MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS DIAGNÓSTICO POR CADEIAS ESCONDIDAS DE MARKOV António Santos Simões Orientador científico: Doutor José Manuel Caré Baptista Viegas Co-orientador: Doutor José Manuel Torres Farinha Tese aprovada em provas públicas para a obtenção do Grau de Doutor em Transportes Qualificação atribuída pelo Júri: Aprovado com Muito Bom Júri Presidente: Reitor da Universidade Técnica de Lisboa Vogais: Doutor José Manuel Caré Baptista Viegas Doutor Luís António de Andrade Ferreira Doutor Rui Domingos Ribeiro da Cunha Marques Doutor José Manuel Torres Farinha Doutor Manuel Augusto de Pina Marques Doutor Tiago Alexandre Abranches Teixeira Lopes Farias 2011 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS DIAGNÓSTICO POR CADEIAS ESCONDIDAS DE MARKOV António Santos Simões Orientador científico: Doutor José Manuel Caré Baptista Viegas Co-orientador: Doutor José Manuel Torres Farinha Tese aprovada em provas públicas para a obtenção do Grau de Doutor em Transportes Qualificação atribuída pelo Júri: Aprovado com Muito Bom Júri Presidente: Reitor da Universidade Técnica de Lisboa Vogais: Doutor José Manuel Caré Baptista Viegas, Professor Catedrático do Instituto Superior Técnico, da Universidade Técnica de Lisboa Doutor Luís António de Andrade Ferreira, Professor Associado (Com Agregação) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Doutor Rui Domingos Ribeiro da Cunha Marques, Professor Associado do Instituto Superior Técnico, da Universidade Técnica de Lisboa Doutor José Manuel Torres Farinha, Professor Coordenador do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra Doutor Manuel Augusto de Pina Marques, Professor Auxiliar da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Doutor Tiago Alexandre Abranches Teixeira Lopes Farias, Professor Auxiliar (Com Agregação) do Instituto Superior Técnico, da Universidade Técnica de Lisboa 2011 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS IV MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Dedico a presente dissertação aos que sempre acreditaram em mim, aos mentores das causas nobres, aos mestres do positivismo, do querer, do acreditar e da perseverança e também à minha fé, confiança e auto-estima. V MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Ao concluir esta dissertação que resultou de quatro anos de trabalho, não posso deixar de manifestar a minha profunda gratidão para com todos aqueles que de uma forma ou de outra me ajudaram a que o trabalho fosse concluído. A todos eles, endereço umas singelas palavras. Em primeiro lugar, o meu agradecimento ao meu orientador Professor Doutor José Viegas, pela amizade, pelas suas qualidades humanas, pelas inteligentes e valiosas sugestões, pelos incentivos e pelos ensinamentos com que me presenteou ao longo dos últimos 12 anos. Pela serenidade que sempre me transmitiu, um muito e reconhecido obrigado. Igualmente quero expressar a minha gratidão ao meu co-orientador Professor Doutor Torres Farinha, pela capacidade crítica, pelos conhecimentos outorgados e pelo apoio incondicional, que muito contribuíram para a minha formação científica. Realço a sua capacidade de divulgação do trabalho desenvolvido em vários congressos internacionais e o seu optimismo que sempre reforçou o estímulo à concretização dos objectivos. Ao Professor Doutor Tiago Farias, pelo exemplo de abnegação, rigor, competência, trabalho e energia. Por ele nutro uma enorme admiração. Ao Professor Doutor Rui Cunha Marques, quero expressar o meu agradecimento pela sua simpatia, a paciência, o seu saber, os seus conselhos e o modo como me incentivou. Ao colega e amigo Doutor Inácio Fonseca pela amizade, solidariedade, inteligência, incentivo, sugestões e aconselhamento e pela sua abertura na partilha de metodologias de investigação e conhecimentos que muito ajudaram a enriquecer esta investigação. Ao ISEC e ao CEMUC, pela disponibilização de importantes meios técnicos para a realização deste estudo, que permitiram a validação do conteúdo desta investigação. Ao colega e amigo do ISEC, Doutor Carlos Alcobia pela frutuosa cooperação científica no âmbito das medidas e instrumentação. Ao colega e amigo do ISEC, Técnico Superior José Cruz pela amizade, nobreza, frutuosa cooperação, sugestões, aconselhamento e apoio técnico durante a parte experimental desta tese. Ao colega do ISEC Sr. Abílio Teixeira, pelo apoio na execução dos ensaios experimentais de medição de teor de poluentes de escape e ruído, realizados nos SMTUC. Á Câmara de Coimbra, aos SMTUC-Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra e especialmente ao seu Administrador, Sr. Manuel de Oliveira, ao Eng.º Luiz Arthur, ao Eng.º Óscar Carneiro, ao Engº. Hugo Raposo, ao Engº. Coelho, ao Dr. Fausto e a todos os restantes trabalhadores, pela cultura cívica, pela partilha de dados e de meios técnicos, pela competência e profissionalismo, pela disponibilização e entrega na organização da execução dos ensaios realizados durante mais de um ano nas suas instalações da Guarda Inglesa e também pela disponibilidade em me permitirem realizar algumas medições a bordo. À Controlauto, S.A e ao seu Centro de Inspecções de Souselas, especialmente ao Eng.º Jorge Carvalho e Eng.º João Veiga e ao IMTT-Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres, na pessoa do Engº. Pereira Martins, pela colaboração na autorização de recolha de dados de emissões poluentes, referentes aos autocarros dos SMTUC. À Câmara Municipal da Guarda na pessoa do seu Presidente Eng.º Valente e à JOALTO e ao seu Administrador Eng.º Luís Salvador, pelo apoio, espírito de cooperação e consciência cívica na disponibilização de autocarro para ensaios em banco de potência. À firma António Garcia, S.A. e especialmente ao Sr. António Marques e Sr. Paulo Garcia, pela sua dimensão humana, pela franqueza, pelo apoio, disponibilidade, empenho e competência na utilização graciosa do banco de potência de veículos pesados, o qual pelas suas características e também pelo facto de ser único em Portugal, reúne um elevado potencial de realização de importantes projectos técnico-científicos no âmbito da medição de potência e impactos ecológicos. Uma palavra de apreço à minha família, especialmente à minha avó Virgínia, aos meus pais, Alípio e Dulcelina, à minha esposa, Lina, aos meus sogros, Diamantino e Carmelina, aos meus cunhados, Armindo e Paula, aos meus tios, tias e primos, em especial a minha prima Licínia Marques, pelo apoio, compreensão e ajuda durante a realização de todo o trabalho. Aos meus filhos Rita, João e Joana que são o meu grande orgulho e a minha fonte de motivação. Um abraço muito profundo aos meus ilustres professores Maria Helena Marques, Helena Cabral e António Teotónio, porquanto marcaram de forma brilhante todo o meu percurso académico e cívico. Aos meus alunos agradeço a amizade e a forma saudável e dedicada que colocaram nas minhas aulas. Não posso porém esquecer os familiares e amigos que já partiram, pelo incentivo e apoio que me transmitiram e pelo prazer que hoje teriam em desfrutar comigo este momento de riqueza interior. A separação física jamais extinguirá a nossa ligação espiritual. A todos os meus profundos agradecimentos. VI MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Num mercado globalizado e em contínuo crescimento, a produtividade e a sustentabilidade são factores fundamentais para que países e organizações se possam tornar mais competitivos. A máxima produtividade é atingida através da máxima disponibilidade dos meios envolvidos, o que só é exequível com a adopção de práticas de manutenção eficazes. Para o efeito, devem as organizações implementar tipologias e estratégias de manutenção adequadas à natureza das suas instalações e equipamentos. O sector de transportes é considerado um recurso estratégico para a competitividade. Contudo, representa uma das principais fontes de poluição do planeta. A exposição das pessoas às partículas e óxidos de azoto dos gases de escape constitui um risco elevado para a saúde pública. A tese procura contribuir para um maior equilíbrio no sector dos transportes, promovendo a mitigação dos impactos ambientais de frotas de veículos. Apresenta um modelo de manutenção baseado na condição, que faz uso de variáveis de estado e de variáveis de emissões. A metodologia apresentada materializa uma estratégia que visa manter os veículos em condições operacionais, ambientalmente amigáveis e é suportada no acompanhamento de variáveis de controlo mensuráveis. Dá ênfase ao papel da sustentabilidade ambiental, introduzindo um novo conceito paradigmático, com o título de Manutenção Condicionada às Emissões Poluentes, também denominado por Manutenção Preditiva Ecológica, direccionada para autocarros urbanos de passageiros, tendo em vista o cumprimento de especificidades ambientais restritivas. Suporta-se na monitorização de efluentes gasosos do motor, bem como nos níveis de ruído do veículo, utilizando-os como indicadores ecológicos de condição de desencadeamento de operações de manutenção. Incorpora uma componente inovadora através da aplicação de modelos escondidos de Markov na avaliação dos estados ocultos. O modelo integra funções de Modelos Escondidos de Markov, de natureza não linear, que fazem a avaliação de probabilidades e correlações de variáveis seleccionadas e ajustam parâmetros num processo iterativo com vista a obter convergência entre estados de saúde modelados e reais, em motores e sistemas de pós-tratamento de autocarros urbanos. Uma cadeia escondida de Markov é uma versão discreta de um modelo escondido de Markov. Só será usada esta última terminologia no texto. O estudo está em linha com os objectivos apresentados no (Livro-Verde 2007) da União Europeia sobre o sector dos transportes, onde se diagnostica a necessidade de aplicação a cada cidade ou área metropolitana, de um instrumento de planeamento designado por Plano de Transporte Urbano Sustentável. Trata-se, assim, de uma tese que apresenta uma nova metodologia para o controlo eficaz do impacto ambiental provocado pelas actividades de transporte urbano, permitindo ainda obter ganhos de produtividade na utilização dos veículos. A implementação do modelo contribui ainda de forma eficaz para o cumprimento da legislação atinente aos aspectos ambientais no âmbito de compromissos internacionais assumidos pelo país nesta área de nobre relevância. O modelo apresentado foi desenvolvido no programa informático MATLAB e suporta-se, para a sua calibração e validação, na medição experimental de valores de diversos efluentes, analisando e detectando desvios em relação aos espectros de poluição admissíveis. Assenta na definição de classes, utilizadas como instrumentos de apoio à decisão para desencadear ou não operações de manutenção, traduzidas por afinações dos veículos versus substituição de componentes, equipamentos ou mesmo para fundamentação de renovação da frota. O modelo desenvolvido pode vir a ser integrado num sistema de informação para manutenção, através da adição deste novo módulo de manutenção preditiva que, através da interacção com os restantes módulos, tais como Objectos de Manutenção e Ordens de Trabalho, permite alargar o potencial dos actuais sistemas de informação. VII MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS VIII MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS In an increasingly growing globalized market, productivity and sustainability are indispensable factors for countries and enterprises to become more competitive. Maximum productivity is achieved through maximum availability of the means involved and this is only possible by taking on efficient maintenance practices. For this reason, concerned parties should adopt maintenance typologies and strategies suitable to the nature of their installations and equipments. The transports sector is considered a strategic resource for successful competitiveness. However, these represent one of the main sources of pollution. The presence of exhaust gas particles and oxides are harmful to the public health. This thesis aims to contribute to a greater balance in the transport sector by endorsing the mitigation of environmental impacts caused by vehicles. A maintenance model, named Condition Based Maintenance, that makes use of state variables and emission variables is presented In this study the illustrated methodology reveals an approach, which aims to keep vehicles in running conditions while friendly-environment, and is supported with the auxiliary of measurable control variables. There is a focus on the role of environmental sustainability by introducing an innovating paradigmatic concept, referred to as Pollutant Emissions On-Condition Maintenance or Ecological Predictive Maintenance, centred in urban passenger buses, which takes into account the compliance of restrictive environmental specifications. It is supported by the observance and control of gas emissions as well as vehicle noise levels, and uses these as condition ecological indicators to evaluate maintenance work needs. An innovating element is incorporated in the evaluation of hidden states, through the application of hidden Markov models (HMM). The model includes HMM functions of non-linear nature, which perform the evaluation of probabilities and correlations of selected variables and adjust parameters in an interactive process in order to bring about convergence between modelled health states and real ones in urban bus post-treatment engines and systems. A hidden Markov chain is a discrete version of a hidden Markov model. Only will be used the last terminology in the text. This study is in line with the objectives presented in the (Green-Book 2007) of the European Union concerning the transport sector, which identifies the need to apply a project scheme referred to as Sustainable Urban Transport Project in each city or metropolitan area. This thesis presents a new methodology for efficient control of the environmental impact caused by urban transport activity while at the same time provides productivity gains in vehicle use. The implementation of the model also contributes to the compliance of legislation concerning environmental aspects within the framework of international commitments made by the country in this very important area. The model presented has been developed with the computer program MATLAB and is founded, in calibration and validation phases, on experimental measures of different emission values through the analysis and detection of deviations concerning acceptable pollution spectrums. It lies on the definition of classes used as support tools for deciding whether or not to carry out different maintenance operations, which include tuning vehicles or the replacement of parts and equipments or even in renewing the fleet. The model developed in this study can eventually be integrated in an information system for maintenance and its interaction with the remaining models such as Maintenance Objects and Work Orders can extend the potential of current information systems. Predictive Maintenance, Ecological Maintenance, Engine, Diesel, Bus, Hidden Markov Models. IX MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS X MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS CAP 1 Motivação, objectivos e estrutura da tese …………………………. 1 CAP 2 Estado do conhecimento do tema e da prática empresarial ……… 11 2.1 2.2 2.3 Dinâmica de um veículo rodoviário ………………………...……... Balanços mássicos em motores de combustão interna ……….…… Emissões versus tecnologias e afinação dos veículos ……………... 17 29 36 37 49 56 61 65 80 2.4 2.5 2.6 Impactos na saúde e no ambiente versus manutenção …………….. Sistemas de gestão da manutenção em veículos rodoviários …….... Modelos de predição e reconhecimento ………………………...…. Práticas de manutenção de referência em empresas de transportes públicos urbanos …………………………………………..……… 82 2.7 CAP 3 CAP 4 Emissões poluentes de escape e alguns modelos afins ………… Emissões de ruído ……………………………………………… Mitigação de emissões baseada em melhorias tecnológicas …... Legislação de impactos ambientais ……………………………. Metodologia e tecnologia de medição de emissões ……………. Relação entre afinação de motores e emissões ………………… Modelo de manutenção preditiva ecológica ……………………….. 3.1 3.2 Possíveis factores preditivos ...………………………...…………... Manutenção preditiva em autocarros ……………...…...………...... 3.3 3.4 Um novo paradigma de planeamento da manutenção ………..…… Modelos escondidos de Markov (HMM) em manutenção ……...... 3.5 Operacionalização de HMM em manutenção ecológica ……..…… 3.2.1 3.2.2 3.2.3 Caracterização de disfunções por famílias …………………….. Predição com referência ecológica em motores Diesel ………... Análise da correlação entre variáveis ………………………...... 3.4.1 3.4.2 3.4.3 3.4.4 Elementos de um Modelo escondido de Markov …………….... Os três problemas básicos solucionados por um HMM ...……... Utilização de um HMM na monitorização de frotas …………... Definição de classes num HMM ………………………………. 3.5.1 3.5.2 3.5.3 Monitorização de atributos, recolha de dados e filtragem ……... Codificação de dados em HMM ……………………………….. Estimação e calibração de HMM para manutenção de frotas …. Validação e avaliação do modelo desenvolvido …………………… 4.1 4.2 4.3 4.4 CAP 5 2.3.1 2.3.2 2.3.3 2.3.4 2.3.5 2.3.6 Validação de HMM em manutenção ecológica de frotas ……..…... Programa MATLAB de manutenção de frotas, baseado em HMM Ensaios com veículos em carga em bancos de rolos ………..…….. Expectativa de ganhos económicos com a aplicação do modelo ….. Conclusões e desenvolvimentos futuros ……………………………. 5.1 Síntese conclusiva …………………………………................. 91 96 102 129 132 140 149 151 154 155 159 160 164 176 181 202 205 221 232 237 237 240 242 258 269 269 273 5.2 Desenvolvimentos de modelação ………………………………….. 5.3 Impactos na organização de processos e recursos empresariais .... 276 5.4 Sugestões de trabalhos futuros de investigação …………………... 279 Bibliografia ……………………..……………….……………………………….. 281 Anexo XI MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS XII MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Tabela 2.1 - Factor de massa para um veículo ligeiro de passageiros ………………...……….. 25 Tabela 2.2 - Valores utilizados para estimar a VSP num Ford Focus 2 ……………………….. 27 Tabela 2.3 - Consumos de um veículo ligeiro a quente e a frio ……………………………….. 27 Tabela 2.4 - Massa molecular de alguns poluentes ……………………………………………. 31 Tabela 2.5 - Composição dos gases de escape não prejudiciais à saúde ………………………. 38 Tabela 2.6 - Composição dos gases de escape prejudiciais à saúde …………………………… 38 Tabela 2.7- Emissões típicas em processos de combustão Otto e Diesel (g/Kg de combustível) 38 Tabela 2.8 - Algumas características de funcionamento de motores Diesel …………………... 39 Tabela 2.9 - Composição dos gases de escape de motores Diesel antes de tratamento ……….. 41 Tabela 2.10 - Algumas características de funcionamento de motores Diesel …………………. 42 Tabela 2.11 - Repartição da fracção de carbono nos gases de escape …………………………. 47 Tabela 2.12 – Amplitude de variação do ruído em motores de combustão interna …………… 52 Tabela 2.13 - Correcções ao ruído em função da orientação vertical do receptor …………….. Tabela 2.14 - Limites de emissões poluentes em veículos ligeiros de passageiros tipo Diesel (Classe M1) Tabela 2.15 - Normas de emissões na União Europeia para veículos pesados Diesel ………… 55 Tabela 2.16 - Valores limite de opacidade referentes a autocarros com motor Diesel ………... 65 Tabela 2.17 - Quatro versões de freio de rolos para teste de veículos ligeiros e pesados ……... 76 Tabela 2.18 – Qualidade do impacto nas emissões das principais medidas de afinação ……… 82 Tabela 2.19 – Variáveis que influenciam o rácio de reservas de frotas de autocarros ………… 111 Tabela 2.20 – Indicadores de exploração de frotas, segundo a sua dimensão …………………. 112 Tabela 2.21 – Indicadores da frota dos SMTUC ………………………………………………. 113 Tabela 2.22 – Composição da frota dos SMTUC, segundo a dimensão dos veículos ………… 114 Tabela 2.23 – Número de operações de manutenção realizadas nos SMTUC ………………… 114 Tabela 2.24 – Grandes intervenções de manutenção realizadas nos SMTUC ………………… 114 Tabela 2.25 – Indicadores de produtividade por viatura nos SMTUC ………………………… 114 Tabela 2.26 – Indicadores de produtividade por motorista nos SMTUC …………………….... 115 Tabela 2.27 – Indicadores de produtividade por efectivo médio nos SMTUC ………………... 115 Tabela 3.1 – Atributos do veículo a integrar em modelos de emissões e de manutenção ……... 133 Tabela 3.2 – Atributos de utilização do veículo, incorporados em modelos …………………... 134 Tabela 3.3 – Atributos associados a características de exploração, usados em modelos ……… 134 Tabela 3.4 – Atributos de actividade do veículo associados à sua dinâmica ………………….. 135 Tabela 3.5 - Atributos de estado de saúde de veículos, directos ………………………………. 136 Tabela 3.6 - Atributos de estado de saúde de veículos, indirectos …………………………….. 136 Tabela 3.7 - Atributos atmosféricos de entrada em modelos ………………………………….. 138 Tabela 3.8 - Indicadores de saída ou de condição em modelos de manutenção ………………. 139 Tabela 3.9 - Falhas mais comuns num veículo a motor de combustão interna tipo CI …...…… 149 Tabela 3.10 - Reparações em motores de autocarros, com impactos nas emissões …………… 151 Tabela 3.11 - Coeficientes de correlação, R entre poluentes ………………………………….. 154 Tabela 3.12 – Classes de estados do sistema, para o modelo desenvolvido …………………… 187 Tabela 3.13 – Classes de emissões por indicador de emissões, no modelo desenvolvido …….. 187 63 64 XIII MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Tabela 3.14 – Opção 1 de classificação dos estados do sistema para uma distribuição normal (Ramo βiN da função de estado) ……………………………………………………………….. Tabela 3.15 – Opção 2 de classificação dos estados do sistema para uma distribuição normal (Ramo βiN da função de estado) ……………………………………………………………….. Tabela 3.16 – Opção 3 de classificação dos estados do sistema para uma distribuição normal (Ramo βiN da função de estado) ……………………………………………………………….. Tabela 3.17 – Opção 1 de classificação dos estados do sistema para uma distribuição t-student (Ramo βiN da função de estado) ……………………………………………………………….. Tabela 3.18 – Opção 2 de classificação dos estados do sistema para uma distribuição t-student (Ramo βiN da função de estado) ……………………………………………………………….. Tabela 3.19 – Opção 3 de classificação dos estados do sistema para uma distribuição t-student (Ramo βiN da função de estado) ……………………………………………………………….. Tabela 3.20 – Opção de classificação dos estados do sistema associando a variação a uma distribuição qui-quadrado (Ramo θ iN da função de estado) …………………………………… Tabela 3.21 – Opção 1 de classificação das variáveis de emissão para uma distribuição normal (Ramo β jM da função de emissões) …………………………………………………... Tabela 3.22 – Opção 2 de classificação das variáveis de emissão para uma distribuição normal (Ramo β jM da função de emissões) …………………………………………………... Tabela 3.23 – Opção 3 de classificação das variáveis de emissão para uma distribuição normal (Ramo β jM da função de emissões) …………………………………………………... Tabela 3.24 – Opção 1 de classificação das variáveis de emissão para uma distribuição tstudent (Ramo β jM da função de emissões) …………………………………………………... Tabela 3.25 – Opção 2 de classificação das variáveis de emissão para uma distribuição tstudent (Ramo β jM da função de emissões) …………………………………………………... Tabela 3.26 – Opção 3 de classificação das variáveis de emissão para uma distribuição tstudent (Ramo β jM da função de emissões) …………………………………………………... Tabela 3.27: Classes de emissões associando a variação a uma distribuição qui-quadrado (Ramo θ jM da função de estado) ………………………………………………………………. 189 190 190 190 191 191 192 195 195 196 196 196 196 198 Tabela 3.28 - Combinações de emissões do modelo, para quatro variáveis ecológicas ……….. 199 Tabela 3.29 - Classes de veículos em função do ano de construção …………………………... 206 Tabela 3.30 – Variáveis de estado que integram o HMM ……………………………………... 207 Tabela 3.31 – Variáveis de emissões que integram o HMM …………………………………... 208 Tabela 3.32 – Quilometragem dos autocarros utilizados na pesquisa …………………………. 210 Tabela 3.33 - Especificações técnicas de autocarros Diesel, Mercedes Citaro O530 …………. 211 Tabela 3.34 - Especificações de desempenho de autocarros Diesel, Mercedes Citaro O530 …. 211 Tabela 3.35 - Critério de aprovação na inspecção de autocarros ……………………………… 215 Tabela 3.36 - Matriz de sequências cronológicas de dados recolhidos, para cada viatura …….. 222 Tabela 3.37 -Últimas 7 medições de variáveis de estado, referentes ao autocarro nº. 270 ……. 223 Tabela 3.38 - Análise estatística das variáveis de estado ……………………………………… 224 Tabela 3.39 – Análise estatística da função de estado para os 4 autocarros …………………… 225 Tabela 3.40 – Caracterização das classes de estados para uma distribuição T-Student, com GL-1=3 (Ramo βiN da função de estado) Tabela 3.41 – Caracterização das classes de estados de um sistema para uma distribuição quiquadrado (Ramo θ iN da função de estado) 226 226 Tabela 3.42 – Classificação dos estados de saúde às diferentes rpm do motor (aut. 269) …….. 227 Tabela 3.43 – Últimas 7 medições de variáveis de emissão, do autocarro número 270 ………. 227 XIV MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Tabela 3.44 – Análise estatística das variáveis de emissão ……………………………………. Tabela 3.45 – Caracterização das classes de emissões para uma distribuição t-Student, GL1=3 (Ramo β jM da função de emissões) ………………………………………………………. 228 229 Tabela 3.46 – Caracterização das classes de emissões para uma distribuição qui-quadrado, GL-1=3 (Ramo θ jM da função de emissões) …………………………………………………... 229 Tabela 3.47 – Matriz de sequências cronológicas genéricas para HMM ……………………… 230 Tabela 3.48 – Exemplo específico de matriz de sequências cronológicas de HMM ………….. 230 Tabela 3.49 – Metodologia de classificação de espectros de emissões para HMM, aut. 269 …. Tabela 3.50 – Sequências cronológicas dos valores de montagem dos HMM de cada um dos autocarros ………………………………………………………………………………………. Tabela 3.51 – Estrutura da matriz de transição de estados em HMM de autocarro urbano …… Tabela 3.52 – Estrutura da matriz de emissões em HMM de autocarro urbano ……………….. 231 Tabela 3.53 – Matrizes de transição de estados de HMM, referentes aos 4 autocarros ……….. 233 Tabela 3.54 – Matriz de emissões de HMM, referente ao autocarro n.º 262 ………………….. 234 Tabela 3.55 – Matriz de emissões de HMM, referente ao autocarro n.º 265 ………………….. 234 Tabela 3.56 – Matriz de emissões de HMM, referente ao autocarro n.º 269 ………………….. 234 Tabela 3.57 – Matriz de emissões de HMM, referente ao autocarro n.º 270 ………………….. Tabela 3.58 – Matriz de partida na aplicação de HMM para validação ……………………….. Tabela 3.59 – Probabilidades dos estados “à posteriori” na fase de treino do HMM, autocarro 262 ……………………………………………………………………………………………... Tabela 3.60 – Probabilidades dos estados “à posteriori” na fase de treino do HMM, autocarro 270 ……………………………………………………………………………………………... Tabela 4.1 – Relação entre estados estimados pelo HMM e estados medidos ………………… 234 234 235 Tabela 4.2 – Probabilidades de êxito nas estimativas da fase de validação dos HMM ………... 238 Tabela 4.3 – Perplexidade dos HMM de cada um dos autocarros e global …………………… 239 Tabela 4.4 – Valores dos ensaios realizados com um autocarro IVECO, em 2009-12-23 ……. Tabela 4.5 – Resultados dos ensaios realizados com um autocarro MERCEDES, OC500, em 2010-03-03 ……………………………………………………………………………………... Tabela 4.6 – Resultados das emissões medidas num autocarro MERCEDES, OC500, em 2011-04-01 ……………………………………………………………………………………... Tabela 4.7 – Evolução dos valores do binário em autocarro MERCEDES OC500 …………… 243 Tabela 4.8 – Mapeamento da pressão de sobrealimentação do autocarro Mercedes O500 …… 246 Tabela 4.9 – Mapeamento da pressão de óleo do autocarro Mercedes O500 …………………. Tabela 4.10 – Concepção da matriz de mapeamento da “função de estado” para cada série de viaturas (valores adimensionais) ……………………………………………………………… Tabela 4.11 – Mapeamento da opacidade dos fumos do autocarro Mercedes O500 ………….. 247 232 233 233 235 238 244 245 245 248 249 Tabela 4.12 – Mapeamento das emissões de NOx do autocarro Mercedes O500 (ppm) ……… 249 Tabela 4.13 – Mapeamento das emissões de CO2 do autocarro Mercedes OC500 (%) ……….. 249 Tabela 4.14 – Mapeamento do ruído do autocarro Mercedes OC500 (em dB(A)) ……………. 249 Tabela 4.15 – Valores para o cálculo da VSP …………………………………………………. 252 Tabela 4.16 – Ocorrências e intervenções na frota dos SMTUC em 2009 ……………………. 260 Tabela 4.17 – Indicadores da frota dos SMTUC, referentes a 2009 …………………………... Tabela 4.18 – Indicadores de manutenção de unidade de manutenção com 15 operários …….……… Tabela 4.19 – Índices de emissões referentes a motores Diesel Volvo ……………………….. 261 Tabela 4.20 – Índices de emissões referentes a autocarros, no Município de Barcelona ……… 264 Tabela 4.21 – Redução de custos de impacto, decorrente de melhorias na manutenção …...… 265 262 264 XV MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Figura 2.1 - Resistências ao movimento de um veículo ………………………………………. 18 Figura 2.2 – Balanços energéticos e de emissões de veículos rodoviários a gasóleo ………… 29 Figura 2.3 – Foto de filtro de partículas de autocarro EURO IV ……………………………... 42 Figura 2.4 - Circuitos de compensação de níveis de ruído A, B, C e D ………………………. 50 Figura 2.5 - Ângulos associados ao factor de orientação de um receptor de ruído …………… 54 Figura 2.6 - Relação linear entre intensidade de luz de LED e a voltagem no foto-transistor .. 70 Figura 2.7 - Unidade de monitorização utilizada a bordo dos veículos ………………………. 78 Figura 2.8 - Registo de concentrações na monitorização a bordo (Fonte Sensors) …………… 79 Figura 2.9 – Curva típica de falhas (curva da banheira) ……………………………………… 84 Figura 2.10 - Curvas associadas aos diferentes padrões de falhas …….……………………… 85 Figura 2.11 - Curva de função cumulativa de distribuição de taxa de falhas com a idade dos autocarros 85 Figura 2.12 – Diferentes perfis da forma sigmoidal com a idade dos autocarros …………….. 86 Figura 2.13 - Níveis de gestão do processo de manutenção preditiva ………………………… 92 Figura 2.14 - Estrutura de módulo de predição em manutenção preditiva ……………………. 93 Figura 2.15 - Exemplos de funções de activação utilizadas em redes neuronais ……………... 100 Figura 3.1 - Trilogia de impactos de uma frota de autocarros ………………………………... 131 Figura 3.2 – Foto de ficha de diagnóstico de autocarro ……………………………………… 141 Figura 3.3 - Modelo geral de optimização em manutenção ecológica ………………………... 144 Figura 3.4 - Curva de degradação do estado de um veículo (Intervalo P-F) ………………….. 145 Figura 3.5 - Intervalos de inspecção e de diferimento na manifestação de falha ……...……… 147 Figura 3.6 – Gráfico com tipificação de avarias de um autocarro no tempo …………………. 150 Figura 3.7 - Principais fontes de impacto em campus hospitalares …………………………… 153 Figura 3.8 – Variação das emissões de CO2 com a velocidade de um veículo ……………….. 155 Figura 3.9 – Evolução do estado de degradação de um sistema ………………………………. 157 Figura 3.10 - Correlação entre indicadores ecológicos e estado de degradação de um sistema 158 Figura 3.11 – Ligações num HMM de 5 estados do sistema e 4 classes de emissões ………… 163 Figura 3.12 – Nomenclatura de um HMM de 3 estados e 2 símbolos ………………………… 163 Figura 3.13 – Caracterização probabilística de um HMM ……………………………………. 175 Figura 3.14 – Exemplo de aplicação de limites na actuação de alarmes de disfunções ………. 183 XVI MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Figura 3.15 - Avaliação da disfunção com base na avaliação do valor residual ……………… 184 Figura 3.16 - Custo óptimo de manutenção, Copt, versus número de limiares, N …………….. 186 Figura 3.17 - Quilómetros percorridos pelos autocarros envolvidos no estudo ……………… 210 Figura 3.18 - Consumo médio de combustível por autocarro nos anos de 2008 a 2010 ……… 212 Figura 3.19 - Consumo médio de combustível mensal por autocarro no ano de 2010 ……….. 212 Figura 3.20 - Linhas incluídas no estudo (Amarelo: Circuito de ida; Verde: Retorno) ………. 213 Figura 3.21 – Unidade de diagnóstico de veículos utilizada ………………………………….. 214 Figura 3.22 – Analisador de gases / opacímetro utilizados no estudo ………………………… 215 Figura 3.23 – Fotografias referentes à medição de ruído de motores …………………………. 216 Figura 3.24 – Foto de medição de ruído produzido no sistema de escape ……………………. 217 Figura 3.25 – Aparelho de actuação no acelerador utilizado durante a medição de opacidade .. 217 Figura 3.26 – Fotos da gestão operativa utilizada na aquisição de dados …………………….. 219 Figura 3.27 – Diagnóstico e acções a desenvolver em função das classes de estado ………… 220 Figura 3.28 – Prática de monitorização de motor de autocarro ………………………………. 221 Figura 3.29 – Correlações entre estados e espectros de emissões ……………………………. 232 Figura 4.1 – Mapeamento do coeficiente de excesso de ar, λ , num motor Diesel …………… 242 Figura 4.2 – Mapeamento do coeficiente de excesso de ar, λ , de Mercedes OC500 ……….. 245 Figura 4.3 – Curvas de binário motor de veículo OC500 …………………………………….. 246 Figura 4.4 – Pressão de sobrealimentação de motor de autocarro Mercedes OC500 ………… 247 Figura 4.5 – Pressão de óleo em regimes estacionários de motor de Mercedes OC500 ……… 248 Figura 4.6 – Mapeamento da opacidade dos fumos de autocarro Mercedes OC500 …………. 250 Figura 4.7 – Mapeamento dos NOx nos gases de escape de Mercedes OC500 ………………. 250 Figura 4.8 – Mapeamento dos níveis de % CO2, em gases de escape de Mercedes OC500 ….. 251 Figura 4.9 – Mapeamento dos níveis de ruído de motor de autocarro Mercedes OC500 …….. 251 Figura 4.10 - Diagrama de um sistema de controlo remoto de monitorização de veículos …… 256 Figura 4.11 – Custo por ciclo de vida de um bem ou equipamento …………………………… 258 Figura 4.12 – Apuramento dos resultados económicos da função manutenção ………………. 258 Figura 4.13 – Sistema MPE numa empresa de transportes urbanos …………………………... 266 Figura 4.14 - Hardware de aquisição de dados ……………………………………………….. 267 Figura 5.1 – Fluxograma de evolução para novas metodologias de manutenção …………….. 276 XVII MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS ! : Aceleração do veículo EPA: Environmental Protection Agency A: É a área frontal do veículo em m2 EU: European Union AdBlue: Solução transparente à base de ureia (Contém cerca de 33 % em peso) EURO V: Norma europeia em vigor que limita a quantidade de poluentes nocivos gerados pelos veículos automóveis. Sucede à EURO IV que por sua vez sucedeu à EURO III. AIR: Air injection EVP: Exhaust valve position APDC: Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações FI: Resistência do declive ASPs: Active Server Pages FL: Resistência do ar BSFC: Best Specific Fuel Consumption FR: Resistência ao rolamento CAN: Controller Area Network or Controled Aerial Network FTA: Federal Transit Administration - USA CAT: Catalyst FTIR: Fourier Transform Infrared CBM: Condition-Based Maintenance – Manutenção Condicionada ou Preditiva Ftra: Força requerida ao motor CD: Coeficiente de resistência aerodinâmica FTP: File Tranfer Protocol CI: Compression Ignition g: Aceleração da gravidade CLD: ChemiLuminescent Detector g/(bhp.hr): grams per brake horsepower.hour CMEM: Compreensive Modal Emissions Model GCW: Gross Combined Weight CO: Carbon Oxide GeSI: Global e-Sustainability Iniciativa CO2: Carbone Dioxide GSM / GPRS: Global Sistem for Mobile communications / General Packet Radio Services CPC: Condensation Particle Counter GVWR = Gross Vehicle Weight Rating (GVW maximum allowed) CR: Coeficiente de resistência ao rolamento HBEFA: Handbook of Emisson Factors for Road Transport CVS: Constant Volume Sampling HC: Hydrocarbons DI: Direct Injection HEI: Health Eating Index (2005) (Gases de escape e pequenas partículas podem ser prejudiciais para a saúde) DIAL: Differential absorption lidar HFID: Heated Flame Ionization Detector DOC: Diesel Oxidation Catalyst HM: Heavy Metal DPF: Diesel Particulate Filter HMM: Hidden Markov Models DPNR: Diesel Particulate NOx Reduction HPCR: High Pressure Common Rail ECM: Electronic Control Module IAM: Institute of Asset Management EEV: Environmentally Enhanced Vehicle I&M ou I/M: Inspection and Maintenance ou Inspecção e Manutenção EGR: Exhaust Gas Recirculation ISHM: Integrated System Health Management EHM: Equipment Health Management ISQ: Instituto de Soldadura e Qualidade EI: Emissions Indice IVHM: Integrated Vehicle Health Management EMIT: EMIssions from Traffic LDD: Light-duty diesel EMS: Electronic Motor System LDG: Light-duty gasoline XVIII MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS LED: Light Emitting Diode QCM: Quartz Crystal Microbalance LIN: Local Interconnected Network RCM: Reliability Centered Maintenance LNT: Lean NOx Traps RMSE: Root Mean Squared Error m: Massa RUL: Remaining Useful Life mrot: Massa sujeita a movimento de rotação SCR: Selective Catalytic Reduction MAP: Manifold Absolute Pressure SI: Spark Ignition MODEM: MODel of vehicle EMissions SMITH: Sistema Modular Integrado de Terologia Hospitalar MTBF: Mean Time Between Failure SMPS - Scanning Mobility Particle Sizer MTBD: Mean Time Between Disfunction SPC: Statistical Process Control MTTR: Mean Time to Repair (Tempo Médio de Reparação) TAC: Termostatic air cleaner NDIR: Non Dispersive InfraRed TAN: Total Acid Number NDUV: Non Dispersive Ultra Violete TBN: Total Base Number NEDC: New European Driving Cycle TCP/IP: Transmission Control Protocol / Internet Protocol NMHC: NonMethane Hydrocarbons TEOM: Tapered Element Oscillating Microbalance NMVOC: Non Methanic Volatile Organic Compound THC: Total Hydrocarbons NOx: Nitric Oxides TIC: Tecnologias de Informação e Comunicação O2: Oxygen sensor and connectors TPM: Total Productive Maintenance OBD: On-Board Diagnosis TRL: Transport Research Laboratory OMS: Organização Mundial de Saúde UITP - International Association of Public Transport OPSIS: Observation et Prospective sur la Societe de Information et ses Services OSA - CBM: Open System Arquitecture for Condition Based Maintenance PAH: Polycyclic Aromatic Hydrocarbons v e vw: Velocidade do veículo e do vento em m/s VETS: Vehicle Emission Test System VGT: Variable Geometry Turbocharging PAS : Publicly Available Specification VOC: Volatile Organic Compound PCA: Principal Component Analysis VOSA: Vehicle and Operator Services Agency PCI: Premixed Compression Ignition vph: Vehicles per hour PC-VETS: Personal Computer – Vehicle Emission Test System VSP: Vehicle Specific Power PCV: Positive crankcase ventilation system WWH: World – Wide Harmonized PERT: Program Evaluation and Review Technique WHO: World Health Organization PHEM: Passenger car and Heavy duty Emissions Model WWH: WorldWide Harmonization group PHM: Prognostics and Health Management φ: Relação de equivalência combustível / ar na combustão PLS: Partial Least Squares PM: Particulate Mater : Inclinação da via ρa: Densidade do ar PM10: Partículas de dimensão inferior a 10 µm PMI: Ponto Morto Inferior PMS: Ponto Morto Superior PRESS: Prediction Residual Sum of Squares XIX MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS XX MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS " # ! $% & ' ! Para a sociedade científica e para o mundo empresarial, ressalta a importância de assegurar que as utilizações sectoriais de serviços contemplem a potenciação e a harmonização de objectivos e fins múltiplos incluindo os ambientais. Na pretérita década cresceram as preocupações com a severidade de degradação do estado do ar e da água, ocorrida em muitos pontos do planeta e com os agravamentos na poluição dos solos, causados pelas indústrias e pelos transportes. Também a crescente socialização do bem-estar das populações, que tem conduzido à proliferação de veículos, evidencia a necessidade de se manter a pressão de mitigação das externalidades negativas. As questões precedentes são de grande importância e motivação de estudo aprofundado pelo autor. A sua relevância surge incrementada por factores de índole cognitiva e emocional fruto de muita reflexão no âmbito dos transportes. Neste contexto, o autor, integrado numa equipa de investigação multidisciplinar, desenvolveu e colaborou na elaboração de vários artigos científicos, que constituíram o seu contributo para a literatura, quer no âmbito dos transportes, quer no da manutenção, bem como no entrosamento entre ambas, através das seguintes publicações científicas: 1 -“Mitigação de Emissões Poluentes dos Transportes Rodoviários em Meio Urbano – Com Enfoque na Componente Tecnológica”, Tese de Mestrado em Transportes, Instituto Superior Técnico, Lisboa, 28 de Maio de 2002. 2 – Primeiro autor e apresentador de artigo científico nos USA na sequência da sua aceitação pela International Federation of Hospital Engineers (IFHE) no âmbito do 18th Congress desta instituição que decorreu entre 25 e 29 de Julho de 2004, em simultâneo com a 41st Annual Conference & Technical Exhibition promovida pela Association for the Study of Higher Education (ASHE): “The Maintenance and the Envirnmental Managemnent – on a modular view ”, António Simões, Torres Farinha e Viriato Marques, Orlando - Estados Unidos da América, July 27, 2004. 3 - Primeiro autor e apresentador de artigo científico no 9.º Congresso Nacional de Manutenção que teve lugar na EXPONOR em Leça da Palmeira, nos dias 22 e 23 de Novembro de 2007: “Manutenção Condicionada às Emissões Poluentes em Autocarros Urbanos – Uma abordagem ecológica ”, António Simões, Torres Farinha, Inácio Fonseca, Viriato Marques, António Simões, Torres Farinha e Viriato Marques, EXPONOR em Leça da Palmeira, 23 de Novembro de 2007. 4 - Primeiro autor e apresentador de artigo científico, no 20th Congress of International Federation of Hospital Engineering (IFHE), que ocorreu em Barcelona - Espanha, entre os dias 19 e 22 de Outubro de 2008: “Ecological Predictive Maintenance in Hospital Equipment ”, António Simões, Torres Farinha, Inácio Fonseca, Viriato Marques, October 21, 2008. 5 - Primeiro autor e apresentador de artigo científico, nas Conferências Internacionais WSEAS, realizadas na Universidade de La Laguna em Tenerife: “Buses Degradation Based on Exploration Conditions ”, António Simões, Torres Farinha, Inácio Fonseca, Maciel Barbosa, Viriato Marques, July 01, 2009. 1 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS 6 - Co-autor de artigo científico, no 10.º Congresso Nacional de Manutenção que teve lugar na Figueira da Foz, nos dias 19 e 20 de Novembro de 2009: “Manutenção versus Produção. A perspectiva terológica para um futuro sustentável”, Torres Farinha, António Simões, Inácio Fonseca, Pedro Bastos, Figueira da Foz, 20 de Novembro de 2009. 7 - Co-autor de artigo científico, no 10.º Congresso Nacional de Manutenção que teve lugar na Figueira da Foz, nos dias 19 e 20 de Novembro de 2009: “Manutenção Preditiva de Geradores Eólicos”, Inácio Fonseca, Torres Farinha, Fernando Maciel Barbosa, António Simões, Figueira da Foz, 20 de Novembro de 2009. 8 - Primeiro autor e apresentador de artigo científico, nas Conferências Internacionais WSEAS, realizadas na Universidade de Cambridge no Reino Unido: “Ecological Predictive Maintennace in Urban Fleets ”, António Simões, Torres Farinha, Inácio Fonseca, Luís Ferreira, February 24, 2010. 9 - Primeiro autor de artigo científico, com o número ID 647-248, nas Conferências Internacionais WSEAS, realizadas em Taipé, Taiwan: “On-condition Maintenance of Diesel Engines Modeled by a Hidden Markov Model”, António Simões, Torres Farinha, Inácio Fonseca, Viriato Marques, August 20-22, 2010. A motivação assenta em dois grandes vectores de crescente importância social e científica, um dos quais apela à mitigação dos impactos de poluição de fontes móveis, e o outro que reconhece o papel da manutenção das unidades da frota na redução dos referidos impactos e na sinistralidade. Revela também uma permanente capacidade de qualificação profissional e de desejo de aprendizagem. Assume especial importância interdisciplinar, por se tratar de uma pesquisa de impacto em duas áreas de singular nobreza social, como são a dos transportes e a do ambiente. Reúne um misto de combinação de maturidade de experiências e optimização de desempenho. Para além disso, a procura da satisfação pelo desenvolvimento académico, suportado na sabedoria, no aperfeiçoamento, na descoberta, e na dinâmica científica, constituem os restantes elementos motivacionais dominantes. É evidente que tais objectivos de aprendizagem estão indiscutivelmente associados ao prazer de criar e inovar e no atingir de um patamar de sucesso, que se assuma como elemento catalisador em prol da criação de novas oportunidades para as novas gerações de investigadores, projectistas e empresários de um país que terá que inventar novos rumos. Enquadra um contributo social assente na procura da redução de externalidades negativas e na melhoria da eficácia na detecção de disfunções orgânicas, que nalguns casos constituem fontes de degradação acelerada e causas passíveis de incremento dos níveis de sinistralidade rodoviária. Em suma, a motivação alicerça-se numa constante procura de novas competências em termos de fazer melhor no futuro, num enquadramento de excelência que permita transmitir aos vindouros mais um alerta para os desafios do amanhã. Um repto e um apelo ao bom senso social a quem tem que decidir balanceado entre o atenuar e corrigir uma disfunção, com base na aplicação de soluções fiáveis, no sentido de precaver eventuais implicações negativas ou a opção por uma prática de correcções fortuitas, adiando intervenções necessárias em sujeição às contingências de uma gestão de tesouraria. É também uma contribuição para uma metodologia avançada de definição estratégica, em prol da excelência no planeamento e gestão da manutenção (Campbell 1995). O problema principal que motivou o autor e ao qual ele procurou responder pode formularse através da seguinte questão: 2 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Como contribuir para a mitigação dos impactos ambientais dos transportes em ambientes urbanos, pela via da concepção de um novo paradigma de manutenção de frotas? Antes de mais importa definir que as metodologias e algoritmos apresentados ao longo da presente tese que, em última instância, dão origem a intervenções de manutenção, incidem sobre autocarros urbanos, designadamente nos seus sistemas mecânicos. Para assegurar uma consistência de terminologia que facilite a compreensão do texto importa descrever os diferentes conceitos dos objectos sobre os quais recai a manutenção: Um sistema corresponde ao conjunto de elementos funcionais delimitados por uma fronteira com exigências de manutenção. O subsistema representa um subconjunto de elementos funcionais compreendidos no conjunto mencionado. Um equipamento pode ser tratado como um sistema ou subsistema em função da complexidade dos componentes que o integram. O estabelecimento dos objectivos da tese assenta em grandes princípios e apostas orientadoras, nomeadamente: • Sociais – A harmonização das várias vertentes, em que se inclui o desenvolvimento regional e nacional, o bem-estar social, a equidade intra e inter-geracional são fundamentais na definição e optimização de redes de transportes; • Ambientais – As actividades de transporte de passageiros e mercadorias deve ter como objectivo causar o mínimo de efeitos negativos no ambiente natural; • Tecnológica – A escolha da tecnologia deve ser ditada por considerações relativas à sua eficiência e eficácia e pela adopção de soluções inovadoras; • De informação – A gestão da manutenção de transportes deve ser transparente e baseada em informação fiável e rigorosa. Tal informação deve não só servir de base à tomada de decisão das empresas de transportes e dos organismos de tutela como deve ser disponibilizada ao cidadão comum, para que conheça o estado de degradação do veículo que conduz; • Económico-financeiros - Os transportes e a sua manutenção têm um valor económico cujos preços representam uma componente fundamental de qualquer estratégia de sustentabilidade na sua gestão; • De participação – A participação e envolvimento das associações de transportadores, das organizações de utilizadores e de todas as instituições representativas das populações é fundamental nos processos de planeamento de transportes e no acompanhamento dos valores de monitorização de impactos ambientais; • Institucionais e de gestão – O papel e as áreas de responsabilidade dos órgãos de administração, de inspecção e dos particulares, intervenientes no planeamento, na gestão e na utilização, devem ser claramente definidos; • Articulação sectorial – A articulação da gestão, planeamento e ordenamento dos transportes, da segurança rodoviária e do ambiente, deverá ser uma constante, de modo a que na abordagem dos diversos problemas sectoriais se consiga uma resolução integrada de problemas e a assunção de novas visões e atitudes; 3 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS • De integração territorial – No sentido de que, para os problemas ao nível dos municípios, das regiões ou do País, sejam preconizadas soluções integradas; • Fins múltiplos – A possibilidade de atendimento e satisfação das necessidades dos cidadãos em matéria de oferta de transportes, redução da sinistralidade e mitigação de impactos ambientais, com as concomitantes economias de escala e uma adequada imputação de custos, são factores que devem ser considerados; • Comunitários – As disposições legais e orientações da União Europeia em matéria de transportes e ambiente, têm que ser levadas em consideração; • De cooperação internacional – Considerando a adesão de Portugal às convenções internacionais e bilaterais é fundamental assegurar a permuta de informação prévia relativa aos planos, programas e projectos de relevante interesse internacional. Os objectivos constituem a finalidade que é definida para um trabalho científico, ou seja, a meta que se pretende atingir através da elaboração da pesquisa. Ao estabelecer os objectivos da investigação torna-se óbvio que o futuro ecológico dos transportes não é uma dádiva mas sim uma permanente disputa de inovação. São os objectivos que definem o que se pretende levar a efeito com a investigação. A sua definição clara tem o mérito de ajudar na tomada de decisão quanto aos aspectos metodológicos da pesquisa. Em suma, ter-se-á sempre que saber o que se pretende fazer, para depois se decidir como proceder, para chegar aos resultados pretendidos. Refira-se que os objectivos têm também uma função norteadora no momento da leitura e avaliação da tese. Isto porque um trabalho académico é julgado, em grande parte, pela capacidade de cumprir os objectivos que se propõem nestas páginas iniciais. Daí que se tenha procurado que estes sejam não só claros como também exequíveis. A tese, numa visão alargada, enquadra-se num vasto objectivo geral que visa contribuir para a mitigação das externalidades negativas em áreas urbanas, apontando estratégias de responsabilidade ambiental, no âmbito dos transportes, que sirvam melhor os cidadãos e o mundo, com enfoque na promoção do restabelecimento da qualidade do ar. Como forma de o atingir, propõe-se a introdução de melhorias na gestão da manutenção de veículos de transporte e, especialmente, de autocarros urbanos. Foram distinguidos dois tipos de objectivos neste trabalho científico: os objectivos gerais e os objectivos específicos. Como o próprio nome indica, os objectivos gerais são os mais genéricos. São enquadrados nos princípios orientadores, pelo que suportam a formulação da estrutura da tese. Procuram corresponder a metas de longo alcance, representando contribuições que se desejam oferecer em resultado da concretização da pesquisa. Genericamente, é possível afirmar que o objectivo motivacional de qualquer investigação consiste em obter uma resposta satisfatória ao problema subjacente à concepção da pesquisa. No contexto da gestão de sistemas de transportes, da correcção das disfunções orgânicas e ambientais e da sustentabilidade ambiental, tendo presente o quadro institucional e legal nacional, comunitário e internacional, assumem-se como objectivos gerais da tese, os seguintes: • Promover a sustentabilidade ambiental, económica e financeira decorrente da utilização de veículos de transportes, de forma a garantir a redução da 4 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS sinistralidade e assegurar as melhores condições ambientais em ambientes urbanos. • Garantir a identificação de disfunções no âmbito dos diferentes modos de transportes rodoviários, utilizando uma gestão integrada que assegure a uniformização dos aspectos de segurança e qualidade. • Cooperar na promoção de uma gestão sustentável na procura modal de transportes, tendo em conta as perspectivas socioeconómicas. • Contribuir para a racionalização, a optimização, a eficácia do quadro institucional, a adequação do quadro normativo nacional às novas perspectivas e exigências da gestão e planeamento, em matéria de controlo dos impactos e da velocidade de circulação. • Ajudar no cumprimento da legislação nacional e comunitária. • Contribuir para a mitigação dos impactos ambientais de transportes urbanos através da criação de sistemas eficientes, fiáveis e económicos de gestão da manutenção de frotas rodoviárias. • Promover o aumento do conhecimento, do estudo e da investigação aplicada dos sistemas de transporte e da respectiva manutenção. Contudo, para se cumprirem e materializarem os objectivos gerais torna-se necessário delimitar metas mais específicas dentro do trabalho. É o resultado da execução destas metas que permite conduzir à concretização dos objectivos gerais. Sendo que o maior objectivo geral deste projecto é o de contribuir para a resolução de uma dada realidade social decorrente das fortes externalidades negativas do sector dos transportes rodoviários, os objectivos específicos terão que estar orientados para esta meta. Especificamente, terão como alvo a descrição da realidade, a comparação com outras situações similares e a sistematização dos pontos determinantes para a sua ocorrência. Através do cumprimento destes objectivos parciais conseguir-se-ão então atingir os objectivos mais amplos. No fundo, os objectivos específicos correspondem à especificação dos objectivos gerais, associados à resolução dos problemas actuais ou potenciais para os quais se pretende encontrar resposta. Quanto aos objectivos operacionais da tese, passam pela promoção de novas metodologias de gestão operacional de frotas de autocarros de serviço urbano de passageiros, subordinadas às suas interacções ecológicas. Como resultado da reflexão e do diagnóstico elaborado, tendo como lema uma implementação inovadora de um conjunto de paradigmas de gestão, importa sintetizar a forma de dar resposta aos factores nucleares de sucesso da investigação através da aplicação de um conjunto de medidas, as quais procuram descrever e evidenciar as diferenças entre linhas de acção a prosseguir. De acordo com a pertinência dos problemas e o potencial de evolução que se lhes associa, as medidas a aplicar podem classificar-se como: • Medidas de coesão – Aquelas que permitem minimizar os efeitos negativos que decorrem das vulnerabilidades identificadas. São medidas importantes de cumprir no sentido de assegurar a integridade de um uso equilibrado dos transportes pelo conjunto dos cidadãos e dos centros de actividades, bem como a mitigação dos seus impactos na saúde e no ambiente. Procuram a eliminação das causas de disfunções e combate às fontes de poluição. Abrangem a promoção do 5 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS conhecimento, estudo e investigação aplicada, direccionada aos problemas dos transportes, à gestão integrada dos diferentes modos e operadores, tendo em vista um planeamento e ordenamento equilibrado. Promovem o reforço de meios de fiscalização através do uso de novas tecnologias e a participação das populações e agentes económicos. • Medidas de sustentabilidade – Aquelas que poderão alterar as apostas existentes em face de uma evolução previsivelmente inibidora. Pretende-se que estas medidas sejam o garante da recuperação das situações preocupantes e que ao não serem invertidas conduziriam a uma degradação generalizada dos transportes e dos objectos de manutenção, com consequências ao nível do agravamento dos impactos ambientais e da sinistralidade. Enquadram-se nestas medidas a melhoria da qualidade dos transportes, a promoção da sustentabilidade ambiental, a racionalização e optimização do quadro legal e institucional vigentes, bem como a aceleração e sustentação técnica de processos de cooperação, de planeamento e de gestão de diferentes modos e operadores de transportes. • Medidas de mudança – Aquelas que possibilitam o aproveitamento coerente dos factores mais positivos de evolução dos sistemas. Tais medidas propõem uma ruptura progressiva com o sistema actual no sentido de alcançar novos padrões de qualidade e de capacidade de gestão. São aquelas que exigem um maior empenhamento político, carecendo também de um sistema de comunicação que torne claro os princípios e os motivos de actuação. Enquadram-se nestas medidas a introdução de um sistema económico-financeiro associado à avaliação dos sistemas de transporte que inclua a contabilização de todas as externalidades negativas. Inclui a alteração de uma lógica de gestão modal baseada na procura, para uma gestão modal baseada na oferta, tendo como objectivo a minimização dos impactos. • Medidas de competitividade – Aquelas que garantem o sucesso perene da gestão dos sistemas, utilizando as margens de progresso mais relevantes. Ao contribuir para a afirmação de todo o vasto mercado do sector dos transportes, procuram aumentar a eficácia dos sistemas existentes e contribuir para a criação de emprego e riqueza nacional. Neste âmbito, poder-se-ão enquadrar medidas e o desenvolvimento de soluções de gestão para fins múltiplos como forma de adequação e rentabilização de recursos e a implementação de soluções integradas para a resolução de problemas de rupturas na oferta, de inadequada manutenção e de excessivos impactos. Incorporam ainda a mobilização da eficiência empresarial para a aceitação dos novos desafios do sector. No sentido de promover a sustentabilidade ambiental, económica e financeira decorrente da utilização de veículos de transporte e de forma a promover a redução da sinistralidade e a melhoria das condições ambientais futuras, aposta-se na concepção de novas práticas de manutenção, tendo em vista mitigar a deterioração do estado de saúde dos veículos. Insere-se no aprimoramento de uma fórmula prática de aumentar a qualidade da gestão, exploração e manutenção de sistemas de transportes. Neste âmbito, propõe-se a fixação de metas ao nível de medidas de política no sentido de alcançar a curto, médio e longo prazo os objectivos mundiais de redução progressiva das externalidades através de promoção da utilização de veículos com a maior adequabilidade técnica, ambiental e económica. Um sentimento que se constrói caminhando no sentido de 6 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS uma progressiva incorporação de energias renováveis e na crescente optimização do funcionamento de motores de combustão interna. Uma das vertentes utilizadas na melhoria da eficiência recorre ao uso de excelentes programações informáticas de unidades electrónicas de veículos, com o principal objectivo de redução dos níveis de emissões, incluindo, um rigoroso controlo das velocidades de circulação. Para garantir a identificação de disfunções no âmbito dos diferentes modos de transportes rodoviários, utilizando uma gestão integrada que assegure a uniformização dos aspectos de segurança e qualidade, serão utilizados de forma inovadora variáveis de condição de cariz ecológico com um programa informático que integra modelos escondidos de Markov para descrever o estado do motor / veículo e do respectivo sistema de pós-tratamento com base na monitorização das referidas variáveis. Está-se perante uma abordagem de perfil preditivo na concepção da matriz de manutenção de uma frota de autocarros urbanos, a qual se baseia na utilização de efluentes gasosos e do ruído. Trata-se de um novo paradigma que toma como referência a promoção de contributos para uma adequada gestão ambiental e que faz a aplicação de modelos escondidos de Markov (Hidden Markov Models – HMM) na avaliação do estado de saúde de motores de autocarros, seus elementos constituintes e respectivos sistemas de pós-tratamento. A sua implementação carece de prévia medição dos níveis de emissões poluentes considerados nocivos em termos ambientais, que são utilizados como indicadores de condição na gestão da manutenção. A tese visa também contribuir para a racionalização, a optimização e a eficácia do quadro institucional, a adequação do quadro normativo nacional às novas perspectivas e para as exigências da gestão e planeamento em matéria de controlo dos impactos e da velocidade de circulação. Nesse sentido, aponta metas de desenvolvimento futuro que permitem prosseguir o cumprimento da legislação nacional e comunitária através da medição efectiva dos níveis de poluição, através de técnicas de monitorização a bordo e de detecção remota. Quanto à contribuição para a mitigação dos impactos ambientais de transportes urbanos através da criação de sistemas eficientes, fiáveis e económicos de gestão da manutenção de frotas rodoviárias, tal objectivo torna-se mais exequível com a identificação automática de estados disfuncionais e pelo respectivo alerta às empresas de transporte ou aos proprietários de viaturas particulares. A constituição e actualização de bases de dados por detecção remota e tecnologia wireless, visa garantir a operacionalidade e a actualização de sistemas de informação estatística com uma progressiva optimização da caracterização de emissões e dos correspondentes estados de saúde dos equipamentos. A abordagem inovadora da manutenção apresentada na presente tese potenciará a abertura de novas formas de encarar a manutenção, complementando as abordagens tradicionais, pelo que se denominou esta vertente por manutenção preditiva ecológica (MPE). Embora seja reconhecido o impacto negativo, na saúde, decorrente da exposição do ser humano às partículas de matéria Diesel e outros efluentes produzidos pelos transportes, continuam a não estar disponíveis nos concessionários, nas oficinas e nos centros de inspecção, técnicas de avaliação precisas, com equipamentos facilmente utilizáveis e a preços acessíveis. Contudo, a multinacional Sensors Europe na sua fábrica na Alemanha tem, em fase final de testes, a produção de alguns protótipos de um novo equipamento de medição a bordo do veículo, que poderá vir a revolucionar os actuais padrões de avaliação de emissões poluentes. Permite a medição não só de cinco componentes gasosos, NO, NOx, CO, THC e 7 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS CO2, mas também do nível de partículas PM10. Já foi testado no Estado da Califórnia, perspectivando-se a sua comercialização a preços mais atractivos a partir do ano de 2012. A falta de equipamentos e técnicas fiáveis, na gama dos actualmente utilizados nos modernos programas de inspecção e manutenção de viaturas, poderá ter constituído um factor de desincentivo à incorporação da componente ambiental na avaliação de projectos de gestão do tráfego e também em iniciativas de projecto de construção de infra-estruturas rodoviárias. Por princípio, os investimentos neste âmbito não deveriam prever escoamentos de tráfego susceptíveis de gerar episódios de elevadas emissões de poluentes. A existirem, teriam que ser de curta duração e somente associados à utilização dos veículos em regimes transientes. Contudo, estas premissas nem sempre ou raramente são respeitadas. A não incorporação destas preocupações na fase de projecto, para além de resultar em momentos de forte impacto ambiental, contribui para o agravamento do estado de saúde do parque automóvel, permitindo a intensificação da sua degradação. É com base nestes fundamentos que a comunidade científica vem apostando na investigação, com procura de novos algoritmos e desenvolvimento de novas metodologias, no sentido de antecipar os novos desafios e soluções para resolver as novas e complexas fragilidades do planeta. A presente investigação ao enquadrar-se na manutenção preditiva de motores Diesel e tomando como referência indicadores ambientais afasta-se da manutenção planeada preventiva que toma como referência quilómetros percorridos ou horas de exploração dos veículos. Fundamenta-se num novo paradigma na área da manutenção, ao qual se junta a introdução de novos algoritmos de previsão baseados em cadeias de Markov e, em particular, em cadeias escondidas de Markov. Num modelo regular de Markov, o estado do sistema é directamente visível pelo observador e, por conseguinte, as probabilidades de transição de estado são facilmente determinadas. Num modelo escondido de Markov, o estado não é directamente visível. Contudo, as variáveis que se encontram correlacionadas com esse mesmo estado, neste caso, as variáveis ecológicas, são visíveis ou mensuráveis. Os níveis de degradação das características de uma frota de autocarros urbanos incluem alterações nas emissões poluentes, nos padrões dos níveis de ruído, da vibração (Beranek and Ver 1992), da temperatura ou, mesmo, de alterações dimensionais dos produtos. O acompanhamento e avaliação das referidas variáveis de condição, permite obter uma melhor estimativa do estado do sistema e, por consequência, optimizar a estimativa do tempo remanescente até que o mesmo entre em disfunção ambiental, ultrapassando limiares considerados críticos. Os modelos de avaliação que incorporam a temperatura tomam como referência a situação do motor na sua temperatura normal de funcionamento, que ocorre por volta de 85º centígrado. Nalguns casos, a temperatura normal indicada pelo painel é bastante inferior, podendo situar-se em cerca de 60º. Esta nova aproximação, em vez de utilizar as tradicionais técnicas de programação das operações de manutenção, considera que cada estado não corresponde a um único evento observável, porquanto esse mesmo estado se encontra ligado a um grupo de distribuição probabilística de emissões ou observações. Cada estado apresenta uma determinada distribuição de probabilidade de ocorrência, relativamente a cada uma das classes de possíveis emissões identificadas. Uma vez que o estado não é directamente visível, corresponde a uma variável desconhecida. O desafio consiste em determinar as variáveis escondidas a partir do 8 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS conhecimento das variáveis observadas. Consequentemente, a sequência de observações geradas pelos modelos escondidos de Markov, fornecem-nos indirectamente a informação acerca da sequência de estados. Alguns modelos de Markov são mesmo baseados em intervalos e não em números (Santos 2004). Os modelos escondidos de Markov são especialmente conhecidos pelas suas aplicações em séries temporais de reconhecimento de voz, reconhecimento de escrita, reconhecimento gestual, partitura musical, evolução genética e bioinformática (Mobley 2002). Nestes modelos, a evolução da degradação das condições de saúde de um autocarro ou de um motor é acompanhada mediante a definição de um limiar de condição, entre estados normais e estados de disfunção ambiental. Podem ser definidos vários estados dentro do intervalo correspondente à ultrapassagem dos limites normais, quando se pretendem estabelecer correlações com os componentes ou sub-sistemas sob disfunção, ou criar modelos multi-nível que, após a detecção de disfunção no sistema, remeta para modelos de identificação de disfunção para os correspondentes sub-modelos. A concepção de modelos de degradação de autocarros urbanos deve basear-se no conhecimento prévio das condições de exploração. Em suma, os objectivos da tese podem sintetizar-se na seguinte conjugação parágrafo: Promoção da mitigação dos impactos ambientais dos transportes em meios urbanos, pela via da concepção de um novo paradigma de manutenção preditiva de frotas, direccionada para motores Diesel de autocarros, tomando como referência indicadores ambientais e preterindo o perfil de manutenção planeada preventiva que toma como referência quilómetros percorridos ou horas de exploração dos veículos; Concepção de uma nova metodologia de descodificação de classes de estados de saúde de sistemas por via da aplicação de Modelos Escondidos de Markov (HMM). A estrutura da tese foi concebida com base numa organização lógica, iniciada na explicitação do problema atrás enunciado. A sua formulação traduz-se numa arquitectura de desenvolvimento alicerçada nos seguintes capítulos: Capítulo 1 - Motivação, objectivos e estrutura da tese Capítulo 2 - Estado do conhecimento do tema e da prática empresarial Capítulo 3 - Modelo de manutenção preditiva ecológica (MPE) Capítulo 4 - Validação e avaliação do modelo desenvolvido Capítulo 5 - Conclusões finais e desenvolvimentos futuros Capítulo 1 - Motivação, objectivos e estrutura da tese Este capítulo corresponde ao actual. Como o próprio nome indica e também pela leitura do mesmo até aqui, faz a explicitação da motivação do autor para a investigação em apreço, bem como a caracterização dos objectivos a atingir e a definição da estrutura da tese. Capítulo 2 - Estado do conhecimento do tema e da prática empresarial Este capítulo começa pela análise da dinâmica de veículos rodoviários. Depois, são abordados os balanços mássicos característicos de motores de combustão interna, com avaliação determinística das emissões de escape e das emissões de ruído. São também avaliadas as relações entre os impactos ambientais e as tecnologias dos veículos. Neste ponto são ainda desenvolvidos outros temas afins, nomeadamente, legislação sobre os impactos e 9 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS metodologias e tecnologias de medição de emissões. No que concerne a tecnologias são passados em revista os testes em banco de rolos, os testes em estrada com controlo remoto e os sistemas de monitorização a bordo dos veículos. Finalmente, é feito o ponto de situação sobre a relação entre a manutenção dos veículos e a sua relação com os impactos na saúde e no ambiente, onde são avaliados temas, tais como os impactos dos transportes na saúde e no ambiente e os modelos de manutenção em veículos rodoviários. Capítulo 3 - Modelo de manutenção preditiva ecológica (MPE) Tal como o nome indica, este capítulo faz a explanação do modelo de manutenção preditiva utilizado no algoritmo de predição dos estados de saúde de motores térmicos. Para o efeito, faz uma análise à Manutenção Condicionada (CBM, Condition Based Maintenance) em autocarros urbanos, fazendo a caracterização de disfunções por famílias, a predição ecológica de disfunções em frotas de transportes e a análise da correlação entre as variáveis. Seguidamente é apresentado um novo paradigma de planeamento da manutenção a partir de modelos escondidos de Markov. Neste ponto são apresentados os elementos básicos de um HMM, os três problemas básicos de um HMM, bem como as limitações, principais vantagens e limiares de um HMM. Por último, é feita a caracterização dos procedimentos de monitorização manual de emissões numa frota de autocarros, em parque de manutenção, abrangendo as fases de recolha de dados, de concepção, de estimação e de calibração do HMM de perfil ecológico. Capítulo 4 - Validação e avaliação do modelo desenvolvido Neste capítulo apresentam-se as metodologias de validação e avaliação do modelo desenvolvido, seguindo-se a explanação do rigor de resolução de análise e a avaliação dos resultados obtidos. Apresenta-se ainda a expectativa de ganhos económicos com a aplicação deste modelo de manutenção. Capítulo 5 - Conclusões finais e desenvolvimentos futuros Neste capítulo apresentam-se as conclusões relativas à tese levada a efeito. Em sequência são apontados caminhos de futuro, face às novas perspectivas que a tese abriu. Assim, é delineada e promovida a futura aplicação de modelos de degradação do estado de saúde de veículos, com base nas condições de exploração e é, também, proposta a operacionalização de sistemas de monitorização com HMM, tendo por referência o diagnóstico assistido por tecnologia wireless. Faz-se ainda a apologia ao desenvolvimento de sistemas de monitorização e diagnóstico de autocarros na recolha de dados ou em locais da rede sob exploração. O capítulo termina com uma perspectiva sobre os impactos decorrentes da aplicação do modelo a nível da organização de processos e de recursos nas empresas. 10 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS ( ) * + Os transportes rodoviários de passageiros realizados em meio urbano e suburbano inserem-se num sector de actividade económica que apresenta um dos maiores impactos anti ecológicos a nível mundial, com destaque especial para as suas repercussões nos consumos energéticos (COST-346 2008), na saúde, na sinistralidade e na sustentabilidade ambiental. Também em veículos pesados de passageiros são vários os factores que explicam o aparecimento de disfunções ambientais e que ao mesmo tempo contribuem para o agravamento dos níveis de emissões (Riemersma 2004). Poderão agregar-se nas seguintes classes: • Projecto e tecnologia do motor; • Montagem incorrecta; • Falta de manutenção; • Idade do veículo e do motor; • Corrosão e desgaste durante a utilização; • Política e condições de manutenção; • Qualidade do combustível; • Condições de exploração e comportamento em condução. A quantidade e a qualidade das emissões são condicionadas pela legislação em vigor, sendo também influenciadas pelas condições ambientais. Para responder às exigências de exploração de frotas, que possuem padrões de fiabilidade e disponibilidade compatíveis com a optimização entre a oferta e a procura, alguns operadores rodoviários consideram a manutenção como um dos factores críticos de sucesso. São várias as opções de manutenção, muitas vezes complementares, que se colocam na optimização da disponibilidade de um equipamento ou sistema: • Manutenção não planeada, também designada por reactiva ou correctiva, entre outras designações. • Manutenção planeada, também designada de programada ou preventiva, que pode ser do tipo: o Sistemática; o Condicionada ou preditiva. • Manutenção detectiva ou sistema de manutenção inteligente. A manutenção não planeada corresponde a uma política em que as intervenções procuram recuperar o equipamento para que este atinja o estado normal de funcionamento, após a ocorrência da falha. As intervenções não planeadas acontecem sempre em qualquer tipo de instalação ou equipamento, devido ao facto de nenhum sistema possuir uma fiabilidade de 100%, mesmo que esteja sujeito à melhor manutenção planeada ou preditiva, a que se adicionam os 11 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS acidentes que acabam por acontecer no mais optimizado equipamento ou sistema. Estas intervenções apesar de não serem programadas sistematicamente no tempo, são planeadas para instantes de acordo com a evolução do valor das variáveis de condição, e incluem a definição dos métodos de trabalho a adoptar e da garantia da existência das peças de reserva necessárias. A manutenção não planeada constitui a forma mais simples e mais primária de intervenção. Constitui uma opção de gestão normalmente muito dispendiosa, quando avaliada economicamente do ponto de vista de funcionamento do sistema (Grall et al. 2001) e que tem como consequências: • Uma baixa utilização e diminuição da vida útil das máquinas e equipamentos, repercutindo-se, consequentemente, na produtividade dos meios de produção, independentemente de se tratar de produtos ou serviços; • A paragem para manutenção em instantes aleatórios e, muitas vezes, inoportunos, com custos indirectos muito elevados. A manutenção não pode ser desencadeada por uma falha no equipamento ou processo, mas por uma decisão inteligente baseada na degradação prevista (Honkanen 2004). A manutenção planeada sistemática ou manutenção planeada preventiva (Clifton 1985) consiste numa metodologia de prevenção de defeitos que sejam susceptíveis de originar a paragem ou o baixo desempenho dos equipamentos ou sistemas de produção. Está associada a sistemas de gestão da manutenção tradicionais (Kelly 1991) actualmente com suporte em meios informáticos. Não evitam a ocorrência de falhas, mas permitem encurtar os tempos de paragem. Habitualmente, esta prevenção é desenvolvida com base em estudos estatísticos, estado do equipamento, local ou condições de exploração e dados fornecidos pelo fabricante (condições óptimas de funcionamento, pontos e periodicidade de lubrificação, etc.). Os índices habitualmente extraídos da base de dados são o tempo médio entre avarias, o MTBF (Mean Time Between Failure) e o tempo médio de reparação MTTR (Mean Time To Repair) (Ferreira 1998). Embora os processos de degradação dos equipamentos sejam diferentes de caso para caso e as próprias causas das falhas sejam também diferentes, estes índices são especialmente úteis, nomeadamente em situações onde é reduzido o desvio padrão dos tempos entre ocorrências. Entre as vantagens que estão associadas a este perfil de manutenção, podem enumerar-se as seguintes: • Diminuição do número total de intervenções correctivas, consequentemente, os custos que lhes estão associados; • Forte redução do número de avarias ocorridas em momentos inoportunos, como, por exemplo, períodos nocturnos, fins-de-semana e períodos críticos de produção; • Aumento significativo dos rácios de utilização dos sistemas de produção. reduzindo, A manutenção planeada, sistemática, exige condições especiais, físicas e logísticas, para a sua implementação, nomeadamente as seguintes: a) Gabinete de planeamento da manutenção, normalmente designado por Gabinete de Métodos, com funções de preparação dos trabalhos, racionalização, optimização das intervenções, medição e optimização dos tempos de execução. 12 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS b) Biblioteca organizada que inclua, manuais de manutenção, informação sobre pesquisa de defeitos, catálogos sobre a constituição do equipamento, catálogos de manutenção (disponibilizados pelos fabricantes) e desenhos de projecto actualizados. c) Ficheiros, contendo as seguintes informações: i. Base de dados do histórico do comportamento dos equipamentos, com os registos das manutenções efectuadas e defeitos identificados; ii. Base de dados de tempos de reparação e cálculo actualizado de valores médios; iii. Fichas de planeamento normalizado dos trabalhos repetitivos de manutenção. Estas fichas devem integrar a definição da composição das equipas de manutenção, materiais a utilizar, peças de reposição, ferramentas a utilizar e diagrama com a sequência lógica das várias actividades envolvidas (por exemplo, PERT); iv. Diagramas de planeamento das intervenções que mostrem os trabalhos em curso e a realizar no futuro. Deverão também existir diagramas de planeamento locais nas unidades oficinais; v. Serviço de emissão de requisições ou pedidos de trabalho, contendo descrição dos trabalhos, tempos previstos, lista de componentes a requisitar e a composição da equipa de intervenção; vi. Mapas de carga homem – sistema e afectação diária; vii. Serviço de controlo, preparado para recolha e tratamento de dados estatísticos; viii. Emissão de relatórios resumidos das grandes manutenções periódicas; ix. Interacção organizada com o serviço de aprovisionamento e com o órgão de produção. Com o crescente desenvolvimento tecnológico associado aos processos de produção, os mecanismos de falha tornaram-se muito mais complexos, tendo como resultado que os modelos simples de manutenção planeada passassem a não ser suficientes para minimizar as avarias (Levitt 2002) levando ao aparecimento da manutenção preditiva. Por outro lado, a filosofia de produção e exploração apresenta uma grande diversidade, desde a produção em massa ao mercado dos produtos por medida, por especificação do cliente. Algumas vezes são os desenvolvimentos científicos que antecipam as necessidades das empresas, outras vezes, são as empresas que desafiam a comunidade científica. A área da manutenção é um exemplo que oferece desafios não apenas à ciência mas também às empresas, tendo em vista a optimização do desempenho dos equipamentos e infra-estruturas. Porém, se durante a era industrial a manutenção tinha por objectivo responder a solicitações da indústria, no presente, e em paralelo com a melhoria do desempenho dos equipamentos, a manutenção actual tem a obrigação de dar o seu contributo na conversão e utilização da tecnologia, no sentido de a tornar mais apetecível e amiga do ambiente. A manutenção planeada preditiva ou manutenção baseada na condição, CBM (Condition Based Maintenance), assenta no facto de, tal como no mundo natural, os sistemas de produção experimentarem degradação antes da ocorrência de falhas (Honkanen 2004). Tratase de uma tipologia de manutenção ainda quase incipiente no caso dos motores Diesel. 13 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS O objectivo deste tipo de manutenção é prevenir falhas nos equipamentos ou sistemas através da selecção e acompanhamento de diversos indicadores de avaliação do estado do equipamento ou sistema, permitindo a contínua operacionalidade do equipamento pelo maior tempo possível, até que se torne demasiado elevado o risco (ou custo esperado) de disfunções por o manter em funcionamento. Baseia-se no acompanhamento de indicadores de condição ou de desempenho, com significância estatística (Guimarães 1997) relativa à caracterização do estado do sistema e, consequentemente, na identificação de anomalias de funcionamento dos equipamentos que integram o sistema de produção ou em exploração. Como exemplos de variáveis de condição utilizadas na avaliação de estados de saúde de motores de combustão interna merecem realce os atributos do óleo de lubrificação. Os mais comuns são a viscosidade do óleo, os valores de TAN (Total Acid Number) e TBN (Total Base Number) e as concentrações de partículas metálicas. Também a termografia por raios infravermelhos se apresenta como uma metodologia muito utilizada para medir a temperatura da cabeça do motor. Por sua vez, a análise de vibrações e de ruído são, para já, metodologias emergentes de avaliação do estado de saúde de motores. Por último, do ponto de vista conceptual, destaque para a manutenção detectiva ou sistema de manutenção inteligente. Corresponde a intervenções efectuadas em bens ou equipamentos, com base em sistemas de protecção que procuram detectar falhas ocultas ou não perceptíveis ao pessoal de exploração e manutenção, constituindo uma extensão da manutenção preditiva. Agrega as vertentes de predição e prevenção. Neste caso, temos uma medição contínua, em vez de esporádica ou periódica. Geralmente, é baseada em equipamentos “embebidos” no sistema de produção, por de outra forma ser difícil e perturbador da operação, obter medições dos indicadores relevantes. As leituras dos sensores podem ser processadas usando modelos de degradação e conhecimento inteligente, na avaliação da condição actual do equipamento ou processo, permitindo a predição do seu futuro desempenho. Pode citar-se, a título de exemplo, o Watchdog Agent (Djurdjanovic et al. 2003). A funcionalidade do Watchdog Agent pode ser sintetizada nos seguintes três componentes: • Avaliação do desempenho e do nível de degradação com sensores múltiplos; • Concepção de um modelo de previsão do desempenho e dos incrementos de degradação; • Diagnóstico das razões que levaram ao desempenho e aos níveis de degradação identificados. A diferença em relação à manutenção planeada preditiva surge ao nível da automatização. Na manutenção preditiva o diagnóstico é efectuado a partir de indicadores obtidos por medição descontínua (Marcus and Zio 2003). Na manutenção detectiva o diagnóstico é obtido de forma directa a partir do processamento das informações recolhidas em contínuo no sistema monitorizado. Poderia ainda considerar-se o papel da engenharia de manutenção que, surgindo como um conceito induzido, constitui a segunda quebra de paradigma, para além do associado à implementação das técnicas de manutenção planeada preditiva. Praticar engenharia de manutenção é deixar de ficar constrangido à reposição dos estados de funcionamento, passando a procurar as causas básicas das falhas e a introduzir modificações nas situações continuadas de mau desempenho. Permite, assim, deixar de conviver com problemas crónicos 14 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS pela introdução de melhorias nos padrões de desempenho reequacionando o projecto e interferindo tecnicamente nas compras. e na manutibilidade, O crescente despertar para os problemas ambientais e de manutenção tem vindo a sugerir a procura de respostas a questões pertinentes. É, neste âmbito, que são formuladas novas questões, às quais a tese procura formalização de respostas. • Como condicionar a manutenção de autocarros urbanos a indicadores de degradação de poluentes considerados críticos por comparação com valores de emissões recolhidas num veículo novo, com valores médios por série, ou com tabelas de referência, cedidas pelos fabricantes, garantindo, simultaneamente, que esses valores de emissões não ultrapassam limites pré-definidos na legislação ambiental em vigor? • Quais os modelos de previsão de degradação baseados nas condições de exploração que podem ser utilizados no planeamento da manutenção? A divulgação do conhecimento técnico e a consciência cívica levaram à aceitação pela sociedade e pelos governos de que a afectação de autocarros às linhas que integram a rede de transportes urbanos deverá incorporar, para além de uma optimização dos custos internos da empresa, as implicações de cariz ambiental (Nguyen et al. 2001). Independentemente do modelo escolhido para a gestão da manutenção, sempre que a empresa disponha de um departamento específico para solucionar as ocorrências de disfunções, terá que cumprir com um vasto conjunto de requisitos, tais como: • Recursos humanos com formação adequada, que possibilitem intervenções rápidas e eficientes em todos os casos de defeitos previsíveis ou identificados; • Disponibilidade de meios materiais necessários para desencadear a reparação, ao nível dos equipamentos de medição e diagnóstico adaptados às máquinas ou equipamentos existentes; • Existência de ferramentas necessárias à execução dos diferentes tipos de intervenções; • Existência de desenhos e manuais de manutenção detalhados, referentes aos circuitos, equipamentos e sistemas; • Sistema de gestão de stocks (peças de reserva) bem coordenado com os consumos tendo como referência o ponto crítico de encomenda; • Contratos de fornecimento, garantia e assistência bem definidos, em especial os referentes a equipamentos de alta tecnologia, cuja manutenção interna, pode ou não revelar-se competitiva; • Formação periódica dos recursos humanos envolvidos; • Base de dados de registo das ocorrências, tempos e recursos envolvidos na reparação e respectivas perdas de produção, classificada por tipologia de equipamentos e sistemas de produção. A caracterização do problema dos impactos não se confina em observar os níveis de poluição, predizer as consequências futuras dos vários tipos de contaminantes envolvidos e desenvolver estratégias de correcção, mas também em desenvolver formas de desencadear operações de manutenção que minimizem a sua formação. 15 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Para o efeito torna-se fundamental definir e determinar um conjunto de indicadores multiemissão, incluindo de ruído, podendo ser utilizadas diferentes técnicas de detecção (espectrometria de absorção atómica, espectrometria de massa, termografia, análise de ruído, ultrasonografia, análise de vibrações, laser, plasma e análise de partículas do óleo lubrificante). A escolha de indicadores apropriados que apresentem as melhores correlações com as classes de estados definidas constitui uma importante opção na preparação de qualquer modelo de manutenção. Apesar da gestão da manutenção ainda não constituir uma componente muito comum nas organizações, o potencial contributo do seu benefício é muito elevado. Percepção idêntica surge associada à importância do diagnóstico do estado da função manutenção, como uma condição prévia para o sucesso de novas práticas de manutenção e das próprias organizações, com o objectivo de cumprirem adequadamente a gestão do ciclo de vida de bens e equipamentos, com um desempenho adequado. A manutenção em geral, e a condicionada em particular, visam conjugar o incremento da fiabilidade (Billinton and Allan 1983) com menores custos, sejam estes directos ou indirectos. Em manutenção condicionada as variáveis ecológicas sobrepõem-se cada vez mais às restantes. Porém, nem sempre os indicadores convencionais são completamente compatíveis com os ambientais. Com muitos anos decorridos após o aparecimento do primeiro sistema de informação para gestão da manutenção, permanecem por resolver alguns problemas básicos, agora com novas fronteiras. O conceito começou na simples manutenção, passou através da terotecnologia (Husband 1988), da manutenção produtiva total, da terologia (Farinha 1997), até chegar à manutenção centrada na fiabilidade (Moubray 2001). A terologia é definida como a utilização combinada de técnicas de investigação operacional, de gestão de informação e de engenharia, com o objectivo de acompanhar o ciclo de vida das instalações e equipamentos. Inclui a definição das especificações referentes à sua aquisição, instalação e recepção, assim como à gestão e ao controlo da sua manutenção, modificação e substituição e, ainda, o seu acompanhamento em serviço. Embora as técnicas, as metodologias e, em geral, as investigações realizadas nesta área científica, tenham vindo a crescer, ainda têm um longo caminho a percorrer até à sua consolidação. Este facto pode estar associado às próprias fraquezas inerentes ao estatuto da manutenção em muitas organizações. Habitualmente, trata-se do primeiro departamento industrial onde o gestor reduz custos. Além disso, devido à multiplicidade de especificidades técnicas, torna-se extremamente difícil encontrar competências adequadas ao nível de recursos humanos. Como resultado destes últimos aspectos e ou devido à maior abrangência nos desafios colocados à manutenção, novos conceitos estão a ser desenvolvidos, com focagem na gestão de activos, onde se coloca a manutenção como actividade central. Esta matriz faz a integração da responsabilidade de resposta à garantia de operacionalidade de instalações e equipamentos. A correcta colocação em funcionamento de qualquer activo físico implica, antecipadamente, a definição de uma política de manutenção, assumindo particular pertinência quando estão envolvidas questões de segurança para as pessoas e ou problemas ambientais. A manutenção gere o ciclo de vida dos activos, com o objectivo de aumentar a sua vida com o máximo de fiabilidade. Tem também como missão, a redução da necessidade de 16 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS produzir e renovar produtos e equipamentos, apostando, consequentemente, na preservação do planeta. O que significa um novo paradigma, alicerçado numa nova perspectiva económica designada por economia ecológica, tendo como principal objectivo a sustentabilidade do planeta. É neste contexto que a presente tese sublinha o papel peculiar de programas de manutenção eficazes sob o ponto de vista de externalidades negativas e da sua importante interacção com a gestão dos recursos. Procura promover a introdução de inovação na definição da tipologia das variáveis de condição, lançando também as bases de uma futura avaliação da influência das características de exploração na degradação dessas mesmas variáveis e o seu consequente impacto no estado de degradação do sistema. Estes são os pressupostos que serão desenvolvidos ao longo desta dissertação, o que oferece uma nova abordagem da manutenção condicionada e a sua integração num sistema integrado de manutenção. Adicionalmente, serão ainda discutidas novas tendências e novas áreas de pesquisa. (," - ! !+ Os motores de combustão interna utilizados em veículos de transportes rodoviários, quanto à forma como é desencadeada a combustão, dividem-se em duas classes: os de ignição por compressão, também designados de tipo Diesel e os de ignição comandada também designados de ignição por faísca ou tipo Otto. Os motores do tipo Diesel são os utilizados, de modo geral, em veículos de transportes colectivos de passageiros. Estes motores apresentam algumas características específicas, porquanto utilizam combustíveis de elevada massa molecular, consistindo de hidrocarbonetos com elevado teor de carbono (C9 a C20), nalguns casos com elevado teor de enxofre. Um veículo requer potência para poder ultrapassar as forças de resistência que se opõem ao seu movimento. Os parâmetros que determinam o consumo de um veículo são também os que influenciam a necessidade da potência que tem que ser debitada pelo motor. A procura de potência pelo motorista pode ser explicada através da equação da resistência ao movimento, porquanto é esta que impõe a realização de trabalho. A resistência total ao movimento pode ser subdividida nos seguintes quatro factores (Bosch 1996): . A figura 2.1 ilustra a análise à dinâmica de um autocarro. 17 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Figura 2.1 - Resistências ao movimento de um veículo As forças envolvidas incluem: FR = mg cos(θ )CR Resistência ao rolamento: (Eq. 2.1) Resistência aerodinâmica: 1 ρa CD A(v + vW )2 2 (Eq. 2.2) Resistência do declive: FI = mg sin(θ ) (Eq. 2.3) Resistência à aceleração: FA = (m + mrot )a (Eq. 2.4) FL = Como se constata, três dos quatro termos são determinados pela massa do veículo. Se este for considerado como um corpo rígido em equilíbrio, a força requerida ao motor para movimentar as rodas pode ser expressa pelos termos das forças que actuam no veículo. Ftra = ( mg cos(θ )CR ) + 1 ρa CD A(v + vW ) 2 + (mg sin(θ )) + ((m + mrot ) a) 2 (Eq. 2.5) Em que, Ftra - Força de tracção fornecida às rodas (N). m - Massa do veículo mais a carga, ou seja, GCW (Gross Combined Weight), em kg. mrot - Massa sujeita a movimento de rotação (Kg). g - Aceleração da gravidade (9,8065 ms-2). CR - Coeficiente da resistência ao rolamento (N/Kg). ρa - Massa específica do ar (Kg/m3). CD - Coeficiente de resistência aerodinâmica (adimensional). A - Área frontal do veículo em m2. v e vW - Correspondem à velocidade do veículo e do vento em m/s. 18 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS - Aceleração do veículo em m/s2. θ - Inclinação da via (graus). A força de resistência aerodinâmica, quando se entra em consideração com a velocidade do veículo e do vento em km/h, e considerando a massa específica média do ar em cidades situadas a altitudes próximas dos 100 metros igual a 1,198 kg/m3, calcula-se através da seguinte expressão: Faero = CD (v + vw )2 A 21, 6 (Eq. 2.6) O coeficiente de resistência aerodinâmica depende, entre outras coisas, da forma do veículo, velocidade e direcção do vento, e se é ou não utilizado equipamento de orientação do fluxo de ar. Tipicamente, os valores para um autocarro estão compreendidos entre 0,5 e 0,8 com os valores mais baixos associados à existência de equipamentos de fluxo de ar. A velocidade assume especial relevância em veículos que possuem valores elevados de CD. A área frontal de um autocarro, normalmente está compreendida entre 7 e 10 m2. Por sua vez, a força resistiva ao rolamento calcula-se pela expressão: Froad = CR .m.g cos(θ ) (Eq. 2.7) Onde, o coeficiente de resistência ao rolamento dos pneus, CR, apresenta, tipicamente, o valor de 55 - 60 N/ton, numa superfície rodoviária em asfalto. A resistência ao rolamento é aumentada pela resistência em curva (Bosch 1996). f k = ck mg (Eq. 2.8) O coeficiente de resistência em curva, ck , é uma função da velocidade do veículo, do raio da curva, da geometria da suspensão, da pressão dos pneus e da resposta do veículo sob aceleração lateral. Multiplicando a força de tracção pela velocidade do veículo obtém-se a potência de tracção do veículo: N tra = mg cos(θ )CR v + 1 ρ CD A(v + v0 ) 2 v + mg sin(θ )v + ( m + mrot )av 2 (Eq. 2.9) Esta potência é fornecida pela queima de combustível. O primeiro termo do segundo membro da expressão representa a potência absorvida pela resistência ao rolamento. O segundo termo corresponde à potência para vencer a resistência aerodinâmica. O terceiro termo representa a potência utilizada para vencer as forças gravíticas (corresponde à variação de energia potencial do veículo). O último termo é a potência utilizada para acelerar o veículo, ou seja, a potência utilizada no aumento de energia cinética do veículo. Os três primeiros termos juntos representam a potência resistiva actuando externamente no veículo. Existe uma outra componente de potência que é absorvida internamente pelo veículo. Corresponde às resistências passivas internas. Compreende as ineficiências dos componentes (embraiagem, caixa de velocidades, transmissão) e o uso de sistemas auxiliares do veículo (por exemplo, alternador, ar condicionado, etc.). O uso destes sistemas auxiliares pode ter um significativo impacto ao nível das emissões (Cícero-Fernandez 1996). 19 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS A potência efectiva total a disponibilizar pelo motor à saída do volante de inércia será: N e = N tra + N gear (Eq. 2.10) A potência total a disponibilizar pelo motor para locomoção do veículo e accionamento dos órgãos auxiliares será: N Eng = N e + N aux = N tra + N gear + N aux (Eq. 2.11) O motor terá que desenvolver a potência necessária para vencer toda a potência resistiva em que esta representa a soma das potências resistivas interna e externa. Se a potência de tracção fornecida for maior do que a potência resistiva total, então o veículo acelera, caso contrário o veículo desacelera. A aceleração pode ser induzida pelo incremento da taxa de queima de combustível no motor que, por consequência, aumenta a potência produzida pelo motor. Por sua vez, a desaceleração pode ser obtida por simples redução da potência fornecida pelo motor, pelo aumento de resistências de abrandamento do veículo (por exemplo, o vento) ou através do uso de um sistema de travagem para absorver a potência e atingir uma redução de velocidade mais rápida. Num veículo convencional o condutor controla a velocidade do veículo através do uso do pedal do acelerador para modular a potência de saída do motor. A combinação do motor (usado na geração de potência), da transmissão (usada na transmissão de potência às rodas) e do sistema de travagem (utilizado para reduzir a velocidade do veículo) caracterizam a globalidade do sistema de tracção. De forma a garantir o cumprimento da legislação sobre emissões e segurança, existe software de simulação de comportamento de veículos, utilizado para estudar combinações de tipos de motores e transmissões, que permitem determinar a melhor configuração para um determinado ciclo de condução, salvaguardando preços de mercado competitivos. A resistência total ao movimento corresponde às três primeiras parcelas da equação 2.9. FW = mg cos(θ )CR ) + 1 ρ a CD A(v + vW )2 + (mg sin(θ ) 2 (Eq. 2.12) A correspondente potência resistiva resulta da multiplicação desta força pela velocidade do veículo. NW = mg cos(θ )C R v + 1 ρ CD A(v + v0 ) 2 v + mg sin(θ )v 2 (Eq. 2.13) A relação entre a velocidade, v, do veículo (km/h) e a velocidade de rotação, n, do motor (rpm) é a seguinte: v= 60.π .n.d 1000.ig .i f (Eq. 2.14) Onde, d - Corresponde ao diâmetro nominal do pneu, em milímetros. O cálculo do diâmetro nominal do pneu é efectuado com base na respectiva referência. Por exemplo, um autocarro Mercedes Citaro O 530, cujo pneu recomendado tem as especificações 275 / 70 R 22,5 terá o diâmetro de 22,5 x 25,4 + 2 x 0,70 x 275 = 956,5 milímetros. 