Edição 36
20 de novembro de 2006
A questão ‘Oriente Médio’
Talibã rumo à vitória?
11 de setembro – a relação causa-consequência
O “fortalecimento inexplicável” do Talibã
A violência no Iraque parece crescer diariamente, e o medo de que
as tensões entre sunitas e xiitas possam ir além das fronteiras do
Iraque é uma preocupação constante dos países do Oriente Médio.
Essa violência é atribuída a dois fatores: a derrota dos Estados
Unidos no Iraque e a ausência de um plano para o pós-guerra.
O general holandês Ton Van Loon, comandante das forças
Especialistas militares, inclusive estadunidenses, há tempos alertam
internacionais da OTAN no Afeganistão, anunciou que estaria
que a chamada “violência sectária” no Iraque faz parte de um plano
disposto a negociar aspectos da ocupação afegã com líderes do
estadunidense, uma última opção para tentar vencer a guerra.
Talibã. Após anúncios em outubro sobre um “fortalecimento
Confira na página 2
inexplicável” do Talibã em combate, a colocação imperialista de que
“não negociamos com organizações terroristas” finalmente caiu
também no Afeganistão – sinal da força de resistência do Talibã.
N ESTA EDIÇÃO
Confira na página 2
2
A questão ‘Oriente Médio”
2
Talibã rumo à vitória?
3
Resistência Iraquiana – eventos da semana
4
A História dos Conflitos – Parte 36
4
Bibliografia e Pesquisas
Resistência Iraquiana: eventos da
semana – 13 a 17 de novembro
Por dentro das ações da Resistência Iraquiana
Anunciamos a todos nossos leitores essa nova coluna do Oriente
Médio Vivo. Se trata de uma tentativa de ilustrar claramente as
operações que acontecem em solo iraquiano, contendo detalhes que
as redes de mídia de massa ignoram. Para isso, contamos com o
ORIENTE MÉDIO VIVO é:
apoio do correspondente oficial do Oriente Médio Vivo no Iraque,
Humam al-Hamzah - Fundador, Editor e Jornalista
Salim Alabasi, diretamente da cidade de Al-Mosul.
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O tão criticado “terrorismo” é, na
A questão ‘Oriente Médio’
realidade, uma resposta das
A violência no Iraque parece crescer diariamente, e o medo de que
pessoas
as tensões entre sunitas e xiitas possam ir além das fronteiras do
“extremistas”
Iraque é uma preocupação constante dos países do Oriente Médio.
extremistas, tornaram-se pela
Essa violência é atribuída a dois fatores: a derrota dos Estados
condição subumana ao qual
Unidos no Iraque e a ausência de um plano para o pós-guerra.
foram
Especialistas militares, inclusive estadunidenses, há tempos alertam
que a chamada “violência sectária” no Iraque faz parte de um plano
estadunidense, uma última opção para tentar vencer a guerra.
rotuladas
que,
impostos
a
como
se
são
viver,
às
loucuras cometidas em nome da fé cristã e judaica de que existe um
deus que deu Israel ao seu “Povo Escolhido”, à loucura da ideologia
cristã que tenta alienar seus fiéis para ganhar “pontos de ida ao
Após três anos de ocupação no Iraque, a suposta “guerra contra o
céu”, e que assim força o resto do mundo a aceitar a existência
terrorismo” destruiu completamente a sociedade iraquiana. Existe
atual de Israel.
como corrigir o dano irresponsável e criminoso que foi cometido?
Inicialmente, será necessário entender as raízes do problema atual,
e não continuar uma “guerra contra o terrorismo”, que apenas
combate as reações aos problemas, e não as raízes dos mesmos.
Como responderia o mundo muçulmano a uma solução como essa
para a Questão Palestina? Haveria entusiasmo para acabar com o
tão temido “terrorismo”? Certamente seria uma resposta positiva,
esperada a dezenas de anos, requerida também a dezenas de
Será necessário entender que aqueles aviões que acertaram os
anos, mas oprimida por todo o tempo. Só existe mesmo uma
corações dos estadunidenses em 11 de setembro de 2001 eram
maneira de se responder a essa questão – por que não perguntar a
reações a um problema. Por exemplo, ao saber que as aeronaves
eles? Por que não deixá-los falar?
decolaram de Boston, é necessário entender que Boston serviu
apenas como uma representação das aeronaves que decolaram de
Talibã rumo à vitória?
