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Batata: um tubérculo popular no mundo todo
Este material foi produzido pela entidade alemã FBCI – Food Biotech Communication Initiative (em
português, Iniciativa de Comunicação em Biotecnologia de Alimentos).
Apresentação
O que é?
A batata (Solanum tuberosum), originária da América do Sul, foi levada para a Europa na metade do
século XVI. Hoje consiste numa das mais importantes culturas agrícolas do mundo . O tubérculo é a parte
comestível da planta e as outras partes apresentam elevadas concentrações de toxinas naturais, os
glicoalcalóides. A planta da batata adquiriu tamanha importância devido ao seu valor nutricional e à
capacidade de adaptação a diversos climas.
Quando usada para fins alimentícios, a batata pode ser preparada em casa, cozida, assada ou frita ou pode
ser processada e dar origem a inúmeros produtos alimentícios, entre os quais a batata frita industrial.
Presta-se à extração de amido, importante ingrediente da produção de alimentos, além de ser usada em
grande escala como matéria-prima da indústria química e de papel. Aproveita-se ainda outra parte da
colheita da batata como ração animal.
Devido à importância econômica da lavoura da batata no mundo todo, dedica-se muita pesquisa ao
desenvolvimento de tipos diferentes de batata geneticamente modificada. Um importante objetivo é obter
plantas de batata tolerantes a certas pragas e moléstias, às quais mostram-se muito sensíveis.
Embora hoje apenas um tipo de batata geneticamente modificada seja inteiramente aprovada para
consumo em alguns países (batata NewLeaf®, da NatureMark Potatoes), diversos outros tipos de batata
geneticamente modificada estão nas linhas de pesquisa e produção e adquirirão enorme importância na
próxima década.
Por que?
O conjunto de genes para a batata é imenso. Por meio de métodos tradicionais de aprimoramento do
cultivo, incorporaram-se às variedades comerciais da batata atributos interessantes retirados de seus
parentes silvestres. A modificação genética, contudo, pode melhorar ainda mais as variedades comerciais
da batata.
Uma das metas da engenharia genética é a introdução de genes que confiram proteção contra certas
doenças e pragas às quais a batata é sensível. Como a batata se reproduz vegetativamente pelo plantio de
tubérculos, a transmissão de doenças ocorre facilmente de uma geração para a outra. Eis um grande
problema da cultura da batata. O desenvolvimento e a multiplicação de tubérculos isentos de doença, por
meio de técnicas in vitro, ajuda a superá-lo.
Outro alvo do melhoramento da batata pela engenharia genética consiste no aprimoramento da qualidade
de seu amido, ou fécula, que se constitui importante matéria-prima para muitas finalidades.
Questões ambientais
A batata geneticamente modificada não causa problemas ambientais quando plantada na Europa, pois aí o,
cruzamento com parentes silvestres, é muito improvável, e a possibilidade de variedades cultivadas
adquirirem características de ervas daninhas é muito pequena.
Conclusão
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A batata é uma das principais lavouras da produção mundial de alimentos. Além disso, seus tubérculos
fornecem matéria-prima para muitas aplicações não alimentícias da indústria. Emprega-se a modificação
genética, antes de tudo, para resguardar a planta da batata das pragas e doenças e melhorar a qualidade da
fécula da batata.
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Artigo
INTRODUÇÃO
A planta da batata (Solanum tuberosum) pertence à família botânica Solanaceae, ou erva-moura. Dessa família
também fazem parte algumas outras espécies vegetais muito conhecidas como o tomate, a berinjela, o tabaco, a
petúnia e a beladona.
Existem duas subespécies da S. tuberosum. A tuberosum é a planta da batata cultivada que conhecemos e usamos. A
outra subespécie é a andigena. Seu cultivo limita-se à América Central e à América do Sul.
A batata origina-se da região dos Andes da América do Sul, principalmente Peru e Bolívia. Foi levada para a Europa
há cerca de 450 anos por exploradores espanhóis, tendo adquirido grande importância econômica em todo o
continente no final do século XVIII e início do século XIX. Nessa época, a batata era alimento especial para os mais
desfavorecidos, pelo seu preço muito inferior que o dos cereais.
