Análise da Produção Acadêmica Brasileira em Economia da Saúde – Cumulatividade Teórica da Área Autoria: Mariana Guerra, Andrea de Oliveira Gonçalves RESUMO O artigo objetivou analisar as publicações nacionais que dissertam sobre Economia da Saúde. No processo de busca, considerou-se apenas o termo ‘economia da saúde’, entre aspas. No total, foram analisados 28 artigos publicados em quatorze periódicos nacionais, considerandose os critérios relativos (i) ao contexto em que os estudos foram publicados, (ii) aos aspectos teóricos e metodológicos e (ii) à cumulatividade teórica da área (i.e., base teórica e agenda de pesquisa). Como principal resultado, além do baixo volume de publicações, destaca-se que apenas sete trabalhos apresentaram uma seção específica de referencial teórico. 1. INTRODUÇÃO O financiamento de políticas públicas e, especificamente, das políticas de saúde tem sido foco de interesse e pesquisa em todo o mundo (MÉDICI, 2002). A partir das décadas de 1950 e 1960, os gastos públicos nessa área cresceram de maneira considerável, especialmente em países desenvolvidos, seja pelo aumento de cobertura dos serviços, pela incorporação de novas tecnologias ou pelo aumento da esperança de vida da população (PELEGRINI et al., 2005). De maneira geral, o setor saúde constitui um espaço importante de inovação e de acumulação de capital, gerando oportunidades de investimento, renda e emprego (FOLLAND et al., 2008), além de se caracterizar como uma área que requer uma forte presença do Estado e da sociedade para compensar as forças de geração de assimetrias e de desigualdades (GADELHA, 2003, p. 3). No Brasil, o direito universal e integral à saúde foi assegurado à sociedade na Constituição Federal de 1988, com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). A Constituição, além de afirmar a saúde como direito de todos e dever do Estado, assegura a sua universalidade e integralidade com o financiamento tripartite (União, Estados e Municípios) e com diversidade de fontes – estes preceitos constitucionais encontram-se reafirmados na Lei Orgânica da Saúde de 1990 (BRASIL, 1990). Entretanto, a ausência de mecanismos adequados à regulação e à oferta de serviços, buscando viabilizar o acesso ao SUS, contribui para a persistência apara a baixa eficácia do sistema de saúde brasileiro (SILVA, 2003). Ao apresentar uma discussão sobre a lógica capitalista (competitividade) e a lógica sanitarista (assistencial) para desenvolvimento do setor saúde, Gadelha (2003, p. 2) afirma que o processo de penetração do capital e “empresariamento” da área de saúde e de constituição de um complexo econômico movido pela lógica de mercado não é novo, já tendo sito identificado por Cordeiro (1980, apud GADELHA, 2003) há mais de 20 anos. Ainda segundo o autor, mesmo nas atividades que preservaram sua natureza pública ou estatal, as relações de contratualização e de constituição de “quasimercados”, além de um conjunto de inovações organizacionais (e.g., criação de organismos públicos não-estatais, terceirização, organização de cooperativas de trabalhos), passam a pressionar os agentes para seguirem lógicas de obtenção de competitividade e de eficiência econômica, “a despeito de, no Brasil, o processo ser incremental” – aproximando progressivamente essas organizações de lógicas tipicamente empresariais (GADELHA, 2003, p. 2). Buscando, nas palavras do autor supracitado, aliar essas lógicas capitalista e sanitarista, a área da Economia da Saúde vem ganhando destaque dentre os acadêmicos de diferentes disciplinas (e.g., médicos, enfermeiros, economistas, administradores, cientistas políticos). Segundo Folland et al. (2008), a Economia da Saúde está se desenvolvendo rapidamente e tem oferecido novos instrumentos de análise do setor em questão. As instituições internacionais de apoio ao desenvolvimento, bem como as autoridades sanitárias em vários países, entendem ser essa área de conhecimento imprescindível para entender a 1 necessidade de mudanças profundas do referido setor de diferentes nacionalidades (GADELHA, 2003). No Brasil, a área da Economia da Saúde ainda é incipiente tanto acadêmica quanto profissionalmente, por falta de profissionais em número suficiente e de uma integrada agenda de pesquisas científicas, a qual seja valorizada pelos órgãos financiadores da produção científica no país e pelos formuladores de políticas públicas. A saúde pública enquanto área de conhecimento e de prestação de serviços é avaliada por capacidade de dar respostas adequadas à complexidade e desafios nacionais que requerem cada vez mais a integração de novas disciplinas à abordagem multiprofissional que lhe é característica (ANDRADE et al., 2007). A questão do financiamento do sistema de saúde e do setor em geral, a preocupação crescente com a eficiência e o custo dos serviços, a racionalidade na organização e na alocação de recursos às atividades, são hoje questões de importância crítica para a estrutura e funcionamento do setor, para as quais a Economia da Saúde oferece instrumental analítico cada vez mais utilizado (FOLLAND et al., 2008). Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo realizar análise das publicações nacionais que dissertam sobre Economia da Saúde. Espera-se, especificamente, identificar o estágio de desenvolvimento do conhecimento em relação ao tema no Brasil (i.e., cumulatividade teórica). Para tanto, a busca pelas publicações limitou-se a expressão-chave ‘economia da saúde’, a fim de relacionar aqueles estudos que nominalmente se autoclassificam na referida área de conhecimento. No total, foram revisados 28 artigos, publicados em quatorze periódicos nacionais. Na análise dos artigos, foram utilizados critérios relativos (i) ao contexto em que os estudos foram publicados, (ii) aos aspectos teóricos e metodológicos e (iii) a cumulatividade teórica da área (i.e., base teórica e agenda de pesquisa sugerida). O estudo é importante por fornecer um quadro de orientação relativo à produção acadêmica nacional em Economia da Saúde. Esse tipo de estudo auxilia no desenvolvimento de pesquisas mais consistentes e nas escolhas teóricas e metodológicas que mais podem contribuir para o desenvolvimento teórico da área. O texto está dividido em cinco partes, além desta introdução: o desenvolvimento acadêmico da área da Economia da Saúde, a metodologia utilizada na análise dos artigos, os resultados e discussões, seguidos das considerações finais e das referências. 