DEPARTAMENTO AUTÔNOMO DE ÁGUA E ESGOTOS DESAFIOS DA SUSTENTABILIDADE EM ARARAQUARA Documento básico para estimular a participação da comunidade na elaboração do Plano Diretor Municipal de Saneamento e Gestão Ambiental 2008-2030 Gráfica Redenção - Araraquara 2007 Araraquara (cidade). Departamento Autônomo de Água e Esgotos – DAAE. Desafios da sustentabilidade em Araraquara: documento básico para estimular a construção participativa do Plano Diretor de Saneamento e Gestão Ambiental 2008-2030. Araraquara: Gráfica Redenção, 2007. 1. Araraquara (cidade) – Saneamento. 2. Araraquara (cidade) – Política ambiental. 3. Água – Preservação. 4. Educação ambiental. II. Título. CDD - 363.72098116 MIRANDA, E. E. de; COUTINHO, A. C. (Coord.). Brasil Visto do Espaço. Campinas: Embrapa Monitoramento por Satélite, 2004. Imagem de 11/06/2001 Apresentação Araraquara tem a questão de saneamento básico resolvida superando a média das cidades brasileiras porque coleta e trata 100% do esgoto desde 1999. No entanto, as projeções de crescimento de população de 50% até o ano de 2030 criam grandes desafios para o setor e a necessidade de novos serviços, aprimoramento e ampliação dos atuais. O tratamento setorizado, principalmente, de águas pluviais, resíduos sólidos e gestão ambiental ainda são de responsabilidade da Prefeitura Municipal. Mas a cidade está no momento em que necessita da integração desses serviços no leque de atribuições do Daae. A Lei 11.445, de janeiro de 2007, estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento ambiental, as quais o município de Araraquara precisa se adequar, criando e ampliando a atividade de regulação, de tal forma que a comunidade tenha instrumentos eficazes para avaliar a qualidade dos serviços prestados e os respectivos custos. Não se trata apenas de regulamentar um plano de saneamento de forma burocrática, mas buscar envolver a comunidade na discussão dos desafios e alternativas de solução. O amplo processo participativo poderá gerar pactos de mudanças de posturas, por exemplo, em relação ao uso racional da água e à preservação dos mananciais, que poderão mudar radicalmente o rumo do crescimento da cidade e garantir a sua sustentabilidade para as gerações futuras. Wellington Cyro de Almeida Leite Superintendente - Daae Prefeitura Municipal de Araraquara Edson Antonio Edinho da Silva - Prefeito Sérgio de Oliveira Médici - Vice-prefeito Departamento Autônomo de Água e Esgotos - Daae Wellington Cyro de Almeida Leite - Superintendente Daae - Departamento Autônomo de Água e Esgotos Rua Domingos Barbieri, 100 CEP 14802-510 - Araraquara - SP Tel.: 55 16 3324-9555 www.daaeararaquara.com.br Conselho Consultivo Presidente: WELLINGTON CYRO DE ALMEIDA LEITE - Superintendente do Daae Vice presidente: ADALBERTO FARACHE FILHO – UNESP Representantes de Órgãos Governamentais WELLINGTON CYRO DE ALMEIDA LEITE - Superintendente do Daae JULIO CESAR ARANTES PERRONI Coordenador de Gestão Operacional do DAAE JANICE NOGUEIRA DE FRANCISCHI Representante da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano PAULO SÉRGIO SGOBBI Representante da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico RAPHAEL AUGUSTO DE ARRUDA S. DOSUALDO Representante da Secretaria Municipal de Saúde ELIAS CHEDIEK NETO Representante do Poder Legislativo JOSÉ JORGE GUIMARÃES Representante da Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental (CETESB) JOSÉ LUIZ GALVÃO DE MENDONÇA Representante do Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo – DAEE OLÍVIO GOBATTO NETO Representante do Serviço Especial de Saúde (SESA) Representantes da Sociedade Civil Organizações Não Governamentais (ONG’s) com atuação no Município em temas relacionados ao meio ambiente (Ong. Araraquara Viva): JOSÉ LUIS BIZELLI (Ong. Araraquara Viva) Titular, RODRIGO ALBERTO DE TOLEDO (Ong. Araraquara Viva) Suplente Instituições de ensino superior instaladas no Município com atuação na área de meio ambiente: DENÍLSON TEIXEIRA (Centro Universitário de Araraquara – UNIARA) Titular, MARIA LÚCIA RIBEIRO (Centro Universitário de Araraquara – UNIARA) Suplente Instituições de ensino superior instaladas no Município com atuação na área de saúde: ADALBERTO FARACHE FILHO (Universidade Estadual Paulista – UNESP) Titular, PAULO DOMINGOS ANDRÉ BOLINI (Universidade Estadual Paulista – UNESP) Suplente Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Araraquara - AAEAA: ALCIDES ROBERTO BARRAVIEIRA Titular, JOSÉ ROBERTO VIEIRA SALUM Suplente Ordem dos Advogados do Brasil - OAB: FÁBIO MARUM FERRARI Titular, JORGE LUIZ BEDRAN Suplente Associação Comercial e Industrial de Araraquara – ACIA: GIUSEPPE MORVILLO JÚNIOR Titular, EDSON LUIS CASAUT Suplente Sindicato do Comércio Varejista de Araraquara - SCVA: GAETANO MORVILLO NETO Titular, EUGÊNIO LAMORÉA Suplente Sindicato dos Servidores Municipais de Araraquara - SISMAR: LUIZ ELIAS MACHADO Titular, ALESSANDRO DE MELO, Suplente Representantes da Região de Planejamento Ambiental 1 - RPA1 - Micro Bacia do Ribeirão das Cruzes: MARIA CECÍLIA BARBIERI GORSKI Titular, MICHEL TODEL GORSKI Suplente Representantes da Região de Planejamento Ambiental 2 - RPA2 - Micro Bacia do Ribeirão do Ouro: FRANCISCO JOSÉ SANTORO Titular, RENÊ ANTONIO NUSDEU Suplente Representantes da Região de Planejamento Ambiental 3 - RPA1 - Micro Bacia do Rio Chibarro: JOÃO CIARROCHI LOPEZ Titular, JOÃO LUIZ LISBOA LOPEZ Suplente Representantes da Região de Planejamento Ambiental 4 - RPA4 - Micro Bacia do Ribeirão do Tanquinho: JEFERSON ROCHA JÚNIOR Titular, EMERSON CHARNET Suplente Representantes da Região de Planejamento Ambiental 5 - RPA5 - Micro Bacia do Rio Mogi Guaçú: MARCELO ADORNA FERNANDES Titular, MARCELO FABIANO SAMBIASE Suplente Representantes do Conselho do Orçamento Participativo (COP): LUÍS BENÚNCIO Titular, HILDA SÓLCIA Titular, ROBSON LUÍS DE GODÓI Titular, MARLI VALÉRIA DA SILVA Suplente, NOEL RIBEIRO SIQUEIRA Suplente, ROGÉRIO APARECIDO PORTAPILA Suplente Gestores do Daae WELLINGTON CYRO DE ALMEIDA LEITE Superintendente JULIO CESAR ARANTES PERRONI Coordenador de Operações JOSÉ BRAZ SCOGNAMIGLIO Gerente de Engenharia JOSÉ MANOEL RODRIGUES Gerente de Operação dos Sistemas de Água e Esgotos ROGERIO DO PRADO LIMA Gerente de Manutenção PAULO SÉRGIO SCALIZE Gerente de Controle de Perdas SIMONE CRISTINA DE OLIVEIRA Gerente de Gestão Ambiental AGAMEMNOM BRUNETTI JÚNIOR Gerente de Operação dos Sistemas de Resíduos Sólidos RICARDO LOPES Coordenador Administrativo e Financeiro LAIRTON LUÍS DOS SANTOS Gerente de Finanças EDUARDO CORRÊA SAMPAIO Gerente Administrativo FÁTIMA REGINA DE SOUZA FREITAS Gerente de Administração de Recursos Humanos WILIAN THOMAZ MARÉGA Gerente Comercial Equipe de apoio ao Plano Diretor de Saneamento e Gestão Ambiental JULIO CESAR ARANTES PERRONI Coordenador de Operações JOSÉ BRAZ SCOGNAMIGLIO Gerente de Engenharia ROGERIO DO PRADO LIMA Gerente de Manutenção PAULO SÉRGIO SCALIZE Gerente de Controle de Perdas SIMONE CRISTINA DE OLIVEIRA Gerente de Gestão Ambiental AGAMEMNOM BRUNETTI JÚNIOR Gerente de Operação dos Sistemas de Resíduos Sólidos FÁTIMA REGINA DE SOUZA FREITAS Gerente de Administração de Recursos Humanos WILIAN THOMAZ MARÉGA Gerente Comercial JOSÉ LUIZ FERREIRA DA CUNHA Coordenador da Unidade de Tecnologia da Informação FERNANDA FEGADOLLI DO NASCIMENTO Coordenadora da Unidade de Administração de Suprimentos SÍLVIA ADRIANA VICENTINE SIDORENKO Coordenadora da Unidade de Administração de Serviços e Patrimônio JOSÉ ROBERTO MECIANO JÚNIOR Coordenador da Unidade de CadastroTécnico e Projetos/Engenheiro Civil VALTENCIR DE FARIA CoorDenador de Atendimento ao Público/Supervisor Administrativo SÔNIA NEVES LUIZ Química RENATA LOMBARDI Bióloga ARTUR DE LIMA OSÓRIO Engenheiro Civil FERNANDO HENRIQUE LOURENCETTI Engenheiro Civil SÔNIA CRISTINA FONSECA CASSOLI Assessora de Comunicação GABRIEL BERGAMASCHI Técnico Administrativo SUMÁRIO Introdução....................................................................................................................1 Aspectos legais...........................................................................................................2 1. Abastecimento de água.........................................................................................5 Diagnóstico do sistema de abastecimento de água....................................................5 Evolução da demanda.......................................................................................................8 Propostas para o sistema de abastecimento de água............................................10 Água superficial.............................................................................................................10 Água subterrânea ...........................................................................................................12 Controle de perdas..........................................................................................................13 Melhorias diversas e ampliações do sistema de abastecimento de água........................14 Propostas não-estruturais para o sistema de abastecimento de água...................15 2. Esgotamento sanitário.........................................................................................17 Diagnóstico do sistema de esgotamento sanitário..................................................17 Propostas para o sistema de esgotamento sanitário..............................................19 Reforma da ETE Araraquara: Primeira Etapa.................................................................19 Reforma da ETE Araraquara: Segunda Etapa ...............................................................19 Propostas não-estruturais para o sistema de esgotamento sanitário....................20 3. Sistema de drenagem de águas pluviais...........................................................21 Diagnóstico do sistema de drenagem de águas pluviais........................................21 Propostas para manejo sustentável da água pluvial...............................................22 Ações não-estruturais para manejo sustentável da água pluvial............................25 4. Resíduos sólidos.................................................................................................29 Diagnóstico do sistema de manejo de resíduos sólidos.........................................29 Propostas para a gestão de resíduos sólidos.........................................................30 Propostas não-estruturais para a gestão de resíduos sólidos................................31 5. Gestão e educação ambiental............................................................................33 Diagnóstico do sistema de gestão e educação ambiental.....................................33 Propostas para o sistema de gestão e educação ambiental..................................34 Planejamento Ambiental................................................................................................34 Controle