CARTA AO PRIMEIRO – MINISTRO JOSÉ SÓCRATES
(Os símbolos religiosos)
Sr. Primeiro-Ministro José Sócrates,
Tendo o governo a que V. Exa. preside tomado a decisão de promover a retirada dos
crucifixos das salas de aula do nosso País, com a justificação de que o estado português
é um estado laico e que não se pode impor às crianças símbolos desta ou daquela
religião, permito-me por este meio lembrar a V. Exa. que, da mesma forma, o nosso
estado laico ainda promove, apoia e estimula verdadeiros abusos religiosos aos nossos
cidadãos.
Refiro-me, obviamente, entre outros, a:
— Feriado Nacional para celebrar a Imaculada Concepção de Cristo.
— Feriado Nacional para celebrar o nascimento de Cristo.
— Feriado Nacional para lembrarmo-nos de todos os Santos Católicos.
— Feriado Nacional (numa Sexta-Feira, um dia de trabalho!) para reflectirmos sobre a
morte de Cristo.
— Feriado Nacional para celebrar a Sua posterior Ressurreição.
— Feriado Nacional em honra da Ascensão aos Céus de Nossa (só de alguns, recordolhe) Senhora Maria, Mãe de Cristo.
— Feriado Nacional para honrar o Corpo de Cristo
— Feriados Municipais para honrar os Santos Católicos, padroeiros das nossas mais
diversas cidades, vilas e aldeias.
— A presença das cinco chagas de Cristo na nossa Bandeira Nacional.
— O Monumento do Cristo-Rei, na margem Sul do Tejo, um verdadeiro símbolo cristão
colocado num lugar de grande visibilidade e, certamente, muito incómodo para todos os
que, não sendo cristãos, para lá são forçados a olhar.
— As irritantes maiúsculas no início dos vocábulos que reportem a Jesus Cristo. (Ele,
Sua, Seu, Lhe, etc.)
— A prática, comum, dos jogadores das nossas mais diversas selecções desportivas, de
se benzerem enquanto em representação das cores pátrias. E mátrias.
Haveria, como é óbvio, muitos mais exemplos a apontar, mas estou certo de que V. Exa.
será capaz de os identificar e prontamente os eliminar da nossa vida nacional.
De imediato, estou certo de que o Sr. Primeiro-Ministro implementará a obrigatoriedade
de comparecer ao trabalho os funcionários do Estado em todos os dias úteis que sejam
considerados, por alguns, como um dia religioso, caso este seja um dia de semana.
A seu tempo, eliminará V. Exa. estes dias do calendário dos feriados nacionais,
promovendo, desta forma, um aumento de produtividade acentuado.
Urge também proibir todos os nossos municípios de promoverem, tolerarem,
observarem ou apoiarem qualquer feriado de índole religiosa, sendo imediatamente
abolidos os Santos Padroeiros das cidades, vilas e aldeias do nosso querido Portugal.
De igual forma, estou certo de que o Sr. Primeiro-Ministro irá promover, com carácter
de urgência, um concurso para a alteração e remoção de todos os elementos de índole
religiosa da nossa Bandeira Nacional.
A demolição da estátua do Cristo-Rei em Almada passará, por certo, a fazer parte das
suas prioridades.
De fato, Não tenho uma dúvida de que V. Exa., na prossecução deste conjunto de actos,
convocará rapidamente uma reunião extra ordinária da CPLP, em ordem a incluir no
bendito acordo ortográfico a eliminação de maiúsculas nas palavras surgidas em
consequëncia da utilização do nome de Cristo, um fenômeno bem complicado, né?
E estou certo de que, tão logo acabe de ler esta missiva, irá instruir os presidentes das
diversas federações desportivas do país para que proíbam toda e qualquer manifestação
religiosa por parte de indivíduos que participem em competições, representando as cores
do nosso Portugal.
E, já agora, não se esqueça de proibir os sinos das igrejas de tocarem, a não ser em caso
de fogo, de festejos de um título por adeptos do SLB ou de invasão estrangeira.
E a transmissão de cerimónias religiosas pelo canal publico de televisão!
Para finalizar, Sr. Primeiro-Ministro, tenha presente que, na próxima campanha
eleitoral, deve lembrar as portuguesas e os portugueses de que foi V. Exa., com o apoio
do Partido Socialista, quem teve a coragem de tomar estas medidas, tão justas e há tanto
tempo ignoradas. É que o povo é muito esquecido, e é sempre bom lembrar-lhe quem
foram os responsáveis por estes actos de tão grande interesse nacional.
Certo da sua coragem, convicção e empenho na aplicação das medidas sugeridas,
subscrevo-me.
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