Caderno de Resumos do 25º Congresso da Sociedade de Teologia e Ciências da
Religião. Os textos publicados são de responsabilidade de cada autor.
Projeto Gráfico: Studio Ninho
Diagramação: Seth Design
Capa: Tiago Parreiras
Impressão e Acabamento: Gráfica e Editora O Lutador
FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
S678
Sociedade de Teologia e Ciências da Religião. Congresso (25.: 2012,
Belo Horizonte, MG)
Cadernos de resumos: mobilidade religiosa: linguagens, juventude e Política.
2. ed. rev. aum. / organizador: Geraldo Luiz De Mori ... [et al.]. Belo Horizonte:
PUC Minas, 2013.
304p.
ISSN 2236 – 5680
Realização: Sociedade de Teologia e Ciências da Religião – SOTER; Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais – PUC Minas; Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia – FAJE; Instituto Santo Tomás de Aquino – ISTA.
1. Religiosidade – Brasil. 2. Pluralismo religioso. 3. Juventude – Religião. 3.
Religião e política. I. Mori, Geraldo Luiz de. II. Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais. III. Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia. IV. Instituto Santo
Tomás de Aquino. V. Título.
CDU: 291(81)
Diretoria da SOTER
Dr. Valmor da Silva (Presidente)
Dr. Geraldo Luiz De Mori (Vice-Presidente)
Dr. Pedro Ribeiro de Oliveira (1º Secretário)
Drª. Anete Roese (2ª Secretária)
Ms. Manoel José de Godoy (Tesoureiro)
Secretaria da SOTER
Jamir Paulo Moreno (Secretário da SOTER)
Tânia da Silva Mayer (Secretária do Congresso)
Av. Dom José Gaspar, 500 – Coração Eucarístico
PUC Minas, Prédio 4, 2º Piso | Belo Horizonte – MG | CEP 30.535-610
[email protected] | www.soter.org.br
SOTER
Sociedade de Teologia e Ciências da Religião
25º CONGRESSO SOTER
Mobilidade Religiosa
Linguagens - Juventude - Política
2ª Edição
2013
Comissão Organizadora
Presidente:
Prof. Dr. Geraldo Luiz De Mori (FAJE)
Membros:
Profa. Dra. Áurea Marin Burochi (ISTA/PUC Minas)
Prof. Dr. Carlos Frederico Barboza de Souza (PUC Minas)
Prof. Dr. Roberlei Panasiewicz (PUC Minas)
Prof. Dr. Paulo Agostinho Nogueira Baptista (PUC Minas)
Prof. Me. Carlos Alberto Motta (FAJE)
Realização
Sociedade de Teologia e Ciências da Religião – SOTER
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC Minas
Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia – FAJE
Instituto Santo Tomás de Aquino – ISTA
Apoio
CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
ADVENIAT – Bischofliche Aktion Adveniat
MZF – Missionzentrale der Fransziskaner
Patrocínio
Editora Vozes
Edições Loyola
Paulus
Paulinas
Editora Sinodal
CEBI
Editora Santuário
Editora PUC Minas
Sumário
O CONGRESSO
Apresentação
Instituição Promotora
Justificativa
Conselho Científico
Objetivos
Destinatários
7
9
9
11
12
13
13
PROGRAMAÇÕES
Programação Geral
Programação dos GTs
15
16
20
GRUPOS TEMÁTICOS
GT 1
GT 2
GT 3
GT 4
GT 5
GT 6
GT 7
GT 8
GT 9
GT 10
GT 11
GT 12
GT 13
51
53
64
90
107
125
134
148
156
162
174
192
210
222
5
GT 14
GT 15
GT 16
GT 17
GT 18
GT 19
231
239
251
259
269
287
MAPA DA PUC MINAS
300
REALIZAÇÃO
303
6
Apresentação
O 25º congresso da SOTER – Sociedade de Teologia e Ciências da
Religião -, que ocorrerá entre os dias 09 e 12 de julho de 2012 na Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), aprofundará o
tema: Mobilidade Religiosa. Linguagens - Juventude - Política.
Com esta temática a SOTER quer contribuir na discussão dos resultados
das últimas pesquisas sobre o novo mapa religioso do Brasil (tal como
aparece nas pesquisas da FGV e que deverá ser enriquecido com o resultado
do CENSO de 2010), sobre as novas tendências religiosas presentes no
país, as linguagens que exploram e o lugar que nelas ocupam as juventudes,
bem como o espaço que dão à relação entre religião e política.
A Diretoria e a Comissão Organizadora propõem para 2012 uma série
de Conferências, Mesas Redondas e Grupos Temáticos (GTs) que
propiciarão o encontro e a discussão do tema central do congresso, bem
como a apresentação das pesquisas que a Teologia, as Ciências da Religião
e as Áreas Afins têm realizado atualmente no Brasil.
Instituição Promotora
A SOCIEDADE DE TEOLOGIA E CIÊNCIAS DA RELIGIÃO SOTER - (www.soter.org.br) é uma associação civil, sem fins lucrativos,
fundada em julho de 1985 por um grupo de teólogos/as e cientistas da
religião do Brasil. Com sede em Belo Horizonte, MG, seus objetivos são:
incentivar e apoiar o ensino e a pesquisa no campo da Teologia, das Ciências
da Religião e de Áreas Afins; divulgar os resultados da pesquisa; promover
os serviços dos/as teólogos/as e cientistas da religião às comunidades e
organismos não governamentais na perspectiva da construção da cidadania
e da inclusão social; facilitar a comunicação e a cooperação entre os/as
sócios/as e defender sua liberdade de pesquisa (cf. Estatuto, Art.3.).
9
Concretizando seus objetivos, a SOTER promove congressos gerais
anuais, seminários e encontros de pesquisa nos Regionais; patrocina
publicações e cadastro de professores/as e pesquisadores/as de Teologia,
Ciências da Religião e Áreas Afins, e trienalmente organiza sua Assembleia
eletiva. A sociedade conta atualmente com cerca de 500 sócios/as e
permanece aberta à adesão de novos/as associados/as, dentro das normas
do Estatuto (Art. 5.), acolhendo professores/as e pesquisadores/as que
atuem academicamente na área da Teologia, das Ciências da Religião e de
Áreas Afins, possuindo ao menos o grau acadêmico de mestre na sua área
de conhecimento. No último quadriênio, cerca de 120 novos/as sócios/
as foram aceitos na Sociedade, mostrando sua vitalidade e capacidade de
agregar novos valores.
Desde sua fundação, há quase 27 anos, a SOTER tem se fortalecido
continuamente. Seus Congressos, de periodicidade anual, têm abordado
temas relevantes no contexto dos estudos de Teologia e das Ciências da
Religião e gerado diversas publicações importantes, que se encontram
inclusive traduzidas fora do Brasil. Os Anais desses Congressos são
publicados anualmente e, a partir de 2008, em parceria com as Edições
Paulinas, é publicado o livro digital (E-book) com todas as comunicações
científicas aprovadas e efetivamente apresentadas nos GTs (Cf.: www.
ciberteologia.org.br).
O Congresso de 2012 será realizado na Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais, cujo apoio e cessão da infraestrutura têm sido fundamentais
para ampliar o raio de alcance do Congresso. Reconhecida pela sua
seriedade acadêmica no âmbito nacional, a PUC Minas prestigia e honra
a SOTER com seu importante apoio, pois além de sediar os Congressos,
sedia também a secretaria e a sede jurídica da SOTER. Da Comissão
Organizadora fazem parte pesquisadores da PUC Minas, da FAJE e do
ISTA.
10
Justificativa
A SOTER sempre se preocupou em entender e mostrar o papel das religiões
na sociedade. Em seus últimos congressos isso se deu pela retomada da
relação entre Ciência, Tecnologia e Religião (congresso 2009), Religiões
e Paz (congresso 2010), Religião, Educação e Cidadania (congresso
2011). Interpretar o atual caleidoscópio religioso do Brasil é um desafio
importante. Tanto do ponto de vista da constatação quantitativa, quanto
do ponto de vista de sua compreensão de fundo. O que nos revela a grande
mobilidade e o trânsito religioso em curso em nosso país? Como interpretar
as linguagens daí decorrentes, bem como as novas formas de organização
da pertença religiosa, seu maior ou menor grau de institucionalização, seu
aporte à transformação social? Que influência essa massiva presença do
religioso tem na formação de valores éticos e que relações estabelece com a
política? Como os jovens se situam dentro desse processo de recomposição
do campo religioso nacional?
As teorias da perda progressiva do papel das religiões nas sociedades
modernas, que serviram para interpretar a situação de secularização na
Europa, não conseguem explicar a situação brasileira e latino-americana.
De fato, o período em que nosso país sofreu o maior impacto de
modernização e urbanização (anos 60-90 do séc. XX), viu nascer e se
consolidar entre nós duas grandes recomposições da religião. De um lado,
a da teologia da libertação, com sua leitura profética, ética e política do
cristianismo, de outro lado, a dos pentecostalismos e neo-pentecostalismos,
que sinalizam para modificações substanciais, quer na experiência religiosa
quer na compreensão do papel da religião na sociedade contemporânea.
As duas tendências questionam os teóricos da secularização e suas apostas
de enfraquecimento ou desaparecimento da religião. Constata-se, é
verdade, um número cada vez maior dos que se declaram sem religião,
mas não necessariamente isso significa ateísmo, agnosticismo ou não
referência à transcendência. Percebem-se, também, processos acelerados
de desinstitucionalização, tanto no catolicismo quanto no protestantismo
11
histórico. O que mais impressiona em tudo isso é o trânsito constante de
uma confissão a outra, a múltipla pertença, a construção de religiosidades
à medida do indivíduo e de expressões religiosas “à la carte”, que dá origem
ao clientelismo do mercado de serviços religiosos. Constata-se igualmente
a crise da tradição latino-americana do cristianismo libertador, que tanto
contribuiu na formação de valores éticos e cidadãos, e na formação para a
política. Constata-se enfim a redescoberta e a valorização de tradições que
foram marginalizadas ao longo da história do país: indígenas, africanas,
orientais, islâmica e judaica.
Ao propor para 2012 o tema Mobilidade Religiosa. Linguagens Juventude - Política, o 25º Congresso da SOTER aborda um tema
relevante na atualidade, que necessita ser interpretado por cientistas
sociais, teólogos/as, filósofos/as e cientistas da religião, contribuindo assim
para uma melhor compreensão do fenômeno em questão.
Conselho Científico
Prof. Dr. Eduardo Silva Arévalo: Universidad Alberto Hurtado y Pontificia
Universidad Católica de Chile - Santiago, Chile
Prof. Dr. João Batista Libanio: FAJE, MG, Brasil
Prof. Dr. Márcio Fabri: Centro Universitário São Camilo, SP, Brasil
Prof. Dr. Luis Carlos Susin: PUC/RG, RG, Brasil
Prof. Dr. Paulo Fernando Carneiro de Andrade: PUC/Rio, RJ, Brasil
Prof. Dr. Afonso Soares: PUC/SP, SP, Brasil
Prof. Dr. Steven Engler: Mount Royal University, Calgary, Alberta, Canadá
Profa. Dra. Brenda Maribel Caranza Dávila: PUC/Campinas, SP, Brasil
Prof. Dr. Gilberto Cavasos-Gonzáles: Catholic Theological Union in
Chicago, IL – USA
12
Objetivos
1. Analisar, em perspectiva multidisciplinar, os resultados das últimas
pesquisas sobre a pertença e a mobilidade religiosa no Brasil;
2. Oferecer chaves de interpretação para o processo de recomposição
do campo religioso nacional e internacional, sobretudo no que diz
respeito ao fenômeno da mobilidade e do trânsito religioso;
3. Refletir mediante pesquisa filosófica, teológica, das ciências sociais e
das ciências da religião, sobre as linguagens e instituições que emergem
do atual caleidoscópio de crenças nacional;
4. Discutir os parâmetros analíticos que estabelecem relações entre
juventude e religião na atual dinâmica sociocultural do Brasil, tendo
em conta o protagonismo juvenil em vários processos sociopolíticos
em curso (primavera árabe, estudantes chilenos, movimento dos
indignados etc.);
5. Analisar a relação que as novas tendências religiosas em curso no Brasil
estabelecem com a política;
6. Oferecer amplo espaço para exposição - por meio de Grupos Temáticos
(GTs) - das pesquisas em andamento na área da Teologia e das Ciências
da Religião e de Áreas Afins.
Destinatários
O 25o Congresso se dirige aos (às) sócios (as) da SOTER, constituídos de
mestres (as) e doutores (as) em Teologia e Ciências da Religião, aos (às)
pesquisadores (as) dessa área e de áreas afins que estejam interessados (as)
em aprofundar e discutir a questão da mobilidade religiosa no contexto
atual do Brasil, as linguagens daí decorrentes, o lugar e papel da juventude
nesse processo e a relação que os novos sujeitos que emergem desse novo
panorama religioso estabelece com a política.
A Comissão Organizadora.
13
Programação Geral
9 de Julho
PUC MINAS - Prédio 43
9h às
16h
15h
Oficina de editores de revistas da área de Teologia
e Ciências da Religião, organizada pela SOTER com
o apoio da ANPTECRE
Sala 204
Reunião da Diretoria
Sala 202
A partir Credenciamento. O acesso ao auditório do evento só Hall do
das 16h será permitido com o uso de credencial.
Auditório 3
16h
Reunião com os Conselheiros Regionais
Sala 202
19h30
Abertura oficial do 25º Congresso com a presença
de Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Grão- Auditório 3
chanceler da PUC Minas e Dom Joaquim Mol
Guimarães, magnífico Reitor da PUC Minas.
20h
Apresentação do Madrigal SCALA, sob a regência Auditório 3
do Maestro Álvaro Antônio Rodrigues.
20h30
Conferência de Abertura: Mobilidade Religiosa.
Linguagens - Juventude - Política: Profa. Dra. Auditório 3
Brenda Maribel Caranza Dávila, da PUC/Campinas.
21h30
Coquetel
16
Hall do
Auditório 3
10 de Julho
PUC MINAS - Prédio 43 (exceto Mesa 2*)
7h30
Café para os hóspedes da Casa de Retiro São José
8h30
Momento de espiritualidade
8h45
Conferência: O que os homens e as mulheres
podem fazer com números que fazem coisas - Auditório 3
Profa. Dra. Clara Cristina Jos Mafra - UERJ
10h15
Intervalo para Café
10h30
Mesas redondas simultâneas:
Auditório 3
Mesa 1: Juventude e religião: Prof. Dr. Jorge Cláudio Auditório 3
Noel Ribeiro Júnior - PUC/SP e Pesq. Solange dos
Santos Rodrigues - ISER/Assessoria
Mesa 2: A religião no espaço público brasileiro atual: Auditório 2
Prof. Dr. Paulo Fernando Carneiro de Andrade – * Prédio 4
PUC Rio e Prof. Dr. Ricardo Mariano - PUC/RS
12h
Intervalo para Almoço
13h30
às 17h
GTs/COMUNICAÇÕES
(Veja cronograma na Programação dos GTs)
16h30
Intervalo para Café
17h às
18h
Reuniões das Regionais:
Regional Norte
Sala 202
Regional Nordeste
Sala 203
Regional Centro-Oeste
Sala 204
Regional São Paulo
Sala 205
Regional Sudeste
Sala 206
Regional Sul
Sala 207
17
18h
Intervalo para Jantar
19h
Sessão de autógrafos de livros lançados em 2012
Livrarias
19h15
Lançamento do livro: Educar para a sabedoria do Auditório 3
amor, de Luis Carlos Dalla Rosa, vencedor do 3º
Concurso de Teses SOTER/Paulinas 2011.
19h45
Homenagem a João Batista Libanio, 1º Presidente Auditório 3
da SOTER, por ocasião de seus 80 anos de vida.
20 às
21h30
Sessão Comemorativa dos 50 anos de abertura do Auditório 3
Concílio Vaticano II – Mesa Redonda com Dom
José Maria Pires - Arcebispo Emérito da Paraíba
e P. Dr. Walter Altmann - Presidente da IECLB de
2002-2010 e Professor da EST, RS.
11 de Julho
PUC MINAS - Prédio 43 (exceto Mesa 2 e Confraternização*)
7h30
Café para os hóspedes da Casa de Retiro São José
8h30
Momento de espiritualidade
8h45
Auditório 3
Conferência: La religion dans les sociétés
surmodernes (A religião nas sociedades Auditório 3
ultramodernas): Prof. Dr. Erwan Dianteill - Paris
- Descartes, França
10h15
Intervalo para Café
10h30
Mesas redondas simultâneas:
Mesa 1: Linguagens e hermenêuticas religiosas: Prof. Dr. Auditório 3
Johan Konings - FAJE e Prof. Dr. Carlos Alberto
Steil – UFRGS
18
Mesa 2: Mobilidade religiosa: Prof. Dr. Gilberto Cavasos- Auditório 2
Gonzáles - Catholic Theological Union in Chicago, * Prédio 4
IL - USA e Profa. Dra. Carolina Teles Lemos - PUC/
Goiás
12h
Intervalo para Almoço
13h30
às 17h
GTs/COMUNICAÇÕES
(Veja cronograma na Programação dos GTs)
16h30
Intervalo para Café
18h
Assembleia da SOTER (Somente Sócios)
20h
Confraternização
Auditório 3
* Retiro
São José
12 de Julho
PUC MINAS - Prédio 43 (exceto Mesa 2*)
7h30
Café para os hóspedes da Casa de Retiro São José
8h30
Momento de espiritualidade
8h45
Auditório 3
Conferência: Hacia una teología de los signos de
los tiempos latinoamericanos. Consideraciones Auditório 3
hermenéuticas y de lenguaje teológico: Prof.
Dr. Eduardo Silva Arévalo - Universdidad Alberto
Hurtado y Pontificia Universidad Catolica de Chile,
Santiago, Chile
10h15
Intervalo para Café
10h30
Releituras do congresso - Prof. Dr. Luis Carlos Auditório 3
Susin - PUC/RS e Profa. Dra. Ana Maria Tepedino
- PUC/Rio
12h
Intervalo para Almoço
13h
Encerramento do Congresso
19
Programação dos GTS
GT 1: Protestantismos
Coordenação: Prof. Dr. Adilson Schultz - PUC Minas ;
Prof. Dr. Ronaldo Cavalcante - Faculdade Unida de Vitória
10 de julho | Sala 204
13h30 às Reforma - 500 anos: reavaliação teológica no contexto
14h
das crises da atualidade – Dr. Walter Altmann
14h às Teologias pentecostais em mudanças – Dr. Leonildo
14h30 Silveira Campos
14h30 às A dinâmica do reino: uma breve nota sobre as
15h
relações entre escatologia e política na subcultura
fundamentalista protestante norte-americana – Me.
Daniel Rocha
15h às A missão dos padres protestantes: uma análise
15h30 histórica das suas contribuições para a inserção do
protestantismo no Brasil – Me. Rafael Souza Rodrigues
15h30 às A Teoria do Design Inteligente e suas relações com
16h
a ciência, a religião e o movimento criacionista – Me.
Roney Seixas Andrade
16h às Reações protestantes às tendências pós-modernas –
16h30 Me. Wagner Lima Amaral
11 de julho | Sala 204
13h30 às A prosperidade das denominações evangélicas
13h50
decorrente da preferencia na seleção de emprego na
construção civil de Balneário Camboriú, SC – Me. Fábio
Roberto Tavares
20
13h50 às Arca líquida universal: uma leitura da Igreja Universal
14h10 do Reino de Deus como um movimento “líquido” fruto
dos desafios da globalização – Me. Samuel Marques
Campos
14h10 às O protestantismo e o deficiente visual: a experiência
14h30 religiosa do Ministério Siloé, em Belo Horizonte – MG
– Graduados Andréa Rodrigues Brunelli Donnard e
Marcos Adriano.
14h30 às Neopentecostalismo: uma análise histórica dos
14h50 aspectos teológicos e sociológicos dessa nova religião
brasileira – Graduado Gerson Bento Freire
14h50 às “Minha vida, então, mudou”: o pentecostalismo e as
15h10 novas maneiras de ser evangélico – Graduada Priscila
Ribeiro Jeronimo Diniz
15h10 às A interpretação dos clássicos cristãos a partir da
15h30 conversação: um olhar hermenêutico através da obra
“Pluralidad y Ambigüedad: Hermenêutica, Religión,
Esperanza”, de David Tracy – Graduado Tiago de Freitas
Lopes
15h30 às “Jesus, Cavaleiro do Céu”: uma breve reflexão semiótica
15h50 sobre o cancioneiro pentecostal – Graduado Valdevino
de Albuquerque Júnior
GT 2: Filosofia da Religião
Coordenação.: Prof. Dr. Agnaldo Cuoco Portugal – UNB;
Prof. Dr. Flávio Augusto Senra Ribeiro – PUC Minas
10 de julho | Sala 205
13h30 às As Críticas de Nietzsche e o Mero Cristianismo de C. S.
14h
Lewis – Dr. Agnaldo Cuoco Portugal
14h às “Quatro grandes erros”. Filosofia e religião a propósito
14h30 do Crepúsculo dos ídolos em Nietzsche - Dr. Flávio Senra
21
14h30 às
15h
15h às
15h30
15h30 às
16h
A filosofia da religião em Carl Gustav Jung – Dra. Lilian
Wurzba
Messianismo e estado de exceção em Giorgio Agamben
– Dr. Mauro Rocha Baptista
A Teoria do Imaginário no estudo das Religiões:
uma nova Convergência Religiosa buscando os elos
profundos – Dr. Carlos André Macêdo Cavalcanti
16h às Que conceito de Deus nos resta após o Holocausto?
16h30 Uma reflexão a partir dos escritos de Hans Jonas e Etty
Hillesum – Dr. Renato Kirchner
16h30 às A desrazão do mal. Escândalo para o pensamento e
17h
desafio para a fé – Dr. Walter Ferreira Salles
13h30 às
13h50
13h50 às
14h10
14h10 às
14h30
14h30 às
14h50
14h50 às
15h10
15h10 às
15h30
15h30 às
15h50
15h50 às
16h10
22
SUBSESSÃO A: 11 de julho | Sala 205
Religião Racional: a verdadeira religião segundo Kant –
Me. Rose Silvania Figueiredo do Vale
Regresso ao Homem como Encontro com a Essência
Humana – Me. Anderson Geraldo Pinheiro Malta
A Religião na Nova Filosofia de Ludwig Feuerbach –
Eliezer Guedes de Magalhães
O divino entre o trágico e o ascético - Carla Bianca Costa
de Oliveira
O problema do niilismo em Nietzsche e Dostoiévski –
Cássia Cristina Costa de Oliveira
O Übermensch nietzschiano como proposta de um tipo
superior ao homem – Eduardo Marcos Silva de Oliveira
A religião cristã sob o viés do trágico: a Sentença de
Sileno e o inexorável destino dos homens - Roberto
Lúcio Diniz Júnior
A Questão da Moral a partir de Humano, Demasiado
Humano – Um Livro para Espíritos Livres - Vinícius
Andrade de Almeida
16h10 às
16h30
16h30 às
16h50
16h50 às
17h10
A angústia diante do bem: a noção do demoníaco em
Kierkegaard - Elias Gomes da Silva
Que cristianismo para a contemporaneidade? Vattimo e
suas críticas à religião - Marcos Paulo de Oliveira Bueno
O Problema do Relativismo Contemporâneo segundo
Paul Valadier - Júlio Cesar Rodrigues
SUBSESSÃO B: 11 de julho | Sala 206
13h30 às A relação entre Deus e o Belo em Anselmo da
13h50
Cantuária - Emmanuel Roberto Leal de Athayde
13h50 às Wittgenstein: sobre a impossibilidade de proposições
14h10 religiosas a partir da Conferência sobre Ética - Ana
Cláudia Archanjo Veloso Rocha
14h10 às Creio, logo Existo - Márcio Eurípedes Gomide
14h30
14h30 às O sentido moral e Deus na filosofia de Francis
14h50 Hutcheson - Rodrigo de Abreu Oliveira
14h50 às O Bem para além da essência: a releitura levinasiana
15h10 de Platão - Fabiano Victor de Oliveira Campos
15h10 às A narrativa de Deus em Emmanuel Lévinas - Luiz
15h30 Fernando Pires Dias
15h30 às Religião de adultos: judaísmo e ética em Emmanuel
15h50 Lévinas - Ubiratan Nunes Moreira
15h50 às As condições do conhecimento teológico 16h10 Provocações de Michel Foucault para a teologia na
pós-modernidade - Irenio Silveira Chaves
16h10 às Religião em sociedades pós-seculares: numa
16h30 perspectiva filosófica e política em Habermas - Paulo
Sérgio Araújo
16h30 às Da Agonia da Religião - Crismário Rocha Silva
16h50
23
16h50 às Linguagem e Religião no pensamento de Rubem Alves
17h10 - Fabiano Veliq
GT 3: Religião e Educação
Coordenação: Prof. Dr. Afonso Maria Ligorio Soares – PUC/SP;
Prof. Dr. Sérgio Rogério Azevedo Junqueira – PUC/PR
GT 3A – Ensino Religioso
13h30 às
13h50
13h50 às
14h20
14h20 às
14h40
14h40 às
15h
15h às
15h30
15h30 às
16h
24
10 de julho | Sala 207
A formação integral do educando: o desafio do ensino
religioso na educação básica brasileira – Me. Bruno
Luciano de Paiva Silva
O ensino religioso na escola pública no estado de
São Paulo nas disciplinas de História e Filosofia – Dr.
Fernando Henrique Cavalcante de Oliveira
Religião e ética em sala de aula: um desafio para o
professor de ensino religioso – Mestranda Joelma
Aparecida dos Santos Xavier
A cosmovisão como pressuposto dialógico no ensino
religioso: apontamentos da pedagogia Waldorf Mestrando Jouberth Gandhy Maranhão Piorski Aires
A questão epistemológica do Ensino Religioso –
apontamentos iniciais para um balanço dos anos da
vigência do artigo 33 da LDBEN – Drª. Laude Erandi
Brandenburg
Conexões entre ensino religioso, alfabetização e prática
pedagógica no ensino fundamental – Me. Lourival José
Martins Filho
13h30 às
13h50
13h50 às
14h10
14h10 às
14h30
14h30 às
14h50
14h50 às
15h10
15h10 às
15h30
15h30 às
16h
11 de julho | Sala 207
Há espaço para o ensino religioso na escola pública?
Uma análise sobre os debates recentes entre grupos
laicos e religiosos no Brasil – Doutorando Marcio Hoff
Artigos Científicos publicados em periódicos: uma
produção de conhecimento - Mestranda Maria Eunice
Rodrigues Chaves e Dr. Sérgio Rogério Azevedo
Junqueira
Ensino Religioso sob o olhar do educando: relatos
de experiências do PIBID Ciências da Religião da
UNIMONTES, norte de Minas Gerais – Doutoranda
Maria Socorro Isidório
O ensino religioso e a educação para a morte –
Mestrando Rodrigo Oliveira dos Santos
Uma aproximação entre literatura e Ensino Religioso:
sugestões buscadas em Grande Sertão: Veredas –
Mestranda Roseane do Socorro Gomes Barbosa
Coerências e ambivalências no ensino religioso escolar
– Me. Sidney Cristóvão Eleutério
Laicidade e ensino religioso: possibilidades para a
educação pública – Mestranda Wellcherline Miranda
Lima
GT 3B– Religião e Educação
10 de julho | Sala 208
13h30 às A instrução como princípio da tolerância religiosa: uma
13h50
análise a partir da visão de Tertuliano - Doutorando
Eduardo Soares de Oliveira
25
13h50 às A psicologia do espectador: Padre Guido Logger e a
14h10 educação cinematográfica na teoria – Doutorando
Geovano Moreira Chaves
14h10 às A dinâmica da fé no processo de crescimento dos
14h30 jovens: uma abordagem a partir de James Fowler e da
Pastoral da Juventude Nacional – Me. Helder de Souza
Silva Pinto
14h30 às Educação: sugestões com implicações ontológicas –
14h50 Me. Iêda de Oliveira Caminha Silva
14h50 às A interface da religião na educação via ritos escolares –
15h10 Mestrando Jailson da Silva
15h10 às Cemitérios: um espaço religioso e educativo –
15h30 Doutoranda Kate Fabiani Rigo
11 de julho | Sala 208
13h30 às Tempos de intolerância: a barbárie segue o seu caminho
14h
na educação e nas artes – Doutorando Lamartine
Gaspar de Oliveira
14h às Paralelo entre a Literal Educação Indígena e a
14h30 Interpretação do Ministério da Educação e Cultura
sobre a Educação Escolar Indígena – Doutorando Luiz
Alberto Sousa Alves
14h30 às Educação com Princípios Bíblicos: possibilidades de
15h
uma educação com qualidade - Doutoranda Monica
Pinz Alves
15h às Constructos e símbolos do universo infantil a respeito
15h30 de Deus – Me. Soraya Cristina Dias Ferreira
26
GT 4: Pluralidade Espiritual e Diálogo InterReligioso
Coordenação: Prof. Dr. Gilbraz Aragão – UNICAP;
Prof. Dr. Roberlei Panasiewicz – PUC Minas
10 de julho | Sala 302
13h30 às Igreja Nossa Senhora do Rosário(Museu Xucurus):
13h50
Espaço para um diálogo Inter Religioso, possível e
necessário – Me. Ana Cristina de Lima Moreira
13h50 às A Experiência religiosa e o Fenômeno Eucarístico sob
14h10 a égide do numinoso apriori – Me. Celeide Agapito
Valadares Nogueira
14h10 às Presença do Islã em Belo Horizonte: aspectos da vida
14h30 religiosa da Sociedade Beneficente Muçulmana de
Minas gerais — SBM – Doutorando Edmar Avelar de
Sena
14h30 às Foucauld: um nômade da fraternidade – Elcione Leite
14h50 de Paula
14h50 às A oração ritual diária no Islã – Mestrando Francesco
15h10 Sorrentino
15h10 às Um olhar sobre a religiosidade da juventude da periferia
15h30 a partir do estudo da tipologia da linguagem religiosa
nos raps: rap gospel, rap sincrético e rap feito de salmos
– Mestrando George Harrison Sena Santos
15h30 às A libertação desdobra-se em diálogo?! – Dr. Gilbraz de
15h50 Souza Aragão
15h50 às Tradução, mercado religioso e novidade religiosa:
16h10 considerações sobre a Seicho-no-Ie do Brasil – Me. João
Paulo de Paula Silveira
27
16h10 às A revelação como maiêutica histórica: Uma
16h30 compreensão do amor de Deus na perspectiva de
Andrés Torres Queiruga – Mestrando José Pedro
Romualdo Diogo Gomes.
13h30 às
13h50
13h50 às
14h10
14h10 às
14h30
14h30 às
14h50
14h50 às
15h10
15h10 às
15h30
15h30 às
15h50
15h50 às
16h10
16h10 às
16h30
16h30 às
17h
28
11 de julho | Sala 302
A relação guru-discípulo no Budismo praticado no
Brasil – Me. Klara Maria Schenkel
Os Exercícios Espirituais de Inácio de Loyola: na
pluralidade espiritual, um instrumento para o diálogo
inter-religioso – Me. Maria Teresa Moreira Rodrigues
Da Demografia das Religiões ao Consumo Sem Pertença:
um percurso real-virtual . Me. Mariano Vicente da Silva
Filho
«Pelos Muitos Caminhos de Deus»: para uma teologia
Pluralista Transreligiosa da Libertação – Me. Maruilson
Menezes de Souza
Um visão da «bricolagem» religiosa inspirada em Darcy
Ribeiro – Me. Moisés Abdon Coppe
Blogs: caminhos meditados em diálogo – Mestranda
Monica Ciscotto Magalhaes
As diversas faces do sagrado feminino no Brasil –
Doutorando Reinaldo da Silva Júnior
Do Exclusivismo ao Inclusivismo: uma análise das
mudanças no espaço sagrado da Igreja São Francisco
das Chagas, em Belo Horizonte – MG – Dr. Roberlei
Panasiewicz e Me. José Carlos Talim
Paul Tillich e as Religiões: cultura e diálogo no
pensamento inter-religioso – Mestrando Thiago Santos
Pinheiro Souza
A missão em Aparecida a partir da Teologia do Pluralismo
Religioso – Me. Wellington da Silva de Barros
GT 5: Teologia no Espaço Público e no Mundo
Contemporâneo
Coordenação: Prof. Dr. Érico Hammes – PUC/RS;
Prof. Dr. João Décio Passos – PUC/SP
10 de julho | Sala 303
13h30 às A pastoral da saúde como teologia pública no exercício
14h
da cidadania – Especialista Jaqueline Sena Durães e Dr.
Waldir Souza
14h às Gestão humanizadora nas empresas à luz da fé cristã 14h30 Ozenildo Santos Xavier da Rocha
14h30 às As rupturas da conversão, as relações simbióticas entre
15h
o pentecostalismo e o PCC e as continuidades sócioespaciais na favela do Tijuco Preto -SP – Me. Vagner
Aparecido Marques
15h às Epistemologia da Teologia Cristã: o lugar da teologia
15h30 na sociedade, igreja e academia – Doutorando Carlos
Alberto Motta Cunha
15h30 às Perspectivas da teologia pública no horizonte da
16h
esperança: a contribuição de Jürgen Moltmann –
Mestrando Matteo Ricciardi
16h às Teologia Pública como Teologia para o Desenvolvimento
16h30 – Me. Felipe Gustavo Koch Buttelli
11 de julho | Sala 303
14h30 às “Os dois reinos”: o ano eleitoral mais religioso “na
15h
história desse país” – Mestranda Daniela Senger
15h às O absoluto do corpo na contemporaneidade: sintoma
15h30 de uma nova gnose? – Dr. Geraldo Luiz De Mori
15h30 às Ensaio da cristologia Schillebeeckxiana: A ressurreição
16h
de Jesus a partir da experiência das primeiras
comunidades cristãs – Me. Valdete Guimarães
29
GT 6: Mística e Espiritualidade
Coordenação: Profª. Drª. Ceci Baptista Mariani – PUC Campinas;
Profª. Drª. Maria José Caldeira do Amaral – PUC/SP
10 de julho | Sala 304
13h30 às A Iniciação como Experiência: O caminho dos Padres da
14h
Igreja Nascente – Drª. Rosemary Fernandes da Costa
14h às Mística e alegoria em Orígenes – Me. Edson Matias Dias
14h20
14h20 às A mística das trevas de Gregório de Nissa na obra “Vida
14h40 de Moisés” – Mestrando Moisés Nonato Quintela Ponte
14h40 às De São Boaventura a Wittgenstein: itinerarium silentii
15h
in Deum – Mestrando Carlos Magno Teixeira
15h às Espiritualidade e Humanismo em São Francisco de
15h20 Sales: Estudo a partir do Livro IX do “Tratado do Amor
de Deus” – Graduado Thiago Nunes Barros
15h20 às A vontade de Deus em Chiara Lubich como acesso à
15h50 Santidade que realiza a Pessoa – Dr. German Calderon
Calderon
15h50 às Enlevo e remissão na arduidade da ayahuasca sob a
16h15 ótica do numinoso – Mestrando José Altran
11 de julho | Sala 304
13h30 às A Mobilidade religiosa nas margens do Velho Chico. Um
14h
estudo sobre a peregrinação à Lapa do Bom Jesus no
contexto do encontro - Doutorando Krzysztof Dworak
14h às Mística e alegoria em Orígenes – Me. Edson Matias Dias
14h20
14h20 às Coisas de Deus nas panelas de Riobaldo – Doutoranda
14h50 Ursulina Maria Silva Santana
30
14h50 às Elementos para uma mística afro-indígena-católica15h20 sertaneja na obra de Ariano Suassuna – Doutorando
Claudio Santana Pimentel
15h20 às Magia e Religião: um olhar sobre a atuação das
15h40 benzedeiras – Mestrando Antonione Rodrigues Martins
15h40 às Filosofia na Escola: Espiritualidade e Ensino – Dr. José
16h10 Antônio Transferetti
16h10 às Cura ou Busca de Sentido: O Caso das Benzedeiras em
16h40 Alagoas – Doutoranda Maria Jeane dos Santos Alves
16h40 às Psicoterapia e Religião: uma busca de si mesmo –
17h10 Priscila de Camargo Nunes Silva
GT 7: Teologia(s) da Libertação
Coordenação: Prof. Dr. Paulo Agostinho – PUC Minas;
Profª. Drª. Luiza Tomita – ITESP
10 de julho | Sala 305
13h30 às Aproximações entre a Teologia da Esperança de Jürgen
14h
Moltmann e a Teologia Latino-Americana da Libertação
em uma perspectiva escatológica – Dr. Cesar Augusto
Kuzma
14h às A resistência cristã na América Latina e o despertar
14h30 islâmico no Irã: um estudo sobre o papel da religião
nas transformações políticas e sociais do século XX –
Mestrandos Adnan Abdallah El Sayed e Patrícia Simone
do Prado
14h30 às A Teologia da Libertação e os desafios dos novos
15h
cenários – Dr. Paulo Agostinho N. Baptista
15h às A grounded theory da circularidade entre fé e migrações:
15h30 Uma proposta metodológica para pesquisa de campo
em teologia – Me. Carmem Lussi
15h30 às Teologia desde a América Latina: experiência e
16h
interpretação – Me. Fábio César Junges
31
16h às
16h30
Questões epistemológicas para a Teologia da Libertação
a partir de perspectivas étnicas e culturais: provocações
e desafios – Drª Luiza Tomita
11 de julho | Sala 305
14h às Imagens de Deus e Liberdade: Decorrências
14h30 no compromisso histórico de humanização e
transformação da sociedade – Mestrando Anastácio
Ferreira de Oliveira
14h30 às Cristologia e libertação: a humanização de Deus15h
humanização do ser humano – Mestranda Rosana
Araujo Viveiros
GT 8: Religião, Ecologia e Cidadania Planetária
Coordenação: Prof. Dr. Afonso Murad – FAJE;
Prof. Dr. Pedro Ribeiro de Oliveira – PUC Minas
10 de julho | Sala 306
13h30 às Introdução à Temática. Histórico do GT e sua proposta
13h45 – Dr. Afonso Murad e Dr. Pedro Ribeiro de Oliveira
13h45 às Análise das «práticas ambientais» realizadas nas redes
14h15 sociais e redes religiosas no município de Rio Grande
da Serra – Doutorando Claudio Pereira Noronha
14h15 às Ecologia e Espiritualidade: o testemunho de um
14h45 seringueiro – Doutorando José Rocha Cavalcanti filho
14h45 às Edgar Morin: pensamento para tempos de crise –
15h05 Mestrando Thiago Franco
15h05 às O pensamento complexo diante do antropocentrismo
15h25
cristão - Mestrando Luiz Eduardo de Souza Pinto
32
15h25 às Teologias e Direitos: O Ordenamento de Uma
15h55 Democracia na Perspectiva da Inclusão dos Direitos
e das Narrativas dos Povos. Apontamentos Sobre a
Questão Ecológica – Dr. Manoel Ribeiro de Moraes
Júnior
15h55 às Cúpula dos Povos e Rio+20. Balanço inicial à luz da
16h25 Ecoteologia – Dr. Afonso Murad
GT 9: Interculturalidade
Coordenação: Prof. Dr. Ênio José da Costa Brito – PUC/SP; Prof. Dr.
Alain Pascal Kaly – UFRRJ; Prof. Doutorando Marcos Rodrigues da
Silva – FURB e Profª. Me. Selenir Gonçalves Kronbauer – EST
10 de julho | Sala 307
13h30 às A experiência do sagrado guarani: o Território e a
14h
Palavra – Victor Rene Villavicencio Matienzo
14h às Cultura. Religião. Saúde – Me. Antonio Alone Maia
14h20
14h20 às Religiosidade e a medicina tradicional na cultura
14h50 africana – Dr. Luis Tomás Domingues
14h50 às Umbanda no Santo Daime: uma tensão cultural – Me.
15h10 Celso Luz Gusman Neto
15h10 às A religiosidade Afro-Brasileira nos Cultos da Igreja
15h30 Universal do Reino de Deus-IURD - Me. Marcelo
Frezarini
15h30 às Os Voduns estão em São Paulo! Cosmovisão e tradição
15h50 jeje nas religiões afro-brasileiras – Mestranda Érica
Ferreira da Cunha Jorge
15h50 às Na trilha dos Orixás: origem e extensão do espaço
16h20 sagrado das religiões de matriz africanas em Belo
Horizonte - MG (1960 aos dias atuais) – Dr. Amauri
Carlos Ferreira; Me. Carlos Evangelista Veriano
33
13h30 às
14h
14h às
14h30
14h30 às
14h50
14h50 às
15h10
15h10 às
15h30
15h30 às
16h
11 de julho | Sala 307
O catolicismo como uma experiência cultural –
Doutorando Antonio Lopes Ribeiro
Teologia de libertação e interculturalidadeaproximações e avaliação crítica – Dr. Roberto Ervino
Zwetsch
A linguagem simbólica da liturgia a caminho da
inculturação em meios afro brasileiros – Me. Josuel dos
Santos Boaventura
Vale do Amanhecer: um exemplo de pluralismo nos
novos movimentos – Mestrandos Narcisa Castilho
Melo, Cleiton Machado Maia
A onda do momento: um estudo sobre a experiência
dos jovens adeptos da Bola de Neve Church – Me. José
Antonio Boareto
Mercado Religioso Tupiniquim – Dr. José Maria da Silva
GT 10: Exegese e teologia bíblica
Coordenação: Prof. Dr. Geraldo Dondici Vieira – PUC Rio; Prof. Dr.
Leonardo Agostini Fernandes – PUC Rio; Prof. Dr. Paulo Jackson
Nóbrega de Sousa – FAJE
10 de julho | Sala 308
13h30 às Campo e cidade na Bíblia – Dr. Valmor da Silva
14h
14h às O estrangeiro, a noiva e o poço – Drª. Eunice Simões
14h30 Lins Gomes e Me. Michelle de Kássia
14h30 às O imaginário simbólico do sacerdote no rito sacrificial
14h50 de expiação em Levítico – Me. Josefa Vênus de Amorim
14h50 às “Ou os šēdîm ou YHWH!”: diversidade religiosa e crítica
15h10 teológica em Deuteronômio 32.10-22 – Me. Ruben
Marcelino Bento da Silva
34
15h10 às O pré-exílio imediato e o exílio babilônico: uma leitura
15h30 paralela de 2 Rs 25, 1-21, Jr 39,1-10 e 2 Cr 36,1-21 – Me.
Alessandra Serra Viegas
15h30 às “Consolai, consolai o meu povo!”. Análise exegética de
15h50 Is 40,1-11 – Me. Sue’Hellen Monteiro de Matos
15h50 às 2Sm 7,1-17: O projeto de Davi confronta-se com o
16h20 projeto de Deus – Dr. Leonardo Agostini Fernandes
16h20 às A questão da felicidade e infelicidade em Coélet – Me.
16h40 José Reinaldo de Araújo Quinteiro
16h40 às A amizade e a fidelidade segundo Sirácida – Me. Nelson
17h
Maria Brechó da Silva
13h30 às
13h50
13h50 às
14h10
14h10 às
14h30
14h30 às
15h
15h às
15h20
15h20 às
15h40
11 de julho | Sala 308
Princípios de análise literária para a interpretação das
narrativas bíblicas – Me. Dário de Araújo Cardoso
Hermenêutica tanatológica bíblica: considerações
sobre a morte no Antigo Testamento – Me. Sônia Sirtoli
Färber
O senhor esteve aqui, neste lugar, e eu não sabia – Me.
Neuza Silveira de Souza
Tradução da Bíblia: problemas e desafios: a propósito
da publicação de Evangelhos e Atos dos Apóstolos:
novíssima tradução dos originais. Por Cássio Murilo
Dias da Silva e Irineu José Rabuske. São Paulo: Loyola,
2011 – Dr. Irineu José Rabuske
Mateus 23:15: um possível sentido de poiêsai héna
prosélyton – “para fazer um prosélito” - Me. César Motta
Rios
Seguimento (Akolouthia) e serviço (Diakonia) das
mulheres no Evangelho de Marcos. Aplicação da
Análise Narrativa na leitura de Mc 15,40-16,8 – Me.
Júnior Vasconcelos do Amaral
35
15h40 às
16h10
16h10 às
16h30
Rm 15,14-33: Paulo entre a Galácia, Jerusalém e a
Espanha – Dr. Paulo Jackson Nóbrega de Sousa
Jesus como o Filho do Homem na Teologia do Novo
Testamento: Ladd e Goppelt em perspectiva – Me.
Marcos Paulo Nogueira da Silva
16h30 às Judas e o mistério da revelação – Dr. José Neivaldo de
17h
Souza
17h às Evolução do pensamento teológico em Jó: uma
17h20 progressão no entendimento dos fundamentos da
relação com Deus – Me. Flávia Luíza Gomes Costa
17h20 às Bem-aventurados ou felizes? A visão escatológica e
17h40 paradoxal das bem-aventuranças e suas implicações
para o hedonismo contemporâneo - Especialista Karina
Andrea Pereira Garcia Coleta
GT 11: Religião, Arte e Literatura
Coordenação: Prof. Doutorando Alex Villas Boas – PUC/SP;
Prof. Dr. Joe Santos – PUC/RS
10 de julho | Sala 501
13h30 às A representação de Cristo no expressionismo alemão e
14h
brasileiro – Dr. Etienne Alfred Higuet
14h às
14h30
A Fenomenologia das paixões e dos sentidos: a
linguagem teológica dos Sermões do Século XVII – Dr.
Marcio Luiz Fernandes
14h30 às O Corpo Incompleto numa Leitura Fenomenológica –
14h50 Me. Maria Cristina Pratis Hernández
14h50 às Ensino Religioso e Literatura: Reencantando Áreas de
15h10 Conhecimento – Me. Maria Augusta de Sousa Torres
15h10 às A “Compadecida” da obra de Ariano Suassuna ‘Auto
15h30 da Compadecida’ e suas raízes teológicas – Mestrando
Jonas Nogueira da Costa
36
15h30 às A Ressignificação da Experiência Religiosa do Teatro
15h50 Oficina no contexto de Os Sertões – Mestranda Gisele
Nallini
15h50 às José Saramago e a cultura religiosa contemporânea –
16h10 Esp. José Geraldo da Silva Marques
16h10 às Diálogos da ação: uma análise comparativa entre o
16h40 Evangelho Segundo São João e o Sermão do Advento
de Padre António Vieira – Ana Clara Magalhaes de
Medeiros; Augusto Rodrigues da Silva Junior.
16h40 às A amizade e a fidelidade segundo Sirácida – Me. Nelson
17h
Maria Brechó da Silva
13h30 às
14h
14h às
14h30
14h30 às
14h50
14h50 às
15h10
15h10 às
15h30
15h30 às
15h50
15h50 às
16h15
SUBSESSÃO A: 11 de julho | Sala 501
Religião, Arte e Literatura em Ernesto Cardenal – Dr.
Getulio Antonio Bertelli
Diálogo entre René Girard e Dostoiéviski – Dr. Edivilson
de Godoy
O Amor e a Arte vencem a morte – uma análise teológica
d’O cego Estrelinho de Mia Couto. – Me. Vera Lúcia de
Castro
A conversão e o Cristo na totalidade poética de Jorge de
Lima. – Me. Flávio Ferreira de Mello
Literatura infantil, teologia e Fabulação – Me. Anaxsuell
Fernando da Silva
Sinais da Presença para além da morte – Me. Maria das
Graças Ferreira de Araújo
Museu ao Céu Aberto: Arte tumular como expressão
religiosa – Me. Thiago Nicolau de Araujo
37
13h30 às
14h
14h às
14h30
14h30 às
14h50
14h50 às
15h10
15h10 às
15h30
15h30 às
15h50
15h50 às
16h10
16h10 às
16h40
SUBSESSÃO B: 11 de julho | Sala 502
Representações do divino na lírica feminina de Adélia
Prado e Hilda Hilst – Dra. Cleide Maria de Oliveira
Motivações bíblicas em Memórias póstumas de Brás
Cubas – Dr. Paulo Sérgio de Proença
A Experiência Estética do Sagrado em C. S.Lewis – Me.
Alessandro Garcia da Silva
A conversão e o Cristo na totalidade poética de Jorge de
Lima. – Me. Flávio Ferreira de Mello
O mal na literatura machadiana: uma leitura teológica da
obra Quincas Borba. – Mestranda Ivna Maia Fuchigami
O Mal em “Anticristo” de Lars Von Trier – Mestranda
Flávia Santos Arielo
O Rito Fúnebre de Deus no niilismo de Nietzsche
na obra A Hora da Estrela de Clarice Lispector – Luis
Augusto Barbosa Teixeira
Política, Juventude e Religião a partir do dialogo entre
Ulisses e Telêmaco a partir da Moderna Odisseia de
Nikos Kazantizakis – Doutorando Alex Villas Boas
GT 12: Religião e Gênero
Coordenação: Profª. Drª. Anete Roese – PUC Minas; Profª. Drª.
Sandra Duarte de Souza – UMESP; Prof. Dr. Clóvis Ecco – PUC
Goiás
10 de julho | Sala 503
13h30 às O feminino nas práticas religiosas do/no Terreiro de
13h50
Candomblé Ilê Wopo Olojukan – Me. Amarildo Fernando
de Almeida
13h50 às A experiência religiosa no cárcere. O caso do Centro de
14h10 Reeducação Feminino Maria Júlia Maranhão em João
Pessoa – PB – Me. Anaize Anália de Oliveira
38
14h10 às Homossexualidade e fé: confessionalidade homossexual
14h30 a partir do discurso ético de Bernardino Leers – Me.
Daniel Cordeiro Martins
14h30 às A inserção das mulheres no campo profissional
14h50 teológico pós regulamentação da teologia no Brasil –
Mestranda Maria Elise Gabrielle Baggio Machado Rivas
14h50 às Religião, estado laico e autodeterminação sexual e
15h10 reprodutiva das mulheres – Mestranda Romi Márcia
Bencke
15h10 às A participação das mulheres nos espaços de poder das
15h30 Assembleias de Deus em Belém do Pará – Mestranda
Rosinda da Silva Miranda
15h30 às Percurso histórico da configuração de uma sacerdotisa
16h
afro-brasileira: interface entre história, classe e gênero
– Mestranda Sumaia Miguel Gonçalves; Pós-graduada
Neusa Miguel Gonçalves; Esp. F. Rivas Neto
16h às Igreja, gênero e juventude: Reflexões sobre Gênero na
16h20 Igreja Assembleia de Deus em São Bernardo do Campo
e suas influências na juventude – Mestrando Valter
Borges Dos Santos
11 de julho | Sala 503
13h30 às Religião, gênero e sexualidade: o caso dos soropositivos
14h
para o HIV – Doutorando Clóvis Ecco
14h às Gênero, Religiões de Matriz Africana e Políticas Públicas
14h30 em Belém, Pará – Dra. Daniela Cordovil Corrêa dos
Santos
14h30 às Maria enquanto figura mítica: uma análise sobre a
15h
mariologia tradicional – Doutoranda Daniele Ventura
15h às A persistência das Deusas: representações simbólicas
15h30 do feminino na atualidade – Dra. Izildinha Konichi
39
15h30 às Igreja e políticas públicas: refletindo sobre a mobilidade
16h
da população de rua na cidade de Uberlândia/MG nos
anos 2010-2011 – Drª. Clélia Peretti
16h às Política religiosa e religião política: os evangélicos e o
16h30 sexo nas eleições de 2010 – Drª. Sandra Duarte de Souza
GT 13: Ética, Teologia e Religião
Coordenação: Profª. Drª. Maria Inês Miller – CES-JF e Prof. Dr.
Márcio Fabri – São Camilo-SP
10 de julho | Sala 504
13h30 às O pecado para os teólogos e para outras áreas do saber:
14h
análise comparativa de bases indexadoras para artigos
latino-americanos – Dra. Renata Ferrarez Fernandes
Lopes
14h às Ética de matriz judaica – Dr. Flavio Schmitt
14h30
14h30 às A virtualidade ética e a historicidade como constituições
15h
essenciais do ser humano: breve abordagem, a partir da
obra de Padre Vaz – Me. Raquel ferreira de Souza
15h às Repensar a ética jesuânica no e para o contexto atual –
15h30 Me. Edward Neves Monteiro de Barros Guimarães
15h30 às Possibilidades de uma Ética do Amor em Kierkegaard e
16h30 Dostoiévski – Gr. Rodrigo Costa Silva
16h às Anarquismo cristão: A ética da não violência como
16h20 forma de liberdade do Corpo e da Alma – Gr. Daivid
Tiago Oliveira Sousa
11 de julho | Sala 504
13h30 às Globalización y exclusión: Nuevo marco de la ética de la
14h
liberación en E. Dussel – Dr. Salustinao Alvarez Gomez
40
14h às
14h30
14h30 às
15h
Frei Bernardino Leers e a renovação da Teologia Moral
no Brasil – Dr. Oton da Silva Araújo Júnior
Ética e Catolicismo Popular: uma reflexão a partir
das prédicas de Antonio Conselheiro – Me. Geová
Nepomuceno
15h às As Associações religiosas Católicas Mineiras – Me.
15h30 Mário Henrique Resende Melo
15h30 às A Pastoral Coletiva de 1915 e a Nova Face da Igreja
16h
Católica – Esp. José William Barbosa Costa
GT 14: Sociedade, laicidade e tolerância
religiosa
Coordenação: Profª. Drª. Marília De Franceschi Neto Domingos –
UFPB e Prof. Dr. Luis Tomas Domingos – UNILAB
10 de julho | Sala 505
13h30 às A tolerância religiosa no Brasil - Os tratados de 1810 –
14h
Dra. Marilia De Franceschi Neto Domingos
14h às Aspectos da Movimentação do Campo Religioso Afro14h30 Paraibano – Dr. Ivonildes da Silva Fonseca
14h30 às “Aviso: Não dê dinheiro ao falso profeta, ligue para a
15h
UPP”. Religião e Segurança Pública no Jardim Batan –
Me. Vinicius Esperança
15h às A devoção do Sonho de Nossa Senhora na comunidade
15h30 de Olhos D’água/MG – Esp. Edivaldo Alves Nunes
15h30 às Valorização cultural: geografia, educação e modo de
16h
vida do RKBAKT da Aldeia Babaçuzal em Cotriguaçu
– MT – Dra. Marina Silveira Lopes; Gr. Juliane Ferreira
Garcia
16h às Ruy Barbosa, uma proposta de tolerância religiosa – Gr.
16h30 Elizabeth Regina Silva Ferreira; Priscila Mikaelle Costa
de Araújo
41
16h30 às Jackson do Pandeiro: fonte para o combate à
17h
intolerância às religiões afro-brasileiras – Gr. Daniel de
Oliveira
GT 15: Juventude, educação e ação estudantil
Coordenação: Prof. Dr. Emerson José Sena da Silveira – UFJF e
Prof. Dr. Flávio Munhoz Sofiati – UFG
10 de julho | Sala 506
13h30 às Ofensiva da Juventude Carismática: Recristianizar a
14h
Europa! – Dr. Brenda Carranza
14h às Religiosidade e ritos de passagem do jovem no contexto
14h30 tecnológico da Paraíba – Me. Anna Thereza Patricio
Beuttenmuller Bezerra
14h30 às O futuro em questão: a esperança entre jovens
15h
universitários – Dr. Leomar Brustolin
15h às Juventude e Universidade: qual sociabilidade estão
15h30 fazendo os jovens nos Grupos de Oração Universitários?
– Dr. Carlos Eduardo Pinto Procópio
15h30 às Religião e juventude: tensões entre o sagrado e o
15h50 mundo – Gr. Dorath Rodrigues Barbosa; Matheus da
Costa Oliva; Ângela da Rocha Santana; Wallace Ferreira
Sousa
15h50 às A participação dos jovens em movimentos religiosos:
16h10 CEBs x RCC e seus reflexos na vida social – Esp. Cesar
Portantiolo Maia
16h10 às A juventude carismática católica: o caso do PHN na
16h50 Canção Nova – Dr. Flávio Munhoz Sofiati
42
13h30 às
14h
14h às
14h20
14h20 às
14h50
14h50 às
15h10
15h10 às
15h35
15h35 às
16h
16h às
16h30
10 de julho | Sala 506
Religião e religiosidades – revisitando conceitos a partir
das juventudes – Dra. Sílvia Regina Alves Fernandes
Experiência Religiosa das Juventudes Contemporâneas:
novos modos de crer [e] ser – Me. Carlos Eduardo da
Silva Moraes Cardozo
Música gospel: estratégia urbana de conquistas cristãs
– Gr. Dayana Dar’c da Silva e Silva; Giovana dos Anjos
Ferreira
O trânsito religioso da juventude: a presença das
religiões nas biografias juvenis – Clélia Peretti; Elizabet
Terezinha Castaman Nogoseke
Uma análise do estatuto da juventude sob o olhar
weberiano – Esp. Janine Huguenin Corrêa
Juventude: música e dança a serviço da fé nas cristotecas
(baladas) católicas – Me. Luzia Maria de Oliveira Sena
Empoderamento e Tecnologias políticas do Self entre
jovens carismático-católicos brasileiros – Dr. Emerson
José Sena da Silveira
GT 16: Linguagem e religião: perspectivas
bakhtinianas
Coordenação: Prof. Dr. Paulo Fernando Dalla-Déa – UFSCar;
Profª. Drª. Ivenise T. Gonzaga Santinon – PUC Campinas e Prof. Dr.
Ângelo Cardita – UFSCar
10 de julho | Sala 507
13h30 às Desafios Teológicos da “Filosofia do Ato”de M. Bakhtin
14h
– Dr. Ângelo M. dos Santos Cardita
14h às Leitura bakhtiniana do Concílio Vaticano II: uma cunha?
14h30 – Dr. Paulo Fernando Dalla-Déa
43
14h30 às
15h
15h às
15h30
15h30 às
16h
M. Bakhtin: em busca do outro – Me. Manoel H. de Melo
Santana
O dialogismo e a construção de sentido nas cartas
encíclicas de Bento XVI – Me. Nanci M. Blanco
A restituição do Diaconato Permanente na Igreja
Católica Ocidental – Gr. Ana C. Souza Mendes
11 de julho | Sala 507
13h30 às O sincretismo religioso contemporâneo a partir da
14h
análise das práticas discursivas da Irmandade da Luz –
Gr. Alice T. L. da Silveira
14h às As memórias de futuro apocalípticas e o discurso
14h30 religioso/histórico – Gr. Allan Tadeu Pugliese
14h30 às Perspectivas bakhtinianas acerca de religião nos
15h
quadrinhos japoneses publicados no Brasil – Gr. Felipe
Mussarelli
15h às Cultura popular e catolicismo popular: usos e
15h30 configurações sobre um estudo de caso na minas
setecentista – Gr. Mariana Gino
15h30 às A força criativa e organizadora da palavra: uma leitura
16h
bakhtiniana da função da palavra no hino X-125 do
Rig-Veda e nos capítulos 1 e 2 de Gênesis – Gr. Valmir
Nascimento Souza
GT 17: Movimentos sociais - ciências sociais teologia
Coordenação: Prof. Dr. Luis Carlos Susin – PUC/RS e Prof. Dr.
Francisco de Aquino Junior – Faculdade Católica de Fortaleza
10 de julho | Sala 702
13h30 às Teologia e ciências sociais – Dr. Francisco de Aquino
14h
Júnior
44
14h às
14h30
14h30 às
15h
15h às
15h30
Conhecer pelo sofrimento em diálogo com Veena Das –
Me. Alan da Silva Coelho
O Beato franciscano – um caso de messianismo no
sertão alagoano? – Me. Gilvan Gomes das Neves
Título da comunicação: Religião, tradição e museologia:
manutenção das tradições da e pela religiosidade nos
movimentos migratórios – Me. Gyorgy Henyei Neto
15h30 às Um objeto sagrado: as Pílulas de Frei Galvão – Gr. Dirceu
16h
Rodrigues da Silva
11 de julho | Sala 702
13h30 às Para um diálogo entre marxistas e cristãos a partir dos
14h
escritos de Gramsci sobre a religião – Me. José Antônio
Correa Lages
14h às Indivíduo desviante: uma breve análise sócio-religiosa –
14h30 Me. José do Nascimento Lira Júnior
14h30 às O movimento de Jesus e os camponeses: vestígios de
15h
uma reação popular – Me. Mariana de Matos Ponte
Raimundo
15h às A religião, uma via possível para a superação de rua:
15h30 desalienação e integração das experiências marginais –
Me. Werbert Cirilo Gonçalves
GT 18: Diversidade afro-religiosa e
contemporaneidade: mudanças e permanências
Coordenação: Profª. Drª. Rosalira dos Santos Oliveira – FUNDAJ e
Profª. Drª. Zuleica Dantas Pereira Campos – UNICAP
10 de julho | Sala 703
13h30 às Segredos Transversais: reconversão cultural das
13h50
religiões de matriz africana e afro-brasileiras – Me.
