IV Congresso Brasileiro de Mamona e
I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB – 2010
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PRODUÇÃO DE CANOLA EM FUNÇÃO DA ADUBAÇÃO E UTILIZAÇÃO DA COBERTURA MORTA
Tancredo Augusto Feitosa de Souza 1; Roberto Wagner Cavalcanti Raposo2; Aylson Jackson de Araújo
Dantas2; Carolline Vargas e Silva2; Antonio Dantas Gomes Neto2; Luiz Cláudio Nascimento dos
Santos2; Rodolfo César de Albuquerque Araújo 2; Heitor Régis Nascimento Rodrigues 2; Diego Alves de
Andrade2; Diego Almeida Medeiros2; Jefferson Alves Dias2; Edgley Soares da Silva2; Glêvia Kamila
Lima2; Eduardo Henrique Lima de Lucena2; Cristine da Silveira Figueiredo Prates 2
1 PPGMSA/CCA/UFPB; 2
DSER/CCA/UFPB; Email: [email protected]
RESUMO – O fornecimento de elementos móveis em cobertura e a utilização de cobertura morta são
estratégias agronômicas utilizadas no campo para melhorar o desenvolvimento das culturas e o
aproveitamento de água e nutrientes. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da adubação em
cobertura e utilização de cobertura morta sobre a produção de canola (Brassica napus L.). O
experimento foi realizado em solo classificado como Latossolo Amarelo do município de Areia, PB,
microrregião do Brejo paraibano, entre Julho e Novembro de 2009 em condições de campo. Adotou-se
o delineamento experimental em blocos casualizados, os tratamentos constaram da presença e
ausência da adubação de cobertura aos 30 dias após a emergência, e presença e ausência de
cobertura morta (palha de cana-de-açúcar triturada) nas parcelas. Os fatores avaliados foram o número
de plantas por sulco, metros colhidos, a produção por parcela, produtividade e peso de mil sementes.
O manejo do solo e de nutrientes na forma de utilização de cobertura morta e adubação de cobertura
não promoveram efeito significativo sobre a produção de canola. Em solos com elevado teor de matéria
orgânica a simples utilização de cobertura morta promove resultados produtivos superiores a aplicação
de fertilizantes em cobertura.
Palavras-chave – Brassica napus L.; Adubação mineral; Manejo do solo; Manejo de nutrientes
INTRODUÇÃO
A cultura da canola é uma oleaginosa, bastante utilizada na Europa na produção de
biocombustíveis, no Brasil o seu cultivo se limita aos Estados localizados no Sul do País (TOMM,
2007). Na região Nordeste alguns trabalhos foram desenvolvidos, como os de Tomm et al. (2008) e
Souza et al. (2008) avaliando o comportamento de genótipos de Canola no município de Areia, PB,
obtiveram produtividades de genótipo de ciclo curto e longo superiores a 2000 e 1500 kg ha -1
respectivamente. A média de produção Nacional de grãos de não chega a 1500 kg ha-1, o que mostra
que a região Nordeste, notadamente a microrregião do Brejo paraibano, é uma potencial área
produtora dessa oleaginosa no País.
CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 4 & SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE OLEAGINOSAS ENERGÉTICAS, 1, 2010,
João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1439-1443.
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Contudo, pouco foi feito sobre o efeito de práticas de manejo do solo e de nutrientes como a
utilização de cobertura morta e a prática da adubação de cobertura nessa cultura na região. Sabe-se
que ambas as práticas propiciam melhores condições para o desenvolvimento da cultura e
conseqüentemente aumento nas produções.
A cobertura morta tem sido utilizada com a finalidade de reduzir a desagregação do solo,
incidência de plantas daninhas, além de contribuir para a manutenção de temperatura e umidade do
solo em níveis adequados para o desenvolvimento das plantas Em função destes requisitos é
recomendada para quase todos os solos e climas e para a grande maioria das culturas (RESENDE et
al., 2005). A adubação de cobertura por sua vez, promove aumento na eficiência de utilização de
nutrientes móveis, que normalmente se aplicados em dose única, podem ser perdidos por lixiviação ou
volatilização.
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da adubação em cobertura e utilização de
cobertura morta sobre a produção de canola (Brassica napus L.) cultivada no brejo paraibano.
METODOLOGIA
O experimento foi instalado em condições de campo no período de Julho a Novembro de 2009,
em área experimental pertencente ao Centro de Ciências Agrárias – UFPB, Campus II, localizada no
município de Areia (PB). As características químicas do solo utilizado foram determinadas antes da
instalação do experimento (Quadro 1).
O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, com quatro repetições. Os
tratamentos foram constituídos pela presença e ausência de cobertura morta e adubação de cobertura,
totalizando quatro tratamentos.
A calagem foi realizada três meses antes do plantio, conforme recomendações de Raij et al.,
(1997). A adubação de semeadura constou da aplicação, em todos os tratamentos, de 300 kg ha -1 do
fertilizante misto de fórmula 06-24-12 nas parcelas. Utilizou-se espaçamento entre linhas de 0,34 m, a
unidade experimental foi composta de 4 linhas de 5m de comprimento, totalizando como área útil 6,8
m2. Nas adubações de cobertura foi aplicado 20 kg ha-1 de N + 22 kg ha-1 de S na forma de sulfato de
amônio, 90 kg ha-1 de N na forma de uréia e 30 kg ha -1 de K2O na forma de cloreto de potássio aos 30
dias após a emergência (DAE). A cobertura morta foi colocada logo após a emergência das plântulas,
foi utilizado como material palha de cana-de-açúcar triturada em área total dentro das parcelas
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Foram feitas as seguintes avaliações, Metros colhidos - foi considerada a quantidade
de metros colhidos multiplicado pelo espaçamento entre as linhas, obtendo-se a área colhida; Gramas
colhidas foram registrados o peso dos grãos colhidos; Peso de mil grãos: foi feito utilizando oito
repetições de 100 sementes, obteve-se a média dessas repetições e multiplicou-se por 10 e
Produtividade: foi calculada através da relação entre a quantidade em gramas colhidas na área
plantada e o que seria colhido em 1 ha.