Hoje, a batata é a quarta lavoura alimentar, superada apenas pelo trigo, pelo arroz e pelo milho, e o legume mais
importante do mundo. Em muitos países em desenvolvimento, a batata constitui-se a principal fonte de carboidratos.
Hoje, os países produtores mais importantes estão na Europa Central e Oriental (105 milhões de toneladas em 1997),
além da China (45 milhões de toneladas em 1997), Estados Unidos (21 milhões de toneladas em 1997) e Índia (19
milhões de toneladas em 1997). Na Europa Ocidental, lideram a produção a Alemanha (12 milhões de toneladas em
1997) e a Holanda (8 milhões de toneladas em 1997).
Como o nome da espécie tuberosum sugere, a batata caracteriza-se pela presença de tubérculos. Cada planta de
batata produz cerca de 12 a 15 tubérculos, que consistem na parte comestível da planta de batata. Esses tubérculos
armazenam nutrientes importantes, como amidos (carboidratos), proteínas e minerais. A batata é também importante
fonte de vitamina C e, em grau menor, de algumas vitaminas B.
Praticamente, todas as variedades de batata cultivadas são tetraplóides, o que significa que a batata tem seu material
genético multiplicado por quatro. É um contraste em relação à maioria das plantas e animais, que possuem o material
genético em duplicata. Não obstante, ainda se podem encontrar nos Andes espécies Solanum diplóides (que possuem
duas vezes o material genético).
A batata pode ser cultivada sob diversas condições ambientais e, portanto, plantam-na no mundo todo. Sua grande
capacidade de adaptação a vários climas contribuiu para o grande sucesso da batata como cultura agrícola. Algumas
condições climáticas, contudo, revelam-se de grande importância: os tubérculos da batata não conseguem sobreviver
em temperaturas inferiores a -3°C; todavia, dias curtos e temperaturas de solo moderadas estimulam a formação do
tubérculo.
A BIOLOGIA DA LAVOURA DA BATATA
Reprodução
Os tubérculos da planta da batata consistem em partes volumosas subterrâneas formadas na extremidade de caules
(mais finos), os estolhos. Os tubérculos e os estolhos não pertencem ao sistema da raiz; contêm todas as
características morfológicas próprias do caule.
Os tubérculos são importantes para a reprodução da planta da batata. Neles estão presentes estruturas chamadas
‘olhos’, que contêm os botões dos quais saem os brotos da batata. A batata normalmente reproduz-se pelo plantio de
tubérculos ou de pedaços de tubérculos portadores de pelo menos um olho. Esses pedaços de tubérculo não
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correspondem a sementes botânicas verdadeiras, recebendo muitas vezes a denominação de ‘semente’ do tubérculo
ou ‘tubérculos-semente’.
Assim sendo, a reprodução das variedades de batata se dá de maneira vegetativa, em vez de sexual, e a conseqüência
desse fato é que seus descendentes apresentam-se geneticamente idênticos ao ‘pai’ do qual os tubérculos derivaram:
são clones. Em plantios comerciais encontram-se com freqüência monoculturas de um único clone.
A vantagem de usar esse método de reprodução vegetativa é que todo os indivíduos possuem as mesmas
características, e o agricultor sabe exatamente o que esperar de uma certa variedade. A principal desvantagem,
entretanto, é que as doenças podem disseminar-se com grande rapidez no campo e se transmitirem facilmente de
uma geração para a outra. Se os tubérculos se infectarem com uma certa doença, inevitavelmente as novas plantas
oriundas desses tubérculos também irão infectar-se.
Embora algumas variedades de batata sejam estéreis masculinas ou femininas, muitas outras formam frutos que
contêm sementes. Essas sementes só são usadas pelos produtores de plantas para desenvolver novos genótipos, e não
para reprodução comercial, dada a enorme variação de produtividade e qualidade das plantas derivadas dessas
sementes.
