Cinema Música Literatura Cultura Cultura Portuguesa Século XX (até à década de 70) Biblioteca Municipal José Saramago. Loures 23 de abril a 29 de junho de 2013 Mostra Documental (catálogo bibliográfico) Cultura A inspiração dos contemporâneos Cultura Teatro Pintura Cultura PORTUGAL que com todos estes senhores conseguiu a classificação do PAÍS MAIS ATRASADO DA EUROPA e de todo o mundo! O país mais selvagem de todas as EXÍLIO dos degradados e dos indiferentes A ÁFRICA RECLUSA DOS EUROPEUS! Áfricas! O ! O entulho das desvantagens e dos sobejos! Portugal inteiro há de ABRIR que a sua CEGUEIRA OS OLHOS um dia – Se é não é incurável e então GRITARÁ comigo, a meu lado, A NECESSIDADE DE SER QUALQUER COISA DE ASSEADO! MORRA O DANTAS! MORRA PIM! [NEGREIROS, Almada in Manifesto anti-Dantas e por Extenso,2000] Cultura Portuguesa – Século XX (Até à década de 70): a inspiração dos contemporâneos é a última das três mostras subordinadas ao tema “Aspetos da cultura portuguesa através dos séculos”. Com esta mostra pretendemos contribuir para um melhor conhecimento e divulgação das obras de alguns dos grandes nomes associados à nossa criação artística. O que de mais representativo foi produzido nesse período reflete a nossa identidade enquanto portugueses, o nosso talento e a nossa criatividade. O Ultimato e a crise financeira e económica de 1890-91 balizam uma sensível transformação na vida portuguesa, cujos prenúncios e efeitos se refletem na atividade literária. A proclamação da República, a participação de Portugal na guerra de 1914-18, a instauração da ditadura militar em 1926 e, a partir de 1933, a institucionalização de um estado fascista, o movimento do 25 de abril de 1974, são acontecimentos históricos marcantes e que enquadram e de alguma forma formatam a nossa cultura. Ler Miguel Torga e Ferreira de Castro; desfrutar a poesia de Fernando Pessoa ou de Eugénio de Andrade; admirar Amadeo de Sousa Cardoso ou Almada Negreiros; apreciar a música de Luis Freitas Branco e Fernando Lopes Graça; olhar o cinema através da tela de Manoel de Oliveira ou de Fonseca e Costa e finalmente passar pelo teatro e recordar Raul Brandão ou Luis de Sttau Monteiro, são algumas das propostas apresentadas para melhor conhecer a cultura do século passado. Ao invés de inventários ou catálogos exaustivos, a presente mostra documental sugere pistas para diferentes incursões no universo da cultura portuguesa (literatura, cinema, teatro, música e pintura), utilizando os recursos informativos da Biblioteca Municipal José Saramago. Cinema Século XX CINEMA Um dos pioneiros do cinema lisboeta, foi João Freire Correia, fotógrafo como Aurélio Paz dos Reis. Vem para o cinema, em 1907, como operador de um sketch filmado da revista Ó da Guarda! de Luis Galhardo Barbosa Júnior exibido no Teatro Príncipe Real. Em 1911 o filme Os crimes de Diogo Alves, apresentado no Salão da Trindade, foi um êxito. João Correia e Manuel Cardoso filmaram também dezenas de documentários e reportagens, alguns dos quais são hoje clássicos do cinema português, desde Batalha de flores a Artilharia Portuguesa, entre outros. Outro dos pioneiros da capital é Júlio Costa proprietário do mais antigo cinema de Lisboa, O Salão Ideal (hoje Cine Camões), ao Loreto. Júlio Costa com a colaboração de Raul Lopes Freire, que explorava o Salão Central (hoje a sala de cinema do Palácio Foz), decide levar à tela o romance de D. Pedro e D. Inês de Castro, confiando a realização a Carlos Santos. De registar, num pequeno papel, a presença do grande António Silva, que assim iniciava uma fulgurante carreira. Anos mais tarde surge a Lusitânia Film de que eram fundadores Celestino Soares e Luis Reis Santos. Apresentam duas curtas-metragens de enredo, Mal de Espanha e Malmequer, de Leitão de Barros. Pioneiro lisboeta foi ainda Ernesto de Albuquerque, responsável pela Portugália Filme. Exibe documentários, entre eles A cultura do Cacau, talvez o nosso primeiro filme sobre o ultramar. O cinema deste período de autêntico pioneirismo que termina no final da 1ª Guerra Mundial e vai coincidir com o início da atividade da Invicta Film, primeira organização cinematográfica nacional digna desse nome. Destacam-se os nomes de Alfredo Nunes de Matos e Henrique Alegria. Neste período fizeram-se sobretudo documentários. Até 1918 são fundadas ainda novas distribuidoras, entre elas, duas casas de grande importância no meio – Raul Lopes Freire, Lda. Com base no Salão Central e dirigida pelo seu fundador e J. Castello Lopes, apoiada no Cinema Condes e que sobreviveria até aos nossos dias com o nome de Filmes Castello Lopes. 20 anos depois de Paz dos Reis, o Porto é a capital do cinema, graças à atividade desenvolvida pela segunda Invicta Film, de 1918 a 1924, por iniciativa de Alfredo Nunes de Matos. Frei Bonifácio de Georges Pallu estreou-se no Olympia, em Lisboa a 4.10.1918. É a era do cinema português feito por estrangeiros. O segundo filme produzido foi A Rosa do Adro, de Manuel Maria Rodrigues, que estreou no cinema Sá da Bandeira, no Porto. Século XX CINEMA Georges Pallu realiza ainda dois filmes que ficaram famosos na história do cinema mudo, adaptando dois clássicos da literatura portuguesa oitocentista Os Fidalgos da Casa Mourisca e Amor de Perdição. O primeiro estreou no Condes a 14 de Janeiro de 1921 e o segundo no cinema Olympia, no Porto. Posteriormente a Invicta Film lançou-se na produção de O Primo Basílio. Era a primeira vez que Eça de Queirós surgia no cinema. Viria a estrear-se no cinema Condes, muito tempo depois de concluído. O ano de 1923 assinala a mudança de orientação nos filmes produzidos, procurando temas de possível interesse internacional em detrimento dos temas portugueses que tinham sido, nos anos anteriores, o brasão da firma. A Invicta produz o seu último filme em 1924. De referir que nunca foi descurado o sector do documentário e da reportagem, destacando Homenagem a um soldado desconhecido, de 1921. A década de 30 foi importante no âmbito da cinematografia nacional com acontecimentos de relevo. Aparece António Leitão que é redator de O Século. O filme que dirige chama-se A Castelã das Berlengas, é um supermelodrama. O melhor do filme, estreado no Tivoli, são as sequências aéreas, fotografadas pelo operador madeirense Manuel Luis Vieira, e os ambientes naturais das Berlengas. Em 1931, estreado precisamente três dias antes da Severa, a 15 de junho, também no Odéon, deve referir-se A Portuguesa de Nápoles. O último filme mudo de longa-metragem rodado em Portugal foi Campinos (1932). No ano de 1931 morreria Paz dos Reis e Manuel de Oliveira estreava o seu Douro, Faina Fluvial. Douro, Faina Fluvial de Manoel de Oliveira A Severa de Leitão de Barros Século XX CINEMA Importa referir que o primeiro sinal deste novo cinema português é dado por Leitão de Barros com dois documentários dramáticos e de grande beleza Nazaré, Praia de Pescadores e Maria do Mar. Em 1 de abril de 1930 irá apresentar uma autêntica obra-prima do cinema português, verdadeiramente inovadora pela conceção e pela linguagem histórica dessa arte – Lisboa, Crónica Anedótica. A Severa é o primeiro filme sonoro e estreou na Primavera de 1931, numa noite memorável do São Luis e corresponde à projeção mítica, melodramática na forma e na substância, do amor frustrado e doentiamente pressentido, como virá a acontecer na obra mais recente de Manoel de Oliveira. Em 1932 instalou-se a Tobis e mais tarde, em 1936, a Lisboa Filme, no Lumiar, que seria assim símbolo da localização do cinema português, nascida do projeto de um homem habituado a fixar no espírito do público imagens vivas das suas aspirações e dos seus sonhos – Raul de Caldevilla. Nestas instalações vieram a ser feitas as duas longas-metragens de Caldevilla., ambas dirigidas por Maurice Mariaud, Os Faroleiros e As Pupilas do Senhor Reitor, uma das três versões realizadas, do livro de Júlio Dinis. A partir destes estúdios foi realizado o filme A Canção de Lisboa pelo arquiteto Cottinelli Telmo. Foi a fita mais popular e com maior sucesso e foi a primeira inteiramente rodada e produzida em Portugal. Estreado em ambiente de entusiamo no São Luis, em 7 de Novembro de 1933. A Canção de Lisboa de Cotinelli Telmo Século XX CINEMA Com os nazis no poder alemão, muitos técnicos e artistas que se encontravam na Alemanha, juntamente com Arthur Duarte, saem do País. É neste contexto que surge Gado Bravo que António Lopes Ribeiro virá a assinar, com supervisão de Max Nossebek e a colaboração da equipa germânica. O filme estreou no Tivoli, em 1934 e volta a ser um êxito de público. Henriuch Gärtner filmará a seguir As Pupilas do Senhor Reitor, enquanto Wilhelm Hameister colaborará na fotografia de O Trevo de Quatro Folhas. Quase todos os filmes feitos nesta época se devem a operadores alemães, como é o caso de A Revolução de Maio, Maria Papoila, A Rosa do Adro, A Canção da Terra, Os Fidalgos da Casa Mourisca e Feitiço do Império. Anos antes tinha sido criado o Secretariado da Propaganda Nacional que passa a superintender em todo o cinema português, correspondendo ao alargamento das funções do Estado e à sua vontade de orientar, coordenar, fomentar a atividade, não sem deixar de exercer funções fiscalizadoras e intervir na própria produção. É nesta altura que surgem filmes políticos, cujo objetivo é mostrar que a política do Estado Novo transformou as mentalidades e que Portugal é um país diferente daquele que o regime encontrara. É o caso de A Revolução de Maio e ainda Feitiço do Império de Lopes Ribeiro. Em 1938 surgem dois filmes de Chianca de Garcia A Rosa do Adro, já filmado por George Pallu e Aldeia da Roupa Branca, um dos clássicos da nossa comédia popular, último filme de Beatriz Costa e do realizador em Portugal, que se estreou no Tivoli a 2 de Janeiro de 1939. Aldeia da Roupa Branca de Chianca de Garcia Jorge Brum do Canto, que não terminara o seu Paisagem, um drama de emigração rodado em Pessegueiro do Vouga no começo da década, e mantinha A Dança dos Paroxismos bem fechada no produtor, parte em 1936 para a ilha de Porto Santo, a fim de rodar um novo filme, A Canção da Terra, que veio a estrear-se no São Luis e no Condes, em 1938. A sessão do São Luis foi memorável. Todos estiveram de acordo em considerar o filme como um novo passo no cinema português, uma obra significativa da geração a que o cineasta pertencia. E a década termina com mais um filme de Leitão de Barros – realizou cinco nestes dez anos -, uma comédia A Varanda dos Rouxinóis, sobre o ciclismo. Século XX CINEMA Os anos 40 vão assistir ao apogeu do nosso humor cinematográfico. Os fatores que estimulam esta linha de comédia começam na própria indústria, pois a produção deste tipo de filme é menos dispendiosa que o filme histórico-literário ou o filme folclórico-rural. João Bastos e Vasco Santana , um escritor e outro ator, estiveram na base de muitos dos guiões das comédias deste período e o seu conhecimento perfeito da mecânica do humor garantia à partida o êxito dos filmes. Jorge Brum do Canto, mais próximo do dramático que do cómico, voltou a tentar o humor com Ladrão, Precisa-se, estreado no Éden em 1946. Voltemos atrás, precisamente a 1941, para recordar que a comédia explode de novo com o notável O Pai Tirano, 194, primeiro filme de Produções António Lopes Ribeiro, que assim se estreia no humor, talvez a sua melhor veia. A segunda produção foi O Pátio das Cantigas , estreada no Éden, em 1942, mas realizada pelo seu irmão Francisco (Ribeirinho) que também interpretava e colaborava na redação do argumento. O Pátio das Cantigas de Francisco Ribeiro O Pátio das Cantigas está longe da graça de O Pai Tirano, mas contém alguns dos melhores momentos de humor do nosso cinema, verdadeiras peças de antologia: O candeeiro que conduz Vasco Santana bêbado para casa, entre outras. O Costa do Castelo é outro excelente filme, com produção da Tobis Portuguesa, datado de 1943 de Arthur Duarte. Segue-se Leão da Estrela e Grande Elias. Ainda nos anos 40, duas comédias completam a produção nacional de humor: a primeira, dirigida por António Lopes Ribeiro, depois de terminado o projeto de produção contínua, é a adaptação de A Vizinha do Lado, de André Brun, e foi rodada e estreada no Trindade, em 1945; a segunda, dirigida por um espanhol, Alexandre Perla, chama-se OS Vizinhos do Rés-do-Chão e começou a ser exibida em 1947, no Politeama. Século XX CINEMA Se os anos 40 são o apogeu da comédia popular, são também o apogeu da tendência históricoliterária-melodramática. Eles são de resto, o apogeu de uma certa conceção de cinema, de um certo estilo de política . Curiosamente, os filmes feitos em produção direta do Estado (aquilo a que chamaria hoje subsidiado a 100%) não tiveram, apesar da sua forma cuidada e do eventual interesse dos enredos, o êxito esperado. A partir de 1944 desaparecia a “propaganda nacional” e surgia a “cultura popular”. De facto, os melhores filmes histórico-literários produzidos na década – Amor de Perdição, Inês de Castro, Camões e Vendaval Maravilhoso – demonstram, apesar de muitos defeitos, que também nos anos 40 se atingiu a melhor qualidade do género. E os outros filmes, porventura menos logrados – A Morgadinha dos Canaviais, José do Telhado e Sonho de Amor – demonstraram ao menos as nossas possibilidades, designadamente os que foram rodados sobre o salteador de Lousada. Um drama religioso estava também na base de Três Dias sem Deus, 1946, de Bárbara Virgínia, o nosso primeiro filme realizado por uma mulher. Sobre o Padre Américo, o melhor filme é ainda A Aldeia dos Rapazes da Rua, um documentário de Adolfo Coelho, rodado em 1947, pouco antes de Não há Rapazes Maus, produzido ao jeito dos filmes americanos da Cidade dos Rapazes e do Padre Flanagan. Manoel de Oliveira, em 1942, retorna com Aniki Bóbó, um filme original e diferente, marcado por um sopro de modernidade artística.. Este filme, à época, foi absolutamente incompreendido, por isso injustamente criticado e até pateado. Aniki Bóbó de Manoel de Oliveira Século XX CINEMA São dos anos 40 os grandes êxitos de fado no cinema português, com Amália Rodrigues. O primeiro a ser estreado no Condes, 1947, com uma carreira verdadeiramente triunfal, foi Capas Negras. O segundo, Fado – História de uma Cantadeira, estreado no Trindade em 1948, faz também uma excelente carreira. Os anos 50 correspondem a um período pobre do cinema nacional, não só no que respeita à qualidade, mas também à quantidade das fitas produzidas. Apenas se destacam alguns nomes como o de Manuel Guimarães e ainda Manoel de Oliveira. O Secretariado Nacional da Informação, o então SNI, com um impulso aparentemente reformista, vai promover uma política de formação de cineastas e de técnicos através da concessão de bolsas de estágio no estrangeiro. Jovens realizadores viriam a usufruir destas bolsas: Fernando Lopes, Paulo Rocha, António de Macedo e Fonseca e Costa. Serão eles, na verdade, os responsáveis pelo cenário de mudança. Desta década realça-se O Desterrado de Manuel de Guimarães. Trata-se de um documentário de arte, sobre a vida e obra do escultor nortenho Soares dos Reis. Um ano depois, em 1951, estreia Saltibancos do mesmo realizador. Realizou ainda Nazaré com argumento de Alves Redol. Os seus filmes não tiverem êxito junto do público. Manuel Guimarães realizou ainda outros filmes, tentando exprimir-se através de um estilo neorrealista, fundindo a recente tradição literária nacional com o exemplo do neorrealismo italiano, julgando ainda que, pelo facto de estar na moda, essa adesão poderia salvar o cinema nacional. Outros seguiram o exemplo do neorrealismo, como Perdigão Queiroga, com Sonhar é fácil, que estreou no S. Jorge. Nos principais papéis tinha António Silva e Laura Alves. Estreou ainda Os três da vida airada. Século XX CINEMA Se a seriedade de uma possível linha neorrealista não deu os seus frutos, também não foram abundantes os da linha oposta, histórico-literária. Os dois filmes de António Lopes Ribeiro, ambos subsidiados pelo Fundo do Cinema, Frei Luis de Sousa e O Primo Basílio. O género histórico-literário continua na década, mas de forma tímida, A Garça e a Serpente, Planície Heroica, Chaimite e As Pupilas do Senhor Reitor, O Cerro dos enforcados, que estreou no Império, em 1954 e que arruinou o produtor. O melodrama, literário ou não, querido do nosso público, que gosta de chorar, foi outra das tendências deste período, com ou sem neorrealismo, com ou sem música. O especialista maior deste tipo de filmes foi Henrique Campos que percorreu todos os registos possíveis: o drama do cantor em Cantiga da Rua, o caso da órfã seduzida em Duas Causas, entre outros. Outra solução na linha da “fórmula oportuna” foi, neste período, o filme com vedetas da canção, quer seguindo uma narrativa normal, quer adaptando o esquema de opereta, aproveitando naturalmente o êxito de Capas Negras e Fado. Amália foi chamada novamente diante das câmaras e Francisco Izareli filmou-a a cores, ao lado de Diamantino Viseu, num Sangue Toureiro, que, mais uma vez, não alcançava o nível de A Severa. Deolinda Rodrigues fez um par feliz com Alberto Ribeiro em Cantiga da Rua e Perdigão Queiroga voltou a chamá-la para interpretar Madragoa. Seguiram-se outros filmes deste género. O humor dos anos 50 é também um humor de segunda ordem. Ainda há laivos da graça antiga em O Grande Elias, de Arthur Duarte, com António Silva. Século XX CINEMA A partir dos anos 60 há de facto, dois períodos do cinema novo português a partir da estreia de Dom Roberto, em maio de 1962. O primeiro abrange grosso modo as produções, coincidindo com o regresso de Manoel de Oliveira e Jorge Brum do Canto; o segundo acompanha a produção do Centro Português de Cinema, subsidiado pela Fundação Gulbenkian até um pouco depois do 25 de abril de 1974. Verdes Anos, 1963, de Paulo Rocha, rodado numa zona mítica do novo cinema português – a zona em torno do Café-Restaurante Vavá, no rés-do-chão do prédio onde vivia o realizador, com a sua população e os seus hábitos bem aos anos 60 - é contado num cinema límpido, direto, como as melhores coisas da nouvelle vague. Verdes Anos de Paulo Rocha O segundo filme da nova geração, produzido por Cunha Teles, é Belarmino, um filme feito ao jeito de reportagem televisiva e no estilo do Cinemá vérité . Fernando Lopes, com um subsídio do Fundo do Cinema, rodara um excelente documentário, As Pedras e o Tempo, sobre a cidade de Évora, e revela-se neste filme uma certa imagem marginal de Lisboa. Mas o próximo filme a ser lançado, com realização do jovem Manuel Faria de Almeida, natural de Lourenço Marques, e intitulado Catembe tocou num assunto tabu e não pôde ser exibido. O filme falava da realidade da capital moçambicana e da própria colonização. Nesta altura estreiam-se outros filmes como As Ilhas Encantadas, de Carlos Vilardebó, Domingo à tarde de António de Macedo, adaptado do romance de Fernando Namora e que terá como intérpretes Rui de Carvalho , Isabel de Castro e Isabel Ruth, entre outros. De referir que os resultados de bilheteira foram fracos devido a um público pouco sensibilizado para este novo tipo de filmes. Dado que os filmes de Cunha Teles não beneficiaram dos favores do público, este teve de cessar a sua atividade. Produziu ainda o último filme de Manuel de Guimarães, O Crime da Aldeia Velha e Mudar de Vida, de Paulo Rocha. Século XX CINEMA Ainda do “primeiro cinema novo” importa referir o filme Pássaros de Asas Cortadas, um filme de nítida crítica social, denúncia dos costumes burgueses e ainda Morte de um Ciclista. Por esse tempo, vindo da crítica e dos cineclubes, João César Monteiro constrói secretamente, de modo quase experimental, os seus primeiros filmes. O primeiro filme é uma curta-metragem produzida por Ricardo Malheiro para a Cultura Filmes, animada por Afonso Botelho, Sophia de Mello Breyner Andresen, obra que deixou a crítica perplexa e que prefere documentar o modo de filmar Sophia. O segundo é uma obra de ficção Quem Espera por Sapatos de Defunto Morre Descalço, com o ator Luis Miguel Cintra Quem Espera por Sapatos de Defunto Morre Descalço de João César Monteiro Os anos 70 são, fora dos filmes produzidos pelo Centro Português de Cinema, os anos de desespero do novo cinema, sobretudo dos seus elementos mais radicais, dos seus cineastas mais à margem, ainda que seja necessário distinguir radicalismo político e radicalismo cinematográfico. São deste tempo e desta margem as experiências mais ousadas, os riscos maiores, por vezes com ausência dramática de meios. Tudo isto está naturalmente ligado com uma cada vez maior contestação dos jovens ao regime: é a revolta académica de 1969, O Maio de 68, a recusa da Guerra Colonial e a busca de libertação sexual. Uma Abelha na Chuva, de Fernando Lopes, simbolizou esteticamente este “outro” cinema vindo depois de Dom Roberto e que trouxe nas suas imagens a marca evidente da rutura. Estreou no Estúdio, em 13 de abril de 1972 e ganhou o Grande Prémio de Cinema da SEIT. O trabalho dos atores é excelente, desde os protagonistas Laura Soveral e João Guedes, a Ruy Furtado e aos jovens Zita Duarte e Carlos Ferreiro. Uma Abelha na Chuva de Fernando Lopes Século XX CINEMA Se Uma Abelha na Chuva destrói o tabu da linguagem cinematográfica, quatro outros filmes vão destruir tabus históricos do nosso cinema: o problema ultramarino, a revolta estudantil e a iniciação sexual. Por isso serão proibidos. Índia de António Faria, só estreado depois do 25 de abril, no Apolo 70, Deixem-me ao menos subir às Palmeiras, realizado por Lopes Barbosa, Nojo aos Cães, rodado em 1970, com os estudantes do Grupo Cénico da Faculdade de Direito, de forma quase clandestina e proibido para exibição em Portugal. Um jovem crítico de cinema, Eduardo Geada, conseguia em 1973, assegurar a realização do seu primeiro filme de fundo, graças à oportunidade oferecida pelo ator e realizador Artur Semedo que conseguiu o financiamento da produção – Sofia e a Educação Sexual. De qualquer modo, o filme foi proibido e a sua estreia só veio a verificar-se a 1 de outubro de 1974, no Estúdio 444. Outros filmes que merecem destaque, Era a Cidade, de 1972 do realizador Rogério Ceitil, O Cerco de Acácio de Almeida, música do jovem Vitorino d’Almeida e tendo no principal papel feminino a jovem Maria Cabral. Ainda nestes anos poderemos afirmar que havia uma “geração Gulbenkian”, a que pertencem cineastas da primeira vaga do novo cinema e que integra um grupo de jovens autores com provas dadas no documentário ou na atividade cultural. Integra ainda Manoel de Oliveira. O primeiro filme a ser lançado no circuito comercial é O Passado e o Presente, de Manoel de Oliveira, estreia no Condes e no Apolo 70, em 1972. O segundo filme do Centro é uma realização de Fonseca e Costa e uma estreia feliz. O Recado, assim se chama o filme, traz de novo à tela Maria Cabral, desta vez a cores. Ainda em 1972 estreava-se Pedro Só, no Apolo 70 com a realização de Alfredo Tropa. 