TERMODINÂMICA 110 CAPÍTULO 7 TERMODINÂMICA 7.1 A Temperatura Todos nós conhecemos as sensações de calor e de frio experimentadas ao tocar um corpo ou ao mudar de ambiente. Tais sensações nos permitem comparar os corpos, identificando qual é mais quente e qual é mais frio. Os conceitos de quente e de frio, quando baseados apenas em nossas sensações, são imprecisos. Para poder medir quanto um corpo é quente ou frio, precisaremos recorrer ao conceito de escala térmica, ou temperatura. Nossos sentidos nos oferecem apenas um julgamento subjetivo, que pode diferir de uma pessoa para outra. O ar de um quarto parece quente para quem vem de um ambiente frio, e parece frio para quem chega de um recinto aquecido. Nossas sensações, portanto, não podem ser utilizadas para medir a temperatura. E necessário, para esse fim, recorrer a um fenômeno que se repita do mesmo modo toda vez que um objeto for aquecido ou resfriado. Um desses fenômenos é a dilatação térmica. Todos os corpos (sólidos, líquidos ou gasosos), quando aquecidos, se dilatam, ou seja, aumentam de volume. A medida da temperatura pode, então, ser definida através de uma medida do volume. É nesse princípio que se baseia o termoscópio, instrumento que indica a variação da temperatura. Figura 7.1: O termoscópio é um instrumento que mostra a diferença entre sua própria temperatura L a de um objeto com o qual é posto em contato. Se o nível do líquido contido em seu interior sobe (ou desce), isso significa que a temperatura do objeto é maior (ou menor) do que a apresentada anteriormente pelo termoscópio. Se o nível não se altera, é porque o objeto e o termoscópio se encontram à mesma temperatura. Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC TERMODINÂMICA 111 O termoscópio é constituído de um bulbo de vidro preenchido com um líquido (por exemplo, óleo ou mercúrio). Quando o bulbo é aquecido, o nível do líquido se eleva, evidenciando que o volume contido no recipiente aumentou. Se, colocando um objeto em contato com o termoscópio, observamos que o nível do líquido se eleva, podemos concluir que a temperatura do objeto é maior do que a que o termoscópio apresentava anteriormente. Para avaliar a temperatura do objeto, devemos assumir que o termoscópio e o objeto, depois de permanecerem em contato por certo tempo, adquirem a mesma temperatura. Essa hipótese é sensata, pois podemos comprová-la no dia-a-dia. De fato, quando dois corpos, um quente e outro frio, são postos em contato, o corpo quente esfria e o corpo frio esquenta, de modo a atingirem, após algum tempo, um estado de equilíbrio térmico. Quando isso ocorre, podemos admitir que os dois corpos se encontram à mesma temperatura. Para medir essa temperatura, ou seja, para exprimir essa grandeza com um número, precisamos aperfeiçoar o termoscópio, equipando-o com uma escala termométrica. Essa escala consiste em uma temperatura de referência, constante e facilmente reproduzível, à qual se atribui o valor zero, e numa unidade de medida. Um termoscópio munido de uma escala é um termômetro, ou seja, um instrumento que mede a temperatura. As Escalas Termométricas e os Termômetros Como temperatura zero, foi escolhida a temperatura do gelo em fusão sob pressão normal (1 atm = 760 torr = 1,01 Pa). Para marcar esse ponto zero, imergimos um termoscópio (por exemplo, de mercúrio) numa mistura de água e gelo. Depois que o equilíbrio térmico é alcançado, marcamos o número 0 sobre o ponto em que o nível de mercúrio estacionou. Para estabelecer a unidade de medida da temperatura, colocamos esse mesmo termoscópio no vapor que se desprende da água em ebulição (sob pressão normal) e marcamos o número 100 no novo nível atingido pelo mercúrio. Feito isso, dividimos em cem partes iguais a distância entre os dois pontos assim obtidos (0 e 100), correspondentes à fusão do gelo e à ebulição da água. Fixamos, assim, o zero da escala de temperaturas (temperatura do gelo fundente) e o desnível unitário de temperatura (centésima parte do desnível entre os dois pontos fixos), chamado grau Celsius (°C). Essa escala pode então ser estendida para além dos 100°C e para aquém de 0°C. As temperaturas superiores à da fusão do gelo são expressas por números positivos e as inferiores, por números negativos. Por exemplo, -15°C indica a temperatura de 15°C abaixo de zero. Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC TERMODINÂMICA 112 Figura 7.2: Comparação entre as escalas Celsius e Fahrenheit (ainda usada nos países de língua inglesa). Elas diferem não apenas por atribuir valores diferentes aos mesmos fenômenos (por exemplo, o gelo funde a zero grau na escala Ceisius e a 32 graus na Fahrenheit), mas também no modo de subdividir a escala (o intervalo de 1°C equivale ao de 1,8°F). Na escala Fahrenheit, ainda em uso nos Estados Unidos, ao 0 e ao 100 da escala Celsius correspondem respectivamente os números 32 e 212. Assim, entre a temperatura de fusão do gelo e a da ebulição da água, estão compreendidos 180°F. Entre os valores tF e tC de uma mesma temperatura, expressos respectivamente em graus Fahrenheit e em graus Celsius, existe a seguinte relação de proporcionalidade: (t C − 0) = (100 − 0) (t F − 32) (212 − 32) 7.1 Dela se obtém: tC = 5 (t F − 32) 9 ou tF = 9t C − 160 5 7.2 Um termômetro de uso corrente é constituído de um bulbo de vidro geralmente preenchido com mercúrio. Esse bulbo se prolonga num tubo também de vidro. A extremidade desse tubo é fechada e no interior dele não há ar. Ao longo do tubo está marcada a escala termométrica. Para conhecer a temperatura de um corpo, colocamos o termômetro em contato com ele e esperamos que se estabeleça o equilíbrio térmico entre ambos. Só então lemos na escala a temperatura correspondente ao nível atingido pelo mercúrio. O mercúrio é habitualmente usado como líquido termométrico porque permite medir uma faixa de temperatura bastante ampla. Seu limite mínimo é dado por sua temperatura de fusão (−38°C), abaixo da qual ele se torna sólido. O limite máximo é sua temperatura de ebulição (+350°C). Para medir temperaturas mais baixas, usam-se o álcool etílico, o pentano e o toluol, entre outros líquidos. O pentano, por exemplo, permite medir temperaturas de até cerca de –200°C. Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC TERMODINÂMICA 113 7.2 A Dilatação Térmica Linear dos Sólidos Os engenheiros que projetam pontes metálicas devem levar em conta a dilatação térmica dos materiais. Por exemplo, uma ponte metálica de 200m de comprimento, construída num local em que a temperatura vai de –30°C no inverno a +40°C verão, sofre, entre essas estações, um alongamento de 15 cm. Para evitar que as estruturas se deformem, muitas pontes metálicas não são rigidamente fixadas nas extremidades. Em vez disso, elas são colocadas sobre roletes, de modo a poder deslizar enquanto seu comprimento se altera. Para observar como se alonga um fio ou uma barra delgada quando a temperatura aumenta, podemos realizar uma experiência bastante simples. Aquecemos uma barra mantendo uma de suas extremidades fixa. A outra extremidade empurra um ponteiro que se move sobre uma escala graduada. Figura 7.3: Quando aquecemos a barra metálica, sua extremidade livre se desloca e empurra um ponteiro que gira sobre uma escala graduada. Podemos assim medir como varia o comprimento da barra quando a temperatura aumenta. À medida que a temperatura da barra aumenta, ela se alonga e empurra o ponteiro. Podemos assim medir o alongamento da barra em função da temperatura. Experiências executadas com diferentes materiais mostram que em todos os sólidos o alongamento térmico ocorre (com boa aproximação e dentro de um amplo intervalo de temperatura) de acordo com uma mesma lei. Quando a temperatura passa de 0°C a t°C, o comprimento da barra passa do valor tal que: ∆ =α⋅ 0 ⋅t onde α é o coeficiente de dilatação linear, que depende do material que constitui a barra. Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC 0 a t , 7.3 TERMODINÂMICA 114 Fazendo o gráfico dessa lei num diagrama comprimento - temperatura, obtemos uma reta. Como a inclinação de uma reta é constante, também é constante a razão entre a variação de comprimento ∆ e a correspondente variação de temperatura ∆t . Isso significa que o alongamento da barra é diretamente proporcional ao aumento de temperatura. Fatorando a última expressão, a lei da dilatação linear pode ser escrita desta maneira: = 0 (1 + αt ) 7.4 300 Comprimento (mm) 250 200 150 100 50 0 0 200 400 600 800 1000 Temperatura, t (°C) Figura 7.4: Gráfico do comprimento da barra em função da temperatura. Como se trata de uma reta, o alongamento ∆ é diretamente proporcional ao aumento de temperatura ∆t . Para avaliar de modo aproximado o efeito prático da dilatação linear, podemos dizer que uma barra de 1m de comprimento, feita de qualquer material, sofre um alongamento da ordem de 1mm quando sua temperatura aumenta de 100°C. 7.3 A Dilatação Térmica Superficial dos Sólidos Considere uma chapa de metal de área inicial A 0 na temperatura inicial t0. Quando a temperatura passou de t0 para t (t maior que t0), sua área passou a ser A (A maior do que A0). A chapa sofreu uma dilatação superficial ∆A . A experiência mostra que a dilatação superficial ∆A é proporcional à variação de temperatura ∆t = t − t 0 e é proporcional à área inicial A0, podendo-se então escrever: Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC TERMODINÂMICA ∆A = β ⋅ A 0 ⋅ ∆t 115 7.5 A constante de proporcionalidade β é chamada coeficiente de dilatação superficial e é uma característica do material de que é feito o corpo (seu valor muda de material para material). 7.4 A Dilatação Térmica Volumétrica dos Sólidos Considere um cubo de metal de volume inicial V0 na temperatura inicial t0. Ao se elevar sua temperatura de t0 para t (t maior do que t0), seu volume aumentou, passando a V (V maior do que V0). Diz-se que o cubo sofreu uma dilatação volumétrica. A experiência revela que a dilatação volumétrica ∆V é proporcional à temperatura ∆t = t − t 0 e também é proporcional ao volume inicial V0. Pode-se escrever: ∆V = γ ⋅ V0 ⋅ ∆t 7.6 A constante de proporcionalidade γ é chamada coeficiente de dilatação volumétrica e é uma característica do material de que é feito o corpo (seu valor muda de material para material). Importante ¾ Os coeficientes de dilatação linear, superficial e volumétrica são usualmente expressos em °C-1. 7.5 Condução de Calor Energia térmica é transferida de um local a outro basicamente por três processos: condução, convecção e radiação. 7.5.1 Condução A figura 7.5 mostra uma barra de sólido homogênea, uniforme, com área da seção reta A. Figura 7.5: (a) Barra condutora com as duas extremidades em temperatura diferentes. (b) Segmento da barra com espessura ∆x e área A. Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC TERMODINÂMICA 116 Se as extremidades da barra estiverem a temperaturas diferentes, a energia térmica será conduzida da extremidade mais quente para a mais fria. Num estado permanente (estacionário) a temperatura varia uniformemente de uma extremidade para a outra. A variação de temperatura da barra por unidade de comprimento, ∆T/∆x, é o gradiente de temperatura. Seja ∆T a variação de temperatura num pequeno segmento da barra de espessura ∆x. Se ∆Q for a energia térmica que atravessa esse segmento no intervalo de tempo ∆t, então, dizemos que a taxa de condução da energia térmica, ∆Q/∆t, é a corrente térmica I. Experimentalmente, a corrente térmica é proporcional ao gradiente de temperatura e à área A da seção reta ∆Q ∆T I= = kA 7.7 ∆x ∆t onde k é a condutividade térmica do material. Unidades no SI: [I] = watts = W; [k] = watts/mK Resolvendo a equação 7.7 ∆T ∆x I = kA ⇒ ∆T = I ⇒ ∆T = IR 7.8 ∆x kA ∆x onde R = é a resistência térmica do material. kA Seja duas placas condutoras de calor, com a mesma área da seção reta, de materiais e espessuras diferentes, conforme ilustra a figura 7.6. Figura 7.6: Duas placas termicamente condutoras montadas em série. A resistência térmica equivalente das chapas em série é igual à soma entre as resistências térmicas das chapas separadas. A corrente térmica é a mesma através das duas chapas. T1 é a temperatura na face quente, T2 é a temperatura na face comum às duas chapas e T3 é a temperatura n face fria. Nas condições de fluxo térmico em estado permanente, a corrente térmica I é a mesma nas duas chapas. Sejam R1 e R2 as resistências térmicas das duas chapas. Temos, da equação 7.8 Placa 1: T1 – T2 = I R1 Placa 2: T2 – T3 = I R2 Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC TERMODINÂMICA 117 Somando as duas equações ∆T = T1 – T3 = I (R1 + R2) = I Req 7.9 onde Req é a resistência equivalente. Se as resistências térmicas estiverem montadas em série a resistência equivalente é igual à soma das resistências individuais Req = R1 + R2 + ... + Rn 7.10 Para calcular a quantidade de calor que abandona uma sala pela condução, num certo intervalo de tempo, precisamos calcular o calor que sai pelas paredes, pelas janelas, pelo piso e pelo teto. O calor tem diversas vias por onde fluir, e as resistências térmicas estão em paralelo. Em cada via a diferença de temperatura é a mesma, mas as correntes térmicas são diferentes. A corrente térmica total é I tot = I1 + I 2 + … = I tot ∆T ∆T + +… R1 R 2 1 ∆T 1 = ∆T + + … = R1 R 2 R eq 7.11 e 1 1 1 = + +… R eq R 1 R 2 7.12 para resistências térmicas em paralelo. Exemplo 7-1: Duas barras metálicas, cada qual com 5 cm de comprimento e seção reta retangular de 2 cm por 3 cm, estão montadas entre duas paredes, uma mantida a 100°C e a outra a 0°C (vide figura abaixo). Uma barra é de chumbo e a outra de prata. Calcular (a) a corrente térmica através das barras e (b) a temperatura na superfície de contato das duas. Solução: (a) • Resistência térmica equivalente em termos das resistências térmicas das duas barras: Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC TERMODINÂMICA 118 Req = RPb + RAg • Resistência térmica de cada barra: RPb = 0,236 K/W; RAg = 0,194 K/W • Resistência equivalente das duas barras em série: Req = 0,430 K/W • Com Req conhecida e com ∆T = 100 K, calcula-se a corrente térmica: I = 232,6 W (b) • A diferença de temperatura na barra de chumbo é calculada com a corrente térmica e a resistência térmica encontradas em (a): ∆TPb = I RPb = 54,9 K = 54,9 °C • Com o resultado anterior e a diferença de temperatura