iaio iaio 0llll III 1,IL q .1 1 1 I! tI, d L PALMAR É um cigarro com o gosto vigoroso do tabaco puro, dourado e pleno de aroma. Tabaco cheio de sol e de vida. Genuíno <broadleaf para sua satisfação total Ir~R NOTA DA REDACÇAO No número que lhe apresentamos hoje, amigo Leitor, um aspecto importa desde já salientar: a quantidade e a variedade de assuntos de Reportagem. Consoante as suas tendências ou a sua disposição poderá (depois, é claro, de folhear a sua secção preferida) escolher entre. a entrevista que Teresa Sá Nogueira (a partir de agora, e a prop6sito. a nossa correspondente no Brasil) ,arrancou» do escritor Ferreira de Castro - o termo é mesmo crnancar, já que o consagrado autor de Selva» não tem sido muito generoso em entrevistas... - e a estranha história do rapto do comerciante indiano de Lourenço Marques (1500 con-tos pedidos de resgate). Entre a reportagem que volta -porque a questão merece - a abordar o assunto do leite e a mesa-redonda com estudantes universitários de Moçambique sobre a Associação Académica e os seus objectivos. Se é um dos 14 000 sócios da Cooperativa das Casas, contente ou descontente, amigo Leitor, recomendamos-lhe a Reportagem que começa na página 14. Mas pode preferir ainda conhecer os melhores filmes de 1970 exibidos em Lourenço Marques segundo a eleição em que provàvelmente-também participou, porque foi uma eleição dos nossos leitores. Muitos, a provar o interesse que envolveu mais esta iniciativa de «Tempo». Tal como lhe dizíamos no inicio desta breve nota, a nossa edição desta semanaem mais de 50 por cento do seu espaço - é principalmente dedicada à Reportagem, que, além de ser, por exceléncia, o género literário do nosso tempo, é também a forma mais apropriada para activamente poder participar dos acontecimentos que o rodeiam. E até para a semana, amigo Leitor. Com novas surpresas A popular actriz Judy Greeson e Rod Steiger, numa cena do filme eA Rapariga do Auto-Stop» há dias exibido na capital pelo Teatro Scala. Arq,Hist. de Moç. Cota Sumário rDirector: Eng.u Rogério F. de Moura. Dir.ctor-AdIu.sto: Rui Cartaxana. Chefe de Redacçio: Mot Lopes. Redacção: Aerosa Pena, Ribeiro Pacheco. Miguéis Lopes Jr.. Manuel Salvado, Augusto Carvalho (Lisboa), Fernanda Gomes e Santos Ribeiro (Porto), Teresa Sé Noqueira (Brasil); Economia - ParcIdio Costa; Automobilismo - Carios Caiano. Fotografia: Ricardo Rangei (chefe); Kok Nem e Armindo Afonso. Maquetizaç&o: Lourenço de Carvalho. Expanso: Elvino Pereira. Oficinas: A. Gonçalves (chefe-geral). Composição - Carlos Manual, Em4dio Campos, Henrique Pais, José Gonçalves e C. Anane Impressão - José Arede e Alexandre Fernendes; Offset - Jaime Duarte, A. Simões, J. Rosário. Vítor Manuel, Nelson Amarali Nicolau Dias. Propriedade: Tempográfica, S. A. R. L. Redacção. Administraçio * Oficinas: Avenida Afonso de Albuquerque, n.n. 1078 A e 5 (Prédio Invicta) Telefs: 26191, 26192 e 26193. C. P. 2917. Lourenço Marques ESCANDALO NA COOP MIL E QUINHENTOS CONTOS DE RESGATE? PEDREIRA DE CASTRO PALA A «TEMP» LEITE: DE MAL A PIOR A A8SO~AÇAO ACADRMICA EM MESA-DONDA O MAIS IDOSO FUNCIONARIO DO MUNDO LIBERDADE RELIGIOSA A NOITE MAIS LONGA DO ANO os MLoRE FnMS E Os NOSSOS LEITORES Secçõ.s: A REDACÇÃO * A SEMANA (Noticiério Nacional) * INTERNACIONAL * FOTOS E FACTOS * TEMPO DA MULHER * GUIA DO ESPECTADOR * PASSATEMPO* OPIlIAO, DE RUI CARTAXANA ASSINATURAS VIA AÉREA (Moçambique) -Número avulso, 7$50; trimestral (13 números), 0$00: semestral (26 números), 180$00; anual (52 números). 3500. VIA SUPERFÍCIE (Outros territórios portuguesas) - Número avulso, 10$00; semestral (26 números), 220$00; anual <52 números), 4~000. Africa do Sul, Suazillndia. Rodésia e Maléw- Número avulso, 10$00; semestral (26 números), 220$00; anual (52 números), 400$00. Outros países- Número avulso, 12$50; semestral (26 números), 320$00; anual t52 números), 600$00. O envio por Via Aérea implica um acréscimo, por cada exemplar, da respectiva sobretaxa: Metrópole e ilhas, 18$50; Angola, 9$50; Africa do Sul, Rodésia, Suazilãndia e Malasi, 5$00 VISADO PELA COMISSÃO DE CENSURA 1.° 17 - 10 de Jm ro de 1971 - 7»0 Biblioteca do" C3 1 UMA SUGESTAO 9x.~ Senhores: Sou leitor da Revista uTempo» desde o primeiro número. Acho a revista perfeita sob todos os aspectos e todas as reportagens se lêem com interesse. Moçambique tem agora uma revista com muito nível. Como sou jovem e gosto de ler tudo o que diga respeito a música, aprecio imenso ler a Secção CIPopU. A IMIHOR FOTO DOS NOSSOS LEITORES L Assinada por um leitor.'que quer manter o anonimato e que pede -para ser apenas designado por V. R. A MENINJ E A BONECA é a fotografia esta semana seleccionada entre todas as que foram recebidas para esta popular secçã( semanal da nossa revista. Obtida em Lourenço Marques, a sua publicação dá direito a uma assinatura de três meses do TEMPO com início neste número. Toda a correspondência para esta secção deve ser endereçada a TEMPO, Caixa Posta 2917, Lourenço Marques. «PÁGINA 4 i. Tenho uma ideia a sugerir a lembrei -me de escrever-lhos sobre ela. Várias revistas portugusas mnt secções de pedidos de correspondência nomeadamente a «Plateia-. -Notíciade Angola, etc. No meu ver aclava que um pequeno PÁGINA Â espaço «roubado. todas as semanas na Secção uPopn, por ser a mais lida por jovens, viria satisfazer o desejo de muitos jovens, ainda que para tal fosse necessário um pequeno pagamento. Gos. taria imenso de ver o meu nome e anderuço publicados, pois desejava corresponder-me com jovens garotas entre os 15 e os 20 anos. E entretanto eis a minha ideia. Se porventura já alguém antes de mim falou neste caso a por qualquer motivo não vos foi possível atender o pedido, então gostaria Imenso que me informassem, por carta ou na Secção do ,Correio». Era do meu agrado ver uma excepção aberta para o meu pedido, no caso de não ser posível iniciar mais esta secção. No caso de ser atendido envio o meu endereço bem como o que gostaria que fosse escrito. «Troca de Correspondéncia» - Com leitoras de ,Tempo. dos 15 aos 20 anos pera fins de amizade. Diniz O. Marques. Rua de Setúbal, 13.2.0 Flat 6 - Lourenço Marques. Sem mais, depois de apresentar a minha sugestão e o meu pedido, suba. crevo-me com muita estima e consideração, DINIS DE OLIVEIRA MARQUES uNA RESERVA DE CAÇA DO MAPUTO» x.~« Senhoras: No n.° 15 de «Tempo., inseriram os ornalistas deste periódico, are. Mota Lopas e Ricardo Rangol um documenária, subordinado ao titulo acima epirafado, no qual se põe em realce uma laterminada área que, na circunscrição Jo Maputo, muito justamente foi reser. rada pelo Estado para a protecção de latureza. É Indubitável que, ao chamarem a htenção do público de Moçambique para im dos mais belos santuários naturais la Africa Meridional -snão do ponto Ia vista faunistico, pelo menos do aspecto estritamente ecológico -, tais jornalistas prestaram um bom serviço à Província: ao enaltecerem as maravilhas de referida Reserva e ao alertarem as entidades responsáveis por certos dosmandos que ali sê praticam, em matéria de caça furtiva. Entendo, todavia, que sendo ou constituindo a verdadeira missão do jornalista informar», só a verdade deve ser dita, evitando-se inculcar em erro o leitor, naturalmente propenso a aceitar como genuínas as informações que lhe são dadas. Tal, infelizmente, não aconteceu no documentário em apreço, facto que atribuo ,nicamente, está bem de ver, a deficiência de observação dos respec. tivos autores. Com efeito, começam eles por afirmarque ao gigantesco rinoceronte branco estendeu o focinho para os ramos mais baixos e tenros da acácia e mordeu-os. Ora, sem me querer deter perante o facto de não se ter comentado a razão por que se dá o nome (ou se mantém o erro de designar como tal) de «rinoceronte branco. a uma espécie na qual a côr branca não existe, não posso deixar de precisar que nos «territóriosou «areais. percorridos por tais paqudermos, na Reserva do Maputo, as acá. cias são extremamente raras ou de todo não existem, e que, por outro lado, a referida espécie apenas pasta ervas (trata-s daquilo qug se designa habitualmente por «grazer-) e não folhagens de arbustos (como acontece com o também erradamente cognominado -rinoce. ronte preto., que, sob o ponto de vista alimentar, é classificado como um ,browsw). Mais adiante, dizem, por outro lado os mencionados documentaristas: «E isto para não referir a oxcsploJo~ espectácuro constituído por uma imensa planície pejada de Impala que acompanhavam o nosso jipe saltando a grande velocidade, casais de cudes camuflados com pequenos bosques protectores, uma Imensa variedade de pássro. cruzando o céu imaculadamente azul.. Também aqui as informaçõe prestadas são destituídas de veracidade, por. que não existem impalas nem cedos na Reserva do Maputo. A confusão das impalas com os changos deduz-se com faclidade, faca a uma das figuras com que os srs. Mota Lopes e Ricardo Rangel documentam o seu artigo, no qual se vêem, cinco destes animais (dois machos e três fêmeas). Estou em crer que os animais que foram tomados por cudos nada mais eram que inhalás, dada a grande similitude morfológica das referidas espécios, particularmente se de fêmeas se tratar. Não obstante os deslises apontados, que não poderia deixar passar em branco, reafirmo o bom serviço que os jornalistas mencionados prestaram a Moçambique, focando o valor inestimável da Reserva do Maputo, que é preciso defender, custe o que custar, das cobiças alheias e das depredações efectuadas por uns tantos, cuja residência ali vai sendo complacentemente consentida - o que é um mal a que importa dar-se uma solução breve, drástica que seja mesmo eia, DR. TRAVASSOS DIAS N. da R. - Embora considerando discutíveis as afirmações deste nosso muito atento leitor a propósito da raridade das acácias na Reserva do Maputo (existem algumas dezenas de árvores e arbustos que correctamente podem ser designados como acácias) não podemos no entanto deixar de agradecer as informações que presta sobre changos, inhalas e respectivos sexos na carta acima reproduzida na íntegra. Lamentamos porém muito sinceramente que, a par do amor e interesse que demonstra sobre a riqueza faunística da referida reserva, esse nosso leitor advogue «uma solução breve, drástica que seja mesmo ela. para o problema constituído pelas dezenas de famílias que no presente - tal como no passado -ao longo de várias gerações e muito antes da existência da reserva do Maputoresidem no local. Incomparàvelmente mais importante porque envolve direitos de homens que não podem ser minimizados' ou pura e simplesmente ultrapassados sem qualquer outra consideração, esse problema tem sem dúvida de ser resolvido - mas nunca, custe a quem custar, drásticamente... Como aliás se afirmava já na referida reportagem. Os jornais diários vão aumentar de preço -0 <cNoticias» aumenta tambem, os seus preços de publicidade Um importante jornal diário de Moçambique teria solicitado ao Governo autorização para aumentar o seu preço de venda ao público, segundo fomos informados com base no aumento dos seus custos e da matéria-prima principal, o papel, medida que, segundo o jornal interessado, seria seguida pelos outros diários que se publicam na Província. O pedido, ao que nos informaram, carece de fundamento legal, pois não só não existe em toda a legislação portuguesa sobre a Imprensa qualquer disposição sobre a matéria, como a Administração, tradicionalmente, nunca interferiu ia fixação dos preços de venda dos jornais. Aqui como noutros sectores, tem funcionado o automatismo na conhecida lei econ6mica da oferta e da procura. Sabemos, por outro lado, que o jornal «Noticias-, de Lourenço Marques, vai em breve aumentar os preços da sua tabela de publicidade, decisão esta que teria iá sido comunicada a agências de publicidade e clientes Nos meios ligados àquele importante diário, diz-se que esta medida se destina a permitir uma substancial revisão de vencimentos dos seus quadros de pessoal. Na verdade e como se sabe, os vencimentos médios dos iornalistas moçambicanos - o -Tempo, constitui neste campo uma honrosa excepção - são hoje sensivelmente inferiores aos dos seus colegas metropolitanos, ohde, nos últimos anos, se registaram várias melhorias no nível de salários dos trabalhadores da Imprensa. O último aumento dos jornais registou-se em 1949 O último aumento do preço de venda dos jornais registou-se em 1949, precisamente no dia 1 de Novembro de 1949, quando os jornais passaram a ser vendidos a 2$00, em vez de 1$50. Esse aumento foi encabeçado pelo -Notícias- de Lourenço Marques, cujo director, ao tempo o sr. capitão Manuel Simões Vaz, fez publicar na primeira página da edição de 31 de Outubro um artigo intitulado "Aos nossos leitores», em que explicava os motivos do aumento de preço. GENERAL KAULlA DE ARRIAGA: - «SE, A NOSSA MULTIRRACIALIDADE NÃO É SOLUÇÃO. NÃO HÁ SOLUÇÃO PARA OS PROBLEMAS RACIAIS,, -Se a nossa multirracialidade não 6 solução. não há solução para os problemas raciais do Mundo. mas porque ela 6 a solução. e n6s somos uma nação-piloto, o Mundo terá de buscar no nosso exemplo a solução dos seus problemas raciais» afirmou há dias em Nampula. durante uma sessão de cumprimentos dos Forças Armadas ao Comando-Chefe Respondendo ao general Mário disfarçam por detrás de aparênPolleri, que falava em nome das das políticas, o general Kaulza Forças Armadas de Moçambique de Arriaga afirmou que -é apee saudou o seu comandante-chefe, nas manifestação actual da pirao general Kaulza de Arriaga, após taria do passado». ter agradecido a saudação e os -0 comunismo -afirmou- sercumprimentos, disse a certa aí-' ve-se com uma habilidade imensa tura: (faça-se-lhe essa justiça) desse "Se o racismo do branco em racismo e desse banditismo." relação ao homem de cor, está -A combinação destes três facna sua fase final, o racismo do tores - continuou - é que cria homem de cor em relação ao ao mundo a situação actual e branco está cheio de virulência nos cria a nós os problemas que crescente e de violência ares- enfrentamos." cente." Depois de falar da incompreenReferindo-se ao banditismo que são de algumas nações perante grassa pelo mundo e se consubs- a atitude firme de Portugal em tancia em raptos e crimes que se Africa, o general Kaulza de e, o general Kaulza de Arriaga. Arriaga referiu-se à política de multirracialidade portuguesa, como única solução para os problemas raciais do Mundo: se esta não é a solução -disse - não há solução. Falando dos sucessos mais recentes, o general atribuiu-os ao trabalho de equipa, entusiasmo e fé com quse se tem trabalhado nas Forças Armadas de Moçabique; referiu-se em seguida à *reestruturação profundissima do seu comando, administração, sector logístico e Operacional-, dizendo que, apesar de alguns aper- 1 feiçoamentos ainda necessários, Moçambique constituía hoje um exemplo nesse sector. No Plenário da Boa Hora ABSOLVIDOS SEE DE NOVE ELEMENTOS DO M. O. D. O Plenário Criminal da Boa Hora absolveu há dias, em Lisboa, sete dos nov, réus submetidos a julgamento sob a acusação de pertencerem ao M.O.D. (Movimento de Organização Democrática). O tribunal, que era presidido pelo desembargador Morgado Florindo, considerou que o M. O.D. foi apenas planeado e não posto em execução e que, além disso, a sua finalidade era a implantação de um regime democrático, mas não por meios inconstitucionais. Nestas condições. o tribunal absolveu os sm. Alvaro Ribeiro Monteiro, casado, de 27 anos, agente técnico de Engenharia, de Lisboa; Carlos Sebastião dos Santos Lopes, solteiro, de 30 anos, empregado de escritório, de Setúbal:- Fernando Manuel Tavares Carlos, solteiro, de 24 anos, quintanista de Direito, de Setúbai Alfredo Rodrigues Matos, casado. de 35 anos, empregado de escritório. de São Pedro do Sul António Baptista Gonçalves Chora, casado, de 43 anos, funcionário público, de Belc Zacarias António Fernandes. casado, de 42 anos, empregado de escritório, de Setúbal e Leonel Eusébio Coelho, casado, de 36 anos, vendedor ambulante, de Mação. Entretanto, foram condenados o sr. Staline de Jesus Rodrigues. casado, comerciante, da Moita, em 18 meses de prisão correcional e suzpensão dos direitos políticos por cinco anos; e o asr. José Francisco Cunha, casado, de 23 anos, operário têxtil no Barreiro, em dois anos de prisão maior, 15 anos de suspensão de direitos políticos e em medidas de internamento até três anos. prorrogáveis. Todos os panfletos. livros e objectos apreendidos foram declarados perdidos a favor do Estado. ACABARAM OS "V. [E.. Talvez apenas um pormenor, mas nem por isso deixará de ser sintomático: a empresa pública dos Telefones de Lisboa e Porto decidiu acabar com o obsoleto tratamento de «Vossa Excelência., com que era norma as telefonistas tratarem os subscritores., 0 seu tele fone assim., -o seu telefone assado», passaram a ser as normas habituais do tratamento dos assinantes, que até parece que receberam bem a mudança .(na verdade muitos deles faziam chacota do anacrónico tratamento e, ou tratavam também as telefonistas por «Vossa Exceléncia» ou faziam laracha sobre o cerimonial), que representa uma saudável actualização e, enterra um formalismo senão medieval, impróprio da nossa época. Parece-nos que a medida poderia muito bem ser extensiva a outros sectores, onde se continua, sem qualquer significado ou vantagem, a praticar um formalismo anacrónico e descabido. Modernizemo-nos - e nisto os Pormenores não são tão pouco Importantes como parecem. O c«Século» e a Lei de Imprensa O «Século» observava há dias, em editorial, sobre a proposta de Lei de Imprensa do Governo: Na base X (Garantias da liberdade de Imprensa). a alnea c) concede ao Governo a faculdade, «sempre que se mostre necessário, de fiscalizar a actividade das omprosas bem como as tiragens das publicaçies. Ora, esta fiscalização de tiragens representa uma dovass às empresas, sem vantagem para uinguém: pode dar, como deu lá fora. onde esse regime foi instaurado, motivo a suborno dos agentes fiscalizadores. O que deve interessar não é o que sai das máquinas: é o que se vendei Há jornais que, para sugestionarem os anunciantes, perdem 30 por cento, ou mais, das tiragens, em sobras. Como é que. sem devassa da vida interna das empresas, se pode apurar s tiragons e. como naqueles casos, o volume das sobras? As vantagens. para o Governo, de uma tal fiscalização são nulas. E sobre a tal exigência da «meia hora antes»: Não é possível na situação actual da Imprensa, cumprir esta disposção. Nos jornais trabqlha-se contra-rel6gio, porque faltam os meios de comunicação. Para se cumprir o horário de um comboio, camioneta. barco ou avião que há-de levar uma remessa de jornais, os minutos contam como se fossem horas Se tantas vezes se perdem comboios e aviões como seria posslvel enviar à autoridade os exemplares com meia hora de antecedência sobre a dtição. Nãol os jornais não poderão cumprir esta d ção. E 'a terminar: Não terminaremos, porém, sem abordar mais um assunto: subsiste, em casos determinados, a censura prévia & Imprensa. «O Sécuo, sempre0 teve nitida posição contra ese estado de Coisas. Este é um reparo -e, evidontemento, não o menor- que faremos ao projecto de LeL Quem havia de dizer... De «A Capital»: Interrogada por um entrevistador da E. T. P.. num programa que se r*vstu do maior interesse, a professora Catifinia Prudêncio analisou com indiscutivel profici#ncia io problema das criançasque mostram tendência para usar a mão esquerda, empregando-a em trabalhos e gestos que a maioria das pessoas confia & mão direita. Depois de discorrer com larga c6pla do conheci. mentos sobre o assunto, que não é tão i= quanto se possa supor, aquela distinta educadora aconselhou os pais a não contrariarem os filhos que assim procedem a concluiu que, ao contrário do que muita gente pens, existem pessoas com VAGINA?7 essas tend$ncias altamente qualificadoe a oem posição modal de relevo. Quem o havia de diuer? Falar em inimigos De um editorial do «Diário de Lisboa»: No discurso que pronunciou na posse do nove governador civil de Bragança, disse o ministro do Interior que «na hora que vivemos os adversários do Governo são confesadamento 19migo. da Nação». No sabemos ao tal asserção 6 de aceitar como sondo a mais justa e a mais conveniente. Por certo, sempre se há-de pretender que o Governo, qualquer que ele seja, possa existir e funcionar como intérprete da pr6pria sneia e anseios do Pais. Mas sempre os governos propendorão para se idontificarem eles pr6prios com o Estado e com a Nação. Até onde? Ao menos dentro de um certo conceito, não nós parece desejável que, na ordem interna, se persista em falar de inimigos. «Do sentimento de unidade», enunciado alis polo ministro, dou o governador emposado indicação da vontade de o entender da melhor maneira, ao referir a sua «lealdade completa e devoção permanente a uma politica de conciliação geral-. Bem sabemos como quase sempre o mais desejável é o mais difici. Mas, paro~ para as coisas dificeis é que existe governo, com uma diversidade de problemas cada vez mais urgentes de atacar, sector por sector mas numa estratégia que se pretende concertada. Na verdade, e