GANHOS POTENCIAS NA UTILIZAÇÃO DA ARGAMASSA INDUSTRIALIZADA REGATTIERI, Carlos Eduardo (1); SILVA, Luciano Luis Ribeiro da (2) (1) MSc. Eng. Civil. Associação Brasileira de Cimento Portland. Av. Torres de Oliveira, 76 São Paulo, SP. CEP 05347-902. e-mail: [email protected] (2) MSc. Eng. Civil. e-mail: [email protected] RESUMO Este trabalho discute os ganhos de eficiência que podem ser obtidos na utilização da argamassa industrializada comparada à argamassa preparada em canteiro de obras. Apresentam-se, inicialmente, os conceitos relativos ao preparo da argamassa no canteiro para, em seguida, analisar os diferentes processos que compõem a utilização da argamassa, desde o recebimento do material até a aplicação da mesma. São identificados os ganhos potencias de eficiência da argamassa industrializada referentes à demanda de mão-de-obra, ao prazo de execução dos serviços e ao consumo de materiais. Também são analisados dados, obtidos de pesquisas, que abordam a eficiência na execução de serviços de Construção Civil com a utilização de argamassa industrializada. ABSTRACT This paper discusses improvements efficiency with the industrial mortar. After a conceptual approach, it describes the process concerned, from receiving until the mortar application, surveying the improvements. Also are analyzed labor productivity data based on researches. 1 INTRODUÇÃO As argamassas, conforme exposto por Sabbatini & Baía (2000), apesar de serem muito utilizadas, são ainda caracterizadas por considerável incidência de problemas patológicos, desperdícios de materiais, mão-de-obra e tempo e elevados custos de produção. Com o objetivo de reverter esse quadro, o setor da Construção Civil vem investindo no aprimoramento de seus processos com a adoção de novas tecnologias e novos materiais. Como exemplo desse aprimoramento, cita-se o uso da argamassa industrializada. De acordo com Massetto et al (1998), a procura pelas argamassas industrializadas, por parte das empresas construtoras, tem sido crescente. As indústrias de argamassa também têm investido na busca de melhores produtos como, por exemplo, o fornecimento de argamassas específicas para cada tipo de uso. Porém, muitas empresas construtoras, ao discutirem a adoção da argamassa industrializada, realizam análises simplificadas não avaliando possíveis ganhos de eficiência em diversos processos, que compreendem desde o recebimento dos materiais até a aplicação da argamassa. Essa carência nas análises pode ser justificada pela falta de informações quanto aos ganhos de eficiência que podem ser obtidos em cada um desses processos. 2 OBJETIVO DO TRABALHO O objetivo deste trabalho é realizar uma análise nos diversos processos que compõem a utilização da argamassa, identificando ganhos potencias de eficiência na adoção da argamassa industrializada em relação à argamassa preparada no canteiro de obras. 3 ENTENDIMENTO SOBRE O PREPARO DA ARGAMASSA Segundo a norma NBR 13529 (ABNT, 1995), argamassa é a mistura homogênea de agregado miúdo, aglomerante inorgânico e água, com aditivos ou não, e com propriedades de aderência e endurecimento. Ë importante notar que já na definição a homogeneidade é considerado um ponto crítico. Para essa mesma norma, as argamassas preparadas em obra são aquelas em que a medição e a mistura dos materiais ocorrem no próprio canteiro de obras. Seus materiais são medidos em volume ou massa; e podem ser compostas por um ou mais aglomerantes (simples ou mistas). Em se utilizando a cal, no preparo da argamassa em obra, é necessário aguardar o seu tempo de maturação, para sua perfeita hidratação. Segundo a norma NBR 7200 (ABNT, 1998), esse tempo é de 16 horas. Para que isso ocorra, procede-se a mistura prévia da cal hidratada em pó com areia e água (argamassa intermediária), ou a mistura prévia de cal hidratada com a água (pasta de cal). Essas misturas são deixadas em repouso até o momento da mistura da argamassa final, realizada somente após o tempo de maturação da cal. Na Figura 1 é mostrado um fluxograma simplificado dos processos envolvidos no uso da argamassa mista preparada em obra. Legenda: transporte Recebimento da areia Recebimento da cal Areia 1 operação Medição e mistura