CENTRO UNIVERSITÁRIO POSITIVO REDUÇÃO DE DESPERDÍCIOS NO PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE SILENCIADORES PARA SISTEMA DE EXAUSTÃO CURITIBA 2007 BERNARDO DE CASTRO WANDERLEY CLAITON REIKDAL RAFAEL QUEVEDO CARDOSO REDUÇÃO DE DESPERDÍCIOS NO PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE SILENCIADORES PARA SISTEMA DE EXAUSTÃO Trabalho apresentado para obtenção do grau de Engenheiro Mecânico, no curso de Graduação em Engenharia Mecânica do Centro Universitário Positivo - Unicenp Orientadora: Profª. Adriana Regina Tozzi CURITIBA 2007 AGRADECIMENTOS Agrademos primeiramente aos nossos pais por nos incentivarem e cobrarem por resultados, nos dando apoio e a oportunidade de uma formação acadêmica em uma instituição de qualidade. Agradecemos a nossos familiares e amigos pelo apoio oferecido durante esta longa trajetória e pela compreensão de nossa ausência em momentos de descontração. Agrademos à Original Escapamentos por nos acolher dando suporte necessário para que este estudo pudesse buscar as essências do cotidiano dentro do seu processo produtivo, não abstendo nossos agradecimentos aos colaboradores que contribuíram com sua transmissão de experiência. Agradecemos também nossa orientadora Adriana Regina Tozzi, com sua paciência em nos instruir mediante as dificuldades encontradas neste estudo. Agradecemos também a nosso criador, Pai de todos, pela saúde e energia que possuímos para poder trilhar com sucesso neste árduo caminho que nos foi concedido. ii SUMÁRIO LISTA DE GRÁFICOS .................................................................................................v LISTA DE TABELAS...................................................................................................vi LISTA DE FIGURAS.................................................................................................. vii RESUMO.................................................................................................................... 1 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 2 1.1 PROBLEMATIZAÇÃO .......................................................................................... 3 1.2 OBJETIVO............................................................................................................ 5 1.3 LIMITAÇÕES DO TRABALHO ............................................................................. 5 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................. 6 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................... 7 2.1 DESCRIÇÃO DA EMPRESA................................................................................ 7 2.1.1 Descrição do Produto ........................................................................................ 7 2.1.2 Descrição do Processo...................................................................................... 8 2.2 SISTEMAS DE EXAUSTÃO ............................................................................... 13 2.3 QUALIDADE....................................................................................................... 15 2.3.1 Controle da Qualidade Total ............................................................................ 17 2.3.2 Ferramentas Tradicionais da Qualidade.......................................................... 19 2.3.3 Diagrama de Causa e Efeito............................................................................ 19 2.3.4 Pareto .............................................................................................................. 21 2.4 FMEA.................................................................................................................. 22 2.4.1 A Tabela da FMEA .......................................................................................... 24 2.4.2 Acompanhamento............................................................................................ 27 2.5 BRAINSTORMING ............................................................................................. 28 2.5.1 Princípios e Regras ......................................................................................... 28 2.5.2 Aplicação ......................................................................................................... 29 2.5.3 Etapas do Brainstorming ................................................................................. 30 3 MODELO PROPOSTO.......................................................................................... 31 3.1 EQUIPE DE TRABALHO.................................................................................... 31 3.2 EFEITOS POTENCIAIS DE FALHA ................................................................... 31 3.3 DIAGRAMA DE PARETO................................................................................... 35 3.4 DIAGRAMA DE CAUSA E EFEITO .................................................................... 36 iii 4 DESCRIÇÃO DO ESTUDO E RESULTADOS ...................................................... 41 4.1 FMEA: MÃO DE OBRA NÃO CAPACITADA...................................................... 41 4.2 FMEA: MATÉRIA-PRIMA NÃO CONFORME..................................................... 43 4.3 FMEA: BAIXA CONFIABILIDADE DE MÁQUINA............................................... 45 4.4 FMEA: INDISPONIBILIDADE DOS COMPONENTES ....................................... 46 5 AÇÕES RECOMENDADAS .................................................................................. 48 5.1 AÇÕES RECOMENDADAS PARA O EFEITO 1 ................................................ 48 5.1.1 Programa de Treinamento ............................................................................... 49 5.1.2 Diminuir o Tempo da Pesquisa de Satisfação dos Colaboradores .................. 50 5.1.3 Treinamento de Função Específica ................................................................. 50 5.1.4 Subdivisão da Meta Mensal em Metas Semanais ........................................... 51 5.2 AÇÕES RECOMENDADAS PARA O EFEITO 2 ................................................ 51 5.2.1 Diminuição do Intervalo de Aferição e Mudança no Sistema de Medição. ...... 52 5.2.2 Nova Prateleira ................................................................................................ 52 5.2.3 Utilização de Duas Cantoneiras como Guias Laterais..................................... 53 5.2.4 Mudança na Especificação Técnica ................................................................ 54 5.3 AÇÕES RECOMENDADAS PARA O EFEITO 3 ................................................ 55 5.3.1 Implantação de um Plano de Manutenção Preditiva........................................ 55 5.3.2 Investimentos em Automação ......................................................................... 56 5.3.3 Aquisição de Máquinas de Maior Qualidade ................................................... 58 5.3.4 Criação de Normas.......................................................................................... 59 5.4 AÇÕES RECOMENDADAS PARA O EFEITO 4 ................................................ 60 5.4.1 Criação de Cartões Kanban e uma Heijunka Box............................................ 60 5.4.2 Criação de um Grupo Específico de Colaboradores no Segundo Turno ......... 61 5.4.3 Criação de um Estoque Mínimo do Supermercado de Suporte....................... 62 5.4.4 Criação de um Grupo Específico de Colaboradores no Segundo Turno ......... 63 6 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 64 6.1 DESAFIOS ......................................................................................................... 65 6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS NA ORGANIZAÇÃO ................ 66 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 67 8 DOCUMENTOS CONSULTADOS......................................................................... 69 9 ANEXOS................................................................................................................ 70 iv LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1: Volume de Sucata........................................................................... 03 GRÁFICO 2: Volume de Venda por Linha de Escapamento................................ 04 GRÁFICO 3: Volume de Produção dos Componentes do Veículo Corsa............ 05 GRÁFICO 4: Gráfico de Pareto Modelo................................................................ 21 GRÁFICO 5: Pareto dos Efeitos Potenciais de Falha........................................... 35 v LISTA DE TABELAS TABELA 1: Severidade do Efeito....................................................................... 25 TABELA 2: Probabilidade de Ocorrência........................................................... 26 TABELA 3: Probabilidade de Detecção do Modo de Falha................................ 26 TABELA 4: Classificação e Pontuação para Efeitos Potenciais de Falha...........33 TABELA 5: Pontuação do Efeito: “Mão de Obra Não Capacitada”.................... 34 TABELA 6: Pontuação Total dos Efeitos Potenciais de Falha........................... 35 TABELA 7: Resumo das Causas Potenciais de Falha....................................... 48 TABELA 8: Somatório de Riscos por Efeito....................................................... 64 vi LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: Componentes do Silenciador Traseiro............................................ 08 FIGURA 2: Escapamento Traseiro Montado...................................................... 08 FIGURA 3: Suporte Esquerdo e Direito............................................................. 10 FIGURA 4: Tubo de Entrada.............................................................................. 11 FIGURA 5: Tubo de Saída................................................................................. 11 FIGURA 6: Componentes do Escapamento do Veículo Corsa Hatch............... 14 FIGURA 7: Silenciador de Câmaras Metálicas.................................................. 15 FIGURA 8: Diagrama de Causa e Efeito de Ishikawa – D.C.E.I........................ 20 FIGURA 9: D.C.E.I. : “Mão-de-Obra Não Capacitada”....................................... 37 FIGURA 10: D.C.E.I. : “Matéria-Prima Não Conforme”........................................ 38 FIGURA 11: D.C.E.I.: “Baixa Confiabilidade de Máquina”................................... 39 FIGURA 12: D.C.E.I.: “Indisponibilidade dos Componentes”............................... 40 FIGURA 13: Material Não Conforme Separado................................................... 44 FIGURA 14: Prateleira de Tubos......................................................................... 52 FIGURA 15: Material Não Conforme na Prateleira.............................................. 54 FIGURA 16: Vergadora de Tubos........................................................................ 56 FIGURA 17: Expansora de Tubos.........................................................................57 FIGURA 18: Cabeçote da Vergadora de Tubos................................................... 58 FIGURA 19: Prensa Hidráulica 100 Ton.............................................................. 59 vii RESUMO Com o aumento da concorrência no ramo de escapamento automotivo e o constante crescimento da frota brasileira, faz-se necessário o aprimoramento do processo produtivo utilizando ferramentas de qualidade. Este estudo trata da análise das causas dos desperdícios resultantes de um processo produtivo do silenciador traseiro do corsa hatch, da empresa Original® Escapamentos, através da aplicação das ferramentas tradicionais da qualidade como Diagrama de Ishikawa, Gráfico de Pareto e Brainstorming, além da Metodologia de Análise dos Modos Potenciais de Falha – FMEA (Failure Modes and Effects Analysis). Durante todo o processo produtivo foram detectados vários desperdícios, dos quais foram selecionados quatro efeitos principais que interferem em maior escala nos desperdícios, que ao serem estudados apresentaram individualmente quatro causas potenciais de falha cada um. Para todas as causas foram sugeridas ações corretivas, transpondo ao final, dezesseis ações recomendadas, sendo elas: criação de um programa de treinamento, diminuição do intervalo de tempo entre pesquisas de opinião, treinamento contínuo, subdivisão da meta mensal em metas semanais, diminuição do intervalo de aferição e mudança no sistema de medição da matéria-prima, nova prateleira de estoque, utilização de duas cantoneiras como guias laterais para descarregar a matéria-prima, mudança na especificação técnica da matéria-prima, implantação de um plano de manutenção preditiva, investimentos em automação, aquisição de máquinas de maior qualidade (confiabilidade), criação de normas de repreensão, criação de cartões kanban e uma Heijunka Box, criação de um grupo específico no segundo turno para as prioridades de produção e para componentes de difícil preparação e a criação de um estoque mínimo para os suportes que são terceirizados. Palavras-chave: Ferramentas da Qualidade, Redução de Desperdícios, Processo Produtivo, Escapamento. 