RE-DIMENSIONAMENTO DE UMA BOMBA CENTRÍFUGA PARA O SISTEMA DE COMBATE A INCÊNDIO DE UMA PLANTA INDUSTRIAL Matheus Donadio Gonçalves Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Gustavo César Rachid Bodstein, Ph.D. Rio de Janeiro Fevereiro 2014 RE-DIMENSIONAMENTO DE UMA BOMBA CENTRÍFUGA PARA O SISTEMA DE COMBATE A INCÊNDIO DE UMA PLANTA INDUSTRIAL Matheus Donadio Gonçalves PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO MECÂNICO. Examinado por: _____________________________________________ Prof. Gustavo César Rachid Bodstein, Ph.D. (Orientador) _____________________________________________ Prof. Manuel Ernani de Carvalho Cruz, Ph.D. _____________________________________________ Prof. Daniel Onofre de Almeida Cruz, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL FEVEREIRO 2014 II Gonçalves, Matheus Donadio Re-dimensionamento de uma bomba centrífuga para o sistema de combate a incêndio de uma planta industrial/Matheus Donadio Gonçalves - Rio de Janeiro: UFRJ/ESCOLA POLITÉCNICA, 2014. VII, 70 p.: il.; 29,7 cm. Orientador: Gustavo César Rachid Bodstein, Ph.D. Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/Curso de Engenharia Mecânica, 2014. Referências Bibliográficas: p. 70. 1. Sistema Dimensionamento de bombeamento. de bomba I. Bodstein, centrífuga. 2. Gustavo. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Engenharia Mecânica. III. Re-dimensionamento de uma bomba centrífuga para o sistema de combate a incêndio de uma planta industrial. III Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico. Re-dimensionamento de uma bomba centrífuga para o sistema de combate a incêndio de uma planta industrial Matheus Donadio Gonçalves Fevereiro/2014 Orientador: Gustavo César Rachid Bodstein, Ph.D. Curso: Engenharia Mecânica Este projeto final tem como objetivo o re-dimensionamento e verificação do resultado de um projeto de ampliação da capacidade de um sistema de combate a incêndio do terminal de navios de uma planta industrial. Sendo assim, será feito o dimensionamento de uma bomba centrífuga para as condições de operação que foram definidas pela companhia. O resultado será confrontado com a bomba que encontra-se em operação hoje para verificar a possibilidade de sua utilização. Palavras-chave: bomba centrífuga, sistema de combate à incêndio, NFPA 20. IV Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Engineer. Re-sizing a centrifugal pump for firefighting system of an industrial plant Matheus Donadio Gonçalves February/2014 Advisor: Gustavo César Rachid Bodstein, Ph.D. Course: Mechanical Engineering This final project aims to re-design and verify the result of a project to increase the capacity of a system of firefighting from an industrial plant ship terminal. Thus, the design will contemplate a centrifugal pump operating in specific conditions which are defined by the company. The result will be compared with the pump that is in operation today to verify the possibility of its use. Keywords: centrifugal pump, firefighting system, NFPA 20. V Sumário I. Objetivo e Introdução .......................................................................................... 1 II. Bombas Hidráulicas ............................................................................................ 2 II.1 Bombas Dinâmicas ...................................................................................... 2 II.2 Bombas Volumétricas .................................................................................. 4 III. Bomba Centrífuga ............................................................................................... 6 III.1 Principais Componentes............................................................................... 6 III.2 Propriedades das Bombas Centrífugas ...................................................... 15 IV. Descrição do Sistema........................................................................................ 22 IV.1 Funcionamento ....................................................................................... 22 IV.2 Linha de Incêndio ................................................................................... 23 IV.3 Equipamentos a Serem Estudados ......................................................... 24 V. Dimensionamento do Sistema ........................................................................... 31 V.1 Levantamento da Tubulação ...................................................................... 31 V.2 Curva de Perda de Carga dos Equipamentos ............................................ 32 V.3 Perda de Carga na Descarga ..................................................................... 36 V.4 Perda de Carga na Sucção ........................................................................ 42 V.5 Curva do Sistema ....................................................................................... 43 V.6 NPSH Disponível........................................................................................ 44 VI. Bomba Principal ................................................................................................ 45 VI.1 Ponto de Trabalho da Bomba Atual ........................................................ 45 VI.2 Seleção de Nova Bomba ........................................................................ 47 VII. Conclusão ......................................................................................................... 53 VI VIII. Anexos ....................................................................................................... 54 VIII.1 Tabelas de Consulta de Comprimentos Equivalentes ............................. 54 VIII.2 Gráfico de Rugosidade Relativa ............................................................. 57 VIII.3 Desenhos esquemáticos do sistema....................................................... 58 VIII.4 Curvas da bomba atual ........................................................................... 64 VIII.5 Curvas da nova bomba ........................................................................... 65 VIII.6 Tabelas de cálculo de comprimento equivalente..................................... 66 VIII.7 Tabela de desníveis de cada trecho ....................................................... 69 IX. Referências ....................................................................................................... 70 VII I. Objetivo e Introdução Este projeto final tem como objetivo o re-dimensionamento e verificação do resultado de um projeto de ampliação da capacidade de um sistema de combate a incêndio do terminal de navios de uma planta industrial. Sendo assim, será feito o dimensionamento de uma bomba centrífuga para o sistema que encontra-se em operação. Caso a bomba que encontra-se em operação hoje não atenda as condições que foram definidas pela companhia será proposta e selecionada uma nova bomba para o sistema. Devido a sua natureza comercial e industrial este dimensionamento deve, obrigatoriamente, seguir normas bastantes rigorosas para sua implementação ser aprovada pela companhia e pelo estado. A norma a ser seguida é a NFPA 20. Esta norma, pertencente ao National Fire Protection Association, estabelece um padrão reconhecido internacionalmente para a seleção e instalação de bombas estacionarias para proteção contra incêndio. A mesma tem como objetivo garantir que o sistema funcionará como projetado, de forma a fornecer o suprimento de água confiável e adequado em uma situação de emergência. O dimensionamento, por sua vez, deve ser executado de forma a garantir o funcionamento simultâneo de dois canhões monitores fixos (água + espuma opcional), à 1500 [lpm], e dois esguichos manuais (água + espuma), à 400 [lpm]. Estas vazões foram solicitadas pela companhia para garantir o funcionamento dos equipamentos em condições desejadas por ela e necessárias para atender às normas aplicáveis. O funcionamento destes equipamentos no ponto de trabalho estabelecido é de grande importância, pois estas condições garantirão um alcance já estipulado pela empresa (a ambos os equipamentos) e, caso isto não seja atendido, além de não cumprir as normas, o sistema não terá a capacidade de auxiliar o combate a incêndio em navios que aportarem no terminal da empresa. 