Editorial Chegamos por fim à última edição do “Cê-Viu?” de 2014, fechando com chave de ouro. Começamos contando pra vocês sobre o CEC e o que aconteceu de mais importante aqui na Civil e Ambiental durante o segundo semestre: Tivemos a SeTEC (Semana Temática de Engenharia Civil e Ambiental), palestras do Civilizados, a viagem para Itaipu, o OktoberCEC e muito mais. Não deixe de ler para conhecer um pouco mais sobre o centrinho do momento! Temos um depoimento incrível do presidente do CEC na gestão 81/82, Cesar Augusto Massaro, pai do grande Brunão, contando sobre o CEC, a Poli e o próprio “Cê-Viu?” na época em que ele estudava aqui. A equipe também preparou alguns textos sobre o trânsito na USP e a questão da segurança nas festas na Universidade. Entrevistamos o atual reitor da USP, o prof. Marco Antonio Zago, e perguntamos sobre tudo que ocorreu aqui este ano e o que pode ocorrer nos próximos anos de sua gestão. Foi um momento certamente muito relevante para a equipe, diga-se de passagem. Contamos também com um texto informativo sobre a PoliFinance, grupo de extensão aqui da Poli; e textos de ajuda aos bixos, que devem fazer a escolha de curso nesse mês, escolhendo entre Engenharia Civil e Ambiental. O texto artístico do Márcio Sartorelli e a página de diversões fecham a edição. É isso, pessoal, esperamos que tenham gostado da atuação do “Cê-Viu?” durante o ano, e que continuem nos acompanhando durante o ano que vem, porque nosso intuito é crescer cada vez mais, trazendo matérias e entrevistas de maior qualidade para vocês. Se você tem alguma sugestão ou gostaria de mandar um texto, envie um e-mail para [email protected] ou um inbox no perfil do Facebook (Cê-Viu Poli Usp). Estaremos sempre abertos a novos membros que possam contribuir com o jornal. Basta procurar alguém da equipe que você será convidado a participar das reuniões. Tenham um bom fim de ano, boas férias e até ano que vem! A Equipe Cê Viu? – Edição de novembro de 2014 Equipe Alice Lepique Bárbara Paes Gabriela Marques Igor Rossi Igor Tsuyoshi Júlia Azeredo Márcio Rolim Márcio Sartorelli Maurílio da Mata Agradecimentos Arq. Toshie Sugawara Beatriz Beccari Barreto Bruno Abrahão de Barros Cesar Augusto Massaro Daniel Martins 2 Eng. Enéa Neri Giovanni Amaral Luciana Capuano Mascarenhas Prof. Dr. Marco Antonio Zago Tabita Said Panorama CEC 2014 Pessoal, estarei dando continuidade à série de textos sobre nossas atividades, sendo este o meu último texto ao “Cê-viu?” como presidente do CEC. No segundo semestre começamos com a SeTEC, nesta edição há um texto próprio para esse grandioso projeto. De qualquer forma vou comentar brevemente, a IV SeTEC tomou magnitudes impressionantes esse ano, escolhemos um tema de extrema importância à engenharia atualmente e trouxemos renomados profissionais para palestrarem. A Semana Temática ganhou grande poder e influência com os professores e alunos da Escola Politécnica. Continuando na parte mais Acadêmica, iniciamos um novo projeto, o “Civilizados”, que visa complementar a graduação dos alunos com assuntos relevantes aos engenheiros civis e ambientais. Temos pretensão de fazer esse segmento tomar proporções muito maiores, possibilitando trazer cada vez mais profissionais de extrema importância e relacionados a temas relevantes a formação do aluno. Desde a criação do projeto já tivemos um total de 6 eventos, entre palestras e visitas técnicas. Se você tem interesse e gostaria de nos ajudar na organização ou apenas sugerir temas para futuras edições, nos procure, ficaremos felizes em recebê-lo! Não se esqueçam que já no início do ano que vem, o “Civilizados” junto a InCAD fornecerá um curso de Revit (software da plataforma BIM) aos alunos por um preço abaixo do mercado. Ainda na parte Acadêmica, tivemos a palestra de opção de curso, essa iniciativa visa prestar suporte aos bixos, fornecendo informações dos 2 cursos da GA Civil. Além dessas atividades, o CEC junto aos RD’s vem fazendo um trabalho objetivando a melhoria do curso da Civil, estamos tentando unir esforços para trazer mudanças benéficas aos alunos. Ainda, somos responsáveis pela organização das eleições dos RD e da próxima gestão do Centro Acadêmico. Gostaria de frisar a importância dos votos e o conhecimento dos candidatos. Os representantes discentes são aqueles que levam a opinião e demandas dos alunos ao corpo docente da escola. Eles são os intermediários que podem defender o interesse do aluno buscando uma maior representatividade nos órgãos da Escola. Provavelmente as eleições para os cargos de 2015 já terão acabado quando este texto for publicado, mas como todo ano temos que votar achei válido destacar a questão. Na parte de festas, o CEC no segundo semestre comemorou mais uma vez seu aniversário com o maior estilo alemão de todos os tempos no XII OktoberCEC, que foi no Club 33. Esse ano, pelos incidentes ocorridos, tivemos que realizar nosso evento fora do Campus portanto tivemos algumas mudanças em seu estilo. Esse Oktober forneceu open chopp EISENBAHN, durante a festa tivemos alguns problemas com as choppeiras, pedimos desculpas a todos e garantimos que nas próximas festas nos certificaremos que o problema não se repetira. Mas fique tranquilo, se você perdeu essa festa ainda temos muitos Oktobers pela frente! E ainda esse ano realizaremos a Festa de Fim de Ano da Poli. Essa festa era organizada em parceria com o Grêmio, mas por causa dos problemas ocorridos na sua festa de aniversário, eles solicitaram que saíssem da organização esse ano. Na FFA desse ano estamos trazendo uma atração de nível internacional, o famoso Michel Teló! Se você ainda não comprou seu ingresso está esperando o que? Vamo mexe moçada! Para finalizar minha participação no “Cêviu?” como presidente, gostaria de fazer um pedido aos alunos. Se você ainda não conhece o CEC, nem suas atividades e colaboradores, peço que tente, de alguma forma, aumentar seu contato conosco. Estamos sempre abertos a sugestões, opiniões e críticas, nossas portas estão abertas para todos. Nesse ano, a gestão 2014 tentou fazer com que mais os alunos da civil e ambiental se aproximarem do seu Centro Acadêmico. Pra gente, era de vital importância essa aproximação, para podermos atender as demandas estudantis mais efetivamente. O CEC precisa de uma maior participação dos alunos para podermos crescer ainda mais! Então fica o convite a todos, queremos te ouvir, queremos que você participe, queremos fazer um Centro Acadêmico que atenda a todos! Igor Tsuyoshi Kaga Presidente CEC 2014 3 Gestão CEC 2015 Lucas Mendes (Boleta) Cargo: Presidente Gabriel Kato (Alegria) Cargo: 1º Vice-Presidente Mariana Meletti Cargo: 2º Vice-Presidente Bruno Massaro Cargo: 1º Secretário Luiz Possetti Cargo: 2º Secretário Bruno Yao (Cocobas) Cargo: 1º Tesoureiro Marina Arantes (Moça) Cargo: 2º Tesoureiro Eduardo Mainardes Cargo: Diretor de Divulgação Renan Ruffo Cargo: Diretor de Patrimônio Matheus Amaral (Tetas) Cargo: Diretor de Eventos André Pelosi Cargo: Diretor de Eventos Alice Lepique Cargo: 1ª Diretora Acadêmica Paola Gaspar Cargo: 2ª Diretora Acadêmica Márcio Sartorelli Cargo: Secretário de Imprensa 4 Lucas Ajaj Piccoli Cargo: Secretário Político Representantes Discentes 2015 PEF – Departamento de Estruturas e Fundações Victor Ortega Titular Julie Miyuki Kuahara Suplente PCC – Departamento de Construção Civil Alice Lopes Moriamez Titular Alexandre Félix (Piauí) Suplente PHA – Departamento de Hidrologia Aline Moraes Titular Murilo Soto Suplente PTR – Departamento de Transportes Fernanda Fulan Titular Thiago Almeida (CEC) Suplente Tiago Moherdaui Titular Steffano Esteves Suplente CoC Civil CoC Ambiental Emiliana Barra Soares Titular Miguel Giansante Suplente 5 Setec 2014: o que rolou? No mês de agosto desse ano realizou-se a IV SeTEC (Semana Temática de Engenharia Civil e Ambiental). Pra quem ainda não sabe: trata-se de uma semana acadêmica que reúne palestras, mesas redondas, estudos de caso e visitas técnicas a respeito de uma temática relacionada aos cursos de Engenharia Civil e Ambiental. Na prática, é uma ótima forma de expandir seu conhecimento e aprimorar sua interação com o estudo da engenharia, além de estreitar expressivamente seu contato com professores, profissionais de renome e diretamente com empresas do ramo. Tivemos gratas surpresas logo no primeiro dia de inscrições. As vagas para todas as visitas técnicas se esgotaram em questão de horas, e todas as palestras contaram com expressiva adesão dos alunos (tanto de dentro quanto de fora da Escola Politécnica). Felizmente, tal aceitação nos permitiu o redimensionamento do evento para proporções maiores: realocamos palestras e aumentamos o investimento financeiro. E frente a tanta expectativa, não nos decepcionamos: todas as atividades da semana foram bastante movimentadas! A Semana abordou os tópicos mais expressivos relacionados ao tema de “Gargalos de Infraestrutura”, incluindo setores como a Mobilidade Urbana, a crise no Sistema Cantareira, o Custo Brasil e os gargalos ao investimento e o PAC na infraestrutura brasileira. Foi com grande satisfação que pudemos contar com nomes marcantes como o do jornalista Carlos Alberto Sardenberg, o engenheiro e economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, entre muitos outros, além do patrocínio e apoio de grandes empresas como a construtora Camargo Corrêa e a Autodesk. Ao final da IV SeTEC, o feedback nos pareceu, no geral, bastante positivo. Contamos com a participação de um grande número de alunos e também de professores, não apenas como palestrantes, mas também como ouvintes. Recebemos forte apoio da Escola, bem como dos departamentos e Coordenadores de Curso. Em suma, ficou claro que o evento ganhou nome e força de atuação. No início dos preparativos para o evento, nós da organização trabalhávamos a partir do pressuposto que o estudante politécnico costuma demonstrar pouco interesse por atividades extraclasse, limitando-se apenas a cumprir com o necessário para sua aprovação nas disciplinas. Sabíamos que mudar tal costume seria difícil, mas, ao final da Semana, nos foi provado que esse pensamento estava pra lá de equivocado. O que na verdade existe é a necessidade de maior planejamento e investimento em divulgação consciente dos eventos, o que, no fim das contas, envolve e cativa a participação de todos de forma muito mais marcante. 