2 1 INTRODUÇÃO O princípio de funcionamento de um automóvel é transformar energia calorífica em mecânica. Para que isto ocorra se faz necessária uma combustão interna a partir da explosão de uma mistura comprimida, que causa a expansão dos gases que movem o pistão de um cilindro. Ao fim do ciclo deste pistão, as válvulas de escape se abrem e os gases queimados são expulsos à extraordinária velocidade e elevado nível de ruído. Como qualquer motor de automóvel possui um grupo de cilindros, cada um deles descarrega, sob elevada pressão, uma rápida e ritmada sucessão de descargas de escape. Essas descargas fluem de maneira uniforme através dos tubos de condução de gases até o silenciador, provocando quedas e subidas de pressão que, por sua vez, formam ondas sonoras e sujeitam o silenciador à grande vibração. Fica claro, portanto, que o silenciador deve reduzir o nível de ruídos e resistir às vibrações das pulsações da corrente de gases. Por isso é projetado especialmente para, por interrupção do fluxo de gases, por meio de anteparos e da passagem deste fluxo por uma série de tubos perfurados e câmaras, absorver as ondas sonoras e controlar a contrapressão. Sem o controle correto da contrapressão, o sistema de escapamento vai interferir de maneira extremamente danosa na performance do motor, além de provocar perda de rendimento, o que significa maior consumo de combustível, maior depósito de carbono e aumento da temperatura do motor. Ao longo dos tempos a indústria automobilística desenvolveu o silenciador com o objetivo de atenuar a energia das explosões do propulsor e transformar o seu ruído proveniente do escapamento em som agradável. A aplicação de severas legislações na maioria dos países do mundo foi determinada diante da constante preocupação pelo controle da poluição sonora. Grande parte dos motoristas não tem noção da importância do sistema de escapamento, que é parte integrante de qualquer veículo automotor. Além disso, por nunca ter sido considerado como “peça vital”, que é aquela sem a qual o veículo não anda, o principal componente do sistema de escapamento, denominado de silenciador, não recebe a atenção necessária. 3 1.1 PROBLEMATIZAÇÃO A Original® Escapamentos é uma empresa que atua no mercado de autopeças de Curitiba, no Estado do Paraná, e que fabrica escapamentos através de três linhas, sendo: linha original, linha importada e linha esportiva. O resultado destas três linhas é um total de 412 produtos diferentes. Como grande parte das empresas de autopeças, a Original® Escapamentos enfrenta problemas relacionados a desperdícios, isto é, perdas durante seus processos de fabricação. Isto se deve ao fato de que, mesmo após a revolução do Sistema Toyota de Produção e a uma nova mentalidade de produção enxuta, a indústria ainda opera de forma muito ineficiente. De acordo com a última pesquisa mundial realizada pela IBM1, o nível de retrabalho nas empresas de autopeças nos Estados Unidos é de 15%, no Japão varia de 5% a 7%, e no Brasil chega aos absurdos 40%, fazendo-se necessária a utilização de ferramentas que reduzam os desperdícios, uma vez que a competitividade entre as empresas torna-se cada dia mais acirrada. Fazendo uma análise simultânea da evolução da empresa Original® Escapamentos com o desperdício gerado no decorrer dos últimos 6 anos, pode-se observar através do Gráfico 1 que, após o ano de 2002, houve um aumento significativo no volume de sucata produzido na empresa. Gráfico 1 – Volume de Sucata Fonte: Base de dados Original Escapamentos 1 Assessoria de Comunicação e Imprensa UNICAMP. Disponível em: http://www.unicamp.br/unicamp/canal_aberto/clipping/novembro2006/clipping061130_valoreconomico .html. Acesso em: junho de 2.007. 4 Surge então a necessidade de controlar as linhas de escapamentos de forma que os desperdícios sejam reduzidos, uma vez que estes significam redução do lucro da empresa. Este estudo trata da análise do processo de fabricação de silenciadores para sistema de exaustão da empresa Original® Escapamentos visando identificar os principais desperdícios e propor melhorias para os mesmos. A escolha da linha de escapamentos foi feita com base no volume de vendas obtido na empresa, conforme apresentado no gráfico 2 a seguir. Gráfico 2 – Volume de Venda por Linha de Escapamento Fonte: Base de Dados Original Escapamentos Pode-se observar através do gráfico 2 que a linha original de escapamentos é a que apresenta maior percentual de vendas, o que significa uma maior utilização de recursos. Dentro da linha original, a marca que mais se destaca é a Chevrolet, cujo veículo responsável pelo maior número de produtos vendidos é o corsa hatch. Este veículo possui dois componentes fabricados pela Original® Escapamentos, sendo eles o silenciador intermediário e o silenciador traseiro apenas. O gráfico 3 a seguir mostra a porcentagem de venda que os componentes do veículo corsa representaram para a empresa em questão durante o ano de 2006 e identifica o “silenciador traseiro” como o componente com maior volume de vendas dentro da linha. 5 Gráfico 3 – Volume de Produção dos Componentes do Veículo Corsa Fonte: Base de dados Original Escapamentos 1.2 OBJETIVO Identificar desperdícios mediante análise do processo de fabricação de silenciadores traseiros do veículo corsa hatch, da empresa Original® Escapamentos, através da aplicação das ferramentas tradicionais da qualidade e propor ações de redução com base na técnica denominada de Análise de Modos Potenciais de Falha – FMEA (Failure Mode and Effects Analysis). Os objetivos específicos deste trabalho são: • Levantar a situação atual do processo; • Atacar os pontos críticos do processo; • Estudar e aplicar as ferramentas tradicionais da qualidade, Diagrama de Causa e Efeito, Gráfico de Pareto e Brainstorming; e • Estudar e aplicar a técnica FMEA. 1.3 LIMITAÇÕES DO TRABALHO Está fora do escopo deste trabalho as atividades pertinentes a venda do produto e ao processo de logística do produto após sair do estoque final da organização. As atividades de manutenção das máquinas usadas no processo de fabricação também não são estudadas, assim como os processos que não envolvem a produção deste produto (silenciador traseiro do corsa hatch) diretamente. 6 A implementação do plano de ações também não é realizada em função do tempo disponível para o trabalho. 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO O primeiro capítulo trata da introdução ao tema e seus objetivos, apresentando o problema objeto de estudo, o método, as limitações e a estrutura do trabalho. O segundo capítulo trata das pesquisas associadas ao tema, como sistemas de exaustão em veículos, enfatizando a importância da minimização de desperdícios no contexto atual, assim como da revisão bibliográfica feita com base nas ferramentas tradicionais da qualidade e na técnica de Análise de Modos Potenciais de Falha – FMEA. Ainda neste capítulo é encontrada a descrição detalhada de todo o processo de fabricação do silenciador e seus respectivos componentes O terceiro capítulo trata do levantamento dos desperdícios existentes no processo, através da utilização de ferramentas da qualidade. São utilizados os diagramas de causa e efeito e a ferramenta FMEA para a detecção de quatro efeitos principais de falha. O quarto capítulo trata das avaliações alcançadas no desenvolvimento do trabalho sobre os quatro efeitos principais já detectados, quantificando os mesmos através da ferramenta FMEA, determinando os riscos. O quinto capítulo traz as quatro ações recomendadas para cada efeito potencial de falha, dando um total de dezesseis ações. Também serão explicadas as causas que levaram a tais ações. O sexto capítulo trata das conclusões e sugestões para trabalhos futuros na organização. Neste capítulo é apresentado um desafio para a implementação do plano de redução de desperdícios. O sétimo capítulo apresenta todas as referências bibliográficas utilizadas neste trabalho. O oitavo capítulo trata dos documentos consultados, que auxiliaram no desenvolvimento do estudo. O nono capítulo traz os anexos que facilitarão o entendimento do estudo. 7 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 DESCRIÇÃO DA EMPRESA A Original Escapamentos® foi fundada em 1.983, com o nome inicialmente de Marefort Escapamento Automotivo Ltda. Na época a única linha de fabricação era a esportiva. Os escapamentos esportivos eram fabricados num sistema de produção artesanal. Em média eram fabricados 50 escapamentos por mês. A empresa rapidamente ganhou mercado, começando a fabricar os mesmos produtos da linha esportiva, mas em série, com uma produção organizada, numa escala de 2.000 peças por mês, em meados de 1.990. A Marefort trocou sua razão social em 2.000 para Original Escapamento Automotivo Ltda.® e iniciou a fabricação da linha original de escapamentos, composta pelas seguintes marcas: Volkswagen, Ford, Fiat e Chevrolet. Rapidamente a empresa adaptou-se e vários dos seus clientes ampliaram os volumes de negócio junto a Original®, criando grande variedade de produtos para duas linhas de escapamentos, a original e a esportiva. Com uma ótima aceitação de mercado da linha original de escapamentos, a empresa abriu novas portas, iniciando a fabricação da linha importada de escapamentos, compostas inicialmente pelas marcas: Peugeot, Renault, Honda, BMW. Isso se deve ao fato de haver pequenas variações entre a fabricação de um escapamento importado e um original. Em apenas dezenove anos de existência a empresa atualmente possui três linhas de produção: a linha esportiva, a importada e a original. 2.1.1 Descrição do Produto O silenciador traseiro do corsa é composto de várias partes, todas fabricadas na própria empresa. Estas partes são: o silenciador, os tubos de entrada e saída dos gases, um reforço para evitar a quebra por vibração e dois suportes para fixar o escapamento junto ao chassi do veículo. A figura 1 a seguir mostra os componentes desmontados. 8 Figura 1 - Componentes do Silenciador Traseiro 1A – tubo entrada/saída 1B – suportes e reforço 1C - silenciador Fonte: Os autores A figura 2 a seguir é uma composição de três vistas do escapamento traseiro montado. Figura 2 – Escapamento Traseiro Montado 2A – vista frontal 2B – vista superior 2C – vista interna Fonte: Os autores O sistema de redução de ruídos usado neste escapamento traseiro do corsa é o modelo de reflexão, possuidor de três câmaras metálicas. 2.1.2 Descrição do Processo O sistema de fabricação da Original Escapamentos® segue os padrões de manufatura enxuta, especificamente o JIT – Just in Time, onde o processo é “puxado” do final para o começo, isto é, primeiramente se vende o produto para depois comprar a matéria prima e posteriormente fabricá-lo ou montá-lo. Este tipo de sistema de produção é comum em montadoras de produtos, onde a demanda de 9 peças é relativamente previsível e constante, ou seja, que não sofre grandes oscilações. Na Original, os clientes é que fazem as solicitações de compra. Estes clientes são atacadistas que revendem o produto, pois a empresa não comercializa com o consumidor final. Estas solicitações são agrupadas durante a semana, e nas sextas-feiras, é emitida uma OPS – Ordem de Produção Semanal gerada pelo programa interno da empresa. Este programa faz o balanceamento do estoque deficiente e analisa todas as solicitações de compra da semana subseqüente. A OPS é encaminhada ao encarregado geral, que distribui as atividades aos respectivos setores da empresa. Os escapamentos são fabricados conforme prioridades já pré-definidas na ordem de produção geral. As etapas do processo produtivo são: A. Suporte B. Tubo de entrada C. Tudo de saída D. Silenciador E. Reforço F. Montagem G. Limpeza e pintura A. Suporte A etapa de suporte é dividida em dois subprodutos, sendo eles o suporte de chapa, conhecido como chapeleta, e o suporte de ferro maciço. Com estes dois subprodutos, a montagem do suporte do silenciador traseiro do corsa é feita através de solda MAG2, onde as chapeletas são soldadas junto ao suporte de ferro maciço. • Suporte de Chapa: Para fabricar as chapeletas, as folhas de chapa padrão estocadas na prateleira, após o descarregamento semanal, são cortadas em tiras. Feito isso, o material passa por uma prensa excêntrica de doze toneladas e progressiva, ou seja, que faz o corte e a dobra no mesmo tempo. 2 Solda MAG: Soldagem a arco com eletrodos fusíveis sobre proteção gasosa feita com um gás ativo, ou seja, um gás que interage com a poça de fusão, normalmente CO2 - dióxido de Carbono. 10 Após a chapeleta estar pronta, ela é estocada em tambores de 50 kg de metal, a fim de serem soldadas com o suporte de ferro maciço. • Suporte ferro maciço: O ferro maciço padrão, estocado na prateleira, é cortado em pequenos pedaços que serão em uma prensa hidráulica de vinte e cinco toneladas. Depois de dobrados, são soldados junto com a chapeleta, em posições distintas, de tal maneira que são fabricados os suportes esquerdo e direito nas mesmas etapas. A figura 3 a seguir apresenta os suportes do silenciador traseiro do corsa. Figura 3 – Suporte Esquerdo e Direito Fonte: Os autores B. Tubo de entrada O tubo de entrada é o tubo que faz com que os gases entrem no silenciador, para o abafamento do ruído. Os tubos são estocados em uma única prateleira com várias gavetas conforme a bitola dos mesmos. Para fabricar o tubo de entrada, a barra de tubo de 1. ¾” x 1.55 mm é retirada da prateleira e cortada por um disco de corte. Após este corte, as peças vão para a retirada de rebarbas. Com a peça sem rebarbas, ela está pronta para ser vergada3. O tubo de entrada possui apenas uma curva. Após a vergagem, a peça é cortada ao meio, gerando duas peças iguais, e expandida em ambos os lados. Com o término das expansões, as peças recebem do lado expandido um recorte longitudinal para facilitar o uso de abraçadeira para fixação, conforme apresentado na figura 4 a seguir. 3 Vergar: curvar, dobrar em arco, torcer 11 Figura 4 – Tubo de Entrada 4A – vergado 4B – chanfrado 4C – componente pronto (2) Fonte: Os autores C. Tubo de saída Similar ao tubo de entrada, ambos são provenientes do mesmo estoque. O tubo de saída é responsável em conduzir os gases para sair do silenciador até a parte traseira do veículo. O tubo de saída é cortado e logo após é retirada rebarba do mesmo. O processo seguinte é um chanfro4, o qual divide em duas partes o tubo já cortado. Como o chanfro é feito numa serra fita5, a rebarba do mesmo é retirada numa escovadeira6. Com o material sem rebarbas é feito a vergagem, composta por duas curvas. O lado não chanfrado do tubo já vergado é então expandido para que fique ajustado na parte interna do silenciador. A figura 5 a seguir apresenta o tubo de saída. Figura 5 – Tubo de Saída Fonte: Os autores 4 Chanfrar: recortar em forma de meia lua, cortar os ângulos, tirar as arestas de. Serra fita: máquina de serrar que utiliza uma fita arqueada para o processo de corte. 6 Escovadeira: similar ao esmeril, porém no lugar do rebolo, utiliza-se uma escova de aço circular. 