É claro que você sabe do
que estou falando
Miranda July
tradução
Celina Portocarrero
Título original
No One Belongs Here More Than You
Copyright © 2007, Miranda July
Capa
Marcelo Martinez / Laboratório Secreto
Imagem da capa
Mark Borthwick
Foto da autora
R.J. Shaughnessy
Copidesque
Leny Cordeiro
Revisão
Cristiane Pacanowski
Taís Monteiro
Produção editorial
Lucas Bandeira de Melo
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ.
J91e
July, Miranda, 1974É claro que você sabe do que estou falando / Miranda July; tradução
Celina Portocarrero. - Rio de Janeiro: Agir, 2008.
Tradução de: No One Belongs Here More Than You
ISBN 978-85-220-0979-4
1. Conto americano. I. Portocarrero, Celina. II. Título.
08-1523.
CDD: 813
CDU: 821.111(73)-3
Todos os direitos reservados à Agir Editora Ltda. – uma empresa
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www.ediouro.com.br
para Julia Bryan-Wilson
Sumário
9
O quintal compartilhado
19
A equipe de natação
25
Majestade
37
O homem na escada
43
A irmã
55
Essa pessoa
59
Era romance
65
Alguma coisa que não precisa de coisa alguma
91
Beijo uma porta
95
O garoto do Lam Kien
101
Fazendo amor em 2003
123
Dez coisas verdadeiras
135
Os movimentos
137
Mon Plaisir
157
Sinal de nascença
165
Como contar histórias para crianças
187
Agradecimentos
O quintal compartilhado
Ainda é válido, mesmo que tenha acontecido quando eu estava
inconsciente. É duplamente válido, porque a mente consciente
muitas vezes comete erros e se deixa seduzir pela pessoa errada.
Mas lá no fundo do poço, onde não há luz, apenas água de mil anos,
um homem não tem motivos para cometer erros. Deus diz faça e
você faz. Ame-a, e assim é. Ele é meu vizinho. Ele é descendente
de coreanos. Seu nome é Vincent Chang. Ele não treina hapkido.
Quando você diz a palavra “coreano”, alguns pensam automaticamente no instrutor sul-coreano de Jackie Chan, o grão-mestre Kim
Jin Pal; eu penso em Vincent.
Qual é a coisa mais apavorante que já aconteceu com você? Tem
a ver com um carro? Aconteceu num barco? Foi um animal? Se você
respondeu sim a qualquer uma dessas perguntas, não me surpreendo.
Carros batem, barcos afundam e animais são mesmo sinistros. Por que
não faz um favor a si mesmo e fica longe dessas coisas?
Vincent tem uma mulher chamada Helena. Ela é grega e seu
cabelo é louro. Pintado. Eu ia ser gentil e não mencionar que era
pintado, mas afinal não acho que ela se importe que alguém saiba.
Na verdade, acho que ela está querendo fazer o gênero loura-falsa,
com as raízes aparecendo. E se ela e eu fôssemos amigas íntimas?
E se eu lhe pedisse roupas emprestadas e ela dissesse, Fica melhor
em você, é um presente? E se ela me telefonasse aos prantos e eu
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miranda july
tivesse que ir vê-la e acalmá-la na cozinha, e Vincent tentasse entrar
na cozinha e nós disséssemos, Fique aí fora, é papo de mulher!? Vi
algo parecido acontecer na televisão; aquelas duas mulheres estavam
falando sobre alguma roupa íntima roubada e um homem entrou e
elas disseram, Fique aí fora, é papo de mulher! Uma das razões pelas quais Helena e eu nunca seríamos amigas íntimas é porque tenho
quase a metade da altura dela. As pessoas tendem a se manter no
grupo da sua altura porque é melhor para o pescoço. A não ser que
tenham um envolvimento romântico, caso em que a diferença de
altura é sexy. Então significa: Estou disposta a vencer essa distância
para chegar até você.