1973 assinala uma única estreia, a de Perdido por Cem…, primeira obra de António Pedro Vasconcelos, que vinha do cineclubismo e da crítica, de alguns trabalhos de publicidade, e tinha feito já um interessante 27 minutos com Fernando Lopes Graça, da série Cultura Filmes, de Ricardo Malheiro. Século XX CINEMA Repita-se que datam deste tempo as primeiras fraturas entre os novos cineastas. Enquanto um Paulo Rocha, um António Pedro Vasconcelos, um Seixas Santos ou um João César Monteiro seguem a linha de um cinema “personalista”, de incidências bazinianas, influenciados pelos Cahiers du Cinemá, outros cineastas, como Fonseca e Costa, Artur Ramos, Henrique Espírito Santo, Manuel Ruas, seguem com naturais variantes, um cinema “realista” em que a componente social ou política determina os temas e as formas, com alguma influência da Revista Nuovo. Estes dois grupos opostos continuaram a protagonizar divisões sérias quanto ao cinema português e o 25 de abril não chegou a conciliar aquela que passou a ser considerada como a “geração de 60”. Logo no princípio de 1974, a 21 de janeiro, estreia-se no Condes o quarto filme de António Macedo, A Promessa, já premiado em Cartagena e adaptado da peça homónima de Bernardo Santareno, com fotografia a cores de Elso Roque e cenários de António Casimiro. João Mota e Guida Maria estreiam-se como protagonistas do drama. Ainda antes do 25 de abril, com produção associada da Tobis, do Centro Português de Cinema e da sua produtora e distribuidora – Animatógrafo -, António da Cunha Teles dirige Meus Amigos, crónica amarga, formalmente descontraída, mas sincera, aqui e além sentidamente magoada, dos dez anos vividos pela geração que fez o cinema novo, o seu cinema. A Promessa de António Macedo Meus Amigos de António da Cunha Teles Quem assistiu às últimas estreias do cinema português antes de abril pode verificar que o clima de “resistência” era total e que, de facto, duas conceções culturais se confrontavam: o velho e o novo cinema. Citando Fernando Lopes “No cinema, nós éramos, de facto, o verdadeiro poder. A geração anterior estava morta”. Quando chega o 25 de abril de 1974 só existe cinema novo, e o público entendeu essa realidade. A partir de abril de 1974, com o cenário político-ideológico vigente, o cinema é encarado enquanto manifestação estética/artística, preterindo o seu lado comercial, por um lado, e por outro, assiste-se a uma politização do nosso cinema. Os cineastas Alberto Seixas Santos, com o filme Brandos Costumes e Eduarda Geada com O Funeral do Patrão e Santa Aliança assumem frontalmente a sua militância política. Século XX CINEMA A história mostraria, porém, que não foi o experimentalismo estético a “dar cartas” nestes anos. João Mário Grilo surgia em 1979, com o filme Maria, intimista que reforçava a aposta na via aberta pelos cineastas do novo cinema, enquanto Monique Rutler confirmava o seu interesse enquanto realizadora no aspeto sociológico da ficção, com Velhos são os Trapos. Poderemos afirmar que a época de 70 foi algo indefinida e com grande desejo de novidade. Surgem vários filmes que mostram essa novidade como Que farei com esta espada? e Veredas de João César Monteiro. Que farei com esta espada? ambos de João César Monteiro Veredas Em todos os filmes desta época, encontramos uma intenção de descoberta de um país novo, de uma terra esquecida, ou de uma indignação por uma estrutura socioeconómica que se pretende modificar. Estão neles, melhor ou pior, muitas das mais significativas imagens de abril, embora não esteja, quase sempre o melhor cinema. AREAL, Leonor Ficções do real no cinema português : um país imaginado / Leonor Areal. - Lisboa: Edições 70, 2011. Vol. 1: Antes de 1974 Vol. 2: Após 1974 791.43(469) ARE BASTOS, Baptista O filme e o realismo / Baptista-Bastos. - Lisboa: Arcádia, imp. 1962 791.43 BAS Século XX CINEMA O cinema português e os seus públicos O cinema português e os seus públicos / [coordenador da edição Manuel José Damásio]. - Lisboa: Edições Universitárias Lusófonas, 2006 791.43(469) CIN COELHO, Eduardo Prado Vinte anos de cinema português : 1962-1982 / Eduardo Prado Coelho. - Lisboa: Ministério da Educação. Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, 1983 791.43(469) COE COSTA, João Bénard da Histórias do cinema / João Bénard da Costa. - Lisboa: INCM, [1991] 791.43(469) COS CRUZ, José de Matos Cinema português : o dia do século / José de Matos-Cruz. - Lisboa: Grifo, 1998 791.43(469) CRU FESTAS DE LISBOA, 1996 Do animatógrafo lusitano ao cinema português / Festas de Lisboa 96 ; Câmara Municipal de Lisboa, Pelouro do Turismo; pesquisas de textos de Manuel Costa Silva. - Lisboa: Caminho, 1996 791.43(469) FES GRILO, João Mário O cinema da não-ilusão : histórias para o cinema português / João Mário Grilo ; prefácio [de] Manoel de Oliveira. - Lisboa: Livros Horizonte, 2006 791.43(469) GRI Século XX CINEMA PINA, Luís de Panorama do cinema português / Luís de Pina. - Lisboa: Terra Livre, 1978 DEP00185 Portugal Portugal : um retrato cinematográfico. a cinematographic portrait = = Portugal. - Lisboa: Número Arte e Cultura, imp. 2004 791.43 POR PORTUGAL. Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema Bibliografia portuguesa de cinema : uma visão cronológica e analítica / Cinemateca Portuguesa Museu do Cinema ; Jorge Pelayo; [apres. João Bérnard da Costa]. - 2ª ed. - Lisboa: Cinemateca Portuguesa, [1998] 791.43(469) POR RAMOS, Jorge Leitão Dicionário do cinema português / Jorge Leitão Ramos. - Lisboa: Caminho, cop. 1989-cop. 2005 791.43(469) POR Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett [DVD] / realização de António Lopes Ribeiro ; música Luis de Freitas Branco. - Portugal: Lisboa Filme, cop. 1950 791.43:733P FRE O pai tirano O pai tirano [DVD] / argumento e realização António Lopes Ribeiro. - [Portugal]: António Lopes Ribeiro, [cop. 1941] 791.43:732P PAI O pátio das cantigas O pátio das cantigas [DVD] / realização Francisco Ribeiro ; arg. e diálogos de António Lopes Ribeiro, Vasco Santana e Francisco Ribeiro; música de Frederico de Freitas. - [Portugal]: António Lopes Ribeiro, cop. [1991] 791.43:732P PAT Século XX CINEMA Aniki Bóbó Aniki Bóbó [DVD] / realiz. Manuel de Oliveira ; cenário José Porto; arg. e planificação de Manuel de Oliveira; música Jaime Silva Filho. - [Portugal]: António Lopes Ribeiro, cop. 1991 791.43:733P ANI Uma abelha na chuva Uma abelha na chuva [DVD] / realização e montagem Fernando Lopes ; música original Manuel Jorge Veloso. - [Portugal]: Média Filmes, [cop. 2002] 791.43:733P ABE CI NE MA Literatura Século XX LITERATURA Pelo último quartel do século XIX começam a definir-se certos contornos novos no ambiente que condiciona a evolução literária e, como consequência disso, nas diretrizes que esta segue naqueles países com que o nosso está em contato cultural mais direto. Sob o ponto de vista literário, o sentimento de decadência e consequente gosto da evasão para o que Baudelaire designava de “paraísos artificiais”, para o mistério, para encantação hipnótica ou pretensamente mágica ou então para uma beleza pura, fazem escola com os decadentistas fin-desiècle; os futuristas e dadaístas que precedem e acompanham a primeira Guerra Mundial, desafiam a estética, a ética e a razão pré-imperialista; e o surrealismo, doutrinado por André Breton desde 1924, postula um super-real que se exime às categorias da razão e da perceção sensível. Às correntes que partem do simbolismo opõem-se, em geral, na literatura, as que continuam o realismo-naturalismo. Florbela Espanca Sonetista com laivos parnasianos esteticistas, é uma das mais notáveis personalidades líricas isoladas, pela intensidade de um transcendido erotismo feminino, sem precedentes entre nós, com tonalidade ora egoístas, ora de uma sublimada abnegação reminiscente da de Sóror Mariana. A sua obra lírica começou a ser editada em 1919 Livro das Mágoas; em 1976 tinham saído 16 edições dos sonetos completos; precede e estimula um muito recente movimento de emancipação literária da mulher. ESPANCA, Florbela Antologia poética / Florbela Espanca ; [organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral]. Lisboa: Dom Quixote, 2002 821.134.3-1 ESP ESPANCA, Florbela Sonetos de Florbela Espanca. - Mem-Martins: Europa-América, [1996] 821.134.3-1 ESP ESPANCA, Florbela Cartas e diário / Florbela Espanca ; org., introd. e notas de Rui Guedes. - Venda Nova: Bertrand, 1995 821.134.3-6 ESP Século XX LITERATURA António Nobre A sua obra está reunida nos volumes Só, Despedidas e Primeiros Versos. Este autor traz para a poesia o Portugal provinciano nortenho. Toda a sua renovação lírica, comparável à que Cesário fez para expressão do seu burguesismo lisboeta, se funda em querer ver o mundo com olhos infantis e ingenuamente populares. NOBRE, António Poesia completa : 1867 - 1900 / António Nobre ; prefácio de Mário Cláudio. - Lisboa: Dom Quixote, 2000 821.134.3-1 NOB Teixeira de Pascoaes A designação de saudosismo pertence, em sentido restrito e corrente, a um movimento estético e doutrinário inspirado por Teixeira de Pascoaes. A sua solução consistiu em transmudar em sentido vagamente panteísta e espiritualista a ideia de progresso geral da natureza e da humanidade que herdara da Geração de 70, em elevar a apologia da saudade, já tradicional no lirismo português, às proporções de uma intuição étnica. PASCOAIS, Teixeira de, pseud. Belo à minha alma sempre terra proibida / Teixeira de Pascoaes. - Lisboa: Assírio & Alvim, 1997 821.134.3-1 PAS PASCOAIS, Teixeira de, pseud. Londres. Cantos indecisos. Cânticos / Teixeira de Pascoaes ; introdução [de] António Telmo; edição [de] António Cândido Franco. - Lisboa: Assírio & Alvim, 2002 821.134.3-1 PAS PASCOAIS, Teixeira de, pseud. Marânus / Teixeira de Pascoaes. – Lisboa: Assírio & Alvim, 1990 821.134.3-1 PAS Século XX LITERATURA PASCOAIS, Teixeira de, pseud. Para a luz ; Vida etérea / Teixeira de Pascoaes ; pref. Fernandes da Fonseca. - Lisboa: Assírio & Alvim, 1998 821.134.3-1 PAS PASCOAIS, Teixeira de, pseud. Poesia de Teixeira de Pascoaes : poesia em verso, poesia sem versos, o pensamento poético, o ensaio, o conferencista / antologia organizada por Mário Cesariny ; edição de António Cândido Franco. - Lisboa: Assírio & Alvim, 2002 821.134.3-1 PAS PASCOAIS, Teixeira de, pseud. Regresso ao paraíso / Teixeira de Pascoaes ; introdução de Agostinho da Silva. - Lisboa: Assírio & Alvim, 1986 821.134.3-1 PAS PASCOAIS, Teixeira de, pseud. Senhora da noite ; Verbo escuro / Teixeira de Pascoaes ; apresentação de Mário Garcia. - Lisboa: Assírio & Alvim, 1999 821.134.3-1 PAS Quando em 1910 se proclamou a República quase todas as principais personalidades da grande geração realista tinham desaparecido: Antero, Eça e Oliveira Martins. Sob o estímulo da mudança de regime, tenta a pouco e pouco irromper uma nova conceção dirigente e uma nova representação literária da realidade portuguesa. Salienta-se a importância da reforma universitária de 1911, pelos seus reflexos na vida intelectual, completada, no decénio de 1920, com a criação da primeira e efémera Faculdade de Letras do Porto. Século XX LITERATURA Em 1910 iniciou-se a publicação da Águia (Jaime Cortesão, Álvaro Pinto, Leonardo Coimbra e Cláudio Bastos). Em 1912, na continuidade e na expansão desse grupo surgiu a Renascença Portuguesa. O Grupo Renascença Portuguesa distinguiu-se entre os que propugnaram a intervenção de Portugal na Guerra de 1914-18, pelo que não admira que ela viesse a editar os primeiros livros de memórias dos seus combatentes. Destacamos entre elas as Memórias da Grande Guerra, 1919, de Jaime Cortesão, Nas Trincheiras de Flandres, 1918, de Augusto Casimiro, e Ao Parapeito, 1919 de Pina Morais. António Sérgio Pode considerar-se o mais importante pensador português do seu tempo. Várias polémicas em que tomou parte principal balizaram a evolução ideológica dos decénios de 10 a 60, nomeadamente àquelas em que tomou posição contra o saudosismo como programa nacional, contra a demagogia na sátira junqueiriana, contra a interpretação cruzadista da Tomada de Ceuta, contra o culto sentimentalista e retrógrado de D. Sebastião, contra o intuicionismo de Bergson e Leonardo Coimbra e contra a divulgação incrítica do positivismo lógico, embora não deixem também ser significativas outras polémicas, desde 1937, contra marxistas e que aliás fora percursor. SÉRGIO, António Correspondência para Raul Proença / António Sérgio ; org. e introd. José Carlos González; com um estudo de Fernando Piteira Santos. - Lisboa: BN. - Dom Quixote, 1987 821.134.3-6 SER Século XX LITERATURA Jaime Cortesão A personalidade talvez mais dinâmica do que podemos chamar a jovem geração da República é Jaime Cortesão. Principal animador do movimento da Renascença Portuguesa, afasta-se dele em 1921. Na Biblioteca Nacional de Lisboa, de que foi nomeado diretor em 1919, formara-se entretanto um notável grupo intelectual que, a partir de 1921, teve a Revista Seara Nova como órgão e que também deu alento à Revista Lusitânia (1924-27), dirigida por Carolina Michaëlis de Vasconcelos. Salienta-se a colaboração de Jaime Cortesão nas principais obras coletivas que surgem desde entã, História da Colonização Brasileira, História de Portugal, 1928-37, dirigida por Damião Peres, História do Regime Republicano em Portugal, 1930, dirigida por Luis de Montalvor. Ao morrer, deixou quase completo e em curso de publicação um trabalho atualizado de conjunto sobre Os Descobrimentos Portugueses, entre outros estudos. CORTESÃO, Jaime A colonização do Brasil / Jaime Cortesão. - Lisboa: Portugália, imp. 1969 94(469) DES COR CORTESÃO, Jaime História da expansão portuguesa / Jaime Cortesão. - [Lisboa]: INCM, imp. 1993 94(469) DES COR CORTESÃO, Jaime Influência dos descobrimentos portugueses na história da civilização / Jaime Cortesão. - [Lisboa]: INCM, imp. 1993 94(469) DES COR Século XX LITERATURA Raul Proença Ao Grupo da Biblioteca Nacional pertencem ainda António Sérgio e Aquilino Ribeiro, o combativo polemista da Seara Nova, Raul Proença, que foi também o primeiro perito português em biblioteconomia e que, na direção e redação do Guia de Portugal, deixado incompleto, e suas versões menores, contribuiu para que se se completasse e enriquecesse o inventário do nosso património paisagístico e artístico iniciado por Garrett e Ramalho. PROENÇA, Raul O caso da biblioteca / Raul Proença ; organização, estudos e notas de Daniel Pires e José Carlos González. - Lisboa: BN, 1988 023 PRO PROENÇA, Raul Antologia / Raul Proença ; prefácio, selecção e notas de António Reis. - [Lisboa]: Ministério da Cultura, 1985. - 2 vol. (309, 354 p. 821.134.3-82 PRO Pela Seara Nova passaram os mais importante vultos literários republicanos, como Raul Brandão, Teixeira Gomes, Aquilino Ribeiro. Um dos seus primeiros e mais constantes colaboradores foi o poeta Augusto Casimiro. Entre os autores que a revista editou contam-se Manuel Teixeira Gomes, colega de estudos de Fialho de Almeida, que representou um novo regime em Londres, de um modo brilhante, e foi Presidente da República. Século XX LITERATURA Da sua obra destacam-se episódios eróticos ou de viagem, sobretudo as rememorações que escreveu sob a forma de carta ou novela e exprimem uma fruição sensual da paisagem, em especial da algarvia, das coisas de arte e do corpo humano em livre nudez pagã, Inventário de Junho, 1899, Agosto Azul, 1904, Sabina Freire, 1905, Gente Singular, 1909, Novelas eróticas, 1934, entre outros. O classicismo de Teixeira Gomes, realiza-.se ao nível da escolha vocabular e da frase e prolonga por escrito um isolado e ausente “fruir sem exaltação”. GOMES, Manuel Teixeira Agosto azul / M. Teixeira-Gomes. - Lisboa: Expo'98, 1997 821.134.3-32 GOM GOMES, Manuel Teixeira Carnaval literário : 2ª parte de miscelânea / M. Teixeira Gomes ; prefácio de Urbano Tavares Rodrigues; notas de Urbano Tavares Rodrigues, Helena Carvalhão Buescu, Vítor Wladimiro Ferreira. - 3ª ed. - Venda Nova: Bertrand, imp. 1993 821.134.3-94 GOM GOMES, Manuel Teixeira Gente singular / M. Teixeira Gomes ; prefácio de Urbano Tavares Rodrigues; notas de Urbano Tavares Rodrigues, Helena Carvalhão Buescu e Vitor Wladimiro Ferreira. - 4ª ed. - Venda Nova: Bertrand, 1988 821.134.3-3 GOM GOMES, Manuel Teixeira Maria Adelaide / M. Teixeira Gomes ; pref. e notas de Urbano Tavares Rodrigues; notas de Helena Carvalhão Buescu e Vitor Wladimiro Ferreira. - 4ª ed. - Venda Nova: Bertrand, 1992 - 821.134.3-31 GOM GOMES, Manuel Teixeira Regressos / M. Teixeira Gomes ; pref. e notas de Urbano Tavares Rodrigues; notas de Helena Carvalhão Buescu e Vitor Wladimiro Ferreira. - 4ª ed. - Venda Nova: Bertrand, 1991 821.134.3-992 GOM Século XX LITERATURA Aquilino Ribeiro O amor pagão das coisas naturais, a alegria de abrir os sentidos humanos à vida sobre a terra, dentro dos limites da nossa experiência carnal, atinge, na geração republicana e na literatura portuguesa, o seu apogeu em Aquilino Ribeiro. Os seus temas dominantes são a luta da ladinice pícara, por parte de camponeses, almocreves e outros tipos esmagados na base da pirâmide social, contra todas as opressões que lhes tolhem os impulsos vitais; a exaltação teoricamente libertina, acrática, e algo machista do amor carnal; a integração do drama humano no concerto das forças naturais através do amor e dos sentidos. Na matéria predileta das obras de ficção incluem-se os ambientes da sua Beira Alta natal, e Aquilino Ribeiro, servido por um fecundo léxico, o mais abundante desde Camilo. É considerado no público da sua geração como um caso superior de regionalismo e prosa rica. Terras do Demo,1919, O Malhadinhas, inserto pela primeira vez em Estrada de Santiago, 1922 e depois ampliado, e Andam Faunos pelos Bosques, 1926, são os mais elevados cumes desta fase. Maria Benigna, 1933 e Mónica, 1939, romances de cenários lisboetas, onde o autor se recusou ao mimetismo de um estilo escrito ou oral para as protagonistas, que fosse diferente do seu próprio, revelam sem dúvida uma decidida vantagem no registo da perceção sensível sobre o da simpatia psicológica. Na última fase sobressaem A Grande Casa de Romarigães, 1957 e Quando os Lobos Uivam, 1958. O volume póstumo de memórias infelizmente incompletas, Um escritor confessa-se, 1974 que cobre o período de 1901-1908, é um importante depoimento histórico e biográfico, e não desmerece literariamente da sua melhor produção. RIBEIRO, Aquilino A casa grande de Romarigães / Aquilino Ribeiro ; introdução de Óscar Lopes. - [Lisboa]: Círculo de Leitores, imp. 1988 821.134.3-31 RIB RIBEIRO, Aquilino Cinco réis de gente / Aquilino Ribeiro. - Venda Nova: Bertrand, 1985 821.134.3-31 RIB Século XX LITERATURA RIBEIRO, Aquilino Estrada de Santiago : novelas / Aquilino Ribeiro. - Amadora: Bertrand, cop. 1985 821.134.3-32 RIB RIBEIRO, Aquilino Filhas de Babilónia : novelas / Aquilino Ribeiro. - Amadora: Bertrand, cop. 1985 821.134.3-32 RIB RIBEIRO, Aquilino Jardim das tormentas / Aquilino Ribeiro. - Venda Nova: Bertrand, 1985 821.134.3-34 RIB RIBEIRO, Aquilino Lápides partidas / Aquilino Ribeiro. - Venda Nova: Bertrand, cop. 1985 821.134.3-31 RIB RIBEIRO, Aquilino Maria Benigna / Aquilino Ribeiro. - [Venda Nova]: Bertrand, cop. 1985 821.134.3-31 RIB Século XX LITERATURA RIBEIRO, Aquilino Mónica / Aquilino Ribeiro. - Amadora: Bertrand, cop. 1985 821.134.3-31 RIB RIBEIRO, Aquilino O arcanjo negro / Aquilino Ribeiro. - Amadora: Bertrand, cop. 1985 821.134.3-31 RIB RIBEIRO, Aquilino O Malhadinhas ; Mina de diamantes / Aquilino Ribeiro. - Lisboa: Bertrand, 2007 821.134.3-32 RIB RIBEIRO, Aquilino Terras do demo / Aquilino Ribeiro. - 7ª ed. - Venda Nova: Bertrand, imp. 1993 821.134.3-31 RIB Século XX LITERATURA O simbolismo e ainda parte do seu desenvolvimento, representam, como escola, uma certa quebra de continuidade, uma brusca adaptação da literatura portuguesa a certas formas cosmopolitas evoluídas da arte poética. Pode dizer-se que o decadentismo-simbolismo se lança entre nós com Alma Póstuma, série de vinte sonetos que D. João de Castro publica em 1891 e com os livros que Eugénio de Castro publica no regresso de uma estadia no estrangeiro: Oaristos, 1890, Horas, 1891, Silva e Interlúdio, 1894. Uma das notas dominantes desta poesia é um profundo pessimismo, aliás muito generalizado nas obras na década de 1890. Eugénio de Castro Incapaz de uma revolução profunda na poesia e mesmo de criar símbolos com uma ressonância poética que transcenda o maravilhoso sumptuário, contribuiu, todavia, para a reabilitação da intencionalidade artística, contra o preceito romântico da improvisação inspirada, que os parnasianos não tinham entre nós vencido; contribuiu deste modo para um orgulhoso culto da “arte pela arte” ou “esteticismo” que, de uma forma ou de outra, abrange numerosos escritores portugueses até 1925. CASTRO, Eugénio de Obras poéticas de Eugénio de Castro / reprod. fac-similada dir. por Vera Vouga. - Porto: Campo das Letras, 2001 821.134.3-1 CAS Camilo Pessanha A este autor se deve o melhor conjunto de poemas simbolistas portugueses, que exercem profunda influência na geração de Orpheu, embora só em 1922 viessem a ser publicados sob o título de Clepsidra. A poesia de Pessanha é da pura desagregação pessoal em ténues e inúteis agonias, na atenção a um ritmo, cada vez mais vazio, daquilo que os dias trazem e levam – do tempo em si mesmo, feito inodoro e incolor como a água que lhe serve de imagem. Na poesia de Pessanha reconhece-se ainda, embora esfumado, certo ponto de partida num neorromantismo cavaleiresco e caraveleiro, talvez muito ligado à própria ascendência paterna brasonada, e que vem até às franjas eruditas do vocabulário. PESSANHA, Camilo Clepsidra e poemas dispersos / Camilo Pessanha ; introdução biográfica e crítica, organização e notas de António Quadros. - 2ª ed. - Mem Martins: Europa-América, 1999 821.134.3-1 PES Século XX LITERATURA Nenhum poeta português pôde, como Pessanha no seu testamento lírico tão breve, eliminar quase completamente as categorias mentais prosaicas do discurso poético. PESSANHA, Camilo Sonetos / Camilo Pessanha. - Mem-Martins: Europa-América, [1996] 821.134.3-193 PES António Patrício O escritor que melhor realiza a síntese do saudosismo com o simbolismo e ainda com influência de Nietzsche, cuja extraordinária sensibilidade tanto se exprime nas poesias como nos contos. PATRÍCIO, António Serão inquieto / António Patrício. - Lisboa: Assírio & Alvim, cop. 1979 821.134.3-34 PAT PATRÍCIO, António Oceano / António Patrício. - Lisboa: Livraria Sam Carlos, 1974 821.134.3-1 PAT Raul Brandão Integrado por volta de 1890 num grupo portuense de boémia simbolista, cujos ideais romanceou na História de um Palhaço, 1896. No seu espólio literário figuram volumes de impressões de pitoresco local ou de costumes a que se agarra um espanto sempre extasiado de ver e sentir (Pescadores, 1923, Ilhas desconhecidas, 1926), mas o aspeto mais importante da obra é o da sua dor de consciência perante a humanidade explorada. Ninguém falou de ternura mais emocionadamente do que ele – denunciando, por outro lado, os limites dessa ternura nas relações humanas, que o dinheiro condiciona; ninguém fez como ele a poesia do lar – denunciando, por outro lado, na vida de a anulação da mulher. Complementarmente, A Farsa, 1903, Os Pobres, 1906 e Húmus, 1917, mais do que novelas, são três poemas em prosa da dor dos humildes e esmagados, poemas extraordinários na nossa literatura. Século XX LITERATURA BRANDÃO, Raul A farsa / Raúl Brandão ; prefácio de Manuel Cintra. - 2ª ed. - Lisboa: Ulmeiro, 1999 821.134.3-31 BRA BRANDÃO, Raul El-Rei Junot / Raúl Brandão. - [S. l.: s. n.], imp. 1974 821.134.3-94 BRA BRANDÃO, Raul Húmus / Raul Brandão. - Lisboa: Porto Editora, 1991 821.134.3-94 BRA BRANDÃO, Raul Impressões e paisagens : verdade e sinceridade / Raul Brandão. - Lisboa: Vega, [1985?] 