TECHNOLOGY CLÍNICA Generation NOW! Bênção ou maldição tecnológica? Quarta-feira, 15 de julho de 2015 9:00 – 12:00 Limelight Supper Club & Lounge, DPAC As gerações mais jovens estão imersas em tecnologias que permitem conectividade instantânea e constante, mas também alteram o desenvolvimento do cérebro e as dinâmicas de interação social. Esta apresentação irá avaliar as oportunidades e desvantagens do onipresente "tempo de tela" em relação à criatividade e à vida cultural nas Américas, e irá explorar o trabalho de implantação de tecnologias feito pelos inovadores para enfrentar os desafios sociais. Objetivos da Clínica Esta clinica tem como objetivo abordar os benefícios da tecnologia na resolução de questões relativas à saúde, educação e desenvolvimento econômico. Este documento fornece uma contextualização das questões pertinentes, sobretudo no que diz respeito aos desafios da conectividade e aos efeitos da tecnologia no desenvolvimento cerebral. Não se destina a oferecer uma análise abrangente do tema, mas sim enquadrar os problemas e questões que os participantes irão abordar na apresentação. O evento 2015 Biennial Clínicas é composto por seminários personalizados, restrito a convidados, realizados entre pares, e mediados profissionalmente pela McKinsey & Company. É formado por um grupo dinâmico de diversos líderes. O formato exclusivo do evento cria um fórum em que profissionais especializados compartilham ideias, projetos e iniciativas e trabalham com outros especialistas a fim de formar novas colaborações e parcerias. Após as apresentações introdutórias dos idealizadores escolhidos, os entrevistados pré-selecionados dão início à conversa, seguido de uma mesa redonda com todos os participantes. Ao final da sessão de três horas, os participantes criam três ou quatro passos de ação seguintes para resolver os desafios abordados durante o evento, juntamente com uma lista de requisitos ou solicitações considerados necessários para a execução desses passos. Os itens para ação podem incluir ideias, parcerias, oportunidades de investimento, programas e iniciativas, e podem basear-se em estruturas já em formação ou ser lançadas no nível de bases. Após o festival da Bienal 2015, os participantes receberão um relatório completo da sessão do evento, e continuarão trabalhando com sua rede de colegas para promover os resultados pretendidos desse evento. Participantes da Clínica Moderador: McKinsey & Company Idealizadores: Luis Carlos Díaz, Centro Gumilla Erik Mitisek, Colorado Technology Association Luisa Ortiz Perez, NOVA Mexico Brett Perlmutter, Google Ideas Entrevistados: Nicole Glaros, Techstars Manuel Morato, Dev.F. Hackers School Alejandro Pisanty, Universidad Nacional Autónoma de México Participantes: Jennifer Artley, BT Americas Mike Biselli, Catalyst Alex Blum, Rugged Communications Chris Coleman, Artista Brian Corrigan, OhHeckYeah Sterling Crispin, Artista Francisco Estrazulas, Banco Interamericano de Desenvolvimento Rachel Gall, So-Called Millennial Adriana Galue, Way High Innovations Justin Gitlin, Ello, OhHeckYeah & Modeset Adam Lerner, Museum of Contemporary Art Denver Barney Loehnis, Mercer Elaine Marino, LadyCoders Productions Renato Meirelles, Data Popular Elaine Pinheiro, Centro de Inclusão Digital Ingrid Riley, ConnectiMass Kaakpema Yelpaala, Access Mobile Vantagens e desvantagens da tecnologia Os governantes e as sociedades estão se preparando e precisam continuar a se preparar para as tecnologias futuras. Para fazer isso bem, eles precisam ter uma compreensão clara de como a tecnologia modela a economia e a sociedade no mundo. Eles precisarão decidir como investir em novas vertentes de educação e infraestrutura, e decifrar como as transformações econômicas revolucionárias afetarão as vantagens Bênção ou maldição tecnológica? 