Ambiental........................................................................................................37 Educação Ambiental......................................................................................................37 6. Resumo geral dos investimentos previstos......................................................39 7. Regulação.............................................................................................................41 Referências bibliográficas.............................................................................................43 Índice de Figuras Figura 1: Participação na produção e relação de custo da água das captações existentes.......7 Figura 2: Projeção da evolução da demanda de água................................................................9 Figura 3: Sistema de abastecimento de água...........................................................................12 Figura 4: Sistema de esgotamento sanitário..............................................................................18 Figura 5: Localização dos problemas e deficiências do sistema de drenagem pluvial................22 Índice de Tabelas Tabela 1: Cronograma de investimentos no sistema de água potável......................14 Tabela 2: Cronograma dos investimentos no sistema de esgotamento sanitário......19 Tabela 3: Cronograma dos investimentos no sistema de drenagem urbana.............25 Tabela 4: Cronograma dos investimentos no sistema de resíduos sólidos...............31 Tabela 5: Cronograma geral dos investimentos previstos........................................39 Introdução O presente documento fornece de forma resumida a base técnica para o processo participativo de elaboração de um Plano Diretor Municipal de Saneamento e Gestão Ambiental. O documento completo foi elaborado pelo Daae – Departamento Autônomo de Água e Esgotos, com auxílio de empresa de consultoria e tem o intuito de estimular a discussão no nível institucional, entidades e comunidade leiga, com as seguintes diretrizes gerais: • Oferecer um diagnóstico realista da situação atual do saneamento ambiental na cidade, despido de preconceitos e de conotações políticas; • Analisar prognósticos de cenários futuros de crescimento da cidade e dos desafios a serem enfrentados; Propor soluções de saneamento que contemplam a gestão integrada de águas urbanas e a recuperação ambiental; Propor a integração da gestão dos sistemas urbanos de recursos hídricos e de ocupação territorial e solucionar as dificuldades decorrentes da fragmentação institucional; Propor a integração dos usos da água, com vistas à gestão da demanda de água para seu controle e racionalização; Incentivar a população a se tornar agente ativo do desenvolvimento eqüitativo e sustentável, buscando evidenciar a face humana das questões ambientais; Propor a formação de pactos e parcerias entre a Administração Pública Municipal, a comunidade, entidades e empresas para assegurar um futuro próspero e saudável para a cidade; e Otimizar os custos dos serviços, da implantação e conservação da infra-estrutura urbana. • • • • • • O documento apresenta um diagnóstico da situação atual e das perspectivas para o ano de 2030 como horizonte de planejamento, relacionando as possíveis alternativas de ações estruturais e não estruturais1 . As propostas de ações e alternativas de soluções abrangem os serviços de abastecimento de água potável; esgotamento sanitário; gestão de resíduos sólidos; manejo das águas pluviais; e gestão / educação ambiental com foco na sede municipal. Os custos das alternativas estudadas foram estimados, em caráter preliminar, de forma a dar suporte à escolha de alternativas de diretrizes gerais para a construção, operação e manutenção da infra-estrutura atual e futura de saneamento básico e ambiental2 . Os valores apresentados equivalem a estimativas preliminares dos montantes de recursos para investimento até o ano de 2030 de forma a assegurar de forma plena e satisfatória os serviços públicos de saneamento e gestão ambiental. 1 Aspectos legais A elaboração do Plano Diretor de Saneamento e Gestão Ambiental está prevista no Artigo nº 57, item XIII, parágrafo 2 da Lei Complementar nº 350, de 27 de dezembro de 2005, que instituiu o PDPUA - Plano Diretor de Desenvolvimento e Política Urbana e Ambiental - de Araraquara em conformidade com os princípios estabelecidos na Lei Federal nº 10.257 de 10 de julho de 2001, conhecida como Estatuto das Cidades. O Artigo nº 63, do Plano Diretor estabelece que o sistema de Saneamento Ambiental de Araraquara, formado pelo Daae, abrange: I - abastecimento de água; II - coleta e tratamento de esgotos; III - tratamento e disposição final dos resíduos sólidos3 ; e prevê a possibilidade de incorporação futura de outros subsistemas. Por sua vez, a lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, que estabelece diretrizes nacionais e a política federal de saneamento básico; prevê que os serviços públicos de saneamento básico englobem: a) abastecimento de água potável; b) esgotamento sanitário; c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos; e d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas4 . O Artigo nº 19 dessa lei federal estabelece diretrizes para a elaboração dos planos que deverão incluir: diagnóstico da situação e de seus impactos nas condições de vida; objetivos e metas de curto, médio e longo prazos; programas, projetos e ações necessárias para atingir os objetivos e as metas; mecanismos e procedimentos para a avaliação sistemática da eficiência e eficácia das ações programadas. O Guia para a Elaboração de Planos Municipais de Saneamento (PMS), editado pelos ministérios das Cidades e da Saúde em 2006, apresenta sugestões para adequação dos níveis de participação da comunidade para alcançar o verdadeiro envolvimento na tomada de decisões que afetam a infra-estrutura de saneamento. As alternativas de participação comunitária propostas naquele Guia variam de 0 a 6, com níveis crescentes de participação da comunidade e a opção adotada pelo Daae situase no nível 5, no qual a Administração apresenta a informação à comunidade junto com um contexto de soluções possíveis, convidando-a a tomar as decisões que possam ser incorporadas ao PMS. 1 As ações estruturais envolvem a construção de estruturas e obras e as não-estruturais são as demais ações que podem incluir, por exemplo, criação de regulamentos e normas, campanhas educativas, coordenação e integração de ações de diferentes órgãos públicos. 2 O saneamento básico corresponde ao abastecimento de água e a disposição de esgotos e o saneamento ambiental que é um conceito mais amplo e inclui disposição lixo e outras atividades visam o controle e a prevenção de doenças, melhoria da qualidade de vida da população, a melhoraria da produtividade do indivíduo e facilitar suas atividades econômicas. 3 Os resíduos sólidos são materiais com diferentes graus de umidade, equivalentes aos restos das atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis. 2 Os serviços públicos de saneamento básico já são partilhados parcialmente por municípios vizinhos (Américo Brasiliense, Rincão, Santa Lúcia, que enviam resíduos sólidos para a estação de Tratamento de Resíduos Sólidos e São Carlos que envia chorume do aterro sanitário para a Estação de Tratamento de Esgotos). A tendência é que essa condição seja ampliada de maneira a alcançar um âmbito otimizado por meio da constituição de um consórcio regional5 , com papel de agência reguladora6 obedecendo aos preceitos da lei federal de saneamento nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007 e a lei dos consórcios públicos nº 11.107, de 6 de abril de 2005. A regulamentação do Plano Diretor de Saneamento e Gestão Ambiental deverá ser objeto de lei complementar municipal, porém precedida de ampla discussão das propostas aqui apresentadas. A criação de instrumentos inovadores de gestão de política pública baseados no estímulo à adoção de soluções sustentáveis faz parte das propostas apresentadas por meio da regulamentação da concessão de recompensas financeiras e premiação das ações quando essas superam as exigências legais. 4 Nos sistemas tradicionais de drenagem urbana, a água das chuvas é apenas direcionada e transportada por meio de tubulações e canais causando problemas de erosão, assoreamento e inundação nas porções mais baixas do terreno. O manejo da água pluvial é um conceito mais amplo e moderno que busca preservar a qualidade da água da chuva e evitar os problemas causados pelos excedentes de escoamento, utilizando dispositivos para armazenamento temporário e infiltração no solo. 5 Agrupamento de organismos públicos, organizações privadas ou pessoas de uma determinada região que se associam para realizar atividades de interesse comum. 6 Nesse caso específico seria uma organização com a finalidade de regular e fiscalizar a prestação de serviços. 3 1. Abastecimento de água A descrição do sistema de abastecimento de água está baseada nos estudos anteriores: “Plano Diretor do Sistema de Abastecimento de Água de Araraquara” (1991) e “Sistema de Abastecimento de Água de Araraquara – Planejamento 1997”, com revisão e atualização de 2001. O presente trabalho incorporou ainda algumas atualizações de dados para 2005 e 2006 e a re-análise dos trabalhos anteriores dando maior destaque ao aspecto da sustentabilidade. Diagnóstico do sistema de abastecimento de água A disponibilidade hídrica7 na área urbana é suficiente para atender a demanda atual de água, de forma confiável, com a devida folga de segurança na capacidade de produção, reservação e com a interligação de vários setores de abastecimento. A cidade é abastecida por manancial 8 superficial e subterrâneo, sendo, respectivamente, três captações superficiais: Cruzes, Paiol e Anhumas e 12 poços profundos9 . O avanço da urbanização nas bacias de contribuição das Cruzes (34 quilômetros quadrados) e Paiol (18 quilômetros quadrados) ameaça a subsistência das captações ali existentes, com implicações já evidentes na disponibilidade quali-quantitativa da água. A impermeabilização da área urbanizada reduz a recarga do aqüífero livre e conseqüentemente a vazão de estiagem dos cursos de água. O sistema de drenagem pluvial10 concentra o fluxo nas galerias e faz o descarte da água diretamente nos córregos. Os recorrentes vazamentos do sistema de esgotamento sanitário também contribuem para a contaminação da água. A área remanescente, ainda não loteada, da bacia de contribuição da captação do ribeirão das Cruzes equivale a pouco mais de 10%. Os lagos das barragens de captação apresentam graves problemas de assoreamento e algumas análises recentes da água da captação Cruzes apresentam teores excessivos de nitrato e fosfato (indicadores de poluição). A vazão captada no ribeirão das Cruzes equivale ao dobro do valor ao outorgado pelo órgão gestor estadual (Departamento de Água e Energia Elétrica - DAEE). Na bacia de contribuição da captação do ribeirão das Anhumas (93 quilômetros quadrados) ocorre o cultivo intensivo de cana-de-açúcar o que, além de causar erosão11 e assoreamento12 , representa risco potencial de contaminação por produtos agrotóxicos. 