REDEMAT REDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS UFOP – CETEC – UEMG UFOP - CETEC - UEMG Dissertação de Mestrado Desenvolvimento de um Equipamento para produção de Pó Metálico Autor: Robson Nunes Dal Col Orientador: Prof. Adilson Rodrigues da Costa Agosto de 2009 REDEMAT REDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS UFOP – CETEC – UEMG UFOP - CETEC - UEMG Robson Nunes Dal Col "Desenvolvimento de um Equipamento para Produção de Pó Metálico" Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Materiais da REDEMAT, como parte integrante dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Engenharia de Materiais. Área de concentração: Processos de Fabricação Orientador: Prof. Adilson Rodrigues da Costa Ouro Preto, Agosto de 2009 Índice Lista de Figuras.......................................................................................................iv Lista de Tabelas .................................................................................................... xii Lista de Notações ................................................................................................ xiii Resumo ..................................................................................................................xiv Abstract ..................................................................................................................xv Capítulo 1: Introdução............................................................................................. 1 Capítulo 2: Objetivos ............................................................................................... 2 Capítulo 3: Revisão Bibliográfica ............................................................................ 3 3.1 Obtenção de Pós Metálicos........................................................................................................................3 3.1.1 Atomização por Gás Inerte .............................................................................................................. 4 3.1.2 Atomização Centrífuga .................................................................................................................... 6 3.1.2.1 Atomização Centrífuga – Processo por Eletrodo Rotativo (REP)............................................ 6 3.1.2.2 Atomização Centrífuga – Processo Rotativo por Feixe de Elétrons (EBRP) ......................... 10 3.1.3 Produção de Pó de Superligas........................................................................................................ 12 3.2 Produtos da Metalurgia do Pó .................................................................................................................14 3.2.1 Metais Refratários.......................................................................................................................... 14 3.2.1.1 Tungstênio.............................................................................................................................. 15 3.2.1.2 Molibdênio ............................................................................................................................. 15 3.2.1.3 Tântalo ................................................................................................................................... 16 3.2.1.4 Nióbio .................................................................................................................................... 17 3.2.2 Ligas Pesadas................................................................................................................................. 17 3.3 Características de Pós Metálicos .............................................................................................................18 3.3.1 Pureza e Composição Química ...................................................................................................... 18 3.3.2 Microestrutura da Partícula............................................................................................................ 18 3.3.3 Tamanho e Forma da Partícula ...................................................................................................... 19 3.3.4 Porosidade...................................................................................................................................... 20 3.3.5 Densidade Aparente....................................................................................................................... 21 3.3.6 Velocidade de Escoamento ............................................................................................................ 21 3.3.7 Superfície Específica ..................................................................................................................... 22 3.4 Dipolos Magnéticos e Vetores de Campo Magnético..............................................................................22 3.5 Diamagnetismo........................................................................................................................................27 3.6 Paramagnetismo ......................................................................................................................................28 3.7 Ferromagnetismo .....................................................................................................................................29 3.8 Ferrimagnetismo......................................................................................................................................31 3.9 Materiais Magnéticos ..............................................................................................................................31 3.9.1 Materiais Diamagnéticos, χ m < 0 ................................................................................................. 31 3.9.2 Materiais Paramagnéticos, χ m > 0 ................................................................................................ 32 ii 3.9.3 Materiais Ferromagnéticos, χ m >> 0 ............................................................................................ 33 3.10 Influência da Temperatura sobre o Comportamento Magnético ...........................................................33 3.11 Domínios e Histereses ...........................................................................................................................35 3.12 Aquecimento de Metais por Indução Magnética ...................................................................................36 3.12.1 Teoria do Aquecimento Indutivo........................................................................................................37 3.13 Chaveamentode Potência com IGBTs ...................................................................................................41 3.14 Estruturas Metaestáveis Obtidas por Resfriamento Rápido - RSP ........................................................45 3.14.1 Formas de Metaestabilidade Resultantes do processamento por Rápida Solidificação. .............. 46 3.14.2 Taxas de Resfriamento em processamento por Rápida Solidificação.......................................... 47 Capítulo 4: Materiais e Métodos ........................................................................... 50 4.1 Temperatura Curie do Aço do Cadinho...................................................................................................50 4.2 Tanque Ressonante LC 120kHz ..............................................................................................................51 4.3 Acionamento do Tanque Ressonante LC por IGBTs ..............................................................................54 4.4 Estágio Atual do Sistema de Aquecimento Indutivo ...............................................................................55 4.5 Refrigeração por Água do Tanque Ressonante.......................................................................................56 4.6 Oscilador e gerador de Tempo Morto......................................................................................................57 4.7 Driver para o Gate dos IGBTs.................................................................................................................58 4.8 Fonte de Potência CC 180/310V – 75A ..................................................................................................59 4.9 Medição dos Pulsos de Corrente Através de Sensor de Efeito Hall ........................................................59 4.10 Centrifugação até 6130 RPM ................................................................................................................61 4.11 Parâmetros Considerados nos Testes Realizados ..................................................................................63 4.12 Procedimento nos Testes Realizados.....................................................................................................64 Capítulo 5: Resultados e Discussão ..................................................................... 66 5.1 Aspecto do Material Obtido Após o Processo e Curvas Granulométricas...............................................66 Capítulo 6: Conclusões ......................................................................................... 71 Capítulo 7: Sugestões para Trabalhos Futuros .................................................... 72 Balanço Energético........................................................................................................................................72 Alturas e Raios de Queda Diferentes.............................................................................................................72 Folha de Deflexão .........................................................................................................................................72 Testes para Fundição Direta de Vários Materiais metálicos..........................................................................72 Controle do Sistema de Aquecimento Automatizado Através de Microcontroladores .................................73 ANEXO 1 – Dispositivos Eletrônicos Componentes do Sistema ........................... 74 ANEXO 2 – Imagens Obtidas com Lupa Óptica, 63x............................................. 82 ANEXO 3 – Imagens Obtidas com Microscópio Óptico......................................... 86 Referências Bibliográficas .................................................................................... 89 iii Lista de Figuras Capítulo 3: Revisão Bibliográfica Figura 3.1 Corte transversal esquemático de uma unidade de atomização por gás inerte.................................................................................................5 Figura 3.2 Efeito do diâmetro de partícula de ligas a base de níquel sobre a altura necessária do equipamento de atomização..........................................6 Figura 3.3 Desenho esquemático do processo de atomização centrífuga por eletrodo rotativo [ 1 8 ] .............................................................................7 Figura 3.4 Principio geral da fabricaçãp de pó metálico por atomização centrífuga [ 1 8 ] ............................................................................................8 Figura 3.5 Distribuição de tamanho de partícula, processo REP, pó produzido a partir de uma barra de 63.5mm de diâmetro girando a 16000RPM [ 1 8 ] .........................................................................................10 Figura 3.6 (a) Desenho esquemático do EBRP para fabricação de pó metálico. (b) Máquina EBRP..................................................................................11 Figura 3.7 Desenho esquemático da técnica desenvolvida por Pratt & Whitney para produção de pós metálicos com rápida solidificação............................13 Figura 3.8 Representação esquemática de formas de partículas metálicas................................................................................................19 Figura 3.9 Linhas de força e vetores de um campo magnético gerados por uma bobina percorrida por corrente elétrica.....................................................22 Figura 3.10 A configuração do dipolo atômico para um material diamagnético com e sem a presença de um campo magnético. Na ausência de um campo iv externo, não existem dipolos; na presença de um campo, são induzidos dipolos que estão alinhados em direção oposta à direção do campo....................................................................................................27 Figura 3.11 Representação esquemática da densidade do fluxo, B, em função da força do campo magnético, H, para materiais diamagnéticos, paramagnéticos e ferromagnéticos............................................................28 Figura 3.12 A configuração do dipolo atômico com e sem um campo magnético externo para um material paramagnético....................................29 Figura 3.13 Ilustração esquemática do alinhamento mútuo de dipolos atômicos para um material ferromagnético, o qual irá existir mesmo na ausência de um campo magnético externo........................................................................30 Figura 3.14 Gráfico da magnetização de saturação como uma função da temperatura para o ferro e o Fe 3 O 4 [ 1 ] ........................................................34 Figura 3.15 Representação esquemática de domínios em um material ferromagnético; as setas representam os dipolos magnéticos atômicos. No interior de cada domínio, todos