Evolução Tecnológica Sustentável: o papel da TI Renato de Rebelo Caligiuri Trigo Rodrigo Pimentel Cota Resumo Este artigo é resultado de uma pesquisa exploratória, descritiva e aplicada – levada a cabo pela avaliação de um questionário e a análise de periódicos – sobre o nível de preocupação e consciência da população na manutenção da qualidade de vida em nosso planeta e o desenvolvimento sustentável. A demanda por recursos naturais, que são limitados, não diminuirá e as pessoas precisam ser mais informadas sobre o impacto que as motivações individuais promovem no equilíbrio do consumo de recursos naturais e a tecnologia precisa reconquistar a confiança, utilizando novas técnicas e/ou aprimorando as existentes, na gestão efetiva dos recursos naturais. A tecnologia da informação deve acompanhar o desenvolvimento tecnológico, mostrando seu valor no uso de melhores técnicas e práticas, no planejamento, implementação e operação de infra-estruturas em direção à TI Verde1, ou estabelecendo o conceito de SW Verde2 para o desenvolvimento e gestão de projetos: a caminho da gestão global de recursos naturais e o equilíbrio e viabilidade da evolução humana, afastando a possibilidade de extinção da raça. Palavras-Chaves: desenvolvimento sustentável, recursos naturais, gestão global de recursos, evolução humana, extinção humana, qualidade de vida, tecnologia da informação, TI Verde, Software Verde. Abstract This article results from an exploratory, descriptive and applied research – carried out by inquisitorial application and periodicals analysis – estimating people’s consciousness and concerns about the quality of life and its maintenance based on a sustainable development. Global demand for resources will not decrease in the 1 A tecnologia da informação verde é toda iniciativa consistente e efetiva que limitada ao nível tecnológico disponível apresenta o melhor rendimento no consumo de recursos naturais. 2 O software verde é o conceito associado ao produto que possui preocupações comprovadas e efetivas em preservação de recursos naturais, da concepção ideal e excelência na gestão de seu projeto, até sua execução e operação na mais eficiente infra-estrutura disponível. future and the planet’s resources are limited. People must be informed of the impact that individual motivation promotes in balancing natural resource’s use. Technology must regain confidence by promoting the use of new techniques and/or improve existing techniques for the effective management of natural resources. Information Technology must follow the technological development as a whole and show its value, either by using better practices and techniques on planning, implementing and operating all infra-structures towards the Green Information Technology, or by establishing the concept of Green Software to develop and manage projects: the road to global management for the consumption of natural resources and the balance and viability of the human evolution preventing the possibility of human extinction. Keywords: sustainable development, natural resource, global resources management, human evolution, human extinction, quality of life, information technology, Green IT, Green Software. 1 Introdução A manutenção da qualidade de vida, a partir do desenvolvimento sustentável, exige da sociedade moderna a preocupação com a pesquisa e instalação de novas tecnologias para exploração mais eficiente das fontes de recursos ou da descoberta de novas origens. A demanda global de recursos não irá diminuir no futuro, as fontes do planeta são limitadas (algumas sequer são renováveis) e a maioria dos sistemas ambientais que suportam o recurso explorado é sensível aos subprodutos da ocupação e atividade humana (por exemplo: lixo, dejetos, poluentes, desmatamento, extrativismo etc.). As instituições de pesquisa têm um papel importante na análise destas questões e na proposta de soluções para os problemas identificados. Sistemas informatizados e integrados para Gestão Global de Recursos (do inglês, GRM, Global Resources Management) deverão se preparar e habilitar para atender à demanda por informações na análise da eficiência das tecnologias, do nível de consumo de recursos e margem de tolerância no suporte dos subprodutos da atividade humana, permitindo a efetiva ampliação do escopo e o 2 significativo aumento da velocidade no intercâmbio e produção de resultados, estabelecendo o suporte necessário para o desenvolvimento sustentável. A Tecnologia da Informação deverá evoluir, não somente para atender estas novas demandas, mas para se adequar às novas diretrizes no que diz respeito à sustentabilidade: menor consumo de energia e produção de lixo, e ampliação do uso, pela facilitação e disseminação de soluções. Este artigo avalia a percepção sobre a necessidade da TI “Verde” na gestão dos recursos globais e no suporte à instalação de novas tecnologias para o desenvolvimento sustentável. Os objetivos específicos (associados à TI) são: • Discutir a limitação das fontes de recursos e a tolerância no suporte e absorção do lixo e dos poluentes (principalmente CO2); • Apresentar a necessidade da correta gestão dos recursos globais (extração, transformação e utilização), principalmente energia elétrica, inclusive a necessidade da reciclagem do lixo eletrônico; • Sugerir a parceria do desenvolvimento sustentável com a TI “Verde”. Um questionário fechado para levantamento de dados foi elaborado e submetido para avaliar o nível de consciência da população sobre a responsabilidade social e desenvolvimento sustentável, o uso amplo da tecnologia da informação e a necessidade da TI “Verde”. Esta atividade identificou que a sociedade está bem informada sobre estas preocupações, destacando a importância do uso da tecnologia da informação sustentável nas empresas para o progresso de todas as tecnologias de forma responsável e alinhada com a redução da degradação do meio ambiente e conseqüente aumento da qualidade de vida no planeta. A análise das respostas e o exame das matérias colecionadas nos periódicos de grande circulação verificaram que a atuação ainda é tímida, experimental e restrita. 2 A qualidade de vida Todo ser humano no planeta busca suficiente qualidade de vida para si e para os seus, cuidando para que as necessidades sejam atendidas pelo uso das 3 técnicas sob seu domínio e cultura. O conjunto estruturado e competente das técnicas – mantido pelo estudo e suportado pela experiência que garantem o conhecimento, a habilidade e atuação – é conhecido como tecnologia. A tecnologia da sociedade moderna, em seus mais diversos âmbitos, é garantidora da qualidade de vida específica de seus grupos humanos mais variados. Quanto mais complexa a sociedade, mais dependente da tecnologia, e vice-versa. 3 Os recursos globais Os recursos globais são limitados e alguns poucos são renováveis. Exemplos: De acordo com a Wikipédia (2008a), o petróleo é uma fonte de energia amplamente explorada, de origem orgânica, mas fóssil, constituído por um processo que exigiu milhares de anos para ocorrer, caracterizando-o como recurso não renovável. Sua exploração é atividade complexa, custosa e vinculada à disposição de suas fontes. Seu uso depende de processos de refino, transformação e transporte altamente especializado, sendo utilizado não somente como combustível, mas também como insumo na fabricação de materiais baseados em sua química, principalmente: polímeros. A água tratada para consumo humano que é um recurso renovável, mas de elevado custo de processamento, requerendo utilização racional. A maior porção de água disponível no planeta, 97% encontra-se nos oceanos, cerca de 1,8%, como gelo nas calotas polares ou nos cumes de altas montanhas. A quantidade de água disponível para aproveitamento humano, restringe-se a 1,2% do volume global (WIKIPÉDIA, 2008b). Os alimentos produzidos para consumo humano são fontes renováveis de recursos, baseados na energia solar, água, gases atmosféricos e insumos minerais necessários ao seu desenvolvimento, dependem do clima e da qualidade do solo, exigindo extraordinariamente um tratamento adequado por irrigação ou mineralização condicionadora (adubação). 4 A energia elétrica produzida por usinas hidráulicas é uma fonte renovável, que produz um impacto muito grande em outros sistemas ambientais, com resultados indesejados no equilíbrio da maioria das fontes de recursos globais. A formação de grandes lagos para as represas inutiliza áreas úteis à agricultura, pecuária ou assentamento humano, obrigando a exploração de outros locais, além de provocar a alteração de bacias hídricas (inclusive dos lençóis freáticos) que podem modificar a disposição de recursos hídricos essenciais, principalmente à população local. A energia termoelétrica, produzida pela queima de combustíveis fósseis ou orgânicos, traz a contaminação do ar com gás carbônico, monóxido de carbono e fuligem, além de conseqüências locais bastante sensíveis (aumento de doenças cárdio-respiratórias e chuva ácida, que afeta a agricultura) e o impacto global da grande quantidade de gases de efeito estufa (CO2). A geração de energia nuclear encontra combatentes nos segmentos da sociedade que defendem o abandono da tecnologia, apesar dos esforços feitos para o uso pacífico deste combustível. É uma energia “limpa”, gerada pelo aquecimento da água nas turbinas a vapor do calor gerado no reator nuclear. Apesar do risco inerente da manipulação desta fonte, e de conhecidos acidentes (consultar: Chernobyl, 1986), o fator mais importante neste caso é a possibilidade de uso do combustível esgotado para fabricação de bombas nucleares. As energias produzidas por outras fontes, a saber: solar, eólicas, talassomotrizes (aproveitando o movimento das marés) e geotérmicas (aproveitando o calor gerado por fontes vulcânicas) são utilizadas de forma restrita e experimental, apesar do grande avanço e sucesso de iniciativas importantes por todo o globo terrestre. São fontes pouco exploradas (comercialmente) e representam, em geral, uma relação pouco atraente de custo e benefício para adoção em larga escala. 