Os impactes ambientais de “ondas” ou modas de
investimento em campos de golfe
Gonçalo Filipe Diogo Guerreiro
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia do Ambiente
Júri
Presidente: Prof. Amílcar de Oliveira Soares
Orientador: Prof. Maria do Rosário Sintra de Almeida Partidário
Vogal: Prof. Manuel Guilherme Caras Altas Duarte Pinheiro
Novembro de 2009
“Quando os homens não olham para a Natureza,
julgam sempre poder melhorá-la.”
John Ruskin
Agradecimentos
À minha família
Aos meus amigos
Prof. Maria do Rosário Partidário (Orientação)
Engª Susana Cavaco (Grupo Oceânico Golf)
Engº Steve Richardson (Grupo Oceânico Golf)
Engº Miguel Grosso (Grupo Pestana)
Engº Miguel Nunes (SNIRH)
Engº João Ministro (Almargem)
Engº. António Miranda (Penina Golf Resort)
Dra. Anabela Isidoro (ICNB)
Engª Edite Reis (CCDR Algarve)
Engº Francisco Sequeira (DGOTDU)
Prof. José Monteiro (Universidade do Algarve)
Prof. Rodrigo Proença de Oliveira (IST)
Vasco Anjos (CNIG)
Resumo
O turismo de golfe tem protagonizado um crescimento considerável tanto a nível mundial como a
nível nacional, um facto constatável pelos crescentes aumentos quer de instalações, quer de
jogadores quer mesmo pelos volumes de negócio que a ele estão associado. O presente estudo teve
como objectivo a estimativa dos potenciais impactes ambientais que esse crescimento possa estar a
provocar quer a um nível regional quer a nível local. O Algarve é a região com mais infra-estruturas
de golfe em Portugal e, em geral, estão dispostas de forma bastante concentrada, tendo sido por
essa razão definida como área de estudo. A análise de impactes focou-se nos sectores da
agricultura, imobiliário, turismo, socioeconomia, energético, ordenamento de território, biodiversidade,
e recursos hídricos. Nos impactes observados inclui-se a razoável expansão urbana inerente às
urbanizações de golfe, aumento do valor do imobiliário adjacente ao campo, aumento de dormidas
nos estabelecimentos hoteleiros em zonas de golfe, aumento dos postos de trabalho directos e
indirectos, aumento dos consumos energéticos, potencial perda de biodiversidade nomeadamente, de
flora, aumento de consumos de água e depressões localizadas da superfície piezométrica dos
aquíferos que suportam a rega dos campos. Por comprovar ficaram os impactes na qualidade da
água subterrânea cuja monitorização ainda revela algumas lacunas quer em termos de distribuição
espacial quer a nível de controlo de alguns parâmetros como os pesticidas.
Abstract
In recent years golf tourism has seen a considerable growth both in a worldwide level as at a national
level. This fact can be confirmed by the constant increase in the total number of golf courses, golf
players and in the cash flow volume of this industry. The main objective of this study was to estimate
the potential impacts associated to this growth and their significance both in regional as in local levels.
To accomplish this objective, the Algarve region was defined has study area mostly because of its
number of golf courses and their very confined distribution. The impact assessment was focused in
themes like agriculture, real estate, tourism, social economy, energy, land use, biodiversity and water
resources. The verified impacts were essentially the reasonable growth of urban areas associated with
the courses’s establishment, increase in real estate and land value in adjacent areas, increase on the
nights spent by tourists in golf area’s lodging, increase in the local employment, potential loss in
biodiversity, especially in flora species, growth in water consumption and localized depressions in the
piezometric surface of aquifers. The impacts that couldn’t be verified are related with ground water
quality, specifically with pesticides, that required further monitoring and study.
Índice
1.
Introdução .............................................................................................................................. 1
1.1.
História do golfe ............................................................................................................. 1
1.2.
Desenvolvimento e economia do golfe ......................................................................... 3
1.2.1.
Desenvolvimento a nível mundial .......................................................................... 3
1.2.2.
Desenvolvimento a nível europeu ......................................................................... 4
1.2.3.
Desenvolvimento a nível nacional ......................................................................... 5
1.3.
Legislação Nacional e o golfe........................................................................................ 7
2.
Objectivos do estudo ............................................................................................................. 8
3.
Metodologia ........................................................................................................................... 9
3.1.
Comparação e selecção de áreas de estudo .............................................................. 12
3.2.
Caracterização da área de estudo e vantagens para a prática do golfe. ................... 16
3.3.
Situação actual dos campos de golfe nas áreas de estudo ........................................ 21
4.
3.3.1.
Tipologias existentes ........................................................................................... 21
3.3.2.
Justificação para as tipologias existentes e desenvolvimento observado. ......... 22
3.3.3.
Localização dos empreendimentos ..................................................................... 24
Avaliação de impactes......................................................................................................... 33
4.1.
Sector agrícola ............................................................................................................ 33
4.2.
Sector imobiliário e construção ................................................................................... 35
4.2.1.
Urbanização associada ao golfe ......................................................................... 35
4.2.2.
Efeitos económicos no imobiliário ....................................................................... 39
4.3.
Sector do turismo ........................................................................................................ 42
4.4.
Sector sócio-económico .............................................................................................. 50
4.5.
Sector energético ........................................................................................................ 54
4.6.
Ordenamento do território ........................................................................................... 57
4.7.
Biodiversidade e paisagem ......................................................................................... 62
4.8.
Recursos hídricos ........................................................................................................ 69
5.
4.8.1.
Quantidade .......................................................................................................... 70
4.8.2.
Qualidade. ........................................................................................................... 75
Conclusão ........................................................................................................................ 83
Referências .............................................................................................................................. 85
ANEXOS ...................................................................................................................................... 91
Anexo I – Distribuição de campos de golfe no Algarve . ......................................................... 93
Anexo II – Informação dos EIA feitos sobre campos de golfe no Algarve .............................. 95
Anexo III – Evolução da superfície piezométrica média dos aquíferos algarvios .................. 99
i
Loulé – Aquífero: Quarteira 1989/1990 ................................................................................ 99
Loulé – Aquífero: Quarteira 2008/2009 .............................................................................. 100
Loulé – Aquífero: Campina de Faro 1988/1989 ................................................................. 101
Loulé – Aquífero: Campina de Faro 2008/2009 ................................................................. 102
Anexo IV – Evolução de dados da qualidade de água subterrânea por concelho ............... 103
Albufeira – Sistema aquífero Ribeira de Quarteira ................................................................ 103
Albufeira – Sistema aquífero Ribeira de Quarteira ................................................................ 104
Albufeira – Sistema aquífero Ribeira de Quarteira ................................................................ 105
Albufeira – Sistema aquífero Ribeira de Quarteira ................................................................ 106
Albufeira – Sistema aquífero Ribeira de Quarteira ................................................................ 107
Loulé – Sistema de aquífero de Quarteira ............................................................................. 108
Loulé – Sistema de aquífero de Quarteira ............................................................................. 109
Loulé – Sistema de aquífero de Quarteira ............................................................................. 110
Loulé – Sistema de aquífero de Quarteira ............................................................................. 111
Loulé – Sistema de aquífero de Quarteira ............................................................................. 112
Loulé – Sistema aquífero Campina de Faro .......................................................................... 113
Loulé – Sistema aquífero Campina de Faro .......................................................................... 114
Loulé – Sistema aquífero Campina de Faro .......................................................................... 115
Loulé – Sistema aquífero Campina de Faro .......................................................................... 116
Loulé – Sistema aquífero Campina de Faro .......................................................................... 117
Anexo V – Amostra de terrenos urbanos para análise de variação do valor imobiliário . ........ 118
Índice de Tabelas
Tabela 1 - Representatividade dos ganhos mundiais do golfe. ................................................... 4
Tabela 2 - Distribuição de empreendimentos de golfe em Portugal em 2009. . ........................... 6
Tabela 3 - Indicadores territoriais do golfe em Portugal. . .......................................................... 12
Tabela 4 - Indicadores de evolução de golfe ao nível local no Algarve e Lisboa e Vale do Tejo 16
Tabela 5 - Indicadores populacionais da região do Algarve em 2008 . ...................................... 18
Tabela 6 - Quotas de capacidade de alojamento por áreas regionais de turismo ..................... 20
Tabela 7 - Tipos de alojamento escolhido pelos golfistas .......................................................... 23
Tabela 8 - Indicadores económico-financeiros do golfe e hotelaria . .......................................... 23
Tabela 9 - Ganhos estimados por estadia de turista de golfe .................................................... 24
Tabela 10 - Inventário de campos de golfe e classificação de áreas de implantação . .............. 27
Tabela 11 - Inventário de campos de golfe e classificação de áreas de implantação (Continuação) .
..................................................................................................................................................... 28
Tabela 12 - Inventário de campos de golfe e classificação de áreas de implantação (Continuação).
..................................................................................................................................................... 29
Tabela 13 - Áreas ocupadas por empreendimento. .................................................................... 30
Tabela 14 - Áreas ocupadas por empreendimento (Continuação). ............................................ 31
ii
Tabela 15 - Áreas ocupadas por empreendimento (Continuação). ............................................ 32
Tabela 16 - Empreendimentos com áreas de implantação classificadas como áreas agrícolas ou RAN.
..................................................................................................................................................... 33
Tabela 17 - Evolução de explorações e superfície agrícola utilizada (SAU). ............................. 34
Tabela 18 - Potencial afectação do golfe nas áreas agrícolas. .................................................. 34
Tabela 19 - Comparação entre evolução de área urbana e área de urbanização de golfe. ...... 37
Tabela 20 - Contribuição das construções associadas ao golfe na evolução de construção regional
..................................................................................................................................................... 37
Tabela 21 - Contribuição das construções associadas ao golfe na evolução de construção local.38
Tabela 22 - Indicadores de construção por campo de 18 buracos. ............................................ 38
Tabela 23 - Variação de preço de lotes urbanos dentro e fora de campos de golfe .................. 42
Tabela 24 - Indicadores de golfe de 1999 a 2002. ...................................................................... 44
Tabela 25 - Potencial contribuição do golfe no panorama turístico do Algarve entre 1999 e 2007.
..................................................................................................................................................... 46
Tabela 26 - Despesa média diária por jogador e despesa anual gerada pela afluência média de um
campo em 2002. .......................................................................................................................... 47
Tabela 27 - Comparação entre proveitos de aposento médios por estabelecimento hoteleiro e o
proveito gerado num empreendimento hoteleiro em 2002 ......................................................... 47
Tabela 28 - Contribuição potencial dos jogadores de golfe para os proveitos de aposento dos
estabelecimentos hoteleiros em 2002. ........................................................................................ 48
Tabela 29 - Indicadores de empregabilidade directa do golfe estimados a nível regional ......... 51
Tabela 30 - Comparativo de empregabilidade permanente entre golfe e agricultura ................. 51
Tabela 31 - Gastos médios do total e por jogador de golfe fora dos campos. ........................... 52
Tabela 32 - Estimativa de postos de trabalho indirectos financiados por golfe em 2002. .......... 53
Tabela 33 – Indicadores de consumo energético em campos de golfe e consumo doméstico . 54
Tabela 34 - Quota energética dos complexos de golfe a nível regional e local.......................... 55
Tabela 35 - Contribuição relativa do golfe no aumento de consumo energético regional e local entre
2000 e 2005. ................................................................................................................................ 55
Tabela 36 – Comparação do consumo energético no golfe, agricultura e indústria. .................. 56
Tabela 37 - Consumos de combustível por área unitária em áreas de golfe e agricultura ........ 56
Tabela 38 - Indicadores de ordenamento territorial dos campos de golfe. ................................. 58
Tabela 39 - Representatividade do golfe nos PMOT 2007. ........................................................ 59
Tabela 40 - Ocupação de áreas condicionadas por golfe no Algarve. ....................................... 61
Tabela 41 - Representatividade do golfe na área total artificializada no Algarve. ...................... 61
Tabela 42 - Síntese das observações de espécies de aves e anfíbios observados em campos de golfe
e dos EUA. .................................................................................................................................. 65
Tabela 43 - Evolução da vida selvagem em 2 campos da Alemanha. ....................................... 66
Tabela 44 - Evolução de espécies de aves aquáticas no campo de golfe de São Lourenço..... 66
Tabela 45 - Evolução de espécies de aves aquáticas nos lagos do campo Laguna (Pinto, 2000)66
Tabela 46 - Classificação da cobertura de vegetação arbórea observada em campos de golfe.68
iii
Tabela 47 - Abastecimento de água para rega por tipo de origem. ............................................ 69
Tabela 48 - Consumos de água de campos de golfe e campos agrícolas. ................................ 71
Tabela 49 - Relação entre extracções e recargas nos aquíferos do Algarve incluindo a extracção
inerente à totalidade de campos de 18 buracos existente em cada aquífero ............................. 73
Tabela 50 - Evolução do nível piezométrico dos aquíferos onde se localizam campos de golfe74
Tabela 51 - Quantidades de fertilizantes utilizadas em campos de golfe. .................................. 78
Tabela 52 - Quantidades médias de fitofarmacos utilizadas em campos de golfe de Loulé. ..... 78
Tabela 53 - Comparação das taxas de variação de parâmetros de qualidade de água subterrânea
verificados dentro e fora de zonas de golfe ................................................................................ 80
Tabela 54 - Valores médios de parâmetros de qualidade em estações dentro e fora de áreas de golfe
..................................................................................................................................................... 80
Índice de Figuras
Figura 1 - Distribuição mundial de campos de golfe. . .................................................................. 3
Figura 2 - Evolução de campos e jogadores na Europa. . ............................................................ 5
Figura 3 - - Prioridade regional para investimento em golfe.. ....................................................... 6
Figura 4 - Metodologia geral aplicada ......................................................................................... 11
Figura 5 - Evolução do nº de campos em Lisboa e Vale do Tejo e Algarve . ............................. 13
Figura 6 - Variação absoluta de campos de golfe no Algarve e em Lisboa e Vale do Tejo . ..... 13
Figura 7 - Distribuição de campos de golfe em Lisboa e Vale do Tejo e Algarve ..................... 14
Figura 8 - Evolução de campos por concelho no Algarve .......................................................... 15
Figura 9 - Evolução de campos por concelho na região Lisboa e Vale do Tejo . ....................... 15
Figura 10 - Precipitação e temperaturas médias continentais . .................................................. 16
Figura 11 - Sistema urbano e acessibilidades em Portugal Continental . .................................. 19
Figura 12 - Quota de capacidade por tipologia e área regional turística 2007 . ......................... 20
Figura 13 - Total de empreendimentos de golfe no Algarve por tipologia . ................................ 21
Figura 14 - Evolução recente do golfe por estado e tipo de projecto . ....................................... 22
Figura 15 - Localização geral dos campos no Algarve . ............................................................. 25
Figura 16 - Distribuição de campos por condicionantes territoriais . .......................................... 25
Figura 17 - Actividades pré-golfe identificadas nos EIA aos campos do Algarve . ..................... 26
Figura 18 - Exemplo de delimitação de áreas do empreendimento Vale de Lobo em Loulé .... 36
Figura 19 - Identificação de urbanizações associados aos campos de golfe . ........................... 36
Figura 20 - Evolução do valor médio dos prédios . ..................................................................... 39
Figura 21 - Evolução do nº de prédios rústicos transaccionados por concelho . ....................... 40
Figura 22 - Evolução do valor total de transacções de prédios rústicos por concelho .............. 40
Figura 23 - Valor médio dos prédios rústicos transaccionados por concelho ............................ 41
Figura 24 - Variação de valor médio de prédios rústicos entre 2000 e 2007 por concelho ....... 41
Figura 25 - Evolução de estabelecimentos hoteleiros e golfe..................................................... 43
Figura 26 - Variações marginais do nº total de voltas e campos. ............................................... 45
iv
Figura 27 - Variação média mensal de hóspedes e jogadores de golfe no Algarve em 2008 . . 48
Figura 28 - Comparação entre índices de sazonalidade de jogadores . .................................... 49
Figura 29 - Evolução do nº de voltas vendidas por zona . .......................................................... 50
Figura 30 - - Áreas classificadas no PMOT e localização de campos em Loulé. ....................... 60
Figura 31 - Riqueza de espécies por tipo de habitat. .................................................................. 64
Figura 32 - Diferença entre campos com e sem vegetação arbórea em Vilamoura................... 68
Figura 33 - Aprovações de campos por origem de rega. ............................................................ 70
Figura 34 - Poços e furos cartografados no Algarve e localização dos campos de Vilamoura e Quinta
do Lago. ....................................................................................................................................... 71
Figura 35 - Necessidades de rega verificadas para um fairway do campo Pinheiros Altos. ...... 72
Figura 36 - Modelação da depressão piezométrica no aquífero de Ribeira de Quarteira no campo Vila
Sol................................................................................................................................................ 74
Figura 37 - Dinâmica de escoamento simulada nos aquíferos Albufeira - Ribeira de Quarteira e
Quarteira.. .................................................................................................................................... 81
v
vi
1. Introdução
1.1.
História do golfe
A origem do Golfe é ainda, nos tempos que correm, uma questão em debate, pois existem várias
teorias e vários países que reclamam a invenção deste jogo. Muita da dificuldade que se encontra na
definição das origens do golfe prende-se com o facto deste jogo ter princípios básicos comuns a
outros jogos da actualidade, nomeadamente, o de ser jogado com um taco com o qual se tenta levar
uma bola a atingir determinada zona ou ponto.
A versão mais conhecida publicamente será a de que o jogo fora inventado na Escócia e é
sustentada pelo facto de apenas neste país existirem registos de um jogo onde se tenta que a bola
entre num buraco no chão ao contrário de outras variantes europeias onde não existia buraco
(GolfEurope, 2009).
Por oposição estudos recentes apontam para que a modalidade tenha tido o seu berço na China
antiga baseando-se em ilustrações e registos escritos que datam de 943 d.C. (Golf Information,
2008).
A raiz comum das duas teorias acaba por ser o facto de, na Antiguidade, a vida ser mais focalizada
em actividades primárias como a agricultura e pastorícia e pouco tempo era deixado para
entretenimento. O pouco entretenimento que havia era, portanto, feito com recursos disponibilizados
pelo próprio contacto com o campo e, para o efeito, os ramos das árvores e as pedras ou o pêlo de
animais, em alguns casos, serviam perfeitamente. Os jogos envolvendo tacos de madeira e pedras
ou outras matérias naturais, eram assim usuais em muitas regiões e países diferentes mas com
actividades semelhantes e, como tal, é legítimo que países tão diversos como a Escócia, a Inglaterra,
a Holanda, a China e até o Laos reclamem para si a invenção deste jogo (White, 2002).
A versão que, ainda assim, reúne maior consenso das fontes que abordaram esta temática afirma
que as raízes do Golfe remontam ao tempo do Império Romano, do qual datam registos de um jogo
chamado paganica onde se usava uma bola cheia com pêlo ou penas e um taco curvo. Até ao início
do século XV apenas existem referências a jogos que se assemelhavam ao Golfe actual como por
exemplo, a cambuca da Inglaterra, o kolven na Holanda e a variante alemã que teria um intuito mais
sério, uma vez que servia mesmo para definir a área de pastagem a que teriam direito os pastores
alemães. É também nesta altura que surge, em Inglaterra, a primeira imagem que retrata o jogo, mais
concretamente em Gloucester, num vitral da catedral da cidade, no qual se pode ver um homem que
parece ir bater uma bola com o estilo do swing usado no golfe actual (( (White, 2002); (Portugal Golf,
2006); (ABC of Golf, 2009)))
A partir de meados de século XV crê-se que os holandeses introduziram o kolven na Escócia pois os
dois países mantinham boas relações, graças ao comércio de especiarias. O jogo teve boa aceitação
junto da comunidade escocesa e principalmente, junto das tripulações dos navios, pois tinham muito
tempo para praticar entre embarques e desembarques. E, curiosamente, os campos escoceses,
denominados de links, apresentavam características mais adequadas à pratica deste desporto do que
1
os terrenos holandeses, quer ao nível da flora quer ao nível topográfico, tendo sido por essa razão
que o jogo se veio a expandir e desenvolver muito mais na Escócia do que em qualquer outra região.
É, deste modo, natural que os primeiros documentos que se referem concretamente ao golfe
provenham da Escócia, nomeadamente, a sua proibição pelo Rei Jaime II em 1457 por achar que o
jogo interferia com os treinos militares ( (GolfEurope, 2009); (Golf Information, 2008); (Portugal Golf,
2006) (White, 2002); (ABC of Golf, 2009)).
Foi também neste país que surgiu o primeiro campo de golfe construído da História, na localidade de
Leith no início do século XVII, no qual foi fundado em 1744 o primeiro clube de jogadores de golfe o
The Gentlemen Golfers of Leith que começou a organizar as primeiras competições oficiais.
Posteriormente, em 1754, foi fundado o St. Andrews Society of Golfers que também começou a
promover competições oficiais e que, actualmente, com o nome de The Royal and Ancient Golf Club
of St Andrews, é a entidade que regula o golfe mundial juntamente com a United States Golf
Association ((USGA); (Portugal Golf, 2006); (Golf Information, 2008)).
Foi depois graças à emigração de ingleses e escoceses que posteriormente se observou uma difusão
da modalidade, primeiramente, por países europeus e, em seguida, para outros continentes,
acabando por chegar ao continente americano e asiático onde hoje gera tanta ou mais actividade do
que na própria Europa. Considera-se que por volta de 1860, o golfe já era mundialmente conhecido
(Portugal Golf, 2006).
Nos tempos que correm, é já uma indústria por si só que move inúmeras indústrias e que gera
quantidades massivas de capital que atingem, todos os anos milhares de milhões de euros. É até
usado como ambiente alternativo ao escritório por administradores, para realizar novos negócios e
investimentos mas ainda é, essencialmente, um jogo para entretenimento. Contudo, tal como no
passado, continua a ser considerado um jogo elitista e associado apenas a uma classe alta da
sociedade, o que é muito devido às taxas por cada jogo, aos preços dos equipamentos desportivos e
até às regras de etiqueta impostas pelos clubes.
Estas condições não impedem que o número de jogadores esteja constantemente em crescimento
por todo o mundo estimando-se em cerca de 57 milhões de pessoas por todo o mundo (Golf
Research Group).
O golfe em Portugal foi introduzido em finais do século XIX pela comunidade britânica residente na
área do Porto e que estava ligada, principalmente, à produção dos famosos vinhos do Porto. Foi no
ano de 1890 que foi fundado, em Espinho, o primeiro clube português ao qual se deu o nome de
Oporto Niblicks Club que ainda se encontra em actividade. Só muito tempo depois, em 1922, foi
fundado um outro clube em Lisboa, o Lisbon Sports Clube e, posteriormente, os clubes de Miramar e
Vidago em 1932 e 1934 respectivamente (Portugal Golf, 2006). Apenas nos anos 60 se voltaram a
observar investimentos em campos de golfe em Portugal com a abertura de quatro complexos no
Algarve e um em Lisboa. A partir desta década o desenvolvimento deste mercado nunca mais
estagnou, principalmente, nestas duas áreas que são consideradas, actualmente, os dois pólos de
golfe a nível nacional.
2
1.2.
Desenvolvimento e economia do golfe
1.2.1. Desenvolvimento a nível mundial
Neste momento existem mais de 32000 campos de golfe em todo o mundo que estão distribuídos por
119 países. A tendência é para que este número aumente a um ritmo de 7300 em cada 10 anos,
cerca de 30 % de crescimento médio. Mais de metade dos campos está localizado na América do
Norte com 59% (16000 segundo a NGF), seguida pela Europa com 19% (6500 segundo a EGA)
(Figura 1).
Asia
12%
Europa
19%
Outros
10%
EUA
59%
Figura 1 - Distribuição mundial de campos de golfe. (Fonte: Golf Research Group).
Quanto ao número de jogadores, as análises apontam para 57 milhões em todo o mundo sendo que
28.7 milhões são americanos, 4.3 milhões são europeus e os restantes 24 milhões são de outras
nacionalidades.
O domínio norte-americano também se estende aos negócios de material de golfe, uma vez que os
EUA são o maior exportador de material de golfe do mundo com um volume de exportações no valor
de 610 milhões de dólares por ano, que constitui cerca de 15% do volume total de negócios de
exportação de material de golfe estimado em 3.9 mil milhões de dólares (Golf Research Group). Ao
nível de importações é o Japão que lidera com cerca de 328 milhões de dólares importados todos os
anos (Golf Research Group).
O mercado de golfe dos Estados Unidos da América é, actualmente, líder mundial com ganhos na
ordem dos 62 mil milhões de dólares o que representa 6% do PIB americano (SRI Internacional,
2002). Na Europa o mercado tem estagnado o que está muito relacionado com o facto de a oferta
ainda ser direccionada para classes de elite, com altos rendimentos. Por outro lado o Japão e países
da Oceânia são quem tem protagonizado os maiores desenvolvimentos no ramo do golfe (Mintel
International Group Ltd., 2006).
3
A nível global esta vertente de turismo gerou, em 2006, cerca de 17.5 mil milhões de dólares (Mintel
International Group Ltd., 2006) o significa cerca 2.4% do total de receitas geradas pelo sector turístico
(UNWTO, 2007) (Tabela 1).
Tabela 1 - Representatividade dos ganhos mundiais do golfe. (Fonte: (UNTWO, 2007))
Volume de negócios de golfe
Ano
gerado globalmente (milhões
de dólares)
2006
Fracção dos ganhos globais
do turismo (%)
17500
2.4
Em 2005 o valor do mercado americano passou para cerca de 76 mil milhões de dólares o que
equivale a um crescimento anual de 4.1% em relação a 2000 mantendo-se assim acima da taxa de
inflação de 2.5%. Na generalidade estima-se que indústria de golfe tenha tido um impacte financeiro
na ordem do 195 mil milhões de dólares e que tenha criado cerca de 2 milhões de empregos (SRI
International, 2008).
O desenvolvimento do turismo de golfe depende, maioritariamente, do número de jogadores e
também da disponibilidade de campos. Os mercados têm estado mais orientados para os jogadores
regulares, os core golfers, mas o recente decréscimo no número destes jogadores, faz notar uma
necessidade de novos alvos, principalmente, em mercados já muito saturados como os anglosaxónicos. Por esta razão o golfe tem sido agora associado como actividade adicional em pacotes de
férias como forma de atrair novos jogadores, virando-se assim para os jogadores ocasionais, cujo
número não para de aumentar em todo o mundo. (First Research, Inc., 2009).
1.2.2. Desenvolvimento a nível europeu
No continente europeu, a indústria de golfe ainda se encontra algo subdesenvolvida, face à sua
homónima americana com um total de campos a quedar-se apenas pelos 6500 (EGA, 2007). Apesar
de alguns países já mostrarem sinais de saturação neste mercado, casos da Inglaterra e Escócia que
têm crescimentos anuais baixos de 1.8% e 1.3%, a verdade é que pouco menos de metade dos
países europeus possui menos de 30 campos de golfe (EGA, 2008). Em termos globais, o
crescimento percentual do número de campos na Europa nos últimos 10 anos foi de 24% e em
termos jogadores esta percentagem aumenta para os 54% (Figura 2). Quanto ao aumento anual
médio queda-se pelos 3.8 %, o que significa cerca de 100 a 200 novos campos por ano na Europa.
4
4500000
7000
4000000
6000
5000
3000000
2500000
4000
2000000
3000
1500000
Nº de campos
Nº jogadores
3500000
Nº Jogadores
Nº campos
2000
1000000
1000
500000
0
0
1985
1992
1999
2006
Figura 2 - Evolução de campos e jogadores na Europa. (Fonte: (EGA, 2008)).
1.2.3. Desenvolvimento a nível nacional
A nível nacional o crescimento na última década foi de 79% a nível de campos e 151% ao nível de
jogadores (EGA, 2008). As regiões onde o golfe ganhou mais expressão foram o Algarve e Lisboa e
Vale do Tejo, tendo sido a primeira a que teve um ganho mais significativo nos últimos 10 anos. No
PENT (PENT - Turismo de Portugal, 2007), o golfe foi definido como sendo um produto turístico
estratégico pois, como é atestado por outro relatório editado pela mesma entidade sobre golfe, em
2006, é um negócio que, anualmente, atrai cerca de 300 mil jogadores, gera 1.4 milhões de voltas,
1.1 milhões de dormidas e representa 1.8 milhões de euros em receitas, significando 1.25% do PIB
nacional e 14 % do PIB turístico (THR Acesores en Turismo, Hotelaría y Recreación, S.A, 2006).
Em termos de oferta, Portugal apresenta já cerca de 76 empreendimentos com golfe, incluindo os
campos insulares, e destinos, como por exemplo, a região de Algarve, já têm campos incluídos no
ranking dos melhores campos da Europa assim como boas críticas dos melhores especialistas da
área como a revista Golf ou o site Word Golf.
