O estudo da Língua Portuguesa é, geralmente, confundido com o
estudo de análise sintática. Esse estudo normalmente está
desvinculado do uso real da língua e apartado da estrutura textual.
Esse mistério do mundo sintático traz aos alunos um verdadeiro
“terror”. Isso leva-os a pensar que o objetivo do estudo da língua
portuguesa é desvendar esses segredos.
Neste capítulo, vamos trabalhar alguns aspectos da sintaxe da
língua portuguesa, do ponto de vista produtivo - quanto maior o
conhecimento e o domínio das estruturas frasais do português, mais
eficiente será o desempenho oral e escrito do aluno.
A fonologia, a morfologia, a sintaxe e a semântica constituem o
estudo da estrutura interna de uma língua - aquilo que a distingue
das outras línguas do mundo - e que não é resultado direto de
condições da vida social ou do conhecimento do mundo.
Já o léxico se distingue da gramática propriamente dita: nele estão
colocadas as informações que não se reduzem a regras gerais.
Temos que pensar também no aspecto pragmático da linguagem,
que, diferentemente do aspecto sintático (propriedades formais das
construções lingüísticas) e do aspecto semântico (relação entre as
unidades lingüísticas e o mundo), se relaciona à situação concreta
de uso e à influência do contexto na interação falante/ouvinte
(motivações psicológicas do falante, reações dos ouvintes ou
leitores).
Para um ensino produtivo da língua e da literatura, nas atividades de
leitura, compreensão e produção de textos, consideramos essencial
que o estudante perceba que:
· existe uma hierarquia na estrutura da oração, isto é, a oração
apresenta constituintes e estes contêm outros constituintes;
· cada constituinte oracional apresenta uma estrutura interna
própria;
· os constituintes da oração têm comportamento sintático variado,
apresentando relações de ordem, de concordância e de regência;
· a partir de estruturas sintáticas simples (núcleo + elementos
adjacentes), é possível produzir estruturas mais complexas, com
base em processos de ampliação.
1.
A classe dos sintagmas
Sintagma é uma unidade formada por uma ou várias palavras
que, juntas, desempenham uma função na frase.
A combinação das palavras para formarem as frases não é aleatória;
precisamos obedecer a determinados princípios da língua.
As palavras se combinam em conjuntos, em torno de um núcleo.
E é esse conjunto (o sintagma) que vai desempenhar uma função no
conjunto maior, que é a frase.
Exemplos:
O turista
O jovem turista estrangeiro
Aquele jovem turista
Nenhum turista
O turista estrangeiro
O turista estrangeiro
O turista e sua família
viajou.
viajou.
viajou.
viajou de trem.
viajou de trem para São Paulo.
viajou de trem para São Paulo
ontem.
viajaram.
Por unidade sintagmática deve ser entendido um agrupamento
intermediário entre o nível do vocábulo e o da oração.
Desta maneira, um ou mais vocábulos se unem (em sintagmas) para
formar uma unidade maior, que é a oração.
Os vocábulos que compõem a unidade sintagmática se organizam
em torno de um núcleo; dependendo do núcleo, podemos falar em
sintagma nominal e sintagma verbal.
Chama-se sintagma uma seqüência de palavras que constituem
uma unidade (sintagma vem de uma palavra grega que
comporta o prefixo sin, que significa com, que encontramos,
por exemplo, em simpatia e sincronia). Um sintagma é uma
associação de elementos compostos num conjunto, organizados
num todo, funcionando conjuntamente. (…) sintagma significa,
por definição, organização e relações de dependência e de
ordem à volta de um elemento essencial.
(Dubois-Charlier. Bases de Análise lingüística)
Diferentes vocábulos que pertencem a um mesmo sintagma
desempenham, dentro dele, funções distintas:
no sintagma nominal, por exemplo, o nome substantivo que
funciona como núcleo pode ser determinado por artigos, pronomes
e numerais e modificado por adjetivos, locuções adjetivas e/ou
orações subordinadas adjetivas.
Desta maneira, é evidente que existe, dentro do sintagma,
uma organização em que os vocábulos, dependendo de sua
posição e da relação que estabelecem entre si, desempenham
diferentes funções.
Os princípios sintáticos da língua (sistema de unidades
hierarquizadas) apresentam-se sob a forma de palavras, sintagmas,
orações e são relacionadas por um conjunto de mecanismos formais.
Conforme Azeredo (1990), "A estrutura gramatical do português
comporta vários níveis.
O morfema é a menor unidade dessa estrutura; e o
período, a maior.
Acima do nível dos morfemas acha-se o dos vocábulos;
acima deste, o dos sintagmas, a que se superpõe o das
orações. Esquematicamente, temos:
PERÍODO
ORAÇÃO
SINTAGMA
VOCÁBULO
MORFEMA
Vamos ler o poema de Cecília Meireles e observar os níveis de
estruturação do enunciado:
Texto 1
Colar de Carolina
Com seu colar de coral,
Carolina
corre por entre as colunas
da colina.
O colar de Carolina
colore o colo de cal,
torna corada a menina.
E o sol, vendo aquela cor
do colar de Carolina,
põe coroas de coral
nas colunas da colina.
Discutindo o texto 1
Neste poema, a autora faz um jogo de palavras, tirando proveito
principalmente do aspecto sonoro. Os diversos níveis a que nos
referimos acima podem ser apontados no texto:
nível do período:
nível da oração:
O colar de Carolina
colore o colo de cal,
torna corada a menina.
O colar de Carolina
colore o colo de cal /
torna corada a menina.
nível dos sintagmas:
nível dos vocábulos:
O colar de Carolina/
SN
colore o colo de cal,
SV
torna corada a menina.
SV
Com/ seu/ colar/ de/ coral / Carolina /
corre /
por/ entre/ as/ colunas / de/ a /colina.
nível dos morfemas:
O / colar / de / Carolina /
color/e / o / colo/ de/ cal/,
torn/a / corad/a /a/ menin/a.
As gramáticas descrevem os níveis da oração e do período dentro da
sintaxe e os níveis do morfema e do vocábulo, dentro da
morfologia.
No entanto, geralmente não tomam conhecimento do nível do
sintagma - intermediário entre vocábulos e oração. E, como mostra
Azeredo:
"... os vocábulos não se unem para formar a oração do mesmo
modo que os gomos se unem para formar uma laranja.
Os vocábulos não formam a oração senão indiretamente.
Eles se associam em grupos, os sintagmas, que são os
verdadeiros constituintes da oração."
Com o poema "Colar de Carolina" , podemos exemplificar as
palavras citadas acima; temos diversos vocábulos que se organizam
em blocos, os sintagmas, para então formarem orações.
O que nos interessa mais de perto é exatamente esse nível
intermediário, o sintagma, essa espécie de ponte entre os vocábulos
e a oração. Surgem então algumas perguntas:
Como podemos reconhecer um sintagma?
Basta haver mais de um vocábulo para existir sintagma?
Como são formados os sintagmas?
Há mais de um tipo de sintagma ou apenas um?
Todas as classes podem formar sintagmas?
Outras perguntas podem aparecer, mas, por enquanto, vamos tentar
responder a essas que nos parecem mais prováveis de ocorrer.
Vejamos.
Em primeiro lugar, encontramos também no livro Iniciação à
sintaxe (Azeredo: 1990), uma boa resposta para a primeira questão:
Como podemos reconhecer um sintagma?
Segundo o autor, três são as maneiras de isolar as unidades que
constituem a oração, ou seja, os sintagmas:
- o deslocamento, a substituição e a coordenação.
Lemos logo no início do livro A hora dos ruminantes, de José J.