1 II. Bombas Hidráulicas Bombas hidráulicas são máquinas utilizadas para transportar fluidos de um ponto a outro fornecendo energia ao mesmo. Esta energia pode ser cedida na forma de pressão, na forma cinética ou em ambas. A bomba, por sua vez, recebe energia de uma fonte motora, uma máquina qualquer. Deve-se observar que, como a bomba possui uma certa eficiência quando em situações reais, nem toda a energia que a mesma recebe da máquina motora é transferida ao fluido. As bombas hidráulicas são, devido a sua grande variedade de estruturas e princípios de funcionamento, dividias em dois principais grupos, são eles: bombas dinâmicas (ou turbo bombas) e bombas volumétricas (ou de deslocamento positivo). II.1 Bombas Dinâmicas As bombas dinâmicas são bombas nas quais a energia cedida ao fluido é encontrada sob forma de energia cinética. Esta energia é normalmente transferida a partir de um rotor (ou impelidor). Apesar deste impelidor apresentar características diferentes para cada tipo de bomba dinâmica o princípio de funcionamento deles é o mesmo. A energia cinética do impelidor provém, como mencionado antes, de uma máquina motora. Esta, por sua vez, pode ser de diferentes tipos e seu princípio de funcionamento não modifica a classificação da bomba a ser acoplada na mesma. Ou seja, uma bomba dinâmica pode ser alimentada tanto por um motor elétrico quanto por um motor a diesel ou gasolina e, qualquer que seja o tipo do motor, a bomba continua sendo uma turbo bomba. Sendo assim, o fluido tem sua energia cinética aumentada após passar pelo impelidor. Porém, o objetivo de uma bomba hidráulica não é aumentar a velocidade do fluido e, sim, sua pressão. Desta forma, percebe-se que há a necessidade de transformar esta energia cinética em energia de pressão ainda dentro da bomba. Para isto, utiliza-se uma peça chamada voluta. 2 A voluta tem como principais funções acomodar o fluido e transformar, através de uma variação de seção de área, a velocidade do mesmo em pressão. Este funcionamento será explicado em detalhes mais à frente. É importante observar que o desempenho destas bombas está diretamente relacionado ao sistema ao qual as mesmas estão acopladas. Ou seja, caso o sistema forneça maior resistência a movimentação do fluido a capacidade da bomba será reduzida, tendo uma vazão de operação menor. Em consequência disto, as bombas dinâmicas possuem diversas curvas que caracterizam seu desempenho, como: curva head x vazão, potência x vazão, rendimento x vazão etc. As mesmas serão discutidas em detalhes quando estudarmos a bomba referente a este projeto. Segue, na Figura II.1, o esquema de uma bomba dinâmica. Figura II.1 Esquema de uma bomba dinâmica (Pump Fundamentals, 2013) 3 Os exemplos mais comuns de bombas dinâmicas são: Bombas Centrífugas (Puras ou Radiais e Francis), Bombas de Fluxo Misto, Bombas de Fluxo Axial e Bombas Periféricas ou Regenerativas. II.2 Bombas Volumétricas As bombas volumétricas, ao contrário das bombas dinâmicas, têm como característica principal o fato da transferência de energia se dar diretamente na forma de pressão. Sendo assim, não há necessidade de utilização de uma peça como a voluta, já que não é preciso realizar nenhuma transformação de energia no equipamento. Esse grupo de bombas possui este nome pois a transferência de energia é obtida através do deslocamento de volumes finitos de fluido diretamente para a pressão elevada. Este deslocamento, por sua vez, também está relacionado ao movimento de uma máquina motora. Porém, ao invés de ser o impelidor que realiza a transferência de energia ao fluido, a mesma é feita a partir de uma peça mecânica qualquer (esta depende do tipo de bomba) que obriga o fluido a seguir seu movimento. Pode-se observar que, como o deslocamento do fluido está ligado diretamente ao movimento da peça mecânica, a vazão deste tipo de bomba é, em média, invariável (caso a rotação da peça mecânica seja constante) e independe do sistema ao qual a mesma está acoplada. Sendo assim, as bombas volumétricas não possuem curvas características como as bombas dinâmicas pois a vazão do fluido está diretamente ligada a rotação do motor e a variação da mesma não modifica o acréscimo de pressão a ser fornecido (já que volumes finitos são deslocados diretamente para o ponto onde a pressão é igual a pressão de descarga da bomba). O rendimento da bomba também independe da rotação do motor. Então, a única curva que faz sentido ser analisada é a curva potência x vazão já que nos fornece informações importantes quanto a taxa de energia a ser fornecida pelo motor para funcionamento da bomba no ponto de trabalho desejado. 4 Figura II.2 Esquema de uma bomba de engrenagens (Mattos & Falco, 1998) Os exemplos mais comuns de bombas volumétricas são: Bombas Alternativas (Pistão, Êmbolo e Diafragma) e Bombas Rotativas (Engrenagens - Figura II.2, Lóbulos, Parafusos e Palhetas Deslizantes). 5 III. Bomba Centrífuga A bomba centrífuga é um tipo de bomba dinâmica (ou turbo bomba) e, especificamente, é a bomba que será estudada e dimensionada neste projeto. O princípio de funcionamento da bomba centrífuga, apesar da mesma ser um dos diversos tipos de bombas dinâmicas, é exatamente o mesmo do explicado anteriormente. Este tipo de bomba é requisito básico para qualquer sistema de combate a incêndio. Isto se deve ao fato das bombas centrífugas serem projetadas e indicadas para operar a grandes vazões e não tão elevadas pressões. Estas condições caracterizam, exatamente, o caso encontrado nestas situações emergenciais. A alta vazão demandada está diretamente relacionada a abertura de diferentes terminais de captação de água da linha em uma emergência. Dificilmente, um combate a incêndio é feito com somente uma mangueira ou equipamento. E caso o incêndio se estenda por uma vasta região é necessário que o sistema suporte uma demanda ainda maior. III.1 Principais Componentes Os principais componentes de uma bomba centrífuga, apesar de serem os mesmos para qualquer bomba deste tipo, têm sua estrutura ou material diferenciados para cada aplicação. Sendo assim, será feita uma apresentação geral dos componentes mais importantes de uma bomba centrífuga. III.1.1 Impelidor O impelidor, como explicado anteriormente, é a parte mecânica da bomba que, ao movimentar-se, transfere energia cinética para o fluido que passa por ele. Cada tipo de bomba dinâmica possui uma configuração de impelidor diferente e cada variação de estrutura confere ao mesmo diferentes condições de trabalho. Cada uma destas formas servem para aplicações diferentes e trazem benefícios específicos. O 6 impelidor de uma bomba centrífuga pode ser aberto, semi-aberto ou fechado e de simples ou dupla sucção. Alguns tipos comuns de impelidores podem ser observados na Figura III.1. Figura III.1 Impelidores aberto, semi-aberto e fechado (Damasgate, 2013) Bombas centrífugas com impelidores abertos são as mais comuns hoje em dia porque os mesmos são bem mais baratos que os impelidores fechados. Isto se deve ao fato do processo de fabricação deles ser bem mais simples. Outra vantagem destes impelidores é a possibilidade de adaptação do mesmo para diferentes condições de operação. Ou seja, o impelidor pode ser facilmente usinado para modificar o ponto de operação da bomba, o que permite aos fabricantes fornecerem bombas que atendam a uma gama de situações com uma fácil adaptação do impelidor. Este fato, por sua vez, gera uma padronização das bombas fabricadas e uma consequente redução de custos e barateamento do produto final. 