EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL ACIONAMENTO ELETRÔNICO Marcio Americo ELETROBRÁS – Centrais Elétricas Brasileiras S.A. www.eletrobras.com PROCEL – Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica www.eletrobras.com/procel [email protected] Ligação gratuita 0800 560 506 PROCEL INDÚSTRIA – EFICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL www.eletrobras.com/procel [email protected] Ligação gratuita 0800 560 506 Trabalho elaborado no âmbito do PROCEL INDÚSTRIA Acionamento Eletrônico – Rio de Janeiro, dezembro/2004 1. Marcio Americo TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – é proibida a reprodução total ou parcial de qualquer forma ou por qualquer meio. A violação dos direitos de autor (Lei nº 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal. 1. INTRODUÇÃO 1 2. O QUE É UM ACIONAMENTO ELETRÔNICO? 3 3. A IMPORTÂNCIA DA VARIAÇÃO DA VELOCIDADE E DO TORQUE 5 4. CHAVES ELETRÔNICAS 7 4.1. Diodo 11 4.2. Tiristor 14 4.3. GTO (Gate Turn-Off Thyristor) 16 4.4. Transistor Bipolar – BJT (Bipolar Junction Transistor) 16 4.5. FET (Field Effect Transistor) 17 4.6. IGBT (Insulated Gate Bipolar Transistor) 18 4.7. Comparação entre as chaves eletrônicas 18 TIPOS DE ACIONAMENTOS ELETRÔNICOS 21 5.1. Acionamentos eletrônicos para motores CC 22 5.1.1. Retificador a tiristores (CA-CC) 22 5.1.2. Chopper (CC-CC) 22 5.2. Acionamentos eletrônicos para motores CA com malha intermediária 24 5.2.1. 5.2.2. 6. Acionamentos com malha intermediária Fonte de Tensão (VSI) 25 5.2.1.1Acionamento VSI-PAM 26 5.2.1.2Acionamento VSI-PWM 27 Acionamentos com malha intermediária Fonte de Corrente (CSI) 28 5.3. Acionamentos sem malha intermediária (Cicloconversor) 29 5.4. Efeitos adversos dos acionamentos eletrônicos 32 CARGAS CENTRÍFUGAS 33 6.1. Generalidades 33 6.1.1. Máquinas de deslocamento positivo 34 6.1.2. Máquinas de deslocamento dinâmico 34 6.2. 3 Características das bombas 35 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL 5. Acionamento Eletrônico SUMÁRIO Acionamento Eletrônico 7. 6.3. Características do sistema 35 6.4. Ponto de operação 37 6.5. Controle de vazão 38 6.5.1. Generalidades 38 6.5.2. Liga-desliga (on-off) on-off on-off) 39 6.5.3. By-pass (desvio) 39 6.5.4. Válvula de estrangulamento 39 6.5.5. Acionamento eletrônico 41 6.6. Leis de afinidade 42 6.7. Aplicações típicas em bombas, ventiladores e compressores 44 6.7.1. Bombas 44 6.7.2. Ventiladores 45 6.7.3. Compressores 45 FUNDAMENTOS PARA APLICAÇÕES DE ACIONAMENTOS ELETRÔNICOS 47 7.1. 4 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL 7.2. 7.3. Considerações para o motor 47 7.1.1. Motores ligados em paralelo 47 7.1.2. Dados especiais do motor 47 7.1.3. Desgaste do isolamento do motor 48 7.1.4. Ruído no motor 48 7.1.5. Aquecimento do motor 48 Considerações para o acionamento eletrônico 49 7.2.1. Acionamento eletrônico com proteção contra curto-circuito 49 7.2.2. Acionamento CSI em condição de circuito aberto 49 7.2.3. Acionamentos eletrônicos com reatores 49 7.2.4. Ruído no acionamento eletrônico 49 7.2.5. Eficiência do acionamento eletrônico 50 7.2.6. Fator de potência do acionamento eletrônico 50 Considerações para a carga 50 7.3.1. Cargas em baixas velocidades 50 7.3.2. Regeneração de energia 51 7.3.3. Perfil torque de carga x velocidade 51 7.3.3.1.Torque constante 51 7.3.3.2.Potência constante 52 9. 10. 11. APLICAÇÕES COMERCIAIS DE ACIONAMENTOS ELETRÔNICOS 55 8.1. Economia de Energia 55 8.2. Conforto dos ocupantes 56 8.3. Melhoria no método de controle 56 8.4. Redução de demanda 56 8.5. Diminuição de nível de ruído 56 APLICAÇÕES INDUSTRIAIS DE ACIONAMENTOS ELETRÔNICOS 57 9.1. Alumínio 57 9.2. Química 57 9.3. Alimentícia 57 9.4. Fornecimento de gás 58 9.5. Mineração 58 9.6. Petróleo 58 9.7. Papel 58 9.8. Borracha e plásticos 58 9.9. Aço 59 9.10. Transporte de massa 59 9.11. Conclusão 60 CONFIABILIDADE DOS ACIONAMENTOS ELETRÔNICOS 61 10.1. Generalidades 61 10.2. Confiabilidade dos acionamentos eletrônicos de baixa tensão 62 10.2.1. Efeitos dos transitórios de sobretensão 62 10.2.2. Efeitos das subtensões e interrupções momentâneas 64 EXERCÍCIO PROPOSTO 67 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 71 5 Acionamento Eletrônico 8. 52 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL 7.3.3.3 Potência e torque variável EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico 6 1 INTRODUÇÃO Uma aplicação com um potencial significativo de conservação de energia é a utilização de acionamentos eletrônicos para o controle de vazão em processos de bombeamento, substituindo os controles tradicionais, tais como a válvula de controle, controle by-pass, sistema on-off etc.. Esses processos, muito comuns nas indústrias, apresentam um potencial teórico de economia de energia da ordem de 30 %. Além disso, estudos já realizados mostram que quando são usados acionamentos eletrônicos em processos com bombas centrífugas de aproximadamente 50 hp, o tempo de retorno do investimento apresenta-se bastante reduzido, considerando apenas a energia elétrica não consumida. » descrever as possíveis aplicações do acionamento eletrônico; » difundir as vantagens e desvantagens desse tipo de aplicação. 1 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL » apresentar informações técnicas sobre o acionamento eletrônico; Acionamento Eletrônico Com isso, os objetivos principais deste manual são: EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico 2 2 O QUE É UM ACIONAMENTO ELETRÔNICO? Chamamos de acionamento eletrônico a alimentação de motores elétricos através de conversores eletrônicos. Existem vários tipos de acionamento eletrônico, como apresentaremos nas seções seguintes. 3 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL O acionamento eletrônico permite que uma rede de tensão e/ou freqüência fixas se transforme numa rede de tensão e/ou freqüência variáveis, como ilustrado na figura 2.1. Em outras palavras, o acionamento eletrônico é um conjunto de equipamentos que permite o controle de velocidade e/ou torque de um motor elétrico através da variação da tensão e/ou da freqüência de alimentação do motor. Acionamento Eletrônico Figura 2.1 - Rede de alimentação tradicional e com acionamento eletrônico. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico 4 3 A IMPORTÂNCIA DA VARIAÇÃO DA VELOCIDADE E DO TORQUE O motor elétrico atende satisfatoriamente às exigências das aplicações a velocidade constante. No entanto, muitas aplicações de motores requerem velocidade variável, como em um ventilador de várias velocidades, ou mesmo com uma faixa de velocidades continuamente ajustável. Basicamente, existem três tipos de controle de velocidade: controle mecânico, controle elétrico e o controle eletrônico (em ordem cronológica crescente). O controle mecânico de velocidade do motor pode ser conseguido através do uso de polias e engrenagens. O maior inconveniente nesse tipo de controle é que só se conseguem alguns valores de velocidade, dependendo da relação das engrenagens ou das polias. Na categoria de controle elétrico se destaca o tradicional sistema Ward-Leonard, mostrado na figura 3.1, onde a variação da resistência de campo do gerador faz com que o motor seja alimentado por uma tensão variável. 5 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Entretanto, em muitos casos, os motores são providos de equipamentos de controle capazes de modificar suas características de funcionamento para adequá-los melhor às necessidades da carga. O controle mais comum é o da velocidade do motor, mas o torque, a aceleração e a posição angular também podem ser controlados. Acionamento Eletrônico Na maioria das aplicações, os motores são ligados diretamente a uma rede de alimentação (CCM – Centro de Controle de Motores) e funcionam de acordo com as suas próprias características de torquevelocidade. O ponto de operação (velocidade/torque) é simplesmente determinado pela carga mecânica acoplada ao eixo do motor. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico Figura 3.1 - Sistema de controle WardLeonard tradicional. Já o controle eletrônico é caracterizado pelo uso de chaves eletrônicas no controle. Com esse tipo de controle foi possível melhorar significativamente a qualidade do acionamento, que além de mais eficiente, requer o emprego de menos matéria-prima. Um exemplo é o sistema Ward-Leonard estático, mostrado na figura 3.2, que substituiu o grupo motor-gerador do sistema Ward-Leonard tradicional por um retificador controlado a tiristores. 6 Figura 3.2 - Sistema de controle WardLeonard estático. 4 CHAVES ELETRÔNICAS Os acionamentos eletrônicos são compostos por chaves eletrônicas (dispositivos semicondutores), que, quando controladas, permitem a conversão de tensão contínua em tensão alternada e vice-versa. Em circuitos onde a potência é elevada, é importante que os dispositivos usados tenham perdas bastante reduzidas. Por essa razão é que essas chaves eletrônicas devem operar preferencialmente em estado de bloqueio ou de condução, estados esses onde as perdas são mínimas. Entretanto, existe um terceiro estado em que a chave pode se encontrar, o estado de comutação. Isso ocorre quando a chave está passando do estado de bloqueio para o estado de condução e viceversa. Nesse pequeno período, existe tensão e corrente na chave, e, conseqüentemente, as perdas aumentam bastante. Para entendermos melhor, vejamos a figura 4.1 a seguir. Por razões de simplificação, vamos omitir alguns detalhes do funcionamento real. 7 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Em estado de condução, a corrente que flui na chave passa a ser a corrente nominal do circuito, mas em compensação, a tensão nos terminais das chaves é praticamente nula, pois ela entra em curtocircuito para poder conduzir, apresentando uma pequena resistência interna (R). Nesse caso, a perda por efeito Joule (RI2) é reduzida, podendo até mesmo ser desprezada na maioria dos casos. Acionamento Eletrônico Em estado de bloqueio a chave não permite a passagem da corrente, sendo essa praticamente nula (flui uma pequena corrente de fuga). Com a corrente nula, as perdas (RI2) na chave também são nulas. Figura 4.1 - Perdas nas chaves eletrônicas. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico Vamos analisar cada trecho separadamente. » 0 – t1 (bloqueio) Nesse trecho, a chave permanece aberta, com a tensão nominal aplicada aos seus terminais, mas a corrente é praticamente zero. Na parte inferior da figura 4.1 podemos ver que as perdas são nulas, pois não existe corrente circulando na chave. 