4 O lixo e os poluentes O esgotamento das fontes não acontece somente pela sua não renovação ou pelo consumo excessivo, mas pode acontecer pela alteração da característica ou equilíbrio de um sistema de produção do recurso. 5 O planeta tem capacidade limitada para suportar, tolerar e absorver os subprodutos da atividade humana: o lixo e os poluentes (PLANETA SUSTENTÁVEL, 2008). 4.1 Lixo Eletrônico O lixo eletrônico mais comumente conhecido é aquele resultante do descarte de equipamentos eletrônicos, tais como: computadores, telefones celulares, televisores, geladeiras e outros. Esses resíduos são depositados em lixões sem nenhuma preocupação com o meio ambiente e por serem compostos por metais pesados (mercúrio, cádmio, berílio e chumbo) altamente tóxicos, quando em contato com o solo, contaminam os lençóis freáticos e, se queimados, poluem o ar. Estudos da ONU apontam que o lixo eletrônico pode ser dividido em duas categorias: • Físico, também conhecido como “Lixo de Luxo”, composto de hardware (máquinas, equipamentos etc.); • Lógico, definido como “Sucata Democrática”, composto de software e seus resultados (spam, vírus de computador, conteúdo resultante de arquivos “inúteis” em HD’s: bancos de dados, imagens, som etc.). 4.1.1 Lixo Eletrônico Físico Segundo Moreira (2007), anualmente são produzidos cerca de 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico, composto por computadores, celulares, eletroeletrônicos e eletrodomésticos, que cada vez mais (pelo avanço tecnológico, tornam-se obsoletos e) vão parar no lixo, representando, 5% de todo o lixo gerado no planeta. Ao produzir um computador, utiliza-se: 32% de material ferroso; 23% de plástico; 18% de metais não ferrosos (chumbo, cádmio, berílio e mercúrio); 15% de vidro; 12% de placas eletrônicas (ouro, platina, prata e paládio). Todo esse material 6 ao ser depositado no lixo “convencional” pode contaminar o meio ambiente, causando danos à saúde da humanidade, tais como: distúrbio no sistema nervoso, problemas nos rins, pulmões e envenenamento. Gráfico 1 – Composição de um computador (%) Fonte: Adaptado do Programa Ambiental das Nações Unidas (2008) A revista Exame (2008a) publicou que: Hoje, cerca de três bilhões de pessoas – o equivalente à metade da população do planeta – têm uma linha móvel [telefone celular]. Em média, essa multidão troca o aparelho em até dos anos. O descarte acelerado desses equipamentos representa um dos problemas ambientais mais graves da atualidade. Uma pesquisa da americana ReCellular, uma das maiores recicladoras de celular do mundo, mostra que mais de 100 milhões de aparelhos são descartados por ano. Não muito diferente de outros países, o Brasil enfrenta o problema do lixo eletrônico físico, por não possuir uma legislação e estrutura adequada para realizar a coleta. Para agravar o problema, as poucas iniciativas que existem não são divulgadas ou executadas corretamente, tornando o encaminhamento devido do lixo eletrônico no Brasil, pouco conhecido. Como tentativa de solucionar a dificuldade, uma nova aliança liderada pela ONU determinará as diretrizes mundiais para a disposição final dos produtos, com o objetivo de proteger o meio ambiente do entulhamento de lixo eletrônico físico. Dentre as sugestões, está o projeto que incentiva empresas a fabricar 7 produtos com vida útil mais longa e que possam ser reciclados, ao invés de substituídos e jogados no lixo. 4.1.2 Lixo Eletrônico Lógico Pertencem à categoria de lixo eletrônico lógico: spam, vírus de computador, sucata eletrônica etc., que, em última instância, são compostos por entidades inúteis ou descartes não são físicos. E que em alguns casos, são subprodutos de processos lógicos (banco de dados, imagens, sons etc.), mas exigidos (até mesmo, indispensáveis) ao funcionamento dos eletroeletrônicos. O “Lixo Eletrônico Lógico”, não tratado ou tratado de forma indevida, compromete a estabilidade dos equipamentos, das corporações e da própria sociedade. Afinal, aumenta o consumo de recursos naturais pela constante fabricação de novos equipamentos (cada vez mais potentes e avançados tecnologicamente) ou pela sua utilização (exigência de logística: energia elétrica estabilizada; salas de operação e armazenamento; refrigeração e controle de umidade ambiente; operários e operadores para produzir e fazer funcionar e recursos financeiros para custear todo o processo), que reduzem a capacidade da empresa em investir no objetivo principal que é “produzir ou prestar serviço” (e não: estocar dados, informações, mensagens de email etc.). 5 Desenvolvimento Sustentável A Organização das Nações Unidas – ONU (1987, documento A/42/427) assegura que: A sustentabilidade exige um novo padrão de crescimento econômico a ser garantido. O desenvolvimento sustentável é uma correção, uma retomada do crescimento, alterando a qualidade do desenvolvimento, tornando-o menos intensivo, menos exigente em matérias-primas e mais eqüitativo para todos. O crescimento econômico global deve garantir os direitos das gerações futuras, aos recursos naturais necessários à sobrevivência, alterando as formas de exploração da natureza, legando recursos para os que virão. Assim, o 8 Desenvolvimento Sustentável é definido como um processo de mudança no qual a exploração dos recursos, a orientação dos investimentos, os rumos do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional estão de acordo com as necessidades atuais e futuras. 6 Consumo de Eletricidade no Brasil A Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL (2008) declarou que: No Brasil, o consumo de eletricidade, que era de 213 GWh em 1990, chegou a quase 306 GWh em 2000, observando-se uma redução no ano seguinte para 282 GWh (próximo ao patamar de 98), em função de práticas de racionalização do consumo durante e depois da ocorrência do racionamento de 2001. Gráfico 2 – Evolução do consumo de energia elétrica no Brasil entre os anos de 1990 e 2001 (GWh) Fonte: Adaptado da ANEEL (Brasília, 2003). Segundo a ANEEL (2008), o setor industrial foi o responsável por 41,1% do consumo nacional de energia elétrica em 2003. Entretanto, houve uma redução de sua participação quando comparada aos 50,4 pontos percentuais do ano de 1991. O setor residencial, maior contribuinte no racionamento do consumo em 2001, é o segundo maior consumidor de eletricidade no país. 9 Gráfico 3 – Participação de cada setor de atividade no consumo de eletricidade do país (%) Fonte: ANEEL (Brasília, 2003). 7 Emissão de Gases O aquecimento global ocorre em função do aumento da emissão de gases poluentes, principalmente aqueles derivados da queima de combustíveis fósseis (gasolina, diesel etc.) na atmosfera. Gases como ozônio, dióxido de carbono (CO2), metano, óxido nitroso e monóxido de carbono (CO) formam uma camada isolante, de difícil dispersão, causando o efeito estufa. Segundo o Intergovernmental Panel on Climate Change ou Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC (2006) grandes quantidades de gases tem sido emitidas na atmosfera desde a revolução industrial. Entre os anos de 1750 à 1990, as emissões de dióxido de carbono aumentaram 21%, metano, 110%, óxido de nitrogênio, 9% e ozônio troposférico, 26%. Entretanto, do ano de 1991 até 2006 esse percentual foi extremamente elevando quando comparado com o período anterior: 10% de dióxido de carbono, 41% de metano, 8% de óxido de nitrogênio e 10% de ozônio troposférico. Esta situação se agrava com o desmatamento e as queimadas de florestas e matas, pois, além das toneladas de CO2, CO e fuligem que emitem na 10 atmosfera, os raios solares irradiam calor (ao atingirem o solo) que é refletido pela camada de poluentes, resultando em aumento da temperatura global ou como é mais conhecido: “efeito estufa”. 8 Consumo de papel A produção e consumo de papel aumentarão sua participação na medida de eficiência ambiental. Conforme o Instituto de Previdência Municipal de São Paulo – IPREM (2004), para produzir uma tonelada de papel são necessárias duas ou três toneladas de madeira, uma grande quantidade de água e muita energia. Com intuito de reduzir o consumo mensal de papel e diminuir o impacto ambiental, empresas como a Redecard e a Ticket adotam medidas chamadas “verdes”. A Quaero Imprensa (2008) publicou: Conjugando desenvolvimento com sustentabilidade, a Redecard contribuiu nos últimos três anos com a preservação de cerca de quatro mil árvores, que juntas, representam uma área verde do tamanho de 5,2 campos de futebol. Os resultados foram conquistados por meio da substituição do extrato impresso pelo eletrônico, que inclui os demonstrativos disponibilizados no Portal Redecard e as versões encaminhadas por e-mail aos clientes. Cerca de 40 milhões de folhas de papel foram economizadas, o que representa uma queda de 72% no consumo da companhia durante o período analisado. De acordo com a Info Corporate (2007) a Ticket terceirizou os serviços de impressão, o que contribuiu para a redução de 35% do volume mensal de páginas impressas no consumo de papel. 