sumário FidelidadESPÍRITA |Agosto 2010 14 capa 4 chico “Libertação”- referÊncia ao “voltei” Troca de idéias entre Chico e Wantuil nas fronteiras da epilepsia 6 estudo 18 COMPREENSÃO Mensagens e ensinamentos Elevação moral da sociedade 9 mensagem 20 reflexão A estrada do progresso Crença na vida após a morte 10 esclarecimento 24 ensinamento A revelação de João Faculdade mediúnica 12 diálogo 26 com todas as letras Assuntos importantes Importantes dicas da nossa língua portuguesa a fala dos espíritos nova ordem social as duas estradas e as duas portas os vivos e as outras vidas os mortos sairão dos seus túmulos incompreensão diálogo com divaldo Edição Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Depto. Editorial Jornalista Responsável Renata Levantesi (Mtb 28.765) Projeto Gráfico Fernanda Berquó Spina Revisão Zilda Nascimento Administração e Comércio Elizabeth Cristina S. Silva Apoio Cultural Braga Produtos Adesivos Impressão Citygráfica nem sempre “de o” se torna “do” FALE CONOSCO [email protected] (19) 3233-5596 ASSINATURAS Assinatura anual: R$45,00 (Exterior: US$50,00) FALE CONOSCO ON-LINE CADASTRE-SE NO MSN E ADICIONE O NOSSO ENDEREÇO: [email protected] Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” Rua Luís Silvério, 120 – Vila Marieta 13042-010 Campinas/SP Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP Oresponsabiliza-se CNPJ: 01.990.042/0001-80 doutrinariamente pelos artigos publicados nesta revista. assine : (19) 3233-5596 Inscr. Estadual: 244.933.991.112 editorial Agosto 2010 | FidelidadESPÍRITA Companheiros Difíceis por Emmanuel / Chico Xavier Companheiros difíceis não são as criaturas que ainda não nos atingiram a intimidade e sim aquelas outras que se fizeram amar por nós e que, de um momento para outro, modificaram pensamento e conduta, impondo-nos estranheza e inquietação. Erigiam-se-nos por esteios à fé, soçobrando em pesada corrente de tentações... Brilhavam por balizas de luz, à frente da marcha, e apagaram-se na noite das conveniências humanas, impelindo-nos à sombra e à desorientação... Examinado, porém, o assunto com discernimento e serenidade, seria, justo albergarmos pessimismo ou desencanto, simplesmente porque esse ou aquele companheiro haja evidenciado fraquezas humanas, peculiares também a nós? Atentos às realidades do campo evolutivo, em que nos achamos carregando fardos de culpas e débitos, deficiências e necessidades que se nos encravaram nos ombros, em existências passadas, como exigir dos entes amados, que nos respiram o mesmo nível, a posição dos heróis ou o comportamento dos anjos? Com isso, não queremos dizer que omissão ou deserção nas criaturas a quem empenhamos confiança e ternura sejam condições naturais para a ação espiritual que nos compete desenvolver, e sim, que, em lhes lastimando as resoluções menos felizes, é imperioso orar por elas na pauta da tolerância fraternal com que devemos abraçar todos aqueles que se nos associam às tarefas da jornada terrestre. Se Jesus nos recomendou amar os inimigos, que diretriz adotar ante os companheiros que se fizeram difíceis, senão abençoá-los em mais alto grau de entendimento, carecedores como se encontram de mais ampla dedicação? Sem dúvida, eles não podem, em muitas ocasiões, compartilhar-nos, de imediato, as atividades cotidianas, à vista dos compromissos diferentes a que se entregam; entretanto, ser-nos-á possível, no clima do espírito, agradecer-lhes o bem que nos fizeram e o bem que nos possam fazer, endereçando-lhes a mensagem silenciosa de nosso respeito e afeto, encorajamento e gratidão. Cumprindo semelhante dever, disporemos de suficiente paz interior para seguir adiante, na desincumbência dos encargos que a vida nos confiou. Compreenderemos que se o próprio Senhor nos aceita como somos, suportando-nos as imperfeições e aproveitando-nos em serviço, segundo a nossa capacidade de sermos úteis, é nossa obrigação aceitar os companheiros difíceis como são, esperando por eles, em matéria de elevação ou reajuste, tanto quanto o Senhor tem esperado por nós. Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Alma e Coração. Págs. 63 – 64. Editora Pensamento. 1972. assine: (19) 3233-5596 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP chico FidelidadESPÍRITA |Agosto 2010 “Libertação”: Referência ao “Voltei” por Suely Caldas Schubert 13-3-1949 “(...) Nossos amigos do Alto consideram interessante a palavra sendas, mas os termos “evolutivas” ou “espirituais” são muito longos para um título. Que dirias do título “sendas libertas”? (Nota inserida no final da carta: “Wantuil, o nosso devotado Emmanuel é de opinião que o livro de André Luiz tem por centro a missão libertadora de Gúbio, efetuada pela força milagrosa do amor. Daí a necessidade de alguma palavra no título que nos recorde “liberdade” ou “libertação”.) Fico ciente de que os originais seguiram para as mãos de Ismael. Esperemos o que dirá. Considero muito acertado o que comentas com relação ao outro. Agirás como julgares acertado. É pena verificarmos certas particularidades tendentes a inovação brusca na mediunidade do nosso amigo, porque as faculdades dele são sublimes. Parece-me haver-lhe faltado Evangelho em começo, assim como a criança bem nascida, cheia de bondade e inteligência naturais, que se torna caprichosa por ausência de punição benéfica, no princípio da luta. As mensagens que ele recebe estão cheias de luz consoladora, e, tendo lido também as últimas, a que te re- portas, nelas encontrei muito material iluminativo, embora julgue que tens muita razão em esperar que o caso seja convenientemente estudado, de vez que o nosso meio, no momento, a meu ver, assemelha-se a uma sementeira ciclópica e promissora, mas ainda tenra, exigindo muito cuidado no trato, com adubação controlada e desenvolvimento progressivo. (...) O caso da moça, no trabalho de André Luiz, refere-se ao paladar. Como julgarem, quanto à expressão a ser usada, assim ficará. De acordo com tuas observações últimas, concordo, com aquiescência dos nossos benfeitores, quanto ao verbo “perder” que, realmente, é o termo exato. Nosso perispírito ainda é matéria e estamos infinitamente longe da substância espiritual pura, sem a matéria qual a conhecemos em nosso veículo de manifestação.” Troca de idéias entre Chico e Wantuil quanto ao título do novo livro de André Luiz, título que, conforme mencionamos, fica sendo, afinal, “Libertação”. Em carta anterior (de 28-1-1949) o médium o anuncia e menciona que há em suas páginas interessante material sobre a obsessão. Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP assine: (19) 3233-5596 chico Agosto 2010 | FidelidadESPÍRITA A atual carta dá-nos ciência de que para Emmanuel o título deveria expressar a “missão libertadora de Gúbio, efetuada pela força milagrosa do amor”. “Libertação” apresenta um caso de obsessão, o de Margarida, e todo o complexo processo de desobsessão visto pelo lado espiritual. Pela primeira vez inteiramo-nos dos detalhes de como se realizam os reajustamentos entre Espíritos, promovidos pelos Instrutores Espirituais que se dedicam a esses misteres. A desobsessão não consiste apenas na doutrinação pura e simples do obsessor, trazido às reuniões mediúnicas próprias. Os Espíritos envolvidos em vingança, os que têm propósitos maléficos, os que se organizam para perseguir, pelo desejo único de praticar o mal, os que sentem nisso um prazer e o executam com requintes de perversidade, os que o fazem por ignorância, enfim, todos os que imbuídos dessas intenções buscam influenciar os encarnados, transformando-se em algozes renitentes e empedernidos no erro, não serão convencidos ou demovidos de seus projetos apenas pelo brevíssimo tempo de uma doutrinação. Na realidade, quando a Entidade perseguidora é trazida a uma sessão de desobsessão pelos Mentores, todo o longo, moroso e difícil empreendimento de resgatá-la já foi efetuado. Com que zelos e prudência os Benfeitores Espirituais se entregam a essa tarefa tão delicada; com que bondade e dedicação se empenham para despertar no infelicitador de hoje os latentes sentimentos posiassine: (19) 3233-5596 tivos que tão habilmente sufocam e ocultam; com que paciência e perseverança aguardam o melhor momento ou repetem as tentativas sem jamais esmorecerem; com que amor o fazem! Agora já o sabemos: todo um minucioso plano é elaborado pelos Benfeitores da Espiritualidade, após cuidadosas pesquisas, abrangendo os elementos envoltos nas tramas urdidas. Investigam, detalham, sem desprezar as mínimas possibilidades, vão aos meandros do passado, mergulham nas teias dessas vidas entrelaçadas até que consigam desenredar toda a trama e encaminhar algozes e vítimas à reconstrução de seus destinos. Essa a conquista pelo amor, este divino sentimento que transforma, redime e eleva o ser humano das sombras para a luz. A desobsessão é, em todos os sentidos, um processo de libertação, tanto para o algoz quanto para a sua vítima, em qualquer plano se situem. Em seguida, comentários de Chico a respeito de um confrade que começa a apresentar inovações em sua mediunidade, exigindo-se da parte de Wantuil mais cautela. Acordo final para que o verbo “perder” permaneça em “Libertação”. “Quanto ao “Voltei”, Emmanuel insiste em que o nome a adotar-se seja o de “Irmão Frederico” e nos recomenda que ainda nos serão apresentadas umas duas ou três corrigidas para o texto, para que a identificação verbal não seja feita. São as passagens em que ele fala das crônicas, no “Correio da Manhã”, e em que diz (se diz) introdutor do fonógrafo de Edison. Colherei a opinião de Emmanuel para as retificações e as enviarei. Diz o nosso amigo que não convêm as reticências, porque devemos tratar de fazer assentamentos definitivos de serviço para que, em nos desencarnando, não tenhamos a aflição de vir consertar. (...) As reticências toda vez que vistas acordariam nos leitores um risinho produtor de vibrações desagradáveis para o Espírito do Sr. Figner, depois de haver possuído ele tantos nomes através de muitas reencarnações, ele é o que é — irmão da Humanidade e filho de Deus. As filhas, desse modo, não terão com que proclamar afirmativas públicas desse ou daquele teor e estaremos tranqüilos por nossa vez. (...) Peço a ti, D. Zilfa e ao Zêus incluírem, de vez em quando, o nome da Maria Pena Xavier nas orações intercessórias. Trata-se de minha irmã anteontem desencarnada em PL, depois de alguns meses de tratamento e luta. Felizmente, tudo correu bem, até o fim da tarefa. (...)