Alfredo Sotero Alves Rodrigues
45
13h50 às Da reafricanização à sincretização: uma casa com
14h10 múltiplas vertentes afro-religiosas – Mestranda
Lucielma Lobato Silva
14h10 às Terreiros 2.0: Nação Xambá na cibercultura – Me. Carla
14h30 Patrícia Pacheco Teixeira
14h30 às Afronautas em Pernambuco: modernização em
15h
mudança – Dra. Zuleica Dantas Pereira
15h às A “velha nova” “guerra afro-pentecostal”: um olhar a
15h20 partir das redes sociais – Gr. Wagner Marreira Freire
15h20 às Protestantismo afro-brasileiro – Me. Jair Gomes de
15h40 Santana
15h40 às O Culto às Iya-mi Osorongá nos templos afro-brasileiros
16h
do Recife – Esp. Andréa Caselli Gomes
16h às Memória da umbanda e umbanda da memória em João
16h30 Pessoa – Dr. Antonio Giovanni Boaes Gonçalves
16h30 às Os Territórios Sagrados do Candomblé e da Umbanda
17h
na cidade de Contagem, Minas Gerais – Dr. Aurino José
Góis
13h30 às
13h50
13h50 às
14h10
14h10 às
14h30
14h30 às
14h50
46
11 de julho | Sala 703
Cruz do Patrão: mistérios, mortes e lutas negras – Me.
Ceci Medeiros de Oliveira
Itan Àsé: O Culto aos Orixás em Belém do Pará – Gr.
Wanderlan Gonçalves do Amaral
“A Jurema abala, e seus discípulos não tombam”:
desafios de uma abordagem historiográfica – Gr. Fábio
Luiz Pimentel
“A Jurema Manda!”: A Jurema Sagrada e sua decisiva
representatividade territorial em Recife e Região
Metropolitana – Gr. Alexandre Alberto Santos de
Olivera (L’Omi L’Odò)
14h50 às
15h10
15h10 às
15h30
15h30 às
15h50
15h50 às
16h10
16h10 às
16h30
16h30 às
16h50
16h50 às
17h10
17h10 às
17h30
17h30 às
17h50
Um ensaio sobre a alimentação ritual afro-brasileira –
Dra. Dilaine S. Sampaio de França
Religiosidades afro-brasileiras e ritual terapêuticoreligioso: a prática da apometria em Juiz de Fora – Me.
Izabela Matos Floriano Mendonça
Salve preto, salve preta... As muitas facetas da linha dos
Pretos velhos – Me. Letícia Guimarães Araújo
Terreiros como instituições empresariais – Me. Maria da
Penha de Carvalho Vaz
Em nome da ancestralidade: militantes negros e adesão
às religiões afro-brasileiras – Dra. Rosalira dos Santos
Oliveira
Religiões de matriz africana e convivência com a
diversidade – Me. Silvania Maria Maciel
Identidade Negra do Recife: A Casa da dupla pertença
– Gr. João Amaro Monteiro da Silva
Noite dos tambores silenciosos: resistência negra ou
construção coletiva – Me. Luiz Justino da Silva Junior
Tem branco na guma: a nobreza europeia montou corte
no tambor de mina – Dra. Taissa Tavernard de Luca
GT 19: Iniciação científica
Coordenação: Profª. Drª. Áurea Marin Burochi – ISTA; Prof. Dr.
Cesar Alves – FAJE e Prof. Dr. Cleto Caliman – PUC Minas e ISTA
10 de julho | Sala 704
13h30 às Tensões religiosas no Juazeiro do Norte: um estudo
13h55
sobre a atuação evangélica no combate ao Padre Cícero
e a concorrência das igrejas neopentecostais na oferta
de bens religiosos – Gr. Itamara Freires de Meneses
47
13h55 às Moradores e romeiros em interação: contribuições para
14h20 a compreensão das romarias em Juazeiro do Norte - CE
– Gr. Jakeline Pereira Alves
14h20 às Demarcando espaços: Um estudo das relações de força
14h45 no cenário religioso de Juazeiro do Norte – Gr. José
Erivan Lima de Carvalho
14h45 às Romaria e juventude: práticas lúdicas vivenciadas em
15h10 tempo de romaria – Gr. Patricia Sutel da Costa
15h10 às Turistificando a religião: uma análise sobre os interesses
15h35 econômicos e políticos no espaço religioso – Gr. Rosana
Dayara Correia De Alcantara
15h35 às O imaginário simbólico e religioso do culto anglicano –
16h
Gr. Josilene Silva da Cruz
13h30 às
13h55
13h55 às
14h20
14h20 às
14h45
14h45 às
15h10
15h10 às
15h35
15h35 às
16h
16h às
16h25
48
11 de julho | Sala 704
A Figura indígena no Nican Mopohua – Gr. Leandro
Faria de Souza
O ensino religioso na visão infantil: uma análise da
influência familiar na religiosidade da criança – Gr. Léia
Nascimento de Souza; Anaíze Anália de Oliveira
Dilemas e desafios do ser professor de ensino religioso
– Gr. Neusiana Vieira Fernandes
Rui Barbosa e a escola laica: passado, presente e...
futuro??? Gr. Rivânia da Silva Carneiro; Reginaldo
Severino dos Santos; Verônica Maria Silva
O tempo escatológico à luz do método transcendental
– Gr. Alexandre Boratti Favretto
O conceito de tempo na efetividade do círculo
hermenêutico – Gr. Anderson Luis Ribeiro
Finitude e culpabilidade. Um dilema humano e religioso
em Dostoievski – Gr. João Ricardo de Moraes
16h25 às
16h50
16h50 às
17h15
“A tipologia simbólica do idiota em Jesus” – Gr. Erick
Gustavo de Oliveira Sales
Trabalhos científicos teológico-pastoral. O Sagrado
na cidade, a cidade no sagrado – Gr. Flávia Boavista
Fernandez Ruiz
17h15 às Símbolos Secretos Rosacruzes dos Séculos XVI e XVII:
17h40 Mística Cristã, Imaginário e simbologia hermética – Gr.
José Carlos de Abreu Amorim
49
GT 1: Protestantismos
______________________________________
Coordenadores
Prof. Dr. Ronaldo Cavalcante - Faculdade de Teologia Unida de Vitória,ES
Prof. Dr. Adilson Schultz – PUC Minas, MG
Ementa
O universo protestante tem passado por mudanças estruturais e
conjunturais de significativa relevância. O surpreendente dinamismo do
fenômeno evangélico, particularmente no Brasil e América Latina, exige
reflexões multidisciplinares, forjadas especialmente no campo da Teologia
e das Ciências da religião, em constante diálogo com outras áreas do saber.
Nesse sentido, o GT Protestantismos recolhe perguntas e reflexões sobre
o futuro do protestantismo, entre elas: o papel público da teologia, a
identidade da teologia evangélica em relação à cultura brasileira, o universo
multifacetado de teologias protestantes, a questão da confessionalidade
em relação ao diálogo ecumênico e inter-religioso, os êxitos e fracassos
das igrejas e teologias protestantes na tarefa de articulação da revelação de
Deus no mundo.
53
1.
Reforma - 500 anos: reavaliação teológica no contexto das crises da
atualidade
Nome: Walter Altmann
Titulação: Doutor
Instituição: EST
Resumo: Em 2017 se comemorarão os 500 anos da Reforma. À medida
que a data se aproxima, as igrejas luteranas do mundo, mas também
numerosas instituições teológicas, se preparam para o evento. É uma
ocasião nem tanto para celebrações, mas principalmente para, em espírito
ecumênico, efetuar um reexame crítico e autocrítico do legado teológico
da Reforma, em face do crescente pluralismo religioso e do fenômeno de
globalização da atualidade.
Palavras-chave: Reforma Luterana. 500 anos da Reforma. Martim Lutero.
2.
Teologias pentecostais em mudanças
Nome: Leonildo Silveira Campos
Titulação: Doutor
Instituição: UMESP
Resumo: É difícil montar um feixe de teologias surgidas nos EUA no
decorrer do século XIX e chamá-lo de “teologia pentecostal”. Mesmo assim
há um consenso entre os estudiosos de que a doutrina do Espírito Santo
e a ideia de que Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e voltará
em breve, representam uma síntese do pentecostalismo dos primeiros
50 anos (1900-1950). No decorrer de um século o pentecostalismo se
expandiu pelo mundo, se adaptando e assimilando novas características e
teologias. Novas ênfases teológicas começaram a ser pregadas, como cura
divina, exorcismo, prosperidade, sacrifício, quebra de maldições, cair no
Espírito, dinheiro, ascensão social, e tantas outras. Há grupos minoritários
54
GT 1
que colocaram em dúvida a trindade (falando em uma quarta pessoa
um ser feminino - caso da Igreja Apostólica, de São Paulo, Brasil -, a
Santa Vó Rosa). Para tentar dar conta de tantas mudanças novos nomes
tem sido formulados; entre outros, o de neopentecostalismo. Mas não
estaria caminhando o pentecostalismo para uma situação de pluralismo,
concorrência, fragmentação ou de disputa entre instituições, que usam
teologias como se fossem ideologias?
Palavras-chave: Pentecostalismo. Neopentecostalismo. Novas doutrinas
pentecostais. Ideologia e teologia.
3.
A dinâmica do reino: ua breve nota sobre as relações entre escatologia
e política na subcultura fundamentalista protestante norte-americana
Nome: Daniel Rocha
Titulação: Mestre
Instituição: UFMG
Instituição financiadora: Capes
Resumo: A presente comunicação faz uma reflexão histórica sobre as
relações que se estabeleceram entre expectativas escatológicas e questões
políticas na trajetória da subcultura fundamentalista norte-americana.
Inicialmente far-se-á uma breve análise de algumas controvérsias sobre o
conceito de fundamentalismo, levando em conta as perspectivas teológicas,
sociológicas e historiográficas sobre o tema. Em seguida trabalhar-se-á
com as implicações e dimensões políticas do que optamos por chamar
de subcultura política fundamentalista, subcultura esta herdeira de três
grandes matrizes de onde retira os elementos para construir seu ideário
e discurso: o conservadorismo, a cultura política norte-americana e,
especialmente, as crenças milenaristas. Por fim, partindo das reflexões
anteriores, estudar-se-á os elementos milenaristas do fundamentalismo
protestante no século XX, em especial na sua majoritária vertente prémilenarista/dispensacionalista, e as relações que tais crenças estabeleceram
Protestantismos
55
com o contexto sociopolítico. Nesta contextualização das expectativas
escatológicas, momentos de pessimismo e de discursos condenatórios em
relação à nation under God que teria se afastado dos seus valores fundantes
se intercalam com explosões de euforia nacionalista e perspectivas oníricas
do reestabelecimento da luminosa cidade no alto da colina idealizada
pelos pioneiros puritanos.
Palavras-chave: Fundamentalismo. Milenarismo. Estados Unidos.
Culturas Políticas.
4.
A missão dos padres protestantes: uma análise histórica das suas
contribuições para a inserção do protestantismo no Brasil
Nome: Rafael Souza Rodrigues
Titulação: Mestre
Instituição: EST
Resumo: Este texto pretende analisar as contribuições dos primeiros expadres brasileiros convertidos às principais denominações protestantes
históricas de missão, que chegaram ao Brasil no século XIX. O primeiro
deles é José Manuel da Conceição, ordenado a diácono e presbítero da
Igreja Católica Romana em 1845, sendo acusado de pregar mensagens
com conteúdo protestante, como o incentivo à leitura bíblica pelo povo.
Converteu-se ao presbiterianismo em 1864, e atuou como evangelista
em diversas cidades do interior de São Paulo e do sul de Minas Gerais.
O segundo, Antônio Teixeira de Albuquerque, foi o primeiro batista
brasileiro. Ordenado padre em 1871, deixou esse ofício três anos depois, e
em 1880 foi batizado e ordenado pastor na Igreja batista de Santa Bárbara
d’Oeste. Esses ex-padres tiveram em comum o papel de relevância na
expansão de suas respectivas denominações protestantes no século XIX.
Palavras-chave: Padres protestantes. José Manuel da Conceição. Antônio
Teixeira de Albuquerque. História da inserção do protestantismo no Brasil.
56
GT 1
5.
A Teoria do Design Inteligente e suas relações com a ciência, a religião
e o movimento criacionista
Nome: Roney Seixas Andrade
Titulação: Mestre
Instituição: UFJF
Resumo: Este texto é resultante da dissertação do proponente elaborada no
curso de mestrado em Ciência da Religião na UFJF, na qual abordou-se o
tema do criacionismo e sua postura antievolucionista no âmbito da cultura
norte-americana. Dentre as propostas estudadas acerca da controvérsia
criacionismo-evolucionismo, destaca-se no presente artigo aquela
elaborada pela chamada Teoria do Design Inteligente (TDI). Essa teoria,
que se apresenta como científica e desprovida de qualquer compromisso
religioso, se propõe detectar empiricamente se o design observado na
natureza é um design genuíno (produto de uma inteligência organizadora)
ou um produto do acaso, de necessidades e leis puramente naturais. A
tese básica que essa teoria procura demonstrar é que a complexidade
do universo, da vida e da própria natureza é de tal ordem que estes não
teriam capacidade de se criar por si mesmos, isto é, à maneira darwiniana,
exibindo, portanto, evidências de um design inteligente.
Palavras-chave: Criacionismo. Design inteligente. Antievolucionismo.
6.
Reações protestantes às tendências pós-modernas
Nome: Wagner Lima Amaral
Titulação: Mestre
Instituição: PUC/SP
Resumo: Vivemos em que época? Esta pergunta, quando direcionada ao
contexto protestante, tem como resposta expressões como: “é o fim do
mundo!”, ou “o mundo de hoje está perdido!”. Diante de análise teológica
e cultural própria, as igrejas veem um mundo estranho, por agredir seu
Protestantismos
57
arcabouço conservador. Assim, aplica-se um discurso catastrófico, em
meio a um fim escatológico. Em sua visão teológica reside a convicção de
que, substancialmente, o homem sempre fora o mesmo, o que deslocaria
o centro da discussão para o seu contexto, e sugerindo, talvez, que a
mudança esteja nas tendências temporais que promoveriam oportunidades
singulares. Avaliaremos algumas das tendências teóricas e práticas, como o
desconstrutivismo e a pluralidade, apresentando sugestões de como estas
se encaixariam no perfil protestante, negativa ou positivamente.
Palavras-chave: Protestantismo. Pós-modernidade.
7.
A prosperidade das denominações evangélicas decorrente da
preferencia na seleção de emprego na construção civil de Balneário
Camboriú, SC
Nome: Fábio Roberto Tavares
Titulação: Mestre
Instituição: UNISSAL
Resumo: O objetivo deste texto é investigar a participação preferencial
de evangélicos na construção civil de Balneário Camboriú/SC, e como
essa preferência pode afetar a vida e o relacionamento entre as igrejas
evangélicas e outras denominações. Busca-se entender o que pode gerar
essa preferência na expressividade numérica dos integrantes de diferentes
denominações; que influências estão motivando esta realidade de
contratação identificada; o que isso representa como mudança individual
e grupal na evolução diferenciada das famílias atingidas por esta realidade,
e que outros fatores sócio culturais são acrescentados nesta preferência. A
pesquisa investiga três grupos diferentes: O primeiro grupo é formado por
empresários da construção civil, e também os funcionários das empresas.
O segundo grupo são acadêmicos do curso de graduação em teologia da
Unissal. Um terceiro grupo, mais abrangente, menos formal e talvez sem
muito respaldo representativo, vai se manifestar a partir da internet, das
redes sociais e de sites que abrem seu espaço para questionamentos, para
58
GT 1
chats, para grupos de estudo.
Palavras-chave: Trabalho. Evangélicos na construção civil. Preferência por
evangélicos no trabalho. Evangélicos em Balneário Camboriú.
8.
Arca líquida universal: uma leitura da Igreja Universal do Reino de
Deus como um movimento “líquido” fruto dos desafios da globalização
Nome: Samuel Marques Campos
Titulação: Mestre
Instituição: UEPA
Resumo: Este texto pretende fazer uma leitura da Igreja Universal do
Reino de Deus (IURD) à luz da reflexão teórica de Zygmunt Bauman
sobre a Modernidade Líquida, e ancorada nas ressonâncias da globalização
neoliberal em nossa sociedade ocidental e, como consequência, na
religião. Partindo desse prisma, ler-se-á a IURD como um movimento
neopentecostal com características da liquidez baumaniana, verificando
a relação existente entre as suas práticas (como por exemplo, a lógica da
“prosperidade”) e a reconhecida “sociedade de consumo” na qual estamos
vivendo.
Palavras-chave: Igreja Universal do Reino de Deus. Zygmunt Bauman.
Modernidade Líquida. Globalização.
9.
O protestantismo e o deficiente visual: a experiência religiosa do
Ministério Siloé, em Belo Horizonte - MG
Nomes: Andréa Rodrigues Brunelli Donnard e Marcos Adriano
Titulação: Graduada e Graduado
Instituição: PUC Minas
Resumo: Os estudos relacionados a pessoas portadoras de deficiência
visual no Brasil, sobretudo no contexto religioso e espiritual, constituem
um campo relativamente novo de pesquisas, cuja produção acadêmica
Protestantismos
59
evidencia-se escassa. Sendo assim, buscou-se na cidade de Belo Horizonte
(MG) algum trabalho pastoral com cegos. Foi encontrado um grupo
protestante que possui um ministério denominado Siloé, cuja origem data
de 1998, surgido a partir da visita de um casal de deficientes visuais à
Igreja Batista da Lagoinha buscando uma Bíblia falada, gravada em fita
cassete. A liderança da igreja procurou ajudá-los e, a partir daí, criou um
ministério ligado à inclusão de deficientes visuais. A partir da metodologia
da história oral e da observação participante em um dos encontros anuais
do ministério Siloé, foram coletados dados com o objetivo de compreender
a origem e extensão do trabalho pastoral desenvolvido por esse ministério.
Assim, essa pesquisa demonstrou que o trabalho de evangelismo com
deficientes visuais é um elemento novo do protestantismo em Belo
Horizonte, o que demonstra a preocupação com a ação pastoral no campo
da inclusão.
Palavras-chave: Pessoas portadoras de deficiência visual. Ministério Siloé.
Inclusão. Pastoral com cegos.
10.
Neopentecostalismo: uma análise histórica dos aspectos teológicos e
sociológicos dessa nova religião brasileira
Nome: Gerson Bento Freire
Titulação: Graduado
Instituição: PUC Minas
Resumo: Este texto apresenta de forma objetiva o desenvolvimento do
processo sócio-religioso ocorrido na esfera protestante no Brasil a partir da
década de 1970. O texto faz uma relação histórica desse processo com o
protestantismo clássico. A presente pesquisa apresenta a fé neopentecostal
como uma manifestação de espiritualidade sincrética brasileira e que cria
uma forma pseudo-protestante de atuação social. O texto também faz
menção ao caráter economicista dessa nova religiosidade.
Palavras-chave: Neopentecostalismo. Sincretismo. História do
protestantismo.
60
GT 1
11.
“Minha vida, então, mudou”: o pentecostalismo e as novas maneiras
de ser evangélico.
Nome: Priscila Ribeiro Jeronimo Diniz
Titulação: Graduada
Instituição: UFPB
Resumo: O objetivo desse trabalho é pensar o pentecostalismo como uma
dinâmica diferenciada dentro do movimento dos evangélicos, na medida
em que é o segmento religioso que mais cresce no Brasil. Suas principais
características são a ênfase dos dons do Espírito Santo e o evangelismo
massificado. Esse trabalho prima mostrar aspectos importantes sobre
algumas igrejas pentecostais visitadas, como a Assembleia de Deus (a
pioneira do pentecostalismo e a glossolalia), a Universal (com a ênfase
na tríade cura-exorcismo-prosperidade) e a Quadrangular (com a cura
massificada). A metodologia da pesquisa compreende a análise das
observações de cultos realizados em Juazeiro do Norte, CE, no período
de um ano e seis meses. A pesquisa evidencia os diferenciais dessas igrejas
para atrair fiéis, como exemplo os cultos de curas, cultos de orações, cultos
específicos para crianças e o lugar delas nas igrejas. Mostra também os
resultados exitosos que essas igrejas vêm apresentando para um novo
evangelismo, como ter um crescimento contínuo de fiéis no Brasil. O
movimento pentecostal também consegue passar por um fortalecimento,
usando do sincretismo, para reelaborar o caldo da religiosidade brasileira.
Palavras-chave: Pentecostalismo. Sincretismo. Novo evangelismo.
Evangélicos em Juazeiro do Norte.
12.
A interpretação dos clássicos cristãos a partir da conversação: um
olhar hermenêutico através da obra “Pluralidad y Ambigüedad:
Hermenêutica, Religión, Esperanza”, de David Tracy
Nome: Tiago de Freitas Lopes
Titulação: Graduado
Protestantismos
61
Instituição: FAJE
Agência financiadora: FAPEMIG
Resumo: David Tracy, um importante expoente de Teologia Pública
nos EUA, percebe que os clássicos cristãos (a Bíblia e sua interpretação
através dos séculos), necessitam ser compreendidos pela conversação.
Este artigo mostrará a partir da obra de Tracy “Pluralidad y Ambigüedad:
Hermenêutica, Religión, Esperanza, 1997 (Título original: Plurality and
Ambiguity: Hermeneutcs, Religion, Hope, 1987), que a conversação não
é um debate, mas um diálogo real que promove a integração entre um
pluralismo responsável, uma interpretação consistente, uma compreensão
libertadora e esperançosa da Palavra de Deus, e uma abertura ao diálogo
entre as religiões, sem abrir mão de Cristo como sentido irrenunciável
da fé cristã. O texto discute: a) O sentido e a necessidade da conversação
para a interpretação da tradição cristã protestante diante do pluralismo
cultural e religioso; b) o texto bíblico como um clássico religioso:
aproximações e desafios; c) a condição para a conversação com os clássicos
cristãos: pluralidade, ambiguidade e esperança. A conclusão aponta para
o resultado de uma conversação – uma melhor compreensão pública da
Bíblia e consequentemente da afirmação da fé cristã; um diálogo religioso
tolerante e uma vida baseada na esperança e no testemunho que vem de
Cristo como resposta ao mundo contemporâneo.
Palavras-chave: Conversação. Clássicos Cristãos. Protestantismo. Diálogo.
Cristologia.
13.
“Jesus, Cavaleiro do Céu”: uma breve reflexão semiótica sobre o
cancioneiro
Nome: Valdevino de Albuquerque Júnior
Titulação: Graduado
Instituição: UFJF
Resumo: Há muito que o segmento protestante pentecostal marca
62
GT 1
presença notável no campo religioso brasileiro. No entanto, entre as
variadas características que fazem desse estilo [altamente sincretizado]
de ‘pregar o evangelho’ objeto de pesquisa tão investigado nas últimas
décadas, nota-se uma carência de abordagens que investiguem os
aspectos semiológicos desses cultos (com referência aos ‘constructos’ de
vivência mística), particularmente às experiências semióticas das ‘canções
extáticas’, os ‘corinhos de fogo’, elemento importante na condução da
catarse nas denominações pentecostais, especialmente no pentecostalismo
autônomo. A proposta deste trabalho é evidenciar a importância desse
fenômeno comunicacional na estrutura desses cultos, utilizando a
Semiótica de Peirce como ferramenta auxiliar na busca pela compreensão
da relação sígnica intersubjetiva entre os crentes. Perseguindo uma síntese
lógica que aproveite – e/ou adeque – certos conceitos formulados por
Peirce a questões tanto de ordem cultural da visão de Geertz quanto a
alguns aspectos fenomenológicos, do ponto de vista de Rudolf Otto (já
que, embora permeado por elementos absorvidos da cultura popular
e ressignificados na esfera ritual, o êxtase pentecostal não deixa de
representar, para o fiel, aquela Unyo Mística com o Numinoso), intenta-se
breve reflexão sobre a ‘semiose mágica’ dessas músicas – e seus efeitos – no
universo pentecostal. Nesse sentido, encontra-se no bojo deste trabalho
o desejo de um alargamento da compreensão sobre a ‘atmosfera’ do
culto pentecostal, considerando-se que a estrutura de plausibilidade que
legitima os aspectos performáticos e estéticos a serem apreciados encontra
suas bases na legitimação doutrinária e teológica que repousa no sistema
de crenças desses grupos.
Palavras-chave: Cancioneiro pentecostal. Uso da música no pentecostalismo.
Corinhos evangélicos. Análise semiótica.
Protestantismos
63
GT 2: Filosofia da Religião
______________________________________
Coordenadores
Prof. Dr. Agnaldo Cuoco Portugal – UNB
Prof. Dr. Flávio Augusto Senra Ribeiro – PUC Minas
Ementa
O GT de Filosofia da religião da SOTER vincula-se aos interesses da
pesquisa no campo de conhecimento que pretende desenvolver uma
investigação de natureza filosófica sobre as questões relativas ao fenômeno
religioso. Serão aceitos trabalhos de docentes de ensino superior (mestres
e doutores) e de estudantes de pós-graduação stricto sensu, da área de
Filosofia, Teologia e Ciências da religião. As comunicações poderão
abordar temas referentes ao problema de Deus em distintos autores,
correntes e perspectivas filosóficas, à questão da religião na modernidade
e na contemporaneidade e ao papel da Filosofia da religião na atualidade.
64
1.
As Críticas de Nietzsche e o Mero Cristianismo de C. S. Lewis
Nome: Agnaldo Cuoco Portugal
Titulação: Doutor
Instituição: UnB
Resumo: O trabalho pretende apresentar uma síntese das principais
críticas de Friedrich Nietzsche ao cristianismo, tal como ele as formula em
suas obras mais importantes, organizadas segundo os seguintes temas: 1) o
cristianismo é a religião da moral ascética, que nega o corpo e desvaloriza
tudo que é físico; 2) é religião da compaixão, que valoriza a dor e desvaloriza
a vida, levando ao niilismo; 3) o cristianismo se baseia em ficções contrárias
à natureza, sem contato com a realidade efetiva; 5) o ascetismo cristão é
vaidoso e enganador; 6) o cristianismo é religião de escravos e de ovelhas
de rebanho. Após apresentação dessas objeções Nietzsche à religião cristã,
será feito um balanço crítico de cada um dos pontos levantados pelo
filósofo alemão, comparando a imagem do cristianismo assumida por
ele com a proposta por C. S. Lewis em “Mere Christianity” (1952). Ao
final, o texto vai avaliar a hipótese de se a célebre máxima nietzscheana
“o que não me mata me fortalece” (Crepúsculo dos Ídolos, Cap. I, §8)
pode ser aplicada ao cristianismo como fenômeno histórico, ou se essas
observações negativas feitas por ele já não se encontram dentro da própria
tradição cristã como crítica de si mesma.
Palavras-chave: Cristianismo. Nietzsche. C. S. Lewis.
2.
Wittgenstein: sobre a impossibilidade de proposições religiosas a
partir da Conferência sobre Ética
Nome: Ana Cláudia Archanjo Veloso Rocha
Titulação: Mestre
Instituição: UNIMONTES
Resumo: A Conferência sobre Ética foi proferida pelo filósofo contemporâneo
Filosofia da Religião
65
Ludwig Wittgenstein em 1929. Esta conferencia trata, sobretudo, do mau
uso da linguagem quando se pretende expressar aquilo que é de domínio
místico e, portanto indizível. Wittgenstein delega grande importância
ao místico, ao conceber que este abrange o que há de verdadeiramente
essencial. Sendo assim, o místico envolve a religião, a ética e a estética.
A perspectiva filosófica do jovem Wittgenstein compreende que uma
proposição só é capaz de ser autêntica e, por conseguinte, fazer sentido
quando se remete a elementos que estão situados no mundo. Quando se
trata da esfera mística e, especificamente, da religião, Wittgenstein entende
que não há possibilidade de emitir nenhuma proposição sobre tal, por esta
ser transcendental. Nesse sentido, faz-se compreensível a impossibilidade
de um discurso religioso, já que pelas diretrizes do filósofo, a religião
não pode ser expressa através da linguagem científica. Os elementos
que constituem o âmbito do religioso não são factuais, isto determina
uma ausência de conteúdo descritivo. Para o filósofo, a impossibilidade
de proposições religiosas é devido a natureza transcendental da religião.
Nesse sentido, uma proposição só é possível quando está no âmbito do
mundo. Este não é o caso da religião. Aquilo que revela a impossibilidade
de “se falar” é porque necessariamente “se mostra”. É de ordem da graça,
deste modo, é essencialmente contemplativo. Levando em consideração o
desenvolvimento de tais diretivas, percebemos que a tentativa de colocar
a religião em proposições significa fazer uso inadequado da linguagem.
Tema este que abordaremos em nossa apresentação.
Palavras-chave: Religião. Ética. Wittgenstein.
3.
Regresso ao Homem como Encontro com a Essência Humana
Nome: Anderson Geraldo Pinheiro Malta
Titulação: Mestre
Instituição: PUC Minas
Resumo: A hipostasiação traduz a mobilidade do sujeito que se nega
como referência primeira de si “transportando-se” para o mundo das
66
GT 2
ilusões a partir das experiências religiosas. Esta comunicação quer realçar
a contribuição de Feuerbach para a análise crítica do ser religioso e de
seu universo. Tomaremos como método a análise teórica alicerçada no
pensamento feuerbachiano que apresenta o medo, o fascínio, a crença no
sobrenatural, no transcendente como indicativos da necessidade de um
estudo sobre a abertura do ser humano ao presumível divino. Tal atitude
coloca como objeto de análise do fenômeno religioso a natureza humana
visando uma melhor compreensão de sua essência. Ludwig Feuerbach vai
nos mostrar que a religião se encontra estritamente ligada à infinitude
da consciência humana que uma vez não se reconhecendo infinita não
reconhece que o que atribui ao transcendente, divino é a mais pura
tradução daquilo que faz parte de sua essência. Voltar a si mesmo tornase a necessidade mais urgente do ser humano que uma vez se entregando
ao suposto além deixa de cumprir com seu papel aqui no aquém. Numa
época como a nossa, tão marcada pela busca de respostas para perguntas
que brotam de desejos dos mais absurdos, as experiências religiosas acabam
por traduzir esse desnorteamento. A abertura ao presumível divino será
analisada, portanto, como busca do reencontro do humano consigo
mesmo, a partir da dificuldade de enxergar-se como ser insatisfeito e
incompleto.
Palavras-chave: Regresso ao Homem. Feuerbach. Essência Humana.
4.
O divino entre o trágico e o ascético
Nome: Carla Bianca Costa de Oliveira
Titulação: Mestre
Instituição: PUC Minas
Resumo: Essa comunição se objetiva a apresentar o resultado de minha
pesquisa de mestrado em Ciências da Religião em que trabalhei a temática
do ascetismo e do trágico enquanto concepções ou tipos para se pensar
o divino segundo a interpretação do filósofo Friedrich Nietzsche. A
perspectiva trágica é o ponto de partida com o qual o filósofo interpreta
Filosofia da Religião
67
o mundo na contramão da tradição ascética que tem na crença no Deus
do ideal um princípio e um fim último para assegurar a existência Para
Nietzsche a existência é desprovida de causalidade, finalidade e sentido
sendo, desta forma marcada por seu caráter trágico. É através do elemento
dionisíaco descortinado pelo jovem filósofo em sua interpretação da
tragédia grega que o filósofo alemão dá inicio a sua filosofia trágica que
é simultaneamente uma dura crítica filosófica ao idealismo tradicional
e ao supremo valor atribuído à racionalidade. Nossa comunicação se
estruturará, portanto, da seguinte forma: apresentar o divino engendrado
pelo ideal ascético e a concepção do divino na perspectiva trágica para ao
final contrastar tais perspectivas pelo viés da afirmação e da negação da
vida.
Palavras chaves: Nietzsche. Trágico. Ascético. Divino.
5.
A Teoria do Imaginário no estudo das Religiões: uma nova Convergência
Religiosa buscando os elos profundos
Nome: Carlos André Macêdo Cavalcanti
Titulação: Doutor
Instituição: UFPB
Resumo: A aplicação dos Direitos Humanos para as religiões está nas
atribuições do conceito de Diversidade Religiosa. Vislumbramos daí uma
nova noção, que denominamos de Convergência Religiosa. Não uma
convergência baseada apenas na exteriorização diplomática da aceitação
e da tolerância entre as religiões, mas uma Convergência profunda que
relança, agora para as religiões, o projeto do Mestre Gilbert Durand de
localização dos elos profundos do Imaginário através do banco de dados
que ele denominou inicialmente de Cristal. A Teoria Geral do Imaginário –
TGI, que será revisitada sob este aspecto elencado, é o melhor instrumento
para discernir e tipificar tal Convergência. Durand indicou a necessidade
de elencarmos os mitos e os símbolos em suas constelações profundas no
imaginário, que é visto como o “capital pensado da humanidade”. Um dos
68
GT 2
objetivos dos que trabalhamos com a TGI é criar as condições necessárias
para localizar esta universalidade “real” que congrega os seres humanos das
diversas culturas. São elos dinâmicos também presentes nas convergências
simbólicas e míticas das religiões e religiosidades. Apresentamos uma
reapropriação da TGI para os que estudam religiões. Fizemos uma
espécie de arqueologia teórica, que discerne cada passo que dá sentido
ao Imaginário, ressaltando na própria Teoria o caminho do fenômeno
religioso. As convergências simbólicas e míticas localizadas através da
mitanálise, da mitocrítica e do AT-9, métodos do Imaginário, ajudam
a combater a Intolerância e permitem cruzar os dados do imaginário,
elencando narrativas pretensamente “universais”, aproximativas das
diversas religiões.
Palavras-chave: Imaginário. Diversidade Religiosa. Mitanálise.
6.
O problema do niilismo em Nietzsche e Dostoiévski
Nome: Cássia Cristina Costa de Oliveira
Titulação: Mestre
Instituição: PUC Minas
Resumo: Essa comunicação pretende apresentar o resultado de minha
pesquisa de mestrado em Ciências da Religião cujo tema foi a seguinte
interrogação: Se Deus não existe tudo é permitido? Um estudo a partir de
Nietzsche e Dostoiévski. Essa pergunta trata fundamentalmente em querer
saber se existe a necessidade de uma estruturação moral para existência
humana e se sem ela tudo é permitido. Tanto o filósofo alemão quanto o
romancista russo foram pensadores do século XIX que refletiram de forma
especifica a temática do niilismo e da religião. Para Nietzsche a origem
do problema do niilismo está na interpretação moral da existência para
Dostoiévski o problema do niilismo aparece justamente na negação dos
valores morais. Junger (1994) afirma que enquanto o alemão fixou seus
olhos na dimensão espiritual-construtiva juntamente com um sentimento
de aventura e audácia superior que acompanhava sua mirada, o russo
Filosofia da Religião
69
preocupou-se com os conteúdos morais e teológicos, apesar das diferenças
ideológicas entre os autores, ambos se tornaram críticos da cultura ao
colocarem a razão moderna sob suspeita vendo nela a responsável pelo
niilismo. Nossa comunicação terá a seguinte configuração: apresentar a
interpretação nietzschiana sobre o niilismo, em seguida o niilismo em
Dostoiévski chegando numa síntese entre as interpretações dos dois
autores. Para isso buscamos referências em estudiosos tanto da filosofia
nietzschiana quanto da literatura de Dostoiévski.
Palavras-chave: Dostoiévski. Nietzsche. Niilismo. Religião. Razão.
7.
Da Agonia da Religião
Nome: Crismário Rocha Silva
Titulação: Especialista
Instituição: PUC Minas
Resumo: A comunicação apresenta o resultado da pesquisa desenvolvida
no Curso de Especialização em Ciências da Religião da PUC Minas que
investigou o fenômeno religioso cristão no contexto atual diante dos
desafios da razão moderna na ótica de Rubem Alves. Diante da ratio
moderna, as afirmações teológicas fideístas da religião perderam seu
status de verdade absoluta e foram assumidas como verdade narrativa e
sapiencial. A conhecida expressão nietzschena sobre a “morte de Deus”
é analisada e entendida não como fim da experiência religiosa, mas sim,
como interdição da linguagem, ou ainda, como impossibilidade do
humano na modernidade de afirmar Deus para além da sua subjetividade.
Dessa forma, a religião em sua forma institucionalizada é percebida em
agonia, mas não em seu aspecto vital, como religiosidade, pois, a esperança
e a utopia promovidas também pela dimensão religiosa, são entendidas
como partes estruturantes do humano. O problema é analisado segundo
a percepção teológica humanista de Rubem Alves,com destaque para sua
perspectiva de um ateísmo necessário como forma possível de religiosidade
no contexto hodierno.
70
GT 2
Palavras-chave: Religião. Contemporaneidade. Ateísmo necessário.
Rubem Alves.
8.
O Übermensch nietzschiano como proposta de um tipo superior ao
homem
Nome: Eduardo Marcos Silva de Oliveira
Titulação: Mestre
Instituição: PUC Minas
Resumo: Quando Nietzsche descreve o além-do-homem como proposta
de ultrapassamento do homem, ele o faz também como forma de
romper com a cultura cristã, com isso, buscando o que ele chamava de
transvaloração de todos os valores, expressão que sintetizara os pilares
de sua filosofia. A proposta desta comunicação é apresentar o almejo
de Nietzsche de atingir com sua proposta o centro gravitacional do ser
humano. Dessa forma pretendemos nessa comunicação apresentar o
além-do-homem como forma de criação e afirmação da vida, devido seu
conhecimento de si mesmo e sua proposta de aniquilação dos conceitos
morais da tradição socrático-cristã, promovendo, com isso, um amor à
Terra através da transvaloração de todos os valores. Palavras chaves: Alémdo-homem, morte de Deus, cristianismo.
Palavras-chave: Além-do-homem, morte de Deus, cristianismo.
9.
A angústia diante do bem: a noção do demoníaco em Kierkegaard
Nome: Elias Gomes da Silva
Titulação: Mestrando
Instituição: UMESP
Instituição financiadora: Capes
Resumo: A pesquisa pretende analisar a noção do demoníaco na
filosofia Kierkegaard. Grosso modo, tal noção é compreendida sobre
Filosofia da Religião
71
a emblematicidade daquilo que o autor denomina como sendo a
Angústia diante do bem. Nesse sentido, o estudo está preferencialmente
embasado na obra O conceito de Angústia de 1844 de Vigilius Haufniensis
(pseudônimo de Kierkegaard). Do ponto de vista justificativo, a pesquisa
é válida, sobretudo, na medida em que nos permite melhor compreender
a noção antropológica de Kierkegaard, como sendo uma antropologia
da interioridade, cuja instância maior é pautada sobre a consciência de
liberdade. Nesse sentido, não é possível descrever a doutrina da angústia
em Kierkegaard sem que antes, se reconheça que a mesma encontra-se
inserida como reflexo direto da dialética entre o finito e o infinito, ou seja,
entre estar diante de si mesmo e de Deus. Quando a existência é forjada
na liberdade, a presença da angústia é inevitável, tal fenômeno é ambíguo,
pois, ao mesmo tempo, que abre as possibilidades para o indivíduo, mostra
também que não há nenhuma garantia de realização de alguma dessas
possibilidades. O indivíduo é convidado ao risco e, naturalmente sente o
medo de abandonar o já conhecido, o familiar. Procurando escapar da pura
possibilidade, pode o indivíduo mergulhar na imediaticidade, procurando
assim mascarar a sua angústia. Esse tipo de angústia (subjetiva) pode ser
encontrado sob a forma da angústia do Mal ou da angústia do Bem, está
última designada também como o demoníaco.
Palavras-chave: Kierkegaard. Angústia. Demoníaco. Liberdade.
Subjetividade.
10.
A Religião na Nova Filosofia de Ludwig Feuerbach
Nome: Eliezer Guedes de Magalhães
Titulação: Mestrando
Instituição: UFOP
Resumo: Ludwig Feuerbach é comumente considerado como um dos
precursores do ateísmo contemporâneo. Não obstante, o pensador
teutônico ambicionava esclarecer que aspirações, desejos e receios estariam
na origem do processo religioso. Cuida-se de compreender que elementos
72
GT 2
são responsáveis pela constituição das crenças; trata-se de uma descida às
raízes, com o intuito de identificar que mecanismos e segredos subjazem à
formação do ponto de vista da religião, analisando-os de uma perspectiva
filosófica. Para além das contingências, o objetivo é encontrar o que há
de comum entre as diversas construções religiosas. Outrossim, o filósofo
alemão pretendia resgatar o lugar central do humano na construção da
realidade e do universo de significações que compõem a contextura do
mundo. A presente reflexão tem por meta, portanto e em linhas gerais,
averiguar a crítica feuerbachiana dirigida à religião, buscando entender
como o filósofo alemão interpreta e aborda o fenômeno religioso
enquanto criação humana. Posteriormente, visa compreender como evolui
o pensamento do autor até desaguar na proposição do homem integral e
da nova filosofia para, finalmente, examinar como a religião sobrevive na
filosofia do futuro, de cariz eminentemente antropológico e integralista.
Palavras-chave:
11.
A relação entre Deus e o Belo em Anselmo da Cantuária
Nome: Emmanuel Roberto Leal de Athayde
Titulação: Mestre
Instituição: PUC São Paulo
Resumo: A proposta dessa comunicação está diretamente relacionada
com a tese que está sendo desenvolvida, que consiste num trabalho que
busca olhar o assunto sob a perspectiva da Estética da Religião, um campo
de estudos ainda não bem definido e ainda por ser raras pesquisas nesse
campo aqui no Brasil, isso reflete então a pouca contribuição acadêmica
sobre o assunto, algo que pode ser considerado uma grande e imperdoável
lacuna no país, já que as religiões são constituídas num vasto ambiente
simbólico, rico em signos que remetem ao transcendente, por isso, a
Estética da Religião pode contribuir à pesquisa religiosa. Por fim, uma
outra inquietação que se apresenta sobre esse assunto está na limitação
como esse assunto é tratado, pois quando se fala de Belo na Idade Média, é
Filosofia da Religião
73
comum classificar Tomás de Aquino como um dos principais expoentes. A
questão aqui não é contradizer tal crença, mas apresentar Anselmo como
um personagem também significativo nessa discussão, pois observa-se
que ele trata do Belo sob uma abordagem diferente, diga-se de passagem
de Aquino, que tem uma perspectiva aristotélica, já o pré-escolástico,
platônica, questão essa que ao longo do trabalho será melhor elucidada.
Para Anselmo percebe-se a presença do Belo, com o nome, “Deus”, o ser
que Anselmo busca elucidar acerca de sua existência em seu Proslogion, na
expressão “o ser do qual não é possível pensar nada maior”, sob esse ser,
para Anselmo, inicia-se e encerra-se a existência de todas as coisas, pois Ele
é a causa da existência de tudo aquilo que os seres humanos conhecem.
Anselmo, chamará esse ser ainda de “Bem Supremo” e um ser que é algo
“sumamente bom, grande e superior a tudo o que existe” como aquele
que não é apenas o único ser preexistente, mais também, o padrão de
qualidade perfeita, onde se encontram a harmonia, o perfume, o sabor,
a beleza, de maneira inefável e completamente própria, atributos esses
que doou às suas criaturas. A partir dessa concepção prévia da existência,
ou melhor, do tratamento de um belo nas obras de Anselmo, é possível
identificar traços platônicos em suas concepções, pois para Platão, o belo
é o bem, a verdade, a perfeição. Assim, ao ler Anselmo, observa-se que
ele nomeia, ou melhor, classifica Deus como o Belo absoluto, aquele que
detém todas as qualidades em sua essência.
Palavras-chave:
12.
Linguagem e Religião no pensamento de Rubem Alves
Nome: Fabiano Veliq
Titulação: Mestre
Instituição: FAJE
Resumo: O tema central deste trabalho é a relação entre linguagem e
religião no pensamento de Rubem Alves. Procurou-se evidenciar como se
dá a relação entre estes dois conceitos no pensamento do referido autor.
74
GT 2
Para isso, partimos da análise e comparação das principais obras de Alves
sobre a questão da religião e evidenciamos que, para ele, a religião visa
garantir um sentido para a existência do homem. Utilizou-se também a
análise do debate atual sobre Deus para compreender como essa questão é
abordade por Rubem Alves. Percebeu-se que a imagem de Deus enquanto
“entidade metafísica” é abandonada no discurso moderno para se tornar
uma exigência da interioridade humana. A linguagem sobre Deus não
apontaria mais para um “objeto” que estaria lá fora, mas sim para o próprio
homem. Dessa forma, a religião só pode ser vista como uma linguagem que
falará dos anseios deste homem, da esperança desse homem de construir
um mundo com sentido. A metodologia utilizada no trabalho é de caráter
hermeneutico e tem como eixo a comparação entre as obras de Rubem
Alves e o estudo do atual debate sobre a religião na tentativa de elucidar
os conceitos de linguagem e religião.
Palavras-chave: Religiao. Linguagem. Deus.
13.
O Bem para além da essência: a releitura levinasiana de Platão
Nome: Fabiano Victor de Oliveira Campos
Titulação: Mestre
Instituição: PUC Minas
Resumo: O presente trabalho visa apresentar a releitura que Levinas
empreende acerca da ideia platônica do Bem como caminho para pensar
o sentido de Deus para além da ontologia. Pretende-se mostrar que, ao
retomar a fórmula platônica que coloca o Bem além da essência, Levinas
estabelece uma oposição entre a ordem do ser e a “intriga” do Bem,
de modo que Deus é pensado a partir desta última, angariando uma
significação meta-ontológica ou “ética”. A relação com o outro humano
é entrevista como a concretude fenomenológica na qual se delineia esse
sentido ético de Deus para além da ontologia.
Palavras-chave: Deus. Ser. Ontologia. Ética. Outro.
Filosofia da Religião
75
14.
“Quatro grandes erros”. Filosofia e religião a propósito do Crepúsculo
dos ídolos em Nietzsche
Nome: Flávio Senra
Titulação: Doutor
Instituição: PUC Minas
Resumo: Entre autores cristãos, o pensamento de Friedrich Nietzsche tem
sido lido ainda como o responsável por certo declínio de práticas religiosas,
como diagnóstico equivocado sobre o declínio da cultura cristã ou ainda
como um tipo de profecia antirreligiosa sobre os séculos vindouros. A
comunicação procura evidenciar que essa recepção do pensamento de
Nietzsche encontra-se defasada. Apesar do estilo observado na escrita
nietzschiana, o leitor interessado na posição do filósofo acerca da religião
precisará se debruçar sobre uma temática mais ampla, ou seja, aquela que
versa sobre o declínio de uma cultura baseada na crença das categorias
da razão, o que ultrapassa em muito o fenômeno estritamente religioso.
O problema evoca o pensamento sobre o sentido da explicação moral
e metafísica do mundo. Essa posição implica uma atenção à genealogia
da cultura ocidental operada pelo pensamento desse autor, tornando
necessária a investigação sobre o valor atribuído a certa interpretação da
existência que considera o homem como valor absoluto, que assumiu o
otimismo da razão frente ao sofrimento e ao mal, e difundiu o saber a
respeito dos valores absolutos como um meio de conservação. Fundado na
contestação da crença das categorias da razão, o diagnóstico nietzschiano
propõe uma monumental transvaloração de valores. No horizonte das
questões concernentes à filosofia da religião, a comunicação pretende
abordar essa questão centrando-se na leitura e comentário do capítulo de
Crepúsculo dos Ídolos, dedicado por Nietzsche à abordagem de “quatro
grandes erros” no pensamento ocidental.
Palavras-chave: Filosofia da religião. Categorias da razão. Nietzsche.
76
GT 2
15.
As condições do conhecimento teológico - Provocações de Michel
Foucault para a teologia na pós-modernidade
Nome: Irenio Silveira Chaves
Titulação: Mestre
Instituição: PUC Rio
Resumo: Quais as condições do conhecimento teológico e o que torna
o discurso teológico possível em qualquer momento da história? Essa
questão pode ganhar um novo sentido a partir do projeto arqueológico e
genealógico de Michel Foucault levando-se em consideração a possibilidade
da Teologia como uma forma de saber que se constrói historicamente.
O discurso teológico emerge em cada período da história conforme as
estruturas epistemológicas que se encontram estabelecidas, o que pode ser
visto pelo princípio arqueológico. Ele também emerge da relação entre
as pessoas e as instituições, das formas com que as relações de poder são
estabelecidas dentro das circunstâncias vividas, o que pode ser visto pelo
princípio da genealogia. Isso interfere, por exemplo, no modo como se
compreende a revelação e no modo como se dá o trabalho exegético,
de acordo com os regimes de conhecimento em voga em determinado
momento. Este aspecto da historicização da compreensão teológica pode
ser percebido nos modos de contestação que envolvem a relação entre
cultura e teologia, de tal modo que a correlação da teologia com a cultura
contemporânea é o fator chave para a reflexão entre a tradição cristã e o
debate teológico na pós-modernidade. Cada tipo de teologia se diferencia
pelos modos de recepção no contexto da cultura. O problema essencial da
produção teológica, atualmente, tem a ver com a crítica da Modernidade
e a fronteira tênue entre teologia e cultura. O pensamento de Michel
Foucault contribui para a compreensão a respeito das relações que há
entre tradição, espaço, autoridade e poder na teologia, principalmente no
pensamento ocidental, trazendo-a de volta para dentro da própria história
através de uma crítica aos fundamentos do conhecimento teológico.
Filosofia da Religião
77
16.
O Problema do Relativismo Contemporâneo segundo Paul Valadier
Nome: Júlio Cesar Rodrigues
Titulação: Mestre
Instituição: PUC Minas
Resumo: A religião é, sem dúvida, um dos temas mais enfatizados nos
últimos tempos, principalmente quando é pensada a partir da perspectiva
da juventude atual. Isso porque, a marca social, filosófica, ideológica
do cotidiano é baseada, principalmente, na multiplicidade de opções
apresentadas pela realidade. Essa multiplicidade por sua vez, ampara-se
na prática relativista, isto é, na compreensão de que todas as situações
têm o mesmo valor e por esse motivo, não podem ser diferenciadas em
sua essência. O relativismo em si mesmo possibilita alcançar uma vertente
negativa e destrutiva características do niilismo, enquanto processo de
nadificação de todos os significados. O professor Paul Valadier, jesuíta
francês e especialista em Nietzsche, faz uma reflexão diferenciada sobre o
tema supracitado. Segundo ele, o relativismo não deve ser compreendido
apenas como um “ponto final” sobre qualquer atitude contemporânea,
mas como um questionamento profundo sobre os rumos do ser humano
em sua existência. Dessa forma, essa comunicação tem como objetivo,
ressignificar a compreensão de uma relatividade enquanto espaço de
abertura para uma nova perspectiva religiosa, política e humana que
escapa de uma absolutização das reflexões. Para construir esse caminho,
utilizou-se como metodologia a revisão bibliográfica das obras de Paul
Valadier, amplamente discutidas em minha dissertação de mestrado
– “A inevitabilidade do relativismo e a secularização: A situação da Igreja
Católica, segundo Paul Valadier” (2010). Portanto, o que se busca não é
finalizar o problema do relativismo, mas compreendê-lo sob a perspectiva
da relatividade.
Palavras-chave: Relativismo. Niilismo. Absolutização. Multiplicidade.
Religião.
78
GT 2
17.
A filosofia da religião em Carl Gustav Jung
Nome: Lilian Wurzba
Titulação: Doutora
Instituição: PUC/SP
Resumo: Nas discussões acadêmicas no campo da filosofia da religião,
sejam obras, sejam Congressos, quase nada, ou melhor, nada encontramos
sobre Carl Gustav Jung. Por quê? Talvez porque suas ideias e teorias ainda
encontrem-se envoltas pelas névoas da incompreensão. Alvo de inúmeros
e divergentes adjetivos – ocultista, materialista, religioso, ateu, herético,
místico, charlatão, filósofo, cientista, anticientista, entre outros –, Jung foi
um crítico feroz da ciência materialista e da maneira racional, de alguns
teólogos, de se abordar a religião, pois negam o que para ele é a essência da
religião: a realidade do mistério. Podemos observar que desde muito cedo,
em suas Conferências para o Clube Zofíngia, quando ainda era um jovem
estudante de medicina, Jung já apresentava as questões que o perturbavam,
aquelas que iriam nortear todo o desenvolvimento de sua obra posterior: o
propósito da vida, o significado espiritual da vida, a realidade da alma, o
sentido do sofrimento humano, o problema do mal, a relação do homem
com o numinoso. Não são as mesmas questões com as quais se ocupa a
filosofia da religião? O modo como Jung tentou responder estas questões
é o objetivo desta comunicação, ressaltando seu método, comparativo
histórico, a partir de, principalmente, dois momentos: o da juventude,
com as Conferências de Zofíngia, e o da maturidade, com Resposta a Jó, para,
desta forma, aproximarmo-nos de sua preocupação central: a única coisa
que pode “aliviar as ruínas de nossa época são os fatos que diretamente
estabeleçam a validade de algo além dos sentidos”.
Palavras-chave: Jung. Religião. Mistério. Numinoso. Mal.
Filosofia da Religião
79
18.
A narrativa de Deus em Emmanuel Lévinas
Nome: Luiz Fernando Pires Dias
Titulação: Mestre
Instituição: PUC Minas
Resumo: O atual cenário religioso sugere um desafio a nossa reflexão: como
engendrar um discurso sobre Deus sem resvalar nos fundamentalismos,
que se fecham ao diálogo e rejeitam quaisquer outras perspectivas
hermenêuticas. Tais radicalismos utilizam-se, frequentemente, de
caracterizações definitivas na narrativa de Deus, com pretensões à
universalização. Tal fato constitui uma violência conceitual, na medida
em que a experiência com o Sagrado se dá de diferentes maneiras, sendo
muitas as formas de se expressá-la. A presente comunicação trata da
abordagem de Deus no pensamento do filósofo Emmanuel Lévinas, que
antes de se apressar em nomear o Infinito de maneira soberana, buscou a
sua significação a partir da trama ética. Para o filósofo lituano a questão
de Deus é mais que um conceito ou uma ideia definitiva, envolvendo uma
atitude perene de escuta e de abertura em relação ao Outro.
Palavras-chave:
19.
Creio, logo Existo
Nome: Márcio Eurípedes Gomide
Titulação: Mestre
Instituição: PUC Minas
Resumo: Seja na cultura ou em sua constituição individual o homem é
muito mais do que um corpo biológico, ele é substancialmente simbólico.
Cada ente somente se constitui como humano à medida que cria vínculos.
Pelos símbolos é que seu universo linguístico, afetivo e intelectual se
estabelecem. Aspectos como pensamento e comportamento simbólico são
os traços mais característicos da condição humana. As formas elementares
80
GT 2
de manifestação cultural como os mitos e as religiões são simbólicas e
defini-las essencialmente, a partir de análises racionalistas em sentido
cartesiano do termo é um equivoco. Ao delinearmos o universo cultural,
psicológico e ontológico poderemos nos aproximar de uma base mais
precisa da relação homem-cultura-religião. Pois a religião antes de tudo é
uma ação poli(s)tica, pois integra o homem ao mundo. A partir da matriz
teórica do filosofo alemão Ernst Cassirer e sua obra “a filosofia das formas
simbólicas” nos propomos nessa comunicação apresentar um fragmento
da dissertação de mestrado defendida no programa de pós-graduação em
Ciências da Religião da PUC Minas.
Palavras-chave:
20.
Que cristianismo para a contemporaneidade? Vattimo e suas críticas
à religião
Nome: Marcos Paulo de Oliveira Bueno
Titulação: Mestre
Instituição: PUC Minas
Resumo: A presente comunicação trata das críticas elaboradas por Gianni
Vattimo acerca da religião no cenário atual. Mostra a constituição e a
contribuição de sua teoria do pensamento enfraquecido para o cenário
contemporâneo e as nuances de resgate da idade da interpretação. A partir
do pensamento de Gianni Vattimo, busca-se compreender o retorno
do religioso no mundo da técnica. É nesse cenário que a comunicação
discute temas como cristianismo, pós-modernidade, estética e a relação
existente entre ética e caridade a fim de procurar responder a questões de
sobrevivência da religião no cenário cultural contemporâneo.
Palavras-chave:
Filosofia da Religião
81
21.
Messianismo e estado de exceção em Giorgio Agamben
Nome: Mauro Rocha Baptista
Titulação: Doutor
Instituição: UEMG
Instituição financiadora: FAPEMIG
Resumo: Em 1992, três anos antes de publicar O poder soberano e a vida
nua, primeiro livro da série Homo Sacer, Giorgio Agamben profere na
Universidade Hebraica de Jerusalém a conferência O messias e o soberano:
O problema da lei em Walter Benjamin, nela apresenta alguns aspectos
importantes na relação entre a conceituação política da soberania e seu
viés religioso. Com o resgate deste texto, é possível compreender alguns
desdobramentos posteriores da filosofia agambeniana em direção à análise
do messianismo como paradigma do estado de exceção que é capaz de
fazer com que o tempo e o espaço sejam reavaliados e a lei seja suspensa.
O objetivo desta apresentação é fomentar o debate acerca do estado de
exceção a partir da filosofia da religião, possibilitando uma releitura do
papel paradoxal assumido pela lei, que, neste contexto, ao mesmo tempo
representa a estrutura ordenadora e aquilo que precisa ser suspendido
e reparado. A abordagem da filosofia política, ou da jurídica, permite
compreender parte do problema apresentado por Agamben, sobretudo
no seu aspecto mais social, com a compreensão religiosa da relação entre
exceção e messianismo a lei deixa de ser apenas uma estrutura fundamental
para a manutenção da ordem social para se revalidar como ordenadora do
mundo em si, logo, também compreendida como responsável por todos
os dramas da atualidade. O estado de exceção é mais bem compreendido
através da figura do messias que ao mesmo tempo precisa representar esta
lei que ordena, e reparar a desordem que se encontra em seu seio.
Palavras-chave:
82
GT 2
22.
Religião em sociedades pós-seculares: numa perspectiva filosófica e
política em Habermas
Nome: Paulo Sérgio Araújo
Titulação: Mestrando
Instituição: PUC Minas
Resumo: O percurso que trilharemos tem a finalidade de explicitar, segundo
Habermas, as possibilidades de um convívio pacífico entre cidadãos
religiosos e seculares, no âmbito da esfera pública política, em sociedades
pluralistas e amplamente secularizadas. A teoria da ação comunicativa,
que interpreta as ações sociais na dimensão de uma prática discursiva,
formulada através do entendimento racionalmente estabelecido numa
relação intersubjetiva; será capaz de estabelecer as condições necessárias
para tal intento? Tendo como pressuposto seu marco teórico, buscaremos
demonstrar a validade dos pressupostos cognitivos oriundos da religião,
que constituem o vínculo necessário para a integração social e compõem
as fontes pré-políticas do Estado constitucional. A importância dada
por Habermas à cognitividade da religião no contexto atual possui uma
perspectiva filosófica e política ao reconhecer sua presença no plano
axiológico da cultura, contrariando os postulados do desencantamento
do mundo. Com isso, ele dá continuidade à crítica à razão moderna
nomológica, na expressão da secularização que é superada pela constituição
de um pensamento pós-secular, presente nas sociedades europeias. Esse
conteúdo revela algumas matizes do pensamento habermasiano, presente
nas últimas obras, assim como, perfaz o curso dessa comunicação.
Palavras-chave: pós-secular, intersubjetivo, axiológico, desencantamento,
secularização.
Filosofia da Religião
83
23.
Que conceito de Deus nos resta após o Holocausto? Uma reflexão a
partir dos escritos de Hans Jonas e Etty Hillesum
Nome: Renato Kirchner
Titulação: Doutor
Instituição: PUC Campinas
Resumo: No texto “O conceito de Deus depois de Auschwitz” o filósofo
Hans Jonas nos permite repensar a experiência do divino em nossos
dias. Assim, conforme o próprio título enuncia, a reflexão que aqui
se propõe parte da seguinte inquietação: que conceito de Deus nos
é possível pensar após as atrocidades humanas cometidas durante o
Holocausto? No intuito de esboçar ou delinear uma possível resposta a
esta intrigante questão filosófico-teológica, objetiva-se, de um lado, fazer
um estudo das contribuições de Hans Jonas em vista de uma teologia
depois do Holocausto e, de outro lado, compreender o testemunho de
Etty Hillesum, uma jovem judia holandesa que, em 1942, dispôs-se de
forma voluntária a ir para o campo de concentração de Westerbok, a fim
de ajudar e compartilhar o destino de seu povo, antes de ser levada para a
câmara de gás em Auschwitz.
Palavras-chave:
24.