5 12 D. Silenciador O silenciador é a parte mais importante do escapamento, é responsável pela redução do ruído emitido pela combustão. Os componentes a seguir compõem o silenciador: • Corpo: Folhas de chapa são cortadas em medidas específicas que, quando calandradas7, dão o formato cilíndrico. Após sujeito a um molde específico, o corpo toma a forma desejada. Ao final são feitas abas nas bocas inferior e superior do corpo que servirão de apoio para a fixação das tampas externas. • Miolo: O miolo é composto por duas tampas internas que fazem compartimentos, chamados de câmaras metálicas e os tubos internos de 1.3/4 in x 1.55 mm servem de ligação entre estas câmaras. Após estarem ambos prontos, é feita a montagem do miolo. • Tampa externa: Responsáveis pelo fechamento do silenciador, as tampas externas ficam fixas ao corpo para dar rigidez ao miolo que foi inserido dentro do corpo. Nestas tampas existem furações que devem ter exatamente a mesma posição encontrada na montagem do miolo. • Reforço: O reforço é um acessório que é soldado entre o tubo de entrada e o silenciador, com o objetivo de reduzir as vibrações que causam trincas na solda do tubo de entrada. As folhas de chapas são cortadas em tiras e recortadas em uma prensa excêntrica de doze toneladas. As peças recortadas são conformadas em três modelos, são eles: central, lateral esquerda e lateral direita. No caso do escapamento traseiro, usa-se apenas uma peça lateral direita. E. Montagem Esta etapa depende de todas as outras anteriores. O escapamento só pode ser montado se estiverem todos os componentes necessários para a fabricação sobre a mesa de trabalho do soldador. Com todos os componentes, o soldador coloca sobre um suporte de fixação o gabarito do escapamento. Neste gabarito as peças são fixadas de tal maneira que, caso alguma delas esteja com defeito, não 7 Calandra: máquina para curvar ou desempenar chapas 13 será “fechado” o gabarito. O soldador, com solda MAG, faz toda a montagem do produto. F. Limpeza e pintura O produto após soldado, fica com várias carepas e respingos de solda, sem contar a oleosidade já proveniente de outros processos anteriores à solda. A limpeza é feita sobre todo o escapamento, nas partes superficiais. Após estar limpa a peça, ela está preparada para receber a tinta de acabamento e proteção da solda. Com uma rápida secagem, depois de pintadas as peças estão prontas para serem estocadas. Somente após passar a sexta etapa, que é a de montagem, o produto é lançado no programa por um conferidor responsável. Este mesmo programa que computa as entradas diariamente, faz a conferência dos pedidos e, assim que finalizados, os encaminha para o setor de nota fiscal e coleta. 2.2 SISTEMAS DE EXAUSTÃO Conforme as exigências legais, o sistema de gás de escapamento reduz os poluentes no gás de escapamento, que são gerados pelo motor de combustão interna. O sistema de gás de escapamento também ajuda a amortecer o ruído do gás de escapamento e a descarregar o gás de escapamento em um ponto conveniente no veículo. A potência do motor deve ser reduzida a menos possível durante o processo. “O sistema de exaustão automotivo é formado, basicamente por quatro partes principais: conjunto dianteiro, catalisador, silenciador intermediário, silenciador traseiro” (MASTRA, 2007). A seguir, estão descritas as quatro partes que formam o sistema de exaustão: • Conjunto dianteiro: também chamado de coletor de escapamento, é responsável pela condução dos gases que saem do motor após a combustão até o catalisador. É no conjunto dianteiro que é fixada a sonda 14 lambda8, responsável pela leitura da concentração de oxigênio na mistura exalada. • Catalisador: é uma peça exclusiva para o controle de emissões de gases. É nele onde ocorre a conversão catalítica, reduzindo drasticamente o nível de poluentes emitidos pelo motor em até 95%. Esta peça é a principal inovação tecnológica incorporada ao sistema de exaustão. A Original® não fabrica este componente porque o mesmo possui em seu interior uma “colméia de cerâmica”, material duro e extremamente quebradiço que faz a reação com os gases ao passar pelo material, tornando-os mais limpos. • Silenciador intermediário: é responsável pela redução dos ruídos emitidos pelo motor, através da eliminação das ondas sonoras de alta freqüência (acima de 500 Hz). • Silenciador traseiro: também é responsável pela redução dos ruídos, eliminando as ondas sonoras de baixa freqüência (abaixo de 500 Hz). Figura 6 – Componentes do Escapamento do Veículo Corsa Hatch Fonte – Catálogo de produtos 2007 da Original Escapamentos Os silenciadores podem apresentar três formas distintas de redução de ruídos, sendo elas: absorção, reflexão e combinado. Se distinguindo pela disposição das câmaras, com lã de vidro no caso da absorção, câmaras metálicas no caso da reflexão e combinado, como o próprio nome já cita, usa ambos os tipos de câmaras, citados anteriormente9. 8 sonda lambda: sensor instalado no escapamento para medir a emissão de oxigênio liberada com os gases de escape. Auxilia no mapeamento do motor para uma combustão homogênea 9 Disponível em: http://www.sicap.com.br/portugues/tecnologia_escapamentos.htm. Acesso em 20 mar. 2007. 15 Como os silenciosos e as tubulações do sistema de gás de escapamento constituem um sistema oscilante com sua própria ressonância natural, a posição dos silenciosos é muito significativa para a qualidade de amortecimento do som. O objetivo é ajustar os sistemas de gás de escapamentos o mais baixo possível, de modo que suas freqüências naturais não gerem ressonâncias na carroceria. Para evitar ruído estrutural e assegurar a isolação contra o calor para a parte inferior do veículo, os silenciosos apresentam, freqüentemente, paredes duplas e uma camada de oscilação. Dentro do silenciador há um conjunto de tubos. Esses tubos são projetados para criar ondas refletidas que interferem ou se anulam mutuamente. Os gases do escapamento e as ondas sonoras entram através do tubo central. Elas batem na parede traseira do silenciador e são refletidas através de um furo no corpo principal do silenciador. Eles passam por um conjunto de furos dentro de outra câmara, onde dão a volta e saem pelo último tubo, deixando o silenciador. A figura 7 apresenta um modelo do silenciador de câmaras metálicas.10 Figura 7 – Silenciador de Câmaras Metálicas Fonte: Manual da bosh 2.3 QUALIDADE Conforme BATEMAN, SNELL (1998): 10 Manual da Bosh, 25ª Edição, 2005 16 “Nos primeiros anos, a abordagem tradicional da qualidade era checar o trabalho após ele haver sido realizado e então eliminar os defeitos, utilizando inspeção e dados estatísticos para determinar se os produtos estavam conforme os padrões. Mas então, W. Edwards Deming, J.M. Juran e outros gurus da qualidade convenceram os administradores a adotar uma abordagem mais completa, visando atingir a qualidade total. A TQM (total quality management) inclui a prevenção de defeitos antes que eles ocorram, o atingimento de zero defeito na fabricação, o projeto de produtos para a qualidade e o fornecimento dos serviços de qualidade, bem como de produtos”. A modernização mercadológica, na transição do método do século XIX para o século XX, fez com que os envolvidos dos meios de produção atentassem para que o produto defeituoso encontrava menor aceitação do público consumidor. Desta forma, os empresários começaram a perceber que a atividade de inspecionar resultava num produto final com menos defeitos e problemas, reduzindo o custo de produção. Com a Revolução Industrial e o sistema fabril, surgiram estratégias adicionais como: especificações escritas, mensurações com instrumentos de medição adequados, e os laboratórios para testes e padronização. Para GARVIN (apud CARAVANTES, 1997, pg. 62-63), “do ponto de vista do controle da qualidade, a principal conquista foi a criação de um sistema racional de medidas, gabaritos e acessórios no início do século XIX”11 No início do século XX, Frederick W. Taylor, considerado o pai da “Administração Científica”, deu legitimidade à atividade de medição e principalmente de inspeção, considerando-as necessárias para um bom gerenciamento da fábrica. Com o passar dos anos, já na década de 1930, surge a necessidade de estipular limites de medição, uma vez que os inspetores não tinham parâmetro para reconhecer o momento em que a variação do resultado do processo poderia ou não ser considerada natural. Para suprir esta necessidade, foram definidos limites superiores e inferiores de controle para os processos produtivos, fazendo com que os níveis de qualidade aumentassem, às custas de um aumento de custo de inspeção, que seria facilmente compensado com a redução de gastos com retrabalho e perdas de material, bem como por meio do nível de qualidade oferecido. Esta ficou conhecida com a era do controle estatístico de processo. 11 Garvin, D. Gerenciando a qualidade: a visão estratégica e competitiva. Rio de Janeiro, Qualitymark, 1992. 17 O desenvolvimento teórico que daria origem à era da garantia de qualidade nos Estados Unidos surgiu nas décadas de 1940 e 1950 em forma de ferramentas cujo objetivo era “prevenir” ao invés de “remediar”, isto é, os custos com a qualidade poderiam ser reduzidos por meio de um acréscimo nos custos da prevenção. Apesar de grande parte dos autores desta “era” serem norte-americanos, a utilização de grande parte destas ferramentas se deu inicialmente no Japão. No final da década de 1970, o conceito de garantia de qualidade era visto em apenas algumas empresas dos Estados Unidos, especialmente naquelas ligadas as indústrias aeroespaciais e bélicas. Quando as empresas ocidentais começaram a praticar os fundamentos da era da garantia de qualidade, as empresas japonesas já iniciavam sua trajetória na era da gestão da qualidade total. 2.3.1 Controle da Qualidade Total O Controle da Qualidade Total – TQC (“Total Quality Control”) é um sistema gerencial que se baseia na “participação de todas as áreas e de todos os funcionários de uma organização, no estudo e na condução do Controle da Qualidade”. Seu núcleo é, portanto, o Controle da Qualidade, o qual é definido como “sistema de técnicas que permitem a produção econômica de bens e serviços que satisfaçam às necessidades do consumidor” (WERKEMA, 1995). O modelo de Controle de Qualidade Total faz com que as empresas mudem de forma bastante significativa e profunda. A sua implantação envolve a totalidade das pessoas da empresa, podendo levar de dois a três anos, numa empresa de médio porte, somente para capacitação das mudanças e organização de todo processo. De acordo com Campos (1992, p.15): [...] numa era de economia global não é mais possível garantir a sobrevivência da empresa apenas exigindo que as pessoas façam o melhor que puderem ou cobrando apenas resultados. Hoje são necessários métodos que possam ser utilizados por todos em direção aos objetivos de sobrevivência da empresa; estes métodos devem ser aprendidos e praticados por todos. Este é o princípio da abordagem gerencial do TQC. 18 Segundo a definição de Ishikawa (apud WERKEMA, 1995, p.09), “praticar um bom controle da qualidade é desenvolver, projetar, produzir e comercializar um produto de qualidade que seja mais econômico, mais útil e sempre satisfatório para o consumidor”. Vale ressaltar que para alcançar esse objetivo, faz-se necessário que todos dentro da organização busquem trilhar pelo mesmo caminho. Diversos autores defendem que a Gestão pela Qualidade Total ou o TQCTotal Quality Control é uma estratégia administrativa e que deve estar alinhada à estratégia de negócio da empresa. A estratégia é um elemento importante para as organizações atuarem no mercado de forma competitiva, pois é com o uso adequado da estratégia que as organizações conseguem um melhor posicionamento e retorno financeiro de longo prazo e obter a longevidade de suas empresas (DE GEUS,1999). Os primeiros registros sobre estratégia datam de mais de dois mil anos a.C. e tratam da seleção de estratégias especificadamente no contexto de batalhas militares (ANSOFF, 1990). A origem do termo reside na atividade militar e deriva de duas palavras gregas: “stratos”, que significa exército, e “legein”, que significa conduzir. Em sentido literal, estratégia significa o modo ou a arte de conduzir batalhas para vencer a guerra. Esses escritos codificam e expressam a sabedoria do senso comum a respeito das condições ideais para se atacar um inimigo e defender a própria posição (MINTZBERG, AHLSTRAND & LAMPEL, 2000). Com base nos conceitos de planejamento e gestão, existem ferramentas e estratégias para a implantação da qualidade total. A implantação da qualidade total, em qualquer segmento, só é possível através do desenvolvimento de métodos e técnicas que mostrem a grande contribuição que a qualidade traz a organização. O primeiro conjunto de técnicas da Qualidade Total envolve as “ferramentas”, que segundo Paladini (1997, p.66): [...] são dispositivos, procedimentos gráficos, numéricos ou analíticos, formulações práticas, esquemas de funcionamento, mecanismos de operação, enfim métodos estruturados para viabilizar a implantação da Qualidade Total. Normalmente, cada ferramenta refere-se uma área específica do projeto ou do funcionamento do sistema de qualidade ou, ainda, da avaliação de seu desempenho. As ferramentas dispõem de ênfase específica, que pode referir-se a uma análise prática do processo produtivo para, por exemplo, determinar previsões acerca de seu desenvolvimento; ou a análise 19 da ação de concorrentes em uma mesma faixa de mercado ou, ainda, a como melhor atender um grupo de consumidores. Paladini (1997) afirma que existem muitas ferramentas em uso para a implantação da Qualidade Total, só que as mais conhecidas podem ser agrupadas em três classes: • Ferramentas tradicionais; • As derivadas de novas estruturas dos sistemas produtivos; e • As “novas ferramentas da qualidade”. 2.3.2 Ferramentas Tradicionais da Qualidade São consideradas ferramentas tradicionais aquelas que foram desenvolvidas há mais tempo, ou aquelas trazidas de outras ciências ou áreas de conhecimento (PALADINI, 1997). Nota-se nestas ferramentas a forte ênfase para o Controle da Qualidade, com ações voltadas para a avaliação da qualidade em processos e produtos. As sete ferramentas tradicionais da qualidade total mais utilizadas são: • Diagrama de causa-efeito; • Histogramas; • Gráficos de controle; • Folhas de checagem • Gráficos de pareto; • Fluxogramas; e • Diagramas de dispersão. 