Veiga:
"A noite chegava cedo em Manarairema. Mal o sol se afundava
atrás da serra - quase que de repente, como caindo - já era hora
de acender candeeiros, de recolher bezerros, de se enrolar em
xales. A friagem até então contida nos remansos do rio, em
fundos de grotas, em porões escuros, ia se espalhando, entrando
nas casas, cachorro de nariz suado farejando."
A primeira frase vai nos servir para explicar com clareza a questão
levantada.
A noite chegava cedo em Manarairema.
Qualquer um de nós rejeitaria ou perceberia como estranhas as
seqüências formadas pelos mesmos vocábulos, porém agrupados
assim:
*Noite a chegava cedo em Manarairema.
*Em chegava noite a cedo Manarairema.
Essa inversão da ordem é possível porque nós mantivemos os
grupos (A noite, em Manarairema), apenas mudamos sua posição.
Essa possibilidade de deslocamento prova que cada grupo é um
sintagma. Além disso, podemos fazer substituição de seqüência por
unidade simples:
A noite chegava cedo em Manarairema.
Ela chegava cedo em Manarairema.
A noite chegava cedo em Manarairema.
A noite chegava cedo lá.
Aqui também estamos diante de sintagmas: a possibilidade de
substituição por unidades simples.
Finalmente, podemos usar um elo coordenativo e que vai mostrar a
união de duas unidades do mesmo nível. (Como professor e aluno,
serra e mar...) Teremos então:
A noite e a escuridão chegavam cedo em Manarairema.
em que "a escuridão" é equivalente a "a noite" e por isso pode
substituí-la:
A escuridão chegava cedo em Manarairema.
Assim, reconhecemos um sintagma através do deslocamento ou
mobilidade, da substituição por unidades simples e da coordenação.
Por outro lado, apesar de nos referirmos a "grupo de vocábulos", o
sintagma pode também ser formado de um só vocábulo, como em:
Manarairema vai sofrer a noite.
Manarairema esperou impaciente.
Portanto não basta haver um vocábulo para existir sintagma, nem é
nessário mais de um vocábulo para haver sintagma.
Como são formados os sintagmas?
Há mais de um tipo de sintagma ou apenas um?
Todas as classes podem formar sintagmas?
As três perguntas acima estão intimamente relacionadas, por
exemplo, se alguém pergunta: "Como são formados os sintagmas?“
- a resposta provavelmente será:
Depende do tipo de sintagma.
Daí concluímos que há mais de um tipo.
Ou então, se a pergunta é:
"Todas as classes podem formar sintagmas?"
-responderíamos que as classes de vocábulos entram na formação
dos sintagmas, mas a participação não é igual;
-há classes que são núcleo, outras determinantes, outras
modificadores, depende do tipo... e assim por diante.
Por tudo o que foi dito até agora, é possível afirmar que:
· podemos reconhecer a classe dos sintagmas;
· há procedimentos para provar a sua existência;
· há mais de um tipo de sintagma;
· os vocábulos se unem para formar sintagmas;
· os sintagmas formam a oração.
Convém lembrar que a natureza do sintagma depende do seu
núcleo. Assim, temos, em português, duas classes de sintagmas: o
sintagma nominal (SN) - que tem o nome como núcleo - e o
sintagma verbal (SV) - que tem o verbo como núcleo.
Funcionando como modificador de um ou de outro, temos o
sintagma preposicionado.
1.
O sintagma nominal
As reflexões feitas até agora nos levam a afirmar, com Koch e Silva
(1986), que "O sintagma consiste num conjunto de elementos que
constituem uma unidade significativa dentro da oração e que
mantêm entre si relações de dependência e de ordem. Organizamse em torno de um elemento fundamental, denominado núcleo,
que pode, por si só, constituir o sintagma."
A natureza do sintagma depende do seu núcleo. Neste texto
trataremos mais especificamente do sintagma nominal (SN), cujo
núcleo é um nome, considerando seus constituintes.
Ao abordar a noção de classe, Perini (1985) observa:
"Admite-se sempre a necessidade de classificar as palavras, e a
doutrina fornece nomes para essas classes ("verbos",
"advérbios", "pronomes" etc). Além dessas classes, existem
outras, que não são explicitamente reconhecidas como tais, mas
que também recebem nomes: termos como "oração", "frase",
"oração subordinada" se referem na verdade a classes de
formas, ou a suas subclasses. E, como quaisquer outras classes,
podem ser definidas pela sua distribuição sintática, sua
estrutura interna, ou ( com as limitações que conhecemos) suas
propriedades semânticas. No entanto, nem todas as classes são
explicitadas. Vejamos o caso de uma classe extremamente
freqüente e importante, mas que não é em geral reconhecida
pela gramática tradicional (salvo em raríssimas exceções): a dos
sintagmas nominais".
Em seguida mostra que, mesmo apresentando grandes diferenças
estruturais, elementos como:
substantivo próprio - Júlio, Maria, Joaquim Santos, Brasil,
França, África
artigo + substantivo próprio - o Lula, a Petrobrás, o Brasil
pronome + substantivo - esta terça-feira, meu avô, algum país
artigo + substantivo + oração adjetiva - o país em que eu vivo, o
livro que você leu, a escola em que você estuda
têm comportamento sintático semelhante, isto é, são portadores de
"traços sintáticos" comuns":
. podem ser sujeito de uma oração
. podem ser objeto direto
. podem vir precedidos de preposição e funcionar como adjunto
adnominal ou objeto indireto.
Perini acrescenta:
"Uma das funções essenciais das classes de formas ( por
exemplo, das classes de palavras) é justamente permitir a
descrição compacta do comportamento sintático das formas. As
quatro formas (dos exemplos acima) deveriam, pois, ser
colocadas em uma classe, o que a gramática tradicional não faz;
não existe sequer um termo tradicional para essa classe. Aqui
utilizaremos "sintagma nominal", designação consagrada em
Lingüística."
A inexistência de uma noção clara do sintagma nominal deixa de
considerar uma generalização importante da língua, tratando como
coincidência um aspecto estrutural da maior importância: a mesma
classe de formas (o sintagma nominal) pode aparecer em diversas
funções sintáticas.
Considerando o sintagma nominal como uma classe de formas,
podemos analisar e verificar a sua estrutura interna: o sintagma
nominal (SN) se compõe de um substantivo, ou de artigo +
substantivo, ou de pronome pessoal, etc e podemos afirmar que o
sujeito é sempre formado de um SN, assim como o objeto direto, e
que o objeto indireto se compõe de preposição + SN (a não ser o
objeto indireto representado por "lhe").
Leia este trecho do romance de João Ubaldo Ribeiro: Viva o povo
brasileiro:
Texto 2
Viva o povo brasileiro
"Dia lavadíssimo, esta terça-feira, véspera de Santo Antônio, em
que Perilo Ambrósio estuprou a negra Daê, mais chamada por
Venância. Lavado mesmo, porque choveu até de manhãzinha,
chuva grossa, chuvarada como os aguaceiros de verão, nada
dessas brueguinhas regelantes que nunca vão embora e ficam
ensopando os ossos das criaturas durante os meses de junho e
julho, muitas vezes passando por agosto, quantas e quantas
vezes entrando mais ou menos por setembro, vindo as primeiras
águas desde abril, chuvas mil. E esta ilha, já diziam os antigos, é
verdadeiramente o bispote do céu, por
assim falar, um ponto que as nuvens escolhem para arrebanharse antes de seguir viagem. Desde segunda-feira pelas onze da
noite que bateu uma pancada, bateu outra, bateu mais outra,
chuva mesmo, das que fazem aluviões, das que levantam um
cheiro de terra tão safado que muita gente fica perturbada, os
comedores de barro não se agüentando e metendo os dentes até
em telhas e cacos de moringa molhados. Logo depois o tempo
clareia de repente, o céu aparece com um azul muito levinho, o
sol vai esquentando sem ficar tão quente como em fevereiro e o
dia nasce desse jeito lavado que todo mundo conhece, a terra e a
areia assentadas, as folhas com lustro, o ar limpíssimo, muitas
novidades em cada canto, grande movimentação de bichos e
uma certa alegria despropositada, uma certa crença em que,
lavado assim, luminoso assim, o universo não é indiferente, mas
propício."
