UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO FINANCEIRO E RESULTADOS INTERNOS: O CASO DO BANCO DO BRASIL Por: Cesar Augusto Selano Paranhos Orientadora Prof.ª Ana Cláudia Morrissy Rio de Janeiro 2010 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO FINANCEIRO E RESULTADOS INTERNOS: O CASO DO BANCO DO BRASIL Apresentação Candido de Mendes monografia como à requisito Universidade parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão em Instituições Financeiras. Por: Cesar Augusto Selano Paranhos 3 AGRADECIMENTOS ....a Lenise, Victor e Puppy pela paciência em aturar-me nas noites maldormidas por conseqüência de estudo e trabalho ..... 4 DEDICATÓRIA ..... Dedico a meus pais Cezar e Gilda aos quais peço desculpas por tê-los feito esperar para realizar este sonho....... 5 RESUMO O presente trabalho tem por objetivo identificar e analisar os principais instrumentos e fontes de consulta que compõem o sistema de desempenho financeiro e apuração de resultados internos do Banco do Brasil, visando torná-lo mais efetivo para o processo de tomada de decisão. Para consecução do objetivo geral, o estudo apresenta, também, os seguintes objetivos específicos: · Identificar os principais instrumentos utilizados para avaliação e análise do desempenho financeiro e apuração de resultados internos; · Levantar e avaliar a adequação e facilidade de acesso das principais fontes disponibilizadas para consulta do sistema; · Avaliar a eficácia do sistema de apuração de resultados internos com relação ao processo de tomada de decisão de administradores de agências. 6 METODOLOGIA Segundo Yin (1994, p.1), o método de estudo e caso deve ser aplicado quando as questões de “como” e “por que” são colocadas, quando o investigador tem pequeno controle sobre os eventos e quando o foco está num fenômeno contemporâneo em um contexto da vida real. Esta pesquisa se constitui em um estudo de caso numa organização do setor financeiro, especificamente um Banco. Para obtenção das informações necessárias para a investigação, foram efetuadas coleta e análise de informações, referentes ao processo de avaliação do desempenho e apuração de resultados internos, via relatório e documentos disponibilizados pela Instituição, bem como foram realizados entrevistas não estruturadas com gerentes de agências e funcionários responsáveis pela área de apuração de resultados internos do Banco. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - Os Sistemas de Apurações Gerenciais e a Apuração de Resultados em Instituições Financeiras. 10 CAPÍTULO II - Análise do Sistema de Apuração de Resultados Internos do Banco do Brasil 27 CAPÍTULO III - Avaliação do Sistema de Apuração de Resultados Internos – Sistema Ari 39 CONCLUSÃO 41 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 43 ÍNDICE 44 FOLHA DE AVALIAÇÃO 63 8 INTRODUÇÃO As informações e o conhecimento compõem um recurso estratégico essencial para o sucesso da adaptação da empresa em um ambiente de concorrência. Integrar mais informações nos conhecimentos nos produtos, serviços e decisões é vital para sua sobrevivência (Freitas, 2003). Um sistema de avaliação de desempenho e de resultados pode ser caracterizado como um instrumento de gestão, planejamento e controle das instituições, no sentido de facilitar não só a gestão da empresa como um todo, mas principalmente a de suas partes individuais (unidades de negócios e serviços) e operações realizadas (produtos). O setor de serviços e particularmente a área bancária, necessita de instrumentos capazes de controlar e avaliar o desempenho econômicofinanceiro de suas unidades de negócios. A gama de produtos oferecidos, o número de dependências integrantes de sua rede, o expressivo volume de valores transacionados e sua matriz de custos, centrada principalmente em custos fixos, exige um sistema de informações gerenciais complexo. A necessidade da avaliação e apuração de resultado das unidades, em área tão complexa, faz surgir mecanismos e controle e processamento de informações interligados com os demais sistemas da empresa. O Banco do Brasil, em vista da sua vasta rede de agências e diversidade de atuação, utiliza muitos sistemas de processamento de dados integrados entre si, dentre os quais, o sistema de apuração de resultados internos – Sistema ARI . A finalidade do Sistema ARI é calcular o resultado econômicofinanceiro de cada unidade e servir de instrumento de avaliação da dependência e por conseqüência seus gestores. 9 Por ser instrumento de avaliação da unidade e do gestor, os gerentes precisam ser conhecedores das informações que o Sistema pode lhes proporcionar. Para tanto, precisam estar intimamente familiarizados com todos os recursos oferecidos, para que, através de um processo constante de análise e avaliação, possam tomar as decisões mais adequadas, bem como contribuir para o desenvolvimento e aperfeiçoamento do Sistema. O propósito deste estudo é identificar e analisar o Sistema de Apuração de Resultados Internos do Banco do Brasil, de forma a levantar elementos que possam auxiliar os gerentes a melhor conhecer e interpretar as informações, instrumentos e demais recursos disponibilizados pelo sistema, no intuito de torná-lo mais adequado e efetivo no processo de tomada de decisão. 10 CAPÍTULO I OS SISTEMAS DE APURAÇÕES GERENCIAIS E A APURAÇÃO DE RESULTADOS EM INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. “Os sistemas de informação são conjuntos de procedimentos que visam captar o que acontece na organização, apresentando de forma sucinta, a cada nível, o que lhe cabe e tendo por objetivo lhe dar subsídio ao processo decisório. (...) É um conjunto de normas e procedimentos que objetivam transmitir, através de um meio qualquer, informações entre pessoas e órgãos. (...) São relatórios de contabilidade, vendas, estatísticas e etc.., distribuídos periodicamente na empresa, para as pessoas que dele fazem uso tomem conhecimento dos fatos acontecidos ou que estão para acontecer”. (Bio 2003, p.24) Para Dias (2005), um sistema de informação é um esforço organizado para prover informações que permitam a empresa decidir e operar. “O sistema de informação da empresa é o conjunto interdependente das pessoas, das estruturas da organização, das tecnologias de informação – hardware e software -, dos procedimentos e métodos que deveriam permitir à empresa dispor – no tempo desejado – das 11 informações de que necessita – ou necessitará – para seu funcionamento atual e para sua evolução”. Lesca (apud Freitas, 1998). Os sistemas de informações gerenciais são fundamentais com instrumento de apoio na tomada de qualquer de cisão gerencial, seja ela corretiva ou pró-ativa. O fato de existirem diferentes conceitos sobre sistemas não tem nada de problemático, exceto quando as pessoas trabalham em conjunto, sem que seja estabelecido previamente um entendimento comum a esse respeito. Por isso a necessidade de fixar junto ao grupo, o entendimento comum a todos, dos conceitos sobre sistema de informação. Um conjunto de partes interdependentes no seu todo pode ser parte de um todo maior. Daí depreende-se a noção de subsistema, ou seja, um