No mesmo estudo acima referido, são consideradas como as mais-valias dos campos nacionais a sua
diversidade, a diferenciação paisagística e também a regularidade climatérica que assegura períodos
longos de bom tempo para a prática e atenua o efeito da sazonalidade devido à variação das
estações. A distribuição territorial dos campos revela que, basicamente, existem dois pólos turísticos
de golfe que são Lisboa e Vale do Tejo, com 29% dos empreendimentos e Algarve, com 47%,
representando cerca de 76% da oferta total. Segue-se a região do Norte com 12% e os restantes
campos dispersam-se na mesma proporção pelas restantes regiões (Tabela 2).
5
Tabela 2 - Distribuição de empreendimentos de golfe em Portugal em 2009. (Fontes: (THR Acesores en
Turismo, Hotelaría y Recreación, S.A, 2006) (Algarve Golf, 2008) (CCDR Algarve, 2008) (Portugal Golf,
2008)).
Região
Nº empreendimentos
Distribuição (%)
Norte
9
12%
Centro
2
3%
Lisboa e Vale do Tejo
23
29%
Alentejo
1
1%
Algarve
35
47%
Açores
3
4%
Madeira
3
4%
O Algarve lidera também a tabela nacional de voltas vendidas com um total de 1 milhão de voltas em
2006, tendo sido 900 mil jogadas por turistas estrangeiros. Na região de Lisboa o número baixa para
250 mil tendo os turistas estrangeiros efectuado 150 mil dessas voltas, o que representa 60% do
total.
Ao nível empresarial Portugal conta já com largos anos de experiência e know how das operadoras
uma vez que 25% das empresas operam no ramo há mais de 30 anos e as restantes há pouco
menos de 20 o que é suficiente para competir internacionalmente.
Existe também já uma boa formação fornecida quer pelas operadoras quer pelos cursos específicos
de turismo e em geral a relação qualidade preço é bastante atractiva com green fees (preço / volta de
jogo) relativamente baixos e boas condições de alojamento.
No entanto o sector apresenta ainda algumas debilidades como o baixo número de operadoras
existentes, dez no total, e a dependência do mercado internacional devido ao baixo número de
jogadores nacionais.
Em termos de desenvolvimento futuro, existem zonas classificadas como prioritárias e zonas
secundárias (Figura 3) tendo em conta as necessidades de diversidade de campos para os golf
travelers, de uma boa rede de transportes, nomeadamente aeroportos e acessos, boa organização
empresarial e experiência no ramo.
Figura 3 - Prioridade regional para investimento em golfe.(Fonte: (THR Acesores en Turismo, Hotelaría y
Recreación, S.A, 2006)).
6
1.3.
Legislação Nacional e o golfe
Sendo um campo de golfe, um empreendimento com muitas e variadas interacções ambientais, será
natural que os princípios básicos a ter em conta na salvaguarda dos valores ambientais passíveis de
serem influenciados pela construção de um campo de golfe sejam os que estão dispostos na Lei nº
11/87 denominada Lei de Bases do Ambiente. No entanto, á medida que se vão dimensionando os
vários elementos do campo há que ter conta legislação mais específica, mais concretamente, em
relação a localização, gestão de recursos e gestão de resíduos.
Em termos de protecção de recursos hídricos, a legislação nacional apresenta uma extensa gama de
mecanismos que visam proteger tanto as águas superficiais como subterrâneas e todos têm por base
a Lei da Água, actualmente, Lei nº 58/2005 que foi transposta da Directiva 2000/60/CE e que engloba
já as disposições mais recentes ao nível do direito europeu. Adicionalmente, existem regulamentos
específicos que regulamentam a qualidade dos meios hídricos e a sua melhoria, que regulam a
qualidade de água para consumo humano e por fim, os que obrigam ao licenciamento e autorização
do uso domínio público hídrico expressos nos Decretos – Lei nº 236/98, 243/01 e 46/94
respectivamente. O controlo dos parâmetros de qualidade de águas residuais é por sua vez
estipulado nos Decretos-Lei nº 390/99 e 506/99. Existe também um regulamento específico apenas
para águas subterrâneas que se encontra no Decreto – Lei nº 382/99.
No que concerne a resíduos a sua regulamentação geral está disposta no Decreto-Lei nº 178/2006
mas cada tipo de resíduo tem sua própria regulamentação. Os resíduos de equipamentos eléctricos e
electrónicos, por exemplo computadores ou peças dos buggies (veículos utilizados nas deslocações
entre buracos nos campos), têm que respeitar as disposições do Decreto-Lei nº 230/04. Os resíduos
dos produtos fitofarmacêuticos, tão usados na protecção da relva contra pragas e ervas indesejadas,
têm que ser manuseados e acondicionados com especial cuidado e, como tal, devem ser respeitadas
as condições e os procedimentos do Decreto-Lei nº 187/2006 assim como para o controlo de PCB’s,
existe o Decreto-Lei nº 277/99. Os óleos usados e os pneus usados são também contemplados,
legislativamente, nos Decretos-Lei nº 153/2003 e 111/2001 respectivamente.
Alguns resíduos são comuns aos que são gerados ao nível doméstico mas devido às taxas a que são
gerados também eles são alvo de regulamentos apertados. Por exemplos, as embalagens devem ser
rejeitadas de acordo com as disposições do Decreto-lei nº 92/06 enquanto as pilhas e acumuladores
estão sob o regime do Decreto-Lei nº 62/01.
Outros cuidados devem ser tidos em conta no que toca às emissões de certas substâncias para a
atmosfera, principalmente, nas operações de manutenção do campo. Para controlar tais substâncias
foram elaborados os Decreto-Lei nº 126/2006, relativo às substâncias poluentes em geral, a Portaria
nº 80/2006 que fixa os limiares mássicos máximos e mínimos dos mesmos e o Decreto-Lei nº
181/2006 relativo aos compostos orgânicos voláteis (COV), em particular.
Depois da elaboração do projecto e antes do licenciamento, é sempre feito um Estudo de Impacte
Ambiental, de acordo com Decreto – Lei nº 69/ 2000 entretanto alterado pelo Decreto-Lei nº
197/2005. Este estudo permite qualificar e quantificar os impactes ambientais do projecto, indicando
7
também a respectivas medidas de mitigação que se traduzem em alterações no projecto ou no
próprio processo de construção do mesmo.
O licenciamento concretiza-se depois da elaboração do EIA e depois de serem introduzidas as
medidas de mitigação, para que se possa iniciar a construção. O regime jurídico para a urbanização e
edificação está expresso no Decreto-Lei nº 555/99 mas existem áreas com regimes especiais, como
as incluídas na REN (Decreto Lei nº 166/2008), RAN ou ZPE, que têm requisitos acrescidos mais
restritos.
2. Objectivos do estudo
O presente estudo tem como principal interesse a análise dos impactes gerados por investimentos
em massa em empreendimentos turísticos com campos de golfe associados, comparando informação
relativa ao período pré e pós implantação, no sentido de isolar com mais clareza esses mesmos
efeitos e poder com mais certeza associá-los aos investimentos referidos.
Neste sentido, pretendem-se observar as alterações verificadas nos sectores ou recursos
normalmente identificados como sendo susceptíveis de serem perturbados por essa mesma
actividade. Mais concretamente, pretende avaliar-se o efeito em sectores como agricultura,
construção, turismo, socioeconomia, energia, ordenamento territorial, biodiversidade e recursos
hídricos e a maneira como evoluíram com a expansão deste novo nicho de mercado turístico.
Por haver uma grande apetência pela implantação destes projectos em áreas agrícolas
abandonadas, pretende-se também analisar se, realmente, está em curso uma conversão elevada
destas em áreas em Áreas de Aptidão Turística e fazer um balanço rápido dos ganhos e custos
dessa mesma conversão.
Mais especificamente no caso dos recursos, verificar se ocorreu destruição, manutenção ou se por
oposição a actividade associada a um campo de golfe, por promover a tendência crescente de um
recurso, observando também se há criação de mais-valias ambientais nas áreas de implantação.
8
3. Metodologia
Com o objectivo de se tomar conhecimento dos impactes possivelmente envolvidos na implantação
de um campo de golfe foram primeiramente consultados estudos de impacte ambiental (EIA) de
empreendimentos com golfe e compilados os efeitos previstos para esses projectos. Os sectores
onde potencialmente esses efeitos têm lugar foram definidos e listados como sendo os seguintes:
•
Agrícola
•
Imobiliário e infra-estruturas
•
Turístico
•
Socioeconómico
•
Energético
•
Ordenamento de território
•
Biodiversidade
•
Recursos hídricos
Adicionalmente à informação constante nos EIA’s foram ainda reunidos estudos sobre esta temática
dos impactes dos campos de golfe tendo como base de pesquisa os sectores potencialmente
impactados resultantes da compilação reunida anteriormente. Desta forma foram identificadas as
tendências que poderiam ser esperadas nos sectores impactados e ainda valores de referência
específicos de cada um dos efeitos possíveis capazes de ocorrer devido a actividade dos campos de
golfe.
Uma vez identificados os possíveis efeitos quer qualitativa quer quantitativamente foram
seleccionadas possíveis áreas de estudo em Portugal. A selecção teve em conta como primeiro
critério o desenvolvimento do golfe a nível regional, sendo a classificação regional utilizada a
correspondente à classificação NUTS II usando as regiões:
•
Norte
•
Centro
•
Lisboa e Vale do Tejo (LVT)
•
Alentejo
•
Algarve
•
Madeira
•
Açores
O uso desta classificação territorial teve por base o facto de grande parte da informação estatística
ainda se encontrar organizada segundo estas áreas.
Para cada uma das regiões foi inventariado o nº de campos existentes, usando para tal a informação
disponibilizada pelas Comissões de Coordenação de Desenvolvimento Regional (CCDR) e ainda
informação de algumas associações de golfe regional. Com o intuito de se identificarem áreas onde
se pudesse observar um desenvolvimento massivo de campos de golfe foram pré-seleccionadas as
9
áreas com o maior nº relativo de campos e com a maior área territorial ocupada por este tipo de
projectos por área unitária a nível regional.
Com o procedimento anterior foram obtidas finalmente duas possíveis áreas de interesse, as quais,
foram posteriormente analisadas tendo em conta a distribuição local dos campos no seu território com
base no número de campos e na variação ocorrida a nível concelhio nos últimos 19 anos. Outro
critério analisado, em paralelo, foi a disponibilidade de informação sobre o golfe em cada uma das
áreas pré-seleccionadas para se concluir em qual delas a situação da indústria do golfe se
encontrava melhor documentada.
A área de estudo ficou por fim definida como sendo o Algarve e começou por se obter
subsequentemente, informação estatística sobre a evolução regional e local nos vários sectores
enumerados inicialmente, que foi depois comparada com os valores obtidos ou estimados gerados
pela implantação ou actividade dos campos de golfe, quer a um nível regional, quer a um nível
concelhio sempre que a informação o permitiu. Para tal comparação foi efectuado um inventário de
todos os campos na região do Algarve assim como das suas características de projecto e áreas de
implantação sempre que estas se encontraram para consulta e também com informação obtida dos
EIA’s de campos de golfe mesmo quando estes ainda se encontravam em fase de aprovação. O
inventário foi efectuado com base em estimativa através de uma ferramenta de SIG disponibilizada
pela DGOTDU com recurso a ortofotomapas, PDM’s e áreas com condicionantes, todos respeitantes
à região do Algarve.
Uma vez que foi verificada uma grande apetência para a ocupação de campos agrícolas
abandonados por campos de golfe foram também estimados os efeitos locais dessa substituição
comparando as mudanças ao nível de consumo de recursos de uma e de outra actividade.
No caso de especifico da biodiversidade, foram muito limitados os dados obtidos e apenas referentes
a algumas espécies pelo que apenas se fez uma comparação temporal pré e pós implantação de
campos sempre que foi possível.
Outra limitação de conhecimento foi encontrada na análise á evolução dos recursos hídricos
subterrâneos pois não existe um grande número de estações de medição localizadas em campos de
golfe e as que existem por vezes não acompanham a actividade do campo desde do seu inicio, razão
pela qual se optou por uma análise comparativa entre estações localizadas em campos de golfe e
estações localizadas noutros pontos do mesmo sistema de aquífero.
Para ambos os indicadores referidos ultimamente acabou por ser usada uma metodologia inspirada
na que é usada em métodos como o Before – After- Control – Impact (BACI). Este é um método muito
usado em análise de impactes aquando de implantação de grandes projectos como centrais
termoeléctricas ou aquando um evento de poluição súbita e tem como principio a análise de dados de
monitorização de dados pré e pós evento (Stewart-Oaten et al., 2001). Para maior exactidão na
mediação do impacte o método acrescenta um controlo adicional, com a comparação dos dados
temporais com os dados de uma área de referência incólume para assim destrinçar quais as
variações que foram naturais e as que foram induzidas pelo novo projecto, um raciocínio que se
tentou adoptar também para o presente estudo mas que requer sempre continuidade nas séries
estatísticas a analisar e portanto um cuidado acrescido na escolha de estações ou pontos de geração
10
de dados (Steinbeck et al., 2005). Em geral, a metodologia aplicada apresenta-se esquematizada em
seguida na Figura 4.
Golfe
Desenvolvimento Global
Desenvolvimento Nacional
Nº jogadores
Nº campos
Desenvolvimento
Legislação
previsto
Áreas
Preferenciais
Investimentos em
massa
Áreas elevada densidade de
golfe
Comparação
Área de estudo
Indicadores
exploração
agrícola
Sectores de estudo:
- Consumo de recursos
-Urbanização
- Turismo
- Energia
IMPACTES
- Biodiversidade
- Ordenamento
- Recursos Hídricos
Figura 4 - Metodologia geral aplicada
11
3.1.
Comparação e selecção de áreas de estudo
Tal como foi exposto na introdução as áreas que se destacam no turismo de golfe a nível nacional, de
forma mais destacada marcada são Lisboa e Vale do Tejo e o Algarve. Esta última é claramente o
grande pólo de atracção nacional na medida em que é onde está estabelecido o maior número de
campos e, também, onde de observa uma maior afluência de jogadores, quer portugueses quer
estrangeiros. Com o objectivo de se encontrar um bom exemplo de investimento em massa em
campos de golfe foram comparados alguns dados das referidas regiões
Tabela 3 - Indicadores territoriais do golfe em Portugal. (Fontes: (THR Acesores en Turismo, Hotelaría y
Recreación, S.A, 2006); (Portugal Golf, 2008); (Virtual Portugal, 2009); (CCDR Algarve, 2008)).
Região
Área
2
(Km )
Nº
campos
Distribuição
campos
equivalentes
Norte
21278
9
12%
Centro
23666
2
3%
Lisboa
e Vale
do Tejo
11736
23
29%
Alentejo
27369
1
1%
Algarve
4996
35
47%
Açores
2322
3
4%
Madeira
801
3
4%
Aqui se introduz o conceito de campo equivalente, isto é, um campo com 9 buracos não terá o
mesmo efeito para efeitos estatísticos e de consumo de recursos que um campo de 18 ou 27 buracos
pelo que na realidade é considerado com meio campo equivalente. O campo de 18 buracos será por
sua vez considerado como 1 campo equivalente e um de 27 buracos corresponderá a 1.5 campos
equivalentes.
Das estatísticas anteriores fica nítido que Algarve e Lisboa e Vale do Tejo (LVT) são os destinos
nacionais de golfe, pelo nº de campos equivalentes que suportam (Tabela 3). Com base nestes
índices, deste ponto em diante foram comparadas apenas as áreas do Algarve e LVT no sentido de
procurar qual a que se adequaria melhor ao presente estudo.
12
Nº de Campos
Evolução do nº de campos
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Lisboa e Vale do Tejo
Algarve
Figura 5 - Evolução do nº de campos em Lisboa e Vale do Tejo e Algarve (Fontes: (Algarve Golf, 2008);
(Portugal Golf, 2008); (CCDR Algarve, 2008)).
Observando a evolução de campos de golfe em ambas as regiões verifica-se que o Algarve se
manteve sempre com uma evolução maior e mais por andares enquanto a região LVT teve uma
evolução menor e mais suave no tempo (Figura 5).
Em termos absolutos, registaram-se 26 novos campos no Algarve nos últimos 19 anos enquanto LVT
se quedou pelos 18 (Figura 6), um número que perde um pouco mais de significância quando se
tomam em conta às áreas das regiões e se verifica que LVT é 2.34 vezes maior que o Algarve
(Tabela 3) sendo portanto esta última a que beneficiou de uma expansão mais massiva que a
primeira.
Variação absoluta de campos
30
Nº de campos
25
20
15
10
5
0
Algarve
LVT
2000-2009
16
10
1990-2000
10
8
Figura 6 - Variação absoluta de campos de golfe no Algarve e em Lisboa e Vale do Tejo (Fontes: (Algarve
Golf, 2008); (Portugal Golf, 2008); (CCDR Algarve, 2008)).
13
Mesmo a nível gráfico se pode observar uma clara diferença de densidade de campos entre as duas
regiões com LVT a apresentar uma maior dispersão de campos pelo seu território do que o Algarve
onde os campos se localizam mais numa zona central e junto ao litoral (Figura 7).
Figura 7 - Distribuição de campos de golfe em Lisboa e Vale do Tejo e Algarve (Fonte: (Google, 2009))
Numa análise mais localizada pode dizer-se que existe, contudo, uma semelhança na distribuição dos
campos das duas regiões pois, os campos do Algarve estão divididos por 10 concelhos no caso de
LVT, por 11 concelhos.
Em valor absoluto existe, no entanto, uma diferença nítida na medida em que os concelhos algarvios
apresentam na maioria mais de que 2 campos (Figura 8) enquanto a maioria em LVT apresenta
apenas 2 ou menos campos de golfe (Figura 9).
14
14
12
10
8
6
4
2
0
2000-2009
1990-2000
<1990
Figura 8 - Evolução de campos por concelho no Algarve (Fontes: (Algarve Golf, 2008); (Portugal Golf,
2008); (CCDR Algarve, 2008)).
14
12
10
8
6
4
2
0
2000-2009
1990-2000
<1990
Figura 9 - Evolução de campos por concelho na região Lisboa e Vale do Tejo (Fontes: (Portugal Golf,
2008); (LisboaGolf, 2008)).
Na sequência foi elaborada uma pequena estatística na qual ficou comprovado que o Algarve tem,
actualmente, o maior número de empreendimentos por unidade território, cerca de 2.2, e que a sua
variação absoluta implicou um crescimento local médio de 1.6 campos valores que superam em cerca
de 4 vezes os valores obtidos para LVT (Tabela 4). Esta superioridade mantêm-se inalterada quando
são comparados apenas os concelhos onde o golfe se tem desenvolvido e aqui se vê que em termos
de densidade, é no Algarve que regista um maior número de campos por concelho e que em geral
esses concelhos tiveram em média um crescimento de 2.6 campos nos últimos 19 anos (Tabela 4).
15
Tabela 4 - Indicadores de evolução de golfe ao nível local no Algarve e Lisboa e Vale do Tejo (Fontes:
(Algarve Golf, 2008); (Portugal Golf, 2008); (CCDR Algarve, 2008); (Lisboa Golf, 2008)).
Região
Concelhos
(Nº)
Algarve
16
35
Variação Média de
Variação
de golfe
campos média nos
por
por
concelhos
concelho concelho com golfe
(90 - 09) com golfe
(90 - 09)
2.2
1.6
3.4
2.6
LVT
51
22
0.4
Nº
Campos
(2009)
Distribuição
média por
concelho
0.4
2.0
1.5
Com base na análise anterior foi definido o Algarve como a área de maior interesse para o presente
estudo na medida em que não só apresentou as maiores variações absolutas de empreendimentos
de golfe como em termos de localização, estes acabam por se encontrar em maior número nos
concelhos algarvios tendo a região por esse motivo as áreas de golfe com maior densidade de
campos a nível nacional.
3.2.
Caracterização da área de estudo e vantagens para a
prática do golfe.
Sendo uma região que se localiza no Sul de Portugal a região algarvia beneficia de certas condições
que são consideradas mais-valias para crescimento do mercado de golfe. O seu clima é,
tendencialmente, temperado com um Inverno ameno e não muito chuvoso e com Verões quentes e
secos, com temperaturas médias a rondar o 14º C e uma pluviosidade que, raramente, excede os 500
mm (Figura 10). Isso permite que em grande parte do ano seja possível jogar golfe e, mais importante
ainda, que haja condições quando se dá a época alta deste mercado em Portugal, que se inicia em
Outubro e acaba em Maio, sobretudo, para o mercado estrangeiro (Universidade do Algarve, 2004).
Figura 10 - Precipitação e temperaturas médias continentais (Fonte: (Instituto de Meteorologia, 2005)).
16
A nível populacional é uma região com 430094 habitantes representando cerca de 4.1% da
2
população portuguesa e apresenta uma densidade populacional de 86.1 hab / Km . Em 2008 a sua
taxa de crescimento efectiva foi de 0.86 % um valor acima da média nacional assim como na taxa de
natalidade que atingiu os 11%. O índice de envelhecimento continua ainda assim acima da média
com o respectivo valor a atingir 123.5 (Tabela 5).
17
Tabela 5 - Indicadores populacionais da região do Algarve em 2008 (Fonte: (INE, 2009)).
Período de
referência
dos dados
NUTS 2002
completa
(lista
cumulativa
- PT, NUTS
I, II, III, CC,
FR)
População
média
activa
(Série 1998
- N.º) por
Local de
residência
(NUTS 2002)
Portugal
Algarve
Taxa de
crescimento
efectivo (%)
Taxa bruta
de
natalidade
(‰)
Índice de
envelhecimento
(N.º)
Taxa
média de
emprego
(Série
1998 - %)
(NUTS 2002),
Taxa média
de
desemprego
(Série 1998 %) (NUTS 2002)
N.º
%
‰
PIB
per capita
Total
N.º
(milhares)
2008
População
residente
(N.º) por
Local de
residência
(NUTS 2002)
% do
N.º
%
%
total de
Em
Índice de
Portugal
valor
disparidade
3
(10 €)
(%)
5624.90
10627250
0.09
9.80
115.50
68.20
7.60
100.0
14.7
100.0
218.30
430084
0.86
11.50
123.50
69.20
7
4.2
15.5
105.6
18
A nível de mercado de trabalho, possui uma população activa que representa cerca de 3.9% da
população activa nacional e apresenta uma taxa de emprego acima da média nacional o que
consequentemente, se traduz numa taxa de desemprego abaixo desta última referida (Tabela 5). A
nível de produtividade, a sua representatividade no PIB nacional foi apenas de 4.2%, o valor mais
baixo a nível continental mas per capita consegue superar todas as outras regiões nacionais excepto
Lisboa com índice de disparidade de 105% e um valor absoluto na ordem dos 15.5 milhares de euros
(Tabela 5).
Em termos de infra-estruturas de acesso e transportes a região encontra-se bem desenvolvida na
medida em que é abrangida por uma auto-estrada, a A2, alem da alternativa original, o IP1, que
entretanto foi alvo de melhoramentos. A nível intra-regional também houve alguns melhoramentos,
nomeadamente, a conclusão da A22 que liga Lagos a Ayamonte e que proporcionou uma alternativa
valiosa alternativa à antiga N125 na ligação a Espanha. A região alberga ainda um dos três
aeroportos nacionais na cidade central de Faro, a capital de distrito (Figura 11) que implica, no
cômputo geral, uma região bastante acessível para jogadores nacionais e estrangeiros.
Figura 11 - Sistema urbano e acessibilidades em Portugal Continental (Fonte: (DGOTDU, 2007)).
No que concerne ao turismo, estima-se que em 2007, o total de visitantes tenha ascendido a cerca de
10 milhões de visitantes traduzindo-se este número em cerca 3 milhões de hóspedes que significou
22% do total registado a nível nacional (INE, 2009) Quanto a estabelecimentos hoteleiros e, também,
a mão-de-obra, o Algarve é a região que apresenta maior número absoluto, em ambos, uma vez que
19
é a que possui maior quota de capacidade, cerca de 36% (Tabela 6), principalmente, nas tipologias
de hotéis - apartamentos (47%), apartamentos turísticos (68%) e aldeamentos turísticos (82.1%)
(Figura 12) e no segundo factor por ser a que emprega maior número de pessoas, número este que
ascendeu a cerca 13600 em 2006 (Ministério da Economia e Inovação, 2007), sendo que grande
parte desta mão-de-obra é considerada qualificada para o efeito (THR Acesores en Turismo,
Hotelaría y Recreación, S.A, 2006).
Tabela 6 - Quotas de capacidade de alojamento por áreas regionais de turismo (Fonte: (INE, 2007)).
100,0%
90,0%
80,0%
70,0%
60,0%
50,0%
40,0%
30,0%
20,0%
10,0%
0,0%
2007
Camas (Nº)
Variação
absoluta
2007/2006
Quota
(%)
Norte
36421
917
13.8%
Centro
Lisboa e Vale do
Tejo
Alentejo
23980
-445
9.1%
63668
2379
24.0%
8804
602
3.3%
Algarve
96180
-1344
36.3%
R.A. Açores
8397
-39
3.2%
R.A. Madeira
27297
-1360
10.3%
Total
264747
710
100.0%
4,8%
10,2%
14,4%
20,4%
14,6%
82,1%
21,9%
47,0%
15,1%
68,0%
7,1%
R.A. Madeira
R.A. Açores
Algarve
20,0%
9,0%
3,0%
23,8%
7,1%
3,6%
2,5%
5,1%
31,0%
22,7%
Alentejo
Lisboa e Vale do Tejo
Centro
Norte
Figura 12 - Quota de capacidade por tipologia e área regional turística 2007 (Fonte: (INE, 2007)).
20
3.3.
Situação actual dos campos de golfe nas áreas de
estudo
3.3.1. Tipologias existentes
O golfe é, actualmente, um dos complementos, se não mesmo, o complemento de maior importância
daquele que é por excelência o maior produto turístico do Algarve, isto é o seu litoral (PENT - Turismo
de Portugal, 2007).
Os primeiros campos, nos anos 60, surgiram sempre incorporados em empreendimentos, isto é, um
complexo onde existem instalações de alojamento associadas a um ou mais campos de golfe e
pretendiam, na altura, oferecer mais uma experiência ao turista que se deslocava, principalmente, na
época de Verão para aproveitar o clima quente e soalheiro e também as suas praias de
características semelhantes às mediterrânicas embora banhadas pelo Oceano Atlântico. Os
chamados golf resorts que neste estudo definem as instalações onde se inclui um campo e
urbanização ou alojamento turístico, foram proliferando e, em 1976, quando já se contabilizam 6
destes últimos, o golfe atingiu um tal estatuto, que justificou a criação do primeiro campo
independente da região. Este tipo de formato não conseguiu, no entanto, cativar os investidores o
que, se pode afirmar, por ser a tipologia que se encontra em minoria tendo sido contabilizados
apenas 6 empreendimentos que incluem apenas superfícies de jogo enquanto os empreendimentos
onde além de superfícies de jogo se incluem também infra-estruturas de alojamento, os chamados
resorts ascendem já a 29 (Figura 13) o que denota uma clara preferência por este último tipo de
projecto.
Total de empreendimentos com golfe por tipologia
40
35
30
25
20
Resorts
15
Campos simples
10
5
0
2009
Figura 13 - Total de empreendimentos de golfe no Algarve por tipologia (Fontes: (Algarve Golf, 2008);
(Portugal Golf, 2008); (Virtual Portugal, 2009); (CCDR Algarve, 2008)).
21
Alguns desses empreendimentos consistiram
consistira na expansão de alguns já
á existentes como o caso de
complexo de Vilamoura. Observando a evolução recente
rec
dos projectos com golfe exiistentes para o
Algarve (Anexo II – Informação dos EIA feitos sobre campos de golfe no Algarve), constatou
constatou-se que
desde 2000,
0, foram propostos pelo menos 15 novos campos e destes 5 foram entretanto inaugurados,
enquanto 3 continuam como propostos e 2 foram completamente rejeitados e adicionando estes
últimos aos primeiros obteve-se
se a seguinte evolução (Figura 14).
Evolução de Golfe no Algarve
16
14
12
inaugurados
10
8
propostos
6
expanções inauguradas
4
expansões propostas
2
Rejeitados
0
Figura 14 - Evolução recente
ecente do golfe por estado e tipo de projecto (Fontes: APA – EIA’s de campos de
golfe no Algarve disponíveis para consulta em anexo).
3.3.2. Justificação para as tipologias existentes e desenvolvimento
observado.
A opção por um projecto tipo resort vem no sentido de satisfazer o tipo de turista de golfe que vis
visita a
região. Esse tipo pode ser classificado de Golf,Sun & Fun , um género que prefere aliar o golfe a
destinos com praia, com oferta diversa de campos, alojamento de 4 ou 5 estrelas e com actividades
ac
complementares de lazer (THR Acesores en Turismo, Hotelaría y Recreación, S.A, 2006)
2006). Os resorts
integrados com golfe associado são inclusivamente promovidos na estratégia nacional para
desenvolvimento turístico, uma vez que são considerados importantes para a redução do índice de
sazonalidade turística (PENT - Turismo de Portugal, 2007).
