Título do trabalho: ESTUDOS PRELIMINARES NA DEFINIÇÃO DE METODOLOGIA DE DELIMITAÇÃO DA FAIXA DE PRAIA NA ORLA DO LAMI – PORTO ALEGRE / RS: INSTRUMENTO PARA A GESTÃO PÚBLICA DA ORLA DO LAGO GUAÍBA (trabalho inédito ) Autores: Marília Bellíssimo – bióloga, coordenadora do Programa Guaíba Vive da Secretaria do Meio Ambiente do Município de Porto Alegre [email protected] Ricardo Litwinski Süffert – engenheiro florestal, Programa Guaíba Vive da Secretaria do Meio Ambiente do Município de Porto Alegre [email protected] Márcia dos Santos Ramos Berreta – estagiária do Curso de Bacharelado de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul [email protected] (51) 96874866 - Marília Bellíssimo Telefones para contato: (51) 96396454 – Ricardo Süffert (51) 99933709 - Márcia Berreta Área temática do Trabalho : GESTÃO AMBIENTAL E DE RECURSOS HÍDRICOS ESTUDOS PRELIMINARES NA DEFINIÇÃO DE METODOLOGIA DE DELIMITAÇÃO DA FAIXA DE PRAIA NA ORLA DO LAMI – PORTO ALEGRE / RS: INSTRUMENTO PARA A GESTÃO PÚBLICA DA ORLA DO LAGO GUAÍBA Marília Bellíssimo 1 Ricardo Litwinski Süffert 2 Márcia dos Santos Ramos Berreta 3 1- Bióloga, Coordenadora do Programa Guaíba Vive da Prefeitura de Porto Alegre [email protected] 2- Engenheiro Florestal, Programa Guaíba Vive da Prefeitura de Porto Alegre [email protected] 3- Estagiária do Curso de Bacharelado em Geografia da UFRGS [email protected] RESUMO O presente estudo foi desenvolvido em parceria com o Programa Guaíba Vive da Secretaria do Meio Ambiente da Prefeitura do município de Porto Alegre e o Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Este trabalho tem como objetivo principal construir uma proposta instrumental que permita ao gestor público avaliar as condições ambientais da orla do Lago Guaíba, a partir do modelo proposto para a Praia do Lami: delimitação da faixa de praia para acesso à população às margens do Lago Guaíba, indicador importante para a qualidade das águas, e integrante do conceito de balneabilidade. A área de estudo localiza-se na Praia do Lami, a leste do Lago Guaíba, na porção do extremo sul do município. Está localizada numa planície formada por sedimentos arenosos de granulação média a grossa, formada por eventos transgressivos-regressivos, durante o Período Quaternário. Estes cordões praiais estão orientados paralelamente as atuais margens do lago Guaíba. Para a realização deste estudo foram utilizadas: visitas in loco; interpretação da imagem de satélite do Quick Bird, na escala 1:5000, analises de fotografias do acervo do Programa Guaíba Vive; pesquisas bibliográficas junto a trabalhos científicos da área e dos principais instrumentos de legislação, como o Código das Águas, Código Florestal, Resolução do CONAMA 274 e 303 e PDDUA de Porto Alegre; e entrevistas e depoimentos junto à comunidade local. Os principais conflitos encontrados estão relacionados às edificações irregulares e cercamento de terrenos particulares nas áreas junto à orla, ferindo a legislação ambiental vigente que configura estas áreas como de Preservação Permanente. Atualmente as análises qualitativas das águas para efeito de balneabilidade são realizadas pelo Departamento de Água e Esgotos (DMAE) do município de Porto Alegre, onde os resultados são repassados à Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMAM), através do Programa Guaíba Vive (PGV), para divulgação pública e in loco, como preceitua a Resolução CONAMA nº 274/2000. A metodologia proposta auxiliará a gestão pública da orla do Lago Guaíba, permitindo ao órgão responsável pela preservação destas áreas, reivindicar legalmente esses espaços, para o uso da população como área balneável. Palavras-chaves: praia do Lami, acessibilidade, gestão pública INTRODUÇÃO O presente estudo foi desenvolvido em parceria com o Programa Guaíba Vive da Secretaria do Meio Ambiente da Prefeitura do município de Porto Alegre e o Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na disciplina de Estágio Profissional orientado pelo professor doutor Roberto Verdum. Este trabalho tem como objetivo principal construir uma proposta instrumental que permita ao gestor público avaliar as condições ambientais da orla do Lago Guaíba, a partir do modelo proposto para a Praia do Lami: delimitação da faixa de praia para acesso à população às margens do Lago