A FORMAÇÃO DO BRASIL CONTEMPORÂNEO E A INSERÇÃO INTERNACIONAL DA ECONOMIA BRASILEIRA: DO SENTIDO DA COLONIZAÇÃO À INTEGRAÇÃO REGIONAL COMO ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO 1. Introdução: uma Proposta de Diálogo Caio Prado Júnior tem como ideia principal de suas obras a formação então inacabada do Brasil, que continuaria seguindo seu sentido da colonização, manifestado através de uma dependência e voltada para o exterior, fator essencial para seu subdesenvolvimento. O presente trabalho propõe um diálogo entre essas principais ideias, e as de outros autores, dentre os quais especificamente Celso Furtado. O autor possui pontos de convergência com Caio Prado, principalmente nas críticas quanto ao sistema internacional injusto de trocas, mas ele vai além. Este autor propõe e de fato vivenciou a integração regional como via para o desenvolvimento e para a superação do passado comum da América Latina. 2. Caio Brado Júnior e a Formação do Brasil A obra de Caio Prado Júnior é um marco na historiografia brasileira, sendo referência obrigatória também para os estudos de economia. Embora possa ser analisada sob diversos aspectos, pois de inegáveis ineditismo e riqueza de dados sobre as diversas facetas do Brasil, tomaremos para o objetivo do presente trabalho o ângulo do sentido da colonização, e sua exteriorização na economia brasileira e na inserção internacional do Brasil. Entretanto, antes de adentrarmos no sentido da colonização, cumpre salientar a ideia essencial de formação, presente no título e permeando toda a obra paradigmática do autor, Formação do Brasil Contemporâneo. Tal palavra deve ser desnaturalizada, para resgatarmos sua intencionalidade de expressar a busca por linhas evolutivas contínuas das estruturas econômicas e sociais, de certa linearidade temporal1. Em conclusão de dissertação específica que explora o significado de formação na obra de Caio Prado Júnior, Latícia Villela Dacol capta a relação direta existente entre a formação e o sentido da colonização: através da ideia de formação, entendendo esta como articuladora entre os diversos tempos da História, Caio Prado Júnior consegue colocar seu objeto e expô-lo segundo ordem cronológica estendida no tempo, ou seja, consegue vislumbrar seu objeto segundo uma extensa linha demarcada e divisada entre o passado colonial, seu sentido, 2 e o presente, o qual se constitui como um desdobramento daquele sentido. E, para realizar-se uma análise coerente da obra do autor, deve-se lembrar que Caio Prado Júnior, com sua rica trajetória política, teve em sua escrita a intenção de construir uma teoria visando a aplicabilidade de seus resultados por via política e, portanto, prática. Em sua obra nos deparamos, portanto, com a análise do Brasil do passado, ainda visível no Brasil de seu presente, com vistas ou com esperanças de iniciar as sementes da ruptura para a construção do Brasil em desenvolvimento do futuro. 1 DACOL, Letícia Villela. A Idéia de Formação em Caio Prado Júnior. Rio de Janeiro: UFRJ, IFCS, 2004. p. 4. 2 Ibid. p. 105. (grifos originais). 2.1. O Sentido da Colonização e a Economia Brasileira Colonial O sentido da colonização na obra é mais que um simples conceito, configurando-se como verdadeira categoria de análise dos acontecimentos históricos narrados. 3 O autor parte da ideia de que todo povo tem na sua evolução vista à distância, um determinado sentido, apreendido a partir do conjunto de fatos e acontecimentos relevantes em um largo período de tempo. É o que desenvolve no seguinte trecho: Quem observa aquele conjunto, desbastando-o do cipodal de incidentes secundários que o acompanham sempre e o fazem muitas vezes confuso e incompreensível, não deixará de perceber que ele se forma de uma linha-metra e ininterrupta de acontecimentos que se sucedem em ordem rigorosa, e dirigida sempre numa determinada orientação. É isto que se deve procurar quando se aborda a análise da história de um povo, seja aliás qual for o momento ou o aspecto dela que interessa, porque todos os momentos e aspectos não são senão partes, por si só incompletas, de um todo que deve ser sempre o objetivo último do historiador. 4 Toda a análise a ser desenvolvida pelo autor tem como parâmetro o sentido da colonização, linha mestra que permeia os principais acontecimentos da história do Brasil, essencial para compreendê-los e explicá-los. Este sentido pode ser sintetizado como o de “uma colônia destinada a fornecer ao comércio europeu alguns gêneros tropicais de grande importância.” 