8 » t1 – t2 (comutação) No tempo t1 a chave recebe o comando que deve começar a conduzir, porém a condução não ocorre instantaneamente. A corrente começa a subir aos poucos, até atingir o seu valor final, o que acontece em t2. Durante todo esse tempo, estão aplicados à chave tensão e corrente, ocasionando perdas significativas. » t2 – t3 (comutação) Agora que a corrente já atingiu o valor final, a tensão nos terminais da chave começa a diminuir gradativamente. Também nesse intervalo, estão sobre a chave tensão e corrente, ocasionando perdas. » t3 – t4 (condução) Ao atingir o ponto t3, a chave entra em estado de condução. A corrente mantém o valor final, mas a tensão cai a valores mínimos. Nesse intervalo as perdas existem, pois temos tensão e corrente na chave, porém com índices desprezíveis. » t4 – t5 (comutação) No instante t4, a chave recebe o comando para voltar ao estado de bloqueio. Da mesma forma, isso não acontece de maneira instantânea. A tensão nos terminais da chave começa a subir, até atingir o seu valor nominal em t5. Durante esse tempo, novamente temos tensão e corrente na chave, resultando em perdas significativas. » t6 em diante (bloqueio) Novamente a chave volta ao seu estado de bloqueio, com perdas praticamente nulas. Ela permanece nesse estado até que um outro sinal de comando seja dado para mudar seu estado. Chegamos à conclusão que o período de comutação é o grande responsável em termos de perdas na chave. Pensando nisso, as pesquisas se concentram mais na obtenção de chaves com tempo de comutação reduzido e no desenvolvimento de técnicas de comutação com tensão ou corrente zero (conversores ressonantes). Se uma chave apresenta perdas de comutação reduzidas, torna-se possível uma maior quantidade de chaveamentos, no mesmo intervalo de tempo. Em outras palavras, se o tempo de comutação é reduzido, podemos aumentar a freqüência de chaveamento. 9 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Quando a tensão atinge o valor nominal, a corrente na chave começa a cair, tendendo ao estado de bloqueio. Durante esse tempo, a chave continua com tensão e corrente aplicados, fazendo com que tenhamos perdas também nesse intervalo. Acionamento Eletrônico » t5 – t6 (comutação) Esse aumento da freqüência de chaveamento traz embutido outros benefícios, tais como: » diminuição do conteúdo harmônico em baixas freqüências; » diminuição do nível de ruído audível; » diminuição do tamanho e peso dos transformadores e filtros. Em suma, a chave eletrônica deveria possuir as seguintes características ideais: » elevada capacidade de condução de corrente; EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico » elevada capacidade de suportar tensão em estado de bloqueio; » corrente de fuga desprezível, quando bloqueada; » queda de tensão desprezível, quando conduzindo; » tempo reduzido de comutação; 10 » potência necessária para comando desprezível. As pesquisas continuam com o objetivo de se aproximar do dispositivo perfeito. Se observarmos a evolução tecnológica, verificamos que já foram conseguidos grandes avanços nesse sentido. Atualmente, deposita-se uma grande expectativa nos dispositivos semicondutores a base de diamantes, e em outros ainda mais recentes, tais como o MCT (Mos Controlled Thyristor), SIT (Static Induction Transistor) e SITH (Static Induction Thyristor). Entre os vários tipos de chaves eletrônicas, podemos mencionar as mais comuns: » diodo; » tiristor; » GTO (Gate Turn-Off Thyristor); » transistor bipolar (BJT - Bipolar Junction Transistor); » FET (Field Effect Transistor); » IGBT (Insulated Gate Bipolar Transistor). 4.1 Diodo A corrente vai circular através do diodo quando a tensão no terminal anodo estiver positiva em relação à tensão do terminal catodo, e será bloqueada quando o anodo se tornar negativo em relação ao catodo. Quando o diodo entra em condução, existe uma pequena queda de tensão entre os seus terminais, causada pela sua resistência interna. Essa queda é da ordem de 0,7 a 1 volt. Um circuito típico de aplicação do diodo é mostrado na figura 4.3. Esse circuito é conhecido como retificador de meia onda. Vamos considerar uma carga puramente resistiva. O circuito é alimentado por uma tensão alternada (e). O diodo só vai permitir a passagem da Figura 4.2 - Símbolo do diodo. 11 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL O diodo possui a característica de permitir o fluxo de corrente em uma direção e bloquear o fluxo de corrente no sentido oposto. Acionamento Eletrônico Trata-se de um componente de dois terminais, chamados de anodo e catodo. O símbolo do diodo é mostrado na figura 4.2. corrente no semiciclo positivo da tensão (e), intervalo em que o anodo é sempre positivo em relação ao catodo. O diodo comporta-se como uma chave fechada, permitindo a circulação de corrente. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico Figura 4.3 - Retificador de meia onda. Já no semiciclo negativo da tensão (e), o terminal anodo está polarizado negativamente em relação ao catodo. Como vimos, o diodo nesse estado não permite a circulação de corrente no sentido inverso, comportando-se como uma chave totalmente aberta. Os gráficos da tensão e da corrente são mostrados na figura 4.4 a seguir. 12 Figura 4.4 - Formas de onda no retificador de meia onda com carga resistiva pura. A tensão CC média aplicada à carga é de 0,45 vezes o valor RMS da tensão de alimentação (e). Na figura 4.5, o circuito é agora projetado de forma a permitir a circulação de corrente na carga em ambos os semiciclos, positivo e negativo, e sempre na mesma direção. Esse circuito é conhecido como retificador de onda completa. Da mesma forma, no semiciclo negativo, os diodos D2 e D4 estarão aptos a conduzir a corrente no mesmo sentido, enquanto que D1 e D3 estão bloqueados. 13 É importante notar que a corrente na carga fica sempre no mesmo sentido, independente da polaridade da tensão de alimentação (e). Os gráficos da figura 4.6 ilustram o comportamento geral do circuito. Figura 4.6 - Formas de onda no retificador de onda completa. Nesse caso, a tensão CC média na carga é de 0,90 vezes o valor RMS da tensão de alimentação (e). EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Durante o semiciclo positivo, os diodos D1 e D3 estão polarizados positivamente, ou seja, anodo positivo em relação ao catodo, enquanto que D2 e D4 estão polarizados negativamente. Acionamento Eletrônico Figura 4.5 - Retificador de onda completa. 4.2 Tiristor O tiristor, também conhecido como SCR, é um componente constituído de três terminais, anodo, catodo e gate. O símbolo para o tiristor é mostrado na figura 4.7. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico Figura 4.7 - Símbolo do tiristor. 14 Suas características são semelhantes às do diodo. Permite a passagem da corrente no sentido anodo-catodo, e a bloqueia no sentido contrário. A diferença básica em relação ao diodo está no ponto onde o tiristor inicia o processo de condução. No diodo, esse processo é iniciado imediatamente quando a tensão do anodo fica positiva em relação ao catodo. Já no tiristor, o início da condução pode ser controlado, ou seja, uma vez estando o anodo polarizado positivamente em relação ao catodo, o tiristor estará apto a conduzir, desde que ocorra a aplicação de um pulso de corrente no terminal gate. Isso permite que o tiristor possa ser controlado para iniciar o processo de condução no instante desejado. Uma vez iniciada a condução, o tiristor passa a funcionar como um diodo. A corrente vai continuar a fluir pelo tiristor até que a tensão do anodo fique negativa em relação ao catodo, exatamente como no diodo.A figura 4.8 ilustra um retificador de meia onda controlado a tiristor para uma carga puramente resistiva, e a figura 4.9 ilustra o comportamento geral do circuito. A amplitude da tensão CC média na carga é função do instante de disparo do tiristor, também conhecido como ângulo de disparo. Quando o pulso de gate é aplicado bem no início do semiciclo positivo, a tensão CC média será máxima na carga, como num retificador a diodo. A medida em que se atrasa o instante de aplicação do pulso no gate dentro do semiciclo positivo, menor será a tensão CC média na carga. Se nenhum pulso for aplicado ao gate, o tiristor não irá conduzir durante todo o ciclo, comportando-se como uma chave aberta. 15 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Figura 4.9 – Formas de onda no retificador de meia onda controlado a tiristor. Acionamento Eletrônico Figura 4.8 - Retificador de meia onda controlado a tiristor. 4.3 GTO (Gate Turn-Off Thyristor) O símbolo para o GTO é mostrado na figura 4.10. No entanto, a corrente deste pulso negativo tem um valor elevado, podendo ser da ordem de um terço da corrente do circuito principal. 16 4.4 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico Figura 4.10 - Símbolo do GTO. O GTO tem uma construção similar ao tiristor. O início da condução também é controlado pelo pulso aplicado ao terminal gate, como no tiristor. Por outro lado, o GTO também possui o controle do término da condução. Isso pode ser feito com a aplicação de um pulso negativo no gate, e mesmo com o GTO polarizado positivamente, ele interrompe a condução de corrente. Transistor Bipolar – BJT (Bipolar Junction Transistor) Esse componente possui três terminais, conhecidos como coletor, emissor e base. O símbolo do transistor é mostrado na figura 4.11. Figura 4.11 - Símbolo do transistor. O sinal de controle é aplicado entre a base e o emissor. Quando a corrente de base é zero, o transistor permanece bloqueado (região de corte) e não existe circulação de corrente. Quando é aplicada uma corrente suficientemente elevada no terminal base, o transistor entra em condução (região de saturação) e oferece uma pequena queda de tensão (1 a 2 V) de coletor para emissor. O transistor é bloqueado simplesmente com a retirada da corrente de base. Para manter o transistor conduzindo, é necessária uma corrente de base permanente, ao contrário do que acontece com o tiristor e o GTO, onde é preciso apenas um pulso para a condução. 