9 A tecnologia da informação O uso da tecnologia da informação está cada vez mais associado às atividades humanas. Este fato tem produzido preocupações entre os profissionais da área, pois desde início dos anos 70, os ambientalistas consideravam o progresso tecnológico como sinônimo de poluição. Outro fator que precisa ser levado em consideração quando se fala de tecnologia é a ameaça de racionamento de energia elétrica que assola o país. De 11 acordo com estudo divulgado em 17 de julho de 2007 pelo o Instituto Acende Brasil, que representa investidores em energia elétrica, o risco de faltar eletricidade chega a 32% em 2011, apesar das diversas mudanças promovidas no setor elétrico nos últimos cinco anos. Outra pesquisa feita recentemente pelo Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) mostra que é grande a preocupação quanto ao ritmo de crescimento da oferta de energia no Brasil. Quase 60% das entidades do setor acreditam que a nação poderá sofrer nova crise até 2010. Diante deste contexto, observa-se que a tecnologia da informação, preocupada inicialmente apenas com o consumo de eletricidade – atualmente é estendida ao lixo eletrônico, emissão de gases, consumo elevado de água, papel etc. – busca alternativas rentáveis e sustentáveis para diminuir a degradação ambiental, como uma ciência ecológica a caminho da TI Verde. 9.1 A ciência ecológica A ciência aliada ao desenvolvimento com base ecológica é, ao mesmo tempo, local e global. O termo ciência global (do inglês, World Science) foi empregado pela primeira vez na revista Horizons, publicada pelo Fundo Nacional para Pesquisa da Suíça (FNRS), em março de 1996. Segundo Agrawal A. (1995, p.433), a ciência global representa a necessidade e validade dos diferentes tipos de conhecimento produzidos no mundo, onde se devem considerar as múltiplas especificidades e tipos de conhecimento, as diferentes lógicas e epistemologias. A ciência ecologizada exige conhecimentos específicos e generalizados de diversos temas, inclusive a vivência cotidiana dos problemas sociais, econômicos e políticos locais, e globais, no esforço de desenvolvimento. Para entender esta afirmativa, recorre-se à pergunta feita por (e registrada na Agenda 21) Bruno Messerlli, geógrafo suíço, na conferência da ONU (Organização das Nações Unidas), realizada em 1992, no Rio de Janeiro (ECO 92): “Quantos cientistas no mundo e quantas instituições científicas e políticas conhecem alguma coisa sobre as suas diretrizes, obrigações e responsabilidades?”. 12 9.2 Tecnologia da Informação Verde Senna (2008), em entrevista, definiu o termo TI “Verde” como um movimento mundial que atua na perspectiva do aperfeiçoamento das políticas de descarte de materiais e insumos, na otimização de processos de rotina, na gestão energética para evitar desperdícios. Acrescentou ainda, como será um conjunto de princípios que orientam o investimento na área da Tecnologia da Informação de forma que a organização (empresa) esteja comprometida com o futuro do mundo e o bem estar das pessoas. O alto consumo de energia elétrica se dá pelo o aumento populacional, a modernização do parque industrial brasileiro, o desenvolvimento tecnológico e o aumento da necessidade da sociedade moderna. Sendo assim, quando se iniciou a preocupação com o meio ambiente por parte da tecnologia, seus esforços eram basicamente em favor da redução do consumo de energia elétrica, motivada pelo risco de “apagão” que assola o globo. Atualmente, a tecnologia da informação verde estendeu sua preocupação para o controle de emissão de gases, lixo eletrônico, consumo de água, infraestrutura de tecnologia da informação, produção de software e ambiente cultural da sociedade. 10 Metodologia Seguindo os princípios de Vergara (2004), a metodologia deste trabalho é dividida nas seguintes fases: revisão bibliográfica, tipo de pesquisa, universo e amostra, seleção dos sujeitos, coleta de dados, tratamento dos dados, limitação do método, análise do questionário e conclusão. 10.1 Tipo de pesquisa Para a classificação da pesquisa, torna-se como base a taxionomia apresentada por Vergara (2004), que a qualifica em relação a dois aspectos: quanto aos fins e quanto aos meios. 13 Quanto aos fins, a pesquisa será exploratória, descritiva e aplicada. Exploratória porque não se verificou a existência de estudos que abordam a política de redução dos impactos ambientais causados pela tecnologia da informação. Descritiva porque expõe problemas que afetam a humanidade e visa descrever percepções, expectativas e sugestões acerca de tecnologia sustentável. E por fim, aplicada porque o referido estudo foi motivado pela necessidade de resolver o problema da evolução tecnológica de forma sustentável. Quanto aos meios, a pesquisa será bibliográfica e documental. Bibliográfica, porque para a fundamentação teórico-metodológica do trabalho será realizada a investigação sobre os seguintes assuntos: qualidade de vida, recursos globais, lixos e poluentes, desenvolvimento sustentável, consumo de eletricidade no Brasil, emissão de gases, consumo de papel e tecnologia da informação. A investigação será, também, documental, porque se valerá de documentos internos à ONU que dizem respeito ao objeto de estudo. 10.2 Universo e amostra O universo da aplicação do questionário foram funcionários da Caixa Econômica Federal e Conselho Federal de Medicina, servidores públicos da Secretaria de Educação do Governo do Distrito Federal, Militares da Prefeitura Militar de Brasília, docentes e discentes da Faculdade de Ciências Sociais e Tecnológicas (FACITEC), perfazendo um total de 154 entrevistados. Seguindo os critérios estabelecidos por Gil (1987), a amostra foi definida pelo critério de estratificação – idade, escolaridade, área do conhecimento, renda e cargo. As idades que apresentam diferenciais psicológicos e níveis de maturidade relativamente particulares e característicos são: menores de 21 anos; entre 21 e 25 anos; entre 26 e 35 anos; entre 36 e 50 anos; e maiores de 50 anos. Sendo assim, a pesquisa acompanhou o apontamento da idade em 05 (cinco) faixas. Os níveis de escolaridade que podem determinar diferenciais específicos de esclarecimento são: graduando ou graduado; pós-graduando ou pós-graduado; 14 mestrando ou mestrado; doutorando ou doutorado; e outros. Acompanhados, desta forma, na pesquisa. É indiscutível a imersão da tecnologia da informação nas mais diversas áreas do conhecimento e atividade profissional, mas é particular e específica nas seguintes classes: direito, administração e finanças; educação e saúde; comunicação e marketing; engenharia e informática; e outros. Assim investigados na pesquisa. Pela sua característica pessoal e sigilosa, a informação de renda foi declarada opcional, mas encontrou suficiente participação. São entendidas como determinantes de diferentes condições e preocupações, além de formadoras de classes, as seguintes faixas de renda: até R$900,00; entre R$900,01 e R$1.500,00; entre R$1.500,01 e R$3.000,00; entre R$3.000,01 e R$6.000,00; e mais de R$6.000,01. Sendo assim considerados na pesquisa. Os cargos que determinam diferentes níveis de envolvimento com a sociedade – pela sua responsabilidade estratégica ou operacional, pela forma de atuação individual ou coletiva, pela iniciativa pública ou privada – são: presidente, vice-presidente e diretor; superintendente, gerente, coordenador e supervisor; militar, servidor público e técnico administrativo; analista, consultor e profissional liberal; e outros. Aplicados, desta maneira, na pesquisa. 10.3 Seleção dos sujeitos Os sujeitos da pesquisa serão as pessoas que utilizam a tecnologia da informação, pertencentes ao universo da aplicação do questionário, conforme explanação no item 10.2 deste artigo. 10.4 Coleta dos dados O levantamento de dados foi executado por um questionário dirigido e análise de periódicos de grande circulação para investigação da percepção dos seguintes fatores: • A habilidade em distinguir o essencial do supérfluo; • A iniciativa individual em prol da coletividade; 15 • A atuação pontual do Estado no bem comum; • O valor e a oportunidade da Mídia; • O compromisso das instituições de ensino; • A educação da população para a sustentabilidade; • A tecnologia da informação no desenvolvimento sustentável. O entendimento destes fatores permite compreender: o nível de consumo de recursos naturais, a motivação individual e a consciência coletiva; a responsabilidade e atuação das principais organizações na sociedade; e a essência da tecnologia moderna. É preciso identificar se há: consumo ou consumismo; consciência e atuação individual ou passividade à espera de soluções coletivas; atuação do Estado, da Mídia e das instituições de ensino, cada um no seu papel, para representar e proteger a sociedade; e competência reconhecida da tecnologia da informação em auxiliar o desenvolvimento sustentável. 