2.3.3 Diagrama de Causa e Efeito “Este diagrama, originalmente proposto por Kaoru Ishikawa na década de 60, já foi bastante utilizado em ambientes industriais para estudar as causas de dispersão de qualidade no produto e no processo de produção. Também chamada de diagrama de causa e efeito, é uma ferramenta gráfica utilizada para explorar e 20 identificar direcionadores, ou drivers, que potencialmente levam ao Efeito Indesejável, partindo de um” problema de interesse"12. Deve-se definir o efeito a ser estudado e colocá-lo dentro de um retângulo ou círculo. Deste efeito, deve ser puxada uma linha no sentido horizontal. Desta linha, são retiradas “espinhas de peixe” para relacionar as causas primárias, podendo estas ser divididas em: máquina, método, mão de obra, matéria-prima, medição e meio ambiente. Por causa do formato, alguns chamam o diagrama de causa e efeito de “Diagrama de espinha de peixe”. A figura 8 a seguir apresenta um exemplo de Diagrama de Causa e Efeito contendo quatro causas primárias. Figura 8: Diagrama de Causa e Efeito de Ishikawa – D.C.E.I. Fonte: http://www.numa.org.br13 O diagrama de Ishikawa conduz a uma miríade de causas, sem estabelecer exatamente quais as raízes do problema. O diagrama apresenta como pontos fortes: • é uma boa ferramenta de levantamento de direcionadores; • é uma boa ferramenta de comunicação; • estabelece a relação entre o efeito e suas causas; e • possibilita um detalhamento das causas. 12 jun 2007. Disponível em: http:// ww.numa.org.br/tranfmeth/ferramentas/ffishikawa.htm. Acesso em 29 21 Os pontos fracos do diagrama de causa e efeito são: • não apresenta os eventuais relacionamentos entre as diferentes causas; e • não focaliza as causas que devem efetivamente ser atacadas. 2.3.4 Pareto “O gráfico de pareto é um diagrama de barras que ordena as ocorrências da maior para a menor, priorizando assim, o ataque aos problemas. Este diagrama, é um diagrama que dispõe de barras verticais de forma que a informação torna-se evidente e visual a priorização de temas e projetos”.14 Iniciando um procedimento de análise e solução de problemas, o gráfico de Pareto segue algumas etapas como: identificação do problema, estratificação do problema e coleta dos dados. Para traçar o gráfico, dois eixos verticais principais representarão a porcentagem e a quantidade acumulada. O eixo horizontal é subdividido nos vários problemas selecionados na estratificação do problema. Plotando as barras dos respectivos problemas, pode-se traçar a curva de pareto que marca os valores percentuais acumulados. Permitindo assim a visualização e identificação das prioridades a serem abordadas. O gráfico 4 a seguir mostra um modelo do Gráfico de Pareto. Gráfico 4: Gráfico de Pareto Modelo Fonte: http://www.geranegocio.com.br 13 15 Disponível em: http://www.numa.org.br/transmeth/ferramentas/ffishikawa.htm. Acesso em 29 junho de 2007 14 Texto produzido da Apostila de gestão da qualidade. Autor: Prof. José Glauber D. M. Monteiro, 2006 15 Disponível em http://www.geranegocio.com.br/html/geral/ql4a.html. Acesso em 20 setembro de 2007 22 Problemas relativos à qualidade aparecem sob a forma de perdas (itens defeituosos e seus custos). É extremamente importante esclarecer o modo de distribuição destas perdas. O Gráfico de Pareto surge exatamente como ferramenta ideal para identificar quais itens são responsáveis pela maior parcela das perdas onde quase sempre são poucas as vitais e muitas as triviais. Então se os recursos forem concentrados na identificação das perdas vitais, e estas puderem ser identificadas, torna-se possível a eliminação de quase todas as perdas, deixando as triviais para solução posterior. 2.4 FMEA A FMEA – Failure Modes and Effects Analysis, é uma ferramenta analítica utilizada para analisar modos potenciais de falha de produtos e processos industriais ou administrativos, mapeando todas as possíveis causas de falhas e assim determinando quais seus efeitos sobre o sistema (processo ou produto). De acordo com Helman (1995), são inúmeros os benefícios que a FMEA pode trazer para um processo, tais como, a possibilidade de que os procedimentos sejam padronizados, que todas as análises de falhas efetuadas sejam registradas e por conseqüente priorização de projetos de melhorias. A FMEA pode ser aplicada de três maneiras, porém, o princípio da metodologia é o mesmo independente do tipo de aplicação. A análise consiste basicamente na formação de um grupo de pessoas que identificam para o produto/processo em questão suas funções, os tipos de falhas que podem ocorrer, os efeitos e as possíveis causas desta falha. Em seguida são avaliados os riscos de cada causa de falha por meio de índices e, com base nesta avaliação, são tomadas as ações necessárias para diminuir estes riscos, aumentando a confiabilidade do produto/processo. A seguir, estão apresentados os três tipos de FMEA: • FMEA de produto, seu objetivo é avaliar possíveis falhas no projeto do produto antes que seja liberado para a produção. Foca atender aos objetivos pré-definidos do projeto, para isso as falhas em relação ao cumprimento dos objetivos definidos para cada uma de suas características são analisadas. Na FMEA de produto, são definidas as necessidades de alterações no projeto do 23 produto, estabelecido prioridades para as ações de melhoria, definido testes e validação do produto, identificando características críticas e avaliados requisitos e alternativas do projeto. • FMEA de processo, busca avaliar as falhas nos processos antes da sua liberação para produção. Foca atender aos objetivos pré-definidos do processo e está diretamente ligado à capacidade do processo em cumprir esses objetivos. Na FMEA de processo são definidas as necessidades de alterações no processo, estabelecidas prioridades para as ações de melhoria, executado plano de controle do processo e análise dos processos de manufatura e montagem. • FMEA de sistema ou conceito, é utilizado para avaliar as falhas em sistemas nos estágios iniciais de conceituação e projeto. Enfoca as falhas do sistema em relação às suas funcionalidades e no atendimento das expectativas dos clientes, ou seja, está diretamente ligado à percepção do cliente em relação ao sistema. Recomenda-se, sempre que possível, realizar o estudo antes do produto/processo ser realizado, e não após a ocorrência de falha. Sendo assim, o correto a se fazer seria elaborar um “esquema” do processo, por exemplo. Este esquema possibilitaria uma visão geral de como este processo é afetado pelas diversas áreas da empresa facilitando, ao estudas os modos de falha, buscar a causa do problema. Com o desenho do processo em mãos, torna-se menos complicada análise de todo o sistema. Hellman (1995, citado por Silva, Tin e Oliveira, 1997) sugere que as seguintes etapas para elaboração da análise da FMEA: • Definir a equipe responsável pela execução; • Definir os itens do sistema que serão considerados; • Preparação prévia: coleta de dados; • Análise Preliminar; • Identificação dos tipos de falha e seus efeitos; • Identificação das causas das falhas; • Identificação dos controles atuais; • Análise das falhas para determinação de índices; 24 • Análise das recomendações; • Revisão dos procedimentos; • Preenchimento dos formulários da FMEA; e • Reflexão sobre o processo. 2.4.1 A Tabela da FMEA Durante a aplicação da FMEA de um produto/processo, este deve ser registrado em uma tabela padrão. Basicamente pode-se dizer que esta tabela é uma espécie de roteiro que reúne os possíveis modos potenciais de falha associados com suas causas, efeitos, ações corretivas, dentre outros. Os campos utilizados na tabela são os seguintes: a) Número do FMEA: Este campo representa o número da tabela analisada. Cada produto/processo deve possuir um número de forma a facilitar a rastreabilidade da documentação futuramente; b) Identificação do Item: Identifica o produto/processo a ser estudado; c) Modelo/Ano: Este campo deve ser preenchido com o nome e o ano do produto final a ser analisado ou resultado do processo em estudo; d) Departamento: Identifica o departamento responsável pelo estudo; e) Preparado por: Apresenta o nome e o telefone do responsável pela coordenação do estudo; f) Data Limite: Este campo apresenta a data limite para que o estudo seja finalizado; g) Data do FMEA: Data de início do estudo e data da última revisão; h) Equipe de Estudo: Listar o nome de todos os integrantes da equipe associados aos seus departamentos; i) Operação/Propósito: Esta coluna deve ser preenchida com uma descrição simples de cada operação a ser analisada; j) Modo Potencial de Falha: Maneira pela qual a operação pode falhar. Trata-se de uma possível não conformidade que possa ser detectada durante o processo. Podem existir mais de um modo potencial de falha para cada operação; 25 k) Efeito Potencial de Falha: Os efeitos são as conseqüências dos modos potenciais de falha. l) Severidade (S): A severidade é definida, em termos de impacto que o efeito do modo potencial de falha tem sobre a operação do sistema, e, por conseguinte, sobre a satisfação do cliente. A severidade é estimada em uma escala de 1 à 10, e sugere-se o uso do critério apresentado na tabela 1 a seguir: Tabela 1: Severidade do Efeito SEVERIDADE DO EFEITO MUITO ALTA - Quando compromete a segurança da operação ou envolve infração a regulamentos governamentais. ALTA - Quando provoca alta insatisfação do cliente. ESCALA 10 9 8 7 MODERADA - Quando provoca alguma insatisfação devido à queda do desempenho ou mal funcionamento do sistema. 6 BAIXA – Quando provoca uma leve insatisfação, o cliente observa apenas uma leve deteorização ou queda no desempenho. 4 MÍNIMA - Falha que afeta minimamente o desempenho do sistema, e a maioria dos clientes talvez nem mesmo note sua ocorrência. 2 5 3 1 Fonte: RIBEIRO & FOGLIATTO, 1999 m) Classificação: Esta coluna é utilizada para classificar qualquer operação como crítica para a segurança ou para a qualidade. Nestes casos, podem ser necessários controles especiais sobre a operação; n) Causa/Mecanismos potenciais de falha: Nesta coluna devem ser identificadas as origens de cada modo potencial de falha. É considerada uma das etapas mais importantes do FMEA; o) Ocorrência: Está relacionada com a freqüência em que ocorrem as causas/mecanismos de falha listadas na coluna anterior. A avaliação da ocorrência é feita utilizando-se uma escala de 1 a 10 com base nos critérios apresentados na tabela 2 a seguir: 26 Tabela 2: Probabilidade de Ocorrência Probabilidade de Ocorrência Muito Alta – Falha quase inevitável Alta – Falhas ocorrem com frequência Moderada – Falhas ocasionais Baixa – Falhas raramente ocorrem Mínima – Falha muito improvável Cpk Taxa de Falha Escala 0,3 1/2 10 0,4 1/3 9 0,6 1/8 8 0,7 1/20 7 0,9 1/80 6 1,0 1/400 5 1,2 1/2000 4 1,3 1/15000 3 1,6 2,0 Fonte: RIBEIRO & FOGLIATTO, 1999 p) 1/150000 2 1/1500000 1 Controles Atuais no Projeto: Forma com a qual é detectada uma falha em determinada etapa do processo; q) Detecção (D): Nesta coluna busca-se fazer uma estimativa da eficiência de cada controle atual em detectar um modo potencial de falha. Assim como na coluna de severidade e ocorrência, é utilizada uma escala de 1 a 10 para avaliar a habilidade de cada controle (ver tabela 3). Tabela 3: Probabilidade de Detecção do Modo de Falha Probabilidade de Detecção do Modo de Falha Quase impossível de detectar – os controles não irão detectar este defeito, ou não existe controle Muito baixa – o defeito provavelmente não será detectado Baixa – Há uma baixa probabilidade dos controles detectarem o defeito Moderada – Os controles podem detectar o defeito Escala 10 9 8 7 6 5 4 Alta – Há uma boa probabilidade dos controles detectarem o defeito 3 Muito Alta – É quase certo que os controles irão detectar este defeito 2 1 Fonte: RIBEIRO & FOGLIATTO, 1999 27 r) Risco (R): O risco é calculado para priorizar ações de correção/melhoria e cresce na medida que cresce a severidade, a probabilidade de ocorrência e a probabilidade de não detecção. Seu valor pode variar de 1 a 1000, e equipe deve concentrar seus esforços nos itens onde o risco é maior. A fórmula utilizada para o cálculo do risco é a seguinte: R=SxOxD s) Ações Recomendadas: Devem ser recomendadas ações para os itens de maior risco dentro do processo estudado. Estas ações devem reduzir a severidade do efeito, a probabilidade de ocorrência ou a probabilidade de não detecção; t) Responsável e Data (para ação): Deve ser identificado o grupo ou indivíduo responsável por cada ação recomendada e as datas para a conclusão de cada tarefa; u) Ações efetuadas: Esta coluna deve conter uma breve descrição das ações implantadas assim como as datas correspondentes à implantação; v) Risco Resultante: Identificadas as ações corretivas, deve ser feita uma estimativa da situação futura para a severidade, ocorrência e detecção. Caso nenhuma ação seja prevista, esta coluna deve ficar em branco. Ao final, os riscos resultantes devem ser novamente analisados e, caso ações adicionais forem consideradas necessárias, deve-se repetir os passos de r até v. 2.4.2 Acompanhamento Terminada a análise do processo e tendo em mãos os registros da tabela de FMEA, o responsável pela coordenação do estudo deve assegurar que todas as ações recomendadas tenham sido implementadas de forma efetiva. A FMEA tem um desenvolvimento dinâmico e deve ser atualizado sempre que necessário de forma a registrar todas as modificações efetuadas e manter a avaliação dos riscos associados ao processo em questão em dia. 28 2.5 BRAINSTORMING O Brainstorming (ou tempestade de idéias) não é somente de uma técnica de dinâmica realizada em grupo e sim uma atividade coletiva projetada para gerar um grande número de idéias para a solução de eventuais paradigmas e bloqueios existentes, onde o participante apresenta idéias de forma livre, sem críticas, conseguindo assim desencadear idéias e conceitos de todos os participantes. Este método é de autoria do norte americano Alex Faickney Osborn que em 1930, publicou: “Imaginação Aplicada”. Segundo Osborn (1930) “O humano é capaz tanto do julgamento como da criatividade. Embora nossa educação nos ensine apenas a usar o julgamento”. 