7 Figura III.2 Impelidores com simples e dupla sucção (Damasgate, 2013) Impelidores com simples sucção são os impelidores mais comuns no mercado. A única diferença em relação ao impelidor de dupla sucção é que aquele permite a sução de duas tubulações opostas ao mesmo tempo. Segue uma comparação na Figura III.2. III.1.2 Carcaça A carcaça de uma bomba centrífuga tem como principais funções a contenção do fluido no interior da bomba e a conversão de energia cinética em energia de pressão. Existem alguns diferentes tipos de carcaça e, assim como nos impelidores, cada tipo se refere a uma aplicação diferente. Serão abordados a seguir os diferentes tipos principais de carcaças. III.1.2.1 Carcaça em Voluta A carcaça em voluta, Figura III.3, como mencionado anteriormente, tem duas funções principais: acomodar o fluido na saída do impelidor e converter a energia cinética fornecida a ele em energia de pressão. A necessidade de acomodação do fluido na saída do impelidor se deve ao fato da fluxo na saída do impelidor ser, no caso da bomba centrífuga, radial. Caso a carcaça fosse concêntrica ao impelidor e com uma mesma seção reta ao longo de todo o impelidor, o 8 fluído iria se acumulando cada vez mais conforme fosse se afastando do ponto de coleta inicial da carcaça no sentido do fluxo. Isto, por sua vez, geraria uma força resultante no eixo da bomba que seria extremamente desfavorável ao funcionamento da bomba e a sua vida útil devido ao esforço excessivo e vibrações constantes. Figura III.3 Esquema de uma carcaça em voluta Sendo assim, a voluta possui um aumento de seção reta de captação ao longo de seu comprimento no sentido do fluxo, o que suporta o aumento gradual de fluido coletado evitando seu acúmulo e suas consequências. Ao final do contorno do impelidor a voluta possui uma parte difusora que fornece a conversão da energia cinética do fluido em pressão. Deve-se ressaltar que este tipo de carcaça possui uma vazão de projeto. Caso a vazão de operação seja diferente da vazão de projeto seus benefícios podem ser reduzido e até mesmo anulados. Na Figura III.4 segue um gráfico que confronta os esforços radiais com a vazão de operação. 9 Figura III.4 Relação entre esforços radiais e vazão (Mattos & Falco, 1998) III.1.2.2 Carcaça com Dupla Voluta Quando as vazões de operação são muito elevadas torna-se necessária a utilização de carcaças com dupla voluta, Figura III.5. Este tipo de carcaça reduz ainda mais os esforços radias impondo uma simetria na construção da voluta. Figura III.5 Esquema de uma carcaça em dupla voluta (DEC UFCG, 2013) 10 A partir da figura a cima podemos observar que esta configuração é obtida através da divisão da voluta em duas partes defasadas de 180º. Isto gera um balanceamento dos esforços radiais. III.1.2.3 Carcaça com Pás Difusoras A carcaça com pás difusoras, Figura III.6, é uma carcaça que, como o próprio nome diz, possui diversas pás ao longo de todo seu contorno. Figura III.6 Esquema de uma carcaça com pás difusoras (Mattos & Falco, 1998) Estas pás funcionam como difusores pois as mesmas têm suas seções de área intermediarias gradualmente aumentadas convertendo assim, a velocidade em pressão. Note que esta configuração elimina a necessidade de utilização da voluta para acomodar o fluido pois o mesmo não ocorre neste caso. No entanto, este tipo de carcaça é de alto custo e complexidade quando comparada a carcaça em voluta. III.1.3 Vedação Devido à estrutura das bombas centrífugas a vedação também é um fator essencial para o seu funcionamento pleno. Conforme mencionado anteriormente, o impelidor das 11 turbo bombas é movimentado por um motor externo às bombas. Isto por sua vez, implica na necessidade de um eixo de transmissão atravessar a carcaça da bomba devido ao fato do impelidor permanecer alojado no interior da mesma. Sendo assim, caso não houvesse um sistema de vedação eficiente, a bomba, quando operada acima da pressão atmosférica, apresentaria vazamento de fluido e perda de eficiência. Caso a bomba opere abaixo da pressão atmosférica, sua função é impedir a entrada de ar. No entanto, existem dois tipos principais de vedação para bombas. A seguir, será detalhado o princípio de funcionamento de cada um deles. III.1.3.1 Vedação por Gaxetas A vedação por gaxetas, Figura III.7, consiste na presença de uma extensão a carcaça da bomba na direção do eixo de transmissão. Esta espécie de “caixa” (caixa de gaxetas) envolve o eixo com uma certa folga e permite a inserção de anéis (gaxetas) em torno do mesmo. Estes anéis são, por sua vez, comprimidos por intermédio de uma peça chamada de sobreposta. Figura III.7 Esquema de uma caixa de gaxetas (Mattos & Falco, 1998) 12 A sobreposta funciona como uma espécie de tampa que pode ter seu “aperto” regulado por parafusos. Sendo assim, é possível controlar a pressão com que os anéis de gaxeta são comprimidos regulando o vazamento do fluido. Vale ressaltar que, apesar de ser um sistema de vedação, o vazamento nunca é parado por completo. Isto se deve ao fato de um vazamento mínimo ser necessário para lubrificar os anéis de gaxeta e evitar seu desgaste acelerado. Além dos anéis principais de vedação existem alguns outros tipos de anéis com funções específicas no sistema de vedação como: bucha de garganta e anel de lanterna. A bucha de garganta é o primeiro anel a ser introduzido na caixa de gaxetas e tem como função principal induzir uma perda de carga calculada e reduzir a pressão transmitida a caixa de gaxetas pelo fluido de trabalho que circula na bomba. Outra função essencial que ela possui é a de reduzir o contato dos anéis de vedação com possíveis fluidos abrasivos com os quais a bomba poderia estar operando. O anel de lanterna é utilizado quando há necessidade de utilização de um fluido de selagem na caixa de gaxetas. Isto ocorre quando a bomba opera com pressão abaixo da atmosférica (para evitar que entre ar na bomba) ou quando a bomba opera com produtos inflamáveis ou tóxicos que não podem vazar, nem mesmo minimamente, pela caixa de gaxetas. Este anel funciona como uma conexão para a entrada do líquido de selagem. Dependendo de sua função o anel de lanterna pode ser posicionado de formas diferentes dentro da caixa. Por exemplo, caso se deseje proteger a caixa de gaxetas do fluido de operação da bomba desloca-se o mesmo para perto da bomba. III.1.3.2 Vedação por Selo Mecânico A vedação por selo mecânico, Figura III.8, é uma alternativa a vedação por gaxetas. No entanto, este tipo de vedação é mais cara e é utilizada, normalmente, quando é preciso conter o vazamento do sistema de vedação por completo, mesmo operando sobre condições severas de pressão. 13 Este sistema é composto de dois conjuntos: um rotativo e solidário ao movimento do eixo e outro estacionário. Estes dois conjuntos possuem faces de vedação que são continuamente comprimidas uma contra a outra por intermédio de molas. Este contato permanente, por sua vez, realiza a vedação. Esta vedação é chamada de vedação primária ou vedação dinâmica. Figura III.8 Esquema de um selo mecânico (Mattos & Falco, 1998) Além desta primeira vedação existe, também, uma vedação secundária que é realizada por anéis que são posicionados em uma espécie de câmara entre as faces principais de vedação. Isto, por sua vez, impede que o fluido escoe para dentro do selo. Este sistema, apesar de ser bastante eficiente, é caro e não é indicado para situações onde ocorram bastante vibração devido a sua “fragilidade” mecânica. 14 III.2 Propriedades das Bombas Centrífugas III.2.1 Curva Head X Vazão O head de uma bomba (ou “carga da bomba”) é a energia por unidade de massa ou energia por unidade de peso que a bomba tem condições de fornecer ao fluido para uma determinada vazão. Por motivos conveniência ou costume no mercado as curvas “head x vazão” tendem a ser fornecidas pelos fabricantes nas seguintes unidades: kgf x m / kgf, m ou lbf x ft / lbf, ft Na Figura III.9 segue um exemplo deste tipo de curva: Figura III.9 Exemplo de gráfico Head X Vazão (Escola da Vida, 2013) Esta curva é muito importante para a escolha da bomba pois quando cruzada com a curva “head x vazão” do sistema nos fornece o ponto de trabalho da bomba. 15 III.2.2 Ponto de Trabalho O ponto de trabalho da bomba, como mencionado anteriormente, corresponde a interseção da curva “head x vazão” da bomba com a curva “head x vazão” do sistema. O head do sistema possui praticamente a mesma definição do head da bomba. Ele é a energia por unidade de massa ou energia por unidade de peso que o sistema oferece como resistência ao escoamento do fluido para uma determinada vazão. Ou seja, o cruzamento das duas curvas, Figura III.10, nos indica o ponto no qual a bomba deve operar quando utilizada naquele sistema. Figura III.10 Interseção de curvas da bomba e do sistema (OMEL, 2013) Uma vez determinado o ponto de trabalho podemos saber as condições principais de operação da bomba, sua vazão e head. A partir do momento que temos a vazão de operação da bomba podemos utilizá-la em duas outras curvas características e determinar a eficiência da bomba e a potência requerida para operação naquele ponto. 