sistema que faz parte de outro. A partir desse conceito, infere-se que o sistema de informação é um subsistema do “sistema empresa”, e dentro da mesma linha de raciocínio pode-se concluir que seja composto de um conjunto de subsistemas de informação, por definição, interdependentes. Assim, pode-se pensar em subsistemas de orçamento, custos, de contabilidade e etc, como componentes do sistema de informação total da empresa. As relações de interdependência entre os subsistemas resultam, basicamente, da troca de informações entre eles. Embora a interação do uso dos dados informados entre vários subsistemas tenha que ocorrer de qualquer forma, há formas mais lógicas, mais racionais do que outras para se obter a integração entre esses subsistemas. O que não é possível é cogitar de algum subsistema isolado e completamente independente. Tal fato leva ao conceito de “sistema total de informação” ou “sistema de informação gerencial”, à medida que tal sistema pode responder a uma variada gama de necessidades de informação para 12 tomada de decisão. Mesmo que o conceito em si não se refira a este ou àquele meio, de processamento, em termos práticos, o computador é que torna possível o grau de integração. Hoje, o conceito implica o uso de equipamentos automático de processamento de dados. Muito se tem escrito e discutido sobre a aplicação prática do conceito e seus limites. A integração total dos sistemas causaria impacto violentíssimo no “sistema empresa”, talvez mais do que os problemas técnicos em campos de sistema. Tal dificuldade soma-se à própria confusão de conceitos que surge na área dos sistemas de informações gerenciais, com a constante colocação de idéias sobre o processamento integrado de dados, banco de dados, teleprocessamento etc. Pontos de vista, aparente ou efetivamente divergentes, surgem com freqüência. De forma geral, esses são os aspectos destacados para descrever o conceito: • O sistema total é uma extensão do processamento integrado de dados que resulta na integração de todos os subsistemas principais num único sistema. • O trabalho administrativo deve ser organizado de forma que permita que a empresa seja vista como uma entidade integrada. • O sistema deve incorporar as informações necessárias para planejamento e controle. • O sistema deve gerar informações necessárias para auxiliar os administradores de todos os níveis a atingirem seus objetivos. • O sistema deve prover informações suficientes e precisas na frequência necessária. • O processamento de dados deve representar um papel importante, porque se torna necessário automatizar para prover informações exatas rapidamente. 13 • Técnicas científicas devem ser usadas na análise dos dados. Mesmo que na prática o progresso em direção a sistemas totalmente integrados venha sendo lento, de forma conceitual vê-se que é possível construir um sistema integrado pelos vários subsistemas de empresa que considere as funções internas tais como marketing, produção, recursos humanos, engenharia e finanças. No entanto, os sistemas formais de informação são limitados quando se leva em conta fatores externos. A administração recebe informações sobre economia, concorrência, leis e regulamentos, das mais variadas formas e precisa consolidar informações externas e internas para planejar suas operações. As informações de origem externas são aleatórias e assistemáticas. Essa irracionalidade nas interações entre os sistemas são causa de problemas e das conseqüentes ineficiências operacionais e decisórias. Quanto ao aspecto da tomada de decisões, o comportamento do sistema empresa é diretamente afetado, em termos de eficácia e eficiência, pela qualidade das decisões, as quais são influenciadas pela qualidade do sistema de informação. Todo o sistema de informação gerencial deve ter por finalidade, apoiar e facilitar a vida gerencial. As ferramentas devem ser apresentadas de forma simples e clara, e serem o mais “amigável” possível. Assim, não devem servir apenas para medir ou controlar resultados, mas para auxiliar no processo de tomada de decisão, para tomas medidas ou ações corretivas, visando o atingimento das expectativas. A simples existência de dados, expostos muitas vezes de forma aleatória, além de não ajudar, certamente prejudica a comunicação nas empresas. Por isso é fundamental que os dados gerados pelos diversos sistemas de informação sejam primeiramente confiáveis e retratem a realidade, colocados de maneira ordenada, clara e transparente, mas principalmente 14 devem ser utilizáveis, ou seja, servir para algo produtivo e de forma pró-ativa. Para tanto, é necessário que os dados sejam corretamente imputados nos sistemas e sofram um processo de transformação coerente com a cultura e a realidade da empresa, para gerar uma informação efetivamente aproveitável. Também é necessário que os dados existentes estejam disponíveis ou, ao menos, sejam facilmente acessados. Deve-se ter presente a finalidade da informação e que todos saibam para o que ela serve. Os sistemas de informação devem privilegiar para o usuário, a facilidade de compreensão, de execução e das operações de acesso às aplicações solicitadas ou necessárias. Qualquer sistema deve oferecer ao usuário memória, facilidade de resposta e utilização, bem como utilizar uma linguagem simples e acessível. Por outro lado, a contínua avaliação de validade e utilidade da informação não deve ser esquecida. Um sistema de avaliação de rentabilidade (desempenho e resultados) pode ser visto como um instrumento de gestão utilizável no mercado financeiro pelas respectivas instituições, independente de porte e das formas pelas quais estejam organizadas ou estruturadas. Todavia um grande potencial de utilização encontra-se nos “conglomerados financeiros”, independente de estarem organizados ou não sob a forma de Bancos Múltiplos. Nos conglomerados, surge a necessidade de se avaliar, simultaneamente, extensa gama de produtos que são operados por diferentes empresas (ou diferentes carteiras) e, ao mesmo tempo, em um número considerável de centros de responsabilidade, o que torna a tarefa bem mais complexa. 