DIA MEMORÁVEL PARA A HISTÓRIA DE VILARINHO DA FURNA
No passado dia 16 do corrente mês, foi apresentado, no
Museu Etnográfico de Vilarinho da Furna, o romance
de André Gago, Rio Homem, a que se seguiu a visita à
antiga aldeia, presentemente a descoberto.
RIO HOMEM
“Que grande nome para um rio!” – disse Torga.
RIO HOMEM
“Que grande nome para um livro!” - digo eu -, este romance de André Gago, que, há
uns tempos, foi lançado, em Lisboa.
Na altura, por motivos de labor académico, não me foi possível assistir ao
lançamento desta obra.
Mas não resisti a enviar uma mensagem, em nome pessoal e d’AFURNA, a
felicitar o autor, por este seu trabalho, cuja trama decorre no palco de Vilarinho da
Furna.
E deixei um desafio: porque não programar uma apresentação do livro, no
Museu Etnográfico de Vilarinho da Furna?
Esse desafio foi agora correspondido pelo autor,
André Gago, conhecido autor e ator, um homem da
escrita, do teatro, do cinema, da televisão, em síntese,
um homem da cultura, que nos deu a honra da sua
presença no Museu Etnográfico de Vilarinho da Furna.
Com a simpática companhia de Rui C. Barbosa, que,
entre muitas outras coisas, tem calcorreado a nossa
terra e procurado documentar a memória das Minas dos
Carris, por onde perpassa parte da estória, que o André
nos conta.
Se o livro do André Gago é uma homenagem a Vilarinho da Furna, esta sessão
foi, assim o espero, uma homenagem, ainda que singela, ao autor desse livro, que
acabou de ganhar o prémio do Pen Clube.
RIO HOMEM é uma obra de grande fôlego, em que o autor, a partir da sua
juvenil e inesquecível visão, nos anos 80, do século passado, da aldeia de Vilarinho da
Furna, submersa por uma barragem, nos leva até à guerra civil de Espanha e
consequente segunda guerra mundial, ao mesmo tempo que faz um retrato de Portugal,
de 1939 a 1972.
O livro lê-se com agrado, pela elegância da escrita, fidelidade aos dados
históricos, no que ao ensaio concerne, e originalidade na ficcional estória romanesca,
com toda a sua profundidade dramática.
Muitas obras já foram feitas sobre Vilarinho da Furna, da ciência à ficção,
passando pelo cinema e pela poesia. Onde sobressaem nomes como Link, Tude de
Sousa, Jaime Cortesão, Orlando Ribeiro, Jorge Dias, Rosado e Delmira Correia, João
Machado Cruz, Miguel Torga, António Campos, Fernando Matos, Manoel de Oliveira,
entre tantos outros, e, agora, André Gago.
São obras que, cada uma ao seu jeito, muito dignificam a aldeia, o povo de
Vilarinho, a ciência e a literatura portuguesa.
Manoel de Oliveira, nos idos de 50, do século passado, pensou fazer um filme
sobre Vilarinho da Furna. Hoje, com os seus 102 anos, ainda está em boa idade para
fazer o “filme da sua vida”, a partir do Rio Homem, de André Gago. Aqui fica o desafio.
Vilarinho da Furna, apesar de submersa, foi e
continua ser uma aldeia suficientemente rica para a
investigação dos cientistas, a imaginação dos artistas, a
inspiração de muitos.
RIO HOMEM é a prova disso.
Obrigado André, o povo de Vilarinho agradece.
Museu Etnográfico de Vilarinho da Furna
16/10/2011
Manuel de Azevedo Antunes
(Presidente da Direção d’AFURNA)
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