20 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS A velocidade do veículo aumenta com a velocidade de rotação do motor, sendo controlada pela relação de transmissão da caixa de velocidades, ig, e pela relação de transmissão do diferencial, if. Para manter baixo o nível de ruído e o consumo de combustível, a velocidade do motor para uma velocidade de circulação normal do veículo, deve ser mantida baixa, de forma a operar na zona do binário máximo. A potência desenvolvida pelo motor, à saída da cambota, é o produto do binário motor efectivo pela velocidade angular do mesmo. N e = Be *ω (Eq. 2.15) Onde, Ne - potência efectiva (W) Be = Binário efectivo (N.m) ω = Velocidade angular (rad/s). ω= 2π n 60 (Eq. 2.16) Na avaliação do desempenho de motores, aparece muitas vezes o conceito de rendimento indicado, ηi . ηi = N e + N aux + N p m f × PCI (Eq. 2.17) Onde, Ne é a potência ao freio, também designada por potência no veio motor ou potência efectiva. Naux corresponde às perdas de accionamento dos órgãos auxiliares. Np simboliza a potência perdida em atritos internos. Compreende as perdas de atrito entre o êmbolo e o cilindro, em chumaceiras e perdas na admissão e evacuação de fluido operante. m f representa o caudal mássico de combustível. PCI traduz o poder calorífico inferior do combustível. O rendimento mecânico do motor corresponde à relação, ηm = Ne N e + N aux + N p (Eq. 2.18) Do que resulta a seguinte expressão para a eficiência global do motor, calculada em relação ao valor da potência à saída do volante de inércia: ηeng = ηi .ηm = Ne m f × PCI (Eq. 2.19) 21 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS O artigo (Nam 2003), sugere mesmo o uso de uma expressão, obtida por modelação, que é função dos parâmetros do veículo, a qual foi tomada a partir do UC Riverside Comprehensive Modal Emissions Model (CMEM), (Barth et al. 2005). A eficiência global do motor é altamente variável em motores a gasolina dependendo fortemente da carga. Em motores Diesel não se verificam grandes variações. Pode assim calcular-se o caudal mássico de combustível, necessário aos diferentes regimes de funcionamento, através da expressão: mf = Ne ηeng .PCI (Eq. 2.20) O caudal de emissões poluentes de escape corresponde ao produto de três factores: Emissões de escapePoluentei = m f × Massa Poluentei (1 − Eficiência TratamentoPoluente i ) (Eq. 2.21) Massa Combustível O desempenho exigido ao motor para uma determinada força motriz nas rodas, considerando uma velocidade constante do veículo, v, calcula-se pela seguinte expressão: Ne = Ftra .v ηtf (Eq. 2.22) Onde, η tf corresponde ao rendimento global da transmissão desde a saída da cambota até aos pneus, equivalendo ao rendimento global da caixa de velocidades e do diferencial. Porém, habitualmente, a velocidade do motor é referenciada em rotações por minuto (rpm) e a potência em quilowatt (kW) ou em cavalos vapor (CV). A força motriz, Ftra, disponível nas rodas de tracção, é dada pela expressão: Ftra = N e .ηtf (Eq. 2.23) v A relação de transmissão global, i, para uma determinada posição do selector de velocidades do veículo, correspondente ao produto da relação da caixa de velocidades, ig , pela relação do diferencial i f , calculando-se através da seguinte expressão: i = ig .i f = n nwheel (Eq. 2.24) Consequentemente, pode ser encontrada uma outra expressão para o cálculo da força de tracção nas rodas: Ftra = Be .ig .i f r η tf (Eq. 2.25) Quanto maior for o binário motor efectivo, Be, e maior a relação global de transmissão entre o motor e as rodas motoras, e quanto mais baixas forem as perdas de transmissão, maior será a força motriz, Ftra, disponível nas rodas de tracção. 22 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS A força de tracção, Ftra, é uma das variáveis que determinam a eficiência da condução e a capacidade de arranque em pendentes positivas. Habitualmente, considera-se a eficiência global destes dois sistemas, ηtf = 0, 9 . Na equação 2.25, r corresponde ao raio de rolamento dos pneus. Dado que, muitas vezes, se pretende utilizar a potência em quilowatt, pode-se trabalhar a equação 2.15 para obter a seguinte expressão para o cálculo do binário motor (N.m) à saída da cambota: Be = 9549,3N e n (Eq. 2.26) A relação entre o binário disponível no eixo das rodas motoras, Bd, e o binário motor efectivo à saída da cambota do motor, Be, pode ser modelada pela seguinte equação: Bd = ( Be − Let ).ig .i f (Eq. 2.27) O binário motor é amplificado pela relação de transmissão do conjunto caixa de velocidades e diferencial, sendo reduzido parcialmente pelas perdas de binário inerciais na caixa de velocidades e transmissão, Let. Pode também calcular-se a capacidade de aceleração máxima, em m.s-2, na ausência de resistências ao movimento do veículo, através da seguinte expressão: ax = 1,1459 π ηtf Ne m.v (Eq. 2.28) Na equação, entra-se com Ne em kW, m em ton e v em km/h. A aceleração pode ser calculada, genericamente, para condições reais de funcionamento, utilizando as diferentes componentes que afectam o movimento, através das seguintes equações: a= a= Ftra − FW k f .m N eηtf − NW k f .v.m (Eq. 2.29) (Eq. 2.30) A diferença Ftra − FW corresponde à força disponível para acelerar o veículo, equivalendo à diferença entre a força de impulsão imprimida às rodas motoras e a resultante das forças resistivas ao movimento. O coeficiente de inércia de rotação, k f , traduz a compensação do aumento aparente na massa do veículo, devido às massas rotativas (órgãos da transmissão, rodas dentadas, rodas do veículo, volante, cambota). Como se depreende, uma determinada potência pode ser conseguida por combinações muito diferentes de binário e velocidade de rotação. Para distinguir os diferentes regimes de funcionamento, a sua caracterização é definida como uma combinação de velocidade e binário motor que lhe esteja associada. As características de desempenho do motor e os mapas de emissões podem ser usadas para definir o regime óptimo de operação e as estratégias de controlo. 23 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Genericamente falando, o regime de funcionamento adoptado pelo sistema de controlo do motor, deve ser determinado pela taxa à qual o motor consegue processar eficientemente combustível e ar, constituindo o rendimento volumétrico do motor o parâmetro chave para um determinado regime de funcionamento. Uma forma de aumentar o desempenho pode ser através do aumento das dimensões do cilindro, com implicações no aumento da cilindrada ou através do aumento do número de cilindros. A velocidade do veículo pode ser calculada pela seguinte expressão: v(km / h) = 60n 1 π d . . ig i f 1000 (Eq. 2.31) Onde, v é a velocidade do veículo em km/h. n é a velocidade do motor em rpm. ig é a relação de transmissão da caixa de velocidades. if é a relação de velocidades do diferencial. d é o diâmetro exterior do pneu (m). Pode surgir alguma discrepância entre o valor da velocidade registada no banco de rolos e a velocidade calculada pela expressão anterior. Tais variações são, normalmente, explicadas pelas diferenças encontradas no diâmetro dos pneus, quase sempre decorrentes do próprio desgaste dos pisos ou imprecisão na caracterização da relação de transmissão final. Podem ainda ser devidas a imprecisão no registo da velocidade do motor. A aceleração pode não ser medida directamente. Em vez disso, a aceleração média pode ser calculada em cada instante através da expressão seguinte: at = ( vt +δ t − vt ) + ( vt − vt −δ t ) 2δ t (Eq. 2.32) Deste modo, obtém-se a aceleração média ao longo de dois períodos de tempo adjacentes ao instante t. Contudo, na presente tese será sempre utilizada a notação a para a aceleração. O veículo acelera quando é aplicada potência suficiente para ultrapassar as forças de resistência que se opõem à velocidade com que o veículo circula. Consequentemente, é expectável que as acelerações positivas sejam associadas a emissões mais elevadas. Para acelerações negativas, a associação é menos clara, porquanto o motor pode ser colocado ao ralenti sem carga (idling), quando o motorista trava para afrouxar o veículo. É possível estimar o regime de funcionamento do veículo se for conhecida a inclinação da via, bem como a velocidade e a aceleração do veículo. A influência das características da via tem sido objecto de análise, embora mais direccionada para o impacto da inclinação (CíceroFernandez 1996). Estas variáveis podem ser combinadas para estimar a potência específica do veículo (Feng et al. 2007) (VSP - Vehicle Specific Power), a qual se revela como um atributo útil para a comparação das condições de operação de um veículo. É definida por (JimenezPalacios 1999) como a potência instantânea por unidade de massa do veículo e calculada pela seguinte fórmula: 24 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS d ( KE + PE ) + FR v + FL v VSP = dt m (Eq. 2.33) Onde KE e PE representam a energia cinética e a energia potencial (ou gravitacional) do veículo; FR e FL correspondem à força de resistência ao rolamento e à força de resistência aerodinâmica. Por sua vez, v representa a velocidade do veículo, m a massa do veículo e t o tempo. Assim, a potência específica pode ser interpretada como sendo a potência fornecida pelo motor menos todas as cargas resistivas que actuam dentro do veículo. Por conseguinte, entra em consideração com as forças resistivas que actuam no veículo e podem incluir o efeito da inclinação da via. (Jimenez-Palacios 1999) rearranjou a anterior equação de forma a apresentar uma expressão genérica para VSP sob condições de operação em estrada: 1 C .A VSP [ kW / ton ] = a (1 + ε z ) + g.sin(θ ) + CR .g .cos(θ ) + ρa D (v + vw ) 2 .v 2 m (Eq. 2.34) Onde, v e a representam a velocidade e a aceleração instantâneas do veículo. A expressão incorpora um conjunto de factores que descrevem o ambiente de operação local, onde g é a aceleração devida à gravidade (9,8065 m.s-2), corresponde à inclinação local da via, ρ a representa a massa específica do ar (1,198 kg/m3 a 20 ºC) e vw é a velocidade do vento que incide no veículo na direcção e sentido contrário ao deslocamento do veículo. Os restantes factores podem ser considerados como constantes específicas do veículo, onde CR é o coeficiente de resistência ao rolamento, CD é o coeficiente de resistência aerodinâmica, A é a área frontal do veículo e ε Z é o factor de massa, que é incluído para estimar a massa translacional equivalente dos componentes com movimento de rotação. Para o mesmo veículo, o valor de ε Z é diferente para cada posição da caixa de velocidades. Na sua investigação, (Jimenez-Palacios 1999) define valores para um pequeno automóvel de passageiros europeu que utilizou em conjunção com o valor registado da posição da caixa de velocidades. Os valores especificados são os que constam da tabela 2.1: Posição da caixa de velocidades 0 1 2 3 4 5 εZ 0,00 0,25 0,15 0,10 0,075 0,005 Tabela 2.1 - Factor de massa para um veículo ligeiro de passageiros (Nam 2003) com base numa avaliação da (EPA 2001), ao calcular a potência específica do veículo, introduziu uma pequena simplificação na equação (Eq. 2.34), no que respeita à inclinação da via e há existência de ventos, mantendo todas as características do veículo (inércia rotacional, resistência ao rolamento, factores de resistência aerodinâmica, cargas absorvidas pelos acessórios e massa bruta do veículo). Calculou a VSP usando a seguinte equação: 25 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS VSP [ kW / ton ] = ( a (1 + ε z ) + g * grade [ % ] + g .CR ) v + 0,5.ρ * CD * A * v 3 / m (Eq. 2.35) Sendo, v - Velocidade do veículo, em m/s, assumindo a inexistência de ventos frontais a - Aceleração do veículo, em m/s2 εz - Factor de massa, explicado pelas massas em rotação (~0,1) g - Aceleração devida à gravidade (9,8065 m/s2) grade - Inclinação da via CR - Resistência ao rolamento (~0,0135 kW/m/s) ρ - Massa específica do ar (1,210) CD - Coeficiente de resistência aerodinâmica (num veículo ligeiro tem o valor~0,3) A - Área frontal do veículo (ligeiro~2,4 m2) m - Massa do veículo em toneladas métricas A equação pode também incluir um termo associado aos acessórios do veículo, de que o ar condicionado é o mais significativo. Utilizando valores típicos dos coeficientes, em unidades SI, (Nam 2003) recomenda utilizar a relação ((CD*A/m)~0,0005), o que conduz à seguinte expressão: VSP [ kW / ton ] = (1,1a + g * grade [ % ] + 0,132 ) v + 0, 001208v 3 (Eq. 2.36) Coloca-se sempre o problema de definir se as cargas acessórias devem ser ou não afectas ao veículo ou ao motor, o que constitui matéria de uma larga discussão. As cargas acessórias mais comuns referem-se às potências absorvidas pelos sistemas de ar condicionado, sistema de travagem, direcção assistida, bomba de água, bomba de óleo e ventilador do radiador. As três primeiras cargas constituem requisitos operacionais do veículo. O alternador produz a energia eléctrica necessária ao veículo e ao motor. Alguns autores tratam a potência de atrito absorvida pelo motor e a potência absorvida devido à inércia do motor como cargas do motor. A programação da definição e imputação das várias cargas do motor afecta a sua eficiência. É por esta razão que se torna plausível encontrar na literatura uma variedade de diferentes modelos físicos do veículo e do motor. Como é óbvio, pode ser definida outra expressão, em função da velocidade dada à relação deste parâmetro com a aceleração. Resulta que a potência efectiva, exigida ao motor à saída da cambota, será: N e [kW ] = VSP × m η g ×η f (Eq. 2.37) Onde, η g ×η f representa o rendimento da caixa de velocidades e do diferencial. A título de exemplo, os valores seleccionados para as constantes específicas do veículo da Ford, modelo Focus, utilizados para estimar a VSP, constam da tabela 2.2 (North 2007). 26 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Constante Valor Fonte M (kg) 1560 Jex and Gill (2001): Peso bruto + 200 kg de carga A (m2) 2,458 Jex and Gill (2001): Width x height CR 0,0135 Bauer (2002): Pneumáticos em asfalto CD 0,32 Bauer (2002): Para Ford Focus Tabela 2.2 - Valores utilizados para estimar a VSP num Ford Focus 2 (Fonte:(North 2007)) O consumo médio de combustível do veículo por unidade de distância percorrida, V fuel , para uma determinada distância, está ligado ao consumo específico de combustível do motor, Cs (Kg/J), através da relação: V fuel = Cs 1 [(m(CR g cos(θ ) + g sin(θ ) + a) + ρ CD A(v + v0 ) 2 + mrot .a).v + N gear ].dt ρ fuel .ηtf 2 v.dt (Eq. 2.38) Na expressão, ρ fuel corresponde à massa específica do combustível. Ao serem comparados os efeitos no consumo de combustível por parte da massa do veículo (m), da aerodinâmica do veículo (CD.A) e da resistência ao rolamento (CR.m.g), utilizando nessa comparação o teste NEDC (New European Driving Cycle), pode constatar-se que a massa corresponde ao factor de maior impacto. Uma redução de 10% na massa do veículo conduz a uma redução de aproximadamente 5% no consumo de combustível (Barth et al. 2005). A mesma redução no consumo de combustível, em resultado de melhorias no atrito de rolamento e nas características aerodinâmicas, requerem alterações muito mais desproporcionadas, que não seriam tecnicamente e comercialmente percebidas em veículos de produção em série. Esta comparação aplica-se na avaliação do comportamento de condução e na optimização da adequação da caixa de velocidades ao motor. O impacto da utilização do veículo com o motor a quente ou a frio e decorrente de diferentes classes de velocidade pode ser analisado na tabela 2.3. Pode verificar-se que os consumos mais baixos ocorrem na classe de velocidades compreendida entre os 65 e os 105 km/h, sendo atingido o consumo mínimo por volta dos 90 km/h. Modo de utilização Litros / 100 km g/km A frio 8,9997 234 <65 km/h 7,4752 195 65-105 km/h 6,0381 158 >105 km/h 9,3973 246 A quente Tabela 2.3 – Consumos de um veículo ligeiro a quente e a frio Fonte: (Tabela B1. P39, em Gover et al, 1994, UK Petrol and Diesel Demand) A título de exemplo, o objectivo de consumo de combustível de 3 litros/100 km foi conseguido com o carro da VW, modelo Lupo. As ligas de magnésio, com baixas massas 27 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS específicas, de aproximadamente 1800 Kg/m3, são consideradas as melhores opções na construção de veículos leves, tendo como objectivo as reduções de consumo de combustível e de impactos ambientais. A redução dos níveis de emissões por via de uma eficiente manutenção não se confina, exclusivamente, à prevenção da formação de poluentes, sendo algumas vezes conseguida pela implementação de sistemas inovadores de pós-tratamento. As dificuldades que se colocaram na adequação dos veículos Diesel à norma EURO V estiveram associadas à redução do nível de emissões de NOx. Na fase actual (fase C), com o advento dos Veículos Ecologicamente Avançados, surgirá uma nova redução para menos de metade do nível de emissão de partículas. Presentemente, ainda não é possível encontrar requisitos de controlo que garantam o cumprimento da legislação Euro VI. Tal objectivo não será apenas conseguido com a melhoria nas características da combustão, pelo que é um imperativo para os investigadores o desenvolvimento de tecnologias de pós-tratamento compatíveis. Estas exigências têm levado os cientistas a proporem o desenvolvimento de soluções integradas de sistemas de pós-tratamento com tecnologias de controlo do motor, especialmente o DPNR (Diesel Particulate - NOx Reduction) que combina a oxidação de partículas com um módulo de redução de NOx. Dentro deste último grupo deve ser realçada a importância dos filtros (“traps”) de partículas Diesel, DPF (Diesel Particulate Filters). O uso de filtros de partículas foi uma das primeiras soluções consideradas. Com a sua utilização, a questão mais delicada a resolver passou sempre pelo método de recuperação desses materiais, ou seja, a eliminação das partículas retidas. Os métodos de regeneração implementados dividem-se em duas categorias: 1-A regeneração activa, realizada por meio do aquecimento do filtro, com consequente queima do material depositado. Neste caso, são utilizados queimadores que empregam o próprio combustível ou gás natural, fornos eléctricos ou de microondas, num processo que ocorre de forma cíclica. 2-A regeneração passiva, a qual é conseguida mediante combustão contínua das partículas, promovida por catalisadores depositados sobre o próprio filtro. Este é o chamado conversor catalítico de partículas. A regeneração activa, apesar de estar disponível comercialmente desde a década de 60, apresenta uma série de problemas tecnológicos associados ao alto consumo de energia e ao controlo do processo de combustão. A eficiência da regeneração passiva é função do tipo de catalisador utilizado como cobertura. Na sua concepção o filtro de partículas consiste de uma estrutura em favo de mel, também conhecida por dispositivo em malha de rede inserida dentro do sistema de exaustão, que filtra fisicamente e oxida partículas de matéria, PM (Particulate Matter). Os DPF devem ser sempre associados com combustíveis com níveis de enxofre ultra baixos e com veículos que utilizem sistemas de regeneração passivos ou activos para oxidar as PM. Os filtros passivos exigem temperaturas de funcionamento mais elevadas para trabalharem correctamente. De um modo geral, os filtros requerem alguma manutenção. Os actuais testes realizados nos centros de inspecção, IPO (Inspecção Periódica Obrigatória), são muito simples e rápidos e apenas permitem a identificação de veículos com emissões muito elevadas, com falhas no sistema de controlo das emissões ou outras falhas, 28 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS mas não fornecem informação da massa de emissões poluentes ou da sua ligação com anomalias de subsistemas que afectam o funcionamento real do veículo. (,( . $ + % Os processos de combustão em motores de ignição por compressão que utilizam como combustível o gasóleo, produzem calor, trabalho e emissões de produtos pelo escape e ruído. Nos produtos de escape encontram-se incluídos, gases resultantes de zonas da câmara de combustão onde ocorreram processos de combustão completos, produtos resultantes de oxidação incompleta do combustível e outros produtos derivados de contaminantes do combustível e os resultantes de oxidação do azoto do ar. A figura 2.2 caracteriza e qualifica os balanços energéticos e mássicos associados a um motor de combustão interna de ignição por compressão a gasóleo. Figura 2.2 – Balanços energéticos e de emissões de veículos rodoviários a gasóleo Os principais constituintes dos gases de escape, não poluentes são o azoto (N2), a água (H2O) e o dióxido de carbono (CO2). Este último apesar de não ser classificado como poluente na legislação europeia, é o principal responsável pelo efeito de estufa no planeta. Os indicadores de impacto ambiental mais relevantes, produzidos por um motor Diesel são as partículas de matéria, PM, os óxidos de azoto, NOx, o combustível não queimado ou 29 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS parcialmente queimado, HC, e o monóxido de carbono, CO. Existem traços de outros poluentes que qualitativamente são extremamente nefastos para as pessoas e o ambiente em geral. Incluem os aldeídos (H-C-O), óxidos de enxofre (SO3) e fósforo (P). O principal sistema cujo desempenho deve ser avaliado com maior acuidade num autocarro de transporte urbano de passageiros é, sem dúvida, o motor de combustão interna. Quase sempre, os autocarros se encontram equipados com motores de ignição por compressão (CI-Compression Ignition), vulgarmente designados por motores Diesel. Trata-se de uma tecnologia inventada e implementada por Rudolf Diesel, na segunda metade do século XIX. Nestes motores, o combustível é introduzido na câmara de combustão sob a forma de spray, onde se vaporiza e auto-inflama no ar turbulento devido à elevada temperatura e pressão, sem necessidade de vela para iniciar a ignição. A quantidade de combustível injectada e a sua variação no tempo em condições de exploração similar pode constituir um dos principais sintomas de patologias associados com o estado de saúde de um motor. O caudal mássico de combustível injectado num motor térmico alternativo de combustão interna pode ser obtido através do cálculo da quantidade injectada pelos injectores durante um período de tempo. Deve ser comparado com a medição da quantidade de combustível consumido pelo veículo no mesmo intervalo de tempo. A quantidade de combustível injectada em cada cilindro é normalmente expressa em termos de miligramas de combustível por ciclo. A necessidade de combustível aumenta em função da procura de potência pelo motorista e do estado de saúde do motor. Consequentemente, a massa de combustível injectada aumenta com o ângulo de posição do acelerador (North 2007), ou seja, pode-se verificar que a massa de combustível injectada aumenta quando o acelerador é pressionado. Pela avaliação da correlação, pode-se verificar que a curva de tendência evolui de uma forma ligeiramente convexa. Estes algoritmos de controlo geridos pelo SEM (Electronic Motor System) são os implementados pelos fabricantes de automóveis. Para uma actuação no acelerador superior a cerca de 60%, verifica-se que o grau de dispersão aumenta. Vários estudos demonstram que a quantidade de combustível injectada aumenta quando aumenta a velocidade do motor, para a mesma posição do acelerador. O máximo de quantidade de combustível injectado é atingido e mantido a 80% do curso do acelerador. Por conseguinte, em rigor, para a amplitude total de variação do ângulo de actuação do acelerador, a posição deste não pode ser tomada como indicativa da quantidade de combustível injectado (North 2007). Analiticamente, o caudal mássico de combustível, em mg/s, pode ser determinado em função da velocidade de rotação do motor, de acordo com a seguinte expressão: (m fuel )t = 2.FDt .i.rpmt 60.T (Eq. 2.39) Onde, FDt – Combustível introduzido em cada cilindro por ciclo (mg/injecção) no instante t i - Número de cilindros do motor rpmt – Rotações da cambota do motor no instante t (min-1) T – Número de tempos do motor. A relação 2i/T corresponde ao número de injecções por cada rotação da cambota. Assim, num motor de 4 cilindros e de 4 tempos tem o valor 2, ou seja, em cada rotação da cambota registam-se duas injecções. 30 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Por sua vez, o caudal mássico de emissões instantâneas, das espécies i, pode ser encontrado a partir da seguinte expressão: . . (mi )t = (V exh )t × (Ci )t × ρi (Eq. 2.40) Onde, . ( mi ) t - Representa o caudal mássico de emissões do poluente i no instante t . (V exh )t - É o caudal volúmico do fluxo de gases de escape no instante t (Ci ) t - Corresponde às medições das concentrações das espécies i no instante t ρ i - Massa específica das espécies poluentes As taxas de emissões calculadas devem ser correctamente relacionadas com as actuais condições de operação do veículo, tais como a velocidade, a aceleração ou a VSP (Ajtay and Weilenmann 2004). A massa específica das espécies poluentes varia com a temperatura e a pressão, pelo que depende das propriedades da amostra de gases no analisador, associadas às condições . identificadas no local onde é medido o fluxo global de gases de escape, (V exh )t . Este facto é levado em consideração durante as calibragens. Caso os dados se encontrem disponíveis em termos molares, calcula-se o caudal mássico de emissões instantâneas, mi, para as espécies i no instante t, através da seguinte expressão: . . (mi )t = (nexh )t × (Ci )t × ( MM )i (Eq. 2.41) Onde, (nexh)t - Corresponde ao caudal molar de gases de escape. (MM)i - É a massa molecular MM das espécies i, sendo usada para converter o caudal molar em caudal mássico de emissões. As massas moleculares para as espécies poluentes consideradas são as que constam da tabela 2.4. Espécies NO NO2 PM C6H16* CO MM (kg/Imola) 30 46 146 88 28 * Os equipamentos utilizados, normalmente, agregam as medições de HC como n-hexano equivalente (C6H16). Consequentemente, usa-se a massa molecular do n-hexano para converter no caudal mássico de emissões de HC. Tabela 2.4 - Massa molecular de alguns poluentes Por consequência, poderá ser calculado o fluxo molar de gases de escape que passa no ponto de amostragem no instante t. Para o efeito, é necessário ser levado em consideração o tempo de transferência, δt, correspondente ao período em que os fluidos percorrem o motor e o sistema de escape. Num motor de 4 tempos, o caudal mássico que é admitido no motor no 31 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS instante t-δt, é igual à soma dos caudais mássicos de ar e de combustível. Assume-se que o ar e os gases se comportam como gases perfeitos, pelo que o seu caudal mássico é regulado pela seguinte equação: (mair )t −δ t = η v .MAPt −δ t .Vc .nt −δ t 60.nR .Rair .Tt −δ t (Eq. 2.42) Onde, η v - Corresponde ao rendimento volumétrico para o número de rotações do motor nt-dt, no instante t-δt MAPt-δt - Corresponde à pressão absoluta no colector de admissão (em Pa) Tt-δt - é a temperatura do ar de admissão no instante t-δt Vc é a cilindrada do motor em metros cúbicos R é a constante característica do ar (287,5 J/Kg. K a 293,15 K) nR representa o número de rotações da cambota por cada tempo útil de produção de potência, para cada um dos cilindros (igual a 2 num motor de 4 tempos) O rendimento volumétrico varia com as alterações ao regime de funcionamento do motor. Como não existem medições desta variação é, normalmente, assumido o valor de 90%, com base em valores típicos encontrados em motores Diesel de injecção directa quando equipa um veículo ligeiro de passageiros (Heywood 1988). O caudal de gases de escape no instante t é calculado através da expressão: (mexh )t = (mair )t −δ t + (m fuel )t −δ t − ( mEGR )t −δ t − En (Eq. 2.43) Onde, dt - Corresponde ao tempo de transferência entre a entrada no motor e o ponto de recolha de amostragem dos gases de escape, ou, o que é equivalente, representa o tempo de transferência entre a válvula EGR e o ponto de recolha de amostragem dos gases de escape En - Representa o termo correspondente ao erro devido a fugas de ar e combustível do sistema, as quais são desprezáveis num veículo a funcionar em boas condições, pelo que se assume ter o valor nulo na presente investigação. Em veículos equipados com EGR, o caudal mássico recirculado terá que ser deduzido às duas parcelas do segundo membro da equação que, por sua vez, correspondem aos caudais admitidos no motor. O fluxo molar de combustível (n fuel )t −δ t em mol/seg, no instante t-δt, pode ser estimado através da seguinte expressão: (n fuel )t −δ t = FDt −δ t rpmt −δ t i × × 3 nR 10 .MM fuel 60 Onde, i – Número de cilindros. MMfuel - Massa molecular do gasóleo, sendo usado tipicamente o valor 170 g/mol. 32 (Eq. 2.44) MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS FDt-δt – Alimentação de combustível por tempo de injecção e por cilindro, no instante t-δt, em mg/tempo de injecção, para cada um dos cilindros. rpmt-δt – Velocidade de rotação do motor (cambota), em rotações por minuto, no instante t-δt. As constantes 103 e 60 são factores de conversão de FDt-dt e rpmt-dt para unidades SI. Na medição de partículas, todos os dados registados, como a opacidade (em % ou m-1), devem ser convertidos para unidades de densidade de massa, ou seja, para mg/m3. O fluxo molar de EGR, (nEGR )t −δ t , pode ser estimado através da fracção do fluxo molar de gases de escape, ( nexh )t −δ t , que é recirculado. A posição da válvula que controla a percentagem de EGR tem uma forte correlação com o próprio fluxo de EGR. É, normalmente, assumido que o rácio de abertura da válvula EGR é uma função linear da posição da válvula EGR. O rácio é calculado através do conhecimento do valor de EVP (Exhaust Valve Position) em moles. Assim, o fluxo molar pode ser indexado ao rácio máximo de EGR, esperado para o motor, ou seja: ( nEGR )t −δ t = ( nexh )t −δ t . EVPt −δ t .EGRmax /100 ( EVPmax − EVPmin ) (Eq. 2.45) Na expressão, pode verificar-se que o valor de EVP no instante t-δt se encontra normalizado e indexado ao rácio máximo de EGR esperado para o motor. Na sua tese (North 2007) refere que o rácio máximo de EGR se encontra entre 55% e 60% em veículos comerciais ligeiros. Verifica-se que esta amplitude se encontra consistente com os valores citados por vários outros investigadores como sendo típicos de motores Diesel actuais (Baranescu and Challen 1999). Pode assumir-se, sem grande erro, 57,5% para EGRmáx, uma vez que o rácio de EGR é elevado apenas para baixos rácios de fluxo de gases de escape (isto é, quando são baixas as emissões poluentes). Algum erro causado por esta presunção apenas terá um efeito reduzido no cálculo dos caudais mássicos de emissões de gases de escape. Os valores de EVPmáx e EVPmin podem ser obtidos experimentalmente ou através dos dados técnicos fornecidos pelos fabricantes. Estimado o rácio de fluxo molar de gases de escape, o cálculo do caudal mássico de emissões poluentes pode ser obtido com a medição das concentrações de poluentes. Estes valores variam continuamente e devem ser sincronizados para que correspondam aos mesmos gases de escape. As concentrações poluentes ([C]i)t são registadas como uma proporção volumétrica (ppm ou %)1 que é equivalente a uma fracção molar, se for assumido que a amostra se comporta como uma mistura de gases ideais. Contudo, as concentrações medidas na maior parte dos equipamentos correspondem a amostras de gases de escape secos. Consequentemente, as concentrações das espécies químicas individuais apresentam-se mais elevadas do que as concentrações verdadeiras no fluxo completo de gases de escape. 1 1 % de concentração em volume, corresponde a 10000 ppm 33 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS A relação massa de combustível / massa de ar F/A=mfuel/mar na combustão estequiométrica do gasóleo é tipicamente da ordem de 1/14,6. Durante o funcionamento real (F/A)real variará quando o combustível injectado por ciclo se altera de forma a corresponder à procura variável de potência. Esta variação na relação (F/A)real é expressa em relação à (F/A)estequiométrica. A comparação das duas relações define o que se designa por relação de equivalência combustível / ar, φi : F A φi = F A real (Eq. 2.46) esteq Em banco de rolos, o caudal mássico de combustível pode ser calculado através de um balanço mássico de carbono emitido. Por conseguinte, o balanço de carbono pode ser utilizado para conseguir a validação para o combustível injectado medido. Tal pode ser conseguido em banco de rolos utilizando um ciclo de condução de referência, como, por exemplo, o NEDC (New European Driving Cycle). As emissões de carbono T t =1 (mCfuel )t são avaliadas através da medição da recolha em sacos, sendo a massa de combustível correspondente à seguinte: M fuel = MFc T . (mCfuel )* t MM fuel t =1 (Eq. 2.47) Onde, Mfuel – Massa de combustível consumida no tempo de duração do ciclo de condução, T MMfuel – Massa molecular do combustível MFc – Número de átomos de carbono existentes numa mole de combustível. Para um combustível Diesel padrão, a fórmula química pode ter a representação genérica C12,3H22,1, com uma massa molecular MMfuel de 169,7. Assim, o número de átomos de carbono numa molécula de combustível é MFc=12,3. Para além disso, a massa de carbono nos gases de escape Mcexh pode ser estimada pela medição das emissões agregadas recolhidas nos sacos de amostragem: M Cexh = M CO2 MM CO2 + M CO .MM C MM CO (Eq. 2.48) Onde, MCO2 e MCO representam a massa agregada de CO2 e CO, emitida durante o ciclo, respectivamente. MMCO2, MMCO e MMC representam as massas moleculares de CO2, CO e C, respectivamente. Se bem que as emissões de HC e PM também contenham carbono, algumas vezes são desprezadas. Contudo, é recomendável calcular a sua contribuição para o resultado final. A massa instantânea de emissões de escape do componente i, abreviada por mi, pode ser calculada através do produto da concentração do poluente i (volume relativo medido para a 34 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS espécie i), Ci, pelo caudal volumétrico total dos gases de escape, Vexh, e pela massa específica da espécie poluentes i, ρ i : mi = Vexh .Ci .ρ i (Eq. 2.49) O caudal mássico de emissões de partículas de matéria (PM), mPM, pode ser calculado pela expressão: mPM = nexh .vn .CPM (Eq. 2.50) Onde, nexh – Caudal molar de gases de escape. vn – Volume específico molar dos gases de escape. CPM – Concentração mássica de PM. O cálculo da velocidade média do fluxo de gases de escape obtém-se através da expressão: uexhaust = vn .nexh Atailpipe (Eq. 2.51) Onde, Atailpipe corresponde à área da secção de passagem transversal dos gases de escape. Com o objectivo de interligar um modelo microscópico de emissões aos constrangimentos surgidos instantaneamente no tráfego, pode ser usado um conjunto de variáveis explicativas que constituem os indicadores incluídos no processo de microsimulação. As variáveis compostas podem mesmo ser calculadas com esses indicadores. É expectável que as variáveis explicativas estejam relacionadas com os mecanismos de formação de poluentes esperados. Isto ajuda à determinação da correcta especificação de modelos obtidos e na tranferibilidade para outros veículos onde muito poucos dados podem ser disponibilizados para a calibração desses mesmos modelos. Independentemente das opções implementadas na recolha de dados experimentais quando se trate de monitorizações contínuas deve ser garantido um eficiente alinhamento de dados. (Hawley et al. 2004) utilizou uma série de constantes de desfasamento para alinhar os dados de emissões gravados antes e após o catalisador. Os atrasos foram determinados por inspecção da concentração de NOx nos dois pontos de amostragem durante os testes de calibração. Utilizou uma aproximação estatística empírica para recalcular a relação apropriada para cada teste executado. Neste trabalho foi definido o desfasamento óptimo entre o instante de injecção e a medição de concentração através da maximização da correlação cruzada de duas sequências cronológicas. Assumindo que se trata de um tubo de escape incompressível, uma aproximação do tempo de transferência instantâneo dos gases de escape, Tt, ao longo do tubo de escape, compreendido entre o motor e o ponto de recolha da amostra, com comprimento Ltalpipe, para uma velocidade média do fluxo de gases de escape, uexhaust, pode ser calculada através da expressão: Tt = Ltailpipe uexhaust (Eq. 2.52) 35 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Para uma estimação simples, o volume molar pode ser assumido como tendo o valor vn = 0,030606 m3/mol, por ser representativo da pressão e temperatura típicas na extremidade do sistema de escape. Corresponde ao volume molar de um gás ideal a 373,15 K e 101,325 Pa, isto é, 100ºC e pressão atmosférica ao nível do mar. Por sua vez, o tubo de escape deve ser assumido como se tratasse de um simples tubo de comprimento, Ltalpipe = 2,5 m com um diâmetro constante de 55 mm, a que corresponde uma Atailpipe = 0,002376 m2. (North 2007) [201], verificou que 85% das medições efectuadas se situavam no intervalo 0,1 a 0,5 segundo. Globalmente, foram encontrados três picos no histograma de frequências absolutas, que correspondem a situações de cargas elevadas em que foram identificados: a) Cerca de 240 casos com Tt=0,3 segundo; b) Cargas e velocidades do motor moderadas com cerca de 165 casos com Tt=0,55 segundo c) Situações de carga e velocidade do motor baixas, para as quais foram detectados cerca de 110 casos com um Tt=1,12 segundo. Estes três picos podem ser considerados aproximadamente correspondentes aos modos de operação de aceleração, cruzeiro e ralenti sem carga (idle). Uma técnica mais sofisticada foi desenvolvida por (Ajtay and Weilenmann 2004). Estes investigadores utilizaram equações diferenciais invertíveis para reconstituir as concentrações de emissões à saída do motor. É necessário um modelo diferente para cada espécie de poluente, para cada configuração do sistema de escape e para cada tipo de veículo. Na medição de dados em contínuo, os dados são registados normalmente todos os 0,1 seg, ou seja, com uma frequência de 10 Hz. O fluxo molar de gases de escape pode ser convertido em caudal volúmico através da sua multiplicação pelo volume molar dos gases de escape. Este depende da temperatura e da pressão de saída dos gases de escape. (,/ ) ! 0 ! 1 $% Na União Europeia, ao nível da gestão de efluentes de combustão, são considerados habitualmente 10 grupos de poluentes, alguns dos quais ainda não abrangidos pela legislação em vigor: 1. Monóxido de carbono, CO. 2. Compostos orgânicos voláteis, VOC, ou total de hidrocarbonetos, THC, que se dividem nos seguintes grupos: a.Compostos orgânicos voláteis, sem inclusão de metano, NMVOC, ou simplesmente HC. Para além das restrições globais, neste grupo existem, simultaneamente, restrições específicas relativas às emissões de butadieno 1,3 e benzeno. b.Metano, CH4. 3. Óxidos de azoto, NOx, que incluem essencialmente NO (cerca de 85%) e NO2 (cerca de 15 %). 4. Dióxido de enxofre, SO2. 36 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS 5. Amoníaco, NH3. 6. Óxido nitroso, N2O. 7. Partículas. Aparecem agregadas em duas classificações, segundo o limite superior do diâmetro aerodinâmico: a.Inferior a 10 µm, com abreviatura PM10 ou simplesmente PM. b.Inferior a 2,5 µm, com codificação PM2,5, cuja agregação se encontra incluída na anterior. 8. Ácido sulfídrico, H2S. 9. Compostos de chumbo, Pb. 10.Outros metais pesados, HM (heavy metal), que incluem Cádmio-Cd, Zinco-Zn, Cobre-Cu, Crómio-Cr, Níquel-Ni, Selénio-Se. O dióxido de carbono, CO2 não se encontra definido na legislação em vigor como um poluente. Merece referência apenas devido à sua contribuição para o efeito de estufa. Atendendo ao seu impacto ambiental e por estar associado ao consumo de combustível, deverá ser incluído em modelos ecológicos. As partículas Diesel incluem na sua composição os PAH (Polycyclic Aromatic Hidrocarbons). Várias pesquisas desenvolvidas a nível mundial, em que se enquadram (Guo et al. 2003) e (Miguel et al. 1998), permitiram identificar a existência de uma forte correlação entre as emissões de partículas Diesel e as emissões de PAH. Referem os autores que 16 espécies de PAH dominantes são responsáveis por 50 a 82% do total de PAH. Os resultados indicam ainda que a maior parte dos PAH se encontram na fracção de PM2,5. Concluem ainda que as emissões dos veículos constituem a fonte predominante dos PAH em Hong Kong. Existe legislação que regulamenta os limites dos impactos ambientais, a qual inclui a definição das metodologias e ciclos a utilizar na aquisição de dados. A formação de poluentes e seus precursores em motores de combustão interna (Schafer and Basshuysen 1991) está bem compreendida, existindo uma ligação com as características das actividades de transporte. Nos motores Diesel, a mistura ar-combustível é heterogénea, com diferentes relações em diferentes regiões da câmara de combustão, para um dado regime de funcionamento do motor (Lopes 2000). Para além das opções tecnológicas, as variáveis chave no controlo do processo de homogeneização e combustão incluem o ponto de injecção, a quantidade de combustível injectado e a quantidade de gases de escape que são recirculados. Para além dos poluentes gasosos e das partículas, as grandes preocupações a nível de impactos na saúde do ser humano e no ambiente, reside no ruído provocado pelo motor e respectivos sistemas de admissão de ar e de evacuação dos gases provenientes da combustão. (,/," ) 0 1 Segundo (Neeft et al. 1995), a composição típica dos gases de escape provenientes de motores a Diesel e a gasolina, no que respeita a constituintes não prejudiciais à saúde, é a que se encontra mencionada na tabela 2.5. 37 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Constituinte Unidade Diesel Otto CO2 % vol 2-12 10-13,5 H2O % vol 2-10 10-12 N2 % vol 70-75 70-75 O2 % vol 5-15 0,2-2 Tabela 2.5 - Composição dos gases de escape não prejudiciais à saúde Por sua vez, as concentrações típicas dos constituintes dos gases de escape, sujeitos a regulação, que têm um efeito adverso na saúde, são as que se encontram mencionadas na tabela 2.6 (Neeft et al. 1995). Constituinte Unidade Diesel Otto PM mg/m3 20-200 1-10 NOx % vol 0,003-0,06 0,04-0,4 CO % vol 0,01-0,1 0,1-0,6 HC % vol 0,005-0,05 0,5-1 Tabela 2.6 - Composição dos gases de escape prejudiciais à saúde Os motores Diesel operam sempre em condições de excesso de ar, do que resultam emissões de gases de escape com baixo teor de CO (Schafer and Basshuysen 1991). Ao mesmo tempo que funcionam em condições de misturas pobres, ou seja, com excesso de O2, apresentam temperaturas médias de gases de escape de cerca de 300 ºC. Estas especificidades resultam num perfil de emissões bastante diferenciado em relação ao gerado pelos motores de ciclo Otto, conforme se pode observar na tabela 2.7. Os dados compilados em (Braun et al. 2003) correspondem a valores médios, sendo que os valores dependem fortemente do processo de combustão, das condições de operação do veículo e das especificações do combustível. Motores CO HC NOx SOx Partículas Diesel 3-30 0,5-10 5-20 0,5-5 1-10 Otto 20-200 10-50 10-60 0,1-1 0,1-0,4 Otto c/ catalisador de 3 vias 2-30 0,5-5 0,2-4 0,1-1 0,05-0,3 Tabela 2.7- Emissões típicas em processos de combustão Otto e Diesel (g/Kg de combustível) A medição de O2 em motores de combustão interna tem por objectivo avaliar a relação de equivalência ar-combustível, no sentido de se conhecer se a combustão está a ocorrer com maior ou menor excesso de ar ou mesmo falta de ar. Utiliza para este fim uma célula electroquímica. Pode-se verificar que os níveis das emissões de veículos Diesel, sem filtro de partículas, comparados com os relativos aos veículos com motores Otto sem catalisador de 3 vias, são 38 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS bastante inferiores, com excepção dos relativos aos SOS e partículas. É esta razão, que explica o facto de ter existido algum desfasamento na aplicação de legislação específica. A imposição de limites máximos para emissões Diesel está também associada à crescente consciencialização das populações dos países desenvolvidos, a respeito dos malefícios provocados à saúde humana pelas partículas e NOx. De fato, os danos causados ao meio ambiente e a saúde humana pelos gases de exaustão (NOx, CO, e HC) são bastante conhecidos, não se inserindo nos objectivos da presente tese. No caso das partículas Diesel (PM), sabe-se que se podem acumular nos alvéolos dos pulmões, causando a fibrose. Estas partículas contém compostos orgânicos absorvidos, tais como os hidrocarbonetos aromáticos poli nucleares. Quando inaladas, devido à sua absorção pelos alvéolos, podem exercer efeitos mutagénicos, com possíveis consequências relacionadas com o aumento da incidência de cancro do pulmão. Vale a pena citar que as partículas Diesel provocam também o escurecimento de monumentos e prédios, provocando a deterioração dos mesmos. Num motor Diesel a riqueza da mistura e, consequentemente, as emissões de CO variam com a carga do motor, com amplitudes apresentadas na tabela 2.8. Amplitude de Operação Relação Combustível / Ar Relação Ar / Combustível O2 (%) CO Max (%) Plena Carga 0,055 18:1 4 0,4 Carga elevada 0,04 25:1 8,8 0,09 Carga parcial 0,029 35:1 12 0,075 Carga ligeira 0,0167 60:1 16 0,05 Ralenti 0,01 100:1 18 0,06 Tabela 2.8 - Algumas características de funcionamento de motores Diesel As emissões de PM dos motores Diesel resultam não só da formação no cilindro de combustão mas também no sistema de escape. Quando as gotículas de combustível entram em combustão, verifica-se a formação de partículas sólidas carbonosas. Forma-se assim fuligem na câmara de combustão por pirólise dos hidrocarbonetos do combustível em nucleações ricas (φ local>>1) do spray de combustível injectado. Estas reacções requerem uma elevada temperatura (1000-2800 ºK), altas pressões (50-100 bar) e um nível suficiente de oxigénio. A maior parte (~90%) destas partículas de fuligem são posteriormente oxidadas, antes de deixarem a câmara de combustão, formando CO2 (Bauer et al. 2007). No sistema de escape, estas partículas aglomeram-se para formar cadeias e absorvem grande quantidade de hidrocarbonetos voláteis e sulfatos, formando uma camada envolvente (Heywood 1988). Inicialmente, estas partículas apresentam-se em forma de cacho de uva e medem aproximadamente 20 nm em diâmetro. A determinação do nível de partículas de matéria nos gases de escape revela-se não só um desafio difícil como também interessante. As partículas de matéria são uma importante propriedade dos gases de escape, que importa conhecer e medir, porquanto a fuligem tem sido implicada como um agente cancerígeno. Ao mesmo tempo, as PM têm sido implicadas como sendo um agente iniciador de asma e de outras doenças respiratórias. Coloca-se a hipótese de que a fuligem possa absorver pequenas moléculas que, ao serem inaladas e ao entrarem na corrente sanguínea do organismo humano, libertam essas substâncias tóxicas no fluxo sanguíneo. 39 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS As partículas podem ser classificadas de muitas formas, sendo habitual agrupá-las por classes baseadas na sua dimensão ou por categorias segundo a sua composição físicoquímica e, posteriormente, subdividi-las em termos de massa, número de partículas ou área da superfície reactiva (Burtscher 2001). É normalmente aceite como referência definir-se um conjunto de três intervalos dimensionais (Bauer et al. 2007): • O modo nucleação (inclui partículas com diâmetro dp<~50 nm). • O modo aglomeração ou fuligem (50 nm<dp<300nm). • A fracção grossa (1 µm <dp<10 µm) (Burtscher 2001). Em estudos com agregados de PM, onde as amostras são recolhidas ao longo de um determinado período de tempo, as emissões totais de PM são habitualmente repartidas por três categorias: • O carbono elementar (EC-Elemental carbon), fracção que resulta da fuligem formada durante a combustão; • Os compostos orgânicos voláteis (VOC-Volatile Organic Compounds), fracção que resulta da condensação de compostos orgânicos pesados; • A fracção inorgânica, que inclui sulfatos, nitratos e limalhas metálicas (Heywood 1988). Para um motor Diesel típico de injecção directa de um veículo ligeiro de mercadorias, o rácio mássico de emissões de PM é da ordem de 2 a 5 g por kg de combustível (Heywood 1988). Quanto ao número de partículas em regime estacionário, constatou-se variarem entre ~2,0*1013 e 1,5*1014 partículas por km com estes valores a aumentarem com cargas elevadas do motor. O pico na distribuição do número de partículas emitidas ocorre na dimensão ~70 nm. A nanotecnologia verde pode reduzir a poluição das emissões do combustível Diesel. Existe uma interacção inovadora integrando nanotecnologia e soluções ambientais. Enquanto o mundo industrializado olha para a forma de reduzir a quantidade de emissões de carbono na atmosfera, a nanotecnologia dá um passo em frente, possibilitando a efectiva neutralização do efeito dos poluentes actuais tornando-os inócuos, transformando a fuligem Diesel num subproduto. Neste âmbito, pode destacar-se uma pesquisa recente que envolveu a descoberta surpreendente feita por investigadores japoneses de conversão da fuligem de emissões de combustível Diesel em nanotubos. Os investigadores recolheram a fuligem de motores de combustão interna de veículos e demonstram que a mesma pode ser reciclada em matériaprima na fabricação de nanotubos de carbono. Neste processo existem filtros que removem a fuligem, enquanto é usada vaporização laser para sintetizar as paredes do nanotubo. O processo aparece publicado num artigo intitulado, “Synthesis of Single-Wall Carbon Nanotubes from Diesel Soot”, no Japanese Journal of Applied Physics. Os NOx incluem essencialmente os poluentes NO e NO2. Nas emissões de escape de motores Diesel a relação NO2/NO varia de 10-30%, com as proporções mais elevadas a ocorrerem a cargas ligeiras. Existe uma compensação entre a redução de NOx e o aumento de emissões de PM e vice-versa, que tende a ditar os limites de desempenho de motores Diesel (Stone 1999). Este facto advém das condições existentes no interior do cilindro que promovem a oxidação do azoto do ar para formar NOx, sendo semelhante ao que promove a oxidação da fuligem para CO2. Uma gestão cuidadosa da taxa de injecção de combustível, do instante de 40 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS injecção e do nível de EGR2 (Exhaust Gas Recirculation) é essencial para a melhor optimização deste “trade-off” (Bauer et al. 2007). As emissões de NOx dos motores Diesel tendem a ser da ordem de 20 g por kg de combustível ou 500-1000 ppm em volume (Stone 1999). Muitos dos modernos motores Diesel usam EGR para reduzir a formação de NOx nos cilindros, através da limitação do pico de temperaturas nos cilindros. Enquanto o motor acelera ou tem elevada procura de potência, a válvula EGR fecha progressivamente para recuperar o fluxo de massa de ar necessário para atingir o desempenho requerido e evitar tanto quanto possível as emissões de partículas. Um atraso no ponto de injecção do combustível, de forma a ocorrer mais próximo do ponto morto superior (PMS), quando o pistão se encontra na fase de compressão, contribui para a redução das emissões de NOx. Como se referiu atrás, uma das variáveis de entrada da EMS é a posição da válvula de controlo da quantidade de gases recirculados, do sistema EGR, referenciada por EVP (Exhaust Valve Position). O rácio de EGR é determinado pela EMS de forma a conseguir um óptimo compromisso entre as emissões de NOx e PM. O aumento da EGR tem como efeito a redução da formação de NOx à custa do aumento da formação de PM (ARTEMIS et al. 2005). Muitos factores estão envolvidos na programação do mapa de controlo e não se conhece, presentemente, qualquer técnica que especifique qual o valor do EGR adequado para uma dada condição de funcionamento, uma vez que depende da estratégia definida para um veículo em particular. Os rácios de EGR em regimes transientes devem ser reduzidos quando a carga do motor aumenta. O máximo EGR situa-se habitualmente entre 55% e 60%, correspondendo este limite a baixas cargas e baixas velocidades do motor. As emissões de HC dos motores Diesel de Injecção Directa são da ordem de 5 g por kg de combustível ou 600 ppm em volume, os quais podem condensar no sistema de escape formando à saída do sistema de escape fumos brancos ou azuis, visíveis durante o aquecimento do motor (Heywood 1988). A composição dos gases de escape de motores Diesel, à saída do motor, antes da passagem pelo catalisador, apresenta os valores típicos especificados na tabela 2.9 (Heywood 1988). Componente dos gases de escape Marcha lenta Potência máxima Óxidos de azoto (NOx) 50 ... 200 ppm 600 ... 2500 ppm Fuligem ou número de fumo (SN) SN ≤ 0,5 SN = 2 ... 3 Monóxido de carbono (CO) 100 ... 450 ppm 350 ... 2000 ppm Hidrocarbonetos (THC) 50 ... 500 ppm < 50 Dióxido de carbono (CO2) 8…11 % vol 12 ... 16 % vol Vapor de água (H2O) 2 ... 4 % vol 11 % vol Oxigénio (O2) 16 % vol 2 ... 11 % vol Azoto (N2) Restante Restante Temperatura dos gases de escape a jusante das válvulas de escape 100 ... 200 º C 550 ... 800 º C Tabela 2.9 - Composição dos gases de escape de motores Diesel antes de tratamento 2 Como o nome indica, trata-se de uma técnica de recirculação de gases de escape, usada para controlar as emissões de NOx, e que é apresentada mais adiante na secção 2.3.3 41 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Por exemplo, para um motor Diesel, 4 cilindros, 16 válvulas, 1700 cm3, com tecnologia Common Rail, pressão de injecção até 1800 bar, Euro IV, EGR, com turbo-compressor, sem filtro de partículas, acoplado a um freio dinamométrico eléctrico, foram identificados os valores especificados na tabela 2.10 (Dorn et al. 2007). O sistema Common Rail estava dotado de três fases de injecção: pré-injecção, injecção principal e pós-injecção. Regime de CO2 O2 NOx funcionamento [% vol] [% vol] [ppm vol] 1500 rpm 27 kW 11,3 5,1 671 1,3 2300 rpm 47 kW 9,2 8,3 652 1,6 3300 rpm 50 kW 7,9 9,8 447 1,8 Lambda Tabela 2.10 - Algumas características de funcionamento de motores Diesel O valor “lambda” corresponde a uma divisão de duas relações: A primeira relaciona a massa de ar com a massa de combustível real; A segunda relaciona a massa de ar com a massa de combustível estequiométrica. Sobre o tema do controlo das emissões de partículas pelos veículos Diesel na Europa, no passado, o maior desafio colocado tendo como referência o ano de 2005, residiu no controlo das emissões de PM10, devido à entrada em vigor da legislação EURO IV. A figura 2.3 mostra um exemplo de filtro de partículas utilizado em viaturas homologadas segundo a legislação EURO IV. Figura 2.3 – Foto de filtro de partículas de autocarro EURO IV Em 2008, com a implementação do EURO V, as preocupações centraram-se no controlo, não só do nível de PM10, mas também nos níveis de NOx (Walker 2004). Pela aplicação do EURO IV, os veículos pesados sofreram reduções de emissões poluentes de tal ordem que já cumpriam com os níveis de CO e HC (o que não acontecia com as emissões de PM10 e NOx) propostos pelo EURO V, sem o uso de qualquer dispositivo de pós-tratamento adicional. 42 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Para um dado veículo, com um dado motor e determinada tecnologia de controlo das emissões, as variáveis que influenciam os factores de emissão são, a velocidade, a aceleração/desaceleração, o comprimento da viagem e a temperatura ambiente. Em veículos com semelhantes dimensões, massa, motor e tecnologia de controlo das emissões, é expectável que apresentem um comportamento semelhante em termos de emissões. Como já foi referido, as emissões durante curtos períodos de rápida aceleração (elevada potência) são muito mais elevadas do que em operação a velocidade constante. Pelo seu impacto nos níveis de emissões, a utilização de um veículo está condicionada pelas características da infra-estrutura de tráfego. As especificidades de maior impacto estão associadas ao perfil da via (Cícero-Fernandez 1996), intersecções e semáforos, medidas de acalmia de tráfego e pelo comportamento do condutor (por exemplo, aceleração na transição para o vermelho). O nível de aceleração ou a “agressividade” da condução também apresenta um forte impacto nas emissões (Hickman et al. 1999). Na pesquisa de (Calcagno 2006) foi efectuada uma avaliação das emissões de veículos Diesel pesados em condições de funcionamento ao ralenti e durante o período de aquecimento do motor. As emissões no aquecimento referentes a monóxido de carbono (CO), óxidos de azoto (NOx) e partículas de matéria (PM) foram medidas utilizando equipamento portátil de monitorização de emissões. Todos os veículos foram testados em campo durante os meses de Verão e de Outono sob condições de funcionamento de baixas (600-800 rpm) e altas (1000 rpm) velocidades de ralenti do motor. Os resultados demonstraram que durante os primeiros 5 minutos após o arranque a frio as emissões foram mais altas do que na fase seguinte do aquecimento com factores de 2,5 para o CO, 1,5 para o NOx e 1,7 para as PM. Na última fase, a média dos factores de emissão horária para o CO, NOx e PM2,5 foram de 64,5 g/hr, 167 g/hr e 3,51 g/hr, respectivamente. Assim, verifica-se que o caudal mássico de emissões de veículos movidos por motor de combustão interna varia fortemente de acordo com o seu regime de funcionamento. Muitas dessas alterações são explicadas pelas variações de perfil das vias e características de escoamento do tráfego, tendo consequências significativas no impacto sobre a qualidade do ar local. Por isso, uma melhor compreensão do mecanismo de emissões por parte dos projectistas, pode ser determinante na fase de planeamento de tráfego de forma a avaliar o impacto ambiental e contribuir para a definição de métodos mais eficientes de gestão da qualidade do ar. As ferramentas de planeamento existentes não representam adequadamente a natureza da variação e os regimes transientes das emissões poluentes, especialmente ao nível das emissões de partículas. A influência do padrão de condução, a carga do veículo e a inclinação da via são analisadas na presente dissertação pelo seu impacto nas condições de exploração. A disponibilidade de um freio de rolos, permitiria ainda desenvolver um ciclo de condução adaptado à cidade que inclui diferentes modos de condução: aceleração, velocidade constante, travagem do motor e baixo ralenti sem carga. Um ciclo de condução (Esteves-Booth et al. 2001) ou ciclo de operação de um veículo, corresponde à especificação da forma como a velocidade e a carga do veículo evolui ao longo da duração do teste. Quanto a modelos de avaliação afins, verifica-se que mesmo com técnicas de medição semelhantes são encontradas diferenças significativas nos níveis de emissões medidas quando se utilizam diferentes ciclos, reforçando a necessidade de encontrar bases de dados coerentes aquando do desenvolvimento de novos modelos de emissões (De Haan and Keller 2004). Foi já conseguida a integração de modelos microscópios com subrotinas de micro 43 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS simulação de tráfego (por exemplo, VISSIM, Paramics), que permitem avaliar a influência das alterações no fluxo de tráfego. Ressalve-se ainda que, em estudos de planeamento de transportes, existem modelos que fazem a estimação das emissões de tráfego utilizando variáveis socioeconómicas e demográficas (Corvalán et al. 2006). A presente tese insere-se num âmbito diferente, ou seja, o do planeamento da manutenção (Nyman et al. 2002) numa perspectiva preditiva, centrada no acompanhamento da evolução de efluentes dos motores Diesel. Aqui, abre-se uma nova página na utilização de poluentes que são objecto de restrição mediante regulamentação ambiental aplicável ao sector dos transportes, nomeadamente, partículas de dimensão inferior a 10 µm (PM10), NOx, CO, HC, CO2, consumo de combustível, nível de ruído, podendo também ser utilizadas variáveis de degradação das características do óleo. Quanto a modelos de predição de emissões de veículos, mais ou menos completos, verifica-se que a estimativa é efectuada, muitas vezes, em função da velocidade média de circulação (Km/h) ou do volume de tráfego (vph). Permitem calcular os níveis médios de emissões, em função de um determinado valor de um só parâmetro de caracterização de fluxos de tráfego. O modelo de (Abo-Qudais and Qdais 2005) prescreve a seguinte metodologia de cálculo para os poluentes CO, NO e NO2: CO( ppm) = 0,004331∗ (vph) 0,993 (Eq. 2.53) NO( ppm) = 0,000147 ∗ (vph) 0,949 (Eq. 2.54) NO2 ( ppm) = 0,000038 ∗ (vph)1,008 (Eq. 2.55) Nas expressões vph tem o significado de veículos por hora. Dos vários estudos nesta matéria, alguns incluem os limites de dispersão dos níveis de emissões de gases de escape de motores a gasolina e a Diesel e tabelas comparativas do efeito da velocidade do veículo nas emissões de escape (Abo-Qudais and Qdais 2005). Refira-se também a existência de alguns modelos de predição das concentrações de poluentes na vizinhança de um arco de rede viária, cujo sucesso depende da correcta definição de uma gama de indicadores físicos na envolvente ao troço de via. Foram estudados, posteriormente, com grande detalhe, os efeitos de várias variáveis nas emissões de veículos Diesel pesados, tendo sido efectuada uma predição aproximada de emissões apenas com base no produto velocidade*aceleração (Gajendran 2006). Este pode ser considerado como uma medida da potência cinemática do veículo, negligenciando contudo os efeitos da potência absorvida para vencer as forças resistivas que actuam sobre ele. É referido, contudo, que a predição do inventário de emissões de veículos Diesel pesados apresenta uma maturidade inferior em relação à predição das emissões dos veículos ligeiros a gasolina, o que constitui mais um estímulo na avaliação que se irá realizar em autocarros urbanos. Refere ainda que uma duplicação na massa do veículo se reflecte num incremento de emissões de NOx de aproximadamente 50%, o que vem sustentar as investigações efectuadas, tendentes à redução na massa das diferentes categorias de veículos. Em anos recentes, têm vindo a ser usados extensivamente motores acoplados a freios dinamométricos para investigar os mecanismos de formação e emissão de PM10. Porém, muitas vezes, focaram-se em condições de operação estacionárias ou com transições simples, 44 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS tornando os resultados obtidos menos fidedignos para aplicação em veículos que operam em regimes transientes em mundo real. Neste caso, são possíveis medições detalhadas, utilizando analisadores de grande sensibilidade e de rápida resposta ( 1 ms) em condições controladas. Têm sido usados dados para monitorização das emissões a bordo dos veículos no sentido de possibilitar a validação de modelos baseados na certificação de dados. Porém, os trabalhos mais recentes têm investigado como estes dados podem ser recolhidos e incorporados em futuros modelos de emissões. Os dados para caracterizar o comportamento das emissões de um veículo podem ser obtidos em tempo relativamente curto, desde que se salvaguarde a necessidade de instalar o veículo num laboratório (Barth et al. 2005). Este procedimento reduz o custo com os testes e permite a avaliação de uma maior amostra de veículos de uma determinada frota para o modelo em desenvolvimento. Recentemente, têm vindo a ser desenvolvidos grandes esforços com modelos de emissões instantâneas, no sentido de melhorar a precisão das técnicas de medição das emissões (Ajtay and Weilenmann 2004). Levam em conta todos os desfasamentos e processos de mistura no sistema de medição dos gases de escape, avaliando as condições no escape e na saída do motor, de forma a sintonizar com os factores de operação do veículo. A estrutura do modelo EMIT (EMIssions from Traffic) assenta na determinação da taxa de emissões no escape num processo de dois estágios. No primeiro, as taxas de emissão de NOx, CO e HC, à saída do motor, são estimadas em cada segundo através de uma regressão linear de termos, utilizando um polinómio das variáveis velocidade e aceleração, dado pela equação seguinte: EQi = α i + β i v + γ i v 2 + ∂ i v3 + ζ i a.v........(a > 0) α i´ ................................................(a < 0) (Eq. 2.56) Onde, EQi - Representa o caudal mássico de emissões à saída do motor das espécies poluentes i. v - É a velocidade do veículo. - É a aceleração do veículo. Os coeficientes correspondem a constantes específicas de cada uma das espécies i. Estas emissões são depois modificadas através de uma função empírica associada à passagem pelo catalisador, o que permite obter os valores das emissões à saída do escape. O modelo (VERSIT-LD et al. 2006) desenvolvido pela empresa TNO Automotive foi concebido a partir de uma base de dados de emissões instantâneas de veículos Europeus. Fornece factores de emissão para veículos comerciais ligeiros como uma função das características de um ciclo de condução. A base de dados contém, aproximadamente, 12000 testes em bancos de rolos com registos de 700 veículos abrangendo 126 ciclos de condução. As características de input incluem medição do número de paragens (número de paragens por km), a desagregação por perfil de condução (percentagem de tempo por classes), velocidade (velocidade média do ciclo), aceleração (por exemplo, aceleração máxima), potência (por exemplo, potência de aceleração), resistência ao rolamento, resistência aerodinâmica e um conjunto de factores associados aos regimes de transição (por exemplo, alterações na aceleração). Para cada classe de veículo, i, e cada espécie, j, inclui no modelo o subconjunto das características anteriormente especificadas, Xi,j, ao qual se atribui a maior significância 45 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS estatística. Os factores de emissão, Ei,j, são então estimados como o resultado de um modelo de regressão não linear a partir das variáveis independentes, características do ciclo de condução, através da equação: ln Ei , j = X i , j β i , j (Eq. 2.57) Os coeficientes de regressão, β i , j , são determinados pela média ponderada dos coeficientes estimados para cada ciclo de teste da base de dados. Os factores de ponderação são definidos como sendo o número de vezes que um dado ciclo é repetido na base de dados para os veículos afectos à classe i. O modelo POLY, desenvolvido por investigadores da Polytechnic University of New York e da Texas Southern University, utiliza como termos da regressão linear, a velocidade, a aceleração, a potência específica do veículo e a inclinação da via. Além destes, incorpora efeitos históricos pela inclusão de um parâmetro correspondente à duração das acelerações e desacelerações. Ao incluir a influência de períodos anteriores de avaliação, o modelo torna-se consistente com a observação de correlações em séries temporais, na base de dados de emissões do veículo. A forma de modelo de regressão linear é usada para estimar a taxa de emissão das espécies m (m corresponde a NOx, CO e HC) no instante t, para cada classe de veículos i, j, k (onde i representa a classe de dimensões do veículo, j é a classe do ano do modelo de veículo e k é o tipo de emissor de veículo. O modelo pode sintetizar-se na seguinte equação: ei , j ,k ,m (t ) = β 0 + β vV (t ) + β v 2V 2 (t ) + β v3V 3 (t ) + βT ´ T ´ (t ) + βT ´´ T ´´ (t ) + β At A(t ) + ... + β At −9 A(t − 9) + βVSPVSP(t ) + ε i , j , k ,m (Eq. 2.58) Onde z é o coeficiente da regressão correspondente ao termo z, V é a velocidade do veículo, VSP é a potência específica do veículo, A é uma função da aceleração do veículo e T´ T´´ são parâmetros que representam a duração da aceleração e desaceleração no instante t. A inclinação da via encontra-se incorporada na função de aceleração do veículo, A. Por sua vez, o modelo designado por VT-Micro Virginea Polytechnic Institute Model, também utiliza técnicas estatísticas, mas estima directamente as taxas de emissões de NOx, CO e HC, à saída do escape. A taxa de emissão é estimada como uma regressão não linear de combinação de termos de diferentes produtos e potências da velocidade e aceleração (por exemplo, v, v2, v. , v2. 3, etc.). O modelo não linear impede a possibilidade dos cálculos darem valores negativos, através do seguinte sistema de equações: exp 3 3 i =0 j =0 MOEe = exp 3 3 i =0 j =0 (L e i, j (M × u i × a j ) ...... ( a ≥ 0 ) e i, j ×u × a i j ) ...( a ≤ 0 ) (Eq. 2.59) Onde, MOEe - Caudal mássico de emissões das espécies poluentes. Li,j – Coeficientes do modelo para as espécies e, à velocidade i e aceleração j para acelerações positivas. Está associado ao expoente i da velocidade instantânea do veículo v, e ao expoente j da aceleração instantânea do veículo , para acelerações positivas. 46 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Mi,j – Coeficientes do modelo para as diferentes espécies, à velocidade i e aceleração j, quando se trate de acelerações negativas. u – Velocidade instantânea do veículo. a – Aceleração instantânea do veículo. Este modelo não entra em consideração com a potência específica do veículo. A amplitude de velocidades dos veículos situa-se entre 0 e 121 km/h e a amplitude de acelerações entre -1,5 e 3,7 m/s2. Na sua tese de doutoramento, (North 2007) utilizou este modelo não linear para estimar os caudais mássicos de emissões, para acelerações positivas e negativas. Para cada regime de funcionamento, os dados de emissões foram transformados para os seus logaritmos naturais. Neste caso, os coeficientes do modelo foram estimados, utilizando uma regressão linear múltipla pelo método dos mínimos quadrados, da seguinte forma: ln ( MOEe ) = 3 3 i =0 j =0 βie, j u i a j + ε (Eq. 2.60) Onde, MOEe – Caudal mássico de emissões das espécies poluentes. Bij – Coeficientes do modelo. São estimados através de Lij (para a ≥ 0) e Mij (para a<0). i e j – Expoentes da velocidade, u, e da aceleração instantânea, . ε – Termo do erro aleatório. Em (MOBILE et al. 2004) foram incluídos modelos mais simples de avaliação da distribuição das dimensões das partículas. Estes podem ser melhorados através do uso de técnicas de monitorização do ambiente para fornecer a medição da concentração do número de partículas. A repartição dos níveis de carbono elementar/fracção orgânica de carbono em veículos de transporte rodoviários pode ser observada na tabela 2.11 (MOBILE et al. 2004). Processo Carbono Elementar Fracção Orgânica Carbono Fonte Emissões de Escape Gasolina 23,9 % 23,9 % Gilies and Gertler, 2000 Emissões de Escape Comerciais Ligeiros Diesel 61,3 % 30,3 % Gilies and Gertler, 2000 Emissões de Escape Pesados Diesel 75,0 % 18,9 % Gilies and Gertler, 2000 Desgaste Pneus 60,9 % 21,75 % Radian, 1998 Desgaste dos travões 2,8 % 97,2 % Gart et al, 2000 Tabela 2.11 - Repartição da fracção de carbono nos gases de escape Quanto à estrutura do modelo PHEM (Passenger car and Heavy duty Emissions Model) utiliza um mapa de emissões como uma tabela dinâmica (look-up table) para estimar as emissões. Porém, neste caso, o mapa de emissões é desenvolvido mais em função dos 47 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS indicadores de operação do motor (por exemplo, velocidade e binário motor) do que em termos de indicadores associados ao veículo (por exemplo, velocidade do veículo e potência). O modelo PHEM foi o primeiro a ser desenvolvido para uso na predição de emissões de veículos pesados, mas tem sido recentemente estendido aos veículos ligeiros de passageiros. A introdução da variável explicativa VSP não trouxe significativas melhorias ao desempenho dos modelos (North 2007). Este facto sugere a necessidade de se considerarem estruturas mais completas, incluindo os modelos não lineares (por exemplo, transformação Box-Cox ou semelhante), transformação da variável VSP e a introdução de outras variáveis explicativas. Por exemplo, a utilização das variáveis de controlo do motor pode constituir um método mais poderoso para calcular os caudais mássicos de emissões instantâneas. Porém, estas práticas não são tipicamente incluídas em modelos concebidos para calcular as emissões agregadas de frotas. Constata-se que as emissões são mapeadas como uma função das condições de operação do veículo de acordo com o modelo, tipo de transmissão e posição da alavanca da caixa de velocidades. Contudo, as variáveis de cálculo também poderão incluir a velocidade do motor e a respectiva potência, quando estes indicadores se encontram previstos na tipologia de testes utilizados na aprovação de um motor de veículo pesado. Os automóveis ligeiros de passageiros são, normalmente, testados por completo, com o motor instalado no veículo. Para usar estes dados de teste, os indicadores do veículo (por exemplo, velocidade em estrada e respectiva carga), devem ser convertidos em indicadores do motor (velocidade do motor, carga ou binário). Poderá ainda ser incluída a pressão absoluta no colector de admissão, especialmente em veículos ligeiros a gasolina. Isto é realizado através do conhecimento da mudança que se encontra seleccionada e uma simulação das características de transmissão. As taxas de emissões ao longo de um determinado ciclo de teste são calculadas pela estimação do ponto de operação do motor segundo a segundo. Este processo requer uma estratégia de mudança de velocidade para ser incluída no modelo e a compilação de informação acerca das relações de caixa, associadas a cada classe de veículo. Como não existiam mapas de emissões disponíveis para PM10, o PHEM avaliava as emissões de PM10 como uma função das emissões de HC. As baixas emissões de PM10 estão, provavelmente, associadas com altas cargas do motor e elevadas temperaturas no cilindro onde a combustão tende a processar-se de forma mais eficiente. Foram encontradas excelentes correlações entre NOx e CO2 (R2 = 0,97) e baixos coeficientes de correlação entre CO e HC. O Handbook of Emisson Factors for Road Transport (HBEFA) foi desenvolvido para as frotas de veículos da Alemanha, Áustria e Suíça. Incide em todos os tipos de veículos e abrange as seguintes espécies de poluentes: CO, HC, NOx, PM e vários componentes de HC (CH4, NMHC, benzeno, tolueno, xileno). Avalia ainda os níveis de emissões de CO2, NH3 e N2O, bem como o consumo de combustível (gasolina e Diesel). A estimação do caudal mássico de emissões tem manifestado a propensão a grandes incertezas. (North 2007) refere avaliações da raiz quadrada do erro quadrático médio ou, simplesmente, raiz do erro quadrático médio, RMSE, da ordem de 50% da média. Os macro inventários de emissões utilizam factores de emissão baseados no consumo de combustível, em gramas de poluente por quilograma de combustível utilizado (Keislar et al. 2002). Alguns destes inventários, baseados no combustível (em massa de emissões por unidade de massa de combustível consumido), abrangendo NO, CO e HC, foram realizados com aplicação de técnicas de detecção remota (Pokharel et al. 2002). 48 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Existem outros modelos como o MODEM (MODel of vehicle EMissions), desenvolvido na Europa e o CMEM (Compreensive Modal Emissions Model), desenvolvido nos Estados Unidos. O primeiro inclui dados recolhidos em 150 veículos, correspondentes a 12 tipos de veículos, testados em 14 ciclos de condução, sendo o nível de emissões uma função de uma matriz de velocidade e velocidade*aceleração. O segundo tem por base 40 tipos de veículos com cada um a ser definido por 13 variáveis - calcula as emissões em função de uma estimação da carga do motor e das características do veículo. O efeito da temperatura ambiente no nível das emissões foi objecto de uma estruturada investigação (ENVIRON et al. 2004). Por exemplo, para o teor de NOx emitido por motores Diesel sobrealimentados, produzidos a partir de 1994, utiliza-se uma correcção obtida através da equação seguinte: K NOx = 1 + 0, 00446(T − 25) − 0, 018708( H − 10, 71) (Eq. 2.61) Onde, T - Temperatura ambiente em ºC. H - Humidade absoluta em grama de H2O/Kg de ar seco. A temperatura do ar admitido será afectada pela temperatura do ar exterior, pela acção do arrefecedor intermédio e pela temperatura dos componentes que confinam com o colector de admissão. Deste modo, esta temperatura aumenta quando aumenta a temperatura do bloco do motor e pode também ser afectada pelo funcionamento do turbo-compressor. (,/,( ) 0 O ruído representa uma das externalidades negativas decorrentes da actividade dos transportes. Os seus impactos revelam-se mais preocupantes em áreas com maiores níveis de tráfego e ainda em combinação com outras fontes. Existem diferentes indicadores de nível de ruído, bem como diferentes ponderações de tempo (Gerves 1992). LAmax é usado para determinar o nível máximo de pressão sonora com ponderação A. Esta ponderação tem a ver com o critério de avaliação do ruído, em que se ajusta o nível de pressão sonora ao facto do ouvido humano não ser igualmente sensível a todas as frequências; é mais sensível à faixa entre os 1 kHz e os 5 kHz e menos sensível para frequências extremamente altas ou baixas. Este fenómeno é mais pronunciado para baixos níveis de pressão sonora do que para altos (Gerves 1992). A figura 2.4 (Gerves 1992) compara as compensações introduzidas nos circuitos electrónicos de sensibilidade variável com a frequência, de forma a modelar o comportamento do ouvido humano. Pode verificar-se que são padronizados e classificados como A, B, C e D. A medição de amplitude de som para certas frequências é uma prática que pode fornecer valiosa informação sobre o equilíbrio e a precisão do alinhamento de veios, sobre a condição de rolamentos ou engrenagens, sobre a condição de funcionamento dos sistemas de um veículo e sobre o efeito de vibrações nas bases de suporte, tubagens e outras estruturas. 49 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Para ser efectuado um diagnóstico de falhas, deverá ser seleccionada a velocidade de rotação com melhor significância estatística para analisar o espectro de ruído, sendo este comparado com o seu modo de operação normal na velocidade de rotação definida. Figura 2.4 - Circuitos de compensação de níveis de ruído A, B, C e D O nível de pressão sonora contínuo equivalente, Leq, é o nível médio de pressão sonora de um som durante um período de tempo T. Determina-se pela expressão: LeqT = 10.log 1 T T 0 p 2 (t ) dt p02 (dB) (Eq. 2.62) Onde, p é a pressão sonora e p0 a pressão sonora de referência 20 µ Pa . Por exemplo, Leq 8 h corresponde ao nível médio de pressão sonora ao longo de 8 horas. A exposição ao som (E) e o nível de exposição ao som (LE) é a escala mais adequada para descrever um evento de ruído de curta duração, dado que a energia do som é integrada ao longo do tempo de ocorrência do ruído. E= τ 0 p 2 dt LE = 10 log E E0 (Eq. 2.63) (dB) (Eq. 2.64) Onde, τ - Corresponde a um tempo especificado, normalmente o tempo para um simples evento E0 - Corresponde à exposição a um som de referência, habitualmente (20 µ Pa) 2 s As normas da Organização Mundial de Saúde (OMS), associadas aos níveis de ruído, referem os seguintes impactos no ser humano: 50 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Superior a 40 dBA => Com influência no bem-estar. Superior a 50 dBA => Com perturbação moderada. Superior a 55 dBA => Com séria perturbação. Superior a 65 dBA => Com efeitos nocivos na saúde. O modelo de estimação de emissões de ruído recomendado pela Comissão Europeia para predição do mapeamento estratégico do tráfego rodoviário é o método Francês, descrito no “Guide de Bruit des Transports Terrestres”. O som total gerado por um veículo rodoviário corresponde à soma das energias associadas às fontes de propulsão e ruído de rolamento, dado pela seguinte expressão: LTot = 10log(10 LPr op /10 + 10LRol /10 ) (Eq. 2.65) O ruído de propulsão, LPr op , é uma função da velocidade do veículo, surgindo em modelos recentes como uma função da velocidade do motor (rpm), sendo também função da carga do motor e englobando cinco fontes de ruído dominantes no veículo: 1. Motor 2. Admissão de ar 3. Sistema de escape 4. Sistema de arrefecimento (ventilador) 5. Transmissão. Estas são as fontes dominantes de ruído em veículos pesados na maior parte das situações de condução O ruído do motor é devido a diferentes forças e massas de gases durante a combustão, que conduzem ao chamado ruído de combustão e também ao ruído mecânico. A causa do ruído de combustão é devido à pressão dos gases nos cilindros. O ruído mecânico é gerado por um impacto mecânico, tal como um batimento do êmbolo que se transmite à estrutura do motor ou um barulho da caixa de velocidades. Há várias variáveis que afectam fortemente o ruído do motor: • Velocidade de rotação. • Carga e especificidades do motor, tais como dimensões e configuração dos cilindros, características de válvulas e tipo de injecção de combustível. Neste âmbito, devem citar-se as recomendações da International Association of Public Transport (UITP): 1.Promover menores níveis de ruído através de manutenção regular das frotas, utilização de tecnologias silenciosas, incorporação de materiais absorventes e lançamento de medidas de restrição ao uso do automóvel particular. 2.Prosseguir com I&D no sentido de reduzir o ruído em transportes públicos (rodovia e ferrovia). 3.Aplicação de restrições ao uso do automóvel nos períodos de ponta e de veículos ruidosos de transporte de mercadorias nos centros urbanos. 51 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS 4.Criação de zonas de ruído reduzido (áreas residenciais e pedonais). Ao contrário dos motores de veículos pesados, os veículos ligeiros são bastante mais silenciosos a mais baixas velocidades de rotação do motor. Como se verifica pela tabela 2.12 extraída de (Course notes “Engine Noise & Vibration Control“, 1990, Southampton University ISVR), para um veículo pesado com uma velocidade de operação do motor entre 1000-2100 rpm, os níveis globais de ruído não variam tanto com a velocidade de rotação como nos motores de veículos ligeiros. A tabela foi publicada em 1990 mas ainda dá uma indicação preciosa da variação de ruído em motores actuais. Categoria de motor Gama de velocidades de operação [rpm] Amplitude de ruído – (Max-Min) [dB] Diesel ID acima de 150 kW 1000 - 2100 10 Diesel ID entre 75 - 150 kW 1000 - 3000 15 Diesel ID abaixo de 75 kW 1000 - 4000 20 Motor a gasolina 1000 - 6000 30 Tabela 2.12 – Amplitude de variação do ruído em motores de combustão interna A relação entre o nível de potência sonora de um motor Diesel e a sua velocidade de rotação obtém-se pela expressão seguinte (Keulemans 2006): L = 10 N log n (Eq. 2.66) Onde, N é determinado pelo sistema de combustão; para um motor Diesel sobrealimentado, N está compreendido entre 1,5 e 3,5 (Beranek and Ver 1992). O ruído do motor aumenta muito com o diâmetro do cilindro D, aumentando na relação de D , variando pouco com a cilindrada. Por este facto, quando se pretende aumentar a potência do motor deve-se optar por maior número de cilindros, por se tornar mais favorável devido a diminuir o nível de pressão sonora, devido à substancial redução da componente de ruído dos gases de escape. Contudo, apesar deste efeito global, verifica-se o aumento do ruído mecânico. 5 O efeito da carga do motor, normalmente, não introduz variações no nível global da pressão sonora superior a 4 dB (Keulemans 2006). O nível de pressão sonora produzido pelo ventilador aumenta com o caudal volúmico de ar, V, (m3/s) e com a velocidade do ventilador, n, (rpm). LpA∞V 5 n5 (Eq. 2.67) Normalmente, os ventiladores têm uma velocidade de 1 a 1,6 vezes a velocidade do motor. Na Europa, os ventiladores são, normalmente, controlados electricamente, regulando a velocidade em função da temperatura. O ruído da caixa de velocidades encontra-se essencialmente relacionado com o binário e a velocidade do motor, devendo-se ao contacto entre os dentes das engrenagens em caixas de velocidade mecânicas. 52 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Existe ainda o ruído das estruturas e a vibração dos painéis, quando em circulação, o qual é intensificado pela irregularidade dos pavimentos. O TRL (Transports Research Laboratory), entidade altamente reputada em estudos na área de transportes, detectou agravamentos que podem ir de 5 a 25 dBA. Tanto o ruído de escape que é, essencialmente, um ruído de baixas frequências, como o ruído de admissão de ar, apresentam níveis muito abaixo do nível de ruído do motor, pelo que a influência no nível global de energia sonora pode ser considerada desprezável. A verificar-se o contrário, pode-se estar perante sistemas de tratamento dos gases de escape ilegais. O ruído de rolamento, LRol , é uma função logarítmica da velocidade, V, (km/h) sendo também dependente do revestimento da via. Quando se circula com velocidades elevadas é este o ruído dominante. Na sua dissertação (Keulemans 2006) refere que o ruído de propulsão predomina a velocidades inferiores a 50 km/h e o ruído de rolamento predomina a velocidades mais elevadas (50-120 km/h). Conclui que, quando o nível de pressão sonora de propulsão é medido durante situações de baixa velocidade do veículo ou alta rotação do motor, o nível global de ruído pode ser considerado como sendo igual ao nível de ruído de propulsão. O modelo de ruído de propulsão surge como uma função da velocidade do motor. L p ,Pr op (n) = a + b.log( n / nref ) (Eq. 2.68) Sendo os coeficientes a e b, calculados através de análise de regressão (Keulemans 2006) iguais a 73,7 e 23,5 respectivamente. A rotação de referência, nref é igual a 1500 rpm. A investigação de (Keulemans 2006) refere que as duas fontes principais geradoras de ruído num veículo, se encontram localizadas a 0,01 e 0,75 m acima do solo para veículos pesados. E que em veículos ligeiros a localização está a 0,01 e 0,30 m acima do solo. A maior parte do ruído do motor considera-o localizada por baixo do corpo do veículo. A fonte de ruído de rolamento tem o seu maior contributo próximo do solo, mas enquadra também uma componente oriunda de uma posição mais elevada devido à vibração produzida pelos lados do pneu na caixa das rodas. É sugerida uma ponderação para as duas fontes de ruído, associadas à propulsão e ao rolamento. A dissertação estabelece que 80% do ruído de propulsão é atribuído ao ponto mais elevado e 20% ao ponto mais baixo. Quanto ao ruído de rolamento, considera a ponderação inversa, ou seja, 20% do ruído de rolamento é atribuído ao ponto mais elevado e 80% ao ponto mais baixo. Especifica que estas ponderações apresentaram a melhor correlação com os valores medidos, especialmente a frequências mais altas. Assim, quando se mede o nível de potência sonora da totalidade do veículo durante a passagem num determinado ponto de uma via rodoviária, o rácio, r, do total de potência sonora, associado com a fonte localizada 0,01 m acima do solo, é dado pela seguinte equação (Keulemans 2006): L 0,8.10LWRol /10 + 0, 2.10 W Pr op r= L /10 10 LWRol /10 + 10 W Pr op /10 (Eq. 2.69) O ruído de rolamento é modelado para todos os veículos rodoviários com a velocidade de referência vref=70 km/h, através da seguinte equação: 53 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS LWRol ( f ) = aR ( f ) + bR ( f ) log v vref (Eq. 2.70) Os coeficientes ar e br são fornecidos por cada banda de terço de oitava. A nível da potência do som de propulsão à velocidade de circulação, v, para a frequência em banda de terço de oitava, a modelação desenvolvida para todas as categorias de veículo, segue a relação linear seguinte: LW Pr op ( f ) = aP ( f ) + bP ( f ) log v − vref vref (Eq. 2.71) O coeficiente aP corresponde ao nível de potência do som correspondente à velocidade de 70 km/h e o coeficiente bP varia com a velocidade, estando tabelados em bandas de terço de oitava entre 25 e 10000 Hz. A equação anterior é válida para condução a velocidade constante. Para aceleração/desaceleração a, na amplitude de –2 a 2 m/s2, deve ser introduzido um valor de correcção: ∆Lacel = C.a (Eq. 2.72) A constante C é igual a 5,6 para veículos pesados. Na situação de condução, quando o motor é usado como travão para desacelerar o veículo e, por consequência, eleva o nível de ruído do motor, deve ser aplicado o valor absoluto da aceleração negativa. O ruído é medido próximo do motor, à saída do escape e junto ao pneu. A orientação do sonómetro em relação aos pontos de medida no veículo leva à necessidade de introdução de um factor de correcção, dL, no nível de potência sonora. O integral da função orientação é aproximadamente zero quando integrado sobre um veículo em circulação. O factor de orientação total, figura 2.5, depende da frequência em Hz e do ângulo na horizontal ϕ e, na vertical, ψ , em radianos. Figura 2.5 - Ângulos associados ao factor de orientação de um receptor de ruído dL( f , ϕ ,ψ ) = dLH ( f , ϕ ) + dLV ( f ,ψ ) 54 (Eq. 2.73) MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Os dois pontos fontes de ruído têm diferentes funções de orientação. Para a fonte localizada a 0,01 m do solo, a correcção para a orientação horizontal é a seguinte: dLH = 0 f ≤ 1250, f ≥ 8000 Hz dLH (ϕ ) = (−1,5 + 2,5.abs(sin(ϕ ))) cos(ψ ) (Eq. 2.74) 1600 ≤ f ≤ 6300 Hz (Eq. 2.75) Para a fonte localizada 0,75 m acima do nível do solo, é definida a seguinte equação: dLH (ϕ ) = (1,546ϕ 3 − 1, 425ϕ 2 + 0, 22ϕ − 15) cos(ψ ) (Eq. 2.76) As funções de correcção aproximadas, referentes à orientação vertical, dLV (ψ ) , encontram-se na tabela 2.13 (Keulemans 2006). Frequência Fonte de 0,01 m Fonte de 0,75 m 50; 63; 80 0 0 100; 125; 160 0 0 200; 250; 315 −2sin 2 (ψ ) −2sin 2 (ψ ) 400; 500; 630 −3sin 2 (ψ ) −3sin 2 (ψ ) 800; 1000; 1250 −4sin 2 (ψ ) −3sin 2 (ψ ) 1600; 2000; 2500 −4sin 2 (ψ ) −2sin 2 (ψ ) 3150; 4000; 5000 0 −2sin 2 (ψ ) 6300; 8000; 10000 0 −2sin 2 (ψ ) Tabela 2.13 - Correcções ao ruído em função da orientação vertical do receptor Encontram-se também disponíveis valores de correcção, responsáveis pelo impacto de eixos extra. O valor base é de quatro eixos para veículos pesados (categoria 3), podendo ser usada a seguinte correcção para LWrol (IMAGINE 2008): 6,8log ∆LWRol ,eixos = nº.eixos 4 nº.eixos 9,1log 4 para pneus simples (Eq. 2.77) para pneusduplos São também definidas correcções na publicação anteriormente referida para a temperatura, e para o tipo de piso de pneu e de estrada. Na maior parte dos modelos de ruído de tráfego o nível de pressão sonora global, independentemente de se tratar de LAmax, ou LAeq, é medido a 7,5 m de distância do eixo da faixa de rodagem em que o veículo circula, apontando o sonómetro a meio do veículo e a 1,2 m de altura acima do solo. LAeq é o nível médio de pressão sonora para uma ponderação A. No modelo (ROTRANOMO 2002) a fonte de ruído de propulsão apresenta um nível de pressão sonora, LpProp, com uma correcção associada à carga do motor, DLp. L p Pr op = Leng + DL p (Eq. 2.78) 55 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Para um motor sem carga, que corresponde a uma potência efectiva normalizada, Nenorm , de 0%, ou para cargas inferiores a 10% da plena carga, o nível sonoro do ruído de propulsão, é definido como: L p Pr op = Leng = Lnidle + ( Ls − Lnidle ).nnorm Onde, Leng , (Eq. 2.79) Lnidle e Ls correspondem ao nível de pressão sonora emitido pelo motor, nível de pressão sonora ao ralenti sem carga e nível de pressão sonora à velocidade nominal, respectivamente. Entende-se como velocidade nominal a velocidade de rotação à qual ocorre a potência máxima. A velocidade do motor é normalizada de forma a representar os diferentes tipos de veículos. nnorm = n − nidle nno min al − nidle (Eq. 2.80) Na expressão, n é a velocidade de rotação actual do motor. Para regimes com outras cargas, com Nenorm ≥ 0,1 o nível de ruído aumenta. DLp é calculado segundo uma interpolação linear entre o valor do nível sonoro a 10% e a plena carga, ou seja, DL p = ( DL p ,idle + ( DL p ,nno min al − DL p ,idle ).nnormal ).