Programa de Incentivo às Reservas
Particulares do Patrimônio Natural
PLANO DE MANEJO DA RESERVA
PARTICULAR DO PATRIMÔNIO
NATURAL BURACO DAS ARARAS
JARDIM – MS – BRASIL
2008
Programa de Incentivo às Reservas
Particulares do Patrimônio Natural
Conservação Internacional - Brasil
Associação dos Proprietários das RPPNs de MS
Buraco das Araras
PLANO DE MANEJO DA RESERVA
PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL
BURACO DAS ARARAS – JARDIM – MS
Coordenação
MSc. Maria Antonietta Castro Pivatto
Rooswelt Romero Sampaio
Equipe Técnica
Dra. Vivian Ribeiro Baptista Maria
Dr. Erich Arnold Fischer
MSc. Ellen Wang
MSc. Sandro Marcelo Scheffer
Colaboração: MSc. Simone B. Mamede
Proprietário
Modesto Sampaio
Supervisor Geral
Rooswelt Romero Sampaio
Gerente administrativo do empreendimento

Controle financeiro, fornecimento de dados referentes ao histórico, gestão e documentação da
área e seu entorno (mapas, imagens e outros), apoio logístico, revisão final do documento.
Equipe Técnica
MSc. Maria Antonietta Castro Pivatto – Coordenadora de Equipe e Estudos de
Avifauna
Bióloga (CRBio-1 n° 18682), Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional pela
UNIDERP, Especialista em Ecologia e Ecoturismo, consultora em meio ambiente.

Diagnóstico e análises sobre a avifauna, mastofauna e turismo, proposição dos programas de
gestão, pesquisa e monitoramento ambiental, pesquisa de dados abióticos e históricos, registros
fotográficos, revisão final do documento.
Dra. Vivian Ribeiro Baptista Maria – Estudos de Florística
Bióloga (CRBio-1 n° 35.495/01-D), Mestre em Recursos Florestais e Doutora em Ecologia
de Agroecossistemas pela ESALQ/USP e consultora em meio ambiente.

Diagnóstico e análises sobre flora, proposição dos programas de pesquisa e monitoramento
ambiental, registros fotográficos, revisão do documento.
Dr. Erich Arnold Fischer – Estudos de Quirópteros
Biólogo (UFMS – matrícula SIAPE 1177539), Mestre e Doutor em Ecologia pela UNICAMP,
docente e pesquisador da UNIDERP.

Diagnóstico e análises sobre a comunidade de morcegos e ectoparasitos, proposição dos
programas de gestão, pesquisa e monitoramento ambiental, registros fotográficos.
MSc. Ellen Wang – Estudos de Herpetofauna
Bióloga (CRBIO nº 18.793/01-D), Mestre em Zoologia, atualmente desenvolve pesquisas
com herpetofauna através do programa EarthWatch no Pantanal Sul.

Diagnóstico e análises sobre herpetofauna, proposição dos programas de gestão, pesquisa e
monitoramento ambiental, registros fotográficos.
MSc. Sandro Marcelo Scheffer – Estudos Geológicos
Biólogo (CRBio - 43237/01-D), Mestre em Ciências/Geologia pela UFRJ, Doutorando em
Ciências/Geologia pela UFRJ.

Diagnóstico e análises sobre geologia e geomorfologia, proposição dos programas de gestão,
pesquisa e monitoramento ambiental, registros fotográficos.
MSc. Simone B. Mamede – Estudos de Mamíferos Terrestres
Bióloga (CRBIO nº 33080/01-D), Especialista em Mastozoologia, Educação Ambiental e
Ecoturismo. Mestra em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional.