Se você está triste, pergunte a si mesma por que está triste. Então
pegue o telefone, ligue para alguém e conte a ele ou a ela a resposta à
pergunta. Se não conhecer ninguém, ligue para a telefonista e lhe diga.
A maioria não sabe que a telefonista tem que ouvir, é lei. Da mesma
maneira, o carteiro não tem permissão para entrar na sua casa, mas
você pode falar com ele num local público por até quatro minutos ou
até que ele queira ir embora, o que acontecer primeiro.
Vincent estava no quintal compartilhado. Vou falar a respeito
desse quintal. Ele é compartilhado. Se a gente olha para ele, pensa
que é só o quintal de Helena e Vincent, porque a porta dos fundos
deles abre para lá. Mas, quando eu me mudei, o senhorio me disse que
aquele quintal era dos dois apartamentos, o de cima e o de baixo. O
meu é o de cima. Ele disse, Não fique constrangida por usá-lo, porque
você paga tanto aluguel quanto eles. Só não estou muito certa de ele
ter dito a Vincent e Helena que aquele era um quintal compartilhado.
Tentei marcar o terreno deixando às vezes alguma coisa lá embaixo,
como meus sapatos, ou uma vez em que deixei uma bandeirinha
de Páscoa. Tentei também passar exatamente o mesmo tempo que
o quintal compartilhado
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eles no quintal. Desse jeito eu sei que cada um de nós recebe o que é
justo. Cada vez que os vejo lá fora, faço um tracinho no calendário.
Quando o quintal volta a ficar vazio, me sento lá. Então faço uma
cruz no tracinho. Às vezes me atrapalho e tenho que ir me sentar lá
um tempão no fim do mês, para tirar o atraso.
Vincent estava no quintal compartilhado. Vou falar de Vincent.
Ele é um exemplo do Novo Homem. Você deve ter lido o artigo a
respeito dos Novos Homens na revista True do mês passado. Os
Novos Homens estão conscientes de seus sentimentos, até mais
do que as mulheres, e os Novos Homens choram. Os Novos Homens
querem ter filhos, desejam ardentemente dar à luz, então algumas
vezes, quando choram, é por não poderem; simplesmente não há
lugar por onde um bebê possa sair. Os Novos Homens só dão e dão
e dão. Vincent é assim. Uma vez eu o vi fazendo uma massagem
em Helena no quintal compartilhado. Isso é meio irônico, porque
é ele quem precisa de massagem. Ele tem uma forma branda de
epilepsia. Meu senhorio contou isso quando me mudei, por medida de segurança. Os Novos Homens são muitas vezes um pouco
frágeis e, além disso, Vincent trabalha como diretor de arte, e isso
é muito Novo Homem. Ele me disse isso um dia quando nós dois
saímos do prédio ao mesmo tempo. Ele é diretor de arte de uma
revista chamada Punt. Essa é uma coincidência estranha, porque eu
sou supervisora de seção numa gráfica, e nós às vezes imprimimos
revistas. Não imprimimos Punt, mas imprimimos uma revista com
um nome parecido, Positive. Na verdade, ela é mais uma espécie de
jornal; é para quem é soropositivo.
Está com raiva? Soque uma almofada. Adiantou? Não muito. Nos
dias de hoje as pessoas estão com raiva demais para socar. Você deveria
tentar apunhalar. Pegue uma almofada velha e a coloque na grama
em frente à casa. Apunhale-a com uma grande faca pontuda. De novo,
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miranda july
de novo e de novo. Apunhale com força suficiente para que a ponta
da faca entre na terra. Apunhale até que a almofada se acabe e você
esteja simplesmente apunhalando a Terra de novo e de novo, como se
quisesse matá-la por continuar a girar, como se estivesse se vingando
por ter que viver neste planeta dia após dia, sem ninguém.
Vincent estava no quintal compartilhado. Eu já estava atrasada
no meu uso do pátio, então fiquei um pouco ansiosa por vê-lo ali tão
no fim do mês. Então tive uma idéia; eu poderia me sentar lá com ele.