15 1.1 Sistema de apuração de resultados financeiros em Instituições bancárias 1.1.1 As dificuldades de operacionalizar um sistema de avaliação financeira. Um conglomerado é uma forma de organização empresarial em que são reunidas, sob um mesmo comando, diversas empresas que operam em diferentes mercados. Isso traz conseqüências para as formas de gestão. O banco comercial é o mais importante “empresa” pois é ele que se liga a rede de agências, que representa o tentáculo da organização dentro do mercado. Ele opera através desta rede, que constitui um grupo de divisões afins, pela similaridade das funções que exercem. A atividade bancária é bastante controlada pelo governo, que interfere e muito no processo de intermediação financeira. A instituição bancária não tem ingerência nesses fatores, muito menos as suas agências. As agências também operam pelos padrões definidos pela Administração Central: no plano material (projetos arquitetônicos, uso de logotipo, modelos de móveis, etc.) e no plano funcional através da natureza desejada de relacionamento com o cliente e a comunidade em geral, no trato com os funcionários, processos de seleção e treinamento, seleções, remuneração de pessoal e outros. A centralização de certas atribuições acarreta, pela especialização, aperfeiçoamento das funções inerentes (engenharia, treinamento, administração de materiais, etc.) o que implica na limitação de autonomia das agências. A própria dificuldade de se exercer certas atividades leva a fazê-lo centralizadamente. Procura-se preservar as administrações para o exercício das funções operacionais. Por serem pontos de vendas, enfatiza-se o aspecto 16 de “colocação de produtos”. Existem restrições ainda no plano operacional, no caso de alçada para decisão do crédito. Apesar disso, as agências representam importante unidade de negócios e é para elas que se voltam os esforços no desenvolvimento de “modelos de avaliação de rentabilidade”. No âmbito dos sistemas, temos que levar em conta que uma instituição bancária transaciona com uma gama de produtos, e tende a gerar diversos subsistemas auxiliares do sistema de contabilidade. São os sistemas operacionais que se encarregam de registrar transações a nível de produtos tais como: Desconto, Depósitos a prazo, RDB (recibo de depósito bancário), etc. Posteriormente esses subsistemas alimentam o sistema central. Os sistemas operacionais fornecem informações para o sistema central de contabilidade, tais como: • Saldos em final do mês; • Saldos médios mensais; • Taxas e prazos médios; • Apropriações de receitas e despesas. Com bases nessas informações, mais as despesas administrativas e as de caráter não operacional, o sistema de contabilidade gera balancetes e balanços. Num primeiro momento, o processo de alimentação dos modelos em questão ocorre a partir das mesmas informações geradas pelos sistemas operacionais. Muitas vezes informações não utilizadas nos sistemas de contabilidade também não existem nos sistemas operacionais, sendo preciso desenvolvê-las para efeito dos sistemas de avaliação de contabilidade. Em outras ocasiões, são efetuados levantamentos manuais dessas informações. 17 1.1.2 Avaliação de Rentabilidade Uma instituição financeira necessita, ainda, de estrutura para facilitar ou viabilizar seu relacionamento, seus negócios, em determinado segmento de atuação. Um banco comercial, por exemplo, é composto por agências, centros de processamento de dados, áreas centralizadoras de serviços, recursos humanos, que acarretarão despesas de aluguel, manutenção, pessoal, material e outros. Segundo Muccillo Netto (1999), a fim de melhor caracterizar o objetivo do estudo e identificar seu grau de importância, ressalta-se que, na essência, uma instituição financeira atua em duas pontas simultaneamente. Por um lado capta recursos dos agentes econômicos superavitários (os poupadores) para realizar empréstimos aos deficitários (os tomadores de empréstimos ou investidores). A fim de facilitar o raciocínio, pode-se admitir também que os recursos cedidos pelos poupadores são comprados, ou seja, a instituição financeira paga juros por eles, incorrendo em despesa de captação. Por outro lado, os recursos emprestados aos tomadores geram receitas de aplicação. É importante esclarecer serem os conceitos de receita de aplicação e despesa de captação usados como sinônimos de receitas e despesas da operação básica das instituições, ou seja, intermediação financeira. Captação e aplicação são consideradas atividades correlatas. Desse modo, a atenção deve-se voltar para a diferença entre as despesas de captação e as receitas de aplicação, resultado chamado no setor de spread (figura 1). 18 Rc Poupadores Rc(+) Jc Instituição Financeira Ra Ra(+)Ja Investidores Notas: Rc – Recursos captados Ra – Recursos aplicados Jc – Juros de captação ou despesas de captação Ja – Juros de aplicação ou receitas de aplicação Spread = Ja – Jc Figura 1: Processo de intermediação financeira e formação de spread. O spread corresponde ao resultado bruto obtido pela instituição financeira no desempenho de seu papel de agente de intermediação (figura 2). Receita de Aplicação (-) Despesas de Captação (=) Resultado Bruto Figura 2: Conceito de Spread ou resultado bruto. Uma instituição financeira necessita, ainda, de uma estrutura para facilitar ou viabilizar seu relacionamento, seus negócios, em determinado segmento de atuação. Um banco comercial, por exemplo, é composto por agências, centro e processamento e dados, áreas centralizadoras de serviços, recursos humanos, que acarretarão despesas de aluguel, manutenção, pessoal, material e outros. 19 Essas despesas podem, genericamente, ser caracterizadas como despesas administrativas. Consequentemente, para determinar o resultado operacional, deve-se deduzir do spread, ou resultado bruto as referidas despesas administrativas (figura 3). Spread ou Resultado Bruto Despesas Administrativas (-) Resultado Operacional (=) Figura 3: Conceito de Resultado Operacional. É importante observar que as despesas administrativas em questão se associam naturalmente ao que, sem a preocupação de maior rigor conceitual, poder-se-ia chamar de unidades da instituição, ou seja, agências, departamentos centralizadores de serviços, área de apoio, etc. Todavia, observando-se serem as despesas administrativas geradas para viabilizar as funções essenciais do processo de intermediação – captação e aplicação - , parte delas deveria ser atribuída à captação e parte a aplicação. Como conseqüência, é válido afirmar que as despesas de captação ficam oneradas pelas despesas administrativas de captação e as receitas de aplicação pelas despesas administrativas de aplicação. Simbolicamente, J’c = J c + Dc e J’a = J’a - Da , onde J’c e J’a representam a despesa total de captação e a receita total e aplicação, respectivamente. Rc(-)Dc Poupadores Rc(+) Jc Instituição Financeira Ra(-)Da Ra(+)Ja Investidores Notas: Dc – Despesas administrativas de captação. Da – Despesas administrativas de aplicação. Figura 4: Despesas Administrativas de Captação e de Aplicação. 