10.5 Tratamento dos dados O questionário aplicado pretendeu buscar a maior abrangência de perfis e a mais ampla qualidade das questões. Após a tabulação das respostas fez-se uma análise da qualidade do questionário utilizando-se o conceito de entropia da amostra de dados para avaliação do questionário aplicado, quanto à qualidade das perguntas, das respostas e do ganho total de informação (vide apêndice I e II). 10.6 Limitação do método Entendeu-se que as respostas apresentariam qualidade suficiente para entropias situadas entre 0,722bits (80%/20%) e 0,971bits (60%/40%). De outra forma seriam respostas tendenciosas (se abaixo do mínimo, com mais de 80% de respostas iguais) ou indefinidas (se acima do máximo, por opiniões divididas: 50%/50%). A avaliação também considerou a qualidade das perguntas pela entropia associada com suas respostas que deveria manter os mesmos limites (0,772bits e 0,971bits). 16 O resultado final foi: Erespostas = 0,966bits (65%/35%) e Eperguntas = 0,726bits (85%/25%), dentro da tolerância; e Equestionário = 0,240bits, indicando um interessante ganho de informações nesta combinação de perguntas e respostas (o máximo esperado era de 0,248bits). 11 Análise do questionário O seguinte item tem por objetivo demonstrar os resultados obtidos por meio de questionário aplicado. 11.1 O uso indiscriminado, suas conseqüências e a consciência O questionário destacou o uso indiscriminado da tecnologia por 86,2% das pessoas que não pensam se o excesso pode trazer mais transtornos que benefícios. A maior escolaridade determina maior dependência da tecnologia, em contrapartida com o segmento de menor escolaridade e menor nível de renda. Da menor para maior escolaridade e renda, o uso se inicia restrito, aumenta muito e depois decresce gradualmente, destacando uma diferente consciência do uso adequado e responsável da tecnologia. 11.2 O consumo e o consumismo, o coletivo e o indivíduo, e a mídia O consumo responsável em tecnologia e a responsabilidade social devem ser preocupações da coletividade para de 91,3% do público entrevistado. São 72,0% dos pesquisados que aproveitam ao máximo os equipamentos de uso pessoal (em sua maioria, jovens de menor renda). Apesar disto: 86,2% das pessoas usam muito a tecnologia e 86,1% acham importante o conforto dos recursos da tecnologia dos celulares por concordarem com agregação de serviços (agenda, câmera, MP3 player etc.) indicando uma tendência ao consumismo. A influência da mídia é expressiva porque 77% do total de entrevistados planejam a aquisição dos equipamentos atraídos pelas condições de parcelamento acessíveis das lojas. 17 11.3 A resistência e a conservação versus as necessidades, os preços versus os benefícios Para 49,3% dos pesquisados, a troca de tecnologia não é preocupação imediata, sugerindo certa resistência. Uma maioria de 64,7% não compra a tecnologia mais avançada do mercado, demonstrando conservação. Cerca de 86,1% dos usuários não são os primeiros a adquirir estas tecnologias, 41,4% cedem apenas quando os prejuízos e impedimentos são perceptíveis. O alto custo dos lançamentos das novas tecnologias e o descarte responsável dos recursos originais são preocupações de 83,6% das pessoas entrevistadas, 90,7% não compram um novo sistema operacional recém lançado, 77,6 % adquirem novos softwares somente quando os atuais não atendem mais suas necessidades e 64,9% dos entrevistados adquirem um novo sistema operacional somente quando o custo for mais acessível (75,7% das pessoas consideram o preço um fator determinante na compra de bens de consumo) indicando apenas uma consciência financeira (relação custo-benefício sem preocupação com a utilização de recursos naturais). 11.4 O nível de conhecimento da reciclagem e das práticas ecológicas A maioria (93,2%) mostrou conhecer as práticas corretas, entendendo que todas as pequenas atitudes fazem muita diferença para humanidade quando se trata de consumo de recursos naturais (água, energia e carbono), enquanto 89,2% de pessoas praticam, sempre que possível, ações politicamente corretas por acreditar que são efetivas e somam 73% as que conhecem a situação do lixo eletrônico. Segundo a pesquisa, 7,4% dos entrevistados conhecem o quanto bem a coleta seletiva de lixo doméstico pode fazer ao planeta, embora 88,2% tenham considerado ser difícil praticá-la. A análise dos dados constatou a falta de informação sobre os processos de reciclagem, confirmado na indefinição na escolha das embalagens de vidro e 18 alumínio na compra, para descarte seletivo (55,9% dos entrevistados não se preocupam com a embalagem). 11.5 A apuração de responsabilidade Sendo bem conhecida a situação do lixo eletrônico, 76,7% dos entrevistados consideraram o Estado responsável por não exigir a reciclagem dos equipamentos descartados pelos seus fabricantes ou usuários ou a liberação do direito de patente e propriedades intelectuais para reutilização apropriada por outros segmentos da humanidade. Para 78,5% das pessoas, a responsabilidade é do consumidor pelo consumismo exagerado e 69,4% admitiram serem responsáveis pelo problema por não fazerem a parte que lhes cabe. Para 63,0% a mídia é parcial e deveria cumprir melhor o seu papel e a população é que deveria exigir informações mais consistentes. 11.6 O desenvolvimento sustentável e a TI verde O total de 92,6% deseja saber mais sobre o desenvolvimento sustentável por considerá-lo importante para sociedade e o planeta – apesar da maioria (91,7%) já conhecer o assunto. Enquanto 77,4% acreditam ser possível obter avanços tecnológicos sem agredir o meio-ambiente, 63,4% entendem que a tecnologia da informação precisa evoluir para suportar a sustentabilidade. Cerca de 92,4% dos entrevistados consideram-na necessária e essencial para coletar, manipular e extrair resultados com rapidez e precisão (pois o mundo globalizado caracteriza-se por uma complexa rede de informações). E 91,8% gostariam de saber mais sobre a Tecnologia da Informação “Verde”. Dos entrevistados, 93,3% concordam que a Tecnologia da Informação “Verde” deve ser um conjunto de boas práticas que melhora o consumo de recursos, seja em sua infra-estrutura ou na produção e uso de Software. Para 86,5%, uma infra-estrutura adequada provém de planejamento, implantação, operação e melhoria no consumo de recursos naturais, enquanto 81,2% entendem o software “verde” sendo produzido numa infra-estrutura que atenda as exigências ambientais e 19 esteja sob o direcionamento das melhores práticas. O total de 78,9% julga insuficientes as metodologias existentes em gestão de projetos para evitar os desperdícios de recursos naturais e 35,2%, desconhece a existência da preocupação de redução do impacto ambiental em projetos de segurança da informação. São 33,6% os que desejam mais esclarecimentos sobre o assunto e 39,1% que desconhecem a essência desta tecnologia. 11.7 Síntese da análise do questionário A tecnologia é utilizada ampla e indiscriminadamente, sem preocupações especiais com o excesso – ou quaisquer transtornos e benefícios conseqüentes. O segmento de maior renda e escolaridade, que tem maior dependência da tecnologia, indica ter mais consciência pelo uso mais adequado e responsável. O consumo responsável em tecnologia e a responsabilidade social devem ser preocupações da coletividade porque há tendência individual de consumismo (apesar do melhor aproveitamento dos equipamentos de uso pessoal pelos jovens de menor renda). A mídia influencia no consumo porque fomenta a aquisição dos equipamentos atraindo consumidores com condições mais acessíveis à maioria, pois o preço foi considerado um fator determinante na compra de bens de consumo As inovações não são adquiridas imediatamente – as pessoas não concordam com o custo dos lançamentos e/ou descarte dos recursos originais, só pela novidade – mas quando a tecnologia antiga não atende mais suas necessidades, apesar da consciência estritamente financeira na relação custobenefício (sem preocupação com os recursos naturais, somente com o conforto e recursos da tecnologia). Faltam informações sobre os processos de reciclagem, embora sejam públicas e difusas as informações sobre sua importância, pois a maioria reconhece que as pequenas atitudes fazem muita diferença no consumo de recursos naturais (água, energia e carbono) e declara praticar porque acreditam ser efetivas, mas de difícil realização (referindo-se à coleta seletiva de lixo doméstico). O problema do lixo eletrônico é conhecido por poucos que responsabilizam o Estado, o consumismo ou a si mesmos por não fazerem sua parte, mas não reconhecem a Mídia como aliada. 20 Esta situação se estende para o âmbito mais amplo da sustentabilidade e sua importância para o planeta: as pessoas demonstraram ter interesse em conhecer mais sobre o assunto. A tecnologia da informação “convencional” não está adequada à sustentabilidade, pois os desafios vão além da economia de energia elétrica. Este será o futuro será da nova tecnologia da informação (“verde”), apesar destas possibilidades ainda serem desconhecidas da maioria. A infra-estrutura TI ideal é aquela proveniente de preocupações de planejamento, implantação, operação e otimização do consumo de recursos naturais, inclusive com a produção de software. 12 Análise de periódicos O seguinte item tem por objetivo destacar as informações obtidas por meio de análise de periódicos. 