FACULDADES SANTO AGOSTINHO DE SETE LAGOAS CURSO: ENGENHARIA AMBIENTAL – DISCIPLINA ECOLOGIA TERCEIRO PERÍODO – Professor: Ramon Lamar NOME: ___________________________________________________ FLUXO DE MATÉRIA NOS ECOSSISTEMAS Ao contrário da energia, que não pode ser reaproveitada, a matéria caminha na natureza de maneira cíclica. São os chamados ciclos biogeoquímicos. Os ciclos mais importantes são o da água, do carbono e do nitrogênio. Eventualmente, podem ser discutidos os ciclos do oxigênio, do fósforo e do cálcio (que é similar ao dos demais sais minerais). CICLO DA ÁGUA Importante observar o papel da vegetação em relação ao ciclo do carbono. As plantas capturam o CO2, funcionando como drenos de CO2 (em especial as áreas agrícolas, áreas de reflorestamento e matas e florestas jovens). Mas mesmo as florestas maduras armazenam enormes quantidades de carbono. O desmatamento e as queimadas interferem no ciclo provocando um aumento importante nos níveis de CO2. SUMIDOUROS OU RALOS DE CARBONO Qualquer processo, atividade ou mecanismo que retire gases de efeito estufa (ou seus precursores) da atmosfera, armazenando-os por um período de tempo. Os sumidouros realizam o sequestro de carbono, atuam como ralos, retirando da atmosfera mais carbono do que emitem. São sumidouros de carbono as florestas e os oceanos. A ideia dos sumidouros ganhou corpo em julho de 2001, quando em Bonn, Alemanha, foi referendado o Protocolo de Quioto. CICLO DO NITROGÊNIO Um aspecto fundamental do ciclo da água diz respeito à pavimentação das cidades (impermeabilização do solo) e sua influência no destino da água das chuvas. A impermeabilização diminui muito a infiltração da água das chuvas no solo. Sendo assim, mais água escorre pela superfície provocando erosão, deslizamento de encostas e enchentes. Mudanças na pavimentação dos espaços públicos, com materiais de maior permeabilidade se fazem urgentes. CICLO DO CARBONO No esquema acima as fases 2+3, em conjunto, recebem o nome de nitrificação. O componente central para o entendimento do ciclo do nitrogênio é o íon nitrato (NO3-). As plantas necessitam dele como fonte de nitrogênio para produzir seus aminoácidos (e proteínas), bases nitrogenadas dos ácidos nucleicos, clorofila e muitas outras substâncias. Em geral, o nitrato vem da oxidação da amônia liberada pelos animais (nitrificação), mas também pode ser produzido por reações químicas na atmosfera e por micro-organismos com capacidade de transformar N2 em nitratos (fixação biológica). Plantas insetívoras (“carnívoras”) evoluíram em ambientes pobres em nitratos. Desenvolveram, no curso de sua evolução, mecanismos especiais para a captura do nitrogênio presente em pequenos animais, em especial os insetos. Dionaea muscipula O ponto de maior discussão no ciclo do carbono refere-se ao teor de CO2 na atmosfera. De 1950 a 2013, o teor de gás carbônico na atmosfera aumentou de 0,03% para 0,04%, o que provocou uma preocupação com o efeito estufa. Hoje, admitimos que o efeito estufa é benéfico, pois é o responsável pela manutenção da temperatura do planeta em níveis adequados para a vida. Portanto, a preocupação mudou de nome para o aquecimento global (global warming). O aquecimento global seria o aumento exagerado da temperatura do planeta, que poderia levar a várias catástrofes, em especial o degelo das calotas polares levando ao aumento do nível dos oceanos. Nódulos em raízes de leguminosas contendo bactérias fixadoras de nitrogênio. Eletromicrografia mostrando as bactérias do gênero Rhizobium dentro de células das raízes de uma leguminosa. ALTERAÇÕES NO AMBIENTE MAGNIFICAÇÃO TRÓFICA - BIOCONCENTRAÇÃO A magnificação trófica, bioconcentração ou bioacumulação é o processo caracterizado pela presença de pesticidas, poluentes metálicos e outras substâncias tóxicas nas cadeias alimentares. Esses compostos, por não serem biodegradáveis, permanecem nos ecossistemas e espalham-se pelos diferentes níveis tróficos, interferindo no equilíbrio do meio ambiente. Um exemplo comum de poluente que acarreta o fenômeno em questão é o DDT - produto não-biodegradável utilizado como inseticida. Vale lembrar que quando uma substância tóxica se difunde nas cadeias alimentares, ela é repassada aos outros níveis tróficos (de um produtor para um consumidor, por exemplo) sempre de forma acumulativa e crescente. À medida que