4.5 FET (Field Effect Transistor) O princípio de operação é diferente dos transistores convencionais e dos tiristores. A corrente que o FET vai conduzir é controlada pela variação de um campo elétrico no semicondutor. Esse método de controle possui as melhores características para chaves eletrônicas. O sinal de controle aplicado no gate para o FET conduzir ou bloquear é mais simples, sendo preciso apenas aplicar ou retirar uma tensão. Isso permite uma alta freqüência de chaveamento, entretanto as perdas de condução crescem rapidamente à medida que aumenta a capacidade do FET. Essa desvantagem representa o maior problema na aplicação desse componente em acionamentos eletrônicos. Figura 4.12 - Símbolo do FET. 17 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Esse componente pertence a uma outra família de dispositivos semicondutores, com uma tecnologia relativamente nova para chaves eletrônicas de potência. Acionamento Eletrônico O símbolo usado para o FET é mostrado na figura 4.12. É constituído de três terminais: dreno, fonte e gate. Os circuitos utilizando o FET são similares aos explicados para o transistor e o GTO. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico 4.6 Figura 4.13 - Símbolo do IGBT. 18 IGBT (Insulated Gate Bipolar Transistor) A maioria dos acionamentos de motores CA na faixa de 1 até 400 hp usa o IGBT como componente no circuito inversor. Seu símbolo é mostrado na figura 4.13 a seguir. O IGBT combina as melhores características do FET e do Transistor Bipolar num componente relativamente simples. O controle do IGBT também é feito por tensão, como no FET. Além disso, as perdas internas são reduzidas, como no Transistor Bipolar. Todos esses motivos fazem com que o IGBT seja o componente mais utilizado nos dias de hoje em acionamento eletrônico de motores. 4.7 Comparação entre as chaves eletrônicas A figura 4.14 apresenta graficamente um resumo das principais características das chaves eletrônicas mais usadas em acionamentos eletrônicos. Aqui é possível verificar a capacidade de condução de corrente de cada chave, a tensão que elas suportam, bem como a freqüência de chaveamento máxima. Acionamento Eletrônico 19 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Figura 4.14 - Características das chaves eletrônicas mais usadas. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico 20 5 TIPOS DE ACIONAMENTOS ELETRÔNICOS Os acionamentos eletrônicos podem ser divididos em dois grandes grupos: » acionamentos para motores CC; » acionamentos para motores CA. Existem ainda subdivisões em cada grupo. Já os acionamentos para motores CA, são subdivididos em: acionamentos com e sem malha intermediária. Existe ainda uma outra subdivisão para os acionamentos com malha intermediária: Fonte de Tensão (VSI) e Fonte de Corrente (CSI). Novamente, os acionamentos fonte de tensão (VSI) podem ser subdivididos em PAM (Pulse Amplitude Modulation - Modulação por Amplitude de Pulso) e PWM (Pulse Width Modulation - Modulação por Largura de Pulso). A figura 5.1 esquematiza estas subdivisões mencionadas. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL 21 Acionamento Eletrônico Para motores CC, são apenas dois tipos principais: retificador e chopper. Figura 5.1 - Tipos de acionamentos eletrônicos. 5.1 Acionamentos eletrônicos para motores CC O controle da velocidade do motor CC é feito através da variação da tensão CC aplicada ao motor (na armadura e/ou no campo). Dependendo do tipo de tensão de alimentação disponível, usamos um tipo específico de acionamento eletrônico. No caso da fonte de alimentação ser uma tensão CA, usamos industrialmente um retificador a tiristores. Por outro lado, quando a fonte de alimentação for uma tensão CC, como no caso das baterias, usamos preferencialmente um chopper para fazer a variação dessa tensão CC. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico 5.1.1 Retificador a tiristores (CA-CC) Sendo a fonte de alimentação trifásica ou monofásica, a estrutura do retificador a tiristores é diferente. A figura 5.2 a seguir mostra esses dois tipos. 22 Figura 5.2 - Retificador a tiristores (monofásico e trifásico). O funcionamento desses circuitos já foi explicado anteriormente. A velocidade do motor CC pode ser controlada através do ângulo de disparo do retificador. 5.1.2 Chopper (CC-CC) Esse tipo de conversor é usado quando a fonte de alimentação disponível já é uma tensão CC. Essa tensão pode vir de uma bateria ou de um retificador a diodos. A tensão média de saída (Vo) é calculada da seguinte forma: 23 Sendo: Ts = Ton + Toff onde: Vi = tensão de entrada [ V ]; Ton = tempo da chave fechada [ms]; Toff = tempo da chave aberta [ms]. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Figura 5.3 - Esquema simplificado do Chopper. Acionamento Eletrônico A tensão CC de saída (Vo) pode ser controlada desde zero até o valor da tensão CC de entrada (Vi). O chopper utiliza uma ou mais chaves para fazer esse tipo de controle. A tensão (Vo) é alterada por meio do controle do tempo em que a chave fica fechada ou aberta (T on e Toff ). Para ilustrar esse conceito de chaveamento, consideremos o circuito da figura 5.3. O tempo Ts geralmente é menor que 1 ms. Conseqüentemente, a freqüência de chaveamento do chopper é maior que 1 kHz. 5.2 Acionamentos eletrônicos para motores CA com malha intermediária Esse tipo de acionamento eletrônico funciona por meio de uma conversão indireta (CA-CC-CA), ou seja, converte a tensão alternada (CA) da rede de alimentação em uma tensão/corrente contínua (CC), e em seguida, converte essa tensão/corrente contínua novamente em uma tensão/corrente alternada (CA). EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico O acionamento eletrônico com malha intermediária é constituído basicamente de quatro unidades principais, como mostrado na figura 5.4: » retificador - unidade que recebe a tensão CA da rede e converte em uma tensão/corrente CC. Esse retificador pode ser controlado ou não; 24 » malha intermediária - unidade onde a tensão ou a corrente CC é filtrada, ou seja, tem suas oscilações instantâneas minimizadas; » inversor - unidade que converte a tensão/corrente CC em uma tensão/corrente CA; » unidade de controle - fornece os sinais de controle para as demais unidades. O controle para as diversas unidades pode ser implementado usando diferentes princípios/técnicas, dependendo do tipo de acionamento eletrônico. Analogamente, uma fonte de corrente ideal caracteriza-se por impor uma corrente fixa independente do valor da impedância da carga. Na prática, a fonte de corrente implementada é constituída de um indutor de elevado valor em série com um retificador de tensão. 5.2.1 Acionamentos com malha intermediária fonte de tensão (VSI) Aqui a malha intermediária funciona como uma fonte de tensão. A tensão CA oriunda da rede de alimentação é retificada para se obter uma fonte de tensão CC. 25 Acionamento Eletrônico Uma fonte de tensão ideal caracteriza-se por impor uma tensão fixa sobre a carga conectada a seus terminais. Na prática, a fonte de tensão implementada é normalmente constituída de um retificador em paralelo com um capacitor de elevado valor. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Podemos ter a malha intermediária comportando-se de duas maneiras. Como uma fonte de tensão (VSI - Voltage Source Inverter - Inversor Fonte de Tensão), ou como uma fonte de corrente (CSI - Current Source Inverter - Inversor Fonte de Corrente). Figura 5.4 - Esquema básico dos acionamentos com malha intermediária. A malha intermediária possui um capacitor de valor elevado. O retificador funciona como um carregador desse capacitor, fornecendo a ele a tensão CC. Esse capacitor carregado é que é usado como fonte de tensão CC para o inversor. Devemos lembrar que a amplitude da tensão fundamental CA de saída do inversor deve ser variável, assim como a sua freqüência. Surgem então duas possibilidades para fazer o controle da amplitude da tensão: » no retificador de entrada (tipo classificado como VSI-PAM); ou 5.2.1.1 Acionamento VSI-PAM Nesta configuração, o retificador, normalmente constituído por tiristores, faz o controle da amplitude da tensão, enquanto que o inversor faz o controle da freqüência. Esse acionamento é denominado como VSI-PAM (Pulse Amplitude Modulation - Modulação por Amplitude de Pulso). Nas figuras 5.5 e 5.6 é mostrado o princípio de funcionamento desse acionamento. Nela podemos observar duas formas de tensão de saída entre fases Vuv, com a mesma freqüência (f1=f2), mas com diferente amplitude (V1≠V2). 26 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico » no próprio inversor (tipo classificado como VSI-PWM). Figura 5.5 - Acionamento VSI-PAM. Figura 5.6 – Formas de onda no acionamento VSI-PAM. Acionamento VSI-PWM A outra possibilidade de controle consiste em fazer a variação da amplitude da tensão CA e da freqüência apenas pelo inversor. O retificador a diodos fornece ao capacitor uma tensão CC de amplitude constante. O inversor fica responsável pelo controle da amplitude e da freqüência da tensão CA de saída. Denominamos esse tipo de acionamento como VSI-PWM (Pulse Width Modulation - Modulação por Largura de Pulso). Nas figuras 5.7 e 5.8 é ilustrado o princípio de funcionamento desse acionamento. Nela podemos observar duas formas de onda de tensão que mantêm a relação tensão/freqüência constante, enquanto o valor da tensão do capacitor permanece constante. Trata-se do tipo mais comum comercialmente. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL 27 Acionamento Eletrônico 5.2.1.2 Figura 5.7 - Acionamento VSI-PWM. Figura 5.8.- Formas de onda no acionamento VSI-PWM. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico 5.2.2 Acionamentos com malha intermediária Fonte de Corrente (CSI) 28 Agora a malha intermediária faz o papel de uma fonte de corrente. A tensão da rede de alimentação é retificada para se obter uma fonte de corrente com o auxílio de um indutor (L). O acionamento CSI opera normalmente com uma ponte retificadora a tiristores na entrada. O inversor pode ser de comutação forçada, como usualmente no caso dos motores de indução usando IGBT’s, ou de comutação natural, como usualmente no caso das máquinas síncronas de potência elevada usando tiristores. Devemos lembrar que a comutação natural é aquela em que o desligamento do tiristor acontece quando a corrente que passa por ele diminui a zero e, a partir desse instante, fica bloqueado. O instante de bloqueio fica determinado unicamente pela característica da carga ou da fonte de alimentação. Por outro lado, na comutação forçada, o dispositivo semicondutor é desligado ainda que estivesse conduzindo corrente. Nesse caso, o bloqueio independe das características da carga, enquanto a condução de corrente é assumida por outro dispositivo, geralmente um diodo. Nas figuras 5.9 e 5.10 é ilustrado o princípio de funcionamento deste acionamento e as formas de onda de corrente por fase na saída do inversor. Como pode ser visto, o somatório das correntes de fase é sempre zero, enquanto a amplitude da corrente pelo indutor (L) é constante (Icc). Figura 5.10 – Formas de onda no acionamento com fonte de corrente (CSI). 