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Segunda-feira
15 de julho de 2013
Jornal do Comércio - Porto Alegre
Política
Edgar Lisboa
Entrevista Especial
Repórter Brasília
Vaias e satisfação
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Apesar das vaias e aplausos à presidente Dilma Rousseff (PT),
os prefeitos, após reunião de aproximação no Palácio do Planalto, ficaram satisfeitos com a oferta de R$ 3 bilhões aos municípios
para custeio de serviços públicos. O recurso corresponde a 1% do
Fundo de Participação dos Municípios e, apesar de a Confederação
Nacional dos Municípios ter pedido o dobro, o gesto foi bem visto.
“Não foi o que esperávamos, mas foi o possível”, disse o prefeito de
Ijuí, Fioravanti Ballin (PDT). O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski,
também elogiou a proposta. “Sempre digo que temos conseguido
avanços, e isso ameniza a crise, que é muito séria e profunda. A
presidenta, quando nos convida para esse encontro, acredito que é
no bom sentido, recebemos com muita humildade e até agradecendo ao governo por estar tendo esse entendimento de que, embora
com tudo que tenha havido lá (na marcha), a presidenta está nos
convidando para continuar esse diálogo.” Sobre as vaias a Dilma e
aplausos ao presidenciável tucano, o senador mineiro Aécio Neves,
o prefeito de ���������������������������������������������������������
Jóia, José Roberto Zucolotto (PSC), foi lacônico. “Já começou a campanha para a presidência.”
CPI do Bndes
A oposição na Câmara dos Deputados está preparando uma
CPI para investigar os empréstimos feitos pelo Bndes. Deputados
preparam um requerimento para instalar a CPI e já começam a se
articular para investigar se os empréstimos foram legais ou não.
“Queremos investigar essa vultosa liberação de recursos públicos,
esse capitalismo de Estado que enriquece os amigos do governo.
Aí entram as empresas de Eike Batista, os investimentos na Copa”,
explicou o deputado federal gaúcho Onyx Lorenzoni (DEM).
A vida do novo coordenador da
bancada gaúcha no Congresso não será
fácil. Alceu Moreira (foto, PMDB), que
ficará sete meses após a negativa de
Ronaldo Zulke (PT), entra pouco depois de o governo cortar as emendas
de bancada. Em reunião com os coordenadores, a ministra da Secretaria de
Relações Institucionais, Ideli Salvatti
(PT), afirmou que não será empenhada nenhuma emenda de bancada de
2012 e “não é para esperar” nada das
apresentadas em 2013. Pouco tempo depois, o governo decidiu
liberar R$ 6 milhões para emendas individuais de deputados do
PT e do PMDB e R$ 3 milhões para deputados de outros partidos
da base e da oposição, alimentando ainda mais uma revolta na
base que aliados já afirmam estar acontecendo. “Revolta já tem,
e não vai ser com liberação da emenda que o governo vai se
safar”, comentou o ex-coordenador da bancada gaúcha Ronaldo Nogueira (PTB). O novo coordenador, Alceu Moreira, já quer
mudar a estratégia. Ao invés de tentar emplacar no orçamento
20 emendas, vai se contentar com cinco. “Aí é fazer pressão no
governo”, concluiu.
GUSTAVO LIMA/AGÊNCIA CÂMARA/JC
Sem emendas de bancada
Expectivas para 2014
As expectativas de grande movimentação nas ruas do País, e especialmente em Brasília, para o próximo ano, são bastante fortes. As
agências reguladoras, que a presidenta Dilma já chamou de “sangue
azul”, estão se mobilizando para exigir um aumento de 15% no salário. O governo acena com um valor parcelado, mas a “aristocracia
do serviço público” acha pouco. Mas se o governo acredita que as
últimas semanas estão sendo de tempo quente, aguarde o segundo
semestre. Em setembro, chegam as datas-base dos metalúrgicos, bancários e petroleiros, categorias mais organizadas. Por isso, se o governo e os parlamentares pensam que o turbilhão já passou, esperem
para quando setembro vier, já no alambrado das eleições de 2014.
‘O candidato não pode
Fernanda Bastos
e Adão Oliveira
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Fora do cenário eleitoral desde
2010, o ex-prefeito de Porto Alegre
José Fogaça (PMDB) analisa que o
o partido deve investir nos debates internos para que não repita os
erros que o levaram à derrota. Na
avalição de Fogaça, a falta de sintonia entre as direções nacional e
estadual do PMDB foi decisiva para
sua derrota.
Na ocasião, a executiva nacional liderada pelo hoje vice-presidente da República Michel Temer
(PMDB) orientava para o apoio a
Dilma Rousseff (PT), mas a então
candidata não iria subir no palanque do PMDB ao governo estadual,
porque declarou voto ao petista
Tarso Genro. Também não havia
consenso entre a base peemedebista no Estado para dar apoio à
chapa nacional com o PT, que ganharia a Presidência da República
em outubro daquele ano.