7 É a quantidade de água disponível em um trecho de corpo hídrico (rio, lago, represa, etc.) em um determinado intervalo de tempo. 8 É todo corpo d’água utilizado para o abastecimento humano, animal, industrial ou irrigação. Os mananciais podem ser superficial (rio, lago e represa) ou subterrâneo (aqüífero). 9 Poços profundos ou poços tubulares, são poços para extração de água dos aqüíferos que são perfurados mecanicamente e recebem revestimento com tubulação de aço. 5 O manancial subterrâneo utilizado para abastecimento público é o Sistema Aqüífero13 Guarani (SAG) . Atualmente, são operados 12 poços tubulares com profundidades variando entre 300 e 450 metros, que contribuem com 50% da produção de água. Os poços localizados em áreas em que o aqüífero encontra-se recoberto por rochas basálticas14 apresentam alívio progressivo da pressão (queda do nível da água) e conseqüentemente a vazão produzida é gradual e continuamente reduzida desde o início da operação. Além dos poços do sistema público de abastecimento de água, existe na cidade um grande número de poços de terceiros responsáveis por 40% da vazão extraída, dos quais cerca de 70 poços, utilizados principalmente para abastecimento de indústrias, também captam o Sistema Aqüífero Guarani. Diversos poços têm sido alvos de furto e depredação das instalações elétricas. Alguns poços já não possuíam operadores de bombas, pois foram equipados com dispositivos para operação automatizada e acionamento remoto. Devido aos sucessivos furtos fez-se necessária a presença de vigilância e segurança armada, o que representa um acréscimo significativo ao custo operacional. Os poços mais antigos que foram operados muitos anos com bombas de eixo prolongado apresentam desgaste e produção de areia e deverão ser reformados ou substituídos. O tratamento da água das captações superficiais é efetuado em duas unidades: ETA (Estação de Tratamento de Água) da Fonte e ETA Paiol. Apesar de a ETA Fonte ser uma construção antiga (1945), ainda se encontra em boas condições de operação, pois tem sido gradualmente modernizada, com três grandes reformas realizadas em 1960, 1983 e 1998. Atualmente, está em andamento mais uma grande reforma na qual será implantado um sistema de tratamento de lodo15 . A ETA Paiol opera atualmente com apenas 56% de sua capacidade e a sua reforma está prevista para breve, na qual também será implantado sistema de tratamento de lodo. O gráfico da Figura 1, elaborado com dados de 2005, evidencia a importância do manancial das Cruzes tanto pelo grande volume de água produzida como pelo baixo custo relativo da água. O custo médio de produção da água superficial incluindo o tratamento é até mesmo ligeiramente inferior ao custo médio de produção da água subterrânea que não necessita de tratamento. A captação Anhumas apresenta o maior custo operacional devido à distância e ao desnível a vencer com o sistema de recalque. As adutoras de água tratada apresentam trechos antigos, algumas de cimento amianto com recorrentes problemas de ruptura. 10 Ação de escoar as águas de terrenos encharcados, por meio de tubos, túneis, canais, valas e fossos. Visa principalmente escoar as águas de chuvas e transferir as enchentes. 11 A erosão é um processo de degradação do solo. O processo de erosão é agravado pela urbanização e remoção da cobertura vegetal facilitando que as partículas do solo sejam removidas e transportadas pela água ou vento. 12 O assoreamento é o acúmulo no fundo de rios e lagos de areia e outros detritos transportados pela erosão. 13 São chamadas de aqüíferos as formações geológicas porosas e permeáveis que podem acumular e transportar grande quantidade de água subterrânea que pode ser extraída por poços tubulares profundos. 6 O abastecimento de água atende 65.741 ligações, todas com hidrômetro16 . O atendimento da demanda potencial de água dos mais 36.000 lotes urbanos ainda não construídos, não está contemplado pela disponibilidade atual, sendo que alguns até já possuem o ramal predial17 . São mais de 1.050 quilômetros de rede de água, com alguns trechos de idade avançada e que quando operam com pressões elevadas apresentam rupturas e podem apresentar vazamentos na superfície ou não-visíveis18 que exigem trabalhos sistemáticos para detecção e reparo. Figura 1: Participação na produção e relação de custo da água das captações existentes 14 A rocha basáltica tem origem vulcânica e constitui uma camada de baixa permeabilidade que recobre a maior parte da ocorrência do Aqüífero Guarani. 15 O lodo nesse caso é a água suja que é descartada no processo de tratamento contendo grande quantidade de materiais retidos nos filtros e depositados no fundo dos tanques de decantação. 16 Aparelho utilizado para medir e registrar o volume consumido de água. Usualmente chamado de medidor ou relógio de água. 17 Interligação da rede pública de água até a entrada do imóvel. 18 Os vazamentos na superfície podem ser facilmente notados por aflorarem à superfície das ruas ou calçadas. Os vazamentos não visíveis não afloram devido à infiltração da água no solo, na rede de esgotos ou na galeria de águas pluviais e podem ser de difícil localização. 7 Evolução da demanda A análise dos dados disponíveis de 1995 a 2005 demonstrou que a produção de água se manteve quase constante nesse período, ao redor de 75.000 metros cúbicos por dia, mesmo tendo havido um crescimento populacional de 16% no período. Esse fato evidencia uma progressiva redução da demanda que pode ser justificada pela evasão de grandes consumidores que implantaram sistemas próprios de abastecimento (principalmente por poços tubulares), redução de desperdícios e adoção parcial do uso racional da água. A crise energética de 2001-2002 provocou uma mudança de hábitos da população que se refletiu numa significativa redução de consumo de água, a qual se mantém parcialmente até hoje. Outros fatores podem ser direta ou indiretamente responsáveis pela redução progressiva do consumo, tais como: melhoria da eficiência dos equipamentos residenciais, educação para combate ao desperdício, aumento dos valores da tarifa e a redução do poder de compra. A projeção da população de 2005 (193.173 habitantes) até o ano 2030, resulta numa população urbana estimada de 294.687 habitantes. Atualmente, a produção total de água equivale a 370 litros por habitante por dia, que considerando um índice de perdas19 de 30% representa um consumo médio per capta de água de 218 litros por habitante por dia. A projeção de forma simplista de evolução da demanda para o horizonte de planejamento de 2030 considerando os padrões atuais representaria a necessidade de aumentar a produção atual de água em cerca de 50%. 19 O índice de perdas é a relação entre o volume produzido de água (medido no sistema de macro-medição) e o volume consumido (micro-medição) as perdas podem ser causadas principalmente por vazamentos (perdas físicas), ligações clandestinas e fraudes nos hidrômetros (perdas comerciais). 8 Os resultados dos estudos de evolução da demanda apresentados na Figura 2, com os cenários analisados de redução das perdas e de gestão da demanda (apresentada adiante como ações não estruturais), indicam que o volume de água potável produzido Figura 2: Projeção da evolução da demanda de água 9 Propostas para o sistema de abastecimento de água As propostas para melhorias e ampliação do sistema produtor de água são apresentadas na Figura 3. Os valores estimativos globais dos investimentos previstos são apresentados na Tabela 1. Água superficial As propostas para o sistema de produção de água superficial prevêem a continuidade do sistema existente por pelo menos mais 10 anos ou de preferência indefinidamente se as condições futuras de ocupação e uso do solo nas bacias de contribuição assim o permitirem. A alternativa para atender ao crescimento da demanda com água superficial para substituir a captação das Cruzes (se essa tiver que ser abandonada em conseqüência da degradação ambiental) seria a construção de uma nova captação no ribeirão do Chibarro (distante 20 km) ou no rio Jacaré-Guaçu (distante 35 km). No entanto, os elevados custos de implantação e operação para uma nova captação desestimulam totalmente a adoção dessa solução. A substituição do manancial das Cruzes por outros mananciais superficiais irá aumentar os custos operacionais em 400 a 500%, o que implicará num aumento da tarifa de 135 a 150%. Se por outro lado a substituição do manancial das Cruzes for feita por poços, o aumento imediato de custo operacional será de 200% exigindo aumento de tarifa de 80 a 90%. Esse é um dos motivos pelo qual a desativação da captação das Cruzes deverá ser adiada ou evitada com a implantação de um eficiente programa de gestão da sua bacia de contribuição, por meio de uma ação conjunta do poder público municipal, tanto quanto de outros organismos de gestão de bacias, com a comunidade, lideranças políticas, sociais e institucionais. Para viabilizar a continuidade de uso das captações existentes será necessário implementar um amplo programa de conservação e recuperação das bacias de contribuição das captações existentes (Cruzes, Paiol e Anhumas). Esse programa deverá incluir a recuperação e desassoreamento 20 das barragens de captação, a recuperação ou construção de barragens para regularização de vazão a montante21 das captações, construção de bacias de detenção e depuração e de sistemas de infiltração de águas pluviais, recuperação e contenção de processos de erosão; recuperação e re-naturalização de coberturas vegetais; regulação rígida do uso e ocupação do solo; regularização, adequação ou remanejamento de ocupações incompatíveis nessas áreas; e implantação de parques municipais nas nascentes dos cursos de água. A eficácia das ações de conservação e recuperação deverá ser avaliada 20 Retirada de areia e outros detritos depositados no fundo da represa. Montante é tudo que está acima de um determinado ponto de referência, subindo a correnteza do rio. Por exemplo, a nascente de um rio é o seu ponto mais à montante. O oposto, ou seja, tudo que está rio abaixo é chamado de jusante. 