“ Prosseguem os acertos sobre o “Voltei”, na busca de uma forma conciliatória que agrade e seja benéfica a todos os envolvidos. Fonte: SCHUBERT, Suely Caldas. Testemunhos de Chico Xavier. Págs. 259 – 262. Feb. 1998. Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP estudo FidelidadESPÍRITA |Agosto 2010 A Fala dos Espíritos por Therezinha Oliveira OS ESPÍRITOS NOS FALAM Os seres espirituais e imortais não deixam de existir, quando morre o corpo que animavam na encarnação. Continuando vivos, conservam inteligência e sentimento e se comunicam com os que aqui ficaram, pela linguagem do pensamento, que conhecemos sob a denominação de telepatia. Mas nem sempre os ainda encarnados estão exercitados nessa linguagem, para captarem, com clareza e conscientemente, os pensamentos que lhes enviam os que se encontram por ora libertos da matéria, no intervalo de reencarnações. Entretanto, mesmo não consciente e perfeitamente registrado pelos encarnados, esse fenômeno de comunicação mental entre “mortos” e “vivos” ocorre constantemente, sendo a origem das sugestões e inspirações que nos alcançam com maior ou menor frequência, sem que saibamos discernir de quem e de onde vêm. Em alguns casos, porém, o encarnado chega a ouvir a mensagem com sentido completo e até identifica o timbre da voz de seu emissor, conseguindo, por vezes, identificar quem está falando. Para tanto, será preciso haver condições de sintonia entre ambos e uma vontade maior de comunicação e de recepção que supere as naturais limitações entre céu e terra. Talvez ocorra, também, nesses casos, um fenômeno não apenas intelectual, mas de efeitos físicos. Para os interessados, a doutrina espírita oferece estudos mais aprofundados sobre esses processos da comunicação entre os Espíritos e nós, desde os pressentimentos, intuições e inspirações, até a mediunidade de audição, propriamente dita, que podem ser consultados em vários capítulos de O Livro dos Médiuns. Registro, apenas, a realidade do fenômeno da comunicação dos Espíritos falando-nos à mente e ao ouvido, para citar uns poucos casos em que me foi dado ouvir mensagens dos Espíritos, uma vez que não possuo a mediunidade ostensiva, caso em que as pessoas veem, ouvem e sentem, com mais frequência e mais nitidamente, as manifestações dos invisíveis. Quão importantes, porém, me foram essas poucas vezes em que pude conscientemente registrar a fala de alguns participantes dessas “nuvens de testemunhas” que nos Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP cercam, no dizer do apóstolo Paulo, para me solidificar a fé e a compreensão sobre a vida imortal. Essa fé e compreensão é que desejo partilhar com os leitores, narrando alguns acontecimentos que me foram ensejados. MENSAGEM CONSOLADORA A prece é a elevação do pensamento ao alto, buscando simples comunicação afetiva ou solicitando ajuda, para nós mesmos ou para outros, e nunca deixa de causar um efeito benéfico em quem ora, seja de renovação das energias, pacificação dos sentimentos, indicação de caminhos a seguir. Muitas vezes orei, na vida, em momentos de alegria, de apreensão ou apenas para obter convivência espiritual, e nunca me foi dado ouvir em resposta nenhum pensamento ou mensagem articulada. Nada ouvia em resposta, mas perseverava na oração, por compreender e saber da realidade dos dois planos de vida, o além e o aquém, a se interpenetrarem segundo as leis e para os fins da sábia e bondosa Providência Divina. Certa vez, porém, coração conassine: (19) 3233-5596 estudo Agosto 2010 | FidelidadESPÍRITA frangido, mergulhada em tristeza, viajava eu em ônibus intermunicipal, rumo a uma tarefa de pregação na capital paulista. Procurando que o passageiro ao lado não me percebesse os olhos marejados, elevei o pensamento a Deus, suplicando: Tem misericórdia de mim! Para minha surpresa, ouvi uma voz feminina assegurar: “Você tem a proteção divina e...”. Permito-me ocultar, por muito pessoal, a rápida informação que me foi dada, então. Junto com a mensagem, devia haver um componente de vibração e energia benéfica, vinda daquela entidade benévola, pois que me senti inteiramente renovada. Não obstante, registrava o inusitado do ocorrido e parei instantaneamente de chorar, como se não me sentisse mais autorizada a qualquer lamentação. Por que dessa vez percebi uma resposta e nada em outras vezes? Será porque nem sempre oramos com verdadeira fé e nem sempre há uma real necessidade no que pedimos? O fato é que a intensidade e veracidade do sentimento que me levou àquela exclamação rompeu barreiras e alcançou sintonia no plano espiritual, consolando-me e ensinando-me de modo indelével. til numeroso, de repertório vasto, acompanhado de muitos assistentes, fazendo o ambiente festivo mas bastante tumultuado. Em seguida, veio um grupo de adultos também cantando demoradamente e com mensagens nem sempre adequadas a um local onde se realizaria um estudo doutrinário. Sentada na platéia, eu me recordava de comentários na família sobre eu me ausentar muito e pensava: — Será que faço bem em me ausentar casa, talvez sobrecarregando os familiares que lá ficam, e vir a outra cidade realizar uma palestra? Será isso tão necessário e importante? E o tema que me marcaram é de estudo, requerendo toda uma hora de exame da questão. Será que este ambiente comportará? Não será vaidade de minha parte manter as viagens doutrinárias, como às vezes me sugerem? Repentinamente ouvi uma voz de homem a dizer: “Você não sabe dos desígnios divinos. Sirva!” De novo o inesperado, eu só estava pensando! Mas alguém ouvia o que eu pensava e com severidade me advertiu. E eu não sabia, mesmo, dos desígnios divinos, pois o ambiente do salão se modificou quando o público que ali estava saiu e entraram outras pessoas, para quem a palestra programada estava perfeitamente adequada. Reparei, nessa oportunidade, UMA REPRIMENDA Cheguei a um bairro da capital de São Paulo, em local não espírita, mas que, àquela noite, fora cedido para uma palestra doutrinária, que me competia fazer. Ainda era cedo e o local estava sendo utilizado por um coral infanassine: (19) 3233-5596 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP estudo FidelidadESPÍRITA |Agosto 2010 que os bons Espíritos são sucintos no falar e dizem com objetividade o que é necessário. Nunca são longas digressões. Talvez pela nossa própria dificuldade de sintonizar mais demoradamente com eles. Então, falam pouco, mas falam bem, conseguindo, em poucas palavras, informar, esclarecer e ajudar. A FALA DE UM ADVERSÁRIO Era um sábado de tarde. Caminhando pela calçada, dirigia-me para uma reunião da diretoria do Centro Espírita. De súbito, uma indagação se fez em minha mente. Não deu para identificar qualquer voz, mas o pensamento era claro: “Você é uma mulher forte?” Desprevenida, pus-me a recordar as lutas da vida em que, graças ao conhecimento espírita, e certamente à ajuda dos benfeitores espirituais, pude superar situações trabalhosas e difíceis. Acreditando estar pensando “com os meus botões”, respondi mentalmente: “Sim, eu sou uma mulher forte...”. No instante seguinte eu estava estatelada na calçada, batera o rosto no chão e fraturara o nariz. Levantei-me, o rosto a sangrar olhei para a rua, onde os carros haviam parado por causa do sinaleiro, e pedi a um motorista que me ajudasse. Prestativo, ele desceu e me ajudou a entrar no carro. Ofereceu-me um rolo de papel para ir aparando o sangue que continuava a jorrar. Pedi-lhe que me levasse ao pronto-socorro, que felizmente era ali perto. Chegando lá, o fraterno motorista queria entrar comigo, mas agradeci e o liberei, dizendo que conhecia o local. Fui bem atendida e horas depois, devidamente medicada, voltei para casa. O autor da pergunta fora um adversário espiritual, por causa das atividades benfeitoras que o Centro Espírita realizava. Pretendia dificultarme a presença nas reuniões, tanto administrativas como nas de assistência espiritual, o que não conseguiu de todo, porque na outra semana, apesar da cara arrebentada, lá estava eu com os demais companheiros nas lides doutrinárias. E testemunhei ser mesmo uma mulher forte, que forte temos todos de ser nas lutas da nossa vida, já que possuímos o esclarecimento espírita e contamos com o amparo constante dos bons Espíritos, não obstante os obstáculos que se nos anteponham. Aprendi nesse episódio, que mais do que supomos vivemos em intercâmbio de pensamentos e sentimentos com o plano invisível, cabendo-nos vigiar e orar, para não cairmos quando nas experimentações da fé. AVISO PROTETOR Morávamos ainda na capital paulista, minha família e eu. Recordo-me bem do sobradinho e do quarto fronteiro, na parte de cima, em que eu e minha irmã dormíamos. Uma tarde de domingo, sentada na cama, eu me entretinha lendo um livro. Sem razão aparente, parei de ler, olhei na parede ao lado, o local da tomada, e vi uns fios de- Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP sencapados, torcidos um para cada lado, distanciados entre si. Então, me veio o pensamento: “Se o gato subir aqui (sim, tínhamos um gato muito querido) e for brincar com esses fios, poderá levar um choque. Vou querer socorrê-lo, mas não devo tocar nele. Que fazer? Ah, no banheiro há um tapete de borracha, com ele pegarei o gato e o libertarei”. Quando acabei de ter toda essa ordem de raciocínios, pensei comigo: “Que absurdo! Cada tolice que a gente pensa...”