5.3 Acionamentos sem malha intermediária (Cicloconversor) O tipo de conversão é direta (CA-CA) nesse tipo de acionamento. A tensão CA e a freqüência de saída são obtidas diretamente da EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL 29 Acionamento Eletrônico Figura 5.9 - Acionamento com fonte de corrente (CSI). EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico tensão CA de entrada, sem a necessidade da etapa de corrente contínua (CC). O exemplo mais empregado industrialmente é o Cicloconversor. O inconveniente desse tipo de acionamento é que a freqüência de saída fica limitada a valores abaixo de 20 Hz. Na figura 5.11 é mostrado o esquema de um cicloconversor monofásico a partir de tensão trifásica, cuja estrutura é constituída de duas pontes retificadoras a tiristores em anti-paralelo. 30 Figura 5.11 - Acionamento sem malha intermediária (cicloconversor 3φ/1φ). A partir da tensão de entrada são geradas outras, defasadas, que comparadas adequadamente com a referência determinam os instantes de disparo dos tiristores dos conversores positivo ou negativo. A tensão de saída fica composta por parcelas da tensão de entrada, e sua freqüência fundamental é igual à freqüência de referência. Na figura 5.12 são ilustradas formas de onda características desse cicloconversor. Acionamento Eletrônico EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL 31 Figura 5.12 - Formas de onda de um cicloconversor monofásico. 5.4 Efeitos adversos dos acionamentos eletrônicos Como apresentado, os acionamentos eletrônicos trazem grande flexibilidade e economia para o controle dos motores elétricos. No entanto, como as formas de onda de tensão e corrente não são mais senoidais, são introduzidos harmônicos nos sistemas elétricos. Estes harmônicos podem provocar: » maiores perdas por aquecimento nos equipamentos; » torques oscilatórios; EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico » ressonâncias elétricas com conseqüentes sobretensões ou sobrecorrentes; » interferências eletromagnéticas; » spikes (picos) e notches (cortes/quebras) de tensão na rede. 32 Estes problemas são, em geral, compensados pelas vantagens dos acionamentos eletrônicos. Algumas normas técnicas apresentam orientações sobre este assunto, dentre elas destacam-se: » IEEE 519 - 1992; » IEC 146 - 2. 6 CARGAS CENTRÍFUGAS 6.1 Generalidades As aplicações de acionamentos eletrônicos são quase sempre realizadas por engenheiros eletricistas, pelo simples envolvimento na parte elétrica do sistema onde o acionamento eletrônico será instalado. Por outro lado, a aplicação básica do acionamento eletrônico, ou seja, o controle do processo, é uma tarefa mecânica. Além disso, outras disciplinas estão intimamente ligadas com este tema, tais como instrumentação, engenharia de processo, química, etc.. Para suprir a necessidade de conhecimento dos aspectos mecânicos dessas aplicações, será explicada resumidamente a teoria de cargas centrífugas com relação ao seu controle de velocidade. Um fluido é qualquer substância tanto no estado líquido quanto no estado gasoso. Bombas, ventiladores e compressores são máquinas de fluido, cujo rotor transfere energia para o fluido. 33 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Essas aplicações são geralmente facilmente justificáveis do ponto de vista econômico, pois o rápido retorno do investimento justifica o alto custo de aquisição do acionamento eletrônico. Acionamento Eletrônico As cargas centrífugas se apresentam como as melhores candidatas para a aplicação de acionamentos eletrônicos em termos de economia de energia. Paralelamente, pode-se conseguir uma melhoria no processo onde esses equipamentos estão instalados. A família de equipamentos centrífugos é composta por bombas centrífugas, ventiladores e compressores centrífugos. As duas principais categorias de máquinas de fluido são: » deslocamento positivo; » deslocamento dinâmico. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico 6.1.1 Máquinas de Deslocamento Positivo Bombas de engrenagem, bombas parafuso, compressores parafuso são exemplos de máquinas de deslocamento positivo. Estas máquinas apresentam característica de torque x velocidade constante. Em outras palavras, com a redução da velocidade, o torque permanece sempre constante, e conseqüentemente a potência requerida cai linearmente com a velocidade, pois a potência é o produto do torque pela velocidade. Existe um potencial de economia de energia nesse tipo de equipamento, porém, como veremos a seguir, nas máquinas do tipo deslocamento dinâmico, este potencial é muito maior. 6.1.2 Máquinas de Deslocamento Dinâmico 34 A máquina mais utilizada do tipo de deslocamento dinâmico é a de fluxo radial, comumente chamada de máquina centrífuga. Bombas centrífugas, ventiladores e compressores centrífugos são alguns exemplos desse tipo de máquina. O mesmo conjunto de equações é aplicado para todas as máquinas de deslocamento dinâmico, e todas apresentam características torque x velocidade quadrática. Ou seja, com a redução da velocidade, o torque solicitado é reduzido ao quadrado. Considerando esta redução quadrática do torque mais a redução da própria velocidade, a potência requerida sofrerá uma redução proporcional ao cubo da velocidade. Esta característica torna as máquinas centrífugas as candidatas mais interessantes para a aplicação de acionamentos eletrônicos. Para facilitar o entendimento, quanto nos referirmos ao termo BOMBA, estamos falando das máquinas centrífugas de uma maneira geral. 6.2 Características das bombas Os fatores chaves de desempenho das bombas são: » vazão; » pressão; » potência; A figura 6.1 apresenta uma curva típica de bombas relacionando a vazão e a pressão. 35 Figura 6.1 – Curva típica de uma bomba. 6.3 CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA Os sistemas onde as bombas estão instaladas são compostos de tubulações, válvulas, registros, filtros, trocadores de calor e tudo mais que estiver instalado junto a elas. A composição do trabalho conjunto desses equipamentos determina a relação entre a vazão e a pressão vista pela bomba. A fricção do fluido devido à vazão (perdas de carga), fato que é inerente a todos os sistemas de fluidos, resulta em quedas de pressão no sistema. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Quando esses parâmetros são traçados em função da vazão, eles representam as curvas de desempenho da bomba. Acionamento Eletrônico » rendimento. Em aplicações de bombeamento, diferenças de elevação entre o início (reservatório de sucção) e o final (reservatório de descarga) do sistema influenciam na sua curva característica. Alguns exemplos onde isso pode ocorrer são os sistemas onde o fluido deve ser bombeado para tanques elevados, sendo esse fluido proveniente de reservatórios com cota inferior à da bomba. Qualquer combinação desses exemplos caracteriza uma curva do sistema que não parte da origem no plano Pressão x Vazão. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico A figura 6.2 mostra uma curva de sistema típica, contendo a influência da resistência do sistema e do desnível geométrico. Essa curva tem a natureza parabólica, ou seja, as perdas de carga aumentam ao quadrado com o aumento da vazão. A curva do sistema indica qual o valor da pressão que a bomba deve fornecer ao sistema para que seja atingido um determinado valor de vazão. As curvas de sistemas de ventilação geralmente não apresentam influências de desnível geométrico. 36 Figura 6.2 - Curva do sistema típica. A curva do sistema pode ser aproximada pela seguinte equação. onde: P = pressão do sistema [mca]; P0 = desnível geométrico [mca]; k = constante do sistema [_]; Q = vazão do sistema [m3/h]. Caso o desnível geométrico seja zero, a equação fica reduzida a um termo quadrático simples. O valor da constante k varia também de acordo com as unidades de pressão e vazão a serem utilizadas na equação. Ponto de operação Até agora, as curvas da bomba e do sistema estão sendo analisadas separadamente. Qualquer ponto dessas curvas representa uma possível combinação física de pressão/vazão. Entretanto, a interação da curva da bomba com a curva do sistema determina o ponto exato de operação, ou seja, qual o valor da pressão e da vazão que o conjunto irá operar. Existe um único conjunto de valores de vazão e pressão para cada ponto de operação(Q1 e H1 na figura 6.3). 37 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL A potência hidráulica requerida pela bomba é proporcional ao produto da vazão pela pressão, ou seja, é proporcional a área de um retângulo. Quanto menor esta área, maior será a nossa economia de energia. Acionamento Eletrônico 6.4 Figura 6.3 – Ponto de operação. Se nada for feito, uma determinada bomba instalada num determinado sistema irá operar com vazão constante indefinidamente. Contudo, principalmente em processos industriais, existe uma grande necessidade de variação do valor da vazão do sistema. Para que isso ocorra, é necessário que o ponto de operação seja deslocado. Isto só pode ser feito se pelo menos uma das duas curvas (sistema ou bomba) for alterada. 6.5 CONTROLE DE VAZÃO EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico 6.5.1 Generalidades Para que seja atendida a necessidade de controle de vazão, alguns artifícios são utilizados. Estes artifícios, ou técnicas de controle, podem ser de origem mecânica, elétrica ou eletrônica. A figura 6.4 mostra os métodos mais comuns de controle de vazão. 38 Figura 6.4 - Métodos mais usuais de controle de vazão. As bombas usam basicamente quatro métodos de controle: » liga-desliga (on-off ); » by-pass; » válvula de estrangulamento; » acionamento eletrônico (método mais moderno). 6.5.3 By-pass (Desvio) O método by-pass simplesmente retorna parte do fluido da descarga da bomba de volta para a sua sucção. Esse desvio é feito através de uma válvula de controle. Trata-se do método menos eficiente e menos usado para o controle de vazão em plantas industriais, embora seja bastante difundido em bombas d’água de chillers de prédios comerciais. O controle by-pass também é comum em bombas de deslocamento positivo. 