Nesta entrevista ao Jornal do
Comércio, Fogaça também reafirma que os peemedebistas do Estado não podem abdicar de ter o
senador Pedro Simon como candidato à reeleição. Ele ainda defende
as políticas para o transporte público da sua gestão e do prefeito José
Fortunati (PDT), seu sucessor.
Jornal do Comércio – Em
meio a protestos e críticas aos
maiores partidos no Brasil, como
o PMDB estadual encontrará a
melhor estratégia para 2014?
José Fogaça – Estamos em um
processo de ebulição, de grandes
mudanças, e quem quiser avançar
sobre a eleição de 2014 a partir de
agora comete um erro gravíssimo.
Não tem de pensar agora na eleição.
Tem que pensar em dar viabilidade
e consistência, tem que deslabirintizar o sistema político brasileiro. É
isso: permitir que a população veja
clareza nos projetos. O que o cidadão mais gostaria é de poder votar
sem dubiedade, votar sem risco de
logo ali uma aliança vir a sabotar
o voto dele. Ele vota num projeto,
e daqui a pouco esse governo faz
uma série de alianças que sabota o
voto do eleitor. Essa clareza só virá
com uma reforma política. A população não quer mais ser vítima de
um jogo, um conjunto de situações
que ela não entende. O cidadão
não pode entender, se para o político ativista isso já é complicado,
imagina para o eleitor. A eleição de
2014 só pode começar a ser pensa-
da, inclusive em termos de nomes,
em termos de alianças - até porque
alianças poderá não haver, conforme a reforma política -, depois que
isso for resolvido. Há um quadro de
grandes incertezas. Essas manifestações - não as do dia 11 (da greve
geral), que não têm nada a ver com
isso - a partir do dia 17 de junho
(que começaram contra o aumento
da tarifa de ônibus) estão na verdade clamando por um país em que
a política tenha visibilidade diante
dos olhos das pessoas.
JC – A decisão do senador
Pedro Simon de não disputar a
reeleição muda o cenário para
o PMDB?
Fogaça – Só não acredito que
ele possa voltar atrás, como acredito que ele ainda tem muita coisa
para fazer dentro da liderança que
exerce no Rio Grande do Sul, do
papel nacional que tem. Não vejo
Simon como alguém que esteja
saindo. Não admito. E ele se torna
muito mais imprescindível justamente nesse quadro. É um quadro
em que o Simon cresce em importância.
JC – Mas nomes como Ibsen
Pinheiro e Germano Rigotto já se
apresentam.
Fogaça – Não há dúvida de
que renovação sempre há e haverá. Só digo que não é a hora para
tratar dessa questão. Estamos em
meio a um processo extremamente
complexo, extremamente confuso,
há aí uma multiplicidade imensa
de opções, caminhos. Esse emaranhado da política é tão grave para
o PMDB estadual, que não quero
que de novo o nosso candidato a
governador se veja diante do dilema terrível que foi imposto pela
realidade naquele momento. O
PMDB escolheu seu candidato sem
ter tomado nenhuma decisão a respeito de nada, e deixou seu candi-
dato flutuando, tendo que, sozinho,
enfrentar esse mar de contradições.
JC – Quais?
Fogaça - A primeira delas é
que a candidata a presidente da
República tinha no Estado seu candidato, e tínhamos que apoiar essa
candidata. Tínhamos que jogar
água no moinho dela para que ela
jogasse água no moinho do outro
candidato. Mas isso é de uma irracionalidade e de uma incongruência que não têm sentido. Como
é que um partido vai se mobilizar
para uma eleição diante de um
quadro tão destrutivo do ponto de
vista de fazer política? Essas coisas
devem ser resolvidas, têm de ser
tratadas coletivamente. E depois,
sim, escolher um candidato. Ou
então escolher um nome, mas coletivamente ir resolvendo essas questões. Pode escolher antes ou depois,
não importa, agora, não pode escolher um nome e deixar que ele diga
“Bom, agora, eu escolho apoiar a
Dilma”, “Escolho apoiar não sei
quem”. E o que as bases do PMDB
no Rio Grande do Sul querem a
respeito disso, vejo manifestações
muito distintas.
JC – O que pode ser feito para
que isso não se repita em 2014?
Fogaça – Trabalho partidário.
Debate interno. Reforma política
de um lado e enfrentamento dessa
questão com seriedade pelo partido. Quero que nosso próximo candidato a governador não passe pelo
que passei.
JC – A direção estadual condiciona o apoio a Dilma à presença da presidente no palanque peemedebista.
Fogaça – Claro. Isso é sempre
uma correlação. Nunca é uma adesão. O adesismo é a pior coisa que
tem, só apequena e nos torna também reboque. O que eu não sei é se
aquilo que a cúpula partidária está
“O PMDB
escolheu seu
candidato e o
deixou sozinho
num mar de
contradições”
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`O candidato não pode passar pelo