UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA CARACTERIZAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL DE QUINTAIS URBANOS DO MUNICÍPIO DE ALTAMIRA-PA Mário José Costa Carneiro Altamira - Pará 2011 ii Mário José Costa Carneiro CARACTERIZAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL DE QUINTAIS URBANOS DO MUNICÍPIO DE ALTAMIRA-PA Trabalho de Conclusão de Curso - TCC apresentado à Faculdade de Engenharia Agronômica da Universidade Federal do Pará, Campus Universitário de Altamira, como requisito obrigatório para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Agronômica. Orientador: Prof. Dr. Francisco Plácido Magalhães Oliveira Co-Orientadora: Profª. M.Sc. Maristela Marques da Silva Altamira - Pará 2011 iii Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) UFPA – Campus de Altamira - Biblioteca Carneiro, Mario Jose Costa Caracterização da cobertura vegetal de quintais urbanos do município de Altamira – Pará,/ Mario Jose Costa Carneiro; orientador, Profº Dr. Francisco Plácido Magalhães Oliveira.— Altamira: [s.n.], 2011. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade Federal do Pará, Campus Universitário de Altamira, 2011 1. Plantas. 2. Plantas Medicinais. 3. Plantas Ornamentais. I.Oliveira, Francisco Plácido Magalhães.II.Título. CDD: 581.6 iv Mário José Costa Carneiro CARACTERIZAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL DE QUINTAIS URBANOS DO MUNICÍPIO DE ALTAMIRA-PA Trabalho de Conclusão de Curso - TCC submetido à aprovação como requisito obrigatório para a obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Agronômica, pela banca examinadora formada pelos professores: Orientador: Prof. Dr. Francisco Plácido Magalhães Oliveira Faculdade de Ciências Biológicas, UFPA Banca Examinadora: Prof. Dr. Maurício Möller Parry Faculdade de Ciências Biológicas, UFPA Prof. Dr. Miguel Alves Júnior Faculdade de Engenharia Agronômica, UFPA Altamira - Pará, 18 de Março de 2011 v “[...] Desistir dos sonhos é abrir mão da felicidade porque quem não persegue seus objetivos esta condenado a fracassar 100% das vezes [...]” Augusto Cury vi AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por ter me concedido saúde e perseverança para chegar ao final deste trabalho. Agradeço em especial aos meus Pais José Gonçalves Carneiro e Maria Lucia de Fátima Costa, aos meus irmãos Cristiane Costa Carneiro, Ângela Cristina Costa Carneiro e Mauro Roberto Costa Carneiro, as minhas sobrinhas Maria Eduarda, Sthefanny e Amanda, pessoas as quais devo minha vida e são as grandes responsáveis pela realização deste trabalho. Ao meu Orientador Prof. Dr. Francisco Plácido Magalhães Oliveira, pela orientação e dedicação ao presente trabalho. Aos professores da Faculdade de Engenharia Agronômica e aos demais professores de outras faculdades que contribuíram no decorrer do curso, em especial a professora M.Sc. Maristela Marques da Silva por toda sua dedicação e paciência na orientação em trabalhos acadêmicos e na contribuição neste trabalho. Agradeço ao Prof. Dr. Miguel Alves Júnior e Prof. Dr. Maurício Möller Parry, por aceitarem participar da banca do meu Trabalho de Conclusão de Curso. Aos Moradores dos bairros Centro, Mutirão, Uirapuru e Brasília por disponibilizarem parte do seu tempo para realização deste trabalho. Ao Sr. Francisco Bolsanelo, Zelinda Bolsanelo, Francisco Nascimento e Amabilez Oleose por permitirem a realização dos meus estágios em suas propriedades e pela ajuda e dedicação na condução das atividades. Aos moradores da Comunidade Princesa do Xingu: Miguel, Julita, Ireni, Neto, Thiago, Zé e Patrícia que contribuíram com a realização de algumas atividades durante o estágio e em nossas longas caminhadas ao longo dos travessões. Aos amigos da turma de agronomia 2006 e mais novos Engenheiros Agrônomos da região, em especial a Carla, Helem, Edna, Andréia Portugal. Pessoas que ao longo do curso foram de fundamental importância, além de me incentivaram a não desistir de meus objetivos. A todos aqueles que acreditam em mim e que deforma direta ou indireta me apoiaram. Muito obrigado a todos vocês! vii SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................... 2 3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ............................................. 6 4 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 8 4.1 COLETA DE DADOS .......................................................................................... 8 4.2 ANÁLISE DE DADOS ......................................................................................... 8 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 9 5.1 PERFIL SOCIAL DOS ENTREVISTADOS ...................................................... 9 5.2 DIVERSIDADE VEGETAL DOS QUINTAIS .................................................... 12 5.2.1 5.2.1 Espécies vegetais dos quintais urbanos .................................................... 15 5.3 IMPORTÂNCIA DAS ESPÉCIES CULTIVADAS ............................................. 26 5.4 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL DOS QUINTAIS NA PERCEPÇÃO DOS MORADORES ..................................................................... 28 6 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 31 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 32 ANEXO I ......................................................................................................................... 35 ANEXO II ........................................................................................................................ 37 ANEXO III ...................................................................................................................... 38 viii LISTA DE FIGURAS E TABELAS Figura 01. Localização da área do estudo ........................................................................ 6 Figura 02. Estados Brasileiros representados pelas familias entrevistadas ..................... 10 Figura 03. Grau de Instrução dos entrevistados ............................................................... 11 Figura 04. Ocupação dos entrevistados ........................................................................... 11 Figura 05. Quintal de uma residência do bairro Uirapuru, Altamira-Pa ......................... 13 Figura 06. Área de serviço do quintal da residencia do bairro centro, Altamira-PA ...... 14 Figura 07. Estágio dos quintais ao longo do tempo de moradia ...................................... 14 Figura 08. Diversidade de plantas encontradas no quintal de uma residência do bairro uirapuru, Altamira, PA ...................................................................................................... 15 Figura 09: Espécies encontradas em um quintal do bairro de brasília, Altamira, PA ..... 24 Figura 10. Responsáveis pelos cuidados com os quintais ............................................... 25 Figura 11. Variação da Importância alimentar e medicinal das espécies cultivadas ....... 28 Figura 12. Importância dos quintais na qualidade ambiental segundo os moradores ..... 29 Figura A1. A) Rosedá (Lagerstroemia indica L.). B) Jasmim manga (Plumeria rubra L.). C) Pingo de ouro (Duranta erecta L.). D) Cacto estrela (Stapelia hirsuta L.). E) Cacto bola (Echinocactus grusonii). F) Coroa de Frade (Melocactus zehntneri (Britton & Rose) Luetzelb.) ............................................................................................................ Figura A2. A) Alfavaca grossa (Ocimum gratissimum L.). B) Boldo pequeno (Plectranthus neochilus Schlechter). C) Noni (Morinda citrifolia L.). D) Babosa (Aloe vera (L.) Burm. f.). E) Cebolinha (Allium fistolosum L.). F) Acerola (Malpighia glabra L.) ......................................................................................................................... Figura A3. A) Comigo ninguém pode (Dieffenbachia amoena hort. ex L. Gentil). B) Trevo roxo (Oxalis regnellii atropurpurea). C) Hibiscus (Hibiscus rosa-sinensis L.) D) Tinhorão (Caladium bicolor Schott.) ................................................................................ 38 39 40 Tabela 01. Tamanho dos terrenos e casa (área construída) dos bairros ........................... 13 Tabela 02. Especies vegetais encontradas nos quintais ................................................... 