2 comparativas. Os governos, legisladores e órgãos reguladores precisarão criar um ambiente que proteja os direitos e a privacidade dos cidadãos, um ambiente em que os cidadãos possam continuar a prosperar, mesmo quando novas tecnologias perturbem suas vidas. Andrew McAfee, coautor de "The Second Machine Age", afirma que o progresso tecnológico terá duas consequências econômicas principais. Primeiro, novas possibilidades: “Mais opções, maior qualidade, mais variedade, preços mais baixos, e não apenas em relação aos bens de consumo, mas à assistência médica, entretenimento e lazer, comunicação, alimentação e todas as áreas que envolvem as nossas vidas". McAfee admite que a outra consequência importante será muito menos positiva: no futuro não muito distante, máquinas inteligentes poderão começar a substituir os seres humanos em mais tipos de empregos, levando muitos trabalhadores menos qualificados ao desemprego. “A tecnologia tende a favorecer certos tipos de vencedores, que estão disparando na frente e deixando muita gente para trás. Assim, vemos desigualdades de renda, desigualdade da riqueza, desigualdades de oportunidade e de mobilidade, que são desafios muito sérios que temos de enfrentar". A boa notícia é que as pessoas que se sentem ameaçadas por esses desafios podem aproveitar as novas oportunidades oferecidas pela tecnologia, como conectividade, acessibilidade a educação de qualidade e programas de capacitação do governo. Segundo McAfee, “Os recursos educacionais atualmente disponíveis pela Internet por meio da tecnologia são realmente fantásticos. Temos alguns dos melhores professores do mundo ministrando seus cursos de graça para quem quiser fazê-los. Este é um acontecimento muito positivo". Outras vantagens dos avanços tecnológicos incluem impactos ambientais, sociais e de saúde positivos, como edifícios inteligentes ou redes inteligentes para o gerenciamento do consumo de energia e o acompanhamento em tempo real de regimes meteorológicos, criminalidade, tráfego, transmissões de câmeras ao vivo e dados de emergências. No Brasil, o prefeito do Rio de Janeiro ficou tão frustrado com os frequentes ferimentos e perdas de vidas nas favelas devido às chuvas torrenciais, que investiu na instalação de sensores que, combinados com dados meteorológicos e novos instrumentos de comunicação, são capazes de prever deslizamentos de terra e alertar as comunidades com antecedência. Além disso, o Rio contratou adolescentes da cidade para fazer imagens digitais de áreas problemáticas nas favelas, em um esforço para criar um mapa digital de pontos críticos e permitir às autoridades municipais enfrentar desafios como a remoção do lixo acumulado, que atraiu mosquitos e contribuiu para o aumento da incidência da dengue. Os esquemas de "crowd sourcing" e "crowd funding" ("produção coletiva" e "financiamento coletivo", respectivamente) são formas de usar a Internet e as mídias sociais para promover a conscientização, arrecadar fundos e angariar apoio para um projeto. A tecnologia pode ser usada para capacitar economicamente jovens, mulheres e grupos socialmente desfavorecidos; pode preparar melhor as pessoas para os riscos Bênção ou maldição tecnológica? 3 de desastres e a prevenção da violência; e pode melhorar o acesso e oportunidades para crianças e adolescentes melhorarem sua educação, ensinar habilidades para a vida e manter as crianças, adultos e idosos saudáveis e seguros. A tecnologia também pode ser explorada para estimular a criatividade: websites oferecem tutoriais que ensinam a criar e distribuir artesanato, como Etsy, Craftsy, Swiss Miss, Elo7 (Brasil) e Ofelia Feliz (Argentina), e é possível fazer foto artística via Shutterfly e Makers Movements. Entre as desvantagens da tecnologia estão preocupações com a eliminação de empregos e o "desemprego tecnológico", ou até mesmo a desigualdade de renda. Um relatório recente da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) concluiu que o fosso entre ricos e pobres alcançou uma alta histórica em muitos de seus 34 países membros, determinado em grande parte pela queda do poder aquisitivo dos 40 por cento que formam a base da população. Muitos dos que têm as remunerações mais baixas presenciaram a diminuição dos salários nas últimas décadas, e a OCDE adverte que a desigualdade de renda agora está comprometendo o crescimento econômico. Outros desafios relacionados à onipresença do tempo de tela e de seus efeitos na interação social intensificam a complexidade do desenvolvimento tecnológico. Os avanços tecnológicos podem continuar a crescer e se desenvolver exponencialmente nos próximos 50 anos. Neste momento, ainda estamos na linha de frente