5 Nessa perspectiva, a economia brasileira e sua colocação no comércio internacional se subordina inteiramente a este fim, tendo sua organização e funcionamento inteiramente voltados para a produção e exportação daqueles gêneros. Tudo mais que nela existe, foge da linha-mestra, e “será subsidiário e destinado unicamente a amparar e tornar possível a realização daquele fim essencial”6. O autor destaca também a evolução cíclica no tempo e no espaço da economia brasileira, que tem sua evolução por arrancos, com consecutivos progressos e aniquilamentos das diferentes áreas. As fases de prosperidade observadas, estritamente localizadas e constituídas em bases precárias e não permanentes, estariam também inseridas neste sentido, pois a vocação das áreas se forma em obediência às necessidades e interesses externos. Em linhas gerais, o sentido da colonização de manifestará na economia colonial através da trilogia: (a) grande propriedade; (b) monocultura e (c) trabalho escravo.7 Essa organização é identificada pelo autor nas principais atividades relevantes da economia colonial: a agricultura, a mineração e o extrativismo. Contribuíram para tornar referida estrutura em consequência natural algumas circunstâncias, tais como: (a) o caráter tropical da terra, (b) os objetivos dos colonizadores – de associação da Coroa lusitana com empreendedores para exploração predatória e ganho imediato; (c) a ordem econômica então vigente, baseada no mercantilismo, e seus pilares da balança comercial favorável e do exclusivo metropolitano; e (d) o tipo de colono europeu que migrou para a América Portuguesa, interessado em ganhos imediatos e destituído da ética do trabalho. Observa-se que estas circunstâncias são também fatores que permeiam o próprio sentido da colonização, como o autor bem observa no primeiro capítulo da obra. Para os fins do presente trabalho, dois aspectos acerca do sentido da colonização serão 3 VICENTE, Maximiliano Martin. O sentido da colonização. In: D'INCAO, Maria Ângela (Org). História e Ideal: Ensaios sobre Caio Prado Júnior. São Paulo: Editora Unesp; Editora Brasiliense: 1989. p. 95 4 PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo - Colônia. 23. ed. São Paulo: Brasiliense, 2004. p. 17. (grifo nosso) 5 Ibid. p. 117. 6 Ibid. p. 117. 7 Ibid. p. 118. destacados e detalhados: (1) a continuidade e atualidade do sentido da colonização na formação da economia do Brasil “contemporâneo”; e (2) o sentido da colonização como característica comum das colônias americanas de áreas tropicais. 2.2. A Atualidade do Sentido da Colonização na Formação da Economia do Brasil “Contemporâneo” A principal conclusão a ser apreendida da obra de Caio Prado Junior é a atualidade deste sentido da colonização, questão que permeia toda a obra. Já na introdução o autor deixa cristalino que o objetivo de estudar o Brasil colônia se dá como instrumental para a compreensão do Brasil contemporâneo, vez que a passagem de uma economia e sociedade coloniais à uma economia e sociedade verdadeiramente sólidas encontrava-se ainda em construção: Mas esse novo processo histórico se dilata, se arrasta até hoje. E ainda não chegou ao seu termo. É por isso que, para compreender o Brasil contemporâneo, precisamos ir tão longe; e subindo até lá, o leitor não estará se ocupando apenas com devaneios históricos, mas colhendo dados, e dados indispensáveis para interpretar e compreender 8 o meio que o cerca na atualidade. Se em análise dos elementos da vida contemporânea brasileira o autor destaca a presença saliente deste passado colonial, isso se deve na medida em que o sentido da colonização permanece arraigado na estrutura da economia e sociedade brasileiras: Se vamos à essência de nossa formação, veremos que na realidade nos constituímos para fornecer açúcar, tabaco, alguns outros gêneros; mais tarde, ouro e diamantes; depois, algodão e, em seguida, café, para o comércio europeu. Nada mais do que isso. É com tal objetivo, objetivo exterior, voltado para fora do país e sem atenção a considerações que não fossem o interesse daquele comércio, que se organizarão a sociedade e a economia brasileiras. (…) O sentido da evolução brasileira, que é o que estamos aqui indagando, ainda se afirma por aquele caráter inicial da 9 colonização. E, como consequências da estrutura organizacional baseada na grandes propriedade, monocultura e mão de obra escrava, vetor da concretização do sentido da colonização, o autor observava à época da conclusão do livro a existência de extrema concentração da riqueza; a orientação para o exterior como permanência intrínseca da economia brasileira, tornando a dominação situação efetiva; e a manutenção da sociedade assemelhada ao estatuto colonial, notado pela existência de pequena minoria de colonos brancos contraposta à grande massa de população de ex-escravos, "ou pouco mais do que isso"10. Deve ser salientado, portanto, que a atualidade das estruturas passadas é corolário da obra do autor, que traz o resgate do passado como recurso para compreender e modificar o Brasil moderno. Como bem destaca Carlos Nelson Coutinho, é também uma clara opção metodológica, de visualização do presente como história, em análise da gênese e das perspectivas desse presente, cujo movimento dialético é o núcleo de sua reflexão historiográfica.11 2.3. O Sentido da Colonização e as Colônias Americanas de Áreas Tropicais 8 9 10 11 Ibid. p. 10. Ibid. p. 30. Ibid. p. 