Nova Iorque, da Central da ONU, em 1947 – no dia em que os
O general holandês Ton Van Loon, comandante das forças
Estados Unidos forçaram a ONU a criar Israel na Palestina –
internacionais da OTAN no Afeganistão, anunciou que estaria
fazendo assim os palestinos pagarem pelo que os alemães fizeram
disposto a negociar aspectos da ocupação afegã com líderes do
aos judeus na Segunda Guerra Mundial. A resposta violenta dada
Talibã. Após anúncios em outubro sobre um “fortalecimento
ao 11 de setembro foi apenas uma extensão de um erro cometido
inexplicável” do Talibã em combate, a colocação imperialista de que
pelos estadunidenses anos atrás.
“não negociamos com organizações terroristas” finalmente caiu
Uma verdadeira solução para a Questão Palestina, para os
também no Afeganistão – sinal da força de resistência do Talibã.
estadunidenses, serviria para agir contra um erro histórico cometido
O
por eles mesmos. Entretanto, a injustiça de fazer os palestinos
desconhecido inclusive em meio aos líderes afegãos, havia
pagarem por crimes que não cometeram, e o crime de forçar
comunicado em outubro, ao término do Ramadã, sobre futuros
governos pelo mundo a apoiarem a existência de Israel, nunca
“ataques surpreendentes” que o Talibã estaria preparando o início.
serão esquecidos nem perdoados.
O órgão de mídia da Al-Qaeda, a As-Sahab, foi quem editou e
Será necessário a criação de um estado único na Palestina para
evitar um desastre construído diariamente pela política criminosa
dos Estados Unidos e seus aliados. Esse Estado deverá ser
composto por Gaza, a Cisjordânia e as terras atualmente ocupadas
misterioso
líder
do
Talibã,
o
mulá
Muhammad
Omar,
publicou a mensagem de Muhammad Omar, provando que, apesar
da destruição do Afeganistão, a união de forças entre a organização
de Osama bin Laden e o partido afegão do Talibã está viva como
sempre.
por Israel. As Fazendas de Shebaa deverão ser devolvidas ao
Após a maior onda de violência no Afeganistão desde a invasão
Líbano, e os Altos de Golan à Síria. Palestinos e judeus serão
liderada pelos Estados Unidos em 2001, com o número de ataques
cidadãos, e todos terão direitos iguais.
às forças internacionais crescendo quatro vezes em relação ao ano
Sem que esse passo seja feito, poderão ser criadas quantas
“guerras contra o terrorismo” quiserem, que o problema apenas
crescerá, e chegará a um ponto em que a coexistência dessas
culturas será impraticável. Se a devida atenção não for investida
passado, as forças da OTAN concordam que uma mudança de
estratégia é necessária. “Nossas tropas parecem cegas no campo
de batalha, e precisamos de ajuda para identificar corretamente
nossos alvos”, alertou o general Van Loon, da OTAN, em relação ao
nas raízes dos conflitos atuais, a situação da Palestina jamais
trilhará um real caminho para a paz.
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Continua na página 3
Continuação da página 2
crescente número de civis inocentes mortos por ataques das forças
internacionais nos últimos meses, enquanto o Talibã ganhou terreno
destruíram uma casa no bairro de Ad-Dubbat, matando as 11
pessoas da família que se abrigavam no local.
no Afeganistão. “Vamos precisar de colaboração dos líderes tribais,
A Resistência anunciou que oito soldados estadunidenses foram
e nossas ofertas terão que incluir o Talibã”, anunciou Van Loon, em
mortos após um ataque contra um tanque e um veículo Humvee, na
um primeiro passo da nova estratégia para a ocupação do
estrada entre Ar-Ramadi e At-Ta’mim. Segundo eles, a resposta
Afeganistão, que procura assegurar a existência do regime de
estadunidense
governo atual, erguido pelos Estados Unidos.
população civil da região, matando 15 pessoas e deixando 16
A necessidade de uma nova estratégia no Afeganistão veio,
veio
com
ataques
Enquanto
últimos meses. Os ataques mal organizados da OTAN, em busca de
iraquiana,
membros do Talibã, matou centenas de civis nos últimos dois
estadunidenses atacaram um
meses, gerando um ressentimento geral entre a população afegã, e
complexo residencial palestino,
colocou em risco os esforços para consolidar o frágil governo
seqüestrando seis homens e
afegão, leal à ocupação. Descrevendo essa situação, o jornal
três
paquistanês
explicação foi encontrada para
News
publicou
a
manchete
“Derrota
no
contra
a
feridos.
principalmente, em função do crescimento inesperado do Talibã nos
The
indiscriminados
isso,
na
mulheres.
capital
soldados
Nenhuma
Afeganistão”, com a seguinte questão: “para se vencer no
a ação estadunidense na região que abriga cerca de 30 mil
Afeganistão e estabelecer um governo verdadeiro, será necessário
refugiados palestinos, expulsos de seus lares pela expansão
vencer antes o apoio da população. Matar centenas deles com
imperialista de Israel.
seguidos erros é um passo à direção oposta”.