A religião cristã sob o viés do trágico: a Sentença de Sileno e o
inexorável destino dos homens
Nome: Roberto Lúcio Diniz Júnior
Titulação: Mestre
Instituição: PUC Minas
Resumo: Em sua obra O Nascimento da tragédia, Nietzsche delineia
sua polêmica teoria da “serenojovialidade” grega (griechische Heiterkeit).
Nietzsche vê a moral cristã e os valores de seu tempo em completa
dissonância com o modo grego de se valorar a vida. Para o filósofo alemão,
84
GT 2
os gregos possuíam um modo singular de valorar a existência e lidar com
o sofrimento. O sofrimento na religiosidade grega era tido, na percepção
nietzschiana, como um componente inerente ao próprio existir. Com
efeito, o objetivo da presente comunicação é o de investigar a partir do
mito de Sileno, narrado na supracitada obra, como Nietzsche procura
resgatar na cultura clássica grega o conceito da tragédia. Conceito este
que, em sua opinião, seria o único capaz de oferecer aos homens uma
experiência ético-religiosa da vida em toda a sua complexidade.
Palavras-chave:
25.
O sentido moral e Deus na filosofia de Francis Hutcheson
Nome: Rodrigo de Abreu Oliveira
Titulação: Especialista
Instituição: PUC Minas
Resumo: O ser humano tem uma natureza boa ou má? A virtude é
identificada pela razão ou somente pela sensibilidade se pode distinguir
o certo do errado? Grande parte das respostas a essas questões, à época de
Francis Hutcheson, envolvia o âmbito religioso. Ações virtuosas e viciosas
entrelaçavam-se com o sagrado e o profano. Dificilmente, por conseguinte,
a virtude seria glorificada (simplesmente) por ser virtuosa, visto que o medo
do castigo e a esperança de se obter uma recompensa divina caracterizavam
a moral desde os primórdios da humanidade. Hutcheson, entretanto,
resolveu seguir uma via secular (ao menos no que diz respeito ao método
de pesquisa). Seguindo o caminho percorrido por Shaftesbury, eximiu-se
de qualquer prerrogativa religiosa. Isso, todavia, não significa a exclusão
de “Deus” no que se refere a sua filosofia moral. Diferentemente da rígida
concepção estabelecida pelas instituições religiosas de sua época/nação
– influenciadas pela tradição calvinista –, o filósofo irlandês contempla
Deus pela sua criatura, isto é, pelo humano enquanto ser que constitui,
em sua natureza, um senso de benevolência. Ora, em vez de estabelecer
o princípio moral pela existência de Deus, Hutcheson inverte essa lógica,
Filosofia da Religião
85
inferindo do fenômeno moral, o qual provoca no sujeito um sentimento
prazeroso perante ações virtuosas e dor ao se deparar com alguma espécie
de vício, a existência de um Autor benevolente. Destarte, propõe-se
examinar, de modo sucinto, como o filósofo concebe a existência de Deus
mediante o princípio do sentido moral (moral sense).
Palavras-chave:
26.
Religião Racional: a verdadeira religião segundo Kant
Nome: Rose Silvania Figueiredo do Vale
Titulação: Mestre
Instituição: PUC Minas
Resumo: A presente comunicação pretende estudar, a partir da obra “A
religião nos limites da simples razão” de Kant, motivos que impulsionam o ser
humano à mobilidade religiosa. Nesta obra, o autor afirma que pode haver
vários tipos de fé (judaica, Cristã, Luterana, etc.), mas, verdadeiramente,
existe somente uma religião. Isso porque para Kant a religião não deve ser
expressa como fé de uma Igreja, a verdadeira religião vem do interior do
homem e depende de suas disposições morais. Segundo Kant, somente
uma religião moral, baseada na pura razão, buscará cumprir, com sincera
intenção, todos os deveres do homem como mandamentos divinos, sem a
observância de dogmas, servidores ou funcionários (KANT, 2006, p. 74).
Desse modo almejo analisar quais são os fatores que impedem o homem de
seguir a pura fé religiosa, seguindo a metodologia de perpassar pela questão
levantada por Kant sobre o mal radical na natureza humana, ponderar
as considerações sobre os servidores de fé religiosas institucionais, que
segundo ele, esquecem do fim último se atendo aos elementos históricos
da fé da Igreja, e fazer distinção entre religião natural e revelada. Seguindo
esse caminho pretendo concluir demonstrando, segundo o pensamento
de Kant, que cabe ao homem por si mesmo e pela sua razão encontrar a
verdadeira religião.
Palavras-chave: Religião. Razão. Moral. Fé. Igreja.
86
GT 2
27.
Religião de adultos: judaísmo e ética em Emmanuel Lévinas
Nome: Ubiratan Nunes Moreira
Titulação: Mestre
Instituição: PUC Minas
Resumo: Numa religião de adultos, ou numa religião adulta, para Lévinas,
as questões doutrinárias e dogmáticas não significam mais do que a relação
ética. A questão a ser pensada é: em que sentido o judaísmo pode reclamar
para si a situação de religião de adultos, ou, em que momento propriamente
dito o judaísmo é religião e ética. Para tanto, Levinas aproxima a tradição
do monoteísmo ao pensamento rabínico e talmúdico. Transita da noção de
Deus único à relação ética em seu sentido vivencial, anterior às formulações
logocêntricas. Frente às religiões do culto, o valor ético no judaísmo não
se adquire num sacramento, está na realização da justiça, que se ancora na
noção de eleição, onde a responsabilidade é anterior à liberdade. Trata-se
de uma dessacralização do judaísmo frente às religiões do numinoso. A
abertura à transcendência, portanto, se dá na ética, tal como defenderam
o movimento profético de Israel. O que Lévinas faz é associar o modelo
predominantemente logocêntrico do pensamento ocidental à filosofia do
eu ou da consciência, ao mesmo tempo em que propõe o pensamento
judaico como religião do Outro, isto é, ética em seu sentido originário.
Palavras-chave: Eleição. Judaísmo. Religião. Outro. Ética.
28.
A Questão da Moral a partir de Humano, Demasiado Humano – Um
Livro para Espíritos Livres
Nome: Vinícius Andrade de Almeida
Titulação: Mestre
Instituição: FAJE
Resumo: Este trabalho analisa a crítica histórico-genealógica da moral,
a partir de Humano, demasiado humano: Um livro para espíritos livres de
Filosofia da Religião
87
Nietzsche. O ponto central do projeto de Nietzsche consiste em fazer a
crítica genealógica, reescrevendo a história dos valores morais ocidentais.
O filósofo critica, ao fazer sua genealogia, o caráter absoluto dos valores
morais e do seu caráter utilitário para a vida, entendendo que o processo
histórico é uma sucessão de erros interpretados pela razão de que existe
um em si dos valores e sentimentos morais apoiados em um mundo
ideal do qual advém os valores. O filósofo critica os valores morais como
benevolência, compaixão, virtude, justiça e bem, que remetem a uma
vontade de verdade que se pretende absoluta. Dessa forma, a vontade de
verdade que se apoia num primado finalístico, visa à própria conservação
do homem, dominando-o e domesticando-o. A pesquisa constata que
a reflexão da gênese dos valores e sua exigência pela verdade instigam
o pensamento não na pura destruição dos valores, mas sim numa
investigação que possa levar à origem dos mesmos, na incessante busca pela
formulação de novos valores, mostrando assim que os valores, justamente
porque foram criados pelo homem, podem ser novamente pensados e
reformulados constantemente. Essa dissertação aponta, portanto, que não
se pode fazer afirmações morais em que o caráter absoluto da verdade
prevaleça. Não existe uma única verdade moral que não esteja ligada a
um tempo histórico ou a uma situação que não seja sintoma cultural e,
portanto, humano, demasiado humano.
Palavras-chave: Moral. Humano, demasiado humano. Friedrich Nietzsche.
29.
A desrazão do mal. Escândalo para o pensamento e desafio para a fé
Nome: Walter Ferreira Salles
Titulação: Doutor
Instituição: PUC Campinas
Resumo: O presente trabalho terá por tema a desrazão do mal, compreendida
como ausência de sentido e como injustiça. Com este trabalho, desejo
mostrar de que maneira a reflexão do filósofo francês Paul Ricoeur ajuda
a fundamentar o engajamento contra o mal e a pensar o sentido da
88
GT 2
fé em Deus apesar da existência do mal. Trata-se de uma investigação
descritiva e interpretativa a partir de um estudo de cunho bibliográfico
que buscará evidenciar a pertinência do entrelaçamento entre a ideia de
“homem capaz” desenvolvida por Ricoeur e o humanismo de inspiração
evangélica. Acredito que esse entrecruzamento permite clarificar o ideal da
busca pela “vida verdadeira com e para o outro em instituições justas”. Desejo
igualmente mostrar que essa busca está em consonância com a noção
religiosa de salvação que supõe a maximização das capacidades humanas
de ser bom e justo. Isto porque a estupefação face ao mal cometido ou
padecido pressupõe a ideia de um ser humano constitutivamente bom,
mas que apesar dessa constituição antropológica é capaz de fazer o mal.
Por isso, a religião deve levar aquele que crê a se engajar na luta contra o
mal, o que talvez exija o abandono de certas imagens de Deus construídas
ao longo da história, para que a fé nele seja ainda hoje algo humano e
razoável, continue a dar sentido à vida.
Palavras-chave: Fé. Justiça. Mal. Religião.
Filosofia da Religião
89
GT 3: Religião e Educação
______________________________________
Coordenadores Prof. Dr. Afonso Maria Ligorio Soares – PUC/SP, SP
Prof. Dr. Sérgio Rogério Azevedo Junqueira - PUC/PR, PR
Ementa
Um campo que se abre sistematicamente aos pesquisadores na Teologia
e nas Ciências da religião refere-se aos estudos e pesquisas cujo objeto é
a educação, seja ela formal na escola, como o caso do Ensino Religioso e
das diferentes formas de evangelismo sistemático escolar, seja no processo
não formal, que ocorre nas comunidades e diferentes movimentos. Sabese que a inferência da religião no universo da educação confunde-se
com a história do país, desde o projeto político dos europeus nas terras
brasileiras às diferentes formas de implantação da população por ações
educativas formais e não formais. Portanto, a relação entre educação e
religião é temática que desperta interesses e olhares dos mais variados
e controversos, pois subsidia elementos que devem ser observados para
que constituam marcos de relações entre os povos e as civilizações. Tais
elementos estão relacionados à compreensão e transformação das práticas e
conduções da vida, políticas educacionais apresentadas como plataformas
para a ordenação e direção das relações da humanidade com seu entorno
(natureza, transcendência, alteridade). A proposta deste GT é acolher
pesquisas em Teologia ou em Ciências da religião que visem compreender
as relações e implicações do universo religioso no âmbito educacional.
90
Grupo A : Ensino Religioso
1.
A formação integral do educando: o desafio do ensino religioso na
educação básica brasileira
Nome: Bruno Luciano de Paiva Silva
Titulação: Mestre
Instituição: Centro Universitário Newton Paiva
Resumo: O Objetivo é apresentar o grande desafio do Ensino religioso
(ER) na Educação Básica. A formação integral do educando contempla
as diversas dimensões da condição humana: a antropológica; a ética; a
política; e a religiosa. Desse modo, a comunicação tem dois momentos:
no primeiro, mostra que o conceito tradicional de ER proporciona uma
formação parcial do educando, ao se concentrar apenas na dimensão
religiosa (fé); no segundo, apresenta o novo conceito de ER, que
proporciona uma formação integral do ser humano ao trabalhar com as
várias dimensões da vida humana.
Palavras-chave: Educação. Religião. Ensino Religioso. Educação Básica.
Educando.
2.
O ensino religioso na escola pública no estado de São Paulo nas
disciplinas de História e Filosofia
Nome: Fernando Henrique Cavalcante de Oliveira
Titulação: Doutor
Instituição: Unicamp
Instituição financiadora: CNPq
Resumo: O Ensino Religioso tem como proposta analisar e pesquisar
o campo religioso dentro de sua diversidade cultural a partir de uma
visão ampla. A comunicação propõe-se a compartilhar ferramentas de
Religião e Educação
91
análise para o Ensino Religioso na escola pública de uma forma geral,
como também analisar as políticas do Estado de São Paulo para o Ensino
Religioso na disciplina de História e Filosofia.
Palavras-chave: Ensino Religioso. Escola pública. História. Filosofia.
3.
Religião e ética em sala de aula: um desafio para o professor de ensino
religioso
Nome: Joelma Aparecida dos Santos Xavier
Titulação: Mestranda
Instituição: PUC Minas
Resumo: O intuito aqui não é dizer que se necessita de uma única
religião, mas sim de valores éticos referenciais. Principalmente no espaço
escolar, um lugar privilegiado de contato com várias referências éticas,
que permeiam grades curriculares. O presente trabalho tem o objetivo
de socializar reflexões sobre o processo pedagógico utilizado nas aulas de
Ensino Religioso em uma escola estadual, de forma a favorecer a troca de
conhecimento dos alunos e suas crenças pessoais sobre religião, bem como
a difícil tarefa do professor em trabalhar os valores éticos em sala de aula.
Palavras-chave: educação. ética. ensino religioso. religião
4.
A cosmovisão como pressuposto dialógico no ensino religioso:
apontamentos da pedagogia Waldorf
Nome: Jouberth Gandhy Maranhão Piorski Aires
Titulação: Mestrando
Instituição: UFPB
Resumo: Pretende-se abordar o ensino religioso como promotor de
uma visão antropológica da religião. Para isso, escolheu-se um percurso
de diálogo com a filosofia das formas simbólicas de Ernst Cassirer. Para
denotar apontamentos práticos de um possível caminho de investigação,
92
GT 3
foi escolhida a pedagogia Waldorf e sua ciência das imagens. Buscou-se aí
pontos de encontro com a filosofia de Cassirer como busca de ampliação
e aprofundamento de uma vida interior nas crianças e jovens, capaz de
despertar a cosmovisão intrínseca a toda experiência religiosa.
Palavras-chave: Cosmovisão. Dialógico. Ensino religioso. Pedagogia.
Waldorf.
5.
A questão epistemológica do Ensino Religioso – apontamentos iniciais
para um balanço dos anos da vigência do artigo 33 da LDBEN
Nome: Laude Erandi Brandenburg
Titulação: Doutora
Instituição: Escola Superior de Teologia
Resumo: O artigo apresenta apontamentos iniciais para um balanço sobre
a questão epistemológica do Ensino Religioso desde a aprovação da versão
modificada do artigo 33 da LDB, de julho de 1997 até a presente data.
O material consultado trata de artigos, projetos e outros escritos ligados
a instituições formadoras e ao FONAPER que enfoquem a dimensão
epistemológica. O artigo visa levantar dados que possam indicar os rumos
epistemológicos do Ensino Religioso nos 15 anos da vigência do artigo 33
e verificar que perspectivas se apresentam para o assunto.
Palavras-chave: Epistemologia. Ensino religioso. LDB 33.
6.
Conexões entre ensino religioso, alfabetização e prática pedagógica no
ensino fundamental
Nome: Lourival José Martins Filho
Titulação: Doutor
Instituição: PUC/PR
Resumo: O trabalho é fruto de pesquisa sobre o lugar do componente
curricular Ensino Religioso (ER) na formação docente para os anos iniciais
Religião e Educação
93
do Ensino Fundamental em Santa Catarina. Vivenciou-se na pesquisa
a exclusão da discussão por parte das instituições formadoras, mas o
desejo dos professores nas unidades educativas em alfabetizar e lecionar
ER nos anos iniciais do ensino fundamental. Percebeu-se o processo de
construção de suas identidades docentes, na área do ER, pois a partir dos
referenciais curriculares e dos textos legais, o ER é componente curricular
que deve estar, obrigatoriamente, em todos os currículos escolares. Com
a concepção de prática pedagógica como sendo todas as relações e ações
que são estabelecidas entre os diferentes sujeitos (adultos e crianças) que
compõem o universo do cotidiano escolar, entende-se que pensar a prática
pedagógica do ER e sua relação com o processo de alfabetização nos anos
iniciais do ensino fundamental é refletir criticamente sobre os processos de
ensino e aprendizagem das crianças/adolescentes/jovens/adultos e afirmar
a importância da mediação qualificada do docente neste processo.
Palavras-chave: Ensino religioso. Alfabetização. Prática pedagógica. Ensino
fundamental.
7.
Há espaço para o ensino religioso na escola pública? Uma análise sobre
os debates recentes entre grupos laicos e religiosos no Brasil
Nome: Marcio Hoff
Titulação: Doutor
Instituição: PUC/RS
Resumo: O objetivo deste trabalho é analisar os debates e conflitos
envolvendo a laicidade do Estado brasileiro, tendo como objeto de
pesquisa as controvérsias a respeito do ER nas escolas públicas. A atual
legislação institui a obrigatoriedade do ensino religioso em escolas públicas
e o Estado subsidia sua oferta. Como não há consenso sobre um modelo
único de ER, alguns Estados adotam a modalidade na forma confessional
e contratam professores na qualidade de representantes de grupos
religiosos. O modelo confessional, criticam seus adversários, contraria a
Constituição. Já os religiosos, alegam que o ER está em consonância com
94
GT 3
os desejos da maioria cristã presente no país. As disputas ocorrem em
torno da constitucionalidade do ER e da correta definição da laicidade
estatal, opondo grupos religiosos e educadores, laicistas, entre outros.
Palavras-chave: Ensino religioso. Laicidade estatal. Escola pública.
8.
Artigos Científicos publicados em periódicos: uma produção de
conhecimento
Nome: Maria Eunice Rodrigues Chaves e Sérgio Rogério Azevedo
Junqueira
Titulação: Mestranda e Doutor
Instituição: PUC/PR
Resumo: A construção da identidade histórica do Ensino Religioso tem
sido demonstrada sistematicamente a partir das legislações e seus diferentes
impactos, e propomos uma nova variável para essa compreensão: os
eventos de divulgação, com aspectos formadores e científicos. Este é o
primeiro relatório de uma pesquisa de abordagem qualitativa utilizando
uma metodologia histórico-analítica apoiada em documentos impressos
e mídia digital para estabelecer essa identidade para uma disciplina que
progressivamente assume um perfil de área de conhecimento. Trata-se de
pesquisa em andamento, e será necessária ainda uma análise de conteúdo
dos trabalhos apresentados nesses eventos e posteriormente publicados.
Palavras-chave: Ensino Religioso. Produção científica. História do Ensino
Religioso.
9.
Ensino Religioso sob o olhar do educando: relatos de experiências do
PIBID Ciências da Religião da UNIMONTES, norte de Minas Gerais
Nome: Maria Socorro Isidório
Titulação: Doutoranda
Instituição: PUC/SP
Religião e Educação
95
Resumo: Este trabalho foca a disciplina Ensino Religioso (ER) na sala
de aula pelo olhar de estudantes do Ensino Fundamental de uma escola
pública de Montes Claros - MG. Através de dados coletados sobre a
disciplina pela via de relatos de estudantes, objetiva levantar, de um lado,
a concepção que os educandos têm da mesma e, de outro, o processo
de construção desta concepção. Os aspectos apresentados são frutos de
ações advindas de nossa inserção no Programa Institucional de Bolsa de
Incentivo a Docência- PIBID- da Unimontes. A metodologia para a coleta
foi o Grupo Focal (GF) que se constitui de um método de levantamento
de dados a partir de uma discussão conduzida por perguntas pontuais e
realizada em grupo. Além de colhermos dados dos estudantes via GF, o
fizemos também através da observação de aulas. Os dados coletados nos
apresentaram parcialmente que, de um lado, a disciplina é conduzida de
forma enviesada pela professora e de outro, não há motivação por parte
dos discentes para o diálogo com a disciplina e, pior, uma visão negativa e
distorcida da mesma. Destacamos que esta é uma primeira socialização de
dados levantados pelo programa que se encontra em andamento.
Palavras-chave: Ensino Religioso. Educação. PIBID.
10.
O ensino religioso e a educação para a morte
Nome: Rodrigo Oliveira dos Santos
Titulação: Mestrando
Instituição: UFPA
Instituição financiadora: Capes
Resumo: O presente estudo busca destacar, por meio da pesquisa
bibliográfica e da análise interpretativa, as contribuições da temática da
morte e do morrer no ER, considerando a legislação educacional, os
parâmetros curriculares nacionais da disciplina (PCNER) e as principais
produções teórico-metodológicas acerca desse componente curricular.
Nesses termos, o ER objetiva a leitura e decodificação do fenômeno
religioso na diversidade cultural religiosa da sociedade e apresenta-se como
96
GT 3
a busca do ser frente à ameaça do não-ser, possibilitando no espaço escolar
o conhecimento e a reflexão de diversas elaborações e respostas acerca da
finitude. Logo, o ER pode ser um espaço privilegiado no currículo da
escola para promoção de uma educação para a morte.
Palavras-chave: Ensino religioso. Educação. Morte. Finitude
11.
Uma aproximação entre literatura e Ensino Religioso: sugestões
buscadas em Grande Sertão: Veredas
Nome: Roseane do Socorro Gomes Barbosa
Titulação: Mestranda
Instituição: PUC/SP
Instituição financiadora: Capes
Resumo: Quando religião e literatura se juntam coisas surpreendentes
podem acontecer, pois dessa aproximação emerge um rico mundo no
qual não há lugar para dogmatismos. Nesse universo literário, que não é
uma “terra de ninguém”, muito pelo contrário, aqui povoam indivíduos
singulares, o escritor e o leitor, que dominam esse território, não como
ditadores, mas como reguladores de um padrão de qualidade textual perene.
No texto literário, aquele que escreve ao apresentar o seu texto, sempre
“propõe” algo de modo explicito ou mesmo nas entrelinhas. O leitor por
sua vez “dispõe” do que foi escrito e dele se torna não um inquisidor, mas
um interlocutor, a quem compete ler, compreender, interpretar e emitir
juízo de valor ou crítica, tanto em relação conteúdo, quanto a mensagem.
Já no texto religioso ou teológico, a dinâmica é outra, pois se o leitor for
também um crente, o texto muda de figura, pois neste caso não cabe
contestações, pois este é considerado sagrado, e no sagrado ninguém “põe
a mão”. É claro que isso entendido no âmbito da institucionalização, pois
sendo um crente ou mesmo um ateu, ao leitor cabe sempre uma posição
crítica diante qualquer texto. Uma vez que este não é estático, isto é, o teor
de um texto literário ou teológico, poderá afetar ao leitor, seja de forma
positiva ou não, desse modo, o leitor sempre será o sujeito da leitura.
Religião e Educação
97
Aqui se propõe uma aproximação entre literatura e ER a partir da obra
Grande Sertão: Veredas. Nosso objetivo é elucidar que uma obra literária
pode se constituir como um recurso pedagógico a ser utilizado nas aulas
de ER, bem como evidenciar que no ER cabem muitas abordagens da
cultura religiosa de modo que as diferentes linguagens não se excluem
desse componente curricular.
Palavras-chave: Literatura. Ensino Religioso. Grande Sertão: Veredas.
Cultura religiosa. Componente curricular.
12.
Coerências e ambivalências no ensino religioso escolar
Nome: Sidney Cristóvão Eleutério
Titulação: Mestre
Instituição: PUC/SP
Instituição financiadora: Capes
Resumo: O trabalho traz o resultado de uma pesquisa feita em duas escolas:
uma municipal no estado do Rio de Janeiro e uma particular no Estado de
São Paulo, em que se procurou verificar se o modelo apresentado pelas duas
escolas eram ministradas nas duas escolas: coerências e ambivalências. Os
conflitos gerados nas aulas do Ensino Religioso entre professores e alunos.
Qual modelo existente responde ao fenômeno da pluralidade religiosa
presente entre os alunos no ER?
Palavras-chave: Ensino religioso. Pluralidade religiosa. Modelo e prática.
Conflitos.
13.
Laicidade e ensino religioso: possibilidades para a educação pública
Nome: Wellcherline Miranda Lima
Titulação: Mestranda
Instituição: UNICAP
Resumo: Introduz no percurso entre os limites e as possibilidades
98
GT 3
da laicidade na garantia do espaço livre do proselitismo religioso nas
instituições e na inibição da religiosidade do sujeito de forma expressiva
do campo religioso visto no ER inserido no espaço escolar dentro do
contexto da educação brasileira. É apresentado com panorama histórico
da legislação e qual foi significativo para assegurar a diversidade religiosa
de crenças e a liberdade de consciência e, por sua vez, para a construção
da cidadania.
Palavras-chave: Religiosidade. Diálogo inter-religioso. Laicidade. Ensino
religioso. Educação pública.
Grupo B: Religião e Educação
1.
A instrução como princípio da tolerância religiosa: uma análise a
partir da visão de Tertuliano
Nome: Eduardo Soares de Oliveira
Titulação: Doutorando
Instituição: PUC/GO
Resumo: O trabalho visa refletir sobre como a instrução, o conhecimento,
a educação podem favorecer o diálogo religioso, evitando assim o florescer
de posturas radicais, extremistas e fundamentalistas. O parâmetro de
análise é a perspectiva de Tertuliano, que defende justamente a instrução
para a convivência plural e harmônica.
Palavras-chave: Educação. Religião. Diálogo religioso. Tertuliano.
Tolerância.
2.
A psicologia do espectador: Padre Guido Logger e a educação
cinematográfica na teoria
Nome: Geovano Moreira Chaves
Titulação: Doutorando
Religião e Educação
99
Instituição: UFMG
Instituição financiadora: Cineclube universitário da UFV
Resumo: Esta comunicação tem por objetivo analisar a atuação do Padre
Guido Logger como intelectual teórico e crítico cinematográfico e seu
projeto de educação pelo cinema de meados do século passado. Padre
Guido Logger é um representante importante da difusão no Brasil das
mensagens do Papa Pio XI na encíclica Vigilant Cura de 1936, e além
disso por defender a idéia de um cinema pautado em uma noção de moral
cristã, propondo assim um projeto de educação pelo cinema, cursos de
cinema e cine-fóruns, além de ser dirigente e participante de cineclubes
católicos. Os aspectos psicológicos do espectador, assim como a educação
cinematográfica na teoria, também eram elementos que faziam parte do
objeto de análise e engajamento do Padre Guido Logger.
Palavras-chave: Psicologia do espectador. Padre Guido Logger. Educação
cinematográfica.
3.
A dinâmica da fé no processo de crescimento dos jovens: uma
abordagem a partir de James Fowler e da Pastoral da Juventude
Nacional
Nome: Helder de Souza Silva Pinto
Titulação: Mestre
Instituição: Instituto de Pastoral da Juventude Leste II
Resumo: A fé supõe uma atividade, um compromisso, um meio de
experimentar a vida, sendo assim é um fenômeno também humano.
Nascemos com capacidades para desenvolver a fé. A fé, em seu nível
antropológico básico, é uma capacidade humana de se abrir para uma
dimensão de autotranscendência. Embora seja uma capacidade pessoal,
ela é formada ou orientada por uma tradição que chamamos de religiosa.
Consideramos aqui a importância do grupo de jovens como um espaço
importante para ajudar os jovens em um momento concreto de suas
100
GT 3
vidas, quando ampliam os horizontes da experiência religiosa rompem
o círculo familiar e descobrem a sociedade. Analisamos com cuidado a
proposta da Pastoral da Juventude Nacional para essa etapa de vida dos
jovens e procuramos apontar as ferramentas necessárias para a vivência do
protagonismo juvenil nos diferentes estágios da fé. Destacamos o trabalho
a ser feito pelas pessoas que se colocam como animadores, assessores ou
educadores e que reconhecem os jovens como principais atores de sua
própria experiência de fé. Esse acompanhamento se qualifica em nossa
prática introduzindo e animando os jovens no conhecimento e na vivência
da mística e da espiritualidade proposta pela Pastoral da Juventude e pela
Igreja do Brasil.
Palavras-chave: Fé. Jovens. James Fowler. Pastoral da Juventude Nacional.
4.
Educação: sugestões com implicações ontológicas
Nome: Iêda de Oliveira Caminha Silva
Titulação: Mestre
Instituição: UFPB
Resumo: O objetivo é propor o uso da linguagem mito-simbólica na
educação, compreendendo ser uma linguagem na qual o educando
estabelece um diálogo em que são construídas resposta as questões humanas
mais profundas. Através da linguagem mito-simbólica o mundo concreto
concebido como real é organizado pelo poder subjetivo que o símbolo
possui de desvelar a objetivação do mundo. A metodologia da pesquisa
é descritiva, qualitativa e para análise usa a hermenêutica simbólica de
Gilbert Durand. A educação é via de transmissão de conhecimentos
cultural. A cultura se move pelos processos simbólicos. Assim, compete
à educação apontar um saber ontológico ao ser que contemple suas
necessidades de como fazê-lo refletir acerca do relacionar-se com ele, com
o outro e com a transcendência de forma que proporcione equilíbrio a
si mesmo e aos que com ele coexistem. Considera-se que quando se faz
uso da linguagem mito-simbólica transita-se pela via de uma educação
Religião e Educação
101
da sensibilidade, que tem sido destruída por toda sorte de exclusão, dor
e sofrimento que muitos educandos padecem. Com a linguagem mitosimbólica o sensível, a intuição, a percepção é reavivada e pode fazer surgir
novas perspectivas a existência.
Palavras-chave: Educação. Mito-simbólica. Ontológico.
5.
A interface da religião na educação via ritos escolares
Nome: Jailson da Silva
Titulação: Mestrando
Instituição: UFPB
Resumo: A pesquisa enfoca o imaginário presente nos ritos escolares. Nesse
contexto busca identificar quais os ritos presentes e qual o imaginário
que eles despertam. Considera as imagens corporais e verbais construídas
durante o dia-a-dia, em sala de aula e nas dependências das escolas, o
modo como os alunos se comportam nas práticas celebrativas no cenário
da escola, tais como primeiro dia de aula, mudança de um para vários
professores, datas comemorativas, fardamento escolar, fila para o lanche
e rituais cívicos. São práticas que fazem parte do arcabouço simbólico
educacional brasileiro, evidenciando a trama de relações entre imaginário,
cultura e sociedade. A metodologia é pesquisa descritiva e bibliográfica.
Trabalho no campo simbólico, desenvolvendo uma pesquisa com um
analise fundamentada na teoria geral do imaginário de G. Durand e dos
ritos presentes no cotidiano do espaço escolar.
Palavras-chave: Religião. Educação. Ritos. Imaginário.
6.
Cemitérios: um espaço religioso e educativo
Nome: Kate Fabiani Rigo
Titulação: Doutoranda
Instituição: EST
Instituição financiadora: Capes
102
GT 3
Resumo: A comunicação apresenta o espaço cemiterial como uma
ferramenta educativa para as aulas de Ensino Religioso, uma vez que o
mesmo fornece inúmeros atributos para o estudo da religiosidade, da
arte, da morte e da história. Apresenta uma metodologia que incentive
novas práticas pedagógicas que atendam o adolescente contemporâneo
que a cada dia está mais inserido na realidade virtual e distanciado do
cotidiano real. Nosso suporte teórico está nos estudos de James Fowler
(“Estágios da Fé: a psicologia do desenvolvimento Humano e a busca de
sentido”), de Laude Brandenburg (“Religiosidades e Práticas Educativas”)
e de Gisela Streck (“Adolescência e Identidade: desafios educacionais em
tempos de Pré-modernidade”). O estudo contribuirá na aproximação
deste indivíduo com as questões ligadas à religiosidade, além de propiciar
a aluno e professor um espaço de troca, identificação e de reflexão sobre os
mais variados temas e valores.
Palavras-chave: Cemitérios. Educação. Religiosidade. Adolescência.
7.
Tempos de intolerância: a barbárie segue o seu caminho na educação
e nas artes.
Nome: Lamartine Gaspar de Oliveira
Titulação: Doutorando
Instituição: MACKENZIE
Resumo: Paulo Freire inicia a sua obra Pedagogia da Tolerância,
apresentando-nos a relação do bárbaro com a história do assassinato
de Galdino Jesus dos Santos, o índio Pataxó que, despertado pela dor
que era indescritível de seu corpo em chamas pôde provocar a atenção
daqueles que, até então, não haviam parado para refletir que a intolerância
acompanhada da barbárie já estava em nós e fazia parte de nós e que
já tornava a educação refém. Espancar o nosso índio é espancar a nossa
cultura, é sepultar a nossa educação. É destruir a nossa arte. É cantar
parabéns para a intolerância. É dizer sim, que venha a barbárie, pois as
Religião e Educação
103
portas estão abertas. A intolerância é caminho para a barbárie.
Palavras-chave: Intolerância. Barbárie. Educação. Artes.
8.
Paralelo entre a Literal Educação Indígena e a Interpretação do
Ministério da Educação e Cultura sobre a Educação Escolar Indígena
Nome: Luiz Alberto Sousa Alves
Titulação: Doutorando
Instituição: PUC/SP
Instituição financiadora: CNPq
Resumo: O trabalho enfoca a educação indígena com sua ênfase na
coletividade. Ela oferece meios para o indivíduo realizar-se como pessoa e
ser proveitoso para a vida da comunidade. Sua ação pedagógica tradicional
se apoia no sistema de relações caracterizado por língua/economia/grau de
parentesco; destes, a língua é a mais importante, ampla e complexa, pois
através dela a tradição é ensinada. O modo como este sistema de relações
é vivenciado irá caracterizar cada povo indígena. A Educação Escolar
Indígena proposta pelo Ministério da Educação e Cultura, ao longo dos
anos vem sendo repensada e modificada. Apesar dos avanços, ela traz
inúmeras dificuldades, a saber: corpo docente, metodologia, material
didático, espaço físico da escola, grade curricular e objetivos, os quais
serão explanados nesta comunicação. O procedimento metodológico é o
da pesquisa bibliográfica, principalmente: Melià, Fernandes, Tommasino,
Albuquerque, Santos e Schaden. A conclusão apontada é reforçar o que
já vem sendo posto em prática pelas instituições responsáveis e lideranças
indígenas, que é a participação ativa da comunidade na determinação da
educação.
Palavras-chave: Educação Indígena. Educação Escolar Indígena. Tradição
Ancestral.
104
GT 3
9.
Educação com Princípios Bíblicos: possibilidades de uma educação
com qualidade
Nome: Monica Pinz Alves
Titulação: Doutoranda
Instituição: EST
Instituição financiadora: CAPES
Resumo: Este artigo reflete sobre a possibilidade de existir uma educação
com qualidade quando ela é centrada na pessoa do educador e na
valorização e ensinamento dos princípios bíblicos sem perder de vista a
proposta curricular estabelecida pelas Diretrizes Curriculares Nacionais.
Palavras-chave: Educação. Qualidade. Princípios bíblicos. Educador.
10.
Constructos e símbolos do universo infantil a respeito de Deus
Nome: Soraya Cristina Dias Ferreira
Titulação: Mestre
Instituição: PUC Minas
Resumo: A neurociência apresenta diversos estudos sobre o cérebro em
desenvolvimento, nele as redes neurais formam conexões que ajudam o
ser na assimilação e decodificação do mundo circundante. A psicologia
enfatiza que esta estratégia não é isenta de comunicações simbólicas
advindas também das experiências do vivido. Porém, pouco ainda se tem
explorado sobre estas ocorrências do aparelho mental e psíquico na fase de
vida infantil, muito menos sobre as influências imaginativas sobre Deus
que ganham expressão no ato criativo. Esta comunicação propõe apresentar
dados de uma investigação que vem analisando as representações cognitivas
e simbólicas do universo infantil a respeito de Deus. Como público alvo
a faixa etária escolhida é de crianças de quatro a dez anos, divididas em
grupos que recebem educação religiosa e participam de alguma vivência
Religião e Educação
105
religiosa com seus familiares e outro que recebe esta influência apenas no
âmbito educacional.
Palavras-chave: Vida infantil. Deus. Representações cognitivas e simbólicas.
Educação religiosa.
106
GT 3
GT 4: Pluralidade Espiritual e
Diálogo Inter-Religioso
______________________________________
Coordenadores
Prof. Dr. Gilbraz Aragão - UNICAP/PE
Prof. Dr. Roberlei Panasiewicz - PUC Minas, MG
Ementa
Diante do contexto culturalmente plural em que nos encontramos e
que desafia as tradições religiosas, surgem, por um lado, movimentos
intolerantes e fundamentalistas e, por outro lado, grandes oportunidades
para o diálogo. Trata-se de reconhecer, no convívio com a diversidade,
o que há de único e irrevogável em cada religião; ao mesmo tempo, é
fundamental que se manifeste e reflita sobre o dinamismo espiritual que
está entre e para além das religiões, mesmo daquelas expressões laicas e
sem divindades. O diálogo “inter-religioso” que todas proporcionam faz
repensar o compromisso ético das religiões com a paz mundial. O GT se
propõe, então, a debater pesquisas sobre Pluralidade Espiritual e Religiosa,
Tolerância e Diálogo.
107
1.
Igreja Nossa Senhora do Rosário (Museu Xucurus): Espaço para um
diálogo Inter Religioso, possível e necessário.
Nome: Ana Cristina de Lima Moreira
Titulação: Mestre
Instituição: UNEAL
Resumo: Este artigo objetiva apresentar a Igreja/museu como um espaço de
um possível diálogo inter-religioso. O pluralismo religioso será enfatizado
através da História, da Antropologia e das Ciências da Religião. Tal
abordagem será pautada em análises textuais e documentais, da imagem
e da oralidade. Uma igreja que cedeu espaço físico para instalação de um
museu será o objeto desta pesquisa. O Museu Xucurus, localizado em
Palmeira dos Índios-Alagoas, foi construído por escravos em 1805 sobre
a égide da Igreja Católica, após um período de catequese dos índios pelo
Frei Domingos de São José que recebera um lote de terras, em 1770, para
criação de uma missão, esta ação teve como pano de fundo a substituição
do Ouricuri (prática ritualística tida como politeísta) pelo Cristianismo,
religião oficial dos donatários da Capitania. Os índios substituíram a
igrejinha de taipa por uma suntuosa igreja de alvenaria no sopé da serra.
Este templo abriga, na atualidade, a Catedral Diocesana e é localizada há
poucos metros da Igreja dos negros, argumento usado pelo Bispo Dom
Otavio, para desativá-la alegando que tal proximidade provocava uma
evasão de fieis naquela igreja. Assim nasceu o Museu Xucurus com nome
indígena, edificação dos afros brasileiros em um espaço católico, contexto
que camufla uma situação de sincretismo cultural e religioso e será o fio
condutor da pesquisa em andamento, numa abordagem dialógica entre a
pluralidade religiosa e o espaço de memória.
Palavras-chave: Igreja. Museu. Afrodescendente. Índios. Pluralismo.
108
GT 4
2.
A Experiência religiosa e o Fenômeno Eucarístico sob a égide do
numinoso apriori.
Nome: Celeide Agapito Valadares Nogueira
Titulação: Mestre
Instituição: UFJF
Resumo: O intuito desta comunicação é relatar o resultado de uma
pesquisa com fiéis que participam do rito eucarístico e buscar nas
entrelinhas como se mostra a experiência religiosa no campo fenomênico
da vivência. Diante do que revelaram esses fiéis, descrever em que medida
se aproxima ou se afasta da compreensão do fenômeno religioso como
consideraram Rudolf Otto e Mircea Eliade. À luz do aporte teórico
desses dois autores clássicos da Ciência da Religião, buscaremos descrever
a experiência religiosa pelo rito eucarístico. A leitura ou hermenêutica do
fenômeno religioso que se revela no campo terá como ponto de partida
duas comunidades de Juiz de Fora: Igreja de São Sebastião e Igreja de
Santa Luzia. Importando aqui as narrativas do vivido como expressão
máxima do apriori apriorístico da experiência religiosa. Refletindo sobre o
numinoso que revela na alma humana uma orgé – força ou poder –, um
sentimento de amor que desabrocha um amor trans-humano no fundo
da alma humana. Terminamos nos perguntando como esse fenômeno, no
campo católico, deve se dar em outras tradições religiosas.
Palavras-chave: Experiência Religiosa. Fenomenologia. Numinoso.
Hierofania.
3.
Presença do Islã em Belo Horizonte: aspectos da vida religiosa da
Sociedade Beneficente Muçulmana de Minas gerais — SBM
Nome:Edmar Avelar de Sena
Titulação: Doutorando
Instituição: PUC Minas
Pluralidade Espiritual e Diálogo Inter-Religioso
109
Resumo: Este artigo analisa as transformações ocorridas na Comunidade
muçulmana de Minas Gerais. A Sociedade Beneficente Muçulmana de
Minas Gerais (SBM), foi fundada em 1961 por famílias sírias e libanesas
que desde antes da metade do século passado atuavam no comércio da
cidade. O objetivo inicial deste grupo era preservar hábitos e costumes,
assim como a história e a identidade. Em 1989 foi colocada a pedra
fundamental da construção da Mesquita de Belo Horizonte e em 1991
a mesma foi concluída. Atualmente, o grupo é composto por imigrantes
e seus descendentes, por estrangeiros muçulmanos que moram no
Brasil e por mineiros sem ascendência muçulmana que se converteram
ao islã. Esse movimento de conversões deixa vislumbrar mudanças na
composição do grupo, fator que também justifica este estudo. Assim, a
comunidade muçulmana de Minas Gerais vem mantendo discreta relação
com a sociedade local. Entretanto, esta comunidade vem crescendo e,
ultimamente, está se constituindo com nova configuração.
Palavras-chave: Islamismo no Brasil. Transformações na religião. Diálogo
inter-religioso.
4.
Foucauld: um nômade da fraternidade
Nome: Elcione Leite de Paula
Instituição: Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora
Resumo: Este texto trata da conversão e testemunho de Charles de
Foucauld. Foi um jovem indisciplinado. Afastou-se do exército francês,
mas depois voltou a campo pelo amor à sua pátria. Em síntese, Foucauld,
o irmão universal, viveu em oração no deserto, imitou a vida oculta de
Jesus de Nazaré, abandonou-se à vontade de Deus no serviço aos tuaregues
em Tamanrasset. Testemunhou o Evangelho: “Cada vez que o fizestes a
um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes” (Mt 25,40).
A reflexão enseja uma análise da via contemplativa e a serviço da vida
do outro, como caminho para o diálogo inter-religioso, sobretudo entre
cristãos e muçulmanos.
Palavras-chave: Seguimento de Jesus. Peregrino. Abandono.
110
GT 4
5.
A oração ritual diária no Islã
Nome: Francesco Sorrentino
Titulação: Mestrando
Instituição: FAJE
Resumo: Nestes últimos tempos, fundamentalismo e violência têm sido
os substantivos mais usados para identificar o Islã. Trata-se, naturalmente,
de uma visão superficial e, muitas vezes, também preconceituosa,
que simplesmente ignora o vasto patrimônio cultural e espiritual dos
seguidores de Maomé. Diante disso, a comunicação pretende resgatar a
riqueza da espiritualidade islâmica, tratando o tema da oração ritual diária.
Começar-se-á apresentando brevemente os cinco pilares do Islã, entre os
quais a oração ritual cotidiana ocupa o segundo lugar. Sucessivamente,
o estudo mostrará a importância fundamental que a oração tem para a
vida do muçulmano e qual é o conceito de Deus que a ela está ligado.
Após estas questões preliminares se procederá a um aprofundamento dos
ricos aspectos rituais dos cinco momentos litúrgicos diários, no horizonte
mais amplo de todo o ano litúrgico. Demonstrar-se-á, enfim, que a oração
ritual diária no Islã não é, como muitas vezes se pensa, uma obrigação
frustrante e vazia, mas meio proporcionado por Deus mesmo, para que a
criatura alcance sua união profunda com seu Criador.
Palavras-chave: Oração. Islamismo. Ritualidade.
6.
Um olhar sobre a religiosidade da juventude da periferia a partir do
estudo da tipologia da linguagem religiosa nos raps: rap gospel, rap
sincrético e rap feito de salmos.
Nome: George Harrison Sena Santos
Titulação: Mestrando
Instituição: PUC Minas
Resumo: O mundo contemporâneo apresenta um campo religioso
Pluralidade Espiritual e Diálogo Inter-Religioso
111
profundamente transformado e reordenado, onde diferentes formas de
expressão religiosa convivem no contexto de um pluralismo bem diverso.
E essa nova configuração do campo religioso se expressa de maneira
particular na juventude. Diante disso os jovens de hoje são chamados a
fazerem suas escolhas nesse campo religioso mais plural e competitivo,
assim, a participação social religiosamente motivada inclui o mundo das
Igrejas, mas certamente não se resume ao que está institucionalizado. E uma
das maneiras para a busca de sentido religioso desses jovens inclui falar de
Deus através da cultura hip hop, que de acordo com Regina Novaes existe
uma articulação entre o rap e crenças religiosas, não está presente em todas
as letras, mas se trata de uma conjugação bastante recorrente e significativa.
Ela estabelece uma tipologia na linguagem religiosa desses raps: rap gospel
pela sua pertença confessional evangélica; rap sincrético representativo
dos empréstimos múltiplos entre católicos e afro-brasileiros; e rap feito de
salmos que fala uma linguagem religiosa descompromissada das igrejas e
agentes religiosos, caracterizando-se como fenômeno contemporâneo da
‘desinstitucionalização’ e dos ‘religiosos sem religião. Percorrer o processo
do fenômeno juventude(s) na interface com a(s) religião (ões) no meio
urbano a partir das manifestações religiosas de determinados subconjuntos
da juventude, como o hip hop, é de fundamental importância para formar
uma ideia mais qualitativa desse universo. A metodologia se desenvolverá
a partir da discussão de textos sobre juventude e religião no meio urbano.
Tendo como autor base: Regina Novaes.
Palavras-chave: Religiosidade juvenil. Música e religião. Religiões na
cidade.
112
GT 4
7.
A libertação desdobra-se em diálogo?!
Nome: Gilbraz de Souza Aragão
Titulação: Doutorado
Instituição: UNICAP
Resumo: Esta comunicação reflete sobre como o nosso cristianismo
libertador vem assimilando a libertação religiosa à libertação sociocultural,
como vem assumindo em suas opiniões teológicas o desafio do pluralismo
religioso e do diálogo entre as religiões. Não sem razões, pois nunca como
em nosso tempo de pluralismo e/ou de fundamentalismo, as crenças
religiosas precisam ser contextualizadas e interpretadas, para não virem a
se tornar armas políticas dos homens uns contra os outros, que aumentam
as trevas desse mundo, ao invés de refletirem luzes que esclarecem e
religam os humanos entre si e com o Além. A amostra mais eloquente
desse desdobramento da temática libertadora em teologia do diálogo está
expressa na iniciativa coordenada José Maria Vigil: um conjunto de cinco
livros, com o título geral “Pelos muitos caminhos de Deus”, escritos com os
seus colegas da Associação Ecumênica de Teólogos(as) do Terceiro Mundo.
A coleção buscou responder à questão: Como deveria ser a teologia da
qual o mundo precisa hoje para que as religiões decidam, pela primeira
vez na história, unirem-se para trabalhar pela salvação da Humanidade
e da Natureza? A última obra, “Hacia uma teologia planetaria” (Quito:
Abya Yala, 2010) esboça uma teologia multirreligiosa e pluralista da
libertação. “Caminhamos a passo rápido – escrevem os autores – rumo
a uma teologia aberta e livre”. Aonde esse caminho irá conduzir ainda
não se sabe, mas é possível pensar que levará ao nascimento de uma
teologia nova, uma teologia pós-religiões que vá além não de uma religião,
mas das religiões enquanto tais, enquanto “configuração sócio histórica
humana congruente com o período ‘agrário’ da humanidade, período
que já está perto do fim, progressivamente substituído pela ‘sociedade
do conhecimento’”. Uma teologia “sem dogmas, sem leis, sem verdades
nem doutrinas”, “uma teologia laica, simplesmente humana”, “libertada
Pluralidade Espiritual e Diálogo Inter-Religioso
113
do serviço a uma ‘religião’ enquanto instituição hierarquicamente sagrada
com o seu sistema de crenças e ritos e cânones”, centrada na espiritualidade.
O que queremos nesta comunicação é desenvolver a intuição central desse
mutirão de teólogos, sobretudo apontando novos fundamentos lógicos
para se continuar pensando sobre o pluralismo.
Palavras-chave: Teologia da Libertação. Diálogo Inter-religioso. Atitude
Trans-religiosa.
8.
Tradução, mercado religioso e novidade religiosa: considerações sobre
a Seicho-no-Ie do Brasil
Nome: João Paulo de Paula Silveira
Titulação: Mestrado
Instituição: UFG
Resumo: Essa comunicação trata de forma geral do desenvolvimento
de uma nova religião de origem japonesa no Brasil, a Seicho-no-Ie (Lar
do Progredir Infinito). A preocupação é compreender o contato entre
universos religiosos considerando o processo tradutor, responsável por
engendrar um tipo de religiosidade polifônica, típica da modernidade
tardia. Acreditamos, por um lado, que a apropriação é parte da ideação
legítima que cruza referências religiosas distintas e, por outro, da estratégia
de proselitismo em âmbito universal que visa o sucesso no mercado
religioso. Nossa concepção de novidade religiosa parte das reflexões de
Peter Clarke (2006), enquanto a de mercado religioso parte do corolário
da Teoria da Escolha Racional desenvolvida por Rodney Stark e Willian S.
Bainbridge (2008) e Stark (1996; 1997).
Palavras-chave: Sociologia religiosa. Movimentos religiosos japoneses.
Transformações na religião.
114
GT 4
9.
A revelação como maiêutica histórica: Uma compreensão do amor de
Deus na perspectiva de Andrés Torres Queiruga
Nome: José Pedro Romualdo Diogo Gomes.
Titulação: Mestrando
Instituição: PUC Minas
Resumo: Andrés Torres Queiruga em sua obra “Repensar a Revelação:
A revelação Divina na realização humana” (2010) nos apresenta um
Deus revelador por amor. Esta revelação é irrestrita por abarcar a todas
as diferentes denominações religiosas. Se existe limites na revelação ele é
fruto apenas da incapacidade, da limitação por parte dos seres humanos,
por não conseguir reconhecer a revelação de Deus em sua máxima
plenitude. A reflexão discorrerá sobre dois pilares cruciais. O primeiro, a
revelação de Deus como ditado, e o segundo, a revelação de Deus como
maiêutica histórica. Esta comunicação pretende mostrar que, segundo
Queiruga, compreender a revelação de Deus como maiêutica histórica
demarca a identidade cristã e favorece, com maiores ganhos, o diálogo
inter-religioso. A indagação presente é: a partir de uma sociedade pósmoderna é possível à percepção de um Deus amor que se revela em ato
pleno a todas as diferentes denominações religiosas favorecendo o diálogo
entre elas?
Palavras-chave: Revelação. Ditado. Maiêutica. Diálogo.
10.
A relação guru-discípulo no Budismo praticado no Brasil
Participante: Klara Maria Schenkel
Titulação: Mestrado
Instituição: UFPB
Resumo: A História da Religião, na perspectiva de Hock (2010), encontrase repleta de momentos de ruptura que levam ao surgimento de uma nova
religião ou de um novo movimento religioso (como o protestantismo e a
Pluralidade Espiritual e Diálogo Inter-Religioso
115
formação da mística islâmica). Segundo o autor, o Budismo é um momento
de ruptura paradigmático, por ter, grosso modo, substituído a dependência
soteriológica do ritual sacrifical sacerdotal pela responsabilidade da pessoa
individual, fator que favoreceu a difusão de novas formas econômicas e
possibilitou a ascensão de novas camadas sociais na arcaica sociedade de
castas indiana do período do Buda histórico. As figuras individuais são,
nesta perspectiva, os agentes por excelência do processo de transformação
religiosa. Assim, para apreendermos melhor a expansão do Budismo
pelo mundo ocidental e sua chegada relativamente recente ao Brasil,
haveremos de investigar a importância do “guru” neste processo. Tendo
em vista, ainda, a pluralidade de credos da cultura brasileira e a natureza
eminentemente sincrética do Budismo (uma religião mundial cujo
processo de expansão se deu de forma pacífica, incorporando elementos
das crenças locais ao invés de “converter” fiéis pela dominação territorial e
cultural), o objeto deste trabalho é compreender aquilo que Rocha (2011)
denomina como “crioulização” das práticas budistas no Brasil. Trata-se,
portanto, de um estudo preliminar acerca das relações entre os gurus e
os discípulos no contexto ocidental e o modos pelos quais estas relações
sofrem ressignificações a partir de necessidades específicas da comunidade
budista brasileira contemporânea.
Palavras-chave: Budismo. Guru. História da religião. Transformação
religiosa. Contemporaneidade.
11.
Os Exercícios Espirituais de Inácio de Loyola: na pluralidade espiritual,
um instrumento para o diálogo inter-religioso
Nome: Maria Teresa Moreira Rodrigues
Titulação: Mestrado
Instituição: Consultório de Psicanálise
Resumo: O livro dos Exercícios Espirituais de Inácio de Loyola é um texto
que data de 500 anos, e continua sendo atual pelas suas peculiaridades
próprias. Considerá-lo atual, não é negar o momento e condições históricas
116
GT 4
em que surgiu, pois o homem Iñigo nele imprimiu as marcas de seu tempo
e lugar; no entanto, não fez dos EE um relato de sua própria experiência
pessoal de Deus, mas sim a elaborou num método a ser seguido. E é isso
que permite que cada um, à sua maneira, ritmo e tempo, possa fazer a
escrita de sua própria subjetividade, ao buscar a presença e o desejo de
Deus para sua vida. Por traçar um caminho, acreditamos que a leitura do
texto dos EE consegue escapar a “controles” e a manipulações, permitindo
um encontro genuíno entre leitor e receptor, sobretudo porque não são
matéria para ser lida, mas para ser feita. Para tratar disso, traremos o olhar
do Cardeal Carlo Martini, que considera útil definir a atualidade dos EE,
pois responde ao desejo de síntese e de unificação interna, em contraposição
ao secularismo e tecnicismo que estão presentes em todos nós. E também
o olhar de Roland Barthes, que aponta o texto dos EE como capaz de
gerar, no leitor-exercitante, uma “escrita própria e transformadora”. E é
por isso que podemos pensá-lo como um instrumento que atravessa a
pluralidade espiritual e pode facilitar o diálogo inter-religioso.
Palavras-chave: Santo Inácio. Exercícios Espirituais. Diálogo através da
espiritualidade.
12.
Da Demografia das Religiões ao Consumo Sem Pertença: um percurso
real-virtual
Nome: Mariano Vicente da Silva Filho
Titulação Máxima: Mestrado
Instituição: UNICAP
Resumo: O objetivo deste trabalho é investigar a dinâmica da relação da
mobilidade entre o fenômeno religioso de pertença e os novos modos de
manifestações de fé (ou de descrença), nos dias hodiernos, considerandose o uso de novas tecnologias, bem como, o ambiente virtual da internet.
A investigação dá-se através da leitura crítica transdisciplinar dos dados
demográficos das religiões no mundo e, sobretudo, na América Latina
e no Brasil, onde o contexto de religiosidade é tradicionalmente cristão.
Pluralidade Espiritual e Diálogo Inter-Religioso
117
Paradoxalmente, em tempos de efervescência religiosa e renovações
do cristianismo em novas Igrejas, o “religioso” tem se tornado assunto
privado e subjetivo. Está estreitamente ligado a uma difusa mentalidade de
consumidor, em que o indivíduo, na sua identidade, escolhe como melhor
lhe parecer, não somente a pertença, mas um sincretismo de religiosidade,
guiado somente pelas preferências, gostos e estilos, determinadas por seu
histórico de vida social. Questões sobre a religiosidade na internet abrem
um leque de reflexões, apontando que a religiosidade que aí emerge é
mais de baixo para cima ou, melhor ainda, na direção do mistério que
se esconde e manifesta “entre e além” das diversas tradições. Cada pessoa
é hoje mais capaz de aprender e oferecer feedback. A religião até então
tinha a ver só com credos e doutrinas, enquanto a religiosidade agora é
uma espécie de wiki-teologia, pluralista, o que pode trazer novos aportes e
desafios para o diálogo inter-religioso.
Palavras-chave: Mobilidade e pertença religiosa. Religião e mercado.
Religiosidade na internet. Diálogo inter-religioso.
13.
“Pelos Muitos Caminhos de Deus”: para uma teologia Pluralista
Transreligiosa da Libertação
Nome: Maruilson Menezes de Souza
Titulação: Mestrado
Instituição: UNICAP
Resumo: Nesse início de século XXI, o pluralismo se firma cada vez
mais como paradigma emergente “que perpassa e interpela as culturas,
os povos, todas as tradições e formas de religião”, exigindo “posturas
novas”, “mudança epistemológica”, “salto de qualidade”, “purificação”
das “memórias”, das “linguagens” e dos “entendimentos teológicos”.
Tudo isso provoca “uma reviravolta hermenêutica”, tarefa essa que
é “difícil, exigente e provocadora”. Diante disso, não são poucos os
autores que vem afirmando que a teologia cristã clássica chegou ao seu
limite, necessitando-se de uma nova teologia. Levando em consideração
118
GT 4
os desafios contemporâneos do fazer teologia nesse novo paradigma, a
Associação Ecumênica de Teólogo(a)s do Terceiro Mundo (ASETT),
através da coleção “Pelos muitos caminhos de Deus”, cruzou as teologias
da libertação e das religiões, com suas ênfases respectivas nos “muitos
pobres” e na “pluralidade positiva das religiões”, e como resultado surge
a proposta da construção de uma nova teologia, laica, não institucional,
que dialogue não somente com as diversas religiões, mas também com os
movimentos sociais seculares, com a ciência, com o agnosticismo e com o
ateísmo. A presente comunicação se propõe a apresentar uma síntese dos
cinco volumes da coleção “Pelos muitos caminhos de Deus”, na qual é
esboçada a proposta dessa nova teologia.
Palavras-chave: Teologia da Libertação. Diálogo Inter-religioso. Atitude
Trans-religiosa.
14.
Um visão da “bricolagem” religiosa inspirada em Darcy Ribeiro
Participante: Moisés Abdon Coppe
Titulação: Mestrado
Resumo: A questão da religião, de alguma forma presente na antropologia
dialética e na Teoria da Cultura de Darcy Ribeiro, entretanto ofuscada
pela sistemática antropológica e o vastíssimo campo das ciências sociais,
é visitada em nossa pesquisa, com a finalidade de sugerir a percepção da
identidade religiosa dos brasileiros e a concepção da metáfora da bricolagem.
A presente pesquisa procura introduzir o leitor na tessitura de um percurso
exequível e complexo que lê a referida antropologia e os romances
confessionais do autor brasileiro sob as lentes hermenêuticas do filósofo
Paul Ricoeur, visando interpretar o sentido dado, ampliando-o – com a
finalidade de reivindicar outros horizontes interpretativos da religião dos
brasileiros – buscando-se, enfim, a reconstrução da significação que não se
pretende absoluta. Busca, além disso, ampliar as argumentações presentes
no campo das Ciências da Religião com o objetivo mais abrangente de
contribuir com a leitura do fenômeno religioso que se desenvolve no
Pluralidade Espiritual e Diálogo Inter-Religioso
119
contexto brasileiro, onde convivem sincretismos, fundamentalismos e
diálogos.
Palavras-chave: Teologia. Narrativa. Cultura. Religião. Alteridade. Ética.
Bricolagem.
15.
Blogs: caminhos meditados em diálogo
Participante: Monica Ciscotto Magalhaes
Titulação: Mestranda
Instituição: UFJF
Resumo: Os cenários plurais da atualidade sinalizam um mundo contínuo
onde as pessoas têm diferentes olhares de pertencimento. Consideramos
que os espaços virtuais acenam como territórios para a manifestação,
troca, apresentação e representação do religioso, portanto, legítimos ao
acolhimento da atual dinâmica espiritual, compreendida para além das
institucionalizações. Especificamente, traremos à reflexão, a sugestão da
contribuição dos blogs enquanto topografias para “meditar caminhos”,
para “se dizer” e “ir ao encontro do outro”. Os sujeitos religiosos
serão compreendidos a partir de Stuart Hall, enquanto “processos em
andamento”, seres fragmentados pela desestabilização das identidades
herdadas, marcados pelo multipertencimento e pela “costura” autônoma
dos sentidos em estratégias representacionais performáticas. Assim,
pautamo-nos na perspectiva de que no movimento bricoleur da existência,
os sujeitos religiosos têm necessidade de validar e intercambiar o sentido
das experiências entre si para além das tradições disponíveis, celebrando a
pluralidade e exercitando o diálogo a partir de novas formas de expressão
e sociabilidade religiosa.
Palavras-chave: Identificação. Blogs. Diálogo inter-religioso.
120
GT 4
16.
