CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ DE BARROS FALCÃO - O ensino da psiquiatria inspirado na trajetória do seu precursor 1 “A sua longa experiência clínica, o seu pensamento reflexivo e crítico nas definições e na compreensão de avanços na investigação científica, não só no campo da psiquiatria, mas no conhecimento em geral, estimulavam no aluno um genuíno interesse pelo estudo.” Dr. Paulo Marocco Médico Psiquiatra e Aluno de José de Barros Falcão 2 CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ DE BARROS FALCÃO O ensino da psiquiatria inspirado na trajetória do seu precursor 2ª edição - revisada CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ DE BARROS FALCÃO - O ensino da psiquiatria inspirado na trajetória do seu precursor 3 EXPEDIENTE direção atual Textos Sérgio Rodrigues Presidente Theobaldo Oliveira Thomaz Vice-Presidente Bruno Mendonça Costa Diretor Administrativo Miguel Abib Adad Diretor de Ensino Luiz Antônio Saint Pastous Godoy Diretor Científico Giovani Zwetsch Gheno Diretor de Comunicação Rogério Rocha Coordenador atividades práticas Giovani Zwetsch Gheno Coordenador disciplinas teóricas Emerson Alves Jornalista – Reg. MTB: 10.645 Elaine Barcellos De Araujo Jornalista – Reg. MTB 10.569 Adriele Schtscherbyna Revisão Pesquisa Sabrina Burck Beck DIAGRAMAÇÃO Beto Fagundes - Agência de Arte Relação dos EX-presidentes do CEJBF Dr. Bruno Mendonça Costa Dr. Flavio Strohschoen Pinto Dr. Miguel Abib Adad Dr. Sérgio Rodrigues Drª Sonia Elisabete Soares Kunzler Dr. Theobaldo Oliveira Thomaz Dr. Volnei Luiz Saccomori (in memoriam) 4 SUMÁRIO 7 APRESENTAÇÃO 8 REVENDO A HISTÓRIA DO CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ DE BARROS FALCÃO 13 CAPÍTULO 1 DR. JOSÉ DE BARROS FALCÃO: DA ORIGEM À PSIQUIATRIA 21 CAPÍTULO 2 A CRIAÇÃO DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSIQUIATRIA 29 CAPÍTULO 3 DE INSTITUTO MÉDICO PSIQUIÁTRICO A CENTRO DE ESTUDOS 41 CAPÍTULO 4 OS DESAFIOS, AS NOVAS PARCERIAS E O FUTURO CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ DE BARROS FALCÃO - O ensino da psiquiatria inspirado na trajetória do seu precursor 5 AGRADECIMENTOS E ste livro é resultado de uma iniciativa do psiquiatra Rogério Rocha, diretor executivo do Prontopsiquiatria/Cisame e da colaboração de muitos profissionais e instituições, que, de alguma forma, participaram da construção histórica do Centro de Estudos José de Barros Falcão. Para tanto agradecemos, inicialmente, a todos os colegas do CEJBF que contribuíram com sugestões e críticas aos textos durante as nossas reuniões. Com relação à organização e publicação do livro, agradecemos particularmente ao Dr. Miguel Abib Adad. Agradecemos também aos familiares do professor, especialmente a Rogério Falcão, filho do Dr. Barros Falcão, pois sem eles não poderíamos, ao menos, iniciar este trabalho. Outro grupo que também muito colaborou para a execução desta obra foram os funcionários da Biblioteca da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre – UFCSPA. Somos especialmente gratos à Sra. Ruth de Oliveira, pela gentileza e cordialidade no atendimento prestado e pela indicação de precioso material de pesquisa bibliográfica especializada. Outra valiosa contribuição que merece nossos agradecimentos é o historiador Edson Medeiros Cheuiche, pesquisador do Memorial Cultural do Hospital Psiquiátrico São Pedro (HPSP). Não obstante, merece ser ressaltada a importância daqueles que foram entrevistados no decorrer dos trabalhos, dedicando o seu precioso tempo para que pudéssemos enriquecer a presente obra com detalhes e curiosidades sobre nosso personagem central. Aos Drs. Bruno Mendonça Costa, Paulo Marocco e Miguel Abib Adad, somos gratos pela gentileza e pelo saber transmitido, pois suas contribuições e seus comentários valorizaram notavelmente esta criação. À Irmã Paulina, memória viva e figura ilustre do Hospital Psiquiátrico São Pedro, agradecemos pela longa e prazerosa conversa, que acrescentou detalhes lúdicos sobre uma bela e frutífera passagem de Barros Falcão pelo HPSP. E, finalmente, agradecemos aos depoimentos dos Drs. Carlos Alberto Crespo de Souza, Sérgio Rodrigues e Luiz Antonio Saint Pastous Godoy e ao apoio do Prontopsiquiatria/Cisame e da Clinica São José. 6 APRESENTAÇÃO Dr. Rogério Rocha A Diretor Executivo do PRONTOPSIQUIATRIA/CISAME psiquiatria gaúcha sedimenta-se como especialidade médica na figura do Dr. Jacintho Godoy. Os seus estudos no Hospital Salpêtrière em Paris, no final da década de 1910, refletiram na grande reforma do velho Hospício São Pedro na década seguinte e na formação das primeiras gerações de médicos psiquiatras em nosso estado. Foi um dos pioneiros da província nos tratamentos biológicos mais avançados na época (malarioterapia, insulinoterapia e eletroconvulterapia) e na implementação de princípios da escola hospitalar francesa de Philippe Pinel, Jean-Étienne Dominique Esquirol, Jean Martin Charcot, Joseph Jules Dejerine e Pierre Marie. Mais tarde, com a proximidade de Buenos Aires, os primeiros psiquiatras gaúchos, oriundos do Hospício São Pedro vão buscar a formação psicanalítica e fundam uma das principais escolas brasileiras de psicanálise até hoje ativa em nosso estado. O primeiro curso de especialização em psiquiatria no Rio Grande do Sul e no Brasil nasce na Universidade do Rio Grande do Sul, atual UFRGS, na Divisão Melanie Klein do Hospital Psiquiátrico São Pedro, em 1957, organizadas pelos professores David Zimermann e Paulo Luiz Viana Guedes, com enfoque psicanalítico. Em 1960, o Dr. Marcelo Blaya, após estagiar na Clinica Menninger nos EUA, inicia a primeira residência no Brasil, para médicos, assistentes sociais, enfermeiros, psicólogos e terapeutas ocupacionais com um modelo inovador e pioneiro no Brasil de comunidade terapêutica. No final da década de 60, em 1968, Dr. José de Barros Falcão funda o curso de especialização em psiquiatria na antiga Faculdade Católica de Medicina. No momento histórico brasileiro de ditadura militar, obscuro e repressor, e de encontro à psicanálise hegemônica local, o professor Falcão inaugura um curso com formação teórica e prática não dogmática, permitindo a influência de diferentes correntes, abordando teóricos fundadores das diversas abordagens psicodinâmicas e, estimulando o estudo de escolas filosóficas e humanistas ampliando a visão dos novos psiquiatras em formação. É sobre este olhar e esta visão de mundo, que segue com seus 45 anos de vida, firme e forte, o Centro de Estudos José de Barros Falcão, que nasceu como curso de especialização e permanece vigorado com novas parcerias, além de manter a visão holística e interdisciplinar de seu precursor. Este livro é uma breve e singela homenagem a este centro de formação em psiquiatria, da figura de seu fundador e sua trajetória, que já formou centenas de profissionais e até hoje é uma referência nacional da especialização psiquiátrica. É uma pequena viagem que busca resgatar figuras e fatos históricos, que construíram e mantém, ainda hoje, vivo um sonho, onde a formação em psiquiatria como essência é ampla e sem preconceitos, permitindo que a partir de uma base teórica ampla e robusta o indivíduo em formação trace também a sua história pessoal, única e intransferível. CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ DE BARROS FALCÃO - O ensino da psiquiatria inspirado na trajetória do seu precursor 7 REVENDO A HISTÓRIA DO CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ DE BARROS FALCÃO A Dr. Carlos Alberto Crespo de Souza Médico Psiquiatra e Professor do CEJBF o revisar o passado da criação do Centro de Estudos José de Barros Falcão – intimamente relacionado ao Curso de Especialização em Psiquiatria da outrora Faculdade Católica de Medicina de Porto Alegre –, coube-me uma tarefa honrosa e um tanto delicada. Não apenas registros de memórias intelectuais invadiram meu ser, pois aspectos afetivos, ali, também, estiveram presentes. Antes desse período, os tratamentos hospitalares vigentes predominantes eram a eletroconvulsoterapia e o coma insulínico, os quais possibilitavam tão somente uma melhora clínica parcial, com freqüentes recidivas. Mesmo assim já eram considerados avançados pela substituição do “choque cardiazólico” (uso de cardiazol ou metrazol que induzia ataques de pânico ou convulsões) e pelas injeções intramusculares de óleo em crises de agressividade (que causavam intensa dor). Revendo o cenário dos acontecimentos que se desenvolveram entre os anos de 1960 e 1970, décadas de significativos avanços em psiquiatria, alguns registros merecem consideração. Em termos terapêuticos farmacológicos, a clorpromazina, um derivado da piperazina, foi introduzida na clínica em 1952, por Delay e Deniker, e seus efeitos correram o mundo, propiciando, nos anos seguintes, uma verdadeira revolução pela possibilidade de esvaziamento dos hospitais psiquiátricos, até então superlotados por pacientes sem tratamento adequado. Por exemplo, o Hospital São Pedro, em Porto Alegre, possuía em torno de 5.500 pacientes internados, enquanto o Juqueri, em São Paulo, em torno de 16.000. Com a progressão dos anos, outros compostos farmacológicos foram desenvolvidos, do grupo da fenotiazinas, agora mais orientados à supressão dos sintomas psicóticos ideatórios e alucinatórios, além da sedação. Entre eles, destacam-se a levomepromazina, a trifluoperazina, a flufenazina e a tioridazina. 