( N e ,norm − 0,1) / 0,9 (Eq. 2.81) DLp,idle e DLp,n-nominal correspondem ao aumento das emissões de ruído ao ralenti sem carga e à velocidade nominal. Pode-se constatar que alguns autocarros urbanos mais recentes possuem um sistema de escape com saída vertical a cerca de 3,5 m da superfície da estrada, o que implica a necessidade de adequação das equações de ruído apresentadas, em função de factores de correcção deste posicionamento da saída de gases. (,/,/ # $% 0 * A sociedade e o mercado atingiram uma assinalável posição no processo de desenvolvimento de produtos ao nível de materiais e tecnologias de construção, no sentido de corresponder ao desejo de produzir veículos leves e com menores níveis de emissões. Uma característica dos modernos motores Diesel quando comparados os seus desempenhos com motores a gasolina, reside na maior eficiência na utilização do combustível, com consequente impacto na redução dos custos de operação do veículo. Porém, verifica-se que os veículos que utilizam motores Diesel tendem a emitir mais PM e NOx. As maiores ineficiências tendem a ocorrer durante os regimes transientes, conduzindo a episódios de elevadas emissões (Heywood 1988), as quais podem ser reduzidas quer através da melhoria das tecnologias de controlo das emissões dos veículos (Schafer and Basshuysen 1991) (por exemplo, queima do combustível mais limpa ou limpeza dos gases de escape antes deles 56 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS deixarem os gases de escape) quer melhorando as condições de operação dos veículos (por exemplo, evitando condições de operação que conduzam a elevados níveis de emissões) quer ainda ambas as soluções. O desenvolvimento da tecnologia dos motores foi conseguido especialmente através da inclusão de turbo-compressor e injecção directa de combustível. Mais recentemente, surgiram grandes evoluções nos motores a gasolina com uma nova geração de variadores de fase, que permitem a variação simultânea dos instantes de abertura e a amplitude de levantamento de válvulas. O sistema Valvematic da Toyota, muito semelhante ao Valvetronic da BMW, permitiu reduções de 10 a 26% nos consumos e emissões e um aumento de potência entre 14 e 20 %, em função do regime de funcionamento do motor de ignição comandada. As grandes evoluções mais recentes em motores Diesel centraram-se no desenvolvimento de novos injectores piezoeléctricos e de pressões superiores de injecção, o que só por si explica a diminuição dos consumos até 10%. Posteriores melhoramentos podem tornar-se possíveis através de motores de ignição por compressão de carga homogénea. Prosseguindo neste objectivo, os investigadores têm estado a pesquisar novos modelos de combustão, bem como a melhoria dos catalisadores de correcção dos gases de escape. Um destes novos modos de combustão é a ignição por compressão pré-misturada de baixa temperatura, vulgarmente designada por PCI (Premixed Compression Ignition). Este modelo utiliza grandes quantidades de EGR para aumentar o atraso de ignição, deixando tempo para que ocorra um elevado grau de mistura combustível-ar de forma a garantir uma carga mais homogénea e mais baixa temperatura de combustão. As emissões de PM são baixas em consequência da redução da pirólise do fuel em precursores de fuligem e as emissões de NOx são reduzidas pela manutenção das temperaturas de combustão abaixo do limiar de elevada formação de NO. Porém, o processo PCI aumenta o consumo de combustível e as emissões de CO e HC, o que pode indiciar a necessidade de utilização de catalisador de oxidação Diesel, vulgarmente identificado por DOC (Diesel Oxidation Catalyst) normalmente à base de platina. Também pode ser utilizado o ródio. O aumento de combustível é o resultado das maiores perdas de bombagem, retardamento da combustão e eficiência da combustão mais baixa. A temperatura mais baixa da chama, o excesso de empobrecimento e o aumento do choque do combustível injectado (uma relação de compressão mais baixa, da ordem de 16:1, conduz a um aumento da penetração do combustível), aumenta as emissões de CO e HC. Neste contexto, a nível do projecto, foi desenvolvido na Universidade de Michigan um motor automóvel de tipo Diesel de ignição por compressão de pré-mistura que opera a baixa temperatura (Bohac et al. 2006). Permite, simultaneamente, reduzir as partículas de matéria PM e os NOx. Em contrapartida, os níveis de emissões de CO e do total de hidrocarbonetos (THC) aumenta relativamente ao motor Diesel convencional, o que pode conduzir à necessidade de um catalisador de oxidação Diesel (DOC) e de um filtro de NOx pobre, LNT (Lean NOx Traps) que, além das partículas, retém os NOx quando funciona com mistura pobre e reduz estes óxidos para Azoto (N2) sob condições de mistura rica. A taxa de compressão pode baixar de 19:1 para 16:1 e o arrefecedor de EGR foi substituído por um permutador de calor que arrefece o EGR para uma temperatura próxima da do líquido de arrefecimento do motor. Estas alterações foram implementadas para aumentar o atraso de ignição, melhorar a mistura ar/combustível e baixar a temperatura de combustão. Esta investigação alerta para o facto da regulação das emissões se estar a tornar progressivamente mais restritiva, particularmente para as emissões de NOx e PM. 57 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Na investigação desenvolvida por (Jacobs 2005) é focado o desenvolvimento com sucesso de uma abordagem de base científica, com a concepção de um motor Diesel com pré-câmara, funcionando com misturas menos empobrecidas, que produz mais baixos níveis de emissões de NOx e PM ao mesmo tempo que minimiza a penalização de consumo de combustível, em contraste com o aumento dos níveis de emissão de hidrocarbonetos (HC) e monóxido de carbono (CO). Contudo, uma redução de 93% nos níveis de NOx, combinado com um decréscimo de 79% nas emissões de PM, coloca a calibração do motor recentemente desenvolvido dentro dos objectivos propostos na pesquisa. As principais características que distinguem tal estratégia têm por base uma combustão pré-misturada de baixa temperatura. Ambas as características resultam da transferência do regime de combustão para uma região dos mapas de emissões onde ocorrem reduções simultâneas nos níveis de NOx e PM, destronando, portanto, o tradicional antagonismo verificado na variação para os dois poluentes, ou, o que é equivalente, alterando a relação de variação PM/NOx associada aos motores Diesel convencionais. Quanto ao aumento de 5% no consumo de combustível, em relação à estratégia de combustão convencional, é referido que talvez possa ser parcialmente recuperado, através de intervenção na optimização da parte do motor compreendida entre turbocompressor e a câmara de combustão, bem como do design desta última. Os elevados níveis de CO formados, da ordem de 5%, são utilizados na regeneração dos NOx. Está entretanto a generalizar-se o sistema de start/stop, pelo menos em veículos ligeiros, mesmo a Diesel. Admite-se que tal solução não demore muito a ser aplicada nos pesados, sobretudo os mais envolvidos no tráfego urbano, tais como os autocarros. Enquanto, por um lado, continua a ser feito um grande esforço no sentido de minimizar a formação dos referidos poluentes, na generalidade dos casos torna-se indispensável recorrer a alguma forma de pós-tratamento, tendo em vista o cumprimento da legislação sobre emissões. Tornou-se necessário recorrer a tecnologias especiais de pós-tratamento para PM e NOx, de forma a cumprir antecipadamente com o EURO V. Equipam actualmente os veículos Diesel ligeiros uma variedade de filtros de partículas Diesel (Diesel Particulate Filters - DPF). Foram também utilizados catalisadores pobres de NOx e catalisadores de redução selectiva (Selective Catalytic Reduction - SCR). O pós-tratamento de CO e HC é atingido utilizando Catalisadores de Oxidação Diesel (Diesel Oxidation Catalyst - DOC) (Heywood 1988). Porém, estes dispositivos só se tornam efectivos após ser atingida a sua temperatura normal de operação ( 350 ºC), o que se traduz num aumento de emissões durante os arranques a frio. A redução de NOx passou a ser tecnicamente possível em regime de combustão pobre de motores Diesel com o catalisador de NOx pobre que constitui uma área em rápido desenvolvimento. As emissões de partículas são actualmente controladas através da utilização de Filtros de Partículas Diesel (Diesel Particulate Filter - DPF). Os DPF tornaram-se a tecnologia padrão nos novos veículos garantindo significativa redução nas emissões de PM. Contudo, alguns veículos não equipados com esta tecnologia permanecerão em actividade por muitos anos. Estes avanços tecnológicos nas tecnologias de pós-tratamento podem ser combinados com aperfeiçoamentos avançados no sistema de tracção, tais como as configurações de tipo híbrido-eléctrico, esperando-se que conduzam a grandes melhorias no ano de 2020. A Daimler Chrysler prevê que se possam iniciar as vendas comerciais de veículos de emissões zero por volta do ano de 2012, mas que, apesar dos esforços, os veículos a pilha de combustível terão uma quota de mercado de um dígito pelo menos, até ao ano de 2020. Os novos sistemas oferecem a possibilidade de controlar o motor de forma que opere sempre de maneira eficiente 58 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS e limpa. Contudo, no presente, constituem opções de grande complexidade, com excesso de peso e elevado custo. No limite, os veículos híbridos podem também operar no modo exclusivamente eléctrico. No que respeita ao pós-tratamento de gases de escape, os artigos de (Yogo and Ishikawa 2000) e (Suzuki and Matsumoto 2004) analisam o progresso e o desenvolvimento de catalisadores para veículos Diesel. O progresso recente e as tendências na tecnologia ambiental de catalisadores encontram-se referenciados no primeiro, sendo preconizada a opção por funções híbridas. A garantia de gases de escape isentos de poluição, especialmente em zonas residenciais, passará pelo desenvolvimento de catalisadores ambientais tais como foto-catalisadores de óxido de titânio que, para além das habituais funções de oxidação e redução, apresentam características anti-microbianas e controlo de odores. Os fotocatalisadores estão já a surgir com uma nova e vasta gama de aplicações. O segundo conclui da capacidade de desenvolvimento e garantia de eficiência de tais sistemas para um tempo de vida de 100000 km. Contudo, a pesquisa não referencia informações adicionais após este período de utilização. Existem várias opções tecnológicas disponíveis com inclusão de respostas ao facto das PM, ao serem depositadas, aumentarem a perda de carga no sistema de escape e conduzirem ao decréscimo do desempenho do motor. Nelas percebe-se uma eventual necessidade de desenvolver tecnologias que combinem uma elevada eficiência de retenção de partículas com uma baixa queda de pressão. Neste âmbito, têm vindo a ser encontradas soluções com catalisadores de oxidação Diesel que reduzem com elevada eficiência as emissões de HC e CO. A redução das emissões de NOx, resultantes de operação do motor a carga elevada, onde o PCI se pode tornar impraticável, pode ser conseguida com a incorporação de um filtro NOx pobre, referenciado por LNT (lean NOx trap). Um LNT absorve NOx em condições de misturas pobres, reduzindo-o em condições de misturas ricas. Os modernos motores Diesel apresentam-se equipados com sistema de injecção de alta pressão tipo common rail (rampa comum), que facilita um melhor controlo da mistura combustível/ar e oferece significativas vantagens ao nível de desempenho, eficiência energética e emissões gasosas. O correcto instante da injecção do combustível, relativamente à posição do pistão no seu tempo de compressão, é influenciado pelo volume de combustível injectado, a taxa de injecção e o tempo necessário para que o combustível se vaporize e misture com o ar. Por consequência, o combustível Diesel é controlado para garantir propriedades de ignição dentro duma amplitude especificada, sendo classificado pelo seu número de cetano. Os ajustamentos no tempo de injecção têm um forte efeito na formação de poluentes, com o nível de NOx a revelar-se significativamente aumentado quando a injecção é avançada (antecipada) em relação ao Ponto Morto Superior3. Num motor Diesel, o volume de combustível injectado por ciclo operativo, explica quase totalmente o valor do binário motor. Em termos termodinâmicos, o máximo binário motor por ciclo é uma função da relação entre o pico de pressão no cilindro e a pressão de expansão no final do tempo de escape. Em muitos dos modernos motores CI, existe uma proporção de gases queimados que é recirculada ou retida na câmara de combustão para diluir a mistura fresca ar-combustível. Esta 3 O ponto morto superior de um motor, corresponde à posição do pistão, mais próxima da cabeça 59 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS técnica é conhecida como Recirculação dos Gases de Escape, (EGR). O EGR reduz o pico de temperaturas durante a combustão e é usado como um meio para controlar as emissões de NOx. O rácio de EGR é definido como: EGR = megr mt *100 (Eq. 2.82) Onde, megr é a massa de gases recirculados. mt é a massa total da mistura admitida (incluindo a massa de EGR). São comuns rácios de EGR até 50%. O rácio vai sendo ajustado às condições de operação do motor com o máximo EGR a ser usado a baixas cargas (Bauer et al. 2007). O processo de EGR pode ser realizado quer mantendo a válvula de escape aberta durante o tempo de admissão do pistão (EGR interna) quer, mais habitualmente, através da utilização de uma válvula de controlo, que permite a passagem de uma fracção dos gases de escape para o colector de admissão (EGR externa) (Bauer et al. 2007). A válvula pode ser operada por vácuo ou por accionamento eléctrico. Uma forma de melhorar a potência de um motor é através de indução forçada, onde o ar de admissão é comprimido, aumentando a sua densidade. Procura-se assegurar que uma maior massa de ar seja processada por ciclo operativo, para um determinado valor de cilindrada. A turbo-compressão é uma técnica utilizada para o efeito. A pressão residual existente no fluxo de gases de escape ao passar nas pás de uma turbina permite a recuperação de energia que é utilizada para accionar um compressor ligado na admissão de ar ao motor. Um turbocompressor bem concebido permite aumentar a eficiência e a potência específica do motor. Contudo, a turbo-compressão levanta alguns desafios. O aumento do fluxo de ar e de combustível reflecte-se num maior nível de pressão de admissão, conduzindo a um maior caudal de gases de escape, o que leva à existência de uma maior contrapressão. A pressão de admissão deve ser limitada para evitar exceder a pressão máxima tolerada pelo bloco, junta e cabeça do motor. Um bypass ou wastegate é muitas vezes usado para restringir o fluxo através da turbina e, por consequência, para restringir a intensificação da pressão gerada. Foram estabelecidas correlações de dados de inspecção e manutenção com os factores de emissão, especialmente nos veículos mais poluidores (Wenzel and Ross 1996). A prossecução de tais objectivos pode ser abordada através de técnicas de teste a bordo, a custos moderados, que ofereçam a possibilidade de recolha de dados de uma vasta selecção de veículos sob uma larga gama de condições de operação. Chegaram mesmo a ser desenvolvidas técnicas de identificação de veículos mais poluentes (Choo et al. 2007). Uma importante avaliação das inovações tecnológicas é efectuada por (Brahma 2006), na sua tese PhD, onde descreve que, ao longo da última década, modernas tecnologias tais como a Injecção Directa (DI), a Recirculação dos Gases de Escape (EGR), a Turbo-compressão de Geometria Variável (VGT) e a injecção de combustível de Alta Pressão por Rampa Comum ou Common Rail (HPCR), têm vindo a reduzir o diferencial entre motores Diesel e motores de ignição por faísca (SI) em termos de impacto ambiental. Estas melhorias nos motores Diesel estão associadas a vários desafios. Brahma refere que têm sido extensivamente pesquisados métodos de controlo multivariados no controlo por retroacção do fluxo de ar de alimentação do 60 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS motor. O controlo de alimentação de combustível tem sido objecto de outros constrangimentos, devido à inexistência de sensores apropriados, especialmente na vertente da detecção dos níveis de NOx. A dissertação explora e destaca o papel das metodologias para modelação e controlo por retroacção na gestão da relação NOx/BSFC (Best Specific Fuel Consumption). Nesta pesquisa são modelados dois diferentes tipos de sub-sistemas de um motor Diesel comum de alta velocidade com base em variáveis de entrada escolhidas. (,/,2 $% À luz das crescentes preocupações, foi introduzida legislação cada vez mais restritiva ao longo dos últimos 30 anos (EU 2000), com controlos das concentrações de espécies poluentes gasosas e da concentração de partículas em suspensão de menores dimensões, especialmente resultantes da actividade do transporte rodoviário. Também o ruído tem vindo a ser objecto de rigorosa vigilância no sentido de não serem ultrapassados os limites definidos na homologação dos veículos e que consta do livrete de registo. A tipologia de testes de aprovação, levados a efeito em instalações de teste de emissões equipadas com chassis dinamométrico, também designado por banco de rolos, não permite uma repetibilidade intensiva em condições de homologação. No que concerne à emissão de partículas, a regulamentação inicial foi estabelecida em termos de PM10, mas subsequentes pesquisas têm conduzido à avaliação de partículas finas (PM2,5) e ultra finas (PM0,1). De acordo com o (Livro-Verde 2007), ao nível da União Europeia as PM2,5 foram responsáveis, no ano 2000, por 3,62 milhões de anos de vida perdidos, o equivalente a 350000 mortes prematuras. Refere ainda como objectivo a redução deste impacto em 47% a ser atingido no ano de 2020. A entrada em vigor, em Outubro de 2008, da legislação EURO V, traduziu-se na implementação de um limiar muito mais baixo para os NOx. Apesar de tudo ainda deixa margem para prosseguir com a mitigação das emissões destes compostos, com a introdução de novas tecnologias ecologicamente avançadas. Presentemente, os EEV em relação aos veículos que cumprem com a legislação EURO V, apenas incorporam mais um filtro passivo de partículas. Já se coloca a hipótese de mais uma acentuada redução dos níveis de NOx quando vier a ser aprovada a legislação EURO VI, falando-se em 0,4 g/(kWh) o que corresponderá a um quinto do limiar actual. Em Dezembro de 1998, foram publicadas Directivas referentes a emissões de veículos ligeiros de passageiros e comerciais ligeiros (98/69/CE) e sobre a qualidade dos combustíveis (98/70/CE). Esta última Directiva estabeleceu a redução drástica da quantidade máxima de enxofre nos combustíveis a partir do ano de 2005, ao impor para a gasolina e gasóleo o mesmo limite de 50 ppm quando, antes, os limites se situavam em 100 e 300 ppm, respectivamente. O regulamento 89/458/CEE já havia estabelecido limites para o consumo máximo de combustível. A história do controlo das emissões no sector dos veículos pesados é muito mais curta do que a dos veículos ligeiros de passageiros, exceptuando uma Directiva inicial que restringia a visibilidade dos fumos (72/306/CE). O primeiro limite na massa de emissões de poluentes gasosos foi introduzido pela Directiva 88/77/EEC. Os limites foram actualizados pela Directiva 61 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS 91/542/CEE, a qual restringiu os limites de emissões a adoptar em 1993 e 1996. Foram também introduzidos limites para as emissões de partículas através das referidas actualizações e, posteriormente, pela Directiva 96/1/CEE. De forma a cumprir as normas de emissões cada vez mais restritivas, os modernos veículos empregam já sofisticados sistemas de controlo das emissões. As normas de emissões Euro V foram publicadas em 2005 e foram implementadas em modelos a homologar a partir do último trimestre do ano de 2008 (EU 2005b). Estas normas devem ser satisfeitas não só em veículos novos, mas também durante a sua vida útil (definida como 5 anos ou 100000 km). Vários programas tiveram como alvo a implementação de medidas de política internacional, tais como o programa Auto-Oil, iniciado em 1992, com incidência ao nível das tecnologias de veículos, qualidade do combustível, controlo das emissões por evaporação, programas de inspecção e manutenção (LAT et al. 1998), políticas de preços e transportes públicos. Posteriormente, a Comissão Europeia apresentou em 1996 a sua estratégia para um posterior controlo das emissões dos transportes rodoviários. Mais tarde, foi proposto estabelecer um novo programa (AUTO-OIL-II 1997), que veio a iniciar-se em 1997. Pela análise dos resultados e conclusões dos Programas Auto-Oil, percebe-se que foram realizados progressos consideráveis e que estava em vista o desenvolvimento de normas futuras para viaturas pesadas. Levando em consideração os resultados dos Programas Auto-Oil, têm sido realizados consideráveis progressos com vista ao desenvolvimento de normas futuras para viaturas pesadas. Em termos das tecnologias dos motores Diesel, para atingir os limites estabelecidos no Euro V, tornou-se necessário a introdução de veículos ecologicamente avançados, EEV, (Environmentally Enhanced Vehicle), com recurso a filtros de partículas e catalisadores de óxidos de azoto (NOx) com injecção de “AdBlue”. O “AdBlue” é utilizado por uma tecnologia avançada de controlo da poluição instalada no sistema de escape, denominada por Redução Catalítica Selectiva (SCR). O EURO VI ainda se encontra em fase de grande imaturidade, prevendo-se que venha a ser aplicado 5 anos depois do EURO V ou seja em 2014. É neste contexto que se focaliza a presente tese, em que se procura encontrar uma solução para um problema ecológico, através de um contributo para a mitigação do impacto das emissões poluentes dos transportes rodoviários, oriundas de autocarros em meio urbano. Existe uma grande preocupação a nível mundial pela ausência de normalização na apresentação dos resultados obtidos sobre emissões de veículos, o que dificulta muitas vezes a sua comparação. A estimação do impacto das emissões na qualidade do ar é o resultado da combinação de dois factores, um dos quais é o caudal de emissões e o outro a frequência de ocorrência. Por sua vez, o caudal de emissões resulta das seguintes características de desempenho do veículo: a) Emissões específicas, referidas habitualmente em (kg/(kW.h)) e; à potência disponível no freio, avaliada b) Eficiência do veículo quando em operação, referente à potência do motor disponível no freio ((kW.h)/km). O seu valor depende da relação de transmissão e dos rendimentos da caixa de velocidades e restantes órgãos de transmissão de potência às rodas. A multiplicação destes dois factores fornece o rácio de emissões por unidade de distância (kg/km). No estudo (MOBILE et al. 2004) é modelada a obtenção destes factores com base no uso dos veículos, estimando as alterações nos níveis de emissões, ocorridas por evolução de 62 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS estados associados a veículos novos para estados progressivos de degradação, partindo sempre do pressuposto de que o veículo tem uma manutenção adequada. A título de exemplo, (Khan 2005) reforça o facto de, presentemente, ainda não se encontrar disponível uma base de dados de emissões de gases de escape suficientemente rica para descrever os impactos dos veículos pesados quando imobilizados a trabalhar ao ralenti. Nesta investigação, foi desenvolvido um dos mais completos conjuntos de resultados sobre o tema. É pressuposto que em trabalhos futuros seja possível utilizar tais elementos na quantificação do impacto de futuros programas de redução de poluentes quando os veículos operem ao ralenti. Contudo, e face a uma possível generalização do sistema de start / stop, pelo menos em veículos ligeiros, mesmo a diesel, é provável que não demore muito para que este sistema seja aplicado nos pesados, sobretudo os mais envolvidos no tráfego urbano, como os autocarros. A crescente optimização tecnológica de motores de combustão interna, especialmente ao nível do seu sistema de alimentação de combustível, só foi possível com a implementação de legislação mais restritiva do ponto de vista dos impactos ambientais. O mercado soube mesmo antecipar a comercialização de novos produtos derivados do petróleo com maior grau de pureza, mediante a prévia implementação da Directiva europeia 98/70/EC, cuja entrada em vigor seria apenas a partir de 1 de Janeiro de 2009. Esta legislação aponta para uma redução de 10% nas emissões de gases com efeito de estufa, originados pela produção, transporte e utilização de combustíveis, entre 2011 e 2020. Tal objectivo, corresponde ao corte de 500 milhões de toneladas de CO2 até 2020, que é equivalente ao total de emissões combinadas de Espanha e Suécia durante o ano de 2007. Esta normativa resulta na limitação da percentagem de enxofre no combustível a 10 ppm. A legislação em vigor, a nível de emissões de veículos, corresponde à norma Euro V, previamente aplicada na homologação de veículos requerida a partir de 1 de Setembro de 2009 e no registo e venda de novos tipos de veículos quando tal acto tenha ocorrido a partir de 1 de Janeiro de 2011. No âmbito da União Europeia, para veículos ligeiros, do tipo CI a gasóleo (classe M1), as normas de emissões evoluíram de uma forma bastante restritiva, desde 1992 (tabelas 2.14 e 2.15) (EU, 2002) (Wikipédia, 2009-06-15). Norma Data CO (g/km) HC+NOx (g/km) NOx (g/km) PM (g/km) EURO I 1992-07 2,72 0,97 - 0,14 EURO II 1995-01 1,0 0,70 - 0,08 EURO III 1999-01 0,64 0,56 0,50 0,05 EURO IV 2005-01 0,50 0,30 0,25 0,025 * 2008-07 0,50 0,25 0,20 0,005 EURO V Tabela 2.14 - Limites de emissões poluentes em veículos ligeiros de passageiros tipo Diesel (Classe M1) Em veículos pesados accionados por motores Diesel, as normas de emissões incluem limites para CO, NOx, HC e NOx combinados e PM (EU, 2002). 63 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS FASE DATA TESTE EURO 0 1988 ECE R-49 EURO I 1992 < 85 kW 1992 > 85 kW EURO II EURO III Out 1996 Out 1998 Out 1999 Apenas EEVs ECE R-49 ECS e ELR Out 2000 EURO IV Out 2005 EURO V Out 2008 EURO VI Out 2014 ECS e ELR ESC-European Stationary Cycle CO (g/kWh) HC NOx (g/kWh) (g/kWh) PM (g/kWh) 12,3 2,6 15,8 4,5 1,1 8,0 0,36 4,9 1,23 9,0 0,4 4,0 1,1 7,0 0,25 4,0 1,1 7,0 0,15 1,5 0,25 2,0 0,02 2,1 0,66 5,0 1,5 0,46 3,5 0,10 0,13* 0,02 1,5 0,46 2,0 0,02 1,5 0,13 0,4 0,01 ETC-European Transient Cycle OPACIDADE -1 (m ) 0,15 0,8 0,5 0,5 ELR-European Load Response * - hidrocarbonetos não metânicos. M2-Veículos de passageiros com 8 lugares sentados, mais o condutor e massa máxima ≤ 5T / M3-Veículos de passageiros com mais de 8 lugares sentados, mais o condutor e massa máxima > 5T / N - Veículos de mercadorias * Para motores com cilindrada unitária inferior a 0,75 dm3 por cilindro com velocidades de rotação superiores a 3000 min-1 Tabela 2.15 - Normas de emissões na União Europeia para veículos pesados Diesel A norma Euro VI será aplicada na homologação de todos os tipos de veículos, cujos processos sejam submetidos a partir de Outubro de 2014 e no registo e venda de novos tipos de veículos quando tal acto venha a ocorrer a partir de 1 de Janeiro de 2015. Os limites que são aplicáveis a um veículo específico são determinados pelo tipo de veículo, sua dimensão (motor ou peso bruto) e respectivo ano de fabricação. Os valores limite de opacidade dos gases de escape, que servem de referência aos testes realizados nos centros de inspecção, em Portugal, encontram-se inseridos na tabela 2.16. São os aplicados a veículos Diesel pesados, camiões e autocarros (Controlauto – Centro de Inspecção de Coimbra). Quanto à legislação de impactos a nível de sinistralidade, foi transposta para a ordem jurídica interna a Directiva 1999/98/CE, pelo Decreto-Lei nº 226/2001 de 17 de Agosto, que transcreve o Regulamento sobre a Protecção dos Ocupantes e onde se enquadram as disposições administrativas relativas à homologação de um modelo de veículo. 64 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS -1 Valores de opacidade referentes a autocarros (m ) Antes de 1980 – 01 – 01: Aprovado Corrigir disfunção até à próxima inspecção Rejeitado < = 4,5 > 4,5 to 5,0 > 5,0 < = 4,0 > 4,0 to 4,5 > 4,5 Aprovado Corrigir disfunção até à próxima inspecção Rejeitado Com turbocompressor < = 3,0 > 3,0 to 3,5 > 3,5 Sem turbocompressor < = 2,5 > 2,5 to 3,0 > 3,0 Com turbocompressor Sem turbocompressor Após 1980 – 01 – 01 e antes de 1993 – 01 – 01: Após 1993 – 01 – 01: Aprovado Rejeitado Com turbocompressor < = 3,0 > 3,0 Sem turbocompressor < = 2,5 > 2,5 Tabela 2.16 - Valores limite de opacidade referentes a autocarros com motor Diesel A nível de legislação de ruído encontra-se em vigor um conjunto de Directivas Europeias que foram transpostas em 17.01.2000 para a legislação nacional. A primeira Directiva do Conselho Europeu remonta a 6 de Fevereiro de 1970. Foi sucessivamente melhorada e actualizada por várias Directivas, sendo a última delas a Directiva 1999/101/CE da Comissão Europeia, publicada em 15 de Dezembro de 1999. Teve ainda alterações decorrentes de três actos de adesão de vários países entre os quais Portugal. A investigação faz uma avaliação geral dos níveis de ruído e da sua variação não só nas condições prescritas nas especificações mas também uma medição na proximidade do motor. O documento refere para o primeiro ensaio o seguinte: “executa-se um ensaio com o veículo imobilizado para determinar um valor de referência destinado às autoridades que utilizam este método para o controlo dos veículos em circulação”. (,/,3 # $% 0 As actuais metodologias susceptíveis de serem utilizadas na avaliação das emissões poluentes e que suportam a predição de limites críticos ambientais e disfunções associadas permitem a adopção de várias formas de avaliação, nomeadamente: • Veículo imobilizado, com o motor a funcionar sem carga; 65 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS • Motor desacoplado do veículo e ensaiado em freio dinamométrico; • Veículo testado sobre freio de rolos de medição de potência (chassis dinamométrico); • Técnica de monitorização das emissões em estrada ou técnica de detecção remota de poluentes; • Veículo com sistemas de monitorização de emissões a bordo do veículo; • Sistema de diagnóstico de bordo (OBD - On-Board Diagnosis). Este último surge integrado no veículo pelo fabricante, constituindo outra forma de identificar falhas. Interfaces standardizados permitem aos concessionários e oficinas acreditadas interpretar os códigos de falhas e reparar ou substituir componentes relevantes. Em anos recentes, as técnicas de monitorização a bordo têm recebido uma especial atenção (Cadle et al. 2008). Este sistema de identificação de disfunções, requer a cooperação dos proprietários dos veículos, pois podem mostrar-se relutantes em visitar as empresas de reparação e manutenção especializadas, com receio de que lhes possam ser apresentadas elevadas contas de reparação. Para além destas vantagens, os sistemas OBD, que deverão ser implementados em desenvolvimentos futuros, dispõem de uma ECM (Electronic Control Module) que recolhe uma grande quantidade de dados, associados ao desempenho do veículo e do motorista. Pode mesmo incluir a possibilidade de ligação dos sistemas de diagnóstico dos veículos a centrais de controlo de frotas e redes de transportes, as quais operam em coordenação com o departamento de manutenção das próprias empresas operadoras ou mesmo com empresas subcontratadas, especializadas em manutenção. Toda a logística assenta em equipamentos de transmissão e recepção de dados sem fios (wireless) com protocolos específicos e ou IP. A permuta de dados pode ser efectuada via protocolo de comunicação J1708 (J1708 serial-data protocol) ou, mais frequentemente, através da utilização do protocolo CAN (Controled Aerial Network) desenvolvido pela Bosch. Permite a transmissão de dados on-line através de um modem de tecnologia GSM, semelhante aos utilizados pelas redes de telemóvel. Com estas tecnologias, torna-se possível que os veículos estejam em observação permanente, conseguindo, portanto, a detecção precoce da evolução dos processos de degradação. Um dos aspectos que enfatiza o valor acrescentado da presente tese, reside no facto de propor a implementação de técnicas que não só permitem a detecção de indicadores de saúde do sistema (Wireman 1999) com base em variáveis de condição que integram sistemas de diagnóstico convencionais, mas também passarem a incluir a monitorização de indicadores de impacto ambiental. Na técnica de monitorização das emissões em estrada, ou técnica de detecção remota de poluentes, é efectuada a medição das características de emissão em cada veículo que passa num determinado local, sendo a ordem de avaliação desencadeada pela passagem do próprio veículo. Utiliza-se um equipamento colocado na berma da estrada, para medir as emissões à passagem de cada viatura, tendo vindo a ser desenvolvida uma variedade de dispositivos de controlo remoto que podem medir as taxas de emissões de PM, NO, CO e HC, em veículos que passam no local onde se encontra o feixe luminoso de medição (Kuhns et al. 2003) (Mazzoleni et al. 2004). A robustez das técnicas de controlo remoto assenta na sua capacidade em recolher amostras de milhares de veículos, de forma relativamente económica, em condições de operação no mundo real. Contudo, os locais de monitorização são limitados a sítios onde possa ser acompanhada uma faixa de tráfego simples. Além disso, os locais devem 66 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS ser seleccionados cuidadosamente para minimizar a influência das emissões em situações de arranque a frio. A possibilidade de leitura selectiva e diferenciada, poderá vir a permitir o desenvolvimento não apenas de modelos genéricos e recomendações de procedimentos de manutenção e de gestão da exploração de frotas, mas também elaboração de modelos específicos em determinados tipos de veículos. Pode ainda ter um papel singular na gestão de tráfego e em estudos de impacto ambiental a nível global. A concentração de um determinado poluente é calculada pela avaliação do grau com que os fumos de escape de um veículo absorvem energia em diferentes bandas de frequência. Estas soluções podem ser combinadas com um módulo de medição da velocidade do veículo e com um sistema automático de reconhecimento da chapa de matrícula a integrar numa base de dados referente à propriedade do veículo. Estas novas opções têm um enorme potencial de aplicação na implementação de programas de inspecção e manutenção detectiva, com os veículos em serviço. Naturalmente que estes produtos ainda se encontram em fase embrionária, e este é um desafio acrescido que é hoje sustentado pelo modelo informático concebido no âmbito dos pressupostos defendidos na presente dissertação. Nas boas práticas implementadas a nível internacional, o estudo desenvolvido na área metropolitana de Phoenix permite uma avaliação de valores de emissão médios detectados, incorporando mesmo o efeito do declive dos arcos de rede (Pokharel et al. 2002). Esta análise considera apenas as emissões a quente (Corvalán et al. 2002) e, consequentemente, exclui todos os casos em que a temperatura do bloco do motor seja inferior a 90 ºC. Para garantir a exequibilidade destes projectos científicos, presentemente, encontram-se disponíveis no mercado diversas tecnologias de medição de emissões gasosas, adequadas aos diferentes tipos de efluentes: a) Medição de CO e CO2 - Geralmente é medido utilizando espectroscopia não dispersiva de infravermelhos (NDIR – Non Dispersive Infra Red). A espectroscopia é uma técnica utilizada para avaliar a concentração ou quantidade de uma dada espécie. Estuda a interacção entre radiação e matéria através de uma função de comprimento de onda ou frequência. Por sua vez a espectroscopia de infravermelhos oferece a possibilidade de identificar diferentes tipos de ligações inter-atómicas através das suas diferentes frequências. A detecção de uma molécula específica pode ser conseguida através da absorção ou emissão de uma luz de determinado comprimento de onda. Na medida em que a interacção entre um fotão com um determinado comprimento de onda e uma determinada molécula é um evento independente, o grau de interacção é, por um lado, proporcional ao número de fotões e, por outro, ao número de moléculas de um gás específico. Na técnica NDIR são aplicados filtros ópticos para limitar o espectro de luz à entrada. Estes filtros, não são mais do que janelas de restrição à entrada de “ruído” no sentido de assegurar uma reduzida interferência de outros gases. Por conseguinte, nenhuma separação espectral adicional (dispersão) é aplicada. Em suma, é medida a absorção bruta pelo gás cuja concentração se pretende conhecer. Os equipamentos podem ser calibrados incorporando células de gás de composição conhecida no fluxo de luz e analisando a respectiva atenuação. b) Medição de HC - A espectroscopia NDIR é sensível relativamente aos hidrocarbonetos mais simples, mais leves, sendo normalmente utilizada para detectar as emissões de HC de veículos movidos por motor Diesel, em programas de inspecção e manutenção de veículos. Porém, para medições mais detalhadas e em 67 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS emissões de HC produzidas por motores a gasolina, é utilizado o detector de ionização de chama (FID - Flame Ionization Detector). Este detector necessita de linhas de amostragem aquecidas a 190±10 ºC, pelo que também é designado por HFID (Heated Flame Ionization Detector). A espectroscopia NDIR, sobrestima os valores medidos em 35 % o que obriga a uma calibração específica. c) Medição de NOx - Pode ser conseguida recorrendo a três diferentes tecnologias: Célula electroquímica, detector de quimio-luminescência CLD (ChemiLuminescent Detector) ou raios ultravioletas não dispersivos NDUV (Non Dispersive Ultra Violete). O analisador de gases de escape adquirido no âmbito da presente dissertação utiliza um kit com detector de quimio-luminescência, cujo princípio de medição tem subjacente o efeito quimio-luminescente que resulta da oxidação das moléculas de NO por moléculas de ozono, segundo a equação química: NO + O3 → NO2* + O2 (Eq. 2.83) O retorno das moléculas de NO2* a um estado químico estável é efectuado por emissão de radiação no espectro de 600-1200 nm, regulado pela seguinte equação: NO2* → NO2 + hv (Eq. 2.84) A medição de radiação é realizada por um tubo fotomultiplicador. O seu sinal eléctrico é amplificado e digitalizado. d) Medição de Opacidade e de PM – Os três métodos mais utilizados na medição de partículas são o processo agregado com base na utilização de filtros, a técnica de dispersão de luz laser e técnicas de medição gravimétricas, em que se inclui a microbalança oscilante de elemento cónico TEOM (Tapered Element Oscillating Microbalance) e a microbalança de cristal de quartzo QCM (Quartz Crystal Microbalance). O primeiro faz uso da capacidade de retenção das partículas que depois são pesadas. O segundo utiliza uma técnica para medir a massa de PM, que consiste num túnel de fluxo parcial, com diluição, equipado com dispositivos ópticos. Pode, inclusivamente, avaliar as propriedades das partículas, através de caracterização da distribuição do número de partículas em função dos diferentes escalões definidos na desagregação por tamanhos. Porém, esta técnica, por se revelar muito sensível à metodologia de amostragem, tem revelado uma fraca consistência nos valores encontrados, quando se comparam medições entre diferentes laboratórios. O número instantâneo de partículas por unidade de volume, que corresponde à concentração em número de partículas, pode ser obtido pelo uso de um Contador de Partículas de Condensação (CPC - Condensation Particle Counter) que, combinado com um Pesquisador de Dimensão de Partículas por Mobilidade (SMPS - Scanning Mobility Particle Sizer), permite conhecer a distribuição por classes de dimensões. Contudo, este procedimento não pode ser levado a efeito em situações de operação transiente quando é exigido um tempo de medição finito em cada gama de medida. Quando é esse o objectivo, deve usar-se o processo QCM que, para além de efectuar a medição instantânea de partículas, apresenta uma extrema sensibilidade que lhe permite medir alterações de um nanograma. A empresa SENSORS, Inc., tem em desenvolvimento um sistema designado SEMTECH-QCM para medição de taxas de emissões de partículas instantâneas (Sensors, 2006c). Este 68 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS equipamento baseia-se numa Microbalança de Cristal de Quartzo de alta frequência (QCM - Quartz Crystal Microbalance) que oferece sensibilidade a um nanograma. Para avaliação das emissões dos transportes, vários estudos foram desenvolvidos, tentando quantificar a correlação entre a opacidade e as emissões mássicas. O objectivo de tais estudos foca-se, quase sempre, na quantificação dos benefícios de um programa de manutenção baseado na inspecção e medição da opacidade dos fumos e, por consequência, no fornecimento de dados úteis para a selecção dos pontos de falha associados à degradação da opacidade dos fumos emitidos por um veículo. No âmbito das técnicas de medição da opacidade, destaque-se a tecnologia de concepção do opacímetro, adequado para medir a quantidade de partículas no ar ou numa mistura de gases. A opacidade N está associada a uma técnica de medição da extinção de luz que quantifica a densidade do fumo emitido por um veículo, encontrando-se a amplitude de medida entre 0-100. O fumo mais negro corresponde ao maior nível de poluição dos gases de escape, do que resulta uma leitura mais elevada da opacidade. Utilizam uma fonte emissora de luz por díodo LED (Light Emitting Diode) usando um detector fotodíodo colocado no alinhamento do feixe, em posição oposta. A presença de matéria no fluxo de luz gera alguma opacidade ou obstrução óptica, que é detectada pela redução na intensidade da luz incidente. A construção dos actuais medidores de opacidade assenta na progressiva melhoria de concepção de protótipos experimentais desenvolvidos em laboratório. A primeira concepção começou por direccionar um feixe de luz, tipo lazer de 680 nm, de cor vermelha, na direcção de uma foto célula, o que origina uma diferença de potencial. A tensão gerada através da foto célula é medida com um multímetro digital. Na experiência laboratorial foram ainda utilizadas séries de filtros de ajuste óptico na análise da variação da intensidade da luz e consequente cálculo do comportamento da célula. No escuro, a célula apresenta uma diferença de potencial de 0,000 mV, enquanto sob altas intensidades apresenta, aproximadamente, 0,400 mV (Wiznia et al. 2006). A relação entre a intensidade da luz e a tensão mostrou ser não linear. Contudo, a muito baixas intensidades da luz a foto célula apresentaria um comportamento linear. Atendendo a que a foto célula apenas apresenta uma pequena amplitude de leitura linear até aos 0,2 V, as leituras tornam-se incomportavelmente imprecisas. Por isso, são efectuadas várias alterações para que o sistema se torne mais preciso. Primeiro, a foto célula é substituída por um foto-transistor. Esta alteração permite a aplicação de um dispositivo de aquisição de dados. Ao mesmo tempo, o foto-transistor apresenta uma amplitude de leitura linear de mais de 2 Volt, o que corresponde a uma dimensão muito superior ao de uma foto-célula. Desta maneira o dispositivo torna-se, de longe, mais preciso e funcional, se bem que o foto-transistor tenha o inconveniente de exigir um fornecimento de potência. Os dados passam a poder ser adquiridos com muito elevada frequência e registados em computador. Depois, em substituição dos filtros de ajuste, foi utilizado um LED brilhante de alta intensidade. O LED revela ser uma excelente escolha por várias razões: Primeiro, o brilho do LED pode ser afinado para um valor que combina com as características do foto-transistor, o que permite que os filtros possam ser removidos. Segundo, o LED permite ser alimentado por um sistema de aquisição de dados e o seu comportamento pode ser monitorizado com um computador. A relação entre a intensidade de emissão de luz e a tensão gerada no foto-transistor pode ser visualizada na figura 2.6 (Wiznia et al. 2006). 69 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Figura 2.6 - Relação linear entre a intensidade de luz de LED e a voltagem no foto-transistor Algumas variáveis referentes à avaliação das emissões dos veículos são as seguintes: •“Transmittance” (T) é a fracção de luz transmitida de uma fonte que alcança um detector de luz. T= I = e − KL I0 (Eq. 2.85) Onde, I0 - Intensidade da luz emitida por uma fonte; I - Intensidade da luz que atinge um detector de luz; K - Densidade de fumo, também designado coeficiente de extinção de luz ou coeficiente de absorção de luz; L - Comprimento efectivo do caminho óptico (cm). Trata-se do comprimento efectivo do opacímetro, entre a fonte de luz e a célula fotoeléctrica. Corresponde ao comprimento do trajecto óptico, preenchido pelo fumo obscurecido, compreendido entre a fonte de luz do opacímetro e o detector. Se não for conhecido o L, deve ser assumido o valor de 0,127 m. A opacidade, N (%) é a percentagem de intensidade de luz emitida pela fonte que é impedida de atingir o detector de luz. A variável N corresponde a uma leitura numa escala linear, sendo, N = 100* 1 − I = 100* (1 − T ) I0 (Eq. 2.86) Substituindo (Eq. 2.85) em (Eq. 2.86), vem N = 100*(1 − e − KL ) 70 (Eq. 2.87) MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS A relação entre a escala linear 0-100 e o coeficiente de absorção de luz, K, pode ser obtida isolando K, o que dá origem à seguinte expressão: k =− 1 N ln 1 − L 100 (Eq. 2.88) De acordo com a norma (SAE_J1667 1996), também é possível determinar os correspondentes valores de concentração de fuligem, através das expressões: Soot Density (mg / m3 ) = Mass Fraction of Soot (mg / kg ) = 109 * K Sp 109 * K 8314,34* Temp * 101325* 28,9 Sp (Eq. 2.89) (Eq. 2.90) O cálculo de Sp (constante de densidade de fumo) pode ser efectuado através da seguinte rotina: Se (Temp<553 Kelvin) então Sp=86400. Por outro lado, se (Temp>=553 Kelvin) e se (Temp<623 Kelvin), então Sp=(348,13*Temp – 106117). Por último, se (Temp>623 Kelvin) então Sp=110769. (Eq. 2.91) O painel de visualização do opacímetro deve permitir a leitura de um coeficiente de absorção de 1,7 m-1 com uma precisão de 0,025 m-1. Vários trabalhos foram desenvolvidos nesta matéria. Desde (Alkidas 1984) foi possível constatar que o número de fumo Bosch aparece razoavelmente bem correlacionado com o total de PM10. Contudo, o número Bosch mostra uma melhor correlação com a fracção não volátil de fuligem contida nas PM10. Note-se que as PM2,5 correspondem a uma classe de medição de partículas mais recente, utilizada em modelos de saúde e na regulamentação ambiental. O medidor de número de fumo Bosch aspira uma amostra de gases de escape através de um filtro de disco, sendo o nível de retenção medido foto-electronicamente pela sua "negridão" e convertido num número de fumo Bosch entre 0,0 (branco) para 9,9 (negro intenso). Mais recentemente, (Morsch and Sorsch 2003), levou a efeito uma investigação para avaliar alguns dos métodos alternativos de medida para carbono elementar (PM). As medições foram levadas a efeito em veículos a Diesel e a gasolina, oriundos de unidades de produção em série. Neste estudo os autores compararam os métodos de medição de massa, termogravimétrico e de incandescência, com as tecnologias de opacimetria, habitualmente utilizadas. No método termo-gravimétrico, os gases de escape passam através de um filtro de papel de massa conhecida no qual as partículas são retidas. Posteriormente, o filtro de papel é seco e pesado, sendo a massa de partículas calculada por diferença. O método reflecte uma sequência não compatível com medições instantâneas de emissões. 71 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS O estudo encontrou uma correlação excelente entre medições de caudal mássico ou gravimétrico de partículas e as medições baseadas na opacidade, com correlações superiores a 0,992. A equação a que chegaram foi a seguinte: Thermo − Gravimetry g / m3 = 0, 2381. Opacity m −1 (Eq. 2.92) Para além disso, o método de incandescência induzido por laser, usa um feixe laser ou sensores foto-acústicos, para excitar as partículas de fuligem do fluxo de escape, em que a incandescência (luz) resultante é medida e calibrada com a dimensão e massa das partículas. O método permite medições em tempo real de elevada resolução (ordem de 0,05 segundos). Outros estudos vieram a estabelecer relações entre as emissões de carbono elementar (EC) e o número de fumo Bosch. A investigação (HSE 2004) refere ter identificado a seguinte relação: ΕC [ g ] = Exp {3.24 − (0, 6169* Smoke Νumber ) + (0,81 ∗ ( Smoke Νumber ) 2 )} (Eq. 2.93) Finalmente, a medição foto-acústica utiliza uma fonte laser para excitar uma amostra de fluxo de gases de escape e avalia as alterações nos sinais acústicos. Estes sinais são depois calibrados para um caudal mássico de partículas. Para além das tipologias referidas, foram também desenvolvidos outros equipamentos simples de monitorização de partículas, com incorporação de outros métodos ópticos (por exemplo, opacímetro por dispersão de luz). As tecnologias adoptadas pelos equipamentos de medição de emissões poluentes de escape, utilizados no âmbito da tese, são as seguintes: a) Analisador de gases Mede os valores de monóxido de carbono, CO, dióxido de carbono, CO2 e hidrocarbonetos, HC, através de um sistema de absorção de infravermelhos. O teor de O2 é medido através de uma célula electroquímica que pode ser mudada pelo operador. Por sua vez os teores de óxido de azoto, NO, são medidos através de uma célula electroquímica. Esta célula não pode ser mudada pelo operador. Para além de efectuar as medições aos gases de escape, o equipamento mede o valor do coeficiente de excesso de ar, λ , também designado por lambda da mistura arcombustível. O cálculo baseia-se na equação de Brettschneider. [CO2 ] + [CO ] + 2 λ= [O2 ] + 1, 510 − 0, 0088 * ([CO ] + [CO2 ]) CO ] [ 3, 5 + [CO2 ] 1, 4227 * ([CO2 ] + [CO ] + 6* [ HC ]) (Eq. 2.94) Em que os valores entre [ ] correspondem às percentagens molares dos constituintes nos produtos de combustão. b) Opacímetro O nível de partículas emitido pelo sistema de escape de veículos com motor Diesel é medido em termos de efeito produzido pela amostra dos gases, quando da passagem 72 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS de um impulso de luz visível emitido por um díodo emissor de luz verde (LED) e recolhido por um foto-díodo. A fonte de luz do LED utilizado neste opacimetro é do tipo “on / off”, emitindo uma luz visível entre 480 nm e 680 nm. Este aparelho está calibrado com um valor de pico de 560 nm (verde / amarelo). A fonte está protegida por uma lente convexa, que serve também para dirigir a luz emitida, reduzindo os efeitos de reflexão causados pelas paredes do tubo de amostra. O detector foto-díodo está equipado com uma lente que recolhe a luz que atravessou a amostra de gases. Esta lente é aquecida a uma temperatura de, aproximadamente, +45 ºC, de modo a eliminar as variações de sensibilidade devido às alterações de temperatura. O percurso da luz tem uma concepção de “caminho duplo”. A luz do LED, após ter atravessado a amostra de gases de escape, é reflectida por um espelho, passa através das lentes e é recolhida pelo detector. O LED é aquecido a 75 ºC para evitar a condensação nas suas paredes e eliminar os erros de “zero automático”, provocados pelas alterações da intensidade da luz devido à refracção da luz a diferentes temperaturas. O fluxo de ar a alta velocidade, gerado pelas duas ventoinhas que extraem o ar das aberturas traseiras do opacímetro, é orientado através das lentes ópticas, evitando que as partículas de escape contaminem o percurso óptico. Este fluxo de ar origina também um ligeiro efeito de cone de ar, permitindo que um ligeiro fluxo de gases de escape entre no LED em condições de pressão diferencial zero. As medições a partir do detector são efectuadas por um microprocessador instalado no opacímetro antes de serem transmitidas ao analisador de gases através de uma ligação RS232. c) Sonómetro O nível de ruído avaliado junto ao motor e na proximidade do ponto de evacuação dos gases de escape, é medido com um sonómetro de marca ISO-TECH, modelo SLM1352A com interface para computador através de ficha RS232, com características de medição na amplitude 30 a 130 dB, para frequências entre 31,5 Hz e 8 kHz. 2.3.5.1 - Testes em banco de rolos O freio de rolos é utilizado para simular as cargas resistentes impostas ao veículo em mundo real. Para estudar o comportamento dos veículos de forma a obter uma aproximação ao mundo real, são aplicados ciclos de condução. Isto pode ser efectuado pela utilização de um freio de rolos (chassis dinamométrico). Uma vez escolhido o teste, o freio de rolos oferece a garantia de repetibilidade na transição de regimes. No sentido de assegurar uma cada vez maior reprodutibilidade, tem sido feito um grande esforço de pesquisa (André et al. 2005). Desta forma, podem ser realizadas medições representativas colocando o motor em carga durante o teste. Como referido, estes equipamentos permitem que o veículo simule a condução em mundo real, mantendo por determinados períodos de tempo alguns regimes estacionários, em regime de operação constante e passando por regimes transientes no cumprimento de um ciclo de 73 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS condução padrão. A gama de poluentes medidos é semelhante à registada durante um tipo de teste de homologação ou aprovação do veículo, podendo incluir PM10, NOx, CO, HC, CO2. Porém, um banco de rolos aumenta significativamente o custo das instalações de teste de emissões. Porém, tem a vantagem de que as medições obtidas podem reflectir mais fielmente o comportamento do veículo em mundo real. A simulação em freio de rolos terá que simular todas as forças resistivas que actuam no veículo e a inércia do mesmo. A VSPDyno pode ser calculada pela seguinte expressão: VSPDyno = Ap + FDyno .vDyno mDyno (Eq. 2.95) Onde, FDyno - Carga resistiva aplicada pelo dinamómetro à velocidade vDyno. mDyno - Massa simulada do veículo (Por exemplo, 11353 kg para o autocarro Mercedes Citaro O530). AP – Potência fornecida para acelerar a massa simulada mDyno e os componentes rotativos do veículo em teste (por exemplo, motor, caixa de velocidades, rodas) cuja expressão de cálculo é a seguinte: AP = mDyno (1 + ε i ).a.v (Eq. 2.96) A VSP fornece uma estimação da potência instantânea desenvolvida pelo motor. Como a potência deste é uma função da taxa da queima do combustível, a VSP fornece uma relação directa com o processo de combustão e, consequentemente, com a formação de poluentes. A VSP tem sido utilizada para classificar os modos de operação de um veículo, como parte de um programa desenvolvido para um modelo e como uma base justificativa num modelo microscópico existente de emissões. A VSP pode ser calculada para veículos em exploração num ambiente de micro simulação se forem incluídos atributos adequados do veículo na definição do tipo de viatura. No mínimo, terá que incluir a massa do veículo (m), um factor de massa médio ao longo da transmissão ( ε averg ) e os três coeficientes utilizados na equação de carga do dinamómetro, para simular as forças resistivas que actuam no veículo. A massa do veículo afecta a carga do veículo e, consequentemente, pode afectar as emissões. Pode ser escolhida uma massa de inércia do veículo que seja considerada representativa da massa do veículo durante os ensaios experimentais em exploração. O dinamómetro aplica resistência ao movimento das rodas motoras do veículo, em consonância com a velocidade dos rolos, de acordo com a equação: Frollers = F0 + F1v + F2 v 2 (Eq. 2.97) Podem ser incorporados factores adicionais para representar as alterações na inclinação dos troços da via. Se bem que a estimação de VSP possa caracterizar o estado de funcionamento do veículo, não existe um método directo para determinar os detalhes do modo de operação (posição da alavanca de velocidades, velocidade do motor, binário, etc.) no momento das medições das emissões (Wenzel and Ross 1996). Também não se consegue estabelecer com rigor uma relação entre o modo de funcionamento que provocou as emissões e a saída de poluentes pelo tubo de escape. Consequentemente, as técnicas de controlo remoto podem não fornecer os dados requeridos para avaliar directamente a influência nas emissões, motivada pelas alterações do comportamento do condutor. 74 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS As variáveis da equação anterior assumem valores constantes de calibração de acordo com as especificações do fabricante do veículo. Por exemplo uma determinada marca (Ford) para um dos seus modelos prescreve os valores: Fo=10 N, F1=1,404 Ns/m e F2=0,3857 Ns2/m2. Para este veículo, para os objectivos em estudo, estes são os valores considerados adequados para simular as cargas externas. A Volvo Trucks desenvolveu um modelo de freio de rolos que permite simular as forças em estrada, sendo regido pela seguinte equação: RL = F0 + F1v x + F2 v n + I .a + mg .( grade / 100) (Eq. 2.98) Sendo, RL (N) - A força das rodas que actua na superfície dos rolos do freio e é igual à força de tracção gerada pelos pneus F0 e F1 – Parâmetros associados às forças de fricção de resistência ao rolamento. Representam constantes características de um veículo específico e / ou superfície de contacto com as rodas. F2 – Parâmetro associado à resistência aerodinâmica do veículo. Os expoentes, x (0,8 a 1,2) e n (1,1 a 3,0) correspondem a parâmetros de calibração associados às forças de resistência ao rolamento e aerodinâmicas, respectivamente. A diferença no modelo em relação à equação (Eq. 2.97) relaciona-se com a inclusão de uma nova componente de dependência do veículo, incorporando também a influência da velocidade em F1. A dependência da resistência aerodinâmica da velocidade do veículo está representada pela força F2 (N). Fisicamente, pode afirmar-se que este freio incorpora as condições de funcionamento em mundo real, com as variáveis I e grade. A potência resistiva dos seus motores eléctricos, I (kg), varia de 4 a 20 ton e corresponde à inércia do motor, transmissão e rodas quando é sujeito à aceleração, a, através de um simulador eléctrico; m (kg) é a massa do veículo; g (m.s-2) a aceleração da gravidade; grade (%) representa a inclinação da via, variando de –30 a 30 %. Em veículos com massa global superior a 20 ton, a simulação pode ser efectuada sem o aumento da inclinação da via. Consoante os objectivos dos diferentes estudos, a recolha de dados requer a medição da concentração de poluentes ainda sem tratamento e ou após passagem pelo equipamento de despoluição, garantindo a sincronização com a medição do correspondente caudal volumétrico de gases de escape. Antes de cada leitura dos valores de concentração de poluentes, o banco de rolos deve ser estabilizado por um período de 60 segundos. Alguns dos testes levados a efeito no laboratório UoB, combinam um freio de rolos de 126 kW de marca Zoellner, um Sistema de Amostragem de Volume Constante, CVS (Constant Volume Sampling) e um conjunto de analisadores de emissões, marca Horiba MEXA, série 700. Os princípios básicos dos testes realizados em bancos de rolos assentam no facto do veículo operar sobre uns rolos que oferecem resistência ao movimento, simulando as condições de condução reais. Um freio de rolos é constituído por dois motores / geradores acoplados a um par de rolos com determinado diâmetro onde assentam as rodas motrizes do veículo de forma a simular a carga imposta ao veículo em estrada e as forças aerodinâmicas que se opõem ao 75 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS deslocamento do mesmo. No funcionamento em travagem podem ser utilizados um ou dois geradores que correspondem a um ou dois travões com refluxo de corrente. Um ventilador de arrefecimento de velocidade variável é controlado de forma a seguir a velocidade periférica dos rolos até cerca de 200 km/h. A tabela 2.17 sintetiza alguns dados relativos a quatro versões de freio de rolos para teste de veículos ligeiros e pesados. Versão Ligeiros Pesados Travões de refluxo Dados do refluxo Potência máxima das rodas Diâmetro dos rolos Velocidade máxima de teste Tracção máxima 1 260 kW 260 kW 318 mm 260 km/h 6 kN 2 2*260 kW 520 kW 318 mm 260 km/h 12 kN 1 2*300 kW 600 kW 318 mm 160 km/h 25 kN 2 2*330 kW 660 kW 318 mm 200 km/h 25 kN Tabela 2.17 - Quatro versões de freio de rolos para teste de veículos ligeiros e pesados Existem técnicas de cálculo de factores de emissão representativos (Eggleston et al. 1993) de acordo com a distribuição da velocidade e aceleração. Vários estudos apresentam, além de valores médios de emissões, bases de dados de emissões instantâneas. Quando se cumpre um ciclo de condução em banco de rolos, os gases são recolhidos e diluídos utilizando um sistema de amostragem de volume constante (CVS). A massa de gases emitida por poluente é igual ao volume total de gases, multiplicada pela concentração do poluente. Pode-se converter um caudal mássico de emissões por unidade de distância ou de energia. 2.3.5.2 - Testes em estrada – controlo remoto Sendo as frotas de veículos as principais fontes de poluição, conhecer o seu nível de emissões constitui uma forma de identificar o problema global da poluição. O desenvolvimento de novos equipamentos de medição mais precisos, eficientes e portáteis constitui uma das grandes preocupações por parte de investigadores e fabricantes. O controlo remoto é um método utilizado para medir os níveis de contaminantes emitidos por um sistema de escape de um veículo, quando este passa junto de um dispositivo de controlo à distância. Ou seja, trata-se de um processo que utiliza dispositivos instalados na estrada para monitorizar as emissões de veículos com motor térmico. A informação é usada para fornecer uma melhor compreensão das emissões do veículo, contribuindo para o desenvolvimento de programas de melhoria da qualidade do ar em meio urbano. Este dispositivo tem capacidade de medir o desempenho dos sistemas de escape de um grande número de veículos, no que respeita ao seu nível de emissões e fornecerá a capacidade necessária à compreensão dos níveis actuais de contaminantes no ar ambiente. Estes dispositivos de controlo remoto permitem a medição de emissões de partículas ou nível 76 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS de fumos, óxidos de azoto, monóxido de carbono e hidrocarbonetos. Estes poluentes são conhecidos por irritar a área respiratória, especificamente, olhos e nariz de seres humanos. O controlo remoto processa-se de forma que, quando um veículo passa por um dispositivo de monitorização, que emite feixes de luz ultra-violeta e de infra-vermelhos, o equipamento faz a detecção das emissões do veículo. O receptor ou detector do feixe de luz avalia as mudanças na intensidade da luz permitindo o cálculo da concentração dos poluentes no ar. Propõe-se que, na aplicação destes sistemas, o receptor seja ligado a um computador que avalie e transmita via wireless a informação para a entidade fiscalizadora e/ou reguladora. Antes de o veículo entrar na zona de controlo remoto, são medidas as concentrações desses mesmos poluentes no ar, sendo subtraídas das concentrações de emissões detectadas pela passagem do sistema de escape do veículo. A luz Infra-vermelha é usada para determinar concentrações de contaminantes gasosos e a luz ultra-violeta é usada para medir as concentrações de partículas. Por vezes as técnicas usadas incluem um sensor óptico colocado à distância, que convencionalmente se concebe para transmitir um feixe de radiação que atravessa um volume de gases a ser investigado. Isto envolve a fixação de um transmissor num determinado local, que é, normalmente, uma fonte de radiação e um receptor em localização oposta. A passagem entre estes dois pontos define o caminho óptico. Este sistema básico pode ser modificado pela inclusão de objectivos complementares, tais como uma estrutura física com reflectores para serem usados para reflectir o feixe emitido e fazer retornar parte dos raios para o receptor. Contudo, as mudanças a implementar numa instalação específica, em relação a uma transmissão convencional de um feixe de radiação, devem ponderar o uso de uma elevada gama de detectores que possam medir uma larga gama de propriedades dos gases de escape. Na maioria das aplicações é usado o nível de absorção da radiação transmitida para determinar a concentração das espécies de gases confinados no percurso efectuado pelo feixe de luz. Cada espécie de gás individual faz a absorção de radiação dentro de um espectro de comprimento de onda característico. A medição da diferença de intensidade de radiação, entre o emissor e o receptor, em comprimentos de onda seleccionados, pode ser usada para determinar a concentração das espécies individuais, por aplicação de lei de Beer-Lambert (European_Commission 1998). Os sensores ópticos de aplicação remota podem ser convenientemente agrupados em duas classes distintas que são os monocromáticos e os de banda larga espectral. O grupo dos primeiros faz a absorção do laser de ondas longas (laser long-path absorption) e também absorção diferencial do laser. O outro grupo faz uso do espectrómetro mais familiar por infravermelhos que utiliza a Transformada de Fourier (FTIR), ou do espectrómetro ultravioleta ou mesmo de radiómetros de correlação (correlation radiometers). Os detectores de banda larga espectral podem, por sua vez, ser subdivididos em dispersivos e não dispersivos. Essencialmente, os detectores dispersivos, FTIR, são espectrómetros do tipo “caminho aberto”. Os sensores não-dispersivos (por exemplo, radiómetros de correlação) envolvem a comparação do feixe de radiação que atravessa dois filtros alternativos. Durante muitos anos foram usados sensores ópticos remotos, para medir a concentração no ar ambiente de uma larga gama de espécies gasosas, em grande parte no interior de áreas sob monitorização de fugas de gases, tais como, por exemplo, um sistema DIAL (DIfferential Absorption Lidar) e, mais recentemente, através da monitorização geral ambiental, utilizando, 77 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS por exemplo, um sistema OPSIS (Observation et Prospective sur la Societe de Information et ses Services). Deve ser registado que os espectros de absorção estão sujeitos a várias interferências no âmbito da monitorização atmosférica, que incluem interferência de substâncias tais como vapor de água e ainda da temperatura e pressão (altitude). Vários sistemas podem ser desenvolvidos para implementar tais aplicações. O uso de uma câmara de infra-vermelhos pode ser uma excelente opção. O sistema LASAIR (LagrangeSimulation of the dispersion (German: Ausbreitung) and Inhalation of Radionuclides) foi projectado para medir remotamente a concentração nos gases de escape de veículos ao nível do monóxido de carbono e gás carbónico, bem como a respectiva temperatura. O sistema LASAIR usa díodos de laser como fonte de luz. A Universidade de Denver desenvolveu um sistema de detecção remota que é descrito como sistema de eficiência do combustível de automóveis, FEAT (Fuel Efficiency Automobile Test). O sistema, na sua versão mais recente, engloba quatro componentes, nomeadamente, uma fonte de infra-vermelhos, um detector, um computador e um sistema de vídeo. O equipamento reúne capacidades para medir CO, HC, CO2, NOx e fumos. A medição de óxidos de nitrogénio é importante por causa do habitual contrabalanço entre emissões de CO e fumo versus NOx (emissores de altos teores de CO e de fumos emitem frequentemente pequenas percentagens de NOx e vice-versa). 2.3.5.3 - Sistema de monitorização a bordo do veículo Os equipamentos de avaliação das condições de estado a bordo do veículo, normalmente, para além de medirem as concentrações dos gases de escape, calculam também, com base nas variáveis de utilização do motor, o caudal mássico de emissões. Habitualmente, segundo o segundo, estes equipamentos podem medir a velocidade do veículo (km/h), rotação do motor (rpm), temperatura do líquido de arrefecimento do motor, carga do motor (baseada na posição do acelerador), caudal mássico de ar e caudal mássico de combustível. Desta forma, os equipamentos de medição de emissões podem ser utilizados de forma independente da gestão do motor ou como um simples módulo de um equipamento de teste, o que os torna compatíveis com uma grande diversidade de tipos de motores, veículos e condições de teste. A figura 2.7 mostra um exemplo de unidade de monitorização utilizado a bordo dos veículos rodoviários. Figura 2.7 - Unidade de monitorização utilizada a bordo dos veículos 78 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Na selecção dos dados transmitidos ao centro de controlo da rede, o motorista ou o preparador podem seleccionar, através da interface OBD, os indicadores do veículo a serem submetidos juntamente com os valores das emissões. Além disso, as entradas de tipo analógico da unidade de monitorização, permitem a aceitação de outros dados de um qualquer sensor analógico com uma especificada voltagem de saída. Isto abre uma vasta matriz de dados susceptíveis de serem incluídos, tais como dados de sensores de força, manómetros de tensão, transdutores de pressão e termopares. Quando se mostre necessário, estes dados podem mesmo ser acessíveis através de telemóvel, desde que reconhecido com o nome de utilizador, palavra passe e com um icone correspondente à pasta do servidor de FTP (File Tranfer Protocol). Quando o veículo inicia actividade, o motor inicializa o sistema de monitorização, pela activação do Monitor de Actividade que, imediatamente, inicia a recolha de dados dos dispositivos externos atrás mencionados e armazena a informação na memória RAM interna. Uma combinação de produtos que integre, para além da medição de variáveis de condição de estado de tipo ecológico, os parâmetros e indicadores do veículo, permitem ao Monitor de Actividade fornecer informação muito útil, desde os mapeamentos de emissões gasosas e de partículas em estrada ao registo de tempos associados. Uma empresa alemã, que se centrava exclusivamente na representação de sistemas de medição de gases de escape, criou um clube automóvel que, entretanto, desenvolveu uma garagem móvel, moderna, apetrechada com o mais recente equipamento móvel de medição de emissões. A organização leva uma longa tradição na reparação de veículos. Pensando nisto, eles desenvolveram na empresa o conceito de centro automóvel móvel. Para isso, fundaram um grupo de pesquisa na área de projecto de um sistema de camião-reboque, dotado de uma garagem móvel actualizada e moderna, com um freio de rolos e equipamento moderno de teste para emissões. Esta empresa, em vez do tradicional detector de ionização de chama, que media a totalidade dos hidrocarbonetos, optou por um analisador de difusão de luz laser, para medição de partículas de matéria. O Monitor de Actividade pode utilizar exclusivamente o analisador de poluentes per si ou em combinação com o equipamento de avaliação das condições de exploração do veículo. Figura 2.8 - Registo de concentrações na monitorização a bordo (Fonte Sensors) 79 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS A figura 2.8 corresponde a um gráfico de registo da concentração de um dos constituintes dos gases de escape. A medição de emissões instantâneas durante o regime transiente constitui o maior desafio. Dentro dos muitos estudos desenvolvidos para avaliação das tecnologias de medição de PM, destaca-se uma solução que abrange veículos Diesel de baixas emissões, em que foi utilizado um TEOM e um opacímetro (Norris 2005). (,/,4 $% 1 $% 0 Genericamente, pode afirmar-se que os poluentes de escape são gerados por ineficiências no processo de combustão. Estas perturbações, juntamente com a formação de ruído, revelam uma grande dependência das tecnologias e afinação dos veículos. Os veículos são projectados e construídos de forma a cumprirem normas de utilização e regras coerentes de manutenção. Porém nem sempre esta prescrição é respeitada, o que leva a uma maior incidência de avarias. Se um veículo não é mantido de acordo com as recomendações do fabricante (por exemplo, afinações, ajustes, substituição de injectores, verificação de componentes de controlo de emissões) poderá apresentar emissões significativamente mais altas, associadas com o seu nível de deterioração. A prática de uma inspecção efectiva e o seguimento de um programa de manutenção pode contribuir para eliminar emissões em excesso. Uma fase relevante de um programa de I/M (Inspecção/Manutenção) corresponde ao teste de inspecção usado para identificar veículos com deficiente ou mesmo inexistente manutenção. Um teste simples, de baixo custo, dispensa com elevada probabilidade uma verificação mais exaustiva, identificando muitas vezes anomalias que tem a ver apenas com necessidades de pequenas afinações. Na sua tese (Dabbas 2010) faz uma análise descritiva aos dados resultantes de observações de emissões de CO, HC e NOx, antes e após a afinação de uma amostra de veículos. Na investigação foram usados 6 diferentes testes de avaliação para caracterizar a incidência dos efeitos decorrentes das operações de manutenção. A avaliação estatística abrangeu 542 veículos, tendo-se concluído da existência de um forte impacto das intervenções na redução dos valores estatísticos dos valores de emissão, a nível da média, desvio padrão e valor máximo daqueles indicadores ecológicos. Os estudos de controlo remoto de emissões de veículos equipados com motores de ignição comandada, com objectivos de avaliação do estado de manutenção dos veículos, mostram que cerca de 20 % dos veículos que circulam nas estradas são responsáveis por 80 % das emissões de HC e CO (Pokharel et al. 2002). A manutenção deve ser feita por profissionais habilitados a fornecer um serviço de acordo com as especificações dos fabricantes. A afinação dos motores de acordo com padrões de conveniência, como aplicações de “tunning”, causa uma forte variabilidade nos níveis de impacto ambientais. Como refere (Wenzel and Ross 1996), o padrão de manutenção pode geralmente influenciar a intervariabilidade nas emissões dos veículos. O estudo conduziu às seguintes conclusões: 80 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS a) Quando as reparações levadas a efeito não estão em consonância com as especificações dos fabricantes, as emissões são elevadas. b) Quando o serviço não é executado de acordo com os planos dos construtores, leva a que o motor e os sistemas de pós-tratamento dos gases de escape se deteriorem de forma acelerada, dando origem a níveis de emissões poluentes elevados. Também o carácter pulsatório do funcionamento de um motor térmico pode ser determinante na correcta avaliação do estado de saúde de um motor a partir da medição dos valores das variáveis ecológicas. O carácter oscilatório dos impactos pode estar associado não apenas a desafinações do motor mas também a consumos energéticos de equipamentos auxiliares do veículo. Estes consumos podem apenas constituir fenómenos de carácter intermitente, em resultado da resposta do motor a exigências de carga momentânea que lhe é solicitada. O motor Diesel apresenta uma grande diversidade de impactos de afinação nas emissões. Por exemplo, a quantidade de combustível injectada pelo sistema de alimentação de um motor Diesel é limitada na gama de plena carga pelo regulador de máximo débito de combustível. As propriedades do combustível e a concepção do motor determinam os limites desta actuação, pelo que a afinação do regulador é condição determinante na mitigação dos impactos de emissões de partículas. Sabe-se também que os motores actuais dispõem de dispositivos de pós-tratamento dos gases de escape, que promovem a pós-oxidação da fracção inqueimada ou parcialmente queimada e de dispositivos de retenção de partículas formadas na combustão. O início de injecção e duração de injecção revelam-se também parâmetros essenciais na afinação do motor pelo seu impacto no processo de injecção. Verifica-se ainda que o estado e afinação dos componentes que integram o sistema de distribuição exercem uma influência determinante no ajuste do ponto de injecção, podendo as suas desafinações constituir agravamentos substanciais aos níveis de emissões poluentes e de graves riscos para a integridade do motor. A afinação do sistema de recirculação dos gases de escape constitui outro dos factores que exerce uma enorme influência na geração de emissões. Tendo a sua implementação em motores de combustão interna visado a redução de consumo de combustível e a mitigação das emissões de NOx verifica-se que o seu impacto tem um efeito antagónico nas emissões de partículas. Daí resulta a relevante importância no correcto ajuste deste sistema. Consequentemente, quando ocorre a desactivação dos sistemas de EGR (exhaust gás recirculation) verifica-se que tal intervenção tem impactos fortíssimos nas emissões de NOx. A afinação do sistema de sobrealimentação é outra das marcas de acentuado impacto nas emissões, uma vez que o seu contributo é essencial na redução de partículas. Porém, revela ao mesmo tempo um impacto negativo nas emissões de NOx. A manutenção do arrefecedor intermédio ou inter-cooler tem um efeito de redução no teor de todos os poluentes. Assim, a sua desactivação ou a ausência de manutenção tem impactos negativos nas emissões. Os filtros de partículas e os conversores Diesel de oxidação catalítica têm impactos acentuados nos níveis de emissões, exigindo não só manutenções periódicas como também revisões de controlo. 81 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Existem ainda outros sistemas e componentes do motor cuja afinação se revela da maior importância para as emissões de um motor Diesel. Podemos enumerar os impactos decorrentes de um sistema de arrefecimento que ao não garantir a evacuação da quantidade de calor prevista, coloca não apenas em causa a integridade do motor, como também provoca um grande aumento das emissões de NOx, devido ao aumento das temperaturas do motor. Também o sistema de lubrificação influencia os níveis de emissões, sendo mesmo um dos grandes indicadores do grau de deterioração do motor. Por exemplo, o agravamento de consumo de óleo tem enormes impactos na emissão de partículas e na opacidade dos fumos. (Schafer and Basshuysen 1991) faz uma avaliação das variáveis de afinação e os respectivos impactos nas emissões de escape, cuja caracterização qualitativa consta da tabela 2.18. Tabela 2.18 – Qualidade do impacto nas emissões das principais medidas de afinação Adaptado do livro (Schafer and Basshuysen 1991) A afinação de motores e dos seus diferentes sistemas e subsistemas é também determinante na caracterização dos espectros de ruído, sendo que estes podem indiciar órgãos diferenciados do motor com desafinações alarmantes. (,2 5 ! $% As emissões dos veículos de transporte representam uma das principais fontes de poluição do ar. Os gases de escape e pequenas partículas podem ser prejudiciais para a saúde pelo que constituem um risco elevado (Boffetta et al. 2001). Alguns estudos vieram demonstrar que a exposição das pessoas às partículas e óxidos de azoto dos gases de escape não tratados constitui um risco elevado para a saúde. Como refere o (Livro-Verde 2007) da UE sobre o transporte urbano, a poluição do ar e o ruído causados pelos transportes afectam a saúde de toda a gente (IMAGINE 2008). A sua mitigação constitui mesmo um dos grandes desafios que enfrentam as grandes cidades. Neste âmbito, a gestão da manutenção deve assumir a importância que o seu papel subentende. 82 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Quando tudo decorre na normalidade, ninguém se lembra que existe manutenção. Quando algo corre mal, dizem que se deve à ausência de manutenção. Ao colocar-se a questão da necessidade de despender recursos financeiros com a manutenção, imediatamente contrapõem que não é preciso que exista. Porém, quando realmente não existe manutenção, todos concordam que deveria existir. A importância da manutenção pode ser enfatizada numa breve retrospectiva da sua história, nomeadamente na mecanização associada à Revolução Industrial do século passado que fez sobressair a necessidade de reparar regularmente as máquinas. Nessa época, essas reparações eram deixadas a cargo dos próprios operadores. Só a partir da 1ª Guerra Mundial a indústria foi pressionada a atingir padrões mínimos de produção, levando à constituição de equipas especializadas para reparar as avarias no menor tempo possível. Esta situação manteve-se até à década de 30 do século XX. Por essa altura, a produção em massa nos países industrializados e a conjuntura internacional que antecedeu a 2ª Guerra Mundial, forçavam a produzir cada vez mais. As empresas começaram então a preocupar-se, não só em corrigir as falhas, mas também em evitar o seu aparecimento. Isso alargou o âmbito da manutenção que passou a actuar também na prevenção de anomalias. Em consequência, a manutenção industrial foi ganhando importância e autonomia. A expansão da aviação comercial, a partir dos anos 40, trouxe novos desafios à manutenção. Por um lado, obrigou ao desenvolvimento de métodos preventivos, já que a reparação de avarias durante o voo raramente é possível e, por outro, acentuou o problema da segurança de pessoas e bens. Nasce então a Engenharia de Manutenção, que veio a criar processos científicos de manutenção preventiva com vista a aumentar a fiabilidade dos equipamentos. Nesta evolução, nos anos 70 do século XX, surgiu na Europa um conceito alargado de manutenção, designado por Terotecnologia. Na mesma linha e pela mesma altura, aparece a noção japonesa de Manutenção Produtiva Total (TPM – Total Productive Maintenance). Posteriormente, novas abordagens, através de conceitos e metodologias, continuaram a ser feitas, tais como a de Terologia e de Fiabilidade Centrada na Manutenção (RCM – Reliability Centred Maintenance), que é entendido como o processo utilizado para determinar os requisitos de manutenção necessários a qualquer dispositivo físico no seu contexto operacional (Farinha 1997). Face ao desenvolvimento incessante nesta área de conhecimento continuam a aparecer novos conceitos de manutenção, sejam estes fruto de novas leituras da sua abordagem aos equipamentos seja a adopção das melhores práticas oriundas de outros sectores de actividade. É o caso da Manutenção Baseada no Risco (Risk Based Maintenance, RBM) que se apoia nos cinco elementos nucleares do processo de gestão de risco (Risk Management Process, RMP), que são os seguintes: Identificação; Medida; Nível de Risco; Estimação; e Controlo e monitorização. O outro conceito é o de Manutenção Lean que contribui de maneira determinante para a prossecução dos objectivos da Produção, ou seja, dos seus métodos de trabalho, que devem ser realizados com determinação e rigor, e que fazem com que os activos e os processos produtivos estejam em linha com os indicadores de disponibilidade, fiabilidade e produtividade, de forma a garantir a eficácia global dos activos. Outra característica importante da Manutenção Lean é a procura constante das melhores práticas nas equipas de manutenção, na perspectiva da optimização dos seus processos de trabalho, através de procedimentos devidamente documentados, e da optimização dos recursos humanos e materiais, da 83 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS contratação de serviços, mantendo uma adequada formação contínua dos colaboradores, procurando sempre os melhores indicadores de desempenho. Tradicionalmente, o ciclo de vida de um bem, na perspectiva da manutenção (Monchy 1987), era abordado a partir da chamada “curva da banheira” (figura 2.9). Trata-se de um modelo que divide a vida operacional de um equipamento em três estágios: 1. Mortalidade infantil - Fase em que ocorrem disfunções precoces, com elevada, mas decrescente, taxa de incidência. Esta parte da curva, no caso dos motores Diesel, pode ser minimizada através da rodagem em bancada; 2. Vida útil - Onde a ocorrência de disfunções é relativamente estável no tempo, correspondendo à fase de incidência de menor taxa de disfunções, mantendo-se aproximadamente constante. Nesta fase devem ser utilizadas técnicas preditivas e sistemáticas nos planos de manutenção; 3. Envelhecimento ou desgaste - Fase em que o equipamento passa a apresentar desgaste acentuado e as disfunções acontecem com maior frequência, com taxa crescente, à medida que se aproxima o fim de vida do equipamento. As decisões relativas a esta parte da curva apontam no sentido de se proceder a uma revisão geral ao motor. Num componente não reparável define-se “função de risco” como a probabilidade desse componente avariar num intervalo de tempo ∆ T = t 2 − t1 , dado que não avariou até ao instante t1. Figura 2.9 – Curva típica de falhas (curva da banheira) A função de risco, representada na ordenada do gráfico, não é mais do que a taxa instantânea de ocorrência de avarias num equipamento, no instante t, sabendo que sobreviveu até esse instante. É também designada por taxa de avarias λ (t ) . Genericamente, a função dE ( N ( t ) ) é a derivada em ordem ao tempo do valor esperado do dt número de avarias (N), no instante t, de um equipamento reparável no intervalo de tempo dt. A taxa de avarias é calculada através das expressões: taxa de avarias λ (t ) = λ (t ) = λ (t ) = Onde, 84 f (t ) R (t ) f (t ) (1 − F (t )) (Eq. 2.99) (Eq. 2.100) MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS f(t) é a função densidade de probabilidade de avarias. F(t) corresponde à função acumulada de probabilidade de avarias. R(t) representa a função de fiabilidade. Posteriormente, veio a constatar-se existirem outras formas de ciclos de ocorrência de disfunções (Moubray 2001), como se ilustra na figura 2.10. Contudo, seja qual for o tipo de activo, é incontornável que, desde a sua aquisição, haja a necessidade de implementar uma política de manutenção, a fim de garantir o seu funcionamento nos níveis de fiabilidade definidos pelo fabricante. Figura 2.10 - Curvas associadas aos diferentes padrões de falhas O estudo (Drive-Clean-Program 2007) refere que a taxa de falhas em veículos nos primeiros cinco anos de funcionamento apresentava valores muito baixos relativamente à média, presumivelmente devido a estar abrangida pela garantia. Acrescenta que a taxa de falhas cresce rapidamente em veículos com idades compreendidas no intervalo de 8 a 10 anos, mas que não aumentava significativamente em autocarros acima dos 14 a 15 anos, presumivelmente devido ao abate dos motores mais utilizados ou de condição mais degradada. Assim, a curva de função cumulativa de distribuição de taxa de falhas, que não é mais do que o acumulado da função densidade de probabilidade de taxa de falhas, com a idade, apresenta a forma sigmoidal (forma de S), como se observa na figura 2.11. Representa também a função de risco acumulada F (t ) = [ λ (t ) ] t . Os dados experimentais analisados em autocarros demonstram que uma função exponencial revela o melhor ajustamento. Figura 2.11 - Curva de função cumulativa de distribuição de taxa de falhas com a idade dos autocarros 85 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS O mesmo estudo refere que o pico da taxa de falhas apresenta variações com o grupo dos anos de funcionamento de cada modelo de viaturas, pelo facto dos motores mais novos com controlos electrónicos apresentarem percentagens de disfunções mais baixas, quando comparados com motores mais velhos com controlos mecânicos. O grau de deformação da curva da taxa de falhas depende, entre outras, das características dos autocarros que compõem a frota, da política de manutenção, do comportamento dos motoristas e das condições de exploração. A figura 2.12 mostra diferentes perfis de curvas avaliadas. Figura 2.12 – Diferentes perfis da forma sigmoidal com a idade dos autocarros O estudo de (Marseguerra and Zio 2003) avalia um sistema com uma estrutura de funcionamento combinada série-paralelo, com uma monitorização contínua. Teve como objectivo maximizar o lucro do sistema e a sua disponibilidade. Em resultado, foi encontrado o limiar óptimo do tempo de intervenção, através de um Algoritmo Genético e de simulação pelo método de Monte Carlo. Foram também obtidos resultados analíticos por (Sloan and Shanthikumar 2004), adoptando uma estratégia para gerar programas de manutenção com base no estado de equipamentos instalados em série. Os diferentes sub-sistemas de veículos podem ser avaliados genericamente por analogia a um subsistema funcional que vai sofrendo uma degradação progressiva, evoluindo para estados que se podem prever por um processo estocástico (Williams and Hirani 1997). O estado presente é auto-avaliado através de uma metodologia de inspecção que detecta o sintoma de uma disfunção iniciada, mas ainda não manifestada, com previsão do estado de destino e respectivo tempo de transição. A disfunção inicia-se no subsistema num determinado instante, tornando-se provável o seu aparecimento (visibilidade ou “detectabilidade” macroscópica), num instante posterior. Se a inspecção é levada a efeito atempadamente, a disfunção é oportunamente identificada. Com a caracterização da disfunção no subsistema, se a mesma não é reparada de imediato o subsistema altera subsequentemente o seu estado de funcionamento, após algum tempo de transição ou tempo de desfasamento na disfunção (delay time). Intervalos de inspecção constantes podem não traduzir um risco constante de aparecimento de disfunções. Esta prática resulta em disponibilidade inconsistente e, consequentemente, numa taxa de produção variável que, transpondo para autocarros urbanos, corresponde a prestação de serviços pouco fiáveis, com repercussões na gestão das peçasde-reserva, trabalho e custos indirectos por perdas de produção. Ao ser estabelecido o 86 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS conceito de desfasamento na disfunção, aplicável à manutenção multi-nível de um sistema multi-estágio, as inspecções podem ser planeadas em intervalos aperiódicos de tal forma que o risco de disfunção seja constante em cada intervalo de inspecção. A reparação do subsistema repõe a sua operacionalidade, levando em conta os dados objectivos e subjectivos. Considera-se a reparação como a renovação de um subsistema em que este adquire um estado, provavelmente diferente daquele que o caracterizou quando novo, apresentando-se, após a intervenção, quase sempre com alguma degradação residual. A procura da definição de uma política de manutenção em geral e, no caso vertente, de uma frota de autocarros urbanos, tendo como condição uma política ambiental, assume uma relevância acrescida, atendendo a que não pressupõe apenas da parte da entidade detentora da responsabilidade da gestão da frota uma postura de exigência, como também uma atitude responsável e de respeito pelo ambiente que, em última instância, enfatiza a importância de dar futuro ao mundo. Associado às políticas de manutenção e aos impactos ambientais, pela sua influência na capacidade de substituição de viaturas durante a exploração, quando estas são afectadas por avaria imprevista ou acidente, está o papel de um adequado dimensionamento de frotas de material circulante (Viegas 1980). Os elevados níveis de poluição permitidos aos autocarros mais antigos, face à inexistência, na época da sua homologação, de limites muito restritivos na regulamentação ambiental, levou a que não tenha havido grandes preocupações com a sua manutenção. Pelo facto de terem emergido grandes evoluções tecnológicas ao nível da concepção de motores, que incluem sofisticados sistemas de alimentação e queima de combustível e, simultaneamente, excelentes soluções de pós-tratamento dos gases de escape, as exigências de controlo foram progressivamente aumentando. As melhorias, conseguidas com intervenções a nível do projecto, permitiram a aplicação de novas medidas do foro jurídico-legal, com o objectivo de contribuir para a mitigação das emissões poluentes e de restringir o nível de emissão de ruído, bem como optimizar a eficiência energética. Dos indicadores de condição tradicionais a vibração surge na vanguarda. A título de exemplo, (Al-Najjar and Alsyouf 2003) (Hawley et al. 2004) apresenta um modelo para identificar, monitorizar e melhorar o impacto económico da manutenção baseada na vibração. Este modelo fornece uma possibilidade adicional de identificação, “onde”, “o quê” e “quanto” capital deve ser investido. Por outro lado, avalia se o investimento foi ou não rentabilizado. O modelo é, posteriormente, utilizado para desenvolver medidas de relevância de desempenho da manutenção. Utiliza os factores de custo do ciclo de vida como variáveis de monitorização para fornecer a informação necessária para a tomada de decisão. Conclui com o facto dos períodos de contracção nos investimentos de capital, como o actual momento de crise económico-financeira, deverem ser acompanhados não com reduções no orçamento da manutenção mas com o seu reforço, expressando que o investimento em manutenção pode levar a retornos de nove vezes o capital investido ao longo do período de depreciação. A informação em tempo real acerca da condição do sistema permitirá que a manutenção seja desencadeada apenas quando e onde é necessária, com vista a atingir um máximo de resultados (Yang 2005). A referida tese procura consolidar o objectivo de maximizar os proveitos da produção e minimizar os custos da manutenção tradicional (planeada ou não planeada), utilizando um Algoritmo Genético. Em síntese, esta formulação tem como objectivo obter os mais elevados benefícios de produção associados aos mais baixos custos de manutenção, baseando a optimização na utilização de matrizes de “cromossomas” e dos correspondentes operadores de evolução utilizados. Os programas de manutenção são 87 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS avaliados incorporando informação acerca da saúde prevista para cada componente ou equipamento individual no sistema. Nesta nova grelha de decisão, é proposto melhorar a capacidade de decisão por incorporação de informação em tempo real, acerca das condições do equipamento e do sistema. A regulamentação dos programas de manutenção e inspecção tem tido sucesso na redução das emissões oriundas dos novos veículos mas tem-se manifestado ineficiente durante o ciclo de vida dos veículos devido aos elevados custos de propriedade que retiram capacidade de tesouraria para o cumprimento de programas de manutenção (Kemp 2006). Por isso, o autor defende a aplicação de uma taxa de venda mais gravosa incidente sobre novos veículos, compensada com a isenção de taxa anual. Invoca que esta seria uma prática ajustada para atingir os objectivos de eficiência e equidade. A investigação do tema em análise foi reforçada com alguns resultados das pesquisas levadas a efeito por uma equipa de trabalho multidisciplinar, enquadrando especialistas na área de manutenção, transportes e informática (Simões et al. 2004). Nela se faz uma avaliação dos efluentes gasosos, provenientes das diferentes fontes emissoras (incluindo os transportes), dentro do Campus dos Hospitais da Universidade de Coimbra. Compreende o estudo da degradação de indicadores ambientais utilizados na gestão da manutenção de condição, ao nível dos valores das emissões de CO, HC, NOx, PM10 e do nível de ruído. Integra um projecto de desenvolvimento de um módulo informático de manutenção condicionada, para incorporação no SMIT (Sistema Modular Integrado de Terologia) (Farinha 2009) com vista a melhorar as suas potencialidades. No que respeita ao papel da gestão da manutenção dos veículos, em geral, e dos autocarros urbanos, em particular, os artigos de (Haghani and Shafahi 2001) e (Zhou et al. 2004) merecem especial referência. O primeiro analisa o papel da programação de actividades de manutenção no âmbito do processo de planeamento da exploração de redes de transportes, enquadrando-o num conjunto de vertentes de geração de capacidade de oferta, nomeadamente a concepção da rede, a elaboração de horários e a afectação de motoristas. No segundo, é desenvolvido um algoritmo de planeamento de diferentes tipos de operações de manutenção em autocarros e que tem como objectivo fazer a gestão das intervenções, utilizando sistemas multi-agente distribuídos por vários entrepostos em que cada um destes possui um ou vários postos de manutenção, procurando encontrar práticas que minimizem o tempo de inoperacionalidade da frota e maximizem a utilização dos recursos de manutenção. Contudo, não enquadra a fase de diagnóstico nem tão pouco procura fazer a predição com base em variáveis ambientais. Também não é apresentado o estudo do potencial de implementação de diferentes sistemas automáticos de diagnóstico na manutenção de autocarros urbanos para melhorar a prática corrente da inspecção, e muito menos faz a avaliação do equilíbrio entre o aumento dos custos de manutenção devido ao maior número de inspecções e a redução no número de intervenções devido à ocorrência de menor número de avarias com o veículo em exploração. Dos muitos estudos desta temática, (Barbera et al. 1996) optimizou a manutenção com base na condição de um simples equipamento para que o custo de operação fosse minimizado através do ajustamento dos intervalos de inspecção. Uma das soluções de controlo das emissões de tráfego é descrita num estudo desenvolvido em Las Vegas (Mazzoleni et al. 2004), utilizando um sistema comercial de identificação remota das emissões de veículos, em que se pesquisam correlações entre os 88 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS diferentes tipos de poluentes e também a correlação existente no percentil 10% dos maiores poluidores em CO e HC com os programas de inspecção e manutenção. Tem sido evidente a cada vez maior incorporação de técnicas preditivas convencionais no âmbito da manutenção planeada. Contudo, apesar da evolução, ainda é muitas vezes utilizada a técnica preditiva de boroscopia (equipamento adaptado com uma câmara de vídeo especial para visualização e registo) para decidir qual o próximo motor a entrar em revisão. Da literatura da área da fiabilidade emerge uma pesquisa de (Meeker and Escobar 1998), abordando a modelação da vida útil dos mancais fixos de dois motores Diesel de acordo com a distribuição de Weibull, em que, para t > γ , se chega à seguinte expressão para a fiabilidade: R (t ) = e − t −γ β η (Eq. 2.101) Onde, β > 0 corresponde ao parâmetro de forma (adimensional), η > 0 representa o parâmetro de escala (unidades de tempo) e −∞ < γ < ∞ . Da investigação resultou que o ponto recomendado para realizar a revisão parcial deverá ocorrer em t1=0,5*MTBF e t2=1,5*t1, do que resulta R (t2 ) / R (t1 ) = 0, 78 . Muitas disfunções que ocorrem em motores Diesel que equipam os veículos de transporte, incluindo os autocarros de serviço urbano de passageiros, aparecem reflectidas no consumo de combustível, nos níveis de emissões poluentes e no perfil e intensidade de ruído. A Organização Mundial de Saúde, na análise dos impactos das emissões na saúde pública, refere que o fumo negro emitido pelos veículos é predominantemente causado por motores desafinados. Refere ainda que o hardware de controlo das emissões (concepção do motor, dispositivos de pós-tratamento, inspecção e manutenção, etc.) tem custos associados e que os incentivos aos automobilistas para reduzir o uso do veículo não desfrutam de grande popularidade. Sendo certo que o caminho percorrido já conduziu a fortes reduções dos impactos negativos na qualidade do ar em meio urbano, muito pode ainda ser feito em prol da qualidade de vida. É este o âmbito em que surge a presente tese, que promove a utilização de uma criteriosa manutenção ecológica de autocarros urbanos. Propõe-se que as intervenções tenham como patamares valores limites definidos numa perspectiva ambiental, suportando o planeamento em modelos de previsão de degradação que levam em consideração a análise de dados estatísticos e combinam, sempre que possível, uma avaliação determinística, baseada nas tecnologias dos veículos, com as condições de exploração. Quanto às emissões poluentes expelidas pelo sistema de escape, dependem essencialmente da tipologia e estado do veículo e, para além destas especificidades, dependem muito das condições de operação do veículo. Elevadas concentrações atmosféricas de poluentes do ar têm mostrado ser prejudiciais para a saúde, o que se prova não só por estudos epidemiológicos, mas também por pesquisas de exposição laboratorial. A actividade dos transportes e, especialmente, o transporte rodoviário, apresenta uma forte contribuição para o valor global das emissões. Durante o verão de 2003, em que ocorreu uma onda de calor na Europa, os elevados níveis de PM e O3 registados foram associados ao significativo excesso de mortes. Estudos posteriores também mostraram que os efeitos dos gases de escape e das pequenas partículas podem ser prejudiciais à saúde. Porém, a quantificação precisa dos efeitos torna-se difícil, pelo que 89 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS permanecem as incertezas quanto à magnitude dos impactos na saúde. Para além disso, não se encontram totalmente esclarecidos os passos biológicos através dos quais o agregado de poluentes dos gases de escape, e particularmente dos veículos Diesel, afectam a saúde. Isto é especialmente referenciado para as PM. Se bem que muitas pesquisas desenvolvidas inferem da existência de um significativo impacto na saúde, continua difícil de identificar quais as características das partículas que apresentam maiores níveis de significância com os efeitos nocivos. Diversas espécies de hidrocarbonetos (THC) são consideradas prejudiciais para a qualidade do ar, sendo classificadas como poluentes tóxicos. As espécies e os seus impactos na saúde humana são algumas vezes consideradas individualmente (por exemplo, Butadieno 1,3 e benzeno), mas são habitualmente agrupadas como Compostos Orgânicos Voláteis (VOC - Volatile Organic Compounds) ou VOC excluindo o metano (NMVOC - Non Metanic Volatile Organic Compounds), sendo estes últimos também referenciados apenas por HC. Os NMVOC jogam um papel importante na formação do ozono ao nível do solo. Os veículos rodoviários são uma importante fonte de emissões de HC. Contudo, têm sido conseguidas fortes reduções com a introdução de catalisadores de três vias. Mais recentemente, as preocupações têm-se focado no impacto de grupos específicos de HC, tais como Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos (PAH – Poly-Cyclic Aromatic Hydrocarbons), que podem também ser associados com as emissões de partículas pelos veículos Diesel (North et al. 2006). A mesma investigação refere que os transportes rodoviários e as emissões de escape dos veículos Diesel, em particular, contribuem com mais de três quartos das partículas emitidas na área de Londres. Permanecem questões por responder, nomeadamente sobre a relação custo / mitigação de impacto. A exposição ao ozono (O3) é identificada como tendo uma significativa contribuição para problemas cardio-pulmonares, sendo apontado como responsável por mais de 21000 mortes por ano na Europa (WHO 2005). O ozono troposférico ou ao nível do solo é formado por via de uma série de reacções complexas quando o ar, contendo precursores do ozono (primariamente NO2 e HC), é exposto a radiação ultravioleta. Daí que o controlo de HC e NO2 seja indispensável para reduzir os níveis ambientais de O3. Para além destas emissões, o pó levantado pela circulação rodoviária, as partículas formadas pelo desgaste dos travões e o desgaste dos pneus, aumentam o impacto do sector dos transportes. Nas dimensões de partículas mais reduzidas, referidas como as mais prejudiciais à saúde, que resultam essencialmente dos produtos de combustão, os estudos mostram que o transporte rodoviário é responsável no Reino Unido por 38% de PM2,5 e 54% de PM0,1 (North et al. 2006). Os elevados níveis de concentração de CO podem revelar-se fatais para o ser humano por reduzirem a capacidade de transporte de oxigénio pelo sangue, resultando em asfixia. Mesmo as baixas concentrações de CO podem conduzir a deficiências nas funções cardiovasculares e nos pulmões, podendo ainda contribuir para a formação de O3 ao nível do solo. As emissões produzidas pelos motores Diesel apresentaram uma significativa redução nos últimos 15 anos, tendo sido acompanhadas por um aumento dos níveis de rendimento global daqueles. Estão associadas a este aumento de eficiência, as maiores temperaturas nas câmaras de combustão que, no entanto, se repercutem na formação de maiores percentagens de NOx, compostos altamente nocivos para o ambiente e para a saúde humana. 90 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS O NO2 é um poluente prejudicial à saúde por causar danos nos tecidos pulmonares, com os motores dos veículos a contribuírem com 49% do total de emissões de NO2 para a atmosfera em 2000 (DEFRA 2004). É emitido algum NO2 directamente (NO2 primário) mas, é mais comum ser o resultado da oxidação de NO na atmosfera (NO2 secundário). Os veículos emitem essencialmente NO, mas, por facilidade de comparação, as emissões são geralmente reportadas como um combinado de óxidos de azoto, identificado por NOx. Foram conseguidas significativas reduções nas emissões de NOx (Lipman and Delucchi 2002) com o desenvolvimento de veículos equipados com catalisador de três vias. Como resultado, os níveis globais de NO2 decresceram 37% entre 1990 e 2000 (North 2007). Apesar dos modelos de estimação apresentarem grandes margens de erro, permitem estabelecer indicadores para os impactos na saúde pública e no ambiente, tendo-se vindo a verificar que os níveis de emissões previstos pelos modelos são significativamente mais baixos do que os valores efectivamente medidos. Tal facto sugere que é necessário introduzir uma maior precisão nos modelos e que estes devem ser sujeitos a calibração quando transpostos para condições diferentes daquelas em que forem desenvolvidos. (,3 % $% ! !