21 10 por meio da implantação e operação de uma rede de monitoramento hidrológico e hidroquímico, incluindo estações hidrometeorológicas, fluviométricas (seções para registro contínuo de vazão e para amostragem da água) e poços de monitoramento do aqüífero raso. São propostas duas novas captações que se destinam basicamente a otimizar o sistema existente: 1. Rancho Queimado para normalizar as condições de exploração do Ribeirão das Cruzes e 2. Lajeado para completar a capacidade operacional da ETA Paiol, que abastece um setor de expansão urbana onde o custo da construção de poços é elevado. As novas captações viabilizariam um aumento de 11% na produção atual de água superficial e sua implantação deverá ser precedida de estudos, projetos e licenças com as seguintes previsões: 1. Captação do Rancho Queimado: É proposta a construção de uma captação no Ribeirão do Rancho Queimado, situado a norte da bacia do Ribeirão das Cruzes e que pertence à Bacia do Rio Mogi Guaçu, com uma área de contribuição de cerca de 60 quilômetros quadrados. A captação seria localizada junto à divisa com o município de Rincão. Uma estação de bombeamento e uma tubulação adutora de cerca de 5 quilômetros fariam a transferência de 600 metros cúbicos por hora para a bacia do ribeirão das Cruzes de forma a permitir que a vazão da captação das Cruzes continue sendo de 1.200 metros cúbicos por hora sem exceder a capacidade do manancial. 2. Captação do Lajeado: É proposta a construção de uma captação no Córrego do Lajeado, situado a oeste do Córrego dos Paióis, com uma área de contribuição de 18 quilômetros quadrados, com capacidade de produção de 200 metros cúbicos por hora, que seria bombeada e transportada por uma adutora de cerca de 4 quilômetros até a ETA Paiol. 11 Figura 3: Sistema de abastecimento de água Água subterrânea O aproveitamento da água subterrânea em condições sustentáveis, ou seja, sem comprometer localmente a disponibilidade e a qualidade futura de água no Sistema Aqüífero Guarani implica na necessidade de: 1. reduzir a vazão individual dos poços, compensando com maior número de poços; 2. restringir a perfuração de novos poços profundos para captação do SAG na área urbana que não se destinam ao sistema de abastecimento público; e 3. priorizar a construção de poços nas áreas onde existam condições favoráveis à recarga natural. Para atender ao crescimento da demanda de água das expansões urbanas sudoeste, sul, sudeste e leste, está prevista em curto e médio prazo a construção dos seguintes poços: 1. dois poços complementares no bairro Nossa Senhora Aparecida para substituir o antigo poço Ouro, abandonado em 2004; 12 2. dois poços complementares vizinhos aos poços Iguatemi e Aldo Lupo; 3. um ou dois poços no setor Lajeado (Poço Laranjeiras); e 4. um ou dois poços nos setores Zanin e Universidade. Os poços mais antigos deverão passar por reformas nas quais deverão ser instaladas muralhas de segurança, bem como nos novos poços que serão perfurados. Para viabilizar a continuidade da exploração do aqüífero Guarani em Araraquara será necessário implementar um amplo programa de conservação e recuperação da sua área de recarga localizada no setor sudeste da cidade, com ocupação industrial ou mista, denominada AEIRA - Área Especial de Interesse Ambiental e Recarga do Aqüífero no zoneamento urbano proposto pelo PDPUA 22 . Esse programa deverá incluir a construção de bacias de detenção e depuração23 e de sistemas de infiltração de águas pluviais, recuperação e contenção de processos de erosão; recuperação e renaturalização de coberturas vegetais; regulação rígida do uso e ocupação do solo; regularização, adequação ou remanejamento de ocupações incompatíveis nessa área. Desenvolver e calibrar um modelo matemático do aqüífero para possibilitar o monitoramento e simulação dos efeitos quantitativos e qualitativos dos planos e das condições de extração de água. Controle de perdas O índice de perdas de água na distribuição, apesar de ser inferior à média nacional é considerado elevado. Desta forma, haveria ainda a possibilidade de redução da demanda tendo como meta o consumo “ideal” de 150 litros por habitante por dia. Diversas medidas para melhoria do sistema de distribuição de água já estão sendo implementadas desde 2006, mas é necessário ampliar o controle, o combate às perdas e fraudes, por meio de investimentos em: aquisição de instrumentação, constituição e capacitação de equipes de trabalho, modernização e controle da pressão na rede de distribuição. As principais ações propostas são: 1. implantação de setorização de rede de distribuição; 2. implantação e controle da interligação de setores; 3. ampliação do sistema de controle com a instalação de maior número de dispositivos reguladores; 4. instalação de caixas padrão para combate a furto e fraude; 5. implantação e calibração de sistema geo-referenciado de simulação digital de rede de distribuição; 22 PDPUA - Plano Diretor de Desenvolvimento e Política Urbana e Ambiental de Araraquara, instituído pela Lei Complementar nº 350, de 27 de dezembro de 2005 23 Lagoas projetadas para receber a água da chuva, retardando a sua chegada aos rios, dessa forma permitindo que a água passe por um processo natural de purificação. 13 6. intensificação dos serviços de pesquisa de vazamentos não-visíveis; 7. intensificação do combate a furtos e fraudes; e 8. troca de rede nos setores com maior índice de vazamentos. Melhorias diversas e ampliações do sistema de abastecimento de água 1. reforma e modernização das estações de tratamento de água ETA´s; 2. implantação de sistema de monitoramento por câmaras; 3. 4. 5. 6. construção e reforma de reservatórios de água tratada; expansão da rede de água; construção de reservatórios de água tratada; e manutenção, substituição e ampliação de adutoras de água bruta. 14 Propostas não-estruturais para o sistema de abastecimento de água As propostas não-estruturais para o sistema de abastecimento de água se referem à gestão da demanda com estratégias para redução do consumo de água potável, por meio de campanhas educativas, visando alterar hábitos de desperdício e de uso indevido dessa água, com as seguintes ações: 1. adotar o princípio do uso da “água menos nobre para fins menos nobres”, com a implantação de sistemas de abastecimento com fontes alternativas de água para fins não potáveis: a) reuso da água cinza (pias e chuveiros de vestiários) e ; b) coleta e armazenamento de água da chuva; e c) instalação de poços rasos (até 50 metros de profundidade) onde as condições hidrogeológicas forem favoráveis. 2. regulamentar a permissão e a obrigação para uso de fontes alternativas para fins não potáveis (por exemplo: descarga de vasos sanitários, lavagem de pisos externos, veículos e roupas e irrigação); 3. implantar programa de racionalização do consumo de água potável em órgãos públicos municipais e entidades isentas, por exemplo: eliminação do uso de água potável nos serviços de limpeza de ruas, irrigação de praças e jardins, lavagem de veículos e máquinas, etc. 4. implantar programa de racionalização do consumo de água potável nas indústrias e na construção civil com estímulo ao reuso da água servida e uso de fontes alternativas; 5. regulamentar o uso de componentes e equipamentos hidráulicos de baixo consumo de água para uso predial; 6. implantar a medição individual em todos os condomínios (horizontais e verticais); 7. estabelecer metas de redução de consumo e divulgar para os meios de comunicação o acompanhamento do cumprimento das metas e os consumos mensais dos prédios públicos e entidades isentas; 8. divulgar os consumos mensais e o índice de consumo per capta dos setores de abastecimento; 9. a ampla divulgação dos índices de consumo deverá ser feita pelo sitio da internet com apoio dos meios de comunicação e regulamentada como serviço de utilidade pública; 10.implantar metas anuais de redução de consumo para todos os consumidores 11. regulamentar prêmios e incentivos financeiros aos consumidores que superam as metas de redução de consumo; 12.regulamentar a proibição e penalidades para usos indevidos e desperdício de água potável; 13.implantar sistema de alerta para consumos anormais de água; 14.capacitar e certificar encanadores para detecção e reparo de vazamentos internos; 15 15.regulamentar entre os instrumentos de outorga onerosa a cobrança de taxa de disponibilização de água para abastecimento de novos empreendimentos imobiliários e industriais que criam ou ampliam localmente a demanda de água (isentando aqueles de interesse social); 16.manter curso permanente de uso racional da água para educadores e gestores públicos; e 17.regulamentar o manejo do solo agrícola para evitar queimadas e aração simultânea ou contínua de grandes superfícies de terra. A gestão da extração da água do Aqüífero Guarani deve buscar manter o balanço entre as entradas e saídas de água no aqüífero e as condições naturais de qualidade da água. A redução da vazão individual e do número de poços profundos possibilitará controlar o alívio de pressão (ou rebaixamento do nível da água) no aqüífero e garantir a sustentabilidade do uso desse recurso. Efetuar estudos para avaliar a viabilidade técnica e econômica do aproveitamento de excedentes de escoamento superficial das chuvas para promover a recarga administrada do Aqüífero Guarani por meio de poços, na área de confinamento, onde não possui recarga natural. Na área onde o Aqüífero Guarani apresenta condições favoráveis para recarga natural, com ocupação industrial ou mista, denominada AEIRA - Área Especial de Interesse Ambiental e Recarga do Aqüífero no zoneamento urbano proposto pelo PDPUA, é preciso classificar os níveis de risco de contaminação com base em relatórios de avaliação de impactos das atividades industriais; realizar sondagens e construir poços de monitoramento, adequar as atividades com riscos potenciais moderados ou transferilas para outras áreas industriais e incentivar à implantação de sistemas de tratamento primário e infiltração da água pluvial. 16 2. Esgotamento sanitário Apesar de possuir uma ampla rede coletora e uma estação de tratamento de esgotos (ETE) em operação desde 1999, tratando 100% do esgoto coletado, o sistema de esgotamento sanitário da cidade ainda não é um problema totalmente resolvido. As 64.557 ligações beneficiam uma porcentagem significativa de 97,6% da população urbana, porém diversas áreas periféricas, ocupadas principalmente por chácaras de recreio não são servidas por redes coletoras e contam com sistemas individuais de fossas sépticas, mesmo aquelas existentes nas áreas de mananciais. Atualmente o sistema de esgotamento sanitário conta com 920 quilômetros de rede coletora; 109 quilômetros de coletor tronco, interceptores e emissários e 5 estações elevatórias de esgoto. Além do sistema de coleta e tratamento de esgoto sanitário da sede municipal, Araraquara se diferencia da grande maioria dos municípios brasileiros contando com sistemas públicos de esgotamento sanitário e tratamento de esgotos em duas aglomerações da área rural (Distrito de Bueno de Andrada, com 2.000 habitantes e Agrovila do Assentamento Agrícola Bela Vista do Chibarro, com 300 habitantes). Diagnóstico do sistema de esgotamento sanitário Dentre os problemas que o sistema coletor de esgoto da sede municipal apresenta, os mais importantes estão relacionados ao manejo inadequado de águas pluviais: • • a integridade das tubulações que transportam os esgotos coletados e que estão localizadas nas margens dos córregos e ribeirões que atravessam a cidade está seriamente comprometida em diversos trechos pelos processos de erosão causados durante as chuvas intensas. A gravidade dos problemas de erosão