8 Em 1967, o FDA, órgão regulador americano, acreditou no haloperidol – um agente derivado da butirofenona –, com efeitos antipsicóticos similares aos dos fenotiazínicos. Ao lado de tudo isso, a imipramina foi lançada entre os anos de 1956-57 como um agente farmacológico para o tratamento das depressões. Em 1972, seu principal criador – Roland Kuhn, psiquiatra suíço – propagou seu emprego como coadjuvante em psicoterapia num Congresso de Psiquiatria Brasileiro, realizado em Belo Horizonte. e bombardeou os preceitos da chamada Escola de Melanie Klein, a qual não atribuiu nenhuma respeitabilidade científica. Enquanto isso, no cenário ambulatorial ou psicoterápico, vivia-se a predominância das ideias psicanalíticas. Nesse ideário predominante, somente quem se submetesse aos seus preceitos é que seria beneficiado. Outros tipos de psicoterapia – catalogadas na época como suportivas ou de apoio –, eram consideradas como de “meia-sola”, ou seja, não atingiam os fundamentos essenciais dos problemas das pessoas. Como os medicamentos ainda estavam mais direcionados ao tratamento de pacientes internados, tiveram pouca influência nessa fase. Neste livro, Lemmertz menciona que “...muito contribuí para que se estabelecesse o “dogma” de que a formação psiquiátrica deveria ser fundamentalmente psicanalítica. Criou-se o mito de que as perturbações mentais somente poderiam ser adequadamente tratadas pela psicanálise, e essa falsa crença tem se difundido em nosso meio, quase sem nenhuma oposição”.1 Porém, os tratamentos de cunho psicanalítico eram direcionados a pessoas com perturbações mentais de menor gravidade, sendo importante lembrar que a psicanálise, segundo Freud, em seus fundamentos, deveria ser mantida longe dos médicos e dos sacerdotes. Portanto, as doenças psíquicas mais graves não estavam no rol dos que poderiam se beneficiar com a técnica. Mesmo assim, uma abundante propaganda preconizava, em nosso meio psiquiátrico, que a única técnica terapêutica resolutiva seria encontrada através da psicanálise. No ano de 1966, um dos dois iniciadores do então Centro de Estudos Psicanalíticos, que deu origem à Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre e cofundador da psicanálise em nosso meio, Dr. José Jaime Lemmertz, através de um livro denominado “Psicanálise e Psicoterapia”, contestou alguns pontos da teoria psicanalítica freudiana (mormente em suas concepções mecanicista e de natureza instintiva) Como conseqüência de sua dissidência, ao invés de suas ideias servirem para reformulações, foi banido dessa sociedade, tendo seu nome e figura retirados de referências e fotos históricas, assemelhando-se ao que foi feito no regime stalinista da Rússia com os opositores. Em seu livro, registra sua própria evolução e amadurecimento dentro da técnica psicanalítica e mostra seu progressivo desalento por se sentir cada vez mais desumanizado por seu emprego. Ele, então, passa a receber forte influência dos chamados culturalistas (Erich Fromm, Karen Horney e Sullivan), existencialistas (Sartre, Binswanger, Rollo May) e de inúmeros estudiosos da alma humana, como Viktor Frankl, Bertrand Russell, William James, Huxley e muitos outros, como os antropólogos. Destaque a ser mencionado, Dr. José Lemmertz, nesse seu livro, talvez pela primeira vez no âmbito nacional, evidenciou, na prática, os passos de uma psicoterapia mais objetiva e curta, contrastando com as terapias psicanalíticas prolongadas. Tal pioneirismo intelectual e científico foi totalmente desconsiderado por seus pares, eis que entendido 1.Lemmertz, JJ. Psicanálise e Psicoterapia – Revisão de conceitos psicanalíticos fundamentais, Natureza do Homem e Novos rumos em psicoterapia. Porto Alegre: editado pelo autor, 1966. CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ DE BARROS FALCÃO - O ensino da psiquiatria inspirado na trajetória do seu precursor 9 como contestador e renegado dos princípios vigentes, até então identificados como verdadeiros dogmas. Anos mais tarde, autores americanos, com traduções para o português, lançaram as mesmas ideias de uma chamada “psicoterapia breve”, com objetivos específicos, algo inimaginável pelos psicanalistas de então; em vista disso, se curvaram às evidências, porém sem nunca dar a Dr. Lemmertz o devido mérito por suas formulações e elevado espírito científico. tes de psicanalistas, quando em crises psicóticas ou com ideações suicidas, eram encaminhados ao tratamento de internação em clínicas psiquiátricas que praticavam, entre outras técnicas de recuperação, a eletroconvulsoterapia; de modo especial, o então Sanatório São José, administrado e dirigido pelo psiquiatra Jacintho Godoy, recebia a maior parte desses pacientes. Dotado igualmente de extensa cultura psiquiátrica e humanística, Dr. José de Barros Falcão possuía todas as condições para iniciar e ser menotado igualmente de extensa cultura tor de um curso de formação psiquiátrica. Escolhido pela Direção da então Faculdade Católica de Medicipsiquiátrica e humanística, José de na de Porto Alegre, criada para dar sustentação méBarros Falcão possuía todas as condições dica-científica à Santa Casa em face da construção para iniciar e ser mentor de um curso de do Hospital de Clínicas, para onde os professores formação psiquiátrica. Escolhido pela Direção e alunos da UFRGS se estabeleceriam, entre outros psiquiatras portoalegrenses, iniciou o da então Faculdade Católica de Medicina de renomados Curso de Especialização em Psiquiatria, oficialmente Porto Alegre, criada para dar sustentação no ano de 1968. “D médica-científica à Santa Casa em face da construção do Hospital de Clínicas, para onde os professores e alunos da UFRGS se estabeleceriam, entre outros renomados psiquiatras portoalegrenses, iniciou o Curso de Especialização em Psiquiatria, oficialmente no ano de 1968.” José de Barros Falcão foi íntimo colaborador de seu livro, comungando de sua posição em relação à psicanálise e seus conceitos sobre a prática médica ou psiquiátrica. Cabe mencionar, à guisa de conhecimento, que os pacien10 Grande parte de sua atenção era dirigida ao atendimento de pacientes femininas em surtos psicóticos agudos na Unidade Kraepelin do Hospital Psiquiátrico São Pedro, na época, com lotação aproximada de 400 pacientes. Com esse foco e preocupação, orientou seus alunos ao estudo dos psicofármacos, sendo um dos pilares substantivos do curso de psiquiatria por ele programado. Outro pilar, não menos importante, refletindo sobre o atendimento psiquiátrico ambulatorial ou psicoterápico, descortinou técnicas teóricas e práticas inovadoras aos seus alunos. Harry Stack Sullivan – com sua teoria interpessoal – foi extensamente estudado, mormente seu livro sobre a entrevista psiquiátrica, o qual foi lido, reli- do e discutido integralmente ao longo dos anos dos cursos. Falecido precocemente, formulou a Teoria Interpessoal na qual a ansiedade resultante de relações interpessoais conflitantes seria o principal fator dos transtornos mentais. mais de trinta turmas de psiquiatras orientados ao estudo e tratamento das variadas circunstâncias existenciais das pessoas, sem uma única concepção teórica fechada para compreender e tratar suas dificuldades. Com pensamento libertário de amarras teóricas, Professor José de Barros Falcão abriu os olhos de seus alunos ao estudo de outros pensadores da alma humana, ao lado de não negligenciar os estudos freudianos, tal como fizera Dr. Lemmertz. De maneira fluida e fácil falava de Binswanger, Rollo May – existencialistas –, de Bertalanfay e Jay Haley – teoria dos sistemas –, de Jurgen Ruesch – comunicação terapêutica –, de Carl Rogers – a psicoterapia centrada na pessoa –, de Norbert Wiener – cibernética e sociedade. Enfatizava a importância do olhar terapêutico não apenas ao passado, mas à criação de novas perspectivas para o futuro. Na atualidade, encontra-se em formação a 34ª Turma e preserva-se o ensinamento de que as teorias servem para tentar compreender o ser humano e de que devem ser utilizadas em seu benefício. Como aprenderam os Doutores Lemmertz e Falcão – por suas próprias vivências –, jamais o contrário, ou seja, usadas como instrumentos únicos e nelas tentar encaixá-lo, pois assim haveria tendência ao desencanto terapêutico ou falha significativa nos propósitos psicoterápicos. O terceiro pilar de seu curso esteve centrado no estudo dos autores europeus hoje denominados de “clássicos”, tais como Kraepelin, Ey, Kurt Schneider, Jarpers e Bleuler. O Professor Falcão possuía uma particularidade especial: era capaz de unir conhecimentos passados com novos postulados, integrando-os e sempre abrindo perspectivas à sua utilização prática. A riqueza do curso criado por ele promoveu discípulos e, graças a suas ideias e seu carisma, o hoje Centro de Estudos José de Barros Falcão já formou, desde sua criação, através de seu Curso de Especialização em Psiquiatria, A