Guaíba, indicador importante para a qualidade das águas, e integrante do conceito de balneabilidade. O Lago Guaíba possui 470 km2 de superfície com uma profundidade média de 2 metros, sendo que no canal navegável é de 12 metros. Possui trechos entre 900 metros a 19 km de largura e cerca de 50 km de comprimento. É formado pelas águas predominantes do rio Jacuí (84,6%), Caí, Sinos e Gravataí, além dos arroios que deságuam diretamente no seu leito. Este lago, armazena um volume aproximado de 1,5 bilhões de metros cúbicos de água (DMAE, 1981). Representa importante manancial hídrico porque, além de proporcionar área de lazer, serve como principal fonte de abastecimento de água para mais de um milhão e trezentas e sessenta mil pessoas. Com uma orla de 70 km a leste, onde se localiza a cidade de Porto Alegre, possui uma faixa praial formada por enseadas que se alteram entre morros graníticos e praias formadas por cordões de areia quatzozas. Atualmente, somente duas praias são disponibilizadas pelo órgão público municipal à população a fim de balneabilidade: a praia do Lami e a praia de Belém Novo. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO A área de estudo localiza-se na Praia do Lami, a leste do Lago Guaíba, na porção do extremo sul. Limita-se entre a Reserva Biológica do Lami e o Parque Estadual de Itapuã, no município de Viamão (figura 1). Está localizada numa planície formada por sedimentos arenosos de granulação média a grossa, formada por eventos transgressivos-regressivos, durante o Período Quaternário. Estes cordões praiais têm uma largura variável entre 500 – 1.500 metros, orientados paralelamente as atuais margens do lago Guaíba. Seu clima é Cfa (subtropical úmido se estação seca), conforme Köppen. A praia do Lami é banhada por águas de três sub-bacias: Lami, Manecão e Chico Barcelos. Estas sub-bacias tem a maioria de suas nascentes situadas no município de Viamão, em locais com ocupação humana rarefeita, sem infraestruturas de saneamento. A referida região apresenta vegetação classificada como mata de restinga e banhado. A mata de restinga encontra-se sobre os cordões arenosos, às margens do lago, intercalando o banhado com o lago. Apresentam espécies remanescentes, apesar do processo de degradação que vêm sofrendo, tais como butiazeiros, jerivás, ingazeiros, aroeiras, cactácias, tendo também espécies ameaçadas de extinção (figueiras e corticeiras). Os banhados são terrenos alagadiços sazonalmente ou permanentemente, ficando sujeitos as variações temporais ao longo do ano. A vegetação arbórea predominante é o Maricá e, tendo como principal espécie aquática o Aguapé. Figura 1 – Localização da área de estudo – Praia do Lami, Porto Alegre / RS REFERENCIAL TEÓRICO Desde 1934 o Código das Águas ,em seus diversos artigos, preocupa-se com a adoção de uma legislação que pudesse permitir ao poder público controlar e incentivar o aproveitamento das águas assim como definir as áreas dos terrenos marginais. As especificações das metragens para a fomentação das Áreas de Proteção Permanente ocorreram em 1965 com o Código Florestal Federal. Porém, somente com a Resolução CONAMA nº 303 de 20 março de 2002 os lagos receberam a metragem que deveriam ser preservadas ao entorno de seu espelho d’água, que são de 30 metros em áreas urbanas. O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental - PDDUA (Lei Complementar nº 434/99) enfatiza a questão da necessidade de sustentabilidade do universo ambiental e, para tanto, regulamenta os espaços da orla do Lago Guaíba e os nomeia como: Área de Revitalização e por isso necessita de projetos específicos a fim de integrar a cidade com seu lago, com livre acesso a população e; Área Especial de Interesse Ambiental, onde no seu artigo 153 parágrafo 2º esclarece: “as edificações de frente para cursos dagua navegáveis não deverão obstruir o acesso e a livre circulação de pessoas as margens do Lago Guaíba”. A Resolução CONAMA nº 274 de 24 de novembro 2000 é que dispõe sobre a adoção de sistemáticas de avaliação da qualidade ambiental das águas, considerando que a saúde e o bem-estar humano podem ser afetados pelas condições de balneabilidade. Esta Resolução regulamenta e propõe parâmetros de análise de balneabilidade para as áreas de balneários. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ACESSO DO PUBLICO A ORLA DO LAGO GUAÍBA QUALIDADE DAS ÁGUAS VISITA IN LOCO ENTREVISTAS LAUDO DE BALNEABILIDADE REALIZADO PELO DMAE Gráficos estáticos de área própria e imprópria para banho durante o ano LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO Código Florestal Resolução CONAMA PPDDUA–Porto Alegre Publicações Científicas ANÁLISE DE IMAGEM DE SATÉLITE QUICK BIRD 1:5000 VISITA IN LOCO Fotografias MAPA - SIG Definição da APP junto a orla do Guaíba INSTRUMENTO PARA GESTÃO PUBLICA DA ORLA DO LAGO GUAÍBA procedimentos metodológicos documento gerado documento em fase de conclusão Figura 2 – Fluxograma dos Procedimentos Metodológicos RESULTADOS 1. O Código Florestal Federal (Lei Federal nº 4.771/65) não dispõe sobre a metragem de área de preservação permanente para o entorno de lagos naturais (artigo 2º, letra “b”). Somente a Resolução CONAMA nº 303/02, em seu artigo 3º inciso III, letra “a” estabelece que ao redor de lagos situados em áreas urbanas consolidadas, a metragem mínima da área a ser preservada permanentemente é de 30 metros do espelho de água medido após a cota média das enchentes ordinárias, que é fornecida pelo SPH – Superintendência de Portos e Hidrovias. 2. Na praia do Lami existem edificações irregulares (bares) junto à foz do Arroio Manecão, desrespeitando tanto o Código Florestal Federal que prevê Área de Preservação Permanente de 30 metros nas margens de rios com 10 metros de largura, quanto a Resolução CONAMA 303/2000 que determina 30 metros de afastamento do espelho de água do Lago Guaíba. 3. Falta conhecimento dos proprietários que cercam seus terrenos dentro da APP. 4. Existem dificuldades na implantação da legislação que protege as margens do Lago Guaíba pelos órgãos públicos. 5. Há necessidade de ações de conscientização ambiental junto à comunidade moradora da região assim como da comunidade freqüentadora eventual, fomentando o uso correto dessas áreas, com o objetivo de manter a qualidade de água para o banho. Observamos que em determinados locais da praia ocorrem sinalizações demarcando estas áreas como impróprias para banho, como o caso das proximidades da foz do arroio Manecão. 6. A localização da praia do Lami é privilegiada, pois limita-se entre duas unidades de conservação – Reserva Biológica do Lami e Parque Estadual de Itapuã, qualificando o balneário como área de amortização, sendo necessárias intervenções conscientes com a realidade ambiental da região. 7. A praia do Lami sofre a influência tanto das águas do Lago Guaíba como das três subbacias (Lami, Manecão e Chico Barcelos). Considerando-se esta rede hidrográfica, destacase a necessidade da urgente revitalização do arroio Manecão. CONCLUSÃO Qualidade da água para o banho e a garantia de acesso da população à praia do Lami são indicadores ambientais que não devem ser considerados um apêndice, mas parte integrante e fundamental na produção de informações que retratam a vida de uma sociedade e da construção de uma Gestão Pública sobre os recursos naturais. A criação de um sistema de monitoramento ambiental regional exige investimentos no conhecimento científico e o periódico acompanhamento do meio físico e biótico. O instrumento proposto para a Praia do Lami: delimitação da faixa de praia para acesso à população às margens do Lago Guaíba, segundo legislação ambiental vigente, auxiliará a gestão pública da orla do manancial, prevendo melhor definição das margens, permitindo que o órgão responsável pela preservação destas áreas, reivindique legalmente esses espaços para o uso da população. Também, concluímos que o presente trabalho poderá contribuir como subsídio aos processos de enquadramento desenvolvido pelo Comitê de Gerenciamento do Lago Guaíba. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MENEGAT, Rualdo; CARRARO, Clóvis Carlos; FERNANDES, Luís Alberto Dávila (org.). Atlas Ambiental de Porto Alegre. Porto Alegre:Ed. Universidade / UFRGS, 1998. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resoluções CONAMA. Brasília. Disponível em www.mma.gov.br. Acesso 20 out de 2004. PRINTES, Rodrigo Cambará (org.). Plano de Manejo Participativo da Reserva Biológica do Lami .Porto Alegre:SMAM,2002. PORTO ALEGRE. Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental - Lei Complementar nº 434 / 99.