Toxinas naturais
Os membros da família Solanaceae caracterizam-se pela presença de glicoalcalóides. O tipo mais importante dessas
substâncias presente na batata é a solanina. Os glicoalcalóides são toxinas naturais que ocorrem em todas as partes
da planta em níveis variáveis. Resguardam a batata de insetos, animais e fungos. Os seres humanos também se
mostram profundamente sensíveis a esses protetores químicos, presentes em altos níveis nas folhas, nos caules, nas
bagas e nos brotos da planta da batata. Já os tubérculos cultivados da batata, por sua vez, contêm normalmente níveis
baixos de glicoalcalóides.
Quando se expõem os tubérculos à luz, os brotos se desenvolvem, e se podem encontrar nesses tubérculos níveis
elevados de glicoalcalóides. Por esse motivo, devem-se armazenar os tubérculos da batata em local escuro após a
colheita.
Quando se desenvolvem novas variedades de batata, tanto pelo métodos tradicionais de aprimoramento quanto pela
moderna biotecnologia, costumam-se determinar os níveis de toxinas. As novas variedades devem apresentar menos
de 200 mg de glicoalcalóides por kg de tubérculo de batata cru (Essers et al., 1998).
Os parentes silvestres da batata muitas vezes contêm quantidades elevadas de glicoalcalóides em seus tubérculos, o
que lhes confere sabor amargo. A seleção de batata não amarga, por conseguinte, significava a seleção de variedades
não tóxicas. Pode-se considerar esse fato um dos primeiros passos alcançados no processo de domesticação da
batata.
Pragas e doenças
A batata é suscetível a pragas e doenças.
Entre as principais pragas de inseto temos o besouro do Colorado da batata, as cigarras e os afídeos. As doenças
mais importantes são o míldio tardio, a murcha do fusarium, a podridão anelar bacteriana e algumas doenças virais.
Certos nematóides também podem causar graves danos à colheita da batata.
Como a batata replica-se pelos tubérculos, tubérculos-semente sem doença são extremamente importantes para a
obtenção de plantas saudáveis. Em países industrializados, usam-se diversas técnicas de multiplicação, entre as quais
métodos de multiplicação in vitro, para melhorar a qualidade dos tubérculos-semente. Os agricultores preferem
comprar esses tubérculos-semente isentos de doença, de alta qualidade.
Uma das doenças mais conhecidas da batata é o míldio tardio, causado pelo fungo Phytophtora infestans. Devido ao
seu caráter epidêmico, esse fungo pode reduzir drasticamente a produtividade dentro de curto espaço de tempo. Mais
de um século atrás, o P. infestans causou a Grande Fome, um dos mais trágicos eventos da história da Irlanda. A
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doença destruiu quase por completo a colheita da batata irlandesa de 1846 a 1848. Como conseqüência, mais de um
milhão de pessoas morreram de fome e muitos irlandeses emigraram para os Estados Unidos em busca de uma vida
melhor. Até hoje, as novas cepas de P. infestans ainda representam um dos principais inimigos dos plantadores de
batata em muitos países.
O melhoramento tradicional da cultura
Por meio de técnicas tradicionais de melhoramento, transferiram-se muitos atributos importantes de espécies
selvagens de Solanum para a planta de batata cultivada. Entre eles estão a proteção contra várias doenças e pragas
(míldio tardio, nematóide do cisto da batata, vírus do enrolamento da folha da batata etc.) e várias outras
propriedades, como alto teor de amido, tolerância a estresse e resistência a geada.
As variedades cultivadas da batata são tetraplóides. Isso significa que a planta contém seus genes quadruplicados.
Muitos dos parentes silvestres da batata, por sua vez, são diplóides, como a maioria dos vegetais e animais. Se as
variedades silvestres também fossem tetraplóides, obter-se-iam os híbridos férteis com toda facilidade. Sendo,
contudo, diplóides, o aprimoramento se torna mais complicado. São necessárias certas intervenções para se
produzirem finalmente híbridos férteis portadores de atributos(s) interessante(s).