17 ix RESUMO Os quintais domiciliares apresentam importância significativa no conforto ambiental, na complementação da dieta alimentar pelo cultivo de frutas, hortaliças e medicinais, além de ser uma das formas de manejo do solo e embelezamento por meio das plantas ornamentais. Para conhecer a cobertura vegetal dos quintais urbanos, no município de Altamira, Estado do Pará, foi realizado um levantamento das espécies vegetais, visando analisar a relação da área do terreno disponível e as espécies vegetais existentes, assim como, compreender a importância sócio-ambiental dos quintais. Para tanto, foram amostrados 40 domicílios, distribuídos nos seguintes bairros: Centro, Jardim Uirapuru, Brasília e Mutirão. O levantamento botânico identificou 156 espécies vegetais distribuídas em três categorias: medicinais (55), alimentícias (52) e ornamentais (58), sendo, que, nove espécies foram mencionadas em duas categorias distintas. Dentre o conjunto das espécies identificadas nos quintais, destacou-se: côco (Cocos nucifera L.), mamão (Carica papaya L.), goiaba (Psidium guajava L.), erva cidreira (Lippia alba (Mill.) NE. Brown), espada de São Jorge (Sansevieria trifasciata Prain.), roseira (Rosa x grandiflora Hort.), acerola (Malpighia glabra L.) e comigo ninguem pode (Dieffenbachia amoena hort. ex L. Gentil). Entre as alimentícias e medicinais, houve uma variação em relação ao grau de importância das diferentes categorias, onde, uma pode se destacar mais que a outra, podendo determinar entre elas, quais têm a maior importância dentre a variedade do cultivo. Entre as funcionalidades dos quintais definidas entre os entrevistados, a importancia ambiental é considerada de grande relevância entre alguns moradores, dessa forma, identifica-se que, de acordo com a variação do porte das plantas, essa finalidade garante uma maior contribuição em relação as melhorias na qualidade do ambiente, influenciando diretamente no sombreamento, disponibilidade de oxigênio, ventilação, conservação do solo e amenização da temperatura gerando consequentemente um ambiente mais agradável. Palavras-chave: Meio ambiente, Espécies vegetais, Conforto ambiental. x ABSTRACT The home gardens have significant importance in the environmental comfort, complementing the diet for growing fruits and vegetables, medicinal plants, besides being one of the forms of soil management and beautification through ornamental plants. To know the vegetation of urban gardens in the town of Altamira in Pará State, was a survey of plant species in order to analyze the relationship of the land area available and the plant species, as well as understand the importance of socio-environmental backyards . For this purpose we sampled 40 households distributed in neighborhoods Center, Garden Uirapuru, Brasilia and Mutirão. The botanical survey identified 156 plant species distributed in three categories: medical (55), food (52) and ornamental (58), and nine species were listed in two categories. Among all the species identified in, stood out: coconut (Cocos nucifera L.), papaya (Carica papaya L.), guava (Psidium guajava L.), grass (Lippia alba (Mill.) NE. Brown) sword of Saint George (Sansevieria trifasciata Prain.), rose (Rosa x grandiflora Hort.) acerola (Malpighia glabra L.) and me nobody can (Dieffenbachia amoena hort. ex L. Gentil). Among the food and medicinal was a variation in terms of degree of importance of different categories, where one can stand out more than the other may determine between them which have the greatest importance among the variety of cultivation. Among the features of the gardens set among the interviewees, the importance of the environment is considered of great relevance among some residents, thus it is identified that, according to the variation of plant height for this purpose ensures a greater contribution for the improvements inquality of the environment, directly influencing the shade, availability of oxygen, ventilation, conservation of soil and consequently softening temperature generating a more pleasant environment. Key-words: Environment, Plant species, Environmental comfort. 1 1 INTRODUÇÃO Os quintais podem ser definidos como áreas ao redor dos domicílios, onde, são cultivadas plantas para vários fins, tais como, alimentares, medicinais, ornamentais, entre varias outras finalidades. Podem ainda, serem caracterizados como locais de acesso imediato, onde, primeiro se introduzem propágulos de plantas oriundas de outras áreas, para se observar seu desempenho e aclimatação, e para onde se transplantam elementos úteis da vegetação nativa. Assim, conhecer a relação que cada comunidade tem com seus quintais, pode auxiliar no desenvolvimento de estratégias de conservação (AMAROSO, 2007 apud SOBRINHO e GUIDO, 2008). A diversidade vegetal encontrada nos quintais apresenta uma importância significante na sustentação dos povos e no conhecimento dos ambientes naturais e suas formas de manejo, pois, contribuem para a subsistência a determinadas populações. Diante da marcha acelerada da urbanização, exploração dos ambientes naturais e das possíveis influências de aculturação, é preciso resgatar o conhecimento que a população urbana detém sobre o uso dos recursos naturais, em diferentes culturas (MOURA e ANDRADE, 2007). O cultivo de espécies em quintais é uma das formas mais antigas de manejo da terra, fato esse, que, por si só, indica sua sustentabilidade. Embora esse sistema de produção de múltiplas espécies tenha provido e sustentado milhões de pessoas economicamente, pouca atenção científica tem sido destinada ao assunto (AMARAL e NETO, 2008). Assim, o desaparecimento destes, não implicaria somente na perda de um sistema ecologicamente estável e geneticamente rico, como também, na perda da valiosa herança cultural associada a ele (NAIR e KRISHNANKUTTY, 1984 apud LACERDA, 2008). Dessa forma, cada sistema de quintais apresentam particularidades que lhes são próprias, definidas pelas condições agroecológicas e pelas características socioculturais. Desta forma, este trabalho justifica-se pela importância de caracterizar a diversidade vegetal encontrada em quintais do município de Altamira, assim como, suas múltiplas utilidades. Tendo como objetivo geral, realizar o levantamento das espécies vegetais encontradas em quintais urbanos, analisando a relação entre a área do terreno disponível e a riqueza das espécies vegetais, assim como, compreender a importância sócio-ambiental das espécies cultivadas na perspectiva dos residentes. E como objetivos específicos: caracterizar a cobertura vegetal de diferentes quintais; identificar e quantificar a freqüência e uso das espécies; diagnosticar a importância das espécies existentes nas residências; e verificar a qualidade ambiental dos quintais na percepção das famílias visitadas. 2 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA O estreitamento de relações entre comunidades florestais e áreas urbanas é um fenômeno observável especialmente na região amazônica, onde, atividades de produção, entre as quais, a agricultura, originalmente praticadas em contextos florestais, está sendo modelada por novos condicionantes oriundos da esfera urbana, em particular, novos modelos culturais e novas condições fundiárias (EMPERAIRE e LUDIVINE, 2008 apud AMARAL e NETO, 2008). O planejamento urbano, para a prática de agricultura, tem de ser adequadamente elaborado, planejado e integrado, não se resumindo apenas ao plantio de espécies destinadas à alimentação, mas, para todos os aspectos ligados ao manejo da biodiversidade e ao meio ambiente. Arborização, jardins, aves, animais e plantas ornamentais, fazem parte do desenho urbano e se ligam a prática da agricultura urbana. Dessa forma, os quintais, assim como todos os espaços da cidade, podem constituir um contorno verde entre prédios, casas, vias públicas, praças, parques e encostas e, dessa forma, alterar as condições climáticas locais, contribuindo para incrementar a umidade, reduzir a temperatura, melhorar o odor, capturar gases do ar poluído, proteger do vento e interceptar a radiação solar, criando lugares sombreados e protegidos (MACHADO e MACHADO, 2002). É necessário destacar, que toda cobertura vegetal dentro dos centros urbanos são de grande relevância quando se enfoca a análise da qualidade de vida da população em detrimento das funções ecológicas que estas desempenham e seus benefícios para a saúde. Logo, a vegetação de porte arbóreo, em relação às herbáceas, apresenta maior importância para a manutenção de funções ecológicas, principalmente em termos de diminuição da poluição do ar e manutenção da climatização natural, uma vez que, o principal problema gerado pelo crescimento conpulsivo das áreas urbanas é em relação ao crescimento da poluição e conseqüente, aumento da temperatura, gerando a chamada ilha de calor que define um clima essencialmente urbano, que se difere das áreas rurais. Este fenômeno tem como principal característica, a ocupação desordenada