os dipolos estão alinhados, enquanto a direção do alinhamento varia de um domínio para o outro......................................35 Figura 3.16 Variação gradual na orientação do dipolo magnético através da parede de um domínio.............................................................................36 Figura 3.17 Desenho esquemático do processo de aquecimento indutivo e da profundidade de aquecimento obtido através da indução de correntes de Foucalt na peça.......................................................................................39 Figura 3.18 Símbolo e analogia de acionamento de um IGBT (chave eletrônica de estado sólido) de canal N com o acionamento de um interruptor elétrico d e acionamento mecânico.............................................................................42 v Figura 3.19 Aspecto de 3 tipos diferentes de IGBTs. O Menor, a esquerda, tem capacidade de chavear 70A, os outros dois, maiores, podem chavear 300A sendo que o maior consiste em dois IGBTs montados na configuração de meia-ponte em um só encapsulamento.......................................................42 Figura 3.20 Estrutura física do IGBT........................................................43 Figura 3.21 Desenho esquemático do funcionamento de um IGBT de canal N. Com a aplicação da tensão V t h ao gate do dispositivo, ocorre circulação de corrente entre os pinos de dreno (D) e source (S), rotulados na imagem como anodo e catodo respectivamente...............................................................44 Figura 3.22 Limites de operação de componentes semicondutores de potência (dados de 1994)......................................................................................45 Figura 3.23 Estrutura dendrítica com indicação dos espaçamentos interdendríticos primários (λ 1 ) e secundários (λ 2 )......................................49 Capítulo 4: Parte Experimental Figura 4.1 Vista em corte do cadinho metálico.................................................................................................50 Figura 4.2 (A) Imagem do tanque ressonante LC . A bobina de trabalho pode ser vista a direita. (B) Representação do circuito LC...............................................................51 Figura 4.3 Dimensões da bobina de trabalho do tanque ressonante LC.........53 Figura 4.4 Desenho esquemático do acionamento do tanque ressonante por IGBTs....................................................................................................54 vi Figura 4.5 Aspecto da montagem dos IGBTs que chaveiam a corrente para o tanque ressonante instalados em dissipador de calor de alumínio.................................................................................................54 Figura 4.6 Representação esquemática da alternância de sentido do campo magnético gerado na bobina de trabalho em função do sentido da corrente elétrica aplicada.....................................................................................55 Figura 4.7 Cadinho de aço 1050 a 892ºC após 5 minutos de inserção no tanque ressonante..............................................................................................56 Figura 4.8 (A) Recipiente para armazenamento da água de refrigeração e bomba instalada em seu interior. (B) Detalhes da distribuição da água de refrigeração no tanque LC ressonante.......................................................56 Figura 4.9 (A) Layo ut da placa de circuito do oscilador e gerador de tempo morto. (B) Aspecto final da placa montada................................................57 Figura 4.10 Esquema do processo de acionamento dos IGBTs.....................58 Figura 4.11 Layout da placa do primeirodriver para os IGBTs e seu aspecto após montada..........................................................................................58 Figura 4.12 Layout da placa da fonte de potência e seu aspecto montada. .............................................................................................................59 Figura 4.13 (A) Projeto da placa e (B) protótipo do sensor de corrent e montado em funcionamento......................................................................60 Figura 4.14 (A) Sinal visto no osciloscópio do CSNF161 ao ligar o aparato, com cadinho inserido na bobina de trabalho, picos de 18A. (B) Sinal fornecido pelo CSNF161 após 5 minutos do aparato ligado, com cadinho inserido, picos de 14A.............................................................................60 vii Figura 4.15 (A) Tanque ressonante posicionado sobre a centrífuga. (B) prato rotativo de cobre adaptado à centrífuga.....................................................61 Figura 4.16 Controle de velocidade do prato rotativo de cobre....................61 Figura 4.17 Gráfico obtido na calibração do transdutor de rotação da centrífuga...............................................................................................62 Figura 4.18 Dimensões da centífuga, em particular, a altura de queda utilizada nos ensaios.............................................................................................63 Figura 4.19 Três posições diferentes para o filete de chumbo líquido atingir o prato rotativo, (A) r=0cm, (B) r=6cm e (C) r=11cm....................................64 Figura 4.20 100g de chumbo, utilizados como material a ser fundido no cadinho..................................................................................................64 Figura 4.21 Seqüência do procedimento executado para vazar o filete de chumbo líquido sobre o prato rotativo de cobre.........................................65 Capítulo 5: Resultados e Discussão Figura 5.1 6130RPM, vazamento no centro. (A) Aspecto do material obtido após o ensaio, (B) aspecto do prato de cobre após o ensaio.........................66 Figura 5.2 6130RPM, vazamento com r=6cm. (A) Aspecto do material obtido após o ensaio, (B) aspecto do prato de cobre após o ensaio.........................67 Figura 5.3 6130RPM, vazamento com r=11cm. (A) Aspecto do material obtido após o ensaio, (B) aspecto do prato de cobre após o ensaio.........................67 Figura 5.4 Aspecto do pó obtido nos ensaios e depositado sobre papel milimetrado para permitir visualização da distribuição em tamanho das viii partículas: (A) 4000rpm, r=0cm; (B) 4000rpm, r=6cm; (C) 4000rpm, r=11cm; (D) 6000rpm, r=0cm; (E) 6000rpm, r=6cm; (F) 6000rpm, r=11cm...................................................................................................68 Figura 5.5 Aspecto da fração mais fina (< 74µm) do pó de chumbo obtido nos diversos experimentos.............................................................................69 Figura 5.6 Imagem obtida através de lupa óptica com aumento de 63x do material atirado para fora da centrífuga....................................................69 Figura 5.7 Curva granulométrica do material obtido no teste 3, em 4000rpm e r=6cm....................................................................................................70 Figura 5.8 Curva granulométrica do material obtido no teste 6, em 6000rpm e r=6cm....................................................................................................70 Anexo 1 Figura 1.1 Diagrama de blocos do circuito eletrônico do forno de indução..................................................................................................74 Figura 1.2 Diagrama da fonte de potência para alimentação do tanque ressonante..............................................................................................74 Figura 1.3 Layout da placa de circuito da fonte de potência........................75 Figura 1.4 Placa de circuito dos capacitores auxiliares de filtragem da font e de potência. ...........................................................................................75 Figura 1.5 Diagrama e layout da placa do oscilador que comanda o sistem a ressonante. ............................................................................................76 Figura 1.6 Diagrama e placa do divisor de freqüência e gerador de tempo morto.....................................................................................................77 ix Figura 1.7 Diagrama e placa do driver de alta velocidade para mosfets........78 Figura 1.8 Diagrama e placa do acoplador óptico de disparo para os Gates dos IGBTs...................................................................................................79 Figura 1.9 Placa de suporte para os IGBTs...............................................79 Figura 1.10 Sensor de corrente de efeito Hall, CSNF161...........................80 Figura 1.11 Dispositivo de controle de velocidade do motor da centrífuga..............................................................................................81 Anexo 2 Figura 2.1 4000rpm, r=0cm. Lupa óptica, aumento de 63x.........................82 Figura 2.2 4000rpm, r=6cm. Lupa óptica, aumento de 63x.........................83 Figura 2.3 4000rpm, r=11cm. Lupa óptica, aumento de 63x.......................83 Figura 2.4 600rpm, r=0m. Lupa óptica, aumento de 63x............................84 Figura 2.5 600rpm, r=6cm. Lupa óptica, aumento de 63x...........................84 Figura 2.6 600rpm, r=11cm. Lupa óptica, aumento de 63x.........................85 Anexo 3 Figura 3.1 4000rpm, r=0cm. Nital 2%, (A) Aumento 200x, escala 50µm; (B) Aumento 400x, escala 20µm; (C) Aumento 800x, escala 10µm...................86 Figura 3.2 4000rpm, r=6cm. Nital 2%, (A) Aumento 200x, escala 50µm; (B) Aumento 400x, escala 20µm; (C) Aumento 800x, escala 10µm...................86 x Figura 3.3 4000rpm, r=11cm. Nital 2%, (A) Aumento 200x, escala 50µm; (B) Aumento 400x, escala 20µm; (C) Aumento 800x, escala 10µm...................87 Figura 3.4 6130rpm, r=0m. Nital 2%, (A) Aumento 200x, escala 50µm; (B) Aumento 400x, escala 20µm; (C) Aumento 800x, escala 10µm..................87 Figura 3.5 6130rpm, r=6cm. Nital 2%, (A) Aumento 200x, escala 50µm; (B) Aumento 400x, escala 20µm; (C) Aumento 800x, escala 10µm..................87 Figura 3.6 Ataque ácido acetico+nitrico (A) Região 3, aumento 200x; (B) Região 3, aumento 400x; (C) Região 9, aumento 800x..............................88 xi Lista de Tabelas Tabela 3.1 Alguns metais refratários, seu símbolo e temperatura de fusão [ 3 ] ...................................................................................................14 Tabela 3.2 Metais de elevada densidade....................................................17 Tabela 3.3 Peneiras utilizadas na metalurgia do pó....................................20 Tabela 3.4 Unidades Magnéticas e Fatores de Conversão para os Sistemas S I e cgs-uem [ 1 ] ....................................................................................... ......26 Tabela 3.5 Tipos de acionamento para bobinas de indução................ ........40 xii Lista de Notações O símbolo, sua descrição e unidade. F = Freqüência [Hz] F r = Freqüência de Ressonância [Hz] t = Período [s] T = Temperatura [ºC] rpm = Rotações Por Minuto [rpm] ω = Velodidade Angular [rads/s] r = Raio [m] h = Altura de Queda [m] I = Corrente Elétrica [A] V = Tensão [V] C = Capacitância [µF] L = Indutância [H] Q = Fator de Qualidade da Bobina [Adimensional] S = Condutividade Elétrica, o recíproco 1/( W m) da Resistividade elétrica [siemens/m] R = Resistência Elétrica [W ] σ = Resistividade Elétrica [W m] m = Metro [m] cm = centímetro [ cm] W = Resistência Elétrica [ W ] H = campo magnético externo aplicado, ou força do campo magnético [A/m] B = indução magnética, ou densidade do fluxo magnético [T ou Wb/m 2] µ = permeabilidade magnética do meio através do qual o campo H passa [Wb/(A.m) ou H/m] A = Ampere [A] xiii Resumo O aquecimento por indução eletromagnética é utilizado em várias indústrias, permitindo por exemplo, a preparação de pastilhas de silício puro para componentes microeletrônicos ou o processamento de peças metálicas diversas. Esse tipo de aquecimento permite controlar com mais precisão a velocidade e nível de aquecimento do material. Um sistema desse tipo foi projetado e construído com a finalidade de ser utilizado na fusão de materiais metálicos para subseqüente transformação em pó via resfriamento rápido. Na fase de otimização do equipamento optamos pela produção de pó de chumbo diante da facilidade de processar muitos dos metais de baixo ponto de fusão. Utilizando IGBTs, correntes elétricas de pico da ordem de (75±0.375)A e 120kHz foram aplicadas à bobina de indução, elevando a temperatura do cadinho a (892±1)ºC fundindo o chumbo em seu interior. O chumbo líquido foi vazado por um orifício de (3±0.1)mm de diâmetro localizado na parte inferior deste cadinho, atingindo um disco de cobre rotativo com velocidade variável e adaptado em uma centrífuga. Foram obtidas partículas com formas e diâmetros variados. xiv Abstract Heating b y electromagnetic induction contributes to several industries, since the preparation of pure silicon chips for microelectronic components until the processing of metallic components. This t ype of heating allows a more precise control of material heating. Such a s ystem was designed and built with the purpose to be used in casting of metallic materials for their subsequent processing into powder. Within the induction coil of the resonant tank, a steel crucible was placed, and into this, 100g of lead. Using IGBTs, peak electrical currents of (75±0.375)A (and 120kHz were applied to the induction coil, raising the crucible temperature to (892±1)ºC , casting the lead inside it. The liquid lead was cast through a hole of (3±0.1)mm diameter located at the bottom of this crucible, reaching a copper rotating plate adapted into a centrifuge. The liquid lead is throwing against its side wall, and pulverized into smaller particles. The result was particles with various shapes and diameters. xv Capítulo 1: Introdução A metalurgia do pó é a técnica metalúrgica que consiste em transformar pós de metais, ligas metálicas e de substâncias não-metálicas em peças resistentes, sem recorrer-se à fusão, mas apenas pelo emprego de pressão e calor. Os pós metálicos têm sido usados como materiais de engenharia na fabricação de componentes e itens de consumo já há bem mais de cinqüenta anos. Atualmente, o material é empregado em um grande número d e segmentos industriais, sendo algumas características importantes na caracterização dos pós metálicos o tamanho e a distribuição de tamanho das partículas, e a forma da partícula e sua variação com o tamanho. O equipamento descrito neste trabalho consta de um sistema de aquecimento de metais por indução eletromagnética, responsável por fundir o material metálico que se deseja transformar em pó; e de uma centrífuga adaptada para centrifugação do metal fundido a partir de um disco circular de cobre, sobre o qual o metal fundido é vazado. O sistema de aquecimento por indução projetado e construído utiliza controle de corrente por meio de IGBTs ( In s ulated Gate Bipolar Transistor, ou transistor bipolar de gate isolado, por esta região ter características semelhantes às de um capacitor de baixo valor), que são chaves eletrônicas capazes de chavear correntes da ordem de 300A a freqüências maiores que 200kHz, para alimentar um tanque resonante LC a 120kHz. 1 Capítulo 2: Objetivos Estabelecer a possibilidade de se fabricar pó metálico através do processo de centrifugação com meios desenvolvidos nos laboratórios da Escola de Minas de Ouro Preto. 