20 Para a instituição estar em equilíbrio (ponto e equilíbrio econômico), deve-se ter: Ja - Jc = Resultado Operacional = 0 ou seja, Ja – Da – Jc – Dc = 0 ou ainda, Ja – Jc = Da – Dc Isto é, o spread , ou resultado bruto, deve cobrir exatamente o total das despesas administrativas. O apresentado até aqui representa o primeiro ponto importante dos chamados aspectos básicos do processo de gestão das instituições financeiras: existência de dois níveis de resultados que, normalmente, merecem a atenção dos administradores e são objetos de funções de planejamento e controle – spread ou resultado bruto e resultado operacional, após serem consideradas as despesas administrativas. O segundo aspecto importante do processo de gestão das instituições financeiras diz respeito à utilização, como referencial da análise e tomada de decisão, do trinômio produtos/unidades/clientes. O termo produto, usado para designar o objeto das instituições financeiras, não é muito adequado. Todavia, a linguagem corrente faz referência a produtos e serviços oferecidos pelo sistema financeiro, pretendendo designar transações de intermediação financeira (produtos) e operações realizadas em arrecadações e recebimentos. benefícios de terceiros (serviços), como 21 As unidades, por sua vez, podem ser visualizadas como centros de responsabilidades existentes na instituição que gerarão receitas e despesas, ou somente despesas, dependendo de suas atribuições. As unidades geradoras de receitas e despesas são denominadas unidades de negócios ou centros de resultados a as de apenas despesas são chamadas de unidades de serviços ou centros de custos. Assim, as agências de um banco comercial são unidades de negócios ou centros de resultados e os departamentos são chamados de unidade de serviços ou centros de custos. No primeiro caso (agências), há a ocorrência simultânea de receitas de aplicação, despesas de captação e despesas administrativas. Em função do exposto, o processo de tomada de decisão nas instituições financeiras, derivada desses aspectos do processo de gestão, ocorre em três dimensões: produtos, unidades e cliente. Não existe ordem de precedência entre essas três dimensões, sendo possível combiná-las das seguintes formas: • Verificar o resultado da unidade A quanto aos produtos X e Y negociados com o cliente 1; • Verificar o resultado proporcionado pelo produto X na unidade B com os clientes 2 e 3; • Verificar o resultado do cliente 4 nas unidades A, B e C quanto aos produtos X,Y e Z. Em outras palavras, é sempre possível explicitar uma das dimensões em termos das outras restantes. 22 1.1.3 Avaliação de Desempenho e Avaliação de Resultados Avaliar desempenho significa avaliar ou mensurar a contribuição ou o resultado proporcionado à empresa por seus respectivos centros de responsabilidade. Por outro lado avaliar resultado significa avaliar ou mensurar a contribuição dos diferentes produtos operados na empresa para formação de seu resultado global. Assim sendo, avaliar significa, essencialmente, avaliar pessoas, gestores que administram seus centros de responsabilidade. Avaliar resultados significa, por sua vez, tentar mensurar a importância relativa dos produtos oferecidos ao mercado, com o intuito de observar qual deles proporciona maior ou menor contribuição. Como os produtos fluem para o mercado através dos centros de responsabilidade do tipo unidades de negócios, a avaliação de desempenho (avaliação dos gestores) é feita com base no resultado proporcionado pelos produtos negociados com ampla gama de clientes. Desse modo, as três dimensões de análise citadas podem ser visualizadas abaixo: Produtos Unidades Clientes Avaliação de Resultados Figura 5: As três dimensões de análise. Avaliação de desempenh o 23 Em termos práticos, pode-se iniciar avaliando os resultados proporcionados pelos produtos para depois reconhecê-los em nível de unidade, identificando também os clientes dessas unidades em que tais resultados se concentram. Muitas vezes, principalmente em conglomerados financeiros, a preocupação com o atendimento personalizado e diferenciado aos clientes mais importantes é tão acentuada que são constituídos centros de resultados específicos do tipo plataforma (pessoa jurídica) ou private bank (pessoa física) nos quais os gestores são analisados a partir dos resultados obtidos com tal clientela. 1.2 Operacionalização de Sistemas de Avaliação de Rentabilidade em Instituições Financeiras. Um sistema é algo que envolve, sempre, algum grau de simplificação da realidade. Está calcado em premissas ou regras. Não é um instrumento de precisão, é mais ou menos preciso dentro da lógica e de uma maior ou menor adequação dos critérios sob o qual está baseado. A incompreensão desses aspectos dificulta ou mesmo inviabiliza a operacionalização efetiva dos modelos e avaliação de rentabilidade, uma vez que provocam efeito de redução e até de anulação da credibilidade do instrumento. Os sistemas nascem, geralmente, com a instituição bancária em plena atividade operacional e são estruturados gradativamente. Muito tempo é gasto nas definições de suas linhas básicas e discussão de premissas. Geralmente não existe sistema de alimentação de dados e é preciso desenvolvê-los e isso leva tempo. 24 Com o esforço do aprimoramento, os sistemas, ao longo do tempo vão se sofisticando, tornando-se mais ricos em dados e úteis como ferramenta de gestão. Essa maior complexidade significa: • Produtos e serviços ainda não contemplados no modelo possam • Novas informações foram desenvolvidas, sendo possível agora sê-lo; aumentar o potencial informativo e explicativo do modelo, o que amplia sua credibilidade. Todavia existem produtos ainda não contemplados ou premissas ainda explicitadas com base em informações de pouca qualidade. Esse aspecto é agravado pelo fato das instituições operarem em ambientes dinâmicos, instáveis, concorridos e suscetíveis as mudanças que se refletem em suas políticas operacionais. Isto provoca mudanças como lançamento de novos produtos e eliminação ou modificação parcial de sistemas já existentes. Esses fatos causam nos sistemas de avaliação de rentabilidade da seguinte maneira: • Sensação de regressão no trabalho; • Produtos que ainda não haviam sido incluídos no modelo; • E produtos que deverão ser incluídos agora em função de alteração nas políticas operacionais. 25 1.3 O Sistema e Apuração de Resultados Internos no Banco do Brasil No Banco do Brasil são inúmeros os sistemas gerenciais e contábeis informatizados que se inter-relacionam a fim de apresentar as mais diversas informações aos órgãos demandadores. O sistema de apuração de resultados internos – ARI, um dos instrumentos integrantes do sistema de informações gerenciais do Banco do Brasil, surgiu como um mecanismo para sistematizar as informações com a finalidade de subsidiar seus administradores na mensuração de seus resultados e na tomada de decisões estratégicas nas suas negociações. O objetivo principal do Sistema ARI é controlar e avaliar o resultado das dependências do banco em todo o país. No modelo de gestão implantado pelo Banco do Brasil, as dependências (agências, CSO e CSL e órgãos da direção geral) são considerados centros de resultados, definidas como áreas de responsabilidades na qual é feita a acumulação de receitas e despesas, sob a responsabilidade de um gestor, cujo resultado (lucro ou prejuízo) será objeto de avaliação. A preocupação com a sistemática de rateios internos não é nova no Banco do Brasil e para se chegar ao Sistema ARI, passou-se por várias etapas iniciando-se em 1915 quando foi instituído juros internos a taxa de 5% a.a. com a finalidade de permitir a correta avaliação de desempenho das agências e estimular a captação de recursos. Desenvolver sistema de rateio total dos custos e receitas da direção geral para as agências, de forma a obter resultados por unidade que reflitam o desempenho do Banco como um todo, e permitam seu gerenciamento em todos os níveis. O somatório dos resultados finais das agências devem ser, em termos ideais, igual ao resultado da 26 empresa, cabendo a área responsável adotar critérios e técnicas que permitam a adequada alocação. Em síntese, o Sistema ARI visa controlar o desempenho das dependências e por conseqüência o desempenho de seus administradores. 