USO DA BATATA
Usam-se os tubérculos da planta de batata para alimentação humana e animal, para fins industriais e como
tubérculos-semente. Os tubérculos da batata podem apresentar teor de amido alto, médio ou baixo.
A batata usada para fins alimentícios humanos é consumida depois de cozida, assada ou frita, ou sofre
processamento para gerar outros produtos. Os produtos processados industriais mais importantes são os vários tipos
de batata frita. Também se cultiva a batata para a extração de amido, ou fécula, usado na indústria alimentícia
engrossar alimentos ou como ingrediente de recheios, na produção de doces, sorvetes, sopas e molhos.
A fécula da batata constitui-se ainda em matéria-prima de grande variedade de aplicações não-alimentícias. Na
indústria química, emprega-se na síntese de inúmeros compostos, e também a utilizam na indústria do papel e na
produção de álcool para fins combustíveis.
BIOTECNOLOGIA DA BATATA HOJE E NO FUTURO
Hoje, está aprovada para consumo em certos países (Estados Unidos, Canadá e Japão, mas não União Européia) um
tipo de batata geneticamente modificada com características aprimoradas, a batata NewLeaf®, que protege a si
mesma contra determinadas pragas de inseto.
Estão em fase de desenvolvimento diversas outras variedades de batata geneticamente modificadas, que podem ser
divididas em quatro categorias, dependendo do objetivo da modificação genética como um todo:
• maior proteção contra doenças e pragas;
• tolerância a certos herbicidas;
• aprimoramento das características de processamento e armazenamento da batata;
• capacidade de adaptação a finalidades específicas, como a produção de vacinas comestíveis.
No próximo parágrafo, serão fornecidos mais detalhes sobre a batata geneticamente modificada com proteção contra
insetos, aprovada em alguns países, e sobre algumas variedades de batata geneticamente modificadas que se
encontram em fase de pesquisa e desenvolvimento. A relação não está completa, já que é praticamente impossível
resumir todos os experimentos feitos no momento com a batata. Optamos por destacar aqueles que consideramos
mais interessantes.
1. Variedades de batata geneticamente modificadas que são melhor resguardadas contra doenças e pragas
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• Resistência contra insetos
As linhas de batata NewLeaf®, desenvolvidas pela NatureMark Potatoes, foram as primeiras lavouras protegidas
contra insetos a receber aprovação integral para comercialização (Estados Unidos). A elas se incorporou um gene
chamado ‘cry3A’, derivado da bactéria do solo Bacillus thuringiensis (Bt), que codifica a proteína ‘Cry3A’, seletiva
contra certas pragas de inseto, inclusive contra o besouro do Colorado da batata. Segundo a Monsanto, empresa que
deu origem à NatureMark Potatoes, os agricultores puderam reduzir as aplicações totais de inseticida entre 33% e
42% nos campos de batata NewLeaf®, em relação aos de batata convencional.
Assim como se dá com as outras lavouras Bt, a adoção de estratégias de manejo é muito importante para evitar a
ocorrência de insetos resistentes às proteínas Bt introduzidas. Essas estratégias consistem na incorporação de
refúgios e no desenvolvimento de outras proteínas de controle do besouro do Colorado da batata, de modo de ação
distinto. Os documentos FBCI de número 2 (Tecnologia dos genes: uma arma no combate aos insetos) e de número
7 (Passado, presente e futuro da cultura do milho) oferecem mais informações sobre a bactéria Bt propriamente dita,
suas proteínas e sobre como lidar com o problema da resistência.
• Resistência contra fungos
Um motivo de grande preocupação no mundo todo é o míldio tardio, causado pelo fungo Phytophtora infestans.
Embora razoavelmente bem controlada há muito tempo, a doença ainda hoje é responsável por perdas severas em
virtude da ocorrência de novas cepas.
Grande esforço de pesquisa vem sendo empreendido para identificar genes e proteínas capazes de resguardar a
batata contra a ação desse fungo extremamente invasivo.