As diversas faces do sagrado feminino no Brasil
Participante:Reinaldo da Silva Júnior
Titulação: Doutorando
Instituição: UFJF
Resumo: Procuramos apresentar a relação do povo brasileiro com um
Sagrado feminino, disseminado na religiosidade popular e que promove
uma relação direta com o mesmo, o que vemos como uma mística
popular. Encontramos na figura de maria um elemento simbólico que
permite um sincretismo envolvendo as diversas tradições culturais da
base de formação da nação brasileira (africanos, povos pré-colombianos
e europeus). Nas Figuras de Yemanjá, Rainha da Floreta e Nossa Senhora
o Sagrado feminino reverbera entre as práticas de adoração e devoção do
povo, criando espaços onde a manifestação hierofânica e a experiência
mística ganham um colorido mais acentuado. Entendemos que esta
característica está incrustado nas raízes do que definimos por brasilidade,
algo que dá uma identidade cultural a partir de uma identidade espiritual
moldada pelo encontro de tradições que se completam. Diálogo inter
religioso, sincretismo, representações simbólicas do sagrado (arquétipos
junguianos) e a questão do gênero, mística e espiritualidade, a percepção
da essência numa perspectiva multicuturalista.
Palavras-chave: Psicologia junguiana. Sagrado feminino. Religiões no
Brasil.
17.
Do Exclusivismo ao Inclusivismo: uma análise das mudanças no espaço
sagrado da Igreja São Francisco das Chagas, em Belo Horizonte – MG
Participantes: Roberlei Panasiewicz e José Carlos Talim
Titulação: Doutor e Mestre
Instituição: PUC Minas
Resumo: Podemos pensar o Concílio Vaticano II como um divisor de
Pluralidade Espiritual e Diálogo Inter-Religioso
121
águas e como o emergir de uma nova consciência ante o diálogo da
Igreja Católica com as religiões e com a cultura moderna. No interior da
Teologia das Religiões emergem paradigmas que procuram tematizar o
momento anterior e posterior ao Concílio Vaticano II denominados de
exclusivismo (ou eclesiocentrismo) e inclusivismo (ou cristocentrismo).
Essa mudança paradigmática teológica provocou transformações na
maneira de compreender o espaço sagrado refletindo em transformações
na arte e na arquitetura de alguns templos. A presente comunicação visa
apresentar como esta mudança paradigmática influenciou nas mudanças
ocorridas na Igreja São Francisco das Chagas, em Belo Horizonte, Minas
Gerais. A metodologia aplicada foi de análise de documentos, reflexões
teológicas e observação do templo em análise. As perguntas que perpassam
e finalizam a reflexão são: O Concílio Vaticano II aponta para uma nova
forma de pensar o espaço sagrado e a espiritualidade? O que provocou as
mudanças na arte e na arquitetura da Igreja São Francisco das Chagas?
Palavras-chave: Concílio Vaticano II. Paradigmas. Arte e arquitetura.
Igreja São Francisco das Chagas.
18.
Paul Tillich e as Religiões: cultura e diálogo no pensamento interreligioso
Nome: Thiago Santos Pinheiro Souza
Titulação: Mestrando
Instituição: UFJF
Resumo: A Paul Tillich é atribuída uma grande contribuição no intuito
de abrir espaço para o diálogo inter-religioso. Esse fato, entretanto, não
se encontra de modo explícito em sua maior obra, a Teologia Sistemática.
No entanto, em 1960, cinco anos antes da sua morte, ele viaja ao Japão
e mantém contato com essa outra cultura religiosa. Após esse fato, seus
últimos escritos passam a estar permeados pela temática das outras
religiões. Assim, é de se perguntar se o diálogo inter-religioso pertence a
todo pensamento de Tillich, ou houve uma virada ao fim da sua vida. A
122
GT 4
preocupação do presente trabalho é fazer uma breve e tímida abordagem
sobre os indícios de diálogo inter-religioso nas obras de Tillich, tanto das
anteriores quanto as posteriores à sua viagem ao oriente. A começar com
pontos fundamentais da sua biografia até a pergunta pelo outro e pelo
Totalmente Outro, tentaremos perceber o pensamento do grande teólogo
teuto-americano sobre a dinâmica entre cultura e religião. Isso pretende
justificar, por assim dizer, o motivo de Paul Tillich ser considerado um
genuíno buscador do diálogo.
Palavras-chave: Teologia sistemática. Cristianismo e religiões. Paul Tillich.
19.
A missão em Aparecida a partir da Teologia do Pluralismo Religioso
Nome: Wellington da Silva de Barros
Titulação: Mestrado
Instituição: ITESP
Resumo: A conversão pastoral que pede o Documento Conclusivo de
Aparecida (DAp) consiste na mudança de um continente de batizados para
um continente de discípulos missionários. Para realizar esta conversão, o
DAp saliente a necessidade de um encontro pessoal com Jesus Cristo. A
vida que o discípulo missionário irradia é a vida de Jesus Cristo. Só há vida
plena em Jesus Cristo. Para quem adere a fé cristã católica, a afirmação
acima, tem todo sentido e fundamentação teológica. Para o cristão não
há vida a não ser em Jesus! Mas o DAp ao tratar da missão, estabelece
a mesma relação no encontro dos cristãos com os povos do continente,
especialmente os que não são cristãos. Revelando o caráter inclusivista do
DAp também na sua empreitada missionária. Todo ato de fé, não somente
cristão, é em sua perspectiva pessoal inclusivista. Não há no mundo
nenhum cristão que deposite a sua confiança em outra mediação a não ser
em Jesus Cristo. É no encontro do discípulo missionário com as demais
religiões e crenças, que este ato de fé deve ser pluralista. Desafiando aos
cristãos a um relativismo sadio da mediação de Jesus Cristo para aqueles
que não pertencem a Ele, e que muito provavelmente nunca pertencerão.
Pluralidade Espiritual e Diálogo Inter-Religioso
123
O DAp é inclusivista tanto como ato de fé pessoal como também na ação
missionária. Com o DAp iremos além do mesmo, trabalhando a ação
missionária a partir da pluralidade das religiões. Sem negar a necessidade
da unicidade da salvação de Jesus Cristo para os cristãos, mas considerando
as demais religiões cada qual com seu valor salvifico, comportando igual
importância no plano divino. Ao relermos o conceito de Missão a partir
da Teologia do Pluralismo Religioso, estaremos indo com o DAp além do
DAp. Buscando oferecer um conceito de missão pluralista e uma visão
positiva do pluralismo religioso.
Palavras-chave: Missiologia. Diálogo Inter-religioso. Documento de
Aparecida.
124
GT 4
GT 5: Teologia no Espaço Público e
no Mundo Contemporâneo
______________________________________
Coordenadores
Prof. Dr. Érico Hammes – PUC/RS
Prof. Dr. João Décio Passos – PUC/SP
Prof. Dr. Vitor Feller – ITESC
Ementa
O GT aborda a Teologia enquanto Ciência da Fé que, ao refletir sobre
os desafios da realidade, das relações sociais e internacionais, repensa os
seus temas fundamentais e contribui para novas compreensões do papel
da fé na sociedade atual. Como principais objetivos se propõe: 1) dialogar
com os avanços científicos e tecnológicos; 2) propor uma compreensão
transformadora da existência de fé no contexto político social do país;
3) trazer à consciência religiosa a necessidade de superação da violência em
suas diferentes manifestações; 4) repercutir teologicamente os movimentos
mundiais de correntes dos processos de globalização.
125
1.
A Pastoral Da Saúde Como Teologia Pública No Exercício Da
Cidadania
Nome: Jaqueline Sena Durães e Waldir Souza
Titulação: Especialista e Doutor
Instituição: UFPR e PUC/PR
Resumo: Esta comunicação apresenta a trajetória da compreensão da saúde
coletiva ao longo da história e enfatiza a importância da Pastoral da Saúde
atuar nos Conselhos de Saúde sem, contudo abandonar a espiritualidade,
demonstrando, assim, o caráter público da teologia nas questões de
cidadania. O objetivo da comunicação é destacar o papel da Pastoral da
Saúde em sua dimensão Político-Institucional que é a atuação direta da
Pastoral da Saúde junto aos Conselhos de Saúde e à conscientização da
comunidade sobre seus direitos e deveres como cidadãos junto ao SUS. O
método utilizado foi o de Revisão de Literatura. Os resultados demonstram
que, nos locais em que a Pastoral foi implantada verificou-se a melhoria
no Sistema Único de Saúde local embora haja ainda muitas comunidades
que não têm Pastoral da Saúde. Reforça-se também a importância de uma
Teologia Pública engajada nas causas sociais, especialmente no mundo da
saúde e no exercício da cidadania.
Palavras-chave: Teologia. Teologia Pública. Pastoral da saúde. Bioética.
Cidadania.
2.
Gestão humanizadora nas empresas à luz da fé cristã
Nome: Ozenildo Santos Xavier da Rocha
Instituição: FAJE
Instituição Financiadora: Junta de Educação da Convenção Batista
Mineira
Resumo: A sociedade contemporânea tem passado por mudanças
significativas a partir do advento da modernidade. Essas mudanças
126
GT 5
trouxeram consigo situações sociais, políticas, econômicas e religiosas
que chamam à atenção para os impactos que produziram. O mundo do
trabalho, em sua especificidade tem ocupado um lugar de destaque na
agenda mundial à medida que o desenvolvimento de cada nação não
inclui em suas categorias de análise e medição a situação social, mais
especificamente, o papel das empresas, do trabalhador e do sentido do
trabalho em sua compreensão mais significativa. Desse modo, investigar
o quadro atual da gestão empresarial bem como compreender o lugar do
trabalhador dentro da Organização poderá nos apontar para situações de
ordem desafiadoras. Para essa compreensão será importante verificar tal
tema tendo como referenciais os olhares da Ciência Econômica, da Ética,
iluminando-os sob o prisma da fé cristã. Nesse caminho busca-se sentido
para a Gestão nas empresas, dando a contribuição da fé cristã em um
horizonte de instabilidades.
Palavras-chave: Gestão humanizadora. Empresas. Trabalhador. Trabalho.
3.
As rupturas da conversão, as relações simbióticas entre o
pentecostalismo e o PCC e as continuidades sócio-espaciais na favela
do Tijuco Preto - SP
Nome: Vagner Aparecido Marques
Titulação: Mestre
Instituição: PUC/SP
Resumo: A comunicação quer realizar uma análise nos significados dos
atos da conversão/adesão ao pentecostalismo e as relações simbióticas dos
conversos com o crime organizado – PCC, do mesmo modo, compreender
o território do Tijuco Preto enquanto um ambiente propulsor de relações
e de espaços sociais; neste caso, as igrejas pentecostais fazem parte do
cenário social, juntamente com o crime organizado/PCC, bares e outros.
A historiografia sobre o pentecostalismo não concebe espaço para relações
simbióticas entre a conversão e crime organizado. Será utilizado o conceito
de adesão religiosa como fundamento que sustenta o objeto formal desta
Teologia no Espaço Público e no Mundo Contemporâneo
127
apresentação. Diferentemente das categorias tradicionais de conversão
ao pentecostalismo: conversão = negação do mundo – o asceticismo
intramundano na sociologia weberiana – as relações estabelecidas na favela
do Tijuco Preto na Zona Leste de São Paulo são vivenciadas como um
momento de rupturas no universo da conversão. A partir de mudanças
significativas no seio do pentecostalismo e com o surgimento de grupos
denominados de neopentecostais o crente “evangélico” nas periferias passou
por um significativo processo de mutação. O território do Tijuco Preto é
um espaço de disputas e lutas diárias pela sobrevivência. É justamente
aqui que o pentecostalismo cruza com o PCC, mas não em embates e
confrontos, mas sim em uma coexistência pacífica e duradoura. Ser crente
no Tijuco significa saber realizar o trânsito entre os diversos espaços.
O trânsito entre os espaços sociais existentes e a crise no paradigma da
conversão, somado à adesão ao pentecostalismo de indivíduos do PCC é
o centro desta comunicação.
Palavras-chave: Pentecostalismo. PCC. Tijuco Preto. Conversão.
4.
Epistemologia da Teologia Cristã: o lugar da teologia na sociedade,
igreja e academia
Nome: Carlos Alberto Motta Cunha
Titulação: Doutorando
Instituição: FAJE
Instituição Financiadora: Capes
Resumo: O que é teologia cristã? Qual é a sua tarefa? Qual é o lugar das
ciências humanas no estudo da teologia? Abordagens propedêuticas ou
instrumentos teóricos que perpassam o interior das disciplinas teológicas?
Como manter o elemento da fé – único diferencial da teologia, que é
ser um discurso da fé e a partir da fé – em um ambiente acadêmico que
preza pelo ateísmo metodológico (exclusão da transcendência)? Como
evitar que a teologia seja reduzida a ciência da(s) religião(ões), que analisa
externamente o fenômeno religioso por meio do método interdisciplinar?
128
GT 5
É no conjunto destas perguntas fundamentais que este estudo propõe
analisar a legitimidade epistemológica da teologia pública no Brasil.
Palavras-chave: Teologia. Epistemologia. Teologia Pública.
5.
Perspectivas da teologia pública no horizonte da esperança: a
contribuição de Jürgen Moltmann
Nome: Matteo Ricciardi
Titulação: Mestrando
Instituição: UFJF
Resumo: A comunicação verterá sobre as principais características da
teologia pública de Jürgen Moltmann, e sua relevância para a discussão
atual frente ao desafio plural. O objetivo será apresentar os principais
eixos temáticos do autor que vinculam sua teologia pública à categoria do
Reino de Deus, que por sua vez é por ele elaborada em relação à ideia do
bem comum. Como em toda a produção de Moltmann em geral, essas
categorias são ampliadas a partir do horizonte da esperança cristã, que lhe
permite trazer uma perspectiva novidadeira sobre a tensão entre o presente
e o futuro da humanidade. Ao mesmo tempo isso lhe dá condição de
responder ao desafio contemporâneo acerca do papel da teologia no
mundo pós-moderno, evidenciando sua relevância tanto no âmbito da
discussão acadêmica quanto na interlocução com a sociedade. Além disso
evidencia-se o caráter dialogal das propostas do autor. Para tanto será
realizada uma pesquisa bibliográfica das principais obras do autor, a fim
de identificar os conteúdos inerentes à discussão proposta acima. Por fim,
será proposta a conclusão da investigação bibliográfica: a contribuição de
Jürgen Moltmann para uma teologia pública no horizonte da esperança.
Palavras-chave: Moltmann. Teologia pública. Reino de Deus. Bem
comum. Esperança.
Teologia no Espaço Público e no Mundo Contemporâneo
129
6.
Teologia Pública como Teologia para o Desenvolvimento
Nome: Felipe Gustavo Koch Buttelli
Titulação: Mestre
Instituição: EST e USJ
Instituição Financiadora: CNPq e Capes
Resumo: Duas reflexões têm sido realizadas em diversos contextos
teológicos e eclesiais. A primeira é a Teologia Pública. Teologia Pública
tem sido concebida como uma reflexão sobre o papel da teologia e das
igrejas na esfera pública brasileira, caracterizada pelos embates de uma
sociedade que há quase 30 anos aprende a viver em democracia. Outra
discussão que tem tomado contornos maiores é sobre o papel das igrejas
em iniciativas que fomentam desenvolvimento social, desenvolvimento
humano. Nesse sentido, a ONU vem já elaborando metas e organismos
ecumênicos internacionais e nacionais têm agregado em seus projetos
essa perspectiva, de efetivar direitos humanos através de programas que
fomentem o desenvolvimento. Exercício da fé na esfera pública, direitos
humanos e ações para fomentar o desenvolvimento humano e social numa
dimensão mais integral e profunda do que a meramente econômica são,
portanto, temas recorrentes na reflexão teológica brasileira e, por isso,
pertinentes. A contribuição deste trabalho será elaborar, em diálogo com
o contexto teológico sul-africano, que já tem uma caminhada rica nessas
temáticas, algumas ideias para se pensar o exercício da reflexão teológica
e das igrejas no espaço público com vistas ao desenvolvimento humano e
social.
Palavras-chave: Teologia Pública. Desenvolvimento. África do Sul.
130
GT 5
7.
“Os dois reinos”: o ano eleitoral mais religioso “na história desse
país”.
Nome: Daniela Senger
Titulação: Mestranda
Instituição: EST
Instituição Financiadora: CNPq
Resumo: A apresentação busca promover uma reflexão teórica acerca
de dois reinos: a igreja e o estado, a religião/fé e a política. Para tanto,
proporcionamos um labor conceitual sobre as esferas pertinentes a esse
estudo, a saber, igreja, estado, religião, fé e política; um breve levantamento
contextual concernente às intervenções práticas dos grupos religiosos no
discurso político no pleito eleitoral brasileiro em 2010 e suas consequências
nas “batalhas” discursivas dos candidatos. O trabalho investigativo é
corroborado por meio de um mapeamento teórico/estado da arte que
contou com autores e estudiosos dos campos em questão especialmente
Martin Marty, Jim Wallis, João Batista Libanio e Ricardo Mariano;
recursos midiáticos proporcionaram dados contextuais sobre as eleições
2010 e seus desdobramentos discursivos protagonizados pelos candidatos,
partidos políticos, cidadãos brasileiros e certas denominações religiosas –
tradicionais e contemporâneas. Evidencia-se uma “batalha” real entre os
“dois reinos”: “os dois âmbitos de atuação de Deus”, a religião e a política,
como pontua Altmann. As relações dualísticas comuns em qualquer
esfera da vida também se concretizam nesse âmbito de forma ampla. Há
uma contraposição acirrada entre o sagrado e o profano, a fé pessoal/
institucional e a política partidária ou governamental. Tais discussões e
intervenções, principalmente em termo morais e concernentes a novas
diretrizes, programas e leis nacionais de conscientização e erradicação
de ações desumanas foram veementes pautadas nas eleições de 2010 e
altamente disseminadas pelas mídias e na internet. E isso é só o começo.
Palavras-chave: Religião. Política. Fé. Eleições. Leis.
Teologia no Espaço Público e no Mundo Contemporâneo
131
8.
O absoluto do corpo na contemporaneidade: sintoma de uma nova
gnose?
Nome: Geraldo Luiz De Mori
Titulação: Doutorado
Instituição: FAJE
Resumo: É inegável a centralidade do corpo na contemporaneidade.
Seja o corpo como objeto de desejo e prazer, posto em evidência a partir
da revolução sexual de 1968, seja o corpo como expressão do belo e do
lúdico, trabalhado nas academias, passarelas de moda e clínicas estéticas,
ou valorizado pelos diferentes esportes, seja, enfim, o corpo visado
pelas ciências da saúde e pela farmacologia. David le Breton, sociólogo
francês com vasta pesquisa sobre o corpo na atualidade, sustenta que essa
aparente apoteose do corpo é na verdade sua negação, o que aproximaria
essa tendência cultural da gnose, que no passado desvalorizava ou
demonizava o corpo ou a matéria. A comunicação aqui proposta retoma
as contribuições deste sociólogo num diálogo com a reflexão teológica
proposta recentemente por Xavier Lacroix e Adolphe Geschè, mostrando
algumas contribuições para o discernimento cristão diante desta tendência
atual.
Palavras-chave: Corpo. Carne. David le Breton. Adolphe Geschè.
Encarnação.
9.
Ensaio da cristologia Schillebeeckxiana: A ressurreição de Jesus a
partir da experiência das primeiras comunidades cristãs
Nome: Valdete Guimarães
Titulação: Mestrado
Instituição: ICESPI - Instituto católico de estudos superiores do Piauí
Resumo: A ressurreição é, juntamente com a atividade histórica de Jesus, o
132
GT 5
fundamento constitutivo e o coração da fé cristã de todos os tempos. Mas,
não obstante o caráter central que a ressurreição sempre teve, nos dias de
hoje, ela tende a ficar em segundo plano. Em alguns ambientes sociais e
eclesiais, a fé cristã é significativa enquanto motiva uma vivência ética com
os irmãos, mas não está, necessariamente, ligada à esperança futura. Além
disso, em determinadas tendências das Igrejas cristãs, percebe-se um certo
retorno à leitura mítica e milagrosa da ressurreição, fruto de uma mistura
de elementos de ordem religiosa, psicológica e até mesmo esotérica.
Estes exageros desviam a ressurreição do centro da experiência cristã e
fazem dela uma verdade de fé a mais entre as outras, perdendo, por isso
mesmo, o lugar central que lhe caberia na existência cristã. Nosso artigo
busca aprofundar a temática da ressurreição com base no pensamento de
Edward Schillebeeckx. Este teólogo nos ajuda a recuperar a experiência
vital do que significou a ressurreição de Jesus nas origens cristãs e favorece
uma reflexão atualizada para que ela continue sendo significativa na vida
do homem e da mulher hodiernos.
Palavras-chave: Ressurreição, Jesus Cristo, cristologia, experiência,
interpretação, primeiras comunidades cristãs, tradições primitivas,
atualização da fé, Schillebeeckx.
Teologia no Espaço Público e no Mundo Contemporâneo
133
GT 6: Mística e Espiritualidade
______________________________________
Coordenadoras
Profª Drª Ceci Baptista Mariani – PUC Campinas
Profª Drª Maria José Caldeira do Amaral – PUC/SP
Ementa
O GT pretende apresentar e debater os fundamentos teológicos e filosóficos
que estão presentes na linguagem utilizada para descrever a experiência
mística como experiência direta de Deus. Partimos do princípio de que, a
partir de relatos de místicos e místicas, de santos e pecadores, da arte, da
prática da ascese e da oração, da vida no mundo, enfim, de inúmeras fontes
originais, a experiência mística, que se configura na consciência direta da
presença da divindade, se constela com a presença de uma intuição ao
movimento intrínseco à uma experiência que coincide com a experiência
do outro. A linguagem do amor, da misericórdia, da compaixão, além dos
temas do aniquilamento de si mesmo, do despojamento, da humildade,
que se encontram presentes nos relatos e textos místicos, são a expressão
da abertura da alma para a alteridade. Coincidir com o outro supõe uma
disposição a um esforço de compreensão de linguagens no movimento em
direção a esse e desse mesmo outro, movimento que se desdobra em uma
nova e outra maneira de relação ética e política.
134
Experiências Místicas e Mistagogia
1.
A Iniciação como Experiência: O caminho dos Padres da Igreja
Nascente
Nome: Rosemary Fernandes da Costa
Titulação: Doutorado
Instituição: PUC Rio
Resumo: O tema da Iniciação religiosa vem sendo retomado em várias
instâncias de reflexão e de atuação, tanto no âmbito interno às expressões
religiosas, como no campo dos estudos das mesmas (como nas Ciências
das Religiões, Antropologia, Sociologia, Psicologia). Dentro de tarefa tão
complexa, nos propomos a, neste artigo, retomar o tema da Iniciação em
sua dimensão antropológica e a originalidade deste processo na Igreja dos
primeiros séculos, especialmente, final do século III, quando os padres
da Igreja compreenderam a Iniciação como experiência mistagógica. Para
tanto, faremos uma breve trajetória resgatando a origem do conceito e
a identidade da iniciação no campo da antropologia. Prosseguiremos
trazendo a relação entre fé e prática, como processo dialógico entre
realidades dinâmicas e abertas. Fé e prática não caminham isoladas ou em
etapas sucessivas, mas caminham juntas, alimentam-se mutuamente, são
realidades dinâmicas e abertas ao processo de Revelação, que é vida para
cada homem e cada mulher que se abre ao Mistério que lhes é revelado. A
fé não é um fato que se adquire automaticamente. Demanda um processo,
uma aprendizagem prolongada e identificadora, um itinerário marcado
pela Iniciação. É entrada no mistério de Deus, sem deixar de viver a
existência humana.
Palavras-chave: Iniciação como experiência. Padres da Igreja Nascente.
Mistagogia.
Mística e Espiritualidade
135
2.
Mística e alegoria em Orígenes
Nome: Edson Matias Dias
Titulação: Mestre
Instituição: PUC/GO
Resumo: A mística nasce de uma experiência imediata do sagrado. Não
se trata de uma manifestação tranqüila. O místico sofre as erupções do
divino. Mais vítima do que provocador. A poesia, a explicação pela via
negativa, o cantar ou o silenciar, são meios que os místicos utilizam para
lidar com o que não entendem, mas que os atraem. A alegoria é uma
dessas maneiras usadas no diálogo com o mistério sofrido. Ela é didática,
possibilita uma organização básica na relação com sagrado. O místico
utiliza a interpretação alegórica para elucidar tal erupção. Orígenes de
Alexandria, grande padre da igreja antiga, aprofunda sua compreensão
do mistério relendo as sagradas escrituras. Sua especulação é alegórica
basicamente ilimitada.
Palavras-chave: Mística. Alegoria. Orígenes.
3.
A mística das trevas de Gregório de Nissa na obra “Vida de Moisés”
Nome: Moisés Nonato Quintela Ponte
Titulação: Mestrando
Instituição: FAJE
Agência financiadora: FAPEMIG
Resumo: Esta comunicação visa apresentar a mística das trevas de Gregório
de Nissa a partir da obra Vida de Moisés (VM). Presente nas mais distintas
tradições religiosas, a simbologia das trevas desde cedo ganhou espaço na
tradição mística. Na mística cristã, a simbologia das trevas desenvolveu
fecunda tradição, cuja expressão mais célebre se encontra na obra Noite
Escura, de São João da Cruz. Nos primórdios desta tradição, num lugar de
quase esquecimento, encontra-se a obra VM. Acolhendo o legado deixado
136
GT 6
por seus antecessores, Gregório de Nissa, em VM, marcou de modo
indelével a mística cristã das trevas. Resgatar o legado de Gregório constitui
o desafio fundamental que esta comunicação pretende afrontar. Por razões
metodológicas, mas também práticas, apresentar-se-á a mística das trevas
de Gregório de Nissa fundamentalmente, mas não exclusivamente, a partir
da obra VM, mostrando sua importância no desenvolvimento ulterior da
mística cristã das trevas bem como sua relevância atual.
Palavras-chave: Mística. Gregório de Nissa. “Vida de Moisés”.
4.
De São Boaventura a Wittgenstein: itinerarium silentii in Deum
Nome: Carlos Magno Teixeira
Titulação: Mestrando
Instituição: PUC Minas
Resumo: A pesquisa tem por objeto a demonstração das similaridades entre
o itinerário místico de São Boaventura e o de Ludwig Wittgenstein através
de seus livros Itinerário da mente a Deus e Tractatus respectivamente, este
sob a ótica do prof. Paulo Roberto Margutti Pinto através de seu livro
Iniciação ao silencio: análise do Tractatus de Wittgenstein. São Boaventura
procura além de si mesmo as semelhanças (similitudines) de Deus nos
divinos nomes do ser e da bondade, um tipo de Deus místico. Quer
alcançar o misticismo do divino. Ser capaz de refletir sobre alguma coisa
que está além de nossa experiência finita. Esse movimento alcança o pico
da comunicação em uma mística que envolve, ao mesmo tempo, uma
profunda entrega e uma satisfação. É a mística da cruz, do sofrimento
e espera pela Ressurreição. O fim ainda não é atingido, somente o fim
da habilidade para descrever essa experiência. O ápice da comunicação
mística, o pico do Itinerário é alcançado quando se penetra em um
mundo de silêncio onde todas as coisas estão em repouso, muito além
do direcionamento e da claridade. A linguagem teológica dos místicos
é uma tentativa de descrever encontros indizíveis. Alguém realmente
pode encontrar palavras para expressar os mistérios de nossa vida? O
Mística e Espiritualidade
137
fato é que uma experiência mística não pode ser demonstrada. Por mais
que os místicos medievais como São Boaventura tentassem, seu objetivo
jamais seria alcançado. Por mais que se fale não se chega à mostração. Para
Wittgenstein, mostrar é diferente de dizer. Mostrar leva à intuição mística
e à clarificação; dizer, ao silêncio e à contemplação silenciosa. A filosofia
do Tractatus não envolve uma doutrina, e sim, um trabalho de clarificação
que, assim como o de São Boaventura, termina no silêncio.
Palavras-chave: São Boaventura. Wittgenstein.
5.
Espiritualidade e Humanismo em São Francisco de Sales: estudo a
partir do Livro IX do “Tratado do amor de Deus”
Nome: Thiago Nunes Barros
Titulação: Graduação
Instituição: UNISAL-SP
Resumo: São Francisco de Sales (1567-1622) é reconhecido como líder
de um humanismo denominado devoto e um dos fundamentos da
espiritualidade moderna. Seu grande mérito histórico está em afirmar que
a perfeição da caridade é possível para todas as pessoas, sem a fuga do
mundo. Fruto do seu tempo, ele tinha uma profunda cultura clássica e,
sobretudo, um humanismo de fundo. Por temperamento, nutria a confiança
no homem; daí seu otimismo. A solidez e a profundidade de seu “Tratado
do amor de Deus” tornam-no uma referência para a compreensão da vida
interior: da meditação dos iniciantes à descrição precisa da morte de amor,
seu texto é coerente, ordenado e completo. Especialmente, essa obra coloca
o eixo da vida espiritual no coração do homem, em sua capacidade de
amar que o torna partícipe do Amor que Deus é em si mesmo. Para chegar
até lá, basta deixar Deus agir, isto é, deixar operar-se a expansão de um
amor que vem dEle e leva a Ele. Assim, se entrevê porque, para o Santo, a
busca de Deus e a paixão pelo ser humano sempre constituíram o núcleo
de sua ação. Com objetivo de entender, com precisão, essa dinâmica,
constituinte dos elementos essenciais da espiritualidade salesiana e da sua
138
GT 6
ressonância no humanismo, estudamos o livro IX do referido Tratado,
dada sua singularidade e importância nevrálgica no conjunto da obra.
Palavras-chave: Espiritualidade. Humanismo. São Francisco de Sales.
“Tratado do amor de Deus”.
Mística e Mistificações na Contemporaneidade
6.
A vontade de Deus em Chiara Lubich como acesso à santidade que
realiza a pessoa
Nome: German Calderon Calderon
Titulação: Doutor
Instituição: UNICENTRO-PR
Resumo: Trata-se de reflexionar a vontade de Deus em Chiara Lubich
que, propõe uma espiritualidade positiva ou de engajamento que procura
e leva o crente a santificar-se junto e com os outros, em comunidade. O
estudo busca identificar na comunidade de vida e de ação a realização do
desejo de Jesus “que todos sejam um” (Jo 17,21), primeiro, nos princípios
e recursos que nutrem esta espiritualidade e segundo, como os membros
vivem, participam e encontram o sentido e a realização da sua vida na
historia pessoal e no contexto social, eclesial e político. Aplica-se o método
bibliográfico, leitura, análise e hermenêutica dos escritos, especialmente
os relacionados com a vontade de Deus; também se recolhe o testemunho
dos diversos grupos de focolares no mundo e realiza-se uma analogia com
outras espiritualidades. Deduz-se que nesta espiritual idade a experiência
de Deus suscita no crente, um movimento de abertura, ação e relação
amorosa para com o semelhante, vivido comunitariamente, no momento
presente, observando o pedido de Jesus Cristo: que todos sejam um.
Viver o momento presente como vontade de Deus é um dos pilares desta
espiritualidade. Diz Chiara: A vontade de Deus é o nosso “dever ser”, o
nosso verdadeiro ser, a nossa plena realização.
Palavras-chave: Vontade de Deus. Chiara Lubich. Santidade.
Mística e Espiritualidade
139
7.
Enlevo e remissão na arduidade da ayahuasca sob a ótica do numinoso
Nome: José Altran
Titulação: Mestrando
Instituição: PUC/SP
Resumo: Sabe-se que o ritual com a ayahuasca, bebida sacramental
indígena cuja ingestão induz o adepto a um estado de consciência alterado,
é muitas vezes uma prova exaustiva e temível. As dificuldades em se
acalmar frente ao transe, o sujeito estando suscetível a intenso desconforto
físico e desregramento do pensamento, nos fazem questionar qual é o
motivo que o leva a repetir tão difícil experiência. O que se relata é que,
por alguma explicação que foge à apreensão racional, tamanho desafio é
compensado pela purificação do eu e pelo enlevo beatífico experimentado
quando em contato com o divino através do chá. O presente trabalho
propõe-se a comparar depoimentos de praticantes assíduos com os
aspectos Fascinans e Augustum do pensamento de Rudolf Otto, procurando
flagrá-los conceitualmente nos elementos da experiência relatada, a fim
de apresentar uma reflexão fenomenológica para este caráter místico que
encanta e atrai o indivíduo mesmo frente à intimidação.
Palavras-chave: Ayahuasca. Numinoso. Remissão mística. Enlevo místico. 8.
A Mobilidade religiosa nas margens do Velho Chico. Um estudo sobre
a peregrinação à Lapa do Bom Jesus no contexto do encontro
Nome: Krzysztof Dworak
Titulação: Doutorando
Instituição: PUC/SP
Resumo: A romaria ao Santuário do Bom Jesus da Lapa, situado no
Sertão baiano, que há mais de três séculos atrai milhares de peregrinos,
pode ser estudada sob vários aspectos. Nesta comunicação pretendemos
140
GT 6
olhar o fenômeno da peregrinação à Lapa do Bom Jesus como uma
realidade marcada profundamente pelo encontro. Pretendemos fazer tal
estudo levando em conta a definição da religião apresentada por Gustav
Mensching, na qual ele afirma de que a religião é um encontro baseado na
experiência vivida com o sagrado e na ação mediante a qual o ser humano,
tocado pelo sagrado, responde a ele. A partir daí faremos as nossas
reflexões acerca deste encontro, fruto da mobilidade religiosa, marcado
por diversas experiências do sagrado vivenciadas pelos peregrinos no
contexto do Santuário do Bom Jesus da Lapa.
Palavras-chave: Romaria. Santuário do Bom Jesus da Lapa. Peregrinação.
Experiência religiosa.
9.
“Vamos todos para a Lapa visitar o Bom Jesus”: O itinerário da
romaria a partir dos benditos cantados pelos romeiros do Bom Jesus
da Lapa – BA
Nome: Giuliana Frozoni
Titulação: Mestre
Instituição: PUC/SP
Resumo: O objeto desta comunicação são os benditos entoados pelos
romeiros durante a romaria ao Santuário do Bom Jesus da Lapa – BA,
estudados e analisados através de uma perspectiva ritual. Estes cantos
populares da tradição oral cantados em novenas, terços e procissões
representam uma das mais antigas manifestações do catolicismo popular
que ainda se conservam em algumas comunidades, principalmente
interioranas e rurais, do nordeste brasileiro. Trabalhamos com a hipótese
de que por meio do estudo e da análise dos benditos cantados pelos
romeiros do Senhor Bom Jesus da Lapa é possível sistematizar a romaria,
reconhecendo todas as etapas deste itinerário, identificar os mitos de
origem do Santuário e compor uma espécie de “ordinário da romaria”, com
seus cantos e benditos próprios que, ao serem cantados, contribuem para a
atualização desta tradição religiosa e para confirmar suas especificidades. A
Mística e Espiritualidade
141
partir desta análise podemos concluir que os romeiros e peregrinos do Bom
Jesus da Lapa não cantam simplesmente na romaria, mas, ao contrário,
cantam “a” própria romaria, com seu ordinário próprio; e ao cantar a
romaria, os romeiros cantam a si mesmos. Sendo assim, podemos afirmar
que, de fato, os benditos são parte integrante da romaria e condição sine
qua non para sua efetiva realização.
Palavras-chave: Religiosidade popular. Catolicismo sertanejo. Romaria.
Benditos. Música sacra.
10.
Coisas de Deus nas panelas de Riobaldo
Nome: Ursulina Maria Silva Santana
Titulação: Doutoranda
Instituição: PUC/SP
Resumo: As várias possibilidades de leitura que o romance escrito por
Guimarães Rosa, Grande sertão:veredas oferece, permite que possamos
encontrar no texto uma multiplicidade infinda de interpretações. A
quantidade e variedade de estórias contadas por Riobaldo nos indica que
podemos caminhar pelo texto buscando roteiros e ideias que nos façam
compreender a formação do imaginário brasileiro. E um desses caminhos
são as referencias em seus “ditos” que a personagem faz sobre a comida
que é produzida e consumida pelo grupo durante as estadas no interior
do sertão. E nesse movimento de preparo ou de consumo, Deus age
diretamente nas ações humanas por meio da comida, ou é aclamado por
permitir que o grupo se mantenha vivo exibindo força para sobreviver
nas andanças do sertão. A relação intensa entre comida e religiosidade
contextualizada na fala do sertanejo brasileiro indica proximidade entre
a divindade e a natureza enquanto relações de encontro entre Deus e os
jagunços. Assim, a partir desse olhar especifico, é possível identificar as
interrelações entre Deus, os dissabores e as alegrias do grupo mediado pela
comida que organiza o cotidiano, reafirmando os laços de solidariedade e
amizade. É a confraternização em torno da mesa, espaço onde podemos
142
GT 6
exercer a condição de irmãos e amigos, tendo a comida como mediadora
e o elo mais visível do encontro dessa irmandade. Oferece-se o que há de
melhor. Atitude dispensada apenas àqueles que nos são caros e respeitados.
Só se oferta com bondade quando existe um reconhecimento do outro.
Palavras-chave: Coisas de Deus. Riobaldo. Guimarães Rosa.
11.
Elementos para uma mística afro-indígena-católica-sertaneja na obra
de Ariano Suassuna
Nome: Claudio Santana Pimentel
Titulação: Doutorando
Instituição: PUC/SP
Instituição financiadora: Capes
Resumo: “Poética da recriação” é o conceito desenvolvido por Idelette
Muzart Fonseca dos Santos para se referir à reelaboração de temas e modelos
artísticos populares por Ariano Suassuna e demais artistas do Movimento
Armorial. Em nossa pesquisa, temos demonstrado que a recriação do
universo popular por Suassuna refere-se não somente à dimensão estética e
poética, mas entrelaça esses elementos a referências religiosas encontradas
nas matrizes afro-brasileira, indígena e do catolicismo popular do sertão
nordestino. O objetivo desta comunicação é apresentar e suscitar a
discussão a respeito dos elementos de uma vocação mística plurirreligiosa
que se revela no texto suassuniano, refletindo e explicitando desde o
entrelaçamento estético-poético-religioso as múltiplas faces da experiência
mística nordestina sertaneja.
Palavras-chave: Matriz religiosa. Mística plurirreligiosa. Poética.
Mística e Espiritualidade
143
12.
Magia e Religião: um olhar sobre a atuação das benzedeiras
Nome: Antonione Rodrigues Martins
Titulação: Mestrando
Instituição: PUC Minas
Instituição financiadora: Capes
Resumo: O ato de benzer constituí um importante elemento da cultura
popular brasileira. Em inúmeras cidades, sobretudo nas do interior,
encontramos facilmente a figura do(a)benzedeiro(a). Esse profissional
se caracteriza como um elemento da própria comunidade que recebeu
os ensinamentos por tradição familiar através da oralidade, o que torna
inexistentes registros de eventuais fórmulas. Dessa maneira, o estudo busca
através da análise de discurso oral de uma benzedeira da cidade de Campo
Belo/MG, retratar um pouco as formas de atuação espiritual, bem como
seus elementos constitutivos. Busca-se, ainda, com base numa leitura de
Marcel Mauss, Lévi-Strauss e Malinowski compreender as características
dessa expressividade religiosa percebida com atributos mágicos.
Palavras-chave: Magia. Religião. Benzedeiras.
A Espiritualidade no Contexto Educacional e
Terapêutico
13.
Filosofia na Escola: espiritualidade e ensino
Nome: José Antônio Transferetti
Titulação: Doutor
Instituição: PUC Campinas
Resumo: Trata-se de discutir questões vinculadas á espiritualidade
no contexto do ensino da filosofia. A espiritualidade marca a história
da filosofia uma vez que grandes pensadores como Santo Agostinho
e Santo Tomas de Aquino realizaram uma síntese que engloba a fé e a
144
GT 6
razão enquanto componentes essências do labor filosófico e teológico. O
teólogo Wolfhart Pannenberg afirma que sem um conhecimento sólido
da filosofia não é possível compreender a doutrina crista em sua forma
histórica, nem chegar a um juízo próprio fundamentado, a respeito da
pretensão a verdade da doutrina crista na atualidade. Para Pannenberg
na historia do cristianismo, desde a época dos padres da Igreja, a teologia
sistemática sempre foi formulada em discussão com a filosofia. A
disciplina Filosofia por ser obrigatória nos currículos do ensino médio
a partir de 2008 tem sido objeto de um grande debate. Por meio desta
disciplina é possível discutir espiritualidade no contexto dos filósofos que
transpassaram seu pensamento levando em consideração a fé cristã como
expressão da espiritualidade e da mística mais profunda. Os pensadores
considerados ateus de uma forma ou de outra realizaram uma mística
cuja busca em direção do absoluto marcou suas vidas de uma forma
extremamente profunda. A recuperação da filosofia como uma ciência
racional dos princípios de toda a realidade coloca a questão da mística no
centro da pergunta sobre Deus. Neste sentido, a pergunta sobre Deus e a
sua mística torna-se uma questão central no âmbito do labor filosófico da
realidade teológica e do ensino médio em nosso país.
Palavras-chave: Filosofia. Escola. Espiritualidade. Ensino.
14.
Cura ou Busca de Sentido: O Caso das Benzedeiras em Alagoas
Nome: Maria Jeane dos Santos Alves
Titulação: Doutoranda
Instituição: UNICAP
Resumo: A benzeção é uma prática terapêutica cultural e religiosa das
mais antigas e ainda presente em muitas localidades. Ligadas às práticas
sincréticas que vão desde o catolicismo popular as religiões afro indígenas.
Apresenta uma variedade de características de acordo com cada região do
país, em geral o toque, a escuta, o olhar e principalmente o acolhimento
por parte do benzedor é o que a diferencia de outras práticas terapêuticas.
Mística e Espiritualidade
145
Dotada de uma espiritualidade e mística própria as benzedeiras em geral
utilizam em suas curas ramos verdes, rosários, terços, santos e outros
objetos religiosos. O contexto social, plural, global e fragmentado
provocam no indivíduo encantamento, mas ao mesmo tempo pode eva-lo
o ao desencantamento e a uma crise de sentido. Esta pesquisa tem como
objetivo estudar os motivos que levam os indivíduos a buscarem a cura
através da prática da benzeção enquanto forma terapêutica paralelamente
enquanto buscam os tratamentos cientificamente comprovados. Cura ou
busca de sentido? O que procuram quando busca esta forma terapêutica?
O tema será abordado utilizando os referenciais teóricos fenomenológicos
de Alfred Schultz. O estudo abrange os municípios Alagoanos de Maceió,
Santa Luzia do Norte, Coqueiro Seco e Pilar. Pretende compreender os
fatores e as razões pelas quais as pessoas procuram as benzedeiras, bem
como analisar a permanência desta prática curativa da benzeção ao longo
dos tempos.
Palavras-chave: Cura. Busca de Sentido. Benzedeiras.
15.
Psicoterapia e Religião: uma busca de si mesmo
Nome: Priscila de Camargo Nunes Silva
Titulação: Aprimoramento Pós Graduação em Psicologia Clìnica
Instituição: PUC/SP
Resumo: A experiência religiosa foi um tema recorrente nos estudos
de Jung e em alguns momentos chegou a ocupar lugar central em seus
escritos. Em suas investigações científicas Jung se deparou constantemente
com o fenômeno religioso e, mantendo-se em rigor científico, ele observou
as manifestações do que chamamos de fator religioso, tomado em sua
amplidão universal, abrangendo as representações religiosas tanto do
homem primitivo como nas religiões mais avançadas. Pode reconhecê-la
como conteúdo arquetípico da alma humana. Mesmo sem falar de Deus
com o propósito de demonstrá-lo, ele admite na estrutura do homem
uma potencialidade nata que exerce uma função transcendente e que o
146
GT 6
impulsiona a procurar Deus e com Ele se relacionar. (Jung, 2011). De
acordo M.-L. Von Franz (1964, p. 163), há um processo natural na
experiência humana onde o indivíduo vive a vida procurando desenvolverse. Conscientemente ou não ele busca a sua totalidade, uma aproximação
com o si mesmo. Entendendo o homem contemporâneo que traz em si,
ainda hoje, a experiência religiosa como conteúdo arquetípico e que ao
mesmo tempo tem à sua disposição descobertas e estudos sobre a psique,
como a que se propõe a Psicologia Analítica, evidencia-se a possibilidade
um caminho complementar entre um e outro, de integração das duas
experiências rumo à busca do homem por si mesmo, por sua totalidade.
A religião, como experiência transcendente, sendo uma possibilidade de
conectar o homem e Deus, e a psicoterapia, de outra forma, também
promovendo um encontro, a integração entre inconsciente e consciente
na busca de si mesmo, entre ego e Self.
Palavras-chave: Processo de individuação. Alma. Religião e psicoterapia.
Mística e Espiritualidade
147
GT 7: Teologia(s) da Libertação
______________________________________
Coordenadores
Prof. Dr. Paulo Agostinho – PUC/Minas
Profª Drª Luiza Tomita – ITESP
Ementa
O GT TdL objetiva reunir pesquisadores (as) que investigam sobre as
diversas formas de teologia contextuais que se compreendem como “da
libertação”, que articulam teologia e libertação, a defesa da dignidade ecohumana, e da justiça e solidariedade. Também se abre, nessa perspectiva,
às questões de metodologia e epistemologia teológica; às articulações
entre mediações filosófico-científicas e hermenêuticas e as perspectivas
praxísticas; aos embates com as ciências da religião, às mudanças de
paradigma. Considera os novos sujeitos e lugares teológicos, assim como
as diferentes categorias de análise como gênero, raça/etnia, além de classe
social, privilegiando os mais diversos temas na perspectiva da libertação e
do diálogo interdisciplinar e suas interfaces com o contexto atual de busca
de ecumenismo, pluralismo e diálogo inter-religioso.
148
1.
Aproximações entre a Teologia da Esperança de Jürgen Moltmann
e a Teologia Latino-Americana da Libertação em uma perspectiva
escatológica
Nome: Cesar Augusto Kuzma
Titulação: Doutor
Instituição: PUC/PR
Resumo: A Teologia da Esperança de Jürgen Moltmann é, seguramente,
uma das obras que mais influenciou a teologia contemporânea, sobretudo
do ponto de vista da escatologia, realçando em seu discurso o compromisso
com uma teologia pública. Jürgen Moltmann propõe um novo enfoque à
escatologia, destacando a realização da esperança escatológica por meio da
justiça, da humanização do ser humano, da socialização da humanidade
e da paz para toda a criação. O contexto em que esta obra foi escrita
retrata as mudanças políticas, culturais, teológicas e religiosas da década
de 1960, do século XX. No final da década de 1960, influenciada pela
abertura eclesial provocada pelo Concílio Vaticano II (1962-1965) e pela
Conferência Episcopal de Medellín (1968), surge na América Latina um
novo jeito, uma nova forma de se fazer teologia, o que trazia uma nova
postura de Igreja e do ser cristão na sociedade. Fala-se aqui da Teologia
Latino-Americana da Libertação ou da forma como é conhecida: Teologia
da Libertação. Para este trabalho, propõe-se uma aproximação entre elas
a partir de uma perspectiva escatológica, destacando a esperança que se
encontra em cada teologia e a maneira como esta interage e fortalece a
missão em prol do Reino de Deus.
Palavras-chave: Teologia da Esperança. Jürgen Moltmann. Teologia
Latino-Americana da Libertação. Escatologia. Esperança. Reino de Deus.
Teologia(s) da Libertação
149
2.
A resistência cristã na America Latina e o despertar islâmico no Irã:
um estudo sobre o papel da religião nas transformações políticas e
sociais do século XX
Nome: Adnan Abdallah El Sayed e Patrícia Simone do Prado
Titulação: Mestrando e Mestranda
Instituição: UFRGS e PUC Minas
Instituição financiadora: Bolsistas Capes
Resumo: O cenário internacional na segunda metade do século XX foi
marcado por golpes de Estado e implementação de regimes ditatoriais
nos mais diversos países em todos os continentes. Neste contexto, surgem
movimentos de libertação que, sob diversas inspirações ideológicas, se
unem na esfera política em oposição a tais regimes. Em alguns desses
movimentos a religião se apresenta como uma força mobilizadora nas
ações de conscientização e resistência. Na América Latina este tipo de
ação será vista em movimentos como o da Teologia da Libertação que,
inspirada nos evangelhos e na pessoa de Jesus, busca nas fontes cristãs os
princípios de sua luta contra a opressão e a exploração. No Irã, por sua
vez, ocorre o despertar islâmico vivenciado na Revolução Iraniana que
busca na religião as bases da luta por justiça contra a tirania estabelecida.
Inseridos em continentes diferentes e com perspectivas teológicas distintas,
a Teologia da Libertação e a Revolução Iraniana apresentavam algo em
comum: a busca por uma sociedade mais justa e a libertação do oprimido.
Baseados em uma teologia contextualizada, tais movimentos marcaram
sua época e deixaram na história rastros não apenas de uma resistência,
mas de uma fé prática que não se desvincula da realidade política em sua
missão religiosa. O presente trabalho procura identificar, a partir de um
enfoque teórico-analítico, as bases teóricas que respaldam a atuação de
ambos os movimentos religiosos nas transformações políticas e sociais,
buscando também verificar os possíveis diálogos entre eles.
Palavras-chave: Teologia da Libertação. Revolução Iraniana. Religião.
150
GT 7
3.
A Teologia da Libertação e os desafios dos novos cenários
Nome: Paulo Agostinho N. Baptista
Titulação: Doutor
Instituição: PUC Minas
Resumo: A presente Comunicação objetiva refletir sobre as perspectivas da
Teologia da Libertação (TdL) nos novos cenários: o contexto atual da Igreja,
os novos sujeitos e lugares teológicos e os diversos desafios da sociedade
globalizada. Diante da situação eclesial e eclesiástica contemporânea, das
mudanças na sociedade, na cultura e nas religiões, dos desafios econômicos,
políticos e ambientais é necessário que se dê continuidade – na perspectiva
que tem sido realizado pelo Fórum Mundial da TdL – ao debate sobre as
possibilidades desse teologia como resposta aos grandes problemas que
impactam o mundo atual. Primeiramente, aborda-se a situação histórica
dos atuais cenários e mudanças. No segundo momento se discute os novos
sujeitos e lugares teológicos que emergem dessa realidade. O terceiro
tópico aborda as perspectivas que se abrem e os problemas que provocam
a TdL, na América Latina e no mundo globalizado, a continuar sendo fiel
ao seu método e a produzir sua palavra libertadora.
Palavras-chave: Teologia da Libertação. Fórum Mundial da Teologia da
Libertação. Sujeito teológico. Lugar teológico. Igreja. Libertação.
4.
A grounded theory da circularidade entre fé e migrações. Uma proposta
metodológica para pesquisa de campo em teologia
Nome: Carmem Lussi
Titulação: Mestre
Instituição: PUC Rio
Resumo: A circularidade entre o dinamismo das migrações e a vitalidade na
fé é uma teoria, formulada com base empírica, a partir de uma pesquisa de
campo junto a migrantes internacionais. A pesquisa foi realizada em base
Teologia(s) da Libertação
151
aos procedimentos de um método rigoroso para o estudo de fenômenos
dinâmicos, com abordagem qualitativa, conhecido como Grounded
Theory (GT) ou Teoria Fundamentada nos Dados. A reflexão teológica
sobre a vivência cristã, a partir da análise dos dados empíricos referentes
ao fato migratório, fornece categorias e insights para a interpretação da
experiência migratória e sua incidência na vivência cristã e eclesial. A fé,
por sua vez, determina os fatos e os significados da migração. Após uma
dúplice introdução sobre a pesquisa que originou o presente estudo e
sobre a importância de um discurso metodológico na produção teológica,
o texto apresenta brevemente o método da GT e os principais resultados
obtidos na referida pesquisa.
Palavras-chave: Migração. Fé. Grounded Theory. Abordagem
Interdisciplinar. Metodologia Teológica.
5.
Teologia desde a América Latina: experiência e interpretação
Nome: Fábio César Junges
Titulação: Mestre
Instituição: EST
Instituição financiadora: CNPq
Resumo: Nesta pesquisa, por meio de uma inflexão de pensamento
de Theodor Adorno, procura-se apontar elementos e condições de
possibilidade da Teologia da Libertação hoje. Articulada desde a
contribuição de Adorno, a pesquisa se constitui a partir de dois movimentos:
o primeiro crítico, enquanto renúncia de chegar à totalidade da realidade;
e o segundo positivo, enquanto preservação da esperança de uma vez se
chegar à realidade de modo justo. A Teologia da Libertação se revela,
nesta perspectiva, como o irromper do instante interpretativo em meio
à desesperança da realidade danificada. Ao invés de querer desenvolver, a
partir de si mesma, o conceito de realidade e de toda realidade, a tarefa da
reflexão teológica consiste em interpretar os entrelaçamentos históricos,
o que exige um olhar audacioso para as pequenas coisas, para dentro das
152
GT 7
brechas, das fissuras da realidade enclausurada e sufocada pelo sistema.
Não há, contudo, chave segura para esta interpretação da realidade.
Isso significa, primeiro, que a realidade não poderá ser enclausurada no
modelo interpretativo constituído e assegurado como válido e, segundo,
que a chave hermenêutica que abre de golpe a realidade já terá cumprido a
sua função quando esta for aberta e se esvai junto com a pergunta quando
solucionada a questão. O que importa, neste caso, não é o método, não
são as regras interpretativas, mas a verdade.
Palavras-chave: Teologia da Libertação. Experiência. Interpretação.
6.
Questões epistemológicas para a Teologia da Libertação a partir de
perspectivas étnicas e culturais: provocações e desafios
Nome: Luiza Tomita
Titulação: Doutora
Instituição: UNISAL
Resumo: Ao se comemorar os 40 anos da Teologia da Libertação latinoamericana, ou melhor, das teologias da libertação latino-americanas,
somos levados a refletir sobre o que significa exatamente uma teologia
“da libertação”. Assim, questões epistemológicas nos desafiam a discutir o
significado desta expressão. Nos últimos anos, teólogos adeptos de teologias
contextuais, como as indígenas (de todo o planeta), a teologia minjung
(da Coréia), a teologia Dalit (da Índia), a afro-americana, etc., estão
afirmando que a teologia da libertação não contempla suas aspirações, pois
há indícios de que se tenha transformado em uma teologia acadêmica, que
discrimina as teologias étnicas e populares. No nosso entender, existem
diferentes modalidades de teologias da libertação, pois partem dos mesmos
pressupostos que nortearam a elaboração da teologia da libertação latinoamericana nos anos setenta: a opção pelos pobres, partir da realidade/
contexto de opressão e marginalização, utilização de mediações sócioanalíticas, e, em sua maioria, o uso de uma mediação hermenêutica a partir
da Escritura e das fontes da tradição cristã. Queremos abrir um espaço de
Teologia(s) da Libertação
153
provocações e debate: por que algumas teologias de cunho étnico não
se sentem contempladas enquanto teologia da libertação? Propõe-se aqui
um debate sobre questões epistemológicas de cunho ideológico, tais como
preconceitos, pertenças, opções, mediações, entre outras.
Palavras-chave: Libertação. Epistemologia. Etnias e Culturas. Pluralismo.
Pertença.
7.
Imagens de Deus e Liberdade: Decorrências no compromisso histórico
de humanização e transformação da sociedade
Nome: Anastácio Ferreira de Oliveira
Titulação: Mestrando
Instituição: FAJE
Resumo: A comunicação propõe, a partir das leituras de José Comblin
(Vocação para a liberdade) e de Juan Luís Segundo (Teologia abierta para el
laico adulto 3. Nuestra Idea de Dios), uma reflexão teológica sobre as imagens
de Deus transmitidas no processo histórico da evangelização. A pesquisa
perpassa elementos antropológicos, cristológicos, pneumatológicos,
trinitários e eclesiológicos, com vistas a uma aproximação da revelação
de Deus Encarnado na história, à luz do Mistério Pascal de Jesus Cristo,
identificando as decorrências para a liberdade humana no compromisso
histórico de humanização e transformação da sociedade atual. Percebese nessa sociedade insistente tendência a rejeitar uma noção de Deus
encarnado, reduzindo-o a um Deus inacessível, impassível, cristalizado em
conceitos metafísicos, distante da realidade humana e em oposição a ela.
Apresentar-se-á o Deus Encarnado historicamente em Jesus, seus gestos
e práticas, sintonizado com o Pai, sob a condução do Espírito, dando
sentido à existência humana revelando-lhe sua identidade relacional.
Evidenciar-se-á os influxos da experiência do Deus-Comunidade que é
liberdade em busca da liberdade humana, sem violentá-la e o que significa,
numa sociedade marcadamente utilitarista e individualista, crer num Deus
de pura gratuidade; identificar-se á as implicações éticas da concepção do
154
GT 7
Deus relacional, numa sociedade que uniformiza e desumaniza a pessoa.
Palavras-chave: Deus. Cristo. Liberdade. História. Humanização.
Sociedade.
8.
Cristologia e libertação: a humanização de Deus-humanização do ser
humano
Nome: Rosana Araujo Viveiros
Titulação: Mestranda
Instituição: FAJE
Agência financiadora: CAPES
Resumo: A comunicação propõe, a partir da leitura das obras de Gabino
Uríbarri, La singular humanidad de Jesucristo, e de José Maria Castillo,
La humanización de Dios, uma reflexão cristológica como caminho de
libertação. O percurso consistirá em refletir sobre a pessoa de Jesus como
destinatário do Espírito e, ao mesmo tempo, como remetente do Espírito.
Pretende-se, assim, refletir sobre a integração dos dois movimentos da
cristologia: o ascendente e o descendente. Demonstrar-se-á que, o caminho
da humanização de Deus torna possível a humanização do ser humano no
seguimento de Jesus, pelo Espírito, isto é, num processo de libertação.
Segue-se daí a necessidade de auferir as consequências para a vida cristã,
vivida no interior de sua tradição, numa perspectiva de abertura e acolhida
diante da pluralidade e da multiculturalidade na qual o cristão vive hoje.
Palavras-chave: Libertação. Jesus Cristo. Espírito. Humanização.
Teologia(s) da Libertação
155
GT 8: Religião, Ecologia e
Cidadania Planetária
______________________________________
Coordenadores
Prof. Dr. Afonso Murad – FAJE. MG
Prof. Dr. Pedro Ribeiro de Oliveira – PUC Minas. MG
Ementa
O GT terá por objetivo dar continuidade ao trabalho realizado no GT 8
do 24º Congresso (2011), priorizando as questões teóricas e experiências
relevantes na relação entre Religião, ecologia e cidadania planetária. Será
dada prioridade a comunicações que (i) abordem problemas teóricos
envolvidos no debate atual, (ii) analisem experiências de formação da
consciência ecológica/planetária, ou (iii) apresentem dados de pesquisa
empírica sobre o tema. Os temas deverão favorecer uma discussão sobre a
contribuição religião para a educação ambiental, a consciência ecológica
e a cidadania planetária, bem como os obstáculos por ela colocados para
seu desenvolvimento.
156
1.
Análise das “práticas ambientais” realizadas nas redes sociais e redes
religiosas no município de Rio Grande da Serra
Nome: Claudio Pereira Noronha
Titulação: Doutorando
Instituição: UMESP
Resumo: O presente trabalho se propõe analisar o desenvolvimento
de uma “consciência ecológica”, através da construção de “práticas
ambientais”, organizadas a partir de grupos religiosos. O município de
Rio Grande da Serra (região do Grande ABC paulista e RMSP), está,
desde 1976, inserido em uma Legislação de Proteção de Mananciais,
fato que dificultou a implantação de um grande número de indústrias,
mas não impediu práticas degradantes, como o despejo de lixo em vias
públicas, ou mesmo a ocupação de áreas de preservação. Apresentaremos
exemplos dessas práticas, entre eles: seminários organizados pela “Rede
Social” (associação que reúne igrejas e sociedade civil) sobre a importância
de uma consciência ecologia no município e o desenvolvimento de uma
educação ambiental no “Projeto Pequeno Samuel”, organizado pela Igreja
Batista.
Palavras-chave: Práticas ambientais. Redes sociais. Redes religiosas.
2.
Ecologia e Espiritualidade: o testemunho de um seringueiro
Nome: José Rocha Cavalcanti Filho
Titulação: Doutorando
Instituição: PUC/SP
Resumo: Temas ecológicos não podem ser abordados sob a ótica polêmica
das catástrofes, naturais ou promovidas pelo homem, com possível geração
de violência à vida e ao equilíbrio planetário. Ecologia, ciência do Oicos,
estuda as relações dos seres vivos entre si e destes com a matéria não viva
do planeta Terra. A temática ‘Ecologia e Espiritualidade’ reflete a interação
Religião, Ecologia e Cidadania Planetária
157
de todo o meio vivo e não vivo que se comunicam e se completam sem
excluir ou auto-excluir. Espiritualidade, como Espírito maior, diz respeito
à integração de tudo e de todos em um grande elo; para entender essa
relação há que perceber-se e perceber-nos como parte, sem perder a
consciência do todo. O homem tem consciência dos sérios problemas
que cria e também tem consciência de ser capaz de buscar meios para
evitar a destruição do meio ambiente e encontrar saída com justiça social
para superar: pobreza, analfabetismo, fome, miséria, – tudo o que possa
subtrair a dignidade humana. Na discussão de Ecologia e Espiritualidade
é preciso levantar questões: que sociedade desejamos construir? que
valores e virtudes devem reger as relações e interações do homem com os
demais seres vivos e com a matéria não viva do planeta? como suplantar a
condição homicida, fratricida, infanticida e suicida no homem frente ao
ter? como recuperar o ser, ou seja, tornar-se à imagem e semelhança de
Deus. A reflexão deste trabalho busca aliar a espiritualidade à ecologia,
pois a espiritualidade pode e deve contribuir muito com essa e outras
problemáticas da atualidade.