2007)
A necessidade e o crescimento de alojamento associado ao golfe podem ser ainda sustentados com
o facto de o golfe ter sido a motivação
ivação de viagem de cerca de 7.1% dos turistas estrangeiros a
Portugal e cerca de 11.6% dos turistas
turist
que visitaram o Algarve em 2007,, mas no total 21% dos
turistas que visitaram a região acabaram por jogar (Turismo de Portugal, 2007). Uma vez que os
consumidores acabam por ser os jogadores estrangeiros (os jogadores portugueses apenas
representam 7% da afluência de jogadores da região) automaticamente existirá uma necessidade de
alojamento. Adicionalmente,, as tendências obtidas das estatísticas efectuadas aos campos no
Algarve indicam que o jogador típico fica alojado cerca 9.5 dias, joga cerca de 4.5 voltas e faz
faz-se
22
acompanhar por mais 3 pessoas o que logo a partida implicará gastos acrescidos em hotelaria
(Universidade do Algarve, 2004).
Em termos de preferências por tipo de alojamento, a maioria continua a optar por hotéis e em seguida
a escolha recai sobre as vilas o que reforça a importância da hotelaria para a indústria do golfe
(Tabela 7). Os clusters têm neste caso uma função de distinguir vários tipos de turistas de golfe
sendo que o cluster 1 inclui turistas exclusivamente de golfe, cluster 2 representa os turistas
familiares que além do golfe se interessa pelas condições de alojamento, gastronomia e preços e por
fim o cluster 3 onde se inclui o turistas de sol e praia que além de golfe se interessa por animação
turística e actividades balneares (Universidade do Algarve, 2004).
Tabela 7 - Tipos de alojamento escolhido pelos golfistas (Fonte: (Universidade do Algarve, 2004)).
Cluster 1
Nª
%
Cluster 2
Nº
Cluster 3
%
Nº
Hotel
203
39.1%
21
55.3%
Aparthotel
15
2.9%
1
2.6%
49
Familiares/Amigos 5
Aldeamento
7
9.4%
6
15.8%
Casa Própria
1.0%
-
Total
%
6
Nº
%
60.0%
230
40.6%
-
16
2.8%
-
55
9.7%
1
10.0%
6
1.1%
1.3%
2
5.3%
-
9
1.6%
Apartamento
115
22.2%
2
5.3%
1
10.0%
118
20.8%
Vila
123
23.7%
6
15.8%
2
20.0%
131
23.1%
-
2
0.4%
38
100.0%
10
100.0%
567
100.0%
Campismo
Total
2
519
-
0.4%
100.0%
Ao executar uma comparação os indicadores financeiros dos campos e da hotelaria conclui-se que os
campos originam um cash flow 1.41 vezes maior que os hotéis o que pode implicar elevados
benefícios na economia regional (Tabela 8).
Tabela 8 - Indicadores económico-financeiros do golfe e hotelaria (Fonte: (Universidade do Algarve,
2004)).
Golfe
Hotéis
47.94
33.58
Rendibilidade de vendas (%)
37
7
Pessoal ao serviço (nº)
Produtividade por unidade de
exploração (euros/ano)
825
9657
75318
39450
Preços médios (euros)
Cash Flow (euros)
Custo com o pessoal (%)
37966555 26782675
25
29
No entanto, considerando a hipótese de se aliar os dois negócios e assumindo os números médios de
voltas e de dias de alojamento médios de um turista de golfe anteriormente expressos em 4.5 e 9.5,
respectivamente, denota-se um potencial acréscimo de rendimentos de cerca de 20% por estadia por
jogador em relação aos ganhos apenas com o golfe, ainda que sejam ganhos sempre inferiores aos
obtidos com estes últimos tanto por estadia como por dia (Tabela 9) assumindo neste caso que um
jogador joga 0.5 voltas por dia.
23
Tabela 9 - Ganhos estimados por estadia de turista de golfe (Fonte: (Universidade do Algarve, 2004)).
Golfe
Hotéis
Nº
voltas
Noites
Preço das
vendas (€)
Rendibilidade
de vendas
(%)
Ganhos
médios /
dia (€)
4,5
47,94
37
8.8
Ganhos
médios
/
estadia
(€)
79,8
8,5
33,58
7
2.4
20,0
79%
Fracção
de
ganhos
/
estadia
80%
21%
20%
Fracção
de ganhos
/ dia
O segundo tipo de alojamento preferido pelos golfistas são as vilas, ou seja, moradias de luxo que
incluem normalmente jardim e piscina e que podem ser alugadas ou adquiridas e que procuram atrair
uma classe mais abastada de jogadores que joga várias vezes por ano e que se faz acompanhar pela
família.
O tipo de crescimento que se tem vindo a verificar e que remete para o próprio titulo deste estudo
pode ser justificado, em parte, com outra característica do jogador de golfe típico. Estatisticamente,
este último opta por variar de campo de jogo mas em média apenas de desloca para campos num
raio de 12 km a partir do seu alojamento (Universidade do Algarve, 2004). Este pequeno detalhe
juntamente com a tendência de jogar 4.5 voltas permitem perceber o porquê de tanto
desenvolvimento localizado. Expandir os campos existentes ou construir em zonas já com campos
permite explorar o desejo de diversidade dos jogadores e implicará, deste modo, um maior número de
visitantes logo no inicio de exploração, relativamente ao que é previsto para um campo isolado. O
esforço para a divulgação do campo e atracção de jogadores acaba por ser menor e mantendo o
número de campos de 18 buracos acima do número médio de voltas faz com que o turista deixe em
aberto um possível regresso. Isto sugere que a concentração de campos acaba por ser gerada para
criar sinergias entre campos para que todos possam beneficiar de um fluxo de turistas acima do que
seria verificado caso estivessem isolados. E dado que os jogadores são normalmente turistas de
classe alta, a competitividade de preços de voltas entre campos acaba por ter pouca relevância
reforçando o argumento anterior.
3.3.3. Localização dos empreendimentos
Apesar de ter uma faixa litoral bastante condicionada a verdade é que grande parte dos complexos
de golfe existente na região algarvia tendem a localizar-se nessa mesma faixa e bem próximo da orla
costeira, isto é, com grande proximidade às praias da zona de implantação. E nem mesmo as
condicionantes mais recentes e mais limitantes parecem ter desmotivado esta predilecção pois é mais
recentemente que se tem observado uma maior implantação junto da costa (Figura 15).
24
Localização de complexos de golfe
Interior
Litoral
34%
66%
Figura 15 - Localização geral dos campos no Algarve (Fontes: APA – EIA’s de campos de golfe no
Algarve disponíveis para consultaem anexo).
Esta estatística leva à letra a consideração existente nos PDM’s que classifica de litoral uma faixa
com a largura de 2 Km em linha recta desde o mar. Mas considerando os gráficos anteriores de
distribuição de campos pode assumir-se que no Algarve os campos se concentram basicamente no
litoral.
Nas áreas condicionadas referidas anteriormente pode incluir-se a RAN, REN, RN 2000 e ainda área
referente ao Parque Natural da Ria Formosa. Nenhuma delas se conseguiu manter imune (Figura 16)
mas fazendo uma avaliação baseada na informação dos EIA’s e da CCDR Algarve, disponíveis para
consulta, consegue denotar-se que a que sofreu uma maior redução devida a projectos relacionados
com golfe foi, destacadamente, a RAN. Por oposição, a REN é a condicionante onde menos se
estabelecem este complexos mas a condicionante onde se verificou maior número de rejeições foi a
área correspondente a RN 2000. Inesperadamente, foi observado um aumento da área de golfe nos
domínios pertencentes ao Parque Natural Da Ria Formosa, protagonizado não por novos
empreendimentos, pois os dois propostos foram rejeitados, mas sim pela expansão da oferta dos
empreendimentos já existentes nomeadamente, nos terrenos contíguos aos complexos da Quinta do
Lago.
Campos localizados em Áreas Condicionadas
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Projectos totais
Aprovados
Rejeitados
RAN
REN
RN2000
PN Ria
Formosa
Figura 16 - Distribuição de campos por condicionantes territoriais (Fontes: (APA – EIA’s de campos de
golfe no Algarve disponíveis para consulta em anexo); (CCDR Algarve, 2008)).
25
Com base na extrapolação feita, anteriormente, era de prever que o uso de solo pré-golfe mais
comum seria o uso agrícola, o que se veio a comprovar com uma pequena compilação dos usos que
foram sendo identificados nos EIA. Em seguida, e também relacionadas com actividades agrícolas,
estão as explorações frutícolas, e depois em semelhantes proporções estão áreas de caça,
pastorícia, pecuária e áreas onde já existia algum tipo de actividade turística mas pode dizer-se que
quase 90% dos campos propostos tinham área agrícola como terreno de implantação (Figura 17).
Deste modo, será válido afirmar que, no presente, a expansão implica uma certa rivalidade com a
agricultura algarvia por área territorial no Algarve e que se está neste momento a assistir a uma
progressiva e subtil substituição da segunda pela primeira actividade, através do aproveitamento de
terreno agrícola abandonado para fins turísticos, o que levou a um aprofundamento do estudo sobre
os efeitos de tal fenómeno, na fase de avaliação de impactes.
Actividades pré-golfe identificadas
Agricola
Pastoricia
Fruticola
Pecuária
Caça
Lazer/turistica
6% 6%
5%
11%
5%
67%
Figura 17 - Actividades pré-golfe identificadas nos EIA aos campos do Algarve (Fontes: (APA – EIA’s de
campos de golfe no Algarve disponíveis para consulta em anexo).
A síntese das localizações dos campos e uma estimativa das áreas ocupadas é apresentada em
seguida em duas tabelas que servirão de matriz para a restante análise.
26
Tabela 10 - Inventário de campos de golfe e classificação de áreas de implantação (Fontes: (Algarve Golf, 2008); (CCDR Algarve, 2008); (DGOTDU, 2008); (Portugal
Golf, 2008); APA – EIA’s de campos de golfe no Algarve em anexo)).
Concelho
Nome
Pine Cliffs
Albufeira
Castro
Marim
Lagoa
Herdade
dos
Salgados
Balaia
Golfe
Castro
Marim C.C.
Quinta do
Vale
Vale do
Milho
Loulé
Campos
equivalentes
PDM
em
Vigor
Resort
9
0.5
1995
1994
Campo
18
1
1995
-
2001
Resort
9
0.5
1995
-.
2001
Resort
27
1.5
1994
-
2008
Resort
18
1
-
1990
Resort
9
1991
Resort
1992
-
Tipologia
-
1991
-
Gramacho
Vale da
Pinta
Lagos
Nº
buracos
Ano
inauguração
Complexo
Palmares
Golf
Quinta da
Boavista
Ocean
Course
Royal
Course
Old Course
Localização2
Zonas de Implantação3
Litoral
Zona de ocupação turística/REN
Litoral
Zona de ocupação turística/REN
Litoral
Zona agrícola condicionada/RAN
-
Interior
Espaços agro-florestais/REN
1994
-
Interior
Espaços agro-florestais/REN
0.5
1994
-
Litoral
Áreas Turísticas
18
1
1994
Interior
Instalação de equipamento e
grandes infra-estruturas. /RAN
Resort
18
1
1994
Interior
Instalação de equipamento e
grandes infra-estruturas. /RAN
1976
Campo
18
1
-
-
Litoral
-
2002
Resort
18
1
-
-
Litoral
-
1968
Resort
18
1
1995
-
Litoral
Áreas Urbano-turisticas
1997
Resort
18
1
1995
-
Litoral
Áreas Urbano-turisticas
1995
ISO 14001/
Commited to
Green/
Green Globe
Litoral
Área Urbano-turistica
Pestana
Golf Resort
Vale de
Lobo
Vilamoura
1969
Resort
18
1
Certificação
1
ISO 14001
Commited to
Green/
EcoGolf
Commited to
Green/
EcoGolf
1
(DGOTDU, 2008)
(DGOTDU, 2008)
3
(DGOTDU, 2008)
2
27
Tabela 11 - Inventário de campos de golfe e classificação de áreas de implantação (Continuação) (Fontes: (Algarve Golf, 2008); (CCDR Algarve, 2008); (DGOTDU,
2008); (Portugal Golf, 2008); APA – EIA’s de campos de golfe no Algarve em anexo)).
Concelho
Nome
Complexo
Ano
Inauguração
Tipologia
Nº
buracos
Campos
equivalentes
PDM
em
Vigor
Pinhal
1976
Resort
18
1
1995
Laguna
1990
Resort
18
1
1995
Millenium
2000
Resort
18
1
1995
Victória
2004
Resort
18
1
1995
1991
Resort
27
1,5
1995
Vilamoura
Loulé
Vila Sol
Quinta do
Lago Norte
Quinta do
Lago Sul
São
Lourenço
Pinheiros
Altos
-
Quinta do
Lago
Laranjal
Olhão
Colina Verde
-
Certificação
Localização5
Zonas de Implantação6
Litoral
Área Urbano-turistica
Litoral
Área Urbano-turistica
Litoral
Área Urbano-turistica / RAN
Litoral
Área Urbano-turistica / RAN7
4
ISO 14001/
Commited to
Green/
Green Globe
ISO 14001/
Commited to
Green/
Green Globe
ISO 14001/
Commited to
Green/
Green Globe
ISO 14001/
Commited to
Green/
Green Globe
ISO 14001
Litoral
1974
Resort
18
1
1995
-
Litoral
1974
Resort
18
1
1995
-
Litoral
1988
Resort
18
1
1995
-
Litoral
1992
Resort
27
1,5
1995
-
Litoral
2009
Resort
18
1
1995
-
Litoral
2003
Resort
9
0,5
1995
-
Interior
Área Urbano-turistica/Eq. Urbano
Área Urbano-turistica/REN/PN Ria
Formosa
Área Urbano-turistica/REN/PN Ria
Formosa
Área Urbano-turistica/REN/PN Ria
Formosa
Area Urbano-turistica/RAN/REN/PN
Ria Formosa8
Area Urbano-turistica/REN/PN Ria
Formosa9
Espaço agrícola
indiscriminado/aproveitamento
hidroagrícola do Sotavento/RAN
4
(DGOTDU, 2008)
(DGOTDU, 2008)
6
(DGOTDU, 2008)
7
(Ecossistema, 2001)
8
(Nemus, 2002)
9
(Ecossistema; Mãe D'Água, 2005)
5
28
Tabela 12 - Inventário de campos de golfe e classificação de áreas de implantação (Continuação) (Fontes: (Algarve Golf, 2008); (CCDR Algarve, 2008); (DGOTDU,
2008); (Portugal Golf, 2008); APA – EIA’s de campos de golfe no Algarve em anexo)).
Concelho
Portimão
Silves
Tavira
V.R.S.
António
Vila do
Bispo
Nome
Penina
Champ.
Penina
Resort
Penina
Academy
Alto Golf
Morgado
do
Reguengo
II
Morgado
do
Reguengo
Amendoeir
a Golf
Resort
Quinta de
Benamor
Quinta da
Ria
Nº
buracos
Campos
equivalentes
PDM
em
Vigor
Resort
18
1
1972
Resort
9
1977
Resort
-
1997
Morgado
do
Reguengo
Ano
Inauguração
Tipologia
1966
Certificação
Localização11
Zonas de Implantação12
1995
-
Interior
Golfe
0,5
1995
-
Interior
Golfe
9
0,5
1995
-
Interior
Golfe
Resort
18
1
1995
-
Litoral
2002
Campo
18
1
1995
-
Interior
Golfe
Zonas de
Recursos Naturais e Equilíbrio
Ambiental, Imperativas e Zonas
Agrícolas/RAN
2003
Campo
18
1
1995
-
Interior
Área fomento agroflorestal/Povoamento florestal13
-
2008
Resort
36
2
1995
ISO 14001/
Commited to
Green/
Green Globe
Interior
Áreas de Aptidão
Turística (AAT)14
-
2000
Campo
18
1
1997
-
Litoral
Complexo
Penina
Golf
Resort
10
-
2002
Campo
36
2
1992
-
Litoral
Monte Rei
-
2007
Resort
18
1
1992
-
Interior
Parque da
Floresta
-
1987
Resort
18
1
1997
-
Litoral
Área agrícola complementar/RAN
Áreas produção agrícola Graus I e
II/REN
Núcleo de Desenvolvimento turístico
pelo PDM
Zona de ocupação turística/Matos e
matas de protecção
10
(DGOTDU, 2008)
(DGOTDU, 2008)
12
(DGOTDU, 2008)
13
(Nascimento, 2003)
14
(Geodesenho, 2005)
11
29
Tabela 13 - Áreas ocupadas por empreendimento (Fontes: (DGOTDU, 2008); (P.P. Amendoeira Golf Resort, 2008); (P.P. da Balaia, 2007); (P.U. da Quinta do Lago,
2000); (P.U. Vilamoura, 1998); APA – EIA’s de campos de golfe no Algarve em anexo)).
Áreas ocupadas (ha)
Concelho
Nome
18
17
16
Urbanização
REN
RAN
AUT
15
Castro
Marim
AAT
Total
empreendimento
Albufeira
Nº
fogos
médio
/campo
18
buracos
Nº fogos
PN Ria
Formosa
Praias
Dunas
Vilas
Apartamentos
Fracção das áreas ocupadas na
área total de empreendimento
(%)
AUT
Urbanização
RAN
Pine Cliffs
66
-
37
32,0
-
10
-
-
-
94
188
56%
49%
-
Herdade dos
Salgados
90
-
41
34,0
-
34
-
-
-
-
-
46%
38%
-
Balaia Golfe
27
-
19
21,0
8
-
-
-
907
1814
70%
78%
28%
210
210
--
0,6
-
2
-
-
61
-
41
100%
0%
-
76
76
PP19
aprov.
1,9
-
33
-
-
66
-
-
-
-
-
5,5
5,5
5,5
1,1
-
-
-
-
10
-
20
100%
20%
-
82,4
-
-
30,9
8
-
-
-
-
-
-
-
37%
10%
Castro
Marim C.C.
Quinta do
Vale
Vale do
Milho
Lagoa
Gramacho
69,2
-
-
7,0
21
-
-
-
-
-
-
-
10%
30%
Lagos
Vale da
Pinta
Palmares
Golf
Quinta da
Boavista
73,2
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
115
-
-
17,0
-
-
-
-
210
144
354
-
15%
-
Ocean
Course
130
130
194
35
-
-
-
-
1500
750
71%
27%
-
Royal
Course
144
144
Old Course
57
57
-
3,0
-
-
-
-
370
370
-
5%
-
Lagos
Loulé
-
15
AAT – Área de Aptidão Turística
AUT – Área Urbano-turística
17
RAN – Reserva Agrícola Nacional
18
REN – Reserva Ecológica Nacional
19
PP – Plano de Pormenor
16
30
Tabela 14 - Áreas ocupadas por empreendimento (Continuação) (Fontes: (DGOTDU, 2008); (P.P. Amendoeira Golf Resort, 2008); (P.P. da Balaia, 2007); (P.U. da
Quinta do Lago, 2000); (P.U. Vilamoura, 1998); APA – EIA’s de campos de golfe no Algarve em anexo)).
Áreas ocupadas (ha)
Concelho
Nome
23
22
21
REN
RAN
AUT
20
Portimão
Urbanização
PN Ria
Formosa
Praias
Dunas
Vilas
Apartamentos
Fracção das áreas ocupadas na
área total de empreendimento
(%)
AUT
Urbanização
RAN
Pinhal
87
87
41
24,0
-
-
-
-
-
-
-
47%
28%
-
Laguna
82
82
16
-
-
-
-
-
-
-
-
20%
-
-
Millenium
120
120
60
32,0
25
-
-
-
61
32
93
50%
27%
21%
Victória
95
95
19
12,0
74
-
-
-
48
-
48
20%
13%
78%
Vila Sol
142
142
103
56,0
-
-
-
-
330
348
452
73%
39%
-
381
381
271
190
-
89
77
-
360
180
71%
50%
-
168
168
113
76,0
-
168
168
-
318
318
67%
45%
-
123
123
68
31,0
32
101
101
-
168
112
55%
25%
26%
55
55
55
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
10
-
-
1,0
10
-
-
-
-
56
112
-
10%
100%
145
145
-
32
-
-
-
-
-
-
-
-
22%
-
63
-
-
26,3
-
-
-
-
90
-
90
-
42%
-
Quinta do
Lago Norte
Quinta do
Lago Sul
San
Lourenzo
Pinheiros
Altos
Laranjal
Olhão
AAT
Total
empreendimento
Loulé
Nº
fogos
médio
/campo
18
buracos
Nº fogos
Colina
Verde
Penina
Champ.
Penina
Resort
Penina
Academy
Alto Golf
20
AAT – Área de Aptidão Turística
AUT – Área Urbano-turística
22
RAN – Reserva Agrícola Nacional
23
REN – Reserva Ecológica Nacional
21
31
Tabela 15 - Áreas ocupadas por empreendimento (Continuação) (Fontes: (DGOTDU, 2008); (P.P. Amendoeira Golf Resort, 2008); (P.P. da Balaia, 2007); (P.U. da
Quinta do Lago, 2000); (P.U. Vilamoura, 1998); APA – EIA’s de campos de golfe no Algarve em anexo)).
Áreas ocupadas (ha)
Concelho
Nome
68
27
68
PU
aprov
28
.
REN
43
26
43
RAN
Vila do
Bispo
Urbanização
25
V. R. S.
António
AUT
Tavira
135
24
Silves
Morgado do
Reguengo II
Morgado do
Reguengo II
Amendoeira
Golf Resort
Quinta de
Benamor
Quinta da
Ria
AAT
Total
empreendimento
Portimão
Nº
fogos
médio
/campo
18
buracos
Nº fogos
PN Ria
Formosa
Praias
Dunas
Vilas
Apartamentos
Fracção das áreas ocupadas na
área total de empreendimento
(%)
AUT
Urbanização
RAN
-
24
-
-
-
-
-
-
-
-
22%
-
-
-
-
100%
-
-
-
-
-
-
-
-
-
135
PU
aprov.
-
-
-
-
-
223
208
58
-
-
-
58
-
-
-
-
-
-
-
-
99%
120
-
-
-
-
40
36
5
-
-
-
-
-
-
Monte Rei
400
-
-
-
-
-
-
-
110
-
-
-
Parque da
Floresta
121
-
27
44,2
4
6
-
-
478
478
22%
37%
3%
339
Média por empreendimento
60%
29%
42%
Total Final
3561
2267
1214
708
263
483
382
5
6192
24
AAT – Área de Aptidão Turística
AUT – Área Urbano-turística
26
RAN – Reserva Agrícola Nacional
27
REN – Reserva Ecológica Nacional
28
PU – Plano de Urbanização.
25
32
4. Avaliação de impactes
4.1.
Sector agrícola
Na sequência das inferências feitas no capítulo anterior, acerca da substituição de solos agrícolas por
campos de golfe julgou-se ser válida uma avaliação aos possíveis efeitos que essa conversão possa
estar a ter na própria agricultura da região. Os estudos sobre os efeitos desta substituição focalizam
bastante a questão da contaminação dos solos e aquíferos por químicos e fertilizantes, assim como,
a sua escorrências pelas chuvas para as linhas de água superficiais mas não se encontrou nenhum
que fizesse uma análise efectiva sobre o que acontece à agricultura local. Factores, tipos e número
de explorações, área disponível, foram tomados em consideração, para então verificar se ocorreram
variações tangíveis e se tem ocorrido algum tipo de adaptação a esta nova realidade.
Com este objectivo em mente e com base nos estudo de impacte ambiental existentes sobre campos
de golfe na região algarvia foi executada uma pequena estatística, a qual revelou que pelo menos de
90% dos campos propostos, após 2000 se localizam em áreas agrícolas abandonadas, ou seja
superfície agrícola não utilizada e em geral estão incluídas na RAN. Actualmente 23% dos campos
estão localizados em áreas classificadas como áreas agrícolas ou similares.
Dos dados reunidos sobre os campos e também na informação dos EIA’s, pode observar-se que
entre 1993 e 2009 foram 9 os empreendimentos construídos nos quais as áreas de implantação
tinham classificação de área agrícola, RAN ou semelhante (Tabela 16). O período de variação
referido remete para os dados que se obtiveram referentes à evolução de superfície agrícola utilizada
(SAU).
Tabela 16 - Empreendimentos com áreas de implantação classificadas como áreas agrícolas ou RAN
(Fonte: (DGOTDU, 2008)).
Concelho
Nome
Complexo
Ano
Inauguração
Tipologia
Zonas de Implantação
Albufeira
Balaia Golfe
Balaia Golfe
2001
Resort
Zona agrícola condicionada/RAN
Loulé
Millenium
Vilamoura
2000
Resort
Áreas urbano-turisticas/RAN
120
Loulé
Victória
Vilamoura
2004
Resort
Áreas urbano-turisticas/RAN
95
Loulé
Pinheiros
Altos
Quinta do
Lago
1992
Resort
Olhão
Colina
Verde
Colina Verde
2003
Resort
Portimão
Morgado do
Reguengo II
Morgado do
Reguengo
2002
Campo
Morgado do
Reguengo II
Quinta de
Benamor
Quinta da
Ria
Morgado do
Reguengo
Quinta de
Benamor
2003
Campo
2000
Campo
Área agrícola complementar/RAN
58
2002
Campo
Áreas produção agrícola Graus I e II/RAN
120
Portimão
Tavira
VRSA
Quinta da Ria
Area Urbano-turistica/RAN/REN/PN Ria
Formosa
Espaço agrícola
indiscriminado/aproveitamento hidroagrícola
do Sotavento/RAN
Zonas de
Recursos Naturais e Equilíbrio Ambiental,
Imperativas e Zonas Agrícolas/RAN
Área fomento agro-florestal/Povoamento
florestal
Área
(ha)
27
2029
10
43
68
Dos dados indicados na tabela anterior pode verificar-se que a área total de campos criados entre
1993 e 2007 foi de cerca de 561 hectares. A razão de se incluir Pinheiros Altos na contabilização teve
a ver com o facto de este ter sido alvo de expansão em 2002.
29
Área referente apenas à expansão do campo.
33
Tabela 17 - Evolução de explorações e superfície agrícola utilizada (SAU) (Fonte: INE).
Ano
1993
SAU
Nº
Área (ha)
explorações.
20382
140565
2007
12177
102755
Variação
- 8 205
- 37 809
No que se relaciona com área agrícola conclui-se que esta tem vindo a decrescer no período em
causa com a desactivação de 8205 explorações (-40%) e a redução de 37809 hectares (-26%) em
área no caso da SAU (Tabela 17).
Tomando esta última como referência, estimou-se que cada exploração é composta por cerca de 8.4
hectares de área agrícola. Assumindo um cenário hipotético por excesso em que toda a área de golfe
se poderia classificar de área agrícola, estimou-se que neste período os empreendimentos foram
responsáveis pela ocupação de cerca de 66 explorações agrícolas médias. Assim sendo mesmo que
o golfe seja um dos responsáveis pela ocupação de áreas agrícolas abandonadas essa ocupação
apenas se reflecte em 1.5% da redução total de área que se tem vindo a verificar desde 1993 e pode
ser potencialmente responsável por 0.8% da redução no nº total de explorações de SAU verificado no
período em análise (Tabela 18).
Tabela 18 - Potencial afectação do golfe nas áreas agrícolas (Fontes: INE; (DGOTDU, 2008)).
Período de variação
Área agrícola potencialmente ocupada (ha)
Área média /Expl de SAU (ha)
Nº expl. equivalentes ocupadas por golfe
Potencial contribuição do golfe na redução de
explorações SAU (%)
Potencial contribuição do golfe na redução de
área de SAU (%)
93-09
561
8.4
66
0.8
1.5
Dado que a ocupação de áreas agrícolas por golfe se apresenta tão insignificante e como, com base
nos estudos de impacte ambiental consultados, as áreas agrícolas ocupadas já se encontram
normalmente abandonadas, pode assim concluir-se que o golfe não é o principal responsável pela
redução de área agrícola referida e que a ocupação de áreas agrícolas por golfe vem na esteira do
declínio do sector agrícola. Esta ocupação é um impacte negativo permanente mas com pouco
significado.
Existem, no entanto, duas influências que, individualmente ou em conjunto, podem indirectamente
provocar a ocupação de áreas agrícolas. Uma é o desenvolvimento de campos e urbanizações
turísticas preferencialmente nas zonas já ocupadas com outros campos de golfe. A outra é o facto
das propriedades adjacentes aos campos ganharem significativo valor comercial, efeito estudado no
capítulo seguinte, o que poderá aliciar os proprietários a vender as mesmas para fins turísticos.
Não foram, contudo, identificados campos com inclusão e preservação de áreas agrícolas na sua
área de implantação motivo pelo qual se sugere como estudo futuro a possibilidade de
34
compatibilização de ambas as actividades na mesma área como forma de rentabilizar áreas menos
utilizadas dos campos como os roughs. Culturas frutícolas como por exemplo citrinos, poderiam ser
alternativas interessantes para ocupação destas áreas, na medida em que poderiam aliar um certo
valor paisagístico, tão valorizado em campos de golfe, com o facto de apresentarem os maiores
índices de produtividade por unidade de área da região o que teria neste caso de vir a ser balanceado
com os custos de manutenção e rega acrescidos.