• Resistência contra vírus
Muitas viroses importantes da batata, como as causadas pelo vírus do enrolamento da folha da batata (PLRV) e pelo
vírus Y da batata (PVY), se transmitem de uma planta para outra por meio de um afídeo. Podem ser transmitidas de
pai para filho com grande facilidade por intermédio dos tubérculos-semente, uma vez que a batata se reproduz em
geral de forma vegetativa. No momento, o controle dessas viroses se dá pelo controle dos afídeos (com inseticidas) e
pelo plantio cuidadoso de tubérculos-semente sem vírus. Entretanto, encontram-se em fase de desenvolvimento
plantas de batata geneticamente modificadas resistentes a um ou dois desses vírus. O uso de plantas resistentes a eles
reduziria a necessidade de inseticidas.
2. Variedades de batata geneticamente modificadas tolerantes a certos herbicidas
As ervas daninhas são um grande problema nas lavouras. Podem reduzir a produtividade, pois disputam com a
plantação o solo, a umidade, os nutrientes e a luz do sol. Além disso, contaminam a colheita e oferecem abrigo para
doenças e pragas.
Todos esses fatores em conjunto tornam inevitável a adoção de um sistema de controle eficiente. Por motivos
agronômicos, muitas vezes se opta pelo controle químico das ervas daninhas, promovendo o uso de herbicidas.
Estão em curso experiências de campo com batata geneticamente modificada, tolerante a certos herbicidas, entre os
quais bromoxinil, imidazolinona, chlorosulfuron, sulfoniluréia e glifosato.
3. Variedades de batata geneticamente modificadas com características aprimoradas de processamento e de
armazenamento
• Modificação do amido
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O amido é um carboidrato que se constitui a principal forma de armazenamento de energia das plantas. Encontra-se
sobretudo em partes específicas da planta, como nas sementes, no caso do milho, e nos tubérculos, no caso da batata,
onde se apresenta densamente compactado em estruturas conhecidas como grânulos.
Todo amido consiste numa mistura de dois polissacarídeos, a amilose (10-30%) e a amilopectina (70-90%), com
exceção do amido ceroso do milho, constituído apenas de amilopectina. O amido da batata compõe-se normalmente
de cerca de 20% de amilose e 80% de amilopectina. A amilose é um polímero linear e, a amilopectina, um polímero
ramificado de moléculas de glicose.
Para muitas aplicações alimentícias e técnicas do amido, a amilopectina possui características de interesse muito
mais elevado que a amilose. No entanto, não se costuma separar os dois polissacarídeos, visto que exige um
processo difícil, de enorme prejuízo para o meio ambiente. O que se faz atualmente é processar o amido
quimicamente de modo a alterar as características indesejadas da amilose.
Recentemente, porém, a empresa holandesa Avebe desenvolveu uma variedade de batata que só produz
amilopectina. Pela engenharia genética, introduziu-se na batata um gene que impede a produção de amilose.
Emprega-se o amido dessa variedade de batata apenas em aplicações industriais.
• Outros
Encontra-se em desenvolvimento a batata com teor sólido mais elevado. O fato de essa batata conter menos água é
importante para a produção de batata frita com menos gordura, pois o óleo substitui a água durante o processo de
fritura.
Existem pesquisas em andamento voltadas para o desenvolvimento por meio da engenharia genética de uma batata
com melhores características de armazenamento.
4. Variedades de batata geneticamente modificada adaptadas para finalidades específicas
Outro projeto de pesquisa interessante é o desenvolvimento de vacinas comestíveis, nas quais se empregam plantas
de batata como modelo para a criação de plantas geneticamente modificadas portadoras de um gene que codifica um
antígeno. Quando alimentados com tubérculos de batata que expressam esse antígeno, os animais de teste produzem
antibióticos contra ele. Dessa maneira, o tubérculo funciona como vacina comestível que induz à produção de
anticorpos em animais de teste.