é aumentada a cada ano pela impermeabilização dos terrenos urbanizados e atinge os fundos e as laterais das calhas cursos d’água. Os rompimentos da tubulação causam o extravasamento de esgoto direto na água; e um grande número de ligações residenciais de esgotos recebe água de chuva coletada pelos telhados e pelos pisos dos quintais o que gera sobrecarga e entupimentos da tubulação coletora e reduz a eficiência do sistema de tratamento pelo impacto volumétrico e de tempo de residência nas lagoas da ETE. As cinco estações elevatórias de esgoto apresentam diversas dificuldades operacionais relacionadas à automação e ao alto índice de furto das instalações elétricas que causam paralisação com risco de extravasamento de esgoto. A ETE Araraquara é motivo de orgulho da população local que constituiu um fundo municipal para cobrir integralmente os custos iniciais de construção. No entanto, o Estudo de Melhorias e Ampliações na Estação de Tratamento de Esgotos Principal de Araraquara realizado em 2005 por empresa de consultoria demonstrou que os métodos 17 de tratamento que foram adotados no projeto apresentam eficiência e eficácia inferiores aos sistemas mais modernos. A eficiência do sistema de aeração tem sido gradualmente melhorada com a substituição dos equipamentos, mas apresenta custos operacionais desproporcionais. O processo de tratamento implantado não contempla a remoção de nutrientes e a desinfecção do efluente final. As lagoas de decantação estão no limite da capacidade de armazenamento de lodo. Juntamente com o esgoto sanitário, a ETE Araraquara recebe uma parte do chorume gerado no aterro controlado24 que é direcionada para a rede coletora de esgotos e os efluentes industriais tratados de diversas empresas. Em breve, estará recebendo também o lodo da ETA Fonte. Figura 4: Sistema de esgotamento sanitário 24 Aterro controlado é a denominação usualmente adotada para designar os lixões que são operados de forma similar aos aterros sanitários, para minimizar os riscos à saúde pública e os impactos ambientais. No aterro controlado o lixo é coberto diariamente com uma camada de material inerte e possui dispositivos para drenagem de chorume e gás. 18 Propostas para o sistema de esgotamento sanitário As melhorias e ampliação da rede coletora previstas, conforme indicadas na Figura 4, para implantação em curto prazo são: 1. expansão da rede coletora nas áreas não atendidas de periferia onde estão localizadas chácaras de recreio e distritos industriais; 2. remanejamento de coletores tronco, interceptores e emissários (aumento de diâmetro, afastamento dos cursos de água); 3. remanejamento de trechos construídos com materiais inadequados (tubulação de galerias pluviais); e 4. reforma de estações elevatórias e implantação de sistemas de segurança. Para a ETE Araraquara são propostas melhorias a serem implantadas em duas etapas de reforma e modernização, sendo a primeira imediata: Reforma da ETE Araraquara: Primeira Etapa Implantação de sistema de remoção e desaguamento do lodo que deverá compreender pelo menos: sistema de sucção com bomba instalada em embarcação flutuante; tanque de homogeneização, adensador, dosador de produtos químicos, desaguadora centrífuga e sistema de secagem a quente. Implantação de poços de monitoramento para avaliar as contaminações do solo e do aqüífero raso. Paralelamente, serão conduzidos estudos visando à avaliação de viabilidades técnicas econômicas para: condicionar o lodo para uso na agricultura; produção de biocombustível com algas; co-tratamento de efluentes industriais e produção de água para reuso. Reforma da ETE Araraquara: Segunda Etapa Implantação de fase de tratamento anaeróbio (com aproveitamento de gases para sistema de secagem de lodo) para reduzir o volume gerado de lodo, aeradores com ar difuso para melhorar eficiência da aeração e desnitrificação, recirculação para estimular o tratamento com lodos ativados, impermeabilização do fundo das lagoas e sistema de desinfecção. Os valores estimativos dos investimentos necessários para o sistema de esgotamento sanitário são apresentados na Tabela 2. 19 Tabela 2: Cronograma dos investimentos no sistema de esgotamento sanitário Propostas não-estruturais para o sistema de esgotamento sanitário As propostas não-estruturais para o sistema de esgotamento sanitário se referem à regulamentação da implantação de medidas corretivas de ligações de água pluvial e campanhas educativas visando alterar hábitos de descartes indevidos na rede de esgoto, com as seguintes ações: 1. cadastrar os lançamentos indevidos de água pluvial; 2. elaborar estudos para implantação de extravasores dos emissários e interceptores em bacias de bio-retenção dos volumes excedentes gerados por lançamentos de água pluvial na rede de esgotos; 3. regulamentar a exigência de instalação de sistemas separadores de água servida e água da chuva nos quintais das residências, pátios e estacionamentos; 4. regulamentar a implantação de sistemas de tratamento primário (físico) dos esgotos em novos loteamentos e condomínios verticais e horizontais; e 5. regulamentar, entre os instrumentos de outorga onerosa, a cobrança de taxa de disponibilização de serviço de tratamento de esgoto ou efluente industrial de novos empreendimentos imobiliários e industriais que criam ou ampliam localmente o lançamento de esgotos na rede coletora (isentando aqueles de interesse social). 20 3. Sistema de drenagem de águas pluviais A responsabilidade sobre o projeto, construção e operação do sistema de drenagem pluvial é da Secretaria de Obras e Serviços Públicos da Prefeitura Municipal, embora no PDPUA esteja prevista a gestão pelo sistema municipal de meio ambiente. O sistema de drenagem pluvial existente está baseado no princípio da evacuação rápida dos excessos pluviais e o seu lançamento direto em cursos de água ou áreas livres. Os problemas das cheias são simplesmente transferidos para as áreas mais baixas do terreno, onde a acumulação da água intensifica os problemas de erosão. A população utiliza o sistema de drenagem para despejo de esgotos, lançamento de águas servidas, descarte de lixo e de produtos tóxicos que agravam a contaminação dos cursos de água. Os levantamentos efetuados indicam que uma parcela equivalente a 67% do perímetro da cidade, com 94 quilômetros quadrados, apresenta algum dispositivo urbano. Cerca de 78% dessa área possui também dispositivo de drenagem pluvial sendo que no nível de micro-drenagem o sistema é majoritariamente superficial e apresenta alguns problemas restritos de inundações sem gravidade, mas causa deterioração precoce da pavimentação. Esses dados indicam, segundo os especialistas, um fator de agravamento dos picos de cheias de quatro vezes em relação às condições naturais e originais da área. O sistema existente de meso-drenagem utiliza tubos de concreto armado com diâmetros variando entre 0,60 e 1,20 metros e que podem apresentar alguma eventual interconexão com o sistema de esgotamento sanitário. Os canais de macro-drenagem apresentam extravasamentos e inundações ribeirinhas de vias marginais decorrentes de estrangulamentos de seção junto a pontes. O sistema existente apresenta deficiências nos dissipadores e não conta com bacias de detenção/amortecimento das vazões para picos de cheias. Diagnóstico do sistema de drenagem de águas pluviais Os maiores problemas dos cursos de água na área urbana, incluindo os que integram os mananciais, estão diretamente relacionados ao sistema existente de drenagem das águas pluviais 25 que causa alteração do regime hídrico, com ampliação da intensidade dos picos de cheia e redução das vazões dos cursos de água nos períodos de estiagem devido à falta de recarga dos aqüíferos rasos. O agravamento dos picos de cheias provoca erosão, assoreamento e inundações nas áreas ribeirinhas. O assoreamento das barragens que compõem o sistema de captação no ribeirão das Cruzes e Córrego do Paiol é intenso. A localização dos principais problemas e deficiências do sistema de drenagem pluvial existente são apresentadas na Figura 5. 25 A água pluvial é a água proveniente das chuvas. 21 Figura 5: Localização dos problemas e deficiências do sistema de drenagem pluvial Propostas para manejo sustentável da água pluvial O manejo sustentável da água pluvial adota o conceito do desenvolvimento urbano de baixo impacto que se traduz em soluções mais eficazes e econômicas quando comparadas às soluções tradicionais de drenagem urbana. O enfoque ambiental da drenagem urbana moderna preocupa-se com a manutenção e recuperação de ambientes saudáveis interna e externamente à área urbana, buscando o re-equilíbrio do ciclo hidrológico, ao invés de só procurar sanear o interior da cidade através da coleta e afastamento das águas pluviais e tem os seguintes princípios: • melhorar as condições de saúde da população e do meio ambiente urbano, dentro de princípios econômicos, sociais e ambientais; 22 • • • • promover a gestão integrada das águas urbanas; incluir a água pluvial como uma forma de ocorrência de recurso hídrico, passível de utilização de forma complementar; não transferir impactos para jusante por acréscimo de volumes de escoamento superficial ou por aumento da carga de contaminantes; e possibilitar a infiltração da água para promover a recarga dos aqüíferos. Nesse enfoque aposta-se menos na solução tecnológica e mais na participação direta dos cidadãos como forma de dar legitimidade às decisões e ações, com os seguintes objetivos: 1. promover o uso da água pluvial como recurso hídrico para reduzir a demanda de água potável e a dependência da comunidade ao sistema público de abastecimento; 2. melhorar a confiabilidade na qualidade da água dos mananciais urbanos; 3. proteger e recuperar os cursos de água urbanos e a vida aquática; 4. proteger a água subterrânea de impactos adversos devidos ao manejo inadequado da água pluvial; 5. maximizar o valor da terra por meio da implantação de condições amenas e melhorias estéticas da paisagem; 6. transformar áreas verdes e institucionais abandonadas em áreas atrativas e acessíveis, integrando sistemas de drenagem a sistemas de recreação pública; 7. reduzir os prejuízos coletivos e individuais e os danos resultantes de inundações; 8. reduzir os custos de implantação e de manutenção de obras de infra-estrutura urbana e da pavimentação das vias públicas; 9. recuperar e conservar áreas degradadas e sistemas ecológicos; 10.utilizar de forma eficiente os recursos públicos e promover a distribuição eqüitativa dos custos e benefícios; e 11. promover o desenvolvimento urbano ecologicamente sustentável. As principais estratégias para o manejo sustentável da água pluvial podem ser classificados em: • • detenção: armazenamento temporário para regularização de fluxo; e retenção: captura definitiva para uso, evaporação ou infiltração. As propostas apresentadas contemplam combinações dos efeitos de detenção e retenção para todas as escalas de manejo da água pluvial. Nas regiões com urbanização consolidada a implantação das ações corretivas de microdrenagem deverão ser implementadas com a colaboração da comunidade através de programas de conscientização e incentivos econômicos. Nas regiões de expansão urbana e de menor grau de urbanização, a implantação das ações preventivas de micro e meso-drenagem poderá ser exigida dos empreendedores e, portanto, as ações do poder público seriam apenas não-estruturais. As estruturas de meso e macro-drenagem deverão ser 23 projetadas e implantadas pelo Daae, tendo em vista o caráter coletivo e regional das mesmas. As estruturas de micro-drenagem devem prever: 1. 