da argamassa intermediária armazenagem inspeção Cal Argamassa intermediária Aplicação da argamassa Recebimento do cimento Cimento Medição e mistura da argamassa Figura 1 - Fluxograma dos processos para argamassa mista preparada em obra As argamassas industrializas, de acordo com a norma NBR 13529 (ABNT, 1995), são aquelas provenientes da dosagem controlada, em instalações próprias (indústrias), de aglomerante(s), agregado(s), e, eventualmente, aditivos(s), em estado seco e homogêneo, compondo uma mistura seca à qual o usuário somente adiciona a quantidade de água requerida para proceder a mistura. Na Figura 2 é mostrado um fluxograma simplificado dos processos envolvidos no uso da argamassa industrializada no canteiro de obras. Recebimento da argamassa industrializada em sacos preparo da argamassa Aplicação da argamassa Figura 2 - Fluxograma dos processos para argamassa industrializada em sacos Comparando-se as figuras 1 e 2, nota-se que a argamassa preparada em canteiro envolve um número bem maior de processos, portanto requer maior demanda de transporte, maior necessidade de áreas de armazenagem, maior quantidade de controles e, conseqüentemente, maior utilização de mão-de-obra. Somando-se a complexidade da gestão, fica evidente que a opção por produção em canteiro não é compatível com os conceitos de racionalização. 4 ANÁLISE DOS PROCESSOS ENVOLVIDOS NO USO DA ARGAMASSA DENTRO DO CANTEIRO DE OBRAS Nesse capítulo serão apresentados alguns dos potencias ganhos de eficiência da argamassa industrializada em relação à argamassa preparada em obra. Para isso, serão analisados os diversos processos envolvidos no uso da argamassa no canteiro, desde o recebimento dos materiais até a aplicação. De maneira geral, pode-se incluir os seguintes processos: • recebimento e descarregamento dos materiais; • controle de recebimento e qualidade dos materiais; • armazenamento dos materiais; • escolha do local de mistura da argamassa; • peneiramento da areia; • medição dos materiais; • mistura da argamassa; • transporte dos materiais. 4.1 Recebimento e Descarregamento dos Materiais A forma de descarregamento dos materiais, utilizados na produção de argamassa, está ligada à forma de recebimento deles. Os materiais entregues em sacos (cimento, cal e argamassa industrializada) são descarregados manualmente ou, se forem entregues em paletes, com o uso de carro porta-palete, empilhadeira ou grua. Os materiais entregues a granel são descarregados, geralmente, pelo próprio veículo de entrega. A areia é recebida a granel em caminhão basculante. A necessidade do descarregamento da areia fora de seu local de armazenamento pode ser muito onerosa, uma vez que pode demandar grande quantidade de mão-de-obra, alem de uma logística complicada. A argamassa industrializada também pode ser entregue acondicionada em silo, ou a granel. O descarregamento de silos é feito pelo próprio caminhão de seu transporte e o abastecimento dos silo se dá através de mangueiras ligando o caminhão graneleiro ao silo (Figura 3). A argamassa industrializada, por permitir um descarregamento mais mecanizado, utiliza menor quantidade de mão-de-obra e induz a menores perdas de materiais. Figura 3 – Abastecimento de silo de argamassa industrializada no canteiro através de mangueiras ligadas ao caminhão 4.2 Controle de Recebimento e Qualidade dos Materiais Para Jobim et al. (1999), um dos problemas causadores de ineficiências da execução dos serviços que utilizam a argamassa é a falta de qualidade e grande variabilidade dos materiais, que podem ocasionar patologias, perdas de materiais, retrabalho e etc. . Assim, justifica-se a realização de um controle de recebimento em prol da garantia da qualidade dos materiais que irão constituir a argamassa, e da certeza de que o material recebido está de acordo com a especificação e com a quantidade solicitada. É importante ressaltar que para argamassas produzidas em canteiro é imprescindível um estudo prévio de dosagem visando determinar tanto o proporcionamento propriamente dito quanto as especificações das matérias primas. Ao final do trabalho estas informações devem ser divulgadas amplamente para todos os envolvidos, especialmente os setores