tudo revendo, presto minha homenagem a estas duas figuras exponenciais que seguem junto conosco, em nossa consciência ou espírito, na busca por melhores horizontes aos nossos pacientes psiquiátricos, sempre abertos ao novo, como nos ensinaram. Cabe ainda lembrar que Dr. Lemmertz foi o primeiro Presidente de um centro de estudos incipiente, e Falcão, o maestro do Curso de Especialização em Psiquiatria. Por isso, nesse breve histórico, foi-me impossível falar de um apenas, tal a ligação intelectual e científica que existiu entre ambos e que nos influenciou sobremaneira. CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ DE BARROS FALCÃO - O ensino da psiquiatria inspirado na trajetória do seu precursor 11 Dr. José de Barros Falcão e esposa Zilda Porciuncula de Barros Falcão Dr. José de Barros Falcão 12 DR. JOSÉ DE BARROS FALCÃO: DA ORIGEM À PSIQUIATRIA CAPÍTULO 1 O COMEÇO DE TUDO O início foi em Porto Alegre, no dia 15 de março de 1914, quando o filho de seu Alípio de Barros Falcão e de dona Maria José Daison de Barros Falcão veio ao mundo. Não se sabe, ao certo, quais eram as ex- pectativas do casal para o menino que cursou o ginasial no Colégio Nossa Senhora do Rosário e viveu na Rua Saicã, no bairro Petrópolis. O fato é que José de Barros Falcão tornar-se-ia num dos médicos psiquiatras mais respeitado do Rio Grande do Sul e referência obrigatória no estudo da psiquiatria no Estado e que ali, na residência de número 372, onde cresceu, iria, também, formar sua família e entrar para a elite intelectual da cidade. N Os primórdios do Hospício São Pedro o Rio Grande do Sul, o movimento pela construção de um hospício de alienados, separado do Hospital de Caridade, nasceu no interior da própria Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre no início da década de 1870. A inauguração do Hospício São Pedro é efetivada em 29 de julho de 1884, dia do patrono da província. O Hospício, localizado na antiga estrada do Matogrosso, foi muito exaltado na época e reconhecido como uma das obras notáveis do império. Em 1910 inicia-se o trabalho das irmãs de São José chefiadas pela Madre François-de Sales. A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) trouxe a falta de recursos e o Hospício foi esquecido e suas remodelações e construções necessárias não foram realizadas, refletindo no tratamento dos pacientes. CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ DE BARROS FALCÃO - O ensino da psiquiatria inspirado na trajetória do seu precursor 13 PRIMEIROS PASSOS N o Natal de 1936, aos 22 anos, Barros Falcão já era médico, formado pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre da Universidade do Rio Grande do Sul. No mesmo período começou a clinicar no município de Rio Branco, hoje Catuípe. Eram os primeiros passos de uma carreira marcada pelo estudo e desenvolvimento de medicina humanista. De outubro a dezembro de 1937, ele deixa a atividade autônoma para atuar como médico adjunto nos Instituto de Aposentadoria dos Ferroviários e Empregados em Serviço Público, em Cruz Alta. Depois, volta a atuar como autônomo por diversos municípios do interior do Rio Grande do Sul, principalmente em Panambi, até ser contratado pelo Instituto de Aposentadoria dos Funcionários e Empregados em Serviço Público, de setembro de 1938 a março de 1941, em Pelotas. Dr. Falcão na formatura da Faculdade de Medicina. E m 1927, sob a Presidência do Estado de Borges de Medeiros e da Secretaria do Interior do Dr. Oswaldo Aranha, inicia-se a remodelação do velho Hospital de Alienados, transformado no moderno Hospital São Pedro sob a liderança de Jacintho Godoy, período que marcou verdadeiramente o início da presença do saber psiquiátrico na assistência aos alienados. Após o afastamento do Dr. Godoy da direção do Hospital em 1932, devido a questões políticas relacionadas à oposição ao Governo Vargas na Presidência da República do Brasil (Revolução Constitucionalista de 32) ele retorna a administração em 1937. 14 DESCOBERTA MÉDICA N a década de 40, Barros Falcão se transfere para Santo Ângelo, quando ingressa na Cruz Vermelha como organizador e diretor do Curso de Enfermagem de Urgência e Defesa Passiva. Também foi no mesmo município que descobriu um caso agudo de Tripassonomíase Americana. O fato inusitado proporcionou ao médico a produção de um relatório que foi enviado ao Departamento Estadual de Saúde e para a Divisão de Estudos a Endemia do Instituto Oswaldo Cruz, a fim de registrar a passagem e o tratamento da doença. REFERÊNCIA NA MEDICINA Porto Alegre na década de 40. A cidade de Porto Alegre nas décadas de 40, 50 e 60, era, ainda, uma comunidade dominada por valores tradicionais, uma sociedade comandada por uma elite definida. Foi nesse cenário que Barros Falcão conquistou sua ascensão social e profissional. “Era um senhor de estatura média, de óculos, muito simpático, embora bastante formal. Falava numa cadência lenta, um português primoroso e elegante. Ao falar olhava o interlocutor nos olhos e sabia ouvir. Impunha respeito e simpatia e, depois de ouvi-lo, admiração”, assim foi descrito, certa vez, pelo seu genro, Francisco Luis dos Santos Ferraz, o marido de Ana Maria, uma entre os seus sete filhos – sendo cinco homens e duas mulheres. CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ DE BARROS FALCÃO - O ensino da psiquiatria inspirado na trajetória do seu precursor 15 DO TRABALHO AUTÔNOMO AO SERVIÇO PÚBLICO D epois de várias passagens pelo interior do estado, o médico entra para o serviço público, por meio de concurso que prestou ao Departamento Estadual de Saúde, em 1939, para o cargo de médico alienista do Hospital Psiquiátrico São Pedro. Mas ele não deixa de ser um andarilho da saúde. De março de 41 a dezembro de 42, atua no Posto de Higiene 56 do mesmo órgão, em Santo Ângelo. Da prática da medicina passa a chefiar o posto, mas depois é nomeado a exercer, interinamente, o cargo de médico da classe L do Departamento, até final de dezembro de 1949, em Porto Alegre. Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre na década de 40. RUMO A PSIQUIATRIA S ua experiência na área da neurologia e psiquiatria iniciou ao ser nomeado médico assistente do Serviço de Neurologia de Homens na Santa Casa de Misericórdia. Além disso, Barros Falcão passa a integrar a Sociedade de Medicina de Porto Alegre e a Sociedade de Psiquiatria e Neurologia do Rio Grande do Sul, no início da década de 40. Foi nesta fase de sua vida que também atuou, por três anos, como médico para exames de neuropsiquiatria. A carreira de médico psiquiatra começa a se estabelecer e, a partir de então, ele recebe indicações, nomeações e promoções em diversas unidades de saúde mental. 16 PSIQUIATRA CATÓLICO O Dr. Barros Falcão sempre foi descrito por seus amigos e alunos como um homem culto, contraditório e a frente do seu tempo. Católico fervoroso, acreditava na prática da psiquiatria humanista. Para alguns, o médico Barros Falcão estava no nível dos grandes homens da província como Ernani Fiori na Filosofia, Ruy Cirne Lima no Direito, Guilhermino Cézar e Érico Veríssimo na Literatura, José Fernando Carneiro na Medicina e Literatura, Laudelino Medeiros na Sociologia, entre outras expressões culturais do estado naquela época. O psiquiatra Bruno Costa, um dos primeiros alunos de Barros Falcão e que teve uma convivência regular com o professor comenta sobre sua religiosidade, “Ele era católico, mas sabia perfeitamente fazer uma distinção entre a sua especialidade, o exercício dela e seu credo particular. Isso também O acontece com os próprios alunos, ele nunca quis transformá-los em crentes da igreja católica. Ele conseguia separar sua religião das atividades de professor e psiquiatra”. Outro aspecto que evidencia a proximidade do Dr. Falcão com a religião está presente na sua relação com as irmãs da congregação São José que trabalhavam no Hospital Psiquiátrico São Pe- dro (HPSP). “Ele observava muito a religião e para ser religioso não precisa rezar o Pai Nosso ou a Ave Maria todo dia. O importante é a conduta, o trato com o ser humano. O Dr. Falcão valorizava qualquer doente, oferecendo toda atenção, todo cuidado”, revê a Irmã Paulina, um das mais antigas religiosas que ainda trabalha no HPSP. Curso de Biopsicologia Infantil do HPSP ano de 1938 registra dois fatos marcantes para a psiquiatria gaúcha. Foi realizado o primeiro concurso para médico psiquiatra do Hospital Psiquiátrico São Pedro e foi fundada a Sociedade de Neurologia e Psiquiatria do Rio Grande do Sul, cuja diretoria era constituída pelo Dr. Jacintho Godoy (Presidente), Dr. Fábio de Barros (Vice-Presidente) e pelo Dr. Cyro Martins (Secretário). Os candidatos aprovados no concurso foram os Drs. Luiz Pinto Ciula, Mário Martins, Cyro Martins e Victor de Brito Velho. Nesse mesmo ano os Drs. Luiz Guedes e Fábio de Barros se afastam do São Pedro e se fixam na Faculdade de Medicina. Esses foram os primeiros psiquiatras gaúchos. Podemos estabelecer esse ano como o início da psiquiatria no Estado do Rio Grande do Sul. CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ DE BARROS FALCÃO - O ensino da psiquiatria inspirado na