27 CAPÍTULO II ANÁLISE DO SISTEMA DE APURAÇÃO DE RESULTADOS INTERNOS DO BANCO DO BRASIL O Sistema de Apuração de Resultados Internos por Unidade do Banco do Brasil – Sistema ARI objetiva, basicamente avaliar o desempenho financeiro de cada dependência do Banco. Efetua o repasse interno de despesas, receitas e custos, apurando de forma gerencial o resultado das unidades, sejam eles órgãos da direção geral, regionais, centros de processamentos de dados ou agências. Gerido pela Controladoria – unidade de função que efetua toda parte de controles internos do Banco do Brasil -, o Sistema ARI baseia-se direta ou indiretamente em dados de inúmeros outros sistemas tendo sua fonte mais relevante o Sistema de Consolidação de Dados Contábeis pois dele derivam as informações relativas aos registros contábeis efetuados pela unidade. Para uma melhor análise dos resultados gerenciais fornecidos pelo Sistema ARI, é necessário buscar informações de duas fontes principais: os relatórios gerenciais do Sistema e complementarmente usar a rede corporativa de informações internas do Banco do Brasil, a Intranet, para acessar o Sistema ARI On-Line. As informações são apresentadas aos gestores através de um conjunto de relatórios. Atualmente os relatórios expedidos pelo Sistema ARI são os seguintes: ARI 701 – Resultado econômico – Espelho – destinado às agências; ARI 702 – unidades; Resultado econômico por item – destinado à todas as 28 ARI 706 – Resultado econômico– Espelho–destinado aos CSO e CSL (Centros de Servicos Operacionais e de Logistica do Banco do Brasil) ; ARI 708 – Resultado econômico – Espelho – destinado aos órgãos regionais e da direção geral. 2.1 Descrição e Análise dos Relatórios A seguir serão descritos e analisados os relatórios que apresentam as informações do Sistema Ari: A – Relatório Ari 701 – Resultado econômico – Espelho – destinado às agências contém a demonstração consolidada dos componentes do resultado da dependência, em um determinado mês. Tem por finalidade retratar os resultados da unidade agrupados por natureza, ou seja, pelo tipo de receita ou despesa, fornecendo também os desvios entre os valores orçados e realizados. Os componentes do Relatório ARI 701 são: • A.1 – Receita Financeira e Aplicação – contém o valor obtido pela agência, na forma de juros e correção monetária sobre os empréstimos concedidos. O Sistema ARI busca estes dados no fluxo verificado nos saldos das rubricas representativas desse tipo de receita, na contabilidade da dependência. Não inclui acessórios, multas. O usuário do Sistema ARI On- Line pode obter essa informação detalhada por item de origem acessando o Tipo de Dado 71 (dado que identifica a natureza da informação) que identifica o fluxo de receita financeira da dependência. • A.2 – Despesa de Oportunidade – contemplam a remuneração que as agências pagam para a UF Finanças (Unidade de função centralizadora dos recursos financeiros do Banco do Brasil) pela utilização dos recursos. 29 Resulta da aplicação de multiplicadores definidos nos parâmetros constantes das tabelas do Sistema, sobre o MSD (média de saldos diários) contábil de cada item orçamentário. Em outras palavras, é o custo do dinheiro aplicado. Os multiplicadores também estão disponíveis nos folders específicos da Intranet e o usuário pode tê-los detalhados por item de origem utilizando-se do Tipo de Dados 91. • A.3 – Receita de Oportunidade – apresenta a remuneração paga pela UF Finanças às agências pela captação de recursos junto ao público. É calculada através de aplicação de taxa específica (multiplicador) sobre o MSD (média dos saldos diários sobre uma rubrica contábil) contábil de cada item orçamentário. Os multiplicadores (parâmetros) constam das tabelas do sistema e de folder específico na Intranet. Representa o valor que a agência recebe pela “venda” dos recursos para a Direção Geral. Passível de identificação através do Tipo de Dados 90. • A.4 – Despesa Financeira e Captação – contém o valor pago pelas agências, a título de juros, para remunerar os recursos captados junto aos clientes. É calculada com base no fluxo verificado no saldo das contas de despesas correspondentes. Para identificação da origem da despesa por item, o usuário do Sistema ARI On-Line deve utilizar o Tipo de Dado 72; • A.5 – Margem Financeira Bruta – representa o resultado da intermediação financeira realizada pela agência no referido mês, antes de ser computado o efeito PCLD (provisão para crédito de liquidação duvidosa). Corresponde a soma algébrica de Receita Financeira, Despesa de Oportunidade, Receita de Oportunidade e Despesa Financeira; • A.6 – contempla as despesas com provisão para crédito em situação de anormalidade, atraso ou créditos em liquidação. Poderá apresentar-se negativa ou positiva. Será negativa (despesa) quando houver incremento no volume das operações enquadradas na situação prevista. Poderá ser positiva caso ocorra o decréscimo no volume das operações, por recuperação ou composição do crédito inadimplido. Para o cálculo das 30 despesas com o PCLD, o Banco do Brasil segue as normas do Banco Central, constituindo a provisão mensalmente, contabilizando-a centralizadamente na Direção Geral e repassando-as gerencialmente via Sistema ARI, a cada agência responsável, com base nos dados da contabilidade da dependência, utilizando os seguintes parâmetros: - 20% sobre o total de créditos inscritos como “Em atraso” (operação de crédito vencida há mais de sessenta dias e não paga) para as operações “Com Garantia Real” (operação de crédito garantida por alienação fiduciária, hipoteca ou penhor); - 50% para os créditos inscritos como “Em atraso” para as operações “Sem Garantia Real”; - 100% dos créditos inscritos em CL – Créditos em Liquidação (operação de crédito não paga, transferida para outro enquadramento - rubrica contábil – depois de determinado prazo, conforme definido nas normas do Banco Central). • A.7 – Margem Financeira Líquida – apresenta o resultado da intermediação financeira da unidade, em determinado mês, após a computação dos valores da PCLD. • A.8 – Tarifas sobre Serviços – contempla receitas decorrentes de tarifas internas e externas. Tarifa interna é o valor recebido pelas agências por serviços prestados a subsidiárias. Estão aí incluídas as tarifas recebidas pelas agências para a operacionalização de programas especiais do Governo Federal como o PROGER (Programa de Geração de Emprego e Renda) e PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar). Tarifas externas são aquelas cobradas pelas agências pela prestação de serviços aos clientes e aos usuários do Banco. Ao usar o ARI On-Line o usuário deve utilizar o Tipo de Dado 67, 73 e 87 para identificar a origem das receitas com tarifas, ou seja, para verificar de que produtos são originários. 