4.2.
Sector imobiliário e construção
4.2.1. Urbanização associada ao golfe
É de senso comum que o Algarve tem sentido um aumento muito significativo no que toca a infraestruturas de alojamento, principalmente, no segmento de alojamento de férias mas os aumentos não
se têm apenas cingido às licenças de construção, pois também se observaram aumentos quer no
número quer no valor transacções de prédios urbanos e rústicos na região.
Uma vez que 69% dos campos possui componente habitacional a si associada, mais de 40% se
estende por áreas maiores que 10 hectares e 34% apresentam mais de 100 fogos construídos
(Tabelas 13, 14 e 15), estimou-se o potencial impacte que as urbanizações de golfe acarretam na
dinâmica urbana da região aquando da sua implantação.
No total e, utilizando dados territoriais e de ordenamento disponibilizados pela Direcção Geral de
Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano (DGOTDU) e também por alguns dos EIA’s, foi
estimada uma área total de cerca de 3561 hectares de empreendimentos de golfe no Algarve, dos
quais cerca de 708 hectares foram urbanizados (Tabela 15). Foi também estimada a área de um
resort típico com um campo de 18 buracos e com urbanização e que fica em cerca de 109 hectares,
um incremento de cerca de 100% em relação à área estimada de 55 hectares para um campo de jogo
simples (Universidade do Algarve, 2004).
Com o objectivo de estimar então a área do imobiliário associado ao golfe foi delimitada área dos
empreendimentos e as várias áreas de urbanização com uma ferramenta de SIG disponibilizada pela
DGOTDU, Planos de Urbanização, Planos de Pormenor e com a informação nos respectivos
proprietários dos campos (Figura 19). Por vezes os proprietários dos campos não são os mesmo que
os que detêm a urbanização o que torna mais difícil a sua identificação, mesmo através dos EIA’s. O
método utilizado acabou por ser assim mais vantajoso pois permitiu uma identificação mais fácil de
todas as áreas classificadas como Áreas Urbano-Turísticas incluídas nas zonas dos campos ou nos
seus interstícios mesmo que estas sejam de proprietários diferentes (Figura 18). Outros coadjuvantes
a esta identificação foram os Planos de Urbanização e Planos de Pormenor dos campos mais
recentes que permitiam identificar com maior exactidão a localização e áreas de construção,
tipologias e número de fogos/edifícios que compõe estas urbanizações. No caso de ausência de PU’s
e PP’s o número de lotes foi contabilizado utilizando a informação disponibilizada pelos proprietários
nos planos de empreendimento (Figura 19).
35
Figura 18 - Exemplo de delimitação de áreas do empreendimento Vale de Lobo em Loulé (Fonte:
(DGOTDU, 2008))
Figura 19 - Identificação de urbanizações associados aos campos de golfe (Fonte: (Lusort, 2009)).
Numa primeira análise ao efeito dos aumentos de urbanização optou-se por comparar a evolução de
área urbanizada total estimada com a evolução de área de urbanizações de golfe. Infelizmente a
informação em relação a este aspecto é muito escassa e, nalguns casos, incoerente uma vez que a
informação obtida para 1993 e 1996 não pode ser comparada com a informação territorial posterior,
datada de 2005, porque entretanto a informação foi organizada em Planos Municipais de
Ordenamento de Território (PMOT) que têm critérios e classificações diferentes da anterior.
36
Comparando a informação de evolução relativamente á primeira vaga de campos de golfe entre 1991
e 1996 com a evolução de área urbana constatou-se que apenas 2.3% da expansão da área urbana
poderá ter sido devida a área associada ao golfe (Tabela 19).
Tabela 19 - Comparação entre evolução de área urbana e área de urbanização de golfe (Fontes:
(DGOTDU, 2008); (INE , 1992); (INE, 1997)).
Área urbana
Área urbana
associada a golfe
1991
1996
criada 91 -96
Hectares
190
Algarve
32051
Contribuição golfe
(%)
40299
2.3
Adicionalmente ao aspecto da área de implantação da urbanização têm-se o aspecto do número de
construções que vêm por acréscimo aos campos de golfe. No sentido de se observar o efeito dessas
construções no sector imobiliário regional e local comparou-se informação de construções novas de
fogos para os anos em que houve conclusão de construções associadas ao golfe para o período
entre 1995 e 2006 com base nos dados do INE. Os resultados revelaram que em geral os acréscimos
foram suficientes para expandir o imobiliário entre 0.7% a 6.3% a nível regional (Tabela 20) e entre
5.6% e 50% no caso local (Tabela 21) o que remeteu para média de expansão de fogos por
empreendimento de 2.4% e 22% a nível regional e local respectivamente.
Tabela 20 - Contribuição das construções associadas ao golfe na evolução de construção regional
(Fontes: INE; DGOTDU, 2008; Planos de Urbanização, Planos de Pormenor, Informação dos
proprietários)).
Contribuição
dos fogos de
golfe na
construção
regional
Nº Fogos
totais
concluídos
(fonte: INE)
Nº total de
fogos de
golfe
concluídos
1997
4507
90
2.0%
2000
7778
93
1.2%
2001
9596
1716
6.3%
2002
10222
354
3.5%
2003
9155
56
0.6%
2004
7283
48
0.7%
Algarve
37
Tabela 21 - Contribuição das construções associadas ao golfe na evolução de construção local (Fonte:
INE; DGOTDU, 2008; Planos de Urbanização, Planos de Pormenor, Informação dos proprietários)).
Nº fogos associados
Concelho
Nome
Ano
Nº total fogos
a golfe
Contribuição
concluídos por
Inauguração
Vilas
Apartamentos
ano respectivo
dos fogos
de golfe no
total local
Balaia Golfe
Castro Marim
C.C.
Quinta da
Boavista
Millenium
2001
-
543
1093
50%
2001
61
-
392
15.6%
2002
210
144
839
42.2%
2000
61
32
1148
8.1%
Loulé
Victória
2004
48
-
855
5.6%
Olhão
Colina Verde
2003
-
56
411
13.6%
Portimão
Alto Golf
1997
90
-
506
17.8%
Albufeira
Castro
Marim
Lagos
Loulé
O alojamento associado ao golfe acaba também por implicar áreas de implantação maiores que um
hotel uma vez que na sua generalidade consiste em aldeamentos turísticos compostos por vilas,
townhouses e apartamentos. Além de serem mais apelativas para os jogadores estas tipologias são
também mais adequadas para vender, pois é conhecido o valor elevado que os imóveis podem atingir
dentro campos de golfe. Dessa forma contribuem para a rentabilização imediata do campo e não
contribuem para os custos de manutenção do mesmo. Em média, observou-se a criação de 20
hectares de urbanização um número total de 217 fogos construídos por cada campo de 18 buracos
existente o que poderá corresponder a uma capacidade para 860 habitantes (Tabela 22).
Tabela 22 - Indicadores de construção por campo de 18 buracos (Fontes: DGOTDU, 2008; Planos de
Urbanização, Planos de Pormenor, Informação dos proprietários).
Por campo de 18
Área urbanizada
buracos criado:
(ha)
Max
Média
Desvio padrão
95
Média
20
24
Fogos construídos (Nº)
Min
Max
0
1814
Média
217
Min
0
387
É claro que existe uma grande variabilidade em relação a estes valores com desvios padrão de 387
fogos e 24 hectares respectivamente mas que é derivado do facto dos empreendimentos com maior
número de fogos e área urbanizada apresentarem valores muito acima da média como por exemplo
Vale de Lobo com 1500 fogos em 35 hectares. Não obstante, considera-se um impacte negativo
permanente significativo.
38
4.2.2. Efeitos económicos no imobiliário
Uma influência secundária que tem vindo a ser atribuída à implantação de campos de golfe é o
aumento do preço do imobiliário em geral nas zonas onde estes se estabelecem.
Alguns estudos comprovam que as externalidades que um campo de golfe pode originar, assim como
outros tipos de espaços verdes abertos, têm efeitos significativos no preço das habitações anexas a
estes (Bolitzera e Netusilb, 2000) com os preços a poderem ser incrementados entre 3000 e 1500
US$ num raio de distância de 500 metros dum espaço verde aberto. Mais especificamente, crê-se
que o valor de propriedades adjacentes a campos de golfe possa ver o seu preço inflacionado cerca
de 7.6% devido a essa proximidade tendo-se verificado nesta hipótese um aumento do preço das
casas em cerca de 30000 US$ (Quang Do e Grudnitski, 1995).
Na realidade estas tendências comprovaram-se no valor dos prédios (terrenos) transaccionados no
Algarve durante e após o inicio da segunda onda de construção de campos, em 2001. O valor médio
dos prédios urbanos passou quase para o dobro em quatro anos de monitorização mas o mais
surpreendente é a quase triplicação do valor dos prédios rústicos nessa mesma janela de tempo que
em média passaram de 40 mil euros para 120 mil euros (Figura 20) a valores de 2007. Estes são
definidos como sendo terrenos que não são classificados como terrenos de construção e que para
todos os efeitos são considerados como terrenos com destino a actividades agrícolas (INE). Mas
dado que terrenos deste tipo têm sido alvo de uma conversão para áreas de golfe, é natural que o
seu valor tenha vindo a ser incrementado.
Euros
Evolução do valor médio dos prédios
160.000
140.000
120.000
100.000
80.000
60.000
40.000
20.000
0
Total
Prédios urbanos
Predios rústicos
2003
2004/2005
2006
2007
Figura 20 - Evolução do valor médio dos prédios (Fonte: INE).
Numa análise mais localizada, e comparando os concelhos com campos de golfe com os que não
possuem este tipo de instalações, verificou-se que são sempre os primeiros a ter um maior número
de terrenos rústicos a serem transaccionados (Figura 21) assim como é sempre superior o volume de
capital envolvido nas mesmas (Figura 22).
39
Evolução do nº de prédios rústicos transaccionados
800
Nº
700
Albufeira
600
Faro
500
Lagoa
Loulé
400
Portimão
300
Vila Real de Santo António
200
Alcoutim
100
Lagos
Monchique
2001
2002
2003
2004
2005
2007
Figura 21 - Evolução do nº de prédios rústicos transaccionados por concelho (Fonte: INE).
Evolução do valor das transacções de prédios rústicos
180 000
160 000
milhares de euros
140 000
Albufeira
120 000
Faro
Lagoa
100 000
Loulé
Portimão
80 000
Vila Real de Santo António
60 000
Alcoutim
Lagos
40 000
Monchique
20 000
2001
2002
2003
2004
2005
2007
Figura 22 - Evolução do valor total de transacções de prédios rústicos por concelho (Fonte: INE)
O concelho de Loulé está em evidência nestes dois panoramas mas no que concerne ao valor médio
dos prédios rústicos transaccionados a diferença para outros concelhos com golfe já se apresenta
mais diluída (Figura 23).
40
Valor médio dos prédios rústicos transaccionados
400.000
350.000
300.000
euros
250.000
200.000
150.000
100.000
50.000
ALGARVE
Albufeira
Faro
Lagoa
Loulé
Portimão
Vila Real de Santo António
Alcoutim
Lagos
0
Monchique
Figura 23 - Valor médio dos prédios rústicos transaccionados por concelho (Fonte: INE)
O valor dos prédios rústicos nos concelhos com golfe supera mesmo o valor médio para a região
algarvia. Por seu lado os concelhos isentos de golfe apresentam sempre valores bem mais baixos,
caso de Monchique, Alcoutim e mesmo Faro (Figura 23).
A variação entre 2000 e 2007 também sugere o mesmo efeito inflacionário na medida em que os
grandes picos de crescimento de preço se observam nos concelhos com maior número de campos
(Figura 24).
Variação de valor médio de prédios rústicos 2000-2007
350 000
300 000
250 000
200 000
150 000
100 000
50 000
0
P.rusticos
Figura 24 - Variação de valor médio de prédios rústicos entre 2000 e 2007 por concelho (Fonte: INE)
O mesmo efeito se passa com os lotes urbanos com aptidão para construção na medida em que se
verifica abissal a diferença entre o valor de um lote para urbanização dentro de um empreendimento
41
de golfe e o valor médio dos terrenos urbanos transaccionados em 2007, por exemplo em Loulé. O
valor mínimo para um lote de terreno dentro de um campo em Loulé foi de 525 mil euros, a valores de
2007, enquanto o valor médio dos prédios urbanos transaccionados nesse concelho foi de cerca de
280 mil euros. Numa pequena estatística efectuada com dados de terrenos de urbanos localizados
em campos e fora em Vilamoura e Quarteira respectivamente (Anexo V), foi verificado que o valor de
2
um lote para construção dentro dos campos de Vilamoura atinge um preço por m de cerca de 1326
euros com um desvio médio de 732 euros enquanto um terreno urbano com aptidão para construção,
2
localizado em Quarteira fora da zona dos campos atinge cerca de 322 euros por m com um desvio
de 200 euros. Ou seja no mínimo tem-se uma diferença 72 euros por m2 o que perfaz um incremento
de preço de 114% no preço dentro de campos face ao preço fora dos campos (Tabela 23).
Tabela 23 - Variação de preço de lotes urbanos dentro e fora de campos de golfe (Fonte: www.imoportugal.pt.)
Preço médio
Desvio
Preço médio lote
Desvio
lote urbano de
médio
urbano fora de
médio
2
2
2
Inflação de preço devido ao
golfe
2
golfe (€/m )
(€/m )
área golfe (€/m )
(€/m )
1326
732
322
200
Máxima
Média
Mínima
1649%
412%
114%
Esta comparação apresenta-se no entanto, bastante limitada na medida em que se centrou numa
pequena amostra, numa área muito localizada e na qual não houve discriminação entre lotes
clássicos e lotes de luxo, que poderiam vir a demonstrar uma diferença de preço menos acentuada.
Sugere-se assim um estudo mais fino desta questão, efectuado em várias áreas de forma a
comprovar de forma mais geral este fenómeno.
4.3.
Sector do turismo
O turismo da região algarvia começou por assentar apenas no conceito de turismo balnear graças à
sua extensa orla costeira. Actualmente ainda é este factor que motiva grande parte dos turistas que
afluem á região (84% dos turistas que vão para o Algarve (Turismo de Portugal, 2007)) mas dado que
os turistas de golfe têm interesses e particularidades diferentes das dos turistas meramente balneares
é possível que novas tendências venham a nascer no seio da indústria turística algarvia. Mais
concretamente, e como foi exposto anteriormente, o turista de golfe que visita a região é normalmente
abastado, utiliza alojamentos mais luxuosos, faz uma despesa média em alojamento superior ao
turista normal (45€/dia por golfista acima dos 33€/dia observados por turista médio) e gosta de
desfrutar de outras experiencias culturais da região que visita além do golfe (THR Acesores en
Turismo, Hotelaría y Recreación, S.A, 2006). Por estes factos foram identificados três possíveis
efeitos com este novo segmento turístico e que foram alvo de uma observação, nomeadamente, o
aumento de estabelecimentos turísticos para suprir a necessidade de mais alojamento, o aumento de
42
receitas destes estabelecimentos e ainda a diminuição da sazonalidade dado que a época alta do
golfe decorre entre o Outono e a Primavera.
A comparação entre a evolução dos estabelecimentos hoteleiros criados, segundo dados do INE, e a
evolução dos empreendimentos de golfe construídos permitiu concluir que estas se encontram em
sintonia quase perfeita, o que quer dizer que o desenvolvimento recente dos empreendimentos
algarvios tem sido, em parte, motivado pelos projectos de golfe (Figura 25). Mais especificamente, o
aumento nos complexos de golfe representou cerca de 30% e 18% em cada um dos aumentos
respectivamente. Neste caso, para efeitos, estatísticos os aldeamentos e apartamentos turísticos são
também classificados como estabelecimentos turísticos e cada resort foi considerado como um
estabelecimento.
400
300
200
100
0
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Nº de campos
Nº estabelecimentos
Evolução de estabelecimentos hoteleiros e golfe
500
Estabelecimentos
hoteleiros
Figura 25 - Evolução de estabelecimentos hoteleiros e golfe. (Fontes: INE; (Algarve Golf, 2008); (Portugal
Golf, 2008); (Virtual Portugal, 2009)).
A análise dos benefícios no nº de turistas e das mais-valias económicas não pode ser a partida tão
linear como a anterior, uma vez, que a reacção será, à partida mais lenta e gradual pois, depende da
aceitação dos novos complexos por parte dos consumidores dos seus serviços.
Segundo os dados recolhidos num inquérito aos campos, estimou-se a partir do nº de voltas
vendidas, que o nº de jogadores a vir para a região algarvia tem vindo aumentar anualmente (Tabela
24). Em 2007, o número de turistas que se deslocaram até à região apenas com o golfe como motivo
de deslocação representou já cerca de 11.6% dos turistas que a ela afluíram (Turismo de Portugal,
2007) valor que representou cerca de 342000 potenciais praticantes de golfe.
43
Tabela 24 - Indicadores de golfe de 1999 a 2002 (Fontes: (Universidade do Algarve, 2004); (Região de
Turismo do Algarve, 2008)).
1999
2000
2001
2002
2007
30
19.5
21
24
27.5
31.5
837853
877007
904623
913090
1148000
4,5
4,5
4,5
4,5
4,5
186190
9309
194890
8473
201027
7732
202909
7247
255111
Variação de voltas (%)
-
4.7%
3.1%
0.9%
25.7%
Variação de campos (%)
-
7.7%
14.3%
14.6%
14.5%
Nº campos equivalentes
Nº total de voltas efectuadas /ano
Nº médio de voltas por jogador
Nº total de jogadores / ano
Nº jogadores/ campo equivalente
8099
Entre 2007 e 2008 estimou-se que o nº de voltas jogadas tenha aumentado para um total de 1148000
(Região de Turismo do Algarve, 2008). Deste modo e assumindo que o nº médio de voltas por
jogador não ser tem vindo a alterar calculou-se que em 2007 o nº total de jogadores tenha passado
para 255111 (Tabela 24). Um valor que representa 8% do nº de hóspedes verificado no Algarve neste
ano, atendendo que o número de hóspedes foi de cerca de 3 milhões. Assumindo uma distribuição
equitativa de jogadores por todos os campos observa-se que, em média se atingiu os 8100 jogadores
por cada campo de golfe de 18 buracos existente. Este número total representou deste modo uma
variação de cerca de 37% em relação a 1999.
A diferença entre o nº jogadores estimado e o nº de potenciais praticantes de golfe poderá ter como
origem o facto de alguns jogadores se inscreverem como hóspedes em vários resorts durante a sua
estadia, inclusão dos acompanhantes de jogadores nas estatísticas ou mesmo pela vinda de adeptos
e jornalistas aos torneios que assim têm igual motivo que os jogadores mas acabam por não jogar
efectivamente.
Tal número de jogadores vem impulsionar o mercado hoteleiro da região pois como já foi referido os
jogadores optam por alojamento acima de média quer em nº de dias quer em qualidade das
instalações que escolhem para o efeito.
Tem-se verificado, contudo que o aumento do número de campos cresce a uma razão bem mais
elevada que o número de voltas e que em termos globais entre 1999 e 2007 houve um aumento de
61% de campos equivalentes de 18 buracos para os referidos 37% de aumento de voltas (Tabela 24).
Esta situação de oferta superior à procura acaba por não ser vantajosa na medida em que vai fazer
com que a procura se dilua mais e pode fazer com que os campos operem abaixo da sua capacidade
o que pode em alguns casos por em risco a própria manutenção dos campos. Esta situação só se
começou a verificar com a implantação da segunda vaga de campos em 2000 uma vez que não se
verificava em alturas anteriores (Figura 26). Desta forma pode concluir-se que a construção massiva
de campos mais recente não tem sido benéfica nem mesmo para a própria indústria do golfe.
30
(Região de Turismo do Algarve, 2008)
44
10000
20%
8000
15%
6000
10%
4000
5%
2000
0%
0
1998
1999
2000
Variação de voltas (%)
2001
Nº jogadores/campo
Variação
25%
2002
Variação de campos (%)
Nº jogadores/ campo equivalente
Figura 26 - Variações marginais do nº total de voltas e campos (Fontes: (Universidade do Algarve, 2004);
(Região de Turismo do Algarve, 2008)).
Não deixa no entanto de atrair fluxos de turistas interessantes e que podem ter impacto regional e
local. Analisando os potenciais fluxos de turistas de golfe no panorama turístico algarvio pode
constatar-se que a sua importância se faz sentir, potencialmente, mais a nível de dormidas do que
propriamente de hóspedes (Tabela 25). Uma conclusão que pode ser justificada com o facto do
crescimento de hóspedes totais se ter processado a um ritmo mais elevado que o crescimento de
jogadores. Este jogadores contudo têm uma estadia mais prolongada que o habitual turista sendo que
os primeiros permanecem em média 9.5 dias na região enquanto os segundos permanecem apenas
5.3 dias (PENT - Turismo de Portugal, 2007) o que naturalmente terá mais consequências ao nível
das dormidas como foi referido. Regionalmente, o crescimento do golfe terá contribuído para uma
variação positiva de cerca de 3.5% dos hóspedes totais e cerca de 4.5% do nº total de dormidas
(Tabela 25). A nível local foram os concelhos com fraco desenvolvimento de turismo de golfe e que
investiram nesse nicho de mercado entre 1999 e 2007 que revelaram os potenciais aumentos de
turistas e dormidas mais significativos como por exemplo os verificados para Lagos, Tavira e Vila
Real de Santo António (VRSA) com aumentos de cerca de 7%, 12% e 27% respectivamente em nº de
hóspedes e 10%, 15% e 36% respectivamente para o nº de dormidas. Destaca-se também o turismo
de golfe em Loulé, o centro nevrálgico deste desporto na região, e no qual os fluxo de turistas de
golfe se estimou terem uma importância de 23% ao nível de hóspedes e 50% (Tabela 25). Denote-se
que o efeito de maior diluição de procura referida anteriormente pode ser verificada em concelhos
como Lagoa e Vila do Bispo cuja procura de golfe calculada acabou por revelar um decréscimo.
45
Tabela 25 - Potencial contribuição do golfe no panorama turístico do Algarve entre 1999 e 2007 (Fontes: INE; (Universidade do Algarve, 2004); (Região de Turismo
do Algarve, 2008)).
Campos
Jogadores
1999 2007
Hóspedes
1999
2007
1999
Dormidas
2007
1999
2007
Contribuição do
golfe na variação (%)
Variação (%)
Hóspedes Dormidas Hóspedes Dormidas
0.4%
Contribuição
% Jogadores
dos
nos
jogadores
hóspedes
nas
totais
dormidas (%)
1999
2007
1999
2007
2.1%
1.4%
2.3%
2.4%
Albufeira
1.5
2
13964
16198
652034 1140078
5783495
6406324
74.8%
10.8%
0.3%
Lagoa
2.5
2.5
23274
20247
159977
198041
1124847
1035986
23.8%
-7.9%
-1.9%
Lagos
1
2
9309
16198
94972
158540
656904
750079
66.9%
14.2%
7.3%
Loulé
11
13 102404 105284
336915
454439
2050096
2012364
34.9%
-1.8%
0.9%
Olhão
0
0.5
0
4049
1393
-
3056
-
-
-
290.7%
1258%
Portimão
3
5
27928
40494
350010
402738
2902253
2094840
15.1%
-27.8%
3.6%
4.1%
Tavira
0
1
0
8099
67084
163451
496054
722017
143.7%
45.6%
12.1%
15.5%
Vila do Bispo
1
1
9309
8099
32388
32058
143562
86721
-1.0%
-39.6%
- 3.7%
-8.0% 28.7% 25.3% 61.6% 88.7%
Vila Real de
Santo
António
0
3
0
24296
90080
164690
642366
958401
82.8%
49.2%
27.0%
35.9%
ALGARVE
20
31.5 186190 255111 1961713 2940592 14431795 14685009
49.9%
1.8%
3.5%
4.5%
-2.6% 14.5% 10.2% 19.7% 18.6%
10.0%
9.8% 10.2% 13.5% 20.5%
1.3% 30.4% 23.2% 47.5% 49.7%
0.0%
-
0.0%
0.0%
8.0% 10.1%
9.1% 18.4%
0.0%
0.0% 10.7%
5.0%
0.0% 14.8%
9.5%
0.0% 24.1%
8.7% 12.3% 16.5%
46
Estas variações implicarão repercussões também ao nível financeiro tanto a nível regional como ao
nível local com a atracção deste tipo de turistas. Actualmente, calcula-se que os lucros desta
actividade se traduzam numa quantia de 86 milhões de euros de receitas directas anuais e 250
milhões de euros em receitas indirectas representando assim no total cerca de 8,5% da receita total
turística no Algarve (Faculdade de Economia da Universidade do Algarve para AHETA, 2004).
Atendendo aos gastos médios diários estimados para um turista de golfe enquadrado no estilo dos
que visitam a região algarvia, que em média optam por estadias de 9.5 dias e que no panorama dos
28 campos de golfe equivalentes em 2002, cada campo teria a visita de uma média de 7246
jogadores, estimou-se que cada empreendimento geraria cerca de 3 milhões de euros de receitas
brutas com os gastos directos dos turistas nos campos. Os gastos dos jogadores em alojamento
também foram estimados e rondam esse mesmo valor já contanto com os dias de estadia referidos
(Tabela 26).
Tabela 26 - Despesa média diária por jogador e despesa anual gerada pela afluência média de um campo
em 2002 (Fonte: (Universidade do Algarve, 2004)).
Tipo de despesa (a valores
médios de 2002)
Despesas totais
geradas pela
afluência média
de um campo
equivalente
Euros
1989232
61
Despesa
média diária
por turista de
golfe31
Green fee médio
Despesas média total no
campo
45.08
Despesa média em alojamento
45.66
3103491
3143421
Comparando a média de proveitos de aposento (receitas geradas pelas dormidas) de um hotel e de
uma aldeamento turístico com o valor obtido nesta ultima tabela para um campo de 18 buracos
verifica-se que as despesas dos jogadores de um campo em dormidas, nesse ano dariam para cobrir,
em média, os proveitos de 1 hotel de 265 camas ou de 2 aldeamentos turísticos de 470 camas
(Tabela 27).
Tabela 27 - Comparação entre proveitos de aposento médios por estabelecimento hoteleiro e o proveito
gerado num empreendimento hoteleiro em 2002 (Fontes: INE; (Universidade do Algarve, 2004)).
Gastos dos
Receitas de
Receitas de dormidas /
dormidas / hotel
aldeamento turístico
médio de 265
médio de 470 camas
camas (Euros)
(Euros)
3144303
31
Gastos dos jogadores
jogadores em
em alojamento fora do
alojamento fora do
campo/ receita hotel
campo/ receita
médio
aldeamento turístico
médio
1598933
1
2
(Faculdade de Economia da Universidade do Algarve para AHETA, 2004)
47
No total em 2002 estimou-se que os proveitos de aposento gerados pela actividade dos campos terão
contribuído cerca de 26% para o balanço global de proveitos por aposento regional e gerado cerca de
53% do total registado em Loulé. Mais uma vez se remete para importância destes ganhos para
concelhos com baixas afluências de hóspedes como Tavira e VRSA que registaram contribuições
potenciais bem acima da média algarvia (Tabela 28).
Tabela 28 - Contribuição potencial dos jogadores de golfe para os proveitos de aposento dos
estabelecimentos hoteleiros em 2002 (Fontes: INE; (Universidade do Algarve, 2004)).
Proveitos Contribuição
Campos de Proveitos
gerados do golfe nos
golfe
Totais
por
proveitos de
equivalentes (milhares
jogadores
aposento
2002
de euros)
(euros)
(%)
2
110 674
6286842
5.7%
Concelho
Albufeira
Lagoa
2.5
37 475
7858553
21.0%
Lagos
2
15 301
6286842
41.1%
Loulé
12
70 417
37721052
53.6%
Portimão
4
51 517
12573684
24.4%
Tavira
1
7 997
3143421
39.3%
Vila do Bispo
1
3 567
3143421
88.1%
Vila Real de Santo António
2
10 764
6286842
58.4%
26.5
322 306
83300657
25.8%
Algarve
A redução do efeito de sazonalidade é apontada como uma vantagem dos empreendimentos de golfe
em relação aos exclusivamente dedicados ao turismo balnear (PENT - Turismo de Portugal, 2007).
Uma vez que a época alta do golfe vai de Setembro a Novembro e de Fevereiro a Maio é uma
possibilidade que se apresenta como boa opção para minimizar tal efeito e na realidade já tem dado
os seus frutos pois esta tendência aparece bem vincada quando se compara os nº médio mensal de
hóspedes (INE, 2007) com o nº médio estimado de jogadores (RTA, 2008) (Figura 27).