. E voltei à leitura interrompida. Logo escutei um miado dolorido e, quando olhei para a tomada, lá estava o gato preso, recebendo a descarga elétrica. Lembrando dos pensamentos de há pouco, contive a vontade de segurar o bichano e corri para o banheiro à procura do tapete de borracha. Voltei, rápida, com ele, mas o gato já fora atirado à distância e lambia os beiços chamuscados... Que conclusão tirei de tudo isso? A de que os bons Espíritos não podem tolher o livre-arbítrio de Espíritos que nos queiram fazer algum mal, até mesmo agindo sobre animais ou outras pessoas ao nosso redor, mas podem nos inspirar as atitudes corretas para que enfrentemos com bom êxito a dificuldade que esses maus Espíritos quiserem nos causar. Fonte: OLIVEIRA, Therezinha. Coisas que eu não Esqueci Porque me Ensinaram Muito. Págs. 5 – 21. Editora Allan Kardec. 2010. assine: (19) 3233-5596 mensagem Agosto 2010 | FidelidadESPÍRITA A Duas Estradas e as Duas Portas por Cairbar Schutell “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta e espaçosa é a estrada que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; porque estreita é a porta e apertada a estrada que conduz à Vida e poucos são os que acertam com ela.” (Mateus, VII, 13-14.) D uas são as estradas que se apresentam aos homens: a da Evolução e a da Degradação. Também são duas as portas que se abrem à pobre criatura humana: a porta da Vida e a porta da Morte. Aqueles que caminham pela Estrada da Evolução, hão de, forçosamente, passar pela porta estreita que conduz à Vida. Os que descem o declive da degradação, hão de atravessar a porta larga para viverem na Morte! Há vida na Vida e há “vida” na Morte! Na vida da Terra há morte; na Vida do Espaço a vida venceu a Morte. A Estrada da Evolução é apertada, poucos são os que acertam com ela, mas grande é o número dos que não querem acertar, pois ouviram dizer que ela é “apertada”. A Estrada da Degradação é larga, muitos são os que por ela passam e dela não querem sair, por ser espaçosa e facultar-lhes uma série considerável de diversões. assine: (19) 3233-5596 A Estrada do Progresso vê-se com os olhos da alma, e a alma a deseja, ardentemente, para a aquisição de seus destinos felizes; a da Degradação proporciona no presente os gozos efêmeros do mundo e o homem material por ela caminha preso a essas delícias pereciveis. Evolução e entrar-se pela porta do Progresso, é preciso Prudência, Fortaleza, Temperança, Retidão, Fé, Esperança e Caridade. Por isso: “Estreita é a porta e apertado é o caminho que conduz à Vida, e poucos são os que acertam com ela.” A Estrada da Degradação é a da Na vida da Terra há morte; na Vida do Espaço a vida venceu a Morte. A Estrada do Progresso, por ser apertada, exige conhecimentos, reclama atenção, critério, raciocínio, para que não se decline para a direita ou para a esquerda. A Estrada da Degradação é guarnecida de todos os atrativos, festejada com todas as músicas: nela os cinco sentidos humanos se fascinam, embriagam-se pelas sensações exteriores, aniquilando o Espírito que fala à consciência, adormecendo a alma que deixa de agitar a razão. Para subir-se pela Estrada da Soberba, da Avareza, da Luxúria, da Ira, do Ódio, da Gula, da Preguiça, da Inveja, de que o mundo está cheio; eis porque: “Larga é a porta e espaçosa é a estrada que conduz à perdição e muitos são os que por ela entram.” Entrai pela Porta Estreita porque é a que dá entrada à Vida Eterna. Fonte: SCHUTELL, Cairbar. Parábolas e Ensinos de Jesus. Págs. 154 – 155. O Clarim. 1979. Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP esclarecimento FidelidadESPÍRITA |Agosto 2010 Os Mortos sairão de seus Túmulos por Allan Kardec — Povos, escutai!... Uma voz se faz ouvir de um extremo a outro dos mundos: é a do precursor anunciando a vinda do Espírito de Verdade, que vem endireitar os caminhos tortuosos por onde o espírito humano se desgarrava em falsos sofismas. É a trombeta do anjo vindo despertar os mortos para que saiam de seus túmulos. Muitas vezes tendes lido a revelação de João e vos perguntastes: Mas, que quer ele dizer? Como se cumprirão essas coisas surpreendentes? E, confusa, vossa razão mergulhava num tenebroso labirinto, de onde não podia sair, porque queríeis tomar ao pé da letra o que estava escrito em sentido figurado. Agora que chegou o tempo em que uma parte dessas predições vai cumprir-se, pouco a pouco aprendereis a ler nesse livro onde o discípulo bem-amado consignou as coisas que lhe tinha sido dado ver. Entretanto, as más traduções e as falsas interpretações ainda vos aborrecerão um pouco, mas com um trabalho perseverante chegareis a compreender o que, até o presente, tinha sido para vós uma carta fechada. Apenas compreendei que, se Deus permite que os selos sejam levantados mais cedo para alguns, não é para que esse conhecimento fique estéril em suas mãos, mas para que, pioneiros infatigáveis, desbravem as terras incultas; é para que fecundem com o doce orvalho da caridade os corações ressequidos pelo orgulho e impedidos pelos embaraços mundanos, onde a boa semente da palavra de vida não pôde ainda germinar. Ah! quantos encaram a vida humana como devendo ser uma festa perpétua, em que as distrações e os prazeres se sucedem sem interrupção! Inventam mil nadas para encantar os seus lazeres; cultivam seu espírito, porque é uma das facetas brilhantes que servem para fazer ressaltar sua personalidade; são semelhantes a essas bolhas efêmeras, refletindo as cores do prisma e se balançando no espaço: atraem os olhares por algum tempo, depois as procurais... e elas desapareceram sem deixar traços. Do 10 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP assine: (19) 3233-5596 esclarecimento Agosto 2010 | FidelidadESPÍRITA mesmo modo, essas almas mundanas brilharam com uma luz que não lhes era própria, durante sua curta passagem terrena, e dela nada restou de útil, nem para os seus semelhantes, nem para elas mesmas. Vós que conheceis o valor do tempo, vós a quem as leis da eterna sabedoria são reveladas pouco a pouco, sede nas mãos do Todo-Poderoso, instrumentos dóceis servindo para levar a luz e a fecundidade a essas almas, das quais é dito: “Têm olhos e não vêem, ouvidos e não escutam”, porque se tendo desviado do facho da verdade e escutado a voz das paixões, sua luz não passa de trevas, em meio das quais o Espírito não pode reconhecer a estrada que o faz gravitar para Deus. O Espiritismo é essa voz poderosa que já repercute até os confluis da Terra; todos a ouvirão. Felizes os que, não tapando voluntariamente os ouvidos, sairão de seu egoísmo, como o fariam os mortos de seus sepulcros, e daí por diante realizarão os atos da vida verdadeira, a do Espírito se desembaraçando dos entraves da matéria, como fez Lázaro de seu sudário, à voz do Salvador. O Espiritismo marca a hora solene do despertar das inteligências que usaram o seu livre-arbítrio para se demorarem nos atalhos lamacentos, cujos miasmas deletérios infectaram a alma com um veneno lento, que lhe dá as aparências da morte. O Pai celeste tem piedade desses filhos pródigos, caídos tão baixo que nem mesmo pensam na morada paterna e é para eles que permite essas manifestações brilhantes, destinadas a convencer que, além deste mundo de formas perecíveis, a alma conserva a lembrança, o poder e a imortalidade. Possam eles, esses pobres escravos da matéria, sacudir o torpor que os impediu de ver e compreender até hoje; possam estudar com sinceridade, a fim de que a luz divina, penetrando sua alma, dela expulse a dúvida e a incredulidade. João Evangelista — Paris, 1866 Fonte: Revista Espírita, 1868. assine: (19) 3233-5596 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP 11 diálogo FidelidadESPÍRITA |Agosto 2010 Diálogo com Divaldo 1.8 - Contribuições ao Centro Espírita Quais as contribuições que poderiam ser levadas ao Centro Espírita para o aprimoramento de suas atividades, tanto no campo administrativo quanto no doutrinário? Divaldo - Aprofundar mais o estudo e a vivência da Doutrina Espírita. Há uma tendência, talvez ingênua e possivelmente honesta, de se pensar, de alguma forma, que o Centro Espírita, vinculando-se tão somente às diretrizes evangélicas, realiza o s e u m i s t e r, O propósito é muito nobre, mas não é um propósito espírita, porque se o fora, as igrejas protestantes, as instituições cristãs de todo o porte, poderiam ser, também, catalogadas como Entidades Espíritas. Allan Kardec é muito claro na introdução de O Livro dos Espíritos, quando caracteriza o Espiritismo e o comportamento espírita, informando sobre a crença em Deus, a imortalidade da alma, a comunicabilidade dos Espíritos, a multiplicidade dos mundos habitados, o exercício da caridade, a vivenda dos postulados morais... etc. (Item 6 e seguintes da “Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita”). O Centro Espírita não pode prescindir da vivência da Doutrina Espírita, conforme os postulados apresentados pelos Espíritos O Centro Espírita não pode prescindir da vivência da Doutrina Espírita, conforme os postulados apresentados pelos Espíritos e codificados por Allan Kardec. Há uma tendência natural para a vivência, pura