31 • A.9 – Acessórios – contém as receitas oriundas de débitos efetuados em operações de crédito, exceto juros e correção monetária. Para visualizar os itens de origens e valores o usuário do Sistema ARI deve utilizar o Tipo de Dados 74; • A.10 – Outros componentes de resultado – contempla as perdas e ganho, normalmente não vinculadas a atividade não operacional da unidade. Inclui casos de contabilização de estorno de receitas de semestres anteriores, demais receitas operacionais, como rendas sobre o recolhimento compulsório de depósito a prazo, rendas diversas como aluguéis de imóveis, pagamento de multas e penalidades. Para pesquisar a origem da receita ou despesa no Sistema ARI On-Line, utilizar o Tipo de Dado 78; • A.11 – Custos Variáveis – apresenta as despesas perfeitamente identificadas com os produtos e que variam em função dos volumes transacionados. Identificados pelo Tipo de Dado 79 no ARI On-Line; • A.12 – Margem de Contribuição – o valor da contribuição de cada unidade para a cobertura de seus custos fixos, pagamento de serviços prestados por outras unidades, e a formação do resultado do Banco. É a soma algébrica da Margem Financeira Líquida com Tarifas sobre Serviços, Acessórios, Outros Componentes de Resultados e Custos Variáveis; • A.13 – Despesas Administrativas – representa o valor das despesas fixas da agência no referido mês. Inclui todas as despesas com pessoal, proventos, encargos sociais, provisões, segurança, transporte, comunicações, energia elétrica, gás, etc.. No ARI On-Line pode-se verificar a caracterização de cada despesa usando o Tipo de Dado 75; • A.14 – Royalties – representa os valores pagos pelas agências às unidades gestoras de produtos pelo direito de venda dos mesmos. É identificado no ARI On-Line pelo Tipo de Dado 85; 32 • A.15 - Serviços Internos – Agências – representa os valores pagos ou recebidos pela prestação de serviços entre agências, tais como remuneração pela arrecadação de carnês e assemelhados, pelo pagamento de salários, fornecedores e cheques por conta de outra agência. Utiliza-se o Tipo de Dado 88 no Sistema ARI On-Line. • A.16 – Serviços Internos – CSO e CSL – representa os valores pagos aos CSO e CSLf por serviços prestados às agências. É calculado com base em preços estabelecidos, constante nas tabelas do Sistema ARI, multiplicados pelo volume físico verificado. Para verificar o produto causador da despesa usa-se o Tipo de Dado 81 e 82 do Sistema ARI On-Line; • A.17 – Serviços Internos – Demais Órgãos – contempla os valores pagos (Tipo de Dado 83) ou recebidos (Tipo de Dados 84) de outros órgãos do Banco, tais como pagamento de serviços gráficos e ressarcimento de custos por serviços prestados à subsidiárias (Tipo de Dado 86); • A.18 – Resultado da Unidade – apresenta o resultado financeiro total da dependência no referido mês, inclusos as perdas decorrentes da inadimplência, bem como eventuais recuperações de créditos inadimplidos. Visualizado no Sistema ARI On-Line através do Tipo de Dado 99. O relatório ARI 701 permite uma visualização do resultado em grandes grupos, conforme descrito acima. Porém não retrata ainda uma noção perfeita da origem dos dados. Para uma melhor visualização é necessário utilizar o Tipo de Dado correspondente a natureza da informação desejada no Sistema ARI On-Line. • B – Relatório ARI 702 – Resultado Econômico por item – destinado a todas as dependências, contempla o resultado econômico de um determinado mês, agrupado por item orçamentário e os volumes financeiros transacionados (MSD – média de saldos diários) que serviram de base de cálculo. Serve para visualizar o resultado da unidade por item orçamentário, por origem, pois apresenta o resultado sintético por tipos de produto, serviços e 33 linhas de crédito, agrupando estes componentes em oito gêneros. Cada linha do relatório apresenta um item orçamentário. Em alguns casos, o item contém uma determinada linha de crédito ou produto, como títulos descontados, cheque-ouro empresarial ou títulos de capitalização - Ourocap, por exemplo. Noutros engloba diversos produtos da mesma “família” como no caso de seguros e serviços internos entre agências. Divide-se entre captações, aplicações, serviços, aprovisionamento de recursos de terceiros, outros componentes patrimoniais, outros componentes de resultado, despesas administrativas e serviços internos, apresentando ao final do relatório o resultado financeiro da unidade. • B.1 – Captações – contempla os itens 01 a 49 do Sistema ARI – apresenta o resultado obtido com os valores captados pela agência junto ao público. O relatório apresenta o valor médio captado no mês em cada item, representado pelo MSD – média de saldos diários registrados na contabilidade da dependência, e a remuneração que a unidade obteve como resultado por essa captação, incluídas eventuais receitas com tarifas vinculadas a estes produtos financeiros. Incluem-se neste grupo a captação de depósitos a vista, depósitos a prazo e a captação em poupança. • B.2 – Aplicações – contempla os itens 50 a 399 do Sistema ARI – apresenta o resultado obtido pela dependência, com a realização de empréstimos à clientes nas diversas linhas de crédito, incluindo o ganho com juros e correção monetária, multas e tarifas. Trata da remuneração do ativo operacional da unidade. Incluem-se neste grupo a aplicação de recursos da poupança-ouro, as operações de crédito com recursos do Tesouro Nacional, as operações do BNDS (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e da FINAME (agencia especial do BNDES voltada ao financiamento de máquinas e equipamentos), o desconto de duplicatas e cheques, as operações efetuadas com recursos especiais como PASEP (Programa de apoio ao Servidor Público) , PROGER, PRONAF, etc, bem como a renegociação de dívidas com recursos de conta própria. 34 • B.3 – Serviços – contempla os itens 400 a 669 do Sistema ARI – apresenta o resultado obtido pela unidade na prestação de serviços a clientes, a subsidiárias e aos órgãos governamentais. Incluem-se neste grupo as receitas advindas da cobrança de títulos (duplicatas), da venda de cartões e crédito, de seguros, de planos de aposentadoria, de títulos de capitalização, da operacionalização de aplicação e resgates nos fundos de investimentos, da emissão de ordens de pagamento, da captação de poupança para a POUPEX (associação de poupança e empréstimo imobiliário do Exército Brasileiro), pela arrecadação de tributos e demais recebimentos e receitas sobre pagamento de benefícios do INSS. A remuneração pelo float (tempo em que os recursos ficam a disposição do banco e podem ser aplicados por ele no mercado financeiro) da cobrança e arrecadação de diversos convênios, também são considerados receitas de serviços. • B.4 – Aprovisionamento de Recursos de Terceiros – contempla os itens 700 a 719 do Sistema ARI – engloba os enquadramentos contábeis que registram o trânsito de recursos do Governo Federal e de terceiros, destinados a empréstimos em programas especiais ou para gastos em finalidades específicas sob ordens do Governo. Traz o resultado obtido com a aplicação financeira destes recursos, enquanto não aplicados pelas agências nas finalidades programadas. Esta aplicação é efetuada pela UF Finanças que administra as disponibilidades de caixa do Banco. Portanto, neste grupo, as agências não efetuam receitas, apenas a Direção Geral. • B.5 – Outros componentes Patrimoniais – contempla os itens 720 a 759 do Sistema ARI – composto pelos enquadramentos contábeis que não pertençam ao ativo operacional do Banco. Incluem-se neste grupo os investimentos do Banco em coligadas, participações no exterior, o imobilizado, créditos e obrigações diversas junto às subsidiárias, as disponibilidades em espécie, em ouro ou em títulos e a contrapartida de todas as provisões efetuadas. 