30000
25000
20000
15000
10000
5000
Nº médio mensal de hópedes
Dez
Nov
Out
Set
Ago
Jul
Jun
Mai
Abr
Mar
Fev
0
Nº médio mensal de jogadores
400000
350000
300000
250000
200000
150000
100000
50000
0
Jan
Nº médio mensal de hóspedes
Sazonalidade de hóspedes e jogadores
Nº médio mensal jogadores
Figura 27 - Variação média mensal de hóspedes e jogadores de golfe no Algarve em 2008 (Fontes: INE;
(Região de Turismo do Algarve, 2008)).
48
Entre Setembro e Novembro os jogadores representam uma potencial ocupação que se encontra em
média entre 7.7% e 17.5% enquanto entre Fevereiro e Abril os jogadores asseguram em média cerca
de 10% a 15% da ocupação turística algarvia nesse período. Comparando os índices de
sazonalidade de jogadores entre 2003 e 2007 usando o método das médias simples sem ajustamento
(Universidade Nova de Economia, 2006) observou-se um ligeiro aumento de afluência nos meses de
Janeiro, Junho, Julho, Setembro Outubro e Novembro verificando-se assim cada vez mais a
atenuação da sazonalidade principalmente nos meses de Outono (Figura 28).
Indice (%)
Indice de sazonalidade
160
150
140
130
120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
2007
2003
Figura 28 - Comparação entre índices de sazonalidade de jogadores (Fontes: (Universidade do Algarve,
2004); (Região de Turismo do Algarve, 2008)).
A hipótese da maior afluência de jogadores às zonas que apresentam maior número de campos
acabou por nem sempre se comprovar na comparação entre voltas vendidas na zona ocidental (Vila
do Bispo, Lagos, Portimão, Lagoa, Silves e Albufeira) e na zona central algarvia (Loulé). Apesar desta
última apresentar um valor global de voltas sempre superior, o facto é que nem sempre a sua
distribuição por campo superou as que voltas vendidas por campo na região ocidental (Figura 29)
sugerindo assim que existirão outros factores importantes para a implantação de tão elevado número
de campos neste concelho. Em termos de impacte é pode dizer-se que o golfe causa um efeito
permanente positivo mas variável.
49
50000
45000
40000
Nº voltas
35000
30000
25000
Zona Ocidental
20000
Zona Central
15000
10000
5000
0
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Figura 29 - Evolução do nº de voltas vendidas por zona (Fonte: (Universidade do Algarve, 2004)).
4.4.
Sector sócio-económico
As constatações feitas no sector turístico permitiram concluir que o golfe veio dar impulsão ao sector
quer ao nível de hóspedes quer ao nível receitas dos estabelecimentos, principalmente, ao nível
regional. Tal evolução, pode trazer consequências económicas quer ao nível das empresas que
trabalham directamente com este segmento como nas que trabalham indirectamente com o sector,
uma vez que novos tipos de turistas implicam novos nichos de mercado por satisfazer.
Estudos sobre a economia de golfe noutros destinos, como o estado do Michigan ou a Carolina do
Sul, com intensa actividade do mesmo permitiram concluir que, em geral, o golfe gera impactes
económico substanciais quer a nível regional que a nível local (Stynes et al., 2000), mais
concretamente, no aumento da demanda de serviços e produtos turísticos, da mão-de-obra
necessária e mesmo nos impostos que são pagos á autarquias (Flowers, 2009). Os impactes directos
normalmente apresentados relacionam-se com as vendas e postos de trabalho assegurados pela
entrada de capital. Na classe dos impactes indirectos estão dois tipos, mais especificamente, o
aumento gastos dos golfistas noutros serviços e empresas com serviços complementares ao golfe e o
aumento dos gastos dos operadores de golfe nos serviços locais onde operam graças ao aumento
dos lucros com os golfistas (Stynes et al., 2000). Este efeito foi inclusivamente estimado e foram
obtidos valores nos rácios impactes totais/directos na ordem dos 1.62 e 1.75 para as regiões referidas
o que significa que por cada dólar gerado directamente das vendas outros 0.62 e 0.75 cêntimos são
gerados indirectamente nos serviços complementares. No estudo realizado para os campos da região
o valor obtido para um rácio de 1.73 o que se enquadra dentro deste limites.
Dentro do tecido empresarial do golfe existiam em 2003, 15 empresas directamente ligadas ao
turismo de golfe (Faculdade de Economia da Universidade do Algarve para AHETA, 2004) mas nem
só estas empresas beneficiam com este negócio.
50
Tendo em conta o capital médio que é gasto por um turista de golfe (Tabela 26) e os indicadores
financeiros das empresas em 2002 efectuou-se o calculo da contribuição total directa e indirecta do
golfe nesse ano assim como os potenciais benefícios associados por empreendimento implantado,
ambos estimados de grosso modo.
Para o caso da empregabilidade no sector turístico estimou-se que no total cerca de 945 empregados
em campos o que representará cerca de 6.6% dos empregados actualmente em estabelecimentos
hoteleiros da região e 0.5% da população empregada total (Tabela 29).
Tabela 29 - Indicadores de empregabilidade directa do golfe estimados a nível regional (Fontes: INE;
(Universidade do Algarve, 2004)).
Ano
2002
Nº de campos simples equivalentes
31.5
Nº médio de empregados por campo 18 buracos (fonte: Universidade do Algarve)
30
Nº médio de empregados por resort de golfe (Fonte: EIA’s)
95
Nº total de empregados em campos golfe em 2002
945
População empregada regional (Nº) (INE, 2003)
202400
Pessoal ao serviço de estabelecimentos hoteleiros (Nº) (INE, 2003)
14286
Fracção dos empregados de golfe na população empregada regional
0.5%
Fracção dos empregados de golfe no pessoal ao serviço nos Est. hoteleiros
6.6%
Contribuição no aumento de postos de trabalho de turismo relativamente a 2000
3.5%
.
Relativamente à actividade agrícola a actividade dos campos permite, em média, a manutenção de
um número de postos de trabalho permanentes significativamente maior, na ordem dos 500% vindo
assim trazer um maior dinamismo a zonas nas quais o abandono das áreas agrícolas poderá estar a
contribuir para o êxodo da população para as áreas urbanas (Tabela 30). Assim sendo o golfe poderá
ser uma boa alternativa para contrariar o despovoamento de zonas agrícolas em declínio.
Tabela 30 - Comparativo de empregabilidade permanente entre golfe e agricultura (Fonte: INE)
Área de SAU
média (há)
(fonte: INE)
102755
Mão-de-obra
agrícola
permanente (nº)
(fonte: INE)
10811
Média de
Média de
Incremento
trabalhadores
empregados / 100
de mão-de-
agrícolas
ha de área de
obra
permanentes /100 ha
empreendimento de
associada
de SAU
golfe
ao golfe
11
55
500%
Existe no entanto variabilidade inerente a cada tipo de actividade agrícola mas não existe informação
discriminada para tal comparação.
A afluência dos jogadores aos campos origina não só receitas nos mesmos mas também na
aquisição de bens e serviços complementares como por exemplo em alimentação ou ainda em
actividades culturais e de animação turística. No inquérito aos campos executado pela Universidade
do Algarve foram compilados os gastos médios de cada jogador discriminados por tipo de actividade,
51
fora dos campos. Assumindo a distribuição média de 7250 jogadores por cada campo, de 18 buracos
existente, em 2002, foi possível estimar os potenciais ganhos anuais em diversas actividades com o
mercado turístico de golfe (Tabela 31).
Tabela 31 - Gastos médios do total e por jogador de golfe fora dos campos (Fonte: (Faculdade de
Economia da Universidade do Algarve para AHETA, 2004)).
Tipo de despesa
Gasto
Gastos totais/ Nº médio
/jogador
jogadores . empreendimento
(Euros)
(Euros)
Gastos totais
dos jogadores
em 2002
(Euros)
Alojamento
45.66
330886
9264820
Alimentação
20.39
147761
4137312
Recreio cultura
31,03
224866
4137312
No estudo executado a partir dos inquéritos foi estimado apenas o Valor Acumulado Bruto (VAB) que
o golfe vem acrescentar ao VAB regional, cerca de 0.07%, no entanto, a tradução destes ganhos em
possíveis postos de trabalho acabou por não ser feita por se ter considerado que é um parâmetro que
está sujeito a uma enorme variabilidade. Por oposição os estudos efectuados nos EUA, referidos
anteriormente, fizeram esta estimativa com base nas vendas geradas por jogadores em bens e
serviços e na porção total dessas vendas que é canalizada para os custos com pessoal tendo sido
calculados tanto postos de trabalho como os possíveis vencimentos que advêm dessas vendas,
recorrendo a modelos económicos. Uma vez que não teve acesso a tal modelação, optou-se por uma
abordagem mais elementar, calculando-se um potencial número de postos de trabalho que possam
ter sido mantidos através do capital gerado pelos jogadores de golfe fora dos campos em diferentes
actividades e serviços. Com esse objectivo foi então calculada a fracção das dos custos com pessoal
nas receitas totais e também o valor de vendas que é absorvido por impostos chegando assim a uma
estimativa do capital que poderá ter contribuído para os vencimentos dos funcionários através da
actividade do golfe em cada um dos sectores. Os dados das várias actividades económicas foram
obtidos através do INE. Os dados para comparação com o sector de Alojamento e Restauração foram
feitos assumindo que a grande parte dos gastos de um jogador em alimentação é feito em
restauração tendo sido somados aos gastos com alojamento.
A um nível de significância global pode dizer-se que as actividades de alojamento e restauração e
actividades recreativas culturais e desportivas têm beneficiado com a vinda de jogadores pois foi
estimado que estes financiaram cerca de 367 postos de trabalho na primeira e 137 na segunda para
valores relativos a 2002 (Tabela 32) sendo esta última a que beneficia mais relativamente com os
postos mantidos a representarem 10% do total. Existem, no entanto, outras actividades como os
transportes internos nos quais também são efectuadas despesas pelos jogadores mas que por falta
de dados mais específicos para comparação não foram incluídos neste cálculo mas que
incrementariam bastante estes valores.
52
Tabela 32 - Estimativa de postos de trabalho indirectos financiados por golfe em 2002 (Fontes: INE;
(Universidade do Algarve, 2004)).
429
Alojamento
e
restauração
total
4759
Actividades
recreativas,
culturais e
desportivas
267
12780
24343
1358
322306
763351
62383
93469
203057
15926
29%
27%
26%
30
5
5
7314
8341
11727
3%
2%
10%
367
427
137
3%
2%
10%
15
5
5
Estabelecimentos
hoteleiros
Nº empresas
Pessoal ao serviço (Nº)
Receitas (milhares de euros)
Custos com pessoal (milhares de
euros)
% Custo com pessoal
Nº empregados / empresa
Ganho médio anual /trabalhador (€)
Fracção de receitas geradas por
golfe
Nº total de postos de trabalho
financiados
Fracção do Pessoal ao serviço (%)
Nº de postos de trabalho
financiados por empreendimento
Atendendo a que os 27.5 campos de 18 buracos em 2002 geravam 825 postos de trabalho directos,
os postos criados indirectamente só nestas duas actividades representavam um acréscimo de 68%
de empregos ligados ao golfe. Ao nível de significância de um empreendimento com uma afluência
média de jogadores referida anteriormente, pode obter-se a mesma tendência tendo sido
potencialmente financiados cerca de 15 postos em alojamentos fora do campo e 5 postos de trabalho
em actividades de recreio e cultura. Tendo em conta que em geral as áreas reconhecidas como
destinos de golfe atraem um número de jogadores significativamente acima do número médio estas
contribuições poderão ter maior expressão nessas localizações, como por exemplo no concelho de
Loulé com os seus 13 campos de equivalentes. Trata-se portanto de um impacte positivo permanente
significativo.
53
4.5.
Sector energético
Os empreendimentos de golfe acarretam, por norma, grandes gastos energéticos, nomeadamente,
inerentes à sua manutenção. Um campo típico necessita de energia para as suas instalações de
suporte como as clubhouse’s mas, principalmente, para alimentar os sistemas de bombagem que
constituem os complexos sistemas de rega e também para sustentar toda a maquinaria indispensável
tanto a operações de manutenção como para uso de clientes como são, por exemplo, os buggies,
cuja fracção maioritária nos campos algarvios, ainda é movida a electricidade recorrendo a baterias
(Faculdade de Economia da Universidade do Algarve para AHETA, 2004). Estes gastos apenas para
o caso de um campo simples porque existem outros derivados das infra-estruturas de alojamento que
lhes podem estar associadas e que já se referiu ser a situação mais comum na região de estudo.
As estimativas efectuadas para os campos em território nacional referem que em média um campo
consume 5740 kwh/ha anualmente enquanto os empreendimentos consumem 3860 kwh/ha
(Faculdade de Economia da Universidade do Algarve para AHETA, 2004). Fazendo uma comparação
com o consumo doméstico na região do Algarve estimou-se que actualmente a exploração energética
de um campo médio com cerca de 55 ha consome o equivalente à energia gasta por 135
consumidores domésticos utilizando para tal os valores médios de consumo de energia de 2007 (INE,
2007). Por sua vez, um campo com a área média de urbanização média calculada anteriormente tem
um consumo equivalente a 168 consumidores o que pode implicar um aumento de consumo de
energia eléctrica de cerca de 24% (Tabela 33). Obviamente que depois tudo dependerá do tipo de
manutenção efectuada sobre o campo e da dimensão e afluência na área urbanizada que têm
bastante variabilidade entre campos, podendo haver mesmo casos que haja inversão desta tendência
como se pode comprovar pela gama de valores de consumo apresentados, mas neste caso apenas
se pretendeu observar o efeito para o cenário médio de urbanização criada por campo.
Tabela 33 – Indicadores de consumo energético em campos de golfe e consumo doméstico (Fontes: INE;
(Universidade do Algarve, 2004)).
2255
Consumo médio anual por consumidor doméstico (kgep)
Min
387
Área de campo
(kgep/ha.ano)
Med
5549
Max
13533
Min
168
Área de empreendimento
(kgep/ha.ano)
Med
3731
Max
11600
Consumo médio anual
Área média de campo equivalente (ha)
Área média de urbanização criada por campo (ha)
Consumo médio por campo (consumidores domésticos
equivalentes) (kgep/ano)
Consumo médio por campo com urbanização (consumidores
domésticos equivalentes) (kgep/ano)
Variação
55
20
305177 (135)
379803 (168)
24%
54
Ainda é, no entanto, uma indústria com uma quota residual nos contextos energéticos regional e local
totais pois em, ambos, apresenta uma demanda que não chega a representar meio ponto percentual
em peso relativo, se apenas se considerar o consumo médio. Este peso aumenta quando se
comparam os valores estimados para as necessidades energéticas dos campos com a categoria de
consumo não doméstico e aí sim já se obtêm valores entre 0.3% e 3.2% de quota energética (Tabela
34).
Tabela 34 - Quota energética dos complexos de golfe a nível regional e local (Fontes: INE; (Universidade
do Algarve, 2004)).
2007
Algarve
Nº campos
equivalentes
2007
31.5
Estimativa de
Peso no
consumo
consumo total
(milhares de
não doméstico
kgep/ano)
(%)
9614
1.22%
Peso no
consumo
total (%)
0.46%
2
610
0.34%
0.19%
Lagoa
2.5
763
1.65%
0.58%
Loulé
13
3967
2.62%
0.84%
Portimão
5
1526
1.69%
0.68%
V.R.S António
3
916
3.24%
1.34%
Albufeira
Não obstante, dado que o incremento no sector se tem dado de forma quase explosiva é possível
estimar e apreciar que contributo teve o golfe para o aumento dos consumos energéticos das áreas
onde se estabelece (Tabela 35) e deste modo concluir que é suficientemente impactante para alterar
balanços regionais e, mais ainda, os balanços locais agravando a demanda em ambos embora de
forma não significativa. Enaltece-se o aumento em V.R.S. António que demonstra bem o efeito que
ocorre quando se passa por uma situação de súbito desenvolvimento, o que pode ter implicações na
própria infra-estrutura eléctrica e como tal levar a custos de adaptação adicionais para a autarquia.
Tabela 35 - Contribuição relativa do golfe no aumento de consumo energético regional e local entre 2000
e 2005 (Fontes: INE; (Universidade do Algarve, 2004)).
Albufeira
1
Estimativa da
variação das
necessidades
energéticas
(milhares de
kgep)
277
Loulé
2
Portimão
1
V.R.S António
Algarve
Variação energética
2000-2005
Variação
campos (Nº)
Peso no
aumento de
consumo
energético não
doméstico
Peso no
aumento de
consumo
energético
total
0.49%
0.27%
555
1.64%
0.50%
277
2.66%
0.55%
2
555
15.50%
3.80%
8
2219
1.25%
0.39%
Nesta análise de impactes energéticos procedeu-se a uma comparação com o sector agrícola, cujas
áreas se têm vindo a converter também em campos de golfe.
Ao efectuar comparação dos consumos por área unitária a agricultura apresenta-se claramente como
a actividade menos onerosa com um consumo equivalente anual a 0.3 consumidores domésticos por
55
hectare face aos 2.5 para os campos simples, um acréscimo de cerca de 800%. Mantêm ainda assim
pouca importância face ao consumo industrial (Tabela 36). Pode no entanto não se verificar para
todas as culturas, mas não foram obtidos dados com a discriminação necessária para tal
comparação.
Tabela 36 – Comparação do consumo energético no golfe, agricultura e indústria (Fontes: (DGGE, 2008);
(Universidade do Algarve, 2004)).
Consumo total
3
(10 kgep)
Área
Consumo por
área (kgep/ha)
Consumidores
domésticos/
ha
Sector
agrícola
73896
Sector
industrial
230978
Campo de golfe
9613
102756
1732
1733
719
133347
5549
0.3
59
2.5
A análise energética passa também pelo consumo de combustível efectuado tanto nos campos de
golfe como nos agrícolas. Assumindo que o combustível mais utilizado nos equipamentos de
manutenção de campos de golfe é a gasolina e presumindo que cada agricultor que consome
gasóleo agrícola representa uma exploração, comparando os consumos de combustível por área
unitária referente às áreas agrícolas (DGADR, 2003) e áreas de golfe (Universidade do Algarve,
2004) observou-se um consumo inerente a estas últimas 12 vezes mais elevado que as primeiras
(Tabela 37). Pode deste modo concluir-se que se trata de um impacte negativo permanente
significativo.
Tabela 37 - Consumos de combustível por área unitária em áreas de golfe e agricultura (Fontes: (DGADR,
2003); (Universidade do Algarve, 2004)).
2003
Agricultura
Golfe
Nº explorações
Consumo
consumidoras
combustível (l)
Área média
Área
exploração
consumidora
(ha)
(ha)
Consumo
(tep / ha)
6118
4483253
8.4
51391
0.11
-
-
-
-
11.7
56
4.6.
Ordenamento do território
Os impactes referentes ordenamento estão condicionados às figuras de ordenamento de território
aplicáveis à área de implantação do campo e estão relacionados, principalmente, com a atribuição de
novas funções dadas a essa área, sendo que estas teriam de estar, a partida, em consonância com o
que está regulamentado nessas mesmas figuras (Faculdade de Ciências do Mar e do Ambiente,
2004). Com efeito, este tipo de complexos tem que ser devidamente autorizado pelas instâncias
competentes para tal, processo este que leva em média 200 dias a concretizar-se.
No inventário executado inicialmente (Tabelas 13, 14 e 15) comprovou-se que 62% dos campos
estão incluídos em Áreas de Aptidão Turística (AAT) e cerca de 50% incluem áreas com classificação
de Áreas Urbano-Turísticas (AUT). Os restantes ocupam, na grande maioria, área agrícola ou agroflorestal. Por seu lado, as áreas de jogo propriamente ditas são classificadas nos PDM’s como sendo
Áreas de Equipamentos e Parques Urbanos (AEPU).
Sucintamente, pode dizer-se que as áreas de AAT são zonas delimitadas onde se podem incluir
empreendimentos e urbanizações turísticas. A área onde estas últimas se estabelecem é classificada
como AUT.
Na generalidade, os PDM’s apenas começaram a ser definidos entre 1993 e 1995 para os concelhos
algarvios e como tal, nessa altura, já tinha sido concluída a primeira vaga de construção de campos
que teve inicio em 1990 e acabou precisamente em 1993. Assim sendo a análise à dinâmica evolutiva
em termos de ordenamento apenas foi possível para os campos da segunda vaga que teve inicio em
1997. A partir desse período foi registada a implantação de 18 campos sendo que 10 deles se
incluíram em áreas AAT e 9 ocuparam áreas AUT ou têm planos aprovados para tal (Tabela 38).
57
Tabela 38 - Indicadores de ordenamento territorial dos campos de golfe (Fontes: (Algarve Golf, 2008);
(CCDR Algarve, 2008); (DGOTDU, 2008); (Portugal Golf, 2008); APA – EIA’s de campos de golfe no
Algarve em anexo)).
Concelho
Albufeira
Castro
Marim
Lagos
Loulé
Olhão
Zonas de
Implantação
Balaia
Zona agrícola
Golfe
condicionada/RAN
Castro
Espaços agroMarim C.C. florestais/REN
Quinta do Espaços agroVale
florestais/REN
Quinta da Boavista
Royal
Áreas UrbanoCourse
turisticas
Áreas urbanoMillenium
turisticas/RAN
Áreas urbanoVictória
turisticas/RAN
Área UrbanoPinheiros
turistica/RAN/REN/
Altos
PN Ria Formosa
Laranjal
Nome
Colina
Verde
Alto Golf
Portimão
Silves
Tavira
V.R.S.
António
Morgado
do
Reguengo
II
Morgado
do
Reguengo
II
Amendoeir
a Golf
Resort
Quinta de
Benamor
Quinta da
Ria
Monte Rei
Espaço agrícola
indiscriminado/apro
veitamento
hidroagrícola do
Sotavento/RAN
Golfe
Zonas de
Recursos Naturais
e Equilíbrio
Ambiental,
Imperativas e
Zonas
Agrícolas/RAN
Área fomento agroflorestal/Povoament
o florestal
Áreas de Aptidão
Turística (AAT)
Área agrícola
complementar/RAN
Áreas produção
agrícola Graus I e
II/RAN
Núcleo de
Desenvolvimento
Turístico pelo PDM
Área
empreendimento
AAT
AUT
27
-
210
RAN
PN Ria
Formosa
REN
Praias
Dunas
19
8
-
-
-
210
-
-
2
-
-
76
76
PP
aprovado
-
33
-
-
115
-
-
-
-
-
-
144
144
144
-
-
-
-
120
120
60
25
-
-
-
95
95
19
74
-
-
-
123
123
68
32
101
101
-
55
55
55
-
-
-
-
10
-
-
10
-
-
-
63
-
-
-
-
-
-
43
43
PU
aprovado
24
-
-
-
68
68
135
135
PU
aprovado
-
-
-
-
58
-
-
58
-
-
-
120
-
-
-
40
36
5
400
-
-
-
-
-
-
Comparando a informação constante nos PDM’s iniciais com a que figura actualmente nos mesmos é
possível verificar que as áreas de AAT e AUT não sofreram alterações e portanto, aquando da
construção dos campos anteriores já se encontravam definidas. Também através da tabela anterior
pode observar-se que existe uma implantação preferencial em áreas AAT.
Ou seja, não é o desenvolvimento dos campos que expande estas áreas mas sim a disponibilidade
destas áreas que motiva a localização de campos de golfe.
Este tipo de áreas apresenta-se assim como um factor chave na escolha do local dos campos e isso
deve-se ao facto de, uma área com classificação AAT permitir a construção de urbanizações.
Constata-se esta tendência ao verificar que não existem campos em AAT sem urbanização turística
58
construída ou aprovada. As áreas agrícolas fora de AAT também são alvo de ocupação por este tipo
de empreendimento mas normalmente não implicam urbanização.
Esta tendência territorial permite explicar também a evolução dos campos de forma concentrada pois,
as áreas AAT são normalmente limitadas a um perímetro bem definido.
Analisando a representatividade das áreas de golfe nas áreas definidas nos PMOT (INE, 2007)
observa-se que, nos concelhos com maior número de campos como Portimão e Loulé, a área de
aptidão turística ou urbano-turística associada a golfe representa actualmente a maioria da área com
esta classificação definida nestes concelhos (Tabela 39), constatando-se assim como o golfe e a
urbanização turística acabam por se desenvolver conjuntamente.
Tabela 39 - Representatividade do golfe nos PMOT 2007 (Fontes: (DGOTDU, 2008); INE).
Áreas de golfe
AAT
AUT
Uso de solo PMOT 2007
Área
relvada
Turismo
AEPU
Urbano
Hectares
Albufeira
-
97
Castro Marim
286 -
Lagoa
6
Lagos
-
Loulé
Olhão
6
-
1584
-
Portimão
1029
-
Turismo
110
911
209
735
11%
83
178
236
430
161%
138
772
289
463
1%
110
619
326
949 -
715
1065
1017
28
14
43
713
1162
57%
1340
369%
275
498
135 -
110
37
257
256
Silves
26
Representatividade do golfe
nos PMOT
3883
AEPU
53%
Urbano
13%
35% 48%
1%
34% 97%
825 -
70%
27%
64% 39%
2%
43% -
Tavira
-
-
55
79
18
894 -
307% -
VRSA
-
-
165
105
267
452 -
62% -
55
240
114
339
11%
48%
8%
1843
5093
4111
14056
23%
45%
8%
Vila do Bispo
Algarve
-
27
2267
1159
Os valores de representatividade acima de 100% resultam de uma dessincronização entre a área que
se encontra classificada e a área de golfe que ainda não foi classificada e como tal poderão dar a
entender a possível expansão de cada área devido a projectos de golfe.
No caso dos concelhos de Albufeira e Loulé existe também uma aparente incoerência entre a área
que tem aptidão para turismo e área classificada para turismo pelo que apenas foram comparadas as
áreas AUT com as de uso de solo para turismo e urbano dos respectivos PMOT.
Do que foi verificado graficamente as zonas onde se verifica elevada densidade de campos (Loulé)
localizam-se em áreas onde existe maior área AUT (Figura 30) reforçando assim a ideia de que a
agregação dos campos em determinadas zonas terá maior interesse imobiliário do que propriamente
turístico tendo em conta os dados das voltas vendidas analisados anteriormente.
59
Figura 30 - - Áreas classificadas no PMOT e localização de campos em Loulé (Fonte: (DGOTDU, 2008)).
As áreas agrícola e de AAT não só permitem a ocupação por campos de golfe como acabam por
permitir que o façam em áreas com condicionantes como áreas de RAN e REN (Tabela 38). Cerca de
60% dos campos localizados em AAT ocupam áreas condicionadas sendo que 40% ocuparam áreas
de RAN e 30% áreas de REN. Por outro lado, é uma ocupação que não é exclusiva a áreas AAT pois
30% dos campos fora dessas áreas ocuparam áreas de RAN 25% áreas de REN. Isto é, os
regulamentos das áreas condicionadas criados para salvaguarda de valores ecológicos acabam por
ser passados para segundo plano em prol do estabelecimento de instalações de golfe e, que venham
acrescentar elementos de urbanização a áreas naturais, agravando a artificialização do território. Fica
portanto demonstrado que os interesses turísticos apresentam uma clara prioridade face a valores
ecológicos quando ambos se localizam em AAT e mesmo em área agrícola fora e AAT. Um dos
melhores exemplos desta prioridade associada aos interesses turísticos pode ser verificado no caso
do complexo da Quinta do Lago dentro do qual o campo de Pinheiros Altos, inaugurado em 1992,
procedeu, em 2002, a uma expansão da sua área para terreno incluído no Parque Natural da Ria
Formosa, classificado em 1987.
Apesar dessa ocupação, as áreas com condicionantes ocupadas por pelos campos ainda são pouco
significativas com valores de ocupação que não atingem 1% (Tabela 40) na maioria dos concelhos e
a nível regional mas não deixam de representar um precedente que descaracteriza a área
condicionada e transfigura a razão pela qual a mesma foi classificada, principalmente, em situação de
ocupação de Reserva Ecológica Nacional.
60
Tabela 40 - Ocupação de áreas condicionadas por golfe no Algarve (Fontes: INE; (DGOTDU, 2008)).
Área Total 32
Concelho
RAN
Área ocupada por golfe33
REN
RAN
REN
Hectares
Albufeira
% RAN
ocupada por
golfe
% REN
ocupada
por golfe
27
19403
8
44
29,6%
0,2%
Castro Marim
1627
13101
-
35
0,0%
0,3%
Lagoa
3452
6372
29
-
0,8%
-
Loulé
13842
24668
131
358
0,9%
1,5%
Olhão
4996
5635
10
-
0,2%
-
Portimão
2697
11766,3
24
-
0,9%
-
Vila do Bispo
4827
17347
4
6
0,1%
0%
69349
315417
263
483
0,4%
0,2%
Algarve
Em termos globais, o território artificializado por golfe no Algarve, em 2000 representaria 11% do
território artificializado total, e apesar de incluir áreas naturais não deixam de ser empreendimentos
que implicam muita intervenção, modelação de terreno e alteração de paisagem podendo ser, deste
modo, incluídos nesta classificação (Tabela 41).
Tabela 41 - Representatividade do golfe na área total artificializada no Algarve (Fontes: (CCDR Algarve,
2005); (DGOTDU, 2008)).
