UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP ENGENHARIA MECATRÔNICA , PRODUÇÃO E AERONÁUTICA TRATAMENTO TÉRMICO EM LIGAS DE ALUMÍNIO ENDURECIMENTO POR PRECIPITAÇÃO Materiais Aeronáuticos Prof. Dr. FERNANDO CRUZ BARBIERI S.J. dos Campos UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP ENGENHARIA MECATRÔNICA , PRODUÇÃO E AERONÁUTICA 1 – Introdução O tratamento térmico do alumínio refere-se aos processos básicos de aquecimento e/ou resfriamento controlados do metal, com o principal objetivo de gerar benefícios e melhorar as características metal-mecânicas das peças produzidas em alumínio; Existem ligas de alumínio que são tratáveis termicamente, geralmente pelos processos de solubilização e posterior envelhecimento, no entanto, nem todas as ligas de alumínio são consideradas termicamente tratáveis para aumento de suas caraterísticas metal-mecânicas; Existem ligas de alumínio que só aumentam essas características (dureza e resistência, por exemplo) após um algum processo de conformação mecânica e encruamento (laminação é um exemplo de processo); Pode-se dizer que as ligas tratáveis termicamente são as dos grupos 2XXX, 6XXX, 7XXX e 8XXX e as que só aumentam suas características metal-mecânicas após conformação, as ligas dos grupos 1XXX, 3XXX, 4XXX e 5XXX. UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP ENGENHARIA MECATRÔNICA , PRODUÇÃO E AERONÁUTICA 2 – Endurecimento por precipitação O objetivo do endurecimento por precipitação é o de promover a formação de partículas de precipitados no metal alumínio; As partículas dos precipitados atuam como obstáculos ao movimento das discordâncias, e como conseqüência, aumentam a resistência mecânica da liga tratada termicamente; O processo de endurecimento por precipitação envolve três passos: Planos do solvente Solubilização; Têmpera; Envelhecimento. Partícula de soluto Precipitado UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP ENGENHARIA MECATRÔNICA , PRODUÇÃO E AERONÁUTICA 2.1 – Solubilização: O tratamento térmico de solubilização consiste em aquecer a liga até uma temperatura dentro do campo monofásico e aguardar nessa temperatura até que toda a fase que está presente seja completamente dissolvida. Esse procedimento é seguido de resfriamento rápido, ou têmpera, até a temperatura ambiente, para prevenir qualquer difusão ou formação da fase (retida); Campo monofásico UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP ENGENHARIA MECATRÔNICA , PRODUÇÃO E AERONÁUTICA 2.1 – Solubilização: O objetivo da solubilização é por em solução sólida a maior quantidade possível de átomos de soluto, deseja-se dissolver ao máximo possível, todos os elementos presentes na liga de alumínio no próprio alumínio, sendo que este deve permanecer no estado sólido, onde a fusão ou o super aquecimento, mesmo que sejam parciais ou localizados, devem ser evitados. Essa dissolução dos elementos presentes na liga, leva um determinado tempo, em temperatura, para ser concluída e esse tempo deve ser o suficiente para que também haja a total dissolução de todas as fases do metal (estrutura uniforme e monofásica da solução sólida; Tempo 1h O processo de solubilização é vital para um perfeito envelhecimento posterior e é um fator preponderante para o atigimento das características mecânicas desejadas. UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP ENGENHARIA MECATRÔNICA , PRODUÇÃO E AERONÁUTICA 2.1 – Solubilização: 92,5 m Solubilização a 5000C 92,5 m e 5900C UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP ENGENHARIA MECATRÔNICA , PRODUÇÃO E AERONÁUTICA 2.2 – Têmpera: Logo após a solubilização, em correta temperatura e tempo, o material deve ser temperado, ou seja, resfriado rapidamente; Esta etapa do processo térmico de solubilização é de suma importância e requer máxima atenção, pois deseja-se que com esse resfriamento rápido, a solução sólida super-saturada, que anteriormente estava em alta temperatura, permaneça idêntica em temperatura ambiente (solução sólida supersaturada de elementos de liga) ; O meio usualmente utilizado para temperar (resfriar) o material é a água. O resfriamento ao ar permite a formação de precipitados descontroladamente, não proporcionando a melhor resposta possível, quando realizar o envelhecimento. UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP ENGENHARIA MECATRÔNICA , PRODUÇÃO E AERONÁUTICA 2.3 – Envelhecimento: Logo após a têmpera, inicia-se o processo de envelhecimento, seja ele natural (a temperatura ambiente) ou artificial (a uma temperatura mais elevada e controlada); O tratamento térmico de envelhecimento consiste em aquecer a liga até uma região intermediária, localizada dentro da região bifásica + , onde as taxas de difusão se tornam apreciáveis. A fase precipitada começa a se formar na forma de partículas finamente dispersas com uma composição enriquecida por soluto. Após o tempo de envelhecimento apropriado, a liga é resfriada até a temperatura ambiente UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP ENGENHARIA MECATRÔNICA , PRODUÇÃO E AERONÁUTICA 2.3 – Envelhecimento: Este processo de envelhecimento é realizado em temperaturas bem inferiores e em tempos superiores, se comparado ao processo de solubilização; No processo de envelhecimento natural, além de não se controlar completamente a formação dos precipitados que endurecem o material, os tempos para a geração destes precipitados são mais longos, ou seja, a formação dos precipitados é lenta e demorada, se comparado ao envelhecimento artificial; Se o processo de envelhecimento (formação de precipitados) não for corretamente controlado pode não se formar a quantidade e a distribuição correta dos precipitados, não se atingindo a resistência desejada, ou também, pode se gerar um excesso no tamanho dos precipitados, fato que também não proporciona as melhores características mecânicas. Este segundo caso, é conhecido como superenvelhecimento. UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP ENGENHARIA MECATRÔNICA , PRODUÇÃO E AERONÁUTICA 3 – Liga família 2XXX (2024): Essa família é indicada para esse tipo de tratamento, pois como o cobre é o principal elemento de liga neste grupo; Tomaremos como exemplo a liga 2024 (liga do sistema Al-Cu contendo 4,5% de Cu 0u 94,5% de Al); Possui cerca de 4% de peso na liga, o cobre se solubiliza no alumínio acima de 5150C. UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP ENGENHARIA MECATRÔNICA , PRODUÇÃO E AERONÁUTICA 3 – Liga família 2XXX (2024): UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP ENGENHARIA MECATRÔNICA , PRODUÇÃO E AERONÁUTICA 4 – Etapas do tratamento térmico: A solubilização tem como objetivo solubilizar a fase endurecedora, mantendo a liga em uma condição metaestável. O envelhecimento tem como objetivo a precipitação controlada da fase endurecedora na matriz previamente solubilizada. A temperatura e o tempo de envelhecimento determinam a mobilidade dos átomos de Cu, que tendem a formar a fase θ. UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP ENGENHARIA MECATRÔNICA , PRODUÇÃO E AERONÁUTICA 4 – Etapas do tratamento térmico: tempo de envelhecimento determinam a mobilidade dos átomos de Cu, que tendem a formar a fase θ. UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP ENGENHARIA MECATRÔNICA , PRODUÇÃO E AERONÁUTICA 4 – Etapas do tratamento térmico: UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP ENGENHARIA MECATRÔNICA , PRODUÇÃO E AERONÁUTICA 4 – Etapas do tratamento térmico: vídeo UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP ENGENHARIA MECATRÔNICA , PRODUÇÃO E AERONÁUTICA 5 – Nucleação dos precipitados: Os átomos supersaturados tendem a se acumular ao longo de planos craistalinos específicos. A concentração de átomos de cobre (soluto) nessas posições abaixa a concentração em outras áreas, produzindo menos supersaturação, e assim sendo, uma estrutura cristalina mais estável; Neste estágio, os átomos de cobre não terão formado uma fase totalmente distinta, uma coerência de espaçamento atômico existe através de uma fronteira; Movimentos de discordâncias ocorrem com maior dificuldade nessas regiões, consequentemente o metal, sob altas pressões, se torna mais duro e mais resistente às deformações. UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP ENGENHARIA MECATRÔNICA , PRODUÇÃO E AERONÁUTICA 5 – Nucleação dos precipitados: UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP ENGENHARIA MECATRÔNICA , PRODUÇÃO E AERONÁUTICA 5 – Nucleação dos precipitados: vídeo UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP ENGENHARIA MECATRÔNICA , PRODUÇÃO E AERONÁUTICA 6 – Superenvelhecimento: O superenvelhecimento é caracterizado pela redução da resistência mecânica com o tempo de envelhecimento. Quando o tempo de envelhecimento