não houvesse problemas, para que seria precito haver governo? Esse da conciliação 6. por cqrto, um problema que o Governo tem de manter inscrito no seu programa. Saudemosi Significativo «suelto» de um conhecido vespertino lisboeta sobre uma alocução do bispo de Madarsuma: Aqumndo do aniíve do nosso presado colega «Novidades», ao. encenar uma alocução então proferida, disse o bispo de Madarmuma: «Anunciam-e em Portugal leis de libordado para a Imprensa. Saudemos, sem qualquer espécie de reserva, essa libordade». Por nosso turno, é dever que muito gostosamento cumprimos o de saudar o dr. Ant6nio dos leis Rodrigues pela posição anunciada, num momento tão delicado, como o presente, para a Imprensa portuguesa. Na verdade, para ns 6 indispensável que a regulamentação legal da liberdade contenha também uma noção de responsabilidade, para que as r*servas que a lei formula a essa libordade não acabem por anulá-la. Os-jornais diários vão aumentar de preço -0 «Notícias» aumenta também os seus preços de publicidade Um importante jornal diário de Moçambique teria solicitado ao Governo autorização para aumentar o seu preço de venda ao público, segundo fomos informados com base no aumento dos seus custos e da matéria-prima principal, o papel, medida que, segundo o jornal interessado, seria seguida pelos outros diários que se publicam na Província. O pedido, ao que nos informaram, carece de fundamento legal, pois não só não existe em toda a legislação portuguesa sobre a Imprensa qualquer disposição sobre a matéria, como a Administração, tradicionalmente, nunca interferiu na fixação dos preços de venda dos jornais. Aqui como noutros sectores, tem funcionado o automatismo na conhecida lei económica da oferta e da procura. Sabemos, por outro lado, que o jornal «Noticias», de Lourenço Marques, vai em breve aumentar os preços da sua tabela de publicidade, decisão esta que teria jt sido comunicada a agências de publicidade e clientesý Nos meios ligados àquele importante diário, diz-se que esta medida se destina a permitir uma substancial revisão de vencimentos dos seus quadros de pessoal. Na verdade e como se sabe, os vencimentos médios dos jornalistas moçambicanos -o «Tempo» constitui neste campo uma honrosa excepção - são hoje senslvelmente inferiores aos dos seus colegas metropolitanos, ohde, nos últimos anos, se registaram várias melhorias no nível de salários dos trabalhadores da Imprensa. O último aumento dos jornais registou-se em 1949 O último aumento do preço de venda dos jornais registou-se em 1949, precisamente no dia 1 de Novembro de 1949, quando os jornais passaram a ser vendidos a 2$00, em vez de 1$50. Esse aumento foi encabeçado pelo «Noticias» de Lourenço Marques, cujo director, ao tempo o sr. capitão Manuel Simões Vaz, fez publicar na primeira página da edição de 31 de Outubro um artigo intitulado «Aos nossos leitores», em que explicava os motivos do aumento de preço. No Plenário da Boa Hora ABSOLVIDOS SEE DE NOVE ELEMENIOS DO M. O. O. O Plenário Criminal da Boa Hora absolveu há dias, em Lisboa, sete dos nov, réus submetidos a julgamento sob a acusação de pertencerem ao M.O.D. (Movimento de Organização Democrática). O tribunal, que era presidida pelo desembargador Morgado Florindo, considerou que o M. O.D. foi apenas planeado e não posto em execução e que, além disso, a sua finalidade era a implantação de um regime democrático, mas não por meios inconstitucionais. Nestas condições, o tribunal absolveu os srs. Alvaro Ribeiro Monteiro, casado, de 27 anos, agente técnico de Engenharia, de Lisboa: Carlos Sebastião dos Santos Lopos. solteiro, de 30 anos, empregado de escritório, de Setúbah Fernando Manuel Tavares Carios, solteiro, de 24 anos. quintanista de Direito, de Setúba; Alfredo Rodrigues Matos, casado. de 35 anos, empregado de escrit6rio. de São Pedro do Sub Ant6nio Baptista Gonçalves Chora, casado, de 43 anos, funcionário púllico, de Beja Zacarias Antônio Fernandes, casado, de 42 anos, empregado de escrit6rio, de Setúbal e Leonel Eusébio Coelho, casado. de 36 anos, vendedor ambulante, de Mação. Entretanto, foram condenados o w. Staline de Jesus Rodrigues, casado, comerciante, da Moita, em 18 meses de prisão correcional e surpensão dos direitos políticos por cinco anos; e o Sr. José Francisco Cunha, casado, de 23 anos, operário têxtil no Barreiro, em dois anos de prisão maior, 15 anos de suspensão de direitos politicos e em medidas de internamento até três anos, prorrogáveis. Todos os panfletos, livros e objectos rpreendidos foram declarados perdidos a favor do Estado. GENERAL KAU[ZA DE ARRIAGA: « SE, A NOSSA MULTIRRACIALIDADE NÃO É SOLUÇÃC ÇÃO PARA OS PROBLEMAS RACIAIS,, " Se a nossa multirracidade não 6 solução. não há solução para om Mundo: mas porque ela 6 a solução e n6s somos uma nação-piloto. o Mui nosso exemplo a solução dos seus problemas raciais» - afirmou há dias uma sessão de cumprimentos das Forças Armadas ao Comando-Chefe, o gene Respondendo ao general Mário disfarçam por detrás de aparên- Arriaga Polleri, que falava em nome das cias políticas, o general Kaulza mu ltir Forças Armadas de Moçambique de Arriaga afirmou que «é ape- como úi e saudou o seu comandante-chefe, nas manifestação actual da pira- blerma o general Kaulza de Arriaga, após taria do passado» . ã : ter agradecido a saudação e os hO comunismo- afirmou-sersou cumprimentos, disse a certa aí-- « i an cumrimentos. ve-se com uma habilidade imensa tura: (faça-se-lhe essa justiça) desse c s «Se o racismo do branco em racismo e desse banditism o.. fraalh relação ao homem de cor, está «A combinação destes três fac- fa For na sua fase final, o racismo do tores - continuou - é que cria bique; homem de cor em relação ao ao mundo a situação actual e -reestru, branco está cheio de virulência nos cria a nós os problemas que seu cor crescente e de violência ares- enfrentamos.tor logi cente.' Depois de falar da incompreen- zèndo qi Referindo-se ao banditismo que são de algumas nações perante feiçana grassa pelo mundo e se consubs- a atitude firme de Portugal em Moçatii tancia em raptos e crimes que se Africa, o general Kaulza de exemplo NÃO HÁ SOLUroblemas raciais do terá de buscar no i Nampula. durante Sraulza de Arriaga. -feriu-se à política de -ialidade portuguesa, u solução pãra os proiais do Mundo: se esta -olução .- disse - não dos sucessos mais regeneral atribuiu-os ao s equipa, entusiasmo e ise se tem trabalhado ; Armadas de MoçamIeriu-se em seguida à :Iço profundissima do do, administração, sec:o e operacional-, diapesar de alguns aper:s ainda necessários, ue constituía hoje um esse sector. ACABARAM OS "V. Exa." Talvez apenas um pormenor, mas nem por isso deixará de ser sintomático: a empresa pública dos Telefones de Lisboa e Porto decidiu acabar com o obsoleto tratamento de ,VosSa Excelência., com que era norma as telefonistas tratarem os subscritores.~ u0 seu telet fone assim», «o seu telefone assado», passaram a ser as normas habituais do tratamento dos assinantes, que até parece que receberam bem a mudança 0(na verdade muitos deles faziam chacota do anacrónico tratamento e, ou tratavam também as telefonistas por «Vossa Excelência» ou faziam laracha sobre o cerimonial), que representa uma saudável actualização e, enterra um formalismo senão medieval. impróprio da nossa época. Parece-nos que a medida poderia muito bem ser extensiva a outros sectores, onde se continua, sem qualquer significado ou vantagem, a praticar um formalismo anacrónico e descabido. Modernizemo-nos - e nisto Sos pormenores não são tão pouco importantes como parecem. O «Século» e a Lei de Imprensa O «Século» observava há dias. em editorial, sobre a proposta de Lei de Imprensa do Governo: Na base X (Garantia da liberdade de Imprensa), a allnea c) concedeí ao Governo a faculdade, «sempre que se mostro necessário'., de fiscalizar a actividade das empresas, bem como as tiragens dos publicaçeso. Ora, esta fiscalização de tiragens representa uma devassa às empresas. sem vantagem para ninguém; pode dar, como deu lá fora. onde esse regime foi instaurado. motivo a suborno dos agentes fiscalizadores. O que deve interessar não 6 o que sai das máquinas: é o que se vendei 'l jornais que, para sugestionarem os anunciantos, perdem 30 por cento, ou mais, das tiragens, em sobras. Como é que, sem devassa da vida interna da empresas. se pode apurar as tiragens e, como naqueles casos, o volume das sobras? As- vantagens. para o Governo, de uma tal fiscalizaçao smo nulas. E sobre a tal exigência da «meia hora antes»: No é possível. na situação actual da Imprensa, cumprir esta disposição. Nos jornais trabqlha-se contra-rel6gio, porque faltam os meios de comunicaçio. Para se cumprir o horário de um comboio, camioneta, barco ou avião quehá-do levar uma remessa de jamais, os minutos contam como se fossem horas. Se tantas vezes se perdem comboios e aviões como seria possivel enviar à autoridade os exemplares com meia hora de antecedência sobre a dstbção. Nãol os jornais não poderio cumprir esta disposição. E 'a terminar: Não terminaremos, porém, sem abordar mais um assunto: subsiste, em casos determinados, a censura prévia & Imprensa. '0 ,Século. sempre teve ntida posiçáo contra esse estado de coisas. Este é um reparo - e, evidentemente. não o menor que fazemos ao projecto de Lei Quem havia de dizer... De «A Capital»: Interrogada por um entrovistador da LT.P.. num programa que se reVstiu do maior interesse, a professora Cartilha Prudênco analisou com indiscutivel proficência ýo problema das crianças.que mostram tendência para usar a mão esquerda, empregando-a em trabalhos e gostos que a maioria das possoas confia & mio direita. Depois de discorrer com larga 6pla de conhecimentos sobre o assunto, que não é tio fútil quanto se possa supor, aquela distinta educadora aconselhou os pais a não contrariarem oa filhos que assim procedem e concluiu que. ao contrário do que muita gente pensa, exidtm pesoas com VAGINA 7 essas tond&nclas altamente qualificadae cem posição sodal de relevo. Quemn o havia de diserL Falar em inimigos De um editorial do «Diário de Lisboa»: No discurso que pronuncou na posse do novo governador cvil de Bragança, diso o mindro do Interior que «na hora que vivemos os adversários do Governo suo confossadamont* if~mlga da Nação». No sabemos so tal asserção é de aceitar como sendo a mais justa e a mais conveniente., Por certo, sempre se há-de protender que o Governo, qualquer que elo seja, possa exíitir o funcionar como intérprete da própria essénia e anseios do Pais. Mas sempre os governos propendorio para se idontificarem eles próprios com o Estado e com a Nação. Até onde? Ao menos dentro de um certo conceito, no nós parece desejável que, na ordem interna, se persia em falar de inimigos. «Do sentimento de unidade», enunciado aliás pelo ministro, deu o governador emposado indicação da vontade de o entender da melhor maneira, ao referir a sua «lealdade completa e devoçáo permanente a uma politica de concillaçoio geral». Bem sabemos como quase sempre o maís desejável é o mais dificiL Mas, pars para as coisas dificois 6 que existe governo, com uma diversidade de problemas cada vez mais urgentes de atacar, sector por sector mas numa estratégia que se protende concertada. Na verdade, se nio houvesse problemas, para que seria preciso haver governo? Esse da conciliação 6. por corto. um problema que o Governo tom de manter Inscrito no seu programa. Saudomosi Significativo «suelto» de um conhecido vespertino lisboeta sobre uma alocuçáo do bispo de Madarsuma: Aquando do aniversário do nosso prezado colega «Novidades», ao. encerrar uma alocução então proferida disse o bispo de Madar~uma: «Anunciam-s em Portugal leis de liberdade para a Imprensa. Saudemos, sem qualquer esp6de de reserva, essa liberdade». Por nosso turno, é dever que muito gostosamente cumprimos o de saudar o dr. Ant6nio dos Reis Rodrigues pola posição anunciada, num momento tio delicado, como o presente, para a Imprensa portuguesa. Na verdado, para nós 6 indispensável que a regulamentação legal da liberdade contenha tm uma noção de responsabilidade, para que as r*servas que a lei formula a essa liberdade não acabem por anulá-la., POSICAI DAS ORGANIZACOES NEGRAS NOS ESI Desde a morte do Rev. Martin Luther King em 198 e o desencadeamento. em 1969. da ofensiva contra os «Black Panthers. (Panteras Negras). que os negros americanos estão sem um dirigente nacional. No entanto, o sentimento de frustração nos «ghettos» negros é mais forte do que nunca e a busca de uma solução «dentro da lei» foi substituida pelo pessimismo geral. FRACASSO DO «CAPITALISMO NEGRO» Movimentos moderados de reforma coma a Associação Nacion al para o Avanço dos Povos de Cor - NAACP - e a Conferência da Chefia Cristã do Sul -SCLC (organizaçãao que atingiu elevado nível e destaque sob a chefia do dr. King), não mantiveram as -suas posições desde a morte daquele 0 assassínio de Luther King parece demonstrar o fracasso do pa1i1ismo e danãoviolência, tendo os organizações integradas nessa linha de rumo perdido prestigio ýo o olhos da comunidade negra. Os tênues resultados da caomponha em prol do «capitalismo negro», proclamado em 1968 pelo presidente Richard Nixon, apenas acentuaram a alienação do sistema e da maioria dos negros, que deixaram de acreditar nele Muito poucas empresas se encontram nas mãos de negros. Apenas pequenos negócios, como restaurantes, garagens, lojas de calçado, etc. Dos 14 mil bancos existentes nos Estados Unidos, apenas .23 pertencem a negros, o que represonta menos de 0,1 por cento do sistema bancário americano. As recentes estatísticas demonstram que a média de desemprego entre os brancos é de 5,5 por cento, enquanto entre os negros é da 8,8 por cento. Deste modo dificilmente se pode acreditar em integração, e não é de admirar que o Partido da Panlera Negra (BPP), criado em 1966 pelo seu presidente Bobby Seale, e pelo seu «ministro de Defesa., Hltey Newton, tenha conquistado mais adeptos. Cerca de um quarto dos negros interroga&os no decurso de um inquérito responderam que o BPP representava o seu ponto de vista, e o apoio dado pelos jovens subiu a 43 por cnto. As duas principais plataformas da política dos Panteras Negras são a autodeterminação e o controlo das comunidades negras em todos os campos' em especial os da polícia- e justiça. De acordo com a «yankee», os "ghettos"- não passam de «colónias» da América. Assim, a sua libertação deve ser conseguida em estreita aliança con os países do Terceiro Mundo e, dentro dos Estados Unidos, com as organizações «radicais, dos brancos, incluindo a Libertação Feminina e a Frente de Libertação dos Homosexuais. O programa marxista dos Panteras Negras prevê nada menos do que a destruição do sistema capitalista da América, o que não deixou de perturbar o director do F. B. 1., J. Edgar Hoo.ver e o Departamento de Justiça, que denunciaram o BPP como o pior inimigo dos Estados Unidos. As hostilidades romperam-se em 1968 e em dois anos, 28 Panteras Negras foram mortos. Em 1969 foram detidos sob acusações várias, 350 dos seus membros, muitos dos quais^acusados de porte ilýgal de armas de fogo, de roubo e de tráfico de drogas. A repressão tem sido tão feroz que as organizações negras, incluindo as mais moderadas, levantaram acusações de «genocídio». Perseguidos, dizimados, os Panteras Negras têm de enfrentar múltiplas perseguições. O presidente Bobby Seale, acusado de ter ordenado o assassínio de um agente que conseguiu infiltrar-se ia organização, pode vir a ser condenado à cadeira eléctrica. 0: júri que o julgará, em New Haven, Connecticut, não foi ainda escolhido. David Hilliard, que assumiu a chefia do partido, é igualmente acusado de haver feito ameaças de morte contra o presidente Nixon, num discurso que proferiu. Angela Davis, professora de Filosofia e antiga discípula do filósofo esquerdista Herbert Marcuse, está acusada de cumplicidade no rapto de -um 'juiz e numa abortada tentativa de libertação de três presos negros. A sua fiança foi fixada em meio milhão de dólares. O «ministro da Informação- do BPP, Eldridge Cleaver, encontra-se exilado na Argélia. Lutando contra a repressão, lutando contra problemas financeiros resultantes das elevadas fianças fixadas, privados de um chefe. UM JORNAIISTA NA PRISAO * Interrogatórios, sucessivos o ameaças de tortura Fiaçel. Pelou. e ce*reopeadent. no Brasil da agência France Prosa doideo no Rie pela pelcla politica do rusi François Pelou, director do departamento da agência noticiosa France Press. que esteve detido pelas autoridades brasileiras durante 27 horas, foi notificado por um representante do gabinete dos, Negócios Estrangeiros daquele pais, que as suas credenciais de jornalista haviam sido canceladas e que teria de abandonar o Brasil dentro de quatro dias. Após a sua detenção, Pelou foi enviado para uma prisão da polícia política do Rio de Janeiro. AI foi interrogado durante sete horas consecutivas acerca das suas fontes de informação e sobre os seus alegados contactos com agentes subversivos, embora nenhuma queixa formal tenha sido feita contra a sua pessoa. Além de outros interrogatórios que duraram um total de cinco horas, Pelou passou o restante tempo da sua detenção incomunicável, numa cela quente e não ventilada que media cerca de um metro e oitenta por um metro e cinquenta. A cela não possuía janelas nem mobiliário, sendo a porta de ferro maciço. As celas vizinhas estavam ocupadas por presos políticos, fazendo um deles parte da lista de prisioneiros cuja libertação foi pedida em troca do embaixador suíço Butcher, raptado por guerrilheiros esquerdistas. Os interrogadores de Pelou, constituindo equipas de quatro ou cinco. fizeram-lhe perguntas sucessivamente, concentrando-se principalmente nos seus contactos na Imprensa brasileira, em especial no tempo da desaparição de Butcher. O correspondente da Frace Presa, declarou que os jornalistas brasleiíros e estrangeiros tinham trabalhado juntos numa operação colectiva. Pelou foi fotografado de vários ângulos, as suas impressões digitais tiradas quatro vezes, e os seus artigo pessoais recolhidos e anotados. Um dos oficiais superiores que dirigia o interrogatório, inspector Vasconcelos, ameaçou por duas vezes o prisioneiro com . uma forma de tortura a que dava o nome de "Pele de Aranha.. Duas horas antes da sua libertação Pelou foi transferido para uma sala de espera. Mais tarde, o correspondente da France Press dirigiu um protesto ao gabinete dos Negócios Estrangeiros brasileiro, referindo-se à apreensão das suas credenciais, e declarando que todas as alegações postas contra a sua pessoa durante as doze horas do seu interrogatório, tinham ido contra o exercício normal da sua profissão de jornalista. Durante a detenção de Pelou, o embaixador francês François Delaboulaye, interveio duas vezes a seu favor, tendo também a Associação de Jornalistas Brasileiros apelado para o presidente Emilio Médici. O presidente da Associação Ifa Imprensa Interamericana, Manuel Nascimento Brito, expressou a sua angústia e desapontamento pela prisão de Pelou, bem assim como a dos membros de um semanário satírico denominado «O Pasquim». As declarações de Brito, que também é editor do «Jornal do 3rasil", foram prontamente coísuradas pelo Governo. Nele, Brito citava o facto da Imprensd nao criar factos mas simples:uerte reflectir situações. "Infelizmente a informação está a ser cada vez mais confundida com a subversão, e a iberdade da informação com a segurança nacional, - afirmou. - A verdade não faz mal a ninguém. A segurança humana não é prejudicada por uma imprensa honesta, livre, independente e trabalhadora, mas ,sim por rumores irresponsáveis que causam alarme e impõem um lençol oficial de silêncio na in-4 formação da média". Por ADOS UNIDOS ____________Marie.Thérèse Delboulbes os Panteras Negras estão paralizados, Decidiram no entanto, em conjunto com as organizações radicais brancas, elaborar uma nova -Constituição» dos Estados Unidos, a qual deveria-ter sido solenemente apresentada em Washington em fins de Novembro. Po,rmé, em virtude de não ter sido possível encontrar uma sala suficientemente grande para a cerim6nia da apresentação, esta teve de ser adiada. CONTRA O «SISTEMA» Porém, mesmo que os «Panteras» desapareçam, a sua influência não será de desprezar, e terá revelado a incapacidade do sistema americano de integrar realmente os negros. Numa consulta efectuada este ano à opinião pública, 63 por cento dos negros declararam que todo o sistema tinha de ser modificado, e 31 por cento declararam-se a favor da violência para se atingir este fim. Sessenta e dois por cento pensao que a Polícia é racista, O .slogan. dos Panteras Negras», «O único porco bom é o porco morto» (o termo .porco» aplicado fascista e ao polícia) foi por diante. Além disso, 25 a 50 por cento dos negros são de opinião de que o Departamento de Justiça é racista. Com falta de organizações fortes e de dirigentes, o movimento expressa-se presentemente por uma agitação. confusa e sobre uma grande variedade de assuntos. Nem mesmo a Polícia escapa. Os polícias negros, vitimas do racismo latente dos seus