Avaliação ecológica rápida da mastofauna, proposição dos programas de gestão, pesquisa e
monitoramento ambiental.
Auxiliares de Campo: Vegetação: Fabrício de Souza Maria; Mastofauna: MSc. Maristela
Benites da Silva, MSc: Andrea Chin Sedoda e Paola da Mata; Quirópteros: Nicolay Leme da
Cunha, Luiz Felipe Carvalho e Carolina Ferreira Santos; Avifauna: Fernanda Pereira de
Melo; Herpetofauna: Carolina Denzin e Mara Cintia Kiefer.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
i
AGRADECIMENTOS
A Modesto e Vergília Romero Sampaio pela iniciativa de preservar as ararasvermelhas e com isto gerar toda uma mudança na gerência da Fazenda Alegria.
Obrigado pelo apoio aos trabalhos desenvolvidos na RPPN Buraco das Araras, e
pelo exemplo de amor às coisas naturais.
Ao apoio da Conservação Internacional do Brasil – CI-Brasil, Associação dos
Proprietários de RPPNs de Mato Grosso do Sul – REPAMS, Instituto das Águas da
Serra da Bodoquena - IASB, Associação dos Atrativos Turísticos de Bonito e Região
– ATRATUR e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS.
A todos os funcionários do Buraco das Araras, que tornaram o trabalho muito mais
prazeroso, em especial a Rooswelt, Eva e Bergson por toda a ajuda com o trabalho
de campo e apoio logístico aos pesquisadores.
Aos companheiros de campo Ângela Pelin, Carolina Denzin, Carolina Ferreira
Santos, Fabrício de Souza Maria, Fernanda Pereira de Melo, Luiz Felipe Carvalho,
Mara Cíntia Kiefer, e Nicolay Leme da Cunha.
A Simone B. Mamede e sua equipe, Maristela Benites da Silva, Andrea Chin Sedoda
e Paola da Mata pela valiosa contribuição no capítulo de mamíferos terrestres e à
Expedição Biofronteira do Pantanal.
A Eduardo Folley Coelho, pelo incentivo e apoio irrestrito à ampliação de RPPNs em
Mato Grosso do Sul, em especial na região da Serra da Bodoquena. A Daniel De
Granville Manço pelas fotografias concedidas, e às valiosas informações e
colaboração de Alessandro Pacheco Nunes e Paulo César Boggiani.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
ii
LISTA DE SIGLAS
ABETA – Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura
ANA – Agência Nacional das Águas
ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil
APP – Área de Preservação Permanente
ATRATUR – Associação dos Proprietários de Atrativos Turísticos de Bonito e Região
BHRM – Sub-bacia Hidrográfica do Rio Miranda
CBMSB – Corredor de Biodiversidade Miranda – Serra da Bodoquena
CBRO – Conselho Brasileiro de Registros Ornitológicos
CECAV – Centro Nacional de Estudos e Manejo de Cavernas
CGMS – Herbário da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul / Campus de Campo Grande/MS
CI-Brasil – Conservação Internacional – Brasil
COMDEMA – Conselho Municipal de Meio Ambiente
COMTUR – Conselho Municipal de Turismo
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
CRAS – Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Campo Grande/MS)
CVB – Conventions & Visitors Bureau
EIA – Estudo de Impacto Ambiental
ESA - Herbário da Universidade de São Paulo / Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"
FCP – Fazenda Cabeceira do Prata
IASB – Instituto das Águas da Serra da Bodoquena
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IUCN – União Internacional para a Conservação da Natureza
ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
MMA – Ministério do Meio Ambiente
PMB – Prefeitura Municipal de Bonito
PMJ – Prefeitura Municipal de Jardim
PNSB – Parque Nacional da Serra da Bodoquena
REPAMS – Associação dos Proprietários de RPPNs de Mato Grosso do Sul
RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural
SEMAC – Secretaria de Estado de Meio Ambiente das Cidades, do Planejamento, da Ciência e
Tecnologia de Mato Grosso do Sul
SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação
UC – Unidade de Conservação
UEMS – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
UFMS – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro
UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas
UNIDERP – Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal
WWF – World Wildlife Fund, Fundo Mundial Para a Vida Selvagem
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
iii
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO .........................................................................................................................................
01
PREFÁCIO .....................................................................................................................................................
03
INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................
04
RESERVA PARTICULAR DO PATRIMONIO NATURAL .............................................................................
04
RPPN BURACO DAS ARARAS, PATRIMÔNIO ESPELEOLÓGICO............................................................
05
PARTE 1 - INFORMAÇÕES GERAIS ..........................................................................................................
08
1.1 A Fazenda Alegria e a RPPN Buraco das Araras ...............................................................................
08
1.2 VIAS DE ACESSO ..................................................................................................................................
09
1.3 HISTÓRICO DE CRIAÇÃO E ASPECTOS LEGAIS ..............................................................................
11
1.4 FICHA-RESUMO DA RPPN ...................................................................................................................
14
PARTE 2 – DIAGNÓSTICO AMBIENTAL .....................................................................................................
15
2.1 CARACTERIZAÇÃO DA RPPN .............................................................................................................
15
2.2 CLIMA .....................................................................................................................................................
16
2.3 GEOMORFOLOGIA .................................................................................................................................
17
2.4 HIDROGRAFIA .......................................................................................................................................
20
2.5 SOLOS .....................................................................................................................................................
24
2.5.1 GEOLOGIA ...........................................................................................................................................
25
2.5.2 A GEOLOGIA DO BURACO DAS ARARAS E SEU ENTORNO .........................................................
24
2.6 VEGETAÇÃO TERRESTRE ...................................................................................................................
43
2.6.1 RIQUEZA FLORÍSTICA .......................................................................................................................
43
2.6.2 FITOFISIONOMIA ................................................................................................................................
46
2.6.3 PLANTAS ESPECIAIS ........................................................................................................................
48
2.6.4 RIQUEZA DE ESPÉCIES ....................................................................................................................
53
2.6.5 PRINCIPAIS AMEAÇAS SOBRE A FLORA DA RPPN ......................................................................
54
2.6.6 RECOMENDAÇÕES PARA ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA RECUPERAÇÃO E MANEJO ............
54
2.7. MASTOFAUNA ......................................................................................................................................
55
2.7.1 CARACTERIZAÇÃO DA MASTOFAUNA DA RPPN BURACO DAS ARARAS E ENTORNO .........
56
2.7.2 ESPÉCIES ENDÊMICAS, RARAS E AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO .................................................
57
2.7.3 PROPOSIÇÕES PARA MANEJO .......................................................................................................
64
2.8 MASTOFAUNA VOADORA – QUIRÓPTEROS .....................................................................................
65
9 AVIFAUNA .................................................................................................................................................
71
2.9.1 RIQUEZA DE ESPÉCIES ....................................................................................................................
72
2.9.2 REPRESENTAÇÃO POR TIPO VEGETACIONAL .............................................................................
74
2.9.3 REPRESENTAÇÃO POR GUILDAS ...................................................................................................
77
2.9.4 ESPÉCIES MIGRATÓRIAS E RESIDENTES ......................................................................................
82
2.9.5 ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO ..........................................................................................
85
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
iv
2.10 HERPETOFAUNA .................................................................................................................................
86
2.11 ASPECTOS HISTÓRICOS DA RPPN BURACO DAS ARARAS ........................................................
92
2.12 VISITAÇÃO ...........................................................................................................................................
92
2.12.1 VISITAÇÃO TURÍSTICA ....................................................................................................................
92
2.12.2 VISITAÇÃO ACADÊMICA .................................................................................................................
97
2.12.3 PERCEPÇÃO DO VISITANTE ..........................................................................................................
98
2.12.4 PERCEPÇÃO DOS GUIAS DE TURISMO E MONITORES AMBIENTAIS .......................................
105
2.13 PESQUISA E MONITORAMENTO .......................................................................................................
108
2.13.1 PESQUISAS FINALISADAS .............................................................................................................
110
2.13.2 PESQUISAS VINCULADAS AO PLANO DE MANEJO ....................................................................
111
2.13.3 POTENCIALIDADES PARA PESQUISA E MONITORAMENTO .....................................................
112
2.14 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA RPPN .......................................................................................
114
2.15 SISTEMA DE GESTÃO ........................................................................................................................
116
2.16 PESSOAL .............................................................................................................................................
116
2.16.1 QUADRO DE FUNCIONÁRIOS .........................................................................................................
116
2.16.2 QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL ....................................................................................................
116
2.17 INFRA-ESTRUTURA ............................................................................................................................
118
2.17.1 INFRAESTRUTURA DA PROPRIEDADE FORA DA RPPN ............................................................
118
2.17.2 INFRAESTRUTURA DA RPPN .........................................................................................................
122
2.18 EQUIPAMENTO E SERVIÇOS .............................................................................................................
125
2.18.1 COMUNICAÇÃO ................................................................................................................................
125
2.18.2 EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA E PRIMEIROS SOCORROS ..................................................
126
2.18.3 EQUIPAMENTOS DE COMBATE A INCÊNDIOS .............................................................................
126
2.19 RECURSOS FINANCEIROS ................................................................................................................
127
2.20 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ENTORNO ..................................................................................
127
2.20.1 ECONOMIA E SERVIÇOS .................................................................................................................
127
2.20.2 JARDIM – DADOS GERAIS SOBRE ECONOMIA E SERVIÇOS ....................................................
128
2.20.3 BONITO – DADOS GERAIS SOBRE ECONOMIA E SERVIÇOS ....................................................
131
2.20.4 ASPECTOS SÓCIO-AMBIENTAIS DE JARDIM E BONITO ............................................................
134
20.4.3 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO CITADAS PELOS ENTREVISTADOS NOS DOIS MUNICÍPIOS
137
2.21 POSSIBILIDADE DE CONECTIVIDADE ..............................................................................................
138
2.22 DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA ...................................................................................................
141
PARTE 3 – PLANEJAMENTO E GESTÃO ...................................................................................................
144
3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE MANEJO ............................................................................................
144
3.2 ZONEAMENTO .......................................................................................................................................
148
3.2.1 ZONA DE PROTEÇÃO (ZP) ................................................................................................................
150
3.2.2 ZONA DE VISITAÇÃO (ZV) .................................................................................................................
150
3.2.3 ZONA DE RECUPERAÇÃO (ZR) ........................................................................................................
151
3.2.4 ZONA DE TRANSIÇÃO (ZT) ...............................................................................................................
153
3.2.5 ÁREA ADMINISTRATIVA DA RPPN ..................................................................................................
154
3.3 PROGRAMAS DE MANEJO ..................................................................................................................
154
3.3.1 PROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO ...................................................................................................
154
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
v
3.3.2 PROGRAMA DE SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA .....................................................................
156
3.3.3 PROGRAMA DE MANEJO DE RECURSOS NATURAIS ...................................................................
157
3.3.4 PROGRAMA DE PROTEÇÃO, FISCALIZAÇÃO E SEGURANÇA ....................................................
159
3.3.5 PROGRAMA DE PESQUISA E MONITORAMENTO ..........................................................................
160
3.3.6 PROGRAMA DE VISITAÇÃO ..............................................................................................................
162
3.3.7 PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO .....................................................................................................
164
3.4 PROJETOS ESPECÍFICOS ....................................................................................................................
165
3.4.1 PROJETO PARA RECUPERAÇÃO AMBIENTAL ..............................................................................
165
3.4.2 LABORATÓRIO E ALOJAMENTO DE PESQUISA ............................................................................
165
3.4.3 TORRE DE FISCALIZAÇÃO ...............................................................................................................
165
3.4.4 CENTRO DE INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL ..................................................................................
166
3.4.5 SINALIZAÇÃO TURÍSTICA .................................................................................................................
166
3.4.6 IMPLANTAÇÃO DE VIVEIRO DE MUDAS .........................................................................................
166
3.4.7 AMPLIAÇAO DA RECEPÇÃO ............................................................................................................
166
3.4.8 OFICINA DE CAPACITAÇÃO PARA FUNCIONÁRIOS E PRESTADORES DE SERVIÇOS ............
167
3.5 PRAZO PARA REVISÃO DO PLANO DE MANEJO .............................................................................
167
3.6 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES .........................................................................................................
167
3.6.1 PROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO ...................................................................................................
168
3.6.2 PROGRAMA DE SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA .....................................................................
169
3.6.3 PROGRAMA DE MANEJO DE RECURSOS NATURAIS ...................................................................
169
3.6.4 PROGRAMA DE PROTEÇÃO, FISCALIZAÇÃO E SEGURANÇA ....................................................
169
3.6.5 PROGRAMA DE PESQUISA E MONITORAMENTO ..........................................................................
170
3.6.6 PROGRAMA DE VISITAÇÃO ..............................................................................................................
170
3.6.7 PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO .....................................................................................................
171
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................................................
171
5 GLOSSÁRIO ..............................................................................................................................................
182
6 ANEXOS ....................................................................................................................................................
188
6.1 ANEXO 1 – LICENÇA DE OPERAÇÃO TURÍSTICA DE EMPREENDIMENTOS TURÍSTICOS
BURACO DAS ARARAS LTDA. ...................................................................................................................
188
6.2 ANEXO 2 – METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DO PLANO DE MANEJO DA RPPN BURACO
DAS ARARAS EM JARDIM, MATO GROSSO DO SUL ..............................................................................
191
6.2.1 METODOLOGIA GERAL .....................................................................................................................
191
6.2.2 METODOLOGIA PARA INVENTÁRIOS DE GEOMORFOLOGIA, FAUNA E FLORA ......................
195
6.3 ANEXO 3 – VEGETAÇÃO .....................................................................................................................
201
6.4 ANEXO 4 – MASTOFAUNA ...................................................................................................................
210
6.5 ANEXO 5 – MASTOFAUNA VOADORA – QUIRÓPTEROS .................................................................
213
6.6 ANEXO 6 – AVIFAUNA ..........................................................................................................................
214
6.7 ANEXO 7 – HERPETOFAUNA ...............................................................................................
219
6.8 ANEXO 8 – QUESTIONÁRIOS DE PESQUISA COM VISITANTES, GUIAS DE TURISMO E
MONITORES AMBIENTAIS .........................................................................................................................
221
6.9 ANEXO 9 – INDICADORES SOCIAIS E ECONÔMICOS DOS MUNICÍPIOS DE BONITO E
JARDIM, MS ..................................................................................................................................................
225
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
vi
APRESENTAÇÃO
Ao receber o convite para apresentar este Plano de Manejo, parei para refletir
sobre a história do Buraco das Araras, e me vi emocionado com a trajetória do lugar
e com o sucesso atingido na conservação ambiental. Lembro-me que 20 anos atrás,
as pessoas da região jogavam lixo, ferro-velho e sucatas dentro do Buraco, e para
se divertir ainda davam tiros nas araras e outras aves. E há 10 anos, a região ainda
se questionava qual o valor daquele buracão, e parecia que era só desperdício de
hectares.
Mas agora, observando a revoada das araras todos os fins de tarde, podemos
entender o verdadeiro valor da adoção de medidas de conservação ambiental, o
verdadeiro valor de respeitar a natureza. Porque a Terra é um planeta só, e ele é
igualmente de todos, dos homens, da fauna e da flora, todos temos os mesmos
direitos básicos à sobrevivência e aos recursos naturais. Portanto cabe a nós,
humanos, justamente porque sabemos e podemos medir o nosso impacto sobre as
outras espécies, cuidar para que vivamos todos em harmonia. Porque é fato que o
homem precisa da natureza, de todas as formas, mas muitas vezes esquecemos
que a natureza também precisa de nós, de nosso cuidado e da nossa atenção.
Para se viver em harmonia com a natureza é preciso saber os limites desta
convivência e como conviver, e para isso primeiro é preciso conhecer o ambiente. E
o reconhecimento, o diagnóstico do local, é um dos fundamentos de um Plano de
Manejo, que consiste, basicamente, em levantar todos os conhecimentos
necessários a cerca de um ambiente para saber quais suas possibilidades de uso a
longo prazo. Com isso, poder traçar estratégias visando conservá-lo sempre e se
necessário ainda melhorá-lo ambientalmente através da recuperação de áreas
degradadas e do manejo adequado das atividades propostas.
Este plano é um avanço no conhecimento científico de toda a região. É um
documento de valor altíssimo não só pelo seu conteúdo, mas pelo que representa e
pelas ações que desencadeia a longo prazo, pela garantia na conservação da
natureza esplêndida do Buraco das Araras, e pelo seu valor imensurável para a
educação ambiental do país e para a ciência.
É sempre importante lembrar que não há obrigatoriedade legal na criação de
uma Reserva Particular do Patrimônio Natural, mas sim que esse ato é uma decisão
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
1
espontânea dos proprietários da área, o que demonstra um compromisso irrevogável
e exemplar com a conservação da natureza. E que para a região em que está
localizada a RPPN é uma garantia da conservação de fragmentos de vegetação
nativos e protegidos, verdadeiros refúgios para a biodiversidade.
É muito interessante observar a evolução da gestão do Buraco das Araras,
desde o início das atividades turísticas e de conservação ambiental em 1995,
seguido pelo sucesso na condução da atividade ecoturística com competência
profissional, a criação da RPPN através do decreto em 2007, e agora o Plano de
Manejo. São ações como essa que precisam ser multiplicadas pelo país afora para
garantir que as futuras gerações também sejam capazes de apreciar as maravilhas
naturais do nosso Brasil.
À Conservação Internacional do Brasil e à REPAMS – Associação dos
proprietários de RPPNs de Mato Grosso do Sul, parabenizo pelo apoio essencial
prestado à multiplicação das RPPNs e dos Planos de Manejo no Estado, um esforço
que já é reconhecido e que no futuro será cada vez mais.
Ao proprietário, Sr. Modesto Sampaio, sempre atencioso e com boas histórias
para contar, à sua esposa Dona Vergília, aos seus filhos Rooswelt, Bergson e
Wagner, à Eva, à Renata e o Waldemilson, meus parabéns pelo trabalho em família
e sucesso atingido na gestão do passeio.
À equipe técnica que elaborou este plano de manejo, Maria Antonietta, Vivian,
Erich, Ellen, Sandro e Simone, meu sincero agradecimento pela dedicação e
compromisso com a natureza e votos de que o plano saia do papel e vá adiante.
Porque a partida já foi dada, que continuem os bons trabalhos.
Eduardo Folley Coelho
Proprietário da RPPN Cabeceira do Prata, Jardim/MS
Luiza Spengler Coelho
Engenheira Ambiental
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
2
PREFÁCIO
É com satisfação e felicidade que se pode constatar que uma atividade
turística bem estruturada pode trazer melhorias ambientais para uma região. Quem
conheceu o Buraco das Araras nos anos oitenta admirava-se com a beleza do local
ao mesmo tempo em que saía chocado com a sujeira, pinturas nas paredes, carros
jogados ao fundo e a dúvida quanto ao nome do buraco, já que nenhuma arara era
encontrada por lá, possivelmente espantada pelos tiros inconseqüentes, disparados
por um visitante fortuito que passava pela estrada.
Conheci o Rooswelt Sampaio como um menino interessado e assustado com
as imposições legais para sua incipiente atividade turística e vejo hoje um
empreendimento turístico profissionalizado e bem estruturado e qual não foi a
surpresa, dez anos depois, ver a vegetação em recomposição e as dezenas de
araras vermelhas circundando a cavidade, felizes por justificarem seu nome.
Dr. Paulo César Boggiani
Geólogo e professor do Instituto de Geociências
da Universidade de São Paulo)
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
3
INTRODUÇÃO
RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL
Mato Grosso do Sul foi o primeiro Estado brasileiro a ter legislação para
criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural - RPPN, através do Decreto
Estadual MS N° 7.251/93 (Costacurta 2006). Em 2000, a Lei Nº 2193/00 instituía o
ICMS Ecológico Estadual, incentivando a criação de Unidades de Conservação
Públicas e RPPNs (ALMS 2000). A ampliação de áreas particulares protegidas
recebeu também grande incentivo por meio de programas patrocinados por
instituições como a Associação de RPPNs de MS – REPAMS, Conservação
Internacional (CI-Brasil) e WWF que apóiam diretamente o proprietário rural na
criação e estruturação destas unidades de conservação. Atualmente existem 34
RPPNs em Mato Grosso do Sul, sendo 11 federais e 23 estaduais, com um total de
113.659,52 ha protegidos (REPAMS 2008).
Embora o conceito de Unidade de Conservação (UC) no Brasil date de 1937,
somente com a criação do IBAMA em 1989 as reservas particulares ganharam maior
relevância, mas ainda sem o status de UC. Isto só foi efetivado com o Artigo 21 do
SNUC (Lei Nº 9.985/00), que estabelece para as RPPNs o objetivo principal de
conservar a diversidade biológica local, permitindo apenas pesquisa científica e
visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais (Ferreira et al. 2004).
Ao definir as atividades e normas de seu funcionamento, o plano de manejo
de uma RPPN deve levar em conta o objetivo de sua criação e os usos permitidos.
Tendo isso em mente, sejam quais forem as características e seus objetivos
específicos, o seu plano de manejo não pode diferir desses dois marcos gerais e
legais. Todas as suas definições têm que considerar as razões pelas quais foi criada
e quais usos são permitidos em seus limites.
De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), o
plano de manejo é um documento técnico mediante o qual, com fundamento nos
objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento
e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais,
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
4
inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade.
Segundo Galante et al. (2002), o planejamento de uma RPPN caracteriza-se por ser
um processo contínuo, gradativo e flexível, sendo importante para garantir o sucesso
de sua implantação.
Para Martins (2003), as RPPNs representam um dos primeiros passos para
envolver a sociedade civil na conservação da diversidade biológica, além de
contribuir para a proteção de áreas significativas dos diversos biomas existentes no
Mato Grosso do Sul. Neste sentido, além dos objetivos gerais citados acima, este
trabalho visa difundir os conhecimentos sobre a biodiversidade local e a função das
RPPNs, estimulando outros proprietários a também perpetuarem a conservação de
suas áreas naturais.
Estas ações visam dar continuidade ao processo de Planejamento e Gestão
das Unidades de Conservação de Mato Grosso do Sul, em especial às RPPNs
apoiadas pelo Programa de Incentivo às RPPNs/REPAMS/CI-Brasil.
RPPN BURACO DAS ARARAS, PATRIMÔNIO
ESPELEOLÓGICO
Segundo Marra (1999), a experiência de visitar uma cavidade espeleológica –
seja uma caverna, abismo, dolina - desperta a curiosidade e a sensação de
exploração em cada um que se lança neste propósito. A aventura reflete em
benefício direto em saciar os interesses de jovens e adultos, onde cada passagem,
cada volta desfruta-se de uma nova visão e a cada passo a uma diferente e nova
perspectiva. Para Labergalini (1986), raridades naturais, fauna e a flora em risco de
extinção, monumentos geológicos e diferentes ecossistemas, são razões que levam
certas regiões naturais a serem transformadas em parques nacionais, áreas de
proteção ambiental ou reservas biológicas. Muitas destas áreas se situam em
regiões cársticas, e em muitos dos casos, o carste em si é o motivo de tais medidas.
A dolina conhecida como Buraco das Araras (Figura 1) enquadra-se neste
quesito, visto que sua beleza e características singulares a tornaram um dos
atrativos turísticos mais visitados na região de Bonito (COMTUR 2008).
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
5
Figura 1. O Buraco das Araras. Foto: Orlando Jacques
A visitação turística deste atrativo é condicionada à Licença de Operação
emitida pela SEMAC/MS e também pelo CECAV. Até 1987 inexistia qualquer
legislação específica sobre cavernas. Neste ano, o Conselho Nacional do Meio
Ambiente - CONAMA, ao aprovar o Programa Nacional de Proteção ao Patrimônio
Espeleológico recomendou (Resolução Nº 05/1987) que fosse incluída na Resolução
CONAMA Nº 01/1986, sobre avaliação de impacto ambiental, a obrigatoriedade de
elaboração de Estudo de Impacto Ambiental - EIA para os empreendimentos
potencialmente lesivos ao Patrimônio Espeleológico Nacional (Boggiani 2007).
A exigência de EIA para o licenciamento ambiental de empreendimentos
turísticos em cavernas, estaria também coerente com o artigo 3º da Resolução
CONAMA 001/86, segundo o qual dependerá também de elaboração de EIA/RIMA,
a ser submetido à aprovação do IBAMA, o licenciamento de atividades que, por lei,
sejam de competência federal, o que é o caso das cavidades naturais subterrânea e
de bens tombados em nível federal (Boggiani 2000).
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
6
A Resolução CONAMA Nº 347/2004 estabelece os procedimentos e usos
para fins de proteção do patrimônio espeleológico, criando um termo de referência
para elaboração de Plano de Manejo Espeleológico/PME (CONAMA 2004), com o
objetivo de subsidiar a tomada de decisão do órgão competente, visando atender a
legislação espeleológica no processo de licenciamento a projetos previstos com
intervenções antrópicas ao uso turístico em cavernas. Tem como alvo também
promover, implementar, supervisionar, orientar, avaliar e disciplinar a execução de
atividades relacionadas ao acesso e ao uso turístico do ambiente cavernícola, bem
como o estabelecimento de critérios visando preservar, proteger e conservar a
cavidade natural subterrânea considerada, de forma a oferecer também meios ao
adequado exercício de atividades pretendidas.
O PME é um instrumento de planejamento para que as intervenções previstas
sejam de menor impacto possível (Marra 1999). Embora a visitação turística na
RPPN Buraco das Araras se dêem fora do ambiente espeleológico, concentra-se,
entretanto em sua área de influência direta. Assim, decidiu-se balizar este Plano de
Manejo por meio do Roteiro Metodológico para Elaboração de Plano de Manejo para
RPPNs (Ferreira et al. 2004), porém seguindo recomendações contidas na
Resolução CONAMA 347/2004.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
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PARTE 1 – INFOMAÇÕES GERAIS
1.1 A FAZENDA ALEGRIA E A RPPN BURACO DAS
ARARAS
Localizada no município de Jardim, extremo sul da Serra da Bodoquena
(sudoeste de Mato Grosso do Sul), a RPPN conhecida como Buraco das Araras fica
na Fazenda Alegria, a 29 km da zona urbana da cidade e 270 km de Campo
Grande, capital do Estado. Fica nos limites da região do Planalto da Bodoquena, a
90 km da fronteira com o Paraguai, dentro do Corredor de Biodiversidade Miranda Serra da Bodoquena (Straube e Urben-Filho 2006, figuras 2 e 3).
Figura 2. Localização da Fazenda Alegria (em rosa, seta) no Planalto da Bodoquena, Mato Grosso do
Sul. Fonte: Coelho et al. (2005)
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
8
Figura 3. Limites do Corredor de Biodiversidade Miranda – Serra da Bodoquena, indicando as sedes
municipais, inclusive do entorno. Fonte: Brambilla e Pellin (2006)
O Planalto da Bodoquena é um importante divisor de águas entre as bacias do
Rio Paraguai (a oeste) e as sub-bacias dos rios Miranda e Apa (a leste), abrigando
nascentes de diversos rios e abastecendo os lençóis freáticos de toda a região
(Boggiani 1999). Compreende inúmeros atrativos naturais, sendo um dos destinos
turísticos mais procurados no Brasil (COMTUR 2008).
Além disso, localiza-se em zona caracterizada por complexa transição
vegetacional e biogeográfica de seus constituintes biológicos (Veloso et al. 1992).
Por tais atributos, alguns locais - em particular adjacentes ao Parque Nacional da
Serra da Bodoquena - foram considerados entre as áreas prioritárias para a
conservação de biodiversidade, nos biomas do cerrado e do Pantanal (MMA 1999),
mas também da mata atlântica (MMA 2000)
Por suas características naturais singulares e grande relevância ecológica, 29
ha da Fazenda Alegria foram transformados em Reserva Particular do Patrimônio
Natural em abril de 2007, perpetuando a conservação da área e estimulando ações
de recuperação ambiental.
1.2 VIAS DE ACESSO
VIA JARDIM: Distante 29 km da sede do município pela Rodovia BR-267,
sentido Jardim a Porto Murtinho. No km 510 pegar acesso à esquerda da rodovia
(seguir orientação das placas) mais 1,6 km em estrada secundária de terra.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
9
VIA BONITO: Dista 54 km da sede do município pelas Rodovias MS-178
(sentido Porto Murtinho) e BR-267 (sentido Jardim).
LINHA DE ÔNIBUS: Viação Cruzeiro do Sul: linha Jardim-Porto Murtinho,
aproximadamente 40 minutos de viagem a partir de Jardim.
TRANSPORTE AÉREO: Pista com 900 metros de comprimento em Jardim.
Figura 4. Mapa de localização e acesso à Fazenda Cabeceira do Prata. Fonte: DNIT (2006)
Figura 5. Mapa ilustrativo da região. Fonte: Buraco das Araras
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
10
1.3 HISTÓRICO DE CRIAÇÃO E ASPECTOS LEGAIS
(texto retirado da Apostila Informativa para Atendentes
de Agências e Operadoras de Turismo, Buraco das Araras, 2007)
Em 1912 o peão Antonio Amaro de Oliveira e mais alguns companheiros de
campo faziam seu trabalho rotineiro de manejo de gado, quando encontraram uma
imensa dolina na Fazenda Costa Rica, no município de Jardim. Devido à presença
de araras e outras aves sobrevoando o local, a dolina logo foi batizada de “Buraco
das Araras”.
No início a preocupação era com o risco do gado cair dentro do imenso
buraco, mas logo um uso mais nefasto foi dado ao lugar. Fazendeiros e bandoleiros
da região, entre eles Silvino Jacques, utilizavam o Buraco para eliminar desafetos,
jogando seus inimigos dentro da dolina para que morressem e nunca fossem
encontrados. Diversas histórias são contadas até hoje sobre fantasmas vingativos
ou pessoas que conseguiram sobreviver e retornar para executar sua vingança.
Nesta época o Buraco das Araras era conhecido como um grande "cemitério ao ar
livre".
Estas histórias e a beleza do lugar atraíram muitas pessoas curiosas e as
visitações ocorriam livremente, sem cuidados ou qualquer outro tipo de controle, e o
Buraco das Araras foi alvo de diversas degradações, como práticas de tiro ao alvo
nas rochas e nas araras, badernas e abandono de muito lixo no local, incluindo
carcaças de carros roubados. Estas ações depredatórias e o desmatamento
acentuado da região fizeram com que as araras, antes abundantes, fossem aos
poucos desaparecendo, abandonando o lugar.
Em 1986 o senhor Modesto Sampaio compra parte da então Fazenda Costa
Rica, rebatizando a nova área como Fazenda Alegria. Seu objetivo era apenas a
exploração pecuária. A área do buraco foi cercada para evitar que o gado caísse
dentro. Mas ainda assim muita gente invadia o local para atos de vandalismo.
A curiosidade das pessoas e dos primeiros turistas que visitavam a região
começou a despertar o interesse do proprietário e sua família para a importância
daquele lugar. Aos poucos foram afastando e impedindo os baderneiros de
alcançarem o Buraco das Araras, diminuindo os impactos de suas ações. Em 1996
os proprietários começaram a promover a recuperação da fauna e a flora,
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
11
replantando mudas nativas e isolando áreas para se regenerar. A mais importante
delas foi a re-introdução de um casal de araras-vermelhas com o objetivo de
incentivar que outras retornassem a freqüentar a dolina.
Em 1997, decidiram promover a limpeza da área, e com o apoio do Exército,
UEMS e Corpo de Bombeiros da cidade de Jardim, foram retirados 03 caminhões de
lixo e entulho do interior do Buraco das Araras.
Em 1998 o Buraco das Araras aparece no Globo Repórter, em matéria sobre
as belezas naturais da região de Bonito. A curiosidade pelo lugar trouxe aos poucos
diversos visitantes, e uma estrutura simples foi montada nas proximidades da dolina
para receber os turistas, cada vez em número maior. Aos poucos as atividades de
pecuária da Fazenda Alegria foram dando lugar para a organização turística, mais
rentável e mais prazerosa para a família, que via seu lugar ser cada vez mais
admirado e respeitado por pessoas de diversos lugares do Brasil e do Mundo.
Em 2000 acontece em Bonito o Encontro para Regulamentação do Uso
Turístico das Cavernas do Planalto da Bodoquena, promovido pelo CECAV/IBAMA.
Diversas medidas de conservação são discutidas durante o evento, e mesmo sem
visitação direta dentro da cavidade espeleológica, a partir de então o Buraco das
Araras fez diversas melhorias em sua estrutura, como adequação do traçado da
trilha, novo receptivo a uma distância maior da dolina, adoção de intervalo
controlado de tempo para os grupos visitarem o local e treinamento de guias e
monitores.
Com a criação da Reserva Particular do Patrimônio Natural Buraco das
Araras através da Portaria Nº 31, de 11 de abril de 2007, firmou-se o compromisso
de conservação e respeito ao meio ambiente, tornando 29 ha protegidos
perpetuamente (Figura 6).
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
12
Figura 6. Fazenda Alegria em Jardim, Mato Grosso do Sul. Fonte: Microsoft Company (2008)
Além do ecoturismo, são desenvolvidos levantamentos e pesquisas sobre
espécies vegetais e animais, bem como o controle e monitoramento dos impactos
ambientais decorrentes da atividade ecoturística. Para auxiliar na recuperação da
vegetação, está sendo implantado um viveiro de mudas nativas. Assim, a RPPN
Buraco das Araras procura cumprir seu papel na conservação ambiental e
motivando proprietários da região a agirem de maneira responsável com relação ao
meio ambiente, estimulando inclusive a criação de novas RPPNs que garantirão a
proteção da biodiversidade.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
13
1.4 FICHA-RESUMO DA RPPN
Nome da RPPN
Data e número do ato legal de criação
Buraco das Araras
Portaria IBAMA Nº 31, de 12 de abril de
2007 (Processo Nº 02014.001505/02-58)
Nome do Imóvel
Logomarca
Fazenda Alegria
Proprietário e representante
Endereço para correspondência
Modesto Sampaio
Telefone
Caixa postal ACF 138
Jardim – MS
CEP: 79240-000
E-mail
(67) 3255-4344 / 9995-2586
[email protected]
Endereço RPPN
Página na Internet
Rodovia BR-267, km 510 – Zona Rural
Jardim - MS – 79240-000
http://www.buracodasararas.tur.br
Município e Estado abrangido
Meio principal de chegada à UC
Jardim, Mato Grosso do Sul
Transporte terrestre (rodovia)
Área da RPPN
Limites e confrontantes
29 ha
NORTE: Fazenda Santa Maria
LESTE: Fazenda Pedacinho de Chão
SUL: Fazendas Pedacinho de Chão e
Oriente
OESTE: Fazendas Oriente e Santa Maria
Área total da propriedade
100 ha
Coordenadas geográficas
Biomas e/ou ecossistemas
Norte: S 21º29’37’’ / W 056º25’08’’
Cerrado, com Savanas Florestada e
Sul: S 21º30’02’’ / W 056º24’58’’
Arborizada e Floresta Perenifólia
Atividades ocorrentes
VISITAÇÃO TURÍSTICA: trilha, contemplação de uma dolina e observação de aves
PESQUISA CIENTÍFICA: levantamentos de fauna e flora anteriores e durante os
inventários para o Plano de Manejo
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
14
PARTE 2 - DIAGNÓSTICO AMBIENTAL
2.1 CARACTERIZAÇÃO DA RPPN
A RPPN Buraco das Araras, com 29 ha, localiza-se na Fazenda Alegria, nas
proximidades do Parque Nacional da Serra da Bodoquena, a cinco quilômetros da
RPPN Fazenda Cabeceira do Prata (Figura 7). Consiste de um fragmento de
cerrado em recuperação, inserido em uma paisagem formada por pastagens, com
possibilidade de conexão com o rio Verde.
Figura 7. Mapa de localização da RPPN Buraco das Araras (BA) e RPPN Fazenda Cabeceira do
Prata (CP), Observa-se o rio da Prata ao norte de CP e o rio Verde ao sul de BA. Jardim, Mato
Grosso do Sul. Fonte: Microsoft Company (2008)
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
15
2.2 CLIMA
O clima da região é caracterizado como Termoxeroquimênico atenuado
“Tropical do Centro Sul de Mato Grosso do Sul”, ou seja, com verões mais chuvosos
e temperaturas elevadas (principalmente entre os meses de dezembro a março),
invernos mais secos, podendo chegar perto de 0°C em algumas madrugadas
(especialmente entre maio e julho). A temperatura média anual é de 22°C.
Apresenta excedente hídrico de 1.200 a 1.400 mm durante sete a oito meses e
deficiência hídrica de 200 a 350 mm durante três meses (Amaral 1989).
Dados pluviométricos são anotados para a RPPN desde o ano de 2005, em
um ponto próximo à sede (Figura 8), permitindo o acompanhamento anual das
variações.
Índice pluviométrico - RPPN Buraco das Araras
1400
2005
Volume (mm)
1200
2006
1000
2007
800
600
400
200
Ag
os
to
Se
te
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O
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0
Mês
Figura 8. Variação pluviométrica entre março de 2005 e dezembro de 2007 para a RPPN Buraco das
Araras. Dados obtidos por leitura de pluviômetro fixo nas proximidades da sede
Para permitir melhor entendimento das variações climáticas anuais da região,
dados obtidos na RPPN Fazenda Cabeceira do Prata, distante apenas cinco
quilômetros da Fazenda Alegria, foram utilizados neste relatório, de modo a permitir
uma observação dos índices pluviométricos a partir de janeiro de 2000 (Figura 9).
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
16
Índice Pluviométrico Anual - RPPNs Buraco das Araras e
Fazenda Cabeceira do Prata - Jardim, MS
1800
1600
RPPN Buraco das
Araras
Volume (mm)
1400
1200
RPPN Fazenda
Cabeceira do Prata
1000
800
600
400
200
0
2002
2003
2004
2005
2006
2007
Ano
Figura 9. Média anual pluviométrica entre 2002 e 2007 para a RPPN Fazenda Cabeceira do Prata,
obtidos por leitura de pluviômetro fixo nas proximidades da entrada da Fazenda, e a partir de 2005
para a RPPN Buraco das Araras
O gráfico acima indica que o ano de 2002 foi excepcionalmente seco, porém
dados de anos anteriores, obtidos em outras localidades da Fazenda Cabeceira do
Prata, mostram índices dentro das médias anuais para a região.
2.3 GEOMORFOLOGIA
O carste é um ambiente bastante peculiar, que desenvolve formas de relevo
únicas como cavernas, espeleotemas, cânions, ressurgências, sumidouros, lapiás.
Dentre estas formas também podemos citar as dolinas (do esloveno, pequeno vale),
depressão no solo característica de relevos cársticos, formada pela dissolução
química de rochas calcárias abaixo da superfície, que posteriormente tem o teto
removido por dissolução ou colapso. Esta feição exocárstica geralmente possui
formato aproximadamente circular e seu diâmetro e profundidade podem variar de
poucos a centenas de metros. Desenvolve-se na zona de absorção das águas e
pode ser inundada por lagoas ou seca e cheia de sedimentos, solo ou vegetação.
O Buraco das Araras é uma grande dolina de abatimento situada em um
campo de dolinas chamado Núcleo Curé. Pouco se conhece do ponto de vista
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
17
geológico e hidrogeológico sobre este campo de dolinas e qualquer iniciativa em
aprimorar os conhecimentos nesta região é de extrema relevância; ainda
considerando que a área em questão é uma zona de recarga de aqüífero cárstico,
sempre muito suscetível a contaminação por agentes poluidores.
Alguns autores consideram toda área do vale do rio Miranda como Unidade
Geomorfológica Depressão Periférica do Miranda (e.g. Almeida 1965) ou Depressão
do Rio Paraguai (Dias 1998), no entanto neste trabalho considera-se a proposta de
Corrêa et al. (1976; 1979). Com base neste trabalho é possível incluir a área da
Fazenda Alegria dentro da Unidade Geomorfológica Baixada Paraguaia, SubUnidade Planalto dos Alcantilados, um pouco ao sul da transição com a SubUnidade Zona Serrana Oriental e a leste da transição da Sub-Unidade Serra da
Bodoquena, sendo influenciada pelas mesmas. Optou-se por esta proposta por
entender que a grande planície arenosa resultante da pediplanação dos arenitos da
Formação Aquidauana forma uma unidade diferente da superfície aplainada nos
micaxistos e filitos do Grupo Cuiabá, área mais ao norte a qual a Unidade
Depressão Periférica do Miranda está restrita, e da área do Pantanal considerada
Unidade Depressão do Rio Paraguai. Foi utilizada também a compartimentação
geomorfológica elaborada por Sallun e Boggiani (2004).
Para contextualizar a área de estudo, além de descrever o Planalto dos
Alcantilados, é interessante dissertar de forma geral da Província Espeleológica da
Serra da Bodoquena.
O Planalto dos Alcantilados é uma feição esculpida nos sedimentos
devonianos e permo-carboníferos da Bacia do Paraná, distribuindo-se segundo
ampla faixa de direção nordeste que se inicia no vale do rio Apa e se estende até o
norte do Estado do Mato Grosso do Sul, além do Município de Coxim (Corrêa et al.
1979).
A leste e a sudeste está em contato com a borda ocidental do Planalto
Basáltico, a oeste com as superfícies peneplanizadas da borda oriental da Zona
Serrana Oriental, e a noroeste destaca-se da subunidade do Pantanal adjacente.
A Província Espeleológica da Serra da Bodoquena se extende por uma área
de cerca de 4.660 km2 (Boggiani 2000), distribuída nas regiões do Planalto da
Bodoquena (esta nomenclatura é utilizada por diversos autores, englobando a SubUnidade Geomorfológica Serra da Bodoquena e a borda ocidental da Sub-Unidade
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
18
Zona Serrana Oriental) e nas morrarias próximas a Corumbá. A área de interesse
para este trabalho é a parte da província situada no Planalto da Bodoquena.
A Serra da Bodoquena é um estreito planalto que apresenta forma alongada,
no sentido norte-sul, com 200 km de comprimento e largura variando de 10 a 70 km,
fazendo parte da unidade geotectônica denominada de Faixa de Dobramentos
Paraguai (Boggiani 2000). Neste planalto as estruturas tectônicas apresentam
direção predominante aproximadamente N-S.
Como esta serra é formada em sua maioria de calcários e dolomitos,
desenvolveu um relevo cárstico muito característico, onde diversas feições podem
ser observadas, tais como: grutas, dolinas, lapiás, sumidouros, ressurgências, entre
outras. Devido a fácil dissolução dos carbonatos, o Planalto da Bodoquena
apresenta uma circulação hídrica subterrânea muito intensa (Gnaspini et al. 1994),
principalmente na região oriental. A influência destas rochas carbonáticas é
marcante na área da RPPN, pela formação da grande dolina de abatimento
denominada Buraco das Araras. Outras feições de relevo cárstico não são
visualizadas na área da Fazenda Alegria, mas podem ser vistas a sudoeste
(sumidouro do córrego Santa Maria) e a noroeste (tufas calcárias do rio da Prata,
inúmeras cavernas e dolinas da Fazenda Santa Maria, Lagoa Misteriosa e Fazenda
Curé e as ressurgências da Fazenda Santa Maria e Cabeceira do Prata). Estas
inúmeras ressurgências e sumidouros demonstram uma ativa drenagem interna na
região.
Conforme compartimentação do carste apresentada por Sallun e Boggiani
(2004) a área de estudo estaria posicionada na unidade PMCG1. A unidade PMCG1
é caracterizada por superfície aplainada com dolinas e desenvolvimento de carste
inter-estratal.
A área da Fazenda Alegria e alguns quilômetros ao entorno é uma superfície
aplainada com cotas em torno de 340 metros. Estas cotas diminuem gradativamente
em direção as áreas de drenagem do rio Verde a leste, sudeste e sul e do rio da
Prata a Norte e Noroeste, chegando a altitudes menores de 300 metros nas calhas
dos rios (Figura 10).
As variações de altitude dentro da Fazenda e entorno são mínimas e não
devem passar de uma ou duas dezenas de metros, demonstrando o grande
aplainamento da superfície. Existem alguns morros apenas em um raio maior a 5
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
19
km, a noroeste e a sudoeste, porém com variações de altitude que não ultrapassam
cinqüenta metros. Em direção à noroeste, na área da Fazenda Santa Maria, os
morros residuais são formados provavelmente pelos calcários e dolomitos da
Formação Bocaina. Já a sudoeste os morros são formados por rochas mais
resistentes da própria Formação Aquidauana.
Figura 10. Mapa topográfico da área da Fazenda Alegria. A seta preta indica a localização
aproximada da dolina Buraco das Araras
2.4 HIDROGRAFIA
A área em questão está situada próximo ao rio Verde, na Micro-bacia do Rio
da Prata, Sub-bacia Hidrográfica do Rio Miranda (BHRM), que faz parte da Bacia do
Rio Paraguai (área de 1.095.000 km2) que, junto à Bacia do Rio Paraná (área de
1.510.000 km2) e à Bacia do Rio Uruguai (área de 365.000 km2), constitui o sistema
fluvial do Rio da Prata (de aproximadamente 3.190.000 km2), que se estende por
territórios do Brasil, da Bolívia, do Paraguai, do Uruguai e da Argentina (CIDEMA
2003).
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
20
A BHRM envolve o território de 23 municípios do Estado de Mato Grosso do
Sul (MS), abrangendo uma área física de 44,740.50 km2, o que representa cerca de
12% da área física sul-mato-grossense (CIDEMA 2003). Mais de 90% da área do
Município de Jardim está dentro da Bacia do Rio Miranda.
No município de Jardim os principais afluentes do rio Miranda são o rio Santo
Antônio, que nasce no planalto de Maracajú-Campo Grande, desaguando na
margem direita, e o rio da Prata, que nasce na Serra da Bodoquena, desaguando na
margem esquerda. O Buraco das Araras se situa a aproximadamente 2,5 km da
margem esquerda do rio Verde e a aproximadamente 7 km da margem direita do rio
da Prata.
A drenagem do rio Verde, rio mais próximo da área de estudo, é dendrítica
em sua maior parte, demonstrando grande independência em relação às estruturas
tecntônicas, devido a grande espessura da cobertura do Arenito Aquidauana. Porém
os três afluentes da margem esquerda (sudoeste da Fazenda Alegria), incluindo o
córrego Santa Maria (onde existe uma dolina com sumidouro), possuem direção
principal noroeste, refletindo o lineamento da região.
Através de observação do Mapa Municipal Estatístico elaborado pelo IBGE
objetivando a coleta do Censo 2000 (Figura 11) que apresenta a hidrografia, é
possível observar que toda a área onde se situam as Fazendas Alegria, Santa
Maria, Lagoa Misteriosa, Cabeceira do Prata, Nevasla, Águas do Prata e outras
propriedades a oeste e noroeste apresentam uma drenagem superficial muito pobre,
com pouquíssimos cursos de rios e córregos quando comparadas com as áreas das
fazendas mais a sul e leste e nordeste da propriedadeFazenda.
Isto denota uma drenagem subterrânea bem desenvolvida, mesmo em áreas
recobertas pelo Arenito Aquidauana, devido ao espesso pacote de rochas calcárias
do Grupo Corumbá situado abaixo da camada arenítica. Esta imensa área com
pouquíssima drenagem superficial é uma zona de recarga do aqüífero cárstico, o
que é evidenciado pelas inúmeras dolinas presentes e pelo sumidouro do córrego
Santa Maria (Figura 12).
As direções do fluxo das drenagens subterrâneas ainda não são conhecidas,
porém o alinhamento de um grande número de dolinas e cavernas na região em
direção noroeste-sudeste (Figura 13) aponta para um sistema de condutos cársticos
em profundidade, como já comentado por Sallun (2004).
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
21
Figura 11. Mapa Hidrográfico de parte dos municípios de Jardim (em verde), Bonito (em branco,
acima) e Bela Vista (em branco, abaixo). A seta indica a localização do Buraco das Araras.
Modificado do mapa do IBGE/Censo-2000 (IBGE 2008)
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
22
a
b
Figura 12. Aspecto do Sumidouro do córrego Santa Maria. Fotos: Sandro Scheffer
Figura 13. Localização aproximada de algumas feições cársticas na região de estudo. Em verde:
cavernas; em azul: ressurgências; em vermelho: dolinas. Fonte: Microsoft Company (2008)
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
23
2.5 SOLOS
Conforme o Mapa Exploratório de Solos do Projeto RadamBrasil (Macedo
1982) o tipo de solo da área da Fazenda Alegria é o Latossolo Vermelho-Escuro
álico com textura média em terreno plano levemente ondulado com alguns locais
onde este latossolo contém uma textura mais argilosa.
Nas áreas a sul e oeste da fazenda começam a ocorrer os solos do tipo
Podzólico Vermelho-Amarelo distrófico, tendo características de solo com argila de
atividade baixa, abrúptico, com textura arenosa média também em relevo plano
suavemente ondulado.
Os solos Latossolo Vermelho-Escuro álico compreendem solos minerais, não
hidromórficos, identificados pela presença de horizonte latossólico, com teores de
Fe 2 O 3 entre 9 e 18% para textura argilosa (Macedo 1982). Ainda segundo este
autor, estes são solos muito profundos, acentuadamente drenados, muito porosos e
permeáveis, com avançado estágio de intemperização e processo intensivo de
lixiviação,
estando
praticamente
ausentes
minerais
pouco
resistentes
ao
intemperismo, tendo seqüência de horizontes A, B e C com pouca diferenciação
entre os suborizontes.
O solo Podzólico Vermelho-Amarelo distrófico possui saturação de bases
inferior a 50% e a de alumínio superior a 50%, com horizonte A moderado,
sobrejacente ao B textural, com predominância de argilas do tipo 1:1 (Macedo 1982).
De modo geral a relação textural é alta, sendo comum o caráter abrúptico, ocorrendo
ainda em perfis a presença de cascalho no horizonte Bt.
Em toda área, portanto, o solo é
francamente
formado
arenoso,
quase
muito
friável,
exclusivamente
de
minerais resistentes ao intemperismo,
tendo como composição predominante
grãos de quartzo, sendo muito suscetível
aos processos erosivos (Figura 14).
Figura 14. Aspecto do solo encontrado na
Fazenda Alegria. Foto: Tietta Pivatto
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
24
2.5.1 GEOLOGIA
Existe na região sudoeste de Mato Grosso do Sul uma série de divergências
com relação à estratigrafia das rochas do grupo Jacadigo, Corumbá e Cuiabá 1.
Talvez a maior destas divergências esteja relacionada com as rochas
existentes na Zona Serrana Oriental, que ao sul mergulham sob a Formação
Aquidauana. Dizem respeito à ocorrência ou não da Formação Tamengo e
Guaicurus na região do Planalto da Bodoquena. Para muitos as rochas destas duas
formações, na Zona Serrana Oriental, na verdade fariam parte do Grupo Cuiabá.
No presente trabalho, no entanto, foi adotada a proposta de Almeida (1965),
na qual as rochas do Grupo Cuiabá possuem uma menor distribuição geográfica e
são essencialmente detríticas (Figuras 15 e 16). Esta proposta é corroborada por
trabalhos recentes na área (Boggiani 1998; 2004).
Figura 15. Mapa geológico de parte da região sudoeste do Mato Grosso do Sul. A estrela vermelha
indica a localização da dolina Buraco das Araras. Modificado de CPRM (2004) com base no trabalho
de Almeida (1965)
1
Este capítulo, principalmente a parte de revisão bibliográfica, está embasada no levantamento paleontológico de parte da
região sudoeste do estado do Mato Grosso de Sul realizado por Scheffler (2006), para o Projeto Corredor de Biodiversidade
Miranda-Serra da Bodoquena e no capítulo de Geologia do Relatório Parcial do Plano de Manejo da Lagoa Misteriosa
(Scheffler 2007).
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
25
Figura 16. Coluna estratigráfica apresentando as idades e relações das rochas presentes no
sudoeste do estado. As cores e siglas se referem ao mapa geológico da figura 17. Modificado de
CPRM (2004)
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
26
Na área em estudo, as rochas carbonáticas não estão visíveis, mas são
evidenciadas pela formação da gigantesca dolina de abatimento localizada no
interior da RPPN. Estas rochas podem pertencer, conforme proposta que esta sendo
seguida no trabalho, a duas unidades distintas do Grupo Corumbá: Formação
Bocaina ou Formação Tamengo. Toda a área da fazenda possui aproximadamente a
mesma cota, em torno de 340 m, em areias oriundas da Formação Aquidauna.
Segue uma descrição do Grupo Corumbá (formações Bocaina e Tamengo) e
da Formação Aquidauana. Posteriormente, é apresentado um capítulo com
considerações geológicas sobre a área da Fazenda Alegria e fazendas vizinhas.
Bacia Corumbá
Almeida (1965) é o trabalho clássico que fundamentou as pesquisas de
geologia na Serra da Bodoquena e arredores. O autor assumiu a prioridade do nome
Corumbá para as rochas carbonatadas de Corumbá e região da Bodoquena,
designando-as de Grupo Corumbá. Dividiu o Grupo Corumbá em quatro formações,
da base para o topo: Formação Cerradinho, Formação Bocaina, Formação Tamengo
e Formação Guaicurus. Apesar de reconhecer sedimentos da Formação Puga e da
Formação Cadiueus na Serra da Bodoquena, não as inclui no Grupo Corumbá.
Diversos autores que trabalharam na região apresentam opinião diferente de
Almeida (1965), principalmente na Serra da Bodoquena (Corrêa et al. 1976, 1979;
Maciel 1959; Del’Arco et al. 1982; Araújo et al. 1982; Godoi et al. 1999), onde os
principais pontos polêmicos é a inclusão ou não das Formação Puga e Cadiueus no
Grupo Corumbá e, o ponto que mais nos interessa no momento, a inclusão das
rochas descritas como Formação Tamengo e Guaicurus nesta região no Grupo
Corumbá ou Cuiabá.
No presente trabalho, assume-se a distribuição e seqüência estratigráfica do
Grupo Corumbá como proposto por Almeida (1965), incluindo-se apenas a
Formação Cadiueus como unidade basal deste grupo, conforme proposto por
Boggiani (1998) e reiterado por Boggiani (2004). Portanto da base para o topo, em
ordem de deposição dos sedimentos, podemos definir o Grupo Corumbá como
dividido nas seguintes unidades litológicas: Formação Cadiueus, Formação
Cerradinho, Formação Bocaina, Formação Tamengo, Formação Guaicurus (Figura
17).
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
27
nível domar
baixo
Faixa de Dobramentos Paraguai
F a s e drift
cobertura cratônica
Superfície de Aplainamento Pedra Branca
F a s e rift
GRUPO CORUM BÁ
alto
Figura 17. Carta estratigráfica do Grupo Corumbá, apresentando a variação do nível do mar no
sudoeste do Mato Grosso do Sul no final do Proterozóico. Fonte: Boggiani (2004)
Segundo Boggiani (2004), o Grupo Corumbá é “representado por sucessão
de aproximadamente 700 m de espessura, tendo na base conglomerados, arenitos e
pelitos (formações Cadiueus e Cerradinho) depositados em bacia confinada e
limitada por falhas. Estas unidades constituem depósitos de fan-delta, com
sedimentação posterior ou até mesmo concomitante à glaciação Varanger
representada pela Formação Puga (Maciel 1959). Sobre estes sedimentos e sobre o
embasamento gnáissico-granítico aplainado (Superfície de Aplainamento Pedra
Branca), ocorrem dolomitos associados a ocorrências de rochas fosfáticas da
Formação Bocaina, sendo que esta unidade teria se originado sob condições de
águas rasas, propícias à proliferação de vida microbiana e desenvolvimento de
estromatólitos. Regressão marinha subseqüente promoveu a erosão de parte destes
sedimentos e deposição de brecha intraformacional, na base de talude desenvolvido
na borda cratônica. Sobre estes depósitos, calcários e folhelhos carbonosos da
Formação Tamengo foram sedimentados, sob condições transgressivas, com
registro dos fósseis Cloudina e Corumbella, recobertos pelos folhelhos da Formação
Guaicurus. Ambas unidades superiores apresentam características de deposição
sob condições oceânicas”.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
28
Na coluna estratigráfica da Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo (CPRM
2004) o Grupo Corumbá é posicionado no final do Neoproterozóico III. Esta idade é
corroborada pelo trabalho de Kawashita (1996) que através da análise de 87Sr/86Sr
estima idades de 560 (±10) M.A. para o Grupo.
Formação Bocaina
Almeida (1965) estudando o Grupo Corumbá na Serra da Bodoquena
comentou que a Formação Bocaina suporta a maioria dos morros da Zona Serrana
Oriental, praticamente toda a borda montanhosa oriental do Planalto da Bodoquena
e vastas extensões de seu interior, sobretudo no setor norte.
Nestas áreas é possível observar inúmeras feições cársticas, como cavernas,
sumidouros, ressurgências, canions, entre outras, devido à natureza essencialmente
carbonática desta formação.
Para Almeida (1965) a Formação Bocaina é essencialmente dolomítica,
sendo que estes dolomitos “apresentam-se geralmente como rochas maciças, de
granulação muito fina e coloração cinza claro, embora possam ser escuros, ou
quase brancos com manchas cinzentas, ou ainda, raramente rosados. Sua
estratificação, em geral pouco distinta, mostra-se em estratos plano-paralelos,
espessos de decímetros a metros, com laminação interna pouco visível. Como
estruturas sedimentares singenéticas vêem-se estratificação cruzada, estruturas
oolíticas e estromatólitos de tipo Collenia...”.
Almeida (1945) considera que podem existir dolomitos arenosos, com
grânulos de quartzo ou rocha carbonatada, e que em raras vezes é possível
observar folhelhos calcíticos, que ocorrem com mais freqüência nos horizontes mais
baixos da formação.
Conforme Araújo et al. (1982), seguindo de oeste para leste na Serra da
Bodoquena as rochas se enriquecem em MgO, dando origem a dolomitos típicos,
como os que ocorrem nos arredores da cidade de Bonito. Estes dolomitos são
rochas compactas com estratificação planar grosseira, bastante silicificadas, cores
claras, venuladas por calcita, localmente brechadas (Araújo et al. 1982).
Estudos
petrográficos
realizados
por
Godoi
et
al.
(1999)
indicam
metamorfismo de baixo grau para os litótipos localizados em zonas de falha, sendo
que os processos diagenéticos que atuaram consistem em intensa recristalização,
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
29
dolomitização e silicificação, corrosão intensa das bordas dos grãos de quartzo e
microestilolitização.
Para Almeida (1965) o espesso pacote de dolomitos é resultado da
precipitação de carbonatos em águas rasas, sobretudo pela ação de microrganismos
e algas, após a transgressão que ocorreu na Formação Cerradinho. Esta atividade
biológica ocorreria em mares epicontinentais de clima quente, não muito afastado da
costa (Almeida 1945). Segundo este autor, a Bacia Corumbá nesse momento sofria
lenta e uniforme subsidência, sendo as condições tectônicas favoráveis ao acúmulo
de grandes volumes de carbonato, quase sem material detrítico. Já para o topo da
Formação parece haver uma pequena regressão marinha, atestada pela presença
de espessas camadas com estromatólitos, seguidas por dolomitos arenosos, com
muitos grãos de quartzo, e conglomerados com fragmentos de dolomito, além de
ocorrer dolomito oolítico (Almeida 1965).
A Formação Bocaina é colocada no Proterozóico final por estar posicionada,
em contato gradacional, abaixo da Formação Tamengo, considerada como
Proterozóico final, pela presença de Cloudina lucianoi.
Formação Tamengo
Almeida (1965) descreve pela primeira vez a Formação Tamengo para a
Serra da Bodoquena como ocorrendo exclusivamente no flanco oriental, sempre
participando dos intensos dobramentos que ocorrem na região. O autor caracterizou
a Formação Tamengo como formada por um conjunto de ardósias, filitos e
quartzitos, alternados com espessas camadas de calcários, podendo atingir uma
espessura de 1.200 m. Para a região de Corumbá, no entanto, Del’Arco et al. (1982)
cita com base em Almeida (1945) e levantamentos de campo uma espessura em
torno de 200 m.
Conforme Godoi et al. (1999), os litótipos desta formação constituem uma
sequência “carbonática-terrígena”, na qual os calcários predominam, ocorrendo
subordinadamente folhelhos, siltitos e arenitos, além de brechas carbonáticas de
origem sedimentar e/ou tectônica.
A formação se inicia freqüentemente, conforme Almeida (1965), com um
membro arenítico basal que repousa sobre os dolomitos da Formação Bocaina, mas
pode iniciar com ardósias ou calcários, predominando em toda a espessura
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
30
alternância de membros calcários e ardósias, ou filitos. As rochas de origem detrítica
apresentam baixo metamorfismo, enquanto que nos cálcarios esse efeito é pouco
perceptível (Almeida 1965).
De acordo com Almeida (1965), as ardósias e filitos que se intercalam nas
camadas calcárias da formação quando frescos, ou pouco alterados, tem cor cinza
pálido ou cinza esverdeado, com estratificação plano-paralela muito regular, porém
mal distinta, sendo que os planos de xistosidade e clivagem raramente coincidem
com as camadas, mas costumam apresentar direção comum.
Os calcários, que são as rochas mais típicas da formação, conforme Almeida
(1965), “apresentam-se como rochas maciças, de cor cinza escuro, quase negras às
vezes, quando em fratura fresca, mas nas superfícies... apresentam característica
cor cinza azulado médio. Têm estrutura cristalina bem fina, uniforme, mas podem
exibir estrutura oolítica. Sua estratificação geralmente só se torna nítida nas grandes
exposições, quando se apresenta plano-paralela, como alternância de lâminas e
estratos decimétricos, que às vezes se separam por material de origem argilosa,
sericitizado... Na superfície das camadas podem perceber-se marcas simétricas de
ondas. Freqüentemente são muito fraturados, atravessados de numerosos veios de
calcita ou quartzo leitoso, ou ainda exibem estrutura brechóide autoclástica, em
zonas com dezenas de metros de espessura”.
Conforme Almeida (1965), as condições tectônicas relativamente calmas que
existiam durante a deposição da Formação Bocaina se modificaram e começaram a
favorecer o afluxo periódico de apreciáveis volumes de material detrítico de
procedência terrígena, o que impediu a dolomitização dos calcários. Conforme
Almeida (1945) esta deposição ocorreu principalmente em ambiente litorâneo, com
fácies deltaicas e parálicas.
Segundo Almeida (1945), “a sedimentação processava-se em ambiente
redutor, pelo que reteve grande parte da matéria orgânica, hoje representada pela
grafita de seus calcários e metassedimentos pelíticos. O aumento do tectonismo
bem se reflete na repetição cíclica de calcários e sedimentos detríticos não
carbonatados, na grande espessura total e no caráter feldspático de alguns
arenitos”.
Conforme Godoi et al. (1999), as oscilações do nível do mar e/ou tectônicas
eram pronunciadas, resultando situações de inframaré, até exposição subaérea.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
31
A Formação Tamengo é posicionada no Proterozóico final, idade apontada
por diversos estudos paleontológicos, como Fairchild (1978) e Fairchild e Sundaram
(1981, apud Del’Arco et al. 1982), entre outros.
Bacia do Paraná
A bacia sedimentar do Paraná é a maior Bacia intracratônica brasileira e está
situada no centro-leste da América do Sul, abrangendo uma área de 1.600.000 km2,
dos quais 1.000.000 km2 situados em território brasileiro, 400.000 km2 em território
argentino, 100.000 km2 em território uruguaio e 100.000 km2 em território paraguaio
(Schneider et al. 1974; Petri e Fúlfaro 1983). A maior parte dos estados de São
Paulo, Paraná e Santa Catarina (regiões central e ocidental) e Rio Grande do Sul
(regiões norte, central e ocidental) e parte dos estados de Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás estão situados nesta bacia.
Devido a aspectos inerentes ao seu posicionamento geotectônico atual e a
suas características tectono-sedimentares, é considerada uma típica bacia
intracratônica (Milani e Ramos 1998). Originada como um golfo aberto para o
Panthalassa, tornou-se com o tempo uma depressão intracratônica, através do
crescimento da litosfera continental ao longo da margem sul do Gondwana (Milani e
Ramos 1998).
Conforme Milani e Ramos (1998) a Bacia do Paraná evoluiu durante o
Paleozóico e o Mesozóico e abriga um registro estratigráfico temporalmente
posicionado entre o Neo-Ordoviciano e o Neocretáceo, documentando assim quase
400 milhões de anos da história geológica fanerozóica dessa região do planeta. O
registro sedimentar preservado da bacia é compreendido por um conjunto de
superseqüências (sensu Vail et al. 1977 apud Bergamaschi 1999) distribuídas
descontinuamente que não ilustram toda esta extensão cronológica, mas uma
grande parcela deste tempo geológico corresponde a lacunas entre as seqüências e
também a hiatos intra-seqüências (Bergamaschi 1999).
No presente trabalho nos interessa a terceira superseqüência da Bacia do
Paraná, que apresenta registro do Carbonífero ao Triássico, englobando a
Formação Aquidauana.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
32
Formação Aquidauana
Conforme Beurlen (1956), a primeira menção aos sedimentos desta formação
foi feita por Orville Derby, em 1890, que os correlacionou à seqüência gondwanica
do leste do Paraná. Posteriormente Arrojado Lisboa, em 1909, cunhou o termo
“Arenito Aquidauna” para designar um conjunto de sedimentos vermelhos dispostos
no vale do Rio Aquidauana (Del’Arco et al. 1982; Araújo et al. 1982; Beurlen 1956).
Beurlen (1956) estudando os Arenitos Aquidauana em Mato Grosso do Sul,
reconhece diversas evidências em favor de uma origem glacial (várias camadas de
tilitos e morainas) e correlaciona a Série Aquidauana com o Grupo Itararé,
rebaixando a idade deste pacote como formado, no máximo, no final do
Pensilvaniano.
Anos mais tarde, o termo Série Aquidauana foi substituído pelo termo
Formação Aquidauana, introduzido por Gonçalves e Schneider (1970, apud Del’Arco
et al. 1982).
Corrêa et al. (1976, 1979) dividiram a Formação Aquidauna em três unidades
litoestratigráficas, que mergulham suavemente para o centro da bacia. Porém, para
Del’Arco et al. (1982) a Formação Aquidauana é bastante espessa, chegando a
apresentar até aproximadamente 700 metros, não podendo ser dividida em unidades
litológicas menores devido a grande variação faciológica vertical e horizontal.
Conforme Del’Arco et al. (1982) a Formação Aquidauana: “é composta
predominantemente
por
sedimentos
arenosos
vermelho-arroxeados
a
avermelhados, com intercalações subordinadas de siltitos, folhelhos, conglomerados
e diamictitos... O conjunto inferior é constituído por arenitos vermelho-arroxeados, as
vezes esbranquiçados ou avermelhados, médios a grosseiros, feldspáticos, com
níveis conglomeráticos... e com intercalções subordinadas de siltitos e diamictitos
finos. Os
arenitos mostram
estratificação
cruzada
acanalada,
composição
predominantemente quartzosa, com grãos angulosos a subarredondados... O
conjunto médio é composto sobretudo por siltitos finamente estratificados, vermelhoarroxeados ou vermelho-tijolo e secundariamente por arenitos arcoseanos, folhelhos
cinza a cinza-esverdeado... e bolsões de lentes de diamictitos vermelhos. Os
diamictitos são constituídos por grãos grosseiros, seixos, blocos e matacões de
forma e
composição
variadas, angulosos
a
subarredondados, distribuídos
caoticamente em matriz síltico-argilosa, as vezes síltico-arenosa... No conjunto
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
33
superior predominam novamente sedimentos arenosos, vermelho-arroxeados, só
que de granulação mais fina e melhor selecionados. Apresentam estratificação
plano-paralela evidenciada por alternância de camadas delgadas de siltitos ou de
níveis mais grosseiros e estratificação cruzada.”
De acordo com Petri e Fúlfaro (1983) o Mato Grosso do Sul é o estado onde
mais ocorrem os diamictitos nesta formação, compondo 11 a 33% das litologias,
possuindo menor freqüência de estratificações cruzadas e menor quantidade de
argila que as rochas que ocorrem no estados de Mato Grosso e Goiás.
Conforme Del’Arco et al. (1982), o ambiente de deposição seria continental,
onde sistemas fluviais e lacustres seriam os principais responsáveis pela formação
deste pacote sedimentar. A deposição intercalada de clásticos grosseiros
(diamectitos, arenitos grosseiros e conglomeráticos) e finos (siltitos, argilitos e
arenitos finos) seria criada por cones de dejeção. Conforme os autores acima
citados ocorreriam contribuições glaciais localizadas, assinaladas pelos lamitos
conglomeráticos, sendo que os melhores registros glaciais e interglaciais estariam
na borda oriental da bacia.
Conforme Gonçalves e Schneider (1970, apud Del’Arco et al. 1982), Daemon
e Quadros, em 1967, encontraram microfósseis no Estado de Mato Grosso que
permitiram atribuir uma idade situada no Carbonífero final; estes fósseis foram
identificados com Samarisporites, Maranhites, Calyptosposporytes, Rhobdosporites
e Tasmanites. Com base nesta identificação e na opinião de outros autores,
Del’Arco et al. (1982) considera que a formação Aquidauna foi depositada entre o
Carbonífero final e o Permiano inicial (Westphaliano-Artinskiano). A idade também é
aceita na Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo (CPRM 2004).
2.5.2 A GEOLOGIA DO BURACO DAS ARARAS E SEU ENTORNO
A RPPN Buraco das Araras está localizada no campo de dolinas, descrito por
Lino et al. (1984). Este campo de dolinas está situado no Núcleo Curé (Lino et al.
1984) que apresenta, além do Buraco das Araras, as cavidades do Coqueiro X,
Gruta do Curé, Gruta do Cateto, Gruta Santa Maria, Gruta do Vale do Prata, Gruta
Dona Matilde, Lagoa Misteriosa e várias dolinas menores (ver figura 13).
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
34
Neste Campo de Dolinas, as cavidades se formam nos calcários dolomíticos e
calcíticos do Grupo Corumbá, que são em sua maior parte recobertos pelos arenitos
permo-carboníferos da Formação Aquidauana.
A maior concentração de dolinas se situa na Fazenda Santa Maria e seus
arredores, principalmente a norte, sul e oeste da cavidade Lagoa Misteriosa. A leste
da Lagoa Misteriosa, as dolinas se tornam mais raras e dificilmente são
encontradas; exceção a esta regra é justamente o Buraco das Araras, situado a
aproximadamente 6 km a sudeste da mesma.
Na área da Lagoa Misteriosa a capa de arenito acima das rochas calcáreas
apresenta espessura em torno de 10 metros. Esta camada de arenito tende a
adelgaçar para oeste e noroeste, e tende a se tornar mais espessa para leste e
sudeste. Este espessamento é bastante considerável, tanto que na dolina Buraco
das Araras, a camada do Arenito Aquidauana que recobre as rochas calcárias chega
a uma espessura de mais de 100 metros.
Este mergulho das rochas calcárias sob o Arenito Aquidauana, com seu
conseqüente espessamento, é a razão da diminuição do número de dolinas para
leste/sudeste, pois somente grandes cavidades geradas no calcário são capazes de
provocar o abatimento da rocha sobreposta.
O Buraco das Araras possui em torno de 100 metros de profundidade e sua
forma é elíptica, com eixo maior na direção aproximada N50W, medindo 125 metros
e eixo menor na direção N30E, medindo 70 metros (Lino et al. 1984). Em seu interior
existe um lago que, conforme os proprietários, não sofre mudança sazonal (apenas
em grandes chuvas ocorre uma ligeira subida do seu nível, voltando logo ao normal),
sofrendo variação de subida e descida que demoram vários anos, refletindo o nível
do lençol.
Os imensos paredões da cavidade são formados por camadas tabulares
decimétricas a métricas de arenitos avermelhados, intercalados com lentes de
conglomerados. A base da parede SE começa com vários metros de arenito médio a
fino, com matriz síltico-argilosa, bastante silicificada e pouco friável. Estes arenitos
possuem grãos angulosos a sub-arredondados, levemente selecionados, não sendo
encontrado grânulos, organizado na forma de camadas decimétricas a métricas.
Alguns metros acima da base podem aparecer camadas centimétricas intercaladas
(Figura 18A).
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
35
Depois de mais de uma dezena de metros começam a se intercalar camadas
decimétricas de arenitos mais grosso, mal selecionados e com grãos angulosos a
levemente arredondados, apresentando pequenos clastos (grânulos e pequenos
seixos), sendo estas camadas muito friáveis (Figura 18D). Estratificações cruzadas
de médio e pequeno porte são comuns nestes níveis (Figura 18I). Também se
intercalam camadas decimétricas de arenito fino bem selecionado, porém às vezes
apresentando grânulos milimétricos.
Logo acima começam a surgir lentes de conglomerado matriz suportado,
formados por areia grossa, grânulos e clastos arredondados de até 2 cm (Figura
18F). Estes clastos podem ser de arenito fino ou grosso retrabalhado da própria
formação ou de quartzito provavelmente originado das rochas proterozóicas. Nestas
camadas mais grosseiras ocorrem grãos de feldspato caolinizado. A primeira lente
de conglomerado da face leste/sudeste ocorre a uns 15 a 20 metros da base
exposta do paredão, apresentando em torno de 10 metros de comprimento e 1
metro de maior espessura (Figura 18J). Nestes níveis conglomeráticos ou de arenito
bem grosseiro (às vezes de coloração mais esbranquiçada) é freqüente encontrar
superfícies erosivas em sua base, explicando a presença de clastos de arenito
dentro das camadas.
São nos níveis mais grosseiros e friáveis, mais suscetíveis ao intemperismo e
mais fáceis de serem escavados, que as araras e outros animais, como roedores,
fazem seus ninhos (Figuras 18B, H e M).
As mesmas litologias acima descritas também foram encontradas no córrego
Santa Maria e em seu sumidouro, outra grande dolina de abatimento, distante 3 a 4
km a sudoeste do Buraco das Araras. Tanto no córrego quanto na dolina estão
presentes arenitos médios a grossos, muitos exibindo estratificações cruzadas de
médio porte (Figura 18F). Também estão presentes conglomerados matriz
suportados, formados por areia grossa, grãos e clastos arredondados de arenito e
de quartzo (Figura 18G).
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
36
Figura 18. A: arenito fino da base do paredão SE do Buraco das Araras; B e D: buraco utilizado por
roedores e arenito grosso do paredão SE do Buraco das Araras; C: falha de direção NW do Buraco
das Araras; E: arenito com estratificação cruzada da dolina do córrego Santa Maria; F e J: detalhe e
vista geral da primeira lente de conglomerado do paredão SE do Buraco das Araras; H e L:
escavação e detalhe do arenito grosso a aproximadamente 30 metros de altura no paredão SE do
Buraco das Araras; I: estratificação cruzada a aproximadamente 60 metros de altura do paredão SE
do Buraco da Araras; M: nível de arenito mais grosso e friável utilizado pelas araras para construção
de seus ninhos; G: conglomerado do leito do córrego Santa Maria, possível diamectito. Foto: Sandro
Scheffer
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
37
O rio desaparece na grande dolina, que apresenta em torno 70 metros de
comprimento, 50 metros de largura, e cerca de 30 metros de profundidade. O eixo
de maior desenvolvimento parece orientado N10-20W. Assim como no Buraco das
Araras, a rocha carbonatada não está visível no fundo da dolina. A presença deste
sumidouro demonstra que, a exemplo da área mais ao norte, próxima a Lagoa
Misteriosa, o carste ainda está ativo (Lino et al. 1984; Scheffler 2007).
Estes depósitos sedimentares são semelhantes aos descritos por outros
autores para a parte inferior da formação, tais comos Mühlmann et al. (1974 apud
Araújo et al. 1982) e Corrêa et al. (1976). No entanto, não são comuns os depósitos
de influência glacial citados pelos mesmos.
Estas litologias encontradas em toda a área são interpretadas como
originadas por sistemas fluviais, podendo estar associados a sistemas lacustres. A
cor vermelha dos arenitos indica que foram depositados em ambiente altamente
oxidante, com abundância em oxigênio livre. Os arenitos grosseiros com
estratificação cruzada podem estar representando os diques marginais ou leques
aluviais, os arenitos mais finos seriam a parte proximal da planície de inundação ou
mesmo partes mais distais dos leques e os conglomerados representariam canais
de rios cortando os outros depósitos. A geometria de lente e a base erosiva
apresentada nestas camadas apóiam esta interpretação. No Buraco das Araras não
foram encontrados depósitos que indicassem influência glacial como apontado por
diversos autores para a formação em sua parte mais ao sul do Estado. No entanto,
alguns conglomerados encontrados no leito do córrego Santa Maria parecem
apresentar influência glacial. Estudos estratigráficos e de estruturas sedimentares
são necessários para elucidar exatamente o ambiente deposicional dos litótipos
encontrados.
Todo o solo da Fazenda Alegria e entorno é formado de areia oriunda da
intemperização do arenito da Formação Aquidauana, porém em algumas áreas,
principalmente as mais rebaixadas, ocorrem cascalheiras formadas por clastos de
quartzo arredondados de até 10 cm de diâmetro. Estas cascalheiras são depósitos
residuais, nos quais os clastos são oriundos dos níveis conglomeráticos. Neste
mesmo ponto foi encontrado “pedra canga”, mostrando a existência de
concentrações lateríticas ferruginosas.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
38
No Buraco das Araras o acamamento do arenito é subhorizontal de planos de
direção aproximada N-S, com mergulhos leves (2 a 10 graus) para SW-WNW.
Algumas medidas foram retiradas da face Leste/Sudeste (N10W/10W; N06W/02W;
N28E/10NW; N53W/08SW), inclusive a aproximadamente 30 metros de altura
(N12E/07W), no meio do paredão, indicando que o mergulho parece ser
relativamente constante em todo o pacote.
Estas camadas de arenitos são cortadas, conforme Lino et al. (1984), por três
sistemas de fraturas N30-50W, N60-70E e N30-40E, que coincidem com o maior e o
menor eixo da cavidade. Foram medidas falhas do primeiro e do terceiro sistema,
todas verticais a sub-verticais, sendo que as falhas mais abundantes estão
relacionadas ao sistema N30-50W, responsável pelo maior desenvolvimento da
cavidade nesta direção (Figura 20C). Foram retiradas medidas da face leste/sudeste
(N51W/82NE; N42W/88NE; N43W/67NE; N50W/66SW; N30W/72SW; N38E/85NW;
N44E/80NW), e no meio do paredão, a aproximadamente 40 metros (N60W/60SW)
e 70 metros de altura (N32W/84NE).
Apesar dos carbonatos não serem visualizados, a sua presença pode ser
inferida em sub-superfície, pois o desenvolvimento deste tipo de cavidade exige a
presença de rocha muito solúvel. Segundo Lino et al. (1984), esta depressão
constitui um afundamento do terreno, com rocha exposta nas paredes verticais, do
tipo dolina de abatimento ou dolina de colapso. A gênese desta cavidade começou
com a dissolução da rocha calcária em sub-superfície principalmente pela água do
lençol freático (fase freática) e em menor grau por percolação da água da chuva
através dos sistemas de fraturas, em sua maioria orientadas NW. Depois que um
imenso salão se formou houve um rebaixamento relativo no nível do lençol freático.
A pressão da água fornece sustentação aos blocos do teto da cavidade e quando
esta é retirada ocorre o processo de incasão com conseqüente abatimento dos
grandes blocos, formando a imensa depressão (fase vadosa). É provável que na
época em que ocorreu o processo de incasão o nível relativo do lençol deveria estar
mais baixo do que atualmente, pois para que ocorresse este processo a água
precisaria estar abaixo do topo da camada de carbonato, não visível atualmente.
As fraturas de direção NW parecem condicionar tanto a dolina Buraco das
Araras e a dolina do sumidouro do Córrego Santa Maria, assim como a direção dos
três afluentes a sul-sudoeste, mais próximos da Fazenda Alegria, situados na
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
39
margem esquerda do rio Verde, que correm todos em direção NW. Mais a Noroeste
do Buraco das Araras (área da Fazenda Santa Maria e Lagoa Misteriosa) este
lineamento parece mudar para N ou NE, no que resulta o maior eixo de
desenvolvimento das dolinas e cavernas nesta direção.
O aqüífero cárstico é extremamente vulnerável a entrada de agentes
poluidores, principalmente se o agente poluidor estiver sendo disseminado próximo
aos locais de recarga, como sumidouros ou dolinas. Pelo fato de não existirem
processos de filtragem, a água passa livremente pelos condutos formados no
calcáreo, e desta forma um foco de contaminação pode espalhar-se facilmente pelo
sistema. Além do prejuízo ambiental dos ecossistemas relacionados ao ambiente
cárstico, a poluição pode colocar em risco a saúde de pessoas e animais que
utilizam essa fonte de recursos hídricos.
Para
conservação
e
manutenção
da
integridade
deste
ambiente
extremamente frágil, a vegetação arbórea cumpre um papel importante, já que evita
a infiltração excessiva das águas das chuvas entre as fissuras da rocha controlando
o processo de formação de cavidades subterrâneas, além de servir como proteção
contra a poluição em áreas de recarga do lençol.
Isto implica que a área mais relevante para conservação da RPPN, do ponto
de vista geológico é a própria dolina e seu entorno, incluído áreas de fazendas
vizinhas (Figura 19). Conforme o Artigo 4o parágrafo 3o da Resolução CONAMA
347, de 2004, “a área de influência das cavidades naturais subterrâneas será a
projeção horizontal da caverna acrescida de um entorno de duzentos e cinqüenta
metros, em forma de poligonal convexa”. O mesmo é estipulado pelo artigo 6
parágrafo único da Portaria do IBAMA 887, de 15 de junho de1990, que proibe o
desmatamento dentro desta área.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
40
Figura 19. Área da RPPN Buraco das Araras e seu entorno. Em vermelho a área mais relevante para
conservação do ponto de vista geológico; em verde os limites da RPPN. Fonte: Google Earth,
Microsoft Company (2008)
Portanto é recomendada a manutenção de área verde no entorno da
cavidade, o que aumentará a proteção contra possíveis contaminações do lençol
freático. É importante ressaltar que a Fazenda Alegria tem seus limites a alguns
metros da dolina e na área de seus confrontantes a atividade explorada atualmente
é a criação de gado. Apesar de não estar contida na RPPN, é essencial o
estabelecimento de contatos com os proprietários vizinhos para estabelecer ações
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
41
no sentido de recuperar as áreas situadas num raio de 250 metros da dolina
conforme estipulado pela legislação acima citada.
Outra questão que deve ser observada é o risco de movimentações de blocos
e desbarrancamentos no entorno da dolina o que poderia abalar infra-estruturas e
colocar em risco os visitantes da área.
Conforme Sallun (2004) o Buraco das Araras é uma feição geomorfológica
relativamente estável na escala de tempo humana. No entanto existe a
probabilidade da área de entorno vir a sofrer subsidência e novos colapsos devido
ao contínuo processo de dissolução que ocorre na rocha carbonática subjacente e o
transporte de detritos através de condutos no sistema cárstico, com conseqüentes
alterações no sistema de circulação de água profunda. A área também está sujeita a
diminuição do atrito entre blocos e movimentos de massa, que ocorre principalmente
pelo aumento do fluxo de água ao longo dos planos de fratura e acamamento.
Apesar de pouco provável a ocorrência de novos dolinamentos, uma medida
de precaução seria, conforme já orientado por Sallun (2004), realizar o
monitoramento da geometria das fraturas na área de entorno, ou seja, da posição
relativa entre os blocos. Além disso, recomenda-se observar o surgimento de
fissuras na cobertura de solo, o alargamento de fendas e fraturas no arenito a beira
da dolina e a movimentação de estacas ou árvores.
Apesar da pouca declividade do terreno na RPPN o solo é extremamente
arenoso e muito susceptível a erosão, portanto recomenda-se também que seja
realizado um controle do aparecimento de erosões e sejam feitas contenções das
mesmas caso necessário.
Para o melhor entendimento da área é indicado que se façam futuramente
estudos de hidrogeologia com intuito de conhecer o aqüífero cárstico profundo, para
entender a direção e sentido do fluxo do de água, qual a ligação com as demais
estruturas cársticas do campo de dolinas, qual o tempo de resiliência e qual a área
com maior influência sobre as águas subterrâneas da região.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
42
2.6 VEGETAÇÃO TERRESTRE
A RPPN Buraco das Araras está localizada dentro do Bioma Cerrado,
considerado um dos ‘hotspots’ para a conservação da biodiversidade mundial. Nos
últimos 35 anos mais da metade dos seus 2 milhões de km² originais foram
cultivados com pastagens plantadas e culturas anuais (Klink e Machado 2005).
É o segundo maior bioma brasileiro, sendo superado em área apenas pela
Amazônia. Ocupa 23% do território nacional e é considerado a última fronteira
agrícola do planeta (Borlaug 2002). O termo Cerrado é comumente utilizado para
designar o conjunto de ecossistemas (savanas, matas, campos e matas ciliares) que
ocorrem no Brasil Central.
A paisagem do cerrado é caracterizada por extensas formações savânicas,
interceptadas por matas ciliares ao longo dos rios, nos fundos de vale. Entretanto,
outros tipos de vegetação podem aparecer na região do cerrado, tais como os
campos úmidos ou as veredas de buritis, onde o lençol freático é superficial. Os
campos rupestres podem ocorrer nas maiores altitudes e as florestas mesófilas
situam-se sobre os solos mais férteis. Mesmo as formas savânicas exclusivas não
são homogêneas, havendo uma grande variação no balanço entre a quantidade de
árvores e de herbáceas, formando um gradiente estrutural que vai do cerrado
completamente aberto - o campo limpo, vegetação dominada por gramíneas, sem a
presença dos elementos lenhosos (árvores e arbustos) - ao cerrado fechado,
fisionomicamente florestal - o cerradão, com grande quantidade de árvores e
aspecto florestal. As formas intermediárias são os campos sujos, o campo cerrado e
o cerrado stricto sensu, de acordo com uma densidade crescente de árvores (Pivello
e Norton 1996).
2.6.1 RIQUEZA FLORÍSTICA
Foram observadas 192 espécies distribuídas em 56 famílias de angiospermas
de porte arbóreo, arbustivo, herbácea, lianas e palmeiras (Anexo 3). A família
Fabaceae, representada por 33 espécies, foi a de maior riqueza, perfazendo 17% do
total de espécies registradas. Dentro desta família, obtivemos 15 espécies
pertencentes à subfamília Caesalpinioideae, 03 Cercideae, 08 Faboideae e 07
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
43
Mimosoideae. A segunda família em número de espécies foi Asteraceae com 11
espécies, seguida por Annonaceae (10), Malvaceae e Myrtaceae com 09 espécies
cada (Figura 19).
Malpighiaceae
Família Botânica
Euphorbiaceae
Malvaceae
Myrtaceae
Annonaceae
Asteraceae
Faboideae
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35
Quantidade de espécies
Figura 19. Famílias de maior riqueza nas áreas amostradas dos cerrados ocorrentes na RPPN
Buraco das Araras, Jardim/MS
O total de espécies agrupadas por hábito está representado na tabela 1.
Entretanto, o destaque de plantas herbáceo-arbustivas na área amostrada deve ser
ainda maior do que a constatado neste estudo. Esta categoria inclui as plantas que
constituem o sub-bosque e a camada rasteira dos cerrados. Estas plantas são tão
importantes quanto às demais na comunidade vegetativa, mas exige um trabalho
dedicado exclusivamente ao seu estudo, devido a complexidade e minusiosidade na
amostragem e identificação.
Tabela 1. Total de espécies agrupadas por hábito
Hábito
Total de
Espécies
Árvores
103
Arbustos
39
Herbáceas
40
Palmeiras
05
Lianas (cipó)
05
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
44
Os gêneros que mais contribuíram com o número de espécies foram: Senna
com seis espécies, Annona com cinco espécies, Luehea com quatro espécies,
seguidas por Qualea, Tabebuia, Byrsonima e Heteropterys com três espécies cada.
Várias espécies típicas de ocorrência para o cerrado do Brasil Central foram
amostradas, como Qualea grandiflora (pau-terra - figura 20), Caryocar brasiliense
(pequi), Bowdichia virgilioides (sucupira - figura 21), Magonia pubescens (timbó –
figura 22), Psidium guineense (araçá), Copaifera langsdorffii (copaíba), Terminalia
argentea (capitão - figura 23), dentre outras.
Figura 20. Frutos de Qualea grandiflora
Figura 21. Flores de Bowdichia virgilioides
(pau-terra). Foto: Fabrício de Souza Maria
(sucupira). Foto: Fabrício de Souza Maria
Figura 22. Frutos de Magonia pubescens
Figura 23. Flores de Terminalia argentea
(timbó). Foto: Fabrício de Souza Maria
(capitão). Foto: Fabrício de Souza Maria
A vegetação dentro da dolina, diferentemente do entorno constituído de
cerrado, é composto por Floresta Perenifólia - floresta sempre-verde (Figuras 24 e
