SESSÃO SOLENE COMEMORATIVA AO DIA MUNDIAL DA ÁGUA REALIZADA NA CÂMARA MUNICIPAL DE SALVADOR NO DIA 20 DE MARÇO DE 2015 SR. PRESIDENTE VEREADOR PAULO CÂMARA: - Sessão Solene comemorativa ao Dia Mundial da Água, conforme preceitua o Artigo 245 do Regimento Interno. Para compor a Mesa, eu gostaria de convidar o Exmo. Sr. vereador Gilmar Santiago, membro da Comissão de Planejamento Urbano e Meio Ambiente; a Ilma. Sra. Cristina Seixas Graça, promotora de Justiça do Estado da Bahia; o Ilmo. Sr. Arilson Wunsch, presidente da Federação Nacional dos Urbanistas, a FNU; a Ilma. Sra. Patrícia Borja, doutora em Arquitetura e Urbanismo da UFBA; o Ilmo. Sr. Júlio César Rocha Mata, superintende de Esgotamento Sanitário, representando o diretor da Embasa Abelardo Oliveira; Ilmo. Sr. Danilo Assunção, coordenador geral do SINDAE. Quero registrar as presenças do Sr. Marcos Sampaio, representando o deputado federal Jorge Sola e Maurício Jansen, diretor do Sindiquímica. Vou pedir a atenção de todos para ouvirmos a execução do hino da Bahia. - Execução do Hino da Bahia Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 1 SR. PRESIDENTE VEREADOR PAULO CÂMARA: - Quero convidar também para fazer parte da Mesa o Ilmo. Sr. Rudimar Oliveira, representante da Companhia de Engenharia Hídrica e Saneamento da Bahia, CERB. Registrar a presença do vereador Geraldo Júnior, que nos honra com a sua presença. Mais uma sessão especial importante, essa que sempre é liderada pelo nosso vereador amigo Gilmar Santiago, verdadeiro representante aqui deste segmento, que envolve e que discute a nós. Esse tema tão importante que veio à tona, mais precisamente para nós, baianos, e para todo o Brasil, e no ano passado, pela falta d’água que existe em São Paulo, mas que deve ser uma preocupação de todos nós, no dia a dia. Recentemente, eu fui participar de um evento na escola de meu filho e lá já estava ensinando, desde cedo, que ao escovar o dente deve-se desligar a torneira, ao tomar banho não ficar com o chuveiro ligado muito tempo. E às mães que estavam presentes, já, ao mesmo tempo, passaram a mensagem, que quando for lavar uma louça, ao invés de deixar a torneira ligada, coloque a baciazinha lá, maneira simples, hábito simples, que às vezes a nossa cultura do dia a dia não permite. Não sei se porque a água ainda é abundante no nosso Estado ou se ainda financeiramente é suportável pagar. Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 2 Mas acontece que, de fato, esse chamamento de São Paulo despertou para o Brasil a conscientização da preservação desse que é, sem sombra de dúvida, o maior recurso natural que nós temos. Um setor abundante, às vezes, não damos tanto valor, porque vocês sabem que o ciclo de seca passa a cada 30 anos. Nós estamos vivendo de 2010 a 2040 o ciclo de seca do nosso país. É um fato determinante e que já vem assolando alguns Estados, São Paulo, depois Rio de Janeiro. Em Belo Horizonte estive agora, no início de janeiro, já se começa a falar que a partir do segundo semestre também deverá enfrentar. E aqui não é diferente, no nosso Estado. A Bacia de São Francisco, Sobradinho também já começam a dar sinais que poderão, num futuro próximo, dar sinais de fraqueza. Então, compete a nós, já no dia de hoje, começarmos a trabalhar nesse sentido para que não chegue para a nossa cidade, para o nosso Estado, mas, acima de tudo, que seja uma conscientização de todos nós a cultura da gente de preservar esse bem que é tão importante. Só para os senhores terem uma ideia, 55% dos municípios brasileiros sofrerão com a falta de água num futuro bem próximo. Aqui, nos temos a Pedra do Cavalo, a Bacia do Cobre, a de Pituaçu, que ainda dão um suporte, mas nós não sabemos ainda até quando, vereador Gilmar. V. Exa. que tem tratado esse tema com tanta seriedade e com tanto debate, é sempre o Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 3 vereador atuante nesse tema, faz questão de sempre ser o líder dessa audiência pública, que conhece a fundo esse problema. O grande desafio que nós temos que enfrentar é o desperdício da água. Fala-se que na Bahia cerca de 36% a 40% da água é desperdiçada, isso desde a nossa casa, às vezes as empresas privadas, no comércio, isso quer que pensemos cada vez mais o que fazer para que a gente preserve isso que é, sem sombra de dúvida, o mais importante para a gente. Mudar a cultura, é por aí que a gente deve começar. Multar, quem sabe, talvez? As pessoas às vezes falam que multar não dá certo. Recentemente, almoçando aqui na Câmara me perguntaram quem usava sinto de segurança há dez anos. Ninguém usava. Quem passava na Paralela abaixo de 80 Km cinco anos, seis anos atrás? Ninguém. Mas, quando colocou o radar, quando foi aplicada a multa, e quantas vidas se evitaram que fossem embora por um acidente de trânsito ou por uma violência mais trágica? Isso foi devida à multa. Quem sabe se num futuro próximo até no nosso Estado comece a multar, que é assim que tem que ser, pela educação. Não é porque a gente tem mais que a gente vai gastar. Eu gostaria de convidar vereador Luis Carlos Suíca, líder da oposição, também do segmento, para compor a Mesa. Então, outro grande desafio, vereador Gilmar, amigos todos, é a forma do tratamento. Existe a coleta de esgoto, mas não existe ainda o tratamento, até onde eu sei, de meu parco de Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 4 tempo de conhecimento. Tenho procurado estudar, me aprofundar, mas é o grande desafio que nós temos que ter. Não adianta só coletar, pagar a taxa de coleta de esgotos se nós não tratarmos, se esses esgotos forem desperdiçados nos nossos mananciais, em nossas bacias hídricas. Então, fica o alerta. Eu fiz questão aqui, hoje, de vir prestigiar não só o meu amigo Gilmar, mas também esta data que é importante para todos, simbólica... Ele está pedindo para eu falar do meu projeto, vou colocar aqui. Eu fiz um projeto, recentemente, baseado até no de São Paulo, para o desperdício de água com lavagem de calçadas, lavagem de carro, de águas de nossa residência, águas límpidas, que as pessoas sejam multadas. Não é possível! Eu moro no Jardim Apipema, bem próximo ao Calabar, lá tem cinco ou seis lava-jatos que ficam o dia todo. Eu vejo passar ali no Caminho das Árvores pessoas lavando as calçadas com a mangueira e não se sabe quanto tempo. E quantas vezes nós nos pegamos com a mangueira de casa ligada e larga no jardim por uma hora, duas horas? Então, o projeto é muito mais no sentido educacional, cultural, mas agora punitivo. Se for aprovado por esta Casa e for sancionado pelo Executivo Municipal, aquele que desperdiçar as águas límpidas com lavagem de carros, com lavagem de calçadas, lava-jato será multado em nossa cidade. Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 5 Então, é um registro, é uma pequena contribuição que a gente dá. Mas eu quero dizer, vereador Gilmar, da minha satisfação de estar presidindo esta sessão. Eu vejo aqui alunos do Colégio Raul Sá, jovens que têm que despertar desde as escolas, levar para as escolas municipais, para as escolas estaduais essa discussão. Mas, aqui eu vou finalizar. Meu filho tem cinco anos, e com dois anos e meio, aí você vê o que é a criança, a formação desde cedo, alguém da Transalvador esteve lá no colégio fazer uma palestra educativa e disse que não podia usar celular quando estivesse dirigindo, porque multa, pode causar acidente. E eu estava dirigindo o carro, isso tem quase três anos, e o telefone tocou, ai ele disse: “Papai, se atender você vai ser multado, não pode”. Dois anos e meio de idade, pra não esquecer! Da base, desde cedo, com o apoio do Ministério Público, órgão extremamente importante na nossa democracia, que fortalece o nosso Estado. Está aqui a Dra. Cristina, que é uma batalhadora nesta área e que conhece, muito bem, o meio ambiente do nosso Estado e sabe como é importante apesar de simbólico o dia de hoje. Então, eu quero parabenizar o vereador Gilmar por esta ação e convidá-lo para presidir a sessão que, de fato e de direito lhe pertence. Apenas, eu vim aqui só dar um bom dia a todos e Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 6 desejar sucesso e sorte e que este tema seja, cada vez mais, debatido. E dizer que conte com o meu apoio na sua Frente Parlamentar, que ele vai daqui a pouco explicar, e que terá o apoio da Mesa Diretora. Forte abraço, bom dia a todos, fiquem com Deus. SR. PRESIDENTE VEREADOR GILMAR SANTIAGO: – Bom dia a todas e todos. Convidar o vereador Suíca para ficar aqui do lado. Vereador Suíca é vereador do Partido dos Trabalhadores, líder da oposição nesta Casa, e é trabalhador também do Saneamento, só que da área de Resíduos Sólidos. Todos sabem que o Saneamento Ambiental é composto de vários vetores: abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem e resíduos sólidos. Suíca é diretor do Sindilimp, Sindicato dos Trabalhadores da Limpeza Urbana, em Salvador, sindicato combativo e que é parceiro do Sindae, também, nesta luta. Bom, eu estava falando há pouco com a imprensa e dizendo que esta data, 22 de março, Dia Mundial da Água, passou a ser sessão solene, nesta Casa, a partir do ano de 2003. Em 2003 esta Casa foi palco de uma grande mobilização na Cidade do Salvador, que foi no período em que nós estávamos lutando contra a privatização da Embasa. E o processo de privatização acontecia a partir da autorização das Câmaras de Vereadores, já que o Município, pela Constituição, Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 7 é quem tinha a poder concedente e, aqui, a Câmara, no primeiro momento, autorizou o processo de privatização e houve uma grande mobilização do Sindae, de segmentos populares, que culminou com um projeto de iniciativa popular, com mais de 100 mil assinaturas, aqui em Salvador, que foi esse projeto com a presença dos movimentos sociais, lotando a galeria desta Casa, que reverteu, aqui em Salvador, o processo de autorização para privatização da Embasa. E a partir daquele ano, ainda quando nós tínhamos aqui uma bancada de oposição forte, foi instituída esta data como sessão solene. Todo ano a gente faz no dia 22, como o dia 22 este ano vai cair no domingo, então, a gente antecipou para hoje, para coincidir com o Grito da Água que, também, já acontece há 14 anos, inclusive têm muitos companheiros que não vão poder estar aqui hoje, pela manhã, porque estão nos seus bairros fazendo a mobilização para botar gente no ônibus, de tarde, para vir para o Grito da Água. Portanto, eu queria fazer esta breve explanação sobre a origem desta data solene, dizer que na nossa programação nós vamos ouvir alguns depoimentos que foram colhidos, ontem, no seminário internacional que aconteceu na sede do Sindae, Dra. Patrícia e Dra. Cristina, a gente pegou depoimento do professor Moraes, do relator da ONU para questões de água saneamento, que durante aqui a sessão nós vamos ter e a oportunidade de ver, registrar a presença de representantes de Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 8 vários sindicatos e movimentos sociais, a gente vai pedir a assessoria para poder fazer uma lista dessas pessoas, saudar os estudantes do Colégio Raul Sá. A gente resolveu que a partir de agora, nos próximos anos, estaremos sempre convidando alunos de escolas públicas para poder estar participando deste debate. Como disse o presidente Paulo Câmara, vamos criar a Frente Parlamentar do Saneamento, já temos 12 companheiros e companheiras da Câmara que vão fazer parte desta Frente, o presidente não vai poder porque ele é presidente da Câmara e o Regimento proíbe, mas Luís Carlos Suíca vai fazer parte e a gente vai fazer debates nas escolas municipais e estaduais, nas faculdades, nas universidades, exatamente para fazer com que este processo de discussão se amplie. Convidar o presidente do sindicato, Danilo Assunção, para vir para Mesa também. Está acontecendo, hoje, pelo menos, uns quatro eventos importantes na cidade sobre este tema. Companheiro Danilo, presidente do Sindae, sente-se à Mesa, por favor. Vamos começar com o vídeo. APRESENTAÇÃO DE VÍDEO Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 9 SR. PRESIDENTE VEREADOR GILMAR SANTIAGO: Gente, vamos ajustar e suspender o vídeo e vamos passar adiante. Isso foi produzido ontem, pelo pessoal da TV Câmara. Acho que a máquina está com algum problema, vamos ver aqui como a gente resolve. Esse vídeo que tentamos passar e que teve esse problema, é um vídeo que nós pegamos depoimentos ontem, no Congresso realizado no SINDAE, no Seminário que teve no SINDAE, com os depoimentos de várias autoridades e vários especialistas no setor de saneamento. Vamos ver se até o final da sessão o pessoal consegue resolver. Nós vamos dar seguimento a esta sessão já de imediato com a palavra de alguns membros aqui da Mesa. Alguns, como a Dr. Patrícia Borja e o companheiro da Federação dos Urbanitários terão um tempo maior, pois eles vão discorrer sobre a temática desta sessão, que é a questão da privatização e das PPP. Vou passar a palavra neste momento para a Dra. Cristina Seixas, que é representante no Ministério Público da Bahia, instituição que tem tido um papel muito importante na nossa sociedade, na luta em defesa do meio ambiente e que é uma pessoa que faz parte dessas sessões solenes, a voz do Ministério Público. A pessoa de Dr. Cristina é muito importante para a gente. Vou passar a palavra para ela. Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 10 SRA. CRISTINA SEIXAS GRAÇA: - Bom dia a todos e a todas. Queria saudar esta Casa na pessoa do vereador Gilmar Santiago e dos demais vereadores que estão presentes. Primeiro, quero parabenizar a iniciativa desta sessão, porque, realmente, nós temos que buscar entender o processo de proteção dos mananciais da nossa cidade, do nosso Estado, do nosso país e do mundo. E dizer aos senhores que o Ministério Público tem um papel, dado pela Constituição de 1988, realmente muito importante na defesa desses bens que são fundamentais para a manutenção da vida do planeta. Eu falo assim porque quando falamos de meio ambiente não falamos separadamente de um bem ou de outro, porque todos os bens se integram para garantir esse ambiente onde nós vivemos, onde a vida se desenvolve. Então, nós temos por dever defender esses bens, mas eu queria dizer que o Ministério Público tem se esforçado demasiadamente buscando, para através de atender projetos a esses reclames institucionais a sociais, proteção, especificamente, hoje, da água, porque a situação com relação a água é muito crítica e, eu digo e venho dizendo há muito tempo, que a questão da crise hídrica não é deste momento, a questão da crise hídrica começa há muito tempo, essa questão começa quando nós mudamos nossos processos de produção de bens e serviços, quando nós aumentamos, demos Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br um salto 11 populacional no planeta para 7 milhões de habitantes. Então, como que os mananciais de água do jeito que eles estão sendo utilizados, eles poderão ser um bem que vai garantir manter a vida por muitos anos? Ontem, nós tivemos um evento no Ministério Público, promovido pelo IBAMA, e o ouvimos um palestrante chamado, Sérgio Besserman, ele é um economista e um conhecedor do problema das mudanças climáticas, as pessoas precisam estar muito sensibilizadas para o que vai acontecer no mundo e, especialmente no Brasil, com relação a mudanças climáticas. Ele dizia, exatamente, que a humanidade, ela não tem noção e ela se acha muito poderosa, mas ela não é nada poderosa, porque o nosso tempo nesse planeta é muito pequeno. Realmente, nosso tempo nesse planeta é mínimo para o que esse planeta já viveu e vai viver ainda. Então, a humanidade ela tem que perceber que nesse tempo nosso, que é um tempo para nós muito grande, mas para o planeta, para a natureza é muito pequeno, nós temos que buscar entender e nos sensibilizarmos, qual seria o planeta ou qual seria o tempo e a natureza que nós queremos deixar para o futuro? Ontem, assim como hoje, a plateia estava composta por diversos jovens, e nós temos que demonstrar para esses jovens que eles são a esperança de um futuro que não é muito longe, mas para nós que já estamos numa certa idade, é muito perto, Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 12 mas para vocês está muito perto, muito longe, ou seja, o mundo daqui há 30 anos não será mais como é hoje, nós não temos mais tempo de mudar as catástrofes que estarão por vir que já estão começando no planeta. Sérgio Besserman, ele mostra a partir de diversos relatórios ecossistêmicos, inclusive, se a gente hoje observar, existe uma Atlas das Águas, feito por dois pesquisadores, o Robin Clark e Jannet King, esses relatórios estão disponíveis na Internet, foram patrocinados pelo PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente -, pelo WWF, que é o Fundo Internacional do Meio Ambiente, e tudo isso combinado com esses estudos das mudanças climáticas demonstra que o planeta vai, efetivamente, esquentar entre 2°. Se a gente puder parar tudo que a gente está emitindo agora, 2°, isso é catastrófico para o mundo, para o Brasil, e isso dentro de 20 a 30 anos, se a gente não adotar medida nenhuma, o mundo poderá estar de 5 a mais graus mais quente. Quem sofre com isso? Quem sofre com o aumento da temperatura? Que é quem, consequentemente, gerará as próximas guerras no mundo por água. Ou seja, o século XXI vai ter que ter, realmente, uma preocupação muito grande, porque nós não vamos ter água, vai ter disputa gota a gota. Nós não vamos estar lá para ver isso, mas as gerações que estão aqui e as que virão, com certeza, sofrerão muito com isso. Mas, o que é mais complicado é que quem sofrerá com isso? Todos. Mas, Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 13 quem mais sofrerá com isso são as pessoas pobres, são os países pobres. Ele ontem falava com muita tranquilidade e a gente vê isso no dia a dia da luta ambiental, o Ministério Público debateu muito com o retrocesso de proteção de direitos fundamentais que foram adquiridos há muito tempo e o Brasil é recorde nessa caminhada de ascessão a direitos fundamentais, mas nos últimos anos nós temos passado por um retrocesso absurdo da legislação ambiental, que é quem orienta a gestão ambiental, que orienta a forma como o Poder Público e as sociedades se conduzirão para explorar os recursos naturais. Os recursos naturais são limitadíssimos para a quantidade de pessoas que hoje vivem no mundo. Nós temos uma escassez de recursos naturais. Por quê? Primeiro, o homem, nesses últimos anos, a humanidade, ela conseguiu movimentar, é um absurdo isso que a gente ouve, movimentar resíduos, movimentar massas de água, de terra, de floresta, maior que qualquer hecatombe que o planeta já teve. Ou seja, o homem é o grande destruidor de si próprio, do ambiente onde ele vive, não tem outro lugar para o homem viver. E ele dizia, e o Ministério Público constata isso, no dia a dia, que nós temos perdido muita água. Por quê? Porque a legislação é flexibilizada cada dia mais. Então, a gente perdeu o Código Florestal de 65, que era um Código Florestal que foi feito pela Secretaria da Agricultura da época, para garantir água Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 14 para a agricultura. E a própria Agricultura, hoje, revogou o Código Florestal que lhe beneficiava. Então, nós temos sempre que pensar que nós não temos uma gestão ambiental, porque não há uma política pública que interesse essa gestão ambiental adequada. E, cada vez mais, o poder econômico, com suas vontades e com suas interferências, influenciam os poderes legislativos a flexibilizar a legislação ambiental para permitir a exploração cada vez mais acentuada desses bens limitados. E os estudos, é o que eu digo sempre, os legisladores não são como nós todos não somos expertises na ciência, e a ciência que estuda o meio ambiente tem uma série de interfaces com outras ciências, uma multidisciplinaridade imensa, precisam estar arrimados, baseados nos estudos científicos para fazer leis. E o que a gente tem visto, hoje, a partir desses estudos que eu trago para vocês, essa análise das mudanças climáticas, essas visões claras da ciência com relação à questão da água, é que nós precisamos sensibilizar toda a humanidade no tocante à garantia desses estoques de recursos ambientais que ainda existem no planeta, para que todos possam ter, efetivamente, direito a uso deles, porque o futuro é muito negro. Nós não temos nada a comemorar, eu sempre digo isso, eu sou promotora de meio ambiente há 23 anos, eu não tenho nada a comemorar em relação ao Dia Mundial da Água, Ru não tenho nada a comemorar em relação ao Dia Mundial do Meio Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 15 Ambiente. Eu só tenho visto nesses últimos 23 anos, a degradação ambiental aumentar. Então, é preciso, sim, a cada dia, nós nos conscientizarmos que precisamos aliar-nos à ciência, ao direito, à consciência social e sensibilizarmos que nós temos um dever a cumprir, e o Ministério Público tem que fazer esse papel o tempo inteiro, de ser desagradável, de ser conscientizador e transparente, e falar a verdade, porque nós temos um dever muito grande a cumprir, que é cada vez mais entendermos os processos ambientais para garantir a vida para todos e, evidentemente, tentar ao máximo, fazer com que as novas gerações possam mudar o comportamento que nós, infelizmente, das gerações passadas, ainda estamos praticando. Vocês, jovens, são os responsáveis, e eu entrego essa carga de responsabilidade a vocês com muita preocupação, porque a tarefa de vocês será muito árdua, mas vocês são os responsáveis pela vida no Planeta Terra, no futuro. Vocês têm que cobrar, diuturnamente, de todos os responsáveis o que nós fizemos até agora por este planeta. E isso, a poluição local é uma poluição macro, ela não é micro, é uma poluição que atinge todos, todo o planeta. E eu quero dizer aos senhores que cada dia mais nós temos pouca água, porque nós não temos gestão adequada da água. Nós temos o tempo inteiro desmatamento das matas ciliares, nós temos cada vez mais irrigação de água, de Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 16 agricultura através de métodos antigos que desperdiçam a água, nós temos muita poluição através da falta de saneamento básico, que é a questão do lixo, muito importante para os aquíferos, do esgotamento sanitário, ou seja, de esgotos sem tratamento jogados nos aquíferos. A ocupação desordenada do solo urbano, do uso de agrotóxico, que é um veneno que está nas nossas mesas todos os dias e na nossa água. Não há monitoramento de veneno na nossa água. Nós comemos veneno todos os dias. E respiramos também poluição atmosférica, que no fim também cai na água, e uma série de outras formas de poluição, que eu não vou me ater aqui porque têm vários especialistas na Mesa que poderão nos dar, com certeza, um panorama do problema, que é, realmente, um problema grave, gravíssimo, porque sem água não há vida. Eu encerro a minha fala dizendo que o Ministério Público tem se envolvido demais, eu até vim aqui, mas estou com outra reunião com colegas da Bacia do São Francisco, da Bacia do Rio Paraguaçu, com um professor que estava ali dando depoimento, professor Moraes, que nós temos vários projetos para garantir, tentar melhorar e recompor algumas áreas que estão sendo muito poluídas e afetadas nesses rios, que são importantíssimos para o nosso Estado. Portanto, eu vou pedir a permissão da Mesa que daqui a algum tempo eu tenho que sair, que eu pedi para que os colegas fossem antecipando a reunião Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 17 para eu poder vir aqui, ter esta honra de estar sentada aqui conversando com os senhores e voltar para lá para tentar por em prática os projetos que o Ministério Público tem de revitalização de algumas áreas do Rio Paraguaçu e da Bacia do Rio São Francisco, com a questão, felizmente, da transposição, que não é uma transposição, que, enfim, é uma questão muito debatida. Mas dizer que a água é um bem de todos. A água, efetivamente, não pode ser privatizada. Os serviços hoje de saneamento são prioridades, são municípios. Os municípios têm da que competência assumir dos essa responsabilidade, têm que contratar bem suas concessionárias, os municípios precisam fazer os seus planos de saneamento, de resíduos sólidos, seus planos municipais, que são importantíssimos, com a participação social. A sociedade tem que se inteirar disso, participar disso, cobrar e exigir cada vez mais serviços públicos de qualidade com relação as suas questões locais, que são realmente muito necessárias e importantes. Então, dizer que cada vez mais a sociedade precisa se integrar para participar da gestão, planejar com o Poder público. O Poder público hoje não determina mais sozinho as questões que são questões da sociedade, porque nós estamos aqui para servi-los e nós precisamos entender isso. Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 18 Eu digo isso como Ministério Público e também sou servidora do povo. Então, esta é minha fala hoje. Queria agradecer a presença de todos, que eu acho que é muito importante que nós estejamos participando sempre destas sessões na Câmara, que eu acho que é de uma relevância muito importante para os destinos das nossas cidades. Muito obrigada. SR. PRESIDENTE VEREADOR GILMAR SANTIAGO: Muito obrigado, Dra. Cristina, que tem sido uma batalhadora, uma parceira da sociedade civil organizada para A questão do meio ambiente. Vou fazer apenas uma pequena correçãozinha na sua fala, que é fruto da nossa cultura, do costume, algo que a gente, nesse processo, está tentando desconstruir. Quando a senhora disse: “O futuro será negro”. Se o futuro for negro vai ser muito bom, porque é um processo pedagógico aqui. SRA. CRISTINA SEIXAS: - Só para dizer: negro no sentido da escuridão. Negro é uma cor que é escura. Eu, realmente, disse negro no sentido da escuridão. Vamos mudar então, o sentido será escuro, bastante prejudicial para a vida, e a vida sem luz não é nada. SR. PRESIDENTE VEREADOR GILMAR SANTIAGO: – Agora, nós vamos ouvir outra mulher também muito comprometida com esta luta em defesa do saneamento público, Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 19 e que é uma estudiosa e que tem contribuído sempre aqui com as sessões que a gente tem realizado aqui. E nós vamos ouvir agora a Dra. Patrícia Borja, doutora em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia. Ela vai falar um pouco sobre um tema, Patrícia, que já vem sendo discutido há muito tempo, este seminário internacional que aconteceu no Sindae anteontem e ontem, o tema central foi esse e, portanto, queremos ouvir a sua contribuição. DRA. PATRÍCIA BORJA: – Bom dia a todos e a todas, para ser politicamente correta. E aí, gente, tudo bom? Eu gostaria de saudar a Mesa no nome do vereador Gilmar Santiago, dos demais vereadores, dos demais companheiros da Mesa. Gostaria também de agradecer ao convite de Geomar, e é uma honra para mim realmente estar aqui mais uma vez na Câmara da nossa cidade. Eu acho que este debate, e eu queria, inclusive, saudar também a iniciativa, já há mais de uma década, não é Gilmar, de debate aqui na Câmara. Acho que a Câmara é o espaço do debate, é um espaço de valorização de discussão de questões que são fundamentais para a nossa sociedade. Acho que é um debate também extremamente oportuno, porque nós estamos no Brasil discutindo pela primeira vez, em nível nacional, a questão da água, suscitada por essa grande crise hídrica completamente anunciada lá na maior capital, e a Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 20 mais importante, do ponto de vista político e econômico, de nosso país. Isso nos sinaliza o desafio que nós temos pela frente com relação à questão da garantia do direito à água, quais são os interesses que estão em jogo. E aí, é claro que essa crise, na maior capital do nosso país, anuncia quais são os nossos desafios, quais são os interesses que estão em jogo, as relações de poder que se estabelece na sociedade em torno da garantia desse direito. Então, a ação da Sabesp, em São Paulo, uma das empresas mais importantes da América Latina em termo de prestação de serviço de água e esgoto, ela, ao abrir seu capital para a iniciativa privada tornando mercadoria, ela privilegia interesses a água uma que estão mera fora dos interesses do bem comum, da sociedade. Então, é esse grande debate que nós temos que travar. Nós estamos hoje comemorando antecipadamente o Dia Mundial da Água. É o dia de luta dos povos do mundo por uma sociedade mais justa, que eu acho que lutar pela água é lutar por uma sociedade mais justa. Hoje, os paulistanos estão lá na Avenida Paulista, os mexicanos estão também em marcha, os povos da Indonésia, os povos da África Subsaariana, todos juntos aqui com o povo de Salvador discutindo a questão do direito à água como um direito humano fundamental. Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 21 Dia de luta porque lutar pelo acesso à água em quantidade e qualidade e esgotamento sanitário para todos é lutar pela vida e por uma sociedade mais igualitária. Água, como a Campanha da Fraternidade nos colocou alguns anos atrás, água é vida, água é saúde, estão claras as relações entre acesso à água e acesso à saúde, isso historicamente já é comprovado. Água também é liberdade, e nós, mulheres, sabemos disso. As mulheres que estão no nosso semiárido baiano, que passaram décadas excluídas do direito à água, sabem que a água é liberdade. Liberdade de exercer o seu direito de cidadania, liberdade para trabalhar, liberdade para se educar, liberdade para dar atenção à família. Então, água é liberdade, água é garantir o direito à infância, porque no momento em que levamos água para as populações, estamos protegendo as crianças, estamos diminuindo a mortalidade infantil, estamos enfrentando o problema da diarreia e, consequentemente, da desnutrição. Nós estamos, então, protegendo essas crianças no sentido de sua vida. Então, lutar pela água passa por disputar na sociedade o projeto político em torno da água. Existem interesses fortes, econômicos e políticos relacionados à questão do uso da água. Quem usa a água? Para que usa a água? Como usa a água? Essas são questões que nós temos que nos colocar. Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 22 Setenta por cento da água utilizada no mundo é para a agricultura, uma agricultura para a indústria. Aqui, no caso do Brasil, o indicador é de 70%. Uma água que é usada de forma predatória, usada de uma forma com altos níveis de desperdício, e quando a gente fala em fazer economia de água em casa, temos que pensar que temos que discutir o padrão de consumo na indústria e o padrão de consumo na agricultura. Então, a partir de 2010, a Assembleia Geral da ONU garantiu que não foi uma decisão unânime. Significa que nós temos muita disputa ainda a travar. Não foi uma decisão unânime a ONU definir que o acesso à água potável e ao saneamento básico é um direito humano essencial. Ou seja, não é nem fundamental, que deveria ser, é essencial. Então, isso é de qualquer forma um grande avanço na luta pelo direito à água. Segundo a ONU, mais de 1 bilhão de pessoas no mundo não têm acesso à água de boa qualidade; 1,5 bilhões de pessoas não têm acesso ao sistema de saneamento; 2.5 milhões morrem a cada ano pela falta de água de boa qualidade. Morrem por diarreia, morrem por parasitoses intestinais, morrem por uma série de enfermidades relacionadas ao saneamento. Estamos no momento agora, discutindo as novas metas do desenvolvimento sustentável, já que em 2015, nós concluímos as metas do biênio e temos que rediscutir e discutir Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 23 de maneira mais apropriada esse debate sobre o direito à água no mundo. No Brasil, nós desenvolvemos uma luta muito grande em relação à questão do saneamento. Finalmente, em 2007, o Congresso Nacional aprovou a Lei Nacional de Saneamento Básico, que define que todos os municípios brasileiros têm que ter uma política pública definida de forma democrática e participativa para o saneamento básico. Todos os municípios devem ter um plano de saneamento definindo metas, diretrizes, no sentido da garantia desse direito essencial. Até 2015, até este ano, todos os municípios têm que ter esse plano. Também a lei define que discutir saneamento tem que ser discutido de forma democrática, com participação e controle social. Temos que ter mecanismos de participação social quando a gente discute saneamento. Também as ações de saneamento têm que ser fiscalizadas, elas têm que ter normas para o funcionamento, que a gente chama de regulação. Também esse serviço tem que ser prestado através de um contrato que defina as metas, prioridades, diretrizes, entre o prestador de serviço e o dono do serviço, que é o município. O município, do ponto de vista constitucional, é que éo responsável pelas ações de saneamento. Aí, vou falar um pouco sobre Salvador. Salvador é a terceira metrópole do país, nós vivemos uma situação de Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 24 desigualdade, uma das cidades mais desiguais do nosso país, nós temos uma lógica perversa de produção de espaço. O acesso ao saneamento básico em Salvador tem cor, tem idade, tem sexo, tem condição social, tem local de moradia. Os excluídos são pobres, negros, mulheres, crianças, têm baixa escolaridade, vivem na periferia de nossa cidade. São os mesmos que não têm acesso à escola de qualidade, à moradia digna, a mobilidade urbana, são os mesmos que vivem de baixos salários em trabalhos subalternos. As recentes políticas públicas realizadas em nosso país, os investimentos, nunca antes vistos nessa história deste país, de forma corrente, não foram capazes de reverter esse quadro de desigualdade de acesso. A gente está vendo em Salvador - o vermelho é abastecimento de água, o amarelo é acesso à rede de esgoto -, que nós avançamos muito com relação a acesso, à infraestrutura sanitária, mas ainda temos uma população excluída, e é justamente essa população que está na periferia, são as mulheres, são as crianças que não têm esse acesso. Então, em Salvador, sem banheiro, nós temos ainda 63 mil pessoas que não têm onde defecar; que não têm coleta de lixo, nós temos 140 mil pessoas sem acesso a favorecimento de água adequado, 52 mil pessoas. Então, isso aí estou contando com relação à questão da qualidade da água, com relação à intermitência no fornecimento de água. São dados de 2010. Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 25 Salvador é uma cidade marcada pela desigualdade. Esse mapa está mostrando os bairros de Salvador. Onde está vermelho, gente, e laranja são os bairros de nossa cidade que não têm saneamento adequado. Então, é uma cidade marcada pela desigualdade. Aí, um gráfico só para mostrar, gente, de que quanto que o saneamento tem a ver com a baixa escolaridade, com a cor da pessoa, com a faixa de renda. Então, é uma avaliação sobre a relação entre essas variáveis. Então, os dados revelam que as políticas públicas de saneamento não foram capazes de reverter essa lógica de desigualdade, esses recentes investimentos foram insuficientes para o enfrentamento dessa realidade. Então, o Município de Salvador, nas duas últimas décadas, foi alvo de investimento significativo em torno 1.33 bilhões de reais, foram investidos em Salvador, nas últimas décadas, principalmente por meio do Programa Aceleração do Crescimento. Nós temos aí dados de morbidade com relação A parasitoses intestinais e doenças diarreicas. Vemos que de maneira contraditória nós estamos aumentando a morbidade por essas doenças em nossa cidade. Significa que a gente tem que repensar nossa estratégia e a nossa política pública municipal de saneamento para enfrentar essa realidade. Então, a exclusão sanitária e a degradação ambiental do patrimônio ambiental de Salvador são produto Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br de uma 26 sociedade profundamente marcada por processo histórico de exclusão e desigualdade social, típica de países da periferia capitalista e da democracia débil. Apesar dos avanços da última década, garantiu o direito do saneamento ao básico em Salvador, ainda depende de muita luta da sociedade. Aí nós temos alguns desafios à questão, por exemplo, dos nossos mananciais; aí é o Joanes completamente desprotegido, temos que fazer muita gestão. A Embasa começa agora a discutir o problema dos nossos mananciais, nós temos ao longo do tempo perdendo a cada dia os mananciais próximos da nossa cidade, temos que enfrentar esses problemas dos mananciais, Aí a Bacia do Cobre, estamos em processo de degradação intensa da Bacia do Cobre, perdemos a Bacia do Cobre como manancial de Salvador, temos que enfrentar isso. Nós estamos poluindo nossos rios. O Camurujipe é o grande condutor de águas sujas, quer dizer, transformamos o Rio Carumujipe vergonha! num Investimos grande 1.3 condutor bilhões em de esgoto, uma saneamento e continuamos poluindo os nossos rios. O tamponamento do Rio do Seixos, uma vergonha também, nós estamos na contramão da história, colocando a sujeira para baixo do tapete, enquanto a maioria dos países do mundo está devolvendo os rios urbanos para os cidadãos. É o caso de Seul. Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 27 Vamos lá, continuar. Aí, o que a gente tem é que em Salvador nós temos, pelo PDDU, embora o PDDU ainda em processo de discussão, mas nós conseguimos avançar termos de um em delineamento de uma política pública de saneamento para o nosso município. O PDDU instituía uma política municipal de saneamento básico, um sistema municipal, a necessidade de um plano, de um fundo municipal, com um conjunto de princípios importantes, como saneamento para todos, redução das desigualdades, integralidade das ações, transparência, participação, gestão pública. Próximo. Então, Salvador, hoje, dispõe de um plano de saneamento. Em 2011, esta Câmara aprovou o Plano de Água e Esgoto, mas é um plano que ainda não está em sua plenitude, em desenvolvimento, já que nós não temos ainda um contrato de programa regularizando a prestação de serviços na nossa cidade. O último documento que estabelece uma relação entre o Município de Salvador e a prestadora de serviços é de 1929, ou seja, nós não temos um plano que direcione as ações do município. Nós não temos um contrato que defina as metas, as áreas prioritárias de investimentos. Nós não temos um processo de definição de regulamentos, de fiscalização desses serviços. Temos uma disputa entre a Agência Reguladora de Salvador e a Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 28 Regência Reguladora do Estado da Bahia. Quem é que vai regular os serviços de Salvador? Nós somos a 3ª metrópole do país e estamos com uma política pública completamente de saneamento indefinida. Também do os nosso município mecanismos de participação e controles sociais completamente débeis. Vamos para o próximo. Então, para complicar ainda mais essa problemática, nós temos uma recente decisão do Supremo Tribunal Federal dizendo que nas áreas metropolitanas o responsável pelo serviço é uma entidade metropolitana. Então, Salvador, junto com os outros municípios da região metropolitana, instituiu, através de uma Lei, na Assembleia Legislativa, um ente metropolitano, que esse sim, vai ser o responsável pela prestação de serviços. Porém, o nosso prefeito está contestando essa decisão e o fato é que nós estamos com um vazio institucional da prestação de serviços em Salvador. Não estamos com um plano de saneamento, não tem um contrato que regulamente a prestação de serviços, não temos um ente que fiscalize e regule os serviços e não temos mecanismos de participação de controle social. Então, significa que temos muito que fazer em nosso município com relação à questão do saneamento. Acho que eu abreviei algumas coisas, vamos passar para frente. Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 29 Então, algumas frentes de luta. Denunciar e lutar contra o desmonte do governo do Estado no que está fazendo em relação às políticas públicas de saneamento básico no nosso Estado. Infelizmente, o novo governo está implementando um conjunto de ações que tem desmontado, do ponto de vista institucional, o saneamento em nosso Estado, embora tenha criado a Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento, demitiu um conjunto de funcionários, continua colocando na mesa o nosso decreto que regulamenta a nossa política estadual de saneamento básico. O Plano Estadual de Saneamento Básico está completamente parado, a AGERSA está completamente inoperante por falta de diretrizes, por falta de funcionários. Então, nós estamos vivendo um retrocesso muito grande da ação do Estado no campo do saneamento básico. Temos que fazer uma defesa contundente da Embasa, mantê-la em mãos públicas. Estamos já sabendo de projetos, de ampliação das parcerias público privadas na Embasa, de possibilidade de abertura de capital da Embasa. Temos que ficar muito atentos, nós, nesta Casa, aqui, temos histórico de luta em defesa da Embasa, como uma empresa pública e temos que defendê-la como um grande mecanismo de garantia do direito ao saneamento no nosso Estado, e nesse caso aqui, em Salvador. Fazer avançar a luta contra todo tipo de privatização, PPP, abertura de capital, tanto do serviço de água e esgoto como Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 30 também de resíduos sólidos e drenagem urbana. Nós temos 100% dos serviços de limpeza pública em nossa cidade terceirizados, um contrato completamente precário. Não temos definição de metas, de prioridades, de investimentos, enfim, completamente indefinido também. Não temos um plano de resíduo sólido, não temos um plano de drenagem urbana. Então, é necessário construir uma política pública e um plano municipal participativo para a nossa cidade. Próximo, por favor. Ocupar os espaços de discussão da entidade metropolitana, em especial o Conselho Participativo, que é uma instância prevista dentro da entidade metropolitana. É necessário que a gente faça essa disputa dentro do Conselho para pautar as lutas da nossa sociedade, interferir ativamente na definição dos contratos de programa, impedindo que esses incorporem mecanismos de privatização dos serviços; fortalecer a Frente Nacional na Defesa do Saneamento Público; implementação do Plano Nacional de Saneamento Básico, recentemente aprovado; fortalecer a cidadania ativa, ação direta e a capacitação das lideranças para atuar na luta. Na Universidade Federal da Bahia, estamos organizando, no sentido de tentar colaborar com esse processo de luta, o Observatório do Saneamento Básico da Bahia. Inclusive, hoje, temos uma discussão no Ministério Público sobre Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br esse 31 Observatório, no sentido de tentar criar um espaço de debate, direção de informações sobre o saneamento em nosso Estado. Saudamos a iniciativa desta Câmera de criar a Frente Parlamentar pelo Saneamento Básico e já colocamos a Universidade Federal da Bahia à disposição desta Câmara. Há todo um interesse nosso dentro desse projeto do Observatório, de estarmos juntos com vocês nessa luta. Então, é isso, gente, obrigada. Espero que tenha colaborado com vocês nessa reflexão. SR. PRESIDENTE VEREADOR GILMAR SANTIAGO: Obrigado, Patrícia. Nós vamos precisar, realmente, da ajuda de vocês para essa discussão do Plano Municipal de Saneamento Ambiental. O Executivo Municipal deve estar mandado para esta Casa até junho, a parte que compete a resíduos sólidos e drenagem e, com certeza, nós vamos estar fazendo aqui audiências públicas, discussões para aperfeiçoar este projeto. Eu vou liberar aqui a Dra. Cristina, que tem que ir a um evento também sobre saneamento público, no Ministério Público. Ela pediu licença para se retirar da Mesa, e contar com a presença dela em outros momentos. Essa Frente lá no Ministério Público é muito importante para gente. E para vir aqui participar da Mesa com a gente, eu queria convidar a companheira Carmen Sossa, da Rede Viva, do Uruguai, que participou conosco. Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 32 Registrar também a presença de Rubens, de Ibicaraí, diretor do Sindae. Adriano, diretor do Sindae de Itapetinga. Leal, diretor do Sindae de Jequié. Companheiro Júnior, de Itajuípe. Companheira Rosa Angélica, de Macaúbas. Companheiros Ivan e Gilberto de Sobradinho. Zé Rodrigues, diretor do Sindae de Remanso. Hamilton, de Casa Nova. Luis Cláudio, de Itororó. Paulo Sérgio Costa, de Bom Jesus da Lapa. Companheiro Sinval, jornalista do Sindae. Companheiro João Staigler, presidente da Associação Corsan, do Rio Grande do Sul. Companheiro Márcio Jansen, diretor do Sindquímica. Companheiro Marcos Sampaio, representando o deputado federal Jorge Solla. Marcos é presidente do Conselho Federal de Saúde também. Registrar a presença de Zé Antônio, Sento Sé; Fábio, Barra; Ari de Juazeiro; nossa companheira Uilma, de Bonfim; companheiro Orlando, diretor do sindicato lá da Embasa do Rio Vermelho; companheira Patrícia, de Feira; companheiro Morais, de Pedra do Cavalo; Morais, já foi vereador em Muritiba; companheiro Nei, de Itaberaba, companheiro Nilson, de Itaberaba, companheiro Alex, diretor do Sindae, de Valença; companheiro Federação; Tomas, diretor companheiro do Sindae, da Embasa da Brasil, diretor do Sindae, de Conquista; companheiro Crispim, velho Crispa, diretor do Sindae, executivo do Sindae; a companheira Sueli Nelson, da Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 33 CERB. Registrar também a presença de diretores do Sindágua do Rio Grande do Sul, companheira Ana, companheira Fabíola, companheira Paula e companheiro Mário. Chega lá, Francisco, este é o nosso Chico Plenária; companheira Nega, da Jaqueira do Carneiro; companheiro Ednelson, do Vale do Matatu; companheiro Lucas, de Luís Anselmo; Carlos Sabino, do Coletivo Jota; Bruna Rocha, da União dos Estudantes da Bahia - UEB; Cláudia Ribeiro, da Ample; Messias, Fazenda Grande; Vanete dos Anjos, professora Vanete, uma lutadora aí está aqui responsável pelos jovens do Colégio Raul Sá; um abraço para a diretora, professora Liliana; funcionário Valter Souza; Euvaldo, Curaçá; Hamilton, Casa Nova; Alécio, Sento Sé; Antônio Marcos, Remanso; Sindicatos de Pernambuco, o Sindurb, Sindicato dos Urbanitários de Pernambuco, 60 anos de existência; trabalhadores da Chesf, Celpe, Compesa, presença dos dois diretores, Jaime José da Silva, vice-presidente, e a companheira Maria Madalena, diretora de educação e cultura. O companheiro Jaime é aquele companheiro que está com aquele bonito chapéu ali de couro; Federação Regional dos Urbanitários do Nordeste. Registrar também a presença de Edson Dourado, assessor da vereadora Vânia Galvão; Bira, companheiro Bira, diretor do Sindicato de Itabuna; companheiro Astério, de Ipiaú. Quem é o aniversariante? Elísio? Engraçado, eu não falei do negão. Cadê o negão? O negão Elísio ali. Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 34 Nós vamos agora ouvir a fala do nosso companheiro Arilson Wunsch, presidente da Federação Nacional dos Urbanitários, companheiro que dirige a nossa luta em nível nacional, em defesa do saneamento. Gente, no final vai ter um coffe break aí para poder ajeitar as coisas. SR. ARILSON WUNSCH: - Lá no Rio Grande do Sul, quando a gente começa uma fala, nós usamos o nosso título de campanha: “Água é um bem de todos, não pode ter dono.” Dizendo isso queremos saudar o vereador Gilmar Santiago e parabenizar por esta importante atividade. Falar da água é, desculpe a redundância, chover no molhado. Nós levamos a água sempre como um direito humano. Nós levamos a água como a essência para a vida, e não só a vida de cada um de nós que está aqui, mas também a água é a vida de plantas, de pessoas, de animais. E o tema de hoje que trata sobre a privatização, um tema atual, leva a água a ser de direito humano para um direito de mercadoria, e isso nós não podemos permitir. Depois de duas palestras importantíssimas, sobra pouco para nós falarmos. Mas, ao mesmo tempo, sobra bastante para nós pensarmos, para sairmos daqui e fazermos o nosso dever de casa. É lógico que o capital privado está de olho na nossa água, isso é de todo e sempre. Desde que eu entrei na Companhia Riograndense de Saneamento de lá do Rio Grande do Sul eu Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 35 escuto que nós podemos ser privatizados, que tem gente de olho na nossa água e que tem gente de olho no lucro que a água dá. Exatamente por aquilo que nós dissemos há um minuto, porque ela é essencial para todos os tipos de vida que tem no nosso planeta e, principalmente, o nosso país. Números dizem que nós temos de 13 a 16% da água doce do mundo. Se terminasse hoje a água do mundo, o Brasil tranquilamente sustentaria o mundo por seis anos com água. Imaginem e façam um raciocínio, todo o mundo não tem mais água, com exceção do Brasil, por seis anos o mundo sobreviveria com a água que nós temos aqui, no Brasil. Então, o capital internacional, o capital nacional, os grandes empresários, as multinacionais estão muito atentas a esta nossa riqueza que é a água. Só vou registrar aqui o que já foi dito, que milhares de pessoas neste Brasil e neste mundo ainda não têm acesso a nossa água, a água tratada, a água de qualidade. E aí, vamos culpar quem? Vamos culpar governos, vamos culpar prefeitos, vamos culpar a sociedade, pela não preservação; vamos culpar o meio ambiente ou vamos culpar São Pedro, que não chove? Esta é uma reflexão que nós temos que fazer. Todos nós estamos acompanhando atentamente o que está acontecendo aqui, no Estado, que não é tão vizinho, mas que é vizinho, chamado São Paulo, em que diariamente a mídia tanta passar que o serviço público é ineficiente, que o serviço Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 36 público não é bom. Isto tem um fundo. Tem um fundo para dizer que nós, trabalhadores do saneamento do Brasil, que a água não pode estar nas mãos de governos, e sim, quem é bom mesmo, é a iniciativa privada. Então, nós temos que cuidar muito do que está acontecendo sociedade, ao e aí nosso é redor. Não importantíssimo podemos, a nós, participação como dos movimentos sociais aqui representados, principalmente das escolas, parabenizar as escolas que estão aqui, iniciando esta conscientização desde cedo, que a água não é uma mercadoria, que é importante, sim, lutar para preservar a água dentro da esfera pública. E nós, trabalhadores urbanitários, temos essa visão, não é só defender a questão classista. Quando nós iniciamos o nosso evento aqui, em Salvador, iniciamos fazendo um desafio, repensar a atitude dos sindicatos. E que bom que nós conseguimos chegar ontem ao final do nosso evento dizendo que o sindicato, apesar de ter que fazer a luta cooperativa, ele também tem que fazer a luta social. E foi com esse desejo que nós saímos do nosso seminário internacional. Tivemos diversas manifestações falando sobre a parceria público privada. Ora, parceria público privada, como é importante quando eu não tenho dinheiro, ninguém vem querer ser meu parceiro, agora, basta eu ter um pouquinho de recurso Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 37 para investir, aí se apresentam uns parceiros, que nada mais são do que sugadores do dinheiro público. Parceiro é aquele que coloca dinheiro no negócio, é meu sócio, agora, parceiro que eu empresto o dinheiro da sociedade para ele fazer comigo não é um parceiro, é um sugador, em nossa opinião. Temos que tomar cuidado com isso. No Brasil inteiro, e especialmente na Bahia, nós temos diversas sugestões, indicações e parcerias público privadas. Hoje, praticamente não se fala muito mais em privatização, porque a privatização deu errado. Desde 1994, a privatização do país não funcionou. E lá, no Rio Grande do Sul, nós temos exemplos de privatizações que quebraram a sociedade, quebraram o Estado do Rio Grande do Sul. E esta semana, enquanto nós estávamos aqui, na Bahia, o município que privatizou há três anos e meio, chamado Uruguaiana, teve uma audiência pública onde a população se revoltou contra a empresa Odebrecht Ambiental, e foi lá e disse o seguinte: “Nós não queremos mais vocês aqui. Vocês vieram há três anos e meio dizer para nós que fariam todo o serviço que a companhia estadual não fez e até hoje só levaram o nosso dinheiro. O nosso esgoto vocês estão colocando no Rio Uruguai e também a nossa tarifa vocês aumentaram em 30% em três anos e meio, quando a companhia estadual aumentou em 18%”. Então, esse quer ser nosso parceiro? Não somos contra iniciativa privada, ela tem que vir fazer as nossas obras e nós Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 38 pagarmos e dizer tchau. Agora, operação do sistema, a saúde pública que nós temos que tratar, água, esgoto, esse é um dever do Estado, o Estado do Rio Grande do Sul, de São Paulo e da Bahia. E a Sabesp fez o caminho contrário, a Copasa também, alguém lembrou aqui que em Minas Gerais estamos tendo problemas. Espírito Santo, não é companheiro Fábio? Nós também temos problemas. Ou seja, Pernambuco, que Jaime fala,também temos problemas. Casualmente, onde a parceria público e privada ou a privatização ou a abertura de capital está em pleno vapor, em pleno andamento. São esses os nossos parceiros que nós queremos? Acredito que não. O Brasil não pode caminhar contra o mundo. É só abrir a internet e procurar, o mundo inteiro está no caminho contrário às parcerias público privadas e às privatizações, e aqui, infelizmente, alguns políticos, alguns governos estão abrindo as portas para esse tipo de participação. Para a escola que está aqui presente, para os alunos levarem uma mensagem para os seus colegas que não puderam vir aqui, o futuro de vocês está em jogo, é o futuro de vocês está sendo discutido aqui, o futuro da água, o futuro da vida, ninguém vive sem água. Isso já está comprovado, registrado em toda a história da humanidade. Entrem nessa luta, participem das campanhas que têm por aí, que são bastantes. Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 39 E para o Município de Salvador, que não renovou a concessão ainda, com o Estado, vereadores, não caiam na balela de fazer parceria público privada ou entregar para a iniciativa privada porque vocês vão pagar por essa bobagem que vão fazer, se assim o prefeito quiser. Saudamos, com muita alegria, a criação da Frente Parlamentar pelo Saneamento, vereador Gilmar. E que tal se nós copiássemos o Uruguai? No Rio Grande do Sul, nós tentamos copiar no Estado o Uruguai, não deu, porque têm muitos interesses. E como dizia um velho conhecido deste Brasil, chamado Leonel Brizola, tem muitos interesses por trás da questão da água. Então, lá, na Assembleia Legislativa, não andou. Agora, em algumas Câmaras Municipais do Estado do Rio Grande do Sul já tem a trava. E aí, Carmem, nós tivemos que copiar o Uruguai, e copiamos e vamos copiar, porque é bom. Tudo o que é bom tem que ser copiado. E alguns municípios já colocaram na sua Lei Orgânica um artigo que só trata, distribui água dentro do território municipal quem é público, e não é somente 51%, é público, 100% público. E se o prefeito quiser fazer a privatização, ele que chame uma consulta popular, com diversas audiências públicas, com 2/3 da população eleitoralmente ativa aprovando. Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 40 Então, vamos fazer isso, também, em Salvador. Vamos fazer isso em todo o Brasil, porque se depender do poder imediatamente acima, isso não sai, porque muitas vezes, os nossos políticos, não podemos generalizar, porque temos pessoas sérias, são movidos pela sua conta bancária, mas a população é que paga. São vocês que serão o futuro da Bahia que vão pagar, assim como está acontecendo lá, em Uruguaiana, assim como está acontecendo em São Gabriel e nas cidades privatizadas neste nosso Brasil. Privatizar é socializar o prejuízo. O prejuízo de uma privatização fica todo com o Estado e não é o Estado somente, não é o Estado o governador, é o Estado população, é o Estado que paga os seus impostos. Esse é o que paga a conta e isso nós, cidadãos, que pagamos os nossos impostos, que queremos saúde, educação não podemos deixar entregar à iniciativa privada que só quer o lucro. Nós não vamos socializar o prejuízo do Estado com eles, assim como nós não vamos concentrar o lucro somente nas mãos deles. O Estado tem a responsabilidade de dar saneamento básico, que não é só água. A água é importante, importantíssima, é a essência da vida, mas é água, esgoto, lixo e, também, a drenagem urbana. Parabenizando o SINDAE pelo 15º Grito da Água, parabenizando a todos os sindicalistas presentes aqui, a todos Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 41 os movimentos sociais, escolas e, também, ao vereador e esta Câmara por essa atitude importantíssima. No Dia Mundial da Água vamos refletir a importância da água para nós e não somente ter um dia de comemorações e sim, um dia de reflexões: por que a água é importante e por que eu tenho que lutar para que esse direito seja estendido a todos? Comecei dizendo que a água é um bem de todos e termino dizendo: a água é um bem de todos, não pode ter dono. Um grande abraço, uma boa luta a todos. Muito obrigado e até uma próxima oportunidade. SR. PRESIDENTE VEREADOR GILMAR SANTIAGO: - Valeu, companheiro Arilson. Quero convidar também para fazer parte da Mesa a companheira Vânia Galvão, líder da bancada do Partido dos Trabalhadores nesta Casa. Quero convidar, para fazer uso da palavra, a nossa companheira Carmem Sossa, do Uruguai, da Rede Viva, das experiências de luta contra a privatização da água. CARMEN SOSSA: - (DISCURSO PROFERIDO EM ESPANHOL) SR. PRESIDENTE VEREADOR GILMAR SANTIAGO: Companheira Carmen, da terra do grande presidente Mujica, vice-presidente. Saudar aqui a presença do companheiro Romilson, fundador do Sindae, foi diretor do sindicato por vários Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 42 mandatos. Grato pela presença. Também saudar a companheira Rosina, nossa assistente social da Embasa. Falar aqui, Rosina, da falta de Hermano, nosso companheiro embaseiro, que faleceu e que estava sempre presente nessas audiências públicas, nessas sessões especiais. Hermano faz muita falta. Estão aqui os companheiros dele da Embasa de Pirajá e da Federação, que foi o último PAC que ele trabalhou. Prestar homenagem aqui ao nosso companheiro Hermano. E prestar também saúde, restabelecimento, Júlio Mota, ao nosso companheiro Carlos Alberto, diretor da Embasa da região Sul, que está internado no Hospital São Rafael, passando por um momento delicado de saúde. E, esta semana, os companheiros de Ubaitaba, me ligaram para me convidar para uma festa que vai acontecer este ano lá, e mandando eu convidar Carlos Alberto, porque Carlos Alberto o ano passado autorizou uma obra da Embasa num distrito, num povoado chamado Oricó, que fica a 30 km da sede, que não tinha água, e a água que o povo bebe na sede vinha de Oricó. O povoado de Oricó não tinha água tratada e a Embasa fez uma obra muito importante que conseguiu resolver esse problema, como tem feito através do Programa Água Para Todos muitos investimentos em lugares que nunca teve água. Portanto, queria aqui, também, prestar essa homenagem ao companheiro Carlos Alberto e convidar Júlio para também fazer uma saudação a esta sessão, Júlio Mota que é Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 43 superintendente de Esgotamento Sanitário da Embasa, que está aqui representando o companheiro Abelardo e o companheiro Ramires, que não estão presentes em função de um conjunto de atividades que estão acontecendo, hoje, na Secretaria de Recursos Hídricos, na Assembleia Legislativa e em outros lugares onde também está se fazendo a celebração do Dia Mundial da Água. Portanto eu queria que Júlio pudesse fazer uma saudação a esta plenária. SR. JÚLIO MOTA: – Bom dia a todos e a todas. Falar também do César Ramos, o diretor da Embasa, que pediu que eu também o representasse aqui. Eu queria iniciar minha fala saudando os colegas da Mesa, saudando, primeiro, o vereador Gilmar Santiago, que além de vereador da cidade, também é colega lá da Embasa e o idealizador desta sessão solene, e parabenizá-lo por isso, por estar trazendo a sociedade, o povo para discutir na Casa do Povo um assunto tão importante como a água. Saudar os vereadores presentes, os colegas de Mesa, os jovens aqui presentes, o representante do Sindae e outros sindicatos, Federação dos Urbanitários, colega aqui representante da CERB. Eu queria fazer essa saudação fazendo algumas considerações sobre o Dia da Água, sobre o saneamento e parte daquilo que ouvimos aqui até agora. Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 44 Eu queria lembrar que a Empresa Baiana de Água e Saneamento, a Embasa, é a empresa pública, portanto, a empresa de todos os baianos, é uma empresa que hoje está presente prestando serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário em 364 dos 417 municípios do Estado da Bahia. Portanto, é uma cobertura de mais ou menos 87% dos municípios, aproximadamente 15 milhões de habitantes que a Bahia tem hoje, 12 milhões são clientes, são usuários, são cidadãos que usam serviços da Embasa. E a Embasa por ser pública e apesar de ser pública não tem, desde o ano 2007, a Dra. Patrícia falou aqui já, foi promulgada a Lei 11.445, que regulamentou o serviço de saneamento que até então não tinha regulamentação alguma, então, estabeleceu como é que deve ser prestado esse serviço. O nosso Gilmar já falou que o saneamento tem quatro vertentes principais, assim está lá na lei federal, que é o abastecimento de água e o esgotamento sanitário; a coleta e o manejo e a disposição adequada dos resíduos sólidos; o lixo; e o manejo da água de chuva, a drenagem. Dessas quatro vertentes, a Embasa cuida de duas delas. O controle de vetores está na construção da Bahia, mas não está na lei federal, o que é um avanço, certamente. Mas como também já foi dito, a água está intrinsecamente ligada à saúde. Nós gastamos uma fortuna. Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 45 Dois terços das internações do sistema SUS são por conta de doenças causadas por falta de saneamento. E nós temos muito ainda que caminhar. Mas a lei, como eu disse, regulamenta o saneamento no Brasil, regulamenta como a prestação de serviço pode ser feita, e ela tem uma coisa importantíssima, que ela diz que é preciso universalizar o acesso ao saneamento de todo cidadão brasileiro. Portanto, a lei obriga que o saneamento chegue a todos os cidadãos. Como isso vai se dar? A lei fala que os titulares dos serviços, que são os municípios, têm que fazer os seus planos municipais de saneamento, neste plano, que tem que ser feito em conjunto com a sociedade. Então, é uma das poucas oportunidades que o cidadão tem de participar da formulação de uma política pública. O saneamento dá essa oportunidade de que essa população decida como vai se dar a prestação de serviço, qual o nível de qualidade que essa prestação de serviço tem que ter. Quais são os indicadores de qualidade que têm que ser obedecidos e qual o planejamento das ações para que o cidadão, ao fim de 20 anos, todo cidadão domiciliado naquele município, tenha acesso ao saneamento. Infelizmente, esses planos municipais pouco andaram até agora. Inicialmente, a lei dava um prazo de até dezembro de 2010, e os municípios tinham que estar com esses planos prontos. Muito pouca coisa foi feita. Esse prazo foi estendido até Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 46 dezembro de 2013. Continuou sem se fazer grande coisa. Este prazo foi estendido até dezembro deste ano. E pelo andar da carruagem, nós vamos chegar lá, neste prazo, já pela segunda vez adiado, sem os planos. Então, nós temos, desde 2007, recursos para o saneamento, com o Programa de Aceleração do Crescimento, coisa que não tínhamos antes. Então, temos que reconhecer que este governo colocou o saneamento como uma prioridade, mas nós temos gasto quase que todo o recurso e o nosso esforço em fazer obras, que são importantes. A infraestrutura das obras para o saneamento é importante, mas é preciso cuidar da política, das coisas estruturantes, e isso nós estamos cuidando muito pouco. A Dra. Patrícia falou aqui que nós estamos sem um plano estadual. Nós temos um plano nacional aprovado, que muito pouco dele foi colocado em prática, e nossos planos municipais não saem. Então, é preciso que a sociedade cobre dos prefeitos esses planos, porque será com esses planos que vamos conseguir efetivamente implantar o saneamento na cidade, sair desses índices vergonhosos de cobertura de esgotamento sanitário que nos temos, inclusive aqui, na Bahia, que apesar de todo o esforço, dos oito bilhões de reais que estão assegurados só pela Embasa, de 2007 para cá, desse dinheiro quase cinco bilhões já foram investidos e nós continuamos Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 47 longe de atingir a nossa meta. Então, precisamos que a sociedade comece a se importar com o saneamento. E eu costumo dizer que acho que é quase uma heresia, mas tenho repetido isto, porque infelizmente a minha experiência de contato com as Prefeituras, com os municípios, e até bem pouco tempo eu estava em uma área da Embasa que tratava da negociação de contratos, e esses contratos hoje só são válidos se tiverem o plano, porque todas essas metas de universalização do plano, de qualidade têm que entrar nos contratos. E eu negociei muito, durante dois anos, no interior, e posso dizer a vocês que a sociedade não se importa, como deveria, com o saneamento. Se importasse, nossos rios não seriam esgotos a céu aberto, não teríamos tantos lixões por este Brasil afora e aqui, na Bahia. Então, hoje, eu digo que a sociedade, nessa área, se tirar da porta dela, ela não quer saber o que é que está acontecendo. Isso precisa ser mudado com sensibilização, com esclarecimento para que a sociedade se empodere e dê, através de controle social, que também é previsto na lei, participe do planejamento, da operação e da fiscalização da prestação de serviço. Assim como os planos municipais serão, a partir de janeiro de 2016, uma condição para acesso a recursos federais para saneamento, a gente está esquecendo que também é uma Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 48 condição para esse mesmo acesso, cujo prazo venceu agora, em dezembro passado, a criação institucional pelos municípios do controle social. Então, todos os municípios brasileiros estavam ou estão obrigados a criar instâncias de participação social institucionalizados, comitês criados portanto, por lei no conselhos, pelo menos, município para fazer ou essa participação no saneamento. E isso também a gente não está vendo. Eu queria dizer também, para finalizar, que o saneamento não está apartado dos outros problemas da sociedade. Então, nós precisamos avançar na resolução dos problemas da sociedade para que o saneamento caminhe junto, ou o saneamento pode puxar esse avanço. Este país desigual causa os problemas que a Dra. Patrícia falou aqui. Nós temos hoje cidadãos morando nas periferias em condições insalubres e sem a gente ter condição de fazer o saneamento, de colocar as redes de esgotamento sanitário porque eles precisam, até as próprias instalações sanitárias, precisam de arruamento, precisam de meio fio, precisam de contenção de encosta, precisam sair dos vales, de cima das nascentes dos rios para que a gente possa chegar na cobertura que nós queremos, que é 100%. Nós estamos, na Embasa, e aí eu me esqueci de saudar meus colegas da Embasa aqui presentes quando comecei a fala, nós precisamos trabalhar juntos. A Embasa sozinha não resolve Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 49 estes problemas. Por quê? Porque o saneamento não está apartado do restante dos problemas da sociedade, então, tem que se juntar à própria sociedade, que é maior interessada, a Embasa, que é a empresa de prestação de serviço do saneamento na maioria dos municípios, as Prefeituras, ou Estado, e a União, que é quem tem o dinheiro, que é quem tem que colocar esse dinheiro para a universalização para que a gente possa resolver os problemas de saneamento e a gente possa um dia nadar e pescar em nossos rios urbanos, voltar a fazer isso, porque no passado isto se fazia. E a ocupação urbana, da forma que está, sem infraestrutura, sem planejamento está causando esse problema. A gente precisa, primeiro, colocar infraestrutura para depois ocupar. A gente está num processo inverso, a gente ocupa e depois leva a infraestrutura e isso vai a um custo maior. Às vezes não pode ir porque tecnicamente não é possível, então, a gente vai e às vezes não vai com uma solução melhor. Quem é que vai determinar isso, quem é que pode e que deve decidir isso? A própria sociedade. Isso é muito importante para ficar nas mãos de quem lucra com isso. É a sociedade que tem que se empoderar e participar do controle das empresas públicas, e as empresas públicas é quem têm que prestar esses serviços. Desses 364 municípios que a Embasa opera, quando a gente faz uma projeção de investimento para universalização em Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 50 20 anos e calcula a quantidade de dinheiro necessária para que isso seja possível, e o retorno desse investimento para que a empresa consiga pagar a operação, a manutenção, o seu pessoal, os custos de energia elétrica, de insumos, etc., apenas aproximadamente 20 desses municípios, dos 364, dariam resultado financeiro. Então, hoje, a Embasa administra esses 364 municípios de uma forma que onde tem resultado, onde a prestação de serviços dá lucro, esse dinheiro é usado para garantir o saneamento nos outros municípios que não têm condição, que não dão resultado. Então, isso a gente chama de subsídio cruzado. E adivinhem onde é que está o interesse privado para fazer a prestação de serviço de saneamento? Será que é nesses 344 que não dão lucro ou naqueles 20 que