Área Algarve
2
(Km )
% Território
34
artificializado
Área de território
artificializado 2000
(ha)
Área de golfe
em 2000 (ha)
% Território
artificializado com
golfe
4996
4%
19984
2207
11%
Desta forma, a artificialização de áreas com valor ecológico por áreas de golfe constitui um impacte
negativo permanente significativo.
32
(INE, 2007)
(DGOTDU, 2008)
34
(CCDR Algarve, 2005)
33
61
4.7.
Biodiversidade e paisagem
Uma vez que o processo de construção de campo de golfe envolve transformação do terreno até ao
nível topográfico é um facto e é unânime em todos os EIA consultados que se trata de um processo
altamente destrutivo para a biodiversidade do local de implantação.
Dado que o sucesso e a procura deste tipo de empreendimentos também depende da saúde dos
ecossistemas que os sustentam é importante não negligenciar a sua recuperação e preservação
(Holden, 2003 citado em Ferreira e Lopes - A gestão ambiental e a certificação do turismo em
espaços rurais e naturais. Uma abordagem conceptual; (Queirós, 2001/2002)).
É, no entanto, no período de exploração que, paradoxalmente, podem surgir grandes benefícios para
os ecossistemas afectados. Alguns estudos têm sido efectuados no sentido de comparar áreas de
golfe com áreas de referência com o objectivo de observar se existem alterações nas populações
faunísticas e floristicas ou mesmo, se existe alteração do tipo de espécies que habitavam a área onde
se deu a implantação dos campos. Os resultados revelam que, nos campos de golfe, as populações
de aves e insectos apresentaram maior riqueza de espécies e maior abundância do que em áreas
agrícolas próximas. Na flora a situação é igual para espécies de árvores e ao nível arbustivo a
diversidade manteve-se em comparação com a observada em áreas agrícolas concluindo-se deste
modo que campos de golfe podem propiciar uma maior diversidade de habitats e sustentar assim
maior biodiversidade com as áreas exclusivamente agrícolas (Tanner e Gange., 2005).
Nalguns casos poderá mesmo existir uma diferença de biodiversidade entre empreendimentos
consoante a alteração de paisagem que foi executada. Um estudo revela que na globalidade, os
empreendimentos onde se procedeu a uma menor alteração paisagística possuem, maior número de
espécies, maior ocorrência de espécies migratórias e ainda uma maior preocupação com a
conservação de espécies presentes do que empreendimentos com alteração média ou alta. Foi ainda
verificado que para os empreendimentos com baixa alteração de paisagem as espécies
predominantes acabam por ser as típicas de áreas florestadas e arbustivas enquanto nos
empreendimentos com maior alteração de paisagem existem tendencialmente mais espécies típicas
de áreas urbanas (Jones et al., 2005). No mesmo estudo foram obtidos valores médios para o
número médio de espécies de aves observados nos campos onde se podem incluir entre 30 e 40
espécies de aves totais e entre 5 e 15 espécies de aves migratórias sendo que os valores mais altos
são para os empreendimentos com menor alteração de paisagem.
Esta conclusão foi corroborada noutros estudos da mesma índole nos quais as análises aos campos
e às áreas adjacentes acabaram por revelar que a diversidade é significativamente maior que na área
cultivada adjacente.
Existe no entanto, uma tendência para uma pressão de predação mais elevada nos campos apesar
da influência positiva que podem exercer nas espécies locais (Sorace e Vicentin, 2007).
No caso das comparações com campos com área de pastagem intocada o grau de diversidade
revelou semelhança entre os dois tipos de área.
Um exemplo específico foi estudado para uma espécie de coruja cuja nidificação se processa em
tocas enterradas no solo. Foram analisados ninhos naturais e artificiais dentro e fora de campos de
62
golfe e os resultados obtidos apontaram para uma maior fidelidade das corujas aos ninhos dos
campos mas com uma clara predilecção para zonas mais afastadas das zonas com manutenção e
mais próximas da vegetação natural (Smith et al., 2005).
Estudos ecológicos executados nos EUA revelaram que os campos acabam, por vezes, por ser
santuários para algumas espécies de mamíferos raras. (Jodice e Humphrey 1992 citados em (Gange
et al., 2003))
E não é só a vegetação associada ao campo que atrai vida selvagem. Também os lagos dos campos
podem servir de habitat a variadas espécies. Em campos da região da Florida, foram identificadas
cerca de 42 espécies de aves aquáticas a viver nos respectivos lagos e quanto maior a vegetação
adjacente maior a densidade de espécimes residentes (White e Main, 2005). No entanto há dados
que indicam que a procriação das espécies de aves é menor nos campos, um aspecto que é
associado à escassez de alimento por causa da intensa manutenção e uso de químicos (Stanback e
Seifert, 2005)
Os lagos dos campos abriram ainda um nicho ecológico capaz de ser ocupado por espécies anfíbias
um facto comprovado em campos da Carolina do Sul, EUA (Scott et al., 1999). Para estas espécies
os potenciais impactes dos campos podem incluir a contaminação química, que pode afectar
directamente os espécimes como as espécies que lhes servem de alimento nomeadamente, com a
acção dos pesticidas.
Outra função dos lagos é o facto de poderem servir como áreas de transição na migração de
populações anfíbias (Semlitsch et al., 2008).
Existem contudo espécies que se mantêm afastadas dos campos devido à perturbação causada pela
actividade antropogénica e essas são as que normalmente requerem grandes áreas de vegetação
natural. Isto não impossibilita que se possam estabelecer a uma certa distância dos campos em zona
de buffers de vegetação adjacentes aos mesmos (Terman, 2000), e o facto de os campos serem
áreas privadas com acesso restrito permite regular e por vezes minimizar perturbação causada por
humanos restringindo o acesso apenas a determinadas zonas.
Em termos paisagísticos, o facto de o campo abrir um corredor verde na paisagem pode contribuir
para a riqueza da mesma e também da biodiversidade uma vez que a fauna e principalmente a flora
tendem a concentrar-se mais em zonas de fronteira (Casimiro, s.d.). Este facto é vantajoso, pois no
caso das condições ideais estarem criadas uma paisagem sustentável terá um elevado grau de autosuficiência e como tal necessitará de menos manutenção, a sua estética sairá melhorada, e terá um
uso de água mais eficiente, elevando o grau de valor dos habitats nela inseridos (Fech e Rodie, 1999)
Adicionalmente, dentro do seu terreno, os campos podem fornecer manchas de vegetação
importantes que permitiram a subsistência de variadas espécies mas numa visão mais global os
próprios campos localizados numa determinada zona poderão servir com uma espécie de mancha no
meio de um território de área de exploração agrícola intensa ou urbanização. (Gange et al., 2003).
A nível nacional os resultados obtidos não foram tão abonatórios para os empreendimentos de golfe,
principalmente, os da região algarvia.
63
Em suma os impactes que os empreendimentos turísticos com golfe podem ter sobre biodiversidade
foram identificados e tipificados da seguinte forma (Lefebure, 2007):
•
Eliminação de vegetação
•
Introdução de espécies exóticas
•
Afectação de vegetação circundante por modificações no regime fluvial e micro climático.
•
Fragmentação ou destruição de habitats
•
Deslocação de fauna
•
Alteração do comportamento da fauna
•
Introdução do efeito barreira
•
Perturbação da fauna
•
Aparição de novos biótopos e novas espécies
•
Perca de naturalidade da paisagem
•
Introdução de estruturas estranhas
•
Modificação da qualidade visual
•
Perca de usos tradicionais
Em termos práticos numa comparação global directa entre diferentes habitats estima-se que as
florestas sejam os mais ricos em termos de biodiversidade e que os mais pobres são as áreas
artificiais com excepção das culturas cerealíferas (Figura 31).
Riqueza em espécies por tipo de habitat
Florestas
Zona humidas
Pastagens
Incultos
mamiferos
Áreas vegetais esparsas
aves nidificantes
repteis
Águas interiores
anfibios
Culturas cerealiferas
Águas marinhas
Áreas artificiais excepto culturas…
0
50
100 150 200 250 300 350 400 450
Figura 31 - Riqueza de espécies por tipo de habitat (Fonte: EEA 1998 citada em (Lefebure, 2007)).
As considerações dos estudos anteriores contradizem no entanto esta estatística pois foi comprovado
em vários estudo que os campos de golfe apresentam maior número de espécies que os campos
agrícolas.
No que concerne a fauna, em termos de resultados práticos para comparação, tem se então que para
campos dos EUA os campos na Carolina do Sul conseguem albergar em média 30 a 40 espécies de
64
aves totais, 5 a 15 migratórias (Jones et al., 2005). Na Florida na zona dos campos foram observadas
42 espécies de aves aquáticas e 10474 espécimes em 12 campos da região (White e Main, 2005). Na
Europa foi obtida uma média de 40.3 espécies de aves por campo (Gange et al., 2003).
Para o caso dos anfíbios os números observados para lagos de 5 campos e 10 zonas húmidas fora
de campos, na Carolina do Sul, EUA, registaram entre 11 a 19 espécies anfíbias nos lagos e zonas
húmidas dos campos da região. Na comparação entre zonas húmidas e lagos dentro e fora dos
campos de golfe foi observada uma inferioridade no número de espécies de anfíbios nas áreas do
campos em relação às segundas. As zonas húmidas sazonais fora dos campos apresentaram mais 5
a 8 espécies do que as zonas neles incluídas.
No total as zonas húmidas dos campos apresentaram menos 7 espécies que as mesmas em
territórios fora dos campos (Scott et al., 1999) (Tabela 42).
Tabela 42 - Síntese das observações de espécies de aves e anfíbios observados em campos de golfe e
dos EUA (Fontes: (Jones et al, 2005); (White e Main, 2005); (Gange et al.,.2003); (Scott et al., 1999)).
Nº de
campos de
estudo
Nº espécies de aves
Nº espécies de aves
aquáticas
Nº aves migratórias
Nº total espécies
anfíbias
Campos de golfe
Áreas de
referência
Total
24
-
12
-
24
-
5
26
Zonas húmidas
Lagos
30 – 40 (valor
médio/campo)
42
5 – 15 (valor
médio/campo)
19
sazonais
-
-
-
-
-
-
11
16
A nível internacional, os resultados obtidos para 2 campos na Alemanha revelou que esta
implantação foi benéfica quer em nº de espécies quer em nº de indivíduos em relação à situação
anterior da área de implantação (Tabela 43) pois foram verificadas variações positivas entre 7.3% e
73% para a diversidade de espécies e entre 44% e 158% para nº de indivíduos.
65
Tabela 43 - Evolução da vida selvagem em 2 campos da Alemanha (Fonte: J. Reimuth, 1999 citado em
(Lefebure, 2007)).
Campos
1990 Pré-construção
1993
1999
Variação
Koln-Flittard
Nº espécies de aves
Nº pares de aves
41
40
44
229
238
330
26
30
45
148
142
383
7%
44%
Ahaus-Alsatte
Nº espécies de aves
Nº pares de aves
73%
159%
No que diz respeito a dados de campos nacionais específicos, um estudo executado no campo de
São Lourenço, em Loulé, observou progressos em relação à diversidade de espécies aviarias
aquáticas (Tabela 44).
Tabela 44 - Evolução de espécies de aves aquáticas no campo de golfe de São Lourenço (Fonte: (Leal et
al., 2007)).
1995
Nº espécies de aves aquáticas
nidificantes confirmadas
Nº espécies de aves aquáticas
nidificantes prováveis
2007
5
8
1
2
A conclusão do estudo aponta para que o campo tenha condições ecológicas adequadas à
nidificação de espécies de aves aquáticas uma vez que a situação se manteve estável entre 1995 e
2007 e tem-se verificado uma aparente não interferência das actividades do campo na afluência das
espécies aquela zona para nidificação e criação de juvenis.
Por oposição, a desestabilização do ambiente aquático é apontada como origem da diminuição de
espécies de aves aquáticas em lagos do campo Laguna onde se procedeu ao enrocamento das
margens de alguns deles. O resultado da monitorização revelou um decréscimo de 7 para 4 espécies
(Tabela 45), remetendo-se assim mais uma vez para a importância que intervenção humana pode ter
nas zonas ocupadas pelos campos.
Tabela 45 - Evolução de espécies de aves aquáticas nos lagos do campo Laguna (Pinto, 2000)
1991
Nº espécies de aves aquáticas
nidificantes confirmadas
1999
7
4
Um estudo executado no Campo de golfe de Pinheiros Altos (Lefebure, 2007) também em Loulé
abordou, por seu lado as alterações floristicas e paisagísticas. Numa área anteriormente utilizada
para fins agrícolas, com árvores de fruto e de pinhal jovem veio a constatar-se que ao nível da flora e
da paisagem existiu uma perda efectiva de diversidade e qualidade respectivamente.
66
O resultado da análise levada a cabo no estudo levou às seguintes verificações:
•
Não existem espécies de sub-bosque predominando área de relva nas áreas arborizadas.
•
Não foram preservados exemplares arbóreos ou arbustivos excepto sobreiro e poucos
pinheiros mansos.
•
Não se verificaram áreas de vegetação natural.
•
Roughs plantados com pinheiros mansos e espécies arbustivas de folhados que não se
incluíam nos EIA.
•
Margens dos lagos sem vegetação ribeirinha e revestidas com relva.
•
Foram plantadas espécies autóctones e não se verificam espécies exóticas invasivas.
•
Existe pouca diversidade de espécies.
•
Não existe qualquer relação da paisagem do campo com a paisagem original.
•
Topografia completamente alterada.
•
Modelações demasiado acentuadas em relação à envolvente.
•
Não existem buffers de protecção nos ecossistemas aquáticos.
•
Falta de áreas não intervencionadas e também de manchas de transição para aumentar a
conectividade entre manchas de habitat.
•
Vegetação é autóctone mais não diversificada.
•
São utilizados fertilizantes junto aos planos de água.
Em comparação com as recomendações do EIA apenas 5 das 17 espécies recomendadas foram
efectivamente plantadas e duas das que foram plantadas nem se encontravam nas recomendações o
que suporta a ideia de baixa diversidade floristica.
Adicionalmente, a modelação do campo foi considerada desadequada à zona uma vez que apresenta
declives demasiado acentuados prejudicando assim a integração paisagística do próprio campo.
O resultado global traduz em apenas na concretização de 55% das medidas de minimização
propostas no EIA e apenas 14% do cumprimento das medida gerais da gestão da paisagem e
biodiversidade. (Lefebure, 2007).
Conclusões semelhantes foram obtidas para os complexos da Quinta da Boavista e do
Amendoeira Golf Resort (Rita, 2007). As características apresentadas não se enquadram nas
características biofísicas da paisagem base, as urbanizações apresentam-se concentradas em área o
que implica grandes áreas impermeabilizadas e existe uma grande introdução de espécies exóticas
nestas áreas e a modelação de terreno implicou, em ambos, alterações na estrutura do solo e na
drenagem. Os aspectos que acabaram por ser beneficiados foram a rede viária e também áreas de
vegetação nas zonas de jogo onde foi reforçada a flora autóctone.
Paralelamente ao inventário das áreas ocupadas pelos campos, foi feita a classificação dos mesmos
quanto à densidade e dispersão da vegetação arbórea. O resultado observado foi que na grande
maioria dos campos (60%), a vegetação arbórea apresenta-se escassa, pontual ou é mesmo
inexistente sendo que apenas em 20% dos campos se observa vegetação com cobertura razoável a
abundante e bem distribuída (Tabela 46). Há ainda que apontar que em cerca de 23% dos campos
com vegetação, esta acaba por estar mais concentrada nas áreas de urbanização o que poderá levar
67
a uma perda de valor ecológico da mesma na medida em que não apresentará condições para o
estabelecimento de espécies sensíveis à perturbação humana.
Tabela 46 - Classificação da cobertura de vegetação arbórea observada em campos de golfe (Fonte:
(DGOTDU, 2008)).
Cobertura de vegetação arbórea
Abundante a razoável
Abundante a razoável
Escassa, pontual ou
e distribuída
periférica
inexistente
Nº campos
7
7
21
Um exemplo desta falta de cobertura arbórea pode ser observada entre dois campos de Vilamoura
onde é notória a diferença entre um campo com vegetação e outro sem vegetação a uma mesma
escala (Figura 32).
Figura 32 - Diferença entre campos com e sem vegetação arbórea em Vilamoura (Fonte: (DGOTDU,
2008)).
Em resumo concluiu-se que é possível os campos de golfe manterem condições adequadas à
manutenção de espécies de faunísticas, e que a diversidade e dimensão de populações dependem
do nível de intervenção executada para a construção e manutenção dos campos. No Algarve,
verifica-se no entanto que a implantação dos campos veio empobrecer as zonas de implantação em
diversidade floristica o que poderá ter consequências ao nível da fauna local com a criação de um
efeito barreira, fragmentação de habitats e aumento da pressão de predação. As razões identificadas
para tal perca prendem-se com o carácter não vinculativo de regulamentos como os Planos de
68
Pormenor ou Planos de Urbanização que apenas sugerem a plantação de vegetação sem qualquer
tipo de obrigação para o proprietário, que vai deixando uma brecha para que os mesmos acabem por
não o fazer em condições. Outra possível razão reside na legislação de AIA aplicável aos campos de
golfe e que torna os EIA’s apenas necessários no caso dos campos terem mais de 45 hectares. Isto
é, haverá uma maior propensão para que os proprietários cortem nas áreas de roughs e densifiquem
os percursos de jogo no sentido de isentarem de um processo de AIA, promovendo-se deste modo a
criação de campos com fairways compactados sem áreas não intervencionadas que os separem
afectando a biodiversidade e paisagem locais. Em termos de biodiversidade temos então que os
campos têm um impacte variável consoante as condições que mantêm nas suas áreas.
4.8.
Recursos hídricos
Esta é sem duvida a questão que tem atraído mais interesse pela comunidade científica e mesmo
pelo público em geral, na medida em que os campos têm hoje em dia uma imagem conotada com
grandes gastos de recursos hídricos para rega e são normalmente apontados como os responsáveis
pela degradação de aquíferos e por consumos excessivos. Actualmente, as captações subterrâneas
ainda se mantêm a principal fonte de água dos campos mas já têm vindo cada vez mais a ser
complementadas por alternativas como as água de albufeiras, águas residuais (Tabela 47) ou mesmo
pelo reaproveitamento da água das chuvas.
Tabela 47 - Abastecimento de água para rega por tipo de origem (Fonte: (Faculdade de Ciências do Mar e
do Ambiente, 2004)).
Origem
Fracção de campos (%)
Subterrânea
71
Superficial
38
Residual
14
Abastecimento público
19
Nos novos campos, observa-se que, embora a prevalência seja para as águas superficiais, a
legislação cada vez mais apertada ( (Lei n.º 58/2005 de 29 de Dezembro, 2005) parece não prevenir
de todo a continuação da aprovação de campos que ainda recorrem a captações subterrâneas, uma
vez que, desde 2000 já foram aprovados 4 campos com este tipo de fonte (Figura 33).
69
Origens de água para rega
9
8
7
6
5
total
4
Aprovados
3
Rejeitados
2
1
0
Superficial
Subterrânea
ETAR
Figura 33 - Aprovações de campos por origem de rega (Fontes: APA – EIA’s de campos de golfe no
Algarve em anexo).
Esta tendência tem sido mantida em parte porque os campos têm apresentado planificação faseada
de origens de rega, isto é, começam a actividade com uma origem subterrânea e gradualmente vão
passando para origens mais sustentáveis como as albufeiras e as ETAR’s. Como por norma os
campos, acabam por converter campos agrícolas, acabam também por aproveitar parte da infraestrutura de rega já existente, nomeadamente os furos desenvolvendo a partir dai a sua própria infraestrutura (Monteiro et al., s.d.).
Na região algarvia, no entanto, é o consumo doméstico que tem maior representatividade no
consumo total de água e, embora o abastecimento da área urbana já comece a ser efectuado por
água superficial captada em barragens, estima-se que 62% do mesmo ainda seja efectuado por
águas subterrâneas.
4.8.1. Quantidade
Foi a partir dos anos 70 com a introdução da agricultura de regadio em força e com o
desenvolvimento do turismo que o consumo de água na região algarvia começou a progredir de
forma exponencial, um desenvolvimento que só foi possível graças a novas tecnologias de perfuração
que permitiram aumentar as profundidade de captação de água (Monteiro, 2006). Como só em 1986
se começou a expandir a capacidade de resposta dos meios superficiais através de barragens, os
recursos subterrâneos tornaram-se assim o sustento primordial de água para as actividades da região
(Monteiro, 2006).
O facto de os campos voltarem a utilizar infra-estruturas que já se encontravam desactivas
acrescendo às que já existem para a actividade agrícola vem deste modo exercer mais pressão sobre
um recursos que já demonstra indícios de graves desequilíbrios nalguns sistemas de aquíferos e
pode vir a agravar os fenómenos de seca em cujo risco já é bastante elevado na região (Do Ó et al.,
2005).
70
Os consumos por actividade revelam que na globalidade, o sector agrícola é o maior consumidor
regional de água com um consumo médio de 230 hm3/ano (72%) seguindo-se-lhe o abastecimento
público com 70 hm3/ano (22%), o golfe com 10 hm3/ano (3%) e a indústria com 9 hm3/ano (3%) (Do Ó
et al., 2005) valores que coincidem com (Monteiro, 2006) excepto o consumo agrícola que se
apresenta menor neste estudo mais recente.
Numa comparação entre dados de consumo das principais culturas de regadio algarvias (Direcção
Regional de Agricultura e Pescas do Algarve citada em (Monteiro et al., 2006)) e dados de consumo
área regada de golfe revela que as primeiras têm tido consumos médios superiores com excepção
apenas para culturas de batata ou milho (Tabela 48).
Tabela 48 - Consumos de água de campos de golfe e campos agrícolas (Fontes: DRAP Algarve; (Monteiro
et al., 2006); (Universidade do Algarve, 2004)).
Actividade
Área regada
(ha)
Rega
total
anual
3
(hm )
Consumidores
domésticos
equivalentes
(consumo
médio/ ha)
3
Consumo (m /ha)
Min
Med
Max
Golfe
1678
9,7
3410
5782
56000
65
Citrinos
18200
196.2
-
7700
-
87
Vinha
1600
11.4
-
6500
-
73
Milho
1000
6.0
-
5000
-
56
Batata
800
2.6
-
2900
-
33
Pêssego
600
7.9
-
9400
-
106
Note-se que são as culturas com maiores consumos médios que têm também uma maior área
cultivada. Existe no entanto um grande desconhecimento em relação às origens de rega no sector
agrícola e como tal não é claro qual desta rega é suprida por aquíferos e qual é suprida por águas
superficiais mas um inventário das extracções conhecidas (Fonte: CCDR Algarve citada em (Monteiro
et al., 2006)) revela que existe um número bastante elevado fora das zonas onde se localizam os
campos (Figura 34).
Figura 34 - Poços e furos cartografados no Algarve (Fonte: Monteiro et al., s.d.) e localização dos campos
de Vilamoura e Quinta do Lago.
71
Todavia é bem explicito o quão variável e massiva pode ser a necessidade de rega de um campo de
golfe através do intervalo entre o valor mínimo e o valor máximo registado. No entanto pelas
constatações feitas anteriormente fica claro que a ser verificado algum tipo de efeito global a nível da
quantidade de água nos aquíferos nunca poderá ser exclusivamente imputado à actividade dos
campos.
Existe no entanto uma pressão associada aos meses mais secos do ano nos quais os campos
tendem a ter maior necessidade de rega. Nesta altura a rega pode atingir um aumento de cerca de
500% face ao valor mínimo de necessidade verificado, ocorrendo numa altura em que existe também
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
Necessidades de
rega
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
l/m2
maior afluência de turistas à região (Figura 35).
Figura 35 - Necessidades de rega verificadas para um fairway do campo Pinheiros Altos (Fonte: (Nemus,
2002)).
Deste modo apenas se poderá apontar o facto da distribuição dos campos ser extremamente
concentrada, em alguma algumas zonas o que contribui para que, embora os balanços hídricos
globais dos aquíferos apresentem valores positivos (Do Ó et al., 2005) existam aquíferos com
problemas ao nível de recarga como é o caso dos aquíferos de Ferragudo-Albufeira e Campina de
Faro (Monteiro et al., s.d.). Isso poderá permitir que ocorra uma inversão de gradientes e
consequentes transferências entre águas subterrâneas e superficiais podendo, entre outros, originar
fenómenos de intrusão salina (Monteiro et al., s.d.) (Tabela 49).
72
Tabela 49 - Relação entre extracções e recargas nos aquíferos do Algarve incluindo a extracção inerente
à totalidade de campos de 18 buracos existente em cada aquífero (Fonte: (Monteiro et al., s.d.))
Campos
equivalentes
(Nº)
Área
2
(Km )
Recarga
3
(m /ano)
Extracções
3
(m /ano)
Covões
23
6.0E+06
1.0E+06
-
5.00E+06
16.7%
Almádena-Odeáxere
Mexilhoeira GrandePortimão
64
1.7E+07
2.6E+06
-
1.40E+07
15.3%
52
1.0E+07
2.5E+06
1.0
7.50E+06
25.0%
Ferragudo-Albufeira
117
1.0E+07
7.3E+06
2.0
2.80E+06
73.0%
Querença-Silves
Albufeira-Ribeira de
Quarteira
317
9.3E+07
1.2E+07
-
8.10E+07
12.9%
55
1.0E+07
3.5E+06
1.0
6.90E+06
35.0%
Quarteira
81
1.5E+07
9.5E+06
5.5
5.80E+06
63.3%
S. Brás de Alportel
34
5.5E+06
1.0E+06
-
4.50E+06
18.2%
Almansil Medronhal
S. João da VendaQuelfes
C. Cevada- Qta. J. de
Ourém
23
6.5E+06
1.0E+06
-
5.50E+06
15.4%
113
9.0E+06
3.0E+06
-
6.00E+06
33.3%
5
2.0E+06
1.0E+06
-
1.00E+06
50.0%
Campina de Faro
86
8.3E+06
1.2E+06
6.0
-3.70E+06
14.5%
Peral-Moncarapacho
44
1.0E+07
1.5E+06
-
8.50E+06
15.0%
Malhão
12
3.0E+06
5.0E+06
-
2.50E+06
166.7%
Luz-Tavira
28
4.8E+06
3.0E+06
-
1.80E+06
62.5%
S. Bartolomeu
11
3.0E+06
1.0E+06
-
2.00E+06
33.3%
Monte Gordo
10
3.0E+06
-
-
3.00E+06
-
1075
2.2E+08
6.3E+07
15.5
1.54E+08
28.6%
Sistema Aquífero
Totais
Balanço
3
(m /ano)
Extracções
/Recargas (%)
.
O princípio que ocorre numa extracção é simples e já foi modelado para campos de golfe (Monteiro et
al., s.d.). Consiste num efeito de depressão piezométrica localizada que é tanto mais profunda quanto
mais perto se está do furo e tão mais extensa quanto maior for o número de furos. Valores obtidos no
referido estudo estimaram valores entre 20 e 100 cm de depressão nos aquíferos de Ribeira de
Quarteira e Álmadena – Odiáxere respectivamente, sendo o primeiro resultado da influência directa
de um campo de 27 buracos (Figura 36).
73
Figura 36 - Modelação da depressão piezométrica no aquífero de Ribeira de Quarteira no campo Vila Sol
(Fonte: (Monteiro et al., s.d.)).
Para observar tais efeitos foram analisados os dados dos níveis piezométricos de estações
localizadas nos campos e comparados com dados de estações do mesmo aquífero para assim se
verificar quais as tendências artificiais ou naturais (Tabela 50). A sua variação foi depois calculada
utilizando uma regressão linear.
Tabela 50 - Evolução do nível piezométrico dos aquíferos onde se localizam campos de golfe (Fonte:
SNIRH)
Concelho
Campo
Aquífero
Ponto de
água
606/1101
Local
Campo
605/107
Vila Sol
Quarteira
606/979
Campina de
Faro
11.12
1.4E-02
96-09
22.13
-2.0E-01
12.16
-1.4E-02
606/217
97-09
10.38
-3.0E-04
610/186
02-09
-1.59
-4.5E-02
610/213
02-09
-1.56
8.0E-04
610/167
Quinta do
Lago
93-09
99-09
606/1043
Loulé
Nível piezométrico
Período Actual Variação
01-09
8.74
-3.8E-02
Referência
Campo
95-09
1.10
-2.8E-03
606/1026
79-09
-2.58
-1.6E-02
606/1050
96-09
15.32
-1.4E-02
606/1057
606/647
606/1122
Referência
96-03
0.58
-1.6E-02
78-09
-4.35
-9.0E-04
02-09
-1.37
-2.9E-02
Os dados relativos à piezometria apenas revelam que as tendências verificadas nos pontos de água
localizados nos campos acompanham as que se verificam fora dos mesmos. No caso do aquífero de
Quarteira a tendência mais observada é a de declínio do nível mas existe um ponto fora do campo
onde essa tendência não se verifica mostrando que existe variabilidade dentro do próprio aquífero O
mesmo se passa com o aquífero Campina de Faro, onde apenas no ponto próximo de São Lourenço
apresentam tendências diferentes e, globalmente, uma evolução positiva. Os restantes pontos
74
apresentam, em geral, uma variação negativa na evolução do nível piezométrico, quer nos campos
quer nos pontos de referência o que sugere uma gradual diminuição da quantidade de água
disponível no aquífero. Esta tendência é aliás visível na evolução gráfica da superfície piezométrica
média dos aquíferos referidos constantes no Anexo III e consegue perceber-se não só através da
expansão nítida das áreas correspondentes aos níveis piezométricos mais baixos como também
através da descida do nível classificado como mais baixo comparando gráficos de anos diferentes. O
efeito dos campos é nítido nos aquíferos de Quarteira e Campina de Faro nas zonas dos campos de
Vila Sol e Quinta do Lago respectivamente que apresentam zonas claras de rebaixamento (Anexo III).