trajetória do seu precursor 17 “Resultado do Tratamento pelo Electroshock” O doutor José de Barros Falcão, psiquiatra do Hospital São Pedro, publicou na edição de 1943, volume 4, dos “Arquivos do Departamento Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul”, o trabalho intitulado “Resultado do Tratamento pelo Electroshock” efetuado no São Pedro, no primeiro semestre do referido ano da publicação. A inédita terapêutica na Instituição não se restringiria somente aos dados estatísticos, mas “as observações clínicas que pudemos fazer e, sem- pre que possível, estabeleceremos paralelo entre os nossos resultados e os que constam na literatura”. O método dos italianos Ugo Cerletti e Lucio Bini, publicado em 1938, caracterizado por procedimentos de convulsões eletricamente induzidas, substituiu o procedimento da convulsoterapia química induzida pela droga conhecida como cardiazol ou metrazol. O tratamento efetuado pelo doutor Falcão compreendeu uma série de 1.212 crises elétricas induzidas em 90 pacientes masculinos do Hospital, onde 70% eram casos recentes de doenças com menos de seis meses, (um primeiro grupo de 62 casos de esquizofrenia, um segundo grupo de 15 casos de psicose maníaco depressiva – 8 síndromes maníacos e 7 depressivos - e o terceiro de 13 doentes com diversas psicoses). Durante os procedimentos houve uma incidência mínima de imprevistos. Os resultados dos tratamentos por eletroconvulsoterapia foram revelados no “Resumo” do trabalho elaborado pelo doutor Barros Falcão: O A. expõe os resultados obtidos com o emprêgo do “electroshock” em 90 doentes. Consiste o tratamento em aproveitar o efeito convulsivo de uma corrente alternada, de 300 a 600 miliampères, 80 a 140 volts, aplicada ao cérebro durante 0,2 a 1,0 segundo. As crises convulsivas são semelhantes às da epilepsia, porém mais intensas. O tratamento produz alterações humorais e neurológicas complexas, mas transitórias. Em si o “electroshock” é inócuo e os acidentes que pode provocar são inherentes á tôda convulsoterapia. O paciente não guarda nenhuma lembrança do tratamento e não experimenta sensações desagradáveis. Em sua série de 90 doentes, todos do sexo masculino, e dos quais 70% eram casos recentes, obteve o A., globalmente, 52,9% de remissões completas. Durante 1212 convulsões ocorreram apenas 10 acidentes, dos quais somente 2 (0,16%), podem ser considerados como graves. O A. compara os seus resultados com os da literatura. Os melhores resultados foram obtidos na psicose maníaco-depressiva e nas formas paranoide e catatônica da esquizofrenia. Os doentes foram auxiliados, durante o tratamento, por uma psicoterapia adequada”. 18 A FARMACOLOGIA PARA O DR. BARROS FALCÃO O s profissionais com formação psicanalítica inicialmente não privilegiavam o tratamento farmacológico, seu campo de atuação era mais relacionado aos atendimentos nos consultórios privados. No entanto o Prof. Barros Falcão foi um incentivador do uso da farmaco- logia por acreditar na sua eficácia. A identificação de resultados positivos com o tratamento farmacológico na saúde mental dos pacientes causou uma mudança de paradigma. “Vi o Dr. Barros Falcão trazendo os colaboradores dele para ensinar psicofarmacologia e os psicanalíticos não dando importância para isso porque o importante para eles era a abordagem psicológica. No entanto, o Professor também estudava Jung, a psicanálise, a psicologia; e como ele estudava Jung eu também estudei”, relembra o psiquiatra Paulo Ouriques Marocco, a respeito da carreira do mestre. O psiquiatra Carlos Alberto Crespo de Souza, ao escrever sobre o professor Barros Falcão, reviu o cenário dos acontecimentos que se desenvolveram entre os anos de 1950 e 1970. Segundo ele, décadas de significativos avanços em psiquiatria, principalmente em termos terapêuticos farmacológicos. Ele cita, na apresentação deste registro, a clorpromazina, um derivado da piperazina, que foi introduzida na clínica em 1952 por Delay e Deniker. O médico ressalta que os efeitos desse medicamento repercutiram por toda área médica mundial, propiciando, nos anos seguintes, uma verdadeira revolução pela possibilidade de esvaziamento dos hospitais psiquiátricos, até então superlotados por pacientes sem tratamento adequado. “Antes desse período, os tratamentos hospitalares vigentes predominantes eram a eletroconvulsoterapia e o coma insulínico, os quais possibilitavam tão somente uma melhora clínica parcial, com freqüentes recidivas. Mesmo assim, já eram considerados avançados pela substituição do ‘choque cardiazólico’ - uso de cardiazol ou metrazol que induzia ataques de pânico ou convulsões - e pelas injeções intramusculares de óleo em crises de agressividade, que causavam intensa dor”, relembra Souza. CENTRO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS DE PORTO ALEGRE M ário Martins e sua esposa Zaira Bittencourt Martins partiram em 1944 para Buenos Aires para realizar sua formação analítica. O retorno de Mário Martins em março de 1947, configurou verdadeiramente o início do movimento psicanalítico em nosso meio. Logo se associaram a Mário no objetivo de promover a psicanálise: José Lemmertz, Celestino Prunes e Cyro Martins. Aproximaram-se neste período Ernesto La porta, Paulo Guedes e David Zimmermann, Güinther Würth, Roberto Pinto Ribeiro e José Maria Santiago Wagner. Em 1957 é fundado o Centro de Estudos Psicanalíticos de Porto Alegre, José de Barros Falcão foi um dos fundadores além dos colegas: Sérgio Paulo Annes, Avelino Costa, Manoel Antônio Albuquerque, Luis Carlos Meneghini, Leão Knijnik e Fernando Guedes e que em conjunto materializaram o primeiro documento formal do movimento psicanalítico em Porto Alegre. CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ DE BARROS FALCÃO - O ensino da psiquiatria inspirado na trajetória do seu precursor 19 Dr. Barros Falcão na aula do Curso no Departamento de Psiquiatria da Faculdade Católica de Medicina Dr. Barros Falcão 20 A CRIAÇÃO DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSIQUIATRIA CAPÍTULO 2 A DISCIPLINA DE PSIQUIATRIA P róximo ao final da década de 50, Professor Barros Falcão começa sua trajetória como educador. Ele é convidado a integrar, em 1959, o grupo de fundadores da Faculdade Católica de Medicina de Porto Alegre para organizar a disciplina de psiquiatria. Motivado e no pleno exercício das suas atividades ele elaborou um programa de ensino, que, a partir de 1962, foi utilizado também para a formação de professores. Tendo como os primeiros colaboradores para a formação da equipe docente inicial os doutores José Lemmertz, Leão Knijnik, Enio Art, Germano Wolmer e Oscar Sempé. Em 63, Professor Barros Falcão é designado médico-chefe da Divisão Kraepelin do HPSP. Até que numa manhã de março de 1965, em uma das salas dessa Divisão, o professor Barros Falcão proferiu a aula inaugural da disciplina de psiquiatria. A disciplina era aplicada ao longo de dois semestres e os participantes eram alunos do quinto ano. De acordo com o professor e psiquiatra Paulo Marocco, “o aspecto humanista e a busca permanente de embasamento científico do conteúdo e da prática estavam presentes na abordagem abrangente que caracterizava o ensino na disciplina de psiquiatria”. Foi a partir desta disciplina que as atividades de ensino começaram a se desenvolver. A década de 60 no Rio Grande do Sul trouxe passagens importantes na vida do médico, que também integrou a congregação da Faculdade Católica de Medicina de Porto Alegre. Professor Barros Falcão também foi membro do conselho administrativo da Faculdade Católica de Medicina de Porto Alegre, onde chefiou o Departamento de Psiquiatria da Fundação durante 11 anos. Nos anos seguintes, o interesse dos estudantes cresceu tanto nessa área, que os professores começaram a idealizar a criação de um curso de especialização em psiquiatria. CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ DE BARROS FALCÃO - O ensino da psiquiatria inspirado na trajetória do seu precursor 21 A Formatura da 1ª turma da Faculdade Católica de Medicina em 12 de dezembro de 1966 no Teatro Leopoldina grande demanda por médicos no RS, a construção do Hospital Universitário (Clínicas) pela UFRGS e a preocupação que os médicos a ela ligados migrassem para este hospital, na década de 50, foram determinantes na criação da Faculdade Católica de Medicina, para que seu corpo docente e discente continuasse com o apoio da Santa Casa como hospital-escola. Em 1953, sob a provedoria do Dr. Rui Cirne Lima e anuência do Cardeal Dom Vicente Scherer, foi criada a Faculdade Católica de Medicina. A 1ª turma formou-se em 12 de dezembro de 1966, com 70 formandos. Nessa ocasião, o professor José de Barros Falcão foi um dos homenageados dos bacharéis. Em 1980 passa a ser uma fundação privada com o nome de Fundação Fac. Fed. de Medicina. Sete anos mais tarde passa a fundação de direito público. Oferece somente o curso de Medicina até 2003 e, em 2008, durante sua fase de expansão, torna-se a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. DIVISÃO KRAEPELIN A Divisão Kraepelin do Hospital Psiquiátrico São Pedro está na história da psiquiatria do Rio Grande do