, como pode ser observado na Figura 2.6. Figura 2.6: Sarrafeamento da argamassa com consistência semi-seca Fonte: Google – imagens (2010) Para as plásticas, aplica-se a argamassa em toda a superfície com o auxílio de desempenadeira e colher de pedreiro e posterior desempenamento. A espessura pode ser de 10 mm a 15 mm. Já as argamassas fluidas são aplicadas de forma análoga ao método de execução dos sistemas cristalizantes descritos no item 2.4. Os equipamentos mais utilizados são análogos a Quadro 2.5. 2.4.4 VANTAGENS, DESVANTAGENS, APLICAÇÕES E LIMITAÇÕES Os principais ambientes de aplicação das argamassas impermeáveis são aqueles que estão sujeitos a menores deformações e variação de temperatura, que poderia causar a fissuração e a permeabilidade do sistema, por se tratar de uma impermeabilização rígida. Verifica-se na bibliografia que a adição de polímeros as argamassas é capaz de aumentar a capacidade de absorver deformações, porém não suficiente para serem classificadas como flexíveis ou recomendadas para serem utilizadas em ambientes de maiores deformações. 32 Tomando como base o trabalho de MELHADO (1996) e de SOUZA (1997) e fazendo as adequações necessárias, desenvolveu-se o Quadro 2.8 com as principais vantagens e desvantagens do sistema. Quadro 2.8: Principais vantagens e desvantagens - Adaptado de SOUZA (1997) VANTAGENS COMENTÁRIOS facilidade de execução a argamassa é um material corriqueiro em obras e se adapta a superfícies irregulares custo inicial reduzido material possui custo inicial reduzido facilidade de aquisição dos materiais grande número de fornecedores e de fácil aquisição não exige camada de regularização ou de aplicação direta no suporte separação não exige proteção mecânica a camada impermeável não é sujeita a perfurações sistema de pequena espessura total por não necessitar de proteção mecânica e nem de camada de regularização pode ser aplicado sobre suporte úmido não necessita esperar cura total do suporte DESVANTAGENS pequena capacidade de absorção de a movimentação do suporte pode causar fissuração na deformações do suporte camada impermeável, podendo causar a perda de impermeabilidade do sistema necessita de controle na dosagem a proporção dos materiais exerce grande influência na propriedade final da argamassa, devendo-se ter controle rígido neste critério influência das características dos materiais a variação da umidade da areia e das condições agregados climáticas do preparo da argamassa podem alterar as propriedades finais, influenciando seu desempenho grande influência da mão-de-obra a mão-de-obra exerce grande influência, o que pode gerar variações de uma execução a outra menor confiabilidade relativa necessita de controle e fiscalização durante sua execução por se tratar de um sistema moldado no local Fonte: Adaptado de SOUZA (1997) 33 2.5 SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO COM CRISTALIZANTES Cimentos cristalizantes são compostos químicos que reúnem cimentos, aditivos minerais e emulsão de polímeros e são aplicados diretamente nos substratos. A NBR 9575 (ABNT, 2003) define cristalização como sendo um “sistema de impermeabilização que confere estanqueidade as estruturas através de reação química entre os produtos utilizados e os substratos sobre os quais foram aplicados”. SOUZA (1997) entende que o princípio básico da impermeabilização cristalizante é a formação de cristais dos compostos do cimento nos poros do elemento a ser impermeabilizado. O IBI (1995e) cita três tipos de cristalizantes para impermeabilização: • Cimentos impermeabilizantes e polímeros: são formados “... por uma mistura de cimentos especiais e aditivos minerais, adicionados a emulsões adesivas à base de polímeros sintéticos acrílicos, utilizados para áreas sujeitas a pressões hidrostáticas positivas, negativas, umidade de solo e percolação”; • Cimentos impermeabilizantes e líquidos seladores: são “... formados por dois tipos de cimentos especiais com aditivos minerais, com tempo de pega acelerado, utilizados em conjunto com líquido selador, que aplicados sequencialmente, reagem com a água de saturação da estrutura, formando cristais que selam a porosidade da estrutura, suportando altas pressões hidrostáticas negativas’; • Bloqueadores hidráulicos: “... são líquidos de base mineral que, injetados em estruturas de concreto ou alvenaria de tijolos maciços, penetram por osmose nos capilares da estrutura, formando um gel que em contato com a água, cristaliza-se, transformado-se em cristais estáveis e insolúveis, barrando a ascensão de umidade proveniente da deficiência de impermeabilização de baldrames”. Dentre os diferentes cristalizantes, os bloqueadores hidráulicos não são utilizados em edifícios de múltiplos pavimentos, pois são indicados para elementos já existentes onde possuem patologias relativas a infiltração de água. SOUZA (1997) define sistemas de impermeabilização cristalizantes como sendo: 34 Sistemas de impermeabilização cuja camada impermeável é constituída por cimentos e aditivos que penetram na superfície formando compostos que tamponam os poros capilares do elemento (SOUZA, 1997, p. 145). Por meio da classificação apresentada anteriormente, as características dos sistemas de impermeabilização com argamassas impermeáveis podem ser vista no Quadro 2.9. Quadro 2.9: Sistemas de impermeabilização com argamassas impermeáveis CLASSIFICAÇÃO QUANTO SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO COM ARGAMASSAS IMPERMEÁVEIS À ADERÊNCIA aderentes À FLEXIBILIDADE rígidos AO MÉTODO EXECUTIVO moldado no local pela aplicação de camadas, a frio AO MATERIAL cristalizantes Fonte: Adaptado de SOUZA (1997) 2.5.1 CAMADAS CONSTITUINTES As camadas são basicamente: • Camada suporte, geralmente laje de concreto. • Camada impermeável, que pode ser aplicada em várias demãos diretamente sobre a camada suporte • Camada de regularização final Esses sistemas não necessitam de proteção mecânica, porém a camada impermeável possui acabamento irregular, o que para o revestimento final, necessita de uma regularização, fazendo-se necessário essa camada de regularização. 2.5.2 MATERIAIS EMPREGADOS Os materiais empregados são os cimentos especiais e polímeros em emulsão. a) Cimentos especiais Verificou-se na bibliografia consultada a utilização de cimentos especiais para esses sistemas, mas não são feitas referências claras sobre sua composição. Entretanto, pode-se observar que os cimentos são dotados de aditivos químicos minerais bem graduados. 35 b) Polímeros em emulsão Os polímeros em emulsão empregados, geralmente são polímeros à base de resinas acrílicas ou resinas PVA, que são misturados ao cimento até a obtenção de uma pasta. 2.5.3 MÉTODO DE EXECUÇÃO O método de execução dos sistemas de impermeabilização cristalizantes consiste, geralmente, em três etapas: a) Preparação das superfícies e interfaces com as instalações A preparação é de acordo com as recomendações do item 2.2.5.2. A NBR 9574 (ABNT, 2008) recomenda que o substrato esteja saturado, porém deve estar isento de filme ou jorro de água. b) Aplicação da camada impermeável Após a preparação e saturação do substrato, deve-se realizar a mistura dos materiais, de acordo com as recomendações dos fabricantes, até a obtenção de uma pasta viscosa Inicia a aplicação pelas porções verticais, como pode ser visto na Figura 2.7. O IBI (1995e) recomenda que as demãos sejam aplicadas cruzadas e em todo o suporte. Por fim, deve-se levar em consideração o tempo de cura do material entre as demãos. Figura 2.7: Aplicação nas porções verticais Fonte: Google – imagens (2010) 36 c) Aplicação da camada de regularização final A execução da camada de regularização é executada conforme item 2.2.5.3. Os equipamentos mais utilizados são: recipiente para mistura dos materiais, broxa, trincha, equipamento para mistura e vassoura. 2.5.4 VANTAGENS, DESVANTAGENS, APLICAÇÕES E LIMITAÇÕES Tomando como base o trabalho de SOUZA (1997) e fazendo as adequações necessárias, desenvolveu-se o Quadro 2.10 com as principais vantagens e desvantagens do sistema. Quadro 2.10: Principais vantagens e desvantagens VANTAGENS COMENTÁRIOS pequena espessura a espessura total do sistema é pequena, devido a não necessidade de proteção mecânica e em alguns casos, não há a necessidade de camada de regularização não exige proteção mecânica não existe risco de furar o sistema e o revestimento final pode ser aplicado diretamente a impermeabilização facilidade de aplicação não exige especificidades em sua aplicação DESVANTAGENS camada impermeável rígida camadas suportes com grande deformações, estes sistemas não devem ser utilizados várias camadas ou demãos aplicar várias demãos exige tempo de cura entre elas, o que pode limitar sua utilização falta de confiabilidade em relação ao existe ainda uma falta de avaliações sobre o desempenho quanto à estanqueidade desempenho destes sistemas ao longo do tempo Fonte: Adaptado de SOUZA (1997) Os principais ambientes de aplicação das argamassas impermeáveis são aqueles que estão sujeitos a menores deformações e variação de temperatura, que poderia causar a fissuração e a permeabilidade do sistema, por se tratar de uma impermeabilização rígida. São largamente utilizados em estruturas ou elementos em contato com o solo, como fundações e em ambientes internos por possuir pequena espessura. 