da revolução tecnológica. O Dr. Raymond Kurzweil, cientista da computação, inventor e futurista da Google, é um dos muitos que oferece ideias do que pode acontecer com o ser humano durante os próximos cinquenta anos, inclusive a colonização da Lua, a engenharia reversa do cérebro, o consumo de qualquer alimento à vontade sem engordar e muito mais. Esses avanços podem não ser saudáveis ou benéficos, mas representam uma pequena mostra do que o futuro pode estar reservando para a sociedade. Inovação ou desestabilização? Big Data O conceito de "Big Data" refere-se a grande volume e grande velocidade, inclui uma grande variedade de fontes de informação e, sem dúvida, agrega valor. Na busca pelo valor, o desafio é como reduzir a complexidade e incômodo do big data. O Big Data pode assumir a forma de dados estruturados, como transações financeiras, ou dados não estruturados, como fotografias ou postagens em blogs. Pode ser obtido via "crowd sourcing" ou de fontes de dados exclusivos, e tem sido alimentado por avanços tecnológicos e tendências sociais. Discussões coletivas, comentários, curtidas, descurtidas e redes de conexões sociais agora são dados, e a escala é enorme. O Big Data também está mudando a forma como fazemos negócios e, com os devidos princípios e orientações, podemos coletar, mensurar e analisar cada vez mais informações a fim de tomar decisões melhores, tanto no nível individual como coletivo. Paralelamente a isso, esse mundo do Big Data está suscitando preocupações com Bênção ou maldição tecnológica? 4 questões de privacidade e dos efeitos na sociedade. Tecnologia vestível Google Glass, FitBit Trackers e Memoto são alguns exemplos de novas tecnologias que as pessoas vestem para gerenciar a saúde ou registrar suas atividades. Esses dispositivos podem ajudar a solucionar crimes, gerenciar metas de boa forma física, incentivar um sono melhor e capturar fenômenos meteorológicos. Mas é aí que entra em jogo a questão de quem detém e controla esses registros, enquanto instituições e comunidades tentam alcançar um consenso em relação à coleta dos dados, como são armazenados e quando devem ser divulgados. Câmeras As câmeras e filmadoras dos celulares oferecem a oportunidade de policiar, registrar e comunicar de forma constante. As imagens de tiroteios policiais registradas em vídeo provocaram tumulto nos EUA, mas no Rio de Janeiro os policiais estão testando o conceito de Policiamento Inteligente para gravar e armazenar automaticamente tudo que o policial ouve e vê durante o patrulhamento, em um esforço para monitorar e proteger. O aplicativo faz o upload do material do vídeo criptografado para um servidor na nuvem e, caso ocorra uma perseguição ou emergência, pode fazer transmissões ao vivo para a sede da polícia. A filmadora do celular pode registrar desastres naturais, como o recente deslizamento de terra na região de Antióquia, na Colômbia, ou a explosão de uma fábrica de fogos de artifício ocorrida em janeiro em Bogotá. Considerados "vídeos amadores", os canais de notícias muitas vezes podem usar esse material para noticiar acontecimentos, ou websites podem viralizá-los. Em teoria, o vídeo transmite uma mensagem de certeza, mas a pesquisa das ciências sociais e a sabedoria popular concordam que quem é vigiado também pode alterar o comportamento: quando as pessoas sabem que estão sendo filmadas, tendem a se comportar melhor, roubar menos, demonstrar mais cordialidade. Tempo de tela: as crianças e o cérebro Não faz muito tempo, só existia a televisão; agora existem smartphones, iPads, tablets e muitos outros dispositivos tecnológicos para as crianças. As crianças se sentem no direito de ter a última tecnologia, e estão acostumadas a ter uma infinidade de aplicativos, jogos interativos e videogames entre seus brinquedos. Para os pais, a infância sofreu uma transformação um pouco alarmante em um período muito curto mas, para as crianças de hoje, sempre foi possível fazer muitas coisas com o toque do dedo ou o clique de um botão. Nos últimos vinte anos, a Academia Americana de Pediatria mudou sua política relativa a crianças pequenas e os meios de comunicação. Em 1999, a Academia desaconselhou a televisão para crianças com menos de 2 anos, citando pesquisas sobre o desenvolvimento cerebral que mostraram a necessidade premente dessa faixa etária de "interagir diretamente com os pais e outros cuidadores importantes". (No caso das crianças mais velhas, a Academia observou que os programas de alta qualidade Bênção ou maldição tecnológica? 