16 III.2.3 Curva Eficiência x Vazão A curva “eficiência x vazão”, Figura III.11, como o próprio nome diz, é a curva que relaciona a eficiência de operação da bomba com a vazão a qual ela opera. Figura III.11 Exemplo de gráfico Eficiência X Vazão (Escola da Vida, 2013) O rendimento (ou eficiência) da bomba é determinado pela equação (III.1). n = potência útil cedida ao fluido potência absorvida pela bomba (III.1) Vale ressaltar que neste rendimento estão incluídos o rendimento hidráulico, o rendimento mecânico e o rendimento volumétrico da bomba. A partir do momento que determinamos o ponto de operação da bomba utilizamos a sua vazão na curva “eficiência x vazão” a cima e determinamos a eficiência da bomba. III.2.4 Curva de Potência X Vazão A curva “potência x vazão”, Figura III.12, é uma curva muito importante pois ela explicita a potência requerida pela bomba. Esta potência está diretamente relacionada a potência do motor utilizado para operar a bomba. Sendo assim, para um projeto de dimensionamento, esta curva é essencial para a seleção do motor. 17 Figura III.12 Exemplo de gráfico Potência X Vazão (Escola da Vida, 2013) É importante ressaltar que quando o fabricante não fornece esta curva a mesma pode ser calculada pela equação (III.2). Pot abs = ρ∗Q∗H η (III.2) Sendo: ρ = densidade do fluido Q = vazão do fluido H = head do ponto de operação η = eficiência da bomba III.2.5 Cavitação Apesar do projeto em questão estar relacionado ao dimensionamento de uma bomba centrífuga, o conceito de cavitação é muito importante no estudo das bombas centrifugas e é essencial para o entendimento de algumas propriedades de projeto, como o NPSH, que será definido e tratado mais à frente. 18 A cavitação é um fenômeno que provém da vaporização do fluido no interior da bomba quando o mesmo atinge uma pressão inferior a pressão de vapor. Este acontecimento é muito comum próximo ao impelidor devido a rarefações do líquido devido às próprias natureza de escoamento do fluido ou ao movimento de impulsão. Este fenômeno é extremamente prejudicial ao funcionamento da bomba pois as bolhas que se formam são arrastadas pelo movimento do fluido e, devido ao próprio funcionamento da bomba, quando as pressões são novamente elevadas a cima da pressão de vapor do fluido estas bolhas se colapsam e geram ondas de choque que podem danificar as pás do impelidor ou outras partes da bomba. O colapso destas bolhas pode causar, além de danos a integridade estrutural da bomba, barulho e vibração excessivos e queda no desempenho, Figura III.13. Figura III.13 Influência da cavitação nas curvas da bomba (Mattos & Falco, 1998) Sendo assim, todas as bombas são projetadas para minimizar este fenômeno e também possuem limitações de aplicações em certas condições de sucção governadas por uma propriedade chamada de NPSH. 19 III.2.6 NPSH O NPSH (ou Net Positive Suction Head) é a energia por unidade de peso que o fluido possui na sucção acima da pressão de vapor do mesmo. Ou seja, é quanto o mesmo pode perder de head antes de se transformar em vapor e fazer a bomba cavitar. Existem duas definições de NPSH, o requerido (que é fornecido pelo fabricante da bomba) e o disponível (calculado de acordo com as condições de sucção). O NPSH requerido está relacionado as perdas da bomba entre o flange de sucção e o olho do impelidor. Isto implica na necessidade do fluido possuir um certo head positivo acima da pressão de vapor no flange de sucção para não virar vapor antes de atingir o impelidor. Figura III.14 Exemplo de gráfico NPSHr X Vazão (Escola da Vida, 2013) Como o NPSH requerido está diretamente relacionado a vazão de operação, Figura III.14, é comum e necessário o fabricante fornecer uma curva que relacione o NPSH requerido pela bomba e sua vazão de operação. O NPSH disponível pode ser calculado pela equação (III.3). NPSHd = Hs + (Pa − Pv ) γ (III.3) 20 Sendo: NPSHd = (NPSH disponível) Hs = (head de sucção) Pa = (pressão atmosférica) Pv = (pressão de vapor do fluido) γ = (peso específico do fluido) Vale ressaltar que, para não haver cavitação, o NPHS disponível deve ser sempre maior que o NPSH requerido. É comum utilizarmos uma margem para esta diferença, uma espécie de coeficiente de segurança. Sendo assim, é costume seguir a equação (III.4). NPSHd ≥ NPSHr + 0.6 [m] (III.4) Sendo: NPSHr = (NPSH requerido) 21 IV. Descrição do Sistema O sistema de combate a incêndio, como o próprio nome indica, é um sistema crítico de qualquer instalação, industrial ou não. Ele é a última barreira contra potenciais incêndios e possíveis catástrofes. Esta criticidade, por sua vez, faz com que o mesmo seja, em certos aspectos, normatizado e padronizado para diferentes situações. Devido à natureza específica do sistema, convém fazer uma análise separada para cada equipamento do mesmo abordando, além de suas características técnicas, todos os seus aspectos que são relacionados as normas aplicáveis. Sendo assim, após a descrição de cada equipamento serão feitas as referências as normas aplicáveis e indicado em quais pontos aquele equipamento é limitado ou normatizado para que sua utilização neste tipo de sistema seja permitida, aprovada legalmente e confiável. IV.1 Funcionamento Apesar de ser um sistema bastante complexo, seu funcionamento é bastante simples. O sistema é projetado e preparado de tal forma que, ao abrir-se qualquer hidrante, esguicho ou canhão em qualquer parte da linha, a súbita despressurização é identificada e o sistema entra em ação. O reservatório de água que servirá de abastecimento a bomba principal é a Baía de Guanabara. Porém, devido ao fato da sucção ser negativa, existe uma válvula de pé que mantêm a coluna de água da tubulação de sucção preenchida e um tanque de escorva para eventuais falhas deste equipamento. Para evitar ativações indesejadas da bomba principal existe também uma bomba auxiliar chamada de Bomba Jockey que toma o seu lugar em situações específicas que não caracterizem uma demanda de água de um combate emergencial. Devido a sua menor capacidade a Bomba Jockey é, neste caso, uma bomba elétrica. Seu funcionamento será detalhado mais à frente. A bomba principal, por sua vez, tem como combustível o Diesel. Sendo assim, é necessário manter um tanque de armazenagem de diesel perto da mesma. 22 Ao fim do combate, a bomba deve ser desligada manualmente pois, apesar da bomba principal entrar em operação automaticamente para um combate emergencial, ela deve ser desligada manualmente para garantir que há, realmente, a intenção de se desligar a bomba. Caso ela desligasse automaticamente, poderia ocorrer, eventualmente, um desligamento acidental durante um combate. Isto, por sua vez, poderia resultar em uma catástrofe. IV.2 Linha de Incêndio A tubulação de incêndio abordada no projeto é uma tubulação relativamente antiga mas que fora recentemente ampliada e reparada para receber e suportar o novo sistema que seria implantado. Apesar da tubulação da planta ter o característico formato de anel presente em diversas instalações industriais, somente uma parte deste anel será estudada neste projeto. Tal escolha, a uma primeira vista, pode não parecer muito sensata. Porém, vale ressaltar que todo o projeto será baseado neste trecho pois o mesmo foi indicado pela companhia como a situação crítica de funcionamento do sistema. Ou seja, as condições de operação que serão impostas a este trecho fazem com que o mesmo represente a condição hidráulica mais desfavorável, em que será demandada mais vazão e capacidade da bomba de incêndio (quando comparado com outras combinações possíveis ao longo de todo o anel). De acordo com a norma NFPA 20 toda a linha de incêndio deve ser constituída de tubulação Schedule 40 sem costuras. Apesar do dimensionamento da linha não fazer parte do projeto, vale ressaltar que a tubulação em questão já atende a esta norma. No capítulo de dimensionamento do sistema será apresentado um levantamento detalhado da linha. 