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Especial
Macaé de Cima:
suas águas, florestas e gente:
Macaé de Cima, por sua biodiversidade e beleza, é um grande diferencial para Nova Friburgo. Nós, friburguenses,
somos responsáveis pela preservação daquele magnífico Refúgio de Vida Silvestre. Os moradores de Macaé de
Cima tem nos ajudado bastante a proteger a natureza daquele lugar. Por este exemplo, devemos acreditar que o
ser humano é capaz de conviver harmonicamente com a floresta e com os animais que vivem nela.
Vez por outra encomendas
para Macaé de Cima vão parar bem
longe de seus destinos. Quem entra em Macaé de Cima logo vê o
nome do lugar sumir bem debaixo
de seus pés – a região passa a se
chamar Mirandelo, Cabeceiras, Rio
das Flores, Santiago, Córrego do
Macuco, Juir, Fazenda S.João,
Galdinópolis, Toca da Onça, e tantas outras localidades – todas elas
chamadas, pelo costume local,
“Macaé de Cima” – para confusão
até de quem já é familiar com o peculiar sabor local.
hoje, segundo declaram os pesquisadores, uma das mais ricas
amostras de toda a flora da Mata
Atlântica remanescente. Com a floresta recuperada, a fauna voltou a
comparecer. Visitas de campo recentes de pesquisadores da Fundação Brasileira de Conservação
da Natureza registraram uma presença de pássaros e mamíferos
ameaçados de extinção superior a
qualquer outra região vizinha.
Recentemente, Macaé de
Cima ganhou ainda mais um tempero: Trata-se da proposta de criação de um Refúgio de Vida Silvestre, uma unidade de proteção integral para uma área florestal com uma
comunidade tradicional moradora.
Mas desta vez a unidade vem proposta pela própria comunidade: os
moradores, por iniciativa própria, promoveram o estudo técnico exigido
por lei, e depois, com apoio da Prefeitura, realizaram uma consulta pública como manda o figurino: edital,
folhetos explicativos, e divulgação
clara e aberta. Isto, há quem arrisque, pode ser inédito no Brasil
Verdade é que os novos proprietários iniciaram o replantio. Mas
certo é também que o clima de neblina da região e uma floresta pujante, que teimou em sobreviver,
também ajudaram bastante.
“Mas Macaé de Cima é onde?”,
perguntarão os mais experientes.
“Por onde se entra? Como se chega lá?” O Refúgio proposto é Macaé
de Cima na região das Cabeceiras,
as florestas perto das nascentes do
Rio Macaé e das Flores. Entra-se
pela Estrada do Garlipp, em
Debossan, Mury, e chega-se após
15 km de estrada de chão, seguindo
sempre pela parte alta.
Mudança na cultura do lugar
Outrora uma região bastante
desmatada, a região das Cabeceiras ficou famosa por tornar-se novamente uma floresta. O fenômeno
ocorreu desde que a economia local transformou-se, há quarenta
anos, com a chegada de uma
geração
de
proprietários
conservacionistas.
Pouco a pouco os moradores
Moradores iniciaram o replantio
da mata
Macaé de Cima é um ótimo exemplo de uma comunidade que convive
respeitosamente com o meio ambiente. A presença dos moradores é
um dos principais fatores de proteção daquele ecossistema.
tradicionais foram deixando de lado
suas roças e achando empregos na
pousada e no hotel que foi criado
para acomodar os recém chegados.
Os sítios de conservação começaram a surgir. A natureza do trabalho
mudou, e com ele a fisionomia do
lugar. Ao invés de roças de feijão e
inhame e criação de animais, passou-se à plantação de árvores e jardins, recepção de visitantes, e passeios guiados pelos mateiros locais,
para clientes com sotaque “alemão”
de várias nacionalidades.
“Isto foi trabalho de muito tempo”, comenta Claudionor Ouverney.
Descendente da primeira leva de imigrantes suíços franceses em 1819,
“Seu Cláudio” fala com a vivência de
seus bonachões 56 anos de vida –
todos eles em Macaé de Cima. Traz
a face corada e a limpidez dos olhos
azuis, típicos de uma região que
guarda as origens de Nova Friburgo.
Ouverney começou a trabalhar
na região como aprendiz de pedreiro, ainda criança. Ao contrário de
muitos dos descendentes dos pioneiros, nunca abriu mão da antiga
gleba da família. A propriedade trans-
formou-se na Pousada Amantes da
Natureza, operada pelos Ouverney. O
recanto, com um punhado de pequenos chalés de hospedagem e um remanso de água límpida, é um brinco
de lugar. Os jardins juntaram plantas
nativas, orquídeas e bromélias às fruteiras centenárias plantadas pelos antepassados. “Muito da nossa vida
está aqui, no renascimento dessa floresta. “Ali mesmo”, exemplifica, apontando com orgulho o bosque fechado, “ tudo aquilo ali era pasto e descampado. Mais para lá havia a fábrica de seda, que foi incendiada ainda
no tempo de D. João. Ainda existem
algumas amoreiras perdidas na
mata, sem os casulos do bicho-daseda, mas com muitos passarinhos
que vem para comer as amoras.”
Segundo o SNUC, a lei federal
que define as unidades de conservação, o objetivo da modalidade “Refúgio de Vida Silvestre”, é funcionar como um santuário para a proteção de animais silvestres da fauna local e migratória.
E isto é manter a floresta em que
habitam. Com a recuperação da floresta, a Região das Cabeceiras é
(22) 2523-0001
“A mata original resistiu no topo
dos morros e nas encostas, no
tempo das roças de sub-existência, lavouras de milho, da carvoaria e da serraria, e depois das criações e dos pastos.”, explica
Ouverney, mostrando fotos aéreas
de 1959, tiradas dos aviões da extinta companhia aérea Cruzeiro do
Sul, com grandes áreas
desmatadas. “Com a mudança da
atividade, a floresta foi despejando
as sementes vale abaixo.”
A vista que se tem da Pousada não deixa dúvida que as sementes prosperaram. Dalí se vê uma
área florestal de rara beleza, bem
parecida com a floresta original,
com árvores de até trinta metros
projetando-se do dossel fechado.
Já abriga um bosque suspenso de
bromélias e orquídeas, que se debruçam sobre os jardins e recantos.
A região tornou-se um dos pontos de visitação mais belos do município, entrecortada de rios e riachos, pontilhada de belas cachoeiras. Tem-se uma vista de picos e
cristas monumentais, como a Pedra Bicuda e o “Pão de Açúcar de
Friburgo”, o pico do Faraó, o ponto
alto, com 1750 mts.
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