2. ECONOMIA DA SAÚDE Segundo Folland et al. (2008), a Economia da Saúde nasceu como um ramo da Economia aplicado ao estudo da organização, funcionamento e financiamento do setor saúde (ou indústria da saúde). Nos últimos anos, vem ganhando força como uma área de conhecimento específica, cujos modelos e instrumentos são de grande auxílio na análise e no equacionamento dos problemas do setor. É uma área bastante desenvolvida e importante nos Estados Unidos, na Europa e em alguns outros países desenvolvidos como o Canadá e a Austrália, onde constitui parte indispensável do trabalho de formulação e avaliação de políticas de saúde. No artigo seminal da Economia da Saúde, Arrow (1963) faz a distinção entre o mercado de bens e serviços de saúde e o mercado paradigmático da economia neoclássica. O estudo e pesquisa sistemática desse autor, bem como a aplicação de ferramentas e teorias econômicas a questões tanto estratégicas como operacionais do setor saúde deram origem a essa área do conhecimento. No entanto, segundo Saes (2000), a definição de um objeto de estudo da Economia da Saúde não aconteceu até a década de 70. Isto porque parte de seu conteúdo, tradicionalmente, desdobrou-se em tópicos de outra disciplina, a saber: o Planejamento em Saúde. Para Zucchi et al. (2000), a Economia da Saúde é um modo de pensar que tem a ver com (i) a consciência da escassez, (ii) a imperiosidade das escolhas e 2 (iii) a necessidade dessas (i.e., escolhas) serem precedidas de avaliação dos custos e das consequências das alternativas possíveis, com vista a melhorar a repartição final dos recursos disponíveis. Especialidade recente no Brasil, a Economia da Saúde procura aliar os conhecimentos adquiridos pela Medicina (e.g., segurança do procedimento, eficácia e efetividade da intervenção) ao conceito de eficiência - originado na Economia –, com o objetivo de, segundo Ferraz (2005), instrumentalizar os gestores de saúde em suas tomadas de decisão, principalmente quanto a um melhor aproveitamento de recursos frente às necessidades da sociedade. Dentre os principais temas de investigação em Economia da Saúde, destacam-se: (a) a demanda de serviços de saúde e seus determinantes; (b) a oferta de serviços e o comportamento dos produtores; (c) o mercado de serviços de saúde: características e intervenção do Estado; (d) o financiamento do setor e a alocação de recursos; (e) a produção da saúde e sua relação com o desenvolvimento; (f) a avaliação econômica dos serviços de saúde; (g) organização, eficiência e custo dos sistemas de saúde; (h) a reforma do setor saúde e a busca da eficiência (ANDRADE et al., 2007; FOLLAND et al., 2008; SAES, 2000). Segundo Ferraz (2005), as publicações em Economia da Saúde configuram-se como um conjunto dos estudos que utilizam os conceitos de eficiência, eficácia e efetividade, realizando, portanto, o que pode ser chamado de “Avaliação Econômica em Saúde”. Ainda segundo o autor, essa Avaliação – um dos instrumentos da Economia da Saúde – é tida como uma ferramenta fundamental para a tomada de decisão na área, auxiliando os gestores a observarem o real impacto das doenças na sociedade, tanto do ponto de vista de agravo à saúde, como das conseqüências econômicas decorrentes destas doenças para a sociedade. Dentre os temas abordados nas publicações que realizam “Avaliação Econômica em Saúde”, tem-se: “custo da doença” (cost of illness) e “comparação de custos” (cost comparison); custo-minimização; custo efetividade (mais comumente encontrado na literatura, é utilizado quando as intervenções apresentam desfechos clínicos semelhantes, porém diferenciando-se quanto aos custos e quanto à extensão dos efeitos esperados); custoutility (evidencia a preferência do indivíduo ou da sociedade por um estado de saúde ou desfechos específicos); custo-benefício (resultados estimados em valores monetários) (FERRAZ, 2005). Contrária a afirmação de Ferraz (2005) – “o objetivo de instrumentalizar os gestores de saúde em suas tomadas de decisão” –, Araújo (1975), em sua publicação seminal da área da Economia da Saúde no Brasil, já ressaltava as divergências entre os resultados empíricos, a fundamentação teórica das pesquisas e a validade prática das publicações classificadas neste campo de conhecimento. Para Araújo (1975), buscava-se, já à época, um equilíbrio entre as formulações teóricas e os estudos empíricos, dando ênfase às conclusões retiradas da experiência e objetivando sua aplicação prática na elaboração de políticas e no processo de tomada de decisões. Para Mendes e Marques (2005), no Brasil, a pesquisa realizada inicialmente neste campo de conhecimento procurou analisar as condições de vida das populações e suas conseqüências sobre a saúde, relacionando fatores socioeconômicos e indicadores de saúde. Nessa mesma linha, outros estudos tiveram como objeto o desenvolvimento econômico e o nível de saúde da população. Neste caso, a saúde era vista como requisito essencial ao desenvolvimento econômico. De forma mais aplicada, outros trabalhos mostraram: a distribuição geográfica dos recursos relativos à saúde; análises comparativas entre sistemas de saúde nacionais; análises sobre efeitos de programas de intervenção na população; estudos sobre financiamento e gastos globais com saúde; análises econômicas de bens e serviços, incluindo o estudo sobre viabilidade econômico-financeira de novas tecnologias no setor saúde. 3 Com o crescimento e a atenção dada a este campo teórico, por meio de uma iniciativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e do Ministério da Saúde, com o apoio da Associação Brasileira de Economia da Saúde (ABRES), foi criado em 2004 o Prêmio em Economia da Saúde. Por meio dessa primeira edição, buscou-se estimular a produção científica em Economia da Saúde. Segundo Piola e Jorge (2005, p. 11), tendo em vista a alta especificidade do tema, “a resposta a esta edição inicial foi, de certa forma, surpreendente”: 69 trabalhos inscritos nas categorias: profissional e estudante de graduação. Pouco mais da metade dos trabalhos, 35, foi de autoria em grupo. Na divisão por subtemas, 19 abordaram questões relacionadas à avaliação econômica em saúde, 22 versaram sobre financiamento e gasto da saúde e 28 analisaram assuntos relacionados à integralidade, eficiência e eqüidade em sistemas de saúde. Apesar de recente, é possível destacar uma publicação clássica da Economia da Saúde no país. Na mencionada obra de Araújo (1975), é apresentada uma primeira revisão bibliográfica da literatura médica nacional e estrangeira, relacionando saúde e desenvolvimento econômico. Pelos trabalhos revisados, foi observado que autores realizam análises mediante o uso de estatística sofisticada e métodos econométricos. Ao demonstrar as lacunas nas publicações brasileiras (principalmente aquela relacionada à ausência de trabalhos com dados empíricos), Araújo (1975) recomenda colaboração entre médicos e economistas em publicações futuras. Outro destaque é o trabalho de Saes (2000), que desenvolve um estudo bibliométrico das publicações em Economia da Saúde de 1989 a 1998 (ao todo são 408 publicações vinculadas a livros, periódicos etc.). Apesar de apresentar vários resultados interessantes, a autora busca de forma excessiva justificar a relevância científica e a rigidez metodológica de um trabalho bibliométrico e concentra-se pouco na crítica às publicações revisadas. Destaque para a apresentação de conceitos de “Economia da Saúde” e de subtemas para classificação das publicações na área. Há passagens em que a autora defende a necessidade de melhor qualificação “econômico-financeira” dos profissionais da saúde. De forma geral, dentre os principais resultados apresentados por Saes (2000), tem-se a quantificação dos principais temas abordados nas publicações revisadas: financiamento, oferta e demanda do setor saúde (57,8% das publicações, e financiamento isoladamente com 26%), desenvolvimento econômico e saúde (51,7%), avaliação econômica e gestão financeira (42,4%), gestão do sistema sanitário (39,7%), política sanitária, equidade e justiça social (27,9%) e “outros temas” (agregado de 76% dos artigos analisados). Dentre os veículos pesquisados, os principais periódicos nacionais por volume de artigos veiculados são: Saúde em Debate (9,8%), Revista de Saúde Pública (5,4%), Revista de Administração Pública (2,2%), Revista de Administração de Empresas (1%). Andrade et al. (2007) também apresentam uma revisão bibliográfica em Economia da Saúde de 1999 a 2004, com foco principal no mapeamento dos grupos de pesquisa brasileiros. Ao todo, foram analisados 48 grupos, cuja concentração dá-se na área da ciência da saúde. Especificamente sobre a publicação vinculada a tais grupos, foram analisados 376 documentos, dentre livros, apostilas técnicas, artigos, teses, dissertações etc. Destes, observou-se a predominância de estudos que enfocam gestão, financiamento, alocação e eqüidade na distribuição de recursos, representando 48% do total de documentos. As áreas temáticas utilizadas para classificação dos estudos analisados por Andrade et al. (2007) são apresentadas na Figura 1. Considerando uma variabilidade de critérios de busca, desde medicamentos a procedimentos clínicos e hospitais (cf. Figura 1), Andrade et al. (2007) explicitamente assumem a adoção de uma concepção ampliada de Economia da Saúde, por considerá-la um campo de fronteira entre ideias econômicas e políticas sociais, extrapolando os limites das metodologias clássicas de avaliação econômica aplicadas à saúde. 4 Figura 1: Áreas temáticas dos estudos em Economia da Saúde Áreas temáticas Medicamentos, insumos e assistência farmacêutica Equipamentos hospitalares médicos e Equipamentos e métodos de diagnóstico Procedimentos cirúrgicos clínicos Educação sanitária promoção da saúde e e Gestão, financiamento, alocação e equidade Inovação tecnológica Composição Estudo contendo avaliações econômicas aplicadas aos medicamentos, insumos farmacêuticos e substâncias com finalidade terapêutica e diagnóstica, bem como estudos que enfoquem repercussões econômicas realizadas no campo da assistência farmacêutica Estudos contendo avaliações tecnológicas e econômicas sobre recursos indiretos para realização de procedimentos médicos, compreendendo as órteses, próteses e equipamentos de suporte terapêutico, excluídos os equipamentos para diagnóstico Estudos contendo avaliações tecnológicas e econômicas sobre os métodos e equipamentos utilizados com finalidade diagnóstica Estudos contendo avaliações econômicas sobre gastos e custos de procedimentos clínicos e cirúrgicos, incluindo estudos relativos à padronização de protocolos e guias terapêuticas, bem como estudos que discutam ou apresentem repercussões econômicas realizadas no campo da regulação do setor saúde, especificamente, sobre procedimentos clínicos e cirúrgicos Estudo contendo avaliações econômicas sobre políticas, projetos e ações realizadas com finalidade de promover a saúde da população por meio de ações preventivas e da educação sanitária Estudo contendo avaliações econômicas sobre modelos de gestão de sistemas e serviços, de políticas públicas em saúde, bem como avaliações sobre financiamento, investimento, orçamento, gasto e equidade na distribuição dos recursos destinados à saúde Estudos contendo avaliações sobre o investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) em saúde e no setor biomédico, correlacionados com a formação de recursos humanos, produção científica e a propriedade intelectual/industrial Fonte: Andrade et al. (2007, p. 217) Segundo os autores, a análise elaborada consistiu-se em um “esforço de mapeamento e delimitação” da Economia da Saúde no Brasil, possibilitando a visualização de alguns aspectos importantes para a compreensão do desenvolvimento desse campo, no período entre 1999 e 2004. Utilizando uma abordagem diferente de Andrade et al. (2007), no presente estudo, tem-se foco mais específico nos aspectos econômico-financeiros abordados originalmente pelos estudos no campo da Economia da Saúde, tal qual perspectiva definida por Arrow (1963) e corroborada por, dentre outros, Gadelha et al. (2003) e Gadelha (2003). 3. METODOLOGIA Por meio de uma revisão bibliográfica, buscou-se identificar as características dos estudos nacionais em Economia da Saúde. Foram analisados artigos publicados até novembro/2011 em 28 periódicos (cf. Tabela 1) das áreas de Administração e de Saúde disponíveis na base Scielo – Brasil (acesso por meio do Portal de Periódicos da CAPES). Conforme discussão proposta por Porter e Teisberg (2008), o “problema” da saúde concentrase mais em questões gerenciais e organizacionais. Por essa razão, havia expectativa de que as revistas nacionais da área, principalmente aquelas com o enfoque na discussão de eficiência e eficácia de serviços (públicos ou contratados), bem como em políticas públicas, vinculassem artigos sobre Economia da Saúde. O mercado de saúde atrai investimentos e soma expressivo volume de recursos aplicados anualmente pelo governo do país (GADELHA, 2003). A dimensão e a integração desse setor (saúde) com as diversas áreas da economia do país deveria, a princípio, atrair interessados na discussão científica sobre eficiência e eficácia do sistema de saúde, dos 5 serviços prestados, bem como o retorno desses para as organizações envolvidas (e.g., planos de saúde, clínicas particulares, hospitais privados) e, principalmente, para a sociedade. Tabela 1: Lista de periódicos e publicações revisadas 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. Periódicos Brazilian Administration Review – BAR Brazilian Business Review – BBR Gestão & Produção Organização & Sociedade – O&S Revista de Administração Contemporânea – RAC Revista de Administração Contemporânea, versão eletrônica – RACe Revista de Administração de Empresas – RAE Revista de Administração de Empresas, versão eletrônica – RAEe Revista de Administração da Mackenzie – RAM Revista de Administração da USP – RAUSP Revista de Administração Eletrônica – REAd Cadernos Ebape Economia e Sociedade Physis: Revista de Saúde Coletiva Revista de Administração Pública – RAP Ciência & Saúde Coletiva – CSC Cadernos de Saúde Pública - CSP Revista da Associação Médica Brasileira Revista de Saúde Pública Saúde e Sociedade Arquivos Brasileiros de Cardiologia Interface - Comunicação, Saúde, Educação Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial Economia Aplicada Revista Brasileira de Psiquiatria Arquivos de Gastroenterologia Serviço Social & Sociedade Sociologias TOTAL Quantidade 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 4 6 3 2 2 3 1 1 1 1 1 1 1 28 Fonte: elaborado pelos autores. Especificamente, no processo de busca, considerou-se apenas o termo ‘economia da saúde’, entre aspas. Isso porque, conforme ressaltado (cf. subseção 2), a Economia da Saúde é ainda um campo formalizado recentemente, se comparado às demais áreas de pesquisa em administração (e.g., pública e finanças). Assim, a justificativa de utilização de tal critério é dada pela intenção de se identificar os autores que nominalmente se posicionam neste campo de pesquisa (i.e., aquelas publicações em que nominalmente mencionavam o termo ‘economia da saúde’). Como resultado, 28 (vinte e oito) artigos foram selecionados e constituíram o universo de estudos analisados. Salienta-se que poucos dos periódicos acadêmicos em Administração pesquisados vincularam publicações em conformidade com os critérios de busca utilizados. Destaque maior para a Revista de Administração Pública (RAP), cuja expectativa para identificação de artigos em Economia da Saúde superava aos demais periódicos, e no qual se encontrou apenas um artigo publicado. Para análise, a princípio, sistematizou-se esse conjunto de publicações de acordo com as características gerais (cf. subseção 4.1), possibilitando identificar (i) períodos que concentram as publicações e (ii) os autores e instituições que mais se destacaram. Em seguida, com base na metodologia de revisões anteriores referentes ao tema (ARAÚJO, 1975; SAES, 2000; ANDRADE et al., 2007) e demais áreas de conhecimento (LOIOLA; BASTOS, 2003; 6 ANTONELLO; GODOY, 2009), foram utilizados os seguintes critérios específicos de análise do conteúdo em Economia da Saúde: tema principal, base teórica, tipo de pesquisa (ensaio, revisão, empírico), metodologia de coleta e análise de dados (qualitativa, quantitativa, qualiquanti), variáveis analisadas, recorte temporal e agenda de pesquisa. Cumpre salientar que a análise crítica realizada nas publicações revisadas no presente estudo teve como fundamentação teórica principal: (i) o estudo de Araújo (1975) – no que se refere às melhorias necessárias às pesquisas desenvolvidas no campo da Economia da Saúde; (ii) as proposições de Gadelha (2003) sobre a importância da discussão da lógica capitalista (competitividade) e da lógica sanitarista (assistencial) para desenvolvimento do setor saúde; (iii) as classificações propostas por Andrade et al. (2007) (cf. Figura 1); e (iv) o modelo de Tsang (1997) sobre cumulatividade teórica. Dissertando especificamente sobre os estudos da área de aprendizagem em organizações, Tsang (1997) aborda a dicotomia entre descrição e prescrição adotadas nos estudos da área. Essa dicotomia é determinante, segundo o autor, para a cumulatividade teórica na área, além de indicar se os estudos realizados são complementares ou não. Partindo-se de uma etapa inicial (1) descritiva, busca-se compreender o fenômeno em questão. É, de fato, uma etapa inicial para clarificação do que se observa (TSANG, 1997). Por essa razão, a repetição de estudos descritivos, em um primeiro estágio de desenvolvimento de uma área acadêmica, se faz necessária para complementar e validar os resultados apresentados (REICHERS; SCHNEIDER, 1990). Nessa etapa, portanto, apresenta-se a introdução e a elaboração do entendimento do fenômeno. Na segunda etapa, tem-se a normatização e a regulação do que é possível ocorrer dada a identificação de determinado fenômeno. Parte-se, assim, para a definição de regras gerais que determinam consequências, impactos e/ou influências do que se observa (TSANG, 1997). Tem-se, portanto, a evolução da argumentação quanto ao que de fato representa tal fenômeno para a realidade em que é observado (REICHERS; SCHNEIDER, 1990). A consolidação e a acomodação do conhecimento podem ser obtidas na terceira etapa, quando a prescrição é testada e descrita em estudos desenvolvidos por meio da aplicação de regras em casos práticos (i.e., não teóricos). Busca-se principalmente a validação do que havia sido prescrito e a descrição dos testes realizados para análise do fenômeno. Entretanto, as normas e regras gerais prescritas podem não ser coerentes e/ou suficientes para explicar e entender determinado fenômeno. Por essa razão, Tsang (1997) propõe a revisão dos estudos prescritivos, na busca por outras regras e normas que sejam coerentes e/ou suficientes para generalização dos resultados prescritos. Outra proposta, como contribuição ao modelo descrito acima, seria uma revisão dos estudos descritivos iniciais, caso sejam observados possíveis variáveis intervenientes e que, inicialmente, não foram consideradas. Em resumo, o modelo sugere a necessidade de se desenvolver tanto estudos descritivos quanto prescritivos para cumulatividade teórica de uma área do conhecimento. Utilizando, de forma análoga, este modelo da área de aprendizagem em organizações na área de Economia da Saúde, espera-se observar o grau de cumulatividade teórica das publicações nacionais sobre o tema em foco no presente estudo. Em outras palavras, espera-se definir em qual etapa proposta por Tsang (1997) encontram-se, de forma geral, os estudos publicados na literatura científica nacional sobre Economia da Saúde. O modelo de análise descrição-prescrição-descrição pode contribuir para o entendimento dos conteúdos publicados sobre fenômeno saúde em seus aspectos econômico-financeiros. 4. 4.1 RESULTADOS E DISCUSSÕES Características gerais Nos períodos cobertos pela revisão, as publicações, exceto Araújo (1975), dividem-se entre dois períodos: 12 publicações 2001-2006 e 15 publicações 2007-2011. Em 2007, ano 7 mais produtivo da série analisada, foram publicados cinco artigos, enquanto que em 2004 não houve publicações em Economia da Saúde nos periódicos analisados. De forma geral, observam-se poucos artigos publicados sobre o tema, ressaltando-se a especificidade do critério de busca adotado (referência explícita ao termo ‘economia da saúde’). Cadernos de Saúde Pública, com seis artigos, e a Ciência & Saúde Coletiva, com quatro, foram os periódicos que mais veicularam artigos dentre aqueles analisados. Conforme demonstrado na Tabela 1 (cf. seção 3), os principais periódicos da área de administração não veicularam quaisquer publicações na área da Economia da Saúde. Outro destaque é para a publicação de apenas um artigo na Revista de Administração Pública para todo o período analisado, ressaltando-se novamente a especificidade do critério de busca adotado. No que se refere à autoria, os acadêmicos e/ou profissionais com mais de uma publicação (como autor ou co-autor) são: Marcos Bosi Ferraz/CPES (Centro Paulista de Economia da Saúde) – cinco autorias; Francisco de Assis Acúrcio/UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) com quatro coautorias; Carlos Augusto Grabois Gadelha/FIOCRUZ (Fundação Oswaldo Cruz) com três autorias; Augusto Afonso Guerra Junior/CUNP (Centro Universitário Newton Paiva), Mariângela Leal Cherchiglia/UFMG e Eli Iola Gurgel Andrade/UFMG com três publicações cada (dentre autoria e coautoria); Alessandro Gonçalves Campolina/UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), Maria de Fátima Siliansky de Andreazzi/UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e Samuel Kilsztajn/PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) com duas autorias cada; Eliana Bittar/IDPC (Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia ) com duas publicações (autoria e coautoria); Maria de Fátima Siliansky de Andreazzi/IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Adriana Bruscato Bortoluzzo/Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), Marcelo Bozzini da Câmara/CLND (Currículo Lattes não disponível), e Rozana Mesquita Ciconelli/UNIFESP com duas coautorias cada. Desses autores, destacam-se aqueles em que se observa uma recorrência do tema entre as publicações. De todos os artigos analisados, foi possível classificar os temas estudados em 19 categorias (cf. Tabela 2). Os autores e/ou co-autores Francisco de Assis Acúrcio/UFMG, Augusto Afonso Guerra Junior/CUNP, Mariângela Leal Cherchiglia/UFMG e Eli Iola Gurgel Andrade/UFMG apresentaram em 2010 os dois trabalhos classificados no tema comparação de gastos de procedimentos médicos. Samuel Kilsztajn/PUC-SP (autor) e Marcelo Bozzini da Câmara/CLND (co-autor) respondem por duas publicações (2001 e 2002), do total de três, classificadas no tema composição dos gastos privados com saúde. Eliana Bittar/IDPC como autora (2003) e co-autora (2007) apresentou recorrência em custo de procedimento. De forma semelhante, Carlos Augusto Grabois Gadelha/FIOCRUZ foi o único autor a dissertar sobre economia da indústria da saúde (em 2003 e 2006). Por fim, e na ordem que se segue de autoria e co-autoria, Alessandro Gonçalves Campolina/UNIFESP, Adriana Bruscato Bortoluzzo/Insper, Marcos Bosi Ferraz/CPES e Rozana Mesquita Ciconelli/UNIFESP foram os únicos a discorrerem sobre o questionário genérico de qualidade de vida (SF-6D), em publicações datadas de 2010 e 2011. Dentre as instituições com mais de uma publicação, tem-se: CPES e Universidade de São Paulo (USP) com cinco cada; UFMG com quatro; CUNP e FIOCRUZ com três cada; IBGE, IDPC, Insper, PUC-SP, Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo (SESSP), UNIFESP, UFRJ e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) com duas cada. 4.2 Características específicas As Tabelas 2 a 4 mostram o quantitativo e o percentual de artigos analisados em função dos critérios específicos utilizados na revisão. É preciso deixar claro que, inicialmente, os estudos foram classificados de acordo com o tema principal identificado a partir das categorias de temas definidas, e não necessariamente de acordo com aquele apontado pelo(s) 8 autor(es). Isso porque algumas publicações abordavam temas denominados de diferentes formas, buscando-se, portanto, uma adequação às categorias pré-estabelecidas a partir do referencial teórico. As publicações classificadas (considerando tema principal abordado pelos autores) em composição dos gastos privados com saúde somam três ocorrências (11% cada), quais sejam: Kilsztajn et al. (2001), Kilsztajn et al. (2002) e Lima et al. (2007). Igualmente, foram identificados outros três artigos classificados em custo de procedimento, que são: Bittar e Castilho (2003), Araújo et al. (2005) e Haddad et al. (2007). Para os temas comparação de gastos de procedimentos médicos, demanda-oferta na saúde, economia da indústria da saúde, impacto econômico dos gastos com doença e questionário genérico de qualidade de vida há duas ocorrências para cada. Para os 12 outros temas definidos dentre os critérios de análise, observam-se apenas uma publicação para cada. Apesar da baixa recorrência de temas dentre as publicações analisadas, é possível observar para aqueles sete de maior volume de publicação (cf. Tabela 2), a predominância dos temas relacionados a aspectos econômicofinanceiros da saúde (e.g., gastos, custo, demanda-oferta, impacto econômico). Tabela 2: Resumo dos resultados de Tema Principal Critério de análise Tema principal Classificação Composição dos gastos privados com saúde Custo de procedimento Comparação de gastos de procedimentos médicos Demanda-oferta na saúde Economia da indústria da saúde Impacto econômico dos gastos com doença Questionário genérico de qualidade de vida (SF-6D) Determinantes socioeconômicos de doença Eficiência de procedimentos médico Equidade na alocação de recursos Falhas-desvios na implementação do SUS Finanças públicas na saúde Financiamento do SUS Gasto público estadual com saúde Inovação da indústria de saúde Pesquisas em avaliação de tecnologia em saúde Revisão bibliográfica de economia da saúde Revisão da bibliografia médica sobre economia relacionada à saúde SI e gestão de custos na saúde Nº de artigos 3 3 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (%) 11 11 7 7 7 7 7 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 Fonte: elaborado pelos autores. Quanto à base teórica utilizada (cf. Tabela 3), destaca-se primeiramente o fato de apenas sete artigos apresentarem uma seção específica de referencial teórico que auxiliasse na fundamentação do tema abordado. Dentre os conteúdos referenciados, tem-se: avaliação de tecnologia em saúde; complexo industrial da saúde; determinantes da doença; economia da saúde; eficiência, eficácia e efetividade; impacto econômica da doença; e paradigmas econômicos. Conforme se observa, em apenas um trabalho, qual seja, Moraes et al. (2006), há uma seção teórica específica sobre economia da saúde. Esse fato é coerente com o baixo volume de publicações sobre o tema em questão, considerando-se, de forma geral, três possíveis razões para o fato de os autores não fazerem referência a área da Economia da Saúde: (i) os resultados sugerem pouco conhecimento sobre este recente campo de pesquisa; (ii) tal como mencionado, poucos autores apresentam uma seção específica de referencial teórico, talvez por uma não exigência do periódico ao qual se vincula; e (iii) os resultados 9 também podem sugerir que as publicações de tal campo possam pouco contribuir para a fundamentação teórica da pesquisa. Tabela 3: Resumo dos resultados de Base Teórica Critério de análise Base teórica Classificação Avaliação econômica em saúde Alocação de recursos Avaliação de tecnologia em saúde* Comércio exterior Complexidade dos custos na saúde Complexo industrial da saúde* Desafios da gestão do SUS Determinantes da doença* Economia da saúde* Economia industrial Eficiência, eficácia e efetividade* Envelhecimento populacional e tratamento médico Execução orçamentária Financiamento público para saúde Gasto privado na saúde Gasto público na saúde Gestão de custos em empresas de saúde (laboratórios) Impacto econômico da doença* Influência de organismos internacionais na política de saúde Inovação Literatura médica sobre saúde e desenvolvimento econômico Paradigmas econômicos* Teoria econômica de oferta e demanda Nº de artigos 4 1 1 2 2 2 1 1 1 2 1 1 1 2 1 4 1 1 1 2 1 2 1 (%) - Nota: (*) O artigo apresenta uma seção específica de referencial teórico sobre o tema. Fonte: elaborado pelos autores. Quanto ao tipo de pesquisa (cf. Tabela 4), 64% dos artigos revisados são caracterizados como estudos empíricos, sendo, desses, 90% quantitativos. O restante dos artigos revisados, 10%, são ensaios teóricos (8%) e revisões da literatura referentes ao tema (2%). Entende-se que estudos empíricos, de forma geral, contribuem para a construção do conhecimento no sentido de apresentar evidências a respeito de questões apontadas na literatura e/ou replicação e confirmação dos resultados até então descritos. Além disso, como a área da Economia da Saúde ainda é um campo teórico em desenvolvimento (FOLLAND et al., 2008), percebem-se poucas publicações com revisões bibliográficas críticas sobre o tema. Dentre os artigos analisados, apenas duas publicações referem-se ao tipo de pesquisa revisão, quais sejam: Araújo (1975) e Andrade et al. (2007). Por outro lado, esperava-se um maior volume de publicações do tipo ensaio teórico, sendo apenas oito ocorrências dentre os artigos analisados: Kilsztajn et al. (2001), Castro (2002), Gadelha (2003), Gadelha et al. (2003), Gadelha (2006), Moraes et al. (2006), Andreazzi et al. (2006) e Nita et al. (2009). Sobre aos recortes temporais utilizados nas publicações empíricas, a maioria dessas (78%) realizou estudos transversais. Por sua vez, os estudos empíricos longitudinais representaram apenas 22% (i.e., quatro publicações) quais sejam: Dain (2007), Carvalho et al. (2008), Soares (2009) e Cherchiglia et al. (2010). Esse fato parece apontar para a dificuldade de se realizar uma análise econômico-financeira da saúde, fenômeno este que, de forma geral, pode ser de fato ‘capturado’ ao longo dos anos. Além disso, os recortes transversais apontam para superficialidade da análise realizada pelos autores dos trabalhos revisados; isto porque, apresentar a descrição de um ‘fenômeno da saúde’ por meio de um recorte transversal parece 10 inadequado, dado sua complexidade e abrangência. Conforme ressaltado por Folland et al. (2008), pesquisas em saúde demandam dados contínuos e que possam compreender longo período de tempo, uma vez que os impactos gerados por ações em saúde são identificados, em geral, a partir do médio e longo prazos. Como exemplo, os autores destacam os investimentos realizados em educação sanitária, cujos resultados poderão ser identificados em décadas após sua execução. Outro fator a ser considerado é a dificuldade em ter acesso aos dados necessários para realização de estudos, tais como: custos de procedimentos em diferentes organizações de saúde, gastos vinculados a atividades específicas do setor saúde, gastos municipais, estaduais e federais no setor etc. Tabela 4: Resumo dos resultados das demais características específicas analisadas Critérios de análise Classificação Empírica Ensaio teórico Revisão Qualitativa Quantitativa Metodologia Quali-quanti Não se aplica Transversal Recorte temporal Longitudinal Não se aplica Equilíbrio entre as formulações teóricas e os estudos empíricos** Melhor mapeamento de sua magnitude e extensão do problema** Realização de análises econômicas completas, subsidiando a formulação Agenda de pesquisa de políticas públicas no Brasil** Ruptura cognitiva e política com as visões antagônicas que, de um lado, as necessidades da saúde e, de outro, da indústria** Não se aplica Descritivo Tipo de estudo Prescritivo Tipo de pesquisa Nº de artigos 18 8 2 3 20 1 4 16 8 4 2 1 (%) 64 29 7 11 71 4 14 57 29 14 7 4 2 7 1 4 22 28 0 79 100 0 Nota: (**) Indicações indiretas de tema para pesquisas futuras. Fonte: elaborado pelos autores. No que se refere à indicação de pesquisas futuras a respeito do tema, dos 28 artigos revisados, nenhum apresenta nominalmente agenda de pesquisa, ou seja, não indicam explicitamente pontos a serem abordados em pesquisas futuras. Entretanto, foi possível identificar, por meio das conclusões (ou considerações finais apresentadas) dos artigos revisados, algumas indicações indiretas a serem abordados em pesquisas futuras de possíveis temas ou aspectos do ‘fenômeno saúde’ em seus aspectos econômico-financeiros. Dentre essas, destaca-se o apontamento da necessidade de análises mais completas da saúde que possam subsidiar a formulação de políticas públicas no Brasil. Outra indicação refere-se ao mapeamento dos problemas identificados, seja por sua magnitude ou extensão no território brasileiro. Por fim, ressalta-se o apontamento da necessidade de maior equilíbrio entre as formulações teóricas e os estudos empíricos. Conforme mencionado, apenas sete trabalhos, dentre aqueles revisados, apresentam uma seção específica de referencial teórico. Considerando-se os resultados até então relatados, e o fato de que 100% dos artigos analisados referirem-se (i) a estudos descritivos, mas indiretamente (ii) fazerem apontamentos (considerações finais) prescritivos para a prática e para futuras investigações científicas na área saúde (e.g., procedimento a ser utilizado, modelo de questionário de pesquisa validado), observa-se que, a partir de uma análise utilizando o modelo proposto por Tsang (1997), a área da Economia da Saúde encontra-se em estágios iniciais de desenvolvimento. Fato já 11 ressaltado na literatura, este campo do conhecimento está se consolidando e ainda precisa de melhor delimitação teórica, bem como de seu objeto de estudo. Nos trabalhos revisados, esperava-se que os estudos seminais da área (e.g., Arrow (1963) e Araújo (1975), ou de áreas afins (e.g., Economia e Sociologia), e que estudos semelhantes já desenvolvidos fossem citados no referencial teórico ou na fundamentação da pesquisa. Entretanto, conforme mencionado, apenas sete trabalhos, dentre aqueles revisados, apresentam uma seção específica de referencial teórico. Além disso, apenas três publicações – a saber: Gadelha (2003 e 2006) e Gadelha et al. (2003) – fundamentaram-se em teorias econômicas para realização dos estudos. Ressalta-se novamente que, este fato pode demonstrar pouca preocupação, ou desconhecimento da importância, por parte dos autores, em fundamentarem-se nas teorias econômicas, por exemplo, ou nos demais trabalhos já publicados na área (ou em áreas afins). 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Embora necessária, a relação entre a economia e a saúde é difícil e não desprovida de tensões. Segundo Mendes e Marques (2004), o principal motivo para tal dificuldade deve-se à perspectiva que cada uma dessas áreas do conhecimento tem sobre o campo da saúde. Para os profissionais da área, ‘a saúde não tem preço’, o que justifica o esforço para conseguir auxiliar indivíduos em enfermidade, “sendo impossível traduzir tal esforço em números”. Para a economia, o conceito de custo-benefício é central, isto é, que seja perseguido o menor esforço (custo) para o melhor resultado possível obtido. Essas diferenças de perspectiva e finalidade expressam, no limite, interesses de grupos diversos (MENDES; MARQUES, 2004). De forma semelhante, para Piola e Reis (2001), os economistas da saúde crêem demasiadamente no papel das políticas de atenção à saúde para a construção de uma sociedade saudável e economicamente desenvolvida. Desse modo, por um lado, esses economistas acabariam dando pouca atenção a um conjunto de determinantes sociais e ambientais que impactam sobre a saúde. E, por outro, não estariam avaliando adequadamente as implicações de determinadas políticas sobre a eficiência e a eqüidade dos sistemas, o que poderia prejudicar a perspectiva de reduzir as iniqüidades. Há de se considerar ainda a perspectiva de Gadelha et al. (2003) sobre o campo da Economia da Saúde, que afirmam haver uma tensão entre (i) o dinamismo empresarial na geração de inovações e de melhorias na prestação dos serviços e (ii) a necessidade de assegurar um acesso eqüitativo aos bens e serviços de saúde, de controle de qualidade e de atenuação dos problemas de informação, a fim de que a lógica econômica da produção desses produtos/serviços não se sobreponha às necessidades sociais. Pela sequência de estudos realizados, os referidos autores demonstraram que a desarticulação entre os sistemas de saúde e de inovação (desenvolvimento de novos produtos e serviços) no Brasil aparece de diversas formas: (1) inexistência de relações integrativas entre a rede de prestação de serviços de saúde e as indústrias; (2) foco da política de saúde apenas na demanda dos serviços, sem maiores considerações sobre a capacidade de inovação do setor e, portanto, sobre o uso do alto poder de compra do Estado para uma política de desenvolvimento da saúde; (3) foco da política de ciência e tecnologia no sistema científico, deixando-se de lado a articulação tanto com uma política industrial de inovação quanto com as necessidades do sistema de saúde; (4) inexistência de políticas regulatórias convergentes no campo da propriedade intelectual e da vigilância sanitária que possibilitem administrar a tensa e difícil relação entre a capacidade de inovação e a garantia de consumo de produtos em saúde pela população. Com base nessa análise, Gadelha et al. (2003) defendem a ideia de que as políticas de saúde, além de sua dimensão social, também constituem mecanismos estratégicos para a consolidação de um 12 sistema de inovação dinâmico, com efeitos diretos no desenvolvimento econômico-financeiro nacional. Em resumo, o campo da Economia da Saúde tem o desafio de subsidiar a discussão sobre a lógica capitalista (competitividade) e a lógica sanitarista (assistencial) para desenvolvimento do setor saúde. Para Gadelha (2003), “o enfoque neoclássico tradicional de economia, largamente predominante na análise econômica atual, inclusive no campo da saúde [...] se mostra inadequado ao se concentrar na alocação de recursos escassos – que, segundo essa corrente, define o próprio objeto da ciência econômica –, focalizando situações estáticas ou de crescimento em condições de equilíbrio” (p. 11). Considerando este contexto, o presente estudo objetivou realizar uma análise das publicações nacionais que dissertassem sobre Economia da Saúde, buscando-se, especificamente, identificar o estágio de desenvolvimento do conhecimento em relação ao tema no Brasil. No processo de busca pelas publicações nacionais, considerou-se apenas o termo ‘economia da saúde’, entre aspas. Isso porque, conforme ressaltado (cf. subseção 2), a Economia da Saúde é ainda um campo formalizado recentemente, se comparado às demais áreas de pesquisa em administração (e.g., pública e finanças). Por meio deste critério de pesquisa, buscou-se identificar os autores que nominalmente se posicionam neste campo de pesquisa (i.e., aquelas publicações em que nominalmente mencionavam o termo ‘economia da saúde’). Como resultado, 28 (vinte e oito) artigos foram selecionados e constituíram o universo de análise. A princípio, sistematizou-se esse conjunto de publicações de acordo com as características gerais (cf. subseção 4.1), possibilitando identificar aqueles períodos que concentram as publicações e os autores e instituições que mais se destacaram. Em seguida, com base em revisões anteriores referentes ao tema (ARAÚJO, 1975; SAES, 2000; ANDRADE et al., 2007) e demais áreas de conhecimento (LOIOLA; BASTOS, 2003; ANTONELLO; GODOY, 2009), foram utilizados os seguintes critérios específicos de análise do conteúdo em Economia da Saúde: tema principal, base teórica, tipo de pesquisa (ensaio, revisão, empírico), metodologia de coleta e análise de dados (qualitativa, quantitativa, qualiquanti), variáveis analisadas, recorte temporal e agenda de pesquisa. Tal qual mencionado, a análise crítica realizada nas publicações revisadas no presente estudo teve como fundamentação teórica principal: (i) o estudo de Araújo (1975) – no que se refere às melhorias necessárias às pesquisas desenvolvidas no campo da Economia da Saúde; (ii) as proposições de Gadelha (2003) sobre a importância da discussão sobre a lógica capitalista (competitividade) e a lógica sanitarista (assistencial) para desenvolvimento do setor saúde; (iii) as classificações propostas por Andrade et al. (2007) (cf. Figura 1); e (iv) o modelo de Tsang (1997) sobre cumulatividade teórica. Como principal resultado, além da observação do baixo volume de publicações, temse ainda uma superficial (ou inexistente) fundamentação teórica dos trabalhos analisados. Dentre aqueles revisados, apenas sete apresentam uma seção específica de referencial teórico. Quanto à base teórica utilizada, dentre os conteúdos referenciados, tem-se: avaliação de tecnologia em saúde; determinantes da doença; economia da saúde; eficiência, eficácia e efetividade; impacto econômico da doença; e paradigmas econômicos. Conforme observado, em apenas um trabalho, qual seja, Moraes et al. (2006), há uma seção teórica específica sobre economia da saúde. Esse fato é coerente com o baixo volume de publicações sobre o tema em questão, considerando-se, de forma geral, três possíveis razões para o fato de os autores não fazerem referência a área da Economia da Saúde: (i) desconhecer este campo de pesquisa, (ii) conforme observado, poucos autores apresentam uma seção específica de referencial teórico, talvez por uma não exigência do periódico ao qual se vincula, e (iii) pelo possibilidade de que as publicações de tal campo possam pouco contribuir para a fundamentação teórica da pesquisa. 13 No que se refere à agenda de pesquisa, dos 28 artigos revisados, todos indicam apenas indiretamente pontos a serem abordados em pesquisas futuras (i.e., não propõem diretamente uma agenda de pesquisa). Apesar disso, foi possível identificar, por meio das conclusões (ou considerações finais apresentadas) dos artigos revisados, algumas indicações indiretas de possíveis temas ou aspectos do ‘fenômeno da Economia da Saúde’ a serem abordados em pesquisas futuras. Dentre essas, destaca-se o apontamento da necessidade (i) de análises mais completas da saúde que possam subsidiar a formulação de políticas públicas no Brasil, (ii) do mapeamento dos problemas identificados, seja por sua magnitude ou extensão no território brasileiro e (iii) de maior equilíbrio entre as formulações teóricas e os estudos empíricos. Considerando-se os resultados relatados, e o fato de 100% dos artigos analisados referirem-se (i) a estudos descritivos, mas indiretamente (ii) fazerem apontamentos (considerações finais) prescritivos para a prática e para futuras investigações científicas na área da saúde, observa-se que, a partir da proposta de análise de Tsang (1997), a área da Economia da Saúde encontra-se em estágios iniciais de desenvolvimento. Fato já ressaltado na literatura, este campo do conhecimento está se consolidando e ainda precisa de melhor delimitação teórica, bem como de seu objeto de estudo. Assim, a partir dos resultados encontrados, sugere-se que pesquisas futuras devem primeiramente se concentrar no desenvolvimento dos grandes temas da área da Economia da Saúde, buscando, principalmente, maior fundamentação teórica em áreas afins e principalmente em teorias econômicas e sociais para formulação das pesquisas. Há necessidade ainda de profunda discussão de quais são os principais pontos para consolidação da Economia da Saúde como um campo de conhecimento, bem como de quais disciplinas (e.g., Medicina, Economia, Administração) oferecem sustentação teórica para as discussões propostas. Também para o desenvolvimento da área, sugerem-se o enfoque em algumas questões-problema, especificamente relacionadas à investigação de aspectos econômicofinanceiros no setor saúde: quais as características do mercado de serviços de saúde?; por que e como o Estado intervém na Saúde?; quanto e como se gasta em saúde?; existe um nível "adequado" de gasto público em saúde?; como são financiados os serviços de saúde públicos e privados?; qual a relação entre alocação, eficiência e custo?; o que determina o valor de um serviço? Espera-se, assim, fomentar a discussão e desenvolver o campo da Economia da Saúde. REFERÊNCIAS ANDRADE, E. L. G.; ACÚRCIO, F. A.; CHERCHIGLIA, M. L.; BELISÁRIO, S. A.; GUERRA Jr., A. 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