Sul como uma das principais fontes de estudos da atividade. Muitos psiquiatras gaúchos e brasileiros buscaram nessa fonte, ins22 piração para o desenvolvimento e aperfeiçoamento dos seus estudos. Na década de 70, a Divisão funcionava em alta rotatividade chegando abrigar até 400 pacientes femininos, recebendo pessoas, inclusive, de outros estados. Esse foi o ambiente escolhido pelo professor Barros Falcão para a primeira aula do Curso de Especialização em Psiquiatria. Atualmente, a divisão trocou de nome e foi dividida em duas unidades chamadas: Moises Roitnann e Madre Matilde, onde são atendidos aproximadamente 29 pacientes. E mil Kraepelin era discípulo de Wilhelm Griesinger (1817-1868) e integrou a corrente organicista alemã. Após a descrição acurada de sintomas clínicos, sua evolução e a análise anátomo-patológica, formulou sua doutrina que, expressa no livro “Psychiatrie”, serviu de referência a muitas gerações de especialistas em doenças mentais. Isolou as formas básicas da enfermidade psíquica - psicose maníaco-depressiva e demência precoce - e promoveu a separação entre demência senil e paralisia geral. Dirigiu durante muitos anos a Clínica de Munique, onde buscou oferecer aos pacientes um ambiente semelhante ao doméstico, que influenciou a formulação da primeira legislação brasileira de assistência às doenças mentais. AS AULAS Aula do Curso no Departamento de Psiquiatria da Faculdade Católica de Medicina N o curso de Medicina, os alunos aprendiam a teoria na Facul- um em ver, ouvir, sentir e de perdade Católica de Medicina de Porto Alegre e as aulas práticas ceber o mundo. “Eu lembro que aconteciam no Complexo Hospitalar da Santa Casa. No entanto, ele (professor Barros Falcão) não exclusivamente, uma unidade de ensino acabou se desenvolvendo no Hospi- estava preso ao grupo contempotal São Pedro, inclusive com turmas de formação de professores. Inclusive râneo como Freud e a psicanálise. com turmas de formação de professores. Professor Barros Falcão era Ele tinha que ascender, procurava um dos mestres que não só formava psiquiatras, mas também novos ver as coisas de cima para comprofessores. Um de seus alunos, o Dr. Paulo Marocco, afirma que suas preender o ser humano. Para ele, aulas eram inovadoras. Lembra, em especial, das lições sobre percep- a psicologia viva não se encontração, onde seu mestre ressaltava a importância da capacidade de cada va nos livros técnicos.” CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ DE BARROS FALCÃO - O ensino da psiquiatria inspirado na trajetória do seu precursor 23 A CRIAÇÃO DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO Aula do Curso de Especialização de Psiquiatria da Faculdade Católica de Medicina de Porto Alegre. A partir de 68, o professor Barros Falcão concretiza um antigo sonho, o de participar da criação do Curso de Especialização em Psiquiatria do Departamento de Psiquiatria da então Faculdade Católica de Medicina de Porto Alegre. As aulas eram realiza- das dentro do Hospital São Pedro, nas divisões Kraepelin e Melanie Klein. Quando lançado, o curso era totalmente gratuito, uma exigência do Dr. Barros Falcão. Aluno da segunda turma do Curso de Es- pecialização, o psiquiatra Bruno Costa tem vivo na memória, as lembranças daquela época: “Ele fazia questão que fosse integralmente gratuito, acredito que ele pensava assim por ser uma pessoa voltada para a religião.” O curso, que ficou um período paralisado devido à interrupção do convênio da Faculdade com a Secretaria Estadual de Saúde, completa em 2013, 45 anos de atividades. ENSINO NO HOSPITAL SÃO PEDRO E sta é a primeira instituição psiquiátrica de Porto Alegre. Até hoje, o Hospital Psiquiátrico São Pedro é referência - e de extrema relevância - na assistência e ensino da psiquiatria no Estado. Local que serviu de estudo prático, formação docente e de tratamento de saúde para a comunidade. Como unidade de ensino, o Hospital teve e tem contribuição fundamental, 24 pois, em suas dependências que nasce e é desenvolvida a disciplina de psiquiatria, e também, a especialização em psiquiatria da, então, Faculdade Católica de Medicina de Porto Alegre. Como mentor desses processos, a relação do médico Barros Falcão com esta unidade de saúde foi importante para o seu crescimento profissional, científico e, principalmente, para a saúde pública. É na divisão Kraepelin do hospital que se estabelece o ensino teórico e prático, onde o Dr. Barros Falcão demonstrava suas teorias. Sua trajetória de sucesso por essa instituição de saúde mental foi reconhecida por meio de uma unidade no São Pedro que leva o seu nome - justamente para ressaltar sua abnegação pela profissão e pelo ser humano. PROJETOS PARA O SÃO PEDRO N o final da década de 60, Barros Falcão participa de um grupo de trabalho incumbido de estudar e elaborar três projetos. O primeiro referia-se ao estudo e planejamento da reestruturação do Hospital. O segundo era para transformar a instituição em Fundação de Direito Público. E o terceiro era um plano de remodelação das instalações do São Pedro. O professor Falcão também planejou construir uma Unidade Hospitalar em extensão à Divisão Kraepelin, pois a mesma já não atendia mais a demanda de alunos e pacientes. O projeto foi concluído, porém foi interrompido devido à suspensão do convênio da Faculdade com a Secretaria Estadual de Educação. Hospital Psiquiátrico São Pedro IRMÃ PAULINA N a Santa Casa e no Hospício, a presença de religiosos cuidando dos enfermos era a regra. Uma delas era a irmã Paulina, que chegou ao Hospital Psiquiátrico São Pedro em 1971, com 21 anos, e se tornaria mais tarde uma companheira inseparável do Dr. Barros Falcão. Devido ao seu grande conhecimento prático sobre a realidade dos doentes mentais, muitas vezes era requisitada pelo Dr. Falcão para auxiliar nas atividades práticas dos alunos, nos hospitais, tornando-se assim, uma espécie de monitora das aulas desenvolvidas durante o curso. “Ela ajudava na organização de turmas. Era uma pessoa incansável e muito dedicada. Ela é uma recordação viva da psiquiatria que acompanhou as principais evoluções da atividade”, recorda o psiquiatra Bruno Costa. Em depoimento, a Irmã Paulina revela a maneira precária como os doentes eram conduzidos para o HPSP: “Vinham deitados na carroceria de um caminhão, com camisa de força e amarrados. Imagina como essas criaturas chegavam aqui?” Segundo a freira, na década de 50 havia pessoas vindas do interior ou das ruas da capital. “Todos ganhavam o São Pedro: mendigos, alucinados, gente abandonada nas ruas. Eram epopeias marcadas pela dor.” Irma Irmã Paulina, ao fundo a antiga divisão Kraepelin Bomgiorno, como a Irmã Paulina é conhecida por todos, atualmente com 83 anos, ainda desempenha suas atividades no HPSP. Ela é a última religiosa que ainda trabalha na instituição, que na década de 60 chegou a contar com cerca de 80 irmãs. CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ DE BARROS FALCÃO - O ensino da psiquiatria inspirado na trajetória do seu precursor 25 SUSPENSÃO DO CURSO U m trecho do livro Memórias da Criação da Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre relata a crise no Departamento de Psiquiatria, entre 1973 e 1976. As conseqüências maiores foram a suspensão do curso de especialização e o afastamento de alguns professores. Existem diferentes explicações sobre o motivo que levou a interrupção do curso de especialização no HPSP. O psiquiatra Bruno Costa, que convivia estreitamente com o professor Barros Falcão, fez o seguinte comentário sobre o acontecido nessa época. “O professor fez um plano de ensino que contemplou para a edificação de uma unidade própria para isso, que ficava ao lado da Divisão Kraepelin. Existia um corredor que separava as duas unidades, mas certa noite foi construída uma parede para separar os dois pavilhões.” Essa iniciativa, que te- N Professor José de Barros Falcão, Dr. Bruno Costa e Dr. Herberto Maia 26 ria partido do então Secretário de Saúde Jair Soares, desgostou Barros Falcão. Sem apoio da administração da Faculdade, ele se sentiu injustiçado, pedindo mais tarde o seu afastamento. Mesmo assim, a disciplina de psiquiatria continuou em funcionamento, embora houvessem limitações. Era desenvolvida, então, em apenas uma sala da Divisão Kraepelin e com dois auxiliares de ensino, os psiquiatras Dr. Jorge Velho e Dr. Paulo Marocco. o inicio da década de 70, o Brasil ainda vivia sob vigência de um forte regime militar, tendo como presidente Emílio Garrastazu Médici. A ditadura atingiu o auge de sua popularidade, com “o milagre brasileiro”, no mesmo momento em que o regime censurava todos os meios de comunicação, torturava e exilava dissidentes. Barros Falcão não era um homem dado a manifestações políticas, no entanto, solidarizou-se ao momento vivido pelo aluno e colega Bruno Costa, que ficou preso durante 64 dias pelo regime militar em 1971. “Quando eu voltei de São Paulo tive a solidariedade do Dr. Barros Falcão e do Dr. Manoel Albuquerque, então presidente da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS). Foi uma visita rápida, onde tratamos de assuntos com cautela, pois tudo foi