e conseqüente degradação ambiental pelo aumento em grande escala, de áreas pavimentadas, fontes geradoras de calor e a ausência de cobertura vegetal (COSTA e FERREIRA, 2008). Quintais associados a habitações humanas podem ser classificados como sistemas agroflorestais, funcionando como reservatórios de diversidade de espécies de árvores, arbustos e ervas situados dentro de um limite residencial, e sob o manejo e o trabalho familiar (FERNANDES e NAIR, 1986; MCCONNELL, 1992; NAIR, 1993 apud SEMEDO e 3 BARBOSA, 2007). Podendo ainda ser considerados sistemas domésticos importantes para cultivo, seleção e conservação de espécies de plantas reconhecidas como úteis, além de fornecerem recursos para consumo familiar e preservarem parte da cultura e história local (KUMAR e NAIR, 2004 apud MORAIS et al., 2007). As nossas cidades foram assentadas à custa de grandes devastações vegetais, sendo hoje um desafio influenciar as pessoas, de que, nós seres humanos, somos apenas uma parcela minúscula do meio ambiente, e, que por isso, devemos manter e multiplicar a vegetação, no meio urbano. Daí surge então, à necessidade de instituir um índice ou um percentual, que reflita uma qualidade de vida aceitável a população (CAVALHEIRO e DEL PICHIA, 1992 apud ROCHA e WERLANG, 2005). Oke (1973) citado por Nucci (2008) estimou, que um índice de cobertura vegetal na faixa de 30% da área considerada, seria o mínimo recomendável, para proporcionar um adequado balanço térmico em áreas urbanas e que este índice, quando se apresenta inferior a 5%, determina a esta vegetação, características semelhantes às de um deserto, designando estas áreas, como desertos florísticos. Além disso, considerando os vários benefícios que a vegetação pode trazer para melhorar a qualidade ambiental e de vida da população, pode-se concluir, que, em lugares sem ou com baixa quantidade de vegetação (abaixo de 5%) esta qualidade seja bem inferior ao desejável. Por sua vez, para Sukopp e Werner (1991) citado por Nucci et al. (2005) e Buitron & Favero (2009) a cidade que apresenta as condições ideais para a conservação da natureza e da paisagem, deveria ocupar 33% do seu solo, principalmente, na região central, permeáveis e não edificados, e, ainda, deveriam apresentar ampla conexão entre a vegetação da zona rural e a das áreas urbanas centrais, diminuindo o grau de variação, entre os usos dos solos destes meios. A aparência estrutural dos quintais é determinada em grande parte, pelo ambiente natural e pela tentativa da família em utilizar tantas espécies localmente adaptadas quanto possível, em uma extensão de terra relativamente pequena, para múltiplos propósitos. Os tipos de cultivo encontrados nos quintais são ditados pelo potencial ecológico da região, e, preferência alimentar cultural (NIÑEZ, 1984; FOX, 1999 apud LACERDA, 2008). Essa atividade vem sendo praticada há vários milênios, com isso, a humanidade vem cultivando, e, conseqüentemente, selecionando as espécies vegetais que melhor servem às suas necessidades. No decorrer desse tempo, acumulamos conhecimento dos ambientes naturais e sua forma de manejo, necessários para obter melhores resultados no cultivo de diferentes espécies, para fins alimentares, medicinais, ornamentais, religiosos, entre outros 4 (AMOROZO, 2008 apud RIBEIRO, 2009). Sua finalidade primária é a produção de alimento para complementação da dieta familiar. Porém, uma alta diversidade de espécies, com múltiplas finalidades, é cultivada nos quintais, tais como plantas usadas para: construção, combustível, artesanato, ornamental, sombra, fibra, religião e medicina (FERNANDES e NAIR, 1986; apud RIBEIRO, 2009). Dos grupos de espécies botânicas utilizadas por populações na forma de quintais caseiros na Amazônia, o de maior expressão, ou pelo menos o de maior visibilidade, é o da categoria “perene”. Neste grupo, se encaixam as árvores frutíferas comestíveis, que incorporam à alimentação diferentes fontes de vitaminas, de suma importância ao metabolismo fisiológico humano, podendo, também, oferecer sombra e lazer, além de se enquadrarem no grupo das medicinais alternativas (MADALENO, 2000 apud SEMEDO e BARBOSA, 2007). Diversas espécies de plantas, utilizadas na medicina popular, nativas e exóticas, são cultivadas e protegidas nos quintais, representando alternativas, de baixo custo, aos medicamentos industrializados (AMOROZO, 2002 apud MORAIS et al., 2007). Um dos elementos diferenciadores das áreas residenciais é a porção de espaço destinado à cobertura vegetal. Essas vegetações podem estar situadas em áreas públicas ou privadas e constitui um indicador da qualidade ambiental desses espaços (LUCHIARI, 2001). Nucci e Cavalheiro (1999) define cobertura vegetal como qualquer área provida de vegetação dentro do espaço urbano, compreendendo a vegetação herbácea, arbustiva e arbórea. Os jardins, os quintais, as praças, os parques, os canteiros em vias de circulação, as áreas preservadas, dentre outras formas de cobertura vegetal, estão compreendidas dentro desta categoria. Akbari et al. (2003) citado por Moura e Nucci (2005) também enfatizam a classificação a cobertura vegetal com base na propriedade, se pública ou privada, bem como, uma análise para se saber o quanto existe de vegetação arbórea, arbustiva ou herbácea, pois, essa distribuição está relacionada com conforto térmico e qualidade do ar. Existem muitas espécies que são plantadas com o único objetivo de gerar sombra para os proprietários, estas, são consideradas plantas de uso para o sombreamento. Este espaço, normalmente é o local onde as crianças brincam e os adultos conversam e descansam. Também serve de abrigo para aves, que vivem em áreas urbanas, ou, que estejam de passagem pelo local, algumas dessas árvores, que na visão dos moradores só são úteis para minimizar os efeitos dos raios de sol, na verdade, podem produzir frutos que eventualmente são consumidos pela família e por alguns animais frugívoros que predominam no local (BRIZIDIO e NUNES, 2010). 5 As áreas verdes urbanas devem ser manejadas como um recurso de uso múltiplo para o benefício das comunidades, pois, elas vão minimizar alguns efeitos adversos do ambiente urbano, tornando o ambiente mais agradável através do sombreamento, amenização da temperatura, redução de ruídos e embelezamento, contribuindo assim para a qualidade ambiental e de vida (ROSSET, 2005 apud SERAFIM, 2007). De acordo com Oliveira (1996) citado por vários autores, destacam-se os benefícios proporcionados pela vegetação: “[. . .] os benefícios proporcionados pela vegetação, em especial arbórea, destacamse entre outros, a manutenção do equilíbrio dos ciclos biogeoquímicos; manutenção das taxas de evapotranspiração; manutenção do micro clima; manutenção da fauna; melhoria da qualidade do ar através da eliminação de materiais tóxicos particulados e gasosos e sua incorporação nos ciclos biogeoquímicos; redução do escoamento superficial; fluxo de organismos entre fragmentos e atenuação sonora. Além de proporcionar uma valorização visual e ornamental; prevenção de deslizamentos, prevenção de inundações; redução da pressão sanguínea e aumento da produtividade no trabalho; valorização local; redução da fadiga mental e aumento da qualidade de vida (OLIVEIRA, 1996; NUCCI, 2001; MOURA e NUCCI, 2005 e REZENDE, 2005 apud COSTA e FERREIRA, 2008). ” Para a compreensão do espaço urbano como um todo, é necessário estudar o uso do solo, como uma expressão sócio-econômica de apropriação do homem no meio natural e da cobertura vegetal, que, são aspectos que contribuem para a qualidade ambiental. “O conceito de qualidade ambiental, em sentindo amplo, está relacionado com o nível de satisfação que a pessoa obtém ao comparar as percepções do entorno, com suas expectativas, seus ideais e necessidades” (MORENO, 2001, p.7 apud SERAFIM, 2007). 