Botei uma bermuda, óculos de sol e óleo de bronzear. Mesmo sendo
outubro, a temperatura ainda parecia de verão; eu tinha na cabeça
uma imagem de verão. Na verdade, entretanto, ventava bastante e eu
tive que correr de volta atrás de um agasalho. Poucos minutos depois,
corri de volta em busca de calças compridas. Finalmente, sentei numa
espreguiçadeira ao lado de Vincent no quintal compartilhado e fiquei
vendo o óleo de bronzear ser absorvido pela minha calça de brim.
Ele disse que sempre gostou do cheiro de óleo de bronzear. Foi uma
maneira muito gentil de mostrar que entendia a minha situação. Um
homem gentil, assim é o Novo Homem. Perguntei-lhe como estavam
as coisas na Punt e ele me contou uma história engraçada sobre um
pastel. Como estamos no mesmo ramo, ele não precisou me explicar
que “pastel” é a gíria para “erro tipográfico”. Se Helena tivesse aparecido, precisaríamos parar de usar nosso jargão profissional para que
ela pudesse nos entender, mas ela não apareceu porque ainda estava
no trabalho. Ela é assistente de um médico, o que pode ou não ser a
mesma coisa que uma enfermeira.
Fiz mais perguntas a Vincent, e suas respostas foram se tornando
cada vez maiores até chegarem a uma espécie de velocidade de cruzeiro e eu não precisei mais perguntar, ele só fazia discursar. Aquilo era
inesperado, como se a gente de repente se visse no trabalho num fim
de semana. O que eu estava fazendo ali? Onde estava minha Princesa
o quintal compartilhado
13
e o Plebeu? Meu Americano em Paris? Aquilo era pura rotina, era
um americano na América. Afinal ele fez uma pausa e examinou o
céu, e eu imaginei que estivesse bolando a pergunta perfeita para
mim, uma pergunta fantástica que me obrigaria a me esforçar
para responder, baseada em tudo o que eu sabia a meu respeito e a
respeito de mitologia e desta terra negra. Mas a pausa era só para
enfatizar o que ele estava dizendo sobre como o projeto da capa não
era realmente culpa dele, e então no fim ele me fez uma pergunta;
ele perguntou se eu achava que a culpa era dele, sabe, com base em
tudo o que ele tinha me contado. Olhei para o céu só para ver qual
era a sensação. Fingi que pensava antes de lhe falar sobre a secreta
sensação de alegria que eu guardava no peito, esperando, esperando,
esperando que alguém percebesse que eu me levantava toda manhã,
sem qualquer razão aparente para viver, mas eu me levantava, e era
só por causa daquela alegria secreta, o amor de Deus, no meu peito.
Baixei o olhar do céu para os olhos dele e disse, Não foi culpa sua.
Desculpei-o pela capa e por tudo mais. Por não ser um Novo Homem,
ainda. Caímos então no silêncio; ele não me fez mais perguntas. Eu
ainda estava feliz por estar ali sentada ao lado dele, mas era só porque
espero muito, muito pouca coisa de gente comum, e ele agora tinha
passado a ser Gente Comum.
Então ele caiu para a frente. Com um movimento brusco, ele se
inclinou para a frente num ângulo não-humano e ficou daquele jeito.
Aquilo não era comportamento de Gente Comum, nem de Novos
Homens; talvez fosse algo que um homem antigo fizesse, um homem
idoso. Chamei, Vincent. Vincent. Gritei, Vincent Chang! Mas ele ficou
ali inclinado para a frente em silêncio, o queixo quase nos joelhos.