23 IV.3 Equipamentos a Serem Estudados IV.3.1 Bomba Principal A bomba principal é a própria bomba a ser dimensionada neste projeto. Como mencionado anteriormente ela é uma bomba centrífuga. O funcionamento da mesma também já foi previamente explicado. Sendo assim, será detalhada agora a bomba que se encontra atualmente em operação e que será confrontada ao dimensionamento realizado neste projeto. A bomba atual também é uma bomba centrifuga. No entanto é uma bomba horizontal com carcaça bi-partida radialmente. Esta mesma carcaça é feita de ferro fundido e o rotor (ou impelidor) é de aço inox. A vedação do eixo é feita através de gaxetas e o mesmo é feito de aço carbono. O motor que fornece energia a esta bomba é um motor diesel estacionário Mercedes Benz de 235 [cv] de potência e com rotação nominal de 2100 [rpm]. As curvas da bomba encontram-se no anexo VIII.4. IV.3.2 Esguichos Manuais Enquanto os canhões monitores são equipamentos fixos, os esguichos manuais são equipamentos móveis limitados pelo alcance da mangueira utilizada. Eles são normalmente utilizados como lançadores de espuma através da utilização de um LGE (líquido gerador de espuma). O conjunto do esguicho é constituído por um proporcionador, Figura IV.1, uma mangueira e um lançador, Figura IV.2. 24 Figura IV.1 Proporcionador de linha tipo PL - Kidde O proporcionador é uma peça que possui um orifício calibrado onde a velocidade da água é aumentada. Neste local forma-se uma zona de baixa pressão que, devido a um acoplamento aonde á conectado um recipiente com LGE, faz com que o LGE seja arrastado junto ao fluxo de água. Figura IV.2 Lançador de espuma modelo R - Kidde Esta mistura (água + LGE) é conduzida pela mangueira até o lançador. Neste lançador a velocidade também é aumentada em certo local utilizando o mesmo princípio. 25 Porém, desta vez, o que é arrastado é ar atmosférico e esta nova mistura (água + LGE + ar) forma a espuma que é utilizada no combate a incêndio. IV.3.3 Canhões Monitores Fixos Os canhões monitores fixos, Figura IV.3, são normalmente usados em situações que demandam grande vazão de água e alcance em um local específico. Devido ao fato de serem fixos estes equipamentos possuem área de ação limitada. O conjunto completo do equipamento é composto por um corpo (a própria estrutura do canhão), um tubo laminador e um esguicho. Figura IV.3 Canhão monitor fixo modelo MR402 - Mecânica Reunida A estrutura do canhão funciona como uma base móvel e permite o direcionamento do jato d’água. O tubo laminador, Figura IV.4, equipamento que é acoplado ao corpo do canhão, serve para reduzir a turbulência do jato e permitir um maior alcance. 26 Figura IV.4 Esguicho modelo HF350/500 - Kidde O esguicho, último acessório do conjunto, permite a adequação do jato de água e aplicação opcional de espuma caso necessário. Esta adequação do jato está relacionada a possibilidade de regulagem do mesmo para tomar a forma de um jato pleno ou neblina. Enquanto o jato pleno possui maior alcance o jato neblina (ou névoa) fornece proteção ao operador contra o calor irradiado e as chamas. A aplicação de espuma opcional é realizada através do mesmo princípio explicado para o esguicho manual. Seu funcionamento é bastante simples: consiste na abertura de uma válvula para liberação do fluxo d’água, no direcionamento do jato (realizado na estrutura do canhão) e na regulagem do mesmo no esguicho. IV.3.4 Outros Equipamentos Vitais para o Sistema Além dos equipamentos que farão parte do re-dimensionamento não se pode deixar de falar sobre alguns outros equipamentos de sistemas de combates a incêndio que são, também, vitais para o funcionamento do conjunto como um todo. Especialmente, devido as suas respectivas importâncias e funções no sistema os mesmos são, também, mencionados em diversas normas quanto às suas estruturas, condições de operações e características principais. Sendo assim, este projeto também fará menção aos principais aspectos de cada um destes equipamentos e às normas aplicáveis aos mesmos. 27 IV.3.4.1 Hidrantes Os hidrantes, Figura IV.5, são, basicamente, os tipos mais comuns e frequentes de terminais de qualquer tubulação de combate a incêndio. De acordo com a NBR 13714, item 3.8, eles são pontos de tomada de água onde há uma (simples) ou duas (duplo) saídas contendo válvulas angulares com seus respectivos adaptadores, tampões, mangueiras de incêndio e demais acessórios. Figura IV.5 Hidrante Industrial (NETFIER, 2013) É interessante que todas as saídas de água dos hidrantes sejam voltadas para o chão e, de preferência, para as laterais. Isto se deve a possibilidade de ocorrerem eventuais vazamentos nas válvulas. Isto, por sua vez, pode gerar uma pressurização nos tampões fazendo com que os mesmos sejam lançados como projéteis quando desengatados das válvulas. É devido a esta condição desfavorável que, além da geometria indicada, é recomendado que os tampões possuam pequenos orifícios por onde qualquer vazamento possa ser escoado evitando o acúmulo de pressão entre o tampão e a válvula. Também de acordo com a NBR 13714, item 5.3.2, os hidrantes devem ser distribuídos de tal forma que qualquer ponto da área a ser protegida seja alcançado por um 28 ou dois esguichos, considerando-se o comprimento da(s) mangueira(s) e seu trajeto real e desconsiderando-se o alcance do jato de água. IV.3.4.2 Mangueiras As mangueira de incêndio são os equipamentos utilizados para conduzir o fluxo de água de algum terminal da linha de incêndio à algum outro equipamento ou diretamente ao combate. Por serem um equipamento extremamente crítico as mesmas são mencionadas e reguladas por diversas normas, entre elas: NBR 12779:2009 (Mangueira de incêndio Inspeção, manutenção e cuidados) e NBR 11861:1998 (Mangueira de incêndio - Requisitos e métodos de ensaio). É possível observar que nessas normas são abordadas as atividades de inspeção, ensaio e manutenção. Um bom exemplo de normatização encontrada nestes documentos é a padronização das informações de controle e identificação da mesma que devem estar gravadas no corpo da mangueira. Isto é abordado no item 4 da NBR 12779:2009. Entre estas informações devem estar presentes: data do último ensaio, nome do executante e validade. IV.3.4.3 Bomba Jockey A bomba Jockey é um equipamento fundamental para o funcionamento do sistema de combate a incêndio. A função principal dela é manter a linha pressurizada a todo instante. Toda linha de incêndio apresenta, inevitavelmente, algum vazamento em um momento de sua vida útil. Isto pode acontecer devido ao desgaste causado pelo próprio fluido de trabalho da tubulação ou mesmo por qualquer outra influência externa. O problema é que cada um desses vazamentos despressuriza a linha de incêndio e, caso não houvesse a presença da Bomba Jockey, faria com que a bomba principal entrasse em operação. Tal consequência é extremamente indesejada pois, além de representar um desperdício de combustível (causado pela operação desnecessária), também poderia 29 causar algum dano a tubulação devido ao aumento exagerado da pressão na presença de uma possível falha (um furo). Outro problema comum de um acontecimento destes está ligado a logística da planta. Cada ativação da bomba faria soar uma sirene que, por sua vez, mobilizaria toda a brigada da planta para uma falsa emergência. Isto seria algo inaceitável para o funcionamento da planta, já que os funcionários da brigada realizam também outras funções e isto pararia a produção a cada evento destes. IV.3.4.4 Tanque de Escorva e Válvula de Pé O tanque de escorva e a válvula de pé compartilham do mesmo objetivo: manter o interior da bomba e a tubulação de sucção cheias d’água. O tanque de escorva é um tanque que fica mantido acima da bomba principal e sua função é afogar a bomba antes da mesma ser ligada a fim de evitar uma rotação em falso e uma possível danificação da bomba. Isto se deve ao fato da incapacidade das bombas centrífugas operarem quando não afogadas devido ao alto grau de compressibilidade do ar (não permitindo a sucção do líquido do reservatório). A válvula de pé é uma peça acoplada a ponta da tubulação de sucção que fica submersa em um reservatório d’água em um sistema com sucção negativa. Esta, por sua vez, somente permite a passagem de água no sentido da sucção evitando a fuga de água de volta para o reservatório. Isto faz com que a coluna de sucção seja mantida sempre cheia e a bomba sempre afogada. Quando funcionando corretamente faz do tanque de escorva uma redundância e um equipamento de backup. 