+ Num sistema podem-se diferenciar três tipos de condições anormais de estado: defeito, anomalia ou disfunção e falha. Um defeito pode, eventualmente, desenvolver uma falha, onde o sistema deixa de poder assegurar um funcionamento aceitável, reflectindo uma aproximação ao limite da sua vida útil. Se continuar a operar para além desta condição, o sistema pode entrar em colapso e causar falhas catastróficas. Um sistema de gestão da manutenção inteligente deverá ser programado e ter funções que permitam responder a questões específicas, nomeadamente: • Onde existe o sintoma de disfunção (Componente ou subsistema)? • Qual a causa do sintoma da disfunção? • Que tempo medeia até à ocorrência de estados críticos de funcionamento? • Quais as consequências da disfunção? • Qual a acção de manutenção recomendada? Um sistema de gestão da manutenção é constituído por vários módulos ou patamares de intervenção. O processo de manutenção inicia-se na monitorização da condição e recorre a vários métodos de diagnóstico ou de detecção e identificação das disfunções. Pode integrar, no todo ou em parte, seis patamares ou níveis: 1. Monitorização do sistema; 2. Detecção da disfunção; 3. Identificação da disfunção; 4. Diagnóstico da disfunção; 91 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS 5. Prognóstico do sistema; 6. Recuperação do sistema. O módulo de monitorização inclui um sub-módulo de aquisição e processamento de dados. Ao reconhecer uma situação anormal, a segunda fase apenas determina se a disfunção ocorreu ou não. Pode ser feito simplesmente através de processo de monitorização de variáveis, tendências e comparação com valores limite. Processa ainda a activação dos próprios alarmes. Pode incluir um processamento de sinal avançado baseado em análise estatística. A fase de identificação da disfunção ajuda a descodificar o subsistema mais relevante susceptível de apresentar tal anomalia, tornando a eliminação da disfunção mais eficiente. Corresponde à caracterização da disfunção, cujo diagnóstico tem implícito que a anomalia se manifestou e qual o tipo, localização, magnitude e instante em que ocorreu. O efeito da disfunção é removido na fase de recuperação do processo. Saliente-se o importante papel do módulo de prognóstico ou módulo de predição que, entre outras, fornece informações específicas acerca do estado de bom funcionamento do sistema, nível de confiança e recomendações, tal como é ilustrado na figura 2.13. Numa análise sistémica deverão considerar-se, no mínimo, quatro patamares de gestão do processo de manutenção preditiva. Por isso, na generalidade das aplicações, o sistema de monitorização de condição de um processo, sistema ou equipamento, enquadra quatro estágios: 1. Recolha dos valores dos indicadores de condição; 2. Tratamento dos dados; 3. Classificação da condição; 4. Prognóstico e decisão. Figura 2.13 - Níveis de gestão do processo de manutenção preditiva 92 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS No caso em análise, o módulo de controlo apenas avalia a eventual existência de disfunção ambiental, reconhecendo uma operação anormal. Pode ser implementada simplesmente através de um processo de monitorização de variáveis, tendências e comparação com valores limite. Processa ainda o manuseamento dos próprios alarmes. Pode incluir um processamento de sinal avançado baseado em análise estatística utilizando modelos de avaliação inteligentes. No módulo de avaliação, processa-se a fase de identificação do subsistema responsável pela disfunção detectada no módulo de controlo. Consiste numa subrotina de vários ciclos que percorrem todos os subsistemas e componentes no sentido de especificar o subsistema com maior probabilidade de apresentar qualquer disfunção, tornando mais eficiente a sua eliminação. Esta fase de identificação da disfunção tem implícita a sua prévia detecção e caracteriza qual o tipo, localização, magnitude e instante em que ocorreu. Saliente-se o importante papel do módulo de predição que, entre outras, fornece informações específicas acerca do estado de bom funcionamento do sistema, nível de confiança e recomendações. O efeito da disfunção é removido na fase de recuperação do processo, desencadeada pelo módulo de decisão, tal como ilustrado na figura 2.14. Figura 2.14 - Estrutura de módulo de predição em manutenção preditiva A Organização OSA-CBM (Open System Arquitecture for Condition-Based Maintenance), [http://www.osacbm.org, (2007-07-15)], definiu a arquitectura de um sistema aberto para manutenção condicionada, com sete patamares, para partilhar o subsistema de diagnóstico em entidades modulares com adequados interfaces: a) Aquisição de dados - Módulo sensor que tem à saída valores de sinal calibrados; b) Processamento de dados - Processamento dos sinais recolhidos do módulo de aquisição de dados ou de um módulo intermédio de processamento de sinal, transformando estes dados de input em sinal simples ou multi-canal (por exemplo, cálculo do valor médio ou espectro de frequência); c) Monitorização da condição ou do estado - O monitor de condição recebe dados de input vindos do módulo sensor, dos módulos de processamento de sinal e outros monitores de condição. Faz um teste dentro da amplitude admissível e eventual emissão de alertas. Pode recorrer a vários métodos de diagnóstico de disfunções. A função primária do monitor de condição é comparar os valores efectivamente medidos das variáveis de CBM, com os valores esperados e com valores limite impostos pela legislação, especificando à saída o indicador de condição; 93 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS d) Avaliação do estado de funcionamento / detecção e isolamento do defeito - Módulo que recebe o sinal do monitor de condição ou de outros módulos de processamento de diagnóstico e determina se o funcionamento de um determinado sistema, subsistema ou peça de equipamento está degradado. Se a avaliação do estado de saúde indiciar níveis de degradação, este módulo de processamento de diagnóstico pode gerar um registo de diagnóstico que, pela avaliação da condição de disfunção, propõe uma ou mais possíveis condições de disfunção com o nível de significância que lhe está associado. Este módulo poderá levar em consideração tendências do histórico de saúde, estado operacional e carga, bem como o histórico da manutenção. Deverá ainda manter o seu próprio arquivo de dados históricos; e) Prognóstico / predição da disfunção - Adquire dados dos módulos anteriores. Com base no último diagnóstico, projecta o estado de saúde do equipamento no futuro, levando em consideração estimativas do perfil de utilização futura. Pode também proceder à estimação da vida útil remanescente de um activo com base no perfil de utilização previsto; f) Suporte à decisão / acções recomendadas para correcção da disfunção - Recebe dados dos módulos de diagnóstico e prognóstico. A sua função primária é recomendar acções com alternativas, levando em consideração o histórico operacional. Pode ainda proceder à emissão de instruções para operar com restrições, reconfiguração automática, etc. g) Apresentação - Interface com o utilizador. Tipicamente, os algoritmos enquadram-se em três categorias: Algoritmos conduzidos pelos dados; algoritmos baseados no modelo; e algoritmos híbridos. A estratégia de diagnóstico a aplicar a um determinado veículo com um tipo de trabalho específico, pode ser definida através da resposta às seguintes questões: • Qual a situação actual? Que dados são recolhidos presentemente? São os mesmos suficientes? • Quem utiliza os dados? Como se podem ajudar os actuais utilizadores? • Quem ou que grupos estão disponíveis para implementar um novo método de relatório de falhas, análise e acção correctiva? • Quem e com que critério se decide se o novo sistema pode vir a ser implementado? • Qual o empenho que tem que ser colocado no desenvolvimento de software e manuais e qual o esforço a suportar com pessoas (incluindo formação) para conseguir novas formas de diagnóstico? • Quais as comunicações a bordo, CPU e recursos de armazenamento disponíveis para o diagnóstico? • Que parte dos serviços de diagnóstico estão incorporados a bordo do veículo e o que permanece fora de bordo? • Serão todos os diagnósticos realizados “fora de bordo” de tipo remoto? Ou, serão necessários outros sistemas complementares, próximos dos de tipologia “fora de bordo”? 94 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS • Que variáveis, componentes e sub-sistemas são diagnosticados em serviço no decorrer da exploração e quais os que ficam fora de serviço em modo diagnóstico? • Quais os serviços de diagnóstico que devem estar acessíveis aos clientes, quais os acessíveis aos serviços técnicos e quais os apenas disponíveis aos peritos? • Qual o nível de diagnóstico a bordo a ser implementado? Apenas aquisição de dados e monitorização da condição ou também avaliação do bom funcionamento e, talvez, prognóstico? • Que partes do hardware, software e algoritmos de diagnóstico podem vir a ser generalizados para aplicação em futuros projectos? Um sistema de controlo electrónico consiste em sensores, controladores, actuadores e cadeias de comunicação. Os controladores são, normalmente, programáveis. Os sistemas de controlo electrónico controlam os sistemas mecânicos, incluindo sub-sistemas hidráulicos, pneumáticos e electromecânicos, para que o autocarro cumpra com a sua missão de transporte de passageiros. Podem identificar-se três níveis de diagnóstico: 1. De um sistema de controlo (sensores, conectores, cabos, CPU, RAM, I/O electrónicos, actuadores e sub-sistemas de comunicação); 2. De um sistema mecânico (qualidade de fluido, níveis de fluido, pressão de fluido, temperaturas, desgastes de rolamentos, outros problemas); 3. Monitorização da eficiência do trabalho e qualidade do serviço produzido (arranques e paragens bruscas). A normalização da matriz de diagnóstico será brevemente adaptada a nível da União Europeia, para que os veículos pesados sejam equipados com interface de diagnóstico de bordo semelhante aos dos veículos ligeiros de passageiros. Contudo, existem normas de diagnóstico preparadas pela ISO e SAE relacionadas com as emissões poluentes que podem desde já ser seguidas na definição de serviços de diagnóstico de carácter geral, bem como na configuração e calibração de serviços. A norma ISO 9141 [1989] é a norma de diagnóstico mais conhecida. Embora defina a estrutura de diagnóstico de um autocarro, não define o serviço de diagnóstico, sendo, basicamente, genérica e nem sequer tem qualquer relação com o problema das emissões poluentes. A norma que lhe sucedeu, a ISO 9141-2, teve apenas uma função complementar à ISO 9141 e serviu de suporte à norma SAE J1978. A norma SAE J1978 [2002] baseia-se nas ferramentas de exame minucioso SAE OBD II. Na Europa, o conjunto de normas ISO 14230 foi adoptado para corrigir a norma ISO 9141 e compreende quatro partes. Posteriormente, foi publicado um conjunto de normas ISO 15765 que já incluem sistemas de 24 Volt e sistema de controlo CAN (Controller Area Network). Compreende as seguintes partes: • ISO 15765-1 Sistemas de diagnóstico de veículos rodoviários em CAN – Parte 1: Informação geral; • ISO 15765-2 Sistemas de diagnóstico de veículos rodoviários em CAN – Parte 2: Estrutura de serviço das redes de trabalho; • ISO 15765-3 Sistemas de diagnóstico de veículos rodoviários em CAN – Parte 3: Implementação de serviços de diagnóstico unificados (UDS em CAN); 95 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS • ISO 15765-4 Sistemas de diagnóstico de veículos rodoviários em CAN – Parte 4: Requisitos para sistemas relacionados com as emissões poluentes; Na Europa a Directiva 2005/78/EC estipula que em veículos pesados podem ser usadas quer a norma ISO 15765 quer a SAE J1939. O grupo de harmonização à escala mundial, WWH (WorldWide Harmonization group), está a trabalhar no sentido de produzir um conjunto de normas de diagnóstico globalmente harmonizado adaptado a veículos ligeiros, médios e pesados. O grupo WWH propôs um conjunto específico de normas para transmissão de dados em TCP/IP sobre protocolo Ethernet que serão publicadas como norma ISO 27415. Porém, durante o período de transição serão utilizadas as normas ISO 15765 e SAE J1939. Sintetizando, pode encarar-se a política de manutenção de sistemas técnicos influenciada por diferentes aspectos em que se destacam, a optimização do impacto ambiental, a fiabilidade e os custos, sendo que alguns destes aspectos conflituam entre si. Importa garantir a eficiência energética de equipamentos, sistemas e edifícios (por exemplo, soluções construtivas de pisos desenvolvidos de forma a separar zonas de diferentes temperaturas) e utilizar energias renováveis, reduzir a mobilidade de pessoas e encurtar distâncias e fluxos de material, externa e internamente às empresas, mas, mais do que nunca, a manutenção deve ser encarada como um vector de sustentabilidade ambiental. A abordagem aqui exposta, na qual se associam os valores das variáveis de controlo a estados de eminente disfunção ambiental, tem subjacente a ideia de que o correspondente modelo de previsão proporciona uma predição dos valores de alarme das variáveis antes que atinjam limiares críticos ecológicos. Como os limiares críticos que desencadeiam a manutenção ecológica são de natureza ambiental, admite-se, empiricamente, que possam vir a ser inferiores àqueles que variáveis convencionais assumiriam num processo de manutenção condicionada baseada na extensão máxima dos intervalos de manutenção. É expectável que no modelo aqui apresentado o número de situações de falha seja inferior ao de um modelo convencional. (,4 # $% * Os Modelos de Markov, em especial as cadeias de Markov e os modelos escondidos de Markov, constituem a sequência do estudo do matemático Andrei Andreyevich Markov. Este cientista nascido na Rússia em 1856, estudou durante largos tempos temas associados à teoria dos números, teoria da aproximação e fracções contínuas. Numa fase da sua vida, Markov aplicou o método das fracções contínuas à teoria da probabilidade, dando início ao estudo pelo qual ficou conhecido até aos nossos dias: as cadeias de Markov. O estudo dos Modelos de Markov e suas aplicações que são apresentados em (Campos et al. 2002) são muito importantes para os sistemas de apoio à tomada de decisão, pois é a partir de uma série de probabilidades que podemos saber qual a escolha mais provável, ou caminho que oferece maiores garantias, quando se estuda a projecção de um determinado problema. Impõe-se fazer uma breve discussão sobre a teoria dos modelos escondidos de Markov. Um modelo escondido de Markov (Rabiner and Juang 1986) (Rabiner 1989) é uma variante das cadeias de Markov, onde, além da função de distribuição de probabilidades associadas 96 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS aos estados, existe uma função de distribuição de probabilidades para as observações que podem ser perceptíveis em cada estado. Consiste num processo duplamente estocástico composto por um processo oculto (não observável), mas que se manifesta através de um outro processo estocástico que produz a sequência de símbolos observados. Os dois tipos de parâmetros a que um modelo escondido de Markov está associado são os seguintes: • Probabilidades de transição entre estados; • Probabilidades de emissão dos símbolos visíveis para cada um dos estados. Entende-se por símbolos visíveis os códigos ou classes correspondentes às observações de valores de indicadores de impacto ambiental visíveis. Em síntese, os símbolos são os valores que as observações podem assumir e, por isso, representam o domínio da função emissões. Nos modelos escondidos de Markov é possível relacionar a distribuição de observações para cada estado, com o conjunto de todas as observações. Estes modelos possuem grandes aptidões na resolução de problemas com base na teoria dos processos estocásticos, com inúmeras aplicações em diversos campos da investigação científica, tais como a biologia celular, bioinformática, inteligência artificial (nomeadamente sistemas de reconhecimento de voz e escrita, processamento de linguagens e visão computacional), a economia, mediante estudo das flutuações dos ciclos de negócios e dos preços, a meteorologia ao fazer previsões sobre o tempo e estudos de medições científicas em laboratório. Existem três problemas relacionados com os modelos escondidos de Markov, os quais possuem soluções através dos algoritmos Forward, Backward, Viterbi e Baum Welch. Estes algoritmos serão detalhados no capítulo seguinte. Um modelo é, normalmente, uma proposta de explicação, apresentada sob a forma matemática, relativa a um fenómeno específico. O modelo, na sua concepção e na fase de treino, procura repercutir, a partir da compilação e tradução de dados observados, um conjunto de correlações que são usadas para prever eventos futuros. O modelo permite a definição de cenários que traduzem uma representação simplificada de um grupo de sequência de eventos com algumas características comuns. Na maior parte das vezes os investigadores propõem modelos para explicar um fenómeno a partir de diferentes perspectivas, com base em teorias ou conjuntos de dados diferentes. Independentemente da sua concepção, à medida que novos dados de prova vão sendo recolhidos mediante observações posteriores, o modelo entra na fase de validação, fazendo predição e comparando essa predição com a evolução da realidade observada. Seguindo uma determinada sequência de monitorização, se o erro da predição, que corresponde à diferença entre a previsão e a observação, não é aceitável, o modelo tem de ser calibrado ou modificado em termos da sua estrutura, incorporando dados observados recentemente. Este ciclo é então repetido iterativamente com novas observações, prosseguindo a optimização até que o modelo forneça uma explicação satisfatória de todos os eventos observados. Em geral, dispõe-se de alguns dados para avaliação, mas muitas vezes insuficientes. É com estes dados que se equacionam várias opções para o modelo. Podem-se conceptualizar e testar os diferentes modelos, a fim de seleccionar o ideal, existindo diversos métodos de selecção dos mesmos. Neste âmbito, têm vindo a ser desenvolvidos procedimentos e rotinas com vista a atingir tal objectivo. No entanto, a selecção do modelo, melhor e mais simples, 97 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS pode não ser assim tão desejável, quando não faz uso eficiente de nova informação disponível. Portanto, alternativamente, pode ser proposto utilizar-se uma combinação de modelos, a fim de melhorar o desempenho do sistema. A incerteza dos modelos decorre de conhecimentos incompletos ou imprecisos e pode ser reduzida pela introdução de melhorias nas medições de dados e na sua formulação. Os modelos podem ser avaliados com base na sua exactidão, a qual traduz o grau de ajustamento da capacidade de predição às observações futuras. Os trabalhos relacionados com a formulação de modelos incluem a avaliação, a selecção e a combinação de modelos. Não é surpreendente ver que ao combinar diferentes fontes de informação, incluindo sub-modelos e dados potenciais, se obtenha como resultado um melhor modelo. A ideia básica subjacente à construção de uma combinação de modelos é a agregação de toda a informação disponível que, apesar de tudo, pode conter erros ou ruído. A partir desta perspectiva um bom método de combinação de modelos deve incluir as seguintes características: a) Deve ser capaz de agregar informação oriunda de todos os modelos alternativos e, assim, reduzir o enviesamento e as incertezas do modelo. b) Deve ser capaz de, até certo ponto, detectar erros nos modelos alternativos, reduzindo assim o enviesamento do modelo global. c) Deve ser capaz de modelar dependências entre modelos alternativos e, assim, reduzir a informação redundante. A mitigação da redundância de informação ajuda a reduzir a complexidade e a incerteza do modelo. d) Deve ser capaz de combinar diferentes tipos de informação, ao nível de modelos e dados. e) Deve ter um desempenho robusto ao tratar diferentes conjuntos de dados. f) Deve ser objectivo, não dando azo a julgamentos subjectivos. Idealmente, um processo de selecção de um modelo deve ser objectivo e, portanto, repetível. No caso do mesmo grupo de dados ser usado tanto na calibração do modelo como na sua validação, a importância do método de selecção de modelos surge reforçada. Até agora, uma variedade de métodos de selecção de modelos foi desenvolvida, incluindo os clássicos testes de hipóteses, verosimilhança máxima penalizada, métodos bayesianos, ou utilização de critérios de informação e validação cruzada. Estes métodos de selecção de modelos são considerados novos e muito promissores na definição de critérios de gestão de informação. A avaliação de modelos alternativos é especialmente adequada para situações em que não há uma teoria bem fundamentada e apenas se encontram disponíveis dados escassos. Quando exista informação suficiente disponível, uma análise determinística deve ser capaz de atingir um modelo teórico mais exacto. Podem ser enumerados uma grande quantidade de trabalhos relacionados com a aplicação de modelos escondidos de Markov. Porém, nenhum se voltou para o aprimoramento da gestão da manutenção e muito menos para a vertente ecológica. Este é, sem dúvida, um grande desafio em que irão ser utilizadas as enormes potencialidades destes modelos. 98 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS A incorporação de redes neuronais tem contribuído para demonstrar a crescente optimização do desempenho deste método de combinação de modelos. Por isso, são apresentadas na tese algumas noções-base de introdução às Redes Neuronais Artificiais (RNA), versando diversos aspectos tais como a sua inspiração biológica, a sua classificação e apresentação de algumas das RNA mais utilizadas. É dado um especial ênfase à aplicação das redes em problemas de regressão, em virtude da sua aplicação ao longo deste trabalho incidir sobre este objectivo. O aspecto atractivo das redes neuronais artificiais provém da informação notável que as mesmas processam e que são características do sistema biológico natural. Pode enumerar-se no conjunto das especificidades, a sua não linearidade, a sua robustez, a capacidade para decifrar informação imprecisa e difusa e o seu potencial de generalização (Jain et al. 1996). As redes neuronais artificiais constituem uma ferramenta alternativa relativamente aos métodos estatísticos tradicionais, para inferir das necessidades de manutenção de frotas de veículos rodoviários. A sua eleição, em detrimento de outras ferramentas, tem por base a sua crescente popularidade e consolidação ao longo da última década sendo a sua inspiração o sistema nervoso central do ser humano. Assim, as RNA são ferramentas de modulação computacional não algorítmica, caracterizadas por sistemas que tentam imitar a estrutura do cérebro humano. As RNA podem ser definidas como estruturas constituídas por elementos de processos simples adaptáveis e altamente interligados (designados por neurónios artificiais ou nodos), capazes de executar cálculos computacionais de processamento de dados e representação do conhecimento (Schalkoff 1997). Apesar das RNA serem abstracções drásticas das suas contrapartes biológicas, o seu fundamento não é reproduzir a operação dos sistemas biológicos, mas sim fazer uso do que é conhecido sobre a funcionalidade das cadeias biológicas para resolver problemas complexos. O principal objectivo das RNA visa a concepção de algoritmos matemáticos que permitam desenvolver um processo de aprendizagem para que elas aprendam a partir da informação processada, simulando deste modo a aquisição de conhecimento por parte do cérebro humano. Deste modo, as RNA são modelos empíricos por natureza, podendo, contudo, fornecer soluções bastante precisas quer para problemas simples, quer para fenómenos onde apenas existem dados e observações experimentais. As RNA têm sido utilizadas na modelação de memória, reconhecimento de padrões, representação de funções contínuas, previsão de séries temporais e outras. A sua área de intervenção é bastante genérica, podendo citar-se algumas aplicações específicas: • Indústria automóvel e transportes; • Medicina e biomedicina; • Reconhecimento de texto, voz e imagem; • Economia, gestão, análise financeira, banca e seguros; • Processos industriais, robótica, indústria de defesa e aeroespacial; • Indústria de telecomunicações, electrónica e de prospecção petrolífera; • Física de alta energia. A aprendizagem da cadeia biológica, tal como das RNA, é feita através do ajuste dos pesos ou forças sinápticas. Um neurónio artificial computacional tenta modelar algumas destas 99 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS características biológicas. Em termos de simulação, uma rede neuronal é constituída por unidades básicas de processamento, designadas por neurónios, que estão interligados entre si. Cada neurónio possui várias entradas a que estão associados pesos. Um somatório efectua a soma ponderada das entradas encontrando-se na saída do mesmo uma função de activação. As redes contêm vários neurónios ligados para que as saídas de uns estejam ligadas às entradas de outros. Existem diversas funções de activação, também designadas de funções de transferência, dependendo a sua escolha da aplicação em causa. Na figura 2.15 apresentam-se, a título de exemplo, algumas funções de activação. Figura 2.15 - Exemplos de funções de activação utilizadas em redes neuronais Apesar de existirem, entre as RNA e a estatística clássica, muitas diferenças, o que é facto é que entre elas também existem muitas semelhanças. Algumas RNA podem ser consideradas como generalizações de modelos estatísticos, enquanto outras são extremamente parecidas com modelos estatísticos existentes, subsistindo outras ainda, que são totalmente distintas dos modelos estatísticos existentes. Como se refere, os modelos escondidos de Markov (HMM) competem com as RNA no desenvolvimento de pesquisas nas áreas especificadas acima. Em suma, os programas de inspecção e manutenção podem fornecer dados tendo em vista o perfil global de emissões da frota de veículos. Porém, apenas uma parte muito pequena do subconjunto de dados, inclui medições simultâneas não só do regime de operação do veículo mas também da taxa de emissões poluentes instantâneas. Os modelos instantâneos desenvolvidos são importantes para avaliar com precisão o impacto ambiental de iniciativas com incidência ao nível das vias de comunicação e transportes, tal como, por exemplo, ao nível do projecto das intersecções rodoviárias e das medidas de acalmia de tráfego (Simões_Andreia; et al. 2001). Numa análise de dados de medições de caudais mássicos (kg/s), recolhidos através de testes a uma amostra aleatória de veículos, (North 2007) relacionou valores instantâneos de 100 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS emissões com os tempos em que ocorrem e definiu as respectivas frequências acumuladas para cada uma das variáveis de estudo. O trabalho concluiu sobre a existência de episódios de picos de emissões que ocorrem em períodos relativamente curtos. Este efeito apresenta-se especialmente realçado para as emissões de CO, com 98% do tempo de registo a apresentar emissões enquadradas nos 10% de valores mais baixos do intervalo de dispersão das medições de caudal. Análise semelhante permitiu identificar distribuições análogas para os restantes poluentes, apresentando as PM10 84%, os THC 82% e o NO 71%. A distribuição de CO2 tem uma dispersão mais uniforme, se bem que cerca de metade do tempo de teste, mais concretamente, 49%, seja ainda gasto dentro dos 10% de valores mais baixos do intervalo de dispersão das medições apuradas. Na predição de intervalos de inspecção de autocarros urbanos, é recomendado utilizar valores de referência, tais como os referentes a veículos equipados com motores de ignição por compressão (Diesel) e que são enumerados no sub-capítulo seguinte. As técnicas de manutenção condicionada permitem a avaliação da condição do sistema baseada na recolha de dados no sistema através da monitorização contínua ou de inspecções, com o objectivo de determinar a necessidade de manutenção antes da ocorrência de qualquer falha imprevista. As condições anormais resultam geralmente de duas causas comuns: 1. Degradação decorrente do uso acelerada por factores externos que levam a uma mudança abrupta na utilização. 2. Mudanças súbitas de comportamento. Os algoritmos de monitorização do bom funcionamento de um sistema são habitualmente derivados de modelos de deterioração com ajustamentos empíricos, obtidos de experiência operacional. Um exemplo tem a ver com a quantificação das incertezas do modelo, tais como, variações no fabrico, condições de operação e tipo de indicadores controlados. Esta perspectiva de aproximação probabilística para predição da vida de um sistema ou equipamento é essencial para o prognóstico, porquanto fornece simultaneamente o nível de confiança que lhe está associado. É também simples de implementar quando as reparações e o histórico de falhas se encontram disponíveis, permitindo caracterizar com precisão as respectivas distribuições Weibull ou Gama. Quando a condição do sistema excede o seu nível de disfunção passa ao estado de falha, obrigando à imediata manutenção não-planeada, a qual deve corrigir o sistema de forma a garantir uma reparação tão boa quanto novo (as-good-as-new). Obviamente que a escolha das datas de inspecção e os valores limiar críticos influenciarão o desempenho económico da política de manutenção. Os modelos económicos de avaliação das políticas de manutenção, apesar da vantagem da sua capacidade para tratar as interdependências, têm a desvantagem da ausência de um conjunto de regras que possam ser aplicadas a diferentes situações. 101 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS (,6 7 + $% 1 8 5 A monitorização do desempenho de uma organização em geral é um processo cíclico. A monitorização habilita um operador a comparar indicadores com, por exemplo, o resultado do ano anterior. Atendendo a que a monitorização é um processo contínuo permanente, os indicadores precisam ser monitorizados com o objectivo de analisar o resultado das melhorias. A monitorização pode resultar de um projecto desenvolvido internamente na empresa ou resultar da aplicação de projectos públicos. No contexto de um operador de transporte público, o processo deverá seguir uma abordagem sequencial com os seguintes passos: 1. Definição dos factores que são críticos para o sucesso da empresa; 2. Desenvolvimento de medidas de desempenho apropriadas, conhecidas como indicadores; 3. Recolha dos valores dos indicadores para um primeiro ano de base; 4. Definição de metas de curto e longo prazo para cada indicador, tendo como referência o ano de base; 5. Planeamento das medições e actividades que melhorarão a exploração de transportes e conduzirão a uma concretização dos objectivos de curto e longo prazo; 6. Definição de uma metodologia de monitorização descrevendo o que deve ser monitorizado, quem fará a monitorização e quando efectuar a monitorização. Podem ser aplicados muitos indicadores de desempenho. Para uma análise básica, deveriam ser definidos indicadores dentro de três áreas: • Produto ou serviço; • Eficiência (pessoal, veículos e manutenção); • Resultado. Dentro das três áreas de desempenho o operador / autoridade de transporte pública deverá escolher um número de indicadores para monitorização do desempenho do sistema de transporte público, tais como, por exemplo, os seguintes: 1. Produto ou serviço - Cobertura da rede de transportes, velocidade média, quota de mercado do transporte público, prioridade na aproximação aos semáforos, fracção de veículos de piso rebaixado, fracção de paragens com abrigos, idade média dos veículos. 2. Eficiência: • Pessoal de apoio - pessoal por (veículo * quilómetro) ou pessoal por (veículo * hora), custo total de pessoal por (veículo * quilómetro) ou por (veículo * hora), custo de pessoal administrativo por (veículo * quilómetro) ou por (veículo * hora), custo de motoristas por (veículo * quilómetro) ou por (veículo * hora). 102 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS • Veículos - número de autocarros por (veículo * quilómetro) ou por (veículo * hora), viagens por (veículo * quilómetro) ou por (veículo * hora), viagens realizadas por veículo, (veículos * hora) ou (veículos * quilómetro) por veículo. • Manutenção - Pessoal técnico por (veículo * quilómetro) ou por (veículo * hora), custo de manutenção por (veículo * quilómetro) ou por (veículo * hora). 3. Resultado - custo total por (veículo * quilómetro) ou por (veículo * hora), taxa de cobertura dos custos, rácio de contribuição nos custos dos clientes, viagens por cliente, receitas de bilheteira por viagem, viagens por (veículo * quilometro) e / ou por (veículo * hora). Os dados de medida de desempenho proporcionam à administração de transportes avaliações objectivas do nível de oferta actual tendo em consideração a qualidade de serviço. Os aspectos monitorizados regularmente relativos aos serviços existentes incluem, por exemplo, pontualidade dos serviços de autocarro, probabilidade de um passageiro ao entrar num autocarro, dispor de um lugar sentado, limpeza dos autocarros e condições das paragens dos autocarros. A gestão chave de um sistema de medida de desempenho inclui: Monitorização do serviço; Avaliação de desempenho financeiro; Funções de gestão; Comunicações internas; Desenvolvimento de um serviço de normas de projecto; Comunicação de realizações e desafios; e Promoção de benefícios na comunidade. Durante décadas, várias organizações concentraram grande parte da sua atenção na oferta de produtos e serviços, ignorando muitas vezes a função de manutenção que, no entanto, era vista como um mal necessário. Durante os últimos anos houve uma mudança gradual de atitude, com os gestores a olharem também para a função manutenção. Um dos factores mais importantes que promoveram esta mudança teve a ver com o facto dos departamentos de manutenção se tornarem centros de custo principais dentro das organizações. Com os custos gerais de operação a subirem com incrementos anuais elevados, gerou-se o potencial de conseguir poupanças significativas no departamento de manutenção, através da implementação de práticas avançadas de gestão da manutenção, com as quais se começaram a esboçar poupanças que podem tornar-se muito significativas. Ao longo de vários anos foram desenvolvidos vários modelos e métodos de boas práticas de manutenção ao nível da medição e suporte do desempenho da frota, nomeadamente: • Manutenção curativa / correctiva - Os veículos são submetidos a intervenções quando as falhas já ocorreram. • Manutenção preventiva - Os equipamentos são submetidos a intervenções de manutenção com intervalos regulares, conforme as instruções dos fabricantes ou a prática empresarial, para prevenir falhas antes que elas ocorram ou antes que elas se desenvolvam e manifestem sob a forma de defeitos mais graves. • Manutenção preditiva - A medição de variáveis de estado determina a classificação da condição do equipamento em serviço, no sentido de predizer quando a manutenção deve ser executada. Em anos recentes têm vindo a ser introduzidos, pelos maiores operadores de vastas áreas urbanas, diversas mais-valias, tais como: 103 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS • Sistemas de auto-diagnóstico a bordo dos veículos; • Manutenção centrada na fiabilidade; • Transmissão de dados on-line; • Monitorização das condições de operação do motorista; • E controlo de custos. Pela aplicação de boas práticas de gestão e com o uso de adequadas ferramentas técnicas de manutenção, podem conseguir-se reduções de custo significativas. Poder-se-á analisar o nível de sucesso dependente da forma como cada função específica e cada actividade particular é integrada na manutenção e na rotina de trabalho de produção. A nível internacional, (Bruce, 2009) define um programa de 13 passos a seguir, estabelecendo aquilo que é denominado como uma organização de manutenção de classe mundial no âmbito das melhores práticas em manutenção e dos seus respectivos impactos, que são: 1-Alterações filosóficas e teóricas Para alcançar as melhores práticas no âmbito da manutenção, deve haver disponibilidade para operar mudanças tecnológicas e organizacionais, de modo que cada departamento faça a sua própria gestão diária. 2-Compreender a mudança Muitas pessoas têm horror às mudanças, pelo que resistem ferozmente a elas. É importante que todos percebam a importância de fazer as necessárias mudanças. Só aqueles que mostrarem disponibilidade às mudanças podem esperar alcançar o real sucesso. Para isso, os órgãos de decisão da empresa devem estar dispostos a desenvolver um plano de acção altamente disciplinado. Quando a aprovação for conseguida, os gestores de manutenção e produção têm que fazer as necessárias mudanças e implementar o plano corajosamente e tão rapidamente quanto possível. 3-Criar uma equipa de trabalho Todo o pessoal de apoio precisa ser informado do plano e dos seus efeitos em cada elemento da organização. É necessário que eles participem nos processos de reengenharia, para assim contribuírem para um objectivo comum. O pessoal que entende e concorda com um processo torna-se mais cooperante com a mudança e ficará menos propenso a, mais tarde, criar dificuldades. A equipa de trabalho ao longo do processo de realinhamento da organização constitui um factor crítico no alcançar do sucesso. 4-Programa de treino Deve ser desenvolvido um programa de treino específico que cubra todos os aspectos das mudanças propostas. Para introduzir as novas ideias são necessárias sessões de treino e reuniões de progresso. Devem ser apresentados métodos básicos para que o pessoal os entenda facilmente. As sessões de treino devem ser limitadas a uma hora por dia e devem cobrir todos os aspectos do novo plano. Podem ser usados seminários para enfocar os problemas correntes e a forma como evoluíram. Os treinos devem ser implementados de forma contínua até que as novas normas de manutenção estejam completamente implementadas. O pessoal da manutenção deve ser treinado para possuir destreza na resolução de problemas que usam uma metodologia formal. As pessoas precisam deste tipo de treino de modo a que possam aprender a analisar construtivamente a informação disponível. 104 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Usando uma única metodologia de abordagem, com toda a gente envolvida, a organização ficará com uma cultura comum para encontrar soluções para os problemas de desempenho. Em qualquer momento em que surjam problemas e a tendência dos indicadores aponte numa direcção negativa, a empresa pode reagir usando rapidamente equipas multi-nível e multi-funcionais. Os grupos de implementação de novas metodologias devem ser constituídos por pessoal dos vários departamentos da empresa. Uma vez treinados na metodologia de resolução de problemas, os grupos podem precisar do apoio de um responsável qualificado. Deve ser um indivíduo de dentro da organização, reconhecido pelas suas aptidões na liderança de pessoal. Deve saber fornecer o apoio ao desenvolvimento de dinâmicas de grupo positivas. Como o passar do tempo, o pessoal poderá, naturalmente, trabalhar cada vez mais sem a ajuda desse especialista. 5-Gestão de activos Define-se o conceito de gestão de activos pela sua associação com uma configuração de equipamentos. No caso de autocarros urbanos, são definidos diferentes centros de gestão de activos pela associação a diferentes séries da frota. Um centro de gestão de activos corresponde a uma série de autocarros. Cada um dos centros de gestão de activos incluirá vários centros de custo individuais traduzidos pelos diferentes autocarros da frota. Um centro de custos inclui custos de equipamento, com pessoal, com materiais e com combustíveis. Uma vez estabelecido, cada centro de custo deve ser localizado e monitorizado nos factores de tendência mais importantes que permitam proporcionar à administração informação precisa e viável sobre onde está a ser despendido o dinheiro. Os custos totais são desagregados pelos centros de gestão de activos e estes por sua vez congregam os diferentes centros de custo. Com um plano de gestão de recursos eficiente, o sistema de acompanhamento da manutenção, gerido informaticamente, funcionará no seu máximo potencial. 6-Controlo de armazéns / inventários A reorganização da função de armazenagem é um das mudanças mais críticas. Muitos dos espaços de armazenagem encontram-se organizados de forma imprópria, acondicionando muitas vezes componentes e materiais durante anos até que se tornem necessários na revisão integral dos veículos. É essencial que os componentes e materiais disponíveis em armazém sejam adequados para satisfazer as necessidades de todas as intervenções em curso e as resultantes de emergências, de forma que cada função de manutenção seja totalmente salvaguardada. As quantidades não devem ser escassas nem exageradas. As peças e os materiais devem conter etiqueta e devem ser de fácil identificação dentro do espaço de armazenagem. Uma vez etiquetado e colocada no armazém, a peça deve dar entrada num sistema de controlo automatizado, por número de identificação, localização, centro de custo e centro de gestão de activos que usa a peça. Uma análise histórica de qualquer peça ou equipamento deve permitir a identificação de artigos excedentários ou em falta. Uma vez identificados os excessos, deverão os mesmos ser corrigidos no sentido de optimizar o inventário. Ao pessoal de armazém devem ser distribuídos procedimentos escritos, alguns emitidos de forma automática pelo 105 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS sistema informático, respeitantes a quantidades de reserva, soluções, verificações e correcções. Uma directiva escrita é essencial para uma compreensão clara por todo o pessoal. O pessoal de manutenção e de armazém deve ser treinado em todos os aspectos relacionados com as exigências de entrada de dados no sistema informático. O acesso ou entrada no armazém deve ser obrigatoriamente restringido a fiéis ou responsáveis pelo armazém. 7-Manutenção Correctiva Com os activos e seus componentes identificados, a manutenção correctiva e preventiva pode ser levada a efeito de forma mais eficiente. O pessoal pode ser afecto de modo a satisfazer as necessidades dos centros de gestão de activos recentemente criados. Os custos são associados directamente ao centro de custos e respectivo grupo ou centro de gestão de activos. As ordens de trabalho devem ser emitidas para o código do Objecto de Manutenção a carecer de intervenção para que os custos lhe sejam imputados, mediante contabilização das peças utilizadas, materiais e horas de mão-de-obra, de forma a permitir a análise de custos e o controlo das previsões de desempenho. Os trabalhadores afectos aos departamentos de produção e manutenção devem saber o que está a ser feito, por quem, onde, quando e porquê. Devem ser desenvolvidos procedimentos escritos na Ordem de Trabalhos (OT), com responsabilidades detalhadas em termos de cada elemento do pessoal afecto. É essencial programar o uso de operadores para desenvolverem tarefas rotineiras de manutenção, tais como lubrificação e ajustamentos secundários. O planeamento constitui a fase crítica no sistema de OT. Quem planeia define o trabalho esperado, material e sequência de tarefas. O órgão de planeamento deve ser incumbido e autorizado a fazer a determinação de quanto trabalho pode ser realizado num determinado período de tempo para cada centro de custos e respectivo centro de gestão de activos para facilitar não só as exigências de produção como também as necessidades de manutenção. A reserva de capacidades deve ser efectivamente gerida para que não entre em situações incontroláveis. O planeador deve ser responsável perante o gestor de produção e perante o gestor de manutenção de modo a satisfazer as suas exigências. 8-Manutenção preventiva O programa de manutenção preventiva deve ser objecto de uma reavaliação total para determinar a sua adequabilidade e efectividade. Demasiado tempo de paragem para manutenção e frequentes avarias dos equipamentos, indicia que a manutenção preventiva não está a ser eficiente. O objectivo real do programa de manutenção preventiva é reduzir tempo de paragem em manutenção e o número de avarias para um nível que seja considerado aceitável e gerível pelos departamentos específicos. O programa efectivo de manutenção preventiva deve ser concebido para coexistir com as duas vertentes de manutenção correctiva e preditiva e para maximizar a redução do tempo de paragem do equipamento. Como prática comum, é essencial que haja boa coordenação e cooperação entre os gestores de operações e de manutenção. Devem ser usadas directivas escritas para estabelecer quem está na liderança e quem está em posição secundária perante a 106 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS ocorrência de vários cenários operacionais. É crítico e relevante para o sucesso perceber que as operações nem sempre terão que estar na liderança. Uma lista de verificações na manutenção preventiva de autocarros deve incluir: a)Testes de segurança visuais, incidindo sobre a direcção, chassis, reservatórios e tubagem de combustível, apoios do motor, terminais da bateria, cintos de segurança, iluminação, e fugas de óleo de lubrificação; b)Testes de segurança automatizados, incluindo os travões e feixes de luzes de médios e máximos. 9-Manutenção preditiva É essencial o uso efectivo de boas ferramentas de previsão se for desejo dos gestores prolongar a vida útil operacional de determinada configuração ou série de equipamento. Por aplicação formal das muitas e variadas ferramentas de manutenção preditiva por parte do pessoal de manutenção, é possível identificar e predizer padrões de falhas com algum grau de precisão. Sem grandes custos, as ferramentas mais comuns de predição disponíveis nos departamentos de manutenção são a análise de ruído, a análise de vibrações, a análise de óleo de lubrificação, a termografia, a utilização de ultra-sons e agora também os efluentes de escape dos veículos. Todas as máquinas dão sinais prévios de advertência que predizem o seu fracasso iminente. A aplicação correcta e o uso de tais ferramentas de predição auxiliam grandemente na identificação de problemas iminentes antes que eles se tornem catastróficos. Com o uso pelo departamento de manutenção de mecanismos de detecção antecipada e alerta efectivos, as falhas podem ser identificadas pelos respectivos modelos informáticos, fornecendo aos gestores a informação necessária ao planeamento. O uso efectivo de análise de tendências de ocorrência de falhas irá, ao longo do tempo, sugerir a existência de um efeito adverso no desempenho de qualquer equipamento. Quando são ignoradas as tendências, as falhas acontecem. A lição a retirar tem a ver com a capacidade de percepção de quando fazer as necessárias reparações. A chave consiste em capturar um sinal anterior à ocorrência de uma acção adversa no desempenho do equipamento. A análise de dados referente às falhas efectivas apresentase como uma ferramenta poderosa no julgamento do equilíbrio entre tempos de paragem versus perda de produtividade devido a falha. A manutenção preditiva tem que se tornar uma rotina de qualquer produção regular. 10- Compras A secção de compras desempenha um papel importante numa moderna organização de manutenção integrada. É essencial o uso de um sistema automatizado para activar ordens de compra para garantir a optimização da gestão dos níveis de stocks. Um planeamento adequado e uma gestão por computador dos níveis de stocks de uma empresa podem prevenir rupturas de stocks e o seu sobredimensionamento. O factor de sucesso consiste em ter em armazém só os artigos susceptíveis de provocar situações de emergência. Quando se opta pela dependência de um fornecedor principal, os níveis de stocks deverão ser apenas os suficientes para satisfazer as necessidades de uma emergência. Um método é encontrar um fornecedor que esteja disposto a garantir uma provisão adequada dos artigos de stock da empresa no seu próprio armazém, garantindo todas as 107 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS necessidades do departamento de manutenção. Esta prática terá como consequência um comportamento mais selectivo da secção de compras. Para garantir maior competitividade deve contratualizar-se um fornecedor numa base anual. Um contrato escrito é sempre recomendável. 11-Manutenção pró-activa A manutenção pró-activa corresponde a realçar em simultâneo as tecnologias de manutenção sistemática e preditiva. É absolutamente necessário que os gestores identifiquem e documentem os ganhos decorrentes de cada uma das componentes. Para fazer com que tal aconteça, deve-se estabelecer um documento de registo temporal para cada centro de custo e valores estatísticos por cada centro de gestão de activos. Depois devem desenhar-se gráficos que demonstrem o tempo de bom funcionamento e o tempo de paragem de cada um dos activos, estabelecendo depois os factores de causa e efeito que lhe estão associados. Posteriormente, fazem-se as necessárias mudanças nos departamentos de operação e manutenção que melhor se adeqúem à melhoria dos tempos de bom funcionamento. A manutenção pró-activa fornecerá aos gestores um meio de criar uma redução efectiva do tempo total de paragem por manutenção, maximizando a fiabilidade de produção do equipamento e a sua vida útil. 12-Indicadores de gestão Os objectos de manutenção e respectivos grupos afectos à exploração precisam ser monitorizados. Os indicadores são usados para emitir alertas relativos ao nível de exequibilidade de um plano e servem para justificar e, eventualmente, reforçar as acções implementadas. Muito frequentemente o pessoal da empresa vê esta prática como negativa, já que podem vir a ser responsabilizados pelo fraco desempenho. 12.1- Indicadores de avaliação Normalmente, estes indicadores são valiosos para a administração. Para se tornarem mais eficientes, cada um destes indicadores deve ser subdividido em subindicadores para uma análise mais consistente, os quais precisam ser partilhados com todos os empregados. Alguns dos sub-indicadores utilizados em empresas de transportes são os seguintes: • Exequibilidade orçamental (actual versus previsão). • Rácio global de bom funcionamento da frota, para as diferentes séries de veículos. • Custos, em percentagem, das vendas e custos operacionais. • Custos de manutenção como uma percentagem dos valores dos activos substituídos. • Custos de manutenção por passageiro transportado. • Percentagem de absentismo do pessoal de manutenção. • Desempenho e cumprimento das normas de segurança e ambiente. • Horas de treino ou custos de treino do pessoal como uma percentagem das horas globais ou custos globais de manutenção e reparação. • Empregados inactivos. 108 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS 12.2- Indicadores de estrutura organizacional Os indicadores de estrutura organizacionais são de menor importância, mostrando as relações existentes entre os diversos patamares de intervenção, tais como os seguintes: • Relação entre empregados assalariados versus empregados pagos à hora. • Relação entre empregados pagos pela empresa versus empregados de empresas prestadoras de serviços. • Relação entre empregados de produção versus empregados de manutenção. • Empregados de manutenção por encarregado. • Empregados de manutenção por preparador de trabalhos. • Encarregados de manutenção por preparador de trabalhos. 12.3- Indicadores de gestão de armazéns / peças de manutenção. É essencial o uso de indicadores que possam reflectir a capacidade dos armazéns em garantir elevada disponibilidade de peças. Podem ser usados os indicadores seguintes: • • • • Rigor e frequência de elaboração de inventário. Percentagem de stock saído de armazém. Percentagem de inventário inactivo. Percentagem de crescimento de artigos em armazém. • Percentagem de crescimento em número de fornecedores. 12.4 Indicadores de rotina de manutenção Os indicadores seguintes podem ser usados para avaliar a consistência em desempenho de actividades de manutenção. Para aderir às boas práticas de manutenção, interessa optimizar estes indicadores, através de resultados financeiros positivos e pelo desempenho do equipamento, tais como, por exemplo, os seguintes: • Ordens de trabalho lançadas como percentagem de horas totais de manutenção. • Horas homem por ordem de trabalho. • Conclusão do plano diário. • Despesas de manutenção preventiva em percentagem do total das despesas de manutenção. • Percentagem de trabalho de emergência. 12.5 Indicadores de desempenho de equipamentos Os indicadores de desempenho de equipamento são os mais valiosos de todos os indicadores, uma vez que reflectem o "valor actual dos Objectos de Manutenção" e os sucessos ou falhas de actividade dos empregados. Estas medidas enfocam especificamente na fiabilidade, custo do equipamento crítico e no custo de produção. Enquadram: • Operacionalidade do equipamento global. • Tempo de manutenção ou tempo de paragem do equipamento • Capacidade, utilização, velocidade ou eficiência de desempenho do equipamento. 109 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS • Média do tempo de bom funcionamento (MTBF) para motores, compressores, bombas, etc. • Lista do equipamento com pior desempenho. • Número de vezes de afinação. • Número de vezes de arranque e paragem do equipamento. • Custos mensais para cada tipo de equipamento (motores, compressores, bombas). • Custos mensais para cada centro de gestão de activos. 13-Manutenção centrada na fiabilidade (RCM) A RCM (Reliability Centered Maintenance) pode ser definida como um processo utilizado para determinar o que deve ser feito para assegurar que cada bem físico continue a realizar a função requerida no contexto operativo em que se encontra (Moubray 2004). Integra as diferentes formas de manutenção incorporadas em cada configuração de manutenção. Assume que cada um dos componentes do equipamento que integra um centro de recursos pode ainda operar com mais alto grau de confiança, resultando na nova configuração uma melhor previsão da produção, maior satisfação dos empregados e margens de lucro mais elevadas. Quando se fala em RCM terá que ser feita referência à aplicação de técnicas de análise dedutivas, nomeadamente ao FMECA (Failure Modes, Effects and Criticality Analysis). Trata-se de uma poderosa ferramenta de análise de projecto que é usada para aumentar a fiabilidade de um sistema. Pode ser aplicada durante a fase inicial de projecto ou em equipamento existente. Usa um procedimento pelo qual cada potencial falha é analisada no sentido de determinar como essa falha é detectada, fazendo também a prescrição das acções a ser levadas a efeito para a sua reparação. Uma vez que a RCM tenha sido implementada, o resultado será uma abordagem no âmbito da Manutenção Totalmente Integrada (TIM) contribuindo para a melhoria da fiabilidade da frota. Quando a TIM é alcançada, o departamento de manutenção tornar-seá um departamento abrangido pela RCM. (Hiatt 2009) refere que pode ser alcançado um vasto leque de benefícios pela criação de um departamento de manutenção totalmente integrada, incluindo: 1. A redução global de emergências dos equipamentos em mais de 75%. 2. Redução nas compras de manutenção em mais de 25%. 3. Melhoria de actividades de armazéns e precisão de funcionamento de armazéns em mais de 95%. 4. Melhoria da eficiência da manutenção preventiva em mais de 200%. A tecnologia de manutenção está a tornar-se rapidamente uma ciência avançada, onde e sempre que implementada e integrada, se revela compatível com o plano de gestão no âmbito da RCM. A execução destes planos requer um trabalho duro e de profunda dedicação. O resultado da aplicação de novas tecnologias pode ser desanimador no princípio, mas em última instância ajudará sempre no estabelecimento ou no acentuar de uma organização de classe mundial. 110 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Existe um conjunto de critérios que suportam um reduzido rácio de viaturas de reserva numa frota de transportes urbanos. Um reduzido rácio de reservas, sinónimo de alta fiabilidade, assenta fundamentalmente na implementação de um eficiente plano de manutenção preventivo, que resulta na aplicação de metodologias de inspecções cíclicas, conducentes à avaliação e substituição de peças defeituosas, num contínuo e oportuno programa de revisões e num programa de formação profissional activo e sistemático, direccionado ao pessoal envolvido na manutenção. Em resultado da substituição dos principais sistemas e componentes com base na experiência de ocorrência de falhas, em detrimento de intervenções decorrentes da constatação das falhas, surge o aumento significativo da fiabilidade das frotas, reduzindo o tempo imprevisto de manutenção e a necessidade de grande número de veículos sobressalentes. Define-se rácio de reserva de viaturas (spare ratio) da frota através da expressão: Rácio de Viaturas de Re serva = Total da Frota − Necessidade Viaturas em Ponta Necessidade Viaturas em Ponta (Eq. 2.102) Os gestores têm vindo a confirmar que o tempo de vida útil de cada um dos componentes de um equipamento ou sistema varia significativamente, o que significa que, no seu ciclo de vida, um autocarro possa vir a necessitar, a título de exemplo, de dois motores, quatro transmissões e de pintura da carroçaria em intervalos de três anos. O tempo de vida também varia por tipo de veículo e localização geográfica da rede explorada. Embora o impacto de um único factor numa empresa específica possa variar consideravelmente, a experiência permitiu identificar um conjunto de factores comuns que afectam o tamanho óptimo do número de viaturas de reserva da frota (tabela 2.19). VARIÁVEIS CHAVE QUE AFECTAM O RÁCIO DE RESERVAS DE UMA FROTA 1 - Composição da frota de autocarros, marcas e modelos 8 – Rácio de veículos por mecânico 2 - Idade da frota 9 - Planos de formação em manutenção 3 - Quilometragem anual dos autocarros 10 - Número de intervenções de piquete 4 - Velocidade comercial a que são sujeitos os autocarros 11 - Ajustamentos introduzidos nos percursos 5 – Envolvente e ambiente de exploração 12 - Ajustamentos introduzidos nos serviços 6 - Flutuações diárias na procura de transportes 13 - Gestão de inventário 7 – Políticas e planos de manutenção 14 - Administração e finanças Tabela 2.19 – Variáveis que influenciam o rácio de reservas de frotas de autocarros O valor recomendado para o rácio de viaturas de reserva da frota, especificado na Circular C 9030 1A 1987 Appendix A, da FTA (Federal Transit Administration - USA), é de 20%. Para avaliar as práticas de gestão nas empresas de transportes a FTA levou a efeito um inquérito junto de um universo de 36 empresas Norte Americanas e Canadianas. Este conjunto incluiu 8 pequenas empresas com frotas compreendidas entre 33 e 199 autocarros, 8 médias 111 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS empresas, com frotas compreendidas entre 225 e 472 autocarro, 12 grandes empresas com frotas compreendidas entre 537 e 963 autocarros e 8 empresas de muito grande dimensão, com frotas compreendidas entre 1009 e 3664 autocarros. Uma síntese de alguns indicadores, de actividade distribuídos pelas classes enumeradas, pode ser analisada na tabela 2.20. Classe empresa Número de empresas Rácio de viaturas de reserva (%) Velocidade média (km/h) Média de Km percorridos/(autocarro*ano) Idade média da frota (anos) Pequena 8 19 20,0 54768 7,7 Média 8 22 20,6 59901 8,1 Grande 12 21 20,9 65026 8 Muito grande 8 17 19,3 62771 9,3 Todas 36 20 20,3 61141 8,3 Tabela 2.20 – Indicadores de exploração de frotas, segundo a sua dimensão O cálculo e monitorização do rácio de viaturas de reserva continuam a ser uma importante ferramenta de gestão no sector dos transportes urbanos. Os resultados do inquérito demonstram que os gestores de transportes estão cientes da sua responsabilidade na gestão de frotas dentro de razoáveis constrangimentos de material circulante de reserva. As respostas ao inquérito indicam que estão a ser feitos esforços no sector para encontrar formas de reduzir o número de unidades de veículos sobressalentes. Muitos gestores de manutenção não só seguem as orientações da FTA de cumprir a meta de 20% de veículos de reserva como tem adoptado a filosofia de "quanto mais magro melhor " na gestão das suas frotas. Mas as empresas que responderam ao inquérito indicam que não se revêem no facto de ser recomendada a aplicação unânime de uma simples norma de fixação de um objectivo de um rácio de unidades de reserva em todas as empresas operadoras de transportes públicos. Sugerem mesmo uma maior flexibilidade na aplicação de directrizes em relação aos sobressalentes. Consideram esta prática mais apropriada por causa dos diferentes factores operacionais, ambientais e políticos que afectam o valor óptimo do tamanho da frota de reserva para cada uma das empresas. Contudo, muitas das empresas incluídas no estudo interpretaram a norma FTA de 20% de veículos sobressalentes como um tecto obrigatório e não como uma directriz. Relativamente aos 14 factores identificados, as empresas que responderam ou foram entrevistadas foram unânimes em considerar que oito desses factores tinham um impacto muito superior aos restantes na gestão de sobressalentes da frota, que se subdividem também em 14 itens: 1-Composição da frota de autocarros, marcas e modelos; 2-Idade da frota; 3-Velocidade de circulação; 4-Envolvente e ambiente de exploração, incluindo características da rede viária, condições de tráfego, e severidade das condições climatéricas; 112 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS 5-Flutuações diárias na procura de transportes; 6-Políticas e planos de manutenção, incluindo planos de manutenção preventiva com a frequência dos ciclos de inspecção e um plano de revisões globais; 7-Planos de formação em manutenção; 8-Qualidade e treino do pessoal de manutenção; 9-Gestão e finanças, incluindo uma forte filosofia cooperativa, conferida aos gestores para gerirem a frota de forma eficiente; 10-Capital suficiente; 11-Proveitos operacionais que permitem a compra de novos autocarros; 12-Programas chave de manutenção; 13-Pessoal de manutenção dos veículos; 14-Regras sindicais que permitam flexibilidade ao gestor de manutenção. Os Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC), entidade classificada no grupo das pequenas empresas, na sua qualidade de operador urbano do Município de Coimbra -Portugal, incluem no seu painel de gestão, um conjunto de indicadores, dos quais se destacam os especificados na tabela 2.21. Oferta N.º Médio de viaturas Rácio de viaturas imobilizadas em grandes intervenções Idade média da frota 108 83 3,2 10,87 111 83 3,2 11,12 Ano N.º Autocarros 2009 2010 Tabela 2.21 – Indicadores da frota dos SMTUC Nesta tabela pode verificar-se que os números médios de viaturas, não afectas ao serviço de exploração em 2009 e 2010 situou-se entre 25 e 28, que correspondem a rácios de reservas da frota de 18,9% e 22,2%, respectivamente. Quando se pretende dimensionar uma frota para uma determinada necessidade de oferta, o número médio de viaturas necessário (N=83) não representa o número total de veículos que devem estar disponíveis para realizar este serviço, já que é necessário ter em conta, por um lado, os períodos de imobilização das viaturas para garantir os serviços de manutenção de rotina e os serviços de reparação de avarias e, por outro, a inevitabilidade de existirem veículos de reserva. Assim, considerando-se um rácio de viaturas imobilizadas de 20%, o que se traduz por uma disponibilidade de 80%, a frota tem de ser constituída por 83/0,80=104 viaturas. Poderia concluir-se que a frota dos SMTUC se encontra sobredimensionada para as exigências de prestação de serviços. Porém, a média de idades da frota explica a elevada necessidade de reservas. A frota de autocarros apresenta as características gerais especificadas na tabela 2.22. 113 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Ano Número de Autocarros Médio Standard Articulado Total 2009 21 86 1 108 2010 25 85 1 111 Tabela 2.22 – Composição da frota dos SMTUC, segundo a dimensão dos veículos A taxa de ocupação global das viaturas em toda a rede de transportes em 2009 e 2010 foi de 20,5 e 21,9 respectivamente. O número de intervenções operadas pelo órgão de manutenção dos SMTUC foi o que consta da tabela 2.23. Ano Grandes Intervenções Revisões Lubrificações Inspecções Obrigatórias 2009 125 133 246 172 2010 108 153 270 169 Tabela 2.23 – Número de operações de manutenção realizadas nos SMTUC As grandes intervenções de manutenção encontram-se especificadas na tabela 2.24. Tabela 2.24 – Grandes intervenções de manutenção realizadas nos SMTUC Outros indicadores de gestão da actividade de transportes, nos anos de 2009 e 2010, em milhares, encontram-se especificados nas tabelas 2.25, 2.26 e 2.27. Tabela 2.25 – Indicadores de produtividade por viatura nos SMTUC 114 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Tabela 2.26 – Indicadores de produtividade por motorista nos SMTUC Tabela 2.27 – Indicadores de produtividade por efectivo médio nos SMTUC (milhares) Respondendo aos novos desafios da gestão de frotas, muitas empresas têm vindo a introduzir novas práticas que se estão a reflectir na redução de custos. Com isto aumentaram a eficiência, permitindo-lhes gerir dentro das directrizes estabelecidas para os rácios de reserva. Muitas delas introduziram estratégias que melhoraram a fiabilidade e reduziram o tempo de manutenção dos autocarros. São exemplos os programas estatais de controlo de opacidade, os quais usam os fumos de escape dos autocarros como um sinal de que a manutenção é determinante. As novas exigências ajudaram a reduzir o número de chamadas de piquete e a quantidade de deficiências nos motores. Outro exemplo é a criação de uma base de dados disponível ao pessoal de piquetes que ajudou a identificar e também a reparar os autocarros com histórias de desempenho problemáticas. Outras empresas estão a procurar activamente novas técnicas e novos processos para melhorar a gestão das suas frotas, conseguindo atingir os seus objectivos com o envio do seu pessoal para outras empresas onde novas estratégias já se encontram implementadas. O modelo assenta num sistema de informação de manutenção que fornece o histórico de cada autocarro, por marca, modelo e veículo individual. Esta informação permite a rápida resolução de problemas na globalidade da frota a partir da descoberta de anomalias detectadas em veículos individuais. Também têm vindo a ser implementados programas informáticos de inventário de peças que geram uma lista de peças críticas cujos stocks não devem entrar em ruptura. Este sistema limita a frequência de ocorrência de situações em que os autocarros se encontrem fora de serviço devido a falta de peças críticas para o seu funcionamento. Muitas das boas práticas passam também por ter melhores programas de formação de aprendizes, os quais preparam o pessoal de manutenção para se tornarem mecânicos autónomos e competentes num período de 18 meses. O programa para os diplomados permite-lhes solucionar efectivamente qualquer problema de manutenção encontrado na frota. 115 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Para as chamadas de estrada ou pedidos de socorro existem várias definições, podendo dizer-se que se trata de chamadas via rádio ou telefone, para ocorrer a incidentes que envolvam falhas que resultam num atraso de serviço. Tais chamadas pedem ajuda na resolução de falhas mecânicas ocorridas em autocarros. Levam a uma intervenção do pessoal de piquete ou à recolha das viaturas aos depósitos. As avarias mais comuns distribuem-se pelo motor, sistema de alimentação de combustível, sistema de arrefecimento, sistema de lubrificação, falhas de sistemas eléctricos, sistema de gases de escape, sistema de travagem, sistema de direcção, sistema de transmissão, sistema de suspensão, rodas, sistema de arranque e carga, estrutura e janelas. Os centros de manutenção e reparação são muitas vezes localizados nos depósitos de recolha de autocarros junto de outras instalações operacionais como armazéns ou postos abastecedores de combustível. Tais unidades têm que assegurar a manutenção de uma grande variedade de veículos, de vários fabricantes e com um ciclo de vida longo. Para estes centros, o tamanho e o apetrechamento com equipamentos são determinados pelo número, tamanho e tipo de material circulante e pela modalidade de manutenção escolhida. Por sua vez, o centro de manutenção pode ser dividido em diferentes áreas, de acordo com a função específica (por exemplo, manutenção preventiva, manutenção preditiva, lubrificação, limpeza, etc.). Os centros de manutenção e o controlo implementado em serviços de gestão e manutenção de veículos são concebidos de forma a corresponder a um conjunto de vectores, em que se incluem: • • • • • • • • • • • • 116 Verificação dos sistemas que integram o veículo (manutenção preventiva); Manutenção / reparação periódica; Limpeza; Lubrificação; Assistência de emergência à margem da estrada; Armazenagem de componentes e materiais; Registo de falhas e reparações e fornecimento de dados de registo para integrar outras documentações como as utilizadas pelo serviço de exploração, que faz a escala de serviço dos motoristas e a afectação de autocarros à rede de transportes; Controlo de custos e controlo de qualidade nas reparações de veículos com medições trimestrais dos custos e serviços prestados; Comunicação com os motoristas e com a administração, prestação de apoio e recomendações de gestão da frota, no sentido de assegurar o apoio dos responsáveis de exploração e dos motoristas na coordenação das reparações e minimização do tempo de manutenção do veículo; Actividades ecológicas que garantam a prestação de um serviço de autocarros amigos do ambiente, tais como, por exemplo, pela utilização de água reciclada na limpeza, gestão dos desperdícios, aperfeiçoamento do tratamento químico, ou redução dos consumos de combustível e de energia; Obter a recolha e disponibilização de dados de exploração, nomeadamente em máquinas de controlo do ingresso de passageiros, dispositivos de contagem de passageiros, unidades de controlo de bordo ou outras; Renovação periódica de licenças mediante reavaliação dos motoristas. MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS A manutenção e reparação de veículos não precisam necessariamente de ser executadas pelo próprio operador rodoviário. No caso de reduzida dimensão da frota, a manutenção interna não é geralmente competitiva, elevando os custos totais da empresa. Tal advém do facto de exigir investimento não justificado ao nível de preparação de pessoal e aquisição de peças sobressalentes. Outra solução pode ser executar na empresa apenas os pequenos trabalhos de manutenção e recorrer aos fornecedores de veículos ou à contratualização de prestação de serviços externos, quando se trate de grandes reparações como as grandes reparações de motores. Por outro lado, se o operador possui uma unidade de manutenção bem equipada, pode oferecer manutenção e serviços de reparação a outras frotas de transporte de público (por exemplo operador de transportes regionais ou nacionais), grandes firmas de longo curso, empresas municipais e associações de taxistas. Há também um número crescente de fabricantes e concessionários que oferecem os seus veículos através de um contrato que inclui os serviços de manutenção. Há tipos diferentes deste modelo em acção (por exemplo a manutenção e reparação é efectuada na unidade de manutenção da empresa prestadora de serviços com pessoal do operador). O pessoal técnico deve ser adequadamente qualificado tendo em vista assegurar que os sistemas operam correctamente sem falhas, numa base de longo prazo. A formação profissional é principalmente levada a efeito por empresas prestadoras de serviço e deve ser organizada segundo um planeamento anual regular. Em frotas de maiores dimensões aumentou a necessidade de transferência de dados electrónicos para ou oriunda dos veículos (por exemplo das máquinas obliteradoras, equipamentos de contagem de passageiros, actualização de software). A automatização de tais procedimentos em centros de manutenção leva à economia de muito tempo e dinheiro. As opções incluem comunicações durante a noite por W-LAN quando os veículos se encontram estacionados nos depósitos. São referenciados casos de sucesso com a transformação do departamento de manutenção numa empresa independente. Por se tratar de um assunto crítico, deve ter-se sempre presente a necessidade de seguir um ciclo de qualidade. Os elementos de um ciclo de qualidade são: planear, actuar, avaliar (monitorizar e rever) e melhorar. É crucial implementar um sistema de monitorização consistente que esteja bem integrado nas operações diárias, para facilitar o relatório gráfico, o cálculo e análise de indicadores e a apresentação de resultados. Enquanto a política descreve a inter-relação entre quem está a levar a efeito a manutenção, onde levar a efeito a manutenção e o conjunto de acções a serem levadas a efeito (BS 3811:1993), a estratégia de manutenção caracteriza o método usado para alcançar objectivos de manutenção (BS EN 13306:2001). Para decisões políticas é essencial considerar a tranferibilidade, vendo as melhores práticas noutros pontos do globo. Estudando exemplos da vida real através de visitas a sítios de internet, podem persuadir-se os decisores a decidir-se por um transporte de público urbano de alta qualidade. Os objectivos de manutenção são alvos fixados nas actividades de manutenção (BS EN 13306:2001). Estes objectivos podem incluir por exemplo, disponibilidade da frota, redução de custos, qualidade do serviço prestado, protecção ambiental, segurança. A meta principal de uma unidade de manutenção é aumentar a disponibilidade e fiabilidade dos autocarros. 117 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS No sentido de optimizar o uso de recursos, como parte da gestão de operações em transportes públicos, deveria haver pelo menos uma monitorização básica regular da eficiência de funcionamento. Seguidamente apresentam-se alguns exemplos de boas práticas de manutenção de transportes públicos urbanos. 1- Central Florida Regional Transportation Authority (LYNX), Orlando, FL Para avaliar a eficiência do sistema de manutenção da sua frota, a Central Florida Regional Transportation Authority (LYNX), Orlando, FL, seleccionou uma empresa especializada em tecnologia e manutenção de autocarros, a TRC (Transit Research Center), para avaliar o seu desempenho global à luz dos recentes desenvolvimentos. A auditoria centrou-se na identificação de deficiências e apresentação de recomendações relevantes. Na sequência de uma visita às instalações da empresa, a TRC centrou o projecto em duas tarefas. Na primeira, foi conduzida uma auditoria física a um conjunto aleatório de autocarros e aos seus registos de manutenção para obter uma indicação geral das condições globais da frota e das práticas da empresa ao nível da documentação de manutenção. Depois de analisar as constatações no âmbito da tarefa inicial, a TRC conduziu uma segunda investigação mais completa ao departamento de manutenção, com enfoque nas seguintes áreas: • Conteúdo, rigor, legibilidade e consistência de registos relacionados com a manutenção; • Utilização do sistema de informação de manutenção (MIS); • Programação de intervalos de inspecção da manutenção preventiva (PMI); • Gestão do programa de análise de fluidos para detectar sinais antecipados de dano em componentes principais; • Políticas, processos e procedimentos do fluxo de trabalho de manutenção; • Subcontratação no fornecimento de bens e serviços; • Programa de gestão da vida dos pneus; • Segurança e manuseamento de materiais perigosos; • Condições e utilização das infra-estruturas de manutenção; • Adequação da formação técnica e da mão-de-obra; • Gestão e moralização da mão-de-obra; • Obtenção e gestão de materiais; • Gestão de garantias; • Monitorização do desempenho da manutenção; • Comparação do desempenho de manutenção da empresa com empresas similares. A TRC completou a fase II de avaliação da empresa, definindo um plano de acção objectivo com estabelecimento de prioridades para perceber as necessidades do departamento de manutenção. Identificou as deficiências observadas e as necessárias acções correctivas, e ordenou todas as acções terapêuticas a ser implementadas de acordo com as exigências mais urgentes em termos de segurança e fiabilidade de serviço. Identificou também os recursos, os cenários temporais e estimou os custos exigidos para tornar o sistema de manutenção mais eficiente e com custos optimizados. 118 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS 2 - Centre Area Transit Authority (CATA) – State College, PA A CATA contratualizou também a TRC para levar a efeito a avaliação do seu programa de manutenção, no sentido de desenvolver as necessárias recomendações para introdução de um programa de renovação da frota e preconizar uma reorganização da estrutura de gestão do departamento de manutenção. A TRC inspeccionou a frota e as instalações da CATA e entrevistou todo o pessoal de manutenção. Procedeu à análise do plano financeiro nos seus itens mais importantes e avaliou uma versão do trabalho desenvolvido pela empresa referente ao plano de substituição da frota. Verificou também o perfil da engenharia em uso nas infra-estruturas e reviu os níveis de afectação de pessoal à manutenção. O relatório final da TRC apresentou pistas para reorganizar o layout das actuais instalações, maximizando recursos sem grandes investimentos de capital. A TRC também fez recomendações para um desenvolvimento mais eficiente do pessoal de gestão. Como resultado, as poupanças desta reorganização, ao nível do pessoal de apoio, assegurariam a libertação de fundos que permitem reforçar a contratação de técnicos adicionais. A auditora refere que a implementação destas alterações terá repercussões na redução do número de autocarros por mecânico. Para a renovação da frota de autocarros, a TRC recomendou revisões imaginativas da frota ao mesmo tempo que eram feitos esforços no sentido de assegurar alterações no financiamento. 3 - Northern Arizona Intergovernmental Public Transportation Authority (NAIPTA) Flagstaff, Arizona A NAIPTA contratou a manutenção de autocarros junto de prestadores de serviços privados, mas opera os veículos como seu próprio pessoal. A NAIPTA não tem actualmente as suas próprias instalações de manutenção. A TRC comprometeu-se com a NAIPTA em levar a efeito uma avaliação da eficiência e custos dos seus programas de manutenção de autocarros e determinar se a frota se encontra a operar dentro dos padrões de segurança. A TRC executou inspecções completas em 20 por cento da frota de autocarros para desenvolver uma base de dados independente, referente à condição da frota. Também desenvolveu extensas entrevistas com o pessoal da NAIPTA bem como com o pessoal contratualizado a empresas externas de prestação de serviços de manutenção para recolher informação sobre o programa de manutenção da NAIPTA. Levou ainda a efeito extensas avaliações de treino técnico e suficiência de mão-de-obra de manutenção. Outras áreas de enfoque durante a auditoria de manutenção à NAIPTA incluíram a gestão de compras e aprovisionamentos, gestão de garantias, segurança e cumprimento de legislação, monitorização do desempenho do sistema de manutenção e custos de manutenção. Esta auditoria identificou várias deficiências importantes no programa de manutenção de frota. Com base nas constatações da auditoria a TRC recomendou que a NAIPTA acelerasse o seu plano de construir novas instalações de manutenção e que deveria considerar a hipótese de arrendamento de instalações provisórias até que as novas instalações estivessem construídas. A TRC também recomendou que a NAIPTA reorientasse a política de contratualização apostando mais na manutenção interna, com vista a reduzir os custos elevados e corrigir os resultados insatisfatórios daí decorrentes. A TRC também recomendou à NAIPTA que deveria 119 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS instituir um programa de monitorização das necessidades e práticas de manutenção e que adquirisse um programa informático adequado de informação de manutenção. 4 - Potomac and Rappahannock Transportation Commission (PRTC) – Woodbridge, VA A necessidade de mudar de prestador de serviços de manutenção levou a PRTC a contratar o auditor TRC. As auditorias envolveram uma detalhada inspecção a todos os autocarros, incluindo a avaliação do desempenho pela análise de amostras de óleo de lubrificação das viaturas da frota, procedendo à revisão dos registos de manutenção e à análise de custos decorrentes de manutenções adiadas. 5 - Metropolitan Transit Authority of Harris County (Houston Metro) Houston, TX A empresa tem ao seu serviço 1090 autocarros. A idade média da frota é de 8 anos, em que 40% das viaturas possui idade inferior ou igual a 8 anos e em que apenas 8 autocarros têm idade superior a 12 anos. A empresa procede regularmente à substituição dos autocarros mais velhos. O facto de dispor de uma frota relativamente recente contribui para que a empresa disponha de uma frota em bom estado de conservação. As paralisações por quebra de stocks apresentam valores muito reduzidos ou mesmo insignificantes. A Houston Metro adoptou um programa de manutenção preventivo que inclui 4000 inspecções de rotina anuais, com amostragem e análise regular de óleo de lubrificação, préinspeção dos principais sistemas e componentes utilizando limpeza a vapor, adesão agressiva a um programa de limitação de opacidade, e um programa de redução das chamadas de intervenção de piquete efectuadas pelas viaturas em exploração. A principal inspecção de manutenção preventiva é levada a efeito todos os 6500 quilómetros, abrangendo sistemas como ar condicionado, elevadores de cadeira de rodas, rádios e sinais de destino. A Houston Metro tem vindo a fazer um grande esforço no sentido de reduzir o número de autocarros com fumos visíveis na estrada, aumentando ao mesmo tempo a vida útil dos motores. No âmbito deste programa, os residentes de Houston podem informar por telefone que qualquer autocarro apresenta níveis de fumo anormais. Os relatórios de administração referem que o número de reclamações foi progressivamente reduzindo até atingir no presente um valor próximo de zero. Quando detectadas, as deficiências do motor são corrigidas antes da ocorrência de qualquer impacto ambiental. Quanto aos pedidos de intervenção de piquete, a administração impôs também que em nenhum relatório possa constar que nenhum problema foi encontrado, limitando-se a brigada de intervenção a entregar o autocarro de novo à exploração antes de identificar e reparar o problema. É fornecido todo o apoio técnico para identificar os problemas persistentes. A administração refere ter vindo a constatar que muitos problemas são originados no motor e nos componentes eléctricos, uma área onde tem faltado a mão-de-obra especializada. Em resultado dessa análise, a administração fez um especial esforço para recrutar e treinar trabalhadores com uma aptidão especial para este tipo de trabalho. A Houston Metro tem um programa de forte treino que se enfoca na electrónica do autocarro. 120 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Os veículos que ultrapassam os 8 anos são sempre sujeitos a uma revisão integral, sendo, contudo, efectuada uma pré-inspecção aos 6 anos para decidir da necessidade de antecipar esta intervenção. A Houston Metro também implementou um programa de gestão para assegurar que todos os seus empregados estão envolvidos no esforço de melhoraria da qualidade da frota. A Administração defende que a programação de trabalho relacionado com a manutenção preventiva seja executada preferencialmente no turno de dia, no sentido de reduzir custos de recrutamento de pessoal altamente especializado. É também este pessoal que está incumbido do controlo do trabalho executado. Os motoristas dos autocarros são também preparados para inspeccionarem de forma crítica os defeitos que possam existir no autocarro no início do serviço e após a recolha. Esta prática incide de modo especial nos elevadores de cadeiras de rodas para as quais é pedida a tolerância zero antes da entrada em exploração. Se possível, são ainda reparados durante a noite todos os defeitos ditos de cosmética antes de o autocarro entrar ao serviço no dia seguinte. Além disso, introduziu um programa inovador de aprendizagem de manutenção pelo qual muitos de seus empregados são treinados. Só depois de 18 meses de intensa formação experimental, estes trabalhadores são reconhecidos como mecânicos da empresa. Com a empresa a manter a substituição regular de autocarros, a Metro de Houston atingiu a meta de 10 por cento de viaturas de reserva para as condições operacionais actuais. 6 - Washington Metropolitan Area Transit Authority (WMATA) Washington, D.C. A empresa gere uma frota de 1497 autocarros. Está habilitada a operar com um rácio considerado baixo de viaturas de reserva, situando-se nos 13,6%, mesmo tratando-se de condições urbanas adversas que incluem um clima de acentuadas variações climatéricas que requerem ar condicionado no Verão e protecção contra tempestades de neve e gelo nos meses de Inverno. O cálculo do rácio de viaturas de reserva é efectuado segundo a metodologia FTA, incluindo a manutenção planeada e não planeada. Aproximadamente 4,2% das unidades da frota encontram-se fora de serviço para manutenção preventiva, revisões e outras causas, encontrando-se em reserva efectiva 9,4% da frota de serviço em condições operacionais Estas condições adversas originam elevados níveis de desgaste. A média anual de quilometragem percorrida por autocarro é de 56500 quilómetros e a velocidade é de apenas 16,1 quilómetros por hora. Estes valores só se tornaram possíveis com a compra de novos autocarros em combinação com programas e políticas de manutenção preventiva e revisões integrais na meiaidade dos veículos. Afectaram também motoristas fixos ou em grupos restritos e fiáveis a autocarros que operam em linhas que compreendem troços com frequentes avarias e/ou acidentes. São os chamados serviços de incidências. Os gerentes da empresa referem que se deparam com níveis de ocorrência nestes percursos de, aproximadamente, quatro por dia. O programa de revisão integral e eventual abate procura a maior eficiência usando a experiência adquirida para prever e antecipar intervenções nos componentes sob falha. Os autocarros podem ser retirados do serviço a meia-idade, considerada nos seis anos, sendo 121 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS restaurados antes de os problemas ocorrerem. Ao mesmo tempo, têm implementado um programa de inspecções contínuo no qual alguns componentes são substituídos antes da ocorrência de falhas, independentemente da idade do componente. Cada trabalhador de manutenção tem um pouco mais de dois autocarros para manter, o que pode ser comparado com a maioria das empresas que requerem cerca de um mecânico para assegurar a manutenção de quatro autocarros. A definição do pessoal de manutenção é efectuada mais de acordo com a quilometragem do veículo do que com o número de unidades da frota. 7 - Toronto Transit Commission (TTC) Toronto, Ontario, Canada Com uma frota de 1704 autocarros a TTC opera num vasto ambiente urbano com severas condições no inverno. A velocidade média de circulação dos autocarros é de cerca de 19,6 quilómetros por hora, um valor relativamente baixo uma vez que reflecte não só o congestionamento no centro da cidade, como também os níveis de tráfego mais baixos nos arcos suburbanos das linhas exploradas. Porém, a quilometragem média anual dos autocarros é elevada, situando-se em 71500 quilómetros, que indica uma forte utilização dos veículos. A aplicação da fórmula de FTA conduz a um rácio de veículos de reserva de 22 por cento. A Idade média da frota é de nove anos. Os autocarros são abatidos com 18 anos, com uma revisão integral levada a efeito quando os autocarros atingem oito a dez anos no sentido de prolongar a vida útil do veículo. Num dia comum, encontram-se fora de serviço, por todas as causas, 153 autocarros, representando aproximadamente 9% da frota activa total. A gestão da TTC é uma das mais responsáveis e eficientes dos sistemas estudados. Manifesta uma grande capacidade de actualização dos processos de manutenção. As inspecções são realizadas em intervalos de 12900 quilómetros no turno de dia e todos os autocarros são objecto de revisão integral entre os 8 e os 10 anos de idade. A formação constitui uma dificuldade, já que a empresa se orienta num cenário de manutenção preventiva e funcionamento nas 24 horas do dia. Dispõem de um mecânico para, aproximadamente, 3,6 autocarros. 8 - Peninsula Transportation District Commission Hampton, VA A empresa opera num ambiente urbano de média dimensão, com uma frota de 116 autocarros. Apesar do seu clima moderado e dos poucos extremos de calor e de frio, são necessários sistemas de aquecimento e de ar condicionado. A empresa atribui o facto de possuir um valor de rácio de viaturas de reserva de 18% ao facto de utilizar práticas de inspecção e manutenção muito rigorosas, à idade média de frota relativamente elevada e a ter uma política de mitigação de constrangimentos operacionais. Os autocarros têm uma velocidade de circulação média de 22,2 quilómetros por hora, depreendendo-se que várias das suas linhas estão fora das zonas sob congestionamento, ainda que a quilometragem anual por autocarro se situe em valores moderados de 54300 quilómetros. A relação da amplitude de utilização dos autocarros é de 2,94. De registar o elevadíssimo pico na ponta da manhã, quando 77 por cento da frota está em serviço comparado com o pico 122 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS da ponta da tarde quando apenas 57 por cento da frota é utilizada. Ao contrário das muitas características que levam em consideração uma grande variedade de fabricantes e modelos de veículos, a empresa tem ao seu dispor apenas cinco modelos de tamanho diferente da frota, verificando-se que 72 das 116 unidades são da mesma marca e modelo. Embora não tenha ocorrido nenhuma compra durante os últimos 2 anos, a idade média da frota é de 7,8 anos, e apenas um quarto da frota tem mais de 8 anos de idade. Não dispõe de autocarros a combustível alternativo. As reparações correntes, inspecções, revisões gerais e eventos semelhantes levam a que aproximadamente 10% (13 autocarros) da frota se encontre fora do serviço diário, o que sugere que haja muito poucos veículos que se mantêm inactivos. Há apenas 18 autocarros de reserva. Os autocarros não só são retirados do serviço por falhas mecânicas mas também por danos provocados por vandalismo, problemas electrónicos como os que ocorrem com os painéis iluminados de destino e problemas com os elevadores de cadeiras para deficientes. Os relatórios mencionam que cada autocarro em exploração requer aproximadamente seis intervenções anuais. A empresa reporta ainda a existência de um mecânico para cada sete veículos (a maioria das empresas opera com um mecânico por dois a quatro autocarros). A empresa assume realisticamente que possui um rácio de viaturas de reserva de quase 20%. 9 - Charlotte Transit System (Charlotte Transit) Charlotte, NC A frota da Charlotte Transit compreende 159 autocarros. O clima temperado em que a empresa opera contribui para que o desgaste da frota seja mais lento. Mesmo assim são necessários os sistemas de aquecimento e de ar condicionado. O rácio de viaturas de reserva situa-se nos 19%, o que reflecte os factores anteriormente referenciados, bem como o facto de a frota ser gerida com os maiores cuidados. A idade média da frota situa-se nos 11 anos. Até há algum tempo, a principal razão apontada para a inexistência de novos autocarros na frota, prendia-se com a falta de recursos financeiros. Como resultado, a empresa optou pela recuperação total dos autocarros mais velhos, com reconstrução dos motores, esperando que os recentes motores mais eficientes possam satisfazer os padrões de qualidade do ar sem necessidade de comprar veículos movidos a combustíveis alternativos. Durante muito tempo a assembleia municipal do município mostrou-se relutante em despender capital em novos autocarros, permitindo, com muito custo, a aquisição de 21 novos veículos. A empresa coloca ênfase em assegurar que todas os mecânicos podem trabalhar em todos os autocarros, dos mais velhos aos 50 mais novos que possuem transmissão electrónica sofisticada. A administração acredita que 20% de rácio de viaturas de reserva constitui um número realista. A alta prioridade concedida à manutenção, inspecção e reconstrução de veículos mais velhos é a chave para a redução da frota sobressalente. 123 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS 10 - Central New York Regional Transportation Authority Syracuse, NY Com uma frota de 199 autocarros a empresa desenvolve a sua actividade em serviço urbano e suburbano. Opera com um clima temperado no verão e bastante severo no inverno, quando se regista a ocorrência de fortes quedas de neve. As recentes quebras na eficiência foram causadas pelo facto de que duas companhias locais de autocarros terem falido o que levou a que a empresa assumisse o controlo dos respectivos meios e linhas exploradas. Globalmente, o sistema de exploração opera com autocarros à velocidade média de 19,6 quilómetros por hora, com quilometragem média anual de 40500 quilómetros por autocarro. A idade média da frota é de 5,6 anos com um sistema de substituição programado para idades dos veículos compreendidas entre 12 e 13 anos. Porém, 54 veículos têm uma idade igual ou superior a 10 anos. A chave para o baixo rácio de viaturas de reserva, de 14,5 por cento, de acordo com o departamento de gestão de operações da empresa, corresponde à ênfase colocada na manutenção preventiva e no estudo meticuloso de novos produtos e processos antes de efectuarem qualquer compra de novos veículos. Outra razão apresentada para o baixo rácio de viaturas de reserva tem por base o facto de a empresa ter classificado 22 tipos de trabalho especializado, afectando um especialista de manutenção a cada tipo de avaria. Mesmo que este rácio fosse calculada de acordo com a metodologia FTA, o valor seria de 17 por cento, encontrando-se abaixo de 20 por cento, considerado o valor limite de referência. A manutenção preventiva ocorre durante a noite quando os autocarros recolhem aos respectivos entrepostos. Aproximadamente 12 autocarros encontram-se diariamente fora de serviço para reparações correntes. A prática da manutenção preventiva reduz substancialmente o número de autocarros que requerem intervenções não planeadas. Apenas necessitam de um mecânico por especialidade para cuidar das necessidades de manutenção da empresa. Os inventários encontram-se permanentemente actualizados, tendo a empresa a funcionar um eficiente programa de gestão de peças utilizadas nas suas reparações. Tem como meta constante operar com o mínimo de equipamento e pessoal. 11 - Kansas City Area Transportation Authority Kansas City, MO A frota da empresa opera num ambiente misto urbano e suburbano debaixo de condições climáticas relativamente severas, não só no inverno como no verão. Possui actualmente 234 autocarros na frota sendo o número de veículos utilizados na hora de ponta de 206 autocarros. A idade média da frota é de 7,8 anos, número que reflecte a incidência das recentes compras. Verifica-se que 169 dos autocarros têm cinco anos ou menos, embora tenha havido um intervalo de nove anos durante o qual nenhum autocarro foi adquirido. Um total de 65 dos autocarros tem mais de 14 anos. Os relatórios da empresa referem que a distância média percorrida entre ocorrência de avarias é de 14500 quilómetros. Nos últimos anos o orçamento operacional dos veículos e o número de empregados de manutenção recuaram modestamente. Nos relatórios consta um rácio de viaturas de reserva de 20%. Usando a metodologia FTA, o rácio de viaturas de reserva seria de 13,5%, excepcionalmente baixo. A empresa pretende aumentar o número de viaturas disponíveis, considerando-o muito reduzido com os actuais 8%. Significa que em média 5,5% das viaturas se encontram inoperativas. 124 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Dos factores que contribuem para a eficiência da frota destaque-se o facto de ser apenas integrada por seis modelos de autocarros diferentes. Veículos semelhantes requerem um inventário de peças de reserva menos complicado e torna-se mais fácil optimizar os recursos de manutenção. Para cada tipo de componente do veículo, as compras podem ser efectuadas em maiores quantidades e a melhores preços, sendo também estes recursos escoados mais rapidamente nas operações de manutenção, sejam elas de revisão, prevenção, ou de inspecção. Em média, existe um rácio de veículos por mecânico de quatro. A empresa refere que só a compra de novos autocarros permitirá ultrapassar os problemas experimentados recentemente, com a capacidade de oferta a não conseguir satisfazer um serviço óptimo e impedir a necessária manutenção. 12 - Central Ohio Transit Authority Columbus, OH A empresa gere uma frota de 310 autocarros num ambiente urbano e suburbano, os quais circulam a uma velocidade média de 20,3 quilómetros por hora, percorrendo uma quilometragem média anual por autocarro de 47500 quilómetros. O clima da cidade de Columbus tem um misto de moderado e severo, exigindo aquecimento e ar condicionado nos autocarros, existindo períodos durante o inverno em que a condução se torna perigosa. Com exigências de serviço nas horas de ponta correspondentes a 253 autocarros, o rácio de viaturas de reserva é de 22%. Ao longo dos últimos 20 anos, têm-se registado grandes flutuações no rácio de viaturas de reserva, oscilando entre 18% e 29% em função das renovações efectuadas nesse período. A administração prevê reduzir o referido rácio para 20% num futuro muito próximo. A idade média da frota é de 6,6 anos e mais de um terço dos autocarros têm, pelo menos, 10 anos. Este terço ajuda a explicar a razão pela qual uma elevada proporção de autocarros requer manutenção significativa. Isto é confirmado com o facto de 13 por cento da frota se encontrar fora de serviço para reparações correntes, uma proporção um pouco mais elevada do que a verificada noutras frotas. A empresa não dispõe de um programa de imobilizações para revisões. Para proceder a estas aproveita a elevada relação diária de oferta de viaturas entre períodos de ponta e de baixa (2,45:1). A empresa pretende implementar um programa de revisão geral para todos os autocarros, com cerca de 6 anos de idade, atingindo e mantendo um rácio de viaturas de reserva de 20%. 13 - San Diego Transit Corporation San Diego, CA A empresa não acredita que possa reduzir o rácio de viaturas de reserva abaixo dos 20%, uma vez que passaram a ter que cumprir com os padrões de redução de emissões implementados na Califórnia. As falhas nos filtros de partículas têm constituído um problema para a empresa. A partir de determinada altura tiveram mesmo que desactivar os filtros de partículas. A manutenção constitui um dos maiores problemas para a empresa. Os autocarros mais novos estão repletos de componentes electrónicos. O motor, a transmissão, a sinalização de destinos, rádios, a título de exemplo, são controlados através de computador. Apesar da experiência e familiarização dos mecânicos com os veículos menos 125 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS recentes, encontram-se pouco preparados para diagnosticar e reparar os sistemas dos novos autocarros. Algumas vezes, o trabalho tem que ser levado a efeito por empresas externas mais familiarizadas com um tipo de autocarro específico, recorrendo a prestação de serviços externos. Isto só é feito quando absolutamente necessário, porquanto a experiência vem mostrando que as reparações efectuadas na empresa são efectuadas com um menor tempo de reparação e com mais garantia. Tal deve-se ao orgulho próprio do departamento de manutenção da San Diego Transit, que tem levado a que sejam desenvolvidos internamente pela empresa extensos programas de formação do pessoal em novas técnicas de manutenção para garantir uma maior disponibilidade de serviço da frota. A administração acredita na necessidade de manter um correcto quadro de pessoal de manutenção e de viaturas de reserva. A majoração de activos minora a pressão no pessoal de manutenção levando que mais pessoas venham a ser contratadas e terá como consequência o aumento dos custos. Dez por cento dos autocarros encontram-se diariamente em reparações correntes. Em média, cada autocarro de serviço externo recorre aos piquetes de intervenção nove vezes por ano. Os efeitos combinados da restritiva legislação de poluição na Califórnia, a manutenção especializada, a elevada procura de transportes e o enviesamento da distribuição na idade e tipologia dos impactos dos autocarros, têm levado a um aumento no rácio de viaturas de reserva. A administração estabeleceu que as principais necessidades de recursos humanos estão voltadas para os engenheiros electrotécnicos e peritos de programação de computador. Tem-se vindo a constatar que as definições de indicadores de gestão de transportes variam de empresa para empresa. Também se verifica que as tecnologias utilizadas, a precisão e a frequência de recolha de valores de variáveis de funcionamento dos autocarros e de indicadores de exploração da rede de transportes, a metodologia e forma de tratar dados variam substancialmente de operador para operador. Também a metodologia usada para comparar os rácios de reserva em frotas de autocarros de transportes públicos se mostra diferenciada. Assim, deve ser urgentemente implementada uma normativa que dê definições objectivas comuns e estatísticas comparáveis, que permitam um melhor entendimento dos rácios de avaliação de boas práticas de gestão e manutenção. As pesquisas realizadas revelaram que a falta de definições comuns e estatísticas comparáveis dificulta as comunicações entre os diferentes operadores, limitando a capacidade dos gestores de transportes para aprender com os erros e sucessos de outros. Muitas, das empresas que responderam a um inquérito, revelaram que seria muito gratificante, útil e valioso desenvolver pesquisas adicionais em práticas de manutenção inovadoras que ajudassem a encontrar desafios de gestão com frotas “magras” para um determinado nível de procura. Apontaram como áreas de elevado potencial o estudo de ciclos e conteúdos de inspecção, a manutenção preventiva e preditiva e políticas de reabilitação de frotas. A natureza destas práticas afecta substancialmente o desempenho dos veículos no longo prazo, a sua disponibilidade, o tempo de manutenção, os custos por tempos elevados de imobilização, a mão-de-obra essencial e, em última instância, a necessidade de veículos de reserva. Os dados referentes a chamadas de piquete são outro indicador chave de desempenho que deveria ser baseado numa metodologia de avaliação uniforme, o que não se 126 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS verifica actualmente. Estes dados constituem a base de cálculo do indicador de fiabilidade MTBF (Mean Time Betwwen Failures), que determina a definição dos ciclos de inspecção e muitos outros programas de manutenção. Sem um vocabulário comum e dados quantitativos comparáveis, os operadores de transportes públicos terão os seus esforços dificultados para se ajudarem mutuamente no objectivo de operar com um mínimo de veículos de reserva. As empresas inquiridas recomendam ainda o uso de pesquisas adicionais para identificar conhecimento e conceitos / definições de fácil aceitação e metodologias de geração de índices, normas e valores quantitativos ao nível de médias, medianas e outras medidas usadas pelos operadores para suporte da construção de rácios de reserva específicos para o sistema. Mas deveriam ser clarificadas outras definições importantes, tais como a frota activa total e o pico de exigência de veículos. Podemos assim concluir que nas práticas de manutenção de referência em empresas de transportes públicos urbanos existe uma lacuna clara no mundo da investigação que com a presente tese se pretende preencher. 