2. 3. 4. 5. canaletas gramadas ou ajardinadas, nos passeios públicos; pavimentos permeáveis de pátios, estacionamentos, passeios e vias públicas; valas, trincheiras e poços de infiltração; micro-reservatórios nos lotes; e coberturas ajardinadas de edifícios públicos. As obras e serviços de meso-drenagem incluem: 1. urbanização, áreas externas: • reservatório de detenção • gramas espessas (alta rugosidade) • passeios com cascalhos • sarjetas ou canais gramados e • aumento do percurso da água através de sarjeta, desvios,etc. 2. armazenamento e detenção para áreas impermeáveis: • pavimento ondulado • depressões e • bacias 3. manutenção e reparo das tubulações e canalizações existentes; 4. construção e manutenção de câmaras de sedimentação em bocas de lobo; e 5. instalação de sistemas separadores de água e óleo em bocas de lobo. As obras de macro-drenagem incluem: 1. re-naturalização de rios ou córregos “canalizados”; 2. construção de bacias de sedimentação, de dissipadores de energia, banhados (“wetlands”26 ) fora das APP´s; 3. restauração de margens e contenção de encostas instáveis; e 4. restauração de áreas úmidas (várzeas) e recomposição de vegetação ciliar. Os custos estimados para construção de sistemas de manejo de água pluvial em escala de macro-drenagem foram estimados com base na experiência de profissionais que atuaram no projeto e implantação dessas obras em diversas cidades brasileiras e são apresentados na Tabela 3. 26 Wetlands é um termo da língua inglesa que tem sido utilizado no Brasil para definir alagadiços ou lagoas rasas e permanentes que são construídas com a finalidade de promover o tratamento parcial da água por meio da ação da flora e fauna. 24 Tabela 3: Cronograma dos investimentos no sistema de drenagem urbana Ações não-estruturais para manejo sustentável da água pluvial Elaborar um Plano de Manejo Sustentável de Águas Pluviais buscando obter retorno: • • • econômico por meio de financiamentos e subsídios; legal através da regulamentação da legislação de água e meio ambiente; e eficiência através dos benefícios por redução de impactos urbanos. O plano deverá formatar um programa de investimentos de curto, médio e longo prazo que, associado aos benefícios produzidos por esses investimentos, viabilize a obtenção de recursos para a implantação das medidas propostas. Elaborar um Manual de Manejo das Águas Pluviais Urbanas para orientar os profissionais da Prefeitura, prestadores de serviços e empreendedores, que atuam no planejamento e projetos de drenagem e águas pluviais; planejamento urbanístico; projeto e aprovação de novos empreendimentos, contendo: • • • variáveis hidrológicas regionalizadas para projetos de drenagem urbana; elementos hidráulicos para o projeto de estruturas de controle; critérios para a avaliação e controle dos impactos do desenvolvimento urbano sobre o sistema de drenagem; • controle da qualidade da água pluvial; • legislação e regulamentação associada; e • orientações técnicas para: • captação e armazenamento de água pluvial; • uso não-potável de água pluvial; • construção e manutenção de dispositivos de infiltração de excedentes de escoamento de água pluvial;e • construção e manutenção de bacia de bio-retenção (wetlands). 25 Promover a regulamentação da implantação de medidas que visam reduzir o impacto do avanço da urbanização, tais como: 1. incluir a sustentação econômica do manejo sustentável da água pluvial na Taxa Ambiental; 2. implantação de micro-reservatórios de água pluvial para regularização de fluxo e uso não-potável; 3. instituir a obrigatoriedade de instalação de coberturas vegetais em prédios públicos; 4. implantação de dispositivos de infiltração de água pluvial para regularização de fluxo e recarga do aqüífero freático; 5. adoção de pavimentos permeáveis, para pátios, estacionamentos, passeios e vias públicas; 6. medidas preventivas nos novos parcelamentos de solo: a. o projeto de drenagem constituído por poços de infiltração, bacias de retenção de águas pluviais, dispositivos de dissipação de energia, pavimentos permeáveis e demais componentes do sistema, devem ser concebidos e implantados de tal modo que a vazão de escoamento seja mantida dentro das condições originais da área antes de ser urbanizada, reduzindo-se o impacto da urbanização nos fundos de vale e nos corpos d’água. b. criação de reservas de áreas de 1 a 3% nas porções mais baixas dos terrenos; c. nessas áreas os empreendedores seriam responsáveis pela implantação de parques com recomposição da cobertura vegetal e bacias de bioretenção; 7. regulamentar os movimentos de terra, restringindo as alturas de corte e aterro e as medidas de contenção a serem adotadas durante as obras; 8. soluções compensatórias de drenagem urbana para a redução do excedente de água gerado pela impermeabilização e para o controle da poluição de origem pluvial; 9. regulamentar a concessão de recompensas e prêmios; e 10.regulamentar concursos de soluções criativas, por exemplo projetos hidrologicamente corretos para melhorar a capacitação e motivar os profissionais que atuam em projeto urbanísticos, arquitetura e construção civil para promover e implementar práticas de manejo sustentável. Efetuar cadastro técnico digital da rede de drenagem pluvial existente; Efetuar o mapeamento das áreas livres (fora das faixas de APP) para que possam ser utilizadas para a implantação de sistemas de detenção, retenção e compatibilizar as necessidades de movimentos de terra para a sua construção com a autorização e oferta de área de empréstimo para empresas de terraplanagem; 26 Integrar o sistema manejo de águas pluviais ao sistema de saneamento ambiental com ações integradas para o controle do material sólido e a redução da carga poluente das águas pluviais; Implantar bacias de bio-retenção com rígido controle de qualidade da água na área onde o Aqüífero Guarani apresenta condições favoráveis à recarga para evitar a infiltração de águas contaminadas resultantes de excedentes de escoamento superficial das chuvas; Promover a constituição de equipes com conhecimento técnico multidisciplinar (engenheiros, arquitetos, urbanistas, paisagistas, geólogos, agrônomos) e dos técnicos responsáveis pela manutenção e operação das obras; Promover a extensão da educação ambiental qualificada para o poder público, meio técnico e população, buscando: • • • a capacitação de agentes sanitários; a formação de profissionais para atuarem no desenvolvimento de projetos de drenagem urbana; e preparação de membros da sociedade para o exercício do controle social das iniciativas de drenagem. Criar comitês comunitários por micro-bacia visando desenvolver a percepção sobre os problemas ambientais, as responsabilidades na resolução dos problemas de saneamento e na manutenção do sistema implantado, divulgando e fiscalizando o uso correto das obras e serviços implantados, maximizando seus benefícios; e Condução de campanhas educativas de conscientização sobre saneamento ambiental com a parceria da sociedade civil, escolas, organizações de bairro, clubes de serviços, associações comerciais e outras organizações interessadas no desenvolvimento da cidade. 27 4. Resíduos sólidos A coleta de resíduos sólidos27 é de responsabilidade da Secretaria de Obras e Serviços Públicos. Ao Daae compete o gerenciamento da operação do aterro controlado, da central de triagem, do incinerador e dos bolsões de entulho. Na zona rural o serviço de coleta é realizado apenas no distrito de Bueno de Andrada e nos assentamentos Bela Vista e Monte Alegre. Diagnóstico do sistema de manejo de resíduos sólidos O aterro recebe, além dos resíduos de Araraquara (140 ton/dia), resíduos gerados em Américo Brasiliense (13,4 ton/dia) e Santa Lúcia (3,2 ton/dia). Esse aterro encontra-se com sua vida útil estimada até o ano 2008, sendo prevista a implantação emergencial de uma pequena extensão da área de deposição, enquanto é equacionada a implantação da expansão definida pelo Mapa Estratégico de Zoneamento Ambiental. O chorume produzido (18 m³/dia) é encaminhado a ETE Araraquara. O IQR – Índice de Qualidade de Aterro de Resíduos conferido pela Cetesb, foi de 8,5 em 2006. Atualmente o sistema de coleta seletiva do tipo “porta a porta”, existe em 25% da área urbana da sede municipal, com produção média mensal de 30 ton/mês. A previsão é implantar a infraestrutura de coleta seletiva, com alcance de 100% da área urbana, até o final de 2007. Na ETRS (Estação de Tratamento de Resíduos Sólidos) localiza-se também a Central de Tratamento de Resíduos de Serviços de Saúde, onde é feito o tratamento desses resíduos através do sistema de incineração; processa aproximadamente 1 (uma) tonelada por dia e recebe RSS (Resíduos Sólidos da Saúde) de Araraquara e mais cinco municípios vizinhos. Os resíduos da construção e demolição possuem sistema de recebimento e destinação e fazem parte do Plano de Gestão de Resíduos da Construção e Volumosos, que integra o Plano Diretor de Gestão Ambiental, com propostas de implantação de duas usinas para grandes volumes e diversos PEV’s - Pontos de Entrega Voluntária para pequenos volumes. A usina de triagem de materiais recicláveis recupera mensalmente 100 (cem) toneladas de resíduos para serem comercializados, gerando renda aos catadores e evitando que esse material vá para o aterro. São 30 (trinta) toneladas da coleta seletiva e 70 (setenta) toneladas extraídas do lixo bruto. 