37 2.6 SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO CIMENTÍCIOS Os sistemas de impermeabilização cimentícios se assemelham aos cristalizantes, mas a diferença entre eles está na camada que prove impermeabilidade ao sistema. Embora ambos possuírem a formação de cristais junto ao elemento para prover o tamponamento dos poros e formarem uma película impermeável na superfície do sistema, as parcelas de obtenção de estanqueidade se diferem. Nos sistemas cimentícios o principal responsável pela estanqueidade é a película impermeável na superfície, já nos cristalizantes está no tamponamento dos poros. Verifica-se hoje uma certa imprecisão em relação as denominações adotadas pelos fabricantes, pois alguns adotam como estes sistemas sendo argamassas poliméricas, porém o conceito de argamassa difere da apresentada nos produtos. Devido a isso, SOUZA (1997) define sistemas de impermeabilização cimentícios com o intuito de uniformizar a terminologia. Assim os sistemas de impermeabilização cimentícios são denominados como: Sistemas de impermeabilização cuja camada impermeável é constituída por materiais à base de cimentos adicionados a resinas, que conferem impermeabilidade pela formação de uma película (SOUZA, 1997, p. 153). Por meio da classificação apresentada anteriormente, as características dos sistemas de impermeabilização cimentícios podem ser vista no Quadro 2.11. Quadro 2.11: Sistemas de impermeabilização cimentícios CLASSIFICAÇÃO QUANTO SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO COM ARGAMASSAS IMPERMEÁVEIS À ADERÊNCIA aderentes À FLEXIBILIDADE rígidos ou semi-flexíveis AO MÉTODO EXECUTIVO moldado no local pela aplicação de camadas, a frio AO MATERIAL cimentícios Fonte: Adaptado de SOUZA (1997) 2.6.1 CAMADAS CONSTITUINTES As camadas são basicamente: • Camada suporte 38 • Camada de regularização (depende das condições da camada suporte) • Camada impermeável, que pode ser aplicada em várias demãos. • Camada de regularização final Esses sistemas não necessitam de proteção mecânica, porém a camada impermeável possui um acabamento irregular, o que dependendo do tipo de revestimento final, necessita de uma regularização, fazendo-se necessário essa camada de regularização. Quando da existência de camada de regularização antes camada suporte, nesta pode-se proporcionar o caimento. Caso não aja, a camada de regularização sobre a impermeável tem a função de proporcionar este caimento. 2.6.2 MATERIAIS EMPREGADOS Os materiais empregados são os cimentos (podem ser especiais ou Portland) e polímeros em emulsão. a) Cimentos Podem ser utilizados cimentos especiais, semelhantes ao dos cristalizantes e cimentos Portland. b) Resinas em emulsão A principal resina utilizada em produtos é o Látex acrílico. O fornecimento deste material varia de fabricante para fabricante, alguns fornecem o cimento preparado junto com a resina (bicomponentes) e outros fornecem os produtos separados. c) Armaduras Verificou-se na bibliografia a utilização de armação nas regiões de maiores deformações, tais como ralos, rodapés, tubos passantes e arestas (piscinas, reservatórios, floreiras). A principal armação utilizada é a tela de poliéster (2 mm ou 1 mm). 2.6.3 MÉTODO DE EXECUÇÃO O método de execução dos sistemas de impermeabilização cimentícios consiste, geralmente, em quatro etapas: a) Preparação das superfícies e interfaces com as instalações A preparação é de acordo com as recomendações do item 2.2.5.2. A NBR 9574 (ABNT, 2008) recomenda que o substrato esteja úmido, porém deve estar isento de filme ou jorro de água. 39 b) Execução da camada de regularização Se necessário, ou seja, se a camada suporte possuir muitas irregularidades, a execução da camada de regularização deve estar de acordo com o item 2.2.5.2. c) Aplicação da camada impermeável Após a preparação e aspersão de água no substrato, deve-se realizar a mistura dos materiais de acordo com as recomendações dos fabricantes, lembrando que após a mistura, o material possui tempo limite para sua aplicação e. A aplicação é geralmente auxiliada por broxas, trinchas ou vassouras adequadas a este fim e se inicia pelas áreas que serão aplicadas a armação, geralmente, arestas, ralos, rodapés e tubos. Alguns fabricantes também indicam a utilização em toda a área, como por exemplo, em piscinas e reservatórios. Deve-se levar em consideração a etapa de cura do material entre as demãos, que não necessariamente devem ser cruzadas e nas áreas que foram utilizadas a armação, esta deve ser totalmente recoberta pelas demãos subsequentes. Figura 2.8: Detalhe de uma tubulação emergente em um sistema de impermeabilização cimentício Fonte: Cortesia da Athena Engenharia e Comércio Ltda. (2009) d) Aplicação da camada de regularização final A execução da camada de regularização é executada conforme item 2.2.5.3. 40 Os equipamentos mais utilizados são: recipiente para mistura dos materiais, broxa, trincha, equipamento para mistura, vassoura especiais para aplicação, tesouras e estiletes. 2.6.4 VANTAGENS, DESVANTAGENS, APLICAÇÕES E LIMITAÇÕES Tomando como base o trabalho de SOUZA (1997) e fazendo as adequações necessárias, desenvolveu-se o Quadro 2.12 com as principais vantagens e desvantagens do sistema. Quadro 2.12: Principais vantagens e desvantagens VANTAGENS COMENTÁRIOS pequena espessura a espessura total do sistema é pequena, devido a não necessidade de proteção mecânica e em alguns casos, não há a necessidade de camada de regularização não exige proteção mecânica a maioria dos fabricantes citam a não necessidade desta camada, aplicando o revestimento final direto na impermeabilização flexibilidade dependendo da quantidade de polímeros inseridos, a camada passa a ser mais flexível, podendo absorver certas deformações do suporte facilidade de aplicação não exige especificidades em sua aplicação DESVANTAGENS camada impermeável rígida com pequenas quantidades de polímeros, esta camada pode ser considerada como rígida, não recomendada a suportes com grandes deformações várias camadas ou demãos aplicar várias demãos exige tempo de cura entre elas, o que pode limitar sua utilização necessidade de camada de regularização esses sistemas exigem que os substratos estejam bem coesos e homogêneos, necessitando em alguns casos a execução da camada regularização Fonte: Adaptado de SOUZA (1997) Verificou-se no mercado a utilização de Argamassas poliméricas. Neste trabalho as argamassas poliméricas se enquadram nesses sistemas de impermeabilização. 41 2.7 2.7.1 SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO ASFÁLTICOS SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO COM MEMBRANA ASFÁLTICA A FRIO O IBI (1995d) afirma que “o sistema de membranas asfálticas a frio base asfáltica é constituído de múltiplas camadas de asfalto frio e aplicado em conjunto com estruturantes (sinônimo de armadura)”. Uma consideração a estes sistemas é que podem ser utilizados em ambientes que possuem o risco de incêndio ou em locais fechados devido a não ter geração de fumaça. SOUZA (1997) define sistemas de impermeabilização como: Sistemas de impermeabilização cuja camada impermeável é constituída por demãos de asfalto em emulsão ou solução, aplicadas com ou sem armaduras (SOUZA, 1997, p. 162). Por meio da classificação apresentada anteriormente, as características dos sistemas de impermeabilização com membranas asfálticas a frio podem ser vista no Quadro 2.13. Quadro 2.13: Sistemas de impermeabilização com membrana asfáltica a frio CLASSIFICAÇÃO QUANTO SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO COM ARGAMASSAS IMPERMEÁVEIS À ADERÊNCIA aderentes À FLEXIBILIDADE flexíveis AO MÉTODO EXECUTIVO moldado no local pela aplicação de camadas, a frio AO MATERIAL asfálticos Fonte: Adaptado de SOUZA (1997) 2.7.1.1 CAMADAS CONSTITUINTES As camadas são basicamente: • Camada suporte • Camada de regularização (depende das condições da camada suporte) • Pintura primária • Camada impermeável, que pode ser aplicada em várias demãos, porém baseia-se basicamente em: 1ª demão de asfalto a frio com armação; 2ª 42 demão de asfalto a frio; se necessário maiores espessuras, repetir os processos • Camada de separação superior • Camada de proteção mecânica A camada de proteção mecânica serve de base para o revestimento final. Pode