Há no entanto que apontar que este efeito deve ser considerado como resultante da acção conjunta
dos campos com a urbanização uma vez que não se teve conhecimento sobre as origens de água do
parque urbano mas presumiu-se que nestas áreas, esse parque ainda continue a ser abastecido por
água subterrânea com base na data de construção dos empreendimentos.
As depressões piezométricas podem causar problemas se existir a sua coalescência com área de
conexão com águas de superfície como com rios ou com o mar, podendo originar dessa forma
fenómenos de intrusão salina (Monteiro et al., s.d.). Em zonas com maior número de campos com uso
de água existe desta forma um risco maior pois poderá haver a criação de gradientes maiores pela
coalescência de depressões ou mesmo pela criação de múltiplos pontos de conexão com águas
superficiais agravando o fenómeno descrito.
Os estudos realizados no aquífero de Albufeira – Ribeira de Quarteira envolveram a modelação dos
fenómenos descritos anteriormente. Tal modelação implica o uso de sistemas de informação
geográfica, modelos de hidrodinâmica e vários tipos de informação sobre os aquíferos,
nomeadamente, sobre o seu substrato geológico, hidrodinâmica, pontos e quantidades de recarga e
de extracção, condições fronteira entre outros que tornam a mesma bastante complexa. Por este
motivo optou-se por não replicar a mesma, pois poderia implicar que outros aspectos que entraram
para este estudo acabassem por não ser analisados perdendo-se assim o carácter mais geral que se
pretende com o mesmo. Não obstante, este impacte na quantidade de recursos hídricos pode ser
considerado como negativo com grande importância.
4.8.2. Qualidade.
A análise da qualidade da água subterrânea tem vindo a mostrar-se tão importante como o estudo da
quantidade, uma vez que permite avaliar a diversidade de pressões a que um aquífero pode estar
sujeito e também fornecer indicadores sobre como são geridas as entidades que sobre ele
desenvolvem as suas actividades pelo que tem sido alvo de uma numerosa lista de estudos sob a
perspectiva dos mais variados indicadores. A desvantagem é que este tipo parâmetro apenas pode
ser estudado a posteriori pois os efeitos nos aquíferos não ocorrem imediatamente após o inicio das
actividades. Na generalidade e segundo a maioria dos estudos consultados, existem dois tipo de
substâncias que podem advir da actividade dos campos de golfe, nomeadamente, fertilizantes e fito
fármacos e existem também duas formas através das quais podem vir a ter efeitos nefastos que são
a escorrência para as linhas de água superficiais ou a lixiviação através do solo para os aquíferos. A
75
sua ocorrência também pode ser sob a forma de origem, isto é, na forma como são produzidos ou,
devido a sua interacção com o meio, ocorrer noutras formas ou mesmo complexados. Este
fenómenos encontram-se bastante estudados mas de uma forma bastante experimental e localizada
pelo que os resultados obtidos para um caso podem não ser aplicáveis a outras localizações onde se
verifique uma variação de tipo de solo, clima, topografia entre outros.
Mais recentemente uso e efectividade de alguns produtos tem vindo a ser, inclusivamente,
questionada pois foram obtidos resultados em fungicidas, por exemplo, em que se verificou que as
populações microbianas que se desenvolvem no solo e zona radicular se mantiveram constantes ou
aumentaram após a aplicação de fumigantes (Elliott e Jardin., 2001).
Os estudos feitos a nível global originaram resultados que indicam que não existirem impactes de
monta a registar na maioria dos complexos estudados quer ao nível de fito fármacos quer ao nível de
fertilizantes (Cohen et al., 1999). Para o caso dos fertilizantes os autores defendem mesmo que os
valores elevados que se verificaram nalgumas análises relativas a NO3 foram devidos á actividade
agrícola que o golfe tem vindo a substituir.
A transição específica de áreas agrícolas e florestais para áreas de golfe também já tem sido alvo de
atenção e os resultados obtidos confirmam uma redução de risco de runoff e percolação de nitratos e
2,4 – D em relação a explorações agrícolas mas um aumento em relação às perdas no caso das
áreas florestadas, mais acentuado até para a percolação (King e Balogh, 2001).
Especificamente para campos localizados em orla costeira, como é comum na região algarvia, existe
a possibilidade de haver a transferência de compostos utilizados na manutenção para o meio costeiro
envolvente. Segundo (Lewis et al., 2002) a presença de nutrientes e clorofila apresenta-se superior
nos lagos dos campos e nalguns pontos da costa relativamente a áreas de referência na Florida e
foram detectadas concentrações de chumbo, arsénio e atrazina nos recursos superficiais mas nada
que superasse os critérios de máximos de qualidade da água. Contudo verificou-se apenas nas áreas
adjacentes aos campos concluindo assim o estudo que se trata de uma efeito limitado e localizado.
Existem ainda estudos adicionais sobre contaminação de sedimentos costeiros devido a proximidade
de complexos de golfe da orla costeira mas o seu efeito foi muito subtil e os fenómenos de toxicidade
aguda foram muito escassos nos referidos sedimentos (Lewis et al., 2001).
E não é só o uso de produtos químicos e fertilizantes que pode vir a dar problemas pois o uso de
aguas residuais tratadas, uma alternativa ao uso de águas subterrâneas na região algarvia mas que
também revelou efeitos secundários a este nível. Mais especificamente, uma análise ao solo de
campos regados com este tipo de recurso revelaram um aumento, no solo de 200%, 40% e 30% em
Sódio, Boro e Fósforo respectivamente e ainda 0,3 unidades no pH (Qian e Mecham, s.d.) o que pode
inutilizar o solo para outros usos ou mesmo tornar insustentável para a manutenção da própria relva.
Estima-se que um campo de golfe com boas práticas de manutenção aumente em 148% a carga de
Azoto e em 24% a carga de Fósforo libertados para o meio em relação às condições de referência
mas é considerado reduzido o impacte que têm no runoff e na erosão do solo. (Mankin, 2000). Ainda
assim em concentrações reduzidas a quantidade de nutrientes que chega efectivamente às linhas de
água superficiais é poderá ser suficiente para afectar algumas espécies de peixes e também aves
aquáticas.
76
Ainda em relação a águas superficiais, os fenómenos de escorrência parecem aparentemente não
inspirar grande preocupação pois segundo (Ryals et al., 1998) no estudo á escorrência de Azoto (N),
Fósforo
(P),
atrazina,
chlorothalonil
[Daconil®],
chlorpyrifos
[Dursban®]
e
ácido
2,4-
diclorofenoxyacético foi relativamente reduzido o número de análises à água dos lagos dos campos
de estudo em que os valores destes compostos excederam os máximos permitidos por lei.
Confirmando estes resultados, (Haith e Rossib, 2003) afirmam que em geral o runoff de pesticidas
representa apenas 3% do que na realidade é aplicado sendo que na maioria dos eventos nem sequer
ultrapassa 1%. Há no entanto que ter em atenção que para pesticidas como o clorotalonil, iprodiona e
PCNB foram detectadas concentrações nos meio aquáticos que podiam resultar na mortalidade de
50% das espécies aquáticas passíveis de serem afectadas o que pode indicar um excesso de uso
dos mesmos, neste caso, campos do nordeste norte-americano.
Resultados semelhantes foram também observados por (Yates, 1995) que verificou que a
possibilidade de volatilização dos agentes químicos é muito reduzida, especificamente, para 2,4 – D e
carbaryl além dos fenómenos insignificantes de lixiviação destes e também do Azoto dos fertilizantes
em lisimetros simulando fairways e greens neste mesmo estudo.
No que toca a águas subterrâneas e fenómenos de lixiviação, estudos afirmam que os compostos
que acabam por ter maior mobilidade são os nitratos, nitritos e os ortofosfatos (King et al., 2007) pelo
que são bons indicadores do tipo de gestão que um complexo possa estar a ter
O mesmo fenómeno se processa também com outros elementos como metais e semi-metais como o
arsénio cuja mobilidade no solo foi estudada em campos da Florida e os resultados obtidos
demonstram que cerca de 29% do arsénio extraível foi encontrado na porção fina de solo enquanto
uma fracção de 15,5% foi encontrada na porção mais grosseira de solo pelo que é recomendada
contenção no uso de herbicidas que contenham arsénio na sua composição (Cai et al., 2002).
Habitualmente levados a cabo recorrendo a lisimetros a maioria dos estudos revelou que a fracção
Azoto aplicada que se lixívia é negligenciável e que na generalidade os pesticidas utilizados não
possuem tempo de meia vida suficiente para sequer atingirem o nível dos aquíferos pelo que foram
raros os casos em que foi detectada qualquer substância do género no lixiviado (Branham et al.,
1995).
Mas, como foi referido, existe também a possibilidade de os próprios produtos utilizados poderem
interagir que leva a que a mobilidade de certos compostos aumente para valores acima do esperado.
Um dos facilitadores é a matéria orgânica dissolvida dos fertilizantes que diminui a capacidade de
adsorção de 2,4 D, naftaleno e clorpirifos o que faz com que estes compostos se disseminem pelo
solo como mais facilidade podendo contaminar os aquíferos subjacentes (Lia et al., 2004).
Os diferentes tratamentos aplicados nas diferentes zonas dos campos também podem originar
resultados distintos. Existem zonas, os greens, que requerem mais atenção e requisitos de utilização
que implicam cuidados adicionais aos que são praticados nos fairways. Estudos feitos em lisimetros
simulando as condições dos greens revelaram que as quantidades adicionais de fertilizantes,
actualmente, usadas nestas zonas agravam substancialmente, a lixiviação de nitratos e fosfatos
(Wong et al., 1998).
77
Confirmando os resultados quanto aos greens (Shuman, 2003) chega mesmo a conclusão que é o
fósforo o nutriente que aparece em maior quantidade nos lixiviados acima mesmo dos valores de
Azoto, quer para lisimetros em estufa quer no exterior.
Objectivamente, é preciso apontar que a maioria dos resultados referenciados se obtiveram para
situações muito localizadas e no, computo geral, não se pode afirmar que tenham tido em conta o
efeito cumulativo que pode ser gerado que se tem vários complexos a operar na mesma zona. Para
tal foram então analisados os dados reais de aquíferos que estão sujeitos a este tipo de pressões,
nos concelhos algarvios em estudo e neste sentido analisadas as evoluções de alguns dos composto
acima referidos. Não foram no entanto analisados os dados para todos os concelhos uma vez que
não existem estações de monitorização de qualidade próximas de complexo de golfe em todos os
concelhos.
Em termos de quantidades utilizadas de fertilizantes, em média, para campos localizados em Loulé
(valores obtidos com base em EIA’s), foram obtidos valores de fertilização de cerca de 250, 80 e 190
Kg /Ha de Azoto, Fósforo e Potássio por ano o que poderá indicar que nesse concelho, estejam a ser
aplicadas 177 toneladas de N e 58 toneladas de Fósforo e 138 toneladas de Potássio por ano (Tabela
51).
Tabela 51 - Quantidades de fertilizantes utilizadas em campos de golfe (Fontes: (Ecossistema; Mãe
D'Água, 2005); (Ecossistema, 2001); (Nemus, 2002)).
Nutriente
Quantidade média
Quantidade média
Total aplicado em
aplicada (Kg/ha.ano)
/campo (t/ano)
Loulé (t/ano)
N
248
14
177
P
81
4
58
K
193
11
138
Da mesma forma, fitofarmacos como fungicidas e herbicidas são aplicados, anualmente, mas sem
estarem a ser alvo de monitorização ao nível dos aquíferos. Os mais comuns apresentam-se na
tabela seguinte (Tabela 52).
Tabela 52 - Quantidades médias de fitofarmacos utilizadas em campos de golfe de Loulé (Fontes:
(Ecossistema; Mãe D'Água, 2005); (Ecossistema, 2001); (Nemus, 2002)).
Tipo
Fungicidas
Herbicidas
Nome
Quantidade
Quantidade /campo
(Kg/ha.ano)
(kg/ ano)
Iprodiona
6
330
Maconzete
2
110
Simazina
1.2
66
Atrazina
1
55
Para a análise qualitativa dos aquíferos foram, uma vez mais, consultados dados de estações de
medição de qualidade da água subterrânea para se poder comparar a dinâmica de evolução dos
parâmetros de qualidade em cada um dos aquíferos que suportam os campos. De todos os
parâmetros referidos anteriormente apenas se conseguiram obter dados interessantes para a
78
condutividade, nitratos, pH, azoto amoniacal, e cloretos, fosfatos, nitritos e sulfatos. Nos restantes
parâmetros, como os metais pesados ou pesticidas, simplesmente não existem series de dados uma
vez que pelo foi indicado pelas entidades responsáveis pela monitorização, são testes mais morosos
e onerosos de executar.
79
Tabela 53 - Comparação das taxas de variação de parâmetros de qualidade de água subterrânea verificados dentro e fora de zonas de golfe (Fonte: SNIRH).
Albufeira
Concelho
Campo
Localização
Loulé
Referência
Campo
Albufeira-Rib. Quarteira
Aquífero
Balaia: 605/48
Ponto de medição
19952000
Período
Condutividade
(µS/cm)
20012007
605/307
Quarteira
20012007
19952000
20012007
-1.21E-01 -2.02E-02 -3.70E-01 -1.48E-01
7.00E-04
Nitratos (mg/l)
3.70E-03 -5.50E-03
Campina de Faro
Vila Sol:
606/130
605/293
Referência
Qta Lago:
610/186
1995-2007
Qta Lago:
610/168
1995-2007
Qta Lago:
606/1019
1995-2007
Campina de
Faro
Qta. Lago:
606/434
Quarteira
Vila Sol:
606/972
1995-2007
1995-2007
1995-2007
1.39E-02
1.41E-02
-4.50E-03
1.68E-02
3.75E-02
-7.28E-02
-3.16E-02
1.20E-03
3.00E-04
1.80E-03
6.00E-04
2.00E-04
-3.00E-04
-8.00E-04
-5.40E-03
pH
Azoto Amoniacal
(mg/l)
-4.00E-05 -8.00E-05
9.00E-05
2.00E-04
-5.00E-05
1.00E-02
6.00E-04
-2.00E-05
9.00E-06
-7.00E-06
-3.00E-05
-1.00E-06
4.00E-06
1.00E-05
4.00E-07
4.00E-07
8.00E-06
8.00E-06
5.00E-06
1.00E-05
1.00E-05
9.00E-06
Cloretos (mg/l)
Fosfatos P2O5 (mg/l
P2O5)
-4.90E-02
2.00E-03
4.03E-02 -5.85E-02
2.05E-02
4.10E-03
-6.00E-04
4.60E-03
9.00E-03
-4.02E-02
1.13E-02
3.00E-06
6.00E-06
7.00E-06 -4.00E-07
-4.00E-05
5.00E-06
5.00E-06
3.00E-06
5.00E-06
6.00E-06
4.00E-06
Nitritos (mg/l)
-2.00E-06
2.00E-05
2.00E-05
6.00E-06
3.00E-06
5.00E-06
5.00E-06
4.00E-06
9.00E-06
5.00E-06
7.00E-06
-8.00E-04
7.00E-05 -2.30E-03
6.00E-04
1.10E-03
1.90E-03
1.20E-03
1.00E-04
2.70E-03
-2.20E-03
-2.60E-03
Sulfatos (mg/l SO4)
Tabela 54 - Valores médios de parâmetros de qualidade em estações dentro e fora de áreas de golfe em 2007 (Fonte: SNIRH).
Albufeira
Concelho
Localização
Campo
Ponto de medição
Balaia:
605/48
Loulé
Referência
Balaia
605/307
Campo
Balaia
605/293
Vila Sol:
606/130
Qta Lago:
610/186
Referência
Qta Lago:
610/168
Qta Lago:
606/1019
Vila Sol:
606/972
Qta Lago:
606/434
Condutividade (uS/cm)
1191
1459
1103
1861.5
481
778.5
769.5
1462.5
1304
Nitratos (mg/l)
27.5
14.5
6.2
29
3.35
1
9.5
23
76
pH
7.05
7.15
7.1
7.1
7.5
7.25
7.25
7.25
7.25
Azoto Amoniacal (mg/l)
0.04
0.04
0.04
0.04
0.04
0.04
0.04
0.04
0.04
Cloretos (mg/l)
244
327
156
469.5
47
79.5
111.5
280
169.5
Fosfatos P2O5 (mg/l P2O5)
0.03
0.0325
0.03
0.03
0.03
0.03
0.03
0.03
0.03
Nitritos (mg/l)
0.03
0.03
0.03
0.03
0.03
0.03
0.03
0.03
0.03
45
51
25
71
25
38
25
60.5
99
Sulfatos (mg/l SO4)
80
Os dados considerados válidos para análise foram produzidos apenas no campo de golfe da Balaia,
Vila Sol e no complexo da Quinta da Lago. A análise consistiu numa comparação entre taxas de
variação dos parâmetros de qualidade obtidas por regressão linear (Tabela 53) das series de dados
produzidas pelo SNIRH. Esses dados foram depois comparados com informação gráfica também
proveniente do SNIRH com os valores médios dos parâmetros e localização da sua ocorrência,
constante no Anexo IV.
Para esta análise foram também tomados em conta os fluxos naturais simulados dentro dos aquíferos
em estudo para se perceber quais as possíveis influências na dispersão de compostos. Em geral, os
escoamentos efectuam-se de Norte para Sul, do interior algarvio para o litoral (Figura 37).
Figura 37 - Dinâmica de escoamento simulada nos aquíferos Albufeira - Ribeira de Quarteira e Quarteira
(Fonte: (Martins et al., 2006)).
Os dados relativos à Quinta da Balaia foram comparados analisando a tendência dos parâmetros
antes e depois do inicio da actividade do campo. Estes revelaram que a evolução dos nitratos, azoto
amoniacal, cloretos, fosfatos, nitritos e sulfatos passou a ser positiva após o campo ter sido
implantado (Tabela 53). Contudo, ao comparar os dados com os registados noutras estações do
mesmo aquífero apenas os nitratos e o azoto amoniacal apresentaram variações com relevância, na
medida em que as mesmas se verificaram uma ordem de grandeza acima das registadas nos pontos
de referência, ainda que em ambos se observe uma tendência de crescimento de concentração dos
mesmos. Nos restantes parâmetros não verificou a coerência necessária entre as estações de
referência para se perceber a algum tipo de efeito exclusivo à área do campo o que traduz a
variabilidade de factores que poderão influenciar a evolução destas concentrações. Mas, dado que
houve uma inflexão nas tendências de evolução, poderá, com menos certeza, assumir-se que a
acção o campo poderá ter contribuído no aumento dos valores de cada um dos parâmetros.
Da análise gráfica, verifica-se no entanto que no caso do azoto amoniacal houve um aumento geral
em todo o aquífero da sua concentração pelo que não deverá exclusivamente á actividade do campo,
portanto o único parâmetro que revelou um acréscimo mais localizado e com maior certeza, na zona
81
do campo foram os nitratos. Nos restantes parâmetros não variação gráfica diferenciada na zona do
campo que possa demonstrar efeitos.
Os dados relativos aos campos Vila Sol e Quinta do Lago foram registados exclusivamente no
período pós-campo pelo que se procedeu apenas à comparação entre pontos de medição dentro e
fora dos campos.
No caso do campo Vila Sol os parâmetros que se destacaram em relação aos pontos de controlo
foram a condutividade, os nitratos, o pH, os cloretos e os sulfatos. Os dados gráficos médios não
apresentam variações perceptíveis. A condutividade apresenta-se acima do valor máximo
recomendado (VMR) em quase todo o aquífero pelo que não será um aumento exclusivo às zonas
dos campos. No caso do pH e azoto amoniacal, ambos se apresentam abaixo do VMR pelo que, a
ser uma variação derivada da actividade dos campos ainda não causou efeitos perceptíveis e
considerados preocupantes. Mais uma vez o único que graficamente revelou uma tendência de
agravamento nos limites do campo foi o parâmetro referente aos nitratos, mas o maior agravamento
de concentração foi observado a montante dos campos pelo que se deduziu haver outras actividades
com maior influência na degradação da qualidade da água do aquífero. Dado que os fluxos neste
aquífero se fazem de Norte para Sul, na zona dos campos, este aumento na concentração de nitratos
em Vila Sol poderá ter origem não só na actividade dos campos como também no agravamento de
concentração a montante referido. Este efeito poderá ser mesmo aplicável a qualquer outro
parâmetro. O aumento da concentração de condutividade, dos sulfatos e dos cloretos referido foi alvo
de um estudo que concluiu que, nesta zona, o seu aumento se deve principalmente devido á
dissolução de evaporitos e carbonatos (Monteiro et al., s.d.).
Para o caso da Quinta do Lago verifica-se coerência de pontos dentro de campos para os parâmetros
referentes aos sulfatos, nitritos, fosfatos e azoto amoniacal com as taxas de variação a serem todas
positivas. No entanto apenas nos sulfatos esta variação se apresenta diferente do ponto de
referência. No entanto é um efeito que pode ser originado com base na dissolução de evaporitos e
carbonatos pelo que não se pode tirar conclusões. A evolução dos nitratos sugere uma influência
positiva em 2 pontos dentro dos campos mas neste aquífero a sua evolução parece estar mais
relacionada com um aumento de concentração na zona a Leste dos campos e consequentemente,
com a sua difusão para a zona Oeste do aquífero, como se pode comprovar pela imagem e gráfica
em anexo. A condutividade também apresenta dentro do campo uma tendência contrária à do ponto
de referência mas também pode ser influenciada pelo mesmo fenómeno que afecta os sulfatos.
Em suma, a análise dos efeitos dos campos na qualidade da água dos aquíferos revela uma
complexidade superior à que está inerente para análise de quantidade e são muitos os fenómenos e
fontes que podem contribuir para a degradação da mesma havendo enorme variabilidade associada.
Assim sendo, para que se conseguisse uma análise com maior rigor, seria necessário um estudo
específico para cada um dos parâmetros e que se sugere no futuro assim como uma rede mais
abrangente de pontos de medição dos mesmos. Ainda assim é possível deduzir da análise gráfica
que o golfe não será a actividade que tem maior contribuição para o aumento da concentração de
nitratos pois os grandes focos de concentração estão localizados fora dos campos. Deste modo,
quanto à qualidade apenas se pode classificar o impacte como sendo negativo permanente.
82
5. Conclusão
O presente estudo consistiu numa abordagem empírica aos potenciais impactes da implantação
massiva de campos de golfe. Tendo em conta os objectivos preconizados, inicialmente, pode
concluir-se que na generalidade, foram atingidos, embora, nalguns dos sectores de análise exista
uma necessidade de aprofundamento de estudo que não se enquadraria num estudo carácter geral
como este.
A nível nacional constatou-se que este tipo de implantação apenas se verifica na região do Algarve
não só pela evolução do número de campos na região nos últimos 20 anos mas também pela sua
disposição territorialmente concentrada em determinadas zonas da região.
A evolução de empreendimentos de golfe de forma densificada acabou por ser justificada pela acção
conjunta de variados factores. Primeiro foi verificado que as condições climatéricas da região são
ideais para a prática da modalidade, nomeadamente, nas estações de Outono e Inverno o que se
revelou importante, na medida em que a maioria dos jogadores que afluem à região são provenientes
de países do Norte da Europa que não têm possibilidade de jogar devido às condição climatéricas
que se verificam nos respectivos países nessas altura. A fácil acessibilidade e também a grande
capacidade de alojamento da região são também factores atraentes para os jogadores. A densidade
dos campos não foi contudo relacionada com os hábitos dos jogadores típicos que afluem à região
mas sim com a disponibilidade territorial de áreas com aptidão turística e também com interesses
imobiliários, mais concretamente, com a possibilidade de se poder aliar os campos a urbanizações
turísticas com o objectivo de acrescentar valor imobiliário às mesmas. Este interesse leva a que
juntamente com os campos sejam construídas também urbanizações turísticas que normalmente
implicam grande número de edifícios e também a ocupação de áreas de interesse ecológico como
áreas REN que passam assim para segundo plano perante a prioridade do desenvolvimento turístico
da região. Esta prioridade poderá criar pressão nas áreas agrícolas adjacentes aos campos no
sentido da sua substituição, através de um aumento do valor imobiliário das mesmas e também da
contínua expansão da área de golfe a que se tem vindo a assistir.
Esta ocupação tem vindo também a contribuir para a diminuição e alteração do coberto vegetal na
medida em que as áreas dos campos tendem a reduzir significativamente a cobertura arbustiva e
arbórea podendo promovendo deste modo a fragmentação de habitats, maior pressão de predação e
perda de diversidade tanto no que toca a flora como a fauna que depende dessa flora para
sobreviver.
No concerne ao uso de energia concluiu-se que os campos acarretam consumos bastante superiores
às que se verificam para a área agrícola tanto ao nível de consumo de electricidade e principalmente
ao nível do consumo de combustíveis.
O mesmo não foi observado quanto ao consumo de recursos hídricos onde um uso mais controlado e
regrado dos campos implica uma consumo mais reduzido que o consumo para a rega agrícola, em
termos de área unitária. Os efeitos conjuntos dos campos nos sistemas de aquíferos não foram
computados mas foi possível deduzir que a proximidade dos campos poderá levar a um aumento dos
83
gradientes de pressão dentro dos mesmos o que implicará um maior risco de intrusão salina
principalmente junto a linha de costa. No que concerne à qualidade, o único parâmetro que
evidenciou um efeito comum em todas as medições executadas dentro de campos de golfe foi a
concentração de nitratos que expressou um aumento face ao período pré-golfe e face a medições
fora de campos mas, por não ser um efeito exclusivo a apenas às actividades de manutenção de
campos de golfe não foi possível restringir esse efeito apenas a estes últimos assim como calcular a
sua contribuição para esse aumento.
Ao nível social, o golfe apresenta-se como uma actividade bastante vantajosa na medida em que
permite a criação e manutenção de um significativo número de postos de trabalho directos e mais,
significativamente, de postos de trabalho indirectos, estes últimos chegando a representar cerca de 5
vezes mais postos que os primeiros. Além de emprego, o golfe vem gerar um aumento do fluxo de
capital principalmente no sector turístico, mas também indirectamente com a necessidade de
provisão de bens e serviços por parte dos campos e também com os gastos dos jogadores de golfe
em bens e serviços fora dos campos representando assim uma actividade dinamizadora da economia
regional e local. A ocupação de áreas agrícolas abandonadas poderá também ser importante para
evitar o êxodo das populações para área urbanizadas promovendo a desertificação do território.
Ao nível turístico, o mercado do golfe vem essencialmente dinamizar o número de dormidas, devido à
estadia acima da média dos jogadores face ao comum turista. A implantação em massa de campos
mais recente não teve, contudo um efeito benéfico na indústria do golfe na medida em que se
verificou um aumento de oferta substancialmente superior ao da procura o que pode implicar que a
afluência a cada campo existente venha a diminuir para um valor abaixo do seu valor mínimo de
sustentabilidade. O aspecto mais importante é, no entanto o fôlego que vem proporcionar ao sector
turístico nas épocas baixas do turismo balnear permitindo a manutenção de um maior número de
postos de trabalho no sector devido à afluência preferencial nos meses de Outono.
No concerne há hipótese do desenvolvimento do golfe se processar de acordo com uma moda de
investimento, esta acabou por se revelar falsa na região do Algarve no últimos anos. Isto porque,
como foi comprovado, este desenvolvimento tem seguido sempre a mesma tendência de associação
à componente imobiliária, sendo este um dos principais motivadores de localização dos campos.
Sendo uma moda uma tendência que segue valores que vão variando no tempo, verifica-se que tal
evolução não se enquadra com a verificada no golfe. No entanto é possível que a uma escala
temporal maior e noutras regiões que não o Algarve se pudesse ter observado um desenvolvimento
com uma motivação de localização diferente da observada na região algarvia o que implicaria,
provavelmente, um panorama de impactes específicos diferente do que foi estudado neste trabalho.
Como tal sugere-se como estudo futuro uma mesma abordagem em diferentes destinos de golfe e
com diferentes tendências de localização para assim se perceber e comparar, a um nível mais geral,
os impactes de diferentes desenvolvimentos em massa deste tipo de actividade.