2 Capítulo 3: Revisão Bibliográfica 3.1 Obtenção de Pós Metálicos Os vários processos de produção de pós, podem ser agrupados nas seguintes classes [ 2 ] : 1. reações químicas e decomposição 2. atomização de metais fundidos 3. deposição eletrolítica 4. processamento mecânico de materiais sólidos O tamanho, a forma e a distribuição dos grãos são características importantes na produção de peças sinterizadas e variam conforme o método d e obtenção do pó. Os métodos de obtenção podem ser mecânico, químico, físico e físico-químico. Dependendo das características desejadas do grão, mais de um método pode ser empregado sucessivamente. Um dos métodos físicos mais usados é a atomização, pois pode ser aplicado para praticamente qualquer metal ou liga que possa ser fundido, além do fato de poder-se produzir pós de metais com qualquer teor de pureza. O único problema, contudo facilmente superável, relaciona-se com a reatividade química do metal, o que pode exigir atmosferas ou meios de desintegração especiais [3] . Na atomização, o metal fundido é vazado por um orifício, formando um filete líquido que é “bombardeado” por jatos de ar, de gás ou de água. Esses jatos saem de bocais escolhidos de acordo com o formato de grão desejado e produzem a pulverização do filete de metal fundido e seu imediato resfriamento. A espessura do filete, a pressão do fluido utilizado, as formas do conjunto de atomização, a configuração do bocal de atomização e o tipo de atomização determinam o tamanho e forma das partículas do material pulverizado. O tempo de resfriamento, imediatamente antes da solidificação do jato de metal, representa um fator crítico na determinação da forma da partícula. Longos tempos de resfriamento, assim como altas temperaturas do 3 metal líquido e emprego de gases para pulverizar o jato líquido dão origem a partículas de forma esférica. Segundo Chiaverini [ 3 ] , jatos de água qu e aceleram o resfriamento produzem partículas de forma irregular. A seguir, são apresentadas algumas formas de se obter pó metálico. 3. 1. 1 A t o mi z a ç ã o p or G á s In e rt e Essa é a técnica mais amplamente utilizada para produção de pó metálico, segundo Gessinger [ 1 8 ] . Unidades de atomização por argônio com capacidades para produção de várias centenas de toneladas por ano estão em operação em todo o mundo. Apenas nos Estados Unidos, a capacidade total instalada para a produção de de pó é estimada em 5000 toneladas por ano de pó classificado. O processo consiste em vazar o material fundido através de um orifício de um material refratário, quando então é atingido e atomizado por correntes de gás de alta pressão. Fundição por indução eletromagnética a vácuo é o método mais comumente utilizado para fundir o material metálico. Gases inertes (principalmente o argônio, mas também o hélio) são usados para atomizar ligas a base de níquel. As gotas líquidas formadas a partir do jato de gás aplicado sobre o material fundido vazado são solidificadas em atmosferas protetoras de gás inerte; como alternativa, elas podem ser resfriadas em água ou óleo, seguido por um tratamento químico de limpeza de superfície. A Figura 3.1 mostra um corte transversal esquemático de uma unidade de atomização por gás inerte. A unidade inteira pode ser evacuada a uma pressão de 2×10 - 4 Torr durante o procedimento de fundição. Consiste de uma longa torre de resfriamento com um orifício na parte superior, através do qual uma corrente de metal fundido é atomizada pelo argônio em alta pressão. 4 Figura 3.1 Corte transversal esquemático de uma unidade de atomização por gás inerte [ 1 8 ] . As partículas de metal solidificadas são também resfriadas por uma placa no fundo da unidade e são transportadas para dentro de uma série de caixas, onde acontecem o peneiramento e a classificação de tamanho. A altura da torre de resfriamento é determinada pelas cinéticas de resfriamento e solidificação de uma partícula individual de pó. A Figura 3. 2 mostra o efeito da altura da torre de resfriamento sobre o diâmetro de partícula atomizada. 5 Figura 3.2 Efeito da altura necessária do equipamento de atomização sobre o diâmetro de partícula de ligas a base de níquel [ 1 8 ] . Percebe-se que condições de transferência de calor relativamente desfavoráveis em partículas maiores conduzem a instalações muito grandes. Para menores diâmetros de partícula entretanto, tamanhos muito menores de equipamentos são possíveis. 3. 1. 2 A t o mi z a ç ã o C e nt rí f u g a Utiliza rotação para acelerar e pulverizar o material metálico fundido. Há um grande número de variáveis neste princípio. A mais importante é a utilização de vácuo ou de uma atmosfera inerte para esse sistema. O caminho da trajetória exigida para a solidificação completa é, como já tem sido discutido, muito mais longo no vácuo do que em uma atmosfera inerte. Vamos nos concentrar em dois dos métodos mais utilizados. 3.1.2.1 Atomização Centrífuga – Processo por Eletrodo Rotativo (REP) O princípio básico do REP é mostrado na Figura 3.3. 6 Figura 3.3 Desenho esquemático do processo de atomização centrífuga por eletrodo rotativo [ 1 8 ] . Uma barra com composição de liga exigida com diâmetros típicos de 15mm a 75mm é rotacionada à velocidades muito altas (na faix a de 10000 a 20000rpm). A face do eletrodo de rotação consumível é fundido por arco elétrico de corrente contínua mantida entre o eletrodo negativo de tungstênio, que é essencialmente estacionário, e a barra de liga positiva. Como o eletrodo rotaciona, a força centrífuga faz com que o metal fundido voe para fora na forma de gotas esféricas, que solidificam na trajetória e caem no chão do tanque. Em contraste com a atomização a gás, a escória ou a contaminação refratária é eliminada. O interior do tanque é esvaziado e preenchido com hélio ou argônio antes que o processo tenha início. O maior obstáculo desse 7 método é que o mesmo é descontínuo, pois a barra deve ser trocada ao ser quase completamente consumida. O caso mais geral de atomização centrífuga é mostrado na Figura 3.4. Figura 3.4 Principio geral da fabricaçã de pó metálico por atomização centrífuga [ 1 8 ] . Através de um aquecimento adequado, um filme de metal é obtido, o qual flui para o exterior sob o efeito da força centrífuga. Sob a suposição d e que partículas líquidas ocorrem primeiramente na borda da haste consumível, idealmente uma partícula de diâmetro definido resulta, cujo valor pode ser determinado na base de uma força de equilíbrio entre a força centrífuga atuando na gota e a força de tensão superficial manifestada pelo material metálico fundido na gota. Equação (3.1) [ 1 8 ] . 8 0 .4 γ φ= n Rρ 1/ 2 (3.1) Onde: φ = diâmetro da partícula em mm n = rotações por minuto g = tensão superficial da partícula R = raio da partícula em mm r = densidade da partícula Para ligas a base de níquel: φ= 8.9 × 10 3 nR 1 / 2 (3.2) A faixa de distribuição de tamanho das partículas é muito estreita. Uma distribuição típica é mostrada na Figura 3.5. 9 Figura 3.5 Distribuição de tamanho de partícula, processo REP, pó produzido a partir de uma barra de 63.5mm de diâmetro girando a 16000rpm [ 1 8 ] . O tamanho da instalação mais uma vez depende muito da escolha do vácuo ou gás inerte como forma de resfriamento. Para resfriamento em vácuo o caminho da trajetória de vôo da partícula é independente do diâmetro da partícula, e para ligas a base de níquel esse valor é de 12m para um diâmetro de barra consumível de 40mm. A trajetória de voo da partícula pode ser consideravelmente reduzido (0.5m a 1.5m) pelo uso de uma atmosfera protetora. 3.1.2.2 Atomização Centrífuga – Processo Rotativo por Feixe de Elétrons (EBRP) Esse processo é uma variante das técnicas de atomização centrífuga descritas anteriormente. A Figura 3.6 (a) mostra o desenho esquemático do processo, enquanto (b) mostra os detalhes de uma máquina real. 10 (a) (b) Figura 3.6 (a) Desenho esquemático do EBRP para fabricação de pó metálico. (b) Máquina EBRP [ 1 8 ] . Nesse processo, um eletrodo de diâmetro na faixa de 60mm a 150mm é rotacionado lentamente em torno de seu eixo. A borda do eletrodo é aquecida por um canhão de feixe de elétrons (K3) tangencialmente a uma temperatura exigida para provocar a fundição e gotejamento do material. O eletrodo é construído na forma de um lápis, de forma que todo o material possa gotejar dentro de um pequeno cadinho até mesmo se o diâmetro do eletrodo for maior do que o diâmetro do cadinho. Um segundo canhão de feixe de elétrons (K2) serve para partir a gota do eletrodo na parte inferior do cadinho e ajuda a formar um filme fino de metal líquido nas paredes internas do cadinho de rotação. O filme de metal líquido cresce em espessura de uma forma controlada assim que atinge a margem do cadinho. Um terceiro canhão (K1) ajuda a controlar a temperatura do fundido durante a atomização na margem do cadinho. A localização, o tamanho e a densidade da potência da marca do feix e na extremidade do cadinho são controlados de tal forma que a atomização ocorre principalmente em uma direção única. As gotas deix am a extremidade do cadinho em um setor angular de 60º-80º e aproximadamente 5º 11 em altura. Para reduzir as dimensões do equipamento, o metal atomizado é desviado por uma folha de desvio dentro de um receptáculo para coleta do pó. As gotas começam a esfriar no percursso da margem do cadinho para a folha de desvio resfriada com água. Uma desintegração segundária na folha de desvio pode acontecer se partículas grandes começarem a se solidificar na superfície, mas estiverem ainda líquidas no núcleo. Sob certas condições, essas partículas se quebram durante a colisão na folha de desvio. Isso geralmente causa a formação de partículas planas e várias partículas esféricas a partir do fundido remanescente. Isso não só causa uma distensão considerável do espectro de tamanho da partícula, mas também um aumento na proporção de partículas planas. O EBRP pode ser desenvolvido ainda pela substituição do eletrodo por um fluxo de fundição contínuo. Alega-se que esse processo oferece a possibilidade de refinar super-ligas de níquel através do nado de impurezas cerâmicas na superfície da piscina do material fundido, que poderiam ser escumadas do fundido antes da atomização. A principal vantagem do EBRP é que este tem o potencial para refinar a pureza da liga durante a atomização, desde que a atomização completa ocorra em alto vácuo. Por outro lado, há dificuldades no controle do tamanho da partícula e na distribuição da forma. Em geral, partículas esféricas e relativamente finas são desejadas para o processamento, e essas propriedades são melhor alcançadas pela atomização a gás inerte. 3. 1. 3 Pr o d u ç ã o d e P ó d e S u p e rl i g as Existem três técnicas para a produção de pó de superligas por rápida solidificação: 1. atomização centrífuga com resfriamento convectivo forçado. 2. rotação do fundido, ou extração em filamento contínuo para trituração mecânica. 3. atomização ultrassônica. 