Discutindo o texto 2
No nosso contato com um texto, é importante perceber não só o
assunto tratado, mas também como o texto é estruturado.
Assim, podemos observar que essa descrição poética de um dia de
chuva está organizada em cinco períodos: (Como já vimos, período
é uma unidade gramatical que contém uma ou mais orações e que
pode funcionar como frase.)
- no primeiro período temos a introdução do tempo, do tema e
dos personagens:
"Dia lavadíssimo, esta terça-feira, véspera de Santo Antônio,
em que Perilo Ambrósio estuprou a negra Daê, mais chamada
por Venância."
- o segundo período se detém na descrição da chuva:
"Lavado mesmo, porque choveu até de manhãzinha, chuva
grossa, chuvarada como os aguaceiros de verão, nada dessas
brueguinhas regelantes que nunca vão embora e ficam
ensopando os ossos das criaturas durante os meses de junho e
julho, muitas vezes passando por agosto, quantas e quantas
vezes entrando mais ou menos por setembro, vindo as primeiras
águas desde abril, chuvas mil."
- no terceiro período aparece a justificativa para tanta chuva,
fornecendo argumentos, a razão para o período anterior:
"E esta ilha, já diziam os antigos, é verdadeiramente o bispote
do céu, por assim falar, um ponto que as nuvens escolhem para
arrebanhar-se antes de seguir viagem."
- no quarto período, de conotação negativa, temos a repercussão, os
efeitos da chuva nas pessoas e na terra:
"Desde segunda-feira pelas onze da noite que bateu uma
pancada, bateu outra, bateu mais outra, chuva mesmo, das que
fazem aluviões, das que levantam um cheiro de terra tão safado
que muita gente fica perturbada, os comedores de barro não se
agüentando e metendo os dentes até em telhas e cacos de
moringa molhados."
- e, finalmente, no quinto período, há uma espécie de corte
introduzindo o aspecto positivo da chuva:
"Logo depois o tempo clareia de repente, o céu aparece com um
azul muito levinho, o sol vai esquentando sem ficar tão quente
como em fevereiro e o dia nasce desse jeito lavado que todo
mundo conhece, a terra e a areia assentadas, as folhas com
lustro, o ar limpíssimo, muitas novidades em cada canto, grande
movimentação de bichos e uma certa alegria despropositada,
uma certa crença em que, lavado asssim, luminoso assim, o
universo não é indiferente, mas propício."
Cada período assim estruturado vai apresentar também a sua feição,
a sua organização. Como já foi dito, o primeiro período traz a
introdução do tempo, do tema e dos personagens. Nele encontramos
vários SN, na verdade ele é formado basicamente de SN.
"Dia lavadíssimo, esta terça-feira, véspera de Santo Antônio, em
que Perilo Ambrósio estuprou a negra Daê, mais chamada por
Venância.
O sintagma nominal apresenta um núcleo, que pode ser um
substantivo, próprio ou comum; pode ser ainda um pronome
substantivo (pessoal, demonstrativo, indefinido, interrogativo,
possessivo ou relativo). No exemplo acima, cada núcleo de SN
marcado em negrito é representado por substantivo próprio ou
comum.
No segundo período, encontramos que nunca vão embora , no
terceiro, que as nuvens escolhem; nesses casos o núcleo é um
pronome relativo. Já no quarto período, temos: bateu outra, bateu
mais outra, chuva mesmo, das que fazem aluviões, das que
levantam um cheiro de terra tão safado... em que o núcleo é um
pronome indefinido outra, um pronome demonstrativo as, ou
pronome relativo que.
No quinto período... desse jeito lavado que todo mundo conhece, a
terra e a areia assentadas, encontramos núcleos representados por
um substantivo comum jeito, por pronome relativo que e ainda o
caso de dois núcleos terra / areia, dois substantivos comuns.
Quando o núcleo for um pronome substantivo, este por si só
representará o SN. Pode acontecer também o caso da ausência do
SN, como em "Lavado mesmo, porque choveu até de
manhãzinha," no segundo período. Dizemos que nesse caso o SN
sujeito não se atualiza ou que sua posição não está lexicalmente
preenchida.
Além do núcleo, o SN pode apresentar determinante(s), e/ou
modificador(es). Os determinantes antecedem o núcleo e os
modificadores são antepostos ou pospostos.
Voltemos ao texto:
"Dia lavadíssimo, esta terça-feira, véspera de Santo Antônio, em
que Perilo Ambrósio estuprou a negra Daê, mais chamada por
Venância. Lavado mesmo, porque choveu até de manhãzinha, chuva
grossa, chuvarada como os aguaceiros de verão, nada dessas
brueguinhas regelantes que nunca vão embora e ficam ensopando os
ossos das criaturas durante os meses de junho e julho, muitas vezes
passando por agosto, quantas e quantas vezes entrando mais ou
menos por setembro, vindo as primeiras águas desde abril, chuvas
mil. E esta ilha, já diziam os antigos, é verdadeiramente o bispote
do céu, por assim falar, um ponto que as nuvens escolhem para
arrebanhar-se antes de seguir viagem.
Desde segunda-feira pelas onze da noite que bateu uma pancada,
bateu outra, bateu mais outra, chuva mesmo, das que fazem alviões,
das que levantam um cheiro de terra tão safado que muita gente
fica perturbada, os comedores ( ... )
...e o dia nasce desse jeito lavado que todo mundo conhece, a terra e
a areia assentadas, as folhas com lustro, o ar limpíssimo, muitas
novidades em cada canto, grande movimentação de bichos e uma
certa alegria despropositada, uma certa crença em que, lavado
assim, luminoso assim, o universo não é indiferente, mas propício."
Como podemos observar, as marcações em negrito indicam que
artigo, numeral e pronome adjetivo podem funcionar como
determinantes do núcleo e que alguns podem vir juntos, outros, não.
Assim, em esta ilha, esta terça-feira temos um único determinante,
o pronome demonstrativo; já em uma certa alegria despropositada,
uma certa crença temos dois determinantes.
Isto porque o artigo e o pronome demonstrativo se excluem, mas o
mesmo não acontece entre os artigos e os pronomes indefinidos,
nem entre artigos e numerais, como em: as primeiras águas; o
mesmo se dá entre pronomes possessivos e numerais e entre
pronomes demonstrativos, possessivos e numerais.
Dissemos que o SN pode ainda apresentar modificador ou
modificadores.
Retomando o texto, percebemos logo no início o SN Dia
lavadíssimo, em que o núcleo Dia está sendo modificado por
lavadíssimo.
O mesmo vai acontecer em vários SN deste texto, isto é, vários
núcleos serão "modificados" por adjetivos ou por locuções
adjetivas; em certos casos, o modificador pode ser um advérbio ou
locução adverbial.
Podemos então afirmar que o SN apresenta mais de uma
possibilidade de estruturação, isto é, o SN não é fixo, imutável.