84
Referências
ABC of Golf. (2009). Golf History. Acedido em 2009. http://www.abc-of-golf.com/golf-basics/golfhistory.asp.
Agência Portuguesa do Ambiente. (2007). Relatório do Estado do Ambiente. s.l. : Agência
Portuguesa do Ambiente.
Algarve
Golf.
2008.
Algarve
Golf.
Algarve
golf
course
-
events.
Acedido
em
2009.
http://www.algarvegolf.net.
Ambiente, Ministério do. 1999. Decreto-Lei n.o 382/99. Diário da República. 1 Serie A,, Vols. 222 pp
6623 -6627.
Agência Portuguesa do Ambiente. (2005). Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável
do
Algarve.
www.ccdr-alg.pt.
[Online]
CCDR-Algarve,
2005.
https://web.ccdr-
alg.pt/sids/indweb/indicador.asp?idl=51&idt=4.
ARQPAIS; Ecossistema. (2005). Estudo de Impacte Ambiental do Campo de Golfe de Finca
Rodilhas.
Bolitzera, B. e Netusilb, N. R. (2000). The impact of open spaces on property values in Portland,
Oregon. Journal of Environmental Management. Academic Press, Vols. 59, Issue 3, pp 185-193.
Branham, B., Miltner, E. e Rieke, P. (1995). Potential groundwater contamination from pesticides
and fertilizers used on golf courses. USGA Green Section Record.
Cai, Yong, Cabreraa, Julio C., Georgiadisa, Myron, Jayachandran, Krish. (2002). Assessment of
arsenic mobility in the soils of some golf courses in South Florida. The Science of The Total
Environment. 1-3, Vols. 291 Pages 123-134 .
Casimiro, Pedro Cortesão.( s.d.). Uso de Solo - Ecologia da Paisagem: Perpectivas de uma nova
abordagem no estudo da Paisagem em Geografia.
CCDR Algarve. (2008). Ponto de situação dos campos de golfe na região.
—. (2005). Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável do Algarve. CCDR Algarve.
Acedido em 2009. https://web.ccdr-alg.pt/sids/indweb/indicador.asp?idl=43&idt=4.
Cohen, Stuart, Svrjcek, Amelia, Durborow, Tom, Barnes, N. LaJan. (1999). Water Quality Impacts
by Golf Courses. Journal of Environmental Quality. Vols. 28 p 798-809 .
Decreto-Lei n.o 382/99 de 22 de Setembro, Ministério de Ambiente. (1999). Diário da Répública. I
Serie A, Vol. 222.
Direcção Geral de Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano. (2007). Programa
Nacional da Politica de Ordenamento de Território. 2007.
—.
(2008).
Sistema
Nacional
de
Informação
Territorial.
SNIT.Acedido
em
2009.
http://www.dgotdu.pt/channel.aspx?channelID=144EE72D-18A4-4CCA-9ABA-7303CDEAA0C6.
Do Ó, Afonso e Monteiro, João Paulo. 2005. Estimação da procura real de água no Algarve por
sectores. Faculdade de Ciências do Mar e do Ambiente, Universidade do Algarve.
Ecossistema / Mãe d'Água. 2001. Estudo de impacte ambiental do campo de golfe com componente
urbanística nos Pinheiros Altos.
Ecossistema. (2002). Estudo de impacte ambiental do campo de golfe "Almada de Ouro & Country
Club".
85
—. (2001). Estudo de Impacte Ambiental do 5º Campo de Golfe de Vilamoura.
Ecossistema; Mãe D'Água. (2005). Estudo de Impacte Ambiental do Campo de Golfe “O Laranjal”.
—. (2001). Estudo de Impacte Ambiental do Campo de Golfe de Monte Rei.
European Golf Association. (2008). Statistics.Acedido em 2009. www.ega-golf.ch
Elliott, M. L. e Jardin, E. A. Des. (2001). Fumigation effects on bacterial populations in new golf
course bermudagrass putting greens. Soil Biology and Biochemistry. 12-13, Vols. 33 p 1841-1849 .
Faculdade de Ciências do Mar e do Ambiente. (2004). Estudo sobre o golfe no Algarve.
Faculdade de Economia da Universidade do Algarve para AHETA. (2004). Estudo sobre o golfe
no Algarve.
Fech, John C. e Rodie, Steven N. (1999). Sustainable design in golf course landscapes.
Ferreira, António Dinis e Lopes, Marta.(s.d.) A gestão ambiental e a certificação do turismo em
espaços rurais e naturais. Uma abordagem conceptual. Escola Superior Agrária de Coimbra.
First Research, Inc. (2009). Golf Courses.
Flowers, Julie. (2009). The Economic Impact of Golf. s.l. : South Carolina Department of Parks,
Recreation and Tourism.
Gange, Alan C, Lindsay, Della E e Schofield, J Mike. (2003). The ecology of golf courses. Biologist.
2, Vols. 30 pp 63 - 68.
Geodesenho. (2005). Estudo de Impacte Ambiental do projecto de Golfe do “Amendoeira Golf
Resort”.
Golf Information. The Complete History of Golf (Part 2: The early European History).Acedido em
2009. http://www.golf-information.info/origins-of-golf.html.
—. (2008). The Complete History of Golf (Part 1: Chinese Golf or the Missing Link). Acedido em 2009.
http://www.golf-information.info/asian-origin-of-golf.html.
Golf Research Group. Golf Courses Database. Acedido em 2009. http://www.golf-researchgroup.com/home/pop3/default.html.
GolfEurope.
(2009).
A
History
of
Golf
since
1497.
Acedido
em
2009.
http://www.golfeurope.com/almanac/history/history1.htm.
Golfocus. (2006). Golf Lisboa. Golf Courses. Acedido em 2009. http://www.golflisboa.com/.
Google. (2009). Google Maps. Acedido em 2009. http://maps.google.pt/.
Grupo Oceânico. (2009). Oceânico Golf. Site de golfe do Grupo Oceânico. Acedido em 2009.
Redwire. http://www.oceanicogolf.com.
Haith, Douglas A. e Rossib, Frank S. (2003). Risk Assessment of Pesticide Runoff from Turf .
Journal of Environmental Quality, Vols. 32 p 447-455 .
Hewitt, J. E., Thrush, S. E. e Cummings, V. J. (2001). Assessing environmental impacts: Effects of
spatial and temporal variability at likely impact scales. 5, Vols. 11 pp. 1502-1516.
IAPMEI e Leónidas, Matos & Associados . (2009). Imposto Municipal de Sisa . IAPMEI. Acedido em
1 de Junho de 2009. http://www.iapmei.pt/iapmei-art-03.php?id=514.
ICNB. Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal.
Instituto Nacional de Estatística . (1992). Anuário estatistico de Portugal .
Instituto Nacional de Estatística . (1993). Anuário Estatisitico da Região do Algarve.
86
—. (1994). Anuário Estatistico da região do Algarve.
—. (1995). Anuário Estatistico da região do Algarve.
—. (1996). Anuário Estatistico da região do Algarve.
—. (1997). Anuário Estatistico da região do Algarve.
—. (1998). Anuário Estatistico da região do Algarve.
—. (1999). Anuário Estatistico da região do Algarve.
—. (2000). Anuário Estatistico da região do Algarve.
—. (2001). Anuário Estatistico da região do Algarve.
—. (2002). Anuário Estatistico da região do Algarve.
—. (2003). Anuário Estatistico da região do Algarve.
—. (2004). Anuário Estatistico da região do Algarve.
—. (2005). Anuário Estatistico da região do Algarve.
—. (2006). Anuário Estatistico da região do Algarve.
—. (2007). Anuário Estatistico da região do Algarve.
—. (2008). Anuário Estatistico da Região do Algarve.
—. (2009). Dados estatisticos territoriais.
Instituto de Meteorologia. (2005). Perfil Climático - Portugal Continental.
Jones, Stephen G., Gordon, David H., Phillips, Gary M., Richardson, Bruce R. D. (2005). Avian
community response to a golf-course landscape unit gradient. Wildlife Society Bulletin. 2, Vols. 33 pp
422-434.
King, K. W. e Balogh, J. C. (2001). Water quality impacts associated with converting farmland and
forest to turfgrass. Transactions of the ASAE, Vols. 44 p 569-576.
King, Kevin W., Harmel, R. Daren, Torbert, H. Allen, Balogh, James C. (2007). Impact of a
turfgrass system on nutrient loadings to surface water. JAWRA Journal of the American Water
Resources Association. 3, Vols. 37 pp 629 - 640.
Lavinas, Carlota. (2004). Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António.
s.l. : Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade.
Leal, Susana, Grade, Nuno, Santos, António, Santos, Erika S. (2007). Nidificação de espécies
aquáticas nos lagos do campo de golfe de San Lorenzo.
Lefebure, Eleonore. (2007). Conservação da paisagem e da biodiversidade nos campos de golfe /
caso de estudo no Algarve
Lei n.º 58/2005 de 29 de Dezembro, Assembleia da República. (2005). Diário da República. Serie I
- A, Vol. 249.
Lewis, Michael A., Boustanyb, Ronald G., Dantina, Darrin D., Quarlesa, Robert L., Moorea,
James C., Stanley, Roman S. (2002). Effects of a Coastal Golf Complex on Water Quality,
Periphyton, and Seagrass. Ecotoxicology and Environmental Safety. 1, Vols. 53 p 154-162 .
Lewis, Michael A., Foss, Steven S., Harris, Peggy S., Stanley, Roman S., Moore, James C.
(2001). Sediment chemical contamination and toxicity associated with a coastal golf course complex .
Environmental Toxicology and Chemistry. 7, Vols. 20 pp. 1390–1398 .
87
Lia, Kun, Xinga, Baoshan e Torello, William A. (2004). Effect of organic fertilizers derived dissolved
organic matter on pesticide sorption and leaching. Environmental Pollution, Vols. 134 pp 187–194.
Lusort. (2009). Lusort Algarve. Acedido em 2009. http://lusort.com/pt/.
Mankin, K. R. (2000). An integrated approach for modelling and managing golf course water quality
and ecosystem diversity. Ecological Modelling. 3, Vols. 133 pp 259-267 .
Martins, Ricardo, Monteiro, José Paulo e Martins, João. (2006). Contribuição para a análise
espacial do uso de águas subterrâneas no Algarve.
Ministério da Economia e Inovação. (2007). Turismo em 2006.
—. (2008). Turismo em 2007.
Mintel International Group Ltd. 2006. Golf Tourism - International. 2006.
Monteiro, José Paulo. (2006). As Águas Subterrâneas e a Gestão de Recursos Hídricos em Portugal
no Início do Século XXI.
Monteiro, José Paulo e Do Ó, Afonso. (2006). Estimação da procura real de água no Algarve por
sectores.
Monteiro, José Paulo, Costa, Manuel da Silva e Martins, Ricardo.( s.d.). Modelação do actual e
futuro impacto do golfe aquíferos do Algarve (Portugal).
Monteiro, José Paulo, Oliveira, Manuel M. e Costa, João Pinheiro. (2007). Impact of the
Replacement of Groundwater by Dam Waters in the Albufeira-Ribeira de Quarteira and Quarteira
Coastal Aquifers.
Nascimento, Fausto do. (2002). Estudo de impacte ambiental - Campo de golfe da Herdade das
Navalhas.
—. (2003). Estudo de Impacte Ambiental do Campo de Golfe II da Herdade do Reguengo.
—. (2004). Estudo de Impacte Ambiental do Núcleo de Desenvolvimento Turístico da Quinta da
Ombria.
—. (2005). Estudo de Impacte Ambiental da Herdade de Corte Velho.
Nemus. (2002). Estudo de Impacte Ambiental do Campo de Golfe dos Pinheiros Altos..
—. (2003). Estudo de Impacte Ambiental do Hotel Resort Quinta da Ria .
Neto, Elza e Fonseca, Luís Cancela da. (2001). Comunidade de aves do Sapal de Castro Marim:
Alguns aspectos a considerar na sua gestão.
Parker, Keith R. e Wiens, John A. (2005). Assessing recovery following environmental accidents:
environmental variation, ecological assumptions and strategies. Ecological Applications. 6, Vols. 15
pp. 2037-2051.
Turismo de Portugal. (2007). Plano Estratégico Nacional do Turismo. .
Pinto, José Eduardo. (2000). Relatório sobre a Conservação da Natureza em Vilamoura.
Portugal Golf. (2006). Historia do golfe. Acedido em 2009.
http://www.portugalgolf.pt/golfe/golfe_historia.htm.
—. (2008). Portugal Golf Campos/ Clubes. Acedido em 2009. http://www.portugalgolf.pt/mapapor.htm.
Procesl. (2005). Estudo de Impacte Ambiental do Campo de Golf Formosa Golf.
Qian, Y. L. e Mecham, B. (s.d.). Long-term effects of recycled wastewater irrigation on soil chemical
properties on golf course fairways. Agronomy Journal.
88
Qian, Yaling, Follett, Ronald e Kimble, J. (2002). Estimating Soil Carbon Sequestration in Turfgrass
Systems From Natural Carbon Isotopic Signatures.
Quang Do, A. e Grudnitski, Gary. (1995). Golf courses and residential house prices: An empirical
examination. The Journal of Real Estate Finance and Economics, Vols. 10, nº 3.
Queirós, Margarida. (2001/2002). Os Parques Naturais e o Ordenamento do Território em Portugal.
Inforgeo. Colibri, Vols. 16/17 pp. 141-150.
Região de Turismo do Algarve. (2008). Algarve - Conjuntura turística Maio /Junho.
Rita,
Fernanda
Maria
Rodrigues.
(2007).
Análise
da
transformação
da
paisagem
em
empreendimentos com Campos de Golfe / Quinta da Boavista, Amendoeira Golf Resort.
Ryals, Scott C., Genter, Mary Beth e Leidy, Ross B. (1998). Assessment of surface water quality on
three Eastern North Carolina golf courses. Environmental Toxicology and Chemistry. 10, Vols. 17 pp.
1934–1942.
Scott, David E., Metts, Brian S. e Gibbons, J. Whitfield. (1999). Seasonal wetlands and golf
courses.
Semlitsch, Raymon, Boone, Michelle D. e Bodie, J. Russel. (2008). Boltering amphibian
communities in golf courses.
Shuman, L.M. (2003). Fertilizer source effects on phosphate and nitrate leaching through simulated
golf greens. Environmental Pollution, Vols. 125 pp 413–421.
Smith, Eric P. (2002). BACI design. Encyclopedia of Environmetrics, Vols. 1, pp 141–148.
Smith, Matthew D., Conway, Courtney J. e Ellis, Lisa A. (2005). Burrowing owl nesting productivity:
a comparison between artificial and natural burrows on and off golf courses. Wildlife Society Bulletin.
2, Vols. 33 pp 454 - 462.
SNIRH. Águas Subterrâneas - Dados Piezométricos. Sistema Nacional de Informação de Recursos
Hídricos. Acedido em 2009. snirh.pt.
Sorace, Alberto e Visentin, Marta. (2007). Avian diversity on golf courses and surrounding
landscapes in Italy . Landscape and Urban Planning. 1-2, Vols. 81 pp 81-90.
SRI Internacional. (2002). The Golf Economy Report.
SRI International. (2008). The 2005 Golf Economy Report.
Stanback, Mark T. e Seifert, Megan L. (2005). A comparison of eastern bluebird reproductive
parameters in golf and rural habitats. Wildlife Society Bulletin. 2, Vols. 33 pp 471 - 482.
Steinbeck, John R., Schiel, David R. e Foster, Michael S. (2005). Detecting long-term change in
complex communities: a case study from the rocky intertidal zone. Ecological Applications. 5, Vols. 15
pp. 1813-1832.
Stewart-Oaten, Allan e Bence, James R. (2001). Temporal and spatial variation in environmental
impact assessment. Ecological Monographs,, pp. Vol. 71, No. 2, pp. 305-339.
Stynes, Daniel J., Sun, Ya-Yen e Talhelm, Daniel R. (2000). Michigan Golf Tourists - Economic
Impacts1. s.l. : Michigan State University.
Tanner, R. A. e Gange, A. C. (2005). Effects of golf courses on local biodiversity . Landscape and
Urban Planning, Vols. 71 p 137 - 146.
89
Terman, Max R. (2000). Ecology and golf:Saving wildlife habitats on human landscapes. Golf Course
Management.
THR Acesores en Turismo, Hotelaría y Recreación, S.A. (2006). 10 produtos estatégicos para o
desenvolvimento do turismo em Portugal - Golfe. Lisboa : Turismo de Portugal, ip.
Turismo de Portugal. (2007). Determinação da Representatividade das Motivações Primárias e
Estádio de Satisfação dos Turistas em Portugal.
—. (2008). Empreendimentos Turísticos - Procedimentos associados ao processo de licenciamento.
U.S. Environmental Protection Agency. (2005). Average carbon dioxide emissions resulting from
gasoline and diesel fuel.
Universidade do Algarve. (2004). Estudo sobre o Golfe no Algarve - Diagnóstico das áreas
problema.
Universidade Nova de Economia. (2006). Sucessões Cronológicas - Indice de sazonalidade.
U.N. World Tourism Organization. (2007). World Tourism barometer.
Virtual
Portugal.
(2009).
Virtual
Portuga
Golfe.
Acedido
em
2009.
http://www.portugalvirtual.pt/_golf/ptindex.html.
White, C. LeAnn e Main, Martin B. (2005). Waterbird use of created wetlands in golf-course
landscapes. Wildlife Society Bulletin. 2, Vols. 33 pp 411 - 421.
White, George. (2002). The Golf Channel. History of Golf - Part One: The Beginnings.Acedido em
2009. http://www.thegolfchannel.com/30310/6931/.
Wong, J. W. C., Chan, C. W. Y. e Cheung, K. C. (1998). Nitrogen and phosphorus leaching from
fertilizer applied on golf courses: lysimeter study. Water, Air, and Soil Pollution,, Vols. 107 pp 335–
345.
Yates, Marylinn V. (1995). The Fate of Pesticides and Fertilizers in a Turfgrass Environment. USGA
Green Section Record.
90
ANEXOS
91
92
Anexo I – Distribuição de campos de golfe no Algarve (CCDR Algarve, 2008).
93
94
Anexo II – Informação dos EIA feitos sobre campos de golfe no Algarve
Nome
Campo de
Golfe com
14 Buracos Muro do
Ludo Pinheiros
Altos Quinta do
Lago
Ano
2001
Tipologia
Campo
Estado
Rejeitado
Área
(ha)
Nº
buracos
Concelho
50
14
Loulé
PDM
em
vigor
Localização
PDM/Condicionante
Info
adicional/actual
1995
RAN/Áreas pré
Parque/Zona de
Reserva Natural
35
35
SGA/Certificação
Origem água de
rega
Usos prégolfe golfe
Loc. Litoral em
Sistema. de
Aquífero
N/A
Água subterrânea 2 furos37
Agrícola 37
N/A
Superficial 38
Agrícola 38
3536
Campo de
Golfe
"Quinta das
Navalhas"
Sítio do
Ludo,
Faro/Loulé
2001
Campo
Rejeitado
54
18
Faro
1995
PN Ria Formosa
Implantação em
lixeira selada e
em área agrícola
abandonada com
zonas de pinhal
manso e
sobreiros 38
Quinta da
Ria
2002
Campo
Exploração
66
18
V.R.S.
António
1992
Áreas produção
agrícola Graus I e
II/RAN
Loc.
Litoral/RN2000/Á
rea Protegida 39
S/R
Superficial:
- sistema de
abastecimento
Odeleite/Beliche 39
S/R
Quinta de
Cima
2002
Campo
Exploração
62
18
V.R.S.
António
1992
Áreas produção
agrícola Graus I e
II/RAN
Loc.
Litoral/RN2000/Á
rea Protegida
S/R
Superficial:
- sistema de
abastecimento
Odeleite/Beliche 39
Agrícola 39
35
(DGOTDU, 2008)
(CCDR Algarve, 2008)
37
(Ecossistema / Mãe d'Água, 2001)
38
(Nascimento, 2002)
39
(Nemus, 2003)
36
95
Nome
Ano
Tipologia
Estado
Área
(ha)
Nº
buracos
Concelho
PDM
em
vigor
Localização
PDM/Condicionante
Info
adicional/actual
1994
Uso dos solos de
espaços agroflorestais, na zona sul
da
Área de Aptidão
Turística 1 (AAT1) /
RAN/REN
1994
S/R
35
Campo de
Golfe
"Almada de
Ouro &
Country
Club"
2002
Campo
Estudo
73
27+9
Castro
Marim
Empreendim
ento
Turístico
Verdelago Clube e
Campo de
Golfe
2002
Resort
Estudo
-
-
Castro
Marim
Morgado do
Reguengo II
2002
Campo
Exploração
43
18
Portimão
Campo de
Golfe dos
Pinheiros
Altos
2002
Resort
Exploração
20
8
Loulé
35
SGA/Certificação
Origem água de
rega
Usos prégolfe golfe
Loc.
Interior/RN2000/
REN
SGA NP EN ISSO
14001 a ser
implementado em
exploração 40
Superficial (lago
alimentado p/
albufeira) 40
Pastorícia
- Caça
- Passeios
turísticos 40
Loc.
Litoral/RN2000
S/R
S/R
Agrícola
Agrícola 41
Agrícola 42
3536
1995
Zonas de
Recursos Naturais e
Equilíbrio Ambiental,
Imperativas e Zonas
Agrícolas/REN/RAN
Loc. Interior em
Sistema.
Aquífero
S/R
Superficial:
lago artificial, o qual
será
alimentado a partir
da Barragem do
Morgado, localizada
a Sudeste, sendo
reforçada pela
Barragem dos
Álamos, a Norte,
ambas já
construídas no
interior da Herdade
do Reguengo 41
1995
Áreas urbanoturísticas/RAN/PN
Ria Formosa
Loc. Litoral em
Sistema. de
Aquífero
S/R
Subterrânea+ETAR
(50:50) 42
40
(Ecossistema, 2002)
(Nascimento, 2003)
42
(Nemus, 2002)
41
96
Nome
Morgado do
Reguengo I
Núcleo de
Desenv.
Turístico da
Quinta da
Ombria Loulé
5º Campo
Vilamoura
(Vitória)
Emp.
Turístico da
Herdade do
Corte Velho
Ano
2003
2003
2004
2004
Tipologia
Campo
Resort
Campo
Resort
Estado
Exploração
Estudo
Exploração
Rejeitado
Área
(ha)
68
60
96
68
Nº
buracos
18
27
18
18
Concelho
PDM
em
vigor
35
Portimão
Loulé
Loulé
Castro
Marim
Localização
PDM/Condicionante
35
Info
adicional/actual
3536
SGA/Certificação
Origem água de
rega
Usos prégolfe golfe
S/R
Superficial: lago
artificial, o qual será
alimentado a partir
da Barragem do
Morgado, localizada
a Sudeste, sendo
reforçada pela
Barragem dos
Álamos, a Norte,
ambas já
construídas no
interior da Herdade
do Reguengo 41
Agrícola 41
1ª Fase subterrânea (7 furos
já existentes) +agua
captada do sistema
de drenagem 2ªfase
ETAR 43
Agrícola 43
1995
Área fomento agroflorestal/Povoamento
florestal
Loc. Interior em
Sistema.
Aquífero
1995
A.A.T. (Área de
Aptidão Turística)
/RAN/REN
Loc Interior em
Sistema. De
Aquífero/RN2000
S/R
1995
Áreas urbanoturísticas/RAN
Loc. Litoral em
Sistema de
Aquífero
Oceânico Golf
S.A:
- NP EN
ISO14001
- Green Globe
- Commited to
Green
1994
PROTAL- Zona de
Atractivo
Paisagístico e Zona
de Protecção da
Natureza / PDM A.A.T.2 / REN; Zonas
de cheias; RN 2000
Sitio Guadiana
Loc.
Interior/RN2000
N/A
Subterrânea+ETAR
44
Agrícola 44
Pecuária
ETAR 45
Agrícola 45
43
(Nascimento, 2004)
(Ecossistema, 2001)
45
(Nascimento, 2005)
44
97
Nome
Ano
Tipologia
Estado
Área
(ha)
Nº
buracos
Concelho
PDM
em
vigor
Localização
PDM/Condicionante
Info
adicional/actual
SGA/Certificação
Origem água de
rega
Usos prégolfe golfe
Superficial
(barragem) +águas
drenadas 46
S/R
35
35
3536
Campo de
Golfe de
Finca
Rodilhas Alcoutim
2005
Resort
Estudo
84
27
Alcoutim
1995
Espaços Agroflorestais de Uso
Múltiplo
Loc Interior
S/R
Campo de
Golfe "O
Laranjal"
2005
Campo
Exploração
47
18
Loulé
1995
RAN
Loc. Litoral em
Sistema de
Aquífero
S/R
Campo de
Golfe
"Formosa
Golf"
2005
Resort
Rejeitado
57
18
Loulé
1995
Área sensível - Sitio
Ria Formosa - Castro
Marim/RAN
Loc.
Litoral/RN2000/P
N Ria Formosa
N/A
Monte Rei
2007
Resort
Exploração
43
18
V.R.S.
António
1992
Núcleo de
Desenvolvimento
Turístico pelo PDM
Loc. Interior/REN
Quinta do
Vale
2008
Resort
Exploração
60
18
Castro
Marim
1994
Espaço agro-florestal
Amendoeira
Golf Resort Silves
2008
Resort
Exploração
135
18+18
Silves
1995
Áreas de Aptidão
Turística (AAT)
/RAN/REN
Subterrânea+ETAR
Frutícola 47
Subterrânea+Pluvial
48
Agrícola
frutícola 48
S/R
Superficial (Sist.
Rega do Sotavento
Algarvio) 49
Área de serra
fracamente
humanizada 49
Loc. Interior
-
S/R
S/R
Loc. Interior em
Sistema.
Aquífero
Oceanico Golf
S.A. :
- NP EN ISSO
14001
- Green Globe
- Commited to
Green
Subterrânea (7 furos
em 2 aquíferos)
+ETAR
posteriormente 50
Agrícola 50
47
46
(ARQPAIS; Ecossistema, 2005)
(Ecossistema; Mãe D'Água, 2005)
48
(Procesl, 2005)
49
(Ecossistema; Mãe D'Água, 2001)
50
(Geodesenho, 2005)
47
98
Anexo III – Evolução da superfície piezométrica média dos aquíferos algarvios (SNIRH)
Loulé – Aquífero: Quarteira 1989/1990
99
Loulé – Aquífero: Quarteira 2008/2009
100
Loulé – Aquífero: Campina de Faro 1988/1989
101
Loulé – Aquífero: Campina de Faro 2008/2009
102
Anexo IV – Evolução de dados da qualidade de água subterrânea por concelho (SNIRH)
Albufeira – Sistema aquífero Ribeira de Quarteira
Condutividade
1995
2006
103
Albufeira – Sistema aquífero Ribeira de Quarteira
Nitratos
1995
2007
104
Albufeira – Sistema aquífero Ribeira de Quarteira
pH
1995
2007
105
Albufeira – Sistema aquífero Ribeira de Quarteira
Azoto amoniacal
1995
2007
106
Albufeira – Sistema aquífero Ribeira de Quarteira
Cloretos
1995
2007
107
Loulé – Sistema de aquífero de Quarteira
Condutividade
1995
\
2007
108
Loulé – Sistema de aquífero de Quarteira
Nitratos
1995
2007
109
Loulé – Sistema de aquífero de Quarteira
pH
1995
2007
110
Loulé – Sistema de aquífero de Quarteira
Azoto Amoniacal
1995
2007
111
Loulé – Sistema de aquífero de Quarteira
Cloretos
1995
2007
112
Loulé – Sistema aquífero Campina de Faro
Condutividade
1995
2006
113
Loulé – Sistema aquífero Campina de Faro
Nitratos
1995
2007
114
Loulé – Sistema aquífero Campina de Faro
pH
1995
2007
115
Loulé – Sistema aquífero Campina de Faro
Azoto amoniacal
1995
2007
116
Loulé – Sistema aquífero Campina de Faro
Cloretos
1995
2007
117
118
Anexo V – Amostra de terrenos urbanos para análise de
variação do valor imobiliário.
Vilamoura (Golfe)
Área
(m2)
Preço(€)
Quarteira
2
€/m
Área
(m2)
Preço (€)
2
€/m
800
525000
656
1290
350000
271
1041
750000
720
1050
300000
286
1100
750000
682
3100
325000
105
795
750000
943
925
285000
308
989
750000
758
235
77000
328
1045
750000
718
1750
149640
86
1073
645000
601
720
200000
278
755
562000
744
1050
330000
314
562
535000
952
1290
350000
271
520
1137000
2187
1220
425000
348
489
1069000
2186
1050
435000
414
372
813000
2185
1370
490000
358
408
891000
2184
550
535000
973
458
1002000
2188
4568
1200000
263
489
1069000
2186
1020
230000
225
Fonte: www.imo-portugal.pt
119
Download

Os impactes ambientais de “ondas” ou modas de investimento em