Segurança Química e Sistemas de
classificação de substancias químicas
Gilmar C. Trivelato
Químico – Pesquisador Titular
Fundacentro-MG / MTE
E-mail: [email protected]
1
Objetivo desta apresentação
n
Discutir os conceitos básicos relacionados a classificação
de substancias químicas
n
Situar os sistemas de classificação dentro do contexto mais
amplo de gestão de substancias químicas.
n
Apresentar o panorama atual, em particular a situação
brasileira, quanto aos sistemas de classificação existentes.
2
RISCOS ASSOCIADOS AO USO DE
PRODUTOS QUÍMICOS
n
DANOS MATERIAIS
n
DANOS À SAÚDE HUMANA
n
DANOS AMBIENTAIS (seres vivos e funções
ecológicas)
3
RISCOS ASSOCIADOS AO USO DE
PRODUTOS QUÍMICOS
Gestão de Substâncias Químicas ou da
Segurança Química – sistema visando a
proteção da segurança e da saúde humana,
do meio ambiente (construído e natural) e de
valores culturais.
Como sistema possui:
n
n
Estrutura
Atividades - avaliação e tratamento de riscos (a
elaboração e implementação do GHS é uma
dessas atividades)
4
RISCO
•
POSSIBILIDADE de uma perda ou
dano
•
INCERTEZA de que tal perda ou dano
ocorra.
Risco é uma representação
simbólica e não um observável.
5
RISCO
Na Toxicologia, Epidemiologia, Engenharia
e na área atuarial RISCO (R) e
representado como:
•
PROBABILIDADE (P) de que ocorra um
dano ocorra (incerteza da ocorrência,
distribuição no tempo) e a GRAVIDADE
(G) do dano.
R=PxG
6
HAZARD
Traduções possíveis:
•
Perigo
•
Ameaça
•
Fator de risco
Significa fonte de risco: agente, situação
ou condição com o potencial de causar
danos.
7
HAZARD
No contexto de classificação de
substancias perigosas hazard
(perigo) esta relacionado com a
capacidade de uma substância de
causar danos e o grau dessa
capacidade depende de suas
propriedades intrínsecas.
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Hazard X Risco – situação de risco
Impactos
Emissão acidental
Atividade
humana
Compartimento
ambiental
emissão
Receptor
Exposição (via, dose
externa ou interna)
Contaminação
Destino,
ambiental
transporte e
transformação
Resultados
possíveis
Substância
ou capacidade de
química Potencial
causar danos
Mid point
End point
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EMISSÕES TIPICAS DE UMA ATIVIDADE
INDUSTRIAL PARA O AMBIENTE EXTERNO
Atividade industrial
Efluentes líquidos
Emissões
atmosféricas
(gases, vapores,
particulados)
(águas usadas,
águas pluviais)
Resíduos sólidos
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FONTES E VIAS DE EXPOSIÇÃO NOS
AMBIENTES DE TRABALHO
Processo
Superficies
de trabalho
Ar
Pele/Mucosa
Olhos
Inalação
Absorção
cutânea
Ingestão
11
Identificação das situações de risco
(riscos possíveis)
Elementos básicos
n
Fontes: emissões e contaminações ambientais
n
Medidas de prevenção e controle existentes
n
Contatos / exposições (normais e acidentais)
n
População exposta (possíveis receptores).
n
Danos potenciais ou possíveis (end points)
12
Hazard X Risco – Modelo para
substâncias químicas
HAZARD
Toxicidade
+
Propriedades
fisico-químicas
Sistemas de
classificação
RISCO
Toxicidade
+
Propriedades
fisico-químicas
+
Atividade e
emissao
Toxicidade
+
Modelo de
transporte e
destino
Avaliação
genérica de
riscos
Avaliação de
riscos para
local e dano
específicos
(end point)
Riscos
possíveis
Riscos
efetivos
Quantidade e especificidade dos dados necessários
Fonte: Chemical Ranking and Scoring: guidelines for relative
assessment of chemicals. Sandestin: SETAC Press, 1995:4.