de produção e suprimento. Conforme Souza & Tamaki (2001), no controle de recebimento dos materiais podem ser realizados três tipos de verificações: quantitativa, visual e por ensaios. As verificações quantitativas e visuais devem ser realizadas no momento do recebimento do material no canteiro. Os ensaios, por sua maior complexidade, são geralmente realizados por laboratórios especializados, os quais devem estar devidamente capacitados para tal. Sempre que possível, deve-se optar por laboratórios pertencentes à rede credenciada pelo INMETRO ou sócios da ABRATEC (Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Construção Civil ). Na Tabela 1, apresentam-se algumas das possíveis verificações realizadas no recebimento dos materiais nos canteiros de obras. Além dessas, deve-se verificar também se as informações relativas ao material e sua fabricação estão impressas nas embalagens ou descritas nos registros que os acompanham e se o material possui o selo de conformidade, como o da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), por exemplo. Tabela 1 - Controles de recebimento de materiais Material Forma de recebimento Areia a granel Verificação quantitativa • cubicagem da caçamba do caminhão Verificação visual • coloração • granulometria • impurezas Cal em sacos • contagem dos sacos • existência de sacos rasgados, furados e molhados Cimento em sacos • contagem dos sacos • existência de sacos rasgados, furados, molhados ou com empedramento; Argamassa industrializada em sacos • contagem dos sacos • existência de sacos rasgados, furados, molhados ou com empedramento; Argamassa industrializada em silo • pesagem do veículo antes e depois da descarga FONTE: adaptado de SOUZA; TAMAKI (2001) Nota-se que, em função do uso de diferentes materiais, a argamassa preparada em obra necessita de um número maior de controles comparado à argamassa industrializada. Este custo muitas vezes é negligenciado quando do planejamento dos empreendimentos. Outra desvantagem da argamassa preparada em obra é a dificuldade em controlar a qualidade da areia, que apresenta diversos problemas difíceis de serem detectados, como a presença de impurezas (JOBIM et al. 1999). 4.3 Armazenamento dos Materiais O correto armazenamento dos materiais evita uma série de problemas, como perdas na qualidade, perdas quantitativas, problemas quanto ao fluxo nos canteiros de obras e problemas de segurança dos operários, para citar apenas alguns. As recomendações mais importantes para o armazenamento dizem respeito à segurança dos operários e demais pessoas, descritas pela NR 18 (FUNDACENTRO, 1996). Além dessas recomendações, Souza et al. (1997), Maciel et al.(1998) e a norma NBR 7200 (ABNT,1998) recomendam que: a) a areia deve ser armazenada: • em compartimentos identificados pela natureza e classificação granulométrica, em espaço confinado em três lados, com fundo inclinado e drenado; • em local a que o caminhão basculante possa ter acesso direto. b) os materiais ensacados (cimento, cal e argamassa industrializada) devem ser armazenados: • em local fechado, protegido da umidade, sobre estrado ou assoalho de madeira, e não ter contato com a parede; • de forma que se permita a retirada dos materiais segundo a ordem de compra, para que sejam utilizados dentro do prazo de validade. c) a argamassa intermediária deve ser armazenada próximo ao local de mistura da argamassa mista (definitiva). A argamassa preparada em obra, por necessitar de materiais em sacos e de areia “solta”, necessita maiores cuidados quanto ao armazenamento dos materiais. Outra desvantagem dessa forma de preparo é o armazenamento da argamassa intermediária. Em relação à demanda de áreas para armazenamento de materiais, na Tabela 2 apresentam-se alguns exemplos de áreas necessárias em função da quantidade de materiais, indicadas por SOUZA (2000). Tabela 2 - Áreas necessárias para armazenamento de determinadas quantidades de materiais Material Quantidade Característica do estoque Área necessária (m2) Cimento 200 sacos pilhas com 10 sacos 8,4 Cal 200 sacos pilhas com 15 sacos 4,8 Argamassa industrializada 200 sacos pilhas com 10 sacos 8,4 3 Areia 10 m altura média 0,8 m 12,5 Argamassa intermediária 