6 3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO O município de Altamira, no Estado do Pará, está situado na margem esquerda do rio Xingu, ficando a uma latitude 03º12'12" Sul e a uma longitude 52º12'23" Oeste, estando a uma altitude de 109 metros. Sua população estimada, segundo o censo do IBGE (IBGE, 2010), totaliza 105.030 habitantes, distribuidos entre a zona rural e zona urbana do município, abrangendo uma área territórial de 159.533 km2. Os residentes da zona urbana estão distribuidos entre 19 bairros, sendo estes, delimitados conforme Lei Municípal n° 2.046, de 28 de agosto de 2009. A área correspondente ao espaço amostral da pesquisa, corresponde aos bairro Mutirão, Brasília, Centro, Jardim Uirapurú (Figura 01). Fonte: Adaptado de Google 2010. Figura 01. Localização da área do estudo. O Bairro Mutirão compreende a área envolvida pela poligonal que tem início na interseção da Rodovia Magalhães Barata com Linhão Tramoeste, deste ponto, segue por uma linha imaginária, com ângulo de 87º à direita, em direção ao Igarapé Ambé, segue por este no sentido de sua foz até a Rodovia Transamazônica, segue por esta até a Rodovia Magalhães Barata, e segue por esta até o início da poligonal. O Bairro de Brasília compreende a área envolvida pela poligonal que tem início na interseção da Rodovia Transamazônica com a Travessa Pedro Miranda, segue por esta até 7 a Rua João Pinho, vira à esquerda e segue por esta até Travessa Presidente Médice, vira à direita e segue por esta até a Joaquim Acácio, vira à direita e segue por esta até a Avenida Antônio Vieira, vira à direita e segue por esta até a Avenida João Coelho, vira à esquerda e segue por esta o Igarapé Altamira, segue por este, no sentido de sua nascente, até a Rua dos Operários, vira á direita e segue por esta até a Travessa Pedro Acácio, vira à direita e segui por esta até a Rodovia Transamazônica, vira à direita e segue por esta até o inicio da poligonal. O bairro Centro compreende a área envolvida pela poligonal que tem início na intersecção da Rua Anchieta com o Igarapé Altamira, segue por este, no sentido de sua foz, na margem esquerda do Rio Xingu, dobra à direita e segue por este até a Travessa Pedro Gomes, vira à direita e segue por esta até a Rua Anchieta, segue por esta até o início da poligonal. O Jardim Uirapuru tem início na intersecção da Avenida Perimetral com a Avenida João Rodrigues e segue por esta até a Avenida Alacid Nunes, dobra à direita e segui por esta até a Avenida Perimetral, vira à direita e segue por esta até o início da poligonal. 8 4 MATERIAL E MÉTODOS 4.1 COLETA DE DADOS Nos meses de junho a julho de 2010, foram aplicados questionários semiestruturados por meio de visitas, aos residentes dos bairros Centro, Jardim Uirapuru, Brasília e Mutirão. De acordo com Albuquerque et al. (2008) citado por Lacerda (2008), as entrevistas semi-estruturadas são aquelas em que as perguntas são parcialmente formuladas, antes de ir ao campo, porém, apresentam flexibilidade, permitindo um aprofundamento em questões em que se façam necessárias. As entrevistas transcorreram em 10 domicílios por bairro, onde, utilizou-se o método de sorteio para a escolha das ruas e residências, com isto, garantiu uma melhor análise da variação da cobertura verde de diferentes quintais, totalizando uma amostra de 40 residências. Para análise da cobertura vegetal, adotou-se o quintal como a área que abrange todo espaço do terreno disponível para o cultivo das espécies (frente e fundo da residência), ou seja, toda cobertura vegetal encontrada na área, compreendendo a vegetação herbácea, arbustiva e arbórea. O roteiro da entrevista foi direcionado para obtenção de informações sociais de cada entrevistado, a relação destes com as espécies vegetais encontradas em seus quintais, assim como suas características. Sendo ainda, apresentado dados relacionados às formas de uso e obtenção, origem, manejo, altura e circunferência à altura do peito (CAP), sendo este realizado apenas em espécies com porte acima de 1,30 metros. O inventário das plantas presentes nos quintais foi conduzido na forma de passeio com os entrevistados, afim da melhor caracterização do quintal, sendo as informações das espécies e seus respectivos nomes populares coletados de acordo com o conhecimento de cada morador. Sempre que possível, foram tiradas fotografias dos quintais e de suas respectivas espécies, para fins de comparação e por favorecer a identificação. Para a identificação das plantas, o referencial teórico utilizado foi: Lorenzi e Matos (2002); Souza e Lorenzi (2008), além de sites específicos. 4.2 ANÁLISE DE DADOS Após a coleta das informações, os dados foram tabulados e analisados com base na frequência de vezes que uma resposta foi mencionada. Para isto, utilizaram-se os métodos da estatística descritiva, que segundo Reis e Reis (2001) utilizam técnicas e ferramentas, entre 9 elas, gráficos e tabelas que servem para descrever e sumarizar um conjunto de características observadas ou comparar tais características. 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 PERFIL SOCIAL DOS ENTREVISTADOS A pesquisa foi realizada com 40 moradores, distribuidos entre os quatro bairros pesquisados, dos quais, 36 eram mulheres e quatro homens, sendo entrevistado um morador por residência, conforme a disponibilidade de cada um, representada pelas seguintes faixas etárias: 32,5% dos entrevistados pertenciam a faixa etária de 16 a 35 anos, , 30% de 36 a 55 anos e 37,5% de 56 a 76 anos de idade, o estado civil dos mesmos representam o percentual de 42,5% de solteiros e 57,5% casados. Os moradores são oriundos de quatro regiões Brasileiras, sendo o Nordeste representados por 21 (52,5%), Norte 16 (40%), Sudeste 2 (5%) e Centro-oeste 1 (2,5%). Essa representação, mostra o fluxo de migrantes, provenientes da colonização da região transamazônica da decada de 70, que permanecem até os dias atuais, mostrando a diversidade cultural que contribui com o enriquecimento e disseminação do conhecimento popular (Figura 02). Brizidio e Nunes (2010) em seu estudo sobre a composição florística dos quintais nos bairros Floresta e Texeirão na cidade de Cacoal, Rondônia, confirmam esta hipótese, afirmando que a diversidade de pessoas oriundas de vários estados, contribui com a diversificação do conhecimento, uma vez que, os hábitos de vida pessoal de cada grupo acabam sendo difundido com a população local. 10 40% 40% 35% Percentual 30% 25% 20% 15% 12,5% 15% 7,5% 10% 7,5% 5% 2,5% 2,5% 5% 2,5% 2,5% 2,5% 0% PA GO PB PI CE BA MA RN PE ES MG Estados Figura 02. Estados Brasileiros representados pelas familias entrevistadas. As regiões citadas se sub-dividem em 11 diferentes Estados, dos quais os mais representativos são: Pará, Maranhão e Bahia, com 40%, 15% e 12,5%, respectivamente, sendo, o Estado do Pará o mais citado em três dos quatro bairros estudados, perdendo apenas para o Estado do Maranhão no Bairro Mutirão. A pesquisa, identificou que dos residentes, 35 possuem casa própria, três moram em casas alugadas e dois em residências cedida por familiares. Destes, 27,5% residem em suas propriedades num periodo de um a cinco anos, percentual que também representa os que moram de seis a dez anos, 20% residem na localidade de 11 a 19 anos e 25% moram em suas residencias em um periodo acima de 21 anos, variando de 21 a 70 anos. Entre os entrevistados, pode-se observar que há moradores com grau de instrução, que variam desde o analfabetismo, até aqueles que possuem o nível superior, identificando que 40% dos moradores não possuem o ensino fundamental completo (Figura 03). 11 2,5% 15% 15% ANALFABETO FUNDAMENTAL INCOMPLETO 10% FUNDAMENTAL COMPLETO MÉDIO INCOMPLETO MÉDIO COMPLETO 17,5% 40% SUPERIOR Figura 03. Grau de Instrução dos entrevistados. A Figura 03, mostra os diferentes níveis de escolaridade entre os residentes pesquisados, sendo, que entre estes 15% nunca frequentaram a escola, porém, sabem apenas assinar seus nomes, sendo eles denominados como analfabetos funcionais, 17,5% e 40% determinam aqueles que concluiram e não concluiram o nivel fundamental respectivamente, 25% totalizam aqueles que possuem o ensino médio completo e imcompleto (15% e 10%, respectivamentre) e apenas 2,5% concluiram o ensino superior. Em relação a profissão dos moradores, observou-se que, 20 deles (50%) representam a classe das dona-de-casa, sendo elas, as principais responsáveis pelos cuidados diários com os quintais (Figura 04). Dessa forma, constata-se, que além do gerenciamento familiar, estas mulheres contribuem com a manutenção das espécies lá cultivadas, sendo as principais responsaveis pela conservação da diversidade vegetal. 2,5% 2,5% 2,5% DONA DE CASA DOMÉSTICA 12,5% LAVRADOR SERVENTE 5% 50% PROFESSSORA 2,5% ESTUDANTE 5% AGRICULTOR 17,5% CABELEIREIRA VIGILANTE Figura 04. Ocupação dos entrevistados. 12 Entre as outras, descam-se a profissão de doméstica com 17,5% e estudante com 12,5%, as demais, sua representação corresponde a indices que ocilam entre 2,5 e 5%. Da ocupação dos homens entrevistados, a de lavrador atingiu o indice de 5%, seguido pela profissão de vigilante e agricultor com o percentual de 2,5% cada. Entre eles, a ocorrência de um que não contribui com a manutenção do quintal, sendo a atividade desenvolvida apenas pela esposa, os demais contribuem significativamente para essa atividade, porém reconhecem que a esposa é a principal responsável pelo cultivo das plantas, onde eles, contribuem principalmente com limpeza dos quintais. 