117. COUTINHO, Carlos Nelson. Uma Via “Não Clássica” para o Capitalismo. In: D'INCAO, Maria Ângela (Org). História e Ideal: Ensaios sobre Caio Prado Júnior. São Paulo: Editora Unesp; Editora Brasiliense: 1989. p. 115 Em realidade, PRADO JÚNIOR identifica este sentido da colonização não como identidade única da sociedade e economia brasileiras, mas como traço comum às colônias americanas em áreas tropicais, e como fator de diferenciação em relação àquelas em áreas temperadas. Se nas zonas temperadas foram constituídas colônias de povoamento, como escoadouro dos excessos demográficos e dissidentes ideológico-religiosos europeus, interessados na construção de uma sociedade à semelhança do antigo continente, nas zonas tropicais da América é que se dará o sentido da colonização como medida de exploração e construção de uma sociedade inteiramente original: Não será a simples feitoria comercial, que já vimos, irrealizável na América. Mas conservará no entanto um acentuado caráter mercantil; será a empresa do colono branco, que reúne à natureza, pródiga em recursos aproveitáveis para a produção de gênero de grande valor comercial, o trabalho recrutado entre raças inferiores 12 que domina: indígenas ou negros africanos importados. Havendo, portanto, um ajustamento dos tradicionais objetivos mercantis da expansão ultramarina da Europa, às novas condições em que se realizará a empresa, tais objetivos de exploração se manterão na colonização das áreas tropicais, e marcarão de maneira semelhante a feição dessas colônias. É o que destaca o autor: No seu conjunto, e vista do plano mundial e internacional, a colonização nos trópicos toma o aspecto de uma vasta empresa comercial, mais completa que a antiga feitoria, mas sempre com o mesmo caráter que ela, destinada a explorar os recursos naturais de um território virgem em proveito do comércio europeu. É este o verdadeiro sentido da colonização tropical, de que o Brasil é uma das resultantes, e ele explicará os elementos fundamentais, tanto no econômico como no social, da formação e evolução 13 históricas dos trópicos americanos. Esse compartilhamento do sentido da exploração colonial, embora com inegáveis variáveis próprias da colonização portuguesa e hispânica, seria portanto uma característica comum às atuais ex-colônias tropicais na América, nas quais diversos autores visualizam uma identidade contemporânea de subdesenvolvimento, sob a etiqueta de América Latina. Eduardo Galeano corrobora os apontamentos de Caio Prado Júnior, ao reconhecer a atualidade daquele sentido da colonização, como herança expressa na precariedade das condições sociais e econômicas presentes na América Latina: Da plantação colonial, subordinada às necessidades estrangeiras e financiada, em muitos casos, do exterior, provém em linha reta o latifúndio de nossos dias. Este é um dos gargalos da garrafa que estrangulam o desenvolvimento econômico da América latina e um dos fatores primordiais da marginalização e da pobreza das massas latinoamericanas.(...) A estrutura combinada da plantação funcionava, e assim funciona também o latifúndio como um coador armado para a evasão de riquezas naturais. Ao integrar-se no mercado mundial, cada área conheceu um ciclo dinâmico; logo, pela competição de outros produtos substitutivos, pelo esgotamento da terra, ou pela aparição de zonas com melhores condições, sobreveio a decadência. A cultura da pobreza, a economia de subsistência e a letargia são os preços que cobra, no transcurso dos anos, o impulso produtivo original. (...) 12 PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo - Colônia. 23. ed. São Paulo: Brasiliense, 2004. p. 29. (grifo nosso) 13 Ibid. p. 29. Quanto mais cobiçado pelo mercado mundial, maior é a desgraça que um produto traz 14 consigo ao povo latino-americano que, com seu sacrifício, o cria. O próprio termo América Latina, como categoria atual classificadora de povos com diversas culturas, merece reflexão, pois em si contém impregnado o sentido da colonização como característica unívoca, corolário de um processo histórico com inegáveis semelhanças. O mesmo autor salienta, em obra posterior: A partir do que nos une, e sobre a base do respeito às numerosas identidades nacionais que nos configuram, a América Latina é sobretudo uma tarefa a ser realizada. Nossas economias foram orientadas para fora, em função da servidão, e também nossas 15 culturas têm seus vértices, ainda, nas capitais europeias. Em estudo sobre a questão, Márcio Piñon Oliveira também observa: O traço geopolítico é uma marca de relevo na formulação do conceito de América Latina, se sobrepondo à características linguísticas e culturais. Forja-se, assim, uma região geográfica, que durante muito tempo foi aceita amplamente como um dado da realidade, sem muita análise crítica. Mesmo se tomarmos como fato a dominância de línguas latinas e religião católica como traços comuns àquelas nações ao Sul do rio Grande, veremos que há embutido aí, nesse emblema “latino”, o signo de um projeto de dominação colonial e imperialista (…). Inicialmente, como suporte da dominação colonial ibérica e sua empresa mercantil e, mais tarde, como base ideológica do intervencionismo e imperialismo norte-americano- assim, foi uma América feita 16 latina. Esse elemento de dominação colonial em comum e resultante em estruturas de subdesenvolvimento está, portanto, presente na raiz do conceito de América Latina, e será de todo relevante quando analisarmos a questão da integração regional no continente sul americano, como maneira de reverter esse denominador comum, e lançar as bases para uma nova inserção internacional do Brasil e da região. 2.4. O Progresso e a Inserção do Brasil na Economia Internacional Em continuidade ao sentido da colonização e à afirmação de sua atualidade na estrutura da economia brasileira, Caio Prado Júnior desenvolve melhor essas questões na obra Esboço dos Fundamentos da Teoria Econômica, apresentando em grande medida críticas à teoria econômica clássica e a necessidade de ruptura com essas raízes. Isso porque o passado colonial permanece como traço presente na economia e na burguesia nacionais, através da via de desenvolvimento denunciada por Caio Prado Júnior nas suas demais obras, uma via baseada na dominação externa e na dependência imperialista. 17 O autor assume como pressuposto a ideia de que a evolução econômica e o verdadeiro progresso dos Estados subdesenvolvidos não podem ser avaliados a partir de simples dados 14 GALEANO, Eduardo H. As Veias Abertas da América Latina. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978. p. 72-73. (grifos do autor). 15 GALEANO, Eduardo H. A Descoberta da América que Ainda Não Houve. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 1988. p. 35. 16 OLIVEIRA, Marcio Piñon. América Latina: Legado Socioespacial e Globalização. In: HAESBAERT, Rogério (Org.). Globalização e Fragmentação no Mundo Contemporâneo. Niterói: EdUFF, 1998. p. 227. 17 SILVA, Sergio S. A Critica do Capitalismo. In: D'INCAO, Maria Ângela (Org). História e Ideal: Ensaios sobre Caio Prado Júnior. São Paulo: Editora Unesp; Editora Brasiliense: 1989. p. 103. quantitativos, ou sob a justificativa de diferentes níveis do estágio capitalista, como propõem os autores clássicos. Isso pois a variável principal que se apresenta é a posição específica que ocupam os Estados subdesenvolvidos neste sistema: A economia dos países subdesenvolvidos, no que se relaciona com o sistema internacional do capitalismo e que forma o essencial dela, não se estrutura em bases próprias e nacionais, e sim em função de objetivos estranhos que são os dos países 18 dominantes do sistema. Novamente se coloca aqui a transmutação do sentido da colonização à formação da economia nacional, com sua vocação para atender às necessidades externas, agora vindas dos países desenvolvidos: Realmente, as exportações dos países subdesenvolvidos, constituídas como são essencialmente de produtos primários, têm o seu volume rigidamente determinado pelas aleatórias necessidades dos países industriais, necessidades essas completamente 19 estranhas à conjuntura interna e à capacidade produtiva dos países exportadores. Esse quadro se agrava tendo em vista o baixo valor de matérias primas e produtos primários, face ao alto valor agregado de produtos industrializados, o que prejudica o equilíbrio da balança comercial nos países subdesenvolvidos e por vezes é um dos fatores do endividamento dessas economias. O autor destaca também que o fluxo de inversões estrangeiras nesses países é fator que propicia um certo desenvolvimento que já nasce autolimitado aos interesses deste capital, e dificultam a construção nesses países de “uma economia propriamente nacional e livre das contradições que no sistema internacional do capitalismo perturbam e comprometem”.20 Afirmando a inegável inserção periférica dos países em subdesenvolvimento no sistema internacional, Caio Prado Júnior destaca que “o que se propõe aos países subdesenvolvidos é superarem o estatuto em essência e fundamentalmente colonial de sua economia, e se reestruturarem em bases propriamente nacionais”.21 E para isso, impõe-se a criação de uma política econômica verdadeiramente original, com proposições ditadas a partir das especificidades desses países, uma teoria visando à prática, para além da economia política clássica e de seu Estado Liberal. É exatamente este o objetivo da obra: lançar bases e fundamentos, para possibilitar e instigar a criação da “teoria econômica dos países subdesenvolvidos” que envolva as variáveis de dependência presentes e procure revertê-las, tendo em vista a reconhecida natureza pragmática de toda teoria econômica. O autor adianta que essa nova teoria econômica deve conter a participação do Estado na vida econômica como elemento essencial, deve preocupar-se em estabelecer novas lógicas de investimento e acumulação de capital que visem à independência, bem como ultrapassar a especialização da produção, estimulando o ajuste harmônico entre os mercados interno e externo. Deve, ademais, objetivar o desenvolvimento da base tecnológica da economia, e para cumprir a todos esses objetivos, seria necessário rigoroso controle das contas externas, capaz de lhe assegurar equilíbrio. A “teoria econômica dos países subdesenvolvidos” seria uma 18 PRADO JÚNIOR, Caio. Esboço dos Fundamentos da Teoria Econômica. 2a ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1960. p. 190. 19 Ibid. p. 203. 20 Ibid.p. 210. 21 Ibid. p. 212. que leve em conta as circunstâncias específicas das economias subdesenvolvidas, a par das perspectivas que se abrem para sua evolução, considerará esses países não como participantes do sistema internacional do capitalismo, nele necessariamente integrados e sofrendo-lhe as contingências, e sim do ângulo de sua libertação desse sistema e da estruturação neles de uma economia própria e nacional. Encontra-se assim a análise econômica nos países subdesenvolvidos, tanto quanto a ação política, em frente a dois caminhos por onde se engajar e se propor numa teoria e numa prática. A decisão entre 22 esses dois caminhos pertence a fatores políticos e sai do terreno estrito da Economia. Essa nova teoria do desenvolvimento econômico para países com características específicas tais como os Estados da América Latina se desenvolverá principalmente a partir de Celso Furtado e Raul Prebisch, membros da denominada Escola estruturalista latino-americana, e autores com quem Caio Prado Júnior dialoga nessa obra, e que serão o elo entre suas propostas e as opções concretas de um Brasil em transformação. 3. Celso Furtado e o Desenvolvimento do Brasil Tem-se como semelhança chave entre Caio Prado Júnior e Celso Furtado a ideia de formação, presente nos títulos dos livros paradigmáticos de cada um deles, Formação do Brasil Contemporâneo e Formação Econômica do Brasil, respectivamente. Novamente, devemos buscar desnaturalizar a ideia de formação, e apreender dela a intencionalidade de buscar no desenvolvimento econômico brasileiro linhas evolutivas que expliquem o estágio atual23. Consideramos para os fins deste trabalho um compartilhamento de significados entre a noção de formação em ambos os autores, embora, apesar de um sentido comum, esta noção tenha contornos e especificidades em cada uma dessas obras. Na ausência de trabalhos específicos que promovam análises comparativas semelhantes, Roberto Schwarz antecipa uma interpretação: Para Caio Prado Jr., a formação brasileira se completaria no momento em que fosse superada a nossa herança de inorganicidade social – o oposto da interligação com objetivos internos – trazida da Colônia. Este momento alto estaria, ou esteve, no futuro. Se passarmos a Sérgio Buarque de Holanda, encontraremos algo análogo. O país será moderno e estará formado quando superar a sua herança portuguesa, rural e autoritária, quando então teríamos um país democrático. Também aqui o ponto de chegada está mais adiante, na dependência das decisões do presente. Celso Furtado, por seu turno, dirá que a nação não se completa enquanto as alavancas do comando, principalmente as do comando econômico, não passarem para dentro do país. Ou seja, enquanto as decisões básicas que nos dizem respeito forem tomadas no estrangeiro, a nação 24 continua incompleta. Permanece em ambos a inquietude quanto às bases arcaicas da economia brasileira, e sua situação de dependência e marginalidade no comércio internacional. Há, portanto, um sentido de necessidade e urgência na busca pela transformação das estruturas e escolhas do país, de modo a possibilitar o desenvolvimento das potencialidades e a formação do país propriamente dito. 3.1. Desenvolvimento e Subdesenvolvimento Em continuidade à reflexões suscitadas por Caio Prado Júnior acerca do desenvolvimento, 22 Ibid. p. 224. 23 DACOL, Letícia Villela. A Idéia de Formação em Caio Prado Júnior. Rio de Janeiro: UFRJ, IFCS, 2004. p. 4. 24 SCHWARZ, Roberto. Seqüências brasileiras –Ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. p. 54. Celso Furtado relembra que sendo esta uma ideia central, de evolução dos povos em um sentido positivo, faz-se necessário repensá-la como um processo global, que envolva: (..) transformação da sociedade ao nível dos meios, mas também dos fins; processo de acumulação e de ampliação da capacidade produtiva, mas também de apropriação do produto social e de configuração desse produto; divisão social do trabalho e cooperação, mas também estratificação social e dominação; introdução de novos produtos e diversificação do consumo, mas também destruição de valores e supressão 25 de capacidade criadora. Também em Celso Furtado encontraremos a afirmação da impropriedade da comparação das economias capitalistas desenvolvidas face ao problema do subdesenvolvimento, e a necessidade de forjar-se novas teorias aptas a encontrar a via de desenvolvimento para países tais como o Brasil e seus demais vizinhos da América Latina. É clara a noção, retomando o pensamento de Caio Prado Júnior, de que o subdesenvolvimento e a dependência não são etapas anteriores na evolução do capitalismo rumo ao desenvolvimento, como aponta a teoria econômica clássica, mas são antes resultado de estruturas de dominação arraigadas na economia desses países. Assim, Celso Furtado explicita: “o subdesenvolvimento não constitui uma etapa necessária do processo de formação das economias capitalistas modernas. É, em si, um processo particular, resultante da penetração de empresas capitalistas modernas em estruturas arcaicas”.26 É dentro dessa temática que o autor, também em convergência com Caio Prado Júnior, destaca a relevância dos trabalhos de Raul Prebisch. Através da crítica ao sistema de divisão internacional do trabalho, e questionando o caráter estático da teoria do comercio internacional como benéfico a todos os Estados, a escola estruturalista latino-americana propõe uma nova teoria do desenvolvimento para a América Latina. Nos dizeres de Celso Furtado, “[q]uiçá nenhuma ideia tenha tido tanta significação na formação de uma visão nova do desenvolvimento, como a de estrutura centro-periferia de Raul PREBISCH”.27 E ao concluir uma análise histórica coerente da economia brasileira desde seus primórdios, no último capítulo de Formação Econômica do Brasil, o autor explicita que o desenvolvimento econômico não significa necessariamente redução do comércio exterior, devendo haver uma evolução quanto ao papel que na economia desempenha esse comercio.28 É também com esta ideia que conclui outra obra, nos seguintes dizeres: A evolução dos países do Terceiro Mundo, no sentido de reduzir a situação de dependência em que se encontram, depende em primeiro lugar da ativação das forças sociais que se empenham em modificar o modo de desenvolvimento, visando a impor prioridades sociais na utilização dos recursos sociais. Contudo, essa evolução não é separável do quadro internacional, o qual somente se modifica mediante a aglutinação de recursos de poder capazes de alterar a relação de forças Norte-Sul. O avanço neste segundo plano é, em muitos casos, condição necessária para que ocorram 29 modificações internas no sentido de mudar o modo de desenvolvimento. 25 FURTADO, Celso. Pequena Introdução ao Desenvolvimento: Enfoque Multidisciplinar. 2a ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1981. p. XI. 26 Id. Desenvolvimento e Subdesenvolvimento. 5a ed. Rio de Janeiro: Contraponto, 2009. p. 171 27 Id. Pequena Introdução ao Desenvolvimento: Enfoque Multidisciplinar. 2a ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1981. p. 38. 28 Id. Formação Econômica do Brasil. 13a ed. São Paulo: Editora Nacional, 1975 p. 233. 29 Id. Pequena Introdução ao Desenvolvimento: Enfoque Multidisciplinar. 2a ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1981. p. 160 (grifo nosso). Trata-se, portanto, de um melhor aproveitamento deste elemento, a prescindir de ignorar a relevância do comércio internacional no desenvolvimento das economias. A formação de um Brasil com maior autonomia passará, portanto, pela construção de uma nova participação na esfera internacional, de maneira a reverter o papel periférico até então desempenhado. Segundo o autor, essa mudança poderia ser estimulada através de políticas de integração regional, tópico que melhor desenvolvemos a seguir. 3.2. A Integração como Estratégia para o Desenvolvimento Dentre suas sugestões para a formação de uma economia próspera e efetivamente nacional, FURTADO postula a integração econômica entre os Estados como técnica de planejamento, em avançada política para o desenvolvimento: “A teoria da integração constitui uma etapa superior da teoria do desenvolvimento e a política de integração, uma forma avançada de política de desenvolvimento. O planejamento da integração surge, pois, como a forma mais complexa dessa técnica de 30 coordenação das decisões econômicas.” Na visão do autor, a aproximação entre economias, sejam elas semelhantes ou díspares, é capaz de atuar como relevante ferramenta de superação das limitações inerentes ao subdesenvolvimento. Entretanto, ressalte-se, tal integração deve seguir um processo cauteloso e planejado. Da teoria à prática, Celso Furtado pôde vivenciar a integração como motor de desenvolvimento da América Latina ao integrar a equipe de economistas da CEPAL, Comissão Econômica para a América Latina, que desde sua criação em 1948 objetiva promover o desenvolvimento econômico da região latino-americana, e assessorar as ações encaminhadas para sua promoção e para o reforço das relações econômicas dos países da área. Na CEPAL, Celso Furtado teve contato próximo com Raul Prebisch, principal idealizador do integracionismo latinoamericano como via para o desenvolvimento da região. De fato, tendo em vista a impossibilidade de ignorar a participação do comércio internacional nas economias modernas, e diante das transformações da sociedade internacional nas últimas décadas, a integração se coloca como possibilidade às economias latino-americanas de reverterem o quadro de deterioração dos termos de troca31, responsável por sua inserção periférica no comércio internacional, uma inserção, como vimos, de perdas históricas. 4. Apontamentos Finais: a Integração Regional e a Inserção Internacional do Brasil A partir desse diálogo, chega-se à perspectiva de que a participação do Brasil em iniciativas integracionistas pode ter significado, senão uma ruptura com o sentido da colonização, ao menos uma correção de rumos com vistas a uma inserção proativa da economia brasileira no comércio internacional. Desde a publicação das obras dos autores em questão, o mundo observou intensas transformações, que provocaram um encurtamento das distâncias e um acirramento da integração entre as economias e escalas produtivas dos diferentes Estados. A famigerada globalização é a força transformadora por detrás dessas modificações. Embora essa palavra tenha múltipla acepção e seus significados múltiplos aspectos, nos quais não objetivamos adentrar, nos referimos de modo geral 30 Id. Teoria e Política do Desenvolvimento Econômico. São Paulo: Editira Paz e Terra, 2000. p. 331. 31 PREBISCH, Raul. Transformação e Desenvolvimento: A Grande Tarefa da América Latina. Relatório Apresentado ao Banco Interamericano de Desenvolvimento. Rio de Janeiro: FGV, 1973. p. 3, 97, 176. ao “conjunto de relações sociais que se traduzem na intensificação das interações transnacionais, sejam elas práticas interestatais, práticas capitalistas globais ou práticas sociais e culturais transnacionais”.32 Essa intensificação das inter-relações transnacionais, alicerçada no próprio capitalismo e a ele inerente, têm promovido alterações profundas nos paradigmas de comércio, cultura, consumo e organização da produção, dentre outros. Paralelamente, o advento da Nova Ordem Internacional, com a superação do modelo bipolar, teve como consequência a formação de blocos de integração, ora vistos como parte do fenômeno da globalização, ora entendidos como contrários à este. De toda forma, a proliferação dos blocos econômicos regionais é realidade inegável da ordem internacional globalizada, e demonstra, a nosso ver, uma possibilidade de desenvolvimento aos países da região latino-americana, diante da impossibilidade de isolamento de suas economias. A proliferação de Acordos Regionais observada nas últimas décadas indica a existência de vantagens auferidas pelos Estados, benefícios esses que incentivam e justificam a formação dos blocos de integração. Embora a escolha dos parceiros e as dimensões e níveis de integração escolhidas por cada Estado sejam uma escolha eminentemente política, são sopesados os eventuais custos e benefícios econômicos. De fato, observa-se nas últimas décadas, com a nova onda de regionalismo da década de 80, a consagração do integracionismo como estratégia de desenvolvimento. Nos dizeres de SANAHUGA: [a]unque con distintos enfoques y opciones nacionales, se ha asentado la idea de que el regionalismo constituye una estrategia adecuada para mejorar la inserción internacional de los países de la región; para incrementar la influencia en las organizaciones multilaterales o en las negociaciones comerciales; para promover una gestión más eficaz de las interdependencias regionales, y por todo ello, se ha configurado como un componente esencial de la agenda de desarrollo. 33 De toda monta, o alcance de benefícios não diretamente econômicos, como o aumento da credibilidade, do poder de barganha e de segurança nos Estados membros de um acordo, é capaz de impulsionar o desenvolvimento desses Estados, embora não haja consenso entre os economistas sobre o alcance do crescimento originado por motivações políticas. Desse modo, observa-se que o regionalismo pode ser um relevante instrumento de abertura e desenvolvimento das economias menos desenvolvidas, embora deva ser cuidadosamente orientado pelas escolhas de cada país, que terão efeito direto sob o alcance dos potenciais resultados. É nesse contexto que se inserem as iniciativas integracionistas apoiadas pelo Brasil, dentre as quais se destaca o MERCOSUL. Independente do estágio atual do bloco, são inegáveis alguns sucessos políticos e econômicos. Politicamente, a união do bloco fortaleceu o poder de barganha de seus participantes, e principalmente do Brasil, seu porta-voz natural, que finalmente passam a ser ouvidos nos foros internacionais. Paralelamente, os compromissos envolvidos na integração favorecem e promovem a estabilidade política na região, através de instrumentos como o Parlamento do MERCOSUL e o compromisso democrático do Protocolo de Ushuaia. O ponto chave que queremos destacar, entretanto, concerne à significativa melhoria de aproveitamento econômico das potencialidades da região. Observa-se no MERCOSUL o alargamento do mercado “interno” e seu aproveitamento como motor para o desenvolvimento e encaixe recíproco das economias dos Estados-membros, e portanto via de superação das dificuldades do subdesenvolvimento histórico da região. 