UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BOTÂNICA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ESPÉCIES DE AGARICACEAE CHEVALL. (AGARICALES, BASIDIOMYCOTA) NO PARQUE ESTADUAL DE ITAPUÃ, VIAMÃO, RIO GRANDE DO SUL Marcelo Somenzi Rother Orientadora: Profa. Dra. Rosa Mara Borges da Silveira Porto Alegre, RS, Brasil 2007 Marcelo Somenzi Rother ESPÉCIES DE AGARICACEAE CHEVALL. (AGARICALES, BASIDIOMYCOTA) NO PARQUE ESTADUAL DE ITAPUÃ, VIAMÃO, RIO GRANDE DO SUL Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Botânica, Área de Concentração em Taxonomia Vegetal (Ficologia e Micologia), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Botânica. Orientadora: Profa. Dra. Rosa Mara Borges da Silveira Porto Alegre, RS, Brasil 2007 Dedico com muito carinho essa conquista a minha querida família – Pedro, Liamara e Renata Rother – pelo eterno incentivo. amor, confiança e AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer a todas as pessoas que de uma forma ou outra auxiliaram e estiveram presentes durante essa fase da minha vida, tornando possível essa vitória pessoal. A Profa. Dra. Rosa Mara Borges da Silveira, pela oportunidade, orientação, amizade e ensinamentos transmitidos, oportunizando a execução deste trabalho; A Profa. Dra. Rosa T. Guerrero pelo convívio e pelo gentil empréstimo de bibliografias, essenciais na execução desse trabalho; Aos micólogos estrangeiros pelo seu auxílio, discussões e que gentilmente enviaram bibliografias de fundamental importância para o desenvolvimento do trabalho: Andrea Romero (Argentina), Bernardo Lechner (Argentina), Brian Akers (USA), Else Vellinga (USA), Rick Kerrigan (USA), Roy Halling (USA), Solomon P. Wasser (Israel); Aos professores do Programa de Pós-graduação em Botânica da UFRGS: Arthur Germano Fett Neto, João André Jarenkow, João Ito Bergonci, Jorge Waechter, Maria Luisa Lorscheitter, Maria Luiza Porto, Paulo Günter Windisch, Rinaldo P. dos Santos, Sílvia Miotto, pelos ensinamentos transmitidos e aos recentes coordenadores do PPGBOT, Profa. Lúcia Rebello Dillenburg e Prof. João André Jarenkow, por toda a responsabilidade, dedicação e empenho na melhoria do curso; Ao amigo e colega Vagner Gularte Cortez pela convivência de muitas horas no laboratório de Micologia, aconselhando, discutindo, trocando idéias e pela sua grande amizade que no decorrer desses anos demonstrou ser um exemplo a seguir; Aos estimados colegas da Micologia da UFRGS: César L.M. Rodrigues, Gilberto Coelho, Mateus A. Reck, Paula S. Silva e as estagiárias Ângela Pawlowski e Grasiela B. Tognon pelas ótimas horas vivenciadas, pela amizade, pelas discussões, coletas, auxílio, “happy hours”, etc..., agradeço a todos de coração. Ao amigo e colega Emerson Musskopf pela ajuda em um momento difícil e complicado da minha vida; Aos colegas do mestrado que junto comigo formavam o popular “quinteto” – Adriana Leonhardt, Alexandre Rücker, Aline Brugalli Bicca e Eduardo Luís Hettwer Giehl – pela grande amizade, partilha de conhecimentos, alegrias e momentos magníficos que serão guardados no meu coração; Aos amigos de longa data e aos colegas micólogos/botânicos que tive o prazer de conhecer nestes anos: Camilo Delfino, Carlos Kurtz, Cristiano Buzatto, Greice Mattei, Edson Soares, Felipe Wartchow, Guilherme Ceolin, Helenires Q. Souza, Jair Kray, Jean Butke, Juliano Baltazar, Luciana Jandelli Gimenes, Luís Fernando Lima, Manuela Dal Forno, Marcelo Sulzbacher, Margeli P. Albuquerque, Maria Alice Neves – cada um, por diferentes razões, merecem o meu agradecimento. Aos amigos e ex-orientadores Branca Maria Aimi Severo (UPF) e Jair Putzke (UNISC), por todo o estímulo, incentivo e dedicação, ajudando-me nos primeiros passos na Botânica; Aos professores Doutores Aida Terezinha dos Santos Matsumura (UFRGS), Clarice Loguercio Leite (UFSC) e Iuri Goulart Baseia (UFRN) por gentilmente aceitarem o convite para fazerem parte da banca examinadora deste trabalho; A Secretaria Estadual de Meio Ambiente por permitir a realização do trabalho no Parque Estadual de Itapuã, ao CNPq e a CAPES pelo auxílio financeiro. Aos funcionários e guias, especialmente ao Sr. Jairo por nos guiar e acompanhar no Parque; Aos funcionários e motoristas do Programa de Pós-Graduação em Botânica, do Instituto de Biociências, do Herbário ICN e da biblioteca da Botânica da UFRGS; Aos curadores dos herbários BAFC, LIL, PACA e SP, pelo empréstimo de exsicatas que foram de grande auxílio na realização do trabalho; A todos os meus familiares, especialmente ao meu avô Dorvalino Somenzi, aos meus padrinhos Gilberto e Lucília Secco, a minha prima Gisele Somenzi Secco e ao meu tio Luís Antônio Somenzi pela motivação, torcida, ajuda prestada e companhia durante esses anos. RESUMO O estudo de espécimes de Agaricaceae Chevall. (Agaricales – Basidiomycota), realizado no período de abril de 2005 a junho de 2006, no Parque Estadual de Itapuã (30º20’ a 30º27’ S e 50º50’ a 51º05’ W), localizado no município de Viamão – RS, constatou a ocorrência de 19 espécies distribuídas em 6 gêneros. Foram identificadas: Agaricus cf. litoralis (Walkef. & A. Pearson) Pilát, A. porphyrizon P. D. Orton, A. pseudoargentinus Albertó & J.E. Wright, A. aff. silvaticus Schaeff., Agaricus sp.1, Chlorophyllum molybdites (G. Mey.) Massee, Lepiota guatopoensis Dennis, L. pseudoignicolor Dennis, Lepiota sp.1, Leucoagaricus lilaceus Singer, L. rubrotinctus (Beeli) Singer, L. serenus (Fr.) Bon & Boiffard, Leucocoprinus birnbaumii (Corda) Singer, L. brebissonii (Godey) Locq., L. cepistipes (Sowerby) Pat., L. cretaceus (Bull.) Locq., L. fragilissimus (Berk. & M.A. Curtis) Pat., L. cf. medioflavus (Boud.) Bon e Macrolepiota procera var.1. Entre as espécies encontradas, constituem citações novas para o Brasil: Agaricus porphyrizon e A. pseudoargentinus; e para o estado do Rio Grande do Sul: Lepiota guatopoensis, L. pseudoignicolor, Leucoagaricus rubrotinctus e L. serenus. Para a ciência, serão propostas duas novas espécies: Agaricus sp.1 e Lepiota sp.1, e uma variedade nova: Macrolepiota procera var.1. São apresentadas chaves de identificação, descrições e comentários dos gêneros e espécies, além de ilustrações de todas as espécies estudadas. Palavras-chave: fungos, taxonomia, Basidiomycota, cogumelos ABSTRACT The study of specimens of Agaricaceae Chevall. (Agaricales - Basidiomycota), accomplished in the period from April of 2005 to June of 2006, in the “Parque Estadual de Itapuã ” (30º20' to 30º27' S and 50º50' to 51º05' W), located in the city of Viamão - RS, 19 species, distributed in 6 genus were found. The following species were identified: Agaricus cf. litoralis (Walkef. & A. Pearson) Pilát, A. porphyrizon P. D. Orton, A. pseudoargentinus Albertó & J.E. Wright, A. aff. silvaticus Schaeff., Agaricus sp.1, Chlorophyllum molybdites (G. Mey.) Massee, Lepiota guatopoensis Dennis, L. pseudoignicolor Dennis, Lepiota sp.1, Leucoagaricus lilaceus Singer, L. rubrotinctus (Beeli) Singer, L. serenus (Fr.) Bon & Boiffard, Leucocoprinus birnbaumii (Corda) Singer, L. brebissonii (Godey) Locq., L. cepistipes (Sowerby) Pat., L. cretaceus (Bull.) Locq., L. fragilissimus (Berk. & M.A. Curtis) Pat., L. cf. medioflavus (Boud.) Bon e Macrolepiota procera var.1. Among the identified species, Agaricus porphyrizon and A. pseudoargentinus constitute new records for Brazil and Lepiota guatopoensis, L. pseudoignicolor, Leucoagaricus serenus and L. rubrotinctus are new records for Rio Grande do Sul State. For science, two new species will be proposed: Agaricus sp.1 and Lepiota sp.1 and one new variety: Macrolepiota procera var.1. Keys for identification, descriptions and comments about genus and species as well as ilustrations for all studied species are presented. Key-words: fungi, taxonomy, Basidiomycota, mushrooms SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1 1.1 A família Agaricaceae Chevallier........................................................................ 2 1.2 Importância do grupo .......................................................................................... 5 1.3 Estudos em Agaricaceae no Brasil ...................................................................... 7 2. OBJETIVOS .................................................................................................................15 3. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................16 3.1 Área de estudo.......................................................................................................16 3.2 Metodologia...........................................................................................................18 4. RESULTADOS .............................................................................................................24 4.1 Chave para os gêneros encontrados....................................................................24 4.2 Agaricus L..............................................................................................................25 4.2.1 Chave para as espécies de Agaricus ...........................................................25 4.2.2 A. cf. litoralis.................................................................................................26 4.2.3 A. porphyrizon ..............................................................................................28 4.2.4 A. pseudoargentinus .....................................................................................30 4.2.5 A. aff. silvaticus ............................................................................................32 4.2.6 Agaricus sp.1 ................................................................................................33 4.3 Chlorophyllum Massee...........................................................................................35 4.3.1 C. molybdites ..................................................................................................35 4.4 Lepiota (Pers.) Gray...............................................................................................37 4.4.1 Chave para as espécies de Lepiota..............................................................38 4.4.2 L. guatopoensis .............................................................................................38 4.4.3 L. pseudoignicolor ........................................................................................40 4.4.4 Lepiota sp.1 ...................................................................................................41 4.5 Leucoagaricus (Locq.) ex Singer ..........................................................................43 4.5.1 Chave para as espécies de Leucoagaricus..................................................43 4.5.2 L. lilaceus ......................................................................................................44 4.5.3 L. rubrotinctus ..............................................................................................45 4.5.4 L. serenus ......................................................................................................47 4.6 Leucocoprinus Pat..................................................................................................49 4.6.1 Chave para as espécies de Leucocoprinus .................................................49 4.6.2 L. birnbaumii ................................................................................................50 4.6.3 L. brebissonii.................................................................................................52 4.6.4 L. cepistipes...................................................................................................54 4.6.5 L. cretaceus ...................................................................................................55 4.6.6 L. fragilissimus .............................................................................................57 4.6.7 L. cf. medioflavus..........................................................................................59 4.7 Macrolepiota Singer ...............................................................................................61 4.7.1 M. procera var.1 ...........................................................................................61 5. CONCLUSÕES..............................................................................................................64 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................65 7. FIGURAS .......................................................................................................................67 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................91 1 1. INTRODUÇÃO A diversidade dos fungos no planeta Terra é muito grande, estima-se que este número seja em torno de 1.5 milhão de espécies, tendo como base hipotética a extrapolação dos dados de trabalhos já concluídos. Desta estimativa, aproximadamente 74 mil espécies ou 5-6% do total são conhecidas, restando muitas espécies ainda para serem descritas e muito trabalho para ser feito. As evidências sugerem que a grande diversidade dos fungos é maior em regiões tropicais do que em regiões temperadas (Hawksworth 2001a). Desta estimativa de fungos presentes na Terra, o número estimado de cogumelos, ou seja, de fungos pertencentes à ordem Agaricales Clements, é de 140 mil espécies, mas apenas 10% desse total é conhecido (Hawksworth 2001b). De acordo com a revisão bibliográfica de Putzke (1994), até aquele momento, haviam sido catalogadas 1.011 espécies desta ordem para o território brasileiro, porém poucos dados sobre a distribuição geográfica das espécies foi apresentado. Isso provavelmente decorre da concentração de coletas que está proporcionalmente relacionada a localização geográfica dos micólogos. Os Agaricales compreendem um grupo cosmopolita de fungos, popularmente conhecidos por cogumelos, chapéus-de-cobra e chapéus-de-sapo; caracterizados por apresentarem o himenóforo lamelar. São terrícolas, lignícolas, muscícolas ou fungícolas, sapróbios, micorrízicos, raramente parasitando plantas ou fungos. Podem ser comestíveis, tóxicos ou alucinógenos. Esta ordem está composta por 26 famílias, 347 gêneros e 9387 espécies (Kirk et al. 2001), sendo que Agaricaceae, tema desse estudo, destaca-se por ser um grande grupo de fungos com elevada diversidade específica e de grande interesse econômico e cultural. 2 1.1 A família Agaricaceae Chevallier Agaricaceae está posicionada taxonomicamente dentro da ordem Agaricales, subclasse Agaricomycetidae, classe Basidiomycetes, filo Basidiomycota, reino Fungi, tendo como gênero tipo, o gênero Agaricus L. (CABI Bioscience Database 2006). A autoria dessa família, de acordo com os trabalhos de Singer (1949, 1986) é de Fries. Pouzar (1985), em seu trabalho propondo a conservação do nome da família, alega que o tratamento dado por Fries como “Subord. Agaricini” é taxonomicamente inadmissível hierarquicamente pelo código internacional de botânica por considerar somente “ordo” e “ordo naturalis” como família, portanto o nome “Agariceae” proposto por Chevallier, corretamente alterado para Agaricaceae, é o primeiro nome válido para a família. Esta família é caracterizada por apresentar basidiomas geralmente com hábito tricolomatóide, colibióide ou mais freqüentemente pluteóide, com a superfície escamosa, esquamulosa, fibrilosa ou glabra. Píleo freqüentemente umbonado. Margem podendo ser sulcada, plicada, estriada ou lisa. Contexto variando de muito fino (membranoso) a carnoso. Lamelas finas, livres ou mais raramente adnexas, adnatas ou decurrentes, geralmente próximas. Trama regular ou irregular, mas nunca bilateral ou inversa. Basídios geralmente tetrasporados. Cistídios presentes ou ausentes. Basidiósporos hialinos, estramíneos ou com outra coloração, lisos ou ornamentados, de parede fina ou espessa, com ou sem poro germinativo visível, metacromáticos ou não, amilóides ou inamilóides, mais freqüentemente pseudoamilóides (dextrinóides). Esporada muito variada, podendo ser branca, creme, ocrácea, verde, rosa, castanha, violeta ou sépia. Estípite central, fibroso, e algumas vezes mais alargado na base, facilmente separável do píleo. Véu membranoso ou cortinóide presente e em muitos casos efêmero, anelado, móvel em alguns gêneros. Volva geralmente ausente, mas presente em alguns casos. Fíbulas ausentes ou presentes. Encontrados em diferentes substratos, sendo freqüentemente no solo (terra ou areia), húmus e madeira, também em estufas, desertos e campos. Não apresentam relações micorrízicas com vegetais (Singer 1986). Conforme Hawksworth et al. (1995), os fungos desta família estão divididos em 42 gêneros (mais 31 sinonímias) compreendendo 591 espécies, mas segundo Kirk et al. (2001), a família compreende 51 gêneros e 918 espécies. Atualmente, através da base mundial de nomes de fungos (Index Fungorum), são listados 106 gêneros pertencentes à família Agaricaceae. Mas deste montante, muitos estão atualmente em desuso. Para se ter 3 uma idéia, através da pesquisa pelo gênero tipo da família, um dos gêneros mais antigos, foram encontrados 5755 registros de espécies. Destes registros, muitos são sinônimos de espécies atualmente classificadas em outras famílias (CABI Bioscience Database 2006). De acordo com a organização proposta por Singer (1986), esta família apresenta 25 gêneros distribuídos em quatro tribos: • Agariceae Pat. Æ Agaricus L., Cystoagaricus Singer, Crucispora E. Horak, Melanophyllum Velen. e Micropsalliota Höhn. • Cystodermateae Singer Æ Cystoderma Fayod, Dissoderma (A.H. Sm. & Singer) Singer, Horakia Oberw, Phaeolepiota Maire ex Konrad & Maubl., Ripartitella Singer, Squamanita Imbach e Pseudobaeospora Singer. • Lepioteae Fayod Æ Chamaemyces Batt. ex Earle, Cystolepiota Singer, Hiatulopsis Singer & Grinling, Janauaria Singer, Lepiota (Pers.) Gray e Smithiomyces Singer. • Leucocoprineae Singer Æ Chlorophyllum Massee, Clarkeinda Kuntze, Leucoagaricus (Locq.) ex Singer, Leucocoprinus Pat., Macrolepiota Singer, Sericeomyces Heinem e Volvolepiota Singer. Segundo Donk (1962), a classificação sexual e a etimologia dos gêneros presentes neste trabalho, com exceção de Chlorophyllum, são: 9 Agaricus (masculino; diz ser derivado de Agarica of Sarmatica, um distrito na Rússia); 9 Lepiota (feminino; referente a escama, escamosa); 9 Leucoagaricus (masculino; branco, do gênero Agaricus); 9 Leucocoprinus (masculino; branco, do gênero Coprinus =masculino; esterco, estrume); 9 Macrolepiota (feminino; longo, grande, do gênero Lepiota). Singer (1949) delimita essa família como sendo algo intermediária entre o grupo de famílias Hygrophoraceae, Tricholomataceae e Amanitaceae por um lado e de Coprinaceae, Bolbitiaceae e Strophariaceae, por outro. Na revisão de Putzke (1994), várias espécies pertencentes à família Agaricaceae foram citadas, enquadrando-se nos gêneros Agaricus, Chamaemyces, Chlorophyllum, Cystolepiota, Hiatulopsis, Janauaria, Lepiota, Leucoagaricus, Leucocoprinus, Macrolepiota, Melanophyllum, Phaeolepiota, Ripartitella, Smithiomyces e Volvolepiota. Devido à confusão no arranjo das espécies de fungos lepiotáceos (basidiósporos