12 Nos concentraremos aqui na primeira citada. Esta técnica foi desenvolvida por Pratt & Whitney, Flórida. O aparelho de atomização é mostrado esquematicamente na Figura 3.7. Figura 3.7 Desenho esquemático da técnica desenvolvida por Pratt & Whitney para produção de pós metálicos com rápida solidificação [ 1 8 ] . Ela combina princípios da atomização centrífuga e resfriamento por convecção forçada. O material a ser convertido em pó é fundido por indução eletromagnética em vácuo na seção superior da câmara. Após a fundição, a câmara é preenchida com hélio e a carga despejada dentro do cadinho central pré-aquecido. Através de um orifício na parte inferior do cadinho central, forma-se um filete de metal líquido com taxa de fluxo pré-determinada até o centro do prato atomizador. O rotor acelera o fundido até a margem do prato, quando então é lançado tangencialmente como partículas. Essas partículas são resfriadas na trajetória pelo hélio vindo de três bocais posicionados em lados opostos do prato. Para uma taxa de fluxo de metal de 0.18kg/s, 0.9kg/s de hélio à velocidades superiores a 0.5match são necessários. Uma turbina de 13 impulso radial é usada para girar o prato atomizador a cerca de 24000RPM. O rendimento do pó na faixa de 10-100µm é da ordem de 70% do peso despejado. 3.2 Produtos da Metalurgia do Pó Os produtos obtidos pela metalurgia do pó podem ser divididos em dois grandes grupos [ 3 ] . No primeiro, incluem-se aqueles que, por suas próprias características ou pelas propriedades finais desejadas, só podem ser obtidos pela técnica da compactação e sinterização a partir de pós metálicos. No segundo grupo, estão incluídos os produtos que, embora possam ser fabricados pelos processos metalúrgicos convencionais são mais economicamente e eficientemente obtidos pela metalurgia do pó. 3.2.1 Metais Refratários Os metais assim chamados são os de alto ponto de fusão e que, por essa razão, são difíceis de serem transformados em materiais de forma ou perfil especificados, a partir do estado líquido. Entre eles, os mai s importantes são o tungstênio, o molibdênio, o tântalo e o nióbio. Tabela 3.1 Alguns metais refratários, seu símbolo e temperatura d e fusão [ 3 ] . Metal - Símbolo Ponto de Fusão Tungstênio - W 3410ºC Molibdênio - Mo 2610ºC Tântalo - Ta 2996ºC ±50ºC Nióbio - Nb 2468ºC ±10ºC 14 3.2.1.1 Tungstênio Normalmente são produzidos fios ou barras a partir de seu pó. Pode ser fundido a arco em vácuo ou por feixe de elétrons ou laser. O pó de tungstênio é obtido pelo tratamento de seus próprios minérios, que são a volframita e a xelita. O pó de tungstênio é compactado na forma de barras, a pressões da ordem de 380 a 580 kPa. As barras são pré-sinterizadas em atmosfera de hidrogênio, entre 1000ºC e 1100ºC, de modo a adquirirem certa consistência que possibilite seu manuseio posterior. Além de ser processado na forma de fios ou barras, o tungstênio pode também ser produzido por laminação na forma de chapas com espessuras da ordem de 0.02mm. Algumas aplicações do tungstênio são as seguintes: • filamentos para lâmpadas incandescentes, onde a temperatura de serviço atinge até 2500ºC; • contatos elétricos; • eletrodos de raios X; • eletrodos de soldagem e eletrodos de velas de ignição. • elementos de aquecimento de fornos elétricos e, na forma compactada de peças, em dispositivos de alto vácuo, além de outras aplicações. 3.2.1.2 Molibdênio Sua obtenção é semelhante à do tungstênio. Dos minérios de molibdênio, obtém-se por tratamento químico, molibdato de amônia que é transformado em MoO 3 e a seguir reduzido sob hidrogênio puro. O pó de molibdênio é compactado na forma de barras e sinterizado pela passagem direta de corrente elétrica através das barras. Entre as aplicações do molibdênio podem ser mencionadas as seguintes: 15 • elementos de aquecimento para fornos elétricos até temperaturas da ordem de 1600ºC ou pouco mais; • eletrodos de raio X; • contatos elétricos; • ganchos de suporte de filamentos em lâmpadas incandescentes. 3.2.1.3 Tântalo O pó de tântalo é obtido a partir de minérios em que normalmente está também presente o nióbio. O pó de tântalo é, depois de compactado, sinterizado em alto vácuo a temperaturas entre 2600ºC e 2700ºC pela passagem de corrente elétrica através dos compactados. Uma de suas mais importantes aplicações verifica-se em cirurgia, para recompor ou unir ossos quebrados e cartilagem destruída. Fios de tântalo de diâmetro equivalente ao de um cabelo humano são utilizados para unir nervos e tendões cortados, os nervos reparados tem sido protegidos por folhas d e tântalo. Devido a sua alta resistência à corrosão, o tântalo é igualmente aplicado em recipientes, tubos, agitadores e peças idênticas para indústria química. Outras aplicações incluem lâminas para turbinas a vapor, bocais, válvulas, diafragmas, etc. Há algum tempo, já vem sendo utilizados na fabricação de capacitores, pois permite que maiores valores de capacitância possam ser alcançados em volumes cada vez menores. A expansão que vem se verificando na indústria do tântalo é devida ao emprego de processos de fusão por feixe de elétrons para a produção d e lingotes até diâmetros de 20cm e comprimentos até 300cm, pesando acima de 1600kg, os quais podem ser laminados até espessuras variando de 0.76 a 1.02mm com 122cm de largura, graças a aperfeiçoamentos na técnica de laminação, segundo Jenstrom et alli [ 4 ] . 16 3.2.1.4 Nióbio Esse metal apresenta muita semelhança com o tântalo, não só no que se refere à sua obtenção, pois estão geralmente associados em minérios, como também em relação às características de conformação mecânica e à resistência à corrosão pela ação de inúmeros ácidos. O pó de nióbio é compactado e sinterizado sob alto vácuo, em processos idênticos aos do tântalo. Sua principal aplicação é em tubos eletrônicos. Também é utilizado na indústria de capacitores. 3.2.2 Ligas Pesadas Existem inúmeras aplicações em setores industriais especializados e de alto conteúdo tecnológico nas quais em alguns dos dispositivos ou equipamentos empregados se exige alta densidade do material. Exemplos típicos são representados por receptáculos ou cápsulas para substâncias radioativas e blindagens ou anteparos para raios X. Os metais de mais elevada densidade conhecidos são, pela ordem, apresentados na Tabela 3.2: Tabela 3.2 Metais de elevada densidade [ 3 ] Metal - Símbolo Densidade Platina - Pt 21.5g/cm 3 Ouro - Au 19.3g/cm 3 Tungstênio - W 19.3g/cm 3 Urânio - U 18.7g/cm 3 Chumbo - Pb 11.4g/cm 3 17 3.3 Características de Pós Metálicos Além da pureza e composição química, outras caraterísticas importantes dos pós metálicos, segundo Chiaverini [ 3 ] , são: 1. microestrutura da partícula 2. forma da partícula 3. tamanho da partícula 4. porosidade da partícula 5. densidade aparente 6. velocidade de escoamento 7. superfície específica 3.3.1 Pureza e Composição Química Em alguns pós metálicos, como o de ferro, o nível de elementos impuros presentes pode alterar outras características do pó e afetar a qualidade do produto final. No caso citado do ferro, dependendo do processo de fabricação e da matéria prima adotados, as impurezas presentes são normalmente silício, geralmente na forma de sílica, além de oxigênio, geralmente na forma de óxido de ferro. 3.3.2 Microestrutura da Partícula Essa característica pode afetar bastante o comportamento dos pós durante as operações de compactação e sinterização e, portanto, as propriedades do produto final. Em princípio, pode-se distinguir duas classes de microestrutura: policristalina, onde cada partícula contém muitos grãos e monocristalina, onde o tamanho de partícula e o tamanho de grão coincidem. Admite-se que partículas policristalinas com tamanho de grão muito pequeno produzem melhores propriedades mecânicas, tanto em grandeza 18 quanto direcionalmente, no produto sinterizado, devido ao menor tamanho de grão resultante. Do mesmo modo, as alterações dimensionais que ocorrem durante a sinterização são mais uniformes, o que contribui igualmente para propriedades mecânicas finais superiores. 3.3.3 Tamanho e Forma da Partícula Essas duas características estão intimamente relacionadas e são, na realidade, as mais importantes nos pós metálicos. A figura 3.8 representa os principais tipos de forma de partículas metálicas. Figura 3.8 metálicas [3] Representação esquemática de formas de partículas . Como se vê, a maioria dos pós apresenta forma irregular, que, aparentemente, seria menos favorável à compactação que a forma esférica. Na realidade, a forma irregular, pela interação dos contornos das várias partículas entre características de si, tenderia sinterização a produzir embora se compactados possa com admitir melhores inicialmente características de compactação inferiores. A forma da partícula deve ser considerada em conjunto com o tamanho ou composição granulométrica. É claro que uma composição granulométrica 19 adequada confere melhores características de compactação e sinterização e propriedades superiores no produto sinterizado. A determinação da composição granulométrica é pois muito importante. Na prática, os tamanhos de partícula dos pós metálicos variam de 0.1µm a 400 µm, ou seja, 0.0001mm a 0.4mm. Um dos métodos mais comuns para determinar-se a composição granulométrica é o peneiramento, operação que permite igualmente preparar quantidades de pós de tamanhos diferentes para posterior mistura, em determinadas aplicações. A tabela 3.3 mostra as séries de peneiras utilizadas na metalurgia do pó. Tabela 3.3 Peneiras utilizadas na metalurgia do pó. Designação da Peneira U.S. Standard Tyler Standard µm Número de Malha Abertura da Peneira, mm Número de Malha 177 80 0.177 80 149 100 0.149 100 125 120 0.125 115 105 140 0.105 150 88 170 0.088 170 74 200 0.074 200 63 230 0.063 250 53 270 0.053 270 44 325 0.044 325 37 400 0.037 400 3.3.4 Porosidade Existem partículas metálicas porosas. Quando presente, a porosidade afeta outras características dos pós, como a densidade aparente e a compressibilidade, podendo ainda afetar a densidade do produto final. No caso dos poros serem interligados entre si e em comunicação com a 20 superfície, ocorrerá um acréscimo da superfície específica das partículas, além de ficar facilitada a absorção de gases durante o seu processamento. 3.3.5 Densidade Aparente Define-se densidade aparente como o peso de uma unidade de volume do pó solto ou a relação do peso para o volume, expressa em g/cm 3 . a importância dessa característica reside no fato de que ela determina o verdadeiro volume ocupado por uma massa de pó e, em última análise, determina a profundidade da cavidade da matriz de compactação e o comprimento do curso da prensa necessários para compactar e densificar o pó solto. É obtida geralmente através da medida do peso contido em um recipiente tarado preenchido com pó pelo seu volume. 3.3.6 Velocidade de Escoamento Essa é outra característica importante dos pós metálicos. Define-se como o tempo necessário para uma certa quantidade de pó escoar de um recipiente através especificados. A de um velocidade orifício, de ambos escoamento de forma depende e da acabamento forma e da distribuição de tamanho da partícula. Além disso, o coeficiente de atrito do próprio pó, eventualmente suas propriedades eletrostáticas e magnéticas, além de umidade presente, podem afetar a velocidade de escoamento. A sua importância reside no fato de que ela determina o tempo necessário para enchimento da cavidade da matriz, influenciando dessa forma a velocidade ou rendimento de produção. 21 3.3.7 Superfície Específica Define-se como a área superficial expressa em cm 2 /g de uma determinada partícula. A importância dessa característica consiste no fato d e que qualquer reação entre as partículas ou entre elas e o meio circunvizinho se inicia nas suas superfícies, de modo que a operação de sinterização será afetada pela relação entre a área superficial e o volume da partícula. 3.4 Dipolos Magnéticos e Vetores de Campo Magnético As forças magnéticas são geradas pelo movimento de partículas carregadas eletricamente. É conveniente pensar nas forças magnéticas em termos de campos. Linhas de força imaginárias podem ser desenhadas para indicar a direção da força em posições na vizinhança da fonte do campo, vide Figura 3.9 abaixo. Nesta figura são também indicados os vetores de campo magnético. Figura 3.9 Linhas de força e vetores de um campo magnético gerados por uma bobina percorrida por corrente elétrica. Os dipolos magnéticos são encontrados nos materiais magnéticos, os quais, em alguns aspectos, são análogos aos dipolos elétricos. Os dipolos 22 magnéticos podem ser tomados como pequenos imãs de barra compostos por pólo norte e sul, em vez de uma carga elétrica positiva e negativa. Os momentos dipolo magnéticos são representados por meio de setas, como mostrado na Figura 3.9. Os dipolos magnéticos são influenciados por campos magnéticos de um modo semelhante àquele segundo os dipolos elétricos são afetados pelos campos elétricos. No interior de um campo magnético, a força do próprio campo exerce um torque para orientar os dipolos em relação ao campo. Um exemplo familiar é a maneira pela qual a agulha de uma bússola magnética se alinha com o campo magnético da Terra. O campo magnético aplicado externamente, algumas vezes chamado de força do campo magnético, é designado por H. Se o campo magnético for gerado através de uma bobina cilíndrica (ou solenóide) que consiste em N voltas com pequeno espaçamento, de comprimento l, percorrida por uma corrente I, então H= N ⋅I l (3.3) Onde : H = campo magnético externo aplicado, ou força do campo magnético [A.espira/m] N = Número de espiras da bobina I = Corrente elétrica [A] l = comprimento da bobina [m] A indução magnética, ou densidade do fluxo magnético, indicado por B, representa a magnitude da força do campo interno no interior de um a substância que é submetida a um campo H. as unidades para B são teslas (ou webers por metro quadrado, Wb/m 2 ). Tanto B como H são vetores de campo, sendo caraterizados não somente pela sua