acompanhado pelo diretor do DOPS. Mesmo assim, acredito que essa iniciativa tenha sido determinante para interromper as sessões de tortura, pois tanto o Dr. Falcão quanto o Dr. Albuquerque representavam uma parcela importante da sociedade da época”, lembra Bruno Costa. Ampliação da Faculdade Católica de Medicina de Porto Alegre FIM DO CONVÊNIO A finalização do convênio entre a Secretaria da Saúde do Estado e a Faculdade Católica de Medicina resultou no fechamento da Divisão Kraepelin em junho de 1976. Ação esta, tida para muitos como um ato político, sob a conivência da direção da faculdade. Foi o professor Paulo Marocco o encarregado de entregar a carta com o pedido de demissão do Barros Falcão, após 11 anos de dedicação e trabalho. O pedido continha a solicitação imediata de afastamento de suas funções em caráter irrevogável. O documento foi entregue ao diretor da faculdade da época, que leu a carta durante uma reunião do conselho, cujos conselheiros acompanharam a leitura em silêncio. Quando o professor Barros Falcão se demitiu, outros professores começaram a se afastar também. “As atividades foram interrompidas e o curso ficou meio parado. Barros Falcão e eu éramos muito próxi- mos. Muitas vezes dava carona a ele e certo dia, me mostrou uma carta que recebeu de um grupo de alunos, que lamentavam a paralisação do curso e se ofereciam para ajudar de alguma forma.” E m 23 de outubro de 1973, foi convocada uma Assembléia Geral Extraordinária da Sociedade de Neurologia, Psiquiatria e Neurocirurgia do Rio Grande do Sul, a qual foi presidida pelo neurocirurgião Prof. Dr. Elyseo Paglioli e secretariada pelo psiquiatra Dr. Sergio Paulo Annes, tendo sido aprovado, por unanimidade, o desmembramento e a conseqüente criação das Sociedades de Psiquiatria e da Sociedade de Neurologia e Neurocirurgia. CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ DE BARROS FALCÃO - O ensino da psiquiatria inspirado na trajetória do seu precursor 27 Homenagem do CEJBF ao Dr. Paulo Mattos, professor do curso de pós-graduação stricto sensu da UFRJ Placa em homenagem ao Professor José de Barros Falcão em 1988 28 CAPÍTULO DE INSTITUTO MÉDICO PSIQUIÁTRICO A CENTRO DE ESTUDOS 3 AMBULATÓRIO DE PSIQUIATRIA E m 1978 o professor Heitor Cirne Lima, retornando à direção da Faculdade, possibilita a adaptação de uma área para funcionar, provisoriamente, como ambulatório de psiquiatria integrado às atividades práticas no ano seguinte. Em acordo com a solicitação do professor Paulo Marocco, retornam os professores Bruno Costa e Herberto Maia às atividades, além do convite para o professor Falcão reassumir a direção do recém criado Instituto de Psiquiatria. A unidade de estudos no Hospital São Pedro, politicamente, não era bem vista pela Secretaria da Saúde, considerando que o hospital-escola estava alocado na Santa Casa. Depois de desativada a Divisão Kraepelin, professores e alunos estavam sem uma área para apresentar as aulas práticas. Já na faculdade, Cirne Lima tinha uma sala desocupada, local antes usado para reuniões. Depois de transformado em ambulatório de psiquiatria, pessoas da comunidade que necessitavam de atendimento passaram a ser atendidas, gratuitamente, pela faculdade, por meio do Instituto de Psiquiatria, que mais tarde receberia o nome de Centro de Estudos Barros Falcão, em homenagem ao médico. N a década de 80 o Hospital Psiquiátrico São Pedro sofre um esvaziamento gradual, chegou a ter, em seu auge, cerca de 5000 pacientes hospitalizados. A Clínica Pinel termina com sua formação em Psiquiatria. O Professor Manoel Albuquerque inicia a formação psiquiátrica no Hospital São Lucas da PUC. O eixo do atendimento sai dos hospitais e centra-se em ambulatórios. CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ DE BARROS FALCÃO - O ensino da psiquiatria inspirado na trajetória do seu precursor 29 INSTITUTO MÉDICO PSIQUIÁTRICO N a volta do professor Barros Falcão, o diretor Heitor Cirne Lima cede um espaço aos professores. Esta área se torna o ambulatório de psiquiatria e mais tarde, em 1981, nasce o Instituto Médico Psiquiátrico. É nesse período que Barros Falcão convida o psicanalista José Lemmertz para reativar a especialização em psiquiatria na Faculdade Católica de Medicina de Porto Alegre. Com isso, Lemmertz se torna o primeiro presidente do Instituto. FUNDAÇÃO DO INSTITUTO O registro oficial do Instituto Médico Psiquiátrico está datado em 21 de maio de 1981, quando, em Assembleia Geral coordenada pelo psiquiatra Bruno Costa, foi lavrada a ata de fundação. Para a primeira gestão, a diretoria ficou composta da seguinte forma: Presidente Vice-presidente Diretor técnico 1º secretário 2º secretario Tesoureiro José Jayme Lemmertz Bruno Mendonça Costa Jorge Eduardo Fernandes Velho Volnei Luis Saccomori Flavio Strohschoen Pinto Herberto Édson Maia O Conselho Deliberativo do Instituto também foi formado na mesma ocasião. O presidente era o Dr. Paulo Marocco e os demais membros eram os médicos Harry Biehler, João Silveira Machado, José Augusto Godoy Gavioli e Jaime Parera Rebello. Para o Conselho Fiscal foram escolhidos como membros efetivos, os médicos Arno Vitor Palma, Dione Therezinha Donida e Miguel Abib Adad. Já José de Barros Falcão foi eleito e proclamado por todos os presentes como presidente honorário. 30 ATA DE FUNDAÇÃO DO INSTITUTO MÉDICO PSIQUIÁTRICO CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ DE BARROS FALCÃO - O ensino da psiquiatria inspirado na trajetória do seu precursor 31 FORMAÇÃO DE PROFESSORES N o início da década de 80, sob novos tempos, reinicia-se a preparação de nova turma de professores com a participação de ex-alunos, com o objetivo de reativar o Curso de Especialização. O Dr. José Lemmertz volta a participar do grupo, colaborando nas reuniões. No entanto, ele adoece e os encontros passaram a ocorrer na casa de Barros Falcão, à noite, sob o claro objetivo de formar um grupo de professores para retomar o curso de pós-graduação. D Dr. José de Barros Falcão e Dr. José Lemmertz 32 r. Barros Falcão foi colaborador do livro de Dr.José Lemmertz, comungando de sua posição em relação à psicanálise e seus conceitos sobre a prática médica e psiquiátrica. Com pensamento libertário de amarras teóricas, Falcão abriu os olhos de seus alunos ao estudo de outros pensadores da alma humana, ao lado de não negligenciar os estudos freudianos, posição idêntica do Dr. Lemmertz. Ambos com formação psicanalítica eram capazes de unir conhecimentos passados com novos postulados, integrando-os e sempre abrindo perspectivas à sua utilização prática. RETOMADA DA ESPECIALIZAÇÃO E m 1980, o professor Barros Falcão encaminha solicitação ao Conselho Departamental da FFFCMPA para modificar e ampliar o programa de ensino da disciplina de psiquiatria. No ano seguinte, reinicia a preparação para nova turma de professores com a participação de ex-alunos, com o objetivo de reativar o Curso de Especialização. Até que em 1984, com a parceria do professor Lemmertz, o professor Barros Falcão reativa o curso de pós-graduação. DE INSTITUTO PARA CENTRO DE ESTUDOS P or atuar em toda sua vida profissional sob uma visão e comportamento humanista, o Centro de Estudos foi idealizado em homenagem ao médico e professor José de Barros Falcão sob o mesmo prisma que o orientou nessa trajetória. Sem fins lucrativos, o foco de ação da entidade é educacional e social, com base na área da saúde mental. Com esse viés para o ensino e à assistência na psiquiatria, o Centro de Estudos José de Barros Falcão foi criado no dia 30 de novembro de 1989. A troca do nome é uma homenagem ao doutor e professor Barros Falcão que havia falecido aproximadamente sete meses antes, no dia 6 de maio de 1989. PRESENTES NA ASSEMBLÉIA QUE O INSTITUTO MÉDICO PSIQUIÁTRICO PASSA A SER DENOMINADO CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ DE BARROS FALCÃO EM 30 DE NOVEMBRO DE 1989. ERAM 14 SÓCIOS PRESENTES PRIMEIRA DIREÇÃO ELEITA DO CEJBF PARA A GESTÃO 1990-1991 ARNO V. PALMA PRESIDENTE: MIGUEL ABIB ADAD BRUNO COSTA - PRESIDENTE VICE- PRESIDENTE: ARNO V. PALMA CARLOS A. CRESPO SECRETÁRIO GERAL E EXECUTIVO: VOLNEI SACCOMORI FLÁVIO S. PINTO TESOUREIRO: JOSÉ G. TABORDA HERBERTO MAIA DIRETOR DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO: CARLOS A. CRESPO JOÃO MACHADO DIRETOR DIDÁTICO E PEDAGÓGICO: HERBERTO MAIA JORGE EDUARDO VELHO CONSELHO DELIBERATIVO: JOSÉ GERALDO TABORDA MONTSERRAT MARTINS MIGUEL ABIB ADAD FLÁVIO S. PINTO MONTSERRAT MARTINS PAULO MAROCCO JOÃO MACHADO CONSELHO FISCAL: RAUL ISEHARD RAUL ISERHARD SÉRGIO RODRIGUES PAULO MAROCCO VOLNEI SACCOMORI – SECRETÁRIO JORGE EDUARDO VELHO CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ DE BARROS FALCÃO - O ensino da psiquiatria inspirado na trajetória do seu precursor 33 PARCERIA COM O HOSPITAL MATERNO INFANTIL PRESIDENTE VARGAS A pós o falecimento do Dr. Barros Falcão, o Dr. Ellis D’Arrigo Busnello assumiu o cargo de professor titular da disciplina de psiquiatria e medicina legal na FFFCMPA. Em 1995 o Curso de Especialização em Psiquiatria do CEJBF, em convênio através da Faculdade, compartilha atividades com a re- sidência em psiquiatria do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas, onde o Dr. Busnello era o diretor do serviço de psiquiatria e o Dr. Miguel Abib Adad o vice. Os plantões e parte do estágio de internação eram realizadas na Unidade Psiquiátrica Feminina do HMIPV, esta parceria permaneceu até o final da década de 1990. CONVÊNIO COM A UFRJ F oi por iniciativa do grupo de professores do CEJBF, composto por 16 docentes, que em 1997 surgiu uma nova parceria firmada entre a Universidade Federal do Rio de Janeiro com a Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre. Esse convênio oferecia aos médicos cursos de pós-graduação stricto sensu: de mestrado e doutorado, por intermédio do Instituto de Psiquiatria da UFRJ. Os alunos tinham aulas Aulas do curso de pós-graduação stricto sensu presenciais no Rio de Janeiro, mas a maioria das aulas eram ministradas em Porto Alegre, pois os pós-graduandos financiavam a logística para este fim. Dos 16 professores mestrandos pelo acordo, quatro também fizeram doutorado em psiquiatria, sendo eles: Miguel Abib Adad, Carlos Alberto Crespo de Souza, Bruno Mendonça Costa e Flavio Strohschoen Pinto. 