O projeto visa, a longo prazo, a produzir vacinas comestíveis para os seres humanos. Para essa finalidade, a batata
certamente não é o vetor ideal, uma vez que não se ingere crua, e a vacina acaba parcial ou completamente inativada
pelo cozimento. A banana, por exemplo, consistiria num vetor mais apropriado para essa situação.
POSSIBILIDADE DE OCORRER FLUXO DE GENES PARA PARENTES SILVESTRES E DE A PLANTA ADQUIRIR
CARACTERÍSTICAS DE ERVA DANINHA
Uma das questões que dizem respeito à segurança ambiental de uma lavoura geneticamente modificada reside no
cruzamento com outros indivíduos. Atributos de plantas geneticamente modificadas podem às vezes se transferir
para parentes silvestres ou cultivar-se por meio da dispersão de grãos de pólen. No caso da batata, os possíveis
candidatos ao cruzamento são outros membros da família Solanaceae. Na prática, observou-se cruzamento apenas
com outras batatas cultivadas e não com seus parentes silvestres (Eijlander and Stiekema, 1994).
Outra importante questão é a possibilidade da planta geneticamente modificada transformar-se em erva daninha. A
germinação de sementes e de tubérculos remanescentes no campo após a colheita podem dar origem a novas plantas
de batata.
Fora do campo, os brotos da batata têm dificuldade de estabelecer-se por não conseguirem concorrer com outras
ervas daninhas. Além disso, os tubérculos raramente conseguem sobreviver abaixo de -3°C, o que torna
extremamente remota a chance de sobreviverem durante o inverno na maior parte da Europa. Há muitos séculos se
cultiva na Europa a batata, que jamais se gerou espontaneamente na natureza.
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O importante, contudo, nessas avaliações de segurança é saber se certos atributos introduzidos, como as alterações
efetuadas na composição do amido, farão aumentar a tolerância do tubérculo à geada – o que não parece ser o caso.
ANEXOS TÉCNICOS
O que são clones?
Os clones caracterizam-se pelo fato de serem produzidos sem o acasalamento sexual de dois pais. Cada clone, por
conseguinte, é uma cópia geneticamente exata de seu ‘pai’. A clonagem apresenta imensa utilidade quando uma
determinada planta possui características muito atraentes: seus descendentes também ostentarão essas características,
dada a identidade genética com o pai único. Entre as lavouras que muitas vezes se multiplicam por clonagem
encontramos a batata, o morango, as árvores frutíferas e muitas plantas ornamentais.
Pessoas com “dedo verde” costumam fazer mudas de suas plantas. Isto também é um método de clonagem, e o
descendente se apresenta geneticamente idêntico ao pai único.
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Perguntas e respostas
1. Por que não devemos ingerir batata crua?
A batata pertence à família Solanaceae, caracterizada pela presença de glicoalcalóides, que são toxinas naturais
encontradas em todas as partes da planta. A batata cultivada, porém, costuma conter apenas quantidade desprezível
dessas toxinas em seus tubérculos. A exposição à luz ativa processos fotossintéticos que conferem aos tubérculos cor
verde. Durante esse processo, ativa-se também o processo de produção de compostos glicoalcalóides, motivo pelo
qual os tubérculos de batata devem ser armazenados no escuro e não devem ser ingeridos se apresentarem coloração
verde.
2. E quanto à toxicidade da solanina: quais os sintomas apresentados?
A solanina é o glicoalcalóide mais importante presente na batata. O consumo de batata com alto teor de
glicoalcalóides provoca sintomas que vão do gosto amargo à sensação de queimação na boca e na garganta. A
ingestão de quantidades ainda mais elevadas desses compostos causa irritações no trato gastrintestinal, com sintomas
semelhantes aos da gastroenterite. Cozinhar, assar e processar a batata não elimina esses compostos.
Submetem-se as novas variedades de batata que chegam ao mercado a cuidadosos exames a fim de não
ultrapassarem o limite de segurança de 200 mg de glicoalcalóides por quilo de tubérculo de batata cru. Todavia, os
níveis normalmente não superam 60 mg de glicoalcalóides por quilo de tubérculo cru.