magnitude, mas também pela su a direção no espaço. A força do campo magnético e a densidade do fluxo estão relacionadas de acordo com 23 B = µ⋅H (3.4) Onde : B = indução magnética, ou densidade do fluxo magnético [T ou Wb/m 2 ] µ = permeabilidade magnética do meio através do qual o campo H passa [Wb/(A.m) ou H/m] H = campo magnético externo aplicado, ou força do campo magnético [A.espira/m] No vácuo, B0 = µ0 ⋅ H (3.5) Onde: B 0 = densidade do fluxo no vácuo [T ou Wb/m 2 ] µ 0 = permeabilidade do vácuo, constante universal, [4 π ×10 - 7 (1.257×10 - 6 ) H/m] H = campo magnético externo aplicado, ou força do campo magnético [A.espira/m] Vários parâmetros podem ser utilizados para descrever as propriedades magnéticas dos sólidos. Um desses parâmetros é a razão entre a permeabilidade em um material e a permeabilidade no vácuo, ou seja µr = µ µ0 (3.6) Onde: µ r = permeabilidade relativa [adimensional] µ = permeabilidade magnética do meio através do qual o campo H passa [Wb/(A.m) ou H/m] 24 µ 0 = permeabilidade do vácuo, constante universal, [4 π ×10 - 7 (1.257×10 - 6 ) H/m] A permeabilidade relativa de um material é uma medida do grau segundo o qual o material pode ser magnetizado, ou da facilidade com que um campo B pode ser induzido na presença de um campo H externo. Uma outra grandeza de campo, M, chamada de magnetização do sólido, é definida pela Eq. 3.7. Na presença de um campo H, os momentos magnéticos no interior de um material tendem a ficar alinhados com o campo e a reforçar o mesmo em virtude dos seus campos magnéticos; o termo µ 0 .M na Eq. 3.5 é uma medida dessa contribuição. B = µ0 ⋅ H + µ0 ⋅ M (3.7) Onde: B = indução magnética, ou densidade do fluxo magnético [T ou Wb/m 2 ] µ 0 = permeabilidade do vácuo, constante universal, [4 π ×10 - 7 (1.257×10 - 6 ) H/m] H = campo magnético externo aplicado, ou força do campo magnético [A.espira/m] M = Magnetização do sólido A magnitude de M é proporcional ao campo aplicado da seguinte maneira: M = χm ⋅H (3.8) M = Magnetização do sólido χ m = Susceptibilidade magnética [adimensional] H = campo magnético externo aplicado, ou força do campo magnético [A.espira/m] 25 A susceptibilidade magnética e a permeabilidade relativa estão relacionadas da seguinte forma: χ m = µr − 1 (3.9) As unidades magnéticas podem ser uma fonte de confusão, pois existem na realidade dois sistemas comumente utilizados. As unidades utilizadas até o momento são do SI (sistema MKS – metro-quilogramasegundo); as outras unidades são originárias do sistema cgs-uem (centímetrograma-segundo-unidade eletromagnética). As unidades para ambos os sistemas, assim como os fatores de conversão apropriados, estão incluídos na Tabela 3.4. Tabela 3.4 Unidades Magnéticas e Fatores de Conversão para os Sistemas SI e cgs-uem [ 1 ] . Grandeza Indução magnética (densidade do fluxo) Força do campo magnético Magnetização Símbolo SI Cgs-uem B - Unidades SI Derivada Primária tesla Kg/(s.C) 2 (Wb/m ) Unidade cgs-uem Gauss Conversão 1Wb/m 2 =10 4 gauss H - A/m C/(m.s) Oersted 1A/m=4π×10-3 oersted M I A/m C/(m.s) Maxwell/cm 2 µ0 - H/m kg.m/C 2 Adim. (uem0 1A/m=10 mawell/cm 2 4π×10-7H/m=1uem µr µ’ Adim. Adim. Adim. µr= µ’ χm Χ’ m Adim. Adim. Adim. χ m = 4π× Χ’ m 3 Permeabilidade do vácuo Permeabilidade relativa Susceptibilidade 26 3.5 Diamagnetismo O diamagnetismo é uma forma muito fraca de magnetismo que é não permanente e que persiste somente enquanto um campo externo está sendo aplicado. Ele é induzido através de uma alteração no movimento orbital dos elétrons devido à aplicação de um campo magnético. A magnitude do momento magnético induzido é extremamente pequena, e em uma direção oposta àquela do campo que foi aplicado, conforme mostra a Figura 3.10. Figura 3.10 A configuração do dipolo atômico para um material diamagnético com e sem a presença de um campo magnético. Na ausência de um campo externo, não existem dipolos; na presença de um campo, são induzidos dipolos que estão alinhados em direção oposta à direção do campo. Dessa forma, a permeabilidade relativa, µ r , é menor que a unidade (entretanto, apenas um pouco menor), e a susceptibilidade magnética é negativa; isto é, a magnitude do campo B no interior de um sólido diamagnético é menor do que no vácuo. A Figura 3.11 mostra a representação esquemática desse fenômeno. 27 Figura 3.11 Representação esquemática da densidade do fluxo, B, em função da força do campo magnético, H, para materiais diamagnéticos, paramagnéticos e ferromagnéticos. 3.6 Paramagnetismo Para alguns materiais sólidos, cada átomo possui um momento dipolo permanente em virtude de um cancelamento incompleto dos momentos magnéticos do spin do elétron e/ou orbital. Na ausência de um campo magnético externo, as orientações desses momentos magnéticos atômicos são aleatórias, de tal modo que uma peça do material não possui qualquer magnetização macroscópica líquida ou global. Esses dipolos atômicos estão livres para girar, e o paramagnetismo resulta quando eles se alinham preferencialmente, através de rotação, com um campo externo, como está mostrado na Figura 3.12 abaixo. 28 Figura 3.12 A configuração do dipolo atômico com e sem um campo magnético externo para um material paramagnético. Esses dipolos magnéticos são atuados individualmente, sem qualquer interação mútua entre dipolos adjacentes. Uma vez que os dipolos se alinham fracamente com o campo externo, eles o aumentam, dando origem a uma permeabilidade relativa, µ r , que é maior do que a unidade, além de uma susceptibilidade magnética que, apesar de relativamente pequena, é positiva. Tanto os materiais diamagnéticos como os materiais paramagnéticos são considerados não-magnéticos, pois eles exibem magnetização somente quando se encontram na presença de um campo externo. Ainda, para ambos os materiais, a densidade do fluxo B no seu interior é quase a mesma que seria no vácuo. 3.7 Ferromagnetismo Certos materiais metálicos possuem um momento magnético permanente na ausência de um campo externo e manifestam magnetizações muito grandes e permanentes. Essas são as caraterísticas do ferromagnetismo, e são exibidas pelos metais de transição ferro (como ferrita a BCC), cobalto, níquel e alguns dos metais terras-raras, como o gadolínio (Gd). Susceptibilidades magnéticas muito elevadas são possíveis para os materiais 29 ferromagnéticos. Consequentemente, H<<M, e, a partir da equação 3.7, podemos escrever B ≅ µ0 ⋅ M (3.10) Os momentos magnéticos permanentes nos materiais ferromagnéticos resultam dos momentos magnéticos atômicos devidos aos spins dos elétrons (spins eletrônicos não cancelados como conseqüência da estrutura eletrônica). Existe também uma pequena contribuição, se comparada com a do momento magnético de spin, do momento magnético orbital. Além do mais, em um material ferromagnético, o pareamento de interações faz com que os momentos magnéticos de spins líquidos ou globais de átomos adjacentes se alinhem uns com os outros, mesmo na ausência de um campo externo. A figura 3.13 ilustra esquematicamente isso. Figura 3.13 Ilustração esquemática do alinhamento mútuo de dipolos atômicos para um material ferromagnético, o qual irá existir mesmo na ausência de um campo magnético externo. A origem dessas forças de pareamento não é completamente compreendida, mas acredita-se que elas tem sua origem na estrutura eletrônica do metal. Esse alinhamento mútuo de spin existe ao longo d e 30 regiões volumétricas relativamente grandes do cristal, conhecidas como domínios. A máxima magnetização possível, ou magnetização de saturação, M s , de um material ferromagnético representa a magnetização que resulta quando todos os dipolos magnéticos em uma peça sólida estão mutuamente alinhados com o campo externo; existe também uma densidade de fluxode saturação, B s , correspondente. 3.8 Ferrimagnetismo Algumas cerâmicas também exibem uma magnetização permanente, conhecida por ferrimagnetismo. As características magnéticas macroscópicas dos ferromagnetos e dos ferrimagnetos são semelhantes; a distinção reside na fonte dos momentos magnéticos líquidos. 3.9 Materiais Magnéticos Os materiais magnéticos são agrupados, geralmente, em três categorias: • os diamagnéticos (χ m < 0 ) , • os paramagnéticos (χ m > 0 ) • e os ferromagnéticos (χ m >> 0 ). 3.9.1 Materiais Diamagnéticos, χ m < 0 Quando um material, tal como o bismuto, é colocado na presença de um campo magnético externo, a resultante da densidade do fluxo magnético dentro do material é reduzida drasticamente. Os momentos magnéticos no interior do material são alinhados contra o campo externo. 31 Neste sentido os materiais diamagnéticos são caracterizados, também, pelo fato de que os átomos não produzem um momento magnético permanente. Ou, mais exatamente, os efeitos das micro-correntes no interior de um dos átomos se anulam, tal que o momento magnético resultante no átomo é zero. Nessas circunstâncias, quando aplicamos um campo magnético, pequenas correntes são produzidas no interior do átomo por indução magnética. De acordo com a lei de Lenz, essas correntes são tais que se opõem ao crescimento do campo externo. Então os momentos magnéticos induzidos nos átomos serão na direção oposta ao campo magnético aplicado. Assim, os momentos magnéticos induzidos nos átomos serão na direção oposta ao campo externo. Para um material estritamente diamagnético a permeabilidade µ r é tipicamente menor do que µ o na relação de 1 parte em 10 6 . 3.9.2 Materiais Paramagnéticos, χ m > 0 Quando um material, tal como a platina, é colocada na presença de um campo magnético externo, os momentos magnéticos do material são alinhados com o campo externo, e o fluxo de campo dentro do material é aumentado. As linhas do campo magnético externo penetram no material fazendo com que os dipolos magnéticos do material se alinhem com a mesma direção do campo. Em termos dos parâmetros magnéticos, os materiais paramagnéticos são caracterizados pela magnetização M na mesma direção de B. Para este tipo de material, a uma temperatura ambiente, a permeabilidad e µ r pode exceder a µ o fator de 1 a 100 partes em 10 6 . Os materiais paramagnéticos são caracterizados, também, por átomos que têm um momento magnético permanente. Os movimentos orbitais dos elétrons e os spins produzem correntes circulares que são diferentes de zero. O paramagnetismo é completamente eletromagnetismo clássico. Se inexplicado em termos do a magnetização dos materiais fosse atribuída somente aos elétrons orbitando nos átomos, a partir da lei de Lenz poderíamos esperar que todos os materiais se comportariam como os diamagnéticos na 32 presença de campo externo. A origem do paramagnetismo é o momento magnético constante associado com o spin eletrônico. Como não existe um conceito clássico equivalente ao spin (quântico) podemos afirmar que este fenômeno só pode ser explicado com a ajuda da teoria quântica. 3.9.3 Materiais Ferromagnéticos, χ m >> 0 A propriedade peculiar dos materiais ferromagnéticos tais como o ferro, níquel e o cobalto é que a suscetibilidade magnética, a magnetização e a permeabilidade não são constantes mas dependem, para um particular material, de sua historia magnética e térmica passada. Todos os materiais ferromagnéticos são fortemente paramagnéticos, contudo, no sentido de que um campo externo aplicado pode aumentar sensivelmente a densidade de fluxo magnético no interior do material. Por exemplo, a permeabilidade µ r pode exceder a µ o por um fator superior a 10 3 . Os materiais ferromagnéticos têm átomos com momentos magnéticos permanentes. Esses momentos magnéticos estão alinhados, mesmo em ausência de um campo magnético externo. Entretanto a agitação térmica em temperaturas suficientemente elevadas transforma esse tipo de material em paramagnético. Nos materiais ferromagnéticos, devido ao alinhamento dos momentos magnéticos no interior do material, estes produzem um campo magnético, mesmo em ausência de campo externo. 3.10 Influência da Temperatura sobre o Comportamento Magnético A temperatura também pode influenciar as caracteristicas magnéticas dos materiais. Convém recordar que o aumento da temperatura de um sólido resulta em um aumento na magnitude das vibrações térmicas dos átomos. Os momentos magnéticos atômicos estão livres para girar; dessa forma, com o aumento da temperatura, o maior movimento térmico dos átomos tende a 33 tornar aleatórias as direções de quaisquer momentos que possam estar alinhados. Para os materiais ferromagnéticos, antiferromagnéticos e ferrimagnéticos, os movimentos térmicos atômicos vão ao contrário das forças de pareamento entre os momentos dipolo atômicos adjacentes, causando algum desalinhamento do dipolo, independente do fato de um campo externo estar presente. Isso resulta em uma diminuição na magnetização de saturação tanto para os materiais ferromagnéticos como para os ferrimagnéticos. magnetização de saturação é máxima à temperatura de 0K, A em cujas condições as vibrações térmicas são mínimas. Com o aumento da temperatura, a magnetização de saturação diminui gradualmente, e então cai abruptamente para zero, no que é conhecido por temperatura Curie, Tc . A Tc é normalmente inferior ao ponto de fusão do material. Os comportamentos magnetizaçãotemperatura para o ferro e oFe 3 0 4 estão representados na Figura 3.14. Figura 3.14 Gráfico da magnetização de saturação como uma função da temperatura para o ferro e o Fe 3 O 4 [ 1 ] . Na Tc , as forças mútuas de pareamento de spin são completamente destruídas, de tal modo que para temperaturas acima acima da Tc tanto os materiais ferromagnéticos como os materiais ferrimagnéticos são paramagnéticos. A 34 magnitude da temperatura Curie varia de material para material; por exemplo, para o ferro, cobalto, níquel e Fe 3 0 4 , os respectivos valores para a temperatura Curie são de 768, 1120, 335 e 585°C. A Tc do metal terra-rara gadolíneo é 16ºC. 3.11 Domínios e Histereses Qualquer material ferromagnético ou ferrimagnético que se encontre a uma temperatura abaixo de Tc é composto por regiões de pequeno volume onde existe um alinhamento mútuo de todos os momentos dipolo magnéticos na mesma direção, como está ilustrado na Figura 3.15. Figura 3.15 Representação esquemática de domínios em um material ferromagnético; as setas representam os dipolos magnéticos atômicos. No interior de cada domínio, todos os dipolos estão alinhados, enquanto a direção do alinhamento varia de um domínio para o outro. Tal região é chamada um domínio, e cada um deles está magnetizado até a sua magnetização de saturação. Os domínios adjacentes estão separados por contornos de domínio ou paredes, através das quais a direção d a magnetização varia gradualmente (Figura 3.16). 