18 • Cidades • Brasília, terça-feira, 10 de fevereiro de 2015 • CORREIO BRAZILIENSE INVASÕES / Representantes do MTST, da Sedhab e da Codhab negociam hoje a desocupação de cinco áreas no Distrito Federal. Barracos instalados ao lado do Centro Administrativo do governo estão em terreno particular Promessa de saída pacífica » AILIM CABRAL Ed Alves/CB/D.A Press A Secretaria de Estado de Gestão do Território e Habitação (Sedhab) e a Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Codhab) se reunirão hoje, às 14h, com representantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST ) para negociar a desocupação de cinco áreas. Desde a madrugada de sábado, as barracas estão no Recanto das Emas, em Samambaia, em Brazlândia, em Planaltina e em Taguatinga, reunindo, de acordo com a coordenação do movimento, 1,5 mil famílias. O número é contestado pela Secretaria de Segurança Pública e Paz Social, que contabiliza 500. Representantes da Sedhab e da Codhab afirmaram ao Correio que irão se posicionar sobre as invasões após as conversas de hoje. Ontem, os órgãos se reuniram para preparar as negociações. Procurada pela reportagem, a Terracap não se manifestou sobre o assunto até o fechamento desta edição. Remoção Até a noite de ontem, as ocupações mantinham caráter pacífico. No acampamento ao lado do novo Centro Administrativo, em Taguatinga, policiais militares que fazem a segurança no local afirmaram não ter tido nenhum problema com os integrantes do movimento. A organização do MTST, inclusive, negociou pacificamente com um representante da proprietária do terreno invadido em Taguatinga. A babá Eduarda Maria da Conceição dos Santos, 28 anos, é uma das responsáveis pela ocupação e afirma que o movimento não » JUSTIÇA FÓRUM ATENDE POPULAÇÃO DO GUARÁ Começa a funcionar hoje, plenamente, a Circunscrição Judiciária do Guará do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT). Inaugurado no começo do mês, o local operava com apenas dois juizados — um cível e um criminal —, mesmo com capacidade para seis. De acordo com o presidente do TJDFT, desembargador Getúlio de Moraes Oliveira, a grande vantagem do Fórum Desembargadora Maria Thereza de Andrade Braga Haynes será a proximidade entre a Justiça e a população. “As pessoas veem a importância do Judiciário e se sentem mais protegidas. Assim, com acesso próximo à Justiça, todos são estimulados a contribuir com a ordem. E isso gera o progresso”, disse o magistrado. » NÚCLEO BANDEIRANTE Acampamento em área particular próxima ao Centro Administrativo do GDF: movimento deve se mudar para terreno adjacente ainda hoje Pareceu-me somente desconhecimento (de que se trata de área particular) e, diante da disposição de desocupação voluntária, não vimos problema em esperar antes de tomar qualquer medida” Mateus Oliveira, advogado da dona de terreno em Taguatinga sabia que o local era propriedade privada. “Achamos que era do governo, não tinha demarcação. Mas hoje (ontem) conversamos com o advogado e vamos sair da área particular”, assegurou. Eduarda, no entanto, disse que a ocupação não será desfeita, apenas movida para uma área pública adjacente. O advogado Mateus Oliveira, representante da dona do Lote 1 da Praça do Sol, afirmou que foi concedido um prazo para a desocupação. Se até amanhã, às 12h, as famílias ainda estiverem no local, ele moverá uma ação judicial de reintegração de posse. Oliveira, no entanto, acredita que não será necessário chegar a esse ponto. “Pareceu-me somente desconhecimento e, diante da disposição de desocupação voluntária, não vimos problema em esperar antes de tomar qualquer medida”, explicou. Crescimento A ocupação em Taguatinga é a maior do movimento e, de acordo com Eduarda, tem cerca de 400 famílias, com previsão de crescimento. “A cada dia, chegam mais famílias. Queremos lotar toda a área disponível, até não ter mais espaço”, projetou. O local foi escolhido pela visibilidade e pelo acesso fácil para as famílias, que