30 V. Dimensionamento do Sistema O dimensionamento do sistema será feito através do cálculo da curva de perda de carga do sistema. Feito isto, a mesma será cruzada com a curva de carga da bomba atual para verificar a possibilidade de manutenção da utilização da bomba que encontra-se instalada. Caso a bomba não atenda às condições impostas pela companhia será feita a seleção de uma bomba que atenda a estes requisitos. Também será avaliado, para qualquer que seja a bomba final, o cumprimento a norma NFPA 20, requisito legal a um sistema deste tipo. A seguir será feito o levantamento da tubulação, passo inicial e fundamental a aplicação do método. V.1 Levantamento da Tubulação Antes de iniciar o dimensionamento do sistema foi preciso fazer um levantamento da tubulação devido à dificuldade de acesso as plantas específicas deste sistema. Sendo assim, toda a tubulação foi medida manualmente e, após esta etapa, foram feitos desenhos esquemáticos da mesma para auxiliar no cálculo da perda de carga (anexo VIII.3). Segue, na Figura V.1, um esquema geral da tubulação em questão. Figura V.1 Desenho da tubulação 31 V.2 Curva de Perda de Carga dos Equipamentos As curvas de perda de carga dos equipamentos foram as primeiras curvas a serem traçadas no dimensionamento. Isto se deve ao fato do cálculo da curva de perda de carga do sistema começar pelas pontas mais extremas para facilitar o processo. Sendo assim, será explicitada abaixo, para cada equipamento de ponta, a forma como suas curvas foram obtidas. V.2.1 Curva de Perda de Carga dos Canhões Monitores Fixos V.2.1.1 Canhão Monitor Fixo (Rosca ou Flange) - Modelo MR402 (Mecânica Reunida) O caso do canhão monitor fixo foi o mais simples, o próprio fabricante já dava a curva de perda de carga deste equipamento. A mesma segue na Figura V.2. Figura V.2 Gráfico de perda de carga do canhão monitor fixo - Kidde A partir desta figura foi feita a digitalização da mesma. Ou seja, foram selecionados alguns pontos da curva e os mesmos foram interpolados no Excel. Feito isto a curva foi 32 extrapolada (pois não tinha todos os valores que eram necessários) e passada para unidades métricas. A mesma segue na Figura V.3. Figura V.3 Perda de carga do canhão A partir desta digitalização foi obtida a equação da curva e a mesma foi utilizada para relacionar qualquer vazão com a perda de carga deste equipamento. V.2.1.2 Esguicho para Monitores Auto Edutores Modelo HF350 A curva de perda de carga deste esguicho que fica acoplado ao canhão monitor foi traçada a partir da equação (V.1), que relaciona pressão e vazão e que foi fornecida pelo fabricante: Q[gpm] = K√P[psi] (V.1) 33 Sendo: 𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝐾 = 35 O resultado da plotagem desta equação no Excel foi a curva de carga da Figura V.4 (também passada para unidades métricas). Figura V.4 Perda de carga do esguicho Apesar dos valores altíssimos de perda de carga para vazões maiores, quando esta curva é combinada ao resto do sistema estes valores tornam-se insignificantes pois ela é somada ao sistema em paralelo. Isto será explicado mais a frente. V.2.2 Curva de Perda de Carga dos Esguichos Manuais V.2.2.1 Proporcionadores de Linha Tipo PL A curva de perda de carga deste proporcionador foi traçada a partir da seguinte equação, (V.2), que relaciona pressão e vazão e que foi fornecida pelo fabricante: Q[gpm] = K√P[psi] (V.2) 34 Sendo: 𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝐾 = 8.9 O resultado da plotagem desta equação no Excel foi a seguinte a curva de carga da Figura V.5. Figura V.5 Perda de carga do proporcionador Assim como na curva do esguicho, apesar dos valores altíssimos de perda de carga para vazões maiores, quando esta curva é combinada ao resto do sistema estes valores tornam-se insignificantes pois ela é somada ao sistema em paralelo. Isto será explicado mais à frente. V.2.2.2 Esguichos Manuais Lançadores de Espuma - Modelo R350 A perda de carga deste esguicho que fica acoplado ao proporcionador não foi fornecida pelo fabricante pois, aparentemente, os mesmos eram insignificantes mediante as perdas do proporcionador. 35 V.3 Perda de Carga na Descarga Após o levantamento da curva de carga de cada equipamento de ponta, foi calculada a curva de perda de carga em toda a descarga. O procedimento para calcular as curvas constitui de três etapas. Primeiro, o sistema foi dividido em trechos, o que foi feito com o intuito de simplificar o problema. Desta forma, a curva do sistema poderia ser calculada, em partes, das pontas até a raiz. Segue, na Figura V.6, este modelo simplificado. Figura V.6 Modelo simplificado do sistema Em seguida, foi utilizado o método do comprimento equivalente para "eliminar" os equipamentos da linha e transformar o problema em algo ainda mais simples. Este método consiste em substituir, para efeito de cálculo, um equipamento por uma seção reta de tubulação (de mesmo diâmetro) que, quando operada nas mesmas condições, fornece a mesma perda de carga deste equipamento. A partir daí, pode-se trabalhar com uma linha reta sem equipamentos. As tabelas de conversão utilizadas para determinar os 36 comprimentos equivalentes foram as Tabelas 1, 2 e 3, tiradas do livro (Mattos & Falco, 1998), que seguem no anexo VIII.1. No anexo VIII.6 seguem todas as tabelas que foram utilizadas nos cálculos e que detalham os equipamentos de cada trecho e seus respectivos comprimentos equivalentes. Segue, na Tabela V.1, o comprimento equivalente de cada trecho calculado. Tabela V.1 Tabela com os resultados dos comprimentos equivalentes do sistema Trecho Diâmetro [in] Comprimento Equivalente [m] R1a R1b R1c R2a R2b L1a R3a R3b L2a R4a R4b L3a L3b L3c L3d L3e Sa Sb 6 4 3 6 3 6 6 2,5 6 6 2,5 5 6 8 10 6 8 6 23,89 7,49 29,62 9,15 18,94 49,31 9,15 3,36 3,86 9,15 3,36 1,22 33,18 9,39 116,56 47,00 22,26 2,13 É importante observar na tabela acima que os trechos explicitados no desenho do modelo simplificado foram quebrados em sub-trechos com índice de letras (a, b, c etc.). Isto foi necessário porque cada variação de diâmetro configura um cálculo de perda de carga e uma curva diferente. A terceira etapa consiste em utilizar a fórmula de Darcy-Weisbach, equação (V.3), para calcular a perda de carga de cada um destes sub-trechos. ℎ𝑓 = 0,0826 𝑓 𝐿𝑒𝑞 𝑄 2 𝐷5 (V.3) 37 No entanto, esta fórmula depende diretamente do fator de atrito f. Sendo assim, para calcular o mesmo foi utilizada a fórmula de Churchill, equação (V.4), tonando-se possível levantar a curva de perda de carga daquele trecho. 8 12 × [(𝑅𝑒) 𝑓=8 −1,5 + (𝐴 + 𝐵) ] 1 12 (V.4) Sendo: 16 1 𝐴 = {2,457 × 𝑙𝑛 [ ( 7 0,9 𝜖 ) +(0,27× ) 𝑅𝑒 𝐷 ]} 37530 16 ) 𝑅𝑒 𝐵=( (V.4 a) (V.4 b) 𝜖 Nota-se, no entanto, que a fórmula de Churchill depende do fator de rugosidade 𝐷. O mesmo foi obtido a partir do ábaco que encontra-se no anexo VIII.2. Uma vez que todas estas curvas de perda de carga foram levantadas, iniciou-se o processo de combinação das mesmas, que será detalhado a seguir. V.3.1 Combinação das Curvas de Perda de Carga A primeira curva de perda de carga obtida foi a do trecho R1. Para isto, as curvas de perda de carga dos sub-trechos (R1a, R1b, R1c) foram somadas em série para obter-se a curva de perda de carga total de R1. Em seguida, esta curva resultante foi somada em série com as curvas dos equipamentos que encontram-se acoplados na mesma (neste caso, o canhão e o esguicho para canhão). Para realizar a operação de soma em série basta somar-se os heads para vazões iguais. Por fim, soma-se o desnível da linha a esta curva de perda de carga obtendo a curva de perda de carga final do trecho. A tabela com os desníveis utilizados encontra-se no anexo VIII.7. O resultado desta combinação está na Figura V.7. 