821.134.3-34 BRA BRANDÃO, Raul Memórias / Raul Brandão. - Lisboa: Perspectivas e Realidades, [1990] 821.134.4-94 BRA BRANDÃO, Raul Os pescadores / Raul Brandão , introdução por Isabel Pascoal. - 3ª ed. - [Portugal]: Ulisseia, [1995] 821.134.3-94 BRA BRANDÃO, Raul Sonhos / Raul Brandão ; edição de Vasco Rosa. - Lisboa: O Independente, 2004 821.134.3-82 BRA Século XX LITERATURA Por inícios da guerra de 1914-18 reuniram-se os fatores de um movimento estético pós simbolista em Lisboa. Aí se conheceram, entre outros, Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro, Almada Negreiros e Santa-Rita Pintor, que traziam de Paris as novidades literárias e sobretudo plásticas do futurismo e correntes afins. Alguns manifestos como os dois ultimatos de Almada Negreiros e de Álvaro de Campos, no Portugal Futurista, exprimem até o repúdio de todas as formas de idealismo romântico da pequena burguesia e também de todas as formas culturais que assumiam no tempo, quer esse idealismo, quer as suas mistificações. Neste grupo, cujos órgãos principais foram Orpheu, Centauro, Exílio, Ícaro, Portugal Futurista, Contemporânea e Athena, nada há de definidamente programático: com a irreverência iconoclasta, que utiliza a ideia dominante de todas as formas possíveis de publicidade mesmo as mais cabotinas, alternam apenas certas formas de um sebastianismo delirante, o gosto das ciências ocultas, da metapsíquica, da astrologia e uma religiosidade heterodoxa e esotérica. O grupo modernista acolhe Ângelo de Lima cujo poema é uma sondagem no seio da loucura; António Botto que desde As Canções, alia uma boa versificação livre, em ritmo constante quase tradicional, a uma grande candura e irregularidade de estilo, e que deixou também extraordinárias páginas de prosa em conto; e Raul Leal, poeta em francês de uma mística homossexual. Mário Saa, paradoxalmente modernista e arcaizante, distinguir-se-á pelo antissemitismo e por teses eruditas sensacionais. LIMA, Ângelo de Poesias completas / Ângelo de Lima ; organização, prefácio e notas de Fernando Guimarães. Lisboa: Assírio & Alvim, 1991 821.134.3-1 LIM BOTTO, António As canções de António Botto. - Lisboa: Presença, 1999 821.134.3-1 BOT Século XX LITERATURA LEAL, Raul Sodoma divinizada / Raul Leal ; organização, introdução e cronologia de Aníbal Fernandes. - Lisboa: Hiena, 1989 821.134.3-92 LEA À parte Fernando Pessoa e não mencionando Sá-Carneiro, a figura mais notada do Grupo Modernista é Almada Negreiros que se distinguiu como artista plástico. Redigiu alguns dos mais provocativos Manifestos Futuristas e outros, conferências e vários textos doutrinários: Manifesto Anti-Dantas, 1915, apresentação da Exposição de Amadeo Sousa Cardoso, 1916, A Cena de Ódio, 1923, entre outros. Produziu algumas curiosas e diferentes experiências do interseccionismo teorizado por Pessoa, como Saltimbancos, K4 O Quadrado Azul, 1917 e A Engomadeira, 1917, o melhor texto do género, onde se abeira do automatismo surrealista e tão bem sabe captar a atmosfera epocal lisboeta. Em 1938 saiu o Nome de Guerra, onde a característica candura recuperada do seu estilo se integra num bom romance de aprendizagem, cujo protagonista acaba por descobrir com espanto, numa experiência erótica, a sua própria responsabilidade inalienável. Trata-se de um romance com afinidades existencialistas, mas com uma verdade (ou um cinismo burguês) que o nosso existencialismo literário não voltaria a atingir tão naturalmente. Almada Negreiros Século XX LITERATURA NEGREIROS, Almada Contos e novelas / Almada Negreiros ; prefácio de Maria Antónia Reis. - [Lisboa]: INCM, imp. 1989 821.134.3-34 NEG NEGREIROS, Almada A engomadeira / Almada Negreiros. - Sintra: Colares Editora, [1993] 821.134.3-34 NEG NEGREIROS, Almada Ensaios / Almada Negreiros ; introdução de Eduardo Lourenço. - Lisboa: INCM, imp. 1992 821.134.3-4 NEG NEGREIROS, José de Almada Manifesto anti-Dantas / José de Almada Negreiros. - Lisboa: Ática, 1999 821.134.3-7 NEG NEGREIROS, Almada Nome de guerra / Almada Negreiros. - [Lisboa]: INCM, imp. 1986 821.134.3-31 NEG NEGREIROS, Almada Textos de intervenção / Almada Negreiros ; introdução de Luísa Coelho. - [Lisboa]: INCM, imp. 1993 821.134.3-92 NEG NEGREIROS, Almada Artigos no Diário de Lisboa / Almada Negreiros. - [Lisboa]: INCM, imp. 1988 821.134.3-92 NEG Século XX LITERATURA Mário de Sá-Carneiro Principiou a sua carreira individual como contista, Princípio, 1912, com A Confissão de Lúcio, 1914, Céu em Fogo, 1915. Em 1913, em Paris, descobre a sua vertente de poeta, com Dispersão, 1914, Indício de Oiro, 1937, Poesias, 1946. O motivo principal da sua obra é o da crise de personalidade, a inadequação do que sente ao que desejaria sentir. As Cartas a Fernando Pessoa, escritas quase todas de Paris, entre 1912 e o seu suicídio, são como o Diário da sua conversão à poesia, paulista, sensacionista e interseccionista do amigo, até ao verdadeiro e trágico encontro frontal com as suas frustrações que lhe custou a vida, embora lhe valesse também o melhor da obra. O estilo característico da Sá-Carneiro foi preludiado na poesia Pauis de Fernando Pessoa, publicada em 1914 na Revista Renascença, e tem no Orpheu outros cultores, como Alfredo Guisado ou em pseudónimo, Pedro Menezes, entre outros. CARNEIRO, Mário de Sá Obra poética completa : 1903-1916 / Mário de Sá-Carneiro ; org. revista e comentada, introd. actualizadas, notas, apêndice documental e bibliografia de António Quadros. - 2ª ed. - Mem-Martins: Europa-América, 2001 821.134.3-1 CAR CARNEIRO, Mário de Sá Indícios de oiro / Mário de Sá-Carneiro. - Colares: Colares Editora, [1990?] 821.134.3-1 CAR CARNEIRO, Mário de Sá Cartas a Fernando Pessoa / Mário de Sá-Carneiro. - 2ª ed. - Lisboa: Ática, imp. 1992 821.134.3-6 CAR CARNEIRO, Mário de Sá Cartas escolhidas / Mário de Sá-Carneiro. - Mem-Martins: Europa-América, [1992] 821.134.3-6 CAR Século XX LITERATURA CARNEIRO, Mário de Sá A confissão de Lúcio / Mário de Sá-Carneiro. - Mem-Martins: Europa-América, [1994] 821.134.3-32 CAR CARNEIRO, Mário de Sá Céu em fogo : novelas / Mário de Sá-Carneiro. - 5ª ed. - Lisboa: Ática, imp. 2000 821.134.3-32 CAR CARNEIRO, Mário de Sá Princípio e outros contos / Mário de Sá-Carneiro ; introd., apêndice documental e notas de António Quadros. - Mem-Martins: Europa-América, [1991] 821.134.3-34 CAR Fernando Pessoa É a mais importante personalidade das tendências pós-simbolistas portuguesas. Até à sua morte, a sua influência quase só se faz sentir num círculo estreito de admiradores. A partir da atribuição de um discutido meio-prémio oficial à Mensagem, 1934, surgem as correntes contraditórias de admiração. Pessoa opõe-se à metafísica sentimentalista romântica, que abstrai a sensibilidade da razão: “O que em mim sente está pensando”. A distribuição que o poeta faz da sua obra por vários heterónimos tem dado ensejo a numerosas discussões sobre a sua unidade ou pluralidade, ou sinceridade. Com efeito, os heterónimos são, pode dizer-se, uma invenção nova na história da poesia europeia, embora no desenvolvimento de uma tendência antiga. Podemos talvez compreendê-la supondo que cada heterónimo corresponde a um ciclo de atitudes como que experimentais. O heterónimo de Alberto Caeiro reage em verso prosaicamente livre contra o transcendentalismo saudosista, mostrando que “o único sentido oculto das coisas é elas não terem sentido oculto nenhum”. Século XX LITERATURA O heterónimo Ricardo Reis exprime-se contra as conceções ocamente abstratas de sobrevivência post mortem ou de progresso humano em estilo que poderíamos designar neo-arcádico. O heterónimo Álvaro de Campos, pelo contrário, prega nas odes um verso livre entusiasta, à maneira de Walt Whitman, a sabedoria futurista da sem razão, da energia bruta, da vida jogada por aposta; Fernando Pessoa, o poeta que anula toda a metafísica mais corrente (e inconsciente) acerca do mundo e da personalidade. A dialética da consciência – inconsciência percorre toda a poesia em Pessoa. PESSOA, Fernando Contos completos : fábulas & crónicas decorativas / Fernando Pessoa ; organização, prefácio e notas de Zetho Cunha Gonçalves. - Lisboa: Antígona, 2012 821.134.3-34 PES PESSOA, Fernando Fausto : tragédia subjectiva. fragmentos / Fernando Pessoa ; prefácio [de] Eduardo Lourenço. Lisboa: Presença, 1988 821.134.3-1 PES PESSOA, Fernando Ficções do interlúdio : 1914-1935 / Fernando Pessoa. - Lisboa: Assírio & Alvim, 1998 821.134.3-1 PES Pessoa inédito Pessoa inédito / orientação, coord. e pref. Teresa Rita Lopes. - Lisboa: Horizonte, [1993] 821.134.3-1 PES Século XX LITERATURA PESSOA, Fernando O louco rabequista / Fernando Pessoa ; tradução e nota prévia de José Blanc de Portugal. - Lisboa: Presença, 1988 821.134.3-1 PES PESSOA, Fernando Mensagem de Fernando Pessoa / tradução de Jin Guo Ping. - Macau: Instituto Cultural de Macau, 1986 821.134.3-1 PES PESSOA, Fernando Poesia / Fernando Pessoa. - Mem-Martins: Europa-América. - 3 vol. - (Livros de bolso; 436438)(Obra poética de Fernando Pessoa) 821.134.3-1 PES PESSOA, Fernando Poesia de Fernando Pessoa / introdução e selecção de Adolfo Casais Monteiro. - 3ª ed. - Barcarena: Presença, 2006 821.134.3-1 PES PESSOA, Fernando Poemas de Alberto Caeiro ; seguidos de, Fernando Pessoa e os seus heterónimos em textos seleccionados do poeta, incidindo em especial sobre A. Caeiro / introdução, organização e biobibliografia de António Quadros. - 4ª ed. - Mem-Martins: Europa-América, [1995] 821.134.3-1 PES PESSOA, Fernando Odes de Ricardo Reis. - Mem-Martins: Europa-América, [1996] 821.134.3-1 PES Século XX LITERATURA PESSOA, Fernando Poesias de Álvaro de Campos : e dos seus heterónimos Bernardo Soares e C. Pacheco ; seguidas de, Fernando Pessoa e os seus heterónimos : em textos seleccionados do poeta, incidindo em especial sobre A. Campos / Fernando Pessoa ; introd., org. e biobibliografia de António Quadros. - 3ª ed. - Mem-Martins: Europa-América, [1990] 821.134.3-1 PES PESSOA, Fernando Ode marítima ; Ode triunfal / Álvaro de Campos. - Porto: Civilização. - Lisboa: Contexto, [1996] 821.134.3-1 PES Século XX LITERATURA A Revista Coimbrã Presença fundada por José Régio, Gaspar Simões, Branquinho da Fonseca, Edmundo Bettencourt, Fausto José e António de Navarro e de cuja direção depois participam Casais Monteiro e Miguel Torga, é o centro desse grupo, dando a mão aos modernistas de 1915-25, que ajudou a impor. José Régio O traço mais caraterístico da sua obra de poeta e romancista, sobretudo na fase inicial, que abrange Poemas de Deus e do Diabo, 1925, Jogo da Cabra Cega, 1924, Encruzilhadas de Deus, 1936, é de crítica da convivência humana aparentemente mais íntima (o amor e a amizade) . As suas novelas sobre frustrações femininas, Histórias de Mulheres, 1946, e o Fado, 1941 contêm alguns dos mais sagazes e impressionantes aspetos da crítica dos relacionamentos humanos por José Régio. Na série A Velha Casa, 1945-66 (cinco romances), em O Príncipe com Orelhas de Burro, 1942, no teatro e poemas posteriores, o psicologismo e misticismo de Régio parece evoluir no sentido de um moralismo idealista, e a confidência romanceada de fundo autobiográfico apresenta um certo ar de apologia contra a crítica neorrealista ou doutrinação muito explícita. No entanto ganha novos acentos de serenidade lírica com uma extrema simplicidade de meios. RÉGIO, José, pseud. A velha casa / José Régio ; prefácio de Isabel Vaz Ponce de Leão. - Lisboa: INCM, 2002 - Vol. 1: Uma gota de sangue ; As raízes do futuro . Vol. 2: Os avisos do destino. Vol. 3: As monstruosidades vulgares 821.134.3-31 REG Adolfo Casais Monteiro Assinalou-se em diversos ensaios e nos primeiros poemas depois reunidos em Versos, 1944, por uma rudeza de bufonaria sem amabilidades, mesmo rítmicas, a que correspondia um conflito interno entre o lirismo já tradicional do alheamento, do isolamento, da insatisfação egoísta, e o lirismo da adesão ao momento que passa. O Canto da nossa agonia, 1941 e Europa, 1946, reagem por uma forma tensa às angústias da fase de apogeu do fascismo bélico. A docência universitária no Brasil levou, nos últimos anos, a dedicar-se mais ao ensaio crítico e teorético, onde se ergueu acima do seu amadorismo dos anos 30 e 40. MONTEIRO, Adolfo Casais Poesias completas / Adolfo Casais Monteiro ; introdução de João Rui de Sousa. - [Lisboa]: INCM, imp. 1993 821.134.3-1 MON Século XX LITERATURA Miguel Torga A obra deste autor dir-se-ia banhar num ambiente de mitos agrários e pastoris que da sua origem aldeã transmontana remontam aos símbolos bíblicos. A semente, a seiva, a colheita, a água, a terra, o vento, o pão, o parto, o pastoreio, Adão e Eva, por exemplo, recorrem nos seus livros, não como simples ideais mas como imagens irradiantes. Numerosos pequenos contos de que é autor, Bichos, 1940, Montanha, 1941, Novos contos da Montanha, 1944, Pedra Lavradas, 1951, dão, por vezes, de uma forma tensamente dramática, a dura e simples coragem da vida humana rural, e animal, despindo os casos de toda a intenção alheia ao ambiente simbólico referido. A sua poesia exprime as mesmas intuições agrárias ou pastoris, mas de um modo mais genérico e pessoalista. Essa poesia reflete ainda as apreensões, esperanças e angústias das últimas décadas, dentro de um ângulo individualista e, no fundo, religioso de visão, e a sua pureza e originalidade rítmicas. Algumas das mais densas poesias de Torga estão contidas no Diário (12 volumes, 1941-77) que pode ser considerado uma continuação, sobre outra forma, do romance de fundo autobiográfico A Criação do Mundo (3 volumes, 1937-39). TORGA, Miguel, pseud. Antologia : diário. extractos relativos a Terras de Bouro / Miguel Torga. - Terras de Bouro: Câmara Municipal de Terras de Bouro, 1996 821.134.3-94 TOR TORGA, Miguel, pseud. Bichos / Miguel Torga. - 19ª ed. - Coimbra: M. Torga, imp. 1995. - 135 p.. - Autor galardoado com o Prémio Camões, 1989 821.134.3-34 TOR TORGA, Miguel, pseud. Contos / Miguel Torga. - 3ª ed. conjunta. - Lisboa: Dom Quixote, 2002 821.134.4-34 TOR Século XX LITERATURA TORGA, Miguel, pseud. Diário / Miguel Torga. - Coimbra: M. Torga, imp. 1983-1995. - 16 vol.. - Autor galardoado com o Prémio Camões, 1989 821.134.3-94 TOR TORGA, Miguel, pseud. Pedras lavradas : contos / Miguel Torga. - 4ª ed. - Coimbra: M. Torga, 1992 821.134.3-34 TOR TORGA, Miguel, pseud. O Senhor Ventura / Miguel Torga. - 3ª ed. - Coimbra: M. Torga, 1991. - 160 p.. - Autor galardoado com o Prémio Camões, 1989 821.134.3-31 TOR TORGA, Miguel, pseud. Vindima : romance / Miguel Torga. - 6ª ed. - Coimbra: M. Torga, 1997. - 271 p.. - Autor galardoado com o Prémio Camões, 1989 821.134.3-31 TOR Século XX LITERATURA Branquinho da Fonseca Usou também pseudónimo de António Madeira, revelou o seu virtuosismo de expressão verbal em Poemas, 1926 e Mar Coalhado, 1932, e o de efabulação em diversas tentativas dramáticas, o melhor da sua obra reside nas coleções de contos, onde inicialmente se sentia um magistério Raul Brandão. Nestes consegue sugerir um halo de mistério, de medo ou pesadelo indefinido, de constante surpresa a um impreciso ideal, sem todavia nos desprender de um senso de verosimilhança, antes como que acordando nesse halo misterioso os ecos emotivos da realidade. Do conto O Barão, inicialmente incluído em Rio Turvo, extraiu Luis Sttau Monteiro uma peça de teatro. É esta a sua obra prima, à qual, em qualidade, se segue um bom romance ambientado na Nazaré, Mar Santo, 1952. FONSECA, Branquinho da Bandeira preta / Branquinho da Fonseca. - Lisboa: Bertrand, [1965?] 821.134.3-32 FON FONSECA, Branquinho da O barão / Branquinho da Fonseca ; posfácio de José Régio. - 4ª ed. - Lisboa: Portugália, 1962 821.134.3-31 FON FONSECA, Branquinho da Mar santo / Branquinho da Fonseca. - 3ª ed. - [Lisboa]: Portugália, imp. 1964 821.134.3-32 FON FONSECA, Branquinho da Rio turvo / Branquinho da Fonseca. - Lisboa: Verbo, 1945 821.134.3-34 FON Século XX LITERATURA Vitorino Nemésio Publica O Bicho Harmonioso e Eu, Comovido a Oeste, que representam a primeira transformação dos gostos presencistas capaz de resistir ao seu rápido envelhecimento posterior à publicação póstuma de Pessoa e ao alargamento da leitura estrangeira. Nemésio é, como poeta, a própria negação daqueles discursos de maior ou menor fôlego que fazem a fraqueza dos presencistas embora eles pretendessem não se interessar por ideias e só proferir oráculos. Nemésio, ou conta maravilhosamente uma Short Story de humor, ou obtém admiráveis enxertias no jardim de temas da sua infância açoriana, a voz num registo e num ritmo dos compatrícios mais ingénuos, diluindo em ternura delicada as misérias da carne e as coisas do mar, do porto, do campo, da casa, por vezes das viagens e até o pitoresco das leituras ou glossários especiais, que movimenta como pequenas alucinações vivas. A vida açoriana percorre também a sua obra de ficção em prosa, em que se deve salientar pela flagrância de ambiente regional e epocal, e pela intensidade de um drama camiliano de amor, o romance Mau Tempo no Canal, 1945. NEMÉSIO, Vitorino Corsário das ilhas / Vitorino Nemésio ; introdução e fixação do texto de A. M. B. Machado Pires. - 3ª ed. - [Lisboa]: INCM, imp. 1998 821.134.3-31 NEM NEMÉSIO, Vitorino Exilados : 1828 - 1832. história sentimental e política do liberalismo na emigração / Vitorino Nemésio. - Lisboa: Bertrand, [1970?] 