34 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA N a décade de 90 o CEJBF torna-se oficialmente uma associação federada da ABP e seu curso passa a ser reconhecido oficialmente pela mesma instituição. UNIDADE BARROS FALCÃO NO HPSP N ão há dúvidas que o Dr. Barros Falcão ajudou a escrever um capítulo importante da história do Hospital Psiquiátrico São Pedro. Toda sua dedicação e trabalho desenvolvido na instituição, sobretudo no desenvolvimento do estudo da psiquiatria, seria reconhecido mais tarde através de uma homenagem. Por sugestão do professor e psiquiatra Bruno Costa, no dia 15 de janeiro de 1997, uma das unidades do HPSP recebe o nome do professor e Dr. Barros Falcão. A cerimônia contou com a presença de familiares do Dr. Falcão, dos amigos e colegas Bruno Costa e Paulo Marocco e do Dr. Ygor A. Ferrão representando o então Diretor do HPSP, Dr. Roberto Gandolfi Lieberknecht. Cerimônia de inauguração da Unidade Barros Falcão no HPSP A Lei Estadual nº 9.716, promulgada em 7 de agosto de 1992, que dispõe sobre a reforma psiquiátrica no Rio Grande do Sul. A lei determina a substituição progressiva dos leitos nos hospitais psiquiátricos por uma rede de atenção integral em saúde mental e inclui regras de proteção aos usuários que padecem de sofrimento psíquico, especialmente quanto às internações psiquiátricas compulsórias. Determina ainda, a extinção dos manicômios por uma rede substitutiva de serviços à saúde mental. CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ DE BARROS FALCÃO - O ensino da psiquiatria inspirado na trajetória do seu precursor 35 SEDE DO CEJBF I naugurada oficialmente em 26 de abril de 2003, a sede própria do CEJBF passou a funcionar na Rua Uruguai, 335, no Centro Histórico de Porto Alegre. Atualmente, a sede abriga o departamento administrativo e o atendimento ambulatorial realizado pelos alunos do curso de especialização. Sede do CEJBF na rua Uruguai nº 335 no Centro histórico de Porto Alegre 36 Placa da inauguração do Ambulatório CEJBF em 2003 CURSOS E EVENTOS CIENTÍFICOS NACIONAIS E INTERNACIONAIS PROMOVIDOS PELO CEJBF CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ DE BARROS FALCÃO - O ensino da psiquiatria inspirado na trajetória do seu precursor 37 Cursos, Simpósios e Congressos N o início do século XXI, o Centro de Estudos José de Barros Falcão atuava como uma entidade vinculada ao Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da Fundação, com finalidades de ensino, pesquisa e assistência no campo da Psiquiatria, essa parceria oportunizava a realização de cinco cursos de pós-graduação lato sensu. São eles: Curso de Especia- Evento Promovido pelo CEJBF. Da esquerda para a direita: Dr. Volnei Saccomori, Dr. Jacintho Godoy Filho, Dr. Bruno Costa e Dr. Luiz Carlos I. Coronel 38 lização em Psiquiatria; Curso de Especialização em Psicoterapias Dinâmicas; Curso de Especialização em Psicodrama; Curso de Especialização em Psiquiatria Forense e Saúde Mental e Lei e o Curso de Especialização em Psiquiatria da Infância e da Adolescência. Além disso, eram promovidos congressos e simpósios relacionados a diversos temas da Saúde Mental. “F Depoimento oram muito poucas oportunidades que eu tive de conviver com o Dr. Falcão. Algumas aulas no quinto e outros tantos seminários no sexto ano da faculdade de medicina. Mais tarde, já com meu curso de especialização concluído, fui convidado a fazer parte do então Instituto Médico Psiquiátrico. O mesmo foi constituído como um órgão de apoio ao Departamento de Psiquiatria da FFFCMPA. Foi então que realmente comecei a conviver com as idéias do Dr. Falcão. O mesmo não estava mais presente no instituto, contudo através de seus ex-alunos e colaboradores, passei a ter contato com sua forma de pensar. A maioria dos colegas que com ele conviveu adquiriu uma forma de entender a psiquiatria, muito próxima do Dr. Falcão. Diferentemente do que é atribuído ao Dr. Lemmertz, o Dr. Falcão nunca fez uma oposição formal a qualquer ideologia psicológica. Ao contrário, senhor de um profundo conhecimento humanístico, com uma vasta cultura médica, filosófica e histórica, bebia em todas as fontes, e guardava para seu uso de tudo aquilo que lhe fazia sentido. Desta forma manteve uma posição de abertura e até de acolhimento a todas as escolas do pensamento psiquiátrico. Tal postura modelou boa parte de seus colegas mais próximos e que foram os fundadores do Instituto Médico Psiquiátrico. Mais tarde em homenagem ao mestre, o instituto mudou seu nome para Centro de Estudos José de Barros Falcão e firmou o compromisso de manter esta postura aberta frente ao conhecimento psiquiátrico e de tentar passar esta identidade aos alunos de seus vários cursos. Ao longo do caminho, além do curso de especialização em Psiquiatria, o CEJBF promoveu cursos de especialização nas áreas de psicoterapia, psiquiatria forense e psicofármacos. Realizou constantemente encontros científicos e promoveu os primeiros cinepsiquiatria e simpósios de neuropsiquiatria em nosso estado. Mais tarde o Centro de Estudos mudou de endereço. Com auxílio de seus professores adquiriu um conjunto de salas na Rua Uruguai, onde estabeleceu sua sede e ambulatório para a prática clínica de seus alunos. Firmou uma profícua parceria com a Clínica São José, local onde ocorre o treinamento supervisionado do atendimento a pacientes internos, por parte de seu corpo discente. Da mesma forma mantém convênios com o Hospital Divina Providência e a Cruz Vermelha. A parceria com a Clínica São José deu como frutos um importante convênio com o Prontopsiquiatria e também possibilita ao CEJBF oferecer bolsas de estudo a seus alunos através destas duas instituições. Desta forma o Centro de Estudos continua crescendo e se fortalecendo, estando atualmente trilhando um dos seus melhores momentos. Ao longo da existência das pessoas, alguns eventos e envolvimentos são marcantes na sua vida e contribuem inclusive para definir a sua identidade. Meu envolvimento com o CEJBF, a contribuição para construção de uma instituição que presta o serviço social que o mesmo oferece, e que se mantém perene ao longo de décadas, é certamente um destes envolvimentos que marcam profundamente um indivíduo. Sou, certamente somos, gratos ao Dr. Falcão, não só pelos seus ensinamentos, mas também por ter ensejado em um grupo de psiquiatras a formação desta instituição a que pertencemos e com que diuturnamente nos envolvemos tanto para sua manutenção como para a sua constante evolução. Queremos também agradecer a todos os professores alunos, funcionários e pacientes que contribuíram no decorrer dos últimos quarenta e cinco anos para a construção desta obra.” Sérgio Rodrigues - Presidente do CEJBF CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ DE BARROS FALCÃO - O ensino da psiquiatria inspirado na trajetória do seu precursor 39 Assinatura do Convênio do CEJBF com a Clínica São José. Da esquerda para a direita: Clarissa Godoy Guaragna, Dr. Luiz Antonio Saint Pastous Godoy, Dr. Theobaldo Oliveira Thomaz e Dr. Euclides Gomes 40 OS DESAFIOS, AS NOVAS PARCERIAS E O FUTURO NOVA SEDE A forte ligação entre o Centro de Estudos José de Barros Falcão e o Hospital Psiquiátrico São Pedro (HPSP) tornaria-se mais estreita, após o encerramento do convênio com a FFFCMPA. Em 2007, por iniciativa do psiquiatra Luiz Carlos Illafont Coronel, que acabara de assumir como Diretor Geral do HPSP, o CEJBF passa a ter uma sede na instituição e além das atividades relacionadas ao estágio de internação hospitalar psiquiátrica, que já aconteciam, passou a desenvolver também as disciplinas teóricas . CAPÍTULO 4 Clinica São José E m agosto de 2011, a entidade firma uma importante parceria com a Clínica São José (CSJ), que passa a abrigar a Secretaria de Ensino do Centro de Estudos. Além disso, o espaço disponibilizado tornou-se um local de está- gio do primeiro ano do Curso de Especialização em Psiquiatria. Em conjunto com a CSJ, tem início, no mesmo ano, o XXXI Curso de Formação em Psiquiatria do CEJBF além de promoções de eventos científicos realizados pelas duas instituições. CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ DE BARROS FALCÃO - O ensino da psiquiatria inspirado na trajetória do seu precursor Vista áerea da Clínica São José 41 Convênios e parcerias Prontopsiquiatria/Cisame E m 2012, o Centro de Estudos firma convênio com o Prontopsiquiatria/Cisame, que disponibilizou para os alunos o campo de estágio de emergência psiquiátrica. Foi retomada também a disciplina de Cinepsiquiatria, idealizada na década de 90 pelo Dr. Herberto Edson Maia e atualmente coordenada pelo Dr. Rogério Rocha. A XIX Jornada do Prontopsiquiatria, pela primeira vez será promovida em conjunto com CEJBF e a Clinica São José. Divina Providência U ma nova parceria surge com o Hospital Divina Providência em fevereiro de 2012, onde se realiza o campo de estágio de Interconsulta em Psiquiatria em Hospital Geral. 