6 O objetivo para 2015 é não apenas aumentar ainda mais o evento, como também perpetuar nos alunos da Poli o costume de comparecer a eventos extra-classe, mantendo sempre o teor enriquecedor de cada palestra, visita técnica, mesa redonda ou estudo de caso. Em meu nome e em nome de toda a organização: muito obrigada pela participação de todos! E fique ligado: os preparativos para a próxima SeTEC começarão logo no início do ano. Todos que quiserem podem contribuir com a organização, e já adianto: ajudar com tudo isso e receber tantos resultados positivos é nada menos que extremamente gratificante. Júlia Azeredo Diretora Acadêmica – CEC 2014 Depoimento: Colaborador da IV Setec Como muita gente da Poli, eu não sou o cara-docentrinho, aquele aluno que sempre tá nos sofás, tomando cerveja ou jogando sinuca. Muito pelo contrário, dava para contar nos dedos o número de vezes que tinha ido ao CEC nos meus dois primeiros anos de faculdade. Não ia ao CEC por não me sentir bem ali. Meus amigos mais próximos ou não eram da Civil, ou frequentavam o CEC tanto quanto eu. Mas esse ano as coisas mudaram um pouco. Um amigo se tornou Gestão. Outros começaram a ir mais pra lá. A nova Gestão era mais aberta, mais afim de saber o que quem estava de fora pensava. Começou a ser mais acadêmico, também. Foi nisso ai que eu entrei: depois de uma aula, me falaram de um projeto que o CEC tinha, a SETEC (que, sinceramente, eu não conhecia) e que estava no começo da preparação para a nova edição. Achei que ali era o momento para eu participar mais da faculdade, de me integrar. No começo você pensa que nem vão dar muita bola para você, que vai ser aquela velha panelinha de quem está dentro, que vai se sentir deslocado. Mas posso lhe dizer que foi exatamente o contrário. Desde a primeira reunião eu senti que podia expor minhas ideias sem medo. Que, ao final, participar de algo relacionado ao centrinho não era um problema, ou algo que eu não gostaria de participar. É engraçado como esse tipo de coisa toma conta da gente. Você quer ver aquela coisa dando certo, funcionado. Logo no início o problema era o logo, que apesar de estar na 4ª edição, eles nunca tinham criado um. Fiquei feliz de encontrar um contato que fez esse logo legal aí, que todos curtiram (ok, eu confesso que não foi fácil acharmos o logo ideal mesmo com o designer que tínhamos!). E você se sente mais parte do conjunto. Passou bem rápido, pra falar a verdade. Começamos acho que em Abril e a SETEC foi em Agosto. Discutir o jeitão que a Semana ia ficar, o estilo de cada evento e principalmente os convidados. É coisa pra caramba. E a gente aprende com essas coisas. Ao final, a Semana foi boa demais, todos sabem. Acho que posso falar que a SETEC foi pra mim muito além do que eu imaginei em abril. Eu conheci gente nova, aprendi a lidar com grupos e prazos, por mais informais que parecessem, conheci profissionais da nossa área e, por que não, me diverti. Giovanni Amaral Colaborador da IV Setec 7 Civilizados: Construindo Formadores de Opinião Nesse semestre, o CEC, visando promover uma complementação à formação acadêmica dos alunos, criou um ciclo de atividades que ocorrerão periodicamente durante o ano, chamado "Civilizados". O objetivo é trazer temas relacionados aos cursos de Engenharia Civil e Ambiental, além de assuntos mais gerais de interesse dos alunos, que não são abordados ou aprofundados em classe e que são importantes para formar profissionais mais atualizados e conectados às questões do mercado de trabalho. Inauguramos o projeto no mês de setembro, com uma palestra ministrada pelo Prof. Dr. Pedro Caetano Sanches Mancuso, especialista em Engenharia Sanitária, que explorou o tema de recuperação e despoluição de rios urbanos, com ênfase no Rio Pinheiros. Também contamos com a presença do arquiteto Marcio Sequeira de Oliveira, idealizador e criador do “Kit Estrutural Mola”, um modelo táctil e visual para estudar o comportamento de estruturas reais. A palestra foi muito interessante, e houve grande adesão dos alunos, especialmente com a demonstração do kit feita ao final. Em outubro, ainda realizamos uma palestra com o Professor Paulo Helene, especialista em 8 Patologia das Estruturas, sobre acidentes e erros nas estruturas de concreto. Finalizamos então o mês com uma visita técnica para uma obra da Camargo Correa de canalização do Córrego Ponte Baixa, muito enriquecedora tanto do ponto de vista civil quanto ambiental. Temos a intenção de ampliar ainda mais o projeto trazendo mais profissionais para ministrarem palestras e mesas redondas, promovendo mais visitas técnicas, cursos e, eventualmente, até estudos de casos aplicados por empresas, de forma que haja grande amplitude na exposição e aplicação das questões da Engenharia, com maior (porém não exclusivo) enfoque na Civil e Ambiental. Dessa forma, nosso objetivo é tentar criar uma cultura entre os alunos de buscar conhecimento além da sala de aula, construindo formadores de opinião. Fique por dentro dos nossos próximos eventos, que serão divulgados em breve na nossa página: www.facebook.com/civilizadoscec Alice Lepique Diretora Acadêmica CEC 2015 Festas do 2º Semestre No segundo semestre desse ano, o CEC organizou 3 festas: Junina, OktoberCEC e Festa de Fim de Ano. Em agosto, junto com o Diretório da Poli, organizamos mais um tradicional Festa Junina da Poli. É isso mesmo, Festa Junina em agosto, mais uma coisa sem sentido na Poli. Recebendo um público de quase 6 mil pessoas no estacionamento da Poli, tivemos muito sertanejo, brincadeiras típicas (alcoólicas) e até um touro mecânico. A barraca do CEC tinha duas brincadeiras: “Fire in the Hole”, onde tínhamos que jogar uma bola em determinados espaços para ganhar seu prêmio (de pinga à tequila), e “Flip Cup”, onde grupos de amigos podiam se desafiar pra ver quem bebe mais rápido a mais pura betonada. Uma festa tradicional que teve mais um ano de sucesso. No fim de setembro nos deparamos com a proibição de festas dentro da USP, após o incidente ocorrido na festa do Grêmio. Apesar disso, o CEC ainda tinha duas festas programadas e não podia deixá-las de lado. Então, tivemos um novo desafio: organizar festas tradicionais em locais fora da Cidade Universitária. USP e pelas ruas de São Paulo para divulgar a festa, além de organizarmos juntos o novo modelo do Oktober. Mais uma vez, nosso bixos se mostraram os melhores possíveis, atuando lado a lado com todos para trazer uma boa festa. Com a presença de ex-membros do CEC, que voltam ano após ano para prestigiar o Oktober, alemães (ou nem tanto) com roupas típicas da festa e um público apaixonado por cerveja, esperamos ter trazido uma ótima festa a todos os presentes! Finalizando o ano com chave de ouro, apresentamos a maior atração sertaneja do Brasil: Michel Teló! E como não poderia deixar de ser, junto com o Teló teremos um OPEN BAR pra deixar todas as notas ruins da P3 pra trás. Essa é a 4ª edição da Festa de Fim de Ano da Poli, desta vez sem a presença do Grêmio Politécnico por motivos próprios da entidade, trazendo sempre uma super atração para fechar o ano de festas politécnicas da melhor maneira possível. Já comprou seu ingresso? Corra pra não ficar de fora! Dia 8 de novembro tivemos a 12ª edição da MAIOR FESTA ALEMÃ UNIVERSITÁRIA DO MUNDO: o OKTOBERCEC! A festa mais esperada pelos membros do CEC aconteceu numa das mais novas e conceituadas casa de evento de São Paulo, o Club 33, trazendo ainda um Open Chopp Eisenbahn e Oak Bier, além das cervejas importadas que são a marca especial do OktoberCEC. Durante mais de um mês, veteranos e bixos vestiram seus trajes típicos bávaros e saíram pela Igor Rossi Vice- Presidente CEC 2014 9 Visita Técnica a Itaipu Mais uma semana da pátria chegou, e o que vem junto com ela? CEC em Itaipu! visitantes, sendo um marco do impacto da tecnologia do homem na natureza. A viagem que ocorre a mais de 10 anos para conhecer a Usina de Itaipu, trazer muambas do Paraguai e integrar ainda mais os alunos das engenharias Civil e Ambiental aconteceu entre os dias 5 e 10 de setembro, contando com a presença de 90 alunos, desde bixos até formados. Agradecemos o apoio da FDTE - através do prof. Piqueira -, e da FCTH - através da prof.