ser observado na Figura 2.9 as camadas dos sistemas. Figura 2.9: Camadas genéricas dos sistemas de impermeabilização com membrana asfáltica a frio Fonte: Autor (2010) 2.7.1.2 MATERIAIS EMPREGADOS Os materiais empregados são separados por camadas: a) Pintura primária Para a pintura primária são utilizados primers elaborados a partir de uma solução de asfalto, diluída em solvente, ou pode-se utilizar ainda emulsão asfáltica diluída em água, na proporção de uma parte de emulsão para uma parte de água (IBI, 1995d). Ou seja, geralmente, dilui-se o mesmo material utilizado na camada impermeável, para que penetre mais facilmente na porosidade do substrato, gerando maior aderência. b) Camada impermeável Na camada impermeável são utilizados produtos semelhantes ao utilizados na pintura primária. A seguir são descritos alguns materiais: 43 • Soluções asfálticas: São soluções asfálticas diluídas em solventes orgânicos. Suas características são melhoradas quando a adição de elastômeros. As soluções podem ser monocomponentes ou bicomponentes, dependendo da base química. • Emulsões asfálticas: As emulsões podem ser com cargas, emulsões sem cargas e emulsões modificadas com polímeros. A NBR 9685 (ABNT, 2005) define emulsão com carga como “o produto resultante da dispersão de asfalto e cargas inertes em água, através de agentes emulsificantes e/ou dispersantes”. • Armaduras: A principal armação utilizada é a tela de poliéster (2 mm ou 1 mm). c) Camada de separação superior Verificou-se na bibliografia que na camada de separação superior podem ser utilizados filme de polietileno, geotêxtil, papel Kraft e mistura de areia e emulsão asfáltica. 2.7.1.3 MÉTODO DE EXECUÇÃO O método de execução dos sistemas de impermeabilização com membrana a frio consiste, basicamente, em seis etapas: a) Preparação das superfícies e interfaces com as instalações A preparação é de acordo com as recomendações do item 2.2.5.2. b) Execução da camada de regularização A execução da camada de regularização deve estar de acordo com o item 2.2.5.3. c) Aplicação da pintura primária Dependendo da base do solvente do sistema de impermeabilização, a superfície deve estar seca e para a base de água pode estar úmida, mas sem empoçamentos. A imprimação deve ser executada em toda a superfície e o consumo do material deve observar as recomendações do fabricante. d) Aplicação da camada impermeável O método de aplicação de emulsões asfálticas e soluções asfálticas se diferenciam entre si. Por isso, deve-se estar atento para as preparações necessárias para cada produto, seguindo as recomendações de cada fabricante. Algumas soluções asfálticas são necessárias a utilização de equipamentos para mistura, por exemplo. 44 A aplicação inicia-se pelas áreas sujeitas a maiores deformações, como o caso de rodapés, arestas e as interfaces com tubos, para que em seguida, aplica-se em toda a superfície. Geralmente na primeira demão é realizada a armação. Tanto o IBI (1995d) e a NBR 9574 (ABNT, 2008) a sobreposição da armadura deve ser de 10 cm. Na figura 2.10 pode ser visualizado a aplicação de armação. Figura 2.10: Detalhe da armação do sistema de impermeabilização com membrana a frio Fonte: Cortesia da Athena Engenharia e Comércio Ltda.(2010) A bibliografia também recomenda a aplicação de camadas com baixa espessura para evitar que a superfície seque e impedindo a evaporação de água contida no interior. e) Aplicação da camada de separação superior Consiste na aplicação do material de separação em toda a superfície da camada impermeável. f) Execução da camada de proteção mecânica A execução da camada de proteção mecânica deve estar de acordo com as recomendações do item 2.2.5.5. Os principais equipamentos utilizados são broxas, equipamentos para mistura, tesouras, estiletes, trinchas, vassouras e rolos de pintura. 2.7.1.4 VANTAGENS, DESVANTAGENS, APLICAÇÕES E LIMITAÇÕES Tomando como base o trabalho de SOUZA (1997) e fazendo as adequações necessárias, desenvolveu-se o Quadro 2.14 com as principais vantagens e desvantagens do sistema. 45 Quadro 2.14: Principais vantagens e desvantagens VANTAGENS COMENTÁRIOS membrana flexível possui capacidade de absorver deformações possibilidade de aplicação sobre superfície dependendo da base do produto, este pode ser úmida aplicado sobre substratos úmidos, não necessitando da espera da secagem total. aplicação a frio não há a necessidade de aquecimento grande disponibilidade de produtos no existem grande diversidade de produtos e de mercado fornecedores no mercado DESVANTAGENS necessidade de várias demãos aplicar várias demãos exige tempo de cura entre elas, o que pode limitar sua utilização liberação de gases quando se utiliza os asfaltos em solução liberam gases tóxicos e asfaltos em solução inflamáveis que podem prejudicar os aplicadores quando não há ventilação adequada necessidade de regularização e proteção a necessidade destas camadas pode resulta em custo mecânica maior e espessuras maiores exige-se mão-de-obra especializada a mão-de-obra deve estar habituada no emprego desses sistemas, pois se diferem muito em relação as argamassas Fonte: Adaptado de SOUZA (1997) Esses sistemas, comparados à membranas a quente, possuem maior facilidade de aplicação. 2.7.2 SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO COM MEMBRANA ASFÁLTICA A QUENTE O IBI (1995d) afirma que “o sistema de membranas asfálticas a quente base asfáltica é constituído de múltiplas camadas de asfalto aquecido e aplicado em conjunto com estruturantes (sinônimo de armadura)”. Uma consideração a estes sistemas é que não podem ser utilizados em ambientes que possuem o risco de incêndio ou em locais fechados (sem ventilação adequada) devido a geração de fumaça durante sua aplicação. SOUZA (1997) define sistemas de impermeabilização como: 46 Sistemas de impermeabilização cuja camada impermeável é constituída por demãos de asfálticas aplicados com ou sem armaduras (SOUZA, 1997, p. 176). Por meio da classificação apresentada anteriormente, as características dos sistemas de impermeabilização com membrana asfáltica a quente podem ser vista na Quadro 2.15. Quadro 2.15: Sistemas de impermeabilização com membrana asfáltica a quente CLASSIFICAÇÃO QUANTO SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO COM ARGAMASSAS IMPERMEÁVEIS À ADERÊNCIA aderentes À FLEXIBILIDADE flexíveis AO MÉTODO EXECUTIVO moldado no local pela aplicação de camadas, a frio AO MATERIAL asfáltico Fonte: Adaptado de SOUZA (1997) 2.7.2.1 CAMADAS CONSTITUINTES As camadas são basicamente: • Camada suporte • Camada de regularização (depende das condições da camada suporte) • Pintura primária • Camada impermeável, que pode ser aplicada em várias demãos, porém baseia-se basicamente em: 1ª demão de asfalto a quente com armação; 2ª demão de asfalto a quente; se necessário maiores espessuras, repetir os processos • Camada de separação superior • Camada de proteção mecânica A camada de proteção mecânica serve de base para o revestimento final. Pode ser observado na Figura 2.11 as camadas dos sistemas. 47 Figura 2.11: Camadas genéricas dos sistemas de impermeabilização com membrana asfáltica a quente Fonte: Autor (2010) 2.7.2.2 MATERIAIS EMPREGADOS Os materiais empregados são separados por camadas, observando que nas camada impermeável são utilizados materiais betuminosos, como os asfaltos e os alcatrões obtidos pela destilação do petróleo. a) Pintura primária Utilizam-se primers de maneira análoga aos descritos no item 2.7.1.2. b) Camada impermeável com Asfalto oxidado O asfalto oxidado segundo a NBR 9910 (ABNT, 2002) é um “produto obtido pela passagem de uma corrente de ar através de uma massa de asfalto destilado de petróleo, em temperatura adequada, com ou sem presença de catalisador” E PICCHI (1984) lembra que os asfaltos oxidados “apresentam também maior durabilidade” devido à redução da quantidade de materiais voláteis. c) Camada impermeável com asfalto modificado Os asfaltos modificados são asfaltos de destilação direta com incorporação de polímeros ou copolímeros. Com o objetivo de uniformizar a terminologia, SOUZA (1997) separou os asfaltos modificados em dois grupos • Asfaltos plastoméricos: recebem a incorporação de um polímero e possuem um comportamento plástico; 48 • Asfaltos elastoméricos: recebem a incorporação de um copolímero ou elastômeros e possuem um comportamento elástico. d) Armadura A principal armação utilizada é o véu de poliéster não tecido (2 mm ou 1 mm). 