Durante a última semana, três soldados estadunidenses foram
O líder do Talibã, procurado
mortos pelos grupos de atiradores de elite da Resistência Iraquiana.
pelos Estados Unidos desde
Dois deles foram mortos simultaneamente na cidade de Al-Haditha
2001 sob a oferta de 10 milhões
no último dia 16, e o terceiro foi morto na região de Bayji, no dia
de dólares, o mulá Muhammad
seguinte.
Omar, havia anunciado que “o
do
aliado
Em 15 de novembro, soldados estadunidenses expulsaram famílias
Hamid
Karzai
de cinco casas na região de Al-Fallujah. Em seguida, as residências
governo-fantoche”
estadunidense
“enfrentar
a um tribunal islâmico”, e alertou às
teria que “enfrentar
a justiça em
forças internacionais da OTAN para se prepararem para “deixar o
Afeganistão o mais rápido possível”. Os novos comunicados da
OTAN, que evidenciam inclusive a fragilidade do governo de
George W. Bush após a recente derrota nas eleições, parecem
passaram a funcionar como pequenas bases estadunidenses na
região. Em resposta, a Resistência atacou o campo estadunidense
de Al-Karmah, a 15 km ao leste de Al-Fallujah, aproximadamente às
12h38, horário de Mecca. Um conflito armado durou mais de uma
hora, em que ambos os lados sofreram baixas. A Resistência
retornou para sua base da província de Al-Anbar com equipamentos
concordar com o que o Talibã havia alertado.
e armamentos pegos dos soldados estadunidenses que foram
Re s i s t ê n c i a I r a q u i a n a : e v e n t o s
semana – 13 a 17 de novembro
da
O último dia 13 de novembro foi muito agitado no conflito em solo
iraquiano, principalmente na cidade de Ar-Ramadi. Os primeiros
movimentos da resistência aconteceram por volta das 11h45,
horário de Mecca, quando guerreiros da Resistência Iraquiana
derrubaram um helicóptero estadunidense na região de Ar-Ramadi,
a 100 km da capital iraquiana, Bagdá. Civis moradores dos
mortos no combate.
No dia 17, um posto de controle das forças inglesas na região de AlBasrah foi atacado por membros da Resistência, que chegaram ao
local em um veículo branco. Houve uma breve troca de tiros antes
que a Resistência retornasse para a sua base mais próxima. O
posto foi fechado até o final do dia, e ambulâncias foram vistas em
deslocamento para o Hospital de Al-Basrah, carregando os
soldados ingleses feridos em combate.
arredores em que o helicóptero foi derrubado afirmaram que os
O número de soldados das forças de ocupação mortos até 17 de
estadunidenses haviam sido atingidos, e tentaram evitar a queda
novembro evidencia a crescente ofensiva da Resistência Iraquiana,
com um pouso forçado, apesar de um incêndio na aeronave.
que provocou mais de 100 baixas às forças de ocupação em
Pouco
tempo
mais
tarde,
civis
relataram
que
tanques
outubro deste ano.
estadunidenses, percorrendo a região residencial de Ar-Ramadi,
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A História dos Conflitos – Parte 36
Lillehammer. O Mossad estava a um ano procurando por Ali Hassan
Salameh, supostamente o mandante do ataque de Munique.