Abaixei-me e o olhei nos olhos. Estavam abertos, mas fechados como
uma loja que está fechada e parece fantasmagórica com todas as luzes
apagadas. Com as luzes apagadas eu podia ver agora como ele tinha
estado iluminado até um instante atrás, mesmo em seu egoísmo. E
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miranda july
me dei conta de que talvez a revista True estivesse errada. Talvez não
existissem Novos Homens. Talvez só existissem os vivos e os mortos,
e todos aqueles que estão vivos se mereçam e sejam iguais uns aos
outros. Empurrei seus ombros para trás para que ele ficasse reto em
sua cadeira outra vez. Eu não sabia nada de epilepsia, mas tinha
imaginado mais tremores. Tirei o cabelo dele do rosto. Coloquei a
mão debaixo do seu nariz e senti sopros suaves, uniformes. Apertei
meus lábios sobre sua orelha e sussurrei outra vez, Não foi culpa sua.
Talvez essa seja na verdade a única coisa que eu sempre quis dizer a
alguém, e ouvir de alguém.
Aproximei a cadeira e encostei minha cabeça em seu ombro. E,
embora estivesse mesmo apavorada com aquele ataque epilético do
qual precisava cuidar, adormeci. Por que fiz essa coisa perigosa e
inadequada? Eu gostaria de pensar que não fiz aquilo, que na verdade alguém fez por mim. Adormeci e sonhei que Vincent deslizava
as mãos sobre minha blusa enquanto nos beijávamos. Eu poderia
dizer que meus seios eram pequenos pelo modo como suas palmas
estavam curvadas. Seios maiores teriam exigido um ângulo menos
agudo. Ele os segurou como se há muito tempo os desejasse e eu de
repente vi as coisas como realmente eram. Ele me amava. Era uma
pessoa complexa, com camadas de emoções permeáveis, algumas
espirituais, algumas torturadas de um jeito mais terreno, e ardia de
desejo por mim. Aquele ser passional era meu. Segurei seu rosto
ardente e fiz a pergunta difícil.
E Helena?
Tudo bem, porque ela trabalha na área médica. Eles precisam
fazer o que é melhor para a saúde.
Está certo, é o juramento de Hipócrates.
Ela vai ficar triste, mas não vai se meter conosco, por causa
do juramento.
Você vai mudar suas coisas para meu apartamento?
o quintal compartilhado
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Não, preciso continuar a viver com Helena por causa de nossos
votos.
Seus votos? E o juramento?
Vai dar tudo certo. Nada disso importa perto do que temos.
Algum dia você a amou de verdade?
Não, de verdade não.
E me ama?
Amo.
Mesmo eu não sendo a tal?
De que está falando, sua coisinha perfeita?
Você consegue ver que sou perfeita?
Está em tudo o que você faz. Eu fico olhando quando você pendura
a bunda do lado da banheira para lavá-la antes de ir para a cama.
Você consegue me ver fazendo isso?
Toda noite.
É só por via das dúvidas.
Eu sei. Mas ninguém vai penetrá-la enquanto você dorme.
Como pode ter certeza?
Porque estou tomando conta de você.
Pensei que eu tivesse que esperar por isso até morrer.
De agora em diante eu sou seu.
Aconteça o que acontecer? Mesmo quando você estiver com
Helena e eu for só a mulher baixinha do andar de cima, eu ainda
vou ser sua?
Vai, isso é um fato entre nós, mesmo que nunca mais falemos
a respeito.
Não posso acreditar que isso esteja realmente acontecendo.
E então lá estava Helena, sacudindo nós dois. Mas Vincent
continuou a dormir e eu me perguntei se ele estava morto e, se
estivesse, se tinha dito as coisas do sonho antes ou depois de ter
morrido e qual dos dois era mais válido. E, além disso, eu era uma
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miranda july
criminosa? Ia ser presa por negligência? Olhei para Helena; ela
fervilhava de atividade em suas roupas de assistente de médico.
Todo aquele movimento me atordoava; fechei os olhos outra vez
e estava quase voltando para o sonho quando ela gritou, Quando
começou o ataque? E, Por que diabos você estava dormindo? Mas
ela estava checando os sinais vitais dele com floreios profissionais
e, quando olhou de novo para mim, eu soube que não precisava
responder àquelas perguntas porque de algum modo eu tinha me
tornado assistente dela, a assistente da assistente de médico. Ela
me disse para correr ao apartamento deles em busca de um saco
plástico que estaria em cima da geladeira. Corri para dentro agradecida e fechei a porta.