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Avaliacao de Risco X Gestão de Risco
Enfoque tradicional (processo linear):
Avaliação de risco (risk assessment)
•
•
•
•
Identificação de perigo (hazard identification)
Avaliação do perigo (hazard assessment) – relação dose-resposta
Estimativa do risco (risk estimation)
Julgamento da aceitabilidade (risk evaluation)
Gestão de Risco (risk management)
•
•
Identificação, avaliação e seleção de medidas de prevenção e controle
Implementação e monitoramento
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Avaliação de Risco X Gestão de Risco
Tendência atual (processo não-linear):
Gestão de risco (risk management) - cultura, processos e estruturas
para gerenciar oportunidades potenciais e efeitos adversos. Inclui:
Estabelecer o contexto
Avaliação do risco (risk assesment)
•
•
Avaliação do perigo (hazard assesment)
Identificação, analise e valoração do risco (risk evaluation)
Tratamento do risco (risk treatment)
(Eliminar, reduzir ou transferir)
•
Identificação, avaliação, e seleção de opções de tratamento
•
Implementacao de planos e monitoramento.
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Avaliação de Risco X Gestão de Risco
Avaliação de riscos gradual ou por camadas
(tiers) visando a precaução e prevenção
Avaliação exploratória
“tiers”
Avaliação aprofundada
Tratamento do risco
16
Avaliação de Hazard (perigo) e de
Risco
Dimensão temporal - esses processos podem ocorrer:
•
Para novas substâncias: antes da produção e uso em
larga escala (somente avaliação do hazard e possíveis
riscos através de ensaios laboratoriais e com animais,
extrapolações e modelagem)
•
Para substâncias existentes
• Antes de novos usos (análise e prevenção
antecipada)
• Para os usos correntes, mas antes da constatação
de danos (avaliação de riscos a priori)
• Após constatação de danos (avaliação de riscos a
posteriori)
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Gestão de Substâncias químicas –
Segurança Química
Diferentes níveis dos processos de gestão
n
Local: na organização que produz, usa, transporta,
armazena ou faz disposição final.
n
Regional: município, microrregião (vários
municípios) ou estado
n
Nacional (
n
Blocos regionais (vários paises)
n
Global
n
Atividade específica ou cadeia produtiva
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Gestão de Substâncias químicas –
Segurança Química
Cadeia produtiva
n
Extração de matéria prima (mineral, vegetal)
n
Produção (separação, síntese)
n
Transporte e armazenamento
n
Uso (não dispersivo, dispersivo)
n
n
Industrial
n
Profissional
n
Doméstico
Destinação de resíduos (usos não totalmente dispersivos)
n
Reuso
n
Reciclagem
n
Tratamento
n
Destinação final
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MERCADO EXTERNO
Pb puro, ligas
e compostos
de Pb
Bateria usada e
sucata com Pb
Minério de Pb
MINERAÇÃO DE
CHUMBO
Minério de Pb
PRODUÇAO DE
CHUMBO PRIMÁRIO
Pb puro
Pb puro
Transformação química
do Pb
Compostos de
Pb
Pb
e
ligas
Produção de bens
contendo Pb ou seus
compostos
PRODUÇAO DE PB
SECUNDÁRIO
(RECICLAGEM DE
BATERIAS)
Sucata de
bateria
Uso não dispersivo de
bens contendo Pb
Bateria
usada
Bens contendo Pb metálico
ou seus compostos
TRANSPOTE / DISTRIBUIÇÃO DE
BATERIAS E PLACAS
Placa de
bateria
Bateria usada e
sucata com Pb
Sucata
com Pb
Uso dispersivo de bens
contendo Pb
Bateria nova
Placa de bateria
COLETA/TRANS-PORTE
DE BATERIAS USADAS
e SUCATA Pb
Resíduos
ou sucata Pb
MERCADO EXTERNO
Bateria
usada
Bateria
nova
PRODUÇÃO DE
BATERIAS E PLACAS DE
BATERIAS
Pb puro e
ligas
Pb puro
Resíduos Pb
MERCADO
NACIONAL
Pb puro e
ligas
Pb / ligas
Óxidos de Pb
Bateria
nova
Pb puro, ligas
e óxidos de Pb
Bateria
usada
Bateria
nova
CONSUMO DE
BATERIAS
Bateria
usada
Bateria
REFORMA OU
reformada
RECONCIONAMENTO
DE BATERIAS
Bateria
usada não
reciclada
Carro com
Bateria nova
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Gestão de Substâncias químicas –
Segurança Química
Atores sociais envolvidos
Estado
GHS
Sociedade civil
Setor
privado
21
Gestão de Substâncias químicas –
Segurança Química
Elementos básicos de um programa nacional de
gestão de substancias químicas
n
Recursos humanos
n
Informação sobre substancias químicas
n
Identificação e avaliação de riscos
n
Tratamento de riscos – programas de prevenção e
controle.
n
Comunicação de riscos e conscientização do publico.