vêm de áreas carentes do DF, onde vivem, em maioria, de aluguel ou favor. As reivindicações são a concessão de um terreno da Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) para o movimento distribuir entre as famílias; e a abertura do edital do projeto Morar Bem em Samambaia. A estudante Cleunice Alves, 41 anos, por exemplo, mora nos fundos da casa alugada de uma sobrinha, a autonôma Laiane Lilia Azevedo, 22, no P Norte. Elas estão no acampamento com a filha de Laiane, Mila Christie, 1, desde domingo. Cleunice afirma que pretende ficar no local até que as reivindicações do movimento sejam atendidas. “É o nosso direito, estamos aqui para lutar por ele e não vamos embora”, afirmou. A dona de casa Amanda Sampaio, 22 anos, passa o dia na invasão com os cinco filhos: Miguel, 7; Michael, 5; Gabriel, 3; Gabriela, 2; e Mirela, 3 meses. Ela conta que não tem opção e que os filhos pedem para ir embora e voltar para casa. No entanto, Amanda diz que o aluguel da casa em que moram, no Sol Nascente, está além dos limites da família. “Meu marido faz bico, não temos renda fixa. Precisamos de um lugar para viver”, disse. Protesto contra derrubada no Sol Nascente Carlos Moura/CB/D.A Press Por 40 minutos, moradores reclamaram, no Buriti, da ação policial » GUILHERME PERA Quatro dias após queimarem ônibus e entrarem em confronto com a Polícia Militar, moradores da área invadida Nova Jerusalém protestaram em frente ao Palácio do Buriti e pediram mudança de atitude ao governador Rodrigo Rollemberg em relação às ocupações próximas ao Sol Nascente. Cerca de 120 manifestantes fecharam a via durante 40 minutos, na tarde de ontem, para tentar uma reunião com o subsecretário de Movimentos Sociais e Participação Popular, Acelino Ribeiro. O presidente da Associação de Moradores do Residencial Nova Jerusalém, Paulo Sérgio Alves, criticou o fato de o governo não “ter dado aviso prévio” antes de derrubar as ocupações e ter feito uso de força policial do Bope. “Não queremos albergue, desejamos moradia definitiva. O governo não abriu negociações e mandou a Agefis (Agência de Fiscalização) derrubar tudo”, reclamou. A Secretaria de Relações Institucionais e Sociais afirmou, por meio da assessoria de comunicação, que a reunião com a associação não chegou a ser realizada. Não houve registro de confronto. O GDF pretende recuperar, drenar e pavimentar a região do Sol Nascente. A ação de retirada ocorre em fases e deve durar, segundo previsão do governo, 10 dias. Na quarta e na quinta-feira da semana passada, o GDF desocupou o trecho 1 da região. Agora, é a vez do trecho 2 — moradia dos manifestantes de ontem. De acordo com a Agefis, 102 das 363 famílias que ali residem estão registradas no programa Morar Bem. Para as não cadastradas, há a proposta de albergue. VIGILANTES PRESOS EM CARRO-FORTE Quatro vigilantes ficaram presos dentro de um carroforte, ontem, por aproximadamente duas horas. O incidente aconteceu na Avenida Central do Núcleo Bandeirante, após uma árvore cair sobre fios de alta tensão e atingir o veículo. A recomendação foi para que os vigilantes não saíssem do carro-forte até técnicos da Companhia Energética de Brasília (CEB) chegarem e desligarem a corrente de energia elétrica. Ninguém se feriu. » MACONHA POLÍCIA DESCOBRE PLANTAÇÃO A Polícia Militar localizou uma plantação de maconha, em Vicente Pires, na noite de domingo. Dois homens que cultivavam o droga foram presos em flagrante por tráfico de entorpecentes. Após uma denúncia, os militares foram até a residência de Anísio da Silva Lisboa Filho, 29 anos, na Rua 4, e identificaram o plantio. Ao ser abordado, Anísio informou que o amigo Altair Barsi Itabaiana Neto, 27, também escondia pés de maconhas em casa, na QSC 19, em Taguatinga Sul. Lá, os militares encontraram 7kg da erva. Os suspeitos foram levados para a 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul) e, depois, recolhidos à carceragem do Departamento de Polícia Especializado (DPE).