têm resultado? Salvador está na mira. Então, a gente precisa defender o saneamento público, defender a empresa pública, mas com o controle social, com a sociedade à frente desse processo. Então, temos muito que, ainda, avançar, nós estamos melhorando, mas é preciso avançar muito para a gente garantir o acesso de todo cidadão baiano às quatro vertentes do saneamento. Muito obrigado. SR. PRESIDENTE VEREADOR GILMAR SANTIAGO:– Bom, eu quero registrar a presença do companheiro Luís Henrique, dirigente sindical, também, do Sindae; da CERB; a Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 51 presença do companheiro Rogério, que é da Federação Nacional dos Trabalhadores Urbanitário; do companheiro Bigode; Adilson Aquino, popular Bigode, ex-coordenador do Sindae; do companheiro Elísio Nascimento Teixeira, fundador e dirigente do sindicato por muito tempo e, hoje, também, aniversariando; do companheiro Paulo, da Embasa; do companheiro Jorge Alex, da Embasa, e em nome deles quero saudar os outros companheiros da Embasa, que eu não citei; do companheiro Rogério Bonfim, líder comunitário da Liberdade está ali presente; do companheiro Robson e Marcos, de Fazenda Coutos, os companheiros do Centro de Educação Bahá’í Bom, a gente está chegando aqui na reta final, faltam apenas algumas falas, saudações para que a gente possa encerrar o nosso ato. Eu vou convidar para fazer uma saudação breve, o companheiro Rudimar Mota, que foi também dirigente do Sindae e que hoje está aqui representando a CERB, que é outra empresa que junto com a Embasa, com os SAAEs fazem parte do nosso Setor de Saneamento. Vera Nogueira e demais diretores do Sindae, Sindicato do Saneamento do Noroeste do Paraná, também, aqui. Quero fazer esse registro. Companheiro Rudimar. SR. RUDIMAR OLIVEIRA: – Obrigado, vereador Gilmar. Boa tarde a todos e a todas, aqui presentes nesta Casa. Quero saudar a Mesa, todos os companheiros da Mesa, quero Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 52 saudar a presença dos vereadores, aqui presentes, a vereadora Vânia Galvão, o vereador Suíca e, em especial, o vereador Gilmar, que vem incansavelmente nessa luta em defesa da água, na mobilização contra a privatização desse bem tão precioso que é a água. Eu quero dizer para vocês, eu estou vendo aqui muitos jovens da Escola Raul Sá, que vocês têm uma grande responsabilidade sobre esse tema. Quero parabenizar a presença de vocês, também aqui, porque cabe a vocês o futuro da gente, o futuro dos nossos filhos, o futuro dos nossos netos. E vocês vieram aqui, exercendo essa cidadania de vocês, de todos nós aqui, por essa causa. Eu trabalho em uma empresa que leva abastecimento de água para as comunidades rurais do Estado da Bahia, CERB, Aqui eu estou vendo a presença do colega Luís Henrique, que é da CERB, também, e Sueli, que é uma companheira da CERB E quero dizer, gente, a importância que se tem de levar água para aqueles que têm dificuldade de acesso a água, que é o nosso povo do sertão, do semiárido e que vivem nas zonas rurais do nosso Estado. Vocês precisam ver a alegria cada vez que a gente chega a comunidades rurais para entregar um sistema de abastecimento de água. É uma coisa assim indescritível, você ver as pessoas chorando. Então, esta questão da água é de uma responsabilidade muito grande. Eu fico muito Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 53 feliz cada vez que eu noto, que eu vejo pessoas se aglomerarem em defesa desta questão da água. Eu quero, assim, parabenizar Gilmar, por este evento e não só esse como tantos outros. O Sindae, também, na pessoa de Danilo, que é o coordenador-geral. Eu não vou aqui citar nomes porque eu posso cometer alguma injustiça, já que têm muitos companheiros que vêm há anos nesta luta pelo Sindicato das Águas e Esgoto do Estado da Bahia, por esta causa tão importante à nossa sobrevivência, que é a questão da água. Eu vou contar, rapidamente, aqui, um fato que ocorreu numa comunidade rural de Ipirá, uma comunidade quilombola, onde nós fizemos várias tentativas de levar água através de poço e deu poço seco. A terceira ou quarta vez, as pessoas já estavam desanimadas com aquilo, então, quando a perfuratriz chegou naquela comunidade, para perfurar o poço, à medida que a perfuratriz ia descendo, perfurando aquele poço, começou a chegar as famílias. E ali eles fizeram de mãos dadas, uma volta em torno da perfuratriz, e começaram a orar, a rezar, e a gerência da perfuração da CERB, que conhece a questão daquele solo, disse que se ali chegasse a 80 metros e não detectasse a água, podia parar a continuidade do processo de perfuração, porque aí não tinha mais como ter água. Bom, quando chegou aos 80,metros, o pessoal ia suspender a perfuração, aí a comunidade e suas lideranças Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 54 imploraram para que continuasse, aí o pessoal entrou em contato com a gerência, que liberou ir até 100,metros. Gente, quando chegou aos 100 metros, atingiu uma veia de água e isso foi muito emocionante, que é ver a fé das pessoas que precisam daquele bem tão precioso, que é a água. E isso veio acontecer e foi um momento que me deixou muito emocionado, quando você essas coisas. É um trabalho gratificante para a gente, mas a gente também tem que ter a responsabilidade e o cuidado, que é o tema desta sessão, que é a não privatização e o uso racional da água. Ter cuidado com os nossos mananciais, ter cuidado com isso. Então, esta geração nova que está aqui presente, eu aplaudo e digo a vocês: está na mão de vocês, vamos preservar esta luta e daí vão surgir outras pessoas como Gilmar, o incansável lutador, para que a gente consiga enfrentar e tornar a água um bem nosso, para que ninguém consiga a privatização. Muito obrigado, fiquem com Deus. SR. PRESIDENTE VEREADOR GILMAR SANTIAGO: Valeu Rudi. Tem algum jovem da Raul Sá que queira subir aqui à tribuna para fazer uma saudação em nome dos colegas, em nome da escola? Só um minuto, dois minutos. Você, pode vir. Como é o seu nome? Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 55 Fale seu nome e dê uma mensagem sobre a água. SR. BRUNO SANTANA: - Bom dia, meu nome é Bruno Santana. Preserve a água! Tchau. SR. PRESIDENTE VEREADOR GILMAR SANTIAGO: – Tem outro jovem que queira falar? Um pouquinho mais do que Bruno. Bruno foi econômico. Gente, antes de passar para os vereadores, falar companheiro Danilo, representando o Sindae. SR. DANILO ASSUNÇÃO: – Bom dia, companheiros e companheiras. Eu queria cumprimentar a Mesa, saudar a Mesa em nome do companheiro Gilmar, os demais companheiros vereadores, companheiros de categoria, companheira lá do Uruguai, companheiro Arilson, nosso presidente da Federação Nacional dos Urbanitários. Saudar toda a plenária, toda comunidade jovem que está aí presente, da Escola Raul Sá, é um prazer ter vocês aqui; companheiros do saneamento, categoria de saneamento, os trabalhadores da CERB, da Embasa, do SAAS, Ensais, Emasa. Então, para gente é muito importante. Também os companheiros que estão aqui, dos outros sindicatos que compõem a FNU, que são filiados à FNU, para a gente também é muito importante estar aqui nesta sessão, que não é a primeira sessão, a sessão acontece todo ano, já há alguns anos esta sessão acontece aqui, na Câmara Municipal de Salvador. Então, é muito importante para a gente. Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 56 Iria ter também uma sessão lá na Assembleia, mas nós conversamos com o companheiro Joseildo para que mantivéssemos a tradição da sessão aqui, a gente não fizesse a divisão, concentrasse esforços aqui na Câmara Municipal de Salvador, onde tradicionalmente a gente já faz esta sessão em defesa da água, em defesa do saneamento público qualificado e universalizado. Eu costumo dizer que o mês de março não é o mês das mulheres, porque todos os meses são os meses das mulheres. Eu quero trazer uma saudação especial às companheiras que estão presentes, e saudar uma companheira jovem, que é a companheira Bruna, e companheira também jovem, mas não tão jovem assim, que é a companheira Bia Santiago, e aí, em nome delas, estender a saudação a todas as mulheres que estão aqui presentes. Dia 22 de março, como já foi colocado aqui pela companheira do Ministério Público, pode não ser um dia para a gente comemorar, dia 22 de março, pode não ser um dia de comemoração, Dia Mundial da Água, mas, com certeza, é um dia de reivindicação, é um dia de disputa de projeto político, de a gente ressaltar essa disputa de projeto político, a gente sabe, os companheiros que falaram aqui, que me antecederam colocaram de uma forma muito clara para todo mundo que está aqui, principalmente especificando para os jovens a importância Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 57 que eles têm para o futuro deste país e, principalmente, para o futuro da preservação da água. Mas eu quero dizer que este é um ano importante, o próximo ano também será um ano importante, mas todos os anos seguintes serão anos importantes da nossa luta, porque a cada dia que passa o capital privado está querendo entrar na nossa casa, está querendo entrar no saneamento público e extrair do saneamento público aquilo que eles mais desejam, que é o lucro. E a gente não pode deixar, de forma alguma, que isso aconteça. Eu vou falar de alguns pontos aqui que são importantes, que foram tocados pela companheirada. Primeiro, não dá para falar do saneamento, principalmente na Bahia, na defesa do saneamento público, sem falar do Sindae. O Sindae é uma entidade, que foi uma das mais fortalecidas no momento da ditadura militar, no momento também da disputa contra a ditadura aqui, na Bahia, quando enfrentou o Carlismo e quando enfrentou uma política de privatização nacional das empresas públicas. Então, o Sindae, junto com as demais entidades, as igrejas, os movimentos sociais, teve um papel fundamental para manter, principalmente, a Embasa, como uma empresa pública, uma empresa estatal, uma empresa que pode fazer hoje, que está desenvolvendo hoje um programa de universalização do Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 58 saneamento. A gente tem que ressaltar isso, e para a gente isso é muito importante. O Sindae tem uma historia de luta que a gente precisa conhecer, que a gente precisa reconhecer, mas, principalmente, que a gente precisa participar também. O Sindae é feito de pessoas. Eu quero citar aqui algumas pessoas que já passaram pelo Sindae: o companheiro Bigode, foi um antecessor aqui na coordenação do Sindicato, está ali presente; o companheiro Elísio, está aqui presente; o companheiro Romilson e o companheiro Gilmar Santiago, que são pessoas fundadoras deste Sindicato, pessoas que já passaram pelo Sindicato, assim como eu vou passar pelo Sindicato. Os demais diretores que estão aqui presentes vão passar pelo Sindicato, mas ele vai continuar firme, vai continuar forte. Mas para que isso aconteça, é preciso que cada um de nós tenha a percepção de que a nossa luta não é só uma luta coorporativa, é uma luta enquanto movimento social, o Sindicato faz parte de um movimento social, apesar de ser uma entidade representadora de classe. Nós não temos meramente uma representação corporativista, nós temos também uma representação da cidadania, daquilo que nos importa e daquilo que nos, que é levar qualidade de vida para as pessoas. Então, nós temos esse pensamento e quero começar esta fala, neste aspecto, ressaltando este ponto Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br que é de 59 fundamental importância. Mas não só o Sindae, os demais sindicatos que estão aqui participando deste encontro, da FNU, dessa reunião ampliada, desse seminário internacional, tem nos seus Estados também uma participação fundamental. Estão enfrentando, em alguns deles, a tentativa de abertura de capital, a tentativa de parceria público privada, e um momento nada melhor do que agora para a gente estar unido e estar junto nesta luta, que é uma luta de fundamental importância para a gente, que defender o saneamento público. A gente tem esse dia como um dia de ressaltar esse momento de luta, um dia de ressaltar a importância da nossa participação social, mas ressaltar também uma coisa, que eu acho que é fundamental e que a gente tem fugido do debate. Patrícia falou uma coisa muito correta aqui. Hoje, no Brasil, os dados da ANA, Agencia Nacional de Águas, colocam que cerca de 70% da água que é consumida no país é consumida pelas indústrias do agronegócio, pela agricultura, a utilização dessa água na agricultura. Um percentual muito pequeno está dissolvido no nosso consumo individual. Então, quando a televisão coloca que a preservação da água depende da utilização consciente das pessoas individualmente, isso não é verdade. Não é apenas isso que vai fazer com que a gente preserve a nossa água para que a gente tenha no futuro uma geração que possa utilizar dessa Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 60 água que a gente utiliza hoje. O que tem que acontecer é a mudança do modelo. O modelo de consumo capitalista faz hoje com que a gente não utilize a água da forma que a gente deve utilizar. Da forma consciente. A gente utiliza a água boa, a água para o uso, a água tratada, hoje, para lavar componentes de computadores. A água boa para o uso para ser utilizada no frigorífico, para ser utilizada de forma incorreta em algumas indústrias, e 70% do consumo da água hoje estão sendo utilizados nesses locais. Então, a nossa parte é importante, mas a nossa parte não é a fundamental nesse processo de boa utilização da água e de preservação da água. O Estado, e aqui o Estado está presente, através da Embasa, através da SERB, o Estado tem que fazer a sua parte, e o Estado da Bahia não vem fazendo a sua parte. O Estado da Bahia não tem uma política de restauração dos mananciais, não tem uma política de restauração dos rios, e a gente não pode levar essa culpa pela poluição dos rios, pela poluição dos mananciais. As pessoas, a população das cidades não podem levar essa