22
Gestão de Substâncias químicas (ou
Segurança Química) X Classificação de
substâncias perigosas
Um sistema de classificação de substâncias
químicas quanto às respectivas
periculosidade ou nocividade é um
importante mecanismo para o
estabelecimento de prioridades de avaliação,
tratamento e comunicação de riscos.
23
Gestão de Substâncias químicas –
Segurança Química
Sistema de classificação de substancias químicas quanto a
periculosidade ou nocividade:
n
Estabelece critérios e procedimentos para classificar as substancias ou
misturas em classes de perigos / escalas de gradação da
periculosidade e mecanismos de comunicação de perigos / riscos.
n
Não se aplica a substancias ou produtos cuja exposição e’ intencional
(ex. alimentos, remédios, cosméticos)
n
Não existe “substancia não perigosa”. Existe substancia não
classificada de acordo com os critérios adotados. Para elas usa-se
regras gerais de prevenção e não e’ necessário cuidados especiais
nem comunicação de perigos (rotulagem, fichas de segurança, etc.)
24
Sistema de classificação de substancias
químicas quanto a perigos
SISTEMAS EXISTENTES MAIS CONHECIDOS
n
ONU – Transporte de bens ou cargas perigosas.
n
Europa – Diretrizes estabelecidas pela Comissão Européia /
Austrália fez adaptação.
n
Canadá – WHIMIS
n
NFPA / Diamante de Rommel
n
No Brasil: ONU / Transporte de produtos perigosos, Classificação
de agrotóxicos (ANVISA), Inflamáveis (MTE-NR16), Classificação
de resíduos (NBR 1004)
25
Diretrizes da Comissão Européia (EU) para
classificação das substâncias em relação
aos seus perigos
Elementos básicos
n
Critérios e testes para classificação
n
Procedimentos para classificação de misturas a partir
dos dados de seus ingredientes
n
Rotulagem preventiva
n
Fichas de Informação de Segurança do Produto
n
Base de Dados
26
Diretrizes da Comissão Européia (EU) para
classificação das substâncias em relação
aos seus perigos
Classes de perigos – Substancias ou misturas:
n
Inflamáveis
n
Explosivas
n
Comburentes ou oxidantes
n
Corrosivas e Irritantes
n
Muito tóxicas ou tóxicas
n
Nocivas
n
Cancerígenas, mutagênicas e tóxicas para a
reprodução
n
Nocivas para o meio ambiente
27
INFLAMÁVEIS
são substâncias que podem pegar fogo na presença
de uma fonte de ignição (chama, faísca, eletricidade
estática, etc.)
Podem ser:
n
Extremamente inflamáveis Ex. éter
n
Facilmente inflamáveis. Ex. gasolina
n
Inflamáveis Ex. querosene
28
F+
Extremamente
Inflamável
F
Facilmente
Inflamável
29
EXPLOSIVAS
são substâncias ou misturas que apresentam
riscos de explosão sob o efeito de uma chama,
do calor, de um golpe ou fricção.
Exemplos:
n
TNT - trinitrotolueno
n
Ácido pícrico
n
Nitrocelulose
n
Pólvora negra
n
Pólvora branca
30
E
Explosivo
31
COMBURENTES OU OXIDANTE
são substâncias que, em caso de incêndio,
aumentam a violência da reação e favorecem a
propagação rápida do fogo. Podem provocar
incêndios espontâneos quando em contato com
materiais combustíveis.
Exemplos:
n
Oxigênio
n
Ácido nítrico
n
Água oxigenada concentrada (ex. 30 vol)
32
O
Oxidante
33
CORROSIVAS
são substâncias que podem provocar lesões na
pele – destruição de tecidos ou queimaduras - e
atacar a madeira, os metais e matérias plásticas.
Exemplos:
n
Ácido sulfúrico concentrado.
n
Ácido nítrico
n
Soda cáustica.