38 Figura V.7 Curva de perda de carga do trecho R1 A curva seguinte a ser calculada foi a do trecho R2. A mesma foi calculada da mesma forma que R1. O resultado está na Figura V.8. Figura V.8 Curva de perda de carga do trecho R2 39 Agora que estas duas curvas foram levantadas foi feita a soma delas em paralelo pois ambas partem de um mesmo ponto. A soma em paralelo consiste em somar, para cada head igual, as vazões. O resultado está na Figura V.9. Figura V.9 Soma de H[R1] com H[R2] em paralelo Se a curva de perda de carga do trecho L1 for levantada e somada em série com a curva resultante acima, obtemos uma nova curva de carga que fica em paralelo com a ramificação R3. Este cálculo foi feito na Figura V.10. 40 Figura V.10 Soma de (R1+R2//) com H[L1] em série É possível observar, agora, que a curva resultante equivale à curva de perda de carga das ramificações dos dois canhões (R1 e R2) e do último trecho de linha reta (L1) combinadas. Então, temos uma situação equivalente a inicial (duas curvas que dividem o mesmo nó), pois essa curva está em paralelo com a curva de perda de carga do trecho R3. Então, repetindo todo este procedimento feito até agora, até chegar ao primeiro nó (a bomba), obtemos uma curva de perda de carga da descarga do sistema. Isto foi feito e, como resultado, foi obtida a seguinte curva na Figura V.11. 41 Figura V.11 Curva de perda de carga da descarga do sistema V.4 Perda de Carga na Sucção Uma vez que a curva de perda de carga da descarga foi calculada, é necessário calcular a curva de perda de carga da sucção. No entanto, este cálculo é bem mais simples pois este trecho da linha não apresenta ramificações. O procedimento de cálculo foi o mesmo (comprimento equivalente, Darcy-Weisbach, Churchill e soma do desnível). O resultado deste cálculo está na Figura V.12. 42 Figura V.12 Curva de perda de carga da sucção do sistema V.5 Curva do Sistema A partir do momento que tanto a curva de carga da descarga, quanto a curva de carga da sucção foram levantadas, a soma das mesmas fornece a curva de perda de carga do sistema. A mesma segue na Figura V.13. Figura V.13 Curva de perda de carga do sistema 43 V.6 NPSH Disponível O último fator a ser calculado para a tubulação de incêndio é o HPSH disponível no sistema. Este, por sua vez, será um ponto determinante na seleção final da bomba. Vale lembrar que a importância do mesmo está diretamente relacionada ao fenômeno da cavitação. V.6.1 Cálculo do NPSH Disponível Resolvendo a equação (III.3): NPSHd = Hs + (Pa − Pv ) γ NPSHd = Hs + (Pa − Pv ) ρ∗g NPSHd = − 5,23 + (101325 − 3225,3) 10040,34 NPSHd = 4,54 [mca] Sendo: Hs = − 5,23 [mca] (head de sucção) Pa = 101325 [Pa] (pressão atmosférica) Pv = 3225,3 [Pa] (pressão de vapor da água salgada à 25ºC) (Thermophysical properties of seawater, 2010) ρ = 1023,48 [kg/m3 ] (massa específica da água salgada da baía à 25ºC) (Thermophysical properties of seawater, 2010) g = 9,81 [m/s2 ] (gravidade) γ = ρ ∗ g (peso específico do fluido) 44 VI. Bomba Principal Após o término dos cálculos do head do sistema e do NPSH disponível é possível encontrar o ponto de trabalho da bomba instalada atualmente. VI.1 Ponto de Trabalho da Bomba Atual O cálculo do ponto de trabalho da bomba, caso utilizássemos a bomba atualmente instalada nesse sistema (sistema que encontra-se em operação atualmente), como visto anteriormente, é a interseção da curva de carga do sistema com a da bomba. Sendo assim, a partir das informações fornecidas pelo fabricante da bomba a curva da mesma foi digitalizada e cruzada com a curva do sistema calculada. Segue, na Figura VI.1 e na Figura VI.2, respectivamente, a curva da bomba fornecida pelo fabricante e a curva digitalizada para comparação. Figura VI.1 Curva da bomba atual 45 Figura VI.2 Curva digitalizada da bomba atual Quando esta curva digitalizada é cruzada com a curva do sistema obtém-se o resultado da Figura VI.3. Figura VI.3 Ponto de operação do sistema atualmente em operação O ponto de operação resultante deste dimensionamento foi o ponto com vazão de 198 [m³/h] e head de 117,9 [mca]. Sendo assim, podemos observar que a bomba 46 atualmente instalada na planta não é capaz de fornecer a vazão mínima total de 228 [m³/h], que é a soma das vazões que a companhia deseja em cada equipamento. Devido a esta capacidade inferior da bomba, será proposta a utilização de uma nova bomba pela companhia. VI.2 Seleção de Nova Bomba Após o cálculo do ponto de trabalho da bomba atual e a verificação do não cumprimento dos requisitos estabelecidos pela empresa, será proposta uma nova bomba para este sistema. Para selecionar a nova bomba foi feito um cadastro no site da FlowServe e, através de sua ferramenta de auxílio de seleção, foi escolhida uma nova bomba para o sistema. A ferramenta de seleção recebe alguns dados de operação como head, vazão, fluido, temperatura e pressão de vapor do fluido e retorna algumas bombas que atendem a estas características. Após este passo foi feita uma triagem e selecionada a bomba mais adequada. A bomba selecionada foi uma bomba centrífuga horizontal, bi-partida radialmente, com impelidor fechado. Segue, no anexo VIII.5, um documento detalhando os dados operacionais da mesma. VI.2.1 Ponto de Trabalho da Nova Bomba O cálculo do ponto de trabalho da nova bomba (caso utilizássemos ela nesse sistema) é obtido a partir da interseção da curva de perda de carga do sistema com a da bomba. É a partir dele que será verificado se a bomba realmente atende às condições estabelecidas pela companhia. Sendo assim, a partir das informações fornecidas pelo fabricante da bomba, a curva da mesma foi digitalizada e cruzada com a curva do sistema calculada. Segue, na Figura VI.4 e na Figura VI.5, respectivamente, a curva original fornecida pelo fabricante e, a mesma curva, digitalizada e convertida para unidades métricas: 47 Figura VI.4 Curvas da nova bomba selecionada Figura VI.5 Curva da nova bomba digitalizada 48 Quando esta curva digitalizada é cruzada com a curva do sistema, obtém-se o resultado da Figura VI.6. Figura VI.6 Ponto de operação do sistema quando operado com a nova bomba selecionada O ponto de operação resultante deste dimensionamento foi o ponto com vazão de 228 [m³/h] e head de 147,3 [mca]. Sendo assim, podemos observar que esta bomba é capaz de fornecer a vazão total de 228 [m³/h], que é a soma das vazões que a companhia deseja em cada equipamento. Pode parecer coincidência a bomba apresentar exatamente este valor. No entanto, é importante ressaltar que esta bomba foi selecionada tomando como base este mesmo valor em uma ferramenta automática do fabricante. Sendo assim, era de se esperar que a curva da bomba passasse por este ponto. A partir deste resultado positivo deve-se verificar outros parâmetros importantes para validar por total sua utilização, como: NPSH requerido e atendimento a NFPA 20. VI.2.2 NPSH Requerido De acordo com a curva de NPSH fornecida pelo fabricante da bomba selecionada o NPSH requerido para o ponto de operação é de 10 [ft] ou 3,05 [m]. Sendo assim, devemos ter uma margem de segurança como explicado anteriormente. Então: 49 Margem de segurança: 0.6 [mca] NPSHd ≥ NPSHr + 0,6 [mca] NPSHr ≤ NPSHd − 0,6 [mca] NPSHr ≤ 4,54 [mca] − 0,6 [mca] NPSHr ≤ 3,94 [mca] Como o NPSHr informado pelo fabricante é menor que o calculado acima a bomba instalada atende ao dimensionamento feito no projeto. VI.2.3 Requerimentos da Norma (NFPA 20) De acordo com a norma NFPA 20 toda bomba destinada a utilização em sistemas de combate a incêndio precisa seguir alguns requisitos referentes a sua condição de operação. Primeiramente, estas bombas devem ser selecionadas na faixa de operação de 90% a 150% da sua vazão de projeto. Quando operada a mais de 150% de sua capacidade de projeto a norma indica que a performance da bomba pode ser bastante afetada pelas condições de sucção. Quanto ao limite inferior, a norma recomenda que a bomba não seja operada a menos de 90% de sua capacidade de projeto. Sendo assim, estas condições são definidas por: Q lim inferior = 90% ∗ Q projeto = 205,2 [m3 /h] Q lim superior = 150% ∗ Q projeto = 342 [m3 /h] A norma também indica que quando a bomba é operada no seu limite superior ela deve suportar um head de, no mínimo, 65% de seu Head de projeto. O ponto relacionado a esta vazão limite superior será chamado de segundo ponto de operação. Este requerimento 50 é essencial para sistemas de combate a incêndio pois ele diminui a curvatura e o caimento da curva Head X Vazão da bomba. Isto quer dizer que a bomba passa a apresentar uma menor queda de Head para maiores vazões. Isto é muito importante pois caso a bomba não suporte o combate ao incêndio no seu ponto de operação a abertura de mais hidrantes e a consequente maior demanda de água não fará com que o Head da bomba caia bruscamente (o que impossibilitaria o combate). Sendo assim: Para Q lim superior, Hlim ≥ 65% ∗ Hprojeto = 95,7 [mca] Então, para a vazão de 342 [m³/h] o Head da bomba deve ser maior que 95,7 [mca]. A norma também indica que o ponto de shutoff da bomba não deve exceder 140% do head de projeto. Sendo assim: Hshutoff ≤ 140% Hprojeto = 206,2 [mca] A partir da determinação destes limites e requisitos é necessário verificar se a bomba selecionada os atende. Segue, na Tabela VI.1, a verificação dos valores calculados a partir da norma NFPA 20. 