821.134.3-94 NEM NEMÉSIO, Vitorino Mau tempo no canal / Vitorino Nemésio ; introdução de José Martins Garcia. - [Lisboa]: INCM, imp. 1999 821.134.4-31 NEM NEMÉSIO, Vitorino Varanda de Pilatos / Vitorino Nemésio ; introdução de José Martins Garcia. - [Lisboa]: INCM, imp. 1992 821.134.3-31 NEM NEMÉSIO, Vitorino Se bem me lembro... / Vitorino Nemésio ; selecção e organização de Joana Morais Varela. - Lisboa: Contexto, 2001 821.134.3-94 NEM Século XX LITERATURA Pedro Homem de Melo Canta com uma fria sensualidade a beleza da juventude transitória em ritmos insinuantes que elaboram, por forma discreta e moderna, certos recursos paralelísticos do lirismo popular nortenho. MELO, Pedro Homem de Danças portuguesas = = Danses portugaises. = Portuguese Dances / Pedro Homem de Mello. Porto: Lello & Irmão, 1962 394.3 MEL MELO, Pedro Homem de Nós portugueses somos castos / de Pedro Homem de Mello. - 2ª ed. - Lisboa: Ática, imp. 2001821.134.3-1 MEL MELO, Pedro Homem de Poesias escolhidas / Pedro Homem de Mello ; selecção e prefácio de Vasco Graça Moura. - Porto: Asa, 2004 821.134.3-1 MEL MELO, Pedro Homem de Povo que lavas no rio / Pedro Homem de Mello. - Porto: Brasília, 1969. - 138 p. 821.134.3-1 MEL O lento processo de evolução da sociedade portuguesa onde só a guerra de 1939-45 estimulou um sensível alastramento das três ou quatro manchas industriais de certa importância, manteve nas tendências realistas uma alternância entre o pitoresco regional, por um lado, e um certo sentimentalismo dos bas fonds urbanos ou um certo humanitarismo um tanto convencional, por outro lado. O primeiro órgão operário a que aparece ligado um grupo importante de escritores é a Batalha, 1919-27, propriedade da União Operária Nacional, onde colaboraram Manuel Ribeiro, Campos Lima, António Sérgio, Emílio Costa, Tomás da Fonseca, Vitorino Nemésio, José Régio, entre outros. Entre os que se mantiveram mais carateristicamente fiéis aos ideais sindicalistas contam-se Assis Esperança. O autor mais importante desta tradição sindicalista é Ferreira de Castro. Século XX LITERATURA O realismo ético tem por um lado, um certo introspetivismo, certo metafisicismo, grandiloquente, alternativos em Presença, e as tendências do realismo social, em que o individuo figura, não como inaptamente singular, nem como um modo transitório do Adão universal, mas com uma singularidade circunstancial e evolutiva; e, por outro lado, entre o neorrealismo, que encara as relações sociais como obedecendo a leis objetivas, consistindo a superação humana em delas se aperceber e tirar partido, e aqueloutro realismo condicionado à afirmação de uma lei moral subjetiva e oposta à lei objetivamente histórica ou sociológica. O ficcionista mais importante daquilo que designamos como realismo ético é José Rodrigues Miguéis, cuja primeira notoriedade literária data de Páscoa Feliz, 1932, a melhor obra de um realismo dostoievsquinano já então aclimatado entre nós por Raul Brandão. MIGUÉIS, José Rodrigues Idealista no mundo real / José Rodrigues Miguéis. - 2ª ed. - Lisboa: Estampa, [1991] 821.134.3-31 MIG MIGUÉIS, José Rodrigues Léah e outras histórias / José Rodrigues Miguéis. - 11ª ed. - Lisboa: Estampa, 1997 821.134.3-34 MIG MIGUÉIS, José Rodrigues O milagre segundo Salomé / José Rodrigues Miguéis. - Lisboa: Estampa, 1985 821.134.3-31 MIG MIGUÉIS, José Rodrigues Páscoa feliz / José Rodrigues Miguéis. - 7ª ed. - Lisboa: Estampa, 1988 821.134.3-32 MIG MIGUÉIS, José Rodrigues O pão não cai do céu / José Rodrigues Miguéis. - 7ª ed. - Lisboa: Estampa, 1996 821.134.3-31 MIG Século XX LITERATURA Irene Lisboa Publicou diversas obras de pedagogia sob o pseudónimo masculino de Manuel Soares, assinou com outro, o de João Falco (imposto pelas incompreensões a que seria votada como mulher e professora), as suas primeiras obras literárias, Contarelos, 1926, e volumes de impressões e meditações muito sinceras, em prosa ou verso livre, que exprimem uma angústia de profundo isolamento. Tudo o que produziu reage a uma desolada situação de mulher culta e livre num atrasado meio pequeno burguês; e consegue vencer a solidão graças a uma convivência aberta a gente simples de rua, escada de serviço, oficina, construção civil, etc., cujos problemas, filosofia, afetividade e pitoresco apreende fielmente, num estilo transparente em que integra o próprio linguajar do povo. Um dos aspetos do alargamento temático ligado à nova consciência realista da vida portuguesa é constituído pelo desenvolvimento da literatura de autoria feminina e sobre questões que se prendem com a posição social da mulher. LISBOA, Irene Apontamentos / Irene Lisboa ; org. e pref. Paula Mourão. - 2ª ed. - Lisboa: Presença, 1998 821.134.3-94 LIS LISBOA, Irene Começa uma vida / Irene Lisboa ; organização e prefácio [de] Paula Mourão. - Lisboa: Presença, 1993 821.134.3-32 LIS LISBOA, Irene Crónicas da serra / Irene Lisboa. - [Venda Nova]: Bertrand, [1965?] 821.134.3-94 LIS LISBOA, Irene Esta cidade! / Irene Lisboa ; organização e prefácio [de] Paula Mourão. - 2ª ed. - Lisboa: Presença, 1995 821.134.3-94 LIS Século XX LITERATURA LISBOA, Irene Folhas soltas da Seara Nova : 1929-1955 / Irene Lisboa ; antologia, prefácio e notas de Paula Mourão. - Lisboa: INCM, [1985] 821.134.3-8 LIS Pode dizer-se que a nova consciência literária surgida de vivências femininas principiou pela afirmação, com Florbela Espanca, da livre intimidade de mulher, que atingiu com Irene Lisboa a sua primeira notável realização em prosa. Mas não podem deixar de assinalar-se percursoras como Guiomar Torresão, Maria Amália Vaz de Carvalho; e ainda Ana de Castro Osório e Angelina Vidal. As poetisas Fernanda de Castro, Marta Mesquita da Câmara, a poetisa e dramaturga Virgínia Vitorino, Maria Lamas que além de romancista, diretora de revistas, autora da nossa melhor literatura infantil, se distingue por amplos e reveladores inquéritos aos problemas da mulher. Entre estas contam-se ainda, Adelaide Félix, Raquel Bastos, Manuela Porto e Judite Navarro. CARVALHO, Maria Amália Vaz de Arte de viver na sociedade / Maria Amália Vaz de Carvalho ; estudo e actualização do texto de Isabel M. R. Mendes Drumond Braga e Paulo Drumond Braga. - Sintra: Colares, [2004]. 395 CAR OSÓRIO, Ana de Castro O esperto e outras histórias / Ana de Castro Osório ; ilustrações de Luís Manuel Gaspar. - 2ª ed. Mem Martins: Terramar, [1998] I 82-3 OSO LAMAS, Maria A mulher no mundo / Maria Lamas. - Rio de Janeiro. - Lisboa: Casa do Estudante do Brasil, [1952] DEP00084 Século XX LITERATURA De entre aqueles que, a partir do regionalismo, tão cultivado desde o século passado, se ergueram a formas superiores de ficção realista, destacam-se João de Araújo Correia, António Gomes Vitorino e João Loureiro Botas. Joaquim Paço d’Arcos foi um dos autores mais produtivos e lidos nos anos 4050. Tomás de Figueiredo apesar da sua tardia revelação, deve ser considerado como um dos melhores ficcionistas, quer pela originalidade quer pela intriga. PAÇO DE ARCOS, Joaquim, pseud. Todos os contos e novelas / Joaquim Paço D' Arcos. - Venda Nova: Bertrand, 1999 821.134.3-34 PAC BOTAS, José Loureiro Barco sem âncora / José Loureiro Botas. - Lisboa: Portugália, imp. 1963 821-134.3-34 BOT Outro conjunto importante de influências relaciona-se com as vicissitudes de Espanha (Guerra Civil) 1936-39) e a tensão interna em França, pressionada por uma Europa Central e Meridional quase toda sob regimes fascistas. O neorrealismo corresponde a essa evolução cujo sentido principia a definir-se na vida nacional, e por isso apresenta como caraterística básica uma nova tomada de consciência da realidade portuguesa. O mais dotado e um dos pioneiros do neorrealismo Soeiro Pereira Gomes escreveu a primeira e notável obra desta corrente, Esteiros. (Ver catálogo da Mostra Documental Neorrealismo: Retratos de Vida realizada em maio/junho de 2011) As alternativas que em poesia se opuseram ao neorrealismo fundamentaram-se, em geral, no princípio de autonomia da arte. Rui Cinatti assinala uma transição entre a diversidade dos Presencistas frente ao tema mistério e os ventos românticos e catastróficos ainda anteriores. CINATTI, Rui Obra poética / Ruy Cinatti ; organização e prefácio de Fernando Pinto do Amaral. - Lisboa: INCM, 1992 821.134.3-1 CIN Século XX LITERATURA CINATTI, Rui Tempo da cidade / Ruy Cinatti. - Lisboa: Presença, 1996 821.134.3-1 CIN CINATTI, Rui Um cancioneiro para Timor / Ruy Cinatti. - Lisboa: Presença, 1996 821.134.3-1 CIN Jorge Sena Obra a vários títulos singular. O seu livro de estreia Perseguição, 1942 individualiza-se sobretudo por esta contradição: uma grande audácia de desarticulação lógica e sintática, que em certos poemas o leva ao surrealismo. SENA, Jorge de O físico prodigioso / Jorge de Sena. - Lisboa: Edições 70, 1977 821.134.3-32 SEN SENA, Jorge de Poesia / Jorge de Sena. - Lisboa: Edições 70, 1988-1989 821.134.3-1 SEN Século XX LITERATURA Sophia de Mello Breyner Andresen No seu livro Poesia, 1944, encontra-se um mundo poético depurado, em que as imagens se organizam segundo as suas próprias forças de coesão, sem argamassa de uma retórica analisável. O segundo livro Dia do Mar, 1948, contem certas regressões ao “paganismo” invocativo de seus deuses e figuras clássicas que veio morrer nas Odes de Torga. Livro Sexto, 1962 é o seu melhor livro de poesia. Sophia é também autora de um volume de Contos exemplares, 1962, e de seis volumes de uma literatura infantil cheia de fantasia. ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner Dual / Sophia de Mello Breyner Andresen ; ilustração de Arpad Szenes. - 3ª ed. - Lisboa: Salamandra, 1986 821.134.3-1 AND ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner Obra poética / Sophia de Mello Breyner Andresen. - Lisboa: Caminho, 1990-1999 821.134.3-1 AND ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner O búzio de cós e outros poemas / Sophia de Mello Breyner Andresen. - 3ª ed. - Lisboa: Caminho, imp. 1999. - 40 p.. - Autora galardoada com o Prémio Camões, 1999 821.134.3-1 AND Século XX LITERATURA Eugénio de Andrade Consagrou-se com o livro As mãos e os frutos, 1948. Eugénio de Andrade é, a par de Pessanha, o poeta português mais próximo de uma poesia-música. ANDRADE, Eugénio de, pseud. Antologia breve / Eugénio de Andrade. - 6ª ed. aum. - Porto: Fundação Eugénio de Andrade, 1994 821.134.3-1 AND ANDRADE, Eugénio de, pseud. As mãos e os frutos / Eugénio de Andrade ; desenhos José Rodrigues; pref. Jorge de Sena. - 16ª ed. - Lisboa: Campo das Letras. - Fundação Eugénio de Andrade, 1998 821.134.3-1 AND ANDRADE, Eugénio de, pseud. Branco no branco / Eugénio de Andrade. - 2ª ed. - Porto: Limiar, 1985 821.134.3-1 AND ANDRADE, Eugénio de, pseud. Contra a obscuridade / Eugénio de Andrade ; pinturas de Emerenciano. - Lisboa: Afrontamento, [1992] 821.134.3-1 AND ANDRADE, Eugénio de, pseud. Matéria solar / Eugénio de Andrade. - Porto: Limiar, 1980 821.134.3-1 AND ANDRADE, Eugénio de, pseud. Memória doutro rio / Eugénio de Andrade. - Porto: Limiar, 1978 821.134.3-1 AND Século XX LITERATURA ANDRADE, Eugénio de, pseud. Vertentes do olhar / Eugénio de Andrade. - 2ª ed. - Porto: Limiar, 1987 821.134.3-1 AND As influências do surrealismo em Portugal só se tornam bem reconhecíveis pela altura em que a escola de Breton entra na fase das grandes antologias e retrospeções históricas. António Pedro É o primeiro português distintivamente surrealista. Contatara com o Grupo Surrealista inglês quando foi locutor na BBC, durante a guerra e tornou-se o mentor do primeiro grupo surrealista em Lisboa. As principais edições coletivas de produções surrealistas portuguesas são, além de séries multicopiadas portuguesas e das coleções impressas Contraponto e a Antologia, 1958, Afixação Proibida, 1953, Antologia Surrealista do Cadáver Esquisito, 1961, Surreal/abjecionismo, 1963 e a Intervenção Surrealista, 1966, as últimas três organizadas por Mário Cesariny de Vasconcelos. PEDRO, António Apenas uma narrativa / António Pedro. - 2ª ed. - Lisboa: Estampa, 1978 (Novas direcções) 821.134.3-31 PED Mário Cesariny de Vasconcelos Este autor salienta-se entre os animadores da mais típica fase do surrealismo lisboeta. Embora irregular, há nas suas melhores produções certo rasgo e uma explosiva dessacralização referida a circunstâncias reais portuguesas, evocando a continuidade de Cesário e do Pessoa mais lisboeta. CESARINY, Mário Manual de prestidigitação / Mário Cesariny. - Lisboa: Assírio & Alvim, 1980 821.134.3-1 CES CESARINY, Mário Pena capital / Mário Cesariny. - 2ª ed. - Lisboa: Assírio & Alvim, 1999 821.134.3-1 CES CESARINY, Mário Primavera autónoma das estradas / Mário Cesariny. - Lisboa: Assírio & Alvim, cop. 1980 821.134.3-1 CES Século XX LITERATURA António Maria Lisboa Poesia deste autor, inclui produções coletivas, cartas, desenhos e apêndice com apreciações, texto estabelecido e anotado por Mário Cesariny cuja produção conhecida contem alguns dos mais surpreendentes textos do surrealismo português, mas que, na maioria, talvez por morte precoce do autor, ou pela destruição de quase todo o espólio inédito, nos deixa sobretudo intrigados. LISBOA, António Maria Poesia / António Maria Lisboa. - Lisboa: Assírio & Alvim, 1995 821.134.3-1 LIS Alexandre O’Neill Autor de qualidade decididamente comprovada. Essa qualidade ressalta já em Tempo de Fantasmas, 1951, depois refundido e ampliado sob o título de No Reino da Dinamarca, 1951. O’Neill propaga à mordacidade satírica e à comoção lírica, por vezes combinadas entre si com vários tons humorais flutuantes, a liberdade metafórica e sintática do surrealismo. O'NEILL, Alexandre No reino da Dinamarca / [Alexandre O'Neill]. - [Lisboa]: Guimarães, imp. 1974 821.134.3-1 ONE O'NEILL, Alexandre Poesias completas / Alexandre O'Neill ; introd. Miguel Tamen. - Lisboa: Assírio & Alvim, 2000 821.134.3-1 ONE Luis Pacheco Publicou alguns dos textos coletivos e individuais mais importantes da corrente, viria a salientar-se a título diverso, aliás condicente com o facto de ter também sido o editor da primeira tradução portuguesa de Sade. Trata-se, com efeito de uma manifestação portuguesa tardia, de irregular qualidade (Por vezes muito boa, nas peculiaridades da sua inserção nacional). Do autor libertino, cujo desplante produz um complexo efeito de profundo desmascaramento moral – social, de autoexibição pícara, de cinismo, de agressividade e de simpatia humana. PACHECO, Luís Textos malditos / Luiz Pacheco ; [ilustrações de Henrique Manuel]. - [Portugal]: Afrodite, 1977 821.134.3-9 PAC PACHECO, Luís Textos de guerrilha : 1ª série / Luiz Pacheco ; prefácio de José João Louro. - Lisboa: Ler, 1979 821.134.3-92 PAC Século XX LITERATURA No entanto, apesar do seu atraso e das limitações apontadas, o surrealismo marca quase toda a poesia posterior a 1950, com Raul de Carvalho, Natália Correia, Manuel de Lima, Ruben A., MárioHenrique Leiria e José Viale Moutinho. CARVALHO, Raul de Poesia instante / Raul de Carvalho. - Lisboa: Ulmeiro, 1984 821.134.3-1 CAR CORREIA, Natália Poesia completa : o sol nas noites e o luar nos dias / Natália Correia ; com um prefácio da autora. Lisboa: Dom Quixote, 1999 821.134.3-1 COR A, Ruben, pseud. Kaos / Ruben A. ; edição de Liberto Cruz. - Lisboa: Assírio & Alvim, 2003 821.134.3-31 A LEIRIA, Mário Henrique Contos do gin-tonic / Mário-Henrique Leiria. - 5ª ed. - Lisboa: Estampa, 1999 821.134.3-3 LEI LEIRIA, Mário Henrique Depoimentos escritos : contos, poemas e cartas de amor / Mário Henrique Leiria. - Lisboa: Estampa, 1997 821.134.3-82 LEI LEIRIA, Mário-Henrique Novos contos do gin ; seguidos de Fábulas do próximo futuro / Mário-Henrique Leiria. - 5ª ed. Lisboa: Estampa, 1999 821.134.3-3 LEI MOUTINHO, José Viale Terra e canto de todos : vida e trabalho no cancioneiro popular português / José Viale Moutinho. - 2ª ed. - Vila Nova de Gaia: 7 Dias 6 Noites, 2008 398.8 MOU Século XX LITERATURA No decénio de 1950 a poesia portuguesa apresenta um fenómeno editorial caraterístico: O pulular de poesia e crítica de autoria vária, em séries ditas não periódicas para iludir a censura, mas identificáveis pela aparência e por um grupo de organizadores, geralmente mais instável que a própria série: Távola Redonda,1950-54, Notícias do Bloqueio, 1957, A Poesia Útil, 1962 e muitos outros. O processo foi um achado para resolver as dificuldades legais que o Salazarismo criava à liberdade de edição, e isso explica em grande parte que se tenha generalizado tanto. David Mourão Ferreira Em 1950, foi um dos cofundadores da revista literária Távola Redonda, que se assumiu como veículo de uma alternativa à literatura empenhada, de realismo social, que então dominava o panorama cultural português, defendendo uma arte autónoma. Nesta época publicou o seu primeiro volume de poesia Secreta Viagem. Foi poeta, romancista, crítico e ensaísta. A sua poesia carateriza-se pelas presenças constantes da figura da mulher e do amor, e pela busca deste como forma de conhecimento, sendo considerado um dos poetas do erotismo na literatura portuguesa. FERREIRA, David Mourão Música de cama / David Mourão Ferreira. - 2ª ed. - Lisboa: Presença, 1996 821.134.3-1 FER FERREIRA, David Mourão Obra poética : 1948-1988 / David Mourão-Ferreira ; introdução de Eduardo Prado Coelho. - 3ª ed. Lisboa: Presença, 1997 821.134.3-1 FER FERREIRA, David Mourão Um amor feliz / David Mourão Ferreira. - 12ª ed. - Lisboa: Presença, 1997 821.134.3-31 FER Século XX LITERATURA Nomeamos ainda Fernando Guedes, Alberto Lacerda, Vítor Matos e Sá e Fernando Guimarães, A religiosidade católica produziu outros ramos interessantes, nomeadamente com Jorge Amorim, Fernando Echevarria, João Maia, Ruy Belo, de longe o mais original “católico”. ECHEVARRÍA, Fernando Geórgicas / Fernando Echevarría. - Porto: Afrontamento, [1998] 821.134.3-1 ECH ECHEVARRÍA, Fernando Poesia : 1956 - 1979 / Fernando Echevarría. - Porto: Afrontamento, 1989 821.134.3-1 ECH BELO, Rui Todos os poemas / Ruy Belo. - Lisboa: Assírio & Alvim, 2000 821.134.3-1 BEL Na transição desta poesia de enquadramento metafísico ou religioso para uma outra cujo interesse consciente se situa em terreno apenas psíquico, é agora oportuno falar de Reinaldo Ferreira, Rui Knopli, Luis Amaro, João Rui de Sousa, Cristovam Pavia e Helder de Macedo. Ainda durante esta década, a coleção Cooperativa Cancioneiro Geral, assinala o predomínio quantitativo de certo realismo social de que são exemplo Egito Gonçalves, José Terra e António Ramos Rosa. ROSA, António Ramos As armas imprecisas / António Ramos Rosa. - Porto: Afrontamento, cop. 1992 821.134.3-1 ROS Século XX LITERATURA ROSA, António Ramos Figuras solares / António Ramos Rosa ; pref. João Rui de Sousa. - Lisboa: Ara - Galeria de Arte. Dom Quixote, [1996] 821.134.3-1 ROS As experiências matemático-combinatórias de Max Bense e sua Escola de Estugarda trouxeram outras influências. A personalidade mais empreendedora desta atividade Ernesto Manuel de Melo e Castro, que com Maria Alberta Menéres organizou e reeditou a mais informativa Antologia da Novíssima Poesia Portuguesa. CASTRO, E. M. de Melo e As palavras só-lidas / E. M. de Melo e Castro. - Lisboa: Horizonte, 1979 821.134.3-1 CAS MENÉRES, Maria Alberta O robot sensível / Maria Alberta Menéres. - Lisboa: Plátano, [1985?] 821.134.3-1 MEN A mais curiosa e integrante personalidade que entre nós assentou largamente na poesia experimental é Herberto Hélder. HELDER, Herberto Poesia toda / Herberto Helder. - Lisboa: Assírio & Alvim, 1996 821.134.3-1 HEL Pedro Tamen Enveredou por experiências de explosão sintática e de analogias paronímicas que lhe deram os seus melhores frutos em Primeiro Livro de Lapinova, 1960, entre outros. TAMEN, Pedro Retábulo das matérias : poesia 1956-2001 / Pedro Tamen. - Lisboa: Gótica, 2001 821.134.3-1 TAM Século XX LITERATURA Nomeamos ainda outros poetas da poesia experimental, António Barahona da Fonseca, Sallet Tavares, Maria Amélia Neto, Arnaldo Saraiva , Nuno Guimarães, Fiama Hass Pais Brandão, Maria Teresa Horta, Luisa Neto Jorge, António Augusto Menano, José Carlos Vasconcelos, Manuel Alegre, Fernando Assis Pacheco e ainda Daniel Filipe. FONSECA, António Barahona da Amor único / António Barahona da Fonseca. - Lisboa: Arcádia, 1978 821.134.3-1 FON TAVARES, Salete Obra poética : 1957-1971 / Salete Tavares ; pref. de Luciana Stegagno Picchio. - Lisboa: INCM, imp. 1992 821.134.3-1 TAV BRANDÃO, Fiama Hasse Pais Obra breve / Fiama Hasse Pais Brandão. - Lisboa: Teorema, [1991] 821.134.3-1 BRA HORTA, Maria Teresa Poesia completa / Maria Teresa Horta. - Lisboa: Litexa, 1983 Vol 1. : 1960-1966 Vol 2. : 1967-1982 821.134.3-1 HOR JORGE, Luisa Neto Poemas de Luiza Neto Jorge / Luiza Neto Jorge ; poemas ditos por Maria Emília Correia. - Lisboa: Presença, 1997 821.134.3-1 JOR Século XX LITERATURA ALEGRE, Manuel Obra poética / Manuel Alegre ; pref. de Eduardo Lourenço. - Lisboa: Dom Quixote, 1999 821.134.3-1 ALE PACHECO, Fernando Assis Respiração assistida / Fernando Assis Pacheco ; posfácio [de] Manuel Gusmão. - Lisboa: Assírio & Alvim, 2003 821.134.3-1 PAC FILIPE, Daniel A invenção do amor e outros poemas / Daniel Filipe. - 9ª ed. - Lisboa: Presença, 1999 821.134.3-1 FIL Século XX LITERATURA José Saramago Atualiza certas linhas de continuidade clássica, bem sensíveis no predomínio do decassílabo e numa meditação contida e consciente, trazendo-as até uma sabedoria colhida no amor e na experiência dos limites humanos e da resistência à opressão capitalista, Os Poemas possíveis, 1966 e Provavelmente Alegria, 1970. SARAMAGO, José Os poemas possíveis : poesia / José Saramago. - 4ª ed. - Lisboa: Caminho, imp. 1999 821.134.3-1 SAR SARAMAGO, José Provavelmente alegria / José Saramago. - 5ª ed. - Lisboa: Caminho, imp. 1999. - 98 p. - (O campo da palavra). - Autor galardoado com os prémios Camões, 1995; e, Nobel da Literatura, 1998 821.134.3-1 SAR A poesia de participação direta na luta democrática abeira-se cada vez mais do público, o que, desde o decénio de 60, apresenta um dos aspetos mais importantes da larga popularidade de diversos cantores-poetas. A assistência a sessões de poesia declamada ou cantada tinha já as suas tradições, e o mercado das gravações de textos em verso existia até já para outros géneros. O que se verifica de novo é a emergência de um público a que, por exemplo, se dirigem cantores que são, por vezes, também músicos e poetas: José Afonso, Sérgio Godinho, Luis Cília, José Jorge Letria, Adriano Correia de Oliveira, José Mário Branco, José Barata Moura, Manuel Freire. Nele encontra um eco, além dos já mencionados, José Carlos Ary dos Santos, talvez o autor com mais certeiro sentido do texto para canto ou declamação a um grande público. Entre os poetas que suscitam mais complexos juízos avulta António Gedeão surpreendente e tardiamente revelado como poeta. GEDEÃO, António, pseud. Poesia completa, acompanhada de ; Primeiros estudos de Ulisses e as sereias, de Júlio Pomar / António Gedeão. - 2ª ed. - Lisboa: João Sá da Costa, 1997 821.134.3-1 GED Pedra filosofal Pedra filosofal : Rómulo de Carvalho : António Gedeão / sob a direcção de Luisa Corte-Real e Marta Lourenço. - Lisboa: Museu de Ciência da Universidade de Lisboa, 2001 DEP00326 Música Século XX MÚSICA O início do século XX é marcado por um novo período que tem como origem a abertura do País ao exterior, através da ligação ferroviária à Europa. Uma das consequências desse progresso irá ser o desenvolvimento da investigação histórica e etnológica da música portuguesa, ligada à divulgação entre nós das ideias positivistas e traduzindo-se na atividade de nomes como Joaquim Vasconcelos, Francisco Marques de Sousa Viterbo ou Ernesto Vieira. Surgem alguns periódicos musicais inovadores pela relativa qualidade das suas componentes crítica e informativa, como Amphion e a Arte Musical. Mas a principal mudança ocorrida na vida musical portuguesa parece residir na deslocação do seu polo central do teatro lírico para a música instrumental. Um fator determinante dessa deslocação foi sem dúvida a progressiva aproximação