2.7.2.3 MÉTODO DE EXECUÇÃO O método de execução dos sistemas de impermeabilização com membrana a quente consiste, basicamente, em seis etapas: a) Preparação das superfícies e interfaces com as instalações A preparação é de acordo com as recomendações do item 2.2.5.2. b) Execução da camada de regularização A execução da camada de regularização deve estar de acordo com o item 2.2.5.3. c) Aplicação da pintura primária A superfície deve estar preparada e seca. E sua aplicação se dá por meio de rolo de pintura. d) Aplicação da camada impermeável Primeiramente os materiais devem ser preparados. Essa preparação consiste no aquecimento do asfalto. Após a movimentação do asfalto a aplicação inicia-se pelas áreas sujeitas a maiores deformações, como o caso de rodapés, arestas e as interfaces com tubos, para que em seguida, aplica-se em toda a superfície com o auxílio de esfregalho. Geralmente na primeira demão é realizada a armação. Tanto o IBI (1995d) e a NBR 9574 (ABNT, 2008) a sobreposição da armadura deve ser de 10 cm. PICCHI (1984) lembra a necessidade de considerar-se que o asfalto se esfria durante seu transporte. A temperatura mínima de utilização é de 180ºC e, para compensar as perda, geralmente se aquece o asfalto à temperatura de 220ºC. e) Aplicação da camada de separação superior Consiste na aplicação do material de separação em toda a superfície da camada impermeável. 49 f) Execução da camada de proteção mecânica A execução da camada de proteção mecânica deve estar de acordo com as recomendações do item 2.2.5.5. Os principais equipamentos utilizados são baldes, broxas, equipamentos para mistura, tesouras, estiletes, trinchas, vassouras, caldeiras para aquecimento do asfalto, rolos de pintura e esfregalhos. 2.7.2.4 VANTAGENS, DESVANTAGENS, APLICAÇÕES E LIMITAÇÕES Tomando como base o trabalho de SOUZA (1997) e fazendo as adequações necessárias, desenvolveu-se o Quadro 2.16 com as principais vantagens e desvantagens do sistema. Quadro 2.16: Principais vantagens e desvantagens VANTAGENS COMENTÁRIOS membrana flexível possui capacidade de absorver deformações maior durabilidade que as membranas a em razão da não utilização de solventes ou do asfalto frio em emulsão grande disponibilidade de produtos no existem grande diversidade de produtos e de mercado fornecedores no mercado DESVANTAGENS necessidade de várias demãos aplicar várias demãos exige tempo de cura entre elas, o que pode limitar sua utilização aplicação apenas sobre superfícies secas existe a necessidade de total secagem do substrato liberação de gases quando se utiliza os asfaltos em solução liberam gases tóxicos e asfaltos em solução inflamáveis que podem prejudicar os aplicadores quando não há ventilação adequada necessidade de regularização e proteção a necessidade destas camadas pode resulta em custo mecânica maior e espessuras maiores exige-se mão-de-obra especializada a mão-de-obra deve estar habituada no emprego desses sistemas, pois se diferem muito em relação as argamassas Fonte: Adaptado de SOUZA (1997) A utilização desses sistemas é recomendada em superfícies com formatos irregulares que poderiam dificultar a utilização dos sistemas pré-fabricados, de acordo com SOUZA (1997). 50 Esses sistemas se encontram em processo de desuso, devido as desvantagens apresentadas no Quadro 2.16. 2.7.3 SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO COM MANTA ASFÁLTICA SOUZA (1997) define sistemas de impermeabilização como “sistemas de impermeabilização cuja camada impermeável é constituída por demãos de asfálticas aplicados com ou sem armaduras”. Por meio da classificação apresentada anteriormente, as características dos sistemas de impermeabilização com mantas asfálticas podem ser vista na Quadro 2.17. Quadro 2.17: Sistemas de impermeabilização com manta asfáltica CLASSIFICAÇÃO QUANTO SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO COM ARGAMASSAS IMPERMEÁVEIS À ADERÊNCIA aderentes ou independentes À FLEXIBILIDADE flexíveis AO MÉTODO EXECUTIVO pré-fabricados AO MATERIAL asfáltico Fonte: Adaptado de SOUZA (1997) 2.7.3.1 CAMADAS CONSTITUINTES As camadas são basicamente: • Camada suporte • Camada de regularização (depende das condições da camada suporte) • Pintura primária • Camada de separação inferior • Camada impermeável • Camada de separação superior • Camada de proteção mecânica A camada de proteção mecânica serve de base para o revestimento final. Pode ser observado na Figura 2.12 as camadas dos sistemas. 51 Figura 2.12: Camadas genéricas dos sistemas de impermeabilização com manta Fonte: Autor (2010) 2.7.3.2 MATERIAIS EMPREGADOS Os materiais empregados são separados por camadas. a) Pintura primária Utilizam-se primers de maneira análoga aos descritos no item 2.7.1.2. Pode-se utilizar primers fornecidos pelos próprios fabricantes de mantas. b) Camada impermeável .Segundo SOUZA (1997) “os componentes utilizados na camada impermeável desses sistemas de impermeabilização são as manta asfálticas”. Deve-se observar a grande diversidade de mantas asfálticas no mercado, tais como: • Mantas asfálticas elastoméricas • Mantas asfálticas plastoméricas • Mantas asfálticas com grânulos minerais • Mantas asfálticas modificadas com polímeros • Mantas asfálticas aluminizadas E outras mais, com diversas espessuras. Sendo encontradas de 2 mm a 5 mm (observando que a espessura de 2 mm não é contemplada pela norma, por isso seu uso é restrito a áreas internas e como manta de sacrifício em sistemas dupla camada). 52 A utilização de cada manta vai depender das solicitações a ela exigidas, como por exemplo, em floreiras é recomendável que a manta tenha em sua composição herbicidas que inibem a penetração de raízes de plantas, prejudicando a impermeabilização. Outra observação é que existe no mercado mantas asfálticas autoprotegidas que não necessitam de camada de separação e proteção mecânica. 2.7.3.3 MÉTODO DE EXECUÇÃO O método de execução dos sistemas de impermeabilização com manta asfáltica consiste, basicamente, em seis etapas: a) Preparação das superfícies e interfaces com as instalações A preparação é de acordo com as recomendações do item 2.2.5.2. b) Execução da camada de regularização A execução da camada de regularização deve estar de acordo com o item 2.2.5.3. a) Aplicação da pintura primária e/ou camada de separação inferior A superfície deve estar preparada e seca. E sua aplicação se dá por meio de rolo de pintura. Caso queira que a camada impermeável seja independente, ou seja, não tenha aderência com o substrato basta o emprego desses matérias antes da camada impermeável. Esses materiais são semelhantes aos utilizados na camada de separação superior. b) Aplicação da camada impermeável Para aplicação das mantas, a bibliografia apresenta três métodos: • Aderidas com asfalto quente: a aderência da manta é feita aplicando-se uma camada de asfalto quente na superfície do suporte a qual é estende-se a manta; • Aderidas com maçarico a gás: a aderência da manta pela fusão do asfalto de sua superfície; • Aderidas com adesivos asfálticos: a aderência da manta é dada pela aplicação, com rolo de pintura, de um adesivo à base de asfalto elastomérico. O segundo método é o mais utilizado atualmente e o que será tratado neste trabalho. Após a imprimação e preparação das superfícies, desenrolam-se as mantas sobre a superfície, para medir o comprimento e quantidades necessárias, de modo mais racional possível, evitando cortes e sobras desnecessárias. Em seguida enrolam-se as mantas já 53 cortadas e posicionadas e inicia sua aplicação. Conforme se desenrola a manta, é aquecida pelo ar quente do maçarico e comprimida na camada suporte, realizando a fusão das camadas. A sobreposição das mantas deve ser executada de acordo com o fabricante, mas na maioria dos casos, a sobreposição é de 10 cm. A fusão das mantas sobrepostas chama-se biselamento. A execução em camadas verticais é análoga as porções horizontais. Na Figura 2.13 mostra a aplicação de uma manta asfáltica a maçarico. Figura 2.13: Aplicação de manta a maçarico Fonte: Cortesia da Athena Engenharia e Comércio Ltda. (2008) c) Aplicação da camada de separação superior Consiste na aplicação do material de separação em toda a superfície da camada impermeável. d) Execução da camada de proteção mecânica A execução da camada de proteção mecânica deve estar de acordo com as recomendações do item 2.2.5.5. Deve-se observar neste item que certos tipos de mantas autoprotegidas, não necessitam de proteção mecânica e nem mesmo de camada superior de separação. Mas o uso dessas mantas é em áreas que não possuem trânsito de pessoas ou equipamentos, como por exemplo, lajes de coberturas. Os principais equipamentos utilizados são colheres de pedreiro, facas ou estiletes, luvas térmicas, maçaricos a gás e óculos de proteção (escuros). 