culpa por esse tipo de coisa que tem acontecido nos nossos rios e nos nossos mananciais. Nós temos aqui representantes da bacia do São Francisco, nós temos aqui representantes de outras bacias e a luta tem que ser muito mais ampla do que jogar esta culpa na população. Isto tem que ter uma política de Estado, o Estado Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 61 tem que assumir esta responsabilidade, a Embasa tem que assumir esta responsabilidade. Nós não temos um projeto claro, desenvolvido ao longo desses oito anos, desse governo que passou que priorize a preservação dos mananciais, a restauração dos rios, principalmente os rios e os mananciais que estão aqui na nossa Região Metropolitana. Nós não temos isto, nós trazemos água lá de Pedra do Cavalo para abastecer Salvador, em uma barragem que foi criada única e simplesmente para colocar a Odebrecht no mercado de construção de barragens no Brasil. Então, nós temos que ter a consciência clara disso. Salvador é uma cidade que chove bastante, chove, inclusive, muito mais do que lá onde está instalada a Pedra do Cavalo, e nós poderíamos utilizar este potencial pluviômetro que nós temos aqui para poder ter água de qualidade, ter um custo mínimo de utilização desta água e poder aí, sim, desenvolver uma política correta de utilização da água, principalmente com a utilização do Estado e com uma política pública que seja realmente aquela que traga um benefício para a população. Então, este é um dos pontos que eu queria colocar e Rui já falou aqui. A CERB desenvolveu um papel fundamental levando água para o meio rural, e aqui, Rudimar, nós temos diversas, talvez a maioria das pessoas do sindicato, do Sindae, pessoas da zona rural, do meio rural. Então, o papel que a CERB desenvolve, o papel que SAAE desenvolve na zona rural, Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 62 no interior deste Estado é um papel muito importante, nós precisamos fortalecer a CERB, nós precisamos fortalecer serviços municipais de saneamento, porque nós fazendo este fortalecimento vamos impedir, inclusive, a privatização do sistema, a realização de parcerias público-privadas no sistema de saneamento. Como você bem disse, estas empresas só querem aquela parcela, aquele percentual que dá lucro, e nós não buscamos isso, nós buscamos a universalização. Nós queremos que todos e todas tenham acesso à água de qualidade e tenham acesso ao esgotamento sanitário de qualidade, este é o nosso principal objetivo. Quero dizer outra questão aqui que é a seguinte: é muito importante a gente trazer uma conscientização para as pessoas para que haja o controle social, principalmente das obras que estão acontecendo com relação ao saneamento. A gente precisa participar mais disso, não só o sindicato, mas os movimentos sociais precisam ter uma participação mais efetiva no controle social dessas obras, do dinheiro que está sendo investido nestas obras, que é dinheiro público, e têm empreiteiras utilizando deste dinheiro e não realizando obras, têm empreiteiras utilizando deste dinheiro e tendo que fazer aditivo para poder terminar obras. Então, é importante, isso é dinheiro público, que nós sejamos fiscais deste processo, principalmente participando Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 63 deste controle social, que é uma coisa prevista em lei e que nós, muitas vezes, não desenvolvemos da forma que deveríamos, e este é o papel fundamental nosso. Quero falar de mais duas questões para finalizar. A gente tem aqui a presença de alguns gestores da Embasa, alguns já foram embora, eu acho que a Embasa precisa fazer um processo de formação, assim como a CERB também e os demais, SAAE, um processo de formação política nestes gestores, para que tenham na ponta da língua a discussão adequada sobre saneamento público. Os gestores não podem se resumir ao simples fato de cumprir metas, se resumir ao simples fato de tocar obra, o gestor precisa ter este tipo de conscientização e precisa saber o papel que a Embasa, a CERB, que os SAAE desempenham hoje na sociedade. Isto é fundamental, não só aos trabalhadores, mas, principalmente, para toda sociedade, e é isto que nós buscamos, é este processo que nós buscamos. Os SAAE, hoje, muito deles, são utilizados como cabide de emprego político. Pessoas são colocadas nos SAAE, são colocadas para gerir os SAAE meramente porque são apadrinhados políticos, não pessoas técnicas ou pessoas que tenham qualquer responsabilidade com o saneamento. Isso nós precisamos dizer, precisamos lutar para que isso não aconteça. Da mesma forma, isso tem acontecido na CERB e na Embasa, só não acontece de uma forma muito mais clara, Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 64 porque hoje na Embasa todos os gestores são funcionários da empresa, mas muitos deles não estão comprometidos com o saneamento público. Então, a gente precisa verificar isto, o governo do Estado precisa se atentar para esta questão porque são empresas fundamentais, um processo de estabelecimento de tocar a política de saneamento no Estado. E, para finalizar, quero dizer, Patrícia, que nós do Sindae, juntamente com a UFBA, com o Ministério Público estaremos empenhados em contribuir para a formação do Observatório de Saneamento do Estado da Bahia. Um observatório superimportante que vai construir, a partir de determinados dados, observações, pesquisar o sistema de informação para o saneamento do Estado da Bahia, vai discutir a política de saneamento do Estado da Bahia, porque hoje no Estado da Bahia não existe uma política estadual de saneamento. Nós passamos oito anos, ela colocou bem aqui, Ângela, e não foi estabelecida uma política estadual de saneamento no programa atual de governo. O que a gente vê lá é muita obra e pouca política estadual de saneamento. Então, a gente precisa se atentar para isso e fazer esta discussão de uma forma muito clara que traga para os trabalhadores, para as trabalhadoras e para a população a certeza de que este Estado está preocupado com a qualidade de vida das pessoas, não está preocupado, apenas, em levar obra Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 65 para ter a contrapartida do voto. Nós temos que ter esta percepção, Estado é para levar política pública para trazer melhoria da qualidade de vida para as pessoas, para os jovens, para a população, para toda a sociedade e não pode ser meramente a troca de obra por voto. Então, é esta política que a gente tem que estabelecer, é este caminho que a gente tem que seguir, e o Observatório de Saneamento vai ser fundamental. Eu acho que isso, também, deve ser discutido, estendido para os outros Estados, o Observatório de Saneamento é fundamental para que a gente tome pé desta situação e, principalmente, esteja acompanhando esse processo. E, para finalizar, de verdade, quero dizer, vereador Gilmar, que é importantíssimo esta sessão, aqui na Câmara de Vereadores. Eu acho que a Câmara, juntamente com os vereadores, com o vereador Suíca, vereadora Vânia, tem um papel fundamental na discussão de uma política de saneamento para o município. Forçar, e se for preciso, nós, do Sindae, convocaremos os movimentos sociais, convocaremos a categoria para encher ainda mais este plenário, para a gente fazer o contrato de programa com a Embasa, a gente tem que fazer a renovação do contrato de programa com a Embasa, que é uma empresa pública, uma empresa que faz trabalho em Salvador, que desenvolve um bom trabalho em Salvador e nos demais municípios do Estado da Bahia, apesar de todos os problemas Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 66 que a gente vem levantando, mas a Prefeitura do Salvador não pode, meramente, se direcionar pela obtenção do retorno financeiro com relação à Empresa Pública de Saneamento. Ela tem que se pautar pela melhoria da condição de vida da população, por levar água de qualidade, esgotamento sanitário de qualidade, eu não tenho dúvida que hoje a Embasa é a principal empresa, é a única empresa que vai poder contribuir para este processo na Cidade do Salvador. Quero agradecer a presença de todos e todas. Obrigado pela atenção de vocês. Hoje, à tarde, tem o maior Grito da Água da América Latina, com cerca de 10 mil pessoas nas ruas lutando, e este ano a gente pretende colocar mais pessoas lutando por um saneamento público, lutando pela contra a abertura de capital nas empresas, contra as parcerias públicoprivadas, restauração dos mananciais, dos rios, preservação do meio ambiente, juntamente com diversas entidades, movimentos sociais, escolas públicas, e é importante que todos e todas estejam, lá, junto com a gente fortalecendo esta luta e, principalmente, gritando pela melhoria da qualidade de vida da população. Obrigado pela atenção, um beijo no coração de vocês, tudo de bom. SR. PRESIDENTE VEREADOR GILMAR SANTIAGO: – Quero registrar a presença do nosso companheiro Sérgio Ricardo, gerente da Embasa do Cabula; registrar também a Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 67 presença do companheiro Marcos, de Fazenda Coutos; companheiro Waldemir de Valéria; companheira Sônia, agente comunitária de saúde da Jaqueira do Carneiro; companheiro Marcos, da Embasa, também do Movimento dos Concursados da Embasa, junto com Paulo; o companheiro Scooby Doo, do Conselho de Administração, representando os trabalhadores da Coelba; os representantes dos companheiros do MAB Movimento dos Atingidos pelas Barragens; - companheiro Humberto, também. Faltam apenas duas falas da Mesa para a gente poder encerrar o nosso ato, mas a gente ficou devendo a fala de uma pessoa que foi convidada para vir aqui hoje e não pode vir. Antes de Suíca e Vânia Galvão fazerem a fala, companheira Cida, da Fazenda Coutos, agente de saúde do Sindicato, também, nós vamos colocar a fala do professor Luis Roberto Moraes, que é um companheiro que já foi funcionário da Embasa, professor da Universidade Federal da Bahia, um dos especialistas em saneamento, que tem acompanhado esta luta, e na hora que a gente tentou passar a fala dele, teve aquele problema no som, que eu espero que agora não vá ter mais. A Câmara mais antiga do país não pode pagar este mico do som não funcionar legal, né? Está sendo transmitida ao vivo esta sessão, pela TV Câmara, então, está todo mundo aparecendo na TV. (APRESENTAÇÃO DE VÍDEO) Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 68 SR. PRESIDENTE VEREADOR GILMAR SANTIAGO: Quero registrar a presença do companheiro Herege Menezes, representando aqui a deputada Fátima Nunes. Agora, nós vamos ouvir o companheiro Suíca, que é dirigente sindical do Sindilimp, o Sindicato dos Trabalhadores da Limpeza Urbana, que é o sindicato que trata da questão dos resíduos sólidos e que faz parte do processo também do saneamento. E o companheiro, vereador do PT e líder da bancada de oposição, aqui na Casa, vai fazer parte, também, da Frente Parlamentar em Defesa do Saneamento, para a gente estar cobrando não só a renovação da concessão da Embasa no município, como também a questão do Plano Municipal de Saneamento Ambiental. Companheiro Suíca. SR. VEREADOR LUÍS CARLOS SUÍCA: - Boa tarde a todos. Não se preocupem, não vou falar muito, sei que os garotos estão agoniados. Eu queria chamar a atenção aqui, Gilmar, e agradecer pelo convite. É obrigação nossa também estar aqui. Dizer que quando eu vi o menino Bruno subir aqui, todo tímido, para falar, dar um alô, lembrei do debate que nós fizemos nesta Casa sobre o PPA, que trata do futuro da nossa juventude. A preocupação que nós temos de se esta Casa terá um vereador como Gilmar Santiago, Vânia Galvão, Carlos Suíca e tantos Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 69 outros vereadores que têm a mesma origem dessa garotada, que nunca sonhou estar aqui no Parlamento. Como também o jovem presidente do Sindae. Como é o nome dele? Danilo. Duvido que Danilo tenha sonhado um dia ser o presidente de um sindicato tão importante, que tem uma luta não só na questão da água, mas da organização da sociedade como um todo. Esse é o grande debate que estamos fazendo. E aí, quando se chama a responsabilidade dessa garotada, que está na escola pública, que são os filhos de nossos companheiros, foi um dia que nós passamos pela escola pública, Gilmar estudou em escola pública, eu estudei em escola pública, e que nós não tínhamos essa oportunidade de fazer esse debate. Estava ali, conversando com o companheiro Gilmar, que os sindicatos têm que sair dessa linha basicamente de só campanha salarial, mas, também, levar a sua história do ponto de vista para esses futuros trabalhadores, porque, hoje, nós temos uma empresa, como a Embasa, que foi garantida, e a permanência dela vive enquanto empresa estatal, empresa pública, com muita luta. A gente não pode esquecer o companheiro Paulo Jackson e de tantos outros companheiros que travaram essa luta, e que, se nós temos até hoje na sua direção da empresa funcionários da Embasa, foi uma luta travada no governo de Waldir Pires, que hoje também é vereador desta Casa. Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 70 A gente sabe, talvez não possa garantir neste governo que nós construímos, se nós teremos essa mesma oportunidade, porque já tivemos na direção da Embasa a Sra. Kátia Alves e tantas outras pessoas que não faziam parte do quadro de funcionários da Embasa. Então, precisamos ter o cuidado também e tratar isso. Eu estava conversando com o vereador Gilmar, que esse é um debate que os sindicatos têm que sair e levar para as escolas. Por o que a Embasa faz? A Embasa apanha tanto na imprensa, apanha tanto, a CERB, e hoje a gente sabe que a Embasa tem um papel fundamental na sociedade para as nossas vidas. A Embasa tem um papel fundamental, a CERB tem um papel fundamental. Eu, que fui candidato a deputado estadual, fui conhecer uma cidade chamada Mansidão, são 5 horas depois de Barreiras, acho que depois de quatro anos foi que chegou água encanada e não chegou para toda Mansidão, tem uma parte que não tem água encanada. Então, nós temos que saber a importância desses funcionários que construíram, estiveram nessa empresa, mantiveram essa empresa viva e construíram também esse sindicato e que tem que levar o debate para essa juventude, que tem uma grande responsabilidade, como Bruno teve, o peso que é subir aqui para falar na tribuna, o que nós fazemos aqui, que não é um sonho nosso, o sonho da gente era ser sobrevivente, Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 71 mas chegamos sobreviventes e estamos transformando a vida das pessoas. Então, a responsabilidade está na sociedade sim, a sociedade tem responsabilidade com isso e nós, enquanto parlamentares negros, de massa, temos a obrigação de formar esses alunos para que um dia possam ocupar os nossos espaços aqui na Câmara de Poder. Valeu, muito obrigado. SR. PRESIDENTE VEREADOR GILMAR SANTIAGO: Obrigado, Carlos Suíca. Vamos abrir agora para a companheira, líder da bancada do PT, Vânia Galvão. SRA. VEREADORA VÂNIA GALVÃO: - Bom dia a todos e todas que se encontram nesta sessão espacial. Queria saudar a Mesa, na pessoa do nosso presidente da sessão de hoje, companheiro Gilmar Santiago, e em seu nome, Gilmar, saudar a todos os demais componentes da Mesa. Cumprimentar os funcionários da Embasa que aqui se encontram e toda a diretoria do Sindae, que também se encontra, na pessoa do Danilo, do seu presidente. Os estudantes da Escola Raul Sá, em especial o aluno Bruno, que disse aqui uma frase muito curta, mas chegou até aqui e falou: “Preservar a água”. Porque se a gente for analisar o significado dessa frase dele, tão curtinha, o quanto isso representa para a vida de cada um de nós! Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 72 Parabéns, portanto, Bruno, pela sua fala do preservar a água. Foi isso que você falou aqui. Eu queria só ressaltar, muito rapidamente, que eu sei que o tempo é curto, a hora do almoço já passou, daqui a pouco tem atividade da Caminhada da Água, mas de ressaltar essa luta que vem sendo empreendida pelo Sindae, e que não é de agora: a luta em defesa desse bem maior da vida, que é a água. Os companheiros do Sindae estão de parabéns quando vão para o enfrentamento, quando não permitem a privatização da água, o que não é de agora. Carlos Suíca aqui se reportou ao nome de Paulo Jackson, um dos fundadores, um dos lutadores em defesa desse patrimônio, emdefesa, fundamentalmente, da água. Eu acho que têm determinadas questões, e aí vocês que vêm com essa luta já há algum tempo, nós estamos vivendo, neste momento, na conjuntura atual política deste país, um momento extremamente difícil. Estamos vendo, Gilmar, quando vejo tantos jovens aqui, a gente não pode deixar de colocar esta questão, um debate acontecendo na Câmara Federal, que, para mim significa um retrocesso, que é a redução da maioridade penal. Tem parlamentar defendendo a redução para 12 anos! Isso é um crime que se pratica contra os nossos jovens, contra a nossa juventude e nós não podemos, eu vim de Brasília, inclusive, ontem, onde estive participando dessa discussão, não Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 73 podemos admitir que isso aconteça, quando vejo aqui os jovens da Escola Raul Sá. Então, é um problema que está colocado para todos nós e está colocado para a sociedade. Nós estamos hoje com um dos Congressos mais conservadores que já tivemos na história deste país. Então, lutas como essa que hoje está sendo empreendida pelo Sindae, por todos nós, por toda a sociedade contra a parceria público privada, contra a privatização da água, nós, sem dúvida nenhuma, não podemos admitir. Aí, eu vi muitas falas sendo colocadas no sentido de se ter a participação, inclusive, da sociedade nessa luta, nessa defesa. O Sindae, que não luta, apenas, pela sua corporação em defesa de salários, eu, que também tenho a minha origem no movimento sindical sei o quanto representa esta luta, que não é fácil, até de convencimento, muitas vezes de uma categoria, esta luta em defesa do direito maior, eu diria, da cidadania. Quando eu estou numa universidade e defendo, faço uma luta não apenas em defesa do salário, mas em defesa, também da universidade pública gratuita, de qualidade é a luta que faz, também, o Sindae em defesa da água, em defesa da manutenção enquanto uma empresa pública. Eu só queria aqui colocar, porque têm determinados exemplos que a gente vê aqui, na nossa sociedade, que são importantes ser ressaltados, talvez o Sindae, nem a atual Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 74 diretoria da Embasa, pelo menos a que esteve no primeiro momento, sabem do que eu estou falando. Uma comunidade de Mirantes de Periperi, Mirantes, a área de ocupação, área de invasão de Mirantes, porque lá tem uma série de fontes, tem várias fontes ali, naquela área. Eles se reuniram e lutaram, foram até a Embasa para recuperar aquelas fontes e fazer todo um trabalho de recuperação e manutenção, de preservação daquela área de Mirantes de Periperi. A Embasa foi lá, fez o trabalho de recuperação, construiu uma escadaria que dá acesso até a fonte, é um negócio muito bonito e bom de se ver. E os moradores colocaram o nome desta fonte de Fonte Paulo Jackson em homenagem, exatamente, à luta feita pelo companheiro Paulo Jackson. E a estradinha, a escadaria, o beco que leva até esta fonte, vocês vejam o nível de consciência já deste povo, colocaram o nome de Irmã Dorothy, Irmã Dorothy é o nome do beco que chega até esta fonte, lá, que é a Fonte Paulo Jackson. Então, são exemplos como estes que a gente tem que estar colocando, lutando disseminando porque eu acho que é um exemplo claro de uma consciência cidadã que se forma aqui na nossa cidade, e a gente tem que ampliar mais e mais e mais. Parabéns, portanto, ao Sindicato, a todos aqueles que lutam em defesa da água, a Embasa, a CERB, e um grande abraço a todos vocês, meus amigos, companheiros. Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 75 Obrigada! SR. PRESIDENTE VEREADOR GILMAR SANTIAGO: – Bom, com a fala da vereadora Vânia, nós encerramos, aqui, a participação na Mesa. Eu queria agradecer aos companheiros da Embasa, aos companheiros do Sindae, aos estudantes do Colégio Raul Sá, a professora Vanete, a professora Liliane, que é a diretora da escola; agradecer, também, a presença de companheiros e companheiras de vários movimentos sociais que acompanham esta luta. Hoje, à tarde, nós vamos ter o Grito da Água, que vai sair do Campo Grande até a Praça Castro Alves, a Praça do Poeta Castro Alves, aqui, da Bahia. Quero dizer que esta Sessão serve para a gente fortalecer a luta nesta Casa para constituir uma Frente Parlamentar que vai estar aqui discutindo e cobrando do Poder público a questão da renovação da concessão, que já foi aprovada por esta Casa, e que o prefeito ACM Neto, já com dois anos, está criando dificuldades para fazer o processo da assinatura do Carta Programa, o que, ao nosso ver, tem a ver com esta concepção neoliberal de querer privatizar o setor de saneamento. Não é à toa que a gente está tendo problema em Salvador e em Feira de Santana, onde são duas grandes cidades governadas pelo Partido Democratas. Então, nós precisamos fazer muita pressão Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 76 para que seja viabilizado este processo do contrato de concessão. E, ao mesmo tempo, a gente está cobrando, também, o envio para esta Casa da parte que resta do Plano Municipal de Saneamento Ambiental, que é a parte dos resíduos e a questão de drenagem. Eu já reivindiquei, inclusive, na Comissão de Planejamento Urbano para ser o Relator deste projeto para que a gente possa fazer audiências públicas, fazer debates na cidade para que a população possa opinar sobre a limpeza urbana. Como é a limpeza urbana em cada ponto desta cidade? Então, esta discussão da política municipal de saneamento ambiental tem que ser uma política que a gente tem que construir com um processo de participação popular, sobretudo daqueles que sofrem nos locais de difícil acesso, que não têm acesso a uma coleta regular de limpeza urbana. Ao mesmo tempo, eu acho que nós devemos sair daqui com muita consciência de que o que nós construímos, o legado que foi construído nestes oito anos do Governo Wagner não pode ser destruído. Portanto, o governador Jacques Wagner, com recursos do governo Lula, com recursos do governo da presidenta Dilma fez uma revolução no saneamento na Bahia com Programa Água para Todos, que eu não tenho nenhuma dúvida que foi o programa social mais exitoso do Governo Wagner, porque aumentou a cobertura de saneamento em Salvador, que saiu Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 77 dos 60% para mais de 80%, coisa que o Bahia Azul não tinha garantido no passado. Aumentamos a oferta de água em Salvador. Para se ter uma ideia, o indicador social mais positivo que Salvador tem é o saneamento, não é a saúde, que tem pouco menos de 30% de cobertura na atenção básica, todo mundo vê no dia a dia aí, falta médico, falta remédio, falta equipamento nos postos de saúde. Então, a saúde de Salvador é uma das piores do país. A educação, da mesma forma. A gente está vendo aí a crise da educação infantil. Nós temos, neste momento, 88 escolas que não começaram o ano letivo ainda para estas crianças, porque as escolas estão em reforma, milhares de crianças que estão fora da escola. Então, é esta Salvador real. A Salvador real, os dados que nós temos, é que o saneamento, o trabalho feito pela Embasa, o trabalho feito pelo governo do estado no saneamento foi que conseguiu colocar o saneamento como o melhor indicador social de Salvador. Mas nós ainda temos muito problemas, e isto foi levantado aqui por Patrícia, por Moraes, pelos dirigentes sindicais, pelo próprio Júlio, de que nós precisamos ver formas, mecanismos de proteção dos nossos rios, de despoluição dos nossos rios, de fazer investimentos para que a gente possa conseguir o processo de universalização e atingir os 100% de cobertura aqui em Salvador. Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 78 Portanto, a Sessão Especial aqui serve exatamente para isto, para que a gente possa fortalecer esta luta para dizer para o governador Rui Costa que nós, trabalhadores da Embasa e sociedade civil organizada, não vamos aceitar, em nenhuma hipótese, que aqui na Bahia se faça o que os tucanos fizeram em São Paulo, com abertura de capital, com o processo de parcerias público privadas no setor de financiamento, como foi feito lá e que contribuiu para esta crise hídrica que a gente está vivendo lá em São Paulo. Nos últimos anos, cinco bilhões de reais que eram para fazer investimento no setor de saneamento em São Paulo foram parar na mão dos acionistas, foram parar na Bolsa de Valores. Eles gastaram 10 bilhões com a Odebrecht para combater as chamadas perdas com resultados pífios, e isto apareceu ontem lá, no seminário internacional, que foi realizado no Sindae. Gastaram 10 bilhões e conseguiram apenas 2% de redução de perda, ou seja, esta história de que as perdas têm que ser operadas através de empresa privada, a gente já sabe exatamente qual é o caminho. E a gente sabe que a Odebrecht Ambiental tem interesse de querer assumir este negócio das perdas aqui em Salvador. O que nós queremos é uma empresa pública com funcionários de carreira assumindo os cargos de direção, as gerências, as coordenações, as supervisões, a direção. Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 79 Quero encerrar fazendo aqui uma homenagem ao companheiro Abelardo, Júlio. Abelardo que não está aqui presente, porque está participando de outro evento hoje, neste dia de hoje, mas é um companheiro que foi dirigente sindical, que foi secretário Nacional de Saneamento, e que honrou o compromisso com os trabalhadores, com a sociedade, ao longo desses oito anos, na presidência da Embasa. A Embasa está fora e vai estar fora de qualquer Operação Lava Jato, fruto desses oito anos, de gestão dos nossos companheiros, porque foi uma gestão eficiente que tirou a Embasa, diferente do passado, que andava nos jornais com denúncias de corrupção nas licitações. Quem não lembra as licitações do cloro, do programa de Mário Kertész, nos governos passados, sempre ficava falando? Acabou isso na Embasa, o que a gente tem hoje é uma empresa que ganha administração prêmios nacionais financeira, que de ganha eficiência da prêmio de responsabilidade social. Recentemente, a Embasa renovou contrato com o Cesba, Centro de Surdos da Bahia, 80 surdos que trabalham, que são funcionários da empresa, através desse programa. Então, é isso que a gente quer dizer para o nosso governador Rui Costa. Dizer: olhe, Rui, aquilo que Wagner fez com os trabalhadores da Embasa, nós queremos preservar e ampliar mais, nós queremos é que tenha mais recursos para a Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 80 universalização da água no interior, da coleta e tratamento do esgotamento sanitário, que ainda é uma realidade complicada, nós ainda temos uma parcela expressiva de quem vive no interior, que não tem coleta e tratamento do esgoto sanitário e a gente quer ampliar isso. Portanto, eu acho que esta sessão aqui é exatamente para marcar a celebração do Dia da Água, mas ao tempo para a gente poder dizer que a nossa agenda continua sendo uma agenda de lutar contra a privatização do setor, de lutar contra as novas formas de privatização, que são as parcerias públicoprivadas, nesse setor de Saneamento, para que não aconteça aqui o que está acontecendo em São Paulo, que como disse bem Morais, não é crise hídrica, é crise de gestão, a crise de gestão dos que estão à frente do saneamento nesses lugares e que a política está dando esse resultado. Portanto, eu queria agradecer a presença de todos e todas, vai ter um coquetel simples lá embaixo, para poder enganar a barriga até chegar a casa para o almoço, e todos hoje no Grito da Água, do Campo Grande a Praça Castro Alves. Um grande abraço. Praça Thomé de Souza, s/nº, Centro – Salvador – Bahia CEP: 40.20-010 / Tel:. 3320-0100 / www.cms.ba.gov.br 81