34
C
Corrosiva
35
IRRITANTES
são substâncias que podem provocar lesões na
pele ou mucosas de natureza inflamatória (ex.
dermatites).
Exemplos:
n
Ácido sulfúrico diluído.
n
Água sanitária.
n
Solventes (tolueno, benzina).
36
Xi
Irritante
37
MUITOS TÓXICAS E TÓXICAS
podem provocar danos graves à saúde ou
provocar a morte.
n
Muito tóxicas: são substâncias que, mesmo em
doses muito pequenas, podem provocar danos
graves ou mesmo a morte. Ex.trióxido de
arsênico.
n
Tóxicas. Ex. metanol, amoníaco, benzeno.
38
T
T+
Tóxico
Muito tóxico
39
NOCIVAS (OU MENOS TÓXICAS)
são substâncias que podem causar danos à
saúde mas em geral não provocam danos sérios
imediatos. Somente em doses muito altas podem
provocar a morte. (o que é difícil no ambiente de
trabalho).
A exposição repetida e prolongada pode
provocar danos sérios à saúde.
Exemplo: Tolueno
40
X
Nociva
41
CANCERÍGENAS, MUTAGÊNICAS OU
TÓXICAS PARA A REPRODUÇÃO
causam efeitos específicos que se
manifestam, em geral, a longo prazo.
Ex. benzeno.
42
NOCIVAS OU PERIGOSAS PARA O
MEIO AMBIENTE
podem causar danos à flora, fauna,
população humana ou degradar o
ambiente quando lançados no ar, solo ou
águas.
Ex. Solventes clorados, CFCs, ácidos
fortes, cianeto de sódio.
43
N
44
45
46
47
48
49
Classificação do Tolueno
Classificação: F- R11;Repr.Cat.3- R63; Xn- R48/20-65; Xi - R38; R67
Frases R: 11 18 48/20 63 65 67
11- Facilmente inflamável.
38 - Irritante para a pele.
48/20 - Nocivo: risco de efeitos graves para a saúde em caso de exposição
prolongada por inalação.
63 - Possíveis riscos durante a gravidez com efeitos adversos na descendência.
65- Nocivo: pode causar danos nos pulmões se ingerido.
67 - Pode provocar sonolência e vertigens, por inalação dos vapores.
Frases S:
2 - Manter fora do alcance das crianças.
36/37 - Usar vestuário de proteção e luvas adequadas.
46 -Em caso de ingestão, consultar imediatamente o médico e mostrar-lhe a
embalagem ou o rótulo.
62 - Em caso de ingestão, não provocar o vomito. Consultar imediatamente um
médico e mostrar-lhe a embalagem ou o rótulo.
Indicações de Perigo: F Xn
50
TOLUENO
Facilmente inflamável
Nocivo por inalação.
F
Facilmente
Inflamável
Xn
Nocivo
Manter fora do alcance das crianças.
Manter afastado de qualquer chama ou fonte de faísca – Não
fumar.
Evitar o contato com os olhos.
Não jogar os resíduos no esgoto.
Nome e endereço do fabricante, distribuidor ou importador.
51
Classificação do Acido sulfúrico
(% soluções aquosas)
Classificação: C – R35 (solução concentrada, não fumegante)
Frases R: 35
35- Provoca queimaduras graves.
Frases S:
1/2 - Guardar fechado à chave e fora do alcance das crianças.
26 - Em caso de contacto com os olhos, lavar imediata e abundantemente com
água e consultar um especialista.
30 - Nunca adicionar água a este produto.
45- Em caso de acidente ou de indisposição, consultar imediatamente o médico
(se possível mostrar-lhe o rótulo).
Indicações de Perigo: C
Limites de concentrações de corte
Conc > 15% : C (corrosivo) R 35 – Provoca queimaduras graves.
5% = Conc. < 15%: Xi (irritante)– R36/38 – Irritante para pele e
olhos.
52
53
54
55
56
57
58
59
Produção e utilização de informações sobre
substancias químicas
Tipos de produção de informações
• Primaria – a partir de testes.
• Secundaria – sistematização de dados
disponibilizados na literatura cientifica.
Dica importante: Analisar a origem e a qualidade do
processo de produção de informações.
Utilizar informações somente de base de dados “peer
reviewed” e com indicação de responsáveis pela
geração da informação.
60
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