27 Os resíduos sólidos são conhecidos como “lixo urbano”. São resíduos resultantes da atividade doméstica e comercial da comunidade. Podem ser classificados em resíduos de origem: doméstica, industrial, de serviços de saúde, comercial, agrícola, etc. 29 Propostas para a gestão de resíduos sólidos A implantação do conjunto das ações propostas deverá consumir um prazo total de aproximadamente 7 (sete) anos, ao fim do qual prevê-se que todos os procedimentos estejam devidamente implantados e as unidades estejam operando devidamente licenciadas. Nesse prazo, estão consideradas as etapas de licenciamento junto aos órgãos ambientais da Secretaria do Estado do Meio Ambiente - SMA, que emitirão as licenças: prévia - LP, de instalação - LI e de operação - LO, cujos prazos são estimativos. As ações propostas são: 1. ampliar a coleta seletiva porta-a-porta a 100% da cidade, com veículos apropriados tipo “baú” para a coleta seletiva de materiais recicláveis; 2. implantar sistema complementar de entrega voluntária com equipamentos do tipo “PEV” Posto de Entrega Voluntária de materiais recicláveis, estrategicamente posicionados em locais de grande fluxo, como supermercados; 3. implantar usina de compostagem com sistema de trituração de resíduos verdes; 4. ampliar a quantidade de bolsões de RCDV (Resíduos da Construção, Demolição e Volumosos): equipar com pelo menos mais nove bolsões, distribuídos nas porções mais carentes, para eliminar ou minimizar o descarte irregular de materiais em vias públicas e terrenos baldios; 5. equipar os bolsões com sistema de controle e vigilância, de forma a evitar o recebimento de resíduos incompatíveis; 6. implantar sistema de trituração de entulhos na Unidade de Reciclagem de Resíduos de Construção e Demolição onde já é executada a triagem dos entulhos, separando os materiais por tipos; 7. promover adequações no sistema de incineração, com implantação de alimentador mecanizado, minimizando exposição do operador ao incinerador; 8. aumentar a disponibilização de cestos de lixo em locais públicos, sendo esses do tipo duplo para separar resíduos secos e úmidos; 9. licenciar e implantar estação provisória de transbordo ou de um novo aterro sanitário com co-disposição, encerramento do atual aterro controlado; 10.cercamento da área do aterro através de uma barreira vegetal, visando a proteção de ruídos e emissão fugitiva de particulado e auxílio na dissipação de odor; e 11. executar o encerramento do bota-fora de entulhos do Pinheirinho, de modo a garantir a recomposição da área e seu monitoramento. Os custos estimados para a implantação do sistema de gestão de resíduos sólidos são apresentados na Tabela 4. 30 Tabela 4: Cronograma dos investimentos no sistema de resíduos sólidos Propostas não-estruturais para a gestão de resíduos sólidos As propostas não-estruturais para a gestão dos resíduos sólidos constituem-se das seguintes ações: 1. elaborar plano diretor de resíduos sólidos e realizar estudos antes de implantar qualquer sistema de tratamento de resíduos sólidos no município, evitando a situação de se tornar refém de “soluções milagrosas” ofertadas por investidores privados; 2. realizar estudos de custos/benefícios para enviar os resíduos sólidos domiciliares a instalação regional de Guatapará; 3. integrar a gestão de todos os tipos de resíduos sólidos para a redução dos custos de operação; 4. contratar a elaboração de EIA/RIMA para a obtenção de licença de instalação e operação do novo aterro sanitário do município até o ano de 2010; 5. fixar e cobrar taxas pelos serviços de coleta, tratamento e disposição final de resíduos; 6. criar programas de incentivo e motivação à população minimizar a geração de resíduos, separando, reaproveitando ou entregando os materiais descartados e passíveis de reciclagem; 7. promover o cadastramento de todos os catadores, carroceiros, transportadores informais e caçambeiros para exercer maior controle sobre suas atividades, instruindo, facilitando e disciplinando suas atividades; 8. celebrar convênios com cooperativas de recicladores, promovendo a inclusão social e a geração de emprego e renda; 9. coibir depósitos de materiais recicláveis em condições precárias ou áreas de risco; 10.implantar uma central de comercialização de materiais recicláveis e reutilizáveis; 31 11. promover a melhora da separação dos resíduos de serviços de saúde, na fonte, minimizando a quantidade de resíduos a serem incinerados; ampliar as instalações de incineração do município e celebrar convênios ou consórcios regionais com outros municípios para a prestação de serviços; 12.estabelecer parcerias com órgãos ambientais para exercer maior controle sobre as atividades de geração, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final de resíduos industriais; e 13.desenvolver soluções para o correto manejo de resíduos especiais como pilhas e baterias, óleo comestível usado, lâmpadas que contenham mercúrio e lixo eletrônico como computadores, aparelhos de tv etc. 32 5. Gestão e educação ambiental Atualmente a gestão ambiental do município é de responsabilidade da Secretaria de Desenvolvimento Urbano por meio da Coordenadoria do Meio Ambiente. Essa Coordenadoria engloba o setor de Parques e Jardins que faz a gestão da arborização urbana. A Coordenadoria tem atuado na fiscalização ambiental, principalmente no que se refere à limpeza de terrenos, controle de queimadas urbanas e participa da gestão do programa municipal de coleta de resíduos sólidos recicláveis. Paralelamente, o Daae possui na sua estrutura uma Gerência Ambiental que tem grande atuação em educação ambiental por meio de cursos, palestras, produção de impressos, campanhas educativas, programa de visitação de estudantes às instalações de tratamento de água, esgoto e resíduos sólidos, coordenação das atividades do CESAMA Centro de Educação em Saneamento Ambiental de Araraquara. A Gerencial Ambiental também tem entre suas responsabilidades: a manutenção de viveiro de mudas, coordenação do cumprimento de Termos de Ajustamento de Conduta envolvendo o plantio de mudas de espécies nativas, conservação e recuperação de matas ciliares e a manutenção de paisagismos dos próprios da autarquia. Diagnóstico do sistema de gestão e educação ambiental Os principais problemas e desafios para a gestão ambiental na área urbana de Araraquara relacionados diretamente aos recursos hídricos são: 1. poluição difusa causada pela ocupação urbana desordenada das Áreas de Proteção de Mananciais e Área de Recarga do Aqüífero; 2. alteração do balanço hídrico pelo excesso de impermeabilização do solo; 3. poluição localizada e difusa causada pelos descartes clandestinos de lixo e entulho nas margens de córregos (inclusive nas bacias dos mananciais), em áreas públicas e em terrenos particulares; 4. riscos de contaminação do freático com vazamentos de tanques enterrados de combustíveis, principalmente nas bacias de contribuição dos mananciais e área de recarga do aqüífero; 5. riscos de contaminação do freático em áreas de manipulação de produtos químicos industriais, cemitérios, aterro sanitário e estação de tratamento de esgoto; 6. destruição da vida aquática pelas ocupações e desmatamento de faixas de proteção dos cursos de água (APP - Área de Proteção Permanente, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas, nos termos dos arts. 2º e 3º do Código Florestal - Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965 e Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989); 33 7. poluição difusa decorrente do escoamento superficial das chuvas que atingem diretamente os cursos de água; 8. poluição localizada causada pelos lançamentos diretos de águas pluviais nos cursos de água por meio de galerias de drenagem; 9. poluição localizada causada por lançamento de resíduos, lixo e esgotos no sistema de drenagem pluvial; 10.destruição de cursos de água por processos de erosão e assoreamento causados pela sobrecarga de água gerada pelo sistema de drenagem pluvial; 11. poluição localizada causada pelo descarte nos cursos de água do lodo do sistema de tratamento de água; 12.poluição localizada decorrente dos lançamentos nos cursos de água de efluentes industriais sem prévio e eficaz tratamento; 13.poluição difusa causada pelas queimadas urbanas em áreas de proteção, terrenos públicos e particulares; 14.poluição difusa causada por fuligem e poeira decorrentes do cultivo da canade-açúcar nas áreas vizinhas ao perímetro urbano; 15.poluição difusa causada pelo uso de fertilizantes e agrotóxicos na área urbana e nas áreas vizinhas ao perímetro urbano; e 16.destruição da arborização das vias públicas que pode funcionar como estrutura auxiliar para detenção e retenção da água pluvial. Propostas para o sistema de gestão e educação ambiental A implantação do Plano Municipal de Saneamento será tão bem sucedida quanto forem efetivas, integradas e abrangentes as ações de Gestão e Educação Ambiental. As principais ações preventivas de Gestão Ambiental devem ser: planejamento, controle e educação. Planejamento Ambiental As ações ambientais para otimizar os resultados desejados pelo Plano de Saneamento deverão ser baseadas em RPA’s Regiões de Planejamento Ambiental, com ênfase naquelas equivalentes às micro-bacias dos mananciais e à área de recarga do aqüífero. Nessas áreas as ações de recuperação e proteção ambiental deverão ser regulamentadas por dispositivos legais específicos, mediante a criação de: • APRM’s Áreas de Proteção e Recuperação de Mananciais (Lei Estadual nº 9.866, de 28 de novembro de 1997), como forma de induzir aos usos compatíveis a partir de um processo de gestão participativo e descentralizado, associando um conjunto de instrumentos capazes de reorganizar as áreas protegidas; ou • APA´s (Área de Proteção Ambiental definida na Lei no 6.902, de 27 de abril de 1981 e classificada como Unidade de Uso Sustentável conforme prevê a Lei 9.985 de 18 de julho de 2000). 34 As propostas para Planejamento Ambiental são: 1. regulamentação por meio do CMMA - Código Municipal do Meio Ambiente, das diretrizes e ações aqui propostas; 2. elaborar e implementar um Plano de Emergência Ambiental para casos de acidentes ambientais; 3. detalhar e adequar a regulamentação do Fundo Municipal do Meio Ambiente, para receber e aplicar, além das multas, as contrapartidas e doações de empresas privadas e pessoas físicas; 4. cadastrar em banco de dados do tipo SIG – Sistema de Informação Georeferenciadas as áreas degradas e áreas de risco ambiental, as atividades de risco e uma rede de monitoramento ambiental a ser criada para controle da qualidade do solo, água e ar; 5. regulamentar a aplicação dos dispositivos previstos no PDDUA: “Art. 230. Os parâmetros urbanísticos básicos e máximos são os determinados a seguir: § 5º Na APRM - Área de Proteção e Recuperação de Mananciais, fica determinado a faixa de proteção e preservação de 100 metros, non-aedificandi, ao longo de cada uma das margens da rede hídrica, conforme previsto no Art. 111 desta Lei, compreendida por faixa de 30 (trinta) metros de APP - Área de Preservação Permanente e 70 (setenta) metros de Corredor de Integração Ecológica (CIECO), sendo permitido apenas 3/4 (três quartos) de incidência de áreas verdes para efeito de parcelamento do solo. § 6º Em APRM - Área de Proteção e Recuperação de Mananciais, no entorno de represas de captação de água para abastecimento público, além da faixa especificada no parágrafo acima, fica determinado um sistema de proteção e preservação, a ser submetido à aprovação e licenciamento municipal, em que serão aplicados os instrumentos urbanísticos de transferência do direito de construir ou de desapropriação previstos nesta Lei”. 