127 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS / # $% ! 9# 7): Um modelo preditivo é, normalmente, uma proposta de explicação de eventos, apresentada através de uma formulação matemática. Na maior parte das vezes os investigadores propõem modelos preditivos para explicar um fenómeno a partir de diferentes perspectivas, com base em teorias ou conjuntos de dados diferentes. Independentemente da sua concepção, à medida que novos dados de prova vão sendo recolhidos mediante observações posteriores, o modelo entra na fase de validação - o modelo prevê, a realidade observa-se. Seguindo uma determinada sequência de monitorização, se o erro da predição de classificação, que corresponde à diferença entre a previsão e a observação, não é aceitável, o modelo tem de ser calibrado ou modificado em termos de sua estrutura, incorporando os dados recentemente observados. Este ciclo é então repetido iterativamente com novas observações, prosseguindo a optimização até que o modelo forneça uma explicação satisfatória de todos os eventos observados. Também pode suceder que haja modificações nos fenómenos que são objecto do estudo, o que neste caso pode reflectir a ocorrência de alterações de alguma componente tecnológica, que impliquem novas calibrações do modelo. Em geral, dispõe-se de alguns dados para avaliação, mas muitas vezes insuficientes. É com estes dados que se equacionam várias opções para o modelo. Podem conceptualizar-se e testar os diferentes modelos, a fim de seleccionar o ideal. Existem diversos métodos de selecção de modelos. Neste âmbito, têm vindo a ser desenvolvidos procedimentos e rotinas com vista a atingir este objectivo. No entanto, a selecção de um modelo melhor e mais simples pode não ser assim tão desejável, quando não faz uso eficiente de nova informação disponível. Portanto, alternativamente, pode ser proposto utilizar uma combinação de modelos, a fim de melhorar o desempenho do sistema. A incerteza dos modelos, especialmente a sua componente "incerteza epistemológica” decorre de conhecimentos incompletos ou imprecisos e pode ser reduzida pela introdução de melhorias nas medições de dados e na formulação do modelo. Os problemas relacionados com este tema incluem a avaliação, selecção e a combinação de modelos. Tem sido dedicado muito esforço a estes problemas. Um modelo pode ser avaliado com base na forma como a sua capacidade de predição se ajusta às observações futuras (Dawid 1984). Não é surpreendente ver que ao combinar diferentes fontes de informação, incluindo sub-modelos e dados potenciais, se obtenha como resultado um modelo mais adequado. No caso do mesmo grupo de dados ser usado tanto na calibração do modelo como na sua validação, a importância do método de selecção de modelos surge reforçada. Até agora, uma variedade de métodos de selecção de modelos foi desenvolvida, incluindo os clássicos testes de hipóteses, da máxima verosimilhança, os métodos bayesianos, ou a utilização de critérios de informação e validação cruzada. 129 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Estes métodos de selecção de modelos são considerados muito promissores na definição de critérios de gestão de informação. A avaliação de modelos alternativos é especialmente adequada para situações em que não há uma teoria bem fundamentada e apenas se encontram disponíveis dados escassos. Quando exista suficiente informação disponível, uma análise determinística deve ser capaz de atingir um modelo teórico mais exacto. A presente tese baseia-se nos modelos escondidos de Markov (HMM – Hidden Markov Models), relativamente aos quais podem ser enumerados uma grande quantidade de trabalhos relacionados com a sua aplicação. Porém, na pesquisa efectuada, não se encontrou nenhum que se focasse na aplicação destes algoritmos à gestão da manutenção e muito menos à sua vertente ecológica. Este é, sem dúvida, um grande desafio em que irão ser utilizadas as enormes potencialidades dos modelos escondidos de Markov. Os transportes são um sector nuclear no funcionamento do mundo actual. Na presente era da globalização, constituem factor determinante no encurtamento de distâncias e na aproximação de mercados e pessoas, revelando-se essenciais para as sociedades. Não obstante, este é um sector que enfrenta dificuldades, sendo que os seus maiores desafios se encontram centrados não apenas na sustentabilidade do seu negócio, como também no seu impacto no meio ambiente. Torna-se assim necessário encontrar soluções inteligentes e inovadoras que permitam actuar eficazmente nestas duas frentes que, apesar de tão distintas, se podem revelar tão inquietantes a médio e longo prazo. Analisando a questão do negócio, é já evidente que a actual crise financeira e o aumento dos preços dos combustíveis dificultam as perspectivas do sector. Além disso, se por um lado os recursos para financiar os projectos de transportes são limitados, por outro existem algumas dificuldades ao nível do planeamento de percursos no transporte de mercadorias, dada a clara dependência das condições de tráfego existentes em estrada que podem provocar atrasos nas entregas. É normal que toda a indústria tente gerir esforços no sentido de ultrapassar esta situação. É neste âmbito que as tecnologias da informação e comunicação (TIC) podem intervir. As TIC são uma ferramenta chave uma vez que permitem a criação de novas soluções à medida de cada negócio nos mais diversos sectores da sociedade. Para o sector da Logística e Transportes, existem soluções que permitem aplicar acções com impactos significativos no meio ambiente, sem desvirtuar o foco do negócio. Alguns dos benefícios proporcionados pelas TIC relacionam-se com a optimização das infra-estruturas já existentes, que se repercute no aumento da capacidade de utilização dos veículos e na prevenção de rotas de menor utilidade. O melhoramento dos processos logísticos pode reduzir os custos operacionais e optimizar o tempo útil. Finalmente, há um benefício ao nível da redução de emissões de gases nocivos proporcionada por uma melhor selecção do percurso, evitando áreas congestionadas. A qualidade e a fiabilidade de serviços de transporte assegurados a custos competitivos, com impactos ambientais mitigados, têm também que estar associadas a uma correcta política de manutenção dos activos envolvidos na actividade. A avaliação efectuada enquadra-se na apreciação das interacções entre os três vértices da trilogia de impactos de uma frota de autocarros de transporte de passageiros, com se sintetiza na figura 3.1. 130 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Figura 3.1 - Trilogia de impactos de uma frota de autocarros Neste contexto, são discutidas áreas em desenvolvimento no âmbito da implementação de modelos de manutenção em que se enquadram a manutenção preditiva, a manutenção de sistemas de multi-componente e multi-estágio, as metodologias de inspecção e monitorização de activos e os sistemas de informação de gestão da manutenção. Também é particularmente importante na concepção e construção de sistemas de informação de gestão da manutenção que os mesmos reforcem a sua orientação para a gestão e monitorização de aplicações ao nível de políticas de manutenção. São ainda referenciados alguns novos modelos relativos à renovação de activos. Em suma, pode referir-se que a tese foca por um lado a sua análise na modelação matemática da manutenção e por outro na sua aplicação em contexto empresarial e social. Existe um claro objectivo de que estes novos desenvolvimentos se tornem uma importante ferramenta na optimização de novas estratégias de manutenção. A inclusão da discussão da promoção da criação de novos sistemas de gestão da manutenção ganhou espaço de oportunidade perante a sua importância na recolha e fornecimento de dados para modelação matemática e implementação de políticas de manutenção suportadas em novas tecnologias. As investigações desenvolvidas no passado procuraram demonstrar que as tipologias e as políticas de manutenção se repercutem nos impactos ambientais. A presente tese coloca o problema de forma inversa. Ou seja, procura demonstrar que as alterações de impactos ambientais, decorrentes da actividade de transporte, apresentam correlações com as necessidades de manutenção. Estas avaliações deverão ser rigorosamente caracterizadas na perspectiva da optimização empresarial e ambiental. O sistema concebido tem vindo a ser testado cientificamente carecendo, contudo, de melhor calibração através da criação de bases de dados com séries temporais permanentemente actualizadas. Os desenvolvimentos experimentais de sistemas de actualização de informação permitirão suportar a transição de um sistema de recolha de dados baseado na intervenção de mão-deobra para um sistema automático suportado na recolha remota de dados. Como vantagem adicional salienta-se o facto de o equipamento poder enviar para o exterior, normalmente para centrais de controlo, sinais ou sintomas de patologias que habitualmente não se encontram na amplitude da percepção humana. 131 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS No caso do transporte urbano, as pesquisas realizadas sobre o efeito da manutenção de motores Diesel na geração de partículas têm demonstrado que as práticas de manutenção têm um importante papel no controlo das emissões de partículas Diesel (Davies and McGinn 2005). Esta é uma das razões desta pertinente opção. A presente tese desenvolve-se com recurso à implementação de um programa de avaliação do nível de emissões, com o objectivo de garantir a não violação dos imperativos legais, propondo-se como uma alternativa à monitorização directa do estado de saúde de motores de autocarros urbanos e respectivos sistemas de pós-tratamento. Da avaliação das emissões poluentes num determinado instante e dos agravamentos detectados em relação ao período precedente, poderá resultar o desencadeamento de operações de inspecção e de manutenção. O objectivo é utilizar indicadores de emissões poluentes, como variáveis da manutenção condicionada. Neste sistema de avaliação, procede-se à recolha de dados e, com o auxílio do software MATLAB faz-se a sua análise probabilística, utilizando modelos escondidos de Markov (Hidden Markov Model – HMM). A partir desta análise faz-se a previsão do estado actual e dos próximos estados. /," 7 ! 1 ! A manutenção condicionada pode ser modelada com base num conjunto muito vasto de variáveis, nas quais se incluem as associadas: aos atributos do veículo e respectivo combustível (Tipo A); aos factores técnicos do veículo (Tipo B); e a um conjunto de outras variáveis (Tipo I, S e E), sendo as do tipo I relacionadas com entradas no sistema (características operacionais), as do tipo S associadas a variáveis de estado, as de tipo E relacionadas com factores atmosféricos. Existem ainda modelos de degradação que incluem algumas destas variáveis e mesmo outros indicadores. As variáveis de saída (Tipo O) correspondem aos níveis de emissões de poluentes do veículo, podendo incluir outras variáveis habitualmente utilizadas na manutenção preditiva convencional, tais como, por exemplo, a vibração, a temperatura, a pressão ou outras. Representam as variáveis dependentes das funções de impactos. Na concepção de modelos de emissões de veículos e de modelos de manutenção, existe uma grande variedade de algoritmos e aproximações. Nesta diversidade de padrões, podem ser encontrados desenvolvimentos de modelação, direccionados para um motor ou veículo específico, para uma frota específica, para determinada classe ou série de veículos, para uma combinação de tráfego que opera numa determinada área geográfica, ou mesmo para caracterização da frota de um dado país ou agregação de vários países. Os indicadores mais relevantes são os ilustrados nas tabelas 3.1 a 3.8. Sendo um veículo um sistema de grande complexidade, os seus atributos associados ao projecto podem ser muito diferenciados. Daí resulta um grande número de combinações tecnológicas que se reflectem em diferentes níveis de impacto ecológico. Na tabela 3.1 encontram-se enumerados os diferentes atributos gerais e técnicos de um veículo. 132 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS ATRIBUTOS GERAIS DO VEÍCULO ATRIBUTOS TÉCNICOS DO VEÍCULO TIPO A (parâmetros) TIPO B (indicadores) Físicos (massa bruta, tara, dimensões, lotação, diâmetro do pneu, perfil aerodinâmico, coeficiente CR) Curva de potência do motor Propulsão do motor (CI ou SI) Aceleração máxima do veículo Tipo de combustível Velocidade de rotação ao ralenti sem carga Tempos motores Velocidade de rotação máxima do motor Tipo de transmissão Mapeamento de caudal de combustível do motor Relação de transmissão da caixa de velocidades Rendimento volumétrico do motor Relação de transmissão do diferencial Rendimento indicado e rendimento global do motor Voltagem e corrente nominais da bateria Rendimento da caixa de velocidades Tipo de EGR Rendimento do diferencial Equipamentos auxiliares (ex: ar condicionado) Mapeamento da posição da válvula EGR Sistema de ventilação do cárter Relação de transmissão do diferencial Características dos sistemas anti-poluição Injecção de ar secundário nas válvulas de escape Outras variáveis de projecto do motor e do veículo (*) Outras variáveis de afinação do motor (**) e do veículo (*) Ex: Tecnologia de Alimentação do Motor (Tipo de injecção (directa ou indirecta); Sistema de injecção e tipo de injector (Ex: Electrónica com injector – bomba); Pressão máxima); Tipo de câmara de combustão; Cilindrada; Relação curso / diâmetro; Número de válvulas de admissão e escape; Taxa de compressão; Comprimento da biela; Perfil da árvore de cames; Número de orifícios da tubeira dos injectores e respectivo diâmetro em mm (ex: 8 x 0,200); Coeficiente de descarga dos orifícios (ex: 0,86); Rácio do aspecto dos orifícios (ex: comprimento / diâmetro dos orifícios = 4 / 1); Ângulo do spray dos injectores (ex: 152 º); Ângulo dos injectores (ex: 13,5 º); Fracção de recirculação de gases de escape. (**) Ex: Ponto de início da injecção ( ex: 2 a 14º antes do PMS); Duração de injecção (ex: 31,5 º); Posição ou ponto da distribuição (ex: válvula da admissão a fechar 65 º para além do PMI). Tabela 3.1 – Atributos do veículo a integrar em modelos de emissões e de manutenção Os indicadores de entrada passíveis de inclusão nos modelos, correspondem a variáveis susceptíveis de sofrerem variações ditadas pelas opções de condução do motorista e pelas condições de exploração impostas ao funcionamento do veículo, isto é, são um conjunto de variáveis cuja combinação se reflecte na procura de potência motriz pelo motorista. Correspondem às opções de regulação do funcionamento do veículo e ao maior ou menor grau de “agressividade” com que se registam as variações de desempenho. A sua tradução pode ser explicitada na tabela 3.2. 133 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS ATRIBUTOS DE ENTRADA TIPO I1 (indicadores) Posição do acelerador - Carga do motor (%) (Ex: 50; 75; 100 %) Posição da selecção na caixa de velocidades (discreta) Posição da embraiagem e do travão Perfil de condução do motorista (***) Variação da posição do pedal do acelerador, da embraiagem ou do travão e do selector de velocidades (***) O perfil de condução tem a ver com a forma mais ou menos rápida com que o condutor pisa o pedal do acelerador, bem como com o regime em que selecciona uma nova mudança. Conduções agressivas com frequentes travagens e / ou accionamentos da embraiagem, têm um forte impacto nas emissões e nas necessidades de manutenção. Tabela 3.2 – Atributos de utilização do veículo, incorporados em modelos Normalmente, são definidas as seguintes classes de perfil condução de motorista: cauteloso, moderado, agressivo e violento. Porém, os indicadores de entrada encontram-se associados a características físicas, específicas do sistema de exploração, cuja combinação se reflecte no comportamento dinâmico do veículo. Existe mesmo a possibilidade de relacionar o caudal mássico de PM com as condições de operação do veículo, permitindo identificar episódios de elevadas emissões (North 2007). A modelação de perfis de emissões e de degradação de veículos que operem em redes de transportes urbanos incluem no todo ou em parte os atributos especificados na tabela 3.3. ATRIBUTOS DE ENTRADA ASSOCIADOS ÀS CARACTERÍSTICAS DE EXPLORAÇÃO TIPO I2 (indicadores) Comprimento do arco da rede de transportes Perfil do arco (inclinação, número de faixas, largura por faixa, curvas) Número de paragens do arco Qualidade do pavimento / resistência ao rolamento Características de fluxo de tráfego (volume, composição e sistema de gestão) (****) Diagrama de carga da carreira (procura / carga do veículo) Velocidade e direcção do vento relativamente ao veículo (****) Volume de tráfego (veículos/hora) = velocidade (km/h) x densidade (veículos/km) Tabela 3.3 – Atributos associados a características de exploração, usados em modelos O resultado da integração dos dois conjuntos de entradas, I1 e I2, traduz-se na geração de indicadores de actividade, também utilizados na definição de modelos de emissões poluentes. Os trabalhos desenvolvidos a nível mundial utilizam nos modelos de cálculo de emissões, outros indicadores derivados ou com influência nos especificados na tabela anterior, por apresentarem melhores correlações com os efluentes gasosos e incorporam ainda, 134 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS habitualmente, as condições de operação do veículo, onde se incluem as suas variáveis cinemáticas (velocidade e aceleração). Os indicadores de entrada encontram-se correlacionados com os indicadores de actividade do veículo, associados à sua dinâmica, sendo habitualmente substituídos por estes. A tabela 3.4 mostra os principais indicadores de entrada que melhor se correlacionam com os indicadores de impacto ambiental e com a degradação do estado de saúde do veículo. ATRIBUTOS DE ENTRADA ASSOCIADOS À DINÂMICA DO VEÍCULO TIPO I3 (indicadores) Velocidade do veículo Aceleração do veículo Variação da aceleração do veículo (j=da/dt) Potência específica do veículo (VSP) Quadrado da velocidade Cubo da velocidade Velocidade de operação x aceleração do veículo Tabela 3.4 – Atributos de actividade do veículo associados à sua dinâmica Os atributos e factores técnicos do veículo estão relacionados com o projecto e engenharia do veículo. Por sua vez, os indicadores de entrada estão relacionados com a forma como o veículo é utilizado. Na sua tese (Gajendran 2005) faz a definição das seguintes classes de aceleração: Acelerações bruscas: > 0,894 m/s2; Acelerações médias: > 0,447 m/s2 e 0,894 m/s2 ; Acelerações ligeiras: > 0,134 m/s2 e 0,447 m/s2; Velocidade de cruzeiro e desacelerações: 0,134 m/s2. Os indicadores de estado e respectivas variações no tempo reflectem o estado de saúde do sistema, reflectindo-se na sua capacidade de realização de trabalho. Dividem-se em directos e indirectos. Encontram-se correlacionados deterministicamente, pelo que os segundos podem ser utilizados quando reunirem melhores condições de ser medidos. Reflectem o mapeamento das condições de funcionamento do motor a diferentes rotações e cargas (tabelas 3.5 e 3.6). ATRIBUTOS DE ESTADO DE SAÚDE DE UM VEÍCULO, DIRECTOS TIPO S (indicadores) Binário motor ou pressão média efectiva. Combustível injectado por cilindro e por ciclo ou duração da injecção (ex: 25 ms) ou caudal de combustível consumido Relação ar - combustível Rotações do motor Rendimento da transmissão entre a embraiagem e as rodas Resistência imposta pelo sistema de travagem Tabela 3.5 - Atributos de estado de saúde de veículos, directos 135 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Uma função de estado aplicável ao veículo pode ser do tipo: State = Csref Cs *ηt * (1 − ηb ) (Eq. 3.1) Onde: Csref , Cs , correspondem aos consumos específicos de referência e actual, respectivamente. η t , ηb , representam os rendimentos da transmissão entre a embraiagem e as rodas e o rendimento perdido no sistema de travagem. Os indicadores de estado directos encontram-se correlacionados com indicadores de estado indirectos, cuja utilização ocorre por força de uma mais fácil medição (tabela 3.6). ATRIBUTOS DE ESTADO INDIRECTOS TIPO S1 (indicadores) Pressão absoluta no colector de admissão (MAP) (ex: 177 kPa) Temperatura do ar no colector de admissão (Ex: 49 º) Pressão no colector de escape Pressão do óleo de lubrificação Temperatura do óleo de lubrificação Temperatura da cabeça do motor (*****) ou temperatura do líquido de arrefecimento Temperatura do catalisador Voltagem e corrente da bateria (*****) Sensor CHT – Cilinder Head Temperature (A temperatura do bloco do motor constitui um mecanismo importante no sentido de caracterizar a temperatura de operação do veículo e determinar as fases de operação sob as quais o sistema de pós tratamento das emissões pode não operar eficientemente. Embora sejam indicadores de estado, as temperaturas não são indicadores ecológicos, ainda que possam ser seus precursores (estimadores indirectos. Tabela 3.6 - Atributos de estado de saúde de veículos, indirectos A recolha destes indicadores pode resultar da extracção de dados a partir da ficha OBD do veículo, utilizando para o efeito um equipamento de diagnóstico. Um possível vector de estado indirecto deverá incorporar informação de diferentes sub-sistemas do motor. Vector State = MAP MAT MEP OILC OILP OILT CHT LRT ; ; ; ; ; ; ; MAPref MATref MEPref OILCref OILPref OILTref CHTref LRTref Onde, MAP (Manifold Absolute Pressure) - Pressão absoluta no colector de admissão MAT (Manifold Aire Temperature) - Temperatura do ar no colector de admissão MEP (Mean Effective Pressure) - Pressão média efectiva no cilindro OILC (Oil Consumption) - Consumo de óleo OILP (Oil Pressure) - Pressão de óleo 136 (Eq. 3.2) MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS OILT (Oil Temperature) - Temperatura de óleo CHT (Cylinder Head Temperature) - Temperatura na cabeça do motor LRT (Liquid Refrigeration Temperature) - Temperatura do líquido de arrefecimento No caso presente não se incorporam as variáveis que integram um modelo de combustão, por não se fazer qualquer simulação a esse nível, designadamente para o cálculo da pressão na câmara de combustão. Os sensores de pressão absoluta no colector de admissão (MAP) e de temperatura do ar admitido, permitem à EMS estimar a massa de ar que entra no motor e ajustar convenientemente o caudal mássico de combustível injectado e o instante de injecção (ponto de injecção). Tratando-se de motores sobrealimentados, o limite máximo de MAP ocorre abaixo de 200 kPa, sugerindo que a válvula wastegate do turbocompressor seja ajustada para limitar a pressão de compressão a cerca de 2 bar de pressão absoluta. Num veículo ligeiro, no primeiro arranque a frio do dia, a temperatura do bloco do motor apresenta tendência de subida, desde 10 ºC até 100 ºC em cerca de 20 minutos. A partir desta temperatura, o ventilador de arrefecimento do radiador de arrefecimento do motor é activado pela ECU até que a temperatura desça para cerca de 90 ºC. Durante o funcionamento, a temperatura do bloco é controlada para permanecer entre 90 ºC e 100 ºC. Porém, sob condições de carga elevada (onde o veículo é bruscamente acelerado durante 3 picos de velocidade), o sistema de arrefecimento do motor restringe a temperatura quando esta atinge 110ºC. Nos motores Diesel estas temperaturas são, normalmente, inferiores. O sistema eléctrico opera a 12 Volt, onde a voltagem da bateria é 12 Volt com o motor parado e 14 Volt quando o alternador está a funcionar. Os indicadores de entrada, tabela 3.3, num modelo de previsão, permitem inferir da forma como as características de exploração influenciam, as emissões poluentes, a degradação dos indiciadores ambientais e a degradação da saúde do veículo. Podem constituir uma alternativa ou um complemento no sentido de integrarem um modelo de previsão de degradação em função da utilização de veículos na rede em exploração comercial. É sob estas condições que são estabelecidas e associadas duas sequências cronológicas, uma das quais define o vector de desempenho do sistema e a outra a matriz de emissões de cada um dos indicadores ambientais. O regime de funcionamento do motor, ditado pela sua velocidade e binário, bem como as características da transição entre pontos do mapeamento, são de grande importância na determinação do nível de emissões. Os ciclos reais de operação dos veículos em estrada são o resultado das escolhas que definem o comportamento do condutor, o qual, por sua vez, é influenciado pelas condições de tráfego. Mudanças súbitas no regime de operação (por exemplo, devido às mudanças de velocidade ou acelerações bruscas) podem conduzir a picos de emissões. Isto é especialmente relevante em motores turbo-alimentados e com EGR, onde as dinâmicas de operação do motor são mais complexas. Daí que os ciclos reais não correspondam a regimes estacionários e se traduzam por uma constante variação da velocidade de circulação. A amplitude de variação de velocidades do veículo é muito maior do que a amplitude de variação da velocidade do motor, o que obriga à necessidade de variar a relação de transmissão do veículo. Frequentemente, é utilizada uma série discreta de relações de velocidade. 137 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS As características de exploração incluem, a categoria de estrada que enquadra a situação geográfica (urbana ou suburbana), o objectivo da via (estrada nacional, estrada municipal rápida, estrada municipal estreita) e a sinuosidade e inclinação (plana e direita, inclinada e sinuosa). Tipicamente, a microsimulação classifica o fluxo de tráfego num número de tipos de veículos, em que cada tipo tem atribuído um conjunto de atributos que influenciam o seu comportamento dentro da simulação (por exemplo, dimensões, máxima aceleração). Podem ser definidos atributos adicionais designados por estáticos com vista a facilitar o cálculo da taxa de emissões. Neste grupo pode-se referir, a título de exemplo, o tipo de combustível e a tecnologia de pós-tratamento dos gases de escape do motor. Nem sempre se encontram disponíveis indicadores de operação do veículo e do motor muito detalhados quando se faz a medição à passagem do tráfego. Como exemplo de dificuldade de efectuar essas medições pode-se enumerar, a posição da relação da caixa de velocidades, rotações do motor e a quantidade de combustível injectado por cilindro e por ciclo. Por último, terá que ser referenciado o último grupo de factores, agregados sob o título de factores atmosféricos, especificados na tabela 3.7. ATRIBUTOS ATMOSFÉRICOS INPUTS TIPO E (indicadores) Temperatura do ar admitido Humidade do ar atmosférico Pressão atmosférica (Altitude) Tabela 3.7 - Atributos atmosféricos de entrada em modelos Quando se pretende a incorporação de indicadores meteorológicos, para avaliação do seu impacto nas condições de exploração, poderá ser utilizada a seguinte classificação para o estado do tempo: quente; temperado; frio; chuva; tempestade. O modelo de manutenção condicionada de autocarros urbanos, na perspectiva vertida na presente tese, tem subjacente o acompanhamento da evolução de indicadores relevantes, numa perspectiva ecológica. Para além dos limites de emissão definidos na regulamentação ambiental aplicável ao sector dos transportes, para as diferentes variáveis de impacto ambiental, também incorpora os respectivos níveis de degradação. Especificamente, o modelo desenvolvido tem por objectivo o controlo das seguintes variáveis de condição do sistema: Partículas de dimensão inferior a 10 µm (PM10) ou opacidade dos fumos. Óxidos de azoto (NOx). Monóxido de carbono (CO). Hidrocarbonetos (HC). Dióxido de carbono (CO2) e ou consumo de combustível. Variáveis de degradação das características do óleo do motor. Nível de ruído no motor à saída do sistema de escape. O modelo de manutenção desenvolvido baseia-se numa diversidade de indicadores de condição, sendo os mais comuns os indicados na tabela 3.8. 138 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS SIGLA INDICADORES DE CONDIÇÃO PM10 Partículas de dimensão inferior a 10 µm (PM10) ou opacidade dos fumos PHA Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos NOx Óxidos de azoto HEAD_T Temperatura da cabeça do motor CO Monóxido de carbono THC Total de hidrocarbonetos CO2 Dióxido de carbono FC Consumo de combustível OIL Indicadores de degradação das características do óleo do motor NOISE Nível de ruído no motor e à saída do sistema de escape Tabela 3.8 - Indicadores de saída ou de condição em modelos de manutenção A percentagem de dióxido de carbono permite estimar directamente o consumo de combustível (CORINAIR 2009). No que respeita à avaliação integral dos efluentes com impacto ambiental, cumulativamente à análise individual das variáveis de impacto ecológico, pode ser criada uma função ambiental, integrando todos os diferentes indicadores de impacto. Seguidamente, apresenta-se um exemplo de função ambiental proposta pelo autor, que inclui cinco variáveis de emissão. EnvironmentalFuntion = a mOPAC mNOx mCO 2 mNOISE mCO mHC +b +c +d +e +f mOPACref mNOxref mCO 2ref mNOISEref mCOref mHCref (Eq. 3.3) Sendo que os coeficientes correspondem a factores de ponderação, cuja soma corresponde à unidade. Esta função pode ser simplificada de modo a incluir apenas algumas das variáveis. Alternativamente, poderá ser utilizada uma combinação de classes de indicadores de impacto ambiental na calibração do modelo, o que constituiu a opção da presente tese, tal como se apresenta ao longo do presente capítulo. A Organização Mundial de Saúde combina todo o impacto das emissões de escape no que designa por SCORE, ponderando-as de acordo com a gravidade da sua influência na saúde das populações, através da expressão: SCORE = 20 × PM + NOX + HC + CO 10 (Eq. 3.4) No diagnóstico do estado de saúde de um motor podem ainda ser avaliados sistemas de controlo que incluem, entre outros, equipamentos e componentes, medidor de massa de ar, sensor de temperatura de ar de admissão, sensor de pressão de ar de admissão, sensor de temperatura de água, sensor de posição da cambota e sensor de posição da árvore de cames. 139 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Quando se consideram as emissões dos veículos Diesel, em que se inserem os autocarros urbanos, as partículas e o NOx são os poluentes que suscitam maiores preocupações. Porém, as emissões de PM não têm sido consideradas nos modelos habitualmente disponíveis, apesar da sua importância na perspectiva da saúde pública, talvez devido à falta de estudos exaustivos sobre as mesmas. O actual estágio de desenvolvimento de programas informáticos de optimização da gestão da manutenção assenta numa arquitectura multiposto, gerindo o activo através de uma configuração cliente–servidor ou através de “browser”. As novas características passarão a incluir, no caso dos autocarros urbanos em geral e dos motores Diesel em particular, algoritmos baseados em cadeias de Markov e especificamente em modelos escondidos de Markov, com uma aproximação que oferece óptimos resultados, comprovada pela validação da metodologia, rigor e inovação. É com base nestes desenvolvimentos que se enquadra a presente tese, a qual tem como objectivo contribuir para o enriquecimento das áreas científicas de transportes e de manutenção. /,( # $% ! A manutenção planeada condicionada, também designada de manutenção planeada preditiva, corresponde à definição do instante da intervenção com base na detecção de uma modificação de valores das variáveis de condição, cujo acompanhamento resulta de uma medição periódica ou sistemática. Neste processo de manutenção planeada preditiva, quando o grau de degradação se aproxima ou atinge o limite estabelecido, é tomada a decisão de intervenção. Desejavelmente, na sequência de um processo de avaliação económica das várias opções, a intervenção não deve ser desencadeada pelo aparecimento de uma disfunção no equipamento ou processo, mas por uma decisão baseada numa degradação previsível (Honkanen 2004). Este tipo de acompanhamento permite a preparação prévia das intervenções, além de possibilitar a tomada de decisões no sentido de encontrar alternativas relacionadas com a maximização da produção. A sua exequibilidade carece da verificação de alguns pressupostos, nomeadamente: • O equipamento, o sistema ou a instalação deverem permitir algum tipo de monitorização / medição; • O equipamento, o sistema ou a instalação deverem justificar este tipo de opção, em função dos respectivos custos directos, indirectos e impactos decorrentes de externalidades; • As falhas poderem advir de causas facilmente identificáveis através de indicadores de impacto ambiental, susceptíveis de serem monitorizados e ter a sua progressão acompanhada. As causas são de natureza física (desafinação, desgaste por atrito, acumulação de sujidades, eventualmente fadiga); • Deve existir um programa de acompanhamento, análise e diagnóstico; • A mão-de-obra da manutenção responsável pela análise e diagnóstico dever possuir uma boa formação. 140 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Numa época em que existe uma grande tendência para a contratualização de prestação de serviços de manutenção, tendo em foco a concentração de esforços na sua actividade principal (core business), os novos desenvolvimentos que aqui são analisados, são também compatíveis com uma política de focalização na actividade operacional, na perspectiva de uma redução de custos. A presente tese procura optimizar a manutenção de equipamentos e sistemas incorporados em autocarros urbanos, mediante integração do conceito de indicador de condição associado à vertente ecológica. Deste modo, a decisão de intervenção não está centrada prioritariamente no objectivo da minimização dos custos de operação (Karlaftis et al. 1999), mas sim na mitigação dos impactos ambientais. Este novo paradigma implica não só o ajustamento dos intervalos de inspecção, mas também o limiar do desencadeamento da intervenção. Refira-se um estudo desenvolvido para a EPA, o qual estimou que a manutenção de veículos a gasolina que apresentem disfunções reconhecidas por dispositivos de diagnóstico de bordo (OBD) apresenta um impacto na redução de HC de 32%, CO de 17% e NOx de 25%. No mesmo estudo, a mesma entidade releva o papel dos programas inspecção e manutenção (I/M), cuja implementação reduz os níveis de CO entre 15 e 20%. Esta foi a razão subjacente à implementação de programas de inspecção e de renovação da frota, em vários países desenvolvidos, incluindo toda a União Europeia, com impactos significativos no teor de emissões poluentes. Alguns veículos podem falhar um primeiro teste e passar um segundo teste sem serem reparados. São os chamados veículos “flipper”. São veículos com um comportamento imprevisível em termos de manifestação de disfunções. E se vierem a ser testados pela terceira vez podem mesmo falhar de novo. Um estudo levado a efeito nos Estados Unidos da América, nos estados de Califórnia e Phoenix, permitiu constatar que 74 % dos veículos testados em Phoenix, que reprovaram no teste inicial de I/M, passaram na repetição do teste (Wenzel et al. 2004). Com a presente tese, pretende-se contribuir para a definição de uma das vertentes do veículo ecológico do futuro, em que se utiliza a manutenção condicionada na concepção do sistema de diagnóstico e consequente decisão quanto à conveniência de proceder ou não a uma intervenção. Aponta não só os caminhos de monitorização da condição do estado do sistema, mas também metodologias de gestão da engenharia de diagnóstico (COMADEM-92 1992). É importante que existam indicadores de medição fácil e económicos que estejam fortemente associados (isto é, com relações muito estáveis, quase determinísticas) entre os níveis de degradação física do sistema (motor) e os níveis observados desses indicadores. A figura 3.2 apresenta um exemplo de ficha de diagnóstico utilizada em autocarros urbanos. Figura 3.2 – Foto de ficha de diagnóstico de autocarro 141 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Os avanços tecnológicos são aceites e aplicados a sistemas de CBM com base em: conhecimento melhorado de mecanismos de falhas; incorporação de novas técnicas de previsão de avarias; introdução de dispositivos de monitorização recentes e sensores; software inovador de diagnóstico e prognóstico; desenvolvimento de aplicações de outros tipos de software de manutenção; e tecnologias de redes informáticas. A sensibilidade e precisão de medida das técnicas de Monitorização de Condição, CM (Condition Monitoring) usadas necessita de ser compreendida, porquanto afectam o tempo de reacção disponível para reduzir ou eliminar as consequências de falhas funcionais. Perante a decisão de se proceder à avaliação e possível implementação da técnica de CBM, deverão ser avaliadas todas as questões subjacentes. Em primeiro lugar, deverão ser conhecidas as razões pelas quais se deve proceder a um diagnóstico às unidades de uma frota de autocarros. Quando estes motivos se encontram associados a vantagens económicas, ambientais e sociais, poder-se-á então estruturar a sequência de passos necessários ao diagnóstico de falhas ou disfunções. Definido o enquadramento do estudo, encontram-se reunidas as condições de passar à fase de recolha de informação. Para o efeito deverão ser previamente registadas leituras de variáveis de estado e indicadores, proceder ao tratamento desses dados e tomar decisões com base em critérios objectivos. Diferentes níveis dos diferentes indicadores indiciam diferentes desempenhos ou disfunções no sistema. É aqui que emerge a necessidade de recurso a ferramentas de diagnóstico. Neste sentido, os algoritmos devem definir todos os passos e recursos necessários, para que possam correr de uma forma eficaz. Necessariamente, não poderá ser exigido a todo e qualquer modelo a tomada de decisões, uma vez que estas deverão ser da responsabilidade dos responsáveis técnicos. Porém, um bom sistema de diagnóstico tem implícito o lançamento de alertas no caso de um certo valor de um indicador ou variável de estado se encontrar fora da amplitude admissível, sendo também possível que um certo código de falha possa deixar uma sugestão para avaliação. Finalmente, a equipa de manutenção deve conseguir a solução para o problema, através da emissão de uma ordem de trabalhos, desencadeada pelo sistema informático e validada pelo responsável da função. Quando se trate de situações recorrentes em que haja evidência de grande fiabilidade do sistema de diagnóstico, pode mesmo ser activada a validação automática. Existe uma quantidade de dificuldades que devem ser ultrapassadas quando se aplicam técnicas de manutenção baseadas na condição em sistemas móveis, como é o caso dos veículos de uma frota de autocarros. Quando se compara com uma indústria associada à engenharia convencional, a avaliação do estado do sistema, a análise do perfil de degradação e o planeamento das necessidades de manutenção em veículos, podem agora também ser ligadas através de Sistemas de Informação Geográfica (SIG). Numa indústria de engenharia, a análise e o diagnóstico podem acontecer num sistema estacionário, utilizando dados recolhidos em tempo real no equipamento ou máquina. Em empresas de autocarros urbanos estes dados devem ser enviados para um centro de controlo ou unidade de manutenção. Existem poucas opções na forma de implementar este projecto: Na primeira e mais primária, são utilizados sistemas manuais de leitura de dados. A segunda corresponde a um grupo onde são efectuadas leituras automáticas para avaliar os indicadores de condição e o consequente desempenho do motor e do veículo. Neste caso, pode olhar-se o 142 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS autocarro como uma máquina e deixar que a análise e o diagnóstico ocorram a bordo do mesmo. Apenas é retirada do veículo informação específica sobre o nível de condição. A outra opção, neste grupo, consiste em recolher os dados do veículo em tempo real e a respectiva análise e diagnóstico ocorrerem num centro de manutenção. Isto significa que uma grande quantidade de dados deve ser transmitida para uma base de dados central. Esta transmissão pode ser conseguida através da técnica GSM ou mediante um sistema sem fios a partir de pontos de medição de poluentes estrategicamente localizados na rede de transportes (Bluetooth, infra-vermelho, etc.). A CBM por controlo remoto envolve a monitorização de indicadores de emissão ou de condição do estado de um sistema. Os sensores sem fios apresentam um potencial muito elevado. São enormes as oportunidades da sua montagem em locais de difícil acesso, ambientes de desconforto eléctrico ou ruidosos e em aplicações móveis, onde não podem ser utilizadas as tecnologias com fios. Com esta tecnologia fica facilitada a apresentação da informação de CBM em páginas Web acessíveis por browsers da internet. Estes sistemas podem surgir com denominações do tipo “Internet CBM” ou “E-Monitoring Bus Fleet Health” (Jiang and Zhou 2010). Permitem levar a CBM remota a outros níveis, que implicam o lançamento e a difusão de capacidades remotas globais. Atendendo a que os browsers residem em muitas plataformas, os sistemas CBM com suporte na internet podem ser acedidos por múltiplos utilizadores trabalhando em qualquer tipo de sistema operativo. Estas tecnologias apresentam enormes oportunidades para as empresas de transportes, ao possibilitarem a monitorização dos seus veículos enquanto se encontram em operação ainda longe do parque. Os acessos sem autorização a um sistema de CBM com suporte na internet podem ser prevenidos com a inclusão do nome de utilizador e uma palavra passe de acesso ao local da rede. Pode ser conseguida interacção entre os utilizadores e o sistema de CBM com suporte na Internet mediante a utilização de um Servidor de Páginas Activo (ASPs). Os ASPs programados para usar VBScript e JavaScript que trabalham dentro do Servidor de Rede oferecem maior flexibilidade aos projectistas de tais sistemas. Eles levam a efeito instruções programadas dentro do servidor de rede, definem como o HTML é reunido e apresentado, fornecendo aos utilizadores o poder de interagir com a interface e correr as selecções escolhidas. Os níveis de emissões poluentes ou os níveis de ruído podem assim ser transmitidos facilmente através da web e ser apresentados ao utilizador convertidos sob a forma de unidades de medida, reportando de forma remota a condição do autocarro em tempo real. Também podem ser exibidos gráficos mostrando tendências de desempenho, tabelas de parâmetros de desempenho, identificação de anomalias e diagnóstico de disfunções. No nosso caso incluiria a medição da opacidade dos gases de escape que é efectuada em aceleração livre. Os veículos são trazidos para os testes após conclusão ou interrupção do serviço de exploração ou, alternativamente, a título excepcional, são analisados após um período de aquecimento no próprio parque de estacionamento. O motor é desacoplado da embraiagem, ficando assim sem carga, e o pedal do acelerador é pressionado desde a velocidade de ralenti até à velocidade de corte do combustível, através do limitador de velocidade. Em conformidade com a Directiva número 72/306/CEE, complementada com a regulamentação publicada posteriormente, especialmente a legislação aprovada em Outubro do ano 2000, para veículos pesados cuja homologação foi efectuada com base no Euro III, o 143 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS nível de concentração de fuligem não deverá exceder o valor limite do coeficiente de absorção de 0,8 m-1. Este limite reporta-se à mistura de todos os gases recolhidos no ciclo de condução, não se aplicando na aprovação em inspecções periódicas realizadas sob condições de aceleração brusca sem carga. Os valores limite foram especificados no subcapítulo 2.3.4-Legislação de impactos ambientais. A definição de um modelo de gestão global da função manutenção pode ser integrada em vários níveis, como se ilustra na figura 3.3. A presente tese focaliza-se, essencialmente, na metodologia de transformação do vector decisão num vector de alarme ambiental, permitindo, assim, a criação de Modelos de Programas de Manutenção Preditiva, suportados em parâmetros ecológicos. Cn – Componente n; Mk,n – Manutenção tipo k, do componente n; Tk – Data provável de mudança do estado actual, i, para o estado j; Si – Estado actual; Pi,j – Probabilidade de evoluir do estado actual i, para o estado j; Ar – Alarme tipo r. Figura 3.3 - Modelo geral de optimização em manutenção ecológica A avaliação de custos associados a modelos ecológicos permitirá a comparação com os custos relativos a sistemas tradicionais de manutenção planeada preventiva, onde as decisões são muitas vezes tomadas com base na taxa média de avarias. Tal avaliação é efectuada em cada um dos equipamentos ou sistemas, comparando diferentes opções, i, de manutenção 144 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS planeada, balanceando custos de manutenção, Ci, com os correspondentes tempos médios entre ocorrência de duas avarias consecutivas. Utiliza-se a seguinte expressão de cálculo: Ci → λi = 1 MTBFi h −1 (Eq. 3.5) O valor de MTBFi corresponde ao tempo médio entre avarias para a opção de manutenção i (exemplo 50000 horas). Numa análise de custo de disfunções e falhas, a fiabilidade conseguida deve ser multiplicada por um indicador do custo-oportunidade da disfunção, variável com o período simulado. Este indicador pode ser obtido através da normalização do número de passageiros transportados ao longo do tempo. Numa avaliação de compatibilização da oferta com a procura, poder-se-ão assumir custos elevados de disfunção nos meses de Inverno e custos baixos no Verão. Para um operador urbano, os meses de Inverno correspondem à máxima necessidade de meios operacionais disponíveis. As ferramentas concebidas para detectar disfunções são conhecidas como instrumentos de monitorização da condição. A taxa de avarias global é determinada pela assumpção de que cada tipo de disfunção ocorre independentemente de outros tipos. Contudo, este pressuposto revela-se apenas de índole teórica. No âmbito da aplicação das técnicas utilizadas em CBM, torna-se essencial a definição não só do módulo de monitorização de condição como também do conhecimento da curva de degradação e do intervalo de diferimento entre a manifestação do sintoma e a ocorrência da falha, como se regista na figura 3.4. O gráfico que mostra a condição de estado e o intervalo de diferimento, também referenciado por curva P-F, assim designado pelo facto de mostrar quando a avaria se inicia e a deterioração provoca a falha do equipamento. Esta curva permite identificar os pontos “P”4 correspondentes à detecção de sintomas de degradação da condição de estado, através da alteração dos níveis de emissões para os diferentes poluentes. Tais alterações poderão ou não ser detectáveis em simultâneo nos diferentes poluentes. Por conseguinte, se a disfunção não é detectada e, consequentemente, não forem tomadas as adequadas acções correctivas, a mesma vai evoluindo com a consequente degradação do sistema, conduzindo a níveis de degradação crescentes, até atingir o ponto de ocorrência de falha “F”5. Figura 3.4 - Curva de degradação do estado de um veículo (Intervalo P-F) 4 5 P-Potencial Failure F-Functional Failure 145 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Se é detectado um sintoma de falha potencial entre os pontos P e F, deve ser possível levar a efeito acções para prevenir a disfunção funcional ou, pelo menos, minimizar os seus efeitos. Ao intervalo de tempo que medeia entre o ponto onde se inicia uma falha potencial e o ponto onde a deterioração atinge um nível correspondente a uma condição de estado degradado, levando a uma falha funcional, é atribuída a designação de diferimento na falha ou intervalo PF. Durante este período de alerta ou aviso, outras tarefas de manutenção condicionada (CM) podem ser utilizadas para diagnosticar as causas de uma degradação que pode levar a uma disfunção funcional. É com base no conhecimento do diferimento da manifestação da falha que é ditada a frequência com que devem ser implementadas as inspecções no âmbito das tarefas de manutenção preditiva. O intervalo de verificação deve ser significativamente menor do que o intervalo P-F, caso seja desejável que a detecção da falha potencial ocorra antes da mesma se tornar numa falha funcional. O intervalo P-F pode ser medido em qualquer unidade relacionada com a exposição ao stress, tais como, tempo de operação, ciclos de arranque–paragem, ou outras. Mas, é muitas vezes medido em termos do tempo decorrido. O intervalo P-F pode variar de fracções de segundo a várias décadas, quando estão em causa diferentes equipamentos e modos de falha. A quantidade de tempo necessário para responder a quaisquer falhas potenciais, muitas vezes designado por tempo de reparação, também influencia a decisão de dimensionamento do intervalo P-F. A reparação da falha em tempo oportuno, para além de evitar o seu agravamento, salvaguarda também as respectivas consequências. O tempo de reparação necessário, terá que ser suficiente para permitir concretizar as seguintes medidas de acção: • Organização dos recursos necessários para corrigir a falha; • Execução de plano correctivo de forma a minimizar rupturas de exploração. O intervalo de tempo necessário, de forma a se poderem iniciar as tarefas correctivas varia entre alguns minutos (como na detecção de fogo), horas (quando se pretende que seja concluído um ciclo de operação ou o fim de um turno de trabalho), semanas, ou mesmo meses. A não ser que haja uma boa razão para proceder de outro modo, por norma é suficiente seleccionar um intervalo de inspecção igual a metade do tempo de diferimento na manifestação da anomalia. Porém, algumas vezes é necessário seleccionar um intervalo de inspecção que corresponda a uma outra fracção do intervalo P-F. A decisão sobre a frequência de inspecção também deve variar com o custo dessa operação, incluindo nesse custo o tempo de imobilização. Como é óbvio, há hoje muitos casos em que a inspecção é permanente através de sensores embutidos. Neste caso, a possibilidade de fazer a inspecção através de análises não intrusivas aos fumos de escape permite realizar as inspecções cada vez que os autocarros iniciam o serviço ou regressam à estação de recolha. Por exemplo, a figura 3.5 mostra como um intervalo P-F de oito semanas e um intervalo de inspecção de duas, disponibiliza um intervalo P-F líquido que, no mínimo, tende para as seis semanas, quando a detecção da disfunção ocorre com quase duas semanas decorridas após o início da disfunção. Daí que, algumas vezes, este intervalo P-F líquido seja conhecido como intervalo P-F disponível. 146 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Figura 3.5 - Intervalos de inspecção e de diferimento na manifestação de falha O intervalo de inspecção, correspondente à manutenção com monitorização de condição, deve ser determinado com base no intervalo P-F expectável e no custo de inspecção, porquanto poucas organizações terão conhecimento detalhado acerca do intervalo P-F associado a cada modo de falha do equipamento. Poderão ser seguidas as seguintes directrizes no estabelecimento do intervalo de inspecção: • Se o actual intervalo de inspecção para monitorização da condição está implementado e tem provado ser eficaz, implicando zero falhas inesperadas, deve ser utilizado o intervalo de inspecção existente como inicial; • Se, com o actual intervalo de inspecção tiverem ocorrido algumas falhas funcionais, deve ser ajustado tal intervalo através da sua redução, tomando por base o histórico. Neste caso, deve ser analisado como se deteriora a condição de estado do sistema e como tal evolução resulta em falha funcional. Deve ser avaliado se o sistema se deteriora em minutos, horas, dias, semanas, meses ou anos. • Se não estiverem incluídas nas práticas de manutenção, a aplicação dos conceitos de curva de degradação e intervalo de inspecção, ou se estiver a ser proposta a introdução de novos intervalos, então os novos intervalos deverão ser baseados na estimação das equipas de trabalho. Contudo, devem ser previamente analisadas todas as fontes de informação, no sentido de melhorar o critério de determinação do intervalo P-F, nomeadamente: a) Especificações dos construtores, opinião de peritos e experiências anteriores; b) Literatura publicada acerca do intervalo de inspecção para monitorização de condição, incluindo artigos, manuais e livros; c) Dados históricos que caracterizem o actual intervalo de inspecção esperado. Tal como foi referido, o intervalo de inspecção deve ser definido no sentido de que não seja superior a metade do intervalo P-F esperado. No entanto, na fase de ajustamento, devem ser atendidas algumas recomendações, nomeadamente: 147 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS a)O intervalo de inspecção deve ser aumentado quando o seu valor for inferior ao tempo de reparação. b)Na presença de um nível de estimação com baixo grau de confiança, o intervalo de inspecção deve ser reduzido; c)Quando existam riscos mais elevados nos modos de falha, deve ser aplicado um intervalo de inspecção mais reduzido. As técnicas de manutenção condicionada permitem a avaliação da condição do sistema baseada na recolha de dados do sistema através da monitorização contínua ou de inspecções mais ou menos frequentes, com o objectivo de determinar a necessidade de manutenção antes da ocorrência de qualquer falha prevista. Na predição de intervalos de inspecção de autocarros urbanos, é recomendado utilizar valores de referência. O estudo (TCRP-SINTHESIS-81 2010), referente a autocarros equipados com motores de ignição por compressão (Diesel) refere que as inspecções de manutenção preventiva tipicamente são baseadas no estabelecimento pelos construtores dos autocarros de um intervalo mínimo de permuta do óleo do motor. Os operadores sugerem um intervalo de mudança de óleo de 10000 km. Contudo, referem que para alguns motores mais novos com controlo de emissões mais avançado, especialmente aqueles com recirculação dos gases de escape (EGR), deve ser exigido um intervalo de mudança de óleo mais frequente, isto é, todos os 5000 km. Num vasto conjunto de empresas que responderam a um inquérito, 92 % adoptam intervalos de inspecção que caem no intervalo de 3200 quilómetros (apenas uma empresa) a 10000 quilómetros, com 71% das empresas a optarem pelo valor mais elevado. Os remanescentes 8% optaram pelo intervalo 10500 a 12000 km. Quando a condição do sistema decresce abaixo do seu nível crítico de funcionamento, o sistema passa ao estado de falha, obrigando à imediata intervenção não-planeada, que deve corrigir o sistema de forma a garantir uma reparação tão boa quanto novo (as-good-as-new). Obviamente que a escolha das datas de inspecção e os valores limiar críticos influenciarão o desempenho económico da política de manutenção. Os modelos económicos de avaliação das políticas de manutenção, apesar da vantagem da sua capacidade para tratar com interdependências, têm a desvantagem da ausência de um conjunto de regras que possam ser aplicadas a diferentes situações. Na presente investigação, após normalização dos valores recolhidos, relativamente aos valores de referência, estes conjuntos de vectores característicos são usados como inputs de modelos HMM e, em caso de detecção de disfunções, podem mesmo alimentar um segundo modelo, também baseado em HMM ou mesmo em redes neuronais, que avaliará cada um dos sub-sistemas ou componentes para identificar as respectivas causas. Uma vez que cada disfunção ou modo de falha se encontra interligado com os indicadores do nível de emissões, o processo conduz à geração de livrarias ou bases de dados. Desta forma, o modo de disfunção, DM (Dysfunction Mode) que caracteriza um subsistema ou componente sob disfunção, pode ser associado a indicadores de emissão de cariz ambiental, EI (Environmental Indicators). 148 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS /,(," ; $% 1 $0 1 Na presente tese faz-se a integração de novas ferramentas de gestão que, para além de se basearem na monitorização da opacidade, têm subjacentes a mitigação dos impactos ecológicos dos restantes efluentes gasosos e do ruído. O modelo proposto permite predizer o estado de saúde, actual e futuro, independentemente da idade do veículo. Os efeitos da deterioração do estado do veículo e do consequente envelhecimento do motor, aliado às condições de manutenção, são factores determinantes que devem ser enquadrados na redução dos impactos ambientais, pelo que podem ser determinados aquando da análise da deterioração das emissões. Importa, por isso, não só conhecer o impacto antes e depois das intervenções de manutenção, mas também correlacionar as necessidades e tipologia das intervenções com o espectro de emissões previamente registado. SISTEMA SUB-SISTEMA COMPONENTE FALHA Motor Alimentação FI – Injecção de combustível Motor Alimentação Injectores Combustível injectado Combustível injectado Motor Alimentação Motor Alimentação Motor Motor Motor Motor Motor Admissão de ar Sobrealimentação Distribuição Distribuição Distribuição Bombas de alimentação de combustível / alta pressão EGR – Recirculação de gases de escape Condutas e filtro de ar Turbo-compressor Válvulas Ponto de injecção Correias ou correntes Motor Lubrificação Fugas de óleo Motor Lubrificação Motor Arrefecimento Motor Motor Motor Arrefecimento Arrefecimento Chumaceiras Motor Comando e controlo Bomba / condutas Bomba de água / tubagem Ventilador Termóstato Casquilhos / rolamentos Componentes eléctricos e electrónicos ou sensores Pós Tratamento Pós Tratamento Exaustão Exaustão Veículo Transmissão Veículo Veículo Veículo Travagem Direcção Apoios do motor AIR – Injecção de ar CAT – Catalisadores ou filtro de partículas Embraiagem, caixa de velocidades, eixos Maxilas e discos Bomba de pressão Ligação Pressão baixa Mistura enriquecida Bloqueios Desempenho Deterioração Desajuste Válvulas Ruptura, má vedação ou desgaste Deterioração POLUIÇÃO Elevada Elevada Baixa Elevada em NOx Elevada Elevada Elevada Elevada Elevada Elevada Média Aquecimento Elevada em NOx Aquecimento Aquecimento Aquecimento Disfunções diversas Falta de ar secundário Envelhecimento ou ruptura Desgaste ou ruptura Apertos Esforço Esforço Elevada em NOx Elevada em NOx Média Baixa a elevada Média Baixa a elevada Média Baixa a elevada Baixa Baixa Tabela 3.9 - Falhas mais comuns num veículo a motor de combustão interna tipo CI 149 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Com base na recolha de informação junto de transportadores, concessionários e reparadores, foi possível definir uma amostragem da lista de disfunções em motores de autocarros e outros veículos pesados a Diesel, assim como avaliar a respectiva frequência de ocorrência. Uma avaliação causa-efeito aos diferentes sub-sistemas de veículos pesados com motor de ignição por compressão, utilizando como combustível o gasóleo, permitiu estabelecer as associações qualitativas apresentadas na tabela 3.9. Em geral, as disfunções no sistema de admissão de ar e ou no sistema de alimentação de combustível, são as causas mais comuns que se manifestam na degradação das emissões poluentes. Contudo, através de medições efectuadas no laboratório de máquinas alternativas do ISEC foi possível verificar que um motor em condição mecânica de elevada degradação manifesta perdas de compressão e perdas de óleo de lubrificação que provocam elevados níveis de emissões gasosas e de fuligem. As intervenções a que o motor é submetido podem aparecer sistematizadas em três grandes grupos: reparação mínima, reparação correctiva e revisão integral. Os impactos das operações de manutenção na taxa de avarias são ilustrados no gráfico da figura 3.6. Figura 3.6 – Gráfico com tipificação de avarias de um autocarro no tempo Na tabela seguinte, podem constatar-se as reparações típicas que ocorrem nos autocarros de serviço urbano de passageiros, Mercedes CITARO O530, que se manifestaram pelos altos níveis de fuligem e/ou de emissões poluentes gasosas. Na análise efectuada às especificidades de manutenção dos diferentes componentes, ressalta alguma informação importante que merece os seguintes comentários: a) O sistema de injecção de combustível pode ter um efeito importante na combustão. Especificamente, as agulhas obturadoras e os calibres de injecção dos injectores, bem como outras válvulas e obturadores do sistema, podem provocar aumentos de formação de emissões de CO e PM e na concentração de aldeídos; b) Devem ser usadas apenas peças produzidas pelos construtores de veículos / motores, aquando da sua substituição. Alguns tipos de injector, turbina, compressor, adquiridos na concorrência, apresentaram substanciais aumentos nas emissões de NOx antes de qualquer tratamento; 150 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS c) A sujidade ou excessivo desgaste dos injectores, poderia causar uma alteração na dispersão do combustível e, provavelmente, uma alteração indesejável na composição dos gases de escape (Davies and McGinn 2005). TIPO DE REPARAÇÃO CORRECTIVA PERCENTAGEM NO TOTAL DE DISFUNÇÕES Controlo da relação ar / combustível 1,4 Filtro de ar / filtros de gasóleo 7,8 Ajustamentos na bomba Injectora 4,9 Componentes da bomba Injectora 2,8 Ajuste no sistema de distribuição 3,5 Componentes do sistema de distribuição 4,9 Componentes de injectores /porta-injectores 8,5 Revisão à cabeça do motor 2,1 Ajustamento de válvulas 3,5 Turbocompressor 6,3 Sistema de arrefecimento 26,1 Sistema de lubrificação 11,3 Revisão do motor 13,4 Reconstrução do motor 3,5 Tabela 3.10 - Reparações em motores de autocarros, com impactos nas emissões Várias técnicas têm sido propostas para estimar as emissões de cada veículo de uma determinada frota para as diferentes condições de exploração. Incluem matrizes de factores de emissão, técnicas de regressão estatística e de estimação, baseadas na carga do motor ou do veículo. É neste contexto que emergem vários programas europeus de estimação de emissões poluentes de transportes (COST-319 1996). As taxas de emissões são calculadas pela combinação dos dados medidos pelo sistema de monitorização de emissões com a avaliação do desempenho do motor. Todos os caudais de emissões poluentes são, normalmente, avaliados em condições de funcionamento do motor a quente, o que não significa que a avaliação das emissões a frio não seja importante na predição de determinado tipo de degradação e ou disfunção. /,(,( 7 $% 1 8 Actualmente, as técnicas de manutenção preditiva têm uma analogia muito próxima com outras técnicas de diagnóstico, designadamente médicas. Sempre que o corpo humano tem um problema, exibe sintomas dessas mesmas patologias. Através do sistema nervoso e da própria aparência, resulta uma informação do estado de saúde, o qual corresponde à fase de detecção. Além disso, são feitos testes patológicos, quando prescritos, para diagnosticar o problema. A consequência é a recomendação do tratamento considerado mais adequado. De forma similar, as disfunções ou avarias que ocorrem num veículo ou motor, exibem sintomas de patologias que podem ser compilados numa matriz de emissões ou através de 151 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS outros suportes para análise do seu impacto. Porém, estas ocorrências podem ou não ser facilmente detectadas antecipadamente, quer nos sistemas de detecção instalados nos veículos quer pela percepção humana. É aqui que emergem as técnicas de manutenção preditiva com referência ecológica, as quais detectam sintomas de disfunções ou de avarias em veículos, em geral, e nos respectivos motores, em particular. A manutenção preditiva baseia-se na monitorização da condição mecânica, da eficiência do equipamento ou outros indicadores de estado e tenta prever o instante aproximado da ocorrência da próxima disfunção ou falha. Pode incluir um módulo de estimação de custos agravados de funcionamento, ainda que não ligados directamente a um risco de falha a curto prazo. Trata-se de uma metodologia que permite detectar ou predizer níveis de degradação e ou disfunções em motores e equipamentos de pós-tratamento. Os parâmetros preditivos de uma variável, são definidos para que correspondam aos diferentes modos de disfunção (emissões, ruído, desequilíbrio, desalinhamento, rolamentos, folgas, engrenagens, outros) e são armazenados de forma periódica para obter gráficos de tendência, que permitam a avaliação dos estados de saúde associados à sintomatologia. A maior vantagem da sua utilização advém do facto destas tipologias de indicadores poderem identificar problemas antes dos mesmos se tornarem evidentes e causarem tempos de imobilização. As actuais abordagens da manutenção apresentam modelos muito elaborados, permitindo determinar os componentes que constituem o risco mais elevado. É assumido que 80% do risco é gerado por apenas 20% dos componentes (Kallen and Noortwijk 2004). A partir do estado do conhecimento na área em estudo, é possível identificar campos relevantes de pesquisa que podem ser agregados em quatro subáreas: 1. Estratégias de manutenção; 2. Modelos de operação de manutenção; 3. Avaliação das decisões de manutenção; 4. Outros métodos de optimização. No último ponto incluem-se os novos algorítmicos, ferramentas computacionais, recolha de dados e redes de transmissão e comunicação. Da pesquisa levada a efeito ao nível das estratégias de manutenção em unidades de produção, desde (Dekker et al. 1996), (Ben-Baia and Roauf 1996) a (Yang 2005), entre outros, são avaliadas estratégias de manutenção alternativas com cenários diversificados do ponto de vista de prioridades, de política de execução e dos recursos e meios utilizados. É sabido que quaisquer sistemas funcionais, incluindo os que integram um autocarro de serviço urbano, vão sofrendo degradação progressiva, evoluindo para estados que se podem prever não só por processos estocásticos, mas também, algumas vezes, através de processos determinísticos. O estado presente é avaliado através de uma metodologia de inspecção que, periodicamente, retira dados do sistema, cuja evolução, comparação com valores limite, bem como o histórico de ocorrências, permitem correlacionar eventuais sintomas de degradação, os quais possibilitam prever o instante em que, provavelmente, se atinge um limiar crítico ou disfunção ambiental. 152 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Uma taxa de avarias variável pode traduzir-se por disponibilidade inconsistente de meios de produção ou exploração. Para uma frota de autocarros urbanos não sobredimensionada, em que as unidades de reserva são escassas, pode traduzir-se na prestação de serviços pouco fiáveis, com consequentes repercussões nos resultados operacionais, podendo também levar ao agravamento de custos da empresa. A reposição das condições funcionais do sistema devolve a sua operacionalidade. Contudo, não pode ser entendido que uma intervenção correctiva corresponda à renovação de um sistema de forma a garantir a sua condição original, ou seja, não corresponder, necessariamente, à reposição de um estado homólogo, ao início de um novo período de vida útil iniciado após o período de mortalidade infantil. A manutenção é também uma forma de gerir o ciclo de vida dos activos, em ordem a incrementar os seus tempos de vida com a máxima fiabilidade e, obviamente, reduzir as necessidades de produção de novos produtos, equipamentos e serviços, contribuindo, consequentemente, para a preservação do planeta. E tudo isto é compatível com a necessária e constante evolução dos equipamentos, sejam eles de fabrico, transportes, médico, ou outros, para gerir e controlar cada vez melhor a saúde humana. As principais fontes de impacto ambiental, no caso hospitalar, poderão ser sintetizadas na figura 3.7. . Figura 3.7 - Principais fontes de impacto em campus hospitalares Fonte: (Simões et al. 2004) Esta forma de ver a gestão da manutenção insere-se na visão de uma nova economia, designada de ecológica, tendo como principal objectivo a sustentabilidade do planeta. A manutenção em geral e a dos transportes em particular, representam contributos importantes para este objectivo. É devido a estas razões que a presente tese coloca a ênfase numa forma estratégica de melhorar as políticas e práticas da manutenção, a partir de técnicas de medição, de tratamento e de transmissão de sinais, suportadas em algoritmos matemáticos, em conjugação com poderosas ferramentas computacionais, revelando-se como importantes contributos na implementação de novas políticas de manutenção. 153 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS /,(,/ + $% ! +! No suporte ao desenvolvimento de modelos estatísticos para representar a correlação das necessidades de manutenção com os caudais mássicos de emissões poluentes, pode utilizarse a proposta de (North 2007), que refere que as transformações logarítmicas dos caudais mássicos de emissões poluentes permitem estabilizar a variância no intervalo das medições registadas. Um passo importante na avaliação é o do estabelecimento de correlações entre o conjunto dos indicadores cinemáticos e as transformadas logarítmicas dos caudais mássicos de emissões de PM, NO, CO, HC e CO2 em que foi usado um conjunto de 4317 dados de calibração (tabela 3.11). Foram analisadas relações lineares, quadráticas e cúbicas. Desta forma, o conjunto (v, a, VSP)6 foi expandido para um conjunto mais alargado que inclui nove possíveis variáveis explicativas (v, v2, v3, a, a2, a3, VSP, VSP2, VSP3). Os valores onde R>0,500, são os que devem merecer um enfoque especial. DADOS COMPLETOS (4317) VARIÁVEL EXPLICATIVA PM PM - NO 0,766 - CO 0,754 0,792 - THC 0,292 0,371 0,477 - CO2 0,837 0,867 0,724 0,271 - v 0,542 0,511 0,517 0,325 0,569 2 v 0,526 0,484 0,481 0,306 0,530 v3 0,502 0,453 0,462 0,287 0,487 a 0,529 0,562 0,451 0,065 0,661 2 -0,091 -0,135 NS 0,068 -0,277 3 0,289 0,286 0,251 0,063 0,393 VSP 0,660 0,780 0,516 0,132 0,817 2 0,263 0,152 0,280 0,177 NS a a VSP 3 VSP NO CO THC 0,351 0,400 0,259 0,094 Tabela 3.11 - Coeficientes de correlação, R, entre poluentes Fonte:(North 2007) CO2 0,416 Da análise da tabela 3.11 infere-se que a correlação com THC é baixa para todas as variáveis explicativas. Verifica-se também uma forte correlação entre as transformadas logarítmicas dos caudais mássicos de PM e as dos restantes co-poluentes, NO, CO e CO2, mostrando uma possível relação linear entre as variáveis transformadas por logaritmização. O mesmo pode ser expectável quando os cálculos são baseados nas mesmas variáveis, mas trabalhando com fluxos molares. Contudo, torna-se importante perceber que o processo de formação de cada uma destas espécies de emissões poluentes e as suas proporções 6 v- velocity; a – acceleration; VSP - Vehicle Specific Power 154 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS encontradas no fluxo total de gases de escape varia de acordo com as condições de combustão do motor. Consequentemente, o estudo da relação entre os diferentes co-poluentes, pode constituir um meio que ajuda a compreender a variação nas condições de funcionamento do motor (por exemplo, devido a diferente posição da relação da caixa de velocidades), para os mesmos valores nominais de velocidade, aceleração e potência específica, (North 2007). O estudo da relação entre os diferentes co-poluentes constitui uma ferramenta de singular relevância para a predição das necessidades de manutenção de autocarros de serviço urbano. A variação dos níveis de emissão de dióxido de carbono (fortemente correlacionados com o consumo de combustível), com a velocidade de circulação, para veículos de pequena, média e grande dimensão, pode ser analisada na figura 3.8, sendo possível depreender que os valores mínimos de emissão por quilómetro ocorrem a velocidades compreendidas entre 64 e 84 quilómetros por hora. Esta análise mostra a importância da necessidade de garantir boa fluidez nos transportes desenvolvidos em ambiente urbano. Figura 3.8 – Variação das emissões de dióxido de carbono com a velocidade de um veículo Fonte: Factores de emissão TRL (Transport Research Laboratory) O consumo de combustível varia, consideravelmente, com a velocidade. Porém, com base nos factores de emissão desenvolvidos pelo laboratório TRL (Transport Research Laboratory) o impacto da velocidade nos níveis de CO, HC e NOx é ainda mais acentuado. /,/ < ! $% É neste contexto que se inscreve a abordagem à manutenção planeada de motores Diesel, tomando como referência parâmetros ambientais em vez de quilómetros ou horas de 155 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS exploração. Constitui um novo paradigma na área da manutenção, porquanto surge acrescentada com a introdução de novos algoritmos de previsão baseados em Cadeias de Markov e, em particular, em modelos escondidos de Markov (Rabiner 1989), (Oliveira and Morita 2000). Estas são as bases de onde emergem as técnicas de manutenção preditiva ecológica, as quais detectam sintomas de disfunções ou defeitos que comecem a iniciar-se nos equipamentos. A manutenção preditiva monitoriza, directa ou indirectamente, a condição mecânica, a eficiência do equipamento ou outros indicadores de estado, tentando prever o tempo aproximado para a ocorrência da próxima falha. É uma metodologia que permite detectar ou predizer disfunções nos equipamentos que dão origem às emissões poluentes, incluindo os sistemas de pós-tratamento. Dentro deste último grupo enquadram-se os sistemas de póstratamento de motores Diesel dos autocarros de serviço urbano, onde os filtros de partículas Diesel (DPF) utilizados têm estruturas em favo de mel ou dispositivos de rede entrelaçada localizados no circuito de fluxo dos gases de escape. Fisicamente os dispositivos têm um efeito de filtragem e oxidação das partículas de matéria (PM). Os DPF devem ser combinados com a utilização de combustíveis de teor ultra baixo de enxofre e utilizam sistemas de regeneração passiva ou activa para oxidar as PM nos filtros. Os filtros passivos requerem temperaturas de operação mais elevadas para trabalharem devidamente, exigindo ainda alguma manutenção. Um programa informático de manutenção preditiva utiliza uma combinação de ferramentas de maximização da relação custo-eficácia para caracterizar as actuais condições de operação dos equipamentos. A manutenção preditiva com referência ecológica usa várias técnicas para avaliar o estado de saúde dos “Objectos de Manutenção”, utilizando como variáveis de controlo, os efluentes gasosos, as partículas de matéria, os níveis de ruído, e grandezas físicas correlacionadas, incluindo a temperatura e as características do óleo de lubrificação, bem como os detritos oriundos do desgaste. As variáveis de referência ecológica podem assim ser usadas para determinar a condição mecânica e de funcionamento de motores, veículos ou de outros equipamentos. Este tipo de indicadores permite identificar os problemas antes dos mesmos causarem agressões ambientais para além dos limites de referência, com consequentes implicações nas paragens dos equipamentos. Este objectivo é atingido através da implementação de uma monitorização regular ao equipamento, podendo a mesma ocorrer de modo contínuo ou através de inspecções programadas. Como se pode verificar pela figura 3.9, a identificação de uma disfunção ambiental precede a ocorrência de um determinado nível de falha de funcionamento. Deste modo, a monitorização dos indicadores ambientais pode apoiar na detecção de peças com desgaste, de chumaceiras ou rolamentos deteriorados ou com defeito, de folgas em ajustamentos mecânicos, ou de engrenagens gastas e com folgas ou com fracturas (Simões et al. 2008). As medições de ruído também podem detectar desalinhamentos e desequilíbrios, antes que estas condições se venham a reflectir na deterioração dos rolamentos ou veios. Esta prática é muito importante quando se trata de peças e equipamentos de substituição, tais como os associados a máquinas rotativas e a compressores. A tendência do nível de ruído pode identificar práticas de manutenção deficientes, tais como a selecção, instalação ou substituição de rolamentos de forma inadequada ou a opção por caixas de embraiagem menos aconselhadas. O ruído pode ser, neste caso, um sintoma de alinhamento de um veio sem grande precisão ou da equilibragem de um rotor pouco rigorosa. 156 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Figura 3.9 – Evolução do estado de degradação de um sistema Fonte: (Simões et al. 2007) No início da avaliação identificaram-se as regras de comportamento do processo físico e a condição de arranque do sistema a partir da qual a simulação da sequência é iniciada. Pela análise da tabela 3.11 pode concluir-se da existência de fortes correlações entre as emissões de CO2 e as emissões de PM, NO e CO. Por sua vez, a variável CO2 encontra-se também fortemente correlacionada com o consumo de combustível e com a VSP. Como as variáveis CO2 e VSP estão associadas ao estado do veículo, pode inferir-se que as emissões de PM, NO e CO poderão apresentar correlações com as variáveis de estado. Esta é, assim, uma chave de suporte à presente tese. Em estudos futuros de caracterização dos estados de outros equipamentos, sem este conhecimento prévio, deve ser utilizado software estatístico que permita seleccionar as variáveis que caracterizam o estado do sistema, possibilitando partir para o conhecimento da condição inicial e das condições limiar para a manifestação de disfunções. Presentemente, a monitorização do desempenho constitui um aspecto pertinente para caracterizar o estado do sistema. Esta é uma técnica de avaliação de condição que ajuda na predição de problemas, identificando alterações nos valores das variáveis que apresentam correlações com o estado de funcionamento do equipamento. Utiliza indicadores, tais como, pressão, temperatura, caudal, consumo de potência eléctrica. Na CBM é feita uma abordagem diferente à avaliação da manutenção de veículos, tal como, por exemplo, no caso da recolha das amostras de óleo, que são feitas com alguma periodicidade. Posteriormente, são introduzidos tais resultados num programa de computador que prediz o instante da próxima intervenção de manutenção. Esta é uma área onde o CBM alcançou maior desenvolvimento. Quando a opção de gestão de um operador de transportes se volta para uma metodologia de manutenção preditiva da sua frota automóvel, o intervalo entre mudanças de óleo pode estender-se aos 100000 Km. Porém, quando a marcação de operações é feita com base em manutenção planeada pelo fabricante, tal prática traduz-se na adopção de intervalos regulares entre mudanças de óleo, normalmente, entre 5000 e 60000 Km. Este exemplo mostra a diferença fundamental entre manutenção preditiva e manutenção 157 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS sistemática, sendo certo que ambas as metodologias correspondem ao grupo da manutenção planeada. A CBM ecológica ou manutenção preditiva ecológica constitui um meio de melhorar as condições ambientais, a produtividade, a qualidade de um produto ou serviço e a eficiência global de uma linha de fabrico ou capacidade de produção de um centro empresarial. A CBM não se confina à monitorização de efluentes, mas também ao mapeamento térmico da imagem, análise de óleo lubrificante ou qualquer outra técnica de teste não destrutiva. É uma filosofia ou atitude que utiliza a condição operacional actual do equipamento ou sistema para optimizar o seu desempenho. Tem como suporte, a correlação entre indicadores ecológicos e o estado de degradação (figura 3.10). Figura 3.10 - Correlação entre indicadores ecológicos e estado de degradação de um sistema Os limiares impostos podem mesmo corresponder a situações críticas em que ocorrem disfunções ambientais. Sendo impossível a sua definição em contínuo, são, normalmente, definidas projecções de uma forma discreta, suficientes para a previsão de tendências de transição de estados. Por simplicidade, a caracterização do estado de funcionamento pode ser feita de forma generalizada por uma equação de estado. Sendo impossível a sua definição em contínuo, são, normalmente, definidas projecções de uma forma discreta, suficientes para a previsão de tendências de transição de estados. Isto é muito importante em equipamentos ou peças substituíveis, tais como as associadas a motores Diesel e compressores. 158 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS /,2 # ) $% # = ! 9># # : De um modo geral os processos no mundo real produzem sinais ou sequências de observações. Os sinais podem ser discretos ou contínuos. São exemplos de sinais discretos os caracteres de um alfabeto finito escritos por um programa informático de reconhecimento de voz. Como exemplos de sinais contínuos podem enumerar-se as medições de temperatura e pressão e a própria música. A geração do sinal pode ser estacionária, sempre que as propriedades estatísticas não variam com o tempo, ou não estacionária. Ao mesmo tempo, os sinais podem ser do tipo puro ou não puro, devido à existência de ruído ou detecção de outras fontes de sinal. Os sinais podem ser modelados utilizando técnicas determinísticas ou estatísticas. Os modelos determinísticos exploram algumas propriedades específicas subjacentes às emissões de sinais, com base na explicação dos mecanismos inerentes à sua formação através de leis da ciência. Muitas vezes, o que se procura é determinar (estimar) valores dos parâmetros do modelo do sinal (amplitude, frequência). Por sua vez, os modelos estatísticos procuram apenas caracterizar as propriedades estatísticas do sinal (Gauss, Poisson, Markov, Modelos escondidos de Markov, entre outros). Neste âmbito, uma forma matemática de melhorar os algoritmos é através do uso de Cadeias de Markov, que surgem na presente tese com um novo paradigma. Num modelo regular de Markov, o estado de saúde de um sistema é directamente visível pelo observador e, por consequência, as probabilidades de transição entre cada dois estados possíveis são facilmente determinadas. Nos modelos escondidos de Markov (HMM), o estado não é directamente visível, mas são visíveis ou mensuráveis as variáveis que são influenciadas pelo estado. Assim, cada estado apresenta uma distribuição de probabilidade sobre os possíveis resultados observáveis produzidos, sejam eles sons ou efluentes. Consequentemente, conhecida a sequência de observações produzidas, os modelos escondidos de Markov têm a capacidade de produzir informação relativa à sequência de estados (Qiang 2005). Uma vez que o estado não é directamente visível, este corresponde a uma variável desconhecida. Em vez de usar técnicas de planeamento tradicionais, esta nova abordagem considera que cada estado, representado por eventos não observáveis, se encontra correlacionado com eventos observáveis, através de uma distribuição de probabilidades de ocorrência. O desafio reside em determinar o valor das variáveis escondidas a partir do conhecimento do valor das variáveis observáveis. Importa referir que os estados de Markov puros não têm memória, pelo que os Modelos Escondidos de Markov utilizados não são puros. Isto é, possuem memória, que está reflectida nos parâmetros das matrizes. A caracterização da evolução das condições de degradação associadas aos estados dos equipamentos é feita com base no enquadramento dos valores dos indicadores medidos num intervalo e amplitude de variação, considerando várias classes dentro desse intervalo e correlacionando os estados com os limites ambientais impostos. As matrizes de transição do modelo escondido de Markov apresentam probabilidades variáveis para cada condição de estado e a predição de cada nova intervenção de manutenção é baseada nesta técnica, como se descreverá mais à frente. 159 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Um dos objectivos deste tipo de estudos consiste em caracterizar os sinais do mundo real através de modelos de sinais. Os sinais do mundo real podem ser modelados através de modelos de previsão que explicam a degradação das variáveis com impacto ambiental e a respectiva condição do sistema ou equipamento. Os modelos que explicam o comportamento de sinais (emissões) podem fornecer a base para uma descrição teórica da forma como os estados de um veículo, as respectivas tecnologias e as condições de exploração, influenciam as emissões, permitindo tomar decisões de gestão eficazes. Por outro lado, os modelos de sinal permitem a simulação da fonte geradora e, consequentemente, predizer como evitar impactos ambientais que possam violar a legislação em vigor. Os HMM começaram a ser desenvolvidos no final dos anos 60 (Baum and Petrie 1966). A aplicação destes modelos em reconhecimento de palavras começou a ser utilizada em meados dos anos 70 (Baker 1975). Durante os últimos 20 anos, os modelos HMM têm vindo a ser utilizados em diversas áreas, que vão desde o reconhecimento de voz (Rabiner 1989), modelação de linguagens, reconhecimento de palavras manuscritas, verificação on-line de assinatura, aprendizagem de acções humanas, detecção de falhas em sistemas dinâmicos e ao reconhecimento de “moving light displays” (Oliveira and Morita 2000). Os modelos HMM incorporam um processo estocástico duplo, com um processo estocástico não visível, pelo facto de não ser directamente mensurável (daí resulta a designação de “escondido” ou “oculto”), mas que pode ser correlacionado com indicadores correspondentes a outro processo estocástico que produz uma sequência de observações. Os processos ocultos consistem num grupo de estados interligados por probabilidades de transição entre si. Por outro lado, os processos observáveis ou não ocultos consistem num grupo de saídas ou observações possíveis, interligados também sob a forma probabilística, com os referidos estados escondidos. Para cada estado possível do sistema, estas saídas ocorrem de acordo com a função densidade de probabilidade PDF (Probability Density Function). Dependendo da função densidade de probabilidade, vários tipos de HMM podem ser definidos, tais como: • Discretos - Observações discretas, em função da sua tipologia, ou convertidas em classes, segundo um vector quantitativo; • Contínuos - Observações contínuas, com a função densidade de probabilidade habitualmente explicada por uma distribuição normal. • Híbridos - Observações semi-contínuas, divididas entre discretas e contínuas. /,2," ) # ) # = ! Um HMM é uma extensão das cadeias de Markov (Rabiner and Juang 1986). Traduz um problema mais complexo do que o problema descrito pelas cadeias de Markov. Num HMM cada estado corresponde a um evento não observável. Cada estado oculto está ligado a um grupo de possíveis eventos observáveis, segundo uma função distribuição de probabilidade. 160 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Antes de apresentar o modelo específico para detecção de disfunções em autocarros urbanos, apresenta-se um modelo estatístico mais geral, o modelo Bayesiano. Para isso tornase necessário definir: - Um conjunto de variáveis aleatórias, X = (W, Y), onde o conjunto W corresponde a variáveis ocultas e Y representa um conjunto de sinais observáveis que descrevem eventos ou atributos correlacionados com W. - Um modelo estocástico que permite descrever a variabilidade e o ruído no indicador ambiental - Parâmetros específicos, λ = { A, B, π } , correspondentes ao modelo estocástico que melhor descreve as classes dos sintomas de patologias que se procuram descodificar. Essas patologias são condições que ocorrem nos domínios das variáveis ocultas W. Um HMM é definido por dois processos estocásticos um dos quais não é directamente observável e o outro corresponde a uma sequência cronológica, suportado em observações de símbolos discretos. É caracterizado pela seguinte estrutura: N – Número de elementos do conjunto de estados do sistema. Traduz o conjunto finito de estados individuais possíveis em que estes definem uma biblioteca de estados. Esta biblioteca é identificado por Q = {q1 ; q2 ; q3 qN } e está suportada em classes definidas nos domínios das variáveis W. O estado no instante t especifica-se por St, pelo que a sequência de estados nos instantes t=1, t=2, t=3 ……. t=T será S = {S1 ; S 2 ; S3 ST } M - Número associado às classes de observações distintas para os diferentes estados. Os símbolos individuais das diferentes classes são especificados pelo conjunto V = {V1 ;V2 ;V3 VM } e está suportada em classes definidas nos domínios das variáveis Y. A sequência de símbolos ou observações nos instantes t=1, t=2, t=3 ……. t=T será O = {O1 ; O2 ; O3 OT } • Consequentemente, a probabilidade de ser observada a anterior sequência de símbolos de emissões de comprimento T, num sistema sujeito a uma mutação de estados, é dada por P (O λ ) = P (O S , λ ).P( S , λ ) . Em que P(O λ ) representa a P (O, S λ ).P( S ) = S S probabilidade de ocorrer uma sequência de observações de emissões, dado o modelo λ . Por sua vez, P (O, S λ ).P( S ) traduz a probabilidade de ocorrer uma sequência de observações de emissões O e o estado final S, na sequência cronológica de comprimento T, dado o modelo λ multiplicado pela probabilidade de ocorrer S. Finalmente, P (O S , λ ).P ( S , λ ) corresponde à probabilidade de ocorrer uma sequência de observações de emissões O, dado o estado final S e o modelo λ , multiplicado pela probabilidade de ocorrer o estado final S para o modelo λ . { } • A distribuição de probabilidade da transição de estados representa-se por A = aij onde aij = P[ St +1 = q j St = qi ], 1 ≤ i, j ≤ N é uma matriz de números reais não negativos, entre 0 e 1, indexada por N*N. Os valores são designados de parâmetros da matriz de 161 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS transição de estados. Se a probabilidade condicional P[ St +1 = q j St = qi ] for independente do tempo t, designamos a cadeia de Markov de homogénea. Uma vez que a tese se centra em modelos de desencadeamento de operações de manutenção, numa população que corresponde a uma única série de viaturas com um comportamento homogéneo e numa fase inicial na utilização de modelos individuais por viatura, estaremos perante elementos que sugerem alguma homogeneidade. Para simplificar o problema, considerase que todas as cadeias de Markov a partir daqui são homogéneas. Neste caso tem-se que Pij = P[ St +1 = q j St = qi ] é independente de t e então podem organizar-se os Pij numa matriz de transição de probabilidades. Esta matriz advém de uma ou várias sequências periódicas de caracterização de estados de saúde para um ou vários elementos de uma mesma série de um bem ou equipamento. Quando não se conhece um histórico completo de um mesmo equipamento ou sistema que abranja um intervalo de tempo de dimensão suficiente para garantir a monitorização de condição de todas as diferentes fases do ciclo de vida, opta-se pela monitorização de diferentes equipamentos em fases diferenciadas do seu ciclo de vida. Para novos equipamentos, podem utilizar-se curvas do ciclo de vida de equipamentos ou sistemas com maiores semelhanças técnicas e funcionais. Podem estimar-se os parâmetros A através da seguinte expressão: aij = P[ St +1 = q j St = qi ] = n.º de transições de qi para q j (Eq. 3.6) n.º de vezes no estado qi • A distribuição de probabilidade para o conjunto de classes de emissões ou combinações { } de observações de emissões, codificada por B = b j (k ) , define as probabilidades com que ocorrem as diferentes classes de emissões para cada um dos estados j, com j=1,2,3,…..N onde b j (k ) = P[Ot = Vk St = q j ], 1 ≤ k ≤ M . Quando as emissões correspondem a dois ou mais tipos de indicadores, pode conceber-se uma combinação de classes dos diferentes indicadores ou mesmo uma função de emissões. Daí advém os designados espectros de emissões, cujas observações no tempo dão origem à codificação pretendida. Traduz-se por uma matriz de números reais não negativos, entre 0 e 1, indexada por M*N. Os valores obtidos são designados de parâmetros da matriz de emissões. Esta matriz advém de uma ou várias sequências periódicas de caracterização das classes ou combinações de emissões para um ou vários elementos de uma mesma série de um bem ou equipamento. Da mesma forma, quando não se conhece um histórico completo de um mesmo equipamento ou sistema que abranja um intervalo de tempo de dimensão suficiente para garantir a monitorização de todas as classes ou combinações para as diferentes fases do ciclo de vida, opta-se pela monitorização de diferentes equipamentos em fases diferenciadas do seu ciclo de vida. O cálculo dos parâmetros de emissão é feito através da seguinte expressão: b j (k ) = n.º de vezes no estado q j com o símbolo vk n.º de vezes no estado q j (Eq. 3.7) Um exemplo de relações entre estados e emissões pode ser encontrado na figura 3.11. 162 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Figura 3.11 – Ligações num HMM de 5 estados do sistema e 4 classes de emissões (Fonte: http://karthikdinakar.wordpress.com) • A distribuição do estado inicial representa-se por π = {π i } , equivalente a π = {π 1 , π 2 , π 3 ,..., π N } , onde π i = P[ S1 = qi ], 1 ≤ i ≤ N é, por consequência, o vector da distribuição inicial de probabilidades dos diferentes estados. Por conveniência utiliza-se a notação compacta, λ = ( N , M , A, B , π ) ou ainda, de uma forma mais reduzida, λ = ( A, B , π ) , para especificar o conjunto completo de variáveis do modelo. Os valores de π i são determinados pela expressão: π i = Número de vezes no estado i no instante t = 1 (Eq. 3.8) Esta última matriz representa a probabilidade de ocorrência de cada um dos estados no instante inicial de uma nova sequência cronológica que se pretende conhecer. Traduz a probabilidade estimada de ocorrência da classe de estados qi antes de se iniciar uma nova sequência. Corresponde às probabilidades de ocorrência de cada um dos estados da biblioteca de classes definida, no último instante das sequências anteriores que serviram de base ao cálculo das matrizes A e B. A caracterização das classes de estados e de emissões, bem como os parâmetros das matrizes que lhes estão associados podem ser intuitivamente analisadas através da figura 3.12. Figura 3.12 – Nomenclatura de um HMM de 3 estados e 2 símbolos 163 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS /,2,( ? 