32 SOUZA SANTOS, Boaventura de. Os Processos da globalização. In: SANTOS, Boaventura de Sousa (org.). Globalização: Fatalidade ou Utopia? Porto: Edições Afrontamento, 2001. p. 85 33 SANAHUJA, Jose A. Regionalismo e Integración en América Latina: Balance y Perspectivas. Revista Pensamiento Iberoamericano, nº 2007/1. p. 2. Inúmeros são os estudos e dados que comprovam esses resultados econômicos. A título de exemplo, informações oficiais do governo destacam a América Latina como segundo destino das exportações brasileiras, ultrapassando destinos “tradicionais” como Europa e EUA, atrás somente do continente asiático.34 Por fim, é elucidativo o estudo da CEPAL que demonstra uma grande evolução da inserção internacional dos países da região, a partir da constatação que a recente crise financeira “mundial” surgiu no centro do sistema internacional, mas teve sua recuperação dada graças ao impulso e dinamismo da economia de países emergentes, dentre os quais o Brasil, e do comércio de blocos regionais, como o MERCOSUL. A esse respeito cabe ainda uma lembrança do papel central do Brasil nas discussões do G-20 financeiro, e a reflexão se não seria um indicativo mudanças na formação das políticas e das regras na esfera internacional. 35 Muitos foram e ainda são os desafios para a construção de uma economia brasileira eminentemente nacional, ou seja, direcionada pela autonomia e pelos interesses próprios do país, que não necessariamente são aqueles dos seus governantes ou das classes dominantes. No contexto de uma economia globalizada, há explícita impossibilidade e até mesmo ineficiência de alienação face ao comércio internacional. Assim, cabe buscar um melhor aproveitamento desse comércio, em ruptura ou ao menos correção daquele sentido da colonização, pelo qual fomos constituídos para fornecer ao mercado europeu gêneros de que este necessitava. Entendemos que um melhor aproveitamento do comércio internacional tem sido alcançado recentemente pelo Brasil, em parte por sua política de valorização dos parceiros da América Latina e da integração político-econômica no Cone Sul. Isso pode ser observado seja através da diversificação de sua pauta de exportações, seja através de seu maior poder de barganha nos foros de construção e efetivação das regras do comércio internacional, a exemplo da Organização Mundial do Comércio. Se somos ainda incapazes de fornecer uma resposta completa a Caio Prado Júnior, pois de fato o Brasil ainda encontra-se em formação e em processo de desvencilhamento de seu passado, acreditamos que a construção do Brasil necessariamente passa pela autonomia e afirmação internacional, em relação às quais o MERCOSUL é um exemplo de iniciativa bem sucedida. 5. Referências Bibliográficas: BAUMANN, Renato. Integration in Latin America – Trends and Challenges. LC/BRS/R.190 CEPAL, January 2008. CEPAL. Panorama de la Inserción Internacional de América Latina y el Caribe 2009-2010: Crisis Originada en el Centro y Recuperación Impulsada por las Economías Emergentes. LCL/P, División de Comercio Internacional e Integración CEPAL, Setembro 2010. Disponível em: http://www.eclac.org/cgibin/getprod.asp?xml=/publicaciones/xml/5/40695/P40695.xml&xsl=/comercio/tpl/p9f.xsl&base=/comercio/tpl/topbottom.xsl. Último acesso: 15/04/10 COUTINHO, Carlos Nelson. Uma Via “Não Clássica” para o Capitalismo. In: D'INCAO, Maria Ângela (Org). História e Ideal: Ensaios sobre Caio Prado Júnior. São Paulo: Editora Unesp; Editora Brasiliense: 1989 34 Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC. Brasil em Números. Disponível em: http://www.mdic.gov.br//arquivos/dwnl_1312203713.pdf. Ultimo acesso: 18/09/11. 35 CEPAL. Panorama de la Inserción Internacional de América Latina y el Caribe 2009-2010: Crisis Originada en el Centro y Recuperación Impulsada por las Economías Emergentes. LCL/P, División de Comercio Internacional e Integración CEPAL, Setembro 2010. Disponível em: http://www.eclac.org/cgibin/getprod.asp?xml=/publicaciones/xml/5/40695/P40695.xml&xsl=/comercio/tpl/p9f.xsl&base=/comercio/tpl/topbottom.xsl. Último acesso: 18/09/11 DACOL, Letícia Villela. A Ideia de Formação em Caio Prado Júnior. Rio de Janeiro: UFRJ, IFCS, 2004. FURTADO, Celso. Desenvolvimento e Subdesenvolvimento. 5a ed. Rio de Janeiro: Contraponto, 2009. _________. Formação Econômica do Brasil. 13a ed. São Paulo: Editora Nacional, 1975 _________. Pequena Introdução ao Desenvolvimento: Enfoque Multidisciplinar. 2a ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1981. _________. Teoria e Política do Desenvolvimento Econômico. São Paulo: Editira Paz e Terra, 2000. GALEANO, Eduardo H. A Descoberta da América que Ainda Não Houve. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 1988. _________. As Veias Abertas da América Latina. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978. 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