ª Mônica Porto - que patrocinaram a viagem e nos ajudaram a realizá-la. Começamos então a visita técnica no interior da Usina. Passamos por salas de controle, extensos corredores de operação, visitamos uma turbina em funcionamento e ouvimos informações dos métodos construtivos e operação de uma engenheira-guia da Usina. Durante a visita é que percebemos a aplicação do que é estudado em sala. A aplicação dos modelos teóricos que vemos dia após dia, numa obra de dimensões monumentais como essa, são impressionantes e nos trazem mais motivação para a formação como engenheiros. Saindo do CEC após uma ‘esfihada’, embarcamos em dois ônibus com um ‘open bar’ inesquecível (ou esquecível) para aguentar as próximas 15 horas de estrada. Apesar de cansativa, esta é uma das melhores partes da viagem, onde já conhecemos pessoas novas, interagimos com estrangeiros e colegas que, às vezes, nunca vimos na correria politécnica. Como também já é tradição, com a viagem vem a muamba! Seja no Paraguai ou no ‘Free Shop’, muambeiros experientes ou de primeira viagem fazem a festa. Não há nada como passear nas belas ruas de ‘Ciudad del Este’ com suas sacolas de muamba. O CEC acredita que a viagem foi de grande valia para todos os alunos envolvidos, não só pelo aspecto técnico, mas também pelo social. A visita a Usina proporcionou conhecimento de uma forma que não temos na Escola Politécnica, e a integração entre os alunos também ocorre de forma diferente do ambiente escolar. É por isso que a visita apresenta alta procura todos os anos, aliar o conhecimento à diversão. Como entidade acadêmica, esperamos ter proporcionado uma experiência memorável a nossos alunos e que a viagem esteja sempre presente em suas lembranças enquanto futuros engenheiros. Passamos também um dia no Parque Nacional do Iguaçu, visitando uma das 7 maravilhas naturais do mundo: as Cataratas do Iguaçu. Apesar da seca que atinge o sudeste, pudemos ver as cataratas com uma grande vazão, sendo um espetáculo da natureza para todos os visitantes. Uma viagem do CEC também não pode deixar de ter festa! Fomos à Wood’s Foz do Iguaçu, passamos boas tardes na piscina do hotel, além das pequenas festas nos quartos. A integração entre os alunos é parte essencial da nossa viagem. Por fim, chegamos à Usina Hidrelétrica de Itaipu. O tamanho da obra impressiona à primeira vista, desde o reservatório até o diâmetro dos condutos forçados. A paisagem também proporciona uma vista inesquecível para os 10 Igor Rossi Vice-Presidente CEC 2014 Quem somos: O Poli Finance é o clube de finanças da Escola Politécnica da USP. Nossa missão é aproximar os politécnicos do mercado financeiro. Nossa fundação ocorreu em fevereiro de 2012. Desde então, tivemos um rápido reconhecimento dos politécnicos e hoje contamos com mais de 1200 likes em nossa página do Facebook (www.facebook.com/polifinance) e realizamos grandes eventos com ampla participação dos alunos da Poli e de outras faculdades. O que fazemos: Organizamos aulas, palestras e visitas a instituições renomadas do mercado e elaboramos um boletim mensal com notícias, cotações e resumos sobre a economia brasileira e internacional. Além disso, também realizamos a ponte entre as instituições e os alunos divulgando vagas e outras oportunidades. Parceiros: Temos como parceiros instituições como BTG Pactual, Itaú BBA e Credit Suisse. Como fazer parte? Há duas maneiras de se envolver com o Poli Finance. A primeira é como parte do nosso público, curtindo e acompanhando nossa página e comparecendo aos nossos eventos. A segunda é tornando-se um gestor e de fato administrando o clube. Entre as responsabilidades de um gestor estão a organização de eventos, a elaboração de nossos materiais e a manutenção do relacionamento com instituições. Ao longo do segundo semestre, nós realizaremos um processo seletivo para escolher novos gestores. As informações serão divulgadas em nossa página do Facebook. Novos eventos: Para o ano que vem, o Poli Finance está com novos projetos para aproximar e melhor capacitar os politécnicos interessados em trabalhar no mercado financeiro. Com o intuito de conhecer como é o cotidiano de um estagiário nas diversas áreas de um banco de investimentos e discutir outros temas relacionados ao mercado, o Poli Finance irá organizar um Happy Hour com estagiários que já atuam em grandes bancos. Além disso, procurando uma melhor preparação para o politécnico enfrentar as entrevistas do mercado financeiro, o Poli Finance irá oferecer novamente o curso “Introdução ao Mercado Financeiro” com algumas reformulações. Para não perder essas e outras oportunidades fique atento à nossa página no Facebook! Equipe Poli Finance 11 Opção de Curso: Engenharia Ambiental O curso de Engenharia Ambiental, por ser muito novo, causa várias dúvidas nos estudantes que pensam em cursá-lo. O Engenheiro Ambiental tem uma formação abrangente e multidisciplinar, dando a ele uma visão ampla dos componentes do meio ambiente. Isso o torna o profissional ideal para coordenar equipes compostas por profissionais de diversas especialidades. Sua visão holística também deve permitir que dialogue com diversos atores da sociedade, e atribua a devida importância a cada um deles. e Segurança, acompanhando o dia-a-dia da produção, garantindo que todos os resíduos, efluentes e emissões estejam em conformidade legal e tenham a destinação correta. Pode-se trabalhar em grandes empresas de engenharia, como construtoras e mineradoras, que possuem um departamento de controle ambiental para suas operações. Pode-se trabalhar em empresas de engenharia de infraestrutura, que projetem sistemas de saneamento. E, por fim, o ramo em que trabalho, é a consultoria ambiental. No entanto, acredito que a maior dúvida que exista seja com relação ao mercado de trabalho. A Engenharia Ambiental não surgiu como algo novo, para fazer coisas que ninguém nunca fez antes. Desde a década de 1970, quando se iniciou a preocupação com a degradação ambiental, biólogos, geólogos e outros engenheiros se encarregaram de cumprir esse papel. O curso surgiu da necessidade de um profissional que fosse especializado em compreender o meio ambiente como um todo (e não apenas um compartimento dele) e que possuísse as ferramentas de solução de problemas, gestão e elaboração de projetos de um engenheiro. Consultorias são empresas privadas que vendem seu trabalho a outras empresas, então denominadas clientes. O cliente geralmente contrata a consultoria ambiental quando possui um problema e não tem corpo técnico para resolvê-lo, ou mesmo para “ouvir” a opinião de especialistas antes de realizar alguma ação ou interferência no meio ambiente. O trabalho das consultorias costuma envolver não só o cumprimento a requisitos legais, mas também a aplicação de melhores práticas ambientais, que irão trazer benefícios indiretos ao empreendedor, como boa reputação e diminuição de riscos associados a passivos ambientais. Atualmente, existe uma diversidade enorme de consultorias ambientais, e a quantidade de trabalho disponível varia de acordo com o aquecimento da economia e do mercado. Quanto melhor a economia, mais se investe em novos empreendimentos, principalmente de infraestrutura, e consequentemente a consultoria ambiental é mais demandada. Dessa forma, vejo o Engenheiro Ambiental como o profissional que atuará na área de meio ambiente com um diferencial. Sua compreensão ampliada o torna muito mais flexível e adaptável para trabalhar em diferentes áreas. Essa característica torna o Engenheiro Ambiental muito atraente para as empresas. O Engenheiro Ambiental tem possibilidade de exercer sua profissão tanto na esfera pública como privada. No poder público, geralmente irá trabalhar em agências ambientais fiscalizadoras, interpretando e autorizando novos projetos que estejam em concordância com as leis ambientais e autuando e punindo empreendedores que não estejam em conformidade com a legislação. Já na esfera privada, o engenheiro ambiental tem uma ampla gama de ramos de atuação. Pode exercer sua função em indústrias, assumindo o papel de responsável pelas áreas de Meio Ambiente, Saúde 12 Entendo que a Engenharia Ambiental já está reconhecida e consolidada como profissão no mercado. Recebemos o CREA e temos permissão e competência para assinar projetos técnicos. As opções de trabalho também são diversas, cabe ao aluno aproveitar os semestres de estágio para experimentar empresas diferentes e descobrir aquilo que mais se identifica. Luciana Capuano Mascarenhas (Oi) Formada Engenheira Ambiental 2008 Opção de Curso: Civil Antes de tudo, queria agradecer à gestão do CEC. Valeu, bixarada! O renascimento do “Cê Viu?” era um sonho antigo que não tive o prazer de testemunhar quando era do CEC e é com grande prazer que dou um texto de contribuição para essa edição. Quando entrei na Poli, em 2005, o governo Lula nadava de braçada na herança “maldita” do FHC e, embora eu não soubesse, a engrenagem da construção civil voltava a girar. No meu vestibular nós ainda não escolhíamos a grande área. Essa escolha era feita ao final do primeiro ano e somente ao final do segundo poderíamos optar entre engenharia civil ou ambiental. A GA Civil era a última opção, então muita gente entrava na Poli sonhando com produção e caia na civil. Felizmente, em pouco tempo a galera começou a perceber que essa era uma carreira que voltava a prometer bons salários e a procura pelo curso (e a qualidade/motivação dos alunos) aumentou. Em 2007 (acho) a GA Civil ultrapassou a elétrica, deixando a lanterna da concorrência interna da Poli. Em 2011 engenharia civil em São Carlos passou medicina como o curso mais concorrido da Fuvest. Hoje a situação parece ter se invertido. O governo Dilma não foi lá muito habilidoso, a economia começa a ruir e