De qualquer maneira, descascar a batata retira dela pelo menos 50% dos glicoalcalóides, que se concentram sob a
casca do tubérculo.
3. O que é batata Bt?
Batata Bt é a batata que incorpora um determinado gene natural da bactéria do solo Bacillus thuringiensis (Bt). As
plantas portadoras de gene dessa bactéria costumam ser denominadas de plantas Bt. Existem diversos tipos de
plantas Bt (milho Bt, algodão Bt e batata Bt). Cada uma delas, no entanto, ‘precisa’ de um tipo diferente de gene Bt
(derivado de outra cepa de bactéria Bt) para adquirir a proteção desejada.
4. O que acontece quando consumimos batata que contém o gene Cry3A?
Não acontece nada. Esse gene é responsável pela produção da proteção Cry3A na planta da batata, o que a resguarda
eficientemente do besouro do Colorado da batata. Realizaram-se pesquisas exaustivas para investigar os efeitos da
presença desse gene e da proteção por ele conferida. Não se observaram reações adversas. A batata NewLeaf® foi
inteiramente aprovada nos Estados Unidos, no Canadá e no Japão.
5. O que tem o fungo Phytopthora infestans de tão especial e por que essa doença é tão difícil de controlar?
O Phytophtora infestans é um fungo que provoca o míldio tardio, também conhecido como phytophtora. Trata-se de
doença muito temida por sua enorme velocidade de propagação; em duas semanas um campo de batata pode ser
completamente destruído. O fungo afeta tanto o tubérculo quanto as partes verdes da planta. Sua disseminação se dá
pelo plantio de tubérculos infectados, assim como por esporos em suspensão no ar, que são os responsáveis pela
altíssima velocidade de devastação.
Existem fungicidas contra a doença. Em alguns casos, a aplicação preventiva de fungicidas de contato revela-se
desejável. Nos campos já infectados, os fungicidas curativos ajudam, mas não garantem bons resultados.
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Devido à proporção dos problemas que o P. infestans causa e pelo fato de ser necessária quantidade muito grande de
fungicida para se conseguir um certo controle da doença, os pesquisadores buscam uma maneira de desenvolver
variedades de batata manipuladas geneticamente que apresentem resistência a este fungo.
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Literatura de referência
Essers, A et al. (1998). Food plant toxicants and safety risk assessment and regulation of inherent toxicants in plant
foods. Environmental Toxicology and Pharmacology 5: 155-172.
Eijlander, R. and Stiekema, W. (1994). Biological containment of potato (Solanum tuberosum): outcrossing to the
related wild species black nightshade (Solanum nigrum) and bittersweet (Solanum dulcamara). Sex Plant Reprod. 7:
29-40.
Sites de referência
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PHYTOPHTORA INFESTANS - MÍLDIO TARDIO
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http://www.cavannet.ie/nature/spuds.htm
http://axp.ipm.ucdavis.edu/PMG/r607101211.html
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http://www.agris.be/nl/aardappelziekte/schimmel/194003.html (holandês)
A GRANDE FOME DA IRLANDA
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BATATA GENETICAMENTE MODIFICADA
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http://www.cfia-acia.agr.ca/english/food/pbo/dd9606e.html
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BATATAS GENETICAMENTE MODIFICADAS EM DESENVOLVIMENTO
http://www.olis.oecd.org/biotrack.nsf/by+organism
http://www.gene.com/AE/AB/IWT/Potatos_in_Netherlands.html
http://www.its.csiro.au/enquiries/plbiotech.htm
VACINAS COMESTÍVEIS OFERECIDAS PELA MODERNA BIOTECNOLOGIA
http://gophisb.biochem.vt.edu/news/1998/news98.mar.html
http://gophisb.biochem.vt.edu/news/1998/news98.apr.html
http://161.65.2.12/NEWS/MEDIAREL/17451982.HTM
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