Ele é formado ora por determinante (Det) + núcleo (N) +
modificador (Mod); ora por N + Mod; ora por Det+ Mod + N +
Mod; ora por Det + N. Enfim, não há grande rigidez na sua
formação.
É o texto que vai nos ajudar a entender bem todas essas siglas:
os aguaceiros de verão
Det + N + Mod
essas brueguinhas regelantes
as folhas com lustro
o ar limpíssimo
muitas novidades em cada canto
chuva grossa
uma certa crença
N + Mod
Det + Det + N
a terra e a areia assentadas
Det + N + Det +N + Mod
grande movimentação de bichos Mod + N + Mod
uma
certa
despropositada
alegria Det + Det + N + Mod
Vamos ler o texto em que Jorge Amado descreve as roças de cacau:
Texto 3
São Jorge de Ilhéus
A sombra das roças é macia e doce, é como uma carícia. Os
cacaueiros se fecham em folhas grandes que o sol amarelece. Os
galhos se procuram e se abraçam no ar, parecem uma árvore
subindo e descendo o morro, a sombra de topázio se sucedendo
por centenas e centenas de metros. Tudo nas roças de cacau é
em tonalidades amarelas, onde, por vezes, o verde rebenta
violento. De um amarelo aloirado são as minúsculas formigas
pixixicas que cobrem as folhas dos cacaueiros e destroem a
praga que ameaça o fruto. De um amarelo desmaiado se vestem
as flores e as folhas novas que o sol pontilha de amarelo
queimado. Amarelos são os frutos precoces que pecaram ao
calor demasiado. Os frutos maduros lembram lâmpadas de oiro
das catedrais antigas, fulgem com um brilho resplandecente aos
raios do sol, que penetram a sombra das roças. Uma cobra
amarela - uma papa-pinto - acalenta o sol na picada aberta
pelos pés dos lavradores. E até a terra, barro que o verão
transformou em poeira, tem um vago tom amarelo, que se
prende e colore as pernas nuas dos negros e dos mulatos que
trabalham na poda dos cacaueiros.
Dos cocos maduros se derrama uma luz doirada e incerta que
ilumina suavemente pequenos ângulos das roças. O sol que se
filtra através das folhas desenha no ar colunas amarelas de
poeira, que sobem para os galhos e se perdem além, por cima
das folhas mais altas.
Os juparás, macacos plantadores de cacau, pulam de galho em
galho, numa algazarra, sujando o oiro dos cacaueiros com o seu
amarelo fosco e sujo. A papa-pinto desperta, estira seu dorso cor
de gema de ovo, parece uma vara de metal que fosso flexível. Seus
olhos amarelos de cobiça fitam os macacos que passam, bando
buliçoso e alegre. Caem gotas de sol através dos cacaueiros. Vão
rebentar em raios no chão, quando batem nas roças de água lhe
dão um colorido de rosa-chá. Como se houvesse uma chuva de
topázio caindo do céu, virando pétalas de rosa-chá no chão de
poeira ardente. Há todos os tons de amarelos na tranqüilidade da
manhã nas roças de cacau. E, quando corre uma leve brisa, todo
aquele mar de amarelo se balança, as tonalidades se confundem,
criam um amarelo novo, o amarelo das roças de cacau, ah! O mais
belo do mundo! Um amarelo como só os grapiúnas vêem nos dias
de verão do paradeiro. Não há palavras para descrevê-lo, não há
imagem para compará-lo, um amarelo sem comparação, o amarelo
das roças de cacau!
Discutindo o texto 3
Para descrever as roças de cacau, o autor se coloca em íntimo
contacto com a natureza, numa descrição afetiva, pessoal,
atribuindo características humanas a seres inanimados,
personificando elementos da natureza: "De um amarelo demasiado
se vestem as flores e as folhas novas..." Encontramos também
muitas imagens baseadas nos sentidos, principalmente impressões
visuais: "Tudo nas roças de cacau é de tonalidades amarelas..."
O texto é extremamente rico em metáforas, que ajudam a construir a
descrição, essencial ao desenvolvimento da narrativa.
Vamos agora examinar o sujeito da frase:
Uma cobra amarela acalenta o sol.
Neste sujeito, a palavra mais importante é cobra, o seu núcleo. As
palavras uma e amarela limitam o sentido do núcleo cobra, são
seus determinantes. Quando construímos nossos textos, usamos
esses elementos determinantes para limitar, como em uma cobra,
ou para dar mais um sentido aos substantivo, como em cobra
amarela.
Assim, algumas palavras e expressões servem para limitar ou dar
mais um sentido aos substantivos que acompanham:
· Os cacaueiros se fecham em folhas grandes.
· Quando corre uma leve brisa, aparece um amarelo novo.
Vejamos só a frase:
Os frutos maduros lembram lâmpadas de ouro de catedrais
antigas.
Para descrever os substantivos frutos, catedrais e lâmpadas, o
autor empregou adjetivos e locuções adjetivas:
substantivos
adjetivos/locuções
frutos
maduros
catedrais
antigas
lâmpadas
de ouro
olhos
amarelos
gotas
de sol
Podemos concluir, portanto, que o texto é todo construído com
elementos que vão caracterizando, descrevendo as roças de cacau.
Além de adjetivos e locuções adjetivas, o autor usou também várias
orações que têm o valor de um adjetivo: são as orações adjetivas.
Elas se referem ao termo anterior e vêm sempre introduzidas por um
pronome relativo:
Amarelos são aqueles frutos precoces que pecaram ao calor
demasiado.
aqueles frutos precoces que pecaram ao calor demasiado.
Nestas outras frases também se realiza esse processo de
detalhamento do substantivo:
· O sol que se filtra através das folhas desenha colunas no ar.
· As colunas amarelas de poeira que sobem para os galhos.
· A "papa-pinto" que parece uma vara de metal.
Usamos as orações subordinadas adjetivas para ampliar o sentido
dos nomes. Observemos:
Os juparás pulam de galho em galho.
Os juparás, que são macacos plantadores de cacau, pulam de
galho em galho.
Dos cocos maduros se derrama uma luz doirada e incerta.
Dos cocos maduros se derrama uma luz doirada e incerta que
ilumina suavemente pequenos ângulos das roças.
O sol desenha no ar colunas amarelas de poeira.
O sol que se filtra através das folhas desenha no ar colunas
amarelas de poeira.
O sol que se filtra através das folhas desenha no ar colunas
amarelas de poeira que sobem para os galhos e se perdem além.
2.2 O nome como núcleo funcional
No nosso dia-a-dia, fazemos um uso muito freqüente de nomes,
para dois tipos de função:
a) identificar seres e objetos (substantivos);
b) caracterizar, especificar, especializar seres e objetos (adjetivos);
Substantivos e adjetivos fazem parte da ampla classe dos nomes.
Existe uma diferença entre eles, mas essa diferença só se evidencia
funcionalmente, quando aparecem combinados no sintagma
nominal, numa ordem linear, o substantivo funcionando como
núcleo, e o adjetivo como modificador.
Quando isolados, nem sempre é possível uma distinção nítida entre
substantivos e adjetivos, porque eles têm características mórficas
semelhantes, isto é, flexionam-se para expressar as categorias de
gênero e número.
Percebemos que os substantivos podem ser modificados por
adjetivos, elementos capazes de precisar o seu sentido, e que esse
processo constitui um mecanismo produtivo na língua, dada a
capacidade dos adjetivos de expandir a idéia básica definida pelos
substantivos.
Texto 4
Rios de Petrópolis
A poluição faz rios coloridos.
Não é tão feia assim. Como atração
reproduz, em matizes escolhidos,
as belas cores da televisão.