a galera que entrou na Poli sonhando com altos salários e ascensão meteórica já enxerga um caminho um pouco mais incerto à frente. A construção civil tem demitido e os estoques das construtoras estão relativamente encalhados. Vamos ver como fecharemos o ano depois dessas eleições. Onde eu quero chegar com isso? Simples: não escolham entre civil e ambiental se baseando no mercado! É um parâmetro que tem se mostrado volátil demais e é bastante difícil saber como ele estará daqui a 4 ou 5 anos, quando você se formar, ou daqui a 40, quando você se aposentar. De minha parte, Engenharia Civil na Poli É FODA! Em todos os sentidos. A carga horária bastante pesada (que está sendo reduzida) nos faz espartanos no mercado de trabalho! Se você de fato se preocupar em entender o que os professores estão falando (o que exigirá doses tremendas de boa vontade de sua parte, dependendo do professor), ao final do curso você será um profissional de enorme versatilidade, conhecimento técnico e boa visão de engenharia. Lembro de um amigo que estava insatisfeito, largou a Poli e foi pra GV (que convenhamos, não é nenhuma Unidunitê da vida). Pouco tempo depois ele voltou pra Civil: “A galera lá é muito burra”. Hahaha, não é pra qualquer um fazer o que fazemos! Vários dos nossos professores são expoentes em sua área e ter uma aula de graça com eles é uma oportunidade única e acessível a muito poucos. A grande quantidade de parcerias do nosso curso abre ainda mais portas para aqueles que as aproveitam. Pesquisem sobre os programas de duplo diploma, aproveitamento de créditos no exterior ou o programa Poli-FAU antes de optarem por qual carreira seguir. Hoje, com 3 anos de formado, dou consultoria em Geotecnia, mas poderia ter ido trabalhar com transporte, gestão, saneamento, logística, estrutura, infraestrutura... O leque à nossa frente é talvez o mais amplo entre todas as engenharias e há caminhos para os mais variados gostos! Já fiz fundações para prédios comerciais, residenciais, em São Paulo e em outras cidades. Já participei até de obra da Olimpíada (meu sonho quando entrei na Poli)! Minha turma está toda empregada. Meus amigos ajudaram a construir o Itaquerão, Belo Monte, o Terminal 3 do aeroporto de Guarulhos, o rodoanel, o metrô, o monotrilho... Alguns estão na Odebrecht, Andrade Gutierrez, Gafisa, Tecnisa, Cyrela etc. Alguns estão em escritórios de projeto (inclusive de professores) e alguns têm negócio próprio. Enfim, independente de qual caminho você seguir na Engenharia Civil, não será fácil, mas sem dúvida valerá à pena! Bruno “Girafales” Abrahão Barros Formado Engenharia Civil 2010 de 13 Depoimento: POLI no início dos anos 80 Fui convidado a dar um depoimento para o Cê-Viu? sobre minha época de POLI, em especial quando fui Presidente do CEC (81/82). Creio que a maioria dos meus contemporâneos deve concordar que um dos elementos mais marcantes desse período foi o próprio “Cê-Viu?”. O “Cê-Viu?” passou a ser editado no final de 1979. Aos poucos cresceu e ganhou notoriedade pela linha editorial aberta e colaborativa que o CEC criou e sustentou por muito tempo. Todos eram convidados a contribuir com artigos, comentários e outras formas de colaboração (desenhos, ilustrações, citações, etc.). Numa época de intensos debates políticos, ele conseguiu ser canal de expressão de diferentes posições existentes na Civil e gestor de polêmicas, reconhecido como o principal canal de expressão e debates dessas opiniões divergentes. Toda contribuição entregue era impressa e por isso todos se reconheciam nele. Com uma editoração criativa, democrática e bem humorada, tornou-se rapidamente a referência de muitos alunos da Civil e de fora dela. O “Cê-Viu?” era impresso na gráfica do Grêmio Polítécnico. Saia em duas ou três edições semestrais. Chegou a ter tiragens de cerca de 1000 exemplares com mais de 50 páginas de matérias criadas por colaboradores diferentes e juntadas, compostas e editadas pelo grupo editorial organizado pelo CEC. Era quase uma revista mensal, pelo tamanho e frequência que saía. No dia da distribuição, muitas pessoas da Civil, de outras unidades da Poli e da USP corriam para o CEC em busca de um exemplar. Essa foi a sua dinâmica por uns cinco anos. Muitos talentos foram identificados pelo “Cê-Viu?”. O mais famoso é o Marcelo TAS (o Cocão), que foi responsável pela área de Imprensa do CEC na gestão 80/81 e colaborador até se formar. Mas ele não foi o único. Vários colegas começaram a escrever, desenhar, debater, organizar eventos e trabalhos e buscar novas oportunidades por conta da atividade que o “Cê-Viu?” gerava. A gestão em que fui Presidente (81/82) pode também ser caracterizada por ter sido de “transição”. Talvez tenha sido uma das últimas 14 eleitas em uma disputa entre chapas com grande polarização política que arrastavam grande número de eleitores. A partir dela quase todas as gestões foram compostas por chapas únicas, com enfoque mais voltado para as atividades internas da Civil. Nessa época, o movimento estudantil deixou de ser o protagonista na luta contra a ditadura militar e pela redemocratização do país. As principais entidades estudantis da POLI (Grêmio Politécnico, Centrinhos e em especial o CEC) estiveram na liderança desse processo desde 1976, na criação do DCE livre da USP, nas manifestações de rua de 1977/78 e na reconstrução da UNE em 1979. Porém, a partir desse ano, novos atores entraram no cenário político institucional naquela época. Em 1979, houve as Greves do ABC. No mesmo ano, um novo Presidente foi indicado pelo regime militar (General Figueiredo) e inicia-se uma fase de negociação que levaria a criação de novos partidos e à eleição direta de Governadores em 1982. A participação política dos estudantes passou a ser feita principalmente por outros canais, sejam nas entidades gerais (DCE, UEE e UNE), partidos políticos e outras organizações da sociedade civil. Os Centrinhos, e o CEC na Engenharia Civil, sempre tiveram também uma característica de preocupação com aspectos do mercado de trabalho e da formação técnica e profissional. A gestão coincidiu com uma guinada no mercado de trabalho do Engenheiro Civil, com reflexos internos para alunos e professores. A economia mesmo instável ainda permitia alguma perspectiva profissional nas áreas tradicionais de projeto e construção. Porém em 1981 entrou numa forte recessão por conta da crise da dívida externa e o mercado para engenheiros civis praticamente desapareceu. O número de alunos matriculados na Civil caiu drasticamente nos anos seguintes. Muitos colegas buscaram novas oportunidades. Alguns foram para bancos e instituições financeiras, outros para a área de microinformática (que estava começando) e outros para novas áreas da engenharia civil (ambiental, logística e transportes, gestão da construção e negócios imobiliários). Muitos buscaram na própria POLI um caminho para suas carreiras e hoje se tornaram professores. Outros ainda foram para novos e diferentes caminhos. Muitos anos depois de formado voltei a atuar na área da engenharia civil. Nesse ínterim tive a oportunidade de circular em diferentes áreas profissionais e de me encontrar com colegas desse período. O recado que tenho é de otimismo. Pude ver que vários colegas que viveram aquele período na Civil, CEC e “Cê-Viu?” encararam as dificuldades com seriedade, alguns deram mais certo e outros nem tanto, mas todos levaram consigo boas lembranças da vivência conjunta e também tudo o que a POLI nos ensinou (como mãe e como madrasta). Cesar Augusto Massaro Presidente CEC 1981/1982 Dia de apuração das eleições do CEC Gestão (81/82) - Maio de 81 A chapa chamava-se "Volta ao Futuro" (bem antes do nome do filme). Todos estavam vestindo a camisa da chapa desenhada pelo Carlos Guena - artista talentoso - que depois se tornou Ilustrador, Artista Gráfico e Editor. Foto tirada por Luiz Ricardo de Mello Biccari, hoje engenheiro da Secretaria de Licenciamento (PMSP). Na foto, da esquerda pra a direita: 1. Prof.ª Liedi Bernucci, ex Diretora do CEC (80/81) Professora do Depto. de Engenharia de Transportes (PTR) e Vice Diretora da EPUSP. 2. Prof.ª Maria Eugênia Gimenez Boscov, ex Diretora do CEC (80/81), Profa. do Departamento de Estruturas e Fundações (PEF). 3. Norberto Lichtenstein, ex Presidente do Grêmio Politécnico, ex Professor do Dept. Construção Civil e hoje empresário do ramo de varejo. 4. Nelson Rubens Kunze, ex Diretor do CEC (80/81), músico e Diretor-Editor da Revista Concerto (de música clássica) ao fundo; 5. Eu (Cesar Augusto Massaro), recém eleito Presidente do CEC (81/82) 15 Trânsito na USP: o que fazer? A probabilidade de você que está lendo esse texto já ter se estressado de alguma forma com o trânsito na USP é muito alta: parado durante muito tempo na fila que se forma no P1, tendo que competir aos sábados por um lugar na via com os ciclistas de alta velocidade, sendo apenas um ciclista que gostaria de chegar logo em casa, mas passa por algumas emoções no caminho ou até mesmo sendo um pedestre que só queria atravessar a rua, mas sofre com os carros em alta velocidade que nunca param... Enfim, estamos na famigerada São Paulo e nem mesmo a USP escapa do seu trânsito caótico. saindo das festas se encontra com o fluxo dos esportistas que estão chegando, o que gera acidentes como o ocorrido em agosto: um motorista bêbado atropelou 5 pessoas e o corredor Alvaro Teno de 67 anos morreu. Conversamos com o engenheiro Enéa Neri e a arquiteta Toshie Sugawara da Prefeitura do Campus e pudemos ter uma visão melhor sobre o que está acontecendo na USP. Uma licitação já foi feita e hoje em dia uma empresa já fornece o mobiliário urbano como totens e banners para incentivar o respeito mútuo entre aqueles que utilizam as vias da Universidade. A missão da Prefeitura do campus, em suma, é prover a Universidade com serviços de infraestrutura e manutenção, assim algumas medidas já estão sendo tomadas. Conscientização dos usuários Entendendo os motivos Perguntamos sobre a situação da mobilidade no campus e eles disseram que o fluxo de veículos no campus Butantã já é alto pelo número de pessoas que frequentam suas 36 unidades, mas um dos principais problemas é o trânsito de passagem (aquele constituído por motoristas que não têm a USP como destino) e ele aumenta na medida em que os repórteres das emissoras de rádio indicam o campus como alternativa para “cortar caminho” ou escapar de congestionamentos. 