35 Figura 3.16 Variação gradual na orientação do dipolo magnético através da parede de um domínio. Normalmente, os domínios possuem dimensões microscópicas, e para uma amostra policristalina, cada grão pode consistir em mais do que um único domínio. Dessa forma, em uma peça de material com dimensões macroscópicas, existira um grande número de domínios, e todos poderão ter diferentes orientações de magnetização. A magnitude do campo M para o sólido como um todo é a soma vetorial das magnetizações de todos os domínios, onde a contribuição de cada domínio é ponderada de acordo com sua fração volumétrica. No caso de uma amostra não magnetizada, a soma vetorial apropriadamente ponderada das magnetizações de todos os domínios é igual a zero. 3.12 Aquecimento de Metais por Indução Magnética Devido ao fato de todos os metais serem condutores elétricos o aquecimento por indução é aplicável atualmente a uma variada gama de processos tais como fundição, tratamentos térmicos, soldagem e aquecimento para forjamento. Este processo tem como principais vantagens a eficiência de transferência de energia para a peça e altas velocidades de aquecimento quando comparadas com os métodos convencionais de aquecimento. 36 Os princípios físicos do processo de aquecimento indutivo, são conhecidos há mais de cem anos e foram disponibilizados para o uso prático em meados do século XX. As técnicas do aquecimento indutivo atualmente contribuem com quase todas as indústrias de manufatura, desde a preparação de pastilhas de silício puro para componentes microeletrônicos até o processamento de chapas de aço pesando 25 toneladas ou mais. O uso destas técnicas indubitavelmente crescerá com a demanda do uso mais eficiente d a energia elétrica e com outros recursos de produção associados com a necessidade de um melhor ambiente de trabalho. O processo de aquecimento indutivo atualmente está difundido e implatado em diversas aplicações, sobre uma ampla faixa de processos industriais. A sua atuação varia de acordo com a aplicação à qual se destina. De maneira geral os benefícios que recomendam a sua utilização, partem das seguintes condições construtivas: • Elevadas densidades de potência e também o aquecimento rápido que pode ser obtido. • O preciso controle da temperatura. • A possibilidade de aquecer regiões selecionadas e determinadas de um componente. • A facilidade para colocar a peça em uma câmara fechada e independente, por ex emplo, sistema de vácuo ou atmosfera inerte que é usada isolada da bobina de aquecimento indutivo. 3.12.1 Teoria do Aquecimento Indutivo Quando uma peça de metal é colocada no interior de uma bobina indutiva, que está alimentada por corrente alternada, a peça e a bobina são interligadas por um campo eletromagnético alternado, desta forma, o campo magnético que é absorvido pela peça transforma-se em campo elétrico, que por sua vez gera a corrente induzida a qual irá aquecer a peça. Essa corrente é chamada de corrente de Foucault, ou ainda correntes parasitas (edd y currents). As bobinas 37 de indução são geralmente confeccionadas em tubos de cobre no interior dos quais circula água de refrigeração, pois é necessário que ela permaneça fria, de forma a não alterar seu Fator de Qualidade (Q) e permitir a máxima transferência de energia entre ela e a peça. A forma de uma bobina depende da forma da peça e da área que se quer aquecer. Para que haja uma boa transferência de energia também é necessário que a bobina fique o mais próximo possível da peça. Quanto maior for a distância menor será a eficiência do sistema. Um circuito de aquecimento por indução é então fundamentalmente um transformador, no qual o primário está representado pelas espiras de uma bobina, através da qual passa um corrente elétrica alternada, e de um secundário constituído pela peça que vai ser aquecida. Além da produção de correntes de Foucault, tem-se ainda geração de efeitos de histerese magnética que criam correntes parasitas, correntes que irão aquecer a peça. Sob a ação das correntes parasitas os domínios magnéticos tendem a se polarizar em um determinado sentido, criando-se em cada um deles um polo norte e um polo sul. Ao se variar o sentido do campo os domínios tendem a seguir estas variações, variando o sentido de seus pólos e gerando-se uma fricção atômica interna que faz com que seja dissipado calor o qual ao dissipar-se eleva a temperatura da peça. No aquecimento do s aços, o aquecimento por histerese tem pouca importância porque quando se ultrapassa a temperatura Curie (aproximadamente 768 ºC) o aço torna-se paramagnético e o aquecimento por histerese torna-se, então, praticamente nulo. As correntes de Foucault geradas tendem a se concentrar na camada superficial das peças. A distribuição destas correntes ao longo da seção das peças depende fundamentalmente da freqüência utilizada, da condutividade elétrica e das propriedades magnéticas do material aquecido. Quando se geram correntes de Foucault, o aço passa a atuar como uma resistência elétrica que se aquece pela passagem de uma corrente elétrica de acordo com a lei de Joule. O calor gerado será proporcional a RI 2 , sendo R a resistência do circuito e I a intensidade da corrente, veja Figura 3.17. Quanto mais alta for a temperatura, menor será o efeito de aquecimento por correntes de Foucault. 38 Figura 3.17 Desenho esquemático do processo de aquecimento indutivo e da profundidade de aquecimento obtido através da indução de correntes de Foucault na peça. A densidade da corrente induzida na superfície da peça é elevada, e diminui conforme aumentada a distância em relação à superfície. Este fenômeno é conhecido como “efeito pelicular” (Skin Effect). A profundidade do “efeito pelicular”, ou simplesmente, a profundidade de penetração é um conceito conveniente de matemática. A profundidade de penetração é de extrema importância para a engenharia de aquecimento indutivo, pois é através da profundidade de penetração que aproximadamente 90% da energi a total é induzida na peça ou região a ser aquecida. O valor da profundidade de penetração (d) depende da resistividade do material [ρ (em W m)] e da permeabilidade relativa (µr) e da freqüência da corrente de aquecimento [f (em Hertz – Hz)]. Para a maioria das aplicações práticas, a profundidade da penetração poderá ser calculada pela expressão: δ = 500 ρ µr × f (3.11) Onde: δ = Profundidade de penetração [m] ρ = Resistividade ôhmica do material [ W m] µr = Permeabilidade relativa do material [adimensional] 39 f = Frequência da corrente alternada aplicada à bobina de indução [Hz] A energia gerada por unidade de volume da peça a ser aquecida é diretamente proporcional à freqüência de ressonância do tanque, à permeabilidade magnética do material e ao quadrado da intensidade do campo magnético na superfície da peça. A potência também depende das dimensões da peça em relação à profundidade de penetração da corrente induzida. Est e fator fornece a extensão da faixa das freqüências de funcionamento que serão usadas para cada processo industrial que utilize aquecimento por indução. A energia em corrente alternada, para aplicação em aquecimento indutivo é fornecida por várias fontes, dependendo da freqüência e da potência que são necessárias. Estas fontes de potência estão relacionadas na Tabela 3.5 abaixo, em conjunto com a faixa de freqüência em que são utilizadas. Tabela 3.5 Tipos de acionamento para bobinas de indução. ITEM DENOM INAÇÃO FAIXA DE FREQUÊNCIA A Frequência da rede 60Hz B Multiplicador Magnético de Entre 0.18kHz e 0.54kHz Freqüência (transformadores com núcleo saturado) C Motor Gerador (motor assíncrono em Entre 0.96kHz e 9.6kHz 3600RPM, tendo um gerador de corrente alternada montado em seu eixo, com alto número de pólos para gerar a freqüência necessária) D Gerador Tiristorizado Até 20kHz. Existe a possibilidade de trabalhar com freqüências mais altas, mas com mais baixa potência. E Gerador Transistorizado São duas possibilidades 40 atualmente: • IGBTs, com freqüência de funcionamento até mais de 200kHz. • MOSFETs, com freqüências de trabalho até 500kHz. F Gerador com Válvula Osciladora Frequência de funcionamento Termoiônica entre 200kHz e 500kHz. Pode funcionar em mais altas freqüências, como por exemplo em 1.7MHz. 3.13 Chaveamentode Potência com IGBTs IGBTs são chaves eletrônicas (vide Figura 3.16) semelhantes a transistores bipolares, mas com gate para disparo por tecnologia CMOS. Esses componentes podem ser acionados por níveis de tensão na faixa de ±10 a ±20V (threshold voltage, Vth) aplicados ao seu gate, podem trabalhar com freqüências de acionamento maiores que 200kHz e chavear correntes da ordem de 300A. Dispositivos de canal N são acionados por pulsos de tensão positiva no gate, em relação ao pino source (S), enquanto dispositivos d e canal P são acionados por tensão negativa no gate. São construídos em geral para suportar tensões nominais de 600V e 1200V, mas atualmente, dispositivos que suportam tensões da ordem de 2kV já são encontrados com relativa facilidade no mercado. A Figura 3.18 mostra a analogia do acionamento de um IGBT de canal N, através de pulsos de tensão de amplitude +15V, com um interruptor elétrico de acionamento mecânico. 41 Figura 3.18 Símbolo e analogia de acionamento de um IGBT (chave eletrônica de estado sólido) de canal N com o acionamento de um interruptor elétrico de acionamento mecânico. Um pulso de tensão de amplitude positiva aciona o IG BT, que permanece nesse estado enquanto durar o pulso. O efeito desse pulso pode ser comparado ao acionamento mecânico de uma interruptor elétrico, que permite à corrente elétrica circular através dele. A Figura 3.19 mostra o aspecto de 3 tipos diferentes de IGBTs. Figura 3.19 Aspecto de 3 tipos diferentes de IGBTs. O Menor, a esquerda, tem capacidade de chavear 70A, os outros dois, maiores, podem chavear 300A sendo que o maior consiste em dois IGBTs montados n a configuração de meia-ponte em um só encapsulamento. 42 A estrutura física esquemática do IGBT pode ser vista na Figura 3.20. Figura 3.20 Estrutura física do IGBT [ 1 2 ] . Quando a tensão entre a porta (gate, G) e o emissor atinge um determinado valor limite – que depende do dispositivo – conhecida como tensão de limiar (threshold voltage), simbolizada por V t h , a quantidade de elétrons livres atraídos pelo campo elétrico criado no gate é tamanha que a região imediatamente abaixo da porta acaba por se transformar do tipo p para o tipo n, fenômeno conhecido como inversão – sendo a camada que sofreu o processo recebe o nome de camada de inversão, mais comumente conhecida como canal. A operação física do IGBT descrita aqui refere-se à IGBTs de canal N, e é ilustrada na Figura 3.21 apresentada abaixo: 43 Figura 3.21 Desenho esquemático do funcionamento de um IGBT de canal N. Com a aplicação da tensão V t h ao gate do dispositivo, ocorre circulação de corrente entre os pinos de dreno (D) e source (S), rotulados na imagem como anodo e catodo respectivamente [ 1 2 ] . A Figura 3.22 mostra um comparativo com relação a tensão, corrente e freqüência de trabalho de vários dispositivos eletrônicos utilizados em chaveamento de potência. 44 Figura 3.22 Limites de operação de componentes semicondutores de potência [ 1 2 ] . 3.14 Estruturas Metaestáveis Obtidas por Resfriamento Rápido - RSP Estruturas metaestáveis ou, mais precisamente, configurações congeladas de estruturas metaestáveis não são novidade na metalurgia. Realmente, muito da prática tradicional em metalurgia tem sido centrada na formação, caracterização, compreensão e controle sobre estruturas que sejam composicionalmente, topologicamente e/ou morfologicamente metaestáveis. Entretanto, cerca de duas a três décadas atrás, houve um grande crescimento no interesse na produção e estudo de novas estruturas metaestáveis na metalurgia e em outras ciências de fases condensadas. Esse crescimento no interesse sobre estas estruturas é reflexo de desenvolvimentos em técnicas de resfriamento brusco de materiais fundidos, condensação e irradiação de materiais, em conjunto com o entendimento da cinética de evolução de microestruturas desse tipo. Alguns dos novos materiais produzidos são vidros metálicos, ligas cristalinas super-saturadas e novas ligas com densidades interfaciais excepcionalmente altas [ 2 1 ] . As ligas de vidro 45 metálico estão entre as mais originais e interessantes descobertas sobre materiais metaestáveis. O procedimento geral para síntese de estruturas metaestáveis corresponde a energizar e resfriar bruscamente o material. A energização consiste em evaporação, dissolução, irradiação, deformação plástica ou aquecimento do material em um estado sólido ou líquido. O Resfriamento brusco é normalmente caracterizado pela taxa de resfriamento. 