(Carlos Drummond de Andrade)
Discutindo o texto 4
Neste texto podemos observar a relação núcleo (termo determinado)
e modificador (termo determinante) de maneira muito clara.
modificador
(adjetivos)
núcleo
(substantivos)
feia
poluição
belas
cores
núcleo
(substantivos)
modificador
(adjetivos)
rios
coloridos
matizes
escolhidos
O nome substantivo é, por excelência, o núcleo do sintagma
nominal.
Os pronomes pessoais têm, como uma de suas características
básicas, a possibilidade de constituírem, sozinhos, um SN.
Exemplo: Ele chegou atrasado.
Outros pronomes podem também funcionar como núcleos de SN ou
constituírem, sozinhos, um SN.
Exemplos: Tudo era silêncio em Manarairema.
"Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo." (Cecília Meireles)
Qualquer vocábulo de outra classe, que ocupe a função de núcleo do
sintagma nominal, será entendido como um substantivo.
Exemplos: " Viver é muito perigoso …" (Guimarães Rosa)
Recebi um sonoro não como resposta ao meu pedido.
Os elementos determinantes do sintagma nominal são representados
pelos artigos, pelos pronomes, e pelos numerais.
Texto 5
O engenheiro
A luz, o sol, o ar livre
envolvem o sonho do engenheiro.
O engenheiro sonha coisas claras:
superfícies, tênis, um copo de água.
O lápis, o esquadro, o papel;
o desenho, o projeto, o número:
o engenheiro pensa o mundo justo,
mundo que nehum véu encobre.
(Em certas tardes nós subíamos
ao edifício. A cidade diária,
como um jornal que todos liam,
ganhava um pulmão de cimento e vidro).
A água, o vento, a claridade,
de um lado o rio, no alto as nuvens,
situavam na natureza o edifício
crescendo de suas forças simples.
(João Cabral de Mello Neto)
Discutindo o texto 5
Este poema focaliza a função do engenheiro, que é dar forma à
matéria. O substantivo é a classe que indica a corporificação da
matéria representada. Por isso, na construção do poema, o autor
privilegiou a seqüência de substantivos (as palavras destacadas).
Como podemos perceber, há inúmeros SN com seus núcleos
substantivos, determinados por artigos e pronomes, como
destacamos nos quadros abaixo:
Sintagma nominal
a luz
o sol
o ar livre
o engenheiro
a água
as nuvens
um jornal
um copo d' água
nenhum véu
certas tardes
suas forças simples
determinante
a (artigo)
o (artigo)
o (artigo)
o (artigo)
a (artigo)
as (artigo)
um (artigo)
um (artigo)
nenhum (pronome)
certas (pronome)
suas (pronome)
núcleo
luz
sol
ar
engenheiro
água
nuvens
jornal
copo
véu
tardes
forças
Texto 6
Trecho de entrevista
"... a sala, apesar de não ser grande, dá dois ambientes
perfeitamente separados. O primeiro ambiente da sala de estar
tem um sofá de couro, uma forração verde, as almofadas verdes,
ladeado com duas mesinhas de mármore, abajur, um quadro,
reprodução de Van Gogh. Em frente tem uma mesinha de
mármore e em frente a esta mesa e portanto defronte do sofá
tem um estrado com almofadas areia, o aparelho de som, um
baú preto. À esquerda desse estrado tem uma televisão enorme,
horrorosa, depois tem em frente à televisão duas poltroninhas
vermelhas, de jacarandá, e aí termina o primeiro ambiente.
Depois, então, no outro, no alargamrnto da sala tem uma mesa
grande com seis cadeiras com um abajur em cima ..." (Projeto
NURC/RJ - entrevista sobre o tema Casa, informante do sexo
feminino, com idade entre 25 e 35 anos)
Sintagma nominal
determinantes
núcleos
dois ambientes
dois
ambientes
o primeiro ambiente
o, primeiro
ambiente
duas mesinhas de mármore
duas
mesinhas
duas poltroninhas vermelhas
duas
poltroninhas
seis cadeiras
seis
cadeiras
O nome adjetivo, do ponto de vista funcional, ocupa a posição de
modificador do núcleo do sintagma nominal.
Em alguns casos, como nos exemplos destacados do Texto 4 (Rios
de Petrópolis), a relação entre núcleo e modificador do sintagma
nominal pode ser facilmente observada.
Em outros, verifica-se uma forte semelhança entre o adjetivo e o
substantivo, por isso é preciso recorrer ao critério funcional para
perceber qual é o vocábulo determinado (substantivo) e qual é o
vocábulo determinante (adjetivo).
Observemos estas frases:
O campeão da Copa de 94 foi o Brasil.
O time campeão marcou muitos gols.
Quando dizemos "O campeão da Copa de 94 foi o Brasil", a palavra
campeão é o núcleo do sintagma, a base, o centro da informação
contida em o campeão da Copa de 94. Estamos falando do
campeão.
Quando dizemos "O time campeão marcou muitos gols", o centro
da informação contida no sintagma o time campeão é a palavra
time. Estamos falando do time.
No trabalho com a produção de textos, é importante mostrar a
semelhança de função entre o adjetivo e a locução adjetiva, ambos
modificadores do núcleo do sintagma nominal.
A locução é formada por uma preposição mais um substantivo
(sintagma preposicionado).
No poema "O Engenheiro" temos: o sonho do engenheiro, um
pulmão de cimento e vidro, um copo de água.
No texto retirado da entrevista temos: sofá de couro, mesinha de
mármore, duas poltroninhas vermelhas de jacarandá.
Na função de modificadores, os adjetivos e as locuções adjetivas
podem especificar, caracterizar ou expressar uma avaliação do
falante sobre os substantivos. Para especificar e caracterizar os
substantivos, usamos, com maior freqüência, as locuções adjetivas;
para avaliar, são mais freqüentes os adjetivos simples.
Relembremos o que já foi dito no capítulo dos nomes:
Especificação
Bola
de futebol
de basquete
de gude
Panela
de arroz
de feijão
de pipoca
Forma
de bolo
de queijo
de pudim
de pizza
Pista
de corrida
de atletismo
de dança
Caracterização
Bola
de plástico
de couro
de meia
Santo
de barro
de madeira
de gesso
Panela
de barro
de ferro
de alumínio
Avaliação
Bola
Juiz
estragada
velha
nova
bonita
educado
honesto
ladrão
trabalhador
É muito importante que o usuário perceba essas diferenças para
aplicá-las na produção de sintagmas mais complexos.
2.3 Processos de ampliação do sintagma nominal
Os processos de ampliação do SN compreendem, além do
acréscimo de adjetivos, as locuções adjetivas e as orações adjetivas.
Para refletir um pouco mais sobre essa questão, vamos examinar
estes trechos, publicados no Jornal do Brasil:
Texto 7
a) "A história do brasileiro b)"As dúvidas e os atrasos estão
pobre que ficou rico fazendo levando o clube à falência."
gols, do garoto talentoso que JB, 11/12/93)
virou ídolo internacinal e do
craque rebelde que virou herói
nacional já não nos pertence
mais, é do mundo."
(JB, 18/7/94 - p.24)
Discutindo texto 7
Enquanto no texto a os núcleos são especificados por adjetivos, os
substantivos do texto b não apresentam um único adjetivo.
Há, portanto, textos em que substantivos se bastam (texto b),
enquanto em outros o centro da expressão é especificado,
especializado, precisado, embelezado, caracterizado, enfim, por
adjetivos.