8 + ># # Existem três problemas básicos que devem ser resolvidos para que um HMM possa ser utilizado em aplicações do mundo real: • Problema 1 - Trata-se de um problema de avaliação. Dada uma sequência de observações O = {O1 ; O2 ; O3 OT } e o modelo λ = ( A, B , π ) , como calcular eficientemente a probabilidade associada à sequência de emissões P(O λ ) ? • Problema 2 – Trata-se de um problema de descodificação. Consiste em encontrar a mais provável sequência de estados ocultos, dada a sequência de emissões observadas O = {O1 ; O2 ; O3 OT } e o modelo λ . Como encontrar uma sequência de estados correspondente S = {S1 ; S 2 ; S3 ST } ? • Problema 3 - Problema de calibração do modelo que procura maximizar a verosimilhança, dado que passou a ser conhecida uma nova sequência de estados. Trata-se de uma formulação em tudo semelhante á do processo de estimação de parâmetros por máxima verosimilhança nos modelos estatísticos tradicionais. Dada uma sequência de emissões, ou mesmo um conjunto de tais sequências, como pode ser encontrada a maior correlação entre o conjunto de estados de transição e as observações de emissões medidas? Por outras palavras, conhecida uma base de dados de sequências de emissões, como ajustar os parâmetros do modelo λ = ( A, B , π ) no sentido de maximizar P(O λ ) ? Os sintomas de natureza ecológica ao serem associados com as classes dos estados de saúde de um motor e dum sistema de pós-tratamento de um veículo, através da correlação encontrada entre a sintomatologia e os indicadores de estado ou função de estado, permitem gerar a função probabilística de estado traduzida pelas matrizes do HMM, cuja relação se traduz na equação: p(S (T + 1) = q j / O(T + 1) (Eq. 3.9) As matrizes do HMM reflectem assim uma forma mais analítica de representar os mapeamentos que compilam a relação entre sintoma de patologia e estado do sistema. Ao ser activado, o HMM produz a estimação dos estados ocultos, permitindo também efectuar, de uma forma discretizada, a predição dos valores futuros das classes de emissão e dos estados do sistema. Ou seja, se o modelo for implementado com dados compreendidos entre os instantes t1 e T com intervalos de monitorização ∆t , pode calcular-se a probabilidade de, no instante T+1, vir a ser identificado o estado qj, dado que foi recolhida experimentalmente a observação ou combinação de observações, O(T+1), nesse mesmo instante. Quanto à solução do problema de avaliação, referenciado como problema 1, pode ser visto na perspectiva de como um dado modelo corresponde e se ajusta a uma dada sequência de observações de emissões. A maneira mais directa de calcular a probabilidade de uma sequência de observações O = {O1 ; O2 ; O3 164 OT } se ajustar a um dado modelo λ = ( A, B , π ) é através da enumeração de MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS todas as possíveis sequências de estados de tamanho T (o número de instantes de inspecção), através da seguinte expressão: P(O λ ) = S1 , S 2 ,..., ST π S bS (O1 )aS S bS (O2 )aS S bS (O3 ).........aS 1 1 1 2 2 2 3 3 T −1ST bST (OT ) (Eq. 3.10) A expressão envolve (2T * N T − 1) cálculos o que inviabiliza a sua aplicação mesmo com recursos informáticos poderosos. Para N=5 e T=43, os cálculos envolvem cerca de 1032 multiplicações. Por este facto, utiliza-se o procedimento forward-backward. A variável forward α t (i) corresponde à probabilidade de ocorrência de uma sequência de emissões O1 ; O2 ; O3 Ot , (sinais de entrada que se pretendem reconhecer) associada a uma biblioteca de símbolos, V1 ;V2 ;V3 VM que, no instante t tenham um estado i, dado o modelo λ , onde: α t ( i ) = P(O1 , O2 , O3 ,......, Ot , St = qi λ ) Consequentemente, resulta: αT ( i ) = P(O1 , O2 , O3 ,......, OT , ST = qi λ ) (Eq. 3.11) As observações de emissões correspondem neste modelo a sintomas que, por sua vez, se encontram associados aos valores prováveis dos indicadores de estado. Esta correlação permite calibrar o modelo e gerar a função probabilística de estados que faz a estimação do mapeamento sintoma – estado p( St = qi / Ot ) , nos instantes de inspecção. A especificidade dos HMM, quando aplicados em veículos, tem a ver com a utilização de combinações de emissões observadas, que se designam por espectros de emissões, com sequências que correspondem a condições diferenciadas de carga/rotação. A cada nível de carga do motor corresponde um espectro de emissões, estando este associado às diferentes rotações em que são efectuadas as medições. O estado do motor e, no futuro, a tipologia da disfunção, são associados a um vector de emissões representado por O = O1 ; O2 ; O3 On , onde Oi representa cada uma das combinações de emissões. A inicialização do algoritmo é feita de modo aleatório. Após a implementação do modelo, assumindo pressupostos de dependência condicional, pode estimar-se p( ST = qi / O1 , O2 , O3 ,......, OT ) sem explicitamente se fornecerem os valores dos indicadores O1 , O2 , O3 ,......, OT como entradas directas no modelo de classificação, dado que os mesmos estão embebidos nas matrizes. Na presente conceptualização, cada um dos autocarros será avaliado mediante combinação de três regimes de rotação do motor sem carga. Como se utiliza apenas uma função de estado, dependente de três variáveis de estado, cada uma das séries de viaturas terá o seu HMM com os parâmetros λbus em que “bus” representa o número de identificação do autocarro. O modelo é assim um instrumento de suporte à decisão para avaliar qual a combinação de emissões que melhor reflecte o estado geral do motor. Algoritmo forward Genericamente, pode estimar-se e aferir a probabilidade de ocorrência dos dados de emissão observados até ao instante T+1, com base no conhecimento dos parâmetros de 165 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS implementação do HMM, previamente calculados e que se presumem inalterados a partir do instante 1. Tais parâmetros são designados genericamente por λ . Tal probabilidade pode ser calculada através da expressão: p(O / λ ) = p [ (O(T + 1), O(T ), Ο(T − ∆t ), ......... , Ο(1)) / λ ] (Eq. 3.12) Para este cálculo é conveniente trabalhar com uma variável intermédia α , que se designa por variável Forward, onde, αT +1 ( j ) = p( ST +1 = q j , λ ) . Para encontrar a correspondente probabilidade, à posteriori, dado um determinado modelo, λ , é suficiente calcular os α s para qualquer instante t aplicando a regra de Bayes: p( St +1 = q j / λ ) = p( St +1 = q j , λ ) p(λ ) = α t +1 ( j) α ( j) = N t +1 p(λ ) α t +1 ( j ) (Eq. 3.13) j =1 A estimativa de αt +1 ( j ) é obtida por via recursiva. A dedução tem algumas condicionantes, uma vez que P[ AB] = P[ A].P[ B] só se verifica quando A e B são independentes. α t +1 ( j ) = P(O1 ,......, Ot , Ot +1 , St +1 = q j λ ) = N i =1 N i =1 N i =1 P[O1 ,...., Ot , Ot +1 , St +1 = q j St = qi , λ ].P[St = qi λ ] = P[O1 , O2 ...., Ot St = qi , λ ].P[St = qi λ ].P[Ot +1 , St +1 = q j St = qi , λ ]. = P[O1 ,...., Ot , St = qi λ ].P[Ot +1 St +1 = q j , St = qi , λ ].P[ St +1 = q j St = qi , λ ] = b j (Ot +1 ) N i =1 α t (i)aij Existe outra forma de chegar ao mesmo algoritmo que é também apresentada de seguida. αt +1 ( j ) = N = i =1 = N i =1 N i =1 p( St +1 = q j , λ , St = qi ) p( St +1 = q j , Οt +1 , λ , St = qi ) p( St +1 = q j , Οt +1 / ( λ , St = qi )) p(λ , St = qi ) Considerando a definição de α : αt +1 ( j ) = 166 N i =1 ( p( St +1 = q j , Οt +1 / ( λ , St = qi )))αt (i ) MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS = N i =1 ( p(Ot +1 / St +1 = q j , St = qi ) p( St +1 = q j / (λ , St = qi )))αt (i) Assumindo que Ot +1 é independente das observações passadas e dos estados anteriores, sendo apenas dependente do estado presente, tem-se: α t +1 ( j ) = αt +1 ( j ) = N i =1 N i =1 ( p(Ot +1 / St +1 = q j ) p( St +1 = q j / (λ , St = qi )))αi (t ) ( p(Ot +1 / St +1 = q j ) p( St +1 = q j / St = qi ))αi (t ) Assumindo também que St +1 é independente das observações passadas, mas apenas do estado anterior St , virá: α t +1 ( j ) = p(Ot +1 / St +1 = q j ) N i =1 aijα t (i ) (Eq. 3.14) Esta equação estabelece uma relação recursiva básica para estimar as probabilidades de ocorrência de um estado em qualquer instante t+1. A partir desta equação, a estimativa recursiva mais prática é deduzida como se segue: Em primeiro lugar, o termo p(Ot +1 / St +1 = q j ) , que como foi referido se representa por b j (Ot +1 ) , é substituído por p( St +1 = q j / Ot +1 ) / p( St = qi ) . O termo do somatório da equação 3.11 é uma combinação linear dos α s dos anteriores passos do modelo. Os termos α t (i ) são substituídos por p( St = qi / λ ) . Estas duas substituições são equivalentes a dividir ambos os lados da equação por p(λ ) que conduz à seguinte relação recursiva equivalente: p( St +1 = q j / λ ) = p( St +1 = q j / Ot +1 ) N p( St +1 = q j ) i =1 aij p(St = qi / λ ) Assim, na determinação de α t ( i ) devem ser utilizadas as seguintes expressões indutivas: 1. Inicialização: α1 (i ) = π i bi (O1 ), 1 ≤ i ≤ N 2. Indução: α t +1 ( j ) = 3. Finalização: N i =1 α t (i)aij b j (Ot +1 ), 1 ≤ t ≤ T − 1 e 1 ≤ j ≤ N P(O λ ) = N i =1 αT (i) (Eq. 3.15) (Eq. 3.16) (Eq. 3.17) Este procedimento reduz drasticamente o número de cálculos necessários. Este método de cálculo de P(O λ ) envolve N2T multiplicações. Para os valores, N=5 e T=25, os cálculos envolvem 625 multiplicações. 167 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Algoritmo backward Com alguma analogia, define-se a variável backward βt (i ) (Rabiner 1989) como a probabilidade de ocorrência da sequência de classes de observações, do instante t+1 até ao instante T, dado verificar-se a ocorrências do estado qi no instante t e dado o modelo λ , onde, βt ( i ) = P(Ot +1 , Ot +2 , Ot +3 ,......, OT St = qi , λ ) Mais uma vez, pode obter-se uma solução para βt ( i ) , utilizando as seguintes expressões indutivas (recursivas): 1. Inicialização: βT (i ) = 1, 1 ≤ i ≤ N 2. Indução: βt (i) = 3. Finalização: N j =1 (Eq. 3.18) aij b j (Ot +1 )βt +1 ( j ), t = T − 1 , T − 2,...1 e 1 ≤ i ≤ N P(O λ ) = N i =1 π i bi (O1 ) β1 (i) (Eq. 3.19) (Eq. 3.20) Também este método de cálculo de P(O λ ) envolve N2T multiplicações. Na resolução deste problema é necessária apenas a avaliação de uma das variáveis, α ou β . Contudo, na resolução do problema 2, ambas as variáveis são utilizadas. Como se verá, o algoritmo permitirá determinar qual a sequência de estados S = ( S1 , S 2 , S3 ......ST ) para que a probabilidade P( S O, λ ) seja maximizada. Permite assim a estimação da sequência de estados { ( )} mais provável, ou seja, a máx p S (T ) = q j , ....., S (1) = qi / λ . Outra abordagem mais directa para determinar a sequência de estados mais provável é através do algoritmo Viterbi. Algoritmo Viterbi O problema 2 procura de uma forma mais expedita descobrir a parte escondida do modelo, ou seja, encontrar a correcta sequência de estados. Este problema é, normalmente, resolvido utilizando um procedimento óptimo. O algoritmo de Viterbi, baseado em programação dinâmica, procura a melhor sequência de estados S = {S1 ; S2 ; S3 observações, O = {O1 ; O2 ; O3 ST } para uma dada sequência de OT } , dado o modelo λ = { A, B, π } . A sequência de estados especificada para cada autocarro é aquela que apresenta o maior valor de P (O λ ) . Corresponde a encontrar S ∗ = arg máx P( S O, λ ) , uma vez que se verifica S que P ( S O, λ ) = P( S , O λ ) e como P(O λ ) é constante para cada descodificação de sequência P(O λ ) de estados S, basta calcular S ∗ = arg máx P( S , O λ ) . Isto porque é a partir da sequência de S observações (fixada) que se pretende calcular a sequência de estados. 168 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Para o efeito, define-se a variável auxiliar δ t ( i ) como: δt (i ) = máx S1 , S2 , S3 ,.... St −1 P[ S1S2 S3 ...... St −1 , St = qi , Ο1O2O3 ......Ot λ ) , na qual δ t ( i ) corresponde ao máximo resultado (ou probabilidade mais elevada) correspondente à sequência de observações registadas, atendendo a que no instante t, de final da sequência, o estado coincide com qi. Por indução, tem-se: δ t +1 ( j ) = [máx δt (i)aij ]b j (Ot +1 ) (Eq. 3.21) i Na predição da sequência de estados, é necessário extrair os argumentos que maximizam a expressão anterior, para cada t e j, criando o vector ψ t ( j ) . Em síntese, o procedimento completo para encontrar a melhor sequência de estados é o seguinte: 1. Inicialização do algoritmo, pela avaliação do estado provável no instante inicial, S1: δ1 ( i ) = P[ S1 = qi , O1 λ ] = π i bi (O1 ), 1 ≤ i ≤ N (Eq. 3.22) ψ1 (i ) = 0 O índice 1 tem a ver com a observação no instante t=1. 2. Recursão para cálculo dos estados, correspondentes à sequência de observações O = {O1 ; O2 ; O3 OT } , identificadas em momentos compreendidos entre o instante t=1 e o instante t=T: δ t ( j ) = máx δ t −1 (i)aij b j (Ot ), 2 ≤ t ≤ T e 1 ≤ j ≤ N (Eq. 3.23) ψ t ( j ) = arg máx δ t −1 (i)aij , 2 ≤ t ≤ T e 1 ≤ j ≤ N (Eq. 3.24) 1≤ i ≤ N 1≤ i ≤ N 3. Finalização. No final, o valor de máx P[ S , O λ ] pode ser calculado através da 1≤ i ≤ N seguinte expressão P∗ = máx P[ S , O λ ] = máx δ T (qi ) = máx δ T (i ) 1≤ i ≤ N 1≤ i ≤ N 1≤ i ≤ N (Eq. 3.25) Do que resulta o conhecimento do estado mais provável no final da sequência (instante T). ST∗ = arg máx δ T (qi ) 1≤ i ≤ N (Eq. 3.26) 4. Caminho ou sequência de estados, utilizando uma avaliação do fim para o princípio (backtracking). Trilha o caminho inverso ou de volta. St ∗ = ψ t +1 ( St*+1 ), t = T − 1, T − 2,.....,1 ou St ∗ = arg máx δ t (i )aiS ∗ 1≤ i ≤ N t +1 (Eq. 3.27) 169 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Gera a sequência, S1 , S 2 , S3 ......St −1 , ST . Com excepção da etapa de backtracking, o algoritmo de Viterbi e o procedimento de forward tem basicamente a mesma implementação. A única diferença entre eles reside no facto do somatório do procedimento forward ser substituído pela maximização no algoritmo de Viterbi. O problema 3 apresenta-se como o de mais difícil solução. A resposta consiste em definir um método capaz de ajustar os parâmetros do modelo, λ = ( A, B , π ) , tendo em vista satisfazer um certo critério de optimização. O critério utilizado tem por objectivo maximizar a probabilidade P(O λ ) . A calibração de um modelo estocástico não é, em geral, um problema simples e a existência de um algoritmo eficiente para esse problema é condição fundamental para a aplicabilidade desse modelo estatístico. A sequência de observações utilizada para ajustar os parâmetros do modelo é designada por sequência de treino, porquanto é utilizada para treinar o HMM. Não é conhecido qualquer processo analítico para encontrar o conjunto de parâmetros do modelo que maximize a probabilidade da sequência de observações. No entanto, pode-se escolher o modelo λ = ( A, B , π ) , calibrando-o de modo a que a probabilidade, P(O λ ) , seja localmente maximizada. Para o efeito, utiliza-se um procedimento iterativo, tal como o método de BaumWelch, que é um caso particular do algoritmo EM (Expectation-Maximization). A componente E (Expectation) do algoritmo corresponde a calcular o valor esperado matematicamente das variáveis ocultas, dado λ . A componente M (Maximization) corresponde a calcular λ ∗ para que P(O λ ∗ ) seja maximizada, assumindo os valores das variáveis ocultas no passo E. Traduz-se num processo iterativo que termina com um novo valor dos parâmetros do modelo, λ . Algoritmo Baum-Welch Por conseguinte, o treino do HMM é feito com o algoritmo de Baum-Welch, que nos fornece ∗ os parâmetros óptimos, λ ∗ . O modelo após calibração corresponde a λ = arg máx P( L λ ) , λ onde L corresponde à sequência de emissões medidas, que o modelo associa a um determinado estado de saúde do equipamento. Integra vários passos: 1- Passo E (Expectation): O passo E do algoritmo EM, solucionado por um HMM, corresponde ao cálculo ou predição dos valores matemáticos esperados e respectivas sequências, para cada uma das variáveis do modelo. Inclui as seguintes projecções: número de vezes que o modelo detecta as diferentes classes de estados i, número de vezes que o modelo detecta transições do estado i para o estado j, número de vezes no estado i que o modelo associa o símbolo de emissões vk e número de vezes que o modelo inicia o algoritmo a partir do estado i, ou seja, o número de vezes que o modelo atribui o estado i no instante t=1 de cada uma das séries temporais. 2- Passo M (Maximization): Calcula os novos parâmetros λ̂ para que P(O λˆ) seja maximizado, partindo dos valores das variáveis ocultas definidas no passo E e 170 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS compara-os com os valores reais. Quando são conhecidos tais valores dos estados ocultos (obtidos no passo E), o cálculo dos parâmetros λ do modelo para que P(O λ ) seja máxima, torna-se simples. 3- Iteração: Se P(O λˆ) − P(O λ ) é maior que um valor fixo, ir para o passo E (com os novos parâmetros λ̂ ). Se não, terminar a execução e retornar os novos parâmetros λ̂ . Pode-se provar que P(O λˆ) ≥ P(O λ ) e que a sequência de modelos λˆi obtidos com o algoritmo EM converge para λ ∗ , um máximo local da variável arg máx P(O λ ) . O algoritmo de λ Baum-Welch é rápido e, geralmente, obtém-se um bom máximo local. Os constrangimentos impostos à calibração do modelo levam a que se imponha um número de iterações enquanto a diferença entre duas iterações sucessivas for superior a 10-5. Alternativamente, como o algoritmo de Baum-Welch só garante maximização local, é prática habitual efectuarem-se 5 tentativas para seleccionar aquela que dá maior valor de probabilidade. Em suma, o algoritmo visa responder à seguinte questão: Quais os parâmetros de um HMM λ = ( A, B , π ) para que P(O λ ) seja maximizado? Isto é, qual o arg max P(O λ λ) ? Corresponde a um problema de optimização contínua de N2+NM+N parâmetros. Este é o número de parâmetros livres do modelo de Marco, correspondendo N2 à matriz A, mais NM referente à matriz B e N correspondente ao vector π . Por isso, se N é demasiado grande, a determinação com elevado grau de precisão e fiabilidade dos parâmetros da matriz A e B pode tornar-se difícil quando o número de dados de treino é reduzido. O algoritmo de Baum-Welch permite ajustar o modelo HMM de modo a torná-lo dinâmico. Juntamente com a incorporação da degradação decorrente da exploração é possível fazer uma actualização permanente dos parâmetros do modelo. Para descrever o procedimento de reestimação dos parâmetros do HMM, ao nível de actualização iterativa com sucessivas melhorias de eficiência de predição, definem-se duas variáveis auxiliares: γ t (i) - Probabilidade do sistema se encontrar no estado qi no instante t, quando se conhece toda a sequência de observações e o modelo. γ t (i) = P ( St = qi O, λ ) (Eq. 3.28) ξt (i, j ) - Probabilidade do sistema se encontrar no estado qi no instante t e no estado qj no instante t+1, dado o modelo e a sequência de emissões observadas. ξt (i, j ) = P( St = qi , St +1 = q j O, λ ) (Eq. 3.29) 171 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Note-se que T −1 t =1 γ t (i ) corresponde ao número esperado de vezes no estado qi ou o número esperado de transições a partir do estado qi e T −1 t =1 ξt (i, j ) representa o número esperado de transições do estado qi para o estado qj. Nestas condições, torna-se possível relacionar γ t (i ) e ξt (i, j ) através de soma dos valores referentes aos sucessivos j, do que resulta: γ t (i) = N j =1 ξt (i, j ) t = 1 …. T (Eq. 3.30) Portanto, o método de cálculo dos parâmetros de reestimação do HMM, referenciados pelas matrizes π , A e B do HMM, que se traduz pelas fórmulas de Baum-Welch, faz-se com recurso às seguintes expressões: • Frequência esperada ou número de vezes de permanência no estado qi no instante (t=1) da nova sequência de aplicação do modelo: πˆi = γ 1 (i ) (Eq. 3.31) • Número de transições do estado qi para o estado q j dividido pelo número esperado de transições do estado qi : T −1 aˆij = ξt (i, j ) t =1 T −1 t =1 (Eq. 3.32) γ t (i ) • Número esperado de vezes que o sistema se encontra no estado q j e, ao mesmo tempo, se observa o símbolo vk, dividido pelo número esperado de vezes em que se verifica o estado q j : T bˆ j (k ) = γ ( j) t t =1 For Ot =Vk T t =1 (Eq. 3.33) γ t ( j) A expressão de γ t (i ) pode ser trabalhada a partir dos parâmetros do HMM e das variáveis forward e backward. γ t (i) = P( St = qi O, λ ) = P St = qi , O λ P Oλ Atendendo às leis das probabilidades: P[ St = qi , O λ ] = P[O St = qi , λ ].P[ St = qi λ ] = 172 (Eq. 3.34) MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS P[O1 , O2, ..., Ot , Ot +1 ,..., OT St = qi , λ ].P[St = qi , λ ] = P[O1 , O2, ..., Ot St = qi , λ ].P[ St = qi , λ ].P[Ot +1 ,..., OT St = qi , λ ] = P[O1 , O2, ..., Ot , St = qi λ ].P[Ot +1 ,..., OT St = qi , λ ] = α t (i ).βt (i) , uma vez que a sequência O1 , O2, ..., Ot é independente da sequência Ot +1 ,..., OT . Deste modo, a variável γ t (i) pode ser escrita a partir dos parâmetros do HMM e das variáveis forward e backward na forma: γ t (i) = P[ St = qi O, λ ] = P[ St = qi , O λ ] βt (i )α t (i) = P[O λ ] P[O λ ] (Eq. 3.35) Também a expressão de ξt (i, j ) pode ser trabalhada a partir dos parâmetros do HMM e das variáveis forward e backward. ξt (i, j ) = P[St = qi , St +1 = q j O, λ ] = P[ St = qi , St +1 = q j , O λ ] P[O λ ] = Atendendo às leis das probabilidades: P[ St = qi , St +1 = q j , O λ ] = P[ St +1 = q j , O St = qi , λ ].P[ St = qi , λ ] = = P[O1 , O2, ..., Ot , Ot +1 ,..., OT , St +1 = q j St = qi , λ ].P[St = qi , λ ] = = P[O1 , O2, ..., Ot St = qi , λ ].P[St = qi , λ ].P[Ot +1, ..., OT , St +1 = q j St = qi , λ ] = = α t (i ).P[Ot + 2, ..., OT Ot +1 , St +1 = q j , St = qi , λ ].P[Ot +1 St +1 = q j , St = qi , λ ].P[ St +1 = q j St = qi , λ ] = = α t (i ) aij b j (Ot +1 ) β t +1 ( j ) uma vez que P[ ABC D] = P[ A BCD].P[ B CD].P[C D] , independente de Ot +1 e de St e ainda que Ot +1 resulta que é independente de Ot + 2 ,..., OT é St . Consequentemente, ξt (i, j ) = αt (i)aij b j (Ot +1 )βt +1 ( j ) P(O λ ) (Eq. 3.36) Finalmente: ξt (i, j ) = α t (i)aij b j (Ot +1 ) β t +1 ( j ) N N i =1 j =1 (Eq. 3.37) α t (i )aij b j (Ot +1 ) βt +1 ( j ) 173 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS onde o termo do numerador corresponde precisamente a P(St = qi , St +1 = q j , O λ ) e a divisão por P(O λ ) permite obter a desejada medida de probabilidade. Registe-se ainda que T −1 t =1 γ t (i ) abrange o número esperado de transições de qi e T −1 t =1 ξt (i, j ) enquadra o número esperado de transições de qi para qj. Torna-se ainda possível caracterizar esta variável através de: γ t (i) = T −1 t =1 ξt (i, j ) (Eq. 3.38) Das deduções apresentadas, resultam as fórmulas finais do algoritmo Baum-Welch: πˆi = α1 ( i ) .β1 ( i ) P[O λ ] T −1 aˆij = t =1 (Eq. 3.39) α t ( i ) aij b j ( Ot +1 ) β t +1 ( j ) T −1 t =1 T bˆ j (k ) = t =1 αt ( i ) βt ( i ) α t ( j ) βt ( j ) Ot = k T t =1 (Eq. 3.40) α t ( j ) βt ( j ) (Eq. 3.41) Partindo de um modelo inicial, definido como λ = ( A, B , π ) , o respectivo modelo reestimado é definido como λˆ = ( Aˆ , Bˆ , πˆ ) , calculado através das expressões (3.34), (3.35) e (3.36). Como o algoritmo de Baum-Welch é um caso particular do EM, tem-se que P[O λˆ ] ≥ P[O λ ] e que a sequência de modelos λˆi obtidos neste método converge para λ ∗ de tal forma que P[O λ ∗ ] é um máximo local. Baum provou que se o modelo inicial, λ , se encontra num ponto de gradiente nulo da função verosimilhança, a que foi dada a designação de ponto crítico, tal corresponde a λ̂ = λ . Caso contrário, o modelo λˆ é mais promissor que o modelo λ , no sentido de que P(O λˆ ) > P(O λ ) , ou seja, foi encontrado um novo modelo λˆ , no qual a sequência de observações reúne maiores probabilidade de ter ocorrido. O algoritmo de Baum-Welch converge localmente para um máximo. Trata-se de um processo rápido. Geralmente, o máximo local é tipicamente um bom máximo da função. Um importante aspecto no processo de reestimação prende-se com os constrangimentos estocásticos dos parâmetros do HMM, nomeadamente: N i =1 174 πˆi = 1 (Eq. 3.42) MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS N aˆij = 1, 1 ≤ i ≤ N (Eq. 3.43) bˆ j (k ) = 1, 1 ≤ j ≤ N (Eq. 3.44) j =1 M k =1 O cariz probabilístico de um HMM pode ser percebido na figura 3.13, em que se estabelece a correlação entre cinco estados ocultos e três perfis de emissões. Figura 3.13 – Caracterização probabilística de um HMM Baseado nesse procedimento, será utilizado iterativamente λˆ em substituição de λ . É repetido o cálculo de reestimação, permitindo assim melhorar a probabilidade das observações serem reproduzidas pelo modelo. Alguns programas calculam o logaritmo de probabilidade. Neste caso, quando se detecta que ln P(O λˆ) ≥ ln P(O λ ) , deve-se parar o cálculo. O resultado final do processo de reestimação reflecte que a estimação obtida pelo HMM deve corresponder à máxima probabilidade de ocorrência. O método ganha consistência com o cálculo integrado de probabilidades para cada um dos estados do actual intervalo de amostragem referente à probabilidade posterior do sistema se encontrar em cada um dos possíveis estados permitindo avaliar eventuais alterações. Nos processos de Markov discretos existe outra questão importante que pode ser respondida através do uso do modelo, que tem a ver com o conhecimento da probabilidade do sistema se manter numa dada classe de estado durante determinado número de dias. O uso de um modelo escondido de Markov para descrever um processo de disfunção ou falha, implicitamente assume que os intervalos de tempo entre falhas apresentam uma distribuição geométrica. Isto advém do facto de neste modelo a probabilidade do sistema permanecer no estado i por d passos de tempo ∆t ser igual a p d −1 (1 − p) , onde p=a11. A suposição é de que, num determinado dia o sistema se encontra caracterizado por um simples estado, pretendendo-se conhecer durante quantos dias consecutivos o sistema se apresenta no mesmo estado. Esta probabilidade pode ser avaliada como a probabilidade de sequência de um determinado estado. S n _ dias = qi ; qi ; qi ; qi ; qi ; 1 2 3 4 5 ; q j ≠ qi (Eq. 3.45) n _ dias 175 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS e pode ser calculada através da expressão: P(Sn _ dias λ, S1 = qi ) = (aii )n _ dias −1 (1− aii ) = pqi (n _ dias ) (Eq. 3.46) ( n _ dias ) O valor de Pqi representa a função discreta de densidade de probabilidade que traduz o tempo de permanência, ou duração em unidades ” n _ dias “, no estado qi. Esta função exponencial de densidade de probabilidade, é característica da duração do estado numa cadeia de Markov. ( n _ dias ) Através de Pqi , pode-se calcular o número esperado de unidades de tempo, ou seja, o intervalo de tempo esperado em que o sistema permanece no estado qi, no pressuposto de que no início já se encontra neste estado. E (Tqi ) = E (Tqi ) = ∞ n _ dias =1 ∞ n _ dias =1 (n _ dias). pq( in _ dias ) (n _ dias).(aii )n _ dias −1 (1 − aii ) = (Eq. 3.47) 1 1 − aii (Eq. 3.48) Podem assim relacionar-se os parâmetros de transição com as estatísticas globais de disfunção e, por consequência, determinando as probabilidades de transição. /,2,/ < ; $% ># # ; $% 1 As aplicações de HMM na detecção de estados ou situações ocultas têm vindo a ser implementadas de uma forma crescente. Para além da conhecida detecção automática de voz pelos operadores telefónicos, uma equipa internacional está desenvolver um teste rápido, semelhante ao de alcoolemia, para detectar a presença de tumores. Apesar de ainda estar em fase experimental, os resultados são promissores e já evocados por investigadores do Instituto Tecnológico Technion, de Israel. O novo diagnóstico pode permitir detectar cancro de pulmão, mama, intestino ou próstata, segundo o estudo publicado pela revista britânica «The British Journal of Cancer». Os testes foram realizados em 177 voluntários, entre os 20 e 75 anos, afectados ou não por diferentes tipos de tumores cancerígenos e mostraram que os constituintes recolhidos na análise do hálito podem reagir a compostos químicos que as células cancerosas emitem, independentemente da idade dos pacientes, sexo ou do tipo de vida (fumadores, por exemplo). O estudo mostra que uma espécie de 'nariz electrónico' pode distinguir pela análise da respiração se o paciente é saudável ou tem um tumor maligno. O processo é rápido, nãodoloroso e de baixo custo. O artigo refere que a análise do hálito para detectar tumores assenta no seguinte pressuposto: quando um tumor cresce, a superfície das células cancerígenas liberta compostos orgânicos específicos e voláteis que podem ser encontrados através do sopro. Os investigadores de uma equipa liderada por Abraham Kuten, do instituto situado em Haifa (Norte de Israel), descobriram detectores capazes de identificar químicos, compreendendo 176 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS nanopartículas de ouro. Para além da detecção ainda conseguem determinar de que tipo se trata – colo-rectal, da mama, próstata ou pulmões. Caso os resultados venham a ser confirmados por futuros estudos clínicos de maior envergadura, a nova tecnologia poderá ser o mais recente instrumento de detecção precoce, em detrimento de outros métodos tradicionais mais desconfortáveis, caros e longos – já que muitas vezes é necessário esperar dias ou semanas por um diagnóstico. Quanto mais rapidamente for detectado um determinado tumor, maior probabilidade existirá de cura. Este novo diagnóstico poderá dar resposta em menos de uma hora e permitirá também saber se há recaídas, bem como avaliar a eficácia de tratamentos. Contudo, ainda se trata apenas de uma experiência em estudo e para chegar à sua comercialização ainda terão de ser realizados mais testes e de ter o aval das autoridades de saúde. Porém, esta ideia não é totalmente nova para Portugal, uma vez que o país já teve (e talvez ainda mantenha) uma equipa de investigadores a trabalhar nesta área, mais concretamente no IPO em Lisboa. Tudo tem a ver com peroxidação lipídica por formas radicalares envolvidas em carcinogénese e consequente libertação de alcanos pela via respiratória. Nessa altura foi questionada a utilização de canídeos para treino. Pretendia-se implementar a triagem de doentes em que se manifestava essa patologia, condicionando uma avaliação rigorosa da sintomatologia à resposta e detecção de baixíssimos teores de alcanos. A ideia estava associada a uma exploração da elevada capacidade de detecção desses animais a marcadores voláteis. Porém, neste caso ter-se-ia mais um "detector biológico" e menos um "nariz electrónico" como agora é proposto. Os artigos foram publicados em revistas da especialidade (Peng et al. 2010) (Cornu 2010), mostrando o enorme potencial de uma correcta avaliação de sintomatologias. Estes exemplos reforçam a perspectiva de que os gases de escape fornecem informação válida sobre as patologias dos órgãos internos. O método concebido para a monitorização de frotas estrutura-se na concepção de três estados de funcionamento normais associados a condições normais de operação do sistema e num conjunto de estados disfuncionais correspondentes a diferentes classes de variáveis, ou função de estado do motor, ou do veículo. Numa perspectiva mais abrangente e exaustiva, os estados disfuncionais poderão corresponder a outras tantas necessidades de intervenção em diferentes sistemas do motor ou dispositivo de pós-tratamento. O sistema supervisionado exibe um conjunto de indicadores não facilmente mensuráveis designados por indicadores de estado e de sintomas comportamentais que com uma relação causal se relacionam com o seu comportamento. A observação das variáveis de emissão de referência ecológica aparece associada à monitorização de variáveis de desempenho do sistema sob supervisão, compreendendo a comparação com valores de referência de variáveis indicativas do estado de saúde. As estatísticas dos indicadores sob avaliação poderão incluir parâmetros tais como a variância e o valor médio das medidas. Uma técnica comum é a que consiste em implementar um modelo dinâmico estabelecendo uma relação entre os inputs, Y(t) (emissões), medidos pelo sistema dinâmico e os sinais de output do equipamento ou sistema sob vigilância W(t) (estados). 177 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS O método começa por definir as probabilidades de transição plurais para pares de estados plurais. O caminho proposto foca-se num problema de determinação do estado de saúde das diferentes unidades da frota, com um elevado nível de confiança, implementando uma metodologia de aprendizagem inteligente, baseada no mapeamento “sintoma de patologia – caracterização de disfunção provável”. A fundamentação teórica da estrutura dos modelos que integram o programa informático de monitorização de frotas foi descrita ao longo do presente capítulo, passando-se agora à sua aplicação em contexto experimental. O processo é repetível, de forma manual ou automática, para os sucessivos instantes de monitorização. Em particular, é assumido que a sequência de amostras observadas através de leituras de sensores, incide sobre um conjunto de variáveis aleatórias monitorizadas X(t)=(Y(t),W(t)), referentes a impactos ambientais e estados. Estas leituras são disponibilizadas em intervalos de tempo discretos. Cada amostra de observação de emissões, YPj (t ) , compreende um vector de dimensão pj, de indicadores de perfil ecológico. Na montagem do modelo e em calibrações periódicas, normalmente de múltiplos meses, são utilizadas algumas das variáveis indicativas do estado de saúde do equipamento WHi (t ) . “W” corresponde ao conjunto de variáveis aleatórias discretas (Hi) correlacionadas com os estados de saúde (não observáveis ou dificilmente observáveis) do sistema, cuja evolução se pretende modelar. Dada uma sequência de tais vectores de amostragem, YPj (t1 ), ..........., YPj (t − 1), YPj (t ) , a tarefa que se coloca consiste em modelar o estado do sistema no instante t, modelar os estados nos períodos já decorridos e prognosticar os estados futuros. A biblioteca ou catálogo de classes ou domínio das variáveis de estado é representada pelo conjunto {q Hi1 , qHi 2 , ............, qHi ( M −1) , qHiM } . Por sua vez, a biblioteca ou catálogo de classes ou domínio { } das variáveis de emissão, representa-se por VPj1 , VPj 2 ...........,VPjN −1 , VPjN . Pretende-se fazer uma estimação para a matriz WHi (t1 ), ...........,WHi (t − 1), H Hi (t ) . É assumido que em cada momento o sistema se deve encontrar em um, e apenas em um, dos estados que integram o conjunto de estados possíveis, qHi , 1 ≤ i ≤ M , que se designou por biblioteca de estados. A partir da caracterização das classes de cada uma das variáveis de estado, Hi, pode definir-se uma função de classificação dos diferentes estados do sistema. Note-se que os conceitos de estados e classes de estados são equivalentes. As variáveis indicativas do estado de saúde do sistema correspondem a variáveis ocultas. Só são medidas na fase de calibração do modelo. O seu enquadramento no modelo prende-se com o facto de serem mais difíceis de avaliar, de terem maiores custos de medição e também porque está implícito privilegiar a monitorização de variáveis ecológicas mais facilmente mensuráveis que apresentem correlações com variáveis ocultas. Por sua vez as variáveis observáveis, ou variáveis visíveis, encontram-se sob monitorização sendo por conseguinte mensuráveis. Correspondem a variáveis ambientais, de fácil monitorização e com custos de medição muitíssimo baixos. As medições experimentais efectuadas ao longo do tempo pelos sistemas de monitorização, ou seja, os registos dos valores das variáveis de estado ocultas e das variáveis de emissão 178 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS observáveis, representam-se S Hi (t1 ), ..........., S Hi (t − 1), S Hi (t ) por e OPj (t1 ), ..........., ΟPj (t − 1), ΟPj (t ) , respectivamente. Por simplificação, irá ser utilizada a nomenclatura S1 , ..........., S( t −1) , St e O1 , ..........., Ο(t −1) , Οt . Os vectores temporais dos diferentes poluentes, pj, podem ser combinados, dando origem a uma série temporal dos diferentes espectros de emissões, medidos ao longo dos períodos de monitorização, Y (t1 ), ..........., Y (t − 1), Y (t ) . O HMM pode utilizar variáveis de estado individualmente na montagem de vários modelos, utilizando a posteriori o modelo que apresente a maior probabilidade de se ajustar aos valores das variáveis de emissão recolhidas experimentalmente. Alternativamente, para tornar mais eficientes estes modelos, poderá ser utilizado exclusivamente um HMM com uma única função de estado, em vez de se trabalhar com os z modelos associados a outras tantas variáveis de estado. Assim, pode construir-se uma alternativa assente na definição de uma função de estado com a seguinte tipologia: WST = c1 H1 H1_ r e f + c2 H2 H 2_ r e f + ⋅⋅⋅⋅⋅⋅ +cz Hz Hz_re f (Eq. 3.49) Na presente tese, três dos estados, q1, q2, e q3, correspondem a condições de funcionamento normais; q4 corresponde a um estado pobre, com disfunção ligeira, intermitente ou ocasional, correlacionado com a iniciação de falhas, tipo b1 a bm, nas diferentes partes ou componentes, m, do sistema { fb1 , fb 2 , ........, fbm } ; o estado q5 corresponde a um estado mau, com disfunção irreversível, carecendo de uma intervenção de manutenção e está correlacionado com a continuação ou agravamento de falhas, tipo c1 a cm, nas diferentes partes ou componentes, m, do sistema { fc1 , fc 2 , ........, fcm} . Assume-se que as classes de falhas conhecidas são mutuamente exclusivas e exaustivas. É possível que algumas situações de combinações de sintomas resultem na predição de múltiplas disfunções simples. Porém, a probabilidade de ocorrerem em simultâneo duas ou mais disfunções independentes é extremamente pequena. Os estados q1, q2, e q3 correspondem a estados normais correspondentes a níveis de condição de estado de deterioração crescente. É assumido em todo este trabalho que o acesso à base de dados ou livraria de níveis de degradação pode ser gerado tanto pela classe de estado q4 como pela classe de estado q5. A base de dados consiste em matrizes de correspondência ou bases de dados relacionais, compreendendo os sintomas e os correspondentes estados que, em síntese, se reflectem nos parâmetros de calibração do modelo. Em princípio, quanto mais completa se tornar a base de dados, tanto mais o modelo permite ao sistema de monitorização e diagnóstico identificar disfunções que nunca tenham ocorrido antes na frota supervisionada. A diferença entre o grupo de estados q4 e o grupo de estados q5, reside na severidade da anomalia e no facto do grupo q4 se associar também a estados de disfunção intermitentes, o que possibilita o retorno ao estado normal q3. Ao contrário, o grupo de estados q5 corresponde a uma situação de irreversibilidade enquanto não ocorra uma intervenção de manutenção. Se o modelo HMM for bem treinado, utilizando dados de uma série completa de autocarros, em regimes de funcionamento que assegurem uma boa cobertura dos pontos de mapeamento do motor, poderá detectar súbitas alterações nas características das emissões poluentes. Este 179 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS pressuposto garante que se mostre extremamente robusto e não apresente falsos alarmes. A pretender-se uma perfeita calibração, o método teria que assumir os seguintes pressupostos: 2) Existe um conjunto de estados mutuamente exclusivos e exaustivos de que os três primeiros correspondem a estados normais; 3) Encontram-se disponíveis os dados de calibração do modelo não só para condições normais como também para situações de disfunção, sob a forma de sequências de séries temporais; 4) Os dados de emissões poluentes para as séries temporais são estacionários para condições de estado diferenciadas; 5) Encontra-se disponível o intervalo de tempo médio de bom funcionamento para cada um dos diferentes estados de disfunção. A maior dificuldade advém do facto de algumas vezes ser impraticável a obtenção de dados associados às condições de disfunção, sendo os dados referentes a condições de estado normais facilmente adquiridos. O ponto-chave reside no facto dos estados do sistema não serem directamente observáveis, mas se encontrarem escondidos, isto é, o sistema sob monitorização não tem uma forma directa de medir o estado do sistema, mesmo para os instantes passados. Em vez disso, vários sintomas são observados, os quais aparecem reflectidos nos parâmetros de calibração sob a forma matricial. Como se referiu, a diferença entre a classe de estados 4 e a classe de estados 5, reside no facto do grupo 4 se associar também a estados intermitentes, que permite a possibilidade de retornar para o estado normal 3. Na vertente do treino, tendo em vista o mapeamento sintoma–disfunção, as variáveis utilizadas na quantificação dos sintomas de patologias do sistema supervisionado correspondem directamente ao vector característico de representação num modelo clássico de reconhecimento de padrões. Os valores dessas variáveis são obtidos por observação directa mediante leituras manuais retiradas dos painéis dos equipamentos de medição ou recolhidos pelos sensores automáticos e convertidos em classes para alimentar os programas de desencadeamento da manutenção. Neste caso, pode estar-se perante sistemas de monitorização intermitente ou contínua. O modelo a implementar no futuro pretende complementar o diagnóstico de disfunções com a classificação dessas mesmas disfunções. Os detalhes de um determinado modelo de classificação usado para gerar o mapeamento sintoma–disfunção, podem ser muito vastos. Se existe um conhecimento anterior da dependência probabilística dos sintomas de patologias, condicionados às disfunções ou falhas poderá bastar uma análise paramétrica da sua forma. Caso se constate uma multi-variedade Gaussiana, então um método da máxima verosimilhança para estimar os parâmetros da distribuição condicionada pode ser uma alternativa. Com as evoluções tecnológicas, é mais comum haver pouco conhecimento prévio relativo às dependências sintoma – disfunção. Neste caso pode optar-se por métodos discriminativos não paramétricos, tais como discriminantes lineares, métodos do vizinho mais próximo (kNN), árvores de decisão, ou redes neuronais (Hecht-Nielsen 1990) (Schalkoff 1997). Estas metodologias podem constituir aproximações úteis para o tema da presente tese. 180 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS /,2,2 1 $% ># # Com o objectivo de contribuir para a maturidade das novas metodologias de gestão do ciclo de vida (Wheelwright and Makridakis 1980), têm vindo a ser desenvolvidas várias tecnologias de detecção de anomalias. Paralelamente a uma predição determinística, a perspectiva de aproximação probabilística para predição da vida de um sistema ou equipamento é essencial para o prognóstico, porquanto fornece simultaneamente o nível de confiança que lhe está associado. É também simples de implementar quando as reparações e o histórico de falhas se encontram disponíveis, permitindo caracterizar com precisão as respectivas distribuições Weibull ou Gama. Se a solução mostra um comportamento altamente transiente apenas em certos pontos no tempo (por exemplo, durante um período de aceleração), o intervalo de tempo entre registos deve ser reduzido. Este procedimento deve também ser associado a regimes transientes durante grandes intervalos de avaliação (por exemplo, ciclos urbanos). O modelo permite a definição de cenários que traduzem uma representação simplificada de um grupo de sequência de eventos com algumas características comuns. As condições anormais resultam geralmente de duas causas comuns: degradação decorrente do uso e factores externos que levam a uma mudança abrupta ou a um ritmo acelerado de mudanças. A principal diferença entre a política de manutenção proposta na presente dissertação, baseada na condição e uma política de inspecção periódica clássica (com eventual substituição), reside na possibilidade de existir uma inspecção programada não-periódica ou periódica, adaptada on-line para identificar o estado do sistema. De acordo com as normas inglesas PAS 55-1:2008 e PAS 55-2:2008, desenvolvidas em conjugação com um grande número de instituições, organizações e individualidades internacionais com actividade relevante no campo da administração de activos, incluindo o Institute of Asset Management (IAM), a definição de políticas empresariais terá que especificar claramente que a gestão de activos deverá ser direccionada para atingir um plano estratégico organizacional, incluir um compromisso para melhoria ininterrupta do processo de gestão de activos e ser ainda, inequivocamente, avalizado pela administração de topo. Tais políticas deverão também identificar e considerar os requisitos de todos os grupos de interesses (stakeholders) envolvidos, incluindo imposições em requisitos de desempenho ambiental, saúde, sustentabilidade e segurança. Estas políticas incluem medidas reactivas ao desempenho deficiente e ou utilizar variáveis de condição para monitorizar deteriorações relacionadas com os activos, falhas, incidentes, não conformidades (incluindo próximas perdas) e outras evidências históricas de deficiente desempenho do sistema (processo) de gestão de activos. A maior limitação é a hipótese das observações sucessivas serem independentes, uma vez que só neste caso a probabilidade da sequência de observações P(O1 ; O2 ; O3 OT ) pode ser escrita como o produto da probabilidade de observações individuais, ou seja, só neste caso se ter: 181 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS P(O1 ; O2 ; O3 T OT ) = Π P (Oi ) . Trata-se de uma hipótese não aceitável no caso de um i =1 motor, em que se supõe verificar-se uma degradação progressiva. A tese dá um contributo ao desenvolvimento de modelos escondidos de Markov não Homogéneos, que são modelos em que ocorrem alterações nas suas matrizes de probabilidades ao longo do tempo. As vantagens são muitas, podendo enumerar-se as principais: • O HMM possui uma base matemática sólida, devido à garantia de convergência para um ponto óptimo. • O HMM requer uma supervisão mínima e permite a integração de vários níveis de conhecimento num enquadramento único. As variáveis medidas nem sempre correspondem às mais representativas, tendo em vista a definição do modelo de comportamento do sistema. Existem vários métodos de análise e processamento de dados em modelos de manutenção, sendo os mais comuns os seguintes: a) Métodos de avaliação de dados • Controlo do processo estatístico, SPC (Statistical Process Control); • Análise de componentes principais, PCA (Principal Component Analysis); • Análise descriminante de Fisher, FDA (Fisher Discriminant Analysis); • Mínimos quadrados parciais, PLS (Partial Least Squares). O primeiro é o menos complicado, correspondendo a um processo de controlo que, graficamente, mostra uma tendência das amostras medidas. No mesmo gráfico, regista os níveis superiores e inferiores a partir dos quais são emitidos avisos e alarmes, cujos limites podem ser baseados no desvio padrão das variáveis medidas. Os exemplos de limites 2σ 3σ 5σ habitualmente usados são µˆ ± , µˆ ± e µˆ ± , (Alanen et al. 2006), em que µ̂ e n n n correspondem à média e ao desvio padrão, respectivamente, das variáveis medidas. Assumese que os dados de entrada são normalmente distribuídos. A figura 3.14 mostra como as médias das amostras medidas podem ser usadas no processo de controlo. A distribuição das médias das amostras é comparada com a distribuição dos elementos da 1,96σ população. Quando é estabelecido como limite inferior do aviso o limite µˆ − , n corresponde a que 2,5% das amostras se encontram aquém deste limite. As médias das medições efectuadas num determinado instante de monitorização, que excedam ou fiquem aquém dos limites de alerta pré-definidos, indiciam a existência de perturbações na condição. Porém, poderão ser utilizados vários limites para classificar a severidade das disfunções. 182 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Figura 3.14 – Exemplo de aplicação de limites na actuação de alarmes de disfunções No método de análise de componentes principais, PCA, são geradas novas variáveis ortogonais (não correlacionadas) que correspondem a combinações lineares das variáveis mensuráveis. As variáveis quando são em reduzido número podem ser apresentadas em eixos ortogonais, uma vez que dois ou três eixos são suficientes para extrair muita informação da variação da condição de estado ou dos indicadores de emissões. Em situações mais complexas utiliza-se a representação matricial. O número de componentes principais necessários ao processo pode ser determinado por vários métodos diferentes, os quais incluem: • Teste de variância; • Teste de ecrã; • Análise paralela; • Estatística PRESS (Prediction Residual Sum of Squares). Efectua-se a detecção da disfunção utilizando estatísticas T-Student ou χ2 para determinação dos limites de alarme. As diferenças no estado de funcionamento normal têm, habitualmente, um grande efeito nas estatísticas T-Student ou χ2. As disfunções podem ser detectadas utilizando limiares apropriados para as estatísticas. As estatísticas T-Student ou χ2 tendem a detectar de modo diferente as disfunções e os melhores resultados podem ser atingidos utilizando a combinação de ambas as estatísticas. O caminho mais simples para fazer o diagnóstico da disfunção com PCA é através da definição de regiões no espaço dimensional inferior ou superior para classificar diferentes disfunções, consoante se trate de indicadores de estado ou de emissões. Outro método é construir modelos PCA separados para cada tipo de disfunção e utilizar algumas estatísticas (por exemplo, T ou χ2) para predição das disfunções que têm maior probabilidade de ocorrer (Chiang et al. 2001). 183 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS b) Métodos analíticos Utilizam características geradas do input e output pela aplicação de modelos matemáticos detalhados. Os métodos analíticos de disfunções podem ser aditivos ou multiplicativos. As disfunções aditivas são normalmente causadas por alterações que afectam sensores, actuadores ou variáveis de estado não mensuráveis. As disfunções multiplicativas podem ser decorrentes de disfunções paramétricas ou erros de modelação. A detecção da disfunção e o diagnóstico é feito por comparação das características dos modelos com as características associadas com as condições de funcionamento normais. Os métodos normalmente utilizados são os seguintes (Chiang et al. 2001), (Mattila 2003): • Método da redundância analítica – A figura 3.15 apresenta uma estrutura típica de um modelo analítico. Figura 3.15 - Avaliação da disfunção com base na avaliação do valor residual Fonte: (Kinnaert 2003) O método utiliza valores residuais que correspondem às diferenças entre os valores medidos dos indicadores e os correspondentes valores gerados pelo modelo. Idealmente, os valores residuais devem ser nulos quando o sistema opera normalmente, e diferentes de zero na presença de disfunções ou distúrbios. As disfunções podem ser detectadas pela utilização de limiares apropriados. • Método de estimação de indicadores - É aplicado quando as disfunções afectam o sistema, quando são multiplicativas e quando a estrutura básica do modelo é conhecida. A estimação de indicadores segue a seguinte sequência: o Definição das equações de processo que relacionam as variáveis de entrada com as variáveis do modelo físico correspondentes à saída; o Simplificação do modelo, se necessário, ou combinar os indicadores físicos para que as variáveis do modelo possam ser determinadas de modo único; o Estimação dos indicadores do modelo nominal a partir de dados históricos; o Cálculo das estimativas dos indicadores físicos a partir dos indicadores estimados do modelo; 184 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS o Detecção das disfunções durante o funcionamento, por comparação dos indicadores físicos estimados com os obtidos a partir de dados recolhidos experimentalmente. O isolamento da disfunção pode ser efectuado pela comparação das alterações nos indicadores com as observações históricas constantes de uma base de dados. c) Combinação de vários métodos e técnicas – Porquanto alguns métodos são mais ajustados na detecção de disfunções e outros mais adaptados ao diagnóstico de disfunções, algumas vezes torna-se útil combinar vários métodos diferentes. Alguns métodos também trabalham melhor com certas aplicações do que com outras. Uma das técnicas é a inferência por Lógica Fuzzy ou de conjuntos vagos (Roemer et al. 2001). Uma das questões que se coloca na aplicação dos modelos escondidos de Markov, corresponde à definição do conjunto finito de estados ou classes de estados individuais possíveis, Q = {q1 ; q2 ; q3 qN } . Uma forma de discretização é introduzida através do uso de N diferentes limiares que têm como objectivo pilotar a política de inspecção. Dentro dos constrangimentos de aplicação do modelo foram, até hoje, conceptualizadas aplicações que estabeleceram desde 2 até 20 estados. Tem sido referido que não parece haver uma boa conceptualização teórica quando se faz a opção de escolher o número de estados necessários sem que estes estejam relacionados de uma forma física com fenómenos observados. Neste caso foi definida uma biblioteca de 5 estados, ou seja N=5, cuja tradução qualitativa se inscreve na tabela 3.12. O número de estados é igual ao número de limiares acrescido de uma unidade. Vários autores utilizaram 4 ou 5 estados (Cunha and Velho 2003). No seu livro (Wowk 1991), faz uma análise à condição de máquinas sujeitas a vibração, como é o caso dos motores Diesel, estabelecendo uma classificação com 5 níveis de estados. Correspondem a patamares de qualidade de desempenho alternativos. Também a investigação de (Grall et al. 2001) apresenta a evolução do custo de manutenção óptimo, Copt, como uma função do número de limiares, N, para diferentes velocidades de deterioração, 1/ , considerando um conjunto de custos unitários de manutenção. Naquele artigo encontram-se assumidos como fixos o custo por inspecção, ci, o custo de substituição correctiva, cc, o custo por substituição preventiva (ou de reparação), cp, e o custo de operação por unidade de tempo, co. Tem vindo a ser demonstrado em vários trabalhos experimentais que recorreram a aplicações numéricas, com utilização de diferentes conjuntos de custos unitários, que estas observações e conclusões são ainda realçadas em casos de inspecções e substituições preventivas mais dispendiosas. A figura 3.16 mostra como o efeito de N no custo óptimo se torna mais sensível quando se reduz a velocidade de deterioração média, 1/ (a curva inferior corresponde ao maior ). Para um sistema de deterioração lenta, a vantagem de um N elevado encontra-se associada não só ao tempo necessário para desencadear a primeira inspecção como também por grande parte dos restantes limiares terem amplitudes muito próximas do primeiro. Pelo contrário, para um sistema moderadamente deteriorável, a vantagem de um N elevado tem a ver com a possibilidade de usar vários valores de limiares diferentes de avaliação qualitativa para, aproximadamente, se adaptar às decisões de manutenção do estado actual do sistema. 185 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS > velocidade de deterioração < velocidade de deterioração Figura 3.16 - Custo óptimo de manutenção, Copt, versus número de limiares, N, para diferentes velocidades de deterioração média Fonte:(Grall et al. 2001) Como conclusão pode constatar-se que reúne um grande consenso a utilização de 5 níveis ou 5 patamares de estado. A definição de classes para os estados de um sistema constitui uma tarefa com alguma subjectividade. A classificação dos estados encontra-se associada ao grau de deterioração e com o nível de desempenho do sistema. Esta avaliação deveria ser objectiva no sentido de que decorre da avaliação de indicadores mensuráveis. Contudo, estes indicadores podem não permitir uma monitorização contínua ou regular, por imperativos de índole logístico-operacional e económico-financeiro. Daí que estas variáveis sejam consideradas operacionalmente ocultas para o modelo, o que nos leva ao conceito de classe de estado oculta. Outros autores estabeleceram uma relação entre a quantificação dos níveis de estados e a sua avaliação qualitativa. Em (Anders et al. 2007) são definidos classificadores que poderão ser utilizados para a condição do equipamento, prescrevendo a seguinte associação para classificar a condição: Nível 1 - Como novo. Nível 2 – Bom. Nível 3 - Aceitável. Condição de estado anormal correspondente à iniciação de um defeito. Nível 4 - Crítico. Condição de estado que manifesta anomalia ou disfunção. Nível 5 - Pobre ou mau (requerendo atenção urgente). Condição de estado com manifestação de falha. Assim, em linha com as práticas conhecidas, as classes de estados ocultos correspondentes à biblioteca ou domínio de estados utilizadas no modelo HMM da presente dissertação, são as apresentadas na tabela 3.12. Por sua vez a norma ISO 2372 classifica os equipamentos em quatro classes (Classe I; Classe II; Classe III e Classe IV) em função dos padrões de vibração em que se enquadram. A opção pelas 4 classes de emissões vibratórias tem por base a seguinte qualificação: A - Bom; B - Satisfatório; C - Insatisfatório; D - Inaceitável. 186 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Biblioteca de estados Classe Designação q1= 1 Excelente (sistema novo ou como novo) q2= 2 Bom ou normal q3= 3 Aceitável, mas com perdas de desempenho q4= 4 Pobre, com comportamento problemático q5= 5 Mau, com disfunção irreversível carecendo de manutenção Tabela 3.12 – Classes de estados do sistema, para o modelo desenvolvido Neste contexto, em linha com as práticas conhecidas, foi feita a opção pelas classes de emissões das variáveis ambientais observáveis, correspondentes à biblioteca ou domínio desses indicadores, conforme especificado na tabela 3.13. Biblioteca de emissões Classe Designação V1 = 1 Excelente (emissões muito baixas) V2 = 2 Bom ou normal (emissões baixas) V3 = 3 Aceitável, com nível de emissões satisfatório V4 = 4 Pobre ou mau, com nível de emissões insatisfatório Tabela 3.13 – Classes de emissões por indicador de emissões, no modelo desenvolvido Na concepção e montagem dos modelos HMM, a partir de sequências cronológicas dos valores medidos das variáveis ocultas, indicativos do estado de saúde do sistema WHi (t ) , optou-se por definir intervalos de alerta de gravidade diferenciada, compreendidos por limiares que correspondem aos limites das semi-amplitudes esquerda e direita dos respectivos intervalos de confiança estatísticos. Define-se que o número atribuído na codificação das classes de estado cresce à medida que o valor da variável se encontra compreendido num intervalo probabilístico mais restrito, associado com a cauda esquerda da região de rejeição, para níveis de significância crescentes, relativa às distribuições encontradas experimentalmente. O que é equivalente a dizer que o número atribuído à classe de estados cresce quando o valor da variável está contido num valor α / 2 mais restritivo (menor) na cauda esquerda da região de rejeição. Equivale ainda a dizer que o código do estado de saúde do sistema aumenta quando o valor da variável não está contido num conjunto de valores correspondentes a intervalos com maiores níveis de significância, relativos às medidas amostrais encontradas experimentalmente. Os limites de controlo podem estender-se à cauda direita. Neste caso a codificação de numeração mais baixa corresponde ao limite do menor valor de α / 2 . As variáveis de estado ocultas, Hi, incluem aquelas cujas medidas melhor se correlacionam com o desempenho do motor. Foram seleccionados 3 indicadores de estado, Hi: o binário motor efectivo, a pressão de sobrealimentação e a pressão do óleo de lubrificação. Teria sido possível utilizar três modelos escondidos de Markov por cada veículo. Neste caso, proceder-se- 187 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS ia em cada um dos três HMM, à codificação dos patamares de estado, com base na classe definida, exclusivamente, pelo valor da respectiva variável de estado. De forma a integrar diferentes ponderações de cada uma das referidas variáveis, optou-se pela criação de uma função de estado, utilizando a (Eq. 3.45) para caracterizar globalmente o estado do sistema. Assim, as classes de estado, N, são definidas com base nos valores calculados para a função de estado. Estas classes são confinadas por limiares da função de estado, calculados através da avaliação do máximo de uma função estatística definida por dois ramos βiN e θ iN . Em termos matemáticos corresponde à seguinte avaliação: Classe Estado = Máximo [ βiN ;(θiN se ∆ < 0) ] (Eq. 3.50) O primeiro ramo βiN recorre à aplicação da matemática intervalar combinada com a definição de intervalos de confiança e médias de funções estatísticas associadas às distribuições normal ou t-student, conforme adiante se descreve. O índice i utiliza-se quando se trata de mais de uma variável de estado. O segundo ramo θ iN faz também à aplicação da matemática intervalar, sendo que agora as classes são confinadas por intervalos de confiança de uma função estatística associada a distribuições qui-quadrado. A variável ∆ corresponde à variação negativa do valor das variáveis de estado e ou da função de estado, entre o instante de monitorização anterior e o instante de monitorização actual. Na montagem de um modelo escondido de Markov faz-se a comparação dos valores da função de estado, obtidos através de tratamento dos dados de medição experimentais das variáveis de estado especificadas, com os valores limiar estatísticos de referência, em número N-1. Isto é, a definição de N-1 limiares resulta da verificação ou não de desigualdades associadas com os N escalões. Matematicamente as avaliações sintetizam-se pelas desigualdades WH i (t ) ≥ β iN e WH i (t ) − WH i (t − ∆t ) ≥ θiN . A análise estatística é baseada em grupos homogéneos de viaturas que correspondem a séries ou modelos fabricados por uma determinada marca. A uma série específica de viaturas corresponde um conjunto de unidades com idênticas características físicas. Para determinada série de uma frota sob monitorização, os limiares, βiN , encontram-se associados a escalões diferenciados de desempenho dos motores e dos sistemas de póstratamento de gases de escape dos veículos, sendo função de propriedades estatísticas representativas das observações de outputs das diferentes unidades da frota de autocarros. Os limiares definidos para o ramo βiN correspondem a patamares de controlo, que traduzidas sob a forma matemática, utilizam no cálculo de L ( Z (α / 2)) as seguintes expressões estatísticas: Para uma distribuição normal: Lix = µˆ ± ( Zi x (α / 2)) σˆ i Para uma distribuição t-student: Lix = µˆ ± ( Bi x (α / 2)) 188 x = 1...( N − 1) n σˆ i n x = 1...( N − 1) (Eq. 3.51) (Eq. 3.52) MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Na expressão, Lix, que inclui LIix e LSix, representa os N-1 limites dos intervalos de confiança para níveis de significância de ((1 − α ) × 100)% . Estes correspondem aos diferentes limiares, em número N-1, definidos para a função de estado, em resultado da aplicação de uma das referidas distribuições. Um menor valor de Lix corresponde a um patamar mais desfavorável da capacidade de desempenho. A variável n corresponde ao número de elementos da amostra, que não é mais do que o número de viaturas da série sob monitorização. Para que a avaliação de dados se fundamente numa distribuição normal, terá que corresponder a um mínimo de 30 veículos automóveis, cujos atributos sob monitorização são recolhidos de forma sequencial ao longo dos sucessivos períodos, t=1 a t=T. Os parâmetros µ̂ e σˆ correspondem à média e ao desvio padrão das sequências cronológicas do atributo incluído na função de estado seleccionada para monitorização da frota, podendo também corresponder directamente a parâmetros estatísticos da função de estado definida. Por sua vez, os termos Z ix e Bix, em que este último inclui BSix e BIix, correspondem às abcissas das semi-amplitudes das variáveis padronizadas para uma distribuição normal e para uma distribuição t-student, respectivamente. Estes valores correspondem aos limites das caudas dessas mesmas distribuições podendo tratar-se de limites inferiores ou superiores. A detecção de disfunção pode decorrer simplesmente da percepção de sintomas de patologias resultantes do conhecimento do processo analítico através da detecção de valores característicos, tais como a variância, amplitudes, frequências e parâmetros do modelo, ou de análise do processo quando se torna possível utilizar parâmetros de estimação para prever o estado do sistema. Pode também advir de sintomas heurísticos através da utilização de informação qualitativa fornecida por operadores humanos, emergindo essas características heurísticas sob a forma de ruído especial, cor, cheiro, vibração ou desgaste, (Patton et al. 2000). Em suma, na definição de classes de estado do modelo, o valor actual, ou o valor que está a ser medido, de qualquer variável de estado sob monitorização é comparado com, ( ) ( ) LI z i X (α / 2) e LS z i X (α / 2) no caso de se tratar de uma distribuição normal. Por sua vez é comparado com LI ( Bsi X (α / 2) ) e LS ( BI i X (α / 2) ) no caso de se tratar de uma distribuição de t-student. Este critério permite quantificar os intervalos das classes, ou níveis, para uma função ou variável de estado específica, em cada regime de rotação/carga do motor. qi1= 1 qi2= 2 qi3= 3 qi4= 4 qi5= 5 H1: Binário motor (Be) Li(Z0,25) [ Li(Z0,1) … Li(Z0,25) [ [ Li(Z0,05) … Li(Z0,1) [ [ Li(Z0,025) … Li(Z0,05) [ < Li(Z0,025) H2: Pressão de sobrealimentação (PS) Li(Z0,25) [ Li(Z0,1) … Li(Z0,25) [ [ Li(Z0,05) … Li(Z0,1) [ [ Li(Z0,025) … Li(Z0,05) [ < Li(Z0,025) H3: Pressão de óleo (PO) Li(Z0,25) [ Li(Z0,1) … Li(Z0,25) [ [ Li(Z0,05) … Li(Z0,1) [ [ Li(Z0,025) … Li(Z0,05) [ < Li(Z0,025) Tabela 3.14 – Opção 1 de classificação dos estados do sistema para uma distribuição normal (Ramo βiN da função de estado) As tabelas 3.14 a 3.16 correspondem a três opções testadas na definição de classes de estado, considerando uma distribuição normal, sendo que a terceira se revelou a mais robusta do ponto de vista da eficiência. Esta eficiência foi medida pela melhor cobertura do domínio de 189 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS classes de estado e pelo melhor valor de perplexidade do modelo, que se encontra mais próximo do valor de ajuste óptimo, que corresponde à unidade. qi1= 1 qi2= 2 qi3= 3 qi4= 4 qi5= 5 H1: Binário motor (Be) Min. médias [ Li(Z0,25) … Min. médias [ [ Li(Z0,1) … Li(Z0,25) [ [Li(Z0,025) … Li(Z0,1)[ < Li(Z0,025) H2: Pressão de sobrealimentação (PS) Min. médias [ Li(Z0,25) … Min. médias [ [ Li(Z0,1) … Li(Z0,25) [ [Li(Z0,025) … Li(Z0,1)[ < Li(Z0,025) H3: Pressão de óleo (PO) Min. médias [ Li(Z0,25) … Min. médias [ [ Li(Z0,1) … Li(Z0,25) [ [Li(Z0,025) … Li(Z0,1)[ < Li(Z0,025) Tabela 3.15 – Opção 2 de classificação dos estados do sistema para uma distribuição normal (Ramo βiN da função de estado) qi1= 1 qi2= 2 qi3= 3 qi4= 4 qi5= 5 H1: Binário motor (Be) Ls(Z0,25) [ Min. médias … Ls(Z0,25) [ [ Li(Z0,25) … Min. médias [ [ Li(Z0,05) … Li(Z0,25) [ < Li(Z0,05) H2: Pressão de sobrealimentação (PS) Ls(Z0,25) [ Min. médias … Ls(Z0,25) [ [ Li(Z0,25) … Min. médias [ [ Li(Z0,05) … Li(Z0,25) [ < Li(Z0,05) H3: Pressão de óleo (PO) Ls(Z0,25) [ Min. médias … Ls(Z0,25) [ [ Li(Z0,25) … Min. médias [ [ Li(Z0,05) … Li(Z0,25) [ < Li(Z0,05) Tabela 3.16 – Opção 3 de classificação dos estados do sistema para uma distribuição normal (Ramo βiN da função de estado) As tabelas 3.17 a 3.19 correspondem a três das opções testadas na definição de classes de estado, considerando uma distribuição t-student, tendo-se também constado da maior robustez do modelo referente à adopção da terceira. À semelhança da distribuição normal, esta eficiência foi avaliada pela melhor cobertura do domínio de classes de estado e pelo melhor valor de perplexidade do modelo, que se encontra mais próximo do valor de ajuste óptimo, que corresponde à unidade. qi1= 1 qi2= 2 qi3= 3 qi4= 4 qi5= 5 H1: Binário motor (Be) Li(Bs0,25) [ Li(Bs0,1) … Li(Bs0,25) [ [ Li(Bs0,05) … Li(Bs0,1) [ [ Li(Bs0,025) … Li(Bs0,05) [ < Li(Bs0,025) H2: Pressão de sobrealimentação (PS) Li(Bs0,25) [ Li(Bs0,1) … Li(Bs0,25) [ [ Li(Bs0,05) … Li(Bs0,1) [ [ Li(Bs0,025) … Li(Bs0,05) [ < Li(Bs0,025) H3: Pressão de óleo (PO) Li(Bs0,25) [ Li(Bs0,1) … Li(Bs0,25) [ [ Li(Bs0,05) … Li(Bs0,1) [ [ Li(Bs0,025) … Li(Bs0,05) [ < Li(Bs0,025) Tabela 3.17 – Opção 1 de classificação dos estados do sistema para uma distribuição t-student (Ramo βiN da função de estado) 190 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS qi1= 1 qi2= 2 qi3= 3 qi4= 4 qi5= 5 H1: Binário motor (Be) Min. médias [ Li(Bs0,25) … Min. médias [ [ Li(Bs0,1) … Li(Bs0,25) [ [Li(Bs0,025) … Li(Bs0,1)[ < Li(Bs0,025) H2: Pressão de sobrealimentação (PS) Min. médias [ Li(Bs0,25) … Min. médias [ [ Li(Bs0,1) … Li(Bs0,25) [ [Li(Bs0,025) … Li(Bs0,1)[ < Li(Bs0,025) [ Li(Bs0,25) [ Li(Bs0,1) [Li(Bs0,025) … … … < Li(Bs0,025) Min. médias [ Li(Bs0,25) [ Li(Bs0,1)[ Tabela 3.18 – Opção 2 de classificação dos estados do sistema para uma distribuição t-student (Ramo βiN da função de estado) H3: Pressão de óleo (PO) Min. médias qi1= 1 qi2= 2 qi3= 3 qi4= 4 qi5= 5 H1: Binário motor (Be) Ls(Bi0,25) [ Min. médias … Ls(Bi0,25) [ [ Li(Bs0,25) … Min. médias [ [ Li(Bs0,05) … Li(Bs0,25) [ < Li(Bs0,05) H2: Pressão de sobrealimentação (PS) Ls(Bi0,25) [ Min. médias … Ls(Bi0,25) [ [ Li(Bs0,25) … Min. médias [ [ Li(Bs0,05) … Li(Bs0,25) [ < Li(Bs0,05) H3: Pressão de óleo (PO) Ls(Bi0,25) [ Min. médias … Ls(Bi0,25) [ [ Li(Bs0,25) … Min. médias [ [ Li(Bs0,05) … Li(Bs0,25) [ < Li(Bs0,05) Tabela 3.19 – Opção 3 de classificação dos estados do sistema para uma distribuição t-student (Ramo βiN da função de estado) Os dados apurados revelaram-se, naturalmente, mais consistentes pela utilização da distribuição t-student, dada a reduzida dimensão da amostra de viaturas monitorizadas. O segundo ramo da função faz a avaliação do nível de degradação experimentado pelas variáveis de estado ou pela função de estado do sistema, ocorrida durante o último período de monitorização. Ou, o que é equivalente, faz a definição das classes de estado de saúde do sistema, através de comparação do valor de degradação experimentado pelas variáveis ou pela função de estado ao longo do pretérito período de monitorização. Os valores θ iN representam os escalões de classes de estado calculados para a função de estado ou para cada variável de estado, Hi. Este ramo só é aplicável no caso da diferença entre dois instantes consecutivos das séries temporais ser negativa, o que corresponde a uma degradação do estado de saúde. Deste modo, poder-se-ão também estabelecer as classes de estados com base nos limiares definidos para as variações negativas ou níveis de degradação das variáveis de estado, comparando 2 períodos consecutivos de um programa de monitorização. Esta metodologia adopta limiares diferenciados, caracterizados pela aplicação de uma função qui-quadrado às sequências cronológicas de valores experimentais recolhidos. A função de classificação compara o valor corrente de degradação experimentado pelas variáveis, com as estimativas de amplitudes de desvios-padrão, associadas a uma distribuição qui-quadrado, para diferentes níveis de significância. Matematicamente, é possível caracterizar os N limiares, 191 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS domínio do ramo θ iN da função de classificação dos estados, com base na variação WHi (t ) − WHi (t − ∆t ) . A definição das classes de estado está assim associada com a variação ocorrida nos valores dos atributos monitorizados, comparando-os com os valores críticos da distribuição quiquadrado. Os limiares definidos para o ramo θ iN correspondem a patamares de controlo, que traduzidas sob a forma matemática, utilizam as seguintes expressões ou funções do âmbito da estatística intervalar: LSiX = (n − 1) σˆ i 2 BI i X LI iX = (n − 1) e σˆ i 2 Bsi X 2 com BI i X e Bsi X em χ GL (Eq. 3.53) Os valores que foram aplicados ao indicador de variância, são os constantes das tabelas 3.20. Correspondem a uma das opções ensaiadas na definição de classes de estado, no pressuposto de que a distribuição das amplitudes de variação dos valores representativos das classes de estado segue uma distribuição qui-quadrado. qi1= 1 qi2= 2 qi3= 3 qi4= 4 qi5= 5 H1: Binário motor (Be) Li(Bs0,1) ] Li(Bs0,1) … Li(Bs0,25) ] ] Li(Bs0,25) … Ls(Bi0,25) ] ] Ls(Bi0,25) … Ls(Bi0,1) ] >Ls(Bi0,1) H2: Pressão de sobrealimentação (PS) Li(Bs0,1) ] Li(Bs0,1) … Li(Bs0,25) ] ] Li(Bs0,25) … Ls(Bi0,25) ] ] Ls(Bi0,25) … Ls(Bi0,1) ] >Ls(Bi0,1) H3: Pressão de óleo (PO) Li(Bs0,1) ] Li(Bs0,1) … Li(Bs0,25) ] ] Li(Bs0,25) … Ls(Bi0,25) ] ] Ls(Bi0,25) … Ls(Bi0,1) ] >Ls(Bi0,1) Tabela 3.20 – Opção de classificação dos estados do sistema associando a variação a uma distribuição qui-quadrado (Ramo θ iN da função de estado) Após esta classificação prévia, fica definido o critério de estabelecimento final da classificação qualitativa dos níveis de indicadores de estado. Por se tratarem de variáveis tidas como ocultas, pelo facto de apresentarem dificuldades de avaliação, sendo consideradas não mensuráveis nas condições normais de exploração e no sentido de encontrar uma forma de incorporar as diferentes variáveis, e também pelo facto de não termos encontrado resultados do mesmo nível e fiabilidade pela utilização de cada uma das variáveis individualmente, optou-se por conceber uma função de estado que normaliza as diferentes variáveis de estado. Considerando as três variáveis de estado, a função tem a forma: WST = a Be Be _ r e f +b PS PS _ ref +c PO PO _ ref (Eq. 3.54) Os valores de referência das variáveis de estado são também calculados estatisticamente, considerando sempre um valor óptimo e dificilmente superado nas monitorizações realizadas. Resultam da aplicação do conceito de limite superior do intervalo de confiança às sequências cronológicas de cada uma das variáveis de estado. São calculados através da expressão 192 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS estatística LS ( BI i X (α / 2) ) utilizando-se para o efeito um valor (α / 2) muito baixo. Optou-se por utilizar (α / 2) = 0, 01 . Sendo efectuada a codificação dos valores da função de estado para cada um dos três regimes seleccionados de recolha de informação nos veículos e por se ter optado por implementar um modelo por autocarro, a codificação final da função é efectuada através da expressão: Classificação final do estado = Arredondamento para cima (média (codificação da função de estado às 600 rpm; Idem 1150 rpm; Idem 1630 rpm)). Foram usados os regimes de rotação sem carga de 600 rpm por ser a rotação de ralenti, 1630 rpm por se tratar da máxima rotação atingida pelo motor na ausência de qualquer binário resistente e por último foi escolhida uma rotação intermédia de 1150 rpm muito próxima do ponto médio da amplitude de rotações. Como se referiu, cada variável de estado pode também ser tratada separadamente num modelo HMM específico. Nesse caso, seriam utilizados três modelos na avaliação de cada viatura: um que utilizaria como variável de estado o binário motor, outro a pressão de sobrealimentação e um último a variável pressão de óleo. Quanto à classificação dos dados experimentais das variáveis de emissão foram também utilizados critérios de inferência no âmbito de uma determinada distribuição estatística. Para cada uma das variáveis de emissões, que correspondem aos sinais observados, Vpj podem agora ser definidas as classes de emissões. Foi utilizada a opção de quatro níveis. Estes critérios permitem definir intervalos de emissões limitados por limiares correspondentes a limites enquadrados nas semi-amplitudes esquerda e/ou direita de diferentes intervalos de confiança com níveis de significância crescentes, para cada uma das variáveis de emissão YPj (t ) . Um espectro de emissões de um veículo de transportes corresponde à combinação, no domínio das classes de um conjunto de variáveis de impacto ambiental seleccionadas e medidas em simultâneo. Inclui não apenas as variáveis associadas com o fluxo de gases de escape mas também o ruído. Os espectros, que no caso presente são de cariz ecológico, compreendem um conjunto de variáveis pj, e são definidos com base nos diferentes limiares de alarme, em número M-1, associados a cada um dos indicadores. À semelhança da metodologia de caracterização das classes de estado os limiares de emissões são também calculados através da avaliação do máximo de uma função estatística, definida por dois ramos β jM e θ jM . Em termos matemáticos corresponde à seguinte avaliação: Classe Emissão = Máximo β jM ;θ jM ( se ∆ > 0 ) (Eq. 3.55) O primeiro ramo β jM corresponde à aplicação da matemática intervalar, em que as classes são definidas por critérios baseados em intervalos de confiança e médias de funções estatísticas associadas à distribuição normal ou t-student. Este critério permite quantificar os intervalos das classes, ou níveis, para cada rotação / carga do motor. 193 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS O segundo ramo da função, θ jM , corresponde também à aplicação da matemática intervalar em que as classes são definidas por critérios baseados em intervalos de confiança de uma função estatística associada à distribuição qui-quadrado. A variável ∆ corresponde à variação positiva do valor das variáveis de emissão entre o instante de monitorização anterior e o instante de monitorização corrente. Assim, na definição de classes de emissões do modelo, no caso de se tratar de uma distribuição normal o valor actual, ou o valor que está a ser medido, de qualquer variável sob ( monitorização é comparado com LI z jM (α / 2) ) ( e LS z jM (α / 2) ) que representam os limites superior e inferior do intervalo de confiança para um nível de significância de ((1 − α ).100) % . ( ) Por sua vez o valor é comparado com LI Bs j M (α / 2) e LS ( BI j M (α / 2) ) no caso de se tratar de uma distribuição de t-student. Ao mesmo tempo o algoritmo compara o valor corrente de degradação experimentado pelas variáveis de emissões Ο Pj (t ) − Ο Pj (t − ∆t ) , com as estimativas de amplitudes de desviospadrão, associadas a uma distribuição qui-quadrado, para diferentes níveis de significância. A análise estatística é efectuada por séries de modelos de viaturas, sendo que uma série corresponde a um conjunto de viaturas com idênticas características físicas. Para uma frota sob monitorização, os limiares avaliados no ramo β jM , encontram-se associados a níveis crescentes de preocupações ambientais, sendo função de propriedades estatísticas representativas das observações de outputs dos diferentes autocarros. A definição destes limiares está associada à política de manutenção baseada na condição. Correspondem a patamares de controlo, que traduzidas sob a forma matemática, se representam por: Para uma distribuição normal: L jy = µˆ ± ( Z j y (α / 2)) Para uma distribuição t-student: L jy = µˆ ± ( B j y (α / 2)) σˆ j n σˆ j n y = 1...( N − 1) (Eq. 3.56) y = 1...( N − 1) (Eq. 3.57) Na expressão, Liy, que inclui LIjy e LSjy, representa os M-1 limites superiores e/ou inferiores do intervalo de confiança para um nível de significância de ((1 − α ) × 100)% . Correspondem aos M-1 limiares de cada um dos indicadores de emissões. Um menor valor de Ljy corresponde a um patamar mais restritivo do impacto ambiental. A variável n corresponde ao número de elementos da amostra, que não é mais do que o número de viaturas da série sob monitorização. Para uma distribuição normal e no sentido de atenuar os enviesamentos utilizase um mínimo de 30 veículos automóveis, cujos atributos sob monitorização são recolhidos ao longo do tempo. Por sua vez, µ̂ e σˆ correspondem à média e ao desvio padrão das sequências cronológicas para cada um dos atributos ecológicos seleccionados para monitorização na frota. Os termos Zjy e Bjy, (em que este último inclui BSjy e BIjy), correspondem às abcissas das semi-amplitudes, esquerda e/ou direita, da variável padronizada para uma distribuição normal ou distribuição t-student, respectivamente, que permitem definir a caudas dessas mesmas distribuições. No estudo de frotas, os níveis de exigência impostos aos modelos utilizados na presente dissertação comportam 4 limiares de activação de alertas de segurança ou risco. 194 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS As tabelas 3.21 a 3.23 correspondem a três das opções testadas na definição de classes de emissões, considerando uma distribuição normal, sendo que a terceira, se revelou a mais robusta do ponto de vista de eficiência, pelo que foi a seleccionada. Esta eficiência foi avaliada pela melhor cobertura do domínio de classes de espectros de emissões e pelo melhor valor de perplexidade do modelo, que se encontra mais próximo do valor de ajuste óptimo, que corresponde à unidade. Vj1= 1 Vj2= 2 Vj3= 3 Vj4= 4 P1: Opacidade (Opac) <= Ls(Z0,25) ] Ls(Z0,25)… Ls(Z0,1) ] ] Ls(Z0,1) … Ls(Z0,025) ] > Ls(Z0,025) P2: Óxidos de azoto (NOx) <= Ls(Z0,25) ] Ls(Z0,25)… Ls(Z0,1) ] ] Ls(Z0,1) … Ls(Z0,025) ] > Ls(Z0,025) P3: Dióxido de carbono (CO2) <= Ls(Z0,25) ] Ls(Z0,25)… Ls(Z0,1) ] ] Ls(Z0,1) … Ls(Z0,025) ] > Ls(Z0,025) P4: Ruído (Noise) <= Ls(Z0,25) ] Ls(Z0,25)… Ls(Z0,1) ] ] Ls(Z0,1) … Ls(Z0,025) ] > Ls(Z0,025) Tabela 3.21 – Opção 1 de classificação das variáveis de emissão para uma distribuição normal (Ramo β jM da função de emissões) Vj1= 1 Vj2= 2 Vj3= 3 Vj4= 4 P1: Opacidade (Opac) <= Mín. médias ] Mín. médias… Máx. médias ] ] Máx. médias … Ls(Z0,1) ] > Ls(Z0,1) P2: Óxidos de azoto (NOx) <= Mín. médias ] Mín. médias… Máx. médias ] ] Máx. médias … Ls(Z0,1) ] > Ls(Z0,1) P3: Dióxido de carbono (CO2) <= Mín. médias ] Mín. médias… Máx. médias ] ] Máx. médias … Ls(Z0,1) ] > Ls(Z0,1) P4: Ruído (Noise) <= Mín. médias ] Mín. médias… Máx. médias ] ] Máx. médias … Ls(Z0,1) ] > Ls(Z0,1) Tabela 3.22 – Opção 2 de classificação das variáveis de emissão para uma distribuição normal (Ramo β jM da função de emissões) As tabelas 3.24 a 3.26 correspondem a três das opções testadas na definição de classes de emissões, considerando uma distribuição t-student, tendo-se também constatado da maior robustez do modelo quando da adopção da terceira. Também aqui foi testada a eficiência através de avaliação da melhor cobertura do domínio de classes de espectros de emissões e pelo melhor valor de perplexidade do modelo, que se encontrava mais próximo do valor de ajuste óptimo que corresponde à unidade. 195 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Vj1= 1 Vj2= 2 Vj3= 3 Vj4= 4 P1: Opacidade (Opac) <= Li(Z0,1) ] Li(Z0,1)… Máx. médias ] ] Máx. médias … Ls(Z0,25) ] > Ls(Z0,25) P2: Óxidos de azoto (NOx) <= Li(Z0,1) ] Li(Z0,1)… Máx. médias ] ] Máx. médias … Ls(Z0,25) ] > Ls(Z0,25) P3: Dióxido de carbono (CO2) <= Li(Z0,1) ] Li(Z0,1)… Máx. médias ] ] Máx. médias … Ls(Z0,25) ] > Ls(Z0,25) P4: Ruído (Noise) <= Li(Z0,1) ] Li(Z0,1)… Máx. médias ] ] Máx. médias … Ls(Z0,25) ] > Ls(Z0,25) Tabela 3.23 – Opção 3 de classificação das variáveis de emissão para uma distribuição normal (Ramo β jM da função de emissões) Vj1= 1 Vj2= 2 Vj3= 3 Vj4= 4 P1: Opacidade (Opac) <= Ls(Bi0,25) ] Ls(Bi0,25)… Ls(Bi0,1) ] ] Ls(Bi0,1) … Ls(Bi0,025) ] > Ls(Bi0,025) P2: Óxidos de azoto (NOx) <= Ls(Bi0,25) ] Ls(Bi0,25)… Ls(Bi0,1) ] ] Ls(Bi0,1) … Ls(Bi0,025) ] > Ls(Bi0,025) P3: Dióxido de carbono (CO2) <= Ls(Bi0,25) ] Ls(Bi0,25)… Ls(Bi0,1) ] ] Ls(Bi0,1) … Ls(Bi0,025) ] > Ls(Bi0,025) P4: Ruído (Noise) <= Ls(Bi0,25) ] Ls(Bi0,25)… Ls(Bi0,1) ] ] Ls(Bi0,1) … Ls(Bi0,025) ] > Ls(Bi0,025) Tabela 3.24 – Opção 1 de classificação das variáveis de emissão para uma distribuição t-student (Ramo β jM da função de emissões) Vj1= 1 Vj2= 2 Vj3= 3 Vj4= 4 P1: Opacidade (Opac) <= Mín. médias ] Mín. médias… Máx. médias ] ] Máx. médias … Ls(Bi0,1) ] > Ls(Bi0,1) P2: Óxidos de azoto (NOx) <= Mín. médias ] Mín. médias… Máx. médias ] ] Máx. médias … Ls(Bi0,1) ] > Ls(Bi0,1) P3: Dióxido de carbono (CO2) <= Mín. médias ] Mín. médias… Máx. médias ] ] Máx. médias … Ls(Bi0,1) ] > Ls(Bi0,1) P4: Ruído (Noise) <= Mín. médias ] Mín. médias… Máx. médias ] ] Máx. médias … Ls(Bi0,1) ] > Ls(Bi0,1) Tabela 3.25 – Opção 2 de classificação das variáveis de emissão para uma distribuição t-student (Ramo β jM da função de emissões) 196 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Vj1= 1 Vj2= 2 Vj3= 3 Vj4= 4 P1: Opacidade (Opac) <= Li(Bs0,1) ] Li(Bs0,1)… Máx. médias ] ] Máx. médias … Ls(Bi0,25) ] > Ls(Bi0,25) P2: Óxidos de azoto (NOx) <= Li(Bs0,1) ] Li(Bs0,1)… Máx. médias ] ] Máx. médias … Ls(Bi0,25) ] > Ls(Bi0,25) P3: Dióxido de carbono (CO2) <= Li(Bs0,1) ] Li(Bs0,1)… Máx. médias ] ] Máx. médias … Ls(Bi0,25) ] > Ls(Bi0,25) P4: Ruído (Noise) <= Li(Bs0,1) ] Li(Bs0,1)… Máx. médias ] ] Máx. médias … Ls(Bi0,25) ] > Ls(Bi0,25) Tabela 3.26 – Opção 3 de classificação das variáveis de emissão para uma distribuição t-student (Ramo β jM da função de emissões) Embora seja importante a avaliação do valor médio das variáveis de estado ou da função de estado, é também relevante conhecer a sua variação relativa em dois períodos consecutivos. Por isso se recorre ao habitual estimador da variância, utilizando-se a distribuição do qui2 . quadrado, χGL Consequentemente, poder-se-ão também estabelecer as classes de emissões com base nos limiares definidos para as variações positivas ou níveis de degradação das variáveis de emissões, comparando 2 períodos consecutivos de um programa de monitorização. Assim, o segundo ramo da avaliação θ jM faz a classificação do nível de degradação do atributo, comparando o seu valor actual com o apresentado no anterior período de monitorização. Ou, o que é equivalente, faz a definição das classes de emissões do sistema, com base na comparação do valor de degradação experimentado pelas variáveis ao longo do intervalo de tempo decorrido entre o instante de monitorização actual e o instante anterior. Assim, o ramo θ jM contribui para a definição dos escalões de classes de emissões para cada variável ecológica, Pj. Também neste caso, a metodologia adopta limiares diferenciados, caracterizados pela aplicação de uma função qui-quadrado às sequências cronológicas de valores experimentais recolhidos. A função de classificação é definida através de comparação do valor corrente de degradação experimentado pelas variáveis, com as estimativas de amplitudes de desviospadrão, associadas a uma distribuição qui-quadrado, para diferentes níveis de significância. Utilizando a linguagem matemática, podemos dizer que na explicitação do algoritmo é feita a caracterização de M-1 limiares, que servem de comparação à variação Ο Pj (t ) − Ο Pj (t − ∆t ) . A definição das classes de emissões está associada com a variação ocorrida nos valores dos atributos monitorizados, comparando-os com os valores críticos da distribuição quiquadrado. Os limiares definidos para o ramo θ jM correspondem a patamares de controlo, que traduzidas sob a forma matemática, utilizam as seguintes expressões ou funções do âmbito da estatística intervalar: 197 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS LS jY = (n − 1) σˆ j 2 BI jY e LI jY = ( n − 1) σˆ j 2 Bs jY com BI jY e Bs jY em 2 χ GL (Eq. 3.58) A tabela 3.27 corresponde à opção seleccionada na definição de classes de emissões, considerando que a distribuição das amplitudes de variação dos valores representativos das classes de emissões segue uma distribuição qui-quadrado. Vj1= 1 Vj2= 2 Vj3= 3 Vj4= 4 P1: Opacidade (Opac) Li(Bs0,25) ] Li(Bs0,25) … Ls(Bi0,25) ] ] Ls(Bi0,25) … Ls(Bi0,1) ] > Ls(Bi0,1) P2: Óxidos de azoto (NOx) Li(Bs0,25) ] Li(Bs0,25) … Ls(Bi0,25) ] ] Ls(Bi0,25) … Ls(Bi0,1) ] > Ls(Bi0,1) P3: Dióxido de carbono (CO2) Li(Bs0,25) ] Li(Bs0,25) … Ls(Bi0,25) ] ] Ls(Bi0,25) … Ls(Bi0,1) ] > Ls(Bi0,1) P4: Ruído (Noise) Li(Bs0,25) ] Li(Bs0,25) … Ls(Bi0,25) ] ] Ls(Bi0,25) … Ls(Bi0,1) ] > Ls(Bi0,1) Tabela 3.27 - Classes de emissões associando a variação a uma distribuição qui-quadrado (Ramo θ jM da função de estado) Não faria muito sentido a utilização de um modelo escondido de Markov, associado a cada um dos diferentes indicadores de emissões, com focagem num ponto de mapeamento do motor ou ciclo de condução do veículo. Por isso, se optou pela utilização de uma combinação de indicadores de emissões, a que foi atribuída a denominação de espectro de emissões. O estabelecimento das classes de emissões, integradas no modelo, segue a seguinte metodologia: 1-Classificação do valor do indicador de emissões, numa escala de 1 a 4, conforme foi especificado. 2-Definição do espectro de emissões para cada regime de rotação, em função das classes de cada um dos valores dos quatro indicadores: 2.1- Espectro de emissões às 600 rpm = f (Codificação OPAC600; Codificação NOx600; Codificação CO2600; Codificação NOISE600). 2.2- Espectro de emissões às 1150 rpm = f (Codificação OPAC1150; Codificação NOx1150; Codificação CO21150; Codificação NOISE1150). 2.3- Espectro de emissões às 1630 rpm = f (Codificação OPAC1630; Codificação NOx1630; Codificação CO21630; Codificação NOISE1630). 3-Cálculo da média dos valores codificados, mediante utilização da função: Classificação final do espectro de emissões = Arredondamento para cima (média (codificação dos espectros de emissões às 600 rpm; Idem 1150 rpm; Idem 1630 rpm)). 198 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Existindo quatro indicadores de emissões, cada um dos quais com quatro classes de emissões, resulta um total de duzentos e cinquenta e seis diferentes espectros de emissões. Este valor corresponde ao resultado da função C = Mi, em que M corresponde ao número de classes de emissão de cada uma das variáveis e i representa o número de variáveis ecológicas. A utilização de um tão grande número de espectros de emissões só poderia ser equacionada se existissem suficientes valores históricos que permitissem estabelecer relações estatísticas com os diferentes estados de saúde do sistema. ! $ $ $ ! $ &' &' &' &' ) &' &' &' &' ) &' &' &' &' ) &' &' &' &' ) ) ) &' &' ) &' ) &' ) &' &' ) &' ) ) &' &' ) &' ) &' &' ) ) ) ) ) &' ) ) &' ) &' ) ) ) ) &' ) ) ) ) ) ) &') &') &') * &') * &') &') &') &') * &') &') &') * * &') * * &') &') * &') * &') * * * * &') &') &') * &') * &') * &') &') * * &') * * * * &') &') * * * &') * * &') * * * * * "# %$ ( ( % %) %* %+ %, %%. %/ %$0 %$$ Tabela 3.28 - Combinações de emissões do modelo, para quatro variáveis ecológicas 199 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Para melhor operacionalização do programa informático desenvolvido em MATLAB, atendendo a que existe sempre um contrabalanço entre o aumento de opacidade e a diminuição de NOx e vice-versa, e também pelo facto do tempo de ensaios nos autocarros não ter permitido uma avaliação exaustiva de um espectro mais pormenorizado, foi feita a opção de reduzir os níveis de emissões para 11, de acordo com a tabela lógica 3.28. A redução para 11 classes de espectros, está suportada em critérios de análise combinatória obtida com as classes definidas para os indicadores ecológicos e também na perspectiva de uma futura associação das classes de espectros a graus de gravidade de disfunções diferenciados bem como à ocorrência de anomalias em diferentes sistemas e/ou componentes do motor. O único inconveniente é passarmos de uma matriz de emissões 5*4 para uma matriz de emissões 5*11. Trabalhar com uma matriz 5*256 tornar-se-ia uma missão impossível com a exiguidade de dados recolhidos. O preenchimento de matrizes com tal dimensão necessitaria de um longo período de acompanhamento de cada uma das séries de veículos. A garantia de cobertura do período de vida de um autocarro levaria em média oito anos. Daí a necessidade da presente investigação ter de introduzir algumas simplificações. A operacionalização do modelo foi feita em ficheiro Excel e, posteriormente, de uma forma mais dinâmica, utilizando um programa informático concebido em MATLAB. Este critério permite quantificar os intervalos das classes ou níveis de emissões, para diferentes poluentes e regime de rotação/carga do motor. Os indicadores ecológicos são assim as variáveis de condição do modelo, cuja correlação com as variáveis de estado do sistema se procura encontrar. Quando existam condições de realização dos ensaios mediante adopção de ciclos de condução padronizados, utilizados na homologação dos veículos, poderão ser impostos outros critérios. Um deles passa por definir um dos limiares, com base na comparação dos valores de emissão actuais, relativamente aos valores de homologação, OPjo. OPj (t ) − OPj 0 OPj 0 > ζi (Eq. 3.59) Os valores de homologação correspondem a estados e ciclos de teste de referência, nem sempre reprodutíveis para as condições de realização dos ensaios. Existindo condições de reprodutividade dos ciclos de condução subjacentes à elaboração da legislação, a definição de outro dos limiares pode passar pela comparação dos valores de emissão correntes, com os valores limite legais, OPjL. OPj (t ) − OPj L OPj L > χi (Eq. 3.60) Quando não sejam conhecidos ou não existam valores de referência para as condições de teste, o que corresponde às utilizadas nas instalações dos SMTUC, serão tomados como referências valores limites de intervalos de confiança definidos para as sequências cronológicas, resultantes de recolha nos autocarros em avaliação, bem como os valores médios das sequências cronológicas referentes ao conjunto de todas as viaturas da mesma série / modelo, envolvidas no estudo. Esta metodologia pode mesmo ser alargada ao controlo de todas as viaturas que circulam num arco de via de uma cidade, via rápida ou auto-estrada. Neste cenário de aplicação de 200 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS práticas de controlo ambiental no sector dos transportes rodoviários, os pontos de mapeamento do motor cobertos pelas condições de exploração e as respectivas medições, são em número muito elevado, atendendo à variedade de regimes teoricamente possíveis de funcionamento de um motor. É sob estas condições que são estabelecidas e emparelhadas as duas sequências cronológicas, uma das quais define o vector de desempenho do sistema, muitas vezes oculto, e a outra a matriz de emissões referente a cada um dos indicadores ambientais. As políticas preconizadas pelas normas PAS 55-1:2008 e PAS 55-2:2008 incluem medidas reactivas ao deficiente desempenho e/ou utilização de variáveis de condição para monitorizar deteriorações relacionadas com os activos, falhas, incidentes, não conformidades (incluindo próximas perdas) e outras evidências históricas de deficiente desempenho do sistema (processo) de gestão de activos. Após as fases de recolha de emissões e tratamento de dados em classes, é utilizado um modelo HMM para cada um dos poluentes Pj no sentido de determinar o correspondente, mais provável, estado do motor. Este passo inclui a identificação da variável de estado Hˆ i (t ) , cuja degradação apresenta a melhor correlação com a ocorrência de impactos ecológicos. O símbolo “ ” corresponde ao valor estimado do valor da variável de estado de degradação que excedeu o limiar de alerta e que, portanto, indica a causa raiz da degradação. Em sequência, poderia ser activado um segundo modelo HMM com o objectivo de identificar o componente ou subsistema que apresenta a maior probabilidade de estar a provocar tal disfunção. O componente identificado corresponde ao elemento disfuncional mais provável, com responsabilidade na ultrapassagem do limiar de alarme. A metodologia que provavelmente se revelará mais eficiente consiste em desenvolver um modelo por cada tipo de disfunção do motor. Perante a ocorrência de determinado espectro de emissões, o algoritmo avaliará todos os modelos e identificará aquele que revele a maior correlação entre espectro de emissões e tipologia de disfunção. Só em caso de identificação de alterações, no âmbito do primeiro estágio do programa de monitorização, são activados os sub-modelos de detecção de disfunções tendo em vista o isolamento da anomalia. Em qualquer caso, o objectivo do prognóstico consiste em predizer como é que a degradação do desempenho se deteriorará até um nível inaceitável. Este objectivo pode ser expresso por: Ο Pj (t + ∆t ) > ψ i e WHi (t + ∆t ) > δ i , (Eq. 3.61) onde, ψ i , corresponde ao limite aceitável do nível de emissões do poluente Pj e Hi é o correspondente limite da função de estado ou da variável de estado, mais representativa da degradação do desempenho do sistema. Por sua vez, ∆t corresponde ao tempo que decorre entre o instante actual e o momento de ocorrência de disfunção ou falha. Este período de tempo é também referenciado como vida útil remanescente do sistema. Importa distinguir o método de detecção e classificação da disfunção em relação ao método de diagnóstico da disfunção. Enquanto o primeiro se reporta a uma situação em que a disfunção já existe, o segundo permite a detecção precoce de sintomas de patologias ainda não evidenciadas. 201 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS A tarefa de diagnóstico da falha consiste na determinação do seu tipo, dimensão e localização. Através de monitorização, medida e análise das variáveis ambientais, sempre que se registem tolerâncias inaceitáveis deve sempre ser emitido o respectivo alarme. A meta para os diagnósticos (Jaw 2005) consiste em detectar degradações de desempenhos alarmantes e identificar as causas que estão na base dessas mesmas degradações. Existindo dois tipos de variáveis ou indicadores, as ocultas e as visíveis, torna-se imperioso que na fase de concepção e calibração seja assegurada a medição das duas sequências cronológicas, relegando para a fase de validação a medição exclusiva das variáveis visíveis. A fase de validação e a posterior utilização do modelo permite inferir a classe das variáveis ocultas, que se traduz na caracterização da classe de estado do bem ou equipamento. Depreende-se que na fase de utilização do modelo na avaliação de um sistema, o objectivo do diagnóstico consiste na detecção de um perfil de indicadores de saída do sistema, que pode corresponder a uma combinação de classes de variáveis ecológicas, que a seguir se designa por espectro de emissões, e inferir o estado provável do sistema. /,3 ? ; $% ># # $% O modelo de manutenção condicionada de autocarros urbanos, na perspectiva vertida na presente tese, tem subjacente o acompanhamento da evolução de indicadores relevantes, numa perspectiva ecológica. Para a realização do estudo, foi aproveitada a gentileza dos Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC) que permitiram o acompanhamento de 4 viaturas de marca Mercedes Benz, modelo Citaro O 530. Quando existem condições de aplicação de ciclos de condução na avaliação do funcionamento de veículos, ficam reunidas as condições de controlo das restrições aos limites de emissão definidos na regulamentação ambiental aplicável ao sector dos transportes no que respeita às diferentes variáveis de impacto ambiental. Esta prática permite ainda o controlo dos respectivos níveis de degradação. Especificamente, um modelo abrangente poderá ter como objectivo o controlo das seguintes variáveis de condição do sistema: Partículas de dimensão inferior a 10 µm (PM10) ou opacidade dos fumos (m-1); Óxidos de azoto (NOx); Monóxido de carbono (CO); Hidrocarbonetos (HC); Dióxido de carbono (CO2) e ou consumo de combustível; Variáveis de degradação das características do óleo do motor; Nível de ruído junto ao motor e à saída do sistema de escape (dBA). A avaliação experimental centra-se especialmente na monitorização da evolução da degradação dos efluentes, tomando como referência limites ambientalmente admissíveis. A partir de tal recolha de dados é feita a concepção de um algoritmo de prevenção de ocorrência 202 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS de disfunções no motor e no sistema de tratamento de gases de escape do veículo, possibilitando, inclusivamente, a avaliação dos impactos decorrentes de ausência de lubrificação ou de fluido de refrigeração. O sub-capítulo em análise compreende toda a operacionalização dos modelos HMM concebidos para a detecção de estados de saúde ocultos e dificilmente mensuráveis. Após algumas considerações gerais, é feito o enquadramento e justificação do processo de montagem do sistema de monitorização manual em autocarros urbanos. A abordagem inscreve-se num conjunto de metodologias de manutenção de motores diesel instalados em autocarros urbanos, baseando-se em indicadores ambientais que permitem predizer ou servir de sintomatologia de predição do estado de saúde dos equipamentos. Toma em consideração várias restrições à geração de externalidades negativas em que se incluem, entre outros, os factores ambientais de protecção da saúde humana. A operacionalização do HMM foi feita inicialmente em ficheiro Excel, passando depois à programação em vários ficheiros em linguagem MATLAB, comparando-se os diferentes algoritmos. Após se ter concluído que os resultados eram exactamente os mesmos, procedeuse à integração dos ficheiros desenvolvidos em MatLab, que ao contrário do Excel nos permite uma actualização dinâmica para aplicações diferenciadas. A enorme versatilidade do Matlab decorre por um lado do facto de permitir a fácil mudança do número de classes de estados e de classes de espectros de emissões e por outro na facilidade de mudança do número de instantes de monitorização e de instantes de validação. Tudo no MatLab é facilmente adaptável. O estado de saúde de um autocarro pode ser associado a um conjunto muito vasto de variáveis em que se enquadram a carga, o binário efectivo, a pressão de sobrealimentação e a pressão do óleo de lubrificação. A classificação dos estados de saúde dos veículos no que respeita ao motor e sistemas de pós-tratamento é realizada com base no tratamento de uma função de estado (Eq. 3.49). Esta função é definida e construída utilizando uma soma ponderada de três parcelas onde são relacionados os valores das três variáveis de estado, objecto de recolha experimental, com os valores de referência dessas mesmas variáveis. Estes valores de referência correspondem aos limites superiores do intervalo de confiança da amostra de atributos medidos em todas as viaturas de uma dada série monitorizada, para um nível de significância de 98 %. Para uma distribuição normal: Ls j 0,01 = µˆ + ( Z j (0, 01)) Para uma distribuição t-student: Ls j 0,01 = µˆ + ( BI j (0, 01)) σˆ j n σˆ j n (Eq. 3.62) (Eq. 3.63) Porém, atendendo ao facto da recolha de dados nas instalações dos SMTUC ter sido efectuada sem imposição de resistência ao funcionamento do motor, com cargas próximas de zero, optámos pela exclusão da carga na nossa avaliação. Contudo, o programa foi concebido no sentido de poder vir a corresponder à integração da carga no modelo, porquanto esta constituir uma variável de relevante influência nas restantes variáveis de estado. Deste modo, nesta avaliação manual, não se inclui a cinemática e a dinâmica do veículo que constituem indicadores eficientes da carga do motor. A avaliação da física do veículo, quando em circulação, pode ser caracterizada pela velocidade, aceleração e VSP, tarefa indispensável quando da aplicação de tecnologias de controlo remoto de emissões de frotas de transportes. 