6. criar planos de manejo, proteção, preservação e recuperação da qualidade ambiental das bacias hidrográficas dos mananciais para conferir condições adequadas de sustentabilidade dos mananciais superficiais (Ribeirão das Cruzes, Córrego do Paiol e Ribeirão das Anhumas) e para que possam permanecer em uso pelo sistema de abastecimento público de água da cidade. A principal e mais ameaçada bacia é a do Ribeirão das Cruzes e carece de medidas urgentes e audaciosas de políticas públicas para que seja dotada de mecanismos diferenciados de gestão de uso e ocupação do solo; 7. realizar amplo programa de demarcação, desocupação e cercamento das faixas de proteção (área total de 3.257.600 m²) para recomposição das matas ciliares, com 640.000 mudas de espécies nativas, nos cursos de água que abastecem a represa da Captação das Cruzes; 8. implantar (nas nascentes do Marivan, Serralhal, Tanquinho e Cruzes) e adequar parques urbanos existentes (Pinheirinho, Horto Florestal e Jardim Botânico), para atividades de recreação e lazer, espaços vivenciais, ecológicos, bem como 35 sistemas de áreas verdes dotados da infra-estrutura básica de estacionamento, administração, segurança, atividades físicas, play grounds com bicicletários, ciclovias, calçadões, lanchonetes, banheiros públicos, posto médico, anfiteatro e viveiros de plantas; 9. criar planos de manejo, proteção, preservação e recuperação da qualidade ambiental da área de recarga do aqüífero, APAQ Anhumas/Cabaceiras - Área de Proteção do Aqüífero (ZOPA), para conferir condições adequadas de sustentabilidade, por meio de mecanismos diferenciados de gestão de uso e ocupação do solo. Além disso, propõe-se que o Daae participe do processo de licenciamento e controle de poços. Em cooperação com instituições de pesquisa, efetuar mapeamento geológico / geofísico, implantar modelo matemático para simular o comportamento hidráulico / hidroquímico e instalar rede de poços de monitoramento; 10.incrementar os espaços verdes de uso público, a arborização urbana e o paisagismo, visando a melhoria da paisagem e do conforto ambiental urbano; 11. estabelecer de comum acordo com os proprietários e os usuários das áreas que compõem as bacias de contribuição das captações existentes Anhumas e Paiol e das futuras captações Lajeado e Rancho Queimado um plano de manejo agrícola sustentável, visando reduzir ou descontinuar o uso de agrotóxicos, impedir a prática de queimadas e substituir gradualmente o plantio de cana-de-açúcar por alimentos, grãos, frutas e pastos (agropecuária extensiva de baixo impacto); 12.prever punições para os casos de descumprimento do CMMA e premiações e incentivos para as ações benéficas de pessoas físicas ou jurídicas que por iniciativa própria adotem práticas de utilização auto-sustentada dos Recursos Naturais ou de conservação e recuperação ambiental que superem os mínimos exigidos em lei; 13.elaboração e implementação do Plano de Compensação Ambiental para empreendedores (pessoas físicas e jurídicas) do setor privado ou público para obras, atividades ou empreendimentos que causem impactos sobre o meio ambiente, e que seja passível de uma compensação do dano ambiental a ser causado. Será conferido à empresa um documento denominado “Selo Verde”; 14.regulamentar o “IPTU ecológico” com redução de valor para compensação de investimentos em benefício ao meio ambiente, prevendo isenção total àqueles com intervenções positivas como reflorestamento e manutenção em APP; e 15.elaborar Relatórios Anuais de Gestão Ambiental contendo propostas de revisão para possibilitar que a comunidade acompanhe e avalie o desempenho da implantação do Plano Diretor e as alterações necessárias. 36 Controle Ambiental As propostas para Controle Ambiental são: 1. implantar o Licenciamento, Autorização e Fiscalização Ambiental Municipal para empreendimentos, obras públicas e privadas; 2. regulamentar prazos e condições para a apresentação de RIV e RIA pelas empresas industriais, de serviços e de comércio já implantadas e cujas atividades possam ser consideradas incompatíveis e/ou incômodas; 3. implantar sistema de fiscalização ambiental cobrindo a área urbana, as bacias de contribuição das captações de água (atuais e previstas) do sistema público de abastecimento e área de recarga do aqüífero, em colaboração com autoridades e órgãos municipais e estaduais de controle ambiental: a. operação da rede de monitoramento ambiental (água, solo e ar); b. monitoramento das atividades de risco ambiental; c. fiscalização de transporte de cargas perigosas na área de mananciais; d. fiscalização de descartes irregulares de resíduos líquidos (rede de esgoto e águas pluviais) e sólidos (lixo e entulhos); e. queimadas e supressão de vegetação natural ou arborização urbana; f. uso inadequado e desperdício de água potável; g. uso e ocupação de APP (atividades incompatíveis, invasão de animais); h. divisão por setores de fiscalização (grupos de micro-bacias), com um responsável do quadro de colaboradores municipais; i. contratação de serviços de monitoramento ambiental, por meio de equipes com formação técnica, uniformizadas, equipadas com motocicletas e radio comunicadores; e j. comunicação imediata de irregularidades aos responsáveis por ações corretivas e autuações. 4. emitir relatórios diários, mensais e anuais dos serviços realizados e da qualidade da água, solo e ar. Educação Ambiental As propostas para Educação Ambiental são: 1. produção e distribuição de Folhetos e Cartilhas voltados para a divulgação de informação e conscientização dos munícipes sobre a necessidade de proteger e preservar o meio ambiente; 2. divulgação de informes sobre controle e proteção ambiental nos sítios digitais dos órgãos públicos municipais; 3. manter e ampliar os programas de educação ambiental realizados pelo Daae: a. curso de capacitação em saneamento ambiental para professores da rede municipal, estadual e particular como multiplicadores da educação, 37 b. c. d. e. f. g. h. conscientização e mobilização ambiental nas escolas onde trabalham; “Conhecendo o Daae” como parte da capacitação dos próprios funcionários para que conhecendo melhor a autarquia possam oferecer serviço de melhor qualidade e criar oportunidade de envolvimento na solução de problemas; “Daaezinho vai ao CER (Centros de Educação e Recreação)” para mobilização de alunos e comunidade para questões de preservação ambiental; “Educando no Pinheirinho” para crianças em geral com atividades em oficinas e práticas laboratoriais focando a proteção de nascentes, tratamento de água e esgotos domésticos e reciclagem de lixo; “OP – Eu também quero preservar” visando a capacitação de agentes multiplicadores com lideranças comunitárias do Orçamento Participativo nas Micro-bacias urbanas; “Esta empresa é verde” visando a capacitação de funcionários na “produção limpa”; Semana da Água: estimular o desenvolvimento de ações, que envolvam desde a conscientização ambiental, até mecanismos de proteção e preservação dos mananciais de abastecimento e dos demais recursos naturais existentes do município aos alunos e funcionários de Escolas do município e Comunidade do entorno; Visitas Monitoradas às ETEs, ETAs, Aterro Controlado e Usina de Triagem de Lixo para alunos e funcionários de Escolas do município, Comunidade de bairros, Empresas e Faculdades; 38 6. Resumo geral dos investimentos previstos Os valores apresentados equivalem a estimativas preliminares dos montantes de recursos para investimento até o ano de 2030 de forma a assegurar de forma plena e satisfatória os serviços públicos de saneamento e gestão ambiental. Tabela 5: Cronograma geral dos investimentos previstos Os projetos executivos das obras previstas que deverão ser elaborados possibilitarão determinar valores mais consistentes e detalhados dos investimentos e adequá-los à capacidade de investimentos previstas nos orçamentos anuais e pluri-anuais da autarquia. Para viabilizar os investimentos previstos que implicam em recursos vultuosos deverão ser elaborados estudos para re-adequação das tarifas aos novos serviços incorporados pela autarquia e buscados financiamentos com juros subsidiados junto às instituições financeiras específicas para infraestrutura urbana e saneamento. 39 7. Regulação A consolidação de mecanismos de controle social dos serviços de saneamento é prevista na lei federal no. 11.445 de 05/01/2007. O Artigo no. 21 estabelece que a Regulação deverá obedecer aos princípios de: “independência decisória, incluindo autonomia administrativa, orçamentária e financeira da entidade reguladora”; e “transparência, tecnicidade, celeridade e objetividade das decisões”. Os objetivos previstos para as ações regulatórias são (Artigo no. 22): “I - estabelecer padrões e normas para a adequada prestação dos serviços e para a satisfação dos usuários; II - garantir o cumprimento das condições e metas estabelecidas; III - prevenir e reprimir o abuso do poder econômico, ressalvada a competência dos órgãos integrantes do sistema nacional de defesa da concorrência; IV - definir tarifas que assegurem tanto o equilíbrio econômico e financeiro dos contratos como a modicidade tarifária, mediante mecanismos que induzam a eficiência e eficácia dos serviços e que permitam a apropriação social dos ganhos de produtividade”. As atribuições de regulação foram e ainda são, ao menos parcialmente, desenvolvidas pelo Conselho Consultivo do Daae. Portanto, se faz necessário adequar as leis municipais às novas diretrizes emanadas da lei federal para conferir a uma entidade reguladora específica todas as dimensões técnicas, econômicas e sociais da prestação dos serviços municipais de saneamento. As ações regulatórias deverão ser desenvolvidas com foco nos resultados sem intervir nas atividades do Daae que deverá fornecer à entidade reguladora todos os dados e informações necessárias para o desempenho de suas atividades, na forma das normas legais, regulamentares e contratuais. As principais atribuições regulatórias propostas são: 1. Normatização a) Normas sobre indicadores da qualidade dos serviços; b) Requisitos operacionais; c) Metas de expansão e de qualidade; e d) Estrutura e procedimentos de reajuste e de revisão de tarifas, faturamento e cobrança de serviços. 41 2. Ouvidoria a) Arbitrar e julgar conflitos entre usuários e o Daae; b) Aferir o grau de satisfação da população; e c) Dar publicidade aos processos regulatórios. 3. Fiscalização a) Verificar diretamente os serviços prestados mediante inspeções de campo; b) Avaliar indiretamente os serviços mediante indicadores; e c) Monitorar o cumprimento dos planos e metas. 4. Regulação econômica a) Zelar pela manutenção do equilíbrio econômico-financeiro; b) Auditoria e certificação anual dos investimentos realizados; e c) Definição da pauta de revisões tarifárias. 42 Referências bibliográficas CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Procedimentos para controle de resíduos sólidos industriais. 1997. CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Procedimentos para controle de resíduos sólidos. 1997. Corner Perfurações de Poços Ltda 1994. Avaliação dos poços tubulares profundos do município de Araraquara. Relatório preparado por A. B. Pierre e J.C. Perroni para o DAAE. 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