54 2.7.3.4 VANTAGENS, DESVANTAGENS, APLICAÇÕES E LIMITAÇÕES Tomando como base o trabalho de SOUZA (1997) e fazendo as adequações necessárias, desenvolveu-se a Quadro 2.18 com as principais vantagens e desvantagens do sistema. Quadro 2.16: Principais vantagens e desvantagens VANTAGENS COMENTÁRIOS impermeabilização flexível possui grande capacidade de absorver deformações maior produtividade devido a serem empregados materiais pré-fabricados leva a maior rapidez na execução e não necessita de várias demãos maior facilidade no controle mercado por ser um material pré-fabricado o controle de qualidade é mais rígido DESVANTAGENS aplicação apenas sobre superfícies secas existe a necessidade de total secagem do substrato dificuldade de execução em ambientes de por serem materiais pré-fabricados, a sua moldagem formato complexo em locais com formatos complexos resulta em maior quantidade de recortes necessidade de regularização e proteção a necessidade destas camadas pode resultar em custo mecânica maior e espessuras maiores. Já as autoprotegidas possuem emprego mais restrito. exige-se mão-de-obra especializada a mão-de-obra deve estar habituada no emprego desses sistemas, pois se diferem muito em relação às argamassas Fonte: Adaptado de SOUZA (1997) A utilização desses sistemas é recomendada em grandes áreas, por possuírem grande produtividade de execução. 2.8 SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO COM MEMBRANAS Este irá retratar sistemas de impermeabilização com membranas de não base asfáltica. São elas: membranas de poliuretano, membranas acrílicas, membrana de SBR, membranas de EPDM. O motivo pelo agrupamento desses sistemas em apenas um item é a semelhança do método de execução, da classificação e camadas constituintes, diferenciando-se apenas no material. 55 NBR 9575 (ABNT, 2003) define membrana como sendo um “produto impermeabilizante, moldado no local, com ou sem estruturante”. Por meio da classificação apresentada anteriormente, as características dos sistemas de impermeabilização com membranas podem ser vista no Quadro 2.19. Quadro 2.19: Sistemas de impermeabilização com manta asfáltica CLASSIFICAÇÃO QUANTO SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO COM ARGAMASSAS IMPERMEÁVEIS À ADERÊNCIA aderentes À FLEXIBILIDADE flexíveis AO MÉTODO EXECUTIVO moldados no local pela aplicação de camadas, a frio AO MATERIAL poliméricos Fonte: Adaptado de SOUZA (1997) A diferenciação dos sistemas de membranas fica a cargo do material impermeável utilizado, mas evidenciando que todos os materiais são polímeros, sejam eles chamados de poliuretanos ou acrílicos e geralmente, a cura desses materiais se dá pela secagem ao ar. A NBR 9575 (ABNT, 2003) define polímero como sendo uma “substância constituída de moléculas caracterizadas pela repetição de um ou diversos tipos de monômeros (negligenciando-se os extremos de cadeias, os pontos entre cadeias e outras pequenas irregularidades)”. 2.8.1 CAMADAS CONSTITUINTES As camadas são basicamente: • Camada suporte • Camada de regularização (depende das condições da camada suporte) • Pintura primária • Camada impermeável • Camada de proteção mecânica Lembra-se que esses sistemas, dependendo do local de aplicação, não necessitam de camada de proteção mecânica, podendo estar expostos diretamente a intempéries ou com adição de quartzo entre as demãos e também podem servir de base para o revestimento final. 56 Pode ser observado na Figura 2.14 as camadas constituinte dos sistemas. Figura 2.14: Camadas genéricas dos sistemas de impermeabilização com membrana Fonte: Autor (2010) 2.8.2 MATERIAIS EMPREGADOS Os materiais empregados são separados por camadas. a) Pintura primária Em alguns casos são utilizados primers fornecidos pelos fabricantes das membranas ou o mesmo material utilizado na camada impermeável é diluído com o material base (em água, se a base for água ou em solvente, se a base for solvente e assim sucessivamente), produzindo um líquido mais fluido para melhor penetração na porosidade do substrato. b) Camada impermeável A camada impermeável vai depender do tipo de membrana que está sendo empregada. Se for a membrana acrílica, é utilizada a emulsão acrílica diluída em água, como exemplo. Pode ser membranas a base de poliuretanos, EPDM, de SBR, ou seja, com bases poliméricas. Observa-se que nesta classificação, não se enquadram membranas poliméricas com a adição de cimento, pois se enquadrariam em sistemas de impermeabilização cimentícios. c) Armadura A principal armação utilizada é o véu de poliéster não tecido (2 mm ou 1 mm), mas encontra-se na bibliografia a utilização de véu de fibra de vidro ou tecido de náilon. 57 2.8.3 MÉTODO DE EXECUÇÃO O método de execução dos sistemas de impermeabilização com membrana a quente consiste, basicamente, em seis etapas: a) Preparação das superfícies e interfaces com as instalações A preparação é de acordo com as recomendações do item 2.2.5.2. b) Execução da camada de regularização A execução da camada de regularização deve estar de acordo com o item 2.2.5.3. c) Aplicação da pintura primária A superfície deve estar preparada e seca. E sua aplicação se dá por meio de rolo de pintura. A imprimação deve ser uniforme e em toda a superfície. d) Aplicação da camada impermeável Os sistemas de impermeabilização com membranas possuem materiais que se assemelham a tintas, ou seja, fluidas com certa viscosidade. A aplicação inicia-se pelas áreas sujeitas a maiores deformações, como o caso de rodapés, arestas e as interfaces com tubos, para que em seguida, aplica-se em toda a superfície com o auxílio de rolos de pintura e trinchas. Geralmente na primeira demão é realizada a armação. Tanto o IBI (1995d) e a NBR 9574 (ABNT, 2008) recomendam que a sobreposição da armadura deve ser de 10 cm. Na Figura 2.15 se observa a aplicação de uma membrana acrílica em toda a superfície. Figura 2.15: Aplicação de membrana acrílica em uma marquise Fonte: Cortesia da Athena Engenharia e Comércio Ltda.(2010) 58 Outro aspecto importante é quando existe a inserção de quartzo na membrana, geralmente na última demão, forma uma superfície irregular e granulada que permite a aplicação do revestimento final sobre a camada impermeável, como pode ser visto na Figura 2.16, pois esta irregularidade fornece a aderência necessária ao revestimento final. A não utilização do quartzo, necessita-se a proteção mecânica, pois as membranas possuem superfícies lisas. Figura 2.16: Aspersão de quartzo na camada impermeável, imediatamente após aplicação e seu aspecto final Fonte: Cortesia da Athena Engenharia e Comércio Ltda.(2010) Lembrando que a aspersão de quartzo na membrana deve ser imediatamente após a aplicação da mesma, pois quando curada, o quartzo não irá aderir. e) Execução da camada de proteção mecânica A execução da camada de proteção mecânica deve estar de acordo com as recomendações do item 2.2.5.5. Salvo os sistemas aplicados em regiões não transitáveis, podendo então, não possuir proteção mecânica, como no caso de coberturas, marquises e calhas de concreto. Os principais equipamentos utilizados são baldes, broxas, equipamentos para mistura, tesouras, estiletes, trinchas, e rolos de pintura. 2.8.4 VANTAGENS, DESVANTAGENS, APLICAÇÕES E LIMITAÇÕES A seguir, no Quadro 2.19, são apresentadas as principais vantagens e desvantagens dos sistemas de impermeabilização com membranas poliméricas. 59 Quadro 2.19: Principais vantagens e desvantagens VANTAGENS COMENTÁRIOS impermeabilização flexível possui grande capacidade de absorver deformações fácil aplicação devido a possuir grande fluidez, sua aplicação é facilitada, tanto para ambientes complexos como para superfícies verticais espessura reduzida quando há a aplicação direta do revestimento final sobre a camada impermeável, a espessura total é reduzida DESVANTAGENS aplicação apenas sobre superfícies secas existe a necessidade de total secagem do substrato, pois pode-se formar bolhas com a evaporação da água no interior do substrato, prejudicando sua aderência várias camadas ou demãos aplicar várias demãos exige tempo de cura entre elas, o que pode limitar sua utilização necessidade de regularização e proteção a necessidade destas camadas pode resultar em custo mecânica maior e espessuras maiores exige-se mão-de-obra especializada a mão-de-obra deve estar habituada no emprego desses sistemas, pois se diferem muito em relação às argamassas que são usuais na construção civil Fonte: Adaptado de SOUZA (1997) A utilização desses sistemas é recomendada em grandes áreas, por possuírem grande produtividade de execução. 2.9 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE OS SISTEMAS Neste item objetiva-se ilustrar os principais equipamentos e ferramentas utilizados na aplicação dos sistemas de impermeabilização e posteriormente realizar uma comparação geral entre os sistemas, como pode ser visualizado no Quadro 2.20. 2.9.1 EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS Na Figura 2.17 e na Figura 2.18 podem-se visualizar os principais equipamentos e ferramentas utilizados, mesmo que sejam específicos para algum sistema, como é o caso do maçarico para a aplicação das mantas. 