O apartamento deles estava muito silencioso. Andei na ponta
dos pés pela cozinha e encostei o rosto no congelador, aspirando os
complexos cheiros da vida dos dois. Eles tinham fotos de crianças
presas à geladeira. Tinham amigos e aqueles amigos tinham gerado
mais amigos. Eu nunca vira nada mais pessoal do que as fotos daquelas crianças. Queria me esticar e pegar o saco plástico no alto da
geladeira, mas também queria olhar cada uma das crianças. Uma se
chamava Trevor e ia dar uma festa de aniversário naquele sábado.
Venha, por favor!, dizia o convite. Vai ser uma superfesta!, e havia
a foto de uma baleia. Era uma baleia de verdade, uma foto de uma
baleia de verdade. Olhei para seu minúsculo olhinho penetrante e
pensei onde estaria agora aquele olho. Estaria vivo e nadando, ou teria
morrido há muito tempo, ou estaria morrendo agora, exatamente
naquele segundo? Quando uma baleia morre, ela afunda devagar no
oceano, durante um dia inteiro. Todos os peixes a vêem afundar, como
uma estátua gigante, como um prédio, mas devagar, bem devagar.
Concentrei minha atenção no olho; tentei alcançar o que havia no
fundo dele, dentro da baleia real, da baleia que estava morrendo, e
sussurrei, Não é culpa sua.
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Helena entrou batendo a porta dos fundos. Comprimiu rapidamente seus seios de encontro às minhas costas enquanto se esticava
para pegar o saco e então correu de volta para fora. Virei-me e a
observei pela janela. Estava aplicando uma injeção em Vincent. Ele
estava acordando. Ela estava beijando Vincent, e ele estava esfregando
o pescoço. Perguntei-me do que ele se lembrava. Agora ela sentava no
colo dele e tinha os braços em volta do seu pescoço. Eles não olharam
para cima quando passei andando.
O interessante em Positive é que o HIV nunca é mencionado. Se
não fossem os anúncios — Retrovir, Sustiva, Viramune —, dava para
pensar que era uma revista sobre ser positivo, tipo otimista. Por isso
é minha revista preferida. Todas as outras põem você pra cima só pra
te derrubar, mas os editores da Positive compreendem que a gente
já foi derrubado, mais de uma vez, e que a essa altura realmente não
precisa se sair mal num teste chamado “Você é mesmo sexy ou só
mais ou menos”?. A Positive traz listas de maneiras de se sentir melhor, do tipo “Dicas da Heloise”. Elas parecem fáceis de escrever, mas
é assim que aparentam ser todos os bons conselhos. O bom senso e
a verdade devem parecer anônimos, escritos pelo próprio tempo. É
mesmo difícil escrever alguma coisa que faça com que alguém que
tem uma doença terminal se sinta melhor. E Positive tem regras, não
se pode simplesmente roubar idéias da Bíblia ou de um livro sobre
zen-budismo; eles querem material original. Até agora nenhuma das
minhas sugestões foi aceita, mas acho que estou chegando perto.
Você tem dúvidas a respeito da vida? Não está muito certo de que
ela valha a pena? Olhe para o céu: ele está lá para você. Olhe para o
rosto de cada pessoa com quem você cruzar na rua: esses rostos estão lá
para você. E a própria rua, e a terra debaixo da rua, e a bola de fogo
lá embaixo da terra: todas essas coisas estão lá para você. Elas estão lá
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miranda july
para você tanto quanto para as outras pessoas. Lembre-se disso quando
acordar pela manhã e pensar que não tem nada. Levante-se e vire-se
para o leste. Agora celebre o céu e celebre a luz dentro de cada pessoa
sob o céu. Tudo bem se tiver dúvidas. Mas celebre, celebre, celebre.
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