5.2 DIVERSIDADE VEGETAL DOS QUINTAIS A cobertura vegetal presente nos quintais depende significativamente da área disponível para cultivá-las, dessa forma, identificou-se que estes espaços variam conforme o tamanho dos terrenos e das casas, porém, sua presença não depende exclusivamente desta disponibilidade de espaço, pois, observou-se, que, aqueles que moram em casas alugadas não costumam cultivar nestes quintais, devido a morada ser por tempo indeterminado, inpedindoos de dar continuidade ao plantio, e ainda, por que alguns donos dos imovéis não permitem que seus inquilinos plantem nada nestes quintais, toda via, este inpecílio abrange principalmente o cultivo de plantas com porte médio e grande, pois, algumas ornamentais, são cultivadas dentro de vasos e quando o morador vai embora ela é transportada junto do mesmo. Para Brizidio e Nunes (2010) a quantidade de plantas no quintal, esta diretamente relacionada com o espaço disponível, sendo, que nos terrenos onde há mais de uma casa a quantidade de plantas é menor, podendo ser justificado também, pelo fato de que existem quintais onde há uma menor quantidade de plantas devido a falta de tempo para cuidar do mesmo; pouco tempo de residência no local e ainda por tratar-se de casa alugada (Figura 05). 13 Figura 05. Jardim de uma residência no bairro Uirapuru, Altamira-Pa. Entre a diversidade de espaços cultivaveis nos quintais, destacam diferentes tamanhos, pois, algumas residencias ocupam praticamente todo o terreno, outros, correspondem a aproxidamente 50%, e ainda existe aqueles que tem disponibilidade de espaço, porém, o solo é calçado com concreto evitando o plantío (Tabela 01). Tabela 01. Tamanho dos terrenos e casa (área construída) dos bairros. Nº 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 Bairro Uirapuru Terreno Casa 228 m2 54 m2 125 m2 64 m2 2 125 m 40 m2 2 175 m 60 m2 2 250 m 80 m2 2 325 m 144 m2 2 375 m 200 m2 2 160 m2 250 m 2 375 m 180 m2 2 375 m 150 m2 Bairro Brasília Terreno Casa 375 m2 75 m2 300 m2 176 m2 2 150 m 77 m2 2 450 m 150 m2 2 450 m 200 m2 2 240 m 90 m2 2 300 m 150 m2 2 140 m 91 m2 2 240 m 168 m2 2 250 m 110 m2 Bairro Mutirão Terreno Casa 360 m2 180 m2 200 m2 60 m2 2 200 m 42 m2 2 125 m 115 m2 2 120 m 140 m2 2 250 m 54 m2 2 200 m 180 m2 2 120 m 50 m2 2 160 m 90 m2 2 200 m 70 m2 Bairro Centro Terreno Casa 140 m2 112 m2 120 m2 60 m2 2 750 m 500 m2 2 250 m 150 m2 2 450 m 260 m2 2 250 m 200 m2 2 90 m 60 m2 2 150 m 90 m2 2 250 m 120 m2 2 240 m 120 m2 A tabela, demonstra a relação entre o terreno e as casas de cada residência nos quatro bairros investigados, assim, percebe-se, que entre os diversos tamanhos, uns predominam sobre os demais, porém, destaca-se, que quanto maior é o quintal, maior é o interesse dos moradores em aumentar a casa, onde, indentifica-se que aqueles que ainda têm disponibilidade de terreno, tem a pretensão de aumentar os cômodos da casa, como: dispensa, área de serviço e garagens (Figura 06). 14 Figura 06. Área de serviço do quintal da residencia do bairro Centro, Altamira-PA. Uma parcela dos quintais, durante o tempo de morada do entrevistado, sofreu algumas alterações, assim sendo, houve a ocorrência de quintais que permaneceram iguais durante todo o tempo, outros, sofreram algumas alterações com justificativa de aumento da residência (Figura 07). Anos 8 8 7 6 5 4 3 2 1 0 8 7 6 4 3 SEMPRE O MESMO TAMANHO 2 UIRAPURU 2 BRASÍLIA MUTIRÃO MAIOR QUE ATUALMENTE CENTRO Bairro Figura 07. Estágio dos quintais ao longo do tempo de moradia. Identifica-se, na Figura 07, que grande parte dos quintais permanecem iguais em relação ao tamanho durante o tempo que a família reside no local, representando 72,5%, em 15 contraposição a 27,5% daqueles que alteraram o espaço disponivel para o cultivo, desse modo, o bairro Uirapuru e Centro apresentam os quintais que sofreram menos alteração ao longo do tempo (Figura 08). Figura 08. Diversidade de plantas encontradas no quintal de uma residência do bairro Uirapuru, Altamira, PA. 5.2.1 Espécies vegetais dos quintais urbanos Com base na disponibilidade de espaço e o interesse do morador em cultivar espécies vegetais, foram encontradas 155 espécies vegetais agrupadas em 138 gêneros e 65 famílias botânicas, sendo as mais representativas: a lamiaceae, com 11 espécies, Asteraceae e Araceae, ambas com 8 espécies, Myrtaceae, com 6 espécies, Solanaceae, Arecaceae e Zingiberaceae, com 5 espécies cada uma. As espécies se sub-dividem conforme sua utilização, abrangendo as medicinais, alimentícias e ornamentais (Tabela 02). As medicinais, abrangem 55 espécies, cultivadas visando utilizá-las como tratamento de algumas doenças, sendo assim, utilizadas na medicina caseira, em substituição aos medicamentos industrializados. As alimentícias, caracterizam-se por serem utilizadas na alimentação diária, destacando 52 espécies, entre frutíferas e olerícolas. Já as ornamentais, encontradas em maior número, apresentaram 58 espécies, caracterizando-se com plantas de pequeno porte e algumas com hábito arbóreo, porém, ainda em estágio inicial. No trabalho de Brizidio e Nunes (2010), 16 com 30 moradores, identificou-se a categoria das alimentícias com 47 citações, ornamentais 49 e medicinais 31. A maioria das plantas presentes nos quintais pertenceu apenas a uma das categorias de uso, podendo destacar poucas espécies de uso múltiplo, ou seja, que se insere em mais de uma categoria, entre elas, está a mangueira (Mangifera indica L.), o caju (Anacardium occidentale L.), o alho (Allium sativum L.), o maracujá (Passiflora edulis Sims. f. flavicarpa Deg.), a goiaba (Psidium guajava L.), a laranja (Citrus ssp), o abacate (Persea americana Mill), destacadas entre as de uso na medicina caseira e na alimentação. Já nas que abrangem tanto a categoria das medicinais como das ornamentais, estão: a vinca (Catharanthus roseus (L.) G. Don) e a coroa de frade (Melocactus zehntneri (Britton & Rose) Luetzelb.). 17 Tabela 02. Especies vegetais encontradas nos quintais. (Alim.: Alimentícias; Med.: Medicinais; Orn.: Ornamentais; Bras.: Brasília; Cent.: Centro; Mut.: Mutirão; Uirap.: Uirapuru). Nome popular Nome científico Família Citações Categoria Alim. Med. X Bairros Orn. Bras. Cent. Mut. 2 2 1 Abacate Persea americana Mill. Lauraceae 5 X Abacaxi Ananas comosus (L.) Merr. Bromeliaceae 3 X Abacaxizinho Ananas lucidus Miller Bromeliaceae 2 Abóbora Cucurbita moschata Duch. ex Poir. Cucurbitaceae 1 Açafrão Curcuma longa L. Zingiberaceae 4 Açaí Euterpe oleracea Mart. Arecaceae 5 X 1 Acerola Malpighia glabra L. Malpighiaceae 10 X Alfavaca grossa Ocimum gratissimum L. Lamiaceae 9 X Alfazema Lavandula angustifolia Mill. Lamiaceae 1 X Algodão Gossypium hirsutum L. Malvaceae 4 X 1 Alho Allium sativum L. Liliaceae 1 X 1 Alpinia Alpinia purpurata (Vieill.) K. Schum. Zingiberaceae 2 Amor crescido Portulaca pillosa L. Portulacaceae 8 X Amora Morus nigra L. Moraceae 3 X Antúlia Anthurium andraeanum Linden ex André Araceae 2 Araçá Eugenia stipitata Mc. Vaugh Myrtaceae 2 Arruda Ruta graveolens L. Rutaceae 4 X Aveloz Euphorbia tirucalli L. Euphorbiaceae 1 X Avenca Adiantum raddianum C. Presl. Pteridaceae 3 Azeitona Syzygium cumini (L.) Skeels. Myrtaceae 1 Babosa Aloe vera (L.) Burm. F. Liliaceae 9 X 2 Balsamo Sedum dendroideum Moc & Sessé Crassulaceae 1 X 1 1 2 X X 2 1 X X Uirap. 1 1 2 1 2 1 4 2 2 2 3 1 2 3 1 1 2 X 2 3 1 2 2 2 1 X 2 X 1 1 1 1 2 1 X 1 2 X 1 4 3 18 Continuação... Nome popular Nome científico Família Citações Categoria Alim. Med. Bairros Orn. Bras. Bambuzinho Phyllostachys aurea Carrière ex Rivière Poaceae 1 Banana Musa sp Musaceae 6 X Batata da terra Ipomoea batatas (L.) Lam. Convolvulaceae 1 X Beijo de frade Impatiens balsamina L. Balsaminaceae 1 Biriba Rollinia mucosa (Jacq.) Baill. Annonaceae 1 Boca de leão Antirrhinum majus L. Plantaginaceae 1 X Bola do mundo Scadoxus multiflorus (Martyn) Raf. Amaryllidaceae 2 X Boldo baiano Vernonia condensata Baker Asteraceae 3 X Boldo da folha grossa Plectranthus barbatus (Andrews) Benth Lamiaceae 2 X Boldo pequeno Plectranthus neochilus Schlechter Lamiaceae 2 X Buque de noiva Spiraea cantoniensis L. Rosaceae 2 Cacau Theobroma cacao L. Sterculeaceae 4 Cacto bola Echinocactus grusonii Cactáceae 1 Caju Anacardium occidentale L. Anacardiaceae 3 X Cana Saccharum officinarum L. Poaceae 4 X Canarana Costus spicatus (Jacq.) Sw. Zingiberaceae 6 X 1 Canela Cinnamomum zeylanicum Breyn. Lauraceae 1 X 1 Capim santo Cymbopogon citratus (AC) Stapf. Poaceae 9 X 2 Carambola Averrhoa carambola L. Oxalidaceae 3 Cariru Talinum paniculatum (Jacq.) Gaertn. Portulacaceae 1 X Catinga de mulato Tanacetum vulgare L. Asteraceae 1 X Cebolinha Allium fistolosum L. Alliaceae 5 Chapéu de Napoleão Thevetia peruviana (Pers.) Schum. Apocynaceae 1 Cent. X Mut. Uirap. 