1 m3 altura média 0,3 m 3,4 FONTE: adaptado de SOUZA (2000) Os estoques de argamassa industrializada são mais flexíveis, ou seja, podem ser remanejados no canteiro de obra com maiores facilidades que os estoques de materiais da argamassa preparada em obra, além de poderem ser distribuídos nos locais de aplicação (andares). Outra vantagem da argamassa industrializa é a possibilidade de seu armazenamento em silo, requerendo uma pequena área no canteiro, em que cerca de 9 m2 pode armazenar até 30 toneladas de material. Na Figura 4 mostra-se um silo instalado em canteiro. Figura 4 – Silo com argamassa industrializada 4.4 Local de Preparo da Argamassa O local de mistura da argamassa influi no fluxo de materiais e pessoas, ritmo de produção, em diferentes níveis de controle da qualidade da argamassa e em perdas quantitativas de materiais. A mistura da argamassa pode ser de duas formas, ou seja, em local único no canteiro de obras (central de preparo) ou em locais variáveis. Neste caso, ocorre nos pavimentos de execução do serviço. Para as argamassas preparadas em obra, a mistura em locais variáveis apresenta alguns problemas, tais como dificuldade no controle de qualidade da argamassa e perdas na medição e transporte dos materiais. No caso da argamassa industrializada, o preparo em locais variáveis é favorecida, permitindo menores solicitações de transporte e mão-de-obra e otimização dos sistemas de transporte vertical, com utilização fora dos horários de pico. 4.5 Medição dos Materiais Uma das maiores vantagens da argamassa industrializada é não precisar da medição dos materiais, exceto da água. Para a argamassa preparada em obra, se faz necessária a medição de todos os materiais constituintes para dosagem da mesma. Os equipamentos recomendados para a medição dos aglomerantes e dos agregados são as padiolas e os carrinhos-padiola (Figura 5). A medição da quantidade de água pode ser feita com o auxilio de baldes, latas ou dosadores ou, para alguns tipos de misturadores, a dosagem de água pode ser automática. Para medição manual, o recipiente deve ser graduado ou ter uma marca visível, evitando variações da quantidade de água. Embora em alguns casos se recomende incorporar aditivos na argamassa preparada em canteiro, o seu uso é comprometido em função da dificuldade de sua dosagem, uma vez que precisa de quantidades mínimas, difíceis de serem medidas no canteiro de obras. A isto soma-se o fato de que muitas vezes o equipamento utilizado não é adequado. a b Figura 5 – Equipamentos de medição dos materiais: a) padiola; b) carrinho-padiola. 4.6 Mistura da Argamassa As misturas, de acordo com a norma NBR 7200 (ABNT, 1998), devem ser feitas por processos mecanizados ou, em casos excepcionais, por processo manual. A mistura manual não é aconselhável, pois não é garantida a correta homogeneização da argamassa, o que compromete as suas propriedades. Muitos são os equipamentos atualmente disponíveis para o preparo mecânico da argamassa. Tais equipamentos podem ser classificados de acordo com o sistema de mistura, com o tipo do eixo e com o regime de produção. Na Tabela 3, apresenta-se essa classificação. Tabela 3 -Tipos de misturadores de argamassa Critérios de classificação Tipos de misturadores Tipo de mistura • por queda livre ou gravitacional • forçada • horizontal • vertical • inclinado • planetário • intermitente (por batelada) • contínuo Tipo de eixo Regime de produção Os misturadores de queda livre (ou gravitacionais), também conhecidos por betoneiras, não são indicados para a mistura da argamassa, pois não garantem a perfeita homogeneidade da mistura. Apesar disso, nota-se que eles são muito usados para a mistura de argamassa de revestimento. O ideal é que o preparo da argamassa seja feito com equipamento específico e melhor adaptado para a produção de argamassa, denominado argamassadeira. Os fabricantes de argamassadeiras indicam seu uso preferencialmente para as argamassas industrializadas. A falta de equipamentos específicos para a mistura da argamassa preparada em obra é uma desvantagem para esta forma de produção. Na Figura 6, apresentam-se alguns equipamentos utilizados na mistura de argamassa. a b c Figura 6 – Equipamentos de mistura: a) betoneira; b) argamassadeira intermitente de eixo horizontal; c) argamassadeira contínua de eixo horizontal. Observando-se a Figura 6 pode-se constatar que as dimensões das argamassadeiras permitem seu deslocamento na obra com facilidade. A maioria deles é dotada de rodas, sendo possível sua movimentação com apenas um profissional. 