claros) com as de agaricáceas (basidiósporos escuros), e os seus problemas quanto à classificação na família, alguns autores preferem desmembrar essa família, transferindo os gêneros Chamaemyces, Chlorophyllum, Cystolepiota, Lepiota, Leucoagaricus, 4 Leucocoprinus, Macrolepiota e Melanophyllum para outra família, conhecida como Lepiotaceae (Ainsworth et al. 1973; Candusso & Lanzoni 1990; Migliozzi 1997). A família Lepiotaceae foi descrita primeiramente por Roze, em 1876, mas sua diagnose em latim não foi encontrada na literatura (Akers 1997). Os fungos lepiotáceos compreendem os membros da família Agaricaceae com esporada branca ou verde, incluindo todos os gêneros anteriormente citados, com acréscimo do gênero secotióide Endoptychum Czern (Vellinga et al. 2003, Vellinga 2004b). Singer (1949, 1986), devido aos problemas de validade nomenclatural, reduziu essa família a um nomen nudum, organizando esses fungos dentro da família Agaricaceae. Este esquema vem sendo seguido, com algumas modificações, por vários autores modernos. Espécies lepiotáceas podem ser encontradas em vários tipos de habitat, na maior parte terrícola, vivendo em uma variedade de substratos celulósicos. Muitas crescem em ambientes sombreados sob árvores e arbustos e algumas poucas são encontradas em ambientes abertos, como gramados e campos, contrastando com espécies do gênero Agaricus, encontradas freqüentemente neste tipo de habitat (Akers 1997; Vellinga 2004b). Seus basidiomas geralmente são formados durante o verão até o outono, especialmente em climas temperados e subtropicais (Akers 1997). Muitas alterações vêm sendo realizadas desde a classificação proposta por Singer (1949, 1986). Com o auxílio da biologia molecular, uma série de trabalhos (Bruns & Szaro 1992; Bruns et al. 1998; Challen et al. 2003; Chapela et al. 1994; Hibbett et al. 1997; Hopple & Vilgalys 1999; Johnson & Vilgalys 1998; Kerrigan et al. 2005; Moncalvo et al. 2000, 2002) buscando descobrir as relações evolutivas, a relação entre espécies e o seu correto agrupamento através das evidências contidas nas seqüências dos genes do DNA vêm quebrando paradigmas e modificando alguns conceitos antigos, baseados em caracteres macroscópicos e microscópicos, auxiliando na correta organização das espécies em seus devidos grupos. A relação dos fungos agaricóides, gasteróides e secotióides há muito tempo vem sendo discutida. Os gasteromycetes (“puffballs” e fungos secotióides) foram considerados muitas vezes como sendo os ancestrais dos fungos lamelados e poróides (Kretzer & Bruns 1999; Hibbett et al. 1997). Singer (1986) considera o gênero Endophychum como sendo um gasteromycete ancestral dos fungos agaricóides. A relação entre os “puffballs” verdadeiros (Lycoperdales) e a família Agaricaceae confirmou-se através de trabalhos moleculares (Agerer 2002; Moncalvo et al. 2002). Táxons gasteróides e secotióides, 5 juntamente com agaricóides, foram incluídos nesta família (Kirk et al. 2001; Krüger et al. 2001; Moncalvo et al. 2002). Segundo Vellinga (2004a), a família Agaricaceae está dividida em 10 clados: (1)Agaricus, (2)Chlorophyllum, (3)Macrolepiota, (4)Leucoagaricus e Leucocoprinus, (5)Lepiota, (6)Podaxis, (7)Lycoperdaceae, (8)Chamaemyces, (9)Tulostomataceae e (10)Coprinus comatus. Através do estudo filogenético de espécies de Lepiota, Vellinga (2003) afirma que ainda é prematuro basear-se nas divisões dos clados, embora as características morfológicas os suportem. Segundo Johnson & Vilgalys (1998), o clado lepiotóide (Lepiota sensu lato) e agaricóide (Agaricus) estão próximos e demonstram que as tribos Agariceae, Lepioteae e Leucocoprineae correspondem à família Agaricaceae, sendo a tribo Cystodermateae (Cystoderma e Ripartitella) excluída da mesma. Vellinga et al. (2003) demonstram que o gênero Macrolepiota é polifilético estando relacionado com uma larga escala de espécies de Agaricaceae, tendo em um clado espécies relativamente próximas a Agaricus e em outro, espécies próximas a Leucoagaricus e Leucocoprinus. Estes dois clados são propostos para os gêneros Macrolepiota e Chlorophyllum. Novas combinações foram feitas com o gênero Chlorophyllum (Vellinga 2002) e a conservação do seu nome contra o gênero secotióide Endoptychum foi mantida (Vellinga & de Kok 2002). 1.2 Importância do grupo Etnologicamente, os povos têm sido considerados pelos micologistas modernos como distribuídos em duas categorias distintas, a saber: • Povos micófilos, que sempre demonstraram atração pelos fungos, incluindo-os em suas crenças, medicina e alimentação; • Povos micófobos, que nunca manifestaram qualquer interesse pelos fungos e, ao contrário, chegam a sentir aversão pelos mesmos. De um modo geral, as antigas civilizações do Novo Mundo podem ser consideradas como não micófilas, excetuando-se os povos primitivos do México (Fidalgo 1965, 1968). 6 Muitas espécies da família Agaricaceae são de grande importância econômica. Espécies do gênero Agaricus que atualmente são cultivadas em escala comercial em ambientes climatizados e controlados, eram no passado, cultivadas em cavernas e grutas. Muitas espécies desse gênero são comestíveis, como: A. bitorquis (Quél.) Sacc., A. campestris L. ex Fr. e A. rodmanii Peck. (Alexopoulos et al. 1996). O famoso champignon Agaricus bisporus (Lange) Imbach, apesar de ser uma espécie exótica (Pereira & Putzke 1990), é uma boa fonte de minerais e vitaminas, contendo uma quantidade de aminoácidos essenciais superior a todos os vegetais, exceto espinafre e soja (Alexopoulos et al. 1996). A maioria das espécies de Macrolepiota são comestíveis e algumas como M. procera (Scop.) Singer estão no topo da lista dos cogumelos mais saborosos e caros (Akers 1997; Singer 1986). Em contraste com Macrolepiota, poucas espécies de Leucoagaricus são comestíveis, mas L. naucinus (Fr.) Singer é utilizado como alimento e vendido em feiras, muitas vezes confundido com espécies de Agaricus. Já nenhuma espécie de Lepiota é utilizada como alimento e pelo menos três são citadas como tóxicas e que podem ser confundidas com espécies comestíveis. Dentre as espécies tóxicas da família podemos citar: Agaricus xanthodermus Genev., Macrolepiota venenata Bon, Chlorophyllum molybdites (G. Mey.) Massee, Lepiota cristata (Bolton) P. Kumm, L. josserandii Bom & Boiffard, L. helveola Bres, Leucocoprinus birnbaumii (Corda) Singer, entre outras (Franco-Molano et al. 2000; Singer 1986; Wright & Albertó 2002). Algumas contêm toxinas que irritam o sistema gastrintestinal (Chlorophyllum molybdites) ou toxinas letais, como as amatoxinas que atacam o sistema hepático (espécies de Lepiota sensu stricto, secção Ovisporae (J. E. Lange) Kuhner). Esta última causando mortes, tanto na América quanto na Europa (Akers 1997). O popular Cogumelo do Sol conhecido como Agaricus blazei Murril, descoberto na cidade de Piedade, estado de São Paulo e que foi enviado ao Japão para o estudo de suas propriedades medicinais, atualmente é utilizado pela sociedade por apresentar propriedades antitumorais. Este cogumelo é uma ótima alternativa de renda devido ao seu elevado preço no mercado internacional e da sua intensa procura (Dias et al. 2004). Também conhecido pelos japoneses por “Himematsutake”, em sua composição química há substâncias que atuam no organismo humano estimulando as funções imunológicas, prevenindo contra tumores (câncer), colesterol alto, pressão alta, úlceras gástricas, osteoporose, problemas digestivos, estresse físico e emocional, entre outras doenças; também utilizado como um efetivo antioxidante (Didukh et al. 2003; Takaku et al. 2001). 7 Segundo Wasser et al. (2002), Agaricus brasiliensis Wasser, M. Didukh, Amazonas & Stamets é a espécie conhecida no Brasil e que foi por várias décadas identificada erroneamente como Agaricus blazei. Mais recentemente, Kerrigan (2005) com base na análise de DNA e no estudo dos tipos de Agaricus blazei e A. brasiliensis pode concluir que estas duas espécies são sinônimos de Agaricus subrufescens Peck. Existem espécies de fungos agaricáceos vivendo em simbiose com insetos (Singer 1986). Os fungos cultivados pela maioria das espécies de formigas são normalmente os cogumelos da tribo monofilética Leucocoprineae, geralmente Leucoagaricus e Leucocoprinus (Chapela et al. 1994; Mueller et al. 1998; Singer 1986), e algumas poucas espécies de Lepiota, pertencentes à tribo Lepioteae (Mueller et al. 1998; Johnson 1999). Segundo Chapela et al. (1994), os diferentes modos de cultivo do fungo caracterizam as diferentes linhagens de formigas. Uma espécie bem conhecida é Leucoagaricus gongylophorus (A. Møller) Singer, onde o fungo é a fonte de alimento para as larvas e para uma parte das formigas adultas, que por sua vez, auxiliam no cultivo e desenvolvimento do fungo (Bononi et al. 1981b; Mohali 1998; Singer 1986; Spielmann & Putzke 1998). De acordo com Singer (1986), não há relações micorrízicas entre os fungos agaricáceos e raízes de vegetais, sendo os membros desta família sapróbios. 1.3 Estudos em Agaricaceae no Brasil Após o descobrimento do Brasil, nos quatrocentos anos que se passaram, a micologia brasileira só teve expressão através de trabalhos esparsos publicados no estrangeiro, resultantes do estudo de exsicatas de coletores, em sua maioria europeus, que percorrendo algumas regiões de nosso país levavam consigo exemplares da nossa micobiota (Fidalgo 1962). Somente no princípio do século passado, três padres jesuítas (Rick, Theissen e Torrend) deram notável avanço ao conhecimento dos fungos do Brasil. Theissen, graças à influência exercida por Rick, elaborou um trabalho sobre Polyporaceae, mas posteriormente, dedicou-se aos Ascomycetes coletados no Rio Grande do Sul. Torrend, graças aos seus contatos com Lister e Rick, viu seu interesse despertado para os 8 Myxomycetes e Polyporaceae, contribuindo com vários trabalhos para o nosso país (Fidalgo 1968). Mas foi Rick que, graças ao seu dinamismo e a sua dedicação ao estudo dos Basidiomycetes, foi capaz de organizar no Colégio Anchieta de Porto Alegre, uma coleção estimada entre 12000-15000 exsicatas de fungos, tornando o Rio Grande do Sul, talvez, o Estado com a micobiota mais conhecida de todo o país. Merecidamente, o título de “pai da micologia brasileira” foi dado a esse cidadão, falecido em 1946 (Fidalgo 1962, 1968). A contribuição do padre Johannes Rick ao desenvolvimento da micologia brasileira se deu pelos seus numerosos trabalhos (1906, 1907, 1920, 1926, 1930, 1937, 1938a, 1938b, 1939) entre outros, nos quais várias espécies da família Agaricaceae foram citadas. Após a sua morte, graças ao esforço do padre Balduíno Rambo em compilar e organizar o que Rick havia feito, a sua obra póstuma intitulada “Basidiomycetes Eubasidii in Rio Grande do Sul”, foi publicada. Neste trabalho, Rick (1961), várias espécies da família em questão foram citadas, sendo referidos os seguintes gêneros: Lepiota, Lepiotella (=Volvolepiota), Psalliota (=Agaricus) e Schulzeria (=Leucoagaricus). Schulzeria foi representada por: S. flavidula Rick, S. mammosa Rick, S. alba Rick, S. pluteoides Rick. Lepiotella por apenas L. brunnea Rick. Psalliota por: P. pratensis (Schaeff.) Gillet, P. campestris (L.) Quél., P. abruptibulba (Peck) Rick, P. elvensis Berk. & Broome, P. silvatica (Schaeff.) P. Kumm., P. villatica (Brond.) Bres., P. cretacella (Atk.) Rick, P. perrara Schulz., P. subrufescens (Peck) Kaufman, P. echinata (Roth) P. Kumm., P. albovelutina Rick, P. rhodochroa (Berk. & Broome) Rick, P. placomyces (Peck) Henn., P. cretacea (Fr.) Gillet., P. marcelina Rick, P. trissulphurata (Berk.) Rick., P. californica (Peck) Rick, P. argentina (Speg.) Herter, P. comtula (Fr.) Quél. e P. straminea Rick. O gênero Lepiota foi o mais representativo, sendo dividido em quatro secções: Procerae – espécies grandes, com píleo maior que 10 cm – Lepiota procera (Scop.) Gray, L. coriacea Rick, L. excoriata (Schaeff.) P. Kumm., L. bonaerensis Speg., L. stercoraria Rick, L. rhacodes (Vittad.) Quél., L. morganii (Peck) Sacc., L. brinkmanii Rick, L. permixta Barla, L. molybdites (G. Mey.) Sacc., L. aureoconspersa Rick, L. badhamii (Berk. & Broome) Quél. e L. zeyheri Berk. Mediae – espécies com píleo entre 5-10 cm e basidiósporos entre 5-10 µm – L. friesii (Lasch) Quél., L. ingrata Rick, L. pteropoda Kalchbr. & MacOwan, L. meleagris (Sowerby) Quél., L. clypeolaria (Bull.) Quél., L. erythrella Speg., L. rickiana Speg., L. steinhausii (Penz.) Sacc., L. medularis Rick, L. leviceps Speg., L. denticulata Speg., L. cyanea Rick, L. fuscoquamea Peck, L. forquignonii Quél., e L. hispida Gillet. 9 Minores – com píleo entre 3-5 cm – L. cepaestipes Sow. (com as variedades pluvialis (Speg.) Rick, sordescens (Berk. & M.A. Curtis) Rick, flos-sulphuris (Schnizl.) Rick, farinosa (Peck) Rick, rorulenta (Panizzi) Rick, hiatuloides (Speg.) Rick, cheimonoceps (Berk. & M.A. Curtis) Rick, schweinfurthii (Henn.) Rick), L. metulispora (Berk. & Broome) Sacc., L. cristata (Bolton) P. Kumm. (com a variedade pycnocephala (Berk. & Broome) Rick), L. licmophora (Berk. & Broome) Sacc., L. sulphurina Clem., L. longistriata Peck, L. felinoides Peck, L. olivaceomammosa Rick (com a variedade grisea Rick), L. rubrosquamosa Rick (com a variedade rubescens Rick), L. atrocoerulea Rick, L. holosericea (Fr.) Gillet (com a variedade lanata Rick), L. bulbipes Mont., L. flavosericea Rick, L. serenula P. Karst., L. felina (Pers.) P. Karst. (com a variedade laeviceps (Speg.) Rick) e L. sordida Rick. Minimae – com píleo de no máximo 3 cm – L. pusilla Speg., L. rufogranulata Henn., L. noctiphila (Ellis) Sacc., L. aureofloccosa Henn., L. gracilis Peck, L. delicata (Fr.) Gillet. (com a variedade albonuda Rick), L. albosquamosa Rick, L. hypholoma Rick, L. cristatula Rick, L. sulphureosquamosa Rick, L. phaeopus Rick, L. serrulata Rick, L. brunnescens Peck (com a variedade erythropus Rick), L. straminea Rick, L. alopochroa (Berk. & Broome) Sacc., L. plumbicolor (Berk. & Broome) Sacc., L. inclinata Rick (com a variedade appendiculata Rick), L. rubella Bres., L. lanosofarinosa Rick, L. atrorupta Rick, L. unicolor Rick, L. anceps Rick, L. anthomyces (Berk. & Broome) Sacc., L. erminea (Fr.) Gillet, L. revoluta Rick, L. radicata Rick, L. russoceps Berk. & Broome, L. pyrrhaes (Berk. & Broome) Sacc., L. seminuda (Lasch) Gillet, L. parvannulata (Lasch) Gillet, L. micropholis (Berk. & Broome) Sacc., L. trombophora Berk. & Broome, L. pratensis Speg., L. aurantiaca Henn., L. brunneoannulata Rick, L. dubia Rick, L. grisea Rick, L. flavipes Rick, L. lugens Rick, L. confusa Rick, L. rupta Rick, L. citrinella Speg. (com a variedade serrata Rick), L. brunneosquarrosa Rick, L. brunneopurpurea Rick, L. brunneocarnea Rick, L. rosella Rick, L. rubrostraminea Rick, L. fulvolutea Rick, L. tortipes Rick, L. fulvastra Berk. & M.A. Curtis e L. proletaria Rick. Em seu estudo de tipos de Basidiomycetes, Singer (1953), revisou as espécies de Rick, depositadas no Colégio Anchieta (PACA), confirmando as seguintes espécies de Agaricaceae para o Rio Grande do Sul: Agaricus campestris L. ex Fr. ou A. pampeanus (Speg.) Speg., Chlorophyllum molybdites (Meyer ex Fr.) Massee, Lepiota crassior Sing., L. flavidula (Rick) Sing., Lepiotella brunnea Rick, Leucoagaricus confusus (Rick) Sing., L. olivaceomamillatus (Rick) ex Sing., L. rubrosquamosus (Rick) Sing., Leucocoprinus cepaestipes (Sow. ex Fr.) Pat., Macrolepiota bonaerensis (Speg.) Sing, Melanophyllum 10 echinatum (Roth ex Fr.) Sing., Ripartitella brasiliensis (Speg.) Sing. e Smithiomyces mexicanus (Murr.) Sing. Ainda para a região Sul, em um levantamento genérico de Agaricales em mata nativa de pinheiro-brasileiro (Araucaria angustifolia (Bertol) O. Kze.), Pereira (1982) registrou os gêneros Agaricus, Cystoderma e Lepiota na Floresta Nacional de São Francisco de Paula, Rio Grande do Sul. Raithelhuber (1987a, 1987b, 1987c) contribuiu mencionando várias espécies dos gêneros Leucocoprinus e Macrolepiota para o Rio Grande do Sul. Heinemann (1993) cita Agaricus argentinus Speg., A. trisulphuratus Berk., Psalliota straminea (Rick) Rick (=Agaricus stramineus Krombholz) para o Rio Grande do Sul e Agaricus spissicaulis F.H. Møller, A. dicystis Heinem., A. cf. fuscofibrilosus (F.H. Møller) Pilát, A. junquitensis Heinem., A. parasilvaticus Heinem., A. silvaticus Schaeff., A. cheilotulus Heinem., A. cf. nivensis (F.H. Møller) F.H. Møller, A. cf. ochrascens Heinem. & Goos.-Font., A. silvicola (Vittad.) Peck, A. meijeri Heinem., A. volvatulus Heinem. & Goos.-Font., A. riberaltensis Heinem., A. cf. bugandensis Pegler, A. sulcatellus Heinem., Micropsalliota arginea (Berk. & Broome) Pegler & Rayner, M. cf. campestroides (Heinem.) Heinem. e M. cephalocystis (Heinem.) Heinem. para o estado do Paraná. Heinemann & Meijer (1996) citam Volvolepiota brunnea (Rick) Singer para o estado do Paraná. Pereira (1998) descreveu 10 novas espécies do gênero Lepiota: L. apicepigmentata, L. araucariicola, L. bifurcata, L. brunneotabacina, L. colorada, L. cutiscamosa, L. conglobata, L. ministipitata, L. santacruzensis e L. septata para a região Sul do Brasil. Através da revisão de materiais depositados em herbários brasileiros, Pereira (2000) citou mais 23 espécies do gênero Lepiota: L. abruptibulba Murr., L. aspera (Pers. ex Fries) Quél., L. brunneoannulata Rick, L. brunneocarnea Rick, L. brunneopurpurea Rick, L. brunneosquarrosa Rick, L. clypeolaria (Bull. ex Fr.) Kumm., L. cristata (Bolton ex Fr.) Kumm., L. flavipes Rick, L. forquignonii Quél., L. hypholoma Rick, L. inclinata Rick, L. ingrata Rick, L. izonetae Singer, L. lugens Rick, L. olivaceomammosa Rick, L. parvannulata (Lash. ex Fr.) Gill., L. phaeopus Rick, L. phaeosticta Morg., L. pyrrhaes Berk. & Br., L. radicata Rick, L. rubella Bres. e L. rubrostraminea Rick., além das suas 10 espécies anteriormente mencionadas. Posteriormente, Pereira (2001), apresentando os resultados da revisão das espécies do gênero Lepiota descritas ou citadas para a micobiota brasileira, discute oitenta e nove epítetos específicos, destes, cinqüenta e cinco foram 11 excluídos do gênero, dezenove são considerados nomen nudum e quinze são nomes duvidosos, por terem a exsicata muito danificada. Spielmann & Putzke (1998), citam a ocorrência de Leucoagaricus gongylophorus (A. Møller) Singer em um ninho ativo de formiga, em floresta nativa no Rio Grande do Sul. Meijer (2001, 2006), através de levantamento micológico realizado desde o ano de 1979 no estado do Paraná, cita várias espécies de Agaricaceae. Mais recentemente, Sobestiansky (2005), através de coletas realizadas em sete municípios no sul do Brasil, seis no Rio Grande do Sul e um em Santa Catarina, listou as seguintes espécies agaricóides de Agaricaceae sensu lato: Chlorophyllum hortense (Murrill) Vellinga, Chlorophyllum molybdites (G. Mey. : Fr.) Massee, Leucoagaricus cf. lilaceus Singer, Leucocoprinus birnbaumii (Corda) Singer, L. cretaceus (Bull.: Fr.) Locq., Macrolepiota pulchella Vellinga & de Meijer, Macrolepiota sp. e Ripartitella brasiliensis (Speg.) Singer. Para a região Sudeste, podemos citar trabalhos como o de Bononi et al. (1981a), mencionando Agaricus sp, Lepiota aurea Pers. ex Fr., L. clypeolaria (Bull.) Quél, L. morganii Peck, Lepiota sp., Leucocoprinus cepaestipes Pat, L. fragilissimus (Berk. & Rav.) Pat., Leucocoprinus sp., Phaeolepiota aurea (Mattuska ex Fr.) Gillet e Volvolepiota brunnea (Rick) Sing para o Parque Estadual Fontes do Ipiranga, São Paulo. Em outro trabalho, Bononi et al. (1981b) fazem referência à ocorrência de Leucocoprinus gongylophorus (A. Møller) Heim (=Leucoagaricus gongylophorus) em dois formigueiros de Atta sexdens rubropilosa Forel encontrados no estado de São Paulo. Grandi et al. (1984), citam pela primeira vez para o Brasil, várias espécies de agaricáceas como: Agaricus porosporus Heinem., A. singeri Heinem., Lepiota epicharis var. occidentalis Dennis, L. lentiginosa Pegler, Leucoagaricus naucinus (Fr.) Singer, Leucocoprinus birnbaumii (Corda) Singer, Macrolepiota dolichaula (Berk. & Broome) Pegler & R.W. Rayner e M. mastoidea (Fr.) Singer, coletadas no Parque Estadual Fontes do Ipiranga, estado de São Paulo. Em um trabalho de levantamento de fungos da ordem Agaricales realizado no Parque Estadual da Ilha do Cardoso, estado de São Paulo, Capelari (1989), identificou 73 táxons específicos e infraespecíficos classificados em 28 gêneros. Dentre os espécimes identificados, 18 pertencem à família Agaricaceae, enquadrando-se nos gêneros Agaricus, Cystoderma, Lepiota e Leucocoprinus. Sendo que as espécies Leucocoprinus brebissonii (Godey) Locq. e L. fragilissimus (Rav.) Pat., caracterizaram-se como comuns para o local. 12 Heinemann (1989) descreveu Micropsalliota pruinosa Heinem. e citou M. roseovinacea para o Rio de Janeiro. Para o mesmo Estado, Heinemann (1993), citou Agaricus silvaticus var. pallidus (F.H. Møller) F.H. Møller, A. volvatulus Heinem. & Goos.-Font., A. riberaltensis Heinem., A. cf. rhopalopodius Pat. e para o estado de São Paulo, Agaricus blazei Murril. Pegler (1997), visitando o estado de São Paulo a convite da Dra. Vera Lucia Bononi, examinou as espécies depositadas no Herbário Maria Eneyda P. Kauffman Fidalgo, confirmando as seguintes agaricáceas: ¾ Tribo Agariceae: Agaricus argyropotamicus Speg., A. porosporus Heinem., A. silvaticus Schaeffer, A. parasilvaticus Heinem., A. fiardii Pegler, A. hornei Murr., A. endoxanthus Berk. & Broome, A. purpurellus Heinem., A. singeri Heinem., A. violaceosquamulosus Baker & Dale, A. ochraceosquamulosus Heinem., A. rufoaurantiacus Heinem., A. dennisii Heinem., A. puttemansii Pegler e Micropsalliota roseovinacea Pegler. ¾ Tribo Cystodermateae: Cystoderma amianthinum (Scop.) Konr. & Maubl., C. contusifolium Pegler, C. siparianum (Dennis) Thoen, Ripartitella brasiliensis (Speg.) Singer. ¾ Tribo Lepioteae: Cystolepiota marthae Singer, Lepiota subflavescens Murr., L. lilacea Bres., L. epicharis (Berk. & Broome) Sacc. var. occidentalis Dennis, L. lineata Pegler, L. subcristata Murr., L. lactea Murr., L. phaeosticta Morgan, L. nigropunctata Dennis, L. rimosa Murr., L. murinocapitata Dennis, L. guatopoensis Dennis, L. ochraceoaurantiaca Dennis, L. quinamana Dennis, L. abruptibulba Murr., L. citriodora Dennis, L. griseorubescens Dennis e L. serena (Fr.) Sacc. ¾ Tribo Leucocoprineae: Chlorophyllum molybdites (Meyer: Fr.) Massee, Leucoagaricus hortensis (Murr.) Pegler, L. imperialis (Speg.) Pegler, Leucocoprinus birnbaumii (Corda) Singer, L. brebissonii (Godey) Locq., L. fragilissimus (Rav.) Pat., L. meleagris (Sow.) Locq., L. sulphurellus Pegler, L. venezuelanus Dennis e Macrolepiota bonaerensis (Speg.) Singer. Em um trabalho avaliando a atividade antimicrobiana de basidiomicetos, Rosa et al. (2003) citaram Agaricus cf. nigrecentulus Heinem, A. cf. trinitatensis R.E.D. Baker & W.T. Dale, A. porosporus Heinem., Leucoagaricus cf. cinerascens (Quél.) Bon & Boiffard, Leucocoprinus cf. longistriatus (Peck) H.V. Sm. & N.S. Weber, mais uma espécie indeterminada de Lepiota e outra de Leucocoprinus coletados no estado de Minas Gerais e uma única espécie indeterminada de Agaricus coletada no estado de São Paulo. 13 Capelari e Gimenes (2004) descreveram Leucocoprinus brunneoluteus, uma nova espécie de agaricácea, pertencente à tribo Leucocoprineae, para o estado de São Paulo. Para a região Centro-Oeste, o único registro conhecido é o de Heinemann (1993), citando Agaricus argyropotamicus Speg. para o estado do Mato Grosso. Para a região Nordeste, mais especificamente para o estado de Pernambuco, Batista (1957) descreveu Lepiota minuta Bat.. Kimbrogh et al. (1994) citam Chlorophyllum molybdites (G. Mey) Massee, Lepiota erythrosticta (Berk. & Broome) Sacc. e L. teipeitensis Murrill. Maia (1998) cita Agaricus purpurellus (F.H. Møller) F.H. Møller, Lepiota americana Peck, L. morganii Peck e L. procera Lloyd. Maia et al. (2002) citam Agaricus brunneostictus Heinem., Lepiota griseorubescens Dennis, L. holosericea (Fr.) Gillet, L. lineata Pegler, L. stuhlmannii Henn., L. americana Peck, Leucoagaricus meleagris (Sowerby) Singer, Melanophyllum sp. e Micropsalliota roseovinaceus Pegler. Wartchow (2005), trabalhando em áreas de Mata Atlântica na região metropolitana de Recife, identificou 22 espécies de Agaricaceae, sendo que Catatrama costaricensis FrancoMol., Lepiota elaiophylla Vellinga & Huijser, L. subincarnata J.E. Lange, Micropsalliota brunneosperma (Singer) Pegler e Ripartitella alba Halling & Franco-Mol. são novas referências para o Brasil e as demais, em sua maioria, novos registros para o estado de Pernambuco. Para a região Norte, Capelari & Maziero (1988) mencionaram Agaricus cf. silvaticus Schaeff., Lepiota ochraceoaurantiaca Dennis, citriodora Dennis, L. cf. phaeosticta L. guatopoensis Dennis, Morgan, L. rubrotincta L. Peck, Leucocoprinus brebissonii (Godey) Locq., L. cepaestipes (Sowerby ex Fr.) Pat. e L. fragilissimus (Rav.) Pat, em coletas na região dos rios Jaru e Ji-Paraná, estado de Rondônia. Singer (1989) descreveu Leucoagaricus tricolor, Hiatulopsis aureoflava, Cystolepiota albogilva, C. amazonica, C. potassiovirens, Lepiota gomezii e L. izonetae para o estado do Amazonas e Chamaemyces paraensis para o estado do Pará. Bononi (1992), citou apenas uma espécie indeterminada de Agaricus e Lepiota citrinella Speg. em seu trabalho realizado na cidade de Rio Branco, estado do Acre, que tinha como objetivo maior, iniciar um Herbário Micológico junto ao Departamento de Botânica da Universidade Federal do Acre. Recentemente, em um levantamento de Agaricales na Reserva Biológica Walter Egler, Amazonas, Souza & Aguiar (2004) mencionaram a ocorrência de espécies indeterminadas dos gêneros Agaricus, Cystoderma e Lepiota. 14 Mesmo depois da realização dos vários trabalhos mencionados, em diferentes localidades do nosso país e principalmente os realizados no estado do Rio Grande do Sul por profissionais e amantes da Micologia, muito ainda necessita ser estudado e descoberto. Somente com muita dedicação e seriedade será possível ampliar o conhecimento e a distribuição geográfica dos fungos desta família, sendo de fundamental importância trabalhos de cunho taxonômico, essenciais para o desenvolvimento da ciência básica e aplicada. 15 2. OBJETIVOS Geral: 9 Ampliar o conhecimento sobre os fungos da família Agaricaceae Chevall. no Rio Grande do Sul. Específicos: 9 Conhecer os fungos da família Agaricaceae (Agaricales, Basidiomycota) do Parque Estadual de Itapuã; 9 Identificar a nível específico os exemplares coletados no Parque Estadual de Itapuã; 9 Elaborar chaves dicotômicas para a determinação dos gêneros e espécies encontrados na área em estudo; 9 Ampliar o acervo do Herbário do Departamento de Botânica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ICN) a partir da incorporação de todo o material coletado; 16 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Área de estudo O Parque Estadual de Itapuã (Fig. 1), unidade de conservação de proteção integral, localizado no município de Viamão, pertence à região metropolitana de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul. Encontra-se a aproximadamente 60 km ao sul da capital gaúcha e localiza-se frente ao encontro das águas do lago Guaíba e da laguna dos Patos. Em decorrência da presença conjunta de morros graníticos e planícies arenosas, apresenta grande variedade de ambientes e paisagens: praias, lagoas, dunas, banhados, campos, costões, afloramentos rochosos, onde crescem variadas formações vegetais, incluindo remanescentes de Mata Atlântica e uma fauna igualmente rica (Rio Grande do Sul 1997). Segundo Rambo (1994), o Parque situa-se dentro dos limites da fisionomia denominada Serra do Sudeste, ou Escudo Cristalino, a qual, apresenta-se como um triângulo isóscele no território rio-grandense, cujos vértices tocariam na lagoa dos Barros, a leste de Porto Alegre, e nos municípios de Jaguarão e São Gabriel. Com uma área aproximada de 5.566 hectares, entre as coordenadas (30º20’ a 30º27’ S e 50º50’ a 51º05’ W), caracteriza-se por ser o último remanescente dos ambientes originais da Região Metropolitana (SEMA 2006). Segundo Irgang (2003), o Parque compreende duas formações geológicas: morros graníticos do Escudo Cristalino (constituídos por rochas cristalinas Pré-Cambrianas, com a sua formação a mais de 500 milhões de anos) e Planície Costeira (formada junto aos morros graníticos há cerca de 400 mil anos atrás, quando o aumento da temperatura do planeta causou o derretimento das geleiras). O clima da área em estudo é classificado, segundo o sistema de Koeppen (1948), como estando dentro da classe Cfa, descrito como clima subtropical úmido, com média do mês mais quente superior a 22°C e média do mês mais frio entre os limites –3°C e 18°C. A temperatura média anual oscila em torno dos 17°C e a precipitação média anual fica entre 1.100 e 1.300 mm, sendo as chuvas bem distribuídas ao longo do ano. Os nevoeiros são freqüentes e a umidade atmosférica tende a ser elevada devido à presença constante das massas de ar marítimas. 17 A vegetação do Parque de Itapuã é formada por florestas e campos, e destaca-se por sua diversidade, estando incluída nos domínios da Mata Atlântica. A diversidade ocorre devido às variações das condições físicas, determinadas pela proximidade dos morros graníticos com a planície sedimentar em área restrita. Destacam-se, entre as formações arbóreas, as matas de encosta, matas de restinga arenosa e paludosa, e matas ciliares. As matas de encosta, na face sul dos morros caracterizam-se por serem mais úmidas e possuírem solos mais profundos com maior capacidade de armazenamento de água, diferente das condições dos cumes e encostas nortes dos morros. São espécies características desse tipo de mata: figueira-de-folha-miúda (Ficus organensis (Miq.) Miq.), timbaúva (Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong), açoita-cavalo (Luehea divaricata Mart. & Zucc.), aroeira-braba (Lithraea brasiliensis March.), entre outras. As matas de restinga e paludosa são menos comuns, possuem dossel irregular e apresentam como espécies típicas o tarumã-branco (Cytharexylum myrianthum Cham.), a embaúba (Cecropia pachystachya Trec.), a corticeira-do-banhado (Erythrina crista-galli L.) e o jerivá (Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman). As matas ciliares, por sua vez, ocorrem junto aos cursos d’água, sendo que aquelas próximas ao Lago Guaíba geralmente ocorrem internamente à vegetação juncal, formada, principalmente, por junco (Scirpus californicus (C.A. Mey.) Steud.). Destacam-se na mata ciliar madura o aguaí-mata-olho (Pouteria gardneriana (A. DC.) Radlk.) e o sarandi-amarelo (Terminalia australis Camb.), entre outras (Brack et al. 1998). Embora o Parque tenha sido criado oficialmente em 1973, como conseqüência do movimento ecológico contra a destruição das paisagens e ambientes naturais, causada pela extração de granito, a sua implantação efetiva só ocorreu em 1998, com a conclusão da infra-estrutura necessária para o cumprimento de seus objetivos como categoria Parque, segundo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Irgang 2003). 18 3.2 Metodologia Coleta de material As coletas foram realizadas durante o período de Abril de 2005 a Junho de 2006, concentradas durante as estações do outono, primavera e verão; totalizando 18 visitações a área de estudo. Os diversos locais do Parque, com mata nativa, campos e gramados, foram percorridos em busca de espécimes de cogumelos da família em questão. Todo o material coletado foi retirado do substrato com o auxílio de uma faca ou espátula e envolto em papel, para posteriormente ser armazenado separadamente em recipientes ou sacos plásticos, evitando assim a mistura de esporos, o que dificultaria a sua identificação. Anotações sobre a natureza do substrato e demais observações dos espécimes foram tomadas no campo a fim de facilitar a determinação do material e interpretar o ambiente onde se desenvolvem. Também foram feitos desenhos e/ou retiradas fotos dos exemplares coletados. Análise macroscópica Foram preenchidas fichas de análise macroscópica, especialmente confeccionadas para os fungos desta família, para cada exemplar coletado, procurando assim preservar características importantes do material, antes da desidratação, que auxiliariam na sua identificação, como: a) Píleo: importante anotar o máximo de características ainda quando o cogumelo estiver fresco, pois podem ocorrer variações em sua coloração e forma, após a desidratação. • Dimensões: diâmetro do cogumelo; • Forma: desde o cogumelo jovem até o adulto, quando possível; • Coloração: muito importante na identificação dos fungos desta família. Podem ocorrer variações entre a margem e a superfície, sendo fundamental a utilização de uma carta de cores; • Superfície: podendo variar desde lisa (glabra), fibrilosa, esquamulosa a fortemente escamosa, também fazendo anotações referentes a sua coloração; 19 • Margem: formato (plana, revoluta, involuta ou curvada para baixo) e o tipo (lisa ou regular, plicada, apendiculada); • Contexto: anotações sobre a sua consistência (membranosa a carnosa), bem como a sua coloração. b) Himenóforo: caracterizado por ser lamelar (Singer 1986). Aqui são feitas anotações referentes à coloração das lamelas, inserção, abundância e consistência. c) Estípite: assim como o píleo, pode ocorrer mudança na sua coloração e forma após a desidratação. • Dimensões: comprimento e largura; • Forma: variações no formato, podendo ser cilíndrico, clavado, com base mais alargada, sub-bulboso a bulboso; • Coloração: também utiliza-se uma carta de cores; • Posição: central; • Superfície: lisa ou ornamentada (fibrilosa a esquamulosa, ocorrendo em várias espécies dos gêneros Macrolepiota e Lepiota); • Contexto: sua coloração, sua consistência (carnosa, fibrosa, membranosa) e se é fistuloso ou não. d) Véu parcial (anel): muito importante nessa família, tendo em vista que a maioria das espécies possui, mesmo que algumas vezes seja efêmero. Anotações quanto a sua coloração, posição, consistência e complexidade. e) Véu universal (volva): geralmente ausente nesta família, mas podendo estar presente em algumas espécies como em Agaricus martineziensis Heinem. (Capelari et al. 2006), Leucoagaricus bivelatus B.P. Akers & Ovrebo (Akers & Ovrebo 2005) e Volvolepiota brunnea (Rick) Sing. (Heinemann & Meijer 1996), entre outras. f) Micélio basal e rizomorfas: anotações quanto a sua presença, coloração e abundância. g) Esporada: a retirada da esporada é feita colocando-se uma parte do píleo, com as lamelas para baixo, sobre uma folha de papel branca, em câmara úmida. Nesta família, há uma variação enorme na coloração da deposição dos basidiósporos, desde branca, creme, castanho-acinzentada, castanho, castanho-escura até verde. Quando não for possível obter a esporada, observa-se a coloração das lamelas no basidioma maduro, ou 20 dos basidiósporos em lâminas montadas para serem visualizadas no microscópio óptico. Para as espécies do gênero Agaricus realizou-se o teste químico conhecido como Reação de Schaeffer, que consiste em fazer dois traços, um com Ácido Nítrico (HNO3) e outro com Anilina, na superfície do píleo. O resultado é positivo quando adiquirir uma coloração vermelho-alaranjada a vermelho-fogo no ponto de intersecção dos traços (Singer 1986). Todas as características macroscópicas analisadas foram baseadas na obra de Largent (1977), com o auxílio de microscópio estereoscópico LEICA ZOOM 2000. Todas as cores foram avaliadas utilizando-se como referência a carta de cores de Kornerup & Wanscher (1978). Após o preenchimento da ficha de análise macroscópica, todo o material foi desidratado em estufa com temperatura aproximada de 45ºC, sendo posteriormente analisado microscopicamente com o auxílio do microscópio óptico. Análise microscópica Para a análise microscópica, foram realizados cortes manuais no basidioma, utilizando lâminas de barbear novas. As lâminas foram montadas com solução aquosa de Hidróxido de Potássio a 5% (KOH), o que permite visualizar a coloração das estruturas microscópicas. Outras lâminas foram montadas com KOH e o corante Vermelho Congo 2% (Congo Red), o que possibilitou observar com maior nitidez as microestruturas e também efetuar o teste de congofilia (que é positivo quando os basidiósporos ficam totalmente corados de vermelho). Foi preenchida para cada espécie, uma ficha de análise microscópica e uma ficha com as medições das microestruturas especialmente montadas para os fungos dessa família. Foram feitas medições (o mínimo de 20, para cada elemento) e ilustrações das microestruturas, férteis e estéreis, como basídios, basidiósporos, cistídios, hifas da trama e superfície pilear (pileipellis), com o auxílio de uma ocular milimetrada e câmara clara acoplada ao microscópio óptico LEICA DM LS2. Todas as medições e ilustrações foram efetuadas em aumento de 1000x, com exceção da estrutura da superfície pilear de algumas espécies, em aumento de 400x. A nomenclatura das microestruturas foi 21 baseada na obra de Largent et al. (1986). Foram analisadas as seguintes estruturas microscópicas: a) Basidiósporos: as unidades de reprodução sexual dos fungos dessa família possuem variação na coloração, morfologia e dimensões (Pegler & Young 1971). São feitas anotações quanto a: • Dimensões: comprimento e largura, para efetuar o cálculo do Q (coeficiente entre o comprimento e a largura) e o Qm (valor médio de Q); • Forma: há uma variação grande na morfologia (globosos, subglobosos, amplamente elipsóides, elipsóides, oblongos, amigdaliformes, calcarados,...), apresentando poro germinativo visível ou não; • Coloração: desde hialino a tons de castanho e algumas vezes verde; • Parede: na maioria dos casos lisa ou em poucos casos, ornamentada. Variando de fina a espessa. b) Basídios: não tão expressivos na taxonomia deste grupo, mesmo se tratando da estrutura onde ocorre a formação dos basidiósporos. São feitas anotações quanto a sua forma, dimensões e aspectos referentes à parede; c) Cistídios: as microestruturas estéreis encontradas nessa família são importantes taxonomicamente. Geralmente são encontrados queilocistídios (situados no fio/bordo das lamelas) e com menor freqüência pleurocistídios (situados nas faces laterais das lamelas). São feitas anotações referentes a sua forma, espessura da parede, coloração e dimensões. d) Hifas da trama: observação da disposição das hifas, sua coloração e o tipo de parede. Geralmente nessa família as hifas da trama são regulares. e) Hifas da superfície pilear (“pileipellis”): de grande importância taxonômica em alguns gêneros (Lepiota, Leucocoprinus, Macrolepiota); analisadas quanto a sua estrutura, forma, comprimento, coloração e tipo de parede. f) Fíbulas: conexão entre hifas, semelhante a um gancho, característica do micélio secundário de muitos Basidiomycetes. Elas foram avaliadas através da sua presença ou ausência. Na família Agaricaceae, a sua ocorrência é limitada a poucos gêneros. 22 Alguns testes químicos são de grande importância na determinação de gêneros e espécies desta família. • Reação dextrinóide: utiliza-se o reagente de Melzer. Neste caso, quando os basidiósporos ficarem corados de castanho a castanho-avermelhado eles são configurados como dextrinóides (pseudoamilóides), se ficarem azulados (amilóides) e se não adquirirem nenhuma coloração (inamilóides). • Reação metacromática: utiliza-se Azul de Cresil. O endospório e a parede do esporo coram-se de rosa a lilás. Esta reação é observada nos gêneros Leucoagaricus, Leucocoprinus e Macrolepiota. • Reação de congofilia: já citada anteriormente. Identificação do material Para a identificação do material coletado, foram consultadas as obras especializadas de Bon (1981), Breitenbach & Kränzlin (1995), Candusso & Lanzoni (1990), Cappelli (1984), Dennis (1952, 1961, 1970), Heinemann (1961, 1962a, 1962b, 1962c, 1962d, 1977, 1986, 1990, 1993), Pegler (1972, 1977, 1983, 1986, 1997), Rick (1961), Singer (1949, 1986), Singer & Digilio (1951), Vellinga (2001), Wasser (1993), Wright & Albertó (2002), entre outras. O sistema de classificação adotado neste trabalho é baseado na obra de Singer (1986) e modificado com base no sistema de classificação proposto por Kirk et al. (2001). Foram incluídas somente espécies de gêneros agaricóides, não contemplando os gasteróides e secotiódes. Conservação dos basidiomas Todo material, após ter sido analisado e identificado, será incorporado ao acervo do Herbário do Departamento de Botânica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ICN). 23 Terminologia micológica, nome dos gêneros e das espécies Toda a terminologia micológica seguiu os trabalhos de Fidalgo & Fidalgo (1967), Guerrero & Silveira (2003) e Putzke & Putzke (2004). Todos os nomes de gêneros e de espécies identificados, bem como os seus respectivos basônimos, foram escritos segundo o CABI Bioscience Database (2006). Nome dos autores dos taxa Todas as abreviações dos nomes de autores foram escritas de acordo com Authors of Fungal Names (CABI Bioscience Database 2006). Coleções examinadas Foram analisadas coleções de importantes herbários nacionais e internacionais que possuem exsicatas da família em questão, como os herbários da Universidade de Buenos Aires (BAFC) e o da Fundação Miguel Lillo (LIL), ambos da Argentina; também foram revisados herbários nacionais, o do Instituto de Botânica (SP) e o do Instituto Anchietano de Pesquisas/Unisinos (PACA), onde se concentra a maioria das exsicatas de Agaricaceae do nosso país. As siglas dos herbários seguem o Index Herbariorum (2007). 24 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO No Parque Estadual de Itapuã, nas 18 visitações realizadas no período de Abril de 2005 a Junho de 2006, foram identificadas 19 espécies distribuídas em 6 gêneros pertencentes à família Agaricaceae, dos quais: Agaricus (5 espécies), Chlorophyllum (1 espécie), Lepiota ( 3 espécies), Leucoagaricus (3 espécies), Leucocoprinus (6 espécies) e Macrolepiota (1 espécie). 4.1 Chave para determinação dos gêneros encontrados 1.Esporada escura (tons de castanho) ou esverdeada, basidiósporos pigmentados...........2 1.Esporada clara (branca a creme), basidiósporos não pigmentados (hialinos) ................3 2.Esporada e basidiósporos escuros (castanho-acinzentado a castanho-escuro).. Agaricus 2.Esporada e basidiósporos esverdeados .................................................... Chlorophyllum 3.Basidiósporos com poro germinativo visível .................................................................4 3.Basidiósporos sem poro germinativo visível..................................................................5 4.Basidiomas geralmente delicados e frágeis, com o píleo normalmente sulcado/plicado, fíbulas ausentes.................................................................Leucocoprinus 4.Basidiomas mais robustos, com o píleo não sulcado e fíbulas presentes, mas de difícil visualização ...................................................................................................Macrolepiota 5.Basidiósporos metacromáticos em Azul de Cresil ...................................Leucoagaricus 5.Basidiósporos não metacromáticos em Azul de Cresil ....................................... Lepiota 25 4.2 Agaricus L. Sp. Plantarum 2: 1173 (1753). Hábito pluteóide dos basidiomas. Píleo carnoso com superfície glabra a escamosa, seca, pigmentada ou não. Lamelas livres, brancas a rosa quando imaturas, tornando-se mais escurecidas com a maturidade dos basidiósporos. Esporada castanho-púrpura a sépia. Estípite central, alongado, apresentando um anel membranoso simples ou complexo, com base freqüentemente bulbosa. Contexto às vezes mudando de cor para vermelho ou amarelo quando tocado ou machucado. Basidiósporos castanhos, lisos, com parede espessa, com até 10 µm de comprimento, raramente maiores, não dextrinóides, com ou sem poro germinativo visível. Basídios comumente tetrasporados, mas em alguns casos bisporados. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios presentes ou ausentes. Superfície pilear freqüentemente composta por hifas prostradas. Trama himenoforal regular a irregular. Fíbulas ausentes. Crescendo no solo ou em húmus, no interior de florestas ou em locais abertos (gramados, campos). Espécie tipo: A. campestris L. [como 'campester']. 4.2.1 Chave para as espécies de Agaricus 1.Basidiomas pequenos, com o diâmetro do píleo inferior a 50 mm e apresentando coloração laranja-claro a alaranjado ..............................................................Agaricus sp.1 1.Basidiomas robustos e maiores, com o diâmetro do píleo superior a 50 mm e apresentando coloração diferente da anterior ....................................................................2 2.Píleo castanho-vináceo a violeta, estípite com a superfície esquâmulosa-fibrilosa, basidiósporos elipsóides (4.3-)4.7-5.2 x 3-4 µm .........................................A. porphyrizon 2.Píleo branco, castanho-claro ou castanho, estípite com a superfície lisa, basidiósporos elipsóides a oblongos com dimensões maiores .................................................................3 3.Píleo castanho-claro a castanho, com a superfície coberta por fibrilas de coloração castanho a castanho-claro ...................................................................A. pseudoargentinus 3.Píleo branco, com a superfície coberta por esquâmulas e/ou fibrilas bege, castanhoclaro a castanho sobre um fundo branco ...........................................................................4 26 4.Estípite com a base bulbosa apresentando um anel carnoso bem desenvolvido e persistente, basidiósporos elipsóides a oblongos 5.5-6.5 x 3-3.8 µm........A. aff. silvaticus 4.Estípite com a base afilada apresentando um anel membranoso bem desenvolvido, basidiósporos elipsóides (6-)6.5-7.5(-8) x 4-5 µm ....................................... A. cf. litoralis 4.2.2 Agaricus cf. litoralis (Wakef. & A. Pearson) Pilát Fig. 2 e 16 Klíc Kurc. Naš. Hub Hrib. Bedl. (Praha): 403 (1952) [como ‘littoralis’]. Psalliota litoralis Wakef. & A. Pearson, in Pearson, Trans. Br. mycol. Soc. 29(4): 205 (1946). Píleo 91 mm, convexo a plano-convexo; branco (1.A1); superfície esquamulosa, seca, coberta por esquâmulas apressas de coloração castanho-claro (6.D4) a bege (3.B3); borda plana com margem apendiculada; contexto carnoso de coloração branca, não mudando de coloração após ser cortado. Lamelas livres, castanho-escuras (7.F5), muito próximas, membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 51 x 20 mm, central, afinando na base, branco; superfície lisa; estreitamente fistuloso de consistência carnosa-fibrosa; contexto branco não mudando de cor; rizomorfas pequenas e finas de coloração branca; micélio basal ausente. Anel mediano a súpero, simples, descendente, membranoso, branco, bem desenvolvido. Odor agradável. Reação de Schaeffer negativa na superfície do píleo. Basidiósporos (6-)6.5-7.5(-8) x 4-5 µm, Q = 1.30-1.75, Qm = 1.47, elipsóides, castanhoacinzentados a castanhos, parede espessa e lisa, não apresentando poro germinativo visível. Esporada castanho-escura (7.F5). Basídios 15-20 x 7-9 µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de 2-3 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios 19-29 x 10-15 µm, inflado-clavados a clavados, hialinos, parede fina e lisa. Superfície pilear 5-16 µm, formada por hifas de parede fina e lisa, prostradas, levemente pigmentadas de bege. Fíbulas ausentes. Trama himenoforal regular, 4-22 µm, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa. Aspectos ecológicos: crescendo solitário, em solo de campo aberto (gramado). Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã, Praia de Fora, 27/IV/2006, M.S. Rother 133/06 (ICN 139292). 27 Material adicional examinado: ARGENTINA. La Lucila: La Roja al 400, 10/V/1992, J.E. Wright (BAFC 32776). Distribuição: Europa: Cappelli (1984); Nauta (2001). América do Sul: Heinemann (1993). Discussão: Nosso espécime é caracterizado por apresentar basidioma branco com a superfície do píleo coberta por esparsas esquâmulas de coloração castanho-claro a bege, pelo estípite com base afilada, anel súpero e descendente, presença de queilocistídios e pela reação de Schaeffer negativa. Suas dimensões e morfologia assemelham-se as de Agaricus campestris L. e a A. bitorquis (Quél.) Sacc., porém difere da primeira espécie por apresentar queilocistídios e da segunda por não apresentar anel duplo e pelo contexto não mudar de cor quando cortado ou machucado. A. platensis Speg. descrito para a Argentina (Spegazzini 1926) também apresenta morfologia parecida, mas difere por possuir anel ínfero semelhante a uma volva, por apresentar basidiósporos menores (5 x 4 µm) e pela ausência de cistídios. Agaricus spissicaulis F.H. Møller apresenta basidiósporos com 5-7 x 4-5,5 µm, queilocistídios clavados a cilíndricos e é comumente encontrado em campos próximo ao litoral. É relacionado com A. maskae Pilát, que difere praticamente por apresentar basidiósporos e queilocistídios levemente maiores (Cappelli 1984). De acordo com Nauta (2001), estas duas espécies são consideradas sinonímias de Agaricus litoralis, nome atualmente aceito, que apresenta medidas de basidiósporos (6.5-)7-8.5 x (4.5-)5-6.5 µm, queilocistídios e formas gerais muito semelhantes às de nosso material, além de ser encontrado em substrato semelhante. É considerada rara na Europa, também conhecida na América do Norte e no norte da África. Através da análise de material depositado no herbário BAFC citado como A. spissicaulis, encontrou-se basidiósporos medindo 5-6 x 3.5-4 µm, mas não foi possível observar algumas características importantes, como a coloração e a presença de queilocistídios, devido ao tempo de herborização. No Brasil, Agaricus spissicaulis foi encontrado em dunas do litoral do estado do Paraná (Heinemann 1993). Serão necessárias mais coletas para confirmar a ocorrência de A. litoralis (= A. spissicaulis) para a área de estudo e para o Estado. 28 4.2.3 Agaricus porphyrizon P.D. Orton Fig. 3 e 17 Trans. Br. mycol. Soc. 43(2): 174 (1960). Píleo 70-100 mm, hemisférico a convexo quando jovem tornando-se aplanado na maturidade; castanho-vináceo (10.E6) com o umbo mais violeta (12.F6); superfície esquâmulosa-fibrilosa, seca, coberta por esquâmulas e fibrilas apressas de coloração castanho-vináceo a violeta, dispostas radialmente e com maior concentração no disco central; borda plana com margem regular; contexto carnoso de coloração branca, não mudando de coloração após ser cortado. Lamelas livres, castanhas (7.E5) a castanhaescura (7.F6), muito próximas, membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 70-80 x 10-12 mm, central, sub-bulboso (15-19 mm), branco; superfície radialmente esquamulosa abaixo do anel; fistuloso, de consistência fibrosa; contexto branco não mudando de cor; rizomorfas brancas; micélio basal ausente. Anel súpero, simples, descendente, membranoso, branco, bem desenvolvido. Odor agradável. Reação de Schaeffer não observada em material fresco. Basidiósporos (4.3-)4.7-5.2 x 3-4 µm, Q = 1.28-1.67, Qm = 1.44, elipsóides, castanhoclaros, parede espessa e lisa, não apresentando poro germinativo visível. Esporada castanha-escura (7.F6). Basídios 13-19 x 6-8.5 µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de 2-3 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios 15-24 x 7.5-11 µm, clavados a piriformes, hialinos, parede fina e lisa. Superfície pilear 59 µm, formada por hifas de parede fina e lisa, prostradas, pigmentadas de bege a castanhoclaro. Fíbulas ausentes. Trama himenoforal regular, 3-10 µm, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa. Aspectos ecológicos: crescendo solitário e em pequenos grupos, em solo no interior da mata. Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã, Praia da Pedreira, 09/IV/2005, M.S. Rother 029/05 (ICN 139293); M.S. Rother 035/05 (ICN 139294). Material adicional examinado: ARGENTINA. Neuquen: Puerto Manzano, 09/IV/1963, Singer M 3357 (BAFC 32283). 29 Distribuição: Europa: Cappeli (1984); Nauta (2001). Américas: Heinemann (1986, 1990, 1993). Discussão: Agaricus porphyrizon é caracterizado por apresentar o píleo violáceo a castanho-vináceo com a superfície esquâmulosa-fibrilosa, estípite branco com a superfície esquâmulosa-fibrilosa, anel membranoso descendente e queilocistídios. Segundo Nauta (2001), essa espécie está inserida na seção Minores Fr. devido aos basidiósporos (comprimento < 6.5 µm; Qm = 1.35-1.60; poro germinativo ausente), a estrutura do anel e a tonalidade amarelada do contexto quando machucado. Em nosso material, não foi observada a mudança de cor do contexto, tanto do píleo quanto do estípite e também não foi possível realizar a reação de Schaeffer em material fresco, mas as demais características conferem com as observadas nos materiais estudados por Cappelli (1984), Heinemann (1986, 1990) e Nauta (2001). Agaricus violaceosquamulosus Baker & Dale descrito para Trinidade e Tobago difere de A. porphyrizon por apresentar basidiomas menores e pelo anel ser ascendente (Baker & Dale 1951). Agaricus purpurellus (F.H. Møller) F.H. Møller apresenta a coloração do píleo similar, mas os basidiomas são menores, a superfície do píleo é fibrilosa e os basidiósporos são menores (Cappelli 1984). Agaricus porphyrizon é considerada aparentemente rara e encontrada mais comumente em regiões costeiras, no solo de matas com árvores decíduas e em gramados de dunas (Nauta 2001); características aparentemente similares às encontradas na vegetação e no solo do Parque. No estudo da exsicata (BAFC 32283) identificada por Singer, encontramos medidas de basidiósporos semelhantes às encontradas em nosso material, porém o basidioma é menor, o anel não está preservado e não foi possível visualizar os queilocistídios. Este é o primeiro registro de Agaricus porphyrizon para o Brasil. 30 4.2.4 Agaricus pseudoargentinus Albertó & J.E. Wright Fig. 4 e 18 Mycotaxon 50: 272 (1994). Píleo 58-85 mm, inicialmente hemisférico, convexo a plano-convexo até aplanado na maturidade; castanho-claro (6.D5) com centro castanho (6.E6) sobre um fundo branco; superfície fibrilosa, seca, coberta por fibrilas apressas de coloração castanho a castanhoclaro; bordo plano com margem apendiculada; contexto carnoso de coloração branca, não mudando após cortado. Lamelas livres, inicialmente rosa (13.A4) tornando-se castanhavinácea (11.E4) a castanha-acinzentada (11.E3) com o amadurecimento, muito próximas, membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 40-72 x 8-14 mm, central, cilíndrico, levemente mais engrossado na base (18 mm), branco; superfície lisa; fistuloso, de consistência fibrosa; contexto branco não mudando de cor; rizomorfas de coloração branca; micélio basal ausente. Anel súpero, simples, descendente, membranoso, branco, bem desenvolvido. Odor agradável. Reação de Schaeffer negativa na superfície do píleo. Basidiósporos 5.5-6.5(-7) x 3.8-5 µm, Q = 1.20-1.60, Qm = 1.38, amplamente elipsóides a elipsóides, castanho-claro a castanho, parede espessa e lisa, não apresentando poro germinativo visível. Esporada castanho-escura (7.F5). Basídios 16-23 x 7-8(-10) µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de 2-3.5 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios 12-33 x 8-12 µm, geralmente piriformes a clavados, hialinos, parede fina e lisa, abundantes. Superfície pilear 5-20 µm, formada por hifas de parede fina e lisa, prostradas, pigmentadas de castanho-claro. Fíbulas ausentes. Trama himenoforal regular a sub-regular, 3-11 µm, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa. Aspectos ecológicos: solitário ou em pequenos grupos, em solo no interior e na borda da mata. Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã, Praia da Pedreira, 22/X/2005, M.S. Rother 096/05 (ICN 139297); 09/XI/2005, M.S. Rother 101/05 (ICN 139298); Praia do Sítio, 07/IX/2005, M.S. Rother 076/05 (ICN 139295); M.S. Rother 078/05 (ICN 139296). 31 Material adicional examinado: ARGENTINA. Buenos Aires: Burzaco, X/1991, E. Albertó (BAFC 32962); Chascomús, campo del INTECH, 09/XI/2000, E. Albertó (ED: 880) (BAFC 50875). Distribuição: América do Sul: Albertó & Wright (1994); Wright & Albertó (2002). Discussão: Esta interessante espécie do gênero Agaricus, originalmente descrita pertencendo à seção Sanguinolenti (Schaeffer & M∅ller) Singer (Albertó & Wright 1994) e posteriormente transferida à seção Agaricus Konr. & Maubl. devido ao seu contexto ser imutável ao corte ou ao tato (Albertó 1996), caracteriza-se principalmente por apresentar píleo hemisférico a plano-convexo, com abundantes fibrilas castanho-claras a castanhoescuras sobre um fundo esbranquiçado; contexto branco imutável; reação de Schaeffer negativa na superfície do píleo; estípite branco, cilíndrico a levemente clavado; anel simples, bem desenvolvido, súpero e descendente (Albertó & Wright 1994; Wright & Albertó 2002). Agaricus pseudoargentinus foi descrito para a Argentina apresentando basidiomas solitários, encontrados em abundância e com basidiósporos medindo 4.7-5.7(6.5) x (3.2)3.7-4.2 µm (Albertó & Wright 1994). Em nosso material, foram observados basidiósporos levemente maiores e basidiomas geralmente solitários ou algumas vezes em pequenos grupos, tanto no interior quanto fora da mata. Segundo Albertó & Wright (1994), A. argentinus Speg. é muito próxima desta espécie, diferenciando-se pela coloração ferrugem-avermelhada da esporada, por apresentar anel duplo e pelo estípite não ser fistuloso. Através do estudo do material depositado no herbário BAFC e de comunicação pessoal com o autor da espécie, foi possível confirmar a sua determinação. Até o momento, Agaricus pseudoargentinus só havia sido citado para a Argentina, sendo este o primeiro registro para o Brasil. 32 4.2.5 Agaricus aff. silvaticus Schaeff. Fig. 5 e 19 Fung. Bavariae 4: 62 (1833). Píleo 67-75 mm, convexo a plano-convexo; branco (1.A1); superfície esquâmulosa, seca, coberta por esquâmulas recurvadas de coloração castanho-claro (6.D4), mais concentradas no disco central; borda plana com margem regular; contexto carnoso de coloração branca, não mudando de coloração após ser cortado. Lamelas livres, castanho-claro (6.D6) a castanho (6.E5), muito próximas, membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 65-87 x 6-8 mm, central, com a base bulbosa mais alargada (13-16 mm), branco; superfície lisa; não fistuloso, de consistência fibrosa; contexto branco adquirindo uma tonalidade amareloclaro depois de cortado; rizomorfas não observadas; micélio basal ausente. Anel súpero, simples, descendente, carnoso, branco, bem desenvolvido. Odor agradável. Reação de Schaeffer negativa na superfície do píleo. Basidiósporos 5.5-6.5 x 3-3.8 µm, Q = 1.45-2.00, Qm = 1.78, elipsóides a oblongos, castanho-claros, parede espessa e lisa, não apresentando poro germinativo visível. Esporada castanho-escura (7.F6). Basídios 14-17 x 5.5-6.5 µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de 1.5-2 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios (14-)18-25(-30) x 9-14 µm, inflado-clavados a clavados, difíceis de visualizar, hialinos, parede fina e lisa. Superfície pilear 3-14 µm, formada por hifas de parede fina e lisa, prostradas, pigmentadas de castanho-claro a bege. Fíbulas ausentes. Trama himenoforal regular, 3-14 µm, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa. Aspectos ecológicos: gregário, em solo no interior da mata. Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã, Praia da Pedreira, 22/X/2005, M.S. Rother 095/05 (ICN 139299). Distribuição: Europa: Cappelli (1984); Nauta (2001). Américas: Heinemann (1986, 1993); Hotson & Stuntz (1938); Pegler (1983, 1997). Discussão: Agaricus silvaticus apresenta alteração avermelhada na coloração do contexto quando machucado, o que não foi observado em nosso material. Heinemann (1986, 1990), em ambos trabalhos realizados na América do Sul, refere que esta espécie tem basidiósporos ovóides medindo 4.5-6 x 3-3.5 µm. Tanto para o Brasil (Pegler 1997) quanto para Martinique (Pegler 1983) são também citados basidiósporos com a mesma forma e 33 com medidas muito próximas. Em nossos exemplares encontramos basidiósporos um pouco maiores, mas dentro da variação da espécie. Cappelli (1984) menciona que Agaricus silvaticus é extremamente variável, apresentando um notável polimorfismo e algumas variedades conhecidas. Heinemann (1993) citou A. silvaticus var. pallidus (F.H. Møller) F.H. Møller para o Brasil, sendo que esta variedade difere de A. silvaticus pela coloração mais pálida das esquâmulas. Nosso material apresenta esta variação na coloração do píleo e das escamas, talvez devido a ter sido coletado em dia chuvoso, o que possibilitaria esta mudança. Segundo Nauta (2001) essa variedade não está bem definida por não existir nenhum tipo ou material original preservado. Pegler (1983) refere Agaricus bambusigenus Berk. & Curt., material coletado em Cuba, como uma espécie próxima e que difere de A. silvaticus por apresentar um anel grande e persistente, e hábito cespitoso, características presentes em nossos exemplares. Porém, refere que esta espécie estaria aparentemente associada com espécies de bambu. Faz-se necessário mais coletas para confirmar a ocorrência de Agaricus silvaticus na área de estudo. 4.2.6 Agaricus sp.1 Fig. 13 e 20 Píleo 18-41 mm, convexo a plano-convexo na maturidade; laranja-claro (6.A4), com o disco central alaranjado (6.C6); superfície levemente fibrilosa, seca, coberta por poucas e minúsculas fibrilas apressas de coloração laranja-claro a laranja; borda plana a revoluta com margem levemente apendiculada; contexto carnoso de coloração branca, não mudando de coloração após ser cortado. Lamelas livres, castanhas (6.E6), muito próximas, membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 25-55 x 2.5-4 mm, central, com a base mais alargada (6-9 mm), branco com tons de laranja abaixo do anel; superfície lisa; fistuloso de consistência fibrosa; contexto branco não mudando de cor; rizomorfas pequenas e finas de coloração branca; micélio basal ausente. Anel súpero, simples, descendente, membranoso, branco. Odor agradável. Reação de Schaeffer negativa na superfície do píleo. 34 Basidiósporos (4.8-)5-5.3(-5.5) x 3.3-4 µm, Q = 1.25-1.58, Qm = 1.41, elipsóides, castanho-claros a castanhos, parede espessa e lisa, não apresentando poro germinativo visível. Esporada castanha-escura (6.F6). Basídios 14-23 x (5-)6-7(-7.5) µm, estreitamente clavados a clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de 1-3 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios (17-)19-27(-32) x 7-12 µm, clavados a estreitamente clavados, abundantes, hialinos, parede fina e lisa. Superfície pilear 3-14 µm, formada por hifas de parede fina e lisa, prostradas, hialinas a levemente pigmentadas de bege. Fíbulas ausentes. Trama himenoforal regular, 3-14 µm, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa. Aspectos ecológicos: crescendo gregário, em solo no interior da mata. Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã, Praia da Pedreira, 09/IV/2005, P.S. Silva 106/05 (ICN 139302); P.S. Silva 107/05 (ICN 139303); 22/X/2005, M.S. Rother 092/05 (ICN 139300); 27/I/2006, M.S. Rother 104/06 (ICN 139301). Distribuição: Conhecida somente para a área de estudo (Parque Estadual de Itapuã – Viamão, Brasil). Discussão: Nossos espécimes são caracterizados por apresentarem basidiomas com coloração alaranjada, superfície do píleo levemente fibrilosa, reação de Schaeffer negativa, basidiósporos elipsóides e queilocistídios. Foi observado variação na coloração do píleo, de laranja-claro a laranja-escuro. Esta coloração, rara entre as espécies de Agaricus, não foi observada em nenhum espécime citado nos trabalhos de Cappelli (1984), Freeman (1979a, 1979b), Heinemann (1961, 1962a, 1962b, 1962c, 1962d, 1986, 1993), Hotson & Stuntz (1938), Murril (1922) e Nauta (2001), mas é observada na coloração das escamas de Agaricus rufoaurantiacus Heinemann, conhecida para o estado de São Paulo. Porém, esta espécie apresenta basidiomas com escamas castanho-alaranjadas mais concentradas no centro do píleo sobre um fundo amarelado a castanho, anel branco com margem laranja e superfície pilear composta por hifas com conteúdo freqüentemente laranja (Heinemann 1961; Pegler 1983, 1997). Analisando material de A. rufoaurantiacus do herbário SP (SP 214520) foi possível comprovar estas diferenças em relação a nossos exemplares. 35 Consideramos Agaricus sp. 1 como provável espécie nova para a ciência. Estudos posteriores e mais detalhados serão realizados para a efetivação da sua publicação como espécie nova. 4.3 Chlorophyllum Massee Bull. Misc. Inf., Kew: 136 (1898). Hábito lepiotóide, com basidiomas grandes. Píleo carnoso, com superfície escamosa. Lamelas livres, inicialmente brancas e geralmente tornando-se esverdeadas na maturidade. Esporada verde. Estípite central, alongado, com base bulbosa, sem volva, com anel móvel e complexo. Contexto avermelhado quando machucado. Basidiósporos lisos, verdes, com parede espessa e poro germinativo evidente; não congófilos, não metacromáticos e não dextrinóides na maturidade. Basídios tetrasporados. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios presentes. Superfície pilear constituída por uma paliçada de hifas eretas no disco central. Trama himenoforal quase regular, tornando-se irregular na maturidade. Fíbulas presentes, mas de difícil visualização. Crescendo em solo, freqüentemente em jardins e campos. Espécie tipo: C. molybdites (G. Mey.) Massee 4.3.1 Chlorophyllum molybdites (G. Mey.) Massee Fig. 21 Bull. Misc. Inf., Kew: 136 (1898). Agaricus molybdites G. Mey., Prim. fl. esseq.: 300 (1818). Píleo 70-90 mm, convexo a plano-convexo, levemente umbonado; branco (1.A1) com umbo castanho-escuro (7.F7); superfície seca coberta por escamas e fibrilas recurvadas castanho-escuras (7.F7) a castanho (7.E7), mais claras em direção a margem; borda curvada para baixo, com margem regular; contexto carnoso, de coloração branca tornandose salmão. Lamelas livres, amarelo-esverdeadas (2.D7), próximas, membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 65-100 x 8-9.5 mm, central, cilíndrico, branco, superfície lisa, fistuloso, de consistência fibrosa; contexto rosado a levemente avermelhado; 36 rizomorfas em pouca quantidade, de coloração branca; não apresentando micélio basal. Anel súpero, carnoso, duplo, ascendente, bem desenvolvido, branco com restos de esquâmulas castanhas na face inferior. Odor fortemente desagradável. Basidiósporos 10-13 x 7-9 µm, Q = 1.18-1.86, Qm = 1.44, elipsóides, esverdeados, parede espessa e lisa, com poro germinativo evidente, inamilóides, não sendo congófilos e nem metacromáticos. Esporada verde-pálido (28.A4). Basídios 27-37(-40) x 9-13(-15) µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de 2.5-3 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios (25-)28-40(-50) x 12-20(-22) µm, clavados a estreitamente clavados, levemente pigmentados de castanho-claro, parede fina e lisa. Superfície pilear 5-8 µm, formada por hifas de parede fina e lisa, prostradas, com elementos terminais eretos, pigmentadas de castanho-claro. Fíbulas ausentes. Trama himenoforal sub-regular, 5-12 µm, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa. Aspectos ecológicos: crescendo em grupos, algumas vezes formando anel de fadas, encontrado em gramados próximos das bordas de mata. Espécie tóxica. Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã, Praia da Pedreira, 09/IV/2005, M.S. Rother 038/05 (ICN 139304); 04/IV/2006, M.S. Rother 129/06 (ICN 139305). Distribuição: Europa: Bon (1981); Vellinga (2001). Ásia: Pegler (1986); Wasser (1993). África: Pegler (1977). Américas: Dennis (1970); Pegler (1983, 1997); Wright & Albertó (2002). Discussão: Esta espécie, geralmente encontrada no início do outono, é facilmente reconhecida pela morfologia e o hábito dos seus basidiomas e, principalmente, devido à coloração esverdeada da esporada e das lamelas quando maduras. Tanto as características macroscópicas quanto as microscópicas do material estudado por nós conferem com as dos estudados por Pegler (1977, 1983, 1986, 1997), Vellinga (2001) e Wasser (1993). Porém, estes autores encontraram basidiósporos levemente menores do que os apresentados pelos exemplares coletados no Parque Estadual de Itapuã. Mais recentemente, utilizando estudos moleculares, Vellinga (2002) fez novas combinações nesse gênero, demonstrando não ser monoespecífico como até então era relatado nos trabalhos científicos. 37 Muitos trabalhos citam Chlorophyllum molybdites, tanto pela sua ampla distribuição geográfica quanto pelos problemas causados por sua ingestão, em virtude de ser macroscopicamente parecida e afim com o gênero Macrolepiota, onde são encontradas espécies comestíveis muito apreciadas. Blayney et al. (1980) comentam que os problemas de intoxicação por esse fungo são em decorrência da falta de experiência na busca por espécies comestíveis in natura e pelo interesse em espécies alucinógenas. Seus relatos demonstram que o trato gastrointestinal é afetado provocando náuseas, vômitos e diarréia aquosa com posterior aparecimento de sangue. Apesar de Chlorophyllum molybdites ser tratada como sendo uma espécie comum por vários autores e ser citada em várias obras, inclusive para o estado do Rio Grande do Sul, foi encontrada apenas duas vezes no Parque Estadual de Itapuã, estando limitada aos ambientes de maior influência antrópica. 4.4 Lepiota (Pers.) Gray Führer Pilzk. (Zwickau): 137 (1871). Hábito pluteóide com véu universal persistente; basidiomas pequenos a médios. Píleo com a superfície esquamulosa na maioria das espécies. Lamelas livres. Esporada branca a creme. Estípite central, com a superfície geralmente escamosa a fibrilosa; zona anelar ou anel distinto na maturidade. Contexto não mudando de cor após ser machucado ou exposto. Basidiósporos hialinos, lisos, com formas variáveis, com parede levemente espessa e sem poro germinativo visível; normalmente dextrinóides, raramente inamilóides, congófilos, não metacromáticos em Azul de Cresil. Basídios tetrasporados. Pleurocistídios geralmente ausentes. Queilocistídios presentes. Superfície pilear muito variável (epitelial, himenodermal, tricodermal), sendo observadas mudanças entre o disco central e a margem do píleo. Trama himenoforal regular. Fíbulas presentes em muitas espécies. Crescendo no solo e em plantas vivas ou mortas. Espécie tipo: L. clypeolaria (Bull.) Quél. 38 4.4.1 Chave para as espécies de Lepiota 1.Píleo com coloração avermelhada, superfície pilear formada por hifas prostradas e entrelaçadas com alguns elementos terminais eretos, anel branco ascendente com margem avermelhada................................................................................. L. guatopoensis 1.Píleo com coloração alaranjada, superfície pilear formada por uma tricoderme de hifas eretas com elementos terminais longos, anel vestigial alaranjado ou, se ascendente, branco com margem indiferenciada...............................................................2 2.Basidiósporos calcarados (8-)9-10(-11) x 4-4.5(-5) µm, fíbulas presentes, pleurocistídios ausentes ........................................................................ L. pseudoignicolor 2.Basidiósporos elipsóides a oblongos (7-)8-10(-11) x 4.5-5(-5.5) µm, fíbulas ausentes, pleurocistídios presentes..................................................................................Lepiota sp.1 4.4.2 Lepiota guatopoensis Dennis Fig. 6 e 22 Kew Bull. 15:111, fig. 66 (1961). Píleo 8-14 mm, plano-convexo a aplanado na maturidade, levemente umbonado; laranjaavermelhado a vermelho-alaranjado (8.A8); superfície levemente fibrilosa, seca, coberta por fibrilas apressas, de coloração vermelho-alaranjado; borda curvada para baixo com margem regular; contexto carnoso de coloração branca. Lamelas livres, brancas (1.A1), próximas, membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 14-34 x 0.8-1.5 mm, central, cilíndrico, branco; superfície lisa; fistuloso, de consistência fibrosa; contexto branco; rizomorfas brancas; micélio basal ausente. Anel mediano, simples, ascendente mas algumas vezes ficando descendente, membranoso, branco com a margem da cor do píleo. Odor não verificado. Basidiósporos (6-)7-8(-9) x 3.5-4.5 µm, Q = 1.63-2.38, Qm = 1.83, elipsóides a levemente amigdaliformes, hialinos, parede moderadamente espessa e lisa, não apresentando poro germinativo visível; dextrinóides, congófilos, não metacromáticos em Azul de Cresil. Esporada branca (1.A1). Basídios 18-28 x 7-8(-9) µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de 1.5-3 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes. 39 Queilocistídios 20-40 x 6-13 µm, estreitamente clavados a clavados, hialinos, parede fina e lisa. Superfície pilear 4-15 µm, formada por hifas de parede fina e lisa, hialinas, prostradas com alguns elementos subcilíndricos a cilíndricos eretos. Fíbulas ausentes. Trama himenoforal regular, 4-11 µm, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa. Aspectos ecológicos: solitário ou gregário, em solo no interior da mata. Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã, Praia da Pedreira, 25/VI/2005, M.S. Rother 066/05 (ICN 139306); 27/I/2006, M.S. Rother 107/06 (ICN 139307); Praia das Pombas, 10/IX/2005, M.S. Rother 084/05 (ICN 139308). Material adicional examinado: BRASIL. São Paulo: Cananéia, Ilha do Cardoso, Bernardo Pires, 31/X/1985, M. Capelari 469 (SP 194044). Distribuição: Américas: Capelari & Maziero (1988); Dennis (1961, 1970); FrancoMolano et al. (2000); Meijer (2006); Pegler (1983, 1997). Discussão: Esta interessante espécie do gênero Lepiota, pertencente à seção Ovisporae é caracterizada por apresentar o píleo avermelhado a alaranjado, levemente umbonado, superfície fibrilosa e anel súpero com a margem da cor do píleo (Dennis 1970; FrancoMolano et al. 2000; Pegler 1983, 1997). Na descrição da espécie, Dennis (1961) citou basidiósporos de 6-7 x 3-4 µm, as mesmas medidas citadas em Dennis (1970) e Pegler (1983, 1997), já Franco-Molano et al. (2000) citam basidiósporos medindo (5.4-) 6-7 x 3.6-4 µm. Os estudados em nossa coleção são levemente maiores, mas dentro das variações da espécie. Pegler (1983) menciona a pigmentação castanho-avermelhada pálida nas hifas da superfície pilear, não observada em nosso material. Esta espécie apresenta variações na coloração do píleo , tons de laranja e vermelho, sendo esta variação aceita pelos autores citados acima. Através do estudo do material depositado no herbário do Instituto de Botânica (SP), foi possível confirmar com segurança a identificação da espécie. No Brasil foi citada para os estados do Paraná (Meijer 2006), Rondônia (Capelari & Maziero 1988) e São Paulo (Pegler 1997). Esta é a primeira citação de Lepiota guatopoensis para o estado do Rio Grande do Sul. 40 4.4.3 Lepiota pseudoignicolor Dennis Fig. 7 e 23 Kew Bull. 15: 115 (1961). Píleo 9-24 mm, convexo a plano-convexo, umbonado; laranja (6.B7) a castanho-alaranjado (6.C6), umbonado; superfície seca, coberta por fibrilas apressas de coloração castanhoclaro (6.D5) a castanho-alaranjado (6.C6); borda plana a curvada para baixo, com margem regular; contexto carnoso, fino, de coloração branca a creme. Lamelas livres, brancas (1.A1) a creme (1.A2), próximas, membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 17-38 x 1-3 mm, central, cilíndrico, castanho-alaranjado (6.C6), superfície lisa com poucas esquâmulas castanho-alaranjadas; fistuloso, de consistência fibrosa; contexto levemente amarelado; rizomorfas minúsculas de coloração branca; não apresentando micélio basal. Anel súpero, fibriloso, concolor ao estípite, geralmente fugaz. Odor não verificado. Basidiósporos (8-)9-10(-11) x 4-4.5(-5) µm, Q = 1.60-2.75, Qm = 2.38, calcarados, hialinos, parede levemente espessa e lisa, não apresentando poro germinativo visível, levemente dextrinóides a dextrinóides, congófilos, não metacromáticos em Azul de Cresil. Esporada branca (1.A1). Basídios 20-27(-30) x 7-9 µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de 2.5-5 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios (20-)23-35(-39) x 6-7.5(-9) µm, cilíndricos a estreitamente clavados, hialinos, parede fina e lisa. Superfície pilear 3-18 µm, formada por hifas de parede fina e lisa, prostradas, entrelaçadas e ramificadas, com elementos eretos cilíndricos a subcilíndricos, longos e fibulados, levemente pigmentadas de bege a castanho. Fíbulas presentes. Trama himenoforal regular, 3-9 µm, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa. Aspectos ecológicos: solitário a gregário, em solo no interior da mata. Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã, encosta do Morro da Grota, 01/IV/2006, M.S. Rother 116/06 (ICN 139309); Praia da Pedreira, 22/X/2005, M.S. Rother 098/05 (ICN 139310); 27/I/2006, M.S. Rother 110/06 (ICN 139311); Praia das Pombas, 10/IX/2005, M.S. Rother 080/05 (ICN 139312). Distribuição: Américas: Akers & Sundberg (2001); Dennis (1961, 1970); Meijer (2006); Pegler (1983). 41 Discussão: Lepiota pseudoignicolor é caracterizada por apresentar basidioma alaranjado, basidiósporos calcarados, presença de fíbulas e superfície pilear do tipo tricodermal com elementos longos e eretos (Dennis 1970; Pegler 1983). Esta espécie é incluída na seção Stenosporae (J. Lange) Kühner devido à forma de seus basidiósporos, ao arranjo das hifas da superfície pilear e a presença de fíbulas. Foi descrita pela primeira vez para a Venezuela por Dennis, em 1961. Dennis (1961) mencionou que existem algumas variações nas coleções estudadas, tanto no tamanho quanto na forma dos queilocistídios e dos basidiósporos. Estas variações foram consideradas intra-específicas por todas as coleções apresentarem uma aparência macroscópica muito próxima. Pegler (1983) estudando material do Sri Lanka encontrou basidiósporos de 9-11.5 x 3-4 µm e Akers & Sundberg (2001) citaram basidiósporos de 8.4-12.1 x 3.5-5 µm para exemplares dos EUA. Em nosso material, foram observados basidiósporos de (8-)9-10(-11) x 4-4.5(-5) µm, sem a variação mencionada por Dennis. As demais características estão de acordo com as observadas por estes autores, com exceção do estípite que é levemente fibriloso e o anel que é geralmente súpero e fugaz, e não estípite esquamuloso com anel ínfero, como mencionado por Pegler (1983). Lepiota ignicolor Bres. é próxima de L. pseudoignicolor, diferenciando-se por apresentar o fio da lamela branco, a base do estípite branca e basidiomas maiores (Dennis 1961). Lepiota castanea Quél., espécie européia e de regiões temperadas, difere de L. pseudoignicolor por possuir a coloração do píleo mais escura e por apresentar basidiósporos maiores (Candusso & Lanzoni 1990; Horak 1980; Vellinga 2001). Lepiota pseudoignicolor foi recentemente citada para o estado do Paraná (Meijer 2006). Esse é o primeiro registro para o Rio Grande do Sul. 4.4.4 Lepiota sp.1 Fig. 14 e 24 Píleo 13-27 mm, cônico quando jovem tornando-se convexo a plano-convexo na maturidade, umbonado; castanho-alaranjado (6.C4) com o umbo castanho-claro (6.D8); superfície fibrilosa, seca, coberta por fibrilas apressas, de coloração laranja; borda curvada para baixo com margem regular; contexto carnoso de coloração branca. Lamelas livres, brancas (1.A1), próximas, membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 35-50 x 2-3 42 mm, central, cilíndrico, branco; superfície lisa; fistuloso, de consistência fibrosa; contexto branco a creme; rizomorfas brancas; micélio basal ausente. Anel súpero, simples, ascendente, membranoso, branco. Basidiósporos (7-)8-10(-11) x 4.5-5(-5.5) µm, Q = 1.56-2.20, Qm = 1.79, elipsóides a oblongos, hialinos, parede moderadamente espessa e lisa, não apresentando poro germinativo visível; dextrinóides, congófilos, não metacromáticos em Azul de Cresil. Esporada branca. Basídios 17-20 x 6.5-7 µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 2 esterigmas de 1.5-4 µm de comprimento. Pleurocistídios 32-45 x 11-14 µm, fusóides, hialinos, parede levemente espessa e lisa. Queilocistídios 29-39 x 11-13 µm, fusóides, hialinos, abundantes, parede fina e lisa. Superfície pilear 3-20 µm, formada por hifas de parede fina e lisa, hialinas, prostradas e com elementos eretos longos com terminações cilíndricas a subcilíndricas. Fíbulas ausentes. Trama himenoforal regular, 3-21 µm, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa. Aspectos ecológicos: gregário, em solo no interior da mata. Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã, Praia da Pedreira, 27/I/2006, M.S. Rother 108/06 (ICN 139313). Distribuição: Conhecida somente para a área de estudo (Parque Estadual de Itapuã – Viamão, Brasil). Discussão: Esta interessante coleção, classificada no gênero Lepiota, caracteriza-se pela coloração alaranjada do píleo, presença de pleurocistídios, basidiósporos elipsóides a oblongos, superfície pilear formada por longas hifas hialinas eretas e por apresentar basídios com dois esterigmas semelhantes aos encontrados em Agaricus bisporus (Lange) Imbach. Pode ser incluída na seção Ovisporae (J. Lange) Kühner pois esta seção reune espécies que apresentam basidiósporos elipsóides a oblongos e superfície pilear composta por elementos eretos (Vellinga 2001). Lepiota pseudoignicolor Dennis, também encontrada na área de estudo, difere por possuir basidiósporos calcarados, por apresentar fíbulas, pela ausência de pleurocistídios e pela pigmentação bege a castanho das hifas da superfície pilear. Consideramos Lepiota sp. 1 como provável espécie nova para a ciência. Estudos posteriores e mais detalhados com uma quantidade maior de basidiomas poderão confirmar sua legitimidade para que a publicação seja efetivada. 43 4.5 Leucoagaricus (Locq.) ex Singer Sydowia 2: 35 (1948). Hábito pluteóide, com basidiomas frágeis e delgados a robustos e carnosos. Superfície do píleo escamosa, esquâmulosa, fibrilosa ou lisa, geralmente com a margem não sulcada. Lamelas livres, brancas tornando-se algumas vezes mais escurescidas. Esporada branca, creme a rosada. Estípite central, sem volva, com anel bem desenvolvido fixo ou móvel e em algumas espécies pouco desenvolvido e fugaz. Contexto geralmente branco, não mudando de cor após ser machucado ou exposto, mas em algumas espécies ficando amarelado ou rosado. Basidiósporos geralmente menores que 10 µm de comprimento, hialinos, lisos ou ornamentados, com parede espessa, com ou sem poro germinativo visível; geralmente dextrinóides, congófilos, metacromáticos em Azul de Cresil. Basídios tetrasporados, raramente bisporados. Pleurocistídios raramente presentes. Queilocistídios presentes. Superfície pilear muito variável, de prostrada a tricodermal. Trama himenoforal regular a sub-regular. Fíbulas ausentes. Crescendo no solo, em madeira, no interior da floresta ou em campos abertos, gramados e dunas. Espécie tipo: L. macrorhizus (Locq.) ex Singer. 4.5.1 Chave para as espécies de Leucoagaricus 1.Basidiomas membranosos, esbranquiçados, com o diâmetro do píleo inferior a 30 mm ............................................................................................................. L. serenus 1.Basidiomas carnosos, fortemente pigmentados (vermelho, rosa, castanho), píleo com até 80 mm de diâmetro ......................................................................................................2 2.Píleo castanho-rosado a castanho-vináceo, com superfície velutina, estípite com base abruptamente bulbosa e anel súpero móvel depois de seco................................ L. lilaceus 2.Píleo avermelhado, com superfície fibrilosa, estípite cilíndrico com anel súpero não móvel ...........................................................................................................L. rubrotinctus 44 4.5.2 Leucoagaricus lilaceus Singer Fig. 8 e 25 Lilloa 25: 274 (1952) [1951]. Píleo 35-75 mm, convexo a plano-convexo até aplanado na maturidade, umbonado; variando de castanho-claro (6.D5), castanho-rosado (9.D5) a castanho-vináceo (10.E6); superfície velutina, seca, coberta por minúsculas fibrilas apressas, semelhantes a pequenos pêlos, de coloração castanha a castanho-claro; borda plana com margem regular; contexto carnoso de coloração branca. Lamelas livres, brancas (1.A1) a creme (1.A2), tornando-se rosadas (10.A4) depois de secas, muito próximas, membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 45-92 x 5-14 mm, central, cilíndrico com base abruptamente bulbosa (12-27 mm), castanho-rosado; superfície coberta com pequenas fibrilas acima e abaixo do anel; fistuloso, de consistência fibrosa; contexto branco-amarelado; rizomorfas de coloração branca, bem desenvolvidas; não apresentando micélio basal. Anel súpero, simples, ascendente, carnoso, rosado com margem levemente serrilhada mais escurecida e tornando-se móvel depois de seco. Odor agradável. Basidiósporos (5.5-)6-7(-9) x 4-5 µm, Q = 1.20-2.00, Qm = 1.56, elipsóides, hialinos, parede levemente espessa e lisa, não apresentando poro germinativo visível, levemente dextrinóides a dextrinóides, congófilos, metacromáticos em Azul de Cresil. Esporada branca (1.A1). Basídios 18-22(-24) x 6-8 µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de 1.5-3 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios (26-)30-60(-66) x (8-)10-16(-20) µm, de diferentes formas (clavados, capitados, mucronados, ventricosos), hialinos, parede fina e lisa. Superfície pilear 4-21 µm, variando de hialina, cinza a cinza-escura, formada por hifas de parede fina e lisa, prostradas e por elementos tricodermais pigmentados. Fíbulas ausentes. Trama himenoforal regular, 3-10 µm, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa. Aspectos ecológicos: solitário a gregário, em solo no interior da mata. Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã, Encosta do Morro da Grota, 16/IV/2005, M.S. Rother 041/05 (ICN 139314); Praia da Pedreira, 09/IV/2005, M.S. Rother 026/05 (ICN 139315); 06/X/2005, M.S. Rother 086/05 (ICN 139316); 22/X/2005, M.S. Rother 097/05 (ICN 139317); 27/I/2006, M.S. Rother 106/06 (ICN 139318). 45 Material adicional examinado: ARGENTINA. Tucumán: Jardin del Instituto Miguel Lillo, 09/IV/1949, Singer T 396 (BAFC 30539); 13/IV/1951, Singer T 1504 (LIL); 28/XII/1951, Singer s/n (LIL); 16/II/1959, Singer (LIL); Parque Avellaneda, 28/III/1951, Singer 1450 (LIL); Yerba Buena, 12/II/1955, Singer T 2164 (LIL). Distribuição: Américas: Meijer (2006); Singer & Digilio (1951); Sobestiansky (2005). Discussão: Esta linda espécie do gênero Leucoagaricus, pertencente à seção Rubrotincti Singer, é caracterizada por seu porte médio, coloração castanho-vinácea do píleo, estípite abruptamente bulboso e pelo anel súpero, ascendente, com a margem serrilhada mais escurecida. Segundo Singer & Digilio (1951) é extraordinariamente bonita e de fácil reconhecimento macroscópico. Leucoagaricus sublittoralis (Kühner ex Hora) Singer, espécie próxima, coletada em vários países da Europa tanto no interior do continente como em regiões costeiras diferencia-se por apresentar o estípite clavado levemente alargado na base, anel mais frágil e queilocistídios de formas diferentes (Bon 1981; Vellinga 2001). Através do estudo dos materiais depositados nos herbários LIL e BAFC, ambos da Argentina, foi possível confirmar a espécie com segurança. Para o Brasil, Leucoagaricus lilaceus foi recentemente citado para o estado do Paraná (Meijer 2006). Sobestiansky (2005) citou para o Rio Grande do Sul um material como Leucoagaricus cf. lilaceus. Ainda não foi possível revisar esta coleta, mas estamos providenciando, pois caso a identificação não seja confirmada como L. lilaceus, o nosso seria o primeiro registro da espécie para o Estado. 4.5.3 Leucoagaricus rubrotinctus (Peck) Singer Fig. 26 Sydowia 2: 36. 1948. Lepiota rubrotincta Peck, Ann. Rep. N.Y. St. Mus. nat. Hist. 44: 179. (1892) [1890]. Píleo 52 mm, convexo, levemente umbonado; castanho-avermelhado (8.D8) a vermelhoalaranjado (8.A8); superfície fibrilosa, seca, coberta por minúsculas fibrilas apressas, de coloração castanho-avermelhado; borda curvada para baixo com margem regular; contexto carnoso de coloração branca. Lamelas livres, brancas (1.A1), muito próximas, membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 64 x 8 mm, central, cilíndrico, branco; 46 superfície lisa; fistuloso, de consistência fibrosa; contexto branco; não apresentando rizomorfas e nem micélio basal. Anel súpero, simples, ascendente, carnoso, branco com margem da cor do píleo. Odor não verificado. Basidiósporos (6.5-)7-8(-8.5) x 4-5 µm, Q = 1.51-2.00, Qm = 1.73, elipsóides a amigdaliformes, hialinos, parede levemente espessa e lisa, não apresentando poro germinativo visível; dextrinóides, congófilos, metacromáticos em Azul de Cresil. Esporada branca (1.A1). Basídios 21-24 x 7-8(-9) µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de 2-4 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios (30-)47-55(-60) x (4-)5-6(-7) µm, cilíndricos a estreitamente clavados, hialinos, parede fina e lisa. Superfície pilear 5-11 µm, formada por hifas de parede fina e lisa, prostradas, com elementos terminais eretos levemente pigmentados de bege. Fíbulas ausentes. Trama himenoforal regular, 4-9 µm, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa. Aspectos ecológicos: solitário, em solo no interior da mata. Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã, Praia da Pedreira, 07/IX/2005, M.S. Rother 075/05 (ICN 139321). Distribuição: Europa: Bon (1981); Breitenbach & Kränzlin (1995); Candusso & Lanzoni (1990). Américas: Arora (1986); Capelari & Maziero (1988). Discussão: Leucoagaricus rubrotinctus é caracterizada principalmente pela coloração avermelhada do píleo. De acordo com Singer (1986), esta espécie pertence à seção Rubrotincti Singer, que inclui espécies moderadamente carnosas, com o píleo bem pigmentado (vermelho, castanho, rosado ou laranja), contexto não mudando de cor e basidiósporos lisos com poro germinativo incompleto ou ausente. Apesar da espécie estar relacionada em vários guias de campo, ser bem conhecida e amplamente distribuída (Akers 1997), poucas descrições detalhadas foram encontradas. As características de nosso material estão de acordo com a descrição de Breitenbach & Kränzlin (1995), onde são citados basidiósporos elipsóides de 6.4-10.4 x 4.1-5.3 µm e queilocistídios cilíndricos a clavados. Segundo consulta aos especialistas Else Vellinga e Brian Akers, esta espécie apresenta uma variação enorme quanto a sua coloração, medidas de basidiósporos e forma dos queilocistídios. Este problema, segundo Vellinga, deve-se ao fato de que a espécie não 47 possui um holótipo definido, sendo que um conjunto de espécies semelhantes forma esse complexo. Ambos concordam que nosso material, mesmo apresentando algumas características não muito comuns como a forma e o tamanho dos queilocistídios, não possui diferenças suficientes para ser identificado como outra espécie. No Brasil, a espécie foi citada para Rondônia como o seu basônimo Lepiota rubrotincta (Capelari & Maziero 1988). Esta é a primeira citação de Leucoagaricus rubrotinctus para o Rio Grande do Sul. 4.5.4 Leucoagaricus serenus (Fr.) Bon & Boiffard Fig. 27 Bull. trim. Soc. Mycol. Fr. 68: 169 (1952). Agaricus serenus Fr., Hymenomyc. eur. (Upsaliae): 38 (1874). Píleo 4-13 mm, plano-convexo, umbonado; branco (1.A1) com o umbo creme pálido (1.A3); superfície finamente fibrilosa, seca; coberta por minúsculas fibrilas apressas de coloração branca; borda plana com margem levemente plicada-sulcada; contexto membranoso, muito fino, de coloração branca. Lamelas livres, brancas (1.A1), muito próximas, membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 8-21 x <1 mm, central, cilíndrico, branco; superfície lisa; rizomorfas não observadas; micélio basal ausente. Anel súpero, simples, ascendente, membranoso, branco. Odor não verificado. Basidiósporos (6.2)6.8-8.5(-9) x 3.8-4.5 µm, Q = 1.55-2.13, Qm = 1.80, elipsóides a amigdaliformes, hialinos, parede espessa e lisa, não apresentando poro germinativo visível; dextrinóides, congófilos, metacromáticos em Azul de Cresil. Esporada provavelmente branca (1.A1). Basídios (13-)16-20 x 7-8 µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de 1.5-3 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios (25-)28-35 x 10-14 µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa. Superfície pilear 4-19 µm, formada por hifas hialinas, prostradas, de parede fina e lisa. Fíbulas ausentes. Trama himenoforal regular, 3-17 µm, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa. Aspectos ecológicos: pequenos grupos, em solo no interior da mata. Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã, Encosta do Morro da Grota, 25/VI/2005, M.S. Rother 059/05 (ICN 139322). 48 Distribuição: Europa: Bon (1981); Candusso & Lanzoni (1990); Vellinga (2001). Américas: Akers (1997); Pegler (1983, 1997). Discussão: Leucoagaricus serenus é caracterizado principalmente por apresentar basidioma delicado, de pequeno tamanho, todo branco. Conhecido por outros sinônimos como Lepiota serena (Fr.) Sacc., Sericeomyces serenus (Fr.) Heinem. e Pseudobaeospora serena (Fr.) Locq. Muitas espécies foram identificadas como L. serenus devido à similaridade morfológica e de coloração. Atualmente a espécie é definida por apresentar basidiomas brancos que não perdem a cor depois de desidratados, com a cobertura do píleo seca, estípite sem uma base bulbosa distinta e providos de queilocistídios clavados com ou sem cristais no ápice (Vellinga 2001). O tamanho e forma dos basidiósporos de nossa coleção coincidem com os referidos por Akers (1997), Candusso & Lanzoni (1990), Pegler (1997) e Vellinga (2001), sendo levemente menores do que os citados por Bon (1981). Quanto ao tamanho do basidioma não há um consenso entre os autores, sendo o nosso material levemente menor e mais próximo aos citados por Pegler (1997) e Vellinga (2001). Akers (1997) encontrou grandes variações nas coleções estudadas embora nenhuma delas pudesse ser identificada como outro táxon. No Brasil, o único registro dessa espécie é o encontrado em Pegler (1997), para o estado de São Paulo, como Lepiota serena. Apesar de ser considerada bem difundida na Europa (Vellinga 2001) e comum nos Estados Unidos (Akers 1997), a espécie só foi coletada uma única vez no Parque Estadual de Itapuã. Este é o primeiro registro de Leucoagaricus serenus para o Rio Grande do Sul. 49 4.6 Leucocoprinus Pat. Journal de Bot., Paris 3: 336 (1889). Hábito pluteóide, com basidiomas freqüentemente frágeis, membranosos a finamente carnosos. Superfície do píleo geralmente flocosa-esquamulosa a fibrilosa com a margem normalmente estriada-sulcada. Lamelas livres, brancas, finas e algumas vezes deliqüescentes. Esporada branca, creme a amarelada. Estípite central, com base mais alargada ou bulbosa, sem volva, apresentando anel. Contexto geralmente muito fino e insignificante, não mudando de cor após ser machucado ou exposto. Basidiósporos geralmente hialinos, lisos, com parede espessa, com ou sem poro germinativo visível; geralmente dextrinóides, congófilos, metacromáticos em Azul de Cresil. Basídios tetrasporados, raramente bisporados. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios presentes. Superfície pilear muito variável, formada por uma mistura de diferentes tipos de células e hifas. Trama himenoforal regular a sub-regular. Fíbulas ausentes. Crescendo no solo ou em madeira nos mais diversos ambientes. Espécie tipo: L. cepistipes (Sowerby) Pat. [como 'cepaestipes']. 4.6.1 Chave para as espécies de Leucocoprinus 1.Basidiósporos negativos em Reagente de Melzer (inamilóides), sem poro germinativo visível ..................................................................................................... L. cf. medioflavus 1.Basidiósporos dextrinóides (pseudoamilóides), com poro germinativo visível .............2 2.Basidiomas amarelos, se branco-amarelados, então com consistência membranosa.....3 2.Basidiomas brancos, geralmente carnosos .....................................................................4 3.Basidiomas muito frágeis, deliqüescentes, com a superfície do píleo totalmente plicada e quase translúcida .........................................................................L. fragilissimus 3.Basidiomas mais resistentes, consistência carnosa e a superfície do píleo com margem plicada............................................................................................................L. birnbaumii 50 4.Estípite com a superfície coberta por esquâmulas flocosas brancas facilmente removidas na manipulação .............................................................................. L. cretaceus 4.Estípite com a superfície glabra......................................................................................5 5.Superfície do píleo coberta por esquâmulas flocosas e fibrilas castanhas a castanhoamareladas, basidiósporos (8-)8.5-10(-11) x 6-7 µm ......................................L. cepistipes 5.Superfície do píleo coberta por esquâmulas flocosas e fibrilas castanho-acinzentadas, basidiósporos 10-11.5(-14) x (5-)6-7 µm ......................................................L. brebissonii 4.6.2 Leucocoprinus birnbaumii (Corda) Singer Fig. 9 e 28 Sydowia 15(1-6): 67 (1962)[1961]. Agaricus birnbaumii Corda, Icon. fung. (Prague) 3: 48 (1839). Píleo 20-40 mm quando expandido, inicialmente hemisférico tornando-se plano-convexo a aplanado na maturidade, com ou sem umbo; amarelo-claro (1.A5), amarelo-limão (1.A8) a amarelo (2.A8), com o umbo amarelo (3.B8) a alaranjado (4.B8); superfície seca, coberta por esquâmulas flocosas, facilmente removíveis, de coloração amarela; bordas planas, com margem plicada até um terço do píleo; contexto carnoso, muito fino, de coloração clara. Lamelas livres, amarelo-pálidas (2.A3), próximas, membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 50-80 x 3-5 mm, central, clavado a levemente bulboso (acima de 7 mm), amareloclaro, amarelo-limão a amarelo, superfície coberta ou não com minúsculas esquâmulas flocosas, amarelo-claras; fistuloso, de consistência fibrosa; contexto amarelo-claro. Anel súpero, ascendente, amarelo, simples, membranoso, fugaz. Odor indistinto. Basidiósporos (7.5-)8-10(-11) x 5-7.5 µm, Q = 1.25-1.67, Qm = 1.40, elipsóides a ovóides, hialinos, parede espessa e lisa, com poro germinativo evidente, dextrinóides (pseudoamilóides), congófilos, metacromáticos em Azul de Cresil. Esporada branca (1.A1). Basídios 16-41 x 8-10(-12) µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de 3-4.5 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios (32-)37-51(-72) x 8-15 µm, dispersos em tufos, de formas variáveis (ventricosos, estreitamente clavados, mucronados), hialinos, parede fina e lisa. Superfície pilear 4-18 µm, formada por hifas hialinas a levemente castanho-amareladas de parede fina e lisa, com 51 conteúdo celular de formas variadas (H, T, Y). Fíbulas ausentes. Trama himenoforal regular, 3-12 µm, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa. Aspectos ecológicos: solitário ou gregário, encontrado no solo no interior da mata. Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã, Encosta do Morro da Grota, 25/VI/2005, M.S. Rother 067/05 (ICN 139323); Praia da Pedreira, 09/IV/2005, M.S. Rother 003/05 (ICN 139324); M.S. Rother 008/05 (ICN 139325); 27/I/2006, M.S. Rother 113/06 (ICN 139326). Distribuição: Europa: Bon (1981); Breitenbach & Kränzlin (1995); Candusso & Lanzoni (1990); Hausknecht & Pidlich-Aigner (2004); Vellinga (2001). Ásia: Pegler (1972, 1986); Wasser (1993). África: Heinemann (1977); Pegler (1977). Américas: Dennis (1970); Meijer (2006); Pegler (1983, 1997); Raithelhuber (1987a); Wright & Albertó (2002). Discussão: A espécie é caracterizada por apresentar basidioma amarelado, píleo de consistência carnosa com margem plicada e basidiósporos com poro germinativo evidente. Segundo Candusso & Lanzoni (1990), esta espécie tem sido mencionada em muitos trabalhos por sua beleza particular, não apresentando dificuldades em sua determinação. De acordo com Pegler (1983), esta espécie poderia ser confundida com Leucocoprinus sulphurellus Pegler pela pigmentação amarelada do basidioma. No entanto, L. sulphurellus é facilmente diferenciado pela coloração azul-esverdeada brilhante das lamelas quando machucadas, presença de pleurocistídios, basidiósporos menores: 6-7 x 3.7-4.5 µm e por não apresentar margem do píleo plicada-estriada. Mais recentemente, Capelari & Gimenes (2004) descreveram para o Brasil L. brunneoluteus, espécie próxima de L. birnbaumii,da qual difere macroscopicamente por apresentar umbo castanho-escuro distinto, coloração castanha das escamas e consistência membranácea do basidioma, lembrando a consistência de L. fragilissimus. Segundo Franco-Molano et al. (2000), Leucocoprinus birnbaumii é muito tóxica e recomenda-se precaução, evitando a ingestão pois a sua coloração atrai a atenção das crianças. Apesar de não ter sido coletada muitas vezes no Parque Estadual de Itapuã, essa espécie é considerada comum (Vellinga 2001) e típica de clima tropical a subtropical ocorrendo nos dias quentes e úmidos do outono (Wright & Alberto 2002). No Brasil, a espécie é citada para as regiões Sul e Sudeste. 52 4.6.3 Leucocoprinus brebissonii (Godey) Locq. Fig. 29 Bull. mens. Soc. linn. Lyon 12: 95 (1943). Lepiota brebissonii Godey, Hyménomyc. Eur. (Paris): 64 (1874). Píleo 34 mm, aplanado; branco (1.A1) com superfície seca coberta por fibrilas e esquâmulas flocosas apressas, castanho-acinzentadas (5.C2) no disco central e mais claras próximas à margem; bordas planas com margem plicada até o centro; contexto muito fino de coloração branca. Lamelas livres, brancas (1.A1), levemente próximas, membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 47 x 3 mm, central, cilíndrico com base levemente mais alargada (5 mm), branco; superfície lisa; fistuloso de consistência fibrosa; contexto branco; rizomorfas de coloração branca; não apresentando micélio basal. Anel mediano a súpero, branco, simples, ascendente, membranoso, estreito e fino. Odor desagradável. Basidiósporos 10-11.5(-14) x (5-)6-7 µm, Q = 1.57-2.00, Qm = 1.71, elipsóides a ovóides, hialinos, parede espessa e lisa, com poro germinativo bem distinto, dextrinóides (pseudoamilóides), congófilos, metacromáticos em Azul de Cresil. Esporada branca (1.A1). Basídios (18-)21-23(-27) x 10-11.5(-13) µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de 1.5-3.5 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios 30-64 x 11-17 µm, clavados a estreitamente clavados, hialinos, parede fina e lisa. Superfície pilear 4-12 µm, formada por hifas de parede fina e lisa, prostradas, com alguns elementos cilíndricos eretos com o conteúdo castanho claro. Fíbulas ausentes. Trama himenoforal regular, 3-8 µm, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa. Aspectos ecológicos: solitário, em solo no interior da mata. Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã, Praia da Predreira, 22/X/2005, M.S. Rother 089/05 (ICN 139328). Material adicional examinado: BRASIL. São Paulo: Cananéia, Ilha do Cardoso, encosta do Morro do Cardoso, 14/III/1984, M. Capelari 026 (SP 193841); Pedro Luiz, 25/IV/1984, M. Capelari 093 (SP 193842); Poço das Antas, 26/IV/1984, M. Capelari 122 (SP 193840); entre Sítio Grande e Morro dos Três Irmãos, 23/X/1984, M. Capelari 167 (SP 193844). Distribuição: Europa: Bon (1981); Breitenbach & Kränzlin (1995); Candusso & Lanzoni (1990); Vellinga (2001). Ásia: Wasser (1993). África: Heinemann (1977). América do Sul: Pegler (1997). 53 Discussão: Leucocoprinus brebissonii é diferenciada das demais espécies desse gênero por apresentar o píleo com coloração branca e o disco central variando de cinza-escuro, castanho-acinzentado, castanho-escuro a quase preto (Candusso & Lanzoni 1990; Vellinga 2001; Wasser 1993). Todas as características microscópicas do nosso material conferem com as descritas por Bon (1981), Candusso & Lanzoni (1990), Pegler (1997), Vellinga (2001) e Wasser (1993). Constatamos somente uma variação nas características macroscópicas, referente à amplitude em que a margem do píleo é plicada. Quando esta característica é mencionada nos trabalhos consultados, a margem é plicada somente até um terço do diâmetro do píleo e não até o centro como observamos em nosso material. Uma das espécies que apresenta a margem plicada até o centro do píleo é Leucocoprinus fragilissimus, mas esta difere de nosso material por apresentar basidiomas bastante frágeis e delicados, píleo com a coloração mais clara e microscopicamente, pela presença de esferocistos e ausência de queilocistídios. Segundo Dennis (1961), Leucocoprinus venezuelanus Dennis é muito semelhante a L. brebissonii, diferenciando-se por apresentar esporos menores. Através da comparação com o material depositado no herbário SP foi possível à confirmação da espécie, sendo que o nosso material apresenta a coloração da superfície do píleo menos escurecida do que é citado geralmente na literatura. No Brasil, Leucocoprinus brebissonii já foi registrado para os estados de Rondônia (Capelari & Maziero 1988), São Paulo (Capelari 1989; Pegler 1997) e recentemente para o estado do Rio Grande do Sul (Albuquerque et al. 2006). No Parque Estadual de Itapuã, a espécie foi coletada apenas uma vez. 54 4.6.4 Leucocoprinus cepistipes (Sowerby) Pat. Fig. 11 e 30 Journal de Bot., Paris 3: 336 (1889) [como 'cepaestipes']. Agaricus cepistipes Sowerby, Coloured Figures of English Fungi ... 1: tab. 2 (1797) [1795-97]. Píleo 20-34 mm, inicialmente cônico, tornando-se hemisférico e por fim aplanado na maturidade; branco (1.A1), com superfície seca, coberta por esquâmulas flocosas castanhas (7.E5) a castanho-claras (6.D4) no disco central e por fibrilas recurvadas mais claras no restante do píleo; bordas planas, com margem plicada até um terço do píleo; contexto levemente carnoso, de coloração branca. Lamelas livres, brancas (1.A1), próximas, membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 30-60 x 3-4 mm, central, cilíndrico, branco, com tom mais rosado próximo a base; superfície lisa; fistuloso, de consistência fibrosa; contexto branco. Anel mediano a súpero, branco, simples, ascendente, membranoso, estreito, fino e fugaz. Odor desagradável. Basidiósporos (8-)8.5-10(-11) x 6-7 µm, Q = 1.14-1.83, Qm = 1.50, elipsóides, hialinos, parede espessa e lisa, com poro germinativo bem distinto, dextrinóides (pseudoamilóides), congófilos, metacromáticos. Esporada branca (1.A1). Basídios (17-)19-24(-31) x 9-10 µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de 2-4 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios (21-)52-78(-108) x 12-15(-17) µm, variáveis em forma, clavados, ventricosos a lageniformes, hialinos, parede fina e lisa. Superfície pilear 4-14 µm, hialina, formada por hifas de parede fina e lisa, prostradas e ramificadas, apresentando elementos terminais eretos e de formatos diferentes, algumas vezes (H, T) onde se concentram as esquâmulas. Fíbulas ausentes. Trama himenoforal regular a subregular, 5-15(-20) µm, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa. Aspectos ecológicos: gregário ou cespitoso, no solo ou em troncos de árvores caídas no interior da mata. Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã, Praia da Pedreira, 22/X/2005, M.S. Rother 090/05 (ICN 139328); Praia das Pombas, 18/IV/2006, M.S. Rother 132/06 (ICN 139329). Distribuição: Europa: Bon (1981); Candusso & Lanzoni (1990); Hausknecht & PidlichAigner (2004); Vellinga (2001). Ásia: Pegler (1972, 1986); Wasser (1993). África: Heinemann (1977); Pegler (1977, 1983). Américas: Capelari & Maziero (1988); Dennis 55 (1952, 1970); Singer & Digilio (1951); Smith & Weber (1982); Pegler (1997); Wright & Albertó (2002). Discussão: Conhecida como sendo a espécie tipo do gênero Leucocoprinus, L. cepistipes é muito comum nas regiões tropicais e subtropicais (Guzmán-Dávalos & Guzmán 1982). Caracteriza-se por apresentar basidiomas brancos, cobertos por escamas flocosas de coloração castanho-claro a castanho-amarelado, píleo com margem plicada-estriada e basidiósporos com o poro germinativo evidente (Bon 1981; Candusso & Lanzoni 1990; Heinemann 1997; Vellinga 2001; Wasser 1993). Embora essa espécie seja freqüentemente citada em vários trabalhos, Smith & Weber (1982) afirmam que seus limites morfológicos ainda necessitam ser melhor delimitados. Como exemplo desta afirmação podemos citar o trabalho de Pegler (1986), que, segundo Vellinga (2001), trata erroneamente a espécie toda branca Leucocoprinus cretaceus (Bull.) Locq. como sendo Leucocoprinus cepaestipes (= L. cepistipes). Todas as características do nosso material conferem com as dos materiais estudados por Candusso & Lanzoni (1990); Dennis (1952, 1970); Heinemann (1977); Vellinga (2001) e Wasser (1993). Esta espécie foi citada para o Brasil por vários micólogos, como Bononi et al. (1981a, 1984) e Pegler (1997) para São Paulo; Capelari & Maziero (1988) para Rondônia; Raithelhuber (1987a), Rick (1961), Singer (1953) e Sobestiansky (2005) para o Rio Grande do Sul, entre outros. 4.6.5 Leucocoprinus cretaceus (Bull.) Locq. Fig. 10 e 31 Bull. mens. Soc. linn. Lyon 14: 93 (1945). Agaricus cretaceus Bull., Herb. France: pl. 374. 1788. Píleo 30-70 mm, inicialmente hemisférico a campanulado, convexo a plano-convexo na maturidade, com ou sem um leve umbo; totalmente branco (1.A1), com superfície seca, coberta por esquâmulas flocosas brancas (1.A1), cônicas a piramidais; bordas planas com margem plicada; contexto carnoso a membranoso, de coloração branca, muito fino. Lamelas livres, brancas (1.A1), próximas, membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 55-100 x 3-10 mm, central, cilíndrico com base alargada, branco tornando-se creme 56 quando manipulado; superfície coberta ou não por esquâmulas flocosas, brancas do anel até a base; fistuloso, de consistência fibrosa; contexto branco. Anel superior, branco, simples, membranoso, fugaz. Odor desagradável. Basidiósporos (8-)9-11(-12) x 5-7 µm, Q = 1.33-2.00, Qm = 1.59, elipsóides, hialinos, parede espessa e lisa, com poro germinativo bem distinto, dextrinóides (pseudoamilóides), congófilos, metacromáticos em Azul de Cresil. Esporada branca (1.A1). Basídios 16-24 x 8-10 µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de 2-4 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios 30-63 x 8-15 µm, estreitamente clavados, clavados, fusóides a ventricosos, hialinos, parede fina e lisa. Superfície pilear 4-9 µm, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa, de formas variadas (H, T, Y). Fíbulas ausentes. Trama himenoforal regular, 3-5 µm, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa. Aspectos ecológicos: solitário, gregário ou cespitoso, sobre troncos de árvores vivas no interior da mata. Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã, Praia da Pedreira, 09/IV/2005, M.S. Rother 024/05, (ICN 139330); 22/X/2005, M.S. Rother 088/05 (ICN 139331). Distribuição: Europa: Bon (1981); Candusso & Lanzoni (1990); Hausknecht & PidlichAigner (2004); Vellinga (2001). Ásia: Pegler (1986) como L. cepaestipes; Wasser (1993). África: Heinemann (1977). Américas: Meijer (2006); Sobestiansky (2005). Discussão: Esta interessante espécie pertencente ao gênero Leucocoprinus é caracterizada macroscopicamente por apresentar basidiomas totalmente brancos, cobertos por escamas flocosas, facilmente desprendidas na manipulação, presentes tanto no píleo quanto no estípite (Heinemann 1977; Vellinga 2001). Segundo Candusso & Lanzoni (1990) esta espécie é talvez a mais comum do gênero e seguramente a maior em dimensão, podendo ultrapassar 10 cm de diâmetro pilear. Todas as características do nosso material conferem com as encontradas por Bon (1981), Candusso & Lanzoni (1990), Vellinga (2001) e Wasser (1993), embora tenham sido coletados em troncos de dicotiledôneas arbóreas vivas, substrato não mencioando por esses autores. Entretanto, vários outros substratos são citados, tais como: solo, restos de madeira, serragem, etc.; em casas de vegetação ou ao ar livre (Vellinga 2001). 57 Pegler (1986) cita Leucocoprinus cretatus Locq. ex Lanzoni (= L. cretaceus) como sendo uma sinonímia de Leucocoprinus cepaestipes (Sow.:Fr.) Pat. (= L. cepistipes (Sowerby) Pat.). No entanto, Candusso & Lanzoni (1990), Vellinga (2001) e Wasser (1993), tratam L. cepaestipes como uma espécie à parte porque as escamas têm a coloração castanha. No Brasil, Leucocoprinus cretaceus foi citado para o estado do Paraná (Meijer 2006) e para o Rio Grande do Sul (Sobestiansky 2005). Esta é a segunda citação da espécie para o Rio Grande do Sul, mas acredita-se que já tenha sido coletada anteriormente em nosso Estado e também no território brasileiro, porém identificada erroneamente como Leucocoprinus cepaestipes. 4.6.6 Leucocoprinus fragilissimus (Rav.) Pat. Fig. 12 e 32 Essai Hymen. (Lons-le-Saunier): 171 (1900). Hiatula fragilissima Rav. in Berk. & Curtis in Ann. Mag. Nat. Hist. Ser. II, 12: 422 (1853). Píleo 20-35 mm, aplanado na maturidade, umbonado; branco (1.A1) a branco-amarelado (1.A2), com umbo mais amarelado (4.C4); superfície seca, quase translúcida, coberta por minúsculas esquâmulas, de coloração branco-amarelada; bordas planas, com margem plicada até o centro; contexto membranoso, muito fino, de coloração branca. Lamelas livres, colariadas, brancas, próximas, membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 5070 x 3 mm, central, cilíndrico, branco-pálido; superfície com poucas e minúsculas esquâmulas flocosas; fistuloso, de consistência fibrosa; contexto branco. Anel mediano a súpero, branco, simples, ascendente, membranoso, afunilado e fino. Odor não verificado. Basidiósporos (8-)9-12(-14) x 6-8 µm, Q = 1.33-1.87, Qm = 1.56, elipsóides, hialinos, parede espessa e lisa, com poro germinativo bem distinto, pseudoamilóides, congófilos, metacromáticos em Azul de Cresil. Esporada branca (1.A1). Basídios (19-)21-28(-30) x 9-12(-14) µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de 1.5-3 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios não visualizados. Superfície pilear 5-18 µm, formada por hifas hialinas, prostradas e pouco ramificadas, de parede fina e lisa, apresentando esferocistos e alguns elementos terminais levemente eretos onde se concentram as fibrilas. Fíbulas ausentes. Trama himenoforal sub-regular, 3-14 µm, formada por hifas hialinas, de parede fina e lisa. 58 Aspectos ecológicos: solitário ou gregário, encontrado no solo no interior da mata. Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã, Encosta do Morro da Grota, 01/IV/2006, M.S. Rother 117/06 (ICN 139332); Praia da Pedreira, 31/I/2004, P. S. Silva 041/04 (ICN 139333); 09/IV/2005, M.S. Rother 004/05 (ICN 139334). Distribuição: Europa: Bon (1981); Candusso & Lanzoni (1990). Ásia: Pegler (1972, 1986). África: Heinemann (1977). Américas: Franco-Molano et al. (2000); Halling & Mueller (2005); Meijer (2006); Pegler (1983, 1997); Smith & Weber (1982). Discussão: Leucocoprinus fragilissimus é facilmente diferenciado por sua gracilidade e consistência membranácea dos basidiomas. A coloração amarelada é geralmente mais clara e mais pálida do que a encontrada em L. birnbaumii. Foram encontrados vários basidiomas desta espécie no Parque, porém a maior dificuldade foi na preservação dos exemplares no deslocamento até o laboratório, devido a sua grande fragilidade e por se desfazerem rapidamente após a coleta. Segundo Pegler (1983) esta é provavelmente uma espécie pantropical comum, mas raramente coletada devido à consistência extremamente delicada e quase deliqüescente do basidioma. Todas as principais características do nosso material conferem com as citadas por Bon (1981); Candusso & Lanzoni (1990); Franco-Molano et al. (2000); Halling & Mueller (2005); Heinemman (1977); Pegler (1972, 1983, 1986, 1997). Smith & Weber (1982) citam a presença de queilocistídios clavados de 13-25(-36) x 9-15 µm em seu material, não mencionados pelos demais autores. Esta característica é de difícil visualização, pois as lamelas se colapsam facilmente. Essa espécie é comumente encontrada nas regiões tropicais e subtropicais (Halling & Mueller 2005), sendo a sua ocorrência muito rara nas regiões temperadas (Candusso & Lanzoni 1990). Leucocoprinus fragilissimus foi citado para São Paulo (Bononi et al. 1981a; Capelari 1989; Pegler 1997), e mais recentemente para o Paraná (Meijer 2006) e para o Rio Grande do Sul (Albuquerque et al. 2006), sendo o nosso, o segundo registro para o Estado. 59 4.6.7 Leucocoprinus cf. medioflavus (Boud.) Bon Fig. 33 Docums Mycol. 6 (no. 24): 45 (1976). Lepiota medioflava Boud., Bull. Soc. mycol. Fr. 10: 59 (1894). Píleo 19-30 mm, convexo tornando-se aplanado na maturidade, umbonado; branco (1.A1) com o umbo castanho-claro (6.D8); superfície esquamulosa-fibrilosa, seca, coberta por esquâmulas flocosas, de coloração amarelo-pálido (1.A3) a castanho-amarelado (5.C7); borda curvada para baixo com margem plicada até a metade do píleo, variando algumas vezes até o início do umbo; contexto membranoso, muito fino de coloração branca. Lamelas livres, brancas (1.A1), próximas, membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 28-37 x 2-4 mm, central, cilíndrico com base levemente mais alargada, branco apresentando tons avermelhados; superfície lisa; fistuloso, de consistência fibrosa; contexto branco; rizomorfas minúsculas brancas; micélio basal ausente. Anel súpero, simples, ascendente, membranoso, branco, fugaz. Odor não verificado. Basidiósporos (4.6-)5-6.5(-7) x (2.6-)3-4 µm, Q = 1.60-2.00, Qm = 1.83, elipsóides a oblongos, hialinos, parede fina e lisa, não apresentando poro germinativo visível; inamilóides, congófilos, metacromáticos em Azul de Cresil. Esporada branca (1.A1). Basídios 17-23 x 5.5-7.5 µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de 1.5-3 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios (15-)19-42(-50) x 9-16 µm, clavados, hialinos, abundantes, de parede fina e lisa. Superfície pilear 3-16 µm, formada por hifas de parede fina e lisa, hialinas, prostradas. Fíbulas ausentes. Trama himenoforal regular a sub-regular, 4-13 µm, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa. Aspectos ecológicos: solitário ou gregário, em solo ou na serrapilheira no interior da mata. Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã, Encosta do Morro da Grota, 25/VI/2005, M.S. Rother 060/05 (ICN 139335); Praia da Pedreira, 25/VI/2005, M.S. Rother 061/05 (ICN 139336); 07/IX/2005, M.S. Rother 077/05 (ICN 139337). Distribuição: Europa: Bon (1981); Candusso & Lanzoni (1990). África: Heinemann (1977). 60 Discussão: Leucocoprinus medioflavus (Boud.) Bon é caracterizada por apresentar basidiósporos sem poro germinativo visível e superfície pilear desprovida de esferocistos (Bon 1981; Candusso & Lanzoni 1990; Heinemann 1977), características observadas em nossos exemplares. Porém, os autores não mencionam se os basidiósporos são dextrinóides ou não. Em nosso material, os basidiósporos não são dextrinóides. Esta característica não é comum no gênero, mas é encontrada também em Leucocoprinus longistriatus (Peck) H.V. Sm. & N.S. Weber. Entretanto esta espécie apresenta, segundo Smith & Weber (1982), basidiomas maiores que os nossos, coloração diferente e basidiósporos com dimensões maiores 6-8(-9) x 4.5-5 µm. Devido à incerteza quanto aos basidiósporos serem ou não dextrinóides e de não ter sido possível estudar material de herbário, optamos por deixar como Leucocoprinus cf. medioflavus. 61 4.7 Macrolepiota Singer Pap. Mich. Acad. Sci. 32: 141 (1948) [1946]. Hábito lepiotóide, com basidiomas grandes. Píleo carnoso, umbonado, com superfície geralmente escamosa a esquâmulosa. Lamelas livres, muito próximas, esbranquiçadas. Esporada branca, creme ou rosa. Estípite central, freqüentemente com base bulbosa, com anel geralmente complexo, persistente e móvel. Contexto não mudando de cor após ser machucado ou exposto. Basidiósporos geralmente maiores que 10 µm de comprimento, hialinos, lisos, com parede espessa e poro germinativo evidente, dextrinóides, congófilos, metacromáticos em Azul de Cresil. Basídios tetrasporados. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios presentes. Superfície pilear composta por uma tricoderme ou himenoderme de hifas longas ou curtas, mais dispostas no disco central. Trama himenoforal regular. Fíbulas geralmente presentes de difícil visualização. Crescendo no solo, no interior e fora de florestas. Espécie tipo: M. procera (Scop.) Singer. 4.7.1 Macrolepiota procera var. 1 Fig. 15 e 34 Píleo 100-130 mm, convexo a plano-convexo, umbonado; castanho-claro (6.D5) a castanho-alaranjado (6.C5) sobre um fundo branco, com umbo mais escurescido; superfície seca, coberta por fibrilas apressas, com a mesma coloração do píleo; bordo plano com margem regular; contexto carnoso, de coloração branca. Lamelas livres, creme (1.A3), próximas, membranosas, apresentando lamélulas. Estípite 270-300 x 10-14 mm, central, bulboso (20-30mm), concolor ao píleo; superfície coberta por esquâmulas fibrilosas, dispostas em zig-zag ou em discos concêntricos, abaixo do anel em direção a base; fistuloso, de consistência fibrosa; contexto branco a creme; rizomorfas em pouca quantidade, de coloração branca; apresentando micélio basal. Anel súpero, carnoso, simples, descendente mas com margem levemente voltada para cima, bem desenvolvido, branco, permanecendo imóvel depois de seco . Odor agradável. 62 Basidiósporos 17-21(-23) x (9-)10-11(-12) µm, Q = 1.50-2.25, Qm = 1.87, elipsóides a oblongos, hialinos, parede espessa e lisa, com poro germinativo distinto, dextrinóides, congófilos, metacromáticos em Azul de Cresil. Esporada branca (1.A1). Basídios (33-)3645(-50) x (13-)15-17(-19) µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa, com 4 esterigmas de 3-7 µm de comprimento. Pleurocistídios ausentes. Queilocistídios 25-34(-39) x 10-15 µm, clavados, hialinos, parede fina e lisa. Superfície pilear 5-22 µm, formada por uma intrincada tricoderme de elementos cilíndricos a clavados, de parede fina e lisa, com o ápice geralmente pigmentado com conteúdo castanho. Fíbulas presentes na base dos basídios, pouco visíveis. Trama himenoforal regular, 3-10 µm, formada por hifas hialinas de parede fina e lisa. Aspectos ecológicos: solitário a pequenos grupos, em solo no interior da mata. Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã, Encosta do Morro da Grota, 22/X/2005, M.S. Rother 099/05 (ICN 139338); 01/IV/2006, M.S. Rother 124/06 (ICN 139339); M.S. Rother 125/06 (ICN 139340); M.S. Rother 126/06 (ICN 139341); Praia da Pedreira, 01/IV/2006, M.S. Rother 127/06 (ICN 139342); M.S. Rother 128/06 (ICN 139343). Distribuição: Conhecida somente para a localidade (Parque Estadual de Itapuã, Viamão, Brasil). Discussão: Caracterizadas pelo seu grande porte, as espécies do gênero Macrolepiota são separadas em alguns complexos de espécies bem definidos, como: grupo M. rachodes, grupo M. procera e grupo M. mastoidea. Apesar disso, há muita dificuldade na identificação de suas espécies (Vellinga 2001). Nosso material caracteriza-se por apresentar basidiomas com a coloração variando de castanho-claro a castanho-alaranjado, superfície do píleo fibrilosa, estípite longo (mais que o dobro do diâmetro do píleo) com esquâmulas fibrilosas dispostas em “zig-zag” e basidiósporos com poro germinativo visível. De acordo com as seções indicadas em Candusso & Lanzoni (1990) e Vellinga (2001), essa espécie está incluída na seção Macrolepiota principalmente pelas características peculiares do estípite e basidiósporos. Macrolepiota procera var. procera difere da nossa variedade principalmente pelo tipo de superfície do píleo (escamosa), pela disposição das hifas da superfície pilear (curtas e grossas) e pela coloração (castanho a castanho-pálido). 63 Rick (1937) descreveu Lepiota procera var. vulpina Rick, como sendo uma variedade de Lepiota procera (Scop.) Gray [= Macrolepiota procera (Scop.) Singer] por apresentar a coloração do basidioma diferente, píleo fibriloso e basidiósporos maiores. Não foi possível estudar o material tipo desta variedade descrita por Rick, que deveria estar depositado no herbário PACA e não foi encontrado. Pereira (2001) na revisão das espécies do gênero Lepiota descritas ou citadas para o Brasil, comenta que não foi encontrado material preservado sob a denominação de Lepiota procera ou Macrolepiota procera no herbário PACA. Nosso material foi encontrado sempre dentro da Mata de Encosta, localizada no Parque Estadural de Itapuã, uma característica incomum para a maioria das espécies do gênero Macrolepiota que ocorrem geralmente em ambientes abertos, como campos e gramados. Devido à proximidade com Macrolepiota procera, vamos propor uma variedade nova para esta espécie. 64 5. CONCLUSÕES Com base nas 18 expedições de coleta à área do Parque Estadual de Itapuã e do estudo de material herborizado de diferentes herbários foi possível identificar 19 táxons da família Agaricaceae distribuídas em 6 gêneros. O gênero mais representativo foi Leucocoprinus com 6 espécies. seguido de Agaricus (5 espécies), Lepiota (3 espécies), Leucoagaricus (3 espécies), Chlorophyllum e Macrolepiota com uma espécie cada. A maioria dos espécimes foi coletado durante o outono e final do verão. O inverno foi a época do ano com menor ocorrência de Agaricaceae e de fungos em geral. A localidade do Parque com maior riqueza de espécies foi a Praia da Pedreira, nas trilhas do Araçá e da Fortaleza. Leucocoprinus cretaceus e Leucocoprinus cepistipes foram encontradas sobre madeira, sendo que a primeira, em tronco de árvore viva e a segunda em tronco em decomposição. As demais espécies ocorreram no solo. Das espécies identificadas, Chlorophyllum molybdites, Leucocoprinus birnbaumii, L. cepistipes são consideradas comuns para o estado do Rio Grande do Sul. Lepiota guatopoensis, Lepiota pseudoignicolor, Leucoagaricus rubrotinctus e Leucoagaricus serenus são citados pela primeira vez para o Rio Grande do Sul. Agaricus porphyrizon e Agaricus pseudoargentinus constituem novas citações para o território brasileiro. Serão necessárias mais coletas e análise de material de diferentes herbários para poder confirmar a identificação de Agaricus cf. litoralis e de Leucocoprinus cf. medioflavus. Outras coletas de Agaricus aff. silvaticus deverão ser realizadas para podermos observar melhor a coloração do píleo e verificar a mudança ou não da coloração do contexto quando cortado ou machucado. Somente assim, será possível confirmar se nosso material é Agaricus silvaticus ou uma espécie afim a esta. Agaricus sp. 1 e Lepiota sp. 1 serão apresentadas como novas espécies para a ciência. Macrolepiota procera var. 1 será proposta como uma nova variedade para a espécie. 65 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Durante o trabalho com a família Agaricaceae no Parque Estadual de Itapuã, tivemos a oportunidade de observar mais intensamente os fungos desta família e também os fungos em geral. Foi possível constatar que dentro dos Agaricales, a família em questão e a Tricholomataceae foram as mais representativas na localidade e que em várias expedições de coleta foram encontrados exemplares de ambas e mais raramente das outras. Estes exemplares geralmente eram encontrados em pequena quantidade e muitas vezes solitários, normalmente exclusivos para a data e localidade ou zona do Parque Por ser uma família com diversidade específica elevada, acredita-se que este trabalho tenha possibilitado o conhecimento de uma parte desta diversidade na área de estudo e que muitas espécies devam ocorrer no Parque, mas que só seriam contempladas com coletas mais intensivas e durante um perído de tempo maior. Considerando a grande diversidade específica do gênero Lepiota, podemos concluir que poucos exemplares foram encontrados e coletados. De acordo com autores mundialmente renomados, as espécies desse gênero tendem a ocorrer em menor quantidade e apresentar hábito geralmente solitário em regiões tropicais e subtropicais, sendo o inverso em regiões temperadas. Pela dificuldade em obter mais coleções da mesma espécie, a maioria das espécies novas desse gênero descritas em nosso país são carentes na quantidade de exemplares tipo. A dificuldade encontrada na busca de exemplares dessa família e de cogumelos em geral deveu-se a uma série de fatores e condições limitantes, como: a falta de chuvas nos dias antecedentes as coletas, as condições edáficas da localidade que possibilitam o rápido escoamento da água por se tratar de um solo arenoso com pouca matéria orgânica em decomposição, falta de substrato adequado, ciclo de reprodução muito efêmero desses fungos, entre outras. Cabe salientar que existe muita dificuldade em efetuar coletas nas Unidades de Conservação, pois as exigências burocráticas são muito grandes, sendo que muitas vezes as coletas precisam ser agendadas com meses de antecedência, tornando algumas vezes inviável a coleta devido às limitações decorrentes do tempo, como por exemplo, a falta de chuva em dias anteriores. 66 Ultimamente nosso Estado tem sofrido com severas estiagens e isto certamente interferiu no surgimento e desenvolvimento de várias agaricáceas que ocorrem com maior freqüência durante o verão e outono. A cautela em não dar nomes às novas espécies e a variedade nova deve-se a necessidade de preservar a futura publicação, visando não invalidá-la, pois este modelo tradicional de publicação da dissertação não é considerado uma publicação válida segundo o Código de Nomenclatura Botânica. Devido à quantidade de dados extraídos de cada espécie (descrições completas, fotos, pranchas, etc.), acreditamos que a nossa contribuição científica servirá de auxílio à taxonomia dessa família para o Estado e para o Brasil, pois novas espécies serão propostas para a ciência e mais espécies foram adicionadas ao catálogo agaricológico brasileiro, aumentando o conhecimento acumulado para futuras avaliações e discussões. 67 7. FIGURAS Figura 1. Localização do Parque Estadual de Itapuã no estado do Rio Grande do Sul (extraído de Irgang 2003). 68 2 3 4 5 Figuras 2-5. Basidiomas de Agaricus cf. litoralis (2), A. porphyrizon (3), A. pseudoargentinus (4) e A. aff. silvaticus (5). (Escala: 20 mm) 69 6 7 8 Figuras 6-8. Basidiomas de Lepiota guatopoensis (6), L. pseudoignicolor (7) e Leucoagaricus lilaceus (8). (Escala: 20 mm) 70 9 10 12 11 Figuras 9-12. Basidiomas de Leucocoprinus birnbaumii (9), L. cretaceus (10), L. cepistipes (11) e L. fragilissimus (12). (Escala: 20 mm) 71 13 14 15 Figuras 13-15. Basidiomas de Agaricus sp. 1 (13), Lepiota sp. 1.(14) e Macrolepiota procera var. 1 (15). (Escala: 20 mm) 72 Figura 16. Agaricus cf. litoralis. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3. Queilocistídios. 4. Basídios. 5. Superfície pilear. 73 Figura 17. Agaricus porphyrizon. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3. Basídios. 4. Queilocistídios. 5. Superfície pilear. 74 Figura 18. Agaricus pseudoargentinus. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3. Queilocistídios. 4. Basídios. 5. Superfície pilear. 75 Figura 19. Agaricus aff. silvaticus. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3. Queilocistídios.4. Basídios. 5. Superfície pilear. 76 Figura 20. Agaricus sp.1. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3. Queilocistídios. 4. Basídios. 5. Superfície pilear. 77 Figura 21. Chlorophyllum molybdites. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3. Queilocistídios. 4. Basídios. 5. Elementos da superfície pilear. 78 Figura 22. Lepiota guatopoensis. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3. Queilocistídios. 4. Basídios. 5. Superfície pilear. 79 Figura 23. Lepiota pseudoignicolor. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3. Queilocistídios. 4. Basídios. 5. Elementos da superfície pilear. 80 Figura 24. Lepiota sp.1. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3. Queilocistídios. 4. Pleurocistídios. 5. Basídios. 6. Elementos da superfície pilear. 81 Figura 25. Leucoagaricus lilaceus. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3. Queilocistídios. 4. Basídios. 5. Elementos superfície pilear (A = 400x). 82 Figura 26. Leucoagaricus rubrotinctus. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3. Queilocistídios. 4. Basídios. 5. Superfície pilear. 83 Figura 27. Leucoagaricus serenus. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3. Queilocistídios. 4. Basídios. 5. Superfície pilear. 84 Figura 28. Leucocoprinus birnbaumii. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3. Queilocistídios. 4. Basídios. 5. Superfície pilear. 85 Figura 29. Leucocoprinus brebissonii. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3. Queilocistídios. 4. Basídios. 5. Elementos da superfície pilear. 86 Figura 30. Leucocoprinus cepistipes. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3. Queilocistídios. 4. Basídios. 5. Elementos da superfície pilear. 87 Figura 31. Leucocoprinus cretaceus. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3. Queilocistídios. 4. Basídios. 5. Elementos da superfície pilear. 88 Figura 32. Leucocoprinus fragilissimus. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3. Basídios. 4. Superfície pilear com esferocistos. 89 Figura 33. Leucocoprinus cf. medioflavus. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3. Queilocistídios. 4. Basídios. 5. Superfície pilear. 90 Figura 34. Macrolepiota procera var.1. 1. Basidioma. 2. Basidiósporos. 3. Queilocistídios. 4. Basídios. 5. Elementos da superfície pilear. 91 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGERER, R. 2002. Rhizomorph structures confirm the relationship between Lycoperdales and Agaricaceae (Hymenomycetes, Basidiomycota). Nova Hedwigia 75 (3-4): 367385. AINSWORTH, G. C.; SPARROW, F. K.; SUSSMAN, A. S. 1973. The Fungi: An Advance Treatise. New York: Academic Press. 504 pp. AKERS, B. 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