A adjetivação do substantivo pode se dar também por meio:
a)
de uma locução (expressão):
Enquanto houver um passe de calcanhar, um gol de placa, um
drible de craque, valerá a pena torcer pelos campeões do mundo.
b)
de uma frase:
O público que lota os estádios vibra com os lances.
O time que jogou contra o Brasil era muito bom.
Vejamos outros exemplos:
Aquele time europeu virou um verdadeiro balcão de negócios.
O técnico da seleção brasileira não ouve os apelos que a torcida
faz.
Em 94, pelo menos três seleções surpreenderam : Nigéria e
Arábia Saudita, além dos Estados Unidos, que eliminaram a
Colômbia, que foi apontada como uma das favoritas e que se
revelou a grande decepção do torneio.
Desde que assumiu a direção técnica do Milan, conquistando dois
títulos de campeão italiano, foi o mais aplicado e bem sucedido
adepto da marcação por zona. Seu prestígio continua intacto : além
do convite para dirigir a seleção japonesa, nos últimos meses Telê
recebeu convites de times de Roma e da Arábia Saudita.
O jogador, que ontem se apresentou nas Laranjeiras, custou duas
vezes o valor do passe.
Vimos que é através do acréscimo de adjetivos, locuções adjetivas e
orações subordinadas adjetivas que se dá a expansão do substantivo
- base, núcleo da expressão.
Observemos o texto abaixo:
Texto 8
Bola Carijó
Já estou começando a ficar encafifado com essa pelota malhada,
com esse couro branco, pintalgado de preto ou preto, salpicado
de branco, que os altíssimos mentores da FIFA oficializaram para o
Mundial de 66.
Embora corintiana também como eu, olho-a com suspeição e
desconfiança a rolar enganosamente pelo gramado: bola-não-bola,
branca-não-branca, preta-não-preta, branca-ou-preta, preta-oubranca, branca-e-preta, preta-e-branca, prenca, branta. E cinza
quando em alta rotação. Que diabo de nem-bola é essa afinal?
Caleidoscópica, hipócrita, camuflada, mesmérica-bola-de-Tróia?
(Décio Pignatari)
Discutindo o texto 8
Nesta crônica, o autor descreve a bola de futebol que foi usada na
Copa do Mundo de 66.
Ela era bicolor, com gomos pretos e brancos.
A presença da adjetivação contribui para a ampliação dos núcleos
substantivos
(especificando,
especializando,
precisando,
caracterizando, enfim) pelota malhada couro branco, pintalgado
de preto ou preto, salpicado de branco altíssimos mentores da
FIFA (bola) Caleidoscópica, hipócrita, camuflada (bola)
corintiana.
Texto 9
Os Tubarões
Os tubarões são bichos interessantíssimos. Infelizmente, não são
tão conhecidos pelo público, que acha que eles são assassinos
cruéis e devoradores de homens.
Os estudiosos acreditam que os primeiros tubarões surgiram há
mais ou menos 300 milhões de anos. Isso é muito tempo. Os
dinossauros surgiram há cerca de 220 milhões de anos e
desapareceram há 65 milhões. Quer dizer, os tubarões apareceram
bem antes deles e ainda continuam nadando por oceanos e mares
do mundo.
Os tubarões têm esqueleto feito de cartilagem e não de ossos. São
parentes das arraias e das quimeras, que também têm esqueleto
cartilaginoso.
O maior tubarão do mundo é o tubarão-baleia, que pode medir até
18 metros de comprimento e só come peixes pequenos.
Muito interessante é a gestação dos tubarões. Há algumas espécies,
como o cação-gata, que botam um "ovo" na vegetação marinha.
Dentro dele o filhote se desenvolve até o momento de romper a casca.
Na maioria das outras espécies, o filhote passa toda a gestação dentro
do útero materno. O olfato dos tubarões é tão desenvolvido que
muitos pesquisadores os apelidaram de "narizes nadadores".
Experiências comprovam que o tubarão consegue localizar, pelo
cheiro, uma gota de sangue misturada em um milhão e meio de gotas
de água, e isso a uma distância de 30 metros. Seria assim como pingar
uma gota de sangue numa piscina olímpica.
Uma coisa que quase ninguém fala é que os homens estão matando
muitos tubarões. Hoje em dia já existem pesquisadores preocupados
com este problema, porque os tubarões comem uma grande
quantidade de animais marinhos, ajudando a manter o equilíbrio do
ecossistema. Mas não é só por isso que devemos proteger os tubarões.
Eles são também uma rica fonte de proteína animal, que é muito útil
na medicina.
(Revista Ciência Hoje das Crianças )
Discutindo o texto 9
O texto explica, em uma linguagem acessível, como são os
tubarões, seu processo de gestação, seu tempo de vida na terra, seus
sentidos, principalmente o olfato. Apresenta ainda algumas razões
para justificar a preocupação com a matança e a extinção dos
tubarões, alertando para o papel dos tubarões na manutenção do
equilíbrio ecológico do ecossistema.
Muitos sintagmas nominais foram empregados pelo autor para
descrever os tubarões, os substantivos (núcleos) os substantivos
nomeando algumas partes do tubarão, os adjetivos (modificadores)
fornecendo detalhes sobre essas partes do animal.
substantivos
bichos
esqueleto
adjetivos
interessantíssimos
cartilaginoso
olfato
narizes
desenvolvido
nadadores
proteína
assassinos
peixes
piscina
animais
pesquisadores
animal
cruéis
pequenos
olímpica
marinhos
preocupados
Além dos adjetivos, podemos combinar uma preposição e um
substantivo (sintagma preposicionado) quando queremos
descrever as características de algum objeto, de algum animal ou
pessoa.
locução adjetiva = preposição + substantivo
substantivo
adjetivo
locução adjetiva
proteína
animal
dos animais
bichos
interessantíssimos
de muito interesse
esqueleto
cartilaginoso
de cartilagem
útero
materno
da mãe
pesquisadores
preocupados
com preocupação
animais
marinhos
do mar
Veja outros exemplos de locuções adjetivas no texto:
substantivo
adjetivo
mares
oceanos
gestação
do mundo
do mundo
dos tubarões
olfato
dos tubarões
gota
de sangue
gota
equilíbrio
fonte
de água
do ecossistema
de proteína
Existe uma outra maneira de incluir informações novas em nossos
textos, além do uso de adjetivos e locuções adjetivas:
Esse é um filme
assustador
que assusta
O tubarão é fonte de proteína animal
útil na medicina
que é útil na medicina
Os adjetivos podem ser substituídos por orações completas,
chamadas de orações subordinadas adjetivas. Isso é muito comum
tanto na nossa linguagem do dia-a-dia quanto na linguagem formal
escrita.
É fácil entender como essas orações são formadas:
o rapaz é meu amigo + o rapaz subiu no ônibus
o rapaz que subiu no ônibus é meu amigo
oração adjetiva
Essa combinação das duas frases só foi possível porque usamos o
pronome relativo que. Ele tem a função de substituir o vocábulo
repetido, quando uma frase se encaixa na outra.
O tubarão-baleia pode medir até 18 metros de comprimento.
+
O tubarão-baleia só come peixes pequenos
que
=
O tubarão-baleia, que só come peixes pequenos, pode medir até
18 metros de comprimento.
ou
O tubarão-baleia só come peixes pequenos.
O tubarão-baleia pode medir até 18 metros de comprimento.
que
=
O tubarão-baleia, que pode medir até
comprimento, só come peixes pequenos.