e exclusivamente do Evangelho; merece, porém, recordar que o próprio Evangelho deve 12 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP assine: (19) 3233-5596 diálogo Agosto 2010 | FidelidadESPÍRITA Diálogo com Divaldo ser examinado à luz do Espiritismo, por causa das colocações ancestrais e do atavismo que trazemos das outras religiões. O bem é bom em qualquer situação, porém o bem, conscientemente realizado, é muito melhor nos resultados que persegue. O bem, à luz da Doutrina Espírita, a fim de que o Evangelho, no Centro Espírita, volte a ter o vigor do Cristianismo primitivo e não das diretrizes que foram impostas ao Cristianismo através da história, numa falsa vivência evangélica. Muitas pessoas argumentam, afirmando ser Chico Xavier o homem evangélico por excelência. E, de fato, ele o é, porque nunca se aparta da diretriz Kardeciana. E generoso e fraternal para com todos, sem abandonar o comportamento espírita, porque aderir é uma coisa e ser conveniente é outra. Poderemos ser muito gentis com todos, sem abdicarmos dos nossos postulados. O Centro Espírita não pode abdicar das austeras diretrizes da Codificação, para que não se transforme numa miscelânea de conceitos e objetivos que podem ser muito parecidos com a Doutrina Espírita, mas não são a Doutrina Espírita. “Parecer — já diz o velho chavão — não é ser”. Podemos encontrar uma coisa muito agradável e tentar introduzir no mecanismo da Casa Espírita. Isto será sempre, porém, um apêndice perigoso, porque descaracteriza a atividade espírita na Casa, que deveria preservar, pela vivência e pela melhor atividade coerente, os postulados da Doutrina Espírita. O bem é bom em qualquer situação, porém o bem, conscientemente realizado, é muito melhor nos resultados que persegue assine: (19) 3233-5596 Fonte: FRANCO, Divaldo. Diálogo com Trabalhadores e Dirigentes Espíritas. U.S.E. 2001. Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP 13 CAPA FidelidadESPÍRITA |Agosto 2010 Nas Fronteiras da Epilepsia por Prof. Dr. Núbor Orlando Facure D ostoiewisk e Machado de Assis, portadores de epilepsia, utilizaram-se de protagonista de seus romances para descreverem suas próprias crises. Vultos ilustres da História tiveram epilepsia, mas, para o homem comum, é na sarjeta das ruas que ele costuma tomar contato e se amedrontar com a violência da crise convulsiva. Embora Hipócrates tenha feito em seus escritos uma brilhante descrição da crise do Grande Mal, indicando o cérebro como o responsável por toda essa sintomatologia, a Epilepsia foi tida como uma doença mental pelos séculos afora e só depois do surgimento da Neurologia, no século passado, é que a Epilepsia passou a ser compreendida como uma síndrome decorrente de uma lesão orgânica no cérebro. Hoje entende-se a epilepsia como uma descarga elétrica desorganizada que atinge os neurônios cerebrais, provocando sintomas correlacionados com a área cerebral afetada. Embora os relatos mediúnicos do porte de No Mundo Maior e Nos Domínios da Mediunidade 14 ditados pelo Espírito André Luiz, façam descrições inconfundíveis de sintomatologia epiléptica em seus protagonistas, submissos à interferência espiritual francamente obsessora, a medicina de hoje rejeita qualquer presença espiritual na gênese de crises epilépticas, especialmente pelo temor de ver ressurgir a nefasta participação de “demônios” dos antigos textos bíblicos, versão da qual a Idade Média e a Inquisição souberam tirar proveito. Os exames sofisticados de hoje identificam os traumas, as infecções, os tumores e as degenerações entre diversas outras causas de natureza orgânica para a etiologia da Epilepsia, entretanto, nenhum desses exames está apropriado para detectar as vibrações do plano espiritual que nos fariam compreender mais profundamente a natureza essencial do problema da Epilepsia. Nem sequer de longe pretendemos excluir a gênese cerebral da manifestação epiléptica, mas a visão exclusivamente materialista da Medicina tradicional a envolve de um obscurantismo estúpido que não lhe permite identificar um outro Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP assine: (19) 3233-5596 CAPA Agosto 2010 | FidelidadESPÍRITA universo de interferência situado na dimensão espiritual que, como causa ou como agravante, interfere na freqüência e na constelação de sintomas que o epiléptico manifesta. Negando a interferência do Espírito, a Medicina não consegue enxergar que, através do próprio estudo da Epilepsia, ela teria muito o que aprender, por exemplo, com o que os pacientes epilépticos vivenciam durante as chamadas “crises psíquicas”, nas quais observa-se uma riqueza de expressão clínica cognitiva, que o simples desarranjo de neurônios em “curtocircuito” não tem argumentos para justificar. Na classificação das crises epilépticas, a Neurologia destaca um tipo de crise chamada Crise Focal ou Parcial em que não há comprometimento da consciência e a sintomatologia será decorrente do local no cérebro afetado pela descarga neuronal desorganizada. Na área motora, o paciente irá apresentar contrações musculares na mão, no braço, na perna ou em qualquer outra parte do corpo correspondente à região motora do cérebro afetado. Numa área sensitiva, os sintomas serão referidos como adormecimentos, sensações estranhas ou deformações no membro atingido. No grupo das crises focais é que estão incluídas as crises psíquicas nas quais o paciente relata sensações subjetivas que experimenta espontaneamente, podendo ter duração de minutos, horas ou dias. As descrições clássicas das crises psíquicas fazem referência mais comumente às crises de “Dejá vú” e de “Jamais Vú”. Esses dois quadros são assine: (19) 3233-5596 reconhecidos como decorrentes de lesões na base do cérebro na região dos lobos temporais. No “Dejá vú” (já visto), o paciente relata uma sensação de familiaridade com o ambiente ou com as pessoas, mesmo que lhe sejam estranhas e que ele as esteja vendo pela primeira vez. Num local que lhe seja completamente desconhecido, o paciente, ao ter sua crise, sente uma forte impressão de que já conhece ou já esteve naquele lugar. Na crise do “Jamais vú” (jamais visto), o paciente manifesta sensação de estranheza em lugares conhecidos ou por pessoas da sua convivência. Ambas as situações que descrevemos podem ocorrer ocasionalmente com qualquer pessoa normal, mas, no epiléptico, essas sensações são comumente repetitivas e duradouras. Muitos epilépticos apresentam crises psíquicas freqüentes mas que mos adequados para descrevê-las. Elas merecem, ao meu ver, um estudo meticuloso, procurando-se valorizar as verdadeiras sensações dessas experiências subjetivas, que os pacientes procuram nos passar, sentindo inclusive, com freqüência, a incredulidade que a maioria dos médicos manifesta ao ouvi-los. Os relatos dessas crises, à primeira vista, parecem inconsistentes, inverossímeis, superficiais, misturando-se com os sintomas da própria ansiedade com que os pacientes convivem quando vítimas desse tipo de crise. Elas podem ser muito demoradas e não têm o caráter ictal de subtaniedade das crises convulsivas. Não há uma afetação da consciência mas sim da percepção de funções complexas como da noção de tempo, do espaço, da realidade, do movimento, da noção do Eu e até do pensamento. Essas várias sensações no nível Muitos epilépticos apresentam crises psíquicas freqüentes mas que têm merecido pouco destaque por parecerem corriqueiras têm merecido pouco destaque por parecerem corriqueiras, como as mudanças súbitas de humor, um entristecimento súbito ou uma agressividade imotivada e desproporcional que pode beirar a violência. Neste artigo, estou interessado em relatar outros tipos de crises psíquicas, relativamente raras, em que os próprios pacientes têm muita dificuldade em achar ter- de vivência psíquica do indivíduo, a mim parecem fornecer preciosa observação da fronteira entre as experiências vividas física ou espiritualmente por esses pacientes. Uns poucos relatos que fizeram esses pacientes ajudaram-me a confirmar que o mundo mental de cada um de nós transita numa dimensão espiritual que transcende a experiência física. Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP 15 capa FidelidadESPÍRITA |Agosto 2010 Um deles é médico, freqüenta meu consultório desde garoto, por ter convulsões decorrentes de neurocisticercose e, recentemente, procurou-me, acompanhado da esposa, com uma certa inquietação, tentando relatar que, nos últimos dois dias, tinha perdido a capacidade de acompanhar a passagem do tempo. Não era a identificação do tempo, das horas ou do dia e da noite. Ele dizia ser uma perda da “noção do tempo”. Os acontecimentos processavam-se na sua mente e quando ele se dava conta, esses acontecimentos já tinham acabado de ocorrer. Ao dirigir-se para seu consultório, conduzindo seu carro pela estrada, fazia as cur- vas, mas sempre com a idéia de que isso não lhe tomava tempo, porque ocorria na sua mente, literalmente falando, antes de acontecerem fisicamente. O que tinha em mente, do trajeto que percorria, não era uma imaginação, era o próprio acontecimento. Dizia que não lhe fazia sentido o antes ou o depois, porque, tudo o que ocorria em seqüência, ele vivenciava ocorrendo simultaneamente. Sua esposa o auxiliava como auxiliar de anestesia e na entrevista me contava que apesar de permanecer o tempo todo com essas sensações que descrevia. Ele procedia normalmente enquanto anestesiava seus pacientes, apenas dizia que toda atitude que tomava A neurologia descreve, também, um estado de crise psíquica em que o paciente tem a sensação constante de estar vivendo um sonho 16 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP já lhe