Palavras-chave: Ecologia. Espiritualidade.
3.
Edgar Morin: pensamento para tempos de crise
Nome: Thiago Franco
Titulação: Mestrando
Instituição: PUC Minas
Resumo: Crise, inicialmente um termo da medicina de Hipócrates,
que indicava a transformação ocorrida no curso de uma doença em
sentido favorável ou não. O autor diz que “A crise não é o contrário do
desenvolvimento, mas a própria forma deste”. Ilustra a situação de crise
como se a Terra fosse um avião quadrimotor, sendo seus motores a ciência,
a técnica, a economia e o lucro; entretanto esta aeronave encontra-se sem
piloto vagando rumo a catástrofes. O autor então questiona sobre qual
seria nosso caminho. A metáfora do veículo movido por um quadrimotor
158
GT 8
que, de maneira desordenada, nos aponta ao abismo, traz dois possíveis
futuros: a catástrofe ou um processo de metamorfose. A busca desenfreada
das sociedades por progresso, desenvolvimento científico e técnico, ou seja,
a exaltação da razão culminou no que o mesmo denomina crise planetária.
Uma policrise, algo generalizado entre as civilizações, presente em todas
as áreas do saber, em todos os domínios da ciência. (PETRAGLIA, 1995,
p. 63-64). Neste momento “há uma busca da unidade do verdadeiro,
do bem, do belo, da restauração da comunhão e do sagrado. Nas ruínas
de tudo o que o progresso destruiu, ele próprio doravante em ruína, há
uma busca de verdades perdidas...”. Tal questão é o ponto principal desta
comunicação: buscar no pensamento de Edgar Morin o papel e lugar da
religião em meia a essa crise planetária, compreender o que ele chama de
evangelho da perdição ou dos homens perdidos na crise planetária.
Palavras-chave: Edgar Morin. Religião. Crise planetária.
4.
Antropocentrismo e biocentrismo no horizonte da Igreja Católica
Apostólica Romana
Nome: Luiz Eduardo de Souza Pinto
Titulação: Mestrando
Instituição: PUC Minas
Resumo: A religião cristã apresenta características antropocêntricas. Desde
o século XX observam-se críticas ao paradigma cartesiano que coloca a
espécie humana em um patamar diferenciado das demais espécies. Diante
da sociedade integrada e da inter-relação global dos elementos naturais
que sustentam a vida no planeta, há uma nova perspectiva em emersão,
o biocentrismo. Este fato impõe à Igreja Católica Apostólica Romana
a necessidade de repensar os aspectos antropocêntricos que norteiam
sua doutrina e seus valores religiosos. Em todo o planeta, movimentos
ecológicos ganham destaque e gradativamente novos elementos colaboram
para a constituição da cidadania planetária fruto da interação harmônica
entre humanos e meio ambiente. A questão da cidadania planetária se
Religião, Ecologia e Cidadania Planetária
159
sustenta na visão unificadora do planeta e de uma sociedade mundial
ecologicamente sustentável. Este panorama abarca um conjunto de
princípios, valores, atitudes e comportamentos e demonstra percepção
da Terra como uma comunidade universal o que traz implicações ao
cristianismo, e em especial, para a sua maior instituição, a Igreja Católica
Apostólica Romana.
Palavras-chave: Antropocentrismo. Biocentrismo. Igreja Católica
Apostólica Romana.
5.
Teologias e Direitos: O ordenamento de uma democracia na perspectiva
da inclusão dos direitos e das narrativas dos povos. Apontamentos
sobre a questão ecológica
Nome: Manoel Ribeiro de Moraes Júnior
Titulação: Doutor
Instituição: UEPA
Resumo: Não há justiça sem simbiose e simbolização com o outro. A
justiça ecológica e a justiça étnica só existem quando elas se realizam nos
espaços e nas vivências dos mundos de seus concernidos. Só há justiça
ecológica e étnica quando as narrações sobre a vida e o mundo ganham
audição e participação de todos, quando as teologias se entrecruzarem
participativamente na vida pública. Faremos uma reflexão sobre a
necessidade de uma constituição local e fluída do ordenamento e da
identidade jurídica de uma democracia sob o ponto de vista de uma
hermenêutica teológica. Objetivo: Discutir o ordenamento jurídico e o
direito ecológico sob a condição da inclusão radical das concepções dos
povos na própria definição efetiva de justiça e direito.
Palavras-chave: Teologia. Direito. Ecologia.
160
GT 8
6.
Cúpula dos Povos e Rio+20. Balanço inicial à luz da Ecoteologia
Nome: Afonso Murad
Titulação: Doutor
Instituição: FAJE e ISTA
Resumo: A cúpula dos Povos (evento da Sociedade Civil) e a Rio+20
(evento oficial intergovernamental) polarizaram a atenção do mundo.
Com elas e a partir delas levantaram-se novas expectativas em torno
da sustentabilidade. Articularam-se iniciativas de caráter tecnológico,
científico, ético, cultural e espiritual. Esta comunicação, em parceria com
o Prof. Pedro Ribeiro, apresentará uma síntese do evento, na perspectiva
da consciência planetária. Que possibilidades surgem destes eventos? À luz
da fé cristã, quais seriam os “sinais dos tempos” que daí afloram?
Palavras-chave: Cúpula dos Povos. Rio+20. Ecoteologia.
Religião, Ecologia e Cidadania Planetária
161
GT 9: Interculturalidade
______________________________________
Coordenadores
Prof. Dr. Ênio José da Costa Brito – PUC/SP, SP
Prof. Dr. Alain Pascal Kaly – UFRRJ
Prof. Doutorando Marcos Rodrigues da Silva – FURB
Profª Me. Selenir Gonçalves Kronbauer – EST
Ementa
As culturas e religiões afro-brasileiras e indígenas, presentes desde os
primórdios na formação da sociedade brasileira, contribuíram efetivamente
para a construção de sua identidade. Contribuição nem sempre reconhecida
pelos grupos culturais e religiosos hegemônicos. Na atualidade, a sociedade
brasileira passa por um crescente e vertiginoso processo de Globalização,
provocando um maior contato entre diversas culturas e religiões, contato
gerador de tensões e desafios. A interculturalidade é a tomada de consciência
de que todas as culturas estão em um processo de gestão de seus próprios
universos de sentido e, ainda, sem a possibilidade teórica de subsumir mais
plenamente o outro nos seus sistemas de interpretações. No entanto, traz
também no seu bojo uma proposta de convivência pacífica e democrática
entre as diferentes culturas e religiões. Proposta que pode contribuir para a
constituição de uma sociedade mais equitativa, responsável e solidária. Este
GT quer analisar e discutir os desafios decorrentes dos atuais processos de
hibridação e pluralismo para as culturas, para as crenças e para as diversas
linguagens religiosas, consciente da complexidade e dos riscos presentes
nos processos derivados da interculturalidade, que se não forem bem
compreendidos podem esconder desigualdades e intolerâncias.
162
1.
A experiência do sagrado guarani: o Território e a Palavra
Nome: Victor Rene Villavicencio Matienzo Matienzo
Instituição: PUC Minas
Titulação: Doutor
Resumo: Atualmente, uma das maiores tradições espirituais do continente
Sudamericano vive o maior exilio da sua experiência do sagrado: a
usurpação do seu território. O território no universo guarani, manifesta a
densa experiência histórica da revelação guarani. A dimensão histórica dessa
revelação compreende-se na manifestação da Palavra humana, isto é, da
realidade que autentifica o ser humano no mundo com ouvinte da Palavra.
A Palavra guarani manifesta a densa relação do ser humano com território;
pois nele manifesta-se a realidade da vida humana no mundo. O território
revela o lugar teológico e histórico do senhorio da Palabra humana sobre
o mundo e da comunicação do mundo ao ser humano. O uso autêntico
da linguagem humana determina a intensidade da experiêcia do sagrado.
Neste sentido, a experiência do sagrado revela uma tradição onde a relação
do ser humano com sua história é apenas possível na relação semantica
com a vida humana dada na linguagem guarani e da relação poética com
o território, dado na revelação do canto humano. A experiência da Palavra
guaraní foi anunciada para superar dois dilemas do humanidade no
mundo: o problema do destino humano – entendido como um presságio
inevitável – e da construção de humanidade – entendida como uma
vontade de poder humana; nesta superação revela o verdadeiro sentido
da experiência sagrada: a descoberta do humano e do seu território, no
pleno exercicio da liberdade. O cuidado do humano e sua relação com
o território éa principal experiência religiosa do sagrado do guarani. O
objetivo dessa experiência religiosa é humanizar e ao humanizar produzir
o conteúdo da Palavra como uma Palavra cantada, dialogadaque apontam
para a vida humana no território. Assim, pode se dizer que, a revelação
desta Palavra é práticamente a revelação da verdadeira condição humana
no mundo. O processo de humanização passa pela capacidade de cultivar
Interculturalidade
163
e cuidar o valor da Palavra, pois sem ela o territorio deixa de humanizar-se.
Palavras-chave: Hermenêutica. Fenomenologia. Tradição guarani.
Fenomenologia religiosa.
2.
Cultura. Religião. Saúde
Nome : Antonio Alone Maia
Instituição: USP
Titulação: Mestre
Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo geral falar sobre a representação
social da doença, isto é, doença como um fenômeno que preocupa o
ser humano como um todo, não interessa sua procedência epidérmica.
Especificamente a pesquisa pretende apresentar modelos endógenos
construídos que explicam a saúde, doença e cura como um fenômeno
ligado à cultura. Pretende-se dar ênfase no papel da cultura na constituição
da experiência emotiva. Sendo assim, a cultura enquanto sistema de
símbolos e significados modela a subjetividade humana. Desta forma,
buscaremos fazer uma analise metacultural comparando as concepções de
saúde, doença e cura do povo africano Nyungwe de Moçambique com
outros povos.
Partimos de uma hipótese de que todos os povos sentem a doença como
ameaça, como algo que tem uma causalidade externa e por isso mesmo
precisa ser combatida. Cada povo tem a sua forma de como perceber e
buscar os meios de diagnosticar a mesma. Ou seja, há modelos etiológicos
construídos culturalmente assim como há modelos terapêuticos igualmente
moldados pela cultura. O ser humano é de todos, aquele que possui
cultura e religião. Não só possui cultura, mas também inventa cultura.
Não obstante, a doença constitui um desafio e uma ameaça para ele. Por
isso mesmo, a visão cultural e religiosa da doença participam do processo
terapêutico para garantir a saúde e em ultima instancia o bem-estar.
Palavras-chave: Cultura. Modelo. Representação.
164
GT 9
3.
Religiosidade e a medicina tradicional na cultura africana
Nome : Luis Tomás Domingues
Instituição: UNILAB
Titulação: Doutor
Resumo: A religiosidade e a medicina tradicional na cultura africana
A medicina tradicional na África está profundamente ligada ao sistema
religioso Africano. Esta relação se caracteriza pela crença de seres
sobrenaturais através dos processos rituais das etapas da vida do ser
humano na sua dimensão natural e espiritual. E crenças e as praticas
religiosas estão presentes nas atividades de vida quotidiana, nas atitudes
e ocorrências eventos diários, etc. assim como, nas cerimonias especiais.
E os rituais, estão sempre presentes e vinculados às principais fases do
homem: nascimento, iniciação, casamento, morte e às determinadas
estações da natureza: plantação, colheitas, secas, etc. Nessa dinâmica os
espíritos constituem os intermediários entre Deus e os seres humanos,
entre o mundo natural e o sobrenatural. A medicina tradicional, através
dos seus mestres, se encontra profundamente engajada nesse processo
de reconquista do equilíbrio do homem. A observância das obrigações e
rituais, o comportamento adequado são necessários para a manutenção
da longevidade e harmonia do homem, da comunidade e da sociedade
africana em geral. Os lideres das religiões tradicionais em África são
considerados como verdadeiros profissionais e cada etapa do aprendizado
requer certo período de formação especifica no mundo espiritual para o
seu exercício como médico tradicional. Por conseguinte, nós constatamos
que dentro das diversidades étnicas existentes em África, especificamente
em Moçambique, existe uma profunda ligação entre medicina tradicional
e o sistema religioso na cultura Africana.
Palavras-chave: Medicina tradicional. Religiosidade. Cultura Africana.
Moçambique.
Interculturalidade
165
4.
Umbanda no Santo Daime: uma tensão cultural
Nome : Celso Luz Gusman Neto
Instituição: PUC/SP
Titulação: Mestre
Resumo: O Santo Daime é uma religião que foi fundada na década de
1930, mas foi só a partir da década de 1980, em função da expansão
para fora dos limites da floresta amazônica, que a Umbanda passou a
adquirir visibilidade na cosmovisão daimista. Sebastião Mota de Melo
foi o responsável por comandar esta expansão, fazendo de seu grupo
o segmento o mais expressivo dentre aqueles que derivaram do tronco
original de Mestre Irineu, fundador do Santo Daime. A integração da
Umbanda significou uma flexibilização do controle característico dos
rituais no Santo Daime, significou a entrega ao fluxo do corpo ao invés da
contensão dos impulsos, significou a possibilidade do instituinte diante
do instituído. Assim, na dialética da relação entre Umbanda em Santo
Daime, foram surgindo pontos de tensão tanto de ordem institucional,
como de ordem moral e cultural.
Palavras-chave: Interculturalidade. Sagrado Selvagem. Santo Daime.
Umbanda
5.
A religiosidade Afro-Brasileira nos Cultos da Igreja Universal do
Reino de Deus-IURD
Nome : Marcelo Frezarini
Instituição: PUC/SP
Titulação: Mestre
Resumo: O texto procura abordar diversos elementos da cultura afrobrasileira presentes na Igreja Universal do Reino de Deus a partir dos
cultos de exorcismo ocorridos nesta. Após estudo do processo de
166
GT 9
demonização das entidades afro-brasileiras nos cultos de exorcismo da
IURD, destaca alguns elementos afro-brasileiros que lá aparecem e que
são demonizados por um lado, e encontram no neopentecostalismo um
ambiente de manifestação de práticas afro-brasileiras agora legitimadas
sob a forma de cristianismo por outro. Ao mesmo tempo em que se dá
uma tensão entre cultura afro-brasileira e cristianismo, ocorre também um
ambiente propício para a continuidade da primeira imersa na segunda. A
comparação dos cultos de exorcismo atuais com os cultos de exorcismo de
outras fases da Igreja permite ressaltar que mais elementos afros ganharam
espaço dentro do neopentecostalismo.
Palavras-chave: Neopentecostalismo. Cultura afro-brasileira. Igreja
Universal do Reino de Deus. Demonização.
6.
Os Voduns estão em São Paulo! Cosmovisão e tradição jeje nas religiões
afro-brasileiras
Nome: Érica Ferreira da Cunha Jorge
Instituição: UFABC
Titulações: Mestranda
Resumo: O presente trabalho procura resgatar elementos da tradição
jeje para as religiões afro-brasileiras praticadas na capital paulista. Muitas
contribuições teóricas esclareceram o quadro analítico das nações africanas
no Brasil e dos rituais do candomblé (BASTIDE, 1958; RODRIGUES,
1976 CARNEIRO, 1977). Outras favoreceram a compreensão da
migração cultural e religiosa do candomblé baiano para a São Paulo
(PRANDI, 1991) ou ainda a tese da umbanda como uma religião
brasileira adaptada ao processo de urbanização e industrialização nos anos
30 do século passado (PRANDI, 1990; ORTIZ, 1999). Nossa proposta
é analisar como a tradição da nação jeje se configura na capital paulista
recuperando a cosmovisão desta tradição, hierarquia de divindades e a
organização social dos terreiros jejes. A ênfase na análise será em Vivaldo
da Costa Lima (1977), e Luis Nicolau Parés (2011) a fim de que estas
Interculturalidade
167
deem substrato teórico para uma interpretação apurada deste campo
religioso afro-brasileiro, tendo em vista analisar e discutir os desafios
decorrentes dos atuais processos de hibridação e pluralismo para as para
esta linguagem religiosa.
Palavras-chave: Tradição Jeje. Interculturalidade. Pluralismo. Sincretismo.
7.
Na trilha dos Orixás: origem e extensão do espaço sagrado das religiões
de matriz africanas em Belo Horizonte - MG (1960 aos dias atuais)
Nomes: Amauri Carlos Ferreira; Carlos Evangelista Veriano
Instituição: PUC Minas
Titulações: Doutor; Mestre
Resumo: Diferente de outras capitais brasileiras a investigação sobre
as religiões de matriz africanas em Belo Horizonte- MG é recente. As
pesquisas que abordam essa temática são raras. Com objetivo de dar
visibilidade e iniciar discussões sobre o modo de compreender os rituais
e as narrativas sagradas que essa comunicação apresenta uma pesquisa
em desenvolvimento na qual procura mapear a origem e a extensão dos
orixás na cidade de Belo Horizonte, MG. Essa pesquisa está vinculada
teoricamente aos estudos sobre imaginário religioso e procedimentos
metodológicos interdisciplinares. Assim essa comunicação discute os rituais
no espaço sagrado da cidade e o modo como são vistos. Tal abordagem
permite compreender e discutir os preconceitos que os adeptos dessas
religiões sofrem.
Palavras-chave: Cidade. Imaginário. Orixás. Rituais. Preconceito
8.
O catolicismo como uma experiência cultural
Nome : Antonio Lopes Ribeiro.
Instituição: PUC/GO
Titulação: Doutorando
168
GT 9
Resumo: Por longos séculos o cristianismo se apresentou ao mundo
como uma monocultura, engessado que sempre esteve à Cultura
Ocidental. No caso específico do catolicismo dos países ibéricos (Espanha
e Portugal), isso foi decisivo para a formação da identidade religiosa da
América Latina, resultando num misto sincrético de religião dos brancos
europeus, dos povos pré-colombianos que aqui viviam antes da invasão
e colonização e dos negros trazidos da África como escravos. Devido ao
pluralismo multicultural e religioso pós-moderno observa-se no âmbito
do catolicismo romano, a partir da realização do Concílio Vaticano II,
no que se refere à proposta pastoral de evangelização, um deslocamento
da concepção monocultural cristã, para uma concepção de experiência
multicultural de evangelização. Pretende-se no presente artigo, analisar,
por meio de pesquisa bibliográfica, como se deu essa evolução religiosa
que vai desde uma proposta monocultural de evangelização, a um projeto
de nova evangelização, que tem por objetivo, a inculturação do Evangelho,
respeitante à cultura do outro.
Palavras-chave: Catolicismo popular. Inculturação. Sincretismo religioso.
Monoculturalismo. Multiculturalismo.
9.
Teologia de libertação e interculturalidade - aproximações e avaliação
crítica
Nome: Roberto Ervino Zwetsch
Instituição: EST
Titulação: Doutor
Resumo: Desde os anos de 1990, houve uma ampliação na abordagem
das culturas por parte da Teologia da libertação. Não por acaso, se assume
o plural nessa forma de fazer teologia na América Latina e outros lugares.
A filosofia intercultural já há muito vem desenvolvendo pesquisas que
apontam para os desafios que as culturas colocam para a sociedade a
partir de diferentes contextos. No campo da reflexão teológica, porém, a
elaboração de uma teologia intercultural recém começa a ser enfrentada.
Interculturalidade
169
A partir da publicação dos trabalhos apresentados no Primeiro Encontro
Latino-Americano de teologias da libertação e interculturalidade, realizado
na cidade de San José, Costa Rica, em 2010, esta comunicação pretende
demonstrar a pertinência dessas aproximações teóricas e adiantar uma
primeira avaliação crítica.
Palavras-chave: Teologias da Libertação. Interculturalidade. Aproximações.
Análise Crítica.
10.
A linguagem simbólica da liturgia a caminho da inculturação em
meios afro brasileiros
Nome : Josuel dos Santos Boaventura
Instituição: PUC/RS
Titulação: Mestre
Resumo: A liturgia cristã é rica pelo Mistério que celebra, mas também
por possibilitar espaços para a criatividade. Ela se tornou ainda mais rica
em contato com as culturas. Deve-se reconhecer que a Igreja precisa das
culturas para evangelizar, pois sem as culturas não há evangelização. A
idéia de inculturação nasce, então, a partir da aproximação, diálogo e
intercâmbio cultural. No caso das culturas afro-brasileiras, este encontro
evangelizador foi dramático, marcado pela imposição de códigos culturais,
insensíveis à realidade dos interlocutores, acontecendo o mesmo no sentido
litúrgico. A linguagem não cumpriu a sua verdadeira finalidade: ser um
instrumento que favorece uma comunicação integradora intersubjetiva.
Deste encontro impositivo, nasce uma releitura e um resgate: a possibilidade
de celebrar com um novo jeito, com um novo rosto, que se chamou
‘Missa dos Quilombos’, ‘Missa afro’, ‘Missa inculturada’. Atualmente, por
causa dos excessos, tensões e conflitos, convém dizer: liturgia a caminho
da inculturação em meios afro-brasileiros, por estar ainda longe do ideal.
A presente pesquisa quer trabalhar a inculturação litúrgica a partir da
linguagem de alguns símbolos das culturas afro-brasileiras, resgatados na
liturgia católica, como proposta de adaptação do rito romano, prevista em
170
GT 9
documentos do Magistério da Igreja, como, por exemplo, a Sacrossanctum
Conicilium do concílio Vaticano II (1962-1965). A proposta é de uma
liturgia que se caracteriza pelo dinamismo e alegria, envolvendo muita
dança, ao som dos atabaques e outros símbolos da cultura negra. Com
muito gingado, o ato de celebrar torna-se assim rico e diversificado,
abrindo espaço para a criatividade dos gestos e das expressões litúrgicas,
inovando-as de forma notável. Trata-se de uma experiência que envolve
todo o corpo. Desta forma, o canto, a dança, o toque dos atabaques,
a natureza, os Ancestrais, a comida e as vestes de tradição africana são
valores indispensáveis nesta proposta litúrgica.
Palavras-chave: Linguagem. Cultura. Símbolos. Liturgia. Afro-Brasileiros.
Inculturação.
11.
Vale do Amanhecer: um exemplo de pluralismo nos novos movimentos
Nomes : Narcisa Castilho Melo, Cleiton Machado Maia
Instituição: UFRRJ
Titulação: Mestranda e Mestrando
Resumo: O presente trabalho se propõe a refletir sobre o xamanismo,
percebido muitas vezes como fenômeno religioso, no contexto dos novos
movimentos religiosos, utilizando como ponto central o Vale do Amanhecer,
no templo mãe de Brasília e em todos os templos espalhados pelo Brasil e
exterior, e suas técnicas; demostrando como essa religião enquadra-se nos
novos movimentos religiosos e apresenta um perfil de destaque sincrético.
Pretende discutir a complexidade presente na técnica xamânica, utilizando
características específicas presentes no Vale - símbolos, cores, ritos, canto,
objetos sagrados, viagem, curas - para exemplificar a complexidade deste
sistema religioso. Para tal, será abordado o caso de Tia Neiva, figura que
surge como líder fundadora e xamã da comunidade, onde suas experiências
vividas atuam na propagação e formação da doutrina. Cabe ainda ressaltar
a representatividade do Vale do Amanhecer enquanto religião participante
dos novos movimentos religiosos, conhecidos também como Nova Era,
Interculturalidade
171
onde o Templo Mãe em Brasília surge como o único capaz de suportar
e abranger todas as formas ritualísticas da tão emblemática figura de Tia
Neiva, apesar da presença de mais de cinco mil templos espalhados no
Brasil e mais de 350 espalhados no restante do mundo. Sem contar com os
vinte e oito mil médiuns iniciados na doutrina existentes só em Planaltina,
considerando que mais de mil conviveram e vivenciaram as histórias de
Neiva.
Palavras-chave: Diversidade Religiosa. Novos Movimentos Religiosos
Brasileiros. Vale do Amanhecer. Sincretismo.
12.
A onda do momento: um estudo sobre a experiência dos jovens adeptos
da Bola de Neve Church
Nome : José Antonio Boareto
Instituição: PUC Campinas
Titulação: Mestre
Resumo: O objeto de estudo deste trabalho são os jovens adeptos da Bola
de Neve Church. Procuramos aproximar de suas experiências e com isto
corroborar com os estudos em Ciências da Religião numa perspectiva
de análise partindo do instituinte ao invés da instituição. Através da
pesquisa de campo e da análise interdisciplinar oferecemos pistas para
uma compreensão deste fenômeno religioso juvenil. O desafio de localizálo dentro do Campo Religioso Brasileiro faz com que elaboremos outra
conceituação necessária para descrevê-lo: neo-tribalismo-pentecostal. As
delimitações para o estudo são os pensamentos sobre neopentecostalismo
como visto em Ricardo Mariano e neo-tribalismo como visto em Michel
Maffesoli. A experiência dos jovens é analisada através de três referências:
conversão, estética e experiência religiosa; da perspectiva de Rodney Stark,
Edin Abumanssur e Luiz Felipe Pondé respectivamente. Considerando
este conceito, oferece-se uma chave de compreensão para as características
tribais da igreja como teenfágica e propiciadora da emergência do sagrado
selvagem, e segundo o pensamento de Roger Bastide atuando como uma
172
GT 9
“serva dos orixás”.
Palavras-chave: Neopentecostalismo. Juventude. Neo-tribalismo.
Conversão. Estética. Experiência religiosa. Sagrado selvagem.
13.
Mercado Religioso Tupiniquim
Nome : José Maria da Silva
Instituição: Faculdades Integradas Vianna Júnior e Estácio
Titulação: Doutor
Resumo: Esse tema – talvez inusitado! – quer dar a idéia de que também
no campo religioso, assim como no futebol, no carnaval etc., o povo
brasileiro comporta-se de maneira sui generis. A temática é o mercado
de bens religiosos e a maneira como eles são apreendidos pelos fiéis das
diversas religiões e seitas no Brasil. O recorte utilizado é a forma como
esses bens apresentados são interiorizados pelo crente. O autor do presente
trabalho corrobora a teoria de que existe no Brasil, em escala cada vez maior,
um mercado de bens religiosos. O objetivo desses escritos é esboçar sua
especificidade. Seu sui generis, modo próprio, tupiniquim está na maneira
como os fiéis absorvem os bens religiosos colocados na ‘feira’. E, mais do
que isso ainda, está na capacidade desses fiéis de montar internamente sua
‘feira’, livrando-se, dessa forma, de ficar às expensas das instituições. Alguns
autores serão arrolados, promovendo-se um diálogo com eles e entre eles
naqueles pontos de seus textos em que se discute a questão do mercado
religioso brasileiro. Tal diálogo possibilitará a apresentação da hipótese do
presente trabalho segundo a qual os bens religiosos são oferecidos sim, mas
sua apreensão pelos fiéis consumidores brasileiros se dá de uma maneira
muito própria, diferente daquela percebida no mercado religioso exposto
por Berger.
Palavras-chave: Mercado. Mercado religioso. Feira. Tupiniquim. Pósmodernidade.
Interculturalidade
173
GT 10: Exegese e teologia bíblica
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Coordenadores
Prof. Dr. Geraldo Dondici Vieira – PUC Rio, RJ
Prof. Dr. Leonardo Agostini Fernandes – PUC Rio, RJ
Prof. Dr. Paulo Jackson Nóbrega de Sousa – FAJE
Ementa
A Bíblia é um tecido literário que nasce - e, em parte, é lido - numa
comunidade de crentes que vivem num determinado ambiente sóciohistórico. A temática da mobilidade religiosa é bastante presente na
experiência de Deus registrada neste livro. Nestes últimos anos, tanto os
métodos histórico-críticos quanto as abordagens e métodos sincrônicos
deram grandes contribuições aos estudos bíblicos e se estabeleceram como
possibilidade de influxos recíprocos com várias outras áreas do saber. O
presente GT se pergunta, portanto, como os estudos bíblicos podem
ajudar na interpretação e na compreensão das novas tendências religiosas
que acompanham o fenômeno da mobilidade humana no mundo
globalizado. Os novos horizontes, de uma época que se está delineando,
desafiam a reflexão bíblico-teológica a repensar a experiência do Deus
bíblico em termos de mobilidade. Por isso, este GT pretende recolher
contribuições e investigações sobre a temática do congresso que têm em
ambos os Testamentos da Bíblia Sagrada o seu chão nascedouro. Ademais,
ele quer ser um espaço onde exegetas, teólogos e cientistas da religião
possam interagir e ajudar a gestar uma reflexão capaz de promover relações
de tolerância e de diálogo ecumênico, inter-religioso e intercultural.
174
1.
Campo e cidade na Bíblia
Nome: Valmor da Silva
Titulação: Doutorado
Instituição: PUC/GO
Resumo: A comunicação retoma o conflito entre campo e cidade com
ajuda da sociologia, da geografia, da história e da sociolinguística. Analisa
a discussão atual sobre espaço urbano e espaço rural, com a superação de
dicotomias e com diferenças a serem superadas, a partir da realidade do
centro-oeste brasileiro. Enfoca a realidade bíblica do Antigo Testamento,
onde a cidade concentra saberes e poderes, impondo a lógica de exploração
e dominação sobre o campo, com a marca decisiva do sistema monárquico.
Compara com a realidade bíblica do Novo Testamento, onde o movimento
camponês de Jesus rapidamente se insere na realidade urbana das cidades
greco-romanas. Apresenta exemplos ilustrativos para cada uma dessas
realidades.
Palavras-chave: Campo. Cidade. Conflito campo X cidade
2.
O estrangeiro, a noiva e o poço
Nomes: Eunice Simões Lins Gomes e Michelle de Kássia Fonseca Barbosa
Titulação: Doutorado e Mestrado
Instituição: UFPB
Resumo: Pela perspectiva da hermenêutica simbólica, as histórias
bíblicas do encontro das esposas de Isaac, Jacó e Moisés apresentam uma
imagem mítica universal e um mesmo enredo. Esta redundância destaca
uma mensagem e símbolo que reaparece ao longo da história humana.
O trabalho tem por objetivo destacar e analisar estas características.
Justificamos na busca por significado de uma história sagrada que inspirou
e instruiu um povo – hebreus. A partir de Mircea Eliade, Gilbert Durand,
Joseph Campbell, Arnold Van Gennep, Gershom Sholém, entre outros,
Interculturalidade
175
fazemos uma leitura destas histórias bíblicas. A metodologia utilizada é a de
pesquisa bibliográfica com abordagem qualitativa tendo como referência
a Bíblia hebraica e livros especializados em mito e símbolo, atentos para
uma análise amparada na escola antropológica da religião. Resultados em
destaque: Um cenário redundante – casal que se encontra em um poço;
Enredo que evolui para um desfecho - um estrangeiro pára e descansa em
um poço. Uma mulher o encontra. Há diálogo entre eles e oferecimento
de água. A mulher volta a sua casa e relata o ocorrido. O estrangeiro
permanece no poço. Parentes da mulher vão ao encontro dele e o convida
para entrar. O estrangeiro permanece algum tempo com eles. Ocorre um
casamento; O mito do andrógeno primordial como justificativa para o
casamento no judaísmo. Trabalho que reflete partes de uma dissertação
em Ciências das Religiões da UFPB.
Palavras-chave: Poço. Arquétipo. Coincidentia Oppositorum. Casal
primordial. Encontro das matriarcas.
3.
O imaginário simbólico do sacerdote no rito sacrificial de expiação
em Levítico
Nome: Josefa Vênus de Amorim
Titulação: Mestrado
Instituição: UFPB
Resumo: Neste artigo serão discutidos alguns significados atribuídos
ao imaginário simbólico do sacerdote no rito sacrificial de expiação em
Levítico. Sendo a principal figura desse rito, o Sacerdote era um homem
chamado por Deus para pregar; qualificado e consagrado para os deveres
no Tabernáculo e ser pastor de um povo para este fim. A investidura de
qualidades e poderes especiais aos sacerdotes é um fato comum a várias
culturas. A reflexão proposta visa analisar o sacerdote como símbolo do
pai, do herói, do mestre, do sábio, um arquétipo sugestivo para o ser,
representando unificação, renovação, guia, através de dons e carismas,
sugerindo um mergulho no in/consciente, mobilizando seus significados:
176
GT 9
religioso, simbólico, psicológico. Para a compreensão do tema utilizamos
à hermenêutica simbólica de Gilbert Durand, a psicologia profunda de
Jung, a religião em Eliade, a sociologia em Berger, o sacrifício em Mauss,
autores que tratam com propriedades dessas questões.
Palavras-chave: Imaginário. Sacerdote. Rito Sacrificial. Levítico.
4.
“Ou os šēdîm ou YHWH!”: diversidade religiosa e crítica teológica em
Deuteronômio 32.10-22
Nome: Ruben Marcelino Bento da Silva
Titulação: Mestrado
Instituição: EST
Instituição financiadora: CNPq
Resumo: A comunicação investiga uma possível conexão entre o uso do
termo hebraico šēdîm em Deuteronômio 32 e a crítica deuteronomista
dirigida à diversidade religiosa da época do rei Manassés (697/687 – 642
a.C.). Há três objetivos: a) Analisar as condições políticas e religiosas de
Judá durante a primeira metade do século VII a.C., principalmente o modo
pelo qual a administração real visava à consolidação do Estado judaíta
através da sujeição à Assíria; b) Pesquisar a simbologia do šedu (touro alado
colossal de cabeça humana que protegia a entrada dos palácios assírios) e
sua relação com os šēdîm; c) Examinar exegeticamente Deuteronômio
32.10-22, um recorte do “Cântico de Moisés”, para conferir prováveis
memórias relacionadas às medidas tomadas por Manassés, recriminadas
pela teologia deuteronomista pós-exílica, a qual constitui o fundamento
ideológico do texto. A metodologia de trabalho consiste na aplicação do
método de exegese bíblica histórico-crítica. Por referenciais hermenêuticos,
tomam-se a pesquisa arqueológica de Israel Finkelstein e a interpretação
da história deuteronomista proposta por Thomas Römer. Aparentemente,
a política de Manassés almejava a recuperação econômica de Judá,
devastado pela campanha neoassíria de Senaqueribe durante o reinado de
Ezequias, pai do rei judaíta. Com esse fim, restabeleceu os cultos das zonas
Interculturalidade
177
rurais, ao lado do culto de YHWH, e difundiu a cultura neoassíria em
Judá. Na percepção deuteronomista, os šēdîm/šedu, em Deuteronômio
32, resumiriam a negação do Deus de Israel (elōah/YHWH) em prol da
submissão aos suseranos neoassírios. Isso teria causado a destruição de
Jerusalém e o exílio na Babilônia.
Palavras-chave: Šēdîm. Manassés. Assíria. YHWH. Deuteronômio.
5.
O pré-exílio imediato e o exílio babilônico: uma leitura paralela de 2
Rs 25, 1-21, Jr 39,1-10 e 2 Cr 36,1-21
Nome: Alessandra Serra Viegas
Titulação: Mestrado
Instituição: PUC Rio
Resumo: Cada sociedade escreve e re-escreve seus textos a partir da visão
que possui de seu contexto social de produção, de seu Sitz im Leben, ou,
nas palavras de Paul Ricoeur, do mundo do(s) autor(es). No ambiente
bíblico, tal fato é potencializado, já que há uma mensagem comunicativa
a ser re-passada, e que envolve a fé de um povo em um Deus que des-vela
sua Palavra paideticamente. Assim, o presente trabalho visa a colocar em
paralelo os textos de 2 Rs 25,1-21, Jr 39,1-10 e 2 Cr 36,1-21 e demonstrar
– tendo como metodologia o estudo e a análise comparativos – os pontos
de continuidade e de descontinuidade entre os textos e, ainda, apontar
as idiossincrasias de cada um deles de acordo com os ambientes em que
foram produzidos e com a intencionalidade de cada autor. Com isto,
pode-se trazer a lume a discussão e a avaliação das diferentes perspectivas
dos textos em estudo sob os pontos de vista literário e teológico, bem
como apontar algumas conclusões acerca da correlação entre os elementos
intrínsecos à tessitura dos textos e o ponto de vista de seus autores na
configuração dos mesmos.
Palavras-chave: Exílio babilônico. Sitz im Leben. Leitura comparativa.
178
GT 9
6.
“Consolai, consolai o meu povo!”. Análise exegética de Is 40,1-11
Nome: Sue’Hellen Monteiro de Matos
Titulação: Mestrado
Instituição: UMESP
Instituição financiadora: FATIP – CAPES
Resumo: O exílio babilônico foi um acontecimento histórico que trouxe
inúmeras implicações ao povo de Israel, desde políticas até teológicas.
Com a crise, o status de Deus havia sido colocado em xeque. A nação
monoteísta de Israel havia sido subjugada por uma nação pagã. A ameaça
de perda da fé era iminente. A religião de Israel estava sendo provada
numa situação de vida ou morte. Havia a necessidade de esclarecer sua
posição diante das grandes nações e de seus deuses, da tragédia nacional e
de sua significação, ou então perecer. A profecia exílica vem para explicar
esse acontecimento e, principalmente, florescer a esperança. Nossa
pesquisa trabalha com os escritos do Dêutero-Isaías. Compreendendo
que esse grupo de profetas, escondido por detrás de suas palavras, é um
dos principais responsáveis pela profecia de esperança e a proclamação de
salvação, realizaremos uma análise exegética do prólogo do Dêutero-Isaías
(Is 40,1-11), cujos temas da consolação, do preparo do caminho e do
perdão divino se encontram nesses versos e perpassam todos os capítulos
dêutero-isaiânicos. A metodologia a ser empregada para análise consiste
na metodologia desenvolvida por Milton Schwantes com seus alunos de
pós-graduação, a qual segue as seguintes etapas: tradução, características
formais, época e ambiente vivencial, análise de conteúdo. Esta análise,
portanto, busca mostrar quão profundo e rico é o conteúdo teológico do
Dêutero-Isaías expresso em seu prólogo.
Palavras-chave: Dêutero-Isaías. Exegese. Exílio babilônico.
Interculturalidade
179
7.
2Sm 7,1-17: O projeto de Davi confronta-se com o projeto de Deus
Nome: Leonardo Agostini Fernandes
Titulação: Doutorado
Instituição: PUC Rio
Resumo: Davi vivia, enquanto líder bélico, em contínua mobilidade e
conduzia as suas campanhas militares, visando expandir o seu domínio
e estabelecer a paz sobre o território que lhe caberia reinar. O sucesso
nas campanhas, desde que venceu o gigante filisteu, foi confirmando-o,
aos olhos do povo, como o eleito de Deus. Contudo, para estabelecer,
plenamente, o seu domínio sobre Israel, Davi não só devia edificar a sua
casa, mas necessitava estabelecer uma casa digna para a Arca da Aliança,
sinal visível da presença de Deus. A construção da capital, do palácio real
e do templo, seria o sinal da bênção que garantiria a perenidade régia de
Davi e de seus descendentes. Essa certeza, porém, foi desmentida por Deus,
que, através do seu profeta, advogou a favor da sua ação e mobilidade na
história do seu povo. Nota-se que, por um lado, o ser humano possui o
desejo de “aprisionar” Deus para se sentir seguro. Por outro lado, 2Sm 7,117 anuncia que a verdadeira segurança não depende dos sinais de grandeza
alcançados, mas se encontra na pertença e na obediência a Deus, que não
se deixa aprisionar por alguma instituição humana ou condição sócioreligiosa privilegiada. O estudo do presente texto, abordado de forma
sincrônica, pretende confrontar o projeto humano com o projeto divino,
a fim de demonstrar que a ação de Deus, em cada época ou sociedade, não
depende das grandes façanhas e tampouco das vantagens obtidas, mesmo
se, aos olhos humanos, parecerem ser sinais de prosperidade e de bênção
divina.
Palavras-chave: Bênção. Exegese. Mobilidade. Profecia
180
GT 9
8.
A questão da felicidade e infelicidade em Coélet
Nome: José Reinaldo de Araújo Quinteiro
Titulação: Mestrado
Instituição: PUC/GO
Resumo: Esta comunicação objetiva apresentar a questão da felicidade
e da infelicidade a partir do livro do Eclesiastes sob a ótica do Método
Histórico-crítico e Sociológico pelo modelo conflitual. Defende que por
detrás da intenção do texto sagrado há um teólogo ou uma teóloga do
aqui e do agora em que se envolve na relação conflitante entre o povo
escravizado e os dominadores personificados em Ptolomeu II (Filadelfo)
– 285-246 a.C. Esta situação evidencia que o conteúdo do Eclesiastes
tem o sabor do confronto, da tensão entre dominados e dominantes. O
povo dominado deseja buscar a felicidade e a realização humana, deseja
trabalhar e muito, mas usufruir o fruto deste trabalho, escolher para si
a porção deste trabalho. Caso haja desvio deste fruto, tem-se, portanto,
presente a frustração e a causa da infelicidade da pessoa humana. Na
conclusão, apresenta o que se chama de dinâmica da vida social à época
em seus aspectos econômico, social, político, militar, jurídico, ideológico
e, neste, o religioso servindo como chave de leitura para a reflexão sobre a
mobilidade religiosa atualmente.
Palavras-chave: Felicidade. Aqui e agora. Mobilidade. Trabalho.
9.
A amizade e a fidelidade segundo Sirácida
Nome: Nelson Maria Brechó da Silva
Titulação: Mestrado
Instituição: PUC/SP
Instituição financiadora: Capes
Resumo: Esta comunicação pretende examinar a perícope de Sirácida
6,14-17 referente à temática da amizade. Para o autor, ela se desenvolve
Interculturalidade
181
a partir do encontro pessoal, com o objetivo de vivenciar a fidelidade e
o amor recíproco. Vale ressaltar que ela se vincula ao temor, por meio
do acatamento da Palavra do Senhor. Disso decorre o diálogo como
elemento importante para não se perder a aliança no Senhor. Ele, por sua
vez, apresenta-se como o grande sábio. Assim, a amizade é uma virtude
sapiencial para reforçar a identidade do povo no Senhor e, principalmente,
no desejo de exercitar no cotidiano a Sua sabedoria. Nesse sentido, analisase o sentido da amizade sapiencial e como ela se relaciona com o temor do
Senhor e com a fidelidade. Acredita-se que tais interpelações possibilitarão
novos horizontes na compreensão do Sitz im Leben, contexto vital, do
Sirácida.
Palavras-chave: Amizade. Fidelidade. Temor do Senhor.
10.
Princípios de análise literária para a interpretação das narrativas
bíblicas
Nome: Dário de Araújo Cardoso
Titulação: Mestrado
Instituição: MACKENZIE
Resumo: A leitura e pregação do texto bíblico é uma das características
presentes no cristianismo tanto nas vertentes católicas quanto nas
evangélicas. Nessas leituras e pregações, as narrativas, por sua natureza,
ocupam um importante espaço no discurso religioso. Considerando a
extensão das narrativas bíblicas, especialmente as do Antigo Testamento,
vê-se a necessidade do desenvolvimento de uma ferramenta hermenêutica
que leve em conta as características literárias do texto, sua unidade e que
busque atender à tarefa de estabelecer o propósito do texto para com seus
primeiros leitores de forma a estabelecer uma referência para a análise
das leituras contemporâneas. A teoria narrativa, através de suas diversas
técnicas de estudo, procura lidar com esses elementos e constitui-se uma
promissora opção de estudo. A presente comunicação busca, a partir das
propostas de Robert Alter, Adele Berlin, Jan Fokkelman e Shimon Bar182
GT 9
Efrat, descrever os princípios e considerações básicas para uma abordagem
literária das narrativas bíblicas, em particular aquelas ligadas à função do
narrador, à caracterização dos personagens e o desenvolvimento do enredo.
Palavras-chave: Bíblia. Interpretação. Narrativas. Análise. Enredo
11.
Hermenêutica tanatológica bíblica: considerações sobre a morte no
Antigo Testamento
Nome: Sônia Sirtoli Färber
Titulação: Mestrado
Instituição: EST
Resumo: A presente comunicação pretende propor um viés de leitura
bíblica que contemple os fatos tendo a morte como imperativo
hermenêutico. O conceito de morte na literatura veterotestamentária se
fundamenta na consciência empírica a respeito da vida e das suas relações.
O conhecimento revelado agrega novos elementos que, com o passar do
tempo, vão se sedimentando, e dando origem a novos desdobramentos.
Na antropologia semita, o ser humano é corpo vivente, sem distinção
de matéria e espírito. Por isso, a morte põe fim à vida, e nada resta. A
aproximação com o pensamento egípcio e grego cria possibilidade de nova
interpretação: o ser humano é um todo psicossomático, dotado de corpo
mortal e alma imortal; entrando em óbito, morre o corpo, não o espírito.
A evolução deste pensamento não foi linear nem se tornou convenção.
Antropologia e Tanatologia fazem aproximações importantes na tentativa
de desvendar o enigma humano. A Tanatologia presente nos relatos
bíblicos projeta luz nos eventos e enaltece a vida e seu valor, e o exercício
de leitura tanatológica da Bíblia provoca a discussão sobre o escopo do
evento pascal como pedagogia e educação para a morte e o morrer.
Palavras-chave: Tanatologia. Hermenêutica. Morte. Antigo Testamento.
Interculturalidade
183
12.
O senhor esteve aqui, neste lugar, e eu não sabia
Nome: Neuza Silveira de Souza
Titulação: Mestrado
Instituição: FAJE
Resumo: Uma reflexão sobre a presença do Senhor no meio de nós,
partindo da experiência da vida e no decorrer da história de caminhada
do povo da Bíblia, do Antigo e do Novo Testamento. Uma teologia da
presença que nos ajuda a compreender como o povo da Bíblia percebeu
a presença de Deus no universo e na sua história. Como seres humanos,
nunca chegaremos a compreender, definir e apreender a totalidade da
presença de Deus que se revela no universo às suas criaturas. Mas, a partir
das experiências que vamos fazendo, vamos atribuindo a Deus qualidades
e ações que o revelam como justo, misericordioso, bondoso, Pai, criador...
Realizando um passeio pelo Antigo Testamento, podemos ver que a
relação de aliança que sempre existiu entre Deus e Israel mostra como a
comunidade judaica jamais se viu destituída da presença divina. No Novo
Testamento, após a Ressurreição de Jesus Cristo, a comunidade cristã viu
na sua pessoa, palavras e gestos, o novo lugar da manifestação da presença
de Deus. Pode-se dizer que a comunidade é o lugar da presença de Deus.
Como a comunidade dos filhos de Israel, que tem sua consciência própria
de eleição e de aliança, assim, também a comunidade cristã faz uma
experiência particular, especial, dessa presença de Deus no meio de nós.
Ele assume nossa humanidade como lugar de sua habitação. Fez de nós “o
caminho da sua presença”. Ele desceu até nós através dessa humanidade,
para que nós pudéssemos subir até ele.
Palavras-chave: Experiência. Transcendência. Imanência. Encontro.
Alianças. 184
GT 9
13.
Tradução da Bíblia: problemas e desafios: a propósito da publicação
de Evangelhos e Atos dos Apóstolos: novíssima tradução dos originais.
Por Cássio Murilo Dias da Silva e Irineu José Rabuske . São Paulo:
Loyola, 2011
Nome: Irineu José Rabuske
Titulação: Doutorado
Instituição: PUC/RS
Resumo: No quadro mais amplo de uma edição completa da Bíblia, em
nova tradução, foram publicados os Evangelhos e Atos dos Apóstolos, com
introduções e notas exegético-teológicas. A partir desta experiência, serão
apresentados alguns problemas que atingem de maneira mais específica a
tradução dos evangelhos sinóticos. Em primeiro lugar, situa-se a questão
de uma tradução linear de cada evangelho, como geralmente ocorre nas
traduções, ou, em nosso caso, a opção pela tradução seguindo a ordem
das perícopes na sinopse. Em segundo lugar, será tratado o problema do
vocabulário: desde Jerônimo, que utilizou um vocabulário anteriormente
elaborado por Pápias de Hierápolis, sabe-se que o desafio consiste em
estabelecer um vocabulário padrão na língua de chegada (português),
que reflita o mais exatamente possível, o vocabulário presente no texto
dos evangelhos sinóticos. Não se trata de um simples trabalho mecânico,
razão pela qual poucas traduções seguiram este procedimento. Problemas
concretos surgidos na tradução serão detalhadamente analisados.
Palavras-chave: Bíblia. Tradução. Evangelhos Sinóticos. Vocabulário
14.
Mateus 23:15: um possível sentido de poiêsai héna prosélyton – “para
fazer um prosélito”
Nome: César Motta Rios
Titulação: Mestrado
Instituição: UFMG
Interculturalidade
185
Resumo: A frase de Jesus em Mateus 23:15 tem sido utilizada como
evidência de uma atividade proselitista do judaísmo do século I d.C. e
período anterior. Contudo, uma observação detida do que nos chegou
daquele período deixa essa evidência isolada como único testemunho
a favor do judaísmo como religião missionária. A reação de alguns
estudiosos é negar a veracidade histórica da frase atribuída a Jesus. De
modo destacado, Orrieux e Will, que na década de noventa publicaram
um livro desconstruindo a ideia de que os judeus antigos se esforçavam
para converter novos adeptos, afirmam que a Mateus 23:15 traz uma
afirmação deliberadamente errônea, motivada pelo contexto polêmico
entre cristãos e judeus. Por outro lado, há ainda poucos que insistem
em uma leitura que simplesmente desconsidera a inexistência de outras
evidências e continuam atribuindo ao texto de Mateus o status de única
evidência necessária, por vezes, criando um argumento cíclico: leem o
versículo argumentando com base no conhecimento contextual, que,
por sua vez, só é gerado a partir do mesmo versículo. Minha proposta é
dar um passo na investigação da possibilidade de uma leitura diferente,
que considere a relevância da ausência de outras evidências e, ao mesmo
tempo, não afirme simplesmente a impertinência do verso. Para tanto,
proponho uma observação detida e talvez reconsideração da semântica da
expressão poiêsai héna prosélyton – “para fazer um prosélito”.
Palavras-chave: Novo Testamento. Conversão. Judaísmo Antigo.
Cristianismo Primitivo. Evangelho de Mateus.
15.
Seguimento (Akolouthia) e serviço (Diakonia) das mulheres no
Evangelho de Marcos. Aplicação da Análise Narrativa na leitura de
Mc 15,40-16,8.
Nome: Júnior Vasconcelos do Amaral
Titulação: Mestrado
Instituição: FAJE
Resumo: No Evangelho de Marcos, é possível perceber a presença e a
186
GT 9
importância de algumas mulheres no cenário narrativo, principalmente
no que diz respeito à perícope de Mc 15,40-16,8. Nesta, averigua-se, com
nitidez narrativa, a função teológico-social das mulheres na comunidade
do Segundo Evangelho. No início, na cena inaugural, as mulheres estão
ao pé da cruz, de longe, contemplando o crucificado. Em um segundo
momento, elas estão no sepulcro, observando onde depositam o corpo de
Jesus. Depois, no clímax narrativo da perícope, desenlaça-se com a ida das
mulheres, de madrugada, ao sepulcro para embalsamar o corpo de Jesus.
No sepulcro, elas se deparam com o jovem-diácono que lhes anuncia a
ressurreição e as envia a proclamarem o Ressuscitado na comunidade fiel:
“Ide dizer aos discípulos dele e a Pedro [que]: Ele vos precede à Galileia.
Lá o vereis, como ele vos disse” (Mc 16,7). Do texto bíblico, depreendemse os ministérios das mulheres na comunidade marcana: seguimento e
serviço. Destarte, o Evangelho de Marcos pode ser considerado um locus
privilegiado para o estudo e aplicação do Método de Análise Narrativa.
Palavras-chave: Evangelho de Marcos. Método de Análise Narrativa.
Mulheres. Seguimento. Serviço.
16.
Rm 15,14-33: Paulo entre a Galácia, Jerusalém e a Espanha
Nome: Paulo Jackson Nóbrega de Sousa
Titulação: Doutorado
Instituição: FAJE
Resumo: A interpretação da Carta aos Romanos depende necessariamente
da correta compreensão da relação de Paulo com três ambientes: a Galácia,
Jerusalém e a Espanha. A presença e a resistência de missionários de
caráter judaizante nas comunidades gálatas questionaram profundamente
a compreensão paulina do Evangelho. Seu olhar, contudo, está voltado
para a Espanha, pois seu projeto mira aos confins ocidentais do Império. A
coleta para os santos de Jerusalém realizada nas comunidades da Galácia,
da Macedônia e da Acaia não é somente um gesto de caridade fraterna do
apóstolo dos gentios: é uma declaração de unidade na autonomia. Neste
Interculturalidade
187
entreato, durante o inverno de 56, em Corinto, Paulo escreve a Carta
aos Romanos. Esta minha contribuição, portanto, pretende: a) estudar
as relações de Paulo e de sua hermenêutica do Evangelho com Jerusalém
e com o gentilismo; b) compreender a face das comunidades cristãs de
Roma, marcadas pela presença de inúmeros migrantes, mas nascidas
nos ambientes contíguos às sinagogas, especialmente entre os tementes
e adoradores de Deus; c) colher intuições hermenêuticas que ajudem as
comunidades cristãs de hoje a experimentar a inculturação do Evangelho
e a postura eclesiológica da comunhão na autonomia.
Palavras-chave: Roma. Hermenêutica paulina do Evangelho. Judeus.
Gentios.
17.
Jesus como o Filho do Homem na Teologia do Novo Testamento: Ladd
e Goppelt em perspectiva
Nome: Marcos Paulo Nogueira da Silva
Titulação: Mestrado
Instituição: PUC Minas
Resumo: Em estudos sobre Teologia do Novo Testamento a cristologia
dos títulos ocupa lugar de destaque. De fato, não é possível conceber uma
teologia neotestamentária sem a devida atenção aos títulos cristológicos e
sua recepção pelas comunidades cristãs nascentes. Dentre os vários títulos
atribuídos a Jesus, o de Filho do Homem, se não é o mais complexo,
certamente é o que mais tem tomado tempo e atenção dos especialistas.
Essa afirmativa torna-se evidente pela simples observação do número de
páginas destinadas ao assunto em comparação com os demais. Embora
citada mais de oitenta vezes nos sinóticos e em João, a expressão Filho
do Homem jamais é explicada. Isso sugere que seu significado já era
pressuposto. Compreender esse [ou “esses”] significado e sua relação com
a pessoa de Jesus tem sido a linha guia dos pesquisadores da área. Assim, a
presente pesquisa, de cunho bibliográfico, pretende situar a designação de
Jesus como o Filho do Homem no contexto da Teologia Bíblica do Novo
188
GT 9
Testamento de dois grandes estudiosos: o conservador-evangélico George
Eldon Ladd e o crítico-luterano Leonard Goppelt.
Palavras-chave: Jesus. Filho do Homem. Cristologia dos títulos. Teologia
do Novo Testamento.
18.
Judas e o mistério da revelação
Nome: José Neivaldo de Souza
Titulação: Doutorado
Instituição: FEPAR
Resumo: A “Maecenas Foundation for Ancient Art” de Basileia (Suíça) e a
revista “National Geographic” publicaram em maio de 2006, o conteúdo
de um manuscrito dos primeiros séculos do Cristianismo, retomando uma
velha discussão: o Evangelho de Judas é apostólico ou apócrifo? Encontrado
numa tumba egípcia, juntamente com outros escritos, o Evangelho de
Judas fazia parte de uma literatura própria do gnosticismo. Provavelmente
fora escrito em grego, por volta do século II e copiado em copta, língua
falada pelos egípcios, por volta do século III e IV. São 26 páginas de papiro
que mostram a relação de Judas e Jesus, assim como o drama da traição.
Logo que surgiu a publicação, uma pergunta pairou no ar: tal descoberta
vai abalar a fé cristã? Certamente não, pois tais escritos já existiam na
época em que o cânon foi organizado, e controvérsias sempre existiram e
ajudaram na sistematização dos dogmas. Esse trabalho pretende analisar
o Evangelho Apócrifo de Judas no contexto de oposição entre a doutrina
cristã, que visa manter a fé a partir da ideia de unidade, e o gnosticismo
que, sob a sincronia mistério e filosofia, investe numa visão dualista da
realidade, onde a sombra não só se opõe à luz, mas a revela.
Palavras-chave: Salvação. Dualismo. Gnose. Mistério. Diálogo
Interculturalidade
189
19.
Evolução do pensamento teológico em Jó: uma progressão no
entendimento dos fundamentos da relação com Deus
Nome: Flávia Luíza Gomes Costa
Titulação: Mestrado
Instituição: PUC Minas
Resumo: A comunicação propõe analisar a mobilidade do pensamento
teológico sobre o fundamento da relação com Deus a partir do livro de
Jó. Por meio de uma leitura que perpasse pelo processo prévio de análise
do contexto histórico da emergência desse livro observar-se a partir
das características da época de sua elaboração a mensagem catequética
tencionada pelo autor ao povo judeu. Nesse processo é possível perceber
que entre as questões de fundo do livro encontra-se a reflexão sobre a
religião interesseira a partir da Teologia da Retribuição apontando para
a evolução do pensamento teológico na direção de uma prática religiosa
gratuita. Jó é um livro que faz brotar muitas perguntas e entre elas podemse destacar algumas fundamentais: existe religião gratuita ou ela sempre
será um comércio interesseiro? O pobre o é por que está em pecado e por
que não tem fé em Deus? Qual é o sinal da bênção de Deus? Riqueza,
prosperidade, ou apenas o fato de temer a Deus? A tentativa de respostas
a tais questionamentos torna clarividente uma progressão no pensamento
religioso da época. Num tempo de regresso do exílio a esperança do povo
se frustra no projeto da restauração diante das adversidades externas e
internas enfrentadas. Ao contrário do que até então se veiculava, o autor
deseja elaborar uma mensagem para um povo que se vê em meio ao
fracasso de suas esperanças a fim de que não se fiem no abandono de Deus
e nem no sinal da sua bênção baseado na riqueza, mas antes percebam o
seu amor em meio a tempestade que traz a convicção de poder viver bem
mesmo quando nem tudo pode ser previsível e respondido. A mutação da
reflexão teológica é apreendida no ensinamento final de que se deve amar
a Deus simplesmente porque ele é amável e que a benção está no fato de
temer a Javé.
190
GT 9
Palavras-chave: Mobilidade Teológica. Retribuição. Gratuidade. Religião.
20.
Bem-aventurados ou felizes? A visão escatológica e paradoxal das bemaventuranças e suas implicações para o hedonismo contemporâneo
Nome: Karina Andrea Pereira Garcia Coleta
Titulação: Especialização
Instituição: FAJE
Resumo: A presente comunicação propõe uma leitura do trecho
referente às bem-aventuranças nos evangelhos segundo Mateus, Marcos
e Lucas. Destaca-se a questão sinótica envolvida na perícope; a inversão
escatológica presente nas declarações de Jesus sobre os bem-aventurados;
e as implicações deste paradoxo, bem como da escolha tradutória “felizes”
para o termo hoi makarioi, tendo em vista o credo contemporâneo da
felicidade. Tal leitura sugere que a tensão entre o “já” e o “ainda não”
fortalece as esperanças para o futuro, efeito contrário ao produzido pelo
anseio moderno de felicidade “aqui e agora”. Além disto, conclui-se que
encarar as bem-aventuranças com a visão atual do termo “feliz” e deslocálas da visão escatológica significa porta aberta para exatamente o oposto. O
eudemonismo cristão não é guiado pela disposição interna do indivíduo,
mas pelo que Deus declara a seu respeito, não se restringe às pequenas
porções de felicidade já experimentadas nesta vida, mas mantém os olhos
fitos na plenitude que o aguarda.
Palavras-chave: Bem-aventuranças. Inversão escatológica. Escolha
tradutória. Hedonismo contemporâneo.
Interculturalidade
191
GT 11: Religião, Arte e Literatura
______________________________________
Coordenadores
Prof. Dr. Joe Santos – PUC/RS
Prof. Doutorando Alex Villas Boas – PUC/SP
Ementa
O GT propõe refletir sobre o tema central “Mobilidade religiosa:
linguagens - juventude - política” a partir das novas linguagens e
racionalidades possíveis do mundo da arte e da literatura, religiosa ou não,
na medida em que arte e religião possuem uma centralidade antropológica,
e de per si, uma missão sensibilizadora tanto à responsabilidade quanto à
inventividade social.