18
metros
de
Texto 10
De onde vem o ouro
O ouro é um dos metais mais valiosos e procurados em todo o
mundo. Tamanho sucesso se deve principalmente a dois motivos:
seu brilho tão bonito e sua resistência à corrosão, isto é, o ouro
não enferruja. Essas características o tornam muito bom para a
fabricação de diversos objetos, desde jóias e moedas até peças de
aparelhos eletrônicos e blocos para obturações de dente.
As pessoas se sentem atraídas pelo ouro há muito tempo. Cerca
de 3.200 anos antes de Cristo, os egípcios já se serviam dele -acredita-se que como dinheiro. Mais tarde, a corrida em busca
desse metal, que foi chamada "febre do ouro", levou os homens
a explorar outros lugares do mundo, como as Américas e a
África. O Brasil é um dos países que mais têm ouro no mundo.
Mas, afinal, onde está o ouro e como podemos consegui-lo?
O ouro, assim como outros metais, fica escondido em muitos
lugares do nosso planeta. Pode estar em uma enorme montanha,
embaixo da terra, na praia ou no fundo do mar. O ouro e outros
metais ficam dentro de um material, chamado minério. A área
que reúne os minérios é denominada reserva mineral. Ele está
espalhado em pequenas quantidades no meio do minério: é
preciso explorar aproximadamente uma tonelada de minério
para conseguir não mais do que 4 ou 5 gramas de ouro no final !
Depois de encontrado, o ouro precisa passar por um tratamento
industrial para que tenha alguma utilidade.
A primeira etapa do processo é quebrar o minério em pedaços
menores, para que o ouro se solte. Esta etapa é feita com a ajuda
de equipamentos chamados britadores e moinhos. Também são
usadas peneiras, que ajudam a separar o ouro do minério.
Após a quebra, o minério é levado a tanques enormes, com uma
solução que é capaz de dissolver o ouro. Essa solução é feita da
mistura de água com cianeto de sódio, um sal venenoso, parecido
com o sal que usamos na cozinha (cloreto de sódio). Forma-se
uma polpa e o ouro vai se soltando do minério e se misturando à
solução.
Depois disso, a solução passa por um filtro e é misturada então
com pedaços de carvão ativado. O ouro fica grudado nesse
carvão e passa novamente pelo cianeto de sódio para desgrudarse do carvão.
A etapa seguinte é a eletrólise, que é feita numa banheira com
chapas de metal eletrificadas. Quando a solução é colocada sobre
as chapas, forma-se uma fina camada sólida de ouro, que fica
grudada na chapa e pode ser retirada como se fosse uma fita
adesiva.
A seguir, ele é derretido e solidificado, ficando pronto para ser
vendido.
(Revista Ciência Hoje das Crianças)
Discutindo o texto 10
O texto, além de fornecer informações de ordem geral sobre o ouro,
como suas características, os lugares onde é encontrado, as razões
pelas quais é considerado um metal valioso, etc., descreve com
detalhes as diversas etapas de tratamento desse metal.
Observemos com cuidado os sintagmas nominais utilizados no texto
para descrever o ouro e o processo de tratamento:
substantivos
metal
adjetivos
valioso
metal
procurado
brilho
bonito
Vejamos outros exemplos de locuções adjetivas do texto:
substantivo
adjetivo
febre
do ouro
lugares
do mundo
fundo
do mar
tonelada
de minério
cianeto
de sódio
cloreto
de sódio
chapas
de metal
Existe uma outra maneira de incluir informações novas em nossos
textos, além do uso de adjetivos e locuções adjetivas. Podemos
empregar orações subodinadas adjetivas.
assustadora
Essa é uma história
que assusta
muito valorizado
O ouro é um metal
que é muito valorizado
Observemos como estas orações são formadas
o ouro atrai muito os homens + o ouro é um metal valorizado
o ouro que é um metal valorizado atrai muito os homens
oração adjetiva
A combinação das duas frases foi possível porque usamos o
pronome relativo que. Ele tem a função de substituir o vocábulo que
se repete, quando uma frase se encaixa na outra. Observemos:
A corrida em busca do ouro enlouquece os homens.
A corrida em busca do ouro é chamada "febre do ouro".
que
=
A corrida em busca do ouro, que é chamada "febre do ouro",
enlouquece os homens
ou
A corrida em busca do ouro é chamada "febre do ouro".
+
A corrida em busca do ouro enlouquece os homens.
que
=
A corrida em busca do ouro, que enlouquece os homens , é
chamada "febre do ouro".
2.4
Funções do sintagma nominal
Retomando o trecho extraído do romance Viva o povo brasileiro,
de João Ubaldo Ribeiro, vamos agora avançar um pouco mais no
nosso estudo do SN: considerar a possibilidade que ele tem de
exercer diversas funções sintáticas.
Consideremos o quinto período em que há uma espécie de corte
introduzindo o aspecto positivo da chuva:
"Logo depois o tempo clareia de repente, o céu aparece com um
azul muito levinho, o sol vai esquentando sem ficar tão quente como
em fevereiro e o dia nasce desse jeito lavado que todo mundo
conhece, a terra e a areia assentadas, as folhas com lustro, o ar
limpíssimo, muitas novidades em cada canto, grande movimentação
de bichos e uma certa alegria despropositada, uma certa crença em
que, lavado asssim, luminoso assim, o universo não é indiferente,
mas propício."
O assunto aqui gira em torno do universo - tempo, céu, sol, dia e
exatamente esses são os núcleos dos SN na função de sujeito.
Vejamos:
o tempo
clareia de repente
o céu</TD>
aparece com um azul muito levinho,
o sol
vai esquentando
o dia
nasce desse jeito lavado
o universo
não é indiferente, mas propício
Ainda neste período, vamos encontrar o SN como modificador
nominal aposto:
...o dia nasce desse jeito lavado que todo mundo conhece,
a terra e a areia assentadas,
as folhas com lustro,
o ar limpíssimo,
muitas novidades em cada canto,
grande movimentação de bichos
e uma certa alegria despropositada,
uma certa crença ... [ em que, lavado asssim, luminoso assim, o
universo não é indiferente, mas propício.]
O SN na função de predicador vai aparecer no terceiro período:
E esta ilha, já diziam os antigos, é verdadeiramente o bispote do
céu, por assim falar, um ponto que as nuvens escolhem para
arrebanhar-se antes de seguir viagem.
No primeiro período, em que temos a introdução do tempo, do tema
e dos personagens, vamos encontrar o SN na função de objeto direto:
"Dia lavadíssimo, esta terça-feira, véspera de Santo Antônio, em que
Perilo Ambrósio estuprou a negra Daê, mais chamada por
Venância."
Também o segundo período, que se detém na descrição da chuva,
vai apresentar o SN na função de objeto direto:
... essas brueguinhas regelantes (...) ficam ensopando os ossos das
criaturas durante os meses de junho e julho,
Portanto, o SN pode ser sujeito, objeto direto, predicativo, aposto ...
Além disso, é preciso considerar as orações subordinadas
substantivas, que são verdadeiros SN formados pelas conjunções
integrantes que ou se + oração. Nesse caso, essas orações exercem,
no período composto, as mesmas funções que o SN no período
simples.
3.
A questão da transitividade
Transitividade - Caráter dos nomes e verbos que exigem algo
para lhes integrar o sentido. É o que ocorre com os verbos
transitivos. Também substantivos, adjetivos e advérbios podem
exigir complemento: necessidade de, necessário a, referente a,
etc. A transitividade admite graus, indo do zero
(intransitividade) à necessidade absoluta: Pedro dançava. Maria
dançava uma valsa. Ela é útil ao pai. Tem precisão de assistência.