parecia ter ocorrido não como uma premonição, mas como um acontecimento “já feito”, se assim podemos dizer, por ele, e, ao terminar a anestesia, para sua mente, os fatos lhe pareciam continuar acontecendo. A neurologia descreve, também, um estado de crise psíquica em que o paciente tem a sensação constante de estar vivendo um sonho. É chamado de “Dreamy States” pelos clássicos. Tivemos dois pacientes que nos relataram episódios em que sentiam uma alteração no que eles chamavam de “realidade”. Uma jovem senhora referia que essas sensações a perturbavam há anos, principalmente à noite e se estivesse perto de muitas pessoas. Isto a deixava insegura. Parecia fazer as coisas por instinto. Insistia em dizer que nas crises tinha a sensação de estar vivendo em um “estágio antes da realidade”. Um outro paciente com crises semelhantes a acrescentava que também tinha a impressão de “não estar vivendo a realidade” e tudo que fazia, para ele, “não tinha conteúdo emocional”. Duas crianças e dois adultos jovens, que já acompanhávamos por antecedentes de convulsões, nos relataram episódios de percepção alterada no movimento dos objetos e do próprio pensamento. Ouvi deles expressões do tipo: “os movimentos das coisas e das pessoas parecem aceleradas”: “quando estendo as mãos para pegar um objeto, parece que meus gestos são muito rápidos”; as pessoas atravessam a rua muito depressa”; “fica difícil atravessar a rua com os carros assine: (19) 3233-5596 capa Agosto 2010 | FidelidadESPÍRITA todos correndo”; “tudo ao redor parece estar acelerado”; “as pessoas parecem falar muito rápido”. Um dos garotos dizia ser acordado pela crise. Para um deles, o seu próprio pensamento, quando em crise, parecia acelerado. Nessas horas ele evitava o diálogo com receio de demonstrar aos outros alguma perturbação. Um desses pacientes, com 23 anos, é pintor e dizia que nas crises sentia que tudo passava lentamente, seus próprios gestos ao lidar com o pincel lhe pareciam ser feito em câmara lenta, embora seus colegas não confirmavam essa vagareza. Ele se sentia assim por mais de uma semana seguida, entrando e saindo das crises sem qualquer motivo aparente. Uma senhora que também acompanhávamos por ter desmaios, tinha um eletrencéfalo com alterações focais no hemisfério esquerdo e uma tomografia cerebral típica de neurocisticercose. Ela contava que vinha tendo episódios em que parecia se deslocar, sentia-se estar muito longe, “como se num outro mundo”, “ocupando um outro espaço”. Esses episódios duravam 20 minutos e, a seguir, mantendo-se sempre muito lúcida, ela sentia a cabeça vazia, ficava pálida e ofegante. Outros quadros, mais complexos e às vezes muito elaborados, têm sido rotulados como alucinatórios e comumente relacionados com as disritmias do lobo temporal ou as patologias do sono. Alguns pacientes dizem sentir-se fora do corpo, sensação que a neurologia chama de “despersonalização”. Para outros, os objetos que vêem ou os sons que ouvem, estão aumentados, diminuídos ou distorcidos. assine: (19) 3233-5596 Às vezes há uma concentração de cenas e episódios memorizados e o paciente, num relance, recapitula toda a sua existência. Dá-se o nome de “visão panorâmica” da vida. Tivemos, entre muitos outros, o caso de uma garota de nove anos que nos consultava devido manifestações comuns de epilepsia. Ela nos relatou que por algumas ocasiões, estando absolutamente desperta, se sente saindo do seu corpo em completa lucidez. Numa dessas últimas crises estava sentada no sofá, assistindo televisão quando, subitamente, se vê, ao lado do corpo físico. Questionei sobres seus medos nesta hora e qual sua atitude ao se ver nessa duplicidade. Ela respondeu-nos com muita simplicidade que, assustada, procurou se dirigir para perto da televisão para ver se o seu corpo ali sentado a acompanhava. Os quadros que descrevemos não surpreenderiam qualquer neurologista habituado a atender casos de epilepsia. Seguramente serão atribuídos à presença de distúrbios da atividade neuronal, especialmente do lobo temporal e a maioria deles vai se ver livre dessas crises com medicação disponível para atuar especificamente nas disritmias dessa região. É curioso, entretanto, que, essas descrições, os relatos de como esses pacientes vivenciam ou “decodificam” a noção do sentido do tempo, da apreensão da realidade, da relação espaço-tempo no deslocamento dos objetos, da síntese e projeção do pensamento, nos permite despretensiosamente conjeturar uma série de semelhanças com certas descrições não acadêmicas na lite- ratura espiritualista. Os textos especializados em descrições sobre técnicas de meditação, por exemplo, revelam que os “grandes mestres” e “místicos” que atingem os graus mais profundos de interiorização da consciência, fazem interessantes descrições em ralação ao sentido do tempo, ao espaço ocupado pela matéria, à velocidade das partículas de matéria/energia que sintonizam, bem como, o turbilhão do fluxo do pensamento, descrições estas, que ao meu ver, têm correspondência muito provocativa com as dos epilépticos que aqui registramos. Para nós, espíritas, os conceitos de tempo no mundo espiritual, de espaço na dimensão extra-física, de projeções do pensamento, de deslocamento do corpo espiritual podem ser facilmente reconhecidos nessa série de histórias que registramos. As lesões objetivas que a massa cerebral evidencia nesses quadros são, para mim, nada mais que portas de intercessões entre as duas dimensões, a expressão física de uma realidade que o corpo nos permite palpar e a percepção espiritual que vivenciamos sem os sentidos perceberem. O autor, Dr. Nubor Orlando Facure, espírita desde criança, especialista em Neurologia, diretor do Instituto do Cérebro de Campinas, ex-professor titular de Neurocirurgia da UNICAMP, pesquisador, escritor e expositor espírita, é colaborador desta Revista. Fonte: http://nuborfacure.blogspot.com/ Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP 17 compreensão FidelidadESPÍRITA |Agosto 2010 Nova Ordem Social por Eurípedes Barsanulfo / Divaldo Pereira Franco A nova ordem social por todos anelada, na qual os direitos do homem constituam a essência das expressões dignificadoras, não poderá ser estabelecida pelo desrespeito à ordem vigente, nem por meio da convulsão fratricida. Todo empreendimento de elevação moral da sociedade, nos dias modernos, deve apoiar-se na educação infanto-juvenil - base do futuro da humanidade - ao mesmo tempo envolvendo as massas, nesse processo de aquisição dos valores que estruturam o comportamento do individuo para melhor compreender e viver os objetivos da sua evolução. Sem uma consciência das nobres finalidades da vida, o homem pode adquirir recursos para a sua comodidade e a do clã, nunca, porém, para a felicidade, a paz interior. Transposta a meta imediatista do que considera essencial, parte, insatisfeito ou atormentado, deprimido ou violento, na busca de novas sensações que o atraem pela novidade ou que o perturbam, graças à comunicação massificadora decorrente dos veículos de informação. Por outro lado, a metodologia da afirmação dos interesses, mediante a imposição da violência e do constrangimento, redunda no esvaziamento ideológico pelos desforços 18 que inspira e graças às reações de igual teor que provoca. Dessa atitude para a insurreição, a luta de classes e as famigeradas reações terroristas, que abrem as portas para as guerras civis, há um passo apenas, conduzindo o povo a mergulhar nos ódios acirrados e criminosos. Dir-se-á que a mão armada, através da História, levantou impérios e nações, arrancando-os do talante infeliz de ditadores famigerados que usurparam o poder... sem deixar de conquistar alguns dos seus exploradores, que se renderam ao conteúdo da Sua ideologia superior. Zaqueu, de tal forma se permitiu convencer da verdade que Ele ensinava, que propiciou soldo digno aos servos, propondo-se a resgatar qualquer dívida, com correção monetária excessiva. Nicodemos ficou tão perplexo ante a inteireza revolucionária dos Seus ensinos, que Lhe propôs a magna questão dos destinos humanos Todo empreendimento de elevação moral da sociedade, nos dias modernos, deve apoiar-se na educação infanto-juvenil Não nos referimos, porém, a tal questão política, senão à social de profundidade, que é a do homem em si mesmo, transformando-se e moralizando-se, do que decorrerá a sua real conquista e integração nos códigos da justiça e da liberdade. Nesse sentido, o movimento de renovação social teve começo, nas suas expressões mais legítimas, com Jesus, que sensibilizou as massas Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP quanto à necessidade da vida eterna, recebendo a resposta que a propicia ao homem em termos de plenitude, por meio da reencarnação. José de Arimatéia respeitou-Lhe os postulados, dos quais se convenceu, tornando-se-Lhe simpático e adeso. Pilatos, aferrado à dominação arbitrária que a posição governamental lhe impunha, perturbou-se de tal assine: (19) 3233-5596 compreensão Agosto 2010 | FidelidadESPÍRITA forma que, irresoluto, foi vencido pela “consciência de culpa”, caindo em torpe alienação mental. E quantos outros, que não tiveram a coragem de adotar a Sua conduta? A Sua mensagem foi tão extraor- logrados os objetivos dos “direitos do homem”, por negligência do próprio homem, que ainda confunde liberdade com licença, direito com desrespeito, fraternidade com exploração do mais fraco e dependente... O progresso é lei inevitável no O Espiritismo possui a chave para o problema, educando o homem, moral e espiritualmente dinária, que nem o túmulo, após a crucificação do Excelso Revolucionário do amor, conseguiu encerrar o Seu