6.5.4 Válvula de Estrangulamento O método da válvula de estrangulamento consiste em controlar a vazão do sistema através da abertura e fechamento parcial de uma válvula instalada em série com a bomba. Esse tipo de controle é possível em 39 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL No método liga-desliga, a vazão do sistema é controlada pelo desligamento do motor quando essa ultrapassa um limite superior, e pelo ligamento do motor para vazões abaixo de um limite inferior. A grande desvantagem desse tipo de controle é o fato de que sucessivas partidas do motor não só prejudicariam a parte elétrica do sistema, devido à alta corrente de partida, como também a parte mecânica, em termos de ruído, pressão, sedimentação e perdas na tubulação. Acionamento Eletrônico 6.5.2 Liga-Desliga (On-Off) bombas centrífugas porque estas possuem um limite inerente maior de pressão na descarga, portanto a bomba pode sofrer estrangulamento na descarga sem sofrer danos. Esse método é comumente usado em processos onde se faz necessário o controle de vazão, e é um pouco mais eficiente em termos energéticos do que o controle by-pass. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico A figura 6.5 mostra uma sucessão de pontos de operação de uma bomba para uma família de curvas do sistema gerada pelo fechamento progressivo de uma válvula de estrangulamento. Pode-se notar que a medida que vamos fechando a válvula, a vazão do sistema vai sendo reduzida (de Q1 para Q4). 40 Figura 6.5 - Alteração do ponto de operação através do estrangulamento do sistema. Analisando a figura 6.6, para uma determinada vazão menor que a vazão normal de projeto, uma linha vertical indica dois valores distintos de pressão. O primeiro ponto (A) se refere a pressão que a bomba deve fornecer ao sistema estrangulado para estabilizar na vazão desejada. O segundo ponto (B) indica qual seria a pressão necessária para estabelecer a mesma vazão sem estrangular a curva do sistema. A diferença de pressão entre esses dois pontos indica o excesso de pressão que a bomba deve fornecer ao sistema. Esse excesso é dissipado na válvula de estrangulamento, tornando-se uma parcela adicional de perdas. Como pode ser visto no item anterior, o uso da válvula de estrangulamento possibilita um controle preciso da vazão do sistema, porém com um grande desperdício de energia. Seria como controlar a corrente do um circuito elétrico adicionando resistências em série. O uso do acionamento eletrônico permite uma precisão ainda maior do controle de vazão, aliada a uma significativa economia de energia. A figura 6.7 mostra o efeito da redução da velocidade da bomba em sua curva característica. Este efeito é similar a troca do rotor da bomba por outro de diâmetro menor. Pode-se notar também que a potência hidráulica teve uma redução significativa. 41 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL 6.5.5 Acionamento Eletrônico Acionamento Eletrônico Figura 6.6 - Perdas na válvula de estrangulamento. Figura 6.7 - Efeito da redução da velocidade na curva da bomba. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico 6.6 LEIS DE AFINIDADE As leis de afinidade, importantes para qualquer análise simplificada em velocidade variável, são as leis que relacionam a velocidade com a vazão, com a pressão e com a potência. Essas leis dizem o seguinte: 42 » a vazão é diretamente proporcional à velocidade; » a pressão é diretamente proporcional ao quadrado da velocidade; » a potência é diretamente proporcional ao cubo da velocidade. As equações a seguir traduzem de forma algébrica as leis de afinidade. O sub-índice 1 se refere aos valores iniciais, enquanto que o sub-índice 2 indica os valores após a mudança da velocidade do equipamento: onde: Q = vazão; H = pressão; P = potência de saída da bomba; N = velocidade de rotação da bomba. É importante alertar que as leis de afinidade devem ser utilizadas apenas como uma ferramenta indicativa dos maiores potenciais de economia de energia, pois elas só podem ser usadas com relativa precisão em sistemas onde a elevação estática (ou desnível geométrico entre os reservatórios de sucção e recalque) seja zero. 43 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL A figura 6.8 mostra o erro clássico no uso indevido das leis de afinidade, para dois sistemas diferentes usando um mesmo tipo de bomba. Acionamento Eletrônico O acionamento eletrônico é capaz de controlar a velocidade da bomba (ou ventilador e compressor), produzindo com isso uma significante economia de energia. Tomemos com exemplo uma redução de 10% na velocidade. Nesse caso, a potência de entrada da bomba será reduzida em 27%. Figura 6.8 - Controle de vazão para sistemas diferentes. Vamos analisar primeiramente o sistema 1 (sem altura estática). Para diminuir a vazão do valor Q1 para Q2, a velocidade da bomba foi diminuída de N1 para N3 (ponto A), ou seja, a redução de velocidade foi de 20% (N3=0.8 N1). Isso representa uma redução na potência de entrada da bomba de 49%. Fazendo a mesma análise para o sistema 2, para atingirmos o mesmo valor de vazão Q2, a velocidade da bomba foi reduzida de apenas 10% (ponto B). Nesse caso, a redução de potência foi de apenas 27%. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico Essa diferença na redução de potência deve-se ao fato de que o sistema 2 apresenta uma pressão estática considerável, enquanto que o sistema 1 não possui tal característica. 6.7 Aplicações típicas em bombas, ventiladores e compressores Esse item tem como finalidade apresentar algumas aplicações típicas de acionamentos eletrônicos em máquinas de fluido (bombas, ventiladores e compressores). 44 6.7.1 Bombas As aplicações típicas de acionamento eletrônico em bombas são processos de bombeamento, rede municipal de distribuição de água, estações de tratamento de água e esgoto, circuitos de circulação de água gelada, entre outros. Esses casos usam basicamente válvulas de estrangulamento para o controle de vazão. Com a instalação do acionamento eletrônico, a válvula deve ser bloqueada na posição aberta, e o seu sinal de controle deve ser agora direcionado para o acionamento eletrônico. 6.7.2 Ventiladores 6.7.3 Compressores Os compressores centrífugos se comportam da mesma forma que as bombas e os ventiladores. O acionamento eletrônico oferece as mesmas vantagens para os compressores tal qual para as bombas e ventiladores. Os compressores alternativos ou de pistão são tradicionalmente usados na indústria, devido à sua alta capacidade de armazenamento e de pressão, baixo custo e alto rendimento. A baixa confiabilidade e o alto custo de manutenção desse tipo de equipamento está provocando uma migração para o compressor centrífugo de alta velocidade controlado por acionamento eletrônico. Esse equipamento possui uma alta confiabilidade quando comparado com o compressor alternativo. Com o controle por acionamento eletrônico, o compressor centrífugo de alta velocidade torna-se tão eficiente quanto o alternativo. 45 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Para caldeiras industriais, o ar de combustão requerido depende do nível de carga da caldeira. O fluxo de ar é variado em virtude das mudanças da carga. No modo tradicional, o sinal de controle é enviado para o atuador de posicionamento do damper, o qual faz a variação do fluxo de ar. Na operação com acionamento eletrônico, o damper é removido e o sinal de controle é enviado diretamente para o controlador do acionamento, que faz o ajuste da velocidade do ventilador. Acionamento Eletrônico Ventiladores de caldeiras, fontes de ventilação, exaustores comuns, exaustores de fornos a arco elétrico, aeradores são algumas aplicações típicas de ventiladores. Em todos esses casos, o acionamento eletrônico pode ser aplicado com ganhos significativos de energia. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico Esses novos equipamentos dispensam o uso de engrenagens, comuns em compressores alternativos. Isso simplifica a instalação e evita problemas de alinhamento. O custo do acionamento eletrônico e do motor de alta velocidade é em parte compensado pela eliminação do motor comum e do sistema de engrenagens. 46 7 FUNDAMENTOS PARA APLICAÇÕES DE ACIONAMENTOS ELETRÔNICOS Existe uma grande quantidade de informações com relação às aplicações de acionamentos eletrônicos em motores. Algumas relacionadas aos diferentes tipos de acionamentos disponíveis, algumas para cálculos de desempenho de bombas e ventiladores sobre diferentes velocidades, e algumas para o projeto e uso de máquinas rotativas, envolvendo conceitos tais como: aceleração de cargas inerciais e torsionais e vibração lateral. O conhecimento destes assuntos é importante para a avaliação preliminar dos projetos de acionamentos eletrônicos. 7.1.1 Motores ligados em paralelo Quando motores em paralelo são acionados com um único acionamento fonte de corrente (CSI), é importante associar a potência do acionamento com a potência total dos motores. Por exemplo, com um acionamento eletrônico de 100 hp controlando 5 motores de 20 hp conectados em paralelo, não mais que 2 motores devem ser desconectados, deixando no mínimo 3 motores conectados ao acionamento. Este fato é importante, pois, quando a corrente do conjunto de motores em paralelo cai a valores muitos pequenos, o acionamento CSI entende que existe algum tipo de problema com o sistema. Nos acionamentos fonte de tensão (VSI) não teremos esse tipo de problema. 7.1.2 Dados especiais do motor Utilizando um acionamento do tipo CSI, em muitos casos, dados específicos do motor (reatância de dispersão) são necessários para garantir uma boa comutação das chaves eletrônicas. Alguns modelos 47 Acionamento Eletrônico Considerações para o motor EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL 7.1 mais modernos de acionamento eletrônico já possuem a função de reconhecimento automático desses parâmetros do motor. 7.1.3 Desgaste do isolamento do motor EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico Com um clássico acionamento CSI ou VSI-PWM, existe um desgaste adicional no isolamento do motor. Com os CSI’s, os transitórios de tensão elevada são limitados a níveis aceitáveis com circuitos auxiliares. Contudo, quanto melhor for essa limitação, maior será a redução da velocidade de resposta do acionamento CSI. Com o VSIPWM, o isolamento do motor também sofre um desgaste adicional por causa da rápida mudança nos pulsos de tensão. Esse tipo de problema normalmente não traz prejuízos para o motor. 7.1.4 Ruído no motor Utilizando o VSI-PWM, o motor pode produzir mais ruído que o normal. Contudo, com os novos projetos utilizando chaves eletrônicas de alta freqüência de chaveamento, este problema está sendo minimizado. 