25). Foram registradas nove espécies neste ambiente, através da visualização com
binóculo: embaúba (Cecropia pachystachya - Urticaceae), figueira (Ficus spp. Moraceae), ingá (Inga uruguensis - Mimosoideae), peito-de-pomba (Tapirira
guianensis - Anacardiaceae), mandiocão (Didymopanax morototoni - Araliaceae),
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
45
bocaiúva (Acrocomia aculeata - Arecaceae) e presente nas paredes laterais
observou-se cacto (Cereus sp.- Cactaceae), copaíba (Copaifera langsdorffii Caesalpinioideae) e sucupira-preta (Bowdichia virgilioides - Faboideae).
Figura 24. Aspecto geral da vegetação no
Figura 25. Aspecto geral da vegetação no
interior da dolina, na época seca (mês de
interior da dolina, na época chuvosa (mês de
agosto). Foto: Fabrício de Souza Maria
outubro). Foto: Fabrício de Souza Maria
2.6.2 FITOFISIONOMIA
Foram identificados dois subgrupos de cerrado: Cerrado Arborizado e
Florestado – no mesmo local de estudo. Estas duas subformações são muito
semelhantes, diferenciando-se somente pela presença de agrupamentos mais
densos de espécies arbóreas no cerrado florestado, o que nem sempre é possível
em campo. Para fins de facilitar o entendimento e a caracterização da área
estudada, foi considerado uma única fitofisionomia vegetal para a RPPN Buraco das
Araras, a qual chamaremos de Cerrado Florestado + Arborizado 2.
Cerrado Florestado (Cerradão)
É um subgrupo de formação com fisionomia típica e característica, restrita a
áreas areníticas lixiviadas com solos profundos, ocorrendo em um clima tropical
eminentemente estacional. Apresenta sinúsias lenhosas de micro e nanofanerófitos
tortuosos com ramificação irregular. Extremamente repetitiva, a sua composição
florística reflete-se de Norte a Sul.
2
O cerrado florestado é tecnicamente denominado como savana florestada (cerradão), e o cerrado
arborizado é denominado de savana arborizada (campo cerrado). Veloso et al. (1992)
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
46
É uma formação florestal que apresenta elementos xeromórficos (adaptações a
ambientes secos) e caracteriza-se pela composição mista de espécies comuns ao
Cerrado stricto sensu, à Mata de Galeria e à Mata Seca. Apesar de poder apresentar
espécies que estão sempre com folhas (perenifólias), muitas espécies comuns ao
Cerradão
apresentam
queda
de
folhas
(caducifólia
ou
deciduidade)
em
determinados períodos da estação seca, tais como Caryocar brasiliense (pequi),
Kielmeyera coriacea (pau-santo) e Qualea grandiflora (pau-terra).
Em geral, os solos são profundos, de média e baixa fertilidade, ligeiramente
ácidos, bem drenados (latossolos vermelho-escuro). De acordo com a fertilidade do
solo, podem ser classificados como distróficos, quando pobres, e mesotróficos,
quando mais ricos em nutrientes. São comumente encontradas as seguintes
espécies lenhosas: Qualea grandiflora (pau-terra), Dimorphandra mollis (faveira),
Caryocar brasiliense (pequi), Stryphnodendron adstringens (barbatimão), Copaifera
langsdorfii (copaíba), Magonia pubescens (tingui), Bowdichia virgilioides (sucupirapreta), Xylopia aromatica (pindaíba), Aspidosperma macrocarpon (guatambu-docerrado), dentre outras.
Cerrado Arborizado (Campo Cerrado)
É um subgrupo de formação natural ou antropizado que se caracteriza por
apresentar fisionomia nanofanerofítica rala e hemicriptofítica graminóide contínua,
sujeito ao fogo anual. Estas sinúsias dominantes formam fisionomia raquítica em
terrenos degradados. A composição florística, apesar de semelhante à do cerrado
florestado, apresenta ecotipos dominantes que caracterizam o ambiente de acordo
com o espaço geográfico. Nesta fitofisionomia é comum encontrarmos árvores
baixas e retorcidas, arbustos, subarbustos e ervas. As plantas lenhosas em geral
possuem casca corticeira, folhas grossas, coriáceas e pilosas. Dentre algumas
espécies encontradas nessas áreas: Kielmeyera spp. (pau-santo), Magonia
pubescens (tingui), Callistene spp. (pau-jacaré), Qualea parviflora (pau-terra-defolha-miúda), Annona coriacea (marolo), Annona spp. (araticum), Allagoptera spp.
(iriri), Cochlospermum regium (algodão-do-cerrado), Alibertia sessilis (marmelo), etc.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
47
2.6.3 PLANTAS ESPECIAIS
A grande maioria das espécies encontradas tem elevada importância ecológica
e medicinal representada por suas flores, frutos, sementes e/ou potencial econômico
pela qualidade de sua madeira. No entanto, torna-se inviável tecer comentários
sobre todas as espécies identificadas, uma vez que não é o foco deste estudo.
Sendo assim, as plantas especiais evidenciadas no cerrado da RPPN Buraco das
Araras, foram classificadas em plantas: (i) medicinais; (ii) importância econômica; (iii)
ameaçadas de extinção, segundo IUCN (2007) e MMA (2003); (iv) frutos do cerrado;
(v) flores melíferas, nectaríferas e ornamentais; e (vi) espécies importantes como
fonte de alimento aos animais silvestres.
Plantas Medicinais
Figura 26. Lobeira (Solanum lycocarpum).
Figura 27. Carobinha (Jacaranda decurrens).
Foto: Fabrício de Souza Maria
Foto: Fabrício de Souza Maria
Figura 28. Barbatimão (Stryphnodendron
Figura 29. Para-tudo (Tabebuia aurea). Foto:
adstringens). Foto: Fabrício de Souza Maria
Fabrício de Souza Maria
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
48
Figura 30. Murici (Byrsonima verbascifolia). Foto:
Figura 31. Guaçatonga (Casearia decandra).
Fabrício de Souza Maria
Foto: Fabrício de Souza Maria
Figura 32. Aperta-guela (Eugenia kunthiana).
Figura 33. Nó-de-cachorro. (Heteropterys
Foto: Fabrício de Souza Maria
aphrodisiaca). Foto: Fabrício de Souza Maria
Plantas de importância econômica
Figura 34. Angico. (Anadenanthera colubrina).
Figura 35. Vinhático (Plathymenia reticulata).
Foto: Fabrício de Souza Maria
Foto: Fabrício de Souza Maria
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
49
Figura 36. Guatambu-do-cerrado (Aspidosperma
Figura 37. Ipê-amarelo (Tabebuia ochracea).
macrocarpon). Foto: Fabrício de Souza Maria
Foto: Fabrício de Souza Maria
Plantas ameaçadas de extinção
É importante destacar que para a flora sulmatogrossense
informações
não
há,
até
compiladas
a
o
momento
respeito
das
espécies ameaçadas. Entretanto, utilizou-se
espécies ameaçadas de extinção, segundo
IUCN (2007), IBAMA (MMA 1992) e São Paulo
(2004).
A partir dessas informações, as espécies
ameaçadas para o Mato Grosso do Sul foram
listadas na Tabela 2, embora sua situação na
região ainda não seja crítica.
Figura 38. Aroeira (Myracrodruon
urundeuva) espécie ameaçada de
extinção. Foto: Fabrício de Souza Maria
Tabela 2. Espécies ameaçadas de extinção, segundo MMA (1992), IUCN (2007) e São Paulo (2004).
Espécie
Família Botânica
Nome comum
Categoria
Dalbergia nigra
Fab. Faboideae
jacarandá-do-cerrado
Em perigo em SP
Aspidosperma macrocarpon
Apocynaceae
peroba-do-campo
Vulnerável em SP
Myracrodruon urundeuva
Anacardiaceae
aroeira
Pseudobombax tomentosum
Malvaceae
embiruçu
Vulnerável em SP
Bowdichia virgilioides
Fab. Faboideae
sucupira-preta
Vulnerável em SP
Eriotheca pubescens
Malvaceae
paineira-do-cerrado
Magonia pubescens
Sapindaceae
timbó
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
Vulnerável em SP,
IUCN e IBAMA
Presumivelmente
Extinta em SP
Em perigo em SP
50
Frutos do cerrado
Figura 39. Araticum (Rollinia silvatica). Foto:
Figura 40. Faveira (Dimorphandra mollis).
Fabrício de Souza Maria
Foto: Fabrício de Souza Maria
Figura 41. Jatobá-do-cerrado (Hymenaea
Figura 42. Caraguatá (Bromelia balansae).
stigonocarpa). Foto: Fabrício de Souza Maria
Foto: Fabrício de Souza Maria
Flores melíferas, nectaríferas e ornamentais
Figura 43. Pau-santo (Kielmeyera
Figura 44. Algodão-do-cerrado
variabilis). Foto: Fabrício de Souza Maria
(Cochlospermum regium). Foto: Fabrício
de Souza Maria
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
51
Figura 45. Pequi (Caryocar brasiliense). Foto:
Figura 46. Açoita-cavalo (Luehea paniculata).
Fabrício de Souza Maria
Foto: Fabrício de Souza Maria
Plantas importantes como fonte de alimento aos animais silvestres
Figura 47. Bocaiúva (Acrocomia aculeata). Foto:
Figura 48. Marmelo (Alibertia edulis).
Fabrício de Souza Maria
Foto: Fabrício de Souza Maria
Figura 49. Baru (Dipteryx alata), Foto: Fabrício
Figura 50. Jenipapo (Genipa americana).
de Souza Maria
Foto: Fabrício de Souza Maria
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
52
2.6.4 RIQUEZA DE ESPÉCIES
As áreas mais relevantes em termos de diversidade florística na RPPN
Buraco das Araras, de acordo com o levantamento botânico foram as do entorno
da dolina. Encontrou-se nesta área 89% do total das espécies amostradas.
Dentre as espécies mais abundantes encontradas na RPPN, menciona-se:
Pouteria torta (grão-de-galo), Annona coriacea (marolo), Ocotea minarum
(canela), Allagoptera leucocalyx (iriri), (Figuras 51 a 54).
Figura 51. Canela (Ocotea minarum). Foto:
Figura 52. Grão-de-galo (Pouteria torta). Foto:
Fabrício de Souza Maria
Fabrício de Souza Maria
Figura 53. Iriri (Allagoptera leucocalyx). Foto:
Figura 54. Marolo (Annona coriacea). Foto:
Fabrício de Souza Maria
Fabrício de Souza Maria
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
53
2.6.5 PRINCIPAIS AMEAÇAS SOBRE A FLORA NA RPPN
De um modo geral, a RPPN Buraco das Araras apresenta seus cerrados em
bom estado de conservação. No entanto, existem alguns fatores que ameaçam a
integridade e a conservação da vegetação natural ocorrente na RPPN, em especial
a vegetação rasteira e capins nativos, dentre eles mencionam-se:
- presença de gramíneas exóticas do gênero Braquiaria, entremeados com a
vegetação nativa (Figura 55);
- alterações causadas pelo antigo uso da área pelo gado, criando diversos trilheiros,
que causam em especial (i) fragmentação da paisagem; (ii) pisoteio das plântulas;
(iii) mortalidade dos vegetais herbáceos e capins nativos (Figura 56).
Figura 55. Gramíneas exóticas entremeadas
com vegetação nativa do cerrado.
Foto: Fabrício de Souza Maria
Figura 56. Estrada desativada, ainda sem
vegetação. Foto: Fabrício de Souza Maria
2.6.6 RECOMENDAÇÕES PARA ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA
RECUPERAÇÃO E MANEJO
Manejo de Braquiária
O principal fator que compromete a integridade da vegetação, em especial as
gramíneas nativas e as espécies herbáceas, é a ocorrência das espécies exóticas
Brachiaria decumbens e B. brizantha.
A Brachiaria decumbens com maior biomassa, é uma espécie originária da
África do Sul, que se propaga por sementes e através de rizomas. A Brachiaria
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
54
brizantha vem da África Tropical, e se propaga por sementes. Essas duas espécies
são plantas daninhas, bastante freqüentes, usadas como forrageiras, mas que
podem facilmente predominar em quase todas as áreas naturais. Essas gramíneas
podem alcançar biomassas extremamente elevadas e, quando secas, são altamente
inflamáveis, iniciando uma interação gramíneas-fogo capaz de impedir o brotamento
da vegetação nativa.
Para o manejo destas espécies, recomenda-se a elaboração de um programa
de restauração da vegetação natural baseando-se no zoneamento ambiental, no
levantamento florístico e fisionômico da área em estudo.
Restauração das áreas degradadas próximas a dolina
Existem pequenas áreas degradadas próximas a dolina, que necessitam de
recuperação com espécies nativas. Portanto, recomenda-se a elaboração de um
programa de restauração da vegetação natural nestas áreas.
Implantação de viveiro de mudas nativas do cerrado
Para manutenção das áreas a serem recuperadas na RPPN, recomenda-se a
ampliação do viveiro de mudas nativas. Sabendo que existem técnicas de coleta e
beneficiamento de sementes e para produção das mudas, sugere-se que o
proprietário busque auxílio de profissionais habilitados para tal ação.
2.7 MASTOFAUNA
Dentre os biomas existentes no Brasil, o Cerrado se destaca como segundo
maior bioma sul-americano e brasileiro com extensão territorial de 1,8 milhão de km2
(aproximadamente 23% do território nacional) e que abriga cerca de 30% da
diversidade biológica do país (Aguiar et al. 2004). De acordo com Costa et al.
(2005), a fauna da região do Cerrado encontra-se seriamente ameaçada, devido
principalmente à expansão agrícola ocorrida a partir do século XX, dentre outras
formas de uso antrópico que exercem forte influência negativa sobre as populações
vegetais e animais.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
55
Das 55 espécies de mamíferos terrestres incluídas na lista oficial brasileira de
animais ameaçados de extinção (MMA 2003), mais de 50% são restritas ao território
brasileiro. Das espécies ameaçadas, 11 estão presentes na região do Pantanal e 19
na região do Cerrado; destas, aproximadamente cinco são endêmicas ao bioma
Cerrado, sendo na maioria roedores. A estratégia de se criar e manter áreas
protegidas sob a forma de UC é de fundamental importância. Esta iniciativa soma-se
às propostas efetivas de conservação, especialmente do Cerrado que, mesmo
aquém das estimativas necessárias para a conservação da sua biodiversidade –
pouco mais de 2% do seu território encontram-se protegidos (Klink e Machado 2005)
–, representa uma perspectiva de manutenção em longo prazo.
A região da RPPN Buraco das Araras representa alta importância biológica,
pois além de suas peculiaridades geológicas, sua localização estratégica influencia
diretamente a biodiversidade do Pantanal. Algumas evidências dessa afirmação são:
o compartilhamento da mesma bacia hidrográfica (Bacia Hidrográfica do Alto
Paraguai – BAP), presença em faixa de transição entre o Cerrado, a Serra da
Bodoquena e a planície do Pantanal. Tudo isto confere relevância ecológica e
biológica, além da responsabilidade em sua conservação.
2.7.1 CARACTERIZAÇÃO DA MASTOFAUNA DA RPPN BURACO
DAS ARARAS E ENTORNO
Foram registradas 40 espécies de mamíferos silvestres não voadores na área
amostrada, as quais se encontram distribuídas em 17 famílias e 6 ordens (Anexo 4).
Destas, 22 foram registradas dentro da RPPN Buraco das Araras. A maioria dessas
espécies encontra-se amplamente distribuída no país, como é o caso do gambáorelha-branca, tatus, tamanduás, canídeos, carnívoros e várias espécies de
roedores.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
56
As espécies mais vitimadas
pelos atropelamentos na rodovia BR267
foram
tatu-peba
(Euphractus
sexcinctus) e tatu-galinha (Dasypus
novemcinctus), seguido do lobinho
(Cerdocyon
thous
–
figura
57).
Acrescenta-se ainda o registro feito
pelos moradores da RPPN Buraco
das Araras de um indivíduo de tatucanastra
(Priodontes
maximus) Figura 57. Lobinho (Cerdocyon thous), vítima de
atropelado na mesma rodovia, área atropelamento na BR-267. Foto: Daniel De Granville
de entorno dessa UC.
Apesar do esforço amostral ser extremamente baixo, a riqueza de espécies
se mostra proporcionalmente elevada, porém considera-se esta uma lista não
definitiva, devendo-se dar continuidade aos levantamentos de mastofauna,
principalmente dentro da dolina.
2.7.2 ESPÉCIES ENDÊMICAS, RARAS E AMEAÇADAS DE
EXTINÇÃO
No bioma Cerrado, algumas espécies de mamíferos sob risco de extinção são
endêmicas ou encontradas em alta densidade, entre essas se destacam
Mymercophaga tridactyla (tamanduá-bandeira) e Crysocyon brachyurus (lobo-guará)
(Costa et al. 2005), as quais foram registradas na área de estudo. Contudo, é
necessário empreender estudos direcionados à estrutura e dinâmica populacional
dessas espécies para melhor avaliar a situação atual das mesmas.
Das espécies registradas, constata-se que nove encontram-se ameaçadas de
extinção conforme a lista oficial brasileira (MMA 2003) e nove constam da lista de
espécies mundialmente ameaçadas de extinção (IUCN 2007), sendo principalmente
espécies carnívoras e/ou de grande porte. Pode-se perceber que o número de
espécies ameaçadas de extinção é bastante representativo para o total de registros.
Esse resultado mostra que a área estudada representa local importante para
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
57
sobrevivência de várias espécies, inclusive aquelas sob risco de desaparecimento
(Tabela 3).
Tabela 3. Espécies registradas e em perigo de extinção segundo MMA (2003) e IUCN (2007).
Espécie
Nome popular
Categoria de ameaça
MMA
IUCN
Myrmecophaga tridactyla tamanduá-bandeira Vulnerável Vulnerável
Registrada na RPPN
X
Priodontes maximus
tatu-canastra
Vulnerável Ameaçado
Chrysocyon brachyurus
lobo-guará
Vulnerável Em via de ameaça
Leopardus pardalis
jaguatirica
Vulnerável
Leopardus tigrinus
gato-maracajaí
Vulnerável Em via de ameaça
Leopardus wiedii
gato-maracajá
Vulnerável
Puma concolor
onça-parda
Vulnerável Em via de ameaça
Oncifelis colocolo
gato-palheiro
Vulnerável
-
Mazama americana
veado-mateiro
-
Em via de ameaça
X
Tapirus terrestris
anta
-
Vulnerável
X
Dasyprocta azarae
cotia
-
Vulnerável
-
X
X
-
A perda de hábitats é uma das principais causas de extinção de espécies
animais e seu manejo pode ser mais eficaz a longo prazo do que as tentativas de
manejar cada espécie (Caughley 1977). O fato dos carnívoros estarem em risco de
extinção pode representar ameaça a toda a dinâmica e equilíbrio dos ecossistemas
por acarretar perda de grandes reguladores de populações de espécies herbívoras,
o que também representa ameaça às espécies vegetais, podendo causar
conseqüente colapso do ambiente em médio ou longo prazo (Reis et al. 2006). Os
mamíferos de médio e grande porte sofrem, além das ameaças impostas aos
pequenos mamíferos, a ação dos atropelamentos rodoviários e a pressão de caça.
Pode-se notar a intrincada estrutura e organização das interações ecológicas
estabelecidas entres os diversos elementos biológicos, o que influencia diretamente
a diversidade de espécies e a integridade ambiental. Quaisquer interrupções neste
sistema podem causar danos irreversíveis ao processo e à manutenção da
biodiversidade. Dessa forma, o desaparecimento de espécies implica ameaça não
apenas às suas populações individualmente, mas também às interações com elas
estabelecidas, colocando igualmente em risco a sobrevivência de todas as espécies
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
58
envolvidas, sejam animais ou vegetais. Segue abaixo a descrição das espécies
ameaçadas registradas na RPPN e proximidades:
Catita – Gracilinanus agilis (Burmeistern
1854)
Marsupial pequeno, com peso
inferior a 30 gramas, arborícola e de
hábitos noturnos (Figura 58). No Brasil,
ocorre
na
Catinga,
Cerrado,
Mata
Atlântica e Pantanal. Segundo a IUCN e
o MMA, existe pouca informação sobre
seu grau de ameaça, necessitando
Figura 58. Catita (Gracilinanus agilis).
maiores pesquisas.
Tamanduá-bandeira
Foto: Marja Milano
–
Myrmecophaga
tridactyla (Linnaeus, 1758)
Possui
uma
língua
viscosa
e
aderente que facilita a captura de suas
presas
das
cavidades.
Nas
patas
dianteiras três dedos são providos de
unhas grandes, curvas e pontiagudas
(garras). As patas posteriores apresentam Figura 59.Tamanduá bandeira (Myrmecophaga
cinco dedos com garras pequenas.
tridactyla). Foto: Daniel De Granville
A cauda não preênsil e volumosa é constituída de pêlos grossos e mais
longos que os do corpo (Figura 59). Pode ser ativo de dia ou de noite, dependendo
das condições ambientais. Alimenta-se de insetos, especialmente formigas, cupins e
pequenas larvas. É terrestre, mas também pode subir em árvores em momentos
específicos como para se defender, tendo ainda a capacidade de nadar. Às vezes
pode ser visto banhando-se em lagoas, braços de rios e outros ambientes aquáticos.
Ao descansar, o tamanduá-bandeira cobre o corpo com a volumosa cauda, que o
protege e o torna invisível aos predadores, confundindo-se com o meio. Quando
está doente também adota esse comportamento de proteção. Comum em áreas
abertas de campo limpo, campo sujo, campo cerrado, cerrado stricto sensu, sendo
avistado com menor freqüência em cerradão, mata seca e mata de galeria. É
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
59
considerado pelo IBAMA como espécie ameaçada de extinção, na categoria
vulnerável. A principal ameaça na região do Cerrado e Pantanal se caracteriza pela
destruição e perda de hábitat, sendo o tamanduá-bandeira uma das espécies que
mais sofrem pela ação dos incêndios florestais. Por apresentar olhos e ouvidos
pouco desenvolvidos, é uma das vítimas mais comuns de atropelamentos por
veículos automotivos em estradas e rodovias. Ocorre na Amazônia, Caatinga,
Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal e Campos Sulinos.
Tatu-canastra – Priodontes maximus
(Kerr, 1792)
Inconfundível
pelo
tamanho,
possui carapaça grossa com dorso nu,
coberto por 11 a 13 cintas móveis, seu
tamanho como o próprio nome já diz é
superior aos demais tatus, podendo
pesar 60 Kg (Figura 60). A carapaça é
acinzentada, curta lateralmente, com
faixa amarelada que margeia toda a sua
extensão. As garras das patas dianteiras
Figura 60.Tatu-canastra (Priodontes maximus).
Foto: Tietta Pivatto
são bastante desenvolvidas, sendo a terceira garra exageradamente grande,
podendo alcançar 20 cm. As patas traseiras são grandes e podem chegar a 20 cm,
os dígitos laterais são mais afastados dos três medianos. É o maior tatu e mais raro
da atualidade. Alimenta-se de insetos, principalmente cupins e formigas, procurando
seus itens debaixo da terra. São velozes, tem hábitos noturnos e raramente são
vistos. Passa grande parte do tempo em buracos (hábito semifossorial), podendo
permanecer por vários dias. É excelente escavador. Constrói buracos próximos a
formigueiros e cupinzeiros, os quais podem ficar completamente destruídos após a
alimentação. Quando ameaçado levanta os membros anteriores, apoiando-se sobre
os membros posteriores girando o corpo de um lado para outro juntamente com a
cauda. Classificado como espécie ameaçada de extinção pelo IBAMA, sendo que as
principais ameaças são a caça excessiva e perda de hábitat. É classificada pela
IUCN na categoria vulnerável.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
60
Lobo-guará – Chrysocyon brachyurus (Illiger, 1815)
Comum em hábitats de vegetação aberta, o lobo-guará é o maior canídeo
encontrado na América do Sul. Alimenta-se de frutos, insetos, répteis, aves,
roedores e outros pequenos vertebrados. A fruta-do-lobo (Solanum lycocarpum),
araticum (Annona spp.) e roedores são alguns dos itens mais freqüentes na sua
dieta. Em virtude do alto consumo de frutos e de suas fezes apresentarem sementes
intactas, é considerado bom dispersor de algumas espécies vegetais. Tem hábitos
noturnos, mas pode ser encontrado pela manhã. É solitário, arredio à presença
humana, porém ao afastar-se cerca de três a quatro metros ele mostra-se curioso. O
número de filhotes por gestação varia entre dois a cinco indivíduos gerados durante
62 a 66 dias. Os membros visivelmente longos são algumas das adaptações
anatômicas que o permitem explorar ambientes abertos com densa cobertura
graminóide. Nas estradas da região do Cerrado, é comum encontrar rastros bem
característicos e principalmente fezes dessa espécie. É considerado uma espécie
endêmica do Cerrado, porém é encontrado na região do Pantanal, sendo mais
comum em áreas limítrofes da planície pantaneira em locais como campo, capões
de cerrado e campo cerrado. Ameaça: Perda de hábitat e vítima freqüente de
atropelamento em estradas e rodovias. Encontra-se na lista de espécies ameaçadas
do IBAMA (2003) na categoria vulnerável.
Jaguatirica – Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758)
É o maior de todos os gatos-do-mato, apresentando pintas pretas espalhadas
no corpo. As patas são grandes e a cauda longa. Como nas demais espécies ora
apresentadas, as garras são fortes, pontiagudas e retráteis que servem para
capturar e segurar a presa. Alimenta-se de aves e pequenos mamíferos, sua
gestação ocorre entre outubro e janeiro com nascimento de até três filhotes. É
solitário e tem hábitos principalmente noturnos e crepusculares, pode tanto nadar
bem quanto subir em árvores e costuma refugiar-se em ocos de árvores e troncos
caídos. Pode ser encontrada em matas densas, mas desloca-se também por
vegetação aberta. No Cerrado pode ser encontrada em cerradão, mata seca, matas
ciliar e de galeria, podendo ocorrer em ambientes abertos. A perda de hábitat e caça
ilegal são as principais ameaças à espécie. É classificada pelo IBAMA (2003) como
espécie vulnerável na lista de espécies brasileiras ameaçadas de extinção.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
61
Gato-do-mato-pequeno, Gato-maracajaí – Leopardus tigrinus (Schreber, 1775)
É um dos menores felinos. O corpo lembra muito os gatos domésticos e o
gato maracajá. Alimenta-se de aves, roedores e outros pequenos mamíferos. Sua
gestação dura de 62 a 74 dias, produzindo de um a quatro filhotes. Vive em matas,
cerrado, planícies, entornos e em formações vegetais chaquenhas. No Cerrado pode
ser encontrado em matas ciliares, de galeria, mata seca, vereda e deslocando-se
por áreas abertas. No Pantanal pode ser visto em cordilheiras, capões, matas
ciliares e deslocando-se, eventualmente, por áreas de campo sazonalmente
inundado, vazantes, campo cerrado. Durante a noite e em horários crepusculares
pode ser observado cruzando estradas. A caça e perda de hábitat são suas
principais ameaças. Espécie considerada vulnerável na lista do IBAMA (2003) e em
via de ameaça pela IUCN (2007).
Onça-parda – Puma concolor (Linnaeus, 1771)
Com patas grandes sendo a cabeça menor e o corpo mais delgado do que da
onça-pintada. Este animal vive solitário e tem hábitos noturnos. Alimenta-se de
animais de médio e grande porte como veado, macacos, pacas, aves. Apresenta
grande habilidade para saltar e escalar árvores. A gestação dura 3 meses com
nascimento de 2 a 4 filhotes. O som emitido é semelhante a um miado que lembra
mais os gatos-do-mato do que o esturro da onça-pintada. Vive em vários ambientes
tanto florestais como abertos. Na ausência de presas naturais e conversão de
hábitats atacam criações domésticas ocasionando conflito com o homem. A caça
predatória, a perda e alteração no hábitat são as principais ameaças à espécie. É
considerada pelo IBAMA como espécie ameaçada de extinção, classificada na
categoria vulnerável. Também é encontrado na Amazônia, Caatinga, Mata Atlântica
e Campos Sulinos.
Veado-mateiro – Mazama americana (Erxleben, 1777)
Geralmente tem a coloração marrom avermelhada e brilhante, sendo a
pelagem curta e o ventre mais claro. O chifre é simples atingindo até 15 cm de
tamanho. A parte inferior da cauda e pescoço é esbranquiçada. Alimenta-se ao
amanhecer e ao entardecer, vive solitário ou aos pares, é ágil e arredio. A gestação
dura de 7 a 8 meses e um só filhote é produzido, o qual nasce com manchas
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
62
brancas que vão desaparecendo com o tempo. Essa espécie não tem período de
reprodução definido e isto deve estar associado à oferta alimentar. Tanto no
Pantanal quanto no Cerrado o veado-mateiro está associado a áreas florestadas,
ocorrendo em matas densas, podendo ainda ser encontrado em outros hábitats,
porém com menor freqüência. Suas maiores ameaças são: Perda de hábitat e a
caça predatória.
Veado-catingueiro – Mazama gouazoubira
(G. Fischer, 1814)
É um veado pequeno, com coloração
marrom-acinzentada (Figura 61). Ocorre em
todos os biomas brasileiros. Sua carne é
muito apreciada e, por isso, é ameaçado
pela caça. A IUCN também recomenda
estudos sobre esta espécie para melhor
entendimento
do
seu
status
de
Figura 61. Veado-catingueiro (Mazama
gouazoubira). Foto: Tietta Pivatto
conservação.
Anta – Tapirus terrestris (Linnaeus, 1758)
A anta é o maior mamífero terrestre
da América do Sul e também o maior
herbívoro (Figura 62). Alimenta-se de
variedade de frutos, folhas e raízes, têm
hábitos noturnos e crepusculares, mas
pode ser encontrada em atividade durante
o dia em locais onde não se sinta
ameaçada.
Figura 62. Anta (Tapirus terrestris).
Foto: Tietta Pivatto
Quando se assusta, ou se sente em perigo, corre apressadamente fazendo
muito barulho e com a força que possui quebra arbustos, galhos de árvores, enfim, o
que estiver no caminho no momento da fuga. Refugia-se também na água onde
nada e mergulha muito bem. Costuma utilizar sempre as mesmas trilhas e caminhos.
Espécie considerada grande dispersora de sementes, sendo possível observar
várias sementes e plântulas em suas fezes. Ameaça: considerada espécie
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
63
vulnerável pela IUCN. Tem como principais ameaças caça ilegal para o consumo de
sua carne, a perda de hábitats e o atropelamento em estradas e rodovias.
Cotia – Dasyprocta azarae (Lichtenstein,
1823)
Espécie de roedor terrestre, ágil, que
vive em pares (Figura 63). É reconhecida
como importante dispersora de sementes
pelo hábito de enterrar frutos e sementes
para o consumo posterior. Embora seja
comum na área do CBMSB, é uma espécie
Figura 63. Cotia (Dasyprocta azarae).
muito caçada, tendo status de vulnerável
Foto: Tietta Pivatto
pela IUCN.
2.7.3 PROPOSIÇÕES PARA MANEJO
Devido ao tempo reduzido de amostragem, para embasar ações futuras
recomenda-se realizar estudos de inventário das espécies de pequenos mamíferos e
com maior esforço amostral para mamíferos de médio e grande porte, além de
monitoramento das espécies ameaçadas, principalmente o tamanduá-bandeira. Não
há estimativa precisa de tamanho populacional, sendo necessário saber qual o
tamanho real da população e como está sua variabilidade genética.
Também se recomenda definir e executar estudos sobre a distribuição
geográfica de carnívoros ameaçados de extinção que habitam a RPPN e seu
entorno, além de estudos sobre a riqueza, abundância e distribuição geográfica dos
Xenarthra e viabilidade de suas populações no interior da RPPN, avaliando em
especial o impacto da caça sobre as populações de tatus.
A introdução e re-introdução de espécies de mamíferos na UC deve ser
efetuada apenas por indicação de pesquisa científica e monitoramento adequado,
sendo importante também eliminar a permanência de espécies de mamíferos
domésticos na RPPN, tais como gato, cachorro, cavalos e gado bovino.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
64
Definir e implementar medidas mitigatórias aos atropelamentos de fauna nos
limites da RPPN, tais como instalação de placas, maior sinalização, indicação para
diminuição de velocidade, entre outras.
Deve-se propor atividades de ecoturismo e educação ambiental com base
sustentada em pesquisas, evitando impactos ambientais sobre a comunidade de
mamíferos decorrentes da visitação pública. Assim, recomenda-se também a
elaboração de um programa de educação e interpretação ambiental que atinja a
comunidade local e visitante, de modo a enfocar a importância da conservação das
espécies de mamíferos, em especial daquelas ameaçadas de extinção e utilizando a
mastofauna como elemento de educação, sensibilização e interpretação ambiental.
As espécies de mamíferos devem ser usadas, neste caso, como elementos de
contemplação para o ecoturismo, estimulando o visitante a conhecer o modo de vida
natural das espécies silvestres, incluindo comportamento alimentar, reprodutivo e
social. Isto propiciará a compreensão da necessidade de conservação dos hábitats
naturais e a proteção da RPPN e sua biodiversidade.
Sugere-se ainda elaborar um guia de campo ilustrado sobre as espécies de
mamíferos presentes na RPPN, para conhecimento da comunidade local e para
potencializá-las enquanto elementos de contemplação para o ecoturismo.
2.8 MASTOFAUNA VOADORA - QUIRÓPTEROS
Nos neotrópicos, os morcegos compreendem o grupo de mamífero mais
abundante e diversificado localmente. Destacam-se dos outros mamíferos por serem
os únicos com capacidade de vôo. A riqueza e a diversidade de morcegos
apresentam maiores valores nas regiões tropicais, onde também são encontradas
maiores variações de hábitos alimentares. Nos neotrópicos são conhecidos
morcegos de hábitos frugívoros, nectarívoros, insetívoros, carnívoros, piscívoros,
onívoros e sanguívoros. Os morcegos desempenham diferentes funções ecológicas,
atuando na polinização de mais de 750 espécies de angiospermas, na dispersão de
sementes de diversas plantas (Marinho-Filho 1996) e controlando populações de
animais vertebrados e invertebrados utilizados como presas (Fischer et al. 1997).
Fatores que afetam a distribuição e a abundância de morcegos têm sido
estudados na América Central e América do Sul. No cerrado são conhecidas oito
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
65
famílias, 47 gêneros e 95 espécies de morcegos (Coimbra et al. 1982; Willig 1983;
Marinho-Filho 1996; Pedro e Taddei 1998; Stutz et al. 2004; Gonçalves e Gregorin
2004; Bordignon 2006; Zortéa e Tomaz 2006). Os morcegos são adequados para
avaliação da sensibilidade à fragmentação de habitats, por serem ecologicamente
diversos, sugerindo uma vulnerabilidade diferencial entre as espécies, além de
potencialmente cobrir facilmente extensas áreas de paisagens fragmentadas.
Foram capturados 153 morcegos pertencentes a três famílias, nove gêneros
e 10 espécies (Anexo 5) na RPPN Buraco das Araras. A família Phyllostomidae
apresentou maior riqueza, com seis gêneros e sete espécies capturadas (n=59),
seguido da família Molossidae com dois gêneros em um total de 91 indivíduos, e
Natalidae com uma espécie (n=1).
Dentre os Phyllostomidae, as espécies mais abundantes foram Artibeus
planirostris, Carollia perspicillata e Glossophaga soricina; ao passo que Artibeus
lituratus, Desmodus rotundus e Micronycteris schmidtorum tiveram apenas um
exemplar capturado, correspondendo a aproximadamente 2% do total de indivíduos
capturados (Figura 64). Phyllostomus hastatus foi registrada em ambas as
expedições, sendo uma fêmea grávida na primeira expedição e uma fêmea lactante
e um macho na segunda. O macho foi capturado próximo a flores de Bauhinia rufa
(Fabaceae) e apresentava pelagem coberta por pólen.
0.7
Abundância (%)
0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
rti
be
us
A
N
yc
t in
om
op
s
la
tic
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da
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ni
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ii
0
Espécies
Figura 64. Espécies de morcegos em ordem decrescente de abundância, RPPN Buraco das Araras,
Jardim, MS
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
66
Nyctinomops laticaudatus (Molossidae) foi a espécie mais capturada, embora
registrada apenas na segunda expedição. Nesta data, diariamente observamos onda
de atividade ao crepúsculo (18h40), quando milhares de indivíduos deixavam a
dolina seguindo direção noroeste e formando densa revoada durante 30 a 40
minutos. Observamos que os morcegos estavam abrigados na dolina, em fendas
nas paredes ou em galerias subterrâneas com acesso por estas fendas. Ao
deixarem a dolina em revoada, passavam exatamente sobre porção da borda da
dolina sem vegetação arbórea, onde está instalado mirante. O retorno ao abrigo não
ocorreu em onda, mas individualmente ao longo da noite (até o amanhecer). Os
indivíduos de N. laticaudatus capturados foram predominantemente fêmeas grávidas
ou lactantes (Anexo 5). Outro Molossidae registrado foi Molossops temminckii, com
somente um individuo macho capturado.
Dos 20 morcegos que receberam anilhas na primeira expedição, três
indivíduos de três espécies foram recapturados (probabilidade de recaptura = 0,15).
Uma fêmea grávida de A. planirostris marcada em novembro de 2007 foi
recapturada em janeiro, quando estava lactante e novamente grávida. Um macho
adulto não reprodutivo de C. perspicillata foi recapturado na segunda expedição. A
terceira recaptura foi de um macho adulto de G. soricina que em novembro
apresentava testículo abdominal, porém em janeiro estava com testículo escrotado.
A taxa de captura de morcegos por hora/rede foi de 0,015. Os índices de
diversidade de Shannon (H’) e dominância de Simpson incluindo todas as espécies
capturadas na RPPN Buraco das Araras foram de 1,30 e 0,40 respectivamente.
Quando excluímos a espécie N. laticaudatus o valor de diversidade aumentou para
1,51 e de dominância reduziu para 0,30. A curva acumulativa de espécies para as
duas expedições, excluindo N. laticaudatus, não estabilizou com o esforço
empregado neste levantamento (Figura 65).
Riqueza
estimada
1
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
0
1
2
3
4
Indivídu
5
6
7
Figura 65. Curva de rarefação de espécies de morcegos na RPPN Buraco das Araras, Jardim, MS
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
67
Figura 66. Dez espécies de morcegos registradas na RPPN Buraco das Araras, Jardim, Mato
Grosso do Sul. (A) Artibeus planirostris, (B) Artibeus lituratus, (C) Phyllostomus hastatus, (D)
Glossophaga soricina, (E) Carollia perspicillata, (F) Desmodus rotundus, (G) Micronycteris
schmidtorum, (H) Natalus stramineus, (I) Molossops temminckii, (J) Nyctinomops laticaudatus, (K)
revoada de Natalus laticaudatus ao deixar abrigo diurno nas paredes da dolina (Fotos: Nicolay Leme
da Cunha)
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
68
A não estabilização da curva de acumulação de espécies em função do
esforço amostral indica que a comunidade de morcegos na RPPN Buraco das
Araras contém mais espécies que aquelas registradas neste levantamento. Por outro
lado, a riqueza registrada foi semelhante ao reportado por Cáceres et al. (2007) para
região da Serra da Bodoquena (n=10 espécies). Além disso, a dominância de A.
planirostris e a ausência de Platyrrhinus lineatus, filostomídeo frugívoro comum no
Pantanal (Fischer et al. 2004), também foram resultados encontrados na região da
Serra da Bodoquena (Cáceres et al. 2007). Em estudo na região noroeste de Mato
Grosso do Sul, as espécies de filostomídeos mais abundantes foram, nesta ordem,
G. soricina, A. lituratus e C. perspicillata (Bordignon 2006). A abundância
relativamente baixa de A. lituratus e C. perspicillata na região da RPPN Buraco das
Araras é provavelmente explicada pela ausência ou baixa abundância de
determinadas espécies de plantas associadas (Sazima et al. 1994). Há dez anos
toda a região da dolina apresentava quase ausência de vegetação florestal (M.
Sampaio, comunicação pessoal), fato que pode explicar a presença preponderante
dos filostomídeos generalistas A. planirostris e G. soricina. Entretanto, a
regeneração florestal deve ter favorecido o incremento de espécies de morcegos ao
longo dos últimos anos, uma vez que ocorreram espécies pertencentes a cinco
guildas tróficas diferentes. O valor estimado para o índice de diversidade de
Shannon (H’ = 1,51) é inferior ao esperado para comunidades de morcegos na
região neotropical (H’ ≈ 2,0 Findley 1993), porém próximo a valores estimados para
fragmentos florestais de Mata Atlântica (Faria et al. 2006). A baixa diversidade de
espécies na RPPN Buraco das Araras pode ser explicada por ser um fragmento de
vegetação em recuperação, circundado por fazendas de criação de gado.
A presença massiva de N. laticaudatus ocorreu apenas na segunda
expedição em janeiro. A presença de revoada desta espécie tem sido notada
anualmente a partir da segunda quinzena de dezembro, e diminui gradativamente ao
longo do mês de fevereiro (M. Sampaio, comunicação pessoal). Portanto, é provável
que a dolina seja utilizada como abrigo diurno por N. laticaudatus apenas em
período restrito do ano, mas de forma constante ao longo dos anos. Adicionalmente,
a destacada alta proporção de fêmeas grávidas e lactantes de N. laticaudatus indica
que a dolina é utilizada como abrigo tipo maternidade e berçário. Portanto, a dolina
pode representar importância fundamental para a reprodução e manutenção desta
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
69
espécie na região. Nyctinomops laticaudatus é comumente encontrada em grandes
cavernas e fendas de rochas (W. Uieda, comunicação pessoal). Colônias residentes
podem ser formadas em alguns casos, com um número estável de indivíduos,
entretanto a dinâmica de população é complexa e a filopatria baixa (Avila-Flores et
al. 2002).
Outras espécies insetívoras que merecem destaque são M. temminckii, cuja
captura em redes não é comum (Sekiama 2003); Natalus stramineus, único
representante da família Natalidae que ocorre no Brasil; e Micronycteris
schmidtorum, que representa o primeiro registro de ocorrência na região CentroOeste do Brasil – sua ocorrência era conhecida previamente apenas para as regiões
norte e nordeste do Brasil. Ainda há muito pouco conhecimento sobre a biologia e
ecologia destas três espécies insetívoras, destacando a importância da RPPN
Buraco das Araras para manutenção de espécies raras e para aumento do
conhecimento cientifico sobre as mesmas. A alta freqüência de recapturas em
novembro, de morcegos anilhados em janeiro, permite inferir ainda que grande parte
dos indivíduos amostrados é residente no local de estudo. Este fato deve estar
relacionado à ausência de recursos na vizinhança, ampliando a importância de
conservação desta Unidade de Conservação.
O gênero Molossops apresenta apenas três espécies, M. temminckii, M.
mattogrossensis e M. neglectus. Em Mato Grosso do Sul, indivíduos de M.
temminckii foram também registrados na Base de Estudos do Pantanal, UFMS,
região do Rio Miranda. Em regiões de savana na Bolívia essa espécie foi registrada
forrageando principalmente em bordas de mata, enquanto áreas abertas são
utilizadas por outras espécies de Molossidae (Aguirre et al. 2007), como N.
laticaudatus.
A ocorrência de N. stramineus é conhecida nos estados da região Nordeste e
Sudeste do Brasil, assim como nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e
Roraima (Reis et al. 2007; Taddei e Uieda 2001). Em Mato Grosso do Sul, esta
espécie foi capturada nos municípios de Rio Verde, Paraíso (Taddei e Uieda 2001),
Bodoquena (Alan F. Eriksson, comunicação pessoal) e Corumbá (Carvalho et al.
2008). Morcegos do gênero Natalus utilizam como abrigos cavernas, minas e túneis,
podendo estar associados a grande variedade de espécies morcegos (Taddei e
Uieda 2001). Apesar de ampla distribuição no território brasileiro, sua ocorrência
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
70
parece estar relacionada a locais de terrenos areníticos onde há abrigos potenciais
utilizados por esta espécie.
O gênero Micronycteris inclui 10 espécies de morcegos insetívoros de
pequeno porte pertencentes à subfamília Phyllostominae. Em Mato Grosso do Sul
duas espécies desse gênero foram registradas, Micronycteris megalotis e
Micronycteris minuta, ambos na região da Serra da Bodoquena. Na região do
complexo Aporé-Sucuriú somente foi registrado M. megalotis (Cunha 2007;
Bordignon et al. 2006). Micronycteris schmidtorum pode abrigar-se em ocos de
árvore assim como em edificações. Morcegos desse gênero consomem coleópteros,
muito abundantes na região do Buraco das Araras no mês de novembro, quando a
espécie foi registrada.
2.9 AVIFAUNA
De modo geral, a avifauna não-pantaneira do Estado do Mato Grosso do Sul
constitui-se de uma grande lacuna para o conhecimento biogeográfico da região
Neotropical. Nunes et al. (em prep.) compilaram cerca de 600 espécies para o
Estado, sendo que grande parte destes resultados foram obtidos na Planície
Pantaneira e arredores. Pivatto et al. (2006) citam 353 espécies para a região do
Planalto da Bodoquena e Straube e Urben-Filho (2006) indicam a ocorrência de 463
espécies na região do Corredor Miranda-Serra da Bodoquena, o que corresponde a
55% do total de aves conhecida para o Cerrado (Silva 1995; Marini e Garcia 2005).
Em 2006 foram identificadas 228 espécies na RPPN Fazenda Cabeceira do Prata,
distante cerca de cinco quilômetros da Fazenda Alegria, indicando boa riqueza de
espécies (Pivatto 2007). Observa-se que a comunidade de aves do Planalto da
Bodoquena sofre ainda influência da avifauna pantaneira (Tubelis e Tomas 2003) e
chaquenha (Straube et al. 2006).
Especificamente sobre a área abordada neste estudo, não são conhecidas
citações anteriores além daquela contida em Pivatto et al. (2006) e em Martins
(2006). Assim, este trabalho tem como objetivo aumentar o conhecimento da
avifauna ocorrente na propriedade com fins de conservação, manejo e uso turístico.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
71
2.9.1 RIQUEZA DE ESPÉCIES
Foram identificadas 124 espécies de aves na área da RPPN Buraco das
Araras (Anexo 6), pertencentes a 37 famílias. Este resultado equivale a 54,3% das
espécies encontradas na Fazenda Cabeceira do Prata (Pivatto 2007), 35,1% das
espécies identificadas para a região do Planalto da Bodoquena (Pivatto et al. 2006),
27% do Corredor Miranda-Serra da Bodoquena (Straube e Urben-Filho 2006) e 15%
daquelas registradas para o Cerrado (Silva 1995; Marini e Garcia 2005).
Os moradores locais observaram um indivíduo de Jabiru mycteria na área
recentemente e apenas esta única vez, sendo, portanto considerado como vagante
acidental, não sendo inserido na listagem das espécies locais. Da mesma forma,
Morphnus guianensis, observado apenas em abril de 2001 (Pivatto et al. 2006).
Em dezembro de 2007 foram introduzidos oito casais de Ara ararauna na
Fazenda através de trabalho de re-introdução desenvolvido pelo CRAS (Figura 67).
Embora esta espécie não tenha sido observada durante os levantamentos de
campo, sabe-se por relato de moradores antigos que a mesma ocorria na região,
com ampla distribuição. Entretanto, como esta soltura foi feita apenas após o
encerramento dos levantamentos de campo, este relatório não apresenta dados
sobre a mesma, embora Ara ararauna tenha sido inserida na lista final das espécies
(Anexo 6). Recomenda-se um acompanhamento futuro da interação desta espécie
com o ambiente local.
a
b
Figura 67. Re-introdução de Ara ararauna na Fazenda Alegria em trabalho desenvolvido pelo CRAS.
Fotos: a. Rooswelt Sampaio e b. Pete Oxford
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
72
Por meio de estímulo sonoro (play-back), obteve-se resposta parcial de Strix
huhula dentro da dolina (provavelmente uma fêmea), porém sem visualização do
mesmo. Segundo relato dos moradores, uma coruja com aspecto semelhante a esta
espécie foi avistada algumas vezes na propriedade. Porém, recomenda-se
confirmação futura deste táxon na área.
O registro de novas espécies ao longo deste trabalho (Figura 68) e a curva
ascendente do gráfico de rarefação indica que ainda pode haver novos registros de
aves na área estudada. A seca rigorosa que abateu a região neste ano de 2007
pode ter influído nestes resultados, ocultando espécies que deixaram o fragmento
temporariamente em busca de alimento e abrigo, ou ainda atrasando a chegada de
migrantes regionais. Acredita-se que um esforço maior ao longo das diferentes
estações climáticas (Vasconcelos 2006) poderá acrescentar novas espécies à lista,
visto que algumas aves de registro regular na região não foram identificadas na
RPPN Buraco das Araras. Portanto, para uma caracterização mais completa da
comunidade de aves da RPPN, recomenda-se a continuidade dos levantamentos
nesta área.
RPPN Buraco das Araras - Registro de novas espécies
Total de novos registros
Cumulativa
Total de novos registros
140
124
120
100
93
80
76
60
40
46
30
20
22
26
mar/mai//2006
ago/2007
Visitas técnicas
out/2007
0
Dados prévios
Figura 68. Total de novos registros durante inventário na RPPN Buraco das Araras (Jardim, MS)
Cabe ressaltar que Strix huhula se confirmada, e Elaenia albiceps são novos
registros para a região, de acordo com os levantamentos de Pivatto et al. (2006).
Assim, o número de espécies conhecidas para a Serra da Bodoquena passa a ser
360 (considerando-se novos registros não publicados obtidos nos inventários
realizados nas RPPNs Fazenda Cabeceira do Prata e Fazenda da Barra).
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
73
2.9.2 REPRESENTAÇÃO POR TIPO VEGETACIONAL
Em Pivatto (2007) a autora chama atenção para a fragmentação da região
onde localizam-se as Fazendas Cabeceira do Prata e Alegria, resultando em perda
de habitats e grande ameaça à fauna (Sick 1997; Pizo 2001), visto que os
fragmentos restantes podem ser pequenos demais para conter uma área
suficientemente viável que garanta a sobrevivência das espécies originalmente
presentes na região (Ricklefs 2003). Isto pode ser observado por imagens de satélite
e pela ausência de espécies indicadoras de equilíbrio ambiental, como
representantes das famílias Thamnophilidae.
A expansão da pecuária e da agricultura foram os principais fatores que
geraram o desmatamento e conseqüente fragmentação na região (Pivatto 2007).
Observa-se que apenas os remanescentes próximos aos cursos d’água foram
poupados da supressão vegetal, com retirada de espécies vegetais de valor
comercial. Para a Fazenda Alegria, a vegetação diretamente relacionada com a
dolina foi mantida, além de um prolongamento a sudeste, sendo que esta já sofreu
corte seletivo e desmate para formação de pastagem. Isto teve conseqüências
diretas na diversidade das espécies remanescentes e na alteração do perfil da
comunidade de aves, com a predominância de espécies típicas de ambientes
abertos e vegetação secundária (Anjos 2006).
O estudo botânico realizado na área identificou dois perfis vegetacionais,
sendo Savana Florestada e Arborizada (SFA) em toda a RPPN e Floresta Perenifólia
(FP) dentro da dolina. Foram ainda efetuados registros nas áreas antropizadas
(proximidades das edificações - AA) e borda do fragmento (BO). Embora a área
amostrada seja pequena, optou-se por dividir as observações de acordo com esta
divisão, de forma a verificar se existe alguma diferença entre as comunidades de
aves presente nos mesmos.
Assim, foram identificadas 106 (85,4%) espécies em SFA, 46 (37,4%) em FP,
12 (9,7%) em BO e 55 (45%) em AA. Como exclusivas de cada ambiente,
encontrou-se 34 (27,4%) em SFA, cinco (29%) em FP, três (2,4%) em BO e três
(2,4%) em AA (Figura 69).
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
74
Distribuição de espécies por ambiente - RPPN Buraco das Araras
140
120
100
80
60
40
20
0
FP
n te
mbie
a
este
das n
nte
gis tr a
e
r
p
ambie
de s
este
total
ra
a
as p
c lus iv
s p ex
Total de
espécies
SFA
BO
AA
Figura 69. Total de espécies de aves identificadas segundo o tipo vegetacional durante inventário
realizado na RPPN Buraco das Araras (Jardim, MS), sendo: Savana Florestada e Arborizada (SFA),
Floresta Perenifólia (FP), áreas antropizadas (AA) e borda do fragmento (BO)
Todas as espécies registradas na área amostrada são características do
Bioma Cerrado (Silva 1995), confirmando o observado por Pivatto et al. (2006). Das
espécies consideradas por Silva (1997) como endêmicas deste Bioma, foram
identificadas apenas Alipiopsitta xanthops e Cyanocorax cristatellus.
Considerando-se as áreas de borda, Ara chloropterus (Figura70), Glaucidium
brasilianum (Figura 71) e Ramphastos toco foram registradas em todos os
ambientes amostrados em pelo menos um momento dos levantamentos executados.
Figura 71. Glaucidium brasilianum (corujaFigura 70. Ara chloropterus (arara-vermelha).
caburé). Foto: Tietta Pivatto
Foto: Tietta Pivatto
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
75
A Floresta Perenifólia, limitada
à área interna da dolina (Figura 72),
apresenta características distintas dos
outros
ambientes, dominados pela
Savana
Florestada
Embora
e
Arborizada.
aparentemente
esta
vegetação esteja isolada de outras
áreas com fisionomias semelhantes,
Figura 72. Floresta Perenifólia, área interna da
foram identificadas espécies típicas de
dolina. Foto: Tietta Pivatto
matas ciliares, como Crotophaga major, Momotus momota, Trogon curucui e Turdus
leucomelas,
sendo
que
Strix huhula, Tyto alba
e Crotophaga major foram
registradas apenas neste ambiente.
A maior similaridade entre os ambientes amostrados foi entre AA e SFA, com
0,63, seguida de SFA e FP, com 0,5. Embora as áreas antropizadas encontrem-se
dentro do ambiente de cerrado local, a presença humana e suas modificações na
área afastaram espécies menos tolerantes, que são observadas nas áreas mais
isoladas da propriedade, como Penelope superciliaris (Figura 72). Ainda assim, nas
proximidades da sede foram observadas espécies como Formicivora rufa (Figura
73), Myiopagis viridicata e Tachyphonus rufus.
Figura 72. Penelope superciliaris (jacupemba).
Figura 73. Formicivora rufa (papa-formigas-
Foto: Tietta Pivatto
vermelho). Foto: Tietta Pivatto
A similaridade entre a avifauna da savana florestada e arborizada da RPPN
Buraco das Araras e fisionomias semelhantes na RPPN Fazenda Cabeceira do
Prata é de 0,65, mostrando proximidade entre as espécies ocorrentes nas duas
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
76
áreas. Já para as matas ciliares, houve apenas 0,34 de similaridade entre a Floresta
Perenifólia e a Floresta Estacional Semidecidual Aluvial ocorrente na Fazenda
Cabeceira do Prata, o que indica que, mesmo tendo espécies residentes como
Momotus momota (Figura 74) e visitantes ocasionais como Crotophaga major e
Spizaetus melanoleucus (Figura 75), a Floresta Perenifólia dentro da dolina não tem
extensão e nem diversidade suficiente para abrigar alta diversidade de avifauna. A
ausência de um curso d’água (desconsiderando-se o pequeno lago existente na
dolina) e seu isolamento de outras matas ciliares contribuem para este fato.
Figura 74. Momotus momota (udu).
Figura 75. Spizaetus melanoleucus (gavião-
Foto: Tietta Pivatto
pato). Foto: Rooswelt Sampaio
2.9.3 REPRESENTAÇÃO POR GUILDAS
Ocupação do habitat
Segundo Straube e Urben-Filho (2006), a maneira como as espécies
exploram e ocupam o hábitat, bem como a representação de cada tipo ecológico, é
ferramenta importante para o diagnóstico da avifauna. A ausência de ambiente
aquático na propriedade condicionou a predominância de aves de hábitos terrestres
(Tabela 4), com destaque para as espécies tamnícolas (80%).
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
77
Tabela 4. Riqueza geral de espécies dos vários tipos ecológicos da RPPN Buraco das Araras, Jardim,
MS. Adaptado de Straube e Urben-Filho (2006).
NÍVEL 1
NÍVEL 2
Silvícolas
51
Terrestres
124
Campícolas
69
Aerícolas
NÍVEL 3
N° espécies
Tamnícolas
44
Terrícolas
02
Corticícolas
05
Tamnícolas
55
Terrícolas
11
Corticícolas
03
04
O resultado está em acordo com a fisionomia florestal predominante da área,
onde predominam cerrados abertos formados pelo uso anterior da área como
pastagem. Das quatro espécies observadas sobrevoando a região, três (Chaetura
meridionalis, Cathartes aura e Coragyps atratus) são consideradas aerícolas.
Observa-se um leve predomínio de espécies campícolas, novamente
condicionada à fisionomia da paisagem. Cabe ressaltar que parte da população
campícola depende de áreas arborizadas para construção de ninho ou abrigo,
indicando a importância destas para a manutenção da biodiversidade da região
(Rodrigues e Leitão-Filho 2000).
Foram identificadas oito espécies de hábito corticícola beneficiando-se da
oferta de parasitas nas árvores e de troncos usados como ninho (Sick 1997). A
manutenção de árvores mortas é importante para viabilizar nidificação destas
espécies e outras que também se utilizam destes ocos como Ramphastos toco
(Figura 76). Treze espécies terrícolas (Figura 77) foram identificadas na área.
Figura 76. Ramphastos toco (tucano-toco).
Figura 77. Crypturellus parvirostris (inhambu-
Foto: Daniel De Granville
chororó). Foto: Tietta Pivatto
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
78
Guilda alimentar
O perfil alimentar da avifauna permite identificar o grau de alteração em
fragmentos florestais, principalmente ao se analisar a população de frugívoras
presentes, visto ser este o grupo mais sensível a estas alterações (Pizo 2001). A
classificação das guildas alimentares foi baseada em Sick (1997).
Para este estudo, foram identificadas sete guildas (Figura 78), sendo que o
grupo dominante foi o insetívoro, com 56 espécies (45%), seguido de granívoros
com 19 (15%) e onívoros com 17 (14%).
Distribuição da avifauna por guilda alimentar
RPPN Buraco das Araras - Jardim, MS
14%
15%
2%
12%
10%
2%
onívoro
carnívoro
necrófago
insetívoro
frugívoro
nectarívoro
granívoro
45%
Figura 78. Distribuição da avifauna encontrada na RPPN Buraco das Araras (Jardim, MS) por guildas
alimentares. Observa-se a predominância de espécies insetívoras
As espécies insetívoras estão distribuídas em todos os ambientes amostrados
(Figura 79). Embora com diversidade baixa, observa-se que a presença de
frugívoros e carnívoros está em equilíbrio com as demais guildas, com exceção das
espécies nectarívoras e necrófagas (Figura 80).
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
79
Figura 79. Camptostoma obsoletum (risadinha).
Figura 80. Coragyps atratus (urubu-comum).
Foto: Fernanda Melo
Foto: Tietta Pivatto
Aves frugívoras são responsáveis pela disseminação de sementes, sendo
importantes na manutenção e recomposição da vegetação nativa. Segundo Pizo
(2001), os deslocamentos de frugívoros frequentemente envolvem movimentos entre
ambientes em diferentes estágios sucessionais, devido à disponibilidade de
pequenos frutos na vegetação secundária ao longo das estações climáticas.
Espécies
granívoras,
que
possuem
importante papel como controladoras da
quantidade de sementes e castanhas, estão
representadas por columbídeos, psitacídeos
(principalmente
Ara
chloropterus)
e
emberezídeos (Figura 81).
Segundo Dário et al. (2002), o efeito de
borda sobre os ambientes favorece as
espécies de aves onívoras e granívoras que
habitam o sub-bosque da floresta. A maior
incidência
de
luz
nestes
ambientes
proporciona maior produção de frutos e de
Figura 81. Coryphospingus cuculatus
(tico-tico-rei). Foto: Daniel De Granville
plantas invasoras produtoras de sementes,
que são a base alimentar destas aves.
Durante as duas visitas técnicas foram observados bandos mistos nas matas
de cerrado da RPPN, com formações diferenciadas de acordo com a estação
climática (Tabela 5).
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
80
Tabela 5. Formações de bandos mistos observadas na RPPN Buraco das Araras, Jardim/MS em
2007 e freqüência de ocorrência, sendo raro = até duas vezes; freqüente = até cinco vezes; muito
freqüente = presente em todos os bandos observados no período.
Espécie
Agosto
Outubro
Hylocharis chrysura
Picumnus albosquammatus
Formicivora rufa
raro
---
freqüente
---
---
Freqüente
Lepdocolaptes angustirostris
Hemitriccus margaritaceiventer
freqüente
muito freqüente
muito freqüente
Elaenia albiceps
---
freqüente
Myiopagis caniceps
---
Raro
Myiopagis viridicata
---
Raro
freqüente
muito freqüente
muito freqüente
Freqüente
Myiarchus ferox
---
Freqüente
Xenopsaris albinucha
---
Raro
Nemosia pileata
---
Raro
Thraupis sayaca
freqüente
---
Conirostrum speciosum
muito freqüente
muito freqüente
Coryphospingus cuculatus
muito freqüente
muito freqüente
Casiornis rufus
Myiarchus tyrannulus
Segundo Maldonado-Coelho e Marini (2003), uma das principais variáveis que
influenciam o tamanho e a composição dos bandos mistos de aves é a
sazonalidade. As variações sazonais na composição e a estrutura dos bandos se
devem, em grande parte, às variações na distribuição temporal e espacial dos
recursos alimentares, juntamente com as atividades reprodutivas e a presença de
espécies migratórias (Machado 1999). Isto foi observado na área estudada, onde
algumas espécies apareceram nos dois períodos estudados com muita freqüência
(Hemitriccus margaritaceiventer, Myiarchus tyrannulus, Conirostrum speciosum e
Coryphospingus cuculatus), enquanto outras são mais raras ou aparecem com
freqüência apenas em um dos períodos, como Elaenia albiceps (migratória) e
Thraupis sayaca. Sugere-se um acompanhamento mais específico sobre os bandos
mistos da RPPN Buraco das Araras ao longo do tempo para verificar a influência das
alterações ambientais locais sobre sua formação.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
81
2.9.4 ESPÉCIES MIGRATÓRIAS E RESIDENTES
Foram identificadas 17 espécies migratórias na RPPN Buraco das Araras,
sendo duas visitantes setentrionais (MMA 2005; Sick 1997). Este número
corresponde a 65,4% do total de aves migratórias encontradas na Fazenda
Cabeceira do Prata (Pivatto 2007). Entretanto, devido à proximidade destas áreas, é
possível que outros migrantes também possam ser identificados na RPPN, conforme
tabela 6. Destaca-se Elaenia albiceps (Figura 82), visitante meridional, novo registro
para a região, que também foi observado na Lagoa Misteriosa no mesmo período.
Tabela 6. Espécies migratórias registradas na Fazenda Cabeceira do Prata (1), Lagoa Misteriosa (2)
e Buraco das Araras (3) em Jardim/MS, sendo: VS = Visitante Meridional, VN = Visitante Setentrional,
MR = Movimentação Regional e ML = Movimentação Local.
ESPÉCIE
Status
Ocorrência
Dendrocygna viduata
ML
1
Dendrocygna autumnalis
ML
1
Cathartes aura
ML
1,2,3
Eleanoides forficatus
VS
1
Rosthramus sociabilis
ML
1
Ictinia plumbea
MR
1,2,3
Himantopus melanurus
VN
1,2
Tringa solitaria
VN
1
Claravis pretiosa
MR
1,3
Zenaida auriculata
ML
1
Coccyzus melacoryphus
MR
1,2
Crotophaga major
MR
1,3
Podager nacunda
MR
1
Crapimulgus parvulus
MR
1,3
Chaetura meridionalis
MR
1,2,3
Elaenia albiceps
VS
2,3
Elaenia chiriquensis
MR
3
Suiriri suiriri
MR
3
Pyrocephalus rubinus
VS
1,2,3
Machetornis rixosa
MR
1,2,3
Legatus leucophaius
MR
1,3
Myiodynastes maculatus
MR
1,3
Empidonomus varius
MR
1,2,3
Tyrannus melancholicus
MR
1,2,3
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
82
Tyrannus savana
MR
1,2,3
Vireo olivaceus
MR
1
Turdus amaurochalinus
MR
1,2
Mimus triurus
VS
1
Tersina viridis
MR
1,2,3
Figura 82. Elaenia albiceps (Guaravaca-de-
Figura 83. Ictinia plumbea (sovi).
crista-branca). Foto: Fernanda Melo
Foto: Daniel De Granville
Embora a movimentação regional (MR) não seja contemplada na lista oficial
de aves brasileiras migratórias, 14 espécies utilizam os ambientes da propriedade
em alguma estação ao longo do ano, buscando clima mais ameno ou ambiente para
reprodução, como por exemplo Ictinia plumbea (Figura 83).
Com relação às espécies residentes, ainda que este inventário tenha
abrangido o período de pico reprodutivo da avifauna, acredita-se que a estiagem
rigorosa tenha afetado as condições de reprodução deste grupo animal, pois apenas
15 espécies foram observadas preparando ninho (Theristicus caudatus – figura 84,
Coragyps atratus, Herpetoteres cachinans – figura 85, Cariama cristata – figura 86,
Pulsatrix perspicillata – figura 87, Eupetomena macroura, Momotus momota,
Colaptes melanochloros, Miodynastes maculatus e Gnorimopsar chopi) ou em corte
nupcial (Columbina squammata, Ara chloropterus, Megascops choliba, Nystalus
striatipectus – figura 88 e Pitangus sulphuratus), além de um indivíduo juvenil de
Milvago chimachima (Figura 89). Destas, nove espécies usaram as paredes da
dolina ou a Floresta Perenifólia para a construção dos ninhos.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
83
Figura 85. Theristicus caudatus (curicaca).
Figura 85. Herpetoteres cachinans (acauã).
Foto: Tietta Pivatto
Foto: Tietta Pivatto
Figura 86. Cariama cristata (seriema).
Figura 87. Pulsatrix perspicillata (murucututu).
Foto: Tietta Pivatto
Foto: Fernanda Melo
Figura 88. Nystalus striatipectus (joão-bobo).
Figura 89. Juvenil de Milvago chimachima
Foto: Tietta Pivatto
(gavião-pinhé). Foto: Tietta Pivatto
Considera-se que a RPPN Buraco das Araras tem relevante importância na
reprodução da avifauna local, principalmente a dolina. Cabe ressaltar, porém, que
estes dados foram sub-amostrados, necessitando de novas pesquisas e
monitoramento da avifauna para acompanhar seu ciclo reprodutivo, visto que na
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
84
RPPN Fazenda Cabeceira do Prata foram observadas 46 espécies em algum
estágio reprodutivo ao longo dos inventários realizados na área (Pivatto 2007).
2.9.5 ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO
Não foram identificadas espécies nacionalmente ameaçadas (MMA 2003) na
área de estudo, mas segundo a IUCN (2007), Rhea americana e Alipiopsitta
xanthops possuem status “quase ameaçada” (em perigo).
A predominância de espécies com
ampla distribuição, segundo critérios da
IUCN (2007), apenas indica que a área já
não possui condições para manutenção
de espécies mais exigentes. Mesmo
Rhea americana (Figura 90) e Alipiopsitta
xanthops,
embora
ameaçadas
globalmente, são consideradas comuns
na região, cuja paisagem predominante é
Figura 90. Rhea americana (ema).
Foto: Daniel De Granville
de campos abertos.
A ema sofre com o desaparecimento e modificação de seu hábitat, pois os
campos
abertos
estão
sendo
substituídos
por
pastagens
e
plantações.
Esta paisagem é pouco priorizada quando da criação de Unidades de Conservação
(Pivatto 2007).
A diminuição de uma área de floresta natural pode levar à diminuição
exponencial do número de espécies e afetar a dinâmica de populações de plantas e
animais
existentes,
podendo
comprometer
a
regeneração
natural
e,
conseqüentemente, a sustentação destas florestas (Harris 1984).
A fragmentação torna-se um problema quando não há migração e a qualidade
do habitat é muito pobre ou a área é muita pequena para sustentar populações
viáveis. É conseqüência de atividades humanas, e as áreas de vegetação natural
restantes encontram-se geralmente próximas de áreas com perturbação antrópica,
como fazendas agrícolas e de exploração florestal, sujeitas a tensão excessiva de
agentes externos como fogo, inseticidas e espécie invasoras (Jansen 1986).
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
85
Espécies menos exigentes ambientalmente são características de ambientes
alterados devido à flexibilidade em adaptar-se a diferentes condições ambientais. A
predominância de espécies menos sensíveis às alterações ambientais está em
acordo com o observado por Anjos (2006).
Os dados aqui apresentados indicam que, embora a RPPN Buraco das
Araras seja um fragmento de pequenas dimensões com vegetação homogênea,
possui boa riqueza de avifauna, com 124 espécies observadas durante o inventário.
Em geral a comunidade de aves é típica de ambientes alterados, mas
apresenta algumas espécies interessantes pela dificuldade em serem encontradas
na região (ex. Penelope superciliaris e Strix huhula), duas endêmicas do Cerrado
(Alipiopsitta xanthops e Cyanocorax cristatellus) e duas globalmente ameaçadas
(Rhea americana e Alipiopsitta xanthops). A ausência de espécies pouco tolerantes
indica que houve degradação na área, mas acredita-se que medidas de recuperação
da vegetação podem viabilizar a recolonização por espécies mais sensíveis a
mudanças ambientais.
Cabe lembrar que os dados obtidos neste inventário caracterizam o fragmento
em um ano excepcionalmente seco, o que com certeza alterou alguns resultados.
Diversas espécies comuns que foram registradas em ambientes semelhantes na
Fazenda Cabeceira do Prata e Lagoa Misteriosa não foram observadas na RPPN
Buraco das Araras, mas acredita-se que devam existir neste local. Assim, pode-se
projetar um número maior de espécies para este fragmento e arredores, o que
poderia ser comprovado com a continuidade deste inventário, regeneração da
vegetação e através do monitoramento da área.
2.10 HERPETOFAUNA
O Cerrado, apesar de ser o segundo maior bioma brasileiro e ocupar uma
área de aproximadamente 24% do território nacional (Adámoli et al. 1986), foi
considerado um “hotspot” de biodiversidade (Mittermeier et al. 1999), conceito que
se baseia em graus de endemismos e ameaças à sua conservação uma vez que
restam apenas 20% de sua cobertura original.
Ao contrário do que afirmavam alguns autores (eg. Vitt 1995), o Cerrado
abriga boa parte da diversidade herpetofaunística brasileira: 113 espécies de
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
86
anfíbios (32 endêmicas), 5 crocodilianos, 10 quelônios, 15 anfisbênias (8
endêmicas), 47 lagartos (12 endêmicas) e 107 serpentes (11 endêmicas), sendo que
a pouca riqueza de espécies registrada neste bioma se deve ao pequeno esforço
amostral ou amostragem inadequada (Colli et al. 2002). Novas espécies
encontradas no Cerrado têm sido registradas e outras descritas recentemente (eg.
Valdujo e Nogueira 2001; Nogueira 2001; Colli et al. 2003; CI-Brasil 2008).
A RPPN Buraco das Araras está localizada na Serra da Bodoquena, em Mato
Grosso do Sul, situada na porção central da grande diagonal de formações abertas
da América do Sul que se estende desde a Caatinga até o Chaco na Bolívia. Este
levantamento herpetofaunístico foi realizado com o objetivo de se conhecer a fauna
local como parte da realização do plano de manejo da RPPN Buraco das Araras.
Além deste trabalho, estudos recentes na região contribuíram de forma significativa
para o conhecimento de sua herpetofauna (Duleba 2006; Uetanabaro et al. 2007) e
reforçam a importância de conduzir estudos a longo prazo.
Foram registradas na RPPN Buraco das Araras um total de 10 espécies de
anuros (5 famílias), 8 lagartos (3 famílias) e 7 serpentes (2 famílias). Em armadilhas
de queda, foram coletados 126 indivíduos: 100 anfíbios (9 espécies pertencentes a 4
famílias), 20 lagartos (5 espécies pertencentes a 2 famílias), e 6 serpentes (4
espécies pertencentes a uma família) (Tabela 7, anexo 7).
Tabela 7. Espécies da herpetofauna coletadas em armadilhas de queda na RPPN Buraco da Araras,
Jardim, MS em novembro de 2007 e fevereiro de 2008 e suas respectivas abundâncias.
Subgrupo
Anura
Família
Espécie
n
Cycloramphidae
Proceratophrys sp
4
Leiuperidae
Eupemphix nattereri
63
Physalaemus centralis
23
Pleurodema fuscomaculata
1
Leptodactylus chaquensis
2
Leptodactylus elenae
1
Leptodactylus mystacinus
4
Leptodacytlus ocellatus
1
Microhylidae
Elachistocleis ovalis
1
Gymnophtalmidae
Colobosaura modesta
5
Micrablepharus maximiliani
7
Cercosaura schreibersii
3
Cnemidophorus sp
3
Leptodactylidae
Sauria
Teiidae
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
87
Serpentes
Colubridae
Tupinambis merianae
2
Apostolepis diminuta
1
Echinantera occipitalis
1
Oxyrhopus guibei
1
Phalotris tricolor
3
Espécies da herpetofauna registradas na RPPN Buraco das Araras e que não
foram capturadas em armadilhas de queda estão listadas na Tabela 8. Quase todas
as espécies registradas estão ilustradas abaixo (Figura 91).
Tabela 8. Herpetofauna observada na RPPN Buraco da Araras (novembro/2007 e fevereiro/2008).
Subgrupo
Família
Espécie
Anura
Hylidae
Scinax fuscovarius
Sauria
Gymnophtalmidae
Pantodactylus albostrigatus
Tropiduridae
Tropidurs guarani
Teiidae
Ameiva ameiva
Leptotyphlopidae
Leptotyphlops sp
Colubridae
Chironius flavolineatus
Serpentes
Leptodeira annulata
a
b
c
d
e
f
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
88
g
h
i
j
l
m
n
o
q
r
s
t
u
v
p
y
z
x
Figura 91. Herpetofauna registrada na RPPN Buraco das Araras, sendo a = Proceratophrys sp; b =
Elachistocleis ovalis; c = Pleurodema fuscomaculata; d = Eupemphix nattereri; e = Physalaemus
centralis; f = Leptodacytlus ocellatus; g = Leptodactylus chaquensis; h = Leptodactylus elenae; i=
Leptodactylus mystacinus; j = Scinax fuscovarius; l = Colobosaura modesta; m = Micrablepharus
maximiliani; n = Pantodactylus albostrigatus; o = Cercosaura schreibersii; p = Cnemidophorus sp; q =
Ameiva ameiva; r = Tupinambis merianae; s = Tropidurs guarani; t = Apostolepis diminuta; u =
Phalotris tricolor; v = Oxyrhopus guibei; x = Leptodeira annulata; y = Taeviophallus occipitalis; z =
Chironius flavolineatus. Fotos: Ellen Wang (exceto a e z – Carolina Denzin; r – Mara Cintia Kiefer).
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
89
10
Anfíbios
anuros
representaram quase 80% dos
indivíduos
coletados
em
armadilhas de queda (Figura
92),
sendo
nattereri
a
Eupemphix
espécie
mais
abundante representando 63%
dos anuros.
Figura 92. Contribuição (%) de cada grupo da herpetofauna
na RPPN Buraco das Araras durante a estação chuvosa
Apenas os dados obtidos a partir
das
armadilhas
de
queda
foram
Riqueza
18
Abundância
126
H'
considerados no cálculo do índice de
Var (H')
diversidade
SE (H')
da
herpetofauna
(Tabela 9).
local
J'
1,752
0,015
0,124
0,606
Tabela 9. Riqueza, abundância e índice de
diversidade da herpetofauna terrestre da RPPN
Buraco das Araras na estação chuvosa.
Um inventário herpetofaunísitico realizado na RPPN Cabeceira do Prata,
localizado a aproximadamente cinco quilômetros da RPPN Buraco das Araras,
realizado apenas durante a estação seca, registrou 16 espécies de anuros e 20 de
répteis (Duleba 2006), dos quais cinco anuros, três lagartos e três serpentes
também foram encontradas na RPPN Buraco das Araras. Já o estudo realizado no
Parque Nacional da Serra da Bodoquena, onde as amostragens foram realizadas na
estações seca e chuvosa, registrou um total de 38 anfíbios e 25 répteis (Uetanabaro
et al. 2007), sendo que oito anuros e seis lagartos também foram observados na
RPPN Buraco das Araras.
As riquezas de espécies obtidas entre os três estudos provavelmente se
devem a diferenças metodológicas, esforço amostral, ambientes e estações do ano
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
90
amostradas. Os levantamentos herpetofaunísticos na RPPN Cabeceira do Prata e
no Parque Nacional Serra da Bodoquena foram realizados através de procura ativa
e contemplaram diferentes habitats como campos úmidos, floresta estacional
semidecidual e matas de galeria. Na RPPN Buraco das Araras, as amostragens
foram realizadas apenas em áreas de Cerrado (Savana Florestada e Arborizada).
Além das espécies registradas
neste inventário, é conhecida a presença
de um casal de jacarés-do-papo-amarelo
(Caiman latirostris, figura 93) que vive
dentro
da
dolina.
Segundo
os
proprietários, o casal está lá há mais de
40 anos reproduzindo-se anualmente,
mas predam os ovos ou os filhotes ainda Figura 93. Caiman latirostris (jacaré-do-papojovens.
amarelo residente dentro da dolina Buraco das
Araras. Foto: Tietta Pivatto
Esta é uma das poucas formas de incluir proteína em sua dieta, sendo que
ocasionalmente predam aves ou outros pequenos vertebrados que caem dentro da
dolina. Não se sabe como os jacarés chegaram até o lago, mas acredita-se que
tenham descido por uma fenda da parede da dolina durante o período de
deslocamento na estação chuvosa. Nesta situação, o grande volume de água
poderia ter arrastado os jacarés até o fundo, aprisionado-os.
Os dados obtidos não podem ser considerados representativos da área pois
as amostragens foram realizadas apenas na estação chuvosa e com pequeno
esforço amostral. É necessário conduzir mais amostragens principalmente durante a
estação seca e por um período de tempo maior, utilizando também outras
metodologias além das armadilhas de queda, como a procura limitada por tempo.
Nosso objetivo é continuar a estudar a herpetofauna da RPPN Buraco das Araras e
compará-la a áreas de planície no Pantanal.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
91
2.11 ASPECTOS HISTÓRICOS DA RPPN BURACO DAS
ARARAS
Antes de se tornar uma unidade de conservação, a área onde se localiza o
Buraco das Araras sofreu muita degradação por parte de pessoas que não
conseguiam compreender a importância do lugar. Esta situação mudou quando os
atuais proprietários compraram a Fazenda Alegria e desde então direcionaram
esforços para sua conservação, culminando com a criação da RPPN Buraco das
Araras em 12 de abril de 2007, com 29 hectares de área protegida. Além da dolina,
seu atrativo mais conhecido, a RPPN protege um fragmento de Cerrado, com rica
flora e fauna, sendo as araras-vermelhas as habitantes mais famosas.
Embora de início houvesse uma pequena exploração pecuária na
propriedade, hoje a única atividade econômica é o ecoturismo, possibilitando a
sustentabilidade local junto com sua conservação e ainda permitindo educação
ambiental dos visitantes. Com isso, a RPPN Buraco das Araras cumpre com os
principais objetivos desta unidade de conservação.
2.12 VISITAÇÃO
2.12.1 VISITAÇÃO TURÍSTICA
Em Mato Grosso do Sul, a Lei Estadual Nº 331/98 prevê a obrigatoriedade do
Licenciamento Ambiental para as propriedades que pretendam desenvolver
atividades turísticas. A esta, somam-se o Decreto Nº 11.408/03, que disciplina o
licenciamento ambiental dos empreendimentos e atividades localizadas nas áreas
de preservação permanente. Tal licenciamento é desenvolvido em 3 etapas, sendo a
última denominada Licença de Operação, a qual deve ser renovada periodicamente.
Assim, a operação turística executada na Fazenda Alegria para visitação da
dolina denominada “Buraco das Araras” é feita por meio da Licença de Operação
SEMAC Nº 193/2007, com validade de 04 anos (Anexo 1). Por ser uma cavidade
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
92
natural, também é condicionada à Resolução CONAMA Nº 347/2004. Neste caso,
enquadra-se na categoria 02/Cavernas Semi-antropizadas.
A operação turística na propriedade iniciou-se em 1995, utilizando uma
pequena construção improvisada nas proximidades da dolina (Figura 94), localizada
irregularmente dentro da Área de Preservação Permanente - APP (MMA 1965; MMA
1999; CONAMA 2004). Em setembro de 2003, por orientação do CECAV, esta
estrutura foi demolida e transferida para local fora da APP, mantendo, entretanto as
trilhas dentro desta área, que futuramente tornou-se RPPN.
Figura 94. Antigo receptivo, demolido em setembro de 2003 para recuperação da área. A recepção
atual localiza-se a 280 metros da dolina. Foto: arquivos Buraco das Araras
A visitação turística é organizada por Empreendimentos Turísticos Buraco das
Araras Ltda., empresa da família criada para este fim. Baseia-se em quatro itens
principais: atrativos naturais, capacidade de carga turística, equipamento turístico da
fazenda e qualificação dos funcionários.
O atrativo principal é a dolina conhecida como Buraco das Araras (Figura 95),
onde se concentra um grande número de araras-vermelhas (Ara chloropterus). A
visita é feita por meio de uma trilha que se inicia na recepção, atravessa um trecho
de cerrado em recuperação, circula a dolina com dois pontos de parada (mirantes 1
e 2) e retorna para o receptivo (Figura 96). O trecho total percorrido durante esta
atividade é de aproximadamente 970 metros. As restrições e recomendações para
estas atividades turísticas encontram-se descritas no item 2.19.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
93
Figura 95. A beleza cênica do Buraco das Araras é um importante atrativo turístico para o município
de Jardim. Foto: Tietta Pivatto
Figura 96. Circuito turístico da RPPN Buraco das Araras (Jardim, MS)
Existe ainda um roteiro para observação de aves na propriedade que utiliza,
além da trilha principal, trechos do cerrado que não fazem parte do circuito
tradicional. Não existe um percurso definido para observação de aves devido à
característica da atividade, dependente da quantidade de aves observadas e
interesse e ritmo dos visitantes.
Toda a atividade é acompanhada por guias de turismo ou monitores
ambientais credenciados, que recebem treinamento apostilado (Pivatto e Manço
2006) e prático antes de conduzir grupos dentro da RPPN.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
94
Após cada atividade, o visitante é convidado a preencher uma ficha de
avaliação, onde pode expressar seu julgamento sobre a qualidade da operação
turística. O objetivo é acompanhar o grau de satisfação do visitante para manter um
bom padrão de atendimento. As observações são lidas pelos proprietários e
repassadas para os funcionários e guias de turismo. Além desta forma de expressar
a opinião, o turista conta com um Livro de Visitantes na fazenda e com um Mural de
Recados virtual disponível no site do sítio turístico, sendo que ambos também
servem como base para direcionar estratégias operacionais.
A visitação turística no Buraco das Araras é integrada ao pólo de turismo que
envolve os municípios de Jardim, Bonito e Bodoquena, sendo que grande parte dos
visitantes se hospeda em Bonito, onde está localizada a maioria dos sítios turísticos
e meios de hospedagem da região. O público principal é brasileiro, sendo que os
períodos de maior movimento concentram-se nos meses de janeiro, fevereiro e
julho, coincidindo com as férias escolares, e picos de movimentos nos feriados
nacionais e regionais. Algumas destas datas fazem parte do calendário de alta e
baixa temporada turística (Quadro 1), instituído pelo trade turístico regional, que
estabelece diferenças nos valores cobrados para visitação, ou seja, as tarifas são
mais altas no período de alta temporada turística.
Quadro 1. Calendário de eventos e alta temporada turística nos municípios de Bonito e
Jardim. Fonte: Portalbonito (2008) e Brasil Channel (2008).
Mês
Calendário de Eventos
Janeiro
Alta temporada
Férias Escolares de Verão
Fevereiro
Carnaval
Carnaval
Abril
Exposição do Sindicato Rural – Jardim
Semana Santa
Aniversário de Jardim
Rodeio Country de Bonito
Maio
Festa do Peão de Boiadeiro – Bonito
Dia do Trabalho
Feira de Artesanato de Bonito
Semana de Música Gospel – Bonito
Junho
Festa Junina de São Pedro – Bonito
Corpus Christi
Julho
Festival de Inverno de Bonito
Férias Escolares de Inverno
Agosto
Turisfest Bonito
Encontro Estadual dos Clubes de Laço – Bonito
Setembro
Aniversário de MS – Bonito e Jardim
Independência do Brasil
Outubro
Aniversário de Bonito
Semana do “Saco Cheio”
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
95
Leilão Beneficente de Bonito
Festa do Boi Mocho – Bonito
Novembro
Gay Bonito
Dia de Finados
Festival da Guavira – Bonito
Proclamação da República
Festa da Cultura – Jardim
Dezembro
Natal Bonito
Férias Escolares
Emancipação política de Jardim
Natal e Ano Novo
Observa-se na figura 97 uma variação relacionada aos períodos de alta e
baixa temporada turística, principalmente nos meses de janeiro e julho. O total anual
e as médias mensais entre os anos de 1999-2007 pode ser observado na figura 98.
Visitação Turística - RPPN Buraco das Araras
2,500
2,000
Total de visitantes
1999
2000
2001
1,500
2002
2003
2004
1,000
2005
2006
2007
500
0
JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
Figura 97. Visitação turística na RPPN Buraco das Araras entre abril de 1999 e dezembro de 2007.
Fonte: Buraco das Araras Ecoturismo
3
3
Os dados de visitação turística referentes aos períodos de outubro/dezembro de 1999 e
janeiro/março de 2003 foram perdidos por problemas de armazenamento digital, mas segundo os
proprietários, seguiam os mesmos padrões dos anos seguintes
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
96
Total de Visitantes - RPPN Buraco das Araras
18000
total
média mensal
16000
15604
14226
14000
12690
12139
12000
Total
11430
10000
9782
9550
8000
6000
5945
4827
10
61
.1
10
11
.6
11
85
.5
10
57
.5
81
5.
5
2000
13
00
.3
1999
95
2.
5
49
5.
4
2000
60
3.
4
4000
2003
2004
2005
2006
2007
0
2001
2002
Ano
Figura 98. Total de visitantes na RPPN Buraco das Araras entre abril de 2000 e dezembro de 2007 e
sua média mensal, sendo considerando apenas oito meses para 1999 e nove para 2003. O aumento
do valor de ingresso em 2006 reflete-se na diminuição no movimento. Fonte: Buraco das Araras
Ecoturismo
O empreendimento trabalha atualmente com 30 guias de turismo, 03
monitores ambientais e 25 agências de turismo dos municípios de Bonito e Jardim.
Cabe mencionar que existe uma parceria com o Recanto Ecológico Rio da
Prata, Fazenda Cabeceira do Prata, de forma que aproximadamente 60% dos
visitantes deste este sítio turístico visitam também o Buraco das Araras. A região
onde está inserido o sítio turístico foi considerada pela revista Viagens e Turismo
como melhor destino de ecoturismo pelo sexto ano consecutivo, sendo que o
Recanto Ecológico Rio da Prata foi incluído pela quarta vez na lista dos 30 melhores
destinos turísticos do Brasil listados pelo Guia 4 Rodas (Editora Abril).
2.12.2 VISITAÇÃO ACADÊMICA
A propriedade recebe eventualmente visitas técnicas para conhecer a
operação turística associada à conservação ambiental executada na propriedade,
sendo tema de discussões sobre sustentabilidade. Alguns exemplos:
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
97
 2000 – alunos do curso de Guia de Turismo Regional Especializado em Atrativo
Natural em Bonito, MS;
 2002 – alunos do curso de Guia de Turismo Regional Especializado em Atrativo
Natural em Jardim, MS;
 2003 – alunos de biologia da Universidade de Tirbingen, Alemanha
 2004 – alunos de biologia da Universidade de Tirbingen, Alemanha
 2004 – Processo de Regionalização do Turismo da Serra da Bodoquena
 2005 – alunos de biologia da Universidade de Tirbingen, Alemanha
 2005 – alunos do curso de veterinária da UNESP/SP
 2005 – Colégio Militar Campo Grande, MS
 2006 – alunos de biologia da Universidade de Tirbingen, Alemanha
 2006 – Projeto Florestinha, Bonito, MS
 2006 – Projeto Bombeiros do amanhã, Jardim, MS
 2006 – PrevFogo, IBAMA, Bonito, MS
 2007 – alunos de biologia da Universidade de Tirbingen, Alemanha
 2008 – Projeto Conviver, Jardim, MS
 2008 – alunos de biologia da Universidade de Tirbingen, Alemanha
 2008 – técnicos do IPHAN para criação do Geopark da Serra da Bodoquena
2.12.3 PERCEPÇÃO DO VISITANTE
Os visitantes do Buraco das Araras foram entrevistados com a função de
identificar qual sua percepção em relação à RPPN e avaliar a relação dos mesmos
com um ambiente protegido. Ao todo foram aplicados 104 questionários (Anexo 8),
sendo que desses, 27 (26%) foram respondidos por visitantes estrangeiros. As
avaliações foram feitas entre setembro e outubro de 2007 e fevereiro de 2008,
distribuídas
aleatoriamente
entre
os
visitantes
(brasileiros
e
estrangeiros
participantes de excursões ou independentes).
Do total de visitantes brasileiros entrevistados, 26% são de São Paulo e 18%
são de Mato Grosso do Sul, sendo o restante distribuído entre mais sete estados e o
Distrito Federal. Já para os estrangeiros entrevistados, 47% são europeus, 25% são
asiáticos e 16% são norte-americanos, sendo que os principais países de origem
são Alemanha, Estados Unidos e Japão (Figura 99).
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
98
Alemanha
Origem dos visitantes estrangeiros
Origem dos visitantes brasileiros
Austrália
Bégica
6%
2%
DF
ES
MA
MS
Chile
3% 3%
16%
Espanha
3%
26%
18%
5%
MT
PA
PR
RJ
RS
SC
Estados Unidos
23%
6%
3%
Holanda
Inglaterra
Israel
6%
9%
Japão
6%
SP
13%
França
3%
6%
2%
3%
Finlândia
3%
16%
3% 3%
13%
Nova Zelândia
Portugal
Figura 99. Origem dos visitantes entrevistados na RPPN Buraco das Araras, de acordo com a
nacionalidade
O principal público que visitou o Buraco das Araras no período pesquisado é
formado por pessoas entre 21 e 40 anos (59%), com formação universitária (43%) e
pós-graduação (Figura 100). Este perfil é semelhante ao observado na RPPN
Fazenda Cabeceira do Prata (Coelho et al. 2007), onde 50% do público pertencia a
esta mesma faixa etária, com 47% de graduados.
Grau de Escolaridade
4%
Faixa Etária
4%
1%
2%
Fundamental Incom
12%
11%
13%
35%
até 20
Superior
21 a 30
Pós-graduação
31 a 40
Mestrado
23%
Doutorado
41 a 50
19%
Fundamental
Ensino Médio
6% 3%
51 a 60
43%
Pós-doutorado
acima de 60
24%
Figura 100. Faixa etária e grau de escolaridade dos visitantes entrevistados na RPPN Buraco das
Araras
As condições ambientais da área visitada foram consideradas excelentes para
44,2% dos entrevistados e boa para 51%, sendo que apenas 2% consideraram
razoável e nenhum achou ruim. Um visitante observou que as condições atuais
melhoraram muito em comparação com sua visita anterior, realizada em 1999,
quando teve a impressão de que o local estava muito depredado.
Apenas 44 (42%) dos entrevistados sabiam previamente que existia uma
RPPN no local visitado, tendo recebido esta informação pelo guia de turismo (36%),
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
99
agência e operadora de turismo (18%), Internet (9%) ou guia de viagem (9%).
Quatro visitantes receberam esta informação apenas no local. Para 25 entrevistados
que tinham esta informação, este foi um fator que influenciou positivamente em sua
decisão de visitar o Buraco das Araras, pois “é um projeto significativo, estava
buscando locais que respeitassem o meio ambiente, é mais interessante, iniciativa
de extrema importância dos proprietários”. Ainda assim, este número representa
apenas 24% dos entrevistados, o que demonstra que, para 76% do total, ações de
conservação (formalizadas através da criação da UC), mesmo consideradas
importantes pelos entrevistados, ainda não são um fator prioritário na escolha de um
roteiro turístico. Isto indica a necessidade de se ampliar a percepção do turista
comum quanto à importância das ações ambientais praticadas nos destinos
visitados.
Os próprios destinos turísticos podem contribuir com a divulgação destas
ações, como é demonstrado pelo fato de que 88% dos visitantes informaram ter
recebido informações sobre a RPPN Buraco das Araras durante sua visita através
do guia de turismo ou monitor ambiental. Para 80% dos entrevistados, o guia de
turismo/condutor ambiental tem grande importância no fornecimento de informações
sobre o ambiente e sobre a RPPN (60,5%), além de ser o responsável pela
orientação do caminho com segurança (Figura 101).
Acompanhamento e importância do guia de
turismo/monitor ambiental
90
80
total de respostas
70
60
50
40
30
20
10
0
A
B
C
D
E
F
G
principais funções
Figura 101. Importância do acompanhamento de guias de turismo/monitor ambiental durante a
visitação turística na RPPN Buraco das Araras, sendo: A: orientação do caminho; B: fornecimento de
informações sobre o ambiente; C: fornecimento de informações sobre a RPPN; D: orientações de
segurança; E: contato com a cultura local; F: desnecessária, o caminho é fácil e não me interesso por
informações locais; G: inoportuna, pois quero andar livremente pelo local
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
100
Interessante observar que as alternativas F e G, de conotação negativa,
foram marcadas por apenas quatro visitantes, confirmando o reconhecimento da
importância do acompanhamento por profissional qualificado para garantir
segurança e qualidade de informações.
Educação e conservação ambiental foram apontadas pelos visitantes como os
principais objetivos de uma RPPN (Figura 102), seguidas de incentivo à pesquisa
científica e visitação turística. Para os entrevistados, a RPPN Buraco das Araras
está conseguindo alcançar todos estes objetivos (Figura 103). Estes parâmetros
dependem diretamente das ações de proteção e recuperação executadas na
propriedade, assim como da capacitação de guias e monitores ambientais,
responsáveis pela divulgação de informações para os visitantes.
Principais objetivos de uma RPPN
total de respostas
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
visitação
turística
educação
ambiental
conservação
ambiental
pesquisa
científica
cursos de
capacitação
principais objetivos
Figura 102. Principais objetivos de uma RPPN, segundo visitantes entrevistados na RPPN Buraco
das Araras
total de respostas
Objetivos alcançados pela RPPN Buraco das Araras
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
educação
ambiental do
visitante
educação
ambiental da
comunidade
residente e
vizinha
conservação de
recursos
naturais
incentivo à
pesquisa
científica
divulgação da
estímulo à
criação de novas importância das
RPPNs
unidades de
conservação
outra
principais objetivos
Figura 103. Principais objetivos alcançados pela RPPN Buraco das Araras, segundo percepção dos
visitantes entrevistados
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
101
Visando garantir o uso sustentável dos recursos naturais para fins turísticos,
foi necessário instituir normas de visitação na RPPN Buraco das Araras, endossadas
pelas condicionantes contidas na Licença de Operação (Anexo 1). Estas normas, de
acordo com os visitantes entrevistados, não interferem no aproveitamento do
passeio, e sim colaboram com a atividade (Figura 104).
Grau de interferência das normas de visitação sobre o
aproveitamento do passeio
total de respostas
60
50
40
30
20
10
0
atrapalharam muito atrapalharam um não interferiram no colaboraram um colaboraram muito
para o
pouco para o
aproveitamento do
pouco o
o aproveitamento
aproveitamento do aproveitamento do
passeio
aproveitamento do
do passeio
passeio
passeio
passeio
grau de interferência
Figura 104. Grau de interferência das normas de visitação turística sobre o aproveitamento do
passeio na RPPN Buraco das Araras, de acordo com os entrevistados
Assim, considera-se que os controles e regras adotados durante a visitação
também são compreendidos como positivos para a conservação ambiental sem
interferir no aproveitamento do passeio, conforme pode ser observado na figura 105.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
102
Avaliação sobre os procedimentos adotados para
visitação da RPPN Buraco das Araras
100
90
tota de respostas
80
70
60
positivo
50
indiferente
40
negativo
30
20
10
0
A
B
C
D
E
F
G
H
normas de visitação
Figura 105. Avaliação sobre os procedimentos adotados para visitação turística da RPPN Buraco das
Araras, sendo: A: limite no tamanho máximo dos grupos de passeio; B: obrigatoriedade de se
respeitar os intervalos de tempo entre os grupos; C: obrigatoriedade de ter um guia de
turismo/monitor ambiental acompanhando o grupo; D: obrigatoriedade de andar em fila e sem pisar
nas laterais da trilha; E: exigência de se fazer silêncio durante todo o passeio; F: presença de
pesquisadores e/ou equipamentos de pesquisa científica na área do passeio; G: proibição de
alimentar os animais silvestres; H: proibição de coleta de flores, frutos, sementes, conchas, etc.
Curiosamente, o item F foi o que teve maior rejeição por parte dos visitantes,
sendo que em pergunta anterior a pesquisa científica foi apontada como um dos
principais objetivos de uma RPPN. Acredita-se que este comportamento foi motivado
pela observação direta de procedimentos científicos como captura e coleta de fauna
em campo. Considerando a importância da pesquisa científica na conservação de
unidades de conservação, sugere-se maior comunicação entre os pesquisadores e
os visitantes, assim como elaboração de material informativo para guias e monitores
ambientais, para que estes possam informar os visitantes de forma adequada.
Os outros itens que receberam avaliação negativa foram E e H,
demonstrando que, mesmo com trabalhos de educação ambiental executados em
diversos locais de visitação turística e também na área visitada, parte dos visitantes
ainda têm dificuldade de aceitar regras básicas de comportamento em ambiente
natural, indicando a necessidade de um trabalho educativo constante e permanente.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
103
Para confirmar o grau de percepção dos visitantes sobre os trabalhos
desenvolvidos na RPPN Buraco das Araras, foi solicitado que indicassem aspectos
positivos e negativos de sua experiência na visitação turística (Quadro 2).
Quadro 2. Aspectos positivos e negativos da visitação turística na RPPN Buraco das Araras, segundo
os visitantes entrevistados.
Aspectos Positivos
Aspectos negativos