apostolado... Demonstrando pela confirmação, reiteradas vezes, a sobrevivência da vida, fez que os códigos da justiça humana, ao largo do tempo, sofressem modificações para melhor, abrindo as portas para a fraternidade, a liberdade e o amor. Certamente que ainda não foram assine: (19) 3233-5596 processo de crescimento das sociedades. Todavia, cada conquista realizada pela força produz desequilíbrios na área moral, que retardam a marcha da evolução, em face do imperativo da reencarnação que traz de volta o agressor, o adversário, em condição dolorosa que lhe propicia reparar os danos assim sofrendo as conseqüências dos seus atos transatos, não perturbando o processo da evolução geral. É comum este fenômeno nas chamadas “sociedades ricas”, onde o fantasma da miséria econômica foi afastado, embora não totalmente, mas permitindo, em contrapartida, a miséria moral, que se reflete nos vícios, nos crimes, nas alienações e no terrorismo como forma de afirmação da personalidade das gerações novas e insatisfeitas. O Espiritismo possui a chave para o problema, educando o homem, moral e espiritualmente, auxiliandoo a sair da faixa dos instintos para os sentimentos e destes para a razão. Proclama a revolução moral, imediata, cujas vítimas são os vícios e as imperfeições, os atavismos ancestrais negativos e as paixões dissolventes... Sem mecanismos de evasão à responsabilidade, mas sem a violência geradora do caos, não se apóia em pieguismos narcisistas e ergue a flama da verdade, demonstrando que o homem integral não é o vencedor transitório do mundo, mas o conquistador de si mesmo, assim fomentando o trabalho digno como alavanca propulsora dos objetivos que levam à nova ordem social, que é de paz, de amor, de liberdade com responsabilidade, de bem. Para esse cometimento ninguém se pode eximir, porquanto, membro do organismo social, cada homem, em se transformando para melhor, está realizando o programa de revolução espiritual da nova ordem pela qual todos lutamos. Eurípedes Barsanulfo Fonte: FRANCO, Divaldo P. Páginas Elucidativas. Págs 17 – 21. Verificar... Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP 19 reflexão FidelidadESPÍRITA |Agosto 2010 Os Vivos e as Outras Vidas por Gabriela Carelli, com reportagem de Tiago Cordeiro e Thereza Venturoli É possível que a existência humana, tão complexa e rica, se dissolva quando o coração pára? Com uma resposta prática para essa questão crucial e a promessa de comunicação direta com os mortos, o espiritismo tornou-se a religião – ou, pelo menos, a segunda opção religiosa – de 40 milhões de brasileiros O homem passa boa parte do tempo projetando o futuro. Descobrir o mundo, aprender novas lições, apaixonar-se, gerar e criar filhos, perseguir objetivos, aspirar à felicidade. Tudo isso compõe um ritual de celebração da vida e torna início de outro tipo de existência, que começaria pela sobrevivência de uma parte da essência humana – chame-se a ela de alma, espírito ou qualquer outro nome. A crença na vida após a morte é universal. Os brasileiros, claro, não são exceção. Entre nós, talvez mais do que entre outros povos, não apenas se crê na eternidade da alma, mas se dá como certo que a reencarnação e a comunicação com os mortos são possíveis. Há nisso um sincretismo religioso tipicamente brasileiro. De acordo com o IBGE, 74% dos brasileiros declaram-se católicos, e a doutrina da Igreja Católica não concebe a A crença na vida após a morte é universal tão rica a aventura humana que uma reflexão crucial se impõe: é possível que a existência, tão complexa, se dissolva feito fumaça assim que o coração e o cérebro param de funcionar? Desde tempos imemoriais o homem se recusa a acreditar nessa fatalidade. Todas as religiões, sem exceção, enxergam na morte o 20 comunicação direta entre mortos e vivos. Pelo menos não entre mortais comuns e mortos idem. A comunicação entre santos e mortais é admitida pela doutrina católica. Mas apenas quando ocorre um milagre. Coisa rara, como se sabe. Na prática, boa parte desse contingente católico também dirige sua fé ou Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP sofre a influência de outro credo sem expressão no exterior e que só cresce no Brasil: o espiritismo. Segundo essa doutrina, codificada em 1857, na França, por Allan Kardec – pseudônimo do pedagogo Hippolyte Léon Denizard Rivail –, a alma de todo ser humano morto reencarna tantas vezes quantas forem necessárias para que, devido às boas ações, ela se purifique. Quando atinge o patamar mais alto, torna-se um espírito puro, livre de imperfeições, e não mais retorna ao corpo físico. O espiritismo também crê que, com algum treino, qualquer pessoa pode se comunicar com os mortos. A questão é: para que fazer isso? Há várias respostas possíveis. A primeira é receber conselhos e orientação daqueles que já superaram os constrangimentos da existência corpórea. A segunda diz respeito à dor humana. Imagine uma mãe que chora a perda de um filho. Pode haver mais conforto que um contato espiritual, no qual ele lhe assegura que passa bem na vida póstuma? No princípio era o medo. E o medo se fez crença. Para o sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) essa seria a maneira mais simples de explicar o surgimento das religiões assine: (19) 3233-5596 reflexão Agosto 2010 | FidelidadESPÍRITA assine: (19) 3233-5596 que a pergunta seguinte seja: o que vem depois? Essa pergunta aparece nas obras mais ancestrais da cultura humana. Na cultura grega clássica era permitido às almas escolher novos seres para encarnar, fossem humanos ou animais. O ciclo de reencarnações e renascimentos é o núcleo do hinduísmo e do budismo, e estava na base da própria vida do Egito dos faraós. Não por acaso, eles eram sepultados com suas riquezas, para que pudessem desfrutá-las no outro mundo. Como os espíritas atuais, os egípcios acreditavam que só depois da morte a existência humana alcançava a plenitude. William Shakespeare reservou a um espírito um dos papéis principais de sua obra-prima, Hamlet. O pai do personagem-título, príncipe da Dinamarca, volta em forma de fantasma para lhe informar que fora morto pela mulher e seu amante, que lhe roubara o trono. O célebre diálogo dessa peça (“ser ou não ser”) trata exatamente da angústia humana diante da impossibilidade de saber que sonhos trará o sono da morte. Além de cultivar ainda hoje os ritos de origem africana, comuns a diversos países onde a escravidão foi a base da economia no passado, o país sobressai nas estatísticas mundiais como a pátria do espiritismo de inspiração kardecista – nome que deriva do francês Allan Kardec, estudioso positivista do fim do século XIX que produziu uma versão cientificista dos fenômenos religiosos focados na vida depois da morte. Segundo a Federação Espírita Brasileira, mais de 40 milhões de pessoas seguem a doutrina de Allan Kardec no Brasil. Apenas 2% dos brasileiros se dizem espíritas nos censos oficiais. A imensa maioria simplesmente acrescenta, sem drama de consciência, os ensinamentos de Kardec aos das religiões que professam oficialmente. Funcionam no país 10.000 centros espíritas. Eles eram apenas 3.000 no começo dos anos 90. Duzentas editoras publicam somente livros voltados para a comunidade espírita. Já foram vendidos 22 milhões de exemplares de sete livros escritos por Allan Kardec no Brasil. Foto: Marcos Mauricio Pelicia nas sociedades humanas. Por temor à fome, aos perigos e à morte, em determinada fase de sua evolução cultural, a humanidade apegou-se ao fervor religioso. Com ele veio a crença na vida eterna e no renascimento da alma e até do corpo físico em uma ou sucessivas existências. Veio também a idéia de que é possível a comunicação entre vivos e mortos. De uma maneira ou de outra, as convicções acima estão presentes em quase todas as religiões, mesmo nas que renegam essas facetas. Quando um católico reza para um santo de sua devoção ou quando, em caso de milagre, uma figura sagrada lhe aparece em carne e osso ou em forma éterea, está se dando uma espécie de comunicação entre vivos e mortos. Os budistas negam a existência de uma alma substantiva, mas acreditam na transmigração do carma – conjunto das ações dos homens e suas conseqüências – em algo que só pode ser definido como espírito. Sigmund Freud (1856-1939), criador da psicanálise, tinha uma explicação para a prevalência na história das sociedades humanas da crença na transcendência do espírito. Ela não difere muito da de Weber. “Podemos dizer que, para a psicanálise, conceitos como reencarnação e comunicação com os mortos servem de consolo para a angústia que sentimos diante da finitude”, explica a psicanalista freudiana Karin Wondracek, professora da Escola Superior de Teologia de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. De várias formas, os psicanalistas e os místicos estão atrás de respostas à mesma pergunta. O ser humano já foi definido como o único animal que sabe que vai morrer. É natural Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP 21 reflexão FidelidadESPÍRITA |Agosto 2010 A razão do sucesso é a mesma que alavanca esse tipo de crença em todo o mundo – e alavancou no passado: a rejeição da idéia de que o sofrimento, o som e a fúria sem significado da vida humana possam ser totalmente em vão. “O espiritismo conforta seus seguidores porque oferece explicações para todas as mazelas da vida e coloca o sofrimento como uma forma de purificação da alma”, diz Antonio Flávio Pierucci, sociólogo especialista em religiões da Universidade de São Paulo. O espiritismo é mais direto, mas oferece um produto bastante similar ao das demais religiões. Todas prometem um mundo melhor além-túmulo, em geral