5 podem trazer benefícios educativos.) Em 2006, mesmo com as diretrizes preconizadas pela Academia, 90 por cento dos pais norte-americanos informaram que seus filhos menores de 2 anos consumiam algum tipo de mídia eletrônica. Em 2011, reconhecendo que as coisas haviam mudado muito nos últimos dez anos, a Academia atualizou sua política de modo a citar “celulares inteligentes" e tecnologias de "nova tela", mas ainda descartava aplicativos interativos e não abordava os possíveis benefícios da tecnologia para as crianças pequenas. O Ministério da Saúde Pública do México realizou um estudo em 2012 sobre os níveis de tempo de tela das crianças mexicanas e constatou que, em média, as crianças dedicavam três horas por dia de tempo na tela, independentemente do sexo e idade. Embora o Ministério recomende somente até duas horas por dia, dois terços das crianças mexicanas ultrapassavam esse nível. A tecnologia tornou-se onipresente nas nossas vidas, e os pais estão tomando mais cuidado, e não menos, com o que ela possa estar fazendo para seus filhos. Para os pais, a competência e sofisticação tecnológicas não se traduziram em conforto e facilidade mas, em vez disso, criam uma outra esfera em que os pais sentem que devem navegar exatamente da maneira certa. Por um lado, os pais querem que seus filhos naveguem com destreza no fluxo digital com que terão de lidar durante toda a vida; por outro lado, temem que o excesso de mídias digitais muito precocemente as engula. Os pais acabam tratando os tablets como instrumentos cirúrgicos de precisão, aparelhos capazes de operar milagres para o QI de seus filhos, mas somente se forem usados dessa forma. Pesquisas demonstram que a tecnologia pode ser benéfica e prejudicial a um só tempo para o raciocínio de crianças e adultos. Como o cérebro das crianças ainda está em desenvolvimento, a exposição frequente a imagens digitais na verdade está programando o cérebro de forma diferente das gerações anteriores. A tecnologia de hoje determina o desenvolvimento dos nossos cérebros. Em gerações passadas, as crianças dedicavam grande parte do seu tempo à leitura, uma atividade que oferecia poucas distrações e demandava atenção intensa e duradoura, imaginação e memória. O advento da televisão alterou essa atenção, oferecendo estímulos visuais e pouca necessidade de imaginação. Em seguida, a Internet foi inventada e as crianças foram empurradas para um ambiente muitíssimo diferente, em que a distração é a norma, a atenção ininterrupta é praticamente impossível e a memória é inibida. Embora a tecnologia condicione o cérebro para prestar atenção nas informações de forma muito diferente da leitura, a exposição à tecnologia não é de todo prejudicial. Pesquisas mostram que alguns videogames e outras mídias de tela melhoram a capacidade visual-espacial e aumentam o tempo de reação e a capacidade de identificar detalhes em meio à desordem. Em vez de tornar as crianças monótonas ou idiotas, pode ser que esteja tão-somente tornando-as diferentes. A não exigência de retenção de informações no nosso cérebro pode permitir que ele se envolva em outros tipos de processamento, como a contemplação, o pensamento crítico e a resolução de problemas. O alcance do equilíbrio entre o tempo de tela e as atividades como leitura, jogos e brincadeiras não estruturadas e imaginativas é o desafio atual. Bênção ou maldição tecnológica? 