60 Figura 2.17: Ferramentas utilizadas para a aplicação dos sistemas de impermeabilização Fonte: Autor (2010) Figura 2.18: Maçarico – equipamentos indispensáveis para a aplicação de mantas asfálticas Fonte: Autor (2010) 2.9.2 COMPARAÇÃO GERAL ENTRE OS SISTEMAS Com o intuito de agrupar as principais informações apresentadas ao longo deste capitulo, e utilizando como base um quadro de comparação desenvolvido por SOUZA (1997) e critérios elaborados por MELHADO (1996), elaborou-se um quadro comparativo entre os sistemas de impermeabilização caracterizados. Esse quadro pode ser visualizado no Quadro 2.20. 61 Quadro 2.20: Comparação geral entre os sistemas de impermeabilização para edifícios de múltiplos pavimentos Membrana Argamassas Cristalizantes do sistema Membranas Manta asfáltica asfáltica a frio Espessura total Membrana Cimentícios asfáltica a quente idem Poliméricas reduzida em virtude de o pequena por ser aplicada pequena, quando aplicada relativamente grande idem; salvo sistema constituir-se de diretamente na camada diretamente na camada devido a necessidade de as autoprotegidas, porém aplicação, mas relativamente apenas uma camada suporte suporte utilização das camadas de possuem restrições quanto média; em locais não regularização e proteção ao seu uso transitáveis necessitam mecânica dependem do local de apenas da camada de regularização Flexibilidade Facilidade de execução do sistema camada impermeável rígida, camada impermeável rígidas e semi-flexíveis, camada impermeável porém pode-se obter alguma rígida dependendo do teor de flexível flexibilidade com a adição de polímeros em sua polímeros, porém não flexível composição dos materiais idem idem apresenta várias camadas; grande facilidade devido a ser aplicação na forma de idem, salvo quando há a maior dificuldade por se idem e a necessidade de idem, porém é mais apenas uma camada e um pintura dos materiais introdução de armação constituir de várias aquecimento é um fator produtiva; produto conhecido na misturados camadas e quando há a complicador construção civil Disponibilidade idem grande disponibilidade de introdução de armação média disponibilidade idem grande disponibilidade de ambientes com muitos aplicação facilitada devido a forma de pintura recortes dificulta a execução grande disponibilidade grande disponibilidade de menor disponibilidade no hidrofugantes; porém pouca materiais em emulsão; fornecedores e de mercado em comparação disponibilidade de resinas menor disponibilidade de variedades aos outros sistemas materiais em solução Produtividade durante grande, pois necessita de menor número de a execução apenas uma camada do sistema Segurança durante a não oferece riscos reduzida quando se utiliza necessidade da secagem idem; a aplicação é rápida necessidade da secagem do camadas; porém, emulsões pela do suporte; aplicação das desde que não haja excesso suporte; existe a espera da necessita a aplicação de necessidade de espera da demãos do asfalto quente de recortes cura dos materiais entre as várias camadas cura entre as demãos não exige grande espera os asfaltos em solução risco de queimaduras e idem, lembrando a alguns materiais apresentam não oferece riscos, exceto idem idem demãos aplicação da camada em relação à alcalinidade oferecem riscos de incêndio em razão da possibilidade de deterioração risco de incêndio e impermeável dos materiais utilizados intoxicação e incêndio utilização de asfalto quente da manta com maçarico intoxicação idem, também em relação exige especializada, idem em razão da idem, em razão da exige especializada, à aplicação das armaduras especialmente para os utilização de asfalto possibilidade de deterioração principalmente em razão da de-obra altamente asfaltos modificados em aquecido da manta quando se aplicação de armação especializada solução Necessidade de mão-de-obra requer cuidados especiais, idem porém não necessita de mão- Possibilidade aplicação limitação pela somente em suportes com irrestrita, porém a e restrições de emprego deformabilidade do suporte deformabilidade reduzida emprega o maçarico idem, lembrando a perda de irrestrita, porém a espessura espessura total pode ser produtividade em ambientes total pode ser um limitador um limitador com muitos recortes Fonte: Adaptado de SOUZA (1997) idem 62 Portanto, após a definição dos principais conceitos envolvidos nos sistemas de impermeabilização, os principais critérios de classificação e a caracterização, foi desenvolvido o Quadro 2.20 que contém, de forma resumida, as informações de cada sistema em forma de comparação entre eles. Uma vez caracterizados os principais sistemas de impermeabilização empregados em edifícios de múltiplos pavimentos, apresenta-se no capitulo três a proposta do método de seleção do sistema de impermeabilização a ser empregado no empreendimento. 63 3. MÉTODO DE SELEÇÃO DO SISTEMA DE IMPERMEABILIZAÇÃO O objetivo deste capítulo é apresentar uma proposta de seleção de sistemas de impermeabilização para edifícios de múltiplos pavimentos, fazendo-se as considerações necessárias e análises finais. Para o início da elaboração da proposta são apresentadas as considerações iniciais, tratadas como parâmetros complementares, uma vez que as principais características dos sistemas de impermeabilização já foram apresentadas no capítulo anterior. Nos parâmetros complementares são descritos os critérios que auxiliarão a seleção dos sistemas ao longo do fluxograma e as considerações e informações necessárias para o início de sua utilização. Em seguida é apresentado o método de seleção propriamente dito, simplificado na forma de um fluxograma. Por fim, as últimas análises a serem consideradas para a obtenção do método a ser empregado. 3.1 3.1.1 PARÂMETROS COMPLEMENTARES CONSIDERAÇÕES SOBRE A NECESSIDADE DE IMPERMEABILIZAÇÃO Como foi observado no capítulo 1, a necessidade da impermeabilização trás muitos benefícios e evita uma série de patologias durante a fase de utilização do edifício, minimizando a quantidade e custo das manutenções preventivas e reparos. Porém, devem-se discutir quais os ambientes que necessitam desses serviços realmente, para que não haja impermeabilização excessiva, onerando o custo do empreendimento e para que não exista ambientes sem a devida proteção. Portanto, a primeira decisão da seleção do método a ser empregado, consiste na necessidade ou não de impermeabilização. A NBR 9575 (ABNT, 2003) trás em seu contexto que a impermeabilização deve existir em todas a áreas que necessitam de estanqueidade e “o tipo adequado de impermeabilização a ser empregado na construção civil deve ser determinado segundo a solicitação imposta pelo fluido...”. 64 Ou seja, toda área exposta a fluidos, sejam eles advindos de intemperismo ou provenientes de lavagens, utilização e possíveis falhas. Em edifícios de múltiplos pavimentos as principais áreas que necessitam de proteção são: • áreas externas, que sofrem a ação de intempéries e de lavagem, tais como coberturas (que não possuem telhados), marquises, floreiras, lajes de garagem, área periférica do edifício, fachadas e sacadas; • áreas internas molháveis, tais como banheiros, cozinhas, lavabos e áreas de serviço. • Áreas em contato com o solo, como as fundações, muros de arrimo, muros de contenção e outros elementos em contato com o solo. Devido a menores solicitações dos ambientes internos, principalmente os lavabos por exemplo, existem construtoras que optam pelo não emprego de impermeabilização, mas cabe ressaltar que para não utilização da impermeabilização as características dos materiais e do método de execução da lajes (por se tratar de pavimentos-tipo) deve respeitar certo critérios descritos por SOUZA (1997) e apresentados na Tabela 3.1. Tabela 3.1: Critérios para avaliar se o ambiente precisa da utilização da impermeabilização nos pavimentos-tipo Características dos materiais Permeabilidade do concreto Componentes empregados no revestimento de piso Características de execução Acabamento da laje Tratamento de ralos e tubos passantes pela laje Previsão da execução de caimento Caso a execução e as características da laje contemplem os critérios acima, não há a necessidade da impermeabilização, embora a bibliografia recomende. A descrição dos critérios acima foge do escopo deste trabalho, por isso não serão descritos aqui. 65 3.1.2 PARÂMETROS PARA A SELEÇÃO DA IMPERMEABILIZAÇÃO Também podemos observar no Capítulo 1, que devido a grande quantidade de materiais e métodos disponíveis no mercado, a seleção do sistema de impermeabilização se torna complexa e difícil. Várias bibliografias desenvolvem métodos com base em critérios pré-estabelecidos, sistemas de pontuação onde se comparam os métodos, porém ainda se apresentam de forma confusa, ou muitas vezes focada em apenas um ambiente do edifício, como é o caso de PICCHI (1984) que trata sobre a impermeabilização de coberturas de concreto. Porém, a escolha técnica dos sistemas tem como base, segundo PICCHI (1984) uma sequência de três etapas: • Seleção dos sistemas adequados à situação em estudo; • Confronto de custo das alternativas pré-selecionadas • Avaliação de outros fatores, como: rapidez de execução, facilidade de aplicação, grau de especialização exigido da mão-de-obra e segurança. Sendo o objetivo deste trabalho facilitar e estabelecer um roteiro prático para a “seleção dos sistemas adequados à situação em estudo”, sendo a primeira etapa da sequência proposta por PICCHI (1984). Neste trabalho a análise final representa as duas outras etapas apresentas acima. A ABNT escreveu a NBR R9575 (ABNT, 2003) “Projeto de Impermeabilização” e trata sobre a elaboração de projetos de impermeabilização. Essa norma, embora traga uma série de informações pertinentes, não estabelece um roteiro prático com os critérios que devem ser considerados para a seleção dos sistemas de impermeabilização. Portanto, foi necessário o desenvolvimento dos principais critérios com funções eliminatórias, descritos no item 3.2, para o fluxograma e para a análise final, descritos no item 3.3. 