4.7 Transporte dos Materiais O sistema de transporte é um dos principais responsáveis por utilizações excedentes de mão-de-obra e por perdas de materiais (SANTOS, 1995). A necessidade de transporte dos materiais ou da argamassa está relacionada: a) com a forma de preparo da argamassa e com os materiais utilizados; b) com o arranjo físico do canteiro de obras, pois maiores distâncias entre as áreas de armazenamento, mistura e aplicação determinam maior necessidade de transporte; c) local de mistura da argamassa, pois determina se há a necessidade do transporte dos materiais constituintes ou da argamassa já misturada. Segundo Lichtenstein (1987), o transporte de materiais pode ser com decomposição ou sem decomposição do movimento. O transporte de materiais com decomposição de movimento ocorre quando são utilizados equipamentos diferentes para o movimento horizontal e vertical, enquanto o transporte sem decomposição ocorre quando se utiliza apenas um equipamento para os dois movimentos. Na Tabela 4, apresentam-se os principais equipamentos utilizados nos transportes de materiais para o preparo de argamassa, de acordo com esse autor. Tabela 4 - Equipamentos utilizados nos transportes de materiais para a execução de revestimento de argamassa Materiais areia materiais em sacos Transporte horizontal Transporte Transporte sem decomposição vertical • jerica • guincho manual (1) • carrinho-de-mão • guincho de coluna • carrinho-padiola • elevador de obra • padiola • jericas • guincho manual (1) • carrinhos-de-mão • guincho de coluna • elevador de obra • • grua • grua elevador de obra • grua material em sacos entregues em paletes • carro porta-palete • empilhadeira argamassa fresca • jericas • guincho manual (1) • grua • carrinho para transporte de masseiras • guincho de coluna • • elevador de obra bomba (de via úmida) carrinho-de-mão • por gravidade, através de dutos • bomba (de via seca) • argamassa industrializada a granel (silo) FONTE: adaptado de LICHTENSTEIN (1987) NOTA: (1) O guincho manual só é indicado para pequenas alturas e pequenas quantidades de materiais. Para o transporte vertical o ganho da argamassa industrializada é significativo. Conforme pode-se observar na Figura 7, para argamassas preparadas em obra o limite fica por conta da dimensão do equipamento usado. Em se tratando de giricas, cujo volume máximo é de 250 litros cada, o total transportado por ciclo é de 500 kg de argamassa, que representa 425 kg de pó. No sistema industrializado, com produção no andar, a quantidade é por conta do limite do equipamento, normalmente 750 kg de pó (15 sacos). O ganho é de 76%. Figura 7 – Transporte vertical de argamassa De acordo com Lichtenstein (1987), é importante a criação de um sistema de transporte vertical independente para os materiais constituintes da argamassa, afim de desafogar o equipamento principal de transporte (elevador de obra ou grua) e evitar deslocamentos e interferências inúteis. Esse sistema independente pode ser realizado com o uso de guinchos manuais, guinchos de coluna, por gravidade ou por bombeamento. No entanto, esta solução normalmente não é adotada em função dos custo adicional deste sistema independente. Na Figura 8, ilustram-se o guincho de coluna e o elevador de obra e, na Figura 9, o transporte de argamassa por gravidade através de dutos. a b Figura 8 - Equipamentos de transporte vertical: a) guincho de coluna; b) elevador de obra b c a Figura 9 -Transporte de argamassa por gravidade através de dutos: a) duto de ligação do local de mistura na cobertura ao balancim; b) funil por onde a argamassa é inserida no duto com o uso de pás, c) duto sobre o balancim A grua é pouco utilizada no transporte de materiais para o preparo da argamassa, embora venha sendo utilizada para o transporte de argamassa industrializada em sacos. Na Figura 10, mostra-se