16 Um dos totens instalados Uso do campus esportivas para práticas Ônibus, caros, ciclistas e corredores na mesma via A USP juntamente com a Associação dos Treinadores de Corrida, a Federação Paulista de Triathlon e esportistas independentes, está elaborando uma forma de organizar o uso do campus aos sábados. No dia 01 de novembro o “1º teste do Projeto Piloto para Práticas Esportivas na Cidade Universitária “Armando de Salles Oliveira” (CUASO)” foi realizado. Cerca de 5 mil atletas participaram do teste. Aliado a isso, principalmente nos fins de semana, motoristas de ônibus ou automóveis têm que dividir a via com ciclistas de alta velocidade e corredores. Muitas vezes o fluxo de carros que estão Em suma, montou-se um circuito de 6,2km (em boa parte, paralelo à raia olímpica), separado dos automóveis por cones ou canteiros. Das 4h às 6h, ciclistas de alta velocidade podiam utilizá-lo e das 7h às 12h era para caminhadas, corridas e ciclistas a passeio. Ciclistas de alta velocidade no campus Haverá um segundo teste ainda este ano para a feitura de um estudo e posterior envio para o Conselho Gestor para sua aprovação. Ciclovia e faixa de ônibus A arquiteta Toshie é uma das responsáveis por esses projetos que estão para ser implantados em 2015. Ela comentou que devido às árvores, a faixa de ônibus deverá ser afastada da guia para a passagem dos veículos, pois estes, muito altos, poderiam danificá-las. Dessa forma, esse espaço entre a guia e a faixa de ônibus poderia ser utilizado para a construção da ciclovia. O engenheiro Enéa disse que um estudo sobre o trânsito do campus já foi encomendado e que ele ajudará na elaboração mais detalhada do projeto. A ideia é que inicialmente a ciclovia e a faixa tenham 1500m, da Casa de Cultura Japonesa (avenida Lineu Prestes, 159) até a Portaria 1, onde a faixa se integraria à já existente na rua Alvarenga. Posteriormente, haverá uma expansão e a ideia é que a rede seja ramificada, ou seja, os ciclistas não precisarão sair dos caminhos exclusivos das bicicletas para acessar os prédios de suas faculdades. São previstas também estações de empréstimo, inclusive uma no metrô Butantã (ao todo serão 25, num total de 250 bicicletas). A ideia é retomar o projeto-piloto “Pedalusp”, criado por alunos aqui da Escola Politécnica e que já foi testado, mas na época não se desenvolveu. A presença da CET Atualmente há um termo de cooperação entre a USP e a Secretaria Municipal de Transportes. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) está dando um auxílio para a elaboração do projeto das ciclovias, do uso do campus pelos esportistas e sempre que há algum evento grande, como corridas, ela ajuda a organizar o trânsito no entorno. O que se busca agora é um convênio com a CET, para fiscalização (para que seus fiscais possam trabalhar no interior da Cidade Universitária) e sinalização vertical e horizontal. Outras medidas Na UNICAMP, por exemplo, para aumentar a segurança, todos os carros são cadastrados e os visitantes se identificam na entrada. Enéa disse que isso seria inviável aqui no campus, pois qualquer tipo de bloqueio na entrada faz com que um caos se instale no entorno. Nesse sentido, há várias ideias (que ainda estão em desenvolvimento) para tentar inibir o trânsito de passagem, como bloquear o acesso a determinadas vias dentro do campus, obrigando o motorista a fazer um caminho maior. Programa Campus Sustentável Todos esses projetos citados integram o Projeto Campus Sustentável, cujo objetivo é que a USP seja referência nacional em sustentabilidade, articulando pesquisa, ensino, cultura e extensão. A ideia é melhorar o campus com ações da própria universidade. Há nove principais projetos, entre eles, Gestão Integrada de Resíduos, Gestão de Áreas Verdes e Governança do Campus, nos quais os projetos para melhoria do trânsito se inserem. Todos são projetos muito interessantes, vale a pena procurar e conhecer melhor! Ah, e não se esqueça de fazer a sua parte para ajudar a USP a ter um trânsito melhor! Bárbara Paes 3º ano Engenharia Civil 17 Entrevista Zago Este foi um ano de muita agitação na USP. Desde o problema na USP Leste, passando pela questão segurança até a crise financeira da Universidade. Talvez o homem mais notório atrás de tudo isso foi o reitor Marco Antonio Zago, graduado em Medicina pela FMRP, mestre e doutor pela mesma faculdade. Assumiu o cargo no início de 2014 e conduziu uma série de medidas polêmicas, fato que desencadeou a greve da USP neste ano. Diante disso o “Cê-viu?” realizou uma entrevista com nosso reitor para nos deixar a par da situação geral da universidade, fazer uma análise do seu primeiro ano no cargo e expor seus planos para o próximo ano. * No momento em que o senhor assumiu a reitoria da USP, como estava a situação financeira da universidade? Quando assumimos a reitoria, já sabíamos que havia dificuldades financeiras, já tínhamos indícios disso no final do segundo semestre de 2013. No entanto, o tamanho e a gravidade da situação ficou evidente somente no momento em que assumimos e recolhemos todos os dados da universidade. Isto, em parte, se deve ao fato de que, no ano final do ano passado, não ocorreram as reuniões do conselho universitário relacionadas à questão orçamentária. Na USP, tradicionalmente, as duas últimas reuniões do Conselho Universitário tratam especificamente da questão orçamentária, mas de 2013 para 2014 isso não ocorreu. Sendo assim, ninguém tinha um balanço exato da situação financeira naquele momento, foi só no início de 2014 que vimos que tínhamos um grande problema representado com o excesso de gasto com pessoal. 18 início da reunião dizendo qual é a situação financeira da universidade naquele momento. Ano passado não ocorreu nenhuma reunião do conselho universitário, salvo em uma no dia 1º de outubro que tratou exclusivamente do processo eleitoral. Então não houve informação formal ao conselho universitário sobre a situação financeira da universidade. * Então o Conselho Universitário em geral não tinha conhecimento da situação exata? * Nesse primeiro ano de mandato, quais foram as principais medidas adotadas pela reitoria no combate à crise orçamentária? Essa é uma coisa que não se pode responder com segurança, o fato é que o Conselho Universitário toma conhecimento formal quando as coisas lhe são apresentadas formalmente; claro que cada conselheiro ou identidade pode ter acesso a informações, mas no ponto de vista formal é na reunião do conselho universitário que tradicionalmente o presidente da Comissão de Orçamento de Patrimônio traz um informativo no Quando nós assumimos entendemos que a universidade tem dificuldade e problemas, o que é natural de qualquer grande instituição. A USP conta com 100 mil pessoas envolvidas e chegou a esse tamanho sem que a sua gestão tivesse de fato se planejado pra isso, fomos apenas nos adaptando a esse crescimento. Quando assumimos percebemos que haviam dois grandes problemas que tomariam grande parte do nosso tempo: a questão da USP Leste e a situação orçamentária da universidade. Quando nós assumimos, o campus da USP Leste estava interditado e esse não era um problema menor: 5 mil estudantes estão lá com outro grande número de professores, cursos, laboratórios e etc. Nós abruptamente fomos barrados e tivemos que nos organizar em dois meses para acomodar toda esse contigente, não estávamos preparados para isso. A afirmação que a USP já estava ciente desse problema a muito tempo e que não se tomou providências para resolvê-lo é verdade, mas o fato é que: quando assumimos a USP Leste já estava barrada e nos levou muito tempo para acomodar todo o pessoal. Claro que o resultado não é satisfatório, você não acha facilmente um lugar na cidade de São Paulo que comporte 5mil alunos, o refeitório, bibliotecas e assim por diante, além de que tivemos que resolver o problema específico que levou à interdição do local. Neste aspecto nós conseguimos com o tempo equacionar os problemas, conseguimos acomodar os alunos e retornar para lá. Além disso, havia o problema orçamentário, hoje, estamos gastando com salários mais do que recebemos de repasse do ICMS, além disso gastamos cerca de 15% adicionais com a manutenção da universidade (material de consumo, transporte, contratos, permanência estudantil, bolsas e etc). Se estamos gastando mais do que estamos recebendo o dinheiro tem que sair de algum lugar, no caso de uma reserva, uma poupança que se formou ao longo dos anos em que a