em contato próximo com o esplendor do Divino. O que o espiritismo tem de próprio, ainda que não seja um monopólio seu, é o fato de acenar com a certeza de que, no futuro, haverá outras vidas, quantas forem necessárias, para tirar as manchas da alma. “A doutrina católica não ensina aos fiéis como lidar com a dor que os mortos deixam nos vivos nem explica as injustiças da vida. Uma pesquisa recente mostrou que 51% dos americanos acreditam em espíritos e 27% crêem em reencarnação. O que nos diferencia são a respeitabilidade alcançada por essas crenças na sociedade brasileira e as dimensões do espiritismo no país. O Brasil foi desde sempre um terreno fértil para crenças baseadas na comunicação com os espíritos e na reencarnação. Os escravos vindos da África entre os séculos XVI e XIX trouxeram crenças no contato direto com o mundo dos mortos, que floresceram e permearam todos os estratos da sociedade. Também os índios conversavam com seus mortos, cujo espírito, acreditavam, permanecia entre os membros da tribo por algum tempo. Nos Estados Unidos, os negros e os índios cultivavam práticas semelhantes, mas elas foram perseguidas até a extinção pelos protestantes – para eles, o conceito de encarnação era coisa do diabo, não de espíritos. Os primeiros brasileiros foram mais tolerantes com o mundo mágico dos escravos e dos índios, aproveitando-se das dificuldades encontradas A crença maciça na reencarnação e na comunicação com os mortos não é uma extravagância brasileira O sucesso do espiritismo deriva justamente dessa capacidade”, diz o frei Luiz Carlos Susin, professor de teologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. A crença maciça na reencarnação e na comunicação com os mortos não é uma extravagância brasileira. 22 pela Inquisição para impor o rigor católico na parte de baixo do Equador. Conclui Ceres Medina, antropóloga da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo: “Quando as idéias de Allan Kardec chegaram ao Brasil, pelas mãos da elite que costumava estudar na França, foram Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP assimiladas facilmente porque o brasileiro já convivia com as práticas espiritualistas”. O espiritismo desembarcou no Brasil no momento de crise política que antecedeu o advento da República. Naquele período, havia uma insatisfação com a cúpula da Igreja Católica, ligada ao conservadorismo político da monarquia. A doutrina de Allan Kardec era ao mesmo tempo uma filosofia de vida e uma lista de preceitos religiosos, e os brasileiros foram hábeis em transformar esse caldo em religião. “Os adeptos procuravam usar ao máximo os conceitos científicos em voga na época, principalmente o racionalismo e o evolucionismo, para justificar o espiritismo, o que dava aos cultos uma respeitabilidade que atraía a elite letrada”, diz José Luiz dos Santos, chefe do departamento de antropologia da Universidade Estadual de Campinas. “Para divulgar a doutrina, a elite tratou de atrair pobres como clientes. Já no fim do século XIX eles procuravam os centros espíritas para resolver seus problemas de saúde”, explica ele. O espiritismo deslanchou de vez no Brasil pelas mãos do médium mineiro Chico Xavier (1910-2002), que se tornou uma celebridade nacional ao receber diariamente, em seu centro espírita, caravanas intermináveis de crentes em busca de curas e contatos com os mortos. De origem humilde e com instrução primária, o médium escreveu 400 livros atribuídos por ele a autores já mortos e que venderam mais de 30 milhões de cópias. Para os milhares de brasileiros que acorreram a ele, no entanto, Chico Xavier era quase um santo. “A grande contribuição assine: (19) 3233-5596 reflexão Agosto 2010 | FidelidadESPÍRITA de Xavier foi mostrar o lado da caridade que pontua a cartilha de Allan Kardec”, diz Ceres Medina. “Ao propagar a prática da caridade, ele humanizou o espiritismo e acabou com o preconceito contra ele”, completa. Em outros países, o espiritismo kardecista não teve tanta sorte. Em seu país de origem, a França, ele definhou. “Até hoje o espiritismo é confundido com bruxaria”, disse a VEJA Charles Kempf, coordenador do Centro de Estudos Espíritas Léon Denis, da cidade francesa de Thann. Kempf tem uma explicação adicional para o êxito do espiritismo no Brasil. É uma explicação bem material. Se a prática da caridade e do assistencialismo chancelou o espiritismo no Brasil, na França isso não ocorreu. A razão? O assistencialismo do Estado francês funciona com razoável perfeição, não deixando espaço para os espíritas utilizarem esse recurso para angariar um rebanho maior. “O espiritismo não consola, explica as desgraças da vida” Todas as noites Lily Marinho, viúva do fundador das Organizações Globo, Roberto Marinho, segue um ritual: enche um copo de água e o coloca ao lado do retrato do marido, na cabeceira da cama. De manhã, joga fora a água. “Dizem que tudo de ruim fica concentrado ali”, diz Lily, que é católica, mas desde que o filho Horácio morreu, em 1966, encontrou conforto no espiritismo. Leu Allan Kardec, foi a centros espíritas, visitou Chico Xavier e chegou a ter uma visão. “Eu estava em Paris quando vi Horácio, vestido de branco, segurando uma criança. Entendi que era um recado dele para eu adotar um menino”, conta. Sete meses depois da morte do filho ela adotou um garoto, João Baptista. Lily afirma ter encarado a morte de Roberto de forma mais tranqüila e que sente a presença dele pela casa. Aos 84 anos, ela não tem o hábito de ir à missa (apesar de ter providenciado celebrações em memória do filho numa igreja de Milão), garante que não teme a morte e acredita em reencarnação. Diz Lily: “O espiritismo não é um consolo. É uma explicação para as desgraças da vida”. “Uma carta psicografada mudou minha vida” Ex-jogadora da Seleção Brasileira de Basquete, Maria Paula Gonçalves da Silva, a Magic Paula, de 43 anos, é espírita desde 1992. Conheceu a doutrina em 1983, quando se submeteu a uma cirurgia espiritual, que sanou uma lesão grave que tinha no joelho. Em 1999, passou por uma experiência marcante. Durante uma sessão de massagem, a profissional que a atendia passou mal e saiu da sala. “Quando ela voltou tinha nas mãos uma carta psicografada com uma mensagem do meu pai”, diz Paula. “Eu me senti culpada quando ele morreu. A carta era sobre essa culpa. Mudou minha vida.” Hollywood e o cenário do além Uma série de sucessos de bilheteria cujo tema é a comunicação entre vivos e mortos reflete o interesse despertado pelo tema, sobretudo o existente nos Estados Unidos, onde os filmes são produzidos. As pesquisas mostram que mais de 50% dos americanos acreditam em espíritos, 27% deles, em reencarnação, e nove em dez estão certos de que a alma sobrevive à morte. À esquerda, Nicole Kidman em Os Outros, e, à direita, Bruce Willis em O Sexto Sentido, ambos filmes sobre fantasmas (imagem não disponível). Nota: As informações sobre dados e índices indicados pelos CENSOS oficiais, FEB, IBGE, VEJA e outras pesquisas são pertinentes ao ano de 2005. Fonte: Crédito: Oscar Cabral assine: (19) 3233-5596 Crédito: Roberto Setton Revista Veja. Edição 1904. 5 de Maio de 2005. Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP 23 ensinamento FidelidadESPÍRITA |Agosto 2010 Incompreensão por Yvonne A. Pereira D urante uma palestra entre amigos, ouvimos que adversários do Espiritismo costumam pôr à prova a veracidade da faculdade de alguns médiuns que se habituaram às experimentações em público, pedindolhes receituário para pessoas inexistentes, falecidas, e até para bonecas, e que algumas vezes as receitas têm sido concedidas. Procuramos então expor aos amigos, que, escandalizados, comentavam a ocorrência, os quesitos que dariam causa ao desagradável acontecimento, dentro dos ensinamentos da Doutrina. A fim de estudarmos as particularidades desse caso, poderemos até mesmo reportar-nos à lição inserida no raciocinar que, em primeiro lugar, o médium não é criatura infalível, semideus que pudesse vencer todas as dificuldades para estar ininterruptamente harmonizado com as forças superiores. Às vezes, até será bom que certas dificuldades e decepções o surpreendam, a fim de que não advenham a presunção e a vanglória e ele se esforce sempre por melhorar os próprios atributos e obter possibilidades de intercâmbio mais ou menos permanentes com as esferas iluminadas. O médium, em vez de ser uma personagem infalível, é um ente humano como outro qualquer, embora, graças aos próprios esforços, tenha atingido uma possibilidade O médium, em vez de ser uma personagem infalível, é um ente humano como outro qualquer Evangelho de Mateus, cap. XIII, vv. 10 a 15, que esclarece: “Àquele que já tem mais se lhe dará e ele ficará na abundância; àquele, entretanto, que não tem, mesmo o que tem se lhe tirará.” E partindo dessa tese teremos de 24 psíquica algo avantajada do comum das criaturas. Se hoje se sente na posse plena das suas melhores disposições supranormais, amanhã já sofrerá deficiências no seu sistema de vibrações, tornando-se indisposto, portanto, por este ou Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP aquele motivo, para o exercício da delicada função que lhe cabe, pois a mediunidade é intermitente e está longe, por isso mesmo, de o seu brilhantismo ser constante, invariável, mormente tratando-se daqueles médiuns cujos desempenhos se verificam em contato direto com o público. Quem é médium sabe dos sacrifícios necessários à sua faculdade para apresentar ao mundo as provas edificantes da sua feição celeste. Por isso mesmo não será motivo para escândalo ou desilusão se um ou outro médium deixar de apresentar testemunhos intercambiais verdadeiramente