6 Tecnologia, Crescimento Econômico e Desigualdade A criação de empregos diretos constitui um importante impacto econômico da tecnologia. O setor de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) cria e oferece empregos com altos salários e contribui para o crescimento do PIB. A Internet é responsável por 3,4% do PIB total em algumas economias, com a maior parte gerada pelo e-commerce, surgimento de novos serviços e setores, acesso a serviços públicos pela Internet e por dispositivos móveis, transformação da mão-de-obra, inclusive plataformas de "microtrabalho", e inovação empresarial por meio da presença online. A Internet oferece às empresas novas formas de alcançar os clientes e concorrer por participação de mercado, e a explosão sem precedentes dos dispositivos conectados em escala mundial criou novas modalidades para as empresas atenderem e terem acesso a seus clientes. A tecnologia também facilita a eficiência nos negócios por meio do gerenciamento e retenção de dados, garantia da privacidade, direcionamento e gestão dos investimento e despesas de TI, e gerenciamento de fornecedores e prestadores de serviços. Os Estados Unidos estão registrando níveis de desigualdade não vistos há um século. Alguns tecnólogos propõe o acesso à tecnologia e à Internet como uma solução: Mark Zuckerberg, Diretor-Executivo do Facebook, declarou que "as 500 milhões pessoas mais ricas do mundo têm muito mais dinheiro do que as seis bilhões de pessoas que vêm logo abaixo de forma combinada. A solução para isso é oferecer acesso à Internet a todos." Arne Duncan, Secretário de Educação dos EUA, afirma que "a tecnologia é um divisor de águas no campo da educação. [Ela rá] "melhorar o rendimento de todos e aumentar a igualdade entre as crianças”. Kentaro Toyama, cientista da computação e pesquisador do desenvolvimento internacional que trabalha com a relação entre a tecnologia e o desenvolvimento mundial, vem buscando possibilidades para os dispositivos digitais ajudarem as comunidades mais carentes do mundo. Ele constatou invariavelmente que o que as pessoas extraem da tecnologia depende do patrimônio, escolaridade e laços sociais existentes:a tecnologia é poderosa, mas seu poder depende dos seus usuários humanos. Os cursos online abertos em massa (MOOC, na sigla em inglês) foram originalmente idealizados para oferecer educação aos desprivilegiados: qualquer pessoa com acesso à Internet pode aprender, ou ao menos essa era a esperança. Entretanto, estudos revelam que as pessoas que fazem os MOOCs em sua maioria possuem formação universitária, são profissionais atuantes no mercado, e não desempregados com ensino médio incompleto. Isso se aplica tanto aos EUA como a outros países. Ao longo das últimas quatro décadas, os EUA têm vivenciado uma idade de ouro da inovação digital. Ainda assim, durante o mesmo espaço de tempo, a taxa de pobreza aumentou, a mobilidade social estagnou-se e a desigualdade disparou. A tecnologia parece nos ajudar de forma proporcional em relação ao que já temos; é menos uma ponte e mais um acelerador que alarga as diferenças socioeconômicas. Os empreendedores sociais tentam eliminar o apartheid digital e democratizar o acesso por meio da oferta de produtos gratuitos ou de baixo custo, mas o poder amplificador da tecnologia sugere que a Bênção ou maldição tecnológica? 7 democratização pode não bastar, e que a alocação deliberada de recursos em favor dos menos abastados e dos menos poderosos pode reduzir as segregações sociais; em suma, uma mudança na política, e não apenas na tecnologia, é necessária para desencadear transformações. O Networked Readiness Index (Índice de Prontidão em Rede) do Fórum Econômico Mundial acompanha nos países, o número de internautas, e-commerce, serviços governamentais online, qualidade do sistema educacional, ambiente regulatório e político, infraestrutura de TIC, residências com um computador pessoal, população com empregos intensivos em conhecimento, condições estruturais para o empreendedorismo e capacidade geral de inovação. O índice classifica o desempenho de 148 economias quanto ao aproveitamento das tecnologias de informação e de comunicação para impulsionar a competitividade e o bem-estar. Os EUA são o único país do Hemisfério Ocidental a figurar entre os 10 primeiros do índice. Entre os 50 principais, estão o Canadá, na 17a posição, o Chile, na 35a, Porto Rico, na 41a, e o Panamá, na 43a. Apesar dos recentes esforços de muitos países da América Latina e do Caribe para desenvolver e atualizar suas infraestruturas de TIC, a melhoria da conectividade e do acesso a banda larga continua sendo um dos principais desafios da região. Países como Chile, Panamá, Uruguai e Colômbia fizeram avanços consideráveis no desenvolvimento e garantia da ampliação (e melhoria) do acesso à infraestrutura