UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BOTÂNICA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
ESPÉCIES DE AGARICACEAE CHEVALL. (AGARICALES,
BASIDIOMYCOTA) NO PARQUE ESTADUAL DE ITAPUÃ,
VIAMÃO, RIO GRANDE DO SUL
Marcelo Somenzi Rother
Orientadora: Profa. Dra. Rosa Mara Borges da Silveira
Porto Alegre, RS, Brasil
2007
Marcelo Somenzi Rother
ESPÉCIES DE AGARICACEAE CHEVALL.
(AGARICALES, BASIDIOMYCOTA) NO PARQUE ESTADUAL DE
ITAPUÃ, VIAMÃO, RIO GRANDE DO SUL
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Botânica, Área de
Concentração
em
Taxonomia
Vegetal
(Ficologia e Micologia), da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
como requisito parcial para obtenção do
grau de Mestre em Botânica.
Orientadora: Profa. Dra. Rosa Mara Borges da Silveira
Porto Alegre, RS, Brasil
2007
Dedico com muito carinho essa
conquista a minha querida família –
Pedro, Liamara e Renata Rother –
pelo
eterno
incentivo.
amor,
confiança
e
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer a todas as pessoas que de uma forma ou outra auxiliaram e
estiveram presentes durante essa fase da minha vida, tornando possível essa vitória pessoal.
A Profa. Dra. Rosa Mara Borges da Silveira, pela oportunidade, orientação,
amizade e ensinamentos transmitidos, oportunizando a execução deste trabalho;
A Profa. Dra. Rosa T. Guerrero pelo convívio e pelo gentil empréstimo de
bibliografias, essenciais na execução desse trabalho;
Aos micólogos estrangeiros pelo seu auxílio, discussões e que gentilmente
enviaram bibliografias de fundamental importância para o desenvolvimento do trabalho:
Andrea Romero (Argentina), Bernardo Lechner (Argentina), Brian Akers (USA), Else
Vellinga (USA), Rick Kerrigan (USA), Roy Halling (USA), Solomon P. Wasser (Israel);
Aos professores do Programa de Pós-graduação em Botânica da UFRGS: Arthur
Germano Fett Neto, João André Jarenkow, João Ito Bergonci, Jorge Waechter, Maria Luisa
Lorscheitter, Maria Luiza Porto, Paulo Günter Windisch, Rinaldo P. dos Santos, Sílvia
Miotto, pelos ensinamentos transmitidos e aos recentes coordenadores do PPGBOT, Profa.
Lúcia Rebello Dillenburg e Prof. João André Jarenkow, por toda a responsabilidade,
dedicação e empenho na melhoria do curso;
Ao amigo e colega Vagner Gularte Cortez pela convivência de muitas horas no
laboratório de Micologia, aconselhando, discutindo, trocando idéias e pela sua grande
amizade que no decorrer desses anos demonstrou ser um exemplo a seguir;
Aos estimados colegas da Micologia da UFRGS: César L.M. Rodrigues, Gilberto
Coelho, Mateus A. Reck, Paula S. Silva e as estagiárias Ângela Pawlowski e Grasiela B.
Tognon pelas ótimas horas vivenciadas, pela amizade, pelas discussões, coletas, auxílio,
“happy hours”, etc..., agradeço a todos de coração.
Ao amigo e colega Emerson Musskopf pela ajuda em um momento difícil e
complicado da minha vida;
Aos colegas do mestrado que junto comigo formavam o popular “quinteto” –
Adriana Leonhardt, Alexandre Rücker, Aline Brugalli Bicca e Eduardo Luís Hettwer Giehl
– pela grande amizade, partilha de conhecimentos, alegrias e momentos magníficos que
serão guardados no meu coração;
Aos amigos de longa data e aos colegas micólogos/botânicos que tive o prazer de
conhecer nestes anos: Camilo Delfino, Carlos Kurtz, Cristiano Buzatto, Greice Mattei,
Edson Soares, Felipe Wartchow, Guilherme Ceolin, Helenires Q. Souza, Jair Kray, Jean
Butke, Juliano Baltazar, Luciana Jandelli Gimenes, Luís Fernando Lima, Manuela Dal
Forno, Marcelo Sulzbacher, Margeli P. Albuquerque, Maria Alice Neves – cada um, por
diferentes razões, merecem o meu agradecimento.
Aos amigos e ex-orientadores Branca Maria Aimi Severo (UPF) e Jair Putzke
(UNISC), por todo o estímulo, incentivo e dedicação, ajudando-me nos primeiros passos
na Botânica;
Aos professores Doutores
Aida Terezinha dos Santos Matsumura (UFRGS),
Clarice Loguercio Leite (UFSC) e Iuri Goulart Baseia (UFRN) por gentilmente aceitarem o
convite para fazerem parte da banca examinadora deste trabalho;
A Secretaria Estadual de Meio Ambiente por permitir a realização do trabalho no
Parque Estadual de Itapuã, ao CNPq e a CAPES pelo auxílio financeiro. Aos funcionários
e guias, especialmente ao Sr. Jairo por nos guiar e acompanhar no Parque;
Aos funcionários e motoristas do Programa de Pós-Graduação em Botânica, do
Instituto de Biociências, do Herbário ICN e da biblioteca da Botânica da UFRGS;
Aos curadores dos herbários BAFC, LIL, PACA e SP, pelo empréstimo de
exsicatas que foram de grande auxílio na realização do trabalho;
A todos os meus familiares, especialmente ao meu avô Dorvalino Somenzi, aos
meus padrinhos Gilberto e Lucília Secco, a minha prima Gisele Somenzi Secco e ao meu
tio Luís Antônio Somenzi pela motivação, torcida, ajuda prestada e companhia durante
esses anos.
RESUMO
O estudo de espécimes de Agaricaceae Chevall. (Agaricales – Basidiomycota), realizado
no período de abril de 2005 a junho de 2006, no Parque Estadual de Itapuã (30º20’ a
30º27’ S e 50º50’ a 51º05’ W), localizado no município de Viamão – RS, constatou a
ocorrência de 19 espécies distribuídas em 6 gêneros. Foram identificadas: Agaricus cf.
litoralis (Walkef. & A. Pearson) Pilát, A. porphyrizon P. D. Orton, A. pseudoargentinus
Albertó & J.E. Wright, A. aff. silvaticus Schaeff., Agaricus sp.1, Chlorophyllum molybdites
(G. Mey.) Massee, Lepiota guatopoensis Dennis, L. pseudoignicolor Dennis, Lepiota sp.1,
Leucoagaricus lilaceus Singer, L. rubrotinctus (Beeli) Singer, L. serenus (Fr.) Bon &
Boiffard, Leucocoprinus birnbaumii (Corda) Singer, L. brebissonii (Godey) Locq., L.
cepistipes (Sowerby) Pat., L. cretaceus (Bull.) Locq., L. fragilissimus (Berk. & M.A.
Curtis) Pat., L. cf. medioflavus (Boud.) Bon e Macrolepiota procera var.1. Entre as
espécies encontradas, constituem citações novas para o Brasil: Agaricus porphyrizon e A.
pseudoargentinus; e para o estado do Rio Grande do Sul: Lepiota guatopoensis, L.
pseudoignicolor, Leucoagaricus rubrotinctus e L. serenus. Para a ciência, serão propostas
duas novas espécies: Agaricus sp.1 e Lepiota sp.1, e uma variedade nova: Macrolepiota
procera var.1. São apresentadas chaves de identificação, descrições e comentários dos
gêneros e espécies, além de ilustrações de todas as espécies estudadas.
Palavras-chave: fungos, taxonomia, Basidiomycota, cogumelos
ABSTRACT
The study of specimens of Agaricaceae Chevall. (Agaricales - Basidiomycota),
accomplished in the period from April of 2005 to June of 2006, in the “Parque Estadual de
Itapuã ” (30º20' to 30º27' S and 50º50' to 51º05' W), located in the city of Viamão - RS, 19
species, distributed in 6 genus were found. The following species were identified: Agaricus
cf. litoralis (Walkef. & A. Pearson) Pilát, A. porphyrizon P. D. Orton, A. pseudoargentinus
Albertó & J.E. Wright, A. aff. silvaticus Schaeff., Agaricus sp.1, Chlorophyllum molybdites
(G. Mey.) Massee, Lepiota guatopoensis Dennis, L. pseudoignicolor Dennis, Lepiota sp.1,
Leucoagaricus lilaceus Singer, L. rubrotinctus (Beeli) Singer, L. serenus (Fr.) Bon &
Boiffard, Leucocoprinus birnbaumii (Corda) Singer, L. brebissonii (Godey) Locq., L.
cepistipes (Sowerby) Pat., L. cretaceus (Bull.) Locq., L. fragilissimus (Berk. & M.A.
Curtis) Pat., L. cf. medioflavus (Boud.) Bon e Macrolepiota procera var.1. Among the
identified species, Agaricus porphyrizon and A. pseudoargentinus constitute new records
for Brazil and Lepiota guatopoensis, L. pseudoignicolor, Leucoagaricus serenus and L.
rubrotinctus are new records for Rio Grande do Sul State. For science, two new species
will be proposed: Agaricus sp.1 and Lepiota sp.1 and one new variety: Macrolepiota
procera var.1. Keys for identification, descriptions and comments about genus and species
as well as ilustrations for all studied species are presented.
Key-words: fungi, taxonomy, Basidiomycota, mushrooms
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1
1.1 A família Agaricaceae Chevallier........................................................................ 2
1.2 Importância do grupo .......................................................................................... 5
1.3 Estudos em Agaricaceae no Brasil ...................................................................... 7
2. OBJETIVOS .................................................................................................................15
3. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................16
3.1 Área de estudo.......................................................................................................16
3.2 Metodologia...........................................................................................................18
4. RESULTADOS .............................................................................................................24
4.1 Chave para os gêneros encontrados....................................................................24
4.2 Agaricus L..............................................................................................................25
4.2.1 Chave para as espécies de Agaricus ...........................................................25
4.2.2 A. cf. litoralis.................................................................................................26
4.2.3 A. porphyrizon ..............................................................................................28
4.2.4 A. pseudoargentinus .....................................................................................30
4.2.5 A. aff. silvaticus ............................................................................................32
4.2.6 Agaricus sp.1 ................................................................................................33
4.3 Chlorophyllum Massee...........................................................................................35
4.3.1 C. molybdites ..................................................................................................35
4.4 Lepiota (Pers.) Gray...............................................................................................37
4.4.1 Chave para as espécies de Lepiota..............................................................38
4.4.2 L. guatopoensis .............................................................................................38
4.4.3 L. pseudoignicolor ........................................................................................40
4.4.4 Lepiota sp.1 ...................................................................................................41
4.5 Leucoagaricus (Locq.) ex Singer ..........................................................................43
4.5.1 Chave para as espécies de Leucoagaricus..................................................43
4.5.2 L. lilaceus ......................................................................................................44
4.5.3 L. rubrotinctus ..............................................................................................45
4.5.4 L. serenus ......................................................................................................47
4.6 Leucocoprinus Pat..................................................................................................49
4.6.1 Chave para as espécies de Leucocoprinus .................................................49
4.6.2 L. birnbaumii ................................................................................................50
4.6.3 L. brebissonii.................................................................................................52
4.6.4 L. cepistipes...................................................................................................54
4.6.5 L. cretaceus ...................................................................................................55
4.6.6 L. fragilissimus .............................................................................................57
4.6.7 L. cf. medioflavus..........................................................................................59
4.7 Macrolepiota Singer ...............................................................................................61
4.7.1 M. procera var.1 ...........................................................................................61
5. CONCLUSÕES..............................................................................................................64
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................65
7. FIGURAS .......................................................................................................................67
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................91
1
1. INTRODUÇÃO
A diversidade dos fungos no planeta Terra é muito grande, estima-se que este
número seja em torno de 1.5 milhão de espécies, tendo como base hipotética a
extrapolação dos dados de trabalhos já concluídos. Desta estimativa, aproximadamente 74
mil espécies ou 5-6% do total são conhecidas, restando muitas espécies ainda para serem
descritas e muito trabalho para ser feito. As evidências sugerem que a grande diversidade
dos fungos é maior em regiões tropicais do que em regiões temperadas (Hawksworth
2001a).
Desta estimativa de fungos presentes na Terra, o número estimado de cogumelos,
ou seja, de fungos pertencentes à ordem Agaricales Clements, é de 140 mil espécies, mas
apenas 10% desse total é conhecido (Hawksworth 2001b).
De acordo com a revisão bibliográfica de Putzke (1994), até aquele momento,
haviam sido catalogadas 1.011 espécies desta ordem para o território brasileiro, porém
poucos dados sobre a distribuição geográfica das espécies foi apresentado. Isso
provavelmente decorre da concentração de coletas que está proporcionalmente relacionada
a localização geográfica dos micólogos.
Os Agaricales compreendem um grupo cosmopolita de fungos, popularmente
conhecidos por cogumelos, chapéus-de-cobra e chapéus-de-sapo; caracterizados por
apresentarem o himenóforo lamelar. São terrícolas, lignícolas, muscícolas ou fungícolas,
sapróbios, micorrízicos, raramente parasitando plantas ou fungos. Podem ser comestíveis,
tóxicos ou alucinógenos. Esta ordem está composta por 26 famílias, 347 gêneros e 9387
espécies (Kirk et al. 2001), sendo que Agaricaceae, tema desse estudo, destaca-se por ser
um grande grupo de fungos com elevada diversidade específica e de grande interesse
econômico e cultural.
2
1.1 A família Agaricaceae Chevallier
Agaricaceae está posicionada taxonomicamente dentro da ordem Agaricales,
subclasse Agaricomycetidae, classe Basidiomycetes, filo Basidiomycota, reino Fungi,
tendo como gênero tipo, o gênero Agaricus L. (CABI Bioscience Database 2006).
A autoria dessa família, de acordo com os trabalhos de Singer (1949, 1986) é de
Fries. Pouzar (1985), em seu trabalho propondo a conservação do nome da família, alega
que o tratamento dado por Fries como “Subord. Agaricini” é taxonomicamente
inadmissível hierarquicamente pelo código internacional de botânica por considerar
somente “ordo” e “ordo naturalis” como família, portanto o nome “Agariceae” proposto
por Chevallier, corretamente alterado para Agaricaceae, é o primeiro nome válido para a
família.
Esta família é caracterizada por apresentar basidiomas geralmente com hábito
tricolomatóide, colibióide ou mais freqüentemente pluteóide, com a superfície escamosa,
esquamulosa, fibrilosa ou glabra. Píleo freqüentemente umbonado. Margem podendo ser
sulcada, plicada, estriada ou lisa. Contexto variando de muito fino (membranoso) a
carnoso. Lamelas finas, livres ou mais raramente adnexas, adnatas ou decurrentes,
geralmente próximas. Trama regular ou irregular, mas nunca bilateral ou inversa. Basídios
geralmente tetrasporados. Cistídios presentes ou ausentes. Basidiósporos hialinos,
estramíneos ou com outra coloração, lisos ou ornamentados, de parede fina ou espessa,
com ou sem poro germinativo visível, metacromáticos ou não, amilóides ou inamilóides,
mais freqüentemente pseudoamilóides (dextrinóides). Esporada muito variada, podendo ser
branca, creme, ocrácea, verde, rosa, castanha, violeta ou sépia. Estípite central, fibroso, e
algumas vezes mais alargado na base, facilmente separável do píleo. Véu membranoso ou
cortinóide presente e em muitos casos efêmero, anelado, móvel em alguns gêneros. Volva
geralmente ausente, mas presente em alguns casos. Fíbulas ausentes ou presentes.
Encontrados em diferentes substratos, sendo freqüentemente no solo (terra ou areia),
húmus e madeira, também em estufas, desertos e campos. Não apresentam relações
micorrízicas com vegetais (Singer 1986).
Conforme Hawksworth et al. (1995), os fungos desta família estão divididos em 42
gêneros (mais 31 sinonímias) compreendendo 591 espécies, mas segundo Kirk et al.
(2001), a família compreende 51 gêneros e 918 espécies. Atualmente, através da base
mundial de nomes de fungos (Index Fungorum), são listados 106 gêneros pertencentes à
família Agaricaceae. Mas deste montante, muitos estão atualmente em desuso. Para se ter
3
uma idéia, através da pesquisa pelo gênero tipo da família, um dos gêneros mais antigos,
foram encontrados 5755 registros de espécies. Destes registros, muitos são sinônimos de
espécies atualmente classificadas em outras famílias (CABI Bioscience Database 2006).
De acordo com a organização proposta por Singer (1986), esta família apresenta 25
gêneros distribuídos em quatro tribos:
•
Agariceae Pat. Æ Agaricus L., Cystoagaricus Singer, Crucispora E. Horak,
Melanophyllum Velen. e Micropsalliota Höhn.
•
Cystodermateae Singer Æ Cystoderma Fayod, Dissoderma (A.H. Sm. & Singer)
Singer, Horakia Oberw, Phaeolepiota Maire ex Konrad & Maubl., Ripartitella Singer,
Squamanita Imbach e Pseudobaeospora Singer.
•
Lepioteae Fayod Æ Chamaemyces Batt. ex Earle, Cystolepiota Singer, Hiatulopsis
Singer & Grinling, Janauaria Singer, Lepiota (Pers.) Gray e Smithiomyces Singer.
•
Leucocoprineae Singer Æ Chlorophyllum Massee, Clarkeinda Kuntze, Leucoagaricus
(Locq.) ex Singer, Leucocoprinus Pat., Macrolepiota Singer, Sericeomyces Heinem e
Volvolepiota Singer.
Segundo Donk (1962), a classificação sexual e a etimologia dos gêneros presentes
neste trabalho, com exceção de Chlorophyllum, são:
9 Agaricus (masculino; diz ser derivado de Agarica of Sarmatica, um distrito na Rússia);
9 Lepiota (feminino; referente a escama, escamosa);
9 Leucoagaricus (masculino; branco, do gênero Agaricus);
9 Leucocoprinus (masculino; branco, do gênero Coprinus =masculino; esterco, estrume);
9 Macrolepiota (feminino; longo, grande, do gênero Lepiota).
Singer (1949) delimita essa família como sendo algo intermediária entre o grupo de
famílias Hygrophoraceae, Tricholomataceae e Amanitaceae por um lado e de Coprinaceae,
Bolbitiaceae e Strophariaceae, por outro.
Na revisão de Putzke (1994), várias espécies pertencentes à família Agaricaceae
foram citadas, enquadrando-se nos gêneros Agaricus, Chamaemyces, Chlorophyllum,
Cystolepiota,
Hiatulopsis,
Janauaria,
Lepiota,
Leucoagaricus,
Leucocoprinus,
Macrolepiota, Melanophyllum, Phaeolepiota, Ripartitella, Smithiomyces e Volvolepiota.
Devido à confusão no arranjo das espécies de fungos lepiotáceos (basidiósporos
claros) com as de agaricáceas (basidiósporos escuros), e os seus problemas quanto à
classificação na família, alguns autores preferem desmembrar essa família, transferindo os
gêneros
Chamaemyces,
Chlorophyllum,
Cystolepiota,
Lepiota,
Leucoagaricus,
4
Leucocoprinus, Macrolepiota e Melanophyllum para outra família, conhecida como
Lepiotaceae (Ainsworth et al. 1973; Candusso & Lanzoni 1990; Migliozzi 1997). A
família Lepiotaceae foi descrita primeiramente por Roze, em 1876, mas sua diagnose em
latim não foi encontrada na literatura (Akers 1997). Os fungos lepiotáceos compreendem
os membros da família Agaricaceae com esporada branca ou verde, incluindo todos os
gêneros anteriormente citados, com acréscimo do gênero secotióide Endoptychum Czern
(Vellinga et al. 2003, Vellinga 2004b). Singer (1949, 1986), devido aos problemas de
validade nomenclatural, reduziu essa família a um nomen nudum, organizando esses
fungos dentro da família Agaricaceae. Este esquema vem sendo seguido, com algumas
modificações, por vários autores modernos.
Espécies lepiotáceas podem ser encontradas em vários tipos de habitat, na maior
parte terrícola, vivendo em uma variedade de substratos celulósicos. Muitas crescem em
ambientes sombreados sob árvores e arbustos e algumas poucas são encontradas em
ambientes abertos, como gramados e campos, contrastando com espécies do gênero
Agaricus, encontradas freqüentemente neste tipo de habitat (Akers 1997; Vellinga 2004b).
Seus basidiomas geralmente são formados durante o verão até o outono, especialmente em
climas temperados e subtropicais (Akers 1997).