Conhecimento de uma RPPN;

Estrada de acesso necessita de manutenção;

Conservação de fauna e possibilidade de

Área pequena;
observação da mesma em liberdade;

Em alguns horários, a observação de fauna é

Beleza cênica conservada;

Possibilidade de obter informações sobre o
prejudicada;

Ausência de informativo sobre pesquisas
científicas;
ambiente e a RPPN;


Guias capacitados;

Trilhas bem traçadas, limpas e seguras;

Capacitação dos proprietários, resultando em
Ausência de períodos sem visitação turística
para não estressar fauna;

Falta
de
mais
atrativos
turísticos
para
aumentar o tempo de visitação;
melhoria do empreendimento;


Prática de educação ambiental;

Respeito aos intervalos entre os grupos;

Atividade prazerosa e relaxante;

Exemplo
Os últimos horários são prejudicados pela
falta de luz, impossibilitando fotografias;

Pouca divulgação na mídia;
proprietários

Mirantes com aspecto de velhos;
explorem de forma adequada suas belezas

Falta de informações bilíngües sobre a
naturais.
para
que
outros
RPPN.
Os resultados confirmam que a experiência do visitante, em sua maioria, é
positiva, e que os aspectos negativos apontados podem ser minimizados com
adequações de horários e outras ações que estão sendo discutidas neste
documento. Para acompanhar a evolução da relação visitantes/RPPN, recomendase que questionários com esta temática sejam aplicados periodicamente, pois seus
resultados podem ser muito importantes no manejo da área, assim como permitirá
identificar o nível de sensibilização dos visitantes para a importância de se conservar
o meio ambiente, sendo possível conciliar a prática do turismo em unidades de
conservação. Estes questionários poderiam ser oficialmente incorporados no
Programa de Monitoramento do sítio turístico e da RPPN.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
104
2.12.4 PERCEPÇÃO DOS GUIAS DE TURISMO E MONITORES
AMBIENTAIS
Considerando-se a importância dos guias de turismo e monitores ambientais
como responsáveis pela apresentação do sítio turístico aos visitantes e também sua
responsabilidade na boa condução de grupos, considerou-se essencial verificar sua
percepção sobre a RPPN Buraco das Araras e avaliar como está ocorrendo a
integração da visitação turística conduzida pelos mesmos e sua relação com a
conservação ambiental do local. Responderam ao questionário 17 dos 30 guias de
turismo credenciados no sítio turístico, correspondendo a 57% do total (Anexo 8).
As informações sobre a RPPN Buraco das Araras são repassadas aos guias
e monitores ambientais por meio de comunicados e informação direta na recepção.
Esta forma de comunicação foi considerada suficiente por 82,4% dos entrevistados,
sendo que alguns consideraram que folhetos e placas explicativas poderiam
melhorar o número de informações disponíveis. Para complementar estas
informações, sugere-se que, após a finalização deste Plano de Manejo, sejam
realizadas palestras e publicação de material informativo sobre o manejo da RPPN
para os guias e monitores ambientais.
Para estes profissionais, os principais objetivos de uma RPPN deveriam ser
conservação e educação ambiental (Figura 105), sendo que a RPPN Buraco das
Araras tem conseguido promover estes dois objetivos, além de auxiliar no estímulo à
criação de novas unidades de conservação na região (Figura 106).
Objetivos de uma RPPN, segundo guias de
turismo e monitores ambientais
2%
18%
23%
visitação turística
educação ambiental
conservação ambiental
pesquisa científica
cursos de capacitação
32%
25%
Figura 105. Objetivos de uma RPPN, segundo guias de turismo e monitores ambientais entrevistados
na RPPN Buraco das Araras, Jardim, MS
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
105
Objetivos alcançados pela RPPN Buraco das Araras
13%
educação ambiental do visitante
24%
educação ambiental da
comunidade residente e vizinha
conservação de recursos naturais
19%
incentivo à pesquisa científica
9%
estímulo à criação de novas
unidades de conservação
divulgação da importância de
RPPNs
15%
20%
Figura 106. Objetivos alcançados pela RPPN Buraco das Araras, segundo guias de turismo e
monitores ambientais entrevistados na RPPN Buraco das Araras, Jardim, MS
Todos os procedimentos adotados pelo sítio turístico como normas de
operação foram indicados como positivos pelos guias de turismo e monitores
ambientais, sendo que apenas quatro entrevistados indicaram como indiferente a
obrigatoriedade de se respeitar o intervalo entre os grupos e sete para a presença
de pesquisadores ou equipamentos de pesquisa científica na área de passeio. Isto
indica que estas regras, criadas sob conceitos de sustentabilidade e também na
legislação ambiental, estão adequadas à condução de grupos de visitantes na RPPN
Buraco das Araras, como mostra o gráfico a seguir (Figura 107).
Influência das normas de visitação turística no
aproveitamento da atividade - RPPN Buraco das Araras
18
16
Total de respostas
14
12
Positivo
10
Indiferente
8
Negativo
6
4
2
0
A
B
C
D
E
F
G
H
Normas de visitação
Figura 107. Influência das normas de visitação turística no equilíbrio entre aproveitamento do passeio
e a conservação ambiental, segundo guias de turismo e monitores ambientais entrevistados na RPPN
Buraco das Araras, Jardim, MS, sendo: A: limite no tamanho máximo dos grupos de passeio; B:
obrigatoriedade de se respeitar os intervalos de tempo entre os grupos; C: obrigatoriedade de ter um
guia de turismo ou monitor ambiental acompanhando o grupo o tempo todo; D: obrigatoriedade de
andar em fila e sem pisar nas laterais da trilha; E: exigência de se fazer silêncio durante todo o
passeio: F: presença de pesquisadores e/ou equipamentos de pesquisa científica na área do passeio;
G: proibição de alimentar os animais silvestres; H: proibição de coleta de flores, frutos, sementes,
conchas, etc.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
106
Para 37% dos entrevistados, estas normas não interferem em seu trabalho,
mas colaboram um pouco (4%) e muito (57%) no bom desempenho do mesmo.
Consideram ainda que seu trabalho colabora com a conservação ambiental, devido
às informações repassadas aos visitantes sobre a necessidade da adoção de regras
e controles para proteção da área, visto que “a presença do guia ajuda na
informação e conservação da área, pois o guia fiscaliza, conscientiza e faz educação
ambiental, troca experiências, idéias e informações. Com o condutor o visitante
respeita as regras ambientais locais, recebe informações sobre fauna e flora do
cerrado, importância da natureza e passa adiante, integra o visitante com o
ecossistema”. Com isso percebe-se sua consciência da responsabilidade sobre o
grupo e o local visitado.
Para os guias de turismo e monitores ambientais entrevistados, a
transformação do Buraco das Araras em RPPN vai contribuir principalmente na
conservação ambiental e no incentivo a outros proprietários para criação de novas
unidades de conservação, além de auxiliar na divulgação para a comunidade (Figura
108). Porém parte destes entrevistados acredita que isto não terá muita influência na
qualidade do atendimento e na valorização da cultura local, indicando falta de
percepção para sua própria contribuição neste processo.
Contribuição da transformação doBuraco das
Araras em RPPN
18
16
Total de respostas
14
12
Positivo
10
Indiferente
8
Negativo
6
4
2
0
A
B
C
D
E
F
G
Objetivos esperados
Figura 108. Contribuição da transformação do Buraco das Araras em RPPN, segundo guias de
turismo e monitores ambientais entrevistados na RPPN Buraco das Araras, Jardim, MS, sendo: A:
conservação ambiental; B: visitação turística; C: qualidade no atendimento; D: valorização da cultura
local; E: reconhecimento por parte da comunidade: F: incentivo a outros proprietários; G: informação
sobre as unidades de conservação da região
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
107
Foi solicitado aos guias de turismo e monitores ambientais que indicassem
aspectos positivos e negativos observados ao longo da atividade turística executada
na RPPN Buraco das Araras. Os principais itens citados aparecem no quadro 3.
Quadro 3. Aspectos positivos e negativos sobre a RPPN Buraco das Araras, segundo guias de
turismo e monitores ambientais.
Aspectos Positivos