1 2 2 2 1 X 1 X 1 1 1 1 2 1 1 1 X X 2 1 1 1 1 1 X 1 X 2 X 1 1 2 1 1 1 2 3 2 2 4 1 1 1 X 3 X 1 1 1 19 Continuação... Nome popular Nome científico Família Citações Categoria Alim. Med. Bairros Orn. Bras. Cheiro verde Petroselinum crispum (Mill.) Nym. Umbeliferaeae 2 X Chicória Cichorium intybus L. Asteraceae 3 X Cica Cycas circinalis L. Cycadaceae 2 Côco Cocos nucifera L. Arecaceae 18 X Coentro Coriandrum sativum L. Apiaceae 2 X Com. ninguém pode Dieffenbachia amoena hort. ex L. Gentil Araceae 10 X Compacta Ixora coccinea L. Rubiaceae 2 X Copo de leite Zantedeschia aethiopica Spren. Araceae 5 X 2 Coroa de Frade Melocactus zehntneri (Britton & Rose) Luet. Cactaceae 1 X 1 Couve Brassica oleracea L. Brassicaceae 2 Cravo amarelo Tagetes pusilla Kunth Asteraceae 1 X Cravo do norte Varronia leucocephala (Moric.) J. S. Mill. Boraginaceae 1 X Crista de galo Celosia cristata L. Amaranthaceae 1 X 1 Crote Alocasia cucullata (Lour.) G. Don Araceae 2 X 1 Cumaru Amburana cearensis (Allemão) A. C. Sm. Fabaceae 4 Cupuaçu Theobroma grandiflorum K. Schum. Sterculeaceae 8 Dracena Dracaena fragrans (L.) Ker Gawl. Liliaceae 2 Elixe paregórico Piper callosum Ruiz & Pav. Piperaceae 1 Emília Plumbago auriculata Lam. Plumbaginaceae 1 Erva cidreira Lippia alba (Mill.) NE. Brown Verbenaceae 11 X Erva de jabuti Peperomia pellucida (L.) Kunth. Piperaceae 1 X Espada de São Jorge Sansevieria trifasciata Prain. Ruscaceae 10 Feijão de corda Vigna unguiculata L. Fabaceae 1 Mut. 1 1 6 Uirap. 1 1 X 2 1 4 5 3 2 X X 4 3 1 2 2 1 1 1 2 X X X X 1 1 1 1 1 2 3 1 3 1 1 1 1 X 1 2 4 1 4 1 X X Cent. 2 1 3 1 4 20 Continuação... Nome popular Nome científico Família Citações Categoria Alim. Med. Bairros Orn. X Bras. Cent. Feijão guandu Cajanus cajan (L.) Millsp. Fabaceae 1 Ficus Ficus benjamina L. Moraceae 1 X Flor-estrela Stapelia hirsuta L. Apocynaceae 1 X Folha da fortuna Bryophyllum daigremontianum Crassulaceae 1 X Folha gorda Kalanchoe brasiliensis Camb. Crassulaceae 3 Fruta pão Artocarpus incisa L. Moraceae 1 Gengibre Zingiber officinale Roscoe Zingiberaceae 3 X Genipapo Genipa americana L. Rubiaceae 1 X Gérbera Gerbera jamesonii Adlam Asteraceae 1 Gervrão Stachytarpheta cayennensis (Rich.) Vahl. Zingiberaceae 1 Goiaba Psidium guajava L. Myrtaceae 11 Grama mato grosso Zoysia japonica Steud. Poaceae 1 X Gravatinha Chlorophytum comosum (Thunb.) Jacques Agavaceae 5 X Graviola Annona muricata L. Annonaceae 1 Guine Trixis divaricata (Kunth.) Spreng Asteraceae 2 Heliconia-papagaio Heliconia psittacorum L. f. Heliconiaceae 1 X Hibisco colibri Malvaviscus arboreus Cav. Malvaceae 1 X Hibiscu Hibiscus rosa-sinensis L. Malvaceae 5 X Hortelã da folha grossa Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng. Llamiaceae 8 X 1 1 Hortelãnzinho Mentha piperita L. Lamiaceae 3 X 1 2 Ingá Ínga edulis Mart . Leguminosae 2 X Inhame Colocasia esculenta (L.) Schott. Araceae 2 X Ipê amarelo Tabebuia chrysotricha Standl. Bignoniáceae 1 Uirap. 1 X 1 1 1 1 X 1 1 1 1 1 1 1 X X Mut. 1 X 1 X 5 X 1 3 3 1 2 3 1 X 1 1 1 3 2 1 1 X 1 3 1 1 1 21 Continuação... Nome popular Nome científico Família Citações Categoria Alim. Med. Bairros Orn. Bras. Jabuticaba Myrciaria cauliflora Berg. Myrtaceae 1 X Jaca Artocarpus integrifolia L. f Moraceae 1 X Jambo Eugenia malaccensis L. Myrtaceae 6 X Jambú Acmella oleracea (L.) R. K. Jansen Asteraceae 1 X Jasmim manga Plumeria rubra L. Apocynaceae 1 Jiló Solanum gilo Raddi Solanaceae 1 Juca Caesalpinia ferrea Mart. Leguminosae 1 Laranja Citrus aurantium L Rutaceae 9 Leia rubra Leea rubra Blume ex Spreng Vitaceae 2 Limão galego Citrus aurantifolia Swingle Rutáceae 3 Lírio da paz Spathiphyllum cannifolium (Dryand) Schott. Araceae 4 Macaxeira Manihot esculenta Crantz. Euphorbiaceae 4 Mamão Carica papaya L. Caricaceae 16 Mandacarú Cereus jamacaru DC. Cactaceae 5 Manga Mangifera indica L. Anacardiaceae 8 Mangericão Ocimum basilicum L. Lamiaceae 3 Maracujá Passiflora edulis Sims. f. flavicarpa Deg. Passifloraceae 5 Maravilha Calendula officinalis L. Asteraceae 1 Mastruz Chenopodium ambrosioides L. Chenopodiaceae 5 X 1 Meracilina Graptophyllum pictum (L.) Griff. Acanthaceae 1 X 1 Murici Byrsonima intermedia A. Juss. Malpighiaceae 1 Muringa Moringa oleifera Lam. Moringaceae 1 Cent. Uirap. 1 1 3 1 2 1 X X 1 1 X X Mut. 1 X 5 X X 2 1 2 1 X 1 2 1 1 2 X 2 1 1 X 5 4 4 2 3 3 1 2 1 2 3 X X X 2 X X X 3 X 2 1 1 X 1 1 X 1 2 22 Continuação... Nome popular Nome científico Família Citações Categoria Alim. Med. Bairros Orn. X Bras. Cent. 1 Mut. Uirap. 1 3 Noni Morinda citrifolia L. Rubiaceae 5 Odontonêma Odontonema tubaeforme (Bertol.) Kuntze Acanthaceae 1 X 1 Onze horas Portulaca oleraceae L. Portulacaceae 1 X 1 Ora-pro-nobis Pereskia aculeata Mill. Portulacaceae 1 Orquídea violeta Spathoglottis plicata Blume Orchidaceae 2 X Palmeira leque Lactania livistona chinensis Arecaceae 1 X Palmeirinha Dypsis lutescens Beentje & J. Dransf. Arecaceae 7 X Panaceia Nicotiana tabacum L. Solanaceae 1 X Pariri Arrabidaea chica (Humb. & Bonpl.) B. V. Bignoniaceae 4 X 2 Patchouly Pogostemon patchouly Pellet. Lamiaceae 1 X 1 Pau Brasil Caesalpinia echinata Lam. Leguminosae 1 X Pé de coelho Davallia fejeensis Hook. Davalliaceae 1 X Pimenta de cheiro Capsicum chinense L. Solanaceae 5 Pimenta de macaco Piper aduncum L. Piperaceae 2 Pimenta malagueta Capsicum frutescens L. Solanaceae 4 Pingo de ouro Duranta erecta L. Verbenaceae 2 Pinha Annona squamosa L. Annonaceae 2 Pinhão roxo Jatropa gossypiifolia L. Euphorbiaceae 5 Pitanga Eugenia uniflora L. Myrtaceae 2 Primavera Bougainvillea glabra Nyctaginaceae 1 Pupunha Bactris gasipaes Kunth Arecaceae 1 Quebra pedra Phyllanthus niruri L. Euphorbiaceae 8 Quiabo Abelmoschus esculentus ( L.) Moench Malvaceae 2 X 1 X X X 2 1 4 1 1 1 2 1 1 1 1 1 2 2 1 X 2 X 1 X 1 1 1 X 2 1 1 X 1 X X 2 1 1 X 2 1 2 1 6 23 Continuação... Nome popular Nome científico Família Citações Categoria Alim. Med. Bairros Orn. Bras. Cent. X Mut. Uirap. 1 1 Romã Puniza granatum L. Punicaceae 2 Rosedá Lagerstroemia indica L. Litraceae 1 X Roseira Rosa x grandiflora Hort. Rosaceae 10 X 2 1 1 Roseirinha Rosa chinensis Jacq. Rosaceae 5 X 3 1 1 Sabugueira Sambucus australis Cham. & Schitdl. Caprifoliaceae 1 Samanbaia Nephrolepis cordifolia (L.) C. Presl. Davalliaceae 8 Taioba Xanthosoma sagittifolium (L.) Araceae 1 X 1 Tamarindo Tamarindus indica L. Caesalpiniaceae 1 X 1 Tangerina Citrus reticulata L. Rutaceae 1 X Teca Tectona grandis L. f. Lamiaceae 1 X Tinhorão Caladium bicolor Schott. Araceae 2 X Típe Petiveria allicea L. Phytolaccaceae 1 Tomate Lycopersicon esculentum Mill. Solanaceae 5 Trevo Marsilea quadrifolia L. Marsileáceae 1 X Trevo roxo Oxalis regnellii atropurpurea Oxalidaceae 2 X Uva Vitis vinifera L. Vitaceae 1 Vassourinha Scoparia dulcis L. Scrophulariaceae 1 Vinca Catharanthus roseus (L.) G. Don Apocynaceae 4 X Vique Mentha arvensis L. Lamiaceae 1 X 1 X 6 1 X 3 2 1 2 1 1 X 1 1 2 2 1 X 1 X 1 1 1 1 X X 1 2 1 2 24 Dentre o conjunto das espécies identificadas nos bairros, destacam-se: côco (Cocos nucifera L.) com 18 citações, mamão (Carica papaya L.) com 16 citações, goiaba e erva cidreira (Lippia alba (Mill.) NE. Brownit) ambas com 11 citações, espada de São Jorge (Sansevieria trifasciata Prain.), roseira (Rosa x grandiflora Hort.), acerola (Malpighia glabra L.) e comigo ninguem pode (Dieffenbachia amoena hort. ex L. Gentil) cada uma com 10 citações. A caracterização da vegetação dos quintais, distinguem-se entre nativas e exóticas e também, em relação ao seu hábito, destacando as herbáceas, com 45%, os arbustos, com 30% e árvores, com 25%, sendo cultivadas em proporções que revelam, em alguns quintais, a preferência pelas ornamentais, que, em sua grande maioria, corresponde às herbáceas, assim, essa diversidade de espécies são classificadas como exóticas (69,2%) e nativas do Brasil (30,8%) (Figura 09). As exóticas destacaram-se também no estudo de Sá e Moraes (2008) que mesmo com uma diversidade de especies menos expressiva classificaram entre as 54 espécies identificadas em seu estudo com 26 pesquisados no bairro de Vitória em Ivinhema – MS, que 57,4% das plantas são exóticas, enquanto 42,6% são nativas. Figura 09: Espécies encontradas em um quintal do bairro de Brasília, Altamira - PA. Quando questionados sobre a decisão de plantar alguma espécie, ocorreu a frequencia de duas alternativas dos que plantam, onde, 67,6% cultivam para consumo familiar, servindo na alimentação e no tratamento de doenças, 18,9% plantam somente porque 25 acham as plantas bonitas devido suas ênflorescências, como relatado pela moradora: “Elas saõ tão bonitas que parecem que têm vida (M.F.)”, 13,5% afirmaram as duas opções, com as mesmas justificativas dos demais. A partir da análise dos entrevistados, constantou-se, que diferentes pessoas cuidam diretamente e indiretamento do cultivo e manejo das plantas presentes nos quintais, onde, alguns apenas fazem a limpeza do quintal, enquanto outros, irrigam diariamente e desenvolvem práticas que surge durante o dia-a-dia (Figura 10). 