dos músicos portugueses à música alemã. A escolha da Alemanha como destino de estudo começou a vulgarizar-se entre nós, principalmente entre os instrumentistas no Porto. Alguns dos maiores vultos do início do século como Bernardo Valentim Moreira de Sá, Guilhermina Suggia e Raimundo de Macedo estudaram nesse país, o mesmo acontecendo em Lisboa com figuras influentes como Alexandre Rey Colaço ou o maestro Victor Hussla. A mais importante instituição lisboeta seria a Real Academia dos Amadores de Música. Esta Academia que tinha como objetivo difundir “o gosto pela boa música”, desenvolveu uma importante ação pedagógica vindo a transformar-se numa espécie de Conservatório paralelo. À Academia esteve ligado Alexandre Rey Colaço, pianista e compositor marroquino naturalizado português que realizou a sua formação pianística no Conservatório de Madrid e completou os seus estudos na capital francesa, partindo depois para Berlim. Fixou-se definitivamente em Lisboa e dedicou-se especialmente ao ensino quer no Conservatório quer na Academia. Século XX MÚSICA Rey Colaço fez ainda algumas incursões no campo da composição, sendo a parte mais significativa da sua obra composta por danças e melodias populares estilizadas de que são exemplo fados, bailaricos, jaléu, malagueña, jota, pequenas peças (para piano) e cantigas de Portugal (para voz e piano) sempre dentro de um conceito estético nacionalista e ainda de raiz romântica. Figura principal do meio musical portuense das primeiras décadas do século XX, Bernardo Valentim Moreira de Sá desenvolveu uma ação multifacetada enquanto violinista, maestro pedagogo e musicógrafo. Tendo estudado inicialmente violino no Porto com Marques Pinto e Nicolau Ribas, parte depois para Berlim onde trabalha com o grande violinista Joachim. Tal como a maioria dos músicos da sua geração transforma-se num wagneriano convicto. Como violinista efetua digressões artísticas pela América do Sul, na companhia de Viana da Mota, Pablo Casales e Harold Bauer. Entre as múltiplas atividades deste maestro conta-se a fundação do Orpheon Portuense que ainda hoje existe, o qual promovia originalmente concertos corais e sinfónicos bem como sessões de música de câmara. Dirigiu os concertos da Associação da Classe Musical dos Professores de Instrumento de Arco do Porto, durante os quais possibilitou a primeira audição portuguesa de algumas obras de Wagner. Foi ainda responsável pela fundação, em 1917, do Conservatório do Porto. Concerto no Palácio de Cristal, 1906 Importante também para o desenvolvimento musical da capital nortenha foi a ação desenvolvida pela violoncelista Guilhermina Suggia. Nascida no Porto, aos 12 anos já era chefe de naipe dos violoncelos na Orquestra Sinfónica do Orpheon Portuense e um ano mais tarde integrava o quarteto Moreira de Sá. Apresenta-se com êxito em várias capitais europeias e trabalha com Pablo Casals, com quem aliás esteve casada. Tendo-se estabelecido em Londres, onde residiu vários anos, regressa depois ao Porto, retirando-se praticamente da vida artística. Um ano antes de morrer realiza ainda concertos em Lisboa, com a Orquestra Sinfónica Nacional sob a direcção de Sir Malcom Sargent e grava o seu único disco – O concerto de Lalo – com a Orquestra Sinfónica de Londres e o maestro Pedro de Freiras Branco. Século XX MÚSICA Também natural do Porto, Raimundo Macedo desenvolveu uma ação importante como pianista, chefe de orquestra, concertista. Apresentou-se na Alemanha, em Portugal, no Brasil e Argentina, optando mais tarde por fixar-se no Porto. Aí funda em 1910, a Sociedade de Concertos Sinfónicos, a qual dirige durante oito anos. No Porto distinguiram-se ainda Óscar da Silva, Luis Costa e Hernâni Torres, compositores e pianistas de formação germânica. todos eles José Viana da Mota Símbolo do germanismo na música portuguesa, é, sem dúvida, o artífice da verdadeira mudança operada nas primeiras décadas do século XX, tanto a nível do ensino musical como do gosto público, através da sua múltipla atividade de pianista, compositor, pedagogo e musicógrafo. Nascido na ilha de São Tomé veio ainda criança para o continente, passando a residir em Colares, Sintra. Apresentado por seu pai ao Rei D. Fernando II e à Condessa de Edla, é-lhe atribuída uma bolsa para estudar na Alemanha depois de finalizar os seus estudos no Conservatório de Lisboa. Parte para Berlim, tendo sido decisivos para a sua formação pianística e musical os contatos que estabeleceu com Carl Schaeffer, Hans Von Büllow e ainda com Liszt com quem teve lições. Na sua obra Música e Músicos Alemães, Viana da Mota escreve as primeiras impressões da sua chegada à Alemanha e a sua opinião face ao repertório germânico. José Viana da Mota A 1ª Guerra Mundial viria a surpreendê-lo no auge da sua carreira pianística, obrigando-o a deixar Berlim e a aceitar um lugar no Conservatório de Genéve onde leciona até 1917. Se enquanto pianista Viana da Mota revela traços bem marcantes da sua formação germânica, enquanto compositor partiu da estética do romantismo alemão, e nomeadamente da influência de Liszt e de Wagner, para a criação de um estilo nacional através da recriação do nosso folclore musical. Regressa definitivamente a Portugal em 1917. Século XX MÚSICA Após ter sido nomeado diretor do Conservatório de Lisboa elabora conjuntamente com Luis de Freitas Branco uma importante reforma do ensino musical (1919), esta é a primeira reforma de fundo levada a cabo no ensino da música em Portugal desde João Domingues Bomtempo. A ação reformadora de Viana da Mota centrou-se principalmente na oposição da cultura da ópera italiana que tinha dominado toda a música portuguesa dos séculos XVIII e XIX, em favor do repertório instrumental de raiz germânica. Se figuras como a de Moreira de Sá, Alexandre Rey Colaço ou Viana da Mota representam um novo perfil de músico culto, em contato com os melhores espíritos do seu tempo e socialmente respeitado, a profissão musical em geral continua aparentemente a não gozar de grande prestígio, como já acontecera no século XIX. O Teatro de S. Carlos não se mantinha totalmente inativo. Tendo as temporadas normais sido interrompidas em 1912, serão depois retomadas em 1919 por iniciativa da Sociedade de Propaganda de Portugal, a que o Governo de Sidónio Pais entregara ao teatro. Nesses anos foram também apresentadas algumas produções de compositores portugueses, tais como Soror Mariana, 1918 de Hermínio do Nascimento ou O Serão da Infanta, 1913, Crisfal, 1920 e Belkiss com Max Brunch e Humperdink. Luis de Freiras Branco Coube a Luis Freitas Branco, simultaneamente compositor, pedagogo e musicógrafo e, em conjunto com Viana da Mota, uma das figuras mais importantes do panorama musical português na viragem do século, o papel de aproximar a música portuguesa das correntes estéticas europeias mais modernas da época. Este facto valeu-lhe a denominação de introdutor do modernismo em Portugal. Nasce em Lisboa e demonstra logo um precoce talento para a música, estuda com Augusto Machado, Tomás Borba e Luigi Mancinelli, este último um maestro que se encontrava ao serviço do teatro de S. Carlos. Entre 1907 e 1908 escreve um poema sinfónico cujo título revela influências Lisztianas. Século XX MÚSICA Datam deste período algumas composições que refletem a influência das mais consideradas correntes da música europeia, como o impressionismo, entre elas o poema sinfónico Paraísos Artificiais, inspirado na obra homónima de Baudelaire, cuja estreia em 1913 foi mal recebida pelo público, e Vatnek, variações sinfónicas sobre um tema oriental, obra datada de 1914 que David de Sousa se recusou a dirigir, só vindo a ser estreada muitos anos mais tarde. Regressado a Portugal em 1915, desenvolve uma importante ação pedagógica, colaborando com Viana da Mota na reforma do Conservatório. Depois de 1919 passa a ocupar o lugar de professor das cadeiras de Harmonia e de Ciências Musicais tornando-se também subdiretor daquele estabelecimento até 1924. Na vida do compositor , o período seguinte corresponde ao início da composição de algumas obras de caráter marcadamente nacionalista de que são exemplo as duas Suites Alentejanas de uma séria de 4 sinfonias escritas respetivamente em 1924, 26, 43 e 46 e de outras obras de raiz neoclássica e inspiração renascentista como os Madrigais Camonianos. Luis de Freitas Branco exerceu ainda atividade de crítico musical em periódicos como Diário Ilustrado, Monarquia, Correio da Manhã, Diário de Notícias, Diário de Lisboa e o Século. Em 1929 fundou a revista Arte Musical, da qual foi diretor até à sua extinção em 1948. Muito considerado pela fação antissalazarista da musicografia portuguesa, a ação de Freitas Branco foi avaliada por Fernando Lopes Graça como a de um opositor ao domínio da ópera. Lopes Graça realça ainda a importância das primeiras obras do compositor, colocando-as a par do movimento cultural empreendido nos alvores da República nos campos das artes plásticas e das letras por figuras como Amadeo de Sousa Cardoso, Almada Negreiros, Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro. Luis de Freitas Branco Século XX MÚSICA Na primeira metade do século XX há um grupo relativamente grande de compositores que se tenta aproximar das várias correntes existentes na música europeia. Um dos mais importantes nomes da música portuguesa do início do século XX, principalmente pela dimensão internacional da sua carreira. Francisco Lacerda Natural da ilha de S. Jorge estuda no Conservatório de Lisboa. Passa uma grande parte do ano de 1899, nos Açores, dedicando-se à recolha de melodias populares. Em 1904 assume a direção dos concertos do Casino La Baule (França), iniciando assim uma carreira que o levará a dar a conhecer o repertório do grupo dos cinco e de outros compositores russos, assim como as obras dos contemporâneos franceses, nos concertos da Kursaal de Montereux, ou a dirigir os grandes clássicos da Marselha. Entre 1913 e 1931 encontra-se radicado nos Açores, fazendo recolhas de música folclórica e dedicando-se à composição. No Porto a personalidade central deste período é Cláudio Carneiro. A sua produção inclui uma vasta componente vocal, assim como obras para piano Bailadeiras e de Câmara Quarteto de cordas e sonata para violino e piano, devem ainda mencionar-se algumas obras sinfónicas como Prelúdio, Coral e Fuga, Portugalesas e o bailado A Nau Catrineta. Inspirado sobretudo pela música francesa dos anos 20 e 30, Cláudio Carneiro tentou também algumas incursões no campo do dodecafonismo. Frederico Freitas torna-se diretor da Orquestra da Emissora Nacional e em 1940 funda a Sociedade Coral de Lisboa, com a qual empreende uma significativa atividade concertistica, interpretando obras como a 9ª Sinfonia de Benthoven, o Magnificat de Bach, a oratória de Elias de Mendelssohn, ou o Messias de Hendel. Dirigiu ainda a Orquestra do Conservatório do Porto e a Orquestra da Emissora Nacional. Como compositor a sua produção é muito variada e bastante desigual dedicando-se simultaneamente ao repertório erudito e ao repertório ligeiro. António de Lima Fragoso Morreu com vinte um anos apenas. As suas obras mais significativas escritas sensivelmente entre 1915 e 1918, Petit Suite, Prelúdios, Nocturnos e Sonata para piano, canções do Sol Poente sobre poemas de António Correia de Oliveira, Fêtes Galantes e Poèmes Saturniens sobre textos de Verlaine para canto e piano, Suite Romântica para violino e piano e ainda um Trio para piano, violino e violoncelo, revelam-nos um compositor de grande talento, próximo das influências impressionistas francesas nomeadamente de Debussy e Fauré. Século XX MÚSICA Representantes de uma estética mais neoclássica e conservadora são Armando José Fernandes e Jorge Croner de Vasconcelos. O primeiro exerceu atividade exclusiva, a partir de 1942, de compositor para o Gabinete de Estudos Musicais da Emissora Nacional. O espírito neoclássico da sua obra não exclui a utilização de uma linguagem bastante cromática, assim como de temas populares. Escreveu muita música de câmara em bailado para o Grupo Verde Gaio. Quanto a Croner de Vasconcelos é autor de uma obra reduzida, tendo-se dedicado especialmente à docência. Principal aluno e herdeiro do neoclassicismo de Luis Freitas Branco é contudo Joly Braga Santos, que além da formação adquirida com aquele estudou por períodos relativamente curtos em Veneza e em Roma. A sua obra, predominantemente sinfónica, desenvolve-se de início segundo duas vertentes: a do modalismo com raízes na polifonia portuguesa antiga, e a da influência da música popular portuguesa, em especial do Alentejo. Entre as suas obras mais importantes contam-se seis sinfonias (escritas entre 1947-1972) e ainda três óperas: Viver e Morrer, Mérope e Trilogia das Barcas. Fernando Lopes Graça Nasceu em Tomar em 1906. Em 1923 matriculou-se no Conservatório de Lisboa, onde fez o curso Superior de Composição e aí contactou com Viana da Mota. Matriculou-se também na Faculdade de Letras, abandonando-a em 1931 numa atitude de protesto que dará início a um longo percurso de oposição ao regime salazarista que o conduziu por várias vezes à prisão. Nos anos de 1934-35 realizou pela primeira vez em Portugal audições de música para piano de Paul Hindemith e de Arnold Schiönbers, escrevendo também os primeiros ensaios publicados por um autor português sobre estes compositores. Em 1937 parte para Paris a expensas suas para estudar composição, orquestração e um pouco de musicologia e em 1938 começa a harmonizar canções populares portuguesas, enveredando por um folclorismo na linha da Bela Bartock e de Zoltan Koday que viria a ser uma das principais linhas de força da sua orientação estética. Século XX MÚSICA Em 1940 ganha pela primeira vez o prémio de composição do círculo de Cultura Musical e no ano seguinte é um dos fundadores da Sociedade Sonata. Em 1954, a sua situação política agrava-se, sendo-lhe retirado, por decisão ministerial, o diploma de professor particular, facto que o força a abandonar a Academia dos Amadores de Música onde desenvolvera uma significativa ação pedagógica. Promove então a publicação do Dicionário de Música, iniciado por Tomás Borba e completado por ele próprio, e em 1960 edita Michael Giacometti o 1º volume da importante recolha discográfica Antologia da Música Regional Portuguesa. Na obra de Lopes Graça o caráter nacional decorre principalmente do contato direto com as fontes da música popular. Depois do Golpe de Estado de 1926, o panorama da rádio, com a criação da Emissora Nacional em 1933, e a fundação do Grupo de Bailado Verde Gaio, um veículo de propaganda cultural do novo regime. Em resultado da desconfiança do regime em relação às manifestações artísticas não patrocinadas por ele próprio, principalmente aquelas que se encontravam ligadas a associações internacionais – como por exemplo a Juventude Musical que viria a ser introduzida em Portugal em 1947 – assim como da instituição da censura na imprensa, o país tende a isolar-se das correntes artísticas e culturais mais vanguardistas da Europa contemporânea. Ligada à Emissora Nacional está a criação da Orquestra Sinfónica que funcionava adjunta com esse organismo (1934) a qual existiu até 1989 e que viria a ser substituída, juntamente com a Orquestra Sinfónica do Porto, pelo programa controverso de Régie Sinfonia. CAMILO, Viriato Fernando Lopes-Graça e o Coro da Academia de Amadores de Música / Viriato Camilo. - Lisboa: Seara Nova, 1990 78 CAM CARVALHO, Mário Vieira de O essencial sobre Fernando Lopes-Graça / Mário Vieira de Carvalho. - [Lisboa]: INCM, imp. 1989 78 GRA CAR Tábua póstuma da obra musical de Fernando Lopes Graça Tábua póstuma da obra musical de Fernando Lopes Graça : iniciada pelo compositor / concluída e acrescentada com informação e documentação várias por Romeu Pinto da Silva. - Lisboa: Caminho, 2009 78 GRA TAB Século XX MÚSICA GRAÇA, Fernando Lopes Pequena história da música de piano / por Fernando Lopes Graça. - Lisboa: Inquérito, imp. 1945 78(091) GRA GRAÇA, Fernando Lopes Opúsculos 2 / Fernando Lopes-Graça. - Lisboa: Caminho, -1984 78 GRA GRAÇA, Fernando Lopes Opúsculos 3/ Fernando Lopes-Graça. - Lisboa: Caminho, -1984 78 GRA GRAÇA, Fernando Lopes Música e músicos modernos : aspectos, obras, personalidades / Fernando Lopes-Graça. - 2ª ed. Lisboa: Caminho, cop. 1986 78.01 GRA GRAÇA, Fernando Lopes A música portuguesa e os seus problemas 1 / Fernando Lopes-Graça. - 2ª ed. - Lisboa: Caminho, cop. 1989 78(469) GRA GRAÇA, Fernando Lopes A música portuguesa e os seus problemas 2/ Fernando Lopes-Graça. - 2ª ed. - Lisboa: Caminho, cop. 1989 78(469) GRA Século XX MÚSICA GRAÇA, Fernando Lopes A canção popular portuguesa / Fernando Lopes-Graça. - 4ª ed., remodelada. - Lisboa: Caminho, cop. 1991 398.8(469) GRA GRAÇA, Fernando Lopes Musicália / Fernando Lopes Graça. - 2ª ed. portuguesa, corrigida e aumentada. - Lisboa: Caminho, cop. 1992 78 GRA GRAÇA, Fernando Lopes Nossa companheira música / Fernando Lopes-Graça. - 2ª ed. aumentada. - Lisboa: Caminho, cop. 1992 78 GRA Portuguese folk music Portuguese folk music [Registo sonoro] / org. Michel Giacometti, Fernando Lopes-Graça. - [Portugal]: Strauss, p 1998 Vol. 1 : Minho Vol. 2 : Trás-os-Montes Vol. 3 : Beiras Vol. 4 : Alentejo Vol. 5 : Algarve 090 A Por iniciativa de Ivo Cruz, que viria a ser nomeado diretor do Conservatório Nacional em 1938, criaram-se em Lisboa a Sociedade Coral Duarte Lobo (1931) e a Orquestra Filarmónica de Lisboa (1937) enquanto no Porto é criada em 1947 a Orquestra Sinfónica do Conservatório que mais tarde seria integrada na Emissora Nacional. Em 1951 é fundada a Pró-Arte, organização de concertos ligada ao Conservatório de Lisboa, tendo em vista a descentralização da cultura do nosso país e, em 1942 um grupo de intelectuais em que se destacava a figura de Fernando Lopes Graça cria ainda a Sociedade Sonata, especialmente virada para a divulgação da música contemporânea, tanto portuguesa como estrangeira. Século XX MÚSICA Sob o impulso de António Ferro, surge em 1942, um Gabinete de Estudos Musicais ligado à Emissora Nacional, um incentivo à criação musical através de encomendas a compositores entre os quais se destacam Rui Coelho, Jorge Croner de Vasconcelos, Frederico de Freitas, Armando José Fernandes e Cláudio Carneiro. Em 1963, por iniciativa da Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho (FNAT) é criada uma Companhia Portuguesa de Ópera que passara a estar sediada no Teatro da Trindade. Há um número importante de intérpretes portugueses ou radicados em Portugal cuja carreira coincide, em parte, com o período do Estado Novo, entre eles os cantores Tomás de Alcaide, Guilherme Kyölner, Arminda Correia e Judith Lupi Freire, as pianistas Helena Moreira de Sá e Costa, Maria da Graça, Amado da Cunha, Sérgio Varela Cid, José Carlos Sequeira Costa, Marie Antoniette Lévêque de Freitas Branco e Nella Maissa, os violistas Vasco Barbosa, Leonor Prado e António David ou violinista e maestro Silva Pereira. Também a musicologia histórica conhece a partir dos anos 30 um importante desenvolvimento, com os trabalhos de Manuel Joaquim, Mário de Sampaio Ribeiro, e, principalmente Macário Santiago Kastner. Entre as mais importantes publicações periódicas portuguesas contam-se a Arte Musical, publicada a partir de 1950 por um grupo de músicos e de intelectuais entre os quais se encontravam Fernando Lopes Graça e João José Cochofel. BORBA, Tomás, e outro Dicionário de música 1/ Tomás Borba, Fernando Lopes Graça. - 2ª ed. - Lisboa: Mário Figueirinhas, 1999 78(03) BOR BORBA, Tomás, e outro Dicionário de música 2/ Tomás Borba, Fernando Lopes Graça. - 2ª ed. - Lisboa: Mário Figueirinhas, 1999 78(03) BOR CARTAXO, António Ao sabor da música / António Cartaxo. - Lisboa: Caminho, cop. 1996 78 CAR Século XX MÚSICA BELO, Armando Tavares, e outro(s) A banda [Registo sonoro] : bailado ; Concerto Romântico em Mi menor : Páginas portuguesas / Armando Tavares Belo ; Orquestra Sinfónica Nacional, Orquestra de Concertos da E.N., Orquestra Sinfónica do Porto. - Lisboa: Jorson, p 1994 300P BEL – 2009 MAMEDE, Eduardo Paes Axis mundi [Registo sonoro] / Eduardo Paes Mamede ; intérpr. Grupo Vocal Da Capo. - Portugal: Tradisom, p 2006 300 MAM – 3535 Partitura da autoria de Fernando Lopes Graça para o poema Pátria. Janeiro 1971 Pintura Século XX PINTURA Cronologicamente, é nos anos 10/20 que se encontram situações válidas para inferir uma existência cultural modernista, que cobrirá a atuação de artistas até cerca de finais dos anos 30. Dois dos valores evidentes nas obras modernistas são a substituição da iconografia rústica alusiva ao mundanismo boémio, a substituição da melancolia e do saudosismo naturalista por uma pretendida consciência urbana. O surto modernista é paralelo a uma manutenção teimosa e epigonal do naturalismo. O gosto generalizado continua a aplaudir e a premiar os expositores naturalistas. O caso de Malhoa é paradigmático no sucesso de quadros como O Fado, exposto em Paris e mais tarde em Lisboa. O modernismo nasce com muitos dos artistas que haviam procurado em Paris a aprendizagem que o País ainda não proporcionava. Na Exposição Livre de 1911 – marco inaugural do modernismo português expuseram Francisco Smith, Domingos Rebelo, Emmérico Nunes, entre outros. A exposição era dominada por retratos, naturezas mortas, paisagens, entre obras evidenciando sentido humorista e caricatural. O mesmo tipo de trabalhos preencheu iniciativas que a esta se seguiram, ex: 1ª Exposição de Humoristas, 1912; Exposição de Humoristas e Modernistas, 1915, entre outras. Nestas Mostras foram aparecendo artistas que não tinham participado na Exposição Livre, tais como Cristiano Cruz, António Soares ou Mily Possoz. Armando Basto Animador modernista destas coletivas e que ia expondo também individualmente. Deu o seu contributo satírico ao modernismo editando diversas folhas volantes. Se em certos retratos se revela um pintor meditativo e melancólico - Ivone, 1913 – as paisagens evidenciam um temperamento diverso, com maior sentido colorista. As suas obras mais interessantes são interiores onde o rigor de composição é compensado por um trabalho cromático/lumínico de extrema sensibilidade, que era associado a uma vertente espanhola da sua obra: No Atelier do Artista, O Tocador de Viola. O Tocador de Viola de Armando Basto Século XX PINTURA A sátira política e o anticlericalismo surgiam também, e não é estranho que, neste ambiente, um dos Salões de Humoristas tenha homenageado Rafael Bordalo Pinheiro. Cristiano Cruz e Emmérico Nunes, artistas que maior poder tinham de realizar imagens de forte impacto visual, verdadeiros emblemas em face do motivo escolhido. Do primeiro conhecem-se um sem-número de caricaturas e pode destacar-se também um conjunto excecional de pinturas, por exemplo, Senhoras à mesa, cujo traço vigoroso se converte na arma principal da obra. Quanto ao segundo, conhecera a sua fase parisiense e tal como muitos outros da sua geração, trouxera daquelas estadas, paisagens de cromatismo claro, sensível, buscando a construção, através de elementos pictóricos. Senhoras à mesa de Cristiano Cruz CHRISTIANO CRUZ, Lisboa, 1993 Christiano Cruz : (1892-1951) : retrospectiva / [coordenação geral de Paulo Pereira]. - [S.l.: s.n., 1993 741.5 CRU CHR Alguns artistas isolavam-se destes salões e tentavam as exposições individuais. É o caso de Manuel Jardim que tivera a sua experiência parisiense tendo acompanhado a partida de Eduardo Viana e Manuel Bentes em 1905. Ou o de Leal da Câmara que logo em 1911 preferira expor individualmente. MANUEL JARDIM, Lisboa, 1974 Manuel Jardim : exposição retrospectiva da obra do pintor. - Lisboa: [s.n.], 1974 75 MAN JAR Século XX PINTURA Leal da Câmara Leal da Câmara / apres., sel. e des. por Vasco de Castro. - Sintra: Colares Editora, [1996] 741.5 CAM LEA A obra de Leal da Camara dedicada às crianças A obra de Leal da Camara dedicada às crianças : exposição de ilustrações para contos infantis e decorações para escolas / organizada pelos Serviços Culturais da Câmara Municipal de Lisboa. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, 1977 DEP00315 Ressalta deste núcleo de iniciativas uma certa ingenuidade de intenções e uma fragilidade ao nível da execução que levou a que não se lograssem alcançar alternativas eficazes aos hábitos naturalistas. A via por que optaram era demasiado delicada para revolucionar a prática artística, tendo apenas insinuado inovações fragmentárias. Algumas figuras assumem um significado especial, uma posição destacada no seio do modernismo, desenhando-lhe outros contornos e abrindo-lhes vias de desenvolvimento mais ricas e consentâneas com a modernidade internacionalmente encarada. A primeira figura a referir é a de Almada Negreiros. Almada participou em alguns dos Salões já referidos, tendo-se destacado nos anos de 1912 e 1913. Desde 1911 que colaborava assiduamente em periódicos como A Sátira, A Rajada, A Bomba, A Luta, fazendo também painéis decorativos, nomeadamente os realizados para a Alfaiataria Cunha, em 1913. Neste ano fez a sua primeira exposição individual, em Lisboa. Em 1917 e 1918 Almada participa no turbilhão futurista e em iniciativas muito particulares que ocorriam um pouco à margem do modernismo tal como se ia desenvolvendo. Almada Negreiros Século XX PINTURA Ode a Fernando Pessoa de Almada Negreiros Autorretrato num Grupo de Almada Negreiros ALMADA OU A ALEGRIA DA TOTALIDADE, Almada, 1978 Desenhos de Almada / por David-Mourão Ferreira. - [S.l.: s.n.], 1978 741 NEG ALM VIEIRA, Joaquim Fotobiografias século XX : Almada Negreiros / Joaquim Vieira. - [Portugal]: Temas e Debates. Círculo de Leitores, 2010 75 NEG VIE NEGREIROS, Almada Almada / [programação, organização e selecção de José Sommer Ribeiro, Isabel Guedes com a colaboração de Alice Guerra]. - [Lisboa]: Fundação Calouste Gulbenkian. Centro de Arte Moderna, 1984 929 NEG NEG Século XX PINTURA FERREIRA, António Quadros Painéis das gares marítimas de Lisboa : análise e recepção da modernidade em Almada Negreiros / António Quadros Ferreira. - Porto: Fundação Eng. António de Almeida, 1994 75.01 FER Amadeo de Sousa Cardoso A sua obra, se bem que breve, tornou-se na referência mais importante destas primeiras décadas do nosso século. Amadeu frequentara arquitetura na Academia de Belas-Artes de Lisboa e partira para Paris em 1906. Conhecia dessa estada os animadores do Salão de 1911 mas preferiu marginalizar-se desta e das iniciativas congéneres por considerá-las atrasadas. Em 1911, expõe com Modigliani no seu atelier de Paris. Em 1912 publica XX Dessins e expõe em diversas cidades. O cubismo é assimilado e transposto para as suas obras num reduzido período. Algumas peças cubistas redundarão em total abstração, o que levou José-Augusto França a considerar que Amadeo foi uma das primeiras figuras a chegar à abstração pela via do cubismo. Homem de Amadeo Souza Cardoso Farol de Bretão de Amadeo Souza Cardoso Luxúria do violino de Amadeo Souza Cardoso Século XX PINTURA Em 1914 antecipa as características do purismo, que será internacionalmente teorizado mais tarde. Pintura/retrato de Homem ou A Ponte revelam essa breve aventura purista. O ano de 1914 traz entretanto à obra de Amadeo elementos que contradizem os anteriores: conotações expressionistas que resolvem as formas em “pinceladas longamente estendidas”. Exemplos desta fase estão patentes em Crime, Abismo Azul, Remorso Físico, de 1915, Paisagem Basca e Farol Bretão. Amadeo só deixa o seu isolamento para realizar duas exposições em 1916 (Porto e Lisboa), que provocaram escândalo a par do elogio que Almada lhe dirige. A obra de Amadeo manteve-se desconhecida para o público desde a sua morte precoce até meados da década de 50. Perdeu-se deste modo a que poderia ter sido uma das maiores influências para a pintura portuguesa. O impacto que veio a ter revelou-se demasiado tardio. AMADEU DE SOUSA CARDOSO, Lisboa, 1959 Amadeo de Souza Cardoso : 1887-1918. - Porto: Secretariado Nacional da Informação, 1959 DEP00335 AMADEO DE SOUZA CARDOSO, Lisboa, 1987 Centenário do nascimento de Amadeo de Souza Cardoso : 1887-1987 / [textos de Paulo Ferreira ... et al. ; apresentação de José Sommer Ribeiro]. - Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1987 DEP00327 GONÇALVES, Rui-Mário Amadeo de Souza Cardoso : a ânsia de originalidade / Rui-Mário Gonçalves. - Lisboa: Caminho, [2006] 7 CAR GON CLÁUDIO, Mário, pseud. Amadeo / Mário Cláudio. - 3ª ed. - Lisboa: INCM, 1986 821.134.3-94 CLA Século XX PINTURA Os motivos folclóricos e regionalistas portugueses e a luminosidade do nosso País invadem a pintura dos Delaunay (casal de franceses entretanto instalado em Portugal), recebendo um tratamento inovador que se articulava com uma característica que influenciaria artistas como Amadeo e Viana. Protagonizaram-se o que designou por “orfismo”, movimento que manteve uma simplificação geométrica e uma planificação de volumes trazida pelo cubismo, acrescentando-lhe o vitalismo das cores puras. Nesta época, Almada e Amadeo, juntamente com Santa-Rita deram corpo a uma das mais significativas correntes que Portugal conheceu e justifica tratamento particular. Enquadrado cronologicamente no âmbito do modernismo, o futurismo representa para este movimento uma outra via de desenvolvimento, a mais radical e a mais polémica. O futurismo constitui um discurso à parte no seio do modernismo português, não tendo sido raras as querelas entre artistas ditos modernos e artistas ditos futuristas. Do futurismo começa a falar-se em 1912, numa crónica de Aquilino Ribeiro, mas é só quando SantaRita se proclama futurista, originando uma polémica que vai estender-se até 1917, que o fenómeno começa a ser notado. Afirma ele: “Futurista declarado há só um, que sou eu!” Santa-Rita havia feito uma bem sucedida aprendizagem académica e partira também para Paris como bolseiro. Em 1915 Santa-Rita publica hors-textes na revista Orpheu, que representa um momento fugaz de confluência entre pintura e a literatura mais avançada de Almada, Pessoa e Mário de Sá-Carneiro. As críticas choviam ferozes à atuação dos futuristas e um momento ideal de confronto surge com o lançamento do Manifesto Anti-Dantas, de Almada, publicado em 1915. A figura do escritor e académico Júlio Dantas é erguida em paradigma de toda uma cultura retrógrada, que urge liquidar. O Manifesto teve grande repercussão e constitui uma das peças mais interessantes da polémica futurista. A obra de Santa-Rita Pintor é a mais radical de quantas se produziram na cena artística portuguesa da época. Desconhecida em grande parte, porque destruída pela família ao que parece a seu pedido, são as reproduções do Orpheu e do Portugal Futurista que indiciam as constantes de um humor e uma vontade de fazer tábua-rasa das conceções académicas ou das que as obras dos modernistas refletiam. Por vezes, como o demonstram as reproduções referidas, o futurismo é veiculado mais através dos títulos (Perspectiva Dinâmica de Um Quarto ao Acordar, 1912 ou Compenetração Estática Interior de Uma Cabeça…,1913) do que através de uma fatura da obra que se baseia em pressupostos cubistas. Das escassas obras que hoje existem o relevo vai para uma “Pintura” representando uma cabeça, cubo-futurista pela intenção e pela execução. Século XX PINTURA Cabeça Santa-Rita Pintor Um artista que assume uma das carreiras mais consistentes deste meio é Eduardo Viana. Apesar da coerência da sua obra e da sua aproximação a importantes movimentos e personalidades no âmbito do modernismo, não atingiu qualquer papel decisivo no devir da arte portuguesa. Em Viana será perdurável um reportório figurativo que agradava aos cubistas, desde móveis a objetos de uso doméstico, instrumentos musicais. Trata-se de um dado importantíssimo do cubismo que instaura uma estética do objeto em substituição do tema romântico. Em 1911 participa na Exposição Livre. Os discos cromáticos da obra de pintores como Amadeo, transferem-se para a pintura de Viana sob a forma de outros objetos. No Rapaz das Louças, 1919 ou em As Três Abóboras o facto é notório. O Rapaz das Louças de Eduardo Viana Século XX PINTURA Se anteriormente o modernismo de propósitos humoristas tinha explorado a via das exposições independentes, livres, à margem da Academia ou da SNBA, a década de 20 assiste à incursão modernista neste meio, rendido (embora a custo) à evidência da transformação artística. Eduardo Viana será o artista a organizar em 1925, naquela Sociedade, um Salão de Outono reunindo pintores e arquitetos. Estes salões, instalados numa sociedade tradicional e rompendo com a situação inaugurada na década anterior não constituem momentos fundamentais do modernismo, gerando apenas um rol de equívocos. Paralelamente a estes salões promoveram-se exposições coletivas mais na esteira dos independentes da década anterior. Logo em 1923 reúnem-se “Cinco Independentes” preocupados em afastar-se de qualquer escola ou tendência. São eles: Dórdio Gomes, Diogo de Macedo, Alfredo Miguéis, Francisco Franco e Henrique Franco. Como convidados expuseram Almada, Eduardo Viana e Mily Possoz. Casas de Malakoff de Dórdio Gomes MACEDO, Diogo de Marciano Henriques da Silva / por Diogo de Macedo. - Lisboa: Excelsior, 1951 DEP00316 DIOGO DE MACEDO, Lisboa, 1960 Diogo de Macedo. - S.N.I.. - S/pag. : grav. - O Secretarido Nacional de Informação apresenta a exposição do escultor Diogo de Macedo (1889-1959) patrono dum prémio S.N.I. organizada pela viúva do artista com a assistência e colaboração do Dr. João Couto, dos artistas Abel Manta, Barata Feyo, Bernardo Marques, António Duarte, e dos respectivos Serviços do S.N.I.-Palácio Foz, Lisboa, 1960 DEP00332 Século XX PINTURA As propostas cubistas iniciais teriam paralelo num outro pintor que realizou em 1926 a sua primeira e única exposição individual: Abel Manta. É de 1917 a sua tela mais importante pelas propostas cubistas visivelmente trabalhadas no jogo de planos e na solução espacial: Jogo de Damas. Uma outra peça, ainda anterior à obra As Maçãs, 1925 traduzia já a atração pelo cubismo, no tratamento dos frutos e nos panejamentos da figura feminina, sentada à mesa. Continuará a trabalhar interessando-se sobretudo pelos enquadramentos e ângulos de visão das paisagens que escolhe. Neste âmbito é obrigatório observar uma obra de 1946: Largo Camões. As Maças de Abel Manta Largo Camões de Abel Manta As Maçãs de Abel Manta DESENHOS DE ABEL MANTA, Guarda, 1992 Desenhos de Abel Manta / Museu da Guarda. - Guarda: Museu da Guarda, 1992 7 MAN DES António Soares , tal como os dois últimos, participara nos salões humoristas dos anos 10. Ao contrário deles, não tinha formação académica e na sua obra deixa aperceber o trabalho de publicitário e ilustrador. Expõe nos I e II Salões de Outono. Das suas obras destaca-se um poderoso retrato de mulher – Natacha – que articula duas facetas trabalhadas habitualmente em separado: um certo ar grosseiro e um certo requinte. A mistura fez o êxito do quadro. Natasha de António Soares Século XX PINTURA Stuart Carvalhais recusou, por vezes, o requinte e a elegância gratuitas em favor de um desenho humorístico atravessado pelas alusões eróticas, brejeiras e populares. Foi talvez o que mais desenhou e algumas peças, feitas apressadamente, ressentem-se disso. Realizou diversas obras a pastel, trabalhando um colorido delicado. Jorge Barradas participara nos salões de 1913, 1915, nos de 1920 e 1924. Produziu registos da Lisboa da época tratados em elegâncias, humores, populismos ou cosmopolitismos possíveis. Bernardo Marques foi talvez o mais prolífero de quantos trabalharam na ilustração, na publicidade, nos cartazes, e na pintura ou desenho, e o que mais terá desenvolvido uma capacidade de observação sociologicamente significativa. Mily Possoz tivera o seu tempo parisiense, ao lado de Eduardo Viana, ocupando-se de Portugal na ilustração e em trabalhos de pintura originais, nos quais desenvolve um sentido orgânico e vital que deforma os objetos, recurso que já foi entendido como “animismo” e não expressionismo. Francisco Smith ficará como o pintor de Lisboa que pinta logo na sua fase parisiense, num assomo de lembrança e saudade, e que não mais deixará de povoar as suas obras. CARVALHIAS, Stuart Stuart e os seus bonecos / prefácio de Aquilino Ribeiro. - Lisboa: SPECIL [distrib.], [1962] 741.5 CAR STU RODRIGUES, António Jorge Barradas / António Rodrigues. - Lisboa: INCM, [1995] 929 BAR ROD Bernardo Marques Bernardo Marques / estudo crítico de Sellés Paes. - Lisboa: Empresa Nacional de Publicidade, 1979 744 MAR BER RUIVO, Marina Bairrão Bernardo Marques : 1898-1962 / Marina Bairrão Ruivo. - Lisboa: Presença, 1993 744 MAR RUI Século XX PINTURA TEIXEIRA, Luís Lisboa / Luis Teixeira ; desenhos de Bernardo Marques. - Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, 1955. - 29 p. : grav. - Fundo Irisalva Moita DEP00333 Evocação de Lisboa ou varinas De Francisco Smith Os anos 20 confirmam, em grande parte, aquilo que a década anterior já anunciara: a dificuldade de imposição dos artistas mais “originais” que esbarravam contra a incompreensão generalizada, não encontrando solicitações por parte de um gosto anquilosado em preconceitos estéticos passadistas. Entre os periódicos que absorvem a mão-de-obra modernista salientam-se, logo em 1921, a Ilustração Portuguesa, vinda de outra situação cultural mas que se abre aos artistas “novos” sob a direção de uma figura que determinará parte das regras do jogo dos tempos que estavam para vir: António Ferro. De 1922 a 1926 surge uma outra revista, orientada por José Pacheko, que cativava os modernistas: Contemporânea. Almada desenhou para ela numerosas capas. De 1924 a 1925 publicou-se Athena sob a direção de Fernando Pessoa e Ruy Vaz. Domingo Ilustrado, Europa, Magazine Bertrand, Diário de Lisboa, entre outras, significaram outras tantas oportunidades de trabalho para os modernistas. Para lá dos nomes citados anteriormente surgiram os de Roberto Nobre, Tagarro, Lino António e Sarah Afonso. Paralelamente à ilustração abria-se a possibilidade da decoração de estabelecimentos públicos. A Brasileira do Chiado e o Bristol Club, respetivamente em 1925 e 1925-1926, fazem importantes encomendas aos artistas modernistas que as aproveitam da melhor maneira. Século XX PINTURA Os anos 30 assistem a uma apropriação do modernismo pelo gosto oficial através da ação concertada de António Ferro, jornalista e ensaísta que tinha estado ligado ao Orpheu e será um ideólogo do regime para as questões artísticas. O Secretariado de Propaganda Nacional foi criado em 1933. Por razões óbvias, o protecionismo artístico do Estado dirigiu-se aqueles que constituíam a segunda geração de modernos. Seriam visados por aquela política os artistas que revelassem “inquietação” e “pesquisa” mas preconizavase desde logo a instauração de limites, os definidos por um “indispensável equilíbrio”. A restrição é suficientemente expressiva dos intuitos. Dirigia-se a uma arte conformista, de fórmulas suaves para agradar ao gosto conservador, amante ainda de naturalismos tardios. Os modos de atuação do SPN baseavam-se na realização de salões de pintura, entre outros. Apenas o de Arte Moderna se manteve anualmente até 1951 na instituição de prémios, na escolha de artistas para representar Portugal em certames estrangeiros. Os prémios instituídos logo em 1935 (altura da I Exposição de Arte Moderna do SPN) tinham como patronos Columbano e Amadeo de Sousa Cardoso, o primeiro reservado a um artista consagrado e o segundo a um artista revelação. Nos anos subsequentes criaram-se mais prémios. Em 1945 o organismo muda a sua designação para SNI – Secretariado Nacional da Informação. O próprio António Ferro será forçado a abandonar o organismo, no momento do endurecimento mais reacionário do Estado Novo. Esta época foi considerada por António Ferro a idade de ouro da escultura portuguesa. Afirmação talvez demasiado engrandecedora para uma arte que se limitava quase à ilustração dos feitos dos portugueses, desistindo de criações com outro espírito e outro fôlego. Voltamos a Almada Negreiros, regressado de Madrid em 1932, não se manteve completamente afastado dos salões oficiais tendo sido mesmo premiado. Produz então uma sérea de guaches, óleos e dois painéis murais, que marcam um momento importantíssimo da história da arte portuguesa. Entre as obras produzidas importa observar Duplo Retrato, Maternidade, A Sesta, Homenagem a Luca Signorelli e Interior. Datam desta época as primeiras encomendas públicas de Almada: vitrais para a Igreja da Nossa Senhora de Fátima, em Lisboa; painéis a fresco para a sede do Diário de Notícias, Lisboa; decorações a fresco para as gares marítimas de Alcântara e da Rocha de Conde de Óbidos. Os dois trípticos da gare marítima de Alcântara de Almada Negreiros Século XX PINTURA O Salão dos Independentes de 1930 consagrava as gerações modernistas mas até José Régio prenunciava a institucionalização do modernismo e previa o retorno da arte a limites que se tinham combatido, o que aconteceu como verificámos, ao longo dos anos 30. Em todo o caso o Salão revelou um número de artistas fundamental. Júlio Reis Pereira fez estudos de engenharia e nunca seguiu formação académica na área da pintura. A sua obra iniciou-se e permaneceu sob o signo da marginalização. A sua figuração é de cunho expressionista, pontuada por elementos do visionário, do maravilhoso, do religioso popular, abstraindo-se da temática leve do modernismo. Em A Estrela é notória a mundividência de Júlio. Mário Eloy viu a sua obra determinada, por estadas que fez na Alemanha e onde se deixou envolver pela arte expressionista. Duas das suas obras mais conhecidas são um Auto-retrato, 1932 e um Nú do mesmo ano. VASCONCELOS, Helena Mário Eloy : o «astro» do desassossego / Helena Vasconcelos. - Lisboa: Caminho. - Paço de Arcos: Edimpresa, [2005] 75 ELO VAS Auto-retrato de Mário Eloy Lisboa e o Tejo de Carlos Botelho Carlos Botelho dedica-se a pintar Lisboa. O período mais original da sua carreira terá sido o dos anos 30, em que a poética das suas obras se exercia em contraponto, tal como as anteriores, a um modernismo absorvido pelo poder, reunindo os que foram chamados pintores da “ordem”. Século XX PINTURA CARLOS BOTELHO, Lisboa, 1947 Carlos Botelho : 1899. - Lisboa: Ática, 1947. - 15 p. : grav. - (Hifen). - Fundo Irisalva Moita Botelho, Carlos, Pintor, 1899-1982 / Pintores portugueses / Carlos Botelho, Lisboa, 1947 / DEP00330 CARLOS BOTELHO, Lisboa, 1994 Carlos Botelho : os anos diferentes. - Lisboa: Horizonte, 1994 75 BOT CAR ECOS DA SEMANA, Lisboa, 1989 Ecos da semana, de Botelho : 1928 - 1950 / apresentado por José-Augusto França. - Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. Centro de Arte Moderna, 1989 741.5 BOT ECO CARLOS BOTELHO, Lisboa, 1959 Exposição retrospectiva do pintor Carlos Botelho sobre motivos de Lisboa / Câmara Municipal de Lisboa. - Lisboa: [s.n.], imp. 1959 DEP00329 Sarah Afonso evoca um mundo de feminilidades, entre os temas de maternidades e as execuções em bordados, decorativas, ingénuas, de sabor popular, convocando motivos folclóricos portugueses, com um colorido muito próprio. Não tem paralelo na pintura portuguesa de então. NEGREIROS, Maria José de Almada Sarah Affonso / Maria José de Almada Negreiros. - [Lisboa]: INCM, imp. 1989 75 AFF SAR José Tagarro é um ilustrador como tantos outros, sem no entanto ceder ao humorismo e à mundaneidade, privilegiou sempre o desenho, opção visível num Auto-retrato de 1929. A sua carreira definiu um pintor que recusou as soluções de facilidade que agradariam ao público. Século XX PINTURA Alvarez, pintor portuense de ascendência galega, fez a sua aprendizagem na escola portuense, onde se formou com 20 valores. Toda a sua obra surgiu como um sinal contestatário no seio do modernismo. Taberna, Enterro Pobre, Casa das Violas mais do que documentar, exprimem um estado de alma e de vida. Enterro de Alvarez Retrato de Matilde de Sarah Afonso Mas nem só de práticas associadas ao expressionismo se fazia o