perfeitos com o Além, se nos lembrarmos de que até o local, o ambiente onde se exerça o mistério augusto, muitas vezes poderá influir nas comunicações recebidas. O médium é um aparelho receptor de alta sensibilidade, capaz de sofrer as mínimas influências dos desencarnados e até dos encarnados, sejam estas boas ou más, tal como os aparelhos de rádio e de televisão, que nem sempre registram com clareza os acontecimentos que transmitem. E assim como sentimos zelos pelos nossos receptores mecânicos acima citados, e somos incapazes de prejudicá-los propo- sitadamente, antes tudo fazemos assine: (19) 3233-5596 ensinamento Agosto 2010 | FidelidadESPÍRITA para que os vejamos sempre em boa forma, também deveremos contribuir para auxiliar os médiuns a se desincumbirem o melhor possível das suas melindrosas tarefas. Em segundo lugar, os indivíduos que se atrevem a uma provocação dessa natureza, ou seja, provar o médium com uma mentira soez, quando já tantas provas os Espíritos deram da verdade mediúnica, e desrespeitando a veneração devida ao intercâmbio com o Além, faltando ainda com os deveres da caridade e até da boa educação, realmente não são merecedores de receber a Verdade, e por isso não na recebem. Receberão, sim, de retorno, a inconveniência a que fizeram jus. Cumpre-se então a assertiva de Jesus em Mateus, XIII, 10 a 15: “Aquele que já tem mais se lhe dará e ele terá em abundância; mas àquele que não tem, mesmo o que tem lhe será tirado.” A criatura que, levada pelo respeito e pela sinceridade, pela confiança e pela humildade, se dirige aos médiuns a fim de obter uma receita de que realmente necessita, ou um consolo para o coração dolorido, receberá bons testemunhos da Verdade Espírita em todos os ângulos em que a procurou, pois que a eles, médiuns, auxiliaram com a própria boa vontade. Mas aquele que, junto de quaisquer médiuns, apenas levou o desrespeito e a mentira, afrontando com a própria malícia uma reunião realizada em nome de Deus Todo-Poderoso, perdeu, certamente, a diminuta crença que possuía na possibilidade da comunhão com os desencarnados, pois seus maus pensamentos, seus sentimentos heterogêneos foram os mesmos que perturbaram as vibrações ambientes, dando causa a que o médium se perturbasse também, sem devidamente atentar na qualidade das ondas vibratórias, ou fluidos que recebia. E os vigilantes espirituais, que presidiam os serviços, não puderam ou não quiseram intervir, pois os homens em geral devem aprender à própria custa e todos esses percalços serão lições educativas para todos nós. De outro lado, as vezes que a mediunidade em geral tem acertado, como intérprete dos Espíritos, são tão superiores, em número e qualidade, às que deixou de acertar, que não nos deveremos escandalizar diante das últimas. O movimento doutrinário científico, filosófico, moral, literário, etc., que aí vemos, capaz de reeducar e enaltecer a Humanidade, é o atestado inconfundível da veracidade mediúnica, a qual, por isso mesmo, se faz credora não apenas do nosso respeito, mas também do nosso amor e do nosso zelo, para que, através dela, nos possamos entender cada vez melhor com os consoladores planos da Luz. Fonte: PEREIRA, Yvonne A. À Luz do Consolador. Págs. 58 – 61. Feb. 1998. assine: (19) 3233-5596 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP 25 com todas as letras FidelidadESPÍRITA |Agosto 2010 Nem sempre “de o” se torna “do” por Eduardo Martins N ão faça a contração da preposição de com os artigos o, a, os e as nem com os pronomes este, esse, aquele, etc., sempre que houver depois um infinitivo (forma pura do verbo). Segundo a maioria dos gramáticos, o sujeito não pode ser regido de preposição. Há quem aceite essa contração, mas é conveniente evitá-la. Veja os exemplos: Depois de o (e não “do”) técnico ter anunciado a escalação, quis entrar no time. / Não concordo com a idéia de a (e não “da”) reunião ser adiada. / É hora de ela (e não “dela”) ir embora. /Apesar de esses (e não “desses”) homens o condenarem... Em rigor a o, por a, por o, em o e em ela, também não devem ser contraídos. Então: Reclamou por a (e não “pela”) irmã não ter sido convidada. /Assistiram a o (e não “ao”) amigo ser condecorado. /Acreditou em ela (e não “nela”) ser inocente. Neste segundo caso, o melhor é buscar alternativas que soem menos estranhas. Mais bem preparado Antes de particípio, use mais bem e mais mal, em vez de melhor e pior: Era o candidato mais bem (e não “melhor”) preparado. / Conhecia o jornalista mais bem (e não “melhor”) informado da TV. / Eram os textos mais mal (e não “pior”) escritos da revista. / Nunca vi palavra mais mal (e não “pior”) utilizada que essa. Nos demais casos, recorra a melhor e pior: Conhecia os amigos melhor (e não “mais bem”) do que pensavam. / Mesmo que quisesse, não faria pior 26 26 (e não “mais mal”) o trabalho. / Veja os que se saíram melhor e pior (e não “mais bem”, “mais mal”, “melhores” ou “piores”). Mais pode introduzir comparações corretas como: Ele é mais bom (e não “melhor”) que mau. / A cidade é mais grande (e não “maior”) que pequena. Em função de A locução em função de só pode ser usada quando indica dependência ou finalidade. Repare nos exemplos: O time jogava em função do adversário (dependência). / Vivia em função da família (finalidade). /Agia sempre em função dos seus objetivos (finalidade). Atualmente, no entanto, ela aparece, na quase totalidade das vezes, num sentido que não tem: o de por causa de, em razão de, em conseqüência de, em virtude de, graças a ou por. Nesses casos, deve ser substituída por uma dessas opções. Assim: O acidente ocorreu “em função das” (o certo: por causa das) más condições da estrada. / O jogo não terminou “em função da” (em conseqüência da) violência em campo. / Foi promovido “em junção da” (graças à) nova política da empresa. Fonte: MARTINS, Eduardo. Com Todas as Letras. Pág. 76. Editora Moderna. São Paulo/SP, 1999. Uma Umapublicação publicaçãodo doCentro Centrode deEstudos EstudosEspíritas Espíritas“Nosso “NossoLar” Lar”––Campinas/SP Campinas/SP assine assine:: (19) (19) 3233-5596 3233-5596 MENSAGEM Agosto 2010 | FidelidadESPÍRITA Também Tu “E os principais dos sacerdotes tomaram a deliberação de matar também a Lázaro.” (João, 12:10.) Interessante observar as cogitações do farisaísmo, relativamente a Lázaro, nas horas supremas de Jesus. Não bastava a crucificação do Mestre. Intentava-se, igualmente, a morte do amigo de Betânia. Lázaro fora cadáver e revivera, sepultara-se nas trevas do túmulo e regressara à luz da vida. Era, por isso, uma glorificação permanente do Salvador, uma cura insofismável do Médico Divino. Constituiria em Jerusalém a carta viva do poder do Cristo, destoava dos conterrâneos, tornara-se diferente. Considerava-se, portanto, indispensável a destruição dele. O farisaísmo dos velhos tempos ainda é o mesmo nos dias que passam, apenas com a diferença de que Jerusalém é a civilização inteira. Para ele, o Mestre deve continuar crucificado e todos os Lázaros ressurgirão sentenciados à morte. Qualquer homem, renovado em Cristo, incomoda-o. Há participantes do Evangelho que se sentem verdadeiramente ressuscitados, trazidos à claridade da fé, após atravessarem o sepulcro do ódio, do crime, da indiferença... O farisaísmo, entretanto, não lhes tolera a condição de redivivos, a demonstrarem a grandeza do Mestre. Instala perseguições, desclassifica-os na convenção puramente humana, tenta anular-lhes a ação em todos os setores da experiência. Somente os Lázaros que se unam ao amor de Jesus conseguem vencer o terrível assédio da ignorância. Tem, pois, cuidado contigo mesmo. Se te sentes trazido da sombra para a luz, do mal para o bem, ao sublime influxo do Senhor, recorda que o farisaísmo, visível e invisível, obedecendo a impulsos de ordem inferior, ainda está trabalhando contra o valor de tua fé e contra a força de teu ideal. Não bastou a crucificação do Mestre. Também tu conhecerás o testemunho. Emmanuel - Chico Xavier Vinha de Luz assine: (19) 3233-5596 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP 27 www.nossolarcampinas.org.br Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” Ônibus: Vila Marieta nr. 348 * Ponto da Benjamim Constant em frente à biblioteca municipal. R. Prof. Luís Silvério, 120 Vl. Marieta - Campinas/SP (19) 3386-9019 / 3233-5596 CURSOS GRATUITOS ATIVIDADES PARA 2010 CursosDiasHorários 1º Ano: Curso de Iniciação ao Espiritismo com aulas e projeção de filmes (em telão) alusivos aos temas. Duração 1 ano com uma aula por semana. 1º Ano: Curso de Iniciação ao Espiritismo com aulas e projeção de filmes (em telão) alusivos aos temas. Duração 1 ano com uma aula por semana. 2ª Feira 20h00 - 21h30 Início 01/03/2010 Aberto ao Público: Necessário Inscrição: 3386-9019 / 3233-5596 Aberto ao Público: Necessário Inscrição: 3386-9019 / 3233-5596 domingo 10h00 - 11h00 07/03/2010 2º Ano 3ª Feira 20h00 - 22h00 02/02/2010 Restrito 2º Ano Sábado 16h00 – 18h00 06/02/2010 Restrito 3º Ano 4ª Feira 20h00 - 22h00 03/02/2010 Restrito 3º Ano Sábado 16h00 – 18h00 06/02/2010 Restrito Evangelização da Infância Domingo 10h00 – 11h00 Fev / Nov Aberto ao público Mocidade Espírita Domingo 10h00 – 11h00 ininterrupto Aberto ao público Atendimento ao público Assistência Espiritual: Passes 2ª Feira 20h00 - 20h40 ininterrupto Aberto ao Público Assistência Espiritual: Passes 4ª Feira 14h00 - 14h40 ininterrupto Aberto ao Público Assistência Espiritual: Passes 5ª Feira 20h00 - 20h40 ininterrupto Aberto ao Público Assistência Espiritual: Passes Domingo 09h00 - 09h40 ininterrupto Aberto ao Público Palestras Públicas Domingo 10h00 - 11h00 ininterrupto Aberto ao Público www.nossolarcampinas.org.br