Os resultados foram submetidos à análise de variância pelo teste F. A comparação das médias
foi efetuada pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A utilização de cobertura morta, adubação de cobertura e sua interação não promoveram efeito
significativo sobre a produção de canola no brejo paraibano (tabela 1). A produtividade obtida variou
entre 1621 e 2652 kg ha-1, resultado muito superior ao obtido por Tomm et al., (2008) e Souza et al.,
(2008).
O elevado teor de matéria orgânica encontrado no solo pode ter influenciado nos resultados,
pois esta tem influencia direta no fornecimento de nutrientes às culturas, retenção de cátions,
complexação de elementos tóxicos e de micronutrientes, estabilidade da estrutura, infiltração e
retenção de água, aeração e atividade microbiana, constituindo-se componente fundamental da sua
atividade produtiva (BAYER e MIELNICZUK, 1999), haja vista a ausência da adubação de cobertura ter
promovido resultados tão satisfatórios. Desta forma percebe-se que em solos de elevado teor de
matéria orgânica recomenda-se não aplicar fertilizantes, gerando uma economia no final do ciclo e
agredindo menos o ambiente.
Uma vez que, quando devidamente mineralizada a matéria orgânica melhora as condições
físicas, químicas e biológicas do solo, alem de apresentarem aspectos positivos na qualidade do
produto colhido, contribuindo para o crescimento e desenvolvimento das plantas.
Resende et al.,(2005) obtiveram um aumento da umidade do solo de 125,5 g kg-1 (sem
cobertura) para 139,2 g kg-1 (com cobertura), o que favoreceram a maior eficiência do uso da água,
além de verificar que a mesma não interferiu significativamente na produção de cenoura.
Ao se analisar os resultados sem considerar o efeito estatístico pode-se observar que a
utilização de cobertura morta propiciou resultados superiores ao se comparar com os tratamentos em
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que a mesma não foi aplicada. Contudo não teve resultados positivos quando aplicados juntamente
com a adubação de cobertura.
CONCLUSÃO
O manejo do solo e de nutrientes na forma de utilização de cobertura morta e adubação de
cobertura não promoveram efeito significativo sobre a produção de canola.
Em solos com elevado teor de matéria orgânica a simples utilização de cobertura morta
promove resultados produtivos superiores a aplicação de fertilizantes em cobertura.
Mesmo com a ausência das duas práticas de manejo os resultados de produtividade foram
superiores a média nacional de produção de canola.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAYER, C.; MIELNICZUK, J. Dinâmica e função da matéria orgânica. In: SANTOS, G. de A.;
CAMARGO, F.A. de O. (Ed.). Fundamentos da matéria orgânica do solo: ecossistemas tropicais e
subtropicais. Porto Alegre: Gênesis, 1999. p.9-26.
RESENDE, F. V.; SOUZA, L. S.; OLIVEIRA, P. S. R.; GUALBERTO, R. Uso de cobertura morta vegetal
no controle de umidade e temperatura do solo, na incidência de plantas invasoras e na produção de
cenoura em cultivo de verão. Revista Ciência Agrotecnologia, Lavras, v. 29, n. 1, p. 100-105, 2005.
SOUZA, T. A. F.; RAPOSO, R. W. C.; TOMM, G. O.; OLIVEIRA, J. T. L.; SILVA NETO, C. P.
Desempenho de genótipos de canola (Brassica napus L.) no município de Areia – PB. In: Congresso
Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel, 5. Lavras: EMBRAPA
AGROENERGIA: CNPq: TECBIO: BIOMINAS: SEBRAE, 2008.
TOMM, G. O. Indicativos tecnológicos para a produção de canola no Rio Grande do Sul. Passo
Fundo: EMBRAPA Trigo, 2007. 68p. (Sistema de Produção n° 4).
TOMM, G. O.; RAPOSO, R. W. C.; SOUZA, T. A. F.; OLIVEIRA, J. T. L.; RAPOSO, E. H. S.; SILVA
NETO, C. P.; BRITO, A. C.; NASCIMENTO, R. S.; RAPOSO, A. W. S.; SOUZA, C. F. Desempenho de
genótipos de canola (Brassica napus L.) no Nordeste do estado da Paraíba, Nordeste do Brasil.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2008. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento,
online, nº 65.
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Quadro 1. Características químicas do solo cultivado, Areia (PB), na profundidade de 0-0, 20 cm
pH
M.O.
P
H2O (1:2,5)
--g kg-1--
5,47
42,12
K+
Ca2+
Mg+2
H + Al
-------mg dm-3-------
---------------cmolc dm-3---------------
0,57
2,95
42,13
0,15
7,18
V
----%---31,62
Tabela 1. Média das variáveis de produção em função da adubação fosfatada
Cobertura morta
Ausência
Presença
Valor de F
Adubação de cobertura
Metros
colhidos
(m2)
Produtividade
(kg ha-1)
Peso de mil
sementes (g)
Ausência
2,7
1621,2
1,06
Presença
2,7
2287,9
1,09
Ausência
2,7
2652,3
1,08
Presença
2,8
2417,9
1,13
Cobertura morta
0,06 NS
0,33 NS
1,12 NS
Adubação de cobertura
0,10 NS
2,37 NS
1,30 NS
Interação
0,02 NS
0,23 NS
0,08 NS
32,5
58,1
10,1
Coeficiente de variação (%)
NS: não significativo
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