universidade gastava menos do que nós recebia. Quando nos defrontamos com essa situação tínhamos dois objetivos: primeiro, na medida do possível proteger essa poupança, que está reduzindo rapidamente, e segundo, recompor a situação financeira da universidade principalmente onde está nosso maior problema: recursos humanos. Para proteger a poupança, uma das medidas foi reduzir gastos com obras de grande proporção, que estavam sendo sacados dessa poupança, então houve obras que foram interrompidas. De início paramos tudo, agora o Conselho da Superintendência de Espaço Físico vai criteriosamente estudar quais as obras prioritárias, nas quais podemos alocar recurso, como por exemplo o teatro Guarnieri. Obras que atendam cursos de graduação são prioritárias sempre. A segunda medida foi o reequilíbrio financeiro, quando você olha o gasto da universidade com pessoal você vai ver que, hoje, a USP gasta 38% do orçamento com docentes e 62% com servidores, a massa de servidores na universidade é muito grande. Isso não quer dizer que acreditamos, como afirmam os sindicatos, que os culpados da crise sejam os servidores. Eu nunca disse e nem penso isso, servidores qualificados são essenciais pra vida universitária em qualquer lugar do mundo. Eu tenho uma carreira fundada em produção científica, coordenei laboratórios altamente competitivos e os servidores técnicos tem um papel fundamental. Isto é um fato, outro fato, que não contradiz a esse, é que nós temos muita gente e pagamos salários que na visão externa, não minha, estão acima dos salários pagos pelo mercado. Temos muitos funcionários? Temos, principalmente quando comparamos com outras instituições, especialmente com as estrangeiras. Uma universidade do tamanho da nossa, a Universidade de Bologna, que tem em torno de 87mil estudantes, tem 3 mil professores, 3 mil funcionários e 2 mil terceirizados. A USP tem 6 mil professores, 17 mil funcionários e cerca de 2 mil terceirizados, nossa força de trabalho tem 22 mil pessoas. Para começar a mudar isso, uma das medidas criadas foi o plano de incentivo a demissão voluntária, isto é, funcionários com grande tempo de serviço terão vantagens caso peçam demissão. Algumas pessoas dizem que vamos perder funcionários em áreas críticas, mas essa é uma oportunidade também da universidade se reestruturar do ponto de vista administrativo. Concomitantemente a isso nós temos um programa de mobilidade de funcionários, para que possamos enxugar e depois transferir funcionários para outras funções. A terceira coisa que devemos fazer é modernizar o fluxo de documentos, decisões e etc, temos sistemas extremamente arcaicos que derivam do fato que a universidade ter crescido sem planejamento. Agora é uma oportunidade de revermos essas coisas. Ao lado disso, há outras medidas que teremos que tomar, entre elas a universidade se desfazer de gastos que não são tipicamente universitários. O maior exemplo a questão do Hospital Universitário (HU). O HU tem uma função importante no atendimento médico da população, mas praticamente não existem mais exemplos no mundo de hospitais geridos pela universidade. Nos EUA não há, na Itália existem 3, todos vivendo uma crise financeira, porque a quantidade de recursos que o hospital drena são imensos e não é necessário que o hospital pertença a universidade para que se possam fazer ali atividades universitárias. Tomo dois exemplos: o Hospital das Clínicas da FMRP, que conheço muito bem, há mais de 25 anos possui gestão vinculada à secretaria da saúde, 19 o superintendente do hospital é um professor da faculdade de medicina, o conselho deliberativo é formado por professores dela e todas as atividades que lá são feitas são controladas pela FMRP sem que a universidade ponha dinheiro nisso, pois é uma questão que interessa a saúde pública, o hospital atende à população. Um outro exemplo é o HC de São Paulo, toda a gestão está ligada a secretaria da saúde, mas quem controla aquilo é a faculdade de medicina. A ideia é vincular o HC ao Hospitais das Clinicas. O HC, que tem 7 institutos, teria mais um. Qual a dificuldade? * O senhor acredita que o aumento do repasse do ICMS à universidade resolveria o problema? Ou cortes de orçamento também são necessários? Como essa equação se equilibra? A pergunta ai não é essa, a pergunta é: essa seria uma solução viável? Ter sonhos faz parte da vida, mas os sonhos tem que se adaptar à realidade. Quem decide a questão do repasse não somos nós. Nós temos, dentro da USP, que tratar daquilo que nós podemos fazer. Há coisas que seriam muito melhores se a lei fosse diferente, mas pra mudar a lei você deverá conversar com deputados, com o senado e o governo e convencê-los que aquela é uma boa medida. Enquanto isso não acontecer temos que obedecer a lei, e hoje ela diz que o repasse a universidade é de 9,57% do ICMS. Em volume esse recurso vai crescer menos do que o esperado para o próximo ano, porque a situação econômica do pais não vai bem, portanto o ICMS do Estado no ano que vem será maior que desse ano, mas não crescerá tanto quanto gostaríamos. Esta é a realidade, mas nós vamos pedir pro governo mudar? Podemos pedir, já mandamos um ofício pedindo, mas essa decisão não é nossa, essa decisão é do Governo do Estado e da ALESP. Dizem que a nossa gestão é contrária a isso, claro que não somos contrários, se os recursos aumentarem seria ótimo, mas é uma questão de realismo, temos que tratar com o orçamento desse ano. A lei de diretrizes orçamentarias deste ano já foi votada, e nós vamos receber 9,57% do ICMS. * Qual a repercussão esperada pela reitoria ao divulgar a folha de pagamento da universidade? Alguns dias tivemos uma mesa redonda, com participação da imprensa, chamada “A USP e a 20 sociedade”. Nesse evento, um dos jornalistas disse: “Eu não gostaria que meu salário fosse divulgado”. No entanto esse é um ônus a que tem que submeter todo funcionário público, a sociedade tem direito de saber o quanto ela está pagando para cada servidor. Portanto, não é uma questão de gostar ou não, acho que temos que fazer isso porque todas as entidades e organizações do Governo fazem. Isso trará muitos benefícios, inclusive o de desfazer mitos. Desfazer o mito de que a USP está em péssima situação financeira porque aqui está cheio de gente ganhando acima do teto do governador. Já fizemos uma conta, se abatêssemos o excedente do teto seco do governador isto corresponderia a 0,06% do que gastamos com salários. Então não é isso que cria dificuldades para a universidade. As pessoas poderão ver os salários e os comparar, e poderão observar uma coisa muito grave pro futuro da USP: Que a questão do teto salarial, ao longo prazo, fará com que percamos competitividade. Por exemplo, hoje, em São Paulo, existe dois tetos salariais: o das universidades paulistas, que está em torno de 20 mil e o das federais instaladas aqui, que é 29 mil reais. Tem quase 10 mil reais da diferença do teto das federais e estaduais. Isso a longo prazo criará uma dificuldade séria para as universidades paulistas e vai fazer com que percamos competividade. E estes salários não são um mar de marajás, porque veja, estes salários são para quem está há 25, 30 anos na universidade com dedicação exclusiva, ou seja, não pôde trabalhar no mercado e abriu mão disso pela carreira universitária. * Nos últimos anos ocorreram vários incidentes que levaram a contestação da segurança dentro e ao redor do campus. Como o senhor vê esse problema e quais as medidas tomadas pela reitoria para solucioná-los? A questão da segurança exige que todos os envolvidos entendam que ela deve ser planejada para nos proteger. Então seria necessário despir essa questão de conotações políticas e ideológicas e tratarmos da maneira mais pratica possível. Ocorrem crimes na área do campus da USP? Ocorrem. Ocorrem crimes na área dos Jardins e do Centro? Ocorrem. A característica não é muito diferente, fazemos parte de uma grande cidade que tem um problema de segurança. Quem trata da questão de ocorrências criminais na Paulista ou no centro velho da cidade é a polícia, é uma questão de polícia, não adianta politizar isso. Guarda universitária não serve pra isso, é uma guarda desarmada, que não vai prender bandido, é uma guarda principalmente patrimonial, de regulação de fluxo de pessoas, ela não vai coibir crimes na área da universidade. Temos que ter um acordo, claro que a universidade tem que tomar medidas para melhorar seu sistema de segurança, por exemplo o sistema eletrônico. Isso é fundamental e acontece no mundo todo, o sistema eletrônico de vigilância facilita enormemente pois permite, com uma quantidade de pessoal muito menor, onde o risco de ocorrências é maior. Agora, ao lado disso há uma questão muito especial, que é a questão de festas. A USP não é um clube, é uma universidade. Organizar um evento com 2 mil a 4 mil pessoas não é trivial. Demandam pessoas qualificadas, treinadas pra isso, é necessário obedecer uma série de requisitos de segurança. Então permitir que os CA’s realizem festas dessa dimensão para, com isso, arrecadar dinheiro para sua sobrevivência configura uma visão muito simplista da situação, porque eles perdem controle depois, pois a universidade não tem segurança treinada e nem faz parte dela organizar festas, assim acabam acontecendo desastres. Já aconteceu e eu tenho certeza que, se continuarem ocorrendo esses grandes eventos, haverão novas tragédias, é impossível conter isso, porque