Ministério do Desenvolvimento Agrário Assessoria Internacional e de Promoção Comercial Reunião de Trabalho REAF-CPLP Memória de Reunião - 14/11/12 – Caxias do Sul, RS 1. Resumo: Foi realizada reunião entre a REAF (representada pela PPTB) e o CONSAN-CPLP (da qual participaram – além da delegação brasileira - representantes do governo de Moçambique e da sociedade civil de Angola e Moçambique) que se configurou como início de intercâmbio entre os dois blocos. Uma primeira atividade de intercâmbio foi esboçada a partir de apresentação pela presidência moçambicana da CPLP da ESAN, que destacou seu Eixo 3, referente ao “Aumento da disponibilidade de alimentos com base nos pequenos produtores”. Tendo em vista que o Eixo 3 da ESAN-CPLP prevê intercâmbios para “identificação, cadastro e desenvolvimento de políticas públicas para apoio aos pequenos produtores agrícolas”, foi realizada apresentação preliminar (pelo Programa FIDA Mercosul), compartilhando a experiência de criação dos Registros Nacionais Voluntários da Agricultura Familiar no bloco sul-americano. A reunião resgatou alguns dos encaminhamentos da reunião do dia anterior sobre a conformação do GT-AF (ver relato), e, a partir das duas apresentações (ESAN-CPLP e RNV/REAF) os participantes das delegações fizeram comentários e colocaram propostas de intercâmbio baseadas no Eixo 3 da ESAN e nas experiências acumuladas pela REAF durante os seus anos de existência, para consideração na elaboração do Plano de Trabalho do GT-AF. 2. Apresentações: As apresentações, respectivamente sobre a ESAN-CPLP, com destaque para o Eixo 3, que diz respeito à Agricultura Familiar, bem como sobre a criação dos Registros Nacionais Voluntários da REAF a partir da Res. 25/07 do GMC, não estão detalhadas aqui (os arquivos digitais das apresentações foram disponibilizados aos participantes). 3. Propostas de intercâmbio para o Plano de Trabalho do GT-AF Dentre os pontos destacados por Edgar Cossa (STP-ESAN-CPLP) na sua apresentação, vale mencionar sua lembrança do fato de que o Grupo de Trabalho de Agricultura Familiar já forma parte da estrutura do CONSAN, tal como foi decidida nos seus estatutos em Maputo, em agosto de 2012; que o Eixo 3 da ESAN visa o aumento da produção e da produtividade dos pequenos produtores agrícolas; que os “participantes” (sociedade civil, academia..) não têm direito a voto mas podem registrar eventuais discordâncias na ata final de reunião do CONSAN; e que o processo de participação social com influência nas políticas públicas ainda é incipiente na maioria dos países da CPLP. Álvaro Ramos, do Programa FIDA-Mercosul, destacou o processo de criação dos Registros Nacionais Voluntários da Agricultura Familiar nos países do Mercosul a partir da Resolução 25/07 do Grupo Mercado Comum (GMC), a título de primeira atividade de intercâmbio REAF-CPLP com vistas a subsidiar a criação dos referidos cadastros de pequenos agricultores previstos pela ESAN. A apresentação fez um resgate a partir da criação da própria REAF, e destacou os trabalhos do Grupo Técnico de Registros, exemplificando as características da Agricultura Familiar em cada um dos países do Mercosul. Após as duas apresentações, o Secretário de Agricultura Familiar do MDA, Valter Bianchini, fez algumas considerações. Enfatizou que os países da CPLP têm na Agricultura Familiar uma oportunidade de desenvolvimento, como é o caso dos países presente na reunião, Moçambique e Angola, que ambos têm grandes contingentes de agricultores familiares, contanto que tenham acesso a políticas públicas, especialmente de ATER e de crédito. O Secretário apontou para o fato de haver frequente confusão entre Agricultura Familiar e pobreza rural, e lembrou que há uma experiência muito rica de pequenos e médios empreendimentos de agricultura familiar que poderiam ser compartilhados. Lembrou que além deste segmento, há nos países da CPLP também a presença crescente de empreendimentos de grande escala (que exemplificou citando o programa de cooperação liderado pela Embrapa e a JICA em Moçambique, conhecido como “Pro Savana”), mas sublinhou que a prioridade da FAO na gestão do DG José Graziano é a agricultura familiar, e que isto coloca oportunidades para fortalecer a troca entre os países do CONSAN-CPLP, por meio do GT-AF. O representante do CONSEA, Pedro Kitoko, primeiro salientou a sua satisfação de participar de atividade do CONSAN-CPLP e disposição em colaborar com este, tendo em vista sua própria condição de angolano radicado no Brasil e de membro do CONSEA. Mencionou que o Brasil realiza, a cada quatro anos, uma conferência sobre Segurança Alimentar e Nutricional, além de diversos eventos, o próximo dos quais tratará o tema fundiário. Convidou a REAF e o CONSAN-CPLP a participarem destes eventos. Perguntou também como o Mercosul pode facilitar o aumento da participação social nos países da CPLP. Alessandra Lunas (CONTAG) resgatou alguns pontos da reunião realizada no dia anterior (ver relato), tais como a necessidade de identificar: (i) os coordenadores responsáveis por país, (ii) as tarefas, e (iii) a composição do GT. Lembrou também que os países se comprometeram financeiramente (vale lembrar aqui que para o exercício de 2013, as contribuições são voluntárias, e a partir de 2014 se tornam obrigatórias). Respondendo à pergunta do representante do CONSEA, disse que sempre vem à tona a necessidade do Brasil fortalecer a democracia participativa nos países da CPLP, e que talvez