Ganho
de
qualidade
Aspectos Negativos
ambiental
e
na

experiência do visitante
Ausência de placas informativas para auxiliar
na educação ambiental

Qualidade no atendimento

Ausência de cestos de lixo nos mirantes

Oportunidade de passar informações sobre o

Ausência de trilhas mais longas ou de
ambiente e cultura local ao visitante
interesse específico, como observação de

Valorização da fauna livre de cativeiro
aves

Maior aprendizado sobre as aves

Presença
dos
mirantes,

facilitando
a
Condições ruins da estrada de acesso ao
sítio turístico em boa parte do ano
observação da dolina e das araras

Rica fauna local

Atrativo turístico singular

Grande número de araras-vermelhas

Mudança no uso da área, preservando os
arredores da dolina

Mudança do receptivo para local distante da
dolina
Estas informações evidenciam a percepção dos entrevistados para o ganho
ambiental que o local recebeu após as mudanças em sua operação turística. Parte
destes profissionais atua no sítio turístico desde o início das atividades,
testemunhando a melhoria do ambiente e também na qualidade do atendimento.
Assim, considera-se satisfatória, do ponto de vista dos guias e monitores ambientais,
os procedimentos adotados para o manejo da área e a criação da RPPN Buraco das
Araras.
2.13 PESQUISA E MONITORAMENTO
A resolução conjunta SEMA/MS/Nº 004/2004, referente ao manual de
licenciamento ambiental, recomenda, para concessão da Licença de Operação, a
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
108
implantação de um programa de monitoramento ambiental nas áreas de uso
turístico, com a finalidade de avaliar os impactos provenientes dessa atividade sobre
o meio ambiente. Esta resolução é um complemento da Lei Estadual Nº 331/98, que
regulamenta o Licenciamento Ambiental para os empreendedores que pretendam
desenvolver atividades turísticas em ambientes naturais. Embora a Resolução
CONAMA
Nº
347/04
não
explicite
a
necessidade
de
monitoramento,
a
obrigatoriedade de enviar relatórios técnicos ao IBAMA (Art. 6º, § 3º) pode ser
interpretada como tal.
Ainda que na Licença de Operação Nº193/07 (Anexo 1) não conste a
obrigatoriedade de monitoramento como condicionante, entende-se que o
desenvolvimento de um programa específico, embasado nos resultados técnicos e
demandas de pesquisas identificadas neste documento é fundamental como
ferramenta de conservação e uso sustentável da RPPN Buraco das Araras, servindo
inclusive para cálculo futuro da capacidade de carga turística.
Coelho et al. (2007) citam que o objetivo principal dos programas de
monitoramento desenvolvidos na RPPN Fazenda Cabeceira do Prata é avaliar o
potencial de possíveis impactos ambientais decorrentes da visitação turística,
fornecendo informações sobre os fatores que influenciam no estado de conservação
recuperação ambiental da área em estudo, visando identificar tendências qualitativas
dos recursos naturais e as influências exercidas pelas atividades turísticas e por
fatores naturais sobre o ambiente. Desta forma, subsidia medidas de planejamento,
controle, recuperação, preservação e conservação do ambiente em estudo,
auxiliando na definição das políticas ambientais. Assim, propõe-se um Programa de
Monitoramento Ambiental para a RPPN Buraco das Araras embasado em Coelho et
al. (2007) e também nos resultados obtidos neste relatório.
Variáveis sociais
Visitação turística: acompanhamento da variação de visita nos meses de alta e baixa
temporada, satisfação do visitante.
Saneamento: presença de lixo ou dejetos em locais inapropriados, aromas
indesejáveis, integridade do sistema de fossas, destinação de resíduos.
Comportamento danoso: sinais de vandalismo, coleta ou depredação de plantas,
surgimento de trilhas ou atalhos não oficiais e perturbação à vida silvestre.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
109
Variáveis físicas
Índices Pluviométricos: variação anual e sua influência nos outros parâmetros.
Trilhas e demais áreas da RPPN: processos erosivos, drenagem do leito de
caminhamento, e condição das estruturas de apoio aos visitantes.
Dolina: integridade do paredão rochoso, acompanhamento de fissuras,
deslocamento de blocos, variação no volume de água do lago.
Variáveis biológicas
Vegetação: integridade das plantas ao longo das trilhas, acompanhamento do
sucesso de plantio de mudas em recuperação, acompanhamento do processo de
sucessão ecológica e controle de braquiária da RPPN.
Fauna: freqüência e diversidade, variação de comportamento, registro de novas ou
ausência de espécies indicadoras, acompanhamento de aspectos reprodutivos.
Monitoramento específico para as populações de quirópteros, Ara chloropterus e
Myrmecophaga trydactyla.
2.13.1 PESQUISAS FINALIZADAS
Embora a Fazenda Alegria, em especial a dolina Buraco das Araras possua
grande potencial para desenvolvimento de pesquisas, até o momento são
conhecidos poucos trabalhos desenvolvidos no local, o que reforça a necessidade
da continuidade dos trabalhos executados quando da elaboração deste plano de
manejo e também a urgência em se analisar outros parâmetros não contemplados
nesta etapa do projeto. Poucos pesquisadores enviaram seus resultados para o
acervo da RPPN, o que indica a necessidade de um protocolo para pesquisas
futuras que assegure ou motive os pesquisadores a partilhar seus resultados, de
forma a subsidiar os trabalhos de conservação realizados na área.
Os seguintes trabalhos utilizaram dados obtidos dentro da propriedade (até
fevereiro de 2007):

Brambilla, M. e Pellin, A. [coord.] (2006) Projeto Corredor de Biodiversidade
Miranda – Serra da Bodoquena: Ações prioritárias do Plano de Conservação e
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
110
Implementação. Relatório técnico. Campo Grande: Fundação Neotrópica do
Brasil e Conservação Internacional do Brasil. v1. 434p.

Coelho, H. R. P.; Pivatto M. A. C.; Manço D. G.; Maria, V. R. B.; Maria F. S. E
Silva, F. A. (2005) Guia de Campo de Bonito: Conhecendo a fauna e a flora da
Serra da Bodoquena. Bonito: edição própria. 120p.

Lino, C. F.; Boggiani, P. C.; Cortesão, J.; Godoy, N. M. e Karmann, I. (1984)
Projeto Grutas de Bonito (MS) – diretrizes para um plano de manejo turístico.
Relatório apresentado à MS-TUR, SPHAN e FNPM. 212p.

Martins, J. M. (2006) Prospecção de locos de microssatélites e análise da
variabilidade genética em uma população do Mato Grosso do Sul, visando a
conservação da Arara vermelha, Ara chloroptera (Psittacidae, Aves). Dissertação
(Mestrado em Genética e Evolução). Universidade Federal de São Carlos.

Pivatto, M. A. C.; Manço, D. D. G.; Straube, F. C.; Urben-Filho, A. e Milano, M.
(2006) Aves do Planalto da Bodoquena, Estado do Mato Grosso do Sul (Brasil).
Revista Atualidades Ornitológicas. 129:28.

Sallun Filho, W. (2004) Desmoronamento junto à borda da dolina Buraco das
Araras. Laudo técnico geológico. Jardim: 13p.

Silveira, A. (2005) Lista preliminar cumulativa da avifauna observada na região
de Bonito - MS. A Última Arca de Noé.
2.13.2 PESQUISAS VINCULADAS AO PLANO DE MANEJO
As pesquisas realizadas na RPPN Buraco das Araras para fomentar o Plano
de Manejo tem como segundo objetivo a publicação científica, aumentando o
conhecimento sobra as características naturais e sociais da região. Os seguintes
trabalhos foram realizados nesta etapa:

Cunha, N. L.; Carvalho, L. F.; Santos, C. F. e Fischer, E. A. Inventário de
quirópteros no Buraco das Araras, Jardim, Mato Grosso do Sul

Mamede, S. B. (2008) Inventário da mastofauna terrestre da RPPN Buraco das
Araras, Jardim – MS. Projeto Biofronteiras do Pantanal. Relatório técnico

Pivatto, M. A. C. e Melo, F. P. Caracterização da avifauna da RPPN Buraco das
Araras (Jardim, MS) como subsídio para ações de manejo e conservação
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
111

Pivatto, M. A. C. Percepção sobre a RPPN Buraco das Araras pelos visitantes,
guias de turismo e monitores ambientais

Ribeiro-Maria, V. B. e Maria, F. S. Fitofisionomia e florística da RPPN Buraco das
Araras em Jardim, MS

Scheffer, S. M. Geologia e Geomorfologia da Fazenda Alegria, Jardim, MS

Wang, E. A herpetofauna da Fazenda Alegria em Jardim (MS).
2.13.3 POTENCIALIDADES PARA PESQUISA E MONITORAMENTO
Além dos trabalhos já realizados na RPPN Buraco das Araras, faz-se
necessário o fomento de novas pesquisas que possam subsidiar ações de
conservação, recuperação e manejo desta área e servir de base para projetos em
outras regiões.
Com base nos dados levantados durante o desenvolvimento do Plano de
Manejo, os técnicos sugeriram que os seguintes parâmetros sejam pesquisados na
RPPN, de forma a subsidiar futuro manejo da UC:

estudos sobre manejo de solo e combate à erosão;

monitoramento da geometria das fraturas na área de entorno da dolina;

estudos de hidrologia para o conhecimento do aqüífero cárstico profundo, para
entender a direção e sentido do fluxo de água, e qual a ligação com as demais
estruturas cársticas do campo de dolinas, qual o tempo de resiliência e qual a
área com maior influência sobre as águas subterrâneas da região;

relação das espécies florestais chaves com o mecanismo de polinização e
dispersão - frugivoria;

marcação de árvores matrizes, de forma a subsidiar as ações de recuperação da
própria RPPN;

regeneração natural nas áreas alteradas;

conhecimento pontual das espécies herbáceas ocorrentes nos cerrados, um
estudo etnobotanico;

estabelecimento de parcelas-permanentes, de forma a efetuar pesquisas, com
taxas de crescimento, biomassa, recrutamento e mortalidade, seqüestro de
carbono, estrutura fitossociológica, alterações florísticas, dentre outras;
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
112

estudos sobre a composição e distribuição da fauna local, considerando variáveis
ambientais e efeitos decorrentes da atividade turística e da fragmentação de
habitat;

estudos de inventário das espécies de pequenos mamíferos e com maior esforço
amostral para mamíferos de médio e grande porte, além de monitoramento das
espécies ameaçadas;

estudos populacionais e variabilidade genética de Myrmecophaga trydactyla;

estudos sobre riqueza, abundância e distribuição geográfica dos Xenarthra e
viabilidade de suas populações no interior da RPPN, avaliando em especial o
impacto da caça sobre as populações de tatus;

definir e implementar medidas mitigatórias aos atropelamentos de fauna nos
limites da RPPN, tais como, instalação de placas, maior sinalização, indicação
para diminuição de velocidade, entre outras;

definir e executar estudos sobre a distribuição geográfica de carnívoros
ameaçados de extinção que habitam a RPPN e seu entorno;

continuidade no levantamento da fauna de quirópteros (morcegos);

estudos sobre a biologia e ocorrência dos quirópteros Molossops temminckii,
Natalus stramineus e Micronycteris schmidtorum;

monitoramento de avifauna na RPPN e arredores, com ênfase em Ara
chloropterus;

estudos biogeográficos da distribuição original de Ara ararauna na região para
fins de manejo e conservação;

estudos sobre bandos mistos (avifauna);

estudo sobre uso da dolina para reprodução de avifauna;

continuidade do levantamento da herpetofauna da RPPN Buraco das Araras,
englobando dados coletados da estação seca;

inventário de fauna e flora específica para o interior da dolina;

limnologia e ecologia do lago no interior da dolina;

estudo de invertebrados terrestres;

estudos sobre potencial apícola;

estudo sobre os impactos ambientais e acompanhamento das interações entre
animais silvestres e os visitantes da área;
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
113

estudos de maior escala espacial, que busquem avaliar o papel da área da
RPPN dentro da paisagem regional;

estudos sociais e turísticos;

reavaliação dos estudos/cálculos sobre a capacidade de carga do passeio;

grau de significância da RPPN Buraco das Araras para o corredor de
biodiversidade do Parque Nacional da Serra da Bodoquena.
2.14 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA RPPN
A atividade principal desenvolvida atualmente dentro da RPPN é a visitação
turística, nos moldes apresentados ao longo deste documento. As trilhas turísticas
também são utilizadas para manutenção da área. Antes da área ser transformada
em uma Unidade de Conservação, a principal atividade desenvolvida na Fazenda
Alegria era a pecuária. Com o início da exploração turística, a dolina foi isolada do
resto da fazenda e, atualmente, parte das áreas utilizadas como pasto estão em
processo de recuperação, devendo ser manejadas conforme as orientações deste
documento (Item 3.3).
Além destas atividades, esta unidade de conservação também recebe
pesquisadores e acadêmicos para desenvolvimento de pesquisa científica, sendo
parceira de entidades conservacionistas e de fomento ao ecoturismo, recebendo
parceiros para atividades técnicas dentro da propriedade.
A predominância de espécies conspícuas na RPPN Buraco das Araras torna
a observação de aves uma atividade com relevante potencial turístico na
propriedade. Segundo Figueiredo (2003) a observação de aves é a atividade que
mais tem se desenvolvido atualmente, sendo um dos maiores segmentos do
ecoturismo voltados para a conservação.
Embora a comunidade de aves presente na propriedade seja de ocorrência
relativamente comum na região, a facilidade de serem observadas, associada à
beleza panorâmica da dolina e a grande população de Ara chloropterus no local
(Figura 109), é grande atrativo para grupos interessados em avifauna (Figura 110).
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
114
Figura 110. Turistas observando bando
Figura 109. Bando de Ara chloropterus (arara-vermelha)
de araras-vermelhas na trilha turística da
dentro da dolina. Foto: Tietta Pivatto
RPPN Buraco das Araras.
Foto: Tietta Pivatto
O fomento desta atividade poderá ampliar a visitação turística local e
futuramente ser um modelo de uso sustentado do ambiente natural, possibilitando
sua implantação em outras localidades e contribuindo para a conservação ambiental
(Pivatto 2007).
Além disso, o trabalho educativo com alunos das escolas públicas nas trilhas
da RPPN, é uma ótima oportunidade para atividades de educação ambiental, visto
que a maioria das espécies identificadas é de fácil observação, o que estimula a
criança a procurar e identificar as aves observadas.
Assim, sugere-se a inclusão de um roteiro específico para observação de
aves, direcionado à educação ambiental e valorização destas espécies tanto pela
comunidade local quanto para os visitantes, de forma a valorar sua diversidade. Este
valor poder ser usado como ferramenta em ações de conservação não apenas local,
mas também regional. Isto porque diversas espécies observadas na propriedade
necessitam de outros ambientes para completar seu ciclo de vida (ver espécies
migratórias), dependendo da conservação dos mesmos para sua perpetuidade.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
115
2.15 SISTEMA DE GESTÃO
A administração da RPPN é feita pelos proprietários de forma integrada com a
atividade turística. Não tem conselho consultivo, sendo gerida em sistema familiar. A
receita vem exclusivamente do turismo, explorado pela visitação turística e venda de
produtos na loja existente na recepção.
Até a aprovação pelo Edital 2007 do Programa de Incentivo às Reservas
Particulares do Patrimônio Natural (CI-Brasil e REPAMS) não havia parceria com
OnGs. Porém a RPPN Buraco das Araras é sócia da REPAMS, IASB e da
ATRATUR. O apoio da prefeitura local se dá principalmente na manutenção das
estradas de acesso e divulgação dos atrativos turísticos.
2.16 PESSOAL
2.16.1 QUADRO DE FUNCIONÁRIOS
O quadro geral da Empresa possui sete funcionários fixos, sendo que apenas
um atendente não pertence à família. Cada integrante é responsável por uma ou
mais das seguintes atribuições: gerência, departamento financeiro, reservas,
atendente, monitor de turismo, viveiro de mudas, manutenção.
2.16.2 QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL
Uma das características mais interessantes sobre a administração turística da
RPPN Buraco das Araras é a rápida evolução que se deu nos últimos dez anos com
relação ao profissionalismo da empresa. Do atendimento informal e improvisado de
eventuais visitantes, hoje observa-se que, mesmo sendo empresa familiar, a
organização e a busca pela qualificação profissional e pela qualidade no
atendimento são balizadoras das atividades, buscando ainda sustentabilidade
ambiental.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
116
O
empreendimento
procura
investir
constantemente
em
qualificação
profissional, tanto dos próprios funcionários como dos prestadores indiretos de
serviços (guias de turismo, condutores de veículos e atendentes das agências de
turismo). São promovidos treinamentos visando qualificar estes profissionais, e
sempre que possível são deslocados funcionários da fazenda para participarem de
cursos de capacitação profissional. Estes treinamentos resultam em melhorias no
manejo da RPPN, tanto na questão ambiental como de operação da atividade
turística praticada dentro de seus limites.
Os proprietários freqüentemente participam de cursos, palestras e reuniões
cujo tema seja de interesse do empreendimento e da RPPN e que estejam
relacionados ao desenvolvimento sustentável.
Alguns dos cursos e eventos freqüentados por funcionários ou prestadores de
serviços, com apoio do Buraco das Araras (até maio de 2008):

2001 – Monitor Ambiental – SEBRAE / ACÁ Expedições / Prefeituras Municipais
de Bodoquena e Aquidauana;

2002 – Guia de Turismo Regional Especializado em Atrativos Naturais – SENAC
/ Prefeitura Municipal de Jardim;

2002 – Primeiros socorros – Rescue Training International;

1999 – Qualidade no atendimento – Sebrae;

2006 – Taxidermia de animais silvestres – UCDB;

2006 – Formação de Guarda-Parque – Conservação Internacional do Brasil /
Fundação O Boticário de Proteção à Natureza / Fundação Neotrópica;

2006 – Estratégias de conservação e restauração ambiental no cerrado e
pantanal – UCDB / UFMS / UNIDERP;

2004 – Criação de abelha jataí – UNIDERP;

2006 – Monitoramento biológico e suas implicações na conservação,
desenvolvimento e sustentabilidade no Pantanal e entorno – Eathwatch Institute /
Uniderp;

2006
–
Segundo
Workshop
da
Rede
de
Sementes
do
Pantanal
–
FNMA/MMA/Fundect;

2007 – Cursos e Oficinas Técnicas do Sistema de Gestão de Segurança (SGS) –
Governo Federal – Fundação de Turismo de MS/Sebrae/Abeta;
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
117

2008 – Cursos e Oficinas Técnicas do Sistema de Gestão de Segurança (SGS) –
Governo Federal – Fundação de Turismo de MS/Sebrae/Abeta;

2008 – Oficina para construção da proposta de criação do Geopark Serra da
Bodoquena-Pantanal – Atratur/Unesco.
Seguindo uma tendência iniciada pelo Recanto Ecológico Rio da Prata e por
outros sítios turísticos, o Buraco das Araras oferece mini-cursos de capacitação e
reciclagem para os prestadores de serviços diretamente ligados ao setor turístico:
guias de turismo, atendentes das agências locais e condutores de veículos. Estes
mini-cursos consistem de um treinamento específico apostilado, garantindo e
padronizando informação de qualidade e segurança para os grupos de visitantes,
apresentação do produto turístico de forma adequada e uso correto dos atrativos
turísticos da RPPN sem prejudicar seu ambiente natural. No caso específico do guia,
este só estará credenciado a trabalhar no sítio turístico se participar deste
treinamento e das reciclagens anuais. Estes encontros têm como objetivo
secundário integrar e confraternizar os prestadores de serviços.
2.17 INFRA-ESTRUTURA
Os principais equipamentos utilizados no circuito turístico da propriedade
localizam-se na Sede da fazenda, existindo na RPPN apenas estruturas de apoio e
segurança como mirantes, placas de sinalização, equipamento de primeiros
socorros e rádio-comunicação.
2.17.1 INFRAESTRUTURA DA PROPRIEDADE FORA DA RPPN
No início da operação turística, a recepção dos visitantes era feita nas
proximidades da dolina, conforme Item 2.12. Atualmente a recepção localiza-se a
280 metros da mesma, estando fora da RPPN. A construção original foi demolida e a
área está em recuperação.
Cabe lembrar que toda a estrutura descrita a seguir recebeu licença ambiental
do órgão fiscalizador responsável (Anexo 1).
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
118
Recepção
Localizada próxima ao estacionamento, é composta por duas construções em
forma de quiosques. No quiosque principal encontra-se o receptivo, banheiros e loja
(Figura 111). O segundo quiosque é usado como área de descanso e espera (Figura
112).
Figura 111. Recepção. Foto: Tietta Pivatto
Figura 112. Área de descanso. Foto: Tietta Pivatto
Alojamento para funcionários e pesquisadores
Além da casa principal onde residem os proprietários (Figura 113), existe uma
segunda construção, mais rústica, utilizada para acomodar um funcionário,
empreiteiros e pesquisadores (Figura 114). Uma trilha com 80 metros liga a
recepção à casa dos proprietários, sendo utilizada apenas para serviços.
Figura 113. Casa dos proprietários
Figura 114. Alojamento para funcionários e
Foto: Buraco das Araras
prestadores de serviços. Foto: Buraco das Araras
Área de serviços
A área de serviços (Figura 115) serve de apoio para manutenção e obras, além
de armazenamento de equipamentos.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
119
Viveiro de mudas
Localizado na área de serviços, o viveiro produz mudas de árvores nativas
para plantio dentro da RPPN e reflorestamento em diversas áreas da fazenda
(Figura 116).
Figura 115. Área de serviços. Foto: Tietta Pivatto
Figura 116. Área de serviços. Foto: Tietta Pivatto
Estacionamento
Localizado na entrada do sítio turístico (Figura 117), tem capacidade para
cerca de 20 veículos (Figura 118). Com exceção do acesso à casa dos proprietários
a partir do estacionamento (200 metros), não existem outras estradas internas
dentro da propriedade, toda locomoção é feita por meio de cavalo ou a pé.
Figura 117. Entrada do sítio turístico.
Figura 118. Estacionamento.
Foto: Tietta Pivatto
Foto: Tietta Pivatto
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
120
Captação de água
A água utilizada na propriedade vem de uma
mina localizada em uma propriedade vizinha a 3000
metros da Fazenda Alegria. É captada por um
sistema de roda d’água e transportada em tubos de
PVC para a caixa d’água, cuja capacidade é de
10.000 litros (Figura 119).
Figura 119. Caixa d’água.Foto: Tietta Pivatto
Destinação de lixo e efluentes
A preocupação com a destinação de lixo e resíduos é constante na
propriedade. A destinação de efluentes líquidos é feita em fossas sépticas e
sumidouros, de acordo com a Licença de Operação Turística da propriedade.
Destinação do Lixo
Nas áreas de uso turístico ao redor da
recepção, os latões de lixo são divididos em 3
categorias, identificadas em suas tampas:
plásticos, metal e demais rejeitos (Figura 120).
Separação semelhante também é feita nas
áreas de serviço (cozinha e outras áreas de
Figura 120. Separação de lixo na
recepção. Foto: Tietta Pivatto
trabalho).
O lixo sanitário é disposto em cestos localizados nos banheiros, havendo
avisos para que não se jogue nada nos vasos sanitários. Todo este rejeito é
coletado é separado diariamente na propriedade pelos funcionários, e após esta
triagem tem os seguintes destinos:
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
121
METAIS, PLÁSTICOS E PAPELÃO  são armazenados na propriedade em
um galpão telado e coberto de 4m x 6m, onde fica no máximo 30 dias.
LIXO ORGÂNICO  por ser de pequeno volume, é depositado dentro da
própria propriedade em composteiras escavadas no solo.
LIXO SANITÁRIO e REJEITOS 
produtos não recicláveis são separados
e levados para o aterro controlado do
município de Jardim. Eventualmente
ocorre a queima de resíduos.
O material reciclável e os rejeitos
são acondicionados em local próprio
(Figura
121),
sendo
levados
mensalmente para Jardim, tendo como
destino final empresa de reciclagem do
Figura 121. Armazenagem para lixo reciclável na
Fazenda Alegria. Foto: Tietta Pivatto
município.
Efluentes Líquidos (esgoto)
O sistema de esgotamento sanitário é feito por meio de fossas sépticas com
sumidouros. As fossas são esvaziadas a cada 12 meses ou sempre que se fizer
necessário, sendo os rejeitos encaminhados para o sistema de tratamento de esgoto
de Jardim em veículo apropriado. A caixa de gordura é limpa a cada 04 meses. Toda
esta infra-estrutura de esgotos foi planejada e dimensionada de acordo com as
normas da NBR Nº 7229/93 e o fluxo de pessoas, contando com uma margem de
segurança em relação à capacidade máxima projetada de visitantes e funcionários.
Estas estruturas passam por inspeções visuais mensais.
2.17.2 INFRA-ESTRUTURA DA RPPN
O limite oeste da RPPN não possui cerca demarcatória, porém a UC é
protegida por uma cerca localizada a 150 metros desta, ampliando a área protegida.
Todos os demais limites possuem cerca de proteção.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
122
Trilhas e estruturas de apoio
Atualmente existe apenas uma trilha utilizada para visitação turística dentro
da RPPN, com 970 metros, que atravessa um trecho de cerrado, circula a dolina e
retorna para a recepção (Figura 122). Estuda-se a possibilidade de se criar
futuramente uma trilha exclusiva para atividades de observação de aves, conforme
item 2.12.
a
b
Figura 122. Trilhas turísticas de acesso à dolina (a) e retorno para a recepção (b). Foto: Tietta Pivatto
O revestimento desta trilha segue o mesmo padrão descrito em Coelho et al.
(2007), ou seja, todo o trajeto principal foi revestido com uma camada de cascalho
misturado com solo arenoso e material orgânico (folhas), retirados de áreas dentro
da própria fazenda. Este recurso tem se mostrado bastante eficiente, pois auxilia na
drenagem da água, evitando a formação de poças, lama, alargamento da trilha ou
erosão, além de evitar exposição de raízes.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
123
Devido ao relevo plano da área,
não foi necessário instalar estruturas
como passarelas e escadas na trilha,
sendo que a única intervenção foi a
aplicação de degraus de madeira (Figura
123) em um trecho com leve inclinação
para garantir qualidade, segurança e
proteção do solo.
Figura 123. Degraus para proteção do solo.
Foto: Tietta Pivatto
Mirantes
Na borda da dolina existem dois mirantes que possibilitam uma visão
panorâmica dos arredores e possibilidade de compreensão da geografia local, mas
sem interferir na paisagem (Figura 124).
a
b
Figura 124. Mirantes para observação da dolina. Foto: Tietta Pivatto
A madeira utilizada nas construções é a itaúba, de origem controlada
(fiscalizada
e
com
notas
carimbadas
pelo
IBAMA)
ou
proveniente
de
reaproveitamento (principalmente postes de cercas antigas). As pranchas possuem
largura média de 15 cm, sendo o espaçamento médio entre elas entre 2 a 3 cm. É
importante destacar que nenhuma árvore foi retirada quando da instalação das
trilhas e demais estruturas.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
124
Sinalização – placas de madeira
A trilha conta com diversas placas de madeira entalhadas, com informações
de orientação (Figura 125). Futuramente serão trocadas por placas interpretativas
para auxiliar o trabalho dos guias de turismo e monitores ambientais, com linguagem
adequada e texto bilíngüe, conforme item 3.4.5.
a
b
Figura 125. Placas informativas presentes na trilha. Foto: Tietta Pivatto
2.18 EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS
A atividade turística desenvolvida na propriedade conta com equipamentos
específicos, sendo que parte deles é utilizada para manutenção, fiscalização ou
apoio ao visitante dentro da RPPN, como radiocomunicação e primeiros socorros.
2.18.1 COMUNICAÇÃO
A infra-estrutura de comunicações está instalada na recepção. É constituída
por três linhas telefônicas (um telefone monocanal e dois celulares rurais), Internet
com
acesso
via
satélite,
um
microcomputador
e
sistema
interno
de
radiocomunicação. Este sistema foi implantado em setembro de 2006 e a operação
está sujeita a um protocolo detalhado que é de conhecimento de todos os usuários.
Compõem o sistema de radiocomunicação do empreendimento:

01 unidade fixa na recepção;

03 unidades móveis (rádios portáteis HT), distribuídos da seguinte forma:
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
125

01 no Mirante 1;

01 no Mirante 2;

01 disponível para vistorias e outras atividades fora da recepção.
2.18.2 EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA E PRIMEIROS
SOCORROS
Existem três kits para primeiros socorros e resgate na propriedade, sendo um
na recepção e um em cada Mirante (Figura 126). Os kits localizados nos mirantes
são compostos pelos seguintes itens:

Rádio comunicação

Gaze

Esparadrapos e Band-aid

Faixas p/ imobilização

Pinça

Luvas

Pomada p/ picadas de insetos

Anti-séptico

Protetor p/ RCP
Figura 126. Equipamento de primeiros socorros
disponível na trilha. Foto: Tietta Pivatto
Na recepção o kit também apresenta antialérgico injetável, maca com cinta
imobilizatória, imobilizador de cabeça, colar cervical e reanimador manual.
Em 2007 o sítio turístico associou-se ao Sistema de Gestão de Segurança da
ABETA, de forma eliminar riscos e garantir melhor atendimento de emergências.
2.18.3 EQUIPAMENTOS DE COMBATE A INCÊNDIOS
Não existem registros recentes de incêndios na região onde está inserida a
Fazenda Alegria, visto que a maior parte das propriedades substituiu o pasto nativo
(tradicionalmente manejado com fogo) por capim braquiária. Entretanto faz-se
necessária a aquisição de equipamentos para prevenção do fogo, visto que
atualmente o material existente na propriedade é composto de três extintores
portáteis de pressurização direta localizados na recepção, sendo dois Tipo A (carga
de água, 10L, capacidade extintora 2-A) e um tipo B/C (pó químico, 12L), além de
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
126
equipamentos de apoio como enxadas e machados. Os equipamentos para combate
a incêndios serão incrementados conforme as orientações deste documento.
2.19 RECURSOS FINANCEIROS
Os recursos para gestão da RPPN são advindos da visitação turística,
instituída desde 1995 por meio da empresa Empreendimentos Turísticos Buraco das
Araras Ltda., bar e vendas na loja de artesanatos, localizada na recepção. O apoio
financeiro institucional é uma meta futura, após a efetivação do Plano de Manejo.
2.20 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ENTORNO
Os principais indicadores sociais e econômicos dos dois municípios
encontram-se no anexo 9. Para complementar estas informações, neste capítulo
foram utilizados dados do IBGE (2008), pesquisas apresentadas em Marins e
Martins (2006) e Coelho et al. (2007).
A Fazenda Alegria localiza-se integralmente dentro do município de Jardim,
estando cerca de seis quilômetros distante do rio da Prata, marco divisório entre
este município e Bonito. A visitação depende de Bonito, onde a infra-estrutura
turística é mais desenvolvida. Assim, neste diagnóstico serão considerados apenas
os municípios de Jardim e Bonito.
Os dois municípios estão inseridos na Mesoregião Sudoeste de Mato Grosso
do Sul, Microregião Bodoquena (SEMAC 2008).
2.20.1 ECONOMIA E SERVIÇOS
Bonito e Jardim possuem uma rede de serviços básicos bastante completa,
especialmente se comparados a outros municípios da região com o mesmo porte e
população. Bonito, em particular, destaca-se pela oferta de serviços voltados ao
atendimento turístico, devido à importante participação desta atividade na economia
da cidade (Figura 127).
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
127
Participação no PIB
Porcentagem do PIB
100%
80%
56.1%
60%
40%
20%
Agropecuária
53.7%
37.8%
32.7%
Indústria
Comércio e Serviços
11.2%
8.5%
Jardim
Bonito
0%
Município
Figura 127. Distribuição do produto interno bruto de acordo com a fonte de produção econômica nos
municípios de Jardim e Bonito (MS). Fonte: Adaptado de Martins e Martins (2006)
2.20.2 JARDIM – DADOS GERAIS SOBRE ECONOMIA E SERVIÇOS
Histórico de Jardim
Em 1802 existia um forte militar espanhol nos limites territoriais ocupados hoje
pela cidade de Bela Vista, fundado pelo capitão espanhol Juan Caballero. A
Espanha não considerava como limites de seus domínios territoriais o rio Apa,
interpretação que seria inclusive correspondida pela República do Paraguai.
João Gabriel Lopes estabeleceu-se no Ribeirão Monjolinho, afluente do rio
Apa, onde fundou estabelecimento no ano de 1846. Faleceu em 1848 e deixou à sua
mulher, Maria da Conceição Lopes, os cuidados de manter suas posses.
Em 1850 forças paraguaias invadiram o território, aprisionaram e conduziram
para Assunção Dona Maria, seus filhos e os moradores de doze casas que já
existiam no local. Bela Vista ficou abandonada até 1872, quando uma comissão de
limites Brasil-Paraguai definiu como divisa dos dois países o rio Apa. Tempos
depois, Dona Maria casa-se com José Francisco Lopes, que mais tarde iria indicar
às forças brasileiras, durante a Guerra do Paraguai (1865-1870), o melhor caminho
para alcançar Nioaque (Retirada da Laguna).
Com o aumento da população rural e urbana, em 10 de abril de 1900 a
resolução Nº. 255 criava a Paróquia de Paz de Bela Vista, com os limites já
existentes no distrito policial, estabelecido por volta de 1889. O governo de Estado,
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
128
pela Lei Nº. 502, de 3 de outubro de 1908, criava o município de Bela Vista,
incorporando-o à Comarca de Nioaque com os mesmos limites do Distrito de Paz.
Foi elevada à categoria de cidade em 16 de julho de 1918, por força da Lei Federal
Nº. 772. Segundo o quadro anexo ao Decreto Estadual Nº. 583, de 24 de dezembro
de 1948, o município de Bela Vista figurava com três distritos: o da sede municipal, o
de Caracol e o de Jardim.
A região onde hoje localiza-se o município de Jardim começou a ser ocupada
após a guerra do Paraguai, por várias fazendas de gado que ali se estabeleceram.
Em 1939, o 6º Batalhão de Engenharia, aquartelado em Aquidauana, mudou-se em
definitivo para a Fazenda Jardim e construíram-se casas em estuque, taipa e tábua,
cobertas de folhas de zinco onde viviam os funcionários civis e militares da CRE-3.
Em 14 de maio de 1946 teve início a venda dos primeiros terrenos aos servidores da
CRE-3 e em 13 de setembro de 1948 foi criado o distrito de Jardim, subordinado ao
município de Bela Vista. Em 1953 é elevado a município.
Atualmente conta com 22.500 habitantes, tendo como atividade principal a
agropecuária. Possui diversos pontos históricos relacionados à Guerra do Paraguai
que, junto com os atrativos turísticos naturais do município, têm atraído visitantes
para a região.
(Fonte: Prefeitura Municipal de Jardim, página oficial na internet, em Coelho et al.(2007)
Economia e Serviços
Seguindo os padrões predominantes no centro-oeste brasileiro, a pecuária de
corte é a principal atividade econômica no município, com 200.635 cabeças,
enquanto na atividade agrícola destacam-se as culturas de soja com 5.070 ha de
área plantada e milho com 1.220 ha (SEMAC 2008). Segundo o Censo Agropecuário
1996 (IBGE 1996), o setor agropecuário empregava 1.363 pessoas entre
temporários e permanentes. A figura 128 indica o uso da terra neste mesmo período.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
129
Jardim - Uso da Terra
5.3%
3.1%
19.1%
Lavouras
Pastagens
Florestas
Não usadas
72.5%
Figura 128. Uso da terra no município de Jardim (MS). Fonte: IBGE (1996)
No setor de serviços destaca-se o turismo, em especial pelo fato do município
possuir sítios turísticos conhecidos como o Buraco das Araras, Recanto Ecológico
Rio da Prata, Lagoa Misteriosa, balneários públicos e privados, grutas e atrativos
com potencial para exploração turística. Jardim possui 10 hotéis, 02 agências de
turismo, 14 estabelecimentos de alimentação, estação rodoviária, pontos de táxi e
moto-táxi (PMJ 2006).
O comércio varejista inclui estabelecimentos onde destacam-se os ramos de
alimentação, vestuário e artigos para uso diverso, mobiliário e eletrodomésticos,
maquinários, produtos químicos e farmacêuticos, artigos para recreação e
desportivos, materiais para construção, veículos e implementos, peças e produtos
para lavoura/pecuária. Estabelecimentos de comércio para serviços gerais incluem
academia de ginástica, artigos de informática, estética pessoal, livrarias, locadoras
de veículos, lojas de artesanato, supermercados, oficina mecânicas, postos de
combustíveis, locadoras de vídeo/DVD e outros (Martins e Martins 2006).
Jardim possui um Aeroporto Municipal com pista asfaltada de 900m,
homologado pelo Ministério da Aeronáutica, localizado a 1 km do centro da cidade.
O município conta ainda com delegacias das Polícias Militar, Civil, Ambiental e um
destacamento do Corpo de Bombeiros (Martins e Martins 2006).
No setor de comunicações, a cidade possui duas agências dos Correios,
serviços de telefonia fixa e celular e acesso à Internet de banda larga. Instituições
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
130
sociais e de lazer incluem duas bibliotecas, cinco clubes de lazer, sindicatos,
associações de bairro e de classe (Martins e Martins 2006).
2.20.3 BONITO – DADOS GERAIS SOBRE ECONOMIA E SERVIÇOS
Histórico de Bonito
Bonito tem suas origens na história da formação do município de Miranda,
ligada à expansão espanhola do século XVI no vale do Paraguai, como ponto de
apoio às expedições que pretendiam alcançar as minas do Peru. Em 1580 Ruy Dias
Melgarejo funda a primeira cidade de Santiago de Xerez às margens do rio Mbotetei
(rio Miranda). Após vários conflitos com os índios que habitavam a região, o
povoado muda-se para as margens do rio Mondego (Aquidauana), permanecendo
apenas algumas famílias que conviviam pacificamente com os indígenas. Esse
relacionamento amistoso facilitou a implantação da Missão Itatim, que foi alvo
constante de ataques de bandeirantes paulistas e colonos espanhóis que
pretendiam aprisionar os índios e mestiços aldeados para escravizá-los.
Com a descoberta de ouro em Cuiabá a Coroa Portuguesa expulsa os
espanhóis da região do vale do rio Paraguai. O Presídio de Nossa Senhora do
Carmo do Rio Miranda foi construído em 1778 a mando do capitão-general da
Capitania de Mato Grosso, Caetano Pinto de Miranda Montenegro. Um pequeno
povoado começou a desenvolver-se em volta do presídio, que em 1857 é elevado à
categoria de vila e passa a denominar-se Miranda, e em 07 de outubro de 1871 é
elevada à categoria de Município.
Durante a Guerra do Paraguai (1870-1875), vários colonos e fazendeiros
ajudaram no abrigo e condução das tropas até a região de fronteira. Também os
índios Guaicuru participaram dos combates. Após o final da guerra, muitas pessoas
que haviam fugido retornaram, junto de novos colonos vindos de Minas Gerais, São
Paulo, Rio Grande do Sul e outras regiões. Muitas famílias foram dizimadas pelos
constantes ataques indígenas, dificultando a criação de um povoado.
A Fazenda Rincão Bonito, de propriedade do Sr. Euzébio, foi adquirida pelo
Capitão Luiz da Costa Leite Falcão, que aqui chegara em 1869, com a missão de
expulsar os índios da região. O Capitão Falcão foi o primeiro escrivão e tabelião do
lugar, incentivando a fixação dos primeiros moradores da vila. Em 11 de junho de
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
131
1915, a vila Rincão Bonito é elevada a Distrito de Paz de Bonito, desmembrando-se
a área do município de Miranda, mas com subordinação administrativa. Foi elevado
à condição de município em 02 de outubro de 1948. As principais atividades
econômicas de Bonito são a pecuária, o turismo, agricultura e mineração de calcário.
(Fonte: Prefeitura Municipal de Bonito, página oficial na internet)
Economia e Serviços
Bonito tem se destacado nacionalmente como destino de turismo de
natureza, sendo visitado por aproximadamente 70.000 turistas/ano (COMTUR 2008),
e o sistema de gestão da atividade turística tem sido considerado modelo, atraindo
missões técnicas de várias partes do país. A atividade é responsável por
aproximadamente 56% dos empregos gerados, e a estrutura turística abrange 38
sítios abertos à visitação (sendo 36 em áreas privadas e 02 geridos pelo poder
público), 67 meios de hospedagem (totalizando 4.134 leitos), 30 agências de
turismo, 80 guias de turismo atuantes e diversas empresas de transporte (incluindo
serviços de táxi, moto-táxi, van, ônibus, locação de carros e bicicletas). Os passeios
oferecidos incluem caminhadas, flutuação em rios cristalinos, banhos em
cachoeiras, cavalgadas, mergulhos autônomos e outras modalidades de turismo de
aventura (COMTUR 2008).
Todos os sítios turísticos possuem controle de visitação e outras normas de
uso definidas por legislação estadual, e diversas associações de classe atuam no
sentido de ordenar a gestão e regulamentação do sistema turístico (associações de
guias, agências de turismo, meios de hospedagem, restaurantes, empresas de
transporte). Conselhos municipais como o Conselho Municipal de Meio Ambiente de
Bonito (COMDEMA) e o Conselho Municipal de Turismo de Bonito (COMTUR)
possuem representantes destas entidades de classe e também do setor público,
deliberando sobre assuntos de interesse relacionados à gestão ambiental e do
turismo no município.
A pecuária de corte (gado bovino) também tem um papel marcante na
economia local, com um rebanho bovino de 382.330 cabeças (SEMAC 2008), e vem
aprimorando-se com a modernização dos equipamentos e instalações. O município
possui ainda uma área agriculturável em torno de 18.000 hectares, com
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
132
predominância de soja e milho (SEMAC 2008). A figura 129 indica o uso da terra
neste mesmo período.
Bonito - Uso da Terra
6.4% 4.0%
Lavouras
23.2%
Pastagens
Florestas
Não usadas
66.3%
Figura 129. Uso da terra no município de Bonito MS). Fonte: IBGE (1996)
Com relação à mineração, o subsolo de Bonito abriga uma jazida de mármore
com 51 milhões de metros cúbicos, ocorrendo ainda minérios como calcário, calcita,
pedras para construção e argila (COMTUR 2008).
Seis Organizações não-Governamentais (OnGs) atuam em frentes diversas,
com destaque para as questões ambientais e sociais, possuindo também
representação no COMDEMA. Recentemente estabeleceu-se no município o Bonito
Conventions & Visitors Bureau (BCVB), cujo objetivo principal é captar eventos para
o município (congressos, feiras, etc) nos âmbitos regional, nacional e internacional.
O setor de serviços – voltados tanto à população local como ao turista – inclui
duas agências bancárias com caixas automáticos (Banco do Brasil e Bradesco), um
centro de convenções (com capacidade para 1.500 pessoas), supermercados,
restaurantes, lanchonetes, bares, farmácias, padarias, postos de combustíveis,
laboratórios
fotográficos,
lojas
(roupas,
calçados,
lembranças,
suprimentos
agropecuários, informática, eletrodomésticos, materiais para construção e outros
itens) oficinas mecânicas, provedores de acesso à Internet, agência de correios,
banca de jornal, academias de ginástica, locadoras de vídeo/DVD e outros.
Telefones públicos encontram-se disponíveis principalmente na região central, e a
cidade não possui posto telefônico. Telefones celulares funcionam adequadamente
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
133
dentro da área urbana, porém o sinal torna-se fraco ou inexistente ao afastar-se para
a zona rural (COMTUR 2008).
No setor de emergências, Bonito possui delegacias das Polícias Militar, Civil e
Ambiental, mas não há posto ou destacamento do Corpo de Bombeiros. Instituições
de lazer e cultura incluem duas bibliotecas públicas, clubes de lazer e associações
de bairros e de classes (COMTUR 2008). Possui rodoviária e um aeródromo com
capacidade para receber aeronaves de médio porte (pista pavimentada, com 2.000
metros e largura 30 metros) a 14 quilômetros do centro.
A localidade conhecida como “Quilômetro 21”, a 80 km da sede do município,
concentra atividades de pesca profissional e também turística.
2.20.4 ASPECTOS SÓCIO-AMBIENTAIS DE JARDIM E BONITO
Martins e Martins (2006) realizaram uma série de pesquisas com lideranças
dos municípios englobados no Projeto Corredores de Biodiversidade Miranda-Serra
da Bodoquena (Brambilla e Pellin 2006), cujos resultados serviram de base para as
questões citadas a seguir, onde foram considerados apenas os aspectos mais
relevantes para o presente Plano de Manejo da RPPN Buraco das Araras (adaptado
de Coelho et al. 2007).
85.11%
91.50%
100%
Rede geral de esgoto
80%
Fossa séptica
Fossa rudimentar
60%
Vala
40%
urbano
9.31%
0.53%
0.00%
3.46%
1.60%
0.00%
0.88%
2.45%
0.90%
0.04%
0%
1.77%
20%
Rio ou lago
2.47%
Porcentagem de Domicílios
Jardim - Acesso a Esgotamento Sanitário
Outro escoadouro
Sem banheiro
rural
Tipo de Domicílio
Figura 130. Acesso a esgotamento sanitário no município de Jardim (MS), de acordo com o tipo de
domicílio. Fonte: Adaptado de Martins e Martins (2006)
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
134
82.64%
100%
urbano
Rio ou lago
7.79%
5.25%
0.17%
1.19%
2.88%
0.08%
3.13%
Vala
0.03%
0%
Fossa rudimentar
0.42%
20%
Fossa séptica
0.09%
40%
4.26%
60%
Rede geral de esgoto
53.76%
80%
38.31%
Porcentagem de Domicílios
Bonito - Acesso a Esgotamento Sanitário
Outro escoadouro
Sem banheiro
rural
Tipo de Domicílio
Figura 131. Acesso a esgotamento sanitário no município de Bonito (MS), de acordo com o tipo de
domicílio. Fonte: Adaptado de Martins e Martins (2006)
Porcentagem de Domicílios
Acesso a Coleta de Lixo
100%
96.1%
92.2%
80%
60%
urbano
40%
rural
20%
7.8%
3.7%
0%
Bonito
Jardim
Município
Figura 132. Acesso à coleta de lixo nos municípios de Bonito e Jardim (MS), de acordo com o tipo de
domicílio. Fonte: Martins e Martins (2006)
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
135
Problemas Ambientais do município
(segundo opinião dos entrevistados)
30%
40%
40%
50%
40%
50%
50%
50%
30%
10%
0%
0%
0%
0%
0%
município
10%
20%
10%
20%
20%
20%
20%
0%
0%
10%
Jardim
0%
0%
0%
0%
10%
0%
10%
10%
20%
10%
20%
30%
10%
porcentagem de citações
60%
Bonito
desm atam ento
lixo
falta de consciência
falta de conhecim ento
saneam ento
degradação do solo
destruição da m ata ciliar
assoream ento
esgoto que cai no rio
voçorocas
drenagem de água
falta de reserva legal
ineficácia da polícia florestal
uso de agrotóxicos
terra im produtiva
asfalto das cidades
Figura 133. Principais problemas ambientais encontrados nos municípios de Jardim e Bonito (MS),
segundo moradores entrevistados. Fonte: Martins e Martins (2006)
Os seguintes itens constantes da entrevista não receberam nenhuma citação
por parte dos pesquisados, nos dois municípios em questão: queimadas, erosão,
enchentes, caça, carvoarias, exploração do meio ambiente, cachorros na cidade,
falta de aterro sanitário, falta de arborização urbana, pesca profissional, má
conservação do solo, extração ilegal de madeira.
Conhecem
Conhecimento Sobre Unidades de Conservação
Não conhecem
100%
100%
90%
porcentagem
de citações
80%
60%
40%
20%
10%
0%
0%
Bonito
MUNICÍPIO
Jardim
Figura 134. Grau de conhecimento sobre Unidades de Conservação pelos entrevistados nos
municípios de Jardim e Bonito (MS). Fonte: Martins e Martins (2006)
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
136
2.20.5 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO CITADAS PELOS
ENTREVISTADOS NOS DOIS MUNICÍPIOS
Jardim: Parque Nacional da Serra da Bodoquena, APA, RPPNs Cabeceira do Prata,
Buraco das Araras, Fazenda Atoledo e Buraco das Abelhas.
Bonito: RPPNs Fazendas São Geraldo (Rio Sucuri), Cabeceira do Prata, América e
da Barra (Projecto Vivo); Parque Nacional da Serra da Bodoquena; Gruta do Lago
Azul; Reservas Legais e uma RPPN em processo de criação (Estância Mimosa).
Opinião Sobre Criação
de Unidades de Conservação
100%
A Favor
porcentagem de citações
90%
Contra
Não tem Opinião
80%
80%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
20%
10%
10%
10%
0%
0%
Jardim
Bonito
município
Figura 135. Opinião dos entrevistados nos municípios de Jardim e Bonito (MS) sobre a criação de
Unidades de Conservação. Fonte: Martins e Martins (2006)
Conhecimento sobre Programas
de Apoio a RPPNs
Não conhece
Conhece
100%
90%
porcentagem
de citações
80%
70%
70%
60%
60%
50%
40%
40%
30%
30%
20%
10%
0%
Bonito
Jardim
município
Figura 136. Grau de conhecimento sobre programas de apoio à criação de RPPNs nos municípios de
Jardim e Bonito (MS) pelos entrevistados. Fonte: Martins e Martins (2006)
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
137
Opiniões apresentadas pelos entrevistados nos dois municípios:
 Jardim: “A favor de proteger o que não está desmatado ainda. A favor de proteger
mananciais, cabeceiras de rio e clima. A favor, é uma forma de prevalecer
uma proteção à área de forma legal. Contra, o governo não tem condição de
fiscalização e deixa a desejar. A favor, falta umidade pela falta de árvores. A
favor, o homem não cuida, somente através de lei se garante que a área seja
protegida. A favor, é uma forma de visão holística, é uma garantia de que
sempre vai existir. A favor, a mata está acabando pela falta de preservação.”
 Bonito: “Favorável, para a própria sustentabilidade do ecossistema geral, da
biodiversidade e do clima. Desprezo as unidades de uso sustentável, deveria
ser trabalhado o entorno de uma área natural protegida, não vejo nenhuma
vantagem das unidades de uso sustentável dentro do contexto do MS.
Contrário, não tem direito de discussão com o público. A favor, é o que vai
sobrar no planeta, é uma forma de a gente poder manter a biodiversidade no
planeta. A favor, mas tem que escolher bem as áreas. A favor, temos que ter
preocupação com o nosso verde. A favor, tem que proteger as áreas. Há
reserva legal de 20% mas tem que ter fiscalização atuante. A favor, tem que
relacionar e preservar os animais. A favor, foi o primeiro a pedir o Parque de
Bodoquena. A favor, é o futuro e sustento do município, devemos cuidar.”
2.21 POSSIBILIDADE DE CONECTIVIDADE
O Corredor de Biodiversidade Miranda-Serra da Bodoquena (Figura 137)
ocupa posição estratégica no continente sul-americano por estar em área de contato
entre os biomas brasileiros Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal e o Chaco Úmido na
fronteira com o Paraguai, o que lhe confere uma alta relevância quanto a padrões
biogeográficos de fauna e flora. Suas características regionais também contribuem
para esta relevância, como a presença da Serra da Bodoquena, uma importante
zona de recarga de aqüífero e divisor de águas que abastece as principais bacias
hidrográficas da região, abrigando ainda o maior remanescente de Floresta
Estacional Decidual do Estado do Mato Grosso do Sul (Brambilla e Pellin 2006).
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
138
Figura 137. Mapa do Corredor de Biodiversidade Miranda – Serra da Bodoquena e os municípios que
o compõem. Adaptado de Brambilla e Pellin (2006)
Distando cerca de 15 quilômetros da porção sul do Parque Nacional da Serra
da Bodoquena, as RPPNs Cabeceira do Prata e Buraco das Araras ocupam posição
estratégica na paisagem regional, desempenhando papel essencial para conectar o
Parque Nacional com os remanescentes naturais localizados à leste (Coelho et al.
2007). Estas RPPNs, junto com a RPPN Xodó do Vô Ruy, representam atualmente
as únicas Unidades de Conservação existentes no município de Jardim, fazendo
parte da rede de Unidades de Conservação da região, composta por um Parque
Nacional, dois Monumentos Naturais Estaduais (Bonito, 277,08 ha); um Parque
Natural Municipal (Porto Murtinho, 51,96 ha); dezessete Reservas Particulares do
Patrimônio Natural (oito em Corumbá, três em Miranda, três em Jardim, duas em
Bonito, e uma em Bodoquena, totalizando 70551,56 ha) (Brambilla e Pelin 2006;
REPAMS 2008). A criação de mais duas novas RPPNs em Corumbá, uma em
Bonito, uma em Porto Murtinho, uma em Bodoquena e duas em Aquidauana,
previstas para o próximo ano (REPAMS, com. pess., 2008) vem ampliar as áreas
protegidas desta região, formando um mosaico de conservação.
Especificamente para a região estudada (Figura 138) fica evidente a grande
fragmentação ocorrida, com poucas possibilidades de se criar corredores ecológicos
que conectem a RPPN Buraco das Araras ao rio Verde e à RPPN Cabeceira do
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
139
Prata e por conseguinte ao rio da Prata. A grande área de pastagem entre estas
duas unidades de conservação, associada à estrada que divide a paisagem,
exigiriam maiores esforços e abandono de áreas em outras propriedades para
viabilizar um corredor regional. No entanto, localmente, a RPPN Fazenda Cabeceira
do Prata está conectada à mata ciliar do rio da Prata. A RPPN Buraco das Araras,
embora isolada da mata ciliar do rio Verde, poderia ser conectada a esta com
trabalhos de recomposição florestal.
Futuramente poderiam ser feitos esforços para unir estes dois fragmentos,
restabelecendo a comunicação original entre estes dois rios e, futuramente, com o
grande fragmento representado pelo Parque Nacional Serra da Bodoquena. Ao se
estreitar a proximidade da RPPN Buraco das Araras com estes contínuos florestais,
amplia-se a capacidade do mesmo em restabelecer sua fauna e flora original.
Esta conectividade depende ainda dos corredores formados pelas matas
ciliares remanescentes e diversas Reservas Legais, em uma paisagem de mosaico,
causada pelo desmatamento para exploração agropecuária (Coelho et al. 2007).
Figura 138. Localização das RPPN Buraco das Araras (BA) e Cabeceira do Prata (CP) e os rios da
Prata (acima de CP) e Verde (abaixo de BA). Fonte: Microsoft Company (2008)
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
140
2.22 DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA
O Planalto da Bodoquena é uma região de contato entre a porção sudoeste
do bioma Cerrado e as formações de florestas estacionais do bioma Mata Atlântica,
o que gera uma grande complexidade do ponto de vista biogeográfico (Coelho et al.
2007). Por se tratar de um dos mais extensos remanescentes de formação florestal
de interior do Brasil, a região foi reconhecida como área prioritária para a
conservação da biodiversidade nos biomas do Cerrado, Pantanal (MMA 1999) e da
Mata Atlântica (MMA 2000). Em 2006, o MMA indicou ta região como de importância
biológica extremamente alta, com prioridade de conservação muito alta (MMA 2006).
A RPPN Buraco das Araras, juntamente com as RPPNs Fazenda Cabeceira
do Prata e Xodó do Vô Ruy, representam atualmente as únicas unidades de
conservação no município de Jardim, dentro da área de influência do Parque
Nacional da Serra da Bodoquena e do Corredor de Biodiversidade Miranda-Serra da
Bodoquena. Devido a esta localização, desempenha um papel muito importante na
paisagem regional, contribuindo para a existência de uma zona de amortecimento no
entorno do Parque, possibilitando futuramente a conectividade entre ele e outras
áreas naturais remanescentes, enquanto outras unidades de conservação não são
efetivadas (Coelho et. al 2007). A presença de áreas verdes no entorno de outras
unidades de conservação pode potencializar os benefícios trazidos pelas mesmas,
ampliando a área e as espécies efetivamente protegidas (Langholz 1996 apud
Morsello 2001).
Esta RPPN abriga uma interessante riqueza de espécies. Mesmo com poucas
dimensões, nela foram identificadas 192 espécies vegetais; 18 espécies de
mamíferos terrestres; 10 espécies de quirópteros; 124 espécies de aves; 10
espécies de anfíbios e 16 espécies de répteis. Destas, algumas espécies de plantas,
aves, mamíferos e um réptil estão ameaçados de extinção em âmbito nacional e/ou
internacional. Além disso, dentro da RPPN foi registrada a primeira ocorrência do
morcego Micronycteris schmidtorum para Mato Grosso do Sul, e também duas
novas ocorrência de ave para o Planalto da Bodoquena (Strix huhula e Elaenia
albiceps). Assim, as pesquisas realizadas até o momento indicam que a
biodiversidade local é rica, bem conservada, porém pouco conhecida, tornando a
RPPN um local potencial para novas descobertas importantes.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
141
As pesquisas com quirópteros e aves indicaram a dolina Buraco das Araras
como área de reprodução de diversas espécies, ampliando a importância da
conservação desta área.
No contexto local e regional, a RPPN contribui na geração de emprego e
renda da comunidade e dissemina a prática de atividades econômicas de baixo
impacto sobre os recursos naturais. Os proprietários têm um papel importante na
divulgação destas práticas e do ganho relacionado à manutenção de uma unidade
de conservação em sua propriedade, estimulando outros proprietários a instituir
RPPNs também em suas áreas e a contribuir na educação ambiental de visitantes e
funcionários (Coelho et al. 2007). Isto porque o atual modelo de expansão e
modernização da economia se baseia em formas extensivas e predatórias de
utilização dos recursos naturais, mesmo na fase mais recente de esgotamento da
fronteira agrícola e baixo crescimento econômico (SEMAC 2000).
Desta forma, o ecoturismo surge como uma opção que exerce menor pressão
sobre os ambientes naturais. Dentre as inúmeras opções de atividade turística da
região se destacam as diversas grutas da Província Espeleológica da Serra da
Bodoquena. Muitas destas grutas já foram citadas pelo Plano Regional de
Desenvolvimento Sustentável da região Sudoeste (IPLAN 2002) como exemplos de
atrações turísticas mais importantes na região, entre elas: o Buraco das Araras
(Jardim), a Gruta do Lago Azul (Bonito), Abismo Anhumas (Bonito), Gruta do
Mimoso (Bonito), entre outras, que são ou foram utilizadas para visitação. Ayub et al.
(1996) também comenta sobre este enorme potencial turístico das cavidades da
região.
É importante frisar que a visitação em cavernas e dolinas pode ser utilizada
com fins voltados à educação ambiental, e que no Brasil e em todo o mundo, a
consciência da necessidade de preservação desse patrimônio vem aumentando e
novas orientações técnicas, legais e educacionais têm sido criadas e utilizadas para
esse fim (Brunelli 2001). A visitação em cavernas, conhecida como espeleoturismo,
vem surgindo como um importante e excelente meio de se divulgar a espeleologia e
de se garantir a preservação dos ambientes cársticos e do patrimônio espeleológico
em geral (Brunelli 2001).
No Brasil, vem sendo cada vez mais reconhecida a importância do setor
privado na conservação da biodiversidade, seja pela manutenção de áreas
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
142
legalmente requeridas por lei como as Reservas Legais e Áreas de Preservação
Permanente ou por iniciativas voluntárias como através da criação de Reservas
Particulares do Patrimônio Natural. Neste contexto, a área conhecida como Buraco
das Araras tem uma importante contribuição, pois se trata de um local protegido por
lei e para o qual existe uma proposta de uso baseado em critérios ambientais e
compatível com a conservação da região, o que representa outra garantia de sua
manutenção a longo prazo.
Outro ponto positivo que advém da manutenção desta área verde, que será
garantida com a implementação do plano de manejo, é a proteção dos recursos
hídricos. As dolinas são ligações diretas entre as águas superficiais e subterrâneas,
funcionando como locais de recarga dos lençóis freáticos. Como na área do entorno
desenvolve-se atividades agropecuárias, é importantíssimo a manutenção da
vegetação nativa do entorno da cavidade que funciona como um filtro contra agentes
poluidores.
O desenvolvimento de um turismo de baixo impacto, além dos benefícios
econômicos e educacionais que traz para a região, poderá garantir a conservação
do local, visto que o mesmo não sofrerá com intervenções de atividades de maior
impacto. Prova disso é que a área verde do entorno da cavidade dentro da Fazenda
Alegria ou está em bom estado de conservação ou se encontra em processo de
regeneração há vários anos. A operação turística pautada no uso indireto dos
recursos pode proporcionar o contato de visitantes do Brasil e exterior com esse
ambiente exuberante, promovendo sua conscientização e inspirando formadores de
opinião a divulgar a importância das RPPNs para a conservação de outras áreas
naturais (Coelho et al. 2007).
Portanto, baseando-se nos dados aqui apresentados, considera-se que a
RPPN
Buraco
das
Araras
apresenta
um
grau
elevado
de
significância,
desempenhando um importante papel tanto para a conservação de um fragmento do
ecossistema regional, como para a disseminação da prática de conservação da
natureza para visitantes e moradores da região.
O Buraco das Araras é um patrimônio geológico e espeleológico único, não
sendo comum a ocorrência de dolinas com estas dimensões. Além da importância
para estudos geológicos e hidrogeológicos da região, destaca-se a beleza cênica
sem igual desta cavidade.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
143
PARTE 3 – PLANEJAMENTO E GESTÃO
3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE MANEJO
No Brasil, as Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo
(EMBRATUR, 1994) definem o ecoturismo como sendo “um segmento da atividade
turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva
sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da
interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas”.
A sustentabilidade se refere primordialmente à conservação do ambiente
natural como pré-requisito para a manutenção do ecoturismo a longo prazo (Mitraud
2003). Segundo o Art. 2 da Lei Federal Nº 9.985/00 (MMA 2002), conservação é “o
manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a manutenção,
a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para
que possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações,
mantendo seu potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações
futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral”. A viabilidade (e
sustentabilidade) econômica do ecoturismo deve também ser colocada em contexto,
pois se não for planejado adequadamente, seu desenvolvimento estará fadado ao
fracasso econômico e à degradação social e ambiental. As bases que sustentam os
negócios são os ambientes natural e cultural, na forma de recursos atrativos. Se
esta base de recursos não permanecer conservada, não haverá mais o interesse da
visitação. A sustentabilidade envolve, portanto, a criteriosa utilização destes
recursos, principalmente em parques e reservas (Mitraud 2003).
O código florestal, por meio do Art. 2º, define as áreas de preservação
permanente – APP, como sendo, entre outros itens, “as florestas e demais formas
de vegetação natural situadas em: e. nas encostas ou partes destas, com
declividade superior a 45º, equivalente a 100% na linha de maior declive e g. nas
bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa
nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais” (MMA 1965; República
Federativa do Brasil 2000). Estes conceitos são de grande importância na
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
144
conservação ambiental dentro de propriedades privadas rurais, estando o Buraco
das Araras contidos nestas definições, visto formar um paredão como ângulo de 90º.
Embora a Resolução CONAMA Nº 347/2004 priorize o uso de cavernas
horizontais e inundadas em suas determinações, a dolina Buraco das Araras
também é considerada uma cavidade natural, aplicando-se também o § 3º do Art. 4º,
ou seja, “a área de influência das cavidades naturais subterrâneas será a projeção
horizontal da caverna acrescida de um entorno de duzentos e cinqüenta metros, em
forma de poligonal convexa”. Este Artigo determina ainda que “a localização,
construção, instalação, ampliação, modificação e operação de empreendimentos e
atividades, considerados efetiva ou potencialmente poluidores ou degradadores do
patrimônio espeleológico ou de sua área de influência dependerão de prévio
licenciamento pelo órgão ambiental competente, nos termos da legislação vigente”.
Considerando-se estas informações, ao analisar a imagem da dolina com os
devidos limites periféricos mencionados na legislação (Figura 139), observa-se que,
mesmo para o menor limite (100 metros, segundo o Código Forestal), existe uma
área sem cobertura vegetal na APP, localizadas nas propriedades vizinhas.
Figura 139. Dolina Buraco das Araras (centro), com ilustração dos limites da APP segundo o Código
Florestal (em verde) e a Resolução CONAMA Nº 347/2004 (em vermelho). Em azul, os limites da
RPPN Buraco das Araras. Ilustração sobre imagem do Google Earth (Microsoft Company 2008)
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
145
Embora dentro da Fazenda Alegria o perímetro esteja em acordo com a
legislação (incluindo áreas em recuperação), as fazendas vizinhas possuem um
passivo ambiental, mesmo considerando-se apenas o perímetro menor, devendo
seus proprietários receber orientação para a regeneração destas áreas, evitando
serem enquadrados nos Art. 38 e 40 da Lei de Crimes Ambientais ( MMA 1999).
Nos últimos anos em Mato Grosso do Sul, criou-se uma regulamentação mais
restritiva para defesa das áreas contíguas às Áreas de Preservação Permanente,
Reservas Legais e licenciamento ambiental (derivadas das Resoluções CONAMA Nº
001/86 e 237/97), principalmente de atividades turísticas (SEMAC, Leis nº. 1.871/98
e 2.223/01, Decretos nº. 10.707/02 e 11.408/03) localizadas próximas a cursos
d’água. Como a área em questão explora uma atividade turística, ainda que distante
de cursos d’água, fez-se necessário o Licenciamento, efetivado pela SEMAC através
da Licença de Operação Nº 193/2007 (Anexo 1), cuja condicionante primeira é a
“autorização da atividade de passeio ecológico, como grupos de no máximo 11
(onze) pessoas mais 01 (um) guia em intervalos de 15 (quinze) minutos, totalizando
20 (vinte) passeios por dia”. Este documento trata apenas da operação turística, sem
abordar a questão do uso da APP (entorno da dolina).
Mato Grosso do Sul possui legislação própria para criação de RPPNs
(SEMAC 1993), porém para o Buraco das Araras houve orientação da SEMAC para
que o processo corresse na esfera federal, devido à existência da dolina em seu
interior. Assim, através da Portaria IBAMA Nº 31, de 11 de abril de 2007, foi criada a
RPPN Buraco das Araras.
De acordo com o Art. 27 do SNUC (Lei nº. 9.985/00 e Decreto nº. 4.340/02),
as unidades de conservação devem dispor de um Plano de Manejo que abranja
inclusive sua zona de amortecimento e corredores ecológicos, devendo ser
elaborado em um prazo máximo de cinco anos a partir de sua data de criação. Por
conter em seus limites uma dolina, entendida como uma cavidade natural, serão
observadas as recomendações da Resolução CONAMA Nº 347/2004 para Plano de
Manejo Espeleológico.
Ainda que não haja recomendação específica para delimitação de área de
entorno para proteção de uma RPPN (MMA 2002; Ferreira et al. 2004; CONAMA
2004), o fato da APP estar além dos limites da RPPN Buraco das Araras e também
da propriedade, torna necessário que os programas de manejo levem em conta
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
146
estes limites, de forma a orientar os proprietários vizinhos na recuperação da
vegetação no perímetro legal da dolina.
O Plano de Manejo da RPPN Buraco das Araras tem os seguintes
objetivos gerais:
1. Contribuir para o conhecimento e a conservação da biodiversidade local;
2. Dotar a RPPN de diretrizes para o seu desenvolvimento;
3. Definir ações específicas para o manejo da RPPN;
4. Estabelecer a diferenciação e a intensidade de uso mediante o zoneamento,
visando à proteção de seus recursos naturais;
5. Orientar e contribuir para a captação e aplicação de recursos na RPPN;
6. Viabilizar a pesquisa científica dentro da RPPN e seu entorno;
7. Viabilizar a exploração turística de mínimo impacto que promova educação
ambiental aos seus visitantes;
8. Definir ações que contribuam na conectividade da RPPN com demais UCs;
9. Estabelecer diretrizes para futuros projetos educacionais.
O Termo de Referência para elaboração de Plano de Manejo Espeleológico
(CONAMA 2004) visa promover, implementar, supervisionar, orientar, avaliar e
disciplinar a execução de atividades relacionadas ao acesso e ao uso turístico do
ambiente cavernícola, bem como o estabelecimento de critérios visando preservar,
proteger e conservar a cavidade natural subterrânea considerada, de forma a
oferecer também meios ao adequado exercício de atividades pretendidas. O Artigo
21 do SNUC (MMA 2002) especifica que o objetivo maior de uma RPPN é a
conservação da diversidade biológica, sendo permitidos apenas a pesquisa científica
e visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais dentro de seus
limites. Assim, os objetivos específicos do Plano de Manejo da RPPN Buraco das
Araras são:
1. Proteção de um fragmento do Bioma Cerrado onde ocorre Savana florestada e
arborizada e Floresta Perenifólia;
2. Proteção da dolina conhecida como Buraco das Araras, sua fauna e flora
associada;
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
147
3. Proteção de toda a fauna e flora encontradas em seus limites e arredores, com
especial atenção às espécies ameaçadas de extinção segundo MMA (2003);
4. Recuperação ambiental das áreas onde foram identificadas alterações do meio
natural por ação humana, seja ela anterior ou posterior à aquisição da área pelos
atuais proprietários;
5. Incentivo à recuperação e conservação ambiental da área de entorno da dolina,
considerando o § 3º, Art. 4º da Resolução CONAMA Nº347/2004;
6. Incentivo e viabilização da pesquisa científica dentro de seus limites e arredores,
promovendo maior conhecimento de sua biodiversidade;
7. Viabilizar monitoramento de parâmetros sociais, físicos e ambientais que
influenciem ou que possibilitem o diagnóstico para a boa conservação ambiental
da área;
8. Promoção e utilização de práticas de mínimo impacto em seus limites e
arredores;
9. Promoção de educação e interpretação ambiental por meio do uso turístico, de
forma a valorizar os recursos naturais e culturais visitados;
10. Promoção de práticas de mínimo impacto durante a visitação turística.
3.2 ZONEAMENTO
Embora algumas RPPNs tenham adotado o zoneamento utilizado em
Parques Nacionais, principalmente em período anterior à publicação do SNUC (v.
Torrecilla et al. 1995), para este Plano de Manejo optou-se em seguir
prioritariamente a estrutura proposta por Ferreira et al. (2004), visto ser esta uma
derivação dos modelos anteriores, e as recomendações contidas na Licença de
Operação Turística Nº 0193/2007 (Anexo 1). Como orientação secundária, seguiu-se
também as recomendações contidas na Resolução CONAMA Nº347/2004 e Coelho
et al. (2007). Assim, com base nas propostas citadas e também nos resultados e
recomendações obtidos nos capítulos anteriores deste documento, consulta a
Andrade (1995), Morsello (2001) e outros Planos de Manejo de RPPNs disponíveis
(Torrecilha et al. 1995; Soriano et al. 1997; Lima 2005; Costacurta 2006), desenhouse o plano de zoneamento para a RPPN Buraco das Araras. Considerou-se a
relevância dos ambientes presentes para a fauna e flora local e a possibilidade de
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
148
conectividade com os fragmentos naturais da região, visando a continuidade do uso
turístico com conceitos de mínimo impacto.
Devido às características da área, incluindo sua pequena extensão total e
homogeneidade da paisagem, nem todas as categorias de manejo sugeridas por
Ferreira et al. (2004) se adequaram na proposta. Desta forma, a RPPN foi subdivida
em Zona de Recuperação, que abrange a totalidade da área da RPPN, com exceção
de uma faixa de 10m de largura paralela ao limite interno da propriedade, a qual foi
definida como Zona de Transição. A Zona de Proteção inclui as bordas da dolina e
seu interior e, para efeito da atividade turística, foram definidas Zonas de Visitação
Turística e de Área de Administração (Figura 140).
Figura 140. Zoneamento Ambiental, RPPN Buraco das Araras (Jardim, MS). Vermelho: Zona de
Proteção; Verde: Zona de Recuperação; Azul marinho: Zona de Visitação; Preto: limites da RPPN;
Azul claro: Limites da APP1; Verde escuro: limites da APP 2; Lilás: área de administração, fora da
RPPN. Adaptado de Microsoft Company (2008)
Como norma geral, não é permitido fumar e nem a presença de animais
domésticos dentro da UC. Toda pesquisa realizada deverá estar devidamente
licenciada pelos órgãos competentes e ter autorização dos proprietários da RPPN.
As definições para cada Zona estabelecida para a RPPN Buraco das Araras
são baseadas em Ferreira et al. (2004).
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
149
3.2.1 ZONA DE PROTEÇÃO (ZP)
Descrição e localização: interior
da dolina Buraco das Araras, seus
paredões e borda, até o limite da cerca
de proteção (Figura 141).
Justificativa: o acesso ao seu
interior é difícil e não previsto na
atividade turística, resultando em pouca
intervenção
na
vegetação
e
outras
características naturais. Área de vida e
reprodução de várias espécies de fauna,
principalmente
aves,
mamíferos
Figura 141. Dolina Buraco das Araras.
Foto: Tietta Pivatto
(morcegos e roedores) e répteis.
Normas de uso: acesso apenas para fiscalização e pesquisadores, sendo
permitida captura ou coleta de material com fins científicos apenas com autorização
da administração e com as devidas licenças ambientais. As únicas instalações
permitidas são os dois mirantes pré-existentes em sua borda, sendo que para novas
intervenções obriga-se o licenciamento ambiental embasado por análise técnica
ambiental.
3.2.2 ZONA DE VISITAÇÃO (ZV)
Descrição e localização: toda a faixa ocupada pelas trilhas de turismo dentro
da Savana florestada e arborizada, com largura máxima de 05 metros para cada
lado da trilha (Figura 142a). Trilha ao redor da dolina (ZP), sendo que nos trechos
em que não existem cinco metros de largura lateral, a ZV concentra-se entre as
cercas divisórias da propriedade e a ZP (Figura 142b). Nesta categoria incluem-se
também os dois mirantes localizados na borda da dolina.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
150
b
a
Figura 142. Trilhas utilizadas para turismo na RPPN Buraco das Araras. Foto: Tietta Pivatto
Justificativa: área já utilizada anteriormente para operação turística, tendo já
sofrido ação antrópica por meio de implantação de infra-estrutura como sinalização,
mirantes e as próprias trilhas, além de manutenção periódica do leito de
caminhamento. Uso turístico autorizado e descrito na Licença de Operação Turística
(Anexo 1) e no item 2.12.
Normas de uso: o acesso é permitido apenas dentro dos horários diurnos
previamente estabelecidos, restringindo-se aos caminhos indicados e que não
entrem em conflito com os objetivos de manejo. Visitação com acompanhamento
obrigatório de guia de turismo credenciado ou monitor local que tenham recebido
treinamento específico para atuação na UC e respeitando as normas estabelecidas.
Observação: embora ainda não estabelecida oficialmente, a trilha para
observação de aves deverá ser implantada em áreas complementares a esta, fora
do circuito tradicional de visitação, seguindo critérios técnicos e as orientações deste
documento e da Licença de Operação.
3.2.3 ZONA DE RECUPERAÇÃO (ZR)
Descrição e localização: toda a extensão da RPPN ao redor de ZP e ZV, com
prioridade para a área onde se localizava o antigo receptivo e estrada de acesso ao
sítio turístico (Figura 143).
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
151
a
b
Figura 143. Área onde se localizava a antiga recepção e estrada de acesso. Fotos: Tietta Pivatto
Justificativa: áreas com alteração antrópica e sob influência de efeitos de
borda e insolação excessiva, com sub-bosque ausente ou empobrecido, muitas
vezes com invasão de espécies exóticas como Brachiaria spp., dificultando a
colonização por espécies nativas deste tipo de ambiente.
Normas de uso: estas áreas deverão sofrer manejo de forma a recuperar a
vegetação nativa original, por meio de recuperação espontânea ou induzida, feita a
partir da indicação de pesquisas e estudos orientadores, de acordo com o Projeto
Específico
para
Recuperação
Ambiental
(Item
3.4.1).
Acesso
apenas
a
pesquisadores ou funcionários envolvidos com a recuperação ambiental. Visitação
turística apenas com objetivos de educação ambiental e quando não houver
interferência nos processos de regeneração implantados. A mudança desta Zona
para outra categoria dependerá dos resultados do monitoramento e avaliação
técnica qualificada ao longo do tempo.
Observação: Conforme descrito no item 3.1, a APP da Dolina Buraco das
Araras expande-se para além dos limites da RPPN e da Fazenda Alegria, sendo que
nestas áreas encontra-se com vegetação alterada ou substituída por pastagens.
Devido a estas condições, importância destas áreas para a conservação da dolina e
obedecendo a legislação ambiental vigente, recomenda-se que sejam consideradas
como Áreas Especiais de Recuperação (Figura 144), devendo haver cooperação
com os proprietários vizinhos para o correto manejo das mesmas. Deverá ser
apresentado projeto específico para recuperação das áreas degradas tanto no
interior da RPPN como nas propriedades vizinhas tendo como limite a área de APP
definida pela Resolução CONAMA Nº 347/2004.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
152
Figura 144 Áreas Especiais de Recuperação na área de entorno da, RPPN Buraco das Araras
(Jardim, MS), sendo 1: localizadas nas propriedades vizinhas e 2: dentro da Fazenda Alegria.
Adaptado de Microsoft Company (2008)
3.2.4 ZONA DE TRANSIÇÃO (ZT)
Descrição e localização: Faixa contínua ao longo do perímetro interno da
RPPN, com largura de 10 metros.
Justificativa: Este trecho visa diminuir influências externas à RPPN, como o já
constatado efeito de borda. A relativa pequena área definida para a Zona de
Transição deve-se ao fato da área da RPPN ocupar grande parte da propriedade da
Fazenda Alegria.
Normas de uso: Atividades restritas à fiscalização e recuperação. A
recuperação se dará por meio de regeneração natural e adensamento com mudas
quando necessário.
Observação: Recomenda-se que, nos limites externos da RPPN dentro da
propriedade, seja criada uma faixa extra de proteção, definida como Área
Circundante, de forma a diminuir os impactos advindos da fragmentação. Quando
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
153
possível, deverá ser implantada nos limites externos da RPPN que estejam em
contato com as propriedades vizinhas.
3.2.5 ÁREA ADMINISTRATIVA DA RPPN
A administração da propriedade, incluindo a organização da atividade turística
e manutenção dentro da RPPN é feita na sede da fazenda, ou seja, em área fora da
UC. Assim, não justifica-se a inclusão desta Zona dentro da RPPN.
3.3 PROGRAMAS DE MANEJO
Os programas de manejo visam cumprir os objetivos definidos em cada zona
de uso e estabelecer normas e diretrizes para o desenvolvimento de todos os
projetos
da
Unidade
de
Conservação
(Milano
1994).
Incluem
ações
e
recomendações que têm interface com a propriedade e com a área de entorno
(Ferreira et al. 2004).
Os programas de manejo da RPPN Buraco das Araras foram estabelecidos
de acordo com os seguintes critérios:

Licença de Operação Turística Nº 193/2007;

recomendações do “Roteiro metodológico para elaboração de Plano de Manejo
pra Reservas Particulares do Patrimônio Natural” (Ferreira et al. 2004);

diagnóstico e recomendações obtidos por meio dos levantamentos técnicos;

gestão original desenvolvida na propriedade para suas atividades e para
execução da operação turística, principalmente dentro da RPPN;

objetivos gerais e específicos estabelecidos para este Plano.
Os prazos para cumprimento destas metas serão especificados no
Cronograma de Atividades (Item 3.6).
3.3.1 PROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO
Objetivos

Adotar o zoneamento proposto e instituir os programas de manejo da RPPN
Buraco das Araras;
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
154

Gerar diretrizes que garantam o funcionamento da RPPN, com normas e
atividades administrativas, ainda que sua estrutura principal localize-se fora dos
limites da UC;

Adequar a gestão administrativa atual às necessidades de manejo da RPPN;

Atualizar a rotina de manutenção de trilhas, áreas de uso direto e indireto e infraestrutura existentes, conforme as novas indicações do Plano de Manejo;

Capacitação de funcionários, guias de turismo e outros prestadores de serviço
para o trabalho dentro da UC.
Atividades e Normas

Iniciar as ações propostas neste documento a partir da oficialização do Plano
proposto, sendo que as providências administrativas deverão ser adequadas no
primeiro ano da publicação deste Plano.

Organizar a administração de forma que as atividades de funcionamento da
propriedade não conflitem com os objetivos do Plano de Manejo.

Designar pessoa responsável pelo gerenciamento da RPPN.

O gerente da RPPN deverá ser responsável pela organização e execução das
atividades de gestão, manejo, manutenção, programas de educação ambiental,
pesquisa e monitoramento, estando subordinado aos proprietários.

Adequar rotinas de manutenção de trilhas, estruturas e cercas a um cronograma
de atividades periódicas, vinculadas ao Programa de Monitoramento.

Toda alteração de traçado ou infra-estrutura implantada deverá estar em acordo
com o Zoneamento proposto, ter licença ambiental emitida pelo órgão
responsável e ter acompanhamento técnico especializado, salvo desvios
emergenciais no caso de queda de árvores sobre as trilhas que comprometam a
operação e/ou segurança dos funcionários e visitantes.

A administração deverá optar por práticas sustentáveis e tecnologias de mínimo
impacto ambiental no manejo da propriedade.

Toda a estrutura administrativa deverá manter-se fora da RPPN, utilizando as
edificações já existentes.

Criação de um manual técnico com informações específicas sobre as normas de
manejo e administração da RPPN, de linguagem simples, a ser passada a todos
os funcionários fixos da propriedade.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
155

Viabilizar um curso de capacitação técnica para os funcionários, de forma que
todos compreendam os objetivos e normas da RPPN e se adeqüem à conduta
necessária.

Adaptar o treinamento citado acima para guias de turismo e monitores
ambientais, atendentes de agências e operadoras de turismo e condutores de
veículos com os mesmos objetivos.

Serviços terceirizados dentro da RPPN e entorno (empreiteiros, estagiários, etc.)
deverão receber as principais informações sobre as normas de uso, de forma a
que seus serviços não conflitem com os programas propostos.

Os pesquisadores e estagiários que pretenderem desenvolver trabalhos
científicos dentro da UC também devem ser informados destas normas, devendo
seguir também as recomendações do Programa de Pesquisa e Monitoramento.
3.3.2 PROGRAMA DE SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA
Objetivos

Elaborar orçamento anual com previsão de gastos para manutenção da RPPN;

Indicar fontes de recursos para sustentabilidade da área.
Atividades e Normas

Elaborar o orçamento anual prevendo despesas para as demandas da RPPN,
num prazo máximo de 90 dias após a oficialização deste Plano.

O orçamento deverá incluir custos com manutenção, fiscalização, pesquisa,
monitoramento, comunicação e demais despesas associadas, sendo atualizado
anualmente.

Indicar fontes de recursos para a área, especificando as atividades de turismo
executadas dentro da RPPN.

Elaboração e submissão de projetos para captação de recursos secundários
direcionados à gestão da UC, principalmente para manejo, pesquisa,
recuperação das áreas degradadas, capacitação técnica, centro de interpretação,
instalação de torre de fiscalização, alojamento e laboratório de pesquisas.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
156
3.3.3 PROGRAMA DE MANEJO DE RECURSOS NATURAIS
Objetivos

Garantir a conservação dos ecossistemas protegidos pela RPPN e áreas de
entorno;

Controle de espécies exóticas e invasoras dentro da UC;

Recomposição da flora e fauna nativa na Zona de Recuperação;

Delimitação e manejo da Zona de Proteção;

Implantação das Zonas de Transição e Amortecimento.
Atividades e Normas

As cercas existentes deverão evitar a entrada de animais domésticos dentro da
UC sem dificultar ou ferir a fauna silvestre.

Estabelecer rotina de vistorias mensais nas cercas de proteção da RPPN, de
forma a identificar necessidade de manutenção da mesma.

Utilizando-se dos dados obtidos no diagnóstico de vegetação terrestre, deverá
ser criado um projeto de recomposição da vegetação nativa na Zona de
Recuperação assim que for aprovado este Programa de Manejo.

Selecionar espécies vegetais nativas para serem plantadas nestas áreas,
devendo seu desenvolvimento ser acompanhado conforme as normas de
pesquisa e monitoramento deste Plano e seguindo técnicas cientificamente
recomendadas.

A recuperação das Áreas de Preservação Permanente deverá ser priorizada,
incluindo-se aquelas que se encontram fora dos limites da Fazenda Alegria,
seguindo recomendações do Código Florestal (MMA 1965) e da Resolução
CONAMA Nº 347/2004, em acordo com os proprietários vizinhos à RPPN.

Para as áreas fora da propriedade, deverá ser estabelecido um programa de
recuperação em parceria com os proprietários, com fornecimento de mudas
nativas, proteção contra o gado e monitoramento.

Criação de uma faixa de transição, sem delimitação por cerca, com 10 metros de
largura em todo limite interno da RPPN, de forma a auxiliar na proteção da área.

A faixa de transição será adensada por meio de regeneração natural e plantação
de espécies nativas, conforme orientação técnica.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
157

Criação de uma faixa de amortecimento, com as mesmas especificações acima,
nos limites externos da RPPN dentro da propriedade e, quando possível, nas
propriedades vizinhas.

As espécies plantadas nestas áreas deverão ser protegidas do pisoteio ou
predação pelo gado.

Para os projetos de soltura ou re-introdução de fauna na RPPN, deverá ser
observada a ocorrência natural destas espécies na região, devendo-se dar
prioridade a indivíduos não domesticados e livres de zoonoses ou doenças
transmissíveis entre os da própria espécie.

Este trabalho deve vir acompanhado de projeto de monitoramento e relatórios de
atividades, assim como estudo prévio sobre o impacto da fauna introduzida sobre
as populações locais estabelecidas e um programa constante e eficiente de
orientação aos visitantes, funcionários, guias e demais pessoas dentro da
propriedade.

Os animais que não se adaptarem à soltura ou que venham a interagir direta e
constantemente com os funcionários e visitantes deverão ser recapturados e
levados novamente para o CRAS.

O fornecimento de ceva deverá ser o mínimo necessário para atração de fauna
silvestre, sem comprometer a busca por alimento natural. O programa de
monitoramento deverá acompanhar esta prática para verificar o grau de
interferência na ecologia local.

Fica proibida a entrada de qualquer animal doméstico dentro da RPPN.

As trilhas de visitação turística deverão sofrer manutenção periódica de forma a
eliminar focos de erosão e alargamento do leito de caminhamento, proteção das
raízes por meio de cobertura com terra e cascalho, sempre que estas ações se
fizerem necessárias ou indicadas no Programa de Monitoramento.

Para o pavimento das trilhas, dar preferência ao uso de nódulos de limonita, por
ser esse material da região, com boa resposta geotécnica e de mínimo impacto
visual.

Os visitantes deverão continuar subordinados ao acompanhamento de guias de
turismo credenciados, monitores ou funcionários locais que tenham recebido o
treinamento específico para condução de grupos dentro da RPPN.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
158

Os equipamentos de apoio da RPPN existentes ou que venham a ser
implantados, deverão sofrer manutenção freqüente, devendo-se criar uma rotina
específica para isto.
3.3.4 PROGRAMA DE PROTEÇÃO, FISCALIZAÇÃO E SEGURANÇA
Objetivos

Proteger os recursos naturais e as instalações da RPPN;

Viabilizar a fiscalização da área, principalmente na dolina Buraco das Araras;

Proporcionar segurança aos funcionários e visitantes.
Atividades e Normas

Estabelecer rotinas diárias de fiscalização de forma a evitar caça e coleta de
material biológico ou outros nas áreas da RPPN, conforme legislação vigente.

Capacitar funcionários para a função de vigilância e providenciar equipamento de
segurança adequado. Adequar rotinas de fiscalização específica para estes
funcionários.

Fixar placas de advertência nos limites da propriedade, informando tratar-se de
uma RPPN e as proibições legais.

Instalação de uma torre de vigilância dentro da RPPN em local que também
possa ser utilizada nas atividades de turismo, mediante projeto de instalação
aprovado pelos órgãos competentes e em conformidade com este Plano de
Manejo.

Solicitar junto à ANAC proibição de sobrevôos sobre a RPPN e principalmente
sobre a dolina, visto que esta atitude é conflitante com os objetivos desta
unidade.

Capacitar funcionários da Fazenda e também vizinhos para a formação de
brigadas de incêndio para proteção da RPPN e áreas circunvizinhas.

Avaliar a necessidade de se inserir aceiros ao redor da propriedade,
principalmente nos limites da RPPN.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
159

Adquirir e manter em local de fácil acesso e em bom estado de conservação,
equipamentos de combate a incêndio, de acordo com as necessidades locais e
as recomendações do IBAMA (PrevFogo).

Implantar Sistema de Gestão de Segurança para todas as atividades turísticas,
manejo e administração da RPPN, seguindo orientações técnicas da ABETA.

Promover e viabilizar treinamento anual de resgate e primeiros socorros de todos
os funcionários da Fazenda que atuem diretamente na RPPN.

Guias de turismo e monitores ambientais que prestam serviços na área devem
ter obrigatoriamente esta capacitação.

Estabelecer rotinas mensais de manutenção do equipamento de primeiros
socorros e resgate, incluindo sistemas de comunicação.

Atualizar trimestralmente informações sobre atendimento médico de emergência,
(hospitais, bombeiros e polícia) nos arredores da Fazenda Alegria, listando os
serviços oferecidos e contatos.
3.3.5 PROGRAMA DE PESQUISA E MONITORAMENTO
Objetivos

Fomentar atividades de pesquisa dentro da RPPN;

Criação de um programa de monitoramento ambiental;

Padronizar a obtenção de dados em pesquisas e monitoramento;

Fomentar as pesquisas necessárias para respaldar o manejo integral da RPPN;

Dar prosseguimento ao levantamento de dados bióticos e abióticos da RPPN e
área de entorno;

Apoiar publicação e divulgação dos dados científicos obtidos na UC;

Publicação de uma versão reduzida deste documento para consulta pública.
Atividades e Normas

Todas as pesquisas desenvolvidas na área da RPPN deverão ter autorização
prévia dos proprietários, estando devidamente autorizadas pelos órgãos
competentes. Os pesquisadores deverão submeter-se a todas as normas
estabelecidas nos programas de manejo, cabendo à gerência a responsabilidade
de acompanhar as atividades e auxiliar nas decisões sobre sua continuidade.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
160

Priorizar as pesquisas recomendadas durante o diagnóstico ambiental (Item
14.3), principalmente das populações de Ara chloropterus, A. ararauna e
Myrmecophaga trydactyla, além daquelas que contribuam diretamente no manejo
e recuperação das áreas degradadas da RPPN.

Será obrigatório envio de relatório de pesquisa por parte dos pesquisadores e, no
caso de publicação, uma cópia para a administração, de forma a formar um
acervo técnico da RPPN.

Criação de um protocolo para pesquisa, onde estas normas deverão ser
informadas ao pesquisador responsável.

Criação e implantação de um protocolo de monitoramento ambiental que
contemple o acompanhamento de fauna, flora, manutenção de trilhas e
equipamentos de apoio à visitação turística, variações meteorológicas e
integridade da dolina.

O
monitoramento
deve
incluir
também
a
operação
turística,
com
acompanhamento das variações ambientais decorrentes desta atividade e a
experiência do visitante.

O monitoramento deve seguir normas técnicas e científicas, devendo ser
realizado no mínimo a cada três meses por técnicos capacitados. A equipe
responsável por esta atividade deverá fornecer relatórios que auxiliem no manejo
dos recursos naturais, com recomendações específicas para cada tópico e
apresentar as respectivas Anotações de Responsabilidade Técnica (ART).

Recomenda-se o acompanhamento das áreas de recuperação fora dos limites da
RPPN, que compreendam a APP e Zona de Amortecimento.

Criação de um banco de dados com todas as informações ambientais
relacionadas à RPPN e arredores, de forma a fomentar o monitoramento e
pesquisas futuras, além de compor acervo técnico.

Instalação de alojamento para pesquisadores e laboratório de pesquisa fora da
área da RPPN, nas proximidades da sede, para viabilizar os trabalhos científicos.
Estas edificações deverão ter projeto e instalação aprovados pelos órgãos
competentes.

Os trabalhos de pesquisa deverão gerar material de divulgação em linguagem
adequada ao público leigo, visando difundir conhecimentos, fomentar a
conservação ambiental e gerar informações para repassar ao público visitante.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
161

Os pesquisadores deverão apresentar palestra informativa aos funcionários e
guias de turismo, de forma a divulgar os resultados do trabalho executado dentro
da RPPN.
3.3.6 PROGRAMA DE VISITAÇÃO
Objetivos

Dar continuidade à visitação turística já existente dentro da RPPN;

Utilizar a infra-estrutura já existente para as atividades de turismo;

Implantar Centro de Interpretação Ambiental;

Criar roteiro específico para observação de aves dentro e fora da RPPN;

Gerar oportunidades de educação e interpretação ambiental;

Estimular a valorização da RPPN pelo público visitante, de forma a fomentar a
criação de novas Unidades de Conservação.
Atividades e Normas

A atividade turística dentro da RPPN fica condicionada ao licenciamento
ambiental fornecido pelos órgãos competentes e à administração (Anexo 1).

Os horários de funcionamento, número máximo de visitantes (por dia e por
grupo),
procedimentos
e
equipamentos
utilizados
devem
seguir
as
recomendações contidas na Licença Ambiental, ou seja, grupos de no máximo
onze pessoas mais um, totalizando vinte passeios por dia.

O intervalo entre cada grupo de visitantes deverá ser de 15 minutos, contados a
partir de sua saída da Sede.

Os funcionários deverão estar identificados, seja por uniforme ou uso de crachá.

A atividade turística deverá ser realizada apenas na Zona de Visitação, conforme
o Zoneamento Ambiental da RPPN, sendo sua logística adaptada para tal.

A visitação específica nas Zonas de Recuperação será apenas em casos
excepcionais, sujeito à aprovação da Administração, atendendo aos objetivos e
normas específicas destas áreas, sendo obrigatório o acompanhamento de
funcionário treinado.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
162

Deverá ser mantida a obrigatoriedade de acompanhamento de guias de turismo
e/ou monitores ambientais credenciados e com treinamento específico durante
as atividades turísticas.

O monitoramento ambiental deverá fornecer informações que orientem a
visitação turística, de forma a controlar os impactos advindos desta atividade.

Equipamentos de apoio à visitação turística devem ficar na área administrativa,
estando apenas os equipamentos de segurança, resgate e primeiros socorros
disponíveis na Zona de Visitação, em local de fácil acesso e de conhecimento de
funcionários e guias/monitores de turismo.

Oferecer treinamento específico sobre as novas normas de visitação turística da
RPPN para os guias e monitores de turismo de forma a adequar seus
procedimentos a estas recomendações. Esta atividade deverá ser executada
num prazo máximo de 90 dias após a aprovação dos Programas de Manejo.

Criação de roteiro e programa de visitação específico para escolas e
universidades, de forma a viabilizar educação e interpretação ambiental para os
alunos da rede pública dos municípios da região. Buscar parceria com OnGs
locais quando possível.

Criação de um roteiro e programa de visitação específico para grupos especiais
como entidades de classe, missões de reconhecimento e demais instituições, de
forma a divulgar as ações desenvolvidas no manejo e administração da RPPN.
Buscar parceria com OnGs locais, quando possível.

Efetivação do roteiro de Observação de Aves e outros roteiros interpretativos na
RPPN, respeitando o Zoneamento e os Programas de Manejo.

Apresentação de projeto para implantação de um Centro de Interpretação que
possibilite educação ambiental e informações sobre a RPPN e os ecossistemas
da região.

Continuidade das pesquisas de opinião com os visitantes e guias de turismo
através dos questionários de avaliação, monitorando sua satisfação e grau de
conhecimento sobre a RPPN.