203 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Os ensaios de suporte à presente investigação foram realizados sem carga do motor em 3 regimes de rotação. O primeiro corresponde ao regime de ralenti, o qual foi afinado na série em avaliação nas 630 rpm. O segundo regime foi definido às 1150 rpm, por constituir um regime intermédio na amplitude de funcionamento sem carga. O último corresponde à velocidade máxima atingida ao ralenti sem carga, com afinação no regulador da bomba de alimentação nas 1630 rpm. O modelo na sua fase de montagem faz a integração das diferentes variáveis ocultas monitorizadas, sintetizando todas as variáveis de estado seleccionadas numa única função de estado e compila as variáveis de emissões numa biblioteca de combinação de emissões. Esta combinação de emissões abrange diferentes espectros de emissões, sendo que um espectro de emissões corresponde a uma combinação de classes dos quatro indicadores de emissão utilizados. No limite, poder-se-iam utilizar 36 modelos por viatura, correspondentes ao produto dos regimes de funcionamento sem carga seleccionados (3) pelo número de variáveis de emissão (4) e pelo número de variáveis de estado (3). Por eficácia de aplicação dos modelos, uma combinação de variáveis de emissão para além de reduzir significativamente a dimensão dos algoritmos, permite incorporar as correlações existentes entre tais indicadores. Estes conjuntos de vectores característicos são usados como inputs de modelos HMM e em futuros desenvolvimentos do tema, em caso de detecção de disfunções, poderão alimentar um segundo modelo também baseado em HMM ou em redes neuronais, que avaliará cada um dos sub-sistemas ou componentes para identificar as respectivas causas. As variáveis de estado só são medidas na fase de concepção e calibração do modelo. A partir daí trabalharemos com classes de estado que para o HMM são ocultas e susceptíveis de serem descodificadas através das variáveis ecológicas visíveis e facilmente mensuráveis. Um modelo escondido de Markov é um modelo de Markov (cadeia de Markov) onde os estados do modelo não são conhecidos, observando-se apenas os sinais emitidos pelo sistema em cada unidade de tempo t. Após o estágio de concepção ou de desenvolvimento, existem 2 fases de operacionalização de um HMM: I – Estimação, treino ou calibração. II - Reconhecimento, classificação ou validação. Obviamente que do ponto de vista tecnológico seria exequível a instalação de dispositivos de medição de binário efectivo, pressão de sobrealimentação e pressão do óleo de lubrificação em todos os veículos. Poder-se-á questionar porque não utilizar directamente as variáveis de estado ditas ocultas na caracterização dos estados. Primeiro, porque dessa forma poderíamos estar a desprezar outras variáveis importantes de caracterização dos estados, como por exemplo os consumos de combustível. Segundo, porque não estaríamos a incorporar variáveis ecológicas que são determinantes na avaliação das externalidades geradas pelos transportes. Terceiro, porque com sistemas massivos de detecção remota de poluentes, torna-se possível inspeccionar todos os veículos da frota dos SMTUC, não só à saída aquando do início do serviço de exploração, como também na recolha no final do dia com custos insignificantes, ao contrário da medição dos valores das variáveis de estado com dispositivos instalados em cada uma das unidades de transportes que obrigaria a elevados custos económico-financeiros. 204 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Quando se consideram as emissões dos veículos Diesel, em que se inserem os autocarros urbanos, as partículas e o NOx são os poluentes que suscitam maiores preocupações. Porém, as emissões de PM não têm sido consideradas nos modelos habitualmente disponíveis, apesar da sua importância na perspectiva de salvaguarda da saúde pública, talvez devido à falta de estudos exaustivos sobre as mesmas. Os modelos de gestão de manutenção dos veículos são determinantes nos impactos ambientais, na segurança, na fiabilidade e na eficiência do motor. As falhas mais comuns encontradas nos programas de inspecção de veículos encontram-se relacionadas com os níveis de emissões poluentes devidas a anomalias no motor, incluindo as relacionadas com o sistema de alimentação de combustível e ralenti desafinado, bem como as associadas ao sistema de pós-tratamento dos gases de escape e sistema de travagem. Estima-se que a falta de manutenção possa resultar num agravamento do consumo de combustível superior a 40% % (Baker 1994). Um estudo desenvolvido no Canadá (OEE 2007) veio reforçar esta predição ao defender que esta percentagem poderá mesmo ficar aquém dos valores reais, estimando aumentos que podem chegar aos 50%. O mesmo estudo refere agravamentos com níveis de percentagem superiores quando se trata de avaliar o incremento do impacto ambiental, o que demonstra a importância de metodologias eficazes de manutenção planeada sistemática ou preditiva. Em suma, os programas de inspecção e manutenção podem fornecer dados tendo em vista a caracterização do perfil global de emissões da frota de veículos. Porém, apenas uma parte muito pequena do subconjunto de dados inclui medições simultâneas que permitam avaliar possíveis relações entre o regime de operação do veículo e a taxa de emissões poluentes instantâneas. Os modelos instantâneos desenvolvidos são importantes para analisar com precisão os impactos ambientais de autocarros urbanos, decorrente de iniciativas ao nível das vias de comunicação e transportes, tal como, por exemplo, ao nível do projecto das intersecções rodoviárias e das medidas de acalmia de tráfego (Simões_Andreia; et al. 2001). /,3," # ; $% & * 1 Um processo fiável de concepção, estimação e calibração de modelos escondidos de Markov em sistemas de manutenção de transportes rodoviários, de pendor ecológico, assume especial relevância no grau de eficiência atingido. O estágio de estimação ou calibração de um modelo é também denominado de fase de treino. Neste tipo de estudos é importante que as frotas de veículos sejam divididas em classes de veículos de características homogéneas. Estas classes são predefinidas com base em atributos em relação aos quais se reconhece através de estudos científicos alguma influência no nível de emissões poluentes. Representam classes de séries de veículos, que tem em comum o motor, tipo de combustível, tecnologia de controlo do sistema de tratamento de efluentes, sistema de atenuação de ruído, relação potência - massa do veículo, nível de certificação de emissões e o grau de emissividade do veículo (normal, elevado) (Barth et al. 2005). A quilometragem acumulada e a severidade das condições de exploração constituem factores de degradação 205 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS que explicam as diferenças de impactos ambientais. Deste modo, para implementar os modelos torna-se necessário definir para cada uma das classes o seu perfil ecológico. Contudo, é sobre cada um dos veículos, individualmente, que recai a avaliação do comportamento ecológico. Na ausência de informação discretizada por séries, o agrupamento por classes também pode ser definido utilizando ferramentas estatísticas com base em emissões medidas (Frey et al. 2001). A tabela 3.29 mostra o exemplo mais simples de definição de classes de veículos pesados em função do ano de construção. Ano de construção A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10 74-77 78-81 82-85 86-89 90-93 94-97 98-01 01-04 05-08 09-11 Tabela 3.29 - Classes de veículos em função do ano de construção (Adaptado de (Frey et al. 2001)) Porém, uma avaliação mais refinada centra-se na definição de séries que traduzem um perfil homogéneo de atributos. No que se reporta à presente aplicação de modelos HMM na identificação de estados de motores de autocarros de serviço urbano, por imperativos de carácter operacional, foi restringida a base de análise a 4 autocarros Mercedes Citaro O-530. Genericamente podemos definir para cada série, um conjunto de variáveis aleatórias X(t)=(W(t),Y(t)) onde e WHi (t ) corresponde a variáveis de estado ocultas, Hi, que descrevem eventos ou atributos correlacionados com YPj (t ) , em que estas variáveis YPj (t ) representam um conjunto ou uma combinação de sinais de emissão observados, de tipologia Vpj, sendo que Vpj corresponde aos diferentes impactos ecológicos (pollutants). Como resultado de uma monitorização desses mesmos atributos em intervalos de tempo de dimensão constante, obtém-se uma sequência oculta (que não é observada) de estados percorridos e uma sequência de símbolos ecológicos (que é observada). Na concepção, estimação e calibração de um HMM ecológico, procede-se à avaliação discretizada das variáveis ocultas em exploração normal da frota, WHi (t ) , representativas do estado de saúde do sistema. As variáveis de estado WHi (t ) seleccionadas constam da tabela 3.30, em que Lo e n são variáveis de estado independentes. As restantes 3 variáveis dependentes são as representativas dos estados i, surgindo codificadas por Be, Ps e Po (Binário Motor, Pressão do Óleo e Pressão de Ar do Turbo). Estas variáveis dependem de Lo e n. Cada variável de estado pode ser tratada separadamente num modelo HMM específico. Neste pressuposto, seriam utilizados três modelos na avaliação de cada viatura: um que utilizaria como variável de estado o binário motor, outro a pressão de sobrealimentação e um último a variável pressão de óleo. Esta metodologia de classificação do modelo deve-se ao facto dos estados não serem facilmente reconhecidos e objectivamente mensuráveis quando se procura fazer o seu reconhecimento, mesmo com o veículo em operação numa rede de transportes sob vigilância. 206 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS O estado no instante t especifica-se por St, pelo que a sequência de estados nos instantes t=1, t=2, t=3 ……. t=T será S = {S1 ; S 2 ; S3 (tamanho das observações). S = {S1 = q1; S 2 = q1; S3 = q2 Um ST } . T é a quantidade de unidades de tempo exemplo para esta sequência é ST = q5 } . O tempo que medeia entre duas medições consecutivas de variáveis de estado pode ser muito diversificado. Depende essencialmente dos meios técnicos disponíveis para a medição dessas mesmas variáveis. Em leituras de registo manual poderá corresponder a intervalos semanais, bi-semanais, mensais ou de vários meses. Quando existem sistemas de controlo remoto instalados na rede de transportes e/ou sistemas de bordo instalados nos veículos com ligação a uma central de comando e controlo, poderemos definir intervalos diários ou mesmo bi-diários quando existam condições para a medição de variáveis comportamentais dos veículos. Neste caso cada um dos veículos seria avaliado à saída para o serviço e seria novamente inspeccionado no trajecto de recolha. Este projecto permite, inclusivamente, inferir a influência dos motoristas no desencadeamento de anomalias nos veículos. Nem sempre será fácil fazer medições do binário motor. Muito mais complexa será a medição da pressão de sobrealimentação e da pressão de óleo em veículos em exploração numa rede de transportes. As medições efectuadas na concepção e preparação de modelos de manutenção ecológica foram efectuadas com utilização de meios de simulação e medição que por razões económico-financeiras e operacionais não poderão constituir prática corrente, para além de não se colocarem alternativas de medição na generalidade dos meios urbanos. A recolha de dados e toda a logística de realização de ensaios experimentais teve, efectivamente, grandes custos económicos. Com efeito, para tornar operacional os futuros modelos poderão ser utilizadas no modelo as variáveis de exploração mencionadas na tabela 3.30, incorporando também a massa do veículo. Variável de estado Código Valor de referência Unidade Tipologia Carga do motor Lo - % Independente Rotação do motor n - rpm Independente Binário motor Be Ls0,01 N.m Dependente Pressão de sobrealimentação Ps Ls0,01 Pa Dependente Pressão de óleo Po Ls0,01 Pa Dependente Tabela 3.30 – Variáveis de estado que integram o HMM O facto de não existirem em centros de investigação nacionais freios de rolos que permitam avaliar os estados do motor em diferentes pontos do mapa de carga, constitui um dos factores inibidores de uma validação mais eficiente do modelo. O único freio de rolos que permite o teste de veículos pesados é propriedade de uma empresa privada com sede no Porto da Carne – Guarda. Constituindo o nosso objectivo proceder à estimação do estado de saúde de um veículo, ao nível do motor e do sistema de pós-tratamento, em intervalos discretos de tempo, o primeiro passo consistiu em definir directamente o mapeamento dos sintomas de patologias (caracterizados pelos impactos ambientais) e do estado do veículo (com base na perda de rendimento e através da manifestação de disfunções) a partir dos dados de treino. 207 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Como se referiu, na fase de avaliação das emissões, foi feita a opção por um conjunto de sinais facilmente observáveis e mensuráveis, YPj (t ) , que correspondem a indicadores de perfil ecológico. As variáveis de emissão, YPj (t ) , seleccionadas constam da tabela 3.31, sendo que OPAC, NOx, CO2 e NOISE dependem também das variáveis de estado independentes Lo e n. Ora se tanto as variáveis de estado como as variáveis de emissão dependem das mesmas variáveis independentes, Lo e n, tudo indica que possam estar correlacionadas entre si, ou seja, admitese que possa existir alguma correlação entre variáveis de estado dependentes ocultas e variáveis de emissão. Variável de emissões Código Valor de referência Unidade Opacidade dos fumos OPAC Óxidos de azoto NOx Dióxido de carbono CO2 % Ruído NOISE dB(A) m-1 Parâmetro estatístico ppm Tabela 3.31 – Variáveis de emissões que integram o HMM Os valores de referência dos indicadores de emissão de perfil ecológico constam de uma biblioteca de mapeamentos em função da carga do motor e da rotação para cada uma das séries / modelos. Estes valores correspondem aos valores limites superiores do intervalo de confiança para um grau de significância de 98 % reportando-se à amostra de dados recolhida para cada série / modelo de veículo. Resultam de medições experimentais em cada série / modelo. Na ausência de um dos valores anteriores, pode estimar-se o valor pelo resultado de cálculo em programa informático de avaliação e optimização de desempenho comercializado pela empresa Ricardo. Este programa permite a obtenção de todos os “outpus” sob avaliação a partir da introdução de um conjunto alargado de inputs. O programa foi cedido graciosamente por aquela empresa na sequência de protocolo estabelecido com o ISEC, ao abrigo do projecto Fórmula Student nos meses de Agosto e Setembro de 2010. Com os valores recolhidos na monitorização das variáveis de estado visíveis YPj (t ) , poderemos inferir os valores da função de estado (ocultas após a montagem do modelo). A opção por esta alternativa de codificação dos estados na fase de concepção e preparação do modelo de manutenção permite que se trabalhe com um único modelo escondido de Markov por cada viatura supervisionada. O valor da medição de cada um dos poluentes no instante t especifica-se por Pj (t ) , pelo que a sequência de observações de emissões nos instantes t=1, t=2, t=3 ……. t=T será Pj = {Pj ,1; Pj ,2 ; Pj ,3 Pj ,T } . A variável T representa a quantidade de unidades de tempo (tamanho das observações). A caracterização de uma observação de emissões no instante t especifica-se por Ot, pelo que a sequência de emissões nos instantes t=1, t=2, t=3 ……. t=T será O = {O1 ; O2 ; O3 OT } . Estas observações são posteriormente codificadas em classes de emissões e quando se trate de várias variáveis é feita a sua combinação de forma a criar os espectros de emissões. Um 208 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS exemplo para esta sequência é O = {O1 = V1 ; O2 = V2 ; O3 = V3 ; O4 = V3 OT = V4 } , em que VN representa a biblioteca de emissões ou de combinações de emissões. As combinações de emissões correspondem aos espectros. Os modelos desenvolvidos terão que ser extremamente robustos para não apresentar falsos alarmes e se forem bem treinados podem detectar súbitas alterações do comportamento de um veículo em função das características das emissões poluentes. O presente método faz uso dos seguintes pressupostos, não totalmente conseguidos ao longo de cerca de um ano de ensaios: 1) Existe um conjunto de 5 estados mutuamente exclusivos e exaustivos onde os 3 primeiros correspondem a estados normais, o quarto reflecte um estado de alarme e por último o quinto representa um estado que exige intervenção; 2) Encontram-se disponíveis os dados de calibração do modelo não só para condições normais como também para situações de disfunção, sob a forma de sequências cronológicas; 3) Os dados de emissões poluentes para as sequências cronológicas registadas são estacionários para o cálculo das condições de estado futuras; 4) Encontra-se disponível o intervalo de tempo médio de bom funcionamento para cada um dos diferentes estados de disfunção. A maior dificuldade advém do facto de algumas vezes ser impraticável a obtenção de dados associados às condições de disfunção, sendo os dados referentes a condições de estado normais facilmente adquiridos. O ponto-chave reside no facto dos estados do sistema não serem directamente observáveis, mas se encontrarem escondidos, isto é, o sistema sob monitorização não ter uma forma directa de permitir a medição do estado do sistema, mesmo para os instantes passados. Em vez disso vários sintomas são observados, que aparecem reflectidos nos parâmetros de calibração transformados para uma forma matricial de probabilidades. Utilizando modelação em MATLAB, suportada em modelos matemáticos HMM (Hidden Markov Models), a tese, por um lado, foca-se na medição experimental de indicadores ecológicos, que podem ser correlacionados com variáveis de estado de “saúde” dos equipamentos. Por outro, procura encontrar correlações subjacentes, associadas à detecção de súbitas variações avaliadas em relação aos níveis de poluição no instante anterior ao actual. Se tivessem existido condições de medição segundo os ciclos de condução padrão aprovados internacionalmente, os níveis poderiam ser definidos não só no âmbito da legislação em vigor, como pela análise da sua adequação aos padrões de homologação definidos pelos fabricantes dos veículos. Relativamente aos equipamentos utilizados na validação do modelo desenvolvido, por interesse do operador de transportes rodoviários de passageiros, foram seleccionadas para o estudo 4 viaturas Mercedes Citaro, homologadas segundo a legislação europeia EURO III. O modelo em causa não tem qualquer sistema de pós-tratamento de gases de escape. Nestas viaturas o cumprimento das emissões de gases segundo a norma Euro III é atingido pela eficiência do sistema de injecção, não havendo qualquer controlo de emissão de gases. Só a partir da norma Euro IV, por obrigação legal, passou a existir um sistema de pós-tratamento dos gases de escape através do sistema SCR - Selective Catalitic Reduction, sendo a emissão de gases controlada através de um sensor de NOx. 209 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Os testes efectivos foram realizados após um período experimental de avaliação das condições reais de realização no parque de recolha da Guarda Inglesa em Coimbra. No início da recolha de dados e no final do ano de 2010 as viaturas monitorizadas apresentavam as quilometragens mencionadas na tabela 3.32. Data Autocarro 262 Autocarro 265 Autocarro 269 Autocarro 270 2008-11-14 335832 358846 331246 358420 2010-12-31 456274 482319 461948 502714 Diferença 120442 123473 130702 144294 Tabela 3.32 – Quilometragem dos autocarros utilizados na pesquisa Se tivesse existido a possibilidade de avaliar toda a frota de autocarros e conceptualmente se definisse cada classe como um grupo de viaturas da mesma marca e modelo, traduzida por um conjunto de atributos homogéneos, nesse caso teria sido feita a opção pela criação de 18 classes. Foram ainda recolhidos os dados de quilometragem e consumos para os anos de 2008, 2009 e 2010. Pela análise dos dados de exploração e como se pode verificar pela figura 3.17 os autocarros sob observação percorreram entre 54000 e pouco mais de 72000 km por ano o que corresponde a cerca de 4500 a 6000 km por mês. Figura 3.17 - Quilómetros percorridos pelos autocarros envolvidos no estudo De acordo com um estudo desenvolvido (Riemersma 2004), quando analisada a evolução dos níveis de emissões entre 20000 e 500000 quilómetros, foi possível constatar o seguinte: • As emissões de NOx mantêm-se, praticamente, estacionárias; • A emissão de partículas mantém-se quase estacionária em viaturas Euro II e agrava nos Euro III, apesar dos dados disponíveis para este último grupo serem muito reduzidos; • A emissão de HC é agravada nas viaturas Euro III, apesar dos dados disponíveis para este último grupo ser muito reduzido. Ainda segundo o mesmo estudo, as disfunções típicas que originam o agravamento do nível de emissões são as seguintes: Anomalia na bomba de alimentação, ponto de injecção incorrecto, más condições dos injectores e outros problemas de manutenção. Adianta ainda que os mais importantes problemas de manutenção dizem respeito às condições dos 210 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS injectores. Mais conclui que a introdução de sistemas electrónicos de alimentação do combustível e sistemas de gestão do motor têm tido um efeito positivo. Quanto à tipologia e especificações dos autocarros utilizados e acompanhados, às características de exploração das linhas de serviço público onde foram utilizados durante mais de um ano e às condições de realização dos testes, foi seguido o seguinte critério: • Afectação de 4 autocarros Diesel, marca Mercedes Benz, modelo Citaro O530, homologados e registados no ano de 2003, com as características físicas / técnicas apresentadas na tabela 3.33. Comprimento 11950 mm Largura 2550 mm Tara (*) 11353 kg Peso Bruto 18930 kg Tipo de Motor Seis cilindros em linha Cilindrada 6370 cm3 Taxa de Compressão 17,40:1 Diâmetro e Curso 102 x 130 mm Tipo de Injecção Directa na câmara de combustão; injector de 8 orifícios; pressão 1800 bar. (*) Peso de um veículo vazio com equipamento standard, com todos os consumíveis operacionais necessários (ex: óleo do motor e fluido de arrefecimento), reservatório de combustível cheio, vazio de qualquer carga de passageiros, mas incluindo 75 kg para o motorista (Directiva Europeia 95/48/EC) Tabela 3.33 - Especificações técnicas de autocarros Diesel, Mercedes Citaro O530 (dados de fábrica) Para optimizar o seu funcionamento, os autocarros foram objecto de afinações com o objectivo de limitar a máxima rotação. As especificações técnicas de desempenho dos autocarros, antes e após a afinação exigida pelos SMTUC à Mercedes, são apresentadas na tabela 3.34. Máximo de rotações 2500 rpm Máxima potência (ISO 2534) 205 kW a 2200 rpm Máximo binário (ISO 2534) 1100 N.m a 1200/1600 rpm Máximo de rotações (afinação SMTUC) 1630 rpm Máxima potência (afinação SMTUC) 155 kW a 1630 rpm Máximo binário (afinação SMTUC) 1100 N.m a 1200/1600 rpm Mínimo consume específico de combustível 192 g/kWh a 1300 rpm Estimativa de consume de combustível 60,1 l/100 km (Condução urbana) 42,4 l/100 km (Condução suburbana) Emissões HC+NOx (EDC) 0,18 g/km Tabela 3.34 - Especificações de desempenho de autocarros Diesel, Mercedes Citaro O530, 2003 211 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Os correspondentes consumos de combustível desde Janeiro de 2008 são apresentados nas figuras 3.18 e 3.19 que se seguem. Como se verifica, os valores médios mensais estiveram compreendidos entre 46 e 62 litros por 100 quilómetros. Figura 3.18 - Consumo médio de combustível por autocarro nos anos de 2008 a 2010 Figura 3.19 - Consumo médio de combustível mensal por autocarro no ano de 2010 Os dados referentes ao consumo de combustível podem ser usados directamente para calcular as emissões de dióxido de carbono devido à forte correlação encontrada entre a emissão deste gás de efeito de estufa e a quantidade de combustível usada durante o processo de combustão. O factor de conversão está baseado no conteúdo médio de carbono existente em cada litro de combustível. A fórmula química para cálculo da média de consumo de combustível Diesel é dada por C12H23, variando de C10H20 a C15H28 (http://en.wikipedia.org/). Nos Estados Unidos da América, é usada como fórmula química média para a gasolina comum, C8,26H15,5. Usando o balanço mássico, isto significa que é assumido ser libertado na combustão dos hidrocarbonetos a seguinte quantidade de anidrido carbónico por 1 litro de combustível: Diesel = 2,49 kg de CO2 e gasolina = 2,25 kg de CO2. A escolha das linhas a que os autocarros foram afectos nesta investigação procura incorporar a diversidade de arcos que integram a rede de transportes dos SMTUC, com inclinações dos arcos, paragens e procura muito variadas. 212 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Tais percursos são ilustrados na figura 3.20. Os comprimentos das linhas não apresentam grandes diferenças. A linha 27 possui um número relativamente pequeno de paragens. As linhas 12 e 21 que servem a margem esquerda do rio Mondego no Concelho de Coimbra desenvolvem-se, em grande parte, em via rápida com perfil de auto-estrada com limitação de velocidade a 100 km/h. As restantes linhas, por se desenvolverem em grande parte na vertente urbana da cidade, têm uma máxima velocidade permitida de 70 km/h. As linhas 7 e 24T são as que possuem a maior percentagem de percurso e condução puramente em ambiente urbano. Cada uma das linhas foi descomposta em vários arcos – um arco é um troço de uma linha de transporte público compreendido entre dois nodos. Em estudos de degradação de estados de saúde de autocarros, com base nas condições de exploração, considera-se recomendável definir arcos limitados por duas coordenadas entre as quais os autocarros reúnem elevada probabilidade de imobilização, tais como paragens e semáforos. Linha 7: Elevada procura e diversidade de arcos de rede Linha 12: Arcos de rede de pequenas inclinações, tendo a maior parte deles perfis de auto-estrada permitindo altas velocidades de circulação Linha 27: Inclui os arcos de rede descendentes de inclinações mais elevadas Linha 24T: Elevada procura e diversidade de arcos de rede, com perfil de centro urbano Linha 21: Arcos de rede de pequenas inclinações, tendo a maior parte deles perfis de auto-estrada permitindo altas velocidades de circulação Linha 28: Inclui os arcos de rede com as subidas mais acentuadas Figura 3.20 - Linhas incluídas no estudo (Amarelo: Circuito de ida; Verde: Circuito de retorno) 213 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS O estudo é, sem dúvida, uma inovação, que tem por objectivo permitir planear, gerir recursos e gerar relatórios automáticos, bem como integrar outros módulos. Assumir-se-á como uma poderosa ferramenta que contribuirá para as boas práticas na gestão de frotas de autocarros em empresas de transportes urbanos de passageiros. A grande objecção à aplicação deste modelo na gestão da manutenção de frotas urbanas em Portugal, é sem dúvida a falta de equipamentos de inspecção e monitorização. Por isso, as medições de valores dos atributos seleccionados para monitorizar os autocarros dos SMTUC foram efectuadas na ausência de imposição de resistência à saída da cambota, resultando o controlo da rotação apenas da posição do acelerador e das resistências de atrito internas do motor. Para possibilitar o treino do modelo utilizou-se um equipamento de diagnóstico, apresentado na figura 3.21, de marca TEXAS, referência “NAVIGATOR TXT” que em relação aos objectivos traçados, só não permitiu caracterizar de forma directa a primeira variável, Lo, correspondente à carga imprimida ao motor. No entanto, a mesma poderá vir a ser associada à potência específica do veículo quando a monitorização vier a ser feita em exploração, através de tratamento de dados recolhidos experimentalmente, após a instalação de equipamentos de medição de velocidade e aceleração em pontos estratégicos da rede de transportes. As condições de teste e os próprios equipamentos de medição de impactos ecológicos podem compreender uma enorme diversidade de soluções. Face às limitações económicas, foram adquiridos equipamentos tecnológicos convencionais, para levar a bom termo a fundamentação da presente tese. Figura 3.21 – Unidade de diagnóstico de veículos utilizada Assim, no âmbito de tecnologias convencionais, optou-se por utilizar um combinado de analisador de gases que mede as concentrações volumétricas dos diferentes produtos de combustão no fluxo de escape e um opacímetro. Esta unidade integrada de medição, apresentada na figura 3.22, utiliza o mesmo painel de visualização e de impressão para as duas funções. Foi ainda utilizado um sonómetro de marca ISO-TECH, modelo SLM-1352A, na medição do nível sonoro produzido pelos veículos junto ao motor e à saída do sistema de escape. Quando se utiliza o ciclo de condução ESC & ELR, o nível de concentração de fuligem nos gases de escape deve ser tal que não exceda o valor limite de 0,8 m-1. Devido às diferentes condições de teste existentes nos vários países e às tecnologias e preços de mercado dos equipamentos, a legislação da União Europeia estabeleceu uma normativa de avaliação de veículos rodoviários, que se prevê transitório, que é actualmente aplicado nos centros de inspecção. 214 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Figura 3.22 – Analisador de gases / opacímetro utilizados no estudo Trata-se de uma prática de aceleração brusca do motor sem carga, que utiliza os limites de valores de opacidade especificados na tabela 3.35 como critério de aprovação ou rejeição de um veículo que utilize como combustível o gasóleo. VALORES DE OPACIDADE DE AUTOCARROS HOMOLOGADOS APÓS 1993-01-01 Aprovado Rejeitado Com turbo-compressor <=3,0 >3,0 Sem turbo-compressor <=2,5 >2,5 Tabela 3.35 – Critério de aprovação na inspecção de autocarros (Fonte: Decreto-Lei n.º 554/99 de 16 de Dezembro) Os gases e as PM misturam-se ao longo do sistema de escape. Por consequência, as amostras de gases analisadas pelos diferentes sistemas de monitorização devem ser extraídas à mesma quota longitudinal dos tubos de descarga. Como prescreve (North 2007), poderão ser criados 2 ou 3 pontos de extracção, preparados à volta da extremidade de uma manga de descarga. Esta manga ficaria assim localizada a jusante do silenciador e do catalisador, podendo assumir-se que a composição de gases de escape é homogénea. Estes terminais de recolha de gases e PM deverão ser posicionados a uma distância de cerca de 150 mm da face de descarga para a atmosfera junto à falange de adaptação à saída do escape normal. A falange de ligação deve ser selada com mástique de reparação de escapes (exhaust repair putty). Também os orifícios de captação dos gases, quando da instalação dos equipamentos de medição, devem ser selados com o mesmo produto. O sistema global de medição é normalmente controlado por um software como o desenvolvido pela empresa Horiba, conhecido por PC-VETS, com uma versão especialmente configurada. A opacidade é medida segundo o método de teste desenvolvido pela SAE ou pelo método europeu. Normalmente, em testes de inspecção de veículos a Diesel, efectua-se a medição da opacidade do fluxo de gases de escape com os veículos completamente aquecidos, enquanto o veículo se encontra imobilizado. Nos testes realizados, o motor foi sempre acelerado bruscamente sem carga, desde o regime de rotações ao ralenti até ao máximo de rotação. 215 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Nestas condições, a aceleração do motor é efectuada sem carga desde a velocidade de ralenti, 600 rpm, até à velocidade de corte de combustível, limitada a 1630 rpm. Além dos efluentes gasosos, o nível de ruído constitui um parâmetro de impacto ambiental de grande importância na avaliação da condição de saúde de um emissor. De modo análogo, para o diagnóstico de disfunções, pode ser escolhida uma determinada velocidade de rotação para analisar o espectro de ruído e compará-lo com o modo de operação normal correspondente, para assim poder caracterizar os estados do motor e de outros órgãos móveis do veículo. A medição da amplitude do som a certas frequências pode fornecer uma informação muito válida acerca da precisão de alinhamento ou equilíbrio de veios, acerca da condição de chumaceiras, rolamentos ou engrenagens e traduz o efeito de vibrações associadas em caixas, tubagens e outras estruturas. A tendência dos níveis de ruído pode identificar práticas de manutenção inapropriadas, tais como a selecção de rolamentos inadequados, caixas de embraiagens ou deficiente instalação e substituição de chumaceiras e rolamentos. Podem ainda constituir um sintoma de falta de precisão no alinhamento de veios ou imprecisão no equilíbrio de rotores. A manutenção condicionada obriga ao controlo da fiabilidade dos equipamentos de medida e a incorporação do ruído como indicador de condição levará em consideração as características logarítmicas da sua unidade de medida (por exemplo, uma subida de 6 dB no valor medido representa um aumento para o dobro do inicial no valor da pressão acústica). Na medição do ruído do motor, o sonómetro é posicionado sobre um tripé, mantendo uma inclinação de 45 graus, com a extremidade do microfone a 50 centímetros do motor e a 1 metro da superfície do pavimento, como se pode verificar pela figura 3.23. Figura 3.23 – Fotografias referentes à medição de ruído de motores Quanto à medição do ruído à saída do colector de escape, posiciona-se o sonómetro com uma inclinação de 45 graus, com a extremidade do microfone a 50 centímetros do motor e a 20 centímetros da superfície do pavimento. Para assegurar o último posicionamento, foi construída uma armação em varão de aço com os elementos ligados através de soldadura, como se pode depreender da análise da figura 3.24. 216 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Figura 3.24 – Foto de medição de ruído produzido no sistema de escape Finalmente, para calibração do HMM é utilizado um equipamento de diagnóstico de avarias que se liga através de ficha OBD às unidades sensoriais e de controlo do motor. No sentido de garantir que os valores de opacidade são obtidos em condições idênticas ou muito análogas, foi previsto que a actuação no acelerador se efectue de forma constante ou normalizada. Para o efeito foi concebido um aparelho em aço normal, com uma alavanca de aceleração por gravidade, com actuação reforçada por uma mola helicoidal, apresentado na figura 3.25. A alavanca possui na extremidade um cilindro também maquinado em aço normal. Para garantir um posicionamento ajustado e constante em relação ao referencial fixo que é o acelerador, dotou-se o aparelho de uma armadura metálica. Para o acelerador foi concebida uma peça, que corresponde a uma protecção em chapa de ferro, destinada a aumentar a base de actuação da alavanca e reduzir o atrito do impacto da alavanca actuadora no pedal do acelerador. Figura 3.25 – Aparelho de actuação no acelerador utilizado durante a medição de opacidade Quando são feitos testes de homologação, o problema chave reside em avaliar qual o ciclo de condução a ser usado, de forma a ser representativo dos valores de emissão dos veículos em uso. As condições e os procedimentos experimentais que precederam as medições de opacidade, gases e ruído, foram os seguintes: 217 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS 1. No sentido de eliminar os efeitos de arranque a frio, os veículos foram sempre previamente aquecidos. Por consequência, os testes só se desenvolveram em condições de funcionamento a quente. 2. No caso do motor do autocarro não se encontrar à temperatura normal de funcionamento (fluído de arrefecimento à temperatura de 70 ºC, por indicação do painel de bordo), era posto a trabalhar por um período não inferior a trinta minutos, até que atingisse a referida temperatura. 3. Atingida a temperatura normal de funcionamento, o motor mantinha-se a trabalhar em condições de ralenti sem carga, 600 rpm, sendo então recolhidos os valores das variáveis de estado e dos indicadores de emissão. 4. Seguidamente, o motor era acelerado e mantido a trabalhar à velocidade de rotação de 1150 rpm, também sem carga, efectuando-se as respectivas medições, relativas às mesmas variáveis especificadas no ponto anterior. 5. Finalmente, o motor era posto a trabalhar à velocidade de rotação máxima, 1630 rpm, também sem carga, correspondente à posição de limite máximo de actuação no acelerador, seguindo-se um procedimento análogo no registo das variáveis sob monitorização. 6. Para salvaguardar a utilização da mesma variação de velocidade de rotação, com a carga próxima de zero, quando da aplicação de uma aceleração constante no pedal do acelerador, foi criado o mecanismo específico de actuação, apresentado na figura 3.25. Este equipamento impõe sempre a mesma pressão no pedal, de acordo com a tipologia de mola seleccionada. Ao longo dos testes encontraram-se sob avaliação as variáveis de estado e os indicadores de emissão, no sentido de encontrar a melhor metodologia para gerir a manutenção planeada, levando em consideração as condições ambientais e de sustentabilidade futuras. Para optimizar o modelo e com o objectivo de abranger toda a gama de operação do motor ou, por outras palavras, para enquadrar as diferentes zonas de mapeamento do motor, é desejável aplicar estas metodologias a cada uma das manchas de funcionamento definidas, as quais integram as variáveis “patamar de carga” L (load), binário motor T (torque) e velocidade de rotação n. Por sua vez, a escolha dos poluentes a incluir no modelo foi definida em sintonia com os estudos realizados e mencionados na bibliografia. Teve também em conta razões orçamentais relacionadas com os custos dos equipamentos de medição de impactos. Por isso foi feita a opção pela utilização dos seguintes indicadores: OPAC (PM10), NOx, CO2 e ruído. Podemos dizer que cada modelo deve incluir dois grupos de classes de estados escondidos, os estados normais e os estados de disfunção. Em desenvolvimentos futuros será implementada a aplicação de um segundo estágio de caracterização da disfunção detectada no primeiro estágio, activando um número de HMMs por série/modelo igual à tipologia de intervenções historicamente conhecidas ou teoricamente possíveis. Torna-se assim possível o diagnóstico mais extensivo das disfunções dos sistemas do veículo. Contudo, a activação incondicional do segundo estágio de HMMs sempre que um veículo seja monitorizado, não seria recomendável sem um que tenha sido efectuado um diagnóstico prévio de estados mais críticos. Muito menos esta prática seria recomendável no caso de existir uma monitorização manual, semelhante aquela que se descreve, porquanto as 218 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS despesas do teste seriam fortemente aumentadas em relação a uma monitorização automática. Para além disso, como apenas uma pequena fracção da frota de veículos é encontrada com disfunções, em eventuais testes suplementares, o custo de testes mais extensivos em todos os componentes ou relativos a diferentes necessidades de intervenção, tornar-se-ia demasiado gravoso. As séries temporais de dados recolhidos correspondem a inputs de um HMM, segundo a classificação definida para os estados e emissões de impacto. Como se referiu, neste modelo, após a recolha de dados, recorre-se ao suporte de software MATLAB para implementação dos algoritmos concebidos, sendo possível prever o próximo estado e diagnosticar eventuais degradações excessivas. Os valores de referência utilizados na função de estado são calculados com base na amostra de dados de medições experimentais recolhidos em cada série / modelo. Como se referiu, correspondem aos valores limites superiores do intervalo de confiança para um grau de significância de 98 %. Com base nos dados de amostragem recolhidos experimentalmente, os parâmetros específicos, λ = { A, B, π } , de cada um dos modelos estocásticos, são os que melhor descrevem as classes de sintomas ecológicos a descodificar. A metodologia estudada corresponde a uma importante e poderosa ferramenta que compreende duas vertentes de intervenção: diagnóstico e prognóstico. Quando a amostra é suficientemente abrangente e representativa da população de atributos seleccionados, torna-se expectável que o modelo garanta uma grande precisão na avaliação do estado de saúde do veículo, com a consequente mitigação dos impactos ambientais associados. Assim, o algoritmo proposto apresentará, no futuro, dois módulos complementares: 1-Avaliação passada e actual do estado do motor através de HMM; 2-Prognóstico baseado nas condições de exploração. As condições em que foram utilizados os equipamentos de monitorização das quatro viaturas avaliadas podem ser percebidas pela análise da figura 3.26. Figura 3.26 – Fotos da gestão operativa utilizada na aquisição de dados Para obter uma base de dados que sirva de suporte à calibração do modelo, foram tomadas amostras dos tipos de falhas e disfunções por classes, após as mesmas terem ocorrido. 219 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Seguidamente, fez-se o seu pré-processamento. Ao mesmo tempo, procedeu-se ao registo da evolução dos correspondentes níveis de emissões poluentes. A calibração do modelo tem por objectivo optimizar a detecção de disfunções. Não tem o objectivo de activar um segundo estágio de identificação do tipo de disfunção, porquanto foi assumido isso constituir um desenvolvimento futuro. O novo algoritmo de caracterização de disfunções, a desenvolver futuramente, permitirá identificar qual a necessidade de intervenção ou o âmbito da operação a desencadear, no sentido de garantir a reposição das condições normais de funcionamento. A figura 3.27 procura sintetizar o enquadramento da tese. Figura 3.27 – Diagnóstico e acções a desenvolver em função das classes de estado Pressupõe-se que num sistema se podem diferenciar dois tipos de condições de estado anormais, enquadrando um problema ligeiro (defeito aceitável, no seu início) e um problema grave (anomalia ou disfunção crítica). O modelo não enquadrará um terceiro escalão de gravidade, porquanto já não carecer de identificação prévia, face à sua evidência. Em suma, a metodologia de implementação da fase de calibração do modelo HMM, baseado em monitorização com recolha de dados manual, assentou nos passos sintetizados seguidamente. 1- Recolha experimental de dados de impacto ambiental, utilizando para o efeito quatro autocarros dos SMTUC com os números 262, 265, 269 e 279. O local da realização foi o parque de viaturas da Guarda Inglesa, no espaço coberto, junto às bombas de abastecimento de combustível, como se pode verificar pela análise da figura 3.28. 220 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Figura 3.28 – Prática de monitorização de motor de autocarro 2- Para cada autocarro, foram seleccionados três regimes de rotação do motor sem carga, especificamente a 600, 1150 e 1630 rpm. Em cada um destes regimes foram recolhidos, mediante leitura com registo manual, os valores das variáveis de estado e dos indicadores de emissão, criando sequências cronológicas, periódicas com intervalos de tempo de 2 semanas. Foi acordado com os SMTUC proceder à recolha de dados experimentais, todas as semanas, às sextas-feiras, a partir das 14.30 h, monitorizando numa semana as viaturas com os números 262 e 265 e na semana seguinte os autocarros com os números 269 e 270. Um exemplo dos últimos dados recolhidos para calibração do modelo HMM associado ao autocarro número 270 pode ser analisado na tabela 3.37. /,3,( 1 $% ># # Os dados são atributos de elementos que exigem recolha, compilação, análise e interpretação. População não é o conjunto de elementos, mas sim o conjunto de atributos. É o conjunto de dados que expressam uma característica que na presente tese se traduz na inferência do estado de um veículo e consequente necessidade ou não de manutenção. Esta característica preditiva pressupõe a monitorização de todos os objectos de manutenção sobre os quais a análise incide. As populações a estudar no conjunto dos autocarros urbanos são as seguintes: • Emissões de partículas (Opacidade). • Emissões de NOx. • Emissões de CO2. • Emissões de ruído. • Binário motor. • Pressão de sobrealimentação. • Pressão de óleo. • Necessidades de manutenção e de afinação de sistemas e componentes. 221 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Concluída a recolha de dados nos períodos de monitorização da fase de treino do modelo, procedeu-se à implementação da fase de codificação dos valores experimentais. Definem-se as classes de estados e as classes de indicadores ecológicos, correspondentes aos valores das variáveis monitorizadas, construindo sequências cronológicas de alimentação dos modelos para cada um dos quatro autocarros. Ficam assim reunidas as condições de implementação da fase de calibração dos modelos. Os dados disponíveis para montagem do modelo correspondem a 29 medições efectuadas em cada uma das viaturas na fase de treino. Foram reservadas 3 das 32 medições para validação do modelo. Seria desejável aumentar a dimensão desta sequência. Tal só não se verificou por impossibilidade de disponibilização dos veículos pelos SMTUC. No conjunto das 4 viaturas sob monitorização foram definidas 5 classes de estados e 11 classes de espectros de emissões. Tendo-se verificado que as 4 viaturas não passaram individualmente pelo domínio das bibliotecas de estados e de espectros de emissões, foram incorporadas para além das medições referentes aos 25 períodos de monitorização, mais 7 períodos prévios de teste de periodicidade irregular, que incluem dados de medições anteriores. Compreendem dados de medições e classes identificadas noutras viaturas da mesma série das 4 supervisionadas. Consequentemente, serão utilizados no modelo 32 períodos de monitorização. As sequências cronológicas das variáveis de estado de um veículo e dos indicadores de emissões foram compiladas sob a forma matricial como se pode verificar pela tabela 3.36. Os valores recolhidos podem mesmo ser agregados numa função de estado e em combinações de emissões. O índice dos instantes de medição corresponde à sua posição na série temporal. Instantes de medição t1 t2 t3 t4 t5 t6 …….. Rotação …….. Binário motor …….. Pressão de sobrealimentação …….. Pressão de óleo …….. Opacidade dos fumos …….. Óxidos de Azoto …….. T32=T Dióxido de carbono Ruído …….. Tabela 3.36 – Matriz de sequências cronológicas de dados recolhidos, para cada viatura Em síntese, a sequência de calibração dos modelos de cada uma das 4 viaturas, é a seguinte: 1- 222 Para cada autocarro e ao longo de 32 períodos de 2 semanas, procedeu-se à avaliação das variáveis, Hi, representativas do estado de saúde do sistema. O equipamento de diagnóstico utilizado permite caracterizar, entre outras, 3 variáveis importantes (Binário Motor, Pressão do Óleo e Pressão de Ar do Turbocompressor). A tabela 3.37 transcreve o registo de monitorização das variáveis de estado ao longo de sete medições realizadas com intervalos de duas semanas. A tabela reporta-se apenas a uma das viaturas monitorizadas no estudo. Pode verificar-se na penúltima MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS avaliação, uma redução nos valores do indicador de pressão de óleo. A situação foi imediatamente corrigida através de manutenção do sistema de lubrificação, o que permitiu recuperar e mesmo melhorar os valores desta variável de estado. ú 20091030 20091113 20091127 20091211 20091224 20100108 20100123 á Par motor actual médio 600 rpm $/ $, $, $+ - - $,1+ Avanço injecção 600 rpm *1.+ *1/+ *1++ *1,+ *1*+ *1-+ *1++ Pressão média ar turbo 600 rpm 01/,$ 01/*+ 01/*+ 01/* 01/,- 01/)+ 01/* Pressão do óleo 600 rpm 1) 1$* 1$+ 1 $+ 1$)$ $1.* *1-- Par motor actual médio 1150 rpm / 1+ /,1+ /0 /+1+ .) -*1+ $001+ Avanço injecção 1150 rpm *10+ *10+ )1/+ * )1- *1$ * Pressão média ar turbo 1150 rpm 01/.+ 01/. 01/.+ 01/-+ 01//$ 01/- 01// Pressão do óleo 1150 rpm )1,/+ )1+/ )1, )1,,+ )1)$. )1)$+ *1-, Par motor actual médio 1630 rpm $).1* $ - $*-1+ $ )1+ $+)1+ $001- $) 1+ Avanço injecção 1630 rpm *10+ )1$+ )1- )1$ 1.+ )1+ )1$ Pressão média ar turbo 1630 rpm $10) $10+ $10+ $10*+ $10,) $10)+ $10*+ Pressão do óleo 1630 rpm *1$++ )1/ )1/, *1 / )1/.* )1,)+ *1-,+ Temperatura óleo (termopar) [ºC] $*- $,* $*, $-. $*. $* $,0 Temperatura painel [ºC] .+ .0 .0 .0 -0 $00 .0 Pressão [KPa] $0$1) $001+ $0$1* $0$1) /-1, $001* $001/ Temperatura do ar [ºC] * $/ $- $- $) . $- ,. -$ ,) -- *- ++ Humidade relativa [%] , Tabela 3.37 – Últimas 7 medições de variáveis de estado, referentes ao autocarro número 270 2- Em sequência, foi efectuado o tratamento estatístico das sequências cronológicas identificadas, ao nível do desvio padrão, média, máximo e mínimo, para cada uma das variáveis de estado, analisando não apenas a evolução de cada um dos autocarros em particular, mas também a amostra dos 4 autocarros envolvidos no estudo. A tabela 3.38 corresponde aos valores estatísticos apurados para uma das viaturas e para o lote de viaturas monitorizadas. 3- Na classificação dos valores dos atributos foram utilizadas as melhores estimativas, correspondentes a estimadores da média e da variância, por serem centradas e eficientes. Trata-se de estimadores estatísticos consistentes. Pelo teorema do limite Central, dado o reduzido número de autocarros monitorizado, igual a quatro, a variável soma não segue uma distribuição normal, pelo que se utiliza na classificação de classes de atributos a distribuição t-student. A aproximação à distribuição normal é adequada quando o número de elementos estudados é superior ou igual a dez, se a distribuição originária for simétrica. Quando o número de elementos monitorizados é 223 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS igual ou superior a cinquenta, mesmo que se trate de uma distribuição original muito assimétrica, estamos perante populações de atributos que seguem uma distribuição normal (Guimarães 1997). De todas as avaliações estatísticas de média populacional, a média amostral é a que proporciona a melhor estimativa ou a estimativa mais eficiente. Autocarro n.º 270 2 !% #3 Par motor actual médio 600 rpm -1. *1) $10 Avanço injecção 600 rpm *1- 01 Pressão média ar turbo 600 rpm 01/*. Pressão do óleo 600 rpm Autocarros 262, 265, 269 e 270 2 !% #3 10 ,1. *1- 010 -10 *1) +1$ *1. 01* )1 +1- 010 , 01/0- $10 . 01//$ 010,. 01.)$ $1$00 1$, 01 $$ $1- / 1+ + 100. 01 )- $1++* 1+ + Par motor actual médio 1150 rpm .-1. $$1. ,)10 $0$1+ -,1* $01, ,$10 $0$1+ Avanço injecção 1150 rpm *10 01$ )1. *1 )1. 01) )1 *1 Pressão média ar turbo 1150 rpm 01/.0 0100. 01/+* 01//0 $10$) 010,. 01..- $1)*. Pressão do óleo 1150 rpm )1*,$ 01),, 1-+* )1/$0 )1$+ 01))) 1-)$ )1/$0 Par motor actual médio 1630 rpm $ *1+ +1) -$10 $+-10 $001/ 010 -$10 $+-10 Avanço injecção 1630 rpm )1- 01* 1, *1) 1/ 01, 1 *1) Pressão média ar turbo 1630 rpm $10*- 010$+ $100/ $10.* $10/) 010.$ 01/+, $1 +0 Pressão do óleo 1630 rpm )1/.+ 01$) )1-0$ *1$ 0 )1./+ 01 * 1.+* *1 )0 45 45 Tabela 3.38 – Análise estatística das variáveis de estado 4- Seguidamente, foi definida uma função de estado, onde se procedeu à integração ponderada das 3 variáveis de estado utilizadas e que faz a padronização das medições experimentais em cada momento de avaliação, relativamente a valores de referência especificados no ponto 5: WST = 0,5 Be P P + 0,3 S + 0, 2 O Be _ r e f PS _ ref PO _ ref (Eq. 3.64) A ponderação escolhida para as variáveis de estado teve em consideração o facto de o binário motor constituir o melhor indicador de desempenho de um motor e a pressão de sobrealimentação ter com ele uma relação determinística de proporcionalidade. Por outro lado a pressão de óleo assume-se com um poderoso indicador do nível de degradação do motor. A tabela 3.39 apresenta uma amostra referente aos dez últimos períodos quinzenais de monitorização. 5- A definição dos valores de referência das variáveis de estado, foi efectuada através da sua associação ao limite superior do intervalo de confiança dos valores recolhidos para criação das sequências cronológicas, correspondendo a LS ( BI Hi (α / 2) ) . Utilizou- se para o efeito um valor (α / 2) muito baixo, no sentido de garantir uma forte probabilidade desse valor não ser ultrapassado. Optou-se pelo valor (α / 2) = 0, 01 . 224 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS 00/$00 00/$0$, 00/$0)0 00/$$$) 00/$$ - 00/$ $$ 00/$ 0$00$0. 0$00$ ) < 9 ,00 01.0$ 01.-- 01/)0 01.0$ 01-// 01,), 01+,- 01++/ 01/$0 01.-+ < 9 $$+0 01/$0 01.., 01.,, 01.// 01..* 01.-* 01..+ 01.*, 01/0) 01./. < 9 $,)0 01./$ 01/00 01/00 01./+ 01..+ 01.-* 01.+ 01.** 01..$ 01/0* 6" ## ! 7 8 9 86 ;3 86 ;3 !" :( * 00/0/$. ú , !" ,+ < 9 ,00 01.0 01.) $10$ 01/0- 01-+$ 01-0) 01,-) 01,+ 01++* 01/00 < 9 $$+0 01/)- 01/*) 01/+0 01/) 01./) 01/** 01.)/ 01.)/ 01. . 01./ < 9 $,)0 01.. 01.,0 01.*- 01.-, 01./. 01., 01.+- 01./* 01.), 01.,$ 01+). 01+*) 01+$- 01*.$ 01+$. 01+-0 01+*, 01+ - 01.-$ 01/,0 01-,- 01--0 01-/$ 01--$ 01.. 01/+- 01/0$ 01/+* 01--* 01-/) 01.-, 01-.- 01.*- 01/*. 86 ;3 !" ,/ < 9 ,00 01+ * < 9 $$+0 01.0. < 9 $,)0 01-,0 86 ;3 !" ( -0 < 9 ,00 01-.* 01+ - $10,) 01//0 01../ 01./0 01.,- 01,+$ 01,$. $1$$* < 9 $$+0 01/+* 01/+/ 01/*) 01/)- 01/+0 01/ 0 01/*- 01.-) 01. + $10)$ < 9 $,)0 01/-* 01/. 01/.$ 01/ . 01..+ 01/+* 01./$ 01/-. 01-.* 01/* Tabela 3.39 – Análise estatística da função de estado para os 4 autocarros 6- Conhecido o valor actual da sequência cronológica e os parâmetros estatísticos da função de estado para a amostra de viaturas monitorizadas, podemos proceder ao estabelecimento das classes de estado, através da equação: Classe Estado = Máximo [ βiN ;(θiN se ∆ < 0) ] . As variáveis βiN e θ iN são ramos da função, cuja caracterização é efectuada nos pontos seguintes. 7- Para amostras de pequena dimensão, como é o caso dos 4 autocarros sob monitorização, uma distribuição t-Student foi a que melhor se ajustou ao cálculo de LI ( Bs(α / 2)) e Ls( BI (α / 2)) , pelo que no cálculo dos limites das classes se utilizaram as expressões, LI = µˆ − ( Bs(α / 2)) σˆ n e Ls = µˆ + ( BI (α / 2)) σˆ n combinada com os valores médios relativos à viatura e ao grupo de viaturas monitorizadas. O programa MatLab desenvolvido ficou preparado para funcionar com qualquer distribuição estatística. 8- Para o primeiro ramo da função, especificado por βiN , foi utilizada a seguinte correspondência entre classe de estado de saúde e intervalos estatísticos: 225 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS q1= 1 q2= 2 ≥ µˆ Min + 0, 765 σˆ n q3= 3 [ Mín. Médias [ …… µˆ Min + 0, 765 σˆ n µˆ Min − 0,765 q4= 4 σˆ µˆ Min − 2,353 n …… Mín. Médias [ [ q5= 5 …… µˆ Min − 0, 765 σˆ n σˆ n < µˆ Min − 2,353 σˆ [ Tabela 3.40 – Caracterização das classes de estados para uma distribuição T-Student, com GL-1=3 (Ramo 9- βiN da função de estado) Por sua vez, o cálculo do segundo ramo da função, codificado por θ iN , para cada um dos 3 regimes de rotação, baseou-se no facto do estimador da variância ter a propriedade de seguir uma distribuição qui-quadrado. Corresponde a dizer que a opção tomada na definição de classes de estado considera que a distribuição das amplitudes de variação dos valores representativos das classes de estado segue uma distribuição qui-quadrado. É feita apenas a comparação das variações negativas, ocorridas na função de estado de saúde, entre dois instantes consecutivos da sequência cronológica. O desvio padrão amostral é estimado para diferentes limites superiores dos intervalos de confiança do estimador da variância. Comparam-se os níveis de degradação da variável de estado, ou seja os diferenciais da função de 2 estado, quando negativos, com o valor Ls ( χ GL (α )) . Este limite obtém-se através da expressão Ls = (n − 1) σˆ 2 2 2 onde χ GL = BI para o ramo direito e χGL = BI para o 2 χGL ramo esquerdo. Dado a amostra de atributos ser de n=4 autocarros, significa que GL=3. De acordo com esta configuração, foram utilizados os limiares ou patamares de controlo de classificação dos estados definidos na tabela 3.41. q1= 1 q2= 2 ] ≤ (n − 1) σˆ 6, 25 2 (n − 1) q3= 3 σˆ 2 6, 25 …… (n − 1) σˆ 2 4,11 ] q4= 4 σˆ 2 (n − 1) 4,11 …… (n − 1) σˆ 2 1, 213 ] (n − 1) σˆ 2 1, 213 …… (n − 1) q5= 5 σˆ 2 > (n − 1) σˆ 2 0,584 0,584 Tabela 3.41 – Caracterização das classes de estados de um sistema para uma distribuição quiquadrado (Ramo θ iN da função de estado) 10- A classe de função de estado resulta da média arredondada por excesso dos valores codificados, calculados para as diferentes velocidades de rotação do motor que foram seleccionadas para a avaliação. É apresentada seguidamente a codificação dos estados de saúde para o autocarro número 269. Podemos verificar que em 2009-0918 o modelo previu a classe de estado pobre ou mau, requerendo intervenção urgente. Função de estado = ARRED.PARA.CIMA (MÉDIA (função de estado 600 rpm; função de estado 1150 rpm; função de estado 1630). 226 n = ) =) Avaria no motor 00/$ $$ = 00/$00 * =* * =* + =+ + =+ 00/$$ - 8 * =* 00/$$$) $,)0 :( * =* * =* * =* * =* 00/$0)0 8 * =* + =+ * =* + =+ 00/$0$, $$+0 :( 00/0/$. 8 00/0/0* ,00 :( 00/0. $ 8 00/0.0- MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS * =* * =* $ =$ $ =$ * =* + =+ + =+ + =+ * =* + =+ * =* + =+ * =* * =* = $ =$ ) =) = = * =* Tabela 3.42 – Classificação dos estados de saúde às diferentes rpm do motor (autocarro 269) 11-Nesta fase de montagem do modelo, em simultâneo com a recolha de indicadores de estado efectuada através de uma máquina de diagnóstico, são também monitorizadas as emissões poluentes. Estas correspondem às variáveis visíveis quando se passa à fase de validação do modelo e posterior operacionalização em rede de transportes. Nesta fase de avaliação das emissões, foi feita a opção por um conjunto de sinais facilmente observados e mensuráveis, Pj, que correspondem a indicadores de perfil ecológico. 20091211 20091224 20100108 20100123 > -0 ( > -0 ,00 :( > -0 ,00 :( ! > -0 ,00 :( > -0 $$+0 :( > -0 $$+0 :( ! > -0 $$+0 :( > -0 $,)0 :( > -0 $,)0 :( ! > -0 $,)0 :( 20091127 ó 20091113 á 20091030 12-Em simultâneo com o especificado no ponto 1, para cada autocarro e ao longo de 32 períodos de 2 semanas, foi feita a avaliação dos indicadores ecológicos seleccionados, Pj, que correspondem aos valores das variáveis visíveis. Como se referiu, foram incluídas como variáveis de definição do espectro de emissões a OPACIDADE, os NOx, o CO2 e o RUÍDO. Uma amostra de valores pode ser visualizada na tabela 3.43. 01*) $.. 1$./1+ $.0 1+) /)1* $** 1-/, 01+0 $/) 1$ /01, $.* 1+0 /* $)1-) /,1- 01+ * 1+) /0 $/ 1*, /*1. $*$ 1-0 /-1$ 01*) $ 1$* / 1 $// 1*/ /+1, $ 1-+ /-1. 01+, 0 1$/ / 1 01,. /+1, $+$ 1./ /-1. 01), -$ 01+0 0, 10..1$/$ 1*/*1$ $** 1,* /,1/ / 1$ )) 1-, /+1+ 0)1$) /-1+ Tabela 3.43 – Últimas 7 medições de variáveis de emissão, do autocarro número 270 227 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Pode verificar-se a relação entre a temperatura de funcionamento do motor inserida na tabela 3.37 e o aumento do teor de NOx nos gases de escape, o que está em consonância com o que foi descrito no capítulo 2 sobre esta temática. 13-Posteriormente, foi efectuado o tratamento estatístico das sequências cronológicas, ao nível da média, do desvio padrão, máximo e mínimo, para cada um dos indicadores ecológicos, analisando não apenas a evolução de cada um dos autocarros em particular, mas também a amostra conjunta dos 4 autocarros envolvidos no estudo. Autocarro n.º 270 2 !% #3 01,/ 01$, > -0 ,00 :( **1* > -0 ,00 :( > -0 ( Autocarros 262, 265, 269 e 270 45 !% #3 2 45 01* 01/+ 01.- 01)) 01*$ $1. ,1/ 0-10 / 10 -+1. )+1$ 0-10 )*+10 1), 01$* 1$- 1,* 1*0 01$, 1$ 1.+ /01/ $1- .-1/ /,1 /$1 $1 .-1/ /,1 > -0 $$+0 :( $1 *1. $./10 - 10 +,1 )*1. $./10 )-,10 > -0 $$+0 :( 1,, 01$0 1+0 1.. 1- 01$+ 1* )1)/ /*1* $1$ /01- /+1. /+10 $10 /01- /,1/ > -0 $,)0 :( $,-1 )1 $ /10 $$10 $/)1- ),1$ $ /10 )-/10 > -0 $,)0 :( 1.. 01$$ 1-) )1$ )100 01$- 1-) )1.- /,1- 01/ /*1+ //1, /,1. 01- /*1+ //1, ! > -0 ! > -0 ! > -0 ,00 :( $$+0 :( $,)0 :( Tabela 3.44 – Análise estatística das variáveis de emissão 14-Conhecido o valor actual da sequência cronológica de emissões e calculados os parâmetros estatísticos das variáveis de emissão para a amostra de viaturas monitorizadas, foi possível proceder ao estabelecimento das respectivas classes, através da equação: Classe Emissão = Máximo β jM ;(θ jM se ∆ > 0) (Eq. 3.65) 15-Para amostras de pequena dimensão, como é o caso dos 4 autocarros sob monitorização, uma distribuição t-Student foi a que melhor se ajustou. No cálculo dos limites das classes de cada um dos poluentes Pj utilizaram-se as expressões, Ls jM = µˆ j + ( BI j M (α / 2)) σˆ j n e LI jM = µˆ j + ( BS j M (α / 2)) σˆ j n combinadas com os valores médios relativos à viatura e ao grupo de viaturas monitorizadas. 16-Assim, para o primeiro ramo da função β jM , foi utilizada a seguinte correspondência entre classe de estado de saúde e intervalos estatísticos. 228 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Vj1= 1 Vj2= 2 Vj3= 3 ] µˆ Min − 1, 638 ≤ µˆ Min − 1, 638 σˆ n σˆ n ] Máx. Médias …… …… Máx. Médias ] Vj4= 4 > µˆ Min + 0, 765 σˆ µˆ Min + 0, 765 n σˆ n Tabela 3.45 – Caracterização das classes de emissões para uma distribuição T-Student, GL-1=3 ( Ramo β jM da função de emissões) 17-Seguiu-se o cálculo do segundo ramo da função θ jM , tomando como referência o facto do estimador da variância ter a propriedade de seguir uma distribuição quiquadrado. Neste pressuposto, a definição de classes de indicadores de emissões, considera que a distribuição das amplitudes de variação dos valores representativos das classes de emissões segue uma distribuição qui-quadrado. É feita a comparação das variações positivas ocorridas nos indicadores ecológicos entre dois instantes consecutivos da respectiva sequência cronológica, com o desvio padrão amostral estimado para diferentes limites dos intervalos de confiança do estimador da variância. Assim, comparam-se os níveis de incremento dos valores dos indicadores 2 de emissões, com os valores de L ( χ GL (α )) . Estes obtém-se através das expressões Ls = (n − 1) σˆ 2 σˆ 2 2 . e LI = (n − 1) com BI e BS correspondentes à distribuição χ GL BI BS Dado a amostra de atributos ser de n=4 autocarros, significa que GL-1=3. Em função desta avaliação, foram utilizados como limiares ou patamares de controlo de classificação dos níveis de emissões os inseridos na tabela 3.46. Vj1= 1 Vj2= 2 ] ≤ (n − 1) σˆ 2 4,11 (n − 1) Vj3= 3 σˆ 2 4,11 …… (n − 1) σˆ 2 1, 213 ] (n − 1) σˆ 2 1, 213 …… (n − 1) Vj4= 4 σˆ 2 0,584 > (n − 1) σˆ 2 0,584 Tabela 3.46 – Caracterização das classes de emissões para uma distribuição qui-quadrado, GL-1=3 (Ramo θ jM da função de emissões) 18-Logo que efectuada a codificação dos atributos seleccionados para cada um dos quatro autocarros, ficam reunidas as condições de implementação da fase de calibração dos modelos. No programa MATLAB optou-se por programação dinâmica que permite alterar em qualquer momento a gravação e incorporação no modelo de diferentes números de períodos para as fases de treino e validação. Contudo o somatório do número destes dois períodos tem que ser igual ao número de períodos de monitorização. Em monitorização automática o número de intervalos e o número de viaturas irá ser significativamente aumentado, o que garante uma distribuição normal 229 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS nos valores dos atributos medidos. No estudo presente, por dispormos de um reduzidíssimo número de períodos de monitorização, o comprimento da série de medições de validação ou diagnóstico limitou-se a três. Este número pode ser definido ou alterado durante a fase exploração dos modelos. A opção criada no programa MATLAB prevê a definição de múltiplos de 3. Instantes de medição t1 t2 t3 t4 t5 t6 Função de estado (S) S1 S2 S3 S4 S5 S6 Variáveis de emissões (O) O1 O3 O3 O4 O5 O6 ……. . ……. . ……. . T29= T S29 O29 Tabela 3.47 – Matriz de sequências cronológicas genéricas para HMM 19-Os valores físicos de medição correspondentes às sequências cronológicas genéricas apresentadas na tabela 3.47 são convertidos para classes de codificação de que se apresenta um exemplo na tabela 3.38, traduzindo em cada instante de monitorização valores das bibliotecas de classificação dos estados e dos indicadores de emissões, com base nos critérios previamente definidos, incluindo as regras de combinação especificadas na tabela 3.28. Instantes de medição t1 t2 t3 t4 t5 t6 Função de estado (WST) q1 q2 q3 q2 q3 q5 Espectros de emissões (V) V1 V3 V3 V4 V6 V11 ……. . ……. . ……. . T29=T q4 V8 Tabela 3.48 – Exemplo específico de matriz de sequências cronológicas de HMM 20-Posteriormente, implementa-se a codificação das classes de emissões de cada um dos indicadores ecológicos para os diferentes regimes de rotação do motor sem carga. De seguida procede-se a criação de combinações de classes dos 4 indicadores ecológicos, OPACIDADE, NOx, CO2 e RUÌDO, para cada um dos 3 regimes de rotação, 600 rpm, 1150 rpm e 1630 rpm. Neste processo de codificação gera-se o espectro de emissões para cada um dos regimes de rotação sem carga, com base na aplicação da tabela 3.28. Por último procede-se à classificação final para entrada no HMM, utilizando a função: =ARRED.PARA.CIMA.MÉDIA (classificação Pj 600 rpm; classificação Pj 1150 rpm; classificação Pj 1630). A sequência seguida na codificação dos espectros de emissões, para o autocarro número 269, pode ser sintetizada na tabela 3.49. A sequência de espectros de emissões final, juntamente com a correspondente sequência de classes de estados correspondem às variáveis discretas que integram o algoritmo do HMM que nos permite chegar às matrizes de transição de estados e de emissões. 230 @ ,00 :( $ ? @ $$+0 :( ) ? @ $,)0 :( $ A ,00 A $$+0 A $,)0 :( :( $ $ $ * $ * * * $ $ $ * $ $ * $ $ $ $ * * * * * * * * # B ,00 :( $ * * $ $ # B $$+0 :( $ * ) $ $ ) # B $,)0 :( $ * * ) . . . : ( : C ( ,00 C $$+0 : ( C $,)0 8 * $ :( : * 00/$ $$ ? 00/$$ - * 00/$$$) * 00/$0)0 00/0/$. * 00/$0$, 00/0/0* * 00/$00 00/0. $ : 00/0.0- MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS ( C D,001$$+01$,)0E ( $ . / . / %. %/ %. %/ % % %. %. %. / / . . - , $$ / . %/ %/ %. %. %- %, %$$ %/ %. . . . . - - $$ . . %. %. %. %. %- %- %$$ %. %. / / . / , + $0 / . %/ %/ %. %/ %, %+ %$0 %/ %. Tabela 3.49 – Metodologia de classificação de espectros de emissões para HMM, autocarro 269 21-O resultado final do tratamento dos dados recolhidos encontra-se sintetizado na tabela 3.50. Ao ser atingido esta fase de análise, encontram-se reunidas as condições para a estimação de matrizes e calibração dos modelos de cada um dos autocarros. 231 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS 1 Instante de 2 3 4 5 monitorização Autocarro 269 Autocarro 270 25 26 27 28 29 … Estado 1 1 2 4 5 … 2 2 2 3 4 Emissõe s Estado 2 1 4 8 9 … 4 4 3 5 7 1 2 3 3 5 … 2 2 2 2 3 1 2 5 6 9 … 3 3 6 5 7 2 2 1 4 5 … 3 2 5 5 4 3 2 1 7 10 … 6 5 10 9 8 1 5 5 5 4 … 1 1 2 2 2 Autocarro 262 Autocarro 265 … Emissõe s Estado Emissõe s Estado Emissõe 1 9 10 11 8 … 1 1 2 4 5 s Tabela 3.50 – Sequências cronológicas dos valores de montagem dos HMM de cada um dos autocarros /,3,/ ) 1 $% $% ># # $% A fase de calibração constitui o primeiro passo que leva directamente ao mapeamento dos sintomas de patologias versus estado do sistema, a partir dos dados de treino. Começou por estimar o estado do sistema em intervalos discretos de tempo com base nas classes definidas anteriormente. 1- A fase de calibração de modelos, também referida como fase de treino, consiste na construção das respectivas matrizes de transição e de emissões, podendo ser definido um modelo por autocarro ou por série de viaturas. Este passo é implementado após observação de uma sequência temporal de variáveis de estado que em normal funcionamento correspondem a variáveis ocultas e das respectivas combinações de emissões, como sugere a figura 3.29. . Figura 3.29 – Correlações entre estados e espectros de emissões 232 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS 2- Deste modo, a aplicação dos HMMs em cada um dos autocarros, é iniciada com a estimação de uma matriz de probabilidades de transição entre os diferentes estados (tabela 3.51) e outra matriz que atribui probabilidades de registo de diferentes combinações de emissões perante a ocorrência dos referidos estados (tabela 3.52). Classes de estados de binário Classes de estados de binário q1 a11 a21 a31 a41 a51 q1 q2 q3 q4 q5 q2 a12 a22 a32 a42 a52 q3 a13 a23 a33 a43 a53 q4 a14 a24 a34 a44 a54 q5 a15 a25 a35 a45 a55 Tabela 3.51 – Estrutura da matriz de transição de estados em HMM de autocarro urbano A utilização de uma função de estado e de uma matriz de conversão dos valores das diferentes variáveis de emissão numa combinação de emissões, para além de permitir a utilização de um único modelo por viatura, permite reduzir a dimensão das matrizes de probabilidades de emissões de 5*64 para 5*11 e consequentemente optimizar o tempo de resposta do modelo. Classes de estados de binário q1 q2 q3 q4 q5 V1 b1(1) b2(1) b3(1) b4(1) b5(1) V2 b1(2) b2(2) b3(2) b4(2) b5(2) Classes de espectros de emissões V3 V4 V5 V6 b1(3) b1(4) b1(5) b1(6) b2(3) b2(4) b2(5) b2(6) b3(3) b3(4) b3(5) b3(6) b4(3) b4(4) b4(5) b4(6) b5(3) b5(4) b5(5) b5(6) … … … … … … V11 b1(11) b2(11) b3(11) b4(11) b5(11) Tabela 3.52 – Estrutura da matriz de emissões em HMM de autocarro urbano 3- Foi desenvolvido um modelo por cada um dos 4 autocarros monitorizados. As matrizes reais de transição de estados e de emissões, geradas em resultado da aplicação das sequências cronológicas que foram apresentadas na tabela 3.50, são as constantes da tabela 3.53. O HMM faz a calibração dos seus parâmetros, através da aplicação do algoritmo Baum Welch. Autocarro 262 0,3333 0,0714 0 0 0 0,6667 0,5714 0,5000 0,5000 0 0 0,2000 0 0 0 0,5000 0,5000 0,4000 0,2500 0 0 0,2143 0,2500 0 0 0 0,1429 0,2500 0,2500 0,3333 Autocarro 265 0 0 0 0,2500 0,6667 0 0 0 0 0 1,0000 0,6667 0 0,2000 0,3333 0 0,1000 0,4000 0,2500 0,4286 0,2000 0,2000 0 0 0 0,6000 0,6667 1,0000 0 0,2500 Autocarro 269 0 0,1000 0,2000 0,5000 0,1429 0,5000 0,1000 0 0 0,4286 0 0,2500 0,5000 0 0 0 0,0833 0,2500 0,4000 0,1667 0 0 0,2500 0,4000 0,5000 Autocarro 270 0 0,1333 0 0 0 0 0 0 0,5000 0,2500 0,2000 0 0 0,5000 0,5000 Tabela 3.53 – Matrizes de transição de estados de HMM, referentes aos 4 autocarros Por sua vez as matrizes de emissões de cada um dos 4 autocarros são as apresentadas nas tabelas 3.54 a 3.57. 233 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS 0,3333 0,6667 0 0 0 0 0,0714 0,2143 0,5000 0,2143 0 0 0 0 0,5000 0 0 0 0 0,2000 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,2500 0,2500 0 0 0 0 0,2000 0,4000 0,2000 0 0 0 0 0 0 0,3333 0,3333 0,3333 Tabela 3.54 – Matriz de emissões de HMM, referente ao autocarro n.º 262 1,0000 0 0 0 0,2500 0 0 0,3333 0 0 0,0833 0 0 0,2500 0,4000 0 0,0833 0,2000 0 0 0,4000 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,6000 0 0,2000 0 0,2000 0,1667 0 0,3333 0 0,5000 Tabela 3.55 – Matriz de emissões de HMM, referente ao autocarro n.º 265 0,5000 0,5000 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,1000 0 0,1000 0 0,1000 0,2000 0,1000 0 0,6000 0,2000 0 0 0 0,6000 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,2000 0,4000 0,4000 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,5714 0,2857 0,1429 Tabela 3.56 – Matriz de emissões de HMM, referente ao autocarro n.º 269 0,6000 0 0 0 0 0,2000 0,5000 0 0 0 0 0,1875 0,5000 0 0 0,2000 0,1875 0 0 0 0 0,1250 0 0 0 0 0 0,5000 0 0 0 0 0 0,5000 0 0 0 0 0,5000 0 0 0 0 0 0,5000 0 0 0 0 0,2500 0 0 0 0 0,2500 Tabela 3.57 – Matriz de emissões de HMM, referente ao autocarro n.º 270 4- Na tabela 3.58 apresenta-se a matriz de partida referente ao início de aplicação da fase de validação e que correspondem às probabilidades de ocorrência dos estados reais no final da fase de treino. Autocarro 262 Autocarro 265 Autocarro 269 Autocarro 270 0 0 0 0 0 0,4818 0 1,0000 0,3919 0,5182 0,6330 0 0,6081 0 0,3670 0 0 0 0 0 Tabela 3.58 – Matriz de partida na aplicação de HMM para validação É possível verificar pela análise da tabela que no final das 29 medições, o autocarro que apresenta a maior probabilidade de se encontrar num estado degradado é o 262. Apresenta 60,81 % de probabilidade de se apresentar no estado 4. Por sua vez o autocarro que segundo o modelo se apresenta em melhores condições de saúde é o 270. Apresenta 100% de probabilidade de se encontrar no estado 2. Perante o conhecimento das matrizes anteriores, estão compilados todos os parâmetros de cada um dos quatro modelos referentes aos quatro autocarros, ficando consequentemente reunidas as condições de inferência dos estados de saúde durante 234 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS a fase de validação, a partir do conhecimento dos valores das variáveis / combinações de emissões medidas ao longo dos períodos de monitorização definidos para essa nova fase. O modelo incorpora ainda todo o grande potencial de prognóstico dos estados de saúde futuros dos veículos, ao nível de motor e sistema de pós-tratamento dos indicadores de impacto ambiental. 5- As probabilidades “à posteriori”, após conhecimento do estado de saúde das 4 viaturas, em cada um dos 29 períodos de monitorização, são então calculadas pelo programa MatLab. As tabelas 3.59 e 3.60 mostram os respectivos valores para o autocarro 262, que apresenta a maior probabilidade de apresentar um estado degradado e para a viatura 270, que provavelmente se encontra nas melhores condições de saúde. Instante de 1 2 3 4 5 monitorização Estado calculado Probabilidades estados Autocarro 262 ….. 25 26 27 28 29 ….. 1 1 2 4 5 ….. 2 2 2 3 4 Estado 1 0,956 1,000 0 0 0 ….. 0 0 0 0 0 Estado 2 0,044 0 1,000 0 0 ….. 1,000 1,000 1,000 0,401 0 Estado 3 0 0 0 0 0 ….. 0 0 0 0,515 0,392 Estado 4 0 0 0 1,000 0 ….. 0 0 0 0,084 0,608 Estado 5 0 0 0 0 1,000 ….. 0 0 0 0 0 Tabela 3.59 – Probabilidades dos estados “à posteriori” na fase de treino do HMM, autocarro 262 Instante de 1 2 3 4 5 ….. 25 26 27 28 29 ….. monitorização 1 5 5 5 4 ….. 1 1 2 2 2 Estado calculado Estado 1,000 0 0 0 0 ….. 1,000 1,000 0,109 0,226 0 1 Probabilidades Estado 0 0 0 0 0 ….. 0 0 0,891 0,774 1,000 estados 2 Estado 0 0 0 0 0 ….. 0 0 0 0 0 Autocarro 270 3 0 Estado 0 0 0 0 1,000 ….. 0 0 0 0 4 Estado 0 1,000 1,000 1,000 0 ….. 0 0 0 0 0 5 Tabela 3.60 – Probabilidades dos estados “à posteriori” na fase de treino do HMM, autocarro 270 235 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS 2 @ $% ! ! ! $% Após concluída a fase de treino de um HMM, segue-se o modo de reconhecimento também designado por fase de detecção. Esta fase é também denominada por fase de classificação. Se necessário, os dados de treino podem continuar a ser usados como dados de validação, integrando as séries temporais de reconhecimento. Na avaliação de resultados, há uma questão pertinente que tem de ser formulada. Prendese com o saber se a qualidade de ajuste do modelo é suficientemente boa para poder servir de base a decisões sobre o sistema real. 2," @ 1 $% ># # $% A adaptabilidade do modelo HMM aplicado à manutenção preditiva ecológica, desenvolvido na presente tese, pode ser medida de duas formas. Adaptabilidade em termos de precisão da classificação de dados de validação e em termos de precisão de perplexidade. Esta última avalia a capacidade do modelo, com os seus parâmetros, se ajustar aos valores de treino. A precisão da classificação de dados utilizados pelo HMM não é mais do que a quantidade estimações correctamente validadas para todos os tipos de eventos ou classes de estados de um sistema, dividida pelo total de monitorizações à condição de um sistema, após a montagem do modelo. Porém, para conjuntos de dados relativamente reduzidos a precisão da classificação constitui uma medida de ruído, dado que a cada amostra pode ser atribuída apenas uma classe. Por conseguinte, a melhor medida é a perplexidade do conjunto de dados de teste, a qual mede o grau de confiança nas predições do classificador. Ou seja, a metodologia de avaliação mais comum para avaliar um HMM é a perplexidade. É muitas vezes usada como a medida da qualidade de um HMM, quando está em causa a capacidade de prever estados escondidos, isto é uma sequência de estados não usada no modelo de treino. Quanto à adaptabilidade em termos de precisão de classificação, a implementação da fase de validação do modelo desenvolvido, compreende a seguinte metodologia. 1- Conhecidos os parâmetros dos HMM de cada um dos veículos, embebidos nas três matrizes características, ficam reunidas as condições de utilização do algoritmo de “Viterbi”. Este algoritmo permite a caracterização da sequência de estados mais provável, para a sequência de emissões identificada experimentalmente, numa fase em que ainda são medidos os valores das variáveis de estado, juntamente com os valores dos indicadores ecológicos. 237 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS 2- Nesta avaliação é feita a comparação entre a sequência de estados calculada pelo modelo e a sequência de estados efectivamente medida com base nos critérios definidos no treino do HMM. Esta última sequência resulta dos valores recolhidos experimentalmente. A implementação desta fase utiliza o algoritmo de Viterbi, embebido no programa informático desenvolvido em MATLAB descrito no sub-capítulo 4.2. A síntese dos resultados finais obtidos encontra-se especificada na tabela seguinte. AUTOCARRO ESPECTROS DE EMISSÕES MEDIÇÃO Semanas de validação 1 2 VALIDAÇÃO ESTADOS DE SAÚDE Semanas de validação 3 262 V7 V4 V5 265 V7 V9 V5 269 V9 V4 V4 270 V5 V6 V2 1 2 3 HMM q4 q2 q2 Medição q4 q2 q2 HMM q3 q4 q2 Medição q3 q5 q2 HMM q4 q3 q2 Medição q5 q3 q2 HMM q2 q3 q2 Medição q3 q4 q1 Tabela 4.1 – Relação entre estados estimados pelo HMM e estados medidos 3-Conhecidos os estados estimados e reais, torna-se possível calcular, para cada veículo, a probabilidade, y, de tais sequências se sobreporem. Ou seja, para cada modelo, tendo por base os dados recolhidos, pode-se especificar a probabilidade dos estados estimados corresponderem aos estados reais do sistema, designada por precisão de classificação dos dados de calibração. y=sum(statesHMM== statesMedição)/n Y Autocarro 262 1,000 Autocarro 265 0,667 Autocarro 269 0,667 Autocarro 270 0,000 FROTA 0,583 Tabela 4.2 – Probabilidades de êxito nas estimativas da fase de validação dos HMM Contudo, pela análise da tabela 4.1, podemos verificar que não existiu em qualquer das estimações um desvio superior a um nível de estados, o que constitui um grande incentivo à aplicação do modelo em futuras aplicações com um número de medidas de treino de maior dimensão. Pela incorporação dos novos dados referentes à fase de operacionalização do modelo, seria possível proceder à aplicação do modelo Baum-Welch, o qual permitiria a recalibração do HMM afinando-o para melhor responder ao seu funcionamento nas condições definidas para a monitorização exclusiva das variáveis observáveis, portanto sem o conhecimento das variáveis ditas ocultas. 4-Conhecidos os parâmetros dos HMM de cada um dos veículos, embebidos nas três matrizes características, ficam reunidas as condições de utilização do algoritmo de “Viterbi”. Este algoritmo permite a caracterização da sequência de estados mais provável. 238 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Formalmente o conceito de “Perplexidade” de um HMM define-se como uma função exponencial negativa da média do logaritmo neperiano da verosimilhança, LK ,i , das Ns sequências de dados de validação, correspondentes aos instantes de monitorização, k, em que ocorre o estado qi. Representa-se pela seguinte expressão matemática: Perplexqi = exp − 1 NS Ns K =1 ( k log P Stk = qi O1..... tsk ,i , λ ( ) (Eq. 4.1) k LK ,i = log P Stsk = qi O1......... tsk ,i , λ Com ) (Eq. 4.2) Em que: ( k P Stsk = qi , O1..... tsk ,i λ ) k P Stsk = qi O1..... tsk ,i , λ = Onde: e (Eq. 4.3) k P O1..... tsk ,i λ k P Stsk = qi , O1..... tsk ,i λ = α tsk (i ) k P O1..... tsk ,i λ = N i =1 (Eq. 4.4) α ts (i) (Eq. 4.5) k As probabilidades calculadas através das equações 4.4 e 4.5 resultam da aplicação das variáveis forward α tsk (i ) definidas no modelo de manutenção. k A sigla O1..... representa a sequência de observações k, de comprimento tsk ,i tsk ,i λ associada ao estado qi. Por sua vez, Ns é o número de sequências e parâmetros do modelo. λ os O melhor valor possível para a “Perplexidade” é 1, quando a ocorrência real de eventos, que neste caso corresponde a estados, é objecto de predição com a probabilidade 1. Por outro lado, um valor de “Perplexidade” de 3 corresponde a uma predição aleatória com a probabilidade de 1/3 para um tipo específico de evento ou para uma determinada classe de estados. Na análise de dados da tese, a distribuição probabilística por classe não se mostrou igual para os dois conjuntos de dados de treino e validação. Tal deveu-se fundamentalmente à diferente distribuição dos dados de montagem do modelo em relação aos dados de teste e em parte devido à reduzida dimensão da amostra de medidas recolhidas. Os resultados obtidos com a aplicação do modelo traduziram-se nos seguintes valores de perplexidade: Perplexidade para: Autocarro 262 Autocarro 265 Autocarro 269 Autocarro 270 Estados 1 e 2 1,4520 1,0000 1,8571 1,0000 Estado 3 NaN 1,0000 1,2500 1,0000 Estados 4 e 5 1,0000 1,8333 1,0000 NaN HMM global 1,2823 1,2239 1,3241 1,0000 NaN (Not a Number) – Estado não ocorreu durante o período de validação Tabela 4.3 – Perplexidade dos HMM de cada um dos autocarros e global 239 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Para comparação de indicadores ambientais com indicadores convencionais, poderse-ão implementar modelos HMM alternativos, utilizando as variáveis “Consumo de Combustível”, “Consumo de Óleo” e “Temperatura do Bloco do Motor”. No diagnóstico do estado de saúde de um motor podem ainda ser incorporados sistemas de controlo que incluem, entre outros equipamentos e componentes, um medidor de massa de ar, sensor de temperatura de ar de admissão, sensor de pressão de ar de admissão, sensor de temperatura de água, sensor de posição da cambota e sensor de posição da árvore de cames. O desajuste nas duas avaliações para o autocarro 270 é perfeitamente explicado. O facto da precisão de validação apresentar o valor nulo explica-se pelo facto de não existirem antecedentes no registo histórico da viatura que permitam ao modelo inferir em consonância com as variações de estado no período de validação. Contudo a diferença entre as classes de estado resultantes da predição do HMM e as classes de estado resultantes de medição e cálculo de acordo com os critérios definidos na montagem do modelo foi de apenas um nível. A segunda aferição pela avaliação da perplexidade traduz o facto de se tratar de um autocarro em muito bom estado, para o qual os estados de saúde durante a fase de treino se mostraram totalmente explicados pelo modelo. O facto de neste autocarro não terem sido identificados os estados 4 e 5 leva o programa a emitir a mensagem “NaN” (Not a Number) que significa que o valor de perplexidade tende para infinito na predição destas duas classes de estado. 2,( 7 # . ># # $% 1 & Como se referiu, a implementação do conceito de manutenção preditiva ecológica, com base em HMM, foi previamente testada em folha de cálculo Excel, no sentido de servir de base e aferição mútua à programação que iria ser desenvolvida em Matlab. As partes principais do programa desenvolvido em MatLab constam do Anexo inserido na parte final do documento. A programação desenvolvida corresponde às duas fases de implementação do modelo. Os algoritmos concebidos foram estruturados com base em HMM e intervalos de confiança estatísticos. A) FASE DE CALIBRAÇÃO DO MODELO O programa desenvolvido faz a classificação de dados recolhidos experimentalmente, utilizando critérios e distribuições de base estatística, capazes de permitir a definição de estados de saúde de equipamentos e sistemas. O programa está preparado a funcionar com estimadores consistentes de média e desvio padrão. Na estimação da média poderão ser utilizadas as distribuições normal e t-student. Por sua vez, a estimador da variância baseia-se na distribuição qui-quadrado. A decisão de classificação encontra-se suportada na comparação dos valores medidos experimentalmente com limiares diferenciados que se encontram associados com os diferentes níveis de significância das amostras de valores dos atributos monitorizados. 240 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS O programa faz uma análise diferenciada no cálculo das classes, começando por tratar as variáveis de estado e depois as variáveis de emissões. No anexo é feita uma análise exaustiva dos procedimentos utilizados na codificação das variáveis de estado. Trata-se de um estágio muito complexo, que permite a selecção pelo utilizador de vários parâmetros, distribuições estatísticas, ponderação da função de estado de saúde do sistema, número de autocarros (facilmente transponível para número de séries) e definição dos limites dos intervalos das classes dos valores monitorizados. Para a definição dos limites, o programa de codificação, faz o cálculo da média, máximo, mínimo e limites dos intervalos de confiança referentes aos valores das sequências cronológicas das diferentes variáveis de estado monitorizadas. É utilizada uma função final que retorna o valor máximo dos dois ramos que a integram. Um deles compara cada valor monitorizado com a média e com os limites de intervalos de confiança de toda a sequência cronológica dos valores de treino e noutro compara a amplitude de variação da variável, entre 2 instantes consecutivos da mesma sequência. Como se referiu, a primeira utiliza na análise estatística uma distribuição t-student e a segunda uma distribuição qui-quadrado. O procedimento permite calcular os valores de uma função de estado. Posteriormente, com base nos critérios de níveis de confiança das amostras monitorizadas, chegamos à definição das classes de estados. A codificação dos espectros de emissões segue um procedimento semelhante ao utilizado na classificação individual dos indicadores ecológicos que integram as combinações de emissões. Porém, na fase final, a classificação das classes de espectros de emissões segue critérios de análise combinatória, que ficaram reflectidos na construção da tabela 3.28. B) FASE DE VALIDAÇÃO DO MODELO A classificação de dados recolhidos experimentalmente para validação do modelo corresponde a instantes posteriores aos utilizados na recolha de dados de treino do modelo. É efectuada seguindo o mesmo procedimento especificado para a fase de calibração. Esta fase inclui a aplicação dos algoritmos “forward” e “backward” às respectivas sequências cronológicas de classes de emissões. Em sequência, é feita a aplicação do algoritmo Viterbi do HMM, que a partir do conhecimento das três matrizes e da sequência de espectros de emissões medidos experimentalmente, na fase de validação, permite inferir o conhecimento da sequência de estados mais provável, conhecida por sequência de variáveis ocultas. O algoritmo Viterbi assume-se como o principal componente do HMM. É aquele que permite fazer a descodificação dos estados ocultos, com base na medição de um espectro de emissões. No passo seguinte é feita a aplicação do algoritmo de “Baum-Welch” que permite efectuar a calibração das matrizes calculadas, tornando o modelo mais consistente. Mesmo após validação do modelo e à medida que forem recolhidos novos dados de emissões, poderá ser feita a re-calibração do modelo através da aplicação do algoritmo de “Baum-Welch”. 241 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Sempre que seja utilizado o algoritmo de “Baum-Welch”, o modelo integrado corre novamente a aplicação do algoritmo Viterbi, partindo do conhecimento das matrizes re-calibradas e de nova sequência de espectros de emissões, seguindo a rotina descrita anteriormente. Faz um novo reconhecimento da sequência de estados mais provável, também conhecidas por variáveis ocultas. O grande indicador da qualidade do modelo reside na avaliação da sua capacidade de identificação dos estados ocultos. Uma forma eficaz de quantificar a robustez do modelo reside no apuramento do valor da sua “perplexidade”. No final da programação, foi desenvolvido um programa de integração dos vários algoritmos que permite a total operacionalização do HMM. 2,/ ) ! Os motores diesel funcionam sempre com excesso de ar em relação ao que seria necessário numa combustão ideal, com relação estequiométrica. Os ensaios de avaliação das variáveis de estado e dos indicadores de emissão, que serviram de base à construção do modelo, foram realizados em pontos do mapeamento muito restritos, uma vez que não existe em Coimbra qualquer banco de rolos para teste de veículos pesados. Como se verifica pela análise da figura 4.1 os motores Diesel de veículos pesados apresentam valores do coeficiente de excesso de ar, λ , superiores a 1,5 e podem mesmo superar o valor 5, em situações de carga próximas de zero. Pode constatar-se que os pontos de mapeamento com os menores valores de λ , correspondem a valores de carga próximos de 100 % e velocidades de rotação baixas. Os pontos mapeados correspondem a situações de regime permanente, perfeitamente estabilizadas. Os regimes transitórios conduzem a alterações nos valores das variáveis monitorizadas. Figura 4.1 – Mapeamento do coeficiente de excesso de ar, Adaptado de (Pflüger 2010) 242 λ , num motor Diesel MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Para garantir uma percepção mais robusta do funcionamento dos motores Diesel de autocarros urbanos foram realizadas 3 sessões de ensaios de autocarros, em condições de carga diferenciadas, nas instalações da firma António Garcia, SA, sediada em Porto da Carne – Guarda. Os testes foram realizados em condições de transitoriedade e de regime permanente. As medições em condições de regime transitório só foram possíveis a nível das variáveis de funcionamento do motor, não sendo possível no que concerne a variáveis de emissões. A primeira sessão de ensaios foi realizada em 23 de Dezembro de 2009, com utilização de um autocarro disponibilizado pela Câmara Municipal da Guarda, marca IVECO, série EuroRider, Modelo 397E 12.35, Euro V, motorização 7790 cm3 de cilindrada, número do quadro 2GA7B2P000E002380, homologado para 92 DB(A) às 1650 rpm, com 210680 quilómetros. Pelo facto do veículo não possuir ficha de ligação compatível com as fichas do equipamento de diagnóstico Texa, não foi possível retirar conclusões, tendo-se apenas efectuado o registo dos seguintes valores das variáveis medidas: Ensaios realizados nas condições P=99 KPa; t=10 ºC; HR=75% Nº de ensaio 1 2 3 4 5 Carga (%) Sem carga 50 50 100 100 Posição caixa velocidades 0 5.ª 6.ª 6ª 6.ª Velocidade de rotação (rpm) 600 1168 1240 1241 1232 Potência (kW) 76,2 82,6 134,9 133,4 Veloc. nas rodas motoras (Km/h) 53,9 65,2 65,1 65,1 Avanço de ignição (º) 10,5 21,2 15,4 15,4 Consumo de combustível (mg/s) 36 104 148,8 148,8 Pressão sobrealimentação (mbar) 1230 1990 1132 2550 Temp. ar sobrealimentação (ºC) 36 37 42 42 Pressão do actuador turbina (bar) 2,18 3,42 3,34 3,4 Número de rpm da turbina (rpm) 53803 84748 102682 103033 NOx (ppm) 300 649 1370 1044 CO (%) 0,016 0,006 0,009 0,007 COcor (%) 0,06 0,01 0,02 0,01 HC (ppm) 1 1 4 7 CO2 (%) 4,04 8,88 7,91 8,57 O2 (%) 15,23 15,73 10,01 10,51 Lambda 3,583 2,22 1,874 1,846 93,8 96,6 97,3 97,0 NOISE- Eng [dB(A)] -1 Opacidade (m ) 0,43 Tabela 4.4 – Valores dos ensaios realizados com um autocarro IVECO, em 2009-12-23 Posteriormente, foi disponibilizada uma viatura pela JOALTO da Guarda, marca Mercedes modelo OC500, Euro III, motorização 11967 cm3 de cilindrada, referência RF (634200), número do quadro (VIN) WEB63420011000537, potência máxima de 310 kW às 2000 rpm, binário motor máximo de 2100 N.m às 1100 rpm, homologado para 92 DB(A) a 1650 rpm, com relação de transmissão na 5.ª velocidade de 1,255, ano de construção 2005. O primeiro ensaio com 243 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS esta viatura foi realizado em 3 de Março do ano de 2010, apresentando a viatura 721040 km no conta-quilómetros e o segundo ensaio foi realizado em 1 de Abril de 2011, apresentando a viatura 876746 km. Os resultados do ensaio realizado em 3 de Março de 2010 são apresentados na tabela seguinte: # ( ( : D :( E : ( ( 9G H( I J $0/0 $)/0 $)/0 $)/0 $-/0 $-/0 + +0 -+ $00 + +0 -+ + +0 /++ /+, /+, /+, /+, /+, /+, /+, /+- $+ $+ $+ $+ $* $* $* $) $) L ( DF E +/ +/ +/ +/ ,0 ,0 ,0 , , D ( 7ME ++ ++ ++ ++ -0 -0 -0 /0 /0 $01/ $01/ $01/ $01/ -01* -01* -01* /.1. /.1. $-$1/ $-$1/ $-$1/ $-$1/ $.1. $.1. $.1. ))1/ ))1/ )/ )/ )/ )/ +$1, +$1, +$1, ,*1/ ,*1/ $.)* $.)* $.)* $.)* $.*$ $.*$ $.*$ $+.) $+.) )1+) )1+) )1+) )1+) )1, )1, )1, )1- )1- *) ., $ / $-$1/ +*1- $0/1* $,*1$ +.1+ $$- . 0 +,*0 .),0 )00 *,.0 $)/$ $)/, $)/* $-/* $-// ( 9 $00 D O E N $00 D O E : ( ( $00 D O E 9 $00 D ( E $00 DA E N D OE 8 # $0/0 DK E N I < $0/0 " (: % N DF E $0/0 ..0 +-00 .*.0 $0/+ $0/) $0/+ $$ * 0 $0/* D ( 7ME +*1, +*1. ++ ++1$ -01) -01* -01+ /$ /$ D OE *)1, .-1$ $ /1+ $- 1$ ++1) $$01$ $,)1- +-1/ $$.1$ DA E $1$,, $1*$+ $1,, $1/*, $1 ++ $1,0$ $1/- $1,** $1,)* DK E $/ $ + - - / )$ ) , . $ 1 $, 0 .1 $)1 $-1* /1$ .1. )1$/+ 1./) 1,0) 1++$ )1/), )1,+) )1)*- *1,/* *1,)- .0 .) ., .+ .$ .* .- .0 .$ +,10 +*10 +*10 ++10 ++10 +*10 ++10 +,10 D E ( ( D :( E % N A " (: ( A ( P DKE DA E " (: B= 9 ( " (: (A B DK E DK E H::( J ,$/10 .* 10 //010 /. 10 *$,10 +++10 ,,,10 0/10 L H::( J + * $ $ $ ) $ $ 010$, 010) 010++ 010. 0100, 0100. 0100) 0100- 010) 010+ 010. 01$$ 010$ 010 010$ 010 HF J HF J HF J -1 . .1.) $010. $$1$) ,10/ -1+/ .1). *1.) HF J $01./ .1.* -1 +1.* $ 1,) $01,$ /1*. $)1.$ 10 . $1,.. $1*/ $1)+. 1* - $1/, $1-.$ 1/,, 010$ 010, 010/ 01$$ 010. 01$$ 010- 010/ /-1. /-1. /-1. /-1/ /-1. /-1. /-1. /-1. Q(A : ( # B ( < D ID EE >$ D( E Tabela 4.5 – Resultados dos ensaios realizados com um autocarro MERCEDES, OC500, em 2010-03-03 A tabela seguinte corresponde aos valores de medição das variáveis de emissões no último ensaio, realizado em 2011-04-01. Os valores das variáveis de estado serão apresentados e discutidos mais adiante. 244 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Regime rotação do motor (rpm) 800 800 800 800 Carga planeada para o motor (%) 25 50 75 100 25 50 75 100 25 50 75 100 25 50 75 100 NOx [ppm vol] 812 902 680 918 939 845 886 604 703 766 301 420 503 562 1021 1027 1100 1100 1100 1100 1400 1400 1400 1400 1800 1800 1800 1800 HC [ppm vol] 1 6 1 4 1 3 3 1 10 15 9 5 1 1 2 11 CO [% vol] 0,01 0,03 0,16 0,09 0,01 0,049 0,14 0,2 0,156 0,03 0,02 0,025 0 0 0,007 0,02 COcorr [% vol] 0,01 0,05 0,2 0,12 0,02 0,15 0,18 0,24 0,21 0,05 0,03 0,04 0,01 0,01 0,02 0,03 CO2 [% vol] 6,81 9,06 11,4 10,2 7,03 4,96 11,2 12,3 11 8,39 9,81 10,4 6,41 7,7 8,29 8,86 O2 [% vol] 11,3 8,35 5,27 6,94 11 7,79 5,49 4,01 5,04 9,38 7,56 6,78 12,00 10,3 9,57 8,91 Lambda 2,14 1,63 1,31 1,47 2,08 2,02 1,33 1,22 1,35 1,77 1,53 1,45 2,29 1,92 1,81 1,69 Opacidade regime estacionário (m-1) 0,09 0,11 0,12 0,15 0,08 0,12 0,11 0,13 0,07 0,11 0,1 0,12 0,07 0,09 0,1 0,11 Ruído do motor (dB(A)) 92,8 94,1 95,1 95,6 95,3 95,5 95,9 96,4 95,9 96,4 96,5 96,6 96,8 97,2 97,4 97,5 Tabela 4.6 – Resultados das emissões medidas num autocarro MERCEDES, OC500, em 2011-04-01 O mapeamento de valores de lambda das misturas avaliadas nos ensaios mostra uma grande coerência em relação aos valores preconizados para a afinação de motores Diesel. Figura 4.2 – Mapeamento do coeficiente de excesso de ar, λ , de autocarro Mercedes OC500 A tabela 4.7 mostra os valores apurados para uma das variáveis de estado, o binário motor, para o autocarro Mercedes OC500 monitorizado. Carga 100 % Rotações por minuto / Binário motor 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800 1900 2000 Curvas teóricas 1750 1775 1850 1900 2050 2100 2080 2070 2050 1965 1850 1740 1647 1560 1490 Guarda 2010/03/03 1600 1603 1603 1833 1848 1834 1829 1848 1841 1817 1769 1679 1583 1483 1401 (Real / teórico)1 (%) 91,4 90,3 89,6 99,1 89,3 87,3 87,9 89,7 89,8 93,2 95,6 95,9 95,9 95,7 96,0 Guarda 2011/04/01 1536 1536 1536 1785 1779 1806 1775 1791 1818 1807 1778 1714 1626 1558 1462 (Real / teórico)2 (%) 87,8 86,5 85,8 96,5 85,9 86,0 85,3 86,9 88,7 92,7 96,1 97,9 98,5 100,5 100,1 Tabela 4.7 – Evolução dos valores de binário (N.m), em autocarro MERCEDES OC500 245 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Pela análise do correspondente gráfico poderemos constatar que o binário apresenta valores inferiores aos teóricos para velocidades de rotação até cerca de 1700 rpm. Mostra ainda que no último ano não ocorreram variações significativas nos valores de binário. Figura 4.3 – Curvas de binário motor, em N.m, de veículo Mercedes OC500 A segunda variável de estado é a pressão de sobrealimentação, cuja amostragem de valores recolhidos nos ensaios se apresenta na tabela seguinte. Carga (%) Rotações por minuto 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800 1900 2000 100 (2010/3/3) Transitório) 3,52 3,54 3,55 3,67 3,67 3,53 3,61 3,53 3,60 3,55 3,56 3,65 3,72 3,66 3,66 100 (2011/4/1) Estabilizado 1,068 1,098 1,137 1,349 1,587 1,822 1,963 2,045 2,114 1,954 2,176 2,446 2,538 2,023 1,873 2,046 1,946 2,40 2,453 2,624 2,773 2,874 2,887 1,662 2,025 2,201 1,972 1,560 1,97 87,5 75 75(2011/4/1) 1,265 62,5 50 0,972 50(2011/4/1) 1,943 1,784 1,903 1,150 37,5 0,970 25 0,937 0,984 12,5 0,917 0 1,08 1,415 1,39 2,249 1,166 1,067 1,152 2,809 2,93 2,721 2,806 1,601 1,45 2,015 1,634 1,972 1,19 2,842 2,601 2,752 1,514 1,241 1,091 2,862 1,853 2,600 1,351 1,342 25(2011/4/1) 0(2011/4/1) 1,836 2,851 2,53 2,313 1,255 1,644 1,502 1,675 2,32 0,963 1,322 1,19 1,14 1,21 1,42 1,42 Tabela 4.8 – Mapeamento da pressão de sobrealimentação do autocarro Mercedes O500 (valores em Bar) 246 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Desde logo foi possível constatar um facto evidente no gráfico seguinte. Como se verifica, os valores da pressão de sobrealimentação em regimes transitórios são muito superiores aos de regimes estabilizados, para os mesmos níveis de carga impostos ao motor. Os gráficos reportam-se a regimes de plena carga. Figura 4.4 – Pressão de sobrealimentação de motor de autocarro Mercedes OC500 (plena carga) Quanto à pressão de óleo todos os valores foram obtidos em regime permanente, uma vez que aquando da obtenção da curva de potência a plena carga, em situações de regime transitório, o equipamento não permitia incluir esta variável na avaliação. Rotações por minuto Carga (%) 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800 1900 2000 100 1,729 2,685 2,926 3,219 3,605 3,866 4,481 4,697 4,970 4,970 4,970 4,970 4,970 4,970 4,970 100 (2011/4/1) 1,704 2,441 3,770 4,730 87,5 1,581 3,955 2,551 75 3,336 75(2011/4/1) 1,974 62,5 50 1,388 2,263 50(2011/4/1) 2,744 2,90 2,77 2,953 2,87 2,893 4,413 3,347 4,441 4,496 4,962 4,546 4,375 4,553 2,92 4,250 3,881 2,723 3,653 2,92 4,637 3,705 3,318 1,157 3,195 25(2011/4/1) 1,978 12,5 4,111 3,28 3,939 4,694 2,873 2,924 4,541 3,22 3,54 3,90 1,046 0 0(2011/4/1) 4,050 3,291 37,5 25 2,603 3,163 1,988 4,138 4,649 1,55 2,78 2,94 3,61 Tabela 4.9 – Mapeamento da pressão de óleo do autocarro Mercedes O500 (valores em Bar) 247 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Podemos analisar pelo gráfico seguinte, referente a funcionamento a plena carga, que à medida que aumenta a rotação, aumenta a pressão de óleo. Trata-se de uma relação explicada pelo facto de o aumento de rotação a carga máxima do motor, exigir uma melhorada lubrificação das partes móveis do motor. Figura 4.5 – Pressão de óleo em regimes estacionários de motor de autocarro Mercedes OC500 (plena carga) Na fase de treino, para dar sequência a esta nova metodologia de implementação de HMMs, em vez de serem utilizadas variáveis de estado, pode proceder-se à incorporação de valores de referência de uma função de estado. Carga (%) Rotações por minuto 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Tabela 4.10 – Concepção da matriz de mapeamento da “função de estado” para cada série de viaturas (valores adimensionais) O mapeamento referente às diferentes séries de veículos que compõem a frota de um operador de transportes permite passar a uma monitorização, detecção de disfunções e diagnóstico de cada uma das viaturas aquando da recolha aos parques de manutenção e estacionamento. 