12.1 Ciência, pesquisas, tecnologia, conhecimento e informação A edição de número 247, de 15 de dezembro de 2007, da revista “Super Interessante”, indicou em sua capa a manchete: “A Última Chance para Salvar a Terra”. Em um artigo escrito por Pedro Burgos, intitulado: “Tecnologia: a pílula que salva” (p.48), discute-se que não haverá redução nos níveis de consumo de recursos, mas uma grande adaptação na forma como eles são tratados. Isto deverá ser levado a cabo pelo desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias. A edição de número 14, de abril de 2008, da revista “Época Negócios – Inspiração para Inovar”, sob a manchete: “Os Três Mosqueteiros”, traz dois artigos sobre o assunto: “Em busca do pneu verde” (p.28) e “Percepção e realidade: a ilusão do preço alto” (p.121). No primeiro artigo, escrito por José Ruy Gandra, há o manifesto de Didier Miraton, vice-presidente mundial de pesquisas da Michelin dizendo que o futuro não é “negro”, a tecnologia pode fazer face aos novos desafios ambientais; revelando resultados de estudos que indicam que o maior impacto ambiental ocorre durante a utilização do pneu, sendo assim, a companhia pretende investir em tecnologia para reduzir o desgaste e a resistência à rolagem destes para reduzir o consumo de matéria-prima e a emissão de CO2. No segundo artigo, de 21 Marcelo Coppola, os resultados de uma interessante análise sobre as percepções humanas indicam que o cérebro humano reage positivamente ao preço mais alto, “emprestando” qualidade aos produtos experimentados; este estudo foi produzido pela escola de negócios de Stanford e pelo ITC3 sobre os fatores psicológicos que influem na avaliação de vinhos, trazendo à tona considerações sobre a psique humana. A edição número 16, de fevereiro de 2008, da revista “Página 22 – Informação para o novo século”, da FGV4 , manifesta, já em seu editorial, a necessidade do envolvimento da sociedade no debate sobre o modelo de desenvolvimento. Esta edição da revista, como um todo, é um ensaio sobre o equilíbrio e os problemas do desenvolvimento humano, as conseqüências, os descasos e as propostas de solução. No foco principal destacam-se: “Imprensa – Mudanças na cobertura” (p.6), de Flávia Pardini, indicando que a imprensa brasileira não associa as mudanças climáticas com o desenvolvimento humano; “Imprensa Espelho, espelho meu” (p.6), de Flávia Pardini, que relata como a pesquisa da ANDI5 foi ignorada pelas grandes empresas de comunicação e que a credibilidade da imprensa para cobrar dos outros segmentos aumentaria se elas se permitissem serem cobradas, mas fazem parte do modelo e relutam em transformá-lo; “Patentes – Um novo commons” (p.7) de Flávia Pardini, que indica a iniciativa de grandes empresas (IBM, Nokia, Sony e Pitney Bowes) em Eco-Patent Commons6 e a declaração de que o software livre7, onde programadores do mundo todo compartilham experiências, promove ganhos em eficiência e escala, além de estimular a inovação; “Empresas – O marketing não é neutro” (p.8), de Flávia Pardini, relatando que os reguladores norte americanos, em especial a FTC8, estão revendo as diretrizes para o marketing ambiental para evitar práticas desleais, estão investigando a efetividade e eficiência de qualquer prática de ações ambientais neutralizadoras anunciadas (marketing verde); “Empresas – Informação para ação” 3 Instituto de Tecnologia da Califórnia 4 Fundação Getúlio Vargas. 5 Agência de Notícias do Direito da Criança. 6 Eco-patent Commons é um portfólio de patentes “responsáveis ambientalmente” e abertas ao domínio público. 7 O conceito é uma associação às declarações de GLP (General Public License). 8 Federal Trade Comission (equivalente à nossa CC – Câmara do Comércio) 22 (p.8), de Flávia Pardini, indicando que a falta de informação não poderá ser declarada como empecilho aos empresários interessados em tornar a gestão de seus empreendimentos mais responsável do ponto de vista social e ambiental porque já está disponível o “Compêndio para Sustentabilidade: Ferramentas de Gestão de Responsabilidade Sócioambiental”, de Anne Louette do Instituo AnnaKarana. “Biocombustíveis – Longa Viagem até o vôo verde” (p.9), de Rodrigo Squizzato, anunciando a iniciativa da Virgim Atlantic, companhia aérea que testa biocombustíveis de segunda geração e investe em pesquisas avançadas; “O xadrez do mundo” (p.12), de Flávia Pardini, entrevista com Eduardo Viola, professor titular do IRI-UnB9, que trata sobre as iniciativas da União Européia e Austrália, a oportunidade de criar instituições eficazes para o mundo globalizado e, as peculiaridades do Brasil; “Artigo – Ponte entre a ciência e a política” (p.34), por Maria Cecília Wey, de Brito Carlos Joly e Ricardo Rodrigues10, indicando que as iniciativas científicas seguem um protocolo necessário para transformar o conhecimento técnico em documentos legais do Estado; “Reportagem/Energia – Tempo de renovar as fontes” (p.50), de Rodrigo Squizato, que trata da renovação de fontes energéticas (alternativas) e instituição de novas iniciativas, inclusive do projeto de lei nº1.563 (deputado Paulo Teixeira PT-SP) apresentado à Câmara dos Deputados para introduzir outras fontes na matriz energética nacional; “Entrevista/Ramu Ramdas – O Sol na cabeça”(p.56), de José Alberto Gonçalves, com Ramu Ramdas, representante da Coalizão para o Desarmamento Nuclear e a Paz, e a discussão da “energia limpa” e as usinas nucleares; “Coluna – Parece, mas não é”, de Regina Scharf, declarando que uma análise de 1.018 produtos “ecologicamente corretos” (EUA) constatou que há falta de comprovação, informações vagas, irrelevância e mentiras. 12.2 Empresas, mercado, negócios, finanças e imagem A edição de número 550, de 16 de abril de 2008, da revista “Isto É, Dinheiro”, sob a manchete: “O Brasil na tela da Intel”, indicou a ação do maior fabricante de processadores que intenciona colocar o país no centro de sua 9 Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília. 10 Grupo de coordenação do BIOTA/FAPESP. 23 estratégia porque teremos o terceiro maior mercado de computadores do mundo em 2010. O artigo (p.34) é de Roberta Namour, com o manifesto de Oscar Clarke, presidente da Intel do Brasil, sobre a tendência de investir cada vez mais no Brasil, além da indicação da expressiva cifra de US$435MI de receita líquida da empresa no Brasil, no ano de 2007. É uma clara indicação que não haverá redução de investimentos em TI ou retração tecnológica neste setor. A edição de número 118, de abril de 2008, da revista “Você S/A – seja seu melhor investimento”. Sob a manchete: “Decisões de Sucesso”, traz um artigo (p.38) de Juliana Garçon sobre o vultoso investimento em sustentabilidade que a Wal-Mart, uma das gigantes do setor de varejo, vem fazendo aqui no Brasil para diminuir sua imagem negativa na opinião pública (principalmente, norte americana). Neste artigo há uma interessante referência ao documentário de Robert Greenwald: “O Alto Custo do Preço Baixo” que é uma realidade presente em muitas organizações (e países), composto pelo pagamento de baixos salários, preconceito, repressão, exploração e práticas predatórias; acrescentando preocupações sobre a ética de políticas de soluções a qualquer custo. A edição de número 24, de março de 2008, da revista “Gestão & Negócios”, sob a manchete: “Fique Rico em Família”, traz dois artigos sobre o assunto. O primeiro deles (p.28), escrito por Lincoln Martins, indica grandes oportunidades para negócios no segmento do público teen, intitulado: “Eles consomem muito!”; segundo o professor da ESPM11 , João Osvaldo Schiavon Matta, o “...consumo é norteado, muitas vezes, pelo comportamento dos grupos e ‘tribos’ aos quais eles se unem...”, indicando que este público tem um comportamento social de consumo, já na tenra idade. No segundo artigo (p.62), escrito por Juliana Klein sobre a discriminação de negros no mercado de trabalho, evidencia uma preocupação sobre a ineficiência da priorização de preocupações ambientais enquanto os 47% (IBGE) de negros na população brasileira que não percebem sequer um tratamento de igualdade. A edição de número 231, de abril de 2008, da revista “Pequenas Empresas & Grandes Negócios”, sob a manchete: “Os 6 segredos das empresas 11 Escola Superior de Propaganda e Marketing. 24 que crescem muito”, traz a pesquisa (p.21) sobre empreendedorismo que aponta o Brasil em 9º lugar no mundo (com 13% da população à frente de novos negócios), é a oportunidade que motiva o empreendimento; na matéria “Denunciei meus concorrentes” (p.28), de Fernanda Tambelini, a lição de ética do empresário Jóster Macedo na briga por um país livre de fraudes e de corrupção ao denunciar a má-fé de outros empresários; na matéria “Jovens bons de bolso”(p.42), de Kátia Simões, o novo perfil da geração “M”12 (21 milhões de brasileiros), os jovens consumidores são consumistas, adoram grifes, mas não são fiéis às marcas; a entrevista “Ganho econômico e também de imagem” (p.88), de Christina do Valle com José Antônio Puppim de Oliveira, tratando da diferenciação de mercado e do aumento de desempenho das empresas (de todos os portes) quando incorporam temas sócio ambientais com preocupações reais e cuidados com a ética (sonegação, corrupção e crime) e a economia (não desperdício); na matéria “Investimento – Será que vou jogar dinheiro fora?” (p.100), de Viviane Maia, que trata sobre o RoI13 em tecnologia da informação que é essencial para (fontes: Intel, Microsoft e Symnetrics): a facilidade de identificar objetivos estratégicos, o controle mais apurado do negócio, clareza e facilidade na tomada de decisões, redução do tempo de produção e aumento da produtividade, redução da margem de erros e custos, agilidade em atendimento e aumento significativo na produção e vendas; na matéria “Cooperativismo – Dinheiro Comunitário” (p.108), informe publicitário do SEBRAE, que trata das cooperativas de crédito, cita iniciativas denominadas “negócios do bem” que são projetos sócio ambientais apoiados por institutos patrocinados pelas empresas. Na edição de número 914, de 26 de março de 2008a, da revista “EXAME edição especial: negócios & sustentabilidade”, sob a manchete: “A economia verde”, são várias as matérias que tratam deste assunto: na matéria “Estratégia – O executivo mais verde do mundo” (p.26), de Cristiane Mano, discute-se a estratégia da GE (presidente mundial, Jeffrey Immelt) em lançar a mais abrangente linha de produtos ecologicamente corretos e atender 4 desafios (envolver e motivar uma empresa gigante, criar mercados novos, tornar produtos comercialmente viáveis e 12 Referência à Multitarefa e Multimídia. 