3.14.1 Formas de Metaestabilidade Resultantes do processamento por Rápida Solidificação. Ligas solidificadas rapidamente ou preparadas por métodos de processamento por rápida solidificação (RSP-Rapid Solidification Processing) podem apresentar uma ou outra de quatro formas de metaestabilidade [ 2 2 ] : 1. Uma extensão de solubilidade sólida além do valor de equilíbrio, que pode ser parcial ou (como no sistema Ag-Cu) completa. 2. Formação de uma ou mais fases metaestáveis cristalinas. 3. Abaixo de M s , temperatura onde tem início a transformação martensítica, algumas vezes a martensita pode ser substituída por uma outra fase. 4. Formação de vidro metálico. Durante as primeiras décadas da pesquisa sobre RSP, a ênfase foi focada nas fases cristalinas, especialmente nas fases metaestáveis não ferrosas. A partir do início de 1970, houve crescimento no interesse por vidros metálicos. O intenso interesse em vidros metálicos tem duas bases: primeiramente, o notável interesse científico nestes materiais ainda pouco conhecidos, em particular sua estrutura, propriedades mecânicas incomuns (resistência muito alta combinada com tenacidade), propriedades elétricas e propriedades ferromagnéticas; e em segundo lugar, o interesse por aplicações práticas para suas propriedades magnéticas. Por exemplo, as perdas magnéticas sob 46 excitação de potência nestes materiais são extremamente baixas, o que é de grande interesse em pequenas e grandes aplicações com transformadores. Ligas cristalinas formadas através de RSP possuem geralmente, menor heterogeneidade de composição, grãos e tamanhos de dendritas. Tem a habilidade para incorporar mais soluto do que os métodos convencionais, o que permite obter maior endurecimento por envelhecimento em subseqüente tratamento térmico. Estudos recentes sobre solidificação rápida de ligas de titânio tem demonstrado um significante refinamento microestrutural e melhores qualidades podem ser alcançadas em ligas de titânio solidificadas a taxas de resfriamento >10 3 K/s (ou 726,85 ºC/s). Pós típicos foram produzidos com velocidades de rotação entre 8000 e 29000rpm. Entretanto, métodos para produção de pós de titânio por rápida solidificação tem recebido pouca atenção [ 1 9 ] . Grande parte dos pós de ligas de titânio tem sido produzidos pelos processos de hidretação/de-hidretação ou por atomização em disco rotativo a partir de eletrodos rotativos, lingotes ou cadinhos. Exceto pelo método de hidretação/de-hidretação, todos os métodos de produção de pós metálicos envolvem vários estágios para a rápida solificação que ainda não foram quantificados. Recentemente, Konitzer et al. usou fundição por laser e atomização rotativa para produzir rápida solificação de pós de ligas Ni-Mo-Al e Ti-6Al-4V. Peng et alli quantificou em um estudo a dependência entre o diâmetro do pó e as variáveis de processo e a dependência entre a taxa de resfriamento e o diâmetro do pó. Um cálculo com maior precisão do diâmetro do pó em função da velocidade de rotação não é praticável, devido à incerteza na determinação de valores como tensão superficial e viscosidade. 3.14.2 Taxas de Resfriamento em processamento por Rápida Solidificação A taxa de resfriamento no estágio de congelamento pode ser deduzida indiretamente pela medição da característica microestrutural do sólido resultante, mais comumente, o espaçamento de braço secundário de dendrita, ou ainda o espaçamento lamelar eutético, mas tal abordagem microestrutural 47 não está disponível quando o produto sólido é um vidro. As limitações dos métodos de medição indireta são: 1. Não é aplicável à formação de vidro. 2. Podem fornecer uma estimativa somente da taxa de resfriamento efetiva (relativa ao tempo de solidificação e espessura da espécie) na faixa de temperatura na qual a solidificação acontece. 3. Cada família de ligas requer uma calibração distinta. Por todas as razões citadas, a medição direta da taxa de resfriamento rápido é preferível, apesar de haver dificuldades para sua execução. Grande parte das medidas diretas são feitas tendo como referência a técnica que em tradução literal do inglês seria pistão e bigorna (o termo original é piston and anvil technique). Desse modo, Harbur et al. (1969) fez uso de metais convenientemente isolados para dois “pistões” como os ramos de um termopar intrínseco, considerando que Duflos and Cantor (1982) usaram termopares em contato com o fundido. Pirometria da gotícula também tem sido empregada para esse fim (Kattamis et al., 1973). As estruturas dendríticas solidificadas podem ser visualizadas após simples ataque químico do pó, e o espaçamento de braços de dendrita (Dendrite-arm Spacings – DAS) pode ser utilizado para estimar as taxas de resfriamento a partir de correlação prévia obtida entre DAS e a taxa de resfriamento. 48 Figura 3.23 Estrutura dendrítica com indicação dos espaçamentos interdendríticos primários (λ 1 ) e secundários (λ 2 ). 49 Capítulo 4: Materiais e Métodos 4.1 Temperatura Curie do Aço do Cadinho Para o aço 1050, utilizado para usinagem do cadinho metálico, a temperatura Curie (Tc) é ~768ºC [ 1 ] . Quando esse cadinho metálico é submetido ao aquecimento indutivo na bobina de trabalho do tanque ressonante, até que ele atinja Tc ocorre aquecimento por inversão dos dipolos atômicos e por correntes induzidas de Foulcalt. Assim que Tc é atingida, o aquecimento somente ocorre por indução de correntes de Foucalt no material, e se torna, a medida que esta temperatura aumenta, cada vez mais difícil aquecer o material através da indução de correntes de Foucalt. Fazem da parte da composição do aço liga 1050, de designação UNS G10500 [ 2 ] é 98.6 F e (mín.), 0.42 a 0.50% C, 0.5 a 0.8% M n , além de outros materiais, e o desenho esquemático do cadinho metálico construído com el e pode ser visto na Figura 4.1 abaixo. Figura 4.1 Vista em corte do cadinho metálico 50 4.2 Tanque Ressonante LC 120kHz A bobina de trabalho, no interior da qual deve ser inserido o material metálico a ser aquecido e/ou fundido pode ser vista a direita na Figura 4.2 abaixo. (A) (B) Figura 4.2 (A) Imagem do tanque ressonante LC . A bobina de trabalho pode ser vista a direita. (B) Representação do circuito LC. A bobina de trabalho faz parte de um tanque ressonante LC paralelo, e constitui-se na indutância L desse tanque. Os capacitores de poliéster metalizado (em azul na Figura 4.2) foram associados em paralelo de forma a se obter um valor de capacitância equivalente que, associada ao valor de indutância da bobina, torna o circuito LC ressonante em 120kHz. Essa frequência foi definida devido à quantidade de capacitores disponíveis (42) para associação em paralelo com a bobina de trabalho, conforme descrito a seguir. Na ressonância, a reatância capacitiva XC é igual à reatância indutiva XL: 1 2πfC (4.1) X L = 2πfL (4.2) 1 = 2πf r L 2πf r C (4.3) XC = 51 Sendo: f r = freqüência de ressonância [Hz] C = capacitância [F] L = indutância [H] Que resulta, para a frequência de ressonância, em: fr = 1 2π LC (4.4) Dessa forma, pode-se construir a bobina de trabalho e, após o cálculo ou medição de sua indutância com a ajuda de um indutímetro, define-se o valor necessário de C para ressonância na freqüência determinada de trabalho, no caso, 120kHz. A indutância L de uma bobina pode ser calculada através da Equação 4.5: L = µO ⋅ µr ⋅ n 2 ⋅ A⋅ h (4.5) Sendo: L = indutância da bobina [H] µ 0 = permeabilidade do vácuo, constante universal, [4 π ×10 - 7 (1.257×10 - 6 ) H/m ] µ r = permeabilidade relativa [adimensional] µO ⋅ µ r = µ = permeabilidade magnética do meio através do qual o campo H passa [H/m] A = área da espira da bobina [m 2 ] h = altura, ou comprimento da bobina [m] n = número de espiras 52 Para uma bobina de espiras circulares, como a vista na Figura 4.3, a área é definida por A= πφ 2 4 (4.6) Sendo: Ø = diâmetro da espira [m] Figura 4.3 Dimensões da bobina de trabalho do tanque ressonante LC. Definidas as dimensões e forma da bobina de trabalho, obtém-se através da equação 4.5 sua indutância L, para então obter-se o valor de C do tanque LC paralelo através da equação 4.4. Perceba que é necessário definir ainda, antes mesmo do cálculo de C, a freqüência de trabalho (ressonância) do sistema, nesse caso, 120kHz. A partir dessa última definição obteve-se o valor de 1.974µF para C, que são obtidos na prática a partir da associação em paralelo de 42 capacitores de poliéster metalizado de 47nF×1600V. 53 4.3 Acionamento do Tanque Ressonante LC por IGBTs Os IGBTs responsáveis pelo acionamento em 120kHz do tanque LC ressonante foram montados em uma configuração chamada de meia-ponte. No primeiro ciclo de acionamento, os IGBTs em paralelo do ramal superior da ponte são acionados e a corrente circula por eles carregando o tanque ressonante LC. No segundo ciclo, aciona-se os IGBTs do ramal inferior da meia-ponte, fazendo com que a carga de corrente seja agora aplicada ao tanque em sentido contrário àquela do primeiro ciclo 1 3 ] .Vide Figura 4.4. Figura 4.4 Desenho esquemático do acionamento do tanque ressonante por IGBTs. A meia-ponte de IGBTs pode ser vista, como montada, na Figura 4.5. Figura 4.5 Aspecto da montagem dos IGBTs que chaveiam a corrente para o tanque ressonante instalados em dissipador de calor de alumínio. 54 Esse processo ocorre de forma ininterrupta a 120kHz, e o que se obtém na bobina de trabalho do tanque ressonante é um campo magnético intenso que ora flui em um sentido durante o primeiro ciclo, ora no sentido oposto durante o segundo ciclo, conforme mostra a Figura 4.6. Figura 4.6 Representação esquemática da alternância de sentido do campo magnético gerado na bobina de trabalho em função do sentido d a corrente elétrica aplicada. 4.4 Estágio Atual do Sistema de Aquecimento Indutivo O tanque ressonante LC é alimentado por corrente contínua pulsada. Obtém-se 180Vcc a partir da retificação e filtragem dos 127Vca presentes na rede elétrica. Foi capaz de elevar a temperatura do cadinho da temperatura ambiente até cerca de 892ºC em 5 minutos. Veja Figura 4.7. 55 Figura 4.7 Cadinho de aço 1050 a 892ºC após 5 minutos de inserção no tanque ressonante. 4.5 Refrigeração por Água do Tanque Ressonante A bobina de trabalho foi construída com tubo de cobre (10mm de diâmetro), dentro do qual circula água para sua refrigeração e dos capacitores. Repare na Figura 4.8 (B) os tubos plásticos responsáveis por fazer a distribuição da circulação de água, e em (A) o recipiente de água com a bomba instalada em seu interior. (A) (B) Figura 4.8 (A) Recipiente para armazenamento da água de refrigeração e bomba instalada em seu interior. (B) Detalhes da distribuição da água de refrigeração no tanque LC ressonante. 56 4.6 Oscilador e gerador de Tempo Morto O oscilador e gerador de tempo morto tem a função de gerar o sinal de 120kHz responsável pelo acionamento dos IGBTs, pode ser visto o desenho de sua placa de circuito na Figura 4.9 (A), e em (B) seu aspecto final montado. (A) (B) Figura 4.9 (A) Layo ut da placa de circuito do oscilador e gerador de tempo morto. (B) Aspecto final da placa montada. O acionamento dos IGBTs deve ser tal que não se pode acionar os IGBTs de um ramal da meia ponte sem que aqueles do outro ramal da meiaponte tenham sido efetivamente desligados, sob pena de se destruir o dispositivo. Ocorre que ao se retirar o sinal positivo de acionamento do gate do IGBT, este ainda leva cerca de 350ns para se desligar completamente. Portanto, é necessário que entre um e outro ciclo de acionamento dos IGBT s da meia-ponte, seja introduzido um tempo morto, no qual não há acionamento de nenhum IGBT, de forma a se garantir que os IGBTs de um ramal da meiaponte só sejam acionados após o completo desligamento daqueles do outro ramal da meia ponte. Na Figura 4.10 é mostrado um esquema do processo de acionamento dos IGBTs de carga e descarga do tanque ressonante. 57 Figura 4.10 Grágico esquemático do processo de acionamento correto dos IGBTs 4.7 Driver para o Gate dos IGBTs O sinal de 120kHz advindo do oscilador, acrescido do tempo morto necessário aos dispositivos IGBTs utilizados, são aplicados à um driver que tem a função de adequar a corrente fornecida pelo oscilador à corrente necessária para disparo do gate do IGBT. Na Figura 4.11 podem ser vistos os layo uts das placas projetadas e o aspecto após montadas. Figura 4.11 Layouts das placas do primeiro driver para os IGBTs e aspecto após montadas. 58 4.8 Fonte de Potência CC 180/310V – 75A A alimentação para o sistema LC ressonante foi obtida da rede elétrica de 127V CA e 60Hz. Esse sinal foi retificado por diodos de potência e filtrado por capacitores eletrolíticos, obtendo-se então 180V CC na sua saída, com capacidade para fornecimento de 75A continuamente e picos de até 200A. Esse sistema pode ser visto na Figura 4.12 abaixo, seu layout d e projeto e placa montada. Pode ainda ser alimentado com 220V CA e 60Hz, obtendo neste caso 310V CC para alimentação do tanque ressonante. Figura 4.12 Layout da placa da fonte de potência e seu aspecto montada. 