192
1.
A Experiência Estética do Sagrado em C. S.Lewis
Nome: Alessandro Garcia da Silva
Titulação: Mestre
Instituição: IUPERJ
Resumo: C.S. Lewis é reconhecidamente um dos autores cristãos de maior
apelo popular do século XX. Escreveu obras de fantasia e ficção científica,
livros devocionais, obra de apologia, além é claro, de sua produção
acadêmica. A obra deste autor é profundamente influenciada por sua
experiência cristã única. Lewis, em sua trajetória até o cristianismo, passou
por diversas etapas. Foi ateu, panteísta, idealista, teísta e por fim cristão. É
importante notar que todo seu trajeto é marcado pela tentativa de repetir
uma experiência que vivenciou poucas vezes em sua vida e que denominou
alegria. A alegria, tal como pensada por C. S. Lewis, pode ser considerada
uma experiência estética que desperta um desejo pelo infinito. Em diversas
de suas obras este conceito é mencionado, no entanto é melhor explicitado
em suas duas autobiografias, Suprised by Joy e The Pilgrim’s Regress. O
objetivo do presente trabalho é expor e aprofundar o conceito de alegria a
partir dos dois relatos biográficos mencionados e, a partir de experiência
de C. S. Lewis, apontar relações entre a experiência estética e o desejo pelo
infinito.
Palavras-chave: C.S. Lewis. Experiência Estética. Desejo pelo Infinito.
2.
Política, Juventude e Religião a partir do dialogo entre Ulisses e
Telêmaco a partir da Moderna Odisseia de Nikos Kazantizakis
Nome: Alex Villas Boas
Titulação: Doutor
Instituição: PUC Rio
Resumo: Nikos Kazantzákis (1883-1957) concentra mística e poética
em sua obra como duas faces de uma mesma moeda. Leitor atento de
Religião, Arte e Literatura
193
Nietzsche se propõe a transvalorização do Ocidente em sua obra, e escolhe
como rota da aventura uma revisitação da Odisseia, onde apresenta uma
releitura dos valores do Ocidente, a começar do problema da polis de Ítaca
que já não é mais a mesma, e assim se inicia um dialogo entre seu filho
Telêmaco entusiasta de Ítaca e Ulisses do qual Ítaca já não há. No embate
levantado, Ulisses irá partir para uma navegação na história, encontrado
personagens importantes da história que ocuparam espaços significativos
na Política e na Religião, como Lenin, Dante Alighieri, um novo Jesus
Cristo e um Velho Pescador. Na discussão se choca o idealismo de Telêmaco
e o realismo de Ulisses, porém ao voltar a navegar abre caminho e lança
novas luzes para que a nova geração reconstrua seu tempo. Pretendemos
aqui nos aproximar deste diálogo da Odisseia kazantzakiana, que de per si
já nos oferece uma releitura da mudança de época ao reescrever o clássico
grego, a fim de extrair um referencial para o papel da juventude e sua
autoconsciência entre política e religião na sociedade neomoderna.
Palavras chave: Literatura. Teologia. Política. Juventude. Nikos Kazantzákis.
3.
Diálogos da ação: uma análise comparativa entre o Evangelho Segundo
São João e o Sermão do Advento de Padre António Vieira
Nomes: Ana Clara Magalhaes de Medeiros; Augusto Rodrigues da Silva
Junior
Titulação: Granduanda e doutor
Instituição: UnB
Resumo: Uma perspectiva de análise literário-religiosa que se propõe a
ser dialógica permite a aproximação comparativista de passagens bíblicas
a excertos daqueles que diante delas labutaram, os grandes pregadores.
Nesse sentido, almeja-se delinear, aqui, um percurso de análise que parte
do Prólogo e de caracteres do Evangelho segundo São João e percorrer
o Sermão da Primeira Dominga do Advento (1655), de padre António
Vieira. No primeiro, cingir a percepção do Verbo – a ação, a luz verdadeira,
o próprio Deus feito carne. Do segundo, colher a perscruta da perfeição do
194
GT 11
agir, a pregação de uma cristandade e uma respondibilidade. A proposta
desta crítica polifônica, que deixa ecoar as vozes de São João e de padre
Vieira, fundamenta-se na similaridade que avulta das produções desses
evangelizadores argutos. A Bíblia de Jerusalém apresenta-nos o discípulo
amado de Jesus como o evangelista que privilegiou uma “teologia da
encarnação” (1995, p. 1980), enquanto Vieira sempre apostou em uma
“teologia da ação”: o verbo feito carne para salvar o mundo; a palavra
feita ação para mover os homens em direção à salvação. Os evangelhos
sinóticos enfatizam a chegada do Reino no pós-morte. O joanino, por sua
vez, insiste na vida eterna que precisa ser alcançada ainda na existência
terrena, como o jesuíta luso-brasileiro, que focalizava a ação como modo
imediato da salvação dos homens. Assim, busca-se estabelecer a diegese
por meio do Verbo evangélico e do advérbio sermonístico a fim de apontar
a palavra como aquilo que não passa e que convoca à transformação dos
homens.
Palavras-chave: Pe. Vieira. Sermões. Literatura Joanina.
4.
Literatura infantil, teologia e Fabulação
Nome: Anaxsuell Fernando da Silva
Titulação: Mestre
Instituição: UNICAMP
Resumo: Nesta comunicação abordaremos os desafios que se apresentam
na nossa investigação sobre a trajetória biográfica de Rubem Alves (1933 - ),
teólogo, escritor e educador brasileiro. Nela buscamos discutir a literatura
- de modo específico, a literatura infantil - deste autor. Compreendemos,
assim como Paul Ricoeur que o imaginário representa ponto nodal para a
construção da história, pois para relacionar o tempo vivido ao tempo do
mundo seria necessário construir conectores para manejar essa relação.
Aos conectores seria assegurada a virtude de tornarem o tempo legível
aos olhos humanos, tal qual faz o calendário. Nesse sentido, história e
ficção, ambas matrizes de pensamento recorrem às mediações imaginárias
Religião, Arte e Literatura
195
na refiguração do tempo, o que justifica, por exemplo, os empréstimos
tomados da literatura pela história, quanto aos modos de discurso que
apresentam. Assim, consideramos a capacidade do nosso autor-pesquisado
de fabular por meio da literatura infantil um elemento primordial na
constituição de um saber teológico marcado por sua trajetória individual.
Palavras-chave: Rubem Alves. Literatura Infantil. Teologia e Fabulação.
5.
Representações do divino na lírica feminina de Adélia Prado e Hilda
Hilst
Nome: Cleide Maria de Oliveira
Titulação: Doutora
Instituição: PUC Rio
Resumo: A comunicação pretende, a partir da leitura de dois poemas
de Adélia Prado e Hilda Hilst, perceber certas recorrências temáticas e
imagéticas que animam a ambas poetas, a saber: a singular articulação
entre uma religiosidade mística (mas não dogmática ou proselitista) e
um erotismo candente, isso fortemente vinculado a um enunciar poético
marcadamente feminino que se inscreve a partir de uma profunda
consciência da temporalidade humana. Pretende-se perceber, nessas
poetas que foram entre si contemporâneas, aproximações e recuos no
aproveitamento de um tema idiossincrático na tradição literária brasileira,
qual seja: a interseção entre erotismo e mística, fato que, apesar de freqüente
em diversas tradições religiosas, espantou público e critica desavisados
dessas aproximações, quiçá ontológicas, entre ambas experiências de
alteridade.
Palavras-chave: Lírica contemporânea. Mística. Erotismo. Adélia Prado.
Hilda Hilst.
196
GT 11
6.
Diálogo entre René Girard e Dostoiéviski
Nome: Edivilson de Godoy
Titulação: Doutor
Instituição: PUC/SP
Resumo: Diálogo entre René Girard e Dostoiévski: Aplicação da teoria
mimética na literatura de Dostoiévski René Girard descobriu e explicou
a teoria do mecanismo vitimário, segundo a qual, o desejo mimético é a
origem da cultura e da religião. O ponto de partida dos estudos girardianos
é a literatura. A obra de Dostoiévski despertou grande interesse de Girard.
O Antropólogo franco-americano comenta em vários livros o escritor
Russo e o dedica o livro: Dostoiévski: do duplo à unidade. Proponhome discutir o diálogo entre René Girard e Dostoiévski. Mostrando como
Girard vê e aplica o paradigma do mecanismo vitimário na obra do
Escritor Russo.
Palavras-chave: René Girard. Dostoiéviski. Teoria Mimética.
7.
A representação de Cristo no expressionismo alemão e brasileiro
Nome: Etienne Alfred Higuet
Titulação: Doutor
Instituição: Universidade Católica de Louvain (Bélgica)
Resumo: Breve história, contextualização e caracterização do expressionismo
como corrente artística no início do século XX, especialmente na pintura.
O movimento é uma insurreição, uma revolta, cuja busca formal expressa
com toda a força o tormento interior dos artistas. Os poetas e pintores
expressionistas inventaram o estilo da angústia e a técnica do mal-estar
na civilização. A “desfiguração” de Cristo na pintura ocidental do século
XX, especialmente no expressionismo alemão: escârnio ou confissão?
crítica ou profecia? Teologia ou anti-teologia? O expressionismo como
estilo religioso na concepção de Paul Tillich: avaliação crítica. Tillich
Religião, Arte e Literatura
197
não interpretava o expressionismo como um movimento apenas de teor
subjetivo, mas que, pela dissolução das formas individuais, buscava uma
expressão metafísica objetiva, evocando o abismo do ser, em novas linhas,
cores e formas.Método: Análise de alguns quadros representando Cristo:
Nolde, Jawlensky, Schmidt-Rottluff, Portinari (Via Crucis da Pampulha),
em perspectiva estética, sócio-histórica, semiótica e teológica. Conclusão:
o estilo expressionista na representação de Cristo aparece como um
poderoso aliado do seu sentido religioso, mas não deixa de carregar fortes
ambiguidades, tanto na sua intenção quanto na sua recepção.
Palavras-chave: Pintura. Expressionismo. Estilo religioso. Paul Tillich.
Interpretação.
8.
O Mal em “Anticristo” de Lars Von Trier
Nome: Flávia Santos Arielo
Titulação: Mestranda
Instituição: PUC/SP
Resumo: O que é o mal? Algo incrustado na origem do homem desde
sua criação? Seria uma invenção ancestral que vem sendo transformada
e rechaçada, principalmente a partir do que chamamos de modernidade?
A essência do mal está na natureza humana? Após assistir ao filme
“Anticristo”, do diretor dinamarquês Lars Von Trier veio-me a sensação de
ver explicitamente uma nova perspectiva sobre o mal. Nova perspectiva,
pois muito já se pensou e escreveu sobre o assunto, tanto filosófica quanto
religiosamente. O filme de Von Trier abarca através de um roteiro pouco
palatável o assunto do mal, mas não torna clara a proposição nem a origem
deste mal. É neste ínterim que proponho uma análise mais profunda
e pontual sobre o assunto. O mal se mostra de diferentes maneiras ao
longo da história; o diretor joga com conceitos, imagens e diálogos que
merecem uma imersão mais detalhada. Um estudo sistemático sobre o
mal só pode ser plenamente desenvolvido se embasado teologicamente.
Parte das religiões trazem em sua íntima formação as noções de bem e
198
GT 11
mal; neste caso há maior interesse em pesquisar essa formação dentro do
cristianismo reformado – já que as bases do diretor do filme, Lars Von Trier,
estão inseridas no contexto de seu país, a Dinamarca; o filme se propõe,
portanto, como exemplo de produção de arte pela qual o protestantismo
revela sua identidade. Faz-se necessário aqui também um conhecimento
mais aprofundado da filosofia da religião e de filósofos que adentraram
neste debate.
Palavras-chave: Cinema. Mal. Religião. Filosofia.
9.
A conversão e o Cristo na totalidade poética de Jorge de Lima
Nome: Flávio Ferreira de Mello
Titulação: Mestre
Instituição: PUC/SP
Resumo: Jorge de Lima transitou por diversos caminhos da Arte
(fotografia, pintura, poesia, prosa, etc.), mas se encontrou na poesia em
Cristo (3ª Fase), poesia essa que faz parte de sua Restauração da poesia em
Cristo, iniciada por ele e pelo poeta surrealista Murilo Mendes, por quem
Jorge tinha grande amizade. Essa Restauração em Cristo revela um poeta
mais humano e preocupado com elementos orgânicos, líricos e metafísicos
tecendo com isso versos que têm como raiz elementos Bíblicos. A partir
dessas informações, iniciamos uma pesquisa e um maior aprofundamento
desses elementos estruturais de sua poesia, nos baseando em teóricos como
Boff, Chardin e Eliade. Com isso críamos um ciclo de artigos e palestras a
respeito do assunto, sempre englobando um livro, e aqui apresentamos A
Túnica Inconsútil e uma breve reflexão sobre ele.
Palavras-chave: Jorge de Lima. Cristo. Túnica Inconsútil.
10.
Religião, Arte e Literatura em Ernesto Cardenal
Nome: Getulio Antonio Bertelli
Titulação: Doutor
Religião, Arte e Literatura
199
Instituição: PUC Rio
Resumo: A presente proposta de trabalho pretende abordar religião, arte e
literatura num expressivo escritor latino americano, e expoente da teologia
da libertação: Ernesto Cardenal. Ex-noviço de Thomas Merton no mosteiro
Trapista de Gethsemani, EUA, é o maior poeta latino americano depois
de Pablo Neruda. Concentramo-nos em seus três livros de Memórias:
Vida Perdida, Las Ínsulas Extrañas e La Revolución Perdida. Ali apresenta a
religião como fermento de transformação na sociedade, como ocorreu na
Nicarágua sandinista; apresenta a arte como expressão da beleza, inata em
todos os seres humanos, potencialmente poetas, artistas, escritores (como
desenvolveu com os nativos na Ilha de Solentiname); sua literatura, tanto
em prosa como em poesia, é da mais alta mística revolucionária. Nela faz
uma feliz síntese entre as mais recentes intuições científicas e as intuições
religiosas. Destacamos também os últimos livros de Cardenal, a saber: Este
Mundo y Otro, e The Origin of Species and Other Poems, ambos de 2011,
onde encontramos os tres sub-temas do GT 11 acima mencionados.
Palavras-chave: Ernesto Cardenal. Poesia Latino Americana. Teologia.
11.
A ressignificação da experiência religiosa do teatro oficina no contexto
dos sertões
Nome: Gisele Nallini
Titulação: Mestranda
Instituição: PUC/SP
Resumo: Quando o terceiro sinal tocar, no próximo dia 16 de agosto de
2012, a Associação Teatro Oficina Uzina Uzona, dirigida por José Celso
Martinez Corrêa, completará 54 anos. Percorrendo a historicidade do
Oficina, entrelaçamos o processo de sua metamorfose identitária via
possibilidades utópicas, sem perder de vista os acontecimentos históricos e
os conceitos sobre sincretismo, no que se refere a abordagem das experiências
religiosas e culturais, contidas na construção dessa identidade. Ousado e
200
GT 11
irreverente, Zé Celso, introjetou em seu repertório a experimentação de
linguagens que ultrapassaram os limites da criação, buscando relacionar,
em constante diálogo, às artes cênicas, a música, a religião, o vídeo e o
cinema. Entrelaçamentos que viabilizaram a concepção de diversos
DVD’s preservando a memória do grupo. Extraímos então a filmografia
da encenação de OS SERTõES, baseado na obra de Euclides da Cunha,
adaptada por Zé Celso, dando especial atenção aos DVD’s: O HOMEM
I – Do Pré-Homem à Revolta e O HOMEM II – Da Revolta ao TransHomem, apontando ressignificações das experiências no campo simbólico
religioso, inter-culturalmente constituídos na concepção dos espetáculos.
Palavras-chave: Sincretismo. Identidade. Utopia. Teatro Oficina.
12.
O mal na literatura machadiana: uma leitura teológica da obra
Quincas Borba
Nome: Ivna Maia Fuchigami
Titulação: Mestranda
Instituição: UMESP
Resumo: O MAL NA LITERATURA MACHADIANA: uma leitura
teológica da obra Quincas Borba Ivna Maia Fuchigami Universidade
Metodista de São Paulo Resumo O presente trabalho visa estudar o mal a
partir da leitura da obra Quincas Borba, de Machado de Assis, tendo como
referência um viés da Teologia uma vez que este problema historicamente
suscitou questionamentos neste campo do conhecimento. O mal, que
vem suscitando análises, reflexões e considerações de diferentes áreas do
conhecimento e vários setores da sociedade, ora é visto como um problema
de fora de nós mesmos, ora como de dentro de nós mesmos. Se, de um
lado, podemos afirmar que boa parte da tradição filosófica e teológica do
Ocidente tratou o problema do mal como externo ao ser humano, de
outro, podemos afirmar também que, principalmente diante das grandes
tragédias que marcaram o século XX, bem como diante do fracasso em
que incorreram os esforços da modernidade pela autonomia humana e da
Religião, Arte e Literatura
201
razão, atualmente o problema do mal vem sendo estudado como interno
ao homem. Para tanto, propomos como autores de base os teólogos Juan
Antonio Estrada e Andrés Torres Queiruga e o filósofo Paul Ricœur.
Palavras-chave: Mal. Machado de Assis. Juan Antonio Estrada. Andrés
Torres Queiruga. Paul Ricœur. Teodiceia.
13.
A “Compadecida” da obra de Ariano Suassuna ‘Auto da Compadecida’
e suas raízes teológicas
Nome: Jonas Nogueira da Costa
Titulação: Mestrando
Instituição: FAJE
Agência financiadora: CAPES
Resumo: Ariano Suassuna, no Auto da Compadecida, apresenta a Virgem
Maria como “Compadecida”. A presente proposta de comunicação
pretende mostrar como essa figura se insere na obra suassuniana em
destaque e como ela está ligada à teologia desde o século X, com Santo
Odo, aos dias de hoje. Também pretende situar essa questão em relação
com a escatologia medieval, que via em Jesus um terrível juiz onde as
pessoas precisavam da misericórdia e da intercessão de sua mãe, com a
figura de um Cristo mais humanizado e atento à dimensão social.
Palavras-chave: Ariano Suassuna. Auto da Compadecida. Cristologia.
14.
José Saramago e a cultura religiosa contemporânea
Nome: José Geraldo da Silva Marques
Titulação: Especialista
Instituição: PUC Minas
Resumo: A intenção da comunicação é apresentar um enfoque sobre a
relação existente entre religião e contemporaneidade tomando como
referência o escritor português José Saramago. Para tal intento, a primeira
202
GT 11
parte desta comunicação apresentará José Saramago e a sua relação com
a religião e a cultura. No segundo tópico serão apresentados os romances
em que José Saramago fala sobre o papel da religião no contexto da cultura
ocidental. O terceiro ponto procurará explicar qual a principal intenção
de Saramago ao escrever romances em que a temática religiosa tem
grande destaque. Finalizando, a comunicação destacará em que medida
José Saramago serve como referencial para compreender no homem
contemporâneo o embate entre religião e tradição.
Palavras-chave: Cultura. Contemporaneidade. Religião. José Saramago.
15.
O Rito Funebre de Deus no niilismo de Nietzsche na obra A Hora da
Estrela de Clarice Lispector
Nome: Luis Augusto Barbosa Teixeira
Titulação:
Instituição: UEPA
Resumo: O artigo intitulado “O Rito Fúnebre de Deus no Niilismo de
Nietzsche na Obra A Hora Da Estrela de Clarice Lispector” tem como
intuito de “problematizar” a colossal afirmação que Nietzsche discute na
sua obra “Assim Falava o Zaratustra” que deus esta morto, a partir dessa
afirmação irei comparar deus com a personagem Macabéa do romance “A
Hora Estrela” observando o esquecimento de deus/macabéa na literatura
a partir da indagação “O Homem busca Deus ou Instituição?” Assim
o trabalho apresenta uma comparação de Deus e Macabéa observando
esse rito funerário deles a partir do esquecimento que o homem tem pela
sua divindade, pois na sociedade que esta inserido caracterizou esse nãonomear de deus, mas sim da Instituição.
Palavras-chave: Niilismo. Morte de Deus. Clarice Lispector. Nietzsche.
Religião, Arte e Literatura
203
16.
A Fenomenologia das paixões e dos sentidos: a linguagem teológica
dos Sermões do Século XVII
Nome: Marcio Luiz Fernandes
Titulação: Doutor
Instituição: PUC/PR
Resumo: O objetivo do presente trabalho é apresentar os elementos
essenciais que caracterizam a teologia da pregação, no período da
Escolástica Barroca a partir do sermão das chagas de São Francisco. Neste
sermão o padre Antonio Vieira reconhece em Francisco de Assis a segunda
estampa de Cristo crucificado. Além disso, discute as questões das paixões
da alma na sua relação com os sentidos humanos e apresenta a unio mystica
e a categoria de abandono de si para afirmar que as chagas abertas de São
Francisco são cinco bocas ou línguas e, desse modo, estrutura o sermão
com a apresentação dos instrumentos com as quais a voz de Cristo ressoa
por meio de testemunhas que, como Francisco de Assis, mantêm vivo a
possibilidade da imitação de Cristo.
Palavras-chave: Pe. Vieira. Sermões. Escolástica Barroca. Cristologia
mística.
17.
Ensino religioso e literatura: reencantando áreas de conhecimento
Nome: Maria Augusta de Sousa Torres
Titulação: Mestra
Instituição: UERN
Resumo: O trabalho discute a importância do Ensino Religioso como área
de conhecimento para propiciar a religação dos saberes, atributo necessário
à educação do sujeito crítico e afeito as exigências de uma cidadania
planetária. Ancorada nesse propósito, a extensão universitária - Ensino
Religioso e Literatura: Reencantando Áreas de Conhecimento, do curso de
Ciências da Religião da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
204
GT 11
– UERN em parceria com a Secretaria Estadual de Educação e Cultura –
SEEC, assenta-se em 03 cidades do interior do Estado, com o objetivo de
exercitar o diálogo entre o Ensino Religioso e Literatura, extraindo lições
de responsabilidade e solidariedade, qualidades indispensáveis a formação
do cidadão. Com projeção de desenvolvimento nos anos de 2011 a 2013,
o projeto envolve professores e alunos do Ensino Fundamental da rede
Estadual de Ensino, através de planejamentos transdisciplinares, ciclos de
leituras e seminários. A empreitada do ano de 2011 serviu-se da obra Morte
e Vida Severina, do Poeta João Cabral de Melo Neto, como operador
cognitivo no aprofundamento das noções de identidade e religiosidade.
Palavras-chave: Literatura e Ensino Religioso. João Cabral de Melo Neto.
Cidadania.
18.
O Corpo Incompleto numa Leitura Fenomenológica
Nome: Me. Maria Cristina Pratis Hernández
Titulação: Mestra
Instituição: Centro Universitário Franciscano do Paraná
Resumo: Vazios e crenças existem porque o ser humano é um ser inacabado.
Paradoxalmente, essa dicotomia conduz o a busca de solução para o
seu existir. Pois onde está a esperança ali também está a religião. Vivese numa guerra permanente entre os desejos “do corpo” e as exigências
sociais de uma presumível boa educação. Ao longo dos tempos a educação
baseada na estética e na ética tem desempenhado um importante papel
social. Porque a esperança é uma antecipação do futuro, é o vir-a-ser. Em
Fédon, Platão considerava que a única maneira de ficarmos mais perto do
pensamento é abstermo-nos mais possível da companhia do corpo e de
qualquer comunicação com ele. Pois o pensador grego via o corpo como
fonte de corrupção. Já Nietzsche tinha uma opinião diferente de Platão
em relação ao corpo, para ele tudo é corpo e nada mais. A proposta desse
estudo é comparar as diferentes concepções de corpo, tomando como base
um estudo transdisciplinar de caráter crítico-interpretativo. De maneira
Religião, Arte e Literatura
205
que a fenomenologia da religião se interaja com a arte.
Palavras-chave: Corpo. Religião. Arte e Filosofia.
19.
Sinais da Presença para além da morte
Nome: Maria das Graças Ferreira de Araújo
Titulação: Mestre
Instituição: PUC Minas
Resumo: Sinais da Presença para além da Morte desde os tempos
primitivos, os homens deram sepulturas aos seus mortos. Suas construções
podem ser interpretadas como prova de humanização. O túmulo perpetua
a memória do morto e evoca uma resposta aos vivos diante da dor e perda
dos seus entes. De acordo com Áries, os túmulos tornam-se assim, os
“sinais da presença para além da morte” (Philippe Ariès, 1977). Uma
presença entendida como uma resposta à afeição dos que ficam e à sua
inexorabilidade diante da morte dos que partem. Neste sentido, em
conformidade e sintonia com a temática do Congresso da Soter 2012, e
tendo como pano de fundo a proposta do GT da reflexão sobre o tema
central “Mobilidade religiosa: linguagens - juventude - política” a partir
das novas linguagens e racionalidades possíveis do mundo da arte e da
literatura, religiosa ou não, a comunicação pretende mostrar, a importância
das construções e existência dos túmulos para a sociedade, em especial
no dia 02 de novembro, como local ritual de manifestação da saudade,
piedade e memória aos antepassados.
Palavras-chave: Escatolologia. Arte tumular. Memória.
20.
Motivações bíblicas em Memórias póstumas de Brás Cubas
Nome: Paulo Sérgio de Proença
Titulação: Doutor
Instituição: USP
206
GT 11
Resumo: Memórias póstumas de Brás Cubas é uma obra que sempre
intrigou os críticos; para uns, é o divisor de águas na ficção machadiana,
inaugurando a fase madura de sua produção; para outros, é a objetivação
de uma maturação de que já se podia colher indícios em escritos anteriores.
Em todo caso, a obra inova por seus elementos formais. Dentre outras
características sobressalentes, deve-se destacar a intertextualidade soberba
que a obra incorpora. Autores, obras e áreas de pensamento são evocados
à farta pela pena do narrador. Praticamente toda tradição cultural do
Ocidente está representada. Uma interessante incorporação textual se dá
com a Bíblia, em plots significativos para o contexto em que aparecem e para
a economia geral da obra. A partir dessa percepção, o objetivo principal
desta proposta é a análise das motivações bíblicas para a composição
do romance, a partir de levantamento e análise das ocorrências mais
expressivas e da hipótese de que os vínculos bíblicos foram apropriados
de forma particular e intencional e cooperam para o suporte ideológico
dos temas e das intenções que o romance apresenta. Personagens, eventos
e trechos bíblicos são evocados quase sempre de forma inusitada, pelo
narrador, o que ocorre com outras fontes também, de acordo com a
“desfaçatez” (Schwartz) própria do protagonista, representante da classe
dominante e de sua forma de agir no panorama histórico da época. A
combinação desses elementos faz supor que, de fato, há inspiração bíblica
para a composição do enredo do romance.
Palavras-chave: Machado de Assis. Bíblia. Intertextualidade.
Interdiscursividade. Memórias póstumas de Brás Cubas.
21.
Museu ao Céu Aberto: Arte tumular como expressão religiosa
Nome: Thiago Nicolau de Araujo
Titulação: Mestre
Instituição: EST
Resumo: Percebemos diferentes maneiras das sociedades expressarem o
sentimento sobre a morte, mas sempre mantendo a ideia de conservar
Religião, Arte e Literatura
207
a memória do morto pela imagem, numa tentativa de manter viva sua
identidade. Para o cristão, a fé na vida eterna representa um elo entre o
mundo dos vivos (profano) e o mundo dos mortos (sagrado). Daí surge
à necessidade de conservar a memória do morto, criando uma relação
permanente entre o mundo profano e o mundo sagrado. Assim, as
construções tumulares dentro dos cemitérios públicos e privados revelam
essa preocupação de preservar a memória através de obras de renomados
artistas plásticos, túmulos de personalidades de relevância, textos e outros
traços que contam a história das pessoas ali enterradas, tornando o espaço
um museu ao céu aberto. Analisamos as obras funerárias como uma forma
de discurso, pois quando uma família escolhe uma estátua de Cristo, de
algum santo e insere outros elementos da fé cristã, está reafirmando sua
crença religiosa ou da comunidade em que vive. Dessa forma, o túmulo é
uma representação de uma identidade cultura individual. Se um mesmo
elemento escultórico aparece repetidas vezes em um curto espaço de
tempo, percebemos a representação de identidade cultural coletiva. Assim,
é na diversidade de adereços que compões a arte funerária que se torna
possível identificar as concepções religiosas presentes em um campo santo.
Palavras-chave: Cemitérios. Arte tumular. Religiosidade.
22.
O Amor e a Arte vencem a morte – uma análise teológica d’O cego
Estrelinho de Mia Couto
Nome: Vera Lúcia de Castro
Titulação: Mestre
Instituição: UMESP
Resumo: O objetivo deste artigo é analisar teologicamente o conto O
cego Estrelinho de Mia Couto. O autor chega a beirar um messianismo em
algumas de suas narrativas. Neste conto, quero destacar para a interface
Teologia e Literatura os seguintes aspectos: 1) a inversão da vida como
possibilidade de encontrar o novo, por exemplo, encontrar vida, onde
se vê apenas morte (referindo-me, inclusive, ao contexto de pós-guerra
208
GT 11
de Moçambique); 2) a criação do mundo por meio da linguagem, pelo
personagem Gigito; 3) a criação dos neologismos representando uma nova
linguagem para um novo mundo; 4) a celebração da vida: o Amor e a
Arte como vencedores da morte. Essa leitura fundamenta-se em conceitos
teológicos sobre cultura do teólogo Paul Tillich, em conceitos filosóficos/
literários de Walter Benjamim, em dois teóricos da narrativa/conto: Júlio
Cortázar e Ricardo Piglia, no conceito de poesia do formalista Russo V.
Shklovski, e nos textos bíblicos citados.
Palavras-chave: Literatura. Teologia. Mia Couto. Escatologia. Linguagem.
Religião, Arte e Literatura
209
GT 12: Religião e Gênero
______________________________________
Coordenadores
Profa. Dra. Anete Roese – PUC Minas, MG
Profa. Dra. Sandra Duarte de Souza – UMESP, SP
Prof. Doutorando Clóvis Ecco – PUC/GO, GO
Ementa
O GT Religião e Gênero se propõe ser um espaço de diálogo
transdisciplinar no campo das Ciências da Religião, articulando áreas
como teologia, sociologia, antropologia, história, psicologia e filosofia em
perspectiva de gênero. O GT se dedicará à análise teórica feminista de
fenômenos, movimentos religiosos e manifestações espirituais do mundo
contemporâneo. Objetiva-se acolher estudos e reflexões críticas acerca
do papel das religiões/religiosidades/espiritualidades e suas implicações
sobre as relações de gênero na sociedade, do lugar dos sexos nas diferentes
religiões ao redor do mundo e das experiências que mulheres e homens
fazem em terreiros, igrejas, templos, mesquitas, sinagogas, casas de
oração e outros espaços de celebração. O GT também prevê propostas
que abordem os significados das experiências de libertação no contexto
religioso e hermenêuticas críticas de textos sagrados escritos ou orais e seus
sentidos para a humanidade.
210
1.
O feminino nas práticas religiosas do/no Terreiro de Candomblé Ilê
Wopo Olojukan
Nome: Amarildo Fernando de Almeida
Titulação: Mestre
Instituição: PUC Minas
Resumo: Refletir sobre a questão do feminino nas práticas religiosas
de um Terreiro de Candomblé, mais precisamente, do/no Ilê Wopo
Olojukan implica, necessariamente, uma reflexão acerca do gênero. Os
estudos de gênero aparecem como categoria de estudo, na década de 80,
com o objetivo de reconstruir conceitos ligados ao sexo feminino e ao
masculino, e, também, como categoria relacional. Contudo, percebe-se
que a construção do conceito de gênero, como é conhecida no Ocidente,
onde esta construção e prática circunscrevem, não pode ser aplicada com
todo rigor no universo mítico de um Terreiro de Candomblé. Pressupõe
que os mitos revelam os procedimentos pertinentes a cada sexo, mas não
somente o sexo biológico da pessoa (macho ou fêmea), mas o sexo do
orixá. O fato de ser biologicamente do sexo feminino ou masculino, não
dá ao fiel ou adepto o direito de realizar toda e qualquer atividade ou
tarefa dentro das práticas religiosas de um Terreiro de Candomblé.
Palavras-chave: Gênero. Terreiro de Candomblé.
2.
A experiência religiosa no cárcere. O caso do Centro de Reeducação
Feminino Maria Júlia Maranhão em João Pessoa – PB
Nome: Anaize Anália de Oliveira
Titulação: Mestre
Instituição: UFPB
Resumo: Este trabalho é fruto da conclusão da pesquisa de campo realizada
no Centro de Reeducação Feminina Maria Júlia Maranhão, um presídio
destinado ao confinamento de mulheres infratoras, situado na cidade de
Religião e Gênero
211
João Pessoa-PB. Trata da compreensão da experiência religiosa vivida
por prisioneiras e tem como objetivo principal analisar o campo religioso
prisional feminino. Durante a pesquisa pudemos observar que grupos
religiosos se revezam aos sábados para possibilitarem que a palavra de Deus
seja pregada mesmo no confinamento. De caráter sócio-antropológico, a
pesquisa buscou observar e ouvir as detentas quanto as suas atitudes diante
do fator religioso, as prováveis mudanças comportamentais atribuídas a fé
em Deus e a religião e suas expectativas de vida pós prisão. Nesse contexto,
buscamos conduzir o texto que traz em suas considerações a caracterização
do sistema penitenciário brasileiro e paraibano, a situação das mulheres
encarceradas e as possibilidades de reabilitação que o cárcere oferece, bem
como, relatos de experiências de mulheres que se vêem transformadas pela
fé que lhes foi apresentada dentro da prisão.
Palavras-chave: Sistema prisional feminino. Religião.
3.
Homossexualidade e fé: confessionalidade homossexual a partir do
discurso ético de Bernardino Leers
Nome: Daniel Cordeiro Martins
Titulação: Mestre
Instituição: PUC Minas
Resumo: A pesar da diversidade de denominações cristãs, são poucas as
que abrem espaço para os homossexuais, mesmo assim quando os aceitam
impõem a eles uma vida celibatária partindo sempre de um discurso ético
e moral com base referencial a “normalidade” da heterossexualidade.
Hoje, porém, há pessoas homossexuais que querem levar adiante a sua
espiritualidade e profissão de fé, sem abrir mão de sua sexualidade, isso se
torna possível porque temos de um lado os movimentos homossexuais que
ganham cada vez mais relevância e com isso os homossexuais se sentem
mais livres para se expressarem e contar ainda com uma pluralidade
religiosa que inclui igrejas que aceitam sem preconceito esse público, e
há um grande número de homossexuais que por tradição familiar ou por
212
GT 12
identificação permanecem nas igrejas, mesmo sabendo que o discurso
delas vai contra as práticas homossexuais, algumas até muito agressivas.
Partindo desse princípio o tema desse trabalho é homossexualidade e fé:
A confessionalidade homossexual a partir do discurso ético de Bernardino
Leers, ele trabalha a homossexualidade dentro do contexto da libertação e
emancipação dos gays no princípio ético do respeito mais do que a simples
tolerância.
Palavras-chave: Homossexualidade. Confessionalidade. Bernardino Leers.
4.
A inserção das mulheres no campo profissional teológico pós
regulamentação da teologia no Brasil
Nome: Maria Elise Gabrielle Baggio Machado Rivas
Titulação: Mestranda
Instituição: PUC/SP
Resumo: O trabalho analisa a inserção das mulheres no campo profissional
da teologia após a regulamentação da teologia no Brasil. O trabalho possui
ênfase empírica com estudo em cinco instituições de ensino superior
regulamentadas na grande São Paulo. A escolha das instituições deveu-se
à participação das mesmas no grupo de trabalho do Conselho Nacional
de Educação entre 2009 e 2010, o qual discutiu as Diretrizes Curriculares
Nacionais para o bacharelado em Teologia. O trabalho tem uma abordagem
qualitativa com entrevistas abertas com diretores e coordenadores das
instituições, bem como alunos (homens e mulheres). O trabalho discute
quem teve maior absorção no mercado de trabalho (homens ou mulheres)
a fim de apresentar um quadro claro sobre o campo profissional teológico.
Palavras-chave: Campo profissional teológico. Inserção das mulheres.
Religião e Gênero
213
5.
Religião, estado laico e autodeterminação sexual e reprodutiva das
mulheres
Nome: Romi Márcia Bencke
Titulação: Mestranda
Instituição: UFJF
Resumo: Religião, estado laico e autodeterminação sexual e reprodutiva
das mulheres Em um estado laico é presumível que as políticas públicas
não sofram influências religiosas. Porém, quando analisamos a saúde
sexual e reprodutiva da mulher brasileira percebe-se que a laicidade ao
estilo brasileiro vislumbra uma zona de porosidade entre religião e estado.
Apesar do conceito de saúde integral da mulher ter sido cunhado nos anos
1980, no caudal de uma longa trajetória de lutas e debates feministas,
as pressões religiosas sobre as políticas públicas relativas a saúde sexual
e reprodutiva da mulher se fazem presentes. Isso indica que a separação
entre Igreja e Estado no Brasil não resultou na privatização do religioso,
nem na exclusão mútua entre religião e política. Essa laicidade ao estilo
brasileiro, quando tomamos como quadro de análise as políticas de saúde
sexual e reprodutiva, deixa a mostra alguns sérios desafios para a saúde
pública, entre os quais, os processos de invisibilização e criminalização de
mulheres que, por um motivo ou outro, tiveram que interromper uma
gravidez. Para debater isso, recorreremos às discussões de Hervieu-Léger,
Berger e outros sobre secularização, laicidade e religião, além de enfocar as
formulações de políticas e os bastidores das pressões religiosas.
Palavras-chave: Religião. Estado laico. Autodeterminação sexual feminina.
6.
A participação das mulheres nos espaços de poder das Assembleias de
Deus em Belém do Pará
Nome: Rosinda da Silva Miranda
Titulação: Mestranda
Instituição: UEPA
214
GT 12
Resumo: O presente trabalho analisa a participação das mulheres nos
espaços de poder nas Assembleias de Deus em Belém do Pará, sendo esta,
a primeira igreja pentecostal na Amazônia. Verificou-se que o número
de mulheres que frequentam as Assembleias de Deus em Belém é maior
que a quantidade de homens, porém elas continuam em minoria nos
cargos decisórios das igrejas. Conclui-se, então, com apoio dos escritos de
Pierre Bourdieu, que, esse cenário é possível devido à manifestação de um
poder simbólico orientado pela visão patriarcal espiritualizada, em outras
palavras, as mulheres estão seguindo a vontade de Deus, pois Este deixara
o sacerdócio exclusivo ao sexo masculino. Por outro lado, as mulheres
vêm conquistando poder nos espaços de decisão a partir de seus carisma e
dedicação aos trabalhos da igreja.
Palavras-chave: Assembleia de Deus. Ministério feminino. Pierre Bourdieu.
7.
Percurso histórico da configuração de uma sacerdotisa afro-brasileira:
interface entre história, classe e gênero
Nomes: Sumaia Miguel Gonçalves; Neusa Miguel Gonçalves; F. Rivas
Neto
Titulação: Mestranda; Pós graduanda; Especialista
Instituição: PUC/SP; PUC/SP e USP
Resumo: O presente trabalho visa recuperar a trajetória histórica de Mãe
Antônia até se configurar como uma sacerdotisa de umbanda. Nosso
trabalho possui uma abordagem qualitativa pressupondo pesquisa de
campo nos rituais de seu terreiro e entrevistas abertas. O método utilizado
é o da história oral favorecendo nosso artigo na medida em que postula
a fase de recolhimento das fontes necessárias à análise e a posterior
crítica às mesmas. O referencial teórico quanto ao método está pautado
sobretudo em Thompson (1988). Já quanto à literatura afro-brasileira
nos aprofundaremos em Prandi (1991), Rivas Neto (2002, 2012) e Vaz
(2009). As trajetórias de vida de sacerdotes e sacerdotisas afro-brasileiros
Religião e Gênero
215
tem revelado muito mais sobre este amplo universo religioso do que
análises puramente teóricas. Nesse sentido, esperamos contribuir a este
campo de estudos por encontrar neste objeto um olhar interdisciplinar
entre as categorias de classe, gênero e religião.
Palavras-chave: Umbanda. Mãe Antônia. Sacerdotisa afro-brasileira.
8.
Igreja, gênero e juventude: Reflexões sobre Gênero na Igreja Assembleia
de Deus em São Bernardo do Campo e suas influências na juventude
Nome: Valter Borges Dos Santos
Titulação: Mestrando
Instituição: UMESP
Instituição financiadora: CAPES
Resumo: O artigo buscará apresentar reflexões da abordagem de gênero
na Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Ministério de São Bernardo
do Campo, a partir dos postulados de seu Estatuto e Regimento Interno
reformados em 2007, a fim de perceber a influência dessa abordagem
e seus reflexos, contradições e ambiguidades na juventude assembleana
desse ministério. Propõe-se analisar essa conjuntura a partir das obras “A
Construção Social da Masculinidade” do Dr. Pedro Paulo de Oliveira;
“Gênero, Corpo, Conhecimento” de Alison M. Jaggar e Susan R. Bordo;
“Religião e Sexualidade: Convicções e Responsabilidades”, e organizado
por Emerson Giumbelli, inclusive considerando temas da laicidade.
Problematiza-se essa reflexão através das seguintes questões: A atual
influência permitirá ao jovem desabsolutizar a hegemonia masculina?
Superará, o jovem assembleano, a hegemonia masculina nas questões
de gênero ou enrijecerá suas posturas dificultando as possibilidades de
diálogo nas questões de gênero.
Palavras-chave: Igreja. Gênero. Juventude. Assembleia de Deus.
216
GT 12
9.
Religião, gênero e sexualidade: o caso dos soropositivo para o HIV
Nome: Clóvis Ecco
Titulação: Doutorando
Instituição: PUC/GO
Resumo: Esta comunicação reúne reflexões sobre o modo como o
soropositivo para o HIV e a religião têm sido abordados pela mídia. A
análise tem por base dados obtidos em pesquisa de campo realizada na
AAVE – (AIDS- apoio, vida, esperança), no Município de Goiânia, Goiás,
com entrevista semi-estruturada. Os sujeitos foram 25 pessoas, sendo 15
homens soropositivo para o HIV e 10 conjugues (homens e mulheres),
quase todos oriundos de famílias de baixa renda, moradores de Goiânia
e municípios vizinhos. Os dados foram coletados entre janeiro a julho de
2011. O objetivo foi verificar a relação entre HIV, mídia, família e religião,
tendo gênero e sexualidade como categorias de análise. Entende-se que
a eclosão da AIDS/HIV no mundo e no Brasil trouxe consigo o medo
de uma doença desconhecida, sem cura e fatal, tal como publicada pela
mídia no final do século XX. Isto significou não somente um problema
de epidemia em saúde pública, mas também gerou na sociedade um clima
de punição moral, reflexo do preconceito presente nos diferentes ideários
religiosos que compõem as concepções de sexualidade e de doença no
Ocidente.
Palavras Chave: Mídia. Soropositivo. Família. Religião. Gênero.
10.
Gênero, Religiões de Matriz Africana e Políticas Públicas em Belém,
Pará
Nome: Daniela Cordovil Corrêa dos Santos
Titulação: Doutora
Instituição: UNB
Resumo: Esta comunicação pretende discutir como as tradicionais
Religião e Gênero
217
relações de gênero estabelecidas no interior das religiões de matriz africana
no Brasil, especialmente o Candomblé, impactam e são impactadas pela
construção de políticas públicas com recorte de gênero, tomando como
base empírica o estudo da militância política de alguns “terreiros” de
Belém, Pará, organizados em forma de associações civis ou ONGs. No
interior dessa nova forma de associativismo dos afrorreligiosos, lideranças
femininas tornam-se conhecidas no cenário político local e nacional,
dialogando com políticas públicas para mulheres elaboradas por diferentes
esferas de governo e entidades civis. Tradicionalmente, as religiões de
matriz africana possuem uma proeminência da presença feminina em
seus cultos e na sua própria ideologia religiosa. Recentemente nota-se
uma presença cada vez maior de intelectuais nas fileiras dos cultos, que
possuem uma elaboração ideológica, inclusive de referencial feminista,
sobre participação feminina no candomblé. O objetivo desta comunicação
será refletir sobre este possível encontro entre ideias e políticas feministas e
o mundo do candomblé em Belém.
Palavras-chave: Gênero. Religião. Política pública.
11.
Maria enquanto figura mítica: uma análise sobre a mariologia
tradicional
Nome: Daniele Ventura
Titulação: Doutoranda
Instituição: PUC/GO
Resumo: A Mariologia Tradicional tem sedimentado uma imagem de
Maria enquanto sinal de pureza, obediência e resignação. Pensando
nisso, visamos na presente abordagem analisar que imagem de Maria é
projetada pela Mariologia Tradicional, a partir dos dogmas católicos
marianos, bem como observar de que maneira esta imagem propagada
pelos grupos mais tradicionais é capaz de determinar o modelo de
conduta a ser seguido por muitas religiosas. Para tanto, traremos o gênero
enquanto categoria de análise, a fim de que possamos identificar como a
218
GT 12
imagem de Maria projetada pela Mariologia Tradicional serve de base para
moldar comportamentos que revelam submissão, resignação e silêncio
naturalizados, principalmente, por mulheres religiosas e por homens que
observam nesta imagem o papel que a mulher deve ocupar na sociedade.
Palavras-chave: Mariologia tradicional. Gênero. Maria.
12.
A persistência das Deusas: representações simbólicas do feminino na
atualidade
Nome: Izildinha Konichi
Titulação: Doutora
Instituição: PUC/SP
Resumo: A pesquisa tem por objetivo investigar quais as representações
simbólicas do feminino se encontram presentes na mulher na atualidade.
As transformações que vêm ocorrendo no âmbito social nas últimas
décadas, principalmente nos países ocidentais, apontam para uma
mudança no padrão de conscientização do feminino, tomado aqui em seu
sentido mais amplo, universal e, portanto, simbólico. O estudo aborda a
temática a partir de mitos de deusas gregas, como expressões de imagens
arquetípicas, portanto, presentes em todas as mulheres. A comparação dos
dados, obtidos a partir de amostras coletadas em campo, em períodos
distintos, e sua posterior análise qualitativa dentro do referencial da
psicologia analítica, nos permitem visualizar uma discrepância, nesses
dois momentos, na maneira como o feminino está sendo integrado à
consciência.
Palavras-chave: Representações simbólicas. Feminino. Deusas.
13.
Igreja e políticas públicas: refletindo sobre a mobilidade da população
de rua na cidade de Uberlândia/MG nos anos 2010-2011
Nome: Clélia Peretti
Titulação: Doutora
Religião e Gênero
219
Instituição: EST
Resumo: O presente artigo faz uma explanação dos fatores que propiciaram
a reprodução do fenômeno população em situação de rua de homens
portadores de HIV e Aids na cidade de Uberlândia, Estado de Minas
Gerais, no período de 2010 e 2011 e, descreve, ações de conscientização
da Igreja Católica Romana e do governo voltadas a este segmento da
sociedade. A existência de indivíduos em situação de rua traz na própria
dominação “rua” a marca do estigma e da exclusão a que são submetidas
e torna patente a profunda desigualdade social brasileira. Este segmento
populacional encerra em si o trinômio exprimido pelo termo exclusão:
expulsão, desenraizamento e privação. Várias são as causas que movem
esta população ir para a rua, assim como são múltiplas as realidades
da população em situação de rua: vínculos familiares quebrados ou
interrompidos, desemprego, fatores estruturais e biográficos, desastres
naturais e doenças. Esta realidade interpela a Igreja que tende manter no
esquecimento o rosto do outro, especialmente, do pobre e da vítima. Na
origem da revelação, a misericórdia é uma forma para mostrar o último da
realidade de Deus, de Jesus Cristo e do ser humano. A misericórdia divina
se historiza em Jesus de Nazaré. Ele é a aproximação do amor-misericórdia
de Deus que se inclina sobre a humanidade ferida para redimi-la e salvála. A religião assume, dessa forma, um papel salutar na restauração e na
reinserção social deste seguimento populacional que encontra nas ruas seu
espaço principal de sobrevivência e de ordenação de suas identidades.
Palavras-chave: Igreja Católica Romana. Política pública.
14.
Política religiosa e religião política: os evangélicos e o sexo nas eleições
de 2010
Nome: Sandra Duarte de Souza
Titulação: Doutora
Instituição: UMESP
220
GT 12
Resumo: O Brasil é um país predominantemente cristão, apesar de ser
internacionalmente conhecido como o país da diversidade religiosa.
Segundo as últimas pesquisas, nada menos que 88,6% da população
brasileira se afirma cristã, sendo 68,4% católicos declarados (a menor
porcentagem de fieis desde que se iniciou o levantamento estatístico da
presença das religiões no país) e 20,2% evangélicos das mais diversas
denominações. Esses dois segmentos têm se destacado na arena política
nacional, influenciando o voto dos eleitores, apoiando campanhas
eleitorais de candidatos mais afeitos aos seus interesses políticos e religiosos,
se posicionando contrariamente à candidatura de pessoas que destoem
desses interesses e incentivando ou obstaculizando o desenvolvimento
de políticas públicas. A presente comunicação se dedicará especialmente
ao segmento evangélico, buscando entender sua atuação no processo
eleitoral de 2010, analisando as tensões entre a afirmação política de uma
moral sexual religiosa e a proposição de um Estado laico, voltado para os
interesses dos cidadãos e cidadãs a despeito de sua confissão religiosa.
Palavras-chave: Religião. Política. Evangélicos.
Religião e Gênero
221
GT 13: Ética, Teologia e Religião
______________________________________
Coordenadores
Profa. Dra. Maria Inês Miller – CES-JF, MG
Prof. Dr. Márcio Fabri – São Camilo-SP, SP
Ementa
A necessidade da Ética para a sobrevivência e bem-estar da Humanidade
emerge em nossos tempos com novas características e urgentes desafios. Os
avanços científicos fazem crescer de diferentes formas a responsabilidade
humana por seus próprios destinos, ao mesmo tempo em que ao lado
dos individualismos, a complexidade, pluralidade e interdependência
se tornam, entre outras, as novas condições da consciência para o viver
em sociedade. A Religião e suas Teologias prestam uma indubitável
contribuição para a construção do discernimento sobre valores e critérios,
avaliações e normas, virtudes e práticas que guiam o agir humano em todas
as suas dimensões. Dentro deste quadro, o presente GT visa incentivar,
acolher e debater estudos que abordem aspectos e interfaces das Religiões
e suas Teologias com a Ética, seja em termos de fundamentação, análises
históricas, tendências, propostas; seja em estudos de casos contextuados.
Pretende-se com isto contribuir para que as Religiões e suas Teologias,
através da reflexão ética, superem seus fundamentalismos e isolacionismos
e possam melhorar a qualidade de suas reflexões éticas, bem como em meio
à sociedade plural possam interagir de forma dialogada e participativa.
222
1.
A virtualidade ética e a historicidade como constituições essenciais do
ser humano: breve abordagem, a partir da obra de Padre Vaz
Nome: Raquel Ferreira de Souza
Titulação: Mestre
Instituição de origem: FAJE
Resumo: Breve trabalho sobre as duas possibilidades de constituição dos
ser humano, a partir da proposta de Padre Vaz, a saber: a historicidade do
ser humano, que inserido no ethos aprende o bem e o mal, assim como
aprende a como viver; e a virtualidade ética, que seria uma característica
originária do ser humano, que busca continuamente pelo bem.
Palavras-chave: Historicidade. Ethos. O bem e o mal.
2.
Possibilidades de uma Ética do Amor em Kierkegaard e Dostoiévski
Nome: Rodrigo Costa Silva
Titulação: Graduado
Instituição de origem: UFJF
Resumo: Este trabalho visa tratar dos principais conceitos presentes no
pensamento de Kierkegaard e Dostoiévski a cerca da temática do Amor.
Apontaremos as possibilidades de uma ética do Amor fundamentada no
Cristianismo. O imperativo do “Tu deves amar” de Kierkegaard como
passagem do “amor egoístico” para a vivência de uma relação de amor
maximamente alterativa, que reconhece no próximo, ou seja, em qualquer
ser humano, o objeto do amor. Em Dostoiévski, abordaremos a disputa
entre o Bem e o Mal no coração do homem, sede dos conflitos interiores,
e a vitória do amor que rompe com as estruturas e as forças do mal e
humaniza o ser humano. A importância de Deus como fundamento para
a vivência do amor cristão nos dois pensadores.
Palavras-chave: Ética do Amor. Kierkegaard. Dostoiévski.
Ética, Teologia e Religião
223
3.
Ética de matriz judaica
Nome: Flavio Schmitt
Titulação: Doutor
Instituição: UFJF
Resumo: A ética tem se apresentado como um ponto de equilíbrio, como
alternativa mundial para um entendimento entre os diferentes povos,
culturas e nações. Em vista dos princípios éticos comuns é possível
elaborar uma agenda mínima em torno das principais questões que hoje
comprometem a sustentabilidade humana no planeta. A ética de matriz
religiosa tem uma importânte contibuição a oferecer à sustentabilidade
ética da humanidade. O livro “Ética da Felicidade” do Dalai-Lama é uma
evidência de que as religiões tem algo a dizer quando o assunto é ética. Este
estudo investiga a contribuição ética da tradição religiosa judaica. Tem o
propósito de verificar a contribuição à ética da matriz religiosa judaica a
partir de textos da Biblia Hebraica. Analisa textos da Bíblia Hebraica e
relaciona os mesmos com as teorias éticas modernas.
Palavras-chave: Sustentabilidade humana. Ética judaica. Teorias éticas
modernas.
4.
Repensar a ética jesuânica no e para o contexto atual
Nome: Edward Neves Monteiro de Barros Guimarães
Titulação: Mestre
Instituição: FAJE
Resumo: Entre os desafios da reflexão teológica cristã destaca-se a tarefa
irrenunciável de interpretar, ressignificar e atualizar continuamente a
experiência fontal. Historicamente o Cristianismo, inúmeras vezes,
assumiu configuração dogmática fixista, com pretensão do monopólio
da plenitude da verdade. Esta pretensão impediu o cultivo do diálogo
aprendiz com as outras tradições religiosas, com as ciências e com as
224
GT 13
demais posturas antropológicas. Consequentemente, por não ter dado
a devida atenção às transformações culturais, não percebeu a tentação
da fossilização histórica, nem a necessidade do contínuo repensar suas
tradições. Percebe-se grande distância entre a moral cristã e a práxis de
Jesus de Nazaré. Em outras palavras, a moral cristã hegemônica, por não
ter conseguido manter a vivacidade da memória perigosa de Jesus e deixado
orientar-se pelos eixos estruturantes da ética jesuânica, não conseguiu
manter historicamente viva a experiência de vigor profético e de fidelidade
ao Reino até as últimas consequências. Buscamos extrair dos textos fontais
princípios éticos centrais dos ensinamentos e da práxis libertadora de
Jesus, procurando interpretá-los no horizonte da cultura atual. O intuito é
contribuir na superação de posturas moralistas infantilizantes e apresentar
de modo significativo a “ética jesuânica”.
Palavras-chave: Moral cristã. Prática de Jesus de Nazaré. Fidelidade ao
Reino.
5.
Anarquismo cristão: A ética da não violência como forma de liberdade
do Corpo e da Alma
Nome: Daivid Tiago Oliveira Sousa
Titulação: Graduado
Instituição: UEPA
Resumo: O artigo intitulado “Anarquismo Cristão: A ética da não violência
como forma de liberdade do corpo e da alma” tem como objetivo analisar
e demonstrar como a doutrina da não violência era levada a cabo pelo
escritor, romancista e pacifista do século XIX Leon Tolstoi em suas obras O
REINO DE DEUS ESTÁ EM VÓS (1894) e CARTAS A UM HINDU
(1908). A partir destas obras irei levantar o debate a cerca dos eixos
centrais de analise que são: primeiro é necessário saber se a doutrina da
não violência como filosofia de vida pode ou não libertar o corpo e a alma;
segundo como esta está em acordo ou desacordo com os ensinamentos
de Cristo e o último eixo de analise é se podemos considerar as doutrinas
Ética, Teologia e Religião
225
de cristo e do próprio Tolstoi como Anarquia no sentido debatido pelo
Teólogo Frances Jacques Ellul (Anarquia e Cristianismo, 1991) e a termo
de comparação a definição de anarquia do Jornalista Nicolas Walter (O
que é anarquismo, 2007), assim como traçar um parâmetro comparativo
com o momento histórico e o anarquismo revolucionário, combatido
por Leon, do teórico e militante anarquista Mikhail Bakunin (Deus e
o Estado, 1882). Através das linhas de pensamento destes três teóricos
pretendo alcançar as linhas mestras do anarquismo e situar Leon Tolstoi
dentro desta corrente de pensamento com o seu “anarquismo cristão”.
Palavras-chave: Anarquismo. Não-Violência. Corpo. Alma.
6.
O pecado para os teólogos e para outras áreas do saber: análise
comparativa de bases indexadoras para artigos latino-americanos
Nome: Renata Ferrarez Fernandes Lopes
Titulação: Doutora
Instituição: UFU
Resumo: O objetivo deste trabalho é apresentar uma revisão sistemática
sobre o tema pecado, enquanto uma categoria moral negativa, realizada
em dois indexadores que se distinguem no que diz respeito ao público
que os acessa: o LILACS(BVS), indexador dirigido aos profissionais das
ciências da saúde e o Sumários.org que, embora também indexe revistas da
área da saúde, trata-se de um indexador eminentemente ligado às ciências
humanas, incluindo revistas de Teologia e de Ciências da Religião. O
unitermo utilizado em ambos os indexadores foi a palavra-chave “pecado”.
Não foi utilizado nenhum critério para a limitação da busca. O LILACS
(BVS) apontou 41 itens, sendo 32 artigos, 6 monografias e 3 teses. Destes,
30 artigos foram publicados em português, 10 em espanhol e 1 em inglês.
Outras palavras-chave associadas a pecado foram : (4) comportamento
sexual; (4) mulheres; (6) transtorno depressivo; (2) transtorno de ansiedade;
(2) amor; (2) narcisismo; (1) pedofilia, etc. O Sumário.org apontou 6
artigos publicados, sendo 5 em português e 1 em espanhol. As palavras226
GT 13
chave associadas a pecado não se repetiram, como no outro indexador
e caracterizaram-se por: casamento, discurso clerical, doença, sacrifício e
justiça. A análise comparativa mostrou que a compreensão tradicional de
pecado relacionada à culpa e punição (doença) continua presente entre
os profissionais da área de saúde, apesar da virada renovadora da Teologia
Moral. Por outro lado, as publicações feitas por teólogos e cientistas da
religião estão numa linha histórico/bíblica, o que inibe a aproximação
deste diferentes campos do saber.
Palavras-chave: Pecado. Punição. Culpa. Doença.
7.
Globalización y exclusión: Nuevo marco de la ética de la liberación en
E. Dussel
Nome: Salustiano Alvarez Gomez
Titulação: Doutor
Instituição: PUC Minas
Resumo: Podemos atestar a necessidade humana de globalização desde
tempos remotos. Experiências universalizantes como a semana de sete dias
ou ideal romântico de uma aldeia global estiveram presentes no imaginário
social. Desde a Modernidade aparece um tipo de globalização que se impõe
pela força. Na análise de Enrique Dussel acontece de forma organizada e
pensada. Tem como base o consumo, a produção para a acumulação, e a
individualização, princípios que conduzem à exclusão de grupos sociais
e culturais, provocando uma globalização sem ética. Se de fato podemos
aceitar e compreender a necessidade da globalização, constata-se uma
ambivalência do modelo de globalização que se vive na atualidade, pois
gera exploração, falta de dignidade e, em definitivo, provoca e multiplica
o número de vítimas do sistema imperante. Trata-se de uma globalização
desde padrões europeus e norte-americanos. Para Dussel este tipo de
globalização inicia-se tardiamente na Modernidade com a chegada do
sistema liberal. Impõe-se um centralismo europeu e liberal que esquece
e oprime culturas milenares. Dussel propõe uma superação desta
Ética, Teologia e Religião
227
Modernidade a partir do conceito de “Trans-modernidade” para colocar
no patamar digno os povos e as culturas do Terceiro Mundo, ao tempo
que defende uma nova racionalidade baseada na utopia da liberação.
Palavras-chave: Globalização. Centralismo europeu e liberal. Transmodernidade.
8.
Ética e Catolicismo Popular: uma reflexão a partir das prédicas de
Antonio Conselheiro
Nome: Geová Nepomuceno
Titulação: Mestre
Instituição: FAPAM
Resumo: O objetivo deste artigo é trabalhar as prédicas de Antonio
Conselheiro. Perceber em suas prédicas uma “ética cristã” que poderia
contribuir para a mesma observação da religiosidade na atualidade.