13 Return of Investiment (retorno do investimento). 25 não virar “vidraça” para ONG); na matéria “Agronegócio – Crescimento chinês e ambientalismo nórdico” (p.34), de Ângela Pimenta, relata-se o desafio no agronegócio da Lucas do Rio Verde (cidade produtora de soja em MT) em conciliar o desenvolvimento extraordinário com o consciência sustentável; na matéria “Política – A pressão chega à Brasília” (p.42), de Ângela Pimenta, declaram-se as tentativas das empresas em convencer os políticos brasileiros a aderirem à causa da sustentabilidade; na matéria “Automóveis – Visionário ou maluco?” (p.48), de Denise Dweck e Fernando Valeika de Barros, visita-se a visão de negócio do empresário Shai Agassi na dianteira do mercado de carros elétricos; na matéria “Consumo – A reação do gigante” (p.56), de Ana Luiza Herzog, conhece-se o apelo verde da gigante Wal-Mart no consumo para reverter os problemas de imagem do passado; na matéria “Ensaio – Eles estão abrindo caminho” (p.60), de Ana Luiza Herzog, percebe-se a visão dos empresários brasileiros nos negócios ambientais para combinar inovação, ideologia e lucro; na matéria “Planejamento – A metrópole verde do deserto” (p.68), de Luciene Antunes, discute-se a utilização do dinheiro proveniente do petróleo utilizado na construção da primeira cidade livre de poluentes no emirado Abu Dhabi; na matéria “Perfil – O exterminador que abraça árvores” (p.74), de Iracy Paulina, observa-se a liderança de Arnold Schwarzenegger contra o aquecimento global; na matéria “Entrevista – Não faz sentido gastar bilhões para combater a mudança climática” (p.80), de Ana Luiza Herzog, declara-se a polêmica do cientista político dinamarquês Bjorn Lomborg sobre a inutilidade em se gastar dinheiro para evitar mudanças climáticas; na matéria “Tecnologia – O desafio de não deixar pegadas” (p.84), de Ursula Alonso Manso, acompanha a liderança da Nokia em logística reversa; na matéria “Energia – A luz que vem do campo” (p.90), de Ângela Pimenta, discute-se o uso da biomassa na estratégia para aumento da oferta de energia no Brasil; na matéria “Crescimento – De quem é a culpa?” (p.94), de Fabiane Stefano, observa-se o despreparo do país para o progresso refletido no trânsito caótico de São Paulo; na matéria “Europa – Quanto menos francesa, melhor” (p.124), de Tatiana Gianini, constata que os franceses finalmente acordam para a inevitabilidade da globalização; na matéria “Parcerias – Governo de resultados” (p.134), de Mariana Durão, vista-se o estado do Rio de Janeiro e o saneamento das contas por se tornar mais eficiente; na matéria “Mobilidade – A 26 próxima fronteira do software” (p.140), de Denise Dweck, observa-se a batalha das grandes (Apple, Google e Microsoft) nos softwares para celulares. Na edição de número 916, de 23 de abril de 2008b, da revista “Exame – O novo consumidor brasileiro”, versa o artigo de capa (p.20) sobre um país em transformação com números interessantes (fontes: IBGE, ONU, Euromonitor, Cetelem/Ipsos, ABTA e Renault) comparando hoje com 2050, um mercado de 1 trilhão de dólares em 2012; na matéria “Negócios globais/infra-estrutura – Água, o novo negócio da China” (p.68), de Tatiana Gianini, relata as iniciativas e o investimento chinês (US$125BI) para o tratamento e abastecimento de água para a população porque a China está no grupo de países que mais sofre com a escassez de recursos (21% da população do planeta e 7% do estoque de água mundial) e é uma economia em desenvolvimento, prejudicada pela poluição, pelo fornecimento inadequado e desvantagens naturais, mas somente em 2006 (lançamento do 11º plano qüinqüenal) houve algum avanço no tratamento efetivo da questão; na matéria “Sustentabilidade/legislação – Encrenca é com este senhor” (p.78), de Suzana Naiditch, a história do empresário Fernando Marcondes de Mattos (dono Costão Santinho, Florianópolis) em seus empreendimentos (dificuldades com normas ambientais), sua visão particular de oportunidade de negócio e meio ambiente, e o embate da procuradoria pública (Analúcia Hartmann) e ONG ambientalistas; na matéria “Sustentabilidade – do lixo para o escritório” (p.83), de Ana Luiza Herzog, sobre o investimento da Giroflex em fabricar um piso elevado com a certificação verde a partir de reaproveitamento de resíduos das suas fábricas de móveis (antes descartados em aterros sanitários) e o objetivo de estender esta certificação para a produção de cadeiras, sofás e mesas. 12.3 Informática A edição número 2, de 2008a, do “Anuário de TI da LINUX Magazine”, sob a manchete: “Tecnologias Abertas 2008”, já em seu editorial, resgata a evolução ocorrida no Software Livre (e LINUX) nos últimos dez anos, onde muita coisa mudou e a aceitação cresceu muito (tanto que a Microsoft reconhece as empresas de código aberto como concorrentes), beneficiando grandes prestadores de serviço (empresas) que precisavam de boas soluções de TI, em tempo hábil e a baixo custo; 27 na matéria “Cases de sucesso com Software Livre” (p.6), de Rodolfo Clix; no artigo “Virtual, veloz e leve” (p.76), de Kurt Garloff, traz uma análise sobre o desempenho e as possibilidades da virtualização e o sistema Xen; na matéria “Soluções de Código Aberto” (p.82), de Reinhardt Hoft, discute-se que a flexibilidade é o poder, apresentando soluções e cases para: sistemas operacionais, administração de redes, alta disponibilidade, servidores, segurança, automação comercial, ERP/CRM, CAD/CAM, saúde, contabilidade, gerenciamento de projetos, gestão de TI, programação, VoIP, bancos de dados, virtualização, multimídia e serviços. A edição de número 40, de março de 2008b, da revista “LINUX Magazine – A revista do profissional de TI”, sob a manchete: “Virtualização”, traz notícias (p.18) sobre a LiMo Foundation14 e a intenção de criar o primeiro hardware verdadeiramente aberto baseado em LINUX para emprego em dispositivos móveis, atuando, inclusive, no Brasil na plataforma LSB15; na coluna “Corporate”: notícias (p.20) da compra da MySQLAB pela Sun Microsystems que investe pesado em software aberto e virtualização e a aquisição da Trolltech (Qt developer) pela Nokia que incomodou a Motorola (interface Qtopia), sendo interessante o manifesto ter se originado no líder de ecossistemas e plataforma de software da empresa; a entrevista (p.24) de Pablo Hess com João Pedro Serra, diretor de marketing e produtos da Orolix (provedor de serviços de internet) indica que o modelo inovador de negócios (código aberto e virtualização) recompensa seus clientes; outra entrevista (p.26) de Pablo Hess com Arlindo Maluli, consultor de vendas para canais e alianças da VMware no Brasil, confirma as previsões da Gartner Group sobre o avanço da virtualização; a matéria de Sulamita Garcia, “Multiplicação aberta” (p.28), declara as vantagens técnicas e econômicas do Código Aberto e comenta o principal evento de software livre no Brasil, “Linux Park”; o estudo de caso (p.30) por Paulo Maia da Costa sobre o padrão aberto, “ODF na CAIXA”, trata da adoção do padrão para documentos de escritório com preocupações sólidas e cuidados consistentes, além da consciência da necessária mudança cultural e a oportunidade de instituições que representam o Estado têm de representar e influenciar as 14 Linux Mobile Foundation, criada pela fusão da OSDL (Open Source Development Labs) e FSG (Free Standards Group), diretor: Kiyohito Nagata. 15 Linux Standard Base (Plataforma padrão LINUX). 28 tendências de mercado; a matéria “Os pingüins se espalham” (p.33), de Augusto Campos, indica o CDTC16 o principal agente deste bem sucedido processo com mais de 989 instituições públicas atendidas (CEF, SERPRO, Banco do Brasil, Ministério da Previdência etc.) e 34mil pessoas treinadas em software livre; o artigo “Reengenharia de produtos por software” (p.38), de Cezar Taurion, gerentes de novas tecnologias aplicadas da IBM, versa sobre as novas funcionalidades agregadas aos produtos pelo uso do software e a participação do código aberto nesta investida; o artigo “Virtualização em 2008” (p.39), de Jan Kleinert sobre os importantes avanços da tecnologia e a conquista de usuários importantes em 2007, evolução esperada e reservadas para 2008. 12.4 Síntese da análise de periódicos O desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias deverão fazer face aos novos desafios porque são muitos os fatores psicológicos que influenciam no resultado da qualidade de vida (por exemplo: a real percepção da necessidade), além do aumento do consumo de recursos naturais, mesmo sob a preocupação ética de políticas de soluções corretas e adequadas. É necessário o envolvimento da sociedade no debate sobre o modelo de desenvolvimento, pois a imprensa brasileira não associa as mudanças climáticas ao desenvolvimento humano. As iniciativas científicas devem transformar o conhecimento técnico em documentos legais do Estado, principalmente, na busca de fontes alternativas de energia. As grandes empresas, também, precisam ser envolvidas e atuar significativamente em: liberação de patentes; disseminação do conhecimento; desenvolvimento compartilhado e na revisão das diretivas de marketing para prática leal uma vez que não haverá redução de investimentos em TI ou retração tecnológica (não basta divulgar as intenções). Já é fato o aumento de desempenho das empresas com preocupações sócio ambientais e a cultura do não desperdício. O RoI17 (fontes: Intel, Microsoft e Symnetrics) em tecnologia da informação caracteriza-se pelos seguintes fatores: a facilidade de identificar 16 Centro de Difusão de Tecnologia e Conhecimento, iniciativa governamental de software livre. 17 Return of Investiment (retorno do investimento). 29 objetivos estratégicos; o controle mais apurado do negócio; clareza e facilidade na tomada de decisões; redução do tempo de produção e aumento da produtividade; redução da margem de erros e custos; agilidade em atendimento e aumento significativo na produção e vendas 13 Conclusão As pessoas precisam ser mais informadas sobre o impacto que as motivações individuais promovem no equilíbrio do consumo de recursos naturais. Este é um papel que cabe ao Estado, à Mídia e às instituições de ensino. A tecnologia precisa (re)conquistar a confiança perdida, promovendo o uso de novas técnicas e/ou aprimorando as existentes para a efetiva gestão do consumo de recursos naturais. Cabe ao Estado fiscalizar. A tecnologia da informação deve acompanhar o desenvolvimento tecnológico como um todo e demonstrar seu valor. Seja pelo uso de melhores técnicas e práticas para excelência no consumo sustentável de recursos naturais; na melhoria do planejamento, implantação e operação de infra-estruturas em direção à “TI Verde”, ou no estabelecimento do conceito de “SW Verde” em desenvolvimento e gestão de projetos: a caminho da gestão global do consumo de recursos naturais e o equilíbrio e viabilidade da evolução humana afastando a possibilidade de extinção da raça. A observação de paradoxos nas informações coletadas (principalmente no questionário aplicado) ensejam análises mais profundas (de perfil qualitativo) na mesma linha investigativa desta pesquisa e/ou agregando os seguintes fatores: • Excelir na gestão para garantir o sucesso de projetos; • Rever as atividades humanas e a TI, alinhando-as para a manutenção da qualidade de vida e a gestão global de recursos; • Eleger a tecnologia da informação a gestora do consumo de recursos para obter leituras precisas e reações pontuais; • Promover a segurança da informação para conservação do consumo de recursos; 30 • Considerar a responsabilidade social em TI: da intenção legítima à motivação ética, do uso de melhores práticas e melhores técnicas à operação em infra-estruturas adequadas; • Envolver o Estado, a mídia, as instituições de ensino e pesquisa, e as empresas em favor dos interesses da comunidade humana. 31 Referências AGRAWAL, A. 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Acesso em 08 de junho de 2008b. 34 APÊNDICE A – Questionário Aplicado Seguem abaixo as questões aplicadas na pesquisa de campo que pretendeu buscar a maior abrangência de perfis e a mais ampla qualidade das questões. 1) Você faz pouco uso da tecnologia? Afinal, acredita que o excesso pode trazer mais transtornos que benefícios.18 2) O consumo responsável em tecnologia e a responsabilidade social devem ser preocupações da coletividade? 19 3) Você admira avanços tecnológicos em veículos automotores? Afinal, é natural desejá-los quando lançados na mídia.* 4) A compra de um novo veículo vai além de um simples desejo? Afinal, proporciona mais desempenho e segurança, além do ganho de conforto e distinção social: uma conquista merecida.* 5) Você aproveita ao máximo equipamentos eletrônicos de uso pessoal (computador pessoal, celular, MP3 player, pendrive etc.) antes de adquirir novidades tecnológicas? 6) Você valoriza e discute com sua comunidade (familiares, vizinhos, amigos e colegas de trabalho) os lançamentos inovadores no mercado de produtos eletrônicos de uso pessoal (computador pessoal, celular, MP3 player, pendrive etc.)? 7) Você faz um bom planejamento quando deseja adquirir produtos eletrônicos de uso pessoal (computador pessoal, celular, MP3 player etc.)? Afinal, as condições de parcelamento nas lojas são atraentes e acessíveis.* 18 A dualidade/ambigüidade permite que o público seja avaliado na sua capacidade de discernir entre as repostas, uma vez a questão/resposta se relaciona diretamente com outras questões/respostas. 19 Avalia-se a consciência individual pelo comprometimento ou pela isenção uma vez que esta questão/resposta se relaciona com outras questões/respostas. * Complemento explicativo para caracterização da situação, condição, motivação e necessário entendimento da questão. 35 8) Já trocou equipamentos que estavam em bom estado só pelo prazer de adquirir uma nova tecnologia? 9) Quando todos à sua volta adquirem equipamentos mais modernos, você se sente forçado a adquirir novidade equivalente? 10) Se for levado a trocar de tecnologia: utiliza logo a mais avançada? 11) Compra o melhor que a tecnologia pode oferecer? Afinal, considera natural a transição: antigo-novo, independente do que acha a sua comunidade (familiares, vizinhos, amigos e colegas de trabalho).* 12) Quer ser o primeiro a dispor de uma nova tecnologia? Afinal, rapidamente percebe que a tecnologia antiga já produziu o que devia: descarta-a.* 13) Resiste às mudanças freqüentes de tecnologia? Afinal, considera que transições em excesso sejam consumismo descontrolado. Cede apenas quando os prejuízos e impedimentos são perceptíveis.* 14) Você concorda em arcar com o custo de lançamento de novas tecnologias e descarte dos recursos originais? 15) Você compra um novo sistema operacional assim que é lançado porque deseja obter logo a novidade? 16) Compra novos softwares somente quando aqueles que você possui não atendem mais suas necessidades? 17) Compra um novo sistema operacional somente quando o custo for mais acessível? * Complemento explicativo para caracterização da situação, condição, motivação e necessário entendimento da questão. 36 18) Concorda com a agregação de serviços (tais como: agenda, câmera digital, MP3, etc.) em aparelhos celulares? Afinal, é um conforto e um recurso inofensivo e gratuito.* 19) Participa da coleta seletiva de lixo domiciliar? 20) Exige o tratamento adequado da administração da coleta de lixo seletiva de sua comunidade (familiares, vizinhos, amigos, colegas etc.)? 21) Gostaria de ser mais efetivo(a) na coleta, mas é difícil praticar na sua comunidade (familiares, vizinhos, amigos, colegas etc.)? 22) A administração da sua comunidade é falha na reciclagem do lixo e você considera a situação irrelevante? 23) Você acredita no benefício da coleta de lixo seletiva? 24) Entende que todas as pequenas atitudes fazem muita diferença para humanidade quando se trata de consumo de recursos naturais (água, energia e carbono)? Por exemplo: apaga as luzes de ambientes sempre que não há pessoas utilizando, acumula roupas para passá-las de uma vez, toma banhos rápidos desligando o chuveiro para ensaboar e religando para enxaguar, escova os dentes com a torneira desligada abrindo-a apenas para enxaguar.* 25) Sempre que possível pratica ações politicamente corretas por acreditar que são efetivas? 26) Dá pouca importância ao uso de recursos naturais porque o volume que você consome é insignificante quando considerado todo o desperdício que observamos no dia-a-dia? 27) O preço é fator determinante na compra de bens de consumo (alimentos, roupas, utensílios, eletro-eletrônicos)? * Complemento explicativo para caracterização da situação, condição, motivação e necessário entendimento da questão. 37 28) O uso de materiais reciclados em bens de consumo (alimentos, roupas, utensílios, eletro-eletrônicos) é mais importante que o preço? 29) Você denuncia qualquer abuso ou uso indevido de água à companhia de abastecimento? 30) Considera vantajoso comprar refrigerantes em vasilhame descartável (PET) – porque é mais barato – e efetua o descarte seletivo? Afinal, a coleta, o tratamento e o retorno de outra embalagem encareceriam o produto.* 31) Procura embalagens de vidro ou alumínio e efetua o descarte seletivo? 32) Quando verifica que um produto reciclado é mais caro que o convencional apenas deixa de comprá-lo? 33) Gostaria de reclamar e ser ouvido quando se deparar com um abuso de preço de um produto reciclado? 34) Você sabia que o lixo eletrônico se espalha pelo mundo? A cada dia são milhares de toneladas de equipamentos obsoletos e inúmeros direitos de propriedades intelectuais (licenças de uso de software ou segredos industriais) que são descartados porque não são mais desejados (apesar de muitos manterem sua aplicabilidade).* 35) Considera o Estado responsável pela situação do lixo eletrônico? Afinal, este não exige a reciclagem dos equipamentos descartados pelos seus fabricantes ou usuários, ou a liberação do direito de patente e propriedades intelectuais para reutilização apropriada pelos outros segmentos da humanidade.* 36) Considera o consumidor responsável pelo acúmulo do lixo eletrônico? Afinal, ele supervaloriza a novidade, exagera no consumo.* * Complemento explicativo para caracterização da situação, condição, motivação e necessário entendimento da questão. 38 37) Acredita ser responsável pelo problema do lixo eletrônico? Afinal, não cobra do Estado uma solução, não exige dos demais consumidores uma consciência maior de responsabilidade social e nem mesmo pratica o que seria mais adequado.* 38) Acredita que a mídia é imparcial e está fazendo o seu papel? Afinal, é a população que não exige informações mais consistentes.* 39) Você gostaria de saber mais sobre o Desenvolvimento Sustentável? 40) Considera útil o desenvolvimento sustentável para a sociedade e o planeta? 41) Acredita que a Tecnologia da Informação está preparada para suportar a sustentabilidade? 42) A tecnologia da informação é necessária e essencial para coletar, manipular e extrair resultados com rapidez e precisão? Afinal, o mundo globalizado caracteriza-se por uma complexa rede de informações.* 43) Você gostaria de saber mais sobre a Tecnologia da Informação “Verde”? 44) É possível obter avanço tecnológico sem agredir o meio-ambiente? 45) Concorda que a Tecnologia da Informação Verde deve ser um conjunto de boas práticas que visa otimizar o consumo de recursos de forma controlada e organizada em benefício do meio-ambiente, seja em sua infra-estrutura ou na produção e uso de software? 46) Um software que controla a degradação ambiental é sinônimo de Tecnologia da Informação Verde? * Complemento explicativo para caracterização da situação, condição, motivação e necessário entendimento da questão. 39 47) Considera que as melhores práticas da Tecnologia da Informação são o único fator de sucesso de uma empresa? Afinal, são mecanismos facilitadores do uso adequado de recursos, processos e gestão de projetos.* 48) As melhores práticas em gerenciamento de projetos, infra-estrutura, segurança da informação etc., tem algum tipo de preocupação em reduzir o impacto ambiental na área da tecnologia? 49) Pode ser considerada uma infra-estrutura adequada de Tecnologia da Informação aquela proveniente de planejamento, implantação, operação e otimização de recursos naturais? 50) As metodologias existentes em gestão de projetos são suficientes para evitar os desperdícios de recursos naturais? 51) Um software quando produzido numa infra-estrutura que atenda as exigências ambientais e sob o direcionamento das melhores práticas pode ser considerado como software “verde”? 52) Para caracterizar um software “verde” é suficiente aplicar as melhores práticas em Tecnologia da Informação? 53) Para a produção de software “verde” é necessária uma infra-estrutura que atenda às exigências ambientais? 54) Um software “verde” possui um maior desempenho que outro convencional? 40 APÊNDICE B – Metodologia de cálculo de entropia Nos parágrafos a seguir, demonstra-se a metodologia de cálculo de entropia para avaliação do questionário aplicado, quanto à qualidade das perguntas, das respostas e do ganho total de informação. Na quantidade total de perguntas aplicadas e de conjuntos de respostas obtidas, definida por n, são valores possíveis: sim (respostas positivas/afirmativas) e não (respostas negativas). Dois vetores unidimensionais de n elementos com a indexação iniciando em 01 (um), denominados: resposta_sim e resposta_não, foram carregados com a quantidade de repostas obtidas nos valores possíveis para cada pergunta. Um índice k, foi utilizado para iterar nos vetores em varredura ou extração, desde que observada a restrição: k ∈ N, 1 ≤ k ≤ n. São atributos: <resp> (resposta extraída dos vetores) e <seq> (elemento único dos vetores, respeitando a restrição observada para k). São funções: R(<resp>, <seq>); T(<seq>); P(<resp>, <seq>); E(<resp>, <seq>); Eresp(<seq>); Eperg(<seq>); RT(<resp>); PT(<resp>); ET(<resp>). São variáveis calculadas: TT; Erespostas; Eperguntas; Equestionário. A função R(<resp>, <seq>) é a quantidade de respostas desejadas de uma questão específica. (1) ⎧ resposta _ sim<seq> , se resp = sim R( resp , seq ) = ⎨ ⎩resposta _ não<seq> , se resp = não De (1), obtém-se a função T(<seq>) que é o total de respostas de uma questão específica. (2) T(<seq>) = R(sim, <seq>) + R(não, <seq>) De (2), obtém-se o valor de TT que é o total de respostas dadas a todas as perguntas aplicadas. (3) TT = k →n ∑ T (k ) k =1 41 De (1) e (2), obtém-se a função P(<resp>, <seq>) que é a razão das ocorrências de respostas desejadas sobre o total de respostas de uma pergunta específica. (4) P ( resp , seq ) = R ( resp , seq T ( seq ) ) De (4), obtém-se a função E(<resp>, <seq>) que é a entropia das respostas desejadas de uma pergunta específica. (5) E(<resp>, <seq>) = – P(<resp>, <seq>) × log2 P(<resp>, <seq>) De (5), obtém-se a função Eresp(<seq>) que é a entropia de todas as respostas dadas de uma pergunta específica. (6) Eresp(<seq>) = E(sim, <seq>) + E(não, <seq>) De (2), (3) e (6), obtém-se a função Eperg(<seq>) que é índice entrópico20 de uma pergunta específica (baseado nas respostas obtidas). (7) E perg ( seq ) = Eresp ( seq )× T ( seq TT ) De (1), obtém-se a função RT(<resp>) que é a quantidade total de respostas desejadas. (8) RT ( resp ) = k →n ∑ R( resp , k ) k =1 De (3) e (8), obtém-se a função PT(<resp>) que é a razão total das ocorrências de respostas desejadas. (9) PT ( resp ) = RT ( resp ) TT De (9), obtém-se a função ET(<resp>) que é a entropia total das respostas desejadas: (10) ET(<resp>) = – PT(<resp>) × log2 PT(<resp>) De (10), obtém-se o valor de Erespostas que é a entropia de todas as respostas obtidas. (11) Erespostas = ET(sim) + ET(não) 20 O índice entrópico é subsídio ao cálculo final da entropia, não representando, por si só, a entropia. 42 De (7), obtém-se o valor de Eperguntas que é a entropia das perguntas aplicadas. (12) E perguntas = k →n ∑ E (k ) k =1 perg De (11) e (12), obtém-se o valor de Equestionário que é a entropia total do questionário (baseado nas perguntas e respostas). (13) Equestionário = Erespostas – Eperguntas 43 APÊNDICE C – Tabela de Entropia do Questionário Aplicado k R(sim,k) R(não,k) T(k) P(sim,k) P(não,k) E(sim,k) 1 0,138 0,862 0,395 21 131 152 2 0,913 0,087 0,119 137 13 150 3 0,868 0,132 0,177 132 20 152 4 0,821 0,179 0,233 124 27 151 5 0,720 0,280 0,341 108 42 150 6 0,675 0,325 0,382 102 49 151 7 0,770 0,230 0,291 117 35 152 8 0,539 0,461 0,480 82 70 152 9 0,212 0,788 0,474 32 119 151 10 0,507 0,493 0,497 77 75 152 11 0,353 0,647 0,530 53 97 150 12 0,139 0,861 0,396 21 130 151 13 0,586 0,414 0,452 89 63 152 14 0,164 0,836 0,428 25 127 152 15 0,093 0,907 0,318 14 137 151 16 0,776 0,224 0,284 118 34 152 17 0,649 0,351 0,405 98 53 151 18 0,861 0,139 0,186 130 21 151 19 0,355 0,645 0,530 54 98 152 20 0,360 0,640 0,531 54 96 150 21 0,882 0,118 0,160 134 18 152 22 0,426 0,574 0,525 63 85 148 23 0,974 0,026 0,038 147 4 151 24 0,932 0,068 0,094 138 10 148 25 0,892 0,108 0,147 132 16 148 26 0,110 0,890 0,350 16 130 146 27 0,757 0,243 0,304 109 35 144 28 0,401 0,599 0,529 59 88 147 29 0,279 0,721 0,514 41 106 147 30 0,507 0,493 0,497 74 72 146 31 0,441 0,559 0,521 64 81 145 32 0,639 0,361 0,413 94 53 147 33 0,888 0,112 0,152 127 16 143 34 0,730 0,270 0,332 108 40 148 35 0,767 0,233 0,293 112 34 146 36 0,785 0,215 0,274 113 31 144 37 0,694 0,306 0,365 100 44 144 38 0,370 0,630 0,531 54 92 146 39 0,926 0,074 0,103 137 11 148 40 0,917 0,083 0,114 133 12 145 41 0,366 0,634 0,531 53 92 145 42 0,924 0,076 0,105 134 11 145 43 0,918 0,082 0,113 135 12 147 44 0,774 0,226 0,286 113 33 146 45 0,931 0,069 0,096 135 10 145 46 0,638 0,362 0,413 90 51 141 47 0,294 0,706 0,519 42 101 143 48 0,648 0,352 0,406 92 50 142 49 0,865 0,135 0,181 122 19 141 50 0,211 0,789 0,474 30 112 142 51 0,812 0,188 0,244 112 26 138 52 0,336 0,664 0,529 46 91 137 53 0,942 0,058 0,081 130 8 138 54 0,391 0,609 0,530 52 81 133 R T (sim) R T (não) T T P T (sim) P T (não) 4.829 3.112 7.941 0,608 0,392 E T (sim) 0,436 E(não,k) 0,185 0,306 0,385 0,444 0,514 0,527 0,488 0,515 0,271 0,503 0,407 0,186 0,527 0,217 0,127 0,483 0,530 0,396 0,408 0,412 0,365 0,459 0,139 0,263 0,347 0,149 0,496 0,443 0,340 0,503 0,469 0,531 0,354 0,510 0,490 0,477 0,523 0,420 0,279 0,298 0,416 0,282 0,295 0,485 0,266 0,531 0,354 0,530 0,390 0,270 0,454 0,392 0,238 0,436 E resp (k) 0,579 0,425 0,562 0,677 0,855 0,909 0,778 0,995 0,745 1,000 0,937 0,582 0,979 0,645 0,445 0,767 0,935 0,582 0,939 0,943 0,525 0,984 0,176 0,357 0,494 0,499 0,800 0,972 0,854 1,000 0,990 0,943 0,506 0,842 0,783 0,751 0,888 0,951 0,382 0,412 0,947 0,387 0,408 0,771 0,362 0,944 0,873 0,936 0,570 0,744 0,698 0,921 0,319 0,965 E perg (k) 0,011 0,008 0,011 0,013 0,016 0,017 0,015 0,019 0,014 0,019 0,018 0,011 0,019 0,012 0,008 0,015 0,018 0,011 0,018 0,018 0,010 0,018 0,003 0,007 0,009 0,009 0,015 0,018 0,016 0,018 0,018 0,017 0,009 0,016 0,014 0,014 0,016 0,017 0,007 0,008 0,017 0,007 0,008 0,014 0,007 0,017 0,016 0,017 0,010 0,013 0,012 0,016 0,006 0,016 E T (não) 0,530 E resp 0,966 E perg 0,726 E quest 0,240 44