35 • B.6 – Outros componentes de Resultado – contempla os itens 760 a 799 e 905 do Sistema ARI – estão aí incluídos os itens que não se enquadram nos grupamentos de receitas específicas por serem de ordem eventual ou oriundos de atividades não operacionais do Banco. Participam com o resultado deste grupo estorno de receitas de semestres anteriores, as despesas não operacionais, inclusive as perdas e ganhos de caráter eventual, as receitas com aluguéis de imóveis, a recuperação de créditos que já haviam sido lançados como prejuízo, perdas com saques fraudulentos, assaltos, prejuízos decorrentes de falhas de sistema, multas, penalidades e despesas com tributos institucionais (PASEP, Finsocial, Imposto de Renda, IOF e Contribuição Social). • B.7 – Despesas Administrativas – contém todas as despesas administrativas de responsabilidade da unidade. Estão incluídas as despesas com pessoal, inclusive encargos sociais e previsões, despesas com comunicações, despesas com aluguel, água, energia, gás, limpeza, conservação do prédio, segurança, depreciações, materiais e outras que sejam de ordem operational e estejam vinculados à dependência. • B.8 – Serviços Internos – registra a remuneração de serviço prestado entre agências e a Direção Geral e dos CSO e CSL para as demais unidades, sendo devidamente classificados em subitens. Por exemplo, a remuneração que uma agência presta serviço em nome de outra, como o recebimento de cheques, recebimento de carnês, pagamento de salários e fornecedores, são alocados o subitem Serviços internos – Agências. • C – Relatório ARI 706 – Resultado Econômico - Espelho – destinado ao CSO e CSL, apresenta a demonstração consolidada dos componentes de resultado da unidade, num determinado mês. • D – Relatório ARI 708 – Resultado Econômico – Espelho – destinado aos órgãos regionais e à Direção Geral, contém a demonstração consolidada dos componentes de resultado do órgão, num determinado mês. 36 2.2 SISTEMA ARI On-Line O Sistema ARI On-Line, disponível na Intranet, objetiva apresentar aos administradores de unidades e aos usuários do Sistema, as mais variadas informações acerca dos resultados econômico-financeiros em um determinado mês. O Sistema ARI On-Line permite abrir os números que se encontram consolidados, fornecendo várias possibilidades de obtenção de informações, conforme a necessidade de informação do usuário. Permite, por exemplo, um levantamento de informações a cerca de determinado produto até seu subitem, detalhando ainda, se solicitado através do Tipo de Dado respectivo, as tarifas, a remuneração interna, o ressarcimento de custos, a receita financeira ou o saldo médio do item orçamentário em consulta. Para tanto, é necessário conhecer a finalidade de cada dígito que compõe o novo Código ARI, bem como conhecer suas formas de acesso e suas peculiaridades. Os Gerentes consultados têm conhecimento insuficiente a cerca da verdadeira utilidade do Sistema ARI On-Line. E por isso mesmo era pouco utilizado nas agências para consultas, antes dos seminarios. A consulta mais utilizada é ao resultado financeiro total da agência em determinado mês. A dificuldade dos gerentes em utilizar o Sistema é resultante, principalmente da falta de tempo para dedicar a pesquisa de como funciona, que informação contém e o que fazer dela. O Sistema está disponível on-line na Intranet em todas as unidades do país. O resultado é on-line mas o resultado não é apresentado em tempo real, pois normalmente os números são disponibilizados com defasagem de ate dois dias. 37 A disponibilização mais rápida dos dados contabilizados é uma das reivindicações dos gestores das agencias para que possam situar-se em relação ás metas daquele mês, observando a distância que ainda tem a percorrer e, se necessário for, mudando estratégias operacionais ou negociais, afim de atingir o resultado esperado. Para utilizar o Sistema ARI, é fundamental conhecer a composição do Código ARI e a finalidade dos diversos elementos que o compõe como, por exemplo, o código ARI do produto BB-Curto Prazo 200 (Fundo de investimento com rentabilidade e liquidez diária onde o cliente pode aplicar suas economias e administrado pela BB-DTVM – Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários do Banco do Brasil) BB Curto Prazo 200: 4.8.86.415.032.205-4. • 4 – identifica o momento da seleção do Código ARI nas etapas do processamento do sistema; • 8 – identifica o processamento relacionado do Código ARI a uma das etapas que podem ser propostas, simulações, orçado, remanejado ou realizado. Neste exemplo, o código 8 significa realizado. • 86 – Tipo de Dado – identifica a natureza da informação contida no Sistema ARI. No caso, o Tipo de Dado 86 significa ressarcimento de custos por serviços prestados à subsidiárias. • 415 – Item - identifica o item orçamentário. É a chave principal para o conhecimento e a identificação da origem dos dados de uma unidade. Normalmente representa uma linha de crédito, um produto, um serviço ou uma despesa, ou ainda um grupo de produtos ou serviços. No exemplo corresponde a Fundo de Investimentos. • 032 – Sub-item – especifica o desdobramento do item orçamentário. Sua vinculação com a contabilidade da dependência através do desdobramento contábil. produto BB- Curto Prazo 200. ocorre No caso do exemplo corresponde ao 38 • 205 – Atividade – é o menor detalhamento do Código ARI. Reflete um tipo de informação diferenciada, servindo para separar, por exemplo, o Cartão de Crédito Visa do Mastercard. No caso, significa a remuneração pela quantidade de aplicações e resgates efetuados pela agência. • 4 – Dígito Verificador – serve para verificar a correta digitação do código. No caso do exemplo, o Código ARI 4.8.86.415.032.205-4 , apresenta a remuneração interna (Fase 4) repassada (Classe 8) pela BB-DTVM, pelo ressarcimento de custos (Tipo de Dado 86) pela operacionalização das aplicações e resgates no produto BB-Curto Prazo 200 (Sub-item 32), um dos Fundos de Investimentos (Item 415) do Banco do Brasil. Resulta da multiplicação do parâmetro 788 definido nas tabelas do Sistema pela quantidade (205) de operações efetuadas. 