Estabelecer um Programa de Visitação Pública no qual em dias determinados,
fora da época de maior fluxo turístico, a visitação será gratuita e direcionada às
estudantes de escolas públicas, grupos de terceira idade e à comunidade sem
condições financeiras de Jardim e Guia Lopes. Para esse programa, serão
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
163
buscados financiamentos para condução junto a órgãos públicos e apoio de
empresas privadas.
3.3.7 PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO
Objetivos

Tornar as atividades da RPPN Buraco das Araras conhecidas do público
visitante, profissionais de turismo e comunidade em geral, como exemplo de
ecoturismo e uso indireto de recursos naturais.
Atividades e Normas

Divulgação das ações para o CECAV, SEMAC, Ministério Público, Prefeitura,
OnGs locais e outras RPPNs da região.

Criar versão simplificada do Plano de Manejo e disponibilizar como publicação
digital. Buscar apoio financeiro para execução, publicação e divulgação da
versão impressa.

Criar informativo periódico específico sobre a RPPN Buraco das Araras e seu
Plano de Manejo, direcionado ao público visitante, estudantes e divulgação na
Internet.

Inserir informações sobre a RPPN em todo o material de divulgação das
atividades turísticas da área, incluindo página na Internet.

Apresentar palestra sobre os resultados do Plano de Manejo para a comunidade
em geral, de forma a divulgar suas ações e motivar outros proprietários a criarem
RPPN em suas propriedades em parceria com a REPAMS.

Compor amplo acervo fotográfico e videográfico da RPPN, para uso em
atividades de difusão e educação ambiental.