4.9 Medição dos Pulsos de Corrente Através de Sensor de Efeito Hall Os pulsos de carga do tanque ressonante foram monitorados através de um sensor de corrente de efeito Hall ligado a um osciloscópio. Esse sensor (CSNF161, Honeywell [ 1 7 ] ) tem características interessantes, é capaz de perceber correntes alternadas até 150kHz, correntes contínuas, e pulsos de corrente com duração de 0.5µs. A Figura 4.13 (A) mostra o layout do projeto da placa onde foi montado esse sensor, e em (B) o protótipo pronto. 59 (A) (B) Figura 4.13 (A) Projeto da placa e (B) protótipo do sensor de corrente montado em funcionamento. (A) (B) Figura 4.14 (A) Sinal visto no osciloscópio do CSNF161 ao ligar o sistema, com cadinho inserido na bobina de trabalho, picos de 18A. (B) Sinal fornecido pelo CSNF161 após 5 minutos do sistema ligado, com cadinho inserido, picos de 14A. 60 4.10 Centrifugação até 6130 RPM A Figura 4.15 (A) mostra o tanque ressonante posicionado sobre a centrífuga, e em (B) pode-se ver o disco rotativo de cobre adapatado à centrífuga. (A) (B) Figura 4.15 (A) Tanque ressonante posicionado sobre a centrífuga. (B) prato rotativo de cobre adaptado à centrífuga. Utilizou-se uma centrífuga fora de uso para se adaptar o disco rotativo de cobre. Foi necessário construir um controle de velocidade para a centrífuga, que pode ser visto na Figura 4.16 abaixo. Figura 4.16 Controle de velocidade do disco rotativo de cobre. 61 Foi feita a calibração do transdutor de rotação da centrífuga, para que o valor de tensão fornecido por ele pudesse ser convertido em rotações por minuto após ser obtido através de um multímetro. Foi utilizado um tacômetro ótico para obter a velocidade de rotação. A Figura 4.17 mostra o gráfico obtido com os dados coletados nesta calibração. Tacômetro Ótico com mira Laser Instrutemp Modelo TD-713 Resolução de 1RPM (acima de 1000RPM) [RPM] Rotações por Minuto [RPM] 2500 2000 1500 1000 500 0 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 Tensão no Trandutor [V] Figura 4.17 Gráfico obtido na calibração do transdutor de rotação da centrífuga. Equação de conversão: RPM = V + 0.02189 0.00214 Onde: RPM = Rotações por minuto do prato de cobre V = Tensão no transdutor de rotação, em volts 62 4.11 Parâmetros Considerados nos Testes Realizados Nos testes realizados a altura de queda do filete de metal fundido era fixo, 21.5cm. Vide Figura 4.18. Figura 4.18 Dimensões da centífuga, em particular, a altura de queda utilizada nos ensaios. Foram executadas duas séries de testes, a 4000RPM e 6130RPM. Em cada um, o cadinho de aço 1050 foi posicionado sucessivamente, de forma qu e o jato de metal fundido atingisse o disco rotativo de cobre em três pontos diferentes: • No centro do prato rotativo (r=0cm) • A 6cm a partir do centro (r=6cm) • E a 11cm do centro (r=11cm) Vide Figura 4.19 abaixo. 63 Figura 4.19 Três posições diferentes para o filete de chumbo líquido atingir o prato rotativo, (A) r=0cm, (B) r=6cm e (C) r=11cm. 4.12 Procedimento nos Testes Realizados Em cada um dos ensaios foram utilizados 100g de chumbo para serem fundidos no cadinho metálico inserido na bobina de trabalho do sistema de aquecimento por indução. A Figura 4.20 mostra o material utilizado para a fundição no cadinho metálico. Figura 4.20 100g de chumbo, utilizados como material a ser fundido no cadinho. Procedimento dos ensaios: 1. Aquecimento do cadinho metálico (aço 1050) por 10 minutos. 2. Inserção de 100g de chumbo no cadinho, espera de 6 minutos para estabilização da temperatura em 820ºC. 3. Vazamento do chumbo fundido sobre o prato rotativo. 64 A Figura 4.21 mostra a seqüência do procedimento. Figura 4.21 Seqüência do procedimento executado para vazar o filete de chumbo líquido sobre o prato rotativo de cobre. 65 Capítulo 5: Resultados e Discussão 5.1 Aspecto do Material Obtido Após o Processo e Curvas Granulométricas As Figuras 5.1, 5.2 e 5.3 mostram em (A) o aspecto do material obtido e em (B) o aspecto do prato de cobre rotativo logo após os ensaios de 6130rpm, com vazamento do filete líquido respectivamente com r=0cm, r=6cm e r=11cm. (A) (B) Figura 5.1 6130rpm, vazamento no centro. (A) Aspecto do material obtido após o ensaio, (B) aspecto do prato de cobre após o ensaio. 66 (A) (B) Figura 5.2 6130rpm, vazamento com r=6cm. (A) Aspecto do material obtido após o ensaio, (B) aspecto do prato de cobre após o ensaio. (A) (B) Figura 5.3 6130rpm, vazamento com r=11cm. (A) Aspecto do material obtido após o ensaio, (B) aspecto do prato de cobre após o ensaio. Após um exame visual do material obtido nestes testes, percebe-se que em 6130rpm e raio de atomização igual a 11cm, obteve-se geração de maior quantidade de pó. Gessinger [ 1 8 ] obteve resultados semelhantes, considerandose o caminho da trajetória de vôo da partícula, obtendo menores diâmetros de partícula com menores comprimentos de caminho de vôo. 67 A Figura 5.4 mostra o aspecto do material obtido em todos os testes executados. Figura 5.4 Aspecto do pó obtido nos ensaios e depositado sobre papel milimetrado para permitir visualização da distribuição em tamanho das partículas: (A) 4000rpm, r=0cm; (B) 4000rpm, r=6cm; (C) 4000rpm, r=11cm; (D) 6000rpm, r=0cm; (E) 6000rpm, r=6cm; (F) 6000rpm, r=11cm. A vedação da centrífuga não foi suficiente para evitar que parte do pó produzido em seu interior fosse atirado para fora. Esse material foi coletado com o auxílio de um pincel seco, e peneirado em peneira de 200mesh (abertura de 0.074mm ou 74µm) a Figura 5.5 mostra esse pó. 68 Figura 5.5 Aspecto da fração mais fina (< 74µm) do pó de chumbo obtido nos diversos experimentos. Figura 5.6 Imagem obtida através de lupa óptica com aumento de 63x do material de fração mais fina. As curvas granulométricas referentes a dois experimentos podem ser vistas nas Figuras 5.7 e 5.8. 69 100,0000 80,0000 60,0000 40,0000 20,0000 0,0000 % passante acumulada Grafico de % (passante acumulada) versus aberturas(mm) 0,04 0,05 0,05 0,08 0,11 0,15 0,21 0,3 0,5 0,6 0,85 1,7 Aberturas em mm Figura 5.7 Curva granulométrica do material obtido no teste 3, em 4000rpm e r=6cm. 100,0000 80,0000 60,0000 40,0000 20,0000 0,0000 % passante acumulada Grafico de % (passante acumulada) versus aberturas(mm) 0,04 0,05 0,05 0,08 0,11 0,15 0,21 0,3 0,5 0,6 0,85 1,7 Aberturas em mm Figura 5.8 Curva granulométrica do material obtido no teste 6, em 6000rpm e r=6cm. 70 Capítulo 6: Conclusões O processo, da forma como descrito, foi capaz de produzir partículas de pó de variadas formas e tamanhos. Houve uma tendência a se gerar partículas menores e maior quantidade dessas partículas em maiores velocidades de rotação do prato e raios de atomização também maiores. Isto pode ser devido ao fato de que ao aumentarmos essas duas grandezas, aumentamos também a velocidade tangencial na borda do raio de atomização, o que certamente faz com que a gota do metal fundido seja arremessada com maior velocidade contra a parede da centrífuga, que funciona aqui como uma folha de deflexão. Nesse caso, a partícula se fragmenta em outras menores devido ao choque. Na velocidade máxima desenvolvida nos testes, 6130rpm, o espiral convectivo de ar gerado no interior da centrífuga fez com que o material gerado girasse rapidamente assim que se solidifica. Provavelmente essa espiral de ar faz também com que se resfrie mais rapidamente as gotas. Nas imagens obtidas com microscópio óptico, não foram verificados grãos, o que sugere que o equipamento pode ser utilizado para produção de partículas amorfas de metais, o que é de grande interesse científico e tecnológico. Uma área de aplicação bastante promissora para os metais amorfos, ou vidros metálicos, é sua utilização em núcleos de transformadores para distribuição de energia elétrica, devido à menores perdas obtidas nestes equipamentos utilizando este tipo de material como núcleo [ 1 4 ] . 71 Capítulo 7: Sugestões para Trabalhos Futuros Balanço Energético Elaborar gráficos a partir do sinal obtido com o sensor hall de corrente. Esse sensor monitora indiretamente a potência elétrica consumida no sistema de aquecimento por indução, e a partir dos dados obtidos com ele, referentes ao aquecimento de diversos materiais e volumes diferentes destes materiais, pode-se elaborar gráficos para visualização direta da potênci a elétrica consumida no sistema em função do tipo e massa de material inserido na bobina de trabalho. Alturas e Raios de Queda Diferentes Testes com alturas de queda menores, e ainda com raios de atomização diferentes. Espera-se dessa forma relacionar valores destas variáveis operacionais com faixas de granulometria obtidas. Folha de Deflexão O sistema de folha de deflexão é usado também para facilitar a coleta do material durante o processo, poderia ser utilizado aqui no formato circular e feito de aço inox. Um tubo deste tipo poderia ser construído com alturas diferentes, de forma a aumentar o caminho de vôo da partícula e poderia também ser montado de forma a se encaix ar na própria centrífuga. Testes para Fundição Direta de Vários Materiais metálicos Até a redação final desta dissertação, não haviam ainda sido feitos testes de aquecimento e/ou fundição direta de outro materiais metálicos que não aço carbono, como o do cadinho. 72 Controle do Sistema de Aquecimento Automatizado Através de Microcontroladores O uso de microcontroladores pode tornar todo o sistema bastante compacto fisicamente e com funcionalidades extras, como aquisição de dados (temperatura da carga inserida na bobina de trabalho, corrente drenada, energia consumida em kWh, etc) via porta USB para PCs e controle de tempos de aquecimento, temperaturas a serem atingidas, etc, via computador pela mesma porta. As possibilidades nesse caso são praticamente ilimitadas, dependendo somente das necessidades do usuário. 73 ANEXO 1 – Dispositivos Eletrônicos Componentes do Sistema Figura 1.1 Diagrama de blocos do circuito eletrônico do forno de indução. Figura 1.2 Diagrama da fonte de potência para alimentação do tanque ressonante. 74 Figura 1.3 Layout da placa de circuito da fonte de potência. Figura 1.4 Placa de circuito dos capacitores auxiliares de filtragem da font e de potência. 75 Figura 1.5 Diagrama e layout da placa do oscilador que comanda o sistem a ressonante. 76 Figura 1.6 Diagrama e placa do divisor de freqüência e gerador de tempo morto. 77 Figura 1.7 Diagrama e placa do driver de alta velocidade para mosfets 78 Figura 1.8 Diagrama e placa do acoplador óptico de disparo para os Gates dos IGBTs. Figura 1.9 Placa de suporte para os IGBTs. 79 Figura 1.10 Sensor de corrente de efeito Hall, CSNF161. 80 Figura 1.11 Dispositivo de controle de velocidade do motor da centrífuga. 81 ANEXO 2 – Imagens Obtidas com Lupa Óptica, 63x As Figuras 5.7 a 5.12 mostram o aspecto do pó obtido nos ensaios. Partículas de variadas formas e tamanhos podem ser vistas, o que está de acordo com Chiaverini [ 3 ] , que cita os principais tipos de forma de partículas metálicas. Gessinger [ 1 8 ] afirma que para menores trajetórias de vôo da partícula, menores tamanhos são obtidos. A trajetória de vôo utilizada nos ensaios foi fixa, 170mm. Nesse caso, houve uma tendência à geração de partículas menores com raios de atomização maiores e maiores velocidades de rotação do disco de cobre. Percebe-se ainda, na Figura 5.9 que mostra o material obtido com rotação de 4000rpm e r=11cm, uma predominância de partículas esféricas geradas. Figura 2.1 4000rpm, r=0cm. Lupa óptica, aumento de 63x. 82 Figura 2.2 4000rpm, r=6cm. Lupa óptica, aumento de 63x. Figura 2.3 4000rpm, r=11cm. Lupa óptica, aumento de 63x. 83 Figura 2.4 600rpm, r=0m. Lupa óptica, aumento de 63x. Figura 2.5 600rpm, r=6cm. Lupa óptica, aumento de 63x. 84 Figura 2.6 600rpm, r=11cm. Lupa óptica, aumento de 63x. 85 ANEXO 3 – Imagens Obtidas com Microscópio Óptico Essas imagens foram obtidas de partículas planas grandes, de diâmetros entre 1 e 2cm que foram geradas nos testes de 1 a 5. O teste 6, a 6130rpm e raio de atomização de 11cm não gerou nenhuma dessas partículas. (A) (B) (C) Figura 3.1 4000rpm, r=0cm. Nital 2%, (A) Aumento 200x, escala 50µm; (B) Aumento 400x, escala 20µm; (C) Aumento 800x, escala 10µm. (A) (B) (C) Figura 3.2 4000rpm, r=6cm. Nital 2%, (A) Aumento 200x, escala 50µm; (B) Aumento 400x, escala 20µm; (C) Aumento 800x, escala 10µm. 86 (A) (B) (C) Figura 3.3 4000rpm, r=11cm. Nital 2%, (A) Aumento 200x, escala 50µm; (B) Aumento 400x, escala 20µm; (C) Aumento 800x, escala 10µm. (A) (B) (C) Figura 3.4 6130rpm, r=0m. Nital 2%, (A) Aumento 200x, escala 50µm; (B) Aumento 400x, escala 20µm; (C) Aumento 800x, escala 10µm. (A) (B) (C) Figura 3.5 6130rpm, r=6cm. Nital 2%, (A) Aumento 200x, escala 50µm; (B) Aumento 400x, escala 20µm; (C) Aumento 800x, escala 10µm. As imagens apresentadas na Figura 5.18 são do material de granulometria mais fina. Não se percebem grãos nessas imagens. Nas imagens 87 (a) e (b) podem ser vistos núcleos de dendritas que não tiveram chance de crescer devido ao rápido resfriamento no disco rotativo. Na imagem (c) são vistos braços primários de dendritas, novamente aqui, não houve o desenvolvimento de braços secundários devido à alta taxa de resfriamento do material. (A) (B) (C) Figura 3.6 Ataque ácido acetico+nitrico (A) Região 3, aumento 200x; (B) Região 3, aumento 400x; (C) Região 9, aumento 800x 88 Referências Bibliográficas [1] ] D. Callister Jr.; Willian. Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução. Quinta Edição, pág 553. Rio de janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 2002. 592 págs. [2] Hirschhorn, Joel S. Introduction to Powder Metallurgy. The Colonial Press Inc. 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