48 7.1.5 Aquecimento do motor A forma de onda de corrente distorcida produzida pelos acionamentos eletrônicos contém harmônicos. Estes harmônicos não produzirão torque útil, mas causarão aquecimento adicional no motor. A quantidade de aquecimento adicional produzida com o VSI-PAM e CSI é previsível, e variará com a faixa de velocidade em torno de 3 a 15% de aquecimento adicional. Isto deveria ser levado em conta juntamente com as outras considerações de aplicação quando utilizamos motores e acionamentos eletrônicos. O aquecimento adicional com um VSI-PWM pode ser aproximadamente o mesmo que um VSI-PAM, dependendo do projeto do fabricante. Novos projetos com portadoras em alta freqüência produzem menos que 5% de aquecimento adicional. 7.2 Considerações para o acionamento eletrônico 7.2.1 Acionamento eletrônico com proteção contra curto-circuito Nos acionamentos CSI, a corrente de curto-circuito está limitada (propriedade do circuito), minimizando o número de fusíveis utilizados no controle. Acionamentos VSI-PAM e VSI-PWM normalmente precisam de fusíveis ou circuitos eletrônicos adicionais de proteção. 7.2.3 Acionamentos eletrônicos com reatores O acionamento CSI utiliza reatores grandes e pesados, aumentando o volume e o peso do equipamento. 7.2.4 Ruído no acionamento eletrônico Todos os acionamentos eletrônicos podem gerar algum ruído por causa da ressonância nas chaves eletrônicas. No CSI, ruídos adicionais podem ser gerados no reator CC, dependendo da sua construção. Quando os retificadores com choppers são utilizados, teremos também geração de ruído adicional. 49 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Com acionamento eletrônico do tipo CSI, condições de circuito aberto, tal como desconectar a carga, resultará em excessivo aumento de tensão no circuito inversor, por causa da grande quantidade de energia magnética armazenada no reator da malha intermediária. A menos que circuitos especiais sejam utilizados para descarregar esta energia, a condição de circuito aberto pode causar problemas ao acionamento. Acionamento Eletrônico 7.2.2 Acionamento CSI em condição de circuito aberto 7.2.5 Eficiência do acionamento eletrônico Por causa da quantidade de variáveis envolvidas, não é prático estabelecer valores de eficiência específica para os tipos básicos de acionamento eletrônico. A eficiência para cada tipo deveria ser determinada pelo fabricante, através de ensaios sob condições específicas. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico 7.2.6 Fator de potência do acionamento eletrônico 50 Com acionamentos VSI-PAM e CSI, o fator de potência será determinado pelo tipo de circuito de entrada utilizado. Quando são utilizados tiristores no circuito retificador, o fator de potência é relativamente baixo em velocidades reduzidas. Quando utilizamos diodos e choppers, o fator de potência será o mesmo que um acionamento PWM, ou seja, relativamente alto em todas velocidades. Vale a pena ressaltar que estamos falando do fator de potência da componente fundamental, ou seja, na freqüência de 60 Hz. Como tanto a tensão e a corrente podem possuir harmônicos, o fator de potência total possui valores abaixo do fator de potência fundamental. 7.3 Considerações sobre a carga 7.3.1 Cargas em baixas velocidades Com acionamentos VSI-PAM e CSI, pode-se notar pulsações de torque no eixo do motor em velocidades abaixo de 600 rpm (ou 10 Hz). Essas pulsações são causadas pela forma de onda distorcida de corrente nestas velocidades. No VSI-PWM com projeto otimizado, a forma de onda de corrente em velocidades abaixo de 600 rpm (ou 10 Hz) é menos distorcida, tornando mais suave a rotação do eixo. Contudo, nem todos os projetos de acionamentos VSI-PWM são otimizados, e alguns produzirão pulsação de torque em baixas velocidades. 7.3.2 Regeneração de energia Quando selecionamos um acionamento eletrônico, a característica básica torque-velocidade da carga deve ser conhecida, para que o alimentador do acionamento eletrônico possa ser dimensionado. Geralmente o equipamento pode ser classificado em um dos seguintes tipos de carga a seguir apresentados. 7.3.3.1. Torque constante Torque constante é uma característica de transportadoras, extrusoras e bombas de deslocamento positivo, onde o torque é constante para todas as velocidades. A potência é diretamente proporcional à velocidade, como mostrado na figura 7.1. A corrente solicitada pelo motor também permanece constante em toda a faixa de velocidade. Atenção especial deve ser dada ao aquecimento do motor em baixas velocidades, pois a corrente continua praticamente a mesma, enquanto que a ventilação do motor diminui. Em alguns casos, recomenda-se a instalação de um ventilador externo ao motor. 51 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL 7.3.3 Perfil torque de carga x velocidade Acionamento Eletrônico O acionamento CSI com retificador a tiristores prevê a possibilidade de devolução da energia de frenagem do motor de volta para a rede CA. Contudo, esta característica não é possível quando utilizamos um CSI com chopper na entrada. Com acionamentos VSI-PAM ou VSI-PWM, um conversor adicional na entrada é necessário para devolver a energia de volta para a rede CA. Em alguns casos, para evitar a necessidade de um conversor adicional, a energia proveniente da frenagem do motor é dissipada na malha intermediária com o uso de um chopper e de resistores. Este procedimento é conhecido como frenagem dinâmica e não é o meio mais indicado em termos de economia de energia. No entanto, trata-se de um método aceitável para baixas potências, onde a quantidade de energia envolvida não é elevada. Figura 7.1 - Carga com torque constante. Acionamento Eletrônico 7.3.3.2. Carga com potência constante requer a mesma potência desde a mínima até a máxima velocidade. Para carga com potência constante, o torque e a corrente são inversamente proporcionais à velocidade, como mostrado na figura 7.2. 52 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Figura 7.2 - Carga com potência constante. 7.3.3.3. Figura 7.3 - Carga com potência e torque variável. Potência constante Potência e torque variável Potência e torque variável ocorrem em aplicações como ventiladores, bombas centrífugas e compressores centrífugos. Esses tipos de cargas operam com máxima potência na máxima velocidade. O torque varia EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL 53 Acionamento Eletrônico com o quadrado da velocidade e a potência com o cubo da velocidade, como mostra a figura 7.3, onde se indica também a variação de vazão. Este é o tipo particular de característica de carga que produz a maior economia de energia para aplicações com acionamento eletrônico. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico 54 8 APLICAÇÕES COMERCIAIS DE ACIONAMENTOS ELETRÔNICOS Basicamente, as aplicações comerciais de acionamento eletrônico se restringem aos sistemas de ar condicionado central, que no caso de edifícios de escritório representam cerca de 45% do consumo total de energia, podendo atingir 55% em um shopping center e 70% em um supermercado. Os benefícios mostrados a seguir servem como indicadores para a tomada de decisão para a instalação de acionamentos eletrônicos. Os melhores casos de economia de energia em sistemas de ar condicionado são conseguidos em edificações que funcionam longos períodos do ano com carga parcial. Os sistemas tradicionais de ar condicionado operam normalmente com palhetas de entrada ou damper de saída no ventilador do fan-coil (ventilador que sopra o ar para o compartimento através de uma serpentina gelada). Como já vimos anteriormente, esses tipos de controle desperdiçam uma grande quantidade de energia, principalmente quando passam boa parte do tempo com pequena abertura. O acionamento eletrônico permite o controle do fluxo de ar no fan-coil, diminuindo significativamente o consumo de energia. Essas situações são bastante comuns, pois os sistemas de ar condicionado são projetados para atender aos dias mais quentes do ano, trabalhando abaixo da sua capacidade máxima nos dias mais amenos. 55 Acionamento Eletrônico Economia de energia EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL 8.1 8.2 Conforto dos ocupantes Dividindo a área total atendida pelo ar condicionado em pequenas zonas e usando um acionamento eletrônico para atender cada uma dessas áreas, o controle da temperatura do ambiente fica mais preciso, aumentando o conforto das pessoas e melhorando a produtividade. 8.3 Melhoria no método de controle EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico Os acionamentos eletrônicos respondem aos sinais elétricos de controle, diferentemente dos sistemas mecânicos de palhetas e dampers. O controle fica mais rápido e preciso, podendo até mesmo ser feito com a ajuda de computadores. 8.4 56 Redução da demanda Alguns sistemas de ar condicionado são desligados no horário de ponta para que a demanda não ultrapasse o limite contratado junto à concessionária. Nesse período, os ocupantes passam a trabalhar em situações de desconforto. Com o acionamento eletrônico, o sistema de ar condicionado passa a funcionar com capacidade reduzida, respeitando o limite da demanda contratada. Essa situação, em termos de conforto, é melhor do que o desligamento total do sistema. 8.5 Diminuição do nível de ruído Os ventiladores, e até mesmo os motores, apresentam um nível de ruído menor em velocidades reduzidas. Esse fato é decisivo para a diminuição do nível de ruído de todo o sistema de ar condicionado, contribuindo para uma melhor qualidade do local. 9 APLICAÇÕES INDUSTRIAIS DE ACIONAMENTOS ELETRÔNICOS As aplicações industriais de acionamentos eletrônicos podem ser subdivididas por ramo de atividades: 9.1 Alumínio Química Na etapa de transporte de fluidos, os acionamentos eletrônicos permitem, além do melhor controle, economia de energia no processo. Eles também possibilitam uma maior rapidez no processo, pelo fato de as bombas e ventiladores poderem ser operados em velocidades acima da síncrona. 9.3 Alimentícia Os fornos são equipamentos típicos das indústrias alimentícias. Os acionamentos eletrônicos podem ser utilizados, por exemplo, em uma padaria, podendo ser aplicados a processos de transporte, em máquinas de fazer massas, misturadores e embaladoras. Com isto teremos um melhor controle do processo e maior flexibilidade na produção. 57 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL 9.2 Acionamento Eletrônico A obtenção de alumínio a partir da bauxita incorpora várias etapas de processamento do mineral, tais como: trituração, lavagem, separação etc.. O uso de acionamentos eletrônicos permite um melhor controle do processo e maior flexibilidade para processar diferentes tipos de minério de bauxita. 9.4 Fornecimento de gás Os acionamentos eletrônicos podem ser utilizados em controle de compressores para transporte de gás por tubulações. 