42 Cruz Vermelha A o final do ano de 2012, a Cruz Vermelha se torna parceira do Centro de Estudos. Este convênio permite o atendimento, pelos alunos, de pacientes com diagnóstico de uso abusivo e dependência de substâncias psicoativas. O CEJBF de hoje A tualmente, o Curso de Especialização de Psiquiatria do Centro de Estudos José de Barros Falcão, conta com 43 disciplinas e duração de três anos. Atualmente há 23 alunos matriculados oriundos de diferentes cidades do Rio Grande do Sul e de outros estados como Pará, Minas Gerais, São Paulo e Ceará. Em 2013, o CEJBF iniciou a trigésima terceira turma no primeiro semestre e a trigésima quarta turma no segundo semestre. Alunos do 2º ano do CEJBF e os professores: Dr Euclides Gomes,Dr. Luiz A. Godoy e Dr. Carlos Alberto S. Barros Sede da CEJBF na Clínica São José Dr. Germano Bonow CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ DE BARROS FALCÃO - O ensino da psiquiatria inspirado na trajetória do seu precursor 43 Professores e Alunos na defesa do trabalho de conclusão de curso Um legado para o CEJBF A formação de psiquiatras humanistas, capazes de desenvolver suas ideias de forma independente, contribuindo para a saúde mental de pacientes com transtornos psiquiátricos é como uma espécie de marca registrada do Centro e, por conseguinte, de seus alunos. Esse, talvez, tam44 bém tenha sido o grande legado do professor Barros Falcão para a posteridade. E o grande desafio futuro é manter-se e ampliar-se como uma referência no ensino da especialização psiquiátrica brasileira, fortalecendo seus serviços assistenciais e retomando experiências anteriores de gran- des eventos cientificos e cursos de especialização em outras áreas da saúde mental. E através deste novo momento, revitalizado por parcerias privadas, nunca perder suas raízes históricas, promovendo sempre um espaço de formação qualificada em assistência, ensino e pesquisa. “A Depoimento Clínica São José, que atualmente sedia o Centro de Estudos José de Barros Falcão, estava sendo construída por ocasião da colação de grau em Medicina do Dr. José de Barros Falcão, sendo inaugurada, dois anos depois, em 1934, pelo Dr. Jacintho Godoy, psiquiatra de geração anterior que, após sua formação na França entre os neuropsiquiatras da época, tais como Pierre Marie, Babinski, Duprè, Laignel-Lavastine, entre outros, trilhou caminho semelhante ao do Dr. Barros Falcão, buscando desenvolver tudo o que então se apresentava como oportunidade a ser implementada no meio psiquiátrico, tendo sido diretor do Hospital Psiquiátrico São Pedro por 14 anos, co-fundador da Sociedade de Psiquiatria do RS e do Instituto Psiquiátrico Forense, para só depois fundar a Clínica São José. Em tempos mais recentes, há cerca de 20 anos, a Clínica São José iniciou a implantação de uma reestruturação interna, visando adaptar-se aos novos tempos da psiquiatria, provendo o seu caráter assistencial das inovações necessárias à moderna prática da psiquiatria, com atendimento mais abrangente, tanto médico quanto psicológico, farmacológico e de enfermagem, entre outros, montando assim um sistema de atendimento multidisciplinar mais eficaz. Também há 20 anos, e de forma ininterrupta, o ProntoPsiquiatria presta atendimento de urgência nas 24 horas do dia. Já àquela época, o planejamento estratégico do hospital previa o atingimento de um tal nível de volume, qualidade e abrangência de atendimentos que o tornaria um meio muito propício ao desenvolvimento de atividades de ensino e pesquisa de uma escola de psiquiatria, tanto médica como de psicologia e de enfermagem. responsável pelos atendimentos médicos psiquiátricos de emergência e de ambulatório durante todos esses anos, além de seu corpo clínico atender quase metade dos pacientes internados no hospital. Por ambas as histórias se oportuniza um crescimento da assistência, do ensino e da pesquisa da psiquiatria nessa nova parceria, cujo ápice bem poderia estar no sonho dos fundadores de ambas as instituições, sem dúvida podendo se tornar uma das grandes referências do aprendizado da prática da psiquiatria no país. Nesses dois anos iniciais da parceria já se pode sentir o nítido crescimento da demanda de candidatos ao curso de psiquiatria nessa formatação. Como tudo que se inicia, há muito a se aprender. Que os gestores das duas instituições tenham os sonhos, a visão e a competência de seus fundadores para dar a melhor condução a essa oportunidade de associação para o crescimento, para o bem do melhor desenvolvimento do ensino e da prática da psiquiatria junto à comunidade.” Luiz Antonio Saint Pastous Godoy Diretor Técnico da Clínica São José Veio o destino a caprichosamente oportunizar esta colaboração entre o Centro de Estudos José de Barros Falcão e a Clínica São José, com a inclusão do Cisame, parceiro da Clínica São José, CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ DE BARROS FALCÃO - O ensino da psiquiatria inspirado na trajetória do seu precursor 45 REFERÊNCIAS Bibliográficas: BONAMIGO, Telmo Pedro e OLIVEIRA, Miriam da Costa; organizadores. Memórias da Criação da Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre. Páginas 182-86. Psiquiatria – Professor Paulo Marocco. GODOY,Jacintho. Psiquiatria no Rio Grande do Sul. 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Psicopatologia Geral II Introdução as Técnicas Psicoterápicas II Terapêuticas Psicofarmacológicas e Biológicas II- infância/adolesc. e velhice Avaliação Diagnóstica II Ética e Políticas Públicas de Saúde Mental Reunião Teórico-Clínica II Reunião Científica II 2º Ano - 2014 3º Sem. Interconsulta Psiquiátrica Desenvolvimento Humano Psicoterapia I: Grupoterapia Psicoterapia II: Cognitivo-Comportamental Psicopatologia Geral e Especial I Reunião Teórico-Clínica III Reunião Científica III 4º Sem. Psicoterapia III: Psicossocial e Familiar Psicoterapia IV: Psicanalítica Abuso e Dependência de Drogas Psiquiatria da Infância e Adolescência Saúde Mental da Mulher Reunião Teórico-Clínica IV Reunião Científica IV 3º Ano - 2015 5º Sem. Neurociências das Relações Humanas Sexualidade: psicopatologia e intervenção Metodologia Científica / Monografia de Conclusão de Curso Epidemiologia Psiquiátrica Conhecimentos Gerais I: Genética, Sociologia, Antropologia, Teologia, Filosofia; Reunião Teórico-Clínica V Reunião Científica V 6º Sem. Ciência Social e do Comportamento Humano Historia do Conhecimento Psiquiátrico Psiquiatria Geriátrica Psiquiatria Forense Psiquiatria Comunitária Reunião Teórico-Clínica VI Reunião Científica VI CORPO DOCENTE Adimiro Sari Alceu Gomes Correia Filho Alcir Tadeu Giglio Alexei Gil Ângela Rafaela Grandi Antônio Francisco Maineri Brum Arno Vitor Palma Bruno Mendonça Costa Bruno Scheidt Carlos Alberto Crespo de Souza Carlos Alberto Duarte Soares Carlos Augusto Scalon dos Santos Cássio Castellarin César Augusto Carus Goulart Cesar Augusto de Freitas e Rathke César Augusto Trinta Weber Clara Ester Trahtman Claudio Mendivil Schoepping Flávio Strohschoen Pinto Geraldo Rosito Gilberto Slud Brofman Giovani Zwetsch Gheno Gislaine Oliveira Herberto Edson Maia Jeferson Luis Flach Barcelos Jerônimo de Almeida Mendes Ribeiro José Ottoni Outeiral (in memoriam) Leandro Luz Liliane Maria Ferraro Maranghello Luis Carlos Guimarães Lima Luisa Isabel Dufech Gimeno Luiz Antônio Saint Pastous Godoy Luiz Carlos Illafont Coronel Luiz Nicomedes Arena Coronel Maria da Graça Cantarelli Maria Regina Bergallo Aydos Mauro Barbosa Terra Mayra Dipp Murat Miguel Abib Adad Patricia de Saibro Paulo Berél Sukiennik Paulo de Tarso da Luz Fontes Neto Rachel Gick Fan Renata Brasil Araújo Renato de Araújo Spagnoli Rene Lenhardt Rogério Alves da Paz Rogério Rocha Ruben de Souza Menezes Sérgio Rodrigues Sonia Elisabete Soares Kunzler Suzana Deppermann Fortes Theobaldo Oliveira Thomaz Tiago Cardinal Valéria Soares Gularte Vera Lúcia Bidone Lopes Vilma Rodriguez Vivian Peres Day Volnei Luiz Saccomori (in memoriam) Werner Paulo Knapp CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ DE BARROS FALCÃO - O ensino da psiquiatria inspirado na trajetória do seu precursor 47 CENTRO DE ESTUDOS JOSÉ DE BARROS FALCÃO Rua Uruguai, 335 - Centro Histórico Av. Oscar Pereira, 4821 - Bairro Glória Porto Alegre/RS 48