o uso de grua para o transporte de argamassa industrializada em sacos. a b c Figura 10 - Transporte de argamassa industrializada em sacos com grua: a) garfo para o içamento de paletes com sacos; b) transporte por grua de sacos de argamassa protegidos com lona plástica para evitar quedas; c) plataforma para o descarregamento de argamassa no pavimento Em relação ao bombeamento de argamassa, atualmente existem dois sistemas: um para a argamassa industrializada armazenada em silo (por via seca) e outro para a argamassa fresca (por via úmida). O bombeamento por via seca significa que apenas a mistura seca do material é bombeada. Esse sistema é composto por um silo com compressor acoplado, um misturador e mangueiras (Figura 11). A argamassa é bombeada, através de uma mangueira, do silo até o misturador, com a injeção de ar comprimido. O controle do fluxo do bombeamento é feito automaticamente, conforme a saída de argamassa no misturador, onde se adiciona água à argamassa seca. a b Figura.11 - Equipamentos de bombeamento da argamassa industrializada por via seca a) compressor de ar acoplado ao silo; b) misturador automático com filtro de ar na parte superior O bombeamento por via úmida consiste na movimentação da argamassa fresca. O sistema é formado por uma bomba e um conjunto de mangueiras. A argamassa fresca é depositada em uma câmara do equipamento de bombeamento (Figura 12) e, através de uma mangueira, é transportada até o local de uso. Figura 12 -Bomba de via úmida para argamassa Por permitir o uso de sistemas de transportes mais mecanizados, como o bombeamento por via seca e o uso de grua, a argamassa industrializada apresenta menores demandas de mão-de-obra e menores perdas de materiais em relação à argamassa preparada em canteiro. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS As análises realizadas neste trabalho apontam que a argamassa industrializada possui grande potencial de ganhos de eficiência, seja quanto à demanda de mão-de-obra, à redução de prazos e à minimização de perdas de materiais, sendo a solução natural para a racionalização deste sub sistema, contribuindo para o aumento da competitividade da Construção Civil. Esses ganhos podem ser comprovados com o estudo de Souza (2001), também apresentado pelo TCPO 13 (PINI, 2002), que aponta uma redução no uso de ajudantes na execução de revestimentos com argamassa industrializada, ou seja, as obras que utilizaram essa argamassa apresentaram as menores demandas da relação de ajudantes por pedreiro. Souza (2001) também indica que os melhores valores de produtividades globais da execução de revestimento interno de paredes foram obtidos em obras que utilizaram argamassa industrializada. Melhores valores de produtividade implicam em menores prazos de execução de serviços, menores custos de mão-de-obra e menores custos indiretos como, por exemplo, os custos de mobilização de canteiro. Também fica evidente que a argamassa industrializada juntamente com sistemas independentes de transporte, reduz o número de interferências com outros serviços, favorecendo a melhoria da produtividade e redução de prazos de serviços. Finalmente, é importante destacar que somente adotando-se soluções que levem à racionalização das diversas atividades 6 BIBLIOGRAFIA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7200. Execução de revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas: procedimentos. Rio de Janeiro, 1998. ______NBR 13529. Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas: terminologia. Rio de Janeiro, 1995. JOBIM, M. S. S. FORMOSO, C. T. ABITANTE, A. L. R. Qualidade dos materiais e componentes na Construção Civil do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: SEBRAERS, 1999. LICHTENSTEIN, N. B. Formulação de modelo para o dimensionamento do sistema de transporte em canteiro de obras de edifícios de múltiplos andares. 1987. 268p. Tese (Doutorado) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo. MACIEL, L. L.; BARROS, M.M.S.B.; SABBATINI,F.H. Recomendações para a execução de revestimentos de argamassa para paredes de vedação internas e exteriores e tetos. São Paulo: PCC/EPUSP, 1998. 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