2.5.1 Princípios e Regras Pode-se ressaltar dois princípios básicos do brainstorming: • O atraso do julgamento: atrasando ou postergando um julgamento de uma determinada idéia é dada a hipótese de se gerarem muitas outras idéia antes de se decidir por uma. • Criatividade em quantidade e qualidade: sendo dada maior ênfase ao quesito quantidade ao invés da qualidade aumenta-se assim a probabilidade de surgirem boas idéias no meio de um número elevado de idéias. Existem quatro regras que são seguidas com a intenção de reduzir a inibição dos integrantes do grupo e estimular por conseqüente a geração de novas idéias. Críticas são rejeitadas: Nunca criticar uma idéia por mais absurda que possa aparecer. Esta é provavelmente a regra mais importante, o seu não cumprimento é a razão mais crítica para que a sessão de brainstorming não resulte positivamente. Este serviço deve ser feito em etapas posteriores da solução do problema. Criatividade é bem-vinda: Esta regra é utilizada para encorajar os participantes a sugerir qualquer idéia que lhe venha à mente, sem preconceitos e sem medo que isso o vá avaliar imediatamente. As idéias mais desejáveis são aquelas que inicialmente parecem ser sem domínio e muito longe do que poderá ser uma solução. Quando se segue esta regra, cria-se automaticamente um clima de brainstorming apropriado. Isso aumenta também o número de idéias geradas. 29 Quantidade é necessária: Quantidade gera qualidade, esta regra é o meio de aumentar a possibilidade de que soluções de naturezas bem distintas para o um mesmo problema possam surgir. A suposição é que quanto o maior o número de idéias geradas, maior será a possibilidade de produzir uma solução radical e eficaz. Combinação e aperfeiçoamento são necessários: O objetivo desta regra é encorajar a geração de idéias adicionais para a construção e reconstrução sobre as idéias já apresentadas. As idéias boas podem ser combinadas para dar forma a uma única idéia muito boa, como sugerido pelo slogan "1+1=3". 2.5.2 Aplicação Na sua criação o brainstorming teve como meta solucionar problemas em áreas de relações humanas, quando se necessitava de respostas rápidas a questões relativamente simples, atualmente esta técnica tem sido difundida e inserida em diversas outras áreas tais como: educação, negócios, e outras situações mais técnicas. Tornando-se uma das técnicas mais populares e eficazes. Sua aplicação pode se dar em: • Desenvolvimento de novos produtos - obtenção de idéias para novos produtos e efetuação de melhoria em produtos já existentes. • Publicidade - desenvolvimento de idéias para campanhas de publicidade. • Resolução de problemas - conseqüências, soluções alternativas, análise de impacto, avaliação. • Gestão de processos - encontrar formas de melhoraria em processos comerciais e de produção. • Gestão de projetos - identificação da necessidade do cliente, riscos, entregas, pacotes de trabalho, recursos, tarefas e responsabilidades. • Formação de equipes - divisão de responsabilidades e discussão de idéias enquanto se estimulam os participantes a raciocinar. 30 2.5.3 Etapas do Brainstorming Embora não haja um procedimento específico de realização do brainstorming uma linha de raciocínio pode ser seguida para que se tenha um melhor resultado desta atividade. Podendo ser dividida em três etapas principais: • Encontrar os fatos: para isso faz-se necessário dividirmos esta etapa em duas sub partes: • Definição do problema: Inicialmente faz-se o levantamento do problema que poderá ser definido através de uma pergunta direta, por exemplo: qual o motivo de desperdício de tempo na produção?, caso o problema muito grande poderá ser necessário subdividi-lo em várias partes. • Preparação: Seleciona-se um grupo de cinco a dez participantes apresentando a eles o problema, incluindo seu contexto, bem como algumas soluções e outros aspectos que se revelem úteis para o caso. É interessante que as pessoas do grupo tenham alguma familiaridade com o problema em causa, assim como devem ser escolhidas pessoas que estejam no mesmo patamar hierárquico na organização, para que não haja indivíduos receosos diante do seu superior. • Geração de idéias: colher todas as informações que pode relacionar-se com o problema. Os indivíduos reunidos irão explanar suas idéias e sugestões para melhoria ou solução do problema. É interessante que neste momento sejam lembradas as quatro regras principais do brainstorming. • Encontra solução: neste momento são avaliadas todas as idéias expostas anteriormente e selecionadas as melhores para uma possível implementação ou estudo adicional. A composição dos membros deste grupo pode variar. Podendo consistir de pessoas que faziam parte do grupo de geração de idéias, ou de pessoas deste grupo com pessoas externas, ou de um grupo de novos indivíduos. 31 3 MODELO PROPOSTO Para determinar os efeitos potenciais de falha no processo de fabricação de silenciadores traseiros do veículo corsa hatch da empresa Original® Escapamentos, inicialmente foi realizado um brainstorming com uma equipe de sete pessoas, composta pelos integrantes do trabalho e alguns colaboradores da empresa. O objetivo de identificar efeitos potenciais de falha é o de, posteriormente, através do Diagrama de Causa e Efeito, realizar a análise das causas geradoras de desperdícios dentro do processo estudado. 3.1 EQUIPE DE TRABALHO A equipe de trabalho foi criada com o intuito de reunir pessoas que atuam no chão de fábrica, no cotidiano da empresa, e os autores, sendo que o foco de todo o trabalho esteve na identificação dos efeitos potenciais de falha que gerassem maior custo dentro do processo. A seguir, estão listados os nomes dos integrantes da equipe de trabalho: Bernardo Wanderley autor do estudo Claiton Reikdal autor do estudo e colaborador Rafael Quevedo autor do estudo Edivaldo Brito coordenador de turno Joel de Oliveira coordenador de turno Itamar Lissa encarregado geral de produção Carlos Servidoni engenheiro de processos 3.2 EFEITOS POTENCIAIS DE FALHA Para determinar os efeitos potenciais de falha no processo produtivo, a equipe de trabalho reuniu-se na própria empresa, realizando duas seções de 30 minutos, em dois dias distintos, com diferentes coordenadores de turno, em cada 32 seção. Foi realizado o brainstorming nas seguintes fases de produção: fase do suporte, fase do tubo de entrada, fase do tudo de saída, fase do silenciador, fase do reforço, fase da montagem e fase de limpeza e pintura. Os resultados do brainstorming foram: A. Fase do Suporte Efeitos potenciais de falha: • Mão de obra não capacitada; • Matéria-prima não conforme; e • Problemas com serviços de terceirização. B. Fase do Tubo de Entrada Efeitos potenciais de falha: • Baixa confiabilidade de máquina; • Matéria-prima não conforme; • Demora de set-up de máquina; e • Mão de obra não capacitada. C. Fase do Tudo de Saída Efeitos potenciais de falha: • Baixa confiabilidade de máquina; • Demora de set-up de máquina; e • Mão de obra não capacitada. D. Fase do Silenciador Efeitos potenciais de falha: • Mão de obra não capacitada; • Atraso na entrega de matéria-prima; • Indisponibilidade dos componentes;e • Demora de set-up de máquina. 33 E. Fase do Reforço Efeito potencial de falha: • Mão de obra não capacitada. F. Montagem Efeitos potenciais de falha: • Indisponibilidade dos componentes; • Baixa confiabilidade de máquina; e • Mão de obra não capacitada. G. Limpeza e pintura Efeitos potenciais de falha: • Mão de obra não capacitada; e • Matéria-prima não conforme. Depois de levantados os efeitos potenciais de falha, surgiu a necessidade de classificar estes efeitos para determinar o grau de importância de cada um deles dentro do processo produtivo. Para tanto, os autores optaram por criar um critério de repetibilidade dos efeitos potenciais de falha, criando uma escala para a classificação de cada um deles conforme sua repetição dentro do processo. A tabela 4 a seguir apresenta a classificação e a pontuação dos efeitos potenciais de falha. Tabela 4 – Classificação e Pontuação para Efeitos Potenciais de Falha Repetição/período Repetibilidade Pontuação Menos de 1 vez/mês Mínima 1 ponto Uma vez/mês Baixa 2 pontos 2 vezes/mês Moderada 3 pontos 3 vezes/mês Alta 4 pontos Muito alta 5 pontos 4 vezes/mês ou mais Fonte: Os autores 34 Como pode ser observado na tabela 4, o critério de classificação utilizado foi o de repetibilidade por período, isto é, o efeito que ocorrer quatro ou mais vezes no período de um mês será considerado de repetibilidade muito alta, acarretando em uma pontuação de cinco pontos. Por outro lado, se um efeito ocorrer menos de uma vez ao mês, este será considerado de repetibilidade mínima, acarretando em apenas um ponto. Para exemplificar, foi utilizado o efeito potencial de falha mão de obra não capacitada16, que apareceu em várias fases do processo produtivo. Sua classificação foi obtida de acordo com a tabela 5 a seguir. Tabela 5 – Pontuação do Efeito Mão de Obra Não Capacitada FASE DO PROCESSO REPETIBILIDADE PONTUAÇÃO Suporte moderado 3 pontos Tubo de entrada moderado 3 pontos Tubo de saída moderado 3 pontos Silenciador muito alto 5 pontos Reforço moderado 3 pontos alto 4 pontos mínimo 1 ponto 22 pontos Montagem Limpeza e Pintura Total Fonte: Os autores Desta maneira, o efeito mão de obra não capacitada, recebeu um total de 22 pontos. Para todos os outros efeitos identificados, foi realizado o mesmo tipo de análise e criadas tabelas individuais com pontuações para cada um deles. O somatório dos pontos de todos os efeitos foi de 58. Os autores adotaram este valor como 100% dos pontos, e atribuíram uma porcentagem para cada efeito proporcional a este total. A tabela 6 a seguir apresenta cada efeito relacionado com o seu somatório individual e com sua porcentagem em relação ao total. Os efeitos estão dispostos de 16 Mão de obra não capacitada deve ser entendido como o trabalho realizado por colaboradores não treinados para a atividade, mas com capacidade física e mental para a execução de determinada atividade. 35 forma decrescente de pontos, isto é, do efeito que apresenta maior pontuação para o efeito que apresenta menor pontuação. Tabela 6 – Pontuação Total dos Efeitos Potenciais de Falha EFEITO POTENCIAL DE FALHA PONTUAÇÃO PORCENTAGEM Mão de obra não capacitada 22 pontos 37,93% Matéria-prima não conforme 11 pontos 18,97% Baixa confiabilidade de máquina 8 pontos 13,79% Indisponibilidade dos componentes 8 pontos 13,79% Demora de set-up de máquina 6 pontos 10,34% Atraso na entrega de material 2 pontos 3,45% Problemas com serviço de terceirização 1 ponto 1,72% Total 58 pontos Fonte: Os autores 3.3 DIAGRAMA DE PARETO Com base no total de pontos recebidos em cada efeito potencial de falha foi criado um diagrama de pareto representando todos os efeitos identificados pela equipe de trabalho no brainstorming. O gráfico 5 a seguir apresenta o diagrama de pareto dos efeitos potenciais de falha. Gráfico 5 – Pareto dos Efeitos Potenciais de Falha Fonte: Os autores 36 Como é possível notar pelo gráfico, o efeito mão de obra não capacitada representa 37,93% de todos os efeitos detectados no processo, e os efeitos mão de obra não capacitada, matéria prima não-conforme, indisponibilidade dos componentes e baixa confiabilidade de máquina representam juntos, 84,48% de todos os efeitos. Isto significa que corrigindo estes quatro efeitos, espera-se obter uma melhoria de 84,48% no processo. 3.4 DIAGRAMA DE CAUSA E EFEITO O diagrama de causa e efeito é utilizado para detectar as causas de um efeito indesejado. Os autores optaram por trabalhar com apenas os efeitos que compõe 84,48% do total, pois estes são os de maior relevância para a melhoria do processo. Para tanto, a equipe de trabalho reuniu-se novamente para realizar outro brainstorming, desta vez em busca das causas primárias potenciais de falha. O resultado deste brainstorming foi dividido em quatro partes, de acordo com cada efeito: EFEITO 1: Mão de obra não capacitada Causas potenciais de falhas: • Falta de treinamento: a mão de obra não recebe treinamento nas atividades a serem realizadas; • Falta de incentivo para trabalhar corretamente: os trabalhadores não ganham bonificações quando excedem suas metas e objetivos; • Falta de experiência: operadores designados para fazer uma atividade a qual não lhe foi requisitada na contratação, em seu currículo; e • Falta de supervisão: o supervisor muitas vezes é conivente com o erro para evitar desavenças dentro do grupo. A figura 9 a seguir apresenta o diagrama de causa e efeito desenvolvido para o efeito “mão de obra não capacitada”. 37 Figura 9: Ishikawa do Efeito: “Mão-de-Obra Não Capacitada” Fonte: Os autores EFEITO 2: Matéria-prima não conforme Causas potenciais de falhas: • Fora de especificações: o padrão das folhas de chapa é 1,20 m x 2,00 m, quando esta medida vem diferente ocorrer muitas perdas no corte. • Estocagem incorreta: As prateleiras de tubos são mal projetadas para a estocagem, criando grandes dificuldades de armazenar e/ou utilizar a MP; • Descarregamento: ao descarregar a MP, a folha de chapa pode ser danificada, ocorrendo perdas nestas áreas; e • Variação climática: o tempo muitas vezes frio e úmido atrapalha o processo de expansão de tubos, ocasionando trincas. A figura 10 a seguir apresenta o diagrama de causa e efeito desenvolvido para o efeito “matéria-prima não conforme”. 38 Figura 10: Ishikawa do Efeito: “Matéria-Prima Não Conforme” Fonte: Os autores EFEITO 3: Baixa confiabilidade de máquina Causas potenciais de falhas: • Manutenção preventiva: as máquinas recebem apenas a manutenção preventiva, não tendo a devida atenção para a manutenção preditiva. • Utilização inadequada: Utilizar a máquina fora dos procedimentos padrões; • Problema nos componentes: alguns componentes não apresentam bons estados, piorando a qualidade do serviço executado pela máquina; e • Regulagem: a regulagem incorreta causa quebras de componentes e perdas de MP. A figura 11 a seguir apresenta o diagrama de causa e efeito desenvolvido para o efeito “baixa confiabilidade de máquina”. 