nós não temos estrutura para isso, não é nosso objetivo. Essa questão tem que ser repensada, os próprios estudantes precisam entender que esses grandes eventos tem que ser preparados e feitos em locais diferentes onde haja estrutura e segurança. * O senhor acredita que o convênio USP/PM foi efetivo nos seus objetivos? Acho que a questão central não é o convênio, porque como se trata de um espaço público a responsável pela segurança pública é a PM , não cabe a nós controlarmos a segurança. O que precisamos, mais do que convênio, é um acordo. Conversarmos sobre como e de que jeito nós devemos tratar a presença da polícia aqui. É inevitável o exercício da autoridade policial, que não nos cabe. Querer limitar a ação da polícia vem de coisas do passado e não acho que neste momento precisamos disso, acho que devemos ter uma atuação muito prática, quais são as questões que precisamos resolver e como vamos resolvê-las. Vai haver ronda? A PM será chamada só quando houver queixa ou precisaria de um policiamento preventivo? Nós temos que nos resolver com relação a isso. Quando ocorre alguma coisa reclamam que não tem polícia, quando a polícia aparece dizem que ela esta aqui para reprimir a liberdade de pensamento. Temos também que dialogar com a polícia, existem escalas de comportamento que são mais perigosos e outros que são menos. *Qual o seu feedback do primeiro ano de gestão? Quais foram, na sua opinião, os erros e acertos? Uma parte significativa desse ano foi gasto resolvendo essas duas grandes questões: a USP Leste e a situação financeira, nenhuma das duas estão definitivamente resolvidas, mas foram equacionadas e portanto permite que outras questões poderão agora ter um caminho mais aberto. A mais importante delas é a questão da reestruturação dos cursos e de todo o sistema de graduação na USP. O pró-reitor vem tratando isso com muita assiduidade e na próxima reunião do conselho universitário já vamos votar uma modificação de estatuto que aumenta a responsabilidade das unidades nas decisões que dizem respeito aos seus próprios públicos, com as modificações curriculares. Vamos simplificar esse processo e os órgãos centrais terão um caráter muito mais regulatório, as decisões poderão ser feitas dentro das próprias unidades. Nós temos tratado da questão do ingresso da universidade e esperamos que no ano que vem possamos fazer modificações no sistema de acesso a universidade. O acesso à universidade não precisa obrigatoriamente ser um único formato. A FUVEST vai continuar tendo um papel significativo na seleção dos estudantes, mas podemos sim estudar métodos adicionais que complementem a FUVEST. Além disso, devemos nos inserir nos sistemas de avaliação global de ensino no Brasil, como o ENADE. As vantagens disso serão enormes, não só para o sistema, que poderá ser aperfeiçoado, mas também para conhecermos melhor os nossos pontos fortes e fracos no que diz respeito ao ensino de graduação. Fazer gestão sem informação é ilusão, temos alguns indicadores externos de qualidade, mas precisamos de algo mais regular que nos comparem com os outros. Ao mesmo tempo estamos reformulando o sistema de estrutura do sistema digital para dar apoio aos cursos de graduação. Outra questão que está sendo encaminhada é a reforma do próprio estatuto da universidade. Há opiniões muito divergentes em relação a isso e essa questão inclui o sistema de eleição de dirigentes. As discussões estão encaminhadas, mas no início do ano que vem tomarão um folego maior porque haverá um processo 21 decisório. Também queria chamar atenção dos estudantes e pedir que eles participem ativamente de um grupo de trabalho que está tratando da reforma dos regimes de trabalho docente. É algo que diz muito respeito a vida dos docentes, mas afeta direta ou indiretamente os alunos. A avaliação dos docentes vem sendo criticada por haver uma baixa valorização do ensino de graduação em relação a outas atribuições dos docentes, o que faz com que o docente se dedique pouco a isso. Essa questão vem tomando volume cada vez maior e peço que esse grupo de trabalho analise a heterogeneidade de atividades dos docentes nas diferente áreas. É interessante reconhecermos que existem perfis diferentes de docentes, existem docentes mais importantes para produção científica, mas também existem professores importantes no ensino de graduação, que também merecem reconhecimento. *Quais os desafios para a universidade nos próximos anos? Acho que a universidade tem muitos desafios e certamente não serão todos resolvidos nesta gestão. Talvez o maior desafio da universidade hoje seja se modernizar. A universidade surgiu na era medieval, a história passou e as universidades não desapareceram, muito pelo contrário, se fortaleceram e são hoje fontes de referência na sociedade, pois ela trata de questões centrais: a formação de pessoal qualificado, a criação de conhecimento e sua análise crítica. Mas ocorreram mudanças na sociedade, a universidade deixou de ser a única fonte de formação de pessoal qualificado e portando estruturas menores ocupam espaços importantes. Ela deixou também de ser a única fonte de geração de conhecimento e de inovação. No Brasil, as universidades ainda são os principais institutos de geração de conhecimento, mas em muitos outros países o cenário é outro. Então a universidade tem que se adaptar a esse mundo novo e encontrar uma maneira de conviver com estas mudanças. As mudanças na universidade, no entanto, ocorrem lentamente, porque a universidade não é como uma empresa onde as decisões podem ser tomadas e impostas muito rapidamente, nas universidades este é um processo lento, porque ele passa pelo convencimento. Nenhuma decisão se impõe na USP se não houver convencimento. Isto torna difícil acompanhar as mudanças da sociedade que são cada vez mais rápidas. 22 Um exemplo disso, é que o nome da sua qualificação torna-se cada vez menos relevante. O Brasil ainda tem uma cultura de conselhos que aprovam diplomas, mas a sociedade é muito mais dinâmica que isso. Vocês conhecem muito bem o exemplo de que o mercado financeiro foi uma época inundado por pessoal formado na POLI e ainda são altamente competitivos, se formam com o título de engenheiro mas vão atuar no mercado financeiro. Situações como essa vão ficando cada vez mais frequentes, o que quer dizer que a universidade precisa pensar que é mais importante para a sociedade reestruturar cursos. Nos EUA, por exemplo, algumas grandes universidade tem cursos chamados “Barchelor in Liberal Art” que é qualificado para o que der e vier. Ele tem algumas formações básicas seja em literatura e comunicação (que é uma deficiência enorme na universidade, a capacidade de nossos estudante de se comunicar), uma formação meio avançada em matemática, em algumas das ciências naturais e em artes. Esta pessoa vai estar preparada pra vida e pode se complementar caso necessário. Essa divisão em profissões e sub-profissões carimbadas em diplomas está cada vez mais perdendo relevância e a universidade tem que estar preparada para isso. Minha mensagem final, que é outro desafio, é recuperar esta participação universitária da maioria silenciosa. A grande movimentação da universidade hoje se faz com uma parcela muito pouco significativa das pessoas que estão na universidade e isto não é bom. Fazemos reuniões, seminários para discutir questões da vida e do futuro da universidade e as pessoas não se interessam. Parece que as únicas coisas que atraem o público são as eleições de reitor e composição de colegiados, fico assustado com isso. Então minha mensagem é: os estudantes são o motivo da vida da universidade, agora, a relevância deles na universidade se dará da participação deles mesmos, os estudantes de um modo geral precisam se fazer muito mais presentes na universidade. A participação dos estudantes será sempre conflituosa, criara discussões, mas isso que traz vida a universidade. O que não é bom é quando a gente vê uma pequena parcela dos estudantes repetindo alguns mantras que passam com uma visão. Está faltando ouvir a diversidade dos estudantes na vida da universidade, não tenho nenhuma restrição em conversar continuamente com os estudantes, gosto disso, mas gostaria que as vozes fossem mais diversificadas. Festas e Segurança na USP 18 de Maio de 2011 O assassinato de Felipe Ramos Paiva, 24 anos, da FEA, aconteceu às 21h30 de uma quartafeira comum, no estacionamento de sua Faculdade. O estudante foi abordado por dois assaltantes ao sair da aula e, após confronto, recebeu um disparo na nuca, morrendo no local. Apesar de muitos de nós ainda não sermos alunos da USP na época - eu mesmo me enquadro nesse grupo - é importante relembrar o que pode ter sido, dentre os acontecimentos mais recentes, o marco de um debate que hoje está realmente em pauta na Universidade: a segurança. Recordo-me que o caso foi televisionado por dias. outubro. Um acréscimo de 55% em relação ao mesmo período de 2012, apesar do convênio com a PM desde 2011. Por um lado, apontam a PM como ineficiente no seu trabalho, que sua presença na CUASO não reduz a criminalidade e que sua sobreposição à Guarda Universitária faz com que esta perca seu espaço, como aponta o diretor do Sintusp (sindicato de funcionários). Por outro, há pressão pelo aumento do efetivo da PM. Retrucam que com o atual número de policiais no campus, é quase impossível controlar a violência. O comportamento da reitoria diante do problema ficou evidenciado com a nomeação da professora e antropóloga da FFLCH, Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer, ao cargo de superintendente de segurança, no lugar do ex-coronel Luiz de Castro Júnior. A professora promete maior diálogo com a comunidade da USP e descentralização de medidas como formas de enfrentar essa questão. 