quotidiano artístico mais interessante destes anos 30. António Pedro surgiu como uma lufada de ar fresco no panorama dos salões habituais. Em 1940, juntamente com António Dacosta, protagonizaria o momento mais revolucionário do final de uma década que marcará o contraponto de uma estética domesticada pelo regime, regime esse tentando nesse preciso momento a sua manifestação apoteótica. O final dos anos 40 e o início dos anos 50 foram vivos de polémica responsável, profunda, assumida, gerando um espaço crítico que, esse, podendo ser mais cientificamente verificável, testemunha um inequívoco progresso cultural. As tendências – surrealismo, neorrealismo, abstracionismo – catalisam os artistas que trabalham nessa época e invocam uma atitude estética e um enquadramento teórico próprios e não transmissíveis. – “em princípios éticos e poéticos” como afirma Rui Mário Gonçalves. Como já referimos, a saída do SNI de António Ferro teve consequências nefastas, mas o fim de tal paternalismo coincidiu com um maior empenho dos artistas, com um aumento de exposições coletivas, com uma maior consciência, revelada em diversos periódicos da época e com novas relações com a sociedade envolvente, nos planos político ou meramente cultural. As Bienais de Arte começam a receber artistas portugueses. Em 1953 a II Bienal de S. Paulo recebe obras de pintores do modernismo, de Júlio Resende, Júlio Pomar, António Pedro, Augusto Gomes, Fernando Azevedo, Fernando Lanhas, Lima de Freitas, Eduardo Luís, entre muitos outros. ALMEIDA, Bernardo Pinto de A última obra do pintor / um conto de Bernardo Pinto de Almeida ; inspirado na obra de Fernando Lanhas. - Lisboa: Quetzal, [2002] 75 LAN ALM Século XX PINTURA Na ESBAP surge nestes anos 40 um movimento dos contornos amplos e que congrega várias correntes que terão o seu desenvolvimento posterior em caminhos separados. É o grupo dos “Independentes”, designação recorrente na história da arte portuguesa. O primeiro movimento a perturbar decisivamente a ordem estabelecida pelo modernismo foi o neorrealismo. É neste movimento que mais se evidenciam os valores ideológicos e políticos que a arte deste meio século reflete. O neorrealismo tentou apoiar-se em vias exploradas na arte portuguesa por Abel Salazar. O Neorrealismo pretendeu erguer em movimento uma forma de arte que não se limitasse à expressão de uma alma individual, mas que exprimisse uma alma coletiva. No plano nacional os neorrealistas revalorizaram obras de artistas anteriores, como é o caso de Abel Salazar. Sua presença em prol de um humanismo democrático pesou sem dúvida na consideração que lhe dedicara. A sua pintura tratou temas do trabalho imortalizando figuras femininas em duras tarefas. Descarga, Carrejonas, Carvoeiras, Enchendo Sacos, Trapeiras são algumas das obras do pintor. Quadro de Abel Salazar SALAZAR, Abel Obras de Abel Salazar : antologia / ed. de Norberto Ferreira da Cunha. - Porto: Lello, 1999 7.01 SAL Século XX PINTURA ABEL SALAZAR, Lisboa, 1974 Abel Salazar. - Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1974. - S/pag. : grav. - Fundo Irisalva Moita 73/76 SAL ABE SALAZAR, Abel Paris em 1934 / Abel Salazar. - 2ª ed. - Coimbra: Nobel, imp. 1943. - 358 p. - Fundo Irisalva Moita Salazar, Abel DEP00328 Uma série de periódicos fazia a apologia destes artistas e de tudo o que implicasse formas de arte interventiva na sociedade. Entre elas destaca-se A Tarde, 1945. então dirigida por Júlio Pomar. Surgiram outros periódicos como Mundo Literário, Seara Nova, O Diabo, Vértice, entre outras. Outros pintores que interessa assinalar, Rui Pimentel pinta Ceifeira, 1945. Vespeira pinta no mesmo ano de 1945 Apertado pela Fome. É ainda neste ano de 1945 que tem lugar uma importante exposição individual de Manuel Filipe, aludindo e denunciando injustiças e problemas de caráter social. A título de exemplo observe-se uma das suas obras em que é patente a crítica e uma certa violência política: Trilogia Deus-Pátria-Família. No ano seguinte será de novo o Porto a protagonizar os acontecimentos com a Exposição da Primavera, realizada no Ateneu Comercial daquela cidade, em que participaram jovens artistas: Pomar, Manuel Filipe, Moniz Pereira, Arco, Jorge de Oliveira e artistas consagrados como Abel Salazar, Augusto Gomes e Guilherme Camarinha. Mas o veículo fundamental de divulgação da corrente haveria de surgir em Lisboa com as Exposições Gerais de Artes Plásticas, realizadas em 1946. Júlio Pomar é o nome incontornável do movimento. Foi o autor de um mural, 1946, destinado ao cinema Batalha, no Porto, que causou escândalo, sendo destruído no seguimento de forte polémica. Aí se evidenciavam elementos básicos da iconografia neorrealista. De 1947 datam duas obras na mesma linha: Farrapeira e Almoço do Trolha. Século XX PINTURA Almoço do Trolha de Júlio Pomar Maria da Fonte, 1957 espelha a evolução do pintor, que em breve abordaria problemas abstratos. A RAZÃO DAS COISAS, Loures, 2009 A razão das coisas / Júlio Pomar; [obra fotográfica de] Gérard Castello-Lopes, José M. Rodrigues. Loures: Câmara Municipal de Loures. Galeria Municipal Vieira da Silva, 2009 73/76 POM RAZ CLÁUDIO, Mário, pseud. Júlio Pomar : um álbum de bichos / Mário Cláudio. - Lisboa: Caminho, [2007]. - 27 p. : il. - (Caminhos da arte portuguesa no século XX 75 POM CLA DIONÍSIO, Mário Pomar / Mário Dionísio. - Mem Martins: Europa-América, cop. 1990 75 POM DIO Júlio Pomar Júlio Pomar : les mots de la peinture / project et coord. de Marcel Paquet. - [S.l.]: La Différence, 1991 75 POM JUL TAMEN, Pedro Caracóis / Pedro Tamen ; [azulejos de] Júlio Pomar. - Lisboa: Quetzal, 1993 75 POM TAM Século XX PINTURA DIONÍSIO, Mário Pomar XVI desenhos / com um texto de Mário Dionísio. - [Portugal]: Mário Dionísio, imp. 1948 DEP00314 JÚLIO POMAR, Lisboa, 1978 Júlio Pomar : pintura, escultura, desenho [e] gravura. - Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1978. - S/ pag. : grav. - Exposição em Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1978. - Fundo Irisalva Moita 75 POM JUL POMAR-BRASIL, Rio de Janeiro, 1988 Pomar, Brasil / [organização do catálogo Alexandre Pomar ; colaboração de Sophie Ederlin]. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. Centro de Arte Moderna, 1990. 75 POM POM SOUSA, Ernesto de Júlio Pomar / por Ernesto de Sousa. - Lisboa: Artis, imp. 1960 DEP00273 Vespeira que se notabilizaria como surrealista, realizou, em início de carreira, uma obra paradigmática do neorrealismo: Apertado pela Fome, 1945. Apertado pela fome de Vespeira Rogério Ribeiro produziu nos anos 50 peças conotadas com o movimento, embora ostentando já um trabalho pictórico mais livre. A tela Mulheres de Pescadores é bem representativa desse propósito. O Surrealismo surge em Portugal na década de 40, evidenciando um desenvolvimento pouco pacífico, cruzando polémicas acesas, desistências e formações de grupos. Século XX PINTURA António Pedro já era um poeta conhecido que tinha dado provas da sua intervenção no campo das artes plásticas quando cerca de 1935 orientara a Galeria UP. Sabat é uma obra que evidencia alguns elementos fundamentais da obra do pintor. De 1940 datam obras como A Ilha do Cão, Intervenção Romântica, Paz Inquieta, que mostram alguns motivos constantes da sua pintura. Em 1946 o pintor realiza o óleo Rapto na Paisagem Povoada, que é uma espécie de testamento da sua obra plástica. Sabat de António Pedro António Dacosta, pintor que integrou a exposição paralela à do Mundo Português – apresentou obras angustiantes, transmitindo uma solidão desoladora, com alusões à guerra. Antítese da Calma, 1940 é uma dessas obras. Durante os anos 40, surgem paralelamente a estas obsessões e à presença da guerra, imagens e lembranças da infância transpostas para um espaço metafísico, insólito, de silêncio e atmosfera sufocante, sepulcral. Um cão e outras coisas, 1941 é exemplo disso. Melancolia é outro exemplo. DACOSTA, António António Dacosta / textos de António Tabucchi, Remo Guidieri, Alexandre Melo ; coordenação de Miriam Rewald Dacosta. - Lisboa: Quetzal, [1995]. - 198 p. : il.. - ISBN 972-564-245-7 75 DAC DAC Melancolia de António Dacosta Século XX PINTURA GONÇALVES, Rui Mário António Dacosta / Rui Mário Gonçalves. - Lisboa: INCM, imp. 1984 75 DAC GON Cândido Costa Pinto é outra das figuras que andou ligada, episodicamente, ao surrealismo. Dedicou-se à atividade publicitária, à caricatura, à pintura mural, que lhe terão permitido algumas soluções que explicam o êxito da sua pintura. O autor foi expulso do Grupo Surrealista de Lisboa por ter participado paralelamente num salão organizado pelo SNI, acabando por desenvolver a sua obra à margem do grupo instituído. Uma das suas obras importantes Aurora Hiante, 1942. Fernando Azevedo, Eurico Gonçalves são também pintores do surrealismo. Nomes como Cruzeiro Seixas, António Areal, Carlos Calvet da Costa e Jorge de Oliveira são alguns dos nomes, na altura jovens, que viriam a explorar trabalhos de referência surrealistas ao longo das décadas seguintes, evoluindo embora para correntes diversas. Nadir Afonso também arquiteto e pintor e igualmente animador das exposições dos Independentes da ESBAP (altura em que se aproximava do surrealismo) teve diversas fases na sua carreira, enveredando pelo Abstracionismo geométrico já nos anos 50. A obra Paisagem Irisada, documenta a transição. AFONSO, Nadir O sentido da arte / Nadir Afonso. - Lisboa: Horizonte, cop. 1999. - 119 p.. - A Biblioteca dispõe de 2 exemplares.. - ISBN 972-24-1054-7 7.01 AFO NADIR AFONSO, Cascais, 2003 Nadir Afonso : o fascínio das cidades. - Cascais: Câmara Municipal de Cascais, 2003 75 NAD NAD AFONSO, Nadir Nadir Afonso. - Lisboa: Bertrand, 1986. - 114 p : il. - (Arte contemporânea). - CONSULTA LOCAL. 75 AFO AFO AFONSO, Nadir Da vida à obra de Nadir Afonso. - Venda Nova: Bertrand, 1990 929 AFO AFO Século XX PINTURA O entendimento da pintura abstrata foi moroso. Em 1954, José-Augusto França organizou o I Salão de Arte Abstrata. Neste expunham Lanhas, Jorge de Oliveira, Joaquim Rodrigo, Vespeira, Bual, Cargaleiro, Bertholo (estes três últimos ainda muito novos). Alguns eventos artísticos dos anos 50 devem ser postos em destaque pela importância que tiveram na revelação ou na revalorização de certos nomes. O Salão da Jovem Pintura, Salão dos Novíssimos e outros. Outro acontecimento marcante desta época foi a exposição de Vieira da Silva, que divulgou a obra da artista cuja primeira exposição tivera lugar 20 anos antes. A pintora naturalizada francesa, desenvolvia a sua obra no âmbito de jogos de perspetivas infinitas, jogos de reflexos e manifestações de um espaço ambíguo, cuja raiz tem sido atribuída à observação e ao estudo atento da azulejaria portuguesa. VIEIRA DA SILVA - OBRA GRAVADA, Loures, 2009 Vieira da Silva : obra gravada / [texto de Marina Bairrão Ruivo ; Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva]. - Loures: Câmara Municipal de Loures, 2008. - 71 p. : il.. - Catálogo da exposição patente ao público na Galeria Municipal Vieira da Silva em Loures CONSULTA LOCAL 75/76 SIL VIE SOLIER, René de Vieira da Silva : douze hors-texte / par René de Solier. - 53 p. - (Le musée de poche / Jean-Clarence Lambert). - Fundo Irisalva Moita 75 SIL SOL ROSENTHAL, Gisela Vieira da Silva 1908-1992 : à procura do espaço desconhecido / Gisela Rosenthal. - Köln: Taschen, cop. 1998 75 SIL ROS OLIVEIRA, Mário de 3 ensaios : Vieira da Silva e sua pintura / Mário de Oliveira. - Braga: Pax, 1972. - 59 p. - (Colecção Metrópole e Ultramar; 73) 75 SIL OLI EXPOSIÇÃO VIEIRA DA SILVA, Lisboa, 1954 Exposição das principais peças da colecção Vieira da Silva / por Almeida Garrett ; prefácio e notas de Agostinho da Silva. - Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, 1954. - 23 p. - Fundo Irisalva Moita DEP00319 Século XX PINTURA Na passagem dos anos 50 para os anos 60, várias figuras como Júlio Resende, Júlio Pomar, entre outros, mantiveram-se numa fronteira entre a figuração e a abstração. Júlio Resende tivera uma experiência próxima do neorrealismo no início da sua carreira, mas as viagens e os estudos efetuados em vários países, como bolseiro, determinaram uma evolução diferente. No regresso a Portugal, no início dos anos 50, a sua obra conhecerá dois ciclos de renovação figurativa condicionados pelos locais onde era realizada: o Alentejo. Homem e touro,1958 de Júlio Resende Posteriormente a sua obra assiste ao regresso da figura em composições e esquemas de grande liberdade influenciadas por viagens entretanto efetuadas ao Brasil. Resende Resende / [Rui Mário Gonçalves, Maria João Fernandes]. - Porto: Galeria Fernando Santos, 1995 DEP00339 AGUARELAS DE JÚLIO RESENDE, Lisboa, 1978 Aguarelas de Júlio Resende / [Mário Dionísio]. - Lisboa: Galeria S. Mamede, 1978 DEP00279 Século XX PINTURA Retomando Júlio Pomar, o pintor evoluía de considerações neorrealistas para séries de obras em que o trabalho da pincelada, gestual, se sobrepõe à consideração do conteúdo. Ajudado pela escolha de motivos que contribuíram naturalmente para uma fragmentação da superfície, a figuração acabará por dissolver-se: Lota, 1958, Cenas de Praia, 1959, Tauromaquias, 1960-64. Cenas de Praia de Júlio Pomar José Júlio aproximou-se de situações não figurativas, levando ao extremo um certo cariz expressionista, tendo partido da exploração cromática e lumínica de valores paisagísticos. Pertencem ainda a este núcleo nomes como os de Eduardo Luís, Sousa Felgueiras, António Quadros, Luís Demée, Francisco Relógio e Espiga Pinto. Um outro conjunto de artistas permaneceu num terreno mais definido em que a figuração nunca se desvaneceu. É o caso de João Hogan e Sá Nogueira. Na senda das experiências anteriores, de cariz surrealista ou abstracionista, evoluiu-se para um informalismo, enquanto os de linhagem neorrealista evoluem para situações figurativas diversificadas. No plano institucional, a recente criação da Fundação Calouste Gulbenkian (1956) representou um acréscimo do impulso da atividade artística, colmatando falhas graves do âmbito governativo. Uma política continuada de bolsas ofereceu oportunidades interessantes aos artistas recém-formados originando um êxodo de artistas que maioritariamente se distribuíam entre a Alemanha e Paris. A partir de 60 a Fundação passa ainda a atribuir Prémios de Crítica de Arte. Mas nem só as bolsas contribuíram para a saída de artistas. Muitos emigraram ao longo dos anos 60 por razões políticas nomeadamente as relacionadas com a guerra colonial. São numerosos os sinais de uma nova situação artística. Século XX PINTURA Rui Mário Gonçalves introduziu o termo neofigurativo ou nova figuração para entender a produção de artistas como Joaquim Rodrigo ou Paula Rego. Outros artistas houve, como Eurico Gonçalves que reclamaram essa designação e uma parte substancial da produção artística de então pôde encontrar abrigo naquele conceito. Joaquim Rodrigo tivera início de carreira integrado no abstracionismo geométrico. O novo vocabulário instaurado comentava fatos políticos dos anos 60 ou episódios da vida do pintor ou que simplesmente o tivessem impressionado e recordações de viagens. Obras exemplificativas serão Santa Maria, 1961, Kultur-1962, África do mesmo ano. Kultur – 1962 de Joaquim Rodrigo Esta corrente procurava tirar um partido pictórico das novas condições de uma cultura popular inventada pelas revistas, pela banda desenhada, pela publicidade, pela televisão, pelo cinema e até pelo rock’n roll. A pop art sublinhava um momento civilizacional definido, invasão da imagem, de cariz consumista, pelo objeto industrial massificado, e fazia dessa proliferação o núcleo de uma nova iconografia. Paula Rego é outro nome fundamental na imposição de novas figurações na pintura, embora descenda de uma linhagem oposta à de Rodrigo. As suas primeiras experiências conotavam-se com o surrealismo e o expressionismo. Em todas as fases do trabalho da pintora é notório o recurso a imagens variadíssimas, oriundas de recordações, de obsessões, que surgem numa forma naturalista ou asbtrata sendo canalizadas em processos aparentados aos da psicanálise. Certas obras suas referiram acontecimentos de repercussão internacional: Cães vadios ou Manifesto por uma Causa Perdida, ambos de 1965; Mártires, 1967. A sua carreira foi progredindo numa apropriação de memórias da infância, um universo muito íntimo caraterizado por momento de erotismo, crueldade, humor, servido por recursos a uma figuração barroquizante e expressiva, momentaneamente feia e repelente. Século XX PINTURA Mártires De Paula Rego LUÍS, Agustina Bessa As meninas / pinturas [de] Paula Rego ; texto [de] Agustina Bessa-Luís. - 2ª ed. - Lisboa: Guerra e Paz, 2008 75 REG LUI ROSENGARTEN, Ruth Paula Rego e O crime do Padre Amaro / Ruth Rosengarten. - Lisboa: Quetzal, 1999 75 REG ROS ALMEIDA, Bernardo Pinto de Paula Rego ou A comédia humana / Bernardo Pinto de Almeida. - Lisboa: Caminho, [2005] 75 REG ALM BRADLEY, Fiona Paula Rego / Fiona Bradley. - Lisboa: Quetzal. - Bertrand, cop. 2002 75 REG BRA Século XX PINTURA Certos pintores figurativos sentiram-se também atraídos por esta corrente. É o caso de Sá Nogueira, Carlos Calvet e António Palolo. Uma via neo-figuração foi adotada por outros pintores, como é o caso de Eurico Gonçalves e António Sena. Uma outra abordagem artística que ficou conhecida como pinturas-objeto teve os seus seguidores. Os representantes desta via da arte portuguesa serão os elementos que formaram em Paris um grupo – KWY: René Bertholo, Lourdes Castro, Gonçalo Duarte, Costa Pinheiro, José Escada e João Vieira. É ainda de referir a Op Art, uma nova corrente que recuperava imagens recortadas de revistas e espelhos, em jogos estéticos inéditos, de sobreposição, que confunde planos e a correspondente perceção espacial. Noronha da Costa e Eduardo Nery são dois nomes desta corrente. Noronha da Costa Noronha da Costa. - [Lisboa]: INCM, 1982 75.05 NOR SAPORITI, Teresa Azulejaria de Eduardo Nery = = Decorative tiles of Eduardo Nery / Teresa Saporiti. - Lisboa: [s.n.], [2000] 738.8 SAP EDUARDO NERY, Lisboa,, 1987 Eduardo Nery : a verdade da ilusão. - Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. Centro de Arte Moderna, 1987 77 NER EDU Século XX PINTURA A década de 70 assinalou ainda maior variação de tendências do que a década anterior e toda a arte caminhará para essa diversificação, assente em percursos expressivamente assumidos, mas muitas vezes reduzidos à sua definição, colocada como uma etiqueta. O abandono dos instrumentos tradicionais marca uma atitude nova: não se trata de assinar tendências figurativas ou não figurativas, mas de modificar a atitude perante os materiais. As técnicas experimentais tornam-se decisivas nos resultados obtidos. Os meados dos anos 70 e a revolução de Abril de 1974 podem ter representado uma revisão das relações entre o público e os artistas. Proliferaram por todo o País grupos de artistas propondo manifestações de rua em que a arte ocorria perante o público e performances, de idêntico processo, sobrevalorizando a ideia, o projeto e a atitude face ao resultado artístico que era necessariamente efémero. Alguns grupos trabalharam nesta área: Acre (formado por Alfredo Queiroz Ribeiro, Clara Meneres e Lima Carvalho); 5+1 (formado por: Hogan, Parente, Sérgio Pombo, Júlio Pereira, Teresa Magalhães e Virgílio Domimgues); Puzle (constituído por: João Dixo, Carlos Carreiro, Albuquerque Mendes, Dario Alves, Armando Azevedo, Graça Morais, Jaime Silva, Pedro Rocha e Pinto Coelho). A prática dos murais foi também intensificada e alguns momentos altos terão sido os murais executados em Belém e em Viseu. Algumas exposições coletivas, criteriosamente organizadas, procuravam impor a ideia de que as transformações por que o País passava, tinha um contraponto radical na arte. A produção realizada nos anos 70 foi em grande parte dominada pelo conceptualismo, de que a exposição Alternativa Zero se pretendeu ponto de reflexão. A arte conceptual procurou reter da manifestação artística apenas o conceito, qualquer que fosse o modo de operar para o evidenciar, materializando-o, coisificando-o. Eduardo Batarda Graça Morais Século XX PINTURA É em parte esta postura que determina uma variedade de propostas feitas por artistas nascidos à roda dos anos 40 ou de meados de 50 a início de 60, definindo estes a produção mais recente. Entre os primeiros refiram-se: Joaquim Bravo, Álvaro Lapa, José Guimarães, Eduardo Batarda, Pedro Chorão, Carlos Carreiro, Jaime Silva, Sérgio Pombo, Maria José Aguiar, Graça Morais, Fernando Calhau, Julião Sarmento, Leonel Moura, Vitor Pomar; entre os últimos: Pires Vieira, Cerveira Pinto, Manuel Rosa, Pedro Calapez, Rui Sanches, Amaral da Cunha, Ilda David, Pedro Cabrita Reis, José Pedro Croft, Xana, Pedro Casqueiro, Ana Vidigal, Pedro Proença e Pedro Portugal. Ana Vidigal Julião Sarmento MORAIS, Graça As escolhidas / Graça Morais ; [apres. de Manuel Hermínio Monteiro]. - Lisboa: Assírio & Alvim, 1997 75 MOR MOR FERREIRA, António Mega Graça Morais : linhas da terra / António Mega Ferreira. - [Lisboa]: INCM, 1985 75 MOR FER MOURA, Vasco Graça, e outro Graça Morais / Vasco Graça Moura, Sílvia Chicó. - [Lisboa]: Quetzal, imp. 1998 75 MOR MOU Século XX PINTURA MORAIS, Graça Terra quente : o fim do milenio. as quatro estações do ano (Agosto de 1999 - Agosto de 2000) / Graça Morais ; texto de António Carlos Carvalho; fotografias de Roberto Santandreu. - [Lisboa]: Gótica, imp. 2000 75 MOR MOR MORAIS, Graça Graça Morais : uma geografia da alma. - S. Mamede do Coronado: Bial, cop. 2005 75 MOR MOR CONTRA A CLARIDADE, Lisboa, 1994 Contra a claridade : Pedro Cabrita Reis / [org. de] Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão [da] Fundação Calouste Gulbenkian. - Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, 1994 73/76 REI CON REIS, Pedro Cabrita Pedro Cabrita Reis / [tradução de David Prescott]. - Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. Centro de Arte Moderna, 1992 730 REI REI PROENÇA, Pedro Pedro Proença : os paraísos dissimulantes / Pedro Proença. - Lisboa: Caminho, 2006 75 PRO PRO SÉRGIO POMBO, Lisboa,, 2001 Sérgio Pombo. - Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001 75 POM SER Sónia e Robert Delaunay em Portugal Sónia e Robert Delaunay em Portugal : e os seus amigos Eduardo Vianna, Amadeo de SouzaCardoso, José Pacheco, Almada Negreiros. - Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1972 DEP00344 Século XX PINTURA Um olhar sobre artistas portugueses no limiar do terceiro milénio Um olhar sobre artistas portugueses no limiar do terceiro milénio / fotografias de Cyril Bailleul. Lisboa: Instituto de Arte Contemporânea, [2000] 7 A/Z OLH SALAZAR, Abel Que é arte? / Abel Salazar ; prefácio de António Pedro Pita. - Porto: Campo das Letras, 2003 7.01 SAL FRANÇA, José Augusto A arte em Portugal no século XX : 1911-1961 / José-Augusto França. - 4ª ed. - Lisboa: Livros Horizonte, 2009 7.03 FRA PEREIRA, Paulo Arte portuguesa / Paulo Pereira. - [Portugal]: Temas e Debates, 2011 7.03(469) PER FRANÇA, José Augusto O modernismo na arte portuguesa / José-Augusto França. - 2ª ed. - Lisboa: Ministério da Educação. Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, 1983 7.036(469) FRA TCHEN, Adelaide Ginga A aventura surrealista . o movimento em Portugal : do casulo à transfiguração / Adelaide Ginga Tchen. - Lisboa: Colibri, 2001 7.037(469) TCH Século XX PINTURA FRANÇA, José Augusto, e outros José de Guimarães na arte portuguesa dos anos 90 = = José de Guimarães in the portuguese art of the 90's / José-Augusto França... [et al.]. - Porto: Afrontamento, [1998] 75 GUI FRA FRANÇA, José-Augusto A arte e a sociedade portuguesa no século XX : 1910-1990 / José-Augusto França. - 3ª ed. actualizada. - Lisboa: Livros Horizonte, 1991 DEP00322 A cor de Lisboa A cor de Lisboa. - Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, 1993 DEP00341 FRANÇA, José Augusto Pintura portuguesa abstracta : em 1960 / José-Augusto França. - Lisboa: Artis, 1960? DEP00235 SOUSA, Ernesto de A pintura portuguesa neo-realista : 1943-1953 / Ernesto de Sousa. – Lisboa: Artis, imp. 1965. folhas soltas : grav. - (Arte contemporânea. 15). - Fundo Irisalva Moita DEP00324 FRANÇA, José Augusto A pintura surrealista em Portugal / José-Augusto França. – Lisboa: Artis, imp. 1951. - folhas soltas : grav. - (Arte contemporânea. 16). - Fundo Irisalva Moita DEP00323 Teatro Século XX TEATRO O núcleo duro do teatro português do século XX situa-se no realismo de temática social. Os primeiros anos deste século são muitos ricos em produção literária. É de 1909, a primeira peça de António Patrício, de 1912, as primeiras obras teatrais de Almada Negreiros, em 1913, o único drama completo de Fernando Pessoa. O grande sinal de modernidade começa a afirmar-se, precisamente, quase na viragem do século com Raul Brandão, cuja primeira peça “profissional” data de 1899. A cena e a dramaturgia portuguesa são no início do século dominados por autores prolixos e interessantes, que prolongam as grandes linhas estruturais oriundas do ultrarromantismo. É assim com a trindade dos sucessos da época – Marcelino Mesquita, Henrique Lopes de Mendonça e o então jovem Júlio Dantas. Júlio Dantas O seu teatro de evocação ou ambiente histórico percorre todas as escalas e épocas, desde um remoto Viriato Trágico, 1900 ao oitocentista Serão das Laranjeiras, 1904, passando por O que morreu de amor, 1899, Dom Beltrão de Figueiroa, 1902, até ao ambiente caro do século XVIII da célebre Ceia dos Cardeais, 1902, A Severa, 1901 e das Rosas de todo o ano, 1907, e finalmente O Reposteiro Verde, 1912, que alguns críticos responsáveis consideram a sua melhor peça. Neste imenso caudal que é a obra de Júlio Dantas, avulta a feitura de ofício e a facilidade da escrita. A Severa é um lindíssimo texto que deu origem ao filme de Leitão de Barros, de 1931. DANTAS, Júlio A catedral / Júlio Dantas. - Lisboa: [s. n.], 1970 821.134.3-2 DAN DANTAS, Júlio A ceia dos cardeais / Júlio Dantas. - 53ª ed. - Lisboa: Clássica, 1986 821.134.3-2 DAN Mas a modernidade está no realismo social, neste contexto Manuel Laranjeira traduz para a cena, num quadro social realisticamente retratado as angústias da sua própria existência. Nas duas pequenas peças que chegaram até nós, …Amanhã, 1902 e Às Feras, 1905, a angústia surge retratada com impressionante nitidez pelo autor, que se suicidou com 35 anos. Século XX TEATRO A comédia de expressão realista atinge nesta época um grande momento, sobretudo com André Brun, mas também com uma copiosa geração de eficazes profissionais de artesãos da farsa e da revista – Félix Bernardes, Ernesto Rodrigues, João Bastos, Chagas Roquette, Abreu e Sousa. De todos eles, será Brun o mais duradouro, e tanto no teatro como no cinema: A Vizinha do Lado e a Maluquinha de Arroios, 1916. O que carateriza estas peças é sobretudo um espírito algo indefinível, mas ainda hoje vivo e eficaz, do ambiente pequeno burguês semirrural da Lisboa da época que outros autores também retratarão. A pujança naturalista utilizou, no campo cénico, instrumentos adequados á sua divulgação. O “Teatro Livre” fundado em 1904 por Luciano de Castro estreia o …Amanhã. No ano seguinte, cabe a vez ao “Teatro Moderno”, sob a direção de Araújo Pereira, revelar um dramaturgo de larguíssimo futuro como o Ramada Curto. A carreira de Ramada Curto, como a de Vasco Mendonça Alves ou Vitoriano Braga foram todas iniciadas cerca dos anos 10. Augusto Lacerda É autor de 13 textos dramáticos, romances e escritos teóricos, entre eles, um curioso ensaio programático chamado “Teatro Futuro”, de 1924, onde se traça uma interessante visão histórica do teatro em geral e do teatro português, em particular. Os temas recorrentes deste autor situam-se numa faixa que percorre desde O Vício, 1888 até A Lei do Divórcio, 1910, passando por comédias e até por um “romance lírico”, Judas, estreado em 1907. Em Mártires do Ideal, 1915 o drama tem a curiosidade de se passar em meios científicos. Em 1924 Augusto Lacerda ganha o primeiro prémio num concurso de originais com o Pasteleiro de Madrigal. LACERDA, Augusto de Teatro futuro : visão de uma nova dramaturgia / Augusto de Lacerda. - Coimbra: Imprensa da Universidade, 1924. DEP00320 Raul Brandão É uma voz solitária e enigmática no contexto histórico e estético em Portugal. O simbolismo “tangencial” que lhe atribuímos, aparece na desfocalização da realidade concreta e tanto na dramaturgia como na restante e variada obra, mesmo nas Memórias e nos estudos históricos. É um autor profundamente português. A sua obra é angustiada e angustiante – mas a sua vida foi serena e pacata. Tudo se passou num alucinante mundo interior. Estes sinais aparecem logo no primeiro texto “ profissional” de Brandão Noite de Natal, 1999, escrito com o seu homónimo Júlio Brandão, com quem escreveria outro drama perdido O maior desejo. Nesta época ainda dois textos também perdidos, O Arraial, 1891 e o Triunfo, para o Teatro Nacional. Planeou um imponente conjunto de peças: ficaram apenas três a partir de 1923. Século XX TEATRO As suas obras mais importantes são O Gebo e a Sombra, O Doido e a Morte, e o monólogo O Rei Imaginário, O Avejão, Eu Sou um Homem de Bem, assim como a trágico-comédia Jesus Cristo em Lisboa. Sabemos ainda que Brandão tencionava escrever mais cinco obras para o teatro, das quais só restam os títulos Um Homem de Estado, Espectro, Mulheres do Diabo, O Anarquista e Aqui Estou. BRANDÃO, Raul O doido e a morte / Raul Brandão. - [Lisboa]: Colibri. - Instituto Português das Artes e do Espectáculo. - Delegação Regional da Cultura do Alentejo, 2001 821.134.3-2 BRA Almada Negreiros O único modernista com dramaturgia consistente, ainda que dispersa. Artista imenso, aventureiro de espírito, descobridor e inventor esteta, a síntese dramatúrgica é o corolário lógico dos esquemas da sua intuição e saber. A arte plástica dá-lhe o senso dos volumes, cores e posições relativas; arte rítmica, o poema, o segredo do verbo, a música das falas, o mistério do lirismo subjacente. E o que falta para criar teatro busca-o no talento do artista, na sensibilidade intelectual. O sentido espetacular é igualmente constante na vida-criação de Almada. As primeiras peças terão sido O Moinho, 1912 que se perdeu e 23, 2º andar, 1912 de que restam algumas falas, perderam-se também, Pensão de Família e A Civilizada, obras de juventude, e os Outros, 1923, bem como atos e cenas de S.O.S., 1929, O Mito de Psique, 1949 e Protagonista, 1930 escrito em castelhano. Na íntegra temos Antes de Começar, 1919 e Pierrot e Arlequim, 1924, Portugal, 1924, Deseja-se Mulher, 1928, O Público em cena, 1931, de que durante muitos anos só se conhecia a versão inglesa de David Lay, Galileu, Leonardo e Eu, 1965 e Aqui Cáucaso, 1965. Todo o teatro de Almada se equaciona, com efeito, num combate irónico, trágico ou reflexivamente filosófico, entre o homem, ser isolado, e a humanidade, num processo de identificação, fusão e total osmose. NEGREIROS, Almada Teatro / Almada Negreiros. - [Lisboa]: INCM, imp. 1993 821.134.3-2 NEG António Ferro A dramaturgia de Ferro não é vasta: Mar Alto, 1922, Eu não sei Dançar, escrito para João Villaret, e ainda Qual é coisa qual é ela, A Encruzilhada, 1927 e A Mulher Fatal, 1928, todas em um ato. Mar Alto tem ainda hoje interesse. Considerada “imoral”, foi retirada de cena pelo Governo Civil de Lisboa, o que motivou um protesto público de intelectuais e artistas. Século XX TEATRO António Patrício A evolução do simbolismo português encontra neste autor um dos seus melhores momentos e no campo teatral, a mais completa e caraterística expressão. Estamos perante um autor que reúne aspetos quase raros entre nós, preponderância dramatúrgica, coerência, fidelidade estética e qualidade artística geral: O Fim, 1909, Pedro o Cru,1913, D. Dinis e Isabel, 1919 e D. João e a Máscara. O teatro de António Patrício constrói-se a partir da dualidade intensa da morte e do amor. PATRÍCIO, António O fim / António Patrício. - Lisboa: Sam Carlos, 1974 821.134.3-2 PAT PATRÍCIO, António Pedro o cru / António Patrício. - Lisboa: Sam Carlos, 1972 821.134.3-2 PAT PATRÍCIO, António D. João e a máscara : uma fábula trágica / António Patrício. - Lisboa: Livraria Sam Carlos, 1972 821.134.3-2 PAT Entre duas guerras define-se o núcleo do realismo social, ético e até político, que, nas contingências da época, marca a trajetória do teatro português, na prática, até aos nossos dias, moldando e documentando a evolução da sociedade e da mentalidade. Não é possível marcar um panorama completo do movimento cénico português, que vai do início do século até ao fim da segunda Guerra Mundial. Citam-se apenas alguns nomes de Companhias e artistas que deram à cultura portuguesa uma ambientação autónoma própria e válida: Sociedade Teatral de António Macedo, Companhia de Rosas & Brandão, Maria Matos – Mendonça de Carvalho, Companhia Palmira Bastos – Eduardo Brazão e a Empresa Rey Colaço – Robles Monteiro. O exemplo do Teatro Estúdio do Salitre logo proliferou; Casa da Comédia e o Grupo de Teatro Moderno são exemplo da importância destes núcleos de renovação teatral portuguesa como a fundação do Teatro Experimental do Porto. Igual papel se deve assinalar ao Teatro Nacional que, dirigido pela dupla Amélia Rey Colaço – Robles Monteiro, procurava desde 1929, implantar na cena portuguesa os grandes textos europeus. A implantação do Estado Novo e a legislação então saída, impondo duros condicionalismos ao pleno exercício da liberdade criadora, criam grandes dificuldades. Talvez nenhuma manifestação artística nacional tenha sentido os rigores da censura salazarista como o teatro. Século XX TEATRO José Régio Os seus primeiros ensaios datam a partir de 1930. A sua produção é espaçada mas constante. Benilde ou a Virgem Mãe , 1947, El Rei Sebastião, 1949, A Salvação do Mundo, 1954, O Meu Caso e Mário ou Eu Próprio – O Outro ambos de 1957. Romeu Correia O teatro de Romeu Correia mergulha em raízes sempre respeitadas numa vivíssima tradição dos grupos amadores, dos espetáculos de rua ou coletividades populares. Escreveu em muitos casos e viu representar a agremiações amadoras, pelo menos, mais de 7 títulos – Luas Sifilíticas, A Bisca das Solteironas, Dom Cosme, Razão, 1940, Águas de Bacalhau, 1943, As cinco vogais, 1949. Em 1953, com Casaco de Fogo, inicia uma fecunda carreira profissional. CORREIA, Romeu O cravo espanhol : farsa trágica em três actos e um réquiem / Romeu Correia. - Lisboa: Livraria Sam Carlos, 1969. 821.134.3-2 COR CORREIA, Romeu As quatro estações : comédia em 2 actos e 10 quadros / Romeu Correia. - Lisboa: Moraes, 1981 821.134.3-2 COR CORREIA, Romeu O vagabundo das mãos de oiro / Romeu Correia ; pref. Manuel Deniz Jacinto. - 5ª ed. - Lisboa: Notícias, 1989 821.134.3-2 COR Alves Redol O teatro ocupa pouco espaço na longa lista de obras de Redol: A Forja, 1948, belo poema dramático, Maria Emília, 1946, Fronteira Fechada, 1972 e O Destino morreu de repente. REDOL, Alves Teatro / Alves Redol. - Mem-Martins: Europa-América, imp. 1967-1970. 821.134.3-2 RED Século XX TEATRO REDOL, Alves Teatro / Alves Redol. - Mem-Martins: Europa-América, imp. 1967-1970 Vol. 2 : O destino morreu de repente : sugestão para um divertimento popular 821.134.3-2 RED Avelino Cunhal Inscreve-se na mais ortodoxia dos ideais neorrealistas e neles se baseou para escrever algumas peças de um ato: Os Dois Compartimentos, 1944, Ajuste de Contas, 1946, Naquele Banco, 1947 e Tudo Noite, 1966. Mário Braga Escreveu O Pedido, 1966, escreve outra comédia breve Café Amargo e A Ponte sobre a Vida, 1964. João Pedro Andrade Acusa certa irregularidade estilística, que para além do reflexo em cada obra, indiscutivelmente lhe prejudica sem destruir o caráter unitário: O fundo realista-naturalista, que encontra muito bom equilíbrio em Os Transviados, 1934,e permite oscilações modernizantes em A Continuação da Comédia, surge prejudicado, n’O Diabo e o Frade, por certo peso e lentidão de linguagem. ANDRADE, João Pedro de Teatro / João Pedro de Andrade. - Lisboa: Acontecimento, cop. 2002. - 223 p. - (Coleção Natália Correia. Obras completas). - Vol. 4: A glória dos Césares; O lobo e o homem. 821.134.3-2 AND Miguel Torga Limita-se a escrever quatro peças desiguais: Mar, 1941-58, Terra Firme, 1941-47, Sinfonia, 1947 e O Paraíso, 1949. TORGA, Miguel, pseud. Terra firme : drama em três actos / Miguel Torga. - 4ª ed. remodelada. - Coimbra: M. Torga, [1995] 821.134.3-2 TOR O “teatro surrealista” é praticamente inexistente com exceção de pouquíssimas peças que se destacam: Um Auto para Jerusalém, 1964, de Mário Cesariny de Vasconcelos (n.1923), adaptação de um conto de Luis Pacheco; O Clube dos Antropófagos, 1965 de Ruben A., Ao Princípio será a carne, 1967, de Manuel Grangeio Crespo. e Virgílio Martinho que, com Filopópolus, 1973, retoma o tema clássico de uma visão surrealizante. Século XX TEATRO António Pedro é um grande homem do teatro, um “mestre” no sentido clássico do termo. A sua marca sente-se no combate por uma renovação do espetáculo teatral, nos “companheiros do pátio das comédias” ou sobretudo no Teatro Experimental do Porto e na magnífica reflexão erguida sobre uma notável sabedoria técnica que é o Pequeno Tratado da Encenação. PEDRO, António Pequeno tratado de encenação / António Pedro. - 2ª ed. - Lisboa: INATEL, [1997] 792 PED PEDRO, António Teatro completo / António Pedro. - [Lisboa]: INCM. - BN, imp. 1981 821.134.3-2 PED PEDRO, António Escritos sobre teatro / António Pedro ; introdução, selecção e notas de Fernando Matos Oliveira; fotografias de Fernando Aroso. - [Porto]: Angelus Novus. - Cotovia : TNSJ, [2001] 792 PED Natália Correia Escreveu com Manuel de Lima uma peça inédita, Sucubina ou a Teoria do Chapéu, 1952, próxima do simbolismo. A autora nunca se afastará da estética surrealista. A sua grande entrada no teatro dá-se com a peça O Progresso de Édipo, 1957, antes já tinha escrito Comunicação, 1954, Homúnculo, 1965 de uma violência verbal e ideológica que aborda a problemática política nacional e a peça Pécora, 1966 que atinge limites de exasperação agressiva, no plano de uma muito subjetiva meditação religiosa. Natália Correia aproxima-se da linguagem barroca em O Encoberto, Erros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente, 1980. CORREIA, Natália O encoberto / Natália Correia. - 3 ª ed. - Porto: Afrodite, [1969] 821.134.3-2 COR CORREIA, Natália Erros meus, má fortuna, amor ardente : peça em três actos / Natália Correia. - Lisboa: Afrodite, imp. 1981 821.134.3-2 COR Século XX TEATRO Jorge de Sena Representa a mais acabada continuidade e complementaridade entre o surrealismo e o classicismo. A grande entrada de Sena no teatro faz-se através de um texto exemplar na reformulação da estrutura e da linguagem clássica. Trata-se de O Indesejado, tragédia da negação do sebastianismo. Mas a partir daí Jorge de Sena mergulha no universo de violência e exuberância temática, cénica e textual, anárquica na estrutura e na mensagem, que “direta ou indiretamente se reconduzem à estética e à ética do surrealismo”, como escreveu Luiz Francisco Rebello. São seis textos breves , além de mais de meia dúzia de intenções, esboços ou obras incompletas: Amparo de Mãe, 1948, Ulisseia Adúltera, 1948, A Morte do Papa, 1964, O Império do Oriente, 1964, O Banquete de Dionisos, 1969 e Epimeteu ou O Homem que Pensava depois, 1971. SENA, Jorge de O indesejado (António, Rei) / Jorge de Sena. - Lisboa: Edições 70, cop. 1985 821.134.3-2 SEM SENA, Jorge de Do teatro em Portugal / Jorge de Sena ; org., pref. e notas bibliográficas de Luiz Francisco Rebello. - Lisboa: Edições 70, imp. 1989 792(469) SEM O teatro narrativo assume quase sempre um parâmetro histórico de interpretação e alegoria política mais ou menos assumida. Este teatro é introduzido em Portugal por O Render dos Heróis, 1960 de José Cardoso Pires e de Luis Sttau Monteiro com Felizmente Há Luar, de 1961 e Todos os Anos pela Primavera, 1963. Sttau Monteiro adapta da novela de Branquinho da Fonseca O Barão, 1964. Escreve ainda Auto da Barca do motor fora da borda, 1966, Guerra Santa, Estátua, 1968, As Mãos de Abraão Zacut, 1968, Sua Excelência, 1971. Felizmente Há Luar dramatiza, com excelente técnica narrativa, a conspiração de Gomes Freire de Andrade. Século XX TEATRO PIRES, José Cardoso Corpo-delito na sala de espelhos / José Cardoso Pires ; prefácio de Eduardo Lourenço. - Lisboa: Moraes, 1980 821.134.3-2 PIR MONTEIRO, Luís de Sttau Crónica atribulada do esperançoso Fagundes / Luís de Sttau Monteiro. - Lisboa: Ática, imp. 1981 821.134.3-2 MON MONTEIRO, Luís de Sttau Felizmente há luar! : teatro / Luis de Sttau Monteiro. - 3ª ed. - Lisboa: Portugália, 1962 821.134.3-2 MON MONTEIRO, Luís de Sttau Todos os anos, pela Primavera / Luís de Sttau Monteiro. - 4ª ed. - Lisboa: Guimarães Editores, imp. 1973 821.134.3-2 MON David Mourão-Ferreira Com apenas três peças, Isolda estreada no Teatro Estúdio do Salitre, em 1948, Contrabando estreada na mesma companhia experimental, 1950, O Irmão escrito em sucessivas fases, a partir de 1955, com nomes variados – Palavras Cruzadas, Natal em Família, Coração oposto ao mundo, O Cerco – até à versão publicada em 1965, O Irmão é uma brilhantíssima paráfrase da tragédia grega. Teatro-Estúdio do Salitre Teatro-Estúdio do Salitre : 50 anos. nove peças em 1 acto / Alves Redol... [et al]. - Lisboa: Sociedade Portuguesa de Autores. - Dom Quixote, 1996. 821.134.3-2 TEA Século XX TEATRO CABREIRA JÚNIOR, Tomás, e outro Amizade / Tomás Cabreira Júnior, Mário de Sá-Carneiro. - Sintra: Colares Editora, [1993] 821.134.3-2 CAB ANDRADE, João Pedro de A comédia : o teatro que ri / João Pedro de Andrade ; apresentação de Luiz Francisco Rebello. [Portugal]: Acontecimento, 1993 82.09 AND A COMPANHIA REI COLAÇO ROBLES MONTEIRO, Lisboa, 1987 A companhia Rey Colaço Robles Monteiro : 1921-1974 / Museu Nacional do Teatro. - [Lisboa]: Secretaria de Estado da Cultura. Instituto Português do Património Cultural. Museu Nacional do Teatro, 1987 792(469) COM Dalila Rocha Dalila Rocha : homenagem, 45º aniversário da sua estreia e do 1º espectáculo do TEP / coordenação [de] Júlio Gago ; fotografia [de] Fernando Aroso. - Porto: Fundação Eng. António de Almeida, 1998 792 ROC DAL EUNICE MUÑOZ - 50 ANOS DA VIDA DE UMA ACTRIZ, Lisboa, 1991 Eunice Muñoz : 50 anos da vida de uma actriz. - Lisboa: Secretaria de Estado da Cultura. Museu Nacional do Teatro, 1991 792 MUN EUN CRUZ, Duarte Ivo Introdução à história do teatro português / Duarte Ivo Cruz. - Lisboa: Guimarães, 1983 792(091) CRU PEREIRA, Mário Baptista João Villaret : sua vida, sua arte / Mário Baptista Pereira. - Lisboa: M. Baptista Pereira, 1983 792 VIL PER Século XX TEATRO REBELO, Luís Francisco O teatro simbolista e modernista : 1890 - 1939 / por Luiz Francisco Rebello. - Lisboa: Instituto de Cultura Portuguesa, 1979 792 REB TRINDADE, Luís Fotobiografias século XX : Vasco Santana / Luís Trindade. - Lisboa: Temas e Debates, imp. 2008 792 SAN TRI SOCIEDADE IMOBILIÁRIA OLIVIA Teatro Maria Matos / propriedade da Sociedade Imobiliária Olivia ; direcção de Igrejas Caeiro. - [S.l.: s.n.], 1970? DEP00231 D. João e a Máscara de António Patrício (atores Eunice Muñoz e João Grosso] Século XX Os textos constantes deste catálogo fazem parte da seguinte bibliografia: BRITO, Manuel Carlos de, e outro História da música portuguesa / Manuel Carlos de Brito, Luísa Cymbron. - Lisboa: Universidade Aberta, 1992 78(469) BRI CASTRO, Laura, e outro História da arte portuguesa : época contemporânea / Laura Castro, Raquel Henriques da Silva. Lisboa: Universidade Aberta, 1997 7.035(469) CAS CRUZ, Duarte Ivo História do teatro português / Duarte Ivo Cruz. - São Paulo: Verbo, [2001] 792(469) CRU PINA, Luís de História do cinema português / Luís de Pina. - Mem-Martins: Europa-América, cop. 1986 791.43(469) PIN SARAIVA, António José, e outro História da literatura portuguesa / António José Saraiva, Óscar Lopes. - 17ª ed., corrigida e actualizada. - Porto: Porto Editora, 1996 821.134.3(091) SAR Maria Rijo/ Rita Pitada.2013