39 Figura 11: Ishikawa Efeito: “Baixa Confiabilidade de Máquina” Fonte: Os autores EFEITO 4: Indisponibilidade dos componentes Causas potenciais de falhas: • Problema de comunicação: se qualquer um dos setores não produzir o necessário, na hora correta, irá faltar algum componente para montagem, impossibilitando a mesma; • Falta de planejamento de produção: produtos solicitados com urgência, criam grandes transtornos na produção; • Demora na entrega de serviços terceirizados: o atraso na galvanização dos componentes(suportes); • Falta de estoque intermediário: alguns produtos não apresentam estoque intermediário. Sendo estes de fabricação demorada e trabalhosa. A figura 12 a seguir apresenta o diagrama de causa e efeito desenvolvido para o efeito “indisponibilidade dos componentes”. 40 Figura 12: Ishikawa do Efeito: “Indisponibilidade dos Componentes” Fonte: Os autores 41 4 DESCRIÇÃO DO ESTUDO E RESULTADOS Neste capítulo são tratados individualmente os quatro efeitos através da ferramenta FMEA – Failure Modes and Effects Analysis. 4.1 FMEA: MÃO DE OBRA NÃO CAPACITADA O efeito mão de obra não capacitada apareceu em oito modos potenciais de falha, sendo eles: • Falha no suporte; • Falha no tubo de entrada; • Falha no tubo de saída; • Falha no silenciador; • Falha no reforço; • Falha na montagem; • Falha na limpeza; e • Falha na pintura. Para aplicar a ferramenta FMEA de análise dos modos potenciais de falha, primeiramente deve-se analisar a severidade do efeito estudado. A severidade é definida de acordo com o impacto que o mesmo tem sobre a operação do sistema e sobre a satisfação do cliente, sendo que em uma escala de 1 a 10, considera-se o número 10 como grau de alta severidade, e 1 como grau de baixa severidade. Com base no brainstorming e no gráfico de Pareto realizado na primeira etapa deste estudo, o efeito mão de obra não capacitada foi considerado como de maior severidade, recebendo neste critério grau 10. Na segunda etapa do estudo, as principais causas da mão de obra não capacitada foram definidas como sendo: falta de treinamento, incentivo, experiência e supervisão. A ocorrência em que ocorrem as causas de falha é definida com base em uma escala de 1 a 10, sendo que uma ocorrência alta, onde existe a certeza de que a falha irá acontecer, recebe o grau 10, enquanto a ocorrência mínima, onde a falha é improvável, recebe grau 1. 42 A equipe de trabalho definiu um grau de ocorrência baseado em duas situações, realizando o mesmo estudo que identificou na repetibilidade de cada efeito, consistindo em reuniões de brainstorming com os operadores e líderes de cada setor envolvido no estudo: a) o fato de o produto defeituoso chegar nas mãos do cliente, ou seja, se existem duas causas que possuem repetibilidade parecidas, mas uma delas pode chegar as mãos do cliente, ela passará a ter um grau superior a outra causa em comparação; e b) o quanto a causa afeta no processo produtivo, isto é, se aumentar o lead time do produto em estudo, o grau é considerado alto em relação as outras causas de comparação. Desta forma obteve-se o seguinte resultado: • Falta de treinamento – ocorrência = 5 • Falta de incentivo – ocorrência = 1 • Falta de experiência – ocorrência = 3 • Falta de supervisão – ocorrência = 1 Para completar a tabela de FMEA, devem ser definidos quais os controles atuais existentes no processo que permitem que as falhas sejam detectadas. Além disso, é feita uma estimativa da eficiência de cada controle atual em detectar um modo potencial de falha, utilizando-se uma escala de 1 a 10, onde o grau 10 é atribuído para o controle que com certeza não detectará e 1 para o controle que detectará a falha. Para este estudo sempre que não existe controle do processo, foi considerado grau 10. Para cada uma das causas, os controles existentes são: • Falta de treinamento – não existe = 10 • Falta de incentivo – Pesquisa anual feita com os colaboradores = 2 • Falta de experiência – não existe = 10 • Falta de supervisão – não existe = 10 Para cada causa, devem ser recomendadas ações para que as falhas não voltem a ocorrer no processo produtivo. Para tanto, é calculado um risco, isto é, um valor mensurável para priorizar ações de melhoria e cresce na medida que cresce a severidade, a probabilidade de ocorrência e a probabilidade de não detecção. 43 A maneira utilizada para o cálculo do risco é a multiplicação dos graus atribuídos para cada causa: Risco = Severidade x Ocorrência x Detecção (01) Sendo assim, para as causas detectadas, o risco calculado foi: • Falta de treinamento – R = 500 • Falta de incentivo – R = 20 • Falta de experiência – R = 300 • Falta de supervisão – R = 100 As ações recomendadas para cada causa potencial de falha serão discutidas no capítulo 5. O anexo 3 mostra a tabela FMEA do Efeito Potencial de Falha mãode-obra não capacitada considerando os respectivos graus atribuídos. 4.2 FMEA: MATÉRIA-PRIMA NÃO CONFORME Assim como para o efeito potencial de falha mão de obra não capacitada, a ferramenta FMEA também foi aplicada no efeito “matéria prima não conforme”, que apareceu em quatro modos potenciais de falha, sendo eles: • Falha no suporte; • Falha no tubo de entrada; • Falha na limpeza e • Falha na pintura. Com base no brainstorming e no gráfico de Pareto realizado na primeira etapa deste estudo, o efeito matéria prima não conforme foi considerado como o segundo mais severo, recebendo neste critério grau cinco. As causas definidas para o aparecimento de matéria prima (MP) não conforme foram: matéria prima fora das especificações, estocagem incorreta da matéria prima, descarregamento inadequado da matéria prima e variação climática. O grau de ocorrência para cada causa foi definido como: • MP fora das especificações – ocorrência = 2 • Estocagem incorreta da MP – ocorrência = 1 44 • Descarregamento inadequado da MP – ocorrência = 2 • Variação climática – ocorrência = 5 Os controles existentes para detectar cada causa de falha no processo foram Formatados: Marcadores e numeração definidos como sendo: • MP fora das especificações – Medição da primeira chapa do lote no descarregamento = 6 • Estocagem incorreta da MP – não existe = 10 • Descarregamento inadequado da MP – não existe = 10 • Variação climática – não existe = 10 De acordo com a equação 1, o risco calculado para cada causa potencial de falha foi: • MP fora das especificações – R = 60 • Estocagem incorreta da MP – R = 50 • Descarregamento inadequado da MP – R = 100 • Variação climática – R = 250 As ações recomendadas para as causas estudadas serão discutidas no capítulo 5. O anexo 4 mostra a tabela FMEA do efeito potencial de falha “matéria prima não conforme” considerando os respectivos graus atribuídos. A figura 13 a seguir mostra um exemplo de matéria prima danificada, já cortada e separada do restante do material conforme. Figura 13: Material Não Conforme Separado Fonte: os autores Excluído: ¶ 45 4.3 FMEA: BAIXA CONFIABILIDADE DE MÁQUINA Durante o estudo de FMEA, o efeito baixa confiabilidade de máquina apareceu em três modos potenciais de falha, sendo eles: • Falha no tubo de entrada; • Falha no tubo de saída; e • Falha na montagem. A severidade para este efeito foi considerada inferior aos anteriores, recebendo neste critério grau três. As principais causas da baixa confiabilidade de máquina foram definidas como sendo: falta de manutenção preventiva, utilização inadequada das máquinas, problema nos componentes e regulagem incorreta da máquina. O grau de ocorrência para cada causa apresentou os seguintes resultados: • Falta de manutenção preditiva – ocorrência = 3 • Utilização inadequada das máquinas – ocorrência = 1 • Problema nos componentes – ocorrência = 4 • Regulagem incorreta – ocorrência = 2 Os controles atuais existentes para cada causa são: • Falta de manutenção preventiva – não existe = 10 • Utilização inadequada das máquinas – não existe = 10 • Problema nos componentes – não existe = 10 • Regulagem incorreta – conferido pelo coordenador do turno = 3 Os riscos calculados conforme a equação 1 estão apresentados a seguir: • Falta de manutenção preventiva – R = 90 • Utilização inadequada das máquinas – R = 30 • Problema nos componentes – R = 120 • Regulagem incorreta – R = 18 46 As ações recomendadas para cada causa potencial de falha são discutidas no capítulo 5. O anexo 5 mostra a tabela FMEA do Efeito Potencial de Falha baixa confiabilidade de máquina considerando os respectivos graus atribuídos. 4.4 FMEA: INDISPONIBILIDADE DOS COMPONENTES O efeito indisponibilidade dos componentes apareceu em três modos potenciais de falha, sendo eles: • Falha no suporte; • Falha no silenciador; e • Falha na montagem. A severidade do efeito foi considerada pela equipe de trabalho como intermediária, recebendo neste critério grau quatro. As principais causas da indisponibilidade dos componentes foram definidas como sendo: problema de comunicação, falta de planejamento de produção, atraso de serviços terceirizados e falta de estoque intermediário. Através da análise da ocorrência de cada causa, obteve-se o seguinte resultado: • Problema de comunicação – ocorrência = 4 • Falta de planejamento de produção – ocorrência = 2 • Atraso de serviços terceirizados – ocorrência = 1 • Falta de estoque intermediário – ocorrência = 3 Os controles atuais existentes para cada causa são: • Problema de comunicação – não existe = 10 • Falta de planejamento de produção – sistema de estoque mínimo = 3 • Atraso de serviços terceirizados – não existe = 10 • Falta de estoque intermediário – não existe = 10 Os riscos foram calculados individualmente, para cada causa, conforme equação 1, e estão apresentados a seguir: 47 • Problema de comunicação – R = 160 • Falta de planejamento de produção – R = 24 • Atraso de serviços terceirizados – R = 40 • Falta de estoque intermediário – R = 120 As ações recomendadas para cada causa potencial de falha são discutidas no capítulo 5. O anexo 6 mostra a tabela FMEA do Efeito Potencial de Falha indisponibilidade dos componentes considerando os respectivos graus atribuídos. Formatados: Marcadores e numeração 48 5 AÇÕES RECOMENDADAS Para cada efeito potencial de falha, a equipe do estudo optou por trabalhar com quatro causas principais, que foram analisadas através da ferramenta de análise modos potenciais de falha FMEA. Feito isso, seguindo a metodologia de FMEA, foram recomendadas ações de melhoria para que estas causas não voltem a ocorrer dentro do processo eliminando, assim, a probabilidade de falha. A tabela 7 a seguir apresenta um resumo das causas analisadas para cada efeito. Efeito 1: Mão de obra não capacitada Tabela 7 – Resumo das Causas Potenciais de Falha Efeito 3: Baixa Efeito 4: Efeito 2: Matéria Prima confiabilidade da Indisponibilidade dos (MP) não conforme máquina componentes Falta de treinamento MP fora das especificações Falta de manutenção preventiva Problema de comunicação Falta de Incentivo Estocagem incorreta da MP Utilização inadequada das máquinas Falta de planejamento de produção Falta de experiência Descarregamento inadequado na MP Problemas nos componentes Atraso de serviços terceirizados Falha na supervisão Variação climática Regulagem incorreta das máquinas Falta de estoque intermediário FONTE: Os autores 5.1 AÇÕES RECOMENDADAS PARA O EFEITO 1 Para o efeito 1, mão de obra não capacitada, as ações recomendadas foram: • Causa 1: Falta de treinamento – AÇÃO RECOMENDADA: Programa de treinamento. • Causa 2 – Falta de Incentivo – AÇÃO RECOMENDADA: Diminuir o intervalo de pesquisa de satisfação dos colaboradores. • Causa 3 – Falta de experiência – AÇÃO RECOMENDADA: Treinamento dos colaboradores. • Causa 4 – Falha na supervisão – AÇÃO RECOMENDADA: Subdivisão das metas de fabricação. 49 5.1.1 Programa de Treinamento A equipe de trabalho definiu que a ação recomendada em função da falta de treinamento, causa principal do efeito mão de obra não capacitada, seria a criação de um Programa de Treinamento. De acordo com a norma NBR ISO9001:200017, toda empresa deve determinar as competências necessárias para realização de um trabalho, assim como: “fornecer treinamento ou tomar ações para satisfazer essas necessidades de competência; avaliar a eficácia das ações executadas; assegurar que o seu pessoal está consciente quanto à pertinência e importância de suas atividades e de como elas contribuem para atingir os objetivos da qualidade.” A norma ainda comenta sobre a necessidade de manter os registros das atividades de treinamento. Dentro da linha de produção estudada, as mesmas operações muitas vezes são realizadas apenas por um funcionário específico, atividade que vai contra o princípio da multifuncionalidade, existente no processo produtivo de manufatura enxuta, onde o trabalhador passa a ser co-responsável por tudo aquilo que, direta ou indiretamente, influencia a qualidade de seu trabalho. O Programa de Treinamento deve ser montado com base no processo produtivo estudado associado aos equipamentos utilizados no mesmo, de forma que um mesmo trabalhador possa realizar tarefas de diferentes ordens, ou seja, ser multifuncional, dando lugar ora a uma situação de multiqualificação, como por exemplo, o trabalhador que passa a ser responsabilizado, além das tarefas que já realiza, por novas tarefas tais como: a limpeza de seu espaço de trabalho, a lubrificação da máquina que opera, o controle da qualidade do que está produzindo. O responsável pela elaboração deste trabalho é o setor de recursos humanos e o responsável do setor de engenharia de processos. 17 NBR ISO9001:2000 – Sistemas de Gestão de Qualidade – Requisitos. 50 5.1.2 Diminuir o Tempo da Pesquisa de Satisfação dos Colaboradores Ainda se tratando do efeito potencial de mão de obra não capacitada, foi detectado que existe uma falta de incentivo pelo trabalho correto e planejado por parte da empresa. Para detectar as causas desta falta de incentivo, foi utilizada a pesquisa anual de satisfação dos colaboradores, já utilizada, onde o colaborador tem a oportunidade de avaliar, desde seus colegas de trabalho e superiores, até a alta administração, porém em um intervalo de tempo menor. Atualmente, por se tratar de uma pesquisa completa, ela é realizada num intervalo de tempo muito longo (doze meses), demorando muito para ser feita a detecção da satisfação dos colaboradores. Os autores sugerem que seja continuada a realização da mesma, porém num intervalo de seis meses, permitindo captar com mais agilidade as insatisfações. A pesquisa continuará sendo aplicada pelo responsável pelo setor de recursos humanos. 5.1.3 Treinamento de Função Específica A falta de experiência dos colaboradores é uma das causas que ocasionam a falta de capacitação da mão de obra, e neste caso, ocorre por falta de treinamento. Os pré-requisitos atuais impostos pelo setor de recursos humanos para as funções estão focados apenas na qualificação do candidato à vaga, isso acontece porque as atividades realizadas são específicas ao maquinário desenvolvido internamente, impossibilitando a exigência de experiência. Sendo assim, a alternativa neste caso seria que o colaborador freqüente um programa de treinamento. Os responsáveis em detectar a falta de experiência e encaminhar o colaborador para o programa de treinamento conforme a função realizada devem ser os coordenadores de turno. 51 5.1.4 Subdivisão da Meta Mensal em Metas Semanais A equipe de trabalho, ao analisar a causa de falta de supervisão, pode perceber que a empresa delega atividades, mas a cobrança destas atividades é feita de uma maneira muito superficial e pouco centrada para os resultados esperados. A produção atende a uma meta mensal de fabricação, que é imposta conforme a sazonalidade do mês em vigência. Estas projeções são pré-estabelecidas conforme os históricos de produção dos anos anteriores junto ao crescimento projetado no ano pelos diretores da empresa. O fato de a meta ser mensal faz com que exista uma grande variação de produtividade durante as semanas que compõem o mês. O ideal seria diminuir a discrepância entre os períodos (semanais) deixando distribuído ao longo das semanas o processo produtivo do mês. Sugere-se então que, a partir desta idéia, exista uma subdivisão da meta mensal em períodos semanais, cobrando resultados individuais por setor, ou seja, para que a meta mensal seja atingida, os coordenadores devem apresentar semanalmente ao encarregado geral o relatório de produção semanal com uma produtividade constante e regular ao longo do período. Desta maneira os coordenadores tenderão a cobrar com mais rigor seus subordinados. O responsável por esta ação será o encarregado geral do processo produtivo. 5.2 AÇÕES RECOMENDADAS PARA O EFEITO 2 Para o efeito 2, matéria prima não conforme, as ações recomendadas foram: • Causa 1 – Matéria-prima fora das especificações – AÇÃO RECOMENDADA: Diminuição do Intervalo de Aferição e Mudança no Sistema de Medição. • Causa 2 – Estocagem incorreta da matéria-prima – AÇÃO RECOMENDADA: criação de uma nova prateleira de estoque de tubos. • Causa 3 – Descarregamento inadequado na matéria-prima – AÇÃO RECOMENDADA: utilização de cantoneiras como guias laterais. • Causa 4 – Variação climática – AÇÃO RECOMENDADA: mudança na especificação técnica da matéria-prima. 52 5.2.1 Diminuição do Intervalo de Aferição e Mudança no Sistema de Medição. O motivo pelo qual a matéria-prima, muitas vezes, encontra-se fora das especificações padrões da empresa deve-se ao fato de que semanalmente são descarregados três fardos de dois mil quilos de chapa galvanizada, contendo aproximadamente 100 folhas (1,20m x 2,0m) de chapa cada fardo, e para cada fardo é realizada apenas uma aferição na primeira folha de chapa. Esta medição é feita longitudinalmente e lateralmente e deve atender especificações padrões de medida lateral: 1200 mm e medida longitudinal 2000 mm. Caso contrário, existirá desperdício no aproveitamento do corte das folhas de chapa. A sugestão para esta causa é fazer a aferição dos fardos com intervalos menores, obrigando a fazer a medição no início e na metade do descarregamento de cada fardo. Para que o tempo gasto com estas medições não se torne extenso, é recomendável utilizar de uma única tomada, a partir da diagonal da folha de chapa, cuja medida deverá ser de aproximados 2.332,4 mm. O responsável pela elaboração deste trabalho deve ser o coordenador de turno. Excluído: ¶ 5.2.2 Nova Prateleira A figura 14 a seguir apresenta a forma como os tubos são estocados atualmente. Figura 14: Prateleira de Tubos 53 Fonte: os autores Como pode ser observado, a prateleira de estoque de tubos é mal projetada e sua alimentação sofre dificuldades com freqüência, perdendo-se muito tempo e gerando grandes desperdícios de mão de obra. Isto se deve ao fato de que, com o passar dos anos e com o aumento gradativo da produção, o espaço físico destinado ao estoque não sofreu modificações de projeto, fazendo com que a matéria-prima ficasse amontoada. A equipe fez um projeto de uma nova prateleira, conforme anexos 1 e 2 e propõe a fabricação da mesma no lugar da antiga. O novo lay-out tem uma dimensão máxima de 2 metros de altura, evitando demora no carregamento ou descarregamento e não excede a largura da prateleira atual, portanto a área que ocupará será sete metros quadrados menor. Além disso, criou-se um poka-yoke para ajudar a estocagem do tubo no seu lugar correto. Fazendo lacunas específicas para as bitolas (em polegadas): 1. ¼”, 1. ½”, 1.5/8”, 1. ¾”, 2.0”, 2. ½”, 2. ¼”, 3.0”, 3. ½” de tal maneira que seja possível a detecção da estocagem incorreta visualmente. Esta contribuição dará um resultado positivo não apenas para a estocagem da matéria-prima do Corsa, mas de todos os outros produtos que utilizam este material. O responsável pela execução o projeto da nova prateleira é o setor de engenharia de processos. 5.2.3 Utilização de Duas Cantoneiras como Guias Laterais A matéria-prima não conforme também tem como causa o descarregamento da mesma. Atualmente, o caminhão com as matérias-primas pára próximo a prateleira de estocagem de chapa. Quem faz o descarregamento são os colaboradores da empresa, que são escolhidos pelo coordenador do turno em que a atividade estiver sendo realizada. Neste descarregamento, a chapa, ao entrar na prateleira de estoque, pode ser danificada por colidir com as colunas de sustentação. A exemplo disto temos a figura 15 a seguir. 54 Figura 15: Material Não Conforme na Prateleira 15A – chapas onduladas 15B – vista geral Fonte: os autores A recomendação é que sejam utilizadas no momento do descarregamento duas cantoneiras tipo “L” (35 mm x 35 mm), de forma a guiarem as chapas descarregadas logo após saírem do caminhão, que passarão pela guia e entrarão direto na prateleira de estoque, evitando que a chapa colida com as barras de sustentação. O responsável pela utilização das cantoneiras-guia é o coordenador de turno. 5.2.4 Mudança na Especificação Técnica A variação climática interfere no processo produtivo gerando problemas na matéria prima, tornando-a não conforme. A matéria-prima específica que mais é afetada pela variação climática são os tubos, devido sua expansão, tanto de entrada quanto de saída. Atualmente utiliza-se aço carbono18, ou seja, de 10 a 12% de carbono em sua composição. O tubo é detectado que sofre processos de vergagem, retirada de rebarba e cortes, portanto quando este material é não-conforme, foi desperdiçado tempo, matéria-prima e mão de obra. Além disso, muitas vezes esta falha é detectada apenas quando o cliente faz a reclamação. Estes fatores fizeram com que esta causa seja a mais importante dentre todas. A sugestão para que seja solucionado o problema de expansão é a utilização de um aço com uma 18 Aço carbono 1010 ou 1012 55 porcentagem menor de carbono, dando uma maior ductilidade e tenacidade a matéria-prima. O problema que pode vir a acarretar nesta mudança de material é com relação à durabilidade do mesmo, portanto antes da mudança, deve-se executar um teste de névoa salina19 para não interferir no tempo de garantia do produto (1 ano). O responsável pela ação recomendada, no caso de sucesso do teste de névoa salina, será do encarregado do setor de compras. 5.3 AÇÕES RECOMENDADAS PARA O EFEITO 3 Para o efeito 3, baixa confiabilidade de máquina, as ações recomendadas foram: • Causa 1 – realização de manutenção preventiva apenas – AÇÃO RECOMENDADA: Implantação de um plano de manutenção preditiva. • Causa 2 – Utilização inadequada das máquinas – AÇÃO RECOMENDADA: Investimentos em automação. • Causa 3 – Problema nos componentes das máquinas – AÇÃO RECOMENDADA: aquisição de máquinas de maior qualidade e confiabilidade. • Causa 4 – Problemas de regulagem das máquinas – AÇÃO RECOMENDADA: criação de normas repreensivas para regulagens incorretas ou quebra de equipamento. Formatados: Marcadores e numeração 5.3.1 Implantação de um Plano de Manutenção Preditiva Uma das causas para a baixa confiabilidade de máquinas no processo produtivo é a ocorrência de manutenção apenas preventiva nos equipamentos. Atualmente a gestão da manutenção é voltada apenas para a correção e prevenção, as quais não são suficientes para garantir uma boa confiabilidade dos equipamentos. A manutenção após a constatação da falha gera indisponibilidade de 19 Salt Spray test, é um teste que utiliza névoa salina para simular a durabilidade de um 56 uso do equipamento, que muitas vezes deixa o processo produtivo lento, implicando em paradas de máquinas que causam atrasos de produção e geram vários desperdícios. A recomendação é que seja implementado por parte do setor de manutenção um plano de gestão da manutenção voltado para a preditiva20 e a pró-ativa21. Como está fora do escopo deste trabalho as atividades pertinentes à manutenção, fica somente a recomendação para a criação e implementação de um plano da gestão da manutenção preditiva, e o aviso de que a não execução do mesmo continuará a acarretar o efeito da baixa confiabilidade das máquinas, mesmo em menor proporção. Abaixo a figura 16 mostra que uma vergadora possui mecanismos hidráulicos, elétricos e mecânicos muitas vezes agindo simultaneamente, e a falha de um deles acarretará no todo. Figura 16: Vergadora de tubos 16A – sistema funcionamento 16B – cabeçote vergadora 16C – vergadora geral Fonte: os autores Formatados: Marcadores e numeração 5.3.2 Investimentos em Automação A baixa confiabilidade de máquina não fica restrita apenas a falta de manutenção preditiva, mas o uso da tecnologia também se faz necessário para uma maior confiabilidade dos equipamentos. Muitos equipamentos da empresa não componente. 20 Manutenção preditiva: faz-se a intervenção com base na severidade e tendência da falha. Conjunto de técnicas que permitem o monitoramento da condição do equipamento, permitindo estabelecer seu grau de confiabilidade operacional, identificar e acompanhar a evolução de uma falha. 57 possuem sensores ou atuadores de controle para a utilização correta ou padrão. A exemplo desta situação, tem-se o problema com as pinças22 da expansora de tubos. Quando a máquina não opera nos padrões ocasiona a quebra imediata das pinças, gerando grande desperdício monetário e deixando o processo improdutivo. Esta causa se estende nas diversas máquinas, mas foi citada a situação da pinça, pois os custos da mesma são elevados em relação a outras quebras. A figura 17 a seguir mostra a expansora e as pinças. Figura 17: Expansora de tubos 17A – expansora geral 17B – ferramentas Fonte: os autores A recomendação para esta causa é um investimento em automação, onde deverá ser implementado sensores e chaves fim de curso, com o intuito de obrigar o operador a utilizar corretamente a máquina. Os autores deixaram em aberto ao setor de engenharia de processos que realizem um estudo de caso para cada máquina, aprofundando seu funcionamento e criando através da automação meios de evitar o erro antes que o mesmo aconteça, 21 Manutenção pró-ativa: faz-se a intervenção com base na freqüência de ocorrência da falha. Através do extrato de informações do histórico dos equipamentos. Identifica-se a causa básica das falhas freqüentes e modifica-se o projeto para reduzi-las. 22 Pinças de expansão são ferramentas usadas na expansora de tubos que auxiliam na expansão do mesmo. Para cada bitola de tubo existe uma pinça específica. 