3 7 19 SOMENTE A ENTREVISTADA TODA A FAMÍLIA O CASAL CUIDA DO QUINTAL 8 OUTROS Figura 10. Responsáveis pelos cuidados com os quintais. Com exce ção de três residências que não cultivam nenhuma espécie, estas práticas são conduzidas principalmente pelas mulheres entrevistadas, indice correspondente a 19 citações, ou seja, 51,35% destes, seguido pelo processo realizado por toda família, com oito citações (21,62%), marido e mulher com sete relatos (18,91%) e três citações correspondente aos outros, sendo a tia ou a sogra com 8,10%. Corroborando com os resultados obtidos por Brizidio e Nunes (2010) nos quintais de Floresta e Teixerão, na cidade de Cocoal, Rondônia, dos 30 entrevistados 46,66% disseram ser as mulheres quem cuidam do quintal. Segundo o estudo, a acentuada diferença na divisão dos cuidados com o quintal, provém do fato, de que, as mulheres passam muito mais tempo em casa do que os homens, o próprio número de entrevistados, mostra uma maior representatividade de mulheres nas casas durante o período da pesquisa, isto porque, a coleta de dados foi realizada no período diurno, horário em que os homens geralmente, estão no trabalho. Entre as espécies preferidas pelos moradores, estão plantas ligadas tanto na ornamentação da casa, como as alimentícias e medicinais, entre elas, destacam-se 20 espécies escolhidas por diferentes justificativas, entre as quais, o fato das plantas produzirem frutos o 26 ano inteiro, da mesma ser de facil cultivo e também por produzirem lindas flores. Podemos citar: capim santo (Cymbopogon citratus (AC) Stapf.), côco, Acerola, banana (Musa sp) e roseira. Já quando o questionamento era a respeito de plantas que foram removidas por estarem causando algum problema, foram citadas 10 espécies, entre elas, o jambo (Eugenia malaccensis L.), côco, tamarindo (Tamarindus indica L.), laranja, noni (Morinda citrifolia L.), araçá (Eugenia stipitata Mc. Vaugh), abacate, goiaba, e graviola (Annona muricata L.). Entre os motivos da remoção das plantas, destacam-se a necessidade de aumentar a casa, quebra da calçada, grande acumulo de plantas próximas uma da outra e atração de insetos. O meio de obtenção destas plantas, em sua grande maioria são doação de vizinhos e parentes, destacando também, aqueles moradores que trazem as mudas da roça e ainda espécies que se propagam sem necessitar o plantio da mesma, sendo caracterizadas como espécies de crescimento espontâneo. Quando questionados se eles buscam conhecer as planta antes de implantá-la em seus quintais, dos 37 que plantam 25 moradores disseram que sim, principalmente pelo fato de não gostarem de cultivar espécies, sem saber a sua utilidade, em contrapossição, estão 12 que plantam aleatoriamente, alegando que “todas as plantas são iguais, todas têm algumas finalidades, é só saber como utilizá-las (M.G.)”. Já quanto ao auxílio de algum profissional na orientação do cultivo, apenas um indicou a utilização, sendo este, através de um curso realizado a alguns anos atrás. 5.3 IMPORTÂNCIA DAS ESPÉCIES CULTIVADAS Entre a diversidade de espécies cultivadas nos quintais constatou-se que existem duas categorias que determinam a importância de cada quintal, dentre elas está a categoria das medicinais e alimentícias, sendo que, a presença de determinada categoria predomina em relação as demais em diferentes quintais, dessa forma, a variabilidade das espécies pode determinar e caracterizar a riqueza vegetal encontrada em diferentes quintais. Das alimentícias, se destacam duas sub-categorias de uso, as frutíferas que abrangem 32 espécies e as olerícolas que correspondem a 20 do total de 52 cultivadas, destacando quatro espécies do total, sendo elas: coco, mamão, goiaba e acerola. Do conjunto de 40 residências investigadas, revelaram que das espécies cultivadas no quintal, a importância alimentar contribui em diferentes graus de importância , variando de nenhuma, pequena, média ou grande importância no consumo diário para os familiares, sendo que, 12 pessoas, ou seja, 30% do total, revelaram que as mesmas não contribuem em nenhum momento. Poucos entrevistados (7 pessoas), consideram as plantas como de grande 27 importância no seu consumo diário, para estes, destacam-se o fácil acesso e por elas serem úteis frequentemente, contribuindo diariamente como condimentos, sucos e principalmente no consumo das frutas. Dentre os demais relatos, revelou-se, que a pequena e média importância representam 10 e 11 citações respectivamente, devido às plantas geralmente crescerem muito e a falta de disponibilidade de espaço para o cultivo, fato que impede os moradores de continuarem manejando as espécies já existentes e implantando novas culturas em seus quintais. Entre as medicinais, houve uma grande diversidade de espécies, entre as mais citadas está: erva cidreira, babosa (Aloe vera (L.) Burm. f.), alfavaca grosa (Ocimum gratissimum L.) e capim santo, porém quando questionado sobre a importância destas plantas, 15 moradores argumentaram que por mais que cultivem algumas espécies, elas não contribuem em nada para seu consumo, relatando que há espécies que nascem sem ao menos eles plantarem, como é o caso do quebra-pedra (Phyllanthus niruri L.) e a erva de jabuti (Peperomia pellucida (L.) Kunth.), permanecendo no quintal até ser efetuado a limpeza do mesmo. Seis consideraram que as plantas têm uma pequena importância, dizendo que, por mais que não há uma grande contribuição rotineira, existem momentos, que chegam a recorrer ao uso de algumas ervas, principalmente, em emergências e quando não tem dinheiro para comprar o medicamento industrializado. Para nove dos entrevistados, as plantas medicinais cultivadas em suas casas são de média importância, e 10 consideram de grande importância, pois, elas são a primeira alternativa de uso, devido serem de acesso fácil e não custarem nada, além de corresponderem com as expectativas de cura. Relatando que o fato de a maioria dos entrevistados terem preferência em utilizar plantas medicinais para a manutenção ou recuperação da saúde é de certa forma, um aspecto bastante positivo, pois, além de fortalecer práticas tradicionais quanto ao uso e conhecimento de plantas medicinais. Entre as alimentícias e medicinais verifica-se que houve uma variação em relação ao grau de importância das diferentes categorias, onde, uma pode se destacar mais que a outra podendo determinar entre elas, quais têm a maior importância dentre a variedade do cultivo (Figura 11). 28 37,5% 40% 35% 30% Percentual 30% 27,5% 25% 22,5% 25% 20% 25% 17,5% 15% ALIMENTÍCIAS 15% MEDICINAIS 10% 5% 0% NENHUMA PEQUENA MÉDIA GRANDE Importância Figura 11. Variação do grau importância alimentar e medicinal das espécies cultivadas. Na figura acima identificou-se, que para alguns moradores uma categoria tem maior importância em relação à outra, neste caso, enquanto uma é determinante no quintal as outras têm pequena ou nenhuma importância, verificando que as alimentícias entre os diferentes graus, se destacam mais que as medicinais, representando 70% da preferência, oscilando entre pequena, média e grande importância. Entre as justificativas, de ambas as categorias de uso declaradas pelos residentes, a que mais se destacou foi à facilidade na obtenção destas plantas, pois, segundo os entrevistados, elas se propagam com facilidade, com isso, o fácil acesso e a grande disponibilidade das espécies facilitam sua utilização e disseminação. No conjunto das espécies, a categoria das ornamentais obtiveram um maior número de exemplares, porém segundo relato dos moradores essas plantas somente contribuem com o embelezamento de suas residências, não tendo importância significativa para família. 