A Operação “Ira de Deus” – Parte 3
Finalmente, Israel acreditava ter encontrado Salameh na Noruega,
Após a operação “Primavera da Juventude”, em que Israel
na cidade de Lillehammer. Mal preparados, os agentes do Mossad
assassinou os palestinos Muhammad Youssef Al-Najjar, Kamal
assassinaram o garçom marroquino Ahmed Bouchiki, pensando ser
Adwan e Kamal Nasser, membros da OLP, além de outros cem
Ali Hassan Salameh, quando ele retornava para sua casa após uma
‘simpatizantes’ da organização, policiais libaneses que tentaram
seção de cinema com sua esposa, que estava gestante. No dia
conter os assassinatos e civis inocentes que habitavam a região do
seguinte, seis dos terroristas do Mossad foram presos por
ataque no Líbano, o Mossad continuou a caçada de seus alvos na
autoridades norueguesas, incluindo duas mulheres. O líder dos
Europa.
terroristas israelenses, Michael Hariri, conseguiu escapar, e Israel o
protegeu contra uma deportação em que Hariri seria julgado na
Três novos assassinatos comandados pelo Mossad aconteceram
logo após a operação no Líbano. O primeiro deles tirou a vida de
Zaiad Muchasi, que havia substituído Hussein Al Bashir ao
Noruega. Ele nunca foi preso ou julgado, e tornou-se conhecido
que, anos mais tarde, o israelense trabalhou como mercenário em
países da África, América Central e América do Sul.
representar o partido político palestino Fatah, no Chipre, e era um
novo contato da OLP com a KGB. Em 11 de abril de 1973, Muchasi
Com a captura dos agentes israelenses, a comunidade internacional
foi morto por uma bomba instalada pelo Mossad em seu quarto, em
condenou severamente os atos terroristas cometidos por Israel. A
um hotel em Atenas, Grécia. Em seguida outros dois palestinos
pressão internacional levou a primeira-ministra israelense Golda
foram atacados, Abdel Hamid Shibi e Abdel Hadi Nakaa, em um
Meir, que havia autorizado a série de assassinatos, a suspender
carro em Roma, mas ambos sobreviveram, apesar de gravemente
temporariamente a Operação “Ira de Deus”.
feridos. A justificativa de Israel para esses três crimes foi que as
Por um tempo, a operação terrorista de Israel contra supostos
vítimas tinham conexões com o Setembro Negro, entretanto nunca
membros do Setembro Negro havia sido suspensa. Os três
houve qualquer evidência que pudesse provar tal acusação.
sobreviventes da operação de Munique, Jamal Al-Gashey, Adnan
A vítima seguinte foi a feminista palestina Nada Yashruti, mãe de
Al-Gashey e Mohammed Safady, além de Ali Hassan Salameh,
duas crianças. Aos 33 anos de idade, a viúva de um ex-membro do
estavam em liberdade. Existiram rumores de que Adnan Al-Gashey
Fatah foi atacada por três agentes israelenses quando chegava a
e Mohammed Safady estariam mortos, mas foram desmistificados
seu apartamento em Beirute, no Líbano, em 2 de maio. Nenhuma
quando Al-Gashey foi localizado em um país do Golfo, e através da
justificativa foi dada por Israel para o assassinato da palestina.
família de Safady, que confirmou que ainda mantinha contato com
ele. Jamal al-Gashey está hoje em um país do norte da África, como
O Mossad voltou a assassinar em 29 de junho. O poeta Mohammed
Boudaiah, nascido na Argélia e simpatizante da causa palestina, foi
morto por uma bomba instalada em seu carro, que detonou em
Paris. Israel justificou o assassinato considerando Boudaiah um
“diretor de operações do Setembro Negro na França”. Com o passar
ele mesmo contou em uma entrevista para o diretor cinematográfico
Kevin McDonald, em 1999. Acredita-se que todos os três
sobreviventes da operação de Munique estejam vivos ainda hoje.
Anos mais tarde, o palestino Abu Daoud afirmou que a idéia do
ataque de Munique teria sido dele.
do tempo, qualquer justificativa era usada, e não se preocupavam
muito quanto à veracidade das acusações, até porque em pouco
Apesar de a série de atentados terroristas comandados por Israel
tempo apareciam novos assassinatos.
ter sido descontinuada após o fracasso na Noruega, os ataques
indiscriminados a civis na Palestina e no Líbano continuaram
Em 21 de julho do mesmo ano aconteceu o chamado Caso
normalmente.
ORIENTE MÉDIO VIVO, fundado em 20 de fevereiro de 2006.
Fontes de pesquisa:
Website ativista Palestine Monitor (www.palestinemonitor.org)
Website ativista Electronic Intifada (www.electronicintifada.net)
As informações e pontos de vista nesse newsletter publicadas não necessariamente retratam os pontos de vista daqueles envolvidos no seu
processo de criação.
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“A injustiça, em qualquer lugar, é uma ameaça à justiça, em todos os lugares” – Martin Luther King Jr. ( 1929 – 1968 )
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