entre as duas paredes se tem a temperatura na interface Tif: Tif = 100°C − ∆TPb = 45,1 °C • Pode-se verificar o resultado pelo cálculo da diferença de temperatura entre as faces da barra de prata: ∆TAg = IRAg = 45,1°C Exemplo 7-2: As duas barras mencionadas no exemplo 1 agora são montadas como está na figura abaixo. Calcular (a) a corrente térmica em cada barra metálica, (b) a corrente térmica total e (c) a resistência térmica equivalente desta montagem. Solução: (a) • Calcular a corrente térmica em cada barra: Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC TERMODINÂMICA I Pb = ∆T 100K = = 424W R Pb 0,236K / W I Ag = ∆T 100K = = 515W R Ag 0,194K / W 119 (b) • A corrente total é a soma das duas correntes: Itot = IPb + IAg = 424 W + 515 W = 939 W (c) • Com a equação (7.12) calcula-se a resistência térmica equivalente das duas barras montadas em paralelo 1 1 1 = + R eq R Pb R Ag R eq = R Pb R Ag R Pb + R Ag = (0,236)(0,194) = 0,106K / W (0,236 + 0,194) 7.5.2 Convecção A convecção é o transporte de energia térmica pela movimentação do próprio meio. No caso mais simples, há convecção quando um fluido (gás ou líquido) é aquecido na parte de baixo. O fluido quente se expande e sobe, e o fluido mais frio desce. A descrição matemática da convecção é bastante complicada. A quantidade de calor transferida de um corpo para as suas vizinhanças, por convecção, é aproximadamente proporcional à área do corpo e a diferença entre a temperatura do corpo e a do fluido vizinho. 7.5.3 Radiação Todos os corpos emitem ou absorvem radiação eletromagnética. Quando um corpo está em equilíbrio térmico com as suas vizinhanças, emite e absorve energia a taxas iguais. A taxa com que um corpo irradia energia é proporcional à sua área e à quarta potência da sua temperatura absoluta. Esta é a lei de Stefan-Boltzmann Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC TERMODINÂMICA 120 Pr = e σ A T4 7.13 onde Pr é a potência irradiada, em watts, A é a área superficial do corpo e σ é uma constante universal conhecida, a constante de Stefan-Boltzmann, cujo valor é σ = 5,6703 x 10-8 W/m2.K4 7.14 A emissividade e é um parâmetro que depende da superfície do corpo e tem um valor entre 0 e 1. Quando um corpo opaco recebe radiação, parte é refletida e parte absorvida. Os corpos com cores claras refletem a maior parte da radiação visível. Os corpos escuros absorvem a maior parte da radiação. A taxa de absorção da energia radiante é dada por PA = e σ A T04 7.15 onde T0 é a temperatura ambiente. Se um corpo estiver emitindo mais radiação do que absorve, a sua temperatura cai enquanto as vizinhanças absorvem a radiação e ficam mais quentes. Se o corpo, ao contrário, absorve mais radiação do que emite, sofrerá aquecimento enquanto as vizinhanças se resfriam. A potência líquida irradiada por um corpo, na temperatura T, imerso num ambiente na temperatura T0 é ( Pliq = eσA T 4 − T04 ) 7.16 Quando o corpo estiver em equilíbrio com o ambiente, T = T0 e o corpo emite e absorve radiação a uma mesma taxa. Um corpo que absorve toda a radiação que incide sobre ele tem a emissividade igual a 1 e é denominado um corpo negro. Um corpo negro é, também, um radiador ideal. 7.6 A Teoria Cinética dos Gases 7.6.1 Definições Número de Avogadro: É o número de átomos ou moléculas existentes em um mol. O mol é uma das sete unidades básicas do SI. Experimentalmente: N A = 6,02 × 10 23 mol−1 7.17 Número de moles n contido numa amostra de qualquer substância: n= N NA 7.18 onde N é o número de moléculas da amostra. Ou podemos escrever (7.18) em função da massa Mam da amostra e da massa molar M, ou da massa m de uma molécula: Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC TERMODINÂMICA n= 7.6.2 M am M am = M m ⋅ NA 121 7.19 Gases Ideais Experimentalmente, a densidades suficientemente baixas, todos os gases reais tendem a obedecer a relação: PV = nRT 7.20 P = pressão absoluta n = número de moles R = constante dos gases = 8,31 J/mol.K T = temperatura em kelvin A equação 7.20 é conhecida como a equação dos gases ideais. 7.6.3 Trabalho feito por um Gás Ideal à Temperatura Constante Suponha n moles de um gás ideal confinado em um sistema pistão-cilindro, se expandindo de um volume inicial Vi até um volume final Vf, à uma temperatura constante (expansão isotérmica). O trabalho feito pelo gás é: W= Vf Vf Vi Vi ∫ P dV = ∫ nRT dV = nRT V W = nRT ln dV ∫ Vi V Vf Vi • Se Vf > Vi ⇒ W > 0 (Trabalho realizado pelo gás) • Se Vf < Vi ⇒ W < 0 (Trabalho realizado sobre o gás) 7.7 Vf 7.21 7.22 Calor Há uma distinção importante entre os conceitos de calor e de energia interna de uma substância. O conceito de calor só deve ser usado para descrever a energia transferida de um lugar para outro. Isto é, o fluxo de calor é uma transferência de energia que ocorre exclusivamente em conseqüência de uma diferença de temperatura. Por outro lado, energia interna é aquela que uma substância tem em virtude de sua temperatura. A energia interna de um gás está associada ao movimento interno dos seus átomos e moléculas e é, essencialmente, a sua energia cinética em escala microscópica. Quanto maior a temperatura do gás, maior a sua energia interna. Analogamente, o trabalho feito sobre um sistema (ou pelo sistema) é a medida da transferência de Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC TERMODINÂMICA 122 energia entre o sistema e suas vizinhanças, enquanto a energia mecânica (cinética ou potencial) é conseqüência do movimento e das coordenadas do sistema. Então, quando se faz trabalho sobre um sistema, a energia se transfere do agente para o sistema. Não tem sentido falar sobre o trabalho do sistema, mas sim de trabalho feito sobre o sistema ou de trabalho feito pelo sistema, quando um certo processo transformou o sistema de algum modo. Da mesma forma, não faz sentido usar o termo calor, a menos que as variáveis termodinâmicas do sistema tenham sofrido uma variação durante certo processo. Também é importante reconhecer que a energia pode ser transferida entre dois sistemas, mesmo não havendo fluxo de calor. Por exemplo, quando dois corpos são atritados um contra o outro, a sua energia interna aumenta, pois se faz um trabalho mecânico sobre eles. Quando um corpo escorrega sobre uma superfície, e chega ao repouso, em virtude do atrito, a sua energia cinética se transforma em energia interna no bloco e na superfície. Nesses casos, o trabalho feito sobre o sistema lhe acrescenta energia. As variações de energia interna se medem pelas correspondentes variações de temperatura. 7.7.1 Unidades de Calor Antes de entenderem que o calor era uma forma de energia, os cientistas definiram-no em termos das variações de temperatura que provocava num corpo. Então, a caloria (cal) se define como a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de 1 g de água de 14,5ºC para 15,5ºC. Atualmente, reconhecendo que o calor é uma fonte de energia, utiliza-se a unidade SI de energia, o joule, para medir o calor. Abaixo, relacionamos alguns dos mais comuns fatores na conversão das unidades de calor: 1 cal = 4,186J = 3,968 x 10-3 Btu 1J = 0,2389 cal = 9,478 x 10-4 Btu 1 Btu = 1055J = 252,0 cal 7. 8 Capacidade Calorífica e Calor Específico A quantidade de energia térmica necessária para elevar a temperatura de certa massa de uma substância, de um certo incremento, varia de substância para substância. Por exemplo, são necessários 4,186 J de calor para se elevar em 1ºC a temperatura de 1 kg de água, mas de 387 J de calor para elevar em 1ºC a temperatura de 1 kg de cobre. A capacidade calorífica, C, de uma amostra de uma substância se define como a quantidade de energia térmica necessária para elevar de um grau Celsius a temperatura da amostra. Por essa definição, vemos que, fornecendo-se Q unidades de calor a uma substância, a variação de temperatura ∆T provocada será Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC TERMODINÂMICA Q = C ∆T 123 7.23 A capacidade calorífica de um corpo é proporcional à sua massa. Por isso, é conveniente definir a capacidade calorífica por unidade de massa de uma substância, c, o calor específico: c= C m 7.24 A tabela 7.1 dá os valores do calor específico de diversas substâncias medidos na temperatura ambiente e na pressão atmosférica. Tabela 7.1. Calor específico de várias substâncias. Pela definição de capacidade calorífica, dada pela equação 7.24, podemos exprimir a energia térmica Q transferida entre uma substância de massa m e suas vizinhanças, quando a variação de temperatura for ∆T = Tf – Ti como Q = m c ∆T 7.25 Por exemplo, a energia térmica necessária para elevar de 3ºC a temperatura de 0,5 kg de água é igual a (0,5 kg)(4.186 J / kgºC)(3ºC) = 6280 J. Observe que, quando se fornece calor a uma substância, Q e ∆T são ambas positivas, e a temperatura se eleva. Da mesma forma, quando se remove calor de uma substância, Q e ∆T são ambas negativas, e a temperatura baixa. Capacidade calorífica molar é a capacidade calorífica de um mol de uma substância. Assim, se uma substância contem n moles, a sua capacidade calorífica molar é igual a C/n. A tabela 7.1 também dá as capacidades caloríficas molares de diversas substâncias. É importante observar que os calores específicos das substâncias variam um pouco com a temperatura. Se os intervalos de temperatura não forem muito dilatados, a variação com a temperatura poderá ser ignorada, e c pode ser tratado como constante. Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC TERMODINÂMICA 124 É interessante observar, na tabela 7.1, que a água, entre as substâncias comuns na Terra, é a que possui calor específico mais elevado. O elevado calor específico da água é responsável, pelo menos em parte, pelas temperaturas moderadas que se encontram nas regiões vizinhas a grandes corpos de água. Como a temperatura de um corpo de água diminui durante o inverno, há transferência de calor de água para a atmosfera que, por sua vez, leva este calor para o continente, quando os ventos forem favoráveis. Por exemplo, os ventos que predominam na costa oeste dos EUA são ventos do mar para a terra. Assim, o calor que emana do Oceano Pacifico, ao se resfriar, torna as áreas litorâneas muito mais quentes do que seriam sem este efeito. Isso explica por que as regiões costeiras do Oeste possuem, em geral, um inverno menos rigoroso que as regiões litorâneas do Leste, onde os ventos dominantes não tendem a levar o calor para o continente. 7.9 Calor Latente Usualmente, uma substância sofre uma variação de temperatura quando há transferência de calor entre a substância e suas vizinhanças. Há situações, porém, em que o fluxo de calor não provoca variações de temperatura. Isso ocorre sempre que uma característica física da substância se altera, de uma forma para outra, o que se denomina, comumente, mudança de fase. Algumas mudanças de fase comuns são as de sólido para líquido (fusão), de líquido para gás (vaporização) e a mudança da estrutura cristalina de um sólido. Todas essas mudanças de fase envolvem variação da energia interna. A energia necessária para a transformação é o calor de transformação. O calor necessário para provocar a mudança de fase de certa massa m de uma substância pura é dada por Q=mL 7.26 onde L é o calor latente (calor oculto) da substância e depende da natureza da mudança de fase, além das propriedades da substância. O calor de fusão, Lf, é o calor latente quando a mudança de fase se da de sólido para líquido; e o calor de vaporização Lv, o calor latente correspondente à mudança de fase de líquido para vapor. Por exemplo, o calor de fusão da água, sob pressão atmosférica, é 3,33 x 105 J/kg, e o calor latente de vaporização da água é 2,26 x 106 J/kg. Os calores latentes, das diversas substâncias, variam consideravelmente, conforme se vê na tabela 7.2. As mudanças de fase podem ser descritas em termos da reorganização das moléculas quando a substância recebe ou cede calor. Consideremos a mudança de fase de líquido para vapor (gás). As moléculas, na fase líquida, estão muito próximas, e as forças entre elas são mais fortes do que num gás, onde as moléculas estão muito afastadas. Por isso, é necessário efetuar trabalho sobre o líquido, contra essas forças atrativas moleculares, a fim de separar as moléculas. Calor de vaporização é a quantidade de energia que deve ser injetada no líquido, a fim de conseguir tal efeito. Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC TERMODINÂMICA 125 Tabela 7.2: Calor latente de diversas substâncias. Analogamente, no ponto de fusão de um sólido, imaginamos que a amplitude de vibração dos átomos em torno da posição de equilíbrio seja suficientemente grande para superar as forças atrativas da ligação dos átomos nas respectivas posições fixas. A energia térmica necessário para a fusão total de certa massa do sólido é igual ao trabalho necessário para o rompimento das ligações e transformação da massa de fase sólida ordenada em massa de fase líquida desordenada. Tendo em vista que a distancia média entre os átomos na fase gasosa é muito maior que na fase líquida ou na fase sólida, podemos esperar que seja necessário maior trabalho para vaporizar certa massa de substância do que para fundi-la. Portanto, não é de surpreender que o calor de vaporização seja muito maior que o calor de fusão, para uma mesma substância (tabela 7.2). Consideremos, por exemplo, o calor necessário para converter um bloco de gelo, de 1 g, a – 30ºC, em vapor de água a 120 ºC. A figura 7.11 indica os resultados experimentais que se obtêm quando se fornece, gradualmente, calor ao gelo. Examinemos, separadamente, cada parte da curva. Figura 7.5: Gráfico da temperatura contra o calor fornecido, quando 1 g de gelo, inicialmente a -30°C, se converte em vapor de água. Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC TERMODINÂMICA 126 Parte A: Nessa parte da chuva, alternamos a temperatura do gelo de – 30 ºC para 0 ºC. Sendo o calor específico do gelo 2.090 J/kg.ºC, podemos calcular a quantidade de calor fornecida, como segue: QA = mg cg ∆T = (10– 3kg)(2090J/kg.ºC)(30ºC) = 62,7 J Parte B: Quando o gelo atinge 0ºC, a mistura gelo/água permanece nessa temperatura – mesmo que se adicione calor – até que todo o gelo tenha fundido. O calor necessário para fundir 1 g de gelo, a 0ºC, é QB = m Lf = (10– 3kg)(3,33 x 105 J/kg.ºC) = 333 J Parte C: Entre 0ºC e 100ºC, nada de surpreendente acontece. Não há mudança de fase nesta região. O calor cedido à água é usado para elevar a sua temperatura. A quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de 0ºC para 100ºC é QC = mA cA ∆T = (10– 3kg)(4,19 x 103 J/kg.ºC)(100ºC) = 4,19 x 102 J Parte D: A 100 ºC, outra mudança de fase ocorre quando a água passa de água liquida, a 100 ºC, para vapor de água, a 100 ºC. Podemos calcular a quantidade de calor necessária para provocar tal mudança de fase, usando a equação 7.37. Nesse caso, devemos fazer L = Lv, calor de vaporização. Sendo o calor de vaporização 2,26 x 106 J/kg, a quantidade de calor necessária à conversão de 1 g de água em vapor de água, a 100ºC, será QD = m LV = (10– 3kg)(2,26 x 106 J/kg) = 2,26 x 103 J Parte E: Nesta parte da curva, há fornecimento de calor ao vapor de água, sem que se provoque mudança de fase. Sabendo que 2,01 x 103 J / kgºC é o calor especifico do vapor, encontramos que o calor que devemos fornecer para elevar a temperatura do vapor de água até 120ºC é QE = mV cV ∆T = (10– 3kg)(2,01 x 103 J/kgºC)(20ºC) = 40,2 J A quantidade de calor que deve ser fornecida, para transformar um grama de gelo a –30ºC, em vapor de água, a 120ºC, é cerca de ( ) Q T = 62,7 + 333 + 4,19 x10 2 + 2,26 x10 3 + 40,2 J = 3.114,9J isto é, se resfriarmos um grama de vapor de água, a 120ºC, até que tenhamos gelo a –30ºC, devemos retirar 3,11x10 3 J de calor. Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC TERMODINÂMICA 127 7.10 Trabalho e Calor nos Processos Termodinâmicos Na abordagem macroscópica da termodinâmica, descrevemos o estado de um sistema pelas variáveis como pressão, volume, temperatura e energia interna. O número de variáveis macroscópicas necessárias para caracterizar um sistema depende da natureza do sistema. No caso de um sistema homogêneo, como um gás, com um único tipo de molécula, são necessárias, usualmente, apenas duas variáveis, como a pressão e o volume. No entanto, é importante observar que só é possível especificar o estado macroscópico de um sistema isolado quando o sistema está internamente em equilíbrio térmico. Para um gás num recipiente, o equilíbrio térmico interno exige que toda a parte de gás nele contida esteja na mesma pressão e na mesma temperatura. Examinemos um gás contido num cilindro provido de um pistão móvel (figura 7.6). Quando estiver em equilíbrio, o gás ocupa um volume V e exerce uma pressão uniforme P sobre as paredes do cilindro e sobre o pistão. Se o pistão tiver uma área da seção reta A, a força do gás sobre o pistão é F = PA. Suponhamos agora que o gás se expanda quase estaticamente, isto é, com lentidão suficiente para que o sistema permaneça, essencialmente, em equilíbrio termodinâmico, em todos os instantes. Quando o pistão se desloca dy, o trabalho feito pelo gás sobre o pistão é dW = F dy = P A dy 7.27 Uma vez que A dy é o aumento de volume do gás, dV, podemos exprimir o trabalho feito por dW = P dV 7.28 Se o gás se expandir, como na figura 1, a variação dV será positiva, e o trabalho do gás também, ao passo que, se o gás for comprimido, dV será negativa, o que indica que o trabalho efetuado pelo gás será negativo.(Nesse último caso, o trabalho negativo pode ser interpretado como o trabalho feito sobre o sistema). Como é claro, o trabalho feito pelo sistema é nulo quando o volume permanece constante. O trabalho total feito pelo gás, quando o seu volume passa de Vi até Vf é dado pela integral da equação 7.28: Vf W = ∫ P dV Vi Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC 7.29 128 TERMODINÂMICA Figura 7.6: O gás contido num cilindro, a pressão P, efetua trabalho sobre um pistão móvel, quando o sistema se expande do volume V até o volume V + dV. A fim de calcular essa integral, é necessário saber como a pressão varia durante o processo. Em geral, a pressão do sistema não é constante, mas depende do volume e da temperatura. Se a pressão e o volume forem conhecidos em cada etapa do processo, os estados do gás podem ser representados como uma curva num diagrama PV, como está na figura 7.7. Figura 7.7: Um gás se expande reversivelmente (e lentamente) do estado i até o estado f. O trabalho efetuado pelo gás é igual à área subtendida pela curva PV. O trabalho feito numa expansão de um estado inicial até um estado final é a área subtendida pela curva do processo num diagrama PV. Conforme se pode ver na figura 7.7, o trabalho efetuado desde o estado inicial, i até o estado final, f, dependerá do processo seguido entre esses dois estados. A fim de ilustrar essa importante questão, consideremos diversos processos que ligam i a f (figura 7.8). No processo descrito na figura 7.8a, a pressão do gá é, inicialmente, reduzida de Pi até Pf, mediante um resfriamento a volume constante (isocórico) Vi, e depois o gás se expande de Vi até Vf, à pressão constante (isobaricamente) Pf. O trabalho nesta etapa do processo é Pf. O trabalho nesta etapa do processo é Pf(Vf – Vi). Na figura 7.8b, o gás se expande de Vi até Vf, à pressão constante Pi, e depois a sua pressão se reduz até Pf, a volume constante Vf. O trabalho feito neste processo é Pi(Vf – Vi), que é Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC TERMODINÂMICA 129 maior que o trabalho feito no processo descrito na figura 7.8a. Finalmente, no processo descrito na figura 7.8c, quando P e V variam simultânea e continuamente, o trabalho feito tem um valor intermediário dos valores calculados nos dois primeiros processos. Para o cálculo do trabalho, nesse caso, a forma da curva PV deve ser conhecida. Portanto, vemos que o trabalho feito por um sistema depende do processo que o sistema realiza para passar do estado inicial para o estado final. Em outras palavras, o trabalho feito depende do estado inicial, do estado final e dos estados intermediários do sistema. Figura 7.8: O trabalho efetuado por um gás, que passa de um estado inicial até um estado final, depende do percurso seguido entre esses estados. De forma semelhante, o calor transferido para o sistema, ou transferido do sistema, também depende do processo. 7.11 A Primeira Lei da Termodinâmica Pela primeira lei da termodinâmica, a variação de energia interna de um sistema é igual ao calor absorvido menos o trabalho externo realizado pelo (sobre) sistema. Ou seja: ∆E int = Q − W 7.30 Considerando a figura 7.9, vemos que a variação da energia interna do sistema ao passar do estado A para o estado B é a mesma para todas as trajetórias que a figura mostra. O que muda é o trabalho realizado pelo sistema, que depende do processo. Figura 7.9: Diagrama PV Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC TERMODINÂMICA 130 Processo Adiabático: O sistema não absorve nem cede calor (Q=0). A equação 7.30 transformase em: ∆E int = − W 7.31 ¾ Se W > 0 ⇒ ∆E int < 0 (expansão adiabática) ¾ Se W < 0 ⇒ ∆E int > 0 (compressão adiabática) Processo Isocórico (volume constante): O sistema não realiza trabalho (W=0). A equação 7.30 transforma-se em: ∆E int = Q 7.32 ¾ Se calor for cedido ao sistema (Q > 0) a energia interna aumenta. ¾ Se calor for removido do sistema (Q < 0) a energia interna diminui Processo Cíclico: Quando um sistema descreve um ciclo e volta ao estado inicial, a variação de energia interna é zero ( ∆E int = 0 ).A equação 01 transforma-se em: Q=W 7.33 Processo de expansão livre: É um processo adiabático em que nenhum trabalho é feito sobre ou pelo sistema. Assim, Q = W = 0, e a equação 01 transforma-se em: ∆E int = 0 7.34 7.12 A Segunda Lei da Termodinâmica 7.12.1 Primeira forma da 2ª lei da Termodinâmica “Não é possível transformar calor completamente em trabalho, com nenhuma outra mudança ocorrendo no ambiente” ⇒ “Não existem máquinas térmicas perfeitas” A figura 7.10(a) mostra um cilindro contendo um gás ideal e colocado sobre um reservatório de calor à temperatura T. Removendo gradualmente o peso do pistão, observamos que: ¾ Há expansão do gás com temperatura constante. ¾ O sistema segue o processo isotérmico e realiza trabalho W. ¾ A energia interna, Eint, não muda durante a expansão isotérmica. ¾ Q = W. Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC TERMODINÂMICA 131 Figura 7.10: (a) Um gás ideal expande isotermicamente, absorvendo calor Q e realizando trabalho W. (b) O gás segue uma isoterma num diagrama P – V. Embora todo o calor seja transformado em trabalho, não há violação da segunda lei da termodinâmica, porque outras mudanças ocorreram. O sistema não retorna ao seu estado original do processo. Pergunta: Transformamos calor completamente em trabalho? Mudanças: pressão e volume. Desafio ⇒ fazer o gás voltar à sua condição inicial, operando em um ciclo,transformando calor em trabalho. Um dispositivo que transforma calor em trabalho, enquanto opera em um ciclo, é chamado de máquina térmica ou motor. A figura 7.11 sugere um esquema generalizado da operação de uma máquina. Durante cada ciclo, energia é extraída como calor QH de um reservatório à temperatura TH (fonte quente), uma parte sendo descarregada (perdido) como calor QC para um reservatório à temperatura baixa Tc (fonte fria). Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC TERMODINÂMICA 132 Figura 7.11: Indicamos uma máquina (ou motor) envolvendo-a com setas no sentido horário. (a) Em uma máquina real, o calor extraído de um reservatório (fonte quente) é convertido parcialmente em trabalho, com o calor restante sendo rejeitado em outro reservatório à temperatura mais baixa (fonte fria). (b) Em uma máquina perfeita, todo o calor extraído da fonte quente é transformado em trabalho. Ninguém jamais conseguiu construir tal máquina. Pela figura 7.11 observamos que: ∆E int = 0 . Logo, o trabalho resultante feito por ciclo pelo sistema precisa ser igual ao calor resultante transferido por ciclo. Escrevemos isso como: w = QH − QC 7.35 Devemos nos lembrar sempre se: ¾ Calor está sendo adicionado ao sistema ⇒ Q > 0. ¾ Calor está sendo retirado do sistema ⇒ Q < 0. ¾ Trabalho realizado pelo sistema ⇒ W > 0. ¾ Trabalho realizado sobre o sistema ⇒ W > 0. Objetivo da máquina: transformar, tanto quanto possível, calor extraído QH em trabalho. Eficiência térmica (e): definida como a razão entre o trabalho que ela realiza por ciclo (o que você extrai) e o calor que absorve por ciclo (que você fornece). Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC TERMODINÂMICA e= W QH = QH − QC QH 133 7.36 Eficiência total ⇒ Q C = 0 . 7.12.2 Segunda forma da 2ª lei da Termodinâmica “Não é possível que o calor seja transmitido de um corpo para outro, que esteja à temperatura mais alta, sem que outra mudança ocorra no ambiente” Um dispositivo que transfere energia como calor de um local frio para um quente é chamado de refrigerador. A figura 7.12 mostra as transferências de calor e trabalho que ocorrem. O calor QC é extraído de um reservatório de baixa temperatura e o trabalho W é feito sobre o sistema por um agente externo; as energias transferidas como calor e trabalho são combinadas e descarregadas como calor QH em um reservatório de alta temperatura. Figura 7.12: Indicamos um refrigerador envolvendo-o com setas no sentido anti-horário. (a) Num refrigerador real, o calor é extraído de um reservatório à baixa temperatura (fonte fria), algum trabalho é realizado e o equivalente em energia deste calor e deste trabalho é descarregado como calor em um reservatório à temperatura mais alta (fonte quente). (b) Num refrigerador ideal, não é necessário realizar trabalho. Ninguém jamais construiu tal refrigerador. Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC TERMODINÂMICA 134 Exemplos: a) Refrigerador caseiro: o reservatório de baixa temperatura é a câmara fria, onde a comida é guardada. O reservatório de alta temperatura é a sala onde está o refrigerador. O trabalho é realizado pelo motor que opera a unidade. b) Condicionador de ar: o reservatório de baixa temperatura é a sala a ser esfriada. O reservatório de alta temperatura é o ar externo. O trabalho é realizado pelo motor que opera a unidade. Objetivo: transferir energia como calor do reservatório de baixa temperatura para o reservatório de alta temperatura, realizando o menor trabalho possível sobre o sistema. O coeficiente de performance é dado por: K= QC W = QC QH − QC 7.37 Desejável que K tenha o maior valor possível. Refrigeradores: 5 Ar condicionado: 2 e 3 7.13 O Ciclo de Carnot ¾ Introdução do conceito de máquina ideal: caso limite de máquinas reais. Máquina ideal: arranjo pistão-cilindro contendo um gás ideal. O que faz a máquina ser ideal é o fato de que ela realiza um processo reversível. Caso o gás seja comprimido ele pode voltar, pelo mesmo caminho, ao estado anterior, e vice-versa. O ciclo pelo qual o gás irá passar denomina-se ciclo de Carnot: são dois processos isotérmicos e dois processos adiabáticos, e é constituído por 4 passos. Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC TERMODINÂMICA 135 Passo 1: cilindro no reservatório de alta temperatura ⇒ o sistema (gás ideal) está no estado a. Remove-se peso do pistão e o sistema se expande até o ponto b, à temperatura constante TH. Calor QH é absorvido pelo sistema. Q H = W (∆E int = 0) Passo 2: cilindro na base isolante ⇒ remove-se mais peso do pistão (expansão lenta) até o ponto c. Expansão adiabática (Q = 0, W > 0 e TH cai para TC). Passo 3: cilindro no reservatório de baixa temperatura ⇒ Adiciona-se peso ao pistão e o sistema se comprime até o ponto d, à temperatura constante TC. Calor QC é transferido do gás para o reservatório. Processo isotérmico ( Q C = W (∆E int = 0) Passo 4: cilindro na base isolante ⇒ adiciona-se mais peso ao pistão (compressão lenta) até o ponto a, fechando o ciclo. Compressão adiabática (Q = 0, W < 0 e TC aumenta para TH). Figura 7.13: Ciclo de Carnot Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC TERMODINÂMICA 136 Figura 7.14: Diagrama P-V para o ciclo de Carnot. Eficiência da Máquina de Carnot: e Car = TH − TC TH (04) ¾ Eficiência depende somente das temperaturas dos dois reservatórios entre os quais ela opera. ¾ Nenhuma máquina real operando entre duas temperaturas pode ter uma eficiência maior do que a de Carnot. Operando na forma inversa (ciclo reversível) teremos um refrigerador de Carnot. Seu coeficiente de performance é dado por: K Car = TC TH − TC (05) 7.14 Motor a Gasolina Vamos discutir o rendimento de um motor a gasolina comum. Em cada ciclo desse motor ocorrem cinco processos sucessivos, conforme mostra a figura 7.15. Durante o golpe de admissão do pistão (fig. 7.15a), o ar misturado com o vapor de gasolina, no carburador, é aspirado para o cilindro. Durante o golpe de compressão (fig. 7.15b), a válvula de admissão é fechada e a mistura de ar e combustível é comprimida de maneira aproximadamente adiabática. Nesse ponto, um centelha inflama a mistura de ar e combustível (fig. 7.15c), provocando uma elevação rápida da temperatura e da pressão, de maneira aproximadamente isocórica. Os gases da combustão se expandem e forçam o pistão para baixo, constituindo o golpe de potência (fig. 7.15d). Finalmente, durante o golpe de descarga (fig. 7.15e), a válvula de descarga se abre, e o pistão que se eleva expele o gás remanescente para fora do cilindro. O ciclo principia a se repetir, depois de a válvula de descarga se fechar e a de admissão se abrir. Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC TERMODINÂMICA 137 Figura 7.15: O ciclo de quatro tempos de um motor a gasolina comum. (a) No golpe de admissão, o ar é misturado ao combustível. (b) A válvula de admissão é fechada e a mistura ar-combustível é comprimida pelo pistão. (c) A mistura é inflamada pela centelha da vela, e a sua temperatura se eleva. (d) No golpe de potência, o gás se expande contra o pistão. (e) Finalmente, os gases residuais são expelidos, repetindo-se o ciclo. Esses processos podem ser representados, em parte, pelo ciclo de Otto, cujo diagrama PV se encontra na figura 7.16. 1. Durante o golpe de admissão O→A ( o segmento de reta horizontal na figura 7.16), o ar é aspirado para o cilindro, a pressão atmosférica, e o volume aumenta de V2 até V1. 2. No processo A→B (golpe de compressão), a mistura de ar e combustível é comprimida adiabaticamente do volume V1 até o volume V2, e a temperatura passa de TA para TB. O trabalho realizado sobre o gás é a área subtendida pela curva AB. Figura 7.16: Diagrama PV de um ciclo Otto, representação aproximada dos processos num motor de combustão interna. Não há transferência de calor durante os processos adiabáticos A→ B e C→ D. 3. No processo B→C, ocorre a combustão, e o gás recebe o calor Qq. Na realidade não é um calor que vem de fora, mas o calor liberado no processo de combustão. Durante esse tempo, a pressão e a temperatura se elevam rapidamente, mas o volume permanece aproximadamente constante. Não há trabalho feito sobre o gás. Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC TERMODINÂMICA 138 4. No processo C→D (golpe de potência), o gás se expande adiabaticamente de V2 até V1, provocando uma queda de temperatura de TC até TD. O trabalho feito pelo gás é igual à área subtendida pela curva CD. 5. No processo D→A, o gás perde a quantidade de calor Qf, quando a sua pressão diminui o volume constante. (Gás quente é substituído por gás frio.) Não há trabalho nesse processo. 6. Na etapa final do processo, no golpe de descarga A→O (o segmento de reta horizontal na figura 7.16), os gases residuais são descarregados na pressão atmosférica, e o volume diminui de V1 até V2. O ciclo então se repete. Admitindo-se que a mistura de ar e combustível seja um gás ideal, o rendimento do ciclo Otto é, dado por e = 1− 1 V1 V 2 γ −1 Cp 7.40 , e V1 a razão de compressão. Essa Cv V2 expressão mostra que o rendimento aumenta com a elevação da razão de compressão. Com uma razão de compressão típica de 7 e com γ = 1,4., o rendimento teórico de um motor operando segundo um ciclo de Otto ideal será de 56%. Esse rendimento é muito maior que o que se consegue nos motores reais (15% a 20%), dados os efeitos de atrito, de perdas térmicas nas paredes do cilindro e de combustão incompleta da mistura ar-combustível. Os motores Diesel têm rendimentos mais elevados do que os motores a gasolina, graças à razão de compressão mais alta (cerca de 16) e a temperaturas de combustão mais elevadas. onde γ é a vazão das capacidades caloríficas molares Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC TERMODINÂMICA 139 7ª LISTA DE EXERCÍCIOS 1. Uma barra de ferro com 1 m de comprimento apresenta temperatura de 200°C. Calcule seu comprimento a O°C e a 1000°C. O coeficiente de dilatação do ferro é α = 12 × 1−6 °C −1 . R: 0,9976 m; 1,0096 m 2. Uma barra que, à temperatura de O°C, tem 1 m de comprimento, aquecida à temperatura de 100°C se alonga de 1,2mm. Calcule o coeficiente de dilatação linear dessa barra. R: 1,2 ×10-5 °C-1 3. Calcule o volume de um paralelepípedo de alumínio à temperatura de 200°C, sabendo que a 0°C seus lados medem: a = 1m, b = 0,5m e c = 0,2m. ( γ = 7,2 × 10 −5 °C −1 ). R: 0,1014m3 4. Um tubo cilíndrico de 1 cm de diâmetro é preenchido com mercúrio até a altura de 10cm. A temperatura é de 0°C. Qual a altura atingida pela coluna de mercúrio quando aquecida a 100°C? Despreze a variação do volume do recipiente. O coeficiente de dilatação do mercúrio é 0,18 × 10 −3 °C −1 . R: 10,18 cm 5. Um recipiente contendo 200cm3 de mercúrio fica cheio até a borda quando a temperatura é de 20°C. O que acontece se elevamos a temperatura para 80°C? Forneça resultados numéricos. Execute o cálculo desprezando a variação do volume do recipiente. (Coeficiente de dilatação do mercúrio: 0,18 × 10 −3 °C −1 ). R: Vfinal = 202,2 cm3. Haverá transbordamento de 2,2 cm3. 6. A figura mostra uma placa retangular de lados a0 e b0 à temperatura t0. Submetendo esta placa a uma elevação de temperatura ∆t, a placa se dilata, sendo ∆a e ∆b os acréscimos de seus lados. a) Calcule em função de α, A0 e ∆t os acréscimos de área ∆A1, ∆A2 e ∆A3, experimentados pela placa. b) Lembrando que o acréscimo total de área ∆A, da placa, é dado por ∆A = ∆A1 + ∆A2 + ∆A3 e que α2 é desprezível em relação à α; demonstre que β = 2α. b0 ∆b A0 ∆A2 a0 ∆a ∆A1 ∆A3 7. Uma estrada de ferro está sendo construída com trilhos de aço, cujo coeficiente de dilatação é α = 10 x 10-6 °C-1. Os trilhos estão sendo instalados em um dia frio, a uma temperatura de 10°C, com juntas de dilatação de 1,0 cm. Sabendo-se que em dias quentes de verão a temperatura dos trilhos pode chegar a 60°C, qual deve ser o comprimento máximo de cada trilho, para que não haja riscos de danos na linha férrea? R.: 20 m Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC 140 TERMODINÂMICA 8. Uma barra de metal, A, com 30,0 cm de comprimento, dilata-se 0,075 cm quando sua temperatura é elevada de 0°C para 100°C.Outra barra, B, de um metal diferente e do mesmo comprimento que A, dilata-se de 0,045 cm quando sofre a mesma elevação de temperatura. Uma terceira barra, também com 30,0 cm de comprimento, é construída com pedaços de comprimento lA e lB, das barras A e B. Esta barra se dilata de 0,065 cm para uma elevação de temperatura de 100°C. Determine os valores de lA e lB. R.: lA = 20 cm ; lB = 10 cm. 9. Um recipiente cilíndrico de vidro, de 50 cm de altura, contém mercúrio até uma altura h. Qual deve ser o valor de h para que o volume do recipiente não ocupado pelo mercúrio seja o mesmo a qualquer temperatura? R.: 7,5 cm. 10. Uma grande janela de vidro tem 6 m2 de área e é constituída de duas camadas de vidro, cada qual com 4 mm de espessura e separadas por uma camada de ar de 5 mm. Se o interior do aposento da janela estiver a 20°C e o exterior