colegas brancos, igualmente denunciados como «porcos- a abater a tiro, começaram a organizar-se, com o propósito de melhorarem as suas relações com as suas comunidades. Nesse sentido estabeleceram em Chicago a Liga dos Polícias Afro-Americanos. O seu dirigente, cuja folha de serviços foi excelente até que se viu envolvido na Liga. foi desde então sucessivamente acusado de violação da lei e, provàvelmente, acabará por ser demitido da corporação. Organizações deste tipo têm surgido na maior parte das cidades onde os negros têm uma limitada representação na força policial. Washington possui uma população negra de 73 por cento, mas apenas 35 por cento da sua força policial é constituída por negros. Em Detroit, os negros representam 45 por. cento da população, mas apenas 11 por cento da força polícial. OS NEGROS E O EXÉRCITO Existe uma situação semelhante no Exército, onde se têm registado graves incidentes, resultando em mortes e feridos, tanto nas guarnições nos Estados Unidos, como nas unidades estacionadas na Ásia e na Alemanha Ocidental. Quase todas as bases militares aceitam agora o popular corte de cabelo ao estilo «Afrae, nos soldados negros, sendo ainda um lugar-comum a saudação de punho cerrado à «Poder Negro», Numa recente reunião realizada na Alemanha Ocidental, cerca de 600 soldados negros cantaram em coro: «Nós somos todos Panteras Negras». O sentimento de frustração é muito forte entre os negros que se alistaram nas forças armadas pensando que ali não existia a discriminação racial. Os ocupantes das prisões militares são constituídos por 50 por cento de negros, e 25 por cento dos castigos militares são infligidos a negros, que constituem também as baixas mais prováveis na guerra do Vietname. Depois dos recentes incidentes, foi enviada à Alemanha Ocidental uma comissão de inquérito. Um funcionário do Pentágono classificou o 'problema racial como a mais forte dor de cabeça da tropa. Cada vez há mais soldados negros a porem a seguinte pergunta: «Como se pode lutar pela América quando, todos os dias se l& que os negros estão a ser mortos ali? Porque hei-de combater por Nixon e Agnew?s CALMA APARENTE Nisto reside o mais grave pro, blema racial da actualidade: muitos jovens negros regressam à América para caírem no desemprego. Muitos deles aprenderam nos campos de treino dos Fuzileiros Navais e dos '«Barretes Verdeso «slogan»: «mata, mata, mata». Se os distúrbios raciais ocorridos em 1970 não tingiram a escala dos de Watts, Detroit e Newark, deve-se, no entanto recordar, que se registaram cerca de 200 durante o ano. Todos eles ocorreram em centros mais pequenos e numa variedade de Estados. o que atraiu, por este motivo, pouca atenção da Imprensa. As exigências dos negros são :zgora postas pelos porto-riquenhos e pelos «chicanos» (americanos de origem mexicana). A calma que aparentemente reina agora pode ser de curta duração. (Agence France-Preps - TEMPO). EM CIMA - Eldridge Cleaver, ,ministro da Infoipção- dos Panteras Negras, numa conferência de Imprensa em ArgeL EM ]BAIXO A viúva do pastor Luther Eng numa manilestaçao a favor dos direitos cvicos para os negros americanos, fazendo a famosa -sudaçao hippio ínternacíonal P&i~5lUA 19 iIDUPODER OSO SR. DNASSIS POR SUZY LAPPAZ 0 Plano Quinquenal de Fomento da Grécia pode vir a ser preJudicado por um magnate armador de navios o famoso Ariát6teles ,0Onassis, que concluiu no passado mós de Março um colossal coAtrato de investimento industrial. no montante de 600000~ de 4d«lares. que represente quase o valor do orçamento nacional grego. Depois de ter pensado madu- que ampliou consideràvelmente ramente no assunto, o rico ar- durante a 1i Guerra Mundial, por .mador decidiu, oito meses após meio de hábeis negócios. ,o conclusão do contrato, apelar Prosseguiu, adquirindo a «So'para os tribunais, no sentido de cieté des Bains de Mer-, em conseguir a sua modificação, aleMonte Carlo, e fundou seguidagando que os aumentos dos sa- mente a companhia de aviação ýários e os fretes nos petroleiros grega, «Olympic Airways», que ãmeaçavan desencorajar os seus passou a estabelecer ligações lussociados financeiros daquela entre a Grécia e a Europa e aventura. ,4mérica. .: A verdade, porém, é que, pes- Presentemente «possui» uma 3oalmente, o multimilionário frota de mais de 100 petroleiros, brnassis nada possui. A sua ilha um arranha-céus em Nova lorque, ie Scorpios, a sua vivenda Gly- o superluxuoso iate «Cristina., {edaç o seu iate «Cristina», são com torneiras de oiro nas casas ludo propriedade de companhias, de banho c 50 homens de tripude que o marido da viúva do laçao. Presidente Kennedy é apenas o É, ainda, o principal accionista director. de 85 companhias distribuídas Num livro recentemente publi- por uma dúzia de países. * ido na Inglaterra, Heleni Via- Em 1946, entrou no mundo dos thou, que até ao golpe de Estado grandes armadores de navios, ýnilitzr grego de 1967 foi direcquando se casou com Tina Livatora de uma cadeia de jornais nos, filha de outro rico armador. ie ,Atenas, escreveu que «os Dessa união resultaram dois fiarmadores gregos são algo entre lhos: Alexandre, que conta precigan s e cabeças coroadas». sentemente 22 *anos, e Cristina, SEleí.não têm pátria, nada pos- do 20 anos, a sua filha querida, uem e apenas dirigem impé- cujo nome deu ao fabuloso iate, í Qo$~~~sempre ancorado no pequeno E o que sucede com Aristó- porto da ilha de Scorpios e pronto ýé lesOnassis, filho de um pe- a fazer-se ao mar, em qualquer qu e exportador grego de ta- momento que Onassis - a quem Jbacoem Esmirna na Turquia, e os amigos apelidaram de «Teue v iu pela primeira vez terra lis» - decida realizar um crui7rega em 1922 quando, após a zeiro. derrota das tropas gregas na O seu helicóptero está também ýsic Menor, desembarcou no Pi- pronto a todo o momento para o ;eu,, como um refugiado mise- transportar ao aeroporto de Atei'ávýJ, nas onde o seu avião particular Tinha então 16 anos de idade, o aguarda para o transportar a UJmÍ,ano mais tarde, emigrava Nova lorque, Londres ou Paris, ha a Argentina, onde cons- ou onde quer que haja negócios íruiu as bases dá sua fortuna a tratar. *onio importador de tabaco gre- Trabalhador incansável, jogag,. -Foram-lhe necessários alguns dor e especulador imbatível bon Ieses para aprender o idioma vivant» e amante da vida nocespanhol. Hoje, é fluente em sete turna, divide o seu tempo entre ínguas, incluindo grego, italiano, o seu escritório, onde pode ser trco e sueco, visto todos os dias pelas 7 horas 1 Aos 26 anos de idade era já da manhã, e a sua vida privada jroprietário de uma pequena na ilha de Scorpios, no Mar Jófrota de cargueiros e petroleiros, nico, onde se dedica às alegrias da vida ao ar livre - banhando-se nai cristalinas águas das furnas, fazendo esqui aquático, e organizando piqueniques ao estilo grego. Sua mulher Jackie, viúva do Presidente John F. Kennedy dos Estados Unidos, acompanha-o quase sempre aos clubes nocturnos e -bares de Atenas, onde Onassis lhe mostrou, pela primeira vez, a «bouzoukia» - canções populares executadas em minúsculos bandolins gregos. Aos 64 anos de idade, Onassis tem a cabeça coberta de cabelos grisalhos, tem uma figura robusta e possui feições firmes e trata como seus iguais os mais importantes do mundo. Era um dos íntimos de Winston Churchll. No entanto, é um homem de maneiras simples. O que mais o irrita, bem como a Jackie, são os fotógrafos «metediços». Recentemente, o seu advogado intentou uma acção contra um fotógrafo grego, a quem acusou de tentar «violar a sua vida privada- na ilha de Scorpios. O fotógrafo, por sua vez, depois de absolvido pelos tribunais gregos, processou Onassis por difamação, exigindo uma indemnização, por perdas e danos, de 1 000 000 de dracmas (cerca de 33 000 dólares). Onassis está quase sempre rodeado de membros da família, e teve tacto bastante para criar uma atmosfera amistosa entre Jackie e suas irmãs, casadas com professores de Medicina em Atenas. Os filhos de Jackie - John-John e Carolina Kennedy- são frequentemente vistos como hóspedes de Onassis, quer na ilha de Scorpios, quer a bordo do «Cristina». Onassis conseguiu mesmo manter relações amistosas com sua ex-mulher, Tina, hoje Marquesa de Bladford, e igualmente com a famosa Maria Callas, de quem foi constante companhia durante vários anos. Sem real poder, mas todo-poderoso na sua influência, Onassis é detentor de um passaporte argentino, não tendo o seu nome inscrito. na lista oficial dos contribuintes gregos. Ele é internacional. Para levar para diante o seu investimento de 600 milhões de dólares na Grécia, não hesitou em tratar com o Kremlin. Trouxe a Atenas técnicos japoneses, britânicos, franceses e americanos. Se esse contrato de investimento não for por diante, Aristóteles Onassis tem outro trunfo nas mãos -a aquisição de maioria das acções dos estaleiros navais irlandeses: i LRECOMENDADO HOTEL TURISMO PELOS PORTUGUESES DA AFRICA DO SUL QUE NOS TÊM VISITADO SOCIEDADE DE HOTIS DE MOÇAMBIQUE, UMITADA 26153 AVENIDA DA REPOBLICA END. TELEGRAFICO: ,HOTUR, TELEFONES 22957 24937 LOURENÇO MARQUES C. POSTAL (P. O. 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QUARTOS DE LUXO, QUARTOS DUPLOS E INDIVIDUAIS NO «COCKTAIL BAR» STOP, SITUADO NO 12.0 ANDAR, COM VISTA PANORAMICA DA BAIA E PORTO, SO SERVIDAS DELICIOSAS E BEM PREPARADAS REFEIÇÕES A LISTA 1~ i4vi Mii 'UOM ele Que dizer de uma cooperativa com vários milhares de associados que reúne em assembleia geral apenas uma vez por ano e. mesmo assim, não logra atrair à sessão senão uma meia-dúzia de filiados, de forma que os votos de um pequeno número de cooperadores possa constituir, por si só, uma maioria? Falamos precisamente da <'Sociedade de Moçambique para o Fomento de Construção de Casas», vulgarmente dosignada por «Coop.», com aproximadamente 14 mil sócios inscritos nas várias classes e departamentos, o que a torna, por esse facto, uma das de maior projecção em todo o espaço portuguis. A única assembleia geral, realizada em plena quadra festiva, nem pela circunstância de registar um reduzido número de cooperadores deixou de ser agitada e, ante uma direcção na berlinda, foram postas questões, levantados problemas, feitas e repetidas sugestões, pedidos esclarecimentos, a que nem sempre o elenco gestor soube ou quis der o anda. monto exigido. Para uma instituição contando, como é o caso da «Coopu, tão elevado número de associados, não sabemos como interpretar o facto de apenas 30 votos (metade dos quais Um dos bairros da COOP S em Lourenço Marques: 14 mil sócios que não mandam ou uma cooperativa w nas maos de uma minoria? A pertencem aos membros dos corpos si ciais) terem podido sancionar assunte da maior importância para a vida d cooperativa, ou - o que é a mesm coisa - de todos os cooperadores. Um tanto apressadamente, poder-seconcluir por um efectivo desinteresse d massa associativa. O eng.0 Eugénio Lii boa, sócio presente à citada reuniãi magna, pactua com tal dedução, ma! explica-a: «Não tenho dúvida nenhuma de que há uma intenção deliberad; - garante-nos - de não fomentar o in teresse dos sócios pelas assembrreit gerais, porque esse interesse trará, n turalmente o aparecimento de pedido. de esclarecimento, de objecções e d críticas. Ora, o comportamento dos ele mentos da mesa e da direcção nãc deixou dúvidas nenhumas de que umr e outra não estavam interessadas nisso As poucas pessoasýqué intervieram (c nosso interlocutor referia-se claramente à última sessão) foram àsperamen e verberadas cá fora por terem posto problemas. Um membro responsável da assembleia geral chegou mesmo a dizer-me que os assuntos por mim tratados eram pertinentes, mas que eu devia tê-los tratado no café e não na assembleia. Pois eu suponho que a assembleia geral é exactamente o local onde os problemas internos deverão ser apresentados. » QUANTO CUSTA > UMA CASA DA COOP? Uma das questões que terá mesmo transcendido o âmbito da massa associativa da «Coop», pela sua excepcioOS DA DONOS cOOP A COOPERATIVA DAS CASAS DOMINADA POR ESCASSA MINORIA DE ASSOCIADOS PAGINA 10 MIL QUE SOCIO NÃO MA PROIBIDO MAS HÁ QUEM FORMJ nal importância, e que tem refreado em muita gente a intenção de se inscrever nos quadros da cooperativa (ou a outros, já inscritos, levado à desistência) diz respeito à incapacidade manifesta da administração de avaliar o custo das suas próprias casas. Na verdade, como diz outro associado (o dr. Norberto Teixeira Santos, médico) «não se sabe o preço do metro quadrado da construção, um elemento padrão que permitisse ao cooperador fazer comparações com os preços normais da construção civil; no relatório nada se diz a propósito de um quesito tão significativos. Desconhece-se, pois, a partir dai, se a Cooperativa das Casas tem vantagens, ou não, em manter os seus estaleiros em funcionamento; se os associados beneficiam, ou não, de condições favoráveis de construção; se a entrega das empreitadas a empresas especializadas representaria, ou não, uma diminuição de custos. A direcção da «Coop» de há muito que foi alertada para a importância desse estudo. Diversas sugestões foram feitas nesse sentido, em assemDr. NORBERTO SANTOS: -Pedi & Direcção que esclareceme o caso em nova Assembleia.... mas a ideia não interessou... S NDAM LEVANTAR PROBLEMAS E GRAVES ACUSAÇÕES CONTRA A DIRECÇÃO bleias anteriores. Uma delas foi da iniciativa do dr. Norberto Santos e o próprio presidente da mesa, em face da pertinência da questão, a remeteu à consideração da. direcção. O conhecimento do preço das casas interessa sobremaneira à gestão da cooperativa e, portanto, a todos os associados. A forma como tais sugestões têm sido encaradas mereceu àquele médico alguns reparos: «Não houve a mínima atenção da parte dos directores, o que significa que as sugestões não foram consideradas. Há explicações que deviam ser dadas à massa associativa, e não são. Saber o custo das casas é da mais urgente necessidade, até porque a função da cooperativa não é ade construir casas, mas a de atribuí-las. O relatório, apesar deste assunto ter sido levantado em mais do que uma assembleia, volta a não o abordar.» A DIRECÇAO NÃO PRETENDE JUSTIFICAR-SE O eng., Eugénio Lisboa, um dos sócios mais em evidência na referida assembleia, desinteressou-se da construção. Hoje, apenas lhe importa o departamento cultural: «Já fui sócio efectivo e agora sou sócio auxiliar. Não gostei de ver a leviandade com que as Sassembleias gerais aprovavam contas que eram òbviamente contestáveis, o ENG. EUGÊNIO LISBOA: .Dsgostante a leviandada com que as asmembleias gerais da COOP aprovam contas 6bviaente Contstéveis., que aliás continua a acontecer. Note-se o escandaloso atraso na distribuição do relatório de contas aos sócios para discussão numa assembleia geral altamente significativa, visto que com apenas quarenta e poucas entradas se conseguiu o milagre de aprovar contas que deixaram dúvidas no espírito de todos os presentes... » Sobre a determinação de custos, o mesmo cooperador pôs também o dedo na chaga: @Não é mistério nenhum determinar o custo de uma casa e parece-me que só a .Coop» sustenta essa impossibilidade.,, No decorrer da agitada assembleia geral, apesar do reduzido número de presenças, foi chamada a atenção da .nesa para presumíveis irregularidades. A direcção, porém. nem sempre se apresentou em condições de desanuviar do espírito dos sócios as dúvidas que se levantaram. O livreiro Rui Oliveira viu, logo de entrada, postos em causa os seus direitos de associado. Cerca de trás quartos-de-hora foram gastos até à solução favorável do seu caso. Porque as sugestões apresentadas pelos cooporadores em assembleias passadas nunca foram atendidas pela direcção, foi p. dida a leitura da acta anterior. Cerca 4e hora ' e meia foi consumida nesta exigência e o relatório de contas e a: prèvisão orçamental para o próximo -ano foram superficialmente apreciados u aprovados (não obstante o elevado numero de abstenções). Tendo a 1.1 convocatória sido feita para o dia 5 de Dezembro, o relatório só começou a ser recebido pelos aso ciados a partir do dia 21, exactamente o dia aprazado para a segunda e última convocatória. «Houve uma impossibil)dade total - afirma o sr. Rui Oliveirade análise daqueles documentos e, e-b consciência, o sócio não se encontrar apto a participar na votação. Isto podb em certa medida explicar a ausência de muitos associados, já que, não estandb em condições de votar, a sua presença nas assembleias deixa de interessar. Eq, comoý sabia de um erro verificado n' previsão orçamental do ano anterior, fIú. ver no documento deste ano se tinha PÁGINA 18 O PREÇO DE CADA CASA CONSTRUIDA É UM MISTÉRIO... sido reparado. E constatei que, não só se mantinha o.referido erro, como até era desdobrado e ampliado. Trata-se de determinada verba pertencente a um departamento autónomo da cooperativa, com balanço próprio, que não figurava nas receitas e aparecia na coluna das despesas. Na previsão orçamental de 1970 era de 475 contos e desta vez subia já a 1052 contos. Quando foram pedidas explicações, o guarda-livros prestou um esclarecimento errado e, notório que o erro se mantinha e agravava, a direcção encerrou o assunto alegando não ter mais explicações a dar.» OS SÕCIOS SAO CULPADOS SIM, MAS DEVAGAR... A letra dos estatutos da «Sociedade de Moçambique para o Fomento da Construção de Casas» parece não merecer especial respeito à direcção, a avaliar por algumas das questões levantadas na última assembleia geral. Está nesse caso a questão da chamada quota administrativa, a qual, à face dos regulamentos, deveria cifrar-se nesta altura em, no máximo, 12$00 por mês e se mantém em 40$00, escalão correspondente a um número de sócios há muito ultrapassado pela cooperativa: 1499. Como a suposta anomalia se vem mantendo há alguns anos, os cofres da cooperativa terão arrecadado, segundo cálculos estimados sumàriamente por um dos sócios presentes,. à ,volta de 10 mil contos, dinheiro que deveria serdevolvido aos cooperadores. O dr. Norberto Santos, instado pela nossa reportagem, relatou-nos: «A questão levantada na assembleia, com afirmações graves (que eu não sei se são verdadeiras ou não) pareceu-me digna de consideração e, por isso, pedi à direcção que esclarecesse o caso, convocando se necessário ela mesma uma nova assembleia, especialmente para estudo desse problema, que" não estava incluído na ordem dos trabalhos da sessão em curso, A ideia da RUI DE OLIVEIRA: «Erros que se mantêm de ano para ano.... E verbas que nao deveriam aparecer como despesas....» convocatória não interessou, porém, à direcção, que achou que deveriam ser os sócios, no número legal, a pedir a reunião.» O art.° 29.0 do estatuto encontra-se também, de há vários anos a esta parte, «desactualizado». É que, na verdade, ele determina que «a assembleia geral reunirá ordinàriamente duas vezes em cada ano: a primeira, até 31 de Março, para discussão e votação do balanço e contas, do exercício, relatório da Direcção e parecer do Conselho Fiscal; e a segunda, durante o mês de Dezembro, para apreciação e votação do orçamento a vigorar no ano seguinte e para eleição dos corpos sociais, quando a isso haja lugar. Em vez disso, porém, a cooperativa reúne-se em assembleia uma vez por ano, em plena quadra festiva, e meia dúzia de associados decidem dos destinos de vários milhares de cooperadores. Não é apenas desinteresse da massa associativa e, se o fosse, como diria o eng.