248 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Quando se pretende acrescentar valor a uma empresa de transportes por via da redução dos custos de manutenção e da mitigação do impacto ambiental, poder-se-á optar por soluções de monitorização do estado de saúde que permitam a detecção de início de disfunções nas suas unidades da frota. Para o efeito poderão ser construídas pistas de teste com rampa ou rampas inclinadas, onde o veículo possa cumprir um programa de acelerações que permita a avaliação em diferentes condições de carga. Tais rampas seriam equipadas com sistemas de controlo remoto das emissões e de VSP, permitindo fazer um mapeamento de estados e emissões por séries. Estas infra-estruturas possibilitariam uma avaliação mais eficiente dos estados de saúde dos veículos. Os declives positivos e o controlo remoto simplificam a avaliação dos valores de referência dos indicadores ecológicos, OPAC, NOx, CO2 e NOISE, para cada uma das séries de viaturas. Caso não existam valores de referência disponíveis podem utilizar-se limites legais ou mesmo dados recolhidos em projectos similares. De seguida, são apresentados os valores medidos com o autocarro Mercedes OC500, em regimes sem carga, para as variáveis de emissão monitorizadas: opacidade, óxidos de azoto, CO2 e ruído. Carga (%) Rotações por minuto 600 700 800 900 0,02 0,02 0,02 0,02 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800 1900 2000 0,03 0,04 0,04 0,04 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,10 0,11 0 -1 Tabela 4.11 – Mapeamento da opacidade dos fumos do autocarro Mercedes O500 (em m ) Carga (%) Rotações por minuto 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800 1900 2000 487 451 428 397 364 336 303 277 246 225 216 209 198 183 167 0 Tabela 4.12 – Mapeamento das emissões de óxidos de azoto do autocarro Mercedes O500 ( em ppm) Carga (%) Rotações por minuto 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800 1900 2000 2,39 2,52 2,61 2,62 2,68 2,73 3,02 3,23 3,16 2,93 2,96 3,99 3,06 3,12 3,09 0 Tabela 4.13 – Mapeamento das emissões de dióxido de carbono do autocarro Mercedes OC500 (em %) Carga (%) Rotações por minuto 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800 1900 2000 89,8 90,4 90,7 91,1 91,8 93,7 93,8 93,7 94,3 94,2 94,6 94,8 94,9 95,4 95,6 0 Tabela 4.14 – Mapeamento do ruído do autocarro Mercedes OC500 (em dB(A)) 249 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Os dados de emissões recolhidos relativos aos indicadores ecológicos seleccionados formam o espectro de emissões, que por se tratar da variável visível e mensurável, permite mediante utilização de HMM inferir qual o estado mais provável do veículo no que respeita ao motor e sistema se pós-tratamento. Apresentam-se, de seguida, os mapeamentos conseguidos em resultado dos ensaios realizados com o autocarro Mercedes OC 500, no dia 2011-04-01. Figura 4.6 – Mapeamento da opacidade dos fumos (em m-1) de autocarro Mercedes OC500 Os valores de opacidade aumentam com a carga imposta ao veículo e para a mesma carga, diminuem com o aumento da rotação do motor. Figura 4.7 – Mapeamento dos NOx, em ppm, nos gases de escape de autocarro Mercedes OC500 Os valores de NOx, apresentados em partes por milhão (ppm) crescem com a redução da velocidade de rotação e para a mesma rotação crescem com a carga imposta ao veículo. 250 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Figura 4.8 – Mapeamento dos níveis de CO2, em %, em gases de escape de autocarro Mercedes OC500 Os valores de CO2, em percentagem, crescem com a carga imposta ao motor uma vez que maiores cargas representam maior quantidade de combustível queimado com consequente geração de mais CO2 e também representa menos oxigénio remanescente da combustão o que eleva a ponderação do teor de CO2. Figura 4.9 – Mapeamento dos níveis de ruído, em dB(A), de motor de autocarro Mercedes OC500 O ruído do motor, em dB(A), aumenta mais com a rotação do que com a carga imposta ao motor. Baixos valores de carga e velocidade baixam acentuadamente o ruído. É com estes espectros que no futuro se perspectiva o desenvolvimento de métodos de diagnóstico com maior robustez de previsão dos estados ocultos. Importa distinguir entre o método de detecção e classificação de disfunção do método de diagnóstico da disfunção. A detecção da disfunção decorre da identificação de sintomas resultantes do conhecimento do processo analítico através de valores característicos tais como a variância, amplitudes, frequências e parâmetros do modelo, ou de análise do processo quando se torna possível utilizar parâmetros de estimação para prever o estado do sistema. Pode também advir de sintomas eurísticos através da utilização de informação qualitativa fornecida por operadores humanos, emergindo essas características eurísticas sob a forma de ruído especial, cor, cheiro, vibração ou desgaste (Patton et al. 2000). 251 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS A tarefa de diagnóstico da disfunção consiste na determinação do seu tipo, dimensão e localização. Através da monitorização, medição e análise das variáveis ambientais, sempre que se registem tolerâncias inaceitáveis são emitidos os respectivos sinais de alarme. Com o objectivo de contribuir para a maturidade das novas metodologias de gestão do ciclo de vida (Wheelwright and Makridakis 1980), têm vindo a ser desenvolvidas várias tecnologias de detecção de anomalias. Paralelamente a uma predição determinística, a perspectiva de aproximação probabilística para predição da vida de um sistema ou equipamento é essencial para o prognóstico, porquanto fornece simultaneamente o nível de confiança que lhe está associado. É também simples de implementar quando os registos de reparações e o histórico de anomalias se encontram disponíveis, permitindo também caracterizar com precisão as respectivas distribuições Weibull ou Gama. Se a solução mostra um comportamento altamente transiente apenas em certos pontos no tempo (por exemplo, durante um período de aceleração), o intervalo de tempo entre registos deve ser reduzido. Este procedimento deve também ser associado a regimes transientes durante grandes intervalos de avaliação (por exemplo, ciclos urbanos). Para uma correcta associação das condições de operação do veículo ao nível de carga do motor podem ser usadas funções determinísticas conhecidas da Física e da Mecânica. Considera-se normalmente para associação com o espectro de emissões, a expressão da potência nas rodas: Ntra = (m + mrot )av + mg sin(θ )v + mg cos(θ )CR v + 1 ρ a CD A(v + vw )2 v 2 (Eq. 4.6) Dividindo a potência pela massa total do autocarro, que na recolha ao parque de manutenção e estacionamento, corresponde à tara de 11353 kg e em serviço de exploração pode ir até 18930 kg, podemos calcular a VSP. No cálculo, são utilizados os valores típicos dos coeficientes referenciados na tabela seguinte, em unidades SI. Constante a CR CD A m Valor Tipo de veículo 3 1,2 kg/m Todos 0,00938 Autocarro 0,008 Camião 0,01 Camião articulado 0,6 Autocarro 0,5 Camião 0,6 Camião articulado 7m 2 Autocarro 4m 2 Camião 7m 2 Camião articulado 11353 + passageiros*75 kg Autocarro 10000 kg Camião 19100 kg g Camião articulado 2 9,8065 m/s Todos Tabela 4.15 – Valores para o cálculo da VSP Fonte: (Kuhns et al. 2003) 252 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS (m + mrot ) ρ C A(v + vw ) 2 av + g sin(θ )v + g cos(θ )C R v + a D v m 2m (Eq. 4.7) 1 C .A VSP [ kW / ton ] = a (1 + ε z ) + g.sin(θ ) + CR .g .cos(θ ) + ρa D (v + vw )2 .v 2 m (Eq. 4.8) VSP = Para sermos rigorosos devemos usar sin (arctang (inclinação)) em vez de sin (inclinação). Contudo, o erro desta aproximação é muito pequeno (erro relativo inferior a 1 % para inclinações abaixo de 14 %. Da mesma forma deveríamos usar cos (arctang(inclinação) em vez de cos (inclinação), se bem que o erro desta aproximação seja inferior a 1 % para inclinações abaixo de 11 %. O valor de CR depende das características da superfície da via e do tipo e da pressão de pneus, com uma pequena dependência da velocidade do veículo. Os valores típicos encontram-se na amplitude de 0,008 a 0,016. Habitualmente é usado o valor de 0,0135 em todos os veículos. A equação dos gases perfeitos, Pv P = =R T ρT (Eq. 4.9) pode ser usada para corrigir outras condições de pressão e temperatura. A fórmula a utilizar é a seguinte: ρ = ρ0 P T0 P 293,15 × = 1, 207 × 101330 P0 T T (Eq. 4.10) onde: ρ vem em kg/m3, P em Pascal (Pa) e T em Kelvin (K). Esta correcção pode ser importante. A título de exemplo, se as medidas são recolhidas a -10 ºC e 1 atmosfera, a densidade do ar será 10 % mais elevada do que a 20 ºC. Considerando a relação ((CD*A/m)~0,0005), desprezando a velocidade do vento e usando outros valores típicos para as restantes variáveis, chegamos à seguinte expressão em unidades métricas (kW/ton=W/kg=m2/s3). 1 VSP [W / kg ] = 1,15a + g .sin(θ ) + 0, 00938.g + .1, 207.0, 0005.(v + vw )2 .v 2 (Eq. 4.11) Chegamos à seguinte expressão: VSP = (1,15.a + g.sin(θ ) + 0.092)v + 30175.10−8 × v 3 (Eq. 4.12) Onde: VSP v a = Potência específica do veículo (W/kg). = Velocidade de circulação do autocarro (m/s). = Aceleração do autocarro (m/s2). εz = Factor de massa. Corresponde à massa de translação equivalente dos componentes sujeitos a movimento de rotação (rodas, veios, engrenagens, excêntricos) em todo o sistema de transmissão entre a saída da cambota e as rodas. O índice z, indica que o 253 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS factor εz é dependente da velocidade engrenada. Foi tomado o valor 0,15 pelo facto do valor normalmente utilizado ser 0,10 e o facto de se tratar de autocarros de caixa automática, para as quais se recomenda a majoração deste valor. θ = Ângulo de inclinação da via. sin(θ ) = ht =0 − ht =−1 (Eq. 4.13) v(t =−1a 0 segundos ) Em condições de velocidade de cruzeiro, o valor VSP está compreendida entre -2,9 e 1,2 (Scora and Barth 2006) . Pode ser definida outra expressão, em função da velocidade dada à relação deste parâmetro com a aceleração. Resulta que a potência efectiva, exigida ao motor à saída da cambota, será: N e [kW ] = VSP × m η gt + Nlosses (Eq. 4.14) Onde Ne corresponde à potência debitada pelo motor à saída da cambota e que é transmitida à embraiagem. Na expressão, η gt corresponde ao rendimento mecânico da caixa de velocidades e do sistema de transmissão. O fabricante Mercedes, sugere a utilização do valor 0,88. Por sua vez Nlosses representa a potência requerida ao motor para accionamento dos acessórios do veículo, tal como o sistema de ar condicionado. Estas perdas constam de uma tabela por série de veículo. A tabela inclui duas colunas de valores. No cálculo do número de rotações do motor, considera-se a posição da caixa de velocidades na sua mínima desmultiplicação, que corresponde à posição de velocidade máxima transmitida às rodas motoras. Este pressuposto advém do facto da localização do equipamento de controlo remoto de identificação dos níveis dos poluentes sob avaliação, ser definida em arcos de rede de transportes de boa fluidez de tráfego, se possível com uma razoável inclinação para garantir algum esforço ao motor. A velocidade de rotação do motor será então: n = nwheel Zi (Eq. 4.15) Com a velocidade da roda a ser calculada a partir da velocidade de circulação do veículo, desde que conhecido o diâmetro exterior da roda ou mais precisamente do pneu, dwheel: nwheel = 60.v π .d wheel (Eq. 4.16) A partir daqui poderemos calcular o binário, através a expressão: Be = O número de rotações é agora calculado através da expressão: n = 60 N e 2π n 60.v π .Z i .d wheel (Eq. 4.17) (Eq. 4.18) Pelo que o valor do binário pode agora ser calculado em função dos valores medidos em exploração, ou seja: 254 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Be = N e .d wheel .Z i 2v Chega-se finalmente à expressão final do binário: Be = (Eq. 4.19) VSP × m A carga é determinada através da expressão: % Load = η gt + N losses Be *100 Be _ ref d wheel .Z i 2v (Eq. 4.20) Eq. 4.21) n = cons tan t Dada a relação da potência específica com o binário e a carga do veículo, poderemos utilizar a espectro de emissões com a VSP para inferir do estado da viatura. Uma larga proporção de emissões das frotas pode ser atribuída a uma relativamente pequena percentagem de “grandes emissores”, com falhas nos sistemas de controlo das emissões ou dotados de outros problemas mecânicos (Wenzel and Ross 1996). Os sistemas de controlo das emissões apresentam também deterioração ao longo do tempo. Daí a necessidade dos mesmos serem monitorizados e reparados, sujeitando-os a programas de inspecção e manutenção periódicos. O planeamento e hierarquização das acções, com base em modelos estocásticos, deve obedecer ao princípio de que quanto mais se sobe no nível de gestão mais a informação e a respectiva análise assumem um papel qualitativo, em detrimento da análise quantitativa de grande precisão que deve presidir à avaliação de modelações de natureza determinística e ou microscópica. O objectivo futuro é monitorizar o sistema em tempo real. Corresponde a um primeiro passo de desenvolvimento de um método de monitorização de disfunções ecológicas de sistemas de transportes rodoviários, com auto-aprendizagem resultante dos dados de experimentais recolhidos em estrada, a qual é traduzida no mapeamento de emissões poluentes geradas versus disfunções orgânicas de veículos. A nova metodologia tem por objectivo estimar o estado do motor do veículo quando este circula em pontos de controlo localizados estrategicamente na rede viária. A instalação de sistemas de monitorização permite detectar e acompanhar situações de degradação de sistemas e componentes do motor e do sistema de pós-tratamento, ajudando a programar as intervenções para os períodos de paragem diária ou semanal ou mesmo para dias em que não se prevejam prejuízos na capacidade de oferta pelo departamento de exploração. Deste modo, serão minimizados os custos indirectos de paragens intempestivas dos veículos da frota monitorizada. O sistema de monitorização a implementar corresponde a um sistema dinâmico de detecção de disfunções que utiliza classificadores de disfunções orgânicas inteligentes tais como modelos escondidos de Markov e redes neuronais. Responde a inputs de controlo recolhidos através de medições on-line, de indicadores de impacto ambiental, associados com os efluentes dos veículos, podendo combinar estes com outros sintomas de degradação. Consegue gerar uma reconstituição dos mecanismos condicionadores do desempenho, que se traduz na classificação do estado actual e futuro do veículo, em relação aos seus modos de disfunção conhecidos. Um vector de emissões, V, característico de dimensão k é estimado a partir dos conjuntos de sucessivas janelas de amostragem, cuja captação se efectua diariamente, mesmo durante o período de exploração. Caso exista apenas um ponto de controlo na rede de transportes, deverá ser localizado nas proximidades dos locais de recolha ou parqueamento das viaturas. 255 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Existem vários tipos de ‘software' que optimizam as rotas e os veículos e que têm sobretudo como objectivo o desenho das redes de transporte de uma empresa e a sua gestão “ontime”. A gestão de frotas é também um outro exemplo. A solução de “intelligent tracking”, baseada no uso de tecnologia de satélite, que combina a utilização de GPS com GSM, permite gerir ao pormenor as frotas de distribuição. Desta forma, é possível controlar cada veículo e toda a mercadoria, ganhando uma visibilidade global de todos os veículos e assim possibilitando um planeamento e uma coordenação mais eficientes. Numa altura de crise mundial, é cada vez mais premente o investimento em soluções tecnológicas inovadoras que impactem positivamente o negócio e blindem as empresas das ameaças existentes no mercado. Os sistemas remotos de detecção de disfunções são, normalmente, constituídos da seguinte maneira: sob procedimentos operacionais normalizados uma fonte de IR (Infra Red) é posicionada de um lado de uma pista de tráfego única, colocando-se o detector no lado oposto. Poderá existir um reflector para optimizar a precisão da avaliação. O feixe de IR gerado pela unidade designada por fonte emissora, é dirigido horizontalmente para o detector. A distância entre a fonte emissora e as unidades de detecção encontra-se tipicamente enquadrada entre 6 e 15 metros, com o feixe de IR normalmente posicionado à altura da saída de escape da maioria dos veículos ligeiros e mesmo de alguns pesados. O local de montagem do equipamento tem que ter uma pendente positiva, ou seja deve tratar-se de um troço de via ascendente. É utilizada uma máquina fotográfica de elevada resolução e de alta velocidade para fotografar a traseira do veículo e, assim, proceder à sua identificação, quando este passa na zona de medição. São ainda colocados detectores na estrada para medir os valores de aceleração do veículo, permitindo uma associação dos níveis de emissões com as características de operação do veículo. É ainda registada a idade do veículo. O sistema de diagnóstico inclui uma “workstation” ligada digitalmente a unidades de aquisição de dados, onde os técnicos de manutenção condicionada ou, na sua ausência os agentes de exploração visualizam os gráficos de desempenho. Os técnicos de manutenção podem ainda trabalhar a informação recolhida e compilada. O esquema de princípio é mostrado na figura 4.10. Figura 4.10 - Diagrama de um sistema de controlo remoto de monitorização de veículos 256 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS No local de instalação do equipamento, é necessário adoptar um troço da estrada de forma a existir uma única pista, no sentido de, em cada instante, ser medido um único veículo. O local da instalação deve ainda ser dotado de uma leve inclinação, no sentido de assegurar que o motor está em aceleração quando as medições são efectuadas. A fonte de emissão, o reflector e o detector são colocados a uma altura de 5 a 10 centímetros de forma a conseguir a incidência do feixe de luz no epicentro dos gases expulsos de cada tubo de escape. O controlo remoto permitirá caracterizar o comportamento de frotas em operação, possibilitando a obtenção de cálculos de poluição mais precisos. Informação mais precisa ajudará os governos a tomar melhores decisões políticas. Deste modo, seria possível criar uma política comum a todos os veículos, no sentido de premiar os veículos limpos e penalizar os veículos grandes poluidores. Estes seriam obrigados a apresentar-se num Centro de Inspecção num prazo de tempo definido. Ao mesmo tempo, poderiam ser oferecidas vantagens aos veículos limpos. A monitorização das emissões de veículos deve ocorrer em locais seleccionados por causa dos seus níveis de tráfego elevados, satisfazendo as condições particulares requeridas pelo equipamento de monitorização, de forma a assegurar resultados precisos. Utilizam-se feixes de luz de raios infravermelhos [IV] para medir os teores de CO2, CO e HC e feixes de raios ultravioletas [UV] para medir os teores de NO. A redução de intensidade ocorrida nos feixes de luz no seu atravessamento aos fumos descarregados pelo veículo entre a fonte emissora e a receptora é utilizada para calcular a massa de cada um dos contaminantes. As referidas fontes são posicionadas em locais opostos ao eixo da via. Os feixes de luz fazem muitas vezes um caminho de retorno ao detector que se localiza ao lado da fonte emissora, como se verifica pela análise da figura anterior. A técnica habitual, em vez de utilizar os factores de emissão baseado na quantidade de combustível, utiliza os rácios de CO, HC, e NO em relação ao CO2. Os rácios de CO/CO2, HC/CO2, e NO/CO2 são praticamente constantes durante os 0,5 segundos, nos quais os fumos de passagem do veículo é medido pelo sensor de controlo remoto. No controlo remoto, os factores de emissão podem também ser calculados com base no combustível, utilizando a seguinte equação de cálculo para os poluentes que contêm carbono na sua composição: Ep = [ P] [CO2 ] + [CO ] + [ HC ] + [C ] wc ρ f M p 12 (Eq. 4.22) Sendo: EP - Factor de emissão para o poluente P, em (gramas de poluente) / litros de combustível. [P] - Concentração medida do poluente P. wc - Fracção ponderal de carbono no combustível ( 0,853 para C12H23). ρ f - Densidade do combustível em g / litro ( 0,84). MP - Massa molecular do poluente P. Os factores de emissão podem ser calculados em g/km (distância percorrida), g/kWh (energia mecânica dispendida) ou g/litro (quantidade de combustível queimado). 257 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Deve ser tido em consideração que a informação capturada durante a monitorização não será utilizada para qualquer tipo de execução de lei, sendo a informação individual de cada veículo mantida confidencial. 2,2 )A ! * $% Os autocarros de serviço urbano de passageiros correspondem a sistemas de grande dimensão e complexidade. Estas dificuldades conduzem a um aumento das dificuldades de introdução de sistemas CBM. Consequentemente, torna-se impossível monitorizar todos os seus componentes. Isto significa que tenha que existir um especial enfoque da nossa atenção nos componentes mais críticos. Nesses componentes inclui-se, inequivocamente, o motor e os seus sistemas. Mas os grandes incentivos de implementação de técnicas de CBM são as poupanças decorrentes da maior disponibilidade da frota e exequibilidade de uma política de manutenção com menores custos. Quando se decide quais as partes a monitorizar, dever-se-á olhar para as partes que asseguram funções mais críticas para o ambiente e segurança, bem como para as acções de manutenção que podem ser implementadas de forma mais eficiente. A frequência de recolha de dados é determinante para a optimização de uma solução baseada em HMM. Por conseguinte, uma adequada monitorização é o garante de uma melhor eficiência de um modelo geral de manutenção. A recolha de dados manual, não só é lenta, como também conduz a decisões diferidas no tempo, pelo facto de não poder ser realizada de modo contínuo. O custo de manutenção de um bem ou equipamento aparece enquadrado no custo por ciclo de vida. Figura 4.11 – Custo por ciclo de vida de um bem ou equipamento Os resultados económicos da manutenção podem ser entendidos, de uma forma simplificada, como o saldo de uma conta em que se lançam a crédito os proveitos inerentes à manutenção, caso estes existam e a débito os custos da manutenção e os custos atribuíveis a não manutenção. Figura 4.12 – Apuramento dos resultados económicos da função manutenção 258 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Os proveitos da manutenção correspondem a todos os que advenham de receitas decorrentes da actividade de manutenção, geralmente através da prestação de serviços a terceiros ou a outros departamentos da empresa. Os custos da manutenção correspondem à componente mais fácil de identificar, já que incluem todas as despesas com pessoal, materiais, peças, subcontratos e outros gastos industriais e administrativos, imputáveis no âmbito de encargos gerais de estrutura da empresa. Os custos de não-manutenção são os mais difíceis de materializar. Incluem todas as despesas ou perdas de receita, em qualquer departamento da empresa, em consequência de falta de manutenção, manutenção insuficiente ou manutenção inadequada. Para análise do desempenho da função manutenção, os operadores utilizam um sistema de informação como suporte à gestão da manutenção. É sempre conveniente, desenvolver o sistema internamente, no caso de a empresa possuir meios adequados. Esta opção tem a vantagem de permitir encontrar uma solução que se adapte completamente às necessidades da empresa e permitir que a empresa fique com o conhecimento perfeito do sistema. No entanto, tem o inconveniente de poder ser mais demorada e mais dispendiosa. Um sistema de informação eficiente operando on-line, permite a redução dos tempos de imobilização não programada dos equipamentos, ao permitir o incremento progressivo da manutenção condicionada, em detrimento da manutenção preventiva e da manutenção curativa. No ano de 2002 foi realizado um caso de estudo na Suécia para a empresa C20 Metro, (Sethiya 2010) no âmbito do sistema de veículos de transporte em terra de um aeroporto, mostrando que é possível projectar, construir e implementar um sistema de manutenção preditiva sem grandes mudanças na concepção sem que tenha havido um significativo investimento. A investigação evidenciou que é possível usar a mesma aproximação técnica de CBM em autocarros urbanos. O estudo refere que através de uma análise comparativa entre um sistema de manutenção planeada e um sistema de manutenção preditiva, é possível concluir das vantagens do segundo. Descreve ainda que o funcionamento correcto de um sistema CBM pode conduzir a economias de 8% a 12% em relação ao primeiro. Através de pesquisas independentes constataram-se as seguintes vantagens e reduções de custos como resultado da introdução de um programa industrial de manutenção preditiva: • Redução em custos de manutenção: 25% a 30%. • Redução das quebras de produção: 70% a 75%. • Redução no tempo de imobilização: 35% a 45%. • Aumento de produção: 20% a 25%. • Aumento da vida operacional e da disponibilidade dos componentes. • Permitir acções correctivas antecipadas. • Redução de custos em componentes e mão-de-obra. • Melhoria na qualidade dos produtos ou serviços. • Melhoria da moral dos trabalhadores. 259 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS • Economia de energia. Ao mesmo tempo identificaram-se as seguintes desvantagens: • Equipamento de diagnóstico caro, o que aumenta o investimento. • Custos acrescidos com pessoal de formação nos órgãos operacionais. • Estrutura de gestão que não consegue identificar prontamente potenciais economias. Numa perspectiva socioeconómica a tese também tem como objectivo último a maximização dos lucros combinados dos serviços de exploração e manutenção, com inclusão dos ganhos ambientais avaliados em relação a sistemas convencionais. Incorpora, consequentemente, os proveitos e custos associados com a exploração, os proveitos e custos das acções de manutenção e os custos de não manutenção. A decisão toma como suporte o estado actual dos equipamentos e os níveis de degradação previstos. A avaliação apresentada pressupõe que a frota esteja dimensionada com rácios de viaturas de reserva estritamente necessários para garantir o cumprimento de rácios de imobilização que permitam responder às exigências de todas as intervenções oficinais, quer se reportem a operações de manutenção planeada sistemática, a manutenção planeada preditiva ou mesmo quando se trate de acções de manutenção não planeada fortuita ou correctiva. Decorre da leitura do relatório de actividades dos SMTUC, referente ao ano de 2009, as seguintes ocorrências e intervenções: 1-Sinistros Nº por item Total na categoria 291 291 2 – Operações de manutenção preventiva 2.1 - Revisões 153 2.2 - Lubrificação 252 2.3 - Inspecções obrigatórias 175 580 3 – Operações de grande manutenção 2.1 - Motor 13 2.2 – Caixa de velocidades 6 2.3 - Embraiagem 2 2.4 - Diferencial 1 2.5 - Compressor 2 2.6 - Motor de arranque 28 2.7 - Alternador 51 2.8 - Carroçaria 6 109 Tabela 4.16 – Ocorrências e intervenções na frota dos SMTUC em 2009 Os indicadores de exploração por viatura e por motorista, para os 108 autocarros da frota dos SMTUC, podem ser analisados na tabela 4.17. O máximo número de viaturas simultaneamente utilizadas em dias de semana nos picos de maior procura, corresponde às segundas e sextas-feiras, em período de aulas. Para estes picos, foi planeado o funcionamento de 98 chapas de serviço público, entendendo-se por 260 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS chapa o serviço a assegurar por uma unidade de frota durante um dia. Para um total de 108 autocarros de lotação média, standard e articulado, significa que a frota dispõe de um rácio de viaturas de reserva que no mínimo pode chegar aos 9,3 %. Por viatura: Por motorista Veículos x quilómetro 40990 Lugares x quilómetro 3367490 1648170 Passageiros transportados 195830 95850 Passageiros x quilómetro 698530 341880 Percurso médio por passageiro 3,567 Custos operacionais 109170 53430 Custos totais 110250 53960 Proveitos operacionais 103560 50690 Proveitos totais 111880 54760 Consumo médio em 2009 km km 20060 3,567 km km 50,71 l/100 km Rácio de cobertura de custos de transporte: Proveitos de passageiros/custos operacionais 51 % Tabela 4.17 – Indicadores da frota dos SMTUC, referentes a 2009 Em resultado da aplicação da preconizada política de Manutenção Preditiva Ecológica (MPE) a uma empresa de transportes urbanos de passageiros, como os SMTUC, é efectuada, seguidamente, uma estimativa de projecção dos decorrentes impactos económicos. A previsão parte do princípio de que todas as viaturas serão monitorizadas na recolha. a)Custos de sinistralidade Pode ser verificado pela tabela 4.16 a ocorrência de 291 sinistros, o que corresponde a uma média de quase um sinistro diário. A sinistralidade tem custos da ordem dos 100000 euros anuais. Com a implementação da monitorização periódica, a nível da avaliação das emissões de escape e de ruído, não surgiram suficientes evidências que demonstrem a existência de impactos na redução de sinistralidade, pelo que este item não se altera. b)Custos de indisponibilidade A implementação de um projecto empresarial que se enquadre no âmbito das soluções recomendadas na tese pode ter impacto na redução significativa dos custos de indisponibilidade, uma vez que quase se anula a probabilidade de ocorrência de avarias súbitas. A principal poupança decorrente da aplicação do modelo reside mesmo neste ponto. Nos períodos de recolha nocturnos, recomenda-se a presença de um profissional altamente qualificado em manutenção de veículos. Este profissional deve ter elevadas competências a nível de diagnóstico e afinação de motores e terá como missão a redução dos rácios de imobilização. O relatório de actividades dos SMTUC refere como valor de proveitos operacionais, 103560 euros anuais por viatura, o que demonstra da importância da redução da indisponibilidade. Associados aos custos de indisponibilidade devem também ser imputados os custos de imagem resultantes da afectação dos clientes por perturbações no serviço oferecido pelo operador e de rupturas na oferta de capacidade de transporte. Estes efeitos traduzem-se em perdas na procura e consequente agravamento do saldo de exploração. 261 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS c)Custos oficinais Enquadra os custos de manutenção e grandes reparações. Podem reduzir-se significativamente, atendendo ao facto da manutenção condicionada levar a um aumento dos tempos médios de bom funcionamento. Assim, prevê-se que se venham a registar menores custos de manutenção planeada e também uma redução dos custos de grandes manutenções e reparações de natureza fortuita. Um bom diagnóstico irá permitir que as viaturas recorram menos vezes às operações de manutenção. Ao mesmo tempo as intervenções serão mais focalizadas e, por conseguinte, mais rápidas e mais baratas. Em 31 de Dezembro de 2009, o número de efectivos total dos SMTUC era de 466. O número de efectivos na categoria de pessoal operário era de 60. O custo anual médio por efectivo cifrava-se em 19276,50 . Podemos estimar para o pessoal operário um custo de 1000 euros mensais o que corresponde a 14000 euros anuais. Esta será a economia decorrente de eventuais reduções no número de trabalhadores. A estes valores, será a crescida a redução em consumos de peças e materiais. Seguidamente é feita a apresentação de um extracto de quadro de bordo de indicadores, utilizados na monitorização de um “centro de manutenção” com 15 operários, inserido numa empresa transportadora. QUADRO DE BORDO DE INDICADORES DE MANUTENÇÃO Mês: Março Ano: 2011 Número de efectivos da função manutenção Referente ao mês 15 Acumulado desde Janeiro 15 Tempo total de presenças (h) 2310 6510 Horas de manutenção condicionada (h) 245 812 Horas de manutenção sistemática (h) 1394 3945 Horas de manutenção correctiva (h) 362 1028 Aproveitamento de mão-de-obra (%) 86,6 88,9 >85 Intensidade de manutenção condicionada (%) 12,2 14,0 >20 Intensidade de manutenção sistemática (%) 69,7 68,2 55 a 70 Intensidade de manutenção correctiva (%) 18,1 17,8 15 Horas de exploração da frota (h) 21842 64236 Imobilização da frota com manutenção (h) 2643 7644 Disponibilidade da frota (%) 87,9 88,1 Custo de pessoal da função manutenção ( ) 25973 74453 Custo de materiais de manutenção ( ) 7895 24684 Custo horário médio de manutenção ( ) 12,98 12,87 Número de avarias e disfunções 74 226 Tempo médio entre avarias (h) 295 284 >400 Tempo médio para reparação de avarias (h) 31,2 28,8 <24 Indicador Objectivo >90 <13,2 Tabela 4.18 – Indicadores de manutenção de unidade de manutenção com 15 operários 262 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS d)Custos de inspecção / monitorização A implementação de uma metodologia clássica do sistema testado implica a afectação de um trabalhador sem necessidade de grandes qualificações e a compra de um equipamento de medição de opacidade e de medição de emissões de gases de escape. Um trabalhador poderá custar à empresa com todos os encargos 14000 euros por ano e um equipamento com o custo de 6000 euros custará à empresa 1400 euros anuais. Considerou-se a sua amortização em 5 anos e custos de manutenção anuais de 200 euros O total de custos nesta rubrica importará em 15400 euros anuais. e)Custos de exploração A monitorização das variáveis de impacto ambiental traduzir-se-á numa economia de consumo de combustível. As estimativas das empresas contactadas para o efeito sugerem, com alguma segurança, uma redução de consumo de 1,5 litros por cada 100 km percorridos, que para os 108 autocarros dos SMTUC, corresponde a 83190 litros. Mesmo com preços muito atractivos, esta prática representará para a empresa uma economia da ordem dos 100000 euros anuais. f)Custos de impacto ambiental As práticas de manutenção que não seguem as especificações provenientes dos fabricantes, levam quase sempre a um aumento do nível de ruído e de emissões de escape. Em contraste, as boas práticas de manutenção que seguem as especificações originais, reduzem substancialmente as emissões. Os custos sociais decorrentes do ruído de tráfego na EU22 situavam-se em mais de 40000 milhões de euros por ano (CE_DELFT 2007). O ruído afecta a saúde de quase um terço das pessoas residentes na União Europeia. Um em cada cinco europeus expõe-se regularmente, à noite, a níveis de ruído susceptíveis de provocar danos significativos na saúde. Os custos de exposição ao ruído de tráfego correspondem a um terço do custo estimado de sinistralidade rodoviária (den Boer and Schroten 2007). Estima-se ainda que o benefício social para o REINO UNIDO, decorrente de uma redução de 1 dB(A) na exposição de ruído em habitações e locais de permanência, tem um valor superior a £500 milhões num ano (Watts et al. 2005). A nível global, existem vários estudos que calculam o custo da contaminação ambiental em Estados e áreas geográficas geridas por Administrações Regionais e Locais, avaliando, sobretudo, os efeitos sobre a saúde humana. O livro “Air Resources Board Carl Moyer Guidelines”, no que concerne às orientações para aplicação em programas de redução de emissões no ano de 2008, definiu um limiar de custo/benefício de 16000 US$ por tonelada de HC ou NOx e de 320000 US$ por tonelada de PM, para quantificar os fundos disponibilizados para os programas governamentais. Por sua vez, um estudo realizado pela AEA Technology Environment, de avaliação dos danos provocados por cada tonelada de emissões de PM2,5, NH3, SO2, NOx e VOC´s, nos estados membros da EU 25, refere que os impactos decorrentes para a saúde humana se cifram em 5200 a 7200 para os NOx e de 37000 a 54000 para PM2,5. Para o caso da Alemanha e França, os valores por tonelada de NOx são agravados para 26000 e 21000 , respectivamente. Para estes países, são definidos para o poluente PM2,5 os valores de 140000 e 130000 , respectivamente. 263 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Também, segundo a Directiva 2009/33/CE, o CO2 emitido para a atmosfera tem um preço de 0,035 /g. Um estudo desenvolvido na Suécia (VOLVO 2003) definiu uma metodologia de cálculo de valores de emissão por litro de gasóleo utilizado em motores Diesel Volvo homologados pelas sucessivas normas europeias, até ao EURO IV. Os valores de referência podem ser analisados na tabela seguinte. EMISSÕES DE AUTOCARROS (g/litro de combustível) (*) LEGISLAÇÃO PM NOx HC CO CO2 EURO 0 1,5 - 1,7 41 - 44 1,5 – 1,8 3,0 – 6,0 2637,6 EURO I – 91/542/EEC Stage I 0,2 - 0,6 28 - 32 0,5 – 1,2 2,0 – 8,0 2637,6 EURO II - 91/542/EEC Stage II 0,2 - 0,5 25 - 28 0,4 – 1,0 1,0 – 7,0 2637,6 EURO III - 1999/96/EC Stage I 0,25 – 0,35 17 - 20 0,4 – 0,8 2,3 – 3,9 2637,6 EURO IV - 1999/96/EC Stage II 0,18 – 0,25 12 - 14 0,4 – 0,8 1,9 – 3,2 2637,6 (*) Gasóleo com certificação da EU (CEC RF-06-99) Fontes: (VOLVO 2002) e (CORINAIR, 2007) Tabela 4.19 – Índices de emissões referentes a motores Diesel Volvo Contudo, um estudo mais abrangente, desenvolvido pela (TECHNET 2010) para o Município de Barcelona, refere valores de emissão para frotas de autocarros, mais diversificadas, apresentando diferenças significativas em relação aos valores anteriormente especificados. EMISSÕES DE AUTOCARROS (g/litro de combustível) (*) LEGISLAÇÃO PM NOx HC CO CO2 EURO 0 3,90 31,88 17,14 n/d 2488.7 EURO I – 91/542/EEC Stage I 4,38 21,34 11,77 n/d 2520,4 EURO II - 91/542/EEC Stage II 1,89 30,62 6,19 n/d 2528,6 EURO III - 1999/96/EC Stage I 1,62 23,95 4,72 n/d 2524,3 EURO IV - 1999/96/EC Stage II 1,34 25,14 5,99 n/d 2522,3 (*) Gasóleo com certificação da EU (CEC RF-06-99) Fonte: (TECHNET 2010) Tabela 4.20 – Índices de emissões referentes a autocarros, no Município de Barcelona O estudo da Technet em Barcelona conclui que os 10 % de veículos com os níveis de emissões mais elevados contribuem com as seguintes fracções de impactos ambientais: o 40 % de partículas. o 38 % de NOx. o 60 % de HC. o 80 % de CO. O mesmo estudo refere que se os organismos oficiais promoverem a redução gradual de emissões, em poucos anos poder-se-iam mitigar os seus níveis para até 50 % das emissões actuais, permitindo economizar muito mais recursos económicos aos cidadãos em impostos para cobrir os défices dos Serviços Nacionais de Saúde ou investir em qualidade de vida para os mesmos. 264 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Tipicamente, uma percentagem de apenas 10-15% dos veículos é responsável por cerca de 50% de emissões. Inspecções regulares e adequados procedimentos de manutenção são essenciais para manter uma frota a operar com o mínimo de consequências ambientais. Boas inspecções e reparações, seguidas de um acompanhamento periódico ou contínuo, traduzemse na melhoria de consumo de combustível em 3-7% e reduzem as emissões de partículas, NOx e VOC em cerca de 10-20%. Estas reduções dependem da condição inicial da frota (UNEP 2011). Assim, poderemos estimar, para o caso da frota dos SMTUC, pressupondo reduções médias nos valores de emissões de 5%, os seguintes valores custo/benefício por contaminante: Poluente Redução Anual (kg) Custo Unitário ( /kg) Custo Anual ( ) NOx 674,1 15 10111,50 PM 66,3 100 6630,00 HC 231,4 15 3471,00 Redução de custos de impacto para mitigações de 5 % 20212,50 Tabela 4.21 – Redução de custos de impacto, decorrente de melhorias na manutenção Depreende-se que, no Município de Coimbra, só em resultado da aplicação do modelo à frota dos SMTUC seria gerada uma economia de cerca de 20000 euros anuais. De acordo com um estudo realizado para a “Metro Mondego, SA”, os autocarros representam uma fracção de cerca de 2 % da quilometragem total do parque de viaturas na cidade de Coimbra. Utilizando o modelo de emissões (COPERT-III et al. 2000) estima-se que estes autocarros possam contribuir com cerca de 14 % de NOx, 11,4 % de partículas e 7,6 % de CO2. Facilmente poderemos perceber do enorme impacto ambiental e na saúde pública, decorrente da aplicação de sistemas de controlo remoto em pontos estratégicos da cidade, onde se faça a detecção dos veículos mais poluidores. É expectável que estes custos de externalidades venham a ser incluídos nas avaliações de investimentos futuros, o que se traduzirá na geração de novas oportunidades à aplicação de soluções mais racionais. g) Implementação de novas tecnologias de monitorização Para processar todos os dados medidos de um veículo e nos seus efluentes exigir-se-á um software poderoso. Representa mais do que um custo, porquanto se tratar essencialmente de um investimento. Contudo, seria um engano prescindir completamente da intervenção humana, como factor de planeamento de manutenção. A interface humana em veículos urbanos é muito importante. Uma grande quantidade de informação associada à condição dos veículos será sempre detectada pelos motoristas e pelo pessoal de serviço que têm um contacto diário com a frota. A arquitectura que pode servir de base ao enquadramento da conceptualização da tese, baseada na Estrutura OSA-CBM, pode ser sintetizada na figura 4.13. 265 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Figura 4.13 – Sistema MPE numa empresa de transportes urbanos O grande salto para uma nova era de gestão da manutenção de frotas, decorrerá da implementação de sistemas de controlo remoto em monitorização de desempenho e de impactos ambientais de veículos de transportes. De acordo com a National Motorists Association, os actuais dispositivos de controlo remoto podem, actualmente, ser comprados ou alugados. Nos Estados Unidos, o preço médio de uma instalação simples destes equipamentos pode ir até aos 90000 dólares, o qual também inclui a formação de pessoal para a sua exploração. Se a opção for pela construção de uma estação de controlo remoto, o custo pode ir até aos 140000 dólares. As soluções referenciadas permitem testar um máximo de 3600 veículos por hora. Contudo, um sistema base de recolha de dados, mais elaborado, proposto para a Virgínia do Norte, teve um custo estimado mínimo de 300000 dólares. Neste último projecto foi calculada a relação custo benefício em termos de dólares por tonelada de emissões poluentes reduzidas, ficando esta compreendida entre 2967 e 6371, conforme a tecnologia e o ano do veículo. O custo total anual foi estabelecido com base numa vida útil do equipamento de 5 anos. Neste estudo foi ainda desencadeado um processo para a atribuição de subsídios para reparação dos veículos identificados e catalogados como sendo grandes emissores, de acordo com a informação do sistema de controlo remoto. Para integrar as metodologias descritas, de adequação ambiental, torna-se necessário desenvolver um módulo adicional bem como hardware especial, tal como se ilustra na figura 4.14. 266 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Figura 4.14 - Hardware de aquisição de dados O sistema pode incorporar software de aquisição comercial. Para implementações de baixo custo, é usado um hardware especial, baseado em rede CAN 2.0B Ethernet Network. O hardware a desenvolver utilizará a tecnologia microship, PIC18F2685 por CAN e ENC28J60 por conectividade Ethernet (Pic 18J86G60). Na instrumentação, a unidade de recolha de dados incorpora um filtro passa baixo e amplificador / atenuadores electrónicos com corte e ganho conseguidos por software. Os sistemas de informação têm impactos no aumento do tempo de vida dos veículos, por beneficiarem de mais e melhor manutenção e redução de todos os tempos de espera, por permitirem uma melhor organização e preparação do trabalho e melhor informação sobre a gestão de sobressalentes, dos materiais, ferramentas, equipamentos e documentação técnica. Além disso conduzem a menor tempo de imobilização por avaria, em virtude de assegurarem um acesso mais rápido e selectivo aos elementos do histórico e parâmetros estatísticos de atributos das viaturas e dos seus modos de avaria característicos, permitindo uma detecção e prognóstico mais eficaz. Perante tais estudos, são grandes as expectativas de que a aplicação do modelo possa conduzir a mitigações significativas nos valores de impacto ambiental. Infere-se ainda, que estas reduções juntamente com os custos e economias decorrentes das mudanças, poderão vir a gerar, não só ganhos económicos como também a dar um contributo significativo a uma melhor qualidade de vida de muitos seres humanos afectados. 267 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS 3 0 3," ! ! 1 ! O objectivo central da tese esteve focado num modelo de planeamento da manutenção baseado em modelos escondidos de Markov. Estas são aplicadas em manutenção preditiva de frotas de autocarros de serviço urbano de passageiros, utilizando como variáveis de condição os efluentes de escape dos veículos. Considera-se que os objectivos gerais foram plenamente atingidos e, desta forma, a dissertação dá um contributo para a redução das fortes externalidades negativas do sector dos transportes rodoviários. Para isso os objectivos específicos tiveram que estar orientados para uma meta que enfatiza a promoção de novas metodologias de gestão operacional de frotas de autocarros de serviço urbano de passageiros, subordinadas aos seus impactos ambientais. A tese fundamentou-se num novo paradigma na área da manutenção, suportado na introdução de novos algoritmos de previsão baseados em cadeias de Markov e, em particular, em modelos escondidos de Markov. Com base na literatura especializada foram avaliadas várias tecnologias para medição de variáveis de condição e de desempenho. Presentemente, são conhecidas quase uma centena de técnicas de manutenção condicionada e muitas outras podem ser desenvolvidas, de acordo com a especificidade de cada equipamento. No percurso de selecção foram identificadas opções que implicavam o uso de equipamentos de medição de variáveis de desempenho, também designadas de variáveis de estado, tais como, sonómetros, câmaras termográficas, dispositivos de laser, aparelhos ultra-sónicos, analisadores de vibrações, câmaras de alta velocidade e equipamentos de medição dos constituintes dos gases de escape. Foi feita uma classificação das medições das variáveis de estado e dos indicadores ecológicos de referência, com base em níveis de significância diferenciados, associados a distribuições t-student, normal e qui-quadrado. Tais medições correspondem às sequências cronológicas que constituem a população dos atributos mencionados. Os HMMs foram definidos com base em duas sequências de grupos de variáveis. Num deles, as variáveis são medidas apenas durante as fases de calibração e validação. Corresponde à fase de caracterização dos estados ocultos. Por isso, tais variáveis são designadas ocultas. A outra traduz a sequência de espectros de emissões utilizados como meios de diagnóstico. Daí que tais varáveis ecológicas tenham a designação de visíveis. Considera-se que o modelo traz um contributo positivo à ciência, no sentido de que se apresenta como uma nova abordagem de manutenção de condição e como um suporte a novas estratégias de manutenção preditiva. Assume-se mesmo que a concepção preconizada pode corresponder ao advento da manutenção preditiva de referência ecológica à gestão generalizada de frotas de veículos de diferentes categorias, para além da considerada na presente dissertação. 269 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS A investigação teve não só a perspectiva de procurar novas formas de usar métodos e tecnologias já disponíveis mas também visou a identificação de novas tecnologias de avaliação das variáveis ecológicas, especialmente no âmbito das tecnologias de controlo remoto. Em mercados fortemente competitivos da actualidade, os custos de produção, o consumo de tempo e a utilização optimizada de frotas são assuntos cruciais para os operadores de transportes. Maximizar os rácios de operacionalidade dos veículos e equipamentos constitui a grande meta das equipas de manutenção, para manter a actividade de uma empresa dentro de elevados padrões de produtividade. A manutenção reactiva, levada a efeito apenas quando ocorrem avarias na frota, resulta não só em elevados custos de produção mas também em elevados tempos de paragem causados por falhas nos sistemas dos veículos. A manutenção preventiva tem como objectivo eliminar quebras de rendimento e anomalias através de manutenção programada tendo em vista o estado actual da viatura. Porém, em mercados contemporâneos, torna-se cada vez mais importante predizer e prevenir falhas com base no desempenho (considerando também a dimensão ambiental) actual e passado do equipamento, assegurando assim a manutenção apenas quando necessário e exactamente quando necessário. Por estas razões, a transição da manutenção convencional de tipologia combinada reactiva e preventiva para a combinação preventiva e preditiva deverá estar na base do desenvolvimento das novas tecnologias de manutenção. No algoritmo de monitorização, o conceito base de diagnóstico da disfunção ambiental, mais especificamente, da sua detecção precoce, assenta na existência de um diferencial inaceitável entre o modelo de operação de referência desenvolvido para o veículo versus modelo de resposta actual da viatura. Os sistemas de medição por controlo remoto podem contribuir para reduzir as emissões dos veículos, constituindo instrumentos essenciais para mitigar efeitos negativos para a saúde decorrentes da exposição às emissões poluentes. A legislação de transportes e ambiental deve encorajar as empresas e os automobilistas a utilizar veículos em bom estado de conservação e com reduzidos níveis de emissões. Na prossecução de tais objectivos, devem ser substituídas as actuais inspecções periódicas, que incidem na avaliação das perturbações ambientais, por monitorizações expeditas realizadas em estrada ou em pequenos desvios à circulação, evitando assim gastos desnecessários. Para o efeito é importante que se desenvolvam sistemas de monitorização de baixo custo que possibilitem a introdução destes sistemas em cidades e nos principais eixos viários. A CBM corresponde a uma estratégia que tem por base manter o veículo em condições operacionais adequadas, a partir do acompanhamento de “variáveis de estado”, em vez de se basear, exclusivamente, nas horas ou quilómetros de operação. A MPE faz a monitorização indirecta dos estados de saúde através de variáveis visíveis de emissão que se encontram correlacionadas com variáveis de estado ocultas ou mesmo com uma função de estado oculta. Da avaliação efectuada em testes preliminares e aos dados de opacidade fornecidos pelo centro de inspecção de Souselas abrangendo as várias séries de viaturas dos SMTUC e também depois de efectuada de uma forma mais exaustiva a medição de emissões na série de autocarros Mercedes CITARO O530, torna-se possível enumerar as seguintes conclusões: 1. O modelo apresentado nesta investigação, em prol de um novo conceito denominado de “manutenção preditiva ecológica”, utiliza modelos escondidos de Markov, com resultados promissores. Algumas destas técnicas têm as suas limitações. Porém, em 270 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS certas aplicações, representam a melhor opção. A sua robustez está muito associada ao rigor de classificação de dados, já que o modelo matemático em si, quando dispõe de dados suficientes de treino, se revela altamente eficaz. Exemplos da sua robustez são os sistemas telefónicos automáticos de detecção de voz e o reconhecimento de assinaturas digitalizadas. 2. Estamos perante uma estratégia inovadora de aplicação de técnicas de manutenção preditiva em motores Diesel. 3. Quando um equipamento está em estado de pré-disfunção, emite sinais ou sintomas de patologias que nem sempre estão dentro do alcance da percepção dos sentidos humanos. Assim, esta mudança de comportamento pode indiciar o início de deficiências orgânicas quase sempre associadas à ocorrência de deficiências ambientais. 4. Uma estratégia de optimização da manutenção de autocarros urbanos de passageiros, tomando como base alterações dos indicadores ecológicos, terá que assentar numa criteriosa e consistente definição dos atributos e variáveis de entrada e saída do modelo utilizado. 5. As reparações típicas que ocorreram no período de monitorização, desencadeadas perante a manifestação de altos níveis de fuligem e emissões poluentes gasosas, tiveram a ver essencialmente com problemas no sistema de arrefecimento, injectores, filtro de ar e turbocompressor. 6. As emissões vão aumentando com a idade de um veículo. A idade dos veículos afecta as emissões de três formas: a. A idade revela-se quase sempre um excelente indicador do estado de saúde de um veículo. Quanto mais elevada for a sua idade, menor a probabilidade do veículo estar enquadrado nas boas práticas de manutenção. Por outro lado, a idade está ligada à probabilidade do motor se encontrar a operar numa determinada classe de estado de saúde. Contudo, algumas vezes os estados de saúde podem mascarar a relação esperada com idade. As diferenças entre as emissões de veículos com a mesma idade, uns sem grandes cuidados de manutenção e outros devidamente mantidos, são significativamente maiores do que as diferenças entre emissões de veículos bem mantidos e inseridos em diferentes classes de idade. b. A idade está associada à tecnologia. Um veículo mais recente terá maior probabilidade de ser dotado de tecnologias mais eficientes do ponto de vista de rendimento e também de ser menos poluidor. c. As emissões dos veículos também aumentam com a acumulação de veículosquilómetro percorridos. Os valores apurados de veículos-quilómetro percorridos revelam-se fortemente correlacionados com a idade do veículo. Também se verificou que o uso intensivo de um veículo é mais crítico do que a idade para a determinação dos níveis de emissões. 7. Mediante a utilização de correctas metodologias de inspecção e monitorização, integradas nas melhores políticas de manutenção, prevê-se que seja possível assegurar que os veículos sejam identificados no início de transições para estados 271 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS degradados sendo depois reparados antes que ocorram grandes danos e se manifestem os consequentes impactos ambientais. 8. Esta prática pode ser melhorada, com o desenvolvimento de novos modelos que estabeleçam correlações entre a evolução dos valores dos indicadores de referência ecológica e a caracterização/tipificação da necessidade de operações de manutenção. A título de exemplo, refira-se a capacidade de detecção pelo modelo de alterações relativas ao ponto de injecção e de desafinações no diagrama de distribuição. 9. O modelo desenvolvido em MatLab constitui uma ferramenta poderosa, com aplicações futuras em áreas diversificadas da indústria e serviços. 10. Os sistemas de controlo remoto de medição de variáveis ambientais e de dinâmica do veículo constituirão a forma mais prática, racional e económica de responder às exigências de compromisso de uma boa manutenção em prol de menores custos de produção e menores impactos ambientais. 11. A avaliação de um padrão de robustez das práticas de construção de um modelo que a seguir se designa de “resolução de análise” tem subjacente a caracterização dos diferentes ajustamentos de natureza operacional, num conjunto de metodologias que enquadram as seguintes vertentes: a. Avaliação das condições em que são realizados os testes. b. Análise da metodologia de recolha, alinhamento e processamento de dados. c. Avaliação do erro incorporado pela aleatoriedade e pelo carácter pulsatório das medições efectuadas. d. Avaliação da precisão dos equipamentos de medida. 12. Quanto à avaliação das condições em que foram realizados os testes dos autocarros, atendendo a que os mesmos correspondem a uma ínfima parte de um vasto domínio de regimes possíveis de funcionamento de um motor, poder-se-á afirmar que existe uma fraquíssima representatividade dos pontos possíveis de mapeamento. No futuro, torna-se desejável definir um conjunto de pontos e classes nos mapas de desempenho e de emissões de referência, para cada série de viaturas, em que as variações detectadas nos valores dos seus atributos ecológicos possam de uma forma mais eficiente repercutir-se em variações nos estados de saúde. Dado que os valores das emissões crescem exponencialmente com a carga, tudo leva a supor que possam ser encontrados regimes de funcionamento do motor onde as variações de estado de saúde possam apresentar correlações mais elevadas com os níveis de emissões poluentes no que se refere a alguns dos indicadores ecológicos. Com um freio de rolos de medição de potência ou através de sistemas de controlo remoto prevê-se que seja possível com a utilização de um reduzido número de pontos inferir do estado de saúde do motor a partir da medição dos valores de emissão, agregados sob a forma de espectros de emissões. 13. A vertente operacional de recolha, alinhamento e processamento de dados, revela-se da maior importância em medições on-line com transmissão de dados via wireless. Neste caso, deverá ser avaliado e introduzido o desfasamento óptimo entre o instante de medição das variáveis de estado seleccionadas (instante de injecção, binário motor, pressão de sobrealimentação e pressão de óleo) e a medição de concentração de poluentes, através da maximização da correlação cruzada. 272 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS 14. Os dados devem ser sincronizados de forma adequada, uma vez que os desfasamentos não quantificados podem inviabilizar a detecção de relações obscuras entre variáveis e podem sugerir modelos de comportamento impossíveis de atingir do ponto de vista físico. O conhecimento dos processos físicos envolvidos na formação das emissões poluentes deve ser utilizado para alinhar dados de diferentes ficheiros de output. 15. Em todos os métodos de medição utilizados, é desejável estabelecer a melhor sincronização do instante de recolha de dados das variáveis de funcionamento do motor com a leitura dos caudais de emissões gasosas. 16. Este problema foi superado no actual estudo, mediante utilização de tempos de avaliação suficientemente longos, nas diversas medições, tendo em vista garantir a estabilização dos valores monitorizados. 17. O potencial de futuras aplicações industriais com base nesta tese levou a que em paralelo esteja a ser preparado um pedido de registo de patente, sendo apresentadas em Anexo confidencial as linhas mestras da concepção do produto tecnológico. Para além da valia do modelo, é também importante proceder à adaptação da organização empresarial para poder lidar com uma nova estratégia de manutenção e a sua sensibilização para a necessidade de novos programas informáticos e outras tecnologias. 3,( ! ! $% O desenvolvimento de estratégias de suporte à implementação da manutenção baseada na condição e, em particular, da manutenção preditiva ecológica, passa também pela consolidação de outros sistemas de monitorização que já reúnem um bom potencial de poderem contribuir para a descodificação dos estados latentes indirectamente monitorizados. Também não podem ser descurados os benefícios económicos que podem vir a ser atingidos. O conhecimento de correlações entre defeitos de produção detectados em determinados tipos de veículos novos e a detecção de disfunções precoces pode também ser objecto de análise. Baseado neste contexto de desenvolvimento, o modelo de manutenção preditiva ecológico apresentado no capítulo 3 pode constituir uma nova oportunidade de desenvolvimento de alguns dos temas enumerados na tese, incluindo: • Criação de novas metodologias de manutenção, para motores de combustão interna; • Desenvolvimento de novos módulos de manutenção condicionada, com inclusão de novas variáveis; • Aumento do ciclo de vida de veículos, com base na sua monitorização através da implementação de novas tecnologias; • Implementação de metodologias renovadas de gestão de frotas numa abordagem ambiental; • Abate de veículos, com base na deterioração dos seus impactos ambientais; 273 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS • Criação de plataformas científicas que promovam a introdução de melhorias tecnológicas sustentadas em novas abordagens de modelação, nomeadamente as baseadas em HMM, redes neuronais, árvores de falhas, lógica fuzzy e outras variantes de inteligência artificial; • Integração do programa informático de MPE com outras ferramentas de software de gestão geral da manutenção; • Análises de risco em várias áreas de gestão de activos. Uma nova metodologia de monitorização automática, permitirá, ainda, criar mecanismos de identificação dos regimes de funcionamento do motor e de carga onde se detectam os melhores graus de significância entre degradação de estado de saúde e ultrapassagem dos limiares críticos das variáveis ecológicas. Isto por que mesmo os ciclos de condução usados nos testes de homologação e inspecção não são necessariamente representativos das condições de operação no mundo real. Cobrem apenas uma área limitada do mapeamento de condições de operação do veículo, com os regimes de elevada potência e de alta-velocidade e baixa-carga a serem sub-incorporados (Barth et al. 2005). Estas fases de operação podem ser de grande significado em termos de emissões devido ao enriquecimento e empobrecimento da mistura, respectivamente. Para ajustar melhor os ciclos de condução às condições reais de tráfego, podem ser desenvolvidos ciclos específicos para diferentes cidades, tal como no caso de Edimburgo (Esteves-Booth et al. 2001). 3,(," # 1 $0 ; $% No capítulo 3 foi estabelecida uma metodologia de avaliação do estado geral de um veículo, sem que existisse a preocupação de fazer a caracterização da disfunção, dW, associada a um estado degradado. Será certamente interessante no futuro desenvolver soluções que permitam a caracterização e classificação da disfunção. Tal prática permitiria uma melhor preparação da operação de manutenção ou correcção daí decorrente. Existem outras metodologias de identificação de sistemas, subsistemas e componentes do motor e do sistema de pós-tratamento dos gases de escape, que permitem identificar níveis de criticidade mais elevados, alimentando um estudo mais detalhado pela aplicação de técnicas de análise dedutivas (FMECA - Failure Modes, Effects and Criticality Analysis) e indutivas (Árvore de Falhas e Árvore de Eventos). As árvores de falhas (FTA - Fault Tree Analisys) (SITEM_(ALSTOM/FEUP) 2005), oferecem uma descrição sistemática da combinação de modo de falha do equipamento e/ou de falha humana que conduzem a um modo particular de falha do sistema. 3,(,( # $% A $0 $% O modelo desenvolvido na tese pode ser complementado com o conhecimento do processo de degradação das emissões a montante. Para o efeito, utilizam-se como variáveis de entrada, 274 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS a chapa de afectação, o comportamento de condução do motorista e a série / características do autocarro. Um dos desenvolvimentos futuros será a concepção, validação e calibração de um modelo de degradação baseado em técnicas de Data Mining (redes neuronais artificiais ou outras), em que os dados de entrada correspondem a variáveis de exploração e os dados de saída correspondem aos níveis de degradação das variáveis de emissões. 3,(,/ A abordagem deve focar-se no uso de tecnologias de serviços Web. A implementação do sistema informático assenta na criação e manutenção de bases de dados, de nível local e nacional. Estas constituem uma enorme vantagem para que possam ser implementadas algumas soluções, tais como: • Uma base de dados nacional para diagnóstico de disfunções ou falhas; • Uma base de dados nacional para peças-de-reserva; • Uma base de dados local específica de equipamentos específicos. No essencial, poder-se-ão considerar duas alternativas: • Uma alternativa consiste em usar um sistema de CBM a bordo de cada um dos autocarros. Neste caso, o veículo é tratado como uma máquina e é deixado que a análise e o diagnóstico ocorram a bordo, de onde apenas alguma informação refinada sobre a condição de estado, deixa o veículo. • A outra alternativa implica que os dados recolhidos a bordo sejam comunicados online ou em diferido para um sistema central e aí processados para determinar a condição do veículo. Qualquer sistema inteligente deveria ser programado e dispor de funções capazes de responder às seguintes questões: • Onde foi detectado o sintoma de disfunção? Que componente, subsistema ou sistema está sob falha? • Qual é a causa do sintoma da disfunção? • Quanto tempo irá decorrer até à ocorrência de uma deficiência ou falha irreversível? • Quais as consequências da falha no componente, subsistema ou sistema? • Que tipo de acção de manutenção é recomendada? 275 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS 3,/ ; $% Este sub-capítulo procura fazer uma reflexão sobre os requisitos em matéria de organização e gestão de processos e recursos das empresas operadoras, em consequência da implementação das inovações sustentadas na tese. É sabido que uma manutenção mal estruturada irá inevitavelmente conduzir a falhas nos veículos de uma frota, o que terá reflexos numa perda de produtividade e de qualidade e, eventualmente, numa diminuição dos níveis de segurança. Existe a convicção de que os operadores de transportes acabarão por proceder à substituição dos motores tradicionais de combustão interna, por motores eléctricos, por soluções híbridas ou outras técnicas inovadoras que não poluam o ambiente. Mas, como as mudanças não acontecem imediatamente, por razões económicas, políticas e sociais, entre outras, torna-se necessário implementar políticas de manutenção que ajudem a diminuir a poluição originada pelos veículos actuais e pelas futuras gerações que ainda venham a equipar motores diesel. É esta a forma de contribuir para um ambiente melhor nas cidades em prol de um mundo mais saudável. As intervenções de manutenção desencadeiam-se com base num modelo matemático, construído com os dados referentes ao passado do veículo ou dos seus sistemas e subsistemas. Esta prática permitirá conhecer a lei da degradação que por sua vez permite desencadear a periodicidade das intervenções decorrentes da avaliação do risco de falha ou disfunção. Pelo facto de as intervenções serem recorrentes, este conceito implica uma matriz organizativa forte e um planeamento eficiente. Cada nível de manutenção tem o tipo de operador interveniente e o seu grau de qualificação. A ordem de trabalho (OT) é o documento que é entregue ao chefe da oficina e não só contém toda a informação necessária à preparação e execução do trabalho, como também permite a recolha de informação indispensável ao controlo do trabalho e actualização dos registos técnicos e contabilísticos. A situação actual da função manutenção numa empresa de transportes públicos urbanos assenta no cumprimento das especificações dos fabricantes de autocarros, cumprindo as revisões e lubrificações na base de intervalos quilométricos. Avaliada a situação actual, segue-se a análise da situação futura à luz da aplicação da nova concepção de manutenção preditiva ecológica. Figura 5.1 – Fluxograma de evolução para novas metodologias de manutenção 276 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Em matéria de organização e gestão da actividade poderemos esperar os seguintes impactos nas empresas operadoras: a) Adopção de um conjunto de metodologias de organização e gestão da manutenção, integrando fundamentalmente a avaliação das duas políticas mais comuns, uma das quais corresponde à manutenção clássica designada por planeada sistemática e a outra à manutenção preditiva, considerando a manutenção reactiva ou correctiva como residual. b) A aplicação do modelo proposto permitirá contribuir para o desenvolvimento de um conjunto de metodologias, de sistemas de engenharia e de gestão da manutenção e ainda para o estudo e implementação de melhorias técnicas, utilizando algoritmos e processos avançados de análise e tratamento de dados a partir de sistemas de monitorização de impactos ambientais de frotas de veículos. O cariz inovador da tese decorre de diversas vertentes, que incluem: 1) Optimização dos momentos de intervenção de manutenção ou reparação, face ao estado real de deterioração do motor e/ou do sistema de pós-tratamento, com repercussões na mitigação dos impactos ambientais e na sua evolução de curto prazo. 2) Aprimoramento e ajustamento das actividades e tarefas inerentes às inspecções e acções de vigilância em componentes do motor e no sistema de póstratamento de gases de escape. 3) Manutenções mais fiáveis e consistentes em componentes mais críticos. 4) Avaliação de factores de análise de benefício/custo, valorizando o impacto ambiental e incorporando eventualmente a análise de risco e de segurança dos equipamentos. 5) Melhoria na utilização de ferramentas de apoio à decisão. O estudo ganhará robustez com a aplicação de novas redes de informação, mais adaptadas às reais necessidades de gestão dos sistemas, permitindo o desenvolvimento de novos conceitos e metodologias de manutenção e a afirmação da importância desta componente empresarial, tendo em conta que as estratégias de manutenção se encontram em evolução permanente e que permitem uma melhor adequação à evolução tecnológica dos veículos. Por outro lado, reforça a visão de integração da manutenção nos modernos conceitos de gestão global das empresas. Um dos objectivos desta alteração de paradigma, foi também o de incentivar os gestores de manutenção a utilizarem ferramentas inovadoras e dinâmicas. O desenvolvimento de novos sistemas deverá promover a utilização de indicadores de desempenho ambientais na gestão da manutenção. Os indicadores de manutenção considerados em novas aplicações incluem: a) Indicadores de actividade; b) Indicadores de eficácia; c) Indicadores financeiros. Paralelamente podem ser utilizadas metodologias com base nos pressupostos RAMS, (NORMA NP EN 50126:2000) com o objectivo de identificar os sistemas e os componentes 277 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS críticos e definir o tipo de manutenção a realizar, onde e com que frequência, de modo a permitir uma comparação com os novas práticas propostas na tese. Nos indicadores de eficácia recomenda-se a classificação da criticidade dos sistemas e equipamentos, pela análise FMECA, através do cálculo do RPN - Rank Priority Number Methodology, (Moubray 2001), definido pela operação (ocorrência*severidade*detectibilidade), procurando-se realçar a importância da detectabilidade para o cálculo da criticidade. A aplicação das novas soluções apontadas, tendo como alvo a monitorização do desempenho dos veículos da frota através da definição de objectivos e da sua avaliação por indicadores, seguirá os quatro eixos do “Balanced Scorecard”: 1) Desenvolvimento organizacional. 2) Processos internos. 3) Satisfação dos clientes. 4) Resultados financeiros. A implementação de novos processos e novas práticas de organização e gestão da manutenção passará a estar estruturada de acordo com o seguinte modo de funcionamento: a) Definição de um conjunto de objectivos estruturados em três eixos: i) Melhoraria da disponibilidade operacional da frota. ii) Melhoraria da previsibilidade do seu desempenho. iii) Melhoraria do impacto ambiental e da segurança. Destes objectivos resultará a melhoria da eficácia, como objectivo global. b) Definição dos indicadores mais adequados numa perspectiva ecológica. c) Avaliação dos custos e disponibilidade proporcionados pelas duas políticas alternativas de manutenção planeada sistemática e manutenção planeada condicionada, especificando o número de intervenções correctivas associado a cada uma delas. Deverá ser comparado o custo e disponibilidade anual da política óptima (a custo mínimo) das duas políticas de manutenção. d) Avaliação das vidas acumuladas para as duas políticas alternativas, até à substituição preventiva de cada sistema, sub-sistema ou componente. e) Especialização do conhecimento e possibilidade de hierarquização dos fenómenos de envelhecimento das viaturas e dos seus sistemas e relacionamento com as acções a desencadear. Globalmente, é nosso entendimento que o principal impacto decorrente da aplicação do modelo de manutenção preditiva ecológica aqui apresentado e das respectivas práticas de monitorização recomendadas reside na obtenção de ganhos significativos de disponibilidade das frotas e dos custos associados, em paralelo com a redução das agressões ambientais provocadas. 278 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS 3,2 0 * 1 ! $% 1- Implementação de um segundo estágio de HMM que assegure a descodificação da tipologia da disfunção, em sequência da aplicação do primeiro estágio de HMM concebido na actual tese, que por si permite o conhecimento da classe de estado do sistema. 2- Estudo de caracterização dos regimes de funcionamento de um motor Diesel, correspondentes à associação da carga com a velocidade de rotação ou com manchas de mapeamento, onde sejam mais evidentes as correlações entre a classificação de sintomatologias e espectros de emissões. 3- Concepção de modelos escondidos de Markov de natureza intervalar aplicados à manutenção preditiva ecológica, em analogia com os modelos desenvolvidos na presente tese, em MatLab. Os modelos concebidos são baseados na classificação discreta de dados monitorizados. 4- Concepção e implementação de um sistema de controlo remoto que faça a aplicação do modelo HMM desenvolvido na tese, assegurando diagnósticos preditivos automáticos das frotas monitorizadas. Sugere-se a utilização do software LabView na aquisição de dados e de tecnologias baseadas na Web, de tipologia wireless. Este sistema deverá utilizar como variáveis visíveis do modelo o espectro de emissões e a VSP e como variável oculta o estado de saúde do sistema ou mesmo a caracterização da disfunção. 5- Concepção de tecnologias de “low cost” de medição das emissões baseadas na aplicação de ciências físico-químicas, incluindo o desenvolvimento de sensores de medida dos diferentes gases de escape poluentes, partículas e ruído. 6- Concepção de modelos previsionais de degradação dos espectros de emissões dos veículos que utilizem como variáveis de entrada, a chapa de afectação, o comportamento de condução do motorista e a série / características do autocarro. 7- Estudo de algoritmo de optimização da classificação de estados e de espectros de emissões que maximize a probabilidade de predição do modelo de manutenção preditiva ecológica (Kuhns et al.). 7 1 O grande desafio que se colocou pode sintetizar-se na frase: “Se não se sabe o que se procura, não se saberá nunca o que se encontra; mas se sabemos o que procuramos, encontrá-lo-emos sempre”. 279 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Tese aprovada em provas públicas, para a obtenção do Grau de Doutor em Transportes, realizadas em 26 de Setembro de 2011 Instituto Superior Técnico - Lisboa 280 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS . 1 Abo-Qudais, S. and H. 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Elsevier. 286 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS DIAGNÓSTICO POR CADEIAS ESCONDIDAS DE MARKOV ANEXO 2011 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS A implementação do conceito de manutenção preditiva ecológica, com base em HMM, foi previamente testada em folha de cálculo Excel, no sentido de servir de base e aferição mútua à programação que iria ser desenvolvida em Matlab. A programação desenvolvida corresponde às duas fases de implementação do modelo. Os algoritmos concebidos foram estruturados com base em HMM e intervalos de confiança estatísticos. A)FASE DE CALIBRAÇÃO DO MODELO 1. O programa desenvolvido faz a classificação de dados recolhidos experimentalmente, utilizando critérios e distribuições de base estatística, capazes de permitir a definição de estados de saúde de equipamentos e sistemas. O programa está preparado a funcionar com estimadores consistentes de média e desvio padrão. Na estimação da média poderão ser utilizadas as distribuições normal e t-student. Por sua vez, a estimador da variância baseia-se na distribuição qui-quadrado. A decisão de classificação encontra-se suportada na comparação dos valores medidos experimentalmente com limiares diferenciados que se encontram associados com os diferentes níveis de significância das amostras de valores dos atributos monitorizados. O programa faz uma análise diferenciada no cálculo das classes, começando por tratar as variáveis de estado e depois as variáveis de emissões. Começa por fazer a codificação das variáveis de estado. Trata-se de um estágio muito complexo, que permite a selecção pelo utilizador de vários parâmetros, distribuições estatísticas, ponderação da função de estado de saúde do sistema, número de autocarros (facilmente transponível para número de séries) e definição dos limites dos intervalos das classes dos valores monitorizados. Segue-se um extracto correspondente a uma parte do algoritmo de codificação. % CONSTANTES tabela={'A','B','C','D','E','F','G','H','I','J','K','L','M','N','O','P','Q','R','S','T','U','V','W','X','Y','Z','AA', 'AB','AC','AD','AE','AF','AG','AH','AI','AJ','AK','AL','AM','AN','AO','AP','AQ','AR','AS','AT','A U','AV','AW','AX','AY','AZ'}; STD_BY_N=1; % faz std por (n) STD_BY_N_1=0; % faz std por (n-1) DISTR_NORMAL=1; % Normal DISTR_T_STUDENT=2; % T-Student DISTR_QuiQuad=3; % QuiQuad gv_grava_excel=false; % GRAVA EXCEL gv_grava_debug_distri=false; % OPÇÕES (PODE SER MODIFICADO) %############################### TIPO_DE_STD = STD_BY_N; % por defeito faz por N (mudar se for por N-1) A3 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS % Mudar estas duas variáveis para as distribuição a quando da passagem de % valor para um estado/classe Codificacao_estados_DISTRIBUICAO = DISTR_T_STUDENT; Codificacao_classes_emissoes_DISTRIBUICAO=DISTR_T_STUDENT; yst_pesos=[0.5 0.3 0.2]; num_autocarros =4; if Codificacao_estados_DISTRIBUICAO==DISTR_NORMAL then L54_a_q='LimiteInf_0025_yst'; L43_a_q='LimiteInf_01_yst'; L32_a_q='LimiteInf_025_yst'; L21_a_q='Maximo_das_Medias_yst'; else L54_a_q='LimiteInf_005_yst'; L43_a_q='LimiteInf_025_yst'; L32_a_q='Minimo_das_Medias_yst'; L21_a_q='LimiteSup_025_yst'; end if Codificacao_estados_DISTRIBUICAO==DISTR_NORMAL then L54_b_q='LimiteSup_01_yst'; L43_b_q='LimiteSup_025_yst'; L32_b_q='LimiteInf_025_yst'; L21_b_q='LimiteInf_01_yst'; else L54_b_q='LimiteSup_01_yst'; L43_b_q='LimiteSup_025_yst'; L32_b_q='LimiteInf_025_yst'; L21_b_q='LimiteInf_01_yst'; end if Codificacao_classes_emissoes_DISTRIBUICAO==DISTR_NORMAL then L43_a_v='EMIS_LimiteSup_025'; % Distribuição normal L32_a_v='EMIS_Maximo_das_Medias'; L21_a_v='EMIS_Minimo_das_Medias'; else L43_a_v='EMIS_LimiteSup_025'; % distribuição T-Student L32_a_v='EMIS_Maximo_das_Medias'; L21_a_v='EMIS_LimiteInf_01'; end if Codificacao_classes_emissoes_DISTRIBUICAO==DISTR_NORMAL then L43_b_v='EMIS_LimiteSup_01'; L32_b_v='EMIS_LimiteSup_025'; L21_b_v='EMIS_LimiteInf_025'; else L43_b_v='EMIS_LimiteSup_01'; L32_b_v='EMIS_LimiteSup_025'; L21_b_v='EMIS_LimiteInf_025'; end Para a definição dos limites, o programa de codificação, faz o cálculo da média, máximo, mínimo e limites dos intervalos de confiança referentes aos valores das sequências cronológicas das diferentes variáveis de estado monitorizadas. A 4 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS Na codificação é utilizada uma função final que retorna o valor máximo dos dois ramos que a integram. Um deles compara cada valor monitorizado com a média e com os limites de intervalos de confiança de toda a sequência cronológica dos valores de treino e noutro compara a amplitude de variação da variável, entre 2 instantes consecutivos da mesma sequência. Como se referiu, a primeira utiliza na análise estatística uma distribuição t-student e a segunda uma distribuição qui-quadrado. ………. media_nautocarros=zeros(1,9); for i=1:9, media_nautocarros(i)=mean(media(i:9:end)); dados_totais=[]; dados_aux=dados(i:9:end,1:ind_dados_end)'; [m,n]=size(dados_aux); for j=1:n, dados_totais=[dados_totais dados_aux(:,j)']; end dp_nautocarros(i)=std(dados_totais, TIPO_DE_STD); minimo_nautocarros(i)=min(dados_totais); maximo_nautocarros(i)=max(dados_totais); end [lixo,szfleet]=size(media(i:9:end)); for ind_distribuicao=1:2, LimiteInf_001_teste=[]; LimiteSup_001_teste=[]; LimiteInf_0025_teste=[]; LimiteSup_0025_teste=[]; LimiteInf_005_teste=[]; LimiteSup_005_teste=[]; LimiteInf_01_teste=[]; LimiteSup_01_teste=[]; LimiteInf_025_teste=[]; LimiteSup_025_teste=[]; Minimo_das_Medias_teste=[]; Maximo_das_Medias_teste=[]; for i=1:9, % 3 variáveis de estado * 3 regimes de rotação =9 Minimo_das_Medias_teste=[Minimo_das_Medias_teste;abs(min(media(i:9:end),media_nautoca rros(i)))]; Maximo_das_Medias_teste=[Maximo_das_Medias_teste;max(media(i:9:end),media_nautocarro s(i))]; LimiteInf_001_teste=[LimiteInf_001_teste; abs(min(media(i:9:end),media_nautocarros(i))tab2(ind_distribuicao,1)*dp(i:9:end)/sqrt(szfleet))]; LimiteSup_001_teste=[LimiteSup_001_teste; abs(min(media(i:9:end),media_nautocarros(i))+tab2(ind_distribuicao,1)*dp(i:9:end)/sqrt(szfleet) )]; LimiteInf_0025_teste=[LimiteInf_0025_teste; abs(min(media(i:9:end),media_nautocarros(i))tab2(ind_distribuicao,2)*dp(i:9:end)/sqrt(szfleet))]; LimiteSup_0025_teste=[LimiteSup_0025_teste; abs(min(media(i:9:end),media_nautocarros(i))+tab2(ind_distribuicao,2)*dp(i:9:end)/sqrt(szfleet) )]; LimiteInf_005_teste=[LimiteInf_005_teste; abs(min(media(i:9:end),media_nautocarros(i))tab2(ind_distribuicao,3)*dp(i:9:end)/sqrt(szfleet))]; A5 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS LimiteSup_005_teste=[LimiteSup_005_teste; abs(min(media(i:9:end),media_nautocarros(i))+tab2(ind_distribuicao,3)*dp(i:9:end)/sqrt(szfleet) )]; LimiteInf_01_teste=[LimiteInf_01_teste; abs(min(media(i:9:end),media_nautocarros(i))tab2(ind_distribuicao,4)*dp(i:9:end)/sqrt(szfleet))]; LimiteSup_01_teste=[LimiteSup_01_teste; abs(min(media(i:9:end),media_nautocarros(i))+tab2(ind_distribuicao,4)*dp(i:9:end)/sqrt(szfleet) )]; LimiteInf_025_teste=[LimiteInf_025_teste; abs(min(media(i:9:end),media_nautocarros(i))tab2(ind_distribuicao,5)*dp(i:9:end)/sqrt(szfleet))]; LimiteSup_025_teste=[LimiteSup_025_teste; abs(min(media(i:9:end),media_nautocarros(i))+tab2(ind_distribuicao,5)*dp(i:9:end)/sqrt(szfleet) )]; end LimiteInf_001(:,:,ind_distribuicao)=LimiteInf_001_teste; LimiteSup_001(:,:,ind_distribuicao)=LimiteSup_001_teste; LimiteInf_0025(:,:,ind_distribuicao)=LimiteInf_0025_teste; LimiteSup_0025(:,:,ind_distribuicao)=LimiteSup_0025_teste; LimiteInf_005(:,:,ind_distribuicao)=LimiteInf_005_teste; LimiteSup_005(:,:,ind_distribuicao)=LimiteSup_005_teste; LimiteInf_01(:,:,ind_distribuicao)=LimiteInf_01_teste; LimiteSup_01(:,:,ind_distribuicao)=LimiteSup_01_teste; LimiteInf_025(:,:,ind_distribuicao)=LimiteInf_025_teste; LimiteSup_025(:,:,ind_distribuicao)=LimiteSup_025_teste; Minimo_das_Medias(:,:,ind_distribuicao)=Minimo_das_Medias_teste; Maximo_das_Medias(:,:,ind_distribuicao)=Maximo_das_Medias_teste; end % QuiQuad for ind_distribuicao=3:3, LimiteInf_001_teste=[]; LimiteSup_001_teste=[]; LimiteInf_0025_teste=[]; LimiteSup_0025_teste=[]; LimiteInf_005_teste=[]; LimiteSup_005_teste=[]; LimiteInf_01_teste=[]; LimiteSup_01_teste=[]; LimiteInf_025_teste=[]; LimiteSup_025_teste=[]; Minimo_das_Medias_teste=[]; Maximo_das_Medias_teste=[]; for i=1:9, % 3 variáveis de estado * 3 regimes de rotação =9 Minimo_das_Medias_teste=[Minimo_das_Medias_teste;abs(min(media(i:9:end),media_nautoca rros(i)))]; Maximo_das_Medias_teste=[Maximo_das_Medias_teste;max(media(i:9:end),media_nautocarro s(i))]; LimiteInf_001_teste=[LimiteInf_001_teste; sqrt( (num_autocarros1)*(dp(i:9:end).*dp(i:9:end))/tab2(3,1) )]; LimiteSup_001_teste=[LimiteSup_001_teste; sqrt( (num_autocarros1)*(dp(i:9:end).*dp(i:9:end))/tab2(4,1) )]; LimiteInf_0025_teste=[LimiteInf_0025_teste; sqrt( (num_autocarros1)*(dp(i:9:end).*dp(i:9:end))/tab2(3,2) )]; LimiteSup_0025_teste=[LimiteSup_0025_teste; sqrt( (num_autocarros1)*(dp(i:9:end).*dp(i:9:end))/tab2(4,2) )]; LimiteInf_005_teste=[LimiteInf_005_teste; sqrt( (num_autocarros1)*(dp(i:9:end).*dp(i:9:end))/tab2(3,3) ) ]; A 6 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS LimiteSup_005_teste=[LimiteSup_005_teste; sqrt( 1)*(dp(i:9:end).*dp(i:9:end))/tab2(4,3) ) ]; LimiteInf_01_teste=[LimiteInf_01_teste; sqrt( 1)*(dp(i:9:end).*dp(i:9:end))/tab2(3,4) )]; LimiteSup_01_teste=[LimiteSup_01_teste; sqrt( 1)*(dp(i:9:end).*dp(i:9:end))/tab2(4,4) ) ]; LimiteInf_025_teste=[LimiteInf_025_teste; sqrt( 1)*(dp(i:9:end).*dp(i:9:end))/tab2(3,5) )]; LimiteSup_025_teste=[LimiteSup_025_teste; sqrt( 1)*(dp(i:9:end).*dp(i:9:end))/tab2(4,5) )]; end LimiteInf_001(:,:,ind_distribuicao)=LimiteInf_001_teste; LimiteSup_001(:,:,ind_distribuicao)=LimiteSup_001_teste; LimiteInf_0025(:,:,ind_distribuicao)=LimiteInf_0025_teste; LimiteSup_0025(:,:,ind_distribuicao)=LimiteSup_0025_teste; LimiteInf_005(:,:,ind_distribuicao)=LimiteInf_005_teste; LimiteSup_005(:,:,ind_distribuicao)=LimiteSup_005_teste; LimiteInf_01(:,:,ind_distribuicao)=LimiteInf_01_teste; LimiteSup_01(:,:,ind_distribuicao)=LimiteSup_01_teste; LimiteInf_025(:,:,ind_distribuicao)=LimiteInf_025_teste; LimiteSup_025(:,:,ind_distribuicao)=LimiteSup_025_teste; Minimo_das_Medias(:,:,ind_distribuicao)=Minimo_das_Medias_teste; Maximo_das_Medias(:,:,ind_distribuicao)=Maximo_das_Medias_teste; end (num_autocarros(num_autocarros(num_autocarros(num_autocarros(num_autocarros- O procedimento permite calcular os valores das funções de estado que no programa aparece com a especificação “yst”. Posteriormente, com base nos critérios de níveis de confiança das amostras monitorizadas, chegamos à definição das classes de estados. media_yst=mean(yst(1:end,1:ind_dados_end)'); dp_yst=std(yst(1:end,1:ind_dados_end)',TIPO_DE_STD); minimo_yst=min(yst(1:end,1:ind_dados_end)'); maximo_yst=max(yst(1:end,1:ind_dados_end)'); media_nautocarros_yst=zeros(1,3); for i=1:3, % nº total de medias nos difs RPMS (3 RPMS diferentes) media_nautocarros_yst(i)=mean(media_yst(i:3:end)); dados_totais=[]; dados_aux=yst(i:3:end,1:ind_dados_end)'; [m,n]=size(dados_aux); for j=1:n, dados_totais=[dados_totais dados_aux(:,j)']; end dp_nrpms_yst(i)=std(dados_totais,TIPO_DE_STD); minimo_nrpms_yst(i)=min(dados_totais); maximo_nrpms_yst(i)=max(dados_totais); end A codificação final das classes de estados utiliza as seguintes instruções de programação: A7 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS for lv_nauto=1:m / 3, for lv_nrpms=1:3, estado_0=0; estado_1=0; for lv_time=1:n, valor = yst((lv_nauto-1)*3+lv_nrpms,lv_time); if valor < eval(L54_a_interno) estado_0=5; elseif (valor >= eval(L54_a_interno) ) && ( valor< eval(L43_a_interno) ) estado_0=4; elseif (valor >= eval(L43_a_interno) ) && ( valor< eval(L32_a_interno) ) estado_0=3; elseif (valor >= eval(L32_a_interno) ) && ( valor< eval(L21_a_interno) ) estado_0=2; else estado_0=1; end if lv_time>1, valor= yst((lv_nauto-1)*3+lv_nrpms,lv_time) yst((lv_nauto1)*3+lv_nrpms,lv_time-1); valor_abs=abs(valor); if valor_abs> eval(L54_b_interno) && valor<0, estado_1=5; elseif valor_abs<= eval(L54_b_interno) && valor_abs> eval(L43_b_interno) && valor<0, estado_1=4; elseif valor_abs<= eval(L43_b_interno) && valor_abs> eval(L32_b_interno) && valor<0, estado_1=3; elseif valor_abs<= eval(L32_b_interno) && valor_abs> eval(L21_b_interno) && valor<0, estado_1=2; else estado_1=1; end estado_0=max(estado_0,estado_1); end yst_estado((lv_nauto-1)*3+lv_nrpms,lv_time)=estado_0; end end end A codificação dos espectros de emissões segue um procedimento semelhante ao utilizado na classificação individual dos indicadores ecológicos que integram as combinações de emissões. Porém, na fase final, a classificação das classes de espectros de emissões segue critérios de análise combinatória, que ficaram reflectidos na construção da tabela 3.28. A transposição da avaliação dos espectros para código em Matlab, encontra-se exemplificada no extracto que se segue. [m,n]=size(EMIS_code); EMIS_code_por_rotacao=[]; for lv_time=1:n, for lv_nauto=1:m / 12, for lv_nrotacoes=1:3, conta_values=[0 0 0 0]; A 8 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS v1 = EMIS_code((lv_nauto-1)*12+(lv_nrotacoes-1)*4+1,lv_time); v2 = EMIS_code((lv_nauto-1)*12+(lv_nrotacoes-1)*4+2,lv_time); v3 = EMIS_code((lv_nauto-1)*12+(lv_nrotacoes-1)*4+3,lv_time); v4 = EMIS_code((lv_nauto-1)*12+(lv_nrotacoes-1)*4+4,lv_time); % % conta as ocorrências por classes de emissões em cada um dos poluentes medidos. for lv_nvarsEMISmedidas=1:4, valor = EMIS_code((lv_nauto-1)*12+(lv_nrotacoes1)*4+lv_nvarsEMISmedidas,lv_time); if (valor>=1 && valor<=4) conta_values(valor)=conta_values(valor)+1; end end if conta_values(1)==4, classe =1; elseif (conta_values(3)==4), classe =5; elseif conta_values(4)==4, classe =11; elseif (v3<=3 && conta_values(4)==3), classe =11; elseif (v4<=3 && conta_values(4)==3), classe =11; elseif (v1==4 && v2==4 && v3<=3 && v4<=3), classe =10; elseif (v2<=3 && conta_values(4)==3), classe =9; elseif (v1==4 && v2<=3 && conta_values(4)==2), classe =9; elseif (v1==4 && conta_values(4)==1), classe =8; elseif ((conta_values(1)+conta_values(2))==4), classe =2; elseif (conta_values(3)==2 && conta_values(4)==0), classe =4; elseif (conta_values(3)==3 && conta_values(4)==0), classe =5; elseif (v4==4 && conta_values(4)==1), classe =5; elseif (v2==4 && conta_values(4)==1), classe =6; elseif (v3==4 && conta_values(4)==1), classe =6; elseif (v3==4 && v4==4 && conta_values(4)==2), classe =6; elseif (v1==4 && conta_values(4)==1), classe =8; elseif (conta_values(3)==1 && conta_values(4)==0), classe =3; else classe =7; end EMIS_code_por_rotacao((lv_nauto-1)*3+lv_nrotacoes,lv_time)=classe; end end end A9 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS 2. Em sequência é feita a aplicação do HMM através da geração da matriz de transição de estados, matriz de emissões e matriz de partida. function [trans_state, emis_state]=hmm_99_train(qi,N,vi,M) trans_state = zeros(N,N); freq_trans = zeros(N,1); emis_state = zeros(N,M); [xi,yi]=size(qi); freq_trans(qi(1))=freq_trans(qi(1))+1; for i=2:yi trans_state(qi(i-1),qi(i))=trans_state(qi(i-1),qi(i))+1; freq_trans(qi(i))=freq_trans(qi(i))+1; end freq_trans(qi(yi))=freq_trans(qi(yi))-1; for j=1:N for i=1:N if freq_trans(i)>0 trans_state(i,j)=trans_state(i,j)/freq_trans(i); end end end freq_trans(qi(yi))=freq_trans(qi(yi))+1; for i=1:yi emis_state(qi(i),vi(i)) = emis_state(qi(i),vi(i)) + 1; end for i=1:N for j=1:M if freq_trans(i)>0 emis_state(i,j) = emis_state(i,j) / freq_trans(i); end end end 3. O passo seguinte corresponde à definição das funções “backward” e “forward” que integram a construção dos algoritmos principais do modelo. function backward = hmm_99_backward(Pi, TRANS, EMIS, vi_new) [N,M]=size(EMIS); [garbage,times]=size(vi_new); backward = zeros(N,times+1); for i=1:N backward(i,times+1)=1; end for t=times:-1:1 for i=1:N sum=0; for j=1:N sum=sum+backward(j,t+1)*TRANS(i,j)*EMIS(j,vi_new(t)); end backward(i,t)=sum; end end A 10 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS function forward = hmm_99_forward(Pi, TRANS, EMIS, vi_new) [N,M]=size(EMIS); [garbage,times]=size(vi_new); forward=zeros(N,times); for i=1:N forward(i,1)=Pi(i)*EMIS(i,vi_new(1)); end for t=2:times for j=1:N sum=0; for i=1:N sum=sum+forward(i,t-1)*TRANS(i,j); end forward(j,t)=sum*EMIS(j,vi_new(t)); end end B) FASE DE VALIDAÇÃO DO MODELO 4. A classificação de dados recolhidos experimentalmente para validação do modelo corresponde a instantes posteriores aos utilizados para recolha de dados de treino do modelo. É efectuada seguindo o mesmo procedimento especificado para a fase de calibração. 5. Esta fase inclui a aplicação dos algoritmos “forward” e “backward” às respectivas sequências cronológicas de classes de emissões. 6. Em sequência, é feita a aplicação do algoritmo Viterbi do HMM, que a partir do conhecimento das três matrizes e da sequência de espectros de emissões medidos experimentalmente, na fase de validação, permite inferir o conhecimento da sequência de estados mais provável, conhecida por sequência de variáveis ocultas. O algoritmo Viterbi assume-se como o principal do HMM. É aquele que permite fazer a descodificação dos estados ocultos, com base na medição de um espectro de emissões. Seguidamente procede-se à apresentação do código respectivo. function [delta, phi, S] = hmm_99_viterbi(Pi, TRANS, EMIS, vi_new) [N,M]=size(EMIS); [garbage,times]=size(vi_new); delta=zeros(N,times); phi=zeros(N,times); S=zeros(1,times); for i=1:N delta(i,1)=Pi(i)*EMIS(i,vi_new(1)); end [garbage,ind]=max(delta(:,1)); S(1,1)=ind; for t=2:times for j=1:N %maxv=0; %for i=1:N % sum = delta(i,t-1)*TRANS(i,j); % if sum > maxv A 11 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS % maxv=sum; % end %end maxv=delta( :,t-1).*TRANS(:,j); [maxv, ind]=max(maxv); delta(j,t)=maxv*EMIS(j,vi_new(t)); phi(j,t)=ind; end [garbage,ind]=max(delta(:,t)); S(1,t)=ind; end 7. No passo seguinte é feita a aplicação do algoritmo de “Baum-Welch” que permite efectuar a calibração das matrizes calculadas no ponto 2 da fase A, tornando o modelo mais consistente. Mesmo após validação do modelo e à medida que forem recolhidos novos dados de emissões, poderá ser feita a re-calibração do modelo através da aplicação do algoritmo de “Baum-Welch”. Um extracto do código pode ser avaliado de seguida. function [TRANS_ETA, EMIS_ETA,Pi_ETA] = hmm_99_baumwelch( Pi, TRANS, EMIS, forward, backward, vi_new) %TRANS = aij (N x N) %EMIS = bj (N x M) %forward = alpha (N x times) %backward = beta (N x times+1) %vi_new = O %-----------------------------%ver a linha cujo somatório =0; TRANS [N,M]=size(EMIS); [garbage,times]=size(vi_new); TRANS_ETA = zeros(N,N); EMIS_ETA = zeros(N,M); Pi_ETA = zeros(N,1); flag_aborta=false; for i=1:N %denominator=forward(i,1:times-1).*backward(i,1:times-1); %denominator=sum(denominator); denominator=0; for t=1:times-1 denominator=denominator+forward(i,t)*backward(i,t+1); end for j=1:N %numerator=forward(i,1:times-1).*EMIS(j,vi_new(1:times-1)).*backward(j,1:times1); %numerator=sum(numerator); numerator=0; for t=1:times-1 numerator = numerator + forward(i,t) * EMIS(j,vi_new(t+1)) * backward(j,t+2); end if denominator>0 TRANS_ETA(i,j)=TRANS(i,j)*numerator / denominator; else A 12 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS flag_aborta=true; end %TRANS_ETA(i,j)=denominator; %TRANS_ETA(i,j)=numerator; end end for j=1:N denominator=0; for t=1:times denominator=denominator+forward(j,t)*backward(j,t+1); end for k=1:M numerator=0; for t=1:times if vi_new(t) == k numerator = numerator + forward(j,t) * backward(j,t+1); end end if denominator>0 EMIS_ETA(j,k)=numerator/denominator; else flag_aborta=true; end %EMIS_ETA(j,k)=numerator; %EMIS_ETA(j,k)=denominator; end end for i=1:N denominator=0; for j=1:N denominator = denominator+ Pi(j)*EMIS(j,vi_new(1))*backward(j,2); end if denominator>0 Pi_ETA(i)=forward(i,1)*backward(i,2) / denominator; else flag_aborta=true; end end if flag_aborta==true TRANS_ETA = TRANS; EMIS_ETA = EMIS; Pi_ETA=Pi; end 8.Sempre que seja utilizado o algoritmo de “Baum-Welch”, o modelo integrado corre novamente a aplicação do algoritmo Viterbi, partindo do conhecimento das matrizes re-calibradas e de nova sequência de espectros de emissões, seguindo a rotina descrita no ponto 6. Faz um novo reconhecimento da sequência de estados mais provável, também conhecidas por variáveis ocultas. 9. O grande indicador da qualidade do modelo reside na avaliação da sua capacidade de identificação dos estados ocultos. Uma forma eficaz de quantificar a robustez do modelo reside no apuramento do valor da sua “perplexidade”. A 13 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS function [perp_out,perp_global,perp_dois_a_dois]=perplexity(EMIS_ETA,V,S, numofstates,forward,backward) % function perplex = perplexity(hmm, testSeqs) %EMIS_eta_trans = EMIS_ETA poy=sum(forward); for_norm=forward; [sx,sy]=size(forward); sum_logs=zeros(1,sx); hist=zeros(1,sx); for i=1:sy if (abs(poy(i))>0.00000000000000000001) for_norm(:,i)=for_norm(:,i)/poy(i); end ind=S(i); hist(ind)=hist(ind)+1; if (for_norm(ind,i)<0.00000000000000000001) sum_logs(ind)=NaN; elseif (sum_logs(ind)~=NaN) sum_logs(ind)=sum_logs(ind)+log(for_norm(ind,i)); end end perp_dois_a_dois=zeros(sx,sx); global_perp=0; perp_out=zeros(1,sx); for i=1:sx if ~isnan(sum_logs(i)) global_perp=global_perp+sum_logs(i); perp_out(i)= exp(-sum_logs(i)/hist(i)); perp_dois_a_dois(i,i)=perp_out(i); else perp_out(i)=NaN; perp_dois_a_dois(i,i)=NaN; end end perp_global=exp(-global_perp/sy); for i=1:sx for j=1:sx if isnan(sum_logs(i)) perp_dois_a_dois(i,j)=NaN; elseif isnan(sum_logs(j)) perp_dois_a_dois(i,j)=NaN; else perp_dois_a_dois(i,j)= exp(-(sum_logs(i)+sum_logs(j))/(hist(i)+hist(j))); end end end return 10. No final da programação, foi desenvolvido um programa de integração dos vários algoritmos que permite a total operacionalização do HMM. A 14 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS fileexcel='novo_excel.xls'; gv_linha_excel_grava = 1; N_MEDIDAS_PARA_TREINO=29; N_MEDIDAS_VALIDACAO=3; N_MEDIDAS_TREINO_COMO_NEW_OBSER=0; N_MEDIDAS_POR_BLOCO=3; gv_usa_baumwelch=false; gv_usa_baumwelch=true; codificacao; %av_out_qi_treino % codificação dos estados feito pelo programa de codificação %av_out_vi_treino % codificação das emissões feito pelo programa de codificação [sx,sy]=size(av_out_vi_treino); [sx,sy]=size(av_out_qi_treino); if sy < N_MEDIDAS_PARA_TREINO disp('necessita de XX medidas iniciais para treino'); disp(num2str(N_MEDIDAS_PARA_TREINO)); return; end if N_MEDIDAS_PARA_TREINO<N_MEDIDAS_TREINO_COMO_NEW_OBSER disp(' N_MEDIDIAS_PARA_TREINO N_MEDIDAS_TREINO_COMO_NEW_OBSER '); return; end >= qi_estados_hmm_estimados=zeros(sx,1); qi_estados_reais_medidos=zeros(sx,1); qi_estados_hmm_calculados=zeros(sx,1); perplexidade_global_passo_a_passo=zeros(sx,1); perplexidade_global_geral=zeros(sx,1); for i=1:sx % nº de autocarros qi_treino=av_out_qi_treino(i,1:N_MEDIDAS_PARA_TREINO); vi_treino=av_out_vi_treino(i,1:N_MEDIDAS_PARA_TREINO); % calculo do nº de blocos para as medidas consideradas como novas observações tam_vector=syN_MEDIDAS_PARA_TREINO+N_MEDIDAS_TREINO_COMO_NEW_OBSER; n_blocos=(tam_vectormod(tam_vector,N_MEDIDAS_POR_BLOCO))/N_MEDIDAS_POR_BLOCO; if n_blocos<=0 vi_new_obser=[]; qi_new_obser_validar=[]; hmm_01; else ponto_inicial=N_MEDIDAS_PARA_TREINON_MEDIDAS_TREINO_COMO_NEW_OBSER+1; vi_new_obser=[]; qi_new_obser_validar=[]; for j=1:n_blocos qi_new_obser_validar=[qi_new_obser_validar; av_out_qi_treino(i,ponto_inicial:ponto_inicial+N_MEDIDAS_POR_BLOCO-1)]; vi_new_obser=[vi_new_obser; av_out_vi_treino(i,ponto_inicial:ponto_inicial+N_MEDIDAS_POR_BLOCO-1)]; ponto_inicial=ponto_inicial+N_MEDIDAS_POR_BLOCO; end A 15 MANUTENÇÃO CONDICIONADA ÀS EMISSÕES POLUENTES EM AUTOCARROS URBANOS hmm_01; [esquece, mmm]=size(ESTADOS_qi_REAIS); if (i==1) qi_estados_hmm_estimados(i,end+1:end+mmm)=statesf_prever; qi_estados_reais_medidos(i,end+1:end+mmm)=ESTADOS_qi_REAIS; qi_estados_hmm_calculados(i,end+1:end+mmm)=ESTADOS_qi_HMM; else qi_estados_hmm_estimados(i,end-mmm+1:end)=statesf_prever; qi_estados_reais_medidos(i,end-mmm+1:end)=ESTADOS_qi_REAIS; qi_estados_hmm_calculados(i,end-mmm+1:end)=ESTADOS_qi_HMM; end % ------ perplexidade [esquece, mmm]=size; if (i==1) perplexidade_global_passo_a_passo(i,end+1:end+mmm)=perplexidade; else perplexidade_global_passo_a_passo(i,end-mmm+1:end)=perplexidade; end end [perplexidade,perp_global,perp_dois_a_dois]= perplexity(EMIS, av_out_vi_treino(i,N_MEDIDAS_PARA_TREINO+1:end), qi_estados_hmm_calculados(i,2:end), 5,forward,backward); [esquece, mmm]=size(perplexidade); if (i==1) perplexidade_global_geral(i,end+1:end+mmm)=perplexidade; else perplexidade_global_geral(i,end-mmm+1:end)=perplexidade; end end qi_estados_hmm_estimados=qi_estados_hmm_estimados(:,2:end); qi_estados_reais_medidos=qi_estados_reais_medidos(:,2:end); qi_estados_hmm_calculados=qi_estados_hmm_calculados(:,2:end); qi_estados_hmm_estimados_final=[zeros(sx,N_MEDIDAS_POR_BLOCO) qi_estados_hmm_estimados]; perplexidade_global_passo_a_passo perplexidade_global_geral qi_estados_hmm_estimados_final qi_estados_reais_medidos qi_estados_hmm_calculados A 16