39 CAPÍTULO III AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE APURAÇÃO DE RESULTADOS INTERNOS – SISTEMA ARI O Sistema ARI, a nível tecnológico, evoluiu muito desde sua criação, atingindo um estágio bastante satisfatório nessa área. As modernas teorias da administração indicam que paralelamente ao crescimento tecnológico de uma empresa, é necessário capacitar as pessoas que irão utilizar os sistemas, a fim de que essas possam usar corretamente os recursos colocados à sua disposição. Os dois relatórios ARI 701 e ARI 702, apresentam de forma agrupada, o resultado Financeiro de uma unidade, em determinado mês, porém de forma diferenciada. Enquanto o ARI 701 apresenta os resultados agrupados por Tipo de Dado, ou seja, por natureza de receita ou despesa, de forma ampla, o ARI 702 traz o resultado agrupado por item, ou seja, por produto, linha de crédito ou serviço, portando de forma restrita, sem entrar em detalhamentos maiores. Com relação ao relatório ARI 702, este permite uma razoável visualização dos resultados, porém trazendo as receitas financeiras oriundas da intermediação, agrupadas com as receitas de tarifas dos respectivos produtos ou linha de crédito. A não separação desta informação nesse relatório dificulta a verificação de quanto se ganhou com a intermediação financeira (spread) e quanto se ganhou com a cobrança de tarifas no referido item. Para tanto, será necessário consultar o Sistema ARI On-Line, usando Tipo de Dados distintos para receita, despesa e tarifas. Seria importante a criação de relatório que apresentasse o resultado do produto, destacando a receita de tarifas das receitas financeiras, para uma melhor visualização do resultado da agência. 40 Com base em entrevistas realizadas com gestores de agência, observou-se que o Sistema ARI atual, aumentou significativamente a satisfação dos entrevistados com o sistema, principalmente em função da constatação de que os parâmetros de remuneração e rateio de despesas fixas são mais adequados que os anteriores. A maior dificuldade se encontra na consulta do Sistema ARI On-Line devido a complexidade do mesmo. A maior parte dos administradores consulta apenas o Resultado financeiro da Unidade e sua série histórica por não conhecer a gama de informações disponíveis. A falta de utilização dos dados disponíveis - portanto não transformados em informações, aliados a demora na disponibilização dos dados em relatórios e no Sistema ARI On-Line, prejudica a tomada de decisão gerencial para correção de erros estratégicos ou falhas operacionais a tempo de evitar maiores prejuízos. Cabe ressaltar que o Sistema ARI On-Line é um instrumento extremamente válido, podendo ser aprimorado. Entretanto é fundamental a divulgação do Sistema e dos facilitadores existentes para todos os administradores, para que o mesmo não seja subutilizado e possa então servir como apoio de tomada de decisão. A divulgação deve ocorrer de forma clara e objetiva e, preferencialmente em um único documento para facilitar a consulta. Tendo conhecimento do funcionamento do Sistema e de novos Códigos do ARI, o gerente terá condições de obter informações, conforme sua necessidade, e utilizá-las como apoio à tomada de decisões estratégicas e operacionais. 41 CONCLUSÃO Os sistemas de informações gerenciais são ferramentas fundamentais de apoio à tomada de decisão e sua correta utilização influencia diretamente na qualidade das ações estratégicas de seus administradores e, em conseqüência, no comportamento do resultado da empresa. Os sistemas devem, portanto, gerar dados confiáveis que possam servir de informações úteis aos gerentes no auxílio de suas funções de planejamento estratégico e operacional. Com base nos resultados no trabalho de análise dos instrumentos do Sistema de Apuração de Dados Internos do Banco do Brasil verificou-se que o nível tecnológico do Sistema é avançado, porém muito complexo, dificultando a assimilação pelos administradores e usuários dos instrumentos disponibilizados pelo mesmo. Constatou-se no estudo que gerentes de agência não têm pleno conhecimento do Sistema ARI que é um dos instrumentos que servem de subsídio para sua avaliação de desempenho funcional. O não conhecimento leva a subutilização dos recursos e das informações fornecidas pelo Sistema. Essa situação deve ser motivo de preocupação da Organização, buscando providenciar urgentemente seminarios/treinamentos, melhor divulgação dos instrumentos de seu Sistema de Apuração de Resultados Internos, bem como reduzir o tempo de disponibilização dos resultados, sem falhas ou pendências. Os relatórios fornecidos pelo Sistema ARI devem ser cada vez mais claros, com maior especificidade, a fim de facilitar o entendimento por parte dos gerentes. Primando pela clareza, serão melhor utilizados e um tempo 42 menor será demandado para sua análise, liberando o administrador para a efetivação de negócios. A divulgação dos parâmetros utilizados e da base de cálculo nos próprios relatórios seria uma medida que viria ao encontro da necessidade de transparência do Sistema e que aumentaria em muito a sua clareza e credibilidade. A tempestividade das informações disponíveis, na Intranet ou em relatórios preliminares vai proporcionar aos gerentes uma melhor avaliação de sua posição frente aos resultados financeiros esperados pela Organização. É necessário que a empresa continue implementando mecanismos de treinamento que visem capacitar os gerentes quanto ao uso do Sistema de Apuração de Resultados Internos e, em contrapartida, a área responsável pelo desenvolvimento do Sistema continue criando mecanismos que possibilitem identificar as reais necessidades dos diversos usuários quanto a adequação das informações para o processo de decisão. 43 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA MAGALHÃES, Kelly Dyana – Tópicos emergentes do sistema de Informação Gerencial, 2007 BIO (S.R.) – Sistema de informação: Um enfoque gerencial. São Paulo, Atlas, 2003 DIAS (D.S.) – O Sistema de Informação e a empresa. Rio de Janeiro, LTC, 2005 FISCHER, José Carlos – A utilização dos sistemas de informações no apoio às decisões gerenciais, em agências bancárias: um estudo de caso no Banco do Brasil. Natal, UFRGN, dissertação de mestrado, 2002 FREITAS, Henrique – A informação como ferramenta gerencial. Porto Alegre, Ortiz, 1998 Dipes DF - Apostila - Seminario Sistema ARI - DF, 2008 44 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I OS SISTEMAS DE APURAÇÕES GERENCIAIS E A APURAÇÃO DE RESULTADOS EM INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. 1.1 Sistema de apuração de 9 resultados financeiros bancárias em Instituições . 15 1.1.1 As dificuldades de operacionalizar um sistema de avaliação financeira. . 15 1.1.2 Avaliação de Rentabilidade 17 1.1.3 Avaliação de Desempenho e Avaliação de Resultados 22 1.2 Operacionalização de Sistemas de Avaliação de Rentabilidade em Instituições Financeiras. . 1.3 O Sistema e Apuração de Resultados Internos no Banco do Brasil 23 25 CAPÍTULO II ANÁLISE DO SISTEMA DE APURAÇÃO DE RESULTADOS INTERNOS DO BANCO DO BRASIL 27 45 2.1 Descrição e Análise dos Relatórios. 28 2.2 Sistema Ari On-Line. 36 CAPÍTULO III AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE APURAÇÃO DE RESULTADOS INTERNOS – SISTEMA ARI 39 CONCLUSÃO 41 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 43 ÍNDICE 44 46 FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES - INSTITUTO A VEZ DO MESTRE Título da Monografia: AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO FINANCEIRO E RESULTADOS INTERNOS: O CASO DO BANCO DO BRASIL Autor: Cesar Augusto Selano Paranhos Data da entrega: 01/09/2010 Avaliado por: Ana Cláudia Morrissy Conceito: