21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental
VI-019 - IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA DE GESTÃO DE RESÍDUOS DE PAPEL
NO CAMPUS UNIVERSITÁRIO VISANDO INTEGRAÇÃO COM ATIVIDADES DE
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Amadeu Logarezzi(1)
Professor do depto. de Eng. de Materiais da Univ. Federal de São Carlos (DEMa/UFSCar)Pesquisador do 3R Núcleo de Reciclagem de Resíduos da UFSCar (3R-nrr/UFSCar)Coordenador de desenvolvimento pedagógico da UFSCar
Paulo Mancini
Chefe da Divisão de Política Ambiental da Secr. de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento
Susentável da Prefeitura Municipal de São Carlos-Diretor licenciado da Associação para
Proteção Ambiental de São Carlos-Professor aposentado da E. E. de Ensino Médio Sebastião
de Oliveira Rocha – São Carlos
Luciana Rosa Machado
Graduanda em Psicologia pela UFSCar
Dharana Pérola Ricardo Sestini
Graduanda em Ciências Sociais pela UFSCar
Mariana Sanz Nascimento
Graduanda em Engenharia de Materiais pela UFSCar
José Nicola Martorano Neves da Costa
Graduando em Ciências Biológicas pela UFSCar
Daniele Correa
Graduanda em Ecologia pela UNESP – campus de Rio Claro/SP
Endereço(1): alameda das Violetas, 226 – Jardim Paulistano – São Carlos – SP – CEP: 13566-532 – Brasil
– tel.(16) 260 8244 – end. el.: [email protected]
RESUMO
Neste trabalho descrevem-se as etapas de implantação do sistema de gestão de resíduos de papel nos campi
universitários da UFSCar e discute-se o processo conseqüente a tal implantação. Desenvolveu-se um coletor
seletivo de papel, feito em papelão, o qual foi instalado em 1997 pontos de descarte e coleta, cada um com
um par de coletores – comum e seletivo. Além disso, 864 cartazes foram instalados acima de coletores
seletivos, estimulando e orientando seu uso. Também foi desenvolvido um folder especial sobre aspectos da
implantação e da cadeia, desde o uso responsável e o descarte seletivo até a comercialização para a
reciclagem, o qual teve cerca de 12 mil unidades distribuídas ao público alvo. Foram definidas estratégias de
implantação por meio de um manual de procedimentos, desenvolvido em experiência piloto e adotado nas
diferentes unidades dos campi. A sistemática de coleta adotada integra coleta local em cada unidade com
coleta geral, a qual encaminha os resíduos das unidades para a uma central. Estratégias de intervenção
educativa devem ser apoiadas principalmente no princípio dos 3R e na metodologia da ação participativa. O
trabalho de implantação ainda está em andamento, sendo que os dados já apurados evidenciam sua
importância, especialmente quanto às capacidades sensibilizadora e conscientizadora dos cidadãos e quanto à
formação de agentes reeditores das atitudes ora desenvolvidas.
PALAVRAS-CHAVE: Resíduos de papel, Sistema de gestão, Descarte e coleta, Princípio dos 3R, Cidadania
em atitudes.
INTRODUÇÃO
O problema dos resíduos sólidos pode ser compreendido em duas partes: de um lado, a geração, nas diversas
atividades humanas, de quantidades relativamente muito elevadas de resíduos e, de outro, a concepção de que
todos os resíduos gerados sejam lixo, ou seja, não tenham mais utilidade social. Como base para a solução, a
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educação ambiental deve pautar-se pelo princípio dos 3R, delineado na proposição da Agenda 21 de 1992:
redução e adequação do consumo de produtos, visando a redução da geração de resíduos, reutilização dos
objetos residuais e, em última instância o descarte seletivo favorecendo a reciclagem dos resíduos para o
reaproveitamento dos seus materiais ou da energia neles contida. Redução e reutilização contribuem para
diminuir a geração de resíduos e reciclagem contribui para a reintrodução dos objetos descartados na cadeia
produtiva, de modo que as três ações levam à minimização do volume de lixo destinado a aterros e lixões. No
Brasil, o problema se torna mais grave ainda pelo fato de estarmos entrando no novo século com o triste dado
de que a grande maioria (cerca de 75%) dos resíduos sólidos domiciliares é depositada a céu aberto.
Assim, considerando-se ainda o padrão de consumo incorporado no nosso dia-a-dia, com alto grau de
descartabilidade, tornam-se importantes estratégias que permitam uma abordagem integrada dos 3R. Dentre
eles, o R da reciclagem (pós-descarte) é o que mais carece de estruturação física e funcional para ser
adequadamente abordado, uma vez que os demais dependem mais de tomadas de decisão pré-consumo (o
primeiro R – redução) e pré-descarte (o segundo R – reutilização), processos de natureza comportamental, os
quais dependem de processos educacionais e podem ser exercidos com certa autonomia pelo
indivíduo/cidadão.
O sistema de gestão de resíduos da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) funciona desde sua
implantação, em 1994, dando receptividade e destinação adequada a resíduos que a comunidade traz de suas
residências. Mais recentemente, esse sistema passou a fazer parte do Programa de controle e redução de
resíduos UFSCar-APASC, sendo sistematizado pela Associação para Proteção Ambiental de São Carlos
(APASC), pelo 3R Núcleo de Reciclagem de Resíduos da UFSCar (3R-nrr) e pela Prefeitura Universitária da
UFSCar e coordenado pela Coordenadoria Especial para o Meio Ambiente (CEMA).
Das 65 toneladas encaminhadas no ano de 1999 para a reciclagem, quase a totalidade se refere a resíduos
trazidos dos domicílios, uma vez que o campus ainda não contava com nenhum sistema para coleta seletiva
dos resíduos gerados nas atividades universitárias. Contava-se apenas com um local de entrega voluntária
(LEV) e uma central de resíduos (onde esses são triados, adensados, acondicionados, acumulados e
comercializados para a reciclagem).
Nesse contexto, este trabalho procura dar início a uma estruturação do espaço universitário de modo a, por
um lado, permitir a prática do descarte seletivo para favorecer a atividade de reciclagem e, por outro, abordar
objetivamente com o público alvo a importância relativizada – em ordem de prioridade – de cada uma das
atitudes:
a do primeiro R, que procura reduzir a geração de resíduos (evitando a possibilidade de geração de lixo),
a do segundo R, que procura reutilizar os resíduos gerados (postergando a possibilidade de geração de
lixo) e
a do terceiro R, que separa para favorecer a reciclagem (evitando a transformação de resíduos gerados e
não reutilizados em lixo, pela reintrodução desses resíduos na cadeia produtiva).
A estratégia é justamente associar a prática do dia-a-dia com os conceitos ambientais que se deseja abordar,
trabalhando tanto a capacidade de percepção e avaliação dos problemas em si, como a habilitação para
participar individual e diretamente nos processos de solução dos problemas.
Os autores agradecem à São Carlos S/A Indústria de Papel e Embalagens, à Gráfica Suprema, à Ipar
Indústria de Papel Ararense S/A e à Docel Indústria de Produtos Alimentícios Ltda., pelas parcerias de
importância central para este trabalho, as quais permitiram o desenvolvimento de coletor especial, cartaz
específico e folder de divulgação, produzidos em larga escala, além de papel reciclado para impressão dos
instrumentos e sacos de ráfia para a etapa da coleta local. Agradecemos também à Pró-Reitoria de Graduação
da UFSCar pela concessão das bolsas. Também somos gratos a todas as pessoas da comunidade da UFSCar
que se envolveram com as atividades do trabalho, seja mais diretamente, seja adotando a atitude correta na
etapa original do processo em questão, qual seja, a do descarte seletivo. Dentre as pessoas que se envolveram
mais diretamente com o trabalho, nominamos as seguintes: os funcionários Ovídio César Sousa e João
Carneiro da Silva, os professores Bernardo Teixeira, Maria Zanin, Nivaldo Nale, Sizuo Matsuoka e Antônio
Paulo Marcheti e os alunos Paulo Shiroma, Braulio Fontes, Rogério Moraes, Elke Cliquet, Daniela Togawa,
Érika Suzuki e César Barbosa.
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MATERIAIS E MÉTODOS
Para a implantação do Sistema de gestão de resíduos de papel, inserido no Programa de controle e redução de
resíduos UFSCar-APASC, foram usados nas salas coletores desenvolvidos neste trabalho com instruções, no
próprio corpo do coletor, sobre os tipos de papel – recicláveis ou não – e instruções sobre a maneira mais
adequada de descarte dos resíduos, como a recomendação para que eles não sejam amassados. Para ambientes
de circulação, foi desenvolvido e usado um cartaz a ser afixado – na altura dos olhos e alinhado com um
coletor –, contendo basicamente as mesmas instruções de uso e uma seta indicando o coletor. Além desses
instrumentos estruturais, foi desenvolvido e usado um folder alusivo à questão dos resíduos de papel e ao
processo de implantação do Sistema de gestão de resíduos de papel nos campi da UFSCar.
DESENVOLVIMENTO DO COLETOR
O coletor foi desenvolvido em parceria com a São Carlos S/A Indústria de Papel e Embalagens. Destacam-se
sua forma (tronco de pirâmide invertido, que facilita o uso) e a impressão própria – em cor azul – de
comunicação com o usuário, a qual inclui o slogan do programa: “Separe. Resíduo não é lixo.” e as
identificações: do programa, do sistema de gestão e do próprio coletor (“Coletor seletivo de papel”). O
produto – coletor – foi feito em papelão rígido (5 mm de espessura), fabricado a partir de papel reciclado.
Outra característica interessante é sua forma de montagem. Disponibilizado em duas peças planas
devidamente vincadas, a operação de dobras e encaixes leva menos de um minuto, sem o uso de adesivo,
conferindo praticidade na fase de distribuição/instalação. Além disso, o desenvolvimento do processo
industrial de fabricação permite sua produção em larga escala, conforme a demanda.
DESENVOLVIMENTO DO CARTAZ
O cartaz foi concebido para o tamanho 33 x 48 cm, em orientação “paisagem”, a ser afixado com fita dupla
face em parede ao rodapé da qual se situa um coletor, no mesmo alinhamento vertical. Colorido, em papel
cuchê branco, com predominância das cores azul e vermelho, eram as seguintes as principais informações,
além das identificações e do slogan, acima referidos:
seta indicando o coletor – “ O QUE DESCARTAR
AQUI
resíduos
de papel
se m a ma ssa r ,
para diminuir
o volume
rasgue se
achar necessário
deposite logo
abaixo ”
sinal de proibido (contra-mão) – “ papel carbono
papel higiênico
guardanapo
papel de bala
papel metalizado
ou plastificado
adesivo ”
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DESENVOLVIMENTO DO FOLDER
O folder foi desenvolvido para o tamanho 16 x 22 cm, em orientação “retrato” a receber uma dobra vertical,
cuja excentricidade resulta em uma faixa de aparência especial, paralela à capa (primeira das quatro
páginas). Na perspectiva de provocar subliminarmente algumas percepções adicionais, esse foi produzido em
papel reciclado e sem deixar espaços ociosos, servindo como exemplo de uso racional. Seguem os principais
conteúdos do folder:
capa – “ Leia este folder e participe conscientemente do processo.
Sua parte nele é o uso responsável e o descarte seletivo de papel
e a divulgação da importância dessas atitudes. ”
páginas internas – “ O sistema de gestão
Na parceria UFSCar-APASC, o sistema de gestão é parte do programa de redução e controle de resíduos.
Há cerca de 5 anos, tem trabalhado com os resíduos domiciliares trazidos até o LEV-UFSCar (próximo ao
ginásio de esportes). Marcando esse início de século, passa a incorporar também os resíduos gerados nos
campi, inicialmente com o papel.
Compreende todas as atividades que envolvem o resíduo, incluindo o uso (que o gera), o descarte (que
favorece seu encaminhamento) e a reciclagem (que o recupera).
O uso responsável ß você está aqui
Racionalize o uso de papel, reduzindo a geração de resíduos e reutilizando-os, sempre que possível. Evite
espaços ociosos; use o verso das folhas como rascunho; escreva e faça impressões e cópias em frente e verso
etc.
O descarte seletivo ß você está aqui
Há resíduos que não se consegue mesmo evitar e tampouco reutilizar ... descarte-os então em um dos
coletores seletivos do sistema, “salvando-os” do destino do aterro sanitário, onde todo resíduo vira lixo!
Siga as instruções de descarte que há nos cartazes e nos coletores do programa.
Lembre que, social, ambiental e economicamente, resíduo tem valor positivo (benefícios), enquanto lixo
tem valor negativo (custos). Mas perceba também que o aproveitamento do valor de um resíduo – uma vez
gerado – depende inicialmente da atitude de quem o descarta. Procure fazer a sua parte.
A coleta seletiva
Cada unidade da UFSCar conta com um sistema de coleta seletiva local, os quais estão integrados ao
sistema de coleta seletiva geral, que encaminha os resíduos das unidades para a Central de Resíduos (extremo
norte do campus SC).
A triagem e o acondicionamento
Na Central, os resíduos são separados por espécies comercializáveis (papel branco, papelão, jornal etc),
prensados em fardos e acumulados. Grandes quantidades são então vendidas no mercado, sempre conferindo
a esses resíduos o destino da reciclagem.
A reciclagem
A indústria papeleira pode ter basicamente dois tipos de matéria prima: árvore morta (a via convencional)
e papel usado (a via da reciclagem). Na reciclagem, “dissolve-se” o papel usado para reconstituição em
novos produtos, os quais são assim obtidos com menos consumo de energia, de água e de árvores, liberando
terras para usos mais importantes, como os da atividade agrícola, em um mundo onde a fome está tão
presente.
A cadeia
É importante que se perceba que todas as referidas vantagens somente poderão se concretizar caso cada
agente das diversas etapas dessa longa cadeia de atividades cumpra a sua parte. E lembre-se, sobretudo, de
que o agente número um é você (que está no início da cadeia)! Assim, procure refletir sobre seus hábitos de
uso de papel e de descarte de seus resíduos. ”
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contra-capa – “ Reciclar é apenas uma das etapas para diminuir o consumo dos recursos
naturais do planeta e aumentar a vida útil dos aterros.
O mais importante é você, como cidadão, rever seus hábitos de consumo, reduzindo o desperdício e
reutilizando o que puder.
Com isso, a sociedade e a natureza saem ganhando. ”
faixa especial – “ rreecciiccllaarr ee rreeuuttiilliizzaarr m
miinniim
miizzaam
m lliixxoo ......
rreedduuzziirr m
i
n
i
m
i
z
a
r
e
s
í
d
u
o
min imiza r esíduo ”
DESENVOLVIMENTO DA SISTEMÁTICA DE IMPLANTAÇÃO
Com base na experiência piloto (abaixo relatada, primeira fase de implantação) e em outras experiências das
pessoas envolvidas, foi desenvolvido um manual de procedimentos para que a comunidade fosse abordada de
maneira adequada e homogênea pelos diversos agentes do trabalho. Assim, foi enviado inicialmente um
ofício da instituição informando aos chefes de departamentos e demais autoridades das unidades acadêmicas
da universidade sobre a implantação, solicitando acolhimento e adequação às necessidades do trabalho.
Nesse contexto, foi realizado um levantamento de todos os prédios do campus, revelando o número de pontos
de coleta comum, descriminando entre esses aqueles que, situados em área de circulação ou de grande
freqüência de pessoas, carecem de afixação de cartaz à altura do olho. Foram levantados também pontos com
demanda de novos coletores comuns. O princípio adotado foi o de instalar um coletor seletivo de resíduos de
papel ao lado de cada coletor comum do campus, ressalvando-se apenas aqueles expostos a sol e chuva,
devido à fragilidade do coletor seletivo aqui desenvolvido e empregado.
Desse modo, a implantação prosseguiu por mais duas fases, iniciando-se pela área norte do campus de São
Carlos, mais próxima da Central de resíduos e, portanto, favorecida logisticamente. Em seguida, o sistema
foi expandido para a área sul desse campus e também para o campus de Araras, numa terceira e última fase
de implantação.
DESENVOLVIMENTO DA SISTEMÁTICA DE COLETA
Para a coleta seletiva dos resíduos de papel foi desenvolvido um modelo próprio, considerando-se o conjunto
dos coletores seletivos espalhados pelo interior dos prédios das unidades acadêmicas, nos quais as pessoas
que convivem no campus exercem uma das mais importantes funções de todo o processo – o descarte em
separado – e ainda considerando-se a necessidade de encaminhar sistematicamente os resíduos para a Central
de resíduos, onde esses são triados para a comercialização a empresas recicladoras. Esse modelo de coleta
consta basicamente das seguinte etapas:
coleta local: as faxineiras que realizam a limpeza nos prédios do campus foram orientadas para recolher
os resíduos descartados nos coletores, transferindo-os para sacos de ráfia (sacos de transporte de açúcar, aqui
reutilizados para esse fim) e acumulando os sacos de ráfia em um local, definido previamente, de fácil acesso.
Em cada unidade, foi definida uma pessoa-referência, a qual deve ser o contato imediato dos usuários e o
canal de comunicação com o sistema de coleta geral, indicando eventuais problemas e sugerindo soluções.
coleta geral: um funcionário da APASC passa uma vez por semana com um veículo pelos prédios e
recolhe os sacos de ráfia com resíduos de papel (até a metade da capacidade, pra poupar a saúde dos
trabalhadores das coletas), deixando a mesma quantidade de sacos de ráfia vazios e transportando assim os
resíduos para a central. Dada a dimensão e diversificação do campus de São Carlos, foram desenvolvidos
instrumentos de sistematização da coleta, como mapas e planilhas, os quais contêm dados que organizam e
facilitam contatos com o sistema de coleta local, incluindo a faxineira responsável e a pessoa-referência do
local.
DESENVOLVIMENTO DAS ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO EDUCATIVA
Após a implantação em todas as áreas dos campi e o funcionamento por um tempo de cerca 2 meses, serão
realizados diagnósticos do público alvo no sentido de descrever os principais aspectos relativos à participação
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das pessoas no processo de descarte seletivo e à contribuição dessa para a sensibilização e conscientização
dos cidadãos. Com esse conhecimento, algumas estratégias de educação ambiental serão definidas para
abordar diretamente o público alvo, procurando melhorar a contribuição para o desenvolvimento da
cidadania, além de aumentar a eficiência do sistema (aumentando a proporção de resíduos descartados
seletivamente, em relação aos descartados em coletor comum). Até a data da redação deste trabalho, essa
atividade ainda não havia sido possível. Os fundamentos essenciais para essa atividade são aqueles que estão
apontados na introdução e nas conclusões deste trabalho.
RESULTADOS
É com os resultados apresentados neste trabalho que a UFSCar registra seu marco histórico de passar a
sistematizar os resíduos gerados pelas atividades acadêmicas, de modo que se associam a destinação
adequada dos resíduos e a exploração educacional da participação da comunidade universitária nesse
processo, especialmente na etapa mais interessante para essa abordagem, que é o momento do descarte
seletivo. Dadas as condições financeiras precárias da universidade pública brasileira em geral, e dessa em
particular, iniciou-se o processo com apenas um item, para a posterior incorporação de outros. Escolheram-se
os resíduos de papel por serem os mais identificados com o fazer acadêmico e os que são gerados em maiores
quantidades no âmbito escolar.
Durante alguns meses foi realizada a primeira fase de implantação, uma experiência piloto em uma única
unidade acadêmica (departamento de Engenharia de Produção), para um aprimoramento inicial, incluindo
um diagnóstico do público alvo, por meio da aplicação de questionário próprio. Os resultados da coleta dessa
fase inicial estão no quadro 1.
Quadro 1. Resultados da coleta da experiência piloto de gestão de resíduos de papel.
data
quantidade de resíduo coletada
(Kg)
12/04
19/04
26/04
03/05
10/05
17/05
24/05
31/05
07/06
14/06
21/06
28/06
05/07
17/07
26/07
papel
73,7
40,0
21,0
28,0
28,0
27,0
20,0
29,5
30,0
19,0
22,0
19,0
35,0
42,0
10,3
papelão
7,7
18,0
5,0
18,0
8,0
10,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
1,0
5,0
7,0
total
81,4
58,0
26,0
46,0
36,0
37,0
20,0
29,5
30,0
19,0
22,0
19,0
36,0
47,0
17,3
total
443,0
79,7
522,7
Após a implantação piloto e o aprendizado então propiciado, o levantamento dos pontos de descarte e coleta
(em áreas internas/protegidas) do campus de São Carlos foi feito na íntegra e os resultados estão apresentados
no quadro 2, discriminados por centro acadêmico ou de apoio e por tipo de atividade do ambiente em que se
encontra o ponto em questão. Do total de 1997 pontos, 864 são típicos de afixação de cartaz.
Em seguida, houve a implantação do sistema na área norte do campus de São Carlos – segunda fase –, com
instalação de 1262 coletores seletivos, distribuídos entre as unidades do CCET (centro de ciências exatas e de
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tecnologia), parte das do CCBS (centro de ciências biológicas e da saúde) e parte das de apoio (administração
e serviços). Todos os coletores seletivos situavam-se imediatamente ao lado de um coletor comum e parte
deles, 546 unidades, logo abaixo de um cartaz afixado à altura do olho. Iniciaram-se as coletas local e geral e
os resultados serão sistematizados em conjunto com os das áreas em expansão (sul e Araras) e apresentados e
discutidos em trabalho futuro.
Por fim, o sistema está sendo implantado, em sua terceira e última fase, nas áreas sul do campus de São
Carlos e no campus de Araras, implantações essas que ainda estavam em andamento, quando da redação
deste trabalho.
Quadro 2. Distribuição de pontos de descarte e coleta no campus de São Carlos da UFSCar.
unidade /
centro
pontos de descarte e coleta
CIRC.
GAB.
ALIM.
LAB.
INF.
A.T.
SECR.
XEROX
CONV.
REUN.
OUTROS
TOTAL
APOIO
42
53
15
66
150
363
185
135
47
16
22
3
25
203
117
0
14
10
13
0
31
27
50
24
47
84
31
53
0
1
0
20
4
4
21
0
8
31
6
0
0
0
6
40
368
792
466
371
TOTAL
176
833
88
345
37
132
215
21
29
45
46
1997
CECH
CCET
CCBS
CECH: Centro de educação e ciências humanas
CCET: Centro de ciências exatas e de tecnologia
CCBS: Centro de ciências biológicas e da saúde
APOIO: Unidades administrativas e de serviços
CIRC.: Áreas de circulação
GAB.: Gabinetes de professor
ALIM.: Áreas de alimentação
LAB.: Laboratórios
INF.: Salas de informática
A.T.: Salas de aula teórica
SECR.: Secretarias
CONV.: Áreas de convivência
REUN.: Salas de reunião
Entre o final da segunda e o início da terceira fase, foram distribuídos cerca de 12 mil folders a toda a
comunidade universitária, incluindo todos os professores, os funcionários técnico-administrativos, os alunos
de graduação e pós-graduação e outras pessoas que convivem no campus e não têm vínculo direto com a
instituição universitária. Foram empregadas algumas estratégias distintas, como em escaninhos, em balcões
de ambientes de circulação de pessoas e, especialmente, em salas de aula, onde se pôde ter um contato mais
direto com parte importante do público alvo, uma vez que o aspecto educativo é central nos objetivos do
trabalho e que, por seu perfil, o alunado representa o maior contingente de potenciais reeditores dos
princípios, dos conceitos ... enfim, das atitudes aqui desenvolvidas, as quais pretende-se que sejam reeditadas
por outros agentes, em outros âmbitos, em outros momentos.
CONCLUSÕES
Os diagnósticos de público alvo realizados na experiência piloto permitiram observar principalmente que: a)
há um certo distanciamento dos problemas ambientais em geral e, quando há desinformação, a gravidade dos
problemas é suposta em grau reduzido; b) parece haver importantes sensibilização e disposição para a
participação das pessoas, mas que essas encontram dificuldades na falta de estruturação – sistemas
abrangentes de gestão de resíduos, com orientações específica (sobre reciclabilidade dos resíduos, por
exemplo) e geral (sobre impactos ambiental, social e econômico do sistema, por exemplo) aos usuários; e c)
um grau significativo de conscientização também foi verificado, mostrando haver identificação de alguns
problemas e aprovação de algumas soluções, como a via da coleta seletiva, mesmo com a clareza de que essa
não seja em si a solução completa para a questão.
No entanto, articulações objetivas entre informação, conscientização e estruturação parecem ser
imprescindíveis para elevar a participação e o envolvimento das pessoas até graus desejáveis. Assim,
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implantou-se com este trabalho um importante instrumento de conscientização em relação à problemática
ambiental, o qual tem servido ainda de modelo para outras instituições da região, especialmente em seu
aspecto inovador de, por meio da estruturação que promove o exercício diário do descarte seletivo para a
reciclagem, valorizar as atitudes de redução e reutilização, como imprescindíveis para a concepção de
soluções econômica, social e ambientalmente sustentáveis, num comprometimento com a biodiversidade e
com as gerações atual e futuras.
Num contexto mais amplo, toda essa estruturação e funcionalidade procuram favorecer, através da adoção de
atitudes corretas na prática cotidiana, o lento processo de mudança de cultura acadêmica que se pretende. A
título de ilustração, tome-se um dos oito aspectos que caracterizam o perfil do profissional a ser formado na
UFSCar, recentemente adotados como uma referência pela instituição (ProGrad/UFSCar, 2000):
“Comprometer-se com a preservação da biodiversidade no ambiente
natural e construído, com sustentabilidade e melhoria da qualidade de vida.”
e uma das competências associadas a esse aspecto:
“Compreender as relações homem, ambiente, tecnologia e sociedade.”
Sabe-se que a comunidade acadêmica não está preparada para incorporar transversalmente a seu escopo
disciplinar tais perspectivas pedagógicas. Sabe-se ainda que a simples adoção de um conjunto de referências
para a formação de profissionais, embora seja uma medida ousada e de importância inegável, não deverá ser
capaz, por si só, de operar as mudanças básicas necessárias para o cumprimento delas mesmas. Em
consistência com o cenário descrito, encaixam-se as ações deste trabalho, as quais têm apoiado de modo
articulado as mudanças atinentes à questão maior, acima ilustrada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.
2.
3.
4.
5.
6.
8
ProGrad/UFSCar. “Perfil do profissional a ser formado na UFSCar”. São Carlos, Pró-Reitoria de Graduação da
Universidade Federal de São Carlos, set/2000.
APASC - Associação para a Proteção Ambiental de São Carlos. “UFSCar Conduz Cerca de 65 toneladas de
Resíduos para Reciclagem no ano de 1999 e Inaugura Novo Centro de Triagem de Resíduos Recicláveis”.
http://www.apasc.org.br , cons. em 10/8/2000, sem data de atualização.
CUNHA, L. C. & ZANIN, M., “A Importância da Coleta Seletiva e sua Implantação na UFSCar”, Trabalho de
graduação do curso de engenharia de produção, UFSCar, São Carlos-SP, 1995.
D’ALMEIDA, M.L.O. e VILHENA, A. (coords.) “Lixo municipal: Manual de gerenciamento integrado”. 2a.
ed. IPT/CEMPRE, São Paulo. 2000.
OLIVEIRA, C. H. http://www.apg.ufscar.br/~henke , consultada em 14/8/2000, atualizada em 3/7/1999.
PIRES, A.F. “Panorama sobre a reciclagem de papel de resíduos sólidos domiciliares”. Seminário Nacional
sobre Reciclagem de Resíduos Sólidos Domiciliares, 1, 2000. Anais. São Paulo, SEMA-SP/CETESB, 2000.
CD ROM.
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