a -30°C, qual a perda térmica através desta janela? R: 1,34 kW 11. Uma barra de ouro está em contato com uma barra de prata, de mesmo comprimento e mesma área. A extremidade livre da barra de ouro está a 80°C, enquanto que a extremidade livre da barra de prata está a 30°C. Quando a transferência de calor estiver ocorrendo em estado permanente, qual será a temperatura da junção dos dois metais? R: 51°C 12. O teto de uma casa, projetado para absorver radiação solar, tem uma área de 7 m x 10 m. A radiação solar, à superfície do solo, é 840 W/m2. Em média, os raios do sol formam um ângulo de 60° com o plano do teto da casa. (a) Se 15% da energia incidente forem convertidos em energia aproveitável, quantos quilowatts-hora, por dia, de energia aproveitável, proporciona essa fonte? Admita que o sol ilumine o teto, em média, 8 h por dia. (b) Sendo o custo da energia doméstica média 6 centavos/kW.h, que economia essa fonte de energia proporciona por dia? R: a)61,1 kWh b) R$ 3,67 13. Um vaso de espuma de plástico contém 200 g de mercúrio, a 0°C. Ao vaso se adicionam 50 g de álcool etílico, a 50°C, e 100 g de água, a 100°C. (a) Qual a temperatura final da mistura em equilíbrio? (b) Qual a quantidade de calor ganha, ou perdida, pelo mercúrio, pelo álcool e pela água? Dados: cHg = 0,033 cal/g°C; cálcool etílico =0,58 cal/g°C. R: a) 84,4°C b) 557 cal, 998 cal, 1560 cal. 14. Se 200 g de água tiverem num recipiente de alumínio, de 300 g, a 10ºC, e se uma quantidade adicional de 100 g de água, a 100ºC, lhe for despejada, qual será a temperatura final de equilíbrio do sistema? R: 34,7 ºC. 15. Que quantidade de calor se deve aplicar a 20 g de alumínio, inicialmente a 20 ºC, a fim de fundi-los completamente? R: 19,5 kJ 16. Um calorímetro de cobre, com 50 g, contém 250 g de água , a 20 ºC. Que quantidade de vapor de água deve ser condensada no calorímetro para que a temperatura final do sistema chegue a 50 ºC? R: 12,9 g Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC TERMODINÂMICA 141 17. Um gás se expande, de I até F, segundo os três processos indicados na figura abaixo. Calcular o trabalho, em joules, efetuado pelo gás no processo IAF, IF e IBF. R: 810J, 506 J, 203 J 18. Um mol de gás ideal efetua 3.000 J de trabalho sobre suas vizinhanças ao se expandir, isotermicamente, até uma pressão final de 1 atm e o volume final de 25 L. Determinar (a) o volume inicial e (b) a temperatura do gás. R: (a) 7,65 L (b) 305 K 19. Um gás é resfriado, à pressão constante de 0,8 atm, desde o volume de 9 L até o volume de 2 L. No processo, 400 J de calor efetuem do gás. (a) Qual o trabalho efetuado pelo gás? (b) Qual a variação da energia interna do gás? R: (a) - 567 J (b) 167 J 20. Um gás efetua um ciclo descrito na figura abaixo. (a) Achar o calor transferido para o gás durante um ciclo completo. (b) Se o ciclo se inverter , isto é, se o processo se fizer sobre ACBA, qual o calor transferido por ciclo? R: (a) 12,0 kJ (b) – 12,0 kJ 21. Cinco moles de um gás ideal se expandem isotermicamente, a 127ºC, até um volume quatro vezes maior que o volume inicial. Achar (a) o trabalho feito pelo gás e (b) o calor fornecido ao sistema, ambos em Joules. R: (a) 23,1 kJ (b) 23,1 kJ 22. Um mol de um gás, inicialmente à pressão de 2 atm e ocupando o volume de 0,3 L, possui uma energia interna igual a 91 J. No seu estado final, a pressão é 1,5 atm, o volume 0,8 L, e a energia interna igual a 182 J. Calcular, em cada um dos três processos IAF, IBF e IF, da figura abaixo, (a) o trabalho feito pelo gás e (b) o calor líquido transferido no processo. R: (a) 76,0 J, 101 J, 88,6 J (b) 167 J, 192 J, 180 J Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC 142 TERMODINÂMICA 23. Um gás ideal, inicialmente a 300 K, sofre uma expansão isobárica à pressão de 2,5 kPa. Se o volume crescer de 1 m3 até 3 m3, e se 12.500 J de calor forem fornecidos ao gás, achar (a) a variação da energia interna do gás e (b) a temperatura final do gás. R: (a) 7,50 kJ (b) 900 K 24. Um mol de argônio está confinado num cilindro provido de um pistão móvel, à pressão de 1 atm e à temperatura de 300 K. O gás se aquece aos poucos, isobaricamente, até a temperatura de 400 K. O valor medido da capacidade calorífica molar do argônio, à pressão constante, nesse intervalo de temperatura, é Cp = 2,5043R, e o valor medido de PV/nT é 0,99967R. Calcular, em unidades de R, com duas decimais, as seguintes grandezas: (a) o trabalho feito pelo gás que se expandiu; (b) a quantidade de calor fornecida ao gás; (c) o aumento da energia interna do gás. R: (a)99,97R (b)250,43R (c)150,46R 25. Um bloco de alumínio, com 1 kg, é aquecido à pressa atmosférica, de modo que a sua temperatura se eleva de 22ºC até 40ºC. Achar (a) o trabalho feito pelo alumínio, (b) o calor fornecido do alumínio e (c) a variação da sua energia interna. R: (a) 48,6 mJ (b) 16,2 kJ (c) 16,2 kJ 26. Uma máquina térmica recebe 360 J de calor e efetua 25 J de trabalho em cada ciclo. Calcular (a) o rendimento da máquina e (b) o calor rejeitado em cada ciclo. R: (a) 6,94% (b) 335 J 27. Um refrigerador tem um coeficiente de desempenho igual a 5. Se o refrigerador absorver 120 J de calor de um reservatório frio, em cada ciclo, achar (A) o trabalho feito em cada ciclo e (b) o calor rejeitado para o reservatório quente, em cada ciclo. R: (a) 24,0 J (b) 144 J 28. Um gás ideal é comprimido, isotermicamente, até a metade do seu volume inicial. (a) Se 1.000 J de energia forem removidos do gás, durante a compressão, que trabalho terá sido feito sobre o gás? (b) Qual a variação da energia interna do gás durante a compressão? R: 1,00 kJ (b) 0 29. Uma máquina térmica recebe 1.600 J de um reservatório quente e rejeita 1.000 J para um reservatório frio, em cada ciclo. (a) Qual o rendimento da máquina? (b) Qual o trabalho efetuado em cada ciclo? (c) Qual a potências da máquina, se cada ciclo dura 0,3 s? R: (a)0,375 (b) 600 J (c) 2,00 kW 30. Num ciclo de Carnot, uma máquina absorve 24 MJ de calor, sobre uma isoterma a 140°C, e rejeita calor, sobre uma isoterma a 14°C. Determinar a quantidade de calor rejeitado e o rendimento da máquina. R: e = 0,305; Q = 16,7 MJ Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC TERMODINÂMICA 143 31. Um dos motores mais eficientes já construídos operava entre 430°C e 1.870°C, com um rendimento real de 42%. (a) Qual o rendimento teórico máximo? (b) Qual a potência do motor se ele absorver 1,4 × 10 5 J de calor em cada segundo? R: (a) 0,672 (b)58,8 kW 32. Um gás ideal efetua um ciclo de Carnot. A expansão isotérmica ocorre a 250°C, e a compressão isotérmica ocorre a 50°C. Se o gás absorve 1.200 J de calor, durante a expansão isotérmica, achar (a) o calor rejeitado para o reservatório frio, em cada ciclo, e (b) o trabalho líquido efetuado pelo gás em cada ciclo. R: (a) 741 J (b) 459 J 33. Um motor a gasolina, com um gás ideal diatômico (γ = 1,4) opera entre as temperaturas extremas de 300 K e 1.500 K. Determinar a razão de compressão se o seu rendimento for 20%. Comparar esse rendimento com o de uma máquina de Carnot, operando entre as mesmas temperaturas extremas. R: 1,75; apenas 1/4 Apostila elaborada pela Profª. Ângela Emilia de Almeida Pinto – CAV/UDESC