3.2 PROPOSTA DE FLUXOGRAMA DE DECISÃO DO TIPO DE IMPERMEABILIZAÇÃO A ADOTAR É importante ressaltar que este trabalho não tem como objetivo esgotar o assunto sobre impermeabilização, ou seja, fornecer um método definitivo de seleção, mas sim auxiliar a seleção por meio de um fluxograma, agilizando e otimizando o processo de seleção. 66 Eventualmente outros critérios poderiam ser utilizados e também alguns desses poderiam ser desconsiderados quando julgar-se não importante para o edifício ou situação em estudo. Para evitar a poluição visual e melhorar o entendimento do fluxograma, os diferentes sistemas de impermeabilização seguem a classificação apresentada no Capítulo 2 e são representados por duas letras, conforme segue: • Sistemas de impermeabilização com Argamassas Impermeáveis: AI • Sistemas de impermeabilização Cristalizantes: CR • Sistemas de impermeabilização Cimentícios: CI • Sistemas de impermeabilização com membrana asfáltica a frio: AF • Sistemas de impermeabilização com membrana asfáltica a quente: AQ • Sistemas de impermeabilização com Mantas asfálticas: MA • Sistemas de impermeabilização com membranas: ME Quando houver a possibilidade de um método mais especifico dentro os apresentados anteriormente, ele será descrito de forma sucinta, como por exemplo, em floreiras, não se pode utilizar qualquer manta asfáltica, apenas aquelas que possuírem em sua composição herbicidas que impedem a penetração das raízes, não prejudicando o sistema. Os critérios utilizados no fluxograma têm como objetivo principal a eliminação de sistemas. Portanto, a cada critério utilizado o número de sistemas vai sendo reduzido até atingir um ponto viável de uma análise final entre eles, lembrando que os sistemas eliminados não constaram no círculo de possibilidades. Os principais critérios são: • A possibilidade de transitar sobre o sistema sem proteção mecânica – Transitável; • A deformabilidade do substrato, se grande, exige-se flexibilidade do sistema e se baixa, exige-se pouca flexibilidade – Flexível; • Tipo de solicitação imposta pelo fluido, podendo ser água de percolação, condensação, capilar e que exerce pressão unilateral ou bilateral – Água; • Se o tipo de impermeabilização altera a composição da água, tornando-se inapta a consumo – Potabilidade; 67 • Característica da vedação vertical, alguns tipos de vedação vertical possuem características especificadas, que podem exercer emprego de métodos diferentes, como por exemplo, a vedação efetuada com painéis de gesso acartonado impede a utilização de sistemas de impermeabilização a quente, pois podem causar dano a esses elementos – Vedação Vertical; • O tipo de revestimento aplicado sobre o sistema interfere na escolha, pois dependendo do tipo de revestimento, este exige uma proteção mecânica (pois sua execução pode causar danos à camada impermeável), como pedras assentadas com argamassa plástica, inviabilizando os sistemas que não necessitam de camada de proteção e a utilização de sistemas com desempenhos comprovados, pois certos revestimentos possuem grande custo de aquisição - Revestimento; • O ambiente onde será executada a impermeabilização pode possuir grande número de interferências e dimensões e formatos complexos (com muitos recortes) o que, geralmente, gera perda de produtividade, principalmente aos pré-fabricados por resultarem em grande número de recortes e perda de material – Complexidade; • A produtividade do sistema de impermeabilização em alguns casos deve ser levada em consideração quando a obra exige curto prazo de execução, nesses casos opta-se por sistemas com menor número de camadas e menor tempo de cura de cada aplicação – Produtividade; • Existem alguns canteiros de obras que possuem sérias restrições do uso de seu local (espaço físico e equipamentos para aquecimento) ou a existência de locais com pouca ou nenhuma ventilação. Nestes casos é substancialmente recomendado sistemas a frio e que não possuam base solvente (grande toxidade em locais sem ventilação) – Método de execução; • Em alguns locais, principalmente no interior do edifício, existe um controle maior da espessura total do sistema de impermeabilização, o que está diretamente relacionado ao número de camadas do sistema; portanto, devese observar a máxima espessura e os sistemas que não atingem essa espessura – Espessura; • Existem sistemas que exigem a total cura do substrato onde serão aplicados, pois caso sejam sem a cura total, pode ocasionar o aparecimento de bolhas e a perda de aderência da camada impermeável e a falha do sistema. Em 68 obras que possuem curto prazo de execução, este é um critério a ser observado – Cura; • Na obra podem existir ambientes em que o risco de incêndio é muito alto, delimitando-se os sistemas a serem empregados, tais como os aquecidos e os que possuem em sua composição materiais voláteis (geralmente a base de solvente) que são inflamáveis – Segurança. Para maior agilidade e facilidade de entendimento, separou um edifício genérico em vários ambientes e em seguida, cada critério foi inserido em uma linha ou camada, eliminando a cada etapa os sistemas que não são aptos a tais exigências e assim sucessivamente até se obter poucas possibilidades de emprego, que passa posteriormente para a análise final. O Fluxograma para seleção do Sistema de Impermeabilização apresentado na Figura 3.1 não irá fornecer um único método definitivo para o ambiente em estudo, mas sim possibilidades que, em seguida, deverão ser analisados conforme o item 3.3. Após a análise final, apenas um método será contemplado para o emprego. 69 Figura 3.1: Fluxograma para Seleção do Sistema de Impermeabilização Fonte: Autor (2010) 70 3.3 ANÁLISE FINAL Após a seleção dos sistemas de impermeabilização determinados pelo fluxograma, parte-se para a etapa final da seleção. A etapa final consiste em uma última análise dos sistemas escolhidos em relação a critérios não determinados pela sua execução ou características de utilização. Parte-se então, para critérios como custo, disponibilidade do material (ou método), disponibilidade de mão-de-obra especializada, durabilidade do sistema e garantia fornecida pelo fabricante. Portanto, tratam-se dos critérios finais da seleção do sistema de impermeabilização a ser adotado. a) Necessidade de mão-de-obra especializada Primeiramente deve-se pesquisar no mercado local do empreendimento a disponibilidade de mão-de-obra especializada exigida por alguns sistemas de impermeabilização. Caso não exista no local, este item compõe-se como eliminatório. Observa-se como vantagem utilizar sistemas de impermeabilização que não requerem mão-de-obra especializada, pois isso pode representar atrasos no cronograma da obra por estar propensa a disponibilidade dessa mão-de-obra e maiores especificações e preparações durante a execução. Portanto, nesta linha de raciocínio, a utilização de sistemas que possam ser executados pela mão-de-obra da própria obra, constitui-se como vantagem. Lembrando que neste trabalho, entende-se como mão-de-obra especializada toda mão-de-obra que possui um curso técnico e/ou teórico de aplicação de sistemas de impermeabilização oferecido por uma empresa fabricante de materiais impermeabilizantes ou credenciada para sua aplicação pelos fabricantes. b) Garantia fornecida pelo fabricante Deve-se optar pelos produtos de fabricantes que possuem a maior garantia, porém, na maioria dos casos a garantia fornecida pelos fabricantes está condicionada à necessidade de contratação de empresas aplicadora credenciadas pelo fabricante, o que volta a ser destacado no item a). 