é superior ao ponto de resistência máxima, os precipitados coerentes de fase θ aumentam de tamanho e tornam-se incoerentes, diminuindo a resistência mecânica UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP ENGENHARIA MECATRÔNICA , PRODUÇÃO E AERONÁUTICA 7 – Condições do tempo de envelhecimento e tensão de escoamento: Sub-envelhecimento 0 1 Super envelhecimento 10 100 UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP ENGENHARIA MECATRÔNICA , PRODUÇÃO E AERONÁUTICA 7 – Condições do tempo de envelhecimento e tensão de escoamento: Envelhec 6h CP5 Envelhec 24h CP 6 Envelhec 2h CP4 Alumínio CP1 Envelhec 1/2h CP3 Solubilizado CP2 UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP ENGENHARIA MECATRÔNICA , PRODUÇÃO E AERONÁUTICA 8 – Aplicação do envelhecimento Um exemplo interessante de utilização do processo de envelhecimento é o modo pelo qual é utilizado na construção de aviões; Rebites de alumínio são mais fáceis de guiar e se ajustam mais perfeitamente se forem macios e dúcteis, mas nesta condição, falta-lhes a resistência desejada; Assim sendo, os fabricantes selecionam uma liga de alumínio que possa ser temperada como uma solução supersaturada, mas que irá envelhecer à temperatura ambiente; Os rebites são inseridos nos componentes a ligar, enquanto ainda estão relativamente maiores e dúcteis, endurecendo após a montagem ; Uma vez que eles endurecem muito rapidamente na temperatura ambiente, surge um problema prático de retardamento do processo de endurecimento se os rebites não forem usados imediatamente após o tratamento de solubilização ; Uma vez que sejam conhecidos os efeitos de temperatura na taxa de ração de envelhecimento, tudo poderá ser controlados; Após o tratamento de solubilização os rebites são guardados num refrigerado, onde a baixa temperatura irá retardar o endurecimento por um tempo razoável. UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP ENGENHARIA MECATRÔNICA , PRODUÇÃO E AERONÁUTICA 9 - Metodologia As amostras sofreram tratamento térmico de solubilização a 540°C por 1 hora, seguido de resfriamento em água (Têmpera à +/- 200C). Após a solubilização e têmpera, o tratamento de envelhecimento foi realizado a 190°C, no qual cada amostra foi submetida a um tempo diferente de tratamento: ½ h, 2h, 6h, 12h e 24h, seguido de resfriamento lento. Para efeito de comparação, uma amostra foi somente solubilizada e uma outra sem tratamento. 1) amostras de liga de alumínio 2024; 2) amostras solubilizadas a 540ºC e 1h; 3) amostras solubilizadas a 540ºC e envelhecidas a 190°C por ½ h 4) amostras solubilizadas a 540ºC e envelhecidas a 190°C por 2 h 5) amostras solubilizadas a 540ºC e envelhecidas a 190°C por 6 h 6) amostras solubilizadas a 540ºC e envelhecidas a 190°C por 12 h 7) amostras solubilizadas a 540ºC e envelhecidas a 190 ºC por 24 h UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP ENGENHARIA MECATRÔNICA , PRODUÇÃO E AERONÁUTICA 10 – Roteiro Caracterização mecânica: Dureza Executar ensaios de dureza Rockweel B para cada amostra indicada (1 a 7); Montar um gráfico de dureza em função das amostras estudadas (1 a 7), e identifique cada amostra e explique os perfis de dureza correlacionando os tratamentos de cada amostra; Caracterização microestrutural: Microscopia Olhe no microscópico óptico cada amostras indicada (1 a 7): Faça uma figura para cada tipo de tratamento térmico e explique a dureza baseado nas observações feitas no microscópico relacionando as propriedades mecânicas à microestrutura. UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP ENGENHARIA MECATRÔNICA , PRODUÇÃO E AERONÁUTICA Cinética das Reações no Estado Sólido Como a maioria das reações dá origem à formação de novas fases via difusão, elas não ocorrem instantaneamente. As etapas de uma transformação são: 1) Nucleação = formação de partículas (ou núcleos) da nova fase. 2) Crescimento = aumento de tamanho dos núcleos até que as condições de equilíbrio sejam atingidas. energias envolvidas na solidificação: energia livre de volume (libertada na solidificação) e energia de superfície, necessária para formar os novos agregados UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP ENGENHARIA MECATRÔNICA , PRODUÇÃO E AERONÁUTICA 10 – Roteiro Caracterização mecânica: Dureza Padrão = 79 HRB Solubilizado = 72 HRB E ½ h = 78 HRB E 2 h = 78 HRB E 6 h = 82 HRB E 12 h = 83 HRB E 24 h = 84 HRB