< Eugénio Lisboa, «quando uma massa associativa se desinteressa ou é levada a desinteressar-se espectacularmente da vida associativa - o que pode ser utilizado por um grupo restrito de sócios no seu próprio interesse- eu considero, como dever dos mais conscientes alertar essa massa inerte de associados por todos os meios públicos que tiverem ao seu alcance, porque isto é, em última análise, em benefício da colectividade e não em beneficio de uns poucos.» Aí está uma boa sugestão, que nem sequer precisa de ser votada em assembleia geral... A sonap passou a abastecer os aviões da TAP AO ALTO Aspecto do primeiro abastecimento a um dos grandes «Boeing. da TAP; AO CENTRO A SONAP ofereceu lembranças e flores à tripulação 'do primeiro avião abastecido; EM BAIXOAos passageiros também foram oferecidas lembranças e flores '», 23- -uni homcým ý ý esgate s5a rcípto. te>xt-feira PAGINA 21 BAIXA DA CAPITAL Do outro lado do fio a voz tinha qualquer coisa de muito estranho que Tajdin Ally, na azáfama da loja em que trabalha, não conseguiu determinar imediatamente. «,Quem fala?... - perguntou de novo. ,Aqui Momade Ali Cassamo repetiram. - .0 chova-chova... É para dizer À minha mulher que sigo para Ressano Garcia e que hoje não vou almoçar a casa .... Era uma voz abafada, monocõrdica, cheia de reticências. Tajdin Aily agarrou o telefone com mais força e, no breve silêncio que se seguiu, soube finalmente porque estranhava o que lhe diziam: «Mas essa não é a voz de Momade Ali...» - disse num fõlego. Do outro lado desligaram. Recebido às 10.30 horas de quarta-feira, 23 de Dezembro e esquecido ate ao dia seguinte, este telefonema constituiu a primeira grande suspeita de que Momade Ali Cassamo, um conhecido comerciante e prestamista de Lourenço Marques, fora efectivamente raptado nessa manhã, cerca das 8.30 heras, numa das mais movimentadas zonas da baixa da capital. Um rapto efectuado sem violência, tudo leva a crer, que três dias depois, no sábado, uma estranha missiva confirmaria. Encontrada sob a porta principal da Pensão Taj Mahal, de que Momade Ali é proprietário, pedia um resgate de mil e quinhentos contos pela sua vida... Estava redigida em inglês fluente e em papel de 25 linhas, Afirmava lacônicamente, que unós temos Momade Ali Cassamo». E, dirigida à família, acrescentava que se o queriam vivo teriam de entregar 1500 contos a um determinado individuo. Dizia, ainda, que se a Polícia fosse avisada Momade Ali seria morto. Fora dactilografada e metida sob a porta, durante a noite, dentro de um subscrito branco. Este facto, confirmado ao reprter por uma testemunha ocular e que agora TEMPO divulga em primeira mão, dissolve aparentemente quaisquer dúvidas que possam subsistir sobre as razões do desaparecimento do conhecido comerciante no interior de um automóvel com matricula sul-africana. Por outro lado, tudo indica que esse'pedido de resgate seja actualmente uma das mais importantes peças no processo em elaboração contra quem se julga ser o prlncipal autor do crime: o proprietário da fábrica de rebobinagem de linhas Imperiali. Ahmed Adam, actualmente detido pelas autoridades. Com efeito, investigações que se seguiram à entrega da missiva à Polícia, levariam à certeza de que a mensagem tinha sido dactilografada numa máquina existente nos escritórios daquela fábrica onde Igualmente foram encontradas outras folhas de papel IIIIO almasso com nódoas de ferrugem semelhantes às que ela apresentava. UMA MORTE OU " Ahmed Adam, cerca de 30 anos de idade, descrito por quase toda a gente que o conhecia como um óptimo conversador, culto, atencioso e de trato muito afável, era já o principal suspeito. Na complexa teia de acontecimentos que se seguira ao desaparecimento de Momade Ali a sua conduta fora . extremamente estranha e muitas circunstancias faziam recair sobre si as atençes gerais. Eis algumas delas: era devedor' de quantias ba;tante elevadas a Momade Ali, afirmava-se, e teria de efectuar pagamentos de letras igualmente elevadas no próprio dia 23; transaccionara a sua fábrica por 900 contos numa operação que desfizera depois de ter recebido essa quantia em letras da firma interessada em comprá-la: letras que entretanto rebatera junto a Momade Ali, por 700 contos, mas que então tinha impreterivelmente que devolver uma vez que a venda da fábrica Imperial fora anulada. Aliás, conforme foi afirmado ao repórter, um pedido de letras feito ao Banco onde Momade Ali era depositário 'referia-se exactamente a essas letras mas tudo levava a crer que a assinatura -na carta que o formulava - redigida em papel timbrado e com carimbo daquele- .era falsificada e o Bärc negara-se a aceitá-la. O mesmo sucedera com um pedido de extracto da conta do desaparecido: igualmente falsificado. Mais: a família de Momade Ali 'acusa-o ainda de ter tentado raptar, na manhã de sábado -o mesmo dia em que foi encontrado o pedido de resgate então já entregue à Polícia- o filho mais velho daquele, Francisco Domingos Cassamo, de 17 anos de idade. E, culminando tudo isto, um telefonema anónimo recebido na segunda-feira acusava-o «daquilo» que sucedera. «Fomos nós que o fizemos- - terá dito, em resumo, o autor desse telefonema que falava em guzarate- «fomos nós, mas Ahmed Adam é o maior culpado....» Provas talvez demasiado evidentes que as investigações em curso deverão confirmar -levando-o ao banco dos réus- ou contrariar. Entretanto, o maior mistério de todo o caso continua a afirmar-se sem qualquer resposta plausível: QUE SERÁ FEITO DE MOMADE ALI CASSAMO.... OU DO SEU CADÁVER? «UM FILHO MAIS VELHO...n Investigações efectuadas pelo repórter ao longo da última semana permitem reconstituir aproximadamente o que se terá passado desde o desaparecimento de Momade Ali Cassamo, na manhã do dia 23. Antes, porém, mais uma informação confirmada: foi preso, com Ahmed Adam, um outro comerciante de Lourenço Marques, Cantilal Irachande, cuja relação com o caso não foi no entanto possível estabelecer exactamente. ALI~ E uma outra que pode ou não estar relacionada com o desaparecimento de Momade Ali: parece certo que Ahmied Adam tenha andado a procurar «um caixote de grandes dimensões e capaz de conter um corpo humano- no próprio dia do rapto. Procurou-o. nomeadamente, no Bazar Central, na Avenida Manuel de Arriaga, e diz-se à boca cheia que acabou por comprar na baixa Mas vejamos o que sucedeu: Cerca das oito horas da manhã do dia 23 e como normalmente o fazia, Momade Ali Cassamo saiu de casa para tratar de negócios na delegação de um Banco situado na Avenida Paiva Manso. Estava -muito bem disposto» - segundo afirma a família com quem o repórter falou demoradamente e levava consigo a sua pasta de documentos. Nela, como de costume, colocara o seu livro de cheques, algumas letras, papel timbrado e o carimbo da sua firma e uma pequena quantia em dinheiro. «Tínhamos saldo para passear na véspera à noite e o meu marido estivera sempre bem disposto, gracejando como sempre o fazia q respeito das mais pequenas coisas.... Nada indicava o que estava para acontecer....» - afirma nomeadamente sua esposa, D. Sherbanu Cassamo, a voz embargada pela comoção. As .10.30 horas, Tadjin Ally recebia o estranho telefonema. acima descrito. Com cerca de 25 anos de idade, familiar afastado do desaparecido, ele reconheceu que não se tratava de Momade Ali: «Ele era muitog ESTARA MOMADE brincalhão e nunca começava uma chamada telefónica diýendo apenas o seu nome: punha-se sempre com piadas antes de dizer o que queria» -afirmou ao repórter.-Além disso eu já falara diversas vezes com ele pelo telefone e mesmo para recados como aquele que alguém queria que eu transmitisse à família porque moro mesmo em frente da Pensão. Conhecia pois a sua voz perfeitamente e soube assim que não era ele, apesar de ser dito que era o «chova-chova» quem falava e «chova-chova» ser a alcunha pela qual a gente o conhecia... Mas não liguei então muito a esse telefonema....Momade Ali Cassamo não almoçou portanto em sua casa e, à noite. D. Sherbanu Cassamo resolveu enviar o seu filho Francisco à casa de Ahmed Adam, situada na mesma rua, para saber onde se poderia encontrar o marido: 'Ahmed Adam era muito amigo de meu pai e andava sempre com ele» explica sua filha, D. Rossano Cassamo, residente na cidade da Beira mas em Lourenço Marques desde que soube do desaparecimento do pai.- «Aliás, ele era tratado por todos nós como um irmão mais velho e por meu pai como se fosse seu filho.» Francisco Cassamo regressara em seguida: «O Ahned disse-me que deixara meu pai à porta do Banco quando aparecera um carro de matricula sul-africana cujos passageiros o tinham chamado. Que meu pai se tinha dirigido a esse carro e que seguira nele- - conta agora. Aparentemente Ahmed Adam nada mais sabia. Na manhã seguinte, quinta-feira dia 24, ele aparecera no entanto na pensão e, lamentara-se do desaparecimento de Momade Ali Cassamo: «Disse-nos que isso era uma pena, que precisava de lhe pedir dinheiro emprestado, que tinha letras urgentes a pagar, que estava numa situação desesperada....» - conta ainda D. Sherbanu. Entretanto dera entrada no Banco de Momade Ali uma carta pedindo um extracto da sua conta e uma outra pedindo a devolução urgente de determinadas letras. Em ambos os casos e embora as cartas fossem redigidas em papel timbrado de Momade Ali e sobre uma assinatura semelhante à deste figurasse um carimbo da sua firma, o Banco recusou-as, como provàvelmente falsas. PEDIDO DE RESGATE Quinta e sexta-feira passaram sem que nada de novo se soubesse sobre o estranho desaparecimento de Momade Ali Cassamo. Na manhã de sábado, muito cedo, familiares seus encontrariam sob a porta da pensão um subscrito branco que, depois de aberto, se concluiria ser um pedido de resgate de 1500 contos, «se querem Momade Ali vivo». Foi entregue à Policia que então já se encontrava em campo: DA ESQUERDA PARA A DIEITA D, SHERBANU CASSAMO E D. ROSSANO CASSAMO, respectivamente mulher e filha de Momade Ali: dias seguidos vividos na esperança de um, súbito aparecimento.. «Ahmed Ali era um grande amigo de casa...» -dizem; FRANCISCO DOMINGOS CASSAMO: Vitima, também e le de uma tentativa de rapto ou pressentimentos infundados de sua mãe?; TAIDIN ALLY: «Não, não era a voz de Momade Ali naquele telefonema Quem seria? Não sei, nunca a ouvira antes...'; NOORDEENALLY BABOOÓ: «Temos medo: como poderia ter desaparecido uma pessoa dessa maneira? Foi por isso que a comunidade Ismallia participou incessantemente nas buscas... Sem resultado, porém» DIRMrA-A ENTRADA DA FABRICA DE REBOBINAGEM DE UNHAS IMPERIAL: situada na Avenida 1. Senão, junto ao cemitério, tuao dica que foi lá que a Policia encontrou a máquina onde fora dactilografado o pedido de resgate. O seu proprietário, Ahmed Adam iha-a vendido por 900 contos numa operação que desfizera depois de ter recebido letras que se apressara a descontar junto a Momade li por 700 contos... A ESQUERDA- HENRIQUE VIEIRA MENDES e D. ESTER SOARES, proprietários da sapataria junto à fábrica Imperial: «Conhecíamos Ahmed Adam e ele s=mpre foi um verdadeiro cavalheiro...leis HOMENS PRESOS *"Õ,oncluimos que provàvelmente se tratava de uma tentativa de lançar as investigações numa pista falsa, - afirmou ao repórter um amigo intimo de Momade Ali que viu essa missiva. - «E não acreditámos naquilo que dizia, que se avisássemos a Policia Momade Ali seria morto. Com efeito, apontava: o nome de um Indivíduo que deveria receber o dinheiro que pedia mas esse individuo estava para lá de quaisquer suspeitas.,. Por outro lado, a quantia pedida, 1500 contos era fantástica de mais para poder corresponder a qualquer realidade ..... Estava escrito em papel almasso, de 25 linhas, em inglês fluente. Fora dactilografado e era dirigido à família. . Seria realmente uma tentativa de lançar as investigações numa pista falsa? TENTATIVA DE RAPTO... Nessa mesma manhã, Ahmed Adam aproximara-se da Pensão de Momade Ali e, da rua, de dentro do seu carro, chamara Francisco Domingos Cassamo, filho mais velho do desaparecido: -Disse-lhe que queria tratar com ele assuntos de letras» -recorda sua mãe, D. Sherbanu Caosamo. - «Francisco ia a aproximar-se mas eu gritei por ele, cha4aando-o de volta, Ahmed Adam pôs o carro em andamento e foi-se embora sem dizer iais nada. Tive o pressentimento que julgo certo de que ele queria raptar o meu filho .... Entretanto o medo apoderara-se das pessoas mais próximas de Momade Ali Cassano, dos seus familiares, dos membros da comunidade ismaflita a que pertence. E na tarde de sábado, tal como no domingo durante todo o dia, muitas dessas pessoas iniciaram buscas tendentes a determinar o paradeiro de Momade Ali: «Rebuscámos grande parte da cidade, em muitos casos batendo de porta em porta, fomos à Namaacha, a Ressno Garcia .... Nada encontrámos» - confidenciou nomeadamente ao repórter o comerciante Noordeenally Babool. - «Tinhamos medo: como poderia ter desaparecido assim uma pessoa, sem deixar rasto, um dos nossos? E procurámos sem d,2scanso até a Polícia nos dizer que seria preferível que parássemos com as nossas buscas porque elas poderiam dificultar as investigações.... Mas só sossegaremos quando soubermos ao certo o que se passou.» A DENÚNCIA Na segunda-feira, dia 28, um telefonema em guzarate apontaria Ahmed Adam como «o maior culpado». Um telefonema anónimo que fazia eco a muitas das suspeitas que andavam já no ar. Estranhamente porém, a voz do outro lado do fio dizia que «nós é que o fizemos».... No dia seguinte uma busca à fábrica de linhas Imperial e aos seus escritórios levaria à conclusão de que o pedido de resgate recebido no sábado tinha sido lá dactilografado. Ahmed Adam foi preso. Depois, o comerciante Chantila Irachande também. Paralelamente as investigações prosseguiram aparantemente sem outros resultados que os que acima foram referidos e que são voz corrente entre os membros da Comunidade Ismalita de Sua 'Alteza Aga Khan em Lourenço Marques. Uma comunidade que, mais acutamente que a própria opinião pública de Moçambique em geral, segue todos os passos da Polícia procurando responder às grandes dúvidas que o desaparecimento naturalmente fez surgir. Um desaparecimento que levou já à prisão dois homens, envolve um pedido de resgate de 1500 contos e telefonemas anónimos, uma tentativa de raptp, suspeitas acentuadas de crime de morte, missivas com assinaturas falsas ou feitas sob coacção pedindo extractos de contas e letras, a transacção de uma fábrica que não se efectua, a procura de um caixote capaz de acomodar um corpo humano e uma aturada busca das autoridades que até ao presente ainda não conseguiu responder ao maior enigma de todo o caso: onde se encontra Momade Ali Cassamo... ou o seu cadáver? As únicas certezas que o repórter conseguiu confirmar até à data não conseguem também responder a esta pergunta. Mas garantem tratar-se de um caso extremamente embrulhado, e, apésar das peripécias rocambolescas mais próprias de um romance policial, extremamente grave e com consequências cuja totalidade ainda não pode ser determinada por completo. E assim, tal como os inúmeros amigos e familiaresde Momade Ali Cassamo prefere manter a dúvida sobre a sobrevivência do conhecido comerciante até esta data.... ....Aguardando que as investigações em curso possam produzir uma resposta convincente o mais r¿pidamente possível. 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Ferreira de Castro tira um cigarro e recosta-se na cadeira. £Mastiga o problema com menilesta satisfação: ,Neste tempo. maiet NOS hem? Veja, eu HOMENS preferia viver no futuro. Mas no futuro que eu sonho, sem injustiças sociais que persistem ainda nos sos dias, num futuro em que o nosso próprio drama biológico estivesse bastante atenuado. Não podendo, infelizmente, viver no futuro, eu tenho de aceitar viver no presente. Mas so tivesse de escolher entre hoje e o tempo imenso que nos precedeu, eu escolheria sem dúvida alguma esta épo que estou a falar consigo. É uma época ao mesmo tempo dramtica bela. Um po de demolição a do construção, ambas necessárias, uma época que nunca houve, sob este ponto de vista, tão intensa como a nossa. Nunca o homem se superou tanto." Apontando a televisão. o escritor acrescenta: *Basta pensar que aquele mesmo aparelho que está na nossa frente nos transmite imagens o palavras humanas, não só de longínquos pontos do nesso planeta, mas até do nosso PÃ1O DE p ESPIRITO satélite, a Lua, conquistas essas impensáveis há muito poucas décadas ainda. Basta pensar também que as lutas democráticas dos nossos dias, se fazem, não para manter o mundo decrépito e iníquo, mas para conquistar um mundo novo e melhor. Vertia-se outrora muito sangue para manter o poderio de alguns poucos homens, que oram senhores do mundo e amos absolutos do resto da humanidade. Ora o sangue que se derrama hoje é geralmente pela ideia de trazer aos espoliados e ofendidos de ontem uma aurora de justiça, de amor e de fraternidade.. A CONDIÇÃO HUMANA Palavras de amor e de justiça na boca de um jovem grande pequeno senhor de cabelos brancos, soavam insólitamente naquele salão de hotel de 1.' classe em Lisboa. Mas os cabelos brancos não querem dizer nada. teus olhos são primavera ao afirmar, com segurança: ««Eu acredito nos homens. Acredito no Homem e, consequentemente, acredito nos homens. Todos nós temos muitos defeitos e todos nós somos vitimas de terríveis instintos, mas a verdade é que a culpa não é nossa, e somos nós próprios os primeiros a reconhecê-lo. Quando digo nós próprios, eu refiro-me àqueles homens consciencializados e não, evidentemente, aos que mercê da ignorância em que os deixaram, não podem ainda avaliar nem de suas virtualidades, nem de suas deficiências. Nenhum destes casos, porém, são culpa dos próprios homens, todos eles são vítimas das chamadas leis da natureza. Nenhum deles se criou a si próprio, nem a seu gosto antecipado e muitos deles, tém feito, desde há vá. rios séculos a esta parte, consideráveis esforços, seja pela filosofia, seja pela- psicologia, para melhorar a condição de todos. quer dizer, a nossa pobre condição humana. Os resultados obtidos não têm sido tão grandes como seria da desejar, mas há já imensos resultados do nosso progresso moral, que é justamente aquele que tem sido negado polos que não têm meditado e analisado -ou têm-no feito superficialmenteeste tão profudo problema da humanidade. Se pensarmos em um crime extremo como esse que Hitler praticou, verificamos que a repulsa universal que esse acto representou significa já um progresso moral. Essa falta de perdão que nós temos pelas crueldades dos imperadores assírios, que ainda não foram absolvidas por nós 2500 anos depois, vai sem dúvida muito mais longo que a condenação que eles, como tantos outros do passado, receberam de seus contemporâneos. Diz-s que a humanidade progrodiu nos últimos cem anos mais do que havia progredido em todos os milénios anteriores. Quando se fala deste progresso, pensa-se sobretudo no nosso avanço científico. Mas a verdade é que o nosso avanço moral, mais lento e menos espectacular, existe também, e para ele alguma coisa contribuíram igualmente es cientistas, além dos filósofos, sociólogos, psicólogos, poetas e escritores.» OS GRILHOES DO CHICOTE Ferreira de Castro acende um cigarro e faz uma pausa. Tudo é silncio à nossa volta. Apenas uma porta de vidro nos separa dos outros hóspedes, mergulhados no perigoso fascínio da televisão portuguesa - tão má quanto a televisão brasileira. *Sabe? - a sua voz era risonha, amigo - eu penave o O sangue que se derrama hoje é geralmente pela ideia de trazer aos espoliados e ofendidos de ontem uma aurora de Justiça, de amor e de fraternidade Ferreira de Castro: uns olhos de menino travesso num rosto que o tempo marcou. Esse mesmo tempo que nada conseguiu contra a força de suas palavras, a coerência de suas atitudes. Um homem que sempre se soube situar na sua época, no seu pais, no seu lugar. E que neste momento trabalha dia e noite num novo livro, quase pronto. «É verdade -confirma o escritorTenho um livro em preparação e desejaria ainda escrever outros, se a vida me permitisse. Creio que ainda não disse tudo quanto tinha para dizer». DOS POBRES que esta entrevista ia ser igual às outras, pergunta e resposta, sim sim, não, não. Estou tão cansado de dizer as mesmas coisas ... mas você fez-me perguntas diferentes. E estou para aqui a falar, a falar ... mas olhe. Posto que me está interrogando para uma revista africana e que me diz viver no Brasil, vamos falar um pouco sobre próblemas de homens de cor.Seus olhos riem: o Brasil é a segunda pátria de Ferreira de Castro, que ali viveu largos anos de uma infância sem brinquedos. -Na segunda metade do século passado -o escritor faz questão de ditar as palavras certas, precisas. Em ler e reler cada frase, tomando o peso a cada afirmação, a cada ponto final - ainda os fazendeiros brasileiros e portugueses, os coronéis de então, desse grande e generoso pais que eu não EU PREFERIA VIVER NO FUTURO. MAS NO FUTURO QUE EU SONHO, SEM INJUSTIÇAS SOCIAIS QUE PERSISTEM AINDA NOS NOSSOS DIAS, NUM FUTURO EM QUE O NOSSO PRÓPRIO DRAMA BIOLÓGICO ESTIVESSE BASý, TANTE ATENUADO posso evocar sem emoção, pensavant que não s podia viver sem oscravos. Pensavam que o progresso brasileiro deter-se-ia desd. que retirassem do corpo dos pobres pretos os grilhões do chicote. Ora a abolição dos oscravos no Brasil não tem ainda sequer cem anos, e contudo estou absolutamente certo que não há hoje no Brasil nem em -Portugal, nem em. pais algum, alguém que panse que é necessário haver escravos pra que um nação pregid. Isto é, evideantemente, um enorme progresso moral. E pode-se acrescentar que jamais o Prasil progrediu tanto como depois que deixou de haver cativos nos seus territórios. 