perde-se energia ao longo da cadeia alimentar, a concentração de alguns poluentes como metais pesados e inseticidas aumenta. EUTROFIZAÇÃO A eutrofização é o crescimento excessivo das plantas aquáticas (planctônicas ou aderidas) a níveis tais que sejam considerados como causadores de interferências com os usos desejáveis do corpo d’água. O principal fator de estímulo é o excesso de nutrientes no corpo d’água, principalmente nitrogênio e fósforo. Uma grande elevação do aporte de N e P ao lago ou represa provoca uma elevação nas populações de algas e outras plantas (macrófitas). Dependendo da capacidade de assimilação do corpo d’água, a comunidade vegetal pode atingir um contingente bastante elevado, trazendo uma série de problemas. Em um período de elevada insolação, as algas poderão atingir superpopulações, constituindo uma camada superficial, similar a um caldo verde. Esta camada impede a penetração da energia luminosa nas camadas inferiores do corpo d’água, causando a morte das algas situadas nestas regiões. A morte destas algas traz, em si, uma série de outros problemas. Estes eventos de superpopulação de algas são denominados floração das águas ou bloom. PROBLEMAS DA EUTROFIZAÇÃO São os seguintes os principais efeitos indesejáveis da eutrofização: Problemas estéticos e recreacionais. Diminuição do uso da água para recreação, redução geral na atração turística, crescimento excessivo da vegetação, distúrbios com mosquitos e insetos, maus odores e morte de peixes Condições anaeróbias no fundo do corpo d’água. O aumento da produtividade do corpo d’água causa uma elevação da concentração de bactérias heterotróficas, que se alimentam da matéria orgânica das algas e de outros micro-organismos mortos, consumindo oxigênio dissolvido do meio líquido. No fundo do corpo d’água predominam condições anaeróbias, devido à sedimentação da matéria orgânica, e à reduzida penetração do oxigênio a estas profundidades, bem como à ausência de fotossíntese. Com a anaerobiose, predominam condições redutoras, com compostos e elementos no estado reduzido: o ferro e o manganês encontram-se na forma solúvel, complicando o abastecimento de água; o fosfato encontra-se também na forma solúvel, representando uma fonte de fósforo para as algas e o gás sulfídrico (H2S) causa problemas de toxicidade e maus odores. Condições anaeróbias no corpo d’água como um todo. Dependendo do grau de crescimento bacteriano, pode ocorrer, em períodos de mistura total da massa líquida ("reviravolta") ou de ausência de fotossíntese (período noturno), mortandade de peixes e reintrodução dos compostos reduzidos em toda a massa líquida, com grande deterioração da qualidade da água. Mortandades de peixes. A mortandade de peixes pode ocorrer em função de anaerobiose e toxicidade por amônia. Em condições de pH elevado (frequentes durante os períodos de elevada fotossíntese), a amônia apresenta-se em grande parte na forma livre (NH3), tóxica aos peixes, ao invés de na forma ionizada (NH4+), não tóxica. Maior dificuldade e elevação nos custos de tratamento da água. A presença excessiva de algas afeta o tratamento da água captada no lago ou represa, devido à necessidade de remoção das algas, remoção de cor, sabor e odor, maior consumo de produtos químicos e lavagens mais frequentes dos filtros Problemas com o abastecimento de águas industrial. Elevação dos custos para o abastecimento de água industrial. Toxicidade das algas. Rejeição da água para abastecimento humano e animal em razão da presença de toxinas de certas algas. Alteração na qualidade e quantidade de peixes de valor comercial. Redução na navegação e capacidade de transporte. O crescimento excessivo de macrófitas enraizadas interfere com a navegação. Desaparecimento gradual do lago como um todo. Em decorrência da eutrofização e do assoreamento, aumenta a acumulação de matérias e de vegetação, e o lago se torna cada vez mais raso, até vir a desaparecer. Esta tendência de desaparecimento de lagos (conversão a brejos ou áreas pantanosas) é irreversível, porém usualmente extremamente lenta. Com a interferência do homem, o processo pode se acelerar abruptamente. Caso não haja um controle na fonte e/ou dragagem do material sedimentado, o corpo d’água pode desaparecer com relativa rapidez. adaptado de VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. DESA-UFMG.1996