III Conferência Inova-Ria SMART.RURIS Tecnologias TICE para o Sistema Agrário (Águeda, 30 de outubro de 2015) Senhores autarcas, professores, representantes de universidades, clusters, associações e participantes. Em nome da CCDRC agradecemos o convite e é uma honra encerrar a III Conferência SMART.RURIS –TICE para o Sistema Agrário. A Região de Aveiro tem sido percursora na investigação e desenvolvimento e na criação de competências em torno do setor das tecnologias de informação e comunicação (TIC), quer através de entidades do sistema científico (universidades, politécnicos, PT), da localização de empresas multinacionais (Bosch, Nokia, …) e das autarquias locais e suas associações. Foi nos anos 90, do século passado, que o então Centro de Estudos de Telecomunicações (CET), da Telecom Portugal, desenvolveu e introduziu serviços avançados de telecomunicações em meio rural e em áreas periféricas (e.g. Mangualde 2000). Pela mesma altura, tiveram lugar as primeiras iniciativas e estratégias envolvendo um conjunto vasto de entidades (e.g. Programa Aveiro Cidade Digital) e dando corpo a uma profunda revolução digital e à sociedade da informação em Portugal. O setor das TIC apesar de representar, na Região Centro, cerca de 1% em termos de empresas, pessoal ao serviço e volume de negócios, possui uma grande capacidade de transformação em todos os setores de atividade económica, na administração pública e nos cidadãos. É conhecido também que, na década (1999-2009), nesta região, à semelhança de outras, houve um abandono da atividade agrícola por 45% da população, uma redução em 44% nas explorações agrícolas e de 23% na superfície agrícola utilizada. Atualmente, o peso da população agrícola representa cerca de 5% da população residente e assiste-se a um envelhecimento significativo dos produtores agrícolas. É ainda de assinalar que cerca de 30% dos produtores agrícolas singulares possuem uma outra atividade remunerada exterior à exploração agrícola. Hoje, assistimos nesta Conferência à apresentação das oportunidades criadas pelas TICE num setor vital, em termos do aumento da produtividade e da competitividade e do contributo para a criação de valor. Atualmente, o setor primário é responsável por apenas 2% do Valor Acrescentado Bruto (VAB). Este contexto tem estado presente na definição de políticas públicas e dos principais instrumentos financeiros para o período 2014-2020. A nível comunitário, no Horizonte 2020 as TIC estão presentes na generalidade das áreas. Destacamos um dos sete desafios societais, relacionado com a segurança alimentar, agricultura e silvicultura sustentável, investigação marinha, marítima e de águas interiores e a bioeconomia. Por exemplo, o programa de trabalhos para 2016-2017 prevê uma tipologia para o “renascimento rural”, com 125 milhões de euros. Uma parte essencial da reforma da política de coesão, a nível regional, é a Estratégia de Investigação e Inovação para uma Especialização Regional (RIS3), assenta no princípio de que a concentração de recursos do conhecimento e a sua ligação a um número limitado de atividades económicas permitirá às regiões serem e manterem-se competitivas na economia global. Para esse efeito, as TICE, a agroindústria e a floresta estão entre os oito domínios diferenciadores temáticos definidos. A inovação territorial, enquanto plataforma de inovação, inclui a linha de ação para a promoção e dinamização de projetos de inovação rural. No Programa Operacional Regional do Centro (Centro 2020), instrumento financeiro para o período 2014-2020, metade da dotação destina-se à competitividade e à internacionalização. Inclui, ainda, dotação de 29 milhões de euros (1,4%) para o objetivo temático 2, das TIC. As empresas, entidades do SCT, incubadoras, agências públicas, autarquias e comunidades intermunicipais possuem oportunidades de financiamento, no âmbito das TIC, no Eixo 2 – Competitividade e Internacionalização da Economia Regional (COMPETIR), nas seguintes prioridades: promoção do espírito empresarial, novos modelos empresariais para PME e apoio à criação e alargamento das capacidades avançadas de desenvolvimento de produtos e serviços. A administração pública dispõe no eixo 8 – Reforçar a capacitação institucional das entidades regionais (CAPACITAR), como prioridades reforço de aplicações TIC na administração pública em linha, aprendizagem em linha, infoinclusão, cultura em linha e saúde em linha. Em complementaridade, as associações de desenvolvimento local, as autarquias e as comunidades intermunicipais, através das Estratégias de Desenvolvimento local de Base Comunitária (DLBC), rurais e costeiros, irão promover o desenvolvimento socioeconómico de base local, apoiando o empreendedorismo local; a criação do próprio emprego, microempresas e atribuindo incentivos ao investimento de pequena dimensão, que contribuirão para fortalecer a coesão territorial e social. Assim, a região dispõe de oportunidades relacionadas com as tecnologias de informação e comunicação (e.g. computação na cloud, internet das coisas, Big Data, mobilidade), com os desafios societais do envelhecimento da população (e.g. Silver Economy) e agricultura sustentável, com a racionalização de recursos e reformas na administração pública, com o posicionamento dos agentes locais em redes e estratégias de clusterização e com as estratégias de desenvolvimento sub-regional (CIM Região de Aveiro, DLBC, ITI – Investimentos Territoriais Integrados, Pactos para o Desenvolvimento e Coesão Territorial). Por outro lado, dispõe de oportunidades de financiamento, no período de 2014-2020, relacionadas com os fundos e iniciativas comunitárias e no âmbito do Portugal 2020, através do Centro 2020 e da articulação com os restantes programas operacionais temáticos, designadamente, o Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (COMPETE 2020), o Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos (PO SEUR), o Programa Operacional da Inclusão Social e Emprego (PO ISE) e o Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020). Consideramos que as oportunidades criadas terão um impacte significativo nos setores aqui abordados, para o qual é necessário a colaboração e mobilização de todos (entidades públicas, autarquias, associações, empresas e cidadãos), por forma a conseguir uma região mais empregadora, mais exportadora, que crie mais valor, e, em suma, seja mais desenvolvida. Esta conferência contribuiu para o aprofundamento do conhecimento das TICE e do seu impacte no sistema agrário, para a divulgação das oportunidades e para a criação e estabelecimento de contactos, redes e parcerias. Parabéns à organização deste evento. Bem-haja pela V. atenção!