58 gerando uma maior qualidade no processo produtivo e menor desperdício de equipamentos e matéria-prima. Formatados: Marcadores e numeração 5.3.3 Aquisição de Máquinas de Maior Qualidade A equipe analisou a baixa confiabilidade de máquina e encontrou como uma das causas os problemas ocasionados nos componentes destas máquinas, que são adaptados e criados internamente. Muitas vezes estes componentes não apresentam o grau de eficiência desejado e necessário, mas por questões de custo, se faz necessário à utilização dos mesmos. Foi acompanhado o problema através da vergadora responsável pela fabricação do tubo de entrada do silenciador traseiro do corsa hatch, que apresenta componentes, feitos internamente em máquinas de alta precisão como CNC, mas sem os devidos cuidados, como o material ideal na sua fabricação, dentre outras características. A figura 18 abaixo mostra o braço da vergadora fabricado pela empresa, pois o mesmo não existe no mercado para a venda. Figura 18: Cabeçote da Vergadora de tubos 18A – vergadora geral 18B – braço para curvar Fonte: os autores Formatados: Marcadores e numeração 59 5.3.4 Criação de Normas A baixa confiabilidade de máquina é gerada também pela ineficiência dos operadores. Esta causa pode ser observada na prensa responsável pela fabricação da tampa externa, que é uma prensa hidráulica de 100 toneladas e que quando mal regulada causa quebra de ferramenta, gerando alto custo e desperdício de tempo. O período de fabricação de uma ferramenta de tampa externa é de aproximadamente sessenta dias, e o custo da ferramenta inviabiliza ter estoque das mesmas. Quem faz a regulagem destas máquinas são os colaboradores já treinados para a atividade e que possuem níveis superiores de conhecimento. Portanto quando esta falha acontece, não é por falta de treinamento mais sim por displicência do responsável pela regulagem. Em virtude desta situação, sugere-se a criação de normas rígidas que estipulem padrões de regulagem e, inclusive a demissão do colaborador, quando houver repetição deste tipo de falha. A norma deve ser severa, pois o responsável possui gabarito para a função exercida e a sua falha acarretará na parada do processo produtivo, gerando grandes desperdícios. Atualmente já existem normas que todos devem seguir, portanto apenas um adendo ao livro de normas e a divulgação da mesma auxiliará na redução do problema ou do causador do mesmo. Ficando como responsável pelos trâmites o setor de recursos humanos. A figura 19 abaixo mostra a prensa hidráulica de 100 toneladas e a ferramenta da tampa externa. Figura 19: Prensa Hidráulica 100 toneladas – conforma tampa externa 19A – prensa hidráulica geral 19B – matrizes Fonte: os autores 60 5.4 AÇÕES RECOMENDADAS PARA O EFEITO 4 Para o efeito 4, indisponibilidade dos componentes, as ações recomendadas foram: • Causa 1 – Problemas de comunicação entre os setores – AÇÃO RECOMENDADA: Criação de uma Heijunka Box e cartões kanban. • Causa 2 – Falta de planejamento da produção – AÇÃO RECOMENDADA: criar um grupo específico no segundo turno para urgências de produção. • Causa 3 – Atraso de serviços terceirizados – AÇÃO RECOMENDADA: criação de um estoque mínimo de suportes. • Causa 4 – Falta de estoque intermediário – AÇÃO RECOMENDADA: criação de uma equipe específica no segundo turno para a fabricação de componentes complexos e demorados. Formatados: Marcadores e numeração 5.4.1 Criação de Cartões Kanban e uma Heijunka Box A indisponibilidade dos componentes também é um efeito potencial de falha. A equipe fez o estudo deste efeito e encontrou uma das causas no problema de comunicação entre os setores. Para a produção do silenciador traseiro do Corsa hatch são necessários vários componentes provenientes de oito setores específicos. Quando é gerada a ordem de produção semanal, a mesma é subdividida em ordens individuais para cada setor do processo produtivo. Estes setores, com esta informação, sabem quais produtos devem ser produzidos, as quantidades por modelo e a ordem em que devem ser fabricados. O problema é que o “lead time23” de cada setor é bem variado, portanto enquanto é fabricado um tubo de saída em noventa e dois segundos, o silenciador leva duzentos e quarenta e um segundos, ou seja, é duas vezes e meia mais rápido produzir um tubo de entrada à um silenciador. Porém este silenciador serve para uma família de produtos extensa, não necessitando de trocas de ferramentas contínuas como ocorre com o tubo de saída, que a cada modelo tem que ser alterado o set-up das máquinas que aumenta por 61 conseqüência o lead time em mais cento e oitenta segundos. Sendo assim a fabricação do tubo de saída com trocas de ferramentas é superior ao do silenciador e chega a duzentos e setenta e dois segundos. O intuito para poder organizar esta confusão de dados é implementar técnicas de manufatura enxuta. São elas os cartões kanban, para que a comunicação entre os setores seja reforçada para que a ordem de produção não seja alterada. Além de que estes cartões permitem uma melhor visualização das tarefas pendentes e das seqüências necessárias. Outra ferramenta importante é a Heijunka Box, uma caixa que irá armazenar estes cartões, de tal forma que o líder de produção tenha um controle melhor sobre seus coordenadores. A Heijunka Box, é uma caixa que armazena os cartões kanban e ordena as atividades. O intuito é que o líder ao consultar a caixa Heijunka poderá saber, por exemplo, se o tubo de entrada de determinado produto já está produzido, e qual componente está pendente para a produção deste produto. Deve também ser dividida a produção semanal em famílias de produtos diárias, conforme estipulado pelo líder geral da produção, responsável pelo manuseio da Heijunka Box. Formatados: Marcadores e numeração 5.4.2 Criação de um Grupo Específico de Colaboradores no Segundo Turno Além da causa de problemas de comunicação do efeito potencial de indisponibilidade dos componentes, a equipe de trabalho também encontrou a causa de falta de planejamento de produção. Existe atualmente um controle para evitar a falha de falta de planejamento de produção, quando se necessita de produtos com urgência. É usado um sistema interno de estoque regulador que possui um valor quantitativo mínimo para cada produto. Este valor é definido em função da demanda do produto, num determinado período. Para o produto em estudo, este estoque mínimo é de trezentas unidades. Esta quantidade é o volume que normalmente sustenta as vendas do produto por uma semana, período necessário para a reposição do mesmo. O problema é que quando existe uma demanda maior que a média estabelecida pelo mínimo, fato acompanhado da sazonalidade de mercado, e como, não é do intuito dos autores propor um aumento de estoque, a tratativa deste 23 Tempo total para a fabricação de um produto, iniciando-se com a entrada da matéria-prima e finalizando na saída do produto da empresa. 62 problema deve ser feita através da criação de um grupo específico de colaboradores multifuncionais que durante o segundo turno, que tem um volume menor de produção, atuem nos gargalos que impedem a agilização da produção. Estes gargalos foram identificados como os setores onde o set-up de máquina é superior a trezentos e setenta e um segundos, lead time total da fabricação do silenciador traseiro do corsa hatch. Os gargalos são dois, a prensa hidráulica de 100 toneladas que fabrica a tampa externa, a qual tem um set-up de dois mil cento e sessenta e seis segundos, e a recravadeira, responsável por fechar o silenciador, que apresentou um set-up de mil e quatro segundos. Portanto analisando exclusivamente o produto em questão, sugere-se operadores para os processos acima citados como gargalos. O responsável por liderar esta equipe no segundo turno é o encarregado do turno. Formatados: Marcadores e numeração 5.4.3 Criação de um Estoque Mínimo do Supermercado de Suporte A indisponibilidade dos componentes acontece também por problemas de terceirização. O atraso destes serviços interfere diretamente no processo produtivo. O suporte é um componente que está agregado a maioria dos produtos fabricados pela Original Escapamentos. Responsável pela sustentação do escapamento junto ao chassi do veículo. Após produzido internamente pelo setor de suporte, os mesmos são encaminhados a um fornecedor que faz um tratamento de superfície com banho de zinco. O problema está exatamente nesta terceirização, pois a produção de um suporte é de quarenta e nove segundos, enquanto que a empresa terceirizada demora dois dias úteis para a entrega. Existe um supermercado que regula o volume de suportes, porém não existem valores quantitativos mínimos por unidade, diferentemente do estoque final de escapamentos, que possui um sistema de estoque regulador com mínimos. A sugestão é usar um sistema igual ao do estoque final para o supermercado de suportes. Ficando responsável pela atividade o encarregado do setor de suportes. Os autores sugerem também que exista por parte do setor de compras uma segunda opção de fornecedor para o tratamento de superfície. 63 5.4.4 Criação de um Grupo Específico de Colaboradores no Segundo Turno Ainda se tratando da indisponibilidade dos componentes, a equipe detectou como causa a falta de estoque intermediário de alguns componentes. A mesma solução sugerida na causa potencial de falha da falta de planejamento de produção, numa análise minuciosa, da falta de estoques intermediários, tomando como base que não será trabalhado com a proposta de aumento de estoques. A equipe propõe a mesma idéia da causa de falta de planejamento de produção, isto é, como existem gargalos no processo produtivo, que interrompem o fluxo de produção, em determinados setores, faz-se a proposta de usar do mesmo grupo destinado a solucionar os problema de produtos solicitados com urgência para também destinar maior número de horas trabalhadas nas máquinas que geram gargalos em função do elevado set-up. O responsável é o encarregado do segundo turno. Formatados: Marcadores e numeração 64 6 CONCLUSÕES O objetivo do estudo foi realizar uma análise no processo de fabricação de silenciadores traseiros do veículo corsa hatch, da empresa Original® Escapamentos, afim de identificar os desperdícios da linha, uma vez que, ao observar o desperdício gerado no decorrer dos últimos 6 anos, houve um aumento significativo no volume de sucata produzido na empresa após o ano de 2002. As ferramentas tradicionais da qualidade utilizadas para detectar os efeitos potenciais de falha, assim como suas causas foram: brainstorming, gráfico de Pareto e diagrama de Ishikawa. A técnica utilizada para analisar as causas que estavam originando o desperdício na linha foi a Análise de Modos Potenciais de Falha – FMEA (Failure Mode and Effects Analysis). Os autores identificaram quatro efeitos potenciais de falha, sendo eles: mão de obra não capacitada, matéria prima não conforme, baixa confiabilidade da máquina e indisponibilidade dos componentes. Para cada efeito, foram detectadas as causas principais que se acredita serem responsáveis pelo aumento no volume de sucata da linha. A análise das causas resultou em um total de dezesseis ações recomendadas. Com a aplicação da FMEA, foi calculado um risco para cada efeito, conforme demonstrado na tabela 8 a seguir: Tabela 8: Somatório de Riscos por Efeito EFEITO RISCO CALCULADO Mão de obra não capacitada 920 pontos Matéria prima não conforme 460 pontos Baixa confiabilidade de máquina 258 pontos Indisponibilidade dos componentes 344 pontos FONTE: Os autores O risco é calculado para priorizar ações de melhoria. Conforme observado na tabela 8, o efeito mão de obra não capacitada é o que possui maior risco, sendo que 65 a ação Criação de Programa de Treinamento, acumula, sozinha, 500 pontos deste total, conforme observado no Anexo 3. Sendo assim, os autores sugerem que a mão de obra não capacitada seja o primeiro efeito potencial de falha à ser corrigido pela empresa. 6.1 DESAFIOS Acredita-se que os custos relativos a implantação das ações recomendadas sejam altos, porém, se encarados como investimentos, podem trazer muitos benefícios para a empresa. As estimativas destes custos não foram realizadas pelos autores, mesmo porque não eram escopo deste trabalho, porém, pode-se fazer uma prévia dos desafios e dificuldades que serão encontrados para a implantação das ações de melhoria. Os aspectos culturais e organizacionais de uma empresa são e sempre serão uma barreira para a implementação de qualquer plano de melhoria. Entende-se que as organizações são formadas por pessoas, e em função disso, sua cultura é a soma de todas as pessoas que dela participam24. Em função disso, existe a possibilidade de, ao longo do tempo, devido a rotatividade inerente a cada empresa, a cultura organizacional modificar-se e adaptar às novas situações, pois, conforme COLLA (2006), “através de uma visão sistêmica o organismo não permanece da mesma forma havendo modificações no ambiente externo”. Porém, quando a mudança não se refere as pessoas, e sim em algo imposto pela organização, é necessário analisar outros elementos. De acordo com Gonçalves25, estes elementos podem ser desde a preparação sóciopsicológica da comunidade interna até a preparação dos agentes da mudança (equipe preparada para a implantação dos projetos). O sucesso da organização não sofrerá alterações se os colaboradores entenderem por que a mudança é necessária e aderirem a ela. 24 COLLA, Júlio Ernesto. Cultura Organizacional. Disponível em: http://www.administradores.com.br/artigos/12706/. Acesso em: 25 out 2007. 25 GONÇALVES, Márcio. Cultura Organizacional e a Comunicação nas Empresas. Disponível em: http://www.estacio.br/graduacao/comunicacao_social/img/cultura_organizacional.pdf. Acesso em: 25 out 2007. 66 Sendo assim, os autores recomendam que, além das ações de melhoria propostas, sejam realizados treinamentos motivacionais diferenciados na organização. Primeiramente, um treinamento com ênfase em liderança, para os coordenadores de equipes e engenheiros, que deverão estar comprometidos com as mudanças que serão implementadas. Feito isso, realizar treinamentos com os colaboradores de “chão de fábrica”, a fim de demonstrar que as mudanças não irão afetar em nada os objetivos da empresa e nem serão implantadas com o objetivo de prejudicar os trabalhadores que não estejam aptos a realização dos serviços, e sim e auxiliar os mesmos e capacitá-los na execução de suas atividades. 6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS NA ORGANIZAÇÃO Durante a realização do estudo, pode-se observar um relação direta dos equipamentos usados na fabricação do silenciador traseiro do corsa hatch, com uma família grande de outros produtos dentro da linha original. Acredita-se que realizando um estudo com o mesmo intuito para as demais linhas poder-se-á obter resultados satisfatórios no que se refere à redução de desperdícios. 67 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANSOFF, H. I., DECLERCK, R. P., HAYES, R. L. Do planejamento Estratégico à Administração Estratégica. São Paulo: Atlas, 1990. BATEMAN T.S.; SNELL S.A. 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Manual de Administração da Produção. 8 ed., São Paulo, p. 100, 101, 106, 130 e 131. 1974 MINTZBERG, H., Ahlstrand, B., e Lampel, J. Safári de Estratégia: Um Roteiro pela Selva do Planejamento Estratégico. Porto Alegre: Editora Bookman, 1ª. Edição, 2000. 68 PALADINI, E. P. Qualidade Total na Prática – Implantação e Avaliação de Sistema de Qualidade Total. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997. PORTER M.E. Técnicas para Análise de Indústrias e da Concorrência. 16 ed., BRA, p. 16, 35. 1998 STAMATIS D. H. Failure Mode and Effect Analysis: FMEA from theory to execution. 2. ed. ASQC, Milwaukee: Quality Press, p.494, 2003. 69 8 DOCUMENTOS CONSULTADOS ANFAVEA. Frota de Autoveículos. [on line], BRA. Disponível: http://www.anfavea.com.br. Acesso em: 29 mar. 2007. CAPALDO D. Conhecimentos Sistematizados pelo NUMA. [on line], São Paulo. Disponível: http://www.numa.org.br/conhecimentos/conhecimentos_port/pag_conhec/FMEAv2.ht ml. Acesso em: 27 de maio 2007. MIYAKE D.. Sistema de Apoio à Produção. 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