5.4 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL DOS QUINTAIS NA PERCEPÇÃO DOS MORADORES Entre as diversas funcionalidades dos quintais definidas entre os entrevistados, a importancia ambiental é bastante debatida entre eles, onde, percebe-se a grande relevância que cada espécie tem sobre cada quintal, dessa forma, identifica-se que, de acordo com a variação do porte das plantas, essa utilidade garante uma maior contribuição em relação as melhorias na qualidade do ambiente, influenciando diretamente no sombreamento, 29 disponibilidade de oxigênio, ventilação, conservação do solo e amenização da temperatura gerando consequentemente um ambiente mais agradável (Figura 12). Citações 17 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 8 6 7 7 1 1 Importância Figura 12. Importância ambiental dos quintais segundo os moradores. Observa-se na figura, os diferentes enfoques dos residentes sobre a análise da importância da cobertura vegetal em seus quintais, revelando que 17 moradores, ou seja, 42,5% do total, destacaram somente a importância na amenização da temperatura, um morador destacou o ambiente mais agradável e outro na consevação do solo, os demais, o percentual de citação variou de 15% a 25%, incluindo aqueles, que salientaram não haver nenhuma importância neste cultivo. No trabalho de Sá e Moraes (2008) as respostas mais mencionadas foram: dar sombra e produzem frutas comestíveis com 37,74% cada um, gosta da natureza (7,55%), ar fresco (5,65%), purifica o ar (1,89%) e outros com 9,43%, demonstrando, pouco conhecimento em relação à importância ambiental, que foi abordada com frequencia bem reduzida. A avaliação de cada morador, pode determinar a importância de cada espécie cultivada no quintal, dessa forma, existe aqueles que já plantam planejando o bem estar fornecido pelas plantas, enquanto outros, buscam apenas a beleza que estas irão fornecer a suas resiedências, porém, relatam que estas plantas são atrativas de pequenos animais como: borboletas e beija-flor, contribuindo significativamente para a manutenção do ambiente, pois, 30 estes animais, contribuem como agentes de polinizações e disseminadores, consequentemente inplantando novas espécies em seus quintais. Como exemplo citado está o mamão e a goiaba, que se propagam de residencias vizinhas em seus quintais sem o auxilio do morador para implantá-las. Dessa forma, a diversidade de espécies, determinam sobre cada quintal a contribuição que o mesmo esta gerando para o meio ambiente e consequentemente para os moradores, onde, nota-se, que na percepção dos moradores, este fato está diretamente ligado não somente a melhoria que o quintal está oferecendo para sua família, mas sim, para toda a população. Uma moradora destaca que: “Se todos nós plantasse, mesmo que fosse uma unica árvore, teriamos um ambiente mais equilibrado (M.M)”, justificando-se, pelo fato que, no período do verão a temperatura é muito elevada, inpedindo-os de ficarem até mesmo dentro de casa, pois, além da quentura, o ambiente fica sufocante. Assim, entre os entrevistados, verificou-se que houve uma conscientização de grande parcela em relação a importância do cultivo de plantas em seus quintais, porém, ocorreu relatos de moradores que expuseram opiniões contrárias, argumentando que as poucas plantas que tem em seu terreno, não influenciariam de nenhuma forma nessa melhoria, pois, além destas plantas serem em pequeno número, o fato de um morador cultivar e outro não ocassiona um desequilibrio ambiental, interferindo nos demais. 31 6 CONCLUSÃO Entre as espécies cultivadas nos quintais, existem duas categorias que determinam a importância de cada quintal, dentre elas, está a categoria das medicinais e alimenticias, sendo as alimenticias as que mais se destacam, representando 70% da preferência dos moradores. Entre os fatores determinantes no cultivo esta a facilidade na obtenção das plantas e disponibilidade de espaço no terreno para cultivá-las. Quanto a importância ambiental, a maioria dos entrevistados alegaram benefícios fornecidos pelas espécies cultivadas, identifica-se que, de acordo com a variação do porte das plantas, essa finalidade garante uma maior contribuição em relação as melhorias na qualidade do ambiente, influenciando diretamente no sombreamento, disponibilidade de oxigênio, ventilação e amenização da temperatura gerando, consequentemente, um ambiente mais agradável. 32 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, C. N. do.; NETO, G. G. Os Quintais como Espaço de Conservação e Cultivo de Alimentos: um Estudo na Cidade de Rosário Oeste (Mato Grosso, Brasil). Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Ciências Humanas, Belém, v. 3, n. 3, p. 329-341, 2008. Brasil, Altamira/PA. Lei Municípal n° 2.046 de 28 de agosto de 2009. Estabelece a delimitação das áreas que compõem os bairros de Altamira, altera denominações e dá outras providências. BRIZIDIO, A. K.; NUNES, R. O. 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Análise da Cobertura Vegetal do Bairro de Santa Felicidade, Curitiba/PR. Anais do XI Simpósio de Geografia Física Aplicada – USP, 2005. 33 MOURA, L. C.; ANDRADE, L. H. C. Etnobotânica em Quintais Urbanos Nordestinos: um Estudo bo Bairro da Muribeca, Jaboatão dos Guararapes – PE. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 1, p. 219-221, jul. 2007. NUCCI, J. C.; CAVALHEIRO, F. Cobertura Vegetal em Áreas Urbanas: Conceito e Método. GEOUSP, n.6, p. 29-36 (1999). NUCCI, J.C. Qualidade ambiental e adensamento urbano – Um estudo de ecologia e planejamento da paisagem aplicada ao distrito de Santa Cecília (MSP). 2ª ed. – Curitiba, 2008. 150 p. Disponível no endereço: < http://www.geografia.ufpr.br/laboratorios/labs. ROCHA, J. R.; WERLANG. M. K. Índice de cobertura vegetal em Santa Maria: o caso do Bairro Centro. Revista Ciência e Natura, UFSM, 27 (2): 85 – 99, 2005. SÁ, V. A. de.; MORAIS, G. A. de. 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Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum. 34 ANEXOS 35 ANEXO I – Questionário aplicado aos moradores dos bairros Brasília, Centro, Mutirão, Uirapuru, Altamira-PA. Nº. do Formulário: _______ Bairro: __________________________ Data da Entrevista: ____/____/____ Rua: ___________________________ Nº______ Nome do Entrevistado: _______________________________________________________ Idade: ________ Estado Civil: _______________ Sexo: Masculino Feminino Escolaridade: _______________ Profissão: _________________ Origem:__________________ 1- Residência: própria ( ) alugada ( ) outros:___________________ 2- Há quanto tempo mora neste local? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 3- Qual o tamanho total (aprox.) do quintal? E o da casa? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 4- O quintal já foi: ( ) maior que é atualmente? Qual motivo? ( ) menor que é atualmente? Qual motivo? ( ) Sempre o mesmo tamanho. 5- Por que planta? (o que motiva a plantar no quintal)? ( ) consumo familiar ( ) lazer ( ) comércio ( ) outro: ________________ 6- Quantas pessoas cuidam do quintal? Quem são elas? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 7- Entre as espécies cultivadas quais tem maior importância para família? Por quê? ( ) grande ( ) média ( ) pequena ( )nenhum 36 ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 8- Entre estas plantas qual a preferida? Qual a razão? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 10- Existe alguma espécie que o senhor (a) deixou de plantar por algum motivo? Qual? Por quê? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 11- Já recebeu orientação de algum profissional no cultivo das plantas? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 12- Em sua opinião qual importância destas plantas para melhoria do ambiente? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 13- Qual o meio de obtenção destas plantas? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 14- Manejo do quintal? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 15- O senhor (a) busca conhecer a planta antes de implantá-la em seu quintal? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 37 ANEXO II – Inventário Florístico utilizado na caracterização da cobertura vegetal dos bairros, Altamira-PA. Nº. FORMULÁRIO: ______ INVENTÁRIO FLORÍSTICO IDENT. NOME COMUM USO ORIGEM ALTURA CAP OBS 38 ANEXO III – Registro fotográfico de algumas espécies encontradas nos quintais, AltamiraPA. A B C D E F Figura A1. A) Rosedá (Lagerstroemia indica L.). B) Jasmim manga (Plumeria rubra L.). C) Pingo de ouro (Duranta erecta L.). D) Cacto estrela (Stapelia hirsuta L.). E) Cacto bola (Echinocactus grusonii). F) Coroa de Frade (Melocactus zehntneri (Britton & Rose) Luetzelb.) 39 A C B D C D E F Figura A2. A) Alfavaca grossa (Ocimum gratissimum L.). B) Boldo pequeno (Plectranthus neochilus Schlechter). C) Noni (Morinda citrifolia L.). D) Babosa (Aloe vera (L.) Burm. F.) E) Cebolinha (Allium fistolosum L.). F) Acerola (Malpighia Glabra L.). 40 A B C D Figura A3. A) Comigo ninguém pode (Dieffenbachia amoena hort. ex L. Gentil). B) Trevo roxo (Oxalis regnellii atropurpurea). C) Hibiscus (Hibiscus rosa-sinensis L.) D) Tinhorão (Caladium bicolor Schott.).