o espaço do CONSAN possa facilitar este processo. O Secretário Bianchini retomou a palavra a partir deste comentário, ressaltando o trabalho que ainda existe adiante, e que diversos atores, tais como FAO, acadêmicos, ou o CONSAN terão papel fundamental nesta construção. Ponderou alguns avanços em Moçambique, inclusive pela voz que a UNAC logrou ter no debate nacional sobre os modelos de desenvolvimento agrícola a serem adotados (mais recentemente, por meio de nota soltada por esta organização com grande repercussão, na qual critica o processo de andamento do “Pro Savana”), e pelo potencial que o Programa Mais Alimentos pode trazer à agricultura familiar daquele país. Em compensação, refletiu sobre uma situação menos avançada quanto à participação social e ao investimento público direcionado à agricultura familiar em Angola. A Secretária Nacional de Segurança Alimentar, Maya Takagi, elogiou as apresentações, e refletiu sobre a grande relevância do processo de elaboração de regras comuns entre vários países – ainda que no caso do Mercosul, estas estejam vinculadas em boa parte às relações comerciais, e que no caso da CPLP, a relevância dos registros se dê sobretudo pelo seu papel na construção de políticas públicas nacionais. Ponderou também, à luz da apresentação sobre a criação dos Registros Nacionais Voluntários (RNV), a importância do formato participativo e multisetorial do processo levado a cabo nos últimos anos na REAF, e dos representantes de cada país adensarem o conhecimento mútuo sobre os respectivos perfis da agricultura familiar, para realizarem diagnósticos que permitam a criação de registros que possam ser posteriormente homologados. A Secretária Maya sugeriu que os seguintes elementos poderiam ser aprofundados como parte dos trabalhos do GT-AF do CONSAN-CPLP: (i) (ii) (iii) (iv) (v) Mecanismos de identificação dos Agricultores Familiares. Mecanismos de quantificação dos empreendimentos. Identificação das organizações de representantes, e como estas se identificam. Identificação de legislação específica relacionada ao setor. Identificação de políticas de acesso à terra. Do ponto de vista operacional, colocou a questão do funcionamento do STP-ESAN, e resgatou elementos da reunião do CONSAN realizada em Roma (à margem da 39ª Sessão do CSA), relacionados à necessidade de ratear recursos de diversas fontes para assegurar o desenvolvimento dos trabalhos do CONSAN. Por fim a Secretária sugeriu que o GT-AF do CONSAN possa acompanhar as próximas reuniões da REAF relacionadas às prioridades do GT. Com base nos pontos levantados pela Delegação da CPLP a respeito das atividades previstas pelo Eixo 3 da ESAN, Álvaro Ramos, do Programa FIDA-Mercosul, sugeriu três possíveis áreas de cooperação entre a REAF e a CPLP, que o FIDA poderia apoiar, sugerindo atividades para cada área, destacadas a seguir: 1. Processo de desenho e aplicação dos registros nacionais de Agricultura Familiar nos países participantes da REAF. Sugestão de atividades: (i) Critérios para desenhar os registros, mecanismos para levantar dados, controle social e aplicação; (ii) Estado de situação e avanços nos diferentes países; (iii) Dificuldades a superar e avanços até a homologação no MERCOSUL. O Programa FIDA-MERCOSUL ofereceu também a facilitação da participação de delegados oficiais e da sociedade civil que estejam a cargo dos registros nos diferentes países da REAF. 2. Compras Públicas. Sugestão de atividades: (i) Estado da situação da legislação em cada país; (ii) Exigências vigentes para participar como provedores nos programas de compras públicas para a Agricultura Familiar; (iii) Instrumentos de políticas públicas que facilitam o alcance destas exigências por parte dos agricultores familiares. 3. Dialogo político e mecanismos de participação. Sugestão de atividades: o Programa FIDA-MERCOSUL ofereceu de sistematizar as experiências e os diferentes mecanismos que se utilizam nos países do MERCOSUL, bem como na REAF (por meio das Seções Nacionais). Conforme informou o representante do Programa FIDA-Mercosul, estas três áreas de cooperação poderão fazer parte do roteiro da primeira reunião do GT-AF do CONSAN-CPLP, a ser realizada no primeiro semestre de 2013, bem como permitir a facilitação da participação de delegados da REAF nesta. Após esta primeira aproximação entre REAF e CPLP, e relato desta às demais delegações da REAF, a Delegação do Uruguai se comprometeu em retomar o contato e elaborar programa de trabalho com o bloco lusófono durante a próxima PPTU do primeiro semestre de 2013. 4. Lista de Presença: Angola: Helder Marcelino – Ação para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA) – Representando a REDSAN - Rede da Sociedade Civil para a Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP Brasil: Valter Bianchini – Secretário de Agricultura Familiar – SAF/MDA Maya Takagi – Secretária de Segurança Alimentar e Nutricional – SESAN/MDS Alessandra Lunas – Vice-Presidente da CONTAG – Representando a Plataforma de Mulheres Rurais da CPLP Pedro Kitoko – CONSEA Thomas Patriota – AIPC/MDA Vanessa Pfeifer- UFRGS Amarildo Nespolo – SFA/MAPA/RS Moçambique: Edgar Cossa – Secretariado Técnico da ESAN-CPLP - MINAG Augusto Mafigo – Presidente da União Nacional dos Camponeses de Moçambique (UNAC) – Representando a Plataforma de Camponeses da CPLP Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA): Álvaro Ramos – Programa FIDA MERCOSUL Carlos Mermot – Programa FIDA MERCOSUL