de TIC, o que assegura maior aproveitamento das TIC pelas partes interessadas. Contudo, fragilidades persistentes do sistema de inovação como um todo atrapalham a capacidade geral da região de explorar plenamente as TIC a fim de promover seu potencial de competitividade, com destaque para o surgimento do novo apartheid digital: a atual segregação entre os países que estão alcançando impactos econômicos e sociais positivos relacionados ao uso das TIC e os que não estão alcançando. Boyd Cohen, autor, professor e inventor da Smart Cities Wheel, identifica as cidades latino-americanas que estão na dianteira para se tornar centros urbanos de inovação e que estão usando a tecnologia e políticas sociais para propiciar uma vida melhor para seus cidadãos. Ele considera as oito cidades a seguir como as mais inteligentes da América Latina: Santiago, Chile; Cidade do México, México; Bogotá, Colômbia; Buenos Aires, Argentina; Rio de Janeiro, Brasil; Curitiba, Brasil; Medellín, Colômbia; e Montevidéu, Uruguai. Eentre as vinte e oito categorias examinadas estão empreendedorismo e inovação; produtividade; interconectividade local e mundial; edificações ecológicas; energia verde; planejamento urbano ecológico; política propiciadora de oferta e demanda; transparência e dados abertos; TICs e governo; vida saudável; vida segura; sociedade culturalmente vibrante e feliz; TICs integradas; acesso modal misto; opções limpas e não motorizadas priorizadas; adesão à criatividade; sociedade inclusiva e educação do século XXI. Com recursos continuamente direcionados ao desenvolvimento de polos de tecnologia em todo o hemisfério, os efeitos positivos e negativos do uso da tecnologia continuarão a permear as Américas. Bênção ou maldição tecnológica? 8 Perguntas de desafio O desfile implacável de novas tecnologias está acontecendo em muitas frentes. Quase todo avanço é anunciado como um grande salto, e a lista das "próximas revoluções" não para de crescer. Nem toda tecnologia emergente irá alterar a paisagem empresarial ou social, mas algumas realmente têm o potencial de desestabilizar o status quo, mudar a forma como as pessoas vivem e trabalham, e de reorganizar conjuntos de valores. Portanto, é indispensável que os líderes empresariais e os governantes de todo o mundo trabalhem conjuntamente para compreender quais tecnologias serão importantes para eles e se preparar adequadamente. • Como podemos abordar as desvantagens e aproveitar as oportunidades do onipresente "tempo de tela" em relação à criatividade e à vida cultural nas Américas? • Quais são as soluções tecnológicas para os desafios educacionais e sociais? Como podem ser ampliadas, maximizadas e compartilhadas? • De que forma a conectividade instantânea e constante altera o desenvolvimento do cérebro e as dinâmicas de interação social? • Quais são alguns exemplos de como a tecnologia pode afetar a sociedade de forma positiva e favorecer nosso pensamento, nossa saúde, nossas interações pessoais e nossas vidas? • Estamos no início de uma transformação econômica inédita na história, maravilhosa pelo que é capaz de fazer para nos trazer melhorias na medicina, bens e serviços, mas devastadora para os impossibilitados de colher os benefícios financeiros? Os robôs e programas de software substituirão a maioria dos trabalhadores humanos? Bênção ou maldição tecnológica? 9 Fontes e leitura recomendada Bailey, Chris, “Chances are you Spend Way Too Much Time Staring at Screens Everyday”, A Life of Productivity, July 10, 2014. http://alifeofproductivity.com/chances-spend-way-much-time-staring-screens-everyday/ Bilbao-Osorio, Beñat, Duuta, Soumitra, and Lanvin, Bruno, “The Global Information Technology Report 2014”, World Economic Forum, 2014. http://www3.weforum.org/docs/WEF_GlobalInformationTechnology_Report_2014.pdf Cohen, Boyd “The 8 Smartest Cities in Latin America”, Fast Company, December 3, 2013. http://www.fastcoexist.com/3022533/the-8-smartest-cities-in-latin-america Cole, Samantha, “5 Big Ways Education will Change by 2020”, Fast Company. http://www.fastcompany.com/3043387/sector-forecasting/5-big-ways-education-willchange-by-2020 Fisher, Marc, Hermann, Peter, “Did the McKinney, Tex. 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