9.5 Mineração EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico Nesse tipo de atividade, consome-se uma quantidade considerável de energia elétrica. Nesse caso, os acionamentos eletrônicos ajudam a reduzir os custos de operação e o consumo de energia. Como exemplo, podemos citar os sistemas de exaustão e ventilação de minas profundas, de transporte de minérios, o processo de separação do minério da rocha, de classificação de partículas etc.. 9.6 58 Petróleo As refinarias utilizam centenas de bombas e compressores em seus diversos processos, muitos dos quais são ótimos para a utilização de acionamentos eletrônicos, representando boa economia de energia elétrica. Os acionamentos eletrônicos também podem ser utilizados na extração de petróleo, em processos de injeção de gás por compressores para manter a alta pressão no campo de óleo, facilitando a sua extração. 9.7 Papel A fabricação de papel envolve uma série de processos, desde o preparo da polpa até a confecção final do papel, nas quais os acionamentos eletrônicos podem encontrar importante aplicação. 9.8 Borracha e plásticos O controle de velocidade é muito importante para o processo de produção. Logo, o acionamento eletrônico tem grande aplicação nestes tipos de processo. 9.9 Aço » os motores CA podem ser construídos para maiores potências que os motores CC; » os acionamentos eletrônicos são capazes de imprimir pequenas diferenças de velocidade com precisão, podendo-se desta forma controlar a espessura do produto que está sendo produzido; » os acionamentos eletrônicos podem ser facilmente integrados a sistemas automatizados com controle digital. 9.10 Transporte de massa Quase todos os tipos de transportes sobre trilhos utilizam sistemas com motores CC para sua tração. Neste sentido, os motores de indução 59 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL » frenagem regenerativa superior, contribuindo para uma rápida reversão da velocidade angular. Além disso, teremos grande redução de custos com manutenção que, no caso do motor CC, implica em manutenção de comutadores e escovas; Acionamento Eletrônico Uma grande quantidade de energia é utilizada pelo sistema de controle de poluição em siderúrgicas que utilizam fornos a arco. Para cada tonelada de aço produzido, o sistema de controle de poluição trata de 15 a 25 toneladas de ar, que está associada a um gasto de 35 a 40 kWh de energia por tonelada. Os acionamentos eletrônicos, neste caso, podem ser utilizados para economizar energia. Neste tipo de indústria, no que se refere ao processo de produção de aço em si, nota-se que o tradicional sistema com motores CC estão sendo substituídos por acionamentos eletrônicos e motores CA, com algumas vantagens: em conjunto com os acionamentos eletrônicos estão assumindo papel de destaque em muitos países da Europa e no Japão. Estas são algumas vantagens dos motores de indução controlados por acionamentos eletrônicos sobre os motores CC: » motores CA mais leves permitem redução de massa do veículo, melhorando as características de tração; » eliminação de escovas e comutadores, resultando em manutenção mais fácil e barata; » completo aproveitamento da aderência entre roda e trilho, devido à característica natural da curva torque-velocidade do motor CA; EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico » boa capacidade de regeneração para frenagem. 9.11 Conclusão 60 Muitas outras indústrias podem utilizar sistemas com acionamentos eletrônicos por apresentarem tipos de processos muito semelhantes àqueles abordados aqui, dentre algumas podemos citar: indústria têxtil, de artigos em madeira, de impressão etc.. Como podemos perceber, existe um vasto campo de aplicação para sistemas motor de indução-acionamento eletrônico, não sendo possível a completa abordagem de todos eles no escopo deste manual. 10 CONFIABILIDADE DOS ACIONAMENTOS ELETRÔNICOS 10.1 Generalidades » a engenharia de aplicação melhorou muito com a maior experiência com acionamentos eletrônicos. Entendeu-se como fazer o aterramento da saída do circuito inversor e como utilizar transformadores de entrada. A separação dos circuitos de potência e controle está mais bem definida. Os efeitos de transitórios de tensão devido ao chaveamento de capacitores e os efeitos das subtensões temporárias foram classificados. Medidas eficazes de proteção são aplicadas para eliminar qualquer impacto de confiabilidade no desempenho do acionamento eletrônico. 61 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL » o acionamento eletrônico em si é muito mais confiável: os circuitos de disparo têm sido melhorados pela aplicação de sistemas de disparo ótico; o uso de chaves eletrônicas avançadas, tais como o GTO e o IGBT, reduziu enormemente a quantidade de peças do circuito inversor; reconhecendo a sensibilidade dos tiristores às altas temperaturas, acionamentos eletrônicos para média tensão utilizam refrigeração a água, que é muito mais eficiente que a ar; Acionamento Eletrônico O impedimento à introdução dos acionamentos eletrônicos de alta potência e média tensão em algumas das maiores indústrias refere-se principalmente à confiabilidade. A confiabilidade dos acionamentos eletrônicos melhorou consideravelmente durante os 15 anos passados. Os melhoramentos originam-se de duas direções: 10.2 Confiabilidade dos acionamentos eletrônicos de baixa tensão 10.2.1 Efeitos dos transitórios de sobretensão O chaveamento de capacitor é um evento comum em sistemas de distribuição. Capacitores em paralelo são utilizados em alimentadores de distribuição, em subestações e no sistema de transmissão. Eles ajustam a tensão de linha para diferenças de carga entre dia e noite e podem ser chaveados com freqüência diária. 62 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico Os acionamentos eletrônicos são mais susceptíveis a transitórios de sobretensão do que os motores. As chaves semicondutoras de potência usadas em muitos acionamentos eletrônicos têm tensão de pico inversa (PIV) da ordem de 1200 V. Este valor de PIV é de 177% da tensão de pico nominal para um sistema de 480 V. Muitas montagens de chaves semicondutoras de potência são equipadas com varistores para sua proteção. Enquanto os varistores são eficazes para transitórios de baixa energia, eles podem ser destruídos pela amplitude dos transitórios de chaveamento de capacitores. Figura 10.1 - Transitório de tensão devido ao chaveamento do banco de capacitores. A energização dos capacitores causa uma oscilação de tensão transitória entre o capacitor e as indutâncias do sistema de potência. O resultado, ilustrado na figura 10.1 para um sistema de distribuição de 16 kV, é um transitório de sobretensão que pode estar na ordem de 2 pu no capacitor. A amplitude é normalmente menor por causa do amortecimento produzido pelas cargas do sistema e perdas. Sobretensões transitórias causadas pela energização de capacitores não são geralmente problema para o sistema, ao contrário dos acionamentos eletrônicos, pois estes não são capazes de operar com proteção de sobretensões e estão bem abaixo dos níveis de suportabilidade dos transformadores de distribuição. Estes transitórios podem ser ampliados pelo banco de capacitores de correção do fator de potência no consumidor industrial. A amplitude dos transitórios de sobretensões pode ser controlada de diferentes modos: A correção do fator de potência em 480 V pode ser implementada com filtros de harmônicos ao invés de bancos de capacitores em paralelo. Os filtros sintonizados mudam a resposta do circuito e normalmente previnem o problema de amplificação. Esta é uma boa solução para uma combinação de correção do fator de potência, controle de harmônicos e controle de transitórios. Um modo efetivo para eliminar o problema de acionamento indevido da proteção(tripping) é isolar o acionamento eletrônico do sistema de potência com indutores série (chokes ou transformadores de isolamento). A indutância série adicional do choke ou do transformador de entrada reduz o surto de corrente para o acionamento eletrônico, limitando, 63 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL » varistores de alta energia podem ser usados em 480 V. A capacidade de energia destes varistores deve ser no mínimo 1 kJ. Isto pode limitar a amplitude do transitório para aproximadamente 1,8 pu, que ainda pode não ser suficiente para proteger cargas eletrônicas sensíveis. Acionamento Eletrônico » o transitório de chaveamento do capacitor pode ser controlado no sistema pelo uso de chaves a vácuo com controle de sincronismo para energizar o banco de capacitores na passagem pelo zero, sempre que possível; deste modo, a sobretensão CC. A determinação do tamanho preciso de um indutor adequado para um acionamento eletrônico necessitaria de uma simulação um pouco detalhada, mas uma reatância no valor de 3% da potência do acionamento eletrônico é normalmente suficiente para resolver o problema. 10.2.2 Efeitos das subtensões e interrupções momentâneas Sempre que existe uma falta no sistema de transmissão ou distribuição que serve a consumidores comerciais ou industriais, isto acarretará uma subtensão temporária ou interrupção. As faltas não podem ser completamente evitadas, apesar de todo um projeto de sistema. A subtensão temporária persistirá até a falta ser eliminada por um elemento de proteção, normalmente em 3 a 30 ciclos dependendo da localização da falta. Se a falta está no mesmo alimentador que uma indústria, provavelmente a energia será completamente interrompida. Com a atuação de circuitos religadores, a energia será restaurada após um tempo determinado, se a falta é temporária. 64 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico Outro problema para aplicações de acionamento eletrônico é a sensibilidade do controle a subtensões temporárias de curta duração e interrupções momentâneas. Outros aparatos elétricos, incluindo contatores de motores, são também sensíveis a subtensões temporárias. Figura 10.2 - Subtensão causada por uma falta remota. Freqüentemente, religadores são ajustados para abrir e fechar um certo número de vezes, coordenando com os fusíveis do circuito, enquanto dão uma chance de a falta ser retirada. A figura 10.2 ilustra as formas de onda de tensão que podem ocorrer em um consumidor remoto a partir da localização da falta, com a falta em diferentes alimentadores ou no sistema de transmissão. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL 65 Acionamento Eletrônico Idealmente, os controles de acionamento eletrônico deveriam ser projetados para segurar condições de subtensões temporárias sem ocorrer tripping. Alguns acionamentos eletrônicos têm garantido em suas especificações a possibilidade de operar com subtensões temporárias. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico 66 11 EXERCÍCIO PROPOSTO Considere um sistema de bombeamento típico com controle de vazão realizado com uma válvula de estrangulamento. Existe uma proposta de instalação de um acionamento eletrônico para efetuar esse mesmo controle de vazão. Calcule a economia de energia elétrica a ser conseguida como esse novo sistema. Dados do problema Desnível geométrico entre reservatórios = 25 m Horas de funcionamento = 8.000 h/ano Fluido de trabalho = Água (densidade = 1) 67 Rendimento do acoplamento = 100% Rendimento do motor = 93,1% (30 cv - 3.560 rpm - 100% de carga) Bomba - Tipo KSB meganorm 50-160 com o rotor 174 Curvas do sistema e da bomba (figuras 11.1, 11.2 e 11.3) Tabela 11.1 - Ciclo de trabalho Ponto Vazão (m3/h) Horas de funcionamento 1 30 3.000 2 50 2.500 3 70 1.500 4 100 1.000 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Custo da energia = R$ 120,00 / MWh Acionamento Eletrônico Vazão nominal do sistema = 100 m3/h Fórmula para o cálculo da potência hidráulica. onde: Ph = potência hidráulica (potência na saída da bomba) ρ = densidade relativa [ hp ]; [ρfluido/ρágua]; Q = vazão [ m3/h ]; EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico H = pressão (metros de coluna d’água) [ mca ]. Uma vez que as curvas do sistema e da bomba já são dadas no problema (figuras 11.1, 11.2 e 11.3), bem como os valores nominais do processo (vazão, densidade etc.), podemos calcular a energia consumida pelo sistema no caso de controle com válvula de estrangulamento (tabela 11.2). Tabela 11.2 - Planilha de cálculo para a bomba usando válvula de estrangulamento 68 Ponto Vazão (m3/h) Horas Pressão (mca) Ph (hp) bomba (%) BHP (hp) Pelet (hp) Pelet (kW) Energia (MWh) Custo (R$/ano) 1 30 3.000 62,0 6,79 57,0 11,91 12,79 9,54 28,63 3.435,41 2 50 2.500 61,0 11,13 69,0 16,13 17,33 12,93 32,32 3.878,02 3 70 4 100 Total Na tabela 11.3, vamos simular o funcionamento do sistema caso o controle de vazão seja feito pela variação da velocidade da bomba, e não mais pela válvula de estrangulamento. Tabela 11.3 - Planilha de cálculo para a bomba usando acionamento eletrônico Ponto Vazão (m3/h) Horas Pressão (mca) Ph (hp) bomba (%) BHP (hp) Pelet (hp) Pelet (kW) Energia (MWh) Custo (R$/ ano) 1 30 3.000 29,0 3,18 64,0 4,96 5,33 3,98 11,93 1.431,13 2 50 2.500 33,0 6,02 75,0 8,03 8,62 6,43 16,08 1.930,11 3 70 4 100 Total 69 Figura 11.1 – Curvas da bomba e do sistema. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL O custo aproximado de um acionamento eletrônico para um motor de 30 cv é de R$ 6.000,00. O tempo de retorno simples desse investimento será de ________ meses. Acionamento Eletrônico Comparando as tabelas 11.2 e 11.3, podemos dizer que a instalação do acionamento eletrônico para o controle de vazão possibilita uma economia de energia anual de _________ MWh, gerando uma redução na conta de energia de R$ _____________ por ano. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico Figura 11.2 – Curva da bomba operando com válvula de estrangulamento (rendimento). 70 Figura 11.3 – Curva da bomba operando com acionamento eletrônico (rendimento). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SOARES, G. A.; STEPHAN, R.M.; DA COSTA, R.S.; MELLO, A.J.C.; SHINDO, R.; AMERICO, M. Guia operacional de acionamentos eletrônicos. Rio de Janeiro: ELETROBRÁS/CEPEL, 1998, 82 p . GUTZWILLER , R. A.; GERHART, R. J.; HICKOK , H. N. A 10000 hp as adjustable-frequency compressor drive - the economics of its application. IEEE IA, v. IA-20, n. 1, 1984. GAINTSEV, Y.V. Additional losses in induction motor fed by thyristor frequency converter. Elektroteknika, 1979. v. 50, n. 7. HICKOK , H. N. Adjustable speed - a tool for saving energy losses in pumps, fans, blowers, and compressors. IEEE IA, v. IA-21, n. 1, 1985 TURNER, E. B.; LEMONE, C. P. Adjustable speed drive applications in the oil and gas pipeline industry. IEEE IA, v. 25, n.1, 1989. Adjustable speed drive improve efficiency of municipal water pumping systems. Innovators, EPRI, RP2951-IN-104572, 1995. Adjustable speed drives - application guide. EPRI TR-101140, 1992. DE MATOS, E. E. Bombas centrífugas. Petrobrás. Bombeamento - aplicação ideal para conversores de freqüência weg. 71 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL CONZETT, J. C.; ROBECHER, J. R. Acionamentos de velocidade variável aplicados a bombas centrífugas. Reliance Electric C.O., 1983. Acionamento Eletrônico STEPHAN, R.M.; HANISTCH R. Acionamento eletrônico de motores elétricos: história e tendências. In: ENIE - Encontro nacional de instalações elétricas. São Paulo, 1995. Notas de aplicação no WA/001-02/88, WEG Acionamentos. Commercial and industrial applications of adjustable speed drives. EPRI CU-6883, Final Report, 1990. Conservação de energia elétrica. WEG Automação Ltda. AMERICO, M.; LIMA, A.; STEPHAN , R.; RODRIGUES A. Conservação de energia elétrica com acionamento eletrônico na indústria petroquímica. In: SNPTEE, Seção Técnica Especial STC, 1995, Santa Catarina. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico AMERICO, M. Conservação de energia elétrica em processos de bombeamento usando acionamentos eletrônicos. 1996. Dissertação (mestrado em Engenharia Elétrica)-COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, 1996. CONNORS, D. P.; JARC, D. A.; DAUGHERTY, R. H. Considerações sobre a aplicação de inversores estáticos de freqüência variável a motores de indução. Reliance Electric C.O., 1984. 72 SOARES, G. A. Economia de energia em bombas, compressores e ventiladores. Relatório técnico CEPEL-DPET 373/89, 1989. LANGFELDT, M.K. / P.E.- ASME. Economic considerations of variable speed drives. 1979. FELAMINGO, J. C. Eficiência energética em condicionamento de ar. In: WORKSHOP-EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM EDIFICAÇÕES, CEPEL, 1996, Rio de Janeiro. AMERICO, M.; LIMA, A.; STEPHAN, R.; RODRIGUES, A. Electric energy conservation in pumping processes at a refinery. In: EUROPEAN CONFERENCE ON POWER ELECTRONICS - EPE’95, 1995 Sevilha. MAZENC.E, L. European market of ac-adjustable speed drives HM17/ 2344. EDF / EPRI. Guia dos acionamentos ca de velocidade controlada. Revista Eletricidade Moderna,1997. REAY, D. Guidance notes for reducing energy consumption costs of electric motor and drive systems. ETSU, 1993. AMERICO, M.; CAVALCANTE, F.; STEPHAN, R.; MELLO, A.; LIMA, A. Harmonic effects on electrical measurements instruments. In: IEEE INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON INDUSTRIAL ELECTRONICS - ISIE, 1996, Warsaw. IEEE tutorial on adjustable speed drives - 92EHO362-4-PWR. IEEE, 1992. AMERICO, M.; CAVALCANTE, F.; STEPHAN, R.; MELLO, A. Measurements in power electronics pwm-inverters. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ELETRÔNICA DE POTÊNCIA - COBEP,1995, São Paulo. 73 Acionamento Eletrônico IEC 3417. Guide for the application of cage induction motors when fed from converters. 1 ed. Technical report, 1992. AMERICO, M.; LIMA, A.; STEPHAN, R.; RODRIGUES, A. Motoresbombas com acionamentos eletrônicos na indústria petroquímica. Revista Eletricidade Moderna, n. 251, p. 26-42, 1995. Past trends and probable future changes in the electric motor industry. Electrical Apparatus Service Association-EASA, 1995. SHIPP, D.D.; VILCHECK, W.S. AMERIC Power quality and line considerations for variable speed ac drives. IEEE, 1994. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL More efficient electric motor drives. Malmo Energi AB, ABB. ARMINTOR J. K.; CONNORS, D. P. Pumping applications in the petroleum and chemical industries. IEEE IA, v. IA-23, n. 1, 1987. Réduction des fuites d’air comprimé - GUIDE TECHNIQUE. HydroQuébec. ETO, J. H.; DE ALMEIDA, A. Saving electricity in commercial buildings with adjustable speed drives. IEEE IA, v. 24, n. 3, 1988. JARC, D. A.; ROBECHEK, J. D. Static induction motor drive capabilities for the petroleum industry. IEEE IA, v. IA-18, n. 1, 1982. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico Systèmes de pompage, de ventilation et de compression - programmes d’initiatives et d’analyses énergétiques. Hydro-Québec. DEWINTER , F. A.; KEDROSKY, B. J. e application of a 3500 hp variable frequency drive for pipeline pump control. IEEE IA, v. 25, n.o 6, 1989. e use of variable speed drives for a steel mill’s water pumping system. New practice report NP/79, ETSU, 1994. 74 e world of variable-speed drives. SIEMENS Two-speed motors on ventilation fans. Good practice - Case study 219, ETSU, 1990. Variable speed drive on a boiler fan. Good practice - Case study 35, TSU, 1989. Variable speed drives on secondary refrigeration pumps. Good practice - Case study 124, ETSU, 1991. Variable speed drives, motors and belt retrofits. Brad Gustafson, PG&E Energy Center, 1994. EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico 75 ELETROBRÁS / PROCEL Presidência Silas Rondeau Diretoria de projetos especiais e desenvolvimento tecnológico industrial Aloísio Vasconcelos Departamento de desenvolvimento de projetos especiais George Alves Soares Divisão de projetos setoriais de eficiência energética Fernando Pinto Dias Perrone EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL Acionamento Eletrônico EQUIPE TÉCNICA Autor Marcio Americo 76 ELETROBRÁS / PROCEL Coordenadora do PROCEL INDÚSTRIA Vanda Alves dos Santos Equipe PROCEL INDÚSTRIA Bráulio Romano Motta Carlos Aparecido Ferreira Carlos Henrique Moya Frederico Guilherme S. M. Castro CEPEL Edson Szyszka Osvaldo Luiz Cramer de Otero Fabiane Maia Evandro Camelo REVISÃO* Edson Szyszka (CEPEL) Osvaldo Luiz Cramer de Otero (CEPEL) Fabiane Maia (CEPEL) Evandro Camelo (CEPEL) Carlos Aparecido Ferreira (ELETROBRÁS) Bráulio Romano Motta (ELETROBRÁS) Traço Design Projeto gráfico das capas 77 EFICICIÊNCIA ENERGÉTICA INDUSTRIAL PROJETO GRÁFICO Núcleo Design PUC-Rio Projeto gráfico do miolo, tratamento das imagens, diagramação e editoração eletrônica Acionamento Eletrônico (*) O trabalho de revisão abrangeu: padronização de todas as publicações quanto à itemização, apresentação de fórmulas, figuras e tabelas; verificação de ortografia e eventuais correções gramaticais; padronização de figuras quanto à precisão, incluindo reelaboração e/ou escaneamento. As correções ou alterações do texto limitaram-se aos aspectos citados e a eventuais adaptações requeridas pelas padronizações, não tendo havido interferência quanto ao conteúdo técnico, que é de total mérito e integral responsabilidade do(s) autor(es).