71 c) Durabilidade esperada do sistema Este item, na prática, é de difícil determinação, mas pode-se basear em experiência de profissionais da área ou em portfólios de obras realizadas pela empresa fabricante dos produtos. d) Disponibilidade do material Quanto maior a disponibilidade de fornecedores de materiais para a impermeabilização, maior a possibilidade de se obter custos menores. Porém a não disponibilidade do material no mercado local, pode gerar a eliminação desse sistema, pois a busca do material em outras regiões acaba onerando o custo. e) Custo Dentre o mercado atual, este item caracteriza-se como o mais importante. Mas deve-se tomar cuidado para não empregar produtos de fabricantes desconhecidos e que não forneçam garantia, que geralmente, possuem menor custo de aquisição. Uma consideração importante sobre este item é que não deve-se considerar apenas o custo da camada impermeável, mas sim de todo o sistema. Pois alguns produtos aplicados na camada impermeável possuem alto custo de aquisição, porém não necessitam de camada de regularização e proteção mecânica, outros a camada impermeável possuem baixo custo de aquisição, porém necessitam de camada de regularização, de separação e proteção mecânica. Portanto, devem-se levar em consideração neste item, os critérios apresentados nos itens anteriores aliados ao custo da execução de todo o sistema impermeável, não só da camada impermeável. Por fim, após estes critérios finais, chega-se a conclusão de um único sistema de impermeabilização, que após tantas análises, estará apto as exigências do ambiente que será empregado. Após a apresentação da proposta de seleção de sistemas de impermeabilização para edifícios de múltiplos pavimentos, parte-se para as considerações finais no Capítulo 4. 72 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo deste trabalho procurou-se evidenciar a necessidade e a importância da impermeabilização dos ambientes nos edifícios de múltiplos pavimentos, objetivando maior durabilidade e longevidade. Também ao longo do trabalho, procurou-se tornar clara que a uma seleção correta do sistema de impermeabilização a ser empregado no início da concepção do empreendimento, ou seja, na fase de projetos, reflete em maiores níveis de racionalização e produtividade na fase de execução e menores índices de patologias ao longo do uso do edifício, minimizando gastos com manutenções preventivas e efetivas. Devido à grande quantidade de métodos de impermeabilização aliado a falta de bibliografia referente ao tema, que muitas vezes possui qualidade discutível, e exigência de maiores índices de qualidade dos produtos no mercado, a seleção do correto método a empregar se tornou, claramente, complexa. Portanto, objetivou-se neste trabalho a elaboração de um método de seleção de impermeabilização que auxiliará a escolha do método a ser empregado, com o intuito de satisfazer as considerações citadas acima. Assim, considera-se que a proposta de seleção de impermeabilização apresentada passa a ser útil na medida em que, selecionado um método a ser empregado, após ter considerado todas as características do ambiente e do sistema, visa-se minimizar ou solucionar as dificuldades e limitações supracitadas. Observando as informações desenvolvidas ao longo do capitulo 1 – em que demonstra a importância da impermeabilização na durabilidade e bom uso dos edifícios e os benefícios que esta trás – juntamente com a proposta apresentada no Capítulo 3, que engloba os aspectos tecnológicos e teóricos apresentados no Capítulo 2 e início do Capítulo 3, pode-se concluir que o fluxograma elaborado é valido e aplicável, tornando a seleção do método de impermeabilização mais fácil e ágil. Por fim, ressalto que existe a necessidade de mais iniciativas a serem tomadas com o objetivo de aprofundar os conhecimentos na impermeabilização de edifícios de múltiplos pavimentos. tecnologia dos sistemas de 73 5. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS Impermeabilização. Rio de Janeiro, 2008. REFERÊNCIAS TÉCNICAS. NBR-9574: Execução de ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-9575: Impermeabilização: seleção e projeto. Rio de Janeiro, 2003. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-9575: Segurança na fabricação de tintas - Procedimento. Rio de Janeiro, 1986. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-9685: Emulsões asfálticas para impermeabilização. Rio de Janeiro, 2005. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-9910: Asfaltos modificados para impermeabilização sem adição de polímeros – característica de desempenho. Rio de Janeiro, 2002. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-12170: Potabilidade da água aplicável em sistema de impermeabilização – Método de ensaio. Rio de Janeiro, 2009. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-15575: habitacionais de até 5 pavimentos – Desempenho. Rio de Janeiro, 2008. Edificações BUILDING RESEARCH ESTABLISHMENT. 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Acesso em: 19 abr. 2010. 74 IBI – Instituto Brasileiro de Impermeabilização. (a) Preparação das superfícies para impermeabilização. In: DIRETRIZES básicas de aplicação de sistemas de impermeabilizantes. São Paulo, 1995. ______. (b) Aplicação de mantas asfálticas para impermeabilização. In:______. São Paulo: IBI, 1995. ______. (c) Aplicação de mantas elastoméricas para impermeabilização. In:______. São Paulo: IBI, 1995. ______. (d) Aplicação de membranas para impermeabilização. In:______. São Paulo: IBI, 1995. ______. (e) Aplicação de argamassas cristalizantes. In:______. São Paulo: IBI, 1995. ______. (f) Aplicação de argamassas com hidrófugos. In:______. São Paulo: IBI, 1995. ______. (g) Proteção mecânica para impermeabilização. In:______. São Paulo: IBI, 1995. KOROLEV, V. M.; ASHIKHMEN, V. A.; ARGAL, É. S. From Experience with Waterproofing of Basement Rooms of Buildings and Structures in Moscow. In: Soil Mechanics and Foundation Engineering. Journal Article. 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Parâmetros para seleção e projeto de impermeabilização de pisos do pavimento tipo de edifícios. ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO - ENEGEP, 17., Anais...(CDROM). Gramado, 1997. 76 6. ANEXO – NORMAS DA ABNT SOBRE IMPERMEABILIZAÇÃO NÚMERO TÍTULO DATA NBR 5698 Véu de fibra de vidro reforçado – determinação da espessura 1983 NBR 5699 Véu de fibra de vidro tipo reforçado – determinação da massa 1983 NBR 6565 Elastômero vulcanizado – determinação do envelhecimento acelerado 1982 em estuda NBR 7462 Elastômero vulcanizado – determinação da resistência a tração 1992 NBR 8360 Elastômero vulcanizado – envelhecimento acelerado em câmara de 1984 ozônio – ensaio estático NBR 8521 Emulsões asfálticas com fibras de amianto para impermeabilização 1984 NBR 9227 Véu de fibras de vidro para impermeabilização 1986 NBR 9228 Feltros asfálticos para impermeabilização 1986 NBR 9229 Mantas de butil para impermeabilização 1986 NBR 9396 Membrana elastomérica de policloropreno e polietileno 2007 clorossulfonado em solução para impermeabilização NBR 9574 Execução de impermeabilização 2008 NBR 9575 Impermeabilização – Seleção e projeto 2010 NBR 9617 Lonas de polietileno de baixa densidade para impermeabilização de 1986 canais de irrigação – Especificação NBR 9685 Emulsões asfálticas para impermeabilização 2005 NBR 9686 Solução asfáltica empregada como material de imprimação na 2006 impermeabilização NBR 9690 Mantas de polímeros para impermeabilização 2007 77 NBR 9910 Asfaltos modificados para impermeabilização sem adição de 2002 polímeros – característica de desempenho NBR 9952 Manta asfáltica para impermeabilização NBR 11797 Mantas de 2007 etileno-propileno-dieno-monômero para 1992 cimento 1995 impermeabilização NBR 11905 Sistema de impermeabilização composto por impermeabilizante e polímeros NBR 12170 Potabilidade da água aplicável em sistema de 2009 impermeabilização 1992 impermeabilização – Método de ensaio NBR 12171 Aderência aplicável sem sistema de composto por cimento e polímeros NBR13121 Asfalto elastomérico para impermeabilização 2009 NBR 13176 Polímeros – determinação do índice de acidez de dispersão 1994 NBR 13321 Membrana acrílica para impermeabilização 2008 NBR 15352 Mantas termoplásticas de polietileno de alta densidade (PEAD) 2006 e de polietileno linear (PEBDL) para impermeabilização NBR 15375 Bocal de etileno-propileno-dieno monômetro (EPDM) para 2007 impermeabilização de descida de águas NBR 15414 Membrana de poliuretano com asfalto para impermeabilização 2006 NBR 15460 Membrana elastomérica de isobutileno isopreno em solução 2007 para impermeabilização NBR 15487 Membrana de poliuretano para impermeabilização 2007 NBR 15885 Membrana de polímero acrílico com ou sem caimento, para 2010 impermeabilização