(Zélio dos Santos Jota - Dicionário de Lingüística)
A transitividade costuma ser tratada em nossas gramáticas
somente quanto aos verbos. Ora, é preciso considerar também a
transitividade nominal. Vejamos o texto abaixo, adaptado de
matéria publicada na Revista Veja (29/07/98).
Texto 11
O outro vestibular
A disputa por um emprego nas maiores empresas brasileiras está
começando para os estudantes que concluirão a faculdade no
final do ano. Quem já passou pela experiência sabe que, perto
dela, o funil do vestibular parece brincadeira. Dos numerosos
jovens que se candidataram a uma vaga da firma Cargill, que
atua no ramo de alimentos, apenas uma pequena parcela revelou
inclinação para o tipo de trabalho a ser desenvolvido. Em todas
as grandes companhias que adotam a política de recrutar
profissionais recém-formados, a disputa por uma vaga é mais
pesada do que nas mais concorridas universidades brasileiras.
Durante o programa de treinamento, o jovem trainee terá acesso
a diferentes departamentos da empresa. Se ele tiver domínio do
uso de computadores, suas chances de ser escolhido aumentarão.
"Hoje as empresas querem pessoas com senso crítico, que
saibam apontar problemas e sugerir soluções", afirma a
responsável pelo programa de treinamento da Gessy Lever. A
primeira triagem é feita entre os currículos que chegam às
empresas. Nesta fase, mais da metade dos candidatos é
eliminada. A capacidade para trabalhar em equipe e a
desenvoltura para lidar com problemas serão muito úteis ao
candidato que estiver lutando por uma vaga como jovem trainee.
(…)
Discutindo o texto 11
Neste texto, o assunto abordado é a dificuldade de conseguir uma
vaga como trainee em uma grande empresa. Existe uma diferença
entre ser estagiário e ser trainee: o estágio pressupõe uma
permanência curta na empresa, com data para começar e terminar,
enquanto para os trainees a proposta é ficar. A concorrência é muito
grande, pois as empregadoras oferecem pouquíssimos postos em
relação ao número de candidatos que se apresentam. O salário inicial
é atraente; além disso, existe a chance de fazer carreira.
Escolhemos esse texto, escrito em linguagem clara, para mostrar a
questão da transitividade de verbos e de nomes. Para isso, fizemos
algumas modificações no que foi originalmente publicado na revista.
Como lemos na definição, existem "verbos que exigem algo para
lhes integrar o sentido". Isso acontece com os seguintes verbos do
texto:
· concluirão (verbo transitivo direto)
· a faculdade (SN - objeto direto)
· se candidataram (verbo transitivo indireto)
· a uma vaga da firma Cargill (SP - objeto indireto)
· querem (verbo transitivo direto)
· pessoas (SN - objeto direto)
· apontar (verbo transitivo direto)
· problemas (SN - objeto direto)
· sugerir (verbo transitivo direto)
· soluções (SN - objeto direto)
· lutar (verbo transitivo indireto)
· por uma vaga (SP - objeto indireto)
Existem também nomes (substantivos, adjetivos e advérbios) "que
exigem algo para lhes integrar o sentido". As expressões abaixo
servem para comprovar essa afirmação.
disputa
(substantivo)
por um emprego
inclinação
(substantivo)
para o tipo de trabalho
acesso
(substantivo)
domínio
(substantivo)
a diferentes departamentos da
empresa
do uso de computadores
responsável
(adjetivo)
capacidade
(substantivo)
pelo programa de treinamento da
Gessy Lever
para trabalhar em equipe
desenvoltura (substantivo)
para lidar com problemas
úteis
ao candidato
(adjetivo)
Nos exemplos acima, os termos que completam o sentido dos
substantivos e adjetivos (por um emprego, para o tipo de
trabalho, a diferentes departamentos da empresa, etc) são
sintagmas preposicionados que recebem o nome de complemento
nominal.
Embora com menor freqüência na língua, os advérbios também
podem ser complementados por sintagmas preposicionados.
Exemplos:
A oposição votou favoravelmente ao governo.
SP - complemento nominal
Nada será resolvido relativamente a esse problema.
SP - complemento nominal
4.
Perspectivas quanto ao ensino
E o ensino, como será que o estudo do sintagma nominal e do sintagma
verbal pode contribuir para o aperfeiçoamento da expressão oral e escrita
do aluno?
Antes de mais nada, precisamos acreditar realmente que as aulas de
português e de literatura podem ser prazerosas e que, para um ensino
produtivo, podemos apontar caminhos, não necessariamente novos.
Ao examinar mais detalhadamente o SN e o SV, sua estrutura e função,
ocorre a pergunta: E o aluno, como fica? Como trabalhar essas questões
tendo em vista o "desligamento" do Rica, a falta de atenção da Flavinha,
ou a motivação dessa meninada despertada por concorrentes tão
empolgantes a nossa volta? Esta não é uma pergunta fácil de responder e
nem poderia ser, uma vez que estamos frente a constatações do tipo: "só
aprendemos o que é do nosso interesse" ou "sem motivação não há
disponibilidade para o aprendizado". Apesar de muitas teorias a respeito,
na verdade, sabemos que na prática isso acontece mesmo, principalmente
em se tratando de adolescentes.
De uns tempos para cá, os livros didáticos têm procurado incentivar
os estudantes através de ilustrações interessantes; é claro que isso
pode ajudar, mas não basta. O aluno precisa descobrir o que há de
importante no material ou na "matéria" que lhe está sendo
apresentada. E é aí que, no caso do SN e do SV, temos a grande
chance de mostrar como um texto se organiza em torno de núcleos,
de idéias centrais, inclusive fazendo "ganchos" com o seu dia-a-dia,
com os seus assuntos preferidos, sua leitura do mundo.
Pensando nessas questões, inúmeras atividades de sala de aula
podem ser propostas pelo professor, de modo que o aluno
compreenda e exercite a capacidade de criar estruturas mais
complexas a partir de estruturas mais simples, reconhecendo a
função de cada elemento dentro do conjunto em que ele se insere.
Isso possibilitará ao aluno aprimorar a sua produção de textos.
Perceber como um texto se constrói, como os vocábulos se
organizam é uma aventura diante de qualquer texto, seja ele oral ou
escrito, literário ou não literário, popular ou culto, específico de uma
área ou mais geral. Enfim, qualquer que seja a mensagem
compreensível, ela é estruturada na base de seu vocabulário e dos
seus sintagmas.
A possibilidade de ampliação dos sintagmas também constitui uma
fonte para que o estudante exercite a sua linguagem e vai se refletir
na sua produção dos textos. Como vimos, as locuções, as orações
substantivas e as orações adjetivas têm a característica de ampliar o
SN e o SV; isto pode auxiliar na produção dos textos dos alunos e
pode servir para que ele compreenda uma das razões para estudar
esse tipo de oração, ou seja, as orações subordinadas.
5.
Quadro dos textos comentados
Texto
Autor
texto 1 - Colar de Carolina
Cecília Meireles
texto 2 - Viva o povo brasileiro
João Ubaldo Ribeiro
texto 3 - São Jorge de Ilhéus
Jorge Amado
texto 4 - Rios de Petrópolis
Carlos Drummond de Andrade
texto 5 - O engenheiro
João Cabral de Mello Neto
texto 6 - Trecho de entrevista
Projeto NURC/RJ
texto 7 - Parágrafos
Jornal do Brasil
texto 8 - Bola Carijó
Décio Pignatari
texto 9 - Os Tubarões
Revista Ciência Hoje das Crianças
texto 10 - De onde vem o ouro
Revista Ciência Hoje das Crianças
texto 11 - O outro vestibular
6. Indicações bibliográficas
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