Muitas alterações vêm sendo realizadas desde a classificação proposta por Singer
(1949, 1986). Com o auxílio da biologia molecular, uma série de trabalhos (Bruns & Szaro
1992; Bruns et al. 1998; Challen et al. 2003; Chapela et al. 1994; Hibbett et al. 1997;
Hopple & Vilgalys 1999; Johnson & Vilgalys 1998; Kerrigan et al. 2005; Moncalvo et al.
2000, 2002) buscando descobrir as relações evolutivas, a relação entre espécies e o seu
correto agrupamento através das evidências contidas nas seqüências dos genes do DNA
vêm quebrando paradigmas e modificando alguns conceitos antigos, baseados em
caracteres macroscópicos e microscópicos, auxiliando na correta organização das espécies
em seus devidos grupos.
A relação dos fungos agaricóides, gasteróides e secotióides há muito tempo vem
sendo discutida. Os gasteromycetes (“puffballs” e fungos secotióides) foram considerados
muitas vezes como sendo os ancestrais dos fungos lamelados e poróides (Kretzer & Bruns
1999; Hibbett et al. 1997). Singer (1986) considera o gênero Endophychum como sendo
um gasteromycete ancestral dos fungos agaricóides. A relação entre os “puffballs”
verdadeiros (Lycoperdales) e a família Agaricaceae confirmou-se através de trabalhos
moleculares (Agerer 2002; Moncalvo et al. 2002). Táxons gasteróides e secotióides,
5
juntamente com agaricóides, foram incluídos nesta família (Kirk et al. 2001; Krüger et al.
2001; Moncalvo et al. 2002).
Segundo Vellinga (2004a), a família Agaricaceae está dividida em 10 clados:
(1)Agaricus, (2)Chlorophyllum, (3)Macrolepiota, (4)Leucoagaricus e Leucocoprinus,
(5)Lepiota, (6)Podaxis, (7)Lycoperdaceae, (8)Chamaemyces, (9)Tulostomataceae e
(10)Coprinus comatus. Através do estudo filogenético de espécies de Lepiota, Vellinga
(2003) afirma que ainda é prematuro basear-se nas divisões dos clados, embora as
características morfológicas os suportem.
Segundo Johnson & Vilgalys (1998), o clado lepiotóide (Lepiota sensu lato) e
agaricóide (Agaricus) estão próximos e demonstram que as tribos Agariceae, Lepioteae e
Leucocoprineae correspondem à família Agaricaceae, sendo a tribo Cystodermateae
(Cystoderma e Ripartitella) excluída da mesma. Vellinga et al. (2003) demonstram que o
gênero Macrolepiota é polifilético estando relacionado com uma larga escala de espécies
de Agaricaceae, tendo em um clado espécies relativamente próximas a Agaricus e em
outro, espécies próximas a Leucoagaricus e Leucocoprinus. Estes dois clados são
propostos para os gêneros Macrolepiota e Chlorophyllum. Novas combinações foram
feitas com o gênero Chlorophyllum (Vellinga 2002) e a conservação do seu nome contra o
gênero secotióide Endoptychum foi mantida (Vellinga & de Kok 2002).
1.2 Importância do grupo
Etnologicamente, os povos têm sido considerados pelos micologistas modernos
como distribuídos em duas categorias distintas, a saber:
•
Povos micófilos, que sempre demonstraram atração pelos fungos, incluindo-os em suas
crenças, medicina e alimentação;
•
Povos micófobos, que nunca manifestaram qualquer interesse pelos fungos e, ao
contrário, chegam a sentir aversão pelos mesmos.
De um modo geral, as antigas civilizações do Novo Mundo podem ser consideradas
como não micófilas, excetuando-se os povos primitivos do México (Fidalgo 1965, 1968).
6
Muitas espécies da família Agaricaceae são de grande importância econômica.
Espécies do gênero Agaricus que atualmente são cultivadas em escala comercial em
ambientes climatizados e controlados, eram no passado, cultivadas em cavernas e grutas.
Muitas espécies desse gênero são comestíveis, como: A. bitorquis (Quél.) Sacc., A.
campestris L. ex Fr. e A. rodmanii Peck. (Alexopoulos et al. 1996). O famoso champignon
Agaricus bisporus (Lange) Imbach, apesar de ser uma espécie exótica (Pereira & Putzke
1990), é uma boa fonte de minerais e vitaminas, contendo uma quantidade de aminoácidos
essenciais superior a todos os vegetais, exceto espinafre e soja (Alexopoulos et al. 1996).
A maioria das espécies de Macrolepiota são comestíveis e algumas como M. procera
(Scop.) Singer estão no topo da lista dos cogumelos mais saborosos e caros (Akers 1997;
Singer 1986). Em contraste com Macrolepiota, poucas espécies de Leucoagaricus são
comestíveis, mas L. naucinus (Fr.) Singer é utilizado como alimento e vendido em feiras,
muitas vezes confundido com espécies de Agaricus. Já nenhuma espécie de Lepiota é
utilizada como alimento e pelo menos três são citadas como tóxicas e que podem ser
confundidas com espécies comestíveis. Dentre as espécies tóxicas da família podemos
citar: Agaricus xanthodermus Genev., Macrolepiota venenata Bon, Chlorophyllum
molybdites (G. Mey.) Massee, Lepiota cristata (Bolton) P. Kumm, L. josserandii Bom &
Boiffard, L. helveola Bres, Leucocoprinus birnbaumii (Corda) Singer, entre outras
(Franco-Molano et al. 2000; Singer 1986; Wright & Albertó 2002). Algumas contêm
toxinas que irritam o sistema gastrintestinal (Chlorophyllum molybdites) ou toxinas letais,
como as amatoxinas que atacam o sistema hepático (espécies de Lepiota sensu stricto,
secção Ovisporae (J. E. Lange) Kuhner). Esta última causando mortes, tanto na América
quanto na Europa (Akers 1997).
O popular Cogumelo do Sol conhecido como Agaricus blazei Murril, descoberto na
cidade de Piedade, estado de São Paulo e que foi enviado ao Japão para o estudo de suas
propriedades medicinais, atualmente é utilizado pela sociedade por apresentar propriedades
antitumorais. Este cogumelo é uma ótima alternativa de renda devido ao seu elevado preço
no mercado internacional e da sua intensa procura (Dias et al. 2004). Também conhecido
pelos japoneses por “Himematsutake”, em sua composição química há substâncias que
atuam no organismo humano estimulando as funções imunológicas, prevenindo contra
tumores (câncer), colesterol alto, pressão alta, úlceras gástricas, osteoporose, problemas
digestivos, estresse físico e emocional, entre outras doenças; também utilizado como um
efetivo antioxidante (Didukh et al. 2003; Takaku et al. 2001).
7
Segundo Wasser et al. (2002), Agaricus brasiliensis Wasser, M. Didukh, Amazonas
& Stamets é a espécie conhecida no Brasil e que foi por várias décadas identificada
erroneamente como Agaricus blazei. Mais recentemente, Kerrigan (2005) com base na
análise de DNA e no estudo dos tipos de Agaricus blazei e A. brasiliensis pode concluir
que estas duas espécies são sinônimos de Agaricus subrufescens Peck.
Existem espécies de fungos agaricáceos vivendo em simbiose com insetos (Singer
1986). Os fungos cultivados pela maioria das espécies de formigas são normalmente os
cogumelos da tribo monofilética Leucocoprineae, geralmente Leucoagaricus e
Leucocoprinus (Chapela et al. 1994; Mueller et al. 1998; Singer 1986), e algumas poucas
espécies de Lepiota, pertencentes à tribo Lepioteae (Mueller et al. 1998; Johnson 1999).
Segundo Chapela et al. (1994), os diferentes modos de cultivo do fungo caracterizam as
diferentes linhagens de formigas. Uma espécie bem conhecida é Leucoagaricus
gongylophorus (A. Møller) Singer, onde o fungo é a fonte de alimento para as larvas e para
uma parte das formigas adultas, que por sua vez, auxiliam no cultivo e desenvolvimento do
fungo (Bononi et al. 1981b; Mohali 1998; Singer 1986; Spielmann & Putzke 1998).
De acordo com Singer (1986), não há relações micorrízicas entre os fungos
agaricáceos e raízes de vegetais, sendo os membros desta família sapróbios.
1.3 Estudos em Agaricaceae no Brasil
Após o descobrimento do Brasil, nos quatrocentos anos que se passaram, a
micologia brasileira só teve expressão através de trabalhos esparsos publicados no
estrangeiro, resultantes do estudo de exsicatas de coletores, em sua maioria europeus, que
percorrendo algumas regiões de nosso país levavam consigo exemplares da nossa
micobiota (Fidalgo 1962).
Somente no princípio do século passado, três padres jesuítas (Rick, Theissen e
Torrend) deram notável avanço ao conhecimento dos fungos do Brasil. Theissen, graças à
influência exercida por Rick, elaborou um trabalho sobre Polyporaceae, mas
posteriormente, dedicou-se aos Ascomycetes coletados no Rio Grande do Sul. Torrend,
graças aos seus contatos com Lister e Rick, viu seu interesse despertado para os
8
Myxomycetes e Polyporaceae, contribuindo com vários trabalhos para o nosso país
(Fidalgo 1968). Mas foi Rick que, graças ao seu dinamismo e a sua dedicação ao estudo
dos Basidiomycetes, foi capaz de organizar no Colégio Anchieta de Porto Alegre, uma
coleção estimada entre 12000-15000 exsicatas de fungos, tornando o Rio Grande do Sul,
talvez, o Estado com a micobiota mais conhecida de todo o país. Merecidamente, o título
de “pai da micologia brasileira” foi dado a esse cidadão, falecido em 1946 (Fidalgo 1962,
1968).
A contribuição do padre Johannes Rick ao desenvolvimento da micologia brasileira
se deu pelos seus numerosos trabalhos (1906, 1907, 1920, 1926, 1930, 1937, 1938a,
1938b, 1939) entre outros, nos quais várias espécies da família Agaricaceae foram citadas.
Após a sua morte, graças ao esforço do padre Balduíno Rambo em compilar e organizar o
que Rick havia feito, a sua obra póstuma intitulada “Basidiomycetes Eubasidii in Rio
Grande do Sul”, foi publicada. Neste trabalho, Rick (1961), várias espécies da família em
questão foram citadas, sendo referidos os seguintes gêneros: Lepiota, Lepiotella
(=Volvolepiota), Psalliota (=Agaricus) e Schulzeria (=Leucoagaricus). Schulzeria foi
representada por: S. flavidula Rick, S. mammosa Rick, S. alba Rick, S. pluteoides Rick.
Lepiotella por apenas L. brunnea Rick. Psalliota por: P. pratensis (Schaeff.) Gillet, P.
campestris (L.) Quél., P. abruptibulba (Peck) Rick, P. elvensis Berk. & Broome, P.
silvatica (Schaeff.) P. Kumm., P. villatica (Brond.) Bres., P. cretacella (Atk.) Rick, P.
perrara Schulz., P. subrufescens (Peck) Kaufman, P. echinata (Roth) P. Kumm., P.
albovelutina Rick, P. rhodochroa (Berk. & Broome) Rick, P. placomyces (Peck) Henn., P.
cretacea (Fr.) Gillet., P. marcelina Rick, P. trissulphurata (Berk.) Rick., P. californica
(Peck) Rick, P. argentina (Speg.) Herter, P. comtula (Fr.) Quél. e P. straminea Rick.
O gênero Lepiota foi o mais representativo, sendo dividido em quatro secções:
ƒ
Procerae – espécies grandes, com píleo maior que 10 cm – Lepiota procera (Scop.)
Gray, L. coriacea Rick, L. excoriata (Schaeff.) P. Kumm., L. bonaerensis Speg., L.
stercoraria Rick, L. rhacodes (Vittad.) Quél., L. morganii (Peck) Sacc., L. brinkmanii
Rick, L. permixta Barla, L. molybdites (G. Mey.) Sacc., L. aureoconspersa Rick, L.
badhamii (Berk. & Broome) Quél. e L. zeyheri Berk.
ƒ
Mediae – espécies com píleo entre 5-10 cm e basidiósporos entre 5-10 µm – L. friesii
(Lasch) Quél., L. ingrata Rick, L. pteropoda Kalchbr. & MacOwan, L. meleagris
(Sowerby) Quél., L. clypeolaria (Bull.) Quél., L. erythrella Speg., L. rickiana Speg., L.
steinhausii (Penz.) Sacc., L. medularis Rick, L. leviceps Speg., L. denticulata Speg., L.
cyanea Rick, L. fuscoquamea Peck, L. forquignonii Quél., e L. hispida Gillet.
9
ƒ
Minores – com píleo entre 3-5 cm – L. cepaestipes Sow. (com as variedades pluvialis
(Speg.) Rick, sordescens (Berk. & M.A. Curtis) Rick, flos-sulphuris (Schnizl.) Rick,
farinosa (Peck) Rick, rorulenta (Panizzi) Rick, hiatuloides (Speg.) Rick, cheimonoceps
(Berk. & M.A. Curtis) Rick, schweinfurthii (Henn.) Rick), L. metulispora (Berk. &
Broome) Sacc., L. cristata (Bolton) P. Kumm. (com a variedade pycnocephala (Berk. &
Broome) Rick), L. licmophora (Berk. & Broome) Sacc., L. sulphurina Clem., L.
longistriata Peck, L. felinoides Peck, L. olivaceomammosa Rick (com a variedade grisea
Rick), L. rubrosquamosa Rick (com a variedade rubescens Rick), L. atrocoerulea Rick, L.
holosericea (Fr.) Gillet (com a variedade lanata Rick), L. bulbipes Mont., L. flavosericea
Rick, L. serenula P. Karst., L. felina (Pers.) P. Karst. (com a variedade laeviceps (Speg.)
Rick) e L. sordida Rick.
ƒ
Minimae – com píleo de no máximo 3 cm – L. pusilla Speg., L. rufogranulata Henn.,
L. noctiphila (Ellis) Sacc., L. aureofloccosa Henn., L. gracilis Peck, L. delicata (Fr.) Gillet.
(com a variedade albonuda Rick), L. albosquamosa Rick, L. hypholoma Rick, L. cristatula
Rick, L. sulphureosquamosa Rick, L. phaeopus Rick, L. serrulata Rick, L. brunnescens
Peck (com a variedade erythropus Rick), L. straminea Rick, L. alopochroa (Berk. &
Broome) Sacc., L. plumbicolor (Berk. & Broome) Sacc., L. inclinata Rick (com a
variedade appendiculata Rick), L. rubella Bres., L. lanosofarinosa Rick, L. atrorupta Rick,
L. unicolor Rick, L. anceps Rick, L. anthomyces (Berk. & Broome) Sacc., L. erminea (Fr.)
Gillet, L. revoluta Rick, L. radicata Rick, L. russoceps Berk. & Broome, L. pyrrhaes
(Berk. & Broome) Sacc., L. seminuda (Lasch) Gillet, L. parvannulata (Lasch) Gillet, L.
micropholis (Berk. & Broome) Sacc., L. trombophora Berk. & Broome, L. pratensis Speg.,
L. aurantiaca Henn., L. brunneoannulata Rick, L. dubia Rick, L. grisea Rick, L. flavipes
Rick, L. lugens Rick, L. confusa Rick, L. rupta Rick, L. citrinella Speg. (com a variedade
serrata Rick), L. brunneosquarrosa Rick, L. brunneopurpurea Rick, L. brunneocarnea
Rick, L. rosella Rick, L. rubrostraminea Rick, L. fulvolutea Rick, L. tortipes Rick, L.
fulvastra Berk. & M.A. Curtis e L. proletaria Rick.
Em seu estudo de tipos de Basidiomycetes, Singer (1953), revisou as espécies de
Rick, depositadas no Colégio Anchieta (PACA), confirmando as seguintes espécies de
Agaricaceae para o Rio Grande do Sul: Agaricus campestris L. ex Fr. ou A. pampeanus
(Speg.) Speg., Chlorophyllum molybdites (Meyer ex Fr.) Massee, Lepiota crassior Sing.,
L. flavidula (Rick) Sing., Lepiotella brunnea Rick, Leucoagaricus confusus (Rick) Sing.,
L. olivaceomamillatus (Rick) ex Sing., L. rubrosquamosus (Rick) Sing., Leucocoprinus
cepaestipes (Sow. ex Fr.) Pat., Macrolepiota bonaerensis (Speg.) Sing, Melanophyllum
10
echinatum (Roth ex Fr.) Sing., Ripartitella brasiliensis (Speg.) Sing. e Smithiomyces
mexicanus (Murr.) Sing.
Ainda para a região Sul, em um levantamento genérico de Agaricales em mata
nativa de pinheiro-brasileiro (Araucaria angustifolia (Bertol) O. Kze.), Pereira (1982)
registrou os gêneros Agaricus, Cystoderma e Lepiota na Floresta Nacional de São
Francisco de Paula, Rio Grande do Sul.
Raithelhuber (1987a, 1987b, 1987c) contribuiu mencionando várias espécies dos
gêneros Leucocoprinus e Macrolepiota para o Rio Grande do Sul.
Heinemann (1993) cita Agaricus argentinus Speg., A. trisulphuratus Berk.,
Psalliota straminea (Rick) Rick (=Agaricus stramineus Krombholz) para o Rio Grande do
Sul e Agaricus spissicaulis F.H. Møller, A. dicystis Heinem., A. cf. fuscofibrilosus (F.H.
Møller) Pilát, A. junquitensis Heinem., A. parasilvaticus Heinem., A. silvaticus Schaeff., A.
cheilotulus Heinem., A. cf. nivensis (F.H. Møller) F.H. Møller, A. cf. ochrascens Heinem.
& Goos.-Font., A. silvicola (Vittad.) Peck, A. meijeri Heinem., A. volvatulus Heinem. &
Goos.-Font., A. riberaltensis Heinem., A. cf. bugandensis Pegler, A. sulcatellus Heinem.,
Micropsalliota arginea (Berk. & Broome) Pegler & Rayner, M. cf. campestroides
(Heinem.) Heinem. e M. cephalocystis (Heinem.) Heinem. para o estado do Paraná.
Heinemann & Meijer (1996) citam Volvolepiota brunnea (Rick) Singer para o
estado do Paraná.
Pereira (1998) descreveu 10 novas espécies do gênero Lepiota: L. apicepigmentata,
L. araucariicola, L. bifurcata, L. brunneotabacina, L. colorada, L. cutiscamosa, L.
conglobata, L. ministipitata, L. santacruzensis e L. septata para a região Sul do Brasil.
Através da revisão de materiais depositados em herbários brasileiros, Pereira (2000) citou
mais 23 espécies do gênero Lepiota: L. abruptibulba Murr., L. aspera (Pers. ex Fries)
Quél., L. brunneoannulata Rick, L. brunneocarnea Rick, L. brunneopurpurea Rick, L.
brunneosquarrosa Rick, L. clypeolaria (Bull. ex Fr.) Kumm., L. cristata (Bolton ex Fr.)
Kumm., L. flavipes Rick, L. forquignonii Quél., L. hypholoma Rick, L. inclinata Rick, L.
ingrata Rick, L. izonetae Singer, L. lugens Rick, L. olivaceomammosa Rick, L.
parvannulata (Lash. ex Fr.) Gill., L. phaeopus Rick, L. phaeosticta Morg., L. pyrrhaes
Berk. & Br., L. radicata Rick, L. rubella Bres. e L. rubrostraminea Rick., além das suas 10
espécies anteriormente mencionadas. Posteriormente, Pereira (2001), apresentando os
resultados da revisão das espécies do gênero Lepiota descritas ou citadas para a micobiota
brasileira, discute oitenta e nove epítetos específicos, destes, cinqüenta e cinco foram
11
excluídos do gênero, dezenove são considerados nomen nudum e quinze são nomes
duvidosos, por terem a exsicata muito danificada.
Spielmann & Putzke (1998), citam a ocorrência de Leucoagaricus gongylophorus
(A. Møller) Singer em um ninho ativo de formiga, em floresta nativa no Rio Grande do
Sul.
Meijer (2001, 2006), através de levantamento micológico realizado desde o ano de
1979 no estado do Paraná, cita várias espécies de Agaricaceae.
Mais recentemente, Sobestiansky (2005), através de coletas realizadas em sete
municípios no sul do Brasil, seis no Rio Grande do Sul e um em Santa Catarina, listou as
seguintes espécies agaricóides de Agaricaceae sensu lato: Chlorophyllum hortense
(Murrill) Vellinga, Chlorophyllum molybdites (G. Mey. : Fr.) Massee, Leucoagaricus cf.
lilaceus Singer, Leucocoprinus birnbaumii (Corda) Singer, L. cretaceus (Bull.: Fr.) Locq.,
Macrolepiota pulchella Vellinga & de Meijer, Macrolepiota sp. e Ripartitella brasiliensis
(Speg.) Singer.
Para a região Sudeste, podemos citar trabalhos como o de Bononi et al. (1981a),
mencionando Agaricus sp, Lepiota aurea Pers. ex Fr., L. clypeolaria (Bull.) Quél, L.
morganii Peck, Lepiota sp., Leucocoprinus cepaestipes Pat, L. fragilissimus (Berk. &
Rav.) Pat., Leucocoprinus sp., Phaeolepiota aurea (Mattuska ex Fr.) Gillet e Volvolepiota
brunnea (Rick) Sing para o Parque Estadual Fontes do Ipiranga, São Paulo. Em outro
trabalho, Bononi et al. (1981b) fazem referência à ocorrência de Leucocoprinus
gongylophorus (A. Møller) Heim (=Leucoagaricus gongylophorus) em dois formigueiros
de Atta sexdens rubropilosa Forel encontrados no estado de São Paulo.
Grandi et al. (1984), citam pela primeira vez para o Brasil, várias espécies de
agaricáceas como: Agaricus porosporus Heinem., A. singeri Heinem., Lepiota epicharis
var. occidentalis Dennis, L. lentiginosa Pegler, Leucoagaricus naucinus (Fr.) Singer,
Leucocoprinus birnbaumii (Corda) Singer, Macrolepiota dolichaula (Berk. & Broome)
Pegler & R.W. Rayner e M. mastoidea (Fr.) Singer, coletadas no Parque Estadual Fontes
do Ipiranga, estado de São Paulo.
Em um trabalho de levantamento de fungos da ordem Agaricales realizado no
Parque Estadual da Ilha do Cardoso, estado de São Paulo, Capelari (1989), identificou 73
táxons específicos e infraespecíficos classificados em 28 gêneros. Dentre os espécimes
identificados, 18 pertencem à família Agaricaceae, enquadrando-se nos gêneros Agaricus,
Cystoderma, Lepiota e Leucocoprinus. Sendo que as espécies Leucocoprinus brebissonii
(Godey) Locq. e L. fragilissimus (Rav.) Pat., caracterizaram-se como comuns para o local.
12
Heinemann (1989) descreveu Micropsalliota pruinosa Heinem. e citou M.
roseovinacea para o Rio de Janeiro. Para o mesmo Estado, Heinemann (1993), citou
Agaricus silvaticus var. pallidus (F.H. Møller) F.H. Møller, A. volvatulus Heinem. &
Goos.-Font., A. riberaltensis Heinem., A. cf. rhopalopodius Pat. e para o estado de São
Paulo, Agaricus blazei Murril.
Pegler (1997), visitando o estado de São Paulo a convite da Dra. Vera Lucia
Bononi, examinou as espécies depositadas no Herbário Maria Eneyda P. Kauffman
Fidalgo, confirmando as seguintes agaricáceas:
¾ Tribo Agariceae: Agaricus argyropotamicus Speg., A. porosporus Heinem., A.
silvaticus Schaeffer, A. parasilvaticus Heinem., A. fiardii Pegler, A. hornei Murr., A.
endoxanthus Berk. & Broome, A. purpurellus Heinem., A. singeri Heinem., A.
violaceosquamulosus Baker & Dale, A. ochraceosquamulosus Heinem., A. rufoaurantiacus
Heinem., A. dennisii Heinem., A. puttemansii Pegler e Micropsalliota roseovinacea Pegler.
¾ Tribo Cystodermateae: Cystoderma amianthinum (Scop.) Konr. & Maubl., C.
contusifolium Pegler, C. siparianum (Dennis) Thoen, Ripartitella brasiliensis (Speg.)
Singer.
¾ Tribo Lepioteae: Cystolepiota marthae Singer, Lepiota subflavescens Murr., L. lilacea
Bres., L. epicharis (Berk. & Broome) Sacc. var. occidentalis Dennis, L. lineata Pegler, L.
subcristata Murr., L. lactea Murr., L. phaeosticta Morgan, L. nigropunctata Dennis, L.
rimosa Murr., L. murinocapitata Dennis, L. guatopoensis Dennis, L. ochraceoaurantiaca
Dennis, L. quinamana Dennis, L. abruptibulba Murr., L. citriodora Dennis, L.
griseorubescens Dennis e L. serena (Fr.) Sacc.
¾ Tribo Leucocoprineae: Chlorophyllum molybdites (Meyer: Fr.) Massee, Leucoagaricus
hortensis (Murr.) Pegler, L. imperialis (Speg.) Pegler, Leucocoprinus birnbaumii (Corda)
Singer, L. brebissonii (Godey) Locq., L. fragilissimus (Rav.) Pat., L. meleagris (Sow.)
Locq., L. sulphurellus Pegler, L. venezuelanus Dennis e Macrolepiota bonaerensis (Speg.)
Singer.
Em um trabalho avaliando a atividade antimicrobiana de basidiomicetos, Rosa et al.
(2003) citaram Agaricus cf. nigrecentulus Heinem, A. cf. trinitatensis R.E.D. Baker &
W.T. Dale, A. porosporus Heinem., Leucoagaricus cf. cinerascens (Quél.) Bon &
Boiffard, Leucocoprinus cf. longistriatus (Peck) H.V. Sm. & N.S. Weber, mais uma
espécie indeterminada de Lepiota e outra de Leucocoprinus coletados no estado de Minas
Gerais e uma única espécie indeterminada de Agaricus coletada no estado de São Paulo.
13
Capelari e Gimenes (2004) descreveram Leucocoprinus brunneoluteus, uma nova
espécie de agaricácea, pertencente à tribo Leucocoprineae, para o estado de São Paulo.
Para a região Centro-Oeste, o único registro conhecido é o de Heinemann (1993),
citando Agaricus argyropotamicus Speg. para o estado do Mato Grosso.
Para a região Nordeste, mais especificamente para o estado de Pernambuco, Batista
(1957) descreveu Lepiota minuta Bat.. Kimbrogh et al. (1994) citam Chlorophyllum
molybdites (G. Mey) Massee, Lepiota erythrosticta (Berk. & Broome) Sacc. e L.
teipeitensis Murrill. Maia (1998) cita Agaricus purpurellus (F.H. Møller) F.H. Møller,
Lepiota americana Peck, L. morganii Peck e L. procera Lloyd. Maia et al. (2002) citam
Agaricus brunneostictus Heinem., Lepiota griseorubescens Dennis, L. holosericea (Fr.)
Gillet, L. lineata Pegler, L. stuhlmannii Henn., L. americana Peck, Leucoagaricus
meleagris (Sowerby) Singer, Melanophyllum sp. e Micropsalliota roseovinaceus Pegler.
Wartchow (2005), trabalhando em áreas de Mata Atlântica na região metropolitana de
Recife, identificou 22 espécies de Agaricaceae, sendo que Catatrama costaricensis FrancoMol., Lepiota elaiophylla Vellinga & Huijser, L. subincarnata J.E. Lange, Micropsalliota
brunneosperma (Singer) Pegler e Ripartitella alba Halling & Franco-Mol. são novas
referências para o Brasil e as demais, em sua maioria, novos registros para o estado de
Pernambuco.
Para a região Norte, Capelari & Maziero (1988) mencionaram Agaricus cf.
silvaticus
Schaeff.,
Lepiota
ochraceoaurantiaca Dennis,
citriodora
Dennis,
L. cf. phaeosticta
L.
guatopoensis
Dennis,
Morgan, L. rubrotincta
L.
Peck,
Leucocoprinus brebissonii (Godey) Locq., L. cepaestipes (Sowerby ex Fr.) Pat. e L.
fragilissimus (Rav.) Pat, em coletas na região dos rios Jaru e Ji-Paraná, estado de
Rondônia.
Singer (1989) descreveu Leucoagaricus tricolor, Hiatulopsis aureoflava,
Cystolepiota albogilva, C. amazonica, C. potassiovirens, Lepiota gomezii e L. izonetae
para o estado do Amazonas e Chamaemyces paraensis para o estado do Pará.
Bononi (1992), citou apenas uma espécie indeterminada de Agaricus e Lepiota
citrinella Speg. em seu trabalho realizado na cidade de Rio Branco, estado do Acre, que
tinha como objetivo maior, iniciar um Herbário Micológico junto ao Departamento de
Botânica da Universidade Federal do Acre.
Recentemente, em um levantamento de Agaricales na Reserva Biológica Walter
Egler, Amazonas, Souza & Aguiar (2004) mencionaram a ocorrência de espécies
indeterminadas dos gêneros Agaricus, Cystoderma e Lepiota.
14
Mesmo depois da realização dos vários trabalhos mencionados, em diferentes
localidades do nosso país e principalmente os realizados no estado do Rio Grande do Sul
por profissionais e amantes da Micologia, muito ainda necessita ser estudado e descoberto.
Somente com muita dedicação e seriedade será possível ampliar o conhecimento e a
distribuição geográfica dos fungos desta família, sendo de fundamental importância
trabalhos de cunho taxonômico, essenciais para o desenvolvimento da ciência básica e
aplicada.
15
2. OBJETIVOS
Geral:
9 Ampliar o conhecimento sobre os fungos da família Agaricaceae Chevall. no Rio
Grande do Sul.
Específicos:
9 Conhecer os fungos da família Agaricaceae (Agaricales, Basidiomycota) do Parque
Estadual de Itapuã;
9 Identificar a nível específico os exemplares coletados no Parque Estadual de Itapuã;
9 Elaborar chaves dicotômicas para a determinação dos gêneros e espécies encontrados
na área em estudo;
9 Ampliar o acervo do Herbário do Departamento de Botânica da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (ICN) a partir da incorporação de todo o material coletado;
16
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Área de estudo
O Parque Estadual de Itapuã (Fig. 1), unidade de conservação de proteção integral,
localizado no município de Viamão, pertence à região metropolitana de Porto Alegre, no
estado do Rio Grande do Sul. Encontra-se a aproximadamente 60 km ao sul da capital
gaúcha e localiza-se frente ao encontro das águas do lago Guaíba e da laguna dos Patos.
Em decorrência da presença conjunta de morros graníticos e planícies arenosas, apresenta
grande variedade de ambientes e paisagens: praias, lagoas, dunas, banhados, campos,
costões, afloramentos rochosos, onde crescem variadas formações vegetais, incluindo
remanescentes de Mata Atlântica e uma fauna igualmente rica (Rio Grande do Sul 1997).
Segundo Rambo (1994), o Parque situa-se dentro dos limites da fisionomia denominada
Serra do Sudeste, ou Escudo Cristalino, a qual, apresenta-se como um triângulo isóscele no
território rio-grandense, cujos vértices tocariam na lagoa dos Barros, a leste de Porto
Alegre, e nos municípios de Jaguarão e São Gabriel.
Com uma área aproximada de 5.566 hectares, entre as coordenadas (30º20’ a 30º27’
S e 50º50’ a 51º05’ W), caracteriza-se por ser o último remanescente dos ambientes
originais da Região Metropolitana (SEMA 2006).
Segundo Irgang (2003), o Parque compreende duas formações geológicas: morros
graníticos do Escudo Cristalino (constituídos por rochas cristalinas Pré-Cambrianas, com a
sua formação a mais de 500 milhões de anos) e Planície Costeira (formada junto aos
morros graníticos há cerca de 400 mil anos atrás, quando o aumento da temperatura do
planeta causou o derretimento das geleiras).
O clima da área em estudo é classificado, segundo o sistema de Koeppen (1948),
como estando dentro da classe Cfa, descrito como clima subtropical úmido, com média do
mês mais quente superior a 22°C e média do mês mais frio entre os limites –3°C e 18°C. A
temperatura média anual oscila em torno dos 17°C e a precipitação média anual fica entre
1.100 e 1.300 mm, sendo as chuvas bem distribuídas ao longo do ano. Os nevoeiros são
freqüentes e a umidade atmosférica tende a ser elevada devido à presença constante das
massas de ar marítimas.
17
A vegetação do Parque de Itapuã é formada por florestas e campos, e destaca-se por
sua diversidade, estando incluída nos domínios da Mata Atlântica. A diversidade ocorre
devido às variações das condições físicas, determinadas pela proximidade dos morros
graníticos com a planície sedimentar em área restrita. Destacam-se, entre as formações
arbóreas, as matas de encosta, matas de restinga arenosa e paludosa, e matas ciliares. As
matas de encosta, na face sul dos morros caracterizam-se por serem mais úmidas e
possuírem solos mais profundos com maior capacidade de armazenamento de água,
diferente das condições dos cumes e encostas nortes dos morros. São espécies
características desse tipo de mata: figueira-de-folha-miúda (Ficus organensis (Miq.) Miq.),
timbaúva (Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong), açoita-cavalo (Luehea
divaricata Mart. & Zucc.), aroeira-braba (Lithraea brasiliensis March.), entre outras. As
matas de restinga e paludosa são menos comuns, possuem dossel irregular e apresentam
como espécies típicas o tarumã-branco (Cytharexylum myrianthum Cham.), a embaúba
(Cecropia pachystachya Trec.), a corticeira-do-banhado (Erythrina crista-galli L.) e o
jerivá (Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman). As matas ciliares, por sua vez, ocorrem
junto aos cursos d’água, sendo que aquelas próximas ao Lago Guaíba geralmente ocorrem
internamente à vegetação juncal, formada, principalmente, por junco (Scirpus californicus
(C.A. Mey.) Steud.). Destacam-se na mata ciliar madura o aguaí-mata-olho (Pouteria
gardneriana (A. DC.) Radlk.) e o sarandi-amarelo (Terminalia australis Camb.), entre
outras (Brack et al. 1998).
Embora o Parque tenha sido criado oficialmente em 1973, como conseqüência do
movimento ecológico contra a destruição das paisagens e ambientes naturais, causada pela
extração de granito, a sua implantação efetiva só ocorreu em 1998, com a conclusão da
infra-estrutura necessária para o cumprimento de seus objetivos como categoria Parque,
segundo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Irgang 2003).
18
3.2 Metodologia
ƒ
Coleta de material
As coletas foram realizadas durante o período de Abril de 2005 a Junho de 2006,
concentradas durante as estações do outono, primavera e verão; totalizando 18 visitações a
área de estudo.
Os diversos locais do Parque, com mata nativa, campos e gramados, foram
percorridos em busca de espécimes de cogumelos da família em questão. Todo o material
coletado foi retirado do substrato com o auxílio de uma faca ou espátula e envolto em
papel, para posteriormente ser armazenado separadamente em recipientes ou sacos
plásticos, evitando assim a mistura de esporos, o que dificultaria a sua identificação.
Anotações sobre a natureza do substrato e demais observações dos espécimes foram
tomadas no campo a fim de facilitar a determinação do material e interpretar o ambiente
onde se desenvolvem. Também foram feitos desenhos e/ou retiradas fotos dos exemplares
coletados.
ƒ
Análise macroscópica
Foram preenchidas fichas de análise macroscópica, especialmente confeccionadas
para os fungos desta família, para cada exemplar coletado, procurando assim preservar
características importantes do material, antes da desidratação, que auxiliariam na sua
identificação, como:
a) Píleo: importante anotar o máximo de características ainda quando o cogumelo estiver
fresco, pois podem ocorrer variações em sua coloração e forma, após a desidratação.
•
Dimensões: diâmetro do cogumelo;
•
Forma: desde o cogumelo jovem até o adulto, quando possível;
•
Coloração: muito importante na identificação dos fungos desta família. Podem
ocorrer variações entre a margem e a superfície, sendo fundamental a utilização
de uma carta de cores;
•
Superfície: podendo variar desde lisa (glabra), fibrilosa, esquamulosa a
fortemente escamosa, também fazendo anotações referentes a sua coloração;
19
•
Margem: formato (plana, revoluta, involuta ou curvada para baixo) e o tipo (lisa
ou regular, plicada, apendiculada);
•
Contexto: anotações sobre a sua consistência (membranosa a carnosa), bem
como a sua coloração.
b) Himenóforo: caracterizado por ser lamelar (Singer 1986). Aqui são feitas anotações
referentes à coloração das lamelas, inserção, abundância e consistência.
c) Estípite: assim como o píleo, pode ocorrer mudança na sua coloração e forma após a
desidratação.
•
Dimensões: comprimento e largura;
•
Forma: variações no formato, podendo ser cilíndrico, clavado, com base mais
alargada, sub-bulboso a bulboso;
•
Coloração: também utiliza-se uma carta de cores;
•
Posição: central;
•
Superfície: lisa ou ornamentada (fibrilosa a esquamulosa, ocorrendo em várias
espécies dos gêneros Macrolepiota e Lepiota);
•
Contexto: sua coloração, sua consistência (carnosa, fibrosa, membranosa) e se é
fistuloso ou não.
d) Véu parcial (anel): muito importante nessa família, tendo em vista que a maioria das
espécies possui, mesmo que algumas vezes seja efêmero. Anotações quanto a sua
coloração, posição, consistência e complexidade.
e) Véu universal (volva): geralmente ausente nesta família, mas podendo estar presente
em algumas espécies como em Agaricus martineziensis Heinem. (Capelari et al. 2006),
Leucoagaricus bivelatus B.P. Akers & Ovrebo (Akers & Ovrebo 2005) e Volvolepiota
brunnea (Rick) Sing. (Heinemann & Meijer 1996), entre outras.
f) Micélio basal e rizomorfas: anotações quanto a sua presença, coloração e abundância.
g) Esporada: a retirada da esporada é feita colocando-se uma parte do píleo, com as
lamelas para baixo, sobre uma folha de papel branca, em câmara úmida. Nesta família,
há uma variação enorme na coloração da deposição dos basidiósporos, desde branca,
creme, castanho-acinzentada, castanho, castanho-escura até verde. Quando não for
possível obter a esporada, observa-se a coloração das lamelas no basidioma maduro, ou
20
dos basidiósporos em lâminas montadas para serem visualizadas no microscópio
óptico.
Para as espécies do gênero Agaricus realizou-se o teste químico conhecido como
Reação de Schaeffer, que consiste em fazer dois traços, um com Ácido Nítrico (HNO3) e
outro com Anilina, na superfície do píleo. O resultado é positivo quando adiquirir uma
coloração vermelho-alaranjada a vermelho-fogo no ponto de intersecção dos traços (Singer
1986).
Todas as características macroscópicas analisadas foram baseadas na obra de
Largent (1977), com o auxílio de microscópio estereoscópico LEICA ZOOM 2000. Todas
as cores foram avaliadas utilizando-se como referência a carta de cores de Kornerup &
Wanscher (1978).
Após o preenchimento da ficha de análise macroscópica, todo o material foi
desidratado em estufa com temperatura aproximada de 45ºC, sendo posteriormente
analisado microscopicamente com o auxílio do microscópio óptico.
ƒ
Análise microscópica
Para a análise microscópica, foram realizados cortes manuais no basidioma,
utilizando lâminas de barbear novas. As lâminas foram montadas com solução aquosa de
Hidróxido de Potássio a 5% (KOH), o que permite visualizar a coloração das estruturas
microscópicas. Outras lâminas foram montadas com KOH e o corante Vermelho Congo
2% (Congo Red), o que possibilitou observar com maior nitidez as microestruturas e
também efetuar o teste de congofilia (que é positivo quando os basidiósporos ficam
totalmente corados de vermelho). Foi preenchida para cada espécie, uma ficha de análise
microscópica e uma ficha com as medições das microestruturas especialmente montadas
para os fungos dessa família. Foram feitas medições (o mínimo de 20, para cada elemento)
e ilustrações das microestruturas, férteis e estéreis, como basídios, basidiósporos, cistídios,
hifas da trama e superfície pilear (pileipellis), com o auxílio de uma ocular milimetrada e
câmara clara acoplada ao microscópio óptico LEICA DM LS2. Todas as medições e
ilustrações foram efetuadas em aumento de 1000x, com exceção da estrutura da superfície
pilear de algumas espécies, em aumento de 400x. A nomenclatura das microestruturas foi
21
baseada na obra de Largent et al. (1986). Foram analisadas as seguintes estruturas
microscópicas:
a) Basidiósporos: as unidades de reprodução sexual dos fungos dessa família possuem
variação na coloração, morfologia e dimensões (Pegler & Young 1971). São feitas
anotações quanto a:
•
Dimensões: comprimento e largura, para efetuar o cálculo do Q (coeficiente
entre o comprimento e a largura) e o Qm (valor médio de Q);
•
Forma: há uma variação grande na morfologia (globosos, subglobosos,
amplamente elipsóides, elipsóides, oblongos, amigdaliformes, calcarados,...),
apresentando poro germinativo visível ou não;
•
Coloração: desde hialino a tons de castanho e algumas vezes verde;
•
Parede: na maioria dos casos lisa ou em poucos casos, ornamentada. Variando
de fina a espessa.
b) Basídios: não tão expressivos na taxonomia deste grupo, mesmo se tratando da
estrutura onde ocorre a formação dos basidiósporos. São feitas anotações quanto a sua
forma, dimensões e aspectos referentes à parede;
c) Cistídios: as microestruturas estéreis encontradas nessa família são importantes
taxonomicamente. Geralmente são encontrados queilocistídios (situados no fio/bordo
das lamelas) e com menor freqüência pleurocistídios (situados nas faces laterais das
lamelas). São feitas anotações referentes a sua forma, espessura da parede, coloração e
dimensões.
d) Hifas da trama: observação da disposição das hifas, sua coloração e o tipo de parede.
Geralmente nessa família as hifas da trama são regulares.
e) Hifas da superfície pilear (“pileipellis”): de grande importância taxonômica em alguns
gêneros (Lepiota, Leucocoprinus, Macrolepiota); analisadas quanto a sua estrutura,
forma, comprimento, coloração e tipo de parede.
f) Fíbulas: conexão entre hifas, semelhante a um gancho, característica do micélio
secundário de muitos Basidiomycetes. Elas foram avaliadas através da sua presença ou
ausência. Na família Agaricaceae, a sua ocorrência é limitada a poucos gêneros.
22
Alguns testes químicos são de grande importância na determinação de gêneros e
espécies desta família.
•
Reação dextrinóide: utiliza-se o reagente de Melzer. Neste caso, quando os
basidiósporos ficarem corados de castanho a castanho-avermelhado eles são
configurados como dextrinóides (pseudoamilóides), se ficarem azulados (amilóides) e
se não adquirirem nenhuma coloração (inamilóides).
•
Reação metacromática: utiliza-se Azul de Cresil. O endospório e a parede do esporo
coram-se de rosa a lilás. Esta reação é observada nos gêneros Leucoagaricus,
Leucocoprinus e Macrolepiota.
•
Reação de congofilia: já citada anteriormente.
ƒ
Identificação do material
Para a identificação do material coletado, foram consultadas as obras especializadas
de Bon (1981), Breitenbach & Kränzlin (1995), Candusso & Lanzoni (1990), Cappelli
(1984), Dennis (1952, 1961, 1970), Heinemann (1961, 1962a, 1962b, 1962c, 1962d, 1977,
1986, 1990, 1993), Pegler (1972, 1977, 1983, 1986, 1997), Rick (1961), Singer (1949,
1986), Singer & Digilio (1951), Vellinga (2001), Wasser (1993), Wright & Albertó (2002),
entre outras.
O sistema de classificação adotado neste trabalho é baseado na obra de Singer
(1986) e modificado com base no sistema de classificação proposto por Kirk et al. (2001).
Foram incluídas somente espécies de gêneros agaricóides, não contemplando os
gasteróides e secotiódes.
ƒ
Conservação dos basidiomas
Todo material, após ter sido analisado e identificado, será incorporado ao acervo do
Herbário do Departamento de Botânica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(ICN).
23
ƒ
Terminologia micológica, nome dos gêneros e das espécies
Toda a terminologia micológica seguiu os trabalhos de Fidalgo & Fidalgo (1967),
Guerrero & Silveira (2003) e Putzke & Putzke (2004). Todos os nomes de gêneros e de
espécies identificados, bem como os seus respectivos basônimos, foram escritos segundo o
CABI Bioscience Database (2006).
ƒ
Nome dos autores dos taxa
Todas as abreviações dos nomes de autores foram escritas de acordo com Authors
of Fungal Names (CABI Bioscience Database 2006).
ƒ
Coleções examinadas
Foram analisadas coleções de importantes herbários nacionais e internacionais que
possuem exsicatas da família em questão, como os herbários da Universidade de Buenos
Aires (BAFC) e o da Fundação Miguel Lillo (LIL), ambos da Argentina; também foram
revisados herbários nacionais, o do Instituto de Botânica (SP) e o do Instituto Anchietano
de Pesquisas/Unisinos (PACA), onde se concentra a maioria das exsicatas de Agaricaceae
do nosso país. As siglas dos herbários seguem o Index Herbariorum (2007).
24
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Parque Estadual de Itapuã, nas 18 visitações realizadas no período de Abril de
2005 a Junho de 2006, foram identificadas 19 espécies distribuídas em 6 gêneros
pertencentes à família Agaricaceae, dos quais: Agaricus (5 espécies), Chlorophyllum (1
espécie), Lepiota ( 3 espécies), Leucoagaricus (3 espécies), Leucocoprinus (6 espécies) e
Macrolepiota (1 espécie).
4.1 Chave para determinação dos gêneros encontrados
1.Esporada escura (tons de castanho) ou esverdeada, basidiósporos pigmentados...........2
1.Esporada clara (branca a creme), basidiósporos não pigmentados (hialinos) ................3
2.Esporada e basidiósporos escuros (castanho-acinzentado a castanho-escuro).. Agaricus
2.Esporada e basidiósporos esverdeados .................................................... Chlorophyllum
3.Basidiósporos com poro germinativo visível .................................................................4
3.Basidiósporos sem poro germinativo visível..................................................................5
4.Basidiomas
geralmente
delicados
e
frágeis,
com
o
píleo
normalmente
sulcado/plicado, fíbulas ausentes.................................................................Leucocoprinus
4.Basidiomas mais robustos, com o píleo não sulcado e fíbulas presentes, mas de difícil
visualização ...................................................................................................Macrolepiota
5.Basidiósporos metacromáticos em Azul de Cresil ...................................Leucoagaricus
5.Basidiósporos não metacromáticos em Azul de Cresil ....................................... Lepiota
25
4.2 Agaricus L.
Sp. Plantarum 2: 1173 (1753).
Hábito pluteóide dos basidiomas. Píleo carnoso com superfície glabra a escamosa, seca,
pigmentada ou não. Lamelas livres, brancas a rosa quando imaturas, tornando-se mais
escurecidas com a maturidade dos basidiósporos. Esporada castanho-púrpura a sépia.
Estípite central, alongado, apresentando um anel membranoso simples ou complexo, com
base freqüentemente bulbosa. Contexto às vezes mudando de cor para vermelho ou
amarelo quando tocado ou machucado. Basidiósporos castanhos, lisos, com parede
espessa, com até 10 µm de comprimento, raramente maiores, não dextrinóides, com ou
sem poro germinativo visível. Basídios comumente tetrasporados, mas em alguns casos
bisporados. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios presentes ou ausentes. Superfície
pilear freqüentemente composta por hifas prostradas. Trama himenoforal regular a
irregular. Fíbulas ausentes. Crescendo no solo ou em húmus, no interior de florestas ou em
locais abertos (gramados, campos).
Espécie tipo: A. campestris L. [como 'campester'].
4.2.1 Chave para as espécies de Agaricus
1.Basidiomas pequenos, com o diâmetro do píleo inferior a 50 mm e apresentando
coloração laranja-claro a alaranjado ..............................................................Agaricus sp.1
1.Basidiomas robustos e maiores, com o diâmetro do píleo superior a 50 mm e
apresentando coloração diferente da anterior ....................................................................2
2.Píleo castanho-vináceo a violeta, estípite com a superfície esquâmulosa-fibrilosa,
basidiósporos elipsóides (4.3-)4.7-5.2 x 3-4 µm .........................................A. porphyrizon
2.Píleo branco, castanho-claro ou castanho, estípite com a superfície lisa, basidiósporos
elipsóides a oblongos com dimensões maiores .................................................................3
3.Píleo castanho-claro a castanho, com a superfície coberta por fibrilas de coloração
castanho a castanho-claro ...................................................................A. pseudoargentinus
3.Píleo branco, com a superfície coberta por esquâmulas e/ou fibrilas bege, castanhoclaro a castanho sobre um fundo branco ...........................................................................4
26
4.Estípite com a base bulbosa apresentando um anel carnoso bem desenvolvido e
persistente, basidiósporos elipsóides a oblongos 5.5-6.5 x 3-3.8 µm........A. aff. silvaticus
4.Estípite com a base afilada apresentando um anel membranoso bem desenvolvido,
basidiósporos elipsóides (6-)6.5-7.5(-8) x 4-5 µm ....................................... A. cf. litoralis
4.2.2 Agaricus cf. litoralis (Wakef. & A. Pearson) Pilát
Fig. 2 e 16
Klíc Kurc. Naš. Hub Hrib. Bedl. (Praha): 403 (1952) [como ‘littoralis’].
Psalliota litoralis Wakef. & A. Pearson, in Pearson, Trans. Br. mycol. Soc. 29(4): 205 (1946).
Píleo 91 mm, convexo a plano-convexo; branco (1.A1); superfície esquamulosa, seca,
coberta por esquâmulas apressas de coloração castanho-claro (6.D4) a bege (3.B3); borda
plana com margem apendiculada; contexto carnoso de coloração branca, não mudando de
coloração após ser cortado. Lamelas livres, castanho-escuras (7.F5), muito próximas,
membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 51 x 20 mm, central, afinando na base,
branco; superfície lisa; estreitamente fistuloso de consistência carnosa-fibrosa; contexto
branco não mudando de cor; rizomorfas pequenas e finas de coloração branca; micélio
basal ausente. Anel mediano a súpero, simples, descendente, membranoso, branco, bem
desenvolvido. Odor agradável.
Reação de Schaeffer negativa na superfície do píleo.
Basidiósporos (6-)6.5-7.5(-8) x 4-5 µm, Q = 1.30-1.75, Qm = 1.47, elipsóides, castanhoacinzentados a castanhos, parede espessa e lisa, não apresentando poro germinativo visível.
Esporada castanho-escura (7.F5). Basídios 15-20 x 7-9 µm, clavados, hialinos, parede
fina e lisa, com 4 esterigmas de 2-3 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes.
Queilocistídios 19-29 x 10-15 µm, inflado-clavados a clavados, hialinos, parede fina e
lisa. Superfície pilear 5-16 µm, formada por hifas de parede fina e lisa, prostradas,
levemente pigmentadas de bege. Fíbulas ausentes. Trama himenoforal regular, 4-22 µm,
formada por hifas hialinas de parede fina e lisa.
Aspectos ecológicos: crescendo solitário, em solo de campo aberto (gramado).
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã,
Praia de Fora, 27/IV/2006, M.S. Rother 133/06 (ICN 139292).
27
Material adicional examinado: ARGENTINA. La Lucila: La Roja al 400, 10/V/1992,
J.E. Wright (BAFC 32776).
Distribuição: Europa: Cappelli (1984); Nauta (2001). América do Sul: Heinemann (1993).
Discussão: Nosso espécime é caracterizado por apresentar basidioma branco com a
superfície do píleo coberta por esparsas esquâmulas de coloração castanho-claro a bege,
pelo estípite com base afilada, anel súpero e descendente, presença de queilocistídios e
pela reação de Schaeffer negativa. Suas dimensões e morfologia assemelham-se as de
Agaricus campestris L. e a A. bitorquis (Quél.) Sacc., porém difere da primeira espécie por
apresentar queilocistídios e da segunda por não apresentar anel duplo e pelo contexto não
mudar de cor quando cortado ou machucado. A. platensis Speg. descrito para a Argentina
(Spegazzini 1926) também apresenta morfologia parecida, mas difere por possuir anel
ínfero semelhante a uma volva, por apresentar basidiósporos menores (5 x 4 µm) e pela
ausência de cistídios.
Agaricus spissicaulis F.H. Møller apresenta basidiósporos com 5-7 x 4-5,5 µm,
queilocistídios clavados a cilíndricos e é comumente encontrado em campos próximo ao
litoral. É relacionado com A. maskae Pilát, que difere praticamente por apresentar
basidiósporos e queilocistídios levemente maiores (Cappelli 1984). De acordo com Nauta
(2001), estas duas espécies são consideradas sinonímias de Agaricus litoralis, nome
atualmente aceito, que apresenta medidas de basidiósporos (6.5-)7-8.5 x (4.5-)5-6.5 µm,
queilocistídios e formas gerais muito semelhantes às de nosso material, além de ser
encontrado em substrato semelhante. É considerada rara na Europa, também conhecida na
América do Norte e no norte da África.
Através da análise de material depositado no herbário BAFC citado como
A. spissicaulis, encontrou-se basidiósporos medindo 5-6 x 3.5-4 µm, mas não foi possível
observar algumas características importantes, como a coloração e a presença de
queilocistídios, devido ao tempo de herborização.
No Brasil, Agaricus spissicaulis foi encontrado em dunas do litoral do estado do
Paraná (Heinemann 1993).
Serão necessárias mais coletas para confirmar a ocorrência de A. litoralis (= A.
spissicaulis) para a área de estudo e para o Estado.
28
4.2.3 Agaricus porphyrizon P.D. Orton
Fig. 3 e 17
Trans. Br. mycol. Soc. 43(2): 174 (1960).
Píleo 70-100 mm, hemisférico a convexo quando jovem tornando-se aplanado na
maturidade; castanho-vináceo (10.E6) com o umbo mais violeta (12.F6); superfície
esquâmulosa-fibrilosa, seca, coberta por esquâmulas e fibrilas apressas de coloração
castanho-vináceo a violeta, dispostas radialmente e com maior concentração no disco
central; borda plana com margem regular; contexto carnoso de coloração branca, não
mudando de coloração após ser cortado. Lamelas livres, castanhas (7.E5) a castanhaescura (7.F6), muito próximas, membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 70-80 x
10-12 mm, central, sub-bulboso (15-19 mm), branco; superfície radialmente esquamulosa
abaixo do anel; fistuloso, de consistência fibrosa; contexto branco não mudando de cor;
rizomorfas brancas; micélio basal ausente. Anel súpero, simples, descendente,
membranoso, branco, bem desenvolvido. Odor agradável.
Reação de Schaeffer não observada em material fresco.
Basidiósporos (4.3-)4.7-5.2 x 3-4 µm, Q = 1.28-1.67, Qm = 1.44, elipsóides, castanhoclaros, parede espessa e lisa, não apresentando poro germinativo visível. Esporada
castanha-escura (7.F6). Basídios 13-19 x 6-8.5 µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa,
com 4 esterigmas de 2-3 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios
15-24 x 7.5-11 µm, clavados a piriformes, hialinos, parede fina e lisa. Superfície pilear 59 µm, formada por hifas de parede fina e lisa, prostradas, pigmentadas de bege a castanhoclaro. Fíbulas ausentes. Trama himenoforal regular, 3-10 µm, formada por hifas hialinas
de parede fina e lisa.
Aspectos ecológicos: crescendo solitário e em pequenos grupos, em solo no interior da
mata.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã,
Praia da Pedreira, 09/IV/2005, M.S. Rother 029/05 (ICN 139293); M.S. Rother 035/05
(ICN 139294).
Material adicional examinado: ARGENTINA. Neuquen: Puerto Manzano, 09/IV/1963,
Singer M 3357 (BAFC 32283).
29
Distribuição: Europa: Cappeli (1984); Nauta (2001). Américas: Heinemann (1986, 1990,
1993).
Discussão: Agaricus porphyrizon é caracterizado por apresentar o píleo violáceo a
castanho-vináceo com a superfície esquâmulosa-fibrilosa, estípite branco com a superfície
esquâmulosa-fibrilosa, anel membranoso descendente e queilocistídios. Segundo Nauta
(2001), essa espécie está inserida na seção Minores Fr. devido aos basidiósporos
(comprimento < 6.5 µm; Qm = 1.35-1.60; poro germinativo ausente), a estrutura do anel e
a tonalidade amarelada do contexto quando machucado. Em nosso material, não foi
observada a mudança de cor do contexto, tanto do píleo quanto do estípite e também não
foi possível realizar a reação de Schaeffer em material fresco, mas as demais características
conferem com as observadas nos materiais estudados por Cappelli (1984), Heinemann
(1986, 1990) e Nauta (2001).
Agaricus violaceosquamulosus Baker & Dale descrito para Trinidade e Tobago
difere de A. porphyrizon por apresentar basidiomas menores e pelo anel ser ascendente
(Baker & Dale 1951). Agaricus purpurellus (F.H. Møller) F.H. Møller apresenta a
coloração do píleo similar, mas os basidiomas são menores, a superfície do píleo é fibrilosa
e os basidiósporos são menores (Cappelli 1984).
Agaricus porphyrizon é considerada aparentemente rara e encontrada mais
comumente em regiões costeiras, no solo de matas com árvores decíduas e em gramados
de dunas (Nauta 2001); características aparentemente similares às encontradas na
vegetação e no solo do Parque.
No estudo da exsicata (BAFC 32283) identificada por Singer, encontramos medidas
de basidiósporos semelhantes às encontradas em nosso material, porém o basidioma é
menor, o anel não está preservado e não foi possível visualizar os queilocistídios.
Este é o primeiro registro de Agaricus porphyrizon para o Brasil.
30
4.2.4 Agaricus pseudoargentinus Albertó & J.E. Wright
Fig. 4 e 18
Mycotaxon 50: 272 (1994).
Píleo 58-85 mm, inicialmente hemisférico, convexo a plano-convexo até aplanado na
maturidade; castanho-claro (6.D5) com centro castanho (6.E6) sobre um fundo branco;
superfície fibrilosa, seca, coberta por fibrilas apressas de coloração castanho a castanhoclaro; bordo plano com margem apendiculada; contexto carnoso de coloração branca, não
mudando após cortado. Lamelas livres, inicialmente rosa (13.A4) tornando-se castanhavinácea (11.E4) a castanha-acinzentada (11.E3) com o amadurecimento, muito próximas,
membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 40-72 x 8-14 mm, central, cilíndrico,
levemente mais engrossado na base (18 mm), branco; superfície lisa; fistuloso, de
consistência fibrosa; contexto branco não mudando de cor; rizomorfas de coloração
branca; micélio basal ausente. Anel súpero, simples, descendente, membranoso, branco,
bem desenvolvido. Odor agradável.
Reação de Schaeffer negativa na superfície do píleo.
Basidiósporos 5.5-6.5(-7) x 3.8-5 µm, Q = 1.20-1.60, Qm = 1.38, amplamente elipsóides a
elipsóides, castanho-claro a castanho, parede espessa e lisa, não apresentando poro
germinativo visível. Esporada castanho-escura (7.F5). Basídios 16-23 x 7-8(-10) µm,
clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de 2-3.5 µm de comprimento.
Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios 12-33 x 8-12 µm, geralmente piriformes a
clavados, hialinos, parede fina e lisa, abundantes. Superfície pilear 5-20 µm, formada por
hifas de parede fina e lisa, prostradas, pigmentadas de castanho-claro. Fíbulas ausentes.
Trama himenoforal regular a sub-regular, 3-11 µm, formada por hifas hialinas de parede
fina e lisa.
Aspectos ecológicos: solitário ou em pequenos grupos, em solo no interior e na borda da
mata.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã,
Praia da Pedreira, 22/X/2005, M.S. Rother 096/05 (ICN 139297); 09/XI/2005, M.S. Rother
101/05 (ICN 139298); Praia do Sítio, 07/IX/2005, M.S. Rother 076/05 (ICN 139295); M.S.
Rother 078/05 (ICN 139296).
31
Material adicional examinado: ARGENTINA. Buenos Aires: Burzaco, X/1991, E.
Albertó (BAFC 32962); Chascomús, campo del INTECH, 09/XI/2000, E. Albertó (ED:
880) (BAFC 50875).
Distribuição: América do Sul: Albertó & Wright (1994); Wright & Albertó (2002).
Discussão: Esta interessante espécie do gênero Agaricus, originalmente descrita
pertencendo à seção Sanguinolenti (Schaeffer & M∅ller) Singer (Albertó & Wright 1994) e
posteriormente transferida à seção Agaricus Konr. & Maubl. devido ao seu contexto ser
imutável ao corte ou ao tato (Albertó 1996), caracteriza-se principalmente por apresentar
píleo hemisférico a plano-convexo, com abundantes fibrilas castanho-claras a castanhoescuras sobre um fundo esbranquiçado; contexto branco imutável; reação de Schaeffer
negativa na superfície do píleo; estípite branco, cilíndrico a levemente clavado; anel
simples, bem desenvolvido, súpero e descendente (Albertó & Wright 1994; Wright &
Albertó 2002).
Agaricus pseudoargentinus foi descrito para a Argentina apresentando basidiomas
solitários, encontrados em abundância e com basidiósporos medindo 4.7-5.7(6.5) x
(3.2)3.7-4.2 µm (Albertó & Wright 1994). Em nosso material, foram observados
basidiósporos levemente maiores e basidiomas geralmente solitários ou algumas vezes em
pequenos grupos, tanto no interior quanto fora da mata.
Segundo Albertó & Wright (1994), A. argentinus Speg. é muito próxima desta
espécie, diferenciando-se
pela coloração ferrugem-avermelhada da esporada, por
apresentar anel duplo e pelo estípite não ser fistuloso.
Através do estudo do material depositado no herbário BAFC e de comunicação
pessoal com o autor da espécie, foi possível confirmar a sua determinação.
Até o momento, Agaricus pseudoargentinus só havia sido citado para a Argentina,
sendo este o primeiro registro para o Brasil.
32
4.2.5 Agaricus aff. silvaticus Schaeff.
Fig. 5 e 19
Fung. Bavariae 4: 62 (1833).
Píleo 67-75 mm, convexo a plano-convexo; branco (1.A1); superfície esquâmulosa, seca,
coberta por esquâmulas recurvadas de coloração castanho-claro (6.D4), mais concentradas
no disco central; borda plana com margem regular; contexto carnoso de coloração branca,
não mudando de coloração após ser cortado. Lamelas livres, castanho-claro (6.D6) a
castanho (6.E5), muito próximas, membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 65-87 x
6-8 mm, central, com a base bulbosa mais alargada (13-16 mm), branco; superfície lisa;
não fistuloso, de consistência fibrosa; contexto branco adquirindo uma tonalidade amareloclaro depois de cortado; rizomorfas não observadas; micélio basal ausente. Anel súpero,
simples, descendente, carnoso, branco, bem desenvolvido. Odor agradável.
Reação de Schaeffer negativa na superfície do píleo.
Basidiósporos 5.5-6.5 x 3-3.8 µm, Q = 1.45-2.00, Qm = 1.78, elipsóides a oblongos,
castanho-claros, parede espessa e lisa, não apresentando poro germinativo visível.
Esporada castanho-escura (7.F6). Basídios 14-17 x 5.5-6.5 µm, clavados, hialinos, parede
fina e lisa, com 4 esterigmas de 1.5-2 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes.
Queilocistídios (14-)18-25(-30) x 9-14 µm, inflado-clavados a clavados, difíceis de
visualizar, hialinos, parede fina e lisa. Superfície pilear 3-14 µm, formada por hifas de
parede fina e lisa, prostradas, pigmentadas de castanho-claro a bege. Fíbulas ausentes.
Trama himenoforal regular, 3-14 µm, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa.
Aspectos ecológicos: gregário, em solo no interior da mata.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã,
Praia da Pedreira, 22/X/2005, M.S. Rother 095/05 (ICN 139299).
Distribuição: Europa: Cappelli (1984); Nauta (2001). Américas: Heinemann (1986, 1993);
Hotson & Stuntz (1938); Pegler (1983, 1997).
Discussão: Agaricus silvaticus apresenta alteração avermelhada na coloração do contexto
quando machucado, o que não foi observado em nosso material. Heinemann (1986, 1990),
em ambos trabalhos realizados na América do Sul, refere que esta espécie tem
basidiósporos ovóides medindo 4.5-6 x 3-3.5 µm. Tanto para o Brasil (Pegler 1997) quanto
para Martinique (Pegler 1983) são também citados basidiósporos com a mesma forma e
33
com medidas muito próximas. Em nossos exemplares encontramos basidiósporos um
pouco maiores, mas dentro da variação da espécie.
Cappelli (1984) menciona que Agaricus silvaticus é extremamente variável,
apresentando um notável polimorfismo e algumas variedades conhecidas. Heinemann
(1993) citou A. silvaticus var. pallidus (F.H. Møller) F.H. Møller para o Brasil, sendo que
esta variedade difere de A. silvaticus pela coloração mais pálida das esquâmulas. Nosso
material apresenta esta variação na coloração do píleo e das escamas, talvez devido a ter
sido coletado em dia chuvoso, o que possibilitaria esta mudança. Segundo Nauta (2001)
essa variedade não está bem definida por não existir nenhum tipo ou material original
preservado.
Pegler (1983) refere Agaricus bambusigenus Berk. & Curt., material coletado em
Cuba, como uma espécie próxima e que difere de A. silvaticus por apresentar um anel
grande e persistente, e hábito cespitoso, características presentes em nossos exemplares.
Porém, refere que esta espécie estaria aparentemente associada com espécies de bambu.
Faz-se necessário mais coletas para confirmar a ocorrência de Agaricus silvaticus
na área de estudo.
4.2.6 Agaricus sp.1
Fig. 13 e 20
Píleo 18-41 mm, convexo a plano-convexo na maturidade; laranja-claro (6.A4), com o
disco central alaranjado (6.C6); superfície levemente fibrilosa, seca, coberta por poucas e
minúsculas fibrilas apressas de coloração laranja-claro a laranja; borda plana a revoluta
com margem levemente apendiculada; contexto carnoso de coloração branca, não
mudando de coloração após ser cortado. Lamelas livres, castanhas (6.E6), muito próximas,
membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 25-55 x 2.5-4 mm, central, com a base
mais alargada (6-9 mm), branco com tons de laranja abaixo do anel; superfície lisa;
fistuloso de consistência fibrosa; contexto branco não mudando de cor; rizomorfas
pequenas e finas de coloração branca; micélio basal ausente. Anel súpero, simples,
descendente, membranoso, branco. Odor agradável.
Reação de Schaeffer negativa na superfície do píleo.
34
Basidiósporos (4.8-)5-5.3(-5.5) x 3.3-4 µm, Q = 1.25-1.58, Qm = 1.41, elipsóides,
castanho-claros a castanhos, parede espessa e lisa, não apresentando poro germinativo
visível. Esporada castanha-escura (6.F6). Basídios 14-23 x (5-)6-7(-7.5) µm,
estreitamente clavados a clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de 1-3 µm
de comprimento. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios (17-)19-27(-32) x 7-12 µm,
clavados a estreitamente clavados, abundantes, hialinos, parede fina e lisa. Superfície
pilear 3-14 µm, formada por hifas de parede fina e lisa, prostradas, hialinas a levemente
pigmentadas de bege. Fíbulas ausentes. Trama himenoforal regular, 3-14 µm, formada
por hifas hialinas de parede fina e lisa.
Aspectos ecológicos: crescendo gregário, em solo no interior da mata.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã,
Praia da Pedreira, 09/IV/2005, P.S. Silva 106/05 (ICN 139302); P.S. Silva 107/05 (ICN
139303); 22/X/2005, M.S. Rother 092/05 (ICN 139300); 27/I/2006, M.S. Rother 104/06
(ICN 139301).
Distribuição: Conhecida somente para a área de estudo (Parque Estadual de Itapuã –
Viamão, Brasil).
Discussão: Nossos espécimes são caracterizados por apresentarem basidiomas com
coloração alaranjada, superfície do píleo levemente fibrilosa, reação de Schaeffer negativa,
basidiósporos elipsóides e queilocistídios. Foi observado variação na coloração do píleo,
de laranja-claro a laranja-escuro.
Esta coloração, rara entre as espécies de Agaricus, não foi observada em nenhum
espécime citado nos trabalhos de Cappelli (1984), Freeman (1979a, 1979b), Heinemann
(1961, 1962a, 1962b, 1962c, 1962d, 1986, 1993), Hotson & Stuntz (1938), Murril (1922) e
Nauta (2001), mas é observada na coloração das escamas de Agaricus rufoaurantiacus
Heinemann, conhecida para o estado de São Paulo. Porém, esta espécie apresenta
basidiomas com escamas castanho-alaranjadas mais concentradas no centro do píleo sobre
um fundo amarelado a castanho, anel branco com margem laranja e superfície pilear
composta por hifas com conteúdo freqüentemente laranja (Heinemann 1961; Pegler 1983,
1997). Analisando material de A. rufoaurantiacus do herbário SP (SP 214520) foi possível
comprovar estas diferenças em relação a nossos exemplares.
35
Consideramos Agaricus sp. 1 como provável espécie nova para a ciência. Estudos
posteriores e mais detalhados serão realizados para a efetivação da sua publicação como
espécie nova.
4.3 Chlorophyllum Massee
Bull. Misc. Inf., Kew: 136 (1898).
Hábito lepiotóide, com basidiomas grandes. Píleo carnoso, com superfície escamosa.
Lamelas livres, inicialmente brancas e geralmente tornando-se esverdeadas na maturidade.
Esporada verde. Estípite central, alongado, com base bulbosa, sem volva, com anel móvel
e complexo. Contexto avermelhado quando machucado. Basidiósporos lisos, verdes, com
parede espessa e poro germinativo evidente; não congófilos, não metacromáticos e não
dextrinóides
na
maturidade.
Basídios
tetrasporados.
Pleurocistídios
ausentes.
Queilocistídios presentes. Superfície pilear constituída por uma paliçada de hifas eretas no
disco central. Trama himenoforal quase regular, tornando-se irregular na maturidade.
Fíbulas presentes, mas de difícil visualização. Crescendo em solo, freqüentemente em
jardins e campos.
Espécie tipo: C. molybdites (G. Mey.) Massee
4.3.1 Chlorophyllum molybdites (G. Mey.) Massee
Fig. 21
Bull. Misc. Inf., Kew: 136 (1898).
Agaricus molybdites G. Mey., Prim. fl. esseq.: 300 (1818).
Píleo 70-90 mm, convexo a plano-convexo, levemente umbonado; branco (1.A1) com
umbo castanho-escuro (7.F7); superfície seca coberta por escamas e fibrilas recurvadas
castanho-escuras (7.F7) a castanho (7.E7), mais claras em direção a margem; borda
curvada para baixo, com margem regular; contexto carnoso, de coloração branca tornandose salmão. Lamelas livres, amarelo-esverdeadas (2.D7), próximas, membranosas,
apresentando lamélulas. Estípite 65-100 x 8-9.5 mm, central, cilíndrico, branco, superfície
lisa, fistuloso, de consistência fibrosa; contexto rosado a levemente avermelhado;
36
rizomorfas em pouca quantidade, de coloração branca; não apresentando micélio basal.
Anel súpero, carnoso, duplo, ascendente, bem desenvolvido, branco com restos de
esquâmulas castanhas na face inferior. Odor fortemente desagradável.
Basidiósporos 10-13 x 7-9 µm, Q = 1.18-1.86, Qm = 1.44, elipsóides, esverdeados, parede
espessa e lisa, com poro germinativo evidente, inamilóides, não sendo congófilos e nem
metacromáticos. Esporada verde-pálido (28.A4). Basídios 27-37(-40) x 9-13(-15) µm,
clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de 2.5-3 µm de comprimento.
Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios (25-)28-40(-50) x 12-20(-22) µm, clavados a
estreitamente clavados, levemente pigmentados de castanho-claro, parede fina e lisa.
Superfície pilear 5-8 µm, formada por hifas de parede fina e lisa, prostradas, com
elementos terminais eretos, pigmentadas de castanho-claro. Fíbulas ausentes. Trama
himenoforal sub-regular, 5-12 µm, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa.
Aspectos ecológicos: crescendo em grupos, algumas vezes formando anel de fadas,
encontrado em gramados próximos das bordas de mata. Espécie tóxica.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã,
Praia da Pedreira, 09/IV/2005, M.S. Rother 038/05 (ICN 139304); 04/IV/2006, M.S.
Rother 129/06 (ICN 139305).
Distribuição: Europa: Bon (1981); Vellinga (2001). Ásia: Pegler (1986); Wasser (1993).
África: Pegler (1977). Américas: Dennis (1970); Pegler (1983, 1997); Wright & Albertó
(2002).
Discussão: Esta espécie, geralmente encontrada no início do outono, é facilmente
reconhecida pela morfologia e o hábito dos seus basidiomas e, principalmente, devido à
coloração esverdeada da esporada e das lamelas quando maduras.
Tanto as características macroscópicas quanto as microscópicas do material
estudado por nós conferem com as dos estudados por Pegler (1977, 1983, 1986, 1997),
Vellinga (2001) e Wasser (1993). Porém, estes autores encontraram basidiósporos
levemente menores do que os apresentados pelos exemplares coletados no Parque Estadual
de Itapuã.
Mais recentemente, utilizando estudos moleculares, Vellinga (2002) fez novas
combinações nesse gênero, demonstrando não ser monoespecífico como até então era
relatado nos trabalhos científicos.
37
Muitos trabalhos citam Chlorophyllum molybdites, tanto pela sua ampla
distribuição geográfica quanto pelos problemas causados por sua ingestão, em virtude de
ser macroscopicamente parecida e afim com o gênero Macrolepiota, onde são encontradas
espécies comestíveis muito apreciadas. Blayney et al. (1980) comentam que os problemas
de intoxicação por esse fungo são em decorrência da falta de experiência na busca por
espécies comestíveis in natura e pelo interesse em espécies alucinógenas. Seus relatos
demonstram que o trato gastrointestinal é afetado provocando náuseas, vômitos e diarréia
aquosa com posterior aparecimento de sangue.
Apesar de Chlorophyllum molybdites ser tratada como sendo uma espécie comum
por vários autores e ser citada em várias obras, inclusive para o estado do Rio Grande do
Sul, foi encontrada apenas duas vezes no Parque Estadual de Itapuã, estando limitada aos
ambientes de maior influência antrópica.
4.4 Lepiota (Pers.) Gray
Führer Pilzk. (Zwickau): 137 (1871).
Hábito pluteóide com véu universal persistente; basidiomas pequenos a médios. Píleo com
a superfície esquamulosa na maioria das espécies. Lamelas livres. Esporada branca a
creme. Estípite central, com a superfície geralmente escamosa a fibrilosa; zona anelar ou
anel distinto na maturidade. Contexto não mudando de cor após ser machucado ou exposto.
Basidiósporos hialinos, lisos, com formas variáveis, com parede levemente espessa e sem
poro germinativo visível; normalmente dextrinóides, raramente inamilóides, congófilos,
não metacromáticos em Azul de Cresil. Basídios tetrasporados. Pleurocistídios geralmente
ausentes.
Queilocistídios
presentes.
Superfície
pilear
muito
variável
(epitelial,
himenodermal, tricodermal), sendo observadas mudanças entre o disco central e a margem
do píleo. Trama himenoforal regular. Fíbulas presentes em muitas espécies. Crescendo no
solo e em plantas vivas ou mortas.
Espécie tipo: L. clypeolaria (Bull.) Quél.
38
4.4.1 Chave para as espécies de Lepiota
1.Píleo com coloração avermelhada, superfície pilear formada por hifas prostradas e
entrelaçadas com alguns elementos terminais eretos, anel branco ascendente com
margem avermelhada................................................................................. L. guatopoensis
1.Píleo com coloração alaranjada, superfície pilear formada por uma tricoderme de
hifas eretas com elementos terminais longos, anel vestigial alaranjado ou, se
ascendente, branco com margem indiferenciada...............................................................2
2.Basidiósporos calcarados (8-)9-10(-11) x 4-4.5(-5) µm, fíbulas presentes,
pleurocistídios ausentes ........................................................................ L. pseudoignicolor
2.Basidiósporos elipsóides a oblongos (7-)8-10(-11) x 4.5-5(-5.5) µm, fíbulas ausentes,
pleurocistídios presentes..................................................................................Lepiota sp.1
4.4.2 Lepiota guatopoensis Dennis
Fig. 6 e 22
Kew Bull. 15:111, fig. 66 (1961).
Píleo 8-14 mm, plano-convexo a aplanado na maturidade, levemente umbonado; laranjaavermelhado a vermelho-alaranjado (8.A8); superfície levemente fibrilosa, seca, coberta
por fibrilas apressas, de coloração vermelho-alaranjado; borda curvada para baixo com
margem regular; contexto carnoso de coloração branca. Lamelas livres, brancas (1.A1),
próximas, membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 14-34 x 0.8-1.5 mm, central,
cilíndrico, branco; superfície lisa; fistuloso, de consistência fibrosa; contexto branco;
rizomorfas brancas; micélio basal ausente. Anel mediano, simples, ascendente mas
algumas vezes ficando descendente, membranoso, branco com a margem da cor do píleo.
Odor não verificado.
Basidiósporos (6-)7-8(-9) x 3.5-4.5 µm, Q = 1.63-2.38, Qm = 1.83, elipsóides a levemente
amigdaliformes, hialinos, parede moderadamente espessa e lisa, não apresentando poro
germinativo visível; dextrinóides, congófilos, não metacromáticos em Azul de Cresil.
Esporada branca (1.A1). Basídios 18-28 x 7-8(-9) µm, clavados, hialinos, parede fina e
lisa, com 4 esterigmas de 1.5-3 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes.
39
Queilocistídios 20-40 x 6-13 µm, estreitamente clavados a clavados, hialinos, parede fina
e lisa. Superfície pilear 4-15 µm, formada por hifas de parede fina e lisa, hialinas,
prostradas com alguns elementos subcilíndricos a cilíndricos eretos. Fíbulas ausentes.
Trama himenoforal regular, 4-11 µm, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa.
Aspectos ecológicos: solitário ou gregário, em solo no interior da mata.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã,
Praia da Pedreira, 25/VI/2005, M.S. Rother 066/05 (ICN 139306); 27/I/2006, M.S. Rother
107/06 (ICN 139307); Praia das Pombas, 10/IX/2005, M.S. Rother 084/05 (ICN 139308).
Material adicional examinado: BRASIL. São Paulo: Cananéia, Ilha do Cardoso,
Bernardo Pires, 31/X/1985, M. Capelari 469 (SP 194044).
Distribuição: Américas: Capelari & Maziero (1988); Dennis (1961, 1970); FrancoMolano et al. (2000); Meijer (2006); Pegler (1983, 1997).
Discussão: Esta interessante espécie do gênero Lepiota, pertencente à seção Ovisporae é
caracterizada por apresentar o píleo avermelhado a alaranjado, levemente umbonado,
superfície fibrilosa e anel súpero com a margem da cor do píleo (Dennis 1970; FrancoMolano et al. 2000; Pegler 1983, 1997). Na descrição da espécie, Dennis (1961) citou
basidiósporos de 6-7 x 3-4 µm, as mesmas medidas citadas em Dennis (1970) e Pegler
(1983, 1997), já Franco-Molano et al. (2000) citam basidiósporos medindo (5.4-) 6-7 x
3.6-4 µm. Os estudados em nossa coleção são levemente maiores, mas dentro das
variações da espécie. Pegler (1983) menciona a pigmentação castanho-avermelhada pálida
nas hifas da superfície pilear, não observada em nosso material.
Esta espécie apresenta variações na coloração do píleo , tons de laranja e vermelho,
sendo esta variação aceita pelos autores citados acima. Através do estudo do material
depositado no herbário do Instituto de Botânica (SP), foi possível confirmar com segurança
a identificação da espécie.
No Brasil foi citada para os estados do Paraná (Meijer 2006), Rondônia (Capelari &
Maziero 1988) e São Paulo (Pegler 1997). Esta é a primeira citação de Lepiota
guatopoensis para o estado do Rio Grande do Sul.
40
4.4.3 Lepiota pseudoignicolor Dennis
Fig. 7 e 23
Kew Bull. 15: 115 (1961).
Píleo 9-24 mm, convexo a plano-convexo, umbonado; laranja (6.B7) a castanho-alaranjado
(6.C6), umbonado; superfície seca, coberta por fibrilas apressas de coloração castanhoclaro (6.D5) a castanho-alaranjado (6.C6); borda plana a curvada para baixo, com margem
regular; contexto carnoso, fino, de coloração branca a creme. Lamelas livres, brancas
(1.A1) a creme (1.A2), próximas, membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 17-38 x
1-3 mm, central, cilíndrico, castanho-alaranjado (6.C6), superfície lisa com poucas
esquâmulas castanho-alaranjadas; fistuloso, de consistência fibrosa; contexto levemente
amarelado; rizomorfas minúsculas de coloração branca; não apresentando micélio basal.
Anel súpero, fibriloso, concolor ao estípite, geralmente fugaz. Odor não verificado.
Basidiósporos (8-)9-10(-11) x 4-4.5(-5) µm, Q = 1.60-2.75, Qm = 2.38, calcarados,
hialinos, parede levemente espessa e lisa, não apresentando poro germinativo visível,
levemente dextrinóides a dextrinóides, congófilos, não metacromáticos em Azul de Cresil.
Esporada branca (1.A1). Basídios 20-27(-30) x 7-9 µm, clavados, hialinos, parede fina e
lisa, com 4 esterigmas de 2.5-5 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes.
Queilocistídios (20-)23-35(-39) x 6-7.5(-9) µm, cilíndricos a estreitamente clavados,
hialinos, parede fina e lisa. Superfície pilear 3-18 µm, formada por hifas de parede fina e
lisa, prostradas, entrelaçadas e ramificadas, com elementos eretos cilíndricos a
subcilíndricos, longos e fibulados, levemente pigmentadas de bege a castanho. Fíbulas
presentes. Trama himenoforal regular, 3-9 µm, formada por hifas hialinas de parede fina
e lisa.
Aspectos ecológicos: solitário a gregário, em solo no interior da mata.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã,
encosta do Morro da Grota, 01/IV/2006, M.S. Rother 116/06 (ICN 139309); Praia da
Pedreira, 22/X/2005, M.S. Rother 098/05 (ICN 139310); 27/I/2006, M.S. Rother 110/06
(ICN 139311); Praia das Pombas, 10/IX/2005, M.S. Rother 080/05 (ICN 139312).
Distribuição: Américas: Akers & Sundberg (2001); Dennis (1961, 1970); Meijer (2006);
Pegler (1983).
41
Discussão: Lepiota pseudoignicolor é caracterizada por apresentar basidioma alaranjado,
basidiósporos calcarados, presença de fíbulas e superfície pilear do tipo tricodermal com
elementos longos e eretos (Dennis 1970; Pegler 1983). Esta espécie é incluída na seção
Stenosporae (J. Lange) Kühner devido à forma de seus basidiósporos, ao arranjo das hifas
da superfície pilear e a presença de fíbulas. Foi descrita pela primeira vez para a Venezuela
por Dennis, em 1961.
Dennis (1961) mencionou que existem algumas variações nas coleções estudadas,
tanto no tamanho quanto na forma dos queilocistídios e dos basidiósporos. Estas variações
foram consideradas intra-específicas por todas as coleções apresentarem uma aparência
macroscópica muito próxima. Pegler (1983) estudando material do Sri Lanka encontrou
basidiósporos de 9-11.5 x 3-4 µm e Akers & Sundberg (2001) citaram basidiósporos de
8.4-12.1 x 3.5-5 µm para exemplares dos EUA. Em nosso material, foram observados
basidiósporos de (8-)9-10(-11) x 4-4.5(-5) µm, sem a variação mencionada por Dennis. As
demais características estão de acordo com as observadas por estes autores, com exceção
do estípite que é levemente fibriloso e o anel que é geralmente súpero e fugaz, e não
estípite esquamuloso com anel ínfero, como mencionado por Pegler (1983).
Lepiota ignicolor Bres. é próxima de L. pseudoignicolor, diferenciando-se por
apresentar o fio da lamela branco, a base do estípite branca e basidiomas maiores (Dennis
1961). Lepiota castanea Quél., espécie européia e de regiões temperadas, difere de L.
pseudoignicolor por possuir a coloração do píleo mais escura e por apresentar
basidiósporos maiores (Candusso & Lanzoni 1990; Horak 1980; Vellinga 2001).
Lepiota pseudoignicolor foi recentemente citada para o estado do Paraná (Meijer
2006). Esse é o primeiro registro para o Rio Grande do Sul.
4.4.4 Lepiota sp.1
Fig. 14 e 24
Píleo 13-27 mm, cônico quando jovem tornando-se convexo a plano-convexo na
maturidade, umbonado; castanho-alaranjado (6.C4) com o umbo castanho-claro (6.D8);
superfície fibrilosa, seca, coberta por fibrilas apressas, de coloração laranja; borda curvada
para baixo com margem regular; contexto carnoso de coloração branca. Lamelas livres,
brancas (1.A1), próximas, membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 35-50 x 2-3
42
mm, central, cilíndrico, branco; superfície lisa; fistuloso, de consistência fibrosa; contexto
branco a creme; rizomorfas brancas; micélio basal ausente. Anel súpero, simples,
ascendente, membranoso, branco.
Basidiósporos (7-)8-10(-11) x 4.5-5(-5.5) µm, Q = 1.56-2.20, Qm = 1.79, elipsóides a
oblongos, hialinos, parede moderadamente espessa e lisa, não apresentando poro
germinativo visível; dextrinóides, congófilos, não metacromáticos em Azul de Cresil.
Esporada branca. Basídios 17-20 x 6.5-7 µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 2
esterigmas de 1.5-4 µm de comprimento. Pleurocistídios 32-45 x 11-14 µm, fusóides,
hialinos, parede levemente espessa e lisa. Queilocistídios 29-39 x 11-13 µm, fusóides,
hialinos, abundantes, parede fina e lisa. Superfície pilear 3-20 µm, formada por hifas de
parede fina e lisa, hialinas, prostradas e com elementos eretos longos com terminações
cilíndricas a subcilíndricas. Fíbulas ausentes. Trama himenoforal regular, 3-21 µm,
formada por hifas hialinas de parede fina e lisa.
Aspectos ecológicos: gregário, em solo no interior da mata.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã,
Praia da Pedreira, 27/I/2006, M.S. Rother 108/06 (ICN 139313).
Distribuição: Conhecida somente para a área de estudo (Parque Estadual de Itapuã –
Viamão, Brasil).
Discussão: Esta interessante coleção, classificada no gênero Lepiota, caracteriza-se pela
coloração alaranjada do píleo, presença de pleurocistídios, basidiósporos elipsóides a
oblongos, superfície pilear formada por longas hifas hialinas eretas e por apresentar
basídios com dois esterigmas semelhantes aos encontrados em Agaricus bisporus (Lange)
Imbach. Pode ser incluída na seção Ovisporae (J. Lange) Kühner pois esta seção reune
espécies que apresentam basidiósporos elipsóides a oblongos e superfície pilear composta
por elementos eretos (Vellinga 2001).
Lepiota pseudoignicolor Dennis, também encontrada na área de estudo, difere por
possuir basidiósporos calcarados, por apresentar fíbulas, pela ausência de pleurocistídios e
pela pigmentação bege a castanho das hifas da superfície pilear.
Consideramos Lepiota sp. 1 como provável espécie nova para a ciência. Estudos
posteriores e mais detalhados com uma quantidade maior de basidiomas poderão confirmar
sua legitimidade para que a publicação seja efetivada.
43
4.5 Leucoagaricus (Locq.) ex Singer
Sydowia 2: 35 (1948).
Hábito pluteóide, com basidiomas frágeis e delgados a robustos e carnosos. Superfície do
píleo escamosa, esquâmulosa, fibrilosa ou lisa, geralmente com a margem não sulcada.
Lamelas livres, brancas tornando-se algumas vezes mais escurescidas. Esporada branca,
creme a rosada. Estípite central, sem volva, com anel bem desenvolvido fixo ou móvel e
em algumas espécies pouco desenvolvido e fugaz. Contexto geralmente branco, não
mudando de cor após ser machucado ou exposto, mas em algumas espécies ficando
amarelado ou rosado. Basidiósporos geralmente menores que 10 µm de comprimento,
hialinos, lisos ou ornamentados, com parede espessa, com ou sem poro germinativo
visível; geralmente dextrinóides, congófilos, metacromáticos em Azul de Cresil. Basídios
tetrasporados, raramente bisporados. Pleurocistídios raramente presentes. Queilocistídios
presentes. Superfície pilear muito variável, de prostrada a tricodermal. Trama himenoforal
regular a sub-regular. Fíbulas ausentes. Crescendo no solo, em madeira, no interior da
floresta ou em campos abertos, gramados e dunas.
Espécie tipo: L. macrorhizus (Locq.) ex Singer.
4.5.1 Chave para as espécies de Leucoagaricus
1.Basidiomas membranosos, esbranquiçados, com o diâmetro do píleo inferior
a 30 mm ............................................................................................................. L. serenus
1.Basidiomas carnosos, fortemente pigmentados (vermelho, rosa, castanho), píleo com
até 80 mm de diâmetro ......................................................................................................2
2.Píleo castanho-rosado a castanho-vináceo, com superfície velutina, estípite com base
abruptamente bulbosa e anel súpero móvel depois de seco................................ L. lilaceus
2.Píleo avermelhado, com superfície fibrilosa, estípite cilíndrico com anel súpero não
móvel ...........................................................................................................L. rubrotinctus
44
4.5.2 Leucoagaricus lilaceus Singer
Fig. 8 e 25
Lilloa 25: 274 (1952) [1951].
Píleo 35-75 mm, convexo a plano-convexo até aplanado na maturidade, umbonado;
variando de castanho-claro (6.D5), castanho-rosado (9.D5) a castanho-vináceo (10.E6);
superfície velutina, seca, coberta por minúsculas fibrilas apressas, semelhantes a pequenos
pêlos, de coloração castanha a castanho-claro; borda plana com margem regular; contexto
carnoso de coloração branca. Lamelas livres, brancas (1.A1) a creme (1.A2), tornando-se
rosadas (10.A4) depois de secas, muito próximas, membranosas, apresentando lamélulas.
Estípite 45-92 x 5-14 mm, central, cilíndrico com base abruptamente bulbosa (12-27 mm),
castanho-rosado; superfície coberta com pequenas fibrilas acima e abaixo do anel;
fistuloso, de consistência fibrosa; contexto branco-amarelado; rizomorfas de coloração
branca, bem desenvolvidas; não apresentando micélio basal. Anel súpero, simples,
ascendente, carnoso, rosado com margem levemente serrilhada mais escurecida e
tornando-se móvel depois de seco. Odor agradável.
Basidiósporos (5.5-)6-7(-9) x 4-5 µm, Q = 1.20-2.00, Qm = 1.56, elipsóides, hialinos,
parede levemente espessa e lisa, não apresentando poro germinativo visível, levemente
dextrinóides a dextrinóides, congófilos, metacromáticos em Azul de Cresil. Esporada
branca (1.A1). Basídios 18-22(-24) x 6-8 µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4
esterigmas de 1.5-3 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios
(26-)30-60(-66) x (8-)10-16(-20) µm, de diferentes formas (clavados, capitados,
mucronados, ventricosos), hialinos, parede fina e lisa. Superfície pilear 4-21 µm, variando
de hialina, cinza a cinza-escura, formada por hifas de parede fina e lisa, prostradas e por
elementos tricodermais pigmentados. Fíbulas ausentes. Trama himenoforal regular, 3-10
µm, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa.
Aspectos ecológicos: solitário a gregário, em solo no interior da mata.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã,
Encosta do Morro da Grota, 16/IV/2005, M.S. Rother 041/05 (ICN 139314); Praia da
Pedreira, 09/IV/2005, M.S. Rother 026/05 (ICN 139315); 06/X/2005, M.S. Rother 086/05
(ICN 139316); 22/X/2005, M.S. Rother 097/05 (ICN 139317); 27/I/2006, M.S. Rother
106/06 (ICN 139318).
45
Material adicional examinado: ARGENTINA. Tucumán: Jardin del Instituto Miguel
Lillo, 09/IV/1949, Singer T 396 (BAFC 30539); 13/IV/1951, Singer T 1504 (LIL);
28/XII/1951, Singer s/n (LIL); 16/II/1959, Singer (LIL); Parque Avellaneda, 28/III/1951,
Singer 1450 (LIL); Yerba Buena, 12/II/1955, Singer T 2164 (LIL).
Distribuição: Américas: Meijer (2006); Singer & Digilio (1951); Sobestiansky (2005).
Discussão: Esta linda espécie do gênero Leucoagaricus, pertencente à seção Rubrotincti
Singer, é caracterizada por seu porte médio, coloração castanho-vinácea do píleo, estípite
abruptamente bulboso e pelo anel súpero, ascendente, com a margem serrilhada mais
escurecida. Segundo Singer & Digilio (1951) é extraordinariamente bonita e de fácil
reconhecimento macroscópico.
Leucoagaricus sublittoralis (Kühner ex Hora) Singer, espécie próxima, coletada em
vários países da Europa tanto no interior do continente como em regiões costeiras
diferencia-se por apresentar o estípite clavado levemente alargado na base, anel mais frágil
e queilocistídios de formas diferentes (Bon 1981; Vellinga 2001).
Através do estudo dos materiais depositados nos herbários LIL e BAFC, ambos da
Argentina, foi possível confirmar a espécie com segurança.
Para o Brasil, Leucoagaricus lilaceus foi recentemente citado para o estado do
Paraná (Meijer 2006). Sobestiansky (2005) citou para o Rio Grande do Sul um material
como Leucoagaricus cf. lilaceus. Ainda não foi possível revisar esta coleta, mas estamos
providenciando, pois caso a identificação não seja confirmada como L. lilaceus, o nosso
seria o primeiro registro da espécie para o Estado.
4.5.3 Leucoagaricus rubrotinctus (Peck) Singer
Fig. 26
Sydowia 2: 36. 1948.
Lepiota rubrotincta Peck, Ann. Rep. N.Y. St. Mus. nat. Hist. 44: 179. (1892) [1890].
Píleo 52 mm, convexo, levemente umbonado; castanho-avermelhado (8.D8) a vermelhoalaranjado (8.A8); superfície fibrilosa, seca, coberta por minúsculas fibrilas apressas, de
coloração castanho-avermelhado; borda curvada para baixo com margem regular; contexto
carnoso de coloração branca. Lamelas livres, brancas (1.A1), muito próximas,
membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 64 x 8 mm, central, cilíndrico, branco;
46
superfície lisa; fistuloso, de consistência fibrosa; contexto branco; não apresentando
rizomorfas e nem micélio basal. Anel súpero, simples, ascendente, carnoso, branco com
margem da cor do píleo. Odor não verificado.
Basidiósporos (6.5-)7-8(-8.5) x 4-5 µm, Q = 1.51-2.00, Qm = 1.73, elipsóides a
amigdaliformes, hialinos, parede levemente espessa e lisa, não apresentando poro
germinativo visível; dextrinóides, congófilos, metacromáticos em Azul de Cresil.
Esporada branca (1.A1). Basídios 21-24 x 7-8(-9) µm, clavados, hialinos, parede fina e
lisa, com 4 esterigmas de 2-4 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes.
Queilocistídios (30-)47-55(-60) x (4-)5-6(-7) µm, cilíndricos a estreitamente clavados,
hialinos, parede fina e lisa. Superfície pilear 5-11 µm, formada por hifas de parede fina e
lisa, prostradas, com elementos terminais eretos levemente pigmentados de bege. Fíbulas
ausentes. Trama himenoforal regular, 4-9 µm, formada por hifas hialinas de parede fina e
lisa.
Aspectos ecológicos: solitário, em solo no interior da mata.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã,
Praia da Pedreira, 07/IX/2005, M.S. Rother 075/05 (ICN 139321).
Distribuição: Europa: Bon (1981); Breitenbach & Kränzlin (1995); Candusso & Lanzoni
(1990). Américas: Arora (1986); Capelari & Maziero (1988).
Discussão: Leucoagaricus rubrotinctus é caracterizada principalmente pela coloração
avermelhada do píleo. De acordo com Singer (1986), esta espécie pertence à seção
Rubrotincti Singer, que inclui espécies moderadamente carnosas, com o píleo bem
pigmentado (vermelho, castanho, rosado ou laranja), contexto não mudando de cor e
basidiósporos lisos com poro germinativo incompleto ou ausente.
Apesar da espécie estar relacionada em vários guias de campo, ser bem conhecida e
amplamente distribuída (Akers 1997), poucas descrições detalhadas foram encontradas. As
características de nosso material estão de acordo com a descrição de Breitenbach &
Kränzlin (1995), onde são citados basidiósporos elipsóides de 6.4-10.4 x 4.1-5.3 µm e
queilocistídios cilíndricos a clavados.
Segundo consulta aos especialistas Else Vellinga e Brian Akers, esta espécie
apresenta uma variação enorme quanto a sua coloração, medidas de basidiósporos e forma
dos queilocistídios. Este problema, segundo Vellinga, deve-se ao fato de que a espécie não
47
possui um holótipo definido, sendo que um conjunto de espécies semelhantes forma esse
complexo. Ambos concordam que nosso material, mesmo apresentando algumas
características não muito comuns como a forma e o tamanho dos queilocistídios, não
possui diferenças suficientes para ser identificado como outra espécie.
No Brasil, a espécie foi citada para Rondônia como o seu basônimo Lepiota
rubrotincta (Capelari & Maziero 1988). Esta é a primeira citação de Leucoagaricus
rubrotinctus para o Rio Grande do Sul.
4.5.4 Leucoagaricus serenus (Fr.) Bon & Boiffard
Fig. 27
Bull. trim. Soc. Mycol. Fr. 68: 169 (1952).
Agaricus serenus Fr., Hymenomyc. eur. (Upsaliae): 38 (1874).
Píleo 4-13 mm, plano-convexo, umbonado; branco (1.A1) com o umbo creme pálido
(1.A3); superfície finamente fibrilosa, seca; coberta por minúsculas fibrilas apressas de
coloração branca; borda plana com margem levemente plicada-sulcada; contexto
membranoso, muito fino, de coloração branca. Lamelas livres, brancas (1.A1), muito
próximas, membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 8-21 x <1 mm, central,
cilíndrico, branco; superfície lisa; rizomorfas não observadas; micélio basal ausente. Anel
súpero, simples, ascendente, membranoso, branco. Odor não verificado.
Basidiósporos (6.2)6.8-8.5(-9) x 3.8-4.5 µm, Q = 1.55-2.13, Qm = 1.80, elipsóides a
amigdaliformes, hialinos, parede espessa e lisa, não apresentando poro germinativo visível;
dextrinóides, congófilos, metacromáticos em Azul de Cresil. Esporada provavelmente
branca (1.A1). Basídios (13-)16-20 x 7-8 µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4
esterigmas de 1.5-3 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios
(25-)28-35 x 10-14 µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa. Superfície pilear 4-19 µm,
formada por hifas hialinas, prostradas, de parede fina e lisa. Fíbulas ausentes. Trama
himenoforal regular, 3-17 µm, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa.
Aspectos ecológicos: pequenos grupos, em solo no interior da mata.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã,
Encosta do Morro da Grota, 25/VI/2005, M.S. Rother 059/05 (ICN 139322).
48
Distribuição: Europa: Bon (1981); Candusso & Lanzoni (1990); Vellinga (2001).
Américas: Akers (1997); Pegler (1983, 1997).
Discussão: Leucoagaricus serenus é caracterizado principalmente por apresentar
basidioma delicado, de pequeno tamanho, todo branco. Conhecido por outros sinônimos
como Lepiota serena (Fr.) Sacc., Sericeomyces serenus (Fr.) Heinem. e Pseudobaeospora
serena (Fr.) Locq. Muitas espécies foram identificadas como L. serenus devido à
similaridade morfológica e de coloração. Atualmente a espécie é definida por apresentar
basidiomas brancos que não perdem a cor depois de desidratados, com a cobertura do píleo
seca, estípite sem uma base bulbosa distinta e providos de queilocistídios clavados com ou
sem cristais no ápice (Vellinga 2001).
O tamanho e forma dos basidiósporos de nossa coleção coincidem com os referidos
por Akers (1997), Candusso & Lanzoni (1990), Pegler (1997) e Vellinga (2001), sendo
levemente menores do que os citados por Bon (1981). Quanto ao tamanho do basidioma
não há um consenso entre os autores, sendo o nosso material levemente menor e mais
próximo aos citados por Pegler (1997) e Vellinga (2001). Akers (1997) encontrou grandes
variações nas coleções estudadas embora nenhuma delas pudesse ser identificada como
outro táxon.
No Brasil, o único registro dessa espécie é o encontrado em Pegler (1997), para o
estado de São Paulo, como Lepiota serena. Apesar de ser considerada bem difundida na
Europa (Vellinga 2001) e comum nos Estados Unidos (Akers 1997), a espécie só foi
coletada uma única vez no Parque Estadual de Itapuã.
Este é o primeiro registro de Leucoagaricus serenus para o Rio Grande do Sul.
49
4.6 Leucocoprinus Pat.
Journal de Bot., Paris 3: 336 (1889).
Hábito pluteóide, com basidiomas freqüentemente frágeis, membranosos a finamente
carnosos. Superfície do píleo geralmente flocosa-esquamulosa a fibrilosa com a margem
normalmente estriada-sulcada. Lamelas livres, brancas, finas e algumas vezes
deliqüescentes. Esporada branca, creme a amarelada. Estípite central, com base mais
alargada ou bulbosa, sem volva, apresentando anel. Contexto geralmente muito fino e
insignificante, não mudando de cor após ser machucado ou exposto. Basidiósporos
geralmente hialinos, lisos, com parede espessa, com ou sem poro germinativo visível;
geralmente dextrinóides, congófilos, metacromáticos em Azul de Cresil. Basídios
tetrasporados, raramente bisporados. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios presentes.
Superfície pilear muito variável, formada por uma mistura de diferentes tipos de células e
hifas. Trama himenoforal regular a sub-regular. Fíbulas ausentes. Crescendo no solo ou em
madeira nos mais diversos ambientes.
Espécie tipo: L. cepistipes (Sowerby) Pat. [como 'cepaestipes'].
4.6.1 Chave para as espécies de Leucocoprinus
1.Basidiósporos negativos em Reagente de Melzer (inamilóides), sem poro germinativo
visível ..................................................................................................... L. cf. medioflavus
1.Basidiósporos dextrinóides (pseudoamilóides), com poro germinativo visível .............2
2.Basidiomas amarelos, se branco-amarelados, então com consistência membranosa.....3
2.Basidiomas brancos, geralmente carnosos .....................................................................4
3.Basidiomas muito frágeis, deliqüescentes, com a superfície do píleo totalmente
plicada e quase translúcida .........................................................................L. fragilissimus
3.Basidiomas mais resistentes, consistência carnosa e a superfície do píleo com margem
plicada............................................................................................................L. birnbaumii
50
4.Estípite com a superfície coberta por esquâmulas flocosas brancas facilmente
removidas na manipulação .............................................................................. L. cretaceus
4.Estípite com a superfície glabra......................................................................................5
5.Superfície do píleo coberta por esquâmulas flocosas e fibrilas castanhas a castanhoamareladas, basidiósporos (8-)8.5-10(-11) x 6-7 µm ......................................L. cepistipes
5.Superfície do píleo coberta por esquâmulas flocosas e fibrilas castanho-acinzentadas,
basidiósporos 10-11.5(-14) x (5-)6-7 µm ......................................................L. brebissonii
4.6.2 Leucocoprinus birnbaumii (Corda) Singer
Fig. 9 e 28
Sydowia 15(1-6): 67 (1962)[1961].
Agaricus birnbaumii Corda, Icon. fung. (Prague) 3: 48 (1839).
Píleo 20-40 mm quando expandido, inicialmente hemisférico tornando-se plano-convexo a
aplanado na maturidade, com ou sem umbo; amarelo-claro (1.A5), amarelo-limão (1.A8) a
amarelo (2.A8), com o umbo amarelo (3.B8) a alaranjado (4.B8); superfície seca, coberta
por esquâmulas flocosas, facilmente removíveis, de coloração amarela; bordas planas, com
margem plicada até um terço do píleo; contexto carnoso, muito fino, de coloração clara.
Lamelas livres, amarelo-pálidas (2.A3), próximas, membranosas, apresentando lamélulas.
Estípite 50-80 x 3-5 mm, central, clavado a levemente bulboso (acima de 7 mm), amareloclaro, amarelo-limão a amarelo, superfície coberta ou não com minúsculas esquâmulas
flocosas, amarelo-claras; fistuloso, de consistência fibrosa; contexto amarelo-claro. Anel
súpero, ascendente, amarelo, simples, membranoso, fugaz. Odor indistinto.
Basidiósporos (7.5-)8-10(-11) x 5-7.5 µm, Q = 1.25-1.67, Qm = 1.40, elipsóides a
ovóides, hialinos, parede espessa e lisa, com poro germinativo evidente, dextrinóides
(pseudoamilóides), congófilos, metacromáticos em Azul de Cresil. Esporada branca
(1.A1). Basídios 16-41 x 8-10(-12) µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4
esterigmas de 3-4.5 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios
(32-)37-51(-72) x 8-15 µm, dispersos em tufos, de formas variáveis (ventricosos,
estreitamente clavados, mucronados), hialinos, parede fina e lisa. Superfície pilear 4-18
µm, formada por hifas hialinas a levemente castanho-amareladas de parede fina e lisa, com
51
conteúdo celular de formas variadas (H, T, Y). Fíbulas ausentes. Trama himenoforal
regular, 3-12 µm, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa.
Aspectos ecológicos: solitário ou gregário, encontrado no solo no interior da mata.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã,
Encosta do Morro da Grota, 25/VI/2005, M.S. Rother 067/05 (ICN 139323); Praia da
Pedreira, 09/IV/2005, M.S. Rother 003/05 (ICN 139324); M.S. Rother 008/05 (ICN
139325); 27/I/2006, M.S. Rother 113/06 (ICN 139326).
Distribuição: Europa: Bon (1981); Breitenbach & Kränzlin (1995); Candusso & Lanzoni
(1990); Hausknecht & Pidlich-Aigner (2004); Vellinga (2001). Ásia: Pegler (1972, 1986);
Wasser (1993). África: Heinemann (1977); Pegler (1977). Américas: Dennis (1970);
Meijer (2006); Pegler (1983, 1997); Raithelhuber (1987a); Wright & Albertó (2002).
Discussão: A espécie é caracterizada por apresentar basidioma amarelado, píleo de
consistência carnosa com margem plicada e basidiósporos com poro germinativo evidente.
Segundo Candusso & Lanzoni (1990), esta espécie tem sido mencionada em muitos
trabalhos por sua beleza particular, não apresentando dificuldades em sua determinação.
De acordo com Pegler (1983), esta espécie poderia ser confundida com
Leucocoprinus sulphurellus Pegler pela pigmentação amarelada do basidioma. No entanto,
L. sulphurellus é facilmente diferenciado pela coloração azul-esverdeada brilhante das
lamelas quando machucadas, presença de pleurocistídios, basidiósporos menores: 6-7 x
3.7-4.5 µm e por não apresentar margem do píleo plicada-estriada. Mais recentemente,
Capelari & Gimenes (2004) descreveram para o Brasil L. brunneoluteus, espécie próxima
de L. birnbaumii,da qual difere macroscopicamente por apresentar umbo castanho-escuro
distinto, coloração castanha das escamas e consistência membranácea do basidioma,
lembrando a consistência de L. fragilissimus.
Segundo Franco-Molano et al. (2000), Leucocoprinus birnbaumii é muito tóxica e
recomenda-se precaução, evitando a ingestão pois a sua coloração atrai a atenção das
crianças.
Apesar de não ter sido coletada muitas vezes no Parque Estadual de Itapuã, essa
espécie é considerada comum (Vellinga 2001) e típica de clima tropical a subtropical
ocorrendo nos dias quentes e úmidos do outono (Wright & Alberto 2002). No Brasil, a
espécie é citada para as regiões Sul e Sudeste.
52
4.6.3 Leucocoprinus brebissonii (Godey) Locq.
Fig. 29
Bull. mens. Soc. linn. Lyon 12: 95 (1943).
Lepiota brebissonii Godey, Hyménomyc. Eur. (Paris): 64 (1874).
Píleo 34 mm, aplanado; branco (1.A1) com superfície seca coberta por fibrilas e
esquâmulas flocosas apressas, castanho-acinzentadas (5.C2) no disco central e mais claras
próximas à margem; bordas planas com margem plicada até o centro; contexto muito fino
de coloração branca. Lamelas livres, brancas (1.A1), levemente próximas, membranosas,
apresentando lamélulas. Estípite 47 x 3 mm, central, cilíndrico com base levemente mais
alargada (5 mm), branco; superfície lisa; fistuloso de consistência fibrosa; contexto branco;
rizomorfas de coloração branca; não apresentando micélio basal. Anel mediano a súpero,
branco, simples, ascendente, membranoso, estreito e fino. Odor desagradável.
Basidiósporos 10-11.5(-14) x (5-)6-7 µm, Q = 1.57-2.00, Qm = 1.71, elipsóides a ovóides,
hialinos, parede espessa e lisa, com poro germinativo bem distinto, dextrinóides
(pseudoamilóides), congófilos, metacromáticos em Azul de Cresil. Esporada branca
(1.A1). Basídios (18-)21-23(-27) x 10-11.5(-13) µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa,
com 4 esterigmas de 1.5-3.5 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes.
Queilocistídios 30-64 x 11-17 µm, clavados a estreitamente clavados, hialinos, parede fina
e lisa. Superfície pilear 4-12 µm, formada por hifas de parede fina e lisa, prostradas, com
alguns elementos cilíndricos eretos com o conteúdo castanho claro. Fíbulas ausentes.
Trama himenoforal regular, 3-8 µm, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa.
Aspectos ecológicos: solitário, em solo no interior da mata.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã,
Praia da Predreira, 22/X/2005, M.S. Rother 089/05 (ICN 139328).
Material adicional examinado: BRASIL. São Paulo: Cananéia, Ilha do Cardoso, encosta
do Morro do Cardoso, 14/III/1984, M. Capelari 026 (SP 193841); Pedro Luiz, 25/IV/1984,
M. Capelari 093 (SP 193842); Poço das Antas, 26/IV/1984, M. Capelari 122 (SP 193840);
entre Sítio Grande e Morro dos Três Irmãos, 23/X/1984, M. Capelari 167 (SP 193844).
Distribuição: Europa: Bon (1981); Breitenbach & Kränzlin (1995); Candusso & Lanzoni
(1990); Vellinga (2001). Ásia: Wasser (1993). África: Heinemann (1977). América do Sul:
Pegler (1997).
53
Discussão: Leucocoprinus brebissonii é diferenciada das demais espécies desse gênero por
apresentar o píleo com coloração branca e o disco central variando de cinza-escuro,
castanho-acinzentado, castanho-escuro a quase preto (Candusso & Lanzoni 1990; Vellinga
2001; Wasser 1993).
Todas as características microscópicas do nosso material conferem com as descritas
por Bon (1981), Candusso & Lanzoni (1990), Pegler (1997), Vellinga (2001) e Wasser
(1993). Constatamos somente uma variação nas características macroscópicas, referente à
amplitude em que a margem do píleo é plicada. Quando esta característica é mencionada
nos trabalhos consultados, a margem é plicada somente até um terço do diâmetro do píleo e
não até o centro como observamos em nosso material. Uma das espécies que apresenta a
margem plicada até o centro do píleo é Leucocoprinus fragilissimus, mas esta difere de
nosso material por apresentar basidiomas bastante frágeis e delicados, píleo com a
coloração mais clara e microscopicamente, pela presença de esferocistos e ausência de
queilocistídios. Segundo Dennis (1961), Leucocoprinus venezuelanus Dennis é muito
semelhante a L. brebissonii, diferenciando-se por apresentar esporos menores.
Através da comparação com o material depositado no herbário SP foi possível à
confirmação da espécie, sendo que o nosso material apresenta a coloração da superfície do
píleo menos escurecida do que é citado geralmente na literatura.
No Brasil, Leucocoprinus brebissonii já foi registrado para os estados de Rondônia
(Capelari & Maziero 1988), São Paulo (Capelari 1989; Pegler 1997) e recentemente para o
estado do Rio Grande do Sul (Albuquerque et al. 2006). No Parque Estadual de Itapuã, a
espécie foi coletada apenas uma vez.
54
4.6.4 Leucocoprinus cepistipes (Sowerby) Pat.
Fig. 11 e 30
Journal de Bot., Paris 3: 336 (1889) [como 'cepaestipes'].
Agaricus cepistipes Sowerby, Coloured Figures of English Fungi ... 1: tab. 2 (1797) [1795-97].
Píleo 20-34 mm, inicialmente cônico, tornando-se hemisférico e por fim aplanado na
maturidade; branco (1.A1), com superfície seca, coberta por esquâmulas flocosas castanhas
(7.E5) a castanho-claras (6.D4) no disco central e por fibrilas recurvadas mais claras no
restante do píleo; bordas planas, com margem plicada até um terço do píleo; contexto
levemente carnoso, de coloração branca. Lamelas livres, brancas (1.A1), próximas,
membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 30-60 x 3-4 mm, central, cilíndrico,
branco, com tom mais rosado próximo a base; superfície lisa; fistuloso, de consistência
fibrosa; contexto branco. Anel mediano a súpero, branco, simples, ascendente,
membranoso, estreito, fino e fugaz. Odor desagradável.
Basidiósporos (8-)8.5-10(-11) x 6-7 µm, Q = 1.14-1.83, Qm = 1.50, elipsóides, hialinos,
parede espessa e lisa, com poro germinativo bem distinto, dextrinóides (pseudoamilóides),
congófilos, metacromáticos. Esporada branca (1.A1). Basídios (17-)19-24(-31) x 9-10
µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de 2-4 µm de comprimento.
Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios (21-)52-78(-108) x 12-15(-17) µm, variáveis em
forma, clavados, ventricosos a lageniformes, hialinos, parede fina e lisa. Superfície pilear
4-14 µm, hialina, formada por hifas de parede fina e lisa, prostradas e ramificadas,
apresentando elementos terminais eretos e de formatos diferentes, algumas vezes (H, T)
onde se concentram as esquâmulas. Fíbulas ausentes. Trama himenoforal regular a subregular, 5-15(-20) µm, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa.
Aspectos ecológicos: gregário ou cespitoso, no solo ou em troncos de árvores caídas no
interior da mata.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã,
Praia da Pedreira, 22/X/2005, M.S. Rother 090/05 (ICN 139328); Praia das Pombas,
18/IV/2006, M.S. Rother 132/06 (ICN 139329).
Distribuição: Europa: Bon (1981); Candusso & Lanzoni (1990); Hausknecht & PidlichAigner (2004); Vellinga (2001). Ásia: Pegler (1972, 1986); Wasser (1993). África:
Heinemann (1977); Pegler (1977, 1983). Américas: Capelari & Maziero (1988); Dennis
55
(1952, 1970); Singer & Digilio (1951); Smith & Weber (1982); Pegler (1997); Wright &
Albertó (2002).
Discussão: Conhecida como sendo a espécie tipo do gênero Leucocoprinus, L. cepistipes é
muito comum nas regiões tropicais e subtropicais (Guzmán-Dávalos & Guzmán 1982).
Caracteriza-se por apresentar basidiomas brancos, cobertos por escamas flocosas de
coloração castanho-claro a castanho-amarelado, píleo com margem plicada-estriada e
basidiósporos com o poro germinativo evidente (Bon 1981; Candusso & Lanzoni 1990;
Heinemann 1997; Vellinga 2001; Wasser 1993).
Embora essa espécie seja freqüentemente citada em vários trabalhos, Smith &
Weber (1982) afirmam que seus limites morfológicos ainda necessitam ser melhor
delimitados. Como exemplo desta afirmação podemos citar o trabalho de Pegler (1986),
que, segundo Vellinga (2001), trata erroneamente a espécie toda branca Leucocoprinus
cretaceus (Bull.) Locq. como sendo Leucocoprinus cepaestipes (= L. cepistipes).
Todas as características do nosso material conferem com as dos materiais estudados
por Candusso & Lanzoni (1990); Dennis (1952, 1970); Heinemann (1977); Vellinga
(2001) e Wasser (1993).
Esta espécie foi citada para o Brasil por vários micólogos, como Bononi et al.
(1981a, 1984) e Pegler (1997) para São Paulo; Capelari & Maziero (1988) para Rondônia;
Raithelhuber (1987a), Rick (1961), Singer (1953) e Sobestiansky (2005) para o Rio Grande
do Sul, entre outros.
4.6.5 Leucocoprinus cretaceus (Bull.) Locq.
Fig. 10 e 31
Bull. mens. Soc. linn. Lyon 14: 93 (1945).
Agaricus cretaceus Bull., Herb. France: pl. 374. 1788.
Píleo 30-70 mm, inicialmente hemisférico a campanulado, convexo a plano-convexo na
maturidade, com ou sem um leve umbo; totalmente branco (1.A1), com superfície seca,
coberta por esquâmulas flocosas brancas (1.A1), cônicas a piramidais; bordas planas com
margem plicada; contexto carnoso a membranoso, de coloração branca, muito fino.
Lamelas livres, brancas (1.A1), próximas, membranosas, apresentando lamélulas. Estípite
55-100 x 3-10 mm, central, cilíndrico com base alargada, branco tornando-se creme
56
quando manipulado; superfície coberta ou não por esquâmulas flocosas, brancas do anel
até a base; fistuloso, de consistência fibrosa; contexto branco. Anel superior, branco,
simples, membranoso, fugaz. Odor desagradável.
Basidiósporos (8-)9-11(-12) x 5-7 µm, Q = 1.33-2.00, Qm = 1.59, elipsóides, hialinos,
parede espessa e lisa, com poro germinativo bem distinto, dextrinóides (pseudoamilóides),
congófilos, metacromáticos em Azul de Cresil. Esporada branca (1.A1). Basídios 16-24 x
8-10 µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de 2-4 µm de
comprimento. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios 30-63 x 8-15 µm, estreitamente
clavados, clavados, fusóides a ventricosos, hialinos, parede fina e lisa. Superfície pilear
4-9 µm, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa, de formas variadas (H, T, Y).
Fíbulas ausentes. Trama himenoforal regular, 3-5 µm, formada por hifas hialinas de
parede fina e lisa.
Aspectos ecológicos: solitário, gregário ou cespitoso, sobre troncos de árvores vivas no
interior da mata.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã,
Praia da Pedreira, 09/IV/2005, M.S. Rother 024/05, (ICN 139330); 22/X/2005, M.S.
Rother 088/05 (ICN 139331).
Distribuição: Europa: Bon (1981); Candusso & Lanzoni (1990); Hausknecht & PidlichAigner (2004); Vellinga (2001). Ásia: Pegler (1986) como L. cepaestipes; Wasser (1993).
África: Heinemann (1977). Américas: Meijer (2006); Sobestiansky (2005).
Discussão: Esta interessante espécie pertencente ao gênero Leucocoprinus é caracterizada
macroscopicamente por apresentar basidiomas totalmente brancos, cobertos por escamas
flocosas, facilmente desprendidas na manipulação, presentes tanto no píleo quanto no
estípite (Heinemann 1977; Vellinga 2001). Segundo Candusso & Lanzoni (1990) esta
espécie é talvez a mais comum do gênero e seguramente a maior em dimensão, podendo
ultrapassar 10 cm de diâmetro pilear.
Todas as características do nosso material conferem com as encontradas por Bon
(1981), Candusso & Lanzoni (1990), Vellinga (2001) e Wasser (1993), embora tenham
sido coletados em troncos de dicotiledôneas arbóreas vivas, substrato não mencioando por
esses autores. Entretanto, vários outros substratos são citados, tais como: solo, restos de
madeira, serragem, etc.; em casas de vegetação ou ao ar livre (Vellinga 2001).
57
Pegler (1986) cita Leucocoprinus cretatus Locq. ex Lanzoni (= L. cretaceus) como
sendo uma sinonímia de Leucocoprinus cepaestipes (Sow.:Fr.) Pat. (= L. cepistipes
(Sowerby) Pat.). No entanto, Candusso & Lanzoni (1990), Vellinga (2001) e Wasser
(1993), tratam L. cepaestipes como uma espécie à parte porque as escamas têm a coloração
castanha.
No Brasil, Leucocoprinus cretaceus foi citado para o estado do Paraná (Meijer
2006) e para o Rio Grande do Sul (Sobestiansky 2005). Esta é a segunda citação da espécie
para o Rio Grande do Sul, mas acredita-se que já tenha sido coletada anteriormente em
nosso Estado e também no território brasileiro, porém identificada erroneamente como
Leucocoprinus cepaestipes.
4.6.6 Leucocoprinus fragilissimus (Rav.) Pat.
Fig. 12 e 32
Essai Hymen. (Lons-le-Saunier): 171 (1900).
Hiatula fragilissima Rav. in Berk. & Curtis in Ann. Mag. Nat. Hist. Ser. II, 12: 422 (1853).
Píleo 20-35 mm, aplanado na maturidade, umbonado; branco (1.A1) a branco-amarelado
(1.A2), com umbo mais amarelado (4.C4); superfície seca, quase translúcida, coberta por
minúsculas esquâmulas, de coloração branco-amarelada; bordas planas, com margem
plicada até o centro; contexto membranoso, muito fino, de coloração branca. Lamelas
livres, colariadas, brancas, próximas, membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 5070 x 3 mm, central, cilíndrico, branco-pálido; superfície com poucas e minúsculas
esquâmulas flocosas; fistuloso, de consistência fibrosa; contexto branco. Anel mediano a
súpero, branco, simples, ascendente, membranoso, afunilado e fino. Odor não verificado.
Basidiósporos (8-)9-12(-14) x 6-8 µm, Q = 1.33-1.87, Qm = 1.56, elipsóides, hialinos,
parede espessa e lisa, com poro germinativo bem distinto, pseudoamilóides, congófilos,
metacromáticos em Azul de Cresil. Esporada branca (1.A1). Basídios (19-)21-28(-30) x
9-12(-14) µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de 1.5-3 µm de
comprimento. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios não visualizados. Superfície
pilear 5-18 µm, formada por hifas hialinas, prostradas e pouco ramificadas, de parede fina
e lisa, apresentando esferocistos e alguns elementos terminais levemente eretos onde se
concentram as fibrilas. Fíbulas ausentes. Trama himenoforal sub-regular, 3-14 µm,
formada por hifas hialinas, de parede fina e lisa.
58
Aspectos ecológicos: solitário ou gregário, encontrado no solo no interior da mata.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã,
Encosta do Morro da Grota, 01/IV/2006, M.S. Rother 117/06 (ICN 139332); Praia da
Pedreira, 31/I/2004, P. S. Silva 041/04 (ICN 139333); 09/IV/2005, M.S. Rother 004/05
(ICN 139334).
Distribuição: Europa: Bon (1981); Candusso & Lanzoni (1990). Ásia: Pegler (1972,
1986). África: Heinemann (1977). Américas: Franco-Molano et al. (2000); Halling &
Mueller (2005); Meijer (2006); Pegler (1983, 1997); Smith & Weber (1982).
Discussão: Leucocoprinus fragilissimus é facilmente diferenciado por sua gracilidade e
consistência membranácea dos basidiomas. A coloração amarelada é geralmente mais clara
e mais pálida do que a encontrada em L. birnbaumii. Foram encontrados vários basidiomas
desta espécie no Parque, porém a maior dificuldade foi na preservação dos exemplares no
deslocamento até o laboratório, devido a sua grande fragilidade e por se desfazerem
rapidamente após a coleta. Segundo Pegler (1983) esta é provavelmente uma espécie
pantropical comum, mas raramente coletada devido à consistência extremamente delicada
e quase deliqüescente do basidioma. Todas as principais características do nosso material
conferem com as citadas por Bon (1981); Candusso & Lanzoni (1990); Franco-Molano et
al. (2000); Halling & Mueller (2005); Heinemman (1977); Pegler (1972, 1983, 1986,
1997). Smith & Weber (1982) citam a presença de queilocistídios clavados de 13-25(-36)
x 9-15 µm em seu material, não mencionados pelos demais autores. Esta característica é de
difícil visualização, pois as lamelas se colapsam facilmente.
Essa espécie é comumente encontrada nas regiões tropicais e subtropicais (Halling
& Mueller 2005), sendo a sua ocorrência muito rara nas regiões temperadas (Candusso &
Lanzoni 1990).
Leucocoprinus fragilissimus foi citado para São Paulo (Bononi et al. 1981a;
Capelari 1989; Pegler 1997), e mais recentemente para o Paraná (Meijer 2006) e para o Rio
Grande do Sul (Albuquerque et al. 2006), sendo o nosso, o segundo registro para o Estado.
59
4.6.7 Leucocoprinus cf. medioflavus (Boud.) Bon
Fig. 33
Docums Mycol. 6 (no. 24): 45 (1976).
Lepiota medioflava Boud., Bull. Soc. mycol. Fr. 10: 59 (1894).
Píleo 19-30 mm, convexo tornando-se aplanado na maturidade, umbonado; branco (1.A1)
com o umbo castanho-claro (6.D8); superfície esquamulosa-fibrilosa, seca, coberta por
esquâmulas flocosas, de coloração amarelo-pálido (1.A3) a castanho-amarelado (5.C7);
borda curvada para baixo com margem plicada até a metade do píleo, variando algumas
vezes até o início do umbo; contexto membranoso, muito fino de coloração branca.
Lamelas livres, brancas (1.A1), próximas, membranosas, apresentando lamélulas. Estípite
28-37 x 2-4 mm, central, cilíndrico com base levemente mais alargada, branco
apresentando tons avermelhados; superfície lisa; fistuloso, de consistência fibrosa;
contexto branco; rizomorfas minúsculas brancas; micélio basal ausente. Anel súpero,
simples, ascendente, membranoso, branco, fugaz. Odor não verificado.
Basidiósporos (4.6-)5-6.5(-7) x (2.6-)3-4 µm, Q = 1.60-2.00, Qm = 1.83, elipsóides a
oblongos, hialinos, parede fina e lisa, não apresentando poro germinativo visível;
inamilóides, congófilos, metacromáticos em Azul de Cresil. Esporada branca (1.A1).
Basídios 17-23 x 5.5-7.5 µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de
1.5-3 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios (15-)19-42(-50) x
9-16 µm, clavados, hialinos, abundantes, de parede fina e lisa. Superfície pilear 3-16 µm,
formada por hifas de parede fina e lisa, hialinas, prostradas. Fíbulas ausentes. Trama
himenoforal regular a sub-regular, 4-13 µm, formada por hifas hialinas de parede fina e
lisa.
Aspectos ecológicos: solitário ou gregário, em solo ou na serrapilheira no interior da mata.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã,
Encosta do Morro da Grota, 25/VI/2005, M.S. Rother 060/05 (ICN 139335); Praia da
Pedreira, 25/VI/2005, M.S. Rother 061/05 (ICN 139336); 07/IX/2005, M.S. Rother 077/05
(ICN 139337).
Distribuição: Europa: Bon (1981); Candusso & Lanzoni (1990). África: Heinemann
(1977).
60
Discussão: Leucocoprinus medioflavus (Boud.) Bon é caracterizada por apresentar
basidiósporos sem poro germinativo visível e superfície pilear desprovida de esferocistos
(Bon 1981; Candusso & Lanzoni 1990; Heinemann 1977), características observadas em
nossos exemplares. Porém, os autores não mencionam se os basidiósporos são dextrinóides
ou não. Em nosso material, os basidiósporos não são dextrinóides. Esta característica não é
comum no gênero, mas é encontrada também em Leucocoprinus longistriatus (Peck) H.V.
Sm. & N.S. Weber. Entretanto esta espécie apresenta, segundo Smith & Weber (1982),
basidiomas maiores que os nossos, coloração diferente e basidiósporos com dimensões
maiores 6-8(-9) x 4.5-5 µm.
Devido à incerteza quanto aos basidiósporos serem ou não dextrinóides e de não ter
sido possível estudar material de herbário, optamos por deixar como Leucocoprinus cf.
medioflavus.
61
4.7 Macrolepiota Singer
Pap. Mich. Acad. Sci. 32: 141 (1948) [1946].
Hábito lepiotóide, com basidiomas grandes. Píleo carnoso, umbonado, com superfície
geralmente escamosa a esquâmulosa. Lamelas livres, muito próximas, esbranquiçadas.
Esporada branca, creme ou rosa. Estípite central, freqüentemente com base bulbosa, com
anel geralmente complexo, persistente e móvel. Contexto não mudando de cor após ser
machucado ou exposto. Basidiósporos geralmente maiores que 10 µm de comprimento,
hialinos, lisos, com parede espessa e poro germinativo evidente, dextrinóides, congófilos,
metacromáticos em Azul de Cresil. Basídios tetrasporados. Pleurocistídios ausentes.
Queilocistídios presentes. Superfície pilear composta por uma tricoderme ou himenoderme
de hifas longas ou curtas, mais dispostas no disco central. Trama himenoforal regular.
Fíbulas geralmente presentes de difícil visualização. Crescendo no solo, no interior e fora
de florestas.
Espécie tipo: M. procera (Scop.) Singer.
4.7.1 Macrolepiota procera var. 1
Fig. 15 e 34
Píleo 100-130 mm, convexo a plano-convexo, umbonado; castanho-claro (6.D5) a
castanho-alaranjado (6.C5) sobre um fundo branco, com umbo mais escurescido; superfície
seca, coberta por fibrilas apressas, com a mesma coloração do píleo; bordo plano com
margem regular; contexto carnoso, de coloração branca. Lamelas livres, creme (1.A3),
próximas, membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 270-300 x 10-14 mm, central,
bulboso (20-30mm), concolor ao píleo; superfície coberta por esquâmulas fibrilosas,
dispostas em zig-zag ou em discos concêntricos, abaixo do anel em direção a base;
fistuloso, de consistência fibrosa; contexto branco a creme; rizomorfas em pouca
quantidade, de coloração branca; apresentando micélio basal. Anel súpero, carnoso,
simples, descendente mas com margem levemente voltada para cima, bem desenvolvido,
branco, permanecendo imóvel depois de seco . Odor agradável.
62
Basidiósporos 17-21(-23) x (9-)10-11(-12) µm, Q = 1.50-2.25, Qm = 1.87, elipsóides a
oblongos, hialinos, parede espessa e lisa, com poro germinativo distinto, dextrinóides,
congófilos, metacromáticos em Azul de Cresil. Esporada branca (1.A1). Basídios (33-)3645(-50) x (13-)15-17(-19) µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de
3-7 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios 25-34(-39) x 10-15
µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa. Superfície pilear 5-22 µm, formada por uma
intrincada tricoderme de elementos cilíndricos a clavados, de parede fina e lisa, com o
ápice geralmente pigmentado com conteúdo castanho. Fíbulas presentes na base dos
basídios, pouco visíveis. Trama himenoforal regular, 3-10 µm, formada por hifas hialinas
de parede fina e lisa.
Aspectos ecológicos: solitário a pequenos grupos, em solo no interior da mata.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã,
Encosta do Morro da Grota, 22/X/2005, M.S. Rother 099/05 (ICN 139338); 01/IV/2006,
M.S. Rother 124/06 (ICN 139339); M.S. Rother 125/06 (ICN 139340); M.S. Rother
126/06 (ICN 139341); Praia da Pedreira, 01/IV/2006, M.S. Rother 127/06 (ICN 139342);
M.S. Rother 128/06 (ICN 139343).
Distribuição: Conhecida somente para a localidade (Parque Estadual de Itapuã, Viamão,
Brasil).
Discussão: Caracterizadas pelo seu grande porte, as espécies do gênero Macrolepiota são
separadas em alguns complexos de espécies bem definidos, como: grupo M. rachodes,
grupo M. procera e grupo M. mastoidea. Apesar disso, há muita dificuldade na
identificação de suas espécies (Vellinga 2001).
Nosso material caracteriza-se por apresentar basidiomas com a coloração variando
de castanho-claro a castanho-alaranjado, superfície do píleo fibrilosa, estípite longo (mais
que o dobro do diâmetro do píleo) com esquâmulas fibrilosas dispostas em “zig-zag” e
basidiósporos com poro germinativo visível. De acordo com as seções indicadas em
Candusso & Lanzoni (1990) e Vellinga (2001), essa espécie está incluída na seção
Macrolepiota principalmente pelas características peculiares do estípite e basidiósporos.
Macrolepiota procera var. procera difere da nossa variedade principalmente pelo
tipo de superfície do píleo (escamosa), pela disposição das hifas da superfície pilear (curtas
e grossas) e pela coloração (castanho a castanho-pálido).
63
Rick (1937) descreveu Lepiota procera var. vulpina Rick, como sendo uma
variedade de Lepiota procera (Scop.) Gray [= Macrolepiota procera (Scop.) Singer] por
apresentar a coloração do basidioma diferente, píleo fibriloso e basidiósporos maiores. Não
foi possível estudar o material tipo desta variedade descrita por Rick, que deveria estar
depositado no herbário PACA e não foi encontrado. Pereira (2001) na revisão das espécies
do gênero Lepiota descritas ou citadas para o Brasil, comenta que não foi encontrado
material preservado sob a denominação de Lepiota procera ou Macrolepiota procera no
herbário PACA.
Nosso material foi encontrado sempre dentro da Mata de Encosta, localizada no
Parque Estadural de Itapuã, uma característica incomum para a maioria das espécies do
gênero Macrolepiota que ocorrem geralmente em ambientes abertos, como campos e
gramados.
Devido à proximidade com Macrolepiota procera, vamos propor uma variedade
nova para esta espécie.
64
5. CONCLUSÕES
Com base nas 18 expedições de coleta à área do Parque Estadual de Itapuã e do
estudo de material herborizado de diferentes herbários foi possível identificar 19 táxons da
família Agaricaceae distribuídas em 6 gêneros.
O gênero mais representativo foi Leucocoprinus com 6 espécies. seguido de
Agaricus (5 espécies), Lepiota (3 espécies), Leucoagaricus (3 espécies), Chlorophyllum e
Macrolepiota com uma espécie cada.
A maioria dos espécimes foi coletado durante o outono e final do verão. O inverno
foi a época do ano com menor ocorrência de Agaricaceae e de fungos em geral.
A localidade do Parque com maior riqueza de espécies foi a Praia da Pedreira, nas
trilhas do Araçá e da Fortaleza.
Leucocoprinus cretaceus e Leucocoprinus cepistipes foram encontradas sobre
madeira, sendo que a primeira, em tronco de árvore viva e a segunda em tronco em
decomposição. As demais espécies ocorreram no solo.
Das espécies identificadas, Chlorophyllum molybdites, Leucocoprinus birnbaumii,
L. cepistipes são consideradas comuns para o estado do Rio Grande do Sul.
Lepiota guatopoensis, Lepiota pseudoignicolor, Leucoagaricus rubrotinctus e
Leucoagaricus serenus são citados pela primeira vez para o Rio Grande do Sul.
Agaricus porphyrizon e Agaricus pseudoargentinus constituem novas citações para
o território brasileiro.
Serão necessárias mais coletas e análise de material de diferentes herbários para
poder confirmar a identificação de Agaricus cf. litoralis e de Leucocoprinus cf.
medioflavus.
Outras coletas de Agaricus aff. silvaticus deverão ser realizadas para podermos
observar melhor a coloração do píleo e verificar a mudança ou não da coloração do
contexto quando cortado ou machucado. Somente assim, será possível confirmar se nosso
material é Agaricus silvaticus ou uma espécie afim a esta.
Agaricus sp. 1 e Lepiota sp. 1 serão apresentadas como novas espécies para a
ciência. Macrolepiota procera var. 1 será proposta como uma nova variedade para a
espécie.
65
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante o trabalho com a família Agaricaceae no Parque Estadual de Itapuã,
tivemos a oportunidade de observar mais intensamente os fungos desta família e também
os fungos em geral. Foi possível constatar que dentro dos Agaricales, a família em questão
e a Tricholomataceae foram as mais representativas na localidade e que em várias
expedições de coleta foram encontrados exemplares de ambas e mais raramente das outras.
Estes exemplares geralmente eram encontrados em pequena quantidade e muitas vezes
solitários, normalmente exclusivos para a data e localidade ou zona do Parque
Por ser uma família com diversidade específica elevada, acredita-se que este
trabalho tenha possibilitado o conhecimento de uma parte desta diversidade na área de
estudo e que muitas espécies devam ocorrer no Parque, mas que só seriam contempladas
com coletas mais intensivas e durante um perído de tempo maior.
Considerando a grande diversidade específica do gênero Lepiota, podemos concluir
que poucos exemplares foram encontrados e coletados. De acordo com autores
mundialmente renomados, as espécies desse gênero tendem a ocorrer em menor quantidade
e apresentar hábito geralmente solitário em regiões tropicais e subtropicais, sendo o
inverso em regiões temperadas. Pela dificuldade em obter mais coleções da mesma
espécie, a maioria das espécies novas desse gênero descritas em nosso país são carentes na
quantidade de exemplares tipo.
A dificuldade encontrada na busca de exemplares dessa família e de cogumelos em
geral deveu-se a uma série de fatores e condições limitantes, como: a falta de chuvas nos
dias antecedentes as coletas, as condições edáficas da localidade que possibilitam o rápido
escoamento da água por se tratar de um solo arenoso com pouca matéria orgânica em
decomposição, falta de substrato adequado, ciclo de reprodução muito efêmero desses
fungos, entre outras. Cabe salientar que existe muita dificuldade em efetuar coletas nas
Unidades de Conservação, pois as exigências burocráticas são muito grandes, sendo que
muitas vezes as coletas precisam ser agendadas com meses de antecedência, tornando
algumas vezes inviável a coleta devido às limitações decorrentes do tempo, como por
exemplo, a falta de chuva em dias anteriores.
66
Ultimamente nosso Estado tem sofrido com severas estiagens e isto certamente
interferiu no surgimento e desenvolvimento de várias agaricáceas que ocorrem com maior
freqüência durante o verão e outono.
A cautela em não dar nomes às novas espécies e a variedade nova deve-se a
necessidade de preservar a futura publicação, visando não invalidá-la, pois este modelo
tradicional de publicação da dissertação não é considerado uma publicação válida segundo
o Código de Nomenclatura Botânica.
Devido à quantidade de dados extraídos de cada espécie (descrições completas,
fotos, pranchas, etc.), acreditamos que a nossa contribuição científica servirá de auxílio à
taxonomia dessa família para o Estado e para o Brasil, pois novas espécies serão propostas
para a ciência e mais espécies foram adicionadas ao catálogo agaricológico brasileiro,
aumentando o conhecimento acumulado para futuras avaliações e discussões.
67
7. FIGURAS
Figura 1. Localização do Parque Estadual de Itapuã no estado do Rio Grande
do Sul (extraído de Irgang 2003).
68
2
3
4
5
Figuras 2-5. Basidiomas de Agaricus cf. litoralis (2), A. porphyrizon (3), A.
pseudoargentinus (4) e A. aff. silvaticus (5). (Escala: 20 mm)
69
6
7
8
Figuras 6-8. Basidiomas de Lepiota guatopoensis (6), L. pseudoignicolor (7)
e Leucoagaricus lilaceus (8). (Escala: 20 mm)
70
9
10
12
11
Figuras 9-12. Basidiomas de Leucocoprinus birnbaumii (9), L. cretaceus
(10), L. cepistipes (11) e L. fragilissimus (12). (Escala: 20 mm)
71
13
14
15
Figuras 13-15. Basidiomas de Agaricus sp. 1 (13), Lepiota sp. 1.(14) e
Macrolepiota procera var. 1 (15). (Escala: 20 mm)
72
Figura 16. Agaricus cf. litoralis. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3.
Queilocistídios. 4. Basídios. 5. Superfície pilear.
73
Figura 17. Agaricus porphyrizon. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3.
Basídios. 4. Queilocistídios. 5. Superfície pilear.
74
Figura 18. Agaricus pseudoargentinus. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3.
Queilocistídios. 4. Basídios. 5. Superfície pilear.
75
Figura 19. Agaricus aff. silvaticus. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3.
Queilocistídios.4. Basídios. 5. Superfície pilear.
76
Figura 20. Agaricus sp.1. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3. Queilocistídios.
4. Basídios. 5. Superfície pilear.
77
Figura 21. Chlorophyllum molybdites. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3.
Queilocistídios. 4. Basídios. 5. Elementos da superfície pilear.
78
Figura 22. Lepiota guatopoensis. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3.
Queilocistídios. 4. Basídios. 5. Superfície pilear.
79
Figura 23. Lepiota pseudoignicolor. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3.
Queilocistídios. 4. Basídios. 5. Elementos da superfície pilear.
80
Figura 24. Lepiota sp.1. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3. Queilocistídios. 4.
Pleurocistídios. 5. Basídios. 6. Elementos da superfície pilear.
81
Figura 25. Leucoagaricus lilaceus. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3.
Queilocistídios. 4. Basídios. 5. Elementos superfície pilear (A = 400x).
82
Figura 26. Leucoagaricus rubrotinctus. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3.
Queilocistídios. 4. Basídios. 5. Superfície pilear.
83
Figura 27. Leucoagaricus serenus. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3.
Queilocistídios. 4. Basídios. 5. Superfície pilear.
84
Figura 28. Leucocoprinus birnbaumii. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3.
Queilocistídios. 4. Basídios. 5. Superfície pilear.
85
Figura 29. Leucocoprinus brebissonii. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3.
Queilocistídios. 4. Basídios. 5. Elementos da superfície pilear.
86
Figura 30. Leucocoprinus cepistipes. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3.
Queilocistídios. 4. Basídios. 5. Elementos da superfície pilear.
87
Figura 31. Leucocoprinus cretaceus. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3.
Queilocistídios. 4. Basídios. 5. Elementos da superfície pilear.
88
Figura 32. Leucocoprinus fragilissimus. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3.
Basídios. 4. Superfície pilear com esferocistos.
89
Figura 33. Leucocoprinus cf. medioflavus. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3.
Queilocistídios. 4. Basídios. 5. Superfície pilear.
90
Figura 34. Macrolepiota procera var.1. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3.
Queilocistídios. 4. Basídios. 5. Elementos da superfície pilear.
91
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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