20 de Setembro de 2014 O também estudante Victor Hugo, de 20 anos, desaparece durante o aniversário de 111 anos do Grêmio Politécnico, aproximadamente às 4h30. Seu corpo é encontrado três dias depois, na manhã Já na época se discutia a falta de iluminação e de patrulha na CUASO. Alguns projetos foram, então, previstos e aplicados: a instalação de mais de sete mil luminárias para ruas, calçadas, praças e estacionamentos é um exemplo disso. Segurança no Campus e a PM Entretanto, indo à direção oposta ao esperado, foram registrados 93 casos de roubo e furto no campus, de janeiro a setembro de 2014, de acordo com o jornal Folha de S. Paulo de 02 de 23 do dia 23, na raia olímpica. acabam acontecendo desastres.” O caso gerou grande repercussão na mídia, trazendo à tona novamente para o público em geral a questão da segurança na Universidade. É nesse momento que os membros de gestões dos centros acadêmicos se perguntam o que é que a reitoria quer que eles façam. Sem as quantias fornecidas pelas festas, é basicamente impossível que o centro se mantenha e ainda contribua para o desenvolvimento do aluno dentro da Escola. Diversas opiniões se formaram a respeito de sua morte, alguns cogitavam a possibilidade do assassinato, outros, que sob efeito de álcool ou drogas, o rapaz teria entrado na raia e se afogado. E após quase um mês do ocorrido, foi divulgado que, de acordo com o laudo do IML, ele havia usado 25BNBOMe, uma droga muito similar ao LSD, que tem efeitos alucinógenos no usuário. A causa da morte foi apontada como sendo afogamento. Por fim o inquérito foi decretado como sigiloso pela Polícia Civil. Suspensão das Festas na Universidade Posteriormente à morte de Victor Hugo, foram suspensos todos os eventos do velódromo, e várias festas precisaram ser realocadas. Várias faculdades e institutos da USP também proibiram por tempo indeterminado o acontecimento de festas em suas dependências Em entrevista recente, que você pode ler aqui mesmo no Cê-Viu? (Leia na página 18), o prof. Marco Antonio Zago, reitor da USP, disse ser contra a realização de eventos em grande porte dentro da Universidade. Apontou que festas como as realizadas pelos centros acadêmicos e atléticas, em função do alto número de pessoas, necessitam de especialistas em segurança para que tudo ocorra sem grandes problemas, e que, porém, as instituições estudantis não estão preparadas o suficiente para isso: “(...) permitir que os CA’s realizem festas dessa dimensão para, com isso, arrecadar dinheiro para sua sobrevivência configura uma visão muito simplista da situação, porque eles perdem controle depois, pois a Universidade não tem segurança treinada e nem faz parte dela organizar festas, assim 24 O CEC é um ótimo exemplo disso, ao organizar eventos como a SeTEC, que permitem aos alunos um contato maior com empresas do ramo das engenharias civil e ambiental, independente do ano de graduação em que ele esteja, e digo isso com base em experiência própria. O que podemos tirar disso tudo? Você já deve ter percebido que o intuito desse texto não foi criticar uma ou outra opinião, mas sim, fornecer dados e visões que, mesmo sendo simples em diversos momentos, podem não ser do conhecimento de todos. Por mais que o CUASO seja um ambiente público e que tenha níveis de violência semelhantes ao resto de São Paulo, ela também é a nossa Universidade. E eu acredito que, independentemente da opinião que você tenha a respeito de como solucionar o problema da segurança, você tem como objetivo tornar a USP um lugar melhor, mais seguro. Impulsionar o debate dentro da Universidade, ainda mais em temas tão recorrentes aos alunos como os aqui já citados - a segurança, as festas e como esses tópicos se interagem - é nosso dever como alunos e usuários do campus. É evitar que mais casos como os de Felipe e Victor aconteçam, seja por descuido ou por violência propriamente dita. Maurilio da Mata 1º Ano G.A. Civil Ciao a tutti! Meu nome é Beatriz e estou desde o dia 25/08 fazendo duplo diploma em Milão, Itália. Estou estudando Engenharia Ambiental aqui e nesse pequeno texto espero dividir algumas experiências que tive até agora. Sempre que chegamos a um local diferente temos um tempo de adaptação que varia muito de pessoa pra pessoa. Devo dizer que, felizmente, me adaptei bem rápido a cidade. Milão é uma cidade grande, mas não é o caos de São Paulo. É uma cidade bem heterogênea com cada vez mais imigrantes (com o tempo acostumei a ouvir diversas línguas no metrô). É uma cidade plana, o que faz qualquer caminhada ficar muito mais agradável do que minha costumeira ida pela Rodrigues Alves ao metrô Ana Rosa. Também tem a sua história, como qualquer cidade italiana. Há o Duomo que é com certeza de tirar o fôlego, o Castelo Sforzesco e a Galeria Vittoria Emmanuelle (que só mostra que Milão é a cidade da moda). Sobre a faculdade, há algumas diferenças em relação a POLI. Primeiramente, aqui o biênio é um triênio, que seria a “Laurea”. Após terminar a “Laurea”, há o ingresso para a “Laurea Magistrale”, a parte específica. Na “Politecnico di Milano”, há a possibilidade de escolher entre quatro áreas da engenharia ambiental para estudo (”Difesa del suolo e prevenzione dai rischi naturali”, ”Monitoraggio e diagnostica ambientale”, “Pianificazione e gestione delle risorse naturali”, “Tecnologie di risanamento ambientale”). Eu escolhi “ Pianificazione e gestione dele risorse “ por me identificar mais com a área e achar que é um pouco mais ampla. A grade horária aqui é mais aberta, há mais liberdade para escolher as matérias que serão cursadas. Porém, durante um semestre cada aluno faz muito menos matérias, havendo em cada uma dessas disciplinas muito mais conteúdo. Nesse semestre estou cursando quatro disciplinas, algumas em inglês e outras em italiano, já aqui está havendo um processo de internacionalização. Até agora posso falar que não tive problemas para me “socializar”. As pessoas são bem tranquilas e oferecem ajuda sem problemas e os professores foram todos bem solícitos também. Isso é muito bom, pois no começo é tudo diferente e eu estava super perdida. Pelo que vi isso é bem diferente entre a engenharia ambiental e as outras (ambiental sempre sendo muito mais amor!). Uma coisa que até agora não consegui entender é porque aqui é normal haver conflito de horário entre as disciplinas. Todo mundo tem conflito e os professores mesmo falam que se alguém tiver conflito depois é só pegar as anotações de aula com um colega. Além disso, aqui há só uma prova final na maioria das matérias, a qual pode ser oral, escrita ou ambos. Então imagina você só ter matéria de oito créditos, porque aqui são menos matérias com mais conteúdo em cada, e só ter uma prova final e ela ser oral. Torçam por mim porque não tá fácil pra ninguém. Outro ponto interessante é que aqui na Itália sua média ponderada vai para o seu currículo e é extremamente importante para uma contratação de emprego, o que faz os alunos serem extremamente desesperados com provas e notas (de uma maneira que, pessoalmente, acho bem ruim). Muitas vezes sinto falta da “descontração” que é comum no Brasil como um todo e que muitas vezes faz o professor ser mais próximo do aluno. Porém, devo dizer que esse “jeitinho” nosso deve atrapalhar os professores durante as aulas. Muita gente chegando atrasada, tem conversa, celular. Aqui, achei que o respeito para com o professor é muito maior, o que acredito que, de maneira geral, todos devemos melhorar. Ainda que aqui a presença não seja obrigatória, as pessoas vão na aula pra realmente assistir aula. Pode ser que seja porque precisem ir bem nas provas, mas achei um comportamento muito legal. Se tiverem a oportunidade, façam intercâmbio, até agora tem sido uma experiência única pra mim. Sempre que puderem, conversem com os intercambistas que estão na POLI. Com certeza todos sairão ganhando. Se alguém precisar de ajuda ou quiser saber mais sobre o Duplo Diploma aqui na Itália fico a disposição para ajudar! Beatriz Beccari Barreto 4º ano Engenharia Ambiental Intercambista da Politécnica de Milão 25 O perfeito - Eu não entendo o porque de me sentir mal. Sou a pessoa perfeita. -Desde criança sempre tive as melhores notas, todos os professores gostaram e gostam de mim, do jardim de infância à faculdade. Sou elogiado pela minha família e admirado pelos meus amigos. Sou bom em tudo o que faço: Sou voluntário em 2 ONG’s, medalhista em competições de Judô e Tae-Kon-Do, estudo na melhor faculdade do país, sou presidente do centro acadêmico, toco piano e guitarra, vou em todas as festas possíveis e sempre estou cercado de pessoas em volta. Sou desejado por várias mulheres, tenho uma vida profissional promissora e não canso de ouvir pessoas me dizendo “Como eu queria ser você”. Tudo isso parece que não basta, não era pra ser assim. - Mas, dentre tudo isso, o que você realmente gosta? Ficou meio incomodado, olhou para as mãos, e fez uma expressão de dúvida respondendo daquele clássico jeito meio envergonhado, meio convencido: - Ah, eu até que gosto das mulheres... Márcio Sartorelli 2º ano de Engenharia Civil 26 27