0 fenómeno americano é exactamente igual. Os terratenentes do Sul pensavam que a América do Norte cairia na miséria a estagnação, desde que os poderosos dessem liberdade a seu escravos. E nunca, também, a América do Norte foi tão rica, tão próspera, como depois desse período negro de sua história. E se há alguma pequena diferença entre os homens dos Estados Unidos do Brasil e os homens do estado do sul da América, é que talvez seja posível que entre os segundos ainda elUstam alguns com a mesma mentalidade dos que fizeram a Guerra de Sucessão, mas, felizmente, com a condenação absoluta 'de todos os outros americanos, ao posso que no Brasil, nem essas mesmas excepções existem.» O PAO DO ESPIRITO Ferreira de Castro não gosta muito de falar sobre certos assuntos. Por exemplo, escritores: uSe falo de um e não falo de outro,, arranjo melindres ... e há tanta gente boa, séria, na literatura portuguesa, brasileira, africana ... olhe, o que eu penso é que a literatura de lingua portuguesa é hoje servida por um número extraordinário de escritores, poetas, ensaístas, homens de teatro -agora que os bons autores de teatro vão rareando no Mundo - que a prestigiam paios seus altíssimos méritos. Esta afirmação, tenho-a feito muitíssimas vezes não só á Imprensa portuguesa, como à Imprensa de outros palses - nomeadamente à brasileira. E não a faço apenas por isso constituir uma honra para a língua portuguesa, mas sim para honrar a verdade. Acontece que essesescritores e esses poetas, quer do um quer de outro país, todos ou pelo menos a maior parte, senão a totalidade, pensam como eu acerca dos problemas a respeito dos quais acabo de me pronunciar. O futuro é o pão de espírito dos pobres, dos milhares de explorados e ofendidos, e é também a cer-a teza, a grande certeza, da maioria dos Intelectuais., Fez-se silêncio. Na outra sala, a televisão transmite umt EXCLUSIVO A GENTE SENTE QUE E PR ECISO FAZER QUALQUER COISA desafio de futebol. As pessoas seguem o jogo com entusiasmo: «golol Viva o Eusébiol». Ferreira de Castro encolhe os ombros com certa tristeza. E diz, como para consigo próprio: aNão sei o que me aconteceu. Eu não tenho o hábito de falar tanto assim. As minhas entrevistas costumam ser curtas o sóbrias. Não me posso cansar, minha saúde não anda muito boa. Sabe, tive um convite para visitar o Brasil, mas ainda não pude aceitar por causa de minha saúde, que continua a ser precária. Mas se melhorar, Irei com prazer. Pela mesma razão, não pude aceitar o convite de Secretaria de Educação do Amazonas para assistir ao centenário de Manaus, que se efectuou o ano passado. Mas se um dia minha saúde melhorar, irei com profunda ale. gria, embora receie, no estado actual do meu coração, o profundo choque emotivo que teria, sem dúvida um dos maiores da minha vida, se eu voltase a pisar terra amazónica.. ESSA FALTA DE PERDÃO QUE NÓS TEMOS PELAS CRUELDADES DOS IMPERADORES ASSiRIOS, QUE AINDA NÃO FORAM ABSOLVIDAS POR NÓS 2500 ANOS DEPOIS, VAI SEM DÚVIDA MUITO MAIS LONGE QUE A CONDENAÇÃO QUE ELES, COMO TANTOS OUTROS DO PASSADO, RECEBERAM DOS SEUS CONTEMPORÂNEOS FAZER O QUÊ? As escoaram-se uma a uma, devagar. Já passa muito das onze. A voz do escritor revela a fadiga da longa conversa pela noite dentro. ,,Falei tanto, porquê? Acho que foi o feitiço do Brasil. Ou o feitiço da Africa que ainda traz consigo ...» Ou o feitiço dessa madrugada fria de Lisboa que caminha ao nosso encontro. A televisão terminou. As pessoas vão saindo em silêncio. O escritor comenta os últimos acontecimentos nacionais e internacionais. «Guerra, fome, ódio, opressão, injustiça: não se fala de outra coisa no mundo-. -A gente sente que é preciso fazer qualquer coisa, não 6? a voz de Ferreira de Castro é carregada de tristeza Fazer qualquer coisa depressa. Mas fazer o quê? A pergunta ficou suspensa na noite. IN"r'UUCI índices de progresso de um povo deum pas! COMPANHA DE CIMENTOS Escritorios COMAIQE, IMENTS Av. Fernào de Magalhães DE MOÇAMBIQUE, S.A.R.L. Instalacões Fabris - MATOLA DONDO NACALA ml NNý,ý qb 01"*. tolf P~M A LEITE PASTIffiZADO El Emm =m MAý[ AS RECLAMAÇOES DA POPULAÇÃO ESIENDIM-SE AGORA AI CHAMADO 11111 PALARIZADO (EM PACOIESi Agrava-se o problema do leite em LourenSo Marques. Diàriamente ouvimos reclamações Indignadas e observamos provas concludentes que nos chegam à Redação das deficientes condições em que o leite está a ser fornecido ao público. A Veterinária informa qt está a tomar providências mas a última palavra cabe porém aos Serviços de Saúde. A presença de agentes coliformes no leite pasteurizado vendido pela Cooperativa de Criadores de Gado - presença essa comprovada pela análise bacteriológica do Instituto de Investigação Veterinária de Moçambique e denunciada pelo «Tempo. em reportagem inclusa no seu número 11 - levou inúmeras famílias a tomar precauções como ferver o leite ou consumir de qualidade diferente e obteve atenção imediata por parte- dos Serviços de Saúde que mandou proceder a análises nos seus laboratórios próprios. Seria da esperar também, e por parte da Cooperativa dos Criadores de Gado, uma reacção sadia que conduzisse à imposição do maior rigor na selecção. pasteurizado, engarrafamento e distribuição do leite, de forma a pôr termo às deficiéncias encontradas. No entanto, recrudesceu o volume de reclamações a estas passaram a estender-se também ao leite palarizado (em pacotes triangulares), que até aqui raras vazes tinham dado margem a reparos. O leite pasteurizado - porquê insistirem chamar-lha upateurizadon? - continuou a apresentar agentes coliformes e outras coisas mais como larvas de moscas. Deste facto deu conhecimento à Delegacia de Saúde um insuspeito catedrático da Faculdade de Veterinária, que recebeu para o pequeno almoço um litro de leite recheado de ovos e larvas de mosca. A queixa transitou para os Serviços de Veterinária que autuou a Cooperativa em 2000$00. DE MAL A PIOR A familia Negrão, moradora na Rua do Tejo, n.o 2. costumava consumir leite pasteurizado. Após a publicação da nossa reportagem optou prudentemente. pelo palarizado. Foram de mal a pior. segundo o seu filho José Guilherme (15 anos) que nos entrou pela Redacção exibindo, bem afastado de si, um pacote de leite palarizado: wA minha mãe deixou o leite pastourizado e mudou para este, assim que leu o que os senhores escrevaram. Mas andamos com azar. Este é o segundo pacote em oito dias que verificamos estar estragado. Conforme adquirimos o leita. metemolo na geleira. de onde só o retitfmos para o beber. Não 6, portanto, falta nossa. O leite já nos chegou dastalhado nos pacotes, que quando se abrem ieitam um cheiro de fugir. Mal aproximámos um pacote do nariz, logo nos sentimos agoniados com o cheiro a azedo. ~~;dI~~ci a CIIPEIATIVA 111 FOI UM PONTO DE VISTA OFICIAL Tendo-se tornado evidente' que o público continuava a ser mal servido, abordámos a entidade que fiscaliza a produção do leite, Direcção dos Serviços de Veterinária. Atenderam-nos os drs. Fernando Paisana e Mário Moreira, respectivamente director dos serviços e veterinário encarregado da fiscalização, que nos expuseram o ponto de vista daquele departamento do Estado. Eis, em resumo, o que disseram: «O leite, apesar de tudo quanto o público diz, não é tão mau como o pintam. De facto, as leis de Moçambique para o leite são perfeitamente adequaEM CIMAEm pouco tempo, devolveram-me trés embalagans de leite palarimdo» - Maria Alice Baptista. do Ca.é Capri EM BAIXO - Tenho tido devoluçoes frequentes do leite em pacotes e. na semana passada. tamb6m me devolveram duas garaas de leite pasteu~ido. em péssimas condições. = Maria Alicee Sequeira da Casa de Frescos da Malhangalone MAUS AUTUADA das. já que nos Estados Unidos ainda são menos rígidas. É que não se pode exigir uma pasteurização total no leite distribuído nas garrafas, pois aquela só é posivel dentro do próprio pasteurizador. Assim. mesmo que o leite seja intraduzido nas garrafas com um índice óptimo - isto é, com 100 por cento das bactérias patogénicas mortas- como o. leite é um meio ideal para a proliferação bacteriana e o encapsulamento não é totalmente estanque, é sempre de esperar que chegue às mãos do consumidor com flora bacteriológica. Não se nega, contudo, que o leite tenha saido já duas ou três vezes em mau estado. Espera-se, no entanto, aperfeiçoar a produção, conseguindo melhores características no criador e maiores cuidados durante a comercialização. uComo obter este aperfeiçoamento? Procedendo à mentalização -sempre muito lenta- do criador para que reforme os seus processos de ordenha. envasilhamento e transporte do leite, recorrendo, sempre que possível, à ordenha mecânica para que haja menos contactos e interferências manuais. Já no círculo da comercialização terá de se rever o actual sistema de encapsula. monto, pois as cápsulas não vedando em absoluto, deslocam-se durante o transporte e permitem, desta forma, a invasão do leite por resíduos adulterantes. wAs coisas ainda não estão boas, mas está-se a fazer o possível para que melhorem.» «rFic ~ ago:ado o c idro do audo-10.6 Guilb Noga. ou não o público quanto ao seu estado é a Direcção dos Serviços de Saúde. Por este motivo, ouvimos o dr. Armando Barros, director dos Serviços de Saúde: . A Delegacia de Saúde de Lourenço Marques bem como esta Direcção já deram urgente andamento a todo o exMUACA, PAME1CE AGRAVAR-SE os mmVOS DE *aODE -TERAO A OLTIMA PALAVRA Embora por uma estranha anomalia orgAnica quem fiscalize a produção do leite que bebemos seja a Veterinária, quem decide da necessidade de evisar servicos de saude avisarao qne deve ferver a lite pediente referente ao leite e que nasceu das análises efectuadas pelos nossos laboratórios. Nada mais tenha a dizer acerca da questão, que já foi submetida aos serviços competentes, Direcção de Veterinária. Mas se o estado do leite não melhorar, avisaremos a população de que o deve ferver.» REVENDEDORES E CONSUMIDORES TODOS DE ACORDO Felizmente há muitas pessoas que deixaram de acreditar no rótulo «Pas. teurizado» e já fervem o leite. É o caso de D. Alice Resende e de D. Amália Junqueira, da Polana e de D. Antónia Vasconcelos e D. Helena Prado, do Alto Mae cujas afirmações podem ser sintetizadas pelas que se seguem de D. Esmneralda Gomes, da Malhangalene: «Passei a ferver o leite, depois de ter lido a reportagem do «Tempo». Bem gostava de não ter de o fazer porque ;ó lhe destruo as qualidades, mas continua a não me merecer confiança pois D seu aspecto é esquisito, sabe a pasto :u a coisa pior e tem um cheiro que ião é só de leite.» Um grande sector de público está a :omprar, porém, leite palarizado. Estará 3 ser bem servido? Segundo a opinião dos revendedores, Maria Isabel Garcia. (leitaria do Alto Maé), Maria Alice Baptista (Café Capri, na Malhangalene), Manuel Faria Nunes (mercearia da Pinheiro Chagas) e Gil. berta, AraÚjo da Silva (Casa de Frescos Gil), o leite palarizado «só tem dado problemas». Enquanto alguns destes revendedores inquiridos à sorte - se pronunciaram apenas sobre o leite palarizado, afirmando receber dos clientes constantes reclamações e devoluções, D. Maria Alice Sequeira e D. Gilberta Araújo da Silva reiteraram as mesmas opiniões e acrescentaram que o leite pasteurizado também «não anda em condições». Três clientes a saber - D. Inácia Assunção, D. Alzira Marques e D. Guilhermina Almeida - confirmam a opi. nião dos revendedores, tendo-nos dito a última: «O leite palarizado também já não anda bom. Estou farta de abrir pacotes com leite estragado, destalhado' e a cheirar mal.» Mais poderíamos escrever sobre o imenso rol de queixas que ouvimos sobre o leite. Mas isto chegã. Chega para os Serviços Oficiais actuarem, para o público fazer a sua opção e para a Coo. perativa dos Criadores de Gado tomar outro rumo. Rumo este que não é senão o ditado pelas responsabilidades de abastecer um mercado onde não há - infelizmente - concorrência. * ik. do "k s cam 1t ooag- D. Guilozfn MJud EM CIMA « Rã16 muitas devoluções do leito om pacoto-Maria Isabel Garcia. loitaria do Alto-Ma6 AO LADO - «0 leite pasteurizado anda podro 56 me dá'abarrecimentos por causa das dovoluçõea - Manuel Faria Nuno& merceara. casa de k o na Avomida Pb e C a A ASSOCIACÃO ACADFMICA Di M Desconhecida do grande público, ou melhor, conhecida apenas por aquele através da actividade desportiva - que constitui um dos sectores menores da sua actuação - a Associação Académica de Moçambique, tem no entanto vindo a desenvolver um proficuo trabalho em prol da valorização, conscýencialização e defesa dos interesses do estudante moçambicano a todos os níveis. Razão mais que suficiente portanto, para que junto dos seus dirigentes «Tempo» procurasse obter depoimentos que permitissem uma- necessária apresentação, para além de uma panoramica do que têm sido estes curtos mas laboriosos anos da sua existência e o abordar de alguns problemas mais prementes' do ensino reunidos em mesaredonda, quatro dos mais influentes elementos da A. A. M. - Alfaro Cardoso, Pedre Corqueira, Rui Gonzalez e Joaquim Barradas, tornam pois, hoje públicas as suas declarações. TEMPO.- Começando talvez com o AI,o Cardoso, já que foi ele o presidente A. A. M. neste ano lectivo que findou, staria que me desse uma panorâmica s estruturas internas em que assenta a sociação: seu modo de funcionamento, ta orgânica, etc. ALFARO CARDOSO- A A. A M. tem rca de 1000 s6cios dentro de uma Univerlado com cerca de -nesta altura- 1500 uos matriculados. Possui uma direcção. ral constitulda por um presidente. três cpresIdentes, dois secretários, um tesouro vogais nomeados em número acosrio. Para facilitar a descentralização de rviços, cada uma das secçSes da A. A. X. n um director, secretário e tesoureiro, e toanoma necessária o suficiente para gerir realizações que lho digam respeito. O pel da direcção-geral 6 o da coordena. o das vinte o poucas actividades das dlfe. Alfaro Cardoso: «As deitterações do Conselho Consultivo chocam por vezes flagrantemente com as tomadas pelo órgão que na realidade continua a reger a Universidade: o Senadorentes secções. o da representatividade, e o da delineação das suas linhas de rumo. Essencialmente. a A. A. M. divide-se em quatro departamentos: pedagógico. social, cultural e dsportivo: Sob o ponto de vista pedagógico temos montadas secções que procedem & elaboração de sebentas, livros, etc., e também & venda de material de papelaria em condições vantajosas. Ainda sob o ponto de vista pedagógico. tem cabido à Associação Incentivar a eleição dos estudantes junto das autoridades académicas e incentivar também a participação do estudante na gestão universitária. Neste sentido conseguimos até agora a formação de um Conselho Consultivo da Universidade, constituído por igual número de elementos do corpo discente e docente e do qual tomam parte como presidente o Reitor da Universidade, os directores de Faculdade, os representantes dos alunos e como vogal nato o presidente da A. 'A. I4. Esse Conselho Consultivo tom nesta altura um papel um pouco confuso que do maneira alguma nos satisfaz, na medida em que por vezes as suas delibrações chocam flagrantemente com as tomadas pelo órgão que na realidade continua a reger a Universidade: O Senado. E é nesse sentido que nesta altura reivindicamos lugares junto desse 6rgão ou a formação de uma estrutura verdadeiramente democrática que o substitua. Sob o ponto de vista cultural tem a Associação novo secções. A nossa missão nesse campo é muito: ingrata na medida em que o meio ambiente é adverso ou pelo menos é de dificil assimilação. Sob o ponto de vista social, trabalhámos este ano essencialmonto num campe diferente dos transactos. Este ano a secção Social criou um departamento, o Centro de Estudos de Moçambique, cuja função é fazer aperceber aos estudan tos os problemas reais de Moçambique. Essa percepção está a ser facilitada polo C. E. I4. de duas formas: teórica e prática. Na parto teórica está aquele departamento a proceder à organização de uma biblioteca que conste de documentos relativos & etuografia, condições econ6micas e sociais das populações moçambicanas e estudos de cooperativismo. Na parte prática tem-se vindo a pôr o estudante junto das populações nativas, para - sem qualquer intenção caritativa - procurar assimilar os seus problems, tentar resolvê-los ou fazer com que elas próprias os resolvam. Na parte desportiva, encaramos o desporto como formação física e moral ossencialmente O meio neste caso também não nos é muito favorávelL multas questões têm sido levantadas sobre a questão da participação da A. A. M. no desporto fedeRui Gonzalez: «A A. A. devia ser um organismo autónomo, totalmente independente sob o ponto de vista ideológico, e que portanto de maneira alguma deveria esta integrado num organismo estatal, cujo estatuto poderá não ser aquele que os estudantes definam como correctos rado. A minha opiiao é que o óptimo sera nós termos um desporto oonecialmedte universitário, mas para isso não existe actualmente nem material humano nem físico. A NECESSIDADE DE UMA.ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA TEMPO- Depois deste intróito de Alfaro Cardoso, em que ficámos elucidados acerca das estruturas da Associação, vou pôr a primeira questão de mesa-redonda. Qual a causa do aparecimento, melhor, qual o conjunto de .necessidades que tornaram imperiosa a formação da Associação Académica? RUI GONZALEZ- A necessidade de uma Associação surge fundamentalmente no es, pirito do estudante numa fase até mais adiantada do que o inicio da Universidade. Surge com o tomar de consciência de uma série de problemas que são problemas coOCAMBIIUE IM MESA -RDONDA -- Depôem quatro dos seus principais elementos: Alfaro Cardoso, Pedro Cerqueira, Joaquim Barradas e Rui Gonzalez muns. ] nesse aspecto que a A. A.. começa a ser um 6rgão exclusivamente de estu- Edifício onde funciona a A. A. M. dantes, dentro do princípio democrático universalmente aceite que os problemas de um grupo devem ser equacionados. representados e so possivel solucionados, por elementos desse mesmo grupo. Desta forma uma Associação de estudantes trabalha na resolução de problemas dos seus associados. não s6 na fase iniciaL mas também no sentido de permitir uma formação do estudante universitário através desse trabalho conum que lhe diz respeito. dado que possui um certo grau de cultura de que se servirá na vida futura. Assim, urge que ele crie consciência daquilo que está certo e daquilo que está errado, dentro de um padrão que não 6 muito provbvolmente o da sua familia, nem tão pouco aquele que as organizaços governamentais através da sua orientaça* podag6gica pretendem dar no ensino secundário. Em suma: a Asociação Acadêmica nasce de uma necessidade de consciencialização do universitário e tende para uma estrutura que a permita. a fim de que ele possa ser no futuro um dirigente consciente. Essa finalidade justificava - a meu ver- que a A. A. fosse um organismo autnomo totalmente independente sob o ponto de vista ideol6gico. e que portanto de maneira alguma deveria estar integrado num organismo estataL cujo estatuto poderá não ser aquele que os estudantes definam como correcto. ALFARO CARDOSO-A necessidade da existência de uma Associação de Estudantes. nasceu da necessidade de resolução de todo um sistema de problemas inerentes & massa estudantil e da pecossdado da organização de quadros que pormitissem resolver óesse mesmo problemas. Que permitissems a formação do estudante, e a sua representatividade real ao nivel escolar. PEDRO CERQUEIRA - Em complemento de que foi dito pelos meus colegas, eu tenho a acrescentar que a A. A. nasceu talvez de uma tomada de conscincia de um indivíduo -o estudante- habituado a estruturas patenalistas da escola ou do Licm, em que n 1L; a sua Jormação 6 única e exclusivamente da . ,* iUtWI responsabilidade do Estado. Qualquer estabelecimento de ensino não 6 um organismo de formaç éo 6 simplsmonte um organismo de informação. É nessa base que nascem as A. A., na medida ej que a Universidade 6. um organismo comprometido perante a orientação de um governo, perante uma Spolc Ora para a foraço de um mi viduo não há uma formação úmica. Um individuo que queira ter uma formação livre CERTOS PRINCIPIOS DE ORIENTAÇAO DEMOCRÁTICA A QUE A A. A. M. SE CINGE NAO SÃO MUITO GRATOS AO CORPO DOCENTE QUE ACTUALMENTE LECCIONA NA U. L. M. (ALFARO CARDOSO) Os perques de ,litica. como nós chamamos, que queira ar sobre todos os assuntos, que ueira conhecimento e acesso a todos os promas que afactam a sua ~ação, tem que agrupar. tem que formar grupos de tra1o, e portanto decidir, optar e ponsar ,r* todos os problemas que acometem o po em que se insere. e a sociedade de modo geral. neste ponto portanto que a Associação so torna responsável pela nação de um individuo, pela sua tomada consciência. JOAQUIM BARRADAS - Eu dosejava para fazer um reparo. Queria fazer notar que Associação Académica não nasceu por problema de falta de serviços que actualnto presta aos estudantes. Nasceu porque giram problemas inerentes a um grupo caracteristicas próprias - os estudantes sses problemas só poderiam ser resolos por um organismo constituído por eloatos desse grupo democréticamente eleitos que defendesse verdadeiramente os seus interesses Um sindicato oportrio existe fundamentalmento porque existem os problemas relativos a uma classe que elo tenta resolver atrav6s de reivindicações apresentadas aos patrões. A A. A. nasceu também devido a problemas que dizem mais respeito ao tipo de trabalho desenvolvido pelos estudantes. Nasceu precisamente como manifestação de uma classe socialmente bem definida e com resposablidades hist6ricas. Essa necessidade de trabalhar para os mosmos objectivos, essa necessidade de associativismo. s6 apareceu porque todos n6s temos a qualidade de estudantes. Ninguém pode exigir que uma Universidade, tal como está estruturada resolva os problemas que s6 são sentidos -directamente pelos sous alunos. 