Fotógrafos profissionais e equipes de filmagem deverão submeter-se às
recomendações dos programas de manejo, devendo solicitar autorização prévia
à gerência e assinar termo de responsabilidade, comprometendo-se a ceder
imagens para materiais relacionados à UC.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
164
3.4 PROJETOS ESPECÍFICOS
A proposta para projetos futuros visa complementar e viabilizar as ações
contidas nos Programas de Manejo, por meio de planejamento e obtenção de
recursos específicos. A seqüência apresentada não deve ser necessariamente a
ordem de prioridade, visto depender da obtenção de verbas, autorizações e licenças
dos órgãos competentes e interesse dos proprietários em implantar estas
instalações, dentro do prazo previsto no Cronograma (ver Item 3.6).
3.4.1 PROJETO PARA RECUPERAÇÃO AMBIENTAL
Elaborar projeto para recuperação das áreas indicadas na Zona de
Recuperação, seguindo as recomendações do Programa de Manejo de Recursos
Naturais. Incluir neste mesmo projeto a execução das atividades de recuperação das
Áreas de Preservação Permanente localizadas dentro e fora da Fazenda Alegria.
3.4.2 LABORATÓRIO E ALOJAMENTO DE PESQUISA
Elaborar projeto e buscar patrocínio e parcerias com instituições de ensino e
pesquisa para planejamento e construção de um centro de pesquisa científica,
dotado de laboratórios, sala de equipamentos, sala de reunião e alojamentos para
pesquisadores e estagiários, próximo à recepção e fora da RPPN. Este projeto
busca atender a demanda para pesquisa científica dentro da RPPN e entorno, além
de motivar a parceria com universidades da região, e poderia ser feito em parceria
com a RPPN Fazenda Cabeceira do Prata, devido à proximidade entre as mesmas e
objetivos em comum.
3.4.3 TORRE DE FISCALIZAÇÃO
Elaborar projeto para a instalação de uma torre de fiscalização dentro da área
da RPPN, seguindo os padrões técnicos exigidos e com autorização dos órgãos
competentes. Esta torre deverá ter dimensões que permitam a fiscalização eficiente
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
165
da UC, monitoramento e o uso turístico da mesma, de forma a viabilizar a
interpretação do ambiente ao redor e observação de avifauna e morcegos.
3.4.4 CENTRO DE INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL
Elaborar projeto e buscar patrocínio e parcerias para a criação de um Centro
de Visitantes nas proximidades da área administrativa e recepção, que inclua projeto
arquitetônico, material de exposição, equipamentos interativos, mini-biblioteca e
auditório para palestras, além de outras estruturas que se façam necessárias. Este
projeto busca atender à demanda de educação e interpretação ambiental na
visitação turística e divulgar a importância da RPPN para conservação ambiental.
3.4.5 SINALIZAÇÃO TURÍSTICA
Elaborar projeto e buscar patrocínio para instalação de placas de sinalização
e interpretação ambiental em linguagem adequada ao público visitante. O objetivo é
facilitar a compreensão das características naturais da RPPN, através do uso de
ilustrações e mensagens simples, auxiliando também no trabalho do guia de turismo.
3.4.6 IMPLANTAÇÃO DE VIVEIRO DE MUDAS
Construção de instalações apropriadas para a produção de mudas de plantas
nativas na área administrativa para auxiliar na restauração da vegetação nas áreas
de recuperação dentro e fora da RPPN. Projeto associado para construção de um
sistema de reutilização de águas para uso no viveiro e nos jardins da recepção. Este
projeto objetiva a aceleração da recuperação ambiental e melhor aproveitamento da
água no local.
3.4.7 AMPLIAÇÃO DA RECEPÇÃO
Elaborar projeto arquitetônico para ampliação da recepção, com instalação de
um escritório administrativo para a atividade turística e manejo da RPPN, sala
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
166
de equipamentos, almoxarifado, loja e banheiros, com o objetivo de melhorar
o atendimento ao visitante e organizar a administração da RPPN, em
consonância com a capacidade de carga da Zona de Visitação Turística.
3.4.8 OFICINA DE CAPACITAÇÃO PARA FUNCIONÁRIOS E
PRESTADORES DE SERVIÇOS
Elaborar roteiro, apostilas e apresentação do Plano de Manejo da RPPN
Buraco das Araras para funcionários, guias de turismo e outros prestadores de
serviço, em linguagem adequada ao público alvo. Este treinamento deverá
sensibilizar os participantes da importância desta UC e da necessidade de respeitar
os Programas de Manejo propostos.
3.5 PRAZO PARA REVISÃO DO PLANO DE MANEJO
A revisão periódica do Plano de Manejo é importante para que as atividades
propostas estejam sempre coerentes com a realidade da RPPN, que é dinâmica
tanto
no
aspecto
de
suas
características
naturais,
como
no
contexto
socioeconômico em que esta se insere e nas intenções do proprietário.
Assim, para o Plano de Manejo da RPPN Buraco das Araras, acredita-se que
um prazo de cinco anos é um período suficiente para que os programas propostos
sejam implementados e avaliados, de forma que as novas informações geradas pela
continuidade das pesquisas e do monitoramento ambiental possam ser incorporadas
dentro dos Programas de Manejo, desde que não haja nenhum impacto significativo
no ambiente, avaliado pelas pesquisas e estudos de capacidade de suporte.
A elaboração anual de relatórios parciais acerca da implementação do Plano
de Manejo ajudará a detectar possíveis adaptações/modificações futuras.
3.6 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
O cronograma da RPPN Buraco das Araras estabelece um prazo de cinco
anos para implantação ou início das atividades propostas nos Programas de Manejo,
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
167
conforme os itens a seguir. Atividades de execução permanente indicam a
periodicidade em que devem ser executadas, devendo-se adequar à realidade de
funcionamento da propriedade e também ao orçamento disponível, considerando ser
este advindo da atividade turística executada na propriedade.
Cabe lembrar que este prazo foi estabelecido através das considerações dos
pesquisadores envolvidos na elaboração deste documento, pesquisa em outros
planos de manejo disponíveis e recomendações técnicas. O início deste cronograma
está vinculado à aprovação do Plano pelo CECAV e pela SEMAC/IMASUL.
3.6.1 PROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO
ATIVIDADES
Designação do gerente da RPPN e estabelecimento de suas
responsabilidades
ANO
1
2
3
4
5
X
X
X
X
X
Adequar rotinas de manutenção de trilhas, estruturas e cercas
X
Criação do manual técnico para os funcionários da propriedade
X
Viabilização do curso de capacitação técnica para os funcionários
X
Aplicar treinamento específico para os profissionais do turismo
X
Criação de protocolo de conduta para prestadores de serviços temporários
X
Criação de protocolo de conduta para pesquisadores e estagiários
X
3.6.2 PROGRAMA DE SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA
ATIVIDADES
Elaboração de modelo para orçamento anual de despesas da RPPN
Planejamento orçamentário para primeiro ano de implantação do Plano de
Manejo
Planejamento orçamentário anual para manutenção da RPPN e
implantação dos projetos e ações necessárias
Elaboração de proposta para captação de recursos externos para
execução dos projetos específicos
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
ANO
1
2
3
4
5
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
168
3.6.3 PROGRAMA DE MANEJO DE RECURSOS NATURAIS
ATIVIDADES
ANO
1
Instalação de cerca delimitando a RPPN dentro da propriedade
X
Criação de rotina de manutenção e vistoria da cerca de proteção da RPPN
X
Elaboração de projeto para recomposição florística da Zona de
Recuperação
Recuperação florística da Zona de Recuperação
X
Elaboração de protocolo para soltura ou re-introdução de fauna na RPPN
X
RPPN
Elaboração de protocolo para manutenção periódica de trilhas na RPPN
X
Manutenção das trilhas dentro da RPPN
X
apoio da RPPN
Manutenção dos equipamentos de apoio da RPPN
5
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Implantação da faixa de transição e de amortecimento no entorno da
Elaboração de protocolo para manutenção periódica dos equipamentos de
4
X
propriedade
da propriedade
3
X
Mapeamento da Área de Preservação Permanente dentro e fora da
Recuperação florística da Área de Preservação Permanente dentro e fora
2
X
X
3.6.4 PROGRAMA DE PROTEÇÃO, FISCALIZAÇÃO E SEGURANÇA
ATIVIDADES
ANO
1
Aquisição de equipamento para segurança da RPPN
X
Estabelecer rotinas diárias de fiscalização da RPPN
X
Fixar placas de advertência nos limites da propriedade
Projeto e instalação de torre de vigilância dentro da RPPN
2
3
4
5
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Aquisição de equipamentos de combate a incêndio
X
X
Treinamento anual de primeiros socorros e resgate
X
X
X
X
X
Capacitação de funcionários e vizinhos para a formação de brigadas de
incêndio
Criação para protocolo mensal de manutenção e renovação do X
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
169
ANO
ATIVIDADES
1
2
3
4
5
X
X
X
X
X
X
X
X
X
equipamento de primeiros socorros e resgate e sistemas de comunicação
Manutenção mensal e renovação do equipamento de primeiros socorros e
resgate, incluindo sistemas de comunicação
Criação para protocolo trimestral de atualização de informações sobre
atendimento médico de emergência nos arredores da Fazenda
Atualização trimestral de informações sobre atendimento médico de
emergência nos arredores da Fazenda
X
X
3.6.5 PROGRAMA DE PESQUISA E MONITORAMENTO
ANO
ATIVIDADES
1
Criação de protocolo para realização de pesquisas dentro da RPPN
Criação de um protocolo para monitoramento ambiental e das atividades
turísticas desenvolvidas na RPPN
Monitoramento ambiental dos parâmetros indicados
Criação e manutenção de um banco de dados com informações
ambientais relacionadas à RPPN e arredores
2
3
4
5
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Projeto e instalação de alojamento para estagiários, pesquisadores e
laboratório de pesquisa
3.6.6 PROGRAMA DE VISITAÇÃO
ATIVIDADES
Relocação dos equipamentos de apoio à visitação turística, se necessário,
para adequar às recomendações do Plano de Manejo
Treinamento específico sobre as novas normas de visitação turística da
RPPN para os guias e monitores de turismo
Criação de programa de visitação para escolas e grupos especiais
Efetivação do roteiro de Observação de Aves e outros roteiros
interpretativos
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
ANO
1
2
3
4
5
X
X
X
X
X
X
170
ATIVIDADES
ANO
1
2
3
4
Projeto e implantação de um Centro de Interpretação Ambiental
X
X
X
Projeto e ampliação da recepção
X
X
X
X
X
X
Atualização do modelo de questionário para pesquisa de opinião
X
Distribuição de questionários para pesquisa de opinião dos visitantes
X
5
X
3.6.7 PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO
ATIVIDADES
Elaboração de versão simplificada do Plano de Manejo para publicação
Criação e distribuição de informativo sobre a RPPN Buraco das Araras e
divulgação na Internet
ANO
1
X
das atividades turísticas da área, incluindo página na Internet
comunidade em geral
3
4
5
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Inserção de informações sobre a RPPN em todo o material de divulgação
Apresentação de palestra sobre os resultados do Plano de Manejo para a
2
X
Composição e manutenção de acervo fotográfico e videográfico da RPPN
X
Criação de protocolo para fotógrafos e equipes de filmagem
X
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Vizotto L. D. e Taddei V. A. (1973) Chave para determinação de quirópteros brasileiros. Revista da
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São José do Rio Preto, 1:1-72.
Willig, M. R. (1983) Composition, microgeographic variation, and sexual dimorphism in Caatingas and
Cerrado bat communities from Northeast Brazil. Bulletin of Carnegie Museum, 23:1-131.
Zortéa M. e Tomaz L. A G. (2006) Dois novos registros de morcegos (Mammalia, Chiroptera) para o
Cerrado do Brasil Central. Chiroptera Neotropical, 12:280-285.
5 GLOSSÁRIO
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
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O significado atribuído às palavras deste glossário é aquele relacionado
diretamente com o contexto deste trabalho.
Aerícola – aves que despendem grande parte de seu tempo em vôo.
Altimetria – parte da topografia que estuda os métodos e procedimentos que levam a representação do
relevo. Operação de medir as altitudes de pontos de um terreno. Representação dessas altitudes
numa planta topográfica.
Anatomia – ciência que estuda a estrutura dos seres organizados e as relações entre os seus órgãos,
assim como a forma e disposição dos mesmos.
Antrópico – que tem relação com a atividade humana.
Anuros – ordem de anfíbios de cabeça fundida ao corpo, sem cauda,e com membros posteriores mais
desenvolvidos, próprios para saltos e natação. São os sapos, rãs e pererecas.
Ápice – vértice, porção mais elevada.
Arborícola – que vive em árvores.
Avifauna – comunidade de aves de uma região, conjunto das aves.
Biodiversidade – variedade de vida no planeta Terra, incluindo a variedade genética dentro das
populações e espécies, a variedade de espécies da flora, da fauna, de fungos macroscópicos e
de microrganismos, a variedade de funções ecológicas desempenhadas pelos organismos nos
ecossistemas; e a variedade de comunidades, hábitats e ecossistemas formados pelos
organismos.
Biogeografia – ciência que estuda a distribuição geográfica dos seres vivos procurando entender os
padrões de organização espacial e os processos que resultaram em tais padrões.
Bioindicador – organismo ou conjunto de organismos (animal, vegetal ou microrganismos) cuja
presença é usada como referência para apontar qualidades do meio em que vivem.
Biologia – ciência que estuda os seres vivos e as leis gerais que governam a vida.
Bioma – em ecologia chama-se bioma a uma comunidade biológica, ou seja, a fauna, a flora e suas
interações entre si e com o ambiente físico. Caracteriza-se, de modo geral, por uma determinada
região com características físicas e biológicas específicas.
Biota – conjunto de seres vivos de um determinado local, região ou espaço geográfico.
Biótopo – local de um ecossistema que apresenta uniformidade tanto do ponto de vista das condições
ambientais como do ponto de vista das espécies que o habitam. Dá-se o nome de biótopo à
menor unidade topográfica representativa de um dado hábitat.
Caducifolia – perda das folhas na estação seca.
Campícola – aves que vivem em ambiente aberto, campestre ou savânico.
Carnívoro – que preda vertebrados para se alimentar.
Carste – relevo formado pelo conjunto de formas e feições resultantes da carstificação, ou seja, da
dissolução das rochas carbonáticas pelo movimento de águas aciduladas provindas da
superfície.
Casco – Unha que envolve os artelhos dos ungulados como, por exemplo, os veados.
Censo – conjunto dos dados estatísticos utilizados em levantamentos biológicos.
Ceva – fornecimento de alimento à fauna silvestre, com objetivo de atração turística ou caça.
Cinegética – fauna visada para atividades de caça.
Conciso – sucinto, resumido.
Corredor de biodiversidade – é uma unidade de planejamento territorial onde está presente um
mosaico de áreas com diferentes formas de uso, incluindo unidades de conservação e terras
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
183
privadas, na qual há um planejamento integrado das ações visando garantir a sobrevivência do
maior número de espécies e o equilíbrio dos ecossistemas.
Corticícola – do latim “corticis”, casca de árvore, indicação das espécies mais conhecidas como
trepadoras ou escaladoras e que são adaptadas (membros inferiores e garras poderosas,
algumas vezes zigodáctilias, retrizes com ráquis enrijecido) para a busca por alimento no tronco
das árvores ou superfícies similares, sempre verticais (Straube e Urben-Filho 2006).
Dendrítica – tipo de drenagem que lembra a configuração de uma árvore. É típica de regiões onde
predomina rocha de resistência uniforme.
Depressão – designação dada a toda e qualquer cavidade de um terreno, qualquer que seja a sua
extensão, desde uma pequena dolina até uma depressão de vários quilômetros. Partes baixas de
um relevo deprimido, que aparece na zona de contato entre terrenos sedimentares e o
embasamento cristalino.
Detritívoro – nome dados aos animais que se alimentam de restos de orgânicos (plantas e animais
mortos), reciclando-os e retornando-os à cadeia alimentar para serem reaproveitados pelos
demais organismos.
Dígito – dedo, artelho.
Dimorfismo sexual – diferença morfológica, geralmente externa, entre macho e fêmea.
Dolina – depressão ou cavidade natural em forma de funil, própria das regiões calcárias, que chega a
medir mais de 100 metros de diâmetro e várias centenas de metros de profundidade. Podem ser
formadas por dissolução da rocha carbonática a partir de de zonas de fraqueza, como falhas ou
fraturas (dolina de dissolução), ou por abatimento do teto de cavidades pré-existentes (dolina de
abatimento).
Ecossistema – é o conjunto formado por todos os fatores bióticos e abióticos que atuam
simultaneamente sobre uma região; considerando como fatores bióticos as diversas populações
de animais, plantas e outros seres vivos e como abióticos a água, sol, solo, gelo, vento etc.
Ecótono – habitat criado pela justaposição de habitats distintamente diferentes; um habitat de fronteira;
zona de transição entre tipos diferentes de habitats.
Ecoturismo – segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e
cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através
da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas.
Endêmica – característica das espécies que tem sua ocorrência limitada a um único local ou região.
Endemismo – É a ocorrência de espécies em uma única região, ambiente ou bioma e em mais nenhum
outro lugar. Ocorrência restrita a determinado espaço geográfico.
Escandente – de hábito trepador, no caso de lianas.
Esforço amostral – é a maneira usual de se quantificar a intensidade da amostragem realizada. A
unidade utilizada para medir o esforço mostral depende do método de estudo aplicado, podendo
ser horas de observação, horas X observador, armadilhas X noites etc.
Específico – que é exclusivo de uma coisa ou espécie.
Espeleologia – (do grego: espelaion – caverna/ logos - estudo) ciência que estuda as cavernas.
Estrato – camada da vegetação estruturada verticalmente.
Exocarste – conjunto das formas de relevo superficiais (que são vistas externamente) do carste.
Exocárstica – referente ao exocarste.
Fanerógamas – plantas superiores, com órgãos reprodutivos bem desenvolvidos.
Filopatria – característica observada em espécies cujos indivíduos apresentam comportamento de
permanecer ou voltar sazonalmente a determinados locais.
Fisionomia – aspecto, perfil, conjunto de características que descrevem externamente alguém ou
alguma coisa.
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184
Fitoecologia – ramo da ecologia voltado ao estudo das relações entre os vegetais e o ambiente ou entre
as diferentes espécies de uma comunidade sem referência ao ambiente.
Fitofisionomia – aspecto da vegetação de um determinado lugar. Flora típica de uma região.
Fitogeografia – ramo da Ecologia que se ocupa do estudo da distribuição e das relações existentes entre
os vegetais e o ambiente.
Flora – conjunto de entidades taxonômicas vegetais (espécies, gêneros etc.) que compõe a vegetação
de um território de dimensões consideráveis, como por exemplo, a flora do cerrado.
Florística – parte da fitogeografia que trata particularmente das entidades taxonômicas encontradas em
um determinado território.
Forrageamento – comportamento que inclui procura, captura e ingestão de alimento por espécies
animais.
Fragmentação – é uma conseqüência do processo de desmatamento, onde grande parte das formações
vegetais originais são destruídas, e restando apenas fragmentos isolados da vegetação original
imersos em uma paisagem alterada pela ação humana.
Frugivoria – relação ecológica que se estabelece entre o animal e o alimento vegetal.
Frugívoro – que se alimenta de frutas.
Generalista – uma espécie com ampla preferência de alimentos ou habitats. Animal não especialista em
estratégias de vida.
Gestação – estado de uma fêmea que corresponde ao desenvolvimento do embrião desde a fecundação
até o parto.
Graminóide – relativo à presença de gramíneas.
Granívora – que se alimenta de grãos ou de sementes
Guilda – um grupo de espécies, sem levar em conta a posição taxonômica, que explora de um modo
similar a mesma classe de recursos ambientais.
Hábitat – porção do ambiente ao qual as espécies animais e vegetais estão evolutivamente adaptadas a
sobreviver, onde passam maior parte de sua vida. O hábitat possui atributos físicos, químicos e
biológicos aos quais os organismos estão adaptados.
Hemicriptofítica – plantas com as gemas de renovo à superfície do solo.
Herbáceo – planta que tem o porte de erva, semelhante à erva e da mesma natureza que ela.
Herbívoro – que se alimenta de plantas.
Herpetofauna – fauna de répteis e anfíbios.
Heterogeneidade – de natureza diferente.
Hidrografia – conjunto das águas correntes ou estáveis duma região.
Hotspot – região biogeográfica que é simultaneamente uma reserva de biodiversidade, além de poder
estar ameaçado de destruição. Designa, geralmente, uma determinada área de relevância
ecológica por possuir vegetação diferenciada da restante e, consequentemente, abrigar espécies
endémicas. Os hotspots de biodiversidade estão identificados pela Conservation International
(CI), que se refere a 34 áreas de grande riqueza biológica em todo o mundo que são alvo das
atividades de conservação da CI. Segundo esta organização, ainda que a área correspondente a
estes habitats naturais ascenda apenas a 1,4% da superfície do planeta, concentra-se aí cerca
de 60% do património biológico do mundo no que diz respeito a plantas, aves, mamíferos, répteis
e espécies anfíbias.
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano. Cálculo para qualidade de vida de uma comunidade.
Incasão – processo de queda de blocos do teto das cavernas.
Insetívoro – aquele que se alimenta de insetos.
Intemperismo – conjunto de processos devidos à ação de agentes atmosféricos e biológicos que geram
a destruição física e a decomposição química dos minerais das rochas.
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Inventário – levantamento de dados sobre fauna e flora de uma determinada área com fins científicos ou
de manejo.
Limícola – ave que busca alimento ao redor de corpos d’água. Alusão às espécies que vivem à beira de
ambientes aquáticos, sejam marinhos, dulcícolas ou estuarinos (Straube 1999).
Litologia – estudo da origem, transformações, estrutura, composição, etc., das rochas. Ramo da
oceanografia física que trata da origem e natureza dos depósitos marinhos. Característica física
de uma rocha que inclui a composição mineral, distribuição e tamanho dos grãos, estrutura e
grau de compactação dos sedimentos ou rochas.
Litótipo – qualquer tipo de rocha que apresenta diferenças granulométricas, sedimentológicas ou mineral
distintas das demais (tipo litológico).
Manejo – toda e qualquer procedimento que vise assegurar a conservação da diversidade biológica e
dos ecossistemas. De modo geral, o manejo pode estar relacionado ao controle populacional de
uma espécie, ao uso sustentável de uma espécie ou à garantia de permanência de uma espécie
no ambiente quando esta corre risco de extinção, por exemplo.
Marsupiais – são mamíferos primitivos, pertencentes à Ordem Marsupialia. A origem do nome marsupial
vem de “marsúpio”, nome dado a uma dobra na pele do abdome das fêmeas pertencentes a essa
ordem. Essa dobra forma uma espécie de bolsa, local onde os filhotes permanecem até
completarem seu desenvolvimento, uma vez que esses animais nascem ainda prematuros. Nem
todas as espécies de marsupiais possuem essa dobra, porém as que possuem, utilizam-na para
proteger os filhotes do ambiente extra-uterino.
Mastofauna – fauna de mamíferos.
Migração – movimentos de indivíduos entre um lugar e outro ou entre sub-populações numa
metapopulação. Viagens, periódicas ou irregulares, feitas por certas espécies de animais.
Morfoclimático – diz respeito às características morfológicas (que vem de forma externa) e de clima.
Mustelídeo – pertencente à família Mustelidae, como a ariranha e lontra, por exemplo.
Nanofanerófitos - plantas lenhosas ou herbáceas (árvores, arbustos, bambus e ervas grandes) cujas
gemas de renovo se encontram a 0,25 a 2m do nível do solo.
Neotrópico – da América, desde o México até a Patagônia.
Nomenclatura – atribuição de nomes às plantas e aos animais, conforme regras existentes nos códigos
internacionais de nomenclatura zoológica e botânica.
Ofiófaga – aquele que se alimenta de serpentes.
Onívoro – chamam-se onívoros os animais que se alimentam tanto de outros animais, como de plantas.
Ornitologia – estudo das aves.
Pediplanação – conjunto de processos de erosão que promove o arrasamento generalizado do relevo
remanescente gerando, assim, as superfícies de aplainamento denominadas de pediplanos.
Estão associados a climas áridos ou semi-áridos.
Pediplano – Área do relevo aplainado ou arrasado por processos erosivos durante um longo tempo,
truncando diferentes litologias ou estruturas do substrato geológico.
Periauricular – no entorno da orelha ou ouvido.
Piemonte – região situada entre a montanha e a planície. Depósito sedimentar, acumulado no sopé das
montanhas e que, gradualmente, passa aos depósitos aluviais.
Piscívoro – diz-se do animal que se alimenta de peixes.
Pluviometria – ramo da climatologia que se ocupa da distribuição das chuvas em diferentes épocas e
regiões.
Preênsil – que tem a faculdade de preensão, que pode segurar.
Quelônios – são répteis da ordem Testudinata, que se caracterizam por ter o corpo protegido por uma
carapaça óssea. O grupo tem cerca de 300 espécies e ocupa habitats diversificados como os
oceanos, rios ou florestas tropicais.
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Quiropterocóricas – plantas que exibem um conjunto de características adaptadas à utilização de
morcegos como dispersores de sementes.
Quiropterófilas – plantas que exibem um conjunto de características adaptadas à utilização de
morcegos como polinizadores.
Rapinante – ave de rapina.
Residentes – espécies que não fazem migração.
Resiliência – propriedade de retorno ou regeneração de uma determinada característica à sua condição
original, ao cessar a pressão.
Riqueza de espécies – contagem simples do número de espécies.
Sazonal – estacional; alternância das estações do ano. No Pantanal a sazonalidade está relacionada aos
períodos de cheia e de seca; no Cerrado está ligada ao período chuvoso e ao seco.
Sazonalidade – sujeito a uma estação. Próprio de, ou que se verifica em uma sazão ou estação.
Serrapilheira – consiste de restos de vegetação, como folhas, ramos, caules e cascas de frutos em
diferentes estágios de decomposição, bem como de animais, que forma uma camada ou
cobertura sobre o solo de uma floresta.
Silvícola – espécies da fauna que vivem em ambientes florestais.
Sinúsia – são comunidades muito restritas que nem por isso deixam de ser bem definidas e delimitadas
no espaço. Exemplo um tronco de árvore morta.
Sistemática – estudo científico dos organismos por meio da comparação entre eles buscando descobrir
as relações existentes. A biologia sistemática e taxonomia proporcionam ferramenta básica para
a compreensão biológica dos seres vivos, capacitando pesquisadores a descreverem
adequadamente a diversidade biológica em linguagem universal e facilitando a comunicação de
informações primárias acerca dos organismos.
Tamnícola – aves que usam preferencialmente a ramagem para pouso ou descanso.
Taxidermia – é a técnica de preservação da pele dos animais vertebrados. É usada para a criação de
coleção científica ou para fins de exposição.
Táxon – unidade formal que corresponde a uma categoria do código botânico ou zoológico de
classificação científica. Plural = taxa.
Taxonomia – refere-se à classificação das coisas (nesse caso, dos seres vivos) e aos princípios
utilizados nesse processo.
Terrícola – que vive no solo.
Transecto – divisão adotada em método científico para delimitar o espaço amostrado durante um
levantamento de dados. Pode ser dividido em quadrantes ou linear.
Trilheiro – trilha formada por passagem contínua de gado no pasto, normalmente resultando em erosão
do solo.
Unidade de Conservação – espaço territorial e seus recursos ambientais, com características naturais
relevantes incluindo as águas jurisdicionais, legalmente instituído pelo Poder Público, com
objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se
aplicam garantias adequadas de proteção.
Xeromórfico – vegetal com caracteres morfológicos que evidenciam sua adaptação à seca.
Zoofonia – som vocal emitido pelos animais. Canto, vocalização, trilado, grunhido, etc.
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6 ANEXOS
6.1 ANEXO 1 – LICENÇA DE OPERAÇÃO TURÍSTICA DE
EMPREENDIMENTOS TURÍSTICOS BURACO DAS ARARAS LTDA.
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6.2 ANEXO 2 – METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DO
PLANO DE MANEJO DA RPPN BURACO DAS ARARAS EM
JARDIM, MATO GROSSO DO SUL
6.2.1 METODOLOGIA GERAL
A construção do presente documento baseou-se em Coelho et al. (2007),
seguindo recomendações de Ferreira et al. (2004). Por tratar-se de uma cavidade
natural e de um sítio turístico, também foram observadas as recomendações da
Resolução CONAMA Nº 347/2004 e da Licença de Operação SEMAC Nº 193/2007
(Anexo 1).
A premissa deste trabalho foi a elaboração de um texto de fácil entendimento
sem, no entanto comprometer a qualidade técnica, considerando os resultados
obtidos durante o diagnóstico e os objetivos do proprietário.
Estabelecimento de parcerias e cooperação
O Programa de Incentivo às Reservas
Particulares do Patrimônio Natural, lançado
em 2005 pela parceria entre a Conservação
Internacional do Brasil e a Associação das
RPPNs de Mato Grosso do Sul viabilizou a
captação de recursos para a elaboração do
Plano de Manejo. Assim, por meio de
inscrição no edital e seleção pela equipe
julgadora, a RPPN Buraco das Araras foi
contemplada com o apoio financeiro deste
programa, viabilizando sua realização.
Além
desta
parceria
inicial,
os
pesquisadores tiveram apoio em seu trabalho
do
Instituto
Bodoquena,
das
Águas
Associação
da
dos
Serra
da
Atrativos
Turísticos de Bonito e Região e Universidade
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Federal de Mato Grosso do Sul. Estas
parcerias foram fundamentais na viabilização
deste documento.
Composição da Equipe
A indicação dos pesquisadores envolvidos neste trabalho ficou a cargo da
coordenação e proprietários da Fazenda Alegria, que priorizaram técnicos que já
atuavam na região e possuíam conhecimentos relevantes sobre o ambiente
estudado. Também levou-se em consideração o interesse dos mesmos em publicar
os dados obtidos durante os levantamentos de campo, divulgando seus resultados.
Planejamento dos trabalhos com cronograma de atividades e custos
A definição das atividades, cronograma geral de execução e custo total foram
descritas inicialmente quando da elaboração da proposta de elaboração do Plano de
Manejo. Foi definido um cronograma dos trabalhos de campo para os
pesquisadores, datas para entrega de relatórios preliminar e final, prestação de
contas, reuniões de equipe e outras atividades vinculadas à execução do projeto.
Esta etapa foi planejada junto com o proprietário da RPPN, principal interessado nos
resultados e o supervisor geral do projeto, Rooswelt R. Sampaio, responsável pelo
repasse da verba destinada ao trabalho.
Levantamento de materiais e informações
Cada pesquisador ficou responsável pelo levantamento de dados preliminares
relacionados à sua área de pesquisa, sendo que os dados gerais para a composição
do documento ficaram sob responsabilidade da coordenação da equipe, que
juntamente com o supervisor fizeram levantamentos de dados históricos da
propriedade e também da região, assim como aspectos físicos e sócio-econômicos.
Levantamentos de campo
Os dados obtidos em campo seguiram metodologia própria de cada linha de
pesquisa (Figura 145).
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a
b
c
d
e
f
h
g
Figura 145. Pesquisadores durante trabalho de campo. a. estudos de avifauna (Foto: Daniel De
Granville) b. estudo da herpetofauna (Foto: Carolina Denzin) c. estudos da flora (Foto: Fabrício Maria)
d. estudos de quirópteros (Foto: Carolina Denzin ) e. estudos geológicos (Foto: Bergson Sampaio)
f.g.h. participação dos proprietários nos trabalhos de campo: Bergson auxiliando pesquisas
geológicas (Foto: Sandro Scheffer), Rooswelt nas pesquisas de herpetofauna (Foto: Ellen Wang) e
Seu Modesto nos estudos botânicos (Foto: Fabrício Maria)
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Tratamento das informações
Seguindo a metodologia apresentada em Coelho et al. (2007), a Coordenação
de Equipe elaborou um roteiro para relatório de atividades de forma a padronizar o
formato das informações repassadas pelos pesquisadores, facilitando a construção
do texto principal. Este método mostrou-se eficiente, visto que todas as informações
dos relatórios foram adequadamente encaixadas dentro do trabalho, ajudando a
compor o zoneamento e os programas de manejo.
Cabe lembrar que o formato deste documento segue aquele sugerido em
Ferreira et al. (2004) e CONAMA (2004), porém com algumas adaptações de acordo
com as características específicas da área analisada. O texto final, também baseado
em Coelho et al. (2007), foi dividido em três partes distintas: 1. Diagnóstico
Ambiental; 2. Caracterização Sócio-econômica e 3. Planejamento e Gestão.
Desenho do Planejamento
O zoneamento e os programas de manejo foram planejados seguindo quatro
linhas básicas: licença de operação turística, recomendações resultantes durante o
diagnóstico, manejo e uso turístico da RPPN antes da elaboração deste documento
e as expectativas do proprietário. Estes parâmetros possibilitaram a criação de um
plano de manejo de fácil aplicabilidade para a RPPN Buraco das Araras, estando
dentro dos objetivos iniciais quando da criação desta UC e também da capacidade
de investimento financeiro dos proprietários.
Aprovação do Plano de Manejo
Após a análise dos resultados obtidos durante o diagnóstico sócio-ambiental e
da formatação do zoneamento, os programas resultantes devem ser entregues para
serem analisados pelas instituições parceiras e órgão fiscalizador competente de
modo a aprovar esta proposta ou apresentar sugestões para eventuais alterações de
conteúdo.
Divulgação do Plano de Manejo
Esta atividade foi executada ainda quando da elaboração do documento,
visando estimular outros proprietários e também trazer conhecimento aos
funcionários, visitantes e guias de turismo que atuam na propriedade.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
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O
Plano
será
divulgado
nos
sites
www.buracodasararas.tur.br,
www.repams.org.br, www.conservacao.org.br, www.iasb.org.br e também através da
SEMAC, CECAV e meios de comunicação como o Diário Oficial e outras mídias
regionais.
Implementação do Plano de Manejo
A oficialização do zoneamento e a execução dos programas de manejo
propostos neste documento começarão a ser implementados a partir da aprovação
do projeto pelo órgão responsável, de forma a cumprir o prazo estabelecido pelo
próprio documento. Sua revisão em cinco anos indicará a necessidade de alterações
ou complementações dos programas propostos.
6.2.2 METODOLOGIA PARA INVENTÁRIOS DE GEOMORFOLOGIA,
FAUNA E FLORA
Estudos Geomorfológicos
Foi realizada uma saída de campo no dia 04 de fevereiro de 2008, sendo
visitadas áreas dentro da propriedade onde se situa a RPPN Buraco das Araras e
também nas fazendas vizinhas, onde ocorrem rochas aflorantes.
No interior da RPPN os esforços se concentraram nas rochas expostas nos
paredões da dolina Buraco das Araras. Foi realizada uma descida de rapel, com
auxílio de Bergson R. Sampaio, observando as características dos tipos litológicos
aflorantes:
granulométricas,
sedimentológicas
e
algumas
observações
estratigráficas, sendo realizadas medidas da atitude do acamamento e dos sistemas
de fraturas encontrados.
Também foram visitadas duas fazendas vizinhas: a Fazenda Pedacinho de
Chão, onde havia uma cascalheira, utilizada inclusive pelos proprietários da
Fazenda Alegria; e Fazenda Santa Maria, a sudoeste, onde rochas frescas afloram
no leito do córrego Santa Maria e em uma grande dolina (Figura 146).
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
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Figura 146. Mapa apresentando os pontos amostrados (A, B e C): A – dolina Buraco das Araras; B –
dolina e sumidouro do Córrego Santa Maria; C – cascalheira da Fazenda Pedacinho de Chão; D –
localização da dolina Lagoa Misteriosa, onde a rocha calcária começa a aflorar. Fonte: Google Earth,
Microsoft Company (2008)
Estas foram as únicas áreas em aproximadamente quatro quilômetros do
entorno do Buraco das Araras onde se encontrou rochas aflorantes. Estes poucos
afloramentos se deve ao fato desta área ser uma grande superfície aplainada.
Estudos da Vegetação
O levantamento florístico foi realizado no período seco (agosto) e chuvoso
(outubro) com um total de 25 horas. O método utilizado foi o tempo de avaliação, ou
seja, cronometrando a amostragem em caminhadas previamente estabelecidas
cortando todo o trecho florestal, até não aparecer novas espécies em 15 minutos de
amostragem contínuas (Baptista-Maria 2007; Kotchetkoff-Henriques 2003; Santin
1999). Durante as caminhadas de coleta, foram amostradas espécies em fase
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
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reprodutiva de porte arbustivo-arbóreo, em especial palmeiras, lianas e herbáceas.
Foram percorridas trilhas no interior e bordas do cerrado visando amostragem da
vegetação em diferentes fases sucessionais. A coleta do material botânico foi
realizada com o auxílio de uma tesoura de poda alta, adaptada a duas varas
ajustáveis de alumínio, chegando a atingir oito metros de altura. Durante as coletas
com podão o cronômetro foi zerado, para não interferir no método utilizado.
O material coletado de cada indivíduo foi agrupado com fita crepe, numerado
e transportado em sacos plásticos (Figura 147). Posteriormente, o material foi
prensado e herborizado pelos procedimentos usuais e identificado com auxílio de
literatura especializada e comparações com exsicatas existentes em herbários
(ESA e CGMS) ou ainda a consulta a especialistas. Os espécimes foram
agrupados em famílias de acordo com o sistema APG II (Souza e Lorenzi 2005).
Os autores das espécies foram confirmados nas bases de dados disponíveis na
internet (Missouri Botanical Garden 2007).
Figuras 147. Coleta de amostras representativas do Cerrado na RPPN Buraco das Araras.
Fotos: Fabrício de Souza Maria
Na fitofisionomia foram anotadas informações gerais como descrição,
evidências de ameaças, rochosidade, erosão, cor e textura do solo. Para a definição
dos principais tipos florestais ocorrentes nos trechos estudados, foi utilizado o
Manual Técnico da Vegetação Brasileira com a nomenclatura oficial do IBGE
(Veloso et al. 1992).
Estudos de Mastofauna
Devido à limitação do tempo, o inventário da mastofauna foi realizado através
de observações diretas (avistamento), indiretas (e.g. rastros – figura 148, fezes,
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
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tocas, etc.) e entrevistas junto à comunidade local, assim como pesquisa de material
bibliográfico. A campanha de campo foi realizada no período de 12 a 13 de fevereiro
de 2008. Foram usados ainda informações fornecidas durante os inventários de
avifauna realizados entre 31/07 a 03/08 e 06 a 09/10/2007.
Comprimento
Largura
Figura 148. Medida dos rastros avistados
Foram realizados levantamentos por meio de transectos em trilhas préexistentes. Os animais encontrados mortos na rodovia BR-267 próxima à RPPN
também foram registrados, uma vez que compõe a fauna regional. A seqüência e
nomenclatura taxonômica seguem Fonseca et al. (1996).
Estudos de Quirópteros
Capturas de morcegos foram feitas entre 8 e 11 de novembro de 2007 (lua
minguante e nova) e 8 a 13 de janeiro de 2008 (lua nova), com auxílio de redesneblina (mist nets) de 9m, 12m ou 18m de comprimento e 2,6m de altura, armadas
próximas ao solo. As redes foram dispostas principalmente na trilha ao redor da
dolina utilizada pelos turistas e na vegetação entre as trilhas, nas margens das
estradas de acesso, nas proximidades da sede, do alojamento, do antigo galinheiro
e em frente a plantas quiropterocóricas ou quiropterófilas. As redes foram abertas ao
anoitecer e permaneceram abertas por seis horas, exceto em caso de chuva forte; a
chuva interfere diretamente na atividade dos morcegos, podendo ser pela redução
de suas presas, como pela dificuldade de usar ecolocalização (O'Farrell 1974; Eckert
1982).
Adicionalmente, na segunda expedição, foram utilizadas redes de 4m
suspensas entre dois e quatro metros em frente a espécies vegetais que ofereciam
algum recurso alimentar como frutos e flores quiropterófilas. Em janeiro também
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
198
presenciamos revoada de morcegos saindo do Buraco das Araras no final do
período crepuscular vespertino (ver figura 79K). Para a captura destes foi
empregada uma rede de 18 metros disposta perpendicularmente à dolina na
primeira noite e uma rede de seis metros, suspensa quatro metros do solo nas
noites seguintes. O esforço de captura total foi de 10877,19 h.m2 (área da rede x
tempo de exposição x número de redes).
Os exemplares capturados foram inicialmente acondicionados em sacos de
pano e, posteriormente, manipulados para identificação (cf. Vizotto e Taddei 1973),
sexagem, avaliação do estádio reprodutivo, medição do antebraço, pesagem e
marcação com anílhas numeradas. Machos foram classificados como jovens
(ossificação incompleta nas epífises do terceiro dedo e testículos abdominais),
adultos reprodutivos (testículos aparentes) ou adultos não reprodutivos (testículos
abdominais). As fêmeas foram classificadas como jovens (ossificação incompleta e
não grávida), adultas, grávidas (verificada por palpação abdominal), lactantes
(mamas desenvolvidas com exsudação de leite sob leve pressão manual) ou póslactantes (mamas desenvolvidas, sem secreção de leite e esparsa pelagem
circundante) (Anthony 1988; Racey 1988). Ao menos um indivíduo de cada espécie
registrada e aqueles cuja identificação não foi possível em campo foram mortos para
exame morfológico, em laboratório, da arcada dentária e morfometria craniana.
Todos os espécimes coletados foram incluídos na coleção de Zoologia da
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (ZUFMS) como material testemunho.
O índice de diversidade de Shannon (H’) para a comunidade de morcegos
amostrada na RPPN Buraco da Araras, assim como a curva de acumulação de
espécies por indivíduos capturados (rarefação) foram calculados com auxílio do
programa PAST (Hammer et al. 2001). Estes índices foram calculados duas vezes,
ora incluindo e ora excluindo a espécie Nyctinomops laticaudatus, uma vez que as
capturas sobre esta espécie foram direcionadas após conhecimento dos seus locais
de passagem durante saída do abrigo diurno. A curva de acumulação de espécies
foi estimada sem incluir esta espécie.
Estudos de Avifauna
Como fonte primária de informações utilizou-se dados contidos em Pivatto et
al. (2006) e visitas técnicas executadas em 30/03 e 20/05/2006 pela autora. O
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
199
esforço amostral total em campo foi de 55:30 horas, sendo analisado todo o
fragmento que compõe a RPPN e áreas adjacentes nas estações climáticas de
outono, inverno e primavera.
O levantamento das espécies foi feito por meio de caminhadas aleatórias ao
longo das trilhas e caminhos no interior do fragmento e arredores, borda da dolina e
da RPPN, por meio de coleta exaustiva de dados (Develey 2004). Foram registradas
informações sobre a espécie identificada, local da observação, forma de registro
(identificação visual – V ou zoofonia – Z). O horário de início da atividade variou
entre 05:40h e 06:30h no período da manhã e entre 15:00h e 15:30h no período da
tarde, alternando-se os transectos nestes dois períodos e, quando possível, também
o sentido de caminhamento.
A identificação das espécies foi feita através de reconhecimento in situ
(binóculo e luneta) ou reconhecimento acústico, consulta bibliográfica e a
especialistas. Algumas espécies tiveram registro fotográfico e acústico. Para
nomenclatura das espécies foram adotadas as normas estabelecidas pelo Comitê
Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO 2007). A nomenclatura botânica
utilizada é a sugerida por Veloso et al. (1992).
Estudos de Herpetofauna
Foram instalados 3 conjuntos de
armadilhas de queda com cerca-guia
(Figura 1149), totalizando 24 baldes
na área de cerrado da RPPN Buraco
das Araras. O esforço amostral foi de
04 noites em novembro de 2007 e 04
noites em fevereiro de 2008. As
amostragens realizadas correspondem Figura 149. Armadilhas de queda com cerca-guia na
apenas à estação chuvosa.
RPPN Buraco das Araras, Jardim, MS.
Foto: Carolina Denzin
Anuros e répteis foram coletados, pesados, marcados, fotografados e soltos
no mesmo local da captura. Animais que foram observados por terceiros ou durante
outras atividades também foram registrados. Para calcular a diversidade, utilizou-se
o programa Ecolog/Ecosoft Program Divers Software (1993 D.H.Smith).
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
200
6.3 ANEXO 3 – VEGETAÇÃO
Lista das espécies vegetais ocorrentes na RPPN Buraco das Araras (Jardim, MS), sendo: Hábito - Hb: (Ar) árvore; (Ab) arbusto; (He) erva; (L) liana; (P)
palmeira. Tipo de Floresta: Cerrado (savana arborizada + florestada) e Interior da dolina (Floresta Perenifólia). Dados obtidos entre agosto e outubro de
2007.
Nº
Interior
Nome Popular
Nome científico
Família Botânica
Hb* Cerrado da Dolina
1
abacaxizinho-cerrado
Ananas ananassoides (Bak.) L. B. Smith
Bromeliaceae
He
x
2
açoita-cavalo
Luehea candicans Mart. et Zucc
Malvaceae
Ar
x
3
açoita-cavalo
Luehea grandiflora Mart. et Zucc.
Malvaceae
Ar
x
4
açoita-cavalo
Luehea paniculata Mart.
Malvaceae
Ar
x
5
açoita-cavalo-miúdo
Luehea divaricata Mart.
Malvaceae
Ar
x
6
alecrim-de-vassoura
Baccharis dracunculifolia DC.
Asteraceae
Ab
x
7
alecrim-do-cerrado
Myrcia linearifolia Cambess.
Myrtaceae
Ab
x
8
algodão-do-cerrado
Cochlospermum regium Pilg.
Cochlospermaceae
Ab
x
9
almécega
Protium heptaphyllum (Aubl.) March.
Burseraceae
Ar
x
10
amarelinho
Senna rugosa H.S. Irwin & Barneby
Fab. Caesalpinioideae Ab
x
11
amargosinha
Acosmium dasycarpum (Vog.) Yakovl.
Fab. Faboideae
Ar
x
12
amendoim-bravo
Pterogyne nitens Tul.
Fab. Caesalpinioideae Ar
x
13
amendoim-do-campo
Platypodium elegans Vog.
Fab. Faboideae
Ar
x
14
angico
Anadenanthera colubrina (v. cebil) Bren.
Fab. Mimosoideae
Ar
x
15
angico vermelho
Anadenanthera macrocarpa (Benth.) Brenan
Fab. Mimosoideae
Ar
x
16
aperta-guela
Eugenia kunthiana DC.
Myrtaceae
Ab
x
17
araça
Psidium myrsinoides O. Berg.
Myrtaceae
Ar
x
18
araça
Psidium sp.
Myrtaceae
Ar
x
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
201
Nº
Interior
Nome Popular
Nome científico
Família Botânica
Hb* Cerrado da Dolina
19
araticum
Annona dioica St. Hil.
Annonaceae
Ab
x
20
araticum
Annona phaeoclados Mart.
Annonaceae
Ab
x
21
araticum
Rollinia sp.
Annonaceae
Ar
x
22
araticum rasteiro
Annona pygmaea Warm.
Annonaceae
Ab
x
23
araticum-do-cerrado
Annona crassiflora Mart.
Annonaceae
Ab
x
24
araticum-do-mato
Rollinia emarginata Schl.
Annonaceae
Ab
x
25
araticum-do-mato
Rollinia silvatica (St. Hil.) Mart.
Annonaceae
Ab
x
26
araticum-vermelho
Annona cornifolia St.Hil.
Annonaceae
Ab
x
27
arauta-do-campo
Connarus suberosus Planch.
Connaraceae
Ar
x
28
aroeira
Myracrodruon urundeuva Fr.All.
Anacardiaceae
Ar
x
29
aroeira pimenteira
Schinus terebinthifolia Raddi
Anacardiaceae
Ar
x
30
aroeirinha
Schinus weinmaniifolius Engl.
Anacardiaceae
Ab
x
31
assa-peixe
Vernonia scabra Pers.
Asteraceae
Ar
x
32
ata brava
Duguetia furfuracea Saff.
Annonaceae
Ab
x
33
balsemim
Gomidesia palustris Kausel
Myrtaceae
Ar
x
34
barba-de-bode
Bulbostylis paradoxa Ness
Cyperaceae
He
x
35
barbatimão
Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville
Fab. Mimosoideae
Ar
x
36
baru
Dipteryx alata Vog.
Fab. Faboideae
Ar
x
37
bocaiuva
Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart.
Arecaceae
Pa
x
38
bolsa-de-pastor
Zeyheria montana Mart.
Bignoniaceae
Ab
x
39
braquiária
Brachiaria decumbes Stapf
Poaceae
He
x
40
braquiária
Brachiaria humidicola Schweich
Poaceae
He
x
41
cabeçudinha
Butia paraguayensis (Barb. Rodr.) L.H. Bailey Arecaceae
Pa
x
42
cabelo-de-negro
Erythroxylum campestre St. Hil.
Ab
x
Erythroxylaceae
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
x
202
Nº
Interior
Nome Popular
Nome científico
Família Botânica
Hb* Cerrado da Dolina
43
cabelo-de-negro
Erytroxylum suberosum St. Hil.
Erythroxylaceae
Ar
x
44
cacto
Cereus hildimannianus Mart.
Cactaceae
Ar
x
45
cafezinho
Myrsine guianensis (Aubl.) Kuntze
Myrsinaceae
Ar
x
46
cajú
Anacardium occidentale L.
Anacardiaceae
Ar
x
47
cajú rasteiro
Anacardium humile A. St. Hil.
Anacardiaceae
Ab
x
48
calção-de-velho
Vernonia ferruginea Less.
Asteraceae
Ar
x
49
camboatá
Matayba guianensis Aubl.
Sapindaceae
Ab
x
50
canela de cutia
Sebastiania discolor (Spreng.) Mull. Arg.
Euphorbiaceae
Ar
x
51
canela-guaicá
Ocotea puberula (Reich.) Nees
Lauraceae
Ar
x
52
canela-vassoura
Ocotea minarum (Nees) Mez
Lauraceae
Ar
x
53
capim
Eragrostis acuminata Doell.
Poaceae
He
x
54
capim
Eragrostis acuminata Doell.
Poaceae
He
x
55
capim-flexa
Echinolaena inflexa Chase
Poaceae
He
x
56
capim-limão
Cymbopogon sp.
Poaceae
He
x
57
capitão
Terminalia argentea Mart et Zucc.
Combretaceae
Ar
x
58
caraguatá
Bromelia balansae Mez
Bromeliaceae
He
x
59
carapiá
Dorstenia brasiliensis Lam.
Moraceae
He
x
60
caroba
Jacaranda cuspidifolia Mart.
Bignoniaceae
Ar
x
61
carobinha
Jacaranda decurrens Mez
Bignoniaceae
He
x
62
carqueja
Baccharis trimera DC.
Asteraceae
He
x
63
carvão-branco
Callisthene fasciculata (Spreng) Mart.
Vochysiaceae
Ar
x
64
carvão-vermelho
Diptychandra aurantiaca (Mart.) Tul.
Fab. Caesalpinioideae Ar
x
65
carvoeiro
Sclerolobium aureum (Tul.) Benth.
Fab. Caesalpinioideae Ar
x
66
carvoeiro
Sclerolobium paniculatum Vogel
Fab. Caesalpinioideae Ar
x
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
x
x
203
Nº
Interior
Nome Popular
Nome científico
Família Botânica
Hb* Cerrado da Dolina
67
chapeu-de-couro
Salvertia convallariaeodora St. Hil.
Vochysiaceae
Ar
x
68
cigana
Calliandra dysantha Benth.
Fab. Mimosoideae
Ab
x
69
cipó
Serjania lethalis A. St. Hil.
Sapindaceae
L
x
70
copaíba
Copaifera langsdorffii Desf.
Fab. Caesalpinioideae Ar
x
71
coração-de-negro
Eremanthus glomerulatus Less.
Asteraceae
Ar
x
72
cruzinha
Eupatorium odoratum L.
Asteraceae
He
x
73
curiola
Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk.
Sapotaceae
Ar
x
74
curiola
Pouteria torta (Mart.) Radlk.
Sapotaceae
Ar
x
75
embaúba
Cecropia pachystachya Trec.
Urticaceae
Ar
x
76
embiruçu
Pseudobombax tomentosum Robyns
Malvaceae
Ar
x
77
erva-de-passarinho
Phthirusa ovata Eichl.
Loranthaceae
He
x
78
faveira
Dimorphandra mollis Bth.
Fab. Caesalpinioideae Ar
x
79
fedegoso
Senna occidentalis (L.) Link
Fab. Caesalpinioideae Ab
x
80
fedegoso
Senna pendula (Willd.) Irw. et Barn.
Fab. Caesalpinioideae Ab
x
81
fedegoso
Senna silvestris v. bifaria Irw et. Barn.
Fab. Caesalpinioideae Ar
x
82
fedegoso
Senna splendida (Vog.) Irw. et Barn.
Fab. Caesalpinioideae He
x
83
figueira
Ficus sp.
Moraceae
Ar
84
gervão-branco
Croton glandulosus L.
Euphorbiaceae
He
x
85
goiaba
Psidium guajava L.
Myrtaceae
Ab
x
86
guaçatunga
Casearia decandra Jacq.
Salicaceae
Ar
x
87
guanxuma
Sida sp.
Malvaceae
He
x
88
guatambu-do-cerrado
Aspidosperma macrocarpon Mart.
Apocynaceae
Ar
x
89
guelra-de-dourado
Senna aculeata (Bth.) Irw et Barn.
Fab. Caesalpinioideae Ab
x
90
guiné
Petiveria alliacea L.
Phytolaccaceae
x
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
He
x
x
x
204
Nº
Interior
Nome Popular
Nome científico
Família Botânica
Hb* Cerrado da Dolina
91
hortelã-brava
Hyptis brevipes Poit.
Lamiaceae
He
x
92
hortelã-do-campo
Hyptis crenata Pohl
Lamiaceae
He
x
93
ingá
Inga cf. uruguensis Hooker at Arnott
Fab. Mimosoideae
Ar
94
ipê roxo
Tabebuia avellanedae Lor. Ex Griseb.
Bignoniaceae
Ar
x
95
ipê-amarelo
Tabebuia ochracea (Cham.) Standl.
Bignoniaceae
Ar
x
96
iriri
Allagoptera leucocalyx (Mart.) Kuntze
Arecaceae
Pa
x
97
iriri
Syagrus petraea Becc.
Arecaceae
Pa
x
98
jacaranda
Jacaranda micrantha Cham.
Bignoniaceae
Ar
x
99
jacarandá-bico-de-pato
Machaerium acutifolium Vog.
Fab. Faboideae
Ar
x
100
jacarandá-do-cerrado
Dalbergia miscolobium Benth.
Fab. Faboideae
Ar
x
101
jacarandá-do-cerrado
Machaerium opacum Vog.
Fab. Faboideae
Ar
x
102
japecanga
Smilax fluminensis Steud.
Smilacaceae
L
x
103
japecanga
Smilax goyazana DC.
Smilacaceae
L
x
104
jatobá-do-cerrado
Hymenaea stigonocarpa (Mart.) Hayne
Fab. Caesalpinioideae Ar
x
105
jenipapo
Genipa americana L.
Rubiaceae
Ar
x
106
jenipapo-de-cavalo
Tocoyena formosa (C. et S.) Schum.
Rubiaceae
Ab
x
107
juá-bravo
Solanum viarum Dun.
Solanaceae
He
x
108
laranjinha-do-cerrado
Styrax ferrugineus Ness et Mart.
Styracaceae
Ar
x
109
leiteiro
Sapium hasslerianum Huber
Euphorbiaceae
Ab
x
110
lingua-de-lagarto
Casearia sylvestris Sw.
Salicaceae
Ar
x
111
lixeirinha
Davilla elliptica St. Hil.
Dilleniaceae
Ar
x
112
lobeira
Solanum lycocarpum St. Hil.
Solanaceae
Ar
x
113
louro-preto
Cordia glabrata (Mart.) A. DC.
Boraginaceae
Ar
x
114
macela-do-campo
Achyrocline satureioides DC.
Asteraceae
He
x
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
x
205
Nº
Interior
Nome Popular
Nome científico
Família Botânica
Hb* Cerrado da Dolina
115
macela-do-campo
Plagiocheilus tanacetoides Haenk.
Asteraceae
He
x
116
mama-cadela
Brosimum gaudichaudii Trec.
Moraceae
Ab
x
117
mamica-de-porca
Zanthoxylum rhoifolium Lam.
Rutaceae
Ar
x
118
mandacaru
Cereus peruvianus Mill.
Cactaceae
Ar
x
119
mandiocão
Didymopanax morototonii Dcne. et Planch.
Araliaceae
Ar
120
mandiocão-do-cerrado
Schefflera macrocarpa (Cham. E Schltdl.)
Araliaceae
Ar
x
121
mangaba
Hancornia speciosa Gomez
Apocynaceae
Ar
x
122
maracujazinho
Passiflora giberti N. E. Brown
Passifloraceae
L
x
123
maria-mole
Guapira graciliflora Lundel
Nyctaginaceae
Ar
x
124
maria-preta
Blepharocalyx salicifolius (Kunth) O. Berg
Myrtaceae
Ar
x
125
marmelada-de-cachorro
Alibertia sessilis (Vell.) Schum.
Rubiaceae
Ar
x
126
marmelo rasteiro
Alibertia sp.
Rubiaceae
He
x
127
marmelo-de-bola
Alibertia edulis (L.L. Rich.) A. C. Rich.
Rubiaceae
Ar
x
128
marolo
Annona coriacea Mart.
Annonaceae
Ar
x
129
mata-cachorro
Simarouba versicolor St.Hil.
Simaroubaceae
Ar
x
130
mata-pasto
Hyptis suaveolens Poit.
Lamiaceae
Ab
x
131
mimosa
Mimosa claussenii Benth
Fab. Mimosoideae
Ar
x
132
murici
Byrsonima pachyphylla
Malpighiaceae
Ar
x
133
murici
Byrsonima verbascifolia (L.) Rich.
Malpighiaceae
Ar
x
134
murici-macho
Heteropterys byrsonimifolia
Malpighiaceae
Ar
x
135
murici-rosa
Byrsonima coccolobifolia (L.) H.B.K.
Malpighiaceae
Ar
x
136
nó-de-cachorro
Heteropterys aphrodisiaca O. Mach.
Malpighiaceae
Ab
x
137
oiti-do-sertão
Couepia grandiflora Bth.
Chrysobalanaceae
Ar
x
138
pacari
Lafoensia pacari St. Hil.
Lythraceae
Ar
x
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
x
206
Nº
Interior
Nome Popular
Nome científico
Família Botânica
139
paineira-do-cerrado
Eriotheca pubescens Schott et Endl.
140
papoula-do-campo
indeterminada
141
para-tudo
Tabebuia aurea (Manso) Benth. & Hook.
Bignoniaceae
142
pata de vaca
143
Hb* Cerrado da Dolina
Ar
x
Ab
x
Ar
x
Bauhinia rufa (Bong.) Steud.
Fabaceae - Cercideae Ar
x
pata-de-vaca
Bauhinia sp 1
Fabaceae - Cercideae Ar
x
144
pata-de-vaca
Bauhinia sp 2
Fabaceae - Cercideae Ar
x
145
pau-santo
Kielmeyera coriacea Mart.
Clusiaceae
Ar
x
146
pau-santo
Kielmeyera variabilis Mart.
Clusiaceae
Ar
x
147
pau-terra
Qualea grandiflora Mart.
Vochysiaceae
Ar
x
148
pau-terra-de-flor-peq.
Qualea parviflora Mart.
Vochysiaceae
Ar
x
149
pau-terra-do-campo
Qualea multiflora Mart.
Vochysiaceae
Ar
x
150
peito-de-pombo
Tapirira guianensis Aubl.
Anacardiaceae
Ar
x
151
pequi
Caryocar brasiliense Camb.
Caryocaraceae
Ar
x
152
peroba-do-campo
Aspidosperma tomentosum Mart.
Apocynaceae
Ar
x
153
picão
Bidens gardneri Bak.
Asteraceae
He
x
154
pimenta-de-macaco
Xylopia aromatica (Lam.) Mart.
Annonaceae
Ar
x
155
pindó
Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman
Arecaceae
Pa
x
156
pitanga roxa
Eugenia uniflora L.
Myrtaceae
Ab
x
157
planta-moeda
Chamaecrista orbiculata Irwin & Barneby
Fab. Caesalpinioideae Ar
x
158
pororoca
Rapanea ferruginea (Ruiz et Pav.) Mez
Myrsinaceae
Ar
x
159
pororoca
Rapanea guianensis Aubl.
Myrsinaceae
Ar
x
160
quebra-pedra
Phylanthus orbiculatus L.C. Rich.
Euphorbiaceae
He
x
161
quina-do-cerrado
Strychnos pseudoquina St. Hil
Loganiaceae
Ar
x
162
quina-genciana
Acosmium subelegans (Mohl.) Yak.
Fab. Faboideae
Ar
x
Malvaceae
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
207
Nº
Interior
Nome Popular
Nome científico
Família Botânica
Hb* Cerrado da Dolina
163
rosquinha
Helicteres lhotzkyana Schum.
Malvaceae
Ab
x
164
roxinho
Peltogyne angustiflora Ducke
Fab. Caesalpinioideae Ar
x
165
santa-luzia
Commelina erecta L.
Commelinaceae
He
x
166
sucupira-preta
Bowdichia virgilioides H. B. K.
Fab. Faboideae
Ar
x
167
taleira
Celtis iguanea (Jacq.) Sarg.
Cannabaceae
Ab
x
168
taleira
Celtis pubescens (H.B.K.)
Cannabaceae
Ab
x
169
timbó
Magonia pubescens St. Hil.
Sapindaceae
Ar
x
170
urtiga-casa
Cnidoscolus cnicodendron Griseb.
Euphorbiaceae
Ab
x
171
urucum
Bixa orelana L.
Bixaceae
Ar
x
172
velame-do-campo
Macrosiphonia petraea Schum.
Apocynaceae
He
x
173
vinhático
Plathymenia reticulata Benth.
Fab. Mimosoideae
Ar
x
174
Acalypha communis M. Arg.
Euphorbiaceae
He
x
175
Billbergia zebrina (Herb.) Lindl.
Bromeliaceae
He
x
176
Cestrum sendtnerianum Mart.
Solanaceae
Ab
x
177
Eugenia sp.
Myrtaceae
Ab
x
178
Eupatorium sp.
Asteraceae
He
x
179
Heteropterys hypericifolia A. Juss.
Malpighiaceae
Ar
x
180
Hybanthus calceolaria (L.) Schulze
Violaceae
He
x
181
Justicia sp.
Acanthaceae
He
x
182
Manihot gracilis R. W. Pohl
Euphorbiaceae
Ab
x
183
Olyra ciliatifolia Raddi
Poaceae
He
x
184
Paspalum sp.
Poaceae
He
x
185
Pavonia grandiflora A. St. Hil.
Malvaceae
Ab
x
186
Peixotoa cordistipula A. Juss.
Malpighiaceae
Ab
x
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
x
208
Nº
Interior
Nome Popular
Nome científico
Família Botânica
Hb* Cerrado da Dolina
187
Pharus glaber Kunth
Poaceae
He
x
188
Physalis pubescens L.
Solanaceae
He
x
189
Rhodocalyx rotundifolius M.Arg.
Apocynaceae
He
x
190
Ruellia gemminiflora H.B.K.
Acanthaceae
He
x
191
Serjania caracasana (Jacq.) Willd.
Sapindaceae
L
x
192
Solidago sp.
Asteraceae
He
x
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
209
6.4 ANEXO 4 – MASTOFAUNA
Mastofauna terrestre registrada na RPPN Buraco das Araras e entorno (Jardim–MS) em fevereiro de 2008. Tipo de registro: A = Avistamento; R = Rastro; V =
Vocalização; F = Fezes; RS = Registro Secundário; IM = Informação de moradores; O= Outros vestígios; Et = Entorno; UC = Unidade de Conservação
(RPPN). Status: Vu = vulnerável; En = ameaçado; Nt = em via de ameaça, sendo 1 = MMA (2003) e 2 = IUCN (2006).
Ordem/Família/Espécie
Nome popular
Tipo de registro
Área
Status
DIDELPHIMORPHIA
Didelphidae
1. Didelphis albiventris Lund, 1840
gambá, saruê
R, RS
UC
2. Gracilinanus agilis (Burmeister, 1854)
cuíca, mucura
RS
Et
3. Lutreolina crassicaudata (Desmarest, 1804)
cuíca
RS
Et
Myrmecophagidae
4. Myrmecophaga trydactyla Linnaeus, 1758
tamanduá-bandeira
R
UC
5. Tamandua tetradactyla (Linnaeus, 1758)
tamanduá-mirim, meleta
R
UC
6. Cabassous unicinctus (Linnaeus, 1758)
tatu-rabo-mole, ou tatu-de-rabo-liso
R
UC
7. Dasypus novemcinctus Linnaeus, 1758
tatu-verdadeiro, tatu-galinha
A, R
UC
8. Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758)
tatu-peba, tatu-peludo
A, R
UC
9. Tolypeutes matacus (Desmarest, 1804)
tatu-bola
R
Et
10. Priodontes maximus (Kerr, 1792)
tatu-canastra
IM
Et
bugio, guariba
IM
Et
Vu 1,2
Dasypodidae
Vu 1, En 2
PRIMATES
Cebidae
11. Alouatta caraya (Humboldt, 1812)
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
210
Ordem/Família/Espécie
12. Cebus apella (Linnaeus, 1758)
Nome popular
macaco-prego
Tipo de registro
Área
A,V, IM
UC
R, F
UC
F, R, IM
UC
Status
CARNIVORA
Canidae
13. Cerdocyon thous (Linnaeus, 1766)
lobinho, cachorro do mato
14. Chrysocyon brachyurus (Illiger, 1815)
lobo-guará
Vu 1, En 2
Procyonidae
15. Nasua nasua (Linnaeus, 1766)
quati
A
UC
16. Procyon cancrivorus (G. Cuvier, 1798)
mão-pelada
R
UC
17. Conepatus semistriatus (Boddaert, 1785)
jaratataca
IM
Et
18. Eira barbara (Linnaeus, 1758)
irara, papa-mel
IM
UC
19. Galictis cuja (Molina, 1782)
furão
IM
Et
20. Lontra longicaudis (Olfers, 1818)
lontra
IM
Et
21. Pteronura brasiliensis (Gmelin, 1788)
ariranha
IM
Et
22. Herpailurus yaguarondi (Lacépède, 1809)
jaguarundi, gato-mourisco
A
Et
23. Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758)
jaguatirica
IM
UC
Vu 1
24. Leopardus tigrinus (Schreber, 1775)
gato-do-mato-pequeno
IM
Et
Vu 1, Nt 2
25. Leopardus wiedii (Schinz, 1821)
gato-do-mato, gato maracajá
IM
Et
Vu 1
26. Oncifelis colocolo (Molina, 1810)
gato-palheiro
IM
Et
Vu 1
27. Puma concolor (Linnaeus, 1771)
sussuarana
IM
Et
Vu 1, Nt 2
anta
R
UC
Vu 2
Mustelidae
Felidae
PERISSODACTYLA
Tapiridae
28. Tapirus terrestris (Linnaeus, 1758)
ARTIODACTYLA
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
211
Ordem/Família/Espécie
Nome popular
Tipo de registro
Área
Status
Tayassuidae
29. Tayassu tajacu (Linnaeus, 1758)
caititu, cateto
R
UC
30. Tayassu pecari (Link, 1795)
queixada
R
UC
31. Mazama americana (Erxleben, 1777)
veado-mateiro
R
UC
32. Mazama gouazoubira (G. Fischer, 1814)
veado-catingueiro
R, F
UC
33. Ozotoceros bezoarticus (Linnaeus, 1758)
veado-campeiro
A
UC
RS, O
UC
ouriço-cacheiro
IM
UC, Et
capivara
IM
Et
37. Agouti paca (Linnaeus, 1766)
paca
IM
Et
38. Dasyprocta azarae (Lichtenstein, 1823)
cotia
RS
Et
punaré
O
Et
tapiti
A
UC, Et
Cervidae
Nt 2
RODENTIA
Muridae
34. Bolomys lasiurus (Lund, 1841)
rato-do-mato
Erethizontidae
35. Coendou prehensilis (Linnaeus, 1758)
Hydrochaeridae
36. Hydrochaeris hydrochaeris (Linnaeus, 1766)
Agoutidae
Vu 2
Echimyidae
39. Thrichomys apereoides (Lund, 1839)
LAGOMORPHA
Leporidae
40. Silvilagus brasiliensis
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
212
6.5 ANEXO 5 – MASTOFAUNA VOADORA - QUIRÓPTEROS
Quirópteros registrados na RPPN Buraco das Araras (Jardim, MS), entre novembro de 2007 e janeiro de 2008. Estágios reprodutivos: J = jovem, TA
= testículo abdominal, TE = testículo escrotado, A = adulta, G = grávida, L = lactante, PL = pós-lactante.
Família
Espécie
Machos
Fêmeas
Phyllostomidae
J TA TE
J A G L PL
1. Artibeus lituratus (Olfers, 1818)
2. Artibeus planirostris (Spix, 1823)
1
7
3. Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758)
3
2
5
1
4. Desmodus rotundus (E. Geoffroy, 1810)
5. Glossophaga soricina (Pallas, 1766)
6. Micronycteris schmidtorum Sanborn, 1935
Total Guilda trófica
1 1 11 3
1
1
1
4
5
1
1
3
2
1
7. Phyllostomus hastatus (Pallas, 1767)
1
1
1
1
1
Frugívoro
29
Frugívoro
8
Frugívoro
1
Hematófago
16
Nectarívoro
1
Insetívoro
3
Omnívoro
1
Insetívoro
90
Insetívoro
3
Insetívoro
Molossidae
8. Molossops temminckii (Burmeister, 1854)
9. Nyctinomops laticaudatus (E. Geoffroy, 1805)
1
16 7
8 3 27 29
Natalidae
10. Natalus stramineus Gray, 1838
3
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
213
6.6 ANEXO 6 - AVIFAUNA
Lista das espécies registradas na RPPN Buraco das Araras (Jardim, MS), de acordo com o tipo vegetacional, sendo SFA = Savana Florestada e Arborizada;
FP = Floresta Perenifólia (dolina); AA = áreas antropizadas (proximidades das edificações; BO = borda do fragmento; * = observado em vôo); E = endêmica
do Cerrado (Silva 1995); Status (IUCN 2007): NT (quase ameaçada). Habitat: TSTa (terrestre / silvícola / tamnícola); TSTe (terrestre / silvícola / terrícola);
TSCo (terrestre /silvícola/ corticícola); TCTa (terrestre / campícola / tamnícola); TCTe (terrestre / campícola / terrícola); TCCo (terrestre / campícola /
corticícola); TAe (terrestre / aerícola). Guilda alimentar: ONI (onívoro); CAR (carnívoro); NEC (necrófago); INS (insetívoro); FRU (frugívoro); NCT
(nectarívoro); GRA (granívoro). MR = migração regional; VS = visitante sazonal vindo do hemisfério sul. Fonte: dados de campo obtidos entre março e maio
de 2006 e agosto e outubro de 2007.
Nº
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
ORDEM
Struthioniformes
Tinamiformes
Galliformes
Ciconiiformes
Cathartiformes
Falconiformes
FAMÍLIA
Rheidae
Tinamidae
NOME POPULAR
ema
inambu-chororó
perdiz
Cracidae
aracuã
jacupemba
jacutinga
Ardeidae
maria-faceira
Threskiornithidae curicaca
Cathartidae
urubu-de-cabeça-vermelha
urubu-comum
Acciptridae
gavião-sauveiro
gavião-fumaça
gavião-carijó
gavião-pato
Falconidae
carcará
pinhé
acauã
quiri-quiri
falcão-morcegueiro
falcão-de-coleira
ESPÉCIE
Rhea americana NT
Crypturellus parvirostris
Rhynchotus rufescens
Ortalis canicollis
Penelope superciliaris
Aburria cumanensis
Syrigma sibilatrix
Theristicus caudatus
Cathartes aura MR
Coragyps atratus
Ictinea plumbea MR
Heterospizias meridionalis
Rupornis magnirostris
Spizaetus melanoleucus
Caracara plancus
Milvago chijmachima
Herpetoteres cachinans
Falco sparverius
Falco rufigularis
Falco femoralis
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
AA SFA FP BO HABITAT GUILDA
V
TCTe
ONI
V
V
TSTe
ONI
Z
TCTe
ONI
Z
TSTa
FRU
V
TSTa
FRU
V
V
TSTa
FRU
Z
TCTe
INS
Z
V
V
TCTe
INS
V
V
V
TAe
NEC
V* V
TAe
NEC
V
V
TCTa
CAR
V
TCTa
CAR
V
V
TCTa
CAR
V
V
TSTa
CAR
V V*
TCTa
CAR
V
V V*
TCTa
CAR
Z
V
TCTa
CAR
V
V
TCTa
CAR
V
TCTa
CAR
V
TCTa
CAR
214
Nº
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
4
ORDEM
Gruiformes
Charadriiformes
Columbiformes
FAMÍLIA
Cariamidae
Charadriidae
Columbidae
Psittaciformes
Psittacidae
Cuculiformes
Cuculidae
Strigiformes
Tytonidae
Strigidae
Caprimulgiformes Nyctibiidae
Caprimulgidae
Apodiformes
Apodidae
NOME POPULAR
seriema
quero-quero
rolinha-caldo-de-feijão
rolinha-fogo-apagou
rolinha branca
pomba-de-espelho
asa-branca
pomba-galega
juriti
4
arara-canindé
arara-vermelha
periquito-maracanã
jandaia-estrela
periquito-rico
papagaio-galego
papagaio-verdadeiro
alma-de-gato
anu coroca
anu-preto
anu-branco
saci
suindara
corujinha-do-mato
murucututu
coruja-preta
caburé
urutau
curiango
bacurau-chintã
andorinhão-do-temporal
ESPÉCIE
Cariama cristata
Vanellus chilensis
Columbina talpacoti
Columbina squammata
Columbina picui
Claravis pretiosa MR
Patagioenas picazuro
Patagioenas cayennensis
Leptotila verreauxi
Ara ararauna
Ara chloropterus
Aratinga leucophthalma
Aratinga aurea
Brotogeris chiriri
Alipiopsitta xanthops E NT
Amazona aestiva
Piaya cayana
Crotophaga major MR
Crotophaga ani
Guira guira
Tapera naevia
Tyto alba
Megascops choliba
Pulsatrix perspicillata
Strix huhula cf.
Glaucidium brasilianum
Nyctibius griseus
Nyctidromus albicollis
Caprimulgus parvulus MR
Chaetura meridionalis MR
AA SFA FP BO HABITAT GUILDA
V
V
Z
TCTa
ONI
Z
TCTe
ONI
V
TCTe
GRA
V
V
TCTe
GRA
V
TCTe
GRA
V
TSTa
GRA
V
V V
TCTa
GRA
V
TCTa
GRA
V
V
V
TSTe
GRA
V
V
TCTa
GRA
V
V
V V
TCTa
GRA
V
V
TCTa
GRA
V
V
V
TCTa
GRA
V
TSTa
GRA
Z
V
TCTa
GRA
V
V
TCTa
GRA
V
Z
TSTa
INS
V
TSTa
INS
V
V
TCTa
INS
V
V
V V
TCTa
INS
V
TSTa
INS
V
TSTa
CAR
Z
Z
V
TSTa
CAR
V
V
TSTa
CAR
Z
TSTa
CAR
V
V
V Z
TSTa
CAR
Z
TCTa
INS
V
TCTe
INS
V
TCTe
INS
V
V
TAe
INS
Aves introduzidas em dezembro de 2007 pelo CRAS, portanto, não aparecem nas discussões deste relatório.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
215
Nº
51
52
53
54
55
56
57
58
59
60
61
62
63
64
65
66
67
68
69
70
71
72
73
74
75
76
77
78
79
80
81
82
ORDEM
Trogoniformes
Coraciiformes
Galbuliformes
Piciformes
Passeriformes
FAMÍLIA
Trochilidae
NOME POPULAR
beija-flor-tesoura
besourinho-do-bico-vermelho
beija-flor-tesoura-verde
Trogonidae
surucuá-de-barriga-vermelha
Momotidae
udu
Bucconidae
joão-bobo
Ramphastidae
tucano-toco
araçari-castanho
Picidae
pica-pauzinho-anão-manchado
birro
pica-pau-verde-barrado
pica-pau-do-campo
pica-pau-velho
pica-pau-de-banda-branca
Thamnophilidae choró-boi
papa-formigas-vermelho
Dendrocolaptidae arapaçu-grande
arapaçu-do-cerrado
Furnariidae
joão-de-barro
Tyrannidae
sebinho-olho-de-ouro
guaracava-cinzenta
guaracava-de-crista-alaranjada
guaracava-de-barriga-amarela
guaracava-de-crista-branca
chibum
tucão
risadinha
suiriri-cinzento
barulhehto
verão
primavera
noivinha-branca
ESPÉCIE
AA SFA FP BO HABITAT GUILDA
Eupetomena macroura
V
TSTa
NCT
Chlorostilbon lucidus
V
TSTa
NCT
Thalurania furcata
V
V
V
TSTa
NCT
Trogon curucui
Z
Z
V
TSTa
INS
Momotus momota
V
TSTa
INS
Nystalus striatipectus
Z
V
V
TCTa
INS
Ramphastos toco
V
V
V V
TCTa
ONI
Pteroglossus castanotis
V
V
V
TSTa
FRU
Picummnus albosquamatus
V
V
TCCo
INS
Melanerpes candidus
Z
Z
Z
TCCo
INS
Colaptes melanochloros
V
V
TSCo
INS
Colaptes campestris
V
V
V
TCCo
INS
Celeus lugubris
V
TSCo
INS
Dryocopus lineatus
V
TSCo
INS
Taraba major
V
TSTa
INS
Formicivora rufa
V
V
TCTa
INS
Dendrocolaptes platyrostris
V
V
TSCo
INS
Lepidocolaptes angustirostris
V
V
V
TSCo
INS
Furnarius rufus
V
V
TCTe
INS
Hemitriccus margaritaceiventer V
V
TSTa
INS
Myiopagis caniceps
V
TSTa
INS
Myiopagis viridicata
V
V
TSTa
INS
Elaenia flavogaster
V
TCTa
INS
Elaenia albiceps VS
V
TCTa
INS
Elaenia chiriquensis MR
V
TCTa
INS
Elaenia spectabilis
V
TCTa
INS
Camptostoma obsoletum
V
V
TSTa
INS
Suiriri suiriri MR
V
TCTa
INS
Euscarthmus meloryphus
V
TSTa
INS
Pyrocephalus rubinus VS
V
TCTa
INS
Xolmis cinereus
V
V
TCTa
INS
Xolmis velatus
V
TCTa
INS
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
216
Nº ORDEM
83
84
85
86
87
88
89
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
100
101
102
103
104
105
106
107
108
109
110
111
112
113
114
FAMÍLIA
Tityridae
Corvidae
Hirundinidae
Turdidae
Thraupidae
Emberizidae
NOME POPULAR
maria-cavaleira
bem-te-vi-pirata
bem-te-vi
bem-te-vi-rajado
pitanguá
peitica
siriri
tesourinha
caneleiro
irrê
maria-cavaleira
ESPÉCIE
Machetornis rixosa MR
Legatus leucophaius MR
Pitangus sulphuratus
Miodynastes maculatus MR
Megarynchus pitangua
Empidonomus varius MR
Tyrannus melancholicus MR
Tyrannus savana MR
Casiornis rufus
Myiarchus swainsoni
Myiarchus ferox
maria-cavaleira-do-rabo-enferrujado
anambé-branco-de-rabo-preto
caneleiro-preto
tijerila
gralha-púrpura
gralha-do-campo
gralha-cancã
andorinha-cerrador
sabiá-branco
saíra-de-chapéu-preto
pipira-preta
sanhaço-azul
sanhaço-de-coqueiro
saí-andorinha
saí-azul
figurinha-de-rabo-castanho
tico-tico-do-campo
canário-da-terra
tiziu
coleirinho
tico-tico-rei
Myiarchus tyrannulus
Tityra cayana
Pachyramphus polychopterus
Xenopsaris albinucha
Cyanocorax cyanomelas
Cyanocorax cristatelus E
Cyanocorax chrysops
Stelgidopteryx ruficollis
Turdus leucomelas
Nemosia pileata
Tachyphonus rufus
Thraupis sayaca
Thraupis palmarum
Tersina viridis MR
Dacnis cayana
Conirostrum speciosum
Ammodramus humeralis
Sicalis flaveola
Volatinia jacarina
Sporophila caerulescens
Coryphospingus cucullatus
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
AA SFA
V
V
V
V
V
V
V
V
V
V
V
V
V
V
V
Z
V
V
V
V
V*
V
V
V
V
V
V
V
V
V
V
V*
V
V
FP BO HABITAT GUILDA
TCTa
INS
TCTa
INS
V
TCTa
ONI
V
TCTa
INS
V
TCTa
INS
TCTa
INS
V
TCTa
INS
TCTa
INS
TCTa
INS
TCTa
INS
TCTa
INS
V
V
V
V
V
V
V
V
V
V
V
Z
V
V
V
V
V
V
V
TCTa
TSTa
TCTa
TSTa
TSTa
TCTa
TCTa
TAe
TSTa
TSTa
TSTa
TSTa
TSTa
TSTa
TCTa
TSTa
TCTa
TCTa
TCTa
TCTa
TCTa
INS
INS
INS
INS
ONI
ONI
ONI
INS
ONI
FRU
FRU
FRU
FRU
FRU
FRU
FRU
GRA
GRA
GRA
GRA
GRA
217
Nº ORDEM
115
116
117
118
119
120
121
122
123
124
125
FAMÍLIA
Parulidae
Icteridae
Fringillidae
NOME POPULAR
ESPÉCIE
tico-tico-do-mato-de-bico-amarelo
mariquita
pichito
canário-do-mato
guaxe
japuíra
encontro
joão-pinto
pássaro-preto
chopim-azeviche
vivi
Arremon flavirostris
Parula pitiayumi
Basileuterus hypoleucus
Basileuterus flaveolus
Cacicus haemorrhous
Cacicus chrysopterus
Icterus cayanensis
Icterus croconotus
Gnorimopsar chopi
Molothrus rufoaxillaris
Euphonia chlorotica
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
AA SFA FP BO HABITAT GUILDA
V
V
V
V
V
V
V
V
V
V
V
V
TSTa
TSTa
TSTa
TSTa
TSTa
TSTa
TCTa
TSTa
TCTa
TCTa
TSTa
GRA
INS
INS
INS
ONI
ONI
ONI
ONI
ONI
ONI
FRU
218
6.7 ANEXO 7 – HERPETOFAUNA
Herpetofauna registrada na RPPN Buraco da Araras (Jardim, MS) em nov/2007 e fev/2008. Captura por armadilhas de queda (A) e observação direta (B).
ANFIBIOS
Nº Subgrupo
Família
Espécie
Nome Popular
Forma de registro
01 Anura
Cycloramphidae
Proceratophrys sp
sapo-de-chifre
A
02
Leiuperidae
Eupemphix nattereri
rã-quatro-olhos
A
03
Physalaemus centralis
rãzinha
A
04
Pleurodema fuscomaculata
rã-chorona
A
Leptodactylus chaquensis
rã-manteiga
A
06
Leptodactylus elenae
rã-assobiadora
A
07
Leptodactylus mystacinus
08
Leptodactylus ocellatus
rã-manteiga
A
05
Leptodactylidae
A
09
Microhylidae
Elachistocleis ovalis
rã-guarda
A
10
Hylidae
Scinax fuscovarius
perereca-de-banheiro
B
RÉPTEIS
Nº Subgrupo
Espécie
01 Crocodylia Crocodylidae
Cayman latirostris
02 Sauria
5
Nome Popular
Forma de registro
jacaré-do-papo-amarelo
B
Colobosaura modesta
calanguinho
A
03
Micrablepharus maximiliani
rabinho-azul
A
04
Cercosaura schreibersii
A
05
Pantodactylus albostrigatus
B
06
07
5
Família
Gymnophtalmidae
Teiidae
Cnemidophorus sp
calanguinho
A
Tupinambis merianae
teiú
A
Observação de dois indivíduos adultos e cinco filhotes que vivem no pequeno lago dentro da dolina Buraco das Araras.
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
219
08
Ameiva ameiva
calango-verde
B
09
Tropiduridae
Tropidurs guarani
calango
B
10 Serpentes
Leptotyphlopidae
Leptotyphlops sp
cobra-cega
B
11
Colubridae
Apostolepis dimidiata
coral-falsa
A
12
Taeniophallus occipitalis
barriga-de-coral
A
13
Oxyrhopus guibei
coral-falsa
A
14
Phalotris tricolor
coral-falsa
A
15
Chironius flavolineatus
cobra-cipó
B
16
Leptodeira annulata
olho-de-gato, dormideira
B
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
220
6.8 ANEXO 8 – QUESTIONÁRIOS DE PESQUISA COM VISITANTES,
GUIAS DE TURISMO E MONITORES AMBIENTAIS
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
221
Prezado Visitante
O local que você acaba de visitar é uma Reserva Particular do Patrimônio Natural
– RPPN, mantida pelos proprietários da Fazenda Alegria com o objetivo de
conservar o Buraco das Araras para sempre. Neste momento, estão sendo
realizados estudos para a elaboração do Plano de Manejo da área, fundamental
para orientar as futuras atividades desenvolvidas na propriedade. Sua opinião
também é importante, então solicitamos que preencha este questionário,
contribuindo para aumentar as informações sobre a visitação turística.
1. Antes de visitar o Buraco das Araras, você foi informado que a
propriedade tinha uma RPPN?
( ) não
( ) sim  Onde? ________________________
Em caso afirmativo, isto teve alguma influência sobre sua decisão de visitar o
local?
( ) não
( ) sim __________________________________________________
2. Durante sua visita, você recebeu informações sobre a RPPN Buraco das
Araras e sua importância na conservação ambiental?
( ) não
( ) sim
Caso afirmativo, como recebeu estas informações?
( ) pelo guia de turismo
( ) folheto informativo
( ) outro: __________________________________________________________
3. Qual a sua avaliação sobre o grau de conservação ambiental da RPPN
Buraco das Araras?
( ) excelente
( ) boa
( ) razoável
( ) ruim
4. Para você, quais deveriam ser os principais objetivos de uma RPPN?
(escolha até três alternativas)
( ) visitação turística
( ) educação ambiental
( ) conservação ambiental
( ) pesquisa científica
( ) cursos de capacitação
( ) outro: ___________________________
5. Quais destes objetivos, em sua opinião, a visitação turística na RPPN
Buraco das Araras está ajudando a alcançar?
( ) educação Ambiental do visitante
( ) educação Ambiental da comunidade residente e vizinha
( ) conservação de recursos naturais
( ) incentivo à pesquisa científica
( ) estímulo à criação de novas unidades de conservação
( ) divulgação da importância das Reservas Particulares do Patrimônio Natural
( ) outra __________________________________________________________
( ) nenhuma delas, porque ___________________________________________
6. O acompanhamento de guia de turismo ou monitor ambiental durante a
visitação turística significa: (escolha mais de uma alternativa se necessário)
( ) orientação do caminho
( ) fornecimento de informações sobre o ambiente
( ) fornecimento de informações sobre a RPPN
( ) orientações de segurança
( ) contato com cultura local
( ) desnecessária, o caminho é fácil e não me interesso por informações locais
( ) inoportuna, pois quero andar livremente pelo local
7. Na sua opinião, os controles e as regras adotadas para sua visitação na
RPPN durante o passeio:
( ) atrapalharam em muito o aproveitamento pleno do passeio
( ) atrapalharam um pouco o aproveitamento pleno do passeio
( ) não interferiram no aproveitamento pleno do passeio
( ) colaboraram um pouco para o aproveitamento pleno do passeio
( ) colaboraram em muito para aproveitamento pleno do passeio
8. Dentre os procedimentos adotados a seguir, por favor indique se na sua
opinião eles são (P) positivos, (I) indiferentes ou (N) negativos para um bom
equilíbrio entre aproveitamento do passeio e conservação ambiental
( ) limite no tamanho máximo dos grupos de passeio
( ) obrigatoriedade de se respeitar os intervalos de tempo entre os grupos
( ) obrigatoriedade de ter um guia de turismo/monitor acompanhando o grupo
( ) obrigatoriedade de andar em fila e sem pisar nas laterais da trilha
( ) exigência de se fazer silêncio durante todo o passeio
( ) presença de pesquisadores e/ou equipamentos de pesquisa científica na área
do passeio
( ) proibição de alimentar os animais silvestres
( ) proibição da coleta de flores, frutos, sementes, conchas etc
9. Poderia indicar um aspecto positivo e um negativo de sua experiência na
visitação turística da RPPN Buraco das Araras? (Use o verso se necessário)
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
Profissão: ___________________________
Faixa etária: ( ) até 20 ( ) 21 a 30 ( ) 31 a 40 ( ) 41 a 50 ( ) 51 a 60 ( ) acima 61
Grau de escolaridade:
( ) Fundamental incomp
( ) Ensino médio ( ) Pós-graduação ( ) Doutorado
( ) Fundamental
( ) Superior
( ) Mestrado
( ) Pós-doutorado
Cidade onde reside: _____________________ Estado: _______ País: _______________
Data: ___/___/___
Obrigado por sua colaboração!!
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
222
Dear Visitor,
The place you have just visited is a Private Natural Heritage Reserve (“RPPN”)
maintained by the owners of Fazenda Alegria with the objective of permanently
conserving the Buraco das Araras. At the present time there is a research team
developing studies to prepare the area’s management plan, which is essential to
conduct future activities in and around the sinkhole. Your opinion is very important
in this process, and therefore we kindly ask you to fill out this questionnaire, thus
helping us to improve our knowledge about the tourism operation.
1. Before visiting the Buraco das Araras, were you told that the property had
a private natural heritage reserve?
( ) no
( ) yes  by who / where? ________________________
If you answered “yes”, did this information have influence on your decision to visit
the place?
( ) no
( ) yes ___________________________________________
2. During your visit, did you receive information about the Buraco das Araras
Private Reserve and its importance for environmental conservation?
( ) no
( ) yes
If you answered “yes”, how did you receive such information?
( ) by the tour guide
( ) brochure or leaflet
( ) other: _________________________________________________________
3. How would you evaluate the degree of environmental conservation at
Buraco das Araras Private Reserve?
( ) excellent
( ) good
( ) fair
( ) bad
4. In your opinion, which should be the major objectives of a private natural
heritage reserve? (please choose up to three alternatives)
( ) tourism
( ) environmental education
( ) conservation
( ) scientific research
( ) professional qualifying courses
( ) other: _______________________
5. Which of these objectives, in your opinion, is the tourism operation at
Buraco das Araras Private Reserve helping to fulfill?
( ) visitors’ environmental education
( ) environmental education of the local and adjacent communities
( ) conservation of natural resources
( ) incentive to scientific research
( ) incentive for the creation of new conservation units
( ) divulging information about the importance of private natural heritage reserves
( ) other _________________________________________________________
( ) none of the above, because _______________________________________
6. Having a local guide during the tour means: (please choose all that apply)
( ) orientation about the correct way to go
( ) information about the environment
( ) information about the private natural heritage reserve
( ) orientation about safety
( ) contact with local culture
( ) it is unnecessary, the way is easy and I am not particularly interested on
information about the place
( ) inconvenient, because I want to walk around freely
7. In your opinion, the regulations and controls required for your visit to the
reserve during the tour:
( ) were a great disturbance for my full enjoyment of the tour
( ) were a minor disturbance for my full enjoyment of the tour
( ) did not interfere on my full enjoyment of the tour
( ) cooperated a little on my full enjoyment of the tour
( ) cooperated a lot on my full enjoyment of the tour
8. Considering the procedures mentioned below, please point out if they are
(P) positive, (I) indifferent or (N) negative for a good balance between
enjoying the tour and conserving the environment
( ) limited number of visitors per tour group
( ) mandatory time intervals between tour groups
( ) mandatory presence of a tour guide with the group all the time
( ) the requirement for visitors to walk in line and not step on the sides of the trails
( ) the requirement of remaining silent during the whole activity
( ) the presence of researchers and/or scientific research equipment in areas
where the tour is done
( ) prohibition of feeding wildlife
( ) prohibition of collecting flowers, fruits, seeds, shells and the like
9. Could you please highlight a positive and a negative aspect of your
experience as a visitor in the Buraco das Araras Private Reserve? (Please,
use the opposite side if necessary)
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
Occupation: ___________________________
Age group: ( ) below 20 ( ) 21 to 30 ( ) 31 to 40 ( ) 41 to 50 ( ) 51 to 60 ( ) above 61
Schooling level:
( ) Elementary(incomplete)
( ) Elementary (complete)
( ) High School
( ) Graduate
( ) Postgraduate
( ) Masters
( ) Doctorate
( ) Póst-doctorate
City of origin: ______________________ State: __________ Country: _______________
Date: ___/___/___ (DD/MM/YYYY)
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
Thanks a lot for your cooperation!
223
( ) presença de pesquisadores e/ou equipamentos de pesquisa científica na área
do passeio
( ) proibição de alimentar os animais silvestres
( ) proibição da coleta de flores, frutos, sementes, conchas etc
Prezado Guia de Turismo
O Buraco das Araras foi transformado em uma Reserva Particular do Patrimônio
Natural – RPPN. Neste momento, estão sendo realizados estudos para a
elaboração do Plano de Manejo da área, fundamental para orientar as futuras
atividades desenvolvidas na propriedade. Sua opinião também é importante, então
solicitamos que preencha este questionário, contribuindo para melhorar a visitação
turística.
1. Durante o passeio, você considera que há tempo, condições e material de
apoio suficientes para passar aos visitantes informações específicas sobre a
RPPN?
( ) sim
( ) não, poderia ser melhorado com __________________________
2. Para você, quais deveriam ser os principais objetivos de uma RPPN?
(escolha até três alternativas)
( ) visitação turística
( ) educação ambiental
( ) conservação ambiental
( ) pesquisa científica
( ) cursos de capacitação
( ) outro: ______________________
3. Quais destes objetivos a visitação turística na RPPN Buraco das Araras
está ajudando a alcançar?
( ) educação ambiental do visitante
( ) educação ambiental da comunidade residente e vizinha
( ) conservação de recursos naturais
( ) incentivo à pesquisa científica
( ) estímulo à criação de novas unidades de conservação
( ) divulgação da importância das Reservas Particulares do Patrimônio Natural
( ) outra __________________________________________________________
( ) nenhuma delas, porque ___________________________________________
4. Dentre os procedimentos adotados a seguir, indique se na sua opinião
eles são (P) positivos, (I) indiferentes ou (N) negativos para um bom
equilíbrio entre aproveitamento do passeio e conservação ambiental
( ) limite no tamanho máximo dos grupos de passeio
( ) obrigatoriedade de se respeitar os intervalos de tempo entre os grupos
( ) obrigatoriedade de ter um guia de turismo ou monitor acompanhando o grupo
o tempo todo
( ) obrigatoriedade de andar em fila e sem pisar nas laterais da trilha
( ) exigência de se fazer silêncio durante todo o passeio
5. Os controles e as regras adotadas para seu trabalho na RPPN durante o
passeio:
( ) atrapalham em muito o seu trabalho como guia
( ) atrapalham um pouco o seu trabalho como guia
( ) não interferem no seu trabalho como guia
( ) colaboram um pouco para o seu trabalho como guia
( ) colaboram em muito para o seu trabalho como guia
6. Você considera que seu trabalho na condução de visitantes colabora com
a conservação ambiental do local?
( ) sim
( ) não
Justifique:______________________________________________________
7. Você considera que a transformação do Buraco das Araras em RPPN vai
contribuir de que forma nos seguintes itens? Considere (P) para positivo, (I)
para indiferente e (N) para negativo.
( ) conservação ambiental
( ) visitação turística
( ) qualidade no atendimento
( ) valorização da cultura local
( ) reconhecimento por parte da comunidade
( ) incentivo a outros proprietários
( ) informação sobre as unidades de conservação da região
8. Poderia indicar um aspecto positivo e um negativo de sua experiência na
RPPN Buraco das Araras?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
Obrigado por sua colaboração!!
224
6.9 ANEXO 9 – INDICADORES SOCIAIS E ECONÔMICOS DOS
MUNICÍPIOS DE BONITO E JARDIM, MATO GROSSO DO SUL
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
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Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
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Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
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Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
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Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
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Plano de Manejo da Reserva Particular do
Patrimônio Natural Buraco das Araras
Jardim - MS
-------------------------------------------------------------------Modesto Sampaio
Proprietário
Rooswelt R. Sampaio
Coordenador Financeiro e
Supervisão Geral
MSc. Maria Antonietta C. Pivatto
Coordenação
Finalizado em junho de 2008
Primeira revisão para correção (Parecer No 43/2009/CPLAM/CGEPI/ICMBio, de
17/12/2009)
Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008
238
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