51 Tabela VI.1 Verificação dos requisitos da NFPA 20 para a nova bomba Requisito Nova Bomba Q 𝐻𝑝𝑟𝑜𝑗𝑒𝑡𝑜 Q 𝐻𝑟𝑒𝑎𝑙 [m³/h] [mca] [m³/h] [mca] ≥ 228 NA 228 NA 342 ≥ 95,7 342 134,1 0 ≤ 206,2 0 158,5 Requisito da Companhia (para o ponto de operação) Requisito NFPA 20 (para o limite superior) Requisito NFPA 20 (para o shutoff) Como a nova bomba selecionada atende a todos estes limites e requisitos, sua utilização permanece validada. Sendo assim, a bomba instalada pode ser utilizada nas condições dimensionadas neste projeto. 52 VII. Conclusão Ao final deste projeto pode-se concluir que a bomba utilizada no sistema de combate a incêndio existente atualmente na planta industrial estudada não é uma bomba que atende aos requisitos mínimos estipulados pela companhia. Ou seja, ao recalcular a bomba necessária para o funcionamento do sistema foi observado que a curva da bomba atual não é capaz de operar nas condições de vazão definidas pela companhia. A partir deste resultado negativo foi selecionada uma bomba que atende a estes requisitos da empresa. Também foi verificado para esta nova bomba o cumprimento da norma NPFA e calculado seu NPSH requerido e o NPSH disponível no sistema para garantir a possibilidade de sua utilização. Todos os resultados obtidos foram positivos quanto a nova bomba. Por fim, vale a pena citar a possibilidade de aprofundamento neste projeto no futuro. Duas sugestões importantes são: um estudo de custo para correção deste sistema e instalação desta nova bomba selecionada e um estudo para verificar a vazão e alcance finais de cada canhão monitor fixo e esguicho manual. Este último, por sua vez, validaria o poder de combate do sistema. 53 VIII.Anexos VIII.1 Tabelas de Consulta de Comprimentos Equivalentes Tabelas utilizadas para consulta aos comprimentos equivalentes utilizados nos cálculos das perdas de carga no sistema. VIII.1.1 Reduções e ampliações de diâmetro Tabela VIII.1 Comprimento Equivalente - Reduções e ampliações de diâmetro (Mattos & Falco, 1998) 54 VIII.1.2 Válvulas Tabela VIII.2 Comprimento Equivalente – Válvulas (Mattos & Falco, 1998) 55 VIII.1.3 Joelhos, curvas e T’s Tabela VIII.3 Comprimento Equivalente - Joelhos, curvas e T's (Mattos & Falco, 1998) 56 VIII.2 Gráfico de Rugosidade Relativa Figura VIII.1 Ábaco de rugosidade relativa de tubulação (Mattos & Falco, 1998) 57 VIII.3 Desenhos esquemáticos do sistema VIII.3.1 Tubulação de Sucção Figura VIII.2 Esquema geral da tubulação de sucção (cotas em metros) 58 VIII.3.2 Esquema geral da descarga Figura VIII.3 Esquema geral da tubulação de descarga (cotas em metros) 59 VIII.3.3 Detalhe na região próxima a bomba na descarga Figura VIII.4 Esquema da tubulação de descarga - próximo à bomba (cotas em metros) 60 VIII.3.4 Detalhe na região próxima a curva principal Figura VIII.5 Esquema da tubulação de descarga - próximo à curva principal (cotas em metros) 61 VIII.3.5 Detalhe na região próxima aos esguichos manuais Figura VIII.6 Esquema da tubulação de descarga - próximo aos esguichos manuais (cotas em metros) 62 VIII.3.6 Detalhe na região próxima aos canhões Figura VIII.7 Esquema da tubulação de descarga - próximo aos canhões (cotas em metros) 63 VIII.4 Curvas da bomba atual Figura VIII.8 Documento da curva atual 64 VIII.5 Curvas da nova bomba Figura VIII.9 Documento da nova bomba 65 VIII.6 Tabelas de cálculo de comprimento equivalente VIII.6.1 Trecho S Tabela VIII.4 Detalhamento do trecho S Item Linha Joelho Raio Longo Linha Válvula Gaveta Linha Bifurcação / Direto Linha Válvula Gaveta Linha Redução VIII.6.2 Diametro [pol] 8 8 8 8 8 8 8 8 8 6 Comp. / Comp. Eq. [m] 4 4,27 2,779 2,74 0,26 4,27 1,1 2,74 0,098 2,13 Trecho R1 Tabela VIII.5 Detalhamento do trecho R1 Item Bifurcação / Direto Linha Joelho Raio Longo Linha Joelho Raio Longo 45º Linha Bifurcação / Direto Linha Joelho Raio Longo 45º Linha Redução Linha Joelho Raio Longo 45º Redução Linha Joelho Raio Longo 45º Linha Joelho Raio Longo Linha Joelho Raio Longo Linha Joelho Raio Longo Linha Joelho Raio Longo Linha Diametro [pol] 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 4 4 4 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 Comp. / Comp. Eq. [m] 3,05 4,35 3,05 2 1,525 1,72 3,05 2,56 1,525 1,06 1,22 5,2 1,065 0,91 3,44 0,76 1,84 1,52 0,98 1,52 1,55 1,52 1,83 1,52 12,23 66 VIII.6.3 Trecho R2 Tabela VIII.6 Detalhamento do trecho R2 Item Bifurcação / Ramal Redução Brusca Linha Joelho Raio Longo Linha VIII.6.4 Diametro [pol] 6 3 3 3 3 Comp. / Comp. Eq. [m] 9,15 1,52 0,77 1,52 15,13 Diametro [pol] 6 2,5 2,5 2,5 Comp. / Comp. Eq. [m] 9,15 1,52 1 0,84 Diametro [pol] 6 2,5 2,5 2,5 Comp. / Comp. Eq. [m] 9,15 1,52 1 0,84 Diametro [pol] 6 6 6 6 6 6 6 6 Comp. / Comp. Eq. [m] 3,05 3,75 3,05 4,51 3,05 15,75 3,05 13,1 Trecho R3 Tabela VIII.7 Detalhamento do trecho R3 Item Bifurcação / Ramal Redução Brusca Linha Válv. Gaveta VIII.6.5 Trecho R4 Tabela VIII.8 Detalhamento do trecho R4 Item Bifurcação / Ramal Redução Brusca Linha Válv. Gaveta VIII.6.6 Trecho L1 Tabela VIII.9 Detalhamento do trecho L1 Item Bifurcação / Direto Linha Joelho Raio Longo Linha Joelho Raio Longo Linha Bifurcação / Direto Linha 67 VIII.6.7 Trecho L2 Tabela VIII.10 Detalhamento do trecho L2 Item Bifurcação / Direto Linha VIII.6.8 Diametro [pol] 6 6 Comp. / Comp. Eq. [m] 3,05 0,81 Diametro [pol] 5 6 6 6 6 6 6 6 6 6 8 8 8 8 10 10 10 10 10 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 Comp. / Comp. Eq. [m] 1,22 0,125 1,98 22,87 0,312 1,98 0,378 3,05 0,353 2,13 1 4,27 2,292 1,83 15,24 64,725 4,88 16,47 15,24 2,9 1,35 3,05 1,65 3,05 1,42 3,05 0,6 1,98 11,77 3,05 13,13 Trecho L3 Tabela VIII.11 Detalhamento do trecho L3 Item Ampliação Linha Junta Flexível Válv. de Retenção Linha Válv. Gaveta Linha Joelho Raio Longo Linha Ampliação Linha Joelho Raio Longo Linha Ampliação Bifurcação / Ramal Linha Bifurcação / Direto Linha Bifurcação / Ramal Redução Brusca Linha Joelho Raio Longo Linha Joelho Raio Longo Linha Joelho Raio Longo Linha Válv. Gaveta Linha Bifurcação / Direto Linha 68 VIII.7 Tabela de desníveis de cada trecho Tabela VIII.12 Desníveis de cada trecho Trecho R1 R2 R3 R4 L3 S Z [mca] 0,98 0,77 0 0 -0,07 3,7 69 IX. Referências Bloch, H. P., & Budris, A. R. (1933). Pump User’s Handbook - Life Extension. Fairmont Press. Damasgate. (Novembro de 2013). Fonte: http://fx.damasgate.com/centrifugal-pumps/ DEC UFCG. (Novembro de 2013). Fonte: http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/Bomb01.html Escola da Vida. (Novembro de 2013). Fonte: http://www.escoladavida.eng.br/mecfluquimica/aulasfei/ccb.htm Karassik, I. (2000). Pump Handbook (3ª ed.). McGraw-Hill. Lima, E. C. (Novembro de 2006). QUALIDADE DE ÁGUA DA BAÍA DE GUANABARA E SANEAMENTO: UMA ABORDAGEM SISTÊMICA. Rio de Janeiro. Mattos, E. E., & Falco, R. d. (1998). Bombas Industriais (2ª ed.). Rio de Janeiro: Interciência. NETFIER. (Novembro de 2013). Fonte: http://www.netfier.com.br/sistemas.htm OMEL. (Novembro de 2013). Fonte: http://omel.com.br/BR/escola__bombas_curvas_de_desempenho.php Pump Fundamentals. (Novembro de 2013). Fonte: http://www.pumpfundamentals.com/pump_glossary.htm Thermophysical properties of seawater. (Março de 2010). Fonte: http://web.mit.edu/seawater/Seawater_Property_Tables.pdf Turton, R. K. (1995). Principles of Turbomachinery (2ª ed.). 70