56 isto bastaria para justificar a existência de um organismo ropresontativo dos estudantes. Mas as funçõos a desempenhar nela A. A. têm ainda mais alcance: é inovitávol que os estudantes como classe tenham interesses diferentes em relação às autoridados académicas que mais náo fazem que representar uma moral social, politica e económica estranhas à classe ostudantil. A Associação desempenha entao um papel aglutinador que sintetiza as aspirações estudantis e que ao longo do tempo defino posições. relativamente a outros agregados e classes sociais. Faço notar que os serviços de caracter técnico que a A. A. presta aos estudantes, como a feitura de sebentas, o baixar o preço dos livros etc.. nao justificam por si s6 a existência do organismo. Acrescente-s aliás que já existiam, existem ainda fora da A. A. M. secções que so dedicam a esse tipo de actividades. No entanto, elas nunca deram origem a organiaçõos tipo represontativas pois falham precisamente na definição de princípios estudantis e na defesa dos mais nobres interesses e aspfraçõos dos estudantes. A atitude roivindicativa em retauma Associacao d Estiudates çáo a esses problemas 6 hoje apenas assumida pela A. A. IML É fundamental distinguir as duas coisas. quer dizer, por um lado a razão da existênela da A .A.. por outro lado a actividade acess6ria que ela produz para servir de substracto & sua organização. Penso que essa organização s6 vai servir o fim primeiro e fundamental que acabei de definir. O CORPO DOCENTE E A A. A. M. TEMPO - Esclarecidos acerca deste primeiro ponto, gostaria agora que me dissessem qual foi o grau de aceitação,, quais foram as reacções do corpo docente universitário, em relação à iniciativa da criação e posteriormente ao trabalho de'senvolvido pela Associação Académica? ALFARO CARDOSO - Quanto à aceitação do copo docente em relação ás inicia«... urge que o estudante universitário tomo consciência daquilo que está certo e daquilo que está errado. dentro de um padrão que não é muito provàvelmente o da sua família, nem aquele que as organizações governamentais através da sua orientação pedagógica pretendem dar ao ensino secundário» tívas dos estudantes. à Associação Acad6. mica de Moçambique. devo dizer que ela a princípio foi diflciL j¿ que em relação ao meio - virgem nestes aspectos- e ao corpo docente que presentemente lecciona na U. L. M. certos principios de orientação democrática a que nos cingimos não são muito gratos. É evidente que começámos assim, por ser tolerados. Firmámo-nos depois. através da única forma possvel - o nosso trabalho. Assim. em breve essas autoridades sairam da toler&ncia para virem a reconhecer a necessidade de uma organização estudantil que esquema os problemas de um prisma alheio ao que elas poderiam observar. TEMPO-Esse corpo docente terá visto inclusivamente na A. A. M. um ponto de apoio para um trabalho comum mais profícuo, não? ALFARO CARDOSO - Sim, efectivamente. como um ponto de apoio, uma vez que elo 1ão pode muitas vezes estar cnscio de uma gama de problemas que nós sentim~s. Uma vez que a Universidade 6 um corpo de peásoai que ensina a de pessoal que 6 ensinado. parece-me que ambas as forças têm que estar representadas na instituição. RUI GONZALEZ-Parece-me que essa tua ideia não 6 muito correcta. Dessa forma a A. A. funcionaria para a Reitoria. (designando com esta palavra toda uma estrutura que tem come finalidade ministrar ensino superior aqui). Ora parece-me que a verdadeira finalidade da A. A. nao é bem essa. Na medida em que é necessário para se chegar a certas situaçes que haja es diálogo, na medida em que esse diálogo tem de se processar - neste momento pelo menos - como necessidade quer da parte das autoridades universitárias. quer da parte do estudante. é nessa medida que a A. A. como interlocutora dos estudantes é considerada válida. Iso não significa do maneira nenhuma uma perspectiva de trabalho análogo, mas uma finalidade que neste momente pode ser comum. ALFARO CARDOSO-Mas foi precisamente esse ponto de vista que eu quis oxprimir Era precisamente esa tua Ideia que eu quorla referir a diser que os representantes dos estudantes trabalham para uma causa comum que é a gestão da Universdade, entndendo-e como Universidade uma instituição de ensino e Investigação que o estudante 6 um elemento tão activo e cem tanta reponsabilidade como um elemento do corpo docente. A REFORMA UNIVERSITÁRIA TEMPO - Dentro desse ponto de relações docente-discente que como ficou demonstrado é absolutamente necessário dentro de uma Universidade para que ela sirva realmente os seus fins, queria que me dessem, a vossa opinião acerca da Reforma Universitária em curso. PEDRO CERQUEIRA -A palavra reforn leva-ios a pensar numa mudança cotple de estrutura. numa mudança completa o métodos numa mudança - vamo lá - mui completa em todos os aspectos. Ora íiso lu acontece. Qualquer reforma do ensino o PortugaL e ostamos agora a cingir-nos pergunta, não pode ser só uma reforma 4 ensino. Tem que ser uma reforma social 4 todas as estruturas, porque so todas as e truturas que estão a fomentar e a financi o ensino. É o povo que paga o ensino. Pc tanto tem que haver uma reestrutura soci para que possa haver uma reforma de e sino verdadeira. Não h& reforma porque 1 coisas que têm de ser atingidas. Na. 1 por exemplo uma democratização do ens geraL A Universidade 6 um estabelecimento ensino integrado num determinado domir territoriaL Ora Moçambique tem problem completamente distintos e diversos dos pi blemas da Metr6pole. Portanto ça terá problemas especificos. ALFARO CARDOSO-Não concorde esse teu último ponto de vista. Eu vjadaptação da Universidade actual aos p biemas do Moçambique e portanto e condo as suas funç~. essncialmente e dois prismas: pimeiro. a organização todo um sistema dentro da Universidade. q permita uma etrutura democrática em q as suas forças vivas estejam =presntes ce responsáveis na getão e que pesmitam Joaquim Berradas: «A A. A. nasceu como manifestação de una classe socialmente bem definida, e com responsabilidades históricas: os estudantesa desaparecimeto. de elites privllegia~e. evidente que este se~ problema é tenso. aborda problemas de toda uma p ica a seguir por um governo em relaçao ensino em geraL I QUALQUER REFORMA DO ENSINO EM PORTUGA TEM ODE SER UMA REFORMA SOCIAL DE IODAS AS ESTRUTURAS, PORQUE SÃO ELAS QUE .O ESTÃO A FOMENTAR E A FINANCIAR. ENSINO... (PEDRO CEROUEIRA). O POVO oUE PAGA O JOAQUIM BARRADAS-Eu penso que Ldamentalmente o que intoressa nesta Univaidade para que ela possa progredir a sos mais largos 6 uma modifIcação das loções entre as autoridades acad6micas os alunos por um lado. das autoridados adâmicas entre si. e dos alunos, inclua. nmente, entro ai. Era necessia a criaçêo um clima complotamonte diferonte dentro Universidade, do uma modificaço -de Iações entre as pessoas nas formas do municar entre elas, para que dai ao puse.o fazer um trabalho concreto, um trailho com finalidades no sentido de Amodi'ar algumas das coisas que existem. Evi. ntemonto que n6s estudantos, que não mos n#nhum papol executivo na nosa niversidadeo. nem podemos ter sequer desde uma noçao (porque não nos foi dado ssa aponsabilidade e nós alda aã. a con mos). Precisamente de ver reconhecida a ,sa maturidade. 86 assm vejo poesibiade de cada um dos membros da Uni raidade sair da engrenagem em qu* foi rigado a meter-se sem espírito crito de pâco alguma. PEDRO CERQUEIRA -Na minha opinio ma Universidade. e os valores que a consuem docentes e discentes, etão muito nados dentro de uma esrutura Para mim Universidado Ideal não poderá descender, io poderá partir, nem poderá ser reforzda a partir da Univoesidade que existe. na Universidade Ideal quanto a mim, 6 aa Universidado que inclua um ensino decáto e pat de acsso a todos oe omentos de um dominio tertaL O estumte 6 um pro onaL 6 um indivlduo que fim de um determinado tempo de trabatm que apresentar um determinado rendimento, portanto exerc uma profssão. E como tal devea ser remunerado. RUI GONZALEZ -A Universdado. admilindo ainda a hipótese de uma relação co uma situação que existe, acho qcue devera ser um árgo aco serviço do povo de Moçambique. Portanto não poderia abdicar de man nnhuma daquilo que eu considero mais importante que é possIbIlItar uma eonscncla a todo. os seus membros e smultãneamento um 6gãe conscioncialisante da população Moamicana em ro1la ção aos seus próprioa problemas. denum0ando toda a mistificação que possa surgir em relação a grande número doles, pocurando as soóu s rais, lto 6. as soluções que correspondam ao legitime heos ficlo da maioria da sua populaçao e dmult&neamente procurando de facto que as soluç6es verdade ~*mt democrática sIam executadas. a... e ser simultãneamente um órgão consciencializante da população moçambicana em relação aos seus problemas, denunciando toda a mistificação que possa surgir em relação a grande número deles e procurar os soluções que correspondam ao legitimo beneficio da sua maioria...» Pedro Cerqueira: «Uma Universidade e os valores que a constituem - docentes e discentes estão muito viciados dentro de uma estrutura. Uma Universidade ideal é a que inclua um ensino democrático e portanto de acesso a todos os elementos de um domínio territorial» pir., ¥W-3or, PÁGINA 43 NO HOSPITAL DA UNIVERSIDADE A «JOHNSON & JOHNSON, OFERECEU PRODUTOS DE HIGIENE AO PRIMEIRO BEBÉ DE 1971 fllfi 1! Eram 3.05 horas do dia 1 de Janeiro de 1971 quando na Maternidade do Hospital da Universidade, em Lourenço Marques, nasceu o primeiro bebé deste ano. Seu nome completo é Rei Januãrio Lucas, filho de Januário Lucas e de Salmina Carlos Mungoy. Como se tornou já tradicional, o sr. João Basílio de Jesus, delegado para o Ultramar da importante empresa «Johnson ¿ Johnson» deslocou-se àquele estabelecimento hospitalar a fim de oferecer à mãe do primeiro bebé diversos produtos de higiene infantil, manufacturados por aquela organização. Sensibilizada pelo gesto da «Johnson & Johnson», a mãe de Rei Januário agradeceu a oferta com palavras de apreço. -1I * MAIS V DO MUNOD Uiliamo Panguana fez no passado dia 3 de Janeiro 100 anos de idade. Já seria notícia. Mas Uiliamo Estefano Panguana de seu nome completo tem mais: é o único funcionário público do Mundo inteiro que completou 100 anos em pleno exercício das suas funções. Aos 100 anos, este homem simples, que nasceu em Lourenço Marques e não conhece Moçambique para além da Manhiça, continua a ganhar a vida partindo pedra no Depósito Municipal. Com ele, numa pequena mas acolhedora casa do Bairro do Aeroporto, vivem oito bisnetos, filhos de um neto que está na tropa e a segunda mulher. «Apesar da idade - diz-nos o encarregado- ainda é dos melhores operários que aí temos. Nunca falta ao serviço e tudo o que sai das mãos dele é bem feito.» Mas não terá, aos 100 anos, depois de uma vida inteira de trabalho, um homem direito a viver sem trabalhar? A LEI NÃO DÁ DIREITO Bem, Uiliamo Panguana não tem, por lei, direito à reforma: é funcionário eventual. Calceteiro. Há mais de 50 anos que trabalha para a Câmara Municipal nesse mister- com um pequeno intervalo de cerca de dois anos em que esteve a trabalhar nas minas da Africa do Sul, de onde voltou em 1925. Voltou ao cinzel e à pedra, pelas suas mãos ru3osas passaram as pedras que ornamentam grande parte dos passeios e placas das praças de Lourenço Marques. Lúcido e tranquilo, com uma mobilidade de movimentos espantosa para a sua idade, Uiliamo Panguana parece não estranhar a nossa curiosidade, o nosso interesse em descobrir algüma coisa de Partir pedra- funçao de calceteiro PÁGINA 45 NOS AD SERVIÇO [[NO FUNCIONARIO O notável ou de insólito na sua vida de homem simples e linear: como se não fosse já notável ter vivido 100 anos a trabalhar, ter dado à sua terra 9 filhos quase 30 netos e nem ele sabe bem quantos bisnetos... RECORDAÇõES DE UM HOMEM SIMPLES As recordações de Uiliamo Panguana estendem-se ao século passado: lembra-se de Lourenço Marques sem uma única casa de alvenaria. «Quando era mufana, era só palhotas por todo o lado. Havia algumas casas de madeira e zinco. E muito capim.» Um dos primeiros patrões que teve (era já homem e adulto quando começou a trabalhar na Câmara) foi o sr. Santos Gil, «o velho Santos Gil», como ele diz. «Era ainda solteiro, quando ele casou eu era moleque lá em casa dele... » Lembra-se perfeitamente da visita do Príncipe Real, em 1908, da guerra de 191418, mas não se lembra do nome do primeiro presidente da Câmara que conheceu: «Fumava cachimbo e a gente chamava-lhe o Cachimbeiro.» Uma das recordações que lhe parece mais agradável foi a de uma viagem que fez à Rodésia, como empregado da Câmara, para preparar o pavilhão dos C. F. M. na feira de Bulavaio. Deve ter sido alguma coisa de~novo para quem, como ele, nunca passou na Manhiça no conhecimento da sua pró. pria terra. - Antigamente não era como agora, que há estradas e carreiras - diz-nos ele, quando estranhamos a sua «mobilidade». Os companheiros de trabalho dizem que ele é calado, mas que fala quando Gosto do meu trabalho mas também gostava de poder viver sem trabalhar 0 bilhete de identidade do velho Uiliamo: ano de nascimento: 1871 um NETO NA TROPA E DITO BISNEOS A SEU CARGO metem conversa. Deve sentir-se, realmente deslocado um homem que viveu 100 anos e que viu e pressentiu tantas mudanças darem-se à sua volta, nas coisas e nas pessoas. -TAMBÉM GOSTAVA...,, - Quanto ganha por mês sr. Uiliamo? Ele fica uns momentos a fazer contas e responde: -Três contos e mais alguma coisa, com o abono de família... - Gosta deste serviço? - Gosto. - Mas se pudesse deixar de trabalhar? - Como deixar de trabalhar?... E fez um gesto: como quem leva comida à boca. - Deixar de trabalhar e ganhar, como os reformados. - Ah, também gostava. No dia dos seus 100 anos, o presidente da Câmara. eng.> Emílio Mertens, deslocou-se especialmente ao Depósito Municipal para cumprimentar o mais velho funcionário do Mundo e ofereceu-lhe uma lembrança. Foi simpático. Mas não terá a Câmara Municipal processo legal de reformar o velho Uiliamo, mandando-o para casa descansar e permitindo-lhe viver sem trabalhar os últimos dias da sua vida? Quando eu era mufana, Lourenço Marques era só palhotas casas de madeira e zinco e capim... UM APOIO AO'DESENVOLVIMENTO TECNICO E INDUSTRIAL DE MOÇAMBIQUE 1 b*ruIImI Tractores Alfaias Equipamento agrícola e industrial Sistema de rega por aspersão Enxadas rotativas Pneus para camiões DIM A RBUO MAUINAS .A..L. Av. do Brasil, 1864-1884 Cx. Postal 2727 Tel.731810 End.Teleg. Dima Lço. Marques IN'rER Di o , Representada na Beira, Nampula e Tete por Ç a Camiões v MECHELIM m =oOtl!o; PA LIBERDADE RELIGIOSA a DIALOGO NECESSARIO Com pedido de publicação - a que acedemos com muito gosto - e para prosseguimento do «diálogo» que na nossa edição de 20 do Dezembro iniciámos sobre -Liberdade Religiosa», recebemos do nosso leitor Eduardo Augusto do Nascimento Pontes Leite o depoimento que abaixo publicámos na Integra. Acompanhava-o uma carta em que aquele nosso Leitor se referia também à importáncia do assunto levantado pela primeira vez em Moçambique nas páginas de TEMPO - publicação para a qual ele tem aliás palavras de muita amizade. Poor outro lado, pedimos já ao dr. Manuel Saraiva Barreta o favor de responder às perguntas que Pontes Leite directamente lhe formula e publicaremos as suas respostas na nossa próxima edição. Deste modo frutifica a ideia que lançámos quanda levantámos o problema: a ideia de que é urgente equacionar a recente proposta de lei governamental sobre Liberdade Religiosa em termos que digam respeito a. Moçambique e às suas gentes. Para o que - interessa repetir - as páginas de TEMPO continuarã6 abertas aos seus Leitores. Descrevendo-se a si como «agnóstico», Eduardo Augusto do Nascimento Pontes Leite é estudante da Universidade de Lourenço Marques e residente na capital. Este é o seu depoimento: Gostava de participar nesse diálogo sobre o Projecto de Lei acerca da Liberdade Religiosa, com algumas observações que são outras tantas perguntas- feitas com a devida vénia, ao dr. Manuel Barreto. Permito-me começar transformando ligeiramente uma sua afirmação: direi que «o pai, no seu direito de educador não declina o dever de conduzir os filhos ao desenvolvimento daquelas virtudes que definem um Homem». Com este termo, de sentido mais lato, poderemos por momentos imaginar que comungamos na mesma missão e subir do monólogo ao diálogo. Passando por alto a forma como o poder público exerce oseu dever de ajudar os pais no seu direito de educadores ,(a minha opinião é a do «pobre Lázaro», segundo a gene-,osa designação do dr. Manuel Barreto), entrarei logo na ,,questão de saber até aonde será razoável prolongar a refe, uda missão. Estamos de acordo quanto a haver um oportuno 'ýlomento de paragem, iá não creio, porém, que este seja deter._minado por deliberação pessoal. Ou será como a deliberação -e vestir um sobretudo ao chegar o Inverno. Esse momento, que se mede em meses ou anos, opera na criança uma transformação notável, que permite distinguir claramente o «cantes» do «depois». Antes, o adolescente, como qualquer animal jovem, é extremamente receptivo ao educador. Imita-o simpàticamente, aqui não só no gesto mas também no pensamento. O pai tem então a oportunidade de ser um esforçado educador. «ýDepois», o pai pe?'de o carácter' de infalibilidade. É um período de desencanto, em que o jovem descobre que não existe apenas uma única e cómoda escala de valores (a do educador);,e:que terá de repensar todas as suas convicções para se sentir seguro. Ora essa tarefa requer absoluta liberdade intelectual. O papel do pai como educador activo já foi realizado e deve agora manter-se no plano ... consultivo, tal qual um livro, por exemplo. As suas.qualidades de educador são, então, revetàdas no modo como o jovem se consegue haver com as múltiplas impressões que lhe chegam de todo o lado. Creio que os resultados serão melhores quando, no primeiro período, se procurou, sobretudo, desenvolver no educando a coragem intelectual, a tolerância, a atitude científica, mesmo incipientes, de preferência a quaisquer pautas dogmáticas; mas assim vou saindo do assunto. No ponto em que estávamos, a autoridade civil, fiel ao desejo de «pôr as condições e procurar os meios suceptíveis de favorecer a vida cultural», como reza a Gaudium et Spes, passa a assegurar a liberdade de comportamento religioso que não atrite com a dos restantes membros da sociedade. GIP A 48 Lr ao quero prosseguir sem realçar a riqueza de um diálogo com o dr. Manuel Barreto, através do qual nos$efncontramos de repente a conversar com todas as sumidades-,da Igreja). Não vejo como essa lei, que apenas impõe o reconhecimento de um direito, poderá ameaçar a autoridade moral da família. A sua primeira virtudé é precisamente esclarecer que, pelo menos a partir dos 16 anos, se ainda tiver lugar alguma autoridade sobre a opção (?) religiosa de cada indivíduo, ela será moral e não legal. Só vejo aí uma maior afirmação da primeira, visto entender que, enquanto a obrigação legal e moral coincidirem sobre um dado acto, não tem muito significado qualquer juízo valorativo que fizermos sobre o sujeito da acção. Se procurarmos agora a razão de se fixar nos "16 anos a emancipação em tal matéria, vemo-nos em sérias dificuldades. Como creio na competência e na boa intenção.do legislador, sou levado a pensar que essa idade corresponde a uma realidade estatística. Ora, se é válido emitirmos a nossa opinião sobre o assunto, reflectindo naturalmente a nossa experiência de educandos e educadores, já não faz sentido duvidar da correcção de um dado estatístico, por ele não confirmar as nossas observações. Por isso não me parecem pertinentes as dúvidas postas sobre a Base V. Como educador, não me preocupa o facto de que a lei , possa vir a ser utilizada como argumento jurídico, porque me -julgo preparado para evitar uma situação em que tal se tor. nasse necessário; com um argumento tão bom como esse poderia também por dúvida a necessidade de uma lei que me impõe a obrigação de alimentar o meu filho, mas como é perfeitamente crível que nem todos os educadores sejam tão razoáveis como eu e o dr. Manuel Barrete, julgo que seria um ponto de vista, mais que pessoal, egoísta. Aliás, gostaria que o Doutor nos esclarecesse melhor quanto à resolução de uma verdadeira crise no seio de uma família católica. No seu, designado, «exemplo concreto e pessoal» as circunstâncias são tais que qualquer pessoa, cujos actos concordem com o bom senso, procederá da mesma forma. Interessa saber, isso sim, o que acontecerá quando o pai não reconhecer as razões do filho. Quando o problema tem raízes tão metafísicas é vulgar, vulgaríssimo, as pessoas nem sequer conseguirem entabular a discussão, por atribuirem significados radicalmente distintos aos mesmos termos, ou, até, por não estarem de acordo quanto aos processos lógicos em que reciprocamente discorrem. Neste caso não se consegue comunicar qualquer razão, cuja validade se pretenda submeter a apreciação. Qual será a atitude de uma família católica? ,-**.' INTENSA VAGA DE FRIO E NEVE NA METRÓPOLE fooE-fco A PRIMEIRA EXPOSIÇÃO DE OBLINO MABAYAYA Mundawu Oblino Mabayaya acaba de apresentar ao público de Lourenço Marques, na sua primeira exposição, uma interessante colecção de 35 trabalhos (escultura em madeira). Nome pràticamente desconhecido no panorama artístic local o aplicado discpulo de Mabungulana Chissano impressionou favoràvelmente os visitantes do salão da Coop, com algumas figuras realmente bem conseguidas e a denotar uma promitente carreira dentro do vasto domínio da chamada -arte negras. O autor dedicou um dos seus mais imaginosos trabalhos aos nossos camaradas Ricardo Rangei e Kok Nam. Na gravura, Mundawu Oblino Mabayaya exibe exactamente a escultura da homenagem. a que chamou «Hosi Yesu (Rei Jesus). E Para as populações das áreas do Centro e Norte metropolitanos e durante a quadra natalícia, a escala positiva do termómetro deixou de ter significado: em uso apenas a parte negativa da escala.* Frio intenso e nevões como não há memória envolveram cidades, vilas e aldeias de metade do Pais, da fronteira espanhola ao litoral, de uma atmosfera gélida. O manto branco que cobriu serras e vales, celeiros e campanários, num espectáculo de beleza Impar, se agradou à vista não serviu, porém, de conforto às gentes metropolitanas, p ra quem a demorada e rigorosa vaga de frio tem causado atribulações de toda a ordem: aldeias isoladas, estradas bloqueadas, estabelecimentos fechados e o fornecimento de energia eléctrica interrompido, em muitos casos. Em diversas localidades da zona Leste, da Estrela para cima, a água gelou nos canos e a distribuição ao domicílio ficou, portanto, comprometida. Em determinadas áreas a neve foi saudada pelos mais velhos (que há muito não a viam) e recebida com espantação pelos mais novos, que pela primeira vez a conheciam. A TAP VOLTOU A REUNIR COM A INFORMAÇÃO Como tradicionalmente, a TAP ofereceu (mais uma vez durante a quadra festiva) uma recepção aos representantes dos 6rgãos da Informação e agentes de viagens, a que presidiu o delegado para Moçambique daquela companhia de navegação aérea, sr. Manuel Frade. A reuniõo, que se realizou no Hotel Turismo, decorreu em ambiente de franca cordialidade e, como é natural, foram trocados pontos de vista acerca da indústria do turismo e do.seu incremento em Moçambique, pondo-se em destaque o papel da TAP como empresa transportadora. MISS MOÇAMBIQUE 1971 O regulamento das eleições de Miss Moçambique 1971, Miss Popularidade e Miss Simpatia foi divulgado aos órgãos de Informação da capital durante um beberete há dias realizado pelo diáriQ organizador daqueles populares certames, o «Notícias da Beira». Os presentes à reunião, entre os quais se encontravam representantes das principais publicações de Moçambique e de agências de publicidade, foram ainda informados que o certame está a despertar um desusado interesse entre a juventude moçambicana tendo-se já registado diversos pedidos de inscrição. O triplo concurso de beleza, popularidade e simpatia realizar-se-á na cidade da Beira na primeira semana de Março e a 'Miss» eleita representará Moçambique no concurso para Mias Portugal, em Lisboa no mês seguinte. Na fotq, um aspecto da reunião realizada. ULTIMA. NOITE MAIS LONGí A úl noite de cada ano cme muitos dias antes. E acaba no dia seguinte. É a noite mais longa. É tambéi uma noit. dife para muita gento, pelo monoa, ela é um bom pretexto para s esquecerem os problemas, para deita paratrás das costas as preocuaçõe e se fazer aquilo que a cada um lhe der -a gana. 1 A tradição, também aqui, tem um peso considerável: ao contrário do que acontece na noite de Natal, muito pouc ent fica em casa - sé os mais comodistas, os que se sentem uvelb«osa as crianças. O baile * a cela da meianolte são as grandes instituições. Toda a gente cai na dança. Há confetis, spntineu atoil arrojadas, alegria, ambiente do carnaval. Namoros fazem.se e desfazem.se (dizem que é alta a percentagei de casame que começaram na noite de fim de ano), há gente que se diverte à grande, gente que se aborrece, geni que não sebe lhe acontece. MAIS EM CIMA - Vontade de cada um se divertir não conhece idades: o velhote que aparece á esquerda dançou quase toda a noite.EM BAIXO - Os «serenos» e os amorosos, às vezes não tem nada com a idade. Dois pares beijam-se - em primeiro plano- e a meia-noite ainda vinha longe LONGA1 Milhares de pessoas e rios de dinheiro estão envolvidos nesta noite última de cada ano que passa: modistas, hotéis, orquestras, cabeleireiras. salões de beleza, mulheres bonitas nãoi têm mãos a medir. Dança-se e come-se até de madrugada, gente para a marginal ou para a praia ver o Sol nascer. Há também os supersticiosos: uns saltam para cima das cadeiras ou das mesas à meia-noite (para subirem du rante o ano que entra), outros recolhem-se, outros ainda bebem champanhe enquanto soam as doze badaladas, ou caem nos abraços e nos beijos., Toda a gente se autoemociona. Nas ruas, há pandemónio: carros em fila buzinam, moleques e miúdos batem latas, gente vai ver os outros fazer barulho, o trânsito congestiona-se. Toda a gente é tolerante, mesmo com um ou outro que desapareceu sob muitas gari rafas de qualquer mistura alcoólica, se cumprimenta e deseja um NOVO ANO, NOITE 0 ANO UM ANO MELHOR. De madrugada começa o rescaldo: a velha diferença entre ir para a festa e vir da festa. Cada ano começa sempre com um gosto a papéis de música... ANIMAÇAO COM ORDEM Este ano de 1971 não foi em Lourenço Marques muito diferente dos outros. Bailes animados, ceias, muita gente nova. Lado a lado, as tradicionais atoilletes» e a nova vaga. Animação com ordem, alguns pifões mais ou menos evidentes, excitação sem grandes excessos. Nos principais hotéis, aboites», mas especialmente em clubes e associações. nomesdamente aqueles onde já se estabeleceu uma tradição: Clube de Lourenço Marques, Clube de Pesca, Naval. Na Rua Araújo, também houve noite 'especial. E a acrónica negra9 - esquadras de polícia, hospitais, etc. - não ,registaram nenhum movimento especial... EM CIMA - Acabou a festa, dia para dormir vai começar. EM BAIXO - Imagem sem legenda: a festa acabou ACABOU ANO... Li AO ALTO - Nas ruas é um pandemónio, o tráfego cai no engarrafamento. A Policia fica atenta. AO LADO - Começou o rescaldo: enquanto uma das jovens chama um táxi, a outra retoca a «maquillage» protegida por ele. EM BAIXO - Os homens da Rádio (como os dos jornais) nao tiveram «reveillon». Na gravura os locutores Leite de Vasconcelos e Auzenda Maria num programa que foi da meianoite às três horas do dia seguinte o "EASY RIDER" de. Denns IHopper o "Filme do Ano" para os leitores de Tempo" O inquérito lançado junto dos seus leitores por «Tempo», redundou num verdadeiro êxito, que nos encoraja a futuras iniciativas do género. Recebemos cerca de três mil talões, 2896, para sermos mais precisos, tendo sido votados cerca de setecentos filmes diferentes, entre os quais muitas oreprises». «Easy Rider», de Dennis Hopper foi o grande vencedor, com 1654 votos, e a lista dos filmes mais votados mostra claramente que o público laurentino está a apurar cada vez mais o seu espírito critico cinematográfico. Que se apercebam disso os nossos empresários e distribuidores de filmes- bem assim como a censura cinematográfica, cujo critério está a ser regido por normas muito discutíveis e obsoletas- por forma a que este ano a qsaison, sqja bastante melhor do que a do ano passado. Quanto ao prémio que era atribuídio ao leitor de cuja lista fizessem parte os cinco melhores filmes escolhidos no escrutínio final, foi atribuído a Fernando E. Marques Simões, morador n Avenida Latino Coelho, 1143, 1.0, que tem a partir deste momento direito a uma assinatura trimestral da nossa revista. Facto curioso foi o de nenhuma lista ter coincidido PETER FONDA, um dos principais intérpretes do «Filme do Ano- dos nossos leitotes: «EASY RIDERA LIBER com a totalidade dos filmes eleitos, facto- que nos levou a atribuir o prémio àquele leitor que foi o que mais se aproximou, votando quatro das cinco peliculas eleitas. Posto isto, passemos aos resultados apurados: ,OS CINCO FILMES DO ANO DOS LEITORES DE «TEMPO» FILME REi .EASY RIDER. Denz -0 COW-BOY DA MEIA-NOITE. John «A MINHA NOITE EM CASA DE MAUD. Eric «A AVENTURAMichelan «0 COMPROMISSO. Eli Outros filmes votados: Funny Girli, de William Wyller. 489 votos, «Adivinha Quem Vem Janter», de Stanley Kramer, ....... ... _ _ , . . ............ ........._ .' '' ''"-...... .... ... ........... ........~.................... "EASY BADE E PERIGOSA 400; cBamse,, de Arne Matson, 397; «Repulsa., de Roman Polansky, 238; «Charlyn, de Ralph Nelson, 230. ,Wsternu mais votado: «Willie Boy Regressou,, de Abraham Polonsky, 222 votos. Musical mais votado: ,Funny Giri», de William Wyler, 489. Filme português mais votado: «0 Cerco», de Cunha Teles, 134. -Re~rio mais votada: «O Adolescente», de Mike Nichol's, 98. AIZADOR N.o DE VOTOS SALA DE ESTREA ia Hopper 1654 Manuel Rodrigues chlesinger 981 Manuel Roduigue. ommer 834 Infante Çgelo Antonioni 603 Gil Vicente a Kazan 523 Scala «EASY RIDER» - A LIBERDADE É PERIGOSA NA AMÉRICA... Origem: Estados Unidos. Ano de produ~a~: 1969. Dura. ção: Uma hora e 34 minutos. Produtores: Pando Company, Raybert Production. Distribuidores: Columbia. Comário. Peter Fonda, Dennis Hoper e Terry Southern. Diálogo: Peter Fonda. Imagem: Lazio Kovacs. Montagem: Donn Cambren. Intérpretes: Peter Fonda, Dennis Hopper, Jack Nicholson. Robert Walter Jr. Realizador: Dennis Hopper. Resumo do argumnto: Billy e Wyatt possuem um ,bolo, adquirido no tráfico de drogas. São livres, pois estão na América e têm dinheiro. Nas suas motos, viajam centenas de quilómetros para irem assistir ao Carnaval. Como usam cabelos compridos, os ,moteis» nunca têm lugar para eles; acampam. Partilham durante algumas horas a vida de uma ,comunidade» «hippie», que atravessou um inverno duro, semeiam a terra, partilham fraternalmente tudo o que possuem, No EM CIMA - «O ADOLESCENTE», de Mike Nichols, a -reprise' mais votada pelos leitores de 'Tempo.; EM SAIX0- O talão do vencedor do nosso concurso «Os nossos leitores escolhem os cinco melhores filmes do ano' NA AMEIICA Sul, a população testemunha-lhes uma franca hostilidade e são presos numa pequena povoação. Na prisão encontram Hànson, jovem advogado, de quem se tornam amigos. Billy e Wyatt drogam-se, enquanto Hanson bebe para poder aceitar a vida. Partem juntos. Uma noite, enquanto dormiam são assaltados por habitantes de uma aldeia. Hanson morre devido aos golpes. Billy e Wyatt retomam o seu caminho, chegam- ao Carnaval, comem, partilham o fim da noite, fazem amor com duas raparigas carregadas de drogas e de álcool, no cemitério, local. Depois partem. Um automóvel ultrapassa-os e, por brincadeira, por desfastio, um dos seus ocupantes atira sobre eles, ferindo Billy de Morte. Wyatt persegue os assassinos, estes assustam-se apontam de novo, disparam e a moto é atingida, explodindo ... Crítica: A -obra está fràgilmente concebida e realizada. Privada de alguns efeitos de enquadramento, a longa viagem de moto torna-se um pouco fastidiosa e o encontro com a «comunidade. «hippie» não traz senão uma notado exotismo americano bastante banal. Se exceptuarmos as cenas passadas no cemitério, bastante inspiradas, no cinema «underground», o filme adquire ritmo a .partir do encontro com. Hanson. Este é libertado pela presença dos dois amigos que se crêem livres também. Juntos irão, insaciàvelmente, mas evitando toda a provocação, circular no meio da hostilidade geral e morrer. Morrer no meio de pessoas que apregoam muito a liberdade, que a desejam muito, mas que se assustam e a destroem quando a vêem reflectida nuns simples cabelos compridos... Este filme é um grito de revolta contra a América, tal como ela é, tal como a engendrou grande parte da sua população. Uma denúncia da violência, da intolerância, tornada vigorosa pela rapidez de acção: precisa, porque em alguns traços caracteriza os americanos do Sul e sua mentalidade. A liberdade é perigosa, na América... EM CIMA - Roman Polansky, «Orealizador do ano- para -Tempo», tem o seu filme «Repulsa» entre os dez mais votados pelos leitores da nossa revistc,: EM BAIXO-- MINHA NOITE EM CASA DE MAUD», de Eric Rohmer, um dos filmes do ano para os nossos leitores ~1 A O SEU CINEMA FIEL AO LEMA DE BEM SERVIR TEVE A HONRA DE APRESENTAR DURANTE O ANO DE 1970 MAIS UMA LONGA SÉRIE DE OBRAS-PRIMAS DA CINEMATOGRAFIA MUNDIAL. DAS QUAIS SE DESTACAM: * A QUADRILHA SELVAGEM O JOGO DO AMOR * A QUADRILHA DA CAVERNA * WILLIE BOY REGRESSOU * AEROPORTO o A CARTA DO KREMLIN 0 CLA DOS SICILIANOS O COMPROMISSO * FANTASIA * PATOM ALGUNS DOS MAIORES XITOS 1970 NAS DUAS MAIS MODERNAS SALAS DE ESPECTÁCULOS DE L MARQUES ADIVINHA QUEM VEM JANTAR? * OS EMPRESARIOS * AS MULHERES * FLOR AMARGA OS AMANTES * OS CINCO AVISOS DE SA. TANAS * O MARIDO É MEU... MATO-O QUANDO ME APETECER O CASAMENTO * O CERCO * BAM8E * AMOR BRUXO *I A PEQUENA VIRTUDE "ORGANIZAÇÕES RODRIGUES" PIONEIRA DOS ESPECTÁCULOS DE CINEMA E TEATRO EM MOÇAMBIQUE ORGULHA-SE DE TER APRESENTADO EM 1970 - ALIAS COMO TODOS OS ANOS - AS OBRAS MAIS REPRESENTATIVAS DA CINEMATOGRAFIA, ALGUMAS DELAS GALARDOADAS COM INOMEROS PRÊMIOS, NAS TRÉS MAIS PRESTIGIOSAS SALAS DA CIDADE. BEN-HUR * E TUDO O VENTO LEVOU GUERRA E PAZ * AO SERVIÇO DE SUA MAJESTADE * FUNNY GIRL (UMA RAPARIGA ENDIABRADA) * A BATALHA DA INGLATERRA * A LIÇAO PARTICULAR O SEGREDO DE SANTA VITÓRIA * A PONTE DE REMAGEN * O LEAO NO INVERNO O COW-BOY DA MEIA-NOITE * OS GUERREIROS * EASY RIDER * OS MARIDOS DE ELIZABETH * O 41.0 * WEST SIDE STORY * .KRAKATOA * ADEUS MR. CHIPS PERDIDOS NO ESPAÇO A VELHA RAPOSA * O ENCONTRO * OS DEZ MANDAMENTOS * DOZE INDOMÁVEIS PATIFES * BEIJOS ROUBADOS * A CHAMADA * O CÉREBRO * TICK, TICK, TICK VIVER, AMAR, MORRER * SERAFINO A AVENTURA * O SENHOR DAS ILHAS O EXECUTOR A BIBLIA * O HOMEM DE KIEV * ELGA (0 SEGREDO DA MATERNIDADE) * O BOM, O MAU E O FEIO * O MOTIM * BOA NOITE, SRA. CAMPBELL * A VOLTA AO MUNDO EM 80 DIAS * ROMEU E JULIETA O DESENGANO * A MINHA NOITE EM CASA DE MAUD * A PALAVRA A 0NICA ORGANIZAÇÃO DE LOURENÇO MARQUES QUE TEM APRESENTADO ESPECTÁCULOS DE CINEMA NA DIMENSAO GIGANTE DE 70 MIM E SOM ESTEREOFÓNICO. PERJER TEMPO A TRABALHAR Há gerações que as mães repetem às filhas: Uma mulher em cas, tem sempre que fazer. Mas fazer o quê e com que utilidade? É sabido como o progresso técnico, com toda a gama de aparelhagem posta à disposição da dona de casa, tem servido muito mais para complicar e ocupar mais tempo, que para facilitar ou deixar horas de ócio. Esta afirmação não serve para a mulher que trabalha fora de casa e não tem criados, para quem a máquina de lavar roupa ou o aspirador eléctrico são na realidade' utensílios úteis, mas sim para aquelas que são exclusivamente. donas de casa. É que se antigamente a mãe de família preparava refeições simples e económicas, hoje a pretexto de utilizar a complicada máquina de cozinha, faz purés, sumos e bolos que nada acrescentam ao real valor da alimentação, mas a tornam mais dispendiosa em tempo e em dinheiro. - No tempo das nossas mães considerava-se suficiente mudar a roupa da cama uma vez por semana; hoje com a máquina de lavar, os detergentes, etc., muda-se duas vezes e é claro que pôr a máquina a. trabalhar todos os dias, deixa de ser economia para acarretar desperdício de tempo e energia. Já houve tempo em que meia hora era suficiente para varrer e casa à vassoura e limpar o pó aos móveis com o espanador; mas hoje a operação faz-se diàriamente com o aspirador que é preciso retirar da caixa, encaixar as peças e procurar o pó dos cantinhos invisíveis, para que todos os elementos do dito aparelho justifiquem a sua existência e o dinheiro que custaram; e lá se vão duas horasl Mas se ainda sobra tempo, há as gavetas para despejar e voltar a arrumar, a volta à despensa e aos armários, para forrar de novo e voltar a dispor artisticamente o seu conteúdo. Qual é a utilidade e o sentido real de tais tarefas? Nenhuma,a não ser que o tab h, doméstico tm a fauldade de se dilatr a preencher todo. tempo dlqponivel-. Porque o que é imperioso é que a dona de casa não tenha ácios para não ter a oportunidade de sentir o tédio, o sentimento de que a sua vida é vazia e inútil e o seu universo limitado à casa, à cozinha, à criação (e não educação) dos filhos e à comodidade do marido não chega nem para preencher, nem para justificar uma existência. Tudo o que é importante, passa-se lá fora; ela sente que não tem interferência em nada daquilo de que tem a consciência (quando a tem) de que é realutente inmpertfnte. Estão agora em voga os cursos de gestão doméstica. Pretenda-se convencer a mulher, nesta era da tecnocracia e do burocratismo, que ser dona de casa é como ser gerente de uma empresa. Ensina-se-lhe a racionalizar o trabalho, a metodificálo, a fazer o máximo no mínimo de tempo. Mas como essas técnicas fazem surgir os tempos livres, ressuscitou-se, o artesanato esquecido. E pegou a moda das colchas e almofadas de .crochet., os arranjos florais, o atricotu feito em casa, mil e uma coisas descabidas nesta era industrial. Ninguém sabe como tal moda começou: Insidiosamente, as revistas femininas, os veículos publicitários por excelência, entraram-nos em casa com a apologia.do encanto novo que trariam aos nossos lares essas maravilhas do artesanato, a que só as delicadas mãos femininas podem dar forma... E convencidas que nada há de mais belo que ser a fada do lar, as mulheres passaram a fazer da agulha de acrocheta companheira das suas horas livres. Porque é que as revistas femininas, que tanto influência têm na formação da mentalidade das mulheres, não falam no encanto de tirar um curso nas horas vagas, que lhes permita o acesso a uma profissão socialmente útil e rendosa? MARIA DE LOURDES tg>tr OS HOMENS SÃO MELHORE NO TRABALHO DOMESTICO Recentemente em Minneapolis, um professor chamado Maurice K Enghau. sen, leu no jornal local, uma história sobre o longo trabalho semanal da dona de casa de hoje. Declarando numa carta para o editor que «qualquer mulher que levasse tantas horas é terrivelmente lenta, uma má distribuidora do tempo ou então não sabe organizar as coisas»., este solteirão de 36 anos de idade ofereceu-se para dirigir qualquer casa e ensinar como se deve fazê-lo. Um grande número de donas de casa' furiosas desafiaram-no a provar o que afirmara. Ele encarregou-se, durante três dias, da casa do sr. e da sr.' Robert Dalton, que tinham quatro filhos dos dois aos sete anos. Num dia apenas, limpou o primeiro andar, lavou e pós a secar três cargas de roupa, passou a ferro toda a roupa incluindo os lençois, fez um almoço de sopa e sandes e uma grande ceia no quintal, bateu dois bolos, preparou duas saladas para o dia seguinte, vestiu, despiu e deu banho às crianças, lavou o soalho e esfregou o chão da cozinha. A sr.a Dalton disse que ele era mesmo melhor cozinheiro do que ela nunca tinha sido. *A limpar» disse ela, «eu sou mais perfeita, mas talvez seja desnecessário». Fazendo notar que tinha casa própria havia sete anos e que ganhara dinheiro na Faculdade fazendo trabalhos domésticos, Enghausen afir. mou: «Eu até queria ensinar a cento e quinze estudantes como era fácil tomar conta de crianças e de uma casa... continuo a sustentar que o trabalho ca. seiro não é uma tarefa interminável como as mulheres dizer». Estas queixas, expressas periódicamente pelos homens, quer em público, quer em particular, foram o tema de um recente estudo sobre a utilização do tempo. Registando e analisando todos os movimentos efectuados por um grupo de donas de casa, este estudo concluiu que a maior parte da energia despendida no trabalho caseiro, é surpérflua. Séries de estudos subsidiados pela Associação Central de Michingan e pela Universidade de Wawne revelaram que «as mulheres estavam a trabalhar mais do dobro do que era necessário, estragando energias com hábitos e tradições, em grandes deslocações e escadarias desnecessárias. Betty Fr~dm In «A Mística da Mulher» (Editora Ulisseia) MODA Um modelo adequado aos tecidos de algodão, agora em moda. Este é de desenhos em branco, sobre fundo escuro, de motivos geométricos. As mangas tim um franzido apanhado com uma estreita fita branca. O motivo repete-se no decotè e na cintura DECORAÇÃO Decoração moderna, feita de móveis de linhas simples, cores claras a paredes quas nuas. As cadeiras e mesas, são criação de Eero Sarinen e fabricadas em plástico moi. dado pela knoll Int. Ainda não se vendem em Lourenço Marques, mas possível que em breve as casas de mobiliário as ponham à nossa disposição ~ÁRIA FILENS DE GAROUPA NO FORNO I.gradits 400 gramas de gemapa; 80 gramas de magarina; um op de viho branco; duas gemn de vos; dez, gro do pimeunto; uma colh das dêespa, de fadnl,; uma colher, das de sopa, do queij* ra-do; um colher, das de sopa dê pio ralado; sai pinenta em pé, q. b.; 2,5 docUlto de águea. Preparação: Corta-se a garoupa em filetes altos sem pele nem espinhas. Faz-se um caldo de peixe pondo-se a cozer as espinhas, a pele, a cabeça da garoupa, o vinho, a égua, os gréos de pimenta e o sal. Deixa-se ferver durante 15 minutos em lume brando. Passa-se por passador fino. Colocam-se os filetes de garoupa num tabuleiro bem untado com margarina. Por cima deita-se o caldo de peixe a e uma colher de margárina derretida. Cobre-se com um papel untado - ou com papel de estanho que as vende, para esse efeito, nas casas de utili-' dades domésticas. Levase ao forno onde fica a gratinar durante 25 minutos. Cobrem-s com o seguinte molho: reduzse a metade o caldo de peixe deixando-o ferver em vasilha destapada. Separadamente doretem-se 30 gramas de margarina, jun. ta-se-lhe a farinha e deixa-se ferver um minuto. Adiciona-se-lhe o caldo de peixe já reduzido e deixase ferver durante cinco minutos. Tira-se do lume, juntam-se-lhes as gemas de ovos e o resto da margarina. Depois doe filetes cobertos com este molho polvilhas tudo com queijo ralado e pio ralado e leva-se a gratinar, no forno, durante dez minutos. MO? OUVIMOS LEMOS ALGUNS FILMES QUE VAMOS VER A distribuição de filmes em Moçambique está a melhorar sensivelmente - e, enquanto obras de qualidade muito assinalável continuam a ser exibidas nos nossos «écrans., a programação conhecida para as próximas semanas em algumas das principais casas de espectáculos moçambicanas acentua esta ideia. Assim e enquanto o famoso «GOODBYE COLUMBUS, «(Adeus para Sempre»), de Stanley Jafie - um jovem e ousado realizador americano- continua em exibição no Manuel Rodrigues, em Lourenço Marques, esta casa de espectáculos anuncia já «CONFIDENCIAUSSIMO», um filme que certamente causará sensação na capital. O Infante, que teve um surpreendente «beat-seller» com «AMOR DE PERDIÇÃO», o filme (fraco) de A. Lopes Ribeiro, anuncia para breve «PERDIDO" NO DESERTO», de Stanley Uys, uma película terna *e sensível aconselhável para toda a família. No Gil Vicente,' -MEIAS PRETAS», de Christopher Morahan deverá registar as enchentes que merece neste fim de semana. Na Beira, o filme de sensação é «AVÉ HERÓI» -também de um jovem realizador americano - que conta com a estreia no cinema do filho de Kirk Douglas, Michael Douglas. Projectado pela primeira vez entre nós naquela cidade, esperamos por ele com muito interesse. Voltando a Lourenço Marques: o Scala depois do sucesso obtido com o extraordinário filme de Jamas Hall «A RAPARIGA DO AUTO-STOP» («3 into 2 won't go,) que aliás figura na nossa capa -sta semana para a exibição de :lovos êxitos: entre os quais destacámos a película de Gordon Douglas *OS HOMENS SÃO CRUÉIS». Entretanto, «AMO A MINHA MULHER», de Mel Stuart continua em exibição. No Dicca, «DESEJO PERVERSO», de Samperi -- um novo realizador italiano que merece a nossa aterição - prossegue o seu êxito de «autêntico projéctil contra a burguesia embrulhado em papel celofane»'- como foi descrito por um critico atento. Extremamente corrosivo mas contado em tom de comédia, «GRAZIE SIA» merece a designação de grande filme. No Estúdio 222, «MARIDO VELHO,' MULHER NOVA' continua igualmente a ser um merecido sucesso. Mas, embora salientando a próxima realização no Dicca do «Feslival de Êxitos(o primeiro realizado entre nós) e da anunciada reposição do famoso 'O SALARIO DO MEDO», de Clouzout, não queremos deixar dè formular uma M. A. S. H., do realizador Robert Altman foi o grande prémio (merecido) do último Festival de Cannes. Quando o veremos em Moçambique? Na foto, da esquerda para a direita, o realizador Robert Altman, o produtor Ingo Preminger (filho do famoso realizador Otto Preminger) e uma das actrizes da película, Sally Kellerman durante a cerimónia de entrega de prêmios daquele festival guia do elpctdor «Os Anates», de Louais Malle «Sua Excelência» «Katrlma», de Jans Rautenbach «Desejo Perverso» Marido Velho, Mulher Nova», de A. Latuada «Adeus, Gringo», de George Finley Amor de Perdição», de A.. Lopes Ribeiro «Adeus Para Sempre», de Stanley Jaff «Perdidosý no Espaço», de John Sturges Shang» «A Rapariga do Auto-Stop», de Peter Hall «Ame a Minha Mulher», de Mel Stuart «O Especialista», de Sergio Corbuci «Os Bõnas Verdes», de John Wayne « O Estrangulador de Boston» BALA CineClube ýCine-Machava Dicca Dicca Estúdio'33 Gil Vicente Infante Manuel Rodrigues Manuel Rodrigues Olfmpia Scaha S. Miguel S. Miguel Tivoli 5 561 6 6 0 3~ 8- - 3 - --4- .- 5- 3 -- 8 8---78 5- -- 60 0 O O O O O 6 6- 6 - 79-Obra-prima; 7/8-Não perca; 6- Com bastante interesse; 5 Com algum interesse: 3/4- Passatempo; 1/2 - Não vã; 0- Um Insulto à inteligência do espectador. *w~ LI' ~<L. Mf ~J LJ ffS [P/ó o O/% ,em, *N4 ovo-l Y '2 6 pron. releo 2-iglr Jog de azar 1 * * HORIZONTAIS: 1 -Basta! interjeição); ihabitação de soldados dentro do quartel; pron. reflexo. 2-Singuar; jogo de azar entre dois parceiros, com 15 tábuas cada um; privilégio. 3 - Ovário dos peixes; lfrio (poet.); pron. demonstrativo. 4-Igaço; observar. 5-Pref. de aproximação, fim, adiçOã; mulher de estatura muito mais baixa que a normal; numeral; perversa. 0 Pron. pessoal; corajoso; óxido de cálcio. 7- Azáfama, impulso; inflexão de voz; canapé estofado. 8-A parte da cozinha onde se N., 16 acende o fogo; muito ávido; adv. de afirmação. 9- Alento; mostrar-se alegre; antigo dialecto falado ao Su do Loire; vogais iguais. 10-T1lia (poét.); intenção. 11-Cidade e porto de mar da índia Portuguesa; doença; adeuses. 12- Território português da India, cuja capital é Nova Goa; bolo que os padrinhos dão pela Páscoa aos afilhados; costuma. 13- Alumínio (s. q.); membro de uma seita judaica que ostentava, hipcritamente, grande santidade; Bromo (a. q.). VERTICAIS: 1 - Pron. pessoal; pessoa que anda frequentemente aos saltos e em correrias; Gálio (s. q.). 2 -Espaço de tempo; moeda de ouro dos E. U. A.; zabumba. 3Pássaro; forma abreviada de senhor; parente. 4-Asa de ave ou Insecto; corrente de água. 5-Prata (s. q.); suf. fem que designa aumento, grandeza; de pouco preço ou valor, mesquinho, miserável; nota de música. 6Cioreto de sódio; o que intenta uma demanda; maior. 7-Ttulo dado aos, descendentes de Maomé; aflição; contracção de prep. e advérbio. 8-Arrás; território e porto. da índia Portuguesa; roupas de lã. 9-O ponto grave de uma questão; ocasião; cidade da região montanhesa de Judá cuja verdadeira localização não está perfeitamente estabelecida, pois, para alguns, ficava entre Maon e Carmelo e, para outros, no território de Darome (Bibl.); acusada. 10-Epderme do rosto; fezes. 11- Ministrar; mealheiro; nome científico dos ratos. 12-Crculo de 12 raios, com esmalte e ouro, nos brazões; associação secreta siciliana análoga à Camorra de Nápoles na maneira de agir e operando, por vezes, em estreita ligação estendendo-se A América do Norte, em 1890, assassinava o chefe da Policia de Nova Orleans, que tivera a temeridade de lhe dar caça, atentado que causou grande ruído em todo o Mundo; no tempo ou governo de. 13-Prepo~iin; lula; 0rbio (S. q.). SOLUÇAO DO N.. 14 HORIZONTAIS: 1 - Tifo; afã; tara. 2 Urubu; parau. 3 - Bê; aça; mil; Ir. 4 - Ana; apoio; iva. 5 - Ova; ror; uma 6 - Acne; asno. 7 - Ré; Io; a.C.; dó. 8 - Anal; côia. 9 - Ulo; oba; apá. 10 - Aro; Atila; oil. 11 - Sl; imã; ovo; pé. 12 - Anodo; Odeon. 13 Rola; mês; Elsa. VERTICAIS: 1 - Tuba; cru; asar. 2 Ireno; Urano. 3 - Fu! Ava; al; ol. 4 Oba; .ãcino; noa; amo. 6 - Apre! Lota. 7 - Fé; Qo; bi; lê. 8 - Mira; calo. 9 - Pio; são; avo. 10 - Tal, única; ode. 11 - Ar; imo Apo; el. 12 -, Raiva; aipos. 13 - Aura; cós; lena. - C, asempo~ A SEMANA (21 de Março a 20 de Abril) cipio da semana, "? . ( graças a um amigo * . em quem confia, um sonho poderá transformar-se em real1 dade. Sob a influénS , cia da Lua Cheia no dia 11, poderá obter grande conforto físico e moral em meditação e em certo isolamento. Um encontro inesperado no dia 13 poderá conduzir a uma inesperada amizade. TRABALHO - No começo do dia 12 deverá manter as suas actividades no ritmo normal. No dia 14, use a sua previdência se desejar fazer quaisquer progressos num negócio em que está interessado. Esteja preparado no dia 15 para aproveitar uma oportunidade que se lhe deparar. SAÚDE - Cuidado com acidentes no dia 16, em casa ou fora. TOURO (1l de Abril a 21 de Maio) AMOR - O dia 10 será de grande - satisfação. Um encontro fortuito poderá conduzir a um inesperado romance que não se atreveria, a esperar. A Lua Cheia no dia 11 conduzi-lo-á à reflexão. No dia 15 obter* êxito em questões de coração. No fim da semana abrir-se-lhe-á uma nova perspectiva para a qual deverá procurar o apQio das pessoas que o cercam. TRABALHO - No dia 12 é aconselhável evitar tudo quanto seja arriscado. Deve prosseguir apenas com as suas ocupações usuais. No dia 13 é possível que aconteça o inesperado, o que o deixará abalado. Mas mabtenha-se calmo. SAÚDE - Esta semana, principalmente nos' dias 1.1, 12 e 13, correrá o risco de acidentes. Não estará no melhor da sua forma e deve tomar precauções. Siga uma dieta equilibrada. GÉMEOS (22 de Maio a 21 de Junho) AMOR - Em assuntos de coração não deixe vaguear - a sua imaginação. Procure ser realista. A Lua Cheia no - dia 11 provocar-lhe-á choques desagradáveis. Afaste-se de certos conflitos. Em questões de família, veja como se comporta. Seja cuidadoso no dia 1. Deve manter-se em guarda em todos os campos. TRABALHO - No dia 13 não se deixe tentar por qualquer arris. cada especulação. No dia 14 abrir-se-lhe-ão novas perspectivas, mas estude-as bem antes de se lançar nelas. No dia 15 seja cuidadoso em relação á pessoa em quem confiar. Mas seja discreto. SAÚDE - Muita vitalidade. CARANGUEJO reuniões onde obterá preciosas informações. TRABALHO - No dia 14 deve (22 de Junho a 22 de Julho) observar o que diz e o que escreve. Cuidado com quaisquer proAMOR - A Lua Inessas que sei atentado a fazer Cheia no dia 11 es- Deve evitar qualquer operação timulará o seu di- arriscada. Por outro lado, no dia namismo, mas não 15 surgirá uma oportunidade favose aproveite disso rável que deve estudar cuidadopara se meter em samente. aventuras que po- SAÚDE - Satisfatória. Mas cuidem trazer-lhe con- dado com acidentes no dia 13. sequências infelizes. Procure manter uma atmosfera de harmonia e compreensão. No VIRGEM dia 141 principalmente, tenha cuidado e não se meta em quaisquer aventuras amorosas. Pode ser pe- (2 de Agosto a 23 de Setembro) rigoso. Domine os seus Impulsos. TRABALHO'- No dia 15 é posAMOR - No prin sível que lhe surjam ideias criacipio da semana en doras. Tome nota delas e procure contrará muitos mo aplicá-las nos dias seguintes. Se t para sedes receber quaisquer propostas duvitmcontrair numi dosas, mantenha-se frio e seja realatmosfera parti. lista e examine-as cuidadosamente. is cularmente harm SAUDE - Necessita de vigilânniosa. Tudo correr, a. No dia 13 tome cuidado con-como deseja e cor tra acidentes, responderá aos seus gostos. No en tanto, tenha cuidado e não con sinta em qualquer acto de qu( LEAO venha a arrepender-se. No dia 12 terá tendência para dramatizar a (23 de Julho a 23 de Agosto) coisas. Observe bem as suas reac ções. Tome cudado. Certas pes AMOR Uma soas procurarão arrastá-lo par viagem que real!-, uma aventura que provãvelmentc zar no dia 10 dar- afectará a boa opinião que outro, -lhe-á boa disposi- fêm de si. Não ceda às pressõe ção de espírito. É dos outros, principalmente nc possível que apelem dia 15. para os seus prin- TRABALHO - No dia 15, dev( cipios de solidare- adiar quaisquer decisões. Seja cu. dade, a que deverá dadoso em todos os campos. responder sem hesitação. Procure SAUDE - No dia 13 é provãve] estreitar laços de amizade. j4o fim que ocorram acidentes de toda da semana conseguirá juntar tra- espécie. Domine-so, e não deixc balho e prazer. Poderá organizar vaguear a sua imaginação. PAILVRAS CRUZADAS PO%í/EL OS FAU #4I AT~ ROLO010 a 1M d BALANÇA <24 de Setembro a I$ de Outubro) AMOR - Necessita de repouso para recuperar a sua vitalidade, no dia 10. Tire a sua Ideia de certas coisas e procure a companhia de amigos que poderão criar à sua vlauma agradável atmosfera de harmonia. A Lua Cheia no dli 11 poderá pô-lo nervoso e causar-lhe complicações ou provocar disputas. Se posivel, mantenha-se retraído. No dia 16 projectará uma salda ou viagem que terá muito boa Influêneia sobre o seu estado de espírIto. Seja cuidadoso, e não se deixe tentar por qualquer atracção passageira. TRABALHO - No dia 12, se tiverem de ser tomadas quaisquer Iniciativas deixeas aos seus associados ou ás pessoas que lhe são chegadas. O seu discernimento Pode ser errado. Reduza as suas despesas por forma a poder fazer face a despesas inesperadas que eatão por surgir. SA-DE - Cuidado com acidentes no dia 13. ESCORPIÃO (24 de Outubro a 3 de Novembro) AMOR - Verá que as questões de coração correrão bem esta semana, quer seja solteiro, quer tenha familia Iconstituída. Terá uma grande satis- fação, principalmen te no dia 10. Notará também o com acidentes, principalmente nos valor de uma amizade. No dia 14 dias 11 e 12. é provável que aconteça o Inesperado em vários campos. Domine CAPRICÓRNIO os seus nervos. TRABALHO O melhor será (2 de Dezembro a 20 de Janeiro) dedicar-se às suas obrigaçõs, de que não pode afastar-se. O dia 15 ,AMOR - No dia terá um dia de muitas contradi. 1 10, procure rodearções. Terá algumas boas Ideias -se dos amigos cujas mas, ao mesmo tempo, terá de idelias compartilha. combater a tendéncia de se lan|Considere os proçar em aventuras arriscadas. Vejblemas pessoais ou rificará que estará misturando trade família que tem belho com prazer, mas certifiquenegligenciado. Pro-se de que os seus sentimentos são cure demonstrar sosinceros. Estude a situação. a e omaterã u bamSAúDE - Risco de acidentes fera de compreensão que benefinos dias 12 e 13. ará as pessoas que o rodeiam. No dia 14, procure evitar fazer 'SAGITARIO quaisquer criticas. ~TRABALHO - No dia .13, faça (28 de Novembro a31 de Dezembro) um apelo à sua capacidade inata de previsão para proteger os seus AMOR - A Lua interesses profissionais. Naquela Cheia no dia 11 data projectará, provâvelmente, conduzi-lo-á a um uma viagem de negócios de que sentimento de Inse- espeta tirar frutuosos resultados. gurança ou aproen- No dia 15, não dê muito crédito a são. Analise a sua promessas atraentes que poderão situação. No dia 10, provocar amargo desapontamento. organiz-e calma- Seja cuidadoso. mente, para o que SAÚDE - Boa. Perigo de a deverá eibora um programa que dentes, principalmente no dia 12. seguirá à risca. Controle os seus impulsos. AQUARIO TRABALHO - No dia 12 deve pesar cuidadosamente qualquer <21 de Janeiro a 18 de Fevereiro) Intuição que tenha. Tome nota das ideias construtivas ou criadoras AMOR - No dia que possam surgir no dia 13. Des10 poderá principiar cobrirá Interessantes perspectivas, um período feliz, mas deve certitfcar-se das suas durante o qual desfontes de informação antes de se cobrirá afinidades lançar em algo. entre os seus amiSAÚDE - Não estará no melhor gos. Haverá estabida sua forma. Reduza ao mínimo lidade e harmonia as suas actividades, e procure doem questões de cominar os seus nervos. Cuidado ra>o. o ennto, no dia 11 pode. rã ser informado de intenções que o abalarão. Naquela data, e devido à Influência da Lua Cheia, procure vigiar as suas reacções. No fim da semana terá oportunidade de estabelecer frutuosos contactos com pessoas com quem concluirá um acordo satisfatório. TRABALHO - Deve verificar as suas contas e os levantamentos que dez quep oderão conduzi-lo a qualquer erro. Esteja particularmente atento no dia 12. No dia 15 estará inspirado, devendo procurar tirar vantagem dessa circunstãncia. As perspectivas são boas. SAúDE --São de recear acidentes no dia 14. PEIXES (19 de Fevereiro a 20 de Março) AMOR - Deve procurar estreitar os laços familiares e de afeição. A Lua Cheia lno dia 11 estará na origem de'certa tensão que fará bem em procurar dlssipar. No dia 14 não r injustificadamente por suspeito. TRABALHO - Examine cuidadosamente qualquer proposta que lhe for feita no dia 12. Pondere o que disser e 'escrever. Siga uma linha prudente no que se refere aos seus problemas materiais, principalmente nos dias 13 'e 14. No dia 15, as áctividades artísticas são-lhe particularmente favoráveis. Nos outros campos, alcançará tambÉm resultados satisfatórios. No dia 16 terá oportunidade de estabelecer contactos com pessoas influentes. J- 1 9 e. Xo d o . t , 0r u os p ì t n1 t 1 Onde estão quat-o miehões de contos? O problema dos chamados pagamentos interterritoriais tem sido alvo, nos últimos tempos, de uma verdadeira onda de escritos nos jornais metropolitanos, ao contrário do que acontece - ainda não percebi bem porquê - com a Imprensa diária de Moçambique, que mal tem falado no assunto, ou o ignora pura e simplesmente, como se ele não nos dissesse respeito. Se este silêncio dos diários moçambicanos não se entende, a insistência com que a Imprensa da Metrópole se refere ao problema compreende-se fàcilmente: um importante sector da indústria metropo. litana e do comércio exportador, que trabalha com ou para o Ultra-mar, começa a estar em sérias dificuldades financeiras, em resultado das demoras que se verificam com os pagamentos. Por outras palavras, apesar de o importador ultramarino pagar imediatamente, contra documentos, ou a 90 dias, aquilo que, manda vir da Metrópole, o exportador metropolitano fica à espera entre 12 a 14 mes pelo seu dinheiro. A situação não precisa de ser empolada: toda a gente compreende que o actual sistema, sem beneficiar em nada o importador ultramarino, que paga como e quando deve, ficando ainda por cima sujeito a encargos complementares, cria sérios problemas financeiros aos exporta,dores da Metrópole, se é que não põe em causa a sua própria existência. Como poderá, de facto, uma empresa comercial ou uma indústria voltadas para a exportação suportar prazos de pagamento que se esten dem at 12, 14 e às vezes 17 meses? Que negócio comportará encargos de juros que vão de 15 a 18 por cento? Quem, senão o pobre consumidor, acabará por suportar esses encargos que acabam, irre. mediâvelmente, por se repercutir no custo de vida e no poder de compra da esmagadora maioria? É certo que o Governo está sensibilizado ao problema e já prometeu, pela voz autorizada do Presidente do Conselho, medidas rápidas e objectivas para solucionar os imensos problemas que resultam do actual sistema monetário entre os territórios ultramarinos e a Metrópole. Houve mesmo uma medida legislativa, que o próprio Governo classificou de transitória e que procurou estabelecer uma ordem de prioridades, além de permitir em casos muito especiais, a resolução de alguns problemas. Mas ninguém pode pretender que estas medidas destinadas a casos de excepção,. tomadas de emergênvia, venham resolver o intrincado problema das transferências entre as duas maiores províncias ultramarinas e a Metrópole, que não se compadece com soluções transitórias. O que se pode é concluir que ele está a ser estudado com urgência e interesse pelo Governo - e já não será pouco. De resto, não deixa de ser sintomático que, enquanto o problema afectou apenas as transferências relativas a invisíveis correntes -tranàferências de pensões, envios de dinheiros para estudantes e familiares residentes na Metrópole, etc. - a grqnde Imprensa diária da Metrópole tenha silenciado sobre o problema. Quando ele começou a incidir sobre operações comerciais, e portanto sobre interesses maiores, então sim - toda a gente desatou a falar e a pedir providências. Ainda bem. O problema é verdadeiramente sério, porque, além do mais, põe em causa a tese do Espaço Português e a própria integração. De facto, não só muitas empresas metropolitanas começam a escusar-se abertamente a fazer fornecimentos para o Ultramar, como, do lado de cá, muita gente está a virar-se para outros mercados fornecedores, onde, também não entendo bem como, não se levantam problemas de cambiais. E isto pode cair numa habituação de que a economia geral do pais nada beneficiará. Um exemplo concreto, sem sair aqui de casa: os nossos fornecedores de papel, uma conhecida empresa metropolitana, não fizeram os dois últimos embarques para nós. Todas as desculpas lhes têm servido, mas nós sabemos que o verdadeiro motivo desta estranha atitude reside neste facto: apesar de termos pago aqui aos seus agentes todos os fornecimentos que nos fizeram, o fabricante tem de esperar lá um ano ou mais pelos respectivos pagamentos. Claro que somos forçados a fazer aquilo que os outros fazem: como isto não pode parar, vamos comprar papel de outra origem - e depois de nos habituarmos a ele, muito dificilmente voltaremos atrás. Mas de quem fica a ser a culpa? Eu pergunto mesmo, com mais clareza: a quem aproveita esta situação e este sistema que, pelo menos aparentemente, não trazem benefícios a ninguém? Mais ainda: sabendo-se, como já foi revelado, que o montante das transferências retidas durante os tais 12 ou 14 meses, por falta de cobertura cambial, se eleva a cerca de 4 milhões de contos, eu pergunto: quem detém e aproveita, desde há dois anos para cá, esse dinheiro, que só ao juro de 5 por cento dá 200 000 contos por ano? Como é que nós estamos a pagar juros de um dinheiro que fica retido em poder de não sei quem durante tanto tempo, quando o contrário é que seria correcto? Onde param, há tanto tempo, estes 4 milhões de contos? flui Ir ni'*gtn,,jn f 1 \ mark !/ ' SEJA FEROZ COM BAYONE pel: Organizaçao Mu dial d SaudA. BAYGON dura serinas. Representantes gerais para Moçarnbique:GEORG SCHROEDER & LEIDENBERG, LDA.. ok cheque de OURO e üU luxo . | 014