Palavras-chave: Antônio Conselheiro. Ética cristã. Religiosidade na
atualidade.
9.
Frei Bernardino Leers e a renovação da Teologia Moral no Brasil
Nome: Oton da Silva Araújo Júnior
Titulação: Doutor
Instituição: Casa de Santo Antonio
Resumo: Mediante a proposta conciliar de que a Teologia Moral deveria
revelar ‘grandeza da vocação dos fiéis em Cristo e a sua obrigação de dar
frutos na caridade para vida do mundo’ (OT 16), o frade franciscano,
Frei Bernardino Leers (1919-2011), se empenhou de modo singular em
favorecer tal renovação, unindo a reflexão teológica à sua experiência
pastoral junto à população interiorana de Minas Gerais. O diálogo entre
estes dois ambientes fez nascer uma nova concepção de Teologia Moral,
buscando inserir-se na história de nossa gente, desejosa de seguir o caminho
228
GT 13
do bem (Sl 100,2), embora nem sempre identificados com os padrões
oficiais propostos pela Igreja. A moral proposta por Frei Bernardino
revelou o rosto brasileiro, com seu bom humor, seu ‘jeitinho’, o valor do
diálogo entre os produtores da moral. Ao se referir aos cristãos do interior,
Frei Bernardino tocava na essência da experiência humana, em seus anseios
mais primitivos, mas muitas vezes negados ou ridicularizados. O humano
sonha, quer viver, quer viver sua fé, quer conviver em harmonia, quer que
seus filhos tenham um futuro melhor. Tudo isso se pode notar na obra de
Frei Bernardino.
Palavras-chave: Vaticano II. Rosto brasileiro. Nova concepção da TM.
10.
A Pastoral Coletiva de 1915 e a Nova Face da Igreja Católica
Nome: José William Barbosa Costa
Titulação: Especialista
Instituição: PUC Minas
Resumo: Esta comunicação pretende fazer uma breve apreciação da
Pastoral Coletiva de 1915, enfocando de modo especial os aspectos que
reformaram o catolicismo vivido no Brasil, a nova maneira como a Igreja
católica se faz presente na sociedade brasileira e sua influência social no
início do século XX.
Palavras-chave: Igreja Católica, Sociedade Reestruturação, Pastoral,
República e Bispos.
11.
As Associações religiosas Católicas Mineiras
Nome: Mário Henrique Resende Melo
Titulação: Mestre
Instituição: PUC Minas
Resumo: O trabalho aborda o fenômeno das irmandades religiosas, desde
a consideração de suas motivações mais básicas, tais como a superação
Ética, Teologia e Religião
229
do isolamento existencial e a inserção social mediada pelo catolicismo,
até sua tipificação enquanto confrarias, arquiconfrarias e ordens terceiras,
passando pela descrição das atividades dos seus membros, de suas ações
assistencialistas, da estratificação social determinada por suas devoções
(p.ex.: Ordem do Carmo, destinada a pessoas mais abastadas, Ordem do
Rosário a escravos) etc. O estudo das manifestações institucionais e religiosas
das Minas Gerais permite-nos refletir sobre o rico universo religioso e a
complexa forma de organização funcional cotidiana. A intenção é refletir
sobre o surgimento das associações religiosas, a organização interna, o
papel social, político e religioso das ordens terceiras em Minas Gerais. Para
tanto, contaremos com o aporte, principalmente de pensadores como:
Caio Boschi (1983), Fritz Teixeira (2007) e Eduardo Hoornaert (1998),
entre outros.
Palavras-chave: Irmandades religiosas. Universo religioso de Minas Gerais.
Papel social e político das Ordens terceiras.
230
GT 13
GT 14: Sociedade, laicidade e
tolerância religiosa
______________________________________
Coordenadores
Profa. Dra. Marília De Franceschi Neto Domingos – UFPB, PB
Prof. Dr. Luis Tomas Domingos – UNILAB, CE
Ementa
O objetivo do GT é discutir as relações entre as diversas religiões, na
sociedade atual. Em um momento em que os conflitos religiosos têm
acirrado as discussões políticas, gerando mesmo a queda de regimes, a
questão da necessidade do respeito ao princípio da laicidade e de seus
conceitos se torna urgente como tema, além de nos obrigar a voltar os
olhos para o aumento da intolerância no Brasil e no mundo.
231
1.
A tolerância religiosa no Brasil - Os tratados de 1810
Nome: Marilia De Franceschi Neto Domingos
Titulação: Doutora
Instituição: UFP
Resumo: O ano de 1810 é apresentado comumente como aquele em que
foi instituída a tolerância religiosa no Brasil, a partir de dois Tratados
assinados pelo regente do trono português, Dom João e o rei inglês
George III: o Tratado de Amizade e Aliança; e o Tratado de Comércio e
Navegação. Esses acordos que visavam regular a “amizade” e o “comércio”
entre os dois reinos teriam instituído então a tolerância religiosa aos cultos
não-católicos. Pesquisas bibliográficas e documentais realizadas, dentro
de um projeto maior sobre a história da laicidade no país, nos levaram
a concluir que essa tolerância somente era reconhecida aos ingleses,
diferentemente do que nos fazem crer diversos autores comumente
citados que erroneamente estendem às demais religiões cristãs reformadas
os mesmos privilégios. Se o tratado de Amizade e Aliança instituiu que o
Tribunal do Santo Ofício ou Inquisição não seria estabelecido no Brasil, foi
o de Comércio e Navegação que tratou das questões religiosas; mas ambos
asseguram apenas aos ingleses o direito ao culto. Boa parte dos autores
que encontramos, utilizou a citação dos artigos dos Acordos a partir de
cópias encontradas nos livros dos “viajantes” ingleses, sem preocupação
maior de checar os originais dos mesmos; pesquisa hoje possível graças à
digitalização dos textos. Ao lermos os documentos originais, percebemos
o erro na transcrição e consequentemente na análise sobre a tolerância
aos acatólicos no período compreendido entre 1810 e 1823, modificados
quando da Constituição do Brasil Império. Buscamos com nosso trabalho
corrigir esse equívoco.
Palavras-chave: Tratados ingleses de 1810. Tolerância religiosa. Religiões
acatólicas. Liberdade religiosa.
232
GT 14
2.
Aspectos da Movimentação do Campo Religioso Afro-Paraibano
Nome: Ivonildes da Silva Fonseca
Titulação: Doutor
Instituição: UEP
Resumo: O campo religioso é um espaço social e no seu interior há uma
movimentação liderada por representantes de grupos, os agentes, que
disputam posição social, legitimidade, prestígio. A partir desse conceito
pretendo abordar a mudança que o campo religioso afro-paraibano,
considerado feitiçaria/magia, sofreu ao ser estruturado como religião.
Essa mudança tem momento histórico específico às suas localidades e
no estado da Paraíba o marco dessa mudança é oficializado na década de
1960. A mudança de caráter legal impõe a substituição da identificação
do campo de feitiçaria/magia para religião, todavia, a partir de dados
coletados em pesquisa, constata-se que a ocorrência não foi efetivada e um
dado explicativo repousa sobre o local de emissão dessas práticas religiosas.
Ao usufruir da legalidade as religiões afro-brasileiras passaram a ganhar
algumas características de uma burocracia possibilitando a correlação
entre a instituição igreja e o terreiro com as/os suas/seus filhas/os de
santo que corresponde aos fieis; as autoridades máximas correspondem as
mães e pais-de-santo. Vê- se então, no meu ponto de vista, que as religiões
afro-brasileiras atendem a algumas das características de organização
burocrática. Entretanto, após identificar a diversidade no campo marcada
pela formação de cultos em que predominam os encontros entre as
tradições religiosas europeias, tradições indígenas e africanas, verifica-se
uma movimentação para o alcance de medidas que alterem a concepção
do lugar de emissão.
Palavras-chave: Religiões afro-paraibanas. Magia e religião. Legalidade e
religiões afro-brasileiras
Sociedade, laicidade e tolerância religiosa
233
3.
“Aviso: Não dê dinheiro ao falso profeta, ligue para a UPP”. Religião
e Segurança Pública no Jardim Batan
Nome: Vinicius Esperança
Titulação: Mestre
Instituição: Pesquisador associado/ISER
Resumo: A pesquisa no campo religioso do Batan é o segundo momento
de uma pesquisa maior do ISER sobre UPPs a ser entregue à FAPERJ, no
ano de 2012. Na primeira etapa do campo, percebeu-se o protagonismo
religioso e a relação estabelecida entre as igrejas e a questão da segurança
pública, que ocorria destacadamente no Batan, em comparação a outras
comunidades pacificadas. O trabalho de campo, nessa segunda fase,
se deu nos meses de março e abril de 2012, onde, além da observação,
estabelecemos contatos e realizamos entrevistas com as lideranças
anteriormente destacadas, moradores, outras lideranças religiosas e na área
da segurança pública, além de frequentar os cultos religiosos de parte das
instituições mapeadas no levantamento. O objetivo do trabalho é refletir a
respeito daquilo que observamos quanto à religião no Batan, em especial
ênfase na forma peculiar como ela se relaciona com aspectos da segurança
pública. Tivemos o cuidado metodológico de não chegar à comunidade
com teorias prontas sobre como a religião deveria se relacionar com a
UPP, mas sim em ouvir e dar voz às diferentes interpretações sobre a
questão, reconhecendo seu valor na construção do texto. Acreditamos que
a melhor avaliação da UPP e das mudanças que visivelmente ocorreram na
comunidade nos últimos cinco anos não está no olhar do cientista social,
mas daqueles que vivenciaram cotidianamente e na porta de suas casas o
passado de extrema violência e o atual momento de pacificação.
Palavras-chave: Favela. Segurança Pública. Violência. Religião.
234
GT 14
4.
A devoção do Sonho de Nossa Senhora na comunidade de Olhos
D’água/MG
Nome: Edivaldo Alves Nunes
Titulação: Especialista
Instituição: PUC Minas
Resumo: A presente pesquisa de campo teve por objetivo analisar a
oração do sonho de Nossa Senhora e como ocorre o imaginário religioso
católico no contexto sócio-antropológico do município de Olhos D’água/
MG, tendo por base a religiosidade devocional Mariana. Ao realizamos
o levantamento da oração: o sonho de nossa senhora, pudemos perceber
que esta oração se apresenta ponto comum, vinculado a outras realidades
religiosas, de resquício de um catolicismo medieval; do suporto fim do
mundo e de uma tradição que sobrevive sem a figura religiosa. Esta oração
é conhecida pelas rezadeiras da região, que as mesmas e conforme diz a
oração quem rezar é avisado da sua morte. A pesquisa parte da oralidade e
dos escritos apócrifos sobre a figura de Maria, a mãe de Jesus. Utilizamos à
pesquisa, através de relatos e conversas direcionadas com as participantes
da pesquisa; sobre a amostragem de 10 pessoas da comunidade religiosa
do município de Olhos D’água/MG. Consideramos a realização desta
pesquisa importante para adentramos no campo das religiosidades
populares brasileira, marcadas pela simplicidade, piedade devocional e
continuidade da memória da tradição religiosa.
Palavras-chave: Nossa Senhora. Devoção. Rezadeiras.
5.
Valorização cultural: geografia, educação e modo de vida do RKBAKT
da Aldeia Babaçuzal em Cotriguaçu – MT
Nomes: Marina Silveira Lopes; Juliane Ferreira Garcia
Titulação: Doutor; Graduanda
Instituição: Ajes – Faculdades do Vale do Juruena
Sociedade, laicidade e tolerância religiosa
235
Resumo: Na Terra Indígena do Escondido localizada à margem
esquerda do rio Juruena, no norte-noroeste do Estado de Mato Grosso,
encontramos o aldeamento Babaçuzal. Uma região isolada que sofre com
ausência de referências históricas e de estudos arqueológicos e culturais
que dificultam a datação da ocupação humana naquele espaço geográfico.
Nessa aldeia, vive uma das etnias do povo Rikbaktsa. Os rikbaktsa,
dessa aldeia lutam desesperadamente para manter sua cultura e sua
língua mãe, que se misturam cada vez mais, às expressões da sociedade
envolvente. Nesse estudo in loco, pela geografia cultural, procura-se
evidenciar tais mudanças mostrando a eles como a ciência geográfica pode
atuar como aliada à preservação e à manutenção da cultura dessa etnia.
A geografia num contexto interdisciplinar pode aflorar a percepção da
comunidade tradicional com a sociedade envolvente. Existem muitos
jovens indígenas que já frequentam as escolas públicas onde têm a base
do nosso conhecimento. Entretanto, nossa proposta é levar a geografia à
aldeia, onde existem crianças, jovens e adultos que com seus ensinamentos
tradicionais, poderão fazer pela Geografia Cultural, o resgate da memória
tribal com relação aos acidentes geográficos propagados pelos mitos. A
ideia de relacionar os ensinamentos mitológicos aos geográficos vem no
intuito de preservar o patrimônio da cultura material dessa comunidade.
Palavras-chave: Geografia. Educação. Cultura. Mito
6.
Ruy Barbosa, uma proposta de tolerância religiosa
Nomes: Elizabeth Regina Silva Ferreira; Priscila Mikaelle Costa de Araújo
Titulação: Graduandas
Instituição: UFP
Resumo: Tendo com referência resultados de pesquisas e revisão
biográfica, atentamos para o fato de que a proposta aventada por Ruy
Barbosa, ainda no século XIX, nos estabelece respaldo suficiente para
reflexão das problemáticas que norteiam o ensino no Brasil. Partindo desse
pressuposto consideramos as atribuições dadas por Ruy se torna relevante
236
GT 14
e significativa para a sociedade atual, sobretudo, no tocante a “escola laica”.
As ideias ilustradas em seus pareceres, que embora não tenham sido de
fato efetivadas se mostram ainda hoje como suporte das observações dos
aspectos sociais, políticos, econômicos, culturais e educacionais daquela
época, uma vez tida como preocupações à frente de seu tempo. A postura
de Ruy em relação à proposta de laicidade ia muito além do confronto ao
monopólio religioso, ele defendia seguramente um dos princípios básicos
das ideias liberais: “a liberdade de consciência”. Dessa forma, a imposição
da religião católica na escola, atrelada à obrigatoriedade do ensino da
mesma não seriam princípios aceitos por Ruy Barbosa, contudo, sua maior
defesa era em prol do respeito às diversas confissões existentes. Sabemos
que a discussão em torno do Ensino Religioso esta longe de ser resolvida,
e que, até os dias de hoje, não se encerraram os questionamentos sobre o
tema. Identificamos que, tanto na escola, quanto na sociedade a ausência
de espaços para debate, fomenta um obstáculo ao bom entendimento em
relação à proposta de laicização nas escolas públicas.
Palavras-chave: Ruy Barbosa. Laicidade. Tolerância Religiosa. Ensino
Religioso.
7.
Jackson do Pandeiro: fonte para o combate à intolerância às religiões
afro-brasileiras
Nome: Daniel de Oliveira
Titulação: Graduando
Instituição: UEP
Instituição financiadora: CNPq
Resumo: Este resumo apresenta o desenvolvimento da pesquisa ora,
desenvolvida no Programa de Iniciação Científica – PIBIC- Af na
modalidade de inclusão social da Universidade Estadual da Paraíba UEPB, campus III cujo objetivo geral é analisar a representação das
religiões afro-brasileiras tomando como fonte as letras de músicas
interpretadas por Jackson do Pandeiro. Uma das justificativas do projeto é
Sociedade, laicidade e tolerância religiosa
237
o reconhecimento da importância da linguagem musical para o processo da
comunicação, sobretudo na sala de aula e proporciona amplos elementos
para o exercício de desmonte do fenômeno da intolerância religiosa.
Também se constitui como justificativa a singularidade de Jackson do
Pandeiro no cenário artístico-musical e a pouca exploração analítica da sua
ligação com as religiões afro-brasileiras. Inicialmente fizemos a audição de
aproximadamente 230 letras e em seguida, iniciamos a identificação dos
elementos e os classificamos nas modalidades das referidas religiões. A partir
dessa identificação partimos para a contextualização histórico-social das
modalidades religiosas que aponta para a emergência da industrialização e
da urbanização no Brasil e da modernização na Paraíba. As conclusões as
quais estamos chegando apontam a estreita relação de Jackson do Pandeiro
com as religiões afro-brasileiras. Esta relação é evidenciada nas músicas
que atravessam a linha do tempo e são cantadas, dançadas e festejadas
por muitas pessoas e, que podem ser importantes instrumentos para a
desconstrução do preconceito, discriminação e intolerância religiosa.
Palavras-chave: Jackson do Pandeiro. Religiões afro-brasileiras. Cenário
religioso afro–paraibano. Intolerância religiosa.
238
GT 14
GT 15: Juventude, educação e ação estudantil
______________________________________
Coordenadores
Prof. Dr. Emerson José Sena da Silveira – UFJF, MG
Prof. Dr. Flávio Munhoz Sofiati – UFG, GO
Ementa
Ligados estreitamente à questão da mobilidade religiosa, estão os
ambientes urbanos e a juventude que opera movimentações e inserções
em movimentos sociais, partidos políticos e outras agremiações civis,
impactando tanto o espaço público, quanto o campo e o mercado
religioso a partir de mobilidades intra e inter-religiosas. Abrindo-se
para contribuições de variadas tradições epistemológicas, este grupo
pretende ser um espaço de debates e reflexões afinadas com a temática
da juventude, cidade e inserção sócio-político-religiosa. Assim, podemos
destacar algumas questões norteadoras: quais as relações entre religião,
juventude e movimentos sociais e políticos no ambiente urbano? Como os
jovens se situam dentro desse processo? A partir dessas questões, acolhemse investigações teóricas e/ou empíricas que contribuam para uma maior
compreensão da temática relativa ao ambiente urbano e sua relação com as
diversas formas de inserção sócio-político-religiosa da juventude.
239
1.
Ofensiva da Juventude Carismática: Recristianizar a Europa!
Nome: Brenda Carranza
Titulação: Doutora
Instituição: PUC Campinas
Resumo: No marco da última Jornada Mundial da Juventude, presidida
por o Papa Bento XVI, na cidade de Madri em agosto de 2011, a Renovação
Carismática Católica (RCC) do Brasil inicia um novo ciclo de expansão
missionária ao se propor realizar uma “ofensiva” de recristianização
além-fronteiras. Tal iniciativa de evangelizar os espanhóis da cidade de
Pamplona, ao norte da Espanha, colocou a RCC na mira dos novos fluxos
migratórios internacionais por motivos religiosos, inserindo-se no cerne
da problemática que se estabelece entre os fervorosos jovens missionários
e o contexto de ampla vivência de secularização que os recebe, revelando
assim a dinâmica deflagrada ao tentar converter os nativos europeus. Essa
missão denominada, provisória e polemicamente, de “missão invertida”
ou “missão reversa” trouxe à tona a dificuldade teórica e empírica de
apreender a complexidade das propostas missionárias que partem dos
territórios latinoamericanos – outrora colonizados espiritualmente pelo
berço cristão – e hoje retornam para “catequizar” seus catequistas. Com
base nos dados de pesquisa, em andamento, nesta comunicação pretendese discutir a compreensão que as lideranças carismáticas têm sobre sua
missão de cristianizar a Europa; propõe-se apresentar os projetos e
atividades que formam a juventude carismática para ser missionária numa
terra que “esqueceu Deus”; e, a título de exploração hipotética, discutese o impacto que esta nova fase da Renovação Carismática implica num
contexto de retradicionalização e reinsticionalização deflagrada pelo
catolicismo contemporâneo. Palavras-chave: Juventude carismática. Ofensiva. Recristianização. Europa.
240
GT 15
2.
Religiosidade e ritos de passagem do jovem no contexto tecnológico
da Paraíba
Nome: Anna Thereza Patricio Beuttenmuller Bezerra
Titulação: Mestranda
Instituição: IFPB
Resumo: Este artigo tem como objetivo refletir e conhecer as expressões
de religiosidade apresentadas pelos jovens na atualidade, em particular
os jovens alunos dos cursos técnicos integrados do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba, campus João Pessoa. Como
processo psíquico e social, cada sociedade produzirá em seus jovens,
características particulares do seu meio, que deixarão marcas no seu corpo
e na sua alma. Em algumas tradições, o jovem entra no mundo adulto, após
participação em uma cerimônia religiosa elaborada. Nas sociedades menos
desenvolvidas o marco de passagem para a vida adulta, dava-se através da
presença de ritos; da doutrinação dos novos adultos nas tradições grupais;
pela aprendizagem da técnica da caça. No Instituto Federal, esse rito de
passagem é vivenciado no trote recebido pelos calouros. A presença da
religiosidade da juventude no ambiente educacional tecnológico pode ser
confirmada a partir dos registros da presença de ritos, símbolos e imagens
contidos nos eventos e na organização religiosa do grupo JOTEC - Jovens
de Cristo. Diante das observações realizadas e das conversas com os líderes
e participantes deste Grupo, podemos afirmar que esses jovens parecem
permanecer carentes de atividades que orientem para as questões como a
fé, a solidariedade e os valores morais, encontrando na religião refúgio e
suporte para o enfrentamento dos medos e conflitos próprios desta etapa
do seu desenvolvimento.
Palavras-chave: Religiosidade. Juventude. Rito de Passagem. Contexto
tecnológico.
Juventude, educação e ação estudantil
241
3.
O futuro em questão: a esperança entre jovens universitários
Nome: Leomar Brustolin
Titulação: Doutor
Instituição: PUC/RS
Resumo: A indagação sobre o futuro sempre preocupou homens e mulheres
de diferentes condições no planeta. No tema estão implicadas as questões
da esperança e da transcendência. Nos últimos tempos insiste-se na ideia de
eternização do presente. As preocupações com o devir e a transcendência,
perdem espaço diante das ocupações para alcançar a felicidade imediata,
mesmo que provisória. A pesquisa propõe-se a investigar como os jovens
universitários gaúchos pensam o futuro, a esperança e a transcendência.
Através de entrevistas com universitários, pretende-se verificar o quanto a
eternização do presente e a redução da escatologia a sonho de consumo
é constatável nas ideias e nos discursos dos jovens contemporâneos. Após
o tratamento dos dados da pesquisa de campo, o estudo faz uma análise
comparativa com a revisão bibliográfica a respeito do tema.
Palavras-chave: Juventude. Universidade. Esperança.
4.
Juventude e Universidade: qual sociabilidade estão fazendo os jovens
nos Grupos de Oração Universitários?
Nome: Carlos Eduardo Pinto Procópio
Titulação: Doutor
Instituição: IFSMG
Resumo: Os Grupos de Oração Universitários (GOUs) são uma novidade
dentro do campo religioso brasileiro, sobretudo por ser um pedaço da
Renovação Carismática Católica (RCC) dentro de um espaço laicamente
consagrado. Por mais que sejam coerentes as preocupações elaboradas
pelas ciências sociais no que tange a compreensão destes grupos como
um braço forte da RCC dentro das universidades, por serem estas as
242
GT 15
responsáveis pela formação da maioria das lideranças, das mais diversas
áreas, esses grupos fazem jus a um imaginário juvenil pautado numa
tradição modernamente orientada que não pode ser negligenciada. Seus
discursos e comportamentos refletem certo marco geracional, os colocando
como portadores de uma linguagem onde a emoção, a individualização
e os laços provisórios ganham contornos reais, por onde canalizam um
discurso tradicional católico carismático. São através das suas redes de
sociabilidade estabelecidas a partir do grupo de oração em que frequentam
que podemos observar aqueles desdobramentos. A proposta deste trabalho
é apresentar tais desdobramentos e os seus sentidos possíveis.
Palavras-chave: Juventude. Universidade. Sociabilidade. GOUs.
5.
Religião e juventude: tensões entre o sagrado e o mundo
Nomes: Dorath Rodrigues Barbosa; Matheus da Costa Oliva; Ângela da
Rocha Santana; Wallace Ferreira Sousa
Titulação: Graduandos
Instituição: UNIMONTES
Resumo: No século XX podemos observar grandes transformações no
mundo, especialmente no período pós-guerra, sendo essas transformações
mais visíveis nos aspectos socioculturais, em especial com relação aos jovens.
O sociólogo Luís A. Groppo (2007) afirma que podemos ver a juventude
como uma categoria social, categoria essa que sempre é uma representação
simbólica de cada sociedade. As religiões também se preocupam com essa
categoria de transição social, buscando desde cedo aplicar-lhes algum tipo
de formação. Neste estudo objetiva-se investigar as tensões que os jovens
neopentecostais – IURD – e católicos carismáticos – RCC – sentem ao
entrar em contato com o sagrado existente nos grupos de jovens que
participam. Para tanto, buscamos entrelaçar as observações de campo e
entrevistas realizadas em uma sede da Igreja Universal do Reino de Deus e
em grupos de jovens da Renovação Carismática Católica, com teorias que
nos auxiliem na compreensão deste estudo. A teoria da religião weberiana
Juventude, educação e ação estudantil
243
mostra-se como uma interessante ferramenta para o entendimento da
postura dos jovens religiosos diante do mundo secularizado. Em um mundo
onde vários sistemas simbólicos coexistem, gerando tensões, buscamos na
sociologia de Berger (1985) um alicerce para a análise de tal situação onde
a juventude se encontra, e assim interpretar as possíveis tensões vividas por
estes jovens.
Palavras-chave: Juventude. Negação do mundo. Neopentecostais. RCC.
6.
A participação dos jovens em movimentos religiosos: CEBs x RCC e
seus reflexos na vida social
Nome: Cesar Portantiolo Maia
Titulação: Especialista
Instituição: UNISINOS
Resumo: A partir da releitura dos autores clássicos da sociologia e da
sociologia da religião buscou-se analisar os processos vividos por dois
grupos que convivem em oposição dentro da Igreja Católica, um deles
as Comunidades Eclesiais de Base e o outro a Renovação Carismática
Católica, buscando analisar como se estrutura o trabalho desses grupos com
a juventude e quais as perspectivas sociais desse trabalho. Comparando os
seus processos históricos, essa produção chega a conclusões a respeito dos
modelos de Igreja pregados por eles e que rumos sociais estão seguindo.
Através da realização de pesquisa empírica, com observação e entrevistas
e da problematização dos aspectos como metodologia de trabalho, temas
discutidos, visão a respeito do envolvimento dos jovens em questões
sociais, buscou-se verificar quais são as perspectivas de participação e
envolvimento nos problemas da sociedade dos jovens carismáticos e das
comunidades de base.
Palavras-chave: Juventude. Comunidades Eclesiais de Base. Renovação
Carismática.
244
GT 15
7.
A juventude carismática católica: o caso do PHN na Canção Nova
Nome: Flávio Munhoz Sofiati
Titulação: Doutor
Instituição: UFG
Resumo: O artigo tem o objetivo de apresentar algumas considerações
acerca dos elementos que contextualizam a relação do pentecostalismo
católico com sua juventude. O trabalho enfatiza os aspectos sociológicos
da Renovação Carismática, tendo como foco a juventude do PHN (Por
Hoje Não vou mais pecar) da Comunidade de Vida e Aliança Canção
Nova.
Palavras-chave: Religião. Juventude. Catolicismo. Carismáticos. PHN.
8.
Religião e religiosidades – revisitando conceitos a partir das juventudes
Nome: Sílvia Regina Alves Fernandes
Titulação: Doutora
Instituição: UFRRJ
Resumo: A partir do início da nossa década percebe-se um crescimento no
interesse dos analistas acerca da temática juventude e religião, ampliandose, portanto, a conjunção das categorias normalmente associadas aos
estudos de juventude, tais como política, sexualidade e lazer. Este trabalho
visa discutir os conceitos de religião e religiosidade a partir da análise de
pesquisas sobre juventude e religião que vêm sendo desenvolvidas no
Brasil e nos Estados Unidos. Embora as categorias religião e religiosidade
sejam frequentemente apresentadas como campos dicotômicos pretendese explorar outras possibilidades interpretativas sob o aporte da sociologia
da religião. Sugere-se, considerando os dados das pesquisas, que a
composição das religiosidades juvenis está ancorada em elementos fortes
da tradição embora mosaicos religiosos que exercem atração sobre os
jovens implementem arranjos inusitados. Juventude, educação e ação estudantil
245
Palavras-chave: Juventudes. Religião. Religiosidades. Brasil. EUA.
9.
Experiência Religiosa das Juventudes Contemporâneas: novos modos
de crer [e] ser
Nome: Carlos Eduardo da Silva Moraes Cardozo
Titulação: Mestrando
Instituição: UFRJ
Resumo: O presente trabalho objetiva estabelecer alguns parâmetros
de compreensão e discutir conceitos heurísticos que nos permitam
situar algumas abordagens sobre a experiência religiosa da juventude
contemporânea que evocam uma experiência de construção identitárias,
assim como algumas práticas juvenis que incorporam sentidos e valores
identificados com o campo religioso. Ou seja, pretendo compreender
como hábitos religiosos de pertença a grupos e doutrinas religiosas passam
a fazer parte de sistemas de crenças religiosas na esfera da subjetividade,
ao mesmo tempo em que uma experiência do sagrado, que busca conectar
o indivíduo com a natureza, passa a fazer parte de um sistema de crenças
institucionais. A convergência entre estes dois universos conceituais
parece indicar horizontes comuns entre juventude e religião. Ao lado
de outros recortes (de classe, de gênero, de raça ou cor, de local de
moradia, de orientação sexual, de estilo ou gosto musical), a religião tem
sido vista como um dos aspectos de grande importância no mosaico da
diversidade das juventudes. Esse pressuposto teórico se verifica em uma
pesquisa a se realizar em um “grupo de jovens” da Comunidade Shalon.
E, surpreendentemente, temas como multipertença e multiculturalismo
emergem no universo de jovens que fazem percursos na construção de
suas identidades. Com isso, configura-se novos modos de crer [e] ser.
Palavras-chave: Juventude. Religião. Multiculturalismo. Multipertença.
Identidade
246
GT 15
10.
Música gospel: estratégia urbana de conquistas cristãs
Nomes: Dayana Dar’c da Silva e Silva; Giovana dos Anjos Ferreira
Titulação: Graduandas
Instituição: UEPA
Resumo: A música como elemento contemporâneo de influência direta
nos grupos sociais é potencializada principalmente nos grupos de jovens,
algo visível no universo urbano, especialmente nas igrejas evangélicas. O
estudo visa fazer uma análise acerca dos discursos e práticas utilizados
pelas igrejas de Belém, especificamente por meio da música gospel para
atraírem o público jovem. A presente pesquisa pretende fazer uma reflexão
sobre a relação entre a música gospel, juventude e religiosidade na capital
paraense. O estudo em questão é construído a partir de entrevistas e
pesquisas de campo e reflete sobre a relação que é colocada em prática
a partir dos discursos das igrejas evangélicas, buscando fazer um breve
exame sobre a forma que os grupos religiosos se utilizam de vários recursos,
principalmente a música, para atrair os jovens. Religiosidade. Juventude.
Religião.
Palavras-chave: Música gospel. Estratégias de conquista. Urbanidade.
Conquista cristã.
11.
O trânsito religioso da juventude: a presença das religiões nas
biografias juvenis
Nomes: Clélia Peretti e Elizabet Terezinha Castaman Nogoseke
Titulação: Doutora e Mestranda
Instituição: PUC/PR
Resumo:
A
presença
do
religioso
e
das
religiões
na
juventude
brasileira
contemporânea,
o envolvimento dos/das jovens em grupos religiosos, o espaço da religião nas
políticas públicas de juventude e nos grupos se constituem em vetores
Juventude, educação e ação estudantil
247
importantes para a construção de identidades juvenis. Estatísticas mostram
que há nas últimas três décadas uma intensa mobilidade de pessoas entre as
religiões. O contexto urbano vem sendo considerado como um dado relevante
para a compreensão dessas relações. No espaço da cidade desenha-se um
contexto de pluralidade de religiões em que a prática de seus adeptos tem sido
mais transitiva com novas representações sociais, étnicas e de gênero. A
situação econômica da juventude, as novas expressões do sagrado, a busca
de independência, do grupo, a sensibilidade pelas produções artísticas e
culturais são alguns dos fatores que revelam a mobilidade e o trânsito
religioso da juventude. Noticiários e pesquisas acadêmicas mostram que
embora aparentemente contraditórias as duas ideias: crise de religião como
fonte distribuidora de imagens estáveis do mundo e presença das religiões
no espaço público e nas biografias convive, nos jovens, hoje. Há uma
nova identidade religiosa do jovem brasileiro, que, em matéria de crenças
e dogmas não pode mais ser dita ortodoxa, ainda que pese a permanência
e resistência das instituições tradicionais nos seus credos e sistemas de
governo eclesiástico. Há intenso trânsito de ideias caracterizado por um
distanciamento da ortodoxia cristã, católica e protestante, e consequente
redirecionamento da prática religiosa, num primeiro momento, em favor
de uma heterodoxia, e, num segundo, de um sincretismo religioso.
Palavras-chave: Juventude. Trânsito religioso. Experiência religiosa.
Gênero.
12.
Uma análise do estatuto da juventude sob o olhar weberiano
Nome: Janine Huguenin Corrêa
Titulação: Especialista
Instituição: Instituto Castelo Branco
Resumo: Este trabalho propõe discutir como a juventude moderna,
herdeira da jaula de ferro do mundo capitalista, estabelece suas escolhas
profissionais e o julgamento de si a partir do lugar social que lhe é dado.
Utilizaremos a metodologia de análise do discurso e do sujeito para
248
GT 15
analisarmos a lei 4.529 de 2004, que consolida no Brasil os direitos da
juventude brasileira e inaugura o reconhecimento pelo Estado desta
como um setor da sociedade. Os dados são interpretados a partir de
uma perspectiva da escolha laboral como meio-fim de atuação social
e valorização do eu, a partir da relação das ideias de Max Weber, com
sua investigação de como a religião influenciou na formação do homem
racional moderno e na vocação profissional, tendo como foco o atual
momento brasileiro.
Palavras-chave: Estatuto da juventude. Weber. Juventude moderna.
13.
Juventude: música e dança a serviço da fé nas cristotecas (baladas)
católicas
Nome: Luzia Maria de Oliveira Sena
Titulação: Mestre
Instituição: PUC/SP
Resumo: As cristotecas (baladas católicas) surgiram na cidade de São
Paulo em 2003 e, em seguida, foram se espalhando por várias cidades
dos diversos Estados do Brasil. Promovidas pelo Movimento Eclesial
Aliança de Misericórdia, visam, segundo seus idealizadores, oferecer uma
alternativa às discotecas ou baladas “mundanas”, nas quais os jovens,
não raro, se envolvem com o mundo das drogas, do alcoolismo, da
promiscuidade. As cristotecas objetivam “atrair o jovem com aquilo que
o seduz no mundo-balada, danceteria, vibe, rave - e usar esse meio para
levá-los a conhecer Jesus”. Nas cristotecas, portanto, a música e a dança
são utilizadas, não apenas como um meio de lazer e entretenimento para
a juventude, mas, especialmente, como estratégia de evangelização: atrair
os jovens e proporcionar-lhes uma experiência religiosa, um encontro com
Deus, e trazê-los para o convívio da Igreja Católica. Nessa Comunicação
apresentaremos como tudo isso ocorre.
Palavras-chave: Cristotecas. Movimento Eclesial Aliança de Misericórdia.
Juventude, educação e ação estudantil
249
14.
Empoderamento e Tecnologias políticas do Self entre jovens
carismático-católicos brasileiros
Nome: Emerson José Sena da Silveira
Titulação: Doutor
Instituição: UFJF
Resumo: A partir de eventos lúdicos e festivos, a sociabilidade dos
jovens carismáticos católicos será analisada a partir de duas categorias:
empoderamento e tecnologias do self. Quais as transformações que
a modernidade e “pós-modernidades” trouxeram ao campo católico,
especificamente, ao horizonte de intersubjetividade e corporeidade dos
jovens católico-carismáticos? Orientada por esta pergunta, a presente
comunicação buscará em etnografias feitas em eventos lúdico-festivos
na cidade de Juiz de Fora (MG) e estudo dos discursos contidos nas
propagandas, sítios eletrônicos e outras publicidades do movimento
carismático católico. A partir dessas ferramentas metodológicas, serão
delineadas as complexas relações entre religião e cultura a partir da
situação vivida pelos sujeitos em termos de uma “tecnologia política dos
indivíduos”. Ressaltando a ótica fenomenológica, na linha de Schutz e
Csordas, argumenta-se que a corporeidade e o self podem ser abordados
desde uma perspectiva não dicotômica, em que novos espaços de interação
entre religiosidade católica e a cultura contemporânea emergem tensas,
mas mergulhadas em processos polifônicos e dialógicos.
Palavras-chave: Empoderamento. Juventude. Pós-Modernidade.
Carismáticos.
250
GT 15
GT 16: Linguagem e religião:
perspectivas bakhtinianas
______________________________________
Coordenadores
Prof. Dr. Paulo Fernando Dalla-Déa – UFSCar, SP
Profª. Dra. Ivenise T. Gonzaga Santinon – PUC Campinas, SP
Prof. Dr. Ângelo Cardita – Université de Laval, Québec, Canadá
Ementa
Para além das questões ligadas à linguagem e à análise linguística - já
com algum impacto na teologia e exegese bíblicas -, as perspectivas e os
conceitos bakhtinianos abrem caminhos para o entendimento crítico
das questões e problemas ligados à atual situação religiosa, pois o que
Bakhtin propõe é que nos ponhamos à escuta, na disposição para a ação
e o diálogo, das vozes dos outros que constituem as várias identidades,
desenvolvendo, ao mesmo tempo, olhares oblíquos capazes de observar os
fenômenos populares que escapam às identidades institucionais e políticas
oficiais. Como tal, o principal objetivo do GT é promover o debate e a
reflexão sobre a dimensão religiosa do pensamento e obra de Bakhtin e
do círculo bakhtiniano, com a finalidade dedesenvolver uma teoria sobre
a situação religiosa hodierna em diálogo com as ciências da linguagem
e outras correntes filosóficas com preocupações em comum com o
pensador russo. Assim, o GT integrará comunicações que correspondam
aos seguintes temas: 1) Dimensões religiosas do pensamento e obra de
Bakhtin (e do círculo bakhtiniano): - sua importância para a compreensão
da religião hoje; - pontos de contato e temas comuns a outros autores
e correntes filosóficas (escola de Frankfurt, filosofia judaica do séc. XX,
pós-modernismo e outros); 2) Discussões epistemológicas inspiradas em
Bakhtin: - sobre as teorias da religião; - sobre a dimensão linguística da
religião e a dimensão religiosa da linguagem; 3) Análises de textos bíblicos
e/ou religiosos com o método bakhtiniano.
251
1.
Desafios Teológicos da “Filosofia do Ato”de M. Bakhtin
Nome: Ângelo M. dos Santos Cardita
Titulação: Doutor
Instituição: Faculté de Théologie de l’Université de Laval
Resumo: Nesta comunicação, centramo-nos na breve referência cristológica
que Bakhtin insere na sua filosofia do ato, de forma a determinar os
desafios teológicos daí decorrentes. Isto implica, em larga medida, uma
recriação imaginativa da ética religiosa que Bakhtin nunca escreveu, na
busca de uma forma de pensar.
Palavras-chave: Cristologia. Bakhtin. Filosofia. Teologia.
2.
Leitura Bakhtiniana do Concilio Vaticano 2: uma cunha?
Nome: Paulo Fernando Dalla-Déa
Titulação: Doutor
Instituição: UFSC
Resumo: Aos 50 anos da abertura do Concílio Vaticano 2, temos um
impasse teológico e eclesial. Há leituras “conservadoras” e “avançadas”
dele. Ambas se denominam legítimas e verdadeiras, acusando a outra
parte de manipulação do “espírito” do Concílio. Se continuarmos lendo o
Vaticano 2 assim, não chegaremos a nenhum lugar. A possibilidade é ver
a partir das categorias do filósofo russo M. Bakhtin a polifonia e as muitas
vozes que aparecem nos documentos do Vaticano 2, dando-lhes direito
de cidadania e vendo como podem compor uma realidade polifônica e
eclesial de forma corajosa e caritativa. Essa é uma leitura nova e necessária
dos mesmos textos, levando em conta a letra do texto e o espírito que levou
a assembleia conciliar a colocar todas as vozes num mesmo documento,
declarando implicitamente que a cidadania eclesial se faz igual para todos.
Palavras-chave: Concilio. Vaticano II. Bakhtin. Teologia.
252
GT 16
3.
Mikhail Bakhtin: em busca do outro
Nome: Manoel Henrique de Melo Santana
Titulação: Mestre
Instituição: CESMAC
Resumo: Bakhtin estava de forma genial no início de um novo caminho
filosófico, aliando-se a outros na estrada que o ser humano percorre
ao encontro de si mesmo, através do sacramento do outro, numa nova
linguagem teológica. A questão do Ser está fora do alcance da ciência
e exige outra racionalidade, que pense o sentido do Ser. Ser significa
comunicar-se (1961, p.293). Mais tarde, o filósofo vai confirmar que “Eu
não posso me arranjar sem outro, eu não posso me tornar eu mesmo sem
outro: eu tenho de me encontrar num outro para encontrar um outro
em mim”(1961, p. 287). E ainda afirma: “Viver significa tomar parte no
diálogo: fazer perguntas, dar respostas, dar atenção, responder, estar de
acordo, e assim por diante (1961, p 293). O diálogo com Bakhtin, em
sua obra “Para uma Filosofia do Ato Responsável”, nos abre caminhos
para compreender as consequências que outros filósofos contemporâneos
abordariam: Hegel, Heidegger, Emmanuel Lévinas e Gabriel Marcel. No
outro lado da reflexão filosófica está a ditadura da razão ocidental sobre o
Ser. Na continuidade deste pensamento filosófico hodierno, o Ser humano
passa a ser, então visto como sujeito e protagonista da história humana.
Palavras-chave: Bakhtin. Outro. Busca. Filosofia. Levinas.
4.
O dialogismo e a construção do sentido nas cartas encíclicas de Bento
XVI
Nome: Nanci Moreira Blanco
Titulação: Mestre
Instituição de origem: UFSC
Resumo: Este trabalho tem como objetivo mostrar como se dão as relações
Linguagem e religião: perspectivas bakhtinianas
253
dialógicas e a construção do sentido no discurso religioso católico atual,
aqui representado pelas cartas encíclicas do papa Bento XVI. Um discurso
tão consolidado como o religioso sofre influências de vários outros com os
quais partilha e aos quais contrapõe idéias ou delas faz uso para estabelecer
o sentido do seu discurso.A análise desenvolvida busca compreender, a
partir da observação da dialogia nos documentos em questão, como se
organiza tal gênero discursivo (as encíclicas), e depois estabelece, a partir
da constitutividade inegável do extraverbal sobre o verbal, qual a relação
que tais textos têm com os que circulam na sociedade. Considero, para
tanto, que as relações dialógicas podem ser de convergência ou divergência,
de aceitação ou recusa. A questão fundamental desta análise é, portanto,
entender os discursos dos quais é preciso se defender e os discursos aos
quais é preciso recorrer para constituir o sentido pretendido nas cartas
encíclicas.Assim, esta análise busca verificar como se dá, na linguagem, o
confronto de ideias que constitui o discurso dessas cartas, analisando como
a voz do Outro entra em tal discurso. O pensamento que norteia esta
análise é os estudos do filósofo russo Mikhail Bakhtin sobre Dialogismo
e Ideologia.
Palavras-chave: Bakhtin. Bento XVI. Dialogismo. Construção de sentido.
5.
A restituição do Diaconato Permanente na Igreja Católica Ocidental
Nome: Ana C. Souza Mendes
Titulação: Graduada
Instituição: UFG
Resumo: O diaconato faz parte do sacramento da ordem dentro da Igreja
Católica. Existem dois tipos de diáconos: o transitório e o permanente,
neste último o indivíduo mesmo sendo casado pode receber o sacramento
da ordem. O diaconato foi instituído pelos 12 discípulos e pela assembléia
após Pentecostes, o fato se deu porque o número de cristãos havia
aumentado muito e os discípulos não poderiam deixar de pregar a palavra
para servir os fiéis, então foram escolhidos 7 homens de boa fama para
254
GT 16
servir e ainda hoje essa é a principal função do diácono dentro da Igreja
Católica: o serviço. O diácono não deve obediência ao padre porque não
é leigo, mas sim ao bispo, porque recebe o sacramento da ordem. Nos
dias atuais, o diaconato tem ganhado mais força a cada dia. É importante
ressaltar que ele está localizado no grau mais inferior da ordem, também
que estava apagado nas práticas religiosas da Igreja Católica Ocidental até
pouco tempo. Com isso, a pesquisa procura respostas e levanta hipóteses
para tais fatos, tendo como suporte a Análise do Discurso em uma
perspectiva bakhtiniana.
Palavras-chave: Discurso. Religião. Catolicismo. Diaconato.
6.
O sincretismo religioso contemporâneo a partir da análise das práticas
discursivas da Irmandade da Luz
Nome: Alice T.L. Silveira
Titulação: Graduada
Instituição: UFG
Resumo: O objetivo deste estudo é compreender uma das formas de
ocorrência do processo sincrético cristão na atualidade a partir da análise
das práticas discursivas da Ordem Missionária Esótero-espiritualista
Cristã Mariana Irmandade da Luz. Como sugere a denominação
autoexplicativa, esta é uma ordem religiosa organizada e hierarquizada de
caráter missionário, inserida em uma perspectiva cristã-mariana, a qual
pugna pela crença na comunicação entre planos. A Ordem Irmandade da
Luz define-se como uma casa de saúde espiritual, na qual aqueles que vão
em busca do auxílio oferecido pela Ordem são vistos como pacientes, e
não adeptos. A constituição sincrética da Irmandade da Luz compreende
ao menos cinco diferentes doutrinas, a saber: Catolicismo, Espiritismo,
Umbanda, Vale do Amanhecer e Santo Daime. Neste momento inicial,
realizaremos a descrição dos gêneros discursivos que compõem parte das
atividades abertas ao público da Ordem Irmandade da Luz. A partir das
categorias da análise do discurso textualmente orientada, por meio da
Linguagem e religião: perspectivas bakhtinianas
255
apropriação das noções Bakhtin (2006), Fairclough (2001) e Foucault
(2006). Intencionamos observar os processos de produção, distribuição e
consumo textuais e reconhecer neles o modo como ocorre a articulação, a
rearticulação e a estruturação dos discursos religiosos diversos constitutivos
da Irmandade.
Palavras-chave: Sincretismo. Gêneros do discurso. Irmandade da Luz.
7.
As memórias de futuro apocalípticas e o discurso religioso/histórico
Nome: Allan Tadeu Pugliese
Titulação: Graduado
Instituição: UFSC
Instituição financiadora: Capes e CNPq
Resumo: Um estudo sobre os discursos apocalípticos na historia, como e
por que eles foram construídos e como e qual o fato para eles perdurarem
pelos tempos se ressignificando. O que eles refletem e refratam e como eles
ajudam na construção dos discursos apocalípticos modernos
Palavras-chave: Memória. Futuro. Bakhtin. Apocalipse. Discurso.
8.
Perspectivas bakhtinianas acerca de religião nos quadrinhos japoneses
publicados no Brasil
Nome: Felipe Mussarelli
Titulação: Graduado
Instituição: UFSC
Instituição financiadora: FAPESP
Resumo: Este trabalho tem por objetivo selecionar e analisar nos quadrinhos
de origem japonesa publicados no Brasil passagens relacionados a religião
através das perspectivas bakhtinianas acerca da palavra estrangeira e a
questão do gênero.
Palavras-chave: Religião. Quadrinhos. Bakhtin.
256
GT 16
9.
Cultura popular e catolicismo popular: usos e configurações sobre um
estudo de caso na minas setecentista
Nome: Mariana Gino
Titulação: Graduada
Instituição: UFJF
Instituição financiadora: Capes e CNPq
Resumo: Este trabalho analisa as características do catolicismo popular e
catolicismo tradicional sobre Processo inquisitorial contra Antônia Maria,
que fora acusada de desacato ao Santíssimo Sacramento, no contexto
colonial mineiro do setecentos. Para os redatores do processo, Antônia
Maria ao guardar as Eucaristias na bolsa, estava comentando “crime”,
contra a fé, os dogmas e a Santa Madre Igreja. Entretanto, ninguém
poderia levar em contra que ré pertencia( poderia representar) a uma
cultura religiosa que não estava ligada a cultura erudita dos padres e
palacianos mais sim a cultura do catolicismo popular dos becos e senzalas,
que surgi a partir das assimilações entre os elementos simbólicos tanto
da cultura erudita( catolicismo tradicional) como da cultura popular
fruto de uma circularidades cultural. Por isto, para tentar elucidar esta
reconfiguração religiosa, nossa principal referência teórica estão no campo
da História Cultural, especialmente em Bakhtin (1993), que define o
conceito ‘circularidade cultural’ com sendo visões de mundo elaboradas
no decorrer dos séculos pela cultura popular e que se contrapõem ao
dogmatismo. Ainda serão esboçadas as condições históricas culturais antes
e durante a transcorrência do processo. Destarte, são demonstradas as
possíveis configurações religiosas tanto para a acusação da ré quanto para
o seu entendimento sobre o sagrado.
Palavras-chave: Cultura. Catolicismo. Popular. Bakhtin. Minas.
Linguagem e religião: perspectivas bakhtinianas
257
10.
A força criativa e organizadora da palavra: uma leitura bakhtiniana
da função da palavra no hino X-125 do Rig-Veda e nos capítulos 1 e
2 de Gênesis
Nome: Valmir Nascimento Souza
Titulação: Licenciatura
Instituição: UFP
Instituição financiadora: CAPES e CNPq
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo construir um diálogo
entre a teoria da linguagem de Bakhtin e as realidades míticas de dois
sistemas do sagrado diferentes, a saber, o dos Vedas na cultura hinduísta e
do Gêneses na cultura judaico-cristã com respeito à função da linguagem
quanto estruturadora do mundo, do sujeito e da realidade. Trata-se de
uma pesquisa bibliográfica com abordagem qualitativa. Entendemos que,
como diz Eliade, “mito é uma realidade cultural extremamente complexa,
que pode ser abordada e interpretada através de perspectivas múltiplas
e complementares.” Para Bakhtin, a natureza da linguagem é dialógica,
e a partir desse dialogismo, torna-se o lugar de formação dos sujeitos e
da realidade. É pela apropriação da linguagem que nascem os papeis e
funções dos sujeitos, sendo ela, lugar de conflito. Partiremos da análise
discursiva mediada pela teoria bakhtiniana da linguagem do Hino X-125
do Rig-Veda e dos dois primeiros capítulos do Gêneses que tratam do
poder criativo, estabilizador e ordenador da palavra. Acreditamos que há
uma troca de saberes não excludentes manifesta em dois tipos de discursos,
um mítico e outro filosófico que se explicam mutuamente.
Palavras-chave: Mito. Linguagem. Dialogismo. cultura hindu. Cultura
judaico-cristã.
258
GT 16
GT 17: Movimentos sociais - ciências sociais
- teologia
______________________________________
Coordenadores
Prof. Dr. Luis Carlos Susin – PUC/RS, RS
Prof. Dr. Francisco de Aquino Junior – Faculdade Católica de FortalezaCE, CE
Ementa
Considerando a teologia como “reflexão crítica da práxis histórica à luz
da Palavra de Deus” (G. Gutiérrez), o GT quer abordar teologicamente a
práxis dos movimentos sociais em nível local, regional, nacional e mundial
em vista da transformação da realidade, explicitando sua dimensão
teologal, bem como a necessidade e a importância dessa dimensão em sua
própria atuação. Para isso, faz-se necessário um diálogo interdisciplinar
e transdisciplinar, particularmente entre a teologia e as ciências sóciohistóricas. Nesta perspectiva, o GT pretende acolher trabalhos que tenham
a interconexão entre movimentos sociais, ciências sociais e teologia:
leitura/interpretação teológica dos movimentos sociais, analisados e
compreendidos em diálogo com as ciências sociais. Movimentos de
resistência e de construção de alternativas como os que se reúnem no
Fórum Social Mundial e o exercício da teologia no Fórum Mundial de
Teologia e Libertação e das motivações teológicas em atuações pastorais
junto aos movimentos sociais podem encontrar neste GT um laboratório
fecundo e criativo.
259
1.
Conhecer pelo sofrimento em diálogo com Veena Das
Nome: Alan da Silva Coelho
Titulação: Mestre
Instituição: UNIFEG
Resumo: Os estudos sobre as teorias pós-coloniais permitem um
profícuo debate entre as mais variadas áreas de estudos, sempre em busca
da perspectiva da subalternidade. Este tentativa já é uma experiência
valiosa no cristianismo de libertação e nos estudos das Ciências das
Religiões. Na América Latina, pensadores como Enrique Dussel e Franz
Hinkelammert, referenciais de minha pesquisa de Doutor, na tradição
da filosofia da libertação, permitem uma leitura perspectivada local das
dinâmicas sociais, consolidando uma metodologia para as ciências sociais,
aplicadas ao estudo das religiões. Cada dia está mais claro que existe
uma ciência social, positiva, cientificista, com presunção de neutralidade
ideológica, que se torna alheia à dor do outro, ao sofrimento da vítima.
Percebemos que existe mesmo algumas ciências das religiões insensíveis
ao sofrimento individual ou social. Neste contexto, esta pesquisa de
aproveitamento dos estudos do colóquio de Doutor “Teorias Pós-coloniais
e estudos de religião” busca inspirações na obra da indiana Veena Das,
como uma contribuição a uma proposta metodológica que considere a
dimensão profundamente humana do sofrimento, como uma forma de
conhecimento perspectivado. Este estudo procura delinear um esboço
de como a religião exerce um papel importante na obra da antropóloga
indiana, atuando seja na superestrutura como ideologia sacralizada de
legitimação das instituições sociais que causam (ou são coniventes) como
o sofrimento social, seja como uma forma de conhecimento significativo,
que no cotidiano da existência concreta, permite que a compaixão tornese uma forma de conhecer sem silenciar a dor da vítima. A linguagem
religiosa possui uma gramática específica, própria, que permite a
aproximação solidária que apreende melhor o conhecimento gestado na
paixão. Tornar-se conhecedor da dor da vítima supõe uma aposta ética
260
GT 17
de reconhecimento (que no dizer de Veena Das é uma crença, um ato de
acreditar ). Portanto a linguagem religiosa aparece no momento em que se
busca silenciar a vítima em uma teodicéia legitimadora do sofrimento, bem
como no cotidiano em que a vítima sujeitifica-se impondo sua existência
(testemunho) como uma forma de resistência ao sofrer. Para dialogar com
este referencial teórico, propomos algumas pistas de relação com Enrique
Dussel e Franz Hinkelammert, buscando nesta proposta metodológica
para as ciências sociais (em especial as ciências das religiões) um papel da
linguagem religiosa como conhecimento significativo.
Palavras-chave: Sofrimento. Veena Das.
2.
Um objeto sagrado: as Pílulas de Frei Galvão
Nome: Dirceu Rodrigues da Silva
Titulação: Graduando
Instituição: UNESP
Resumo: A proposta de trabalho é apresentar uma análise de um fenômeno
religioso brasileiro que vem ganhando grande repercussão na mídia nos
últimos anos, nos referimos às pílulas de Frei Galvão, o primeiro santo
brasileiro reconhecido pela Igreja Católica. Frei Antônio de Sant’Anna
Galvão foi um franciscano do século XVIII que ficou famoso por distribuir
pílulas que curavam milagrosamente. Nosso objetivo é apresentar a
construção religiosa no entorno das pílulas do santo, utilizando para tal,
as teorias de um importante estudioso da religiosidade, Mircea Eliade, que
fundamenta suas teorias sobre as construções do sagrado, em sua dicotomia
com o profano, ou seja, as construções religiosas estão diretamente ligadas
a uma existência natural. No caso das “Pílulas” de Frei Galvão, essa
assimilação do objeto religioso a uma existência profana (medicamentos)
é clara. Demonstrar como ocorre a construção e como ela se legitima
no imaginário religioso, necessitando de algumas “provas” de sua ordem
sagrada como: um criador com poder acima do natural, uma produção
ligada a um ritual de transição de planos e um conjunto de hierofanias
Movimentos sociais - ciências sociais - teologia
261
aceitas. Mesmo com o aumento das discussões sobre o tema, poucos
são os trabalhos acadêmicos que se debruçam sobre o “fenômeno,” que
certamente demonstra importância para melhor entendermos a complexa
religiosidade brasileira e como a construção de um objeto sagrado ocorre
nela.
Palavras-chave: Sagrado. Frei Galvão.
3.
Teologia e ciências sociais
Nome: Francisco de Aquino Júnior
Titulação: Doutor
Instituição: FCF
Resumo: As ciências sociais se tornaram uma das interlocutoras mais
importantes da teologia na América Latina nas últimas décadas. Há quem
pense até que elas chegaram a substituir a filosofia como mediação teórica
fundamental no quefazer teológico. Deixando de lado os excessos, reais
e/ou interpretativos, não há como negar o fato dessa interlocução nem
sua importância, tanto para o fazer, quanto para o produto teológicos.
Mas se o fato e a importância dessa interlocução entre teologia e ciências
sociais são inegáveis e facilmente constatáveis, sua estrutura teórica,
isto é, o modo como ela se dá ou deve se dar, não é nada evidente nem
tranqüila. Nem entre os teólogos da libertação nem, muito menos, entre
eles e seus críticos. Aliás, isso tem sido motivo de debates, conflitos,
críticas, acusações e até condenações. Grosso modo, pode-se identificar
no debate acerca da natureza ou da estrutura teórica da “relação” entre
teologia e ciências sociais na América latina duas posturas fundamentais.
Para alguns, a maioria, as ciências sociais ajudam a teologia a compreender
melhor a realidade social na qual os cristãos estão inseridos e que deverá
ser refletida teologicamente. Para outros, além de ajudar a compreender a
realidade social, as ciências sociais ajudam a explicitar a dimensão social
da teologia e, com sua “suspeita ideológica”, ajudam a evitar e/ou superar
sua instrumentalização ideológica. No primeiro caso, o uso das ciências
262
GT 17
sociais na teologia é considerado como um momento “pré-teológico”,
portanto, anterior ao fazer propriamente teológico. No segundo caso,
ele é considerado como um momento do processo teológico como um
todo, dando-se, portanto, também, no interior do exercício estritamente
teológico. Nossa pretensão, aqui, é apresentar essas posturas em suas
diferenças e em suas complementaridades e, através delas, explicitar,
teórica e teologicamente, a estrutura teórica da “relação” entre teologia
e ciências sociais. E o faremos a partir de seus principais representantes:
Gustavo Gutiérrez e Clodovis Boff, de um lado; Juan Luis Segundo e
Ignácio Ellacuria, de outro lado.
Palavras-chave: Ciências Sociais. Teologia. Análise social. Suspeita
ideológica.
4.
O Beato franciscano: um caso de messianismo no sertão alagoano?
Nome: Gilvan Gomes das Neves
Titulação: Mestrando
Instituição: UCP
Resumo: Este trabalho é resultado de uma pesquisa ainda em andamento
para a minha dissertação de Mestre em Ciências da Religião da UNICAP,
onde o meu objeto é um beato alagoano Antônio Fernandes Amorim – o
“Beato Franciscano”, seu aparecimento em 1936, no sertão alagoano, logo
após a morte do Padre Cícero Romão, a sua intenerância, até se instalar
em Serra Grande, município de Batalha-AL, donde nasce um povoamento
à sua volta, a perseguição política e religiosa e como ele se insere nos
movimentos messiânicos –religiosos do nordeste brasileiro.
Palavras-chave: Religião. Política. Igreja. Beatos. Messianismo.
5.
Religião, tradição e museologia: manutenção das tradições da e pela
religiosidade nos movimentos migratórios
Nome: Gyorgy Henyei Neto
Movimentos sociais - ciências sociais - teologia
263
Titulação: Mestre
Instituição: PUC/SP
Resumo: O trabalho irá centrar a discussão num tema que concerne
dois grandes interesses acadêmicos: primeiro a questão da religião como
conteúdo de tradições que se perpetuam apenas por serem transmitidas,
e só serão transmitidas se se perpetuar a condição de patrimônio cultural
e imaterial. Segundo, a questão concernente a museologia como processo
de continuidade, ressignificação e manutenção da tradição religiosa.
Palavras-chave: Religião. Tradição. Museologia.
6.
Para um diálogo entre marxistas e cristãos a partir dos escritos de
Gramsci sobre a religião
Nome: José Antônio Correa Lages
Titulação: Mestre
Instituição: UMESP
Resumo: Este trabalho trata do pensamento do pensador marxista italiano
Antônio Gramsci sobre o fenômeno religioso. É uma produção intelectual
que podemos situar no campo da sociologia da religião, mas totalmente
inovadora se comparada às visões marxistas mais ortodoxas. Ele vê a
religião como ideologia das classes subalternas situada historicamente, ou
seja, ora assumindo até um papel revolucionário de transformação social,
ora se restringindo a um papel conservador das estruturas sociais. A partir
da crítica a Croce e a Weber, Gramsci elabora um conjunto conceitual que
ele aplica de forma ímpar ao fenômeno religioso e que o coloca como um
verdadeiro protagonista no diálogo político entre religiosos e não religiosos.
Para ele a religião leva o homem a considerar a realidade em termos de
um universo simbólico que orienta a experiência humana a partir de um
sistema religioso em sua origem. A religião é, pois, uma concepção de
mundo que se opõe a outras concepções de mundo, segundo relações de
força que se exprimem politicamente no decorrer da história, mas nada
264
GT 17
nos permite pensá-la como uma alienação, na visão de Feuerbarch, Hegel,
Marx e tantos outros.
Palavras-chave: Marxista. Cristianismo. Antônio Gramsci.
7.
Indivíduo desviante: uma breve análise sócio-religiosa
Nome: José do Nascimento Lira Júnior
Titulação: Mestre
Instituição: MACKENZIE
Resumo: A história conta com pensadores que analisaram as relações dos
homens com as sociedades pela ótica não religiosa – como os pioneiros:
Platão (429-341 a.C) e Aristóteles (384-322 a.C). Contudo é sabido que
a religião – de acordo com seus contextos históricos específicos – sempre
influenciou, de alguma forma, na maneira de se enxergar e analisar essa
relação (homens/sociedades), pelo menos até o século XIX [..] Nessa
análise de relações, o desvio, do ponto de vista cristão, por exemplo,
origina-se na temática bíblica da queda (Gênesis Cap. 3), quando Adão
e Eva desobedecem à ordem divina ao comer o fruto da árvore proibida.
A partir de então o desvio (ou pecado no ponto de vista cristão) passa a
fazer parte da humanidade. O primeiro homicídio relatado, de que se tem
notícia na história, foi cometido alguns anos depois da queda quando o
primogênito de Adão e Eva espancou e matou o seu irmão Abel (Gênesis
4.8-16) [...] A aplicação de pena capital ou de exclusão social foi sendo
adotada pela religião na medida em que esta última foi se desenvolvendo
no decorrer dos séculos. O padre Bruno Trombeta, em seu livro A Igreja,
os Presos e a Sociedade, diz que a preocupação com o individuo desviante
– bem como com as penas aplicadas a ele – já fora observada pela igreja
cristã, desde os primeiros séculos, no pensamento dos chamados Padres
da Igreja que buscavam combater o desvio através da concretização dos
direitos humanos. João Crisóstomo (347-407), por exemplo, protestava
dizendo “Como a riqueza tem uma arrogância ridícula, como o luxo
suscita o ladrão” (1989, p. 17) [...] A autonomia da sociologia como
Movimentos sociais - ciências sociais - teologia
265
ciência permitiu – dentre outras coisas – uma análise mais detalhada sobre
o indivíduo desviante e o seu contexto. O crime por sua vez, como já foi
dito, passa a ser denominado como um fato social: “O crime é portanto
necessário; ele está ligado às condições fundamentais de toda vida social e,
por isso mesmo, é útil; pois as condições de que é solidário são elas mesmas
indispensáveis à evolução normal da moral e do direito” (DURKHEIM,
op.cit., p. 71). A sociologia, portanto, começa a se tornar um instrumento
indispensável na reflexão do crime bem como do indivíduo que o pratica.
A religião por sua vez parece reconhecer a importância dessa análise
sociológica ao mesmo tempo em que parece não abrir mão do status de
principal ferramenta na contribuição dessa reflexão [...] O fato é que o
indivíduo desviante é muito mais complexo do que uma simples definição
de termos, ou um simples artigo, poderia tentar explicar. Contudo, fica
evidente que o esforço da ciência consiste não apenas em definir termos,
estudar e reconhecer a anormalidade como um fenômeno sociológico,
mas, também, de tentar entender cada vez melhor a atuação do indivíduo
desviante no seu contexto social e na sua relação com o outro. Trata-se de
uma análise sem conclusão prevista.
Palavras-chave: Religião. Sociologia.
8.
O movimento de Jesus e os camponeses: vestígios de uma reação
popular
Nome: Mariana de Matos Ponte Raimundo
Titulação: Mestre
Instituição: UFJF
Resumo: A Galileia, região norte da Palestina, foi o local em que o
cristianismo foi germinado no século I. Os galileus, entre os quais esse
acontecimento ocorreu, eram, em sua maioria, camponeses que viviam em
aldeias e, que décadas antes, vivenciaram uma significativa mudança de
caráter político e que, desde então, tiveram suas vidas transformadas pelo
modo de dominação imposta pelo Império Romano, baseado na opressão
266
GT 17
e na extorsão. Nesse contexto sucedeu o aparecimento de Jesus de Nazaré
que – muitas vezes identificado com as vítimas pauperizadas da política
romana –, conquista seguidores através de um discurso de reestruturação
da sociedade igualitária. Os camponeses galileus que, outrora, foram
marginalizados pelo poder imperial, encontram na figura e nas pregações
de Jesus a esperança de uma alteração da ordem instituída. Nesse sentido,
questionar-se-á se essa adesão dos camponeses ao movimento de Jesus
pode ser interpretada como uma reação popular à política opressora do
Império Romano, bem como o significado e os efeitos do choque cultural
provocado por essa dominação.
Palavras-chave: Movimento de Jesus. Camponeses galileus.
9.
A religião, uma via possível para a superação de rua: desalienação e
integração das experiências marginais
Nome: Werbert Cirilo Gonçalves
Titulação: Mestrando
Instituição: PUC Minas
Resumo: Discutir a Religião no contexto do povo de rua é algo tão
complexo quanto caracterizar este grupo marcadamente heterogêneo por
definição. Apesar de algumas práticas assistencialistas que desconstroem
estratégias políticas de auxílio ao cidadão e que recriam a dependência
ao invés da autonomia do sujeito, outras tantas ações religiosas têm
favorecido enormemente a superação da condição de miséria social e
oferecido algo mais, quando ampara – na crise biográfica do indivíduo – a
miséria de sentido humano e espiritual de muitos. Além disso, devemos
dizer que as ações religiosas são grandes contribuintes para a promoção
social, visto ser reconhecido que os esforços das políticas sociais em prol
da superação da condição de rua estão aquém da necessidade ideal. Assim,
em meio à crise anômica, a Religião tem oferecido uma identidade ao
sujeito quando inserido no grupo dos fiéis e quando atentamente se
observa a organização dos movimentos da população de rua alavancados
Movimentos sociais - ciências sociais - teologia
267
por institutos religiosos, se descobre que a Religião não se porta como
alienação da criatura oprimida, mas como o grito desalienador de um
grupo que deseja autonomia e protagonismo na sua história.
Palavras-chave: Religião. Desalienação.
268
GT 17
GT 18: Diversidade afro-religiosa
e contemporaneidade: mudanças e
permanências
______________________________________
Coordenadoras
Profa. Dra. Rosalira dos Santos Oliveira – FUNDAJ, PE
Profa. Dra. Zuleica Dantas Pereira Campos – UNICAP, PE
Ementa
Nos últimos anos, o estudo das religiões afro-brasileiras tem ganhado
força, principalmente entre jovens pesquisadores. Grande parte desse
recente interesse pelo tema se deve às mudanças que essas religiões
têm sofrido, bem como às mudanças sociais, políticas e culturais pelas
quais vem passando a sociedade brasileira, apontando para conquistas
dos chamados “afrodescendentes”. Somem-se a isso, as transformações
internas que inserem as religiões afro-brasileiras nas tendências atuais
do mercado religioso. O cuidado com a (re)criação de uma estética
própria, da espetacularização de símbolos e ritos; da criação/resgate de
rituais apresentados como antigos, montado para o grande público, estão
presentes e fazem parte da nova face que o mundo afro-brasileiro vem
assumindo no acirrado mercado religioso. As religiões afro-brasileiras,
portanto, estão em evidência. Deixaram de ser religiões étnicas e locais
para se universalizarem. Seguem tendências do mercado religioso mundial,
influenciadas por fatores culturais, sociais e políticos e passam a se inserir
em questões da ordem do dia. Questões de gênero, saúde, educação, além
de se constituírem em um elemento central nas reivindicações políticas dos
movimentos sociais negros objetivando obter uma legitimidade política
(com destaque para o candomblé), afirmando-se como “religiões negras”
ou “a religião do povo negro”, ressaltando, assim, a sua centralidade na
constituição da identidade afrodescendente no Brasil. Esta nova realidade
constitui o objeto de debate deste GT.
269
1.
Segredos Transversais: reconversão cultural das religiões de matriz
africana e afro-brasileiras
Nome: Alfredo Sotero Alves Rodrigues
Titulação: Mestre
Instituição: UNICAP
Resumo: As práticas religiosas dos escravos e afrodescendentes foram,
são consideradas inconvenientes, “demoníacas”, pela cultura religiosa
hegemônica. As religiões de matriz africana e afro-brasileiras foram
impelidas a se tornarem religiões fechadas ou que fecharam-se. Esse
refúgio forçado levou os afroreligiosos a limitar ou impedir a propagação
de informações das suas práticas religiosas do espaço sagrado – o terreiro,
com o exterior. A partir dessas premissas, este artigo objetiva analisar
as estratégias de reconversão cultural utilizadas pelas religiões de matriz
africana e afro-brasileiras, no processo de hibridação com a cultura religiosa
hegemônica. O texto busca, especialmente, perceber as reconversões
culturais ocasionadas e influenciadas por fatores históricos, bem como
essas doutrinas procediam para preservar suas práticas consuetudinárias e
estar inseridas no contexto da mundialização das culturas religiosas.
Palavras-chave: Reconversão cultural. Hibridação. Comunidades de
terreiro. Religiões de matriz africana. Religiões afro-brasileiras.
2.
Da reafricanização à sincretização: uma casa com múltiplas vertentes
afro-religiosas
Nome: Lucielma Lobato Silva
Titulação: Mestranda
Instituição: UEPA
Resumo: A lei 10.639/2003 ao tornar obrigatório, via o ensino formal,
tem contribuído para o reconhecimento da importância dos negros e seus
descendentes, o que provocou uma espécie de “retorno à etnia africana”,
270
GT 18
no plano religioso, para muitos sacerdotes/sacerdotisas e adeptos/adeptas,
se expressa no esforço de se processar exclusivamente no Candomblé Ketu,
rito Nagô. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é analisar o Centro de
Manifestações Mediúnicas Oshalufã, no município de Abaetetuba-PA,
que apesar de se autodefinir como “afro” é um espaço religioso que pratica
simultaneamente o Candomblé Ketu, a tradição Mina Nagô, além de
elementos da Umbanda, o que leva o artigo a constatar junto à pesquisa
de campo (MALINOWSK, 1984) e bibliográfica (TRIVIÑOS, 1996),
que a “africanização” do culto não implica, necessariamente, num retorno
às “origens africanas”, mas pode sim, existir a partir de novas fusões e
arranjos de velhas matrizes religiosas.
Palavras-chave: Lei 10.639/2003. Religiões de Matriz Africana e Religiões
afro no Pará. Africanização Religiosa.
3.
Terreiros 2.0: Nação Xambá na cibercultura
Nome: Carla Patrícia Pacheco Teixeira
Titulação: Mestra
Instituição: UNICAP
Resumo: As constantes mudanças na forma de veicular e compartilhar
informações, provocadas pelo desenvolvimento crescente da web, tem
atingido também as religiões afro-brasileiras. Pautadas pelas tradições,
elas encontram no ambiente virtual uma forma de ampliar o alcance do
seu discurso religioso. Pretendemos com esta pesquisa analisar os canais
de inclusão do Terreiro Xambá no ambiente virtual, especificamente o
site xamba.com.br e o uso das redes sociais facebook, twitter e picasa.
A análise se deteve na observação da forma como as informações são
agrupadas ou compartilhadas, levando em consideração os recursos visuais
e de hipermídia utilizados, bem como a interatividade oferecida em cada
um dos meios citados. O contraste entre o tradicional e o novo vai apontar
para a tradução e negociações das religiões afro-brasileiras na inserção em
novos processos de comunicação.
Diversidade afro-religiosa e contemporaneidade
271
Palavras-chave: Religiões afro-brasileiras. Hibridismo. Design. Web 2.0.
Hipermídia.
4.
Afronautas em Pernambuco: modernização em mudança
Nome: Zuleica Dantas Pereira
Titulação: Doutora
Instituição: UNICAP
Resumo: O objetivo desse trabalho é fazer uma reflexão dos usos do mundo
virtual pelas religiões afro-pernambucanas no sentido de modernizar e
ampliar suas redes de relações com os fiéis. Denominamos de afronautas
essa população de fiéis que fazem uso desse mundo virtual para divulgar
e discutir a religião. Como instrumental metodológico para construção
deste texto foi utilizada a netnografia, uma vez que parte do objeto de
pesquisa localiza-se no mundo virtual ou no “não-lugar” (sites elaborados
para a divulgação dos terreiros). As técnicas utilizadas foram a observação
participante, entrevistas semiestruturadas, e o uso do diário de campo.
Palavras-chave: Religião afro-pernambucana. Mundo virtual.
5.
A “velha nova” “guerra afro-pentecostal”: um olhar a partir das redes
sociais
Nome: Wagner Marreira Freire
Titulação: Graduando
Instituição: UFPB
Resumo: O objetivo deste trabalho é trazer um olhar sobre os conflitos
afro-pentecostais a partir do uso de redes sociais que possuem grande
utilização em nossa sociedade contemporânea: o facebook e o orkut. O
facebook foi utilizado como veículo para que diferentes agentes sociais
se manifestassem em relação à desconstrução de um terreiro paraibano
feita por um pastor da igreja Assembleia de Deus Pentecostal da Fé. E o
272
GT 18
orkut, bem como o site da instituição religiosa da qual o referido pastor
é líder, foram utilizados para a exposição de uma série de fotografias
em que o líder religioso aparece quebrando diversas imagens sagradas
do universo afro-brasileiro, bem como imagens de santos católicos que
também são cultuados por umbandistas. O ato de destruição e exposição
do material destruído, tomado pelo pastor não como uma invasão, mas
como algo permitido, tendo em vista a conversão da mãe-de-santo,
desencadeou uma discussão via facebook e ainda repercutiu fortemente
em sites e blogs vinculados as religiões afro-brasileiras, além de ter gerado
denúncia pela Comissão de Promoção da Igualdade Racial da OAB/PB
junto ao Ministério Público Federal e Estadual contra o referido pastor. A
pesquisa, ainda em caráter exploratório, buscará uma análise das referidas
controvérsias, tomando como fonte as diferentes manifestações expostas
no facebook bem como os sites e blogs envolvidos. Como fundamentação
teórica, será utilizada tanto a literatura antropológica, que há muito
discute os conflitos afro-pentecostais, quanto os trabalhos no âmbito da
comunicação social que tratam das redes sociais.
Palavras-chave: Religiões afro-brasileiras. Pentecostalismos. Redes sociais.
6.
Protestantismo afro-brasileiro
Nome: Jair Gomes de Santana
Titulação: Mestre
Instituição: UNICAP
Resumo: Nesta comunicação pretendemos analisar o movimento do
Divino Mestre, uma seita formada por um negro chamado Agostinho, no
Recife na primeira metade do século XIX. Este movimento preocupou as
autoridades provinciais por sua semelhança com o movimento dos Malês
(na Bahia),isto é, negros alfabetizados, professando uma fé diferente da
sociedade brasileira (islâmica) e, no caso do Recife, tendo à frente um
líder que nutria simpatias pela revolução do Haiti. Demonstraremos
como esse movimento tinha raízes protestantes e precedeu a chegada dos
Diversidade afro-religiosa e contemporaneidade
273
missionários americanos ao Brasil (após 1850). Assim um protestantismo
afro-brasileiro precedeu o protestantismo missionário no Recife. A análise
desse movimento será feita a partir das concepções de Ernst Troeltsch
(1865-1923) sobre Igreja e seitas, e de Michel Foucault(a circularidade
do poder).
Palavras-chave: Seita. Divino Mestre. Ernst Troeltsch. Michel Foucault.
7.
O Culto às Iya-mi Osorongá nos templos afro-brasileiros do Recife
Nome: Andréa Caselli Gomes
Titulação: Especialista
Instituição: UNICAP
Resumo: O presente trabalho propõe enfocar uma recente mudança
nas formas de religiosidade das casas de Candomblé do Recife: o culto
às Iyá-mi, entidades femininas presentes na religiosidade yorubá. Culto
originalmente secreto e exclusivamente feminino às entidades ancestrais
designadas como Iyá-mi, tem sido assunto polêmico e controverso
entre os adeptos das religiões afro-brasileiras, principalmente entre os
que buscam a reafricanização em suas vivências religiosas. Na cidade do
Recife, há templos e adeptos que exercem esse culto deliberadamente,
sem conhecer profundamente suas raízes tradicionais; observa-se um
resgate contemporâneo de uma atividade que há muito tempo perdeu
seu significado original, visto que as novas práticas acarretam recentes
elaborações de mito e de rito sobre o aspecto feminino. Trata-se de uma
lucidez afirmar que a referida atividade vem sendo adotada e explorada
por adeptos do sexo masculino, sendo eles os responsáveis pela recente
popularização do culto, principalmente entre os novos adeptos.
Palavras-chave: Candomblé. Religião afro-brasileira.
274
GT 18
8.
Memória da umbanda e umbanda da memória em João Pessoa
Nomes: Antonio Giovanni Boaes Gonçalves e Hermana Cecília Oliveira
Ferreira da Silva
Titulação: Doutor e Graduanda
Instituição: UFPB
Resumo: Foca-se o repertório mnemônico de uma velha mãe de santo da
umbanda na cidade de João Pessoa, em busca da composição de um mundo
de sentidos e significados veiculados pela narrativa enquanto atividade
autopoiética. Relembrar é criar. Verifica-se como a narradora constrói um
enredo mítico particular que reproduz estruturas míticas gerais: a origem
distante da heroína; o sofrimento e a exclusão; a perda dos familiares; a
iniciação com a descendente de escravos; a chegada à nova terra; a luta
contra os opressores; a libertação e o reconhecimento. A composição
mescla fatos e sentimentos, memória (realidade e imaginação), e aos
poucos vai se tornando, de uma história particular, na história da umbanda
em João Pessoa. Concorrem para isso os processos de conformação do
emergente campo, o que tem dado a mãe de santo, o reconhecimento de
ser uma das mais antigas, ainda viva e em atividade na cidade. Contudo,
o reconhecimento não ocorre de forma pacífica, devido às direções que as
linhas de força assumem dentro do campo, mas a narrativa, provavelmente,
servirá de ponto de partida, não só para as continuidades, como para
críticas, descontinuidades e recriações do enredo, uma vez que a narradora
passa a falar de um lugar reconhecido. O corpus derivou de entrevistas
realizadas no ano de 2011, além de observação participante feita desde
2005, no Terreiro de Umbanda Ogum Beira-Mar, onde a mãe de santo
é titular. Houve ainda registros audiovisuais e anotações em diário de
campo.
Palavras-chave: Umbanda. Memória. História de vida.
Diversidade afro-religiosa e contemporaneidade
275
9.
Os Territórios Sagrados do Candomblé e da Umbanda na cidade de
Contagem, Minas Gerais
Nome: Aurino José Góis
Titulação: Doutor
Instituição: PUC Minas
Resumo: A comunicação é parte da pesquisa de Doutor sobre o espaço e
território do candomblé e da umbanda, na cidade de Contagem, região
metropolitana de Belo Horizonte, capital do Estado de Minas Gerais. A
falta de visibilidade dessas religiões na paisagem urbana da cidade reflete
ainda a discriminação do período colonial e pós-abolicionista, atribuída
a esses cultos e aos seus adeptos pela sociedade brasileira. O mapeamento
e a identificação dos terreiros de candomblé e centros de umbanda aqui
propostos, tem como objetivo verificar o modo e as condições em que se
opera essa invisibilidade. A análise compreende trinta e seis, dos cinqüenta
e cinco terreiros identificados na região de estudo. O tema se inscreve no
campo da geografia humanista e cultural, mais especificamente no campo
da geografia da religião. O perfil das lideranças e dos adeptos, bem como
as características e as funções do local utilizado para seus rituais, delineiam
o espaço e território sagrados dessas religiões. A pesquisa demonstra que,
embora as religiões pesquisadas não tenham visibilidade na paisagem
urbana, elas têm, contudo, uma presença significativa na cidade e tanto
seu espaço quanto seu território se estende muito além dos lugares onde
estão instaladas.
Palavras-chave: Geografia cultural. Espaço. Território. Candomblé.
Umbanda
10.
Cruz do Patrão: mistérios, mortes e lutas negras
Nome: Ceci Medeiros de Oliveira
Titulação: Mestranda
Instituição: UNICAP
276
GT 18
Resumo: Essa comunicação objetiva discutir as várias representações que
foram construídas a respeito da Cruz do Patrão, localizada no atual Cais
do Porto do Recife, Pernambuco. Sem data certa de surgimento, apenas
especulações entre 1814 e 1816, a Cruz do Patrão trata-se de uma coluna
dórica com uma cruz no alto e imerge em meio aos fortes do Recife Antigo,
beirando as águas do Rio Beberibe.O monumento, por muito tempo, foi
fonte de histórias fantásticas sobre fantasmas e demônios, evocados através
de rituais mágicos, construindo em torno de si uma esfera de mistério,
medo e curiosidade. A cruz foi criada para servir de baliza a embarcações
que chegavam ao porto do Recife. Local também onde se jogavam negros
moribundos, doentes, pagãos e sem serventia. A partir daí estabeleceu-se
como forte símbolo da história dos negros na cidade. A Cruz do Patrão,
então, além de se constituir num marco histórico, surge também como
símbolo político cultural do Recife.
Palavras-chave: Cruz do Patrão. Símbolo religioso.
11.
Itan Àsé: O Culto aos Orixás em Belém do Pará
Nome: Wanderlan Gonçalves do Amaral
Titulação: Graduando
Instituição: UFPA
Resumo: Este trabalho pretende discutir o Candomblé Keto praticado em
Belém do Pará. Não é de hoje que os estudiosos das religiões afro-brasileiras
têm se preocupado em compreender as formas de ritual existentes na capital
paraense, procurando mapear a pluralidade litúrgica e definir a tradição
local (FIGUEIREDO, 1968, LEACKOCS, 1972, VERGOLINO, 1976,
LUCA, 2010), no entanto, esses estudos enfocaram principalmente a
Pajelança e o Tambor de Mina. O Candomblé chega a Belém na década de
1950 com Pai Astianax, que foi à Salvador para ser “feito no santo”, mas
é durante os anos de 1970 que o Culto aos Orixás começa a estruturar-se
em Belém. Por ser a mais recente das matrizes de culto estabelecida nesta
Diversidade afro-religiosa e contemporaneidade
277
cidade, o candomblé ainda é um campo de pesquisa pouco explorado
(CAMPELO, 2001; PERDIGÃO, 2011). Desafiado por essa lacuna vou
a campo, com o objetivo de discutir as práticas litúrgicas do candomblé
Ilê Ìyá Omi Axé Ofá Karê. Pretendo também estabelecer uma comparação
entre este terreiro e a casa mater baiana a qual o mesmo está ligado por
linha de ancestralidade: o Terreiro do Gantois.
Palavras-chave: Camdomblé Keto. Liturgia.
12.
“A Jurema Manda!”: A Jurema Sagrada e sua decisiva representatividade
territorial em Recife e Região Metropolitana
Nome: Alexandre Alberto Santos de Olivera (L’Omi L’Odò)
Titulação: Graduando
Instituição: UNICAP
Resumo: Neste artigo proponho uma reflexão sobre a importância
religiosa e a condição de invisibilidade do culto à Jurema Sagrada, e, sua
representatividade e protagonismo territorial e indígena-afro-teológica em
Recife e Região Metropolitana. Segundo dados da Pesquisa Socioeconômica
e Cultural de Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiros do MDS –
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome e UNESCO,
publicados em 2010, os terreiros de Jurema compõem mais de 70% das
casas pesquisadas. Este dado inédito e importante nos ajudará a repensar
o lugar de Pernambuco, ou Recife como “terra do Xangô”, ou local onde
há predominância do culto nagô unicamente, ideia esta, intensamente
publicada em diversas bibliografias históricas sobre o tema. Também, com
este texto, pretendo avaliar historicamente o porquê da religiosidade da
Jurema ser recalcada por parte do povo de terreiro, mesmo ela “mandando”
estatisticamente em quantidades de casas e na prática litúrgica no campo
pesquisado.
Palavras-chave: Catimbó, Protagonismo da Jurema, Intolerância InterReligiosa.
278
GT 18
13.
“A Jurema abala, e seus discípulos não tombam”: desafios de uma
abordagem historiográfica
Nome: Fábio Luiz Pimentel
Titulação: Graduado
Instituição: UFPB
Resumo: O território que atravessa cidades situadas no litoral nordestino,
Natal, João Pessoa e Recife, e se estende ao sertão da região Nordeste,
revela um universo cultural pontuado pelas religiões afrobrasileiras, no
qual a presença ativa da Jurema circula nas crenças e práticas dos terreiros.
Há um corpus documental em que, desde o período colonial, indícios do
combate do Estado às práticas indígenas ligadas ao uso da Jurema podem
ser evidenciados. Não obstante, o Sítio do Acais, localizado no município
de Alhandra, litoral sul da Paraíba - territorialidade sagrada para o povo
da Jurema – tem sido o palco contemporâneo de negociações identitárias
e resistências populares articuladas no seu processo de tombamento.
Objetivamos levantar questões relacionadas à construção de uma
abordagem que articule uma perspectiva historiográfica às implicações
antropológicas que recaem sobre esta pesquisa em andamento.
Palavras-chave: Religião afro-brasileira. Historiografia.
14.
Um ensaio sobre a alimentação ritual afro-brasileira
Nomes: Dilaine S.Sampaio de França; Silvia Mancini Viesi
Titulação: Doutora; Mestra
Instituição: UFPB
Resumo: O ato de alimentar-se ultrapassa a função biológica de ingerir
alimentos para a manutenção da espécie humana, é a manifestação de um
conjunto de fatores sociais, históricos, econômicos, culturais e religiosos
que representam uma sociedade. A construção da culinária brasileira
recebeu grande influência da nativa cultura indígena, dos portugueses
Diversidade afro-religiosa e contemporaneidade
279
e dos africanos que foram trazidos como escravos para o Brasil durante
o período colonial. Embora não seja uma temática nova, a questão da
alimentação tem sido bastante explorada na atualidade em seus mais
diversos segmentos, inclusive no âmbito da Antropologia, como uma
“Antropologia da alimentação”. A partir disso, a proposta deste trabalho é
recuperar a bibliografia existente sobre o tema em seu contexto religioso,
particularmente no âmbito das religiões afro-brasileiras. Partindo dos
primeiros autores que trataram dessas religiões (Nina Rodrigues, Arthur
Ramos, Edson Carneiro, Ruth Landes, Roger Bastide, Pierre Verger, etc)
passando por alguns mais recentes (Vivaldo da Costa Lima, Reginaldo
Prandi, Raul Lody, Arno Voguel, etc), buscaremos construir um quadro
referencial em torno daquilo que foi dito sobre alimentação ritual e
oferendas bem como sobre o papel que o alimento exerce nos banquetes
e festas realizadas nas comunidades de candomblé, haja vista que há uma
escassez de trabalhos neste sentido. Como não são muitas as referências
que tratam analiticamente da alimentação ritual nas religiões afrobrasileiras, faz-se necessário recuperar o pouco que existe de modo que se
possa construir um referencial para análise.
Palavras-chave: Alimentação. Ritual. Religiões afro-brasileiras.
15.
Religiosidades afro-brasileiras e ritual terapêutico-religioso: a prática
da apometria em Juiz de Fora
Nome: Izabela Matos Floriano Mendonça
Titulação: Mestre
Instituição: UFJF
Resumo: A utilização de terapias religiosas sempre estiveram presente
no campo religioso brasileiro, principalmente as terapias adivindas das
religiões mediúnicas que sempre foram alvo de discussões tanto no campo
religioso como no científico. Em 1965, surge dentro de um hospital
espírita em Porto Alegre, a técnica de cura espiritual apometria. Aberta
ao sincretismo, hibridismo e bricolagem, ela utiliza de toda a cosmologia
280
GT 18
das religiões mediúnicas espíritas a fim de obter a cura de doenças. Nesse
sentido, objetiva-se a partir de observação etnográfica e entrevistas,
mostrar como as religiosidades afro-brasileiras, através de seus adeptos,
estão presentes dentro do ritual apomêtrico do Grupo de Apometria Elos
de Amor e Paz de Juiz de Fora, que atende na cidade de Juiz de Fora, MG.
Palavras-chave: Religiosidade afro-brasileira. Ritual apomêtrico.
16.
Salve preto, salve preta... As muitas facetas da linha dos Pretos velhos
Nome: Letícia Guimarães Araújo
Titulação: Mestranda
Instituição: EST
Resumo: Este artigo visa caracterizar o arquétipo dos pretos e pretas
velhas na linha de umbanda sob diversas perspectivas. Em um primeiro
momento traremos informações acerca das falas destas entidades no espaço
da terreira, e em relatos registrados em sites e jornais de religião de matriz
africana. Em um segundo momento pretendemos visualizar como se
constitui este arquétipo nas visões de dois autores umbandistas Rivas Neto
e Rubens Sarraceni, e nas visões de dois autores espíritas como Robson
Pinheiro e Gasparetto. Por fim trataremos do processo de apropriação
destas entidades pela literatura espírita e suas possíveis consequências.
Palavras-Chave: Ancestralidade. Arquétipos. Pretos-velhos. Pretas-velhas.
Umbanda.
17.
Terreiros como instituições empresariais
Nome: Maria da Penha de Carvalho Vaz
Titulação: Mestra
Instituição: UNICAP
Resumo: Visualizando um cenário diferenciado para a abordagem das
religiões de matriz africana, particularmente, a religião Candomblé, o
Diversidade afro-religiosa e contemporaneidade
281
artigo trata da administração e a liderança de terreiros como instituições
empresariais. Assim, consideram-se aqui, as habilidades dos líderes de
“roças” como ação que utiliza recursos, tais como: pessoas, materiais e
conhecimento. Particularidades das lideranças de terreiros, suas relações
de troca com seus filhos-de-santo e, também, fatores do poder exercido,
farão parte da reflexão. O artigo é um estudo comparativo, dentro de
uma perspectiva socioantropológica, unindo raciocínios e conceitos de
duas ciências distintas: Ciências da Religião e Ciência da Administração.
Para fortalecer os argumentos, foram utilizados os seguintes conceitos:
“habilidades” de Chiavenato, “contrato psicológico” de Limongi França
e Rodrigues e, também, o conceito de “trocas” de Marcel Mauss. A ideia
central é a de apresentarmos “o contrato psicológico” que existe entre
lideranças afro-religiosas e seus seguidores, comparando-o com aquele que
existe em organizações empresariais.
Palavras-chave: Religião. Administração.
18.
Em nome da ancestralidade: militantes negros e adesão às religiões
afro-brasileiras
Nome: Rosalira dos Santos Oliveira
Titulação: Doutora
Instituição: FUNDAJ
Resumo: Desmobilizado a partir do golpe militar de 1964, o movimento
negro inicia no final dos anos 1970 um processo de rearticulação, que
vai culminar com a fundação, em 1978, do MNU – Movimento Negro
Unificado. Este novo movimento negro toma como uma das suas tarefas
centrais a denúncia do “racismo à brasileira” e a desconstrução do mito da
democracia racial. Uma bandeira importante dessa retomada da mobilização
negra é a identificação com as raízes africanas. Sob esta perspectiva, as
lutas contra o racismo passam a ter como uma das premissas básicas a
promoção de uma identidade étnica específica do negro. O discurso da
negritude e do resgate das raízes ancestrais tem um impacto direto sobre o
282
GT 18
comportamento da militância contribuindo para a produção de um novo
script para o negro brasileiro que se faz presente na estética, na música, na
alimentação e, principalmente na adesão às religiões afro-brasileiras, agora
denominadas de “matriz africana”. Na verdade, a pertença (ou ao menos
a proximidade) às religiões afro-brasileiras passa a ser vista como um sinal
de maior negritude, o que equivale a dizer uma maior consciência da
sua “diferença” em relação à sociedade nacional. Esta trajetória política
se reflete na vida e nas falas de adeptos das religiões afro-brasileiras em
Recife que, oriundos do movimento social negro, reinterpretam a sua
trajetória individual buscando vislumbrar nela um chamado mítico que
não apenas justifica como, num nível mais profundo, antecipa esta adesão.
Nesse processo, a categoria “ancestralidade” é acionada como uma chave
explicativa que coloca sob uma nova luz as experiências vividas antes do
encontro com a religião.
Palavras-chave: Movimento negro. Religião afro-brasileira.
19.
Religiões de matriz africana e convivência com a diversidade
Nome: Silvania Maria Maciel
Titulação: Mestra
Instituição: UNICAP
Resumo: As religiões de matriz africana vêm ganhando cada vez mais
visibilidade na sociedade brasileira. Neste trabalho nos propomos a relatar
a sociabilidade religiosa afro-brasileira no bairro do Ipsep, na cidade do
Recife, capital de Pernambuco. É também de nosso interesse mostrar
através deste relato as representações do sagrado afro-brasileiro que se
constrói a partir da interação respeitosa entre a diversidade de saberes
e percepções de seus praticantes, independentemente de suas pertenças
religiosas e das restrições impostas pelas igrejas cristãs. Este estudo tem
como referência teórico-metodológica, a noção de sociabilidade de
Baechler e rede de relações de Boissevain. Palavras-chave: Religiosidade
afro-brasileira. Inclusão. Baechler. Boissevain.
Diversidade afro-religiosa e contemporaneidade
283
20.
Identidade Negra do Recife: A Casa da dupla pertença
Nome: João Amaro Monteiro da Silva
Titulação: Graduado
Instituição: UNICAP
Resumo: Este artigo se propõe a ratificar a significação histórica da
Casa de Badia, no tradicional bairro de São José em Recife. Espaço que
provavelmente o Nagô pernambucano teve suas bases rituais estruturadas,
tornando-se referência da cultura nagôcentrica em nossa cidade. O que
se reflete no respeito que todas as Casas religiosas tradicionais de Matriz
africana tem à memória dos que ali moraram. Um lugar estratégico que
presenciou momentos importantes de nossa história social e cultural, local
de um acúmulo de historicidade. Nela, as tradições do catolicismo popular
conviveram “harmoniosamente” com as tradições yorubanas, desde
o Culto aos ancestrais ao de Orixás, mantidas pelas Tias Sinhá-Vivina
Rodrigues Braga e Yayá - Emília Rodrigues Castro. A dedicação ao frevo e
a todos os ritmos que dão vida ao carnaval do Recife eram sazonalmente
retroalimentados por elas, contribuíram para o brilho das fantasias do
período Momesco, especialmente Badia – Maria de Lourdes da Silva,
bordou, costurou e fundou várias agremiações que arrastam milhares de
foliões. A Casa é localizada no Portal Sul da entrada do Recife no bairro
mais negro da cidade durante a passagem do século XIX ao XX, onde a
grande massa de negras e negros libertos ocupou os mangues e alagados
e deram vida à diversidade cultural da cidade, sendo hoje tombada como
Patrimônio histórico de Pernambuco.
Palavras-chave: Casa da Badia. Religião afro-brasileira.
21.
Noite dos tambores silenciosos: resistência negra ou construção
coletiva
Nome: Luiz Justino da Silva Junior
Titulação: Mestrando
284
GT 18
Instituição: UNICAP
Resumo: Um dos eventos mais concorridos pelo folião no carnaval do
Recife é a Noite dos Tambores Silenciosos. Evento religioso de matriz
africana que ocorre na noite da segunda para terça-feira no Pátio do
Terço, bairro de São José, centro da cidade. Seria esse evento fruto de uma
construção coletiva ou uma forma de resistência utilizada pelos adeptos
do xangô pernambucano perante as classes hegemônicas? Partindo do
pressuposto de que são muitos e antigos os fundamentos religiosos nos
brincantes pernambucanos, partimos em busca de uma reflexão mais
atenta sobre esse evento intitulado de “Noite dos Tambores Silenciosos”
no intuito de analisarmos, numa perspectiva histórica e antropológica, o
hibridismo atuante nesse estudo de caso. Em se tratando de uma reflexão
acadêmica, é sempre oportuno lembrar que a análise realizada é um recorte
possível, podendo e devendo haver outras.
Palavras-chave: Noite dos tambores silenciosos. Religião afro-brasileira.
22.
Tem branco na guma: a nobreza europeia montou corte no tambor de
mina
Nome: Taissa Tavernard de Luca
Titulação: Doutora
Instituição: UEPA
Resumo: A presente comunicação tem por objetivo apresentar o panteão
da religião de matriz africana mais antiga de Belém do Pará: a mina.
Analisa principalmente uma categoria de entidades denominadas senhores
de toalha ou nobres gentis nagô, reis ou aristocratas europeus que possuem
ligação com o processo de cristianização da Europa, expansão marítima e
colonização do Brasil. Neste sentido, recupera parte da história de vida
desses personagens na tentativa de entender a construção mítica e a lógica
interna do processo de divinização dos mesmos. Procura também apontar
valores que estão subjacentes a todas as narrativas míticas dentre os quais
Diversidade afro-religiosa e contemporaneidade
285
destaca o simbolismo da branquidade.
Palavras-chave: Mina. Narratividade. Símbolo religioso.
23.
A Igreja no Brasil durante o processo de sesescravização dos africanos
e afro-descendetnes (1871-1888)
Nome: Sylvana Maria Brandão de Aguiar
Titulação: Doutora
Instituição: UFPE
Resumo: A Lei de 1871, mais conhecida na Historiografia Brasileira,
como a Lei do Ventre Livre, determinou o fim da escravidão negra no
Brasil antes de 1888, pois estancou a última fonte de abastecimento do
mercado de mão de obra escrava negra que era através do nascimento,
pois em 1850 a Lei Euzébio de Queiróz já havia interrompido o tráfico
internacional. Depois de promulgada a mencionada Lei todas as zonas
de conflitos entre senhores e escravos foram transferidas para os poderes
judiciários, políticos e eclesiásticos e as unidades produtivas não pararam
de funcionar, diminuindo concomitantemente as fugas urbanas e as
formações de quilombos e quilombolas. Ficou estabelecido, a partir de
então, livros de registro especiais para os filhos de escravos nascidos depois
de 28 de setembro de 1871. Aqui poderia ocorrer fraude. O pároco poderia
alterar e manter a criança como escrava. Nossas pesquisas revelam que a
Igreja tratou de obedecer a Lei e denunciou aos presidentes das províncias
tentativas de fraudes advindas tanto de senhores como de escravos. Desta
maneira, consolidou-se no Brasil uma transição gradual para o mercado
de trabalho livre sem rupturas da produção, com todo ônus transferido
aos ex escravizados.
Palavras-chave: Escravidão. Igreja católica. Resistência.
286
GT 18
GT 19: Iniciação Científica
______________________________________
Coordenadores
Profª. Dra. Áurea Marin Burochi – ISTA, MG
Prof. Dr. Cesar Alves – FAJE, MG
Prof. Dr. Cleto Caliman – PUC Minas e ISTA, MG
Ementa
O presente GT tem por objetivo propiciar aos estudantes de Graduado
e pós-Graduado (atualização e especialização), assim como a bolsistas de
iniciação científica, um espaço para apresentar e discutir os resultados de
suas pesquisas dentro da temática do Congresso. Com isto, favorecer-se-á a
divulgação de suas pesquisas, bem como propiciar-se-ão o aprimoramento
e amadurecimento da capacidade de investigação e da participação em
ambiente acadêmico.
287
1.
Tensões religiosas no Juazeiro do Norte: um estudo sobre a atuação
evangélica no combate ao Padre Cícero e a concorrência das igrejas
neopentecostais na oferta de bens religiosos
Nome: Itamara Freires de Meneses
Titulação: Graduado
Instituição: URC
Resumo: O cenário religioso brasileiro tem apresentado, nas últimas quatro
décadas, um quadro marcado pela trajetória declinante do catolicismo,
acompanhado da expansão evangélica. Juazeiro do Norte (CE), grande
centro de romarias populares em devoção ao Padre Cícero, não foge a
este quadro, apresentando um aumento expressivo de evangélicos, apesar
da hegemonia católica. Analisaremos a dinâmica religiosa em Juazeiro,
focalizando o tensionamento entre católicos e evangélicos que se revela,
sobretudo, a partir de dois elementos: primeiro, o combate à idolatria,
tendo como foco central o Padre Cícero, considerado pelos católicos como
santo popular e, em segundo lugar, no caso das igrejas neopentecostais,
na concorrência face à oferta de bens e serviços religiosos relacionados à
resolução de problemas de ordem física, emocional ou material, através de
bênçãos e graças.
Palavras-chave: Tensões. Idolatria. Trânsito religioso.
2.
Moradores e romeiros em interação: contribuições para a compreensão
das romarias em Juazeiro do Norte - CE
Nome: Jakeline Pereira Alves
Titulação: Graduado
Instituição: URC
Resumo: A presente comunicação trata de temática relacionada a
articulação de significados tendo em conta as interações que ocorrem entre
romeiros e moradores no processo de recepção e hospedagem em romarias
288
GT 19
ocorridas em Juazeiro do Norte, no Nordeste brasileiro. O objetivo deste
trabalho é identificar como a partir das interações determinadas pelos
processos de hospedagem, tensões entre demandas diversas de devoção
e diversão contribuem para a constituição de identidades e alteridades
entre os agentes participantes das romarias. Por meio das observações
empíricas e entrevistas a moradores e romeiros nos ambientes de recepção
localizadas no centro urbano da cidade, foram identificadas modalidades
de hospedagem que foram classificadas como: rancho, “casa-rancho”,
“casa-parentesco” e pousadas. Há variações também no interior dessas
modalidades, principalmente relacionadas à permanência ou não do
dono da casa durante o período de estada do romeiro, isso oferece mais
elementos para perceber como processos diferentes de aproximação e
distanciamento complexificam a romaria e a constroem. Também foram
identificados contextos de vizinhança em áreas da cidade onde ocorrem
maior oferta de hospedagem, nesses espaços são articulados sentidos
a partir de uma construção diferenciada do ambiente que se torna um
espaço de práticas juvenis relacionado a atividades de interação geracional,
música e consumo de bebidas e que, por sua recorrência, acabam por
ser incorporados nas expectativas de experiências nas romarias. Palavraschave: Moradores. Romeiros. Recepção. Construção de significados.
Palavras-chave: Moradores. Romeiros. Recepção. Construção de
significados.
3.
Demarcando espaços: Um estudo das relações de força no cenário
religioso de Juazeiro do Norte
Nome: José Erivan Lima de Carvalho
Titulação: Graduado
Instituição: URC
Resumo: Ponto de convergência de milhares de romeiros e devotos
do Padre Cícero Romão Batista, Juazeiro do Norte (CE) é um espaço
predominantemente católico. Entretanto, apesar da forte presença do
Iniciação científica
289
catolicismo, nos últimos anos a expansão evangélica tem sido notável no
município. Neste sentido, este trabalho visa analisar as movimentações em
curso no campo religioso juazeirense, à luz dos dados do campo religioso
no Brasil contemporâneo, considerando o avanço pentecostal e as reações
promovidas da igreja católica, a partir da análise das relações de força no
jogo constituído entre esta e as igrejas evangélicas. A partir de observações
junto a igrejas pentecostais e a instituições que congregam diversas
denominações evangélicas, bem como a realização de entrevistas semiestruturadas com fiéis e lideranças religiosas, percebe-se a constituição
de um intenso campo de disputas entre católicos e evangélicos, que se
notabiliza através das ações da Ordem dos Ministros do Cariri (OMEC),
criada com a finalidade de congregar lideranças religiosas de diferentes
denominações, ao mesmo tempo em que funciona como um elemento
catalisador da força evangélica na região que, através do discurso da
evangelização, tem demarcado sua presença, num esforço evidente
de ocupação de espaços políticos e econômicos (e, porque não dizer,
culturais), provocando uma reorientação das relações de força no cenário
político da localidade, na medida em que, ao reivindicar maiores espaços,
as lideranças evangélicas produzem uma redefinição de limites entre os
universos da política e da religião.
Palavras-chave: Juazeiro do Norte. Evangélicos. Conflitos
4.
Romaria e juventude: práticas lúdicas vivenciadas em tempo de
romaria
Nome: Patricia Sutel da Costa
Titulação: Graduada
Instituição: URC
Instituição financiadora: PIBIC/CNPq
Resumo: A presente comunicação se assenta na discussão sobre influências
intergeracionais em manifestações religiosas coletivas. Com o objetivo
de melhor compreender o tempo das romarias, estas são tomadas como
290
GT 19
espaço onde ora são transmitidos conteúdos rituais marcados pelos
interesses simbólicos da sociedade, ora são assimiladas novas possibilidades
de práticas. Num processo dinâmico, as romarias adquirem formatos
associados a conteúdos característicos da cena contemporânea, envolvendo
principalmente praticas lúdicas contrapondo e, às vezes, superando as
práticas que dão conta da dimensão de significado sagrado à romaria. A
partir de entrevistas e observação sistemática de sucessivos períodos de
romarias em Juazeiro do Norte, no Ceará, percebeu-se que essas práticas
são articuladas de maneira mais evidente para os que interagem no cenário
da festa religiosa, onde outras necessidades relacionadas à sociabilidade
são evocadas, transformando o ambiente de penitencia e oração em um
espaço de diversão e entretenimento para todos os públicos e faixas etárias.
Essas mudanças podem ser pensadas como efeitos de geração levando-se
em conta a amplificação das demandas de lazer na contemporaneidade,
mas também devem ser vistas a partir de seu potencial de descaracterizar
ou “ressignificar” a prática religiosa. Nesse sentido, é entre os jovens, mas
não só que essas demandas parecem mais evidentes, inclusive, oferecendo
novas formas aos rituais que envolvem o período de permanência dos
romeiros e construindo de forma mais ampla os significados da romaria.
Palavras-chave: Romaria. Gerações. Práticas lúdicas.
5.
Turistificando a religião: uma análise sobre os interesses econômicos e
políticos no espaço religioso
Nome: Rosana Dayara Correia De Alcantara
Titulação: Graduada
Instituição: URC
Resumo: A proposta de comunicação procura atualizar os elementos que
são discutidos pela literatura no contexto de tensões entre práticas de
romarias e práticas turísticas. Os objetivos são voltados para compreender
como vivencias de visitantes que se nomeiam turistas e frequentam
a cidade de Juazeiro do Norte, no Ceará, em períodos de romaria,
Iniciação científica
291
contribuem para a construção de novos significados para esses eventos.
Na contemporaneidade com as atividades desgastantes do mundo do
trabalho, com o acumulo de funções e obrigações, o individuo sente se
expropriados do seu tempo, um vazio subjetivo ou como diria Sapir um
“vácuo espiritual”. O mercado investe na venda lugares de lazer e constrói
“paraísos” para o descanso, alimenta e até mesmo cria a ideia de que é
necessário um lugar de refugio dos males. Nesse estudo foram realizadas
observações sistemáticas e entrevistas durante acompanhamento empírico
a grupos de turistas em duas romarias em 2011. Ao analisar o turismo
na cidade de Juazeiro do Norte pôde-se perceber que a “publicização”
da imagem da cidade como uma “terra santa” é de interesse tanto de
autoridades religiosas locais, como políticas e econômicas, cada uma
empregando seus esforços no sentido de atender a demandas específicas
dos usuários do espaço e com isso contribuindo para dimensionar mais
amplamente significados atribuídos às práticas de romarias.
Palavras-chave: Turismo. Romaria. Interesses políticos e econômicos
6.
O imaginário simbólico e religioso do culto anglicano
Participante: Josilene Silva da Cruz
Titulação: Graduado
Instituição: UFPB
Resumo: Neste estudo pretendemos descrever sobre alguns resultados
referente à pesquisa desenvolvida na qual buscamos identificar quais as
imagens que são evocadas nos fiéis durante o culto litúrgico da igreja
anglicana. Pensamos o homem como homo symbolicus, apoiados
em Cassirer (2001) e percebemos na relação com a religiosidade um
“jogo simbólico” (MARDONES, 2005) que realiza pelas permutações
interferências no seu processo educativo. Neste sentido buscamos analisar
o imaginário simbólico do culto anglicano. Nosso método de investigação
foi a pesquisa descritiva, de campo, com o uso da etnografia e observação
participante, além da hermenêutica simbólica proposta por Gilbert
292
GT 19
Durand. Obtivemos alguns resultados iniciais em função das informações
levantadas e catalogadas nas observações dos cultos das quais relacionamos
com a teoria por nós selecionada para análise das imagens evocadas pelos
fiéis da igreja.
Palavras-chave: Religião. Simbolismo. Imaginação.
7.
A Figura indígena no Nican Mopohua
Participante: Leandro Faria de Souza
Titulação: Graduado
Instituição: PUC/SP
Resumo: O intuito do presente trabalho foi discutir e observar aspectos
da devoção à de nossa Senhora de Guadalupe está intimamente ligada ao
processo de colonização mexicana. Objetivou-se determinar na narrativa
de Nican Mopohua, versão de 1649, a forma de elaboração da figura
indígena. A análise textual fundamentou-se na localização dos fragmentos
de diálogos entre Juan Diego e a Virgem Maria, além dos dados fornecidos
pelo documento em questão, podendo assinalar o duplo caráter, ora
indígena, ora cristão. Dessa maneira foi possível apontar que o indígena
passou a assumir parâmetros colonizadores e aparece, assim, como
catequizado. Para tal, Juan Diego representa uma figura coletiva, e, dessa
maneira como mensageiro de uma nova profecia de fé, o cristianismo. E
por último, Juan Diego é representado como filho de Deus já pertencente
à unidade cristã.
Palavras-chave: Nican Mopohua, indígena, catequizado.
8.
O ensino religioso na visão infantil: uma análise da influência familiar
na religiosidade da criança
Nomes: Léia Nascimento de Souza e Anaíze Anália de Oliveira
Titulação: Graduados
Instituição: UFPB
Iniciação científica
293
Resumo: Este artigo traz em seu contexto algumas considerações sobre
o ensino religioso destinado às crianças e a influência da família na
religiosidade infantil. Suas considerações foram baseadas em pesquisa de
campo realizada na escola João Paulo II, situada na cidade de João Pessoa
– PB. Numa tentativa de desmistificar e diferenciar o ensino religioso do
ensino de religião apresentamos reflexões sobre esse paradoxo, uma vez
que percebemos a busca das famílias por escolas que tenham princípios
religiosos que se adequem aos seus, impondo-os às crianças. Refletiremos
sobre o pluralismo religioso, o estado laico e o ensino religioso tendo
como ponto de partida a observação do comportamento infantil durante
as aulas ministradas.
Palavras-chave: Criança. Religião. Religiosidade. Ensino Religioso.
9.
Dilemas e desafios do ser professor de ensino religioso
Participante: Neusiana Vieira Fernandes
Titulação: Graduada
Instituição: UFPB
Resumo: É uma pesquisa em andamento, que faz parte de um projeto
de iniciação científica com término previsto para Dezembro de 2012,
desenvolvido na UFP – UFPB, através dos departamentos de Pedagogia e
Ciências das Religiões, e tem como objetivo central buscar compreender o
que significa ser professor de ensino religioso na cidade de João Pessoa PB.
Palavras-chave: Ensino religioso. Dilemas. Desafios.
10.
Rui Barbosa e a escola laica: passado, presente e... futuro???
Nomes: Rivânia da Silva Carneiro; Reginaldo Severino dos Santos e
Verônica Maria Silva
Titulação: Graduados
Instituição: UFPB
294
GT 19
Resumo: Nos anos de 1800, alguns países manifestavam-se contra o ensino
religioso catequético nas suas escolas públicas e entre eles destacamos o
Brasil, que tinha a frente desta difícil missão, o corajoso Rui Barbosa,
que no afã de trazer o progresso para o nosso país, buscava, através de
uma reforma pedagógica geral, inserir atualizar os métodos do ensino,
em especial do ensino religioso, onde se fazia necessário a introdução da
laicidade. Quase dois séculos após a apresentação das suas reformas, ainda
não utilizamos na pedagogia atual suas idéias revolucionárias e para reiterar
os dados da nossa pesquisa científica, utilizamos como fonte o Capítulo
V, “Da Escola Leiga”, do livro “Obras Completas de Rui Barbosa”, Vol. X
Tomo I, do ano de 1883.
Palavras-chave: Rui Barbosa. Escola Leiga. Ensino Religioso.
11.
O tempo escatológico à luz do método transcendental
Nome: Alexandre Boratti Favretto
Titulação: Graduado
Instituição: PUC Campinas
Resumo: Considerando que a virada antropológica na teologia fundamental
contemporânea, proporcionada por Karl Rahner (1904-1984) trouxe à
tona a concepção de que a revelação cristã é o encontro entre Deus e os
seres humanos, e que a escatologia é uma dimensão imprescindível da
revelação e que a categoria tempo é fundamental na escatologia; objetivase desenvolver o conceito cristão de tempo escatológico na perspectiva da
teologia transcendental de Karl Rahner, visando conceber o significado da
plenitude da mencionada revelação
Palavras-chave: Tempo. Escatologia. Método transcendental.
Iniciação científica
295
12.
O conceito de tempo na efetividade do círculo hermenêutico
Nome: Anderson Luis Ribeiro
Titulação: Graduado
Instituição: PUC Campinas
Resumo: Este projeto visa sistematizar e explicitar o conceito de tempo
presente na obra “Der Begriff der Zeit-O conceito de tempo” de Martin
Heidegger. Assim sendo, procurando inferir elementos heideggerianos
referentes à concepção de tempo, identificando-os com o círculo
hermenêutico descrito em “Sein und Zeit-Ser e Tempo” uma de suas
principais obras. De maneira que as investigações sejam compartilhadas
junto com as experiências reflexivas sobre o tema.
Palavras-chave: Tempo. Círculo hermenêutico.
13.
Finitude e culpabilidade. Um dilema humano e religioso em
Dostoievski
Nome: João Ricardo de Moraes
Titulação: Graduado
Instituição: PUC Campinas
Resumo: A literatura é um lugar fecundo para narrar as experiências
humanas com o sagrado devido à sua atividade criativa e criadora de
sentido que não se contenta simplesmente em traduzir a realidade em sua
forma bruta, uma vez que busca novas formas de expressá-la e habitá-la.
A literatura é, ainda, a arte de narrar e imitar a vida ao recriar em palavras
as experiências vividas, como a pintura reproduz ou recria cenas da vida
em contornos e cores. Imitar no sentido apresentado pelo filósofo francês
Paul Ricoeur (1913-2005): a possibilidade da tessitura de um texto se
desdobrar em uma situação refigurada no e para o leitor, e, portanto, de
reconstruir a sua identidade cultural e religiosa. É o que faz, por exemplo,
o romance que por meio de uma narrativa ficcional conduz o leitor a uma
296
GT 19
hermenêutica de si mesmo, da sua história e da sua existência, diante do
espelho das palavras.
Palavras-chave: Finitude. Culpabilidade. Religioso. Humano.
14.
“A tipologia simbólica do idiota em Jesus”
Nome: Erick Gustavo de Oliveira Sales
Titulação: Graduado
Instituição: Universidade do Sul de Santa Catarina
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo demonstrar e analisar
porque Nietzsche se utilizou da tipologia simbólica do idiota atribuída ao
caráter de Jesus e de que forma a tradição teológica cristã introduziu ao
longo dos anos traços sobrenaturais e morais recheados de incongruências
axiológicas na verdadeira práxis evangélica de Jesus. É neste ponto
fundamental da obra “O Anticristo” de Nietzsche que o mesmo compreende
que houve uma distorção entre a mensagem original de Jesus e a recepção
dessa mensagem no mundo cristão, já que o Jesus de Nietzsche (tipo
psicológico) agia como um tipo inocente dotado de amor e destituído
de ressentimentos, totalmente diferente daquele Jesus “simbólico”
crucificado e adotado pela cristandade como símbolo da moralidade.
Assim, Nietzsche considerava que a própria palavra “cristianismo”, por si
só, seria um verdadeiro equívoco, porque em seu pensamento só existiu
um cristão e esse mesmo morreu na cruz juntamente com seu evangelho.
Todavia, Nietzsche também afirmava que os sacerdotes teriam manipulado
e inserido alterações em todos os valores da antiguidade se utilizando de
um símbolo religioso, “o crucificado”, onde tais representantes teriam
operado uma transvalorização de todos os valores antigos – valores estes da
verdadeira práxis evangélica de Jesus de Nazaré. Portanto, defenderemos
nesse trabalho a tese de que a real crítica de Nietzsche não estava voltada ao
Cristo propriamente dito, mas sim à instituição do cristianismo e para isso
teremos como sustentáculo a leitura da obra “O Anticristo”, considerada
por muitos como uma obra polêmica, contudo mal compreendia.
Iniciação científica
297
Palavras-chave: Práxis evangélica. Moralidade Cristã. Tipologia simbólica.
15.
Trabalhos científicos teológico-pastoral. O Sagrado na cidade, a
cidade no sagrado
Nome: Flávia Boavista Fernandez Ruiz
Titulação: Graduada
Instituição: PUC Campinas
Resumo: O projeto Internacional e interdisciplinar de pesquisa “Pastoral
Urbana: desafios do atual processo de transformação das cidades latinoamericanas para a pastoral”, desenvolvido pelo grupo de trabalho Igreja
Mundial da Universität Osnabrück, em seis países da América Latina,
propõe-se observar empiricamente as mudanças que os contextos urbanos
trazem para os discursos e práticas pastorais da Igreja católica e em que
medida essas respondem aos ensejos dos homens mulheres urbanos. Esta
comunicação apresenta o andamento da pesquisa realizada no Brasil,
em Campinas/SP. Como exigência desse estudo comparativo, foram
escolhidas duas regiões contrastantes da cidade. A primeira na área central,
consolidada nos equipamentos urbanos, comercio sofisticado, classe média
e média alta. A segunda, distante 50 Km do centro, em franca expansão
imobiliária e econômica da classe “C”, com demanda de múltiplos bens de
consumo, simbólicos e culturais. Nesta comunicação serão apresentadas as
referências da dimensão quantitativa e qualitativa da pesquisa, o processo
de elaboração dos instrumentos, suas dificuldades, resultados parciais e
impasses surgidos até o momento, bem como, o conjunto de ações em que
os agentes de pastoral e os pesquisadores estabeleceram trocada de saberes:
acadêmico-pastorais.
Palavras-chave: Pastoral. Urbana. Sagrado. Cidade.
298
GT 19
16.
Símbolos Secretos Rosacruzes dos Séculos XVI e XVII: Mística Cristã,
Imaginário e simbologia hermética
Nome: José Carlos de Abreu Amorim
Titulação: Graduando
Iinstituição: UFPB
Resumo: O presente trabalho propõe uma abordagem da obra clássica
“Símbolos Secretos dos Rosacruzes dos Séculos XVI e XVII” publicada
primeiramente em Altona, Alemanha, no ano de 1785. Usamos como base
a edição em português, lançada pela Editora Renes em 1973. Esta obra
traz textos e imagens que revelam uma ligação peculiar entre o cristianismo
dos séculos XVI e XVII, e os movimentos herméticos e alquímicos. Nossa
análise é pautada na semelhança, que percebemos, entre uma consagrada
abordagem científica, que é a Teoria do Imaginário de Gilbert Durand, e
o misticismo moderno. Propomos a hermenêutica do livro em questão,
assim como também uma abordagem do misticismo entendido como
moderno. O presente trabalho permite um diálogo com questões de ordens
ontológicas, das bases míticas e místicas da religiosidade de um grupo, em
especial, os místicos de base cristã, rosacruzes, maçons e outros “iniciados”.
A imensa riqueza e singularidade iconográfica deste livro iniciático, aqui
analisado, nos permite propor as bases para a mitocrítica e mitanalítica do
texto, seja em suas passagens escritas, seja em suas misteriosas passagens
imagéticas. Ao tempo que analisamos o clássico setecentista com o
olhar das Estruturas do Imaginário de Durand, mostramos também as
semelhanças desta Teoria com o pensamento místico.
Palavras-chave: